Smart: a sustentabilidade na mobilidade com responsabilidade

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Smart: a sustentabilidade na mobilidade com responsabilidade
III Congresso Internacional de Casos Docentes em Marketing Público e Não Lucrativo
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Smart: a sustentabilidade na mobilidade com responsabilidade
Fábio Couto
Liliana Pereira
Renato Faria
Tutor: Paulo Gonçalves
ISCAP – Instituto Superior de Contabilidade e Administração
do Porto (Portugal)
RESUMO:
A Smart é um fabricante de automóveis pertencente ao Grupo Daimler AG, sendo os seus modelos
caracterizados pelo visual compacto e estilo jovem. A coragem de seguir um rumo diferente, interpretar
e desenvolver o status quo e combinar as ideias existentes, com novas formas, são o que caracteriza a
sua abordagem progressiva e criativa, permitindo criar soluções simples e não convencionais, num
sentido positivo.
A constante melhoria da mobilidade e a reinterpretação do conceito automóvel, de forma mais
ecológica, mais económica e mais individualizada são os principais factores que motivam esta empresa a
desenvolver a sua responsabilidade social, nomeadamente na vertente ecológica.
Este trabalho tem como objectivo validar o compromisso genuíno com o ambiente e o design
sustentável, e se o mesmo é encarado pela empresa como uma oportunidade de crescimento e inovação.
ABSTRACT:
Smart is a car manufacturer owned by Daimler AG, and their models are characterized by its compact
look and fresh style. The courage to go off on a different tack, to interpret and develop the status quo
and to combine the existing ideas, in new ways, are what characterizes their progressive and creative
approach and enables simple and unconventional solutions, in a positive sense.
The continuous mobility improvement and the reinterpretation of the car concept, more ecological,
more economical and more individual are the main factors that motivate this company to develop its
social responsibility, namely the ecological aspect.
This study aims to validate the genuine commitment to the environment and sustainable design, and if
it’s seen by the company as a growth and innovation opportunity.
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Responsabilidade Social: Mito ou Realidade?
1. INTRODUÇÃO
A Smart é caracterizada como a marca mais jovem do ramo automóvel, tornando-se uma das mais bem
conotadas pelo seu carácter sentimental e único. A sua história remonta a 1972, quando Johann
Tomforde, designer da Mercedes-Benz, idealizou a criação de um ”concept car” de tamanho pequeno,
ideal para as áreas urbanas. A apresentação do primeiro protótipo aconteceu vinte anos mais tarde.
Após a comunicação da parceria entre a Swatch e a Mercedes-Benz no projecto “Swatch-Mercedes-Benzart car” é lançado em 1998 o Smart City Coupe, mais tarde apelidado de Fortwo.
Após o lançamento de várias versões, entre elas o Fortwo Cabrio, Crossblade, Roadster e Forfour, a
Smart inicia a comercialização do motor MHD (micro hybrid-drive), contribuindo desta forma para a
afirmação dos veículos híbridos nas grandes cidades.
A Smart aposta na segmentação de um público-alvo moderno, urbano, “open minded” e auto-confiante,
com os seguintes níveis: pós-moderno; progressivo e moderno; sociedade alta e liberal superior.
"Open your mind" é a mensagem da Smart (Figura1), apresentando-se com uma postura visionária, capaz
de quebrar todas as rotinas e limites, procurando ver a vida através de diferentes perspectivas. Os
princípios da marca definem os seus valores, que são seguidos e representados fielmente em todos os
seus produtos e serviços através da inovação, a funcionalidade e a alegria de viver.
Os sucessivos aumentos do preço do petróleo para valores históricos, bem como, a mediatização dos
problemas ambientais, a maior consciência ecológica do consumidor, a adesão aos veículos híbridos,
assim como, as novas tecnologias como os bio-combustíveis e os automóveis eléctricos, entre outros
(Afonso, C., 2010), são manifestamente factores impulsionadores para uma pró-responsabilidade
ambiental.
Deste modo e ciente da sua responsabilidade social, o fabricante fez uma nova revolução, tal como
ocorreu com o Fortwo em 1998, com o lançamento do motor 100% eléctrico em 2010, da ebike e da
escooter.(Figura 2).
Figura 1 – Logótipo e Slogan da Smart
Fonte: (http://www.smart.pt),
acedido em 05/11/2011
Figura 2 – Smart eléctrico, escooter e ebike
Fonte: (http://www.smart.pt),
acedido em 05/11/2011
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2. DESENVOLVIMENTO DO CASO:
A Smart é uma referência, quer pelo seu ciclo de vida, quer pela sua estratégia de comunicação e
posicionamento no mercado, apelando sempre à consciência ecológica dos consumidores e à economia
de combustível. A compatibilidade ambiental e a funcionalidade têm sido as características que definem
o smart fortwo, desde o seu lançamento há mais de dez anos. Desde essa data o seu inovador conceito
tem combinado sustentabilidade e tecnologias inovadoras com a mobilidade urbana individual. Com um
comprimento de um pouco mais de dois metros e meio, o eficiente Smart Fortwo transporta os seus
ocupantes com conforto e segurança. O seu distinto design tornou a marca um ícone do estilo de vida
automóvel que mostra que a mobilidade e a responsabilidade para com o meio ambiente e a alegria de
viver são compatíveis entre si. O Smart Fortwo estabeleceu uma classe própria – smart class.
Presentemente, a Smart está representada em 41 mercados do mundo inteiro, com lançamentos
recentes nos na China e no Brasil.
Processo Produtivo
A fábrica da Smart em Hambach (Figura 3), França, inaugurada em 1997, representa uma história de
sucesso. Desde 1998 produziu a primeira geração do Smart Fortwo, e desde 2007 a actual geração. Em
2008, cerca de 800 colaboradores da fábrica produziram cerca de 140.000 unidades do Smart Fortwo. Em
Setembro de 2008, a marca celebrou o seu 10º aniversário juntamente com o 1º milhão de viaturas
montadas em Hambach.
A linha de montagem foi configurada para corresponder de modo optimizado aos requisitos de
montagem e de logística e assegurar processos de produção altamente eficientes. Este princípio permite
aos parceiros de sistemas fornecer módulos directamente para a linha de produção, reduzindo-se assim
custos de transporte e de logística e, ao mesmo tempo, apresentando benefícios em termos ecológicos.
As águas residuais industriais e de esgoto são purificados numa estação de tratamento biológico usando
o processo Biosep, uma tecnologia de ponta para purificação de águas residuais. Os bodypanels e as
cavas das rodas são 100% recicláveis, contribuindo para que mais de 85% da viatura possa ser reciclada.
As tintas usadas na pintura dos bodypanels são solúveis em água, contendo, algumas, mais de 66% de
água, permitindo que as emissões de solventes sejam reduzidas ao mínimo. A célula de segurança tridion
pintada através de pulverização, sem solventes, é considerada uma inovação na indústria automóvel pois
o pó excedente designado “overspray” é reutilizável até 95%.
Resumindo, com a reciclagem de fim de vida de veículos, a vida de um smart fortwo termina tão limpa
quanto começou.
Figura 3 – Fábrica da Smart em Hambach
Fonte: (http://media.daimler.com), acedido em 05/11/2011
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Motor cdi – Campeão CO2
O Smart Fortwo cdi, a diesel, com 54cv mantém uma posição de liderança entre os automóveis mais
amigos do ambiente, emitindo no presente momento apenas 86 g/km de CO2, segundo a directiva
80/1268/CEE. Este motor sempre cumpriu a exigência de compatibilidade ambiental da Smart,
apresentando desde o seu aparecimento até Setembro de 2010 emissões de CO2 de apenas 88 g/km, o
valor mais baixo a nível mundial para veículos com motores de combustão. Para conseguir estes valores
de CO2, os engenheiros da smart optimizaram a aerodinâmica do veículo ao reduzir 7 mm na altura da
suspensão, aperfeiçoando assim as características de resistência ao rolamento.
Motor mhd - Função Start/Stop
A tecnologia micro hybrid drive que equipa os motores a gasolina de 61cv e 71cv possui a função
Start/Stop permitindo zero consumos e zero emissões de CO2 cada vez que o carro pára em semáforos
ou filas de trânsito. O motor desliga automaticamente quando desce dos 8kms/h e volta a ligar de
imediato assim que o pé é retirado do travão. Além disso, a função só fica activa acima dos 60ºC para
evitar o maior desgaste do motor em temperaturas frias. Esta tecnologia permitiu uma descida de
consumo em 20% na condução em circuito urbano.
Smart Electric Drive
O Smart ED é o primeiro automóvel na Europa com motor eléctrico e totalmente operacional para
utilização diária. A sua produção em série inicia-se em 2012 na fábrica da Daimler AG em Hambach,
França. Numa primeira fase foram entregues 1.000 unidades aos clientes que têm participação em
diversos projectos de mobilidade nas principais cidades da Europa e dos E.U.A.
Com o início da produção em série do Smart Fortwo ED, a marca realça o seu papel pioneiro rumo à
mobilidade individual, com nível zero de emissões em cidades e áreas urbanas. O seu inovador motor
eléctrico e bateria de iões de lítio faz com que se torne no veículo citadino ideal, porque conjuga a
compatibilidade ambiental com o prazer de condução e a alegria de viver.
A Smart iniciou uma condução isenta de emissões sob as duras condições do dia-a-dia da cidade de
Londres. Desde 2007 que 100 unidades de viaturas da primeira geração estiveram ao serviço de clientes.
Um ano mais tarde, foi introduzida a segunda geração com uma unidade propulsora eléctrica
aperfeiçoada de 30 kW (41cv) e altamente eficiente com bateria de iões de lítio. A tecnologia de iões de
lítio tem vantagens decisivas em relação a outros modelos de bateria, incluindo elevada performance,
períodos de carregamento mais curtos, maior tempo de vida útil e grande fiabilidade. O custo
aproximado de carregamento total desta unidade eléctrica rondará os 2 Euros, um valor
consideravelmente inferior ao de um motor de combustão com uma performance semelhante. A
aceleração dos 0 aos 60 km/h é feita em 6,5 segundos, estando a sua velocidade máxima limitada aos
100 km/h. A bateria, desenvolvida pela Tesla Motors Inc., tem uma capacidade de 16,5 kWh e pode ser
carregada em qualquer tomada doméstica de 220 Volts. Dispõe de uma autonomia para 135 quilómetros,
o que segundo estudos realizados, é mais que suficiente para o tráfego urbano, considerando que nos
centros urbanos os automóveis não circulam mais de 30 a 40 km por dia. A uma velocidade média de
25/30 km/h, normal no tráfego citadino, o Smart Fortwo ED pode deslocar-se durante quatro a cinco
horas seguidas antes de voltar a ser carregado. São necessárias três horas e meia para carregar até uma
capacidade de 80% e oito horas para atingir a sua capacidade total.
Novos Produtos
Smart ebike
O novo produto da família Smart que foi apresentado este ano no salão internacional de Frankfurt
oferece a liberdade de uma bicicleta convencional possibilitando a circulação em ciclo vias e sem carta
de condução.
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Alguns indicadores mostram que o mercado da mobilidade de duas rodas tem vindo a subir ao longo dos
anos. Por exemplo, o mercado europeu representou no transacto ano cerca de 700.000 bicicletas
eléctricas, o que demonstra o potencial existente para a ebike.
A ebike é composta por um motor eléctrico de 250W que se encontra no cubo da roda traseira e accionase simplesmente com o pedalar. Com o pressionar de um botão o condutor pode escolher entre quatro
níveis de suporte eléctrico. O motor eléctrico suporta uma velocidade máxima de 25Km/h, podendo
atingir mais velocidade com o auxílio do pedal convencional; vem equipada com luzes de tecnologia LED
dianteira e traseira. Possui uma bateria de iões de lítio com mais de 400 WH e faz regeneração na
travagem. A sua estrutura leve, com correia em carbono de elevada resistência torna-a praticamente
prescindível de qualquer manutenção.
Com um lançamento previsto para 2012, vai estar disponível com um preço de venda ao público
estimado de 3.000,00€.
Smart escooter
A Smart apresentou mais uma inovação no salão automóvel de 2010, nomeadamente uma escooter
dotada das vantagens do Smart Fortwo Electric Drive, agora aplicadas a um modelo de duas rodas
eléctrico; com dimensões compactas, ágil, com elevados padrões de segurança e apoiada por uma
eficiente unidade propulsora isenta de emissões. No tráfego urbano, a Smart escooter será uma
inteligente alternativa ao automóvel convencional, com excelente manobrabilidade, exemplar conforto
e elementos de segurança pioneiros, incluindo um airbag, sistema anti-bloqueio das rodas (ABS) e
assistente de ângulo morto que chama a atenção do condutor em relação a veículos que circulam na
faixa de rodagem.
Este novo modelo permite à marca chegar junto de clientes de uma classe etária mais jovem, que ainda
não possui carta de condução. De referir ainda que o veículo de duas rodas, configurado para a
propulsão eléctrica, também, apresenta vantagens funcionais e ambientais adequadas à circulação no
tráfego citadino. Apesar da sua dimensão compacta, o motor em forma de disco montado no cubo da
roda traseira debita 4 kW (5,4 cv), transmitindo a potência directamente para a roda traseira. Atinge
uma velocidade máxima de 45 km/h e é alimentada por um conjunto de baterias de iões de lítio de 48
Volts. Graças à capacidade da bateria de 80 Ah, é possível atingir uma autonomia de 100 km. A escooter
pode ser recarregada em qualquer tomada doméstica entre três a cinco horas.
Smart forvision
O protótipo Smart forvision, apresentado este ano no Salão Internacional de Frankfurt, combina um
desenho futurista com tecnologias relacionadas com eficiência energética e gestão de temperatura.
As áreas transparentes hexagonais no tejadilho do Smart forvision constituem o primeiro tejadilho
transmissor de luz que também gera energia para ser utilizada em aplicações adicionais. Os OLEDs
transparentes (díodos emissores de luz orgânicos) oferecem não só uma maior liberdade de design,
como, também, consomem menos de metade da energia que as lâmpadas convencionais de poupança de
energia.
No Smart forvision, existe a uma redução considerável de peso e um desenho único: a primeira roda
totalmente em plástico adequada para a produção em série. Para além da célula do habitáculo em
tridion, outros componentes, tais como as portas, são feitos de resina epoxy reforçada com fibra de
carbono. A utilização destes materiais permite uma redução de peso superior a 50%, comparando com o
aço, ou 30%, comparando com o alumínio. Os bancos multifuncionais, confortáveis e leves do smart
forvision oferecem uma combinação única de gestão de temperatura eficiente e um design leve que
poupa energia. O tecido super-absorvente de pele integrado no banco melhora o conforto através do seu
controlo de climatização passivo.
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Foi implementado um pacote global de medidas para assegurar um ar condicionado mais eficiente no
veículo. Um escudo de calor inovador é composto por um novo tipo de película reflectora de
infravermelhos aplicada no pára-brisas e nos vidros laterais, protegendo o interior do carro contra o
aquecimento. Ao contrário das películas metalizadas, já utilizadas em alguns veículos, a nova película
reflecte apenas os raios infravermelhos do sol. As espumas de alto desempenho instaladas nos painéis da
carroçaria proporcionam também um clima agradável no interior do carro. Mantêm o veículo
agradavelmente fresco no Verão, e isolam-no, também, contra o frio no Inverno.
O Smart forvision comprova não só que a mobilidade eléctrica pode tornar possível a condução livre de
emissões, mas, ao mesmo tempo, cimenta o caminho para novas tecnologias no sector automóvel.
Muitas destas inovações são baseadas em nano-tecnologia, a chave para o desenvolvimento de soluções
sustentáveis. A totalidade das tecnologias integradas no conceito de veículo contribui de forma
perceptível para aumentar a autonomia. Com eficiência energética máxima, gestão inteligente de
temperatura e construção leve consistente, é possível aumentar a autonomia até 20%. Um bónus
adicional para a mobilidade eléctrica do futuro.
Prémios
Em 2002, a Environmental Research and EducationFoundation (EREF), entidade americana líder no
sector, atribuiu à Daimler-Chrysler o seu mais alto galardão, “Ambientalista do Ano”, que anualmente
premeia entidades ou organizações com projectos de desenvolvimento de soluções ambientais. A
Daimler-Chrysler deveu este seu sucesso a um projecto que visa aumentar o nível de reciclagem e
recuperação dos automóveis de 75% para 95% e aumentar a utilização de materiais reciclados nos
veículos de série. Foi utilizado um processo automático de separação de diferentes tipos de plástico,
que depois foram reciclados e preparados para reutilização, permitindo uma poupança de cerca de 30%
nos custos, relativamente à produção com plástico virgem.
Em 2003, o Instituto do Ambiente ÖKO-TREND, sediado em Wuppertal, elegeu o Smart Fortwo o Smart
Roadster entre os dez veículos mais compatíveis com o meio ambiente. Após avaliar mais de 1000 carros
de produção. O Smart Fortwo posicionou-se em 3º lugar na classificação global do ÖKO-TREND e o Smart
Roadster em 6º lugar. Desde 1997 que o instituto OKO-TREND tem definido uma classificação ecológica
em termos de uma análise científica extremamente detalhada, com o objectivo de orientar compradores
de automóveis ecologicamente sensibilizados.
Em 2005, a agência de sustentabilidade Scoris, sediada em Hannover, em colaboração com a empresa
European SIRI, criou um índice de sustentabilidade, no qual, a Daimler-Chrysler se classificou como
“Best in the Industry”, alcançando 79,2 pontos em 100 possíveis. Uma menção particularmente positiva
foi feita ao facto da empresa editar, anualmente, um relatório ambiental desde 1994, além das
“guidelines” internas do código de integridade do grupo e a política de responsabilidade social.
Em 2008, o Smart Fortwo cdi recebeu o primeiro Globo de Öko, por ser o carro com o consumo mais
eficiente no mercado. Este modelo é actualmente o veículo com os valores mais baixos de consumo,
podendo percorrer 1.000 km com um único depósito de combustível. Além disso, as suas 86 g/km de CO2
tornaram-no campeão de CO2. O segundo Globo de Öko foi ganho pelo Smart Fortwo eléctrico pela
melhor engenharia eléctrica.
Estes programas, que incluem estratégias de mobilidade sustentável, com a aposta no desenvolvimento
de “fuellcells”, motores híbridos, motores a gás natural e eléctricos, tornam a Daimler-Chrysler numa
organização única em matéria de responsabilidade social ambiental.
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Comunicação da responsabilidade Smart
A Smart foi um dos patrocinadores do Live Earth, um evento de 24 horas de música realizado em Julho
de 2007, em oito países de seis continentes, com o objectivo de sensibilizar a opinião pública mundial
para o aquecimento global. Estiveram presentes 150 artistas musicais e cerca de 2 bilhões de pessoas.
O Smart Fortwo define-se através dos valores da marca: funcionalidade, inovação e alegria de viver.
Estas três características de posicionamento são aplicadas através de características específicas do
carro: caixa automatizada para uma condução divertida, célula de segurança tridion para uma carroçaria
bicolor, entre outras. Além de aplicadas no produto, estas três características têm de estar presentes
em tudo o que a marca faça, inclusive a comunicação da mesma.
O objectivo da comunicação da Smart não é obter um resultado numérico de vendas, mas, sim
consciencializar os compradores para a necessidade de mudança e de optar por escolhas amigas do
ambiente e económicas (Figuras 4, 5, 6 e 7).
Figura 4 – Publicidade Smart –
Consciência limpa
Fonte: (http://www.google.pt), acedido
em 06/11/2011
Figura 5 – Publicidade Smart - Grandeza
Fonte: (http://www.google.pt), acedido
em 06/11/2011
Figura 6 – Publicidade Smart – Think Smart
Figura 7 – Publicidade Smart – Start/Stop
Fonte: (http://www.google.pt), acedido
em 06/11/2011
Fonte: (http://www.google.pt), acedido
em 06/11/2011
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3. QUESTÕES PARA DISCUSSÃO
Questão 1. A responsabilidade social e ambiental promove melhores níveis de desempenho?
A competitividade entre os vários players do sector automóvel desenvolve, nos seus intervenientes, a
capacidade de criar novas estratégias de optimização de recursos humanos, financeiros e materiais. A
Smart não é excepção e promove uma boa gestão social e ambiental, contribuindo desta forma para a
sua boa gestão global. Independentemente, deste fabricante exercer uma boa gestão e marketing social,
e deste modo, ser capaz de gerar comportamentos de mudança, não se podem negar outros factores,
susceptíveis de condicionar a motivação e a capacidade da Smart, numa gestão pró responsabilidade
social mais vincada, tais como: a preocupação constante face aos danos provocados no meio ambiente
pela indústria petrolífera; as novas expectativas e preocupações dos consumidores, cidadãos e vários
stakeholders; e alguns factores sociais que influenciam de forma constante as decisões institucionais de
investimento.
Questão 2. Quem beneficia com as motivações que estão subjacentes às práticas de responsabilidade
social?
Wymer e Sargeant (2006) referem Wymer e Samu (2003), para mencionar que os parceiros de negócios
pretendem múltiplos benefícios a partir dos seus relacionamentos de marketing.
Os autores supra citados, citando Drumwright (1996), sugerem que os benefícios directos referem-se
normalmente a um aumento das vendas, enquanto os benefícios indirectos são aqueles que melhoraram
em primeiro lugar as atitudes públicas, as relações com o público-alvo, ou a imagem de marca, aspectos
que afectam posteriormente as escolhas dos consumidores. Isto deixa-nos antever que todos os
intervenientes numa campanha de responsabilidade social beneficiam directa ou indirectamente com a
mesma.
De todos os projectos desenvolvidos, o projecto Electric Drive é o que goza de maior visibilidade, quer a
nível nacional quer internacional, dada a forte componente mediática resultante da autonomia do
motor. Os benefícios podem dividir-se de acordo com duas perspectivas temporais. Na perspectiva de
curto/médio prazo podemos assistir a: aumento e reforço dos níveis de notoriedade e de credibilidade
por parte da Smart e da Daimler.
Numa perspectiva de médio/longo prazo, e numa vertente mais financeira, poderá ocorrer: potencial
aumento das vendas de todas as motorizações; aumento potencial das vendas das restantes marcas do
grupo Daimler; e em última análise, estabelecimento de relações com um vasto leque de entidades que
escolhem a Smart como a solução de mobilidade eléctrica, situação facilitadora para a criação de
relações negociais presentes e/ou futuras.
Questão 3. Considera que a acção de responsabilidade social deste fabricante é divergente do marketing
institucional, ou trata-se de uma estratégia complementar?
Segundo Jahdi e Acikdilli (2009), o aumento de não conformidades nas alegações de ética, associadas
aos designados “verdes de lavagem de imagem”, por algumas entidades, resultou no aumento da
desconfiança e cinismo por parte do consumidor. Nesse sentido, a tarefa de comunicação de uma
organização com políticas de responsabilidade social é mais difícil e convincente. Contudo, os autores
supra citados referem que a comunicação é fundamental para a continuidade e manutenção das
empresas no que diz respeito à responsabilidade social, assim como para a sua reputação. O marketing
contribui para comunicar um projecto de responsabilidade social coeso e transparente e os principais
requisitos para que as campanhas relativas à responsabilidade social sejam eficazes e aceites são a
credibilidade e confiança depositada na sua origem (Davis, 1992). Deduz-se, por isso, que no caso da
Smart, a responsabilidade social e o marketing são perfeitamente complementares e que o segundo é o
suporte do primeiro.
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4. CONCLUSÕES
A facilidade de mobilidade concedida pelo automóvel traduz-se num enorme impacto negativo para o
ambiente devido à sua dependência de energias não renováveis. Dificilmente um automóvel pode ser
considerado “100% verde”, mas, sem dúvida que a Smart tem uma política activa de responsabilidade
ambiental em todo o ciclo de vida dos seus produtos, acompanhada por uma estratégia de
posicionamento e adequada comunicação pró-responsável.
Quando analisamos a Smart, e tendo em conta as cinco regras do marketing verde propostas por Ottman
(2008), verificamos que a marca se compromete a cumpri-las integralmente, nomeadamente:

Conhecer o cliente
Trata-se de um princípio fundamental para uma estratégia de marketing verde com sucesso. O target da
smart insere-se num segmento médio-alto na faixa etária dos 40 anos e de ambos os sexos. São mais bem
sucedidos, com habilitações literárias de nível secundário e superior e têm uma personalidade dinâmica.
Tratam-se de consumidores atentos às questões ambientais, com poder de compra e que valorizam o
atributo ecológico do automóvel Smart.

Envolvimento do consumidor
O consumidor está cada vez mais sensível às questões ambientais e o factor ecológico assume um
crescente peso no processo de decisão de compra, tornando-se mais activo e exigente, razão pela qual,
a Smart afirma que os seus clientes têm uma “consciência limpa”. Todos os anos realiza-se o Smart
Times, um encontro mundial de fãs que durante três dias celebram a sua preferência por aquela que é
considerada a “big idea”, com o intuito de criar laços e envolver o cliente neste projecto para um
mundo mais verde. Outros eventos como o Smart Day e Smart Beach realizados este ano em Portugal,
tiveram como imagens de fundo paisagens verdes e praias de modo que o público se aperceba para que
causa está a contribuir.

Princípio da transparência
A Smart assume um compromisso em relação aos consumidores ao prestar informações sustentadas sobre
a sua política ambiental e o ciclo de vida dos produtos, desde as suas matérias-primas até o abate.
Prova disso, é o relatório de sustentabilidade que o seu fabricante Daimler AG realiza todos os anos.
Além disso, no site da marca é possível fazer uma visita virtual à fábrica, onde são esclarecidas todas as
etapas do processo produtivo.

Garantia ecológica
O marketing verde deve garantir o respeito máximo pelo ambiente, sabendo a Smart que esta garantia
deve ser validada por uma terceira parte independente e idónea. Neste caso, a sua fábrica em Hambach
está em conformidade com a norma de certificação ambiental ISO 14001. Além disso, os prémios obtidos
pelo motor cdi e eléctrico comprovam esta garantia ecológica.

Preço
Na percepção dos consumidores, os produtos verdes são associados a custos mais elevados, pois, apesar
do objectivo ser satisfazer as suas necessidades, através do mínimo impacto ambiental, a procura do
lucro sustentável está presente. A Smart procura justificar este preço superior ao valorizar que os
consumidores estão a contribuir, não só para o prolongamento do futuro, mas, também para a poupança
a médio prazo, devido aos baixos consumos de combustível, ou até nenhum no caso do motor eléctrico.
Além disso, existe o incentivo do Estado para a aquisição de viaturas de propulsão eléctrica.
A Smart foi pioneira no que concerne ao segmento micro-car e continua a sê-lo na mobilidade eléctrica.
O mercado de veículos eléctricos encontra-se em expansão e serão muitos os fabricantes que no próximo
ano lançarão os seus novos modelos, outrora protótipos. No entanto, a Smart encontra-se em vantagem
face à concorrência devido ao seu planeamento estratégico antecipado, o qual, vem sendo desenvolvido
desde 2007.
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BIBLIOGRAFIA:
Afonso, C. (2010) Green Target: As novas tendências do Marketing, 1ª edição, SmartBook
Davis, JJ (1992) Ethics and Environmental Marketing. Journal of Business Ethics 11:81-87
Drumwright, ME. (1996) Company advertising with a social dimension: The role of noneconomic criteria. Journal of Marketing 60:
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Jahdi SK, Acikdilli G. (2009) Marketing Communications and Corporate Social Responsibility (CSR): Marriage of Convenience or
Shotgun Wedding? Journal of Business Ethics 88: 103–113
Kotler, P. (1998) Marketing para organizações que não visam o lucro, São Paulo, Editora Atlas
Ottman, J. (2008) The five simple rules of green marketing, Design Management Review, pp 67-69
Wymer, W., Samu, S. (2003) Nonprofit and Business Sector Collaboration: Social Enterprises, Cause-Related Marketing,
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