Artigo no jornal O Globo de 13 de setembro de 2012

FOTOS DE LUCIANO VELLEDA
Litoral
Da marina
à medina,
sob o sol
11
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BOA VIAGEM
QUINTA-FEIRA 13.9.2012
TUNÍSIA
10
A
s águas azuis do Mediterrâneo que banham a costa
leste da Tunísia há tempos
são um dos refúgios preferidos dos turistas ingleses, franceses,
italianos e alemães. Principalmente,
por conta das semelhanças com as
praias mais badaladas da Europa e os
preços mais em conta. Essa combinação projetou cidades como Hammamet, Sousse, Tabarka e a ilha de Djerba no roteiro de viajantes europeus
durante o verão no Hemisfério Norte,
entre julho e setembro.
A Primavera Árabe refletiu negativamente no turismo: o número de visitantes caiu de 7 milhões em 2010
para 5 milhões no ano passado, segundo o Ministério do Turismo. Porém, o primeiro trimestre de 2012 já
trouxe 53% a mais de turistas do que
a mesma época em 2011. Em Djerba,
um dos destinos mais procurados do
país, o aumento foi de 200% em relação a 2011 — concretamente, porém,
o fluxo de visitantes ainda é 20% menor do que antes da revolução.
Mais perto da capital, Hammamet é
uma das mais concorridas cidades
PERTO DA
CAPITAL,
HAMMAMET
É UMA DAS
CIDADES MAIS
BADALADAS
praianas da Tunísia. Veleiros e iates
balançam suavemente ancorados
numa bela marina, cercada de restaurantes e bares, hotéis e resorts.
Um pouco afastado da marina, a
medina de Hammamet, rodeada por
uma muralha em tom ocre, concentra o movimento comercial. As casas
e os prédios baixos em seu interior
são invariavelmente brancos; e portas, janelas e detalhes são azuis. Sob o
sol do Mediterrâneo, o efeito estético
é marcante. O guia Mohamed Dardouri diz que o estilo não é por acaso:
— A origem é antiga e está ligada a
uma ideia de que o branco e o azul
são as cores do Mediterrâneo.
Um emaranhado de vielas forma a
teia de caminhos no interior da medina. Em cada beco brotam lojas e
vendedores ávidos por um cliente.
Insistentes, carregam em seu DNA
séculos de habilidade comercial. O
primeiro valor oferecido por um produto é apenas um convite ao hábito
de negociar, seguido pela sedução, o
apelo ao sentimentalismo e, por fim,
o aperto de mãos que finaliza o negó-
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fonte Ipsos Marplan - Grande Rio - Jan 11 a Dez 11
cio, sempre parecendo que o valor
poderia ser ainda menor.
Ao sul, Djerba é a maior ilha do país. Redes hoteleiras de renome internacional, como Radisson, ClubMed e
Sofitel ergueram resorts nas areias
convidativas da praia de Sidi Mehrez.
— Com a situação política mais estabilizada, a expectativa para o próximo verão é que os turistas voltem a
aproveitar o sol da ilha — comenta
Turki, um vendedor de essências naturais que se diz feliz com as mudanças, mesmo com a queda nas vendas.
Estilo mediterrâneo.
Casas na ilha de Djerba
Artesanato. Em Hammamet,
o comércio se concentra
próximo à medina
Píer. Veleiros e iates balançam
suavemente ancorados numa
bela marina
Na capital de Djerba, Houmt Souk
— onde Turki tem uma tenda de ervas — um animado mercado de frutas, legumes e peixes atrai os moradores, enquanto vendedores nas vielas estreitas apinhadas de lojas de artesanato, roupas coloridas e uma infinidade de objetos de decoração tentam fisgar os transeuntes.
Perto dali, a península de Ras R’mel
ficou conhecida como Flamingo Point por conta das milhares de aves
cor-de-rosa que migram até lá todos
os anos entre novembro e março.l