I = V - NQEE - Universidade Federal de Uberlândia
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I = V - NQEE - Universidade Federal de Uberlândia
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA MODELAGEM, PROJETO E CONSTRUÇÃO DE COMPENSADORES ESTÁTICOS TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO PARA MELHORIA DA QUALIDADE DA ENERGIA: ANÁLISE COMPUTACIONAL E VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL ARNULFO BARROSO DE VASCONCELLOS SETEMBRO 2004 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA MODELAGEM, PROJETO E CONSTRUÇÃO DE COMPENSADORES ESTÁTICOS TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO PARA MELHORIA DA QUALIDADE DA ENERGIA: ANÁLISE COMPUTACIONAL E VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL Tese apresentada por Arnulfo Barroso de Vasconcellos à Universidade Federal de Uberlândia para obtenção do título de Doutor em Engenharia Elétrica aprovada em 30/09/2004 pela Banca Examinadora. José Carlos de Oliveira, PhD – UFU – (Orientador). Oriane Magela Neto, PhD – UFSJ. José Wilson Resende, PhD – UFU. Antonio Carlos Delaiba, Dr – UFU Manoel Afonso de Carvalho Júnior, PhD – UFPE MODELAGEM, PROJETO E CONSTRUÇÃO DE COMPENSADORES ESTÁTICOS TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO PARA MELHORIA DA QUALIDADE DA ENERGIA: ANÁLISE COMPUTACIONAL E VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL ARNULFO BARROSO DE VASCONCELLOS Tese apresentada por Arnulfo Barroso de Vasconcellos à Universidade Federal de Uberlândia como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Engenharia Elétrica. Prof. José Carlos de Oliveira, PhD Orientador Prof. João Batista Vieira Junior, Dr Coordenador do Curso de Pós-Graduação Aos meus pais, Antônio (in memorian) e Filomena , minha esposa Marly e aos meus filhos, Lívia e Gabriel AGRADECIMENTOS A Deus pela força e conforto em todos os momentos da vida. Ao professor José Carlos de Oliveira pela orientação segura, confiança depositada e, principalmente, pela paciência, sensibilidade e compreensão durante as etapas desafiadoras deste trabalho. À minha família pela compreensão às várias ausências. A TRAEL Transformadores Elétricos pela construção dos protótipos dos Reatores, em especial ao Engenheiro Eletricista Yukiyoshi Ida. Aos colegas Roberto Apolônio, Bismarck Castillo Carvalho, Mário Kiyoshi Kawaphara, Ana Cláudia Azevedo, Fernando Belchior, Carlos Medeiros pela amizade, discussão e companhia. Aos colegas e professores da pós-graduação pelas discussões e sugestões. Aos Acadêmicos Rogério Pinto do Nascimento e Loana Nunes Velasco pela colaboração na digitação e formatação. À secretária da pós-graduação pelo apoio nas questões práticas. A CAPES pelo apoio financeiro. Resumo RESUMO Devido à crescente demanda de consumo, os sistemas de energia elétrica têm experimentado, nos tempos atuais, problemas com a sua operação. Isto tem levado especialistas a tratar o controle da potência reativa e da tensão com mais rigor, principalmente em sistemas elétricos com características radiais e sazonais. Neste particular, os compensadores estáticos representam uma alternativa de grande potencial para o auxílio e/ou otimização dos processos de controle de fluxo de potência e outros aspectos. Neste contexto surge um equipamento denominado CERNS – Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado, composto de um núcleo magnético com características e enrolamentos especiais e um conjunto de capacitores em série e paralelo. Este dispositivo, face a sua robustez, baixo custo, menores requisitos de manutenção e bom desempenho, consiste numa alternativa bastante atrativa em relação as outras propostas mais comercializadas no momento. Neste cenário surge esta tese, a qual, dentre outros propósitos, modela, projeta, constrói e avalia a interação entre este dispositivo na compensação de fenômenos atrelados à qualidade da energia elétrica, bem como dos efeitos da rede de suprimento no desempenho do equipamento. Para tanto, são implementados os modelos representativos no simulador SABER, empregando com o recurso de modelagem as técnicas no domínio do tempo. A partir destas implementações, são efetuados estudos de casos no sentido de evidenciar as potencialidades do emprego dos CERNS para a melhoria do desempenho de redes elétricas, bem como os impactos destas na operação do próprio dispositivo. Os trabalhos computacionais são devidamente validados à luz de resultados experimentais extraídos de um protótipo de equipamento concebido, projetado e construído para fins desta tese. Tese de Doutorado iv Abstract ABSTRACT Due to the increasing demand request, currently, the electrical power systems have presented problems in its operation. This makes specialists to deal accurately with the reactive power control and the voltage, mainly in electric systems with radial and season characteristics. Here, the static compensators are a great alternative to the assistance of the power flux control processes and other issues. Hence, it arises an equipment called CERNS– Saturated the Core the Reactor Static Compensator. It is composed of a magnetic core with special characterists and windings and a set of capacitors in series and parallels. This equipment has been presented as a better alternative in relation the others proposed more commercialized at the moment, due to its robustness, low cost, less maintenance requirements and excellent performance. This thesis comes forth because this and considering the related aspects with the working principle of such compensator. The aim of this thesis, within other subjects, it is the modeling, construction, and interaction evaluation of this device with the electric power quality compensation, as well as the supply results over the device performance. Then, it is implanted the models in the SABER simulator, using the time domain technics. From these implements, it is carried out study cases to prove the CERNS use potentialities to improve the electric network performance, which gives, in return, improvement in the equipment performance itself. A prototype is projected and built, which experimental results are compared to the computer results. Tese de Doutorado v Sumário SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS............................................................................. xv LISTA DE TABELAS............................................................................ xxxiv LISTA DE SÍMBOLOS......................................................................... xxxv CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 1.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................ 01 1.2 – O CONTEXTO DA PRESENTE TESE........................................... 03 1.3 – ESTADO DA ARTE.......................................................................... 05 1.4 – AS CONTRIBUIÇÕES DESTA TESE............................................ 07 1.5 – A ESTRUTURA DA TESE................................................................ 09 CAPÍTULO II – INTRODUÇÃO AOS COMPENSADORES ESTÁTICOS E ASPECTOS GERAIS DA COMPENSAÇÃO DE REATIVOS EM SISTEMAS ELÉTRICOS 2.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................ 13 2.2 – AS CARACTERÍSTICAS DE OPERAÇÃO DOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA......................................................... 16 2.3 – PRINCÍPIOS DE OPERAÇÃO DOS COMPENSADORES NO CONTROLE DO FLUXO DE POTÊNCIA.................................... 18 2.3.1 – O COMPENSADOR PARALELO IDEAL............................ 19 2.3.2 – O COMPENSADOR SÉRIE IDEAL..................................... 22 Tese de Doutorado vi Sumário 2.3.3 – O CONTROLADOR DO ÂNGULO DE FASE IDEAL....... 24 2.3.4 – COMPARAÇÃO ENTRE OS CONTROLADORES IDEAIS DE FLUXO DE POTÊNCIA................................... 27 2.4 – EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA COMPENSAÇÃO DOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA.................................... 28 2.4.1 – COMPENSADORES BASEADOS EM TIRISTORES CONVENCIONAIS............................................................... 29 2.4.1.1 – Equipamentos para compensação paralela.............. 30 2.4.1.2 – Equipamentos para compensação série.................. 38 2.4.1.3 – Equipamentos defasadores..................................... 40 2.4.2 – COMPENSADORES ESTÁTICOS AVANÇADOS............ 41 2.4.2.1 – Compensador estático avançado (ASVC).............. 42 2.4.2.2 – Compensador série avançado (ASC)..................... 43 2.4.2.3 – Defasadores e compensadores de funções múltiplas avançados (UPFC) ................................. 43 2.5 – ASPECTOS GERAIS DA COMPENSAÇÃO DE REATIVOS EM SISTEMAS ELÉTRICOS......................................................... 45 2.5.1 – O COMPENSADOR IDEAL................................................. 47 2.5.2 – CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS.......................................... 47 2.5.2.1 – Cargas que requerem compensação....................... 47 2.5.2.2 – Padrões aceitáveis para qualidade de fornecimento 48 2.5.3 – TEORIA FUNDAMENTAL DA COMPENSAÇÃO: CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA E REGULAÇÃO DE TENSÃO EM SISTEMAS MONOFÁSICOS................................................................... 49 2.5.3.1 – Fator de potência e sua correção............................ 50 2.5.3.2 – Regulação de tensão............................................... 54 Tese de Doutorado vii Sumário 2.5.3.3 – Fórmula aproximada para regulação de tensão...... 57 2.5.4 – CARACTERÍSTICAS APROXIMADAS DA POTÊNCIA REATIVA............................................................................... 59 2.5.4.1 – Regulação de tensão para carga indutiva................ 59 2.5.4.2 – Correção do fator de potência................................. 64 2.5.5 – COMPENSADOR COMO UM REGULADOR DE TENSÃO................................................................................. 67 2.5.6 – DIMENSIONAMENTO DOS COMPENSADORES............ 72 2.5.7 – EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO DE UM COMPENSADOR ESTÁTICO TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO.......................................................... 75 2.6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 76 CAPÍTULO III – ANÁLISE DO REATOR A NÚCLEO SATURADO EM REGIME PERMANENTE 3.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................ 78 3.2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................... 79 3.2.1 – CARACTERÍSTICAS GERAIS DO REATOR MONOFÁSICO..................................................................... 79 3.2.2 – FORMULAÇÃO GENÉRICA............................................... 81 3.2.3 – CASOS ESPECIAIS............................................................... 88 3.2.3.1 – Impedância externa puramente indutiva (Re = 0)... 88 3.2.3.2 – Impedância externa puramente resistiva (ωLe = 0) 91 3.2.3.3 – Impedância externa quase puramente resistiva (Re >> ωLe)................................................................... 93 3.3 – REATORES TRIFÁSICOS.............................................................. Tese de Doutorado 93 viii Sumário 3.4 – REATORES DE SEIS UNIDADES................................................. 97 3.4.1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS......................................................... 97 3.4.2 – CONEXÕES SÉRIE E PARALELA...................................... 98 3.5 – REATOR TWIN-TRIPLER: CIRCUITO EQUIVALENTE E 101 ANÁLISE DE DESEMPENHO........................................................ 3.6 – ANÁLISE MODAL........................................................................... 106 3.6.1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DO MÉTODO................................ 106 3.6.2 – COMPONENTES APLICADOS AO TWIN-TRIPLER........ 107 3.7 – REATOR TREBLE-TRIPLER........................................................ 112 3.8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 114 CAPÍTULO IV – IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DOS REATORES À NÚCLEO SATURADO NO SIMULADOR SABER 4.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS......................................................... 116 4.2 – FUNDAMENTOS ASSOCIADOS COM O PROJETO BÁSICO DE REATORES................................................................................ 118 4.2.1 – PARTES FÍSICAS CONSTITUINTES DOS REATORES... 122 4.2.1.1 – Condutores, isoladores e disposições das bobinas.. 122 4.2.1.2 – Núcleo.................................................................... 123 4.2.1.3 – Acessórios internos................................................. 123 4.2.1.4 – Tanque e radiadores................................................ 123 4.2.1.5 – Líquido isolante...................................................... 124 Tese de Doutorado ix Sumário 4.3 – CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS REATORES À NÚCLEO SATURADO UTILIZADOS PARA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL………………………………………………. 124 4.4 – CARACTERÍSTICAS E PARÂMETROS DO SISTEMA E DOS REATORES EMPREGADOS PARA A SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL........................................................................ 131 4.4.1 – CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA UTILIZADO E RESULTADOS PARA AS SIMULAÇÕES MONOFÁSICAS…………………………………………… 132 4.4.2 – CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA UTILIZADO E RESULTADOS PARA AS SIMULAÇÕES COM REATORES TRIFÁSICOS À NÚCLEO ISOLADO E COMPACTO.......................................................................... 134 4.4.3 – CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA UTILIZADO E RESULTADOS PARA AS SIMULAÇÕES COM REATORES TRIFÁSICOS TIPO TWIN-TRIPLER COM NÚCLEO ISOLADO E COMPACTO................................... 139 4.5 – ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................................... 144 4.6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 145 CAPÍTULO V – VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL DOS MODELOS COMPUTACIONAIS PARA OS REATORES À NÚCLEO SATURADO 5.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................ 147 5.2 – TENSÕES DE SUPRIMENTO UTILIZADAS PARA OS TESTES COMPUTACIONAIS E EXPERIMENTAIS………….. 148 5.3 – RESULTADOS PARA O REATOR MONOFÁSICO.................... 151 5.4 – RESULTADOS PARA O REATOR TRIFÁSICO COM NÚCLEO COMPACTO.................................................................... 158 Tese de Doutorado x Sumário 5.5 – RESULTADOS PARA O REATOR TRIFÁSICO TWINTRIPLER COM NÚCLEO COMPACTO....................................... 162 5.6 – RESULTADOS PARA O REATOR TRIFÁSICO TWINTRIPLER COM NÚCLEO ISOLADO…………………………… 165 5.7 – SÍNTESE COMPARATIVA…….................................................... 168 5.8 – ANÁLISE DOS RESULTADOS…………………………………... 169 5.9– CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 171 CAPÍTULO VI – ANÁLISE DE DESEMPENHO DOS COMPENSADORES ESTÁTICOS TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO FRENTE AO CONTROLE DE TENSÃO 6.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................ 173 6.2 – METODOLOGIA UTILIZADA...................................................... 174 6.3 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO COMPENSADOR ESTÁTICO TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO (CERNS).............................................................................................. 175 6.4 – IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL.................................... 178 6.5 – ESTUDOS COMPUTACIONAIS.................................................... 181 6.5.1 – CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO 181 SIMULADO............................................................................ 6.5.2 – DESCRIÇÕES DOS CASOS SIMULADOS......................... 182 6.5.3 – RESULTADOS COMPUTACIONAIS E ANÁLISE…........ 183 6.5.3.1 – Elevação de tensão sem a presença do CERNS – Caso 1..................................................................... 183 Tese de Doutorado xi Sumário 6.5.3.2 – Elevação de tensão com a presença do CERNS – Caso 2...................................................................... 185 6.5.3.3 – Afundamento de tensão sem a presença do CERNS – Caso 3..................................................... 188 6.5.3.4 – Afundamento de tensão com a presença do CERNS – Caso 4..................................................... 189 6.5.3.5 – Quadro resumo comparativo dos estudos computacionais....................................................... 192 6.6 – ESTUDOS EXPERIMENTAIS......................................................... 193 6.6.1 – CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO 193 SIMULADO............................................................................ 6.6.2 – CASOS EXPERIMENTAIS…............................................... 195 6.6.3 – RESULTADOS EXPERIMENTAIS E ANÁLISE………… 195 6.6.3.1 – Elevação de tensão sem a presença do CERNS – Caso 1...................................................................... 195 6.6.3.2 – Elevação de tensão com a presença do CERNS – Caso 2..................................................................... 196 6.6.3.3 – Afundamento de tensão sem a presença do CERNS – Caso 3..................................................... 198 6.6.3.4 – Afundamento de tensão com a presença do CERNS – Caso 4..................................................... 199 6.6.3.5 – Resumo comparativo dos ensaios de laboratório.... 201 6.7 – COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS OBTIDOS NAS SIMULAÇÕES COMPUTACIONAIS E OS ENSAIOS DE LABORATÓRIO DO COMPENSADOR ESTÁTICO TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO................................................ 202 6.8 – ANÁLISE DO SISTEMA QUANTO AS DISTORÇÕES HARMÔNICAS…………………………………………................. 203 6.8.1 – CORRENTES DE LINHA NO SUPRIMENTO GERAL….. 203 6.8.2 – TENSÕES NO BARRAMENTO DE CARGA...................... 207 Tese de Doutorado xii Sumário 6.8.3 – TENSÕES NOS TERMINAIS DO REATOR TWINTRIPLER................................................................................ 209 6.8.4 – ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................ 213 6.9 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 216 CAPÍTULO VII – INTER-RELACIONAMENTO ENTRE O COMPENSADOR ESTÁTICO TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO E A QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA 7.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS......................................................... 219 7.2 – ESTRATÉGIAS PARA OS ESTUDOS........................................... 220 7.3 – CASOS ESTUDADOS....................................................................... 221 7.3.1 – SUPRIMENTO COM CARACTERÍSTICAS IDEAIS – CASO 1.................................................................................. 223 7.3.2 – DESEQUILÍBRIO DA TENSÃO DE SUPRIMENTO 1%, 2% E 5% – CASO 2................................................................ 226 7.3.3 – SUPRIMENTO CONTENDO DISTORÇÃO HARMÔNICA DE TENSÃO – CASO 3............................... 235 7.3.4 – SUPRIMENTO COM AFUNDAMENTO DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO – CASO 4............................................ 240 7.3.4.1 – Afundamentos devido às faltas desequilibradas..... 241 7.3.4.2 – Afundamentos devido às faltas monofásicas.......... 241 7.3.4.3 – Afundamentos devido às faltas bifásicas................ 243 7.4 – ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................................... 247 7.5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 248 Tese de Doutorado xiii Sumário CAPÍTULO VIII – CONCLUSÕES GERAIS............................... 250 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................... 256 ANEXOS...................................................................................................... 262 . Tese de Doutorado xiv Lista de Figuras LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 – Representação de duas barras interligadas por uma linha de transmissão............................................................................. 16 Figura 2.2 – Característica da potência transferida da barra “s” para a barra “r” em função do ângulo de carga δsr (sem compensação)......................................................................... 17 Figura 2.3 – Compensador paralelo ideal conectado ao meio de uma linha de transmissão................................................................ 19 Figura 2.4 – Diagrama fasorial do sistema com compensação paralela ................................................................................... 20 Figura 2.5 – Característica da potência transferida da barra “s” para a barra “r” em função do ângulo de carga δsr (sem compensação (A) e com compensação (B))........................... 21 Figura 2.6 – Compensador série ideal conectado ao meio de uma linha de transmissão......................................................................... 22 Figura 2.7 – Diagrama fasorial do sistema com compensação série.......... 23 Figura 2.8 – Característica da potência transferida da barra “s” para a barra “r” em função do ângulo de carga δsr (sem compensação (A) e com compensação (B, C e D))................ 24 Figura 2.9 – Defasador ideal conectado na barra emissora de uma linha de transmissão......................................................................... 25 Figura 2.10 – Diagrama fasorial do sistema com defasador......................... 25 Figura 2.11 – Característica da potência transferida da barra “s” para a barra “r” em função do ângulo de carga δsr (sem compensação (A) e com defasador (B e C))........................... 26 Tese de Doutorado xv Lista de Figuras Figura 2.12 – Característica da potência transferida da barra “s” para a barra “r” em função do ângulo de carga δsr (sem compensação (A), com compensação paralela (B), com compensação série (C) e com defasador (D))......................... 28 Figura 2.13 – Característica da potência reativa x corrente de excitação de um compensador síncrono...................................................... 31 Figura 2.14 – Esquema de conexão de um RCT ao sistema de potência .................................................................................. 33 Figura 2.15 – Esquema de conexão de um CCT ao sistema de potência .................................................................................. 34 Figura 2.16 – Esquema de conexão de um SVC ao sistema de potência .................................................................................. 35 Figura 2.17 – Diagrama esquemático e características V x I de um compensador estático tipo reator saturado.............................. 37 Figura 2.18 – Esquema de conexão de um TSSC em uma linha de transmissão............................................................................. 39 Figura 2.19 – Esquema de conexão de um TCSC em uma linha de transmissão............................................................................. 39 Figura 2.20 – Esquema de conexão de um defasador em um sistema de potência................................................................................... 40 Figura 2.21 – Conversor no qual se baseia os compensadores avançados ............................................................................... 41 Figura 2.22 – Esquema de conexão de um ASVC em um sistema de potência................................................................................... 42 Figura 2.23 – Esquema de conexão de um ASC em uma linha de transmissão............................................................................. 43 Figura 2.24 – Esquema de conexão de um UPFC em um sistema de potência................................................................................... 44 Figura 2.25 – Representação de uma carga monofásica e seus respectivos diagramas fasoriais................................................................ 52 Figura 2.25 (a) – Tese de Doutorado Carga monofásica................................... 52 xvi Lista de Figuras Figura 2.25 (b) – Diagrama fasorial.................................... 52 Figura 2.25 (c) – Triângulo de potência............................. 52 Figura 2.25 (d) – Correção do fator de potência para um valor genérico (cos Φ1 → cos Φ)............ 52 Correção do fator de potência para a unidade.................................................... 52 Figura 2.26 – Circuito equivalente da carga e sistema de alimentação e seus diagramas fasoriais com e sem compensação................ 56 Figura 2.25 (e) – Figura 2.26 (a) – Circuito equivalente da carga e sistema de alimentação........................................ 56 Diagrama fasorial para a figura 2.26 (a) (sem compensação)................................. 56 Diagrama fasorial para a figura 2.26 (a) (com compensação para tensão constante)................................................ 56 Figura 2.27 – Característica tensão/potência reativa aproximada do sistema de alimentação........................................................... 59 Figura 2.28 – Circuito monofásico equivalente de uma carga indutiva e a característica aproximada da tensão/potência reativa do seu sistema de alimentação.......................................................... 60 Figura 2.26 (b) – Figura 2.26 (c) – Figura 2.28 (a) – Circuito monofásico equivalente de uma carga indutiva a ser compensada por um compensador do tipo reator variável................................................... 60 Característica aproximada da tensão/potência reativa do sistema de alimentação da figura 2.28 (a), sem compensação........................................... 60 Figura 2.29 – Características aproximadas da tensão/potência reativa da figura 2.28 (a)......................................................................... 63 Figura 2.28 (b) – Figura 2.29 (a) – Tese de Doutorado Característica aproximada da tensão/potência reativa do sistema da figura 2.28 (a) com compensação........... 63 xvii Lista de Figuras Figura 2.29 (b) – Característica aproximada da tensão/potência reativa de um compensador ideal de tipo reator variável................................................... 63 Figura 2.30 – Diagrama de balanço da potência reativa do sistema da figura 2.29 com compensação ilustrando a variação de QS em função da potência reativa da carga solicitada QL............ 64 Figura 2.31 – Característica aproximada da tensão x potência reativa de um sistema com característica indutiva ou capacitiva, ilustrando um determinado ponto de operação com V = 1,0 p.u ............................................................................. 65 Figura 2.32 – Característica aproximada da tensão x potência reativa para um compensador ideal do tipo capacitivo variável .................................................................................. 66 Figura 2.33 – Característica aproximada da tensão x potência reativa do sistema da figura 2.28 (a) compensado parcialmente na regulação de tensão................................................................ 66 Figura 2.34 – Diagrama de balanço de potência reativa do sistema da figura 2.28, ilustrando a variação de QS em função de QL quando utilizado um compensador capacitivo para correção do fator de potência à unidade............................................... 67 Figura 2.35 – Características aproximadas da tensão/potência do sistema de alimentação e do compensador ideal................................. 70 Figura 2.35 (a) – Característica aproximada da tensão / potência reativa do sistema de alimentação............................................... 70 Figura 2.35 (b) – Característica da tensão / potência reativa do compensador ideal............................... 70 Figura 2.36 – Diagrama unifilar de um sistema industrial típico com compensação a reator saturado com capacitor em paralelo .................................................................................. 73 Figura 3.1 – Aproximações usando segmentos de reta para curva de saturação:................................................................................ 80 Tese de Doutorado xviii Lista de Figuras Figura 3.1 (a) – Impedância elevada abaixo da região de saturação e impedância não nula na região de saturação.................................... 80 Figura 3.1 (b) – Impedância infinita abaixo da saturação, impedância não nula (curva 1) e impedância nula (curva 2) na região de saturação ................................................... 80 Figura 3.2 – Circuito série simples com o reator saturado.......................... 81 Figura 3.2 (a) – Diagrama esquemático.............................. 81 Figura 3.2 (b) – Curva não linear do núcleo magnético assumido.................................................... 81 Figura 3.2 (c) – Formas de ondas da tensão, corrente e fluxo aplicado............................................ 81 Figura 3.3 – Formas de onda para o caso geral da impedância externa (sistema) parcialmente indutiva e parcialmente resistiva e reator puramente indutivo...................................................... 87 Figura 3.3 (a) – Tensão aplicada e fluxo do reator saturado..................................................... 87 Figura 3.3 (b) – Tensão nos terminais do reator saturado... 87 Figura 3.3 (c) – Tensão nos terminais da impedância externa....................................................... 87 Figura 3.3 (d) – Corrente no circuito.........................…..... 87 Figura 3.4 – Formas de ondas para o caso de impedância externa puramente indutiva e reator puramente indutivo.................... 90 Figura 3.4 (a) – Tensão aplicada e fluxo do reator saturado.................................................... 90 Figura 3.4 (b) – Tensão nos terminais do reator saturado... Figura 3.5 – 90 Figura 3.4 (c) – Tensão nos terminais da impedância externa...................................................... 90 Figura 3.4 (d) – Corrente no circuito.................................. 90 Formas de ondas para o caso de impedância externa puramente resistiva e reator puramente indutivo................... 92 Tese de Doutorado xix Lista de Figuras Figura 3.5 (a) – Tensão aplicada e fluxo do reator saturado.................................................... Figura 3.5 (b) – Tensão nos terminais do reator saturado... 92 92 Figura 3.5 (c) – Tensão nos terminais da impedância externa....................................................... 92 Figura 3.5 (d) – Corrente no circuito................................. 92 Reatores trifásicos.................................................................. 94 Figura 3.6 (a) – Ponto comum-estrela conectado ao neutro........................................................ 94 Figura 3.6 (b) – Ponto comum-estrela não conectado ao neutro........................................................ 94 Figura 3.7 – Estado magnético das unidades e fluxo de corrente da operação nos três intervalos, para o caso do ponto comumestrela flutuante...................................................................... 96 Figura 3.8 – Formas de onda de corrente e tensão do reator trifásico com ponto comum-estrela flutuante............................................... 96 Figura 3.9 – Esquema conexão do reator de 6 (seis) unidades................... 99 Figura 3.9 (a) – Conexão série............................................ 99 Figura 3.9 (b) – Conexão paralela....................................... 99 Figura 3.10 – Diagrama fasorial do reator de 6 (seis) unidades................... 100 Figura 3.6 – Figura 3.10 (a) – fmm’s....................................................... Figura 3.10 (b) – Fluxos........................................................ 100 100 Figura 3.10 (c) – Tensão de fase para o ponto comumestrela na conexão série............................. 100 Figura 3.10 (d) – Tensão de fase para o ponto estrelacomum na conexão paralela...................... 100 Figura 3.11 – Diagrama do circuito do reator twin-tripler........................... 103 Figura 3.12 – Circuitos equivalentes ao reator twin-tripler em cada intervalo de meio ciclo...........................…............................ 104 Tese de Doutorado xx Lista de Figuras Figura 3.13 – Formas de onda de tensão e corrente das unidades do twintripler...................................................................................... 105 Figura 3.14 – Formas de onda teóricas do reator twin-tripler....................... 111 Figura 3.15 – Esquema de conexão do reator de 9 (nove) unidades............. 113 Figura 3.16 – Diagrama fasorial do reator de 9 (nove) unidades.................. 113 Figura 4.1 – Curva característica de perdas no aço-silício......................... 119 Figura 4.2 – Diagramas de blocos dos reatores implementados computacionalmente............................................................... 126 Figura 4.2 (a) – Diagrama de bloco do reator monofásico à núcleo saturado, implementado computacionalmente .................................. 125 Figura 4.2 (b) – Diagrama de bloco do reator trifásico à núcleo saturado, isolado implementado computacionalmente................................... 125 Figura 4.2 (c) – Diagrama de bloco do reator trifásico à núcleo saturado, compacto implementado computacionalmente .................................. 126 Figura 4.2 (d) – Diagrama de bloco do reator twin-tripler à núcleo saturado, isolado implementado computacionalmente .................................. 126 Figura 4.2 (e) – Diagrama de bloco do reator twin-tripler à núcleo saturado compacto, implementado computacionalmente .................................. 126 Figura 4.3 – Modelos físicos dos reatores implementados computacionalmente.............................................................. 130 Figura 4.3 (a) – Modelo físico do reator monofásico à núcleo saturado implementado computacionalmente .................................. 128 Figura 4.3 (b) – Modelo físico do reator trifásico à núcleo saturado isolado implementado computacionalmente .................................. 128 Tese de Doutorado xxi Lista de Figuras Figura 4.3 (c) – Modelo físico do reator trifásico à núcleo saturado compacto implementado computacionalmente .................................. 129 Figura 4.3 (d) – Modelo físico do reator twin-tripler à núcleo saturado isolado implementado computacionalmente .................................. 129 Figura 4.3 (e) – Modelo físico do reator twin-tripler à núcleo saturado compacto implementado computacionalmente .................................. 130 Figura 4.4 – Esquemas dos sistemas utilizados nas simulações................. 131 Figura 4.4 (a) – Esquema do sistema utilizado na simulação do reator à núcleo saturado monofásico ................................................. 131 Figura 4.4 (b) – Esquema do sistema utilizado na simulação do reator à núcleo saturado trifásico ....................................................... 131 Figura 4.5 – Forma de onda da tensão na entrada do reator monofásico à núcleo saturado ...................................................................... 132 Figura 4.6 – Forma de onda da corrente na entrada do reator monofásico à núcleo saturado, seu espectro harmônico e seu laço de histerese ................................................................................. 134 Figura 4.6 (a) – Forma de onda da corrente na entrada do reator monofásico........................................ 133 Figura 4.6 (b) – Espectro harmônico da corrente na entrada do reator monofásico................................... 133 Figura 4.6 (c) – Laço de histerese......................................... 134 Figura 4.7 – Formas de onda das tensões na entrada dos reatores trifásicos à núcleo saturado, com núcleo isolado e com núcleo compacto .................................................................... 135 Figura 4.8 – Comparação entre as formas de ondas das correntes de linha na entrada do reator trifásico à núcleo saturado .................... 136 Figura 4.8 (a) – Formas de ondas do reator trifásico com núcleo isolado............................................. 136 Figura 4.8 (b) – Formas de ondas do reator trifásico com núcleo compacto......................................... Tese de Doutorado 136 xxii Lista de Figuras Figura 4.9 – Formas de onda das correntes das linhas a, b e c nas entradas dos reatores trifásicos com núcleo isolado e com núcleo compacto.................................................................... 137 Figura 4.9 (a) – Formas de onda das correntes na entrada do reator trifásico – núcleo isolado........... 137 Figura 4.9 (b) – Formas de onda das correntes na entrada do reator trifásico – núcleo compacto....... 137 Figura 4.10 – Comparação entre os espectros harmônicos das correntes de linha na entrada do reator trifásico à núcleo saturado ........... 138 Figura 4.10 (a) – Espectros do reator trifásico com núcleo isolado....................................................... 138 Figura 4.10 (b) – Espectros do reator trifásico com núcleo compacto................................................... 138 Figura 4.11 – Formas de onda das tensões na entrada do reator twintripler à núcleo saturado com núcleo isolado e núcleo compacto ................................................................................ 140 Figura 4.12 – Comparação entre as formas de onda das correntes de linha na entrada do reator twin-tripler à núcleo saturado ............... 141 Figura 4.12 (a) – Formas de ondas do reator twin-tripler com núcleo isolado.................................... 141 Figura 4.12 (b) – Formas de ondas do reator twin-tripler com núcleo compacto................................ 141 Figura 4.13 – Formas de onda das correntes das linhas a, b e c na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado e com núcleo compacto................................................................................ 142 Figura 4.13 (a) – Formas de onda das correntes do reator twin-tripler – núcleo isolado..................... 142 Figura 4.13 (b) – Formas de onda das correntes do reator twin-tripler – núcleo compacto................. 142 Figura 4.14 – Comparação entre os espectros harmônicos das correntes de linha na entrada do reator twin-tripler à núcleo saturado ...... 143 Figura 4.14 (a) – Espectros do reator twin-tripler com núcleo isolado........................................... 143 Figura 4.14 (b) – Espectros do reator twin-tripler com núcleo compacto....................................... 143 Tese de Doutorado xxiii Lista de Figuras Figura 5.1 – Comparação entre as formas de ondas das tensões de alimentação............................................................................ 149 Figura 5.1 (a) – Formas de ondas utilizadas nas simulações computacionais....................... 149 Figura 5.1 (b) – Formas de ondas utilizadas nos ensaios de laboratório............................................ 149 Figura 5.2 – Espectros harmônicos das tensões de alimentação utilizados no laboratório......................................................................... 150 Figura 5.2 (a) – Espectro harmônico da tensão da fase a.... 150 Figura 5.2 (b) – Espectro harmônico da tensão da fase b... 150 Figura 5.2 (c) – Espectro harmônico da tensão da fase c... 150 Figura 5.3 – Reator monofásico de 1 kVA à núcleo de ferro saturado ...... 151 Figura 5.4 – Montagem para obtenção da corrente e da histerese magnética do reator monofásico............................................. 152 Figura 5.5 – Formas de ondas da tensão, corrente e laço de histerese do reator monofásico................................................................... 157 Figura 5.5 (a) – Forma de onda da tensão sobre o capacitor.................................................... 156 Figura 5.5 (b) – Forma de onda da corrente no reator........ 156 Figura 5.5 (c) – Laço de histerese....................................... 157 Figura 5.6 – Correntes de linha na entrado do reator e seus correspondentes espectros harmônicos................................... 158 Figura 5.6 (a) – Forma de onda e espectro harmônico obtidos via ensaios de laboratório............ 158 Figura 5.6 (b) – Forma de onda e espectro harmônico obtidos via simulações computacionais... 158 Figura 5.7 – Reator trifásico de 3 kVA à núcleo de ferro saturado com núcleo compacto .................................................................... 159 Figura 5.8 – Correntes de linha na entrada do reator trifásico com núcleo compacto................................................................................. 160 Tese de Doutorado xxiv Lista de Figuras Figura 5.8 (a) – Formas de ondas obtidas via ensaios de laboratório................................................. 160 Figura 5.8 (b) – Formas de ondas obtidas via simulações computacionais......................................... 160 Figura 5.9 – Espectros harmônicos das correntes de linha na entrada do reator trifásico com núcleo compacto..................................... 161 Figura 5.9 (a) – Espectros harmônicos obtidos via ensaios de laboratório............................................ 161 Figura 5.9 (b) – Espectros harmônicos obtidos via simulações computacionais....................... 161 Figura 5.10 – Reator twin-tripler de 5 kVA à núcleo de ferro saturado com núcleo compacto ............................................................ 162 Figura 5.11 – Correntes de linha na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto..................................................................... 163 Figura 5.11 (a) – Formas de ondas obtidas via ensaios de laboratório................................................. 163 Figura 5.11 (b) – Formas de ondas obtidas via simulações computacionais.......................................... 163 Figura 5.12 – Correntes de linha na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto..................................................................... 164 Figura 5.12 (a) – Espectros harmônicos obtidos via ensaios de laboratório............................................ 164 Figura 5.12 (b) – Espectros harmônicos obtidos via simulações computacionais....................... 164 Figura 5.13 – Reator twin-tripler de 5 kVA à núcleo de ferro saturado com núcleo isolado ................................................................ 165 Figura 5.14 – Correntes de linha na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado......................................................................... 166 Figura 5.14 (a) – Formas de ondas obtidas via ensaios de laboratório................................................. 166 Figura 5.14 (b) – Formas de ondas obtidas via simulações computacionais......................................... 166 Figura 5.15 – Espectros harmônicos das correntes de linha na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado.................................... 167 Tese de Doutorado xxv Lista de Figuras Figura 5.15 (a) – Espectros harmônicos obtidos via ensaios de laboratório............................................ 167 Figura 5.15 (b) – Espectros harmônicos obtidos via simulações computacionais....................... 167 Figura 6.1 – Arranjo típico de um compensador estático tipo reator à núcleo saturado....................................................................... 176 Figura 6.2 – O CERNS como fonte e consumo de reativos........................ 178 Figura 6.3 – Diagrama de bloco do reator twin-tripler à núcleo saturado isolado implementado computacionalmente ......................... 180 Figura 6.4 – Diagrama unifilar do sistema simulado.................................. 181 Figura 6.5 – Tensões entre fases no barramento B2 – elevação de tensão sem o CERNS......................................................................... 184 Figura 6.6 – Tensões entre fases no barramento B2 (em 3 (três) ciclos finais de cada intervalo) elevação de tensão sem CERNS..... 184 Figura 6.6 (a) – Intervalo I.................................................... 184 Figura 6.6 (b) – Intervalo II................................................... 184 Figura 6.6 (c) – Intervalo III................................................. 184 Figura 6.7 – Tensões entre fases no barramento B2 – elevação de tensão com o CERNS........................................................................ 186 Figura 6.8 – Tensões entre fases no barramento B2 (em 3 (três) ciclos finais de cada intervalo) elevação de tensão com CERNS..... 186 Figura 6.9 – Figura 6.8 (a) – Intervalo I.................................................. 186 Figura 6.8 (b) – Intervalo II................................................. 186 Figura 6.8 (c) – Intervalo III............................................... 186 Potência reativa absorvida pelo CERNS do sistema CA durante a elevação de tensão – regulação de tensão............... 187 Figura 6.10 – Tensões entre fases no barramento B2 – afundamento de tensão sem o CERNS.............................................................. 188 Tese de Doutorado xxvi Lista de Figuras Figura 6.11 – Tensões entre fases no barramento B2 (em 3 (três) ciclos finais de cada intervalo) afundamento de tensão sem o CERNS................................................................................... 189 Figura 6.11 (a) – Intervalo I.................................................. 189 Figura 6.11 (b) – Intervalo II................................................ 189 Figura 6.11 (c) – Intervalo III............................................... 189 Figura 6.12 – Tensões entre fases no barramento B2 – afundamento de tensão com o CERNS............................................................. 190 Figura 6.13 – Tensões entre fases no barramento B2 (em 3 (três) ciclos finais de cada intervalo) afundamento de tensão com CERNS................................................................................... 191 Figura 6.13 (a) – Intervalo I.................................................. 190 Figura 6.13 (b) – Intervalo II................................................. 190 Figura 6.13 (c) – Intervalo III............................................... 191 Figura 6.14 – Potência reativa fornecida pelo CERNS ao sistema CA durante o afundamento de tensão - regulação de tensão........ 192 Figura 6.15 – Arranjo laboratorial para análise de desempenho do CERNS 194 Figura 6.16 – Fotografia do arranjo físico utilizado para análise de desempenho do CERNS......................................................... 194 Figura 6.17 – Tensões entre fases no barramento B2 sem CERNS – elevação de tensão.................................................................. 196 Figura 6.18 – Tensões entre fases no barramento B2 com CERNS – elevação de tensão.................................................................. 197 Figura 6.19 – Potência reativa absorvida pelo CERNS do sistema CA com a retirada parcial da carga...................................................... 198 Figura 6.20 – Tensões entre fases no barramento B2 sem CERNS – submetido a um afundamento de tensão................................ 199 Figura 6.21 – Tensões entre fases no barramento B2 com CERNS – submetido a um afundamento de tensão................................ 200 Tese de Doutorado xxvii Lista de Figuras Figura 6.22 – Potência reativa fornecida pelo CERNS ao sistema CA com a entrada de 100% da carga................................................... 201 Figura 6.23 – Arranjo laboratorial para análise do sistema quanto às distorções harmônicas............................................................ 203 Figura 6.24 – Comparação entre as formas de ondas das correntes nas linhas...................................................................................... 205 Figura 6.24 (a) – Formas de ondas obtidas nas simulações computacionais.......................................... 205 Figura 6.24 (b) – Formas de ondas obtidas nos ensaios de laboratório................................................. 205 Figura 6.25 – Comparação entre os espectros harmônicos das correntes de linha........................................................................................ 206 Figura 6.25 (a) – Espectros obtidos nas simulações computacionais.......................................... 206 Figura 6.25 (b) – Espectros obtidos nos ensaios de laboratório................................................. 206 Figura 6.26 – Comparação entre as formas de ondas das tensões no barramento de carga................................................................ 207 Figura 6.26 (a) – Formas de ondas observadas nas simulações computacionais....................... 207 Figura 6.26 (b) – Formas de ondas observadas nos ensaios de laboratório............................................ 207 Figura 6.27 – Comparação entre os espectros harmônicos das tensões no barramento de carga................................................................ 208 Figura 6.27 (a) – Espectros obtidos nas simulações computacionais.......................................... 208 Figura 6.27 (b) – Espectros obtidos nos ensaios de laboratório................................................. 208 Figura 6.28 – Comparação entre as formas de ondas das tensões nos terminais do reator twin-tripler.............................................. 209 Figura 6.28 (a) – Formas de ondas obtidas nas simulações computacionais.......................................... 209 Figura 6.28 (b) – Formas de ondas obtidas nos ensaios de laboratório................................................. 209 Tese de Doutorado xxviii Lista de Figuras Figura 6.29 – Comparação entre os espectros harmônicos das tensões no reator twin-tripler................................................................... 210 Figura 6.29 (a) – Espectros obtidos nas simulações computacionais......................................... 210 Figura 6.29 (b) – Espectros obtidos nos ensaios de laboratório................................................. 210 Figura 6.30 – Comparação entre as formas de ondas das correntes no reator twin-tripler................................................................... 211 Figura 6.30 (a) – Formas de ondas obtidas nas simulações computacionais......................................... 211 Figura 6.30 (b) – Formas de ondas obtidas nos ensaios de laboratório................................................ 211 Figura 6.31 – Comparação entre os espectros harmônicos das correntes no reator twin-tripler................................................................... 212 Figura 6.31 (a) – Espectros obtidos nas simulações computacionais......................................... 212 Figura 6.31 (b) – Espectros obtidos nos ensaios de laboratório................................................ 212 Figura 7.1 – Diagrama unifilar do sistema utilizado nos estudos computacionais....................................................................... 221 Figura 7.2 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador em condições ideais de suprimento.................. 223 Figura 7.3 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador em condições ideais de suprimento........................................ 224 Figura 7.3 (a) – Formas de onda das tensões no compensador em condições ideais de suprimento................................................... 224 Figura 7.3 (b) – Formas de onda da corrente no compensador em condições ideais de suprimento................................................... 224 Figura 7.4 – Espectros harmônicos das tensões de linha e correntes de linha nas entradas do compensador a reator à núcleo saturado em condições ideais de suprimento ......................... 225 Figura 7.4 (a) – Espectros harmônicos das tensões de linha do compensador.......................................... 225 Tese de Doutorado xxix Lista de Figuras Figura 7.4 (b) – Espectros harmônicos das correntes de linha do compensador................................. 225 Figura 7.5 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador com desequilíbrio de 1% ................................. 226 Figura 7.6 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador com desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento................ 227 Figura 7.6 (a) – Formas de onda das tensões no compensador com desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento.................................. 227 Figura 7.6 (b) – Formas de onda da corrente no compensador com desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento................................... 227 Figura 7.7 – Espectros harmônicos das tensões de linha e correntes de linha nas entradas do compensador a reator à núcleo saturado submetido a um desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento ............................................................................. 228 Figura 7.7 (a) – Espectros harmônicos das tensões de linha do compensador............................... 228 Figura 7.7 (b) – Espectros harmônicos das correntes de linha do compensador............................... 228 Figura 7.8 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador com desequilíbrio de 2% ................................. 229 Figura 7.9 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador com desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento................. 230 Figura 7.9 (a) – Formas de onda das tensões no compensador com desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento................................. 230 Figura 7.9 (b) – Formas de onda da corrente no compensador com desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento................................. 230 Figura 7.10 – Espectros harmônicos das tensões de linha e correntes de linha nas entradas do compensador a reator à núcleo saturado submetido a um desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento ............................................................................. 231 Figura 7.10 (a) – Espectros harmônicos das tensões de linha do compensador............................... Tese de Doutorado 231 xxx Lista de Figuras Figura 7.10 (b) – Espectros harmônicos das correntes de linha do compensador.............................. 231 Figura 7.11 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador com desequilíbrio de 5% ................................. 232 Figura 7.12 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador com desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento................ 233 Figura 7.12 (a) – Formas de onda das tensões no compensador com desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento................................ 233 Figura 7.12 (b) – Formas de onda da corrente no compensador com desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento................................ 233 Figura 7.13 – Espectros harmônicos das tensões de linha e correntes de linha nas entradas do compensador a reator à núcleo saturado submetido a um desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento ............................................................................. 234 Figura 7.13 (a) – Espectros harmônicos das tensões de linha do compensador............................... 234 Figura 7.13 (b) – Espectros harmônicos das correntes de linha do compensador............................... 234 Figura 7.14 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador contendo distorção harmônica total (DHT) de 11% ........................................................................................ 236 Figura 7.15 – Espectros harmônicos das tensões de alimentação do compensador contendo uma DHT de 11% da fundamental ........................................................................... 237 Figura 7.15 (a) – Espectro harmônico da tensão da fase a.... 237 Figura 7.15 (b) – Espectro harmônico da tensão da fase b... 237 Figura 7.15 (c) – Espectro harmônico da tensão da fase c.... 237 Figura 7.16 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador contendo distorção harmônica total (DHT) de 11% da tensão de suprimento............................................................. 238 Tese de Doutorado xxxi Lista de Figuras Figura 7.16 (a) – Formas de onda das tensões no compensador contendo distorção harmônica total (DHT) de 11% da tensão de suprimento........................................... 238 Figura 7.16 (b) – Formas de onda da corrente no compensador contendo distorção harmônica total (DHT) de 11% da tensão de suprimento........................................... 238 Figura 7.17 – Espectros harmônicos das tensões de linha e correntes de linha nas entradas do compensador a reator à núcleo saturado submetido a uma tensão de suprimento contendo uma DHT de 11% da fundamental ........................................ 239 Figura 7.17 (a) – Espectros harmônicos das tensões de linha do compensador............................... 239 Figura 7.17 (b) – Espectros harmônicos das correntes de linha do compensador.............................. 239 Figura 7.18 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador contendo um afundamento temporário de 70% na fase A da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos .... 242 Figura 7.19 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador contendo um afundamento temporário de 70% na fase A da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos ......................... 243 Figura 7.19 (a) – Formas de onda das tensões no compensador contendo um afundamento temporário de 70% na fase A da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos ....... 242 Figura 7.19 (b) – Formas de onda da corrente no compensador contendo um afundamento temporário de 70% na fase A da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos ....... 243 Figura 7.20 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador contendo um afundamento temporário de 70% nas fases B e C da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos....................................................................................... 244 Figura 7.21 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador contendo um afundamento temporário de 70% nas fases B e C da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos ................. 245 Tese de Doutorado xxxii Lista de Figuras Figura 7.21 (a) – Formas de onda das tensões no compensador contendo um afundamento temporário de 70% nas fases B e C da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos ........................................................ 244 Figura 7.21 (b) – Formas de onda da corrente no compensador contendo um afundamento temporário de 70% nas fases B e C da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos ........................................................ 245 Figura 7.22 – Espectros harmônicos das correntes de linha de fase do compensador quando ocorre um afundamento temporário de 70% nas fases B e C durante 6 (seis) ciclos .......................... 246 Figura 7.22 (a) – Espectro harmônico da corrente na fase a. Figura 7.22 (b) – Espectro harmônico da corrente na fase b Figura 7.22 (c) – Espectro harmônico da corrente na fase c. Tese de Doutorado 246 246 246 xxxiii Lista de Figuras LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 – Padrões de flutuações típicas de tensão.................................. 50 Tabela 5.1 – Síntese da Análise Comparativa dos Resultados das Operações dos Reatores Condições Ideais de Suprimento ............................................................................ 175 Tabela 6.1 – Dados para simulação da linha de transmissão ..................... 188 Tabela 6.2 – Dados para simulação da carga e dos componentes do CERNS.................................................................................. 189 Tabela 6.3 – Identificação dos casos simulados......................................... 189 Tabela 6.4 – Quadro resumo comparativo das principais grandezas monitoradas nas simulações................................................... 200 Tabela 6.5 – Resumo comparativo das principais grandezas monitoradas no laboratório......................................................................... 210 Tabela 6.6 – Resumo comparativo entre as principais grandezas monitoradas na simulação e no laboratório........................... 211 Tabela 6.7 – Síntese da análise comparativa dos resultados da operação do CERNS............................................................................. 224 Tabela 7.1 – Quadro resumo dos casos analisados..................................... 231 Tabela 7.2 – Distorções harmônicas individuais aplicadas ao compensador .......................................................................... 244 Tabela 7.3 – Síntese dos casos selecionados para apresentação dos efeitos dos afundamentos de tensão...................................... 249 Tese de Doutorado xxxiv Lista de Símbolos LISTA DE SÍMBOLOS Vs – Magnitude da tensão na barra “s” Vr – Magnitude da tensão na barra “r” Vm – Magnitude da tensão na barra “m” Vm1 – Magnitude da tensão na barra “m1” Vm2 – Magnitude da tensão na barra “m2” V – Magnitude das tensões Vc – Fonte de tensão que representa um compensador série ideal Vs1 – Magnitude da tensão na barra “s1” Vpq – Fonte de tensão que representa um controlador de ângulo de fase ideal v0(t) – Tensão do sistema CA no ponto de acoplamento do CERNS v(t) – Tensão nos terminais trifásicos do CERNS vR(t) – Tensão nos terminais do reator vCS(t) Tensão nos terminais do capacitor colocado em série com o reator à – núcleo saturado VK – Tensão de saturação de um compensador ideal do tipo reator variável . V – Tensão de suprimento de uma carga monofásica Vγ – Tensão fornecida pelo compensador V1 – Tensão sobre a linha V2 – Tensão sobre o reator saturado VS(t) – Tensão nos terminais do reator Ve(t) – Tensão nos terminais da impedância externa Tese de Doutorado xxxv Lista de Símbolos VAB – Tensão entre as fases A e B VBC – Tensão entre as fases B e C VCA – Tensão entre as fases C e A VAN – Tensão entre a fase A e o neutro VBN – Tensão entre a fase B e o neutro VCN – Tensão entre a fase C e o neutro VAR – Tensão entre a fase A e o reator VBR – Tensão entre a fase B e o reator VCR – Tensão entre a fase C e o reator VAx – Tensão de fase para o ponto comum estrela da conexão série VAx1 – Tensão de fase para o ponto comum estrela na conexão paralela VAx2 – Tensão de fase para o ponto comum estrela na conexão paralela VAX – Tensão entre a fase A e o ponto estrela-comum VBX – Tensão entre a fase B e o ponto estrela-comum VCX – Tensão entre a fase C e o ponto estrela-comum VX – Tensão do ponto estrela-comum Vab – Tensão entre as fases a e b Vbc – Tensão entre as fases b e c Vca – Tensão entre as fases c e a Van – Tensão entre a fase a e o neutro Vbn – Tensão entre a fase b e o neutro Vcn – Tensão entre a fase c e o neutro VR1 – Tensão instantânea sobre o resistor shunt VR2 – Tensão instantânea sobre o resistor série VC (t) – Tensão instantânea sobre o capacitor shunt VFF VFX – Tensão fase-fase que se deseja manter na barra com a saída de 80% da carga – Tensão entre a fase e o ponto comum X das bobinas VXL – Tensão na qual o protótipo do reator twin-tripler atinge a saturação VC – Tensão entre os terminais do capacitor série Tese de Doutorado xxxvi Lista de Símbolos VCA . – Tensão entre os terminais dos capacitores série em cada fase ∆V – Variação de tensão ∆VR – Componente resistivo da variação de tensão ∆Vx – Componente reativo da variação de tensão ∆Vp – Variação da tensão de alimentação permitida ∆Vmax – Variação de tensão máxima do barramento . E – Tensão fornecida pela fonte E(t) – Tensão de linha aplicada ao reator E – Magnitude da tensão de linha aplicada ao reator еp – Tensão trifásica de saída do ASVC es – Tensão trifásica de acoplamento do ASC e(t) – Tensão induzida fmm – Força magnetomotriz Va – Força magnetomotriz no enrolamento a Vb – Força magnetomotriz no enrolamento b Vc – Força magnetomotriz no enrolamento c Vd – Força magnetomotriz no enrolamento c Va1 – Força magnetomotriz no enrolamento a1 Va2 – Força magnetomotriz no enrolamento a2 Vb1 – Força magnetomotriz no enrolamento b1 Vb2 – Força magnetomotriz no enrolamento b2 F1 – Força magnetomotriz produzida pelo conjunto de enrolamentos 1 F2 – Força magnetomotriz produzida pelo conjunto de enrolamentos 2 F3 – Força magnetomotriz produzida pelo conjunto de enrolamentos 3 F4 – Força magnetomotriz produzida pelo conjunto de enrolamentos 4 F5 – Força magnetomotriz produzida pelo conjunto de enrolamentos 5 Tese de Doutorado xxxvii Lista de Símbolos F6 – Força magnetomotriz produzida pelo conjunto de enrolamentos 6 I – Corrente nominal . I – Corrente elétrica Ism – Corrente que entra na barra “sm” Imr – Corrente que sai da barra “mr” . IC – Corrente no ramo do capacitor shunt iR(t) – Corrente no reator à núcleo saturado ip – Corrente injetada no sistema pelo ASVC . IL – Corrente solicitada por uma carga monofásica IR – Componente resistiva da corrente solicita por uma carga monofásica IX – Componente reativa da corrente solicita por uma carga monofásica I L* – Conjugado da corrente solicitada por uma carga monofásica . IS – Corrente suprida pelo sistema para alimentar uma carga monofásica . Iγ – Corrente fornecida pelo compensador Iγ * – Conjugado da corrente fornecida pelo compensador i(t) – Corrente do sistema It – Constante referente as condições iniciais . I SC – Corrente de curto-circuito I SC * – Conjugado da corrente de curto-circuito iA – Corrente da linha A iB – Corrente da linha B iC – Corrente da linha C iR – Corrente do reator iC (t) – Corrente no capacitor shunt δsr – Ângulo de carga (θs – θr) θs – Ângulo de fase da tensão Vs Tese de Doutorado xxxviii Lista de Símbolos θr – Ângulo de fase da tensão Vr α – Ângulo de controle ou ângulo de disparo φL – Ângulo entre a corrente e a tensão de uma carga monofásica φSC – Ângulo entre a corrente e a tensão de curto-circuito φ – Ângulo entre a corrente e a tensão ou ângulo do fator de potência θ1 – Ângulo para o qual a corrente alcança zero seguinte a pulso de corrente negativa θ2 – Ângulo para o qual o próximo pulso de corrente positiva é iniciado θ4 – Ângulo para o qual o próximo pulso de corrente negativa é iniciado θC – Ângulo de condução θ0 – Ângulo para o qual o valor instantâneo da densidade é zero β – Ângulo da impedância externa do sistema Φ – Fluxo magnético ΦS – Fluxo magnético total +ΦS – Fluxo magnético máximo positivo -ΦS – Fluxo magnético máximo negativo ϕ(t) – Fluxo magnético instantâneo ∅1 – Fluxo magnético produzido pelo conjunto de enrolamentos 1 ∅2 – Fluxo magnético produzido pelo conjunto de enrolamentos 2 ∅3 – Fluxo magnético produzido pelo conjunto de enrolamentos 3 ∅4 – Fluxo magnético produzido pelo conjunto de enrolamentos 4 ∅5 – Fluxo magnético produzido pelo conjunto de enrolamentos 5 ∅6 – Fluxo magnético produzido pelo conjunto de enrolamentos 6 ϕ1 – Fluxo magnético instantâneo produzido pelo enrolamento 1 ϕ2 – Fluxo magnético instantâneo produzido pelo enrolamento 2 ϕ3 – Fluxo magnético instantâneo produzido pelo enrolamento 3 ϕ4 – Fluxo magnético instantâneo produzido pelo enrolamento 4 Tese de Doutorado xxxix Lista de Símbolos ϕ5 – Fluxo magnético instantâneo produzido pelo enrolamento 5 ϕ6 – Fluxo magnético instantâneo produzido pelo enrolamento 6 B – Densidade de fluxo magnético BS – Densidade de fluxo magnético inicial Bm – Densidade máxima de fluxo magnético ZS – Impedância da fonte . Z SC – Impedância de curto-circuito Z SC * – Conjugado da impedância de curto-circuito Ze – Impedância externa do sistema R – Resistência RS – Resistência da fonte Re – Resistência externa do sistema RC – Resistência do cobre (à 75 °C) R1 – Valor da resistência do resistor shunt R2 – Valor da resistência do resistor série XL – Reatância indutiva XCP – Reatância capacitiva XR – Reatância do reator à núcleo saturado XCP – Reatância do capacitor em paralelo XCR – Reatância do capacitor série XS – Reatância da fonte XCA – Reatância capacitiva dos capacitores série em cada fase YL – Admitância de uma carga monofásica Yγ – Admitância do compensador GL – Condutância de uma carga monofásica BL – Susceptância de uma carga monofásica Bγ – Susceptância do compensador C – Capacitância Tese de Doutorado xl Lista de Símbolos CA – Capacitância do capacitor série em cada fase L – Indutância Lr – Indutância do reator saturado Le – Indutância externa do sistema S – Potência aparente SL – Potência aparente solicitada por carga monofásica Sγ – Potência aparente fornecida pelo compensador SSC – Potência aparente de curto-circuito SS – Potência aparente fornecida pela fonte ∆SL – Variação da potência aparente P – Potência ativa PL – Potência ativa solicitada por uma carga monofásica Pγ – Potência ativa fornecida pelo compensador PSC – Potência ativa de curto-circuito Ps – Potência ativa fornecida pela fonte ∆PL – Variação da potência ativa Q – Potência reativa QL – Potência reativa solicitada por uma carga monofásica Qγ – Potência reativa fornecida pelo compensador QSC – Potência reativa de curto-circuito QS – Potência reativa fornecida pela fonte QLmax – Potência reativa máxima solicitada por uma carga monofásica QLmin – Potência reativa mínima solicitada por uma carga monofásica Qγ max – Potência reativa máxima fornecida pelo compensador QMAX – Potência reativa máxima QR – Potência reativa absorvida pelo reator saturado QC – Potência reativa fornecida pelo capacito shunt QRO – Potência reativa absorvida pelo reator saturado e pela carga Tese de Doutorado xli Lista de Símbolos QRN – Potência reativa nominal do absorvida pelo reator saturado ∆QL – Variação da potência reativa H – Intensidade de campo magnético t – Tempo f – Freqüência ω – Freqüência angular em rad/s π – Constante j – Operador de indicação de componente imaginária de uma grandeza s – Taxa de compensação imposta ao sistema através dos compensadores série e – Operador neperiano ki – Constante de integração K – Fator que representa a ordem harmônica Kγ – Ganho do compensador KS – Ganho do sistema m – Relação entre as densidades magnéticas de fluxo inicial e máxima γ – Constante relativa a tangente do ângulo de condução N – Número de espiras do enrolamento do reator SM – Seção magnética em cm2 WAC – Perdas no aço-silício LN – Comprimento do circuito magnético ou comprimento médio do núcleo W/kg – Fator em função da curva de perda magnética, fornecido pelo fabricante PC – Peso do cobre CM – Comprimento médio da espira A – Área ou seção do condutor ρ – Resistividade do cobre x – Ponto estrela-comum a – Enrolamento a Tese de Doutorado xlii Lista de Símbolos b – Enrolamento b NC1 – Núcleo magnético não linear NC2 – Núcleo magnético não linear NC3 – Núcleo magnético não linear NC4 – Núcleo magnético não linear NC5 – Núcleo magnético não linear NC6 – Núcleo magnético não linear NC7 – Núcleo magnético não linear NC8 – Núcleo magnético não linear NC9 – Núcleo magnético não linear NC10 – Núcleo magnético não linear NC11 – Núcleo magnético não linear NC12 – Núcleo magnético não linear NC13 – Núcleo magnético não linear NC14 – Núcleo magnético não linear m1a – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator m2a – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator m3a – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator m4a – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator m5a – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator m6a – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator m1b – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator m2b – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator m3b – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator m4b – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator m5b – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator m6b – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator x1 – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator x2 – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator Tese de Doutorado xliii Lista de Símbolos x3 – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator x4 – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator x5 – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator x6 – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator y1 – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator y2 – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator y3 – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator y4 – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator 0 – Ponto de conexão das partes do núcleo do reator B1 – Bobinas superiores que possuem um número de espiras n B2 – Bobinas inferiores que possuem um número de espiras 0,366n a1 – Pólo elétrico que representa a alimentação das bobinas do reator em uma ligação zig-zag a2 – Pólo elétrico que representa a alimentação das bobinas do reator em uma ligação zig-zag a3 – Pólo elétrico que representa a alimentação das bobinas do reator em uma ligação zig-zag b1 – Pólo elétrico que representa a alimentação das bobinas do reator em uma ligação zig-zag b2 – Pólo elétrico que representa a alimentação das bobinas do reator em uma ligação zig-zag b3 – Pólo elétrico que representa a alimentação das bobinas do reator em uma ligação zig-zag c1 – Pólo elétrico que representa a alimentação das bobinas do reator em uma ligação zig-zag c2 – Pólo elétrico que representa a alimentação das bobinas do reator em uma ligação zig-zag c3 – Pólo elétrico que representa a alimentação das bobinas do reator em uma ligação zig-zag x – Pólo elétrico que representa a alimentação das bobinas do reator em uma ligação zig-zag Tese de Doutorado xliv Lista de Símbolos CA – Corrente alternada LT – Linha de Transmissão p.u. – Valor por unidade DHT – Distorção harmônica total Tese de Doutorado xlv Capítulo I – Introdução CAPÍTULO I INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Os sistemas de potência devem ser planejados e operados de forma a fornecer aos seus usuários níveis de qualidade dentro dos padrões internacionalmente definidos, sendo o nível de tensão um importante fator a ser considerado. A demanda crescente de potência dos sistemas elétricos tem levado os especialistas a tratar o controle da potência reativa e da tensão com mais rigor, principalmente em sistemas elétricos com características radiais e sazonais. Neste contexto, surgiram inúmeras soluções, algumas tradicionais (por exemplo, unidades de capacitor automático e compensadores síncronos) e outras envolvendo as mais modernas técnicas da eletrônica, como é o caso dos modernos UPFC’s (Unified Power Flow Controller’s). Para algumas necessidades específicas, tais como áreas com baixa densidade populacional, como encontradas em muitas linhas de transmissão rurais, o uso de compensadores eletrônicos é atrativo tecnicamente, contudo, a exigência de manutenção, associada ao alto custo, pode torná-los uma solução proibitiva. Para tais aplicações, o desafio consiste em achar uma alternativa mais simples, econômica e robusta, em que o dispositivo tenha baixo custo de manutenção e Tese de Doutorado 1 Capítulo I – Introdução um bom desempenho efetivo. Conciliando estes aspectos, nasce a idéia de se utilizar um dispositivo eletromagnético, o qual já foi empregado no início dos anos 70 quando a tecnologia dos semicondutores era embrionária. O citado compensador estático fundamenta-se numa combinação de um núcleo magnético com características e enrolamentos especiais e um conjunto de capacitores em série e paralelo com o mencionado dispositivo. A isto se atribui a boa eficiência na regulação da tensão e pequeno tempo de resposta, robustez do equipamento e reduzida manutenção. Essas características adicionadas ao baixo custo em comparação às alternativas eletrônicas tornam estes dispositivos atrativos para uso em sistemas elétricos como acima mencionados. Este tipo de compensador estático se diferencia bastante dos compensadores baseados na eletrônica, pois não emprega tiristores ou mesmo qualquer sistema de controle a fim de exercer sua função básica. O CERNS tem o seu núcleo de forma fechada como de um transformador, sem enrolamento de potência no secundário. Os compensadores a reator à núcleo saturado são projetados para atingirem a saturação na tensão de operação, por isso suportam correntes de magnetização bastante elevadas. O funcionamento do CERNS baseia-se no fato de que o reativo consumido pelo conjunto formado pela carga e pelo compensador deve ser constante. Desta forma, tem-se um consumo de reativos procedentes da rede constante. Se houver variação na carga, a corrente no reator do compensador também varia, sendo mínima a plena carga e máxima a vazio. Por isto, diz-se que a sua reatância é auto-ajustável e não necessita de equipamentos de controle [1]. A finalidade desse equipamento é proporcionar o fornecimento ou absorção de potência reativa ao sistema de potência. Além destes aspectos, vale a pena destacar que o emprego cada vez maior de cargas eletrônicas sofisticadas, com controles microprocessados, tem obrigado os fornecedores de energia elétrica a manter um alto padrão de qualidade do suprimento energético. Assim, de uma forma geral, o serviço de fornecimento de energia elétrica é considerado como sendo de boa qualidade, Tese de Doutorado 2 Capítulo I – Introdução quando garante, a custos viáveis, o funcionamento adequado, seguro e confiável de equipamentos e processos industriais, sem afetar o meio ambiente e o bem estar das pessoas. Dessa forma, qualquer desvio que possa ocorrer na magnitude, forma de onda ou freqüência da tensão e/ou corrente elétrica caracteriza uma rede elétrica com qualidade comprometida. Reconhecendo-se, portanto, a grande importância que o assunto qualidade da energia elétrica assumiu no cenário elétrico atual, vários estudos, pesquisas e desenvolvimentos vêm sendo conduzidos com o intuito de conhecer, assegurar ou mesmo melhorar os padrões de qualidade requeridas ao bom funcionamento dos sistemas elétricos [2]. 1.2 O CONTEXTO DA PRESENTE TESE Se, por um lado, os compensadores estáticos a reator à núcleo saturado (CERNS) proporcionam o aumento da confiabilidade de um sistema de transmissão e, também, da qualidade da energia fornecida pelo mesmo, através da solução de problemas como afundamentos e elevações de tensão, transitórios (amortecimento de oscilações), etc., por outro, a operação de tais equipamentos pode resultar na degradação de outros itens, tais como harmônicos. Dessa forma, assim como qualquer outra fonte geradora de distúrbios, tais efeitos devem ser investigados. Além disso, uma vez que os referidos compensadores são conectados ao sistema de transmissão, como qualquer outra carga, o comportamento dos mesmos deve ser analisado, quando submetidos às condições adversas da qualidade de suprimento. O motivo disto é que os dispositivos de tais equipamentos fazem uso da tensão e da corrente do sistema CA, para que os mesmos possam desempenhar as suas funções corretamente. Com base nestes aspectos, a proposta desta tese é então a investigação tanto da influência dos compensadores estáticos a reator à núcleo saturado na qualidade da energia elétrica, quanto da reação de tais equipamentos a uma rede Tese de Doutorado 3 Capítulo I – Introdução de suprimento com comprometimento do padrão de qualidade, tais como: afundamentos e elevações de tensão, distorções harmônicas, desequilíbrios, etc. As análises relacionadas com os itens de qualidade da energia elétrica, quando da operação dos compensadores estáticos a reator à núcleo saturado (CERNS), bem como quaisquer estudos envolvendo grandes sistemas elétricos de potência, dependem, quase que inteiramente, da simulação digital do comportamento dinâmico dos mesmos. A simulação implica na existência de modelos matemáticos para uma grande variedade de componentes, do conhecimento de dados dos diversos parâmetros que constituem um sistema de potência e, finalmente, de bons programas de computador. Tais softwares devem ser dedicados a simulações específicas, tais como: fluxo de carga, harmônicos, transitórios eletromagnéticos, etc. Assim, diante da crescente necessidade de tais análises, é extremamente interessante que uma única ferramenta computacional seja capaz de realizar os mais diferentes estudos associados à engenharia elétrica. Neste particular, destaca-se o simulador SABER que, além de uma variada biblioteca, propicia, através de uma linguagem própria (Mast), a modelagem de qualquer componente eletro-eletrônico, mecânico, etc., no domínio do tempo. Além disso, o SABER possui características como grande versatilidade gráfica, capacidade de interconexão com rotinas elaboradas em outras linguagens de programação (C e Fortran), que permitem a execução de estudos mais complexos e análises mais ricas. Deve-se ressaltar que, através da implementação dos modelos dos compensadores estáticos a reator à núcleo saturado no simulador SABER, além dos estudos relacionados com a qualidade da energia elétrica como um todo, avaliações em diferentes topologias e a possibilidade de diversos tipos de chaveamentos podem ser executadas. Adicionalmente às contribuições acima relatadas, vale ressaltar que os trabalhos de validação, que passam necessariamente pela apresentação de um produto comercial ou um protótipo do dispositivo, encontraram sérias Tese de Doutorado 4 Capítulo I – Introdução dificuldades iniciais pela inexistência de um equipamento nos moldes aqui discutido. Isto resultou em esforços voltados para os aspectos conceituais, físicos e matemáticos dos CERNS, a definição construtiva e de projeto de um protótipo e, finalmente, a obtenção de um modelo real de dispositivo. Esta etapa, como conseqüência, trouxe expressivos ganhos e avanços para o domínio da tecnologia de um compensador já esquecido pela maioria dos profissionais atuantes no ramo. 1.3 ESTADO DA ARTE O tema reator à núcleo saturado, no âmbito dos compensadores estáticos, é muito antigo, várias pesquisas e publicações tem sido encontradas e, portanto, neste momento, torna-se necessário relatar os resultados dos trabalhos de levantamentos bibliográficos executados. Historicamente, a tecnologia de reatores saturados de múltiplos núcleos foi desenvolvida pelo Dr. E. Friedlander, provavelmente na década de 40, durante a segunda guerra mundial, com a finalidade principal de ser empregada como multiplicador de freqüência e gerador de trens de pulsos, para alimentação da grade de controle em retificadores à válvulas de mercúrio [3], [4], [5], [6]. A habilidade de um reator saturado de múltiplos núcleos em manter sua tensão terminal quase constante só foi aproveitada posteriormente, quando foi desenvolvido pela GEC (General Electric Company – Inglaterra) durante a década de 50, o primeiro compensador estático com emprego de reatores saturados, baseado na tecnologia de Friedlander. Como o material magnético até então utilizado, na construção dos núcleos do reator saturado era de qualidade inferior, verificava-se uma evidente precariedade no desempenho de tal equipamento, que se agravava ainda mais por suas características exageradas de peso e volume. Ao longo dos anos, cresceu a popularidade do reator saturado e uma série de pesquisas voltadas ao descobrimento de materiais magnéticos com Tese de Doutorado 5 Capítulo I – Introdução propriedades superiores foram desenvolvidas. Como conseqüência, núcleos magnéticos de alta qualidade foram obtidos, apresentando um ciclo de histerese quase que retangular, o que tornou possível a construção de equipamentos extremamente eficientes em relação aos anteriormente projetados, além de alta confiabilidade e longa vida [7]. Suas primeiras aplicações comerciais aconteceram na década de 60 para controle da flutuação de tensão, principalmente em indústrias siderúrgicas, dada a sua rapidez de resposta. Em seguida, ocorreram várias outras aplicações, inclusive em sistemas de transmissão, sendo que uma das mais importantes foi no sistema de transmissão de corrente contínua Cross Chanel ligando a Inglaterra à França [8]. A fabricação de compensadores estáticos com reatores saturados pela GEC permaneceu por um período de mais de 30 anos, ao longo dos quais ela forneceu aproximadamente 36 equipamentos deste tipo para vários tipos de aplicações, quer em sistemas industriais, quer em sistemas de transmissão [9], [10], [11], [12], [13]. Com o avanço da eletrônica de potência dos últimos anos, a GEC decidiu vender essa tecnologia para um instituto de projeto de aço na China, passando a fabricar apenas compensadores estáticos controlados por tiristor. De acordo com as referências [15] e [16] após os compensadores fornecidos pela GEC, tem-se conhecimento que outros do mesmo tipo foram fabricados e instalados na Austrália, embora não se saiba qual tenha sido o fabricante. Como reporta a referência [17], devido à sua característica V x I extremamente linear na região saturada, que permite o controle da tensão nos seus terminais sem nenhum ajuste externo, o reator saturado tem sido utilizado desde 1964, para o controle da tensão e potência reativa das redes elétricas, tanto em sistemas industriais quanto em sistemas de transmissão de extra-alta tensão. Nas indústrias, segundo a referência [14], onde ocorrem flutuações de tensão devido a cargas, tais como, fornos a arco, moinhos e motores de grande porte que partem bruscamente, os reatores saturados são conectados em paralelo Tese de Doutorado 6 Capítulo I – Introdução com as barras alimentadoras dessas cargas, fazendo o controle da tensão. Segundo a mesma referência, o reator saturado é um dos métodos para compensação de flicker devido à sua rapidez na resposta que é extremamente necessária nesses casos. De acordo com as referências [3], [8], [19], [20], [21] por ser um equipamento com excelente desempenho elétrico, o reator saturado vem sendo objeto de freqüentes pesquisas para ser utilizado na compensação shunt em linhas de transmissão em EAT e UAT. Os conceitos e princípios básicos de funcionamento dos compensadores a reator à núcleo saturado são discutidos em [21], [23], [24] e [25]. Apesar de uma abordagem detalhada sobre a construção do reator twin-tripler usado no compensador a ser efetuada no Capítulo III desta tese, vale a pena comentar, neste ponto, que o mesmo proporciona regulação de tensão, através de um reator twin-tripler que absorve reativo do sistema e de um banco de capacitores paralelo que fornece reativo para a carga. Quanto aos aspectos construtivos, de um modo geral, percebe-se que as publicações indicam preocupações quanto à injeção de harmônicos [19], [20] no sistema por parte dos compensadores a reator à núcleo saturado, resultando em variadas topologias para os mesmos, para minimizar este efeito, sejam elas baseadas em reatores twin-tripler ou treble-tripler [3], [15], [16], [18], [19], [20], [21], [24]. 1.4 AS CONTRIBUIÇÕES DESTA TESE Sintetizando o estado da arte sobre o tema, conclui-se que a confiabilidade, a segurança e a vida útil de um sistema elétrico estão condicionadas a qualidade e ao controle dos níveis de tensão. No planejamento dos sistemas, vários aspectos e métodos são analisados para aperfeiçoar a operação das redes elétricas em regime permanente e diante dos transitórios. O compensador Tese de Doutorado 7 Capítulo I – Introdução estático tipo reator à núcleo saturado pertence ao grupo dos equipamentos conectados ao sistema de potência para auxiliar no controle de tensões. Neste sentido, pode-se no momento, reconhecer a existência de grandes questionamentos a serem respondidos e, dentro deste contexto, esta tese objetiva avançar nos seguintes aspectos: • apresentar modelos para reatores à saturação natural usados no CERNS; • modelar (no simulador SABER) reatores com saturação natural utilizados no CERNS e adequados ao controle das tensões nas barras de um sistema de potência. Analisar o desempenho desses equipamentos em regime permanente, com as variações de carga, e diante dos principais transitórios comuns à operação do sistema; • construir protótipos de reatores à núcleos saturados utilizados no CERNS visando validar os modelos e resultados computacionais, através da montagem experimental e realização de testes laboratoriais; • analisar o grau de perturbação causado na qualidade de energia do sistema devido aos reatores saturados, uma vez que, por ser um equipamento com características não lineares, o reator saturado introduz alguns harmônicos no sistema. Recentemente, com o surgimento de cargas muito sensíveis a distúrbios na forma de onda da tensão, grande atenção tem sido dada à questão da qualidade da energia fornecida; • realizar simulações computacionais que possibilitem a análise do comportamento do compensador estático tipo reator à núcleo saturado quando submetidos a condições não ideais de suprimento tais como: desequilíbrios, distorções harmônicas, “Voltage Swell” e “Voltage Sag”; • além dos principais avanços supracitados, esta tese contribui, ainda, no sentido de prover uma síntese, que reúne informações fundamentais para o entendimento da modelagem do CERNS e das respectivas implementações computacionais e experimentais efetuadas. Tese de Doutorado 8 Capítulo I – Introdução 1.5 A ESTRUTURA DA TESE Diante desta proposta, além do presente capítulo introdutório, esta tese será desenvolvida obedecendo a seguinte estrutura: Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos. Este capítulo terá por objetivo abordar o significado do controle de tensão para os sistemas elétricos de potência. Isto envolverá a identificação dos problemas relacionados à tensão nos sistemas de transmissão convencionais, as possíveis soluções ideais para tais problemas e a apresentação dos equipamentos utilizados para compensação da tensão, os quais estão classificados por tipo de compensação, filosofia empregada e geração de semicondutores empregados. Serão descritos também aspectos gerais da compensação de reativos, evidenciando os principais objetivos e as necessidades da introdução dos compensadores no sistema. As características essenciais do compensador para atender a queda de tensão e a correção do fator de potência são analisadas. É também tratada a sistematização, da forma mais simplificada possível, dos dados necessários à especificação do compensador estático tipo reator à núcleo saturado. Tese de Doutorado 9 Capítulo I – Introdução Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente. Este capítulo destina-se a apresentar uma visão física do funcionamento, desenvolvendo-se o modelo matemático que descreve o comportamento dos reatores à saturação natural. Iniciando-se pela análise do reator saturado monofásico e do reator trifásico com três unidades magnéticas, mostra-se que o alto conteúdo harmônico das suas correntes de alimentação torna-os proibitivos para o uso em sistemas de potência. Em seguida, mostra-se que através do aumento do número de interconexão unidades dessas magnéticas unidades, é e da conveniente possível cancelar determinadas ordens harmônicas. Após isso é desenvolvida uma formulação para um reator de seis unidades, denominado twin-tripler. Capítulo IV – Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER. Neste capítulo é processada a simulação computacional, usando os modelos desenvolvidos no Capítulo III, onde é considerada a não linearidade do circuito magnético, através da obtenção da curva B x H do protótipo desenvolvido para o estudo em regime permanente, bem como a análise do conteúdo harmônico introduzido pelos reatores à saturação natural. É realizado ainda o levantamento das características dos reatores saturados com fonte ideal de tensão, incluindo a análise de sensibilidade dos parâmetros mais importantes. Tese de Doutorado 10 Capítulo I – Introdução Capítulo V – Validação Experimental Computacionais para os dos Modelos Reatores à Núcleo Saturado. Neste capítulo são mostrados os ensaios experimentais feitos em laboratório, determinando a curva de magnetização dos protótipos desenvolvidos e a validação dos modelos utilizados na simulação digital. Capítulo VI – Análise de Desempenho Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão. Neste capítulo, serão efetuadas as considerações teóricas e práticas sobre o funcionamento e implementação do compensador estático tipo reator à núcleo saturado (CERNS) constituído de bancos de capacitores série e paralelo e o reator twin-tripler, assim como o circuito de potência na plataforma computacional denominada SABER. Além disso, serão executados estudos de casos, em um sistema teste, incluindo sua modelagem computacional e arranjo laboratorial para a realização de ensaios, com as correspondentes comparações entre os resultados obtidos através de simulações e os resultados experimentais, objetivando validar o modelo computacional. Tese de Doutorado 11 Capítulo I – Introdução Capítulo VII – Inter-Relacionamento Entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica. Neste capítulo será investigado o comportamento do compensador estático tipo reator à núcleo saturado (CERNS), quando conectado em uma rede com a qualidade de energia elétrica comprometida. Aqui, serão apresentados os resultados obtidos nas simulações, com o compensador sendo alimentado por uma fonte trifásica contendo desequilíbrios, distorções harmônicas, elevação temporária de tensão e afundamento temporário de tensão. Capítulo VIII – Conclusões Gerais. Finalmente, este capítulo destina-se a apresentar as principais discussões e conclusões finais dos vários capítulos que formam o corpo desta tese. Além disso, serão ressaltadas questões associadas às principais contribuições deste trabalho, bem como sugestões para futuros desenvolvimentos. Tese de Doutorado 12 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos CAPÍTULO II INTRODUÇÃO AOS COMPENSADORES ESTÁTICOS E ASPECTOS GERAIS DA COMPENSAÇÃO DE REATIVOS EM SISTEMAS ELÉTRICOS 2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Os primeiros sistemas elétricos de potência (SEP’s) que surgiram no mundo apresentavam uma característica muito particular e que, nos dias de hoje, é cada vez mais difícil de ser encontrada – a geração localizava-se junto à sua própria carga. E, mesmo nesta situação, já se pôde verificar que a manutenção de uma razoável constância na tensão dos pontos de entrega aos consumidores era de suma importância. Desde então, iniciou-se a busca de métodos eficazes para o real controle da tensão nos SEP’s. Deve-se ressaltar que, devido ao pequeno porte destes primeiros sistemas, o mecanismo básico de controle consistia apenas na regulação do nível de tensão nos terminais das máquinas geradoras, bem como na regulação de sua capacidade de fornecer a necessária energia aos consumidores. Tese de Doutorado 13 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos É importante notar que, desde tais tempos, muitas modificações surgiram. Com o aparecimento de grandes consumidores industriais, que já utilizavam sofisticados processos produtivos, a manutenção da tensão de suprimento, e também da freqüência, dentro de estreitos limites de variação tornou-se importante meta a ser perseguida pelos operadores dos SEP’s. Além disto, com o crescimento dos grandes centros consumidores e escasseamento das fontes de energia locais, houve necessidade de distanciar a geração das cargas. E foi então que novas soluções para o controle de tensão tiveram que surgir, pois a simples regulação dos geradores já não se fazia tão eficiente. Num crescer quase que geométrico, as necessidades de energia elétrica das sociedades vieram se avolumando. Obrigando os planejadores procurarem fontes cada vez mais distantes e, o que é mais importante, a interligar várias fontes para atender a seus consumidores. Com isto, novos e mais complexos problemas surgiram, forçando a estudos e soluções mais e mais elaborados. Esta mesma sociedade crescente passou a exigir ainda melhor qualidade e constância em seu suprimento, o que só veio a aumentar a carga de responsabilidade dos fornecedores. Para fazer frente a estas exigências, começaram a surgir órgãos de normalização e fiscalização das companhias fornecedoras de energia elétrica, como é o caso do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), hoje Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) no Brasil. Estes órgãos fixam metas a serem perseguidas quando do Planejamento e Operação dos SEP’s, visando garantir a necessária qualidade no suprimento aos consumidores, bem como uma aplicação econômica e rentável dos recursos da área energética. Com relação aos níveis de tensão de suprimento, uma série de normas são especificadas. Em primeiro lugar, apenas uma pequena variação na tensão média da barra do consumidor é permitida com relação ao valor nominal préestabelecido. No caso do Brasil, este desvio é de +5% e –7% em média tensão. Tese de Doutorado 14 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Por outro lado, caso existam flutuações menores, mas que se repitam com freqüência, elas deverão ser evitadas mesmo não ultrapassando os 3% acima citados. Por exemplo, variações de tensão da ordem de 0,20 a 0,30%, mas que se verifiquem 5 ou 6 vezes por segundo, provocam na iluminação desagradáveis variações comumente conhecidas como flickers, e que proporcionam uma má qualidade de fornecimento. Por isto mesmo, elas deverão ser reduzidas, de alguma forma, pelo supridor, para que não cheguem aos consumidores. Entretanto, o controle de tensão não tem sua importância restrita ao fornecimento de energia com qualidade, muito pelo contrário, é através de um adequado controle dos níveis de tensão de um sistema de transmissão que se consegue mantê-lo em funcionamento sob certas condições de contingências de linhas e equipamentos. Além disto, para se conseguir um máximo aproveitamento das grandes linhas de transmissão, a fim de que elas possam transportar o máximo de potência ativa possível, controles de tensão estrategicamente colocados tornam-se sumamente necessários. Por último, destaca-se ainda mais a premência de controles de tensão, lembrando que as cargas dos SEP’s são extremamente diversificadas e dinâmicas. Isto significa que, a cada instante, a demanda requerida pelos consumidores, tanto no que se refere à potência ativa quanto à reativa, varia, forçando a uma constante readaptação por parte dos fornecedores. E parte desta readaptação consiste justamente em exercer um adequado controle na tensão de suprimento, pois caso contrário os limites anteriormente citados seriam freqüentemente violados. Em linhas gerais, as técnicas de compensação dos sistemas elétricos de potência são explanadas neste capítulo, onde também são apresentados alguns dos equipamentos, de acordo com suas evoluções que compõem o conjunto necessário à implementação das mesmas. Tese de Doutorado 15 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos 2.2 AS CARACTERÍSTICAS DE OPERAÇÃO DOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA A maioria dos sistemas elétricos de potência atuais são controlados mecanicamente [26], ou seja, operam com compensações de reativos fixas ou chaveadas mecanicamente, juntamente com transformadores defasadores e reguladores de tensão, a fim de otimizar a impedância da linha, minimizar as variações de tensão em regime permanente ou em condições de lentas variações de carga. A fim de melhor visualizar a necessidade da compensação, veja a linha de transmissão teórica da figura 2.1. Figura 2.1 – Representação de duas barras interligadas por uma linha de transmissão O fluxo de potência através dessa linha, desprezando-se a resistência, é dado em função do ângulo de carga, da magnitude das tensões nos terminais e da impedância da linha, como mostra a equação (2.1). P= Vs Vr sen δsr XL (2.1) onde: Tese de Doutorado 16 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos P – Potência que flui da barra “s” para a barra “r”; Vs – Magnitude da tensão na barra “s”; Vr – Magnitude da tensão na barra “r”; δsr – Ângulo de carga (θs – θr); θs – Ângulo de fase da tensão Vs; θr – Ângulo de fase da tensão Vr XL – Impedância da linha. Verifica-se então que, não havendo controle algum sobre tais parâmetros, o comportamento da potência elétrica que flui da barra “s” para a barra “r” em função do ângulo de carga δsr obedece a curva apresentada na figura 2.2. Figura 2.2 – Característica da potência transferida da barra “s” para a barra “r” em função do ângulo de carga δsr (sem compensação) Da figura 2.2 observa-se que a máxima potência está associada ao ângulo de carga de 90º, e uma elevação desse ângulo, causada pelo aumento do carregamento da linha, implica na instabilidade do sistema de transmissão. Tese de Doutorado 17 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Portanto, constata-se a necessidade de uma alteração nos parâmetros, e conseqüentemente na operação, dos circuitos de transmissão, a fim de se obter um melhor aproveitamento dos mesmos. Devido a isso, a tecnologia de compensação torna-se necessária, uma vez que o seu emprego proporciona alguns benefícios como: • maior controle do fluxo de potência; • menor impacto ambiental, comparado com outras técnicas alternativas de expansão do sistema de transmissão; • carregamento das linhas de transmissão, que podem atingir níveis próximos de seus limites térmicos de operação; • maior habilidade em transferir potência entre redes interligadas, podendo então diminuir a margem de reserva de geração, que é tipicamente em torno de 18%, passando a 15% ou menos; • amortecimento das oscilações dos sistemas de potência, que podem causar danos a equipamentos e/ou limitar a capacidade de transmissão do sistema. Para atingir tais metas, os equipamentos compensadores empregam técnicas de compensação paralela e/ou série para o controle do fluxo de potência, cujos princípios básicos de funcionamento são explanados na próxima seção. 2.3 PRINCÍPIOS DE OPERAÇÃO DOS COMPENSADORES NO CONTROLE DO FLUXO DE POTÊNCIA Como visto anteriormente, o fluxo de potência estabelecido em uma linha de transmissão (equação (2.1)) é função dos seguintes parâmetros: • impedância equivalente; Tese de Doutorado 18 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos • magnitude das tensões nos terminais da linha de transmissão; • ângulo de fase entre as tensões nos terminais da LT. Assim, para se controlar o fluxo de potência, são empregados os dispositivos baseados na tecnologia dos compensadores estáticos, que atuam no sentido de alterar os parâmetros supracitados, de acordo com uma necessidade predeterminada. A operação de tais dispositivos é baseada nos princípios de compensação paralela e série e de controle do ângulo de fase [26], as quais são apresentadas, de forma ideal, nas subseções seguintes. 2.3.1 O COMPENSADOR PARALELO IDEAL Com finalidade de explanar o princípio básico de operação de um compensador paralelo, é utilizado um sistema CA simplificado, composto por duas máquinas ideais interligadas por uma linha de transmissão cujas perdas são desprezadas, como mostra a figura 2.3. Figura 2.3 – Compensador paralelo ideal conectado ao meio de uma linha de transmissão . . Para a presente análise, é assumido que as tensões Vs e Vr possuem a mesma magnitude (V) e estão defasadas por um ângulo δsr. Tese de Doutorado 19 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Na figura 2.3, observa-se que no meio da linha encontra-se conectada uma fonte de tensão paralela controlada, cujo objetivo é ajustar o fluxo de potência em um valor pré-estabelecido. Nessas condições, o diagrama fasorial referente ao sistema em estudo é apresentado na figura 2.4, considerando ainda que, a . . . V V V tensão m tem a mesma magnitude que s e r . Figura 2.4 – Diagrama fasorial do sistema com compensação paralela Baseando-se na figura 2.4, é possível concluir que, quando a diferença . . V V angular entre as tensões s e m é δsr/2, o fasor da corrente de linha está em quadratura com a queda de tensão na reatância de cada semi-trecho de linha. Em conseqüência disso, não existe fluxo de potência ativa através da fonte de tensão controlada. Neste caso, a potência transmitida da barra “s” para a barra “r” é determinada pela equação (2.2), V2 δ P= 2 sen sr XL 2 (2.2) onde: Tese de Doutorado 20 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos . . . V V V V – Magnitude das tensões s , r e m Para efeito de comparação, as características P versus δsr do sistema de duas barras sem compensação, ditada pela equação (2.1), e com compensação, descrita pela equação (2.2), são traçadas na figura 2.5. Figura 2.5 – Característica da potência transferida da barra “s” para a barra “r” em função do ângulo de carga δsr (sem compensação (A) e com compensação (B)) Observando-se o gráfico, é possível verificar que, com a presença da fonte de tensão ideal controlada como meio de compensação paralela, há um incremento tanto na margem de estabilidade do sistema, bem como na máxima potência transmitida pela linha de transmissão. Tese de Doutorado 21 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos 2.3.2 O COMPENSADOR SÉRIE IDEAL Da mesma forma que na seção anterior, neste caso é utilizado um sistema CA simplificado, para a análise do princípio básico de operação de um compensador série, o qual é mostrado na figura 2.6. Figura 2.6 – Compensador série ideal conectado ao meio de uma linha de transmissão O sistema da figura 2.6 é composto por duas máquinas interligadas por uma linha de transmissão, onde está conectado um compensador série ideal . representado pela fonte de tensão Vc . Este último tem por meta controlar o fluxo de potência na linha, através da variação da reatância equivalente da mesma. Nesta análise, as mesmas condições de contorno foram adotadas, ou seja, . . as perdas são desprezadas, as tensões Vs e Vr possuem a mesma magnitude (V) e estão defasadas por um ângulo de carga δsr. Com isso, o diagrama fasorial referente ao sistema da figura 2.6 é apresentado na figura 2.7. Tese de Doutorado 22 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.7 – Diagrama fasorial do sistema com compensação série Para a situação ilustrada no diagrama anterior, assume-se que a fonte de . tensão Vc esteja realizando compensação capacitiva e, com isso, a corrente de linha encontra-se adiantada em 90º da mesma. Isso caracteriza, também, a ausência de potência ativa, fornecida ou absorvida pela referida fonte. Ainda, com relação a figura 2.6, a potência através da linha de transmissão é dada pela equação (2.3). V2 P= sen δsr X L ( 1- s ) (2.3) onde: s – Taxa de compensação imposta ao sistema através dos compensadores série definida por: s= XC , ( 0 ≤ s ≤ 1) XL (2.4) A equação (2.3) permite concluir que a máxima potência transferida pode ser elevada consideravelmente, com a compensação série, o que é visto, também, através da figura 2.8. Tese de Doutorado 23 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.8 – Característica da potência transferida da barra “s” para a barra “r” em função do ângulo de carga δsr (sem compensação (A) e com compensação (B, C e D)) Da figura 2.8, observa-se que, o ângulo para o qual ocorre a máxima potência transmissível é de 90º, independente do valor adotado para “s” e, conseqüentemente, do valor máximo de P. Deve-se ressaltar que, quando o valor de “s” é zero, a curva característica corresponde, exatamente, àquela do sistema sem compensação. 2.3.3 O CONTROLADOR DO ÂNGULO DE FASE IDEAL O controlador do ângulo da fase pode ser considerado como uma variante do compensador série. Isso porque, através do mesmo tipo de conexão com o sistema (série), proporciona a alteração da defasagem angular das tensões nos terminais das linhas. Assim, com vistas a discutir a atuação destes controladores, é considerado o sistema apresentado na figura 2.9, o qual é composto por duas máquinas interligadas por uma linha de transmissão. Tese de Doutorado 24 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.9 – Defasador ideal conectado na barra emissora de uma linha de transmissão Além disso, encontra-se conectada junto à barra “s”, uma fonte de tensão controlada que tem por objetivo alterar o ângulo de fase no referido terminal, acarretando, portanto, em uma variação na diferença angular entre as barras “s” e “r” e, conseqüentemente, no controle do fluxo de potência correspondente. Novamente, desprezando-se as perdas no sistema da figura 2.9 e . . . considerando que as tensões Vs , Vs1 e Vr possuem a mesma magnitude (V), o respectivo diagrama fasorial é apresentado na figura 2.10. Figura 2.10 – Diagrama fasorial do sistema com defasador Tese de Doutorado 25 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos . A figura 2.10 mostra o fasor V pq , produzido pelo controlador, que pode ter uma magnitude e ângulo de fase variados em relação à corrente de linha . I, possibilitando, assim, a absorção ou o fornecimento de potência tanto ativa quanto reativa. Além disso, na mesma figura pode-se verificar que, o ângulo de carga entre os terminais da linha de transmissão é dado por (δsr − α), em que o controle do fluxo de potência é efetuado através da variação do ângulo α. Isso é constatado, também, através da seguinte expressão: V2 P= sen ( δsr - α ) XL (2.5) onde: α – Ângulo de controle. Baseando-se na equação (2.5), pode-se traçar a característica P versus δsr, do sistema compensado pelo controlador de ângulo de fase, mostrada na figura 2.11. Figura 2.11 – Característica da potência transferida da barra “s” para a barra “r” em função do ângulo de carga δsr (sem compensação (A) e com defasador (B e C)) Tese de Doutorado 26 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Com base na equação (2.5) e na figura 2.11 pode-se dizer que, mantendo-se a diferença (δsr − α) próxima de 90º é possível transportar a máxima potência através da linha, para valores de δsr acima de 90º sem comprometer a estabilidade do sistema. Tal constância na diferença (δsr − α) é obtida variandose o ângulo α à medida que ocorre uma alteração do δsr. Obviamente que, o limite dessa variação do ângulo α é que determina a potência do equipamento [27]. Ainda, da figura 2.11 ressalta-se que, quando o valor de “α ” é zero, a curva característica corresponde, exatamente, àquela do sistema sem compensação. 2.3.4 COMPARAÇÃO ENTRE OS CONTROLADORES IDEAIS DE FLUXO DE POTÊNCIA A figura 2.12 mostra uma comparação entre as características P versus δsr, geradas através das compensações efetuadas com os três tipos de controladores ideais apresentados nas subseções anteriores, juntamente com aquela obtida sem compensação alguma. Tese de Doutorado 27 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.12 – Característica da potência transferida da barra “s” para a barra “r” em função do ângulo de carga δsr (sem compensação (A), com compensação paralela (B), com compensação série (C) e com defasador (D)) Da figura anterior pode-se constatar que a melhor estratégia de compensação depende do propósito do controle do fluxo de potência em um determinado sistema, ou seja: • para que a capacidade de transmissão de uma linha seja elevada, a compensação série, através do controle da impedância equivalente do ramo, é a melhor escolha; • já, a opção mais indicada para aumentar a margem de estabilidade do sistema é a compensação paralela; • por outro lado, no caso de interligação de sistemas onde ocorrem excessivas variações dos ângulos de fase, a adoção de um controle de fluxo de potência através de defasadores se mostra a melhor alternativa. 2.4 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA COMPENSAÇÃO DOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA Tese de Doutorado 28 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Como já dito anteriormente, os equipamentos utilizados na compensação são destinados a controlar o fluxo de potência de um sistema através dos seguintes parâmetros: tensão, ângulo de fase e impedância. Diante disso, tais dispositivos são agrupados em três categorias, de acordo com as suas finalidades e conexão ao sistema, sejam elas: • equipamentos para compensação paralela; • equipamentos para compensação série; • equipamentos defasadores. Além disso, o universo dos compensadores engloba equipamentos que empregam elementos semicondutores tais como tiristores, GTOs, IGBTs, MOSFETs, entre outros. Dessa forma, um outro critério adotado para classificação de tais dispositivos, é quanto ao tipo de chave utilizada e, conseqüentemente, quanto à filosofia de operação dos mesmos. Nesse contexto, tal classificação é dada por: • compensadores Síncronos; • compensadores Estáticos baseados em tiristores convencionais; • compensadores Estáticos a Reator à Núcleo Saturado; • compensadores Estáticos avançados. Face a isto, nas subseções seguintes são apresentados alguns dos principais dispositivos compensadores, de acordo com as categorias em que estes se enquadram. 2.4.1 COMPENSADORES BASEADOS EM TIRISTORES CONVENCIONAIS Atualmente, a maioria dos compensadores estáticos utilizados, ou propostos, empregam tiristores convencionais (os quais não possuem capacidade intrínseca de bloqueio) nos arranjos de compensação envolvendo capacitores, indutores e defasadores. Isso porque, quando comparados com os meios Tese de Doutorado 29 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos mecânicos para o chaveamento, os tiristores apresentam uma resposta bem mais rápida e, ainda, são operados através de sofisticados controles, que se traduz em maior precisão. Todos os equipamentos, com exceção dos defasadores, que adotam esta filosofia possuem a característica comum de que a potência reativa necessária à compensação é gerada ou absorvida por bancos de capacitores e/ou reatores tradicionais. Nesse caso, os tiristores são utilizados, apenas, para o controle da impedância representativa de tais equipamentos no contexto do sistema, quando submetidos a um determinado valor de tensão. A seguir são comentados, alguns dos equipamentos enquadrados nesta categoria, de acordo com o tipo de compensação. 2.4.1.1 Equipamentos para compensação paralela • Compensador Síncrono Os compensadores síncronos [1] são motores síncronos de construção especial. Seu funcionamento baseia-se na capacidade natural que os motores síncronos têm de fornecer ou absorver energia reativa do sistema ao qual estão ligados, dependendo do seu grau de excitação. A característica da potência como função da corrente de excitação de uma máquina síncrona é mostrada na figura 2.13. Nesta figura, o segmento 0A é o valor da corrente de excitação para o funcionamento da máquina à vazio, quando a mesma absorve exclusivamente potência ativa para cobrir suas perdas internas. Aumentando-se a excitação, a máquina passa a fornecer energia reativa que vem a possuir em excesso. Nestas condições ela se comporta como se fosse um capacitor, donde a denominação usual de condensador síncrono. Ao reduzirmos a excitação a um valor menor do que 0A, a energia magnética torna-se insuficiente para o seu funcionamento e Tese de Doutorado 30 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos passará a absorver da rede a diferença de energia necessária, comportando-se como um indutor. Desta forma, ajustando-se a corrente de excitação da máquina através de um sistema de controle podemos regular o fluxo de potência reativa de acordo com as necessidades do sistema. A máquina síncrona possui outra importante propriedade que é a autoregulação. Suponha-se que a máquina esteja operando com a excitação 0B e V2 e que a tensão seja reduzida para 0,9V2. Imediatamente o compensador passa a fornecer uma potência reativa BC' , o que provoca uma redução na queda de tensão da linha e um aumento na tensão terminal da máquina, reduzindo novamente a potência reativa, vindo a se estabelecer o equilíbrio entre BC e BC' . Figura 2.13 – Característica da potência reativa x corrente de excitação de um compensador síncrono Tese de Doutorado 31 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Também se a máquina estiver funcionando com a excitação OD , ela estará absorvendo a potência reativa DE . Se a tensão diminuir para 0,9 V2 passa a absorver DE' , haverá redução na queda de tensão, o que virá aumentar novamente a tensão nos terminais da máquina, encontrando-se um ponto de equilíbrio, com a potência reativa entre DE e DE' . O controle da excitação é feito através de um sistema especial com alta velocidade de resposta. Para cargas com variações de freqüência superiores a 4 Hz e desequilibradas o uso do compensador síncrono poderá acarretar sobretensões nas fases menos carregadas, pois o mesmo só pode gerar componentes de seqüência positiva. As constantes de tempo do campo e da inércia mecânica constituem sérias limitações na velocidade de resposta. Na ausência dos controles de excitação os compensadores síncronos operam em uma característica com inclinação proporcional às suas reatâncias transitórias (0,2 p.u. na base da máquina). A correção da inclinação é obtida através do controle da excitação, que fica restrito ao atraso da constante de tempo do campo. • Reator Controlado a Tiristores (RCT) A figura 2.14 mostra um esquema básico de um RCT, o qual tem por objetivo controlar o perfil de tensão na barra onde se encontra conectado, via maior ou menor absorção de reativos. Tese de Doutorado 32 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.14 – Esquema de conexão de um RCT ao sistema de potência Tal controle de reativos é feito através do ângulo de disparo (α) dos dois tiristores conectados em anti-paralelo e em série com o reator, que determina a passagem de maior ou menor quantidade de corrente pelo mesmo. Este procedimento acarreta em um elevado conteúdo harmônico na corrente drenada pelo RCT, para um ângulo de disparo diferente de 90º [28]. A fim de se minimizar o impacto de tal poluição, têm sido utilizados transformadores estrela-delta para conexão dos RCTs ao sistema, bem como filtros passivos [26]. • Capacitor Chaveado a Tiristores (CCT) Na figura 2.15 é ilustrado um arranjo da conexão de um CCT a um barramento CA o qual, também, compreende 2 (dois) tiristores em anti-paralelo em série com um banco de capacitores. Tese de Doutorado 33 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.15 – Esquema de conexão de um CCT ao sistema de potência Na figura 2.15, os tiristores são ligados somente quando o sinal da tensão no barramento CA passa por zero. Portanto, as únicas condições em que o banco de capacitores se apresenta ao sistema são: ligado ou desligado, ou seja, condução plena ou corrente nula. Com isso, a corrente circulante através do CCT se apresenta com características senoidais [27]. • Compensador Estático de Reativos (CE) A utilização de um dos equipamentos abordados anteriormente, nos itens (A) e (B), permite apenas a compensação capacitiva ou reativa. Contudo, na maioria das aplicações, ambas as estratégias são requeridas, dependendo da situação do sistema em um determinado instante. Devido a essa necessidade, surgiu o Compensador Estático de Reativos (CE), ou SVC (Static Var Compensator), cujo circuito básico é mostrado na figura 2.16. Tese de Doutorado 34 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.16 – Esquema de conexão de um SVC ao sistema de potência Da figura 2.16 tem-se que, o arranjo de um SVC consiste da conexão de um RCT em paralelo com um banco de capacitores fixo, ou chaveado a tiristores, cuja potência é definida em função do máximo de reativos a ser suprido. • Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado (CERNS) Este tipo de compensador estático, que será analisado em detalhes no decorrer desta tese, se diferencia bastante dos tipos de compensadores baseados na tecnologia dos tiristores e dos avançados, pois não emprega tiristores ou mesmo qualquer sistema de controle a fim de exercer sua função básica [7], [29]. O reator saturado tem o seu núcleo de forma fechada como o de um transformador, sem enrolamento de potência no secundário. Os reatores de núcleo saturado são projetados para atingirem a saturação na tensão de operação, por isso suportam correntes de magnetização bem elevadas. É claro que, como se trata de um reator, quando opera isolado como um compensador estático, o Tese de Doutorado 35 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos reator de núcleo saturado só tem condições de absorver potência reativa, não podendo por si mesmo suprir necessidades de reativo, transitórios ou permanentes, que o sistema venha a apresentar. O reator de núcleo saturado tem condições de exercer uma ação contínua de controle, variando sua absorção de reativos de maneira uniforme, conforme as necessidades encontradas. Historicamente, o reator a núcleo saturado é o mais antigo dos meios de compensação estático controlável utilizado, pois sua tecnologia foi dominada muito antes do aparecimentos dos sistemas de controle a estado sólido. No aspecto construtivo, o reator de núcleo saturado utiliza em seu núcleo, um material que apresenta as seguintes características: • alta permeabilidade magnética na região não saturada; • efeito desprezível de histerese; • baixa permeabilidade na região saturada. Normalmente usa-se o aço-silício de grãos orientados laminado a frio para este fim. A não linearidade da curva B x H do material constituinte do núcleo magnético do reator é que rege a operação do mesmo. Antes de ser atingida a saturação, a indutância apresentada pelo reator é alta e a corrente é baixa. Após a saturação, a indutância cai, permitindo o aumento da corrente. Se o reator é submetido a uma alta tensão, e está operando na região saturada, a força magnetomotriz aumenta levando o núcleo a ter um comportamento semelhante ao de núcleo de ar. Por isto, uma pequena variação de tensão nesta região provoca uma grande variação de corrente. Como já mencionado, o reator de núcleo saturado serve para compensar elevações de tensão onde não se exige um controle bastante rígido (é um consumidor natural de energia reativa). Entretanto, com a inclusão de um capacitor em paralelo implicando na reatância capacitiva (XCP) como mostra a Tese de Doutorado 36 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos figura 2.17, o conjunto assim formado pode também compensar quedas de tensão. Com a instalação de um capacitor série, também mostrado na figura 2.17, em cada fase do reator, pode-se melhorar a inclinação de sua curva característica, devido às tensões em oposição de fase que se verificam em ambos. Escolhem-se valores convenientes de forma a ter-se uma inclinação que mantenha as oscilações de tensão dentro de limites bastante rígidos. Figura 2.17 – Diagrama esquemático e características V x I de um compensador estático tipo reator saturado Na figura 2.17 tem-se: v0(t) – Tensão do sistema CA no ponto de acoplamento do CERNS; i(t) – Corrente no ramo entre o CERNS e o sistema CA; v(t) – Tensão nos terminais trifásicos do CERNS; vR(t) – Tensão nos terminais do reator; iC(t) – Corrente no ramo do capacitor shunt; vCS(t) – Tensão nos terminais do capacitor colocado em série com o reator à núcleo saturado; Tese de Doutorado 37 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos XR – Reatância do reator à núcleo saturado; iR(t) – Corrente no reator à núcleo saturado; XCP – Reatância do capacitor em paralelo para aumentar a flexibilidade de operação do compensador, proporcionando a característica de manutenção de tensão constante quando houver queda de tensão; XCS – Reatância do capacitor série para melhorar a inclinação da curva característica do reator. É um compensador bastante simples, com tempo de resposta inferior aos compensadores a tiristores. Contudo, deve-se ter cuidados na aplicação dos capacitores série, que podem causar problemas de instabilidade harmônica (principalmente em sistemas fracos) que originam oscilações sub-harmônicas nas correntes de excitação e também provocam atraso no tempo de resposta do compensador. Às vezes, é necessária a inclusão de filtros para reduzir as harmônicas do reator, provocadas por cargas desequilibradas. 2.4.1.2 Equipamentos para compensação série • Capacitor Série Chaveado a Tiristores (TSSC) O controle da reatância série de uma linha de transmissão pode ser obtido através da utilização de um TSSC, que é constituído por conjunto de capacitores (conectados entre si em série e/ou paralelo) chaveados por dois tiristores em anti-paralelo, como mostra a figura 2.18 [29]. Tese de Doutorado 38 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.18 – Esquema de conexão de um TSSC em uma linha de transmissão Nos sistemas apresentados na figura 2.18, quando os tiristores estão bloqueados, o TSSC é visto pelo sistema como um capacitor série convencional. Uma vez disparadas tais chaves semi-condutoras, os capacitores correspondentes são curto-circuitados. Este método de compensação possui a vantagem de ser muito simples. Entretanto, tal modo de operação, que compreende apenas dois níveis de condução dos capacitores, não permite um controle contínuo do fluxo de potência, mesmo quando são utilizadas várias unidades capacitivas, como mostrado na figura 2.18. • Capacitor Série Controlado a Tiristores (TCSC) A figura 2.19 apresenta o esquema básico de um TCSC, que consiste de um capacitor de valor fixo ligado a um Reator Controlado a Tiristor (RCT). Figura 2.19 – Esquema de conexão de um TCSC em uma linha de transmissão Tese de Doutorado 39 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Este tipo de compensador, ao contrário do TSSC, permite um controle contínuo da impedância equivalente formada entre o capacitor e o reator, através do ângulo de disparo dos tiristores em anti-paralelo. Assim, quando as chaves estão bloqueadas (α = 180º), o TCSC se comporta como um capacitor série convencional. Por outro lado, com os tiristores conduzindo completamente (α = 90º), o TCSC se comporta como uma indutância de pequeno valor. 2.4.1.3 Equipamentos defasadores Estes equipamentos atuam no sentido de alterar o defasamento angular das tensões entre as barras às quais estão conectados. Um diagrama simplificado de um dispositivo defasador típico é mostrado na figura 2.20. Figura 2.20 – Esquema de conexão de um defasador em um sistema de potência Tese de Doutorado 40 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Como mostra a figura anterior, o controle do ângulo de fase é obtido através do disparo de um conjunto de tiristores, que proporciona a injeção de uma tensão Vpq em série com a linha de transmissão. Tal tensão, em quadratura com aquela do barramento controlado VS, tem sua magnitude variada de acordo com a necessidade de avanço ou atraso do referido ângulo [29]. 2.4.2 COMPENSADORES ESTÁTICOS AVANÇADOS A evolução dos dispositivos semicondutores com comutação forçada para altas potências, como GTOs e IGBTs, tem permitido o desenvolvimento de conversores (VSI), como mostrado na figura 2.21, para aplicação aos sistemas CA. Figura 2.21 – Conversor no qual se baseia os compensadores avançados Assim, quando comparada aos métodos tradicionais de compensação baseados em tiristores, a presente filosofia de compensadores estáticos apresenta características de desempenho bastante elevadas. Além disso, os compensadores estáticos avançados oferecem um potencial único de troca de potência ativa com Tese de Doutorado 41 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos o sistema CA, simultânea e independentemente do processo de compensação reativa [30], desde que conectados a algum armazenador de energia. Dentre os equipamentos empregados nesta concepção, encontram-se as versões avançadas dos compensadores paralelo, série e defasadores, abordados anteriormente, os quais são comentados a seguir. 2.4.2.1 Compensador estático avançado (ASVC) Nos compensadores estáticos de reativos convencionais (CE ou SVC), descritos na seção anterior, os tiristores funcionam simplesmente como elementos de controle. A variação do ângulo de disparo de tais dispositivos altera a potência reativa gerada ou absorvida por elementos passivos, sejam eles capacitores e reatores, respectivamente. Os ASVC’s (Advanced Static Var Compensators), são também equipamentos que proporcionam o intercâmbio de potência reativa, entretanto, fazem uso de uma fonte de tensão controlada, baseada em pontes inversoras a GTO, como aquela mostrada na figura 2.21, conectada em paralelo com o sistema CA como mostra a figura 2.22. Figura 2.22 – Esquema de conexão de um ASVC em um sistema de potência O ASVC gera, na sua saída, uma tensão trifásica еp com amplitude e ângulo de fase controláveis, de forma análoga a um compensador síncrono Tese de Doutorado 42 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos rotativo, dando origem a uma corrente ip, injetada no sistema para prover a compensação determinada pelo controle. 2.4.2.2 Compensador série avançado (ASC) Da mesma forma que o ASVC, o ASC (Advanced Series Compensator) faz uso de uma fonte de tensão controlada (VSI), a qual é conectada em série com a linha de transmissão, como ilustra a figura 2.24. Figura 2.23 – Esquema de conexão de um ASC em uma linha de transmissão Os modos de operação do compensador série avançado possibilitam um intercâmbio, tanto de potência ativa quanto reativa, entre o mesmo e o sistema CA, dependendo do defasamento entre a tensão série injetada e a corrente na linha de transmissão. 2.4.2.3 Defasadores e compensadores de funções múltiplas avançados (UPFC) Os transformadores defasadores controlados a tiristores convencionais provêm da variação do ângulo da tensão na barra controlada através da injeção de uma tensão em quadratura com a mesma, cuja magnitude varia de uma forma discreta, através da variação dos taps no transformador. Com isso, uma vez que Tese de Doutorado 43 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos a relação angular entre tal tensão e a corrente de linha é arbitrária, o defasador deve estar apto a trocar (fornecer ou absorver) tanto potência ativa como reativa com o sistema CA. Entretanto, como tal transformador não possui essa capacidade interna, qualquer necessidade de fornecimento de potência por parte do defasador para o sistema, a fim de gerar a tensão injetada, deve ser atendida pelo próprio sistema. O mesmo raciocínio se aplica para o caso do defasador precisar absorver alguma potência. Assim, para evitar as variações de tensão, associadas a tais situações, este tipo de defasador requer o suporte de tensão proporcionado por uma fonte de reativos controlável, tal como um ASVC. Do exposto se conclui que, o controle do ângulo de fase através de dispositivos avançados do tipo fonte de tensão controlável (VSI), se mostra uma estratégia fundamentalmente diferente das vistas até o momento. Assim, o princípio básico para o controle da referida grandeza é fundamentado na união dos compensadores avançados paralelo (ASVC) e série (ASC). O equipamento resultante de tal construção é denominado Controlador de Fluxo de Potência Unificado ou UPFC (Unified Power Flow Controller), cujo esquema de conexão com o sistema CA é mostrado na figura 2.24. Figura 2.24 – Esquema de conexão de um UPFC em um sistema de potência Como pode ser visto na figura anterior, o UPFC é constituído por dois conversores do tipo VSI, alimentados a partir da mesma fonte de corrente Tese de Doutorado 44 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos contínua. Desse modo, o conversor 1 (paralelo) fornece a potência ativa requerida pelo conversor 2 (série) e além disso, provê a compensação paralela de reativos. Já o Conversor 2 (série) gera, por si só, a potência reativa necessária à compensação série. Face a isso, torna-se evidente que, além de controlar o ângulo de fase, o UPFC desempenha as mesmas funções executadas pelos ASVCs e ASCs separadamente, o que caracteriza uma das suas principais vantagens. 2.5 ASPECTOS GERAIS DA COMPENSAÇÃO DE REATIVOS EM SISTEMAS ELÉTRICOS A compensação de cargas elétricas se faz com base em três principais objetivos [38]: a) Balanceamento de cargas desequilibradas; b) Correção do fator de potência; c) Melhoramento da regulação de tensão. A correção do fator de potência usualmente significa, na prática, a possível geração de potência reativa para a carga de acordo com a solicitação da mesma, suprida por uma fonte de alimentação distante. Cargas industriais apresentando fator de potência atrasado, ou seja, absorvendo potência reativa, fazem com que as correntes de carga sejam bem maiores do que as requeridas pela fonte, caso somente potência ativa fosse exigida. Tarifas de alimentação para consumidores industriais quase sempre penalizam cargas com baixo fator de potência por muito tempo, e o resultado tem sido um extenso esforço para correção do fator de potência em instalações industriais. A regulação de tensão torna-se importante e às vezes um procedimento imprescindível na presença de cargas que variam muito suas demandas de Tese de Doutorado 45 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos potência reativa. Todas as cargas se apresentam com variação na demanda da potência reativa, entretanto elas diferem bastante no valor e na taxa de variação. Em todos os casos, a variação dessa potência causa variação na tensão no ponto de alimentação, que poderá interferir na operação eficiente das instalações conectadas nesse ponto. Para proteção contra este fato, as concessionárias estabelecem normas para manter a tensão de alimentação dentro de limites definidos. Estes limites podem variar tipicamente dentro do valor médio de +5% e –7% em média tensão em curtos períodos de poucos minutos ou horas, sendo que, para muitos casos, são colocadas as mais severas imposições, onde grandes cargas que variam rapidamente provocam variações incertas de tensões para a operação de equipamentos de proteção, ou o efeito visual denominado na literatura técnica de flicker. Portanto, dispositivos de compensação deverão apresentar um vital papel de manter as tensões de alimentação dentro de limites pretendidos. Uma solução naturalmente encontrada para melhorar a regulação da tensão seria reforçar o sistema aumentando o porte e o número de unidades geradoras e fazendo a interligação dos sistemas. Esta solução, no entanto é anti-econômica, introduzindo problemas associados aos altos níveis de curto-circuito, e assim, aumentando as capacidades dos disjuntores utilizados. Outro objetivo da compensação da carga é o balanceamento. Os sistemas de potência são dimensionados para operações balanceadas, uma vez que a operação desbalanceada provoca o aumento de corrente representando para certas fases uma sobrecarga e a origem das componentes de seqüência negativa e zero. Tais componentes podem ter efeitos indesejáveis, tais como, perdas adicionais em motores e unidades geradoras, conjugados oscilantes em motores de corrente alternada, aumento da ondulação em retificadores, mau funcionamento de vários tipos de equipamentos, saturação em transformadores, e correntes excessivas para o neutro. Neste sentido, a operação de um dado Tese de Doutorado 46 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos compensador, dentro dos princípios a serem postulados, deve eliminar ou reduzir o grau de desequilíbrio introduzido pelas cargas. 2.5.1 O COMPENSADOR IDEAL Tendo caracterizado os principais objetivos da compensação da carga, é possível agora formar o conceito do compensador ideal. Este é um dispositivo que pode ser conectado no ponto de alimentação (em paralelo com a carga) e que proporcionará as três funções: (1) corrigir o fator de potência para a unidade, (2) eliminar (ou reduzir a um nível aceitável) as oscilações da tensão, e (3) balancear as correntes de carga ou tensões de fase. 2.5.2 CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS 2.5.2.1 Cargas que requerem compensação Cargas que causam flutuações na tensão de alimentação podem ser compensadas não somente para o fator de potência, mas também para a regulação de tensão. O grau da variação da tensão é avaliado no “ponto de acoplamento comum” (P.A.C.), que é usualmente o ponto na rede onde a área de responsabilidade entre o consumidor e a concessionária termina. Este ponto seria, por exemplo, o lado de alta tensão do transformador de distribuição alimentando uma instalação particular. As cargas típicas que requerem compensação são: fornos à arco, fornos de indução, soldas a arco, minas de carvão, grandes motores (particularmente aqueles que partem e param freqüentemente), escavadeiras, serrarias, experiências físicas de alta energia (por exemplo, o Ciclotron), etc. Estas cargas podem ser classificadas como aquelas que apresentam operações inerentemente Tese de Doutorado 47 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos não lineares, e que causam distúrbios ao serem ligadas e desligadas freqüentemente. Cargas não lineares normalmente geram harmônicos, assim como variações da tensão. Em muitos casos, oscilações de tensão causadas por partidas de motores são evitadas através de transformador ajustável ou outros equipamentos, ou por dispositivos eletrônicos de partida gradual. 2.5.2.2 Padrões aceitáveis para qualidade de fornecimento Um dos principais efeitos desagradáveis das variações de tensão de alimentação nos sistemas de distribuição é o distúrbio no nível de alimentação produzido no filamento de tungstênio das lâmpadas incandescente. O grau para o qual estas variações são desagradáveis, depende não somente da intensidade da variação da luz, mas também de suas freqüências ou valor de variação, devido às características da sensibilidade do olho humano. Baixas variações de tensão em torno de 3% são toleráveis, enquanto que variações rápidas causadas por fornos a arco ou solda elétrica podem coincidir com a máxima sensibilidade visual (entre 1 e 25 Hz) que deve ser limitada à intensidade de 0,25% ou menos. Vários outros tipos de cargas são sensíveis às variações da tensão de alimentação, especialmente computadores, certos tipos de relés empregados no controle e proteção, motores de indução e lâmpadas de descarga ou fluorescentes. A tabela 2.1 [31] é representativa dos padrões que poderão ser prescritos para o comportamento do sistema com um tipo de carga que provoca distúrbios. No caso de instalações com soldas elétricas, a variação de tensão permitida é inversamente relacionada com a sensibilidade do olho humano para leves flutuações como uma função da freqüência. Tese de Doutorado 48 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Tabela 2.1 – Padrões de flutuações típicas de tensão LIMITES PERMITIDOS EM TIPO DE CARGA FLUTUAÇÕES DE TENSÃO Partidas de grandes motores Guinchos para mineração, escavadeiras, laminação de aço e grandes dispositivos tiristorizados 1 a 3% dependendo da freqüência 1 a 3% à tensão de distribuição 1/2 a 1 1/2 % à tensão de transmissão Instalações de solda ¼ a 2% dependendo da freqüência Fornos de indução Até 1% Fornos a arco até 2% para tensões abaixo de 132 kV até 1,6% para tensões acima de 132 kV 2.5.3 TEORIA FUNDAMENTAL DA COMPENSAÇÃO: CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA E REGULAÇÃO DE TENSÃO EM SISTEMAS MONOFÁSICOS O primeiro propósito da compensação deve-se a analise das relações entre o sistema de alimentação, a carga e o compensador. Estes três elementos podem ser caracterizados ou modelados, por vários meios. O sistema de alimentação pode ser representado através do circuito equivalente de Thevenin, com uma tensão a circuito aberto e uma impedância série. Por outro lado, o compensador pode ser modelado como uma impedância variável, ou como uma fonte (ou consumidor) de potência reativa. A escolha do modelo usado para cada elemento pode ser variada de acordo com a necessidade. Nas seções seguintes os modelos Tese de Doutorado 49 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos serão combinados de diferentes maneiras apropriadas, para dar o maior discernimento físico, bem como, para desenvolver equações de utilidade prática. Os diferentes modelos para cada elemento são, essencialmente equivalentes, e podem ser transformados de um para o outro. Em muitas situações práticas, o tratamento fasorial ou equações estacionárias são adequadas para a determinação do valor e características externas do compensador. Para cargas cuja potência ativa e reativa variam rapidamente (tais como fornos à arco), métodos apropriados deverão ser aplicados. 2.5.3.1 Fator de potência e sua correção A figura 2.25 ilustra uma carga monofásica de admitância YL = GL + jBL . . suprida por uma tensão V = V ∠0 o. A corrente I L de carga é: . . I L = V ( G L + jB L ) = V . G L + jVB L = I R + jI X . (2.6) . Ambos V e I L são fasores e a equação (2.6) é representada no diagrama . fasorial da Figura 2.25(b), sendo V o fasor referência. . A corrente de carga I L é composta de uma componente “resistiva”, I R = V . GL . em fase com V , e uma componente “reativa”, I X = V . B L , . . que está em quadratura com V ; no exemplo apresentado, IX é negativo; I L está . . atrasado e a carga é indutiva (caso mais comum). O ângulo entre V e I L é φL e a potência aparente (SL) suprida para a carga vale: . S L = V . I L * = V 2 . G L - jV 2 B L = PL + jQ L (2.7) A potência aparente (SL) é composta de uma componente real PL (potência convertida em calor, trabalho mecânico, luz e outras formas de energia), e uma Tese de Doutorado 50 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos outra componente reativa QL (que não pode ser convertida em formas úteis de energia, mas que existe e que é um requisito inerente da carga). Por exemplo, no caso do motor de indução, QL representa a potência reativa de magnetização. As relações entre SL, PL e QL são mostradas na figura 2.25(c). Para cargas que consomem potência reativa (indutor) BL é negativo e QL é positivo, e por outro lado, cargas que fornecem potência reativa (capacitor) BL é positivo e QL é negativo, por convenção. . . A corrente I S = I L suprida pelo sistema é maior do que é necessária caso fosse extraída somente potência real, pelo fator: IL / IR = 1 / cos φL (2.8) Onde cos φL é o fator de potência, que é dado por: cos φL = PL / SL Tese de Doutorado (2.9) 51 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.25 – Representação de uma carga monofásica e seus respectivos diagramas fasoriais (a) - Carga monofásica (b) - Diagrama fasorial (c) - Triângulo de potência (d) - Correção do fator de potência para um valor genérico (cos φL → cos φ) (e) - Correção do fator de potência para a unidade Este fator corresponde à fração da potência aparente (SL) que pode ser aproveitada e convertida em outras formas de energia. Tese de Doutorado 52 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos As perdas por efeito Joule nos cabos alimentadores são aumentadas pelo fator 1 / cos2 φL; assim sendo, as seções dos cabos deverão ser aumentadas e existirão perdas que devem ser pagas pelo consumidor. Em princípio a correção do fator de potência visa compensar a potência reativa, colocando em localizações estratégicas, a conexão paralela com a carga, de compensadores tendo uma admitância puramente reativa de –jBγ. A corrente suprida pelo sistema de alimentação com esta combinação torna-se, portanto: . . . . . I S = I L + I γ = V (G L + jB L ) - V ( jB γ ) (2.10) Caso ocorra a particularidade da compensação ser total, isto é, Bγ = BL, então: . . . I S = V GL = I R . que estará em fase com V , tornando assim o fator de potência total unitário; não sendo este o propósito e nem uma situação encontrada normalmente na prática. A corrente do compensador por sua vez será dada por: . . I γ = V . Yγ = - jBγ V (2.11) e a potência aparente associada ao compensador é: . S γ = Pγ + jQ γ = V . I γ * = jV 2 . B γ Desta forma, Pγ = 0 e (2.12) Q γ = V 2 . B γ , e o compensador não requer potência ativa ou real. Das figuras 2.25(d) e 2.25(e) pode-se concluir que a compensação do fator de potência é total ou parcial dependendo do valor de Bγ introduzido pelo compensador. Tese de Doutorado 53 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos O valor da corrente do compensador dada por Qγ /V, se iguala à reativa da carga à tensão nominal. A carga poderá ser parcialmente compensada, isto é, Qγ < QL, ouBγ < BL e o grau de compensação é dependente de um fator econômico que relacione o custo do capital do compensador (que depende de sua potência) e o custo capitalizado para obtenção da potência reativa do sistema de alimentação por um determinado período. Como desenvolvido anteriormente, o compensador utilizado foi uma admitância fixa (ou susceptância) incapaz das variações na potência reativa requerida pela carga. Na prática, um compensador tal como aquele formado por um banco de capacitores (ou reatores) pode ser dividido em seções paralelas, cada um chaveado separadamente, tal que mudanças verificadas na potência reativa de compensação possam ser feitas de acordo com a necessidade da carga. Compensadores mais sofisticados (compensadores síncronos, ou compensadores estáticos) são capazes de variação gradual em suas potências reativas. Na seção seguinte, os efeitos das variações de tensão são examinados. Uma característica extra do compensador ideal é a de comportar-se satisfatoriamente quando ambos, a carga e os parâmetros da fonte de alimentação, variam. Será também verificado que o melhoramento do fator de potência contribui positivamente na regulação de tensão. 2.5.3.2 Regulação de tensão A regulação de tensão pode ser definida como a variação proporcional da tensão de alimentação associada a uma mudança na corrente de carga (isto é, corrente não nominal de carga para corrente à plena carga). Isto é causado pela queda de tensão na impedância da fonte que alimenta a carga. Assim sendo, se o sistema de alimentação é representado por um circuito monofásico de Thevenin como mostra a figura 2.26(a), então a regulação de tensão é dada por: (E – V) / V, sendo V o módulo do fasor referência. Tese de Doutorado 54 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Na ausência do compensador, a variação na tensão de alimentação causada . . pela corrente de carga I L mostrada na figura 2.26(b) como ∆V é: . . . . ∆V = E - V = Z S . I L . sendo Z S = R S + jX S e I L = PL - jQ L (2.13) da equação (2.10), que substituídos . V na equação (2.13) tem-se: . ∆V = ( RS + P - jQ jX S ) L . L V . (R . P + X S . Q L ) (X . P - RS . Q L ) ∆V = S L + j S L V V . . ∆V = ∆ V R + j∆ V X (2.14) . A variação de tensão possui uma componente ∆VR em fase com V , e uma . componente ∆VX em quadratura com V , como ilustra a figura 2.26(b). . . Evidentemente, ambas as intensidades, e a tensão V , relativas à tensão E , são funções da intensidade e ângulo de fase da corrente de carga, ou em outras palavras, a variação de tensão depende de ambas as potências real e reativa da . carga, notando-se na figura 2.26(b) uma maior dependência de ∆V com a . parcela ∆V R . Com a introdução do compensador em paralelo com a carga, poder-se-á obter uma redução da parcela ∆V, até mesmo E = V, isto é, uma regulação de tensão igual a zero, ou para manter constante a magnitude da tensão de alimentação a um valor E na presença da carga, como ilustra a figura 2.26(c) para um compensador com característica puramente reativa. Tese de Doutorado 55 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Uma vez que a potência reativa do compensador pode ser controlada gradualmente de um valor qualquer até o desejado, ele poderá comportar-se como um regulador de tensão, podendo ser realizado quando a amplitude da tensão é controlada e sua fase varia continuamente com a corrente de carga. Figura 2.26 – Circuito equivalente da carga e sistema de alimentação e seus diagramas fasoriais com e sem compensação (a) – Circuito equivalente da carga e sistema de alimentação (b) – Diagrama fasorial da figura 2.26(a) (sem compensação) (c) – Diagrama fasorial da figura 2.26(a) (com compensação para tensão constante) Tese de Doutorado 56 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos 2.5.3.3 Fórmula aproximada para regulação de tensão . . As expressões para ∆V R e ∆V X da equação (2.14) são às vezes dadas convenientemente de forma alternativa, como segue. Se o sistema é curtocircuitado no barramento da carga, a “potência aparente de curto-circuito”, será dada por: S SC = PSC + jQSC E2 = E I SC * = Z SC * . (2.15) . onde, ZSC = RS + jXS e I SC é a corrente de curto-circuito. Sendo: RS = ZSC cos ΦSC E2 cos ΦSC = S SC (2.16) XS = ZSC sen ΦSC E2 sen ΦSC = S SC (2.17) com tg ΦSC XS = RS (2.18) que é a relação X/R do sistema de alimentação. Substituindo as equações (2.16) . e (2.17) na equação (2.14) e normalizando ∆V R . e ∆V X . para a tensão V , e fazendo uma aproximação tal que E/V ≈ 1, tem-se: ∆VR 1 ≈ [PL cos ΦSC + QL sen ΦSC] SSC V (2.19) ∆VX 1 ≈ [PL sen ΦSC - QL cos ΦSC ] SSC V (2.20) e Tese de Doutorado 57 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos . Freqüentemente, ∆V X é ignorado pois esta componente proporciona . somente variação de fase da tensão do ponto de alimentação (relativa a E ). A . maior parte da variação de tensão portanto, é representada por ∆V R . Embora essas aproximações sejam úteis onde existem relações comuns com o nível de curto-circuito SSC, relação X/R (ou tg ΦSC ) do sistema, potências real e reativa da carga PL e QL; resultados mais precisos poderão ser obtidos multiplicando-se por (E/V)2 as equações (2.19) e (2.20). Assim as equações para . ∆V até agora têm sido escritas para variações de 0 a PL ou 0 a QL na carga. As equações (2.14), (2.19) e (2.20) são também válidas para pequenas variações em PL e QL, ou seja: 1 ∆VR = [ PL cos ΦSC + QL sen ΦSC ] S SC V (2.21) Se a resistência RS da fonte de alimentação é muito menor que a reatância XS, é permissível negligenciar as variações de tensão causadas pelas oscilações na potência real ∆PL, ou seja, a regulação de tensão passa a valer: ∆QL ∆QL ∆V ∆VR ≈ = sen ΦSC ≈ S SC S SC V V (2.22) que representa a variação ou oscilação de tensão em p.u., e é igual a relação da variação de potência reativa e o nível de curto-circuito do sistema de alimentação. Esta relação pode ser representada graficamente como mostra a figura 2.27, onde a característica da tensão do sistema de alimentação (ou linha de carga do sistema) é aproximadamente linear. . . . Tem-se ainda que da equação (2.13) ∆V = E – V , que combinada com as equações (2.21) e (2.22) obtém-se: E -V QL ≈ S SC V Tese de Doutorado ou E≈ VQL Q + V ≈ V 1 + L S SC S SC 58 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos QL 1 V ≈ QL ≈ E S SC 1+ E (2.23) S SC se QL < < SSC . A característica apresentada na figura 2.27, embora aproximada, é bastante útil para uma visualização do comportamento do compensador no sistema de alimentação para a potência reativa da carga QL indutiva e capacitiva. Figura 2.27 – Característica tensão/potência reativa aproximada do sistema de alimentação 2.5.4 CARACTERÍSTICAS APROXIMADAS DA POTÊNCIA REATIVA 2.5.4.1 Regulação de tensão para carga indutiva Neste item será analisado as características de um compensador ideal do tipo reator variável destinado a melhorar a regulação da tensão de uma carga indutiva variável, trifásica, equilibrada, com pequenas variações tais que Tese de Doutorado 59 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos ∆V < < V e RS < < XS, e nestas condições as equações aproximadas (2.22) e (2.23) poderão ser aplicadas. Seja, como exemplo, o sistema de alimentação e a carga mostrada na figura 2.28(a) cuja característica é a figura 2.28(b), mostra o comportamento da tensão E em função da potência reativa QS solicitada da fonte de alimentação quando sem compensação, apresentando uma situação particular de operação (ponto A) onde QS = QLmax. Figura 2.28 – Circuito monofásico equivalente de uma carga indutiva e a característica aproximada da tensão/potência reativa do seu sistema de alimentação (a) Circuito monofásico equivalente de uma carga indutiva a ser compensada por um compensador do tipo reator variável (b) Característica aproximada da tensão/potência reativa do sistema de alimentação da figura 2.28(a), sem compensação A característica do sistema apresentada na figura 2.28(b) é dita decrescente, pois um aumento na potência reativa QS, suprida pelo sistema, implica na diminuição da tensão no ponto de alimentação. A atuação do compensador será então no sentido de absorver mais ou menos reativos do sistema, juntamente com os reativos da carga, de tal forma a manter QS constante e conseqüentemente manter também a tensão de alimentação constante. Tese de Doutorado 60 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Substituindo QL da equação (2.23) por QS = (QL + Qγ ) tem-se: V ≈ E 1 QS S SC (2.24) ou QS ∆V ≈ S SC V (2.25) Se a potência reativa QS suprida pelo sistema vale QL + Qγ que deverá manter-se constante, como também a tensão, então numa situação particular de QS = QL MAX = constante, a tensão V vale E ( 1 - QL MAX / SSC ) como ilustra o ponto A da figura 2.28(b). Portanto, procurando manter QS = constante, qualquer diminuição de QL deverá implicar num aumento de Qγ tal que QS = QL + Qγ = constante, e vice-versa. Situações extremas poderão ser analisadas para o sistema em consideração, tais como: a) Quando QL = 0, o compensador estará totalmente incluído absorvendo QL MAX; b) Quando QL = QL MAX, o compensador estará totalmente excluído e não absorve potência reativa. Por outro lado, considerando que a tensão a ser mantida constante seja a referência e que a regulação de tensão ∆V / V seja calculada com base nesta tensão, então a regulação poderá assumir um valor igual a zero, somente quando o valor de potência reativa do compensador for igual ou exceder QL MAX . No entanto, se a potência reativa do compensador for limitada a Qγ MAX (menor que QL MAX), então quando QL = 0 o compensador absorverá QL MAX e a regulação de tensão passa a valer: Tese de Doutorado 61 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Q - Qγ MAX ∆V = L MAX V S SC (2.26) Esta situação é a apresentação na figura 2.29(a), cuja compensação é dita ser parcial, onde mostra a “melhoria” que o compensador proporciona na tensão do sistema, sendo que o máximo valor de ∆V / V causado pela variação de zero a um máximo na potência reativa do compensador vale -Qγ MAX / SSC. Seja por exemplo, para fins ilustrativos, num barramento de 10 kV com nível de curtocircuito (SSC) de 250 MVA, o menor compensador capaz de forçar uma variação de 1% na tensão, terá uma potência de 0,01. 250 = 2,50 MVA. Portanto, o mínimo compensador poderá ser escolhido, tal que -Qγ MAX / SSC proporcione uma variação de tensão permitida de ∆Vp, ou seja: Qγ MAX = QL MAX - SSC ∆Vp . V (2.27) Admitindo que Qγ MAX < QL MAX para o compensador, e que ele é ajustado de tal forma a manter QS = QL + Qγ = constante, sendo que a carga indutiva é variável, então, o compensador age como um regulador ideal de tensão, cuja característica é a da figura 2.29(b). A característica de controle do compensador da figura 2.29(b) é ajustada a um valor pré-determinado de tal forma que não havendo variação de tensão entre 0 < Qγ < Qγ MAX e se a potência QL diminui abaixo desse valor o compensador simplesmente absorve QγMAX independentemente da tensão. Uma vez estabelecido que o compensador está dimensionado para atender a uma determinada variação de tensão, como na equação (2.34), então, qualquer que seja a potência reativa da carga, a variação de tensão de alimentação não excederá ∆Vp. Tese de Doutorado 62 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.29 – Características aproximadas da tensão/potência reativa da figura 2.28(a) (a) Característica aproximada da tensão/potência reativa do sistema da figura 2.28(a) com compensação (b) Característica aproximada da tensão/potência reativa de um compensador ideal de tipo reator variável Identifica-se ainda na figura 2.29(a) dois segmentos de retas que são caracterizados como intervalos não compensados para 0 < QL < (QLMAX - QγMAX) e compensados para (QLMAX - QγMAX) < QL < QL MAX. No intervalo não compensado, o compensador absorve Qγ MAX, limitando o valor de tensão para o máximo nível permitido ∆Vp e no intervalo compensado o compensador mantém QS = constante e ∆V = 0. Uma característica típica do sistema envolvendo a potência reativa QS = QL + Qγ e a potência reativa QL solicitada pela carga é ilustrada na figura 2.30. Nesta característica observa-se que considerado anteriormente, Qγ MAX e a compensação mantendo < QL MAX como QS = constante corresponde ao intervalo QL MAX - Qγ MAX < QL < QL MAX. Tese de Doutorado 63 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.30 – Diagrama de balanço da potência reativa do sistema da figura 2.29 com compensação ilustrando a variação de QS em função da potência reativa da carga solicitada QL. 2.5.4.2 Correção do fator de potência Para obtenção simultânea de uma regulação ideal de tensão, assim como a correção do fator de potência unitário de uma carga indutiva, evidentemente necessita-se de um compensador com natureza capacitiva. Ao invés do compensador atuar no sentido de proporcionar QS = QL MAX = constante para regulação de tensão, descrito na seção anterior, o compensador para correção de fator de potência à unidade agiria de tal forma que: QS = constante = 0 (2.28) O mínimo valor da potência reativa do compensador para um ∆Vp, como mostrado anteriormente, poderá ser determinado com base na equação (2.27), e que para esta regulação de tensão (∆Vp) permitida o compensador gera uma potência reativa Qγ MAX constante. Tese de Doutorado 64 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Recorrendo novamente às características do sistema com a linha de carga apresentada pela figura 2.27, o sistema pode apresentar um ponto de operação resultante mostrado na figura 2.31. Esta operação foi obtida pela conexão no sistema de um compensador com característica capacitiva (figura 2.32) de tal forma a satisfazer a condição da equação (2.28), que é para completa compensação, ou seja, QS = 0. Figura 2.31 – Característica aproximada da tensão x potência reativa de um sistema com característica indutiva ou capacitiva, ilustrando um determinado ponto de operação com V = 1,0 p.u. A utilização do compensador com característica capacitiva ilustrada na figura 2.32 para compensação de uma carga indutiva é ilustrada na figura 2.33, tendo como primeiro propósito de compensação manter a tensão de alimentação, constante e igual a 1,0 p.u. até esgotar a capacidade máxima do compensador, ou seja, Qγ MAX, e que a partir daí a tensão de alimentação diminui até ∆Vp, atingindo o valor máximo da potência reativa (QL MAX) solicitada pela carga. Em segundo lugar (figura 2.34), o compensador atua no sentido de corrigir o fator de potência à unidade (QS = 0) até a capacidade Qγ MAX do compensador que a partir daí QS ≠ 0 até QL MAX solicitado pela carga. Tese de Doutorado 65 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.32 – Característica aproximada da tensão x potência reativa para um compensador ideal do tipo capacitivo variável Figura 2.33 – Característica aproximada da tensão x potência reativa do sistema da figura 2.28(a) compensado parcialmente na regulação de tensão. Tese de Doutorado 66 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.34 – Diagrama de balanço de potência reativa do sistema da figura 2.28, ilustrando a variação de QS em função de QL quando utilizado um compensador capacitivo para correção do fator de potência à unidade. 2.5.5 COMPENSADOR COMO UM REGULADOR DE TENSÃO Para as características de controle do compensador apresentados anteriormente nas figuras 2.29(b) e 2.32 serão aqui analisadas mais detalhadamente as seguintes grandezas: 1. Tensão Vk para o ponto de joelho, 2. Máxima potência reativa do compensador QγMAX, 3. Ganho do compensador Kγ . Define-se o ganho Kγ como a relação da variação da potência reativa Qγ pela variação da tensão V, 0 ou seja: Kγ = dQγ dV (2.29) e se a característica de controle é linear, como ilustrado na figura 2.35(b), então para Qγ < Qγ MAX tem-se: V = VK + Qγ / Kγ Tese de Doutorado (2.30) 67 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Para as características ideais das figuras 2.29(b) e 2.32 o ganho é infinito, e o compensador absorve ou fornece exatamente a quantidade necessária de potência reativa para manter constante a tensão do ponto de alimentação com a carga variável. Se forem analisadas as propriedades de regulação de tensão do compensador para um ganho de tensão (Kγ) e nível de curto-circuito (SSC) finitas, então a questão seria determinar como a tensão do ponto de alimentação varia com a carga (particularmente, com a potência reativa da carga). Valores muito altos para Kγ são raros na prática, e estes valores tendem a alterar a estabilidade do ponto de operação e tornam-se inviáveis no dimensionamento do compensador. Assim sendo, o estudo será feito em função de um ganho finito e considerando que a relação XS/RS do sistema de alimentação seja alto. Se a potência reativa é balanceada e a característica de tensão dada pelas equações: QS = QL + Qγ (2.31) e QS V ≈ E 1 S SC [Figura 2.35(a)] então, o gradiente da linha de carga que representa a sensibilidade intrínseca da tensão de alimentação para variações na potência reativa QS vale: dV E = dQS S SC (2.32) Um alto nível de curto-circuito SSC reduz, portanto, a sensibilidade da tensão, tornando-se positiva a linha de carga e o sistema é então denominado “rígido”. Tese de Doutorado 68 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos No caso de não existir compensação, Qγ = 0 e QS = QL a sensibilidade da tensão para potência reativa QL da carga é a mesma para a potência reativa QS do sistema, ou seja, vale –E / SSC . Agora no caso da compensação, usando a equação (2.29), ou seja, QL + Qγ V ≈ E 1 S SC (2.33) e que Qγ é uma função de V, a sensibilidade então será alterada. A potência reativa do compensador pode ser determinada da equação (2.30), ou seja: Qγ = Kγ (V - VK ) (2.34) Verificou-se anteriormente que um alto ganho Kγ implica em uma característica V/Q positivo, ou seja “rígido”, então por exemplo, um ganho em p.u. de 40 significa que a potência reativa do compensador variará de zero a 1 p.u. para uma variação em (V – VK) igual a 1/40 ou 0,025 p.u., sendo tomado Qγ MAX como potência reativa base e E a tensão base. A influência do compensador é determinada pela substituição de Qγ da equação (2.34) na equação (2.33), que rearranjando os termos têm-se: 1 + K . VK γ S SC V ≈ E E 1 + Kγ . S SC QL - S SC 1 + Kγ . E S SC (2.35) Esta equação mostra como a tensão V do ponto de alimentação varia com a potência reativa QL da carga na presença do compensador. Estabelecido que Qγ < QL MAX, mesmo sendo esta uma aproximação, ela mostra a influência direta dos principais parâmetros: potência reativa da carga propriamente dita, característica VK e Vγ do compensador e a característica E e SSC do sistema. Se a carga está sem compensação, tem-se Kγ = Qγ = 0, e a equação (2.35) reduz-se à equação (2.22). Portanto, o compensador apresenta dois efeitos Tese de Doutorado 69 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos aparentes: ela altera a tensão do ponto de alimentação sem carga e modifica a sensibilidade da tensão do ponto de alimentação para a potência reativa da carga. Figura 2.35 – Características aproximadas da tensão/potência do sistema de alimentação e do compensador ideal (a) Característica aproximada da tensão / potência reativa do sistema de alimentação (b) Característica da tensão / potência reativa do compensador ideal Se o ganho Kγ do compensador é positivo, então pela equação (2.35) a sensibilidade da tensão é reduzida, pois: dV = dQL E S SC 1 + Kγ . E (2.36) S SC Por exemplo, se E = 1,0 p.u e SSC = 25 p.u ( QMAX como base), então a sensibilidade da tensão sem compensação para variações da potência reativa da Tese de Doutorado 70 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos carga é (pela equação (2.36)) - 0,04 p.u. Agora com um compensador com ganho Kγ = 100 p.u esta sensibilidade (na equação (2.36)) seria reduzida para: - 0,04 - 0,04 = = - 0,008 pu 1 + 100 . 0,04 5 (2.37) A tensão do ponto de alimentação sem carga e sem compensação é expressa pelo primeiro termo da equação (2.35), bastando para isto fazer VK = E. É útil expressar o gradiente -E ⁄ SSC de forma análoga ao de Kγ: se for expresso: 1 E = KS SSC (2.38) então KS representa o “ganho” do sistema e que corresponde ao valor da potência reativa que deve ser absorvida pelo sistema, de tal forma a forçar a tensão do sistema à unidade. O fator KS, portanto é análogo ao de Kγ para o compensador, sendo que a melhoria que o compensador provoca na sensibilidade final da tensão do sistema no ponto de alimentação é evidentemente uma função da relação Kγ ⁄ KS, admitindo Qγ < Qγ MAX. É possível determinar a potência reativa do compensador para um correspondente valor de QL, rearranjando as equações (2.34) e (2.35), obtém-se: Qγ = Kγ 1+ Kγ . E S SC QL -V K E 1 S SC (2.39) e se E = VK tem-se: Qγ = Tese de Doutorado Kγ E S SC 1+ Kγ . E S SC (2.40) 71 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos 2.5.6 DIMENSIONAMENTO DOS COMPENSADORES Nas seções anteriores, foi feito um estudo dos parâmetros que influenciam na especificação de um compensador, com base na carga a ser compensada e dos dados retirados dos compensadores, com o objetivo de efetuar uma comparação entre diversos tipos, visando a uma escolha adequada. Não é o objetivo desta tese, como já é bem claro, examinar as implicações de todos estes dados. Entretanto, é conveniente introduzir, baseado naquilo que é realizado em casos práticos, as expressões adequadas ao dimensionamento [32] daquilo que é o objetivo principal: o compensador. É isto que será visto a seguir de uma forma simplificada, relacionado ao compensador estático tipo reator à núcleo saturado. • Reator saturado com capacitor paralelo Para este caso, será desenvolvido o raciocínio em conformidade com a Figura 2.36. Lembrando que este arranjo, usando o reator twin-tripler, será analisado no Capitulo VI como compensador estático tipo reator à núcleo saturado. Tese de Doutorado 72 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Figura 2.36 – Diagrama unifilar de um sistema industrial típico com compensação a reator saturado com capacitor em paralelo A potência reativa consumida por um forno a arco, usado como modelo para esta análise, flutua numa faixa entre um mínimo (QL mín = 0 na condição de circuito aberto no terminal da carga), até um certo valor máximo, QL max. Ignorando a presença do compensador, é evidente que toda a potência reativa por ela consumida deve ser suprida pela concessionária, isto é: QS = QL (2.41) onde QS é a potência vinda do sistema externo (concessionária) e QL é a potência absorvida pela carga. Quando isto ocorre, a variação máxima da tensão no barramento, com relação à tensão nominal, será dada por: ∆Vmax Q Q = L = S V S SC S SC Tese de Doutorado (2.42) 73 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos Considerando agora a presença do compensador no sistema, vem que, pelo seu princípio de operação, para qualquer estado da carga, é válido afirmar: QR + QL = cte = QRO (2.43) onde QR é a potência absorvida pelo reator saturado. De um modo geral, se o compensador não fornece uma potência de 100% daquela máxima solicitada pela carga, então uma parcela de reativos deverá ser suprida pela rede externa. Esta parcela será a responsável pela queda de tensão no barramento consumidor, ∆V = ∆Vmax, pré-estabelecida para a especificação. Desta forma, conclui-se que a potência nominal do reator deve ser: QRN = QL max - QS = QL max ∆Vmax S SC V (2.44) Para o dimensionamento do banco de capacitores fixos, deve-se considerar a potência ativa média (ou nominal) PL consumida pela carga, e o fator de potência (cos φ), que se deseja obter. Neste caso, com o forno consumindo a potência PL, o objetivo é obter: QR = PL sen φ = PL tg φ cos φ (2.45) Como, da figura 2.36, a cada instante: QR = QS + QL - QC , vem: QC = QS + QL - QR Mas, num momento qualquer, a soma QS + QL deve resultar em –QS. Disto, vem: QC = -QS - PL tg φ Tese de Doutorado (2.46) 74 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos 2.5.7 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO DE UM COMPENSADOR ESTÁTICO TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO Seja um sistema industrial com nível de tensão de 10 kV e nível de falta de 225 MVA no P.A.C., alimentando uma carga intermitentemente variável. A potência reativa absorvida pela carga varia entre zero e 41 MVAr durante um programa de trabalho ordinário de 1h e, excepcionalmente, atinge 53 MVAr por menos de 1s. A potência ativa é em média 25 MW. As variações de tensão num programa normal de trabalho não devem ultrapassar 4% e, para que seja garantido um bom funcionamento da usina, também não deve ultrapassar os 10% nas ocasiões excepcionais. Deseja-se obter ainda um fator de potência não inferior a 0,9. Calcular os MVAr adequados do compensador. • Reator saturado Da expressão (2.44) vem, para o estabilizador: QR = QLmax - ∆Vmax S SC V ou: QR = - (41 - 0,04 x 225) = - 32 [MVAr] Na máxima flutuação excepcional de carga, virá: ∆V QEX + QR 53 - 32 = = = 9,3% V S SC 225 que está ainda dentro do máximo limite admissível, de 10%. Para a parte fixa, da equação (2.46), resulta: Tese de Doutorado 75 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos QC = -QS - PL tg Φ = 32 – 25 tg [cos-1 (0,9)] ou QC = 19,9 [MVAr] 2.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente capítulo, de caráter informativo, foi desenvolvido no sentido de proporcionar uma visão geral a respeito do tema compensação estática. Para tanto, inicialmente foram apresentados os problemas atuais relacionados com a expansão e controle de sistemas elétricos de potência, juntamente com exemplos simplificados ilustrando a necessidade de aplicação da filosofia de compensação. Com o objetivo de verificar os benefícios alcançados pelos processos de compensação, tanto paralelo quanto série, utilizados pelos equipamentos compensadores, foram discutidos três recursos, com características ideais, empregados no controle dos parâmetros determinantes no transporte de energia, a saber: magnitude das tensões terminais, impedância equivalente e ângulo de carga. Destas análises constatou-se que, os compensadores paralelos e série atuam como mecanismos de alteração da “impedância equivalente ou efetiva da linha”, possibilitando o aumento da capacidade de transmissão da mesma. Por outro lado, observou-se que os defasadores controlam o ângulo entre as tensões nos terminais da linha, melhorando a estabilidade dos sistemas e, conseqüentemente, proporcionando carregamentos a ângulos de transmissão maiores que 90º. Outro propósito deste capítulo foi fazer um levantamento e apresentar as características, de maneira sucinta, dos equipamentos utilizados na filosofia da compensação, com o objetivo de identificar a área de pesquisa desta tese. Nesse contexto, pertencendo a uma primeira geração de compensadores, pode-se citar os dispositivos eletromagnéticos e os baseados em tiristores convencionais, Tese de Doutorado 76 Capítulo II – Introdução aos Compensadores Estáticos e Aspectos Gerais da Compensação de Reativos em Sistemas Elétricos quais sejam: CERNS, RCT, CCT e CE para compensação paralela, TSSC e TCSC para compensação da reatância série e os transformadores defasadores. Ainda, compondo a geração dos compensadores avançados, baseados em conversores de potência, encontram-se dispositivos do tipo ASVC para compensação paralela, ASC para compensação série e UPFC, o qual efetua o controle do fluxo de potência de maneira unificada. Isso posto, ressalta-se que, apenas nos capítulos subseqüentes é que será tratado, de forma detalhada, o compensador estático tipo reator à núcleo saturado (CERNS), contemplando aspectos como: funcionamento físico, modelagem matemática, implementação computacional no simulador SABER e ensaio laboratorial e desempenho perante uma rede de energia com distúrbios associados com a perda de qualidade do sistema elétrico. Finalmente foram descritos também aspectos da compensação de reativos, evidenciando os principais objetivos e as necessidades da introdução dos compensadores nos sistemas elétricos. Bem como, foi tratada a sistematização dos dados necessários à especificação do CERNS. Uma vez alcançados os objetivos propostos, as principais contribuições oferecidas por este capítulo são listadas a seguir: • apresentação sobre a evolução dos compensadores estáticos; • conceituação física sobre os arranjos e estratégias de compensação; • verificação dos benefícios alcançados pelos processos de compensação, tanto paralela quanto série, proporcionada pelos compensadores estáticos; • aspectos gerais da compensação de reativos em sistemas elétricos. Tese de Doutorado 77 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente CAPÍTULO III ANÁLISE DO REATOR À NÚCLEO SATURADO EM REGIME PERMANENTE 3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS De um modo geral, a implantação de compensadores estáticos a reator à núcleo saturado (CERNS) em um sistema de potência deve ser precedida por estudos e avaliações computacionais, para que o equipamento seja dimensionado e ajustado corretamente. Para tanto, faz-se necessário o conhecimento detalhado dos seus princípios físicos de funcionamento e a tradução destes em modelos matemáticos os quais, na seqüência, geram rotinas nos programas computacionais. É pois dentro deste contexto que se insere a presente etapa desta pesquisa, voltada para a obtenção de um modelo matemático, no domínio do tempo, objetivando retratar a operação do reator à núcleo saturado que é o principal componente do CERNS. Inicialmente, vale lembrar que, em contraste com o reator linear, o reator saturado tem seu núcleo de forma fechada como o de um transformador (podendo mesmo ter sido um deles originalmente) sem enrolamento de potência no secundário. A diferença é que os transformadores não saturam à tensão de operação e têm corrente de magnetização muito pequena em relação à corrente Tese de Doutorado 78 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente nominal. Por outro lado, os reatores saturados são projetados para atingirem a saturação na tensão de operação, tendo, portanto, que suportar correntes de magnetização bem mais elevadas. A não linearidade da curva B x H do material constituinte do núcleo magnético do reator é que determina a operação do mesmo. Enquanto a saturação não é atingida, a indutância apresentada pelo reator é alta e a corrente é baixa. Após a saturação a indutância cai, permitindo o aumento da corrente. Devido a não-linearidade fortemente presente na operação de núcleos magnéticos, nas análises de operação dos reatores saturados, monofásicos e trifásicos, será demonstrado que o alto conteúdo harmônico das suas correntes de alimentação restringem a sua aplicabilidade em sistemas de potência. No entanto, no decorrer desta pesquisa mostrar-se-á que, através do aumento do número de unidades magnéticas e da interconexão dessas unidades com enrolamentos especiais de bobinas, é possível cancelar determinadas ordens harmônicas. Do exposto segue que o presente capítulo tem por objetivo: • estabelecer os princípios físicos e operacionais que norteiam o equipamento enfocado na pesquisa; • obter modelos matemáticos para futura incorporação computacional; • esclarecer sobre os aspectos relacionados com a geração de harmônicos e diretrizes para sua compensação. 3.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO REATOR MONOFÁSICO A título de simplificação, a não-linearidade de um material magnético pode ser idealizada na forma de uma curva de saturação que se faz representar por um par de linhas retas. A figura 3.1(a) ilustra esta consideração. Isto faz com que as Tese de Doutorado 79 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente duas regiões de correntes sejam equivalentes às duas inclinações. Admitindo ainda uma outra hipótese simplificadora, a qual se fundamenta no fato que, abaixo do ponto onde se inicia a saturação, a impedância do reator é suposta como infinita, então a curva de saturação será aproximada pela curva (1) indicada na figura 3.1(b). Nestas condições a forma de onda da corrente relacionada com o funcionamento do reator se fará na forma de pulsos, os quais iniciam sua formação tão logo se atinja o ponto de saturação e encerram quando o funcionamento determina uma magnetização abaixo do referido ponto[24]. Se um circuito série simples, como o mostrado na figura 3.2(a), é usado, a corrente, terá a forma de pulsos negativos e positivos discretos, com amplitude e forma determinadas pela tensão de linha e(t) e pela impedância externa. Dentro do exposto, as análises a serem feitas na seqüência utilizarão as seguintes hipóteses simplificadoras: (i) o núcleo do reator não possui histerese, ou seja, a não-linearidade se faz representar por linhas singulares e não laços; (ii) a indutância do reator tem somente dois valores: infinita na região de pré-saturação e zero na região de saturação; (iii) toda resistência do reator é desprezada. Figura 3.1 – Aproximações usando segmentos de reta para a curva de saturação: (a) Impedância elevada abaixo da região de saturação e impedância não nula na região de saturação; (b) Impedância infinita abaixo da saturação, impedância não nula (curva 1) e impedância nula (curva 2) na região de saturação. Tese de Doutorado 80 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Figura 3.2 – Circuito série simples com o reator saturado (a) Diagrama esquemático; (b) Curva não linear do núcleo magnético assumido; (c) Formas de ondas da tensão, corrente e fluxo aplicado. Tese de Doutorado 81 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Utilizando as figuras anteriores, procede-se à obtenção do modelo matemático propriamente dito para o reator saturado, com vistas à obtenção das equações que expressam a dependência das correntes com os distintos parâmetros que regem a operação do equipamento. 3.2.2 FORMULAÇÃO GENÉRICA A operação do circuito básico da figura 3.2(a), para um caso geral de impedância externa, é representada pelas equações diferenciais a seguir[24]: N Le dϕ = e(t) = dt 2 E sen ωt di(t) + Re i(t) = dt 2 E sen ωt (3.1) (3.2) onde: N – número de espiras do reator; e(t) – tensão de linha aplicada ao reator; Le – indutância externa do sistema; Re – resistência externa do sistema; i(t) – corrente do sistema. A equação (3.1) é aplicada à região de pré-saturação e a equação (3.2) à região de saturação. Supondo-se a operação em regime permanente e sendo θ1 é o ângulo no qual a corrente atinge zero após um pulso de corrente negativa e θ2 o ângulo no qual o próximo pulso de corrente positiva inicia-se, então o pulso de corrente positiva continuará até π+θ1, como mostrado na figura 3.2(c). Resolvendo a equação (3.2) quando é aplicada a tensão 2 E sen ωt no ângulo de fase θ2, a expressão deduzida para a corrente é: Tese de Doutorado 82 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente 2E sen (ωt - β) + I t Ze i(t) = e Re (ωt - θ2 ) ωLe (3.3) Onde: Ze = Re 2 + (ωLe )2 ωL β = tg -1 e Re (3.4) (3.5) As condições das duas correntes são que i(t) deve ser zero para θ2 e π+θ1. Assim, substituindo ωt = θ2 em (3.3), tem-se: It = - 2E sen (θ2 - β) Ze (3.6) Sendo ωt = π +θ1 em (3.3), tem-se: It e Re (π + θ1 - θ2 ) ωLe 2E sen (π + θ1 - β) Ze = - (3.7) Se d ϕ = AdB , onde A é a área da seção transversal por onde passa o fluxo, a equação (3.1) fornece: dB 2E = sen ωt dt AN (3.8) Integrando a equação (3.8), tem-se: 2E B = ki + ANω ∫ nt senωt dωt (3.9) nti A equação anterior mostra que o valor instantâneo da densidade de fluxo é igual à densidade do fluxo inicial (ki) adicionada da integral da tensão aplicada no intervalo considerado. Se ki = -BS, então: Tese de Doutorado 83 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente 2E B = - BS + ANω ∫ ωt senωt dωt (3.10) θ1 No instante do disparo B = + BS e ωt = θ2 2E Bs = - Bs + ANω ∫ θ2 senωt dωt (3.11) θ1 Da equação (3.11) tem-se: Bs = - Bs + 2E ( cos θ1 - cos θ2 ) ANω Bs = - Bs + Bm ( cos θ1 - cos θ2 ) 2Bs = Bm ( cos θ1 - cos θ2 ) cos θ1 - cos θ2 = 2Bs Bm cos θ1 - cos θ2 = 2m (3.12) Bs Bm (3.13) 2E ANω (3.14) onde: m= Bm = A equação (3.12) representa a terceira condição: que a troca de densidade de fluxo em passar de θ1 para θ2, tem de ser igual a duas vezes a densidade de fluxo de saturação BS. A quantidade m representa também a proporção de tensão necessária para que o núcleo à saturação alcance a tensão aplicada exata. Substituindo a equação (3.6) na equação (3.3), obtêm-se: i(t) = Tese de Doutorado 2E sen (ωt - β) Ze -Re (ωt - θ2 ) 2E ωLe θ β e ( 2 ) Ze 84 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente i(t) = 2E Ze -Re (ωt - θ2 ) ωLe sen (ωt - β) - sen ( θ2 - β ) e (3.15) E substituindo a equação (3.6) em (3.7), tem-se: Re (π + θ1 - θ2 ) - 2E - 2E ωLe sen (θ2 - β) e = sen (π + θ1 - β) Ze Ze sen (θ2 - β) e -Re (π + θ1 - θ2 ) ωLe = - sen (π + θ1 - β) (3.16) O ângulo θ2, até então desconhecido na equação (3.15), pode ser calculado usando as equações (3.12) e (3.16). Para valores de ωt entre θ2 e π +θ1 a expressão (3.15) determina um pulso de corrente positiva. As equações (3.12) e (3.16) também podem ser expressas em termos do ângulo de condução θc, onde: θc = π + θ1 - θ2 (3.17) Expressando θ1 em termos de θ2 e θc, a equação (3.16) fornece: sen (θ2 - β) e -Re θc ωLe = sen θc + ( θ2 - β ) (3.18) Desenvolvendo a expressão (3.18), dividindo-a por cos(θ2 - β) e resolvendo para tg(θ2 - β) obtém-se: sen θc tg ( θ2 - β ) = e -Re θc ωLe (3.19) - cos θc assim, sen θc θ2 = β + tg -1 -Re θc e ωLe - cos θ c Tese de Doutorado (3.20) 85 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Substituindo (3.20) em (3.15) obtém-se: 2E sen θc -1 i(t) = sen(ωt-β)-sen tg -Re Ze θc e ωLe - cosθc -Re sen θc −1 ωt- β-tg -Re ωLe ωL θc e e - cosθc e (3.21) Esta equação é uma solução geral para a corrente correspondente a qualquer ângulo de condução. Expressando θ1 em termos de θ2 e θc na equação (3.12) e depois substituindo a equação (3.20) na equação (3.12), obtém-se: -1 cos β + tg sen θc -1 + cos β + θc + tg Re θc ωLe e - cosθc sen θc = - 2m (3.22) Re θc e ωLe - cosθc Esta equação correlaciona o valor da tensão aplicada com o correspondente ângulo de condução dado. O ângulo θ0 é o ângulo no qual o valor instantâneo da densidade de fluxo vem de -BS para zero. Este pode ser também calculado através da equação (3.10). Para θ0, ter-se-á B = 0. 2E 0 = - BS + ANω ∫ θ0 senωt dωt θ1 θ0 = cos -1 ( cos θ1 - m ) Tese de Doutorado (3.23) 86 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Supondo-se que a tensão de linha é suficiente para saturar o reator a núcleo saturado, as formas de onda para um ciclo típico em regime permanente da tensão de linha e(t) são mostradas na figura 3.3. A equação (3.21) está graficamente representada na figura 3.3(d). Figura 3.3 – Formas de onda para o caso geral da impedância externa (sistema) parcialmente indutiva e parcialmente resistiva e reator puramente indutivo: (a) Tensão aplicada e fluxo do reator saturado; (b) Tensão nos terminais do reator saturado; (c) Tensão nos terminais da impedância externa; (d) Corrente no circuito; Tese de Doutorado 87 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente 3.2.3 CASOS ESPECIAIS Conforme devidamente esclarecido, as formulações anteriores foram desenvolvidas de forma a contemplar uma situação operacional para o reator que representasse a condição mais genérica possível. Entretanto, visto que alguns sistemas possuem particularidades que podem implicar em substanciais simplificações para os resultados, considerar-se-á, na seqüência, alguma destas hipóteses. 3.2.3.1 Impedância externa puramente indutiva (Re = 0) Para Re = 0, a equação (3.5) fornece β = π e a equação (3.16) fica: 2 π π sen θ2 = - sen θ1 2 2 θ2 = π - θ1 (3.24) Enquanto as equações (3.15) e (3.21) fornecem: i(t) = 2E π π sen ωt sen θ 2 ωLe 2 2 (3.25) Substituindo a equação (3.24) em (3.12): π sen θ2 - = m 2 (3.26) Utilizando a equação (3.26) e (3.25), obtém-se: i (t) = 2E π sen ωt - - m ωLe 2 (3.27) As equações (3.24) e (3.26) na equação (3.23) fornecem: Tese de Doutorado 88 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente π θ0 = cos -1 cos ( π - θ2 ) - sen θ2 - 2 θ0 = π 2 (3.28) As equações (3.24) e (3.26) fornecem expressões explícitas para θ1 e θ2 e a equação (3.27) expressa o pulso positivo da corrente de θ2 a θ1 + π. A figura 3.4 mostra as mesmas formas de onda da figura 3.3 para o caso da impedância externa puramente indutiva. Tese de Doutorado 89 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Figura 3.4 – Formas de ondas para o caso de impedância externa puramente indutiva e reator puramente indutivo (a) Tensão aplicada e fluxo do reator saturado (b) Tensão nos terminais do reator saturado (c) Tensão nos terminais da impedância externa (d) Corrente no circuito Tese de Doutorado 90 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente 3.2.3.2 Impedância externa puramente resistiva (ωLe = 0) Este item e o próximo têm por finalidade analisar a relação entre tensão do sistema e a corrente no reator durante a saturação, quando as características do sistema ao qual o reator encontra-se conectado apresentam-se com predominância resistiva. Sob tais condições, verifica-se que, diferentemente do ocorrido no item 3.2.3.1 onde as correntes estão defasadas de 90° das respectivas tensões, as novas correntes estarão praticamente em fase com a tensão, como mostra a figura 3.5. Do exposto segue que, para ωLe = 0, caso este raramente encontrado em sistema reais, a equação (3.5) fica com o ângulo da impedância β = 0 e a equação (3.16) fornece: sen ( π + θ1 ) = 0 θ1 = 0 (3.29) Enquanto as equações (3.15) e (3.21) conduzem a: i(t) = 2E sen ωt Re (3.30) Combinando a equação (3.29) com as expressões (3.12) e (3.23): θ2 = cos -1 ( 1 - 2π ) (3.31) θ0 = cos -1 ( 1 - π ) (3.32) A equação (3.30), por conseguinte, expressa o pulso positivo da corrente de θ2 a π + θ1. A figura 3.5 mostra as formas de ondas para este caso. Tese de Doutorado 91 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Figura 3.5 – Formas de ondas para o caso de impedância externa puramente resistiva e reator puramente indutivo (a) Tensão aplicada e fluxo do reator saturado (b) Tensão nos terminais do reator saturado (c) Tensão nos terminais da impedância externa (d) Corrente no circuito Tese de Doutorado 92 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente 3.2.3.3 Impedância externa quase puramente resistiva (Re >> ωLe) Se Re for considerado grande o suficiente para tornar o valor da exponencial na equação (3.16) aproximadamente zero, então: sen ( π + θ1 - β ) = 0 θ1 = β (3.33) Das equações (3.33) e (3.12), obtém-se: cos β - cos θ2 = 2m θ2 = cos -1 ( cos β - 2m ) (3.34) As equações (3.15) e (3.21), para este caso, fornecem: i(t) = 2E sen (ωt - β) Ze (3.35) Das equações (3.33) e (3.23), tem-se: θ0 = cos -1 ( cos β - m ) (3.36) Para este caso as equações (3.33), (3.34) e (3.36) fornecem expressões explícitas para θ1, θ2 e θ0 e a equação (3.35) expressa o pulso positivo da corrente de θ2 a π + θ1. 3.3 REATORES TRIFÁSICOS Através das formas de onda anteriormente derivadas, pode-se, por mera inspeção, constatar uma forte distorção das correntes, quando comparadas à forma senoidal ideal. De fato, as correntes obtidas revelam a presença de todas as componentes de ordem impar (3,5,7,9,11,13,.....). Disto desprende que um reator saturado monofásico, embora capaz de promover a compensação de Tese de Doutorado 93 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente reativos e controlar a tensão, tem como forte propriedade a desvantagem de introduzir apreciáveis níveis de correntes harmônicas no sistema ao qual se encontra conectado. Objetivando atenuar tais efeitos negativos, neste item são descritas várias configurações de dispositivos trifásicos, visando reduzir o conteúdo harmônico das correntes. O dispositivo trifásico mais simples consiste de 3 (três) reatores saturados monofásicos conectados em estrela e com o ponto comum ligado ao neutro, conforme mostra a figura 3.6(a). Neste caso o arranjo pode ser visto como 3 (três) circuitos básicos independentes e, a corrente em cada fase obedece ao anteriormente estabelecido para o reator monofásico. Nestas circunstâncias, as mesmas componentes ímpares se manifestam nas formas de onda para cada fase, não trazendo, pois qualquer ganho em relação à meta almejada. Todavia, a mera desconexão do neutro do reator (ou terra) do sistema resulta em expressivos ganhos, como se verá na seqüência. Esta configuração está atrelada ao arranjo da figura 6(b). Figura 3.6 – Reatores trifásicos (a) Ponto comum-estrela conectado ao neutro (b) Ponto comum-estrela não conectado ao neutro Utilizando-se o diagrama do circuito da figura 3.6(b), isto é, o ponto comum-estrela não é conectado ao neutro, os harmônicos triplos são excluídos pelo sistema trifásico. Cada unidade opera sobre as mesmas leis físicas, como Tese de Doutorado 94 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente uma unidade isolada, mas restritas por condições de limite. A tensão trifásica fornecida, para fins das análises e constatações feitas a seguir, deve ser considerada equilibrada e com valor suficiente para levar as unidades à saturação. Dentro destas hipóteses, as unidades do reator não são saturadas, a cada vez, por um período de 180º / 3 = 60º, o qual ocorre 2 (duas) vezes em cada ciclo da freqüência de linha, mas são saturadas no restante do ciclo. O grupo assim formado provocará correntes polifásicas com harmônicas da ordem n= (6K ± 1) = 5, 7, 11, 13, ... A operação na metade do ciclo da freqüência de linha é ilustrada de forma simplificada na figura 3.7. Os intervalos têm duração de 60°. No intervalo (I), o núcleo A não está saturado, não existindo, portanto qualquer corrente. Contudo, neste mesmo período existirá corrente através dos enrolamentos dos núcleos saturados B e C. A corrente é limitada somente pela indutância do sistema. Durante o intervalo (II), os núcleos A e B estão saturados e experimentam corrente, enquanto que o núcleo C não está saturado. No intervalo (III), no núcleo A continua a passar corrente, mas a trajetória de retorno transfere-se para o núcleo C, agora saturado. E assim por diante... A figura 3.8 mostra as formas de onda da corrente e tensão em um ciclo da freqüência de linha, que correspondem aos intervalos mostrados na figura 3.7. Durante o intervalo (I), os núcleos B e C estão saturados, enquanto que o núcleo A não está saturado. A tensão fase-fase VBC é aplicada sobre a indutância do sistema das fases B e C, de modo que o ponto comum-estrela x do reator assume o potencial médio de VBN e VCN, como mostrado nas figuras 3.7 e 3.8. Tese de Doutorado 95 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Figura 3.7 – Estado magnético das unidades e fluxo de corrente da operação nos 3( três) intervalos, para o caso do ponto comum-estrela flutuante Figura 3.8 – Formas de onda de corrente e tensão do reator trifásico com ponto comumestrela flutuante Tese de Doutorado 96 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente O núcleo A não está saturado e assim absorve a tensão aplicada entre o terminal da fase A e o ponto comum-estrela x para o intervalo. Sendo limitada pela indutância do sistema, a corrente flui do terminal C para o B como ilustrado na figura 3.7 com a forma de onda mostrada na figura 3.8. No final do intervalo (I), o núcleo A satura enquanto que o núcleo C fica não saturado. A corrente transfere-se do enrolamento do núcleo C para o núcleo A, enquanto a corrente permanece no enrolamento do núcleo B. Durante o intervalo (II), o núcleo C absorve a tensão aplicada entre o terminal da fase C e o ponto comum-estrela x, enquanto a tensão VAB impulsiona a corrente iA através das indutâncias das fases A e B do sistema. A operação cíclica continua através de seis intervalos de 60° graus para o ciclo de freqüência da linha. 3.4 REATORES DE SEIS UNIDADES 3.4.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS Conforme destacado anteriormente, um dos principais problemas associados com a operação dos reatores saturados está no elevado conteúdo harmônico da sua corrente. Por este motivo, a busca por soluções que venham a reduzir os níveis das distorções harmônicas constitui-se em um tema de extrema relevância para o domínio desta tecnologia. Em consonância com as experiências passadas, reportadas em artigos próprios à área, reconhece-se que um reator de 6 (seis) unidades (ou colunas magnéticas), formado por dois arranjos físicos de reatores trifásicos, constitui-se numa boa medida para se atingir a estas metas. Estas duas estruturas físicas podem, ainda, serem conectadas em série ou paralelo, com cada unidade operando sob as mesmas leis físicas que uma unidade isolada, respeitadas suas condições de limite, as quais dependerão das disposições dos enrolamentos de Tese de Doutorado 97 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente cada unidade e do tipo de conexão usado. No entanto, é certo dizer que o fluxo em cada unidade e, conseqüentemente, a fem em cada enrolamento, para todas as unidades, serão portadoras de componentes harmônicas de ordem (6K ± 1) = 5, 7, 11, 13, 17, ..., Esta situação, como se sabe, assume que o ponto comumestrela ou os pontos do reator não são conectados ao neutro do sistema de suprimento, e que, a tensão aplicada é elevada o suficiente para levar os núcleos à saturação. Fixando como meta a eliminação ou redução das componentes harmônicas de linha de ordem 5° e 7°, pode-se, à principio, imaginar duas soluções. Para o caso da conexão em série a solução consiste em eliminar tais componentes em cada um dos reatores trifásicos que perfazem o conjunto de 6(seis) unidades. Para o caso da conexão em paralelo, a estratégia consiste em manter as harmônicas em cada uma das unidades trifásicas individuais e processar o cancelamento quando da interligação das mesmas, fato este que se dera através de um mecanismo de defasagem angular entre os equipamentos. É, pois dentro deste cenário que se concentra o presente item, qual seja, a conceituação, a análise, a modelagem e os estudos de desempenhos de mecanismos para o cancelamento de harmônicos produzidos pelos almejados dispositivos fundamentados na saturação de reatores. 3.4.2 CONEXÕES SÉRIE E PARALELA Objetivando atender aos propósitos supra mencionados, pode-se reconhecer várias possibilidades de disposições de enrolamentos que asseguram a operação simétrica das unidades. Uma delas consiste no uso de dois enrolamentos zig-zag com ângulo de 30° entre eles, conectados em série ou paralelo, como ilustrado na figura 3.9. A técnica da compensação angular encontra forte sustentação nas soluções clássicas empregadas pela eletrônica de potência para a obtenção de sistemas retificadores de 12 pulsos, quando são exigidas duas unidades retificadoras supridas através de transformadores defasados de 30°. Tese de Doutorado 98 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Figura 3.9 – Esquema de conexão de um reator de seis unidades (a) Conexão série (b) Conexão paralela De modo a proporcionar a almejada defasagem de 30°, os enrolamentos são projetados de acordo com o diagrama fasorial da figura 3.10(a), ou seja, com uma razão de espiras N 2 N = 0,366 , assegurando assim uma família de 6 (seis) 1 ondas das fmm’s (forças magnetomotrizes) deslocadas de 30° uma da outra, utilizando um conjunto de correntes trifásicas equilibradas. A fmm em cada núcleo é a soma das fmm’s nos enrolamentos daquele núcleo. Assim sendo, F1 será, por exemplo, dado pela soma de N1 .I A , em fase com a corrente na fase A, com N 2 .IC , em oposição de fase com a corrente na fase C. O diagrama fasorial dos fluxos é exatamente o mesmo, mas atrasado de 90°, como mostra a figura 3.10(b). Tese de Doutorado 99 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Figura 3.10 – Diagrama fasorial do reator de 6 (seis) unidades (a) fmm’s (b) Fluxos (c) Tensão de fase para o ponto comum-estrela na conexão série (d) Tensão de fase para o ponto estrela-comum na conexão paralela A componente fundamental, assim como os componentes harmônicos de ordem 5º e 7º da tensão entre a fase A e o ponto comum-estrela (ou pontos) são mostrados na figura 3.10(c) e (d) para as conexões série e paralela, Tese de Doutorado 100 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente respectivamente. Para a conexão série, por exemplo, a tensão VAX é a soma das ( ) dϕ fmm’s da forma N dt nos enrolamentos a, b, c, e d indicados na figura 3.9(a). Considerando a corrente IA como referência, a componente fundamental da tensão Va = N1 dϕ1 dt está adiantada de 90° de Φ1, por conseguinte, em fase com F1 e atrasada 15° de IA. O 5º e o 7º harmônico desta tensão estão atrasados de IA por 15° x 5 = 75° e 15° x 7 = 105° de IA, respectivamente. A componente fundamental da tensão Vb = N 2 dϕ 2 dt está em oposição fase com F2 e por conseguinte adiantada de 45° de IA e o 5º e o 7º harmônicos estão adiantados de 45° x 5 = 225° e 45° x 7 = 315° de IA, respectivamente. O mesmo procedimento pode ser aplicado às outras tensões. Do exposto segue que o 5º e o 7º harmônico de tensão são nulos na conexão série, e o mesmo ocorrendo com as correntes no reator e nas linhas. Na conexão paralela as tensões do reator apresentam o 5º e o 7º harmônico, sendo que um desempenho similar se observa para as correntes do reator. No entanto, estes harmônicos estão em oposição fase em cada zig-zag, e, por conseguinte, cancelam-se na interligação. As correntes de linha não apresentam, portanto, o 5º e o 7º harmônico. 3.5 REATOR TWIN-TRIPLER: CIRCUITO EQUIVALENTE E ANÁLISE DE DESEMPENHO Este item é dedicado ao estudo operativo do arranjo magnético conhecido por Twin-tripler. O termo Twin-tripler corresponde ao nome dado comercialmente para o reator de 6 (seis) unidades, composto por 2 (dois) enrolamentos zig-zag, com ângulo de 30° entre eles e, conectados em série. O arranjo físico para esta versão de reator saturado e o correspondente diagrama fasorial das forças magnetomotrizes foram mostradas nas figuras 3.9 Tese de Doutorado 101 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente (a) e 3.10 (a). Uma outra forma para a visualização de sua operação pode ser feita através do circuito mostrado na figura 3.11. Nesta, XS representa a indutância do sistema supridor, por fase. Considerando que a tensão trifásica está equilibrada e elevada o suficiente para levar as unidades do reator à saturação, durante meio ciclo da freqüência de linha, o reator twin-tripler passa por uma seqüência operativa através da qual cada unidade passa por estágios seqüências de não-saturação e saturação. No período de uma metade do ciclo, todos os fluxos nos núcleos deslocam-se de -ΦS para +ΦS, pois os núcleos ficam não saturados. Durante a metade do ciclo seguinte, os núcleos não são saturados em seqüência e os fluxos deslocam-se de +ΦS para -ΦS para restaurar o estado inicial. Durante o tempo em que o núcleo está saturado, isto ocorre para qualquer das duas condições +ΦS ou -ΦS, pelas correntes nos seus enrolamentos e sua indutância é nula. Os modos operativos do reator saturado nos 6 (seis) intervalos de meio ciclo são mostrados nos circuitos equivalentes na figura 3.12. A unidade não saturada, em cada intervalo, deve absorver a maior parte da tensão da fonte trifásica nesse intervalo. O restante da tensão é absorvido como queda de tensão na indutância do sistema. Como todas as unidades têm 2 (dois) enrolamentos, as forças magnetomotrizes criadas pelas 2 (duas) correntes no período não saturado produzem fmm’s equilibradas em zero. Tese de Doutorado 102 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Figura 3.11 – Diagrama do circuito do reator twin-tripler Tese de Doutorado 103 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Figura 3.12 – Circuitos equivalentes ao reator twin-tripler em cada intervalo de meio ciclo Durante o intervalo I a Unidade 1 não está saturada para 30°. As correntes não têm valor igual a zero, mas devem satisfazer a condição N1.iA = N2.iC, ou seja, iA = 0,366 iC, para produzir zero ampére-espiras no núcleo da Unidade 1. Portanto, iB = -1,366 iC durante o intervalo. Se os 2 (dois) enrolamentos da Unidade 1 não são iguais, tensões proporcionais ao número de espiras devem aparecer nos enrolamentos com respeito aos pontos de polaridade. As tensões são mostradas pelas áreas marcadas na figura 3.13. O enrolamento na fase A absorve a área superior limitada por VA, enquanto que o enrolamento da fase C absorve a área inferior limitada pela tensão VC. A linha que separa as 2 (duas) áreas representa a tensão entre o ponto comum-estrela x e o neutro do sistema. Esta, corresponde a parte da tensão da forma -a cos (ωt – 15º), considerando ωt = 0 o início do intervalo I, e atinge a tensão VB em ωt = 15º. A corrente iB é determinada pela tensão VBX, a qual é mostrada na figura 3.13 e é a parte da tensão da forma -b sen (ωt – 15º). O efeito desta na indutância do sistema é de produzir o pulso unidirecional da corrente da forma Tese de Doutorado 104 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente - b cos ωt - 15 o . As correntes iA e iC são então, respectivamente, -0,366 1,366 Xs ( ) e -1 1,366 de iB. Os intervalos subseqüentes seguem a seqüência das correntes e formas de onda mostradas, respectivamente, nas figuras 3.12 e 3.13; cada unidade usa intervalos de tempo próprios para absorver a maior parte da tensão da fonte trifásica e estabelecer a distribuição de corrente de seu intervalo. As correntes aproximam-se de um conjunto trifásico com harmônicos de ordens mais altas. Figura 3.13 – Formas de onda de tensão e corrente das unidades do twin-tripler Tese de Doutorado 105 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente 3.6 ANÁLISE MODAL Um outro método para os estudos de reatores saturados, baseado nas referências [5],[24] e [6] foi também considerado para os trabalhos de investigação operacional do dispositivo. O procedimento consiste basicamente da determinação dos diferentes modos de operação do reator saturado durante meio ciclo da freqüência de linha e do estudo das equações que regem cada um dos modos de operação. Com estas equações é possível conhecer e determinar as formas de onda exatas para todas as tensões e correntes no reator durante cada modo e, por conseguinte, durante um ciclo completo da freqüência de linha. 3.6.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO MÉTODO Considerando o reator twin-tripler representado pelo circuito equivalente da figura 3.11, é possível escrever um conjunto de equações que regem seu comportamento. Para tanto supõe-se que a tensão de suprimento trifásica está equilibrada. Se o ponto comum-estrela do reator saturado não está conectado ao neutro do sistema e ωL é a reatância do sistema, então é possível afirmar que: a tensão entre cada fase do suprimento e o ponto comum-estrela é igual à queda de tensão na reatância do sistema mais a tensão estabelecida nas unidades não saturadas do reator. Considerando a tensão na fase A como referência têm-se: V cos θ - Vx = L ( ) diA dϕ dϕ + N1 1 + 4 - N 2 dt dt dt V cos θ - 120 o - Vx = L ( ) dϕ diB dϕ + N1 2 + 5 - N 2 dt dt dt V cos θ + 120 o - Vx = L Tese de Doutorado d ϕ 2 dϕ 6 dt + dt (3.37) dϕ 3 dϕ 4 dt + dt (3.38) diC dϕ dϕ dϕ dϕ + N1 3 + 6 - N 2 1 + 5 (3.39) dt dt dt dt dt 106 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Nestas equações dϕ i será zero para todas as unidades saturadas. dt Com o ponto comum-estrela flutuando, outra equação válida é: iA + iB + ic = 0 (3.40) Um último grupo de equações que rege o desempenho deste circuito equivalente está relacionado com as fmm’s em cada núcleo. Estas devem ser zero para todas as unidades não saturadas. As equações de (3.37) a (3.40), combinadas com as equações das fmm’s e com os modos de operação do reator, possibilitam o cálculo dos fluxos nos núcleos, as correntes nas linhas e a tensão do ponto estrela-comum para cada modo de operação. 3.6.2 COMPONENTES APLICADOS AO TWIN-TRIPLER Se a magnitude da tensão de suprimento aplicada é suficientemente elevada para saturar os núcleos, os modos de operação do reator para os intervalos de meio ciclo são aqueles mostrados nos circuitos equivalentes da figura 3.12. Em cada intervalo somente uma unidade é não saturada e permanece não saturada durante todo o intervalo. As equações aplicadas ao intervalo I fornecem: V cos θ - Vx = L ( diA dϕ1 + N1 dt dt ) V cos θ - 120 o - Vx = L ( ) V cos θ + 120 o - Vx = L Tese de Doutorado diB dt diC dϕ 1 - N2 dt dt (3.41) (3.42) (3.43) iA + iB + ic = 0 (3.44) N1 iA – N2 ic = 0 (3.45) 107 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Somando as equações (3.41), (3.42) e (3.43) e utilizando a equação (3.44), obtém-se: - 3Vx = ( N 1 - N 2 ) dϕ1 dt (3.46) Subtraindo a equação (3.43) da equação (3.41), ( ) V cos θ - V cos θ + 120 o = ( N1 + N 2 ) dϕ 1 dt Substituindo iC e dϕ1 di di +L A - C dt dt dt (3.47) obtidos das equações (3.45) e (3.46), respectivamente, na equação (3.47) tem-se: N +N ) (( N - N )) ( V cos θ - V cos θ + 120 o = - 1 2 1 2 di N di 3 Vx + L A - 1 A dt N 2 dt (3.48) Combinando as equações (3.42), (3.44) e (3.45), obtém-se: di N di -Vx = - L A + 1 A - V cos θ - 120 o dt N 2 dt ( ) Substituindo esta última expressão na equação (3.48) e com (3.49) N2 N1 = 0,366 obtém-se: di V cos θ - cos θ + 120 o + 6,46 cos θ - 120 o = - 25,83 L A dt ( ) ( ) (3.50) De onde: ( ) 6,687 V cos θ - 105 o = - 25,83 L diA dt (3.51) ou: diA V = 0,259 cos θ + 75 o dt L ( ) (3.52) E assim: Tese de Doutorado 108 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente V sen θ + 75 o ωL ( iA = 0,259 ) (3.53) A corrente iC pode ser calculada usando a equação (3.45) e com iA e iC, iB é obtida da equação (3.44): iC = 0,707 V sen θ + 75 o ωL iB = - 0,966 ( ) V sen θ + 75 o ωL ( (3.54) ) (3.55) Substituindo a equação (3.53) em (3.49), tem-se: ( Vx = - 0,259 V cos θ - 15o ) (3.56) Da mesma forma, substituindo (3.56) em (3.46), obtém-se: dϕ1 V = 1,225 cos θ - 15 o dt N1 ( ) (3.57) ) (3.58) Assim: Φ1 = 1,225 V sen θ - 15 o ωN 1 ( Para o intervalo II as equações do circuito equivalente são: V cos θ - Vx = L ( dϕ 6 diA - N2 dt dt diB dt (3.60) diC dϕ + N1 6 dt dt (3.61) ) V cos θ - 120 o - Vx = L V cos ( θ + 120 o ) - Vx = L Tese de Doutorado (3.59) iA + iB + ic = 0 (3.62) N2 iA – N1 ic = 0 (3.63) 109 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Usando o mesmo procedimento adotado para o intervalo I, os resultados para este último intervalo são: iA = 0,707 V sen θ + 45 o ωL ) (3.64) iB = - 0,966 V sen θ + 45 o ωL ) (3.65) iC = 0,259 V sen ( θ + 45o ) ωL (3.66) ( ) (3.67) V sen θ - 45 o ωN 1 (3.68) ( ( Vx = 0,259 V cos θ - 45o Φ6 = - 1,225 ( ) O mesmo método foi aplicado aos intervalos restantes da metade do ciclo e os resultados representados na figura 3.14. Esta mostra os fluxos em todos os 6 (seis) núcleos, a tensão no ponto comum-estrela, a tensão de fase VAX e a corrente na fase A (as correntes iB e iC são iguais a iA, apenas deslocadas de ±120°). A tensão de fase VAX foi obtida subtraindo VXN de VAN em cada intervalo. Tese de Doutorado 110 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente iA Figura 3.14 – Formas de onda teóricas do reator twin-tripler Tese de Doutorado 111 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente 3.7 REATOR TREBLE-TRIPLER O reator treble-tripler constitui-se numa concepção mais avançada do que o twin-tripler. Este arranjo apresenta vantagens adicionais, em relação à sua versão anterior, pelo fato que proporciona uma compensação ainda melhor das distorções harmônicas das correntes produzidas pelo equipamento. O treble- tripler, devido ao fato de produzir um cancelamento quase total das componentes harmônicas até a ordem 35, oferece uma corrente muito próxima da senoidal. Conforme ilustrado na figura 3.15, o treble-tripler é constituído por um conjunto de 9 (nove) núcleos sendo que 3 (três) destes núcleos têm 2 (dois) enrolamentos e os núcleos restantes possuem 3 (três) enrolamentos [24]. Por este motivo a solução é mais onerosa e limitada a aplicações onde a questão de harmônicos é crucial. Tese de Doutorado 112 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente Figura 3.15 – Esquema de conexão do reator de 9 (nove) unidades Figura 3.16 – Diagrama fasorial do reator de 9 (nove) unidades Os números de espiras dos enrolamentos primários (N1, N2 e N3) são determinados de modo a haver um intervalo de tempo na passagem por zero de Tese de Doutorado 113 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente duas fmm’s consecutivas de 20°, fato este que determina a compensação harmônica necessária. Além dos enrolamentos primários há ainda os enrolamentos secundários (NS) que são fechados em delta e alimentam um reator saturado auxiliar. Este arranjo tem por finalidade minimizar as harmônicas características de ordem 18K ±1, ou seja, de ordem 17ª, 19ª, 35ª, 37ª, etc. 3.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo foram apresentadas as possibilidades para arranjos dos enrolamentos dos reatores para assegurar uma operação simétrica na unidade com a devida redução do conteúdo harmônico associado com as correntes de linha. O mais simples e econômico de todos, o reator de 3 (três) unidades, como visto, é praticamente inviável quando um baixo conteúdo harmônico é exigido. Este arranjo, quando em operação, produz correntes trifásicas com conteúdo espectral que contempla as ordens dadas por n= (6K ± 1). Adicionalmente, caso o ponto estrela esteja conectado ao neutro do sistema componentes de ordem 3 e suas múltiplas irão surgir. Por tais motivos surge a versão comercial formada por reatores de 6 (seis) unidades, qual seja, o twin-tripler estudado nesse capítulo. Este produto apresenta uma melhor forma de onda da corrente de linha, sendo que essas correntes contêm somente harmônicas de ordem (12K ± 1), comportando-se de modo similar aos arranjos de 12 pulsos tão conhecidos da eletrônica de potência. Havendo interesse em melhorias ainda maiores no que tange à questão dos harmônicos, apresentou-se uma outra opção, mais complexa e onerosa, conhecia por reator treble-tripler. Este é constituído por um conjunto de 9 (nove) núcleos e apresenta uma melhor compensação harmônica, gerando harmônicas características de ordem (18K ± 1), sendo que o único fator que torna a sua construção inviável é a quantidade de ferro-silício necessária para a sua Tese de Doutorado 114 Capítulo III – Análise do Reator à Núcleo Saturado em Regime Permanente construção. Reconhecendo-se estes fatos, a opção feita nesta pesquisa recaiu sobre o reator twin-tripler para composição do CERNS. Somado aos estudos anteriores, este capítulo também foi dedicado a explorar a análise do equipamento acima através da Técnica Modal, a qual se mostrou bastante adequada para as investigações operativas e de desempenho do reator twin-tripler com núcleo isolado. Uma vez alcançados os objetivos propostos, as principais contribuições oferecidas por este capítulo são reconhecidamente as seguintes: • agrupamento das informações relevantes à modelagem e do funcionamento dos reatores à núcleo saturado encontrados na literatura; • conceituação física sobre os arranjos e estratégias de cancelamento harmônico das correntes de alimentação dos reatores à núcleo saturado; • embasamento para implementação computacional dos reatores à núcleo saturado, a ser tratado no Capítulo IV. Tese de Doutorado 115 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER CAPÍTULO IV IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DOS REATORES À NÚCLEO SATURADO NO SIMULADOR SABER 4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Como parte integrante de todo projeto de pesquisa, mister se faz a implementação dos modelos obtidos num simulador computacional para fins dos mais distintos estudos correlatos. Esta afirmativa fica ainda fortalecida pelo fato que o produto sob investigação é novo no país e pouca ou nenhuma experiência de campo encontra-se disponível para aqueles envolvidos com o tema. Assim procedendo e, uma vez atingido um modelo computacional confiável, muitas etapas de aprendizado serão otimizadas e desperdícios de recursos materiais, humanos e financeiros serão poupados. Neste contexto, dando prosseguimento as atividades previstas no projeto de pesquisa aqui enfocado, este capítulo tem por objetivo: • traçar as diretrizes para a especificação básica dos elementos físicos constituintes dos reatores saturados, a saber: área do núcleo, caminho magnético médio, fator de empilhamento, indução Tese de Doutorado 116 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER saturação, número de espiras das bobinas, resistência dos enrolamentos das bobinas e tipo de chapas utilizadas para a fabricação dos núcleos. Estas grandezas são imprescindíveis para a modelagem e o suprimento de parâmetros dos reatores à núcleo saturado no simulador SABER; • apresentar as bases necessárias à implementação de um modelo computacional dos reatores à núcleo saturado, contemplando os arranjos monofásicos e trifásicos; • a partir do programa elaborado, dar suporte ao estabelecimento de critérios de escolha levando-se em consideração, dentre outros aspectos, à relação entre desempenho e menor custo. Estes aspectos possuem grande relevância para os estudos operacionais quando de sua interação com o suprimento elétrico, com problemas de qualidade da energia. • analisar o desempenho dos reatores sob condições ideais de suprimento. Para os trabalhos computacionais será utilizado o simulador SABER desenvolvido e distribuído pela Avant! Coorporation. Esta plataforma computacional permite a simulação dinâmica de sistemas lineares e não lineares, bem como de sistemas contínuos e discretos no domínio do tempo. O programa propicia, através de uma linguagem de programação (MAST), a geração de estruturas próprias denominadas Templates, que permitem ao usuário a criação e ou modificação de modelos de componentes eletro-eletrônicos, mecânicos, etc. Estas Templates são constituídas através de modelos matemáticos representados por equações diferenciais, polinomiais e/ou elementos de circuitos ou ainda através de funções de transferência. O sistema integrado SABER possibilita ainda a interconexão com rotinas elaboradas em outras linguagens de programação (C e Fortran) e apresenta grande versatilidade gráfica Tese de Doutorado 117 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER possibilitando a visualização e análise dos resultados obtidos nas simulações, tais como: medições, operações matemáticas com a forma de onda, análise espectral, etc. 4.2 FUNDAMENTOS ASSOCIADOS COM O PROJETO BÁSICO DE REATORES Obedecendo aos procedimentos clássicos utilizados para a especificação básica de reatores, há de se reconhecer a necessidade dos seguintes parâmetros: • características físicas do núcleo e níveis da indução magnética de operação; • aspectos construtivos dos enrolamentos das bobinas; • dimensões físicas do tanque e sua correlação com aquecimentos. Para se atender os aspectos supra mencionados, a especificação básica compreende as seguintes etapas: • dimensionamento do núcleo: este é feito em consonância com o tipo do reator a ser construído, utiliza-se a expressão (4.1) para a determinação da densidade magnética necessária para um dado número de espiras. 10 8 .V B= 4,44 . f . S M . N (4.1) onde: B – Densidade magnética em Tesla V – Tensão nominal do circuito em Volts; N – Número de espiras; f – Freqüência Hz; Tese de Doutorado 118 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER SM – Seção magnética em cm2. • perdas no núcleo e no cobre: Através da seção líquida do núcleo podese determinar as perdas no aço-silício e conseqüentemente as perdas no cobre. Para tanto utiliza-se da equação (4.2). WAC = (7,65 x SM x LN ) . (W/Kg ) (4.2) onde: WAC – Perdas no aço-silício; SM – Seção do aço-silício em cm2 LN – Comprimento do circuito magnético em cm; W/Kg – Fator em função da curva de perda magnética, fornecido pelo fabricante. A constante 7,65 em (4.2) está associada com a densidade do aço-silício. As perdas por quilograma no ferro são determinadas pelas curvas específicas fornecidas pelos fabricantes de aço-silício, de acordo com a densidade magnética a ser adotada e para uma dada freqüência. Tais informações podem ser extraídas da figura 4.1. Figura 4.1 – Curva característica de perdas no aço-silício Tese de Doutorado 119 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER • parâmetros fornecidos: De um modo geral, os parâmetros fornecidos para cálculo de um reator são: freqüência (Hz), número de fases, classe de tensão (kV), e potência nominal (kVA). A corrente é obtida em função da tensão e da potência conforme mostram as equações (4.3) e (4.4) válidas para sistemas monofásicos e trifásicos, respectivamente: I= I= S V S 3V (4.3) (4.4) onde: I – Corrente nominal; S – Potência nominal; V – Tensão nominal. • seção dos condutores: A seção dos condutores é calculada em função da densidade de corrente que se deseja. Normalmente, para o aumento da potência é preciso diminuir a densidade, pois como as bobinas são maiores tem-se, conseqüentemente um aumento das dificuldades para irradiação do calor. A seção ou área do núcleo é proporcional ao número de espiras da bobina, visto a existência de uma relação estreita entre estas duas variáveis. Por outro lado, para se determinar as dimensões da altura e largura de janela do núcleo são considerados fatores como: espaço ocupado pelos condutores e o isolamento exigido em função da classe de tensão do equipamento. • peso do núcleo, cobre e resistência: O peso do núcleo é calculado com base na densidade do aço-silício que é de 7,65 Kg/dm3 enquanto que o peso do cobre é determinado em função da sua densidade que é de 8,9 Tese de Doutorado 120 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER Kg/dm3. A determinação do peso e da resistência do cobre é feita a partir do comprimento médio da espira. Isto é mostrado pelas equações (4.5) e (4.6), respectivamente. PC = 8,9 . CM . N . A RC = ρ . CM . N A (4.5) (4.6) onde: PC – Peso do cobre; RC – Resistência ôhmica do cobre (à 75 °C); CM – Comprimento médio da espira N – Nº de Espiras; A – Área ou seção do condutor; ρ – Resistividade do cobre. A constante 8,9 em (4.5) refere-se à densidade do cobre e a resistividade do cobre a 75º graus é de 0,0216. • tanque: O formato e a dimensão do tanque são determinados de acordo com a quantidade de calor que deve ser liberado, devendo também suportar solicitações mecânicas. A distância entre os enrolamentos e paredes deve ser suficiente para garantir o isolamento exigido. Tese de Doutorado 121 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER 4.2.1 PARTES FÍSICAS CONTITUINTES DOS REATORES 4.2.1.1 Condutores, isoladores e disposições das bobinas Os condutores utilizados nos reatores são de cobre, isolados com esmalte para fios circulares e com papel Kraft para fios retangulares. O esmalte ocupa menos espaço que o papel, mas é mais caro. Para pequenos reatores, com correntes baixas, utilizam-se fios redondos de até aproximadamente 6 (seis) mm2, além do qual se prefere utilizar fios retangulares. Em certos casos, para facilitar a construção das bobinas, substituem-se os condutores de elevada seção por 2 (dois) ou mais condutores agrupados em paralelo. O carretel (cilindro isolante) ou tubo, sobre o qual são enroladas as bobinas, é constituído por papel Prespann de 1 (um) ou 2 (dois) mm de espessura sobrepostos em camadas até alcançar a espessura desejada para atender as solicitações mecânicas e elétricas. O enrolamento das bobinas é normalmente no formato circular e, entre uma camada e outra, é colocado também papel com isolamento proporcional à bitola do fio para garantir o isolamento solicitado na tensão entre camadas. Normalmente objetivando obter eficiência na refrigeração a construção prevê canais entre camadas da bobina. Entre camadas utiliza-se normalmente verniz para aumentar a resistência aos esforços mecânicos devido a curtocircuitos. Para fins de cálculo, a escolha da densidade de corrente (ampéres/mm2) nos enrolamentos de um reator são estabelecidos com base nas perdas e no aquecimento do equipamento. Tese de Doutorado 122 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER 4.2.1.2 Núcleo O núcleo é constituído por um material ferromagnético, que contém em sua composição o silício, que lhe proporciona boas características de magnetização e perdas. Atualmente é utilizado o aço-silício GO-E004, cuja principal característica é apresentar excelentes propriedades de magnetização na direção da laminação. Na prática, com o objetivo de diminuir ainda mais as perdas pode ser utilizado o corte em 45º nas junções entre as colunas e as travessas (culatras). O tipo de núcleo projetado é o envolvido. 4.2.1.3 Acessórios internos Um acessório importante corresponde aos calços, os quais servem para travar as bobinas, formar canais de circulação de óleo e são normalmente de madeira, papelão Prespann e fenolite. É importante que eles tenham grande resistência mecânica para que as bobinas não sejam danificadas por esforços provenientes do curto-circuito. A finalidade do chassis é prensar o núcleo para que forme um conjunto rígido e são presos por tirantes na posição horizontal e vertical. Estes são feitos de ferro ou madeira. O material de isolamento normalmente é de papelão Prespann e são utilizados onde existem diferenças de potencial como, por exemplo: entre fases, entre enrolamento e massa, etc. 4.2.1.4 Tanque e radiadores O tanque serve como recipiente da parte ativa, do óleo e também para transmitir para o ar o calor gerado pelas perdas no núcleo e nas bobinas. Quando a área da superfície externa é insuficiente para dissipar o calor, torna-se Tese de Doutorado 123 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER necessário aumentar a área de dissipação, que pode ser feito adicionando radiadores tubulares ou de chapas estampadas (aletadas). A espessura da chapa de aço é calculada em função das dimensões do tanque. 4.2.1.5 Líquido isolante Como para os demais equipamentos similares, é utilizado o óleo mineral obtido na refinação do petróleo. Este produto cumpre satisfatoriamente duas funções distintas, uma de natureza isolante e a outra de transferir para as paredes o calor gerado nos enrolamentos e no núcleo. 4.3 CARACTERÍSTICAS NÚCLEO FÍSICAS SATURADO DOS REATORES UTILIZADOS PARA À A SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL Utilizando os princípios físicos anteriormente discutidos, foram projetados e construídos 4 (quatro) tipos de reatores à núcleo saturado, os quais foram utilizados para os fins aqui delineados, qual seja, modelagem e simulação computacional. Estes modelos desenvolvidos objetivaram, dentre outros aspectos, prover as informações necessárias para suas modelagens e compatibilidade de suas potências com as fontes de testes existentes. Estes dispositivos compreendem: • um reator monofásico; • um reator trifásico tipo compacto; • um reator tipo twin-tripler isolado; • um reator tipo twin-tripler compacto; Estes são discutidos em mais detalhes na seqüência: Tese de Doutorado 124 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER • Diagrama de Blocos dos Reatores Utilizados: Os diagramas de blocos desses equipamentos são mostrados nas figuras 4.2 (a, b, c, d, e) e seus modelos físicos são mostrados na figura 4.3 (a, b, c, d, e). Figura 4.2. (a) – Diagrama de blocos do reator monofásico à núcleo saturado, implementado computacionalmente Figura 4.2. (b) – Diagrama de blocos do reator trifásico à núcleo saturado, isolado implementado computacionalmente Tese de Doutorado 125 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER Figura 4.2. (c) – Diagrama de blocos do reator trifásico à núcleo saturado, compacto implementado computacionalmente Figura 4.2. (d) – Diagrama de blocos do reator twin-tripler à núcleo saturado, isolado implementado computacionalmente Figura 4.2.(e) – Diagrama de blocos do reator twin-tripler à núcleo saturado compacto, implementado computacionalmente Figura 4.2 – Diagramas de blocos dos reatores implementados computacionalmente Tese de Doutorado 126 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER Na figura 4.2 (a, b, c, d, e), tem-se: • NC1 até NC14 – Núcleos magnéticos não lineares, sendo modelado no simulador SABER utilizando a template “Nonlinear Core (corenl)”; • m1a até m6a, m1b até m6b, x1 até x6, y1 até y4 e 0 – São pontos de conexão das partes do núcleo que representam o espaço do núcleo com enrolamento e sem enrolamento; • B1 – Bobinas superiores que possuem um número de espiras n, sendo modelado no simulador SABER utilizando a template “Winding (wind)”; • B2 – Bobinas inferiores que possuem um número de espiras 0,366n, sendo modelado no simulador SABER utilizando também a template “Winding (wind)” • ia e a1, ib e b1, ic e c1, c2 e c1, a2 e a1, b2 e b1, a2 e a3, b2 e b3, c2 e c3, x e b3, x e c3, x e a3 – São pinos elétricos que representam a alimentação das bobinas do reator em uma ligação zig-zag com um defasamento angular de 30º entre cada conjunto, sendo ia, ib e ic modelados no simulador SABER utilizando a template “sine” e os demais são interligações entre bobinas. • Arranjos magnéticos utilizados: As figuras a seguir indicam as estruturas físicas para os 3 (três) tipos de reatores empregados para os estudos. Através das figuras, constata-se que a estrutura física modelada é composta, fundamentalmente, das seguintes partes: enrolamentos de bobinas; núcleo de ferro-silício. Tese de Doutorado 127 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER Figura 4.3. (a) – Modelo físico do reator monofásico à núcleo saturado, implementado computacionalmente Figura 4.3.(b) – Modelo físico do reator trifásico à núcleo saturado, isolado implementado computacionalmente Tese de Doutorado 128 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER Figura 4.3.(c) – Modelo físico do reator trifásico à núcleo saturado, compacto implementado computacionalmente Figura 4.3.(d) – Modelo físico do reator twin-tripler à núcleo saturado, isolado implementado computacionalmente Tese de Doutorado 129 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER Figura 4.3.(e) – Modelo físico do reator twin-tripler à núcleo saturado compacto, implementado computacionalmente Figura 4.3 – Modelos físicos dos reatores implementados computacionalmente Tese de Doutorado 130 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER 4.4 CARACTERÍSTICAS E PARÂMETROS DO SISTEMA E DOS REATORES EMPREGADOS PARA A SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL Genericamente, o diagrama unifilar representativo do sistema elétrico empregado para fins de simulação, quer para as situações monofásicas como também para as trifásicas, obedece a estrutura mostrada na figura 4.4. Nesta se constata a presença de uma rede de suprimento que alimenta uma carga através de uma linha de transmissão. No ponto de entrega da energia elétrica à carga encontra-se inserido o reator saturado objeto dos estudos. (a) – Esquema do sistema utilizado na simulação do reator à núcleo saturado monofásico (b) – Esquema do sistema utilizado na simulação do reator à núcleo saturado trifásico Figura 4.4 – Esquemas dos sistemas utilizados nas simulações Tese de Doutorado 131 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER 4.4.1 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA UTILIZADO E RESULTADOS PARA AS SIMULAÇÕES MONOFÁSICAS As principais características do sistema simulado são: • rede de alimentação: tensão de 222 V, a qual corresponde também a tensão de saturação do reator na sua corrente nominal. No que tange aos parâmetros representativos da impedância do alimentador, a mesma é formada por resistências e indutâncias cujos valores são 1 Ω e 3 mH, respectivamente; • reator monofásico: tipo núcleo saturado com as seguintes características: Potência nominal - 1 kVA; Área do núcleo - 26,49 cm2; Caminho magnético médio - 47,6 cm; Fator de empilhamento - 0,96; Indução de saturação - 1,55 T; Número de espiras da bobina - 200 espiras; Resistência dos enrolamentos - 0,525 Ω. Os resultados obtidos nas simulações digitais do reator monofásico à núcleo saturado são mostrados a seguir. A figura 4.5 apresenta a forma de onda da tensão empregada. Figura 4.5 – Forma de onda da tensão na entrada do reator monofásico à núcleo saturado Tese de Doutorado 132 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER As figuras 4.6(a), (b) e (c) mostram, respectivamente, a correspondente forma de onda da corrente, o respectivo espectro harmônico e o laço de histerese do núcleo. 5 4 Corrente(A) 3 2 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 Figura 4.6.(a) – Forma de onda da corrente na entrada do reator monofásico Figura 4.6.(b) – Espectro harmônico da corrente na entrada do reator monofásico Tese de Doutorado 133 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER 2 1.5 B(Tesla) 1 0.5 0 -0.5 -1 -1.5 -2 -2000 -1500 -1000 -500 0 500 H(A/m) 1000 1500 2000 Figura 4.6.(c) – Laço de histerese Figura 4.6 – Forma de onda da corrente na entrada do reator monofásico à núcleo saturado, seu espectro harmônico e seu laço de histerese 4.4.2 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA UTILIZADO E RESULTADOS PARA AS SIMULAÇÕES COM REATORES TRIFÁSICOS A NÚCLEO ISOLADO E NÚCLEO COMPACTO As principais características do sistema simulado são: • rede de alimentação : tensão Vab = 222 ∠ 00 V, Vbc = 222 ∠ -1200 V e Vca = 222 ∠ 1200 V, as quais correspondem também às tensões de saturação do reator na sua corrente nominal. No que tange aos parâmetros representativos da impedância do alimentador, a mesma é formada (cada fase) por resistências e indutâncias cujos valores são 1 Ω e 3 mH, respectivamente; Tese de Doutorado 134 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER • reator trifásico: tipo núcleo saturado com núcleo isolado e núcleo compacto, apresentando as seguintes características: Potência nominal 3 kVA; Área do núcleo - 19,48 cm2; Caminho magnético médio - 15,2 cm; Fator de empilhamento - 0,96; Indução de saturação - 1,7 T; Número de espiras da bobina - 163 espiras; Resistência dos enrolamentos - 0,2635 Ω. Os resultados obtidos nas simulações digitais dos reatores trifásicos à núcleo saturado e compacto sob alimentação senoidal e equilibrada são mostrados a seguir. A figura 4.7 apresenta a forma de onda da tensão empregada para os estudos. 400 vab vbc vca 300 Tensões( V ) 200 100 0 -100 -200 -300 -400 0.2 0.21 0.22 0.23 Tempo (s) 0.24 0.25 Figura 4.7 – Formas de onda das tensões na entrada dos reatores trifásicos à núcleo saturado, com núcleo isolado e com núcleo compacto Tese de Doutorado 135 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER As sessões (a) e (b) da figura 4.8, mostram as formas de ondas das correntes de linha para o reator trifásico com núcleo isolado e com núcleo 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 0.4 Corrente(A) Corrente(A) compacto, respectivamente. 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 0.4 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 0.4 Corrente(A) Corrente(A) Forma de onda da corrente da linha A na entrada do Forma de onda da corrente da linha A na entrada do reator trifásico (Núcleo Isolado) reator trifásico (Núcleo Compacto) 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.41 0.45 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 0.4 Corrente(A) Corrente(A) Forma de onda da corrente da linha B na entrada do Forma de onda da corrente da linha B na entrada do reator trifásico (Núcleo Isolado) reator trifásico (Núcleo Compacto) 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 Forma de onda da corrente da linha C na entrada do Forma de onda da corrente da linha C na entrada do reator trifásico (Núcleo Isolado) reator trifásico (Núcleo Compacto) (a) (b) Figura 4.8 – Comparação entre as formas de ondas das correntes de linha na entrada do reator trifásico à núcleo saturado (a) Formas de ondas do reator trifásico com núcleo isolado (b) Formas de ondas do reator trifásico com núcleo compacto Tese de Doutorado 136 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER As figuras 4.9(a) e (b) mostram, respectivamente, com maiores detalhes, as formas de onda da corrente para as linhas a, b e c, para o reator trifásico com Correntes(A) núcleo isolado e com núcleo compacto. 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 0.4 ia ib 0.41 ic 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 Corrente(A) (a) Formas de onda das correntes na entrada do reator trifásico – núcleo isolado 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 0.4 ia 0.41 ib ic 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 (b) Formas de onda das correntes na entrada do reator trifásico – núcleo compacto Figura 4.9 – Formas de onda das correntes das linhas a, b e c nas entradas dos reatores trifásicos com núcleo isolado e com núcleo compacto Tese de Doutorado 137 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER A figura 4.10, sessões (a) e (b), fornecem os espectros harmônicos das correntes de linha para o reator trifásico com núcleo isolado e com núcleo compacto, respectivamente. Espectro harmônico da corrente na linha A na entrada do reator trifásico (Núcleo Isolado) Espectro harmônico da corrente na linha A na entrada do reator trifásico (Núcleo Compacto) Espectro harmônico da corrente na linha B na entrada do reator trifásico (Núcleo Isolado) Espectro harmônico da corrente na linha B na entrada do reator trifásico (Núcleo Compacto) Espectro harmônico da corrente na linha C na entrada do reator trifásico (Núcleo Isolado) Espectro harmônico da corrente na linha C na entrada do reator trifásico (Núcleo Compacto) (a) (b) Figura 4.10 – Comparação entre os espectros harmônicos das correntes de linha na entrada do reator trifásico à núcleo saturado (a) Espectros do reator trifásico com núcleo isolado (b) Espectros do reator trifásico com núcleo compacto Tese de Doutorado 138 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER 4.4.3 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA UTILIZADO E RESULTADOS PARA AS SIMULAÇÕES COM REATORES TRIFÁSICOS TIPO TWIN-TRIPLER COM NÚCLEO ISOLADO E COMPACTO As principais características do sistema simulado são: • rede de alimentação: tensão de Vab = 223 ∠ 00 V, Vbc = 223 ∠ -1200 V e Vca = 223 ∠ 1200 V, as quais correspondem também às tensões de saturação do reator na sua corrente nominal. No que tange aos parâmetros representativos da impedância do alimentador, a mesma é formada (cada fase) por resistências e indutâncias cujos valores são 1 Ω e 3 mH, respectivamente; • reator trifásico: tipo twin-tripler com núcleo saturado isolado e compacto, com as seguintes características: Potência nominal - 5 kVA; Área do núcleo - 19,48 cm2; Caminho magnético médio - 19,5 cm; Fator de empilhamento - 0,96; Indução de saturação - 1,7 T; Número de espiras da bobina superior - 58 espiras; Número de espiras da bobina inferior - 21 espiras; Resistência dos enrolamentos das bobinas superiores - 0,07056 Ω; Resistência dos enrolamentos das bobinas inferiores - 0,02496 Ω. Os resultados obtidos nas simulações digitais do reator twin-tripler com núcleo isolado e núcleo compacto são mostrados a seguir. Iniciando, a figura 4.11 apresenta a forma de onda da tensão empregada para os estudos. Tese de Doutorado 139 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER 400 vab vbc vca 300 Tensões( V ) 200 100 0 -100 -200 -300 -400 0.2 0.21 0.22 0.23 Tempo (s) 0.24 0.25 Figura 4.11 – Formas de onda das tensões na entrada do reator twin-tripler à núcleo saturado com núcleo isolado e núcleo compacto As sessões (a) e (b) da figura 4.12 mostram as formas de ondas das correntes de linha para o reator twin-tripler com núcleo isolado e com núcleo compacto, respectivamente. Tese de Doutorado 140 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0.4 Corrente(A) Corrente(A) Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0.4 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 0.42 0.43 Tempo(S) 0.44 0.45 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 Forma de onda da corrente da linha B na entrada do reator twin-tripler (Núcleo Compacto) Corrente(A) Corrente(A) Forma de onda da corrente da linha B na entrada do reator twin-tripler (Núcleo Isolado) 0.41 Forma de onda da corrente da linha A na entrada do reator twin-tripler (Núcleo Compacto) Corrente(A) Corrente(A) Forma de onda da corrente da linha A na entrada do reator twin-tripler (Núcleo Isolado) 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0.4 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 Forma de onda da corrente da linha C na entrada do reator twin-tripler (Núcleo Isolado) Forma de onda da corrente da linha C na entrada do reator twin-tripler (Núcleo Compacto) (a) (b) Figura 4.12 – Comparação entre as formas de ondas das correntes de linha na entrada do reator twin-tripler à núcleo saturado (a) Formas de ondas do reator twin-tripler com núcleo isolado (b) Formas de ondas do reator twin-tripler com núcleo compacto Tese de Doutorado 141 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER As figuras 4.13(a) e (b) mostram, respectivamente, maiores detalhes das correspondentes formas da corrente para as linhas a, b, e c, para o reator twin- Correntes(A) tripler com núcleo isolado e com núcleo compacto. 19 16 13 10 7 4 1 -2 -5 -8 -11 -14 -17 -20 0.4 ia 0.41 ib ic 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 Correntes(A) (a) Formas de onda das correntes do reator twin-tripler – núcleo isolado 19 16 13 10 7 4 1 -2 -5 -8 -11 -14 -17 -20 0.4 ia 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) ib ic 0.44 0.45 (b) Formas de onda das correntes do reator twin-tripler – núcleo compacto Figura 4.13 – Formas de onda das correntes das linhas a, b e c na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado e com núcleo compacto Tese de Doutorado 142 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER As sessões (a) e (b) da figura 4.14 indicam os espectros harmônicos das correntes de linha para o reator twin-tripler com núcleo isolado e com núcleo compacto, respectivamente. Espectro harmônico da corrente na linha A na entrada do reator twin-tripler (Núcleo Isolado) Espectro harmônico da corrente na linha A na entrada do reator twin-tripler (Núcleo Compacto) Espectro harmônico da corrente na linha B na entrada do reator twin-tripler (Núcleo Isolado) Espectro harmônico da corrente na linha B na entrada do reator twin-tripler (Núcleo Compacto) Espectro harmônico da corrente na linha C na entrada do reator twin-tripler (Núcleo Isolado) Espectro harmônico da corrente na linha C na entrada do reator twin-tripler (Núcleo Compacto) (a) (b) Figura 4.14 – Comparação entre os espectros harmônicos das correntes de linha na entrada do reator twin-tripler à núcleo saturado (a) Espectros do reator twin-tripler com núcleo isolado (b) Espectros do reator twin-tripler com núcleo compacto Tese de Doutorado 143 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER 4.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS Os resultados dos estudos computacionais apresentados anteriormente, os quais foram realizados dentro de um contexto idealizado, qual seja, sob tensões de alimentação senoidais e equilibradas, permitem constatar que: • os reatores monofásicos, que apresentam potencialidade intrínseca para compensar potências reativas num sistema e, por conseguinte controlar o perfil de tensão, produzem correntes no sistema com um forte conteúdo harmônico, definidos pelas ordens 3, 5, 7, 9, 11, ....Os níveis e ordens das componentes encontradas restringem fortemente o emprego do equipamento nos termos considerados; • os reatores trifásicos de 3 (três) unidades isoladas ou compacto produzem correntes harmônicas cujas ordens são definidas pela expressão (6K ± 1). Esta situação se manifesta sob condições tais que o ponto central da estrela não seja conectado ao neutro do sistema. Observa-se, também, que o reator trifásico com núcleo compacto produz na corrente pequenas parcelas de 3° e 9° harmônicos, constatação esta que diverge das previsões teóricas. Este motivo favorece a recomendação do uso do reator trifásico a núcleo isolado. Ainda assim, pôde-se verificar que o nível de distorção harmônica é bastante expressivo. Este fato orienta para a busca de melhorias operacionais sob o enfoque de harmônicos, conforme, contempla a outra versão de reator considerado nos estudos; • complementarmente, os reatores construídos com a filosofia denominada por twin-tripler a qual emprega 6 (seis) unidades magnéticas, mostraram um substancial melhoramento na forma de onda da corrente de linha. De fato, a concepção sob enfoque produz componentes harmônicas de correntes de ordem (12K ± 1), como esperado quando da análise desta versão de reator Tese de Doutorado apresentado no 144 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER Capítulo III. Verificou-se, também, que o reator twin-tripler com núcleo compacto não apresentou um cancelamento tão efetivo para os harmônicos triplos e também das componentes de 5° e 7° harmônicos. Esta compensação era prevista pela teoria e evidencia que esta modalidade de construção não se mostrou tão eficaz quanto a outra. Disto desprende a recomendação da utilização do reator twin-tripler isolado, o qual, como já discutido, é composto por 2 (dois) reatores de 3 (três) unidades ligados em zig-zag. Para tal arranjo ocorre o cancelamento dos harmônicos triplos, assim como também dos 5° e 7° harmônicos. Esta vantagem somada ao fato que os custos dos materiais utilizados na fabricação dos dois tipos de reatores aqui considerados são os mesmos ratifica ainda mais a opção feita. As distorções harmônicas apresentadas pelo twin-tripler isolado, no que tange as suas formas de onda das correntes, são, portanto, bastante reduzidas. 4.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo foram apresentadas as topologias básicas dos reatores à núcleo saturados monofásicos, trifásicos e twin-tripler. Ênfase maior foi dada a topologia twin-tripler isolado, em função do seu bom cancelamento harmônico e por ser objeto de investigação nesta tese. Ressalta-se ainda, a favor do emprego do reator à núcleo saturado twin- tripler isolado, que o seu cancelamento harmônico digital, proporciona uma forma de onda de corrente em que predominam as harmônicas de ordem 11° e 13° em valores reduzidos, proporcionando provavelmente pequena interferência no sistema de potencia, no local onde o reator for instalado. Em um primeiro momento, as simulações foram conduzidas em situação de suprimento ideal, objetivando obter parâmetros de referência para os estudos posteriores que serão realizados com a degradação da tensão de suprimento. Tese de Doutorado 145 Capítulo IV - Implementação Computacional dos Reatores à Núcleo Saturado no Simulador SABER Uma vez alcançados os objetivos propostos, as principais contribuições oferecidas por este capítulo são citadas a seguir: • agrupamento das informações relevantes referentes as modelagens e projetos de reatores à núcleo saturado, encontrados nas literaturas e utilizados nas implementações computacionais desta tese; • disposição de uma estrutura de modelagem no simulador SABER, que considera a não linearidade dos núcleos magnéticos utilizados nos reatores; • disposição de uma estrutura computacional no domínio do tempo, para que sejam executados estudos envolvendo a implementação de um reator à núcleo saturado em um determinado sistema elétrico; • conclusões sobre as gerações harmônicas produzidas nas correntes de alimentação pelos reatores monofásicos, trifásicos e twin-tripler; • embasamento para apresentação do compensador estático tipo reator à núcleo saturado (CERNS) a ser tratado no Capítulo VI. Tese de Doutorado 146 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado CAPÍTULO V VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL DOS MODELOS COMPUTACIONAIS PARA OS REATORES À NÚCLEO SATURADO 5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Objetivando validar os modelos computacionais representativos dos reatores apresentados, discutidos e implementados no Capítulo IV, com a ajuda de protótipos dos dispositivos enfocados nesta tese, os quais foram especialmente construídos para fins desta pesquisa, este capítulo sintetiza os trabalhos laboratoriais e computacionais feitos para o estabelecimento de termos comparativos entre os resultados indicativos de situações operacionais típicas. Assim procedendo e estabelecendo-se a correlação entre as formas de onda, valores eficazes, espectros harmônicos, etc., obtidos através das duas estratégias estabelecidas, pode-se concluir sobre a precisão do modelo em relação ao desempenho do equipamento real. De modo a atender tais propósitos, os trabalhos experimentais estão dirigidos para os estudos de desempenho comparativo enfocando 4 (quatro) protótipos de reatores à núcleo de ferro saturado: um monofásico, um trifásico Tese de Doutorado 147 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado de núcleo compacto, um twin-tripler de núcleo compacto e um twin-tripler de núcleo isolado, apresentados no capítulo anterior. Estes dispositivos foram especialmente projetados e construídos de modo compatível com os recursos laboratoriais disponíveis, fato este que determinou seus níveis de tensão, potências, etc. Dentro deste enfoque, o presente capítulo encontra-se estruturado da seguinte forma: • definição dos padrões para o suprimento trifásico dos equipamentos; • caracterização dos reatores saturados construídos para fins deste trabalho; • detalhes dos arranjos laboratoriais utilizados; • apresentação de resultados experimentais e computacionais para as correntes de linha e respectivos espectros harmônicos; • análise dos resultados; • definição da topologia mais apropriada aos propósitos do projeto. 5.2 TENSÕES DE SUPRIMENTO UTILIZADAS PARA OS TESTES COMPUTACIONAIS E EXPERIMENTAIS As formas de onda ilustradas na figura 5.1 apresentam, respectivamente, as tensões van, vbn e vcn empregadas para os estudos computacionais e experimentais. Pode-se perceber que, enquanto que as tensões utilizadas nas simulações são perfeitamente senoidais, aquelas empregadas para os ensaios experimentais contêm pequenos níveis de distorções harmônicas. Isto pode ser observado nos seus espectros harmônicos, ilustrados nas figuras 5.2(a), (b) e (c). Tese de Doutorado 148 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado 200 150 100 Tensão(v) 50 0 -50 -100 -150 -200 1.4 1.41 1.42 1.43 Tempo(s) 1.44 1.45 Forma de onda da tensão na fase A (Simulação) Forma de onda da tensão na fase A (Laboratório) 200 150 100 Tensão(v) 50 0 -50 -100 -150 -200 1.4 1.41 1.42 1.43 Tempo(s) 1.44 1.45 Forma de onda da tensão na fase B (Simulação) Forma de onda da tensão na fase B (Laboratório) 200 150 Tensão(v) 100 50 0 -50 -100 -150 -200 1.4 1.41 1.42 1.43 Tempo(s) 1.44 1.45 Forma de onda da tensão na fase C (Simulação) Forma de onda da tensão na fase C (Laboratório) (a) (b) Figura 5.1 – Comparação entre as formas de ondas das tensões de alimentação (a) Formas de ondas utilizadas nas simulações computacionais (b) Formas de ondas utilizadas nos ensaios de laboratório Tese de Doutorado 149 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado (a) (b) (c) Figura 5.2 – Espectros harmônicos das tensões de alimentação utilizados no laboratório (a) Espectro harmônico da tensão da fase A (b) Espectro harmônico da tensão da fase B (c) Espectro harmônico da tensão da fase C Tese de Doutorado 150 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado 5.3 RESULTADOS PARA O REATOR MONOFÁSICO A figura 5.3 corresponde a uma fotografia do protótipo do reator monofásico objeto dos testes aqui enfocados. Figura 5.3 – Reator monofásico de 1 kVA à núcleo de ferro saturado Para a extração das informações relacionadas com a histerese magnética e a corrente de suprimento do reator utilizou-se da montagem ilustrada na figura 5.4. Tese de Doutorado 151 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado Figura 5.4 – Montagem para obtenção da corrente e da histerese magnética do reator monofásico Na montagem da figura 5.4 foram utilizados os seguintes instrumentos e componentes de circuito: • osciloscópio marca Fluke, modelo 196, 100 MHz; • voltímetro analógico, classe 0,5; • amperímetro analógico, classe 0,5; • resistor R2 de 470 Ω; • resistor R1 de 0,1666 Ω; • capacitor C de 1,47 µF; • auto-transformador variável 220 V / 0-300V, corrente máxima 20 A, Potência máxima 5 kVA. O auto-transformador tem por objetivo variar a corrente no reator, enquanto que, em série com a bobina do reator encontra-se conectado um resistor shunt, de baixo valor, utilizado para a obtenção da tensão vR1(t), a qual é proporcional a corrente i(t). Em paralelo com a bobina do reator encontra-se conectado um circuito integrador composto de um resistor e um capacitor. Observa-se que a tensão vC(t) nos terminais do capacitor é proporcional à tensão induzida na bobina do reator, porém com 90 graus em atraso. Também, como é conhecido, o circuito integrador deve apresentar uma alta impedância para que na resistência shunt R1, circule, praticamente, somente a corrente do reator. Com o auxílio de Tese de Doutorado 152 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado um osciloscópio de dois canais faz-se a composição da tensão vR1(t) (no eixo horizontal) com a tensão vC(t) (no eixo vertical), resultando na forma do laço de histerese magnética. Conhecendo-se as relações entre grandezas elétricas e as magnéticas podese, a partir da figura apresentada na tela do osciloscópio, obter-se o laço de histerese magnética. Para tanto basta associar a tensão vR1(t) ao campo magnético h(t) e a tensão vC(t) ao fluxo magnético ϕ(t) . Nos equacionamentos a seguir serão fornecidas as relações entre as grandezas elétricas e magnéticas requeridas para a mencionada correlação. Em valores instantâneos tem-se da Lei de Ohm que: vR1 (t) = R1 i (t) (5.1) i (t) = vR1 (t) R1 (5.2) h (t) = N i(t) LN (5.3) Da Lei de Ampére : Das equações (5.2) e (5.3) obtém-se: h (t) = N vR1 (t) LN R1 (5.4) onde: N – Número de espiras do enrolamento do reator; LN – Comprimento médio do núcleo vR1 – Tensão instantânea sobre o resistor shunt R1 – Valor da resistência do resistor shunt, em ohms; h – Intensidade do campo magnético instantâneo, em ampéres/metro. Tese de Doutorado 153 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado A equação (5.4) estabelece a relação entre a grandeza elétrica tensão sobre o resistor (vR1) shunt e a grandeza magnética intensidade de campo magnético do núcleo (h). Naturalmente, para tal se faz necessário o conhecimento dos parâmetros N, LN e R1. Da relação entre a tensão e a corrente no capacitor tem-se: iC (t) = C d vC (t) dt (5.5) Das Leis de Faraday e Lenz pode-se escrever: e (t) = - N d ϕ (t) dt (5.6) Para que o circuito RC ligado em paralelo com a bobina funcione como um integrador, é necessário que a tensão vC(t) esteja defasada de 90 graus em relação a tensão e(t). Portanto, o circuito integrador deve apresentar alto fator de potência, ou R2 >> XC, onde XC = (2π fC)-1. Como R2 >> XC segue que vR2 (t) é aproximadamente igual a tensão e(t), logo iC (t) pode ser calculado por: iC (t) = vR2 (t) R2 (5.7) e iC (t) = e (t) R2 (5.8) Das equações (5.8) e (5.6) tem-se: iC (t) = - RN 2 d ϕ (t) dt (5.9) Substituindo-se iC (t) da equação (5.9) na expressão (5.5), obtém-se: Tese de Doutorado 154 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado d vC (t) d ϕ (t) = C dt dt - RN 2 (5.10) Logo: ∫ ϕ (t) dϕ (t) = 0 ϕ (t) = - RNC v (t) 2 C - RNC v (t) (5.11) 2 C (5.12) O sinal negativo na equação (5.12) está em concordância com a Lei de Lenz. Não obstante a isto, para fins deste projeto, o sinal pode ser desconsiderado, uma vez que os desenvolvimentos empregam apenas os valores absolutos. Logo a equação (5.12) pode ser reescrita como: ϕ (t) = R2C vC (t) N (5.13) onde: ϕ (t) – Fluxo magnético instantâneo; R2 – Resistência do circuito integrador; N – Número de espiras dos enrolamentos do reator; vC (t) – Tensão instantânea sob o capacitor; C – Capacitância do circuito integrador. Na figura 5.5 são apresentados os resultados experimentais obtidos com o sistema descrito, sendo indicados a tensão sobre o capacitor; o sinal Tese de Doutorado 155 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado proporcional à corrente e o laço de histerese, resultante da combinação dos dois sinais. 40 30 20 Tensão(V) 10 0 -10 -20 -30 -40 -0.01 -0.005 0 0.005 0.01 0.015 0.02 Tempo(s) 0.025 0.03 0.035 0.04 Figura 5.5.(a) – Forma de onda da tensão vc(t) sobre o capacitor 4 Corrente(A) 2 0 -2 -4 -0.01 0 0.01 0.02 Tempo(s) 0.03 0.04 Figura 5.5.(b) – Forma de onda da corrente i(t) no reator Tese de Doutorado 156 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado 2 1.5 B(Tesla) 1 0.5 0 -0.5 -1 -1.5 -2 -2000 -1000 0 H(A/m) 1000 2000 Figura 5.5.(c) – Laço de histerese Figura 5.5 – Formas de ondas da tensão, corrente e laço de histerese do reator monofásico Na obtenção das curvas apresentadas nas figuras 5.5(a) e 5.5(b), os sinais proporcional à tensão e corrente foram transferidos da memória do osciloscópio para um microcomputador, tipo Pentium III, por meio de uma interface SP5. O laço de histerese mostrado na figura 5.5(c), por sua vez, corresponde à composição destes 2 (dois) sinais empregando-se a saída gráfica do programa MATLAB. Complementarmente, as figuras 5.6 (a) e (b) mostram, respectivamente, as correntes no reator e seus correspondentes espectros harmônicos obtidos nos ensaios de laboratório e nas simulações computacionais. Os resultados ratificam a necessidade de se considerar a não linearidade do núcleo no modelo do reator simulada, refletida na forma de onda distorcida da corrente. Tese de Doutorado 157 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado 5 4 4 3 2 Corrente(A) Corrente(A) 2 0 -2 1 0 -1 -2 -3 -4 -4 -0.01 0 0.01 0.02 Tempo(s) 0.03 0.04 -5 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 Forma de onda da corrente de linha na entrada do reator monofásico (Laboratório) Forma de onda da corrente de linha na entrada do reator monofásico (Simulação) Espectro harmônico da corrente de linha na entrada do reator monofásico (Laboratório) Espectro harmônico da corrente de linha na entrada do reator monofásico (Simulação) (a) (b) Figura 5.6 – Corrente de linha na entrada do reator e seus correspondentes espectros harmônicos. (a) Forma de onda e espectro harmônico obtido via ensaios de laboratório (b) Forma de onda e espectro harmônico obtido via simulações computacionais 5.4 RESULTADOS PARA O REATOR TRIFÁSICO COM NÚCLEO COMPACTO A Figura 5.7 mostra a fotografia do protótipo do reator trifásico com núcleo compacto. Os procedimentos para o ensaio em laboratório são os mesmos adotados para o reator monofásico já mostrados no item anterior, sendo as medições efetuadas separadamente para as fases A, B e C. Desta forma, as figuras 5.8 Tese de Doutorado 158 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado (a) e (b) são indicativas das formas de onda das correntes trifásicas de linha, obtidas de modo experimental e computacional, respectivamente. Figura 5.7 – Reator trifásico de 3 kVA à núcleo de ferro saturado com núcleo compacto Tese de Doutorado 159 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 -0.01 Corrente(A) Corrente(A) Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado 0 0.01 0.02 Tempo(s) 0.03 0.04 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 -0.01 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 0.4 Corrente(A) Corrente(A) Forma de onda da corrente da linha A na entrada do Forma de onda da corrente da linha A na entrada do reator trifásico com núcleo compacto (Laboratório) reator trifásico com núcleo compacto (Simulação) 0 0.01 0.02 Tempo(s) 0.03 0.04 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 -0.01 Corrente(A) Corrente(A) Forma de onda da corrente da linha B na entrada do Forma de onda da corrente da linha B na entrada do reator trifásico com núcleo compacto (Laboratório) reator trifásico com núcleo compacto (Simulação) 0 0.01 0.02 Tempo(s) 0.03 0.04 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 Forma de onda da corrente da linha C na entrada do Forma de onda da corrente da linha C na entrada do reator trifásico com núcleo compacto (Laboratório) reator trifásico com núcleo compacto (Simulação) (a) (b) Figura 5.8 – Correntes de linha na entrada do reator trifásico com núcleo compacto (a) Formas de ondas obtidas via ensaios de laboratório (b) Formas de ondas obtidas via simulações computacionais Tese de Doutorado 160 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado Adicionalmente aos resultados anteriores, as figuras 5.9(a) e (b) fornecem os respectivos espectros harmônicos das correntes de linha, obtidos de forma experimental e computacional. Espectro harmônico da corrente na linha A na entrada do reator trifásico com núcleo compacto (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha A na entrada do reator trifásico com núcleo compacto (Simulação) Espectro harmônico da corrente na linha B na entrada do reator trifásico com núcleo compacto (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha B na entrada do reator trifásico com núcleo compacto (Simulação) Espectro harmônico da corrente na linha C na entrada do reator trifásico com núcleo compacto (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha C na entrada do reator trifásico com núcleo compacto (Simulação) (a) (b) Figura 5.9 – Espectros harmônicos das correntes de linha na entrada do reator trifásico com núcleo compacto (a) Espectros harmônicos obtidos via ensaios de laboratório (b) Espectros harmônicos obtidos via simulações computacionais Tese de Doutorado 161 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado 5.5 RESULTADOS PARA O REATOR TRIFÁSICO TWINTRIPLER COM NÚCLEO COMPACTO A figura 5.10 é ilustrativa do protótipo do equipamento supra identificado. Os procedimentos para o ensaio em laboratório, mais uma vez, obedecem a mesma estrutura anteriormente detalhada. Também, objetivando maior clareza para os estudos comparativos, os resultados discutidos na seqüência contemplam aqueles derivados para as fases A, B e C. Figura 5.10 – Reator twin-tripler de 5 kVA à núcleo de ferro saturado com núcleo compacto As figuras 5.11(a) e (b), apresentam as formas de ondas das correntes de linha obtidas experimentalmente e computacionalmente. Tese de Doutorado 162 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0 Corrente(A) Corrente(A) Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado 0.01 0.02 Tempo(s) 0.03 0.04 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(S) 0.44 0.45 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 -0.01 Corrente(A) Corrente(A) Forma de onda da corrente da linha A na entrada do Forma de onda da corrente da linha A na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto reator twin-tripler com núcleo compacto (Laboratório) (Simulação) 0 0.01 0.02 Tempo(s) 0.03 0.04 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 -0.01 Corrente(A) Correnete(A) Forma de onda da corrente da linha B na entrada do Forma de onda da corrente da linha B na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto reator twin-tripler com núcleo compacto (Laboratório) (Simulação) 0 0.01 0.02 Tem po(s) 0.03 0.04 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 Forma de onda da corrente da linha C na entrada do Forma de onda da corrente da linha C na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto reator twin-tripler com núcleo compacto (Laboratório) (Simulação) (a) (b) Figura 5.11 – Correntes de linha na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto (a) Formas de ondas obtidas via ensaios de laboratório (b) Formas de ondas obtidas via simulações computacionais As figuras 5.12(a) e (b), de modo adicional, indicam os espectros harmônicos das correntes de linha extraídas dos ensaios laboratoriais e das simulações computacionais, respectivamente. Tese de Doutorado 163 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado Espectro harmônico da corrente na linha A na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha A na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto (Simulação) Espectro harmônico da corrente na linha B na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha B na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto (Simulação) Espectro harmônico da corrente na linha C na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha C na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto (Simulação) (a) (b) Figura 5.12 – Correntes de linha na entrada do reator twin-tripler com núcleo compacto (a) Espectros harmônicos obtidos via ensaios de laboratório (b) Espectros harmônicos obtidos via simulações computacionais Tese de Doutorado 164 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado 5.6 RESULTADOS PARA O REATOR TRIFÁSICO TWINTRIPLER COM NÚCLEO ISOLADO A figura 5.13 é indicativa do equipamento acima o qual, como se constata, difere do anterior pela utilização de dois núcleos magnéticos trifásicos desacoplados. Figura 5.13 – Reator twin-tripler de 5 kVA à núcleo de ferro saturado com núcleo isolado As figuras 5.14(a) e (b), mostram as formas de ondas das correntes de linha do reator sob estudo através dos procedimentos experimentais e computacionais, respectivamente. Tese de Doutorado 165 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0 Corrente(A) Corrente(A) Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado 0.01 0.02 Tempo(s) 0.03 0.04 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0 Corrente(A) Corrente(A) Forma de onda da corrente da linha A na entrada do Forma de onda da corrente da linha A na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado (Laboratório) reator twin-tripler com núcleo isolado (Simulação) 0.01 0.02 Tempo(s) 0.03 0.04 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0 Corrente(A) Corrente(A) Forma de onda da corrente da linha B na entrada do Forma de onda da corrente da linha B na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado (Laboratório) reator twin-tripler com núcleo isolado (Simulação) 0.01 0.02 Tempo(s) 0.03 0.04 15 13 11 9 7 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 -11 -13 -15 0.4 0.41 0.42 0.43 Tempo(s) 0.44 0.45 Forma de onda da corrente da linha C na entrada do Forma de onda da corrente da linha C na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado (Laboratório) reator twin-tripler com núcleo isolado (Simulação) (a) (b) Figura 5.14 – Correntes de linha na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado (a) Formas de ondas obtidas via ensaios de laboratório (b) Formas de ondas obtidas via simulações computacionais Os respectivos espectros harmônicos são elucidados através das figuras 5.15(a) e (b), as quais estão associadas aos ensaios de laboratório e simulações computacionais. Tese de Doutorado 166 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado Espectro harmônico da corrente na linha A na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha A na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado (Simulação) Espectro harmônico da corrente na linha B na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha B na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado (Simulação) Espectro harmônico da corrente na linha C na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha C na entrada do reator twin-tripler com núcleo isolado (Simulação) (a) (b) Figura 5.15 – Espectros harmônicos das correntes de linha na entrada do reator twintripler com núcleo isolado (a) Espectros harmônicos obtidos via ensaios de laboratório (b) Espectros harmônicos obtidos via simulações computacionais Tese de Doutorado 167 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado 5.7 SÍNTESE COMPARATIVA A tabela 5.1 oferece uma síntese comparativa entre os resultados obtidos experimentalmente e computacionalmente para os distintos reatores contemplados nas investigações. Tabela 5.1 – Síntese Comparativa dos Resultados das Operações dos Reatores sob Condições Ideais de Suprimento Local Grandeza Corrente do Reator Monofásico Corrente do Reator Trifásico Compacto Entrada Corrente do Reator twin-tripler Compacto Corrente do Reator twin-tripler Isolado Simulação Experimental Diferença Valor Eficaz (A) 1,95 1,90 2,63 % 3ª 57,66 57,00 1,15 % 5ª 22,62 21,50 5,20% 7ª 9,56 9,00 6,22 % DHT (%) 62,38 % 61,27 % 1,81% Valor Eficaz (A) 6,57 6,21 5,79 % 5ª 29,62 30,00 1,28 % 7ª 8,83 9,00 1,92 % DHT (%) 30,13 % 31,32 % 3,94 % Valor Eficaz (A) 7,29 7,40 1,50 % 3ª 23,36 22,00 9,42 % 5ª 14,57 13,00 8,92 % 11ª 6,65 6,25 6,40 % DHT (%) 28,0 % 26,63 % 9,51 % Valor Eficaz (A) 8,58 8,70 1,39 % 11ª 9,96 9,80 1,63% 13ª 1,09 1,0 9,0 % 10,02% 9,90 % 1,20 % Harmônicas mais Significativas (%) Harmônicas mais Significativas (%) Harmônicas mais Significativas (%) Harmônicas mais Significativas (%) DHT (%) Tese de Doutorado 168 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado Deve-se ressaltar que, embora os resultados computacionais e experimentais apresentem boa concordância, é de se esperar alguns desvios devidos a, dentre outros motivos, imprecisões paramétricas, negligências de componentes parasitas, erros do sistema de medição e aquisição de dados, modelagem de alguns dispositivos como ideais, etc. Comparando os espectros harmônicos obtidos computacionalmente e experimentalmente, verificam-se algumas discrepâncias entre as amplitudes das grandezas analisadas. Essas amplitudes, quando obtidas experimentalmente, em função dos desequilíbrios e distorções harmônicas presentes nas tensões da rede utilizada no laboratório (dentre outras causas), podem apresentar valores diferentes em cada instante. Esse fato não se verifica na simulação, que sempre apresenta o mesmo perfil para o espectro harmônico, para uma dada alimentação, pois a análise computacional não consegue representar todas as particularidades de um sistema real. Estas considerações quanto aos espectros (modelo versus componentes reais), são extensivas a outros resultados obtidos, embora não comprometam a validade do modelo implementado, face à observância de similaridades bastante significativas. 5.8 ANÁLISE DOS RESULTADOS Analisando os resultados obtidos, os quais foram derivados de um suprimento ideal constituído por tensões trifásicas equilibradas e senoidais aplicado aos reatores investigados, pôde-se constatar que: • em relação à tensão do sistema utilizado em laboratório, ficou evidenciada a presença de uma pequena distorção harmônica, o que não ocorreu com a tensão usada na simulação, que é perfeitamente senoidal. Este fato justifica uma pequena diferença entre os resultados computacionais e experimentais; Tese de Doutorado 169 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado • observando-se as correntes de alimentação dos reatores, pode-se verificar que as mesmas são bastante semelhantes em suas formas de onda e espectros em relação aos resultados experimentais e computacionais; • para o caso do reator monofásico, como esperado, as distorções harmônicas presentes são prioritariamente determinadas pelas ordens 3, 5, 7 e 9; • para o trifásico, as ordens dominantes esperadas correspondem a 5 e 7, sendo que as componentes harmônicas de ordem 3 presente nas correntes das linhas a e b podem ser atribuídas à pequenos desvios das condições ideais consideradas nas simulações; • em relação ao reator twin-tripler com núcleo compacto, este apresentou distorções harmônicas de ordens 3, 5, 7, 11 e 13, sendo que estes harmônicos estão relacionados com a forma de construção do reator. Nota-se, portanto, que este tipo de dispositivo possui um substancial conteúdo harmônico para a corrente de linha, o que se constitui num fator negativo para o emprego desta topologia magnética; • para o caso do reator twin-tripler isolado, constituído por dois blocos trifásicos magneticamente desacoplados, as distorções harmônicas presentes são prioritariamente determinadas pelas ordens 11 e 13, as quais foram plenamente justificadas as suas existências quando do estuda da teoria clássica sobre o tema. Também, os resultados experimentais evidenciaram um pequeno nível de terceiro harmônico na corrente de linha, o que justifica pelas imperfeições já mencionadas; • não obstante as pequenas divergências constatadas entre as previsões teóricas e os resultados obtidos, verificou-se que, de um modo geral, houve uma boa correlação entre os resultados atingidos e os esperados; Tese de Doutorado 170 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado • também, ficou evidenciado que, objetivando que os reatores apresentem um funcionamento de acordo com a teoria clássica, estes devem ser construídos com núcleos isolados, conforme mostrado no Capítulo IV. Observando-se a componente harmônica mais significativa do twin- tripler isolado constata-se que, para as simulações, a corrente harmônica de ordem 11 ficou em torno de 9,97% da fundamental. Para os correspondentes trabalhos experimentais, tal componente ficou nas proximidades de 9,8%. Adicionalmente, os resultados computacionais e experimentais produziram níveis de DHT de corrente de 10,2% e 9,9% respectivamente. Desta forma conclui-se que, no que se refere à corrente de alimentação do equipamento, a modelagem computacional encontrase validada. 5.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este capítulo contemplou estudos voltados para a validação dos modelos computacionais. Foram apresentados os protótipos básicos dos reatores à núcleo saturado monofásico, trifásico e twin-tripler. Ênfase maior foi dada ao reator à núcleo saturado twin-tripler isolado em função do seu bom cancelamento harmônico e por ser objeto de investigação nesta tese. Ressalta-se ainda, a favor do emprego do reator à núcleo saturado twin- tripler isolado, que o seu cancelamento harmônico, analógico, proporciona uma forma de onda de corrente em que predominam as harmônicas de ordem 11 e 13 em valores reduzidos, o que não causa danos ao sistema de potência onde o reator for introduzido. Com o propósito de validar o modelo computacional, foi montado um arranjo experimental, utilizando protótipos construídos de reatores à núcleo saturados monofásico , trifásico compacto, twin-tripler compacto e twin-tripler isolado, de forma a averiguar em laboratório o comportamento do equipamento Tese de Doutorado 171 Capítulo V – Validação Experimental dos Modelos Computacionais Para os Reatores à Núcleo Saturado e comparar seu desempenho real com o desempenho verificado através dos resultados das simulações. Em um primeiro momento, tanto as simulações quanto os testes experimentais foram conduzidos em situação de suprimento ideal, objetivando obter parâmetros de referência para os estudos posteriores que serão realizados com degradação da tensão de suprimento. Os resultados obtidos do arranjo experimental demonstraram a adequação dos equipamentos de medição, aquisição e tratamento de dados e a compatibilidade com os resultados obtidos via simulação computacional. Uma vez alcançados os objetivos propostos, as principais contribuições oferecidas por este capítulo são citadas a seguir: • agrupamento das informações relevantes ao levantamento da curva de histerese do reator monofásico, encontradas na literatura; • com o propósito de validar o modelo computacional apresentado no Capítulo IV foi montado o arranjo experimental, utilizando os protótipos construídos dos reatores monofásicos, trifásicos e twin-tripler, de forma a averiguar em laboratório o comportamento dos equipamentos e comparar seus desempenhos reais com o desempenho verificado através dos resultados das simulações; • análise da geração harmônica produzida na corrente de alimentação, pelos reatores monofásicos, trifásicos e twin-tripler construídos; • embasamento para montagem em laboratório do compensador estático tipo reator à núcleo saturado (CERNS). Tese de Doutorado 172 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão CAPÍTULO VI ANÁLISE DE DESEMPENHO DOS COMPENSADORES ESTÁTICOS TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO FRENTE AO CONTROLE DE TENSÃO 6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Os Capítulos II, III, IV e V contemplaram abordagens teóricas, definiram procedimentos voltados para a implementação computacional e experimental dos reatores à núcleo saturado e, validaram as metodologias propostas para os estudos avaliativos sobre o desempenho das diversas concepções para a montagem física destas estruturas magnéticas. Não obstante os avanços oferecidos considera-se conveniente ressaltar que, os estudos até então realizados, compreendem tão apenas o reator propriamente dito, o qual, como se sabe, corresponde a uma parte do compensador estático como um todo. Neste contexto, é relevante que os trabalhos avancem na direção da obtenção e investigação do funcionamento global do compensador foco desta pesquisa. Este dispositivo, como esclarecido através dos documentos anteriores, compreende três unidades principais, a saber: o reator a núcleo saturado, o capacitor paralelo Tese de Doutorado 173 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão e o capacitor série. Estes serão considerados em maiores detalhes nas análises procedentes. Dentro dos princípios acima estabelecidos, este capítulo encontra-se direcionado para as seguintes ações: • considerações teóricas sobre a composição completa dos compensadores estáticos a núcleo saturado; • implementação computacional do dispositivo; • montagem de um protótipo do compensador estático; • avaliação do desempenho do equipamento compensador considerando suas ações como fornecedor ou consumidor dinâmico de potência reativa. 6.2 METODOLOGIA UTILIZADA Inicialmente vale observar que o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado (CERNS) não se fundamenta em nenhum sistema de controle externo, a exemplo dos demais tipos de compensadores estáticos embasados em tecnologias eletrônicas. Seu controle é intrínseco e depende tão apenas das características do material magnético do núcleo e do banco de capacitor paralelo a ele conectado. Adicionalmente, objetivando avaliar o desempenho do dispositivo enfocado dentro de um contexto operativo mais amplo, o qual envolve o equipamento conjuntamente com o sistema elétrico no qual o mesmo se encontra inserido, torna-se essencial recorrer às ferramentas computacionais. Assim agindo, pode-se antecipadamente à instalação de um produto, prever sua adequação aos fins almejados, proceder aos ajustes de projeto necessários e avaliar a eficácia operacional esperada. Para atingir estes objetivos, faz-se necessário o conhecimento detalhado do princípio de funcionamento do produto, o estabelecimento de modelos Tese de Doutorado 174 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão representativos e próprios às metas, a implementação destes numa plataforma computacional compatível com as aplicações desejadas e a realização dos estudos de desempenho necessários. Tais investigações, via de regra, compreendem: fluxo de carga, harmônicos, transitórios eletromagnéticos, etc. Assim, diante da crescente necessidade de tais avaliações operacionais, torna-se extremamente interessante que uma única ferramenta computacional seja capaz de realizar os mais diferentes estudos citados. Neste particular destaca-se, mais uma vez, o simulador SABER, o qual, além de uma variada biblioteca, propicia através de uma linguagem própria (Mast), a modelagem de qualquer componente eletro-eletrônico, mecânico, etc., no domínio do tempo. Além disso, é reconhecido que o citado simulador possui características atrativas como: grande versatilidade gráfica, capacidade de interconexão com rotinas elaboradas em outras linguagens de programações (C e Fortran) e manipulações dos resultados de saída. Estas propriedades permitem executar estudos mais complexos e análises mais ricas. 6.3 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO COMPENSADOR ESTÁTICO TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO (CERNS) A figura 6.1 representa o arranjo genérico para o compensador aqui considerado. Tese de Doutorado 175 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Figura 6.1 – Arranjo típico de um compensador estático tipo reator à núcleo saturado Na figura: v0(t) – Tensão do sistema CA no ponto de acoplamento do CERNS; i(t) – Corrente no ramo entre o CERNS e o sistema CA; v(t) – Tensão nos terminais do CERNS; vR(t) – Tensão nos terminais do reator; vCS(t) – Tensão nos terminais do capacitor colocado em série com o reator à núcleo saturado; iC(t) – Corrente no ramo do capacitor shunt; XR – Reatância do reator à núcleo saturado; iR(t) – Corrente no reator à núcleo saturado; XCP – Reatância do capacitor em paralelo para aumentar a flexibilidade de operação do compensador, proporcionando a característica de manutenção de tensão constante quando houver queda de tensão; XCS – Reatância do capacitor série para melhorar a inclinação da curva característica do reator. Tese de Doutorado 176 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Observando os princípios básicos que norteiam o funcionamento do equipamento, vale lembrar que o reator, operando isoladamente, só poderá agir no sentido de absorver potência reativa do sistema de suprimento. Entretanto, com a inclusão de um banco de capacitor em paralelo (XCP), o conjunto pode também fornecer potência reativa ao complexo elétrico ao qual o mesmo se encontra conectado. Nestas circunstâncias, o dispositivo estará habilitado a promover as ações próprias aos compensadores de reativos na sua forma mais completa. Objetivando, por exemplo, o controle da tensão do barramento ao qual o CERNS encontra-se inserido, tal intento é obtido pela absorção ou injeção de reativos na forma e proporção definidas pela variação da tensão de barra. Se a carga aumentar o consumo de potência reativa dentro de um limite préestabelecido, o banco de capacitores fornece um montante de reativos suficiente para a compensação da carga e do consumo do reator. Assim procedendo, proceder-se-á a restauração da tensão aos patamares determinados pela legislação. Por outro lado, se a carga é aliviada, a tensão tenderia a aumentar. Nestas condições o reator passa a administrar a situação operacional, visto que o mesmo entra em sua região saturada, passando a consumir um substancial montante de potência reativa. Tal valor de potência reativa absorvida pelo reator visa compensar os reativos produzidos pelo banco de capacitores e ainda, produzir a necessária redução da tensão do barramento. Tal controle da tensão se faz produzir através de um aumento da corrente indutiva. A situação discutida encontra-se sintetizada na figura 6.2. Tese de Doutorado 177 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Figura 6.2 – O CERNS como fonte e consumo de reativos 6.4 IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL O simulador SABER contém modelos de dispositivos eletrônicos, magnéticos ou dispositivos eletromagnéticos prontos para utilização pelo usuário. Esses modelos foram desenvolvidos utilizando-se a linguagem de modelagem MAST, capaz de representar componentes e dispositivos em termos de suas equações integrais/diferenciais ou equações algébricas lineares ou não lineares. Quando se trata de sistemas analógicos contínuos, o simulador repetidamente soluciona um conjunto simultâneo de equações diferenciais não lineares. Dentre os dispositivos disponibilizados pelo simulador, aqueles associados a componentes eletromagnéticos, como reatores e transformadores, são especiais porque incorporam dois tipos de circuitos: o elétrico e o magnético. Para tais componentes destacam-se as seguintes unidades fundamentais: • Enrolamentos – associados com as grandezas elétricas; Tese de Doutorado 178 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão • Núcleos – associados com as grandezas magnéticas. Assim, quando uma tensão é aplicada numa bobina enrolada sobre um núcleo magnético tal que por ela circule uma corrente elétrica, uma força magnetomotriz (f.m.m.) é gerada no núcleo magnético. Também, a variação do fluxo magnético em um núcleo pode gerar uma força eletromotriz (f.e.m.) numa bobina enrolada sobre este núcleo. O simulador SABER possui uma variedade de blocos de dispositivos (modelos representados por templates) incorporados e disponibilizados em sua biblioteca, capazes de simular os fenômenos elétricos e magnéticos concomitantemente. As principais templates que modelam os dispositivos eletromagnéticos são relacionados na tabela 6.1. Tabela 6.1 – Templates magnéticas disponíveis no SABER. DISPOSITIVO NOME DO TEMPLATE Núcleo magnético linear core.sin Núcleo magnético não linear Indutor com acoplamento mútuo corenl.sin/jamodel.sin Enrolamento wind.sin ml.sin A título de exemplificação, a figura 6.3 indica a estratégia seguida para se modelar o reator aqui considerado, qual seja, o twin-tripler isolado. Tese de Doutorado 179 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Figura 6.3 – Diagrama de bloco do reator twin-tripler à núcleo saturado isolado implementado computacionalmente Da figura 6.3: • NC1 até NC14 – Núcleos magnéticos não lineares, sendo modelado no simulador SABER utilizando a template “Nonlinear Core (corenl)”; • m1a até m6a, m1b até m6b, x1 até x6, y1 até y4 e 0 – São pontos de conexão das partes do núcleo que representam o espaço do núcleo, com enrolamento e sem enrolamento; • B1 – Bobinas superiores que possuem um número de espiras n, sendo modelado no simulador SABER utilizando a template “Winding (wind)”; • B2 – Bobinas inferiores que possuem um número de espiras 0,366n, sendo modelado no simulador SABER utilizando também a template “Winding (wind)” • ia e a1, ib e b1, ic e c1, c2 e c1, a2 e a1, b2 e b1, a2 e a3, b2 e b3, c2 e c3, x e b3, x e c3, x e a3 – São pólos elétricos que representam a alimentação das bobinas do reator em uma ligação zig-zag, com um defasamento angular de 30º entre cada conjunto, sendo ia, ib e ic modelados no simulador SABER utilizando a template “sine” e as demais são interligações entre bobinas. Tese de Doutorado 180 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 6.5 ESTUDOS COMPUTACIONAIS Esta seção encontra-se voltada para os estudos relacionados com o desempenho do CERNS quando este age no sentido de compensar condições adversas manifestadas numa rede elétrica típica de suprimento. São considerados distúrbios relacionados com elevações momentâneas e equilibradas de tensão, afundamentos de tensão e a eficácia no processo da regulação desta variável. 6.5.1 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO SIMULADO A figura 6.4 ilustra o diagrama unifilar do sistema elétrico simulado, o qual, como se constata, tem uma característica eminentemente radial. Figura 6.4 – Diagrama unifilar do sistema simulado Os parâmetros da linha encontram-se na tabela 6.2. Tabela 6.2 – Dados para simulação da linha de transmissão Dados Indutância (mH) Resistência (Ω) LT – 1 1,5 6,0 Na tabela 6.3 encontram-se as informações referentes a carga e aos componentes do CERNS. Tese de Doutorado 181 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Tabela 6.3 – Dados para simulação da carga e dos componentes do CERNS Dados Potência Nominal (kVA) Fator de Potência Tensão Nominal (V) Capacitância (µF) Carga 5,0 0,6 220 - - - 22 1250 - - 220 55 - - - - Capacitor Série (CS) Capacitor Paralelo (CP) Indutância Série com CS Indutância (mH) 1,0 6.5.2 DESCRIÇÕES DOS CASOS SIMULADOS A partir do arranjo físico e das características dos componentes elétricos apresentados na seção anterior, procedeu-se a um conjunto de estudos que podem ser agrupados em dois grandes grupos, elevações e afundamentos de tensão. Estes são identificados na tabela 6.4. A subdivisão em intervalos I, II e III visa esclarecer, num mesmo oscilograma, a situação operacional normal, o período de manifestação do distúrbio e, finalmente, o retorno às condições normais de funcionamento. Caso 1 2 3 4 Tabela 6.4 – Identificação dos casos simulados Descrição Objetivo Intervalo I Intervalo II 0,5 – 1s 1 – 1,5s Observar o comportamento do sistema quando submetido a uma elevação momentânea de tensão sem a presença do CERNS Observar o comportamento do sistema quando submetido a uma elevação momentânea de tensão com a presença do CERNS Observar o comportamento do sistema quando submetido a um afundamento momentâneo de tensão sem a presença do CERNS Observar o comportamento do sistema Tese de Doutorado Operação do sistema em condições normais (sem CERNS) Operação do sistema em condições normais (com CERNS) Operação do sistema em condições normais (sem CERNS) Operação do sistema em condições Intervalo III 1,5 – 2,5s Em 1s é retirada 80% da Em 1,5s a elevação carga que proporciona de 14% é eliminada uma elevação de 14% da com o retorno da tensão no barramento B2 carga total no com duração 0,5s barramento B2 (sem (sem CERNS) CERNS) Em 1s é retirada 80% da Em 1,5s a elevação carga que proporciona de 14% é eliminada uma elevação de 14% da com o retorno da tensão no barramento B2 carga total no com duração 0,5s barramento B2 (com (com CERNS) CERNS) Em 1s é colocado 100% Em 1,5s o da carga que proporciona afundamento é um afundamento de 10% eliminado com a da tensão no barramento retirada de 100% da B2 com duração 0,5s carga do barramento (sem CERNS) B2 (sem CERNS) Em 1s é colocado 100% Em 1,5s o da carga que proporciona afundamento é 182 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 4 quando submetido a um afundamento momentâneo de tensão com a presença do CERNS normais (com CERNS) um afundamento de 10% da tensão no barramento B2 com duração 0,5s (com CERNS) eliminado com a retirada de 100% da carga do barramento B2 (com CERNS) 6.5.3 RESULTADOS COMPUTACIONAIS E ANÁLISE Os resultados a seguir ilustram, evidenciam e esclarecem sobre o desempenho do sistema elétrico contemplado nos estudos, quando da manifestação dos fenômenos considerados e da ação do compensador. Como seria esperado, o foco das atenções está dirigido para as tensões no barramento B2 (ponto de acoplamento entre o CERNS e o sistema CA). 6.5.3.1 Elevação de tensão sem a presença do CERNS – Caso 1 Neste caso, as análises envolvem os efeitos da aplicação de uma elevação momentânea de tensão sobre o barramento B2, quando da ausência do CERNS. Desta forma, em t=1s é iniciada a ocorrência de tal evento. De fato, com a retirada de 80% da carga no referido barramento, ocorre um distúrbio que se manifesta na forma de uma elevação de 14% da tensão. O fenômeno da retirada da carga e subseqüente elevação de tensão foi determinado com uma duração de 0,5 segundos. Os perfis das tensões entre fases no barramento B2, durante todo o intervalo de simulação (entre 0,5 a 2,45s), provenientes de tais manobras, encontram-se apresentados na figura 6.5. Tese de Doutorado 183 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Figura 6.5 – Tensões entre fases no barramento B2 – elevação de tensão sem o CERNS A figura 6.6 apresenta um “zoom” das tensões de linha em 3 (três) ciclos finais de cada intervalo de simulação. (a) Intervalo I (b) Intervalo II (c) Intervalo III Figura 6.6 – Tensões entre fases no barramento B2 (em três ciclos finais de cada intervalo), elevação de tensão sem CERNS Tese de Doutorado 184 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Nas figuras 6.5 e 6.6 observa-se que, devido à ausência do CERNS, não houve um controle de tensão no barramento B2. O valor de 220V (1 p.u.), no intervalo de 0,5 a 1,0s, foi incrementado para 251V (1,14 p.u.), no intervalo de 1,0 a 1,5s, durante o período de retirada da carga. Esta tensão retoma o seu valor original após a re-inserção da carga em t=1,5s. 6.5.3.2 Elevação de tensão com a presença do CERNS – Caso 2 Da mesma forma procedida na sessão anterior, mais uma vez observa-se o comportamento da tensão no barramento B2 para o mesmo fenômeno considerado. De fato, em t =1s de simulação retira-se, novamente, 80% da carga, como no caso anterior. Os resultados, por outro lado, evidenciam que o sistema sob análise não ficou submetido a uma elevação momentânea de tensão de 14% como no caso anterior. Naturalmente, isto se deve a presença do CERNS e sua eficácia no controle de tensão do barramento de carga B2. Diante disso, a figura 6.7 exibe os perfis das tensões de linha entre as fases ab, bc e ca no barramento B2, durante todo o intervalo de estudo (entre 0,5 a 2,5s). De forma complementar, a figura 6.8 fornece um “zoom” das mesmas grandezas em 3 (três) ciclos finais de cada intervalo de simulação, para que fique melhor caracterizado o comportamento desta situação. Tese de Doutorado 185 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Figura 6.7 – Tensões entre fases no barramento B2 – elevação de tensão com o CERNS (a) Intervalo I (b) Intervalo II (c) Intervalo III Figura 6.8 – Tensões entre fases no barramento B2 (em 3 (três) ciclos finais de cada intervalo) elevação de tensão com CERNS Tese de Doutorado 186 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Baseando-se nas figuras 6.7 e 6.8, pode-se constatar, com clareza, a ação do CERNS no sentido de manter a tensão no barramento B2. Na verdade, a tensão de 220V (1,0 p.u.) foi para um patamar de 227V (1,03 p.u.) com a retirada momentânea de 80% da carga. Isto equivale a um aumento da ordem de 3%. Muito embora não se tenha obtido 100% de compensação, houve uma substancial melhoria no desempenho do conjunto. Vale ressaltar que não há qualquer impedimento para uma compensação plena, todavia, a manutenção desta condição se prende ao fato que o compensador simulado corresponde a um protótipo disponibilizado para futuros trabalhos laboratoriais. O procedimento empregado pelo compensador para controlar a tensão no barramento diante da manobra efetuada, como já é amplamente conhecido, consiste na absorção de reativos por parte do CERNS enquanto tal distúrbio perdure (Intervalo II). Neste caso, a potência reativa absorvida em regime Potência Reativa Absorvida (VAr) permanente foi de 5 kVAr, como pode ser comprovado pela figura 6.9. 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 -1000 -2000 -3000 -4000 -5000 -6000 0.5 0.75 1 1.25 1.5 1.75 Tempo(s) 2 2.25 2.5 Figura 6.9 – Potência reativa absorvida pelo CERNS do sistema CA durante a elevação de tensão – regulação de tensão Tese de Doutorado 187 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 6.5.3.3 Afundamento de tensão sem a presença do CERNS – Caso 3 Esta simulação objetivou observar o comportamento da tensão no barramento B2, quando o sistema sob análise é submetido a um afundamento momentâneo de tensão e encontra-se desprovido da compensação através do CERNS. Em t = 1s é iniciada à ocorrência de tal evento, com a entrada de 100% da carga no referido barramento. Isto provocou um afundamento de tensão de intensidade igual a 10% com duração de 0,5 segundos. O resultado de tal manobra pode ser visualizado na figura 6.10, a qual ilustra os perfis das tensões entre fases do barramento B2 durante todo o intervalo de estudo (entre 0,5 a 2,5s). Adicionalmente, a figura 6.11 apresenta um “zoom” das tensões de linha em 3 (três) ciclos finais para cada intervalo de simulação. 500 400 vab vbc vca Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 Entrada de Carga Saida de Carga -500 0.5 0.75 1 1.25 1.5 1.75 2 2.25 2.5 Tempo(s) Figura 6.10 – Tensões entre fases no barramento B2 – afundamento de tensão sem o CERNS Tese de Doutorado 188 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 500 RMS=199V RMS=199V 400 vab vbc vca RMS=199V 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 1.4 1.4051.411.4151.421.4251.431.4351.441.4451.45 Tempo(s) Tensões(V) Tensões(V) 500 RMS=220V vab vbc vca RMS=220V RMS=220V 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 0.9 0.9050.910.9150.920.9250.930.9350.940.9450.95 Tempo(s) (a) Intervalo I 500 400 vab (b) Intervalo II vbc vca RMS=220VRMS=220V RMS=220V 300 Tensões(V) 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 2.4 2.405 2.41 2.415 2.42 2.425 2.43 2.435 2.44 2.445 2.45 Tempo(s) (c) Intervalo III Figura 6.11 – Tensões entre fases no barramento B2 (em 3 (três) ciclos finais de cada intervalo) afundamento de tensão sem CERNS Nas figuras 6.10 e 6.11 observa-se que, devido a ausência do CERNS, não houve um controle de tensão no barramento B2. A tensão que se encontrava em torno de 220V (1 p.u.), no intervalo de 0,5 a 1s, diminuiu para 199V (0,9 p.u.) no intervalo de 1 a 1,5s, durante o período de entrada da carga. Esta tensão retoma o seu valor inicial, apenas quando o referido distúrbio é eliminado em t = 1,5 segundos. 6.5.3.4 Afundamento de tensão com a presença do CERNS – Caso 4 O estudo anterior é repetido com a inserção do compensador enfocado nos estudos. Diante disto, a figura 6.12 apresenta os perfis das tensões de linha entre as fases ab, bc e ca no barramento B2, durante todo o intervalo de estudo (0,5 a Tese de Doutorado 189 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 2,5s) e, de forma complementar, a figura 6.13 fornece um “zoom” das mesmas grandezas para os 3 (três) ciclos finais de cada intervalo de simulação. 500 vab 400 vca vbc Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 Entrada de Carga -500 0.5 0.75 1 Saida de Carga 1.25 1.5 1.75 Tempo(s) 2 2.25 2.5 Figura 6.12 – Tensões entre fases no barramento B2 – afundamento de tensão com o CERNS 500 vab vbc vca RMS=220V 500 RMS=220V RMS=220V 400 300 300 200 200 Tensões(V) Tensões(V) 400 100 0 -100 -200 vab vbc vca RMS=217V RMS=217V RMS=217V 100 0 -100 -200 -300 -300 -400 -400 -500 0.9 0.905 0.91 0.915 0.92 0.925 0.93 0.935 0.94 0.945 0.95 Tempo(s) -500 1.4 1.405 1.41 1.415 1.42 1.425 1.43 1.435 1.44 1.445 1.45 Tempo(s) (a) Intervalo I (b) Intervalo II Tese de Doutorado 190 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 500 400 vab vbc vca RMS=220V RMS=220V RMS=220V Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 2.4 2.405 2.41 2.415 2.42 2.425 2.43 2.435 2.44 2.445 2.45 Tempo(s) (c) Intervalo III Figura 6.13 – Tensões entre fases no barramento B2 (em 3 (três) ciclos finais de cada intervalo) afundamento de tensão com CERNS Nas figuras 6.12 e 6.13 pode-se constatar a eficácia do CERNS no que tange a manutenção da tensão do barramento B2. Esta que inicialmente era de aproximadamente 220V (1 p.u.), após o distúrbio, foi para um patamar de 217V (0,98 p.u.), mesmo durante a entrada momentânea de 100% da carga. O procedimento empregado pelo compensador para controlar a tensão no barramento diante da manobra efetuada consiste na injeção de reativos enquanto tal distúrbio perdure (Intervalo II). Neste caso, a potência reativa fornecida em regime permanente foi 3,5 kVAr, o que pode ser visualizado na figura 6.14. Tese de Doutorado 191 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 4 Potência Reativa Fornecida(VAr) x 10 2.3 1.9 1.5 1.1 0.7 0.3 -0.1 -0.5 -0.9 -1.3 -1.7 -2.1 -2.5 0.5 0.75 1 1.25 1.5 1.75 Tempo(s) 2 2.25 2.5 Figura 6.14 – Potência reativa fornecida pelo CERNS ao sistema CA durante o afundamento de tensão - regulação de tensão 6.5.3.5 Quadro resumo comparativo dos estudos computacionais A tabela 6.5 fornece um quadro resumo comparativo dos valores em regime permanente das grandezas monitoradas durante a simulação dos casos. Caso 1 – Elevação de tensão sem a presença do CERNS 2 - Elevação de tensão com a presença do CERNS Tabela 6.5 – Quadro resumo comparativo das principais grandezas monitoradas nas simulações Descrição Grandeza Intervalo I Intervalo II Intervalo III Tensão em B2 [V] 220 251 220 Potência Reativa [kVAr] - - - Tensão em B2 [V] 220 227 220 Potência Reativa [kVAr] 1,2 5,0 1,2 Tese de Doutorado 192 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Intervalo I Descrição Intervalo II Intervalo III Tensão em B2 [V] 220 199 220 Potência Reativa [kVAr] - - - Tensão em B2 [V] 220 217 220 Potência Reativa [kVAr] 1,2 3,5 1,2 Caso 3 - Afundamento de tensão sem a presença do CERNS 4 - Afundamento de tensão com a presença do CERNS Grandeza 6.6 ESTUDOS EXPERIMENTAIS Objetivando validar o modelo computacional, implementou-se, paralelamente, um arranjo experimental que permitiu reproduzir, em laboratório, um compensador estático tipo reator a núcleo saturado em situações operacionais similares aquelas estudadas computacionalmente. Assim procedendo, torna-se possível o estabelecimento de termos comparativos entre os desempenhos do CERNS no controle da tensão, formas de onda, valores eficazes, espectros harmônicos, etc. 6.6.1 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO SIMULADO A figura 6.15 mostra o arranjo experimental montado, no qual se observa o CERNS acoplado ao barramento B2 de um sistema supridor, juntamente com as cargas. O conjunto laboratorial é ilustrado na fotografia da figura 6.16. O sistema elétrico montado possui parâmetros iguais aqueles empregados para os trabalhos computacionais. Tese de Doutorado 193 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Figura 6.15 –Arranjo laboratorial para a análise de desempenho do CERNS Figura 6.16 – Fotografia do arranjo físico utilizado para análise de desempenho do CERNS Tese de Doutorado 194 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão A aquisição de dados foi feita utilizando o analisador de energia VIP System 3, digital, portátil da Elcontrol, Modelo 2. 6.6.2 CASOS EXPERIMENTAIS Tal como os estudos computacionais, os trabalhos de investigação foram voltados para a análise de desempenho do sistema elétrico nas mesmas condições anteriormente estabelecidas. Por este motivo, os casos considerados para os ensaios laboratoriais são idênticos aqueles constantes da tabela 6.3. 6.6.3 RESULTADOS EXPERIMENTAIS E ANÁLISE Os resultados apresentados e discutidos na seqüência obedecem a mesma estrutura anteriormente empregada para os estudos computacionais. Portanto, são consideradas as tensões junto ao barramento B2 sob ação dos distúrbios geradores de elevações e afundamentos de tensão, sem e com a presença do compensador objeto da presente pesquisa. 6.6.3.1 Elevação de tensão sem a presença do CERNS – Caso 1 Neste caso, as análises envolvem os efeitos de uma elevação momentânea da tensão no barramento B2 quando da ausência do CERNS. Do mesmo modo que para os trabalhos computacionais foi efetuada a retirada de 80% da carga do barramento. Os perfis das tensões entre fases em valores eficazes no barramento B2, durante todo o intervalo de estudo, encontram-se apresentados na figura 6.17. Observa-se que, como não há o controle das tensões do barramento B2, a tensão que se encontrava próxima a 220V (1 p.u.), subiu para aproximadamente 252V (1,14 p.u.) durante a retirada parcial da carga. Esta grandeza retoma o seu Tese de Doutorado 195 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão valor original apenas quando o referido distúrbio é eliminado. Vale lembrar que os valores relacionados com a elevação da tensão obtidos experimentalmente (252V) e computacionalmente (251V) estão bastante próximos. 260 vab 255 vbc vca 250 Tensões(V) 245 240 235 230 Saida de Carga 225 Entrada de Carga 220 215 210 13.25 13.3 13.35 13.4 Tempo 13.45 13.5 13.55 Figura 6.17 –Tensões entre fases no barramento B2 sem CERNS – elevação de tensão 6.6.3.2 Elevação de tensão com a presença do CERNS – Caso 2 Com o mesmo procedimento da seção anterior, foi analisado o comportamento da tensão no barramento B2 quando da retirada de aproximadamente 80% da carga estando o CERNS conectado ao referido barramento. A figura 6.18 apresenta os perfis das tensões de linha entre as fases ab, bc e ca no barramento B2, durante todo o intervalo de estudo. Tese de Doutorado 196 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 260 255 250 Tensões(V) 245 240 235 vab vbc vca 230 225 220 215 210 16.3 Saida de Carga 16.35 Entrada de Carga 16.4 16.45 Tempo 16.5 16.55 Figura 6.18 –Tensões entre fases no barramento B2 com CERNS – elevação de tensão Observa-se que, como o CERNS encontra-se interligado ao barramento, a tensão manteve-se em um patamar médio de 226V (1,02 p.u.). Aproximadamente o mesmo valor constatado através das simulações computacionais, que foi de 227 V (1.03 p.u). O procedimento empregado pelo CERNS para reduzir a tensão do barramento diante da manobra efetuada, como foi visto na simulação, consiste na absorção de reativos por parte do compensador, enquanto o distúrbio perdure. Neste caso, a potência reativa absorvida durante o distúrbio equivaleu a 5,1 kVAr, como pode ser visualizado na figura 6.19. Tese de Doutorado 197 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Figura 6.19– Potência reativa absorvida pelo CERNS do sistema CA com a retirada parcial da carga 6.6.3.3 Afundamento de tensão sem a presença do CERNS – Caso 3 De modo similar ao realizado computacionalmente, os estudos aqui referidos estão associados com os efeitos de um afundamento da tensão no barramento B2 quando da ausência do CERNS. Para tanto procedeu-se a uma entrada súbita de 100% da carga no barramento. Os perfis das tensões entre fases no barramento B2, provenientes de tais manobras, encontram-se apresentados na figura 6.20. Tese de Doutorado 198 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 225 222 vab vbc vca Tensões(V) 219 216 213 Entrada de Carga Saida de Carga 210 207 204 201 198 8.06 8.11 8.16 8.21 Tempo 8.26 8.31 Figura 6.20 –Tensões entre fase no barramento B2 sem CERNS – submetido a um afundamento de tensão Observa-se que, como não há o controle das tensões no barramento B2, a tensão que se encontrava em torno de 220V (1,0 p.u.), diminuiu para 200V (0,9 p.u.), durante a entrada da carga. Esta tensão retoma o seu valor original apenas quando o referido distúrbio é eliminado. Tal nível de afundamento foi também constatado nas simulações computacionais, onde chegou-se a 199V. 6.6.3.4 Afundamento de tensão com a presença do CERNS – Caso 4 Com o mesmo procedimento da seção anterior, foi analisado o comportamento da tensão no barramento B2 quando da entrada de 100% da carga. Neste caso, entretanto, o CERNS encontra-se conectado ao referido barramento com o objetivo de efetuar o controle desta tensão. A figura 6.21 apresenta os perfis das tensões de linha entre as fases ab, bc e ca no barramento B2, durante todo o intervalo de estudo. Tese de Doutorado 199 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 225 vab vbc vca 222 Tensões(V) 219 216 Entrada de Carga Saida de Carga 213 210 207 204 201 198 8.4 8.45 8.5 8.55 Tempo (s) 8.6 8.65 Figura 6.21 –Tensões entre fase no barramento B2 com CERNS – submetido a um afundamento de tensão Observa-se que, como o CERNS encontra-se interligado ao barramento, a tensão manteve-se em um patamar médio de 216,5V (0,98 p.u.), aproximadamente no mesmo patamar verificado através de simulações computacionais que foi de 217V (0,98 p.u.). O procedimento empregado pelo CERNS para manter a tensão no barramento diante da manobra efetuada, como foi visto na simulação, consiste na injeção de reativos por parte do compensador, enquanto o distúrbio perdure. Neste caso, a potência reativa fornecida em regime permanente equivaleu a 3,5 kVAr, o que pode ser visualizado na figura 6.22. Tese de Doutorado 200 Potência Reativa Fornecida (VAr) Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 3600 2700 1800 900 E n trad a d e C arg a 0 8.4 8.45 8.5 S aid a d e C arga 8.55 T em p o 8.6 8.65 8.7 Figura 6.22 – Potência reativa fornecida pelo CERNS ao sistema CA com a entrada de 100% da carga 6.6.3.5 Resumo comparativo dos ensaios de laboratório A tabela 6.6 fornece um resumo comparativo dos valores em regime permanente das grandezas monitoradas durante o ensaio em laboratório. Tabela 6.6 –Resumo comparativo das principais grandezas monitoradas no laboratório Descrição Caso Grandeza Intervalo I Intervalo II Intervalo III 1 – Elevação de tensão sem a presença do CERNS 2 - Elevação de tensão com a presença do CERNS 3 - Afundamento de tensão sem a presença do CERNS 4 - Afundamento de tensão com a presença do CERNS Tensão em B2 [V] 220 252 220 Potência Reativa [kVAr] - - - Tensão em B2 [V] 220 226 220 Potência Reativa [kVAr] 1,1 5,1 1,1 Tensão em B2 [V] 220 200 220 Potência Reativa [kVAr] - - - Tensão em B2 [V] 220 216,5 220 Potência Reativa [kVAr] 1,2 3,5 1,2 Tese de Doutorado 201 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 6.7 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS OBTIDOS NAS SIMULAÇÕES COMPUTACIONAIS E OS ENSAIOS DE LABORATÓRIO DO COMPENSADOR ESTÁTICO TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO Esta seção apresenta uma síntese dos resultados obtidos através das simulações computacionais e dos ensaios de laboratoriais, como mostra a tabela 6.7. De um modo geral, as diferenças constatadas evidenciam uma boa correlação entre os desempenhos através das duas estratégias, fato este que valida os procedimentos computacionais adotados. Tabela 6.7 –Resumo comparativo entre as principais grandezas monitoradas na simulação e no laboratório Intervalo I Intervalo II Intervalo III Caso Grandeza Simul Labor Diferença Simul Labor 1 – Elevação de tensão sem a presença do CERNS Tensão em B2 [V] 220 220 _ 251 252 0,31% Potência Reativa [kVAr] - - - - - Tensão em B2 [V] 220 220 - 227 Potência Reativa [kVAr] 1,2 1,12 7,14% 220 220 - - 2 - Elevação de tensão com a presença do CERNS 3 – Afundamento Tensão em B2 [V] de tensão sem a presença do Potência Reativa CERNS [kVAr] 4 – Afundamento Tensão em B2 220 220 [V] de tensão com a presença do Potência Reativa 0,009 0,001 CERNS [kVAr] Tese de Doutorado Diferença Simul Labor Diferença 220 220 - - - - - 226 0,44% 220 220 - 5,0 5,10 2% 1,00 1,12 2% - 199 200 0,99% 220 220 - - - - - - - - - 217 216,5 0,23% 220 220 - 9,0% 3,70 3,50 5,71% 0,01 0,001 10,0% 202 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 6.8 ANÁLISE DO SISTEMA QUANTO ÀS DISTORÇÕES HARMÔNICAS Adicionalmente aos estudos sobre o desempenho do CERNS no que tange a sua função como regulador de tensão, os quais evidenciaram que os modelos computacionais respondem de forma satisfatória aos objetivos delineados, esta unidade encontra-se voltada para trabalhos similares, porém enfocando as questões das distorções harmônicas. A figura 6.23 ilustra o arranjo laboratorial a fim de facilitar a identificação das grandezas a serem citadas. Figura 6.23 Arranjo laboratorial para análise do sistema quanto às distorções harmônicas. 6.8.1 CORRENTES DE LINHA NO SUPRIMENTO GERAL Inicialmente vale ressaltar que as formas de onda das tensões utilizadas nas simulações computacionais apresentam-se perfeitamente senoidais, enquanto Tese de Doutorado 203 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão que as correspondentes grandezas obtidas no laboratório contêm distorções harmônicas, como observado no capitulo V. Este fato, pois, caracteriza uma pequena divergência inicial entre os suprimentos para os modelos computacionais e experimentais. Não obstante estes aspectos, as figuras 6.24(a) e (b) mostram, respectivamente, as formas de onda das correntes para as linhas A, B e C relacionadas com as simulações computacionais e ensaios de laboratório, durante a atuação do CERNS. Tese de Doutorado 204 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Forma de onda da corrente na linha A (Simulação) Forma de onda da corrente na linha A (Laboratório) Forma de onda da corrente na linha B (Simulação) Forma de onda da corrente na linha B (Laboratório) Forma de onda da corrente na linha C (Simulação) Forma de onda da corrente na linha C (Laboratório) (a) (b) Figura 6.24 – Comparação entre as formas de ondas das correntes nas linhas (a) Formas de ondas obtidas nas simulações computacionais (b) Formas de ondas obtidas nos ensaios de laboratório Os seus respectivos espectros harmônicos encontram-se indicados nas figuras 6.25(a) e (b). Vale ressaltar que, nos ensaios de laboratório, os Tese de Doutorado 205 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão harmônicos não característicos do CERNS estão relacionados com as imperfeições observadas na tensão de alimentação. Espectro harmônico da corrente na linha A (Simulação) Espectro harmônico da corrente na linha A (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha B (Simulação) Espectro harmônico da corrente na linha B (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha C (Simulação) Espectro harmônico da corrente na linha C (Laboratório) (a) (b) Figura 6.25 – Comparação entre os espectros harmônicos das correntes de linha (a) Espectros obtidos nas simulações computacionais (b) Espectros obtidos nos ensaios de laboratório Tese de Doutorado 206 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 6.8.2 TENSÕES NO BARRAMENTO DE CARGA. As formas de onda das tensões no barramento de carga, que correspondem às mesmas de suprimento do CERNS, durante a sua atuação, são indicadas nas figuras 6.26 (a) e (b). Estas estão associadas, respectivamente, aos estudos computacionais e experimentais. Forma de onda da tensão na fase A (Simulação) Forma de onda da tensão na fase A (Laboratório) Forma de onda da tensão na fase B (Simulação) Forma de onda da tensão na fase B (Laboratório) Forma de onda da tensão na fase C (Simulação) Forma de onda da tensão na fase C (Laboratório) (a) (b) Figura 6.26 – Comparação entre as formas de ondas das tensões no barramento de carga (a) Formas de ondas observadas nas simulações computacionais (b) Formas de ondas observadas nos ensaios de laboratório Tese de Doutorado 207 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Complementarmente, as figuras 6.27 (a) e (b) fornecem os respectivos espectros harmônicos. Espectro harmônico da tensão na fase A (Simulação) Espectro harmônico da tensão na fase A (Laboratório) Espectro harmônico da tensão na fase B (Simulação) Espectro harmônico da tensão na fase B (Laboratório) Espectro harmônico da tensão na fase C (Simulação) Espectro harmônico da tensão na fase C (Laboratório) (a) (b) Figura 6.27 – Comparação entre os espectros harmônicos das tensões no barramento de carga (a) Espectros obtidos nas simulações computacionais (b) Espectros obtidos nos ensaios de laboratório Tese de Doutorado 208 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 6.8.3 TENSÕES NOS TERMINAIS DO REATOR TWIN-TRIPLER As figuras 6.28 (a) e (b) expressam as formas de onda das tensões nos terminais do reator twin-tripler, provenientes dos estudos computacionais e experimentais. Forma de onda da tensão na fase A no reator (Simulação) Forma de onda da tensão na fase A no reator (Laboratório) Forma de onda da tensão na fase B no reator (Simulação) Forma de onda da tensão na fase B no reator (Laboratório) Forma de onda da tensão na fase C no reator (Simulação) Forma de onda da tensão na fase C no reator (Laboratório) (a) (b) Figura 6.28 – Comparação entre as formas de ondas das tensões nos terminais do reator twin-tripler (a) Formas de ondas obtidas nas simulações computacionais (b) Formas de ondas obtidas nos ensaios de laboratório Tese de Doutorado 209 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Os respectivos espectros harmônicos são apresentados na seqüência. Espectro harmônico da tensão na fase A no reator (Simulação) Espectro harmônico da tensão na fase A no reator (Laboratório) Espectro harmônico da tensão na fase B no reator (Simulação) Espectro harmônico da tensão na fase B no reator (Laboratório) Espectro harmônico da tensão na fase C no reator (Simulação) Espectro harmônico da tensão na fase C no reator (Laboratório) (a) (b) Figura 6.29 – Comparação entre os espectros harmônicos das tensões no reator twin-tripler (a) Espectros obtidos nas simulações computacionais (b) Espectros obtidos nos ensaios de laboratório Tese de Doutorado 210 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Por outro lado, as sessões (a) e (b) da figura 6.30 mostram as correspondentes formas de ondas das correntes no reator twin-tripler resultantes dos estudos computacionais e experimentais. Forma de onda da corrente na linha A no reator (Simulação) Forma de onda da corrente na linha A no reator (Laboratório) Forma de onda da corrente na linha B no reator (Simulação) Forma de onda da corrente na linha B no reator (Laboratório) Forma de onda da corrente na linha C no reator (Simulação) Forma de onda da corrente na linha C no reator (Laboratório) (a) (b) Figura 6.30 – Comparação entre as formas de ondas das correntes no reator twin-tripler (a) Formas de ondas obtidas nas simulações computacionais (b) Formas de ondas obtidas nos ensaios de laboratório Tese de Doutorado 211 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Na seqüência são fornecidos os respectivos espectros harmônicos. Espectro harmônico da corrente na linha A no reator (Simulação) Espectro harmônico da corrente na linha A no reator (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha B no reator (Simulação) Espectro harmônico da corrente na linha B no reator (Laboratório) Espectro harmônico da corrente na linha C no reator (Simulação) Espectro harmônico da corrente na linha C no reator (Laboratório) (a) (b) Figura 6.31 – Comparação entre os espectros harmônicos das correntes no reator twin-tripler (a) Espectros obtidos nas simulações computacionais (b) Espectros obtidos nos ensaios de laboratório Tese de Doutorado 212 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão 6.8.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Neste caso, em que o compensador é modelado no simulador SABER e montado experimentalmente em laboratório, os resultados conduzem às seguintes constatações: • Os trabalhos aqui contemplados apresentaram uma estrutura computacional no domínio do tempo, para que sejam executados estudos envolvendo a implementação do CERNS em complexos elétricos e analisar a eficácia da solução no controle da tensão de um determinado barramento. Tais estudos são de suma importância quando se trata da avaliação de instalações existentes e futuras, com e sem a presença do tipo de compensador sob investigação; • com o propósito de realizar estudos investigativos foram empregadas duas estratégias, uma computacional e outra experimental. Isto permite validar modelos e verificar o desempenho do produto foco deste trabalho. No que tange ao arranjo experimental, este empregou uma montagem laboratorial formada por fontes e cargas, em cujo sistema foi inserido um reator twin-tripler, fabricado para esse fim; • Inicialmente, vale ressaltar que, embora os resultados computacionais e experimentais apresentem boa concordância, é de se esperar alguns desvios devidos à, dentre outros motivos, imprecisões paramétricas, negligências de componentes parasitas, erros do sistema de medição e aquisição de dados, modelagem de alguns dispositivos como ideais, etc. Comparando os espectros harmônicos obtidos computacionalmente e experimentalmente, verificam-se algumas discrepâncias entre as amplitudes das grandezas analisadas. Não obstante a isto, deve-se observar que, de um modo geral, os desempenhos computacionais e experimentais foram bastante próximos; Tese de Doutorado 213 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão • Os resultados destes estudos permitiram concluir que os problemas advindos das questões de qualidade de energia supracitada podem ser contornados através da instalação do CERNS, já que o mesmo contribui para o suporte de reativos necessários ao tipo de compensação requerida; • observando-se as correntes de linha do sistema com o CERNS em operação, pode-se verificar que as mesmas são bastante semelhantes em suas formas de onda. Os correspondentes valores RMS são de 12,7A e 13,1A, respectivamente, experimentais. As para os distorções resultados computacionais harmônicas presentes e são predominantemente definidas pelas ordens, 11ª e 13ª, as quais estão em consonância com a teoria clássica sobre o tema. As distorções harmônicas de ordem 7 presentes nas correntes das linhas a e b, e de ordens 5 e 7 na corrente de linha c, representam efeitos conseqüentes de pequenos desvios das condições ideais imaginadas para o suprimento e equipamento. Observando-se a componente mais significativa quanto aos seus valores numéricos, constata-se que, para as simulações, a componente de 11ª ordem ficou em torno de 6% da fundamental e para os resultados experimentais nas proximidades de 6,5%. Também, os resultados computacionais e experimentais produziram níveis de DHT (distorções totais de corrente) de 6,02% e 6,5% respectivamente. Disso se conclui que, no que tange à corrente de linha do sistema, a modelagem computacional encontra-se validada; • no que tange à tensão fase-neutro no barramento de carga B2 , onde o CERNS encontra-se inserido, constatou-se que esta se apresenta com valores eficazes de 130V e 129V para os resultados computacionais e experimentais respectivamente. A distorção harmônica total (DHT) da tensão no barramento B2 foi calculada empregando-se as amplitudes das Tese de Doutorado 214 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão principais componentes harmônicas. Os resultados obtidos foram de aproximadamente de 15,04% (computacional) e 14,20% (experimental); • com relação as correntes relacionadas com o reator twin-tripler, constatou-se que seus valores eficazes são também muito próximos. Para a simulação obteve-se um valor de 14,4A e para os ensaios laboratoriais o valor foi de 14,6A. O espectro harmônico extraído da simulação revela a presença de 6,94% de corrente de ordem 11ª e 2,60% para a componente de ordem 13ª. Estas estão em consonância com a teoria clássica sobre o tema. Determinando-se o DHT de corrente chegou-se aos valores 7,41% para as simulações e de 7,42% para os resultados experimentais. Observa-se também que os valores das correntes absorvidas pelo reator twin-tripler são maiores que os valores das correntes de linha do sistema. Como justificativa para tal argumenta-se o fato que o reator além de absorver uma corrente reativa do sistema com a saída da carga, também deve compensar uma parcela da potência reativa do capacitor paralelo. A tabela 6.8 sintetiza os resultados obtidos e permite o estabelecimento de termos comparativos entre os desempenhos computacional e laboratorial. Tese de Doutorado 215 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Tabela 6.8 – Síntese da análise comparativa dos resultados da operação do CERNS Local Grandeza Simulação Experimental Diferença 12,7A 13,1A 3,1% 11ª 6% 6,5% 9% 13ª 0,5% - - DHT (%) 6,0 % 6,5 % 7,9% Valor Eficaz (V) 130V 129V 7,7% 11ª 13,8% 13,1% 5,3% 13ª 6% 5,5% 9,1% DHT (%) 15,0% 14,2% 5,9% Valor Eficaz (A) 14,4A 14,6A 1,3% 11ª 6,9% 6,9% 5,7% 13ª 2,6% 2,7% 5,0% 7,4% 7,4% 1,8% Valor Eficaz (A) Entrada Barramento B2 Reator TwinTripler Corrente na Linha Tensão Corrente Harmônicas mais Significativas (%) Harmônicas mais Significativas (%) Harmônicas mais Significativas (%) DHT (%) 6.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS O enfoque principal deste capítulo foi analisar computacionalmente e experimentalmente o comportamento de um sistema elétrico ao qual se encontra conectado um compensador estático tipo reator à núcleo saturado (CERNS), bem como o próprio desempenho do modelo implementado deste equipamento Tese de Doutorado 216 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão no simulador SABER e experimentalmente em laboratório. De um modo geral, os estudos foram conduzidos a constatar a eficácia do dispositivo quanto ao controle do perfil de tensão em determinado barramento. De posse dos modelos elétricos e magnéticos, os mesmos foram implementados no programa SABER através de templates, os quais foram descritos neste capítulo. Assim, com a implementação desse equipamento no referido simulador e em laboratório através de um protótipo do reator twin-tripler construído e apresentado no Capítulo III, foi possível executar uma gama de simulações, dentre as quais procurou-se retratar um sistema com problemas de qualidade da energia. Estes se fizeram sentir na forma de variações de tensão de curta duração, em que foi verificada a forte atuação do CERNS no sentido de prover os seguintes recursos: • regulação de tensão; • controle da tensão no barramento submetido a uma elevação e afundamento momentâneo de tensão. Dentro do exposto, pode-se dizer que as principais contribuições oferecidas nesta etapa do trabalho são: • agrupamento das informações referentes à modelagem computacional do compensador estático tipo reator à núcleo saturado encontradas na literatura e utilizada nas implementações computacionais desta tese; • disposição de uma estrutura computacional no domínio do tempo, para que sejam executados estudos envolvendo a implementação do CERNS em um determinado complexo elétrico. Tais estudos são de suma importância quando se trata de instalações futuras, bem como sistemas já existentes em operação; Tese de Doutorado 217 Capítulo VI – Análise de Desempenho dos Compensadores Estáticos tipo Reator à Núcleo Saturado Frente ao Controle da Tensão Com o propósito de validar o modelo computacional, foi montado um arranjo experimental, utilizando um reator twin-tripler , fabricado para esse fim, de forma a averiguar em laboratório o comportamento do equipamento e comparar seu desempenho real com o desempenho verificado através dos resultados das simulações. Os resultados obtidos do arranjo experimental demonstraram a adequação dos equipamentos de medição, aquisição e tratamento de dados e a compatibilidade com os resultados obtidos via simulação computacional. Tese de Doutorado 218 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica CAPÍTULO VII INTER-RELACIONAMENTO ENTRE O COMPENSADOR ESTÁTICO TIPO REATOR À NÚCLEO SATURADO E A QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA 7.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Os capítulos (II, III, IV, V e VI) abordaram as fundamentações teóricas do compensador estático tipo reator à núcleo saturado, necessária à implementação do mesmo no simulador SABER, onde foram propostos, também, os detalhamentos das próprias estruturas a serem implementadas. Além disso, para tais capítulos, foram previstas simulações computacionais e ensaios de laboratório, com vistas a validar os modelos dos reatores à núcleo saturado, utilizando-se de sistemas simples, pois o enfoque foi dado ao funcionamento de cada reator em si. Entretanto, o principal objetivo desta tese foi verificar a influência do compensador estático tipo reator à núcleo saturado, sobre o sistema de transmissão como um todo, tanto com relação às vantagens alcançadas, como no que se refere aos aspectos negativos que podem afetar na qualidade devido ao seu princípio de funcionamento, conforme visto no capítulo anterior. Tese de Doutorado 219 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica O presente capítulo tem por objetivo investigar o comportamento do CERNS, quando colocado em uma rede com qualidade de energia comprometida. Para tanto, serão realizadas simulações computacionais, com o objetivo de avaliar o desempenho do compensador em estudo, quando o mesmo encontra-se operando com um suprimento contendo um ou mais itens de qualidade fora dos padrões considerados aceitáveis. Deste modo, salienta-se que aqui será avaliado o desempenho do compensador, do ponto de vista da qualidade da energia elétrica. A partir das configurações realizadas e validadas no Capítulo VI, para representação de um CERNS no simulador SABER, será possível analisar a influência do mesmo em um sistema atípico, enfocando, principalmente, os aspectos relacionados à qualidade da energia elétrica. Desta forma, as simulações a serem procedidas nesta etapa dos trabalhos serão no sentido de verificar o desempenho do CERNS em um sistema, na compensação de potência reativa, quando o mesmo encontra-se submetido a condições de perda da qualidade de energia elétrica, como distorções harmônicas, desequilíbrios, afundamentos de tensão de curta duração equilibrados e desequilibrados, etc. 7.2 ESTRATÉGIAS PARA OS ESTUDOS Os estudos deste capítulo serão realizados através de simulações computacionais, centradas nos aspectos da qualidade do suprimento aplicado ao equipamento. O equipamento em teste foi submetido a diversos itens de perda da qualidade da energia elétrica. Dos resultados obtidos, é feita uma análise do nível de inter-relacionamento entre os distúrbios e o desempenho do CERNS. No que se refere as simulações, utilizou-se o pacote computacional SABER em que foi implementada a estratégia de modelagem considerada no capítulo anterior. Tese de Doutorado 220 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica O esquema do diagrama unifilar utilizado nos estudos computacionais é o da figura 7.1 Figura 7.1 –Diagrama unifilar do sistema utilizado nos estudos computacionais A seguir, são descritos os diversos casos avaliados com seus respectivos resultados obtidas nas simulações através do SABER 7.3 CASOS ESTUDADOS Os casos analisados, consistiram em submeter o compensador a alguns itens de perda de qualidade, quais sejam: • desequilíbrios; • distorções harmônicas; • desequilíbrios nos afundamentos de tensão. A tabela 7.1 apresenta um quadro sintético do alcance deste capítulo. Nele, encontram-se consolidados os casos estudados, com breve descrição das condições de operação do compensador para cada situação. Salientando-se que as simulações foram realizadas em observâncias às normas de procedimentos para aplicações dos itens de qualidade, no que se refere a magnitudes e durações das perturbações. Tese de Doutorado 221 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica Caso Tabela 7.1 – Quadro resumo dos casos analisados Características da Tensão de Suprimento Tipo de Estudo 1 Característica Ideal • Computacional 2 Desequilíbrio da Tensão de Suprimento 1%, 2% e 5% • Computacional 3 Suprimento Contendo Distorção Harmônica • Computacional 4 Desequilíbrio no afundamento de Tensão • Computacional Para o compensador em estudo, serão avaliadas somente a tensão de suprimento e a corrente elétrica. Para cada estudo foi feita a análise da sua forma de onda correspondente, destacando-se os efeitos mais significativos no equipamento, como na resposta ao distúrbio aplicado. Na investigação computacional, inicialmente o compensador foi submetido a tensão de alimentação puramente senoidal e livre de distúrbios. E na seqüência foram simuladas as perturbações anteriormente referenciadas. Foram realizados diversos estudos no sistema elétrico, com suprimento contendo diversos itens que comprometiam a qualidade, com diferentes graus de severidade e duração, de maneira a possibilitar a avaliação do desempenho do compensador, quando submetido a essas condições adversas. Entretanto, em cada um dos casos, independente da severidade ou da duração da perturbação, o comportamento do equipamento apresenta-se semelhante, respeitadas as magnitudes das grandezas aplicadas. Desta forma, para cada um dos casos estudados, será apresentada, uma ou, no máximo, duas situações, pois, como avaliado anteriormente, isso é representativo e suficiente para a observação e entendimento dos efeitos proporcionados no compensador, como também no próprio sistema. Tese de Doutorado 222 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 7.3.1 SUPRIMENTO COM CARACTERÍSTICAS IDEAIS – CASO 1 Esta primeira situação, com características ideais de suprimento, é utilizada para fins de comparação com as demais condições estudadas, nas quais os suprimentos não possuem as características ideais. A figura 7.1 mostra o diagrama unifilar do sistema utilizado para a realização dos estudos via simulações através do SABER. As tensões de alimentação do compensador encontram-se na figura 7.2. As figuras 7.3 (a) e (b) mostram as correspondentes formas de onda das tensões e correntes no compensador para condições ideais de suprimento. 600 500 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 1.4 vca Tensões(V) vab vbc 1.41 1.42 1.43 Tempo(s) 1.44 1.45 Figura 7.2 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador em condições ideais de suprimento Tese de Doutorado 223 Tensões(V) Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 600 500 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 1.4 vab vbc 1.41 vca 1.42 1.43 Tempo(s) 1.44 1.45 (a) Formas de onda das tensões no compensador em condições ideais de suprimento ia ib ic Correntes(A) 40 35 30 25 20 15 10 5 0 -5 -10 -15 -20 -25 -30 -35 -40 1.4 1.41 1.42 1.43 Tempo(s) 1.44 1.45 (b) Formas de onda das correntes no compensador em condições ideais de suprimento Figura 7.3 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador em condições ideais de suprimento Tese de Doutorado 224 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica A figura 7.4, sessões (a) e (b), mostram, respectivamente, os espectros harmônicos das tensões de linha e das correntes de linha no compensador a reator à núcleo saturado em condições ideais de suprimento. Espectro harmônico da tensão de linha AB do compensador em condições ideais de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha A do compensador em condições ideais de suprimento Espectro harmônico da tensão de linha BC do compensador em condições ideais de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha B do compensador em condições ideais de suprimento Espectro harmônico da tensão de linha CA do compensador em condições ideais de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha C do compensador em condições ideais de suprimento (a) (b) Figura 7.4 – Espectros harmônicos das tensões de linha e correntes de linha na entrada do compensador a reator à núcleo saturado em condições ideais de suprimento (a) Espectros harmônicos das tensões de linha do compensador (b) Espectros harmônicos das correntes de linha do compensador Tese de Doutorado 225 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 7.3.2 DESEQUILÍBRIO DA TENSÃO DE SUPRIMENTO 1%, 2% E 5% – CASO 2 Este item tem por objetivo verificar o desempenho do compensador, quando o dispositivo for submetido a um desequilíbrio de tensão. O diagrama unifilar do sistema de potência da figura 7.1 foi utilizado para a realização dos estudos computacionais. As tensões de alimentação do compensador com desequilíbrio de 1% estão mostradas na figura 7.5. A figura 7.6 (a) e (b) mostra as correspondentes formas de onda das tensões e correntes no compensador quando a tensão de suprimento possui um desequilíbrio de 1%. 600 500 vab vbc vca 400 Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 1.4 1.405 1.41 1.415 1.42 1.425 1.43 1.435 1.44 1.445 1.45 Tempo(s) Figura 7.5 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador com desequilíbrio de 1% Tese de Doutorado 226 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 600 vab 500 vbc vca 400 Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 1.4 1.405 1.41 1.415 1.42 1.425 1.43 1.435 1.44 1.445 1.45 Tem po(s) (a) Formas de onda das tensões no compensador com desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento 46 38 ia ib ic Correntes(A) 30 22 14 6 -2 -10 -18 -26 -34 -42 -50 1.4 1.405 1.41 1.415 1.42 1.425 1.43 1.435 1.44 1.445 1.45 Tem po(s) (b) Formas de onda da corrente no compensador com desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento Figura 7.6 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador com desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento Tese de Doutorado 227 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica A figura 7.7, sessões (a) e (b), mostra, respectivamente, os espectros harmônicos das tensões de linha e das correntes de linha no compensador a reator à núcleo saturado submetido a um desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento. Espectro harmônico da tensão de linha AB do compensador com desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha A do compensador com desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento Espectro harmônico da tensão de linha BC do compensador com desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha B do compensador com desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento Espectro harmônico da tensão de linha CA do compensador com desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha C do compensador com desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento (a) (b) Figura 7.7 – Espectros harmônicos das tensões de linha e correntes de linha na entrada do compensador a reator à núcleo saturado submetido a um desequilíbrio de 1% na tensão de suprimento (a) Espectros harmônicos das tensões de linha do compensador (b) Espectros harmônicos das correntes de linha do compensador Tese de Doutorado 228 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica Por outro lado, as tensões de alimentação do compensador com desequilíbrio de 2% estão mostradas na figura 7.8. A figura 7.9 (a) e (b) mostra as correspondentes formas de onda das tensões e correntes no compensador quando a tensão de suprimento possui um desequilíbrio de 2%. 600 500 vab vbc vca 400 Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 1.4 1.405 1.41 1.415 1.42 1.425 1.43 1.435 1.44 1.445 1.45 Tempo(s) Figura 7.8 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador com desequilíbrio de 2% Tese de Doutorado 229 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 600 vab 500 vbc vca 400 Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 1.4 1.405 1.41 1.415 1.42 1.425 1.43 1.435 1.44 1.445 1.45 Tem po(s) (a) Formas de onda das tensões no compensador com desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento 46 ia 38 ib ic Correntes(A) 30 22 14 6 -2 -10 -18 -26 -34 -42 -50 1.4 1.405 1.41 1.415 1.42 1.425 1.43 1.435 1.44 1.445 1.45 Tem po(s) (b) Formas de onda das correntes no compensador com desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento Figura 7.9 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador com desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento Tese de Doutorado 230 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica A figura 7.10, sessões (a) e (b), mostram, os espectros harmônicos das tensões de linha e das correntes de linha no compensador a reator à núcleo saturado submetido a um desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento. Espectro harmônico da tensão de linha AB do compensador com desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha A do compensador com desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento Espectro harmônico da tensão de linha BC do compensador com desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha B do compensador com desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento Espectro harmônico da tensão de linha CA do compensador com desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha C do compensador com desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento (a) (b) Figura 7.10 – Espectros harmônicos das tensões de linha e correntes de linha na entrada do compensador a reator à núcleo saturado submetido a um desequilíbrio de 2% na tensão de suprimento (a)Espectros harmônicos das tensões de linha no compensador (b)Espectros harmônicos das correntes de linha no compensador Tese de Doutorado 231 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica Por outro lado, as tensões de alimentação do compensador com desequilíbrio de 5% estão mostradas na figura 7.11. A figura 7.12 (a) e (b) mostram as correspondentes formas de onda das tensões e correntes no compensador quando a tensão de suprimento possui um desequilíbrio de 5%. 600 vab 500 vbc vca 400 Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 1.4 1.405 1.41 1.415 1.42 1.425 1.43 1.435 1.44 1.445 1.45 Tempo(s) Figura 7.11 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador com desequilíbrio de 5% Tese de Doutorado 232 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica (a) Formas de onda das tensões no compensador com desequilíbrio Correntes(A) de 5% na tensão de suprimento 60 52 44 36 28 20 12 4 -4 -12 -20 -28 -36 -44 -52 -60 1.4 ia ib ic 1.405 1.41 1.415 1.42 1.425 1.43 1.435 1.44 1.445 1.45 Tem po(s) (b) Formas de onda das correntes no compensador com desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento Figura 7.12 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador com desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento Tese de Doutorado 233 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica A figura 7.13, sessões (a) e (b), mostram, respectivamente, os espectros harmônicos das tensões de linha e das correntes de linha no compensador a reator à núcleo saturado submetido a um desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento. Espectro harmônico da tensão de linha AB do compensador com desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha A do compensador com desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento Espectro harmônico da tensão de linha BC do compensador com desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha B do compensador com desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento Espectro harmônico da tensão de linha CA do compensador com desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha C do compensador com desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento (a) (b) Figura 7.13 – Espectros harmônicos das tensões de linha e correntes de linha na entrada do compensador a reator à núcleo saturado submetido a um desequilíbrio de 5% na tensão de suprimento (a)Espectros harmônicos das tensões de linha no compensador (b)Espectros harmônicos das correntes de linha no compensador Tese de Doutorado 234 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 7.3.3 SUPRIMENTO CONTENDO DISTORÇÃO HARMÔNICA DE TENSÃO – CASO 3 Esta sessão contempla os resultados de estudos voltados à análise de desempenho do compensador a reator à núcleo saturado, submetido a um suprimento de energia elétrica contendo distorções harmônicas, em níveis compatíveis com aqueles normalmente encontrados nos sistemas elétricos. Os estudos compreenderam valores de DHT variando entre 5% e 11%. Contudo, tendo em vista que todos os casos analisados provocaram no compensador resposta análoga, salvo pela intensidade do efeito, encontram-se apresentados somente as respostas para um suprimento contendo uma DHT de 11%. A tabela 7.2 detalha os percentuais harmônicos, individuais e totais em que o equipamento foi submetido, ressaltando-se que as harmônicas individuais foram aplicadas em fase com a tensão de suprimento. Tabela 7.2 – Distorções harmônicas individuais aplicadas ao compensador Distorção Harmônica Individual (IHD) DHT 5ª Ordem 7ª Ordem 5% 2% 4% 8% 3% 8% 11% 5% 10% As tensões de alimentação do compensador para uma DHT de 11% da fundamental encontram-se representados na figura 7.14. Tese de Doutorado 235 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 600 vab vbc vca 500 400 Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 1.4 1.405 1.41 1.415 1.42 1.425 1.43 1.435 1.44 1.445 1.45 Tempo(s) Figura 7.14 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador contendo distorção harmônica total (DHT) de 11% A figura 7.15 (a), (b) e (c) mostram os correspondentes espectros harmônicos das tensões de alimentação do compensador para uma DHT de 11% da fundamental. Tese de Doutorado 236 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica (a) Espectro harmônico da tensão da fase A (b) Espectro harmônico da tensão da fase B (c) Espectro harmônico da tensão da fase C Figura 7.15 – Espectros harmônicos das tensões de alimentação do compensador contendo uma DHT de 11% da fundamental Tese de Doutorado 237 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica A figura 7.16 (a) e (b) mostram as correspondentes formas de onda das tensões e correntes no compensador para uma DHT de 11% da fundamental. 600 vab 500 vbc vca 400 Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 1.4 1.405 1.41 1.415 1.42 1.425 1.43 1.435 1.44 1.445 1.45 Tem po(s) (a) Formas de onda das tensões no compensador contendo distorção Correntes(A) harmônica total (DHT) de 11% da tensão de suprimento 60 52 44 36 28 20 12 4 -4 -12 -20 -28 -36 -44 -52 -60 1.4 ia ib ic 1.405 1.41 1.415 1.42 1.425 1.43 1.435 1.44 1.445 1.45 Tem po(s) (b) Formas de onda das correntes no compensador contendo distorção harmônica total (DHT) de 11% da tensão de suprimento Figura 7.16 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador contendo distorção harmônica total (DHT) de 11% da tensão de suprimento Tese de Doutorado 238 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica A figura 7.17, sessões (a) e (b), mostram, os espectros harmônicos das tensões de linha e das correntes de linha no compensador a reator à núcleo saturado submetido a uma tensão de suprimento contendo uma DHT de 11% da fundamental. Espectro harmônico da tensão de linha AB do compensador com uma DHT de 11% na tensão de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha A do compensador com uma DHT de 11% na tensão de suprimento Espectro harmônico da tensão de linha BC do compensador com uma DHT de 11% na tensão de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha B do compensador com uma DHT de 11% na tensão de suprimento Espectro harmônico da tensão de linha CA do compensador com uma DHT de 11% na tensão de suprimento Espectro harmônico da corrente da linha C do compensador com uma DHT de 11% na tensão de suprimento (a) (b) Figura 7.17 – Espectros harmônicos das tensões de linha e correntes de linha na entrada do compensador a reator à núcleo saturado submetido a uma tensão de suprimento contendo uma DHT de 11% da fundamental (a)Espectros harmônicos das tensões de linha no compensador (b)Espectros harmônicos das correntes de linha no compensador Tese de Doutorado 239 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 7.3.4 SUPRIMENTO COM AFUNDAMENTO DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO – CASO 4 Com a finalidade de investigar os efeitos dos afundamentos de tensão sobre o compensador a reator à núcleo saturado, os estudos serão conduzidos, conforme já mencionado, através da abordagem computacional. Nas simulações, com o sistema operando em regime permanentem, em condições ideais de suprimento, aplicaram-se afundamentos de tensão, a partir de um determinado instante, de diferentes magnitudes e duração, após os quais as condições normais de suprimento foram restauradas. Para facilitar a interpretação dos casos estudados, a tabela 7.3 apresenta uma síntese do que foi selecionado para ilustração e análise. Tabela 7.3 – Síntese dos casos selecionados para apresentação dos efeitos dos afundamentos de tensão Casos Estudados Condição Operacional Resultado Apresentado Monofásicas Faltas Desequilibradas Tese de Doutorado Características do Afundamento: Tensões Aplicadas Intensidade: 70% da fase a Tensões no Reator Duração: 6 (seis) ciclos Correntes no Reator Bifásicas Características do Afundamento: Tensões Aplicadas Intensidade: 70% nas fases b e c Tensões no Reator Duração: 6 (seis) ciclos Correntes no Reator 240 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 7.3.4.1 Afundamentos devido às faltas desequilibradas No capítulo anterior, discutiu-se sobre os efeitos dos afundamentos das tensões trifásicas equilibradas no compensador a reator à núcleo saturado. Ocorre que a experiência tem demonstrado que a maior parte dos afundamentos percebidos pelas cargas é de natureza desequilibrada, originários de faltas monofásicas ou bifásicas. Na seqüência, procede-se aos trabalhos de investigações dos impactos sobre a operação do compensador, quando este se encontra suprido por tensões que se apresentam sobre os efeitos desses tipos de afundamento. 7.3.4.2 Afundamentos devido às faltas monofásicas Para ilustrar este caso, utilizando-se de simulações, o compensador a reator à núcleo saturado foi submetido a um afundamento que origina-se de faltas monofásicas à terra. Assim sendo, aplicou-se um afundamento em apenas uma das fases (no caso, a fase A) conduzindo-a a 70% da tensão nominal com duração de 6 (seis) ciclos. As tensões de alimentação do compensador estão mostradas na figura 7.18. A figura 7.19 (a) e (b) mostram as correspondentes formas de onda das tensões e correntes no CERNS, quando da aplicação do fenômeno identificado. Constatase, que o afundamento na fase A reflete-se nas tensões de linha Vab e Vca. Tese de Doutorado 241 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 600 500 vab vbc vca 400 Tensões(v) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 0.37 0.46 0.55 Tempo(s) 0.64 Figura 7.18 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador contendo um afundamento temporário de 70% na fase A da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos 600 500 vab vbc vca 400 Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 0.37 0.46 0.55 Tem po(s) 0.64 (a) Formas de onda das tensões no compensador contendo um afundamento temporário de 70% na fase A da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos Tese de Doutorado 242 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 30 25 20 ia ic ib Correntes(A) 15 10 5 0 -5 -10 -15 -20 -25 -30 0.37 0.46 0.55 Tem po(s) 0.64 (b) Formas de onda das correntes no compensador contendo um afundamento temporário de 70% na fase A da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos Figura 7.19 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador contendo um afundamento temporário de 70% na fase A da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos 7.3.4.3 Afundamentos devido às faltas bifásicas Aplicou-se um afundamento em duas das fases (no caso as fases B e C) para 70% da tensão nominal, com duração de 6 (seis) ciclos. As formas de onda das tensões de alimentação do compensador estão mostradas na figura 7.20. A figura 7.21 (a) e (b) mostram as correspondentes formas de ondas das tensões e correntes no compensador. Os afundamentos nas fases B e C refletemse nas três tensões fase-fase do equipamento. Tese de Doutorado 243 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 600 500 vab vbc vca 400 Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 0.37 0.46 0.55 Tempo(s) 0.64 Figura 7.20 – Formas de ondas das tensões de alimentação do compensador contendo um afundamento temporário de 70% nas fases B e C da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos 600 500 vab vbc vca 400 Tensões(V) 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 0.37 0.46 0.55 0.64 Tem po(s) (a) Formas de onda das tensões no compensador contendo um afundamento temporário de 70% nas fases B e C da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos Tese de Doutorado 244 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 30 25 ia ib 20 ic Correntes(A) 15 10 5 0 -5 -10 -15 -20 -25 -30 0.37 0.46 0.55 0.64 Tem po(s) (b) Formas de onda das correntes no compensador contendo um afundamento temporário de 70% nas fases B e C da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos Figura 7.21 – Formas de ondas das tensões e correntes no compensador contendo um afundamento temporário de 70% nas fases B e C da tensão de suprimento durante 6 (seis) ciclos As figura 7.22 (a), (b) e (c) mostram os espectros harmônicos para as correntes de linha do compensador durante a ocorrência do distúrbio. Optou-se por mostrar apenas os espectros harmônicos para o afundamento desequilibrado devido à falta bifásica (nas fases B e C), por este caso apresentar resultados mais significativos do que aqueles observados no caso do afundamento devido à falta monofásica. Tese de Doutorado 245 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica (a) Espectro harmônico da corrente na fase A (b) Espectro harmônico da corrente na fase B (c) Espectro harmônico da corrente na fase C Figura 7.22 – Espectros harmônicos das correntes de linha do compensador quando ocorre um afundamento temporário de 70% nas fases B e C durante 6 (seis) ciclos Tese de Doutorado 246 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica 7.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Para o reator alimentado em condições ideais e não ideais, a partir das análises das figuras 7.2 a 7.22, pode-se avaliar que: • submetido a condições ideais de suprimento, o compensador apresentou nas formas de onda da tensão e da corrente a freqüência fundamental e o 11º harmônico como o mais significativo. Isto ratifica que, sob condições de suprimento ideal, o CERNS apresentou um desempenho considerado normal e esperado para o modelo de reator twin-tripler usado no mesmo. Este dispositivo, é responsável pela geração de harmônicos característicos de ordem (12 K ± 1). Isto implica que as demais ordens harmônicas são canceladas através dos arranjos especiais dos núcleos e enrolamentos do dispositivo; • submetido a desequilíbrio de tensão de suprimento de até 5%, o dispositivo apresentou distorções nas formas de ondas das correntes e alterações nos valores RMS das mesmas, acompanhado de um acréscimo das distorções harmônicas das correntes e tensões em relação ao caso ideal, sendo que, além dos harmônicos característicos, produziu distorções de ordem 3 (três) e seus múltiplos ímpares, sendo estes considerados não característicos; • distorções harmônicas de ordem 5 e 7 foram introduzidas na tensão de suprimento comprometendo a qualidade da energia. Conforme mostrado, as distorções impostas sobre a tensão fundamental de suprimento, alteraram as formas de onda das tensões e correntes do CERNS. Os espectros harmônicos das tensões e correntes do compensador mostram que, além do 11º harmônico, que é característico para o tipo de reator usado, detectou-se, ainda, a presença do 5º e 7º harmônico (ambos presentes na tensão de suprimento). Isto evidencia, Tese de Doutorado 247 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica mais uma vez, que os arranjos especiais dos núcleos e enrolamentos do reator twin-tripler cancelam somente os harmônicos de ordem 5 e 7 gerados pelo próprio dispositivo e não as distorções harmônicas que lhe são aplicadas através das tensões de suprimento; • com a aplicação de afundamentos de tensões temporários desequilibrados monofásicos e bifásicos, com duração de ciclos, analisou-se o desempenho do compensador quanto as tensões e correntes resultantes. Os resultados indicam que, com o suprimento com este tipo de comprometimento de qualidade ocorreram diminuições nos valores RMS das amplitudes das correntes. Estas apresentaram um substancial nível de desequilíbrio e apreciáveis aumentos das distorções harmônicas em relação aos casos anteriores. Isto pode ser notadamente observado no aspecto das correntes de linha, que apresenta harmônicos de ordem ímpar e par de várias amplitudes. Pôde-se observar também que, sob tais condições, houve uma diminuição na potência reativa absorvida pelo compensador. 7.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, os efeitos das condições não ideais de suprimento sobre, o compensador a reator à núcleo saturado foram analisados sobre 3 (três) tipos de distúrbios nas tensões de alimentação causados respectivamente, por desequilíbrios, distorções harmônicas e afundamento temporário de tensão. A estratégia utilizada para proceder essa análise consistiu em submeter o compensador aos distúrbios supra citados, em simulações computacionais e investigar o comportamento do equipamento através das alterações provocadas pelos distúrbios nas formas de onda de tensões e correntes no compensador. Sob suprimento ideal, as simulações reproduziram as ordens harmônicas presentes nas correntes estabelecidas pela teoria. Entretanto, as tensões de suprimentos Tese de Doutorado 248 Capítulo VII – Inter-Relacionamento entre o Compensador Estático tipo Reator à Núcleo Saturado e a Qualidade da Energia Elétrica apresentando desequilíbrios e/ou distorções harmônicas, o CERNS não foi capaz de proporcionar a mesma eficácia no que se refere ao processo de cancelamento das harmônicas geradas nas correntes. Embora apenas alguns casos tenham sido selecionados para avaliar esses efeitos, estes resultados obtidos nas simulações permitiram avaliar a dependência entre as condições não ideais de suprimento de tensões e as condições de operação do compensador perante tais distúrbios. De uma maneira geral, pode-se dizer que, para as condições funcionais em que se encontrava o compensador a reator à núcleo saturado sob investigação, os efeitos mais severos são causados por desequilíbrios e afundamento da tensão de suprimento. Tese de Doutorado 249 Capítulo VIII – Conclusões Gerais CAPÍTULO VIII CONCLUSÕES GERAIS Não obstante os comentários realizados ao término de cada capítulo, considera-se essencial que neste momento sejam enfocadas as principais constatações passíveis de extração do trabalho como um todo. O Capítulo I concentrou suas atenções nas justificativas técnicas e econômicas que conduzem a utilização do compensador estático tipo reator à núcleo saturado e sua correlação com o tema “qualidade da energia elétrica”. Para tanto procedeu-se a uma revisão bibliográfica sobre o estado da arte dos estudos envolvendo dispositivos que empregam tal tecnologia e estabelecidos os objetivos gerais e a estrutura desta pesquisa. Objetivando inserir o produto maior desta tese no contexto operacional dos sistemas elétricos, o Capítulo II foi dedicado a uma revisão bibliográfica sobre os principais aspectos relacionados com o controle de tensão nos sistemas de transmissão CA. Isto posto, foi possível identificar a aplicabilidade dos compensadores de reativos de um modo geral. Nesse sentido, foram explorados alguns problemas encontrados nos sistemas de transmissões convencionais e, ainda, as possíveis soluções através de dispositivos fundamentados na compensação reativa paralela, série e no controle do ângulo de carga. Nessa linha de soluções, foram apresentados, alguns equipamentos dentre os quais foram citados os: RCT, CCT, CE, CERNS, Transformadores Defasadores, ASVC, ASC e UPFC. Tese de Doutorado 250 Capítulo VIII – Conclusões Gerais No Capítulo III avaliou-se o princípio de funcionamento do reator à núcleo saturado monofásico, enfocando, dentre outros aspectos, o seu desempenho em regime permanente. Ficou então evidenciado que um reator monofásico pode se empregado para a compensação da potência reativa no sistema e, subseqüentemente, controlar a tensão. Não obstante esta característica atrativa, ficou evidenciado que tal versão de compensador produz uma expressiva distorção de corrente, na forma das componentes harmônicas de ordem 3, 5, 7, 9, 11, .... Reconhecendo tais aspectos negativos, na seqüência foram apresentadas outras configurações magnéticas e elétricas capazes de reduzir o conteúdo das correntes de operação destes dispositivos. A exemplo disto ressalta-se a desconexão do neutro, que implica num cancelamento das componentes iguais e múltiplas de 3, isto é, o novo dispositivo passaria a gerar correntes de ordem (6 K ± 1) = 5, 7, 11, 13.... Para se obter ainda um melhor cancelamento harmônico, uma configuração de 6 (seis) unidades, composta de dois reatores de 3 (três) unidades conhecida como Twin-Tripler foi apresentada. Os arranjos magnéticos e elétricos relacionados com esta proposta se mostraram substancialmente efetivos na melhoria das distorções harmônicas, visto que o novo arranjo passou a operar apenas com harmônicos caracterizados por (12 K ± 1), isto é, pelas ordens 11, 13, 23, 25... Vale ressaltar que esta estratégia foi explorada de distintas formas, concluindo-se sobre o arranjo mais eficaz aos propósitos almejados. De forma a enriquecer os estudos, foi também considerado um arranjo mais avançado o qual recebeu na literatura a designação de reator Treble-Tripler. Este último, embora contemplado quanto aos seus princípios, não se constituiu na opção final desta pesquisa, visto os maiores custos construtivos associados. Este produto é constituído por 9 (nove) núcleos e proporciona uma excelente resposta na compensação harmônica, gerando apenas os componentes de ordem (18 K ± 1). O cerne do Capítulo IV foi voltado para a avaliação de desempenho das topologias básicas dos reatores à núcleo saturados monofásicos, trifásicos e Tese de Doutorado 251 Capítulo VIII – Conclusões Gerais Twin-Tripler. Para tanto foram desenvolvidos modelos matemáticos, magnéticos e elétricos com vistas a modelagem e implementação de tais propostas num simulador computacional que emprega técnicas no domínio do tempo. Foi verificado, como esperado que, sob condições ideais de suprimento, os dispositivos fundamentados no princípio do reator à núcleo saturado Twin- Tripler isolado, apresentaram, sob o ponto de vista de cancelamento da componentes harmônicas, o melhor desempenho computacional. Vale lembrar que, pelos motivos já apresentados, a versão conhecida por Treble-Triper não foi incluída nos estudos. Complementarmente aos trabalhos anteriores, o Capítulo V foi dedicado as investigações experimentais para ratificação do desempenho computacional supra-mencionado. Para tanto foram construídos protótipos dos produtos anteriormente referidos, os quais foram devidamente testados em laboratório. É importante salientar que, no que tange ao dispositivo Twin-Tripler, este foi contemplado em duas formas construtivas, uma denominada por compacta e outra por construção em núcleos isolados. De um modo geral, os resultados laboratoriais ratificaram todas as previsões computacionais, fato este que permite concluir que a modelagem desenvolvida se mostrou extremamente apropriada aos objetivos da pesquisa e futuros trabalhos investigativos. A boa correlação entre os desempenhos computacionais e experimentais foi observada através de análises comparativas entre as formas de onda das correntes, valores RMS, espectros harmônicos, etc., sob condições de suprimento ideal O Capítulo VI tratou especificamente do compensador estático tipo reator à núcleo saturado tipo Twin-Triper com núcleos isolados. Esta foi a versão eletromagnética selecionada para a composição do compensador estático objeto desta tese. Adicionalmente ao arranjo magnético propriamente dito, a formação do compensador exige a inserção de capacitores série e paralelo, como destacado no texto. A este conjunto deu-se o nome de (CERNS). Uma vez caracterizado o produto final, os trabalhos realizados foram dirigidos para a implementação Tese de Doutorado 252 Capítulo VIII – Conclusões Gerais computacional deste dispositivo e avaliação computacional e experimental de seu desempenho junto a um sistema elétrico hipotético radial. Para tanto, procedeu-se a um conjunto de ensaios laboratoriais e respectivas simulações computacionais, das quais uma síntese foi mostrada no capítulo em questão. Todos os testes feitos enfatizaram a eficácia do dispositivo no cumprimento de suas metas. O capítulo VII, por sua vez, concentrou-se numa correlação distinta das anteriores. Desta feita, os esforços foram direcionados para as investigações da correlação entre o padrão do suprimento de tensão a que o CERNS encontra-se submetido e sua resposta operacional. Em outros termos, os estudos sob consideração inter-relacionam a qualidade da energia e o funcionamento dos dispositivos explorados nesta tese. Para tanto considerou-se a operação do compensador sob a ação individual de 3 (três) tipos de distúrbios, a saber: desequilíbrios, distorções harmônicas e afundamentos temporários de tensão desequilibrados. Os resultados derivados das estratégias computacionais e experimentais foram mais uma vez similares e enfatizaram que, mesmo sob tais situações o dispositivo pesquisado se mostra eficaz. Naturalmente, como seria esperado, apenas o conteúdo harmônico de corrente produzido pelo compensador sofreu ligeira variação. Isto ocorreu pela perda de simetria magnética no processo de cancelamento das ordens harmônicas. Finalmente, de forma a sintetizar as principais contribuições atingidas pelo trabalho de pesquisa aqui considerado, pode-se citar: • A pesquisa trouxe à reflexão da comunidade da engenharia elétrica uma estratégia já empregada no passado e desconsiderada como opção de solução para vários problemas relacionados com o controle da tensão em sistemas elétricos. A referida solução possuindo como atributos: simplicidade, eficácia, baixo custo, reduzida manutenção, tecnologia Tese de Doutorado 253 Capítulo VIII – Conclusões Gerais nacional, etc., com certeza deve se firmar como uma proposta atrativa para a solução de problemas em redes elétricas para as quais outros recursos tecnológicos poderiam se fazer proibitivos; • Muito embora a existência de produtos antigos similares e em operação em alguns pontos do mundo vale lembrar que a bibliografia técnica disponibilizada por fabricantes, e outros, nunca trouxeram grande clareza sobre os princípios, vantagens, dificuldades e, principalmente, do domínio tecnológico sobre o emprego dos compensadores estáticos aqui considerados. Por este motivo, entende-se que a tese preenche uma grande lacuna bibliográfica sobre o tema; • Uma profunda investigação das propriedades operacionais de distintos tipos físicos construtivos de arranjos magnéticos e elétricos conduziu a uma proposta conclusiva sobre aquele mais apropriado, qual seja o sistema designado por Twin-Tripler. Esta configuração expressa o equilíbrio entre funcionabilidade e economia; • Um dos pontos altos do trabalho está alicerçado na obtenção de uma ferramenta computacional que permite traduzir com alto grau de fidelidade a operação do CERNS. Tal programa, empregando técnicas no domínio do tempo permite que estudos de desempenho em regime permanente e condições transitórias sejam prontamente realizados. Esta afirmativa fundamenta-se nos diversos testes de validação conduzidos ao longo do trabalho; • Contando com os recursos computacionais supra mencionados é possível projetar e avaliar o desempenho conjunto dos compensadores e redes elétricas onde os mesmos serão inseridos. Com isto, torna-se factível estudos de desempenho sob condições ideais e não-ideais de operação e prever eventuais anomalias funcionais que poderão advir; • Ainda, através da construção de um arranjo pioneiro de 13,8 kV e 2 MVAr, em operação num complexo elétrico eólico no Rio Grande do Tese de Doutorado 254 Capítulo VIII – Conclusões Gerais Norte, fica definitivamente ratificada a certeza do promissor futuro para a utilização dos Compensadores Estáticos à Núcleo Saturado no contexto do sistema elétrico nacional. Embora os principais objetivos do trabalho tenham sido atingidos, como para qualquer outra área de conhecimento, investigações complementares, com certeza, ainda se fazem necessárias. Destas podem-se citar: • Trabalhos voltados para investigações adicionais sobre o interesse do emprego da versão “Treble-Tripler” com 9 (nove) núcleos; • Investigação e propostas de solução para problemas relacionados com as energizações do equipamento; • Pesquisas com vistas a avaliar a possibilidade da implementação de reatores saturados auxiliares conectados no secundário do reator principal, como forma de otimizar a compensação das correntes harmônicas, tanto para o reator “Twin-Tripler” como para o “Treble- Tripler”; • Emprego de novos materiais, como, por exemplo, os metais amorfos, que apresentam uma característica B x H com níveis de saturação mais baixos em relação àqueles dos aços de grãos orientados tradicionais; • Busca de técnicas para otimização de projeto, objetivando, dentre outros fatores, redução das dimensões físicas do reator, tanto em decorrência do emprego de um menor volume de cobre e ferro como da adoção de uma tecnologia de isolação mais avançada. 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