R∴E∴A∴A∴ – Simbolismo do Grau 01 ao 14 e a

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R∴E∴A∴A∴ – Simbolismo do Grau 01 ao 14 e a
UNIVERSI TERRARUM ORBIS ARCHITECTONIS AD GLORIAN INGENTIS ORDO AB CHAO
Supremo Conselho do Grau 33 do REAA da Maçonaria para República Federativa do Brasil
1ª Região Litúrgica do Paraná
ELP APOLÔNIO DE TYANA
Vale de Curitiba, 07 de Março 2.011
GRAU 14 – GRANDE ELEITO OU SUBLIME E PERFEITO MAÇOM
“REAA – Simbolismo do Grau 01 ao 14 e a gênese e
atuação do Simbolismo Maçônico das Colunas Maçônicas.
Ir Thomas Knauer
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Introdução:
A Maçonaria é a herdeira de ensinamentos, os quais são transmitidos de
forma velada, mediante a Iniciação. O método utilizado é a linguagem simbólica, a
qual utiliza os símbolos como forma de comunicação didática, atravessando todas
as épocas e eras da existência da espécie humana dentro do contexto planetário.
O presente trabalho visa aprofundar o conhecimento sobre os símbolos que
são presentes dentro das Oficinas e Lojas e Templos. Os símbolos são estudados
de forma na sua dimensão e profundidade dês da sua gênese, bem como a sua
estruturação e entendimento na sua importância nas Colunas. Os símbolos devem
ser enfocados de forma didática, visto que apresentam interpretações as mais
variadas possíveis.
DESENVOLVIMENTO:
O Irmão Aslan, descreve nas páginas 16-17:
1. A Ciência do Simbolismo
“As instruções maçônicas inglesas definem a Maçonaria como “um sistema
peculiar de moralidade, velado por alegorias e ilustrado por símbolos”. Segundo a
“Encyclopaedia” de Mackey, entretanto, a definição seria mais correta se fosse
expressa nos seguintes termos: “A Maçonaria é um sistema de moralidade
desenvolvido e inculcado pela ciência do simbolismo. Esta ciência trata da
investigação do significado dos símbolos, aplicando a sua interpretação a uma
ensinança moral, religiosa e filosófica.
“Este caráter peculiar de instituição simbólica, diz a obra citada, e
também a adoção deste método genuíno pelo simbolismo, emprestam à Maçonaria
a incolumidade de sua identidade e é também a causa dela deferir de qualquer outra
associação inventada pelo engenho humano. É o que lhe confere a forma atrativa
que lhe tem assegurado sempre a fidelidade de seus discípulos e a sua própria
perpetuidade”.
Além da Maçonaria, a Igreja Católica talvez seja a única instituição,
que ainda hoje, cultiva o sistema do simbolismo. Entretanto, o que para ela é
2
simplesmente acidental e mero produto do seu desenvolvimento, para a Maçonaria –
a qual nasceu tendo o simbolismo como alma e alicerce – este sistema possui um
valor vital tão grande que se lhe fosse retirado haveria de transformá-la num corpo
sem alma e não existiria conteúdo que o substitui-se nem argumento que
conseguisse revigorar a Instituição Maçônica. O simbolismo foi incontestavelmente a
ciência mais antiga do mundo e também o método de instrução geralmente adotado
nos tempos primitivos. E realmente, os primeiros conhecimentos dos homens
consistiram principalmente em símbolos e foi por meio deles que se ministrou a
primeira instrução. Por isso, toda a sabedoria dos povos e dos filósofos da
antiguidade que até nos chegou é simbólica.
O caráter objetivo de um símbolo é de ser compreendido pela mente
infantil, quer a de um individuo de pouca idade, quer de um povo em estágio
primitivo. Por isso, quando a linguagem ainda engatinhava, os problemas teológicos,
políticos e científicos, foram-lhes apresentados sob forma de símbolos, pois os
símbolos visíveis apresentam a faculdade de impressionar mais ativamente a mente
do primitivo e do ignorante.
Foi também preciso recorrer aos símbolos para a própria formação da
linguagem, visto as palavras não passarem de símbolos arbitrários com que
expressamos as nossas idéias. Assim, a criação da linguagem foi um dos primeiros
produtos da ciência do simbolismo.
Diz, entretanto, G.R.S Mead em sua obra “Some mystical adventures,
traduzida para o italiano sob o titulo “Come in Alto, Còsi in Basso”:
“Muitos falam de modo vago de símbolos e alguns se interessam
realmente ao simbolismo, mas mesmo entre aqueles que possuem alguma cultura
sobre o assunto, como são poucos aqueles que podem dizer que o penetraram até o
fundo e que estejam em condições de apreender com precisão a sua cambiante
natureza, em todas as suas formas mutáveis para obrigá-lo a falar !”
E de fato, ouvimos constantemente alusões e referências ao simbolismo,
mas são poucos aqueles que possuem do assunto noções suficientes. Por isso,
embora o tema seja tratado neste estudo de maneira bastante superficial, acredito
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poder reunir os esclarecimentos necessários e elementares que para que seja
formada uma idéia sobre matéria tão difícil e complexa.”
Continua o Irmão Aslan nas páginas 18-22
2. Origem e Definição do Símbolo
“Considera-se geralmente como origem etimológica da palavra símbolo o grego
Sun-bállein, que significa “colocar junto”, o que dá uma idéia de aproximação, de
ajustamento ou de encaixamento, como também de comparação de senha e contrasenha, comparação que se estenderia, outrossim, às nossas opiniões com os fatos,
e consequêntemente, poderia despertar em nós a idéia de concluir, inferir, conjurar,
interpretar.
Embora seja o símbolo algo de mais primitivo que um ideograma, atribuis-se a
origem da palavra símbolo a um costume existente na antiga Grécia. Efetivamente,
quando um homem de qualidade recebia a visita de um hospede de alta categoria,
oferecia-lhe, conforme o costume, entre outros presentes, um objeto que não
somente servisse como prova de afeto, mas também como sinal de reconhecimento
entre os dois. Tratava-se geralmente de um anel ou de uma moeda partida ao meio,
cabendo uma parte a cada um dos amigos. Da mesma forma, tais moedas partidas
eram utilizadas pelos pais, quando tinham de separar-se dos filhos por longo tempo
e serviam como provas de identificação e de reconhecimento. Tais objetos
constituíam também um sinal de chamado, de socorro ou de reunião. A estes sinais,
davam os gregos o nome genérico de Symbolon, termo que também aplicamos às
insígnias dos deuses, aos emblemas, as presságios, aos augúrios e também às
convenções internacionais e comerciais.
De fato, símbolo é algo que substitui uma coisa, ou melhor, é algo que se
refere a uma coisa que está em lugar de outra. Consideramos, hoje, os símbolos
como uma figura ou imagem que serve para designar alguma coisa, quer por meio
do desenho, da pintura ou da escultura, quer por meio de expressões figuradas.
Assim, Cão é o símbolo da fidelidade; a Pomba, da simplicidade; a Raposa, da
astúcia; o Louro, da vitória, etc. os medalhistas denominam assim certas marcas
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emblemáticas ou certos tributos a alguma pessoa ou a alguma divindade. Para eles,
o Tridente é o símbolo de Netuno; o Pavão, o de Juno; uma figura apoiada sobre
uma urna representa um rio. Os fabricantes de imagens da Idade Média, para a
melhor compreensão da iconografia, estabeleceram certas convenções, fixando de
maneira invariável o tipo dos personagens. Assim, um nimbo circular através da
cabeça de um personagem, indicava um santo; quando houvesse uma cruz na
auréola, designava a divindade; D´us, o Cristo, os apóstolos, os anjos eram
representados sempre descalços. São Pedro tinha cabelos crespos e São Paulo era
representado calvo e com barba comprida.
Ao examinar o símbolo em sua aplicação especial à Escritura Sagrada, o
Padre Auber distinguiu quatro sentidos que podem ser aplicados ao símbolo em
geral: o sentido literal, alegórico, moral ou tropológico e finalmente anagógico ou
místico.
Uma distinção entre os termos deve ser feita, entretanto: símbolo, alegoria e
emblema não significam coisas iguais, não são sinônimos. A alegoria, por exemplo,
é um vocábulo grego composto pelas palavras falar e outra, isto é, “falar de outra
maneira”. Fazer uma alegoria significa, portanto, falar de alguma coisa empregando
termos diferentes dos verdadeiros, isto é, expor um pensamento sob forma figurada.
Na origem, os gregos e os romanos davam o nome de emblema às obras de
mosaico e aos ornamentos em relevo aplicados sobre a outra substancia, como por
exemplo, figuradas em ouro fixadas sobre um vaso de prata. Emblema significa,
pois, “ornamento adicional”. Hoje, entretanto, o emblema é a representação de um
objeto conhecido que conduz à concepção de outra coisa e particularmente de uma
idéia abstrata. Assim, o galo é o emblema da vigilância; uma serpente mordendo-se
a cauda, o da eternidade; a foice, o emblema da morte. O emblema difere da divisa
neste sentido que ele exprime pela representação dos abjetos o que a divisa faz
compreender pelas palavras.
Existem símbolos naturais e artificiais. Os símbolos naturais sugerem à nossa
mente não somente a sua própria natureza, mas também as idéias e conceitos que
tivemos; são principalmente produtos da sugestão. Por associação, o símbolo nos
lembra continuadamente as outras idéias. Assim, uma nuvem escura é um símbolo
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natural e sugere tudo aquilo que está relacionado com a tempestade. Os símbolos
naturais são facilmente aceitos pela humanidade por serem relacionados com
experiências comuns a todos os seres humanos. A eles se refere o oráculo caldeu
ao dizer: ”A mente do Pai semeou símbolos pelo mundo”.
Os símbolos artificiais, entretanto, foram criados por um homem ou por um
grupo de homens para com eles representar as suas próprias idéias. Tais símbolos
são relacionados com suas experiências particulares e podem nada significar para
outro grupo de pessoas. Destinam-se, geralmente, a pessoas ligadas entre si por
conhecimentos fora do alcance dos leigos, como o são, por exemplo, os símbolos
dos químicos, dos engenheiros, etc.
Os símbolos artificiais podem existir por um tempo indeterminado, como
sucede com os brasões de famílias ou com os símbolos adotados por sociedades
secretas que representam os seus propósitos, passando ao esquecimento gradual
ou repentinamente. Ao contrário, os símbolos naturais persistem, visto estarem
ligados a algum fenômeno da natureza que é percebido pelos homens de cada
época mais ou menos da mesma maneira. A interpretação do símbolo natural pode
variar, já que as idéias que representa podem tornar-se mais amplas, mas ele estará
sempre relacionado com o conceito original formado pelo homem.
Em seu “Tratado de Simbólica”, Mário Ferreira dos Santos estabelece sobre o
símbolo uma série de características que resumiremos:
a) Polissignificabilidade, isto é, um símbolo pode se referir a vários simbolizados.
A cruz, por exemplo, é símbolo das quatro estações, dos quatro pontos
cardeais, das quatro idades do homem, do homem, do Cristo, da morte, etc.
b) Polissimbolizabilidade, que significa que um símbolo pode ser referido pór
vários símbolos. A solidão pode ser simbolizada por um rochedo em alto mar,
por um pequeno barco na imensidade de um lago, uma águia no topo de uma
montanha, uma árvore numa planície vazia.
c) Gradatividade, isto é, um símbolo pode significar melhor que outro um
simbolizado.
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d) Fusionabilidade pela qual o símbolo pode fundir-se com o simbolizado, como
sucede muitas vezes na parte exotérica das religiões, em que os símbolos
terminam por ser os próprios simbolizados.
e) Singularidade, característica rara de alguns símbolos que conseguem
alcançar uma significabilidade única, de um único simbolizado, assim o Ser
Supremo, como símbolo de D´us. Nestes casos dá-se até fusionabilidade.
f) Substituibilidade, os símbolos que se referem também a um mesmo
simbolizado, entre muitos outros diversos a que se podem referir, permite a
sua mútua substituição.
g) Universalidade. Sendo todas as coisas símbolos da ordem a que pertencem e
sendo os fatos simbólicos do conceito, que é um esquema abstrato, o símbolo
é, dessa forma, universal.
h) Função simbólica, Havendo no símbolo uma analogia que revela um ponto de
identificação com o simbolizado e uma parte ficcional quanto ao simbolizado,
torna-se necessário distinguir claramente a função simbólica do símbolo, da
função meramente significativa, que apenas indica e aponta. O símbolo tem
uma função analógica e explicadora.
Desta forma, os símbolos expressam o que não poderíamos fazer de outra
maneira e com eles transmitirmos o intransmissível. Por isto, se às vezes usamos os
símbolos por deficiência, em outras os empregamos por proficiência.
O simbolismo é, pois, um sistema de símbolos destinados a lembrar fatos ou a
exprimir idéias, crenças e interpretações pelos homens de problemas de ordem
religiosa, filosófica, política, cientifica, social, etc. É também o estado particular da
ciência filosófica em que todas as afirmações são expressas por símbolos. Os
alquimistas do passado criaram uma simbólica riquíssima, através da qual
exprimiram veladamente as suas idéias e concepções sobre a religião, a filosofia e a
ciência.
A simbólica é o conjunto dos símbolos próprios de uma religião, de um povo, de
uma profissão ou de uma época. É também a ciência que pretende explicar os
símbolos. Recebeu na Alemanha o nome de simbólica o sistema de interpretação
dos mitos politeístas que considera estes como símbolos dos fatos naturais ou
históricos ou mesmo dos princípios morais.”
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Aborda o Irmão Aslan nas páginas 22-25:
3. Natureza e Linguagem dos Símbolos
“Em sua obra ”Some Mystical Adventures”, G.R.S. Mead escreveu importante
capítulo sobre a arte do simbolismo, cujas linhas básicas coincidem com tudo o que
foi dito precedentemente. Reproduziremos as passagens mais interessantes que
são uma confirmação e uma ampliação dos conceitos já emitidos a respeito do
simbolismo.
No conceito deste escritor espiritualista inglês, os símbolos são “esboços” de
objetos tridimensionais. Mas, como o “esboço”, no seu significado interior, acha-se
intimamente ligado com a idéia, ele seria, de certo modo, uma espécie de desenho
ou de planta. Neste sentido, referem-se os símbolos a idéias e tipos, tendo relações
com o aspecto vivo das coisas. Por isso, a sua interpretação não pode estar ligada a
um modo ou a uma forma já estabelecida. Em suma, afirma Mead, não existe “uma
ciência exata” do simbolismo, o qual, ao contrário, é mais iniciático que didático,
orientando de certa forma “o movimento” em direção a idéias vivas e evitando de
nos amarrar à cavilha de uma qualquer rígida configuração.
Provar, tendo como base uma demonstração física, qual seja a justa
interpretação deste ou daquele símbolo, é coisa extremamente difícil senão
impossível. Se a interpretação for aquela que deve ser, a resposta virá do interior
como afirmação viva e não como expressão do aprisionamento da mente em uma
forma morta. Devemos estar preparados - na interpretação dos símbolos – a pôr de
lado a exatidão, pela maneira como ela é geralmente entendida, deixando jogo livre
ao pensamento. Convém, no inicio utilizar, utilizar qualquer indicação que nos
pareça útil, que poderemos aplicar em toda e qualquer direção, para, em seguida,
lançar-la, tão cedo nos seja possível segurar, na meada, outra cabeça de fio.
Para que seja possível compreender a linguagem dos símbolos, torna-se
necessário conservar a mente livre, plástica adaptável, pois, se persistirmos em nos
manter amarrados às antigas trilhas, jamais conseguiremos a familiarização com
eles. A beleza dos grandes símbolos está na infinita variedade de seus modos de
interpretação; e se formos pensar que para cada símbolo deva existir um significado
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definido, estaremos paralisando aquele símbolo que é a nossa mente, deixando-a
cair morta e rasteira no superficial. É necessário manejarmos os símbolos assim
como o matemático maneja os algarismos e não podemos esquecer que os
símbolos são os brinquedos dos deuses.
O segredo para uma boa interpretação do símbolo consiste em levar-lo na
própria mente não no símbolo; a mente não deveria sentir-se ligada ao símbolo, nem
deixar-se atrair por seus sinais e sair de si mesma para cristalizar-se numa forma.
Pelo contrário, é o símbolo que se deve dobrar as exigências da mente, a qual,
depois de agarrá-lo deve examiná-lo por todos os lados a fim de possuir-lo na sua
inteireza.
A verdadeira prática da arte do simbolismo seja talvez a maior das artes:
podemos exercê-la com as nossas mentes, os nossos olhos, os nossos corpos e se
conseguíssemos pôr em ação uma continuidade entre os símbolos, poderíamos,
como se afirma, absorver idéias a todo movimento do corpo essencial; mas isto é
bem mais difícil do que nos exercitarmos simplesmente com a mente.
Naturalmente, isto tudo se aplica tão somente aos verdadeiros símbolos,
considerados tais à condição de significados fatos, isto é, que representam
transformações de que já temos experiência quando está desenvolvida a nossa
visão interior. Muitas coisas a que se dá o nome de símbolos, em muitas vezes são
aparências falsas ou deformadas.
Os verdadeiros símbolos possuem capacidades vitais, jamais apresentando
uma figuração arbitrária. Presume-se que a sua finalidade não é a se fazer-nos
pensar pela maneira comum, mas a de infundir vida em nossa vida e a de produzir
uma união. Os símbolos coligam-se com os selos, as assinaturas, os caracteres e os
tipos, em seu significado mais profundo, e com toda a nomenclatura que se
relaciona com a impressão de idéias sobre a substância e servem de laços entre o
pensamento e a ação.
Antes de um homem achar-se em condições de sujeitar a sua substância sutil
a todas as transformações ou metamorfoses aqui tratadas, antes destas “iniciações”
– começos ou pontos de partidas - poderem realizar-se de fato na matéria base de
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seus veículos, seria bastante desejável que as próprias transformações se
desenvolvam em símbolos no campo ideativo de sua mente superior. Esta fase do
processo que é apenas mental encontra-se nas possibilidades de muitos, não é
perigosa, e intensifica o desenvolvimento da capacidade pensante; mas a sua
atuação no corpo é indubitavelmente reservada à bem poucos.
Trata-se, em suma, de um método contemplativo: o estudioso dos símbolos
procurará conservar a sua mente completamente tranqüila, como se ela fosse, por
assim dizer, um mar de substância sutil. Deverá abster-se de pensar de modo
discursivo e de entender os símbolos separados no espaço, observando-se um após
outro; o seu esforço deverá consistir em “sentir” a substância mental em processo de
plasmar. Ao exercitar-nos com os símbolos, não devemos objetivá-los nem projetálos, devemos, ao contrário, “senti-los” crescer dentro de nos e então uma idéia
ocasional pode fulgurar em nossa mente.
É por isto que um escritor definiu o símbolo como a luz branca que se
decompõe em cada alma numa cor diferente. E Thomas Carlyle afirmava que “o
símbolo, propriamente dito, é uma encarnação e uma revelação do infinito, feito para
fundir-se no finito, tornando-se visível e conseguível. O homem é guiado por
símbolos que o tornam feliz ou desventurado. Por onde ele for tropeça com
símbolos: O Universo é um grande símbolo de D´us, também o homem o é, pois
porventura, tudo o que ele faz não é simbólico ? Seus atos não são, efetivamente,
revelações da força mística que lhe tem sido outorgada, ou um “Evangelho de
Liberdade” que ele prega pela palavra e não age ele como Messias da natureza?
Não há nada do que ele faz que não seja visível encarnação de um Pensamento,
revelação visível de coisas invisíveis que, em sentido transcendental, são tão reais
como simbólicas.
“O homem vive, como bem o diz Validivar, citado por Ralph Lewis, “ o homem,
quando teve consciência
de uma verdade divina, simbolizou-a de modo que a
consciência humana pudesse compreende-la sempre. As nações, os idiomas e os
costumes mudaram contudo e os mesmos desenhos antigos continuam a iluminar a
humanidade com sua luz mística”.
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Explica o Irmão Aslan nas páginas 25-27:
4. O Simbolismo nas Religiões
“É fora de dúvida que o simbolismo exerceu excepcional importância nas
religiões da antiguidade, predominando sobre tudo nas idades mais primitivas e
particularmente no orfismo e nos mistérios. Foi mesmo constatado que quanto mais
antiga é uma religião, mais abundante será o simbolismo que nela se encontra, visto
que as religiões mais modernas procuram transmitir os seus dogmas por meio de
proposições abstratas, ao passo que as religiões antigas os transmitem ùnicamente
através de símbolos. Desta forma, encontramos mais simbolismo na religião dos
egípcios que na dos judeus e menos na religião cristã que na judaica, diminuindo
cada vez mais nas religiões mais novas, como a católica, a maometana e a
protestante.
Nas épocas mais recuadas da história, vemos a humanidade instruída no
conhecimento abstrato das verdades por símbolos e parábolas. E foi por falarem por
símbolos e parábolas que todos os grandes fundadores de religiões foram
compreendidos e amados, fazendo adeptos fervorosos. Assim, não estranha, como
o nota um escritor citado por Mackey, ao tratar do assunto que enfocamos:
“...em conseqüência, encontramos a maior parte das religiões pagãs
propriamente míticas, ou explicando os seus mistérios por alegorias ou incidentes
instrutivos. O próprio D´us, conhecendo a natureza das criaturas que formou,
condescendeu, nas revelações primitivas que ele mesmo fez, em ensinar por
símbolos, enquanto o maior de todos os mestres ensinou às multidões por meio de
parábolas. O grande modelo da filosofia antiga e o grande arquétipo da filosofia
moderna distinguem-se igualmente por possuírem tal faculdade em grau elevado,
provando-nos, assim, que o homem foi melhor instruído pelas similitudes.”
Desta forma, a simbologia é uma disciplina filosófica que, procurando a
significabilidade dos símbolos através da interpretação analógica, levou muitos
sábios a acreditarem que o método de interpretação do significado dos símbolos só
pode ser o dialético. Admitiram, assim que todos os deuses do antigo e do novo
mundo, não passavam de perfeições divinas, de forças da natureza, de suas leis e
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de fenômenos. Concordaram em que representavam grandes acontecimentos da
história geral ou local e os homens que neles tomaram parte; que foram o resultado
de lendas ocasionadas por semelhanças de nomes ou de acidentes de linguagem;
de hipóteses ou ritos tradicionais, ou foram simplesmente um efeito desta tendência
que impele os homens a dar uma realidade objetiva às concepções do seu espírito.
Estas várias interpretações constituíram as diferentes escolas do simbolismo.
Graças à fertilidade de imaginação, a personificação e a conseqüente
deificação de todos estes simbolizados assumiu aspectos dos mais fantasiosos,
justificando-se a apreciação do erudito Faber ao dizer que ”alegoria e personificação
eram particularmente agradáveis ao gênio da antiguidade, e a simplicidade da
verdade era nitidamente sacrificada no santuário da decoração poética.”
É verdade que também os cristãos praticaram o simbolismo, observa outro
autor, eles procuraram sempre distinguir com muita clareza, em suas cerimônias ou
em seus sacramentos, a própria divindade do seu simbolismo natural ou
convencional. Como se sabe, os cristãos primitivos cobriram as paredes das
catacumbas com muitas figuras alegóricas (peixes,cordeiros,pastores,uvas, espigas,
etc.), mas todo este simbolismo não obedecia apenas a um instinto, obedecia
principalmente à disciplina do segredo e à necessidade de desorientar os
perseguidores. O simbolismo cristão atingiu o seu apogeu na Idade Média, na qual
os animais, as cores, as plantas, as linhas e as atitudes assumiram uma significação
hierática e o tipo dos personagens regulamentado por convenções e a fim de tornar
a iconografia compreensível aos iletrados.
Entretanto, a partir da Renascença e da Reforma, o simbolismo entrava em
franca decadência e desparecia. Surgia à era das afirmações cientificas e o
simbolismo só reapareceu, e de maneira fugaz, na literatura.”
Relata o Irmão Aslan nas páginas 27-28:
5. O Simbolismo na Literatura
“O simbolismo que foi a primeira forma da arte plástica é também encontrado
na origem da literatura. Destruído pela arte clássica, o simbolismo primitivo
permanece todavia nas fábulas, na parábolas e nas alegorias. Este simbolismo que
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encontramos em tão grande profusão durante a Idade Média, seja nas canções de
gesta dos trovadores provençais, seja em poemas como o “Romance da Rosa” de
Guilherme de Lorris ou a “Divina Comédia”
de Dante, empresta a estas
manifestações literárias um aspecto esotérico e iniciatico que surpreende e seduz
os escritores modernos.
Sendo a literatura a arte que sensibiliza e fixa as imagens e as fantasias sutis,
não é de estranhar que se tenha deixado influenciar pelo simbolismo, que também
influenciou a poesia e a filosofia, pois ele traduz em letras o que a alma encobre de
mais profundo e de mias inconsciente.
Várias tentativas foram empreendidas, durante o século XVII e XVIII, para
ressuscitar o simbolismo, mas não foram felizes. As idéias modernas, que surgiram
em fins do século XVIII, se faziam sentir por toda a parte e estavam renovando a
literatura, através das varias escolas que se sucederam uma às outras, procurando
fugir aos princípios estéticos inflexíveis do classicismo e buscando novos rumos. O
romantismo, que repudiava qualquer idéia de constrangimento literário, foi o primeiro
a se rebelar contra o classicismo. A rebelião surgiu na Alemanha e na Inglaterra com
a Revolução Francesa e atingiu, posteriormente a França. Na Alemanha, o
romantismo transformou-se numa forte reação patriótica contra tudo que lembrasse
Napoleão ou revelasse influencia francesa. Voltara o romantismo para a arte
medieval, para os romances da Idade Média em que eram exaltados o amor das
aventuras, a sede de gloria, a religiosidade e o encanto das velhas lendas.
Entretanto, os exageros do lirismo romântico fizeram surgir o parnasianismo. Foi
uma reação que passou a cultivar o positivismo, a preocupação da ciência e a
objetividade na própria poesia. Os parnasianos exigiram o máximo apuro de forma
na poesia Ed não se permitiam liberdades com a métrica, a sintaxe e a rima. Esta
última devia ser burilada como um trabalho de ourivesaria e a poesia devia se
apresentar um aspecto frio e impassível. Os parnasianos não eram bem
compreendidos, mas, como afirma um autor, mesmo os mais frios, mesmo os mais
desejosos de rotular a arte para dar-lhe moldes fixos, não conseguiram fugir à ânsia
de Beleza tão fundamente impressa no coração humano.
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Não obstante, em fins do século XIX, o simbolismo reapareceu sob novas
formas e como uma reação contra o parnasianismo. E enquanto os parnasianos
reproduziam as formas e as cores e traduziam as idéias com lógica, simbolistas
caracterizavam-se pelo subjetivismo e pelo gosto das impressões vagas ou
sugeridas. Exprimindo as secretas afinidades das coisas com a alma, ao contrário
da escola parnasiana que se apegava tão fortemente ao realismo, o simbolismo era
uma espécie de evocação a traduzir os sentimentos e as emoções que escapam a
analise. Entretanto, fugindo as exigências da poesia parnasiana, que não admite
licenças, os simbolistas reivindicaram toda espécie de liberdades; liberdades com a
forma, com a sintaxe, com o vocabulário, com a rima e com a métrica. Os
simbolistas inauguraram o verso livre que tão dificilmente se distingue da prosa.”
Continua o Irmão Aslan nas páginas 32-34
6. O Simbolismo na Maçonaria
“Cansados e saturados por dois séculos de guerras político-religiosas,
desiludidos das religiões, ditas reveladas, que as tinham provocado, produzindo um
verdadeiro caos nos costumes morais e religiosos do povo inglês, os Maçons
especulativos, surgidos em princípios do século XVIII, voltaram as vistas para o
simbolismo das religiões da antiguidade, tentando redescobrir os símbolos do
passado e o seu conteúdo doutrinário e iniciatico deturpado, desfigurado e velado
pela ignorância eclesiástica medieval e pelos sofismas dos doutores escolásticos.
Em conseqüência dos estudos empreendidos pelos estudiosos, formou-se a
Simbólica Maçônica. Nela são compreendidos símbolos das mais variadas origens e
procedências, que podem ser divididos em cinco classes principais:
a) Símbolos Místicos e Religiosos Tradicionais: o Tau (Símbolo do Poder); o
circulo com um ponto central (sol); o Selo de Salomão ou Escudo de David
(criação,D´us, perfeição); o Triangulo;, o delta Luminoso, os Três Pontos
(evocando sempre a idéia de D´us), etc.
b) Símbolos tirados da Arte da Construção: símbolos da profissão dos Maçons
operativos: o Compasso (medida na pesquisa); o Esquadro (retidão na ação);
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o Malho (vontade na aplicação); o Cinzel (discernimento na investigação); a
Perpendicular (profundeza na observação; o Nível (emprego correto dos
conhecimentos); a Régua ( precisão na execução); a Alavanca (poder da
vontade); a Trolha (benevolência para todos) , o Avental (símbolo do trabalho
constante), etc.
c) Símbolos herméticos e alquímicos: o Sol e a Lua; as Colunas B e J; os três
princípios da Grande Obra: Enxofre, mercúrio e Sal; os quatro elementos
herméticos: Ar, Água, Terra e Fogo: o VITROL, etc.
d) Símbolos possuindo um significado particular: a Romã (simbolizando os
Maçons unidos entre si por um ideal comum; a Cadeia de União ( a união
fraternal que liga por uma cadeia indissolúvel todos os Maçons do Globo, sem
distinção de seitas e condições); a letra G (conhecimento); o Ramo de Acácia
(imortalidade e inocência); o Pelicano (amor e abnegação), etc.
e) Outros símbolos Tradicionais: pitagóricos (números); cabalísticos (sefirot);
geométricos, religiosos e todos aqueles que se prestaram a um significado
maçônico. De acordo com os seus pontos de vista particulares, estes símbolos
são vistos pelos maçons seja como elementos de iniciação com significados
esotéricos, seja como formulas morais comportando significados educativos.
De qualquer maneira, as idéias representadas por estes símbolos devem ser
admitidos por todos os membros da fraternidade maçônica, sem o que não
podem ser considerados verdadeiros Maçons. O Nível, por exemplo,
representa também a idéia de igualdade, obrigatória entre os Maçons. O
Esquadro é o emblema da retidão e do direito, princípios que devem ser
obrigatoriamente respeitados por todos os Maçons. O Malhete é o símbolo da
autoridade do Venerável e personifica a disciplina nos trabalhos que todo
Maçom é obrigado a admitir. E além de representarem formulas ou idéias
morais, os símbolos são uma espécie de linguagem que une os Maçons entre
si por serem a expressão de idéias comuns a todos eles.
“É este o sistema adotado pela Maçonaria, diz Mackey, para
desenvolver e inculcar as grandes verdades religiosas e filosóficas, de que foi,
por muitos anos, a única conservadora. E é por essa razão, como já observei,
que qualquer investigação dentro do caráter simbólico da maçonaria deve ser
precedida por uma investigação da natureza do simbolismo em geral, se
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quisermos apreciar convenientemente o seu uso particular na organização
maçônica.”
O Irmão Prado descreve nas páginas 54-58:
7. Simbolismo Maçônico
“Desde priscas eras, sob um véu de mistério impenetrável aos profanos de
todas as classes, somente conhecida por aqueles que passassem pela ordália da
iniciação, ficara mantida a chave das místicas lições gravadas nos obeliscos e nas
tumbas se viam espalhadas nas margens do Nilo lendário. Ditas lições, tão
estranhamente perpetuadas para a posterioridade dos iniciados, obedeciam a um
sistema peculiar dos detentores das doutrinas ocultas ou dissimuladas da época do
sistema do simbolismo.
A raiz grega da palavra – Simbolismo – apresenta a seguintes significações:
pressentir, ligar, aproximar, confrontar, comparar.
Numa mesma nuança de expressão e num mesmo sentido filológico, todos
esses significados poderão ser agrupados, sem nenhum temor de engano, para
definir tudo quanto se refira a simbolismo. O símbolo é a apresentação visível de
uma idéia velada. Por exemplo: os principais emblemas com que a Sublime
Instituição brinda os seus iniciados são os seguintes: a espiga, representando a
recompensa do trabalho; as perpetuas, expressando o valor duradouro das boas
ações e dos nobres sentimentos; o louro, figurando a prova do merecimento que
decora as atividades fecundas; e a oliveira, patenteando a figuração da mais
requintada felicidade que possam gozar os filhos da “Verdadeira Luz”.
Em grande maioria, os símbolos maçônicos foram inspirados na arte de
construir e interpretados por essa mesma pauta.
As diversas e mais variadas referencias escritas ou verbais até hoje feitas
acerca das suas metas de idealismo são unanimes em caracterizá-la como
associação que apresenta o maior simbolismo de interpretação.
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Aceitando, sem nenhuma oposição, esse julgamento a seu respeito e
aproveitando-se de toda oportunidade que se lhe apareça, a Maçonaria tem
procurado as sábias lições decorrentes das figurações dos símbolos que adotou.
A sua tradição de se firmar nos símbolos para proporcionar aos seus filiados os
melhores efeitos e ensejos de eficiente desenvolvimento espiritual e moral encontra
suas bases nas convicções e no ardor com que primavam os filhados antigos.
Muito bem disse Alberto Pike que o simbolismo da maçonaria, juntamente com o
seu espírito de fraternidade, constituíram com a sua própria essência. Quando
imperavam os romanos, a voz dos símbolos se perdeu por algum tempo. Ao se
constituírem as Corporações dos Construtores na Idade média, alguns deles
ressurgiram: o Compasso, o Esquadro, a Régua, o Nível, o Prumo, a Trolha, o maço,
etc.
Os tempos foram passando e os símbolos adquirindo sentido filosófico que
lembrava caráter espiritual, mais elevado no seu cunho, oferecendo a expressão da
ciência do conhecimento e do aperfeiçoamento do espírito. Na espaçosa nave da
Igreja de Notre Dame de paris, estão esculpidos numerosos símbolos maçônicos.
Se, porventura, a Sublime Ordem resolvesse, de um momento para outro, se
despir de todos os seus símbolos milenares, fatalmente haveria de se empobrecer
na sua atraência e, ate mesmo, decair na conceituação dos seus melhores adeptos.
Sem o seu simbolismo privativo ela jamais poderia ter adquirido o seu caráter todo
peculiar que a tem distinguido entre as demais associações. Imagina-se, para
raciocínio, que seja, determinado peremtoriamente, pelo poder competente, uma
retirada brusca de todos os símbolos que tem sido mantidos dentro dos templos.
Que aconteceria?
De barato, os próprios maçons se arrefeceriam em seus entusiasmos; o
indiferentismo avassalaria, em pouco tempo, as mentes dos iniciados; e em
conseqüência, a Ordem estaria, sem duvida, fadada a se aniquilar aos poucos,
condenada como ficaria ao ostracismo.
Em defesa da necessidade de se conservar os símbolos nos recintos
maçônicos, certa vez, já um ilustre iniciado escreveu: “A ciência do simbolismo é a
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mais antiga das ciências; é a ciência do mundo como disse o sábio Stukely. A
sabedoria de todos os sábios e grandes luminares da antiguidade é simbólica,
porque a primeira instrução que recebeu o homem inteligente. Todas as proposições
teológicas, políticas ou cientificas, assim como todas as religiões que se formaram
nas primeiras idades, todas foram eminentemente simbólicas porque os símbolos
supriam com grande eficácia a deficiência da linguagem que é simbólica também
porque as palavras não são mais que símbolos convencionais por meio das quais
damos expressão às nossas idéias. Por isso, quanto mais antiga é uma ciência,
mais rica é em simbolismo. Tal é o sistema adotado pela maçonaria para
desenvolver e revelar as grandes verdades filosóficas que ensina e, com isso, não
faz mais do que seguir as lições e os sábios preceitos que lhe foram transmitidos por
uma tradição jamais interrompida desde os mais remotos tempos.”
Nestes termos, alias vibrantes, grafados pelo ilustrado articulista, ele esboçou
sua respeitável opinião em abono da perpetuação do simbolismo apanhado pela
Maçonaria; emitiu o pensamento dos sábios da antiguidade, que passou a ser
dominante nos redutos dos iniciados como um patrimônio sagrado.
O sistema do simbolismo é, portanto, cousa muito vetusta. Os sábios
da
Pérsia e do Egito lendário já lançavam mão, nos seus dias, de um método de
confabulação ilustrada pelos símbolos. Usavam de alegorias e emblemas para
perpetuá-la sem cair no conhecimento público. O decurso dos séculos, com todas as
suas renovações, nunca tirou da maçonaria os emblemas e símbolos que falam da
Criação e dos avanços da Moral. Em sua liturgia, ela desenvolveu, como sempre
desenvolve, a ciência e a moral reveladas ilustradas por símbolos. Para não
constranger a consciência dos obreiros, apresentou-lhes as Verdades imutáveis sob
a formula simbólica, permitindo por esse meio a livre interpretação das mesmas
Verdades. Os dirigentes das escolas filosóficas dos povos do Oriente e as
agremiações judaicas que detinham a sabedoria do seu tempo, procederam de
idêntica maneira.
Moises foi quem levou esse sistema então em voga nos Templos egípcios para
os dos essênios. Mais tarde, quando da edificação do Grande Templo de Salomão,
este rei, desejoso de perpetuá-lo também, naquela casa que erigia em honra e
louvor do Altíssimo, resolveu dar-lhe uma forma mais acessível à mente humana.
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Ordenou que se imprimissem muitos símbolos nos vários ornatos e imagens
alegóricas adredemente aprovadas.
Acompanhando a mesma idéia ocorrida em Salomão para dedicar o seu
Templo ao Todo-Poderoso, também a maçonaria criou o ritual de sagração de suas
Lojas à glória do Grande Arquiteto do Universo.
Toda vez que um iniciado penetra no interior de um Templo Maçônico deve
manter suas vistas e voltar as atenções para o Ser Supremo, esforçando-se por
compreender bem a linguagem inarticulada, mas virente dos símbolos nele
existentes.
Todo símbolo, seja qual for seu aspecto-idade ou ocasião em que se evidencia
sua tradição, apresenta, invariavelmente, três sentidos de interpretação: literal,
figurado e esotérico.
No literal, traduz a idéia correta do objeto que representa em suas
generalidades; no figurado, transmite a concepção de princípios analógicos com o
pensamento que possa infundir a sua imagem; e no esotérico, faz lembrar uma
verdade consagrada ou uma ensinança clássica, transfundidas na sua história para
serem plasmadas nas convicções intimas dos iniciados.
Tais são os sentidos que carregam todos os símbolos maçônicos, cabendo a
cada Irmão saber a diferí-lo e escolher o que lhe concerne para o bem do seu
progresso moral.
O simbolismo da Maçonaria é o veiculo importantíssimo que fará florejar o ideal
superior nos corações dos seus militantes. Nesse corolário de símbolos é que essa
Associação Universal conserva o selo da sua origem e ensina seus preceitos
morais. A tais preceitos são atribuídas as linhas que derivam dos sentimentos novos
dos maçons que devem ser observadas pelos mesmos, se forem ambiciosos da
evolução em sua doutrina.
Os símbolos mais evidentes divisados nos interiores maçônicos lembrarão
sempre as diversas maravilhas e perfeições da criação, apresentadas aos homens
para que estes aprendam a glorificar a grandeza do Poder Divino. De todos eles
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promanam as mais clarificantes verdades que nos tempos de outrora eram
ensinadas aos que nos tivessem passado pela severidade da iniciação. Em todos
eles se eterniza um convite amistoso e edificante para a meditação, porque se
fazem em fontes inesgotáveis de lições bastante proveitosas para o progresso
espiritual de cada maçom.
No critério que cada iniciado dispensar aos seus próprios atos depois de
analisar a contento as significações dos símbolos, é que se estabelecerá toda força
e todo segredo do futuro da Ordem.
Nas figurações dos símbolos maçônicos é que se descortina a verdadeira
finalidade do homem aqui na Terra: avançar, afoitamente, pelo caminho da
evolução; procurar por todos os meios, a purificação do seu ego; regular,
sistematicamente, os seus impulsos pela justa razão; e, finalmente, ajustar, com
serenidade, seus pensamentos na prática do Bem e da Virtude, pelo próprio bem de
si mesmo e daqueles que o rodeiam.
A Maçonaria, por si só, é um grande símbolo. Não admite controvérsias
religiosas. Sempre se manteve como um terreno neutro, um centro comum para
objetos comuns, uma escola de aprendizagem infinita dentro da rota das virtudes.
Enfim, uma Instituição por todos chamada, com justiça, como Sublime, onde a
humanidade inteira poderá encontrar-se fora dos ódios, livre das insensatezes e das
paixões rasteiras que, no geral, obnubilam e conturbam os corações e as mentes
bem formadas e já buriladas.”
Explica o Irmão Prado nas páginas 82-87:
8. A Didática das Colunas Maçônicas
“O Augusto Templo da Maçonaria está assentado também sobre duas colunas
ideais: a Instrução e a Caridade.
A Instrução e a Caridade homologam o nulo valor do homem que se abraça com
a vaidade e o egoísmo. De maneira nenhuma, tal indivíduo poderá ser livre, porque
nunca se preocupará em instruir-se. A ignorância, além de fomentar os vícios, torna
a criatura obtusa, ou seja, escrava das opiniões alheias. Com escravidão e
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degradação moral, ninguém lograra a paz de espírito e tampouco alcançara, em
qualquer sentido, a prosperidade intelecto-espiritual originada na escola da
Caridade.
Os grandiosos edifícios da civilização maçônica descansam sobre duas colunas
ainda de caráter figurado: a Virtude e a Ciência. A virtude faz-se na sua base
completa de moral: a Ciência empresta-lhe os predicados de grandeza espiritual.
Logo na entrada das Oficinas, a três passos de distancia da porta de acesso para
o Templo, o maçom se detém entre duas colunas paralelas e laterais, localizadas no
Ocidente.
Elas consignam-lhe uma afirmativa silenciosa, mas expressiva; acabou de deixar,
à sua retaguarda, o mundo profano para penetrar no templo sagrado da austeridade
que apraz.
A cor delas varia segundo a situação de cada uma: a do Sul, da letra ”J”, na
suposição de que recebe a luz debilitada do sol em forma de penumbra, deve ser
cinzentada-gris; a do Norte, da letra “B”, deve ser cinzenta-clara, posto que recebe
os raios e refulgências diretamente do Sol do meio-dia.
Sentado em qualquer poltrona alinhada à frente de tais Colunas, o maçom
recebe, dentro de uma concepção admirável, a imagem do Grande arquiteto do
Universo testemunhando seus pensamentos mais recatados.
Dizem os rituais que essas colunas reproduzem as de bronze do Templo de
Salomão, onde os aprendizes e companheiros recebiam seus salários e guardavam
seus instrumentos de trabalho. Com a destruição daquele templo, pelo exército do
Rei Nabucodonosor, foram não deslocadas às duas bases destas Colunas,
passando a oferecer apenas a visão da metade dos seus fustes.
Na focalização material desse par de Colunas, as duas iniciais que estão
gravadas nos seus fustes provocam imediatamente a indagação do iniciado. No rito
Escocês, da direita de quem entra traz a letra “J” e a do lado esquerdo ”B”. Essas
duas Colunas são os representativos dos princípios maçônicos simbolizados na
Beleza e na Justiça que aguçam as idéias dignificadas. São, outrossim, os pilares
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que se sustem no solo em que pisam todos os seres do mundo. Essas duas iniciais
lembram os nomes de dois personagens bíblicos que, devido a seus feitos pessoais,
se tornaram figuras bastante gratas na história da Sublime Instituição dos Pedreiros
Livres. O nobre vulto bíblico, cuja inicial é apresentada na Coluna do Sul, adverte
com a recordação da sua própria plácida vida, que o homem é bom desde os
primórdios do mundo e que os sentimentos caritativos que exornavam o seu coração
vivem em todas as almas em estado latente. O outro, da coluna do Norte, ensina
aos homens que o esclarecimento intelectual e a elegância moral das ações, fá-los
independentes e respeitados de todos os seus semelhantes.
Na Coluna “B”, os aprendizes ficam à vista e orientação do 1◦ Vigilante,
aprendendo desta toda instrução relativa ao seu grau.
Na coluna “J”, os companheiros se colocam sob as ordens do 2◦ Vigilante que os
dirige nos conhecimentos e doutrina do segundo grau.
A letra da coluna do Norte convenciona o Fogo; a que se vê na do sul emblema
o Vento; aquela significa a matéria bruta que dá forma às criaturas; esta última dá a
entender o espírito que é a entidade livre do homem.
Outra versão esclarece a origem dessas Colunas nos Templos Maçônicos: diz
que Salomão mandou erigi-las no seu Templo Augusto como marcos de
espiritualidade, em honra de dois eminentes iniciados nos grandes mistérios: Moises
e Orfeu. Moisés porque este guiou os hebreus à Terra da Promissão, obedecendo
a um D`us Todo Poderoso; a Orfeu, porque na Hélade, em terras da Trácia, este
instituiu o culto d Beleza divinizada. Aprende-se nessas duas Colunas a se tornar
consciencioso e firmar tanto nas idéias respeitáveis como nas ações dignas.
Já se disse em outro tópico que a palavra “Loja” significa “Universo”. Pela
semântica, esse vocábulo teve sua raiz sâncrita do termo que se traduz por
“mundo”.
Ora, sendo a Loja a imagem de um “mundo”, não poderia deixar de ter seus
pontos cardeais: Norte, Sul, Oriente e Ocidente.
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Eis porque as duas colunas que estão sendo analisadas se chamam do Norte e
do Sul, às quais se emprestaram os símbolos do Vento e do Fogo.
Como é sabido, o fogo, com seu calor, incentiva e mantém o desenvolvimento
vital. Na interpretação maçônica, representa o principio ativo, que agita os
sentimentos do iniciado recém-purificado pelo fogo.
Quanto ao vento, este é o único elemento volitivo da natureza. Nos seus dias de
pregação, o Grande Filósofo disse: “O vento sopra onde quer”. Maçonicamente, por
sua vez, o vento não poderá deixar de infundir a idéia da força libertada. Ao deferir à
segunda Coluna a significação do vento, a Maçonaria manteve o desejo que os seus
iniciados concluíssem ser dita Coluna o símbolo do principio da liberdade e do
progresso. A lição dela decorrente merece, portanto, atenção mais acentuada.
Sobre os capitéis de cada uma das Colunas estão colocados globos esféricos.
O globo foi conduzido para o interior das Lojas para significar, antes de tudo, mais
regularidade, sabedoria, bem como a universalidade da Instituição. O que está
apoiado no topo da Coluna “B” trás o mapa terrestre enquanto o que encima a
Coluna “J” mostra o mapa celeste. O que corresponde à Coluna dos Aprendizes
lembra ainda que a Caridade, como Virtude, desconhece fronteiras; e o que se vê na
Coluna dos Companheiros dá a idéia das ciências celestes de que faz menção o
segundo grau. Analisados conjuntamente os mapas que eles ostentam, colhe-se o
indicador comum da “Maçonaria Universal”.
Nas bases desses globos, se distingue, em cada Coluna, três romãs
entreabertas com três lírios abertos.
Circunstancia dos dois globos esféricos – o que apresenta o mapa terrestre e o
que mostra o mapa celeste – ensina a conjugação das forças terrestres com as
celestes, iniciando fatores materiais do mundo terráqueo sintonizados com a força
de gravitação universal e mantendo-se em matemática harmonia. A esfera celeste
representa o universo sideral e simboliza a cosmografia e a astronomia, ciências
muito aplicáveis dentro das cerimônias maçônicas. Descansam sobre as romãs e os
lírios. Para que se possa estender-se nos conhecimentos geria dos mestres do
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mundo palpável, urge conservar-se em perfeito equilíbrio entre as duas Colunas da
entrada do Templo.
As romãs representam os corpos maçônicos conhecidos na extensão da Terra,
ligados pelos princípios da união. Cada um dos grãos representa outros Irmãos
conjugados em Lojas, à cata da esplendorosa luz da Verdade, do Saber e da
Virtude. Atribui-se-lhe, a representação de cada cidadão de nacionalidade diferente,
nutrindo-se dos recursos da sua respectiva nação emblemada nos agrupamentos
dos mesmos grãos.
Os lírios são o símbolo das atividades humanas, de vez que representam a vida
e todos os fatores vitais que o organismo exige para sua sobrevivência. Além disso,
são emblemas da Paz Universal da Harmonia Racial, da União Espiritual dos
Mortos. Emitem a ensinança da inocência, da pureza, da sinceridade e da verdade.
Até este ponto, foram analisadas as Colunas propriamente ditas do recinto das
Lojas. Mas, elas não são as únicas “Colunas” que se conhece através do
vocabulário maçônico.
Senão, vejamos. O Venerável e os vigilantes são, simbolicamente, três Colunas
mestras na administração das Oficinas; o Venerável representa a Coluna da
sabedoria; o 1◦ Vigilante , a da Força; e o 2◦ Vigilante, a da Beleza.
Ao Venerável, a da sabedoria, porque a ele caberá prestar todos os
esclarecimentos, todas as interpretações e decidir todas as consultas suscitadas
pelos Irmãos do Quadro de obreiros. Ao 1◦ vigilante, a da força, porque cumprir-lhe-á
regular a disciplina e dirigir as discussões desenvolvidas em ambas as bancadas,
prodigalizando instruções aos aprendizes maçons. Ao 2◦ vigilante, a da beleza, visto
ter ele por obrigação esforçar-se ao máximo para adornar os sentimentos dos
companheiros na prática do Bem e no exercício da Virtude.
O Venerável equivale à Coluna de Minerva, que é adornada pelo estilo Corintío;
dirige os obreiros e mantém a ordem.
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O 1◦ Vigilante é equiparado à Coluna de Hércules, ostentando o estilo dórico;
paga aos obreiros os seus salários e estes, sob sua orientação, são tidos como a
força de manutenção da Sublime Instituição.
O 2◦ Vigilante iguala-se à Coluna de Vênus cingida com o estilo jônico; faz
repousar os obreiros, afim deque ao Venerável resulte honra e ao Grande Arquiteto
do Universo, glória.
A coluna do Oriente ou do Venerável é invisível aos olhos dos que estejam ainda
desbastando “a pedra bruta e cúbica”. Dimana do Principio Criador e não será com
facilidade que os Aprendizes e companheiros a descobrirão. Consiste raridade
nestes graus. Somente quando o maçom venha a conhecer bem as Colunas do Sul
e do Norte e os Mistérios da “pedra cúbica”, estará apto para identificar o lugar exato
da coluna do oriente. Salomão só deu nome às Colunas do Sul e do Norte,
deixando, como uma qualidade superior do maçom, descobrir o ponto em que se
ergue a do oriente e nomeá-la com exatidão. Entretanto, ela existe na substancia
das cintilações que palpitam no altar da Sabedoria. Um poder oculto a sustenta, uma
inteligência misteriosa lhe dá consistência. Se esta coluna não existisse, as outras
também não existiriam.
As Colunas Concretas do Templo, sempre eretas, lembram aos Irmãos o dever
de se manterem como a palmeira que, apesar de vergastada, muitas vezes, pelos
vendavais, serenada que seja a borrasca, volta, sempre, à sua posição primitiva,
aprumada e firme no mesmo lugar em que se enraizou.”
Menciona o Irmão Rodrigues nas página 86-89:
9. Símbolos e Alegorias
“Não há duvida de que uma das coisas mais fascinantes da maçonaria é essa
maneira inteligentíssima de ensinar, sobretudo princípios filosóficos
através do
Simbolismo e alegorias. O homem inteligente, quando se vê diante de um símbolo
qualquer, sente a necessidade de partir para uma analise que lhe possa indicar a
significação que a simbologia lhe põe diante dos olhos. È certo, talvez, por nos dar
uma idéia falsa, à primeira vista, de ter um único e só significado, que muitos não
levam o símbolo na devida conta.
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A vida humana, a partir do primeiro vagido que o homem solta quando se vê
livre do útero materno, esta sempre intencionalmente marcada por um ritual
simbólico que se inicia no berço, atravessa toda a existência e se estende até à
beira da sepultura.
Nada existe de mais poderoso em meio à coletividade humana do que a força
do símbolo.
A identificação de um símbolo exige esforço redobrado e quanto mais a
vivenciamos a filosofia maçônica, tanto mais vamos sentindo facilidade na análise
das alegorias e dos símbolos.
Já houve quem afirmasse, e é verdade irrefutável, que, se existem segredos na
maçonaria, esses segredos estão em seus Símbolos. E, o que é sobremodo
importante, é saber-se que a significação desses Símbolos, de todos eles, revela
uma filosofia profunda e uma ciência universal, jamais excedida pelo homem.
A Maçonaria transmite seus conhecimentos (esotericamente) através de
símbolos e alegorias, preservando, dessa forma, os verdadeiros fundamentos de
sua doutrina, sem o temor de que venham a ser desvirtuados.
Usando tal sistema, só os que são Iniciados chegarão ao pleno conhecimento
daquilo que ela realmente transmite. Os não Iniciados podem até ler obras
maçônicas e pensar que estão apossados dos segredos da Arte Real. Ledo engano.
Eles não chegarão jamais a captar o sentido verdadeiro aquilo que é essencial nos
nossos augustos mistérios.
Esta é a razão primeira por que a Sublime Instituição lança mão ao Simbolismo,
alegorias, emblemas e sinais.
Temos verificado que nem sempre as pessoas sabem distinguir as diferenças
existentes entre símbolo, alegoria, emblema.
Entretanto, é necessário evite-se qualquer confusão de sentido.
“Símbolo”, diz José Castellani no seu excelente Dicionário Etimológico Maçônico,
“substantivo masculino (do grego symbolon,, pelo latim symbolum) designa a figura,
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marca, objeto que tenha significado convencional; sinal, indicio, emblema, divisa. Os
Símbolos maçônicos representam a maneira velada através da qual a instituição
maçônica dá aos seus Iniciados as lições de moral e ética, que fazem parte da sua
doutrina. E eles são, de maneira geral, os instrumentos ou figurações ligadas à arte
da construção, e tanto podem ter uma interpretação alegórica ou mística.”
Também Joaquim Gervásio de Figueiredo explica com bastante clareza o
verdadeiro significado do termo. Diz ele: “Símbolo é a representação gráfica ou
pictórica de uma idéia ou principio. Este método tem a vantagem de não se encerrar
nos limites de uma definição, sempre mais ou menos arbitrária e contestável.”
Em outras palavras, símbolo é a retratação de alguma coisa relativamente
desconhecida e que não pode ou não deve ser transmitida de outra maneira.
Alegoria é uma forma de representar figurativamente coisas ou idéias que
podem ou não ter conteúdo simbólico. Normalmente a alegoria envolve
ensinamentos morais.
Daí por que a Maçonaria, muitas e muitas vezes, lança mão parábolas, de
lendas, verdadeiros relatos simbólicos que encerram preceitos morais e que não
oferecem oportunidade para várias interpretações como acontece com o Símbolo.
Já o emblema nada mais é que um sinal convencional que nos leva à
identificação de algo, com facilidade, e sem a necessidade de explicá-lo ou fazer-lhe
a exegese.
Devemos sempre ter em mira que o símbolo se caracteriza pela necessidade de
ser interpretado; logo, é mister haja alguém devidamente preparado para lhe fazer a
análise. Que fique bem claro que esse preparo, no nosso caso, só pode ser obtido
pela Iniciação.
O símbolo, não custa repetir, normalmente, oferece aos Iniciados um sem
número de interpretações.
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Há quem diga e até ensine que o símbolo sempre revela algo que, ao mesmo
tempo, procura ocultar. A nós nos parece que, na verdade, o que ocorre é que o
próprio objeto que é apontado pelo símbolo, se oculta a si próprio.
Cada interpretação do símbolo tem um valor individual e pode até mesmo
ocorrer que, para determinado símbolo, possam acontecer várias interpretações,
susceptíveis, inclusive, de serem modificados.
Semanticamente, como já vimos, a palavra símbolo tem diversas significações e
pode apresentar, em certos momentos, alguma coisa de convencional. No entanto,
na acepção em que a maçonaria o usa, é algo que expressa uma relação e isto de
maneira necessária, precisa e clara.
Lafuente estabelece três funções capitais para o símbolo:
El símbolo (o más exatamente La forma-símbolo) posee tres funciones:
a) Como um médio especial de expresión de su objeto (lo simbolizado)
b) Como um médio especial (um vehículo, um vínculo) de vivencia em común Del sentido o de
los diversos sentidos de su objeto.
c) Comoun método especial de acceso a um cierto tipo de conocimiento, el conociemento
simbólico.
Este conociemento simbólico no es um conociemiento directo de lãs cosas (o Universo em sentido
estricto), sino n conociemento que viene Del fondo de lo humano, tal como este surgió de lãs raíces primitivas
Del hombre.
O que de melhor se conhece como subsídio ao estudo dos símbolos é a doutrina
do psicólogo Carl Gustav Jung. O próprio Lafuente, na obra aqui citada, declarou:
Como señala Jung;
Los símbolos considerados dede el punto Del realismo non constituyen verdades exteriores, pero
son psicológivamente verdadeiros, pues serviron y sirven de punto que conduce a toas lãs grandes conquistas
de la humanidad.
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Para Jung, o homem está sempre à procura de alguma coisa que, talvez, tenha
ficado para trás, na poeira dos tempos.
Rosemiro Pereira Leal assinala que “Tanto Jung, quanto na Maçonaria, há um
ponto comum de pesquisa: a procura de uma definição para os símbolos milenares,
aceitos como realidade ou condensação material de mensagens de uma civilização
intangível pela história e ciências convencionais. O esforço filosófico para reviver
situações não registradas na história linear profana, numa busca incansável da
identidade de outras dimensões capazes de resolver a tormentosa problemática
humana. Nessa esteira, podemos supor que a humanidade se degenerou através de
guerras doutrinárias impingidas por invasores de formação social beligerante”
Não percamos de vista que o Simbolismo Maçônico não se afasta como querem
alguns nefelibatas, do simbolismo geral, do qual deriva, indubitavelmente. Isto salta
aos olhos, uma vez que a maçonaria não inventa nada.
Conforme já dissemos e nunca é demais repetir, existe uma grande verdade
em torno da significação simbólica: a maior parte dos símbolos tem várias
interpretações, não contraditórias. Atentemos para o que diz Dupuy: “ los símbolos non
tienen uma significación impuesta, sino que cada uno lês atribuye el contenido que estima más apropriado a
La orientación de su camino iniciático”.
Informa o Irmão Barreto nas páginas 9-12:
10. Chave dos Graus Simbólicos
“Aprendiz.
Os três primeiros graus foram estabelecidos sobre o ciclo quaternário aplicado
ao decenário, isto é, sobre a quadratura “hermética” do circulo universal.
O grau de Aprendiz devia desvelar, ensinar e revelar o primeiro quadrante do
círculo; o grau de Companheiro, o segundo quadrante; o grau de Mestre, os dois
últimos quadrantes e o centro.
A significação atribuída pelo revelador a cada grau, deriva diretamente da
significação total do circulo e de sua adaptação particular. Assim, a adaptação do
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circulo se refere ao movimento da terra sobre si mesma. O primeiro quadrante do
circulo descreverá simbolicamente a saída da noite, das seis às nove horas; o
segundo quadrante, a ascensão das nove horas ao meio dia; e os dois últimos
quadrantes, a descida para a noite, ou do meio dia até a tarde.
Neste caso, o aprendiz será o homem da manhã ou do sol ascendente; o
Companheiro, o homem do meio dia ou do sol meridiano e o mestre; o homem do
sol poente.
Se a adaptação do circulo refere-se à marcha aparente do sol durante o ano, os
quadrantes corresponderão às estações e representarão, respectivamente, a
primavera, o Verão, e Outono e o Inverno. O aprendiz será, então, o grão que brota;
o Companheiro, a planta que floresce; o mestre, a planta que frutifica e o fruto que
cai para gerar novas plantas para a frutificação libertadora dos grãos nele contidos.
Cada uma destas adaptações pode ser aplicada, tanto ao mundo físico como ao
moral, ou ao espiritual. Portanto, se compreende como os verdadeiros iluminados
podiam realmente guiar os profanos chamados Á Iniciação, para a luz da verdade,
para esta ”luz que ilumina todo homem procedente deste mundo”, para o vivente
Verbo divino.
Mas, para isso, era preciso que a chave fundamental e hermética dos graus e de
sua adaptação fosse conservada por uma “universalidade oculta” Tal era o papel
que estava reservado aos Rosa-Cruzes e o as
Iniciados Judeus-Cristãos. Eles
possuem estas chaves, de que os escritores puramente maçônicos não verão senão
adaptações, e o presente trabalho, embora muito resumido, abrirá este assunto aos
olhos “daqueles que olhos para ver”.
Sob o ponto de vista alquímico, os três primeiros graus representavam a
preparação da obra: os trabalhos do Aprendiz figuravam os trabalhos materiais; os
do Companheiro simbolizavam a busca do verdadeiro fogo filosófico; o do mestre
correspondia à colocação no “athenor” do mercúrio filosófico (Esotericamente, o
fluido astral dos alquimistas, a sua “alavanca de Arquimedes,” o cadinho do
alquimista), e à procura da cor negra, da qual dêem sair as cores brilhantes.
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Vindo do circulo do mundo profano, o Aprendiz voltará para ali mais tarde, no
estado de Mestre, após haver adquirido a Iniciação. Assim é figurado o caduceu
hermético que dá a chave real dos graus simbólicos
Só se pode passar de um plano para outro, atravessando o reino da
obscuridade e da morte: tal é o primeiro ensino que indicam ao futuro iniciado a
“Câmara de Reflexões” e os seus símbolos.
O iniciado nada pode empreender sozinho, sob pena de graves acidentes; deve,
pois, contar com o recurso de guias visíveis que já passaram pela experiência. Tal é
o ensinamento que se desdobrados discursos e interrogações de que participará o
futuro aprendiz, desde sua entrada na Loja.
Mas, os ensinamentos orais não terão nenhum valor, sem a experiência
pessoal; tal é o objetivo das viagens e provas dos diferentes graus.
Companheiro.
O aprendiz crê, sem mudar de plano. Ele passa dos trabalhos materiais aos
trabalhos concernentes às “forças astrais”. Aprende a manejar os instrumentos quer
permitem transformar a matéria sob o efeito das forças físicas manejadas pela
inteligência. Aprende, também, que além das forças físicas, existem forças de orem
mais elevada, figuradas pelo resplendor da estrela; são as forças astrais que se lhe
fazem pressentir, sem as nomear, pela visão da Estrela Flamígera.
O Aprendiz torna-se, assim, Companheiro, sendo então instruído nos elementos
da “história” da tradição.
Mestre.
O Companheiro que vai tornar-se Mestre, deve, preparar-se para mudar de
plano. Passará, pois, pelo reino da obscuridade e da morte, mas, desta vez, passará
sozinho e sem ter necessidade de guia; fará conscientemente o que fazia
inconscientemente na Câmara de Reflexões.
Mas receberá, antes, a chave dos três graus e de suas relações, encerrada na
“lenda de Hiram” e de seus três assassinos. A adaptação solar da lenda não passa
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da adaptação de um principio bem mais geral: a rotação do circulo no quaternário,
com as suas fases de evolução. Mas o que é preciso fixar por um instante é que o
Iniciado não vai somente ouvir esta lenda; ele “vai viver” tornando-se o personagem
principal de sua reprodução.
Aqui apareceu um processo bem notável, posto em prática por Ashmole, que
compôs este grau em 1649 (os de Aprendiz e de companheiro foram compostos
respectivamente em 1646 e 1648). Para ensinar ao iniciado a história da tradição de
uma maneira verdadeiramente útil, “ vai-se-lhe fazer revivê-la”. Tal será a chave dos
graus ulteriores e de seus rituais. Tal é a constatação, que é necessário ter-se
sempre em mente.”
Relata o Irmão Queiroz na página 95:
11. Os Instrumentos
“ Toda obra requer um planejamento para que possam ser determinados todos
os aspectos necessários à sua conclusão. Esse planejamento começa com a
definição da finalidade da obra, de onde são determinadas as formas e as
dimensões.
A partir da idéia inicial , o arquiteto passa a desenvolver todos os detalhes para
que a obra possa atender às necessidades previstas.
O arquiteto utiliza instrumentos que ajudam a desenhar a planta da obra que
será utilizada na construção, pois obra deve obedecer a tudo que foi previsto; caso
contrário,
terá
um andamento
errado,
podendo
chegar
a
conseqüências
desastrosas.
Toda obra arquitetônica requer medidas exatas, tanto na planta como na
execução, e os instrumentos necessários para tal tarefa devem ser corretos e
exatos, para que exista confiança na execução dos serviços.
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Mas não adianta possuir instrumentos precisos se a sua utilização for incorreta
por falta de conhecimentos, o que determina que exista sempre uma dedicação ao
estudo em todos os projetos, sejam eles de caráter material ou espiritual.
Na maçonaria, os instrumentos possuem vários significados e utilidades, pois
envolvem uma utilização voltada para a obra interna do ser humano.
A escolha dos instrumentos acaba, por muitas vezes, confundindo o estudante
com relação aos aspectos material e espiritual da obra, o que, de certa forma, faz
parte dos ensinamentos fundamentados em símbolos e alegorias.
É necessário ter uma idéia real da utilização dos instrumentos através dos
tempos, tanto na vida profana como nas cerimônias ritualísticas, para que a
simbologia possa ser desvendada e bem utilizada, pois, por meio dos instrumentos
determinados, e as medidas, encontramos as formas e conferimos a exatidão da
obra.”
Afirma o Irmão Aslan nas páginas 15-18:
12. Interpretação Esotérica do Templo
“Como todas as sociedades iniciaticas, a maçonaria tem um sistema de doutrina
esotérica a qual é transmitida aos seus iniciados.
A noção de esoterismo aplicada a um ensinamento oral, comunicado a discípulos
escolhidos, existiu desde a mais alta antiguidade. Este sistema foi inicialmente
empregado nos mistérios religiosos e depois para as doutrinas dos filósofos. Os
iniciados aos mistérios – o próprio nome de mistério implica silencio e segredo –
deviam jurar de nunca revelar a respeito dos arcanos que os dramas litúrgicos de
Elêusis lhe teriam permitido conhecer. E eles respeitaram o segredo, pois, como diz
o Sepher Há-zohar, “o mundo subsiste unicamente pelo segredo”.
Entretanto o segredo não consiste apenas no guardar o silencio. Muitas vezes o
caráter esotérico de uma doutrina reside na desigualdade de inteligência e de
compreensão dos discípulos. A obscuridade de uma doutrina pode, de fato, persistir
apesar de uma exposição muito clara e completa.
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Relativamente ás várias maneiras por que deve ser encarado o esoterismo, Luc
Benoist escreve em sua obra “L´Ésotérime”:
“Uma espécie diferente acha-se ligada ao simbolismo de toda expressão escrita
ou falada, sobretudo em se tratando de um ensinamento espiritual. Na expressão da
verdade sempre há de ficar algo de inefável, a linguagem não estando apta para
traduzir as concepções sem imagens do espírito. Enfim e sobre tudo, o verdadeiro
segredo é reconhecido como tal por natureza, não estando ao alcance de ninguém
pode divulgá-lo. Permanece inexprimível e inacessível aos profanos, ao sendo
possível atingi-lo de outra forma a não ser como o auxilio de símbolos.
O que o mestre transmite ao discípulo não é o próprio segredo, mas o símbolo e
a influencia espiritual que tornam possível a sua compreensão.. (pp.8-9)”
Embora exista uma correlação lógica entre exoterismo e esoterismo, não há
entretanto entre eles, uma equivalência exata. Na verdade, o lado interior, domina o
lado exterior, mesmo quando o aspecto exterior assume aspecto religioso. Ao definir
o esoterismo, em sua obra já citada, Luc Benoist observa:
“O esoterismo, portanto não é somente o aspecto interior de uma religião, visto
que o exoterismo nem sempre e obrigatoriamente possui aspecto religioso nem a
religião é sempre monopólio do segredo. O esoterismo tampouco é uma religião
especial para uso de privilegiados, como algumas vezes o supõem, pois não se
basta a si mesmo, não passando de um ponto de vista, mais profundo sobre as
coisas sagradas. Não constitui outro a coisa senão o sentido real do exoterismo,
seja ele religioso ou não.
“Na religião, sempre exotérico, o caráter social domina (como no simbolismo
maçônico). E é feita para todos, ao passo que o esoterismo torna-se mistério na
religião.
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“A religião é uma exteriorização da doutrina sendo limitada ao que é necessário
para a salvação comum dos homens. Esta salvação é uma libertação ajustada ao
plano do ser. Pois a religião considera o ser exclusivamente em seu estado
individual e humano. Assegura-lhe as condições psíquicas e espirituais melhores
compatíveis com este estado, sem procurar fazer que sai dele.
“Por certo o homem, enquanto homem, não se pode sobrepujar por si mesmo.
Mas se pode atingir um conhecimento e uma libertação que sejam identificações é
que já possui em si mesmo o estudo universal que lhes corresponde.
“O esoterismo que toma emprestado para revelar-s a nós, como a veremos, o
canal metódico da Iniciação, tem por objetivo libertar o homem das limitações do seu
estado humano, de tornar efetiva a capacidade que recebeu para ascender aos
estados superiores, graças a ritos rigorosos e preciosos, de maneira ativa e durável.”
(pp.9-10)
Simbolistas e ritualistas se esmeram em apresentar nos rituais e instruções suas
próprias interpretações enriquecendo desta forma o simbolismo maçônico. Através
delas compreenderá melhor o significado ligado à denominação do grau que
sustenta, como também em que consiste, com precisão, o segredo que se pretende
confiar-se, exigindo-se-lhe para que o guarde no fundo do seu coração.
Jules Boucher, do qual reproduzimos as palavras, assim descreve o templo de
Salomão:
“Em Maçonaria, este Templo é um Símbolo e nada mais, mas um símbolo de
magnífica amplidão: o Templo ideal para todo o sempre inacabado, do qual cada
maçom é uma Pedra, preparada sem martelo e sem machado, no silencio da
meditação. Sobe-se nos andares por uma escadaria em parafuso, por “espirais“,
indicando ao Iniciado que nele mesmo, dando voltas sobre si mesmo, é que poderá
atingir a excelsitude que é a meta.
“Salomão significa em hebraico “homem manso”. O Templo de Salomão é o da
paz, da Paz profunda para o qual tendem todos os Maçons sinceros que se
desinteressam da agitação do mundo profundo.
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“O Templo de Salomão foi construído em pedra, em madeira de cedro e nele
abunda o ouro. A pedra é a estabilidade, a madeira a vitalidade e o ouro a
espiritualidade em toda a sua perfeição e sua inalterabilidade.
“Para o Maçom, o Templo de Salomão não é considerado em sua eralidade
histórica, nem em sua acepção religiosa, mas somente, em sua significação
esotérica tão profunda e tão bela (pp.132-133)”
CONCLUSÃO:
O estudo feito foi de grande importância para o entendimento de toda a
ritualística. As áreas ligadas para o desenvolvimento concreto para uma vida
maçônica com um aperfeiçoamento dos conhecimentos mediante os estudos dos
assuntos maçônicos.
A simbologia é uma ciência a qual possibilita aperfeiçoar os caminhos trilhados
a partir da Iniciação. Entendimento, o qual é transmitido em ambiente Sagrado, onde
o silencio faz imperar o pulsar do conhecimento, o qual não pode ser traído, pois é o
próprio segredo maçônico, pois a simbologia está estritamente ligada pelo símbolo,
conhecimento o qual é percebido somente por um Iniciado e por aquele que segue
os ensinamentos da Sublime Instituição, que é a Maçonaria.
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BIBLIOGRAFIAS:
1. Aslan,Nicola: – Estudos Maçônicos sobre Simbolismo.
Rio de Janeiro, Edições Grande Oriente do Brasil, 1969
-Instruções para Lojas de Perfeição.
Rio de Janeiro, Editora Maçônica Aurora, 1979
2. Barreto, Edgar Mena : – Manual de Instruções de Aprendiz.
Porto Alegre, Editora Evangraf, 1999
3. Prado, Luiz : – Ao Pé das Colunas.
Rio de Janeiro, Editora Mandarino, 1967
4. Rodrigues, Raimundo: – A Filosofia da Maçonaria Simbólica.
Londrina, Editora Maçônica A Trolha, 1999
5. Queiroz, Álvaro de: - A Geometria Maçônica (Rito Escocês Antigo e Aceito)
São Paulo, Editora Madras, 2010
( X ) Caso selecionado, autorizo a publicação deste Trabno site da Inspetoria
Litúrgica, 1ª Região/PR.
( ) Mesmo que selecionado, não autorizo a publicação deste Trabno site da
Inspetoria Litúrgica, 1ª Região/PR.
assinatura
Ir Thomas Knauer
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