Desempenho produtivo de novilhas suplementadas com energia e

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Desempenho produtivo de novilhas suplementadas com energia e
VI SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
III CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
26 a 27 de Setembro de 2014 – Universidade Federal de Viçosa- UFV
Desempenho produtivo de novilhas suplementadas com energia e Virginiamicina
durante o outono em pastagem de Mulato II diferida
Juan David Gonzales Florez1, Gersson Mauricio Monroy Peña2, Carolina Heller
Pereira3, Fredy Andrey Lopez Gonzalez3, Jaime Tarouco4, Harold Ospina Patino4
1
Estudante de graduação em Medicina Veterinária – UDA - Colômbia
Estudante de graduação em Medicina Veterinária e Zootecnia – Unillanos - Colômbia
3
Estudante de PPG - Zootecnia - UFRGS
4
Professor do PPG – Zootecnia – UFRGS
2
Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho produtivo, escore de trato
reprodutivo e ganho econômico com o uso de Virginiamicina (Eskalin®) em
suplementos a base de milho para novilhas a pasto. Utilizaram-se 24 novilhas da raça
Brangus com idade de 260,29 ± 42,93 dias e com peso médio inicial de 233,9 ± 19,32
kg, suplementadas individualmente em pastagem de Brachiaria híbrida CIAT 36087
(Mulato II) diferida com disponibilidade média de 7885 kg de matéria seca por hectare.
Os tratamentos avaliados consistiram na suplementação com 0,8% de peso vivo de
milho (0.8 MI); 0,5% de peso vivo de milho mais 0,00225% do peso vivo em Eskalin®
(0.5 MIVmax); e 0,8% de peso vivo de milho mais 0,00225% do peso vivo em
Eskalin® (0.8 MIVmax). Não foram observadas diferenças entre os tratamentos para
peso, escore de condição corporal, ganho médio diário, FRAME, área de olho de
lombo, ultrassonografia de carcaça (espessura de gordura subcutânea e na picanha, e
escore de trato reprodutivo (ETR). Entretanto, a diminuição de 60% no nível de
suplementação com milho junto com a incorporação de Virginiamicina gerou o mesmo
desempenho produtivo e ETR, possibilitando uma redução de 64% no custo da
suplementação.
Palavras–chave: custos, desempenho, milho, novilha, pastagem, virginiamicina
Productive performance of heifers supplemented with energy and Virginiamycin
during fall on Mulato II deferred pasture
Abstract: The aim of this study was to evaluate the productive performance,
reproductive tract score and economic gain with the use of Virginiamycin (Eskalin®)
into corn base supplements for heifers on pasture. Were used 24 Brangus heifers with
260.29 ± 42.93 days of age and average weight of 233.9 ± 19.32 kg, supplemented
individually in Brachiaria hybrid CIAT 36087 (Mulato II) deferred with average
availability of 7885 kg of DM/hectare. The treatments consisted of supplementation
with 0.8% live weight of corn (0.8 MI); 0.5% of live weight of corn plus 0,00225% of
body weight of Eskalin® (Virginiamycin; 0.5 MIVmax); and 0.8% of live weight of
corn plus 0,00225% of body weight of Eskalin® (Virginiamycin; 0.8 MIVmax). No
statistical differences (P>0.05) were observed during the experimental period for
weight, body condition score, average daily gain, FRAME, ultrasound carcass
caracteristics (ribeye area, subcutaneous fat thickness and rump fat thickness) and
reproductive tract score [RTS]). However, a decrease by 60% in the level of
supplementation with corn and incorporation of Virginiamycin, generated the same
2
production performance and ETR, enabling a reduction of 64% in the cost of
supplementation.
Keywords: cost, corn, grazing, heifer, performance, virginiamycin
Introdução
Umas das ferramentas nutricionais para otimizar o desempenho produtivo e
reprodutivo de novilhas em pastejo é a suplementação energética (PILAU e LOBATO,
2009) junto com a utilização de aditivos (FERREIRA, et al. 2011; PEREIRA, 2014).
A Virginiamicina é um composto antimicrobiano, não ionóforo que atua como
manipulador da fermentação ruminal inibindo o crescimento de bactérias grampositivas. A alteração da população microbiana promove o acúmulo de ácido
propiônico, aumentando a eficiência de uso da energia e promovendo o crescimento
dos animais (TENENCIO, 2011).
Objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho produtivo, escore de trato
reprodutivo e desempenho econômico de novilhas suplementadas com milho e
Virginiamicina em pastagem de Mulato II diferida.
Material e Métodos
O experimento foi realizado na Estação Experimental Agronômica da UFRGS no
período de junho a agosto, com uma duração de 70 dias. A área experimental
constituía-se de seis piquetes de um hectare cultivados com Mulato II (Brachiaria
híbrida CIAT 36087) diferidos durante 60 dias no final do verão. Como fonte de
Virginiamicina foi utilizado o Eskalin® (Vmax 2%). Utilizaram-se 24 novilhas da raça
Brangus com idade de 260,29 ± 42,93 dias e com peso médio inicial de 233,9 ± 19,32
kg, alimentadas individualmente. Os tratamentos avaliados consistiram na
suplementação com 0,8% de peso vivo de milho (0.8 MI); 0,5% de peso vivo de milho
mais 0,00225% do peso vivo em Eskalin® (0.5 MIVmax); e 0,8% de peso vivo de
milho mais 0,00225% do peso vivo em Eskalin® (0.8 MIVmax).
No início e no fim do período experimental as novilhas foram pesadas com jejum
de 12 horas, sendo avaliado também o escore de condição corporal (ECC; 1-5). No
final do período experimental foi realizada a avaliação do escore de trato reprodutivo
(ETR) e ultrassonografia de carcaça (US). O ETR foi realizado por palpação retal em
escala de 1-5 para o diâmetro do corno uterino, comprimento, altura e largura do ovário
e diâmetro do folículo ovariano (ANDERSEN, et al.; 1991). Foi realizada a US para a
medição da olho de lombo (AOL) e espessura de gordura subcutânea (EGS) sobre o
músculo Longissimus dorsi entre a 12ª e 13ª costelas e também foi realizado medida de
espessura da gordura na picanha (EGP).
Para estimar a disponibilidade de matéria seca (DMS) de cada piquete, foram
coletadas cinco amostras de 0,25 m2 por hectare no início e fim do experimento,
cortadas rente ao solo, secadas em estufa a 105 ºC por 72 horas. Durante todo o
experimento foi mantida uma oferta de forragem em torno de 7885 kg de matéria seca
por hectare. O delineamento experimental foi completamente casualizado com oito
repetições por tratamento e os dados foram analisados em Proc mix SAS, 2010.
Resultados e Discussão
Os tratamentos avaliados não afetaram o peso corporal, ECC, FRAME, EGS, e
ETR no inicio e final do período experimental (P>0,10)(Tabela 1). A incorporação de
Virginiamicina no suplemento fornecido no maior nível de suplementação (0.8% PV)
aumento em 39% ou 110 g a mais no ganho médio de peso dos animais (0.39 vs 0.28)
3
(P<0.10). Por outro lado a redução de 60% no nível de oferta do suplemento (0.8 vs 0.5
% PV) junto com a incorporação de Virginiamicina permitiu ganhos de peso similares
nas novilhas (0.28 vs 0.28) sem que fossem detectadas diferenças na AOL e na EGP
(P>0.10). O aditivo Virginiamicina tem sido utilizado para animais a pasto juntamente
com o sal mineral (FERREIRA, et al.; 2011) ou em suplementos energéticos/proteicos
(VALLE, et al.; 2013) melhorando o desempenho produtivo. Bruning (2013) avaliou o
efeito da Virginiamicina em suplementos mineral e proteinado de novilhos em
pastagem de Brachiaria bizantha cv Marandú, obtendo GMD de 0.402 kg/animal/dia
nos tratamentos com Virginiamicina.
Tabela 1 – Média dos quadrados mínimos±erro padrão para peso, escore de condição corporal (ECC),
ganho médio diário (GMD), FRAME, área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura
subcutânea (EGS), espessura de gordura na picanha (EGP) e escore de trato reprodutivo
(ETR) de novilhas suplementadas com Virginiamicina e níveis de milho
Suplementos
Variáveis
0.8 MI
0.5 MIVmax
0.8 MIVmax
P
Peso inicial (kg)
236.51±44.61
231.14±44.57
234.22±44.56
0.71
Peso final (kg)
255.67±50.16
250.88±50.11
261.70±50.11
0.32
GMD (kg/dia)
0.28±0.04 b
0.27±0.04 b
0.39±0.04 a
0.09
ECC inicial (1-5)
2.68±0.03
2.66±0.03
2.67±0.03
0.86
ECC final (1-5)
2.69±0.03
2.71±0.03
2.71±0.03
0.81
FRAME inicial
5.81±0.17
5.28±0.17
5.53±0.17
0.45
FRAME final
5.81±0.23
5.28±0.23
5.53±0.23
0.30
AOL (cm )
51.57±18.96
49.77±18.96
45.76±18.96
0.11
EGS (mm)
3.21±0.51
2.32±0.51
2.90±0.51
0.47
EGP (mm)
4.37±0.75
3.37±0.75
5.69±0.75
0.12
2
ETR (1-5)
1.77±0.17
1.77±0.17
1.71±0.18
0.94
Medias com letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente (teste de Tukey) (P<0.10)
Como esperado as novilhas que receberam o menor nível de suplementação (0.5
% PV) consumiram 64% menos suplemento do que as novilhas suplementadas com o
maior de nível de suplementação (0.8% PV), sem que a incorporação de Virginiamicina
afetasse o consumo de suplemento (P<0.05). A conversão alimentar nas novilhas que
receberam o menor nível de suplementação com milho junto com a incorporação de
Virginiamicina tendeu a diminuir 33% (4.96 vs 6.58) (P<0.19). Esta estratégia
nutricional significou uma redução de 64% no custo por kilo de ganho de peso (R$/kg)
(15.84 vs 9.68) (P<0.05) (Tabela 2).
Tabela 2 – Análise econômica do desempenho por novilha em setenta dias de experimento quando
suplementadas com energia e Virginiamicina em pastagens de Mulato II diferidas
Suplementos
0.8 MI
Consumo de alimento no período (kg)
137.29±0,56
Ganho de peso no período (kg)
21.29±2,72
Conversão alimentar
6.58±0.63
b
0.5 MIVmax
0.8 MIVmax
a
137.38±0,56b
83.76±0,56
19.75±2,55
27.50±2.55
4.96±0.59
b
Custo total no período (R$)
337.23±30.15
191.28±28.21
Letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente (teste de Tukey) (P<0.10)
5.43±0.59
a
313.52±28.21b
4
*preço do milho retirado do site Notícias Agrícolas (2014)
**preço retirado diretamente com as empresas Brasão do Pampa® e Eskalin®
Conclusão
A diminuição de 60% no nível de suplementação com milho junto com a
incorporação de Virginiamicina gerou o mesmo desempenho produtivo e ETR,
possibilitando a diminuição de 64% no custo da suplementação.
Literatura citada
ANDERSEN, K.; LEFEVER, D.; BRINKS, J.; ODDE K. The use of reproductive tract
scoring in beef heifers. Agri Practice, v.12, p.19-26, 1991.
BRUNING, G. Adição de virginiamicina em suplemento mineral e proteinado para
bezarras Nelore em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu na transição secaáguas. 2013. Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo.
FERREIRA S.F. et.al. Uso de virginiamicina e salinomicina na dieta de bovinos de
corte sob pastejo no período chuvoso. IN: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 48., 2011 A, Belém. Anais... Belém, PA: [s.n.],
2011a.
PEREIRA, C. H. ; PATINO, H. O. ; BORGES, J. B. S. et al. Growth performance,
carcass characteristics and serum cholesterol and progesterone concentrations of heifers
fed different energy sources on pasture. IN: 2014 MIDWEST MEETING- ANIMAL
SCIENCE, 2014, Des Moines, IA. Anais… Midwest section, 2014.
Notícias
Agrícolas.
Cotação
do
milho.
2014.
http://www.noticiasagricolas.com.br/cotacoes/ (acessado em 15 agosto, 2014)
In:
SAS. The SAS system for windows. 2010. In (v.9.3 ed.). Cary: SAS Institute Inc.
SILVA, S. L.; ALMEIDA, R.; SCHWAHOFER, D.; et al. Effects of salinomycin and
virginiamycin on performance and carcass traits of feedlot steers. Journal of Animal
Science, v.82, suppl. 1, p.41-42, 2004.
TERENCIO, P. Virginiamicina: benefícios em sistemas confinados e a pasto. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO ANIMAL, 10., 2011, Campo Grande.
Anais...Campo Grande, MS: [s. n.], 2011.
VALLE, M.; REZENDE, J.; PALUCCI, D.; LAMOUNIER, P.; MELO, G.;
SILVEIRA, J.; CARVALHO, F.; CRUZ, E.; Avaliação de desempenho em pasto de
bovinos nelore recebendo suplemento protéico/energético com adição de virginiamicina
e/ou optigen. FAZU em Revista, Uberaba, n.10, p. 60-65, 2013.
PILAU, A.; LOBATO, J.F.P. Suplementação energética pré-acasalamento aos
13/15 meses de idade para novilhas de corte: desenvolvimento e desempenho
reprodutivo. Revista Brasileira de Zootecnia, 38, 2482-2489, 2009.
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