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judiciário Evento mostra boas práticas de magistrados Perfil: O Judiciário conta a história do des. Alberto Luiz da Costa Escola lança projeto de ensino à distância para alunos dos módulos I e II Páginas 8 e 9 Páginas 10 e 11 Santa Catarina ganha título nacional inédito de futebol Páginas 12 e 13 Após um brilhante desempenho em seis jogos, a delegação de Santa Catarina sagrou-se campeã do 18º Campeonato Nacional de Futebol dos Magistrados, Categoria Livre. O evento, realizado entre os dias 3 e 6 de novembro de 2010, na cidade de São Luís do Maranhão, foi promovido pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). A ocasião, que celebrou também a inauguração da Sede Social da Associação dos Magistrados do Maranhão (AMMA), congregou mais de 300 magistrados participantes do evento e associados convidados. Foram entregues os troféus de Melhor Artilheiro, Melhor Jogador, Goleiro Menos Vazado, Melhor Goleiro e Disciplina, além dos troféus de Campeão, Vice-Campeão e Terceiro Lugar. evento AMC promove Congresso Estadual Página 16 vinhos Coluna ensina como usar taças adequadamente Página 7 Alma feminina Psicólogas falam sobre Alienação Paternal Página 15 Divulgação JORNAL MENSAL DA ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS CATARINENSES • ANO V - Nº 54 - NOVEMBRO DE 2010 • WWW.AMC.ORG.BR Equipe catarinense posa para foto histórica antes do jogo final contra o time do Espírito Santo Página 3 Eleições AMB A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) abre, de 23 à 25 de novembro, a votação online das chapas “AMBCOMVOCÊ” e “NOVOS RUMOS”, que concorrem à presidência para o triênio 2011/2013. Os associados que preferirem votar por meio de cédula de papel receberão a cédula que deverá ser devolvida na sobrecarta à sede da associação estadual. A apuração será feita na associação estadual, no dia 26 de novembro. Página 4, 5 e 6 Juiz Gervásio dos Santos (à esquerda) e o des. Nelson Calandra disputam a presidência da AMB Opinião NOVEMBRO DE 2010 Editorial O Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina (TJ/SC) deverá preencher, até o final deste ano, as 10 novas vagas de desembargador, criadas recentemente, e que tem como principal objetivo agilizar a tramitação dos processos no segundo grau de jurisdição. A medida deve ser louvada por toda a sociedade catarinense, porquanto visa, indubitavelmente, a beneficiar os próprios cidadãos que acorrem ao Judiciário do nosso estado, na esperança de dirimir seus conflitos. Cumpre esclarecer ao leitor que, das 10 vagas, oito serão ocupadas por magistrados de carreira – sendo quatro destinadas aos mais antigos e as outras quatro escolhidas pelo critério de merecimento; as outras duas deverão ser preenchidas por membros oriundos do quinto constitucional, sendo uma vaga para o Ministério Público e a outra para a Ordem dos Advo- Os novos desembargadores de SC gados do Brasil (OAB/SC). À Ordem caberá também uma outra vaga ainda não preenchida, em decorrência da aposentadoria do eminente desembargador Edson Nelson Ubaldo, oriundo daquela classe. Mas são os desdobramentos do processo relacionado ao instituto do quinto constitucional que têm despertado mais a atenção da sociedade e, inclusive, dos membros da magistratura, sobretudo pelas fortes nuances políticas que permeiam a referida escolha. Afirma-se, inclusive, que já esteja em curso um certo jogo de “cartas marcadas”, situação que, temos a plena convicção, não será tolerada pela mais alta Corte de Justiça do Estado, a qual conta com o integral apoio da Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC) neste sentido. Ora, se a decisão final cabe ao chefe do Executivo estadual, não se pode olvidar que antes disso é o Tribunal de Justiça quem escolherá a lista tríplice. Ou seja, embora o Tribunal e o Governo não possam interferir na lista sêxtupla, obri- “O que se quer é evitar qualquer tipo de contaminação por conta de eventuais manobras puramente políticas.” gação das respectivas entidades, o próprio TJ ofertará ao governador do Estado os três nomes (das Homenagem - Juiz Anselmo Schotten Faleceu, no último dia 12 de outubro, na cidade de Tubarão, no Sul do Estado, o juiz aposentado Anselmo Schotten, vítima de um infarto. O corpo foi velado na capela mortuária Santa Terezinha, em Tubarão. Posteriormente, o corpo seguiu para a comunidade de São Luís, em Imaruí, onde houve a missa de corpo presente, na capela da beata Albertina Berkenbrock. O JUDICIÁRIO Para o presidente da Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC), juiz Paulo Ricardo Bruschi, a morte de Anselmo Schotten representa uma perda irreparável para toda a magistratura catarinense. “Ele foi um exemplo de pai, cidadão e um magistrado na verdadeira acepção da palavra. Ele reunia em si mesmo qualidades que por si só explicam a razão pela qual todos nutriam verdadeira admiração por ele”, destacou o presidente da AMC. O juiz Anselmo Schotten há mais de 10 anos sofria de problemas cardíacos, razão pela qual teve que se afastar precocemente da magistratura estadual. Apesar dos problemas de saúde e das restrições imposta pelos médicos, Anselmo era extremamente e listas de seis nomes anteriormente encaminhadas pela OAB e pelo MP) que julgar merecedores de ocupar tão elevado cargo. A AMC, recentemente, preocupada com rumores sobre ilusório acerto, encaminhou ofício à presidência do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, requerendo sejam encaminhadas igualmente aos magistrados de primeiro grau as listas oriundas da OAB e do MP, relativas ao preenchimento das vagas do quinto constitucional, com o objetivo único e democrático de informar sobre eventuais fatos abonatórios ou não dos integrantes das respectivas listas. De igual modo lançou nota pública, na qual solicita que a escolha reaja sobre critérios técnicos. Em absoluto, registre-se, a iniciativa da AMC objetivou um pré-julgamento dos candidatos, tanto da OAB quanto do Ministério Público, mas tão somente colaborar para que haja uma rigorosa filtragem que assegure uma escolha pautada essencialmente na competência, levando em consideração, principalmente, aspectos éticos, idoneidade e comprometimento com as mais legítimas causas da Justiça, como tem sido a regra. Em resumo, o que se quer é evitar qualquer tipo de contaminação por conta de eventuais manobras puramente políticas. Tal atitude tem uma razão de ser: a magistratura catarinense é uma das mais bem avaliadas em todo o território nacional; um Poder que se busca manter forte e independente e em plenas condições de garantir a manutenção do Estado Democrático de Direito deve, antes de tudo, primar pela boa escolha de seus quadros. Ao agir assim, a magistratura de Santa Catarina demonstra não só a sua atenção à cidadania catarinense, mas, principalmente, a sua preocupação e atenção aos mais elementares princípios republicanos. Memória engajado nas questões que envolviam sua comunidade, com a prática permanente do voluntariado. Contador e advogado, Anselmo atuou por muito tempo como contador da empresa tubaronense GAM. Depois, foi responsável pelo setor jurídico da empresa, cargo hoje ocupado por seu filho mais velho, Anselmo Schotten Júnior. Casado com a atual presidente da Associação das Voluntárias da Maternidade do HNSC, Norma Schotten, o magistrado era um pai e avô dedicado. Ele teve três filhos e seis netos. Anselmo foi um dos responsáveis pela implantação do fórum de Tubarão. O magistrado atuou nas comarcas de Tubarão, Trombudo Central, Araranguá e Criciúma. Arquivo AMC 2 11º Congresso Brasileiro de Magistrados, realizado em 1990, em Balneário Camboriú Diretoria Executiva Presidente - juiz Paulo Ricardo Bruschi 1º vice-pres. - juiz Sérgio Luiz Junkes 2º vice-pres. - juiz Irio Grolli Rua dos Bambus, 116 - Itacorubi, Florianópolis/SC. CEP: 88034-570 Telefone: (48) 3231.3006 www.amc.org.br | [email protected] Sec. Geral - juiz Jefferson Zanini 1º sec. - des. subst. Túlio José Moura Pinheiro Tesoureiro - des. José Antônio Torres Marques 1º Tes. - juiz Luiz Antonio Zanini Fornerolli Ano V, nº 53 - Outubro/2010 Tiragem: 3 mil exemplares Produção e Edição Fabrício Severino e Bárbara Nunes Impressão: Gráfica Rio Sul Colaboração Assessoria de imprensa do TJ/SC, AMB e Conjur Jornalista responsável Fabrício Severino/ SC01061-JP Diagramação Bárbara Nunes Distribuição Gratuita Projeto gráfico Amanda Mariano O JUDICIÁRIO Associativas NOVEMBRO DE 2010 3 Santa Catarina vence o 18º Campeonato Nacional de Futebol, no Maranhão Após um brilhante desempenho em seis jogos, a delegação de Santa Catarina sagrou-se campeã do 18º Campeonato Nacional de Futebol dos Magistrados, Categoria Livre. O evento, realizado entre os dias 3 e 6 de novembro de 2010, na cidade de São Luís do Maranhão, foi promovido pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). A ocasião, que celebrou também a inauguração da Sede Social da Associação dos Magistrados do Maranhão (AMMA), congregou mais de 300 magistrados participantes do evento e associados convidados. Foram entregues os troféus de Melhor Artilheiro, Melhor Jogador, Goleiro Menos Vazado, Melhor Goleiro e Disciplina, além dos troféus de Campeão, Vice-Campeão e Terceiro Lugar. Representaram a Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC) os seguintes magistrados: Altamiro de Oliveira, André Luiz Anrain Trentini, Bruno Makowiecky Salles, Clayton Cesar Wandscheer, Guilherme Mattei Borsoi, Gustavo Marcos de Farias, Luís Paulo Dall Pont Lodetti, Luís Francisco Delpizzo Miranda, Marlon Jesus Soares de Souza, Marlon Negri, Maximiliano Losso Bunn, Paulo Marcos de Farias, Rafael Maas dos Anjos, Sérgio Agenor de Aragão, Sthephan Klaus Radloff e Ezequiel Rodrigo Garcia, vencedor do troféu de Melhor Artilheiro, com sete gols em seis jogos. Também participaram da delegação os membros da AMATRA 12, juízes do traba- Fotos divulgação: AMMA Equipe catarinense, formada por magistrados estaduais e trabalhistas, vence na final o time do Espírito Santo por 1 x 0 lho Alfredo Barros Neto, Fernando Erzinger, Gustavo Rafael Menegazzi e Marcel Luciano Higuchi V. dos Santos. O grupo esteve sob o comando técnico de Amaro Júnior. Ao todo, 19 associações de diferentes estados da federação participaram do campeonato. Santa Catarina derrotou na primeira fase da competição os times do Ceará, Goiás e Pará. O time catarinense avançou para as semifinais vencendo por 3x0, nas Time da AMC/AMATRA conquista título inédito e fica com a segunda colocação no ranking nacional quartas de final, a equipe do Distrito Federal. Na semifinal, os catari- para casa o título de campeão. chegar ao tão almejado título de Campeão nenses empataram em 1x1 com o time de O presidente da AMMA, Gervásio San- Brasileiro. A conquista não foi fácil, mas a Minas Gerais no tempo normal, mas aca- tos, falou do sucesso do campeonato e da nossa união e o nosso companheirismo fibaram vencendo na disputa por pênaltis. alegria de sediar o evento com a participa- zeram com que chegássemos ao objetivo. Numa final eletrizante contra a equipe do ção de 19 equipes. “Parabenizo a todos os Por isso, eu homenageio de forma muito Espírito Santo, o time da AMC venceu por estados participantes pela comprovação especial todos os meus colegas de Santa 1X0, com gol de pênalti marcado pelo juiz de que o esporte é a grande liga da magis- Catarina”, destacou. trabalhista Gustavo Rafael Menegazzi. tratura nacional e de que, sem o esporEste foi o maior campeonato de futebol te, a AMB não sobrevive”, disse. realizado pela AMB. Após a conquista do tíO diretor de Esportes da AMC, juiz Santa Catarina 5 x 2 Ceará tulo inédito, Santa Catarina, que já ocupava a Marlon Negri, falou em nome dos coSanta Catarina 7 x 1 Goiás segunda posição no ranking nacional, encos- legas, ocasião em que elogiou a orgaSanta Catarina 2 x 1 Pará tou ainda mais no primeiro colocado, o Rio de nização do evento e agradeceu às deSanta Catarina 3 x 0 Distrito Federal Janeiro. Magistrados presentes ao encontro legações que sempre têm participado Santa Catarina 1 x 1 Minas Gerais reconheceram que, pelo trabalho realizado dos campeonatos no decorrer dos (8 X 7 nos pênaltis) ao longo dos últimos cinco anos, quando con- anos. “Agradeço aos meus colegas de Santa Catarina 1 x 0 Espírito Santo quistaram um vice-campeonato e dois tercei- Santa Catarina, que, com muito suor ro lugares, os catarinenses mereciam levar e depois de muita luta, conseguiram Resultado dos jogos 4 Associativas NOVEMBRO DE 2010 O JUDICIÁRIO Chapas disputam presidência da AMB Entidade que congrega cerca de 15 mil magistrados de todo país terá nova diretoria para o triênio 2011/2013 A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) abre, de 23 à 25 de novembro, a votação online das chapas “AMBCOMVOCÊ” e “NOVOS RUMOS”, que concorrem à presidência para o triênio 2011/2013. Para votar pela internet, o ma- gistrado deverá acessar o site da AMB (www.amb.com.br) e clicar no link “Vote Aqui”. Já os associados que preferirem votar por meio de cédula de papel receberão, em suas residências, a cédula que deverá ser devolvida na sobrecarta à sede da associação estadual, da qual o magistrado pertence. A apuração dos votos será feita na associação estadual, no dia 26 de novembro, a partir das 19h, horário de Brasília. Os magistrados também poderão comparecer pessoalmente às sedes das associações estaduais, nas quais estarão disponíveis urnas de lona para receber votos em cédula de papel. O presidente da Comissão Eleitoral da AMB, Roberval Belinati, ressalta que cada associação terá uma Comissão Eleitoral Estadual que será responsável por totalizar os votos. O resultado terá que ser encaminhado por fax à sede da AMB em Brasília e cada cha- tos voltados a outros fins, mas sim exclusivamente à distribuição da jurisdição. Logo, o custo com pessoal não pode observar os parâmetros do Poder Executivo. Mobilizar a magistratura estadual sobre estes assuntos, de apreender junto aos magistrados suas principais reivindicações que, em suma, se confundem com suas próprias agruras. Os juízes estão expostos a um volume de serviços cada dia mais elevado. Mesmo assim, têm buscado dele se desvencilhar com o maior denodo e responsabilidade. Não obstante, estão sujeitos, diariamente, a inúmeras cobranças que, na verdade, lhes retiram a necessária tranqüilidade para efetuar os julgamentos. O magistrado, em razão da especial função constitucional que lhe é destinada, deve ter as condições necessárias para exercer o seu mister. Não tem medo do trabalho, porém quer a devida atenção com a sua segurança, condições de trabalho e com a defesa de suas prerrogativas constitucionais, aliás, atualmente contestadas indevidamente. pa poderá indicar até dois fiscais para acompanhar o trabalho da Comissão Eleitoral Estadual. A seguir confira as entrevistas com o presidente da Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC), juiz Paulo Ricardo Bruschi, e com os representantes das chapas candidatas. Juiz Paulo Ricardo Bruschi - Presidente da AMC O Judiciário - O senhor foi convidado para compor chapa pelos dois candidatos à presidência da AMB. Por que o senhor optou por integrar a chapa encabeçada pelo juiz Gervásio Santos? Paulo Ricardo Bruschi - A opção se deu em grupo, após a análise do perfil e das propostas dos candidatos. Entendemos, sem demérito aos integrantes da chapa adversa, que o candidato Gervásio Santos reúne as melhores condições de representação da magistratura, à frente de um projeto de administração, voltado ao resgate dos direitos e prerrogativas da magistratura nacional. OJ - Quais as suas metas, os seus projetos, caso a sua chapa vença as eleições da AMB neste ano? PRB - Temos um País continental. Nele, compreendidas as vinte e sete Justiças estaduais, com autonomia própria e vasta competência judicial. Não obstante, uma diversidade elevadíssima de situações as envolvem. Vale dizer: há estados com melhores condições e outros que oferecem precárias condições de trabalho aos seus juízes. O objetivo específico será o de buscar uma análise aprofundada da realidade oferecida em cada Estado e, com isso, implementar melhores condições de trabalho a todos os juízes. De outro lado, sabe-se que o Poder Judiciário Estadual tem sua autonomia financeira condicionada ao repasse do duodécimo pelo Governo do Estado, no que difere frontalmente da Justiça Federal, onde a manutenção financeira é da União, sem qualquer percentual específico. Se faz necessária, pois, uma revisão de tais repasses, para que haja a efetiva autonomia da Justiça Estadual. Outro assunto latente, que também atenta contra a autonomia do Judiciário, é o do limite de gastos com despesas de pessoal estipulado na Lei de Responsabilidade Fiscal que, a meu sentir, não observa questão de suma importância, qual seja, a de que o Poder Judiciário tem seu móvel principal na prestação da jurisdição, realizada, portanto, por pessoas. Não tem por escopo a construção de obras ou proje- entre outros, como a questão da segurança dos magistrados, será o principal móvel, caso eleito. OJ - Pela sua experiência, qual o sentimento da magistratura nos dias de hoje, quais as suas aspirações e o que mais aflige os nossos magistrados? PRB - Tenho tido a oportunidade OJ - Qual a sua opinião sobre a atuação do Conselho Nacional de Justiça? PRB - Fui contra sua instalação, vez que a magistratura é uma das classes mais controla- das que existem. O magistrado é controlado pelas partes, pelos advogados, pelo Ministério Público e pela Corregedoria. Assim, desnecessário qualquer controle externo. Atualmente, como existe e é uma realidade, o entendo como um mal necessário. Gostaria de evoluir meu pensamento, para entendê-lo, não mais como mal, mas sim como um bem necessário. Todavia, por ora, o classifico, ainda, como um jovem adolescente, que necessita encontrar seus limites. E acredito que a magistratura, como um todo, tem um papel preponderante na sua construção, ajudando-o a aparar eventuais arestas que hoje teimam em persistir, especialmente no que tange aos limites de sua atuação, não raras vezes extrapolando a competência constitucional e se imiscuindo, indevidamente, no atuar de cada magistrado, tirando-lhe a necessária tranqüilidade para prestar a efetiva jurisdição. Essa é igualmente uma batalha a ser vivenciada e vencida. Associativas O JUDICIÁRIO NOVEMBRO DE 2010 Candidato da chapa “AMBCOMVOCÊ” - Juiz Gervásio Protásio dos Santos Júnior O Judiciário - Quais as suas prioridades, caso seja eleito presidente da AMB? Gervásio Santos - É indispensável que a AMB esteja, cada vez mais, a serviço de seus associados, daí porque o nosso objetivo é aproximá-la mais do cotidiano do associado. O próprio nome da chapa AMBCOMVOCÊ simboliza essa intenção, reforçada pela nossa proposta de criação de uma Ouvidoria. Dentro desse contexto, iremos priorizar a defesa intransigente das prerrogativas e da autonomia da magistratura brasileira, pois temos a compreensão de que ao adotarmos essa postura estaremos cumprindo os objetivos estatutários da entidade, além de contribuirmos para o próprio Estado Democrático de Direito, considerando que a sua estabilidade pressupõe a existência de uma magistratura independente. E para isso estamos propondo uma reengenharia dos argumentos historicamente utilizados pelo movimento associativo. Por exemplo, em relação às férias de 60 dias, queremos ir além do discurso tradicional para defendê-las. Pretendemos demonstrar que é mais barato para o erário e mais efetivo para Justiça que o magistrado tenha 60 dias de férias, pois, em contrapartida, ele não faz jus ao pagamento das horas extras e dos plantões judiciários, não está sujeito à carga horária semanal máxima prevista na Constituição, nem tampouco faz jus a uma série de outros direitos conferidos aos servidores públicos e aos trabalhadores em geral. OJ - Nos últimos anos, a AMB tem se empenhado em manter abertos os canais de comunicação com a sociedade, adotando práticas e campanhas que têm sido bem recebidas pela opinião pública. Qual a sua opinião sobre esse novo perfil da AMB? Em que medida ele é importante para a magistratura brasileira? GS - As campanhas institucionais da AMB cumprem o importante papel de capitalizar politicamente a entidade e, dessa forma, credenciá-la como uma interlocutora respeitável na defesa de temas que são de interesse da magistratura e do próprio Poder Judiciário. Contudo, é preciso ter o cuidado para que não haja um desequilíbrio na condução dessas campanhas, de forma a obscurecer a função principal da nossa entidade de classe. Na nossa gestão, a tônica nessa questão será o equilíbrio, e tendo como prioridade a valo- rização da figura do juiz, ressaltando a sua condição de avalista da democracia brasileira. OJ - Qual a sua opinião sobre a atuação do CNJ? GS - O CNJ é uma realidade. Trouxe contribuições importantes, todavia, deve ater-se ao delineamento constitucional que lhe foi atribuído, sem qualquer extrapolação de suas funções de controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário. Além disso, cuidar da regularidade administrativa e do cumprimento dos deveres funcionais dos magistrados não significa, em hipótese alguma, autorizar a exposição pública da magistratura, submetê-la ao cumprimento de decisões/ resoluções que desconsiderem particularidades regionais e o pacto federativo ou que não respeite o devido processo legal. Nesse contexto, é fundamental incluir a AMB no processo de discussão das metas e das demais decisões que afeta a toda magistratura. Além disso, a nossa preocupação é no sentido de lutar para incluir no Estatuto da Magistratura limites claros ao CNJ, pois, na atualidade, pior do que a atual composição que não privilegia a magistratura estadual é a completa ausência de regulamentação deste órgão, lacuna que pode e deve ser suprida pelo futuro Estatuto. AMB - Um dos principais problemas do Poder Judiciário continua sendo a morosidade na tramitação dos processos judiciais. Quais as alternativas e de que forma a AMB pretende contribuir para esse debate? GS - Este é o grande paradoxo do Judiciário Brasileiro. Os nossos juízes estão entre os mais produtivos do mundo, no dizer do estudo do Banco Mundial “Brasil: fazendo com que a Justiça conte”, dado este recentemente confirmado pelo próprio presidente do CNJ, quando da divulgação do relatório “Justiça em Números 2009”. É fato, por outro lado, que todo esse esforço do magistrado brasileiro, do ponto de vista individual, não repercute na qualidade e na agilidade do serviço jurisdicional prestado à sociedade, pelo menos na proporção que todos nós que integramos o Judiciário gostaríamos. Acredito que a AMB pode dar uma contribuição qualificada na superação desse desafio. No plano interno, intensificando a luta para melhorar as condições de trabalho da magistratura brasileira com o fim de dotá-la das ferramentas adequadas para enfrentar as exi- gências típicas da sociedade do século XXI. É por essa razão que temos um item do nosso programa dedicado especificamente ao assunto, com 12 propostas (www.ambcomvoce.com.br). No plano externo, pela criação de mecanismos que possam reduzir a litigiosidade. Por exemplo, a ineficiência das agências reguladoras do Governo (ANAC, ANS, ANATEL, ANEEL, BACEN, etc...) produz um drástico aumento do volume de ações que contribuem para a morosidade do Judiciário. Nós iremos denunciar os prejuízos que a inércia dessas agências causam aos consumidores e, por via transversa, à regularidade do serviço jurisdicional. OJ - O senhor pretende colocar em pauta, caso seja eleito, o debate sobre a participação dos magistrados de primeiro grau no processo de escolha dos dirigentes dos tribunais de Justiça dos estados? Por quê? GS - O nosso programa, diferente do da chapa adversária, não deixa qualquer dúvida, este tema é prioritário, pois somos absolutamente favoráveis a eleição direta para os dirigentes dos Tribunais. Primeiro porque a valorização da magistratura pressupõe que todos os seus integrantes tenham os mesmos direitos e obrigações. Portanto, não é justo que apenas os desembargadores participem do processo de escolha dos dirigentes do Judiciário. Temos ainda que nos lembrar que a presidência do Tribunal não é um cargo de mera representação, é, sobretudo, de gestão e as suas ações têm repercussão direta nas condições de trabalho de todos os magistrados e, conseqüentemente, na qualidade do serviço judicial prestado à sociedade. Os argumentos contrários de que haveria uma politização exagerada do Judiciário, além de anacrônicos e superados pelo próprio amadurecimento da instituição, não conseguem se contrapor à constatação de que o melhor e mais democrático mecanismo para escolha de um gestor é o processo eleitoral amplo, em que os pretendentes ao cargo exponham suas idéias, ouçam os anseios e assumam compromissos. Não tenho dúvidas de que a democratização interna do Judiciário proporcionaria um salto de qualidade no serviço que prestamos à sociedade. OJ - Qual a sua opinião sobre o Quinto Constitucional? GS - Também em relação a esse tema a minha posição histórica é bem clara, pois, ao contrário do meu adversário, sou ampla- mente favorável à EXTINÇÃO do Quinto Constitucional e sem qualquer paliativo como, por exemplo, redução para o sétimo (1/7), como defende a chapa adversária. O quinto é uma criação da Constituição de 1934 e ao longo dos anos perdeu por completo a sua razão de existir. Ora, nos dias atuais a própria Constituição exige um tempo mínimo de 3 anos de prática para ingresso na magistratura, o que significa dizer que os novos magistrados, via de regra, possuem alguma experiência na advocacia ou em outros cargos, que permeará toda a sua vida profissional. Ademais, com a criação do Conselho Nacional de Justiça, o argumento da oxigenação pela participação de outros segmentos na composição dos Tribunais não tem mais sentido, na medida em que no CNJ temos a presença de advogados e membros do Ministério Público com condições efetivas de influenciar na fixação da política judiciária para todo o País. OJ - Sobre o Adicional por Tempo de Serviço (ATS), como está o andamento desta proposta no Congresso e de que forma o senhor pretende trabalhar este assunto caso assuma a presidência da AMB? GS - Vejo o Adicional por Tempo de Serviço (ATS) como uma medida estruturante e, portanto, essencial à carreira da magistratura, de sorte que a luta pelo seu restabelecimento deve ser tratada com absoluta prioridade. Sabemos que a grande resistência advém do Executivo Federal em face ao temor de que o ATS seja estendido aos servidores públicos federais que, pelo atual plano de cargos e carreiras, tiveram substituído o ATS por um outro mecanismo de progressão. O nosso plano A será insistir na aprovação de uma das PEC sobre o assunto em tramitação no Congresso, através do convencimento das lideranças partidárias de que o tempo de serviço é algo inerente a qualquer carreira, e as carreiras de estado não diferem neste particular. Agora, estamos estudando alternativas para vencer a resistência do Executivo Federal, e uma delas seria incluir no Estatuto da Magistratura uma gratificação por tempo de serviço que, a exemplo de outras gratificações previstas na atual LOMAN, poderiam ser acumuladas ao subsídio e excepcionadas ao teto. Como se trataria de algo específico para a Magistratura não haveria o risco temido pelo Executivo federal. O que o associado pode ter certeza é de que seremos incansáveis nesta batalha. OJ - Qual a sua posição sobre a PEC 457/B/2005, que eleva de 70 para 75 anos a idade mínima para aposentadoria compulsória no serviço público? O senhor é a favor ou contra a aprovação desta PEC? GS - Tenho uma posição histórica CONTRÁRIA à elevação da idade para aposentadoria compulsória (seja para 71, 72, 73 ou 75 anos) por entender que essa medida trará prejuízos à saúde institucional do Poder Judiciário ao reduzir drasticamente a necessária oxigenação que deve existir no âmbito das instituições, pois, diferente dos demais poderes, a aposentadoria é o principal mecanismo de renovação dos nossos quadros. Não se trata de desconsiderar a capacidade de trabalho de quem completou 70 anos. Defendo que a experiência desses magistrados seja colocada à disposição dos mais novos em atividades de aconselhamento ou de conciliação, todavia, na atividade jurisdicional-administrativa, é fundamental garantir a renovação, inclusive como estímulo para os mais novos na carreira. 5 6 Associativas NOVEMBRO DE 2010 O JUDICIÁRIO Candidato da chapa “NOVOS RUMOS” - Desembargador Henrique Nelson Calandra O Judiciário - Quais as suas prioridades, caso seja eleito presidente da AMB? Nelson Calandra - Prioridade nº 1 é devolver a AMB aos magistrados, porque ela desvirtuou seu foco original de atuação. A atual direção está mais preocupada hoje com campanhas de mídia do que com os magistrados. É necessário resgatar a identidade da AMB como instituição destinada a garantir, fundamentalmente, os direitos e as prerrogativas do magistrado; recuperar a identidade do magistrado como agente de Estado que tem, em suas prerrogativas, garantia de independência da própria população; e promover a melhor interação entre os diversos ramos da magistratura, na construção de um Judiciário mais coeso e solidário entre si. Defendemos também a democratização do Judiciário. Antes, no entanto, temos que democratizar nossa casa, que é a AMB, dando exemplo de participação, transparência e ética absoluta no relacionamento com os associados. Nossa associação que já foi a maior da três Américas não pode mais virar as costas aos magistrados. Vamos lutar para devolvê-la às suas legítimas causas, ou seja, a magistratura e suas prerrogativas. A partir daí, vamos em busca de nossos sonhos e conquistas, que incluem uma participação muito ativa e intensa no debate do novo Estatuto da Magistratura, a revisão de nossos subsídios (a última recomposição foi humilhante para a classe, em razão da omissão da AMB), a aprovação da PEC 46, que resgata a aposentadoria integral, a PEC 21, que garante o retorno dos adicionais por tempo de serviço, e a luta contra a PEC 89, que quebra um dos vitais predicamentos da magistratura, que é a vitaliciedade. OJ – Nos últimos anos, a AMB tem se empenhado em manter abertos os canais de comunicação com a sociedade, adotando práticas e campanhas que têm sido bem recebidas pela opinião pública. Qual a sua opinião sobre esse novo perfil da AMB? Em que medida ele é importante para a magistratura brasileira? NC - É importante a participação da AMB em campanhas de opinião pública, desde que isso não afete a defesa dos interesses da magistratura. Mais importante do que buscar prestígio na mídia, ficar bem na foto, é defender os princípios e valores permanentes da sociedade e do Estado Democrático de Direito, do qual nós, magistrados, somos a principal base e última trincheira da cidadania. Não adianta defender a democratização do Judiciário e de outros setores da sociedade se não a praticamos em nossa própria casa. A AMB precisa antes se democratizar, ouvir os magistrados e defendê-los como agentes políticos. Algumas campanhas acabaram por desvirtuar o foco que justifica a existência da Associação. Ao longo de minha militância associativa, poucas vezes percebi tamanho desejo de mudanças como agora, pois muitos de nós vemos a AMB na TV, porém, poucos sentimos sua presença quando somos humilhados e oprimidos. Nós temos lutado, vamos continuar lutando pelos juízes e fazer uma mobilização nacional para resgatar a autoestima do magistrado, defendendo subsídios dignos, ATS, aposentadoria, pensão integral e paridade (concedidos e pagos pelos Tribunais) e direito de férias de 60 dias. Estas serão nossas principais campanhas, sem ter medo da mídia. Infelizmente, a atual diretoria tem medo da mídia e não luta por essas questões que são caras aos juízes. OJ – Qual a sua opinião sobre a atuação do CNJ? NC - Vejo o CNJ, hoje, como uma realidade constitucional com a qual temos de conviver e respeitar. Contudo, sem indevida intervenção na independência e prerrogativas dos magistrados. Nós somos a única categoria de réus do mundo democrático que admite ser julgada por aquele que acusa. A minha posição crítica não está dirigida aos membros do CNJ, mas à dinâmica e à arquitetura do CNJ. Acho que temos que aperfeiçoá-lo para torná-lo um órgão verdadeiramente democrático. Ele não pode interferir em demasia, sob pena de aniquilar outro mecanismo mais precioso ainda, que é a independência dos juízes. Por isso, a AMB, entidade representativa de toda a magistratura nacional, deve estar não apenas atenta a eventuais atitudes não previstas na Constituição Federal por parte do Conselho, relativamente à imposição de sanções a magistrados, como também, quanto à imposição de metas, que estas observem, especialmente, as condições materiais e humanas existentes no Poder Judiciário, para efeito do cumprimento adequado delas, sem pressão sob os ombros do magistrado, que todos os meses necessita paralisar a sua própria atividade jurisdicional para responder questionários ao CNJ. Nós vamos trabalhar por uma melhor composição do CNJ, com maior número de representantes de 1º e 2º graus da Justiça Estadual, apoiando a aprovação da PEC 457/2010, inclusive com a designação do corregedor estadual dentre aqueles membros com origem na magistratura estadual. OJ – Um dos principais problemas do Poder Judiciário continua sendo a morosidade na tramitação dos processos judiciais. Quais as alternativas e de que forma a AMB pretende contribuir para esse debate? NC - Mais de 80% das decisões judiciais do país são da Justiça Estadual, ainda assim, os magistrados de 1º grau, infelizmente, têm ficado esquecidos.Porisso,coloqueinomeuplanode gestão a apresentação de um projeto de âmbito nacional para que todos os juízes brasileiros tenham uma estrutura de gabinete para auxiliá-los. Seria uma estrutura mínima, provendo-os, além das condições tecnológicas disponíveis, com assessores assim como já ocorre no âmbito federal e em diversos estados da federação. Esta é uma maneiraobjetivaeeconômicaparadar mais efetividade ao Judiciário do que, por exemplo, a criação de varas. Outra questão fundamental é melhorar o orçamento do Judiciário. Por isso, tenho defendido que a União dê contrapartida aos Judiciários estaduais, a exemplo do que já faz com estados e municípios por meio do Fundo de Participação dos Municípios e dos Estados. A magistratura é nacional. O que é preciso lembrar ainda que os tribunais nos estados têm competência para todo o estado, sendo necessário amplo diálogo no 2º grau, para abrir novas cadeiras aonde haja necessidade pelo volume de trabalho, para que não sejam frustrados os sonhos dos mais novos nem se sobrecarregue, indevidamente, os mais antigos na carreira. OJ – O senhor pretende colocar em pauta, caso seja eleito, o debate sobre a participação dos magistrados de primeiro grau no processo de escolha dos dirigentes dos tribunais de Justiça dos estados? Por quê? NC - Não apenas somos a favor como já trabalhamos nessa direção, quando apresentamos uma alteração na Constituição paulista (PEC número 7, de 11 de março de 1999), pela qual era permitida a eleição de colegas de primeiro grau para participarem do colegiado na escolha do presidente do Tribunal. A emenda alterava o artigo 62 para o seguinte texto: “O Presidente e o 1º Vice-Presidente do Tribunal de Justiça e o Corregedor Geral da Justiça comporão o Conselho Geral da Magistratura, e serão eleitos a cada biênio, dentre os integrantes do órgão especial, pelos Desembargadores, Juízes dos Tribunais de Alçada e Juízes vitalícios”. Infelizmente, ficou prejudicada em função da emenda 45, e o STF suspendeu sua eficácia (Adin nº 2.012-9). Era uma eleição indireta, mas era um avanço. Para resolver o problema, temos que fazer uma ampla discussão com os colegas de 1º e 2º graus, e chegar a um consenso. Defendo ainda que a transparência e democratização do Judiciário sejam mais amplas, com a convocação dos juízes de 1º grau e servidores para participarem das discussões de elaboração do Orçamento junto com os colegas de 2º grau. Pois, com os subsídios que virão da 1ª e da 2ª instância, e também dos servidores, nós poderíamos calcular o orçamento e fazer o planejamento das ações do tribunal de forma compatível com a realidade dos gastos e das necessidades de cada uma das instâncias. Nós do Judiciário, trabalhamos, hoje, com ferramentas do século XIX e desafios do século XXI. É preciso conter esse paradoxo. OJ – Qual a sua opinião sobre o Quinto Constitucional? NC - A questão do quinto já foi colocada na campanha do atual presidente da AMB, que prometia, naquela oportunidade, apresentar projetos de extinção do quinto, mas até hoje nada fez para isso. Não podemos fazer do tema uma plataforma demagógica para iludir colegas de 1º grau. O candidato da situação repete o discurso e, como participante da diretoria atual, também nada fez. Nós, pelo contrário, apresentamos uma PEC, através do deputado federal Régis de Oliveira (SP), que pretende, numa primeira etapa, aumentar o número de cadeiras para a magistratura de carreira, eliminar o acesso aos tribunais superiores que não seja pela classe de origem de cada um e também reservar cadeiras, para a magistratura de carreira, no STF. Portanto, acreditamos que esta questão, de extinguir ou não o quinto, deve ser amplamente debatida pela classe. Queremos ver preservadas as cadeiras para a magistratura de carreira. OJ – Sobre o Adicional por Tempo de Serviço (ATS), como está o andamento desta proposta no Congresso e de que forma o senhor pretende trabalhar este assunto caso assuma a presidência da AMB? NC - Esta nossa bandeira entrou ao Congresso Nacional por minha iniciativa e de um grupo de lideranças da magistratura que sempre me apoiou e à Chapa Novos Rumos. Tomamos a iniciativa porque a atual direção da AMB não dispõe de interlocução junto ao Congresso Nacional, onde é fundamental a capacidade de diálogo e trânsito entre as diversas correntes políticas. Não só apresentamos a sugestão de PEC como temos acompanhado periodicamente sua tramitação. Eu e esse grupo de magistrados estivemos por várias vezes no Congresso, durante encontros com senadores que estudam a matéria. No último dia 14 de outubro, estive com o senador Valdir Raupp, relator da PEC 21, em Rondônia, e ele reafirmou o compromisso de agilizar sua votação, cujo parecer favorável é de sua autoria. Continuaremos a trabalhar junto aos parlamentares, com ou sem o apoio da atual gestão, pelos interesses da magistratura. Não podemos ainda descuidar da política remuneratória da magistratura. A exemplo do que fizemos em favor da PEC 21 e da PEC 46, que resgata a aposentadoria integral, fomos para Brasília lutar pela recomposição monetária dos subsídios, já que a AMB silenciou sobre o tema. Vimos que o Congresso Nacional tinha uma forte resistência à presença da AMB. Por causa disso, mobilizamos líderes em todos os estados para conversar com os deputados de suas regiões com o objetivo de reabrir a discussão sobre o projeto, porque, infelizmente, tivemos uma reposição pífia e humilhante de nossos subsídios. Tudo isso é fruto da omissão da atual gestão da AMB. OJ – Qual a sua posição sobre a PEC 457/B/2005, que eleva de 70 para 75 anos a idade mínima para aposentadoria compulsória no serviço público? O senhor é a favor ou contra a aprovação desta PEC? NC - Eu sou contra, aliás, já nos manifestamos em jornal da Apamagis e em nota que saiu, no jornal da AMB, em referência à minha participação no movimento contrário a esta mudança. Entretanto, sou a favor de aproveitar os juízes que caem na compulsória, para desenvolver atividades voluntárias junto aos tribunais, o que já ocorreu em São Paulo, através do Grupo de Apoio ao Judiciário, pelo qual vários juízes aposentados colaboram com os colegas de 1º e 2º graus. Portanto, nossa manifestação é contrária, expressamente, ao aumento de idade para aposentadoria compulsória dos magistrados. Associativas O JUDICIÁRIO NOVEMBRO DE 2010 COLUNA DE BACO Fotos divulgação - AS TAÇAS - M uito se tem discutido a respeito das taças adequadas para servir os diversos tipos e classes de vinho. Alguns entendem que a forma, o tamanho e o material do recipiente em nada alteram o produto, enquanto outros afirmam que para cada vinho impõe-se o uso da taça certa. Esta última corrente constitui hoje uma unanimidade, com base nos resultados das experiências feitas através dos séculos. Nos mais remotos tempos, quando a humanidade começou a civilizar-se, utilizava-se qualquer recipiente para tomar vinho: copos de madeira, pedra, barro, chifre, couro e metais diversos. O chumbo, um dos metais preferidos para a confecção de copos, em razão de seu fácil manuseio, envenenava o vinho, causando danos cerebrais e a morte do usuário. Cientistas afirmam que Nero incendiou Roma numa crise de loucura causada pelo ingestão de vinho em copos de chumbo. A descoberta do vidro trouxe notável avanço na fabricação de taças, até chegar-se ao cristal, imbatível para essa finalidade. Os outros materiais tinham o inconveniente de transferir ao líquido seus cheiros e gostos, além de serem impregnados pelos resíduos sólidos, dificultando a limpeza. O vidro e o cristal são neutros e translúcidos. Preservam as características originais do vinho e permitem total limpeza apenas com água, sabão ou detergente. Os museus do mundo exibem copos milenares, nos mais diversos materiais. No Arqueológico de Atenas estão expostas duas belíssimas taças de ouro, ricamente trabalhadas , encontradas na tumba de Agamenon, rei de Mykonos, assassinado pela esposa Clitemnestra e seu amante Egisto, ao retornar da Guerra de Tróia. O crime foi vingado pelos filhos Electra e Oreste, que mataram a própria mãe e o respectivo tertius. Ainda na esteira da história, narra-se que a primeira taça de champagne foi moldada num dos seios de Helena. Pura lenda, porque naquela época este magnífico espumante ainda não existia e por certo os seios da rainha troiana, por cuja beleza tantos bravos tombaram, não deviam ser tão pequenos. Mas, voltando ao tema, as taças de cristal, ou pelo menos de vidro, reinam soberanas. As dimensões e formas, após um sem número de tentativas e experimentos, evoluíram até os modelos atuais, de tal sorte que cada vinho possa apresentar, sem alterações, suas melhores qualidades. Isto não é lenda nem frescura, mas fato comprovado pelas leis da física e da química. O vinho, ao entrar em contato com o ar, passa a desprender seus diversos aromas e buquês, alguns tão leves que se volatilizam e somem rapidamente. Para que se conservem e sejam apreciados, necessário se faz o uso de um copo adequado a cada classe. Vinhos com muitos anos de guarda devem ser servidos em taças grandes, com bojo mais largo que a boca, a fim de que seus diversos aromas, cujo conjunto forma o buquê, se conservem por mais tempo. Os bourgognes tintos, elaborados com uma única variedade, a Pinot Noir, formam buquês muito delicados. Por isso as taças certas são bojudas na parte inferior, terminando em boca mais estreita (fig. 13). Os bordeaux, resultantes de cortes de diversas variedades - Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot, etc. - formam buquês mais fortes. Por isso as taças, embora seguindo o mesmo padrão da anterior, podem ter bojo mais estreito na parte inferior (fig. 12). Nos modelos mais sofisticados a boca tem um bordo voltado para fora, de modo a ensejar que os diversos aromas se desprendam sucessivamente. Tintos jovens, que só apresentam os aromas da variedade e da fermentação, podem ser servidos em taças menores e menos bojudas (fig. 11). O mesmo para os brancos, desde que tenham um pé mais alto, para que o calor da mão não altere a temperatura do líquido (fig.9). Para vinhos fortifi- cados (Porto, Madeira, Jerez, Marsala) a taça segue o mesmo modelo, porém em tamanho menor que a dos brancos. O recipiente para espumantes mudou bastante ao longo do tempo. As primeiras taças eram baixas e abertas, do tipo hoje se usa para sorvete, causando rápida perda das preciosas borbulhas. Para que estas permaneçam em ação até o final criou-se a flûte (flauta), alta, fina e elegante (fig.14). Para alguns brancos maravilhosos e especiais, naturalmente doces (o alemão Eiswein, o canadense Icewine e o húngaro Tokaji Aszu), o mais aconselhável é usar cálices do tamanho de um dedal, porque esses vinhos são raros, vêm em garrafinhas minúsculas (em geral de l87,5 a 350 ml, às vezes de 500 ml) e custam pequenas fortunas. Convém lembrar que os especialistas, há vários anos, criaram um modelo oficial e profissional de taça para degustação (verre à degustation normalisée), hoje presente em todos os eventos do ramo, cuja forma e dimensões são consideradas ideais para detectar os defeitos e ressaltar as qualidades de cada vinho. Podem ser usadas em casa, mas é bom frisar que elas são pequenas e Edson Nelson Ubaldo* nem sempre condizem com aquele grande vinho que se quer oferecer aos amigos num jantar especial. Por fim, não há como negar que as taças têm real influência sobre o vinho - e aqui estamos falando de bons vinhos e não de zurrapas. O cristal deve ter a mais fina espessura possível na parte que recebe o líquido e apresentar-se imaculadamente limpo. Taças trabalhadas com recortes e desenhos devem ser evitadas, pois prejudicam a transparência necessária à avaliação da cor. Entretanto, para beber um vinho ordinário, elaborado com variedades híbridas de origem norte-americana, o recipiente não faz diferença. Canecas, xícaras, potes de plástico, de barro ou de vidro, tudo serve. Aliás, os copos vazios de requeijão e geléia, com pedaços do rótulo ainda grudados, são imbatíveis para a “degustação” de vinhos elaboradas com uvas Niagara, Concord, Isabel e suas primas. Nota: este artigo foi escrito em homenagem ao nobre magistrado Marcio Umberto Bragaglia, que sugeriu o tema. * Desembargador aposentado do TJ/SC. 7 NOVEMBRO DE 2010 Perfil O JUDICIÁRIO “Minha história...” U m livro nunca é suficiente para contar uma vida. Em duas páginas de jornal, muito menos. E quando a história é bem contada, nada é mais cruel do que a missão de editá-la. E assim aconteceu quando recebi as memórias de uma das figuras mais marcantes da magistratura catarinense, as quais continham, em sua versão original, manifestações de puro afeto e gratidão a todos que de forma direta ou indireta participaram de sua carreira profissional. Doeu-me, sobretudo, porque, além do jeito afável com que me recebeu, nosso personagem do mês colaborou de todas as formas para que pudéssemos fazer este importante resgate biográfico. Estamos falando de Alberto Luiz da Costa, desembargador aposentado, dono de uma rica trajetória, que inclui 52 anos de serviços prestados ao Poder Judiciário catarinense, 37 deles dedicados à magistratura de nosso Estado. Nas linhas que seguem abaixo (escritas pelo des. Alberto da Costa), o leitor poderá conhecer um pouco deste ilustre magistrado, que com seu esforço ajudou (e muito) a forjar o elevado conceito da Justiça catarinense... “Iniciei o grau primário no Grupo Escolar Silveira de Souza e completei-o no Grupo Escolar Modelo Dias Velho, ambos situados no centro da Capital. O segundo grau, integrado pelo curso ginasial e colegial, deu-se no Instituto Estadual de Educação, estabelecido no belíssimo prédio situado no alto da Rua Saldanha Marinho, local posteriormente ocupado pela Faculdade Catarinense de Educação. Bendito e louvável o ensino público ministrado ao tempo em que freqüentei os bancos escolares, nos meados dos anos 40 a meados da década de 50, levado a sério pelos governos, executado por professores dedicados e competentes, com supedâneo em diretoria vinculada à própria classe, desvestida de conotações políticas. Os mestres gozavam do merecido respeito, prestígio e reconhecimento tributado pela comunidade florianopolitana e percebiam vencimentos compatíveis com o seu elevado status. Ingressei na Faculdade de Direito da Universidade de Santa Catarina em 1960 e graduei-me no dia 08 de dezembro de 1964. Merece destacada, desde logo, a efervescência imperante em todas as camadas sociais do Brasil no decorrer da década de 60, máxime no seu primeiro lustro. Éramos de início 45 calouros aprovados, e, ao final, 42 bacharéis à data da graduação, satisfeitos e realizados com a excelência dos ensinamentos ministrados por nossos proficientes professores João David Ferreira Lima (Magnífico Reitor), Eugênio Trompowsky Taulois Filho, José Rocha Ferreira Bastos (respectiva- mente Patrono e Paraninfo), Lauro Luiz Linhares, Edmundo Acácio Moreira, Abelardo Rupp, Maria Cecília C. de Aragão, Osmundo Wanderley da Nóbrega, Osni de Medeiros Regis, Madeira Neves, Paulo Henrique Blasi, Valdemiro Cascaes, Severino Nicomedes Alves Pedrosa. Pari passu com a Faculdade de Direito iniciei estudos na Faculdade Catarinense de Filosofia no ano de 1959, à época instalada em antigo prédio situado na Rua Esteves Júnior, proximidades com o próprio do Colégio Catarinense, tendo colado grau de Bacharel em Filosofia no dia 8 de setembro de 1961. Em setembro de 1953 fui aprovado em teste realizado para exercer a função de copista do Cartório de Órfãos, Ausentes, Provedoria e Resíduos crevi-me ao concurso para o provimento da função de Encarregado de Serviço do Quadro de Funcionários do Tribunal de Justiça do Estado. À aprovação seguiu-se a nomeação datada de 23 de abril de 1962. Novo concurso realizado em meados do ano de 1963, na oportunidade para o provimento do cargo de Escriturário Datilógrafo. À aprovação seguiu-se a nomeação datada de 20 de dezembro de 1963. No ano de 1964, após formal indicação da 1ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado, fui nomeado para exercer o cargo de Assessor Judiciário da referida Câmara. Após a conclusão do curso de Direito, continuei a desempenhar meus misteres no T J/SC, ao mesmo tempo em que reiterava nos estudos com o objetivo Desembargador leva a vida com a certeza que venceu o bom combate da 2ª Vara da Comarca da Capital. No ano de 1956 fui nomeado Escrevente Juramentado do Cartório antes referido, situação que perdurou até meados de 1959, quando se deu a saída do escrivão Waldemiro Simões de Almeida, e renovada à nomeação naquele mesmo ano. Bons tempos aqueles. Com os dedos tocando célere o teclado de robusta máquina de escrever Remington tive a oportunidade de aprender nas audiências das quais participei, e igualmente da leitura dos processos, os ensinamentos emanados dos ilustres magistrados, promotores de Justiça e advogados. Casei-me no dia 16 de janeiro de 1962 com Maria Helia Simas da Cunha, que passou a assinar-se Maria Helia Cunha da Costa. Dessa feliz união, que já está por completar 50 Anos, nasceram Alberto Luiz Cunha da Costa, Médico Neurologista, Marcelo Cunha da Costa, Tenente-Coronel da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, e Maria Cristina Cunha da Costa, Advogada. Ainda no início do ano de 1962 ins- de ingressar na Magistratura, acalentado sonho havido desde que ingressara no serviço judicial, muito mais motivado pelos magníficos exemplos de dizer o Direito e fazer Justiça dados pelos eminentes juízes de direito e desembargadores. Entrementes, fora do expediente normal de trabalho e no período compreendido entre os anos de 1964 a 1967, na condição de Professor Substituto, ministrei aulas de Sociologia Educacional e de Legislação Geral e do Ensino na Escola Normal do Instituto Estadual. Meu ingresso na Magistratura deu-se em 1967. A primeira investidura deu-se no cargo de Juiz Substituto, na comarca de Joinville. Lembro, com o mais profundo respeito, as pessoas dos eminentes Juízes de Direito Francisco José Rodrigues de Oliveira e Raoul Albrecht Büendgens, respectivamente Juízes de Direito da 1ª e da 2ª Vara, cavalheiros na mais pura expressão do termo. Em outubro de 1967 fui nomeado para o cargo de Juiz de Direito da Comarca de Mondaí, de 1ª entrância. Comunicação telefônica com a Capital do Fabrício Severo 8 Estado inexistia, de modo que ocupava quase um dia de expediente para realizar o trajeto Mondaí-Chapecó, falar com o Secretário do Tribunal de Justiça, e retornar. Recordo ter cooperado com o então Prefeito Nilo Miro Sander para a instalação da repetidora de televisão, lá no alto do morro do Laju, e, para gáudio dos Mondaienses, o sinal oriundo da TV Piratini Porto Alegre, via Caxias, Erexim, Chapecó e Palmitos se fez presente, quase sempre, registre-se, como verdadeira “TV Chuvisco”, inclusive quando registrou a memorável descida de Armstrong, Aldrin e Collins na Lua. À direção de um Fusca, com a esposa, três filhos pequenos e bagagens, não era nada fácil à época a locomoção de Florianópolis à Mondaí, pois a viagem demandava dois dias em face da longa distância e das péssimas condições das estradas estaduais. Saíamos de Florianópolis às 05h00min da manhã e, com sorte, chegávamos a Joaçaba ao entardecer. A jornada era retomada na manhã do dia seguinte, para aportar em Mondaí ao anoitecer. De vez em quando, para acabar com o desconforto imposto pelas rodovias catarinenses, e diminuir o tempo da viagem, atravessávamos de balsa o rio Uruguai. Na verdade, constatamos que, uma vez alcançadas terras do Estado do Rio do Grande do Sul, servido por boas estradas de barro, com alguns trechos já asfaltados, mais exitosa se tornava a jornada Mondaí-Florianópolis. De Vacaria subíamos a BR-116 até Ponte Alta do Sul, no nosso Estado. A partir dali iniciávamos uma longa descida para o litoral, revendo as cidades de Pouso Redondo, Rio do Sul, Apiúna, Ascurra, Indaial, Blumenau, Gaspar, e Ilhota, lindeiras do Rio Itajaí-Açu, até atingir a BR-101, e, após, tomar o rumo do Sul, passando por Itajaí, Camboriú, Itapema, Porto Belo, São Miguel, Biguaçu e São José, para, finalmente, adentrarmos na Capital do Estado. Todavia, éramos jovens e toda e qualquer dificuldade surgida era vencida e tida com bem sucedida aventura. No que tange aos serviços judiciários, transcorreram sempre dentro da normalidade, posta em destaque a competência do escrivão Walter Brügmann, e a cooperação das autoridades locais e do ordeiro povo da Comarca de Mondaí. A comarca seguinte foi a de São Miguel do Oeste. Assumi o exercício do cargo em junho de 1970, em plena Copa do Mundo. Tive a honra de inaugurar o novo Fórum da cidade; de desfrutar o trabalho com colega elevadamente culto, humano e cavalheiro consoante foi o magistrado Bruno Carlini; de contar na Promotoria de Justiça, com os nobres doutores Ivan Costa e Flávio Alberto de Amorim; de constatar o valor, a cultura, Perfil O JUDICIÁRIO dedicação, combatividade, e o trabalho incessante dos advogados da comarca; contar com a presteza do escrivão judicial Orlindo da Rocha, de seus subordinados e dos demais servidores da Justiça local. Lembro-me de um jovem que trabalhava no cartório judicial, e a mando do respectivo titular traziame os processos para despacho. Como referida função cumpria ao escrivão executar por antecipada determinação minha, o aludido jovem, cujo nome é Írio Grolli, e mais tarde viria tornar-se grande e reconhecido Juiz de Direito, ao que sempre me pareceu demonstravase frustrado com a minha negativa em despachar com ele. O decreto de minha promoção para a comarca de São José, de 3ª entrância, foi publicado no dia 30 de julho de 1971 e a respectiva posse deu-se no mês de setembro daquele ano. Quando assumi o exercício do cargo, a comarca contava, apenas, com um Juiz de Direito e um Promotor de Justiça, instalado o Fórum no antigo prédio localizado ao lado do Teatro Adolfo Melo, na pracinha da cidade, próximo do centro histórico. Em 1972, participei da inauguração do Fórum Dr. Mário de Carvalho Rocha, prédio atualmente ocupado pela Câmara Municipal de São José, e, tal como desempenhara nas comarcas de Mondaí e São Miguel do Oeste, exerci, também, na comarca em comento, os cargos de diretor do Fórum e Juiz Eleitoral. A população de São José sempre foi manifestamente receptiva, e, no que tange ao movimento forense apresentava-se com alto grau de densidade, facilitado, no entanto, o seu andamento pela boa cooperação dos servidores da Justiça, do representante do Ministério Público e dos advogados da comarca. No dia 31 de março de 1975, fui promovido para o cargo de Juiz de Direito da 2ª Vara da comarca de Chapecó, de 4ª entrância, cujo cargo assumi no mês de abril daquele mesmo ano. O movimento forense era muito grande, vencido a custo do emprego de redobrado esforço. O ínclito Juiz de Direito Rubem Odilon Antunes Córdova exercia a titularidade da 1ª Vara Cível, da Direção do Foro e do Juízo Eleitoral, e, eu a titularidade da 2ª Vara Cível e do Tribunal do Júri. De outro viso, ocupava o cargo de Juiz Substituto, o jovem doutor José Trindade dos Santos, atual Presidente do Tribunal de Justiça do Estado. A exemplo das demais comarcas do Oeste do Estado nas quais exerci a judicatura calou fundo no coração, a operosidade, a ordem, a coesão e a hospitalidade do povo de Chapecó. No dia 29 de novembro de 1976 deu-se a minha remoção a pedido para a Vara Criminal e de Menores da Comarca de Joinville com assunção no dia 31 de dezembro de 1976. Ao depois, na mesma comarca e igualmente a pedido obtive remoção, primeiro, para a 3ª Vara Cível, cujo exercício ocorreu em 03 de março de 1978; e, segundo, para a 1ª Vara Cível, firmada a assunção em 18 de maio de 1978. Curioso é que, ainda não se completara 10 anos desde que assumira o cargo de Juiz Substituto da 5ª Circunscrição Judiciária, em 31 de agosto de 1967, e eu já estava de retorno à Joinville, agora como Juiz de Direto titular, conforme pretendera após a partida. Ao cargo de Juiz de Direito da 1ª Vara Cível agreguei os de Diretor do Foro e de Juiz Eleitoral da Circunscrição. A violência criminal surgia célere, mas satisfatoriamente contida pela polícia civil e militar, ao passo em que o volume dos serviços forense começava aumentar, não obstante o esforço expendido pelos Juízes de Direito, Promotores de Justiça, Advogados e Servidores da Justiça. Minha remoção para a 1ª Vara da Comarca da Capital deu-se em 1980. A Vara era privativa do Tribunal do Júri e da Corregedoria dos Presídios, instalada no Prédio do Tribunal de Justiça do Estado. A onda de criminalidade campeava à solta na cidade, com a prática de todos os tipos de delitos. Quanto à atuação da Justiça no âmbito criminal, contava a Comarca da Capital com as 1ª, 2ª, 3ª e 4ª Varas Criminais, exercidas, respectivamente, por mim, por Wilson Eder Graf, Guido S. Pereira e Rogério Domingos Farias Lemos, o segundo e terceiro de saudosa memória. Consoante já ressaltado, competia-me a Corregedoria dos Presídios (Cadeia Pública, Casa do Albergado, Manicômio Judiciário, e Penitenciária Estadual), mediante o comparecimento pessoal de, no mínimo, uma vez por mês ou sempre que necessário, com elaboração do respectivo relatório e subseqüente remessa à Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado. As condições materiais e de segurança da Penitenciária Estadual, Casa do Albergado e do Manicômio Judiciário, eram, de regra, satisfatórias, porque àquela época não havia ainda falar em superpopulação carcerária. Ao reverso, bem diferente a situação da Cadeia Pública, que apresentava problemas de superpopulação, à vista da falta de espaço, e também de higiene, com óbvio reflexo no fator segurança. De fato, causava-me perplexidade e angústia a visita a Cadeia Pública, eis que a encontrava sempre na condição do mês anterior, com as celas lotadas e insalubres. Referida situação era descrita nos relatórios enviados ao Poder Executi- vo. De modo que as condições de permanência na Cadeia Pública ora quedavam-se minimizadas ora não. No que toca à realização dos demais trabalhos da 1ª Vara Criminal transcorreram dentro da normalidade. Na área do Tribunal do Júri, as sessões eram realizadas com muito êxito, na presença de numeroso e fiel público que acorria ao Auditório situado no 11º andar do prédio do Egrégio Tribunal de Justiça. Perante a tribuna de acusação desempenharam o elevado “munus” os Promotores de Justiça Valdomiro Borini, Demétrio C. Serratine, Robson Westphal, João Evangelista de Medeiros, Luiz Adalberto Vila Real e ilustre Promotora de Justiça, doutora Regina Kurchus. E, do alto da tribuna de defesa, impende lembrar a presença aguerrida dos advogados José Manoel Soar, José de Brito Andrade, Jorge Mussi (Desembargador e atualmente Ministro do Superior Tribunal de Justiça), Cláudio Gastão da Rosa, Ewaldo Sebastião Teixeira, Plínio Moreira e Emílio Trilha. Passo a passo com os trabalhos da 1ª Vara Criminal, durante o biênio 1986/1988 dirigi a Sede Balneária da AMC e lecionei a disciplina Direito Penal- l na ESMESC. Ainda no ano de 1986 exerci o cargo de Juiz Eleitoral da 13ª Zona, e, logo em seguida, no biênio 1987/1988 integrei o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina na classe de Juiz de Direito. Afastei-me da 1ª Vara Criminal em 01 de março de 1988 para exercer as funções de Juiz Corregedor Auxiliar junto a CorregedoriaGeral de Justiça por designação do seu titular, Excelentíssimo Desembargador Osny Caetano da Silva. Honrou-me, sobremaneira trabalhar com sua Excelência, e ter como companheiro o dileto magistrado Rogério Domingos Farias Lemos, colega de concurso de ingresso na Magistratura e de andanças pelo Oeste do nosso Estado. Naquele biênio, palmilhamos todos os rincões do Estado auscultando as dificuldades e anseios dos colegas magistrados e dos seus servidores, com vistas a possibilitar ao Tribunal de Justiça a tomadas de providências necessárias para a resolução dos problemas que porventura surgissem. Terminado o biênio do Desembargador Osny Caetano da Silva, assumiu a Corregedoria-Geral de Justiça o nobre desembargador Tycho Brahe Fernandes Neto para o biênio 1990/1991, tendo sua Excelência reconduzido o doutor Rogério Domingos Farias Lemos e a mim nas funções de Juiz Corregedor Auxiliar. Não chegamos a completar o biênio, pois o colega Rogério Domingos Farias Lemos foi promovido ao cargo de De- NOVEMBRO DE 2010 sembargador no início do ano de 1990. Tocante à minha promoção ao cargo de Desembargador deuse por Ato publicado no dia 20 de agosto de 1990. Tomei posse no dia 19 de setembro de 1990 e passei a integrar a 2ª Câmara Criminal presidida pela eminente Desembargadora Theresa Grisólia Tang, integrada, também, pelos ilustres Desembargadores José Roberge e Rogério Domingos Farias Lemos. O tempo transcorreu rápido, a composição da Câmara foi mudando e acabei sendo seu Presidente, e, também das Câmaras Criminais Reunidas; integrei o Colendo Órgão Especial do Egrégio Tribunal de Justiça e o Conselho da Magistratura. “A latere”, no ano de 1998 exerci a suplência no Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Santa Catarina na categoria de Desembargador. Registro que nos biênios 1995/1997 e 1997/1999, honrou-me dirigir a Escola Superior da Magistratura do Estado de Santa Catarina, da Associação dos Magistrados Catarinenses, sob a Presidência, respectivamente dos Juízes de Direito César Augusto Mimoso Ruiz Abreu e Marco Aurélio Gastaldi Buzzi, hoje eméritos Desembargadores do TJ/SC. Tratou-se de uma fase de intenso brilho, com a realização de importantes eventos, e, inclusive com o lançamento da Revista da Esmesc, no seu volume, bilíngüe, versando temas de interesse Sulamericano, além da realização do Congresso do MERCOSUL. No último quadriênio, o Presidente Marco Aurélio Gastaldi ao depois de duas ou três audiências mantidas com o Governador do Estado Paulo Afonso Vieira, a qual esteve presente, obteve a cessão do terreno sobre o qual se assentaria a atual Sede da AMC, edificada faz senhor se enfatize, com o substancioso volume de dinheiro repassado à nova Gestão da AMC. Os eventos culturais da ESMESC, sob a competente organização do ilustre Juiz de Direito Nelson Schaeffer Martins, hoje Desembargador do TJ/SC, foram a marca de uma época, que ao que parece, não retornou jamais, e deixou saudades. No biênio 1999/2000 exerci a Vice-Presidência e a Corregedoria-Geral do Tribunal Regional do Estado de Santa Catarina, para, no biênio 2000/2001 exercer a Presidência do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Santa Catarina, tendo presidido as Eleições de 2000. Na gestão 2002/2004 cumpri o mandato de Vice-Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina. Finalmente, na gestão 2004/2006, exerci o mandato de Corregedor-Geral de Justiça até o dia 16 de janeiro de 2005, quando fui atingido pela aposentadoria compulsória por ter completado 70 anos de idade. Na Corregedoria tive a subida honra de contar com a decidida cooperação dos Juízes Corregedores Paulo Roberto Camargo Costa Luiz Henrique Martins Portelinha, Paulo Henrique Moritz da Silva e Soraya Lins Bianchini; com o empenho e a consideração dos funcionários Paulo Sérgio Pizzolatti Remor, Ana Dirlei Gonçalves Tenfem, Ana Paula Sanceverino de Souza e Paulo Huáscar Vianna Filho, que me acompanharam desde a 1ª Vara Criminal; e a dedicação e eficiência dos servidores efetivos da Corregedoria. Desde os 18 anos de idade completados no dia 16 de janeiro de 1953, até minha aposentadoria compulsória ocorrida no dia 16 de janeiro de 2005 decorreram quase 52 anos, durante os quais servi ao Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina como empregado de Cartório, Auxiliar de Justiça, Funcionário da Justiça, Juiz Substituto, Juiz de Direito, e Desembargador. É de registrar, igualmente, o serviço prestado ao Poder Judiciário da União, por intermédio do Tribunal Eleitoral do Estado de Santa Catarina como Mesário-Presidente, Juiz Eleitoral, Presidente de Junta Eleitoral, integrante do TRIREGELEI-SC nas categorias descritas no “caput” do parágrafo anterior. Ao todo exerci a Magistratura durante 37 anos e 05 meses, durante os quais recebi excelentes lições de vida, que me fizeram captar a grandeza do Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina, integrado por todos os seus juízes, destinatário do mais alto apreço e reconhecimento de toda a Justiça Brasileira. Considero-me um homem simples, amigo leal e sincero, bom pai e esposo, patriota e dedicado ao estudo, ao trabalho, à leitura, amante de boa música, e, ao que tantos dizem - e creio terem razão -, dotado de um temperamento um tanto quanto forte, o qual, no entanto, jamais me enleou na hora de decidir. Travei o bom combate, e venci. A aposentadoria tem me propiciado realizar muito de algumas coisas que, em parte, o exercício da Magistratura impediu, tais como, leitura diferente dos livros jurídicos, a prática de um lazer mais descontraído, cinema, teatro, e o que é mais importante, presença/presente que não presença/ausente no lar. A vida segue, e com ela o desejo de vivê-la, sem endurecer o espírito e permitindo o espraiar da ternura.” Fabrício Severino. 9 10 Esmesc NOVEMBRO DE 2010 O JUDICIÁRIO Além da disciplina de metodologia científica, meta é disponibilizar cursos de Redação Jurídica e Atualização Legislativa nos que atualmente cursam os módulos I e II da Escola. Diretor geral da ESMESC, juiz Silvio José Franco, apresenta o mais novo projeto da ESMESC A Escola Superior da Magistratura do Estado de Santa Catarina (ESMESC) lan- çou, no dia 13 de setembro, a “ESMESC Virtual”, projeto piloto de utilização de plataforma de Educação à Distância, que disponibiliza aulas online para os alu- “A ferramenta marca a história da Escola, pois desde 2009 a Direção busca modernizar a instituição e aproximá-la dos magistrados, dos alunos e da comunidade jurídica em geral. Esse processo foi iniciado com o lançamento do Portal da ESMESC, inclusive com uma área restrita aos magistrados (Portal dos Magistrados), na qual são oferecidos diversos serviços, tais como: banco de sentenças, publique o seu artigo, quero ser docente e o destacado serviço de pesquisa”, explica o diretor geral da ESMESC, juiz Silvio José Franco. O responsável pelo desenvolvimento do programa, Carlos Omar Castillo, é web designer e gestor de TI com especialização em ensino à distância e a plataforma escolhida é o Moodle, utilizada pelas maiores universidades do Brasil e do mundo. Experimentalmente foi disponibilizada, para este segundo semestre de 2010, a disciplina de Metodologia Científica, que conta com dois professores e suporte técnico 24 horas; entretanto, de acordo com o diretor geral da ESMESC, a intenção da Escola é ampliar a abrangência dessa modalidade, oferecendo outros cursos como Redação Jurídica e Atualização Legislativa e, dessa forma, atendendo também àqueles interessados em seus cursos que estão geograficamente distantes da sua Sede. A metodologia de aula online, em parte, é similar a presencial, ou seja, dividida em horas aula, sendo necessário um mínimo de freqüência, a entrega das tarefas no prazo e a participação nos fóruns e bate-papos. Dentre as inúmeras vantagens, destaca-se a administração do tempo e do local dedicado aos estudos, que são de responsabilidade do aluno, favorecendo quem trabalha ou mora longe, por exemplo. “Reafirmando seu compromisso permanente na conquista da excelência na disseminação do conhecimento, a ESMESC vem buscando cumprir o seu papel oferecendo as mais variadas modalidades de cursos, seminários, palestras e eventos que influenciem no aprimoramento profissional dos operadores do Direito”, aponta o diretor geral da ESMESC. eficazes quanto às presenciais ou, até mesmo, superá-las em efetividade, dependendo de quem as ministra. Neste caso, em especial, os professores estão sempre muito ‘presentes’, incentivando e motivando os alunos. Percebese claramente que os textos são lidos e analisados pontualmente e o feed back se dá através de comentários personalizados”, elogia Lisângela Ragnini, aluna matriculada no Módulo II, moradora de Joinville. Para quem ainda possui alguma dúvida em relação à eficácia do curso, vale ressaltar que a avaliação é um processo contínuo a que o aluno estará submetido no período de desenvolvimento da disciplina e se dará por meio das diferentes atividades com vistas ao alcance dos objetivos. As atividades para um bom desempenho do aluno estão divididas em: auto-avaliação (Blog), onde o aluno desenvolve tarefas para verificar a aprendizagem; e as atividades obrigatórias, em que o aluno deve realizar ao final de cada unidade, cujo envio estará indicado no cronograma de estudo. A princípio, a matéria disponibilizada é de Metodologia Científica, tendo como tutores os professores Dilsa Mondardo e José Issac Pilati, oferecendo aos alunos instrumentos teóricos e técnicos que o habilitem a observar e interagir com a realidade de forma “criativa”, capacitando-os para realizarem pesquisas e produzirem conhecimentos, ultrapassando paradigmas. Estudantes aprovam as aulas online por facilitar aprendizado A educação à distância é uma solução para a correria do dia a dia, com um ótimo custo benefício, pois possibilita a qualquer pessoa a chance de crescer pessoalmente e profissionalmente por meio de maneira simples e efetiva de estudar. O projeto ESMESC Virtual da Escola Superior da Magistratura do Estado de Santa Catarina (ESMESC) aplica esta metodologia de educação, rica em recursos didáticos e tecnologia à disposição do verdadeiro interessado. Aluna do Módulo I, Priscila da Rocha, de Curitibanos, compara as aulas presenciais às online, e acredita que enquanto a escola mantém rígidos programas de organização do ensino e aprendizagem, no sistema online, a troca de experiências é de forma muito mais constante e aberta. Enfati- za ainda que o método EaD traz sino e aprendizagem. Fazendo uso nova forma de funcionalidade, da tecnologia como uma ferramenpossibilita a interação e a troca de ta de mediação entre professores informações por meio dos grupos de discussões, viabiliza técnicas “O método EaD de estudos centraz nova tradas no aluno, forma facilita a disponide funcionalidade, bilidade de mapossibilita a terial, a aplicação interação e a troca de métodos de de informações” avaliação do progresso do aluno Priscila da Rocha a cada etapa, otiCuritibanos mizando o tempo Aluna Módulo I dispendido. A nova metodologia aplicada pela ESMESC disponibiliza o am- e alunos e entre alunos, permite o biente virtual que, por intermédio esclarecimento de dúvidas, acomda internet, oferece ao aluno supor- panhamento de desempenho indite acadêmico e de conteúdo, sendo vidual e atendimento acadêmico. um facilitador do processo de en“As aulas online podem ser tão Arquivo pessoal Divulgação ESMESC lança novo projeto de ensino à distância para os módulos I e II Esmesc O JUDICIÁRIO NOVEMBRO DE 2010 11 O Judiciário - O que é o Ensino à Distância? DM - Hoje, a Educação à Distância (EaD) é uma modalidade de ensino pela qual o aluno (aprendiz) comparece “virtualmente” ao ambiente formal de ensino-aprendizagem. A EaD, na verdade, é um novo modelo de educação, bem diferente daquele paradigma em que alunos e professor se fazem presentes numa “sala de aula”. É importante esclarecer que a expressão ensino dá mais ênfase ao papel do professor, como aquele que ensina a distância. Eis o motivo pelo qual se prefere o termo educação ao termo ensino, por este ser menos abrangente. OJ - Em que consiste o modelo de Educação à Distância? DM - A EaD caracteriza-se pelo estabelecimento de uma comunicação de múltiplas vias. Suas possibilidades ampliaram-se em meio às mudanças tecnológicas como uma modalidade alternativa para superar limites de tempo e espaço. O novo modelo, se comparado ao sistema presencial, introduziu mudanças significativas no processo ensino-aprendizagem, e a principal delas é que a interlocução (o intercâmbio) entre mestre e aprendiz acontece por meio de tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet, em especial as hipermídias. Entretanto, outros meios são acolhidos por essa modalidade, quais sejam, o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax, o celular, o iPod, o notebook, entre tantas outras tecnologias hoje disponíveis. Na EaD há dois elementos fundamentais, responsáveis por diferenciá-la do modelo tradicionalmente utilizado nas escolas: a) o TEMPO, uma vez que o aluno pode fazer seu autoestudo em tempo distinto; e b) o ESPAÇO, pois nesta modalidade, estudantes e professores não necessitam estar presentes num local específico durante o período de formação. É preciso entender muito claramente que a educação a distância não pode ser vista, nem como substitutiva da educação convencional, presencial, nem tampouco como uma concorrente da educação convencional. São duas modalidades de um mesmo processo, apenas diferentes, mas ambas com o nobre intuito de educar. OJ - Como e por que a ESMESC adotou essa modalidade de ensino? DM - A EaD é uma realidade que rapidamente se consolida no mundo inteiro. Na era da velocidade, do mundo sem fronteiras, da informação em tempo real, não se há de negar fenômeno como este. E as atenções pedagógicas da ESMESC, voltadas à Divulgação Conteudista e Tutora - Professora Dilsa Mondardo* formação dos alunos, ousam inovar, incluindo a possibilidade de seus alunos cursarem algumas disciplinas cujas características permitem a utilização dessa modalidade. É preciso dizer com clareza que se trata de um processo de ensino-aprendizagem em que a relação professor-aluno, se bem conduzida, poderá ser muito mais eficiente do que a do modelo presencial. Explico: cada aluno, a seu tempo, faz as leituras e realiza as tarefas dentro do cronograma estabelecido; e o professor responsável, denominado Tutor, acompanha as atividades permanentemente, orientando cada passo do aluno. Eis aí um dos benefícios. Assim, cada aluno, se for disciplinado e aplicado, poderá usufruir de uma assistência pedagógica praticamente personalizada, uma vez que ao postar suas atividades, recebe rapidamente o retorno do Tutor. E mais, existe a ferramenta Fórum, no qual são incluídos e debatidos os temas relevantes das várias etapas da disciplina. O intercâmbio entre o mestre e o aprendiz é muito mais intenso do que normalmente acontece em aulas presenciais, quando na maioria das vezes o professor entra em sala, inicia a aula, conclui e vai embora. Ressalva: com a presença do laptop em sala de aula (ligado à internet), sem controle, como acontece, qual a vantagem de estar fisicamente presente? Não se está afirmando que o novo modelo é melhor que o tradicional. Entende-se apenas que a quebra do paradigma se faz necessária e o sucesso dependerá do grau de responsabilidade das partes envolvidas neste processo. No presente semestre, a ESMESC está oferecendo a disciplina Metodologia da Pesquisa na modalidade de EaD, para as turmas da sede, de Joinville e de Curitibanos. A organização do conteúdo programático está sob responsabilidade conjunta entre mim e o Dr. José Isaac Pilati. Pode-se afirmar que a dinâmica do modelo, a cada dia, vai agregando conhecimento e experiências, inegavelmente indispensáveis para o aprimoramento de todo o processo implantado. Ainda não se tem dados suficientes para avaliar o resultado, contudo, é grande o empenho para enfrentar tamanho desafio, pois estamos diante de um novo paradigma de educação, que chegou de longe, existe faz tempo e veio para ficar. Ao concluir se deve dizer aos caros alunos da ESMESC que o mais importante talvez não seja a modalidade de educação (de ensino); o que mais conta são duas qualidades de um bom aprendiz: o comprometimento e a disciplina nos estudos. Uma condição quase solitária, mas que (a distância) ele poderá servir-se da tutoria e da tecnologia, inteiramente conspirando em seu favor. OJ - Por não ter obrigação diária e com horário estipulado, como o senhor se organiza para fazer correções, acompanhamento dos alunos e inserção de atividades e textos? JIP – Mesmo não tendo obrigação, devemos ter uma disciplina diária. É o tipo de instrumento que exige muito do professor. Não tem mais só o contato de sala de aula. A todo o momento você está sendo pressionado. A todo o momento estão pingando novas tarefas, novas atividades. E isso exige dos docentes uma dedicação muito especial. Então, devemos estar sempre nos atualizando, trabalhar com uma equipe bem focada, com um professor responsável em disponibilizar sempre o melhor e tutores ativos e fáceis de interação. * Dilsa Mondardo. Graduação e Mestrado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. De 1976 a 1996 trabalhou no Curso de Pós-Graduação em Direito da UFSC. Lecionou por 18 anos na UNIVALI e atualmente é professora no Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina. Com larga experiência na docência superior, leciona disciplinas como: Introdução ao Estudo do Direito, Filosofia do Direito, Sociologia Jurídica, Metodologia do Ensino e da Pesquisa, Ética, Cidadania e Direitos Humanos, Formação Humanística e Magistratura. Na Escola Superior da Magistratura do Estado de Santa Catarina - ESMESC atua na docência e como colaboradora pedagógica. O Judiciário - Quais os benefícios, para os alunos, de aulas online? José Isaac Pilati - São muito grandes, porque a abordagem é mais extensa, é ampla. As aulas são acompanhadas de leituras paralelas, com uma riqueza de acessos, de abordagens de textos previamente estabelecidos, que nas aulas presenciais não é possível. Então se o acadêmico tem interesse de ver outros pontos, outras versões e aspectos, tudo está à disposição dele. Então, ele adapta mais o conteúdo a sua necessidade. E não fica dependendo da exposição bilateral. OJ - O senhor já trabalhou com este sistema ou é a primeira vez que trabalha online? Está gostando, se adaptou fácil? JIP – Trabalhei na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pioneira nos cursos online. Os cursos eram disponibilizados para mais de uma cidade, em tempo real. Eu, particularmente, acho que é o futuro. chegar ao ponto de mesclar o ensino presencial com o ensino à distancia. Com certeza estamos entrando em uma nova OJ - Já recebeu reclamações, sugestões e/ou elogios de alunos que fazem a aula? JIP– Recebemos manifestações para aperfeiçoar determinados aspectos, mas faz parte dessa ferramenta. É da natureza desse sistema, que só existe pela interação permanente. OJ - Acredita que posteriormente será possível incluir mais matérias ou até mesmo um curso completo, nesse sistema? JIP - Sem dúvida. Temos que experiência, em uma nova realidade. Tenho muito orgulho de estar participando desse trabalho pioneiro da ESMESC. Bárbara Nunes Conteudista e Tutor - Professor José Isaac Pilati* OJ - O que o senhor aprendeu com o sistema? Vale à pena investir nele? JIP - Com certeza. O grande desafio é atingir o ideal, sendo que este ideal sempre será superado. OJ - Como o senhor avalia os alunos? JIP - Os alunos estão dando uma resposta em geral satisfatória. Pois, se o professor tem que se disciplinar, o aluno tem que fazer isto com mais afinco ainda. Ele vai ter aparentemente todo tempo do mundo para fazer as tarefas, mas se ele se atrasar vai acabar prejudicado igual seria em uma aula presencial. Cada um é responsável por sua formação e programa a sua vida como bem entender. Então, se você escolheu esse caminho, realize. * Dr. José Isaac Pilati. Graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (1973), Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina (1989) e Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (1995). Atualmente é professor Associado II da Universidade Federal de Santa Catarina Credenciado junto ao Curso de Pós-Graduação em Direito da UFSC. Foi Juiz do TRE/SC na classe de jurista de 2005 a 2007. Tem experiência em Direito Civil e Sanitário, e atua, na Graduação, nas áreas de direito das coisas e direito romano; na Pós-Graduação, pesquisa e leciona direito urbanístico (estatuto da cidade), função social e tutelas coletivas. Possui longa experiência de advocacia (desde 1974) e de serviço público estadual (Secretaria da Saúde e Departamento de Saúde Pública de Santa Catarina de1980 a 1990). Nos programas de Mestrado e Doutorado em Direito do CPGD/ UFSC trabalha na área de concentração: Direito, Estado, Sociedade. 12 Associativa NOVEMBRO DE 2010 O JUDICIÁRIO TJ/SC mostra boas práticas do Judiciário Evento teve como objetivo principal incentivar a disseminação de novas idéias para melhorar prestação jurisdicional Fotos Assessoria TJ/SC Assessoria de Planejamento do TJ/SC - ASPLAN (*) Juiz Paulo Brusch (à esquerda) participa da mesa de abertura. Auditório do TJ/SC recebe 350 participantes A 1ª Mostra de Boas Práticas do Judiciário Catarinense, realizada no dia 8 de outubro, no auditório do Anexo do Tribunal de Justiça (TJ/SC), serviu como incentivo para a disseminação da cultura de melhoria na prestação jurisdicional, proporcionando, como conseqüência, a satisfação do cidadão. “Nosso papel é fornecer instrumentos para o contínuo aperfeiçoamento de magistrados e servidores”, afirmou o desembargador José Trindade dos Santos, presidente do TJ/SC. A inciativa é da Assessoria de Planejamento do Gabinete da Presidência do Tribunal de Justiça (Asplan), com apoio da Academia Judicial e Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC). A mesa de abertura dos trabalhos contou com a participação do juiz Paulo Roberto Bruschi, presidente da AMC, do desembargador Luiz Cézar Medeiros, responsável pela área de planejamento do Conselho de Gestão do TJ, do diretor executivo da Academia Judicial, desembargador Jaime Ramos, do desembargador Solon d’Eça Neves, corregedor-geral da Justiça, e do professor Eugênio Mussak, responsável pela palestra inaugural. O evento reafirmou a importância do planejamento para o futuro da instituição, e o quão fundamental é o compartilhamento de novos conhecimentos entre os colaboradores da Justiça. Quatro práticas foram abordadas durante a mostra, que serão estudadas para a inserção nos trabalhos judiciais. Especialista nas áreas de liderança e desenvolvimento humano e profissional o escritor, professor e conferencista, Eugênio Mussak, iniciou o evento com uma palestra motivacional, observando que as capacidades de organizar e planejar são exclusivas dos seres humanos e são formas essenciais para se construir uma realidade me- RESPONSABILIDADE CIVIL lhor. “Os planos devem ser elaborados a curto, médio e longo prazos. Cada passo deve ser previsto, até mesmo aqueles que, ao deleite, se traduzem em surpresas, pois até para viver sem planejamento é preciso se organizar”, concluiu. Após a apresentação dos quatro cases de sucessos, a mostra foi finalizada com os ensinamentos e o bom humor do professor Heinz Schurt, que com 20 anos de experiência como profissional de recursos humanos proferiu sobre “Atitudes de Resultados”, cativando os mais de 350 presentes. Ele fez uma viagem desde a década de 60 até os dias atuais, para demonstrar a evolução tecnológica e a chegada dos novos tempos. “Não existe espaço para acomodação”, ressalta o palestrante. E finalizou garantindo que planejamento é essencial para alcançar o sucesso, tanto no plano pessoal quanto no profissional. “A vida não é sorte, é estratégia”, garantiu. O Judiciário - Qual a principal ideia da Mostra de Boas Práticas? ASPLAN - Melhorar a prestação jurisdicional e a imagem do Poder Judiciário por meio da criatividade e qualidade de seus magistrados e servidores, identificando e disseminando as idéias inovadoras e positivas, valorizando assim os que vão além de seus afazeres diários em busca por uma sociedade mais justa. OJ - Quais motivos levaram a Assessoria de Planejamento do Tribunal de Justiça criar a mostra? ASPLAN - O principal motivo foi o fato de sabermos de que pelos quatro cantos do estado existem vários projetos interessantes, ideias novas, fáceis de serem implementadas contribuindo para melhoria da prestação jurisdicional. OJ - Qual foi o critério de escolha dos temas apresentados? ASPLAN - Selecionamos práticas com resultados comprovados, já conhecidas porém ainda pouco difundidas pelo Judiciário. OJ - Os temas apresentados são projetos já colocados em prática em uma Comarca ou, pelo menos, em um ambiente de trabalho, que deram certo. Após as apre- OJ - Como os magistrados interessados devem proceder para inscreverem-se na próxima mostra? ASPLAN - Para a próxima mostra, que deverá acorrer apenas em 2012, as inscrições serão abertas no final de 2011, e todas as informações serão divulgadas, por Edital previamente publicado, via intranet. Muitas vezes uma idéia, ou procedimento que adotamos para melhorar nossas condições de trabalho nos parece simples demais, porém outras pessoas podem estar penando por não conhecê-la, por isso é importante a participação de todos. * Entrevista com Alexandre dos Anjos e Guilherme Corbetta, Coordenador e Assessor de Planejamento, respectivamente. LANÇAMENTOS RT SOLUÇÕES PRÁTICAS DE DIREITO DOUTRINAS ESSENCIAIS NELSON NERY JUNIOR E ROSA MARIA DE ANDRADE NERY NELSON NERY JUNIOR ORGANIZADORES OBRA COMPLETA 9 VOLUMES DE LUXO OBRA COMPLETA 4 VOLUMES DE LUXO PARA SISTEMATIZAR O PERMANENTE E O PRÁTICO. PARA SISTEMATIZAR O PERMANENTE E O PRÁTICO. Mais de 450 doutrinas selecionadas. '-03*"/»10-*4t$FOUSP 3VB1SFGFJUP0TNBS$VOIB 5FM sentações, o idealizador do projeto, fica à disposição dos presentes ou é fornecido algum material? ASPLAN - Os slides e os vídeos das apresentações serão disponibilizados na página da ASPLAN, bem como o contato dos responsáveis pelos projetos também, cumprindo, assim, o papel da mostra, que é de possibilitar que as boas idéias permeiem por todo Judiciário. '-03*"/»10-*4t4FEF0"#t "HSPOÙNJDB "WFOJEB#FJSB.BS/PSUF tDFTUBDJPOBNFOUP 5FM Preços imbatíveis Consulte-nos Entrega gratuita para todo Estado. #-6.&/"6t$FOUSP 3VB97EF/PWFNCSP 5FM MAIS DE 4.000 PÁGINAS $)"1&$»t4FEF0"#t$FOUSP 3VB.BSFDIBM+PTÏ#PSNBOO &t4BMB 5FM VISITE NOSSO HOT SITE www.rt.com.br/solucoes $3*$*Á."t$FOUSP +0*/7*--&t$FOUSP "W(FUÞMJP7BSHBTt4BMB 3VB"MFYBOESF%PFIMFS 5FM -PKB 5FM Associativas O JUDICIÁRIO NOVEMBRO DE 2010 13 Evento destaca quatro “cases” de sucesso Fotos divulgação Magistrados apresentam iniciativas criadas e aplicadas por eles, que deram certo em comarcas de Santa Catarina Planejamento Estratégico “O mesmo procedimento pode ser adotado nos cartórios, até mesmo em ações mais simples” Desembargador Luiz Cézar Medeiros. O desembargador Luiz Cézar Medeiros iniciou os trabalhos vespertinos com a palestra sobre “Planejamento estratégico e seus reflexos nas práticas de gabinete”. O foco da apresentação tratou da definição de metas, em especial as elaboradas por juízes e servidores, com base em planejamento. Medeiros apresentou dados levantados pela Assessoria de Planejamento do Judiciário catarinense, e projeções com base em critérios técnicos. Para o desembargador, uma avaliação geral e a adoção de critérios no gabinete podem auxiliar e dinamizar o julgamento de ações, solucionando mais rapidamente questões urgentes e de maior repercussão social. “O mesmo procedimento pode ser adotado nos cartórios, até mesmo em ações mais simples, tudo com base em levantamentos e planejamento estratégico, como tem feito o Judiciário nos últimos anos”, explica Medeiros. Estruturação Social “Não podemos decidir pelos jovens, mas fazemos o melhor possível para que eles sempre sigam o caminho certo” Juiz Sílvio Dagoberto Orsatto Comarca de Lages. Orientar estudantes e seus familiares para, juntos, formarem um projeto de vida, com o conhecimento de seus direitos e deveres perante os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Este é o objetivo principal do projeto “A Justiça vai à Escola”, apresentado na segunda palestra vespertina da mostra, por Rita de Cássia Lang, conciliadora e coordenadora de projetos do Instituto Paternidade Responsável. O interesse do projeto é mostrar que o Poder Judiciário também possibilita o conhecimento dos direitos e deveres do cidadão, e não existe apenas para julgar. O trabalho já está sendo realizado em Lages, e foi apresentando durante a mostra pelo idealizador do projeto, juiz Sílvio Dagoberto Orsatto. Por meio do teatro, uma equipe composta de universitários de diversos cursos leva conhecimento, por meio de brincadeiras, às crianças e jovens das instituições de ensino da comarca. “Não podemos decidir pelos jovens, mas fazemos o melhor possível para que eles sempre sigam o caminho certo”, ressalta o idealizador. Juizado Especial de Trânsito “Devemos disseminar a prática da conciliação” Juíza Janice Ubialli Comarca de Criciúma. A juíza Janice Ubialli, titular do Juizado Especial Cível da Comarca de Criciúma, apresentou um projeto que, além de evitar aborrecimentos causados por acidentes automotivos, pode ajudar a desafogar o Judiciário: o Juizado Especial de Trânsito (JET). Criado há quatro anos, o juizado funciona sem a formalidade das salas de audiências. Se o acidente causar apenas danos materiais, o JET é chamado logo após a ocorrência. No local do acidente, a conversa entre as partes envolvidas é mediada por um policial militar conciliador, dentro do veículo destinado a essas situações. Se houver êxito, um termo é lavrado para posterior homologação judicial; em caso contrário, o processo segue os trâmites formais, com audiência pré-agendada. Somente neste ano, 488 casos foram atendidos, com 381 acordos exitosos, o que representa o índice positivo de 77%. “Devemos disseminar a prática da conciliação”, sugeriu Janice aos presentes. Adolescentes x Lei “Cada um tem que assumir a sua responsabilidade, e começamos por nós, do Judiciário” Juiz Edison Zimmer Comarca de Rio do Sul. “Muitas vezes, o ato infracional é mera consequência, seja de vulnerabilidade social, seja de dependência química, e para cada caso há um tipo de abordagem”, comenta o juiz Edison Zimmer, que deu início a um trabalho coordenado na Comarca de Rio do Sul em 2006, e que já demonstra, em números, os acertos de suas práticas.O tempo médio de tramitação das ações que envolvem adolescentes em conflito com a lei, por exemplo, baixou de 351 dias, em 2003, para 13 dias em 2008. Os casos de reiteração caíram de 60% em 2006 para 13% em 2009. “Tivemos que parar, pensar, planejar e colocar em prática novas formas de agir para alterar a realidade, formada então por um círculo vicioso que se reproduzia indefinidamente”, conta Zimmer. A grande batalha foi travada contra o que chama de “burocracia da burocracia”. Na sua definição, é aquela que só produz papel, gasta recursos públicos e não resolve nada.“Cada um tem que assumir a sua responsabilidade, e começamos por nós, do Judiciário, com a priorização dos processos que envolvem adolescentes”, explica. 14 Agenda NOVEMBRO DE 2010 Agenda do presidente Domingo Segunda O JUDICIÁRIO Confira alguns dos compromissos da agenda do presidente da Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC), juiz Paulo Bruschi, no mês de outubro. Terça Quarta Quinta Sexta Sábado 1 2 8 9 Expediente da AMC. 3 4 Expediente da AMC. 5 Expediente da AMC. 6 9h - Participação da Sessão do Tribunal Pleno. Local: TJ/SC. 7 Expediente da AMC. À tarde expediente da AMC. 10 11 12 13 17 18 19 20 Expediente da AMC. Expediente da AMC. À tarde expediente da AMC. 14 9h - Participação da Sessão do Tribunal Pleno. Local: TJ/SC. 10h - Participação da palestra de abertura da 1ª Mostra das boas práticas no Judiciário catarinense. Local: TJ/SC. 19h - Participação na abertura do Seminário “Justiça Previdenciária - Os Rumos da Previdência Pública Brasileira”. Local: Hotel Plaza São Rafael Porto Alegre/RS. 15 19h - Participação na abertura do Seminário “Justiça Previdenciária - Os Rumos da Previdência Pública Brasileira”. Local: Hotel Plaza São Rafael Porto Alegre/RS. 16 21 Expediente da AMC. 22 Expediente da AMC. 23 28 29 30 À tarde expediente da AMC. 24 31 25 10h - Participação em Audiência Pública sobre elaboração da nova legislação eleitoral do Brasil. Local: Auditório do MPSC. À tarde expediente da AMC. 26 9h - Cerimônia de Abertura do Curso Estadual de Secretários dos Juizados Especiais. Local: Auditório AMC À tarde expediente da AMC. 27 9h - Participação na Sessão do Conselho de Gestão, Modernização Judiciária, de Políticas Públicas e Institucionais. Local: Salão Nobre da Presidência. Expediente da AMC. 13h30 - Reunião com membrosda Secretaria Estadual de Coordenação e Articulação. À tarde expediente da AMC. Evento IPREV A 1ª Mostra de Boas Práticas do Judiciário Catarinense, realizada no dia 8 de outubro, no auditório do Anexo do Tribunal de Justiça (TJ/SC), contou com a participação do Presidente da AMC, juiz Paulo Ricardo Bruschi. O evento serviu como incentivo para a disseminação da cultura de melhoria na prestação jurisdicional, proporcionando, como conseqüência, a satisfação do cidadão. A inciativa é da Assessoria de Planejamento do Gabinete da Presidência do Tribunal de Justiça (Asplan), com apoio da Academia Judicial e Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC). Leia a matéria completa nas pg. 12 e 13. O presidente da Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC), juiz Paulo Ricardo Bruschi, reuniuse, no dia 29 de outubro, com Erivaldo Nunes Caetano Júnior e Leandro Zanini, respectivamente secretário e diretor de Assuntos Legislativos da Secretaria Estadual de Coordenação e Articulação. Na ocasião, foi discutida a possibilidade de compensação administrativa do crédito do IPREV, com as contribuições previdenciárias vincendas. O presidente da AMC considerou a reunião bastante produtiva, uma vez que os membros do Executivo estadual disseram ser possível um acordo para que sejam aprovados lei e convênio que versam sobre a referida compensação. Coluna O JUDICIÁRIO ALMA FEMININA NOVEMBRO DE 2010 15 Alienação Parental Palestras As psicólogas forenses Márcia Valéria Fernandes e Andrea Fabeni Tostes proferiram, na noite do dia 3 de novembro, palestras sobre o tema alienação parental, no Salão do Tribunal do Júri, da Comarca de Joinville. O evento faz parte de um programa do Serviço de Mediação Familiar, que atende as três Varas de Família da Comarca de Joinville, que atualmente está sendo coordenado pelo Juízo da 2º Vara da Família. Um bom público (aproximadamente 180 pessoas) prestigiou o evento, entre eles, advogados, psicólogos, pedagogos, educadores, diretores de escolas, alunos e estagiários dos cursos de Direito e Psicologia. Consequêcias A alienação parental é uma das conseqüências dos divórcios entre os casais, onde os filhos são utilizados como “soldados” para protegerem e posicionarem-se a favor de um dos pais e difamarem e odiarem o outro. É uma espécie de abuso emocional, pois se retira da criança o direito de aproveitar e experimentar pai e mãe, o direito de sentir-se segura e protegida pelos dois pais. O efeito emocional é devastador para a criança, pois ela rompe um vínculo saudável e tem como modelo somente o vínculo doentio, que a coloca em submissão emocional. A criança perde o direito de amar o outro pai por imposição daquele que aliena, que inventa histórias contra o outro genitor. Normalmente esses genitores afastados recorrem ao Poder Judiciário para regulamentar as visitas. Capacitação O Poder Judiciário deve ter profissionais capacitados e experientes para enfrentar essa demanda crescente em nossa sociedade e oferecer acolhimento tanto aos pais que alienam seus filhos como aqueles que sofrem a alienação parental. As decisões judiciais devem ser rápidas o suficiente para frear o rompimento do vínculo afetivo da criança com o genitor afastado. Porém, não é somente o Poder Judiciário que deve estar atento à situação de alienação parental, mas a sociedade, em geral, deve aprender a combater os comportamentos e as atitudes de um genitor alienador, pois essas crianças sofridas passarão à fase adulta com problemas de relacionamentos, inseguros nos seus papéis de pai e mãe, inseguros como pessoas. O modelo comportamental oferecido para a criança pela nossa sociedade deve ser saudável, garantidor de relações permanentes e confiáveis e não o modelo de relações de submissão e desafeto. Fotos: http://andreadecastro.files.wordpress.com/2010/09/1-alienacao-parental-2.jpg Dica do mês: Cuidados diários com os pés • Lixe os pés: pele dos pés é mais espessa e resistente do que a de outras áreas do corpo, por isso facilmente a sola fica com calosidade e células mortas. Assim, para retirar o excesso de calosidade deve limar, semanalmente, a região dos calcanhares e a sola com uma lima própria para os pés ou com uma pedra-pomes. A melhor altura para limar os pés é depois do banho, já que a pele está mais mole. • Pés macios: Para amolecer a pele dos pés deixe-os de molho, durante dez minutos, em água morna com vinagre (para cada litro de água acrescente meio copo de vinagre). De seguida, massageie os pés com óleo de amêndoas ou com um creme hidratante. Faça isto uma ou duas vezes por semana. Esta é também uma boa altura para limar os pés e as unhas, mas antes de massagear os pés com o creme. E para atenuar esta calosidade, deve limar os pés, corrigir a postura e usar calçado confortável. • Unhas impecáveis: Corte as unhas de quinze em quinze dias, de preferência depois do banho. Use um alicate ou uma tesoura para as cortar. Também pode simplesmente apará-las com uma lima. A cutícula deve ser empurrada cuidadosamente com uma espátula própria. O excesso de pele pode ser removido com o alicate, mas tem de ter muito cuidado, pois pode correr o risco de ter uma inflamação. Se não estiver habituada o melhor é deixar esta tarefa para a pedicure. • Protetor solar: Na praia, coloque protetor solar nos pés. Apesar de terem uma pele mais resistente, não devem de forma alguma ser esquecidos. Além de evitar que a pele fique ressequida. Fonte: www.drashirleydecampos.com.br; www.drschollsbrasil.com.br; www.orientacoesmedicas.com.br 16 Associativas NOVEMBRO DE 2010 O JUDICIÁRIO AMC promove Congresso Estadual A Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC) promove, de 3 a 5 de dezembro, nas dependências do Costão do Santinho Resort, em Florianópolis (SC), o tradicional Congresso Estadual de Cronograma previsto Magistrados. Ciente da dificuldade de deslocamento dos magistrados (as) lotados (as) no interior do Estado, a Diretoria da AMC optou por realizar no mesmo período e local, a tradicional Assembléia Geral e o Jantar de Encerramento das Atividades da AMC. “Esperamos contar com a presença do maior número possível de colegas magistrados e de seus familiares, para que possamos realizar uma calorosa e amiga Dia 3/12 - sexta-feira confraternização após um ano de muitas batalhas e realizações”, destacou o presidente da AMC, juiz Paulo Ricardo Bruschi. O pedido de inscrição poderá ser efetuado até o dia 20 de novembro, através do e-mail [email protected] ou via fax (48) 3231-3001 aos cuidados da Coordenadoria de Eventos da AMC. Em caso de dúvidas basta ligar no telefone (48) 32313011 ou via celular (48) 99213200. A partir das 15h00 - Check-in e entrega do material do evento no Resort Costão do Santinho 19h00 - Jantar para as crianças no Restaurante Ondas 20h00 - Solenidade de Abertura e Jantar Palestra no Auditório São Miguel Dia 4/12 - sábado Das 12h00 às 15h30 - Almoço no Restaurante Ondas Das 16h00 às 20h00 - Palestras para Magistrados (as) no Auditório São Miguel Das 17h00 às 19h00 - Palestras para Acompanhantes no Auditório Ilha Terceira 19h00 - Jantar para as crianças no Restaurante Ondas 21h00 - Jantar de Encerramento no espaço Ilha do Cascaes ao som da Banda PH7 com Juízo Das 7h00 às 10h30 - Café da manhã 9h30 - Reunião de Diretoria 11h00 - Assembléia Geral - serão sorteados pela CVC dois pacotes de viagem em Cruzeiros pela Costa Marinha Brasileira, incluindo acompanhante, entre os (as) associados (as) que se fizerem presentes na Assembléia Geral. 10h00 - Jogo de voleibol na areia - misto 11h00 - Check-out dos apartamentos. Se necessário prorrogar a permanência até às 16 horas favor contatar a recepção do resort a fim de consultar disponibilidade sem cobrança adicional na diária. A partir das 12h00 - Almoço de encerramento no Restaurante Ondas. Realização: Apoio: Estado de Santa Catarina Tribunal de Justiça Dia 5/12 - domingo
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