aqui. - joana bértholo

Transcrição

aqui. - joana bértholo
ecodesign*
*processos de impressão ecológicos e económicos
Ana Sabino Domingues
Joana Bértholo
Joana Silva
Sara Sousa Correia
TECNOLOGIAS DE DESIGN DE COMUNICAÇÃO III
faculdade de belas-artes de Lisboa 2005.2006
Este trabalho foi impresso em papel reciclado nacional:
Renova Printe 90g/m 2 .
Foi escolhido o tipo de letra Bell Gothic Std, desenhado
para poupar espaço na página, preservando a legibilidade.
Foi projectado utilizando o menor número de tintas (uma),
e paginado tanto quanto possível sem desperdícios de tinta
ou de papel.
É totalmente reciclável, embora tenha sido projectado
como objecto com um grau elevado de utilidade, ou seja,
com um tempo de vida útil prolongado.
FUNDAMENTOS 06 Ecodesign e sociedade
Eco-eficiência
08 A lógica do sustentável em design
Conceito de sustentabilidade
A sustentabilidade como novo paradigma
09 Consumo: Contextualização histórica
11 Implicações da sustentabilidade no design
12 Oportunidades para uma mudança
13 Design sustentável em príncipios básicos
14 Situação em Portugal
TÉCNICA 17 Papéis
Características
18 Enquadramento ecológico
22 Projectar e imprimir com papéis ecológicos
23 Orçamento para papel
26 Tintas
Características
28 Alternativas e redução do impacto
29 Tintas à base de àgua
31 Tintas de base vegetal
Tintas de cura por radiação
Tintas de base solvente
33 Outros processos de impressão
Impressão ecológica em gravura
34 Produção gráfica em papel
Processos convencionais de impressão
39 Impressão digital
41 Enquadramento ecológico
42 Novas tecnologias
APLICAÇÕES 45 Aplicação prática ao design
Poluição e fases de produção
47 Redução no consumo de meios
48 A decisão do designer
ESTUDOS DE CASO 50
51
53
54
Relatório anual da The Body Shop, 1988, UK
Listas Telefónicas da British Telecom, UK
Grupo O2
The Indian European Ecodesign Programme (IEEP)
55 Conclusão
57 Glossário
64 Bibliografia
67 Referências online
eco ÍNDICE
04 Introdução
Introdução
eco 04
Este trabalho propõe-se ser um manual para orientar designers de comunicação na
relação entre a criação de objectos de design e as condicionantes impostas pela lógica
da sustentabilidade, através da integração de parâmetros ecológicos e económicos
no domínio projectual. Enquanto estudantes de design, nós próprias sentimos algum
desconhecimento e uma certa nebulosidade em volta desta matéria. Intuimos que os
designers cada vez mais terão de saber articular as questões ambientais e económicas
de um projecto.
Ecodesign é um conceito muito abrangente. Na sua essência, incorpora critérios ambientais como parte integral do processo de design. Numa acepção possível, baseia
a sua acção na análise do ciclo de vida, desde as matérias-primas provenientes da
produção ou manufactura e consequente utilização até ao fim de vida do objecto
final. No âmbito deste trabalho o termo eco tem uma acepção específica, uma vez que
incorpora também a questão económica.
Temos consciência de que a industria gráfica é das mais poluidoras. Até certo ponto,
esta é uma condição incontornável. No entanto, sentimos que existe uma margem
bastante extensa para a minimização desses impactos aparentemente inevitáveis. E
queremos explorá-la.
FUNDAMENTOS
eco 05
Ecodesign e Sociedade
eco 06
“O designer tem um papel fundamental na aplicação ecológica do design. Ele/ela está
numa posição especial entre o produtor e o consumidor, e pode influenciar ambas as
partes. O designer pode ter uma grande influência em relação a como as coisas são
feitas; os materiais que são usados; como são construídos; quão eficientes são no
seu uso; a sua facilidade de manutenção; e até mesmo a sua potencial reutilização e
reciclagem. Os Designers não devem ser apenas reactivos, mas pró activos e comprometidos com o ambiente. Devem pôr de lado a atitude de “estava só a cumprir ordens” e assumir uma maior responsabilidade no ciclo de vida daquilo que desenham.”
(WHITELEY, 1993)
Os designers deparam-se com dois grandes problemas. O primeiro é a escassez e falta
de consistência da informação. Ainda por cima frequentemente a informação fornecida pelo próprio fabricante do material é dúbia e ambígua. No sentido de colmatar
esta falta, já se formaram várias organizações, que tentam criar e manter uma base
de dados que seja útil a um esclarecimento dos designers:
- EDEN (Environmental Design for Ecological Need) baseado no Institute of Bioengineering da Universidade de Brunel
- MILION parte do European Design Centre de Eindhoven
- CODE (Coalition on Design for the Environment) com base em Boston, USA
- Ecological Design Association
- 02 Grupo Internacional de Designers formado por Niels Peter Flint.
Eco-eficiência
A estratégia mais comum até à data tem-se concentrado na melhoria do perfil ambiental de produtos e processos de manufactura. O conceito de eco-eficiência (criar
mais valor de consumo com menos impacto ambiental), associado à análise e avaliação do ciclo de vida dos produtos, são elementos chave. Eco-eficiência significa
aumentar a produtividade dos recursos (Obter mais com menos matéria e energia)
e criar novos bens e serviços que aumentem o seu valor de consumo, usando menos
recursos e gerando menos poluição (James 1997). É o princípio que preside ao design
ambiental ou ecodesign, onde as questões ambientais são relevantes em todas as fases
de desenvolvimento do produto e ao longo do seu ciclo de vida (“do berço à cova”). O
respeito pelos princípios ambientais pode ser conseguido através de várias estratégias
como redução de matéria ou energia, uso de materiais reciclados ou recicláveis, design com durabilidade, design para desmontagem (facilitar a desmontagem de partes
de modo a poderem ser facilmente substituíveis, reparadas ou melhoradas), “design
for simplicity” (reduzindo o número de componentes e de matéria). A indústria e o
mercado de produtos de manufactura têm dado passos importantes no aumento da
eco-eficiência, através de melhorias incrementais de produtos e serviços a um nível
operacional. Apostam também nas vantagens competitivas que advêm da redução
dos custos de manufactura, satisfação das exigências do cliente e redução do peso da
legislação ambiental.
Sendo passos importantes, alguns autores consideram tais abordagens só por si, incapazes de alcançar os objectivos da sustentabilidade (Cooper 1999; Charter & Chick
1997; 1999; Tischner 1997; Demi 2004; Beard e Hartmann 1997). Como refere
eco 07
Cooper (1999), há a necessidade de ir para além do design ambiental em que a tónica
é posta nos atributos dos produtos, no sentido duma abordagem mais radical, e não
a relação entre produtos, fornecedores e utentes, factores sociais e económicos seja
tida em consideração. As principais razões apontadas para essa necessidade são a não
incorporação por parte do design ambiental, das dimensões sociais e éticas e a falta
de visão a longo prazo. O design para a sustentabilidade ou design sustentável, entrou
na ordem do dia e apresenta-se como um conceito mais alargado, interdisciplinar,
focado não apenas nos produtos mas nos sistemas, envolvendo também o lado da
procura, tentando influenciar comportamentos e estilos de vida. Apela ao conceito de
eco-inovação (James 1997), ou seja o design de novos produtos e processos que vão
ao encontro das necessidades dos consumidores de formas diferentes e inteligentes e
produzem resultados com maior eco-eficiência e magnitude.
A Lógica do Sustentável em Design
eco 08
Os designers, como muitos outros profissionais em sociedade, são questionados por
este novo paradigma, uma vez que o design não é praticado no vácuo… Pelo contrário, os designers inventam, criam e desenvolvem produtos com o propósito de serem
vistos e usados1, envolvendo na sua actividade vários actores desde os utentes aos
clientes e legisladores. Há uma crescente consciencialização de que as actividades
de design têm enorme impacto na sociedade e ambiente. O poder do design reside na
concepção e planeamento, gerando primeiro uma ideia e depois incorporando-a num
produto, quer seja objecto, sistema ou ambiente. A importância do design é crucial,
uma vez que 80 a 90% dos custos económicos e ambientais dos produtos são determinados na fase de design2. Por outro lado é na fase de conceptualização dum produto que os aspectos relativos ao social, económico e ecológico podem ser manejados
no sentido de prevenir impactos negativos e introduzir aspectos relacionados com a
sustentabilidade.
Uma revisão da literatura na área, mostra-nos que o modo como o design se tem relacionado com o tema é muito heterogéneo mas é também relevante e promissor. A par
dos que continuam a praticar e desenvolver um intensivo uso de recursos naturais e a
criar produtos ambientalmente insustentáveis, apelando a um consumo indiscriminado e à passividade dos consumidores, a maioria sente já o envolvimento irremediável
dos desafios da sustentabilidade. Os Estados, indústria, comércio e ciência têm vindo
a ser pressionados para a adopção de políticas e práticas mais sustentáveis. Nesse
sentido, muito esforço e pesquisa tem sido posto na reconceptualização do design na
cultura da sustentabilidade, no desenvolvimento de conceitos, metodologias e técnicas, mas também no repensar dos próprios princípios filosóficos do design. Design
ambiental ou ecodesign e o desenho para a sustentabilidade são partes dum mesmo
processo de procura de novas soluções.
Conceito de Sustentabilidade
Há inúmeras interpretações para o termo SUSTENTABILIDADE. É uma definição
dinâmica que evolui à medida que os contextos técnicos e sociais evoluem também.
Para muitos, está intimamente ligado a questões de responsabilidade e conservação, ou até respeito. Para um número crescente de pessoas é parte integrante de um
conceito maior, o do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. A primeira definição
deste conceito foi dada em 1980 na Estratégia de Conservação Mundial das Nações
Unidas.
Em suma, é a capacidade de desenvolver actividades económicas e ao mesmo tempo
manter a vitalidade dos componentes e processos de funcionamento dos ecossistemas.
A Sustentabilidade Como um Novo Paradigma
O desenvolvimento sustentável é claramente uma das abordagens mais marcantes da
nossa época, considerada de um modo consensual como a chave da protecção ambiental, bem-estar social e desenvolvimento económico. A emergência do conceito situa-se
1 _ Lawson, B. (1990) How designers Think. Oxford: Butterworth Architecture
2 _ Demi (2004) Goldsmiths College, University of London, Design for Sustainability
Consumo: Contextualização Histórica
Já nos anos 60, Packard (citado em Robins 1999), usava expressões como “sociedade
do desperdício” e “obsolescência planeada” em referência ao consumismo da sociedade americana, alertando para as consequências ambientais, sociais e económicas
do fenómeno.
Hoje em dia, não só a expansão do consumo foi exponencial, quadruplicando desde 1960 como se verificam grandes desequilíbrios nos seus padrões de distribuição,
acompanhados por novos comportamentos que a globalização favorece. Dados sobre
o acréscimo e disparidade do consumo, a par de dados sobre a degradação ambiental
abundam. Por exemplo, Robins baseado em estatísticas das Nações Unidas, refere
que os países mais ricos (1/5 da população mundial) gastam 58% do total de energia
produzida no mundo, 84% de papel, 87% dos veículos, enquanto os 5 países mais
pobres (mais de 1 bilião de pessoas) não têm comida, água, casa, electricidade, ou
infra-estruturas sanitárias. Ou ainda, que seriam necessários 13 biliões de dólares/ano
para cuidados de saúde básicos e alimentação aos mais pobres, quando são gastos
17 biliões de dólares/ano em comida de animais na Europa e nos EUA (UNDP
1998). Actualmente a Ásia Oriental é líder do «consumismo, enquanto o Africano
médio consome menos 20% do que há 20 anos atrás.
Prevê-se que nos próximos 40 anos, a população mundial aumente em 50% sendo
de esperar que a maioria destas pessoas queira níveis de vida equivalentes a um crescimento real de 3% ao ano, o que se traduzirá por acréscimo de recursos gastos e
mais emissões com sérios riscos para o bem-estar humano e afectação dos sistemas
naturais3. A globalização reforça a integração dos padrões de consumo existentes à
escala global e coloca um dilema sem precedentes descrito assim: “a continuação
deste crescimento industrial põe a humanidade em perigo, mas se não prosseguir, impede a maioria das pessoas de ter acesso aos bens e artefactos que dão comodidade à
vida e multiplicam as escolhas humanas; o mundo entrou num patamar onde ninguém
esteve antes e isso exige pensar tudo de novo”4.
3 _ JAMES, P. , The Sustainability Cycle: a new tool for product development and design, In
The Journal of Sustainable Product Design, July 1997, Issue 2, pp. 52/57;
4 _ Greider, W. (1997) One World Ready or Not. New York: Simon & Schuster
eco 09
nos anos 80, popularizado pelo Relatório Brundtland (WCED 1987), posteriormente
desenvolvido na Cimeira da Terra (Rio de Janeiro) e operacionalizado na Agenda
21 (UNCED 1992). Reconheceu-se que era necessário e urgente uma mudança nas
visões do mundo existentes, no sentido de reconciliar o crescimento económico com
a protecção ambiental e justiça social. Como refere O Nosso Futuro Comum (WCED
1987) “muitas formas de desenvolvimento existentes destroem os recursos naturais
em que se deviam basear e a degradação ambiental pode arruinar o desenvolvimento
económico...”.
Considerando que “a maior causa de degradação à escala global é o padrão insustentável de produção e consumo dominante nós países industrializados, agravando
a pobreza e os desequilíbrios” refere-se explicitamente na Agenda 21, princípio 8
(UNCED 1992) “para alcançar um desenvolvimento sustentável e melhor qualidade de vida para todas as pessoas, os Estados devem reduzir e eliminar padrões de
consumo insustentáveis...”.
eco 010
O primeiro fenómeno recente na cultura do consumo está relacionado com o “boom”
consumista da década de 80, impulsionado por uma viragem política no sentido do
individualismo, que deu grande visibilidade aos produtos de design, revelando grande
apetência dos consumidores para símbolos que expressassem o seu sucesso económico
e em que o desejo de impressionar socialmente, se sobrepunha à utilidade do produto.
Este movimento é considerado pelo crítico de design Whiteley, como um afastamento
do ideal do design de benefício social e uma aproximação à “engenharia do consumo”5, em que os designers se tornam mais importantes a fabricar produtos de desejo
do que produtos de necessidade, agindo dum modo subserviente em relação ao marketing. O segundo fenómeno é o dito consumismo “verde”, nascido com a recessão do
início dos anos 90. Resultado das evidências científicas da degradação ambiental e do
aumento de consciencialização social sobre os riscos inerentes, o mercado pressionou
os designers, à medida que ia fazendo uma avaliação positiva dos benefícios dos produtos “verdes”. Esta abordagem superficial tem pouco a ver com a sustentabilidade,
considerada antes um nicho de mercado para consumidores abastados e uma manifestação de resiliência da cultura materialista.
O conceito de qualidade de vida que está associado ao de consumo sustentável, tem
vindo a ganhar forma, demonstrando que não há uma relação de proporcionalidade
directa entre consumo e bem-estar social. Estudos feitos nos EUA, provam que a
qualidade de vida dos americanos não aumentou desde a II Guerra Mundial, embora
o consumo per capita tenha aumentado significativamente.6 Qualidade de vida é um
conceito vasto, implicando bem-estar e satisfação de necessidades que vão do trabalho à habitação, meio ambiente, saúde, lazer, educação, cultura, laços sociais, etc. A
União Europeia tem trabalhado na construção de indicadores específicos para cada
componente que permitam medir o avanço das sociedades e o seu grau de desenvolvimento, para além do tradicional indicador que é o Produto Interno Bruto.
As Nações Unidas (UNDP 1998) apresentam o consumo sustentável como uma prioridade da política global e coordenam o processo, com uma agenda propondo os
seguintes objectivos:
Assegurar exigências de consumo mínimo para todos
Desenvolver bens e serviços eco-suficientes
Acabar com incentivos perversos e reestruturar novos incentivos
Reforçar a acção pública de protecção ao consumidor
Reforçar mecanismos internacionais para gerir os impactes do consumo geral
Construir alianças sólidas entre consumo, pobreza e movimentos ambientais
Acentuar sinergias entre a sociedade civil, sector privado e governo
5 _ in Cooper, T. Creating an economic infrastructure for sustainable product design. In The
Journal of Sustainable Product Design, January 1999, Issue 8, pp7/16
6 _ CHARTER, M. Interview Dr Braden Allenby. In The Journal of Sustainable Product Design,
July 1997, issue 2, pp 38/43
Implicações Da Sustentabilidade No Design
Há quem defenda que é no actual sistema que reside o próprio problema e que as
estratégias baseadas na eco-eficiência, apenas o perpetuam, pois funcionam apenas
como minimização de problemas e não como soluções. É sobretudo necessário uma
mudança estratégica que tem mais a ver com o deixar de imaginar um produto, para
imaginar antes uma solução.
Como se apresenta, o design sustentável é algo a que não se pode dar uma resposta
cabal, porque seria redutora da sua complexidade mas sobretudo das suas possibilidades. Deve, antes de mais, ser visto como uma meta a atingir que acrescente aos tradicionais critérios de custo, desempenho, estética, os critérios de salvaguarda ambiental
ou “inteligência ecológica”7, equidade e bem-estar social, com uma redefinição das
tradicionais hierarquias.
O Design Council dá uma definição bastante abrangente de design para a sustentabilidade: “Tudo o que o design deve ser, fornecendo melhor desempenho social, ambiental
e económico, pelo menor custo social, ambiental e económico. É o uso estratégico do
design para ir ao encontro e integrar necessidades humanas actuais e futuras, sem
comprometer o ambiente. Inclui o desenho de produtos, processos, serviços e sistemas
lidando com equilíbrios e negociações entre as exigências da sociedade, ambiente e
economia. Requer uma visão holística do impacte dos produtos e serviços nestas três
áreas, agora e no futuro e, sempre que possível, a reparação de danos causados”8.
Caminhamos para a conjugação de estratégias diversificadas que podem ir no sentido
7 _ Charter, M. Interview Professor William McDonough, In The Journal of Sustainable Product Design, October 1997, Issue 3, pp 5/6
8 _ in Design Council, More for less: Design for Environmental Sustainability, London: Design
Council. 1997
eco 011
A alteração dos padrões de consumo insustentável exige estratégias múltiplas e o
empenhamento de todos os sectores da sociedade, a diferentes escalas e níveis, englobando a produção, a oferta e cada vez mais a procura. Há a consciência crescente
de que a eficiência tecnológica não pode resolver, por si só, os problemas ecológicos
que a sociedade do desperdício coloca, o que leva muitos especialistas a considerar
a importância primordial do lado da procura, ou seja, tornar popular e atractivo o
consumo sustentável, a par do desenvolvimento da noção de consumidor responsável,
com direitos e deveres.
eco 012
dum cenário intermédio, de baixa tecnologia, de produção e consumo local; à movimentação para um cenário de alta tecnologia, de produtos e serviços de informação
tecnológica dominados pela desmaterialização (partilha de produtos, uso conjunto,
propósitos múltiplos, leasing ambiental, etc.) ou ainda no sentido dum cenário dominado pelo consumo baixo com “mais a partir do mesmo” com grandes implicações no
emprego, mudança de padrões de trabalho e qualidade de vida. Dado o eclectismo de
abordagens possíveis, parece fundamental que as diferentes opções emergentes, que
cumpram os critérios da sustentabilidade, sejam estudadas e difundidas, bem como
exemplos de boas práticas, contribuindo para o enriquecimento e compreensão de
novas tendências nos padrões do design sustentável.
O difícil campo da avaliação do design sustentável tem igualmente apresentado significativos avanços. Diversos métodos de avaliação têm sido propostos, na tentativa
de criar instrumentos não só menos complexos do que por exemplo, a avaliação do
ciclo de vida mas também mais abrangentes, através da integração dos aspectos éticos e sociais. São exemplos recentes o sistema de indicadores de sustentabilidade de
produtos ou o “ciclo da sustentabilidade”, que recorre a códigos coloridos de fácil
leitura, pela ética e limitativos das capacidades criativas. Os limites são-no apenas em
relação ao uso insustentável de recursos e práticas, e podem antes servir para tornar
as decisões menos arbitrárias e mais fundamentadas.
Oportunidades para uma Mudança
A sustentabilidade tornou-se parte da literacia no design. Se, quem gera ideias e
conceitos que se vão materializar em produtos e serviços, não tiver noções de sustentabilidade, não é provável que se consiga alguma melhoria. Há necessidade de mais e
melhor informação que aborde a complexidade do conceito nas suas implicações. É
também preciso, uma nova ênfase nos elementos contextuais em termos do design, nos
quais cada aspecto dum novo produto, elaboração, uso, fim, consequências ambientais
e significado cultural seja examinado. O desenvolvimento do espírito crítico e criativo,
questionando o existente é também fundamental nas atitudes inovadoras indispensáveis, para ultrapassar a resistência à mudança.
O reconhecimento da importância do conceito de desenvolvimento sustentável e a
consciência de que as universidades são repositórios de conhecimento de que se servem decisores políticos e empresariais, bem como viveiros de alimentação de empresas, levou à sua integração progressiva nos currículos. Por outro lado, a consciência
da necessidade de reequacionar a formação dos que trabalham directamente na área,
tem levado a muitas experiências com sucesso. Correspondendo ao compromisso do
Governo Britânico na Agenda para a sustentabilidade, o projecto Demi reuniu 15
escolas do ensino superior, onde foram ministrados cursos de sustentabilidade, com
aulas teóricas e práticas, procurando interacções dentro e fora das instituições. Sentindo esta necessidade o Royal Institute of British Architects exige que todas as escolas incorporem a sustentabilidade nos seus currículos de base. “Ecolaborative”, por
exemplo, é um projecto interdisciplinar, onde a sustentabilidade é ensinada a alunos
de design, ambiente e gestão, usando a pedagogia crítica como metodologia e numa
abordagem para a gestão da inovação, ligada à prática. Existem muitas mais expe-
O Instituto para a Comunicação Sustentável (www.sustaincom.org) em parceria com
a AIGA - American Institute of Graphic Arts (www. aiga.com) desenvolveram um
guia dedicado ao designer gráfico disponível para repensar a sua atitude em relação
ao design ecológico. Oferece sobretudo um contexto ideológico, inúmeras estatísticas,
e links para quem resolver aprofundar.
De acordo com este guia, os mitos que impedem a generalização da ideologia sustentável na comunidade de designers são, em resumo:
Mito 1: A impressão não é uma questão ou um factor ecológico.
Mito 2: Há pouco mercado para o design ecológico
Mito 3: Directores corporativos estão preocupados somente com redução de custos
de produção e aumento de lucros.
Mito 4: Usando papel reciclado e tintas vegetais elimina os impactos do processo de
impressão.
Mito 5: Não há informação ou formação disponível nem apoios que permitam suportar um projecto ecológico de forma sustentável.
Esta lista aplica-se e é desenvolvida dentro do contexto da sociedade Americana,
marcadamente distante da nossa. Mas o grosso do discurso aplica-se. As preconcepções generalizadas em que nos baseamos para não nos envolvermos realmente com a
lógica que terá eventualmente de ser a lógica dos designers em gerações futuras.
Design Sustentável em Princípios Básicos
CÍCLICO Os produtos devem fazer parte de ciclos naturais, feitos de materiais crescidos e que podem ser decompostos, ou de outra forma fazerem parte de um ciclo
criado pelo homem, como a reciclagem de ciclo fechado. O produto é feito de matéria
orgânica compostável ou de minerais que são continuamente reciclados num circuito
fechado.
SOLAR Toda a energia usada para fazer ou fazer funcionar o produto deve ser uma
energia renovável nas suas mais variadas formas, que são em última instância fornecidas pelo sol. O produto na sua manufactura e uso consome apenas energias renováveis
que são cíclicas e seguras.
EFICIENTE Aumentar a eficiência dos materiais e do uso de energia significa um
eco 013
riências relacionadas com a sustentabilidade em cursos de arte e design no ensino
superior. Estes casos são apenas alguns exemplos do muito que se tem vindo a fazer
na área, apesar de o conceito de desenvolvimento sustentável ser ainda transversal a
toda a sociedade, deve constar da política das próprias instituições. Duzentas universidades assinaram a Declaração Talloires, que estabelece um quadro internacional de
compromisso institucional em relação à responsabilização ambiental nos currículos
e gestão da actividade universitária, fornecendo também a base para candidaturas a
fundos, coordenação de projectos e agendas de investigação.
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menor prejuízo ambiental. Os produtos podem ser desenhados para usarem 1/10 da
energia que gastavam antes. O produto na sua manufactura e uso requer menos 90%
de energia, materiais e água, do que um produto com utilidade equivalente em 1990.
SEGURO Os produtos, e, mais importante, os seus detritos e subprodutos, não devem
conter materiais perigosos. Todas as emissões para o ar, a água, terra ou espaço são
alimento para outros sistemas.
SOCIAL Um produto não pode ser óptimo se a sua manufactura explora trabalhadores. A manufactura e uso do produto baseia-se nos direitos humanos básicos e na
justiça natural.
Um produto sustentável totalmente belo é 100% cíclico, solar e seguro. É também super-eficiente no seu uso de materiais e energia e é feito por uma empresa que procura
activamente justiça e igualdade para os seus empregados e fornecedores.
Situação em Portugal
Não existe muita informação em Portugal sobre o modo como tem vindo a ser incorporado o conceito de sustentabilidade no design e manufactura. No entanto, um
trabalho encomendado pelo Centro Português de Design, (CPD 2002), Estudo do
Contributo do Design no Desenvolvimento Sustentável de Produtos, Sistemas e Serviços, é um importante ponto de partida para futuros desenvolvimentos, sobre o estado
da arte no sector. Esse estudo traça um panorama da situação, dando conta da dificuldade de integração do conceito na sua complexidade, revelando fragilidades de vários
tipos na sua compreensão e adopção, relacionadas com o contexto social alargado,
com o sector específico da indústria e instituições e a sua relação com a actividade do
design. Diz-se, por exemplo “o conceito está longe de ser absorvido pela maioria dos
intervenientes na compra, desenvolvimento e produção de serviços e equipamentos”.
Em termos genéricos, é conhecida a relação precária dos portugueses com as questões ambientais, a falta de informação na área e as tendências de consumismo recentes levam à pouca valorização das práticas sustentáveis. O domínio deste conceito é
guardado por uma elite (ONG’s, designers de topo, professores universitários) que o
entende, apesar de a maioria da população não ter conhecimento do tema.
Nas empresas e instituições domina “uma postura reactiva ao mercado e à legislação”, mais virada para a sobrevivência imediata, pouco de acordo com a visão
estratégica global que a sustentabilidade implica, desde logo na definição de políticas
e planos estruturados desde o início. Há aspectos contemplados, mas relacionados
apenas com o fim de vida dos produtos (reciclagem e tratamento de resíduos). Não se
aposta na experimentação, investigação e inovação e existe pouca sensibilidade para
as questões sociais.
Há também uma generalizada falta de tecnologia adequada e de informação sobre
materiais e seus impactos ambientais.
Quanto aos designers, embora alguns possuam conhecimentos no campo (sobretudo
os mais jovens) acabam por ter um desempenho marginal e o seu papel na imple-
Deve-se, a um nível geral, reforçar a educação ambiental e cívica, nas escolas e para
os consumidores em geral. Num nível mais específico, é necessário reforçar a credibilidade técnica dos designers, a formação na área da sustentabilidade a designers,
quadros técnicos e empresários, criar acções de formação e pós-graduações, assim
como bases de dados sobre materiais sustentáveis e sua disponibilidade no mercado,
e legislação que obrigue a práticas de sustentabilidade nas empresas, diminuindo a
concorrência desleal entre quem as pratica e quem as viola sistematicamente, bem
como a consideração dos aspectos da sustentabilidade nos concursos públicos e licenciamentos.
O desenvolvimento sustentável é um dos objectivos fundamentais da União Europeia,
consignado em diversos tratados. Portugal assinou o protocolo da Agenda 21, tendo
já aprovado a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável (ENDS) para
2005-2015.
Compromete-se a introduzir até 2008, nos curriculae de todos os graus de ensino a
educação para a sustentabilidade. Um dos objectivos, propostos na ENDS é: “Uma
economia sustentável, competitiva assente em actividades de futuro” e algumas das
linhas de orientação traçadas referem: “reforçar os factores materiais de competitividade (design, organização, tecnologia, marcas, gestão” e “promover a transição
para padrões de produção e consumo sustentável”. O investimento na investigação
parece fundamental em termos conceptuais e técnicos. A complexidade do conceito
alerta para a necessidade de procurar caminhos dentro de contextos específicos, não
desprezando tendências e boas práticas existentes.
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mentação ou incentivo à adopção de políticas sustentáveis é limitado ao poder que
detêm nas organizações. Se a sua acção é crucial, dado que é na fase de projecto
que se tomam as decisões fundamentais para a sustentabilidade, no caso português,
o design ainda é muito associado ao marketing e menos às questões de concepção e
produção.
TÉCNICA
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Conhecer os papéis existentes no mercado, as suas características e sua melhor aplicação é de extrema importância para o designer, director de arte ou produtor gráfico,
por ser um dos elementos do projecto que afecta a qualidade do trabalho, o seu impacto ecológico, e o orçamento de produção. Em anexo encontra-se uma listagem dos
papéis ecológicos disponíveis em Portugal. Encontra-se também um guia equivalente
para os Estados Unidos, criado pela AIGA.
O papel, principal suporte da impressão gráfica, viu no século XX o seu consumo aumentar em grande escala nos países industrializados. Em 1998 o consumo de papel
per capita em Portugal era de 96 Kg., e a tendência que se verificava era de aumento,
contrariando os que pensavam que a informatização faria reduzir os gastos com papel. Mas, em vez de reduzirem os gastos de papel, os computadores e as suas impressoras provocaram um aumento exponencial do consumo de papel.
Nos Estados Unidos, em 1997, o consumo de papel per capita ultrapassou 300 quilogramas e a tendência continuava a ser de crescimento. Com os seus 96 quilogramas
por pessoa, o consumo português de papel ultrapassava em 1998 o de países como a
Grécia, o México, o Brasil e a China. Até ao final do ano 2010 prevê-se que o consumo
de papel aumentará mais 32%, sobretudo nos países onde a informatização ainda
tem um caminho a percorrer.
O século XX foi assim o da ilusão de que os documentos encontrariam novos suportes
e se desmaterializariam e da constatação que os documentos electrónicos acabam
afinal materializados em folhas de papel, provando que a cultura do homem do século
XX não dispensa ainda este suporte da impressão.
Características
As perguntas mais frequentes quando se escolhe um papel são: liso ou texturado?
“Coated” ou “uncoated”? Muito ou pouco brilhante? Muito ou pouco opaco? Forte?
Muito espesso? Branco ou com cor?
Resistência: a resistência do papel é uma das características mais importantes para
a indústria das embalagens. O papel tem de aguentar dobras, plastificações, colagens,
contracolagens e todo o manuseamento a que a peça irá estar sujeita. A força de
união das fibras, principalmente à superfície, é crítica para a sua capacidade de resistência à pressão do cilindro e das tintas durante a impressão.
Absorção: a estrutura fibrosa do papel contem aberturas microscópicas entre fibras
que o fazem absorvem líquidos e reagir à temperatura ambiente. Todo o papel é absorvente, embora uns sejam mais do que outros. Os couchés são menos absorventes
que os fine papers e os papéis revestidos têm uma menor capacidade de absorção. A
capacidade de absorção do papel faz com que haja um ganho de ponto na impressão
(a tinta cai no papel e expande-se), que é tanto maior quanto mais absorvente for o
papel. A absorção do papel é uma das características que mais influencia a qualidade
da reprodução fotográfica e da cor. Para além disso exige um maior controlo do impressor porque consome mais tinta.
eco 017
Papéis
eco 018
Nível de PH: o facto de se tratar de um papel ácido ou alcalino afecta a impressão.
Recentemente, alguns fabricantes decidiram reduzir a acidez dos papéis, pois constataram que os papéis ácidos duram menos. Para além disso, tendem a neutralizar os
aditivos de secagem das tintas, o que causa problemas na secagem do trabalho.
Cor: a maior parte dos papéis são brancos, mas nem todos os brancos são iguais.
Para distinguir os vários tipos de branco, os fabricantes atribuíram-lhes nomes, como
branco brilhante, branco natural, branco-neve ou branco-glaciar. É durante o fabrico
do papel, que por natureza deveria ser castanho, que lhe são adicionados químicos
para o branquear, ou corantes para lhe dar cor. A cor de base do papel afecta a cor
da imagem impressa. Essa cor vai influenciar a reprodução das cores impressas, pois
temos de contar com a soma da cor da tinta. É aconselhável pedir exemplos impressos
do papel para ver o quanto as cores são alteradas. Para uma reprodução fotográfica
fiel o ideal é imprimir sobre papel branco, que é mais barato e encontra-se quase
sempre em stock.
Opacidade: está relacionada com a transparência do papel. Quando se imprime num
lado do papel não se pode ver a imagem do verso e muito pior na página a seguir. A
opacidade resulta da própria espessura, do peso do papel, do tipo de fibra, dos aditivos
e do tipo de revestimento. Devido aos resíduos da tinta, o papel reciclado é normalmente mais opaco que os papéis feitos a partir de fibras virgens.
Brilho: é a quantidade de luz reflectida pela superfície do papel e vai afectar o contraste e o brilho da imagem impressa. Resulta do tipo de pasta de papel, da quantidade de químicos utilizados para branqueá-lo e do revestimento da sua superfície. Ao
reflectir a luz, os papéis brilhantes (coated) prejudicam a leitura e cansam os olhos.
As gráficas preferem imprimir em papel brilhante por ser mais fácil conseguir as cores pretendidas, mais fácil de imprimir e mais rápido a secar.
Revestimento: o revestimento do papel refere-se à sua superfície. É no fabrico do
papel que se define como será a sua superfície, ao olhar, ao tacto e à funcionalidade
na impressora.
No revestimento do papel são utilizados químicos para tornar a sua superfície mais
lisa e suave. Quanto mais camadas de revestimento levar o papel, mais macia será
a sua superfície e mais fácil será imprimir, pois o papel aceita melhor a tinta, passa melhor na impressora e a cobertura da tinta mantém-se mais uniforme. O papel
“coated” é revestido, e pode ser brilhante, semi-brilhante ou mate. O processo químico do revestimento do papel é extremamente poluente e impede a reciclagem desse
papel.
Enquadramento Ecológico
Vulgarmente as preocupações ecológicas em relação ao papel concentram-se em volta do papel reciclado, a escolha aparentemente simples e consciente. Mas há ainda
outras áreas de preocupação ambiental, até ao fim de vida do objecto impresso: o
consumo de energia, a poluição, o desperdício e o uso das terras para criar matériaprima, assim como a eventual rejeição do produto impresso.
O papel pode ser feito a partir de muitas outras matérias-primas além da madeira.
O ingrediente essencial é a celulose, e esta pode ser encontrada em qualquer planta.
Podem usar-se:
fibras de folhas: esparto, sisal, e marilla.
fibras de sementes: algodão.
fibras de ervas: palha, varas de milho, bambu e bagaço da cana do açúcar.
outras fibras: dos estames de linho, cannabis e juta.
O algodão pode produzir papéis de alta qualidade, que desde sempre se utilizaram especialmente em belas-artes. Há ainda um interesse crescente em papéis feitos a partir
do desperdício de frutas e vegetais, como as cascas de banana. A polpa de madeira
parece ser a matéria-prima mais económica para fabricar papel, e é uma boa hipótese em termos ambientais, se, e apenas se, o cultivo de árvores for cuidadosamente
planeado e o abate cuidadosamente controlado. Há ainda uma grande parte de papéis
que são feitos a partir da mistura de vários tipos de fibras vegetais, conforme as características que se esperam dele.
A madeira pode ser transformada em papel segundo dois processos principais. Qualquer um destes processos resulta em pastas muito diferentes, que por sua vez originam
papéis diferentes. Num primeiro processo, o mecânico, a madeira é apenas esmagada
até formar uma polpa, e usa-se a totalidade da árvore. A pasta resultante tem um
elevado teor de fibra, sendo que o resto é lenhite, um agente endurecedor que mantém
as fibras juntas na árvore. A presença desta lenhite, que é sensível à luz, significa que
o papel resultante vai escurecer e ganhar um tom acastanhado. A pasta mecânica
resulta em papéis com boa opacidade, com elevada espessura e baratos, mas com
uma superfície pouco suave e pouco brilhante. Estes papéis acabam por descolorir
com o tempo, têm pouca resistência e durabilidade, não sendo por isso aconselháveis
para impressões de qualidade. Este tipo de papel é portanto utilizado em trabalhos
mais efémeros, como para a impressão de jornais ou para cartão de embalagem.
Este processo mecânico consome altos níveis de energia. A alternativa é um processo
químico, que envolve tratar pedaços de madeira com químicos que lhes separem as
resinas. Quimicamente, é mais fácil separar as fibras umas das outras e remover as
impurezas. Como no processo químico não é usada a força mecânica, é mais fácil
manter as fibras inteiras e longas, o que resulta num papel mais forte, com mais cor
e mais brilho. Os papéis de pasta química são mais caros que os de pasta mecânica
eco 019
Cerca de 90% do fornecimento mundial de papel é derivado de pasta de madeira.
Embora a madeira seja um recurso renovável, as florestas não são correntemente geridas de uma forma sustentável. No caso português, o cultivo intensivo de eucaliptos
já demonstrou alterar radicalmente a ecologia local. Os pesticidas usados para cultivar florestas especificamente para papel são altamente poluentes e prejudiciais. Em
outros tantos casos, são deitadas abaixo florestas velhas, desalojando ecossistemas
inteiros que demoram décadas a restabelecer-se. Numa perspectiva mundial, há ainda
o problema da desflorestação das áreas tropicais, que contribuem em tanto para a
manutenção do frágil equilíbrio terrestre.
eco 020
ou mecânica/química. A lenhite é separada e usada como combustível. Apenas 50%
da árvore se transforma em polpa. Há ainda vários tipos de combinações de processos mecânicos/químicos e em alguns casos melhora-se ligeiramente a suavidade da
superfície, bem como a porosidade e reduz-se a probabilidade de descoloração com o
tempo. Em contrapartida, nalguns casos diminui a opacidade e os custos de produção
tornam-se mais elevados.
O passo seguinte consiste em adicionar químicos para branquear, purificar e estabilizar a pasta sem danificar as fibras. Este processo pode ser feito de uma vez ou por
fases. No processo de fazer papel, uma variedade de químicos é utilizada. O mais criticado e mais prejudicial para o ambiente é o cloro, usado nesta fase de branqueamento
das pastas. O cloro é tóxico para os organismos aquáticos, e sabe-se que afecta a
fertilidade. Em vez do cloro, podem ser usadas outras substâncias pouco ou nada prejudiciais: oxigénio e peróxido de hidrogénio. Nalguns países o uso de cloro é proibido,
devido aos problemas que pode causar no meio ambiente, pelo que a utilização dos outros agentes branqueadores tem vindo a aumentar. Há também um novo processo que
usa ozono e peróxido. A qualidade de brancura que atingem estes papéis é excelente, e
portanto não há qualquer necessidade de utilizar o cloro nesta fase do processo.
Há dois tipos de papel que não utilizam cloro na sua manufactura: os ECF (Elemental Chlorine-Free) e TCF (Total Chlorine-Free). Os ECF usam dióxido de cloro em
vez de cloro. Isto resulta em emissões menores, especialmente se se utilizarem os
processos mais modernos; elimina quase totalmente as dioxinas presentes na água
produzida no processo de branqueamento. Nos TCF não é utilizado qualquer produto
de cloro, mas antes o oxigénio, ozono ou peróxido. Sempre que possível, é ambientalmente preferível.
No Sul da Índia
o papel é feito a partir de restos
de algodão misturado com restos
orgânicos.
Outros há feitos de juta, fibras da
folha da bananeira, ou da canade-açucar; da casca do arroz,
folhas de árvore, lâ, e algas. Na
imagem observam-se alguns
destes papeis a serem triados,
para depois serem prensados, e
deixados a secar.
Em baixo
No Norte da Índia, o papel é feito utilizando um objecto chamado CHAPRI, palhinhas de erva secas juntas, que moldam
e uniformizam o papel enquanto este seca,
dando-lhe a sua textura característica.
De qualquer forma, a produção de papel exige muita energia e muita água. São precisos 5kWh de energia para transformar madeira numa revista fina, energia suficiente
para acender uma lâmpada por 100 horas. É precisa a mesma quantidade de energia
para fazer uma tonelada de aço como para fazer uma tonelada de papel. Algumas
papeleiras estão agora a usar circuitos fechados de água, com o fim de gastar o menos
possível e reduzir os efluentes.
Para além da madeira outra matéria-prima é o próprio papel, que é posteriormente
reciclado. As fibras extraídas directamente da madeira são consideradas fibras virgens
ou fibras de primeira, enquanto que as fibras provenientes de papel velho são as chamadas fibras recicladas ou de segunda. O papel reciclado tem um processo de fabrico
muito semelhante. Contudo, o papel precisa de ser lavado (ser-lhe retirada a tinta)
de forma a obter um bom resultado. O desperdício de papel é misturado com grandes
quantidades de água e objectos estranhos como agrafos são filtrados. A tinta é então
retirada, ou através de uma lavagem ou com detergentes que absorvem a tinta. Nesta
fase é adicionada alguma polpa virgem. As fibras de papel não podem ser recicladas
indefinidamente, vão perdendo comprimento e força. As fibras recicladas são por isso
menos fortes do que as virgens, mas isto não constitui um problema na maioria dos
casos. Na verdade as funções em que é exigida mais força ao papel é nas embalagens,
e neste formato são maioritariamente usados papéis ou cartões reciclados.
O uso de papel reciclado tem um sem-fim de vantagens ambientais. Em princípio
significa uma redução do consumo de energia, já que o processo de fabrico consome
muito menos do que o processo de fabrico de papel virgem. Esta conta só se contrabalança se considerarmos os gastos energéticos envolvidos com a recolha do papel velho,
eco 021
No Nepal, a fibra LOFKA (da pelicula exterior de uma planta dos Himalaias) é usada para produzir papel WASHI, segundo
méetodos oriundos do Japão. O polpa de
papel é decantado e permanece na forma,
e só é retirada quando seca. A secagem é
feita ao sol.
Na Índia existem inúmeros processos artesanais de produção de papel, com custos
reduzidos e utilizando recursos e mão de
obra local.
eco 022
e esta é uma preocupação a ter em conta. A quantidade de químicos utilizados na produção de papel reciclado é menor do que para o papel virgem. Usar papel reciclado
reduz o abate de árvores, e impede que o cultivo de uma monocultura se alastre para
locais desapropriados. Além disto, a maioria do papel vai para as lixeiras, ocupando
espaço que poderia ser muito mais útil.
A maioria dos papéis reciclados é feita a partir de desperdícios de papel virgem, que
têm a sua origem nas papeleiras – o chamado desperdício pré-consumo. No entanto,
uma quantidade cada vez maior inclui uma percentagem de desperdício pós-consumo: desperdícios de impressão, ou os desperdícios vulgares das casas ou escritórios.
Muitos papéis contêm partes que dificultam grandemente o processo de reciclagem:
acabamentos em silicone, adesivos de látex ou outros não solúveis em água. Assim,
estes extras devem ser considerados quando o objectivo é a reciclabilidade do produto
final.
Projectar e Imprimir com Papéis Ecológicos
O papel e o cartão reciclados têm características e especificidades diferentes dos mesmos materiais virgens, e estas têm que ser compreendidas e levadas em conta em cada
projecto. A grande variedade de papéis reciclados fornece um leque muito grande de
escolhas em relação a cores, texturas, resistências, etc.. É possível chegar a obter um
resultado muito próximo das cores saturadas em papel virgem. No entanto, se o papel
reciclado de mais baixa qualidade oferece outras texturas e propriedades, elas podem
e devem ser equacionadas em cada projecto. Em geral, os reciclados são mais absorventes, têm uma superfície mais irregular, e absorvem muito a tinta. Isto leva a que
os pontos de tinta se alarguem ligeiramente, criando imagens de contornos suaves, e
em geral as cores perdem brilho. O processo de impressão deve ser extremamente meticuloso, de forma a minimizar os riscos deste tipo de impressão. Por exemplo, tipos
de letra pequenos mal impressos em papel reciclado podem ficar totalmente ilegíveis,
mas isto não acontece se se adaptar alguns pormenores como o tempo de secagem de
cada folha que deverá ser ligeiramente maior. Designer e impressor devem trabalhar
em conjunto e resolver estes detalhes.
Os designers têm um papel importante porque podem alterar a percepção pública
do que é uma impressão ou objecto impresso de qualidade. Hoje em dia ainda está
demasiado associado com a pureza virgem e de um branco glaciar da maioria dos papéis brancos e brilhantes. Algumas empresas recusam-se a usar papel reciclado porque este não é o resultado obtido. Estas preocupações podem ser resolvidas de duas
maneiras; ou se utiliza o papel reciclado de maior qualidade possível, ou se alcança
níveis de qualidade superiores pelo uso inteligente e criativo de materiais que podem
ser considerados menores. Um papel demasiado refinado para a função que ele exerce
pode vir a ser mal visto se os designers trabalharem nesse sentido.
Mas temos que considerar a hipótese de haver algumas aplicações para as quais não
será possível usar papel reciclado. Nesses casos, a alternativa é usar um papel virgem
livre de cloro ou um papel feito de fibras que não provenham da madeira, como o de
algodão.
Normalmente, o papel é encomendado pelas gráficas aos distribuidores, embora também possamos comprá-lo directamente e entregá-lo á gráfica para imprimir, o que na
prática, não constitui grande vantagem. Quando comparados com a gráfica, nós compramos muito menos papel. A gráfica tende a concentrar as encomendas num número
reduzido de fornecedores, pois, comprando em quantidade, consegue negociar melhores preços e descontos, o que torna os seus preços de impressão mais competitivos.
Se compararmos a mesma brochura, impressa num papel couché e num fine paper da
mesma gramagem, há grandes disparidades. A diferença de preço do primeiro para
o segundo pode chegar a ser três vezes menos, dependendo do fine paper escolhido.
É muito importante ponderar a função do trabalho e escolher o papel que melhor se
adapte, sempre pensando no mínimo dispêndio de recursos, incluindo os monetários.
Existem algumas formas de tentar diminuir os custos do papel, tendo em conta algumas limitações, que podem ser mais ou menos relevantes para o produto final:
Redimensionar o trabalho: criar peças em que o formato dê o máximo de aproveitamento de papel.
As máquinas mais comuns em Portugal têm os formatos 50x70cm ou 70x100cm, o
que condiciona os formatos standard das folhas de papel. Em termos de área útil de
impressão falamos sempre em 48x68cm ou 68x98cm pois 2 cm são para a máquina
agarrar a folha e para colocar as miras de corte e acerto ou barras de cor. Por vezes
tirar 1 cm ao trabalho pode significar o dobro do aproveitamento do papel, e conseguir fazer mais exemplares em cada plano;
Diminuir a gramagem: sem colocar em causa a qualidade do trabalho final, quanto
mais baixa for a gramagem mais barato é o papel;
Escolher os papéis que a gráfica mais compra: a gráfica consegue melhores preços
nos papéis que compra em maior quantidade;
Juntar produções: concentrar o máximo de trabalhos para produzir no mesmo papel e
Ao reduzir um centímetro
na altura da peça, é
possível pôr duas peças por
plano, em vez de uma só.
na mesma gráfica, permite comprar um maior volume de papel duma só vez;
Poupar nos excessos: não imprimir mais exemplares do que aqueles que são realmente
necessários. Caso a produção seja muito reduzida optar pela impressão digital, pois
tem menos desperdício de papel;
eco 023
Orçamento para Papel
eco 024
Evitar papéis escuros: o papel de cor é por norma mais caro do que o papel branco
e muitas vezes é mais fácil e económico imprimir a cor que se quer no papel do que
imprimir em papel escuro.
Eis uma listagem dos papéis ecológicos disponíveis em Portugal, através da FirmoAntalis. São considerados ecológicos por serem fabricados com pastas ECF ou TCF,
por terem um baixo conteúdo de madeira, por serem reciclados ou provenientes de
florestas sustentáveis, ou ainda certificados com uma eco-label. Em destaque estão
aqueles que reúnem o maior número de benefícios ambientais.
CARTAS E PAPELARIA CORPORATIVA
sem marca d’água:
Munken Pure - TCF, certificação Forest Stewardship Council
GranRegistro - pastas ECF
Pergaminho sem marca - pastas ECF
com marca d’água:
Galgo - pastas ECF
Opale - pastas ECF, com gama de reciclados
Conqueror - pastas ECF
FINE PAPERS | CRIATIVOS
Rigoletto - pastas ECF
my360º - pastas ECF, bosques sustentáveis
Rives - pastas ECF
Sensation - elevado teor de algodão, ECF
Keaykolour - pastas ECF, também em variedade reciclado (75%)
Satin - pastas ECF
Carpeline - pastas ECF
CARTOLINAS | CAPAS
Branco:
PrintSpeed - pastas TCF
Verso Cinza Contracolada - miolo protecção e verso em papel reciclado
Popset - pastas ECF
Mellotex - pastas ECF
Cores:
Cromatic - 100% reciclado pós-consumo, certificado Blue Angel
Corsário - 100% reciclado
Coloraction - pastas ECF
Carpeline - pastas ECF
CORES
Cromatic - 100% reciclado pós-consumo, certificado Blue Angel
Rotoform - pastas ECF
Coloraction - pastas ECF
OFFSET E EDIÇÃO
RenovaPrinte - 100% reciclado
Edixion - pastas ECF
Printspeed - pastas ECF e pastas TCF
Mellotex - pastas ECF
eco 025
IMPRESSÃO DIGITAL
Alterego - pastas ECF
ColorCopy - pastas ECF
eco 026
Tintas
Características
Cada processo de impressão requer tintas diferentes. De uma maneira geral todas as
tintas são compostas por: pigmentos, resina, solventes ou outros aditivos, para accionar a secagem ou proporcionar as propriedades necessárias da tinta.
As tintas de tipografia têm normalmente uma viscosidade moderada, embora superior
às tintas de offset para se poder manter na superfície do relevo da chapa, sem escorrer
para a zona de não imagem. Apesar de pastosa, a tinta é trabalhada por uma série
de rolos que a transformam num fino e uniforme fio de tinta, antes de passar para o
papel. A concentração de pigmentos é menor do que na tinta offset. A maior parte
das tintas para impressão plana, tal como na tipografia, consistem em pigmentos e
veículos de secagem à base de óleo, que secam por oxidação. Podem também conter
resinas especiais e outros componentes que fornecem características como brilho e
resistência. Para impressão em rotativa, as tintas secam por penetração, evaporação
ou precipitação.
As tintas de offset são formuladas para imprimir superfícies planas sendo que água
e gordura não se misturam. São muito fortes nos valores da cor para compensar a
pouca quantidade aplicada. A média transmitida para o papel é de cerca de metade
da que em tipografia.
As tintas de rotogravura são muito fluidas, de secagem bastante rápida e devem ter
a viscosidade necessária para entrar nos pontos gravados no cilindro. Secam normalmente pela evaporação do solvente na tinta, com ou sem o uso de calor. Utilizam-se
uma grande variedade de solventes, dependendo do material a imprimir. A maior parte
das tintas é muito volátil e pode causar incêndios ou explosões, caso não seja tratada
devidamente.
As tintas de tipografia
são bastante viscosas,
para não escorrerem
facilmente para as zonas
sem imagem.
As tintas de offset contêm mais meios resistentes à água e pigmentos que não se dissolvem
facilmente na própria água ou no álcool.
eco 027
As tintas de flexografia são muito fluidas, de secagem rápida e com uma viscosidade
semelhante às tintas de rotogravura. São utilizadas para imprimir quase todo o tipo
de material, desde papel de parede, carpetes, celofane ou qualquer tipo de plásticos.
São constituídas por corantes, que podem ser pigmentos ou simplesmente corantes
solúveis, normalmente à base de água, álcool ou outro tipo de solventes. As tintas á
base de álcool são as mais frequentes e secam por evaporação. As tintas à base de
água são as mais económicas e secam por evaporação e absorção no papel. Estas
tintas são exclusivamente utilizadas na impressão de jornais, devido à sua fraca qualidade.
As tintas de serigrafia são normalmente de secagem à base de óleo. Utiliza solventes,
que não devem evaporar rapidamente.
Tintas para offset sem molha, são tintas com mais óleo do que as tintas convencionais
o que significa menos ganho de ponto e mais linhas por polegada.
Tintas Ultra Brilhantes contêm uma elevada quantidade de verniz, que lhe dá uma
aparência brilhante, depois de seca. Quanto menos absorvente for o papel maior é o
brilho.
Tintas Metálicas consistem na mistura de pós metálicos com verniz, para dar um
aspecto metálico à tinta. O pó metálico e o veículo para preparar a tinta metálica
é misturado pouco tempo antes de ser usado, uma vez que grande parte das tintas
metálicas oxidam rapidamente depois de misturadas. Demoram mais tempo a secar
que as tintas normais.
As Tintas Fluorescentes estavam inicialmente limitadas à serigrafia. Um novo tipo de
pigmentos, mais finos e mais fortes vieram permitir que este tipo de cores também
possam ser impressas em offset, tipografia e rotogravura.
Os vários tipos de vernizes são utilizados como revestimento para proporcionar mais
brilho ou proteger as tintas impressas. Existe uma grande variedade de vernizes: ultravioleta, á base de acrílico, de máquina ou serigrafia. O verniz de máquina é o mais
comum, pois funciona como mais uma cor. É colocado numa máquina de impressão
offset, para que haja uma protecção mínima da tinta e se evite o perigo de sujar. É
um verniz de base vegetal e seca naturalmente. O verniz ultravioleta tem uma base
eco 028
As tintas para
serigrafia são
normalmente
semilíquidas, para
facilitar a sua
passagem pela imagem
aberta na tela.
sintética, que reage à luz ultravioleta dando um acabamento mais espesso que o anterior. Qualquer verniz pode ser mate ou brilhante, e é possível fazer várias combinações
entre vários tipos de vernizes.
Alternativas e Redução do Impacto
Há diversas abordagens possíveis para reduzir o impacto das técnicas de impressão:
tintas de base vegetal (óleo de soja ou de linhaça); tintas com base de água; tintas
sem água que eliminam a necessidade de se utilizarem algumas soluções alcoólicas;
tintas e vernizes que solidificam em vez de secar, eliminando a libertação de VOCs
(compostos orgânicos voláteis) na atmosfera, tintas de cura por radiação, entre outras. A investigação tecnológica nesta área introduz novos métodos e possibilidades
todos os dias. Mas de modo geral, o desenvolvimento de produtos alternativos à actual
tecnologia de tintas base solvente tem sido feito nestas três grandes áreas, assim resumidas: tintas base água, tintas base solvente e tintas de cura por radiação.
As tintas que usam metais pesados como o chumbo ou o cádmio são as mais prejudiciais, e é urgente retirá-las do mercado. A alternativa eco-consciente é portanto pelas
tintas de água ou vegetais, e o designer deve exigi-las sempre que isso seja possível.
Se os solventes não puderem ser evitados, devem ser tomadas precauções; devem
ser tratados com queimadores de solventes e nunca simplesmente deitados fora. Os
designers devem pedir informações acerca dos procedimentos das gráficas em relação
a questões ambientais, e estas devem ser tidas em conta como mais um factor que
decide qual a gráfica a escolher.
As gráficas portuguesas, quer por auto-motivação, quer por obrigações legais, estão já
a tomar algumas medidas de redução do impacto ambiental. O Decreto-Lei 242/2001,
entre outros, tem como objectivo a redução da utilização de solventes orgânicos.
Para conseguir baixar o consumo de solvente para 40 tons/ano uma gráfica nacional
tem de aplicar medidas como as seguintes (por exemplo):
Tintas Base Água
Os solventes são necessários ao processo de impressão uma vez que permitem que a
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tinta seque mais rapidamente. Contudo, a sua evaporação pode ser prejudicial para
as vias
respiratórias, e �����
a sua emissão
�����������
���para a atmosfera
��� ajuda a concentrar gases não
desejáveis.
A alternativa
mais usual ���
é o uso de tintas
à base de água, que não libertam
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���
vapores.
Porém, demoram
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���� mais tempo
��� a secar.
���
Este��������������
quadro mostra-nos os nomes específicos de algumas tintas, disponíveis em Portugal, o processo a que se destinam e os suportes em que são utilizáveis.
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As tintas para offset sem água são especialmente concebidas para resistirem ao calor.
As chapas de offset sem água contêm um revestimento de silicone que separa as zonas
sem imagem das que têm imagem. Onde há silicone, a tinta não adere, sem necessidade de água. No entanto, estas tintas são muito sensíveis ao calor e um acréscimo na
temperatura da tinta pode provocar a sua dispersão para a zona da silicone.
As tintas base água podem conter até 5 a 15% de COVs, mas levemos em conta que
um vinho tinto tem em média 13% de álcool. Não é uma percentagem fortemente
corrosiva. Mas há outras coisas a ter em mente aquando o recurso a este tipo de
tintas: as tintas base água tem que ser resistentes à água, o processo de limpeza das
máquinas é mais complicado, e apesar do processo em si ser mais ecológico, há uma
deterioração da qualidade da água que se gera, pelo que é necessário tratá-la. É necessário também proceder a algumas adaptações ao processo de impressão, devido
aos seguintes factores: Tensão superficial da água (o espalhamento de um liquido
numa superfície dá-se quando a tensão superficial do liquido é superior à energia superficial do substrato. Quando isto acontece diz-se que o liquido molha a superfície) O
quadro abaixo dá-nos uma noção da tensão sobre a superfície exercida pela água, em
relação a outros líquidos utilizados em impressão.
eco 029
������������
eco 030
Outro factor a ter em consideração é a capacidade de transferência das tintas a
água.
Para se conseguir obter velocidades de impressão eficientes e as mesmas características do trabalho feito com tintas usuais, é essencial aplicar menores camadas de tinta.
Daí, não ser só mais ecológico como até mais económico.
Considerar ainda a velocidade de secagem destas tintas, bastante mais lenta que as
regulares. Abaixo, é possível comparar as taxas de evaporação de alguns solventes:
Acetato de Etilo
Acetato Isopropilo
Acetato de N-Propilo
Etanol
Isopropanol
4.0
3.5
2.1
1.7
1.5
E finalmente, a água, visivelmente baixa em relação às alternativas poluentes.
Água
0.36
As propriedades de secagem são muito importantes porque nenhuma peça impressa
pode ser entregue enquanto a tinta não estiver completamente seca. As tintas podem
secar de diversas formas: absorção, oxidação, evaporação, precipitação e solidificação
por radiação. A maior parte das tintas seca por combinação de dois ou mais destes
processos. Na secagem por absorção, a parte líquida da tinta é absorvida pelo papel,
enquanto que o pigmento se mantém à superfície. Quanto mais absorvente for o papel,
mais tempo demora a secar. Na secagem por precipitação, o papel, depois de impresso,
é sujeito à acção de vapor de água, ou aerossol. Ao repelir o veículo, o pigmento permanece à superfície. A secagem por evaporação, como em flexografia ou rotogravura,
pode acontecer naturalmente ou ser acelerada por estufas especiais. Na secagem por
oxidação, a tinta oxida em contacto com o ar, como acontece com as tintas de offset.
A oxidação é relativamente lenta e, por isso, a tinta leva algum tempo a secar.
Mesmo quando se aplicam menores camadas de tinta (normalmente menos 30%)
as tintas a água requerem o dobro da energia para secar. Por exemplo, a energia
necessária para secar tintas base solvente é de 8 kW, numa máquina a 240 m/min.
Para a mesma máquina, a energia necessária para secar tintas base água é de 18 kW.
Pelo que se enfrenta aqui um contra-senso ecológico e económico. Para se manter as
velocidades de impressão e evitar a tentação de aumentar as temperaturas do ar de
secagem é necessário fornecer a energia suplementar aumentando o caudal do ar.
A tinta de água é bombeada para a prateleira própria (página seguinte). O rolo anilox
tem milhões de células microscópicas que levam a tinta até ao cilindro. A prateleira
de tinta contem um conjunto de limpadores chamados “doctor blades” que retiram o
excesso de tinta do rolo, de modo que enquanto este gira a tinta permaneça somente
nas pequenas células contentoras.
As velocidades de impressão: em Flexografia são: em papel, 650 m/min; e em filme,
330 m/min. Em Rotogravura: em papel, 500 m/min; e em filme, 240 m/min.
eco 031
células do anilox ampliadas
em 3D.
Palete de tinta e rolo anilox.
Em suma, existem tintas base água para quase todo o tipo de suportes ou complexos.
No entanto, está-se ainda muito longe de se conseguir o nível de racionalização que
se pode obter com tintas base solvente.
Tintas de Base Vegetal
Nas tintas de base vegetal, o óleo de soja, por exemplo, substitui o petróleo. Já são
usadas na impressão de alguns jornais, mas como aditivo às outras tintas, e não por
si só. Na realidade, melhoram em muito a qualidade de impressão: conseguem cores
mais brilhantes e um ponto de impressão mais definido. Além disto, são borrachosas,
pelo que não aderem às mãos.
Tintas de Cura por Radiação
Estas são tintas de alta qualidade de impressão, ao nível do offset e da rotogravura.
Garantem uns impressionantes 0% VOCs, boas resistências químicas, físicas e ao
calor, boa estabilidade em máquina e constância de cor. O processo implica menos
tempo de arranque e de limpeza, menos desperdícios de tinta e resíduos. Algumas
desvantagens são a preparação das infra-estruturas, que exige a Instalação do sistema de cura, os preços dos produtos UV (mas é preciso considerar que têm maior
rendimento), a radiação UV no suporte pode originar odores ou amarelecimento dos
materiais; a dificuldade na cura de tintas altamente pigmentadas (só as tintas UV), a
limitação de suportes a que são aplicáveis, isto é, a dificuldade em suportes porosos
e os filmes terem de levar corona; Finalmente, é necessário ter em atenção problemas
de migração de fotoiniciadores.
Tintas de Base Solvente
Estas tintas são as que contêm um teor de sólidos mais elevado, e não devem ser a
primeira alternativa. Mas convém que o designer eco-equipado as conheça, no sentido
de saber escolher entre elas, a menos nociva. Podem ter algum impacto no esquema
de redução de emissões, mas por si só não são uma solução para os problemas de
emissão de VOCs. São no entanto, uma solução relativamente fácil de implementar e
que pode conduzir a melhorias na qualidade de impressão.
A privilegiar estão as Tintas Monosolvente (formuladas só com ésteres): 90 % dos
impressores por rotogravura em Itália usam este tipo de tecnologia, permitem a recuperação de solventes, que não se tornam desperdício, permitem a impressão a altas
velocidades. No entanto, não é uma tecnologia válida para flexografia e surgem fre-
eco 032
O tradicional cliché de fotopolímero, tipo carimbo,
está a dar lugar à camisas de borracha gravadas
digitalmente através da tecnologia laser.
Conventional plate
5 % dot
48 screen
Conventional plate
5 % dot
48 screen
Computer to plate
(CTP)
5 % dot
Computer to plate (CTP)
5 % dot
48 screen
Outros Processos De Impressão
Exemplo: Utilizar uma máquina de rotogravura com tinteiros e cilindros aquecidos e
tintas do tipo “hot melt”.
O cilindro de impressão é arrefecido para garantir a solidificação da tinta.
Este tipo de tinta tem 100% de sólidos e o sistema de resinas é composto por materiais semelhantes a ceras
Impressão Ecológica em Gravura
Existem já disponíveis em Portugal tintas ecológicas para esta tecnologia. Por exemplo, as tintas SuperBase. As suas vantagens para o uso em gravura são: 30 % menos
solventes usados no processo de diluição; menor retenção e emissão de solventes,
maior velocidade de contacto e impressão, maior capacidade de armazenamento, logo,
menos custos em transporte.
Estas tintas SuperBase estão também disponiveis para Flexografia.
As ilustrações da página anterior demonstram uma aproximação macro à estrutura
(rede) de placas de impressão convencionais
As vantagens da SuperBase neste processo são que se imprime a economia de tintas,
o que significa que se pode recorrer a um anilox mais fino; menor volume de tinta
traduz-se em maior qualidade de impressão, especialmente com os novos quadros
CTP (ponto mais fino).
Esta SuperBase pode também ser adicionada a outras tintas.
eco 033
quentemente alguns problemas de impressão devido ao menor grau de pureza dosolvente reciclado. E claro, tornam necessário investir num sistema de recuperação de
solventes.
Produção Gráfica Em Papel
eco 034
Processos Convencionais de Impressão
A indústria, no que diz respeito, à comunicação gráfica sofreu grandes mudanças no
século XX.
Foi nos últimos vinte cinco anos que o computador assumiu um papel decisivo no
processo produtivo gráfico com consequências muito profundas nas empresas, qualquer que seja o sistema de impressão que utilizem. A informatização das máquinas
de impressão veio dar enorme rapidez ao processo impressório e, o que na década de
1960 levava horas a fazer pode hoje ser executado em menos tempo.
Para qualquer que seja o sistema de impressão, é fundamental distinguir fisicamente
as áreas a imprimir das áreas a não imprimir.
O que mais caracteriza e, por consequência, distingue cada um dos processos, ditos,
convencionais de impressão, é a existência de um transportador de imagem, que poderá ser de chapa de alumínio no caso do offset, o quadro para a serigrafia ou a chapa
de fotopolímero em flexografia. Cada transportador impõe requisitos específicos no
que diz respeito a tintas a utilizar e determina ainda o tipo de material a ser impresso
com sucesso.
A distinção de tais sistemas é feita normalmente por processos fotomecânicos. Na
impressão digital, esta processa-se directamente do ficheiro digital para o papel, sem
que seja necessário fazer a distinção de forma mecanizada.
A mais valia da impressão convencional é o facto de esta ser ideal para grandes tiragens, enquanto que a digital é indicada apenas para pequenas tiragens, tendo como
vantagem a possibilidade de personalizar cada cópia como unidade com informações
diferenciadas.
Outro aspecto extremamente importante a ter em conta, é a ordem relativa à impressão. Nos processos de impressão convencionais, é impressa uma cor de cada vez e, a
sua ordem varia conforme o trabalho em questão, e, apesar de lermos CMYK, raramente esta é a ordem utilizada.
Tipografia ou Letterpress
A tipografia é, de facto, o método de impressão mais antigo – imprimir foi sinónimo
de «tipografia» – e , curiosamente, o que menos tem evoluído nos últimos tempos.
Este processo utiliza uma superfície em alto-relevo para distinguir a zona sem imagem – género carimbo. Nalguns casos, é utilizado um suporte à base de metal ou plástico duro, que não se deforma facilmente com a pressão exercida durante a impressão;
noutros casos, a chapa é mais flexível, à base de borracha ou polímero, com a zona de
imagem. É aplicada uma tinta relativamente espessa e pastosa – quase semi-sólida,
para não se soltar –, e a imagem é transferida para o papel, através de pressão.
Aplicações:
apesar de serem relativamente poucas, as mais comuns são rótulos em papel autocolante para diversos tipos de embalagens e etiquetas. Em alguns países ainda
imprimem jornais por este processo e é também utilizado para impressão de latas de
bebidas.
Flexografia
A origem do processo utilizado em flexografia é muito parecida com o da tipografia
rotativa, com a diferença das chapas de fotopolímero, denominadas clichés, por serem
mais flexíveis, as tintas mais fluidas e os custos de preparação mais baixos.
Dependendo do material a imprimir, as tintas podem ser à base de solvente, à base de
água ou tintas ultravioletas.
Este é processo que tecnologicamente mais tem evoluído nos últimos anos.
Aplicações:
a flexografia é o processo comummente utilizado para imprimir embalagens em plástico, papel, cartão ou outros materiais de ordem absorvente e não absorvente.
Por ser um processo relativamente económico, comparado como por exemplo com a
rotogravura, é muito utilizado em produtos de baixo custo, sendo eles sacos de plástico ou de papel, guardanapos de papel, rolos de cozinha, papel de parede, embalagens
de plástico para snacks e em diversas embalagens de produtos de grande consumo.
Um processo simples e adaptável a uma grande variedade de materiais flexíveis. Com
as recentes evoluções tecnológicas, principalmente com a introdução das camisas
gravadas digitalmente, a flexografia começa a deixar de ser um processo de impressão
barato para produtos baratos, para se tornar num potencial concorrente da rotogravura.
Características:
A flexografia utiliza chapa flexível, com relevo e tintas muito fluidas. O relevo na chapa produz o mesmo efeito da tipografia:
o anel de tinta nota-se mais em plástico do que em papel.
Este anel de tinta é característico
da flexografia conven-cional e, para
o reduzir, é necessário controlar
bem a tinta e a pressão exercida
pelo cilindro de impressão.
eco 035
Características:
com a pressão provoca um baixo-relevo visível no verso do papel;
um anel de tinta perfeitamente definido a contornar as letras;
na zona de tinta podem aparecer pequenas pintas brancas, devido à não adesão da
tinta nessa zona, principalmente em materiais rugosos;
as cores directas podem parecer sarapintadas em papéis revestidos. Quando é utilizada a chapa mais mole estas características são atenuadas. O relevo no papel desaparece, o anel de tinta é menos visível e as pintas brancas também são menos frequentes.
Quanto mais dura for a chapa mais se notam as características acima descritas.
Rotogravura
eco 036
É um dos processos utilizados para impressão de rótulos de elevada qualidade, para
impressão de catálogos ou revistas igualmente de grande qualidade e de tiragens
elevadas.
O seu elevado custo de preparação, nomeadamente na gravação dos cilindros, limita a
sua aplicação às grandes tiragens.
Ao contrário da tipografia e da flexografia, que imprimem pelo método de alto relevo
– tipo carimbo – a rotogravura imprime pelo método de baixo-relevo. A zona de imagem fica perfurada, sob a forma de pequenas células, no cilindro, enquanto que a zona
de não imagem fica intocável. O tipo de tinta utilizada em rotogravura é muito fluida
e escorre como água no cilindro.
Rotogravura: o cilindro gravado gira no
tinteiro e a tinta, por ser muito fluída,
entra facilmente nas células gravadas. O
excesso de tinta é removida da superfície
do cilindro e a imagem passa para o
suporte através de pressão.
Aplicações:
a rotogravura é utilizada para imprimir uma vasta variedade de produtos, desde que
as tiragens sejam bastante elevadas e de preferência com várias cores, e o exemplo
são as caixas de tabaco e selos do correio. As aplicações encontram-se mais ao nível
da indústria das embalagens, revistas e catálogos de vendas por correio.
Características:
contorno de letras e imagem em forma de zigzag minúsculo;
excelente qualidade na reprodução de fotografia e elevada saturação de cores.
Litografia Offset
É de todos o processo de impressão mais popular quando se trata de imprimir papel
com mais qualidade e ao mais baixo custo.
Em outros casos existe uma distinção de alto e baixo-relevo relativamente à imagem,
mas em offset a zona de imagem e de não imagem encontram-se ao mesmo nível na
chapa de alumínio, a que se deu o nome de processo planográfico. Esta foi uma das
principais inovações da litografia: água e tinta não se misturam. A distinção é conseguida pela superfície da chapa e pela reacção de repulsa entre água e tinta.
Há que definir também definir se o trabalho será impresso folha a folha ou por rolo
para optar entre Offset plana ou rotativa, dependendo principalmente da tiragem
A viscosidade das tintas de offset exige um tinteiro com vários rolos, para trabalhar a
tinta e transformá-la num fino fio de tinta que depois é aplicado. As tintas devem ser
à base de óleo para que a relação de repulsa com a água funcione.
Aplicações:
litografia offset é o processo vulgarmente utilizado para imprimir sobre papel. Consegue uma boa qualidade de reprodução de fotografia e de cores, mesmo em papéis de
menor qualidade. As suas aplicações são variadas, principalmente ao nível da publicidade e vão desde brochuras, folhetos, cartazes, catálogos, revistas, jornais, material
de estacionário e embalagens.
Características:
os contornos das letras são perfeitamente lisos e bem definidos, sem haver qualquer
tipo de deformação;
o filme de tinta é bastante fino;
uma impressão uniforme, mesmo em papel texturado;
nos mesmos suportes consegue imprimir com maior número de linhas do que os outros
processos.
Serigrafia
Este processo de impressão utiliza uma tela de poliéster ou nylon – o mais vulgarmente utilizado é o primeiro – onde a imagem é desenhada, e posteriormente presa por
uma moldura de metal, a que se dá o nome de quadro.
A tela de poliéster poderá ser adaptável, mais aberta ou mais fechada conforme tenha
mais ou menos fios por centímetro, dependendo ainda da qualidade do trabalho.
É, de todos os processos, o mais rudimentar. As unidades de impressão são de extrema
simplicidade: o papel ou material a imprimir coloca-se por baixo do quadro, a tinta
é inserida por cima, e com a ajuda de uma espátula faz-se pressão na tinta, para que
esta passe para o papel através dos buracos abertos na tela, que definem a própria
imagem.
eco 037
Esquema de uma máquina de impressão
offset a uma cor. A unidade de impressão
offset é constituáda por três cilindros: o
cauchu, o cilindro da chapa e o cilindro
de impressão.
eco 038
Este processo, oferece algumas vantagens em comparação a outros processos, e uma
das principais é o facto de se utilizar uma tinta muito espessa que resulta numa intensidade e opacidade extraordinárias.
Aplicações:
a serigrafia é um processo de impressão cada vez mais versátil, e direccionado para
vários destinos. Há quem lhe chame o «processo-imprime-tudo». Imprime, praticamente, em todos os materiais que os outros processos imprimem e em muitos mais:
papel, plásticos, madeira, ferro, loiça, vidro, acrílicos, tecidos, lonas…
Características:
contorno de letras e linhas em forma de zigzag, como acontece em rotogravura, mas
não tão minúsculo;
reprodução fotográfica com pouca definição, pois o número de linhas varia entre os 60
e 100 lpi, dependendo do material a imprimir;
fundos em cores directas bastante uniformes, com elevada saturação e opacidade.
Termografia
Termografia é uma técnica que consiste em criar relevo na tinta, como se de um cunho
se tratasse.
Aplicações:
a termografia pode ser utilizada em vários tipos de aplicações, mas não é aconselhável
para zonas de dobras, uma vez que se poderá partir.
Os aspectos característicos da impressão em
serigrafia são o quadro e a espátula que espalha e
pressiona a tinta a passar para o suporte.
Dependendo do processo de impressão, os suportes
ou transportadores da imagem são diferentes.
Impressão Digital
A impressão digital apresenta como pontos fortes a rapidez e o baixo custo, quando
se trata de pequenas tiragens, e como ponto fraco as limitações na variedade de substratos e na qualidade, cujo critério é sempre bastante subjectivo.
Mas mais do que imprimir, os sistemas de impressão digital representam uma nova
forma de criar e de comunicar. Com prazos cada vez mais apertados e tiragens reduzidas, a impressão digital tem ganho cada vez mais adeptos, principalmente em
publicidade.
Duas das grandes vantagens da impressão digital são a possibilidade de se poder fazer
uma prova directamente na máquina e fazer correcções de cor de imediato, se necessário. Outra vantagem é o facto do toner e das tintas utilizados na impressão digital
secarem quase automaticamente após a impressão, o que não acontece nos processos
convencionais.
Existem vários sistemas de impressão digital e a sua escolha depende do trabalho em
questão.
Impressão electrofotográfica e Offset digital
A impressão electrofotográfica e o offset digital possibilitam a impressão em pequenas tiragens, aquilo que em offset convencional seria demasiado caro.
Existem no mercado algumas marcas de impressoras digitais cuja base é o processo
electrofotográfico, no entanto diferem em alguns aspectos.
Impressão a jacto de tinta
Este processo imprime a imagem através de pequenos jactos de tinta líquida. Com
uma resolução reduzida, estes jactos de tinta são perfeitamente visíveis, como uma
matriz de pontos. Com uma resolução elevada esta matriz deixa de ser visível, sendo
possível com um conta linhas ver que o contorno das letras é irregular. Com uma resolução elevada a reprodução de fotografia atinge uma qualidade também elevada.
Dentro da tecnologia jacto de tinta existem vários sistemas, mais adaptados para a
impressão de grandes formatos.
Impressão electrostática
Electrografia, ou impressão electrostática como é mais conhecida, é um processo va-
eco 039
Em suma:
Tipografia e flexografia são considerados processos de impressão por relevo, em que
a imagem está colocada acima da não imagem. A tipografia recorre a uma base mais
dura e a tintas espessas e pegajosas, enquanto que a flexografia recorre a uma base
flexível e tintas líquidas e fluidas.
Rotogravura é o processo por baixo relevo, a zona de imagem é gravada abaixo da
zona da não imagem, através de pequenas células. A tinta tem que ser muito líquida,
para entrar nessas células, o excesso, na superfície do cilindro é removido com uma
espátula.
A serigrafia utiliza o processo de stencil e a litografia offset é um processo planográfico, em que imagem e não imagem estão no mesmo nível da chapa.
eco 040
riante da impressão electrofotográfica. É muito utilizada para impressão em grandes
formatos. Depois de feita a impressão, num papel electrostático, é depois transferida
para os mais diversos tipos de materiais, como telas de tecido, vinil ou outros, e imprime-se através de toner.
Tecnologia de sublimação
Sublimação significa a transformação directa do estado sólido a gasoso sem a intervenção dum estado líquido.
O processo de sublimação deriva da impressão a cera térmica, na qual os pontos de
cera colorida eram derretidos a elevadas temperaturas para aderirem ao suporte a
imprimir.
Computer To Plate
Este processo tem como base o sistema do offset convencional, mas dispensa os fotolitos e o processo de revelação da chapa é feito digitalmente na própria máquina
que vai imprimir o trabalho. A chapa é de poliéster e é revestida por uma camada de
silicone, que serve para distinguir as áreas de impressão das áreas de não impressão,
uma vez que se trata de um processo de impressão sem molha.
Antes de se iniciar a impressão, são projectados digitalmente para a chapa raios laser,
que provocam pequenas cavidades na camada de silicone e formam a imagem. A tinta
adere a essas cavidades e é repelida pelas áreas onde ainda existe silicone. Ao contrário da impressão electrofotográfica, estas chapas não podem voltar a ser carregadas
em cada impressão, nem alteradas depois de gravadas, o que torna este processo não
aconselhável para impressões personalizadas.
As chapas são carregadas automaticamente e a limpeza da máquina também é automática. A máquina contém em stock material para trinta e cinco chapas e reveste
automaticamente o respectivo cilindro após terminar a impressão de um trabalho,
podendo passar para um outro logo de seguida.
SERÁ QUE AS MÁQUINAS DE IMPRESSÃO ADERIRAM À
ECOLOGIA?
Comentário por Aires Fonseca
Com o uso dos toners, os criadores das máquinas de impressão digital precisam de ter
em conta as exigências impostas pela protecção ambiental. Até aos dias de hoje não
se pode dizer que os construtores de máquinas de impressão convencionais tomassem
em grande conta limitações de natureza ecológica na concepção das suas máquinas.
É verdade que os consumíveis estavam sob controlo. Porém, a legislação tem vindo
a ser progressivamente mais exigente no sentido de obrigar os utilizadores a estarem
atentos ao respeito pelo meio ambiente. É evidente que nos nossos dias a tecnologia
dos fabricantes de máquinas, em particular a que se relaciona com as máquinas de
impressão digital de cor, deu um passo em frente nesse sentido. Na realidade, o uso
de grandes quantidades de toner impõe certas precauções, tanto na própria máquina
como na reciclagem do impresso produzido. Estes construtores de máquinas de impressão digital que, como é sabido, têm dificuldade em vender equipamentos que custaram fortunas em pesquisa e desenvolvimento, apresentam actualmente argumentos
aos quais dificilmente se pode ficar insensível sobre o tema “a máquina de impressão
digital é ecológica”.
Evitar sobras e evitar produtos intermediários. É verdade que este tipo de máquina
torna possível produzir praticamente o número exacto de exemplares encomendados,
por muito reduzido que ele seja. Deve-se por isso evitar todo o desperdício, tanto de
papel como de consumíveis. Como é evidente, esta tecnologia ignora todos os consumíveis da geração analógica (filmes, chapas, químicos, etc.). Melhor ainda, a máquina
de impressão digital pode estar situada muito perto do cliente e, por isso, minimizar
todas as operações anexas, por vezes poluentes, de movimentação, transporte, etc. No
fundo, a máquina digital a cores possui qualidades insuspeitas.
Poupança de energia. Mas, não é tudo. Os fabricantes destes equipamentos, oriundos
do mundo do escritório e da informática, debruçaram-se sobre o funcionamento da
própria máquina de impressão para a transformarem num equipamento “verde”. E
aí a tarefa é mais delicada, na medida em é preciso utilizar toners que, conforme é
sabido, são produtos delicados no domínio do ambiente. Nestas máquinas, e o argumento é particularmente evidente na NexPress, a atenção concentrou-se na poupança
de energia (com dispositivos de recirculação do calor produzido e de filtragem das
partículas de papel). A questão da destintagem dos produtos impressos foi também
tida em linha de conta quando os volumes em jogo o justificam. Foram feitos ensaios
para que a máquina não forneça mais toner do que o necessário. E, por fim, os construtores empenharam-se, seguindo o exemplo do que se passa na indústria automóvel,
em conceber componentes dos quais alguns podem ser facilmente reciclados.
eco 041
Enquadramento Ecológico
Novas Tecnologias
eco 042
CHAPAS ECOLÓGICAS
A empresa TOYOBO comercializou a primeira chapa flexo processada a água do mundo. Líder Mundial na tecnologia de fotopolímeros, produziu uma chapa processada a
água que pode ser utilizada tanto com tintas UV como com tintas base água ou base
álcool, é totalmente processada a água e sem solventes.
Vantagens:
Lavada com água normal e uma pequena quantidade de detergente.
Sem necessidade de utilizar solventes.
As chapas estão prontas para serem colocadas na máquina em uma hora.
Excelente qualidade de impressão tanto com tintas com base em água como com
tintas em base em álcool.
Uma alta resolução e reprodutividade proporcionam uma impressão nítida a 175
linhas/polegada
película protectora (polyester)
capa deslizante
capa de resina fotossensível
capa adesiva
base (película de polyester)
1-
2-
34-
5-
6-
7-
Exposição
Expor á luz de UV a parte de trás do COSMOLIGHT
através da película de suporte
Contacto C/ Negativo
Remover filme de protecção. Colocar negativo na
superfície do Cosmolight
Exposição da Superfície
Expor o negativo á luz UV
Lavagem
Remover o negativo e passar a chapa COSMOLIGHT
na unidade de revenda.
Secagem
Após ter secado as gotas de água da superfície da
chapa. Secar com ar quente.
Pós Exposição
Expor a chapa outra vez á luz UV para completar o
processo de endurecimento.
Finalização
Acabamento germicida para completar o processo.
Simitri é nome dado para o toner da Konica Minolta. A sua produção exige menos
energia, em comparação com os toners pulverizados, reduzindo em 40% a emissão
de CO2, NOx ou Sox
Mas só esta disponível para as suas fotocopiadoras e impressoras.
A Rocha EcoSys laser não utiliza toners descartáveis, em vez disso, a tinta é adicionada no próprio toner. Esta acção não só reduz a vasta quantidade de recipientes
lançados ao lixo, como também oferece um maior apoio à indústria.
Novas Tecnologias
A competição entre gráficas dentro da indústria é intensa e crescente. As gráficas têm
duas opções óbvias de diferenciação: a disponibilização de serviços mais complexos
e com mais valias técnicas, ou podem apostar na eficiência produtiva. Os principais
factores diferenciais são: Qualidade; Produtividade; Tempo de produção; Redução de
desperdícios; Praticabilidade.
Na Florida, um local muito orientado para questões ambientais (protecção das Florida Keys), enquanto indústria, as artes gráficas estão bem na dianteira da consciência
ambiental. Há imensas iniciativas ambientais por ordem da Graphics of Américas
(GOA). Aqui são exibidas novas tecnologias, como a DICOweb da MAN Roland, Inc.
– a primeira offset que imprime sem chapa.
eco 043
TONERS ECOLÓGICOS
APLICAÇÕES
eco 044
No caso dos produtos gráficos, é o designer que escolhe os materiais, e não o consumidor final, pelo que é ele, em acordo com quem encomenda o projecto, que assume a
responsabilidade da escolha mais ecológica.
Aqui ficam algumas questões muito pertinentes: “Ten questions for the Green Designer” num folheto preparado para o Design Council por John Elkington Associates,
e posteriormente reimpresso no seu livro “Green Pages: The Business of Saving the
World”
Mantendo em mente o design gráfico e a impressão, destacamos:
2. O produto poderia ser mais limpo?
3. Quanto tempo vai durar?
manter em mente que produzimos objectos principalmente efémeros pode trazer uma
maior consciência ao nível da frugalidade no uso dos materiais
4. O que lhe acontece quando a sua vida útil acaba?
enquanto designers de comunicação temos a possibilidade de incluir instruções de
reciclagem nos nossos produtos, encaminhando-os para melhores destinos do que as
lixeiras.
5. precisamos realmente de todos os produtos que consumimos?
Não é fácil desembaraçar as necessidades dos desejos na nossa sociedade sofisticada.
Mas prevê-se que em breve, comprar dúzias de objectos inúteis e não sustentáveis
passe a ser um motivo de embaraço entre alguns estratos sociais.
Como regra geral, quanto mais específico for um objecto, mais inútil será para qualquer outra função.
“Não há uma única resposta à pergunta: Preciso realmente deste produto? Porque
todas as pessoas (...) têm valores diferentes.”
Poluição e Fases de Produção
A ecologia e o equilíbrio ambiental são a base de toda a vida e cultura humanas na
terra. O design está implicado no desenvolvimento de produtos, ferramentas, máquinas, artefactos e outros objectos, e a sua actividade tem uma influência directa e
profunda na ecologia. A resposta do design deve ser uma ponte entre as necessidades
humanas, a cultura e ecologia. A criação e a manufactura de qualquer produto, durante o período de uso efectivo e respectiva existência posteriormente, dividem-se em pelo
menos seis ciclos distintos, cada qual um potencial malefício ecológico.
1.A escolha dos materiais
Os materiais escolhidos pelo designer são cruciais. A decisão de, por exemplo, usar
plástico-espuma para fazer embalagens baratas de fast-food para usar e deitar fora,
destrói a camada do ozono, para além de gastar recursos naturais que não podem ser
substituídos. O que não quer dizer que não se faça nada, mas que os designers devem
estar atentos ao facto de que, cada escolha e dilema no seu trabalho pode ter um
impacto de longo alcance e consequências ecológicas duradouras.
Considerar sempre a biodegradabilidade dos materiais:
Existe uma gama extensa de produtos que o consumidor comum encara como sendo
eco 045
Aplicação Prática ao Design
eco 046
descartável, que naturalmente usa e deita fora. Os mais óbvios que nos ocorrem a todos são as canetas ou lâminas de barbear, mas a nossa atitude para com flyers publicitários ou jornais é similar. Desenvencilhamo-nos deles sem considerar o seu futuro.
Daí que caiba ao designer uma responsabilidade acrescida de pensar na vida útil de
um objecto, e na sua degradabilidade. O papel e o cartão são materiais relativamente
rápidos a desaparecer enquanto desperdício, comparados com outros. Mas tintas neles incluídas contem maior parte das vezes componentes tóxicos que se inflitram nos
solos, até aos rios, ou são absorvidos atmosfericamente.
2.Processos de manufactura
As questões com que o designer se depara são: Há alguma coisa no processo de manufactura que possa pôr em causa o local de trabalho ou os trabalhadores, como fumos
tóxicos ou materiais radioactivos? Há elementos que libertem gases que poluam o ar
e provocam chuva ácida? Será que os desperdícios líquidos são escoados para o solo e
destroem a terra agrícola, ou, ainda pior, entram na rede de fornecimento de água?
3.Embalagem
Ao desenvolver uma embalagem, o designer depara-se com mais escolhas de carácter
ecológico. O plástico-espuma, extremamente poluente, é comummente utilizado pelos
designers como uma protecção para produtos frágeis. Sabe-se também que os propulsores como os CFC’s para sprays de laca, tintas e outros produtos estão directamente
implicados na destruição da camada do ozono. È crucial considerar os materiais e
métodos de embalagens num processo de design consciente.
4.Diferenciação do Produto
Há demasiadas versões do mesmo item disponível em muitos casos. Dado que a manufactura da maior parte dos produtos de consumo ou industriais implica materiais
insubstituíveis, a profusão de objectos no mercado constitui uma ameaça ecológica
profunda. A própria escolha de produtos de consumo no Ocidente é extremamente
artificial.
As diferenças entre eles são mínimas ou mesmo inexistentes à excepção da marca ou
embalagem.
5.Transporte do produto
O transporte de materiais e produtos contribui para a poluição pela queima de combustíveis fósseis, e pela necessidade de um complexo sistema de estradas, vias e aeroportos. Primeiro faz-se o transporte da proveniência da matéria-prima para a fábrica,
seguindo-se da fábrica ao centro de distribuição, daí para as lojas, e eventualmente,
das lojas para o utilizador final.
6.Desperdício
Muitos produtos podem ter consequências negativas depois do tempo de vida útil
do produto ter terminado. Basta olhar para as enormes lixeiras ou os cemitério de
automóveis em muitos países para perceber que este vastos amontoados de metais,
plástico em deterioração, fugas de óleos e petróleo estão a penetrar directamente na
terra, envenenando o solo, o fornecimento de água e a vida selvagem, para além de
A relação entre design e ecologia é muito próxima. A avaliação do ciclo de vida do
produto incorpora todas as fases do seu ciclo de vida, desde a aquisição das matérias-primas, através dos processos de manufactura e conjunto, a compra do produto
completo (o que inclui transporte, embalagem, publicidade e impressão de manuais
de instruções), o uso, a colecção pós-uso do produto, e, finalmente, a reutilização ou
reciclagem do dispositivo final. Dada a sua complexidade, a avaliação do ciclo de vida
pode ser profundamente complexa, exigindo estudos profundos, testes e experimentação.
Aspectos ambientais, a ter em conta, na avaliação do ciclo de vida
A exaustão de recursos, escassos ou finitos.
A produção de gases com efeito de estufa
A produção de chlorofluorcarbonetos que levam à destruição da camada do ozono
A produção de chuva ácida
Destruição dos habitats e das espécies em vias de extinção
Materiais e processos prejudiciais para plantas, animais e humanos
Poluição do ar, da terra e da água
Poluição sonora com o seu efeito degenerativo na psique humana
Poluição visual
Redução do Consumo de Meios
A redução dos meios utilizados deve ser sempre o objectivo de um designer consciente; tanto ecológica como economicamente. Há várias formas de conseguir este
objectivo:
uso eficiente do espaço
Em alguns casos, os designers podem condensar a informação num espaço de papel
mais reduzido, dando largas ao uso criativo da tipografia e do layout. Poupa-se assim
em papel, energia e desperdício.
tempo de vida de um produto
Este tempo deve ser considerado pelo designer, e artigos mais efémeros devem ser
especialmente tratados de forma a não se transformarem em enormes desperdícios.
Pode e deve sempre questionar-se a verdadeira necessidade de um produto efémero.
Sempre que possível, devem substituir-se os efémeros por produtos mais permanentes, ou usar outros meios de comunicação que consumam menos meios e porventura
sejam até melhor direccionados.
alternativas ao papel
Já de há algum tempo para cá que cada vez mais se utilizam meios digitais como forma privilegiada de comunicação. E esta tendência está a crescer. Suportes como um
CD-ROM podem ser muito mais económicos, ecológicos e duradouros, mas o benefício
eco 047
destruírem a paisagem visualmente. Foi estimado que, a família média nos países tecnologicamente desenvolvidos deita fora entre 16 e 20 toneladas de lixo e desperdício
por ano. O que, não só é um perigo ambiental, mas também um enorme desperdício de
materiais que poderiam ser responsavelmente reciclados. Esta é uma área na qual os
ditos países de terceiro mundo lideram o caminho – onde, dada a escassez material,
reciclar é um modo de vida aceite há várias gerações.
eco 048
ambiental perde-se se os receptores tiverem a necessidade de imprimir a informação
para depois a ler. Assim, devem ser ponderadas as alternativas, e claro está, usar o
papel sempre que necessário.
A Decisão do Designer
Para obter um projecto ambientalmente mais consciente, aqui ficam algumas linhas
gerais por onde o designer se deve guiar:
Sempre que possível, usar papel reciclado, escolhendo a percentagem possível de desperdício pós-consumo de acordo com as características desejadas.
Considerar o tipo de papel bem cedo no projecto, para que o projecto se lhe adeqúe e
o resultado seja excelente.
Repensar se a quantidade de papel pode ser minimizada pelo melhoramento do layout
e da tipografia.
Evitar papéis branqueados com cloro.
Usar tintas de base de água ou de óleos vegetais.
Perguntar às gráficas o que fazem com os efluentes.
Lembrar que certos papéis feito com outras fibras que não a madeira podem ser uma
escolha original e eficaz.
ESTUDOS DE CASO
eco 049
Relatório anual da “The Body Shop”, 1988, UK
eco 050
Preservando a sua reconhecida consciência ambiental, esta empresa desenhou o seu
relatório anual de 1988 em papéis escolhidos por razões ecológicas. Os designers
Neville Brody e Jon Wozencroft desenvolveram um trabalho baseado em contrastes
de texturas e imagens fotográficas, explorando a fundo as qualidades de quatro papéis
diferentes, reciclados ou não branqueados. Estes dois tipos de papel oferecem dois tipos de características de impressão completamente diferentes, e isto foi amplamente
explorado no resultado final. Por exemplo, a capa é feita de cartolina Bristol. O lado
reciclado e granuloso foi deixado do lado de fora, de forma que o lado de dentro fica
liso e brilhante, e contém uma impressão fotográfica precisa. No interior, é muito
utilizado papel de açúcar, que dá uma impressão muito suave e sensorial. Também foi
utilizado papel kraft, com os característicos lados brilhante e lado mate. A sua textura foi usada em imagens negativas, dando destaque à sua cor própria. O livro em geral
é um óptimo exemplo da utilização de materiais de segunda categoria para a criação
de um objecto de alta qualidade e prestígio.
Capa do relatório, impressa em cartolina Bristol
Página interior; fotografia
impressa em papel de açúcar
A British Telecom fabrica 24 milhões de listas telefónicas, consumindo cerca de
80.000 árvores por ano. A empresa, juntamente com os designers Colin Banks e John
Miles, levou avante uma investigação de forma a conseguirem reduzir o consumo de
meios, redesenhando tanto o layout como a própria tipografia. Foi criado um novo
tipo de letra que poupa 8% do espaço, e sistematizou-se que não seria sempre repetido o apelido antes de cada nome. Desta forma, o número de colunas aumentou de
três para quatro.
Foram alcançadas poupanças no papel na ordem dos 10%, e estudos de mercado
mostram que 80% dos utilizadores preferem o novo modelo. Este é um óptimo exemplo do que um bom designer é capaz de fazer para diminuir custos e prejuízos ambientais, ao mesmo tempo que aumenta a satisfação do cliente final. Este trabalho ganhou
o Green Product Award, um prémio britânico patrocinado pela Shell.
Cartaz relativo ao
Green Product Award
Tipofrafia British telecom.
eco 051
Listas telefónicas da British Telecom, UK
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no topo da página, a melhoria efectuada ao layout das páginas telefónica
Nos anos 80, um grupo de designers europeus tenta conciliar a tendência mais “cool”
do design aos conceitos de sustentabilidade. Preocupam-se com a questão: como aumentar a sustentabilidade, mantendo uma boa qualidade de vida? Levando a cabo
encontros, eventos internacionais e debates, conseguiram reunir um grupo considerável, que desconhecia quaisquer fronteiras. Sempre foi um grupo totalmente anárquico,
mas cooperativo. Tudo começou a partir de um grupo de 20 designers que viviam e
trabalhavam em Milão. Entre eles, o dinamarquês Niels Peter Flint, que trabalhava
então para Ettore Sottsass e começou a questionar a aparente ligação mais qualidade
= mais impacto ambiental, e começa a aperceber-se do poder que têm os designers
nesta equação.
Inicialmente, a organização separava-se em O2 International e várias O2 de carácter
nacional. No entanto, estas organizações nacionais depressa cresciam ou quase se
extinguiam, pondo em risco a organização internacional. Em 1995, um dos grupos
nacionais mais fortes, o Holandês, criou a O2 Global Network, cujo suporte era a
Internet, e ligava todas as organizações. Criaram-se também as Liasons, contactos
individuais em qualquer país, que se comprometem a receber e reenviar informação
específica do seu país ou localização. O objectivo é que estas Liasons angariem suficientes simpatizantes para juntos formarem uma nova O2 nacional, sem perder no
entretanto os benefícios de estar ligado à rede geral. Em Portugal, neste momento,
existe uma Liason: o Prof. Rui Frazão, do INETI.
página inicial da O2 Global Network
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Grupo O2
The Indian European Ecodesign Programme (IEEP)
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É uma colaboração conjunta de três anos entre o Instituto Indiano de Tecnologia
de Delhi, a Universidade Técnica de Delft, na Holanda, e o INETI, em Portugal. O
programa tem por objecto desenvolver o ecodesign na Índia, e o desenvolvimento de
uma rede de Ecodesign. Inclui também outras actividades como workshops, o desenvolvimento da aprendizagem de ecodesign, e de ferramentas de informação como
CD-roms, e um site Indiano de ecodesign. Uma das actividades finais desta conjunção
é a Conferência Internacional de Ecodesign, que se realizou pela última vez em Nova
Deli, na Índia.
Sistematizando, um projecto de impressão ecológico e económico tem as seguintes
características:
A sua existência e necessidade foram questionadas, e foi escolhida a forma mais apropriada de comunicação;
Foi projectado tendo em conta uma economia de materiais: pelo seu formato, aproveita a maior parte da folha de impressão, pelo seu layout, não desperdiça espaço de
impressão, e usa o mínimo de tintas e vernizes possível;
É impresso numa gráfica que trata os seus efluentes, e não simplesmente os despeja
onde quer que seja;
É preferencialmente impresso recorrendo a métodos de produção económicos e ecológicos: impressão digital no caso de baixas tiragens, ou usando máquinas que dispensem o uso de fotolitos ou das próprias chapas;
É impresso em papel reciclado, de preferência a partir de desperdício pós-consumo,
branqueado sem uso de cloro (TCF), e foi considerada a escolha de papéis não branqueados e não provenientes de pasta de madeira;
É impresso com tintas à base de água ou de óleo vegetal;
É totalmente reciclável, o que pode perfeitamente estar indicado e aconselhado no
objecto em si.
Quando a solução ecológica fica mais cara, ela pode sempre ser compensada noutras
áreas; gastar mais dinheiro num papel de algodão, por exemplo, pode ser compensado
ao usar menos cores, e utilizando a textura e cor própria do papel como elemento
compositivo.
Em geral, a economia de meios serve os dois propósitos: gastar menos recursos monetários e dar um passo em frente para um desenvolvimento sustentável.
Relembrando agora os nossos pressupostos iniciais, quando este trabalho era ainda
uma proposta ou intenção, sentimo-nos finalmente aptas para delinear alguns lições
aprendidas, e algumas conclusões tomadas.
Aquilo a que inicialmente nos referimos como uma “nebulosidade”, uma curiosidade coberta de desconhecimento, transformou-se sem dúvida em maior nitidez. Hoje,
entendemos melhor o processo de impressão, as variáveis económicas que o condicionam, os consequentes motivos para o subdesenvolvimento do factor ecológico; conhecemos recursos a que nós mesmas podemos aceder, como papeis e tintas, aprendemos
o impacto de diferentes vernizes, diversas colas, processos de impressão alternativos.
Sabemos onde os ir requisitar, as consequências em termos de orçamento, e sabemos
sobretudo que nem sempre é fácil.
A consciência económica no nosso país padece de um certo imediatismo, que pode
provar-se contraproducente a médio e longo prazo. Um exemplo comum é a instalação
de certas estruturas de impressão menos nocivas, com menos consumo de energia
(etc.). Esta instalação envolve um investimento inicial considerável, que na maior
parte dos casos as gráficas pequenas e sobrevivendo num mercado flutuante e instável, não querem correr o risco de tomar. No entanto, o exemplo estrangeiro ensina-nos
que este investimento inicial é recuperável no prazo de alguns anos.
Ou seja, a vertente económica no panorama nacional está ainda e sobretudo orientada
eco 055
Conclusão
eco 056
para um lucro imediato, e tem dificuldades em contemplar um horizonte longínquo.
Por outro lado, o factor ecológico vive maior parte dos casos subjugado ao económico.
Em suma, as coisas progridem lentamente.
Os designers podem promover e comissionar a pesquisa e assegurar de que ela é
importada para o processo de design. Já existem investigadores ambientais a trabalharem conjuntamente com designers, aconselhando-os em relação a especificações
de materiais, e revendo projectos em fase de conceito para identificarem potenciais
problemas. É possível que esta se torne uma prática comum de trabalho conjunto. Os
especialistas ambientais, que podem ser designers que se focaram nesta área, podem
(devem) tornar-se uma parte importante da equipa de design.
O design não é apenas um processo ligado à produção mecanizada, é um meio de conferir ideias persuasivas, atitudes e valores sobre como são ou deviam ser as coisas, de
acordo com objectivos individuais, de grupo, institucionais, nacionais ou globais.
Outra lição empírica que recebemos foi a percepção ganha em relação ao quão penoso
se pode tornar tentar mover as engrenagens, quando estas não estão já bem oleadas,
isto é, optimizadas. Esta é talvez a imagem mais fiel à situação portuguesa: não é que
haja propriamente uma ausência de manivelas, o difícil pode ser pô-las a trabalhar. As
coisas existem, não estão é talvez suficientemente iluminadas ou acessíveis. Isto parte
por um lado da parte dos fornecedores que não as divulgam melhor, mas também por
parte dos clientes e dos designers, que não estão alertas para a necessidade de os requisitar ou até exigir certos parâmetros de performance económica e ecológica, logo
na primeira abordagem à gráfica. As leis de mercado podem atingir uma complexidade e imprevisibilidade inimaginável, mas uma coisa é certa, a procura influência sempre a oferta. Na prática, se os designers e clientes pedirem recorrentemente certo tipo
de produtos e processos, os fornecedores e gráficos irão certamente disponibilizá-los.
Em suma, as coisas progridem lentamente.
Daí que, em termos estratégicos, este trabalho tenha enfatizado tanto a contextualização e consciencialização do jovem designer que representa o seu leitor alvo. Se não
temos ainda ao nosso dispor um extenso catálogo de serviços e produtos – porque não
temos – promovamos então a procura. A oferta inevitavelmente se adaptará.
Talvez a razão mais significativa para a diversidade no design, no entanto, seja a
crença generalizada de que, apesar da autoridade e sucesso de soluções particulares,
há sempre uma maneira de fazer melhor as coisas.
Ficámos satisfeitas com a qualidade enriquecedora e estimulante de uma postura
critica que este trabalho nos proporcionou.
Ana, Joana, Joana e Sara
Agenda 21
Criada pela comunidade internacional durante a Eco-92, no Rio de Janeiro, a Agenda
21 é um processo de planeamento para mudanças no padrão de desenvolvimento, que
analisa a situação de um país, Estado, município ou região. Estabelece metas para um
futuro de forma sustentável, através do levantamento dos problemas e um planeamento a longo prazo do desenvolvimento do país.
Biodegradável
Diz-se da substância que se decompõe facilmente reintegrando-se à natureza. Dejectos humanos são biodegradáveis, pois sofrem este processo natural de reintegração.
Muitos produtos industriais não o são, como os plásticos. Indústrias vêm trabalhando
para desenvolver produtos biodegradáveis, por exemplo um tipo de plástico biodegradável. (Fontes: “Dicionário de Ecologia”, “Glossário Ambiental”)
Ciclo de Vida do Produto (PLC)
É o resultado da avaliação do ciclo de vida de um produto individual e análise do seu
impacto ambiental.
Colecta Selectiva de Resíduos ou Lixo
Separação de vidros, plásticos, metais e papéis pela população para reutilização, ou
reciclagem. Sem ela, esse processo pode ser impossibilitado. Por exemplo, não dá para
reciclar papel que foi misturado a material tóxico. Na colecta selectiva em locais
públicos, é usual identificar latões com cores padronizadas: azul para papel, amarelo
para metal, verde para vidros, vermelho para plásticos, branco para lixo orgânico.
(Fontes: “Tratamento de Lixo”, Jornal Urtiga)
Comissão Brundtland
ou Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Onu
“World Comission on Environment and Development”, criada pelo Programa de Meio
Ambiente da ONU, actuou entre 1983 e 1987 e foi presidida por Gro Brundtland, que
foi primeira-ministra da Noruega e presidiu a Conferência de Meio Ambiente Humano
em 1972. Produziu o relatório “Nosso Futuro Comum”, diagnóstico da situação ambiental mundial sob a óptica do desenvolvimento sustentável que inspirou a realização
da Rio-92. (Fonte: “Glossário Ambiental”)
Componentes Recicláveis
Componentes de produtos que podem ser usados num novo produto.
Conteúdo Reciclado
Materiais que incluem uma percentagem de conteúdo reciclado e outra de conteúdo
virgem. Se o material for 100% conteúdo reciclado, é material reciclado.
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Glossário
de produção ecológica em design
Conservação Ambiental
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Do latim, cum - junto; servare - guardar, manter. Manejo dos recursos do ambiente, ar,
água, solo, minerais e espécies vivas, incluindo o Homem, de modo a conseguir a mais
alta qualidade de vida humana com o menor impacto ambiental possível. Ou seja,
busca compatibilizar os elementos e formas de acção sobre a natureza, garantindo a
sobrevivência e qualidade de vida de forma sustentável. (Fonte: “Glossário Ambiental”, “Ecologia e Organização do Ambiente Antrópico”)
Consumidor Verde
Aquele que relaciona ao acto de comprar ou usar produtos com a possibilidade de
colaborar com a preservação ambiental. O consumidor verde sabe que, recusando-se
a comprar determinados produtos, pode desestimular a produção daquilo que agride
o meio ambiente. Por isso, evita produtos que:
1- representem um risco à sua saúde ou de outros;
2- prejudique o ambiente durante a produção, uso ou despejo final;
3- consuma muita energia;
4- apresente excesso de embalagens ou seja descartável;
5- contenha ingredientes procedentes de habitats ou espécies ameaçados;
6- no processo de produção tenha usado indevida ou cruelmente animais;
7- afecte negativamente outros povos, ou outros países. (Fonte: “Guia del
Consumidor Verde”)
Degradação Ambiental
Deterioração das condições do meio ambiente, que gera o desequilíbrio ecológico.
(Fonte: “Glossário Ambiental”)
Desenvolvimento Sustentável
Pela definição da Comissão Brundtland - satisfação das necessidades básicas e aspirações do bem-estar da população, sem comprometer a possibilidade das gerações
futuras de estabelecer suas próprias necessidades e aspirações. Chamado por alguns
de desenvolvimento sustentado. (Fonte: “Nosso Futuro Comum”)
Design for Assembly (DfA)
Método de racionalizar e standartizar partes para facilitar a fixação conjunta dos
componentes durante a produção ou manufactura.
Design for Disassembly (DfD)
Método de desenhar produtos para facilitar o custo efectivo, a quebra não destrutiva
das partes componentes dos produtos no fim da sua vida, para que eles possam ser
reciclados e/ou reutilizados.
Design para a Reciclabilidade (DfR)
É uma filosofia de design que tenta maximizar os atributos ambientais positivos de
um produto, sem comprometer a sua funcionalidade e performance.
Considera os melhores métodos para melhorar a reciclagem de matérias-primas ou
componentes, facilitando a assemblagem e desassemblagem, assegurando que os materiais não são misturados, e a rotulagem adequada.
Desperdício Pós-Consumo
É o desperdício que é reunido e seleccionado depois do produto ter sido utilizado pelo
consumidor, e isso inclui vidro, jornal e latas de borda especial ou de remoção fácil.
É, geralmente, mais variável na composição do que o desperdício pré-consumo.
Desperdício Pré-Consumo
É desperdício gerado na maquinaria de manufactura ou no estabelecimento de produção.
Ecodesign
É um processo que considera os impactos ambientais associados a um produto através do seu ciclo de vida, desde as matérias-primas provenientes da produção ou manufactura e consequente utilização até ao fim de vida. Ao mesmo tempo que reduz os
impactos ambientais, o ecodesign procura melhorar os aspectos estéticos e funcionais
de um produto, considerando as necessidades éticas e sociais.
Ecodesign é sinónimo dos termos design para o ambiente (DFE), comummente utilizados pela engenharia, e design do ciclo de vida (LCD) na América do Norte.
Eco-Eficiência
Reúne o conceito de uso mais eficiente dos recursos com um impacto reduzido no
meio ambiente, resultando numa melhoria na produtividade. “Doing more with less.”
Eco-Ferramentas
O nome genérico para ferramentas de software ou não que ajudam na analise do impacto ambiental dos produtos, processos de manufactura, actividades e projectos de
construção. As ferramentas, geralmente, organizam-se em algumas categorias gerais:
análise do ciclo de vida, gestão ambiental, balanço ambiental e gestão do fluxo de
energia.
Ecologia
Do grego, Eco = casa e logos (logia) = estudo, ou ciência. Palavra criada em 1866,
por Ernst Haeckel, um discípulo de Charles Darwin, para designar uma nova ciência
que estuda as relações entre os seres vivos e o meio ou ambiente (“casa”) onde vivem.
Hoje, fala-se “defender a ecologia”, como sinónimo de “defender o meio ambiente”.
(Fontes: livros: “Guia da Ecologia”, “Agenda Ecológica Gaia 1992”, “Glossário Ambiental”)
Eco-Management and Audit Scheme (EMAS)
Sistema de gestão ambiental independentemente certificado, que opera na União Europeia. O certificado é dado pelos países individuais da UE e verificado pela organização EMAS.
eco 059
Design para a Reciclagem (DfR)
eco 060
Eco-Materiais
São materiais que têm um impacto mínimo no meio ambiente, assim como, proporcionam o máximo de eficiência e desempenho exigido como tarefa do design.
End Of Pipe (EoP)
Solução, é outro termo dado ao controlo de poluição em que, as substâncias produzidas nos processos de manufactura que são tóxicos, ou emissões arriscadas de componentes, ou tratamento/neutralização de desperdícios antes de serem libertos a céu
aberto. Este é um design para corrigir ou minimizar um problema.
Fim De Vida (EoL)
Descreve tanto o fim de ciclo de vida do produto actual como a suspensão dos impactos para com o meio ambiente relativamente a um produto. A separação e reciclagem
de componentes e/ou materiais num processo EoL são preferíveis ao encaminhamento
via incineração ou lixo a céu aberto.
Fine papers
Papéis especiais de alta qualidade física e visual, regra geral bastante dispendiosos.
Fontes certificadas
Materiais independentemente certificados como originários de recursos sustentavelmente geridos, de materiais reciclados ou de acordo com uma eco-label nacional ou
internacional.
Gestão Ambiental
Condução, direcionamento e orientação das actividades humanas visando o desenvolvimento sustentável. Para ser efectiva, deve ser inserida no planeamento e administração da produção de bens e serviços em todos os níveis - local, regional, nacional,
internacional, na administração pública e na empresarial.
(Fonte: “Glossário Ambiental”)
Green Design
É um processo de design cujo foco é a avaliação e negociação de impactos ambientais
individuais de um produto, e não tanto a preocupação da vida na totalidade de um
produto.
Impacto Ambiental
De acordo com a Resolução 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), é qualquer alteração das propriedades físico-químico ou biológicas do meio ambiente, causadas directa ou indirectamente pela acção humana, e que possam afectar
a saúde, segurança, bem estar das pessoas, condições estéticas e sanitárias do ambiente, a qualidade dos recursos naturais. O impacto ambiental pode ser negativo ou
positivo. A mesma Resolução determina que empreendimentos de maior porte devem
fazer previamente o EIA/RIMA, Estudo e Relatório de Impacto Ambiental. (Fonte:
Resolução 001/86 do CONAMA)
Parâmetro Internacional para os esquemas de gestão ambiental, mantidos pelo ISO
(international standards organization) em Geneva, na Suiça. Novos parâmetros estão
emergentes para a avaliação do ciclo de vida (ISO 14001) e a eco-rotulagem e rótulos ambientais (ISO 14021).
Materiais de desperdício
Materiais provenientes da produção (em fábrica) ou do desperdício do consumidor.
Materiais reciclados na fonte
Utilização dos desperdícios de escritório, domésticos e industriais para fazer novos
produtos “in situ”.
Materiais Recicláveis Ou “Lixo Seco”
Papéis, papelões, metais, plásticos, vidros, trapos, que foram dispensados como dejectos, mas que podem ser reutilizados, ou transformados em novos produtos por
indivíduos ou indústrias especializadas. Por exemplo: garrafa ou cacos viram copos.
(Fontes: “Tratamento de Lixo”, Jornal Urtiga)
Mono-materiais
Materiais puros em vez de mistura de diferentes materiais. Facilitam a reciclagem.
Política corporativa ambiental
Uma declaração escrita que define a posição da companhia em relação ao ambiente,
com uma avaliação do progresso ao longo do tempo. A sua existência indica normalmente a inclusão de sistemas de gestão ambiental e/ ou o uso de estratégias básicas
de ecodesign na gestão quotidiana.
Poluição
Efeito que um agente poluidor produz em um ecossistema; introdução de um agente
indesejável num meio previamente não contaminado. Pode ser classificada em relação
ao componente ambiental afectado (poluição do ar, do solo, da água), pela natureza
do poluente (química, térmica, sonora, radioactiva, visual), pelo tipo de actividade
(industrial, agrícola, doméstica)
(Fonte: “Dicionário de Ecologia”)
Preciclagem
Atitude proposta aos cidadãos de examinar o produto antes da compra, adquirindo
apenas o que é durável (não descartável), que não tenha embalagem ou só o imprescindível, que seja verdadeiramente útil.
(Fontes: “Tratamento de Lixo”, Jornal Urtiga)
Produção/ reciclagem “closed-loop” (círculo fechado)
É o processo de reintroduzir as correntes de desperdício no processo de manufactura,
num ciclo contínuo sem perda de desperdício nesse ciclo. As indústrias químicas e
eco 061
ISO14001
eco 062
têxteis reciclam os compostos químicos usados no processamento dos seus produtos
finais, resultando numa produção mais limpa.
Reciclagem
Processo pelo qual produtos que eram considerados lixo, ou matéria desperdiçada no
sistema de produção, são transformados em novos produtos, por exemplo, papel novo
feito de papel usado. Entre outros, dá para reciclar vidros, plásticos, papéis, resíduos
orgânicos residenciais e agrícolas (transformam-se em adubo), ferros velhos, óleos de
despejos e metais como o chumbo, cobre e zinco.
Classificada em reciclagem primária (exemplo: uso de refugos industriais, como aparas de plástico ou papel, para fabricar outros produtos); ou secundária (realizada
com resíduos urbanos ou agrícolas pré consumidos, como é o caso de produtos provenientes da colecta selectiva). Ver materiais recicláveis e RRR. (Fonte: Reciclagem e
Negócios, CEMPRE, “Dicionário de Ecologia”)
Recursos Naturais
São matérias-primas, fontes de energia, retirados ou disponíveis no meio ambiente
para as actividades económicas humanas.
Classificados em:
1- Renováveis: que podem se regenerar, se o uso for bem controlado (solo,
vegetação, vida animal) ou que não implicam reposição (como energia solar,
ventos);
2- Não Renováveis: que tendem a se esgotar, pois a Natureza não tem capacidade
de renovar seus stocks, como é o caso de fontes de energia tradicionais, por
exemplo petróleo, gás natural, ou carvão mineral (Fonte: “Agenda Ecológica Gaia
1992”)
Reciclado
Materiais que foram processados e remanufacturados.
Renovável
Um material que pode ser extraído de recursos que absorvem energia do sol para sintetizar ou criar matéria. Estes recursos incluem produtores primários, como plantas
e bactérias, e produtores secundários, como peixes e mamíferos.
Responsabilidade de Produtores (Pr)
Perscreve as responsabilidades legais de produtores/manufactores para os seus produtos desde “o berço até à sepultura”.
Recente legislação Europeia para determinados sectores de produtos, tais como artigos de electrónica e electricidade, embalagens e veículos, séries de requerimentos
específicos considerando devoluções de produtos e espaço para componentes de reciclagem e materiais.
Reutilizável
Que pode ser reutilizado no fim do tempo de vida para um uso idêntico, semelhante
ou novo.
Ou roda de estratégia no Ecodesign, é um meio de identificar estratégias que irão ajudar a melhorar ambientalmente produtos existentes. Engloba 8 estratégias: selecção
de materiais de baixo impacto; redução do uso de materiais; optimização das técnicas
de produção; optimização do sistema de distribuição; redução do impacto durante o
uso; optimização do ciclo de vida; optimização do sistema de fim de vida e o desenvolvimento de novos conceitos.
RRR, ou Reduzir, Reutilizar, Reciclar
É a mais moderna visão a respeito do lixo. Deve-se primeiro Reduzir a produção do
lixo, através da preciclagem. Em vez de dispensar qualquer coisa, tentar reaproveitar
(ex.: uma embalagem torna-se caixa de costura.) A reciclagem vem como a última
medida. (Fontes: “Tratamento de Lixo”, Jornal Urtiga)
Sustentabilidade Ambiental
Capacidade de desenvolver actividades económicas e ao mesmo tempo manter a vitalidade dos componentes e processos de funcionamento dos ecossistemas.
Baseia-se na hipótese de que é possível calcular a “vida útil” ou durabilidade do
sistema natural, medir o “déficit ecológico” provocado pelas actividades humanas
e saber como evitar impactos negativos no ecossistema. (Fonte: “Agenda Ecológica
Gaia 1992”)
Tecnologias Ecologicamente Viáveis
Tecnologias de ponta em rápida evolução, principalmente no Primeiro Mundo (da
informática à biotecnologia), ou as tradicionais, que contribuam para a redução da
poluição e do consumo de recursos naturais (inclusive energia eléctrica), promovam
aumento da produtividade e utilização de novas matérias-primas de menor impacto
ambiental. (Fonte: “Agenda Ecológica Gaia 1992”)
eco 063
Roda Ecológica
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Favini – ecological papers
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www.celerydesign.com
www.paperback.coop/selecting_recy_paper.php
PNEAC: Facts About Paper, Factos sobre papel
www.pneac.org/sheets/all/paper.html
Impressão
Environmental Regulations for Printers
www.jelmarpublishing.com
CleanPrint Canada
www.cleanprint.org/regional/atlantic/about/summary.html
www.printondemand.com/
Ethical Corporation Magazine
www.ethicalcorp.com/
www.printmediamag.com/
www.beaconpress.co.uk
Estudos de Caso
Ateliers ou Laboratórios de Design
http://theconsciousdesigner.co.uk
The Body Shop
www.thebodyshopinternational.com
British Telecom
www.bt.com
O2 - International Network for Sustainable Design
www.o2.org
The Indian European Ecodesign Programme
http://users.tce.rmit.edu.au/Soumitri.Varadarajan/IEEP%20site/index.html
Projecto Chileno de design gráfico
www.trash.cl
www.ecoshack.com
Graphic design and production with minimum environmental impact
www.ecographic.co.uk
www.viridiandesign.org
www.design.philips.com
Packaging e Produto
Biodegradable Packaging Materials and Products
www.inknowvate.com/inknowvate/biodegradable_packaging_materials_and_products.htm
Boots Environmental Package Design
www.bootsplc.com/environment/news/default.asp?NID=2
eco 069
www.printplanet.com/
eco 070
Environmental Product Declarations
www.environdec.com
Prémios e Concursos
EPAs Cradle to Cradle Design Awards
www.mbdc.com/challenge
Formação
Cranfield University: Sustainability and Design
www.cranfield.ac.uk/prospectus/sims/sd.htm
College of the Atlantic: Human Ecology Program
www.coa.edu
The Center for Responsible Business, UC Berkeley:
www.haas.berkeley.edu/responsiblebusiness
Vários
The Consortium on Green Design and Manufacturing (CGDM)
greenmfg.me.berkeley.edu
Natural Capitalism
www.natcap.org
Beyond Grey Pinstripes
www.beyondgreypinstripes.org
Pollution Prevention Pays (P2Pays)
www.p2pays.org/
The International Cleaner Production Information Clearinghouse (ICPIC)
www.emcentre.com/unepweb/publication/printer.html
World Resources Institute
www.wri.org
www.worldwatch.org
www.climateneutral.com
www.futureforests.com
The Forest Stewardship Council
www.fscus.org
Forest Ethics Green Purchasing Guide
http://www.forestethics.org/purchasing/steps.html
Background information on Forest Certification
www.ffcs-finland.org/eng/esittely/taustatiedot/sertifiointijarjestelmat_e.htm
EPA Performance Track
www.epa.gov/performancetrack
The Massachusetts Toxics Use Reduction Institute
www.turi.org/
www.ceres.org
www.thebodyshopinternational.com
KLD Research & Analytics, Inc.
www.kld.com
Innovest Strategic Advisors
www.innovestgroup.com
FTSE4Good
www.ftse.com/ftse4good/index.jsp
CSRwire - Corporate Social Responsibility Press Releases
www.csrwire.com
www.adbusters.org
www.nimahunter.com
www.fscus.org
www.climateregistry.org
National Association for Environmental Management
www.naem.org
www.aiga.org
eco 071
American Forest & Paper Association Environmental & Recycling Info
www.afandpa.org/Template.cfm?section=Environment_and_Recycling
eco 072
eco 073
eco 074

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