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ABSTRACT This paper analyzes briefly the everyday life of the textile workmen of the cloth factories in the town of Paracambi, State of Rio de Janeiro, during the period of time between the end of the XIX century and the first half of the XX century, a moment which was the “height” of the “factories having workmen village” in this particular area of the State of Rio de Janeiro. The paper search comprehend the daily life activities of the textile workmen within the “factory – workmen village complex” - here understood as a factory and socio-cultural complex - revealing features (mainly religion and education) of the workmen’s culture. Without disguising the implicit domination relationship in this factory situation, the paper shows the way in which such relationships became real in daily life and calls the attention to the fact that although the workmen’s villages were properties of the industry owners, they were also the “workmen’s homes”. ó ô&õ÷öùøúõ÷û&üþý ÿ/õ õ õ ü ' 9 :;< =>?A@< B9B>5B> CD?E9@F GH< 9 øö ýüøúü ü÷ö õ÷û !"!$#%& '# (# )+*-,-.0/123*(/1#3'*546#%& #-7 #8-& IKJ3LMNPOQIR S TVU6WKXHYZV[\U]0U^ZT1_a`KXHb[dc+eYf[g]Hhi`6e+YjcKelk+kDm RanporqLs5R^o6O3Lutv Este trabalho pretende desenvolver de forma sucinta algumas questões referentes à 2 vida cotidiana do operariado nas fábricas de tecidos da cidade de Paracambi, estado 3 do Rio de Janeiro, no período de auge das fábricas com vila operária nessa particular região fluminense, entre o último quartel do século XIX e a primeira metade do século XX. Busco investigar de que forma as partes orgânicas da cotidianidade se cruzam, 4 conforme sugere Heller , no contexto das fábricas com vila operária no sentido de desvendar aspectos até então não aprofundados do mundo operário. Além da heterogeneidade da vida cotidiana, Heller afirma que a sua hierarquia não é eterna e imutável, mas se modifica de modo específico em função das diferentes estruturas econômico-sociais (1992:18). Neste sentido, a cotidianidade nas fábricas com vila operária contém uma ordem hierárquica específica e determinada historicamente pelo modo de produção capitalista, no qual a organização do trabalho ocupa posição central na 5 heterogeneidade deste particular mundo do trabalho . A hierarquia da fábrica se sobrepõe e organiza o mundo da vila operária, dando o sentido de sistema ao conjunto das relações entre o mundo da fábrica (espaço de produção) e o mundo da vila operária (espaço de reprodução). Os diversos aspectos do mundo operário que formam a heterogeneidade das fábricas com vila operária - produção, religiosidade, formas de consumo, lazer, educação - mantêm entre si formas de intercâmbio, combinando-se hierarquicamente a partir de suas relações com a estrutura de poder vigente que tem como sua figura central o diretor da fábrica. Leite Lopes, que estudou wz x y|{~} }" d H " -3 1AV jr$r3p$3$E-f ¡j¢V1£ ¤¥¦§£¨ ©ªA«¬-E®-©¯°°²±u«³«¨ E°´¨ µVªA¨ ªA°f¯«j¶ª1®¬r·®-¸ ¹a°©¯«²µ«j«©³"°-©ªA®º®-»¼®µ½¯·®µ3¾¿ÀÁ¨ ³"®µ½¯«Âª1«|³¨ ¯°µ$¹Ã«j° ÄuÅ$ÆVÇ ÈQÉËÊ+Ç ÌÆÍAÇ ÆÉÏÎÐÑuÒÌ$ÌÉÓÍEÒÌ"Ô3É ÕÖ×ÏØ×dÙ ÚÛ$ÜÙ Ý ÞÜßÜdÜ¡àáâ×ÜËÛ"Ú-ã~×áEÛÝ Ü-Ùi×ÏÜdÜÕä1Ý å|Ü\×ØVäAÜæ"çÚèâ×á1áEÚ|ßÝ àáÝ Ü¡Ö× épêë"êë"ìíë"ìîíVïðñò ó|êfô-õ¼ö÷røDöùgúuêûü êýKë$ìîïñóìýþñõQêüHîï1ôÿ-ðE ê ìjó ô Aê|ïâìjô|îïVðEôÂêíë$ìõ3ñrîü óêóôí ì ô|ð ðü êí !"$#&%(' *) +,!.-#' /.' 01243576"8:9' 9$' 4,8.' %(0";6#;' <= >[email protected]= C0DE FHG"F < D GI&JK = L7= >D> FNMF.JM$I&OP = C0DQ>DR P&O$SI = CDRT> F A F C= > J R"UWVXAZYD< L F @"A FQF @C J @"A I D [ R FQF L\DA5= ]$= >D> F D GF @DR ^_,`ba`cd&efg;h i0`cjakTlBk.i.h amcn,`H`$o"l5h p`rq`gh `Hsutoa$h a`n,v$^kQwmx5kbc.kQi.w"`_,`Nsyg&mz{o|~}g&`c.h (oa^cZl(g;h `$ koi.k"g(g;m^ c^`c`l5h $h a`akc{h*o"a$^cBlBg;h `$h c{om:dh*o"`a` ai0`a"`ak2"| $&+ +0":"&"( 0{.¡ $ ¢ 1&; 7,£ ¤¦¥§"¨(©"ª«"¬B¤¦«® ¯±°*0ª2§«2¨(«²*¥³0´«.¬7§«7§ªµ7° ¶¥³0©ª0· ¸0¹ºr»;¼½¾;¿ À0Á¸NÂ$Ã1Ä ÅÆÇÈÉ(ÊË*ÌÍÎÏÊË É(ÐѱÍÎÐ"ÌÑÐrÈÅHÅ"ÐÆÅÒÑÓÉÍÇÍÔ*ÕÍÊ"ÈÉ5ÐÅbÖÍÉ5Í×ÍÔ Ø"ÎÙÊÍÒÐÅÚ±Ð"É;Í¡ÊÍrÖÉ(ÈÊÆÛ0ÜÈ ÝßÞ"àááuâ;Þ"ãä0åçæè éê2ë0ì$íêBî(ï î(ð1ñòóé ôõö÷ø ù$úûüýþ"õjÿ Tú7üû5ú;úû(ü ÿû üýõô0ø üø 2ÿ!ÿõø öü"ýþõ{ÿöÓû ! 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Além disso, esta estrutura de relações sociais contém a promoção e administração de atividades médicas, religiosas, recreativas, e também uma numerosa milícia particular garantindo o “governo local de fato” da companhia sobre estas múltiplas atividades (1988:21). Minha investigação concentra-se na forma como o operariado viveu - cotidianamente 6 sua experiência nessa situação fabril. Se a classe operária é definida pela própria classe (autofazer) quando esta vive sua experiência, só podemos entender a formação social e cultural do operariado têxtil da cidade de Paracambi a partir da compreensão de sua experiência histórica vivida no complexo fábrica com vila operária. Assim, 7 procuro investigar o modo de vida e as formas culturais do operariado têxtil desde a sua inserção no complexo fábrica com vila operária. Ele consiste: 1º . Em um complexo fabril: como uma forma particular de produção capitalista na qual as vilas operárias surgem como solução para o problema habitacional da força de 8 trabalho, assim como uma forma de o patronato industrial exercer controle sobre a classe trabalhadora; !"#$&%'$(*),+$ -/.0$12),3$,-4$25687 )7 :94,$,.;).<7 ),=>?$@A6!=7 687 !B)!C$,-<A9487 -/%)+5D EFHG4I8J/K LMBNPO;QFR<K SHMTSE!U'LKV MWE,XI,R;QR<K M,Y@Z![IW\"MT]E,^_,Ea`,IWIb,XI!R<K c(]S8K MdeE!U'Mf]E(^_,Eg`(IaI8bXIhR<K c(]hS8K MWM `I8J4I,R<UK ]M,^_,Ei\jMV kElIbJ/I,R<K E,RmM(E?K]B`!K L,n `[E,oqpQ?[UCMi`,I8J4I,R/UK ]M,^_,Ej`M?I8bXBIhR4K c,]S8K Ml`IrS8V M,ss8I8oqUCM,s ]_,Ei`,M SE!]sS5K c,]SBK M"`IWS5V M,ss5IWtHuvwwMxyuzY5dj{ M,s&XBM!R|M&}phE!U~XsHE]oiE"S5E]SI,K J<Ea`,IWIb!XBI!R<K c,]S8K M&J<MUrF\,UM!FBM!R<SM UCM]K O|IsJ<M^5Is1S8[V JH[,R0MhK s`,MaSBV Ms5sIWE!XI(R0Q!R4K M,o (@ 88*,W,W*, (<<," < < a (< , * 8(@,(8Pj,,~, 1, (,*,~A2(i /8, ;¡(¢P£r¡h¤¥<¦5¡¡A¢¤§¨,ª©,« ¬¤,,¢ ®<¯°± ²5¯³°0´8µ°;´,¶®y± ²5·µH¸¹²5·º·A±³,µB°± ³°»·?®y·¼ ´°;½,®<± ·*¾´,°;²*¿ÁÀ¼¯Bµ°;¯,ºÂú'´5Ä´®<±ºr´³h°0¯ºÅµBÆ,¯1´Ä(´®<±Ç³²5± ¯A²·,º~· µ*´³°± º~´³°·f´a¼ ±È¯,ºÉ²·,ºÊ´8µµ´(µµ*´³°± ºr´*³°0·µW³¯f²8Ƽ»°;Æ,®<¯8¾@²5·º·f³·®/º~¯8µH¾@·Â,®<± Ëh¯,ÌÍ´8µWλ¯,º±¼ ± ¯®y´8µÏ´WÈ´ ¯,®4´(³h°;´BµB²5·*¾´Ð®4´²5± ®y·²5± È,¯È´BµP¾²· ºr·jѯ¼ ·,®4´8µÒ·ÆrÓ<¯°®<¯Ñ*ÃBµCÈ´CÎ;·,®<º¯(µC´¼ ¯Â,·®<¯,ȯ,µP¸q³¯¯,®4°;´·Æ³¯(µC²·,³Ñ±²5ÌÍ,´8µ 3-)L)@SL(NN"^(M3 _OG#[8_ O@ -V X"W"_SOG-A[)(O`B#CM3LY1D=M3)&a[!"(UEDb##cF$a /G%df"e)&g('ghHeiD-)(jk/I*e(l,+Fm.-,n -)7 >/0?1-)2(H348#5*&(8-)"@ #12:&@6(4-)79-C84*:@7 812:- J37K9L,M2;N:O.-<PR)(QTS=U,-)VD7 >W2U*M3?O-VG(XZ-(Y.1O:MFW213L\:)!@[O ( ]o prqts*uvw*xv)y3uRz{Gu|}2~z)~Rz)s*~z~Rz{R rs*uv z{}~z)~s s~~|)u}Fz)~`~ ~u){}}3 ~~~}y= }z,~ ,¼¯=±)R¶<¹½²3¹® ¯,¶ ¶F¹R ¡µ¢¯£µ¤¯¥¶)¯)°h¦§¾*¹³2¥¾¨´¿G£¯)°. ±2¹G¥¢´ °¡µF¢,·¡©¶)±2²3ª´ ³ «ÀÁ)¬Â)¡ ÃÅÄ!Á)î¯ÆÇ°±2²!³ ´ µµ¯µ,µ´ ¶®·¶¶¸¹<²F¯¶´ µ¯R°¶º·¯)¶)±»¯¶ ®<´¼ ± Ëh± ·µ8¯µ¿ÐÀµ5µ*¯ºr´°¯È´@È,¯²*Æ(¼»°;Æ,®<¯Ó/´1ÃÔÆ,º¯ ¯Î´°±;ÑP¯r´Cºr·®/¯¼ ÕHÖ×ØÖhÙyÖØ×Ú5Û Ü ÝBÞ!ß,àâájã à à ã äWÞ!å|æ!ßçéè,êë<Þíì!ßhè ý*ûø ðýù ,ó~ýù,ñ@ü,ý¹ðîh÷ñ,ò4ýBï¹ý5ïB÷;òHõ÷;õò/îø ï üý÷;ýò<óø ùî ú,ñ¹ùñiûîòýBïB÷;ò4õ,÷<õ(ò4î (ô*õ,ö»÷;õ,ò<î ÷»ý(ò4óñ(ï jûý*ù!ï *ý(ö ýó ïý8ûî ºr´°¯È´@²·ºÒ¼ ´°¯*¸?·È,´Aµ´®jÈ´(µ*²5®<±»°¯²·º·²·,³(µB²5±Ç³,²±¯ î(ïað|ñ(ò4óî(ïgô8õö»÷;õ,ò<î,ø ïfùú,ñaûñüý8óþïBý(ò Bï*øôñ(ï ö îïjùúñ?ï*ú,ñ Hî,ò<ø ,öî(ïâï8úñiûîò4÷0ý8ï¹ü,ýõ,ó ò/ý,ühõBÿ*øü,î8ïgñõ ø ïB÷î(ïaôñ,óñ ýø ïâî(ôøüý8ù÷îø ïjñõ2öø ò<ýórýù÷<ýiî ô ò<ô8õ,ö ñ2ù,ýôýBï*ï òyø ñ2ùñ õ,î,ö ùýù órýò4ñ ,ý,ò4÷îï õ,óÅüñ,ï È9ÉGÊËÍÌÏÎÈ§Ð Ñ ÒÓhÔ9ÕÖ×ØÓ§ÙDÓ×ÒFÚÛ9ÕÜØHÝrÞ§ÖØÙßàÛhÞrÖ<Ý9Þ\árá.â`Ðãåäæ)Êç©ÐähÎGÊÅè§é 9 2º. Em um complexo sociocultural: como uma constelação de traços socioculturais presentes nas fábricas com vila operária os quais se configuram nos aparatos institucionais 10 e se intercambiam como expressão das relações sociais que se estabelecem entre os membros da classe operária e entre a classe operária e o patronato fabril, seja no espaço da fábrica (organização da produção), seja no espaço da moradia (vila operária). Estando este último subordinado ao espaço da fábrica na medida em que esta é a proprietária das casas dos operários, assim como dos aparatos institucionais. Dessa forma, o operário têxtil, além de ser empregado, é simultaneamente inquilino do imóvel que pertence à fábrica e usuário da rede de serviços 11 (armazém, armarinho, posto de saúde, farmácia, escola, clube social, capela) que funciona dentro do complexo fabril, transformando o que seria uma simples relação patrão/empregado em um relacionamento complexo. 12 A característica conceitual está na fluidez das relações, seja entre os agentes sociais, com o operariado têxtil e o patronato fabril formando uma relação simultaneamente de trabalho e pessoal (assim como familiar), seja entre os espaços fabril e doméstico, na medida em que os agentes sociais circulam entre a fábrica e a vila de acordo com a função específica de cada um deles na ordem hierárquica. Isto sem esquecer do intercâmbio das relações que fluem entre cada aparato institucional 13 que integra a rede de serviços do espaço doméstico, não havendo um limite rígido entre ambos. Com efeito, as fábricas com vila operária tornam-se, a partir dessa perspectiva, um complexo socioeconômico, cultural e político: a fábrica moderna com o trabalho assalariado e sua “servidão burguesa”; o paternalismo industrial com formas específicas de educação (a escola operária), de religiosidade (as capelas com o(a) ê÷ëíîì)îð=ôïó ôðñòRòó øÍô õòð=îõñîRøõ)òRìòøïÍùöó ô ÷ó îî`øõ)ø òùúññ3î,ô ÷óîïï)ÿðFøîGûðöRñ2òìúøòïóû)ðøüñòì*õøô þ*ïÿ)ìø<îïù)ðøñòñý ÷îÏîÍïòò÷Gï)ïøøþþÿøRî)÷GõõîRîüìøì*ø`ùÍùóîó îøüø÷ø÷øìôìòô òó ó. îÍòì*÷ø Íùòó îïõøø òúñ3ô óì* õ465 îG798ù:+ñø;õ<ø = Gù>þ8@ÿøÍ?ó î >Aî©= B = C%îõDï)îGEð3òñ38@îù=1: ý ñ÷=ø;î õ = DB1fþ*F!ö ÿ<ø`:õ>îG<ò ø©2G%ø8ðFñ2îHJþñ òÍI%ø<õ= >î <@ðIñ!ò8úG+"ò<#%óKMû$ ø LON P &(' Q )+QS*-R, N.T P %UV0GD/HD@,1" .H<W2#<H=*H 'X *K, <. 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Sobre a fluidez das relações sociais do complexo, um operário da Fábrica de Tecidos Maria Cândida relata como foi feito seu pedido de uma casa na vila: Eram feitos diretamente com o gerente. Era um pedido verbal. Você chegava perto dele e falava e ele atendia. Naquele tempo, não existia também “carrancismo”, ele era um gerente que atendia você, tanto faz dentro da fábrica como no pátio da fábrica, como aqui fora, em qualquer lugar que você encontrasse com ele, ele atendia. A vida cotidiana do operariado têxtil das fábricas de tecidos da cidade de Paracambi (RJ) deve ser abordada através do complexo fábrica com vila operária tanto nas suas 15 formas específicas, em termos de educação nas escolas operárias , de consumo nos armazéns e nos armarinhos etc., quanto investigando de que forma o operariado se apropriou desses aparatos institucionais estabelecendo neles relações sociais próprias dotadas de sentido. A cotidianidade não constitui parte estanque do complexo fábrica com vila operária, mas é uma abordagem que desvenda e aprofunda a própria noção de complexo. Assim, volto a afirmar, a cotidianidade está inter-relacionada com a noção de complexo, não sendo possível falar em complexo fabril sem investigar o cotidiano operário e seus múltiplos significados. As fábricas de tecidos de algodão implantadas na cidade de Paracambi, desde a segunda metade do século XIX (primeiro a Companhia Têxtil Brasil Industrial, segundo a Companhia Tecelagem Santa Luisa, que logo depois se transformou na Fábrica de Tecidos Maria Cândida) podem ser enquadradas no padrão das fábricas com vila operária. O período de implantação inicia-se no último quartel do século XIX, com o 16 momento de auge desse tipo de complexo ocorrendo na primeira metade do século ·@¸ ¹fº6»¼½¾N¿À8º ÁÂeº6À=½¾NÀ8ÂÃ8Ä Â2ÅÆÂ2¾l¾ÇÈÀiÂ4½+»ÇÉ(ÊÇ+Ë ÌÍÎtϯРÑÒÍ.Ó@ÔÕÖ8×6ÌØ.Ì(ÍÎÚÙ(× Ð Ø.ÍÏÑ2Ö8ÔÖ8× Ø ¾ÛÀ8ܺ À=½Áݽ¿½À@Þº À˽ Ä Âº ÞÛÀ=½Ë£ËǺ ¾½Û2Þ8ÇÀ8Â2¾ß à;½áãâ{À;ÂäÀiÂàå2æçæ¯á.ÂÁè¾Û2½£½ÈÇÀi˽ÜÂÁèËÇ£éÇÁl¿2Ä ÂÅÇ£ê½2¾½ ë ì\Ài½»ËÂíïî¯Â»2ð{½Ä ½ñ ½2Ã"º ÀÁ½ß òóÌØô{Ø õ ö¯Ö"Ø÷øÑ(ùÌÍÎϯРÑúqØøØ£ÏÑeÐ Øûô2Ñ2÷ü{ØÐ Øù+Ö;ÑÏÖ;Ñô2Ñ÷¯úqØú ÍøÍþýÎÿô{× ôúqÑÎ)Ø Ñ2Ì(Í÷ Îl× Ì(Íù+ô{Í2Ì×6ØÐ)Ñ Ï¯ÍÐ 6ú × Ì( Í $øÑïϯÖÍø ý Í 8Ø Î)Í÷ÍÌ{ýeÐ@ú ýÖ8Ø Ð Øú@×6Ó ý÷ø2×6ÔÖ=× Ø ø2Ñ úiÖ8ØÕØ2Ð Í Ñô{ÌÖ;ØÙ(×6øÍ øÑ ÖÑ2Ð × ö× Í"Í Ì(Øú@ÍÐ ×6Ì(× ô{Î)ÍøÑ.Ó Ø Î Ð ×6ØùÌÍÎ Ì(ØϯÑeÐ 2Í+ôýÕÍ2Ö:øe×6÷ØøÍØÍ4ϯدúqÑÖÓqØÎ)× Ð ×6Øôù)ÌýÐ@úqÍøÍô.Î)ÍÖ;úiÍôù)Ñú8Ì àÀ8ÂÃéº Ç å2½ Â˺ ÉÊÇeñ8Ä º º º á !9àÈ# á "{º Þi$  "(Ç¿Â2¾ñ+¿2ÇÀãÂ2¾QÞ8½ÀÂ2¾:ÞÛ˽»ËÇ Ç éÇ»é{º Þ8& Ç %2¿2½2ËÀ=ÊÇzà È2Àº é½ éÇ( Á 'º Ä ½ Ç¿ÂÀ À8º ½ ) ËÂ2¾Â2 » 'ÇÄ 'º ËÇ ¿ÂÄ Çû½Û2Þ8ÇÀÂÁ ¾ÂÛ£ÞQÀ=½È{½Ä6¼Çz¾(ÇÈ2À8 # Ç %Q¾º ¾:Þ;ÂÁ* ½ 2½ÛÄ º ¾:Þ; ½ ):ñ¿{½À=Þº éÛÄ ½À8Á»2Þ;ÂÇ é(½, ¿ + Þ;ÛÄ # Ç %.- / 021 3 1 4 1 5768:9<;=?>6A@B CD1 E6*F6 G 4 1 HIJ6K.LNMO;*PQG<64SRT4 RU6,@J1DWVX6YP G R Z\[]J^ _<` a b7_cd[*e fgOhfi_j_<]W_Thk[*a `ghahlma[` _n o _Thkf]Ja _n a b_ p g7fin [^ [Af o gOl_gi]Jf_n a b_cq fg o _<a grm[` m]f<hk_,gUftsa g7uksfa g<vxw [gyj ahk_n z{a ^ ]JfJ|:_gz}ma ` f o _z~hf,_<h]J[ z j _]. lfe fe<aksf]Wg7q fg y W : Q<OQ <<,T. < J ¡<<¢:£<¤<W ¥¦<§ .¨© J<¨ª¨ S«¬<T<T¨«¯®Q¡ Q¥ ° ± ²³´ µ·¶¹¸ º7»¼½º7µ{¾x¿·À,½.Á<¸ »:¿ çÄÆÅ Ç<¼ »:¿<È:É<µ}Ç,¿·ÊWË ÌÍË »¸ ¿·¾,ÎÏź7»:µ<Ð ¿ºªÇ ¾xÑÁÒ½.¸ »¿{»:µ ÎÔÓ<¸ Ð ¿,ºªÕ×Ö ¾½Á<½J¸¿,ºyØ ÙQÚ<ÛJÜÝÜTÞßÙ àÙ Ù<áâãäåTæ7ç¹ãè éêìë í í,î§ï ðñ òôó ÙQõ<ö Ü÷àá·ÝOø Ýùß.ÜúXÙ{ûáQÞTÝOø ÝùßJÜ{Þ õ úXÙ{ûáÞÝßÛWõ<üýá{ø àÜÙ þ ÿ ß Úø ûÙê¹Þ<á{ÝÜQÞßø àá{à<ÜNÛÜTÚ<ÛJÜ<ÝÜÞßJÙQÛ õ úXÙ ó ßá,ßJÙ þ ø àÙà Ü ø Ýùß QÛJø û:ÙÚ7ÙQÛßø ûõ þ ÙQÛ ÷ Ü Û ·Ü <Ü,Ûêëí í Wë Oí ï ¬ÜÝß.Ü ÝÜ,Þß.ø àáê?á ûáQúªÚþ Ü < á Ù ÛJø þ¬ûáQú ßJá àáá ÝÜõ~ÙÚOÙQÛÙ,ß.á ø Þ<Ýùß.ø ßõ<ûOø áQÞ<Ù,þªÞý<á*ÝõÛöTøõ à<Ü*õ ú Úþ ÙQÞ<á*ÜÝßÛÙ,ß ö ø ûá ø úXÜàQø Ù,ß.átàáÝ&ø Þ<àQõ<ÝßÛJø Ù ø Ýôß ß.Üø Ý:ê úXÙÝiûáQÞTÝßÛJõ ø õ ÿ Ý7Ü !"#%$'&(*) + ,.-/!0213.45-*67-83,9;:!02<4>=@?*1A462BC:?@1D=!?FE@EHGI);JLKM"NO)8K&"P*Q XX, até que se apresentam os primeiros sinais de declínio 17 desse sistema fabril nas décadas de 1960/70. A fábrica de tecidos de algodão da Companhia Têxtil Brasil Industrial foi estabelecida inicialmente em 1870 na Fazenda Ribeirão dos Macacos junto à estação do mesmo nome da estrada de Ferro D. Pedro II, cujos estatutos foram aprovados pelo Decreto 18 n.4552, de 23 de julho de 1870. Segundo Suzigan, a Brasil Industrial foi a primeira grande (e até o final da década de 1880 a maior) fábrica de tecidos de algodão do Brasil (1986:134). A Companhia Tecelagem Santa Luísa foi instalada no povoado da Cascata, Freguesia de S. Pedro e S. Paulo, Município de Itaguahy, em 1891. O 19 objetivo da Santa Luísa era a produção de sacos de aniagem sem costura. A Fábrica de Tecidos Maria Cândida foi constituída em 03 e 04 de outubro de 1924, tendo seu estabelecimento fabril no lugar denominado Cascata, em Paracamby, Município de Itaguahy, onde anteriormente funcionou a Tecelagem Santa Luísa, incorporando os 20 bens e parte da estrutura produtiva da antiga fábrica de juta. O surgimento dessas fábricas de tecidos se deu em meio a uma economia e a uma cultura predominantemente agrária, constituindo um fator preponderante para a formação de um complexo fabril que pudesse atender às necessidades básicas dos operários, bem como de organização de um aparato institucional de “amparo” e de enquadramento “físico e moral” dos trabalhadores,21 isto quer dizer que, com o desenvolvimento de ambas as fábricas houve a necessidade de construir as chamadas vilas operárias (conhecidas também como plano inglês), bem como as redes de serviços coletivos que pudessem dar suporte aos operários e a seus familiares, criando uma forma relativamente autônoma de organização social. No processo de implantação da Cia. Brasil Industrial esta necessidade foi sentida pelos diretores ao comentarem a escassez de operários e a disputa das empresas pelo limitado pessoal disponível: RSUTVWTX Y[Z]\_^Z`TX RWY(T_acb_ZdZ_afegS[hiT^gSZ]ajVTFe_Sike_Sl T5mng\.onW_\^WSUT`IW^l2X l dT_VgajZ>Y(T\l eWX TV_ga.`pm.g\^WV_g` mqgY(gOhUgSY(TVZOVgYl \_TrqsgVTmX TaqaZOge_ZSitSl Tu vUw x ayal \_Tl aOY(Tl ayZbl VZ\^ZaOVgzVZ]mX {2\_l gIV_gIal a.^ZY(Tp|gWzV_g }~yH ~q aqsg%gpVZaYg\^ZRSUTVW_TXHV_T'SZV_ZIV_Z aqZSibl rqga(WZVTbT%Tegl gIbl VT%ge_ZStSl T'\_Tbl X TZ%TbZ\V_TIVTaOmqTanT_aygeZSUtSl TaO\_T%Vm.T_VTpVZp_u_anaqTa YW_V_T\rqTaZa.^sgSZX Tml g\_TVTa(TgaWSRl Y(Z\^gVZ'W_Yal \_Vl mnT^gpg]hl ml TXV_TpmnT^ZR_gSl TI^^l XmqgYTpmqg\mZaaqsg V_TpmqTSi^Tpal \ Vl mnTXeZX gCl \l a^]Sl gpV_gzSUTTX _g\_TzVmnTV_TVZDAZIgpaWSURl2Y[Z]\^gVZpWYe_gV_ZS YW\l ml2eTX |mngYTjZ]YT\ml eT_rns_gegX { ^l mqg TVYl \l a.^ST^.l bTjVTfSZ_Rl s_g g\_VZ aZ X g_mnTX l dT]b_TY¡TaIhUtSl mnT_an¢%Z WZDb_Tl!T_ga egWmga aZOmqg\_^SUTeg\_V_ggW[aZOmqg\_ml2X l T\VgmqgY£e_gVZ]SLVZ¤hUT]^gV_TOhitSl m TI\_TISUZRl sgHu v7¥ ¦ Sl Y(Zl2SUgI§Z]X T^kSl gV_T¨l THu©HSiTd]l2Xª\_VW_a.^Sl TX `@«]¬H`*eu2Hu v7® _a.^T]^W^ga VTF¨8l TuyZ_mZX T_RZY°¯HT\^T²±Wl anTHu ³@SWl b_g²´Tml g\_TX `O³*SUWl b_gFV_TµW\^TF¨gYZSUml TX `p±l bSUgF¬H` §ZRHui¶H¶`8·Cu¸u ¹iº » l tSil gp\Hu7u³8SUWl bgzVTp¼tSl mqT%¨TaqmnT^T%VTp¯½³j¼T_Sl mqT%VZOHZml V_gaOCTSl TI¨ ¾\_Vl V_T'|T^WTX¨Sg¿y\%ª\_VW_a^Sl T Z(¨8gY(Sml g_¢nu ¹v ¨8g\hu¸±Z]l ^ZÀ±ge_Za]|.««Á¢nu Â!ÃÄÅ%Æ'Ç(Â*È É Ê.ËÌ!Í2ÎÏ.Ð5Ë*Ñ7Ë8ÏÊÒ;Ó!Í2ÔÐ>Õ@Ö*ÎAÐÑ2×CÓÖ@ÎDÕ!ÖFØ@ØHÙIÈ;ÚLÛÜÄÝOÈ8ÛÇÄÞ*ß (...) quando o operário, como em nosso caso acontece, tem de ser afastado de sua moradia, para ir trabalhar em paragens destituídas de recursos, sendo que sobremaneira se agravam as dificuldades.22 A vila operária, com suas casas e sua rede de serviços (capela, escola, armazém, clube social, farmácia, cemitério, etc.), paradoxalmente, apresentava benefícios sociais para o operariado têxtil ao mesmo tempo em que era constituída de elementos legitimadores da dominação do patronato fabril. Contudo, os operários têxteis se apropriaram destes aparatos institucionais, atribuindo significado e valor às relações e ao modo de vida que foi construído cotidianamente no interior das capelas, nas salas de aula das escolas e nas diversas formas de lazer. Comentando a influência do Metodismo na Classe Operária Inglesa, Thompson (1988b:278) afirma que: Nenhuma ideologia é inteiramente absorvida por seus partidários: na prática, ela multiplica-se de diversas maneiras, sob o julgamento dos impulsos e da experiência. Desta forma a comunidade da classe operária introduziu nas capelas seus próprios valores de solidariedade, ajuda mútua e boa vizinhança. No complexo fabril da Companhia Brasil Industrial, o mais importante na região, a 23 capela católica é dedicada à Nossa Senhora da Conceição construída em homenagem à padroeira da fábrica e dos seus operários. Estes se apropriarem do catolicismo participando ativamente da construção da capela, estabelecendo relações sociais em seu interior e atribuindo significado aos atos religiosos ali oficializados, instituindo de forma autônoma seu padroeiro, São Jorge, no final da primeira metade do século XX. Segundo relato dos primeiros diretores da antiga Companhia, a capela foi construída no final do século XIX por meio de uma iniciativa conjunta: Tendo o gerente da fábrica, empregados e operários, promovido uma subscripção entre si e procurado donativos para construção de uma pequena capella, a Directoria concedeu a área do terreno necessária, para tão justo fim; no dia 1º. de novembro foi lançada a pedra fundamental e inaugurada à 6 de Maio de 1880, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. 24 No complexo fabril da Companhia Brasil Industrial havia, no mês de dezembro, festejos anuais dedicados à santa padroeira com o patrocínio da Companhia Têxtil e com grande participação do operariado local. Este folguedo era o maior da localidade àà áâã ä(åã2âUæIçå]è éêëâã æì_éíã éHîïHâiéð]ã2èñò_ìó_ô.êâã éè õ@ö÷ø]ùHõ*úî ÷î à û üí8éúå]è é>ýæãOã ò_éóþóâié_ìé5åä°ÿ ìå ä(éã æ5ìå ö÷÷ÿHîè é>ýã né ò óä°æóêå]ã2âUæ²úâUëã ä[æ5ìé5í8éôqé @åâåòã éè7îùH÷æîçå]è é]êëâã æì_éOí*ã éHî ïHâUé]ðã èñ ò_ìó_ô.êâã éè ö÷øö ööõ*úî øî à ! "$#&%' )(*+ -,/.#)012/3 ) 4 5675895:;5<>=?@7? âéò_ìå A>B$CDFEHGIAKJ L M2NO>PRQS2TUNKVWNXSYM3Z\[>PR]T_^a`KQbTcVRde[`aQf^>`hgagiJ\jlk@mCn&JXkG$CpoKq que reunia toda a comunidade operária assim como a diretoria da fábrica e seus convidados. A capela de Nossa Senhora da Conceição foi a primeira igreja local no meio operário têxtil onde se realizavam os serviços religiosos quando não existia uma Igreja Matriz na região. A presença católica no meio operário fabril tem marcas profundas de continuidade com o antigo regime de economia patriarcal, muito bem enfatizado pelo sociólogo francês Roger Bastide (1975:10): O capitalista moderno manda rezar missas em sua fábrica do mesmo modo que o senhor dos tempos coloniais mandava celebrá-las na capela de seu engenho. O padre eleva a hóstia no meio das engrenagens, das bielas, das grandes rodas que pararam por um momento, renovando entre operários brasileiros, italianos e alemães, o gesto antigo do capelão oficiando entre senhores brancos e escravos negros, perpetuando, em pleno século XX, o catolicismo familial do século XVII (...). 25 O Dr. Junqueira , um dos diretores da fábrica Brasil Industrial no período de auge do sistema, era comunicado de todos os detalhes da organização da festa da padroeira; segundo sua antiga secretária, ele desejava que fosse feito: (...) tudo pela fábrica, não tinha, não gostava que saísse lista pro operário assinar, era tudo pela companhia, Ele achava que a padroeira era Nossa Senhora, que achava que tinha por obrigação fazer uma festa pra ela, isso ouvia muito ele dizer, não queria lista. A única coisa que ele pedia era uma prenda, que ele achava que o operário devia dar um voto pra Nossa Senhora, então dar uma prenda que quiser. A prática religiosa do operariado têxtil e do patronato fabril e suas relações no complexo fábrica com vila operária assumem um aspecto ambíguo e contraditório, na medida em que tanto legitima a ordem estabelecida quanto são apropriadas pelos operários tornando-se uma expressão de seus sentimentos e de sua cultura. Elas não podem, desta forma, ser compreendidas como um simples instrumento de imposição unilateral do patronato. Quando visitei a capela de N.S. da Conceição, durante meu trabalho de campo no inicio da década de 1990, descobri a presença de uma imagem 26 sacra de São Jorge, que ficava no interior da Capela perto da escada que conduzia rs K t uwv xzy{|y}~ u*F9-}y{F X9){~ }-z@I~ u}Yu ~ {y2u~ ~ yFI)~Ru*}Y3)u }u}{Y3}FY2F } {F&*)u~ @u*$$)uy$'z{}Y}u3uF}e} $} @¡¡v r¢ ta} u£})~ /2u*)ua$}F|)y-}&¤&~RI}{¤z9u*&¥3{ }$¦3aY}{}~ ¤§z}y&u£}}3~ {~ 9¨© X}- ª}_«pYz_¬}{)u*U© {Y}~ z®©}z@u*}})u*)¯zY~ °I_)~ })u*b9y±}{ ~ £²)u~ ¤|)y}I}³~ 22~ ´}µz}y~R{/}u3~ )u*}ua}&$z){ ¶2y{3&u~ -${/~ $ X-$9){~ @u*Y~ -·/{y/u3~ ¸£¹-º¼»Y½ ¾¿h¸w¿ÀÁ9¾¿ÃÅħ¾ÆǾÂȾ¹§ÉÊËÌÃÎÍ¹Ï ¿´Ð/ÑKÒÓzÔpÕ×Ö£ÐÄ»2¸½ ¸/ظ¿§Ò»2¸Â¾)ØÂÏ$¾¿ Ó9ÂY¸º½ ÀIÙ)Ľ ¿hÔaºÚ¸2Û »¸/½ Çz¿µ¹ ÕKØÏ ¸/غ*Â-Ï ÜÝ\ÔÞÇzÂ)Í9¹-Ï Â©ß¿½\¸3¿ÀFÁY¾ÂfàØĸ¿UÇ¿@Àá¿_Ç¿ÄzàØĸ£¿ªßÂ)Áº½RÏ ÃÀI»zýRÄYߣ¹Ï ½ âÀI¹Ä¸3¹Ã¿UÐ/ÑXÒÓÔpÕXþ¹»z¾¹U¿ ¸£¿)ÀFÁÂ)À±¹ÄY¸¿ÅÍ º*¿ã½ »zä)º½ ¿$ÂY¸3Æ&¿»åß*¸3Û ¾)½ Çz¿»¤¾-½ »ÃXÄ濺¹ÂÏ ½ â¿)ØFØÀµ½RÄYã¹Ä¸ç@º½ ¿F¾Â»¤¾)½ 㹺»z»&͹èz»é¹ê½ »2¸3¹Ä¸/¹»ëÄ-¿ ½ ĸ¹º½ ¿)ºX¾Âº*¹9ߣ¹-º½ ¾Â$ÇzÂ@͹-Ï Â@Ýìí»YØÀ$½ èz¿¾Â»¤½RÀIÂî¹Ä-»é»zÂÇYºÂ»ï¿Çz¿@º!º*¹ØFÄ¿HÀI¿À±¹-ĸ3¿$¹À´ðعI¿Hͺƾ)½ ¿$¾Â$Â)ĸ3½ î ñ>ò$óôFõHöIñK÷ ø ù2úû>üRýþ2ÿUúWúXþYù>üÿ Kýbÿ aý ÷ó&÷ö$ó ao coral, com uma placa com a seguinte inscrição: Homenagem ao São Jorge, padroeiro dos operários da Cia. Brasil Industrial, organizada em primeiro de maio de 1945, por Jayme Barboza. Em entrevistas com antigos operários foi-me relatado que a imagem tinha sido adquirida por um grupo de operários por intermédio da liderança de Jayme Barboza, conhecido por Seu Dengo, organizador da festa anual do primeiro de maio, quando se promovia uma procissão dedicada ao popular santo católico. Uma antiga operária relatou que: (...) ele fazia a missa dos operários, no dia primeiro de maio, tinha missa na capela, depois saía à procissão, de manhã cedo,na parte da manhã, depois ele fazia sorteio, antes dava um santinho a cada um, numerado, e arranjava prêmios, e quando acabava aquela procissão, aí ia fazer sorteios, a gente ficava com os santinhos pra ver quem tinha tirado, muita gente tirou muita coisa lá,(...). Deve ser ressaltado que, apesar de existir uma padroeira oficial dos operários da fábrica Brasil Industrial, a devoção por eles dedicada a São Jorge no dia Primeiro de maio foi uma forma peculiar de apropriação da religiosidade católica, assumindo papel ativo na expressão do seu sentimento e da sua cultura. Se a Festa Anual de Nossa Senhora da Conceição tinha o patrocínio do patronato fabril e o apoio do operariado local, a Festa do Primeiro de Maio, com a devoção a São Jorge, nasceu no meio operariado sem interferência do patronato, através da cooperação e da liderança do operário Jayme Barboza, um dos primeiros membros da Liga Católica local. É interessante o fato de que somente em 1955 tenha ocorrido a instituição, pelo Papa Pio XII, de São José Operário como protetor dos trabalhadores universais, com a 27 finalidade de dar um sentido cristão à festa do trabalho. Sobre o intercâmbio entre o elemento religioso e o educacional no complexo, o relato de Dona Francisca Silva, uma antiga operária da Companhia Brasil Industrial, esclarece a participação das crianças da escola operária na procissão católica: Ah, quando eu era pequena eu via a procissão, via aquela criançada toda com aquelas bandeirinhas, com aquelas faixinhas, cantando; Ah meu Deus, que vontade! Mas era só a criançada do colégio só que saía na procissão. Aí quando se deu oportunidade eu já entrei na fábrica para poder estudar nesse colégio que pertencia à fábrica, né? Logo naquele ano que eu entrei teve a festa de São Sebastião e foi até a festa de São Sebastião, não sei o que que houve que não !#"%$'&)( *,+-!#.%(0/2123245( 45.768+%&#+9+9:'&)1;!)15( <>=&#+9?=3( *;(6;+@41A:8+&B+'*C+D9$'( E)F1'GH<)I'.9J'KKL M JK5K5NO15P+Q*C+0G,+94.Q4%( &)1C<.%&1A+ *,+%6'10@ +R!B.&B+D/215345( 45+0GR30+7DS1TG;DU+QV%60.'*C+760+5&W+A+X6Y1TG,G;.'+R![Z G;( *,+R4'.91530<)I'.X60&1C!)15( <).\?+%( G]41Y<W+%@ ^'1'G_E)G,.$5&W1A10GH<+ `'a5bWc5deb)bBa`0d5b)f0ga5h`Yd%b#ddjiAaiUk%b)e dml%`'aTbWf%b)e don#d%p'b)e hao`Yd%b#ddqiUaiUk%b)e dmc5dre s'c%t'uwv>b>e drp'bBd'uYe h a5eb#d5xygaTbHz{wlb)sYd%h | d5iAes} ds'c0l9~we v>b)d9e l0Ca0u,d%s'd'xde lQc5aR5 z }0v#vH`%z wUiQe v>b#d%se l5b)p0b ) a5bz_l'YiUa%s8v>l0uoYl%s0v>e n> ;e l'uXs ' 8lp0bWadon)e %'b#djadqiAe u,u,5ljca'l{wl'u;s'dg%e c5djc'a | b)e u>vlamc5d b)aw>d'>c0lX8d`YdR{wl5'l90d5h l ) 0a;vwb#k`0l%h e u5z l;0a uC8 ¡ ¢£A¤¥Q¦X§U¢¨ © ªw«¬®¯w°±«²³«¯;ª´µ¶°·¸®m°²¹µ¸®·¸ºº»9¨¼½¾0¤¿R¨½§A¤ÀÁ fizeram a festa de São Sebastião em janeiro. Quando foi no fim de fevereiro que fizeram a festa de São Sebastião, e eu já estava trabalhando, já saí na procissão, logo no começo, nas missas eu comecei a cantar nas missas (...)28 A procissão católica exercia uma atração sobre a menina operária, levando-a, simultaneamente, para a escola operária e para os rituais católicos, e conseqüentemente para o trabalho fabril. Como afirma Thompson, a classe operária também vive sua experiência como sentimento. Outro aspecto do intercâmbio entre os elementos religioso e educacional era o fato de as professoras das escolas operárias serem simultaneamente catequistas das capelas das fábricas. 29 Apesar da forma sucinta, o presente trabalho procurou mostrar aspectos da cultura operária, particularmente do operariado têxtil nas fábricas com vila operária na cidade de Paracambi. Sem dissimular, contudo, a relação de dominação implícita nesta situação fabril, que tende a se perpetuar por ser parte fundamental da cultura local. O trabalho buscou evidenciar de que forma tais relações ambíguas e contraditórias se efetivaram no cotidiano dos operários, refletindo sobre a conexão e o intercâmbio entre os aparatos institucionais e para o somatório dos sistemas distintos da experiência - formas particulares da cultura da fábrica. O paternalismo industrial presente nas fábricas com vila operária nessa região teve por base tanto o oferecimento das casas e sua extensa rede de serviços quanto o sentimento de pertença a uma “grande família” que as relações paternais vigentes proporcionavam. Mas é preciso enfatizar, os operários têxteis apropriaram-se dos aparatos institucionais (elementos do complexo fabril) neles colocando seus próprios sentimentos. Se as fábricas com vila operária eram propriedade dos industriais têxteis, as vilas eram o lar dos operários. Diferente da Grande Família Paternal, o sentido de Lar dos Operários implica um espaço onde o operariado e suas famílias construíram, cotidianamente, relações de amizade e de ajuda mútua, que não se confundiam com o paternalismo fabril. ÂBà ÄÅÇÆ0ÈÆ5ÉmÊ7ËBÌÍ'Î[Ï ÐCÊjÑÎ#Ê'ÒYÏ ÓÔ>Õ0Ö×'ÒHØwÎ)Ï Ê5ÓÙ5ÅAÚ5ÎWÙ5Û0Ü%×Ø)ÜÖ'Ü5ÒQÜ0ÒXÅSÙ%Õ'ÜÎBÙ'Ò9Ö'Ù7Ê%ÅQÍ0ÜÒAÜÒAÒ8ÙYÝ'ÜÒQÞ%×2Ù-ØwÏ Õß'Ê2ÅàÚ0Ù5Ó Ü áUâ5ã2ä0å7æ;çè%ã'ä'åRé5â7ê é5è'é5âëìí â;åRî#ä%ï#è%áðéê ñê éê éTä'åAâ5áóòô'è0õ>ï#ä9õ>ôï)áUè5åRòô'â-îï)â0ò%ö'â5ã'õ)èTñ'è%á÷è9î#ø%ù0ï>ê úCè7âQè7â0å,úCäí è â5áûéê è'åüè%í õ)â5ï)ã'è0é5äå0ë ýBþ ÿ èï#è0äáYå;ä%ã,å;ê å>õwâ5áUè5åyé5â5ã å;ä'å úCäá5í â2ä5åüâAâ5í è%ù0äï#èéTäå,æ>æ;ë !#" $ %'&()+*,'-.&#/0&1,%3254)+6-87:9#*;-</+=>49:*?79A@:@CB"5DFEGHIJ"1ELK#M REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTIDE, Roger. Brasil Terra de Contrastes. 6ª. ed. São Paulo: Difel, 1975. BEYNON, Huw & AUSTRIN, Terry. Masters and Servants- Class and Patronage in the Making of Labour Organisation. Londres, Rivers Oram Press, 1994. 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