uma homenagem a Fernando Pessoa!

Transcrição

uma homenagem a Fernando Pessoa!
DOMUS
Sapientiae
X PRÊMIO JOVEM ESCRITOR
...uma homenagem a Fernando Pessoa!
"Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo..."
2015
APRESENTAÇÃO
Estamos em uma época em que a rapidez da informação e da comunicação
instantânea é incontestável e isso domina a rotina de nossos jovens.
Sinto muito orgulho de nossa equipe de professores da área de Linguagens, Códigos
e suas Tecnologias pelo incentivo dado aos nossos alunos, levando-os a refletir sobre o
fascinante mundo das palavras, pois é por meio delas que fluem nossos pensamentos e
nos expressamos para o mundo.
Eis aqui o resultado de um trabalho da parceria educador-educando: uma obra
representativa do talento, dedicação e criatividade.
Queridos alunos, sei que farão bom uso desta que é uma das dádivas com que fomos
abençoados: a capacidade de eternizar nossos pensamentos através de registros.
Somos palavras...
Palavra é sentimento.
NEUZA MARIA SCATTOLINI
Mantenedora e Diretora
SUMÁRIO
6os Anos - Fundamental
11
A TARTARUGA E O PÁSSARO - Gabriel Simões
O GORILA TRAPALHÃO - Clara Bacetti
11
11
A TARTARUGA SOZINHA - Carolina Ramos
O PORQUINHO MIMADO - Aline Takano 12
12 JOÃO E AS TRÊS PROVAS - Luana D'Amario
ALFREDO DIARY - Ana Beatriz Marques 13
13 A TARTARUGA SONHADORA - Luiza Bartoli
A SIMPLES HISTÓRIA DE ORTÔNIO - Eric Carmo 14
16 DIÁRIO - Clarissa Mediavilla
O SAPO E A LIBÉLULA - Lucas Bohemer 16
17 A PRINCESA CAROLINA - Camila Braghette
A PULSEIRA DO DUENDE - Laís Gonçalves 18
7os Anos - Fundamental
COMO SURGIRAM OS VULCÕES E POR QUE ELES EXPELEM LAVA? - Giulia Iassuda 21
22 TERREMOTO - Cinthia Orenes
O FURTO DE TÂNTALO - Júlia Nicioli 22
23 O ROUBO INESQUECÍVEL DOS ALIMENTOS DIVINOS - Pedro Ueda
O PROTETOR DAS ÁRVORES - Gabriel Malta 24
25 A ILHA DAS COBRAS - Júlia Chiarion
O CONTO DE STELARUM - Luísa Basile 26
28 DRAGALÔNIA - Giovanna Shibuya
O SURGIMENTO DA VIDA - Juan Martín Sola 30
30 A ORIGEM DOS ANOS BISSEXTOS - Elisa Pires
A ORIGEM DOS QUATRO ELEMENTOS - Amanda Sardinha 31
32 CAÇADORES DE BRUXAS - Ana Carolina Caparroz
8os Anos - Fundamental
LABIRINTO SEM FIM - Tatiana Ayoub 37
37 PORÃO - Ana Beatriz Garcia
DESOLAÇÃO - Sammla Macêdo Guedes 37
38 A MALDIÇÃO DO RIO - Beatriz Viana
APPLETOWN - Giovana Valin 38
39 CAMINHO DE SANGUE - Marina Chenovart
SÃO SÓ LENDAS? - Stella La Regina 40
41 O GATO DAS CINZAS - Matheus Almeida
CÃO INFERNAL - Ana Beatriz Bartoli 42
43 FACA TRAIDORA - Fabienne Rost
HOMEM E DEMÔNIO - Júlia Santos 43
44 O HOMEM ASSUSTADOR - Luana Eisencraft
9os Anos - Fundamental
47 METAFÍSICA - Tyê Bocci
METAFÍSICA - Isabela Fabozzi 48
48 METAFÍSICA - Bruno Granado Manfrinato da Silva Oliveira
A FELICIDADE TEM SEGREDO? - Isabella Lia 49
50 CARO LEITOR - Júlia Börner
ALÉM DO CONHECIMENTO - Sarah Birenbaim 51
54 SERÁ QUE VALE APENA? - Laura Arruda
O PENSAMENTO E A REALIDADE - Vinícius Nazato 55
56 LIBERDADE - Sophia Apolonio
O DESPRENDIMENTO - Arthur Cruz 56
57 A SOCIEDADE CAPITALISTA - Jaden Gray
METAFÍSICA: NÃO PENSAR EM NADA - Ibyê Bocci 58
1os Anos - Ensino Médio
61 MÚTUAS E MUDAS - Natalie Cofino Serafini
A URBANIZAÇÃO NO BRASIL - Thiago Rossi Rodriguez 62
63 A ECONOMIA NAS METRÓPOLES - Luisa Monteiro
O IMPACTO DA MECANIZAÇÃO - Marcella Gentile 64
64 FRUTOS DE FERRO - Camilla Viana
A DOENÇA URBANA - Fernanda Ayala 65
66 RESCALDADO E DESOLADO - Ana Luiza Cintra
URBANIZAÇÃO: VANTAGEM OU DESVANTAGEM? - Juliano Monteiro Manhães 66
67 A URBANIZAÇÃO - André T. Mendes
RENOVAÇÃO DE MECANISMO - Pedro Henrique S. Campos 68
69 A MÁQUINA DO AMOR - Caio Lemos - Heterônimo de Lauren Nunes Grinberg
O TRABALHO - Suellen da Costa 70
2os Anos - Ensino Médio
ENGRENAGENS SOCIAIS - Carolina Amaral 73
74 TERRA BOA? - Alessandra Vitória
A ROTINA - Catarina Arouck 75
76 LÁPIDE DE PEDRA, SEPULTURA DE METAL - Julia Mattos de Martini
A CULPA É DA SAIA - Júlia Piragino 78
79 A CIDADE: UMA CONSTANTE VARIÁVEL - Ulick Torelli
CIDADE - Larissa Mattos 80
82 CARTA AOS BRASILEIROS - Marcelo Mesa
CONSEQUÊNCIAS DA URBANIZAÇÃO - Antônio Martins 83
84 O VAI E VEM DO FURACÃO - Sergio Carvalho
MECANIZADO - Pierlucca Lorenzon 85
86 O BOLERO DO LUCRO - Pedro Malta
3os Anos - Ensino Médio
O B D C - Leon Pheeney 89
90 TECNOLOGIA E INFORMAÇÃO: OURO DO MILÊNIO - Alexandre Kowalski
CIDADE DO UNIVERSO - Manuela Pereira 91
92 A INTRODUÇÃO DA MAQUINOFATURA - Isabela Luz
“PASSOS” - Ana Catunda 93
94 DANIEL E A MÁQUINA DA VIDA - Isabella Rodrigues
OS PECADOS DA CIDADE - Mario Maccioni 96
98 INÉRCIA TEMPORAL - Luana Brescia
OS DOIS LADOS DA MOEDA - Yuri Tong 99
100 ESCRAVIZADOS PELA URBANIZAÇÃO - Vitória Rezende Fernandes
CRÔNICAS DA CIDADE CINZA - Raphael Gavino Biondi 101
102 “IL RITRATO DI SORELLA” - Luiza Mazzio
6os Anos
6os Anos
As várias propostas da aula de redação para os ingressantes do
ciclo fundamental II em 2015 procuraram desenvolver o universo
narrativo do alunado. A escrita de uma fábula no modelo de Esopo e La
Fontaine instigou os alunos a compreenderem que a história deveria
conduzir o leitor a uma reflexão sobre a moral.
O universo dos contos maravilhosos, repertório do imaginário
mundial já bastante conhecido também foi trabalhado. Após a leitura
das diferentes versões de “Cinderela”, recolhidas pelos fabulistas
Charles Perrault e pelos irmãos Grimm, os alunos foram convidados a
inventar suas próprias histórias. As narrativas de Andersen e os
contos populares de Câmara Cascudo também serviram de ponto de
partida para as produções de diversos alunos, principalmente o texto
“A Rainha das Neves” e o conto “Couro de Piolho”. Finalmente o trabalho
com diários ficcionais foi o mote para a produção deste grupo que se
inicia no ciclo fundamental II. Parabéns!
Professora Gabriela Fonseca
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
A TARTARUGA E O PÁSSARO
Gabriel Simões
Num belo dia de Sol, uma linda tartaruga avistou lindas gaivotas voando de oeste
a leste e pensou:
- Queria tanto voar como aquelas gaivotas. - Olhou ao seu lado um pássaro
dormindo e pensou:
- Se eu ficar escondida posso voar com ele sem ele saber.
E voou com o pássaro, mas como ele não era bobo nem nada e sabia que a
tartaruga o estava usando deixou ela cair lá do alto. Anos se passaram e ninguém
mais ouviu nem viu a pobre tartaruga.
O GORILA TRAPALHÃO
Clara Bacetti
Uma onça adorava fazer brincadeiras com os outros, e para sua felicidade, achou
um gorila muito atrapalhado. Ela foi logo dizendo:
- Duvido você conseguir subir nessa árvore!
- Claro que consigo! - disse ele.
E lá foi o gorila subir na árvore... Ele estava tremendo de medo, e gordo daquele
jeito não se podia esperar outra coisa.
CABUM! A árvore caiu! O gorila foi parar no hospital, mas a onça ficou satisfeita
com o resultado!
Moral: Não duvide da sua capacidade.
A TARTARUGA SOZINHA
Carolina Ramos
Em um lindo dia, uma tartaruga sozinha, sem família nem amigos
estava sentada em uma pedra, no rio, até que uma águia pousou do lado
dela, e a tartaruga disse:
- Não quero morrer hoje! Não me mate! - Mas a águia retrucou:
- Sou boazinha! Só quero te levar para um passeio.
Mas a tartaruga não acreditou e começou a tentar nadar e gritar. A
águia pegou nas costas dela e disse:
- Vai ser legal!
E quando começou a voar, a tartaruga parou de gritar e começou a dar
gargalhadas aproveitando o passeio.
Moral: Nunca julgue o livro pela capa.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
O PORQUINHO MIMADO
Aline Takano
Um porquinho muito mimado era o mais mandão dos amigos. Um dia ninguém quis
ajudá-lo a pegar maçãs porque ele era muito mandão. Então o porquinho disse:
- Parece que vocês não são meus amigos! - Então foi pegar sozinho as maçãs.
Quando chegou na macieira, as únicas maçãs perfeitas eram as de cima e ele não
alcançava. Chorou, chorou, até que apareceu uma Pata e lhe disse:
- Perdoas seus amigos que seus amigos o ajudarão.
Depois de falar isso ela foi, e o porquinho pensou muito e lembrou que tinha
brigado com seus amigos de manhã. Pensando nisso foi pedir desculpas para eles na
vila. Chegando lá viu seus amigos no murinho do parque conversando. Saiu correndo
para pedir desculpa. Quando pediu as desculpas todos eles aceitaram as desculpas e
foram pegar as maçãs suculentas com a ajuda de todos.
No final do dia eles foram para suas casas e dormiram muito bem.
MORAL: Trate os outros como quer ser tratado.
[...] Então o rei disse ao João:
- Você acertou a primeira prova, mas agora você deve passar por mais duas. Volte
amanhã que meus criados já terão preparado a prova.
João ficou nervoso, mas aceitou. Voltou para a pousada onde estava hospedado e
dormiu. No dia seguinte acordou ainda mais disposto, pois sabia que poderia contar
com os fios. Ao chegar castelo o rei logo avisou:
- Esta prova, João, é mais difícil ainda.
Ele bateu palmas e três criados entraram correndo com uma tela e
um pano por cima. Então o rei começou a falar:
- Você deve descobrir de que cor é a tela por trás do pano, você terá
três chances.
João pegou um dos fios e queimou então veio a cor preta em sua
cabeça. Então disse:
- Preto!
- Como você acertou? Pois bem volte amanhã para passar pela última
prova. No dia seguinte João voltou, e o rei estava à sua espera. Bateu
palmas e um criado entrou e disse:
- O que nasce de quatro cresce de dois e morre de três?
Ele respondeu que eram os humanos, e nem precisou usar o ultimo fio.
Ele se casou com a princesa, ficou rico e guardou o ultimo fio para outro
caso.
12
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
JOÃO E AS TRÊS PROVAS
Luana D'Amario
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
ALFREDO DIARY
Ana Beatriz Marques
1
de julho de 2030
Querido Mimo
Hoje foi um dia bem engraçado porque eu estou de férias em Miami e
aconteceram algumas coisas ruins. Agora eu vou contar como foi o meu dia.
Eu estava andando na praia e o solzão estava de fritar. Estava tão mais quente que
se quebrasse um ovo no chão ele ia fritar de tão quente. A água estava parecendo
uma sauna, dava até para ver o vapor! O termômetro estava marcando 41 graus
celsius. Estava entardecendo e fui andar de bicicleta pela cidade. Passei pelo bairro
mais famoso de Miami, o Soho. A parte mais legal foi que eu encontrei um carrinho de
churros! De sorvete! As outras pessoas que estavam andando de bicicleta pararam
na frente do carrinho. Eu estava super ansioso e joguei a minha bicicleta nas outras e
todas caíram igual dominó. Todos começaram a correr atrás de mim e eu consegui
fugir. A pior parte foi que eu não consegui comer os churros de sorvete, mas eu adorei
o passeio!
Ass: Alfredo
A TARTARUGA SONHADORA
Luiza Bartoli
Um dia, uma tartaruga sonhadora que se chamava Lery, queria muito realizar o
seu sonho: voar. Uma bela tarde, ela estava pensando como seria lá em
cima, e uma águia parou na frente dela. Então ela disse:
- Não me mate! Sou muito nova para morrer! Quero voar, mas não
dentro da barriga de uma águia!
- Fica tranquila, não vou te matar! Vou te levar para voar, mas claro se
você quiser - respondeu a águia.
- Eu quero, eu quero! - respondeu Lery..
- Então se segura!
- Tá bom.
Ela se segurou com a boca e realizou seu sonho. Ela de tão empolgada
disse:
- Como é leg...
Antes de terminar de falar, ela caiu e se espatifou no chão.
Moral: Nunca queira fazer algo que você não é capaz.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Era uma vez um troll muito simpático mas bem atrapalhado. Seu nome era
Ortônio. Ele era apaixonado por Kina, a mais linda troll da vila, a VILA TRRICA. Um
belo dia, um ogro apareceu, o nome dele era Nour. Gostava de destruir, humilhar,
maltratar e torturar. Em um dia chuvoso, o Nour estava com ódio e muito entediado,
então resolveu atacar aquela vila que tinha atacado antes.
Quando ele atacou a vila, destruiu tudo e só o que lhes faltou foi uma linda figueira.
Eles passaram a se esconder para o resto de suas vidas e sempre choravam debaixo
da árvore. Ortônio pensou:
- Será que se eu tentar derrotar o Nour eu consigo parar esse sofrimento que
minha vila esta passando? Então ele teve uma idéia. Ele lembrou do maior inimigo de
Nour: a Phink. Ela era uma dragão phinknus, a mais feroz e a maior que havia. Mas
tinha um problema: não era nem um problema, era um "problemão". Não podia nem
chegar perto dela que ela comia a sua cabeça e fazia seu corpo de "churrasquinho".
Ortônio decidiu contar a idéia para os amigos Poul e Paul:
- Gente, tive uma idéia: temos que conseguir uma pena da Phink.
- Para quê? - disse Paul.
- Para derrotar Nour. Tudo bem?
- Eu não sei, e se a Phink comer nossas cabeças e fazer nossos corpos de
churrasquinho?
- Bom, vamos tentar… - disse Poul com desânimo.
Então foram até as montanhas do Norte até as cavernas do Sul, mas não
encontraram a pena. Foram para suas casas (troncos) se lamentando por não terem
achado. Quando Ortônio chegou na casa dele, viu uma carta com uma
chave dentro que dizia:
“Caro e bondoso Ortônio, fiquei sabendo que quer derrotar o grande
Nour com uma pena de Phink. Posso te dizer mas não posso te mostrar,
por isso te darei esta chave que entra em uma fechadura que só é
mostrada pela última luz deste dia no alto do pico de Monteienstain.”
De seu caro:!@#$%¨&*()”
Então ele contou ao seus amigos e seguiram rumo a Monteienstain.
Quando chegaram lá, já estava quase anoitecendo, quase no pôr do sol.
Eles procuraram e procuraram mas não acharam. Quando anoiteceu Paul
e Poul desistiram mas Ortônio ficou com a cabeça de pé. Passou um
tempo e Ortônio percebeu que quando a carta quis dizer com a última luz
do dia era na verdade a luz da lua. Então ele achou a fechadura, colocou a
chave nela e abriu um portão enorme e Phink estava lá, dormindo. Então
Ortônio disse:
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...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
A SIMPLES HISTÓRIA DE ORTÔNIO
Eric Carmo
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
- Phink? Você está? Eu preciso falar com você...
- Quem é?
- Eu sou Ortônio.
- Saia daqui, não quero ninguém em meu domínio...
- Não vai demorar, só quero uma pena sua.
- Por que precisaria de uma pena minha?
- Para Nour nos deixar em paz.
- Por que NÓS , tem mais alguém aí?
- Não... você não entendeu direito. Para ele nos deixar em paz. Fique calma.
- Eu te entendo. Tinha uma época que ninguém me deixava em paz.
- Então... me dá uma de suas panas?
- Te dou se você me responder uma pergunta.
Ortônio era bom de charadas...
- Pode falar.
- Tem 4 pernas de dia, 2 de tarde e 3 à noite.
- Já sei.
Phink ficou surpresa e disse:
- Duvido...
- É o homem. Primeiro ele engatinha, depois ele anda e por último ele anda com
bengala.
- Você é muito esperto rapaz, você merece.
- Muito obrigado, Phink.
- O prazer foi todo meu...
Então Phink deu a ele a pena que tanto queria. Quando chegou em sua casa Nour
voltou. Ortônio aproveitou e subiu na árvore o mais rápido que podia e soltou a pena
na nuca dele. Ele caiu no chão e nunca mais acordou. Todos começaram
a gritar:
- VIVA A ORTÔNIO ! VIVA A ORTÔNIO ! Ele conquistou Kina (ainda
não se sabe como) e viveram felizes para sempre.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
DIÁRIO
Clarissa Mediavilla
10 de Junho de 2015
Querido diário
Hoje eu tenho uma festa, mas como eu sou muito preocupado, ,não quero ir, meus
pais dizem que eu devo ir e talz...Mas eu não sei , tem coisa pior... E seu esbarrar na
mesa de doces e cair tudo? Ai já era...
E outra: a menina que eu gosto vai estar lá ...e eu vou pagar o maior mico na frente
dela... Mas vamos lá ,meus pais me convenceram .Tchau,estou indo pra festa...
Alfredo J
11 de junho de 2015
Bom, eu fui à festa e não aconteceu nada de mais...porque eu tomei o maior
cuidado, assim não houve nada... Consegui me declarar para a menina que eu gosto.
Falei que amava ela, que sempre gostei, e sabe o que ela disse? Que também me
amava! Foi o melhor dia da minha vida! Tive que ter muita coragem! (coisa que não
costumo ter).
Mas enfim falei muito e não me apresentei...Eu sou o Alfredo meio sem vergonha ,
mas ao mesmo sou um pouco paranoico , me preocupo com tudo....
Até logo!
Alfredo J
Em um belo dia de verão, um sapo faminto andava pelo pântano à
procura de comida, quando avistou uma libélula dando onda e resolveu
persegui-la. A libélula ouviu um passo do sapo e percebeu que estava
sendo perseguida. Então, por causa disso, a libélula rápida e ágil fugiu.
O sapo correu atrás dela. A correria foi tanta que eles acabaram
saindo do pântano e entrando na floresta. A libélula fez uma emboscada
indo para um caminho cheio de obstáculos.
O sapo achou que a libélula também não iria conseguir passar por
aqueles obstáculos, então, impiedosamente, lançou a usa língua na
direção dela, mas a língua ficou presa em um tronco de árvore.
A libélula ficou rindo e zombando do sapo, enquanto ele estava ali,
morrendo de fome.
Moral da história: Nunca subestime a capacidade dos outros.
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...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
O SAPO E A LIBÉLULA
Lucas Bohemer
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
A PRINCESA CAROLINA
Camila Braghette
Era uma vez um casal amado. Um rei e uma rainha. A rainha teve um bebê, que
chamou de Carolina. Ela era bondosa e carinhosa. Quando fez 18 anos, Carolina
ganhou de seu pai um amuleto mágico, e ela o perguntou:
- Pai, o que ele faz?
- Na hora certa você vai descobrir- disse seu pai. Mas ela se perguntava, quando
seria a hora certa?!
Tinha uma bruxa feia, cruel, e de mau coração que morava em uma torre dentro de
uma floresta. Quando ela soube que o amuleto era mágico, bolou um plano:
- Ai, meu gatinho lindo! Vamos pegar o amuleto, matar a princesa, para dominar o
reino!
Naquela noite, a bruxa foi até o castelo e pegou a princesa quando todos estavam
dormindo. Todos sabiam que a bruxa era a Marta. quando Carolina acordou, ela gritou
para a bruxa:
- Por que me prendeu aqui?
- Querida, eu só preciso te matar, pegar o amuleto para dominar o reino! respondeu ela.
- Mas para quê me matar? Por que simplesmente não rouba o meu amuleto? perguntou Carolina.
- Assim não vai ter ninguém no meu caminho- retrucou a bruxa e saiu andando...
Carolina decidiu que naquela noite ia fugir. Quando o relógio tocou dez horas, ela
fugiu pela janela do quarto. A bruxa, ao ouvir o barulho, saiu da casa correndo e lançou
um feitiço na floresta, enquanto sussurrava:
- Quero ver você sair agora!
Carolina corria, mas ela foi agarrada pelos galhos de árvore. Um
camponês que ia cavalgando lá perto a viu e correu para soltá-la.
Quando a soltou, levou Carolina de volta ao castelo, mas quando
chegaram lá, a bruxa estava na frente da porta. Naquele mesmo instante
o amuleto de Carolina começou a brilhar e lançou um feitiço na bruxa que
morreu lá mesmo! O camponês a levou até seus pais, e de tão gratos que
eles ficaram, lhe deram a mão de sua filha em casamento. Eles se
casaram e foi o mais belo casamento da cidade! Agora eles vivem felizes
para sempre.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
17
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Era uma vez duas irmãs que se chamavam Angelina e Theodora. Essas meninas
eram muito boas e bonitas, porém muito pobres. Um dia, Angelina entrou na floresta
para colher amoras e acabou se perdendo. Vagando sem rumo e com as amoras
virando geleia, ela topou repentinamente com uma cabana e sentiu que devia entrar.
Era um ambiente pequeno, quatro paredes e apenas uma janela. A parede da
porta era encoberta completamente por uma estante de frascos cheios de pós,
líquidos e outras substâncias. A parede da janela tinha pendurados objetos variados,
desde capas e vassouras a pulseiras e vestidos. A outra parede lateral tinha uma
estante cheia de livros. Alguns tinham a lombada arrebentada de tão espremidos no
pequeno espaço. Outros estavam empilhados no chão. A parede do fundo tinha
apenas uma mesa, uma cadeira, um caldeirão e um homenzinho verde. Angelina ia
começando a olhar tudo quando o homenzinho disse:
- Bem-vinda à loja de magias e boutique do Duende. O que desejas?
- Gostaria de voltar para casa.
- Posso fazer isso. Mais alguma coisa?
- Gostaria de nunca mais passar fome.
- Interessante... - o Duende foi pensativo, para a parede da janela e pegou uma
pulseira- Isso realizará todos os seus desejos. —e, quando o Duende estalou os
dedos, Angelina viu-se em casa. Em casa, desejou parar de passar fome e sua comida
toda sumiu. E tudo que ela desejava se realizava ao contrário.
- Isso não está certo, não consigo tirar! Tenho que falar com o Duende e pedir para
ele anular toda a magia.
- O Duende? Eu vou junto para garantir que você não faça nada
estapafúrdio.— Seguindo Theodora, elas acharam à cabana e pediram
ao Duende:
- Não. - foi sua resposta.
- Por quê?
- Porque eu não quero.
- Por favor! Fazemos qualquer coisa!
- Quero que Theodora fique como minha criada.
Quando se recuperou do choque, Angelina estava em casa. E
Theodora não.Uma semana, e Theodora já odiava o trabalho. Sempre ia
dormir espirrando com o pó dos livros ou coberta por algo que explodiu.
- Meu chá! - ele ordenou, ao ver que ela demorava. Ao beber o chá, foi
imediatamente tomado pela poção paralisante que a menina colocara lá.
Completamente sem reação, foi trancado numa cela para ver a menina
fugir e ser feliz para sempre.
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...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
A PULSEIRA DO DUENDE
Laís Gonçalves
7os Anos
7os Anos
A primeira proposta da aula de redação em 2015 convidou os alunos
do 7º ano a reescreverem o mito grego de Tântalo e os motivos que o
levaram a roubar a comida dos deuses olímpicos.
Em um segundo momento, a imaginação dos alunos foi aguçada
com a proposta da investigação de panteões de deuses os mais
variados, entre eles os egípcios, vikings, esquimós, chineses, indianos
e até japoneses para que pudessem inventar lendas autorais. A lenda
pressupõe que uma história atrelada à vinda de um deus original
explique um fenômeno da natureza. A experiência produziu resultados
dos mais clássicos aos mais inusitados.
Finalmente os alunos encontraram espaço para expressarem
sentimentos ao desenvolverem um relato pessoal atrelado a uma
experiência familiar a partir da observação de uma fotografia.
Parabéns 7º ano!
Professora Gabriela Fonseca
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
COMO SURGIRAM OS VULCÕES E POR QUE ELES EXPELEM LAVA?
Giulia Iassuda
Há muito tempo atrás havia um homem que foi castigado após ter insultado o
Deus mais poderoso de todos, o Bhrazemus. E seu castigo foi ficar para sempre
metade toupeira e metade homem e com apenas um olho. No começo Fiteroma (o
homem castigado) odiou seu castigo, mas o que ele não sabia é que teria poderes
supremos. Passados alguns anos, Fiteroma virou o guardião da agricultura e teve
mortíferas batalhas com o guardião da caça, Cazcuf que não admitia que um homem
castigado virasse um guardião.
Toda vez que alguém ousava entrar em seu lindo pomar ele saía de baixo da terra
com muita raiva. Dependendo do que você fazia, o guardião apenas tirava seus
horrendos braços de toupeira, apontava suas axilas ao invasor e atirava os
fedorentos e mortíferos nabos. Se você roubasse algo de seu pomar, ele descobria
onde o ser morava e fazia um enorme buraco grandiosos e alto, formado por terra,
algumas pedras e restos dos seres que ousavam entrar em seu pomar, mas ninguém
sabia o porquê disso.
Depois de alguns anos, havia nascido um jovem corajoso e muito curioso. Tudo ele
queria saber o porquê de não poderem entrar no pomar. Era chamado de Tecavos, o
corajoso. Como era curioso, o jovem queria saber o que eram aqueles enormes
buracos que tinham em quase todo o mundo.
Tecavos conhecia a história de Fiteroma e em uma noite escura ele saiu em busca
do pomar do guardião. Chegando lá, Tecavos estava disfarçado e pegou os frutos do
pomar e o destruiu inteiro. Além de tudo isso, Tecavos nas pontas dos pés, tacou fogo
na “toca” de Fiteroma. Após ter feito isso, o jovem disse:
- Agora vamos ver o que vai acontecer! Preciso ir antes que ele
acorde!
Na manhã seguinte, Fiteroma viu o que algum mortal havia feito. Ele
ficou furioso. O guardião jurou que acharia o culpado que fez tudo aquilo,
vivo ou morto. Após alguns dias, o guardião da agricultura encontrou o
engraçadinho. Ainda com muita raiva, Fiteroma pegou Tecavos e chamou
toda a população de Paelsia (lugar onde morava o jovem) para que todos
vissem a morte do garoto, porém não deixaram matá-lo. O guardião já
sem paciência levou o moleque junto a ele para o subsolo. O que os
Paelsianos não tinham em mente era que após alguns segundos, sairia
daquele buraco grande e alto um líquido muito quente que destruiria
tudo e a todos de Paelsia. Esse líquido era a mistura do sangue do jovem
morto com a raiva de Fiteroma pela teimosia da cidade. O buraco foi
chamado de vulcão e o líquido quente que expelia foi chamado de lava!
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
TERREMOTO
Cinthia Orenes
De uma deusa humana e deus em forma de águia nasceu Aquila, uma mulher que
possuía asas de águia e corpo humano. Seu pai morreu em uma batalha com o deus
dos animais, Alca, por ter tido uma filha zoomórfica. Por isso, sua alma entregou a
filha uma maçã da imortalidade para usá-la quando necessário. Porém, essa maçã
durava somente dois dias após o uso. Aquila decidiu que iria usar a maçã para vingar o
seu pai. Cresceu com sua mãe em uma caverna, protegendo a maçã .
Alca soube da existência da maçã e enviou Aríne, uma égua com cabeça de
humana para observar Aquila. Quando Aríne chegou na caverna viu Aquila com a maçã
cor Azul Royal (da imortalidade). Logo foi avisar Alca.
Pois então, foi confirmado. Alca ordenou que Aríne comesse a maçã e depois
matasse Aquila. Quando Aríne chegou na caverna, Aquila estava voando no céu,
olhando o perímetro, mas levou a maçã junto. Então, Aríne colocou fogo na caverna,
impedindo a entrada e a saída da caverna.
Aquila estava observando Aríne do céu. Ela ficou furiosa, pois sua mãe estava
dormindo na caverna. Sem pensar, Aquila desceu do céu em alta velocidade na
direção de Aríne até cair em cima dela, causando um grande impacto, do qual
nenhuma delas sobreviveu.
Todas vez em que ocorre um terremoto é Aquila lutando por uma mãe falecida.
Tântalo era um deus, só que ele não era normal. Não era como os
outros, ele era perverso, maligno e por algum motivo não gostava dos
deuses. Fazia de tudo para ver que o Olimpo não estava bem, para ver
que ele tinha provocado um desagrado.
Uma vez, no Olimpo, houve uma festa para celebrar um feito do deus
Apolo. O lugar estava maravilhoso, todo enfeitado com luzes, nuvens, e
principalmente, ambrosias. Havia esse tal néctar por todo lado, em
cada mesa, em cada lugar. Apolo estava feliz, foi quando disse:
- Amigos, estou maravilhado com essa festa! – Então Tântalo falou:
- Sim... todos saúdam o deus Apolo! – com um tom de quem não estava
nem ligando para a festa e para o deus homenageado. Apolo então falou:
- Por que você está aqui em minha festa?
- Porque eu quis, Apolo! Achei que ficaria feliz com a minha presença. O deus não quis estragar sua própria festa, então não disse nada. A
comemoração continuou como se nada tivesse acontecido.
22
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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O FURTO DE TÂNTALO
Júlia Nicioli
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
O que ele não sabia era que Tântalo estava planejando algo para Apolo. Alguns
minutos depois, vários deuses começaram a falar:
- Está faltando ambrósias aqui! – Mas não era porque eles tinham comido, era
porque Tântalo havia roubado! Deram falta de cada vez mais ambrosias. Elas foram
sumindo, assim como Tântalo também desapareceu.
Tântalo foi até o mundo dos mortais e distribuiu as frutas para todos. Zeus
imediatamente, quando deu falta dele, mandou Atena e Deméter irem procurá-lo.
Pegaram-no no flagra distribuindo o alimento dos deuses.
Apolo e todos os deuses concordaram que Tântalo não poderia mais permanecer
com eles pelo seu comportamento. Então o baniram para o Tártaro, bem perto de
Hades. Sem conseguir beber água e nem comer nada, ele morreu por causa de sua
mente odiosa.
O ROUBO INESQUECÍVEL DOS ALIMENTOS DIVINOS
Pedro Ueda
Tântalo estava em seu castelo feito de pedras pequenas e cinzas, no dia do seu
aniversário, pensando no que iria fazer. De repente teve uma ideia brilhante. Saiu de
seu lar e exclamou para o vilarejo:
- Hoje eu vou dar em meu castelo uma festa para comemorar o meu aniversário! E
com alimentos divinos, que vão dar água na boca!
Quando os camponeses ouviram a palavra “alimentos”, logo aceitaram a
proposta. O único problema era onde ele ia arrumar um banquete daqueles. Ficou
pensando durante horas e bolou um plano infalível: ele iria ao Olimpo pegar o divino
néctar e a ambrósia, pois essa comida não teria como se errar no gosto.
Então foi concluir o seu plano. Ele entrou no Olimpo, que era cheio de
nuvens macias e brancas, pegou os alimentos quando ninguém estava
por perto, e fugiu o mais rápido possível. Na hora da festa, todo mundo
estava falando:
- Que comida divina! Nossa! Parabéns!
A festa durou até o sol radiante aparecer. Quando os deuses
acordaram e viram lá de cima Tântalo dando uma festa e que estavam
sem seus alimentos, deduziram ao mesmo tempo:
- Fomos roubados!
Na hora em que todos os camponeses saíram do castelo, e tiveram
provas, puniram Tântalo com a seguinte maldição: Todas as manhãs ele
viraria alimento para os deuses e durante as noites ele se regenerava em
comida em um prato de cera.
Dizem que quem entra no castelo de Tântalo não sai mais.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
23
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
O PROTETOR DAS ÁRVORES
Gabriel Malta
Colégio Domus Sapientiae
Vinte anos depois do plano frustrado de Tântalo para tentar comer o fruto da
árvore imortal, Zeus contratou um protetor para defender essa árvore. O nome
desse protetor era Glander. Quando Zeus o contratou ele ainda era um humano
normal, mas para Glander ter mais facilidade em defender a árvore, Zeus lhe deu uma
cabeça de gavião para sua visão ser mais aguçada, lhe deu asas pretas para ele poder
sobrevoar a região e também lhe deu um arco místico. As flechas desse arco eram
variadas: tinham flechas explosivas, flechas envenenadas, flechas flamejantes e
flechas normais.
Um dia qualquer, Glander estava defendendo a árvore quando de repente se
deparou com um homem correndo em sua direção com uma faca. O homem parecia
estar querendo pegar um fruto da imortalidade. O homem corria em sua direção com
um instinto assassino como se estivesse disposto a até mesmo matar para conseguir
o fruto.
Glander fazendo seu trabalho como protetor atirou umas flechas em direção ao
homem mas ele ligeiramente desviou das flechas. Depois de ter desviado ele já
estava cara a cara com Glander, então o homem mirou no coração de Glander para dar
o golpe fatal e empurrou a faca contra seu peito.
Glander com seus incríveis reflexos conseguiu usar o arco para se defender, mas
com isso ele ficou vulnerável. O homem, aproveitou dessa situação e imobilizou
Glander. Nesse momento Glander, já sabia que iria morrer, então ele se sacrificou
para defender a árvore. Glander atirou uma flecha explosiva no chão e assim ele se
explodiu junto com o homem.
E quem era aquele homem? Isso ninguém sabe. O corpo do homem
depois da explosão ficou em pedaços e ninguém soube reconhecê-lo.
Acredita-se que ele era um aliado de Tântalo em busca de vingança.
Até hoje acreditam que a alma de Glander vaga por aí protegendo as
árvores de todo o mundo. Dizem que se você machucar uma árvore,
Glander o punirá fazendo alguma coisa ruim acontecer na sua vida.
24
...uma homenagem a Fernando Pessoa
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
A ILHA DAS COBRAS
Júlia Chiarion
Anis é guardiã dos animais. Ela é do bem e vive na floresta. Ela é metade cobra,
metade ave e metade humana. Na cabeça há três cobras. Essa floresta fica dentro de
uma Ilha muito conhecida pela sua beleza, já passou até em reportagens de televisão.
Anis tem uma irmã adotiva chamada Aurora. Ela é guardiã das plantas e vive com a
irmã. Tem um ódio profundo dela, pois tem inveja de que ela consegue tudo que quer.
A Aurora tem o poder de possuir coisas.
Então, ela bolou um plano e botou ele em prática. Para colocar um pouco de
tristeza na cara de Aurora, Anis possuiu os animais para o lado ruim. Como a irmã é
guardiã deles ficou revoltada e jurou vingança.
Depois de ter se passado praticamente um mês, em um dia ensolarado, Anis
chamou sua irmã para almoçar com ela, pois quase sempre almoçava fora. Era um
momento perfeito para realizar sua vingança. Colocou veneno na comida de Aurora e
depois a serviu. Não era um líquido fatal, só servia para dar susto na pessoa que o
consumisse. Ela só não contava com uma coisa: a irmã tinha visto tudo. Então, ela
começou a falar:
- Você acha que eu não vi nada!?!Toma vergonha na sua cara!
- Anis reagiu e disse:
- Você possui os meus animais e eu não posso fazer nada!?!
Então as duas começaram a guerrear. Foram para o meio da floresta e
começavam a se preparar. As duas lutaram com as mãos, sem poderes para não ficar
injusto. Brigaram até se cansar, até que Aurora trapaceou e pegou uma granada em
seu bolso. Era só para casos de emergência. Resolveu usar, jogou em sua irmã e a
explodiu.
Além das árvores, só dava para ver as partes do corpo dela, uma pra
cada lado.O que Aurora não sabia era que ao cortar a cabeça de cobras
da Anis, elas se multiplicavam. Foi nesse momento que surgiu uma Ilha
cheia de cobras. Aurora foi picada por elas e acabou morrendo. Depois de
alguns dias passou uma reportagem sobre essa Ilha, começou a ser
chamada de: a Ilha das cobras.
Essa Ilha se localiza no litoral de São Paulo, nela há a maior
concentração de cobras do Brasil.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Nos tempos primordiais o mundo era separado em apenas duas partes:a parte
divina,onde os deuses viviam,e a parte habitada pelos seres vivos que serviam os
deuses, tais como os humanos, animais e até mesmo as plantas.
Stellarum vivia na aldeia dos mais inteligentes humanos, eles haviam criado
praticamente tudo que era útil. Entretanto mesmo sendo providos de tamanha
inteligência eles nunca perceberam que estavam sendo usados pelos deuses, isso
mesmo: eles nunca imaginaram que seus tão amados deuses estariam se
aproveitando de suas ideias.
Mesmo que todos os outros nunca tivessem aberto os olhos Stellarum sabia da
verdade, e finalmente resolveu tomar uma atitude: certo dia, enquanto o menino de
olhos azuis e cabelos castanhos andava pelas frias ruas de Terra, sua aldeia, ele
finalmente contou a todos a verdade. Ele largou suas mercadorias no chão, subiu em
uma grande pedra e pronunciou suas palavras.
- Caros amigos de Terra... - Começou ele, fazendo com que todos o olhassem em
um misto de surpresa e curiosidade — Hoje eu finalmente lhes mostrarei a verdade!
Há tempos os deuses vem se aproveitando de nós! Tomando nossas ideias como
deles! Temos que agir! Por isso mesmo atacarei o Divino amanhã e, é claro, precisarei
da ajuda de vocês!
Indignados os moradores ficaram em silêncio, pouco entendendo o que
acontecia. Entretanto uma coisa era clara: Stellarum tinha ofendido seus deuses, e
eles não estavam nem um pouco felizes com aquilo. Foi aí que a bagunça começou:
pessoas que concordaram brigando com aquelas que discordaram, mais gente
curiosa se aproximando e formando cada vez mais brigas. Até que
finalmente Stellarum cansou-se de tudo aquilo:
- Siga-me se quiser, eu não obrigo ninguém! Quem quiser participar
me encontre nesta mesma praça amanhã de manhã e traga suas
melhores armas, talvez se vencermos você se torne um deus. - Ele
terminou e voltou para sua casa, se preparando para a batalha.
Na manhã seguinte Stellarum fez como o prometido e andou até a
mesma praça. Quando chegou lá ele se surpreendeu: várias pessoas o
esperavam segurando espadas, escudos e tochas. Ele sorriu feliz pelos
resultados e partiu em direção ao Divino com seu exército.
Através de uma montanha eles rapidamente chegaram lá: um
esplêndido local feito de ouro. Entretanto eles foram interrompidos por
Inferna, a deusa dos mortos:
- O que estão fazendo aqui? - Rugiu ela.
- Queremos justiça! - Eles gritaram.
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...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
O CONTO DE STELARUM
Luísa Basile
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
- Deixem o Divino se não querem morrer, humanos estúpidos - Ela resmungou.
Entretanto o exército resistiu:
- Nunca! - Eles berraram,ameaçando atacar a deusa.
- Estão me deixando com raiva... - Ela esperou mais um pouco, esperando pela
reação dos humanos - Está bem! Vocês foram avisados!
Furiosa ela começou a lançar fogo nos humanos que tentavam reagir, sem
sucesso. Ela gargalhou e quando apenas Stellarum sobrava a deusa desapareceu. O
guerreiro ficou confuso, mas depois de ouvir os terríveis gritos que ecoavam lá
embaixo teve certeza: ela estava atacando a aldeia e ele não podia fazer nada em
relação a isso. Quando ela finalmente voltou a mulher o fuzilou com o olhar:
- Agora só falta você líder estu... Entretanto a deusa foi interrompida por Solum, o
deus mais importante do Divino.
- Inferna,você matou estes humanos? Como ousa?
- Por favor, perdoe-me senhor! Eles queriam nos matar e nos derrotar!
- Sem desculpas! Volte ao mundo dos mortos, lá é seu lugar! Nunca mais saia de lá! Ele gritou nervoso - Eu resolverei isso sozinho...
- Tudo bem. - Inferna lamentou e em seguida desapareceu deixando Stellarum e
Solum sozinhos. Stellarum não podia acreditar, ele estava mesmo vivo?
- Quem é você, pequeno humano? - Solum perguntou.
- Sou Stellarum e comandei tudo isto...Desculpe-me senhor, achei que vocês
estavam nos enganando!
- Admiro sua bravura Stellarum! Desculpe-me eu pelo comportamento de minha
filha, Inferna. Agora que ela já matara todos os humanos de sua aldeia não tenho
como me redimir...Talvez concedendo-lhe um desejo! O que deseja?
- Eu quero que todos aqueles que morreram por minha causa se tornem brilhantes
bolas que flutuam pelo céu e iluminam a todos que estão no escuro,
talvez seja o único jeito de me redimir deles...
Após esse dia o mundo nunca mais foi o mesmo: as outras aldeias
sobreviventes eram iluminadas toda noite pela beleza das maravilhosas
stellarum mais conhecidas como estrelas.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
27
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Dragalônia é uma monstra que é metade mulher e metade dragão e que vive no
castelo das nuvens. Vou contar a história de como a Dragalônia era só uma mulher
jovem, muito bonita que morava numa aldeia perto da floresta. Ela adorava ir na
floresta todos os dias e ela sempre se sentia feliz quando via um animal indefeso para
poder ajudar, mas esse dia iria ser diferente.
Ela estava passeando, quando viu um fofo e pequeno animal indefeso e quis
ajudar. Quando chegou perto o animal, ele se transformou em mago! e furioso disse:
- Por que você esta na minha floresta!? - A pobre mulher com medo de responder
disse:
- Eu só estava caminhando pela floresta!
Mas o mago não se importou e viu que a mulher era muito bonita e quis fazer um
acordo “se ela se casasse com ele, a deixaria em paz”. Mas a mulher se recusou e disse:
- Eu? Casar com você? Nem morta! - Então o mago furioso a transformou em um
monstro horrível que era metade-mulher e metade-dragão. A mulher disse:
- O que você fez comigo? - O mago respondeu:
Eu te transformei em uma Dragalônia e eu só vou te transformar em mulher outra
vez, quando você se casar comigo! - A mulher sem saber o que fazer disse que preferia
ficar assim do que se casar com ele. Então o mago disse que ela só tinha três dias para
decidir melhor se ela iria ou não se casar com ele. Caso o contrário ele o deixaria um
monstro pra sempre. A mulher concordou e foi para a vila dela que ficava perto da
floresta. Quando a mulher (a Dragalônia) chegou a sua aldeia, todos ficaram
horrorizados, até os seus pais e antes que as pessoas a matassem, ela se olhou no
espelho e viu que ela era horrível e então saiu voando para muito longe.
Enquanto voava viu uma nuvem muito estranha em forma de
castelo e foi lá ver o que era e viu que era um castelo de verdade feito de
nuvem e habitado por um rei dragão que comandava o lugar. Lá só podia
entrar se você fosse um dragão. Já que era metade dragão deixaram-na
passar. Quando entrou viu as maravilhas que tinha lá. Pensou em ficar, já
que havia sido banida de sua aldeia. Enquanto procurava seu quarto, já
que foi aceita para morar no castelo de nuvens, esbarrou num homem
bonito e estranho. A Dragalônia disse:
- Desculpa por ter esbarrado em você. Qual é o seu nome?
- Meu nome é Dragolion. E o seu?
- O meu nome é Dragalônia, mas quem é você?
- Eu sou o guardião da árvore. Há muitos anos e eu tenho cabeça de
leão e corpo de dragão.
Todos os dias os dois conversavam e parecia que se gostavam.
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...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
DRAGALÔNIA
Giovanna Shibuya
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Os anos foram se aproximando a cada vez mais, o amor crescia entre os dois. Num
dia de sol o Dragolion pediu a Dragalônia em namoro e os dois se beijaram. No dia
seguinte era o último dia dela responder para o mago mau se ela aceitaria se casar
com ele. Dragalônia disse ao namorado que não sabia o que responder, que estava
indecisa. Dragolion disse que ela tinha que confiar em seu coração e saber o que era
melhor para ela. Depois de um tempo pensando no que dizer ao mago, seu coração lhe
deu a resposta. Dragolion estava preocupado sobre qual seria a resposta de sua
namorada, se ela decidiria ser humana outra vez. Já era a hora de dar a resposta ao
mago, que misteriosamente apareceu na frente do casal. Ele perguntou se
Dragalônia já tinha a resposta. Ela respondeu que já tinha a resposta e que decidiu
ouvir seu coração. E disse:
- Quero ser... um monstro! - Pela resposta de Dragalônia, Dragolion ficou super
feliz. Mas o mago ficou furioso e disse:
- Se você quer ficar um monstro pra sempre! Então fique! - E mago desapareceu
misteriosamente. O tempo foi se passando e o mago até hoje não foi encontrado. E
Dragolion foi correndo até a Dragalônia para dizer algo muito importante. Quando
chegou, ele se ajoelhou, pegou a mão dela e a pediu em... CASAMENTO! Dragalônia
super emocionada disse:
- Claro que sim! - E os dois se beijaram.
No dia seguinte ela já estava preparando as coisas para o casamento, que seria na
árvore do pensamento. Será enfeitado com flores de fogo e tudo vermelho. A
Dragalônia estava muito animada com seu casamento que seria no dia seguinte, já
que as decorações estavam prontas. O dia do casamento chegou, Dragolion estava
muito nervoso. Na hora do casamento todos os amigos estavam presentes para a
comemoração. A comemoração já estava acontecendo e eles já tinham assinado a
certidão de casamento e colocado as alianças. E finalmente se
beijaram! E tiveram uma festa incrível. Dizem que eles tiveram dois
filhos e que viveram juntos no castelo das nuvens desde então.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
O SURGIMENTO DA VIDA
Juan Martín Sola
Herloy é um deus vil porque controla o tempo, e o acelera tanto que não é possível
existir vida animal. Dentro do reino Aolin, onde todos os deuses que fazem bem ao
mundo ficam, vivia o deus Shakoy que controlava a flecha dourada. Com essa flecha
podia matar Herloy acertando seu olho esquerdo, era seu ponto fraco.
Herloy queria matar Shakoy, dominar a flecha dourada que é a única coisa que
pode matá-lo se atirada por Shakoy, e assim se tornar imortal. Por isso, todos os dias
ele atacava o reino Aolin. Para isso usava suas patas de tigre, sua cabeça flamejante,
sua espada de diamante, seu tapa-olho indestrutível e seu exército de demônios. O
único detalhe é que o reino Aolin era protegido por um campo de força que só poderia
ser desativado pela mente de Shakoy.
Anos se passaram após os ataques persistentes de Herloy, até que um dia Shakoy
teve a brilhante ideia de desativar o campo de força, usando sua mente, para enganar
Herloy e por fim derrotá-lo.
Herloy viu que o reino Aolin se desprotegeu e foi atacar, mas se esqueceu de usar
o seu tapa olho indestrutível. Quando ele chegou no reino, viu Shakoy que atirou a
flecha dourada no seu olho.
Quando Herloy morreu, a vida passou a existir e o tempo se passou a ser contado.
Nos tempos da formação da Terra havia uma jovem, Normani, que era
guardiã do tempo. Normani era imortal, e nunca envelhecia. Ela
controlava o tempo, a rotação e translação da Terra e o tempo da vida
humana. Ela vivia em uma caverna no meio da floresta e evitava ter
contato com humanos normais, mas uma vez ela não pode evitar.
Era mais um dia normal quando Normani conheceu um homem que
havia se perdido na floresta. Assim que o viu ela se apaixonou por ele, e
ele por ela. Eles se encontravam todo dia na mesma hora no mesmo
lugar, mas Normani sabia que ela não poderia ficar com ele, ao menos
que se tornasse um guardião. E foi o que aconteceu.
Era muito incomum um nascido humano virar guardião, mas ele
conseguiu, provou sua lealdade aos guardiões através de um juramento
de fidelidade. Ele tornou-se guardião das estações. O problema era: ele e
Normani só poderiam se encontrar por uma semana de quatro em quatro
anos, por culpa de uma condição imposta pelos guardiões para que o amor
deles não afetasse a ordem natural.
30
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
A ORIGEM DOS ANOS BISSEXTOS
Elisa Pires
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Os guardiões eram muito rígidos. Existia um guardião para cada elemento da
Terra (não só terra, água, fogo e ar mas também o tempo, o sol, a lua, a morte, etc). E os
guardiões podiam ser expulsos de seus “cargos” se traíssem os outros.
Mas depois de pedir muito abriram uma exceção para Normani poder em vez de
se encontrar só uma semana eles se encontram e passam o ano todo juntos.
E então até hoje de quatro em quatro anos quando eles se encontram e passam o
ano todo juntos Normani acrescenta um dia ao ano, surgindo assim os anos
bissextos.
A ORIGEM DOS QUATRO ELEMENTOS
Amanda Sardinha
Eles eram cinco guardiões: Acqua, guardiã das águas; Flax era o do fogo; Ari do ar e
Natura da natureza. Mas também tinha Gelo, o guardião das neves. Ele era o rival dos
outros guardiões.
Cada um vivia em paz em seus devidos lugares. Eles não incomodavam e nem
podiam invadir os outros reinos, pois cada um tinha um medalhão que lhes
proporcionava poderes, e caso alguém entrasse em contato com esses objetos, seus
poderes se desabilitavam por um tempo.
Dias se passavam e nada acontecia. Tinham que ficar sempre alertas com Gelo.
Nada nem ninguém podiam incomodá-lo, a não ser que quisessem despertar sua
fúria. Porém, aquele dia foi diferente. Flax, com sua teimosia, foi até o Reino das
Neves dar uma “espiadinha” em Gelo, e acidentalmente, derreteu um pouco da neve.
Assim, fugiu, já comunicando aos outros guardiões que um ataque estava por vir. Dito
e feito... O problema é que não o derrotariam sozinhos.
- Acqua, você nos defende com uma barreira d'água – gritou Natura.
- Eu derreto o gelo e Ari pode fazer redemoinhos, talvez assim
consigamos pará-lo - disse Flax, enquanto o temível guardião se
aproximava.
Todas as tentativas de derrotá-lo foram em vão, até que Ari teve uma
brilhante ideia:
- Não conseguiremos derrotar Gelo sozinhos. Precisamos nos unir!
Juntem seus elementos!
E assim os quatro elementos foram formados; juntando todos os
poderes e criando uma força tão grande que finalmente o derrotaram.
Gelo não voltaria a incomodá-los por um bom tempo.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Há muito tempo, uma pequena cidade estava sendo aterrorizada pela praga das
bruxas. O prefeito não sabia mais o que fazer. Um dia uma senhora contou a ele que
existiam dois caçadores de bruxas muito habilidosos: Alex Hood e Alan Hunter. Eles
não trabalhavam juntos, mas com persistência e muito dinheiro trabalharíam.
Ao chegar no escritório do prefeito, Alan se deparou com uma garota de cabelos
castanhos com uma mecha roxa e presos em um rabo de cavalo, olhos verdes como
esmeralda e lábios vermelhos como sangue. Ele logo reconheceu que era Alex Hood,
uma das maiores caçadoras de bruxas.
- Ótimo que os dois finalmente estão aqui – disse o prefeito.
- O que o senhor quer conosco? - disse Alan.
- A cidade está sofrendo com uma praga de bruxas. Eu os chamei aqui para
contratá-los para acabar com isso. - O prefeito rapidamente retirou de sua gaveta
dois sacos com moedas de ouro.
- Eu topo e você? - perguntou Alex a Alan.
- Claro. Seremos uma boa dupla.
- Na verdade ... – disse o prefeito – ... irão com vocês mais quatro pessoas.
- Desde que não atrapalhem para mim está tudo bem. – disse Alex.
- Concordo. - disse Alan.
Após acertar todos os detalhes, lá foram os seis para a floresta achar alguma
pista. Mesmo estando de dia, Jane, Juliana, Leonardo e Mike estavam se borrando de
medo lá atrás. Já Alex e Alan estavam tranquilos. Como estava ficando escuro eles
resolveram acampar. Para evitar que as bruxas os atacassem Alan fez um círculo em
volta do acampamento e Alex acendeu uma fogueira e nela derramou
uma gota de sangue de bruxa. Todos os caçadores sabiam que se
fizessem um círculo e no meio dele uma fogueira com uma gota de
sangue de bruxa as afastaria.
Eles estavam sentados em volta da fogueira. Jane estava
conversando com Juliana, Leonardo com Mike. Alan se sentou ao lado de
Alex e perguntou:
- Como aconteceu?
- O quê? - Ela perguntou.
- A mecha. Eu sei que ninguém nasce com uma mecha roxa.
- Quer mesmo saber?
- Claro.
- Então tá. Quando eu era pequena, quatro bruxas invadiram a minha
casa. E como você sabe, as bruxas preferem os mais novos e como eu sou a
caçula de duas irmãs e três irmãos, elas vieram direto em mim.
32
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CAÇADORES DE BRUXAS
Ana Carolina Caparroz
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Quando uma delas tentou me agarrar alguma coisa aconteceu. Um flash de luz roxa
saiu de mim e as repeliu. Quando eu levantei a mecha já estava lá. E é por causa dela
que eu não tenho medo quando uma bruxa lança um feitiço em mim.
- Nossa! Eu gostaria de ter um escudo.
- Não gostaria, não. Tudo tem um preço, até mesmo a proteção. E eu não quero
falar sobre isso, ok?
A noite havia passado rapidamente. Eles continuaram andando até encontrarem
uma casa. Ela parecia abandonada. Alex foi ver se havia algo na casa. Minutos depois
o único som que conseguiam ouvir era de coisas quebrando. De repente os barulhos
cessaram e eles entraram na casa. Alan foi para perto de Alex, que estava com a boca
e o nariz sangrando. Alan notou que Alex não estava olhando para ele e sim para
alguma coisa atrás dele. Quando se virou entendeu o porquê do olhar mortal dela.
Atrás dele havia uma bruxa que tinha pele rachada como o chão do deserto e cabelos
negros e pontudos como espinhos. Eles então começaram a interrogá-la:
- Onde estão as outras bruxas? - perguntou Alan - Responda ou eu te mato.
- Fará diferença? Você me matará de qualquer jeito.
Ele iria matá-la naquele instante, mas Alex o impediu e disse que ia tentar de outro
jeito.
- Sim, nós vamos te matar de qualquer forma. Mas estamos dando a opção de ter
uma morte rápida e indolor ou uma morte demorada e torturante. E se escolher a
segunda opção, saiba que não terei dó nem piedade. - Ao dizer isso ela mostrou uma
espada do mais puro ferro das montanhas saltitantes. A bruxa estremeceu e
começou a falar:
- Conhecem a Bruxa Magna?
- Sim - responderam juntos Alex e Alan.
- Ela e as bruxas Edit, Megana e eu estamos atrás da única coisa que
pode nos deter.
- O quê? - disse Alan.
- Ela - disse se referindo a Alex.
- Eu?
- Sim, você é a única coisa que nos impede de conquistar o mundo.
- Mas eu nunca vi vocês antes.
- Então não se lembra de como conseguiu essa mecha no cabelo,
Alex?
- Você...
Antes que ela pudesse continuar a frase, três outras bruxas
invadiram a casa e jogaram Alan contra parede que caiu desmaiado. Alex
então começou a se lembrar de tudo, de como as bruxas invadiram sua
casa e mataram sua família na sua frente e depois vieram para cima dela.
De como a raiva a dominou e fez com que repelisse as bruxas.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
33
Elas começaram a rir debochando de como Alan parecia fraco para um caçador de
bruxas.
De repente os olhos de Alex se transformaram do verde para um violeta e com
apenas um grito de raiva de Alex as bruxas explodiram em mil pedaços que se
transformaram em cinzas assim que tocaram o chão. Quando acordou Alan
perguntou onde as bruxas estavam e Alex contou a ele toda a história desde que era
criança até aquele momento. Também contou que Jane, Juliana, Leonardo e Mike
fugiram correndo. Quando voltaram à cidade foram aplaudidos como heróis e
receberam o restante do pagamento. Depois que se despediram um do outro Alan
perguntou:
- O que vai fazer agora que sabe tudo isso?
- Não sei, mas espero que em breve nos encontremos.
- Mais em breve do que você pensa.
Ao dizer isso ele roubou um selinho dela, saiu andando e por fim disse quase fora
de vista:
- Até breve, nobre caçadora.
- Até, nobre caçador de bruxas.
Pouco tempo depois, no centro da floresta obscura a mesma senhora que contou
ao prefeito sobre os caçadores, começou a se transformar em uma bela mulher de
cabelos azuis, lábios vermelhos como sangue e olhos prateados. Uma bruxa. Ela
vestia uma calça de couro, uma camiseta preta e uma capa. De dentro da capa ela
tirou uma bola de cristal, onde as bruxas Edit e Megana batiam no vidro com muita
força. De repente, detrás das árvores surgiu um vulto que vestia uma capa verde
escuro. Era Alex.
Quando viu a bruxa, Alex andou até ela. Durante sua pequena trajetória até a
bruxa. Os seus cabelos foram se tornando azuis e seus olhos ficaram
prateados. Ao chegar a um metro de distância da bruxa ela tirou uma
bola de cristal onde as bruxas Morgana e a que interrogaram na casa
estavam envoltas por uma nevoa roxa e batiam no vidro. Ao olhar para a
bola de cristal a bruxa sorriu e Alex começou a falar:
- Como pode ver, minha querida Agnes, meu plano teve sucesso.
Conseguimos atrair o caçador, roubar sangue dele e prender as bruxas
que se descobrissem nosso segredo, nos atrapalhariam.
- Como sempre as irmãs do medo venceram.
Elas então começaram a dar uma gargalhada malévola, que resultou
em uma grande nuvem verde girando em espirais no céu acompanhada de
raios e trovões. Então um raio cortou o céu e caiu entre as duas que,
desapareceram como fantasmas.
34
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
8os Anos
8os Anos
Os alunos do 8º ano se viram em meio a uma tarefa nada fácil no
início deste ano letivo: escrever um mini-conto de horror com EXATAS
noventa palavras. Trata-se de uma empreitada que requer o
desenvolvimento de habilidades valiosíssimas para a produção
escrita: a organização da coerência textual e a escolha vocabular. Por
se tratar de um texto curtíssimo, os alunos tiveram que passar por um
árduo processo de revisão e reescrita textual. A repetição de
vocábulos ou o uso de palavras genéricas pode comprometer o
resultado da narrativa.
Com o intuito de continuarmos a investigação a respeito da
construção textual do texto de horror, os alunos foram convidados a
repensar o ponto de vista apresentado por Edgar Allan Poe em um
conto intitulado “Silêncio”. Nesta proposta, o alunado teve que montar
um conto dialogal em que o demônio fala com um condenado. Os
resultados foram ao mesmo tempo sinistros e belos. Parabéns pelo
trabalho!
Professora Gabriela Fonseca
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
LABIRINTO SEM FIM
Tatiana Ayoub
De repente eu estava em um labirinto sem fim. A cada passo que eu dava, me
sentia mais perdida. Olhava ao meu redor figuras desconhecidas passavam e me
encaravam. A cada porta que eu passava uma característica diferente. Sangue nas
portas e roupas, Um cheiro desagradável, pessoas aguardando sua vez, gente morta
no corredor. Lugar congelante, barulhento. Muitas vozes estranhas se misturavam.
Não se compreendia nada. Ouvi passos atrás de mim, o que me arrepiou. Senti uma
mão de alguém no meu ombro. Olhei pra trás e lá estava ele.
PORÃO
Ana Beatriz Garcia
Dia chuvoso. Eu assistia Skins. Observava a porta do porão. Fazia três anos que
morava aqui e nunca havia entrado lá. Peguei uma lanterna, tentei abrir a porta, mas
estava emperrada. Dei um chute. Ela se abriu. Liguei a lanterna e dei um passo à
frente. O QUE ERA AQUILO? Um lobisomem, que estava comendo um corpo em
estado de decomposição. Ele me olhou e eu só fiz uma coisa: corri para o meu quarto.
O que meu pai fazia lá, eu não sei, mas nunca mais voltaria naquele lugar.
DESOLAÇÃO
Sammla Macêdo Guedes
- Homem, o que faz nessa pedra?
- Repouso desolado, como podes ver. Agora vá e deixe-me aqui com
os meus pensamentos.
- Não posso ver teu corpo, a escuridão não permite, mas percebo que
teu rosto é majestoso, ele brilha em meio à névoa.
- Cale-se! Não vê que estou mergulhado em minha desolação? Tento
esquecer minha amada que agora está morta. Fujo de meu Estado, onde
aconteceu o ataque. Penso que sou o único sobrevivente, porém não
pretendo voltar lá para saber.
- Exijo respeito! Ou o amaldiçoarei. Viverás para sempre em um
profundo silêncio! Sentirás medo eterno e nada poderá salvá-lo.
- Tua aparência e teus esbravejos não me amedrontam!
- Pois então a maldição irá se realizar. Eu invoco todos os espíritos da
natureza! Tudo aqui viverá em um profundo silêncio fúnebre! Sentirás
medo até em tua alma!
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
A MALDIÇÃO DO RIO
Beatriz Viana
- Escuta! Tu não achas este país demais lúgubre para ti?
- Quem é você? O que você quer comigo? Achei que não teria ninguém aqui!
- Mas como? Eu moro aqui. Eu sou o demônio que manda nestes nenúfares, neste
rio insalubre, nesta floresta...
- Mas...eu só estava aqui sentado neste rochedo, observando a lua carmesim e as
águas amareladas deste lindo rio...
- Ahh, tu achas este rio lindo? Olhe só! EU LÚCIFER JOGO UMA MALDIÇÃO SOB
ESTE LOCAL!
- Pare! O que você está fazendo?
- Olhe agora como chove, olhe como as águas deste rio ficam mais espumantes e
como transbordam! Olhe como os nenúfares suspiram com mais força!
- Estou com medo, com muito medo! Por favor, não faça nada contra mim! Por
favor!
- SILÊNCIO! Eu faço o que eu quiser! Eu mando em tudo isto!
- Me desculpe! Eu juro que não quis irritá-lo.
- Ah tu não vais sair desta muito fácil, meu caro!
- Mas o que eu preciso fazer para sair daqui?
- A partir deste momento tu estás amaldiçoado por mim! Tu serás imortal, irás
ficar velho e adoentado mas não irás morrer! TU PRECISAS SOFRER, MEU CARO.
Me mudei a pouco tempo, não conheço nada por aqui , e amanhã é
meu primeiro dia de aula. Estou assustado. Acordei com meu pai pai
berrando meu nome:
- WILL! Levanta logo são 6h15!
- Já vou, pai! - Resmunguei.
Então fiz minha rotina diária e fui tomar café da manhã. Vi que estava
atrasado e saí correndo para fora de casa. Fui andando pois a escola era
dois quarteirões abaixo da minha casa. Chegando perto da escola, logo
percebi o cheiro horroroso de defunto vindo. Vou ter que me acostumar,
pois o cemitério é atrás da escola. O sinal tocou e então saí correndo para
a minha aula de francês. A professora chegou e então me apresentei:
- Sou o Will, tenho 15 anos.
- Prazer Will, sou a professora Mina Blood, mas me chame de Sra. Blood
–Disse a professora.
38
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
APPLETOWN
Giovana Valin
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
As aulas acabaram e fui para casa. Chegando lá, não achei meu pai. Fui ao porão e o
vi morto no chão com a seguinte frase ao seu redor: “Blood”. O que eu faço? Meu pai
morreu e estou sozinho nessa cidade estranha e fedorenta. Então tive uma ideia: fui à
escola falar com o Diretor Doodle:
- Diretor, meu pai morreu, o que eu faço?
- Se junte a ele, ora! – Disse Doodle.
- O quê? Não! –Eu disse saindo correndo, e no meio do caminho vi Sra. Blood com
uma tigela escrito “Mark”, o nome de meu falecido pai! E Sra. Blood disse:
- Você é o próximo! - E abriu a bandeja com um cérebro dentro.
Agora entendi tudo, por isso o cheiro de defunto pela cidade, eles comem
cérebros! São Mortos-Vivos!
CAMINHO DE SANGUE
Marina Chenovart
Um grito ensurdecedor dominou o salão. Todos pararam de dançar. Subi até a
cozinha para ver o ocorrido e vi um líquido vermelho, escorrido até o banheiro. Bati na
porta. “Saia”, gritou um homem. Insisti. Uma criança chorando! O medo me dominou.
Queria saber o estava acontecendo. “Solta essa faca!”, a criança insistiu. Já estava
pensando no que havia acontecido. Bati. Chutei, mas nada aconteceu. Eu encostei na
porta e chutei-a muito forte. Arrombei! Olhei furiosamente para o...cozinheiro? Que
estava segurando uma galinha sangrando na mão? E uma menina olhando?
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
À meia-noite, uma máquina com forma de um gato gigante armazenava homens
com roupas rasgadas meio-mortos, meio-vivos. Eles saíam deste lugar vindo em
minha direção. Estava tudo escuro e eu não podia me mexer.
Acordei do nada. Foi tudo um sonho. Olhei para o relógio que marcava doze horas
da manhã. Tentei dormir novamente. Sem sucesso, peguei meu celular e recebi uma
mensagem de minha melhor amiga, Andréia. Ela queria que eu acessasse um site de
lendas urbanas. A lenda se chamava “Senhor Felino”, que contava uma história sobre
um homem que foi mordido por um gato preto com alguma doença e ficou louco. Ele
queria conquistar o Mundo matando cada pessoas viva nele. Então construiu uma
máquina em forma de gato, que criava homens mortos-vivos que comiam cérebros
humanos.
O mais estranho não foi a lenda, mais sim, o fato dela ser igual ao do meu sonho.
Deixei pra lá, e finalmente consegui dormir. No dia seguinte, depois de eu voltar da
escola, desci para brincar de futebol com Andréia na quadra do meu prédio. Meu
prédio sempre fica vazio neste horário, porque todo mundo está trabalhando.
Quando tinha acabado de fazer um gol, nós escutamos barulhos de alguém se
mexendo atrás das moitas. Neste instante, aqueles homens que estavam na lenda e
no meu sonho saíram das moitas vindo em nossa direção, gritando: “Queremos
cérebros!”. Saímos correndo, mas quando chegamos na porta da quadra ela estava
trancada. Estávamos encurraladas. Eles estavam cada vez mais perto de nós. Mas
por sorte Andréia pegou seu grampo de cabelo e abriu a porta. Saímos e nos
deparamos com a máquina em forma de gato e Senhor Felino do lado dela. Ele olhou
para nós e falou: “Vão atrás delas” para os mortos-vivos. Fomos para o
quartinho do zelador e pegamos gasolina e um fósforo para colocar
fogo no Senhor Felino e em sua máquina.
Quando chegamos, não fizemos nenhum barulho e, ao mesmo
tempo, eu joguei a gasolina e Andréia o fósforo acesso na máquina e no
Senhor Felino, causando um grande incêndio. Chamamos os bombeiros
quando o incêndio começou a ficar pior. Depois de apagado, Senhor
Felino e nem os mortos-vivos estavam lá, só tinha a máquina destruída.
Dias depois, eu e Andréia decidimos nunca mais falar sobre isso.
Mas uma coisa que eu sempre fico pensando: Por que o corpo do Senhor
Felino não estava na cena do incêndio?
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...uma homenagem a Fernando Pessoa
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SÃO SÓ LENDAS?
Stella La Regina
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
O GATO DAS CINZAS
Matheus Almeida
18, Março, 1943
Olá, meu nome é Häns Ratchel. Hoje foi um dia daqueles. Estava no campo de
concentração, e o garoto não queria largar seu gato, então mandei o gato junto com
ele para a grelha. Isso vai entrar na História.
25, Março, 1943
Não estou dormindo bem os últimos dias, sempre estou tendo o pesadelo com o
garoto e seu gato. Mas, no pesadelo, o gato não queimava, ele fica lá, parado, olhando
para a minha cara, como se eu não devesse ter feito aquilo. Todos os dias tem a
continuação dos pesadelos. Ontem foi quando eu morri no pesadelo, mas eu
continuei vivo. Sonhos
são estranhos, mas não são reais.
OU SÃO?
26, Março, 1943
Não estou tendo mais pesadelos, estranho. Você não está tendo pois não queria
te assustar na sua morte,
QUERIA SILÊNCIO...
...E VINGANÇA.
27, Março, 1943
Me sinto sendo observado, talvez seja algum espião, ou talvez meus filhos, mas
parece mais um espião, espião inimigo, aqueles cretinos, vou tentar prestar mais
atenção ao meu redor.
1, Abril, 1943
Está chovendo, um gatinho preto bateu na minha porta há alguns
minutos. Eu peguei ele e vou deixar em casa até a chuva passar.
Sou Eu.
10, Abril, 1943
O Gato não para de me seguir, já tentei por ele para fora, mas ele
continua entrando para dentro. Ele está fazendo isso há dias. Não
aguento mais.
13, Abril, 1943
Alguém, se um dia ler isso, diga para minha familia que a amo muito, o
gato está batendo na porta, ele se transformou, em, tipo um humanoide.
Espero que ele nao quebre a po____
Vingança
13, Abril, 2014
Olá, meu nome é Arthur Ratchel, herdei essa casa do meu avô, achei
esse diário velho, e vamos ver o que dá. ESTOU DE VOLTA.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
No século XX, durante a Segunda Guerra Mundial, um garoto e seus dois
cachorros foram levados ao campo de concentração. O menino teve de entregar sua
cadela para o soldado que a decapitaram na frente do outro cachorro e do rapaz. O
garoto não sabia que os dois cachorros eram grandes amigos, e que o cão, ao ver que
não tinha mais volta, bebeu o sangue da cadela para que ela nunca se separasse dele.
O que o cão não sabia era que ao ingerir o sangue estava se entregando ao diabo.
Ele se transformou em uma criatura similar a uma sombra, mas tinha boca e órgãos
internos petrificados. Foi aí que seu apelido surgiu: Cão Infernal. Ele capturava as
pessoas e as fazia de prisioneiras no inferno.
Existia um mito de que quem conseguisse voltar para a superfície humana, livraria
o cão dessa maldição. Um dia, o cão chegou à superfície, e capturou uma garotinha de
cinco anos chamada Ana Beth. Ela estranhou o lugar, mas adorou o Palácio Vermelho,
e como era uma menina mimada, falou ao cão que queria se hospedar nele. Ele não
tinha outra escolha a não ser liberar o quarto de hóspedes, pois o Diabo adorava o
sangue de crianças.
Ao ir para a cama, Ana Beth sentiu falta da história que os pais contavam para a
garota dormir. Sentiu saudades e resolveu voltar para a superfície. Mas como? O
inferno deveria ser a uns quatrocentos mil quilômetros abaixo da terra, e seria muito
complicado chegar até lá. Pensou, pensou e decidiu correr o risco de se infiltrar na
sombra do Cão Infernal. E lá foi ela, com a mania de conseguir tudo o que quer.
Lá dentro era muito escuro, tinha uma pilha de ossos de pessoas que entraram
mas não saíram do corpo dele. Lixo, restos de sangue, um coração de pedra. Era tudo
o que Ana Beth conseguia ver. Ao sair do inferno, o cão não percebeu que
a menina estava dentro de seu corpo, e começou a capturar pessoas. Ao
abrir a boca, Ana Beth enxergou uma luz, e a seguiu. Ela deveria estar na
garganta do cachorro quando foi arremessada para fora. As pessoas
que haviam sido capturadas, foram expulsas do corpo do cão por uma
força inexplicável. Uma voz surgiu de dentro do corpo do Cão Infernal, e
disse para as pessoas que ali estavam:
- Vocês deram sorte. Não é sempre que um aliado meu falha em uma
missão. Muitos de vocês serão devorados por outros amigos meus, pois
a vingança ainda corre nas minhas veias. O cão voltou à forma normal. a
garota não resistiu a fofura e o adotou.
Ninguém entendeu nada. Quais aliados? Que amigos? Por que a
vingança?
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...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
CÃO INFERNAL
Ana Beatriz Bartoli
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
FACA TRAIDORA
Fabienne Rost
Uma traição. Marido e melhor amigo. O ódio e o amor disputam. Faca em mãos da
mulher traída. Questão de segundos e chão ensanguentado. Pela porta, ruídos de
choro. Lágrimas e sangue se fundem... Anos depois, aquela faca que fora usada, não
foi mais a mesma. Quem ousasse tocá-la, seria eternamente amaldiçoado. O tipo de
dor? Traição seguida de morte. Tocar na faca seria uma dor incontrolável... Ser traída
e matar alguém. O peso na consciência, e o lamento de ter ousado tocar naquela
"pobre" faquinha... Ela aparecerá quando você trair alguém. Karma! Se fizer o mal,
acontecerá em dobro!
HOMEM E DEMÔNIO
Júlia Santos
- O que aquele homem faz aqui, no meu reino? Meu império sombrio onde o
pântano de nenúfares esconde os mais profundos sentimentos de solidão e
desolação. Diga-me, homem! O que fazes aqui?
- Eu não... eu não....
- Responda! Desça deste rochedo agora! Seu perfil não pertence ao meu reino, ó
alma desconhecida! Comigo só ficam as criaturas sombrias.
- Como... como pode?
- Vejo que está confuso. Faz tempo que está aqui. Mas agora vá! Eu invoco todos
os elementos e uma tempestade horrorosa! Isso deverá mudar sua expressão. Vá
embora! Eu te lanço uma maldição!
- Não consigo entender...
- Sua figura represivelmente majestosa não pertence ao meu
mundo. A não ser que você tenha mudado de lado. É isso? Temos
sempre lugar para mais um!
- Não posso acreditar. Meu reino de luz e misericórdia foi abolido.
Pessoas se desrespeitando e se matando... Quis ver o motivo de todos
os meus súditos passarem para o lado ruim. Agora vejo, aterrorisado, a
sensação de estar aqui. Preciso fugir deste mundo de solidão e
desolação. Vou embora. Agora estou sozinho. Acho que sou o último
homem bom que restou.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
43
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Era uma fez um menino muito curioso, que desde criança tinha um único sonho,
mas que não era comum como ser astronauta, bombeiro, policial... era ser um
cientista, mas não aqueles que descobrem curas de doenças, vacinas... ele queria
criar poções para modificar corpos humanos, pensamentos, características.
O tempo foi passando e o menino foi crescendo, acabou o fundamental I, II e logo
chegou a sua formatura do ensino médio, o fim da escola. Quando ele jogou o seu
chapéu de formando, na hora gritou:
- Eba, fim da escola! Finalmente vou poder abrir o meu laboratório!
Mas o que ele não sabia era que o futuro dele não ia ser daquele jeito, mas sim
muito diferente. Chegou em casa, pegou as suas economias de muitos e muitos anos,
e comprou um pequeno escritório no fim de uma rua de pedra e barro, com pouca luz e
um vento gelado e úmido, que todos os dias batia por lá. Logo ele gritou:
- Viva! Meu sonho vai ser realizado! Vou ser um cientista!
Pegou a chave, abriu a porta que rangia e olhou para frente avistando só pó, uma
nevoeira... Cada passo que ele dava era um ranger de cada madeira que estava no
chão. Cada vez que ele entrava mais, começava a escutar ventos fortes, portas
batendo, mas o pior foi quando ele se aproximou do banheiro principal, começou a
escutar uma voz grossa e sussurrando:
- Saia daqui, você está passando por um grande perigo.
Cada vez mais alto, mais alto, mais alto e BUM, a porta se rompeu, e de lá saio um
homem enorme, mas diferente. Ele era feito de galhos, madeiras, todo o seu corpo,
seus dentes, seus cabelos, seus braços, tudo menos seus os seus olhos que eram
grades buracos negros que destacavam junto com a sua grade boca. Na
hora o menino só pensou em duas coisas: correr naquele nevoeiro
escuro e, ligar para a polícia. Quando o menino ligou para a polícia e
falou “tem um homem de madeira atrás de mim” a polícia deu risada e
desligou o telefone. A sua única solução era pegar uma de suas poções de
reverter magia e injetar na boca do homem madeira, assim o fazendo
voltar a sua forma original.
Ele saiu correndo entrou no carro, pegou a poção e deu ao homem
madeira, que se transformou em um belo rapaz, pedindo desculpa ao
acontecido. Assim o menino e o rapaz viraram grandes amigos de
trabalho, dois belos cientistas.
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...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
O HOMEM ASSUSTADOR
Luana Eisencraft
9os Anos
9os Anos
II - O Meu Olhar
“ O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
ParaAlberto
a eterna
novidade do Mundo...
Caeiro - Heterônimo de Fernando Pessoa
Foi este trecho do Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro, um dos
heterônimos de Fernando Pessoa que serviu de inspiração para a grande maioria dos
textos selecionados nesta premiação. O desafio foi grande, tiveram que tentar
desvendar o que é metafísica e tentaram entender a heteronímia de Fernando
Pessoa, algo bem complexo até para adultos já formados. Mas foram fortes
guerreiros, não esmoreceram diante a batalha, o resultado foram textos reflexivos,
inspirados.
O motivo deste desafio é bem simples: é nesta fase que vai se findando o Ensino
Fundamental que vamos percebendo entre estes jovens, aquilo que algumas
pessoas chamam de ingenuidade se esvaindo, indo embora aos poucos ou
abruptamente, sem se despedir.
Eu, como professora de redação, tenho a honra de perceber cada pedacinho do
escritor que vai se formando. Ser escritor é se colocar no papel. Vai indo embora o
ludibriamento pelas ficções, pelos contos, pelos causos, pelos personagens
fantasiosos. Eles vão abrindo espaço e preferindo as questões argumentativas, eles
têm sede pela retórica. Mas é nessa fase, que eu ainda consigo flagrar os últimos
soluços daquilo que Alberto Caeiro chamou de “pasmo essencial, que tem uma
criança se, ao nascer, reparasse que nascera deveras”. É então neste momento, que o
professor se transforma em aluno e sente-se nascido a cada momento para a eterna
novidade do mundo.
Professora Maína S. Machado
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
METAFÍSICA
Tyê Bocci
Aprenda que nem tudo é como pensas
Aprenda que não é da altura que vê
E sim da altura que é de verdade
Aprenda que a confiança é frágil desde o momento que é construída
Até o momento em que o menor dos erros pode ser fatal
Aprenda que não é porque você ama alguém, que esse alguém
O ame com a mesma intensidade, mas nunca deixe de lutar
Lutar por quem ou o que você mais ama
Lutar pelo que acredita
Vivendo uma vida que vale a pena ser vivida
Aprenda que haverá obstáculos no caminho
A dor é temporária, pode durar um dia, um mês, ou até anos
O fracasso pode ser decepcionante, e pode durar muito tempo
Mas se você deixar ele te derrubar durará para sempre
A tolerância para erro é tão pequena
Um passo a mais ou a menos e você não chega lá
Um segundo mais rápido ou mais devagar e você não consegue
Não tenha medo de fracassar, não tenha medo de tomar decisões
Todos querem sucesso na vida, mas nem todos querem para valer
Alguns não querem tanto ser descolados
Alguns não querem ter sucesso tanto quanto
querem dormir!
Aprenda a fazer escolhas, apenas decida
Quem você vai ser e como vai fazer para ser, apenas decida
Talento se tem naturalmente
Habilidade só se desenvolve com horas e horas
batendo na sua capacidade
Porque limites como medo são geralmente,
Apenas uma ilusão
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
METAFÍSICA
Isabela Fabozzi
Confesso que eu nunca tinha ouvido falar sobre isso antes, e achei sem nexo. Não
acredito em nada. Pois ao meu ver, não há nada tão "oculto" assim sobre o mundo e
“pra onde vamos, de onde viemos”, e tal.
Eu não acredito que temos um propósito mesmo na Terra, acho que estamos aqui
por estarmos, não há nenhum significado por trás disso; muito menos motivos para
ficar estudando a essência do mundo (como a metafísica faz).
O que se diz respeito ao desprendimento dos bens terrenos e ao desapego, eu
não acho que devemos ter esse pensamento. Na verdade, eu encontrei ideias
similares no Evangelho, e eu não sou muito “compreensiva” em relação à religião e a
estilos de vida alternativos que questionam essas coisas.
Acho que o mundo está bom como está, e que não temos que ficar pensando
sobre "de onde viemos" e coisas assim. Pois isso, na verdade, é o que traz a incerteza.
Primeiro você vê o mundo como está e pergunta “por que está assim?”. Então,
você pergunta de novo, com base na primeira pergunta “mas porque não estaria?”. E aí
começa a criar várias coisas na sua cabeça as quais você não tem resposta - porque
elas realmente não tem! São perguntas que não devem ser questionadas porque não
têm uma resposta, mas porque você mesmo criou a dúvida, mas se não tivesse criado,
ela não existiria e não precisaria ter uma resposta.
Enfim... pensar é estar doente dos olhos!
Desde os tempos antigos, várias pessoas discutiram termos como
Deuses, matemática, porque existe vida na Terra, existe vida em outro
planeta?
Existe vida na Terra porque existem várias camadas como a camada
de ozônio, que nos protege dos raios solares e do calor do sol, e a
atmosfera que tem o oxigênio que faz com que possamos respirar.
Mas, tem outras pessoas que levam a vida na Terra de outro jeito, ou
seja, vão pelo lado religioso, dizendo que Deus fez Adão e Eva, e fez com
que os humanos se proliferassem pelo mundo.
Se Deus existe, isso nos leva a outra questão: Será que existe o
inferno e o diabo?
Já ouviram falar na história de Noé, o construtor da arca dos animais,
que foi avisado por Deus para construir a arca e salvar os animais que eram
inocentes naquele mundo corrupto?
48
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
METAFíSICA
Bruno Granado Manfrinato da Silva Oliveira
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Tem outra questão discutida, que é em relação aos espíritos. Existem? Eles
vagam no meio de nós?
Já ouviram falar nos monges? A história deles é bem interessante, pois eles
abrem mão de todos os bens materiais para poderem se juntar à calma e à
serenidade, quando sempre buscam a paz para conseguirem meditar sobre todos os
ensinamentos que aprenderam e sobre os quais irão ensinar para a posteridade.
Já perceberam que os alimentos levam um tempo certo para serem colhidos no
campo, e também para serem consumidos? Já se perguntaram o porquê isso ocorre?
Se isso é uma determinação de Deus, ou se é apenas uma ciência que
desconhecemos?
A FELICIDADE TEM SEGREDO?
Isabella Lia
O segredo da felicidade, se é que ela existe, está em pensar como uma criança e
agir como um adulto e não pensar como um adulto e agir como uma criança.
A felicidade é relativa, pois tem um significado diferente para cada pessoa de
acordo com o jeito de agir de cada um. Se perguntássemos o conceito de felicidade a
várias pessoas, iríamos ter respostas distintas, de acordo com as necessidades de
cada um.
Muitos acreditam que a conquista dela está relacionada na maioria das vezes, à
aquisição de bens materiais, outros vão em busca da felicidade pela fama, pelo
sucesso, pelo poder, pela condição de vida e para outros apenas a tranquilidade é
uma felicidade.
Mas sem sombra de dúvidas, a conquista da felicidade passa pelo
aprendizado diário de viver sabendo aceitar opiniões diferentes e
expressar nossos desejos e sentimentos construindo os próprios
projetos de vida.
Enfim, existe felicidade? E se ela existe, será que eu sou feliz?
Estar feliz indica algo temporário e ser feliz é algo permanente.
Acredito que a felicidade está presente em nossas vidas de uma forma
constante, por isso temos momentos de felicidade.
Portanto, felicidade é ligada ao nosso comportamento e não ao
mudo externo, apesar de ser influenciada por ele, mas o “fator
felicidade” está em nossas atitudes, em como enxergamos o mundo que
nos rodeia, por isso a felicidade acaba sendo pessoal. Leve a sua
felicidade com você a onde for, porque se a felicidade realmente existe,
ela está dentro de você.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
49
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Caro leitor,
Você entrará agora na minha mente, minha visão e, talvez pela primeira vez, se
colocará no lugar de alguém que vê as coisas em um novo olhar.
Posso ser uma adolescente da geração tecnológica (mimada, como dizem por aí),
mas não sou egocêntrica e muito menos cega para ver que nosso mundo vive a base
do consumismo em que tudo que fazemos é para nosso exclusivo “bem-estar”. (?)
E é a partir desta “afirmação” que contarei um pouco sobre meu ver...
Meu nome é Júlia, tenho 14 anos e vejo o mundo por variadas maneiras.
O consumismo é o “câncer” do mundo e sua população humana. Segundo o famoso
cientista e filósofo, Albert Einstein, “Se quer viver uma vida feliz, amarre-se a uma
meta, não às pessoas nem às coisas.”. Mas pelo jeito é amarre-se às coisas e pessoas,
não a uma meta para a evolução espiritual e psicológica.
Existem pessoas que têm como principal objetivo de vida o trabalho, família,
coisas fúteis, luxo. Segundo a Igreja Católica, cometem os sete pecados capitais:
Luxúria: apego e valorização extrema aos prazeres carnais, à sensualidade e
sexualidade; desrespeito aos costumes; lascívia.
Gula: comer somente por prazer, em quantidade superior àquela necessária para
o corpo humano.
Avareza: apego ao dinheiro de forma exagerada deseja de adquirir bens materiais
e de acumular riquezas.
Ira: raiva contra alguém, vontade de vingança.
Soberba: manifestação de orgulho e arrogância.
Vaidade: preocupação excessiva com o aspecto físico para
conquistar a admiração dos outros.
Preguiça: negligência ou falta de vontade para o trabalho ou
atividades importantes.
A palavra desapegar é um susto para a sociedade comunista atual.
Você anda nestas cidades e vê a desigualdade social, uma pessoa com
carro de luxo enquanto outras passam fome, frio...
Desapegar de coisas fúteis deixa a minha vida leve e calma, eu
prefiro viver realizando minhas metas espirituais como parar de ter
raiva e reviver o passado.
Para minha vida decidi escolher o caminho do desapego necessário
de coisas que me façam algum male.
A vida é algo tão fascinante que quero descobrir tudo e ultrapassar
todos os meus limites tanto pessoais, como psicológicos.
50
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
CARO LEITOR
Júlia Börner
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Desapegar e ser feliz são os caminhos que eu escolhi para minha vida. E você já
decidiu qual caminho escolheu?
ALÉM DO CONHECIMENTO
Sarah Birenbaim
É definida como estudo do ser ou da realidade. Esse é o significado da palavra
“metafísica”.
O que é real? O que ocorre depois da morte? O que é vida? Como surgimos?
A metafísica é o estudo que se destina a buscar respostas para estes tipos de
perguntas complexas. O ser humano não tem a mente aberta para este tipo de
assunto. Quer um exemplo? Quando pedimos para imaginar Deus, normalmente,
imaginamos um velhinho bondoso, com barba branca. Entretanto, e se um dia Deus
viesse à Terra e se mostrasse uma Deusa?
A humanidade não está preparada para este tipo de “revelação”. Tudo o que
acreditamos por milhares de anos seria falso. Pois criamos essa ideia de Deus, e se
ele não for o que acreditamos, o que seria dele, o que seria de nós?
A verdade é: todos acreditamos em algo. Não importa se você é cristão, católico,
muçulmano, judeu, budista, ou até mesmo ateu, pois o ateu acredita na ciência.
Na minha opinião, criamos a imagem de um “ser todo poderoso” para nos
reconfortarmos, afinal, não podemos ser tão desprotegidos e frágeis neste mundo
sem alguém, certo? É também por isso que criamos o “pós-vida”, seja reencarnação
ou simplesmente ir para o céu ou inferno.
É reconfortante saber que há outro lugar para ir depois dessa vida.
Graças à metafísica, temos uma meta, uma ambição.
Quando era pequena, se eu fazia algo de errado, minha mãe dizia:
- Não faça isso que Deus castiga.
E eu corria para recompensar o meu erro por medo do que ele
poderia fazer. Histórias assim ocorrem abundantemente hoje em dia,
temos medo de algo maior que nós.
Mundo paralelo? Alienígenas? Inferno? Tudo isso dá um calafrio,
pois é desconhecido. Não podemos saber se um dia descobriremos
todas as respostas para essas perguntas. Eu espero que não.
Afinal, o que seria da vida sem um pouquinho de mistério?
...uma homenagem a Fernando Pessoa
51
FERNANDO PESSOA,
poeta português de
“Viver não é necessário.
Necessário é criar.”
“Um dia de chuva é tão belo
como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.”
“Ter opiniões é estar vendido a si mesmo.
Não ter opiniões é existir.
Ter todas as opiniões é ser poeta.”
“O valor das coisas não está no tempo que elas
duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso, existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”
“Tenho em mim todos
os sonhos do mundo.”
alma universal!
“Tudo vale a pena
quando a alma não é pequena.”
“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
“Possuir é perder.
Sentir sem possuir é guardar,
porque é extrair de uma
coisa a sua essência.”
“O Homem é do tamanho
do seu sonho.”
“A ciência descreve as coisas como são;
a arte, como são sentidas,
como se sente que são.”
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Acordei de manhã e eu estava em um lugar diferente. A luz era forte, as paredes
brancas me chamavam atenção, assim como o silêncio tenebroso do local.
Engraçado! Eu não me lembro de como vim parar aqui, só lembro-me de me preocupar
com o meu casaco azul que eu tinha perdido na festa ontem à noite.
Lembro-me de Charlie, meu melhor amigo, me levando para casa depois de uma
longa noite de festança.
Levantei com uma forte dor de cabeça e olhei para a janela, o dia estava feio, com
nuvens, estilo preto e branco. Olhei para a maca do local e me vi deitada, totalmente
imóvel.
Mas como? Será que eu estou sonhando? Será que eu estou morta? Fitei o
aparelho de batimentos cardíacos ligado ao meu corpo, estava aparentemente
estável.
Após alguns minutos tentando acordar notei que seria inútil. Olhei para a porta
quando meus pais e meu irmão mais novo a atravessaram. Gritei seus devidos nomes,
porém não me deram atenção, só ficaram olhando para o meu corpo estático naquela
maca.
Senti uma tristeza e um desespero enorme por não poder fazer nada. Eu só me
perguntava: E agora? Vou deixar tudo para tras? Meu quarto, meus amigos, meu
cachorro, meu celular, minha família, minha casa, minhas roupas?
Saí daquele quarto, andando pelos corredores sem rumo.
Depois de longos caminhos confusos, finalmente saí daquele hospital e comecei
a andar pela cidade. Notei coisas que eu normalmente não repararia. Olhei para a
sarjeta da rua e estava toda suja e cheia de lixo. O homem na minha frente
estava brigando ao telefone, provavelmente com a esposa. E a mulher
atrás de mim? Estava brigando com o filho, porque ele tinha
atravessado a rua correndo. Vi também dois carros se acidentando
porque um deles tinha passado no farol vermelho.
Derrepente escuto um grito, era a mulher a poucos metros de mim,
ela tinha sido assaltada. Será que vale apena ficar aqui? Será que devo ir
embora? Será quer qualquer coisa material vale isso? Dei-me conta de
que não.
54
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
SERÁ QUE VALE APENA?
Laura Arruda
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
O PENSAMENTO E A REALIDADE
Vinícius Nazato
Quando nós paramos, fechamos olhos e pensamos no mundo, na idéia de um
vasto universo, de milhares de planetas e estrelas ou em um Deus que criou tudo o
que conhecemos e vemos, isso é metafísica
Metafísica, a essência do plano, também pode ser definida como estudo do ser ou
da realidade. Mas o que somos? O que representamos neste vasto e imenso mundo?
O que é real? O que não é? Aquilo que vemos, pensamos, ouvimos, nem, sempre é
realidade. Porque o nosso suposto Deus nos colocou neste mundo, qual seria o nosso
trabalho? Tantas perguntas, poucas respostas.
A metafísica trata exatamente disso, a causa, as poucas respostas. Nisso se
concentra a metafísica.
“Deus” pra mim seria tudo: o ar, a terra, as árvores, algo que está em todos os
lugares, a todo o momento, “Deus” ou qualquer outro dado por diversas religiões
seria apenas um “pretexto” para referir se a tudo e a todos, aquilo que escutamos e
vemos.
Por todas as pessoas que conhecemos, temos certos relacionamentos de ódio,
amor ou amizade. Todos estes relacionamentos aconteceriam para um propósito
maior? Tudo aquilo que vemos e fazemos, aprendemos de muito pequenos, todos nós
vivemos a nossa vida por um certo período de tempo e morremos, mas para que
propósito?
Se o nosso objetivo for apenas viver, que talvez isto já estivesse previsto a
acontecer, por olhos maiores, por forças e essências maiores.
Tudo o que sabemos (o que é pouco, aliás), é que nós, eu não diria temos, mas sim
precisamos de um objetivo e uma meta em nossas vidas. Isso varia de
pessoa para pessoa o quanto quer e gostaria de viver.
Talvez este seja o nosso tão prezado objetivo no universo, a causa
de estarmos aqui, entendermos que o objetivo somos nós que criamos.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
55
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
LIBERDADE
Sophia Apolonio
Com o novo ver do mundo, vieram várias perguntas sem resposta. As grandes
questões da humanidade como, o que é a vida, por que estamos aqui, etc...
Essas perguntas estão tentando ser respondidas pela metafísica. Que nada mais
é que um estudo filosófico que trata de definir a realidade, a vida e a essência do
mundo. Em contra ponto, temos a ideia de que a vida é curta, e que não devemos
gastar tempo pensando no como e nem no porquê, simplesmente fazemos.
Não devemos perder tempo traçando um plano de vida, afinal num piscar dos
olhos, tudo pode mudar. Não estou dizendo que não devemos pensar no futuro, mas o
mais importante de tudo é viver o momento.
Como mostra o poema de Alberto Caeiro. Em sua poesia, Alberto fala em sentir o
momento, aproveitar as possibilidades e viver cada dia como se fosse o primeiro e o
último. Fala sobre não ser preso a um lugar, não ser preso a coisas, ter desapego aos
bens terrenos, não ser preso a uma situação.
Um grande representante desse modo de viver é o fugere urben (em latim, fugir
da cidade) e da repulsa ao caos das grandes cidades. Afinal tudo no mundo é relativo,
um momento podemos estar aqui e no outro não estar, um momento podemos ter
tudo na vida e no outro nada. O que só mostra como a vida é rara...
Desprender-se é a atitude de desistir de algo, desligar-se, desapegar-se. E por
mais paradoxal que possa parecer esta é uma postura fundamental
para alcançarmos algo que desejamos muito.
Este exercício é bastante difícil, haja visto que a maioria de nossos
desejos está relacionada ao passado do mais recente ao mais distante.
E o desprendimento exige de nós uma entrega total ao futuro e à
incerteza que ele carrega. Entretanto, se conseguirmos realizar essa
mudança estaremos entrando no campo das infinitas possibilidades e
consequentemente na esfera do espírito criativo universal.
É fundamental que tenhamos claro que desprender-se não significa
desistir de nossas intenções ou daquilo que desejamos. Devemos, isto
sim, desprender-nos de nossa ligação obsessiva que afasta de nós o
alcance tão esperado do DESEJO. O fato é que o desprendimento se
baseia em algo essencial que é a fé inquestionável, a certeza de que o
universo nos trará aquilo que desejamos desde que o nosso desejo esteja
em consonância com as leis divinas e o processo evolutivo.
56
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
O DESPRENDIMENTO
Arthur Cruz
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Visto que a maior parte de nossos projetos e desejos são direcionados para bens
materiais, que constituem em símbolos de poder muito cobiçados pela sociedade,
temos grande possibilidade de nos vermos frustrados, já que os objetos de desejo
materiais são prontamente substituídos por outros assim que o conquistamos. A
vida se torna então, uma busca incessante pela satisfação imediata de desejos
vazios de significado.
Portanto, libertar-se destes estados interiores exige uma entrega voluntária à
insegurança, à incerteza do desconhecido. Algo que para algumas pessoas parece
aterrador, mas que se confrontado, pode trazer mudanças profundas e um
verdadeiro renascimento interior.
Flexibilidade, abertura para o novo, deixar fluir, são as principais atitudes a serem
cultivadas para a realização daquilo que desejamos e é a estrada certa para a
libertação de tudo o que nos aprisiona num estado de medo e ansiedade.
A SOCIEDADE CAPITALISTA
Jaden Gray
A sociedade atual é caracterizada principalmente pelo consumo. E isso é uma das
consequências do ápice do capitalismo sobre a humanidade. Com estes hábitos, as
pessoas esqueceram-se de suas essências humanas e estão mais preocupadas com
os bens materiais e com a tecnologia, muitas vezes os bens materiais passam por
cima dos valores humanos.
As pessoas entraram em um ciclo vicioso que é o consumo. Uma parte da
humanidade, pelo menos na área urbana, e no olhar metafísico da situação se
desprende dos bens materiais. Isso é quase impossível no meio urbano,
pois as cidades são os principais representantes desse novo momento
do capitalismo.
O poeta Alberto Carreira traz como exemplo de fuga deste
problema, a ida ao campo porque ele diz que é um local em que as pessoas
podem encontrar paz. É no contato com a natureza que o ser humano
encontra a sua própria paz, a essência de cada um está mais suscetível
de ser amplamente explorada em contato com aquilo que mais se
parece com o útero materno, ou seja, a mãe natureza.
A humanidade tem que achar o meio termo sobre os bens materiais e
a paz, tranquilidade e sossego, se as pessoas se desprendessem mais do
consumo e aproveitassem o que a natureza nos proporciona seria tudo
diferente no mundo.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
57
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
METAFÍSICA: NÃO PENSAR EM NADA
Ibyê Bocci
Não sei o que penso do universo.
O que eu penso do universo?
Talvez eu não saiba
O que penso das coisas?
Que opinião tenho sobre as coisas?
Que opinião tenho sobre a criação do mundo?
Não sei, para mim, é difícil pensar nisso.
E como seria não pensar?
Esse e o mistério
O único mistério e pensar no mistério.
E olhar de olhos fechados para o sol
Começa a não saber mais o que e o sol
E pensar em muitas outras coisas.
Mas quando abre os olhos
Não pensa mais em outras coisas
Pois você abre os olhos e vê o sol.
O que é metafísica?
Que metafísica tem nas coisas?
A metafísica de terem formas e cores diferentes?
O único sentido dessas coisas
E não terem sentido algum.
Mas coma a religião nos
Precisamos ter tolerância
Você pode achar alguma religião errada, mas tenha.
Tolerância, pois quem nunca esteve errado?
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...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
Como podemos explicar a religião
Com a metafísica?
Como podemos explicar o que para muitos e inexplicável?
1os Anos
1os Anos
ODE TRIUNFAL
6-1914
“À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!”
Alvaro Campos - Heterônimo de Fernando Pessoa
Foi este trecho de Ode Triunfal de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando
Pessoa, que serviu de inspiração para a maioria dos textos selecionados nesta
premiação. O 1º ano do Ensino Médio é fase delicada, é quase “um forte espasmo
retido de maquinismos em fúria”, fora e dentro destes jovens escritores. Eles têm
sede pela argumentação, parece que passaram por um deserto sem opinar, construir
argumentos, traçar estratégias, e, no entanto, ainda estão em construção dessas
habilidades.
Ao mesmo tempo em que são famintos pelo processo argumentativo e se lançam
em debates, fóruns internacionais, escrevem para sites, lançam projetos para a
câmara dos vereadores e querem mudar o mundo, sentem falta do lirismo, de brincar
com o ritmo e com a sonoplastia das palavras, sentem falta de contar histórias, de
criar personagens num processo em sentido contrário ao Ensino Fundamental. Por
isso, desta vez, o desafio foi aceito com prazer, pois tiveram a liberdade em optar
pelos gêneros literários que quisessem. O resultado foi um domínio das técnicas que
me surpreendeu com uma criatividade e intensidade bem peculiares.
À dolorosa luz das salas de aula estes jovens escritores tiveram febre e
escreveram, rangendo os dentes, fera para a beleza disso, para a beleza
desconhecida pelos antigos. Porque é uma literatura fresca, nova, contemporânea,
digital. Eu, apenas analogicamente, sentei e contemplei meus alunos, a engrenagem
fabulosa do mundo.
Desfrutem!
Professora Maína S. Machado
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
MÚTUAS E MUDAS
Natalie Cofino Serafini
Fumaça, poluição
Secando nossos pulmões e nossos lábios
Em volta do aglomerado de pessoas que formam
As vastas ruas das cidades
Cidades, cidades estas que formaram-se rapidamente.
Desorientadas, desorganizadas, mas cresceram
Cidades que não dormem
Que não param
Que não descansam
E o que as movem?
As ruas, os carros, as máquinas, os humanos.
As esperanças, as palavras, os sonhos.
Cidades em permanente mutação,
Mudam de hora em hora a favor do público
Que as fizeram crescer, em torno da informação
Da tecnologia, das técnicas, tec-tec-tec, dos computadores
Sons, sons que constituem-nas
Cheiros, cheiros que cobrem-nas
Roubos, roubos que comem-nas
A insaciável fome por dinheiro,
Que entra, que sai, que some, que vai
Que vem, que volta
Que faz um país crescer, que faz o mundo
Girar
O amor insuportável por escândalos financeiros
O imparável comércio, a incrível economia,
Que cresce com a vida, com valores
A vontade de maldade, o desejo de bondade
Ó cidades por que tão inalcançáveis, incompreensíveis,
imorais e incríveis
Vivemos nas “terras do nunca”,
Não somos nós quem crescemos e sim
Nossos espaçosos arredores, que temos o
Habito de chamar de Cidades.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
61
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
A urbanização no Brasil ocorreu ao longo do século XX. Esse processo se deu de
forma rápida e desordenada.
Com o início do uso de maquinários nas áreas rurais, os camponeses passaram a
ser substituídos por máquinas, logo, eles perdiam seus empregos. Esses
camponeses desempregados migraram para a área urbana em busca de emprego,
esse processo de migração da área rural para a área urbana é chamado de êxodo
rural.
Esse processo aconteceu rapidamente ocasionando o acúmulo de pessoas nas
áreas urbanas. Como o número de pessoas era maior do que o número de residências,
as cidades cresceram sem planejamento, pois as pessoas não tinham onde morar.
A falta de planejamento urbano e o crescimento exagerado acarretaram
consequências para esses centros urbanos, tais como: problemas de saneamento
básico, congestionamentos, poluição ambiental, falta de áreas verdes, indústrias na
mesma região que residências, barulho, violência e outros diversos transtornos que
resultaram em uma má qualidade de vida para a sociedade.
Todavia, os camponeses também precisavam de trabalhos, isso impulsionou o
surgimento de diversas cidades, principalmente com a implementação de indústrias,
que possibilitaram novos empregos e atraíram mais pessoas que viviam no campo
para as cidades.
Esse processo não ocorreu da mesma forma em todo o país. Algumas regiões
brasileiras urbanizaram-se mais do que outras, como as regiões sul e sudeste que se
destacaram porque possuem maior concentração de áreas urbanas.
Por outro lado, também ocorreu no Brasil o planejamento urbano
para a criação de algumas cidades, como Brasília. O planejamento
urbano serve para evitar os problemas que ocorreram nas cidades que
cresceram rapidamente.
O processo de urbanização ainda ocorre em vários locais do país. O
desenvolvimento constante trouxe ás cidades de São Paulo e Rio de
Janeiro o titulo de metrópole global, ou seja, têm influencia econômica
mundial, pois abrigam sedes de grandes empresas nacionais, filiais de
empresas transnacionais, sedes de grandes bancos e as principais
universidades e centros de pesquisas do país, tornando-as umas das
cidades mais importantes do planeta.
62
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
A URBANIZAÇÃO NO BRASIL
Thiago Rossi Rodriguez
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
A ECONOMIA NAS METRÓPOLES
Luisa Monteiro
A Revolução Industrial no Brasil, promovida por Getulio Vargas e Juscelino
Kubitschek, atraiu uma grande quantidade de pessoas para a região sudeste. Devido
à sua maior infraestrutura e concentração de indústrias, ofertas de empregos e
serviços de saúde, educação e transportes, a região se tornou a mais industrializada
do país. Consequentemente, passou a obter um modelo urbano–industrial, contrário
de agricultura para exportação adotado em outras regiões.
A urbanização e industrialização, a partir daí, alastrou-se pelo país gerando o
crescimento de mais cidades que contribuíam para o crescimento do comércio e do
setor de serviços. Os governos militares apresentaram condições favoráveis aos
investimentos estrangeiros no país, como as indústrias automobilísticas do ABC
paulista. As novas cidades representavam o circulo de informações e ideias e, o
centro de reprodução econômica.
Nas áreas rurais, por outro lado, houve a expansão da produção agrícola, na qual
seus produtos são utilizados como matéria – prima das indústrias das cidades.
Contudo, sua fabricação depende da movimentação da economia do produto final.
Afinal, como as indústrias influenciam na economia? O crescimento da produção
industrial significa positividade nos setores de comércio e serviços. Então, uma série
de eventos se desencadeia. Podem ocorrer vendas no mercado externo e interno,
contudo, para o país o crescimento do mercado interno sugere que o comercio está
esperando um aumento das vendas. Esse aumento indica que a população está bem
financeiramente e que o dinheiro está circulando, ou seja, impulsionando o
crescimento da economia.
Mas, não foram só benefícios que as indústrias e a urbanização
trouxeram às cidades, houve também malefícios.
As cidades cresceram muito rápido e de forma desorganizada
devido à falta de planejamento e políticas públicas de atenção a
infraestrutura.
Essa desorganização desencadeou alguns problemas que afetam as
cidades até os dias atuais: o surgimento de favelas, o crescimento da
violência urbana, a poluição e as enchentes. Todos esses problemas são
originados da falta de trabalho à todos aqueles que os procuram e do
grande número de indústrias e automóveis emissores de gases
poluentes e produtores de lixo.
É inegável que a urbanização e a industrialização levam avanços
econômicos e tecnológicos aos países. Porem é necessária atenção
especial aos problemas sociais, de saneamento, estruturais, saúde e meio
ambiente, causados pelo rápido crescimento e urbanização das cidades.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
63
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
O IMPACTO DA MECANIZAÇÃO
Marcella Gentile
Desde os primeiros habitantes do planeta Terra, já havia indícios de que a
mecanização estaria presente até os fins dos tempos. Nos tempos da pedra polida e
em seguida da idade dos metais, passando para os feudos e impérios da Roma
Antiga, por exemplo, a mecanização sempre esteve muito presente.
Nos dias atuais, a mecanização e a formação das Cosmópolis vêm se
intensificando a cada minuto, todos os dias são lançados novos modelos de
aparelhos celulares, tv's, computadores e assim vai. Com isso o mercado da
tecnologia enfrenta diariamente uma corrida contra o tempo, contra os avanços.
Em nossas residências e trabalhos, desfrutamos cada vez mais da mecanização e
dos avanços tecnológicos, porém não pensamos no que está por trás de todo este
processo. Não entendeu? Pois bem, no começo da formação das grandes cidades,
como por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro, muitos trabalhadores rurais largaram
tudo que tinham no campo para se fixarem nas cidades e conseguirem empregos nas
indústrias. Com o avanço destas mecanizações, a maioria destes trabalhadores
perdeu o emprego, então, parando para refletir, a mecanização e as formações das
Cosmópolis é algo magnífico sim, mas não para todos.
Esta é a grande engrenagem da vida, para uns prosperarem, outros têm que
batalhar ainda mais. O aperfeiçoamento está na capacitação técnica e na reciclagem
de aprendizado de cada um para não deixar a roda parar de girar.
A conversa de hoje é uma tentativa de estabelecer uma relação
entre as crises atuais do sistema capitalista e o que se pode entender
como “febre da urbanização”.
A crise no sistema econômico global é alimentada, entre outras
coisas, por uma febre da construção, que por sua vez, provoca crises
cada vez mais graves. Outra questão é que a forma de uso intensivo da
energia estaria criando um estilo de vida de lugares dispersos. Isso está
estabelecendo, justamente, um novo tipo de urbanização, o que exige
gigantescos e renovados investimentos em infraestrutura.
É possível afirmar que existe uma conexão entre desenvolvimento e
crise de capital e urbanização. O capitalismo não pode funcionar sem sua
infraestrutura típica: estradas, portos, aeroportos, pontes, túneis e
fábricas. A grande pergunta é: como se constroem essas infraestruturas e
em que medidas contribuem para a produtividade no futuro?
64
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
FRUTOS DE FERRO
Camilla Viana
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Eu diria que a nossa sociedade está caminhando na direção do individualismo e da
exacerbação. Acho que devemos pensar, objetivamente, no que realmente
necessitamos para ter uma boa qualidade de vida. Fico feliz quando penso que é
possível nos apropriarmos da tecnologia para construir redes solidarias, que
articulem experiências e práticas testadas historicamente construídas para a nossa
terra, como uma alternativa “humanizadora”, inclusiva, democrática e cidadã. Imagine
a metrópole digital, uma implantação do governo, o governo inteligente, onde o
Prefeito da capital estará conectado permanentemente com seus auxiliares, outros
prefeitos, outros níveis de governo, em tempo real.
Seria como nos redimir da febre da urbanização, reconciliando nossa sociedade
com o seu futuro.
A DOENÇA URBANA
Fernanda Ayala
Estava frio. Uma manhã fria, desleixada e desinteressante de primeira
impressão. Porém, um clima de total contraste estava prestes a preencher o corrido
pensamento de Roberto a partir de um bip vindo do despertador. Não só ele, mas
toda capital estava novamente pronta para mais um dia exaustivo, um dia monótono
na grande São Paulo.
Roberto, a partir do primeiro toque do despertador que o tirava de um sonho
conturbado levando-o para uma realidade conturbada, pôde dar o primeiro de muitos
suspiros que estavam para vir, pois a grande cidade, em troca de todo o trabalho duro
que ele deu, acabou consumindo toda a sua disposição.
E era simplesmente isso. Uma vida corrida, estressada, conturbada e
desesperadora guiada pela economia e por trabalhos intermináveis,
infinitos. A palavra liberdade, descanso e lazer eram desconhecidas
pelo nosso típico paulistano Roberto, assim como as palavras amor de
pai e pai presente eram ofuscadas no vocabulário de seus filhos.
Infelizmente, esse tipo de realidade é extremamente casual em
metrópoles; O trabalho, responsabilidades e afazeres engolem as vidas
dos paulistanos, deixando o stress o vilão com maior força à solta. O que
é outra consequência é uma espécie de escravidão, dependência
gerada. Uma escravidão que claramente transforma-nos em certos
“robôs”, onde o amor, lazer ou até mesmo a família começa a ficar em um
plano secundário, enquanto a prova de que o humano não se apodera de
suas vontades e fica submisso pela sociedade começa a ganhar força.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
RESCALDADO E DESOLADO
Ana Luiza Cintra
Louvai a bandeira ,
O nosso progresso sem alma ou recesso
Louvai a bandeira
E a nossa ordem.
As máquinas agora mordem, respiram, espirram.
São criadas desde o nascimento até a morte.
Existem também aquelas máquinas de ferro que não saciam até as outras
máquinas adormecerem.
E no dia seguinte,
Contemple a selva de pedras e louve a bandeira.
Perdoe-me se não estou pronta para encarar de face toda essa brincadeira.
Mas prefiro ser alguém nesse mar de ninguém
Sua identidade é uma vítima diária de facadas e “corrompimentos”.
Mas isso não é perceptível, pois o ser está submetido á uma média(mídia)
E que está entre a alma e o que você mostra ser para o mundo.
Urbanização é o crescimento das cidades tanto em população quanto em
extensão territorial. É a transformação do espaço rural em espaço urbano por meio
da migração de pessoas do campo para cidade.
Quando essa migração ocorre de forma intensa e acelerada é
chamada de êxodo rural.
O processo de urbanização tem seu lado positivo. Ele pode trazer
novas oportunidades de trabalho, mais moradias, uma qualidade de vida
melhor e o fluxo de Capital econômica, social, financeira aumenta. Mas
de uns tempos para cá, com a grande velocidade com que a urbanização
ocorre também vieram problemas como o desemprego, favelas,
cortiços, trânsito, falta de vagas em colégios, falta de espaço em
hospitais, violência, falta de segurança. Todos causados pela
superpopulação.
Todos os dias, várias pessoas vem do campo, do sertão nordestino, do
litoral e do interior em busca de qualidade de vida. Mas essas pessoas
percebem tarde demais que era melhor ter ficado onde estavam pois
encontraste com a riqueza e a boa vida que se vê na tv, nas notícias e nas
novelas, está a pobreza e os outros problemas já citados nesse texto.
66
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
URBANIZAÇÃO: VANTAGEM OU DESVANTAGEM?
Juliano Monteiro Manhães
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Todas as coisas têm seu lado positivo e seu lado negativo e a urbanização é uma
delas. Todas as vantagens de vir para uma grande cidade têm seu exato contraste que
não é lá tão bom. Para as diversas oportunidades de emprego, tem o alto
desemprego; para a riqueza vista nas telenovelas e nos noticiários, tem a pobreza
vivida na pele por pessoas que vieram de longe em busca de uma vida melhor. A
urbanização trouxe tanto coisas boas quanto trouxe e ainda traz coisas ruins. Tanto
vantagens quanto desvantagens, desde a variedade de empregos até a violência. A
urbanização veio como uma salvação para alguns, mas não para todos.
A URBANIZAÇÃO
André T. Mendes
A urbanização é indiscutivelmente importante, mas também tem seus pontos
fracos, como a poluição, já seus pontos fortes são a sua modernidade, e é o que atrai
mais pessoas para trabalho.
O fato é que os tempos mudaram, no ano de 2008, a ONU confirmou que o número
de pessoas que moravam em áreas urbanas havia acabado de superar o número de
pessoas que moravam em áreas rurais e o IBGE em 2010, através do Censo confirmou
que 84.4% da população brasileira vive na área urbana.
Eu concordo e muito com o processo de urbanização, e sei que muitas pessoas
odeiam afirmar que a qualidade de vida cai, devido a poluição e outros fatores, que
de fato é verdade. Eu acho que a divisão mundial deveria ser 80% zona urbana e 20%
rural, deveria viver na urbana quem trabalha em grandes empresas e na rural os que
preferem a vida mais tranquila e relaxante e aqueles já aposentados ou que estão
“feitos” na vida.
A urbanização é um processo lento e complexo, demoram-se anos
para se construir prédios, fábricas e centros comerciais, mas quando
ela já está em estado avançado, a cidade urbanizada se encaixa nos
padrões atuais e modernos, onde viver no campo é considerado uma
coisa ultrapassada.
Cosmópolis são grandes exemplos de urbanização, que no caso, são
cidades grandes como, por exemplo, São Paulo que é a cidade mais
urbanizada, rica e habitada do Brasil e é de longe a que mais influencia e
serve de exemplo no quesito comercial em âmbito internacional.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
67
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Era ainda cedo quando acordei, o céu cinza como sempre. Eu moro em um
pequeno apartamento; porém muito aconchegante, o meu espaço verde em uma
terra morta. Como cresci no interior em uma pequena cidadezinha na beira da lagoa;
nunca cheguei a me acostumar com a vida na cidade grande, na realidade eu aprendi a
lidar com ela.
Após me arrumar como de costume, pus-me a descer o prédio. O vento lá fora era
frio e sem vida, e o ar seco, árido e ríspido. Fui andando junto com outros muitos,
enfileirados como formigas pelas calçadas cimentadas até o ponto de ônibus na
esquina. O veiculo estava lotado, entulhado de pessoas (como um formigueiro);
todas com suas historias, pensamentos e sonhos. Mas lá todos eram iguais, todos
eram engrenagens dessa máquina que é a cidade.
A cidade era sem “cor”. Um dia já fora um paraíso, terras prósperas
economicamente e culturalmente. Mas tudo que prospera para alguns vira desejo
para outros; e quanto mais era desejado, mais pessoas vinham, e mais crescia; isso
rapidamente saiu do controle, onde tinha espaço, existia um empreendimento. E foi
nesse ritmo que a cidade, como uma erupção desenfreada, começou a expandir.
Mal percebi o tempo passar, já estava na frente do meu trabalho, um enorme
prédio envidraçado, o fluxo de pessoas era constante, como vapor saindo de uma
chaminé vitoriana. Ao subir pelo elevador já comecei a sentir os ares da aristocracia e
da burocracia.
Eu trabalhava em um cubículo pequeno; quase semelhante a todos os que haviam
por ali, todos estavam agitados; a crise estava chegando, e cortes iam ser feitos a
qualquer momento, não era mais possível negar. Por isso todos estavam
agitados, e como trabalhava em uma agência contábil, o desespero era
ainda maior.
Nunca fiz muito por lá, mas não sei por que, hoje estava animado de
certa forma com que viria a acontecer. Mesmo não sabendo o que
realmente era, mas sentia que era chocante.
O turno da manhã foi como posso dizer: inútil! Mas era hora do
almoço, ou seja, lustrar o mecanismo e abastecer o tanque. A ração (o
que a comida oferecida no refeitório realmente parecia) era dita como a
refeição mais balanceada possível, mesmo parecendo que iria dar
apenas uma diarreia. Geralmente como o almoço quieto, mas o
empregado do cubículo #13 veio falar comigo.
- Nossa! Você leu o jornal de hoje? As revoltas nos distritos baixos
aumentaram, eu acho que elas vão chegar aos distritos serranos logo. – ele
disse.
68
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
RENOVAÇÃO DE MECANISMO
Pedro Henrique S. Campos
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
- É mesmo! A barra vai ficar pesada, só sei disso.
- Esta tudo errado, a gente está aqui ralando o dia inteiro, enquanto tem gente
lucrando milhões, sentado em uma poltrona.
Sim! Mas pelo menos temos emprego não é? – ele estava certo, em uma cidade
como esta, onde se nem as ruas conseguem ser planejadas e controladas. Como seria
possível controlar as pessoas, o dinheiro e os laços de poder e justiça.
A conversa foi interrompida quando o diretor de companhia entrou no refeitório e
pediu a atenção de todos. E em voz alta e calma, simplesmente demitiu todos os
funcionários dos cubículos #1 a #50, o que me inclui. Não me desesperei como muitos,
já era de se esperar; quando engrenagens ficam velhas ela são substituídas, e para os
poderosos é o que nós somos, engrenagens.
A MÁQUINA DO AMOR
Caio Lemos - Heterônimo de Lauren Nunes Grinberg
Éramos só nós dois, eu e ela, ela e eu.
Chamava-a de máquina do amor,
nada mais, nada menos do que isso.
Gostava de vê-la durante o dia e durante a noite, eu a acariciava.
Ficava horas e horas imaginando
como seria se ela me amasse como eu a amo...
Um dia tudo mudou.
Acordei.
Ela não estava mais lá.
Não sentia mais o cheiro do seu óleo que vazava
em certos curtos períodos do mês, e mais ainda,
sentia falta do espaço que ela ocupava na minha vida.
Mesmo sabendo que eu poderia achar
qualquer uma parecida
com ela nessa grande loja na metrópole onde vivo,
não estava satisfeito, eu a queria.
Queria poder sentir o cheiro do seu óleo natural,
de seu aço escovado, queria poder ter o prazer
de sua presença novamente...
Mas não posso...
E como sei que não posso me coloco a pensar...
Será que nessa grande metrópole onde vivemos nosso amor
não é apenas uma ilusão mecânica?
...uma homenagem a Fernando Pessoa
69
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Será que a urbanização realmente nos ajudou e está levando as nossas vidas para
um caminho melhor?
Por um lado, até podemos dizer que sim. Com a migração do campo para as
cidades, a maior parte das pessoas passou a ter acesso mais fácil à saúde, à
tecnologia e ao entretenimento.
A história nos ensina que as cidades sempre foram o sonho das pessoas que
desejavam uma melhor condição de vida. Porém, as cidades tendem a cobrar caro
para atingir estes sonhos.
Nos dias atuais, podemos observar que as pessoas estão trabalhando cada vez
mais, passando dias e dias dentro de escritórios e com jornadas de trabalho cada vez
mais longas, com apenas 30 dias de férias por ano e passando muito mais estresse do
que antigamente. A vida da maior parte da população das grandes cidades está cada
vez mais agitada e corrida, aonde o relógio é o seu principal inimigo. Todos sentem a
falta de tempo para atividades antes consideradas simples, como sair com amigos,
ler um livro, caminhar no parque, etc. Este problema consegue ser mais grave para as
mulheres que se tornam mães, pois não conseguem mais ter o tempo necessário para
cuidar de seus filhos como deveriam e como faziam quando ainda não trabalhavam.
Reuniões, prazos curtos de entrega, horas extras, trabalho, trabalho e mais
trabalho. O trabalho puxado é realmente necessário? Ficar trancafiado dentro de um
escritório trabalhando o dia inteiro sem parar por nem apenas um instante, fazendo
algo que não necessariamente gosta e que não traz prazer algum, passar estresse,
noites mal dormidas e até ficar dias sem almoçar é necessário para a vida? Todos
devem passar por isso para no futuro, terem uma vida melhor, com
dinheiro guardado para não depender somente da aposentadoria e
poder, enfim, “descansar”?
Os centros urbanos também forçam às pessoas um custo de vida
cada vez mais elevado, o que torna os preços dos produtos cada vez mais
altos e uma necessidade maior de conseguir mais dinheiro para manter
os hábitos de consumo que muitas vezes são desnecessários.
É realmente necessário viver nos centros urbanos para se ter
qualidade de vida? Qualquer um é capaz de ter uma boa vida sem passar
por todo esse estresse de uma vida na cidade grande. Ganhar o próprio
dinheiro fazendo uma coisa simples e sendo, provavelmente, até mais
feliz e saudável.
70
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
O TRABALHO
Suellen da Costa
2os Anos
2os Anos
ODE TRIUNFAL
6-1914
“À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!”
Alvaro Campos - Heterônimo de Fernando Pessoa
Foi este trecho de Ode Triunfal de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando
Pessoa, que serviu de inspiração para a maioria dos textos selecionados nesta
premiação. O 2º ano do Ensino Médio é fase delicada, é quase “um forte espasmo
retido de maquinismos em fúria”, fora e dentro destes jovens escritores. Eles têm
sede pela argumentação, parece que passaram por um deserto sem opinar, construir
argumentos, traçar estratégias, e, no entanto, ainda estão em construção dessas
habilidades.
Ao mesmo tempo em que são famintos pelo processo argumentativo e se lançam
em debates, fóruns internacionais, escrevem para sites, lançam projetos para a
câmara dos vereadores e querem mudar o mundo, sentem falta do lirismo, de brincar
com o ritmo e com a sonoplastia das palavras, sentem falta de contar histórias, de
criar personagens num processo em sentido contrário ao Ensino Fundamental. Por
isso, desta vez, o desafio foi aceito com prazer, pois tiveram a liberdade em optar
pelos gêneros literários que quisessem. O resultado foi um domínio das técnicas que
me surpreendeu com uma criatividade e intensidade bem peculiares.
À dolorosa luz das salas de aula estes jovens escritores tiveram febre e
escreveram, rangendo os dentes, fera para a beleza disso, para a beleza
desconhecida pelos antigos. Porque é uma literatura fresca, nova, contemporânea,
digital. Eu, apenas analogicamente, sentei e contemplei meus alunos, a engrenagem
fabulosa do mundo.
Desfrutem!
Professora Maína S. Machado
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
ENGRENAGENS SOCIAIS
Carolina Amaral
O barulho das engrenagens se misturava com os grunhidos feitos pelos homens
naquela fábrica, homens se transformando em máquinas? Ou máquinas se
transformando em homens?
Era exatamente essa pergunta que eu me fazia enquanto assistia uma cena
rotineira em minha vida, pessoas se matando de trabalhar em condições precárias
sem a recompensa correta é uma situação em que o patrão se enriquece e você
empobrece.
Trabalhe, durma, coma, trabalhe, esse era é o ciclo em que os trabalhadores
muitas vezes viviam, melhor dizendo, sobreviviam. Na realidade estou sendo injusta,
alguns não dormem outros não comem às vezes, porém trabalhar é crucial .
Os elevadores que vão para baixo e para cima como nossas vidas os altos e os
baixos, os ricos os pobres, quem dera se tivesse um elevador que nos levasse pra
cima não na altura mas na vida , parece que com essas modernizações que são vão
aumentando , elas aumentam as doenças os sonhos impossíveis , a tristeza a
arrogância a desigualdade que só cresceu junto com o capitalismo.
As pessoas com essas invenções novas como a calculadora, computador ,
internet .. foram ficando mais acomodadas, atrevo-me a dizer que se tornaram quase
seres não pensantes, e ainda há alguns que consideram ignorância uma bênção, acho
isso impossível para a minha pessoa, não querer ver que por trás de todo esse
crescimento de cidades grandes e bonitas, temos a pobreza a vida de verdade onde
um pisa no outro , para ter o melhor emprego o melhor terno o melhor carro, a melhor
casa, não o melhor caráter
Em minha humilde opinião, queremos só crescer e aumentar a
tecnologia, o cimento, a ciência, as grandes invenções, mas
esquecemos de crescer como ser, como indivíduo, isso reflete em
grandes países com grandes prédios, grandes economias porém com
pessoas pequenas e não de tamanho, antes fosse, mas sim pequenas de
cabeça que governam de forma corrupta sem perceber que tão
corrompendo a si mesmos.
E no final das contas eu achei a resposta da pergunta não sei se
felizmente ou infelizmente a resposta é, não são homens se
transformando em máquinas e nem vice-versa, pois máquinas não têm
consciência de seus erros. Mas os homens têm e até demais! Mas, ah!
Ambição que os torna cegos e essa cegueira me enfraquece e me cansa.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
73
Os 7 conselhos de
Fernando Pessoa
1 Não tenha opiniões firmes
nem creia demasiadamente
no valor de tuas opiniões
2 Sê tolerante porque não
tens certeza de nada
3 Não julgues ninguém, porque
não vês os motivos e sim os atos
4 Espera o melhor e
prepara-te para o pior
5 Não mates nem estragues
porque não sabes o que é a
vida, exceto que é um mistério
6 Não queiras reformar nada,
porque não sabes a que
leis as coisas obedecem
7 Faz por agir como os outros e
pensar diferentemente deles
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
A ROTINA
Catarina Arouck
Ao acordar do dia-a-dia
Noite e dia todo dia
Barulhos transbordando como o cantar de uma panela
Carros buzinando bi-bi-bii como o rádio na favela
Levantar para trabalhar
Acordar sem se dispersar
Se arrumar para caminhar
Com um caminho longo a enfrentar
Lutar e trabalhar como uma máquina
Ligada a paz do mundo, para seu bem-estar
Trabalhar e trabalhar, com esforço alcançar
Seu dinheiro e sua paz
Fazer as obrigações
Com canções de pássaros piu piu piu plim plim
Sussurando no ouvído
Se desligar dos barulhos do mundo à fora
Das máquinas rangendo r-r-r-r-r
Do suor escorrendo
Se concentrar no trabalho, com muito esforço
Com um sorriso no rosto e o coração esperançoso
Esperançoso de um mundo e um trabalho melhor
Rir bastante com muito há-há-há
Mantendo um ar distante de partes negativas
No viver do dia-a-dia
Todo dia noite e dia
A rotina não varia
Até a morte te levar
Pelo céu seu caminhar
Com canções de passarinhos
No seu ouvído bem baixinho
Acompanhado pelo caminho de Deus
Para um mundo melhor, tão desejado.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
75
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Males sem fim,
Inferno que goteja sangue; a minha dor.
Na imensidão da minha solidão,
Ninguém consegue me ouvir.
Sou muda,
Embora os meus gritos ultrapassem os limites dos sentidos.
Zumbis à deriva,
Meros objetos, utilizados e descartados,
Produtos quaisquer.
Oh, o tinir trepidante dos ponteiros entrecortantes
Da minha alma.
Não penso, somente existo.
Mas se não penso, não existo.
Minha mente,
Entorpecida pela ambição de minha espécie,
Ecoa nas profundezas do meu ser.
Nada importa, tudo está fora do meu alcance.
Selva de pedra,
Mundo sem fim,
Apodrece a minha carne e rouba a minha mente.
Oh desilusão,
Tudo se resume ao verde demônio indomado
Que dita a minha vida.
Serva do dinheiro,
Escrava da minha própria criação.
A máquina ocupa o lugar do homem.
Oh, fadada estou a falir,
Futilidade febril, desgosto infernal.
Enganada, alienada, obsoleta, manipulada.
A essas palavras resume-se a minha existência.
Porém, não sou feita de ferro.
Nublados e cinzentos são os dias,
Acumulando a perdição das almas condenadas.
O lucro que me tira o sono e mata,
Abstrato, nem sequer existe de fato.
Oh, atormento e desassossego,
76
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
LÁPIDE DE PEDRA, SEPULTURA DE METAL
Julia Mattos de Martini
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Ciclo sem fim, insondável, sem cura, sem remédio,
Para aparar feridos e mendigos.
Além dessa vida, o que restará?
Servirá de alguma coisa
O que passei a ocupar a minha vida inteira?
Dia após dia, noite após noite,
Será dia ou será noite?
Aprisionada sou da vida.
Sinto minha garganta queimar.
Meus olhos ardem.
Quero viver livre.
Mas como, nessa prisão de concreto?
Já não ouço mais o tiquetaquear,
Nem o apito a me azucrinar,
Ou buzinas a me atormentar.
Minha alma em fumaças negras se sufoca,
Mas ninguém parece reparar.
O meu fim, cinza e sem cor,
Mórbido e frio,
Assim como as máquinas da fábrica a qual me vendi.
Rendo-me agora,
Nessa lápide de pedra,
Ao inimigo de metal.
Porém, com esperanças me deito
Em meio a essa carnificina maquinária,
Onde o eu não sou eu,
Mas é o ego profundo
Do desespero humano.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
77
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
A CULPA É DA SAIA
Júlia Piragino
Acorde e se arraste para esse mundo de repressão
Tome seu café de dor e saia de cabeça erguida,
Afinal, homem não gosta de mulher insegura.
Vista-se da vergonha de seu corpo,
Mas não essa saia.
É curta demais.
Você quer chamar a atenção de quem?
Tenha vergonha e se dê respeito.
Mulher não pode sair assim
Seu andar mecanizado tropeça na angústia
Sentiu o perigo?
Tenha pressa, peça, pressa.
BAC!
Seu sorriso caiu.
Seus olhos brilharam ela última vez.
Ele tirou tudo o que era seu.
Acabou.
Mas você ainda sente, não é mesmo?
Maldita saia!
Eu não avisei?
Você mala colocou e já perdeu tudo o que tinha.
Entre no piloto automático.
E se esconda no meio dessa gente.
O céu ficou vermelho e você não se sente mais presente
Você nunca mais será completa.
Não olhe ao seu redor.
Vai ficar tudo bem.
Basta aceitar.
78
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
Você está atrasada
Saia rápido e sem pensar.
Não se esqueça de olhar para o dois lados ao atravessar
Mas também olhe para trás
Parece que alguém te olha.
Falei para não colocar essa saia!
Mas vamos, se apresse! Tic, Tac o tempo passa
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Esconda suas lágrimas.
Esconda sua dor.
Suma no meio dessa gente.
E SORRIA.
Eu avisei, quem mandou usar a saia?
Sinta a culpa.
E espere o Padre te perdoar.
A CIDADE: UMA CONSTANTE VARIÁVEL
Ulick Torelli
Vivi minha vida inteira na cidade. Não me recordo de momento algum que estive
fora dela. Não sei exatamente o que, mas em toda minha vida algo me atraía para
qualquer ambiente urbano de cidades grandes, quase como aqueles olhos de ressaca
que te puxam, e você não tem como fugir.
Toda regra tem exceção, e comigo não poderia deixar de ser diferente. Nunca
gostei de ficar parado em um só lugar. Mudava de cidade, estado e até mesmo país
sem nem me importar quem ou o que eu deixava para trás.
Era uma vontade insaciável de estar sempre em uma metrópole urbana, cheia de
prédios, condomínios, luzes, rua asfaltada.
Posso até dizer que há certo prazer em estar sempre em um ambiente como este,
inclusive, cheguei ao ponto em que não consigo dormir sem barulhos nas ruas. Seja de
carros, conversas, bares, que seja. Não consigo dormir em um lugar silencioso.
Porém existem lados negativos quanto a essas mudanças repentinas e
constantes de lugares para morar. Ao longo do tempo percebi que fui
deixando para trás muitas pessoas pelas quais me importei. Amizades
e relacionamentos acabados pela minha necessidade de mudança.
Isso tudo virou rotina, que depois virou um ciclo obsessivamente
compulsivo e vicioso. Percebi que isso quando estava em Xangai, em um
passeio de ônibus vi um bairro extremamente pobre, onde as pessoas
viviam em condições mais que precárias.
Foi nesse momento que tive uma epifania. Foi como se algo tivesse
dado um click em meu cérebro. Depois desse momento, percebi que
existe um lado negro quanto às grandes metrópoles, lado este
embasado na miséria e desigualdade social.
Percebi que todos os amores e amizades deixados para trás foram
em vão. Senti-me um completo imbecil e impotente. Infelizmente agora
terei de usar uma famosa expressão francesa, para me ajudar a conviver
com minhas atitudes esdruxulas: Ces’t la vie.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
CIDADE
Larissa Mattos
Tão agitada é sonho que te move
Trabalho que te espera
Lucro que te corrompe
Barulho alto que depois ensurdece
Violência áspera que depois rejuvenesce
Serviço áspero que depois amacia o nosso ego
As engrenagens continuam girando
Não importa se tenho eu o punho fatiado em carnes
Das quais a máquina de ferro se saciou
Outros virão em meu lugar
Camponeses pobres com falsas esperanças
Nas ruas, operários são despachados
para a construção da nova fábrica
Não são eles que se servem dela,
mas ela que é saciada por eles
Está tudo muito quieto,
as fábricas descansam.
Já não há mais crianças na manhã,
Só se ouve os choros das mães viúvas
Só se enxerga o dinheiro nascendo
Não há mais amor entre eles
Só o desejo do poder,
De ser lembrado pela conquista
Mas foram conquistados por ela
Meus amigos há muito se foram
Desempregados e superficialmente esquartejados
Pela besta mecânica.
Não há espaço aqui para eles
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...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
Consegue-se ver um líquido fétido
Vermelho vivo
Escuridão sombria
Que preenche as calçadas
Bem como o coração dos homens
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Mas os corpos que predominam na rua
Assemelham-se somente na falta de membros úteis
Cortados não pela fera,
Mas por aqueles mesmos camponeses pobres
que vieram em busca de trabalho
E que esperavam ansiosos em servirem ao criador;
O dinheiro
Sim! O criador das monstruosidades,
Expectador divino,
Morte e ânsia pela dominação total,
Influência maligna das competitividades
Camponeses hipócritas!
A besta que é usada para matar
Não mataría-lhe também quem a usa?.
Já não mais importa agora
O mundo não é dos homens
Não há mais homens entre eles.
Pois as máquinas que mataram seus patrões
São as mesmas que miram seus amigos mais íntimos
Com um sorriso leal.
Mas quando olhado de perto
A faca que corta de vagar
A Que fere mais e a que goza menos
Já perfurou a alma deles
E essa mesma faca,
Eles guardam naquele sorriso
Esperando o momento da anomia
Para então servir sua carne fétida
A esse ciclo maligno
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
CARTA AOS BRASILEIROS
Marcelo Mesa
26 de Março de 2015, São Paulo, SP
Eu tive a oportunidade de ler o texto do senhor João Ubaldo Ribeiro intitulado
“Precisa-se de Matéria Prima para Construir um País” e gostaria de, por meio desta
carta, explicitar minha opinião a respeito do que se diz.
Como diria George R. R. Martin em sua obra “A Game of Thrones”, “A maioria dos
homens mais depressa nega uma verdade dura do que a enfrenta”. Digo isto porque
esta citação exemplifica exatamente a realidade atual que estamos vivendo no
Brasil.
No dia 15 de Março deste ano, um número enorme de pessoas por todo o Brasil se
reuniu em seus respectivos Estados para manifestar contra a atual eleita presidente
da república Dilma Rousseff, que já está em seu segundo mandato, e seu partido, o PT,
que cada vez mais recebe acusações de propina, lavagem de dinheiro e corrupção,
principalmente relacionadas à empresa petroleira “Petrobras”.
Estas acusações têm fundamento e é verdade que o partido político mencionado
tem de receber a punição equivalente a seus crimes para com a nação. Todavia, é de
uma hedionda hipocrisia por parte da população brasileira, delegar toda a culpa para
os nossos políticos, visto que, por vivermos em um país democrático, foram estas
pessoas que elegeram esses criminosos, e visto que estas pessoas, bem
verdadeiramente não estão interessadas no bem comum, e sim, em seus interesses
individuais, obviamente, considerando uma generalização.
Este último fato faz-me lembrar de uma frase: “Como fazer para uma gota d'água
não secar?”. Já impondo a resposta, a forma de evitar que a gota seque é
deixá-la cair no rio. Essa analogia com a atual situação é válida, pois “O
lobo solitário morrerá no inverno. A alcateia sobrevive”. Para ocorrer
uma melhora, a população tem de visar a coletividade.
Quando se tratam de alguns crimes, como corrupção e propina, as
pessoas parecem esquecer que a aplicação destes termos não se
resume no mundo da política. As mesmas pessoas que subornam
guardas de trânsito por causa de uma multa estavam nas
manifestações contra políticos que subornaram juízes para manter
sigilo sobre algumas informações. A incoerência em um exemplo como
este é explícita, mas é escondida pela falta de honra por parte das
pessoas em não aceitarem seus erros, que apesar de serem atitudes de
menor valor material, ainda assim são exemplos de corrupção e propina, e
ainda mais frequentes que as atitudes criminais dos nossos políticos..
82
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
Prezados Brasileiros,
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Nos últimos dias, muito se falou do possível “impeachment” da atual presidente,
Dilma Rousseff. Muitos talvez não saibam, mas essa palavra é de origem inglesa e
que designa a retirada de um líder do poder executivo por meio de um mandato
oficial. As pessoas falam de tirar a senhora presidente do poder, mas quem seria o
novo líder do nosso enorme país? Aécio Neves talvez? Quem garante que teremos
uma revolução na política? Enquanto a população não mudar, estaremos sempre na
mesma situação.
Ainda a respeito das manifestações e dos pedidos pelo impeachment, algumas
pessoas clamavam por uma intervenção militar. Primeiro, é preciso conhecer as
pessoas que pedem por isso, pois qual é a experiência que um brasileiro nascido
depois de 1984 tem com uma Ditadura Militar? Bastam alguns poucos
conhecimentos sobre a história contemporânea do nosso Brasil para ter
conhecimento das incontáveis pessoas torturadas, sumidas e/ou mortas por terem
sido contra o regime militar do governo. Eu não teria a permissão de escrever um
texto desses, por exemplo.
Como brasileiros, temos que mudar, para poder mudar nossa política e com o
tempo, podermos viver em um país melhor.
Cordialmente, Marcelo Mesa
CONSEQUÊNCIAS DA URBANIZAÇÃO
Antônio Martins
A seguir trataremos os assuntos de urbanização e economia que estão presentes
em nosso cotidiano, a importância do crescimento das cidades, a formação das
grandes Cosmópolis e consequências delas em relação à economia.
Com o crescimento da população, da tecnologia e a “falta” de
emprego nas áreas rurais, passou a ter um grande número de pessoas
para trabalhar em fábricas nas grandes cidades, processo chamado
êxodo rural. Esses trabalhadores e o aumento das cidades passam a
influenciar muito na economia, ou seja, a economia é produzida em
condições profundamente materiais e localizadas em constante
mudança com alterações na cidade.
A urbanização pode ser uma estratégia econômica, como o exemplo
da China e do Brasil. A China possui um papel fundamental como distrito
industrial, enquanto o Brasil está em grande processo de transformação,
principalmente nos papéis de trabalho e da produção. Com isso, ocorre a
influência na economia, na qual lugares com importante e grandes
estruturas urbanas aumentarão sua produção econômica e se
transformarão em Cosmópolis.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
83
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
As Cosmópolis são centros atrativos financeiros que movimentam a economia
não só dos países em que estão localizadas, mas também a economia global. A Ode
Triunfal desses grandes monstros urbanizados consiste numa metáfora bem
simples: elas são grandes engrenagens de um sistema extremamente complexo no
meio de micro engrenagens, mas que isoladas não movimentam a grande máquina do
mundo, nem a tão sonhada por Camões em Os Lusíadas nem a contemplada por
Álvaro de Campos e tão pouco a presenciada por nós, reles mortais.
Costumávamos vir aqui. Reuníamos-nos sempre no mesmo banco, mas não
qualquer banco, o banco do canto, ao lado da quadrinha, sobre o chão de azulejos
coloridos, que em um piscar de olhos viravam amarelinha. Trazíamos nossos
brinquedos, os quais conhecíamos como as palmas das mãos, que todos os dias
desfilavam enfileirados nas vitrines, marcadas com os diversos dedinhos que por lá
passavam. Bonecos de ação, os majestosos carrinhos de rolimã e as garbosas
bonecas com seus laços na cabeça que marcava a feminilidade.
Alguns anos depois veio um furacão, furacão esse que levou a quadrinha, os
brinquedos e por último, mas não menos importante, o banco. Tudo escureceu, como
se a alegria tivesse morrido, juntamente com os sorrisos e gargalhadas. No lugar do
banco se instalou outro banco, mas dessa vez banco de gente grande, apelidado de
Itaú. A quadrinha foi dominada pelos gigantes, cujos andares mais altos chegavam a
aranhar o céu, penetrando nas claras nuvens. Até os desfiles de brinquedos ficaram
mais chatos, pois as primeiras fileiras estavam sempre ocupadas pelos
carros, que exalavam fumaça como sinal de contentamento.
Nas escolas o giz e o quadro negro chegaram ate a se aposentar, e
agora era tudo na televisão. Até os livros começaram a se auto iluminar,
mas dessa vez, sem exalar o perfume das velhas paginas amarelas, que
chegavam ate a manchar as mãos daqueles que as folhavam. Às vezes
ficava com os olhos arregalados de tanto nome que havia para decorar.
Eram os nomes dos amigos, das bonecas e até das bebidas e
bolachinhas da lancheira, mas no final do dia sempre dava um jeito.
No começo achava divertido, mas depois me chateava. O mundo era
mais triste, a turma do bairro nem mais se reunia, a rua passou do Oasis e
passatempo para se tornar a passarela dos velozes e furiosos, bem que o
titulo dizia. Toda a graça de viver se foi, e agora a gente ficava de dedos
cruzados torcendo para que o furacão passasse de novo e trouxesse a
amarelinha, a quadra, e é claro o banco, tudo de volta.
84
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
O VAI E VEM DO FURACÃO
Sergio Carvalho
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
MECANIZADO
Pierlucca Lorenzon
Era 5 da manhã, o barulho das fábricas acordava os moradores ao seu redor, os
operários ja estavam de pé e prontos para mais um dia de muito esforço e trabalho.
Era dia 20 de julho, no ano de 1850, época caracterizada pela segunda revolução
industrial, quando ocorriam vários movimentos em prol dos direitos dos operários,
exemplos de movimentos seriam o Ludismo e o Cartismo.
Jack, um jovem operário acordava para ir ao trabalho, era apenas um dos milhares
que saíram do campo e foram para a cidade naquela época buscando uma melhora
nas suas condições de vida, só que Jack era diferente, ele adorava as máquinas, ficava
apaixonado com tanta perfeição e eficiência, ficava imaginando se ele fosse uma
máquina o quão bom seria sua vida, nos curtos tempos de almoço que tinha, ficava
analisando cada movimento e cada peça daquelas maravilhas, imaginando como
seria no futuro toda a civilização baseada naquele universo tecnológico.
Por mais que as máquinas às vezes o atrapalhassem com o barulho alto vindo
delas, e por causarem nele muitas dores de cabeça, Jack trabalhava como nenhum
outro operário trabalhava naquele período.
Ele saía da fábrica às 10 da noite e voltava para casa, descansava e acordava no dia
seguinte para mais um dia de muito prazer.
Só que infelizmente aquele foi seu último dia, pois, um acidente de trabalho fez
com que ele parasse de trabalhar, isso fez com que Jack entrasse em uma longa
depressão e alguns meses depois, ápos sua saída da fábrica viesse a falecer. Jack não
percebeu, mas ele já era uma máquina, pois sempre repetia seus serviços com
extrema precisão dia – a- dia.
- Bom, essa é a história do meu vô Jack, que meus pais contavam pra
mim, se ele estivesse vivo até hoje em dia, ele ficaria maravilhado com
as inovações tecnológicas da nossa época, o quanto as cidades
cresceram e se estruturaram em volta das fábricas, os grandes valores
monetários que elas possuem e o quanto elas são responsáveis pelo
enriquecimento dos países atráves do comércio na atualidade.
Agora tenho que ir, pois, daqui a pouco começa meu horário no
trabalho.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
85
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
O BOLERO DO LUCRO
Pedro Malta
Colégio Domus Sapientiae
O gato passeia pelas ruas metálicas
olhando e analisando tudo
o céu turvo,
o rítmico funcionamento do relógio,
o passo apressado do trabalhador
e ouvia a orquestra mecânica que não tocava Chopin ou Ravel,
tocava o Lucro.
O intenso tango dos que têm pressa dominava a movimentação.
Trabalhadores marchando como soldados,
lutando para viver mesmo quando em paz.
Todos os que trabalhavam para montar máquinas
funcionam agora de maneira puramente mecânica
Os ricos procuravam mais dinheiro.
Os pobres lutavam pra manter o resto que tinham.
E o sossego era reservado somente aos mortos.
A liberdade foi perdida.
Todos estão subordinados.
Não simplesmente a seus chefes
mas às suas ambições inalcançáveis.
O seu desejo de enriquecer.
O mundo monocromático torna tudo cinza.
Árvores se reduzem à cinzas.
Florestas inteiras se tornam cinzas.
E os sentimentos de todos também.
Os pigmentos que coloriam as vidas das pessoas
agora são usados para tingir as vestimentas
fabricadas em massa.
86
...uma homenagem a Fernando Pessoa
3os Anos
3os Anos
ODE TRIUNFAL
6-1914
“À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!”
Alvaro Campos - Heterônimo de Fernando Pessoa
Foi este trecho de Ode Triunfal de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando
Pessoa, que serviu de inspiração para a maioria dos textos selecionados nesta
premiação. O 3 º ano doEnsino Médio é fase delicada, é quase “um forte espasmo
retido de maquinismos em fúria”, fora e dentro destes jovens escritores. Eles têm
sede pela argumentação, parece que passaram por um deserto sem opinar, construir
argumentos, traçar estratégias, e, no entanto, ainda estão em construção dessas
habilidades.
Ao mesmo tempo em que são famintos pelo processo argumentativo e se lançam
em debates, fóruns internacionais, escrevem para sites, lançam projetos para a
câmara dos vereadores e querem mudar o mundo, sentem falta do lirismo, de brincar
com o ritmo e com a sonoplastia das palavras, sentem falta de contar histórias, de
criar personagens num processo em sentido contrário ao Ensino Fundamental. Por
isso, desta vez, o desafio foi aceito com prazer, pois tiveram a liberdade em optar
pelos gêneros literários que quisessem. O resultado foi um domínio das técnicas que
me surpreendeu com uma criatividade e intensidade bem peculiares.
À dolorosa luz das salas de aula estes jovens escritores tiveram febre e
escreveram, rangendo os dentes, fera para a beleza disso, para a beleza
desconhecida pelos antigos. Porque é uma literatura fresca, nova, contemporânea,
digital. Eu, apenas analogicamente, sentei e contemplei meus alunos, a engrenagem
fabulosa do mundo.
Desfrutem!
Professora Maína S. Machado
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
OBDC
Leon Pheeney
Compre, use, quebre, arrume,
Agarre, trabalhe, saia, cheque,
Chegue, pare, veja, coma,
Arrume, beije, pense, PARA!
O mundo de hoje segue um padrão
De opinião, pensamento, doutrina e religião.
A todos, o que importa mesmo é o dinheiro
Por ele abaixam a cabeça, tolos, se confundem,
Esquecem que nada é um pastor sem seus cordeiros
Mas enquanto cada engrenagem continue funcionando
Cada peça em seu lugar, o foguete está decolando
É a falsa utopia, engole diferentes ideologias, que
Mascara, maquia, maneja, modela
m-m-m-m
Não consigo mais falar
O sistema me oprimiu e colocou outro em meu lugar
Mas e agora, o que é que eu faço?
Dois filhos para sustentar, minha mulher e a TV a cabo
"Entra na fila à direita, a de desempregados".
Dessa vez vou fazer certo, cada peça em seu lugar
Para o ciclo vicioso que nunca pode parar
Pois o vilão não é o martelo (Ih, mudou?)
Agora é o pobre prego (Hum, ok)
Que é parte de algo maior
Algo que não entenderia com suas parcas orações.
Mas para que orar, se eu posso entender?
(não!)
Desligando o computador, voltando a ler e escrever
(para! To te avisando!)
Inclusive me identifiquei com um tal de Pink Floyd
(oi?)
"All in all you're just another brick in the wall"
(chega)
Mas pera meu, muita calma, é isso mesmo?
m-m-m-m
Ah não
De novo não!
...uma homenagem a Fernando Pessoa
89
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
“China usou mais concreto em 3 anos do que os EUA em um século inteiro”. Essa
afirmação feita por Bill Gates está correta e assusta. Em apenas 3 anos (entre 2011 e
2013) a China utilizou 6,6 giga toneladas de concreto, enquanto de 1901 a 2000 foram
usados “apenas” 4,5 giga toneladas do material nos Estados Unidos.
Esse dado não é exclusivo à China, muitos outros países tiveram um imenso
crescimento no uso do concreto. Fato que pode ser explicado pela urbanização
acelerada e até mesmo descontrolada. As cidades são polos que geram economia
para os países. São um aglomerado de pessoas e empresas trabalhando em busca de
lucro e a tendência é que cada vez mais o mundo forme mais cidades.
Com foco no meio rural, máquinas são desenvolvidas para substituir o trabalho
humano, já que esse é um trabalho baseado na força física, porém em alguns passos
da linha de produção das fábricas, máquinas robotizadas também podem substituir
o trabalho humano. O trabalho realizado nas cidades em sua maioria, compreende
funções em que o cérebro é a parte do corpo mais importante envolvida no processo,
e assim, não pode ser substituída por máquinas.
Destarte, além de ocorrer a diminuição do trabalho no campo, através da
mecanização, o estudo se tornou parte essencial na vida, caso o indivíduo queira ser
apto a ter uma função de maior prestígio social e retorno financeiro. Assim a cidade
passa a ser mais requisitada, seja na busca por estudos ou por trabalho.
A verticalização é um fenômeno que aumenta a densidade da cidade, que busca
além de aumentar a capacidade populacional, facilitar o acesso a serviços. Porém,
apesar dos benefícios desse processo, o crescimento urbano acelerado traz consigo
diversos problemas. A mobilidade, o saneamento, a oferta de produtos,
alimentos e até mesmo a própria moradia são questões a serem
resolvidas.
Atualmente o planeta vive um momento em que a tecnologia e a
informação são mais valiosos do que bens físicos.
As cidades representam um poderoso fator econômico para os
países por serem capazes de gerar a informação e a tecnologia. Algo
que somente cérebros de carne podem fazer. Por se tratar de um mundo
capitalista, cada vez mais os países buscarão formar cidades, visando o
lucro gerado pelo ouro do milênio. E a tendência é que isso seja uma
prioridade. É a urbanização acelerada do século 21.
90
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
TECNOLOGIA E INFORMAÇÃO: OURO DO MILÊNIO
Alexandre Kowalski
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
CIDADE DO UNIVERSO
Manuela Pereira
Isso é mais do que um lapso de realidade. Isso é uma overdose de dopamina,
serotonina, e oxitocina. Ver toda a beleza do mundo de uma vez só. A vertigem no
olhar para cima. A apatia no olhar para baixo. O funcionamento defeituoso que é
pensar e sentir. Atualizar. Aprimorar.
Seis da manhã. Toda a gente trabalha. Toda a gente tem trabalho. Olhos secos,
peles secas, línguas secas, existências secas. Pensamentos de plástico
interrompidos pelos ruídos das máquinas. O dinheiro é sempre pouco.
E as horas passam.
Ela andava pela rua abaixo, a caminho de um banco estadunidense no qual
trabalhava, vestindo calçados chineses que combinavam com sua bolsa alemã, que
comprou em um centro comercial de nome inglês, onde também comprou seu
telefone japonês, do qual não podia tirar os olhos.
(E perder algum segundo? Você deve estar de brincadeira.)
Pela rua abaixo, alojamentos improvisados próximos às fábricas, próximas aos
rios que foram enterrados. Amontoados de casebres. Demandas por serviços
ignoradas. Mas nosso tempo é curto e o dinheiro é escasso. Passamos direto para
evitar desconforto.
Construímos casas nas quais não podemos entrar. Corações lotados como
aterros. Declives apavorantes. 12 milhões de histórias e solidões.
Milhares no transporte público. O andar pelas escadas rolantes. O tempo é
sempre pouco.
Qual a importância, contanto que ganhemos nosso salário e possamos então ver
um filme estrangeiro aos domingos que faça o mundo parecer um lugar
melhor?
Contudo, nós vemos tudo o que é, tudo o que foi e tudo que poderia
ser. Sentimos a rotação da Terra, ilegítima e ilusória, debaixo dos
próprios pés, e as 12 milhões de náuseas da cidade universal.
Pode ser o céu cinzento pintado de dióxido de nitrogênio, ou o ranger
dos dentes como uma britadeira de uma população congestionada. Ou o
dormir sem descansar. Pode ser o ato de se embebedar de um álcool
atrasado como a gasolina que mantém um motor funcionando. Ou a
corrupção explícita. Pode ser a ilusão de um operário.
A cidade cresce e, com proporcionalidade inversa, decrescemos. E
somos infelizes.
Esqueça o tempo em nome do prazer. Conquiste o trabalho em nome
da estupidez de um futuro prometido, feito de plástico europeu.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
91
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
O poema “Ode Triunfal” de Álvaro de Campos foi escrito em 1914, em Londres.
Apesar de nessa época, a Revolução Industrial já ter se encerrado, ele cita situações
desse evento, além de sentimentos e sofrimentos dos operários.
O cenário antecedente da Revolução Industrial era caracterizado por mão de
obra artesanal e manual, onde os funcionários poderiam realizar todas as etapas do
processo para chegar ao produto final, ou dividi-las entre si, contando às vezes, com
alguma máquina. Isso dava a esses funcionários, uma maior autonomia, pois além de
realizar os produtos em suas próprias oficinas, eles normalmente o
comercializavam, dando a eles um conhecimento mais amplo da produção. Os
produtos não eram realizados em larga escala, e tinham um tempo de produção
considerado lento.
A partir de meados de 1760, tendo como pioneiro a Inglaterra, a Revolução
Industrial entra à tona. Aqueles artesões que antes tinham total autonomia,
passaram a trabalhar para uma pessoa superior a eles (chefe), a qual possui uma
indústria com inúmeras máquinas que faziam todas as etapas necessárias para
chegar ao produto final. Assim, aqueles que antes realizavam todos os processos e
tinham todo o lucro sobre eles, agora passam a ter apenas uma pequena
porcentagem.
A Revolução foi progredindo, deixando os artesões sem saída, pois tinham
grandes concorrentes. Assim, com a maior parte do mercado consumidor, essas
indústrias passaram a atrair todas as pessoas que procuravam um trabalho, já que
esses não tinham mais o conforto de suas oficinas. Então, famílias deixavam muitas
vezes suas pequenas cidades para morar perto das fábricas onde
trabalhariam. Houve uma grande massa que se mudou para perto
desses centros de produção e comércio, que foram cada vez mais se
desenvolvendo e se tornando uma Cosmópolis.
É fato que essas Cosmópolis tinham um intenso papel nas
economias. Além de terem inúmeras fábricas e pessoas morando ao
redor delas, elas acabavam atraindo um diversificado comércio local.
Com o crescente desenvolvimento, elas tinham um papel fundamental
para os países que contavam com a produção daquelas indústrias para
sustentar seus mercados consumidores.
Podemos comparar os cenários das fábricas com o poema que cita,
como por exemplo, “rodas”, “engrenagens” e “máquinas”. Mas nem tudo
era perfeito. O poema cita frases como, “tenho febre”, “escrevo rangendo
os dentes”, “tenho os lábios secos” e “arde-me a cabeça”, que retrata um
pouco de como era o dia a dia dos operários das indústrias.
92
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
A INTRODUÇÃO DA MAQUINOFATURA
Isabela Luz
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Além de muitos trabalhadores viverem em cortiços, o ambiente de trabalho era
péssimo para a saúde deles. Esses funcionários chegavam a trabalhar cerca de 80
horas semanais, acabando por sempre estarem exaustos, além de seus salários
serem extremamente baixos.
Em conclusão, o poema de Álvaro de Campos traz um pouco do dia a dia que
aqueles trabalhadores viviam nas fábricas, as quais sempre tinham inúmeras
máquinas por todos os lados. Ele mostra o quão exaustante e sofrida era essa
jornada de trabalho, e que mesmo assim, as pessoas se submetiam a elas.
“PASSOS”
Ana Catunda
Ele é um homem comum. Caminhando pela metrópole em um fim de tarde comum.
Apenas caminhando. Por que vagueia a esmo essa figura da noite? Não é alta, nem
baixa, nem tampouco se sobressai do resto da paisagem. O terno alinhado, a cabeça
erguida, marchando, marchando, sempre em frente, movendo as pernas em um ritmo
maquinário, esquerda, direita, esquerda, direita. A pasta chacoalhando, acompanha a
batida de seus pés de forma musical e inebriante.
Caminha pela noite o homem comum. Seu ritmo diminui...ele agora se demora em
frente às vitrines fechadas e aos bares. Vagueia em um descompasso, os olhos sem
foco, não sabendo se procurando por um drinque ou uma amante, até ou que se detém
em frente a um banco de praça.
Pensa consigo que não, não há mal nenhum em se estirar um pouquinho, afinal
está caminhando por tanto tempo e suas pernas precisam de um descanso, será
rápido, ele se promete, mais rápido que imagina, 5 minutos, 5 minutos são
mais que o suficiente para aliviar seu cansaço.
Sim, sim, pensa satisfeito, 5 minutos bastarão. Ele põe sua pasta no
colo e se reclina levemente, para relaxar enquanto ouve os sons da
madrugada. E nessa sinfonia do motor do carro, dos bêbados nos bares e
no gato que mia escandalosamente 5 minutos se tornam 10 que
escorrem mais depressa que os cinco anteriores e se tornam uma hora,
duas, três, talvez mais, até que o próprio tempo deixa de importar e o
sono há muito já tomou a mente do homem e ele não mais pertence a si
próprio.
E em sonhos ele caminha. Com seu passo ritmado e o chacoalhar
alegre da pasta acompanhando-o. Esquerda, direita, esquerda, direita.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
93
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Quanta graça e esperteza tinha o menino Daniel, ao nascer neste novo mundo.
Cresceu, desde pequeno, nesta selva de concreto, apesar de não ter sido de fato
jogado aos leões... Mas, isso é um tema para outra história.
Contemos aqui a história deste Daniel, o menino que nasceu mergulhado em
engrenagens e se admirava com os vai-e-vem, sobe-e-desce, as buzinas, as luzes, os
mecanismos, a correria da cidade.
Que menino mais esperto, o filho de Fernando e Monique!
Mas diferente dos outros; apesar de nascer numa geração naturalmente
tecnológica, Daniel se encantava com coisas que, para as outras crianças, pareciam
sem importância e normais demais.
Do que interessava como a máquina de lavar funcionava, se seu objetivo era
apenas lavar roupas?
Mas nossa, como o pequeno jovenzinho adorava botar o rosto naquele enorme
vidro e ver as roupas virando e girando e virando e girando... Até o natural ram-ramram daquele glorioso eletrodoméstico era algo que o fascinava tanto quanto o mais
complexo jogo de videogame. E não era só isso! Também tinha o liquidificador, a
descarga do banheiro, o ventilador, o aspirador de pó... E na rua eram sempre as
buzinas, as cores dos outdoors, o ronco dos carros e as máquinas de construção. Tudo
vivia tirando seu fôlego.
Ao crescer mais um pouco e entrar naquela famosa “fase dos porquês”, o
garotinho só queria saber como eram feitas as máquinas, os aviões, os controles
remotos...
E de dificultar a vida dos pais, que apesar de serem adultos cultos e
com bastante conhecimento dos dias de hoje, se cansavam de ter que
ficar horas e horas explicando ao filho como funcionava o tique-taque
do relógio de ponteiro.
Num dia corriqueiro, o jovem Daniel, feliz da vida por sair de casa e
poder explorar ainda mais esse mundo criativo, encontrou um local bem
diferente do que estava acostumado: cheio de luz, cores brancas,
pessoas andando de um lado pro outro e, fácil adivinhar... Mais
máquinas.
Perguntou à sua mãe que lugar extraordinário era aquele. A mesma
riu e apenas disse: “Estamos aqui para te examinarem! Verem como você
funciona e está por dentro”.
E Daniel surtou. Ai meu deus! Será que era capaz de ser como uma
máquina? Examinado por dentro, para saber como funciona?
94
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
DANIEL E A MÁQUINA DA VIDA
Isabella Rodrigues
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Isso o deixou tão animado que no final da consulta, saiu feliz da vida sabendo o que
era um “escotroscópio” e pra que serviam o medidor de pressão e o martelinho. Sem
falar que agora também sabia como é que podia enxergar, como conseguia comer
tanto e nunca explodir e também como respirava.
Aprendeu que, de fato, seu corpo era uma máquina. A máquina da vida! E o médico,
doutor Marcos, gostou tanto dele e de suas perguntas e teorias que até deu a ele um
pirulito!
E aquela foi apenas a primeira das muitas vezes que Daniel teve que ir ao
consultório branco do doutor Marcos. Sempre ficava feliz, pois aprendia coisas
novas sobre como funcionava o organismo e suas pequenas máquinas e ainda tinha o
direito de ganhar seu pirulito! Seus pais, que agora parecia tristes,mas mais
orgulhosos do que nunca, continuavam incentivando seu filho a aprender sempre que
podiam...
Mas o dia que Daniel mais se lembra, foi aquele dia que teve que ir ao hospital às
pressas. Sua “máquina de respirar”, como chamava seu pulmão, não estava muito boa
naquelas semanas, e quanto mais tentava absorver ar, mais sentia um incomodo no
peito. Ao chegar ao consultório, seus pais, com uma voz calma e trêmula, finalmente
explicaram a Daniel que seu pulmão estava com um problema de engrenagem... Um
parafuso estava atrapalhando.
E devido ao tamanho desse parafuso... por ser tão grande, ele nunca conseguiria
ser retirado.
Após isso, Daniel ganhou seu próprio quarto de hospital, um monte de brinquedos
novos de seus pais, e o que mais adorava: seu quarto era repleto de máquinas
ultramegamaster futurísticas, que faziam piiiiii-piiiii-piiiiii, shhhhhh-shhhhh, tec-tectec e diversos outros sons que adorava.
Semanas e semanas passaram, e Daniel continuava feliz com suas
geringonças e bugigangas, sempre recebendo diversas visitas do
doutor, de seus amigos e de todos os seus parentes; todos sempre
muito emocionados, sendo iluminados pela alma encantadora e
extraordinária do garoto.
E foi nesse ambiente que considerava aconchegante que Daniel
soube que sua máquina não aguentaria mais e que suas engrenagens já
estavam fracas. Sua respiração era escassa por meio de aparelhos e
seus olhos já não conseguiam ficar mais abertos...
Então, em meio a piiii-piiii-piiii's cada vez mais lentos, o pequeno
garoto caiu num sono profundo, à espera do último som que seria
produzido pela sua máquina da vida.
Não chorou, nem disse nada. Apenas deu um leve suspiro, um sorriso, e
finalmente, o som dos anjos que tanto esperava veio como um alívio...
...uma homenagem a Fernando Pessoa
95
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
piiiiiiiiiiiiiiii.
Aquela foi a última vez que suas engrenagens funcionaram, mas a lembrança de
seus pensamentos e seus ensinamentos sobre a tão famosa máquina da vida
passaram a ser sempre revividos pelos que o conheceram. E Daniel, um dos
desconhecidos heróis dessa selva cinza em que vivemos, pôde em fim receber seu
descanso merecido em um possível paraíso cheio de engenhocas que o faziam
feliz e ainda nos mostrar que, apesar de sermos máquinas, possuímos uma coisa
que nunca poderá se quebrar, desconsertar, ou dar defeito: nosso espírito.
OS PECADOS DA CIDADE
Mario Maccioni
Ninguém tem poder na cidade, ninguém é alguém,
somos apenas partes da cidade,
Partes pequenas substituíveis, ninguém é mais importante,
somos objetos,
A cidade transforma cada um de nós no que ela precisa,
ela nos objetifica,
Ela nos prende na rotina que ela quiser, nos destrói por dentro,
Nos convence que nossas vidas são tão ruins, que pulamos
em direção a uma de suas ruas,
Destrói tudo que somos, somos mais uma construção,
que um dia irá ceder,
Mesmo sabendo que ela irá nos destruir,
nunca vamos embora,
Não estamos presos, só não saímos
por que ela nos criou, nós a amamos.
96
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
Mais um dia, como todos os outros, mais um dia doente, como todos os outros,
Tudo é tão igual que ser diferente aqui é difícil,
a cidade rege as regras, nós seguimos,
Os dias nublados, as noites sem estrelas, o frio de sempre, a chuva de sempre,
Como pode tudo tão igual, mas ao mesmo tempo diferente?
Tudo pode na cidade, a esquina de ontem é diferente da de hoje, tudo muda,
As pessoas mudam, assim como prédios, casa, lojas, ruas, estradas, tudo,
Mas a cidade que sempre muda é a mesma,
sempre está lá, mas bem diferente,
A efemeridade dessa cidade é constante,
o sempre mudar faz dela constante.
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
Como muitos dizem a cidade nunca dorme,
isso porque nunca a viram acordada,
A cidade só acorda quando as “pessoas de bem” vão dormir,
Revela sua verdadeira face,
bem diferente do que a maioria está acostumada,
Nessas noites que podemos ver tudo de ruim
e de bom que a cidade oferece,
Onde traficantes e prostitutas dominam as ruas,
onde as leis não são mais nada,
Políticos correm atrás dessas mulheres da vida,
e seus filhos dos traficantes,
Sexo, violência, bebidas e drogas,
fazem as melhores noites aqui na cidade,
Noites que nunca tem fim,
noites onde os sonhos e os pesadelos se realizam.
A cidade seduz todos, como uma de suas prostitutas, ela encanta cada um,
Leva você para onde ela quiser e tira cada um de seus últimos centavos,
Te esfaqueia da maneira correta, por causa da gorjeta que você não deu,
A diferença é que a cidade não quer só seu dinheiro, ela quer todo resto,
Seus sonhos e esperanças são arrancados,
se você não for forte para lutar por eles,
A metrópole é muito mais selvagem do que qualquer selva,
Todos são animais, lutando para subir um pouco mais na cadeia alimentar,
Uma luta constante e eterna por dinheiro e poder.
Mesmo numa cidade tão cheia ainda me sinto vazio,
Mesmo numa cidade tão cheia ainda me sinto sozinho,
Essa cidade que nós criamos está nos destruindo, aos poucos,
Estamos destruindo a cidade que nos criou, aos poucos,
A cidade nunca será destruída, nós sim,
A cidade representa nossa sociedade, nós nos destruiremos,
Gostaria de morrer na cidade, onde nasci, o lugar que eu amo,
A cidade é o único lugar que eu gostaria de ver morrer,
antes que ela me mate.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
97
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Tic-tac, Tic-tac
O tempo não para,
o barulho não para.
Tum-tum, Tum-tum...
O corpo não para,
fazendo homens ajoelharem-se,
Implorando por misericórdia.
A mudança é constante,
a vida é um sopro.
Sopro esse que não perdoa,
não admite deslizes.
Nessa selva predomina o concreto,
homem iludido...
Não passa de mais um boneco.
Boneco este, pertencente ao sistema
Sistema esse composto por cabeças.
Cabeças estas que irão rolar,
espera, mas rolar para onde se o lixo já dominou o meio?
Espera?
Tic-tac , Tic-tac,
O tempo não para.
Triiiiiimmmm
Acorde, já passou-se a noite,
A labuta exacerbada o aguarda.
Sinto-me vazio,
a mediocridade da monotonia me consome
Vrrruum , Vrrruum...
Quem dera ser um automóvel,
ser veloz , não hesitar.
Porém, já somos máquinas,
Marionetes do capitalismo,
robôs da selva de pedras,
maquinário que não descansa.
As noites são inquietas, turbulentas,
Os seus valores são invertidos,
o poder vence a humildade.
Tic-tac , tic-tac
98
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
INÉRCIA TEMPORAL
Luana Brescia
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
O tempo voa, a mente não para
A lucidez é vista com indignação.
Piuuuuuiiiii !
Lá vem o trem, esse sim para,
mesmo que por pouco tempo.
Está é a minha deixa, hora de partir.
O maquinário me aguarda...
OS DOIS LADOS DA MOEDA
Yuri Tong
Nos dias de hoje, percebe-se que o processo de urbanização vem se
intensificando ao decorrer dos anos tanto em países desenvolvidos, assim como
também em países subdesenvolvidos.
Resumidamente, o processo de urbanização ocorre em quatro principais etapas:
industrialização das sociedades, ampliação da divisão entre campo e cidade, êxodo
rural e formação das grandes metrópoles, e por fim, estruturação da hierarquia
urbana.
A urbanização traz muitos benefícios quando há um planejamento urbano.
Exemplos: distritos industriais separados das moradias, áreas verdes e etc. Um
grande exemplo de cidade que houve um planejamento urbano é Brasília, a capital
federal.
Todavia, a urbanização exacerbada pode trazer malefícios de grandes
intensidades, um grande exemplo de cidade que sofreu várias consequências
negativas é Cubatão, em que por volta da década de 80, Cubatão era
mundialmente conhecida como “Vale da Morte” e também era o
município considerado o mais poluído do mundo, segundo a ONU.
Cubatão era um “paraíso verde”, a cidade era rica em recursos
naturais. Contudo, o intenso volume que as indústrias trabalhavam,
eliminando quantidades enormes de poluentes (cerca de trinta mil
toneladas por mês), começou a ter consequências catastróficas,
visíveis e preocupantes. Exemplos: graves problemas neurológicos,
anencefalia, mortes e etc.
Através destes dois exemplos citados acima, pode-se concluir que a
urbanização apresenta algumas vertentes positivas e outras negativas
sobre o assunto em questão. Tudo depende do planejamento da
eficiência econômica, justiça social e da proteção ambiental.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
99
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Robert estava sentado, como todos os dias, em seu carro no trânsito paulistano
da hora do rush. Ali naquela hora ele decidiu pensar sobre o caminho do ser humano
nos dias atuais, ou melhor, para onde ele e todos iriam na maneira que estava?! Todos
os dias a mesma coisa, nada diferente do que trabalho, trânsito, rotinas iguais e
reuniões para um objetivo apenas, o dinheiro.
Ele começou a se perguntar quais eram os motivos para a sociedade ter o objetivo
de sempre querer ser melhor que o outro. Ali estava ele com seu pensamento e seu
rádio tocando Legião Urbana, sua banda favorita e assim gerando uma vontade de
“cantar”, mas confessadamente em situação de “não canto”. Cada segundo que se
passava ele sentia seus olhos doerem por excesso de luz de faróis e lanternas de
carros que o rodeavam. Robert não via a hora de descansar e em seus pensamentos
achar a beleza desconhecida dos antigos em seu interior mais profundo.
Por que pessoas não escrevem mais umas paras as outras? Hoje vivemos apenas
solitários e escravos do famoso “sistema” que ninguém sabe onde começou e onde
irá terminar, mas todos vão atrás de elevar o ego das pessoas que o mantém vivo até
hoje. A maioria das pessoas faz isso de forma não direta, mas no consumo da
modernidade que alavanca o cosmopolitismo existente, assim quebrando todas as
fronteiras. Alguém sabe onde foi parar o Eu interior? Uma sociedade que está cada
vez mais querendo se achar de diversas formas e moldes impostos por nós mesmos.
O pensamento foi além da sociedade, mas foi a algum lugar que muitos gostam de
aumentar dentro de si, a riqueza. Não há mais julgamentos de certo ou errado, pois
vemos cada dia mais escândalos de pessoas que roubam para aumentar seu capital e
voltamos a famosa palavra que as pessoas adoram, o ego. Assunto atrás
de assunto, o pensamento se perde e faz uma volta ao tempo até se
encontrar na essência de uma criança. Ela nunca vê mais que apenas um
colega ou um companheiro para brincar e dividir aquele momento de
diversão, não importando raça, condições financeiras ou problemas que
quais quer possa existir. Com isso batendo uma nostalgia de por que não
continuar vendo o que o outro tem a oferecer sem julgamentos de
valores?
Após tantas reflexões Robert volta ao normal e segue seu dia igual a
todos, porém sempre com aquela dúvida de “onde vamos parar?”.
100
...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
ESCRAVIZADOS PELA URBANIZAÇÃO
Vitória Rezende Fernandes
X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
Colégio Domus Sapientiae
CRÔNICAS DA CIDADE CINZA
Raphael Gavino Biondi
Vagando pela cidade, cinza é unanimidade
Poluição, fumaça, onipresença essa atmosfera tensa
Viver na cidade 011 é preciso ser 13
Cotidiano corrido milhares de vezes
Preparado para a guerra calçando meus coturnos
Trabalhador não descansa, é noturno e diurno
Metrô lotado, ônibus lotado, mas você se sente sozinho
Centenas por metro quadrado, tipo uma ave saindo do ninho
Como uma peça de engrenagem, vivendo uma miragem
Pinta na sua cabeça essa imagem
No caos da cidade sem fé, nós somos efeito
Da procura da felicidade sem saber o que é direito
Ter que provar todo dia nossa existência
Eu me represento, sonhador! A contra resistência.
Incontáveis vezes chamado de louco insano
Vivendo dia após dia ao longo dos anos
Então imagine um quadro preto e branco
Com sangue, fumaça e de longe um banco
Que através do suor alheio se estabelece
A vida é feita de escolhas, sobe ou desce!
A selva e pedra, ferrugem, leões rugem
Ranger dos dentes, feras não fogem
Fugere urbem, fuga, ferida, fugi, fingi (Menti!)
Fatalmente falando, fortuna feita (Faz favor, fí!)
Condenado a ser livre é sua penitência
Mesmo que sua presença não faça diferença
Cidade de santo, mas que de santo só tem o nome
Não presta atenção que o monstro te engole
O monstro é feito de prédios, pontes e viadutos
Se pestanejar ele vem e devora tudo
A fumaça faz um véu que deixa tudo acinzentado
E eu no meio da confusão, indefeso, descalço e sentado.
...uma homenagem a Fernando Pessoa
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X PRÉMIO JOVEM ESCRITOR
“IL RITRATO DI SORELLA”
Luiza Mazzio
Eu corri, corri muito.
Corri descalça e sem roupas, jurava que conseguia sentir todos os meus
personagens (ou demônios, como preferir) se dissipando e me abandonando no
trajeto.
Meus pés se cortavam com os rastros, e se fundiam com as cicatrizes de meu
passado, deixando tudo, tudo que me constituía para trás.
Agora estou sem nada.
Acho que é esse o destino de um artista: Nascer com nada, viver com nada e morrer
com nada. Porém sua imaginação é tão fértil que agrega características que se
materializam.
Como um ectoplasma.
E todo esse show de ilusão de ótica cria um arroubo no público.
O artista é leve por não ter nada, vai com o vento pra onde ele é mais forte.
Gosta de tumultos. Faz o que ninguém faria por não ter nada a perder.
Mas cria uma densidade tão intima... Talvez seja pelo imenso vácuo dentro dele.
Sua invenção mais apurada é o amor. E ele se manifesta de várias formas.
O artista não consegue sentir amor. Talvez o amor seja uma criatividade.
E eu o criador de Deus. Deus, minha imagem e semelhança.
Gerado de um amor assexuado, quanta ironia.
E todos à minha volta sejam pedaços de mim.
E o pedaço mais bonito seja uma mancha
de graxa no concreto do asfalto de uma cosmópolis.
Destarte, essa humanidade de desmembramentos
de órgãos imprestáveis impeça o meu carpe diem.
Talvez o mundo seja meu corpo,
e esse ser falante seja minha alma, tão pequena...
Viste?
Sou criativa.
De tanto ser nada posso ser o que quiser.
De mulher a criadora.
Só não posso ser sua, natureza.
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...uma homenagem a Fernando Pessoa
Colégio Domus Sapientiae
Talvez o amor seja Deus.
EQUIPE DE LÍNGUA PORTUGUESA
Professor Cassio Laranjeira Pignatari
Professora Gabriela Fonseca
Professora Luciane dos Santos
Professora Maína Machado
Professora Maria Inez Ferreira de Jesus
Professora Rejane Loli Ruiz
EQUIPE TÉCNICO-PEDAGÓGICA
Mantenedora e Diretora-geral - Neuza Maria Scattolini
Assistente de Direção - Márcia Gavino
Coordenadora Geral - Lucienne Maria Buscariolli
Orientadora Educacional (Ensino Fundamental) - Valéria Furtado
Orientadora Educacional (Ensino Médio) - Ângela M. M. da Encarnação
Sinceros agradecimentos da equipe de Português aos colegas das
demais áreas do conhecimento e à equipe técnico-pedagógica, pela
presença constante e incentivo diário.
PARA QUEM LEVA A EDUCAÇÃO A SÉRIO E FAZ DA VIDA UM ETERNO APRENDIZADO
DOMUS
Sapientiae
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