A Liahona de junho de 2007
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A Liahona de junho de 2007
A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • JUNHO DE 2007 MATÉRIA DA CAPA: Mulheres do Novo Testamento, p. 26 Perder a Copa do Mundo, p. 37 Cuidado com os Maka-Fekes, p. A2 A LIAHONA, JUNHO DE 2007 P A R A O S A D U LT O S 2 8 13 25 26 30 38 41 44 Mensagem da Primeira Presidência: Conflito Sem Fim, Vitória Garantida Presidente Gordon B. Hinckley Um Firme Alicerce Num Mundo Incerto Adam C. Olson Lições do Novo Testamento: Gratidão pela Expiação Élder Wolfgang H. Paul Mensagem das Professoras Visitantes: Tornar-se um Instrumento nas Mãos de Deus Permanecendo Firmes e Inabaláveis “Porque Muito Amou”: Mulheres do Novo Testamento Apoiar Seu Bispo Joseph Staples Ela Fez de Nós uma Família Raquel M. Garcia-Rebutar Vozes da Igreja Ele Não Queria Tocar no Livro Hermenegildo I. Cruz O Carro Laranja Elwin C. Robison Oito Irmãos Japoneses Tadashi Kina TREINAMENTO MUNDIAL DE LIDERANÇA: ENSINAR E APRENDER 50 56 74 Princípios do Ensino e do Aprendizado Presidente Boyd K. Packer e Élder L. Tom Perry Ensinar e Aprender na Igreja Élder Jeffrey R. Holland Exemplos de Grandes Professores Presidente Thomas S. Monson Worldwide Leadership Training Meeting Teaching and Learning FEBRUARY 10, 2007 LIVING WATER, BY SIMON DEWEY, COURTESY OF ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH Junho de 2007 Vol. 60 Nº. 6 A LIAHONA 00786 059 Publicação oficial em português d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley, Thomas S. Monson, James E. Faust Quórum dos Doze: Boyd K. Packer, L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland, Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf, David A. Bednar Editor: Jay E. Jensen Consultores: Gary J. Coleman, Yoshihiko Kikuchi, Gerald N. Lund, W. Douglas Shumway Diretor Gerente: David L. Frischknecht Diretor Editorial: Victor D. Cave Editor Sênior: Larry Hiller Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg Gerente Editorial: R. Val Johnson Gerente Editorial Assistente: Jenifer L. Greenwood Editores Associados: Ryan Carr, Adam C. Olson Editor(a) Adjunto: Susan Barrett Equipe Editorial: Christy Banz, Linda Stahle Cooper, David A. Edwards, LaRene Porter Gaunt, Carrie Kasten, Melissa Merrill, Michael R. Morris, Sally J. Odekirk, Judith M. Paller, Vivian Paulsen, Richard M. Romney, Jennifer Rose, Don L. Searle, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe, Julie Wardell, Kimberly Webb Secretário(a) Sênior: Monica L. Dickinson Gerente de Marketing: Larry Hiller Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki Diretor de Arte: Scott Van Kampen Gerente de Produção: Jane Ann Peters Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo, Collette Nebeker Aune, Brittany Jones Beahm, Howard G. Brown, Julie Burdett, Thomas S. Child, Reginald J. Christensen, Kathleen Howard, Eric P. Johnsen, Denise Kirby, Randall J. Pixton Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick Diretor de Distribuição: Randy J. Benson A Liahona: Diretor Responsável: Wilson R. Gomes Produção Gráfica: Eleonora Bahia Editor: Luiz Alberto A. Silva (Reg. 17.605) Tradução: Edson Lopes Assinaturas: Cezare Malaspina Jr. © 2007 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. O texto e o material visual encontrado n’ A Liahona podem ser copiados para uso eventual, na Igreja ou no lar, não para uso comercial. O material visual não poderá ser copiado se houver qualquer restrição indicada nos créditos constantes da obra. As dúvidas sobre direitos autorais devem ser encaminhadas para Intellectual Property Office, 50 East North Temple Street, Salt Lake City, UT 84150, USA; e-mail: [email protected]. A Liahona pode ser encontrada na Internet em vários idiomas no site www.lds.org. Para vê-la em inglês, clique em “Gospel Library”. Para vê-la em outro idioma, clique no “Languages”. REGISTRO: Está assentado no cadastro da DIVISÃO DE CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS, do D.P.F., sob nº 1151-P209/73 de acordo com as normas em vigor. “A Liahona” © 1977 d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acha-se registrada sob o número 93 do Livro B, nº 1, de Matrículas e Oficinas Impressoras de Jornais e Periódicos, conforme o Decreto nº 4857, de 9-11-1930. Impressa no Brasil por Prol Editora Gráfica – Avenida Papaiz, 581 – Jd. das Nações – Diadema – SP – 09931-610 ASSINATURAS: A assinatura deverá ser feita pelo telefone 0800-130331 (ligação gratuita); pelo e-mail [email protected]; pelo Fax 0800-161441 (ligação gratuita); ou correspondência para a Caixa Postal 26023, CEP 05599-970 – São Paulo – SP. Preço da assinatura anual para o Brasil: R $20,00. Preço do exemplar avulso em nossas lojas: R $2,00. Para Portugal – Centro de Distribuição Portugal, Rua Ferreira de Castro, 10 – Miratejo, 2855-238 Corroios. 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The proceedings of this worldwide leadership training meeting are also available at www.lds.org. THE CHURCH OF JESUS CHRIST OF LATTER-DAY SAINTS IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR As idéias a seguir podem ser usadas tanto na sala de aula quanto para o ensino no lar. “Colocar Luz em Sua p. 16: Peça a um membro da família que cubra a cabeça com uma caixa ou um cesto. Peça à pessoa que descreva o que vê. Pergunte como essa experiência se assemelha à escuridão espiritual. Selecione exemplos do artigo para ensinar o que nos dá luz espiritual. “Apoiar Seu Bispo”, p. 30: Peça aos membros da família que Vida”, escrevam desafios que enfrentam ou podem vir a enfrentar. Determine quem são as pessoas mais adequadas para ajudar nesses desafios. (As respostas podem incluir os pais, os mestres familiares ou professoras visitantes, o bispo). Leia a seção “Aliviar Seu Fardo”, e analise os papéis desempenhados pelo bispo. Discuta maneiras pelas quais a família pode apoiar melhor o bispo. Planeje uma atividade familiar para fazer algo de bom para seu bispo ou presidente de ramo. A2 Maka-Fekes Mortais PA R A O S J O V E N S 16 22 34 37 Colocar Luz em Sua Vida Presidente James E. Faust Perguntas e Respostas: Voltei para a Igreja e Estou Tentando Começar uma Nova Vida Depois de Ter Cometido Alguns Erros, mas Tenho Medo de Cair de Novo. Como Posso Vencer Esse Medo? Futebol ou Missão? Alexandre Machado Vasconcelos Perder a Copa do Mundo Suzana Alves de Melo 48 Pôster: Escolha O AMIGO: PA R A A S CRIANÇAS A2 A4 A6 A8 A10 A12 A16 Vinde ao Profeta Escutar: Maka-Fekes Mortais Presidente Thomas S. Monson Tempo de Compartilhar: Lembrar Elizabeth Ricks Da Vida do Presidente Spencer W. Kimball: O Poder do Exemplo Para os Amiguinhos: Lembrar-se de Jesus Cristo Durante o Sacramento De um Amigo para Outro: Bondade Élder Won Yong Ko Escape Milagroso do Perigo Myra Hawke Dyck Página para Colorir A10 Bondade NA CAPA Primeira capa: Porque Muito Amou, de Jeffrey Hein. Última capa: Disse-Lhe Jesus: “Maria”, de William Whitaker. CAPA DE O AMIGO Ilustração: Chris Hawkes. Ao procurar o anel do CTR escondido nesta edição, pense em como você pode guardar seus convênios batismais. 37 Perder a Copa do Mundo TÓPICOS DESTA EDIÇÃO “Perder a Copa do Mundo”, p. 37: Ao ler a história, peça aos membros da família que citem maneiras pelas quais Fabiana foi um bom exemplo. Como atividade, jogue uma bola para vários membros da família. Quando apanharem a bola, peça que contem como podem ser um exemplo positivo para as pessoas. “Ela Fez de Nós uma Família”, p. 38: Discuta e avalie as últimas reuniões de noite familiar. Examine as seis coisas que a família da autora fez para tornar suas noites familiares um sucesso. Crie um gráfico para acompanhar as tarefas da noite familiar e decida em família os temas das próximas reuniões de noite familiar. “Maka-Fekes Mortais”, p. A2: Descreva um maka-feke e faça uma lista de algumas tentações que Satanás usa para incitar as pessoas a fazer coisas erradas. Peça aos membros da família que desenhem exemplos desses modernos maka-fekes. Procure escrituras que ilustrem como evitar e vencer essas tentações. Discuta como dizer não para as coisas ruins. A = O Amigo Livro de Mórmon, 41 Apoiar, 30 Luz, 16 Arbítrio, 48 Medo, 22 Bem e mal, 2 Mulheres, 26 Bispos, 30 Novo Testamento, 26 Bondade, A10 Obediência, 25 Castidade, 16 Oposição, 2, 22 Compromisso, 2 Oração, A12 Cura, 13 Presidentes de ramo, 30 Dízimo, 42 Primária, A4, A10 Ensinar, 1 Professoras visitantes, 25 Ensino familiar, 7 Reunião de noite familiar, Exemplo, 37, 44, A6 1, 38 Expiação, 13, 16 Sacramento, A8 Fé, 8, 16 Serviço, 30, 44, A10 Firmeza, 25, 44 Tentação, A2 Gratidão, 13 Testemunho, 8, 44 Jesus Cristo, 2, 8, 13, 26, Trabalho missionário, 16, 34, 41, 44 A4, A8, A16 Kimball, Spencer W., A6 A LIAHONA JUNHO DE 2007 1 Os egípcios perseguindo MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA Conflito Sem Fim, Vitória Garantida PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY Estamos engajados numa grande batalha eterna que afeta a própria alma dos filhos e filhas de Deus. Uma Batalha Contínua Essa guerra, tão amarga, tão intensa, nunca cessou. Trata-se da guerra entre a verdade e o erro, entre o arbítrio e a compulsão, entre 2 CRUZANDO O MAR VERMELHO (GUACHE SOBRE PAPEL) © LOOK AND LEARN/THE BRIDGEMAN ART LIBRARY, REPRODUÇÃO PROIBIDA Q uase dez décadas já se passaram desde o meu nascimento e, durante grande parte desse tempo, houve guerra entre os homens nesta ou naquela parte da Terra. Ninguém pode avaliar o terrível sofrimento que essas guerras causaram no mundo inteiro. Milhões de vidas foram perdidas. Os terríveis ferimentos de guerra deixaram corpos mutilados e mentes destruídas. Famílias foram deixadas sem pais e mães. Em muitas ocasiões, os jovens recrutados para lutar morreram, e os que sobreviveram enredaram a própria essência de sua natureza num ódio que jamais será apagado. O tesouro de nações foi desperdiçado e jamais será recuperado. A devastação da guerra parece extremamente desnecessária, bem como o terrível desperdício de vidas humanas e recursos das nações. Perguntamo-nos se essa maneira terrível e destrutiva de lidar com as discórdias entre os filhos e filhas de Deus nunca irá cessar. Mas há outra guerra que vem sendo travada desde que o mundo foi criado e provavelmente continuará por muito tempo. É uma guerra que se estende além de questões de território ou soberania nacional. João, o Revelador, falou dessa guerra: “E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (Apocalipse 12:7–9). os filhos de Israel A LIAHONA JUNHO DE 2007 3 os seguidores de Cristo e os que O negaram. Seus inimigos vêm usando todo tipo de estratagema nesse conflito. Mentiram e enganaram. Empregaram dinheiro e riquezas. Confundiram a mente das pessoas. Assassinaram, destruíram e envolveram-se em todo tipo de atos malignos para prejudicar o trabalho de Cristo. O assassinato teve início na Terra quando Caim matou Abel. O Velho Testamento está repleto de relatos de episódios dessa mesma batalha eterna. Ela manifestou-se nas infames acusações contra o Homem da Galiléia, o Cristo, que curou os enfermos, que inspirou o coração dos homens e lhes deu esperança: Ele, que lhes ensinou o evangelho da paz. Seus inimigos, movidos por aquele poder maligno, prenderam-No, torturaram-No, pregaram-No na cruz e ridicularizaram-No. Mas pelo poder de Sua divindade, Ele venceu a morte infligida por Seus inimigos e, por meio de Seu sacrifício, proporcionou a todos os homens a salvação da morte. Essa guerra eterna prosseguiu durante a decadência da 4 Fundação de uma nação obra que Ele iniciou, na corrupção que a contaminou, quando as trevas cobriram a Terra e a escuridão cegou os povos (ver Isaías 60:2). Mas as forças de Deus não podiam ser vencidas. A Luz de Cristo tocou o coração de um homem aqui e outro ali, e muitas coisas boas aconteceram, apesar da grande opressão e do sofrimento. Houve uma época de renascimento, com lutas pela liberdade — lutas travadas a preço de muito sangue e sacrifício. O Espírito de Deus inspirou homens a fundar uma nação em que a liberdade de adoração, a liberdade de expressão e a liberdade de arbítrio fossem protegidas. Seguiu-se então o início da dispensação da plenitude dos tempos, com a visita de Deus, o Pai Eterno, à Terra, e de Seu Filho Amado, o Senhor Jesus Cristo ressuscitado. A esse glorioso evento seguiram-se visitas de anjos que restauraram antigas chaves e o sacerdócio. Mas a guerra não havia terminado. Ela ganhou renovado ímpeto e foi redirecionada. Houve desprezo. Houve perseguições. Houve expulsões de um lugar para outro. Houve o assassinato do jovem profeta de Deus e seu querido irmão, há 163 anos, que se completam neste mês. Os santos dos últimos dias fugiram de seus lares confortáveis, suas fazendas, seus campos, suas lojas, seu belo templo construído com imenso sacrifício. Foram para os vales das montanhas, sendo que milhares morreram pelo caminho. Foram para o tipo de lugar que o Presidente Joseph Smith instruíra os Doze a encontrar, “de onde o diabo não nos possa expulsar.”1 Mas o adversário nunca deixou de agir. Na conferência de outubro de 1896, o Presidente Wilford Woodruff CRISTO, O CONSOLADOR, DE CARL HEINRICH BLOCH, REPRODUÇÃO PROIBIDA; ASSINANDO A DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA, DE JOHN TRUMBULL, CORTESIA DA BIBLIOTECA DO CONGRESSO DOS ESTADOS UNIDOS, DIVISÃO DE IMPRESSOS E FOTOGRAFIA, COLEÇÃO THEODOR HORYDOZAK; O BOSQUE SAGRADO, DE GREG OLSEN, REPRODUÇÃO PROIBIDA; MARTÍRIO DE JOSEPH E HYRUM, DE GARY SMITH; PARTINDO DE NAUVOO, DE GLEN HOPKINSON, REPRODUÇÃO PROIBIDA A Ressurreição de Jesus Cristo A Primeira Visão O Martírio de Joseph e Hyrum Smith Os santos dos últimos dias partindo de Nauvoo questões são mais importantes. Em outras, são apenas (1807–1898), então idoso, ergueu-se no Tabernáculo da pequenas discórdias locais. Mas todas fazem parte de Praça do Templo e disse: um padrão. “Há dois poderes na Terra e no meio de A oposição foi sentida nos esforços incessanseus habitantes: o poder de Deus e o poder ssa guerra, do diabo. Em nossa história, tivemos algumas tão amarga, tes de muitos, tanto dentro quanto fora da experiências peculiares. Sempre que Deus tão intensa, Igreja, para destruir, menosprezar e ridicularizar a fé, prestar falso testemunho, tentar, teve um povo na Terra, não importa em qual nunca cessou. época, Lúcifer, o filho da manhã, e milhões Trata-se da guerra seduzir e induzir nosso povo a práticas não de espíritos decaídos que foram expulsos entre a verdade e o condizentes com os ensinamentos e padrões desta obra de Deus. do céu vêm lutando contra Deus, contra erro, entre o arbíA guerra prossegue tal como era no princíCristo, contra a obra de Deus e contra o trio e a compulsão, povo de Deus. E eles não bateram em retientre os seguidores pio. Talvez não com a mesma intensidade, e por isso sou grato. Mas os princípios em quesrada em nossa época e geração. Sempre que de Cristo e os que tão são os mesmos. As vítimas de hoje são tão o Senhor estendeu a mão para realizar qualO negaram. preciosas quanto as que caíram no passado. É quer obra, esses poderes se empenharam 2 uma batalha contínua. Os homens do sacerdópara impedi-lo.” cio, juntamente com as filhas de Deus que são O Presidente Woodruff sabia do que nossas companheiras e aliadas, fazem parte do falava. Ele acabara de passar por aqueles exército do Senhor. Precisamos permanecer dias difíceis e perigosos em que o governo unidos. Um exército desorganizado não será vitorioso. É dos Estados Unidos se voltara contra o nosso povo, essencial que marchemos juntos em união. Não pode determinado a destruir esta Igreja como organização. haver divisão entre nós, se esperamos a vitória. Não pode A despeito das dificuldades daqueles dias, os santos não haver deslealdade, se esperamos união. Não podemos ser desistiram. Prosseguiram com fé. Depositaram sua conimpuros, se quisermos a ajuda do Todo-Poderoso. fiança no Todo-Poderoso, e Ele lhes revelou o caminho Os rapazes do sacerdócio, os diáconos, mestres e sacera seguir. Com fé, aceitaram aquela revelação e foram dotes, receberam com seu ofício do sacerdócio o dever obedientes. de pregar o evangelho, ensinar a verdade, encorajar os fracos a ser fortes e “convidar todos a virem a Cristo” (D&C O Padrão do Conflito 20:59). As moças da Igreja têm a responsabilidade igualMas esse não foi o fim da guerra. Ela amenizou um mente importante de ser obedientes aos mandamentos pouco, e somos gratos por isso. Não obstante, o adversáde Deus e de servir de exemplo de fé e virtude. rio da verdade continuou com sua luta. Nenhum filho ou filha de nosso Pai Celestial pode perA despeito da força atual da Igreja, parece que estamos mitir-se usar coisas que enfraqueçam a mente, o corpo ou constantemente sob ataque de um grupo ou outro. Mas o espírito eterno. Isso inclui drogas, bebidas alcoólicas, continuamos em frente. Precisamos prosseguir. Seguimos fumo e pornografia. Vocês não podem envolver-se em adiante e continuaremos a fazê-lo. Em certas ocasiões, as E A LIAHONA JUNHO DE 2007 5 Serviço no sacerdócio Trabalho missionário Adoração no templo dizendo: “Se eu me sentisse próximo do Pai Celestial, atividades imorais. Não podem fazer essas coisas e ser guerreiros valiosos na causa do Senhor, na grande e eterna provavelmente Ele exigiria algum compromisso da minha parte, e não me sinto pronto para isso”. batalha que continua a ser travada pelas almas Pensem nisso: um homem que tomou sobre dos filhos de nosso Pai. ão estamos si o nome do Senhor no batismo, um homem Os homens desta Igreja não podem ser perdendo. que renovou seus convênios com o Senhor nas infiéis ou desleais à esposa, à família e a suas Estamos reuniões sacramentais, um homem que aceitou responsabilidades do sacerdócio, se quiserem ganhando. o sacerdócio de Deus, mas ainda assim dizia ser valentes na tarefa de levar adiante a obra Continuaremos a que caso se achegasse ao Pai Celestial, algum do Senhor, nessa grande batalha em prol da ganhar se formos verdade e salvação. Não podem ser desonestos fiéis e verdadeiros. compromisso poderia ser exigido dele, e não estava pronto para isso. e inescrupulosos nas questões materiais, sem Podemos fazê-lo. Nesta obra é preciso haver compromisso. macular sua armadura. As mulheres da Igreja, Precisamos fazê-lo. sejam elas esposas, mães ou irmãs que não Vamos fazê-lo. Não É preciso haver devoção. Estamos engajados numa grande batalha eterna que afeta a próencontraram um companheiro, não podem há nada que o pria alma dos filhos e filhas de Deus. Não ser infiéis ou desleais a seus convênios e bênSenhor nos tenha estamos perdendo. Estamos ganhando. çãos, mas devem servir como baluarte no pedido que não reino, como delas é esperado. possamos cumprir, Continuaremos a ganhar se formos fiéis e verdadeiros. Podemos fazê-lo. Precisamos Em nossas reuniões, ocasionalmente cantase tivermos fé. fazê-lo. Vamos fazê-lo. Não há nada que o mos um antigo hino: Senhor nos tenha pedido que não possamos cumprir, se tivermos fé. Quem segue ao Senhor? Penso nos filhos de Israel, quando fugiram Hoje iremos ver. do Egito e acamparam às margens do Mar Vermelho. Clamemos sem temor Olhando para trás, viram o Faraó e seus exércitos cheQuem segue ao Senhor? gando para destruí-los. O medo afligiu-lhes o coração. A guerra é real Com os exércitos atrás deles e o mar diante deles, clamaO príncipe do mal ram aterrorizados. Combate com furor “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quieQuem segue ao Senhor? 3 tos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os torChamado ao Compromisso nareis a ver. Há alguns anos, um amigo contou-me uma conversa O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis. que teve com outro membro da Igreja. Meu amigo pergunEntão disse o Senhor a Moisés: (...) Dize aos filhos de tou se aquele seu conhecido se sentia próximo do Pai Israel que marchem” (Êxodo 14:13–15; grifo do autor). Celestial. O homem respondeu que não. Por que não? O mar se abriu, e os filhos de Israel marcharam para Ele disse: “Francamente, porque não quero”. Prosseguiu 6 FOTOGRAFIAS: JUAN CARLOS SANTOYO, STEVE BUNDERSON, MATTHEW REIER E CRAIG DIMOND, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS N Noite familiar “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação. Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor” (II Timóteo 1:7–8). ■ sua salvação. Os egípcios os seguiram para sua própria destruição. Não teremos também fé para seguir adiante? Ele, que é nosso líder eterno, o Senhor Jesus Cristo, desafiou-nos nas palavras da revelação, dizendo: “Portanto alegrai-vos e rejubilai-vos e cingi os lombos e tomai sobre vós toda a minha armadura, para que possais resistir no dia mau. (...) Estai, pois, firmes, tendo cingidos os lombos com a verdade, tendo vestida a couraça da retidão e calçados os pés com a preparação do evangelho da paz, o qual, para vos confiar, enviei meus anjos; Tomando o escudo da fé com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados dos iníquos; E tomai o capacete da salvação e a espada de meu Espírito, (...) e sede fiéis até que eu venha e sereis arrebatados, para que onde eu estiver estejais vós também” (D&C 27:15–18). Um Futuro Brilhante A guerra continua. Ela é travada no mundo inteiro por questões relacionadas ao arbítrio e à compulsão. É travada por um exército de missionários por questões relacionadas à verdade e ao erro. É travada em nossa própria vida, diariamente, em nosso lar, no trabalho, na escola; é travada por questões que envolvem amor e respeito, lealdade e fidelidade, obediência e integridade. Todos estamos envolvidos nela — crianças, jovens ou adultos — todos. Estamos ganhando, e o futuro nunca pareceu mais brilhante. Que Deus nos abençoe na obra que está tão claramente traçada à nossa frente. Sejamos fiéis. Sejamos valentes. Tenhamos a coragem de ser leais à confiança que Deus depositou em cada um de nós. Sejamos destemidos. Citando as palavras de Paulo a Timóteo: NOTAS 1. History of the Church, volume 6, p. 222. 2. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Wilford Woodruff, 2004, p. 224. 3. “Quem Segue ao Senhor”, Hinos, n.o 150. I D É I A S PA R A O S MESTRES FAMILIARES Depois de se preparar em espírito de oração, compartilhe esta mensagem, utilizando um método que incentive a participação daqueles a quem você estiver ensinando. Seguemse alguns exemplos. 1. Use o artigo para estudar a história da guerra entre o bem e o mal que vem sendo travada desde antes da Criação do mundo. Explique-lhes que a Luz de Cristo representa esperança num mundo tenebroso. Leia a seção “Um Futuro Brilhante”. Sugira coisas que podemos fazer para vencer a guerra entre o bem e o mal. 2. Escreva as palavras de II Timóteo 1:7–8 em um cartão para cada membro da família. Convide os membros da família a escrever no verso do cartão a meta pessoal de ser um discípulo mais dedicado de Jesus Cristo. Peça aos membros da família que colem o cartão num lugar em que o vejam todos os dias. 3. Leve um hinário ao visitar cada família. Convide os membros da família a usar o índice para procurar um hino que inspire o compromisso. Escolha um hino e cante-o ou leia a letra em voz alta. Compare essa letra com trechos do discurso do Presidente Hinckley. Conclua analisando o chamado ao compromisso do Presidente Hinckley e seu testemunho a respeito de um futuro brilhante para aqueles que servem fielmente ao lado do Senhor. A LIAHONA JUNHO DE 2007 7 UM FIRME ALICERCE NUM MUNDO INCERTO Mas ele não permite que sua fé nas coisas que sabe serem verdadeiras seja abalada pelas coisas que não conhece. A DA M C . O L S O N N a manhã de 1º de novembro de 1755, um enorme terremoto arrasou vários bairros de Lisboa, Portugal, desencadeando um tsunami devastador com ondas de 5 a 10 metros de altura que devastou a cidade portuária, dando início a um incêndio que se prolongou por mais de três dias. O desastre matou milhares de pessoas. Mas o terremoto devastador abalou muito mais que apenas edifícios. Como a catástrofe ocorreu quando os cristãos estavam reunidos para comemorar um importante feriado religioso, o Dia de Todos os Santos, ela também abalou a fé dos crentes de todo o continente. Esse abalo espiritual pode ocorrer tão inesperadamente na vida quanto uma atividade sísmica, tendo o potencial de causar tantos danos quanto um terremoto. 8 “Freqüentemente enfrentamos coisas que podem abalar nossa fé”, diz Patrícia Moreira, membro da Estaca Lisboa Portugal, que disse ter enfrentado muitas dessas coisas nesses vinte anos, desde que se filiou sozinha à Igreja. “Podem ser perguntas de não-membros, ataques de pessoas que se opõem à Igreja ou até coisas que simplesmente não compreendemos.” Quando perguntas que parecem não ter respostas causam atritos na linha divisória entre o mundo e o evangelho, o terremoto resultante pode causar vítimas, abalando a fé daqueles que têm alicerces fracos. Que Firme Alicerce Na tectônica espiritual, não é nossa proximidade do epicentro que determina FOTOGRAFIAS: ADAM C. OLSON, EXCETO QUANDO INDICADO; FOTOGRAFIA DE ROCHAS © GETTY IMAGES Revistas da Igreja “Freqüentemente enfrentamos coisas que podem abalar nossa fé (...) [Nesses momentos] nosso alicerce faz toda a diferença.” — Patricia Moreira, no Castelo São Jorge, que foi restaurado sobre seus alicerces originais depois do terremoto de Lisboa em 1755. A LIAHONA JUNHO DE 2007 9 O DIA EM QUE SEREMOS PROVADOS “O que precisaremos no dia em que formos provados é de preparação espiritual; é ter desenvolvido tal fé em Jesus Cristo que consigamos passar na prova da vida da qual depende tudo o que nos aguarda na eternidade. (...) Precisaremos desenvolver e cultivar a fé em Jesus Cristo muito antes que Satanás nos ataque, como certamente fará, com as dúvidas, com os apelos aos nossos desejos carnais e com as vozes mentirosas que chamam o bem de mal e dizem que não existe pecado. Essas tempestades espirituais já estão sobre nós. Podemos ter certeza de que elas ficarão piores antes que o Salvador volte.” Cristo muito antes que Satanás os efeitos do terremoto em nosso nos ataque”1, disse o Élder testemunho, mas, sim, nossa proximidade de Deus. Henry B. Eyring, do Quórum “Nosso alicerce é Jesus Cristo e Seu dos Doze Apóstolos. evangelho” (ver Lucas 6:47–48), diz a irmã Moreira em uma conversa sobre Edificar sobre a Rocha esse assunto com alguns de seus amiComo fazemos de Cristo o gos adultos solteiros da estaca. nosso alicerce? “Não temos alicerce sem Ele”, O Élder Eyring ensinou: acrescenta Darryl Nequetela, um “Estamos seguros na rocha que é converso de pouco mais de um ano o Salvador quando nos submetede Igreja. “Alguns alicerces são framos a Ele em fé, correspondendo cos, mas o Dele é seguro e verdaà orientação do Santo Espírito deiro” (ver Helamã 5:12). de guardar os mandamentos por Nenhum dilúvio de dúvidas, tempo suficiente e com fé para Élder Henry B. Eyring, do Quórum dos Doze Apóstolos, “Preparação Espiritual: Começar nenhum incêndio filosófico, nenhum que o poder da Expiação modifiCedo e Ser Constante”, A Liahona, novembro de 2005, pp. 37–38. terremoto de incredulidade de qualque nosso coração. Quando, por quer magnitude pode destruir a meio dessa experiência, tornamorocha de nosso Redentor, a Principal nos como uma criança em nossa Pedra de Esquina, nosso verdadeiro capacidade de amar e obedecer, alicerce, Jesus Cristo. estamos no alicerce seguro”.2 “Sei que estou seguro quando ediÉ preciso fé. É preciso obefico sobre o alicerce Dele”, diz o irmão Nequetela. diência e arrependimento. E é preciso tempo. “Precisamos nutrir nossa fé orando diariamente, estudando diariamente as escrituras, servindo em nossos chaQuando o Abalo Começa mados, guardando os mandamentos e fazendo o melhor Esses santos dos últimos dias conhecem bem os terrepossível para tornar-nos pessoas melhores”, diz a irmã motos provocados por Satanás. Moreira, cuja mãe e irmã se filiaram à Igreja desde que ela No trabalho, Francisco Lopes (que se casou recentecomeçou a edificar sobre a rocha. “Creio que precisamos mente) estava sujeito a freqüentes tremores espirituais. “Algumas pessoas com quem eu trabalhava eram descrentes seguir o conselho do Presidente Monson de encher nossa mente com a verdade, encher nosso em relação às minhas crenças e me criticavam por acreditar coração de amor e encher nossa vida de nessas coisas”, diz ele. “Freqüentemente me questionavam, usando conceitos científicos que pareciam estar em conflito serviço.”3 com nossa fé.” “Podemos preparar-nos O irmão Lopes relembra debates a respeito da evolupara as provações ção, DNA e outras coisas. “Fizeram de tudo para convencer-me de que a Igreja era falsa”, diz ele, referindo-se a perguntas para as quais ele tinha poucas respostas. “Tive de confiar no meu testemunho de Deus e de Seu evangelho. Sinto-me grato por esse alicerce.” Mas como o irmão Lopes pôde testificar, depois que o chão começa a tremer, é muito tarde para começar a preparar-nos. “Precisaremos desenvolver e cultivar a fé em Jesus 10 procurando conhecer o Senhor e saber como Ele ajuda Seus filhos [ver 1 Néfi 2:12]. As escrituras nos ajudam nisso”, diz o irmão Nequetela. “Desenvolvemos nossa fé trilhando o caminho da retidão.” Como Encontrar Respostas para Perguntas Difíceis Às vezes, como no caso do irmão Lopes, os membros se vêem diante de perguntas para as quais não têm respostas. Mas ele não permite que sua fé nas coisas que sabe serem verdadeiras seja abalada pelas coisas que não conhece. “Há coisas que ainda não sei. Mas não questiono essas coisas porque sei que no devido tempo Deus revelará o que preciso saber”, diz o irmão Lopes, “não no meu tempo ou na hora que eu quiser, mas quando Ele achar que isso deva ser revelado”. O que podemos fazer quando nos vemos diante de uma pergunta difícil que não parece ter resposta? “A maioria das respostas está nas escrituras”, diz o irmão Lopes, que foi questionado não apenas por amigos e colegas de trabalho mas também pelos pais, por sua decisão de filiar-se à Igreja aos 14 anos de idade. “Mas para descobrir e compreender essas respostas, dependemos da revelação pessoal. Também posso procurar meus líderes da Igreja ou perguntar diretamente a Deus. Sintome grato pelo Espírito Santo e por ter um Pai Celestial que me ama.” Paciência na Revelação Se a busca da resposta por meio da oração, leitura das escrituras e estudo das palavras de nossos líderes não for frutífera, temos que esperar (ver D&C 101:16). “Estamos aqui para andar pela fé, mas esquecemos que (...) fé não é ter um perfeito conhecimento de todas as coisas. E nossa fé precisa ser provada.” — Darryl Nequetela, contemplando partes de Lisboa que foram reconstruídas após o terremoto. A LIAHONA JUNHO DE 2007 11 “Há coisas que ainda não sei. Mas não questiono essas coisas porque sei que no devido tempo “Procuro ser paciente”, diz o irmão Nequetela, que saiu de Angola em 2000 para estudar em Portugal. “Embora não tenhamos uma resposta, o Espírito Santo nos consola dizendo que devemos ser pacientes, que Deus concede linha sobre linha, preceito sobre preceito, e que devemos aceitar o firme decreto de um Deus justo. Ele sabe o que é melhor para nós, e revelará tudo no Seu devido tempo.” A paciência na revelação é a história da Restauração. A Igreja foi restaurada sobre o alicerce original: o evangelho de Jesus Cristo. Mas isso não ocorreu de uma vez. De acordo com o Profeta Joseph Smith, as respostas para as dúvidas a respeito do evangelho vieram “linha sobre linha, preceito sobre preceito; um pouco aqui, um pouco ali; dando-nos consolação pela proclamação do que está para vir, confirmando nossa esperança!” (D&C 128:21) e continuarão a fazê-lo. “Cremos em tudo o que Deus revelou, em tudo o que Ele revela agora, e cremos que Ele ainda revelará muitas coisas grandiosas e importantes relativas ao Reino de Deus” (Regras de Fé 1:9). Restauração Moderna Bem acima da moderna Lisboa, o irmão Nequetela olha para a cidade, do alto das ameias do Castelo São Jorge, e pensa no trabalho de restauração que foi realizado desde o desastre de 1755. A cidade reconstruída está novamente florescente; o castelo, que havia ficado severamente danificado pelo terremoto, foi reconstruído usando-se o alicerce que escapou da destruição. E por meio da Restauração do evangelho, as pessoas estão aprendendo como e onde alicerçar uma fé que permaneça firme, a despeito da origem dos abalos. ■ NOTAS 1. “Preparação Espiritual: Começar Cedo e Ser Constante”, A Liahona, novembro de 2005, p. 38. 2. “Como uma Criança”, A Liahona, maio de 2006, p. 15. 3. Ver Thomas S. Monson, “A Fórmula do Sucessso”, A Liahona, agosto de 1995, p. 7. 12 Deus revelará o que preciso saber.” — Francisco Lopes, em frente ao Castelo São Jorge, que se ergue sobre a moderna Lisboa. LIÇÕES DO Gratidão Expiação NOVO TESTAMENTO pela É L D E R W O L F G A N G H . PA U L Dos Setenta CRISTO NO GETSÊMANI Q uase no fim de Seu ministério terreno, o Salvador foi com Seus discípulos ao Monte das Oliveiras no Jardim do Getsêmani. Lemos em Lucas, no Novo Testamento: “E, saindo, foi, como costumava, para o Monte das Oliveiras; e também os seus discípulos o seguiram. E quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação. E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava, Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia. E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão” (Lucas 22:39–44). Foi ali que o Salvador pagou o preço por todos os sofrimentos, pecados e transgressões de todo ser humano que viveu ou que ainda viverá. Ele bebeu a taça amarga e sofreu para que todos os que se arrependessem não precisassem sofrer. Depois desses momentos terríveis, Ele foi levado ao Gólgota e pregado a uma cruz, que foi outra tortura brutal e dolorosa pela qual teve de passar para levar a efeito a Expiação por toda a humanidade. Nenhum ser humano pode imaginar o que o Salvador realmente sofreu quando tomou sobre Si esse pesado fardo. Em uma revelação dada por meio do Profeta Joseph Smith em março de 1830, temos um vislumbre desse sofrimento quando o Salvador declarou: “Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos, para que não precisem sofrer caso se arrependam; Mas se não se arrependerem, terão que sofrer assim como eu sofri; Sofrimento que fez com que eu, Deus, o mais grandioso de todos, tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito — e desejasse não ter de beber a amarga taça e recuar — Todavia, glória seja para o Pai; eu bebi e terminei meus preparativos para os filhos dos homens” (D&C 19:16–19). No final, somente por meio da Expiação é que nossa vida pode Se compreendêssemos o grande amor que o Salvador teve por nós quando expiou nossos pecados, sempre O amaríamos, seríamos gratos a Ele e guardaríamos Seus mandamentos. A LIAHONA JUNHO DE 2007 13 14 para mim só havia um meio de ser curado. Confessar para minha esposa e filhos o que eu tinha feito foi a coisa mais difícil que já fiz na vida. Depois disso, prosseguindo no caminho do arrependimento, confessar para meu bispo e presidente de estaca não foi tão difícil. Por fim, senti-me aliviado do fardo que tinha colocado sobre meus ombros. Senti-me aliviado com a excomunhão e o que decorreria disso. Que alegria senti quando recebi a permissão de ser À ESQUERDA: NÃO SE FAÇA A MINHA VONTADE, MAS A TUA, DE HARRY ANDERSON, CORTESIA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, REPRODUÇÃO PROIBIDA; À DIREITA: ILUSTRAÇÃO: ROBERT O. SKEMP, CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA; NO JARDIM DO GETSÊMANI, DE ROBERT T. BARRETT ser curada. Um membro descreveu seus sentimentos ao passar pelo processo do arrependimento e descobriu o poder de cura da Expiação: “O período entre a transgressão e a confissão foi terrível. Eu vivia constantemente atormentado com a consciência das coisas terríveis que tinha feito. Estava num estado de profunda escuridão, depressivo e indiferente, a princípio desesperançado e torturado por temores, mas sem nunca duvidar da veracidade do evangelho e do poder salvador da Expiação. Eu sabia que batizado e pude novamente ter o Espírito Santo comigo. Por fim, a promessa da Expiação foi cumprida da maneira mais clara e bela, quando minhas bênçãos foram restauradas novamente. Ao longo dos anos, minha esposa e eu sentimos que a Expiação proporciona alívio e cura, não apenas para o pecador, mas além disso, ela tem o poder de curar e restaurar a vítima também. Disso testifico com profunda gratidão”. Se compreendêssemos o grande amor que o Salvador teve por nós quando expiou nossos pecados, sempre O amaríamos, seríamos gratos a Ele e guardaríamos Seus mandamentos. Como declarou o Presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972): “Um dos maiores pecados, tanto em magnitude quanto em extensão (...) é o pecado da ingratidão. Quando violamos um mandamento, por menor e insignificante que nos pareça, demonstramos ingratidão para com nosso Redentor. É impossível compreendermos a extensão de Seu sofrimento ao tomar sobre Si o fardo dos pecados do mundo inteiro, um castigo tão severo que, segundo nos foi ensinado, fez verter sangue de cada um dos poros de Seu corpo, e isso antes de Ele ser levado para a cruz. A dor física causada pelos cravos pregados em Suas mãos e pés não foi o maior de Seus sofrimentos, por mais torturante que tenha sido. O maior sofrimento foi a angústia espiritual e mental causada pelo fardo de nossas transgressões que Ele tomou sobre Si. Se compreendêssemos a extensão desse sofrimento e de Seu sofrimento na cruz, sem dúvida nenhum de nós se tornaria deliberadamente culpado de pecado. Não cederíamos às tentações, à satisfação de apetites e desejos ímpios, e Satanás não teria lugar em nosso coração. Portanto, sempre que pecamos, demonstramos nossa ingratidão e desprezo pelo sofrimento do Filho de Deus, graças a Quem e por meio de Quem ressuscitaremos dos mortos e viveremos para sempre. Se realmente compreendêssemos e pudéssemos sentir, o mínimo que fosse, o amor e a benevolente disposição demonstrada por Jesus Cristo em sofrer por nossos pecados, estaríamos dispostos a nos arrepender de todas as nossas transgressões e a servi-Lo”.1 A Expiação do Salvador é o maior evento da história. O Presidente Gordon B. Hinckley declarou: “Nenhum outro ato em toda a história da humanidade compara-se ao Dele. Nada pode igualá-Lo. Foi um gesto de misericórdia totalmente abnegado e de um amor infinito a todo gênero humano, um ato sem paralelo algum”.2 Sejamos sempre gratos por essa dádiva maravilhosa, a Expiação do Filho de Deus, nosso Salvador e Redentor. ■ A Expiação do Salvador é o maior evento da história. No final, somente por meio da Expiação é que nossa vida pode ser curada. NOTAS 1. The Restoration of All Things (A Restauração de Todas as Coisas), 1945, p. 199. 2. “Na Mais Gloriosa das Épocas”, A Liahona, janeiro de 2000, p. 87. A LIAHONA JUNHO DE 2007 15 COLOCAR LUZ EM SUA VIDA P R E S I D E N T E J A M E S E . FA U S T A PRIMEIRA VISÃO, DE GARY L. KAPP, REPRODUÇÃO PROIBIDA; À DIREITA: FOTOGRAFIA DO PRESIDENTE FAUST: BUSATH PHOTOGRAPHY; FOTOGRAFIA DE VELA: CRAIG DIMOND Segundo Conselheiro na Primeira Presidência M uitos de vocês questionam sua identidade. Alguns perguntam o que o futuro lhes reserva. O mundo exibe tentações sedutoras. É desnorteador. Alguns de vocês podem sentirse não apenas inseguros sobre o rumo a seguir, como também podem questionar o real valor que têm. Quero assegurar-lhes que acredito de todo o coração que vocês são uma geração escolhida. Falarei sobre como sair das trevas para a luz. Miquéias disse: “Se [eu] morar nas trevas, o Senhor será a minha luz” (Miquéias 7:8). Como Recebemos Luz Recebemos luz do Senhor. Isso pode acontecer quando estudamos as escrituras e “nossos olhos [se abrem] e [ilumina-se] nosso entendimento” (D&C 76:12). O estudo diário das escrituras acende a luz de nossa percepção espiritual e abre nosso entendimento para mais conhecimento. Procuro ler as escrituras no final de cada dia. Isso me proporciona uma paz extraordinária. Durmo melhor fazendo isso. Recebemos luz espiritual quando assistimos à reunião sacramental. O sacramento que tomamos e a inspiração do serviço de adoração semanal recarregam nossas bateriais espirituais. Recebemos luz espiritual quando aceitamos um chamado. Somos mais abençoados ao servir na Igreja do que as pessoas a quem servimos. Recebemos luz espiritual quando pagamos o dízimo, para que as janelas do céu possam abrir-se sobre nós (ver Malaquias 3:10). Recebemos luz espiritual quando cantamos hinos. Cantar hinos nos fortalece e nos une espiritualmente. Recebemos luz espiritual quando oramos. Quando era um jovem adolescente, o Profeta Joseph Smith leu: “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente” (Tiago 1:5). Recomendo que leiam o relato da Primeira Visão, que aconteceu quando ele decidiu que procuraria receber sabedoria de Deus. Ele escreveu: “Quando a luz pousou sobre mim (...)” O que ele viu? Viu o Pai e o Filho. No final da visão, ele disse: “Quando a luz se retirou, eu estava sem forças” (Joseph Smith — História 1:17, 20). Obviamente, não esperamos receber uma visita celestial, mas temos o direito de receber iluminação espiritual e intelectual se buscarmos primeiramente “o reino de Deus, e a sua justiça” (Mateus 6:33). Não esperamos receber uma visita celestial, mas temos o direito de receber iluminação espiritual e intelectual se buscarmos primeiramente “o reino de Deus, e a sua justiça”. Qual É o Enfoque de Nossa Fé? Parte do ato de sairmos para a luz depende do enfoque de nossa fé. Será que A LIAHONA JUNHO DE 2007 17 18 vemos isso como repressão ou como libertação? À medida que amadurecem, os jovens sentem novas capacidades, novas paixões e novas ambições. Contudo é-lhes é dito que algumas dessas coisas precisam ser restringidas. Dominar nossas paixões ou aceitar as devidas restrições são coisas necessárias para nosso crescimento e progresso pessoais. Como disse Alma: “Faze também com que todas as tuas paixões sejam dominadas, para que te enchas de amor” (Alma 38:12). Há poucos anos, um programa transmitido para todo o país mostrou criminosos na prisão que estavam domando cavalos selvagens. Ao fazer amizade com os cavalos, os prisioneiros aprenderam a ter paciência, a controlar suas emoções, a respeitar os outros e a valorizar o trabalho dentro de um sistema. Ao observar como os cavalos aprendiam a obedecer a seus comandos, deram-se conta de como poderiam ter evitado os terríveis erros que os puseram na prisão. Em nossa sociedade moderna, muitos livros, revistas, televisão e filmes mostram a intimidade sexual fora dos laços do matrimônio como algo socialmente aceitável, e até desejável. Alguns jovens, enganados por esse argumento, perguntam: “Por que isso está errado? Nós nos amamos!” O Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, respondeu a essa pergunta da seguinte maneira: “No que tange à intimidade humana, vocês precisam esperar! Devem esperar até poderem doar tudo. E só poderão fazê-lo quando legal e legitimamente casados. Conceder ilicitamente o que não é seu (lembrem-se de que ‘não sois de vós mesmos’ [ver I Coríntios 6:19]) e dar apenas parte sem poder entregar-se inteiramente é uma roleta russa emocional. Se insistirem em buscar a satisfação física sem a aprovação do céu, correrão o terrível risco de sofrer um dano espiritual e físico que poderá prejudicar tanto o seu anseio por intimidade física quanto sua capacidade de mais tarde se entregar devotadamente, de todo coração, a um amor verdadeiro. (...) No dia de seu casamento, a melhor dádiva que vocês podem oferecer a sua companheira ou companheiro eterno é o melhor de vocês mesmos — uma pessoa limpa, pura e digna de receber em troca essa mesma pureza.”1 A Fé Nos Carrega para Fora das Trevas Nossa fé não é um conjunto de crenças e práticas demasiadamente difíceis de seguir. Todos que saem das trevas descobrem que sua fé os carrega. A fé não é pesada; a fé eleva e nos dá asas para transpormos situações difíceis. Como Isaías prometeu: “Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão” (Isaías 40:31). Sair das trevas para a luz liberta-nos do lado sombrio de nossa alma, que resulta do medo, desânimo e pecado. Podemos reconhecer uma pessoa que saiu das trevas para a luz por seu semblante e atitude. O Salvador disse muito bem: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (João 10:10). Desde 11 de setembro de 2001, temonos preocupado com outra forma de escuridão: a influência de terroristas e seqüestradores. Vocês estão crescendo num mundo diferente daquele no qual eu cresci. Por muitos anos viajei de avião sem precisar que minha bagagem fosse revistada ou que FOTOGRAFIA DE ÁGUIA © COMSTOCK; À DIREITA: FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS S er chamado para servir como missionário da Igreja não é um direito, mas, sim, um privilégio. O trabalho missionário é muito alegre, mas não se trata de diversão e jogos; é trabalho árduo. eu tivesse de passar por detectores de metais. Meus queridos jovens amigos, nem todos os seus inimigos são terroristas e seqüestradores. Alguns estão no meio de seus colegas — talvez até entre aqueles que vocês consideram seus amigos — aqueles que os encorajam a libertar-se das restrições e a experimentar drogas, bebidas alcóolicas ou intimidades com alguém do sexo oposto — ou até do mesmo sexo. Estão entre os críticos, os dissidentes, os descrentes — todos aqueles que nos mantêm em trevas e procuram impedir-nos de encontrar a luz em nossa jornada eterna. Outros terroristas espirituais incluem aqueles que vendem pornografia, pessoas sem princípios. Essas pessoas estão nas trevas, carecem de fé e não estão dispostas a buscar uma fonte mais elevada do que elas próprias para encontrar soluções para dúvidas e problemas. Algumas são tão egoístas e têm um conceito tão pobre de si mesmas e uma fé tão fraca que não conseguem conceber a possibilidade de se obter luz e conhecimento por qualquer outro meio. Tornar-se Defensores da Fé Todos precisamos tornar-nos defensores da fé. Ao defender nossa fé, saímos das trevas e nos movemos para a luz. Vocês, jovens, partilham da responsabilidade de proclamar a verdade do evangelho restaurado. Só conseguirão ser eficazes nisso se procurarem fazer o certo em sua vida pessoal. Para isso, precisarão de uma compreensão e um testemunho das doutrinas básicas da Igreja. Esses princípios fundamentais de nossa fé são, primeiro, que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e o Redentor do mundo, segundo, que Deus, o Pai, e Seu Filho Jesus Cristo realmente apareceram ao Profeta Joseph Smith, restaurando a plenitude do evangelho e a Igreja verdadeira. Depois disso vêm os propósitos da Igreja: Primeiro, preparar seus membros para uma vida perfeita. “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:48). Segundo, incentivar e encorajar seus membros a se tornar um grupo de santos, unidos pela fé e obras. Terceiro, proclamar a mensagem da verdade restaurada ao mundo. Quarto, salvar nossos mortos. Pode ser que vocês estejam-se preparando para servir como missionários de tempo integral. Ser chamado para servir como missionário da Igreja não é um direito, mas, sim, um privilégio. O trabalho missionário é muito alegre, mas não se trata de diversão e jogos; é trabalho árduo. A advertência do Senhor aos missionários está na seção 4 de A LIAHONA JUNHO DE 2007 19 Aceitar a Expiação Há poucos anos, quando o Élder Merrill J. Bateman, da Presidência dos Setenta, estava no Japão, os missionários o apresentaram a um jovem irmão japonês que acabara de filiar-se à Igreja. Ele tivera uma formação não cristã. Quando conheceu os missionários, ficou interessado na mensagem deles, mas não conseguia compreender ou sentir a necessidade de um Salvador, e não tinha um testemunho do evangelho. Certo dia, os missionários decidiram mostrar-lhe um filme sobre a Expiação. O jovem viu 20 o filme, mas ainda assim não recebeu um testemunho. “Na manhã seguinte, ele foi para seu trabalho. Trabalhava em uma óptica fazendo óculos. (...) Uma mulher idosa entrou na loja. Ele lembrou-se de que ela já viera poucas semanas antes. Tinha quebrado os óculos. Precisava de óculos novos. Em sua visita anterior, não tivera dinheiro suficiente e tinha ido embora para economizar mais dinheiro para comprar seus óculos novos. Quando veio naquele dia, mostrou os óculos para ele novamente e o dinheiro que tinha. Ele se deu conta de que ela ainda não tinha o suficiente. Então, um pensamento lhe veio à mente: Tenho um pouco de dinheiro comigo. Não preciso contar para ela. Posso completar a diferença. Então, ele disse à mulher que o dinheiro era suficiente, pegou os óculos dela [e] marcou um dia para que ela voltasse, quando ele tivesse terminado de fazer os óculos. (...) Ela voltou depois. Ele tinha os óculos prontos. Entregou os óculos para ela, e quando ela os colocou [exclamou]: ‘(...) Estou vendo. Estou vendo’. Depois, começou a chorar. Naquele momento, uma sensação de ardor começou a crescer dentro dele, enchendo-lhe o peito. Ele disse: ‘(...) Compreendi. Compreendi’. Ele então começou a chorar. Ó MEU PAI, DE SIMON DEWEY, CORTESIA DE ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH, REPRODUÇÃO PROIBIDA; À DIREITA: FOTOGRAFIA: CHRISTINA SMITH, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Doutrina e Convênios: “Ó vós que embarcais no serviço de Deus, vede que o sirvais de todo o coração, poder, mente e força, para que vos apresenteis sem culpa perante Deus no último dia” (versículo 2). Todo trabalho missionário pressupõe dignidade pessoal. O Senhor disse: “Sede limpos, vós que portais os vasos do Senhor” (D&C 38:42). Alguns de vocês são dignos, mas por causa de problemas de saúde talvez não sejam capazes de suportar os rigores do proselitismo no campo missionário. Vocês podem encontrar oportunidades alternativas de serviço que lhes serão uma grande bênção. Correu para fora da loja, procurando os missionários. Quando os encontrou, ele disse: ‘Estou vendo! Meus olhos foram abertos! Sei que Jesus é o Filho de Deus. Sei que a pedra foi rolada do sepulcro e que, naquela gloriosa manhã de Páscoa, Ele ressuscitou dos mortos. Ele pode completar o que estiver faltando em minha vida, quando eu não conseguir’.”2 Todos podemos ver pela luz da inspiração, que é o Espírito Santo. Ele iluminará nosso caminho para sairmos da escuridão e das dificuldades. A maneira mais segura de sair das trevas para a luz é por meio da comunicação com nosso Pai Celestial, pelo processo conhecido como revelação divina. O Presidente Wilford Woodruff (1807–1898) declarou: “Sempre que o Senhor teve um povo na Terra que Ele reconhecia como tal, esse povo foi guiado por revelação”.3 A inspiração de Deus está ao alcance de todos os que forem dignos e buscarem a orientação divina do Santo Espírito. Isso é particularmente verdadeiro para aqueles que receberam o dom do Espírito Santo. A Revelação Continua Aqueles que desejam sair das trevas para a luz precisam certificar-se de estar em harmonia com a inspiração e revelação provenientes de nossos profetas, videntes e reveladores. Amós nos disse: “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3:7). Os profetas sintonizaram ao longo dos séculos a estação celestial, com a responsabilidade de retransmitir a palavra do Senhor às pessoas. Jovens: a melhor maneira de estar em sintonia com o Salvador é apoiar Seu profeta vivo na Terra, o Presidente da Igreja. Se não seguirmos realmente o profeta vivo, seja ele quem for, estaremos nos arriscando a morrer espiritualmente. Posso testificar que esse processo de revelação contínua ocorre muito freqüentemente na Igreja. Acontece diariamente. Isso é necessário para que a Igreja cumpra sua missão. Sem ela, fracassaríamos. A Igreja precisa constantemente da orientação de seu dirigente, o Senhor e Salvador Jesus Cristo. A revelação contínua não será e não pode ser forçada por pressões externas de pessoas e eventos. Não se trata da assim chamada “revelação de progresso social”. Não se origina dos profetas; ela vem de Deus. A Igreja é governada pelo profeta sob a inspiração, orientação e direção do Senhor. Minha crença e convicção na veracidade divina da Igreja, já as tenho há muito tempo — tanto quanto consigo lembrar. Esse testemunho se tornou mais forte com o passar dos anos. O conhecimento seguro da veracidade desse evangelho me veio antes de eu ter sido chamado para o santo apostolado e foi reconfirmado muitas vezes desde essa época. Testifico-lhes, jovens, que o evangelho contém as respostas para os desafios e problemas da vida. É o caminho seguro para a felicidade e o cumprimento da promessa do Salvador de “paz neste mundo e vida eterna no mundo vindouro” (D&C 59:23). ■ Q uando o dono da óptica entregou os óculos para a mulher, ela exclamou: “Estou vendo. Estou vendo”. Naquele momento, uma sensação de ardor começou a crescer dentro dele, enchendo-lhe o peito. Ele disse: “Compreendi. Compreendi. (...) Meus olhos foram abertos! Sei que Jesus é o Filho de Deus. (...) Ele pode completar o que estiver faltando em minha vida, quando eu não conseguir”. Extraído de um discurso proferido em um serão do Sistema Educacional da Igreja, realizado em 8 de setembro de 2002. NOTAS 1. Pureza Pessoal, A Liahona, outubro de 2000, p. 42. 2. “Stretching the Cords of the Tent” (Esticar as Cordas da Tenda), Ensign, maio de 1994, pp. 65–66. 3. The Discourses of Wilford Woodruff (Discursos de Wilford Woodruff), sel. G. Homer Durham, 1946, p. 138. A LIAHONA JUNHO DE 2007 21 Perguntas e Respostas “Voltei para a Igreja e estou tentando começar uma nova vida depois de ter cometido alguns erros, mas tenho medo de cair de novo. Como posso vencer esse medo?” A LIAHONA V ocê não está sozinho nesse desafio. Todos cometemos erros e todos podemos cair, se não tomarmos cuidado. Você pode encontrar algumas respostas para sua dúvida em 1 Néfi 8, uma descrição da visão de Leí. Eis algumas coisas que Leí viu e que podem ajudá-lo: Ele viu pessoas se esforçando para manter-se no caminho estreito e apertado, ou seja, tentando ser fiéis. Mas algumas delas “se extraviaram (...) e perderam-se” (versículo 23). Algumas chegaram à árvore da vida mas então “ficaram [envergonhadas], por causa dos que zombavam [delas], e desviaram-se por caminhos proibidos e perderam-se” (versículo 28). Outras tiveram sucesso. “[Avançaram], continuamente agarradas à barra de ferro, até que chegaram; e prostraram-se e comeram do fruto da árvore” (versículo 30). O fruto da árvore representa o amor de Deus: as bênçãos da Expiação de Jesus Cristo. Observe o que elas fizeram para ter sucesso. Se você fizer essas coisas, poderá vencer seu medo de cair novamente. 22 Para vencer seu medo de cair, “prossiga com firmeza” no caminho estreito e apertado. Obedeça à palavra de Deus, que se encontra nas escrituras e nos ensinamentos dos profetas modernos. Adore a Deus, procure sentir Seu amor e arrependa-se para que o Salvador possa fortalecê-lo. Não dê atenção às pessoas que zombam de você por tentar fazer o que é certo. 1. Prosseguir com firmeza. Néfi explicou: “Deveis, pois, prosseguir com firmeza em Cristo, tendo um perfeito esplendor de esperança e amor a Deus e a todos os homens. Portanto, se assim prosseguirdes, banqueteando-vos com a palavra de Cristo, e perseverardes até o fim, eis que assim diz o Pai: Tereis vida eterna” (2 Néfi 31:20). 2. Agarrar-se à barra de ferro. Néfi disse que a barra de ferro é a “palavra de Deus; e todos os que dessem ouvidos à palavra de Deus e a ela se apegassem, jamais pereceriam; nem as tentações nem os ardentes dardos do adversário poderiam dominá-los até a cegueira, para levá-los à destruição” (1 Néfi 15:24). 3. Comer do fruto da árvore. Comer do fruto da árvore significa sentir o amor de Deus em sua vida. Você pode orar para sentir esse amor e pode arrepender-se, permitindo que a Expiação abençoe sua vida. 4. Não dar atenção aos que zombam de você por fazer o que é certo. No sonho de Leí, aqueles que se importaram com as pessoas que zombavam no grande e espaçoso FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS edifício acabaram caindo. O edifício representa o orgulho e as crenças do mundo. Como o edifício não tinha alicerces, “ele caiu e sua queda foi muito grande” (1 Néfi 11:36). O orgulho do mundo é temporário; fazer o que é certo vai abençoá-lo para sempre. Essas quatro coisas vão ajudá-lo a edificar sobre o alicerce do evangelho de Jesus Cristo, “que é um alicerce seguro; e se os homens edificarem sobre esse alicerce, não cairão” (Helamã 5:12). LEITORES no Senhor para que iluminasse o meu Há três anos eu estava fora caminho. Hoje tenho paz no coração. Se da Igreja. Senti tristeza no você sentir tristeza pelos seus pecados e coração por causa de meus erros, leia 2 Néfi 4:17–35. erros e decidi voltar para a Élder John Sanchez, 21, Igreja. Tinha medo de errar Missão Peru Piura outra vez, por isso decidi ajoelhar-me e fazer o que não não fazia havia muito Somos tentados e comete- tempo: orar ao nosso Pai Celestial. Pedi- mos erros todos os dias, Lhe que me ajudasse a sobrepujar as ten- mesmo que estejamos na tações para que o mal não tivesse lugar Igreja. Mas o importante é em meu coração, porque ele destruía a nos arrependermos sincera- minha paz e entristecia a minha alma. mente das coisas que fizemos e nos esfor- Depositei minha confiança çarmos constantemente contra a tentação A LIAHONA JUNHO DE 2007 23 e, acima de tudo, sermos dignos e orarmos cons- ao templo e de todas as atividades que puder, tantemente e pedirmos a nosso Pai Celestial que para que sinta o Espírito o máximo possível. Seria nos ajude, porque Ele nunca se esquece de nós. também sensato procurar o conselho de seu bispo Se quisermos realmente mudar, Ele nos ajudará e de seus pais. porque nos ama imensamente. Denise E., 18, Rancagua, Chile Quando você sentir medo, ore, jejue e principalmente estude as escrituras. A palavra do Senhor está nelas, e as respostas para suas dúvidas também. Lembre-se de que o Senhor não nos dá nenhum mandamento sem antes preparar o caminho para que possamos cumpri-lo. E Ele nos ama tanto que nos perdoa quando nos arrependemos. Ana A., 16, Falcón, Venezuela Em primeiro lugar, precisamos compreender que o Pai Celestial nos ama, mesmo que tenhamos caído. O mais importante é levantar-nos e continuar tentando. Em segundo lugar, compreendermos que o desânimo é uma ferramenta de Satanás para impedir-nos de alcançar a verdadeira felicidade que só pode ser encontrada no evangelho de Jesus Cristo. Um dos truques do diabo é manter nossa atenção concentrada nos pecados ou erros do passado e no medo de que voltem a acontecer no futuro. Essa linha O poder de seus convênios é maior do que o poder da tentação. Não deixm que o temor de transgressões passadas enfraqueça sua determinação de arrepender-se delas e de abandoná-las. Lembrem-se! Deus prometeu livrá-los ‘da mão daquele que [o] odiava, e [remi-lo] da mão do inimigo’ (Salmos 106:10)”. “ Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, “O Que Eu Gostaria Que Todo Membro Novo Soubesse — e Que Todo Membro Antigo Lembrasse”, A Liahona, outubro de 2006, p. 14. Jaclyn B., 17, Kansas, USA Sei como você se sente. Voltei para a Igreja, e agora estou participando ativamente de todas as atividades da Igreja, inclusive do trabalho missionário. Uma das lições que aprendi foi ter uma fé inabalável em Jesus Cristo. Se tivermos fé Nele, ela nos ajudará a ser fortes. Sei que Jesus Cristo é nosso único alicerce seguro, como lemos em Helamã 5:12. Cheenee L., 17, Bulacan, Filipinas Nosso Pai Celestial nos ama e nos compreende. Ele sabe que não somos perfeitos e que estamos sujeitos a cair. Sei que meu Pai Celestial me ama e me dá forças para prosseguir, por meio das escrituras, oração e jejum. Quando caímos, temos sempre que nos erguer. Celeste S., 20, Oslo, Noruega As respostas são auxílios e pontos de vista, e não declarações de doutrina da Igreja. PRÓXIMA PERGUNTA “Posso experimentar bebidas alcoólicas e cigarro uma única vez para saber por mim mesmo como de raciocínio só nos impede de seguir adiante e são essas coisas? Nunca mais farei de novo. Qual de melhorar nossa vida. Por fim, eis uma citação é o problema de experimentar só uma vez?” que devemos adotar como lema: “Não deixe que o medo de perder o impeça de entrar no jogo”. ENVIE SUA RESPOSTA, com seu nome completo, Somos filhos do Pai Celestial, e com a ajuda Dele, data de nascimento, ala e estaca (ou ramo e dis- vamos ter sucesso. trito) e uma fotografia (com a permissão por Chad C., 20, Utah, USA escrito de seus pais para que a foto seja publicada) para: Em suas orações pessoais, expresse todos os seus Questions & Answers 7/07 temores de que possa vir a cair. Leia as escrituras 50 E. North Temple St., Rm. 2420 diariamente para adquirir conhecimento do evan- Salt Lake City, UT 84150-3220, USA gelho e sentir o Espírito. Assista a todas as reuniões da Igreja, participe de todas as caravanas 24 Ou e-mail: [email protected] Responda até 15 de julho de 2007. ■ MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES Tornar-se um Instrumento nas Mãos de Deus Permanecendo Firmes e Inabaláveis Selecione em espírito de oração e leia as escrituras e ensinamentos desta mensagem que atendam às necessidades das irmãs que você for visitar. Compartilhe suas experiências e seu testemunho. Convide as irmãs que você estiver ensinando a fazer o mesmo. O Que Significa Ser Firme e Inabalável? é a coragem de progredir. [Aqueles] que possuem essa qualidade divina continuam em frente; não se permitem ficar parados. Não são simplesmente criaturas movidas por seu próprio poder e sabedoria; são instrumentos de uma lei mais alta e de um propósito divino” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith, 1998, pp. 107–108). BORDA © ARTBEATS; FOTOGRAFIAS: CRAIG DIMOND, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Presidente Gordon B. Hinckley: “É tremendamente importante que as mulheres da Igreja sejam firmes e inabaláveis em relação ao que é correto e adequado no plano do Senhor. (...) Devem começar por sua própria casa. [Vocês] precisam [ensinar essas coisas] nas salas de aula. Precisam [defender essas coisas] em sua comunidade” (“Permanecer Firmes e Inamovíveis”, Reunião Mundial de Treinamento de Liderança, janeiro de 2004, p. 20). Presidente Joseph F. Smith “Depois de termos feito tudo o que podíamos pela causa da verdade e suportado o mal que os homens nos infligiram (...) ainda é nosso dever permanecer firmes. Não podemos desistir; não podemos descansar. (...) Permanecer firmes diante de uma oposição avassaladora, depois de fazer todo o possível, essa é a coragem da fé. A coragem da fé (1838–1918): Como o Senhor Pode Usar-Me Se Eu Permanecer Firme e Inabalável? D&C 84:106: “E se houver algum homem entre vós de Espírito forte, que tome consigo aquele que for fraco, (...) a fim de também se tornar forte.” Anne C. Pingree, Segunda Conselheira na Presidência Geral da “O Senhor explicou que aqueles que [fossem] ‘recebidos pelo batismo na sua igreja’ seriam, em parte, os que estivessem ‘dispostos a tomar sobre si o nome de Jesus Cristo, tendo o firme propósito de servi-lo até o fim (...)’. Isso significa permanecer ‘firmes e inamovíveis, sobejando sempre em Sociedade de Socorro: boas obras’ a cada dia de nossa vida. (...) [Ser-nos-á] pedido que façamos tudo o que pudermos, e em alguns casos até mais do que sabemos fazer” (“Crescer no Senhor”, A Liahona, maio de 2006, p. 74–75, 76). Élder Richard G. Scott, do Quórum dos Doze “Nem de longe você pode imaginar o que a decisão de ser inabalavelmente obediente ao Senhor lhe permitirá realizar na vida. Sua serena e inflexível determinação de ter uma vida digna lhe proporcionará inspiração e poder que estão além de sua capacidade atual de compreender. (...) Você pode qualificar-se por meio desse poder divino a ser um instrumento nas mãos de Deus para realizar o que não poderia fazer sozinho” (“Making the Right Decisions”, Ensign, maio de 1991, pp. 34–35). Apóstolos: Presidente James E. Faust, Segundo Conselheiro na Primeira Presidência: “Cumprimento cada uma por suas obras diárias de retidão. Muito embora apenas umas poucas pessoas conheçam suas obras, elas estão registradas no livro da vida do Cordeiro, que um dia será aberto para testemunhar seu serviço dedicado, sua devoção e suas ações como ‘instrumentos nas mãos de Deus, para realizar esta grande obra’ [Alma 26:3]” (“Instrumentos nas Mãos de Deus, A Liahona, novembro de 2005, p. 114). ■ A LIAHONA JUNHO DE 2007 25 “Porque Muito Amou” (Lucas 7:47) © LIZ LEMON SWINDLE, FOUNDATION ARTS, REPRODUÇÃO PROIBIDA CORTESIA DE ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH, REPRODUÇÃO PROIBIDA Mulheres do Novo Testamento Acima: Ela Dará à Luz um Filho, de Liz Lemon Swindle. “Eis que a virgem Acima à direita: Água Viva, de Simon Dewey. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se [Maria] conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de Emanuel, que traduzido é: Deus conosco” (Mateus 1:23; ver vv. 18–25). tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” (João 4:10; ver vv. 6–30). 26 CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA À esquerda: Paz, Não Como o Mundo a Dá, de Michael T. Malm. “Então o reino Acima: Maria Ouviu Sua Palavra, de Walter Rane. “E respondendo Jesus, Acima: Deixando Tudo, de Elspeth Young. Priscila e seu marido, Áquila, dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. (...) As [virgens] prudentes levaram azeite em suas lâmpadas” (Mateus 25:1, 4; ver vv. 1–13). disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, Mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada” (Lucas 10:41–42; ver vv. 38–42). eram judeus exilados que moravam em Corinto, Grécia. O Apóstolo Paulo ficou na casa deles durante sua segunda viagem missionária. Como muitos outros crentes da época do Novo Testamento, Áquila e Priscila deixaram tudo o que tinham pela causa do evangelho. Aqui Priscila pensa em deixar Corinto e ir para Éfeso (ver Atos 18:1–3, 18–19; Romanos 16:1–3). A LIAHONA JUNHO DE 2007 27 Acima: A Boa Parte, de Elspeth Young. Os irmãos Maria, Marta e Lázaro, de Betânia, eram todos discípulos devotados do Salvador. Em certa ocasião, “Marta (...) recebeu [Cristo] em sua casa. E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra” (Lucas 10:38–39). A esse respeito, Cristo disse: “Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada” (Lucas 10:42). 28 Acima à direita: Discipulado, de Elspeth Young. “E havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que traduzido se diz Dorcas. Esta estava cheia de boas obras e esmolas que fazia” (Atos 9:36; ver vv. 36–43). © LIZ LEMON SWINDLE, FOUNDATION ARTS, REPRODUÇÃO PROIBIDA CORTESIA DE ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH, REPRODUÇÃO PROIBIDA À esquerda: Detalhe de A Moeda da Viúva, de Liz Lemon Swindle. “E viu Acima à esquerda: Por Que Buscais o Vivente Entre os Mortos? de Jan Astle. Acima: Detalhe de Toque de Fé, de Simon Dewey. “E eis que uma mulher também uma pobre viúva lançar ali duas pequenas moedas. E disse: Em verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva” (Lucas 21:2–3; ver vv. 1–4). “E no primeiro dia da semana, bem cedo pela manhã, foram elas [Maria Madalena e outras mulheres] ao sepulcro, (...) E acharam a pedra revolvida do sepulcro. (...) (...) Eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes [e] (...) eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou” (Lucas 24:1–2, 4–6; ver vv. 1–13). que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a orla de sua roupa: Porque dizia consigo: Se eu tãosomente tocar a sua roupa, ficarei sã” (Mateus 9:20–21; ver vv. 18–22). ■ A LIAHONA JUNHO DE 2007 29 Apoiar Seu Bispo J O S E P H S TA P L E S M cumprimentou na porta. Ele sorriu para mim e disse: eu primeiro encontro com um bispo santo “Olá, você deve ser o Joe. Sou o Bispo Maxwell. Entre, dos últimos dias ocorreu antes de eu ser por favor”. Quando entramos em seu pequeno escritório, membro da Igreja. Eu tinha 17 anos e estava fiquei tentando justificar tudo aquilo em minha mente. “A enfrentando a confusão, a dúvida e o estresse que muitos estudantes do último ano do curso médio enfrentam. casa de um bispo não devia ser um pouco diferente?” perguntei a mim mesmo. “Ele não devia estar Numa manhã de sábado, eu estava reclavestindo uma toga formal ou algo assim?” mando das minhas aflições com meu uão abençoaNos 45 minutos que se seguiram, melhor amigo. Embora ele tivesse boas dos somos conheci um homem compassivo, que intenções, não me deu muitas respostas. pelo Senhor se interessou sinceramente por minhas Mas me ofereceu algo que se tornou uma ter-nos proporciodificuldades; um homem inspirado, dissugestão muito valiosa. “Às vezes, quando nado bispos amoroposto a despender parte de seu precioso não sei o que fazer”, disse ele, “converso sos, dedicados e tempo numa manhã de sábado para ajucom meu bispo.” prestativos para dar alguém, uma pessoa qualquer, fosse “Seu bispo? Quem é ele?” perguntei. pastorear as famílias ela da sua religião ou não, a tomar deci“Ele é o líder da minha ala”, respondeu de nossa ala. sões e tirar conclusões. meu amigo. Podemos ajudá-los Mais de 25 anos se passaram desde Reconheço hoje que a pergunta que com nosso apoio e aquela reunião. Não me lembro de fiz em seguida foi uma clara inspiração do ações positivas. nenhum dos conselhos específicos que o Espírito, mas na época foi a pergunta mais bispo me deu naquela manhã, mas ainda estranha que eu poderia imaginar que um recordo nitidamente a admirável clareza rapaz de 17 anos como eu teria feito. “Acha e o fardo aliviado que senti ao sair de sua casa. Só depois que ele falaria comigo?” perguntei. de muitos anos é que eu me dei conta de que aquela Meu amigo disse que ligaria para o seu bispo e depois me ligaria em seguida. Rapidamente marcamos um horário conversa tinha sido uma das primeiras vezes em que eu sentira o Espírito. naquela manhã, na casa do bispo. Filiei-me à Igreja naquele ano. Meu amigo Bill, que me Não sabia o que esperar. Quando parei em frente havia encaminhado ao Bispo Maxwell, foi quem me batida modesta casa térrea, fiquei um pouco surpreso por zou. O Bispo Maxwell estava no batismo. Mais tarde, servi ela ser tão normal — com bicicletas na entrada, um graem uma missão, casei-me com uma bela moça no templo, mado bem aparado. Fiquei ainda mais surpreso com o com o Bispo Maxwell servindo de testemunha, e hoje homem que vestia uma bela camisa esporte e que me Q 30 FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS estou criando cinco filhos maravilhosos. O Élder L. Tom Perry, do Quórum dos Doze Apóstolos, prometeu que “se apoiarmos nossos bispos, aprendermos a preocupar-nos com seu bem-estar e orarmos para que eles tenham sucesso em tudo que tiverem de fazer, nossa vida será abençoada sob a liderança deles, e teremos a oportunidade de seguir sua orientação inspirada ao liderarem as alas da Igreja”.1 Cheguei à conclusão de que podemos fazer certas coisas para cumprir a responsabilidade que temos de apoiar nosso bispo (ou presidente de ramo). As seis sugestões a seguir nos dão uma orientação para o cumprimento desse objetivo. Respeitar o Tempo que Ele Passa com a Família Seu bispo geralmente deixará de lado qualquer atividade em que estiver envolvido para ajudar um membro necessitado de sua ala. Ele conhece sua responsabilidade como pastor do rebanho e trabalha arduamente para cumprir essa mordomia sagrada. Ele rapidamente se acostuma ao fato de estar o tempo todo sendo chamado para cuidar de várias coisas ao mesmo tempo. Seu bispo também é um marido e, na maioria das vezes, um pai, e freqüentemente um pai com filhos que ainda estão sendo criados e precisam de sua orientação e atenção. Ao procurarmos a orientação de nosso bispo, precisamos ter consideração e estar cientes do tempo que ele passa com a família, cumprindo suas responsabilidades como provedor de seu lar. Embora jamais devamos hesitar em chamar o bispo quando realmente precisarmos de sua ajuda, ainda assim devemos perguntar-nos: “Isso pode esperar?” Ou “Há outra pessoa, como, por exemplo, o mestre familiar, que poderia ajudar-me de igual modo?” Evidentemente, as questões de dignidade somente devem ser discutidas com o bispo ou presidente de ramo. A o procurarmos a orientação de nosso bispo, precisamos ter consideração e estar cientes do tempo que ele passa com a família, cumprindo suas responsabilidades como provedor de seu lar. A LIAHONA JUNHO DE 2007 31 S e os mestres familiares e professoras visitantes cuidarem devidamente de suas famílias indicadas, o bispo poderá concentrar-se nas atividades que somente ele pode desempenhar. Falando aos bispos e outros líderes da Igreja com respeito aos fardos especiais que eles carregam, o Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, declarou: “Testifico a respeito do lar, da família e do casamento, as possessões humanas mais preciosas de nossa vida. Testifico sobre a necessidade de protegê-las e preservá-las enquanto encontramos tempo e maneiras de servir fielmente na Igreja”.2 O bispo sempre estará ativamente engajado na obra do Senhor. Isso inclui o tempo que ele dedica a seu chamado eterno de marido e pai. Se planejarmos com consideração, podemos ser um grande apoio, ajudando o bispo a administrar seu fardo pesado e trabalhoso. Aliviar Seu Fardo Existem algumas responsabilidades que o bispo não pode delegar. Elas incluem as ações disciplinares formais da Igreja, o acerto do dízimo, a concessão de ajuda de bem-estar e as confissões de membros da ala arrependidos. Além dessas responsabilidades, porém, há muitas que podem ser devidamente 32 delegadas a outros para aliviar o fardo do bispo, como: cuidar dos membros necessitados da ala, planejar atividades sociais e ajudar nos problemas de desemprego. Se os mestres familiares e professoras visitantes cuidarem devidamente das famílias que lhes forem confiadas, e se os líderes de grupo e os presidentes de quórum e de auxiliares liderarem em retidão, o bispo poderá concentrar-se nas atividades que somente ele pode desempenhar. Se quisermos apoiar o bispo e aliviar seu fardo, sejamos diligentes no cumprimento das responsabilidades que nos foram atribuídas. Respeitar o Ofício Alguns bispos novos encontram dificuldades para fazer a transição de sua condição de membro comum da ala para a de líder da ala. Eles se dão conta de que na maioria dos casos há outros igualmente qualificados para servir. Mesmo que tenham recebido a confirmação de que o Senhor os escolheu para aquela atribuição, a aceitação do manto pode ser tão desconfortável para eles quanto foi a doação da armadura do rei para Davi, antes de sua batalha contra Golias. O ofício de bispo é um chamado sagrado que o Senhor confia a uma certa pessoa por cada ala, em um período determinado. Podemos ajudá-lo demonstrando respeito pelo ofício. Devemos chamá-lo de “Bispo”, em vez de usar seu primeiro nome, uma gíria ou um título informal. Mostrem respeito na maneira como o tratam e o estarão ajudando a assumir melhor o manto real que o Senhor colocou sobre ele. Maxwell durante esse tempo. Sua influência em minha vida será eterna. Quão abençoados somos pelo Senhor ter-nos proporcionado bispos amorosos, dedicados e prestativos para pastorear as famílias de nossa ala. O chamado deles é muito desafiador, e seu fardo pode ser pesado às vezes, mas temos a grande oportunidade de apoiá-los com nossas ações positivas e auxílio. ■ NOTAS 1. “For a Bishop Must Be Blameless”, Ensign, novembro de 1982, p. 32. 2. “Chamados a Servir”, A Liahona, novembro de 2002, p. 38. Orar por Ele As escrituras ensinam: “As esmolas de vossas orações subiram aos ouvidos do Senhor” (D&C 88:2). Se orarmos por nosso bispo, o Senhor realmente nos ouvirá. E quando oramos por nosso bispo na oração familiar, ensinamos a nossos filhos princípios importantes como a fé, a obediência e a confiança. Muitos bispos prestaram testemunho da força que receberam pelas orações dos membros de sua ala. Aceitar Seus Desafios e Seguir Seus Conselhos O bispo é um representante do Senhor Jesus Cristo. Ele pode desafiar-nos. Pode pedir que sirvamos em cargos que talvez não consideremos fáceis de aceitar. Ele pode pedirnos que nos desdobremos em nossos esforços e ofertas. Para nosso benefício, para benefício dele e como meio de edificar o reino do Senhor aqui na Terra, devemos seguir os conselhos do bispo e aceitar e magnificar os chamados que ele ou seus conselheiros nos derem. ALIVIE O FARDO DE SEU BISPO “Todos (...) prestam contas a um bispo ou presidente de ramo. Os fardos que carregam são tremendos e eu convido todo membro da Igreja a fazer todo o possível para aliviar o fardo sob o qual nossos bispos e presidentes de ramo trabalham. Precisamos orar por eles. Eles precisam de ajuda ao carregarem cargas tão pesadas. Podemos apoiá-los mais e depender menos deles. Podemos auxiliá-los de todas as maneiras possíveis. Podemos agradecer a eles por tudo o que fazem por nós.” Presidente Gordon B. Hinckley, “Os Pastores de Israel”, A Liahona, novembro de 2003, p. 60. Apoiar e Não Julgar Os bispos, como todos nós, são humanos. Cada um deles tem pontos fortes diferentes e estilos de liderança diferentes. Como membros, não devemos comparar um bispo com outro, mas saber que o bispo está fazendo o melhor que pode para cumprir o que o Senhor espera que ele faça. Devemos reconhecer seu trabalho, não julgálo, e devemos tomar a firme decisão de não criticar nem nos envolver em maledicências e intrigas. Há poucos anos, fui chamado como bispo. Nos anos em que servi nesse cargo, senti algumas das maiores alegrias que já conheci — a alegria de entrevistar crianças de oito anos de idade entusiasmadas para o batismo e confirmação, de trabalhar com rapazes e moças que se preparavam para servir em uma missão e de ensinar a respeito das grandes bênçãos do templo para casais que se preparavam para o casamento eterno. Pensei muitas e muitas vezes no Bispo H Á U M L I M I T E PA R A O QUE BISPO PODE FAZER “Em todo o mundo nada há que se assemelhe ao ofício de bispo n'A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Com exceção dos pais, o bispo tem a melhor oportunidade de ensinar e criar condições para que sejam ensinadas as coisas que são mais importantes. (...) Mas devemos ter o cuidado de não tomar indevidamente seu tempo. Os bispos tembém têm seus limites. O bispado precisa ter tempo para dedicar à sua profissão a sua própria família”. Presidente Boyd K. Packer, Presidente Interino do Quórum dos Doze Apóstolos, “O Bispo e Seus Conselheiros”, A Liahona, julho de 1999, pp. 71, 73. Futebol ou A L E X A N D R E M A C H A D O VA S C O N C E LO S 34 FOTOGRAFIAS: CORTESIA DA FAMÍLIA QUEIROZ C omo outros futuros missionários, Lohran Saldanha Queiroz tinha que decidir se iria servir em uma missão ou não. Mas além de decidir se iria deixar a escola, o trabalho, a família e os amigos por dois anos, Lohran tinha outra escolha difícil: servir em uma missão ou ter a oportunidade de jogar futebol profissionalmente no Brasil? Lohran, um membro da Ala Barra da Tijuca, Estaca Rio de Janeiro Brasil Jacarepaguá, tinha o futebol no sangue. Seu pai, Milton, é conhecido em todo o Brasil simplesmente como Tita. Ele jogou profissionalmente em cinco países, conquistou muitos títulos, foi considerado o melhor jogador do estado e jogou na seleção nacional. Tita percebeu bem cedo o talento do filho. “Cresci tendo uma bola de futebol sempre por perto”, relembra Lohran. “Meu pai sempre me incentivou. Comecei a acompanhá-lo em seus treinos quando tinha três ou quatro anos, e desde essa época sempre estive cercado de jogadores profissionais.” O treinamento formal começou para Lohran aos 6 anos, no México, onde seu pai estava jogando futebol na época. Aos doze anos, de volta ao Brasil, ele estava jogando em competições de elite. Quando tinha 17 anos, Lohran jogava na Missão? liga juvenil — o caminho mais rápido para o recrutamento profissional. Lohran parecia destinado a se tornar um astro do futebol. Mas seu aniversário de 18 anos se aproximava rapidamente, e ele começou a pensar mais seriamente no trabalho missionário. Lohran explica seu dilema: “Eu queria ser jogador de futebol, mas também queria ser um missionário. Espera-se que o jogador passe diretamente do time júnior para o futebol profissional. Parar de jogar por dois anos e depois esperar ser contratado aos 21 é algo quase impensável”. Aos 17 anos, Lohran tomou algumas decisões que o levaram ao que ele chama de início de sua conversão. Ele estabeleceu a meta de ler o Livro de Mórmon diariamente, jejuar e orar. Passou a assistir à Mutual, a serões e outras atividades da Igreja com Páginas anteriores: Lohran trocou seu uniforme de futebol pela camisa branca e gravata de missionário. Abaixo: Lohran mostrou seu talento para o esporte bem cedo na vida. No alto à direita e abaixo: Lohran com seu pai e com o time de seu pai. mais freqüência. E quando começou a trabalhar regularmente com os missionários, descobriu um amor pelas pessoas que visitava e pelas quais orava. Ele queria que elas tivessem as bênçãos do evangelho. Seu desejo de servir em uma missão começou a crescer. Mas quando seria melhor para ele servir? E o que aconteceria à sua carreira no futebol após uma interrupção de dois anos? Lohran procurou saber a vontade de Deus por meio de jejum e oração. Naquela mesma semana, viu a edição mais recente da revista New Era em sua casa e começou a folheá-la. Sentiu-se atraído pelo artigo “Sonhos no Gelo”, sobre o patinador Chris Obzansky, que interrompeu uma promissora carreira na patinação para servir em uma missão aos 19 anos, perdendo a oportunidade de competir nas Olimpíadas de Inverno de 2006. Um trecho em particular chamou a atenção de Lohran: Quando Chris estava na reunião sacramental ouvindo seu presidente dos Rapazes falar de seu próprio chamado para a missão, o Espírito disse a Chris: “Você precisa servir em uma missão quando fizer 19 anos, ou terá uma vida muito difícil”. Chris disse: “A mensagem foi tão clara que eu realmente me virei para ver se havia alguém ali. O sentimento voltou dez vezes mais forte, e eu soube que tinha de ir para a missão”.1 Lohran sorri. “Quando li aquilo, senti que tinha sido escrito para mim. Dezenove anos é a idade determinada pelo Senhor. Deime conta de que era a resposta de que eu precisava, e foi como um grande peso tirado de minhas costas.” A hora de Lohran servir em uma missão tinha chegado. Ele conversou com seu bispo, fez os preparativos necessários e nunca olhou para trás. “Nem sequer foi difícil tomar a decisão de deixar o futebol de lado”, disse ele, “porque eu sabia que era o momento certo de fazer aquilo”. Lohran serviu na capital de seu país, na Missão Brasil Brasília. Era conhecido como o “Élder Feliz” por causa de seu entusiasmo contagiante. “Sinto-me excepcionalmente feliz por servir às pessoas, compartilhando com elas o que sei ser verdadeiro”, disse ele. “É muito gratificante ver as pessoas mudarem sua vida depois de aprenderem o evangelho”. No entanto, como todos os missionários, ele teve suas dificuldades. “Evidentemente, a vida missionária não é só diversão”, disse ele. “Há dificuldades, momentos de fraqueza e solidão, mas tudo isso é quase nada comparado aos tesouros de uma missão. São anos que jamais esquecerei e que sempre estarão em minha mente e, mais importante, no meu coração”. Há poucos meses, ele terminou de servir uma missão bem-sucedida. Agora que está em casa, ele entrou em um time de futebol no Rio de Janeiro e acredita que aparecerão outras chances para ele continuar sua carreira no futebol. Com fé, ele disse: “Estou agora esperando aparecerem as oportunidades com que o nosso Pai Celestial me abençoará”. ■ NOTA 1. Citado por Shanna Ghaznavi, A Liahona, janeiro de 2004, p. 46; New Era, janeiro de 2004, p. 22 36 PERDER A COPA DO MUNDO S U Z A N A A LV E S D E M E LO ILLUSTRAÇÃO: DANIEL LEWIS H á um esporte que todos amam no Brasil: o futebol. E não há evento mais importante no futebol do que a Copa do Mundo. Portanto, quando Fabiana Silva, membro da Ala Brasil, Estaca Vitória da Conquista Brasil, ganhou um concurso e teve a chance de viajar para assistir à Copa do Mundo de 1998 na França, ela ficou muito entusiasmada! Mas ela não tinha idéia de que isso se tornaria uma oportunidade missionária. Os outros vencedores do concurso não puderam deixar de notar os padrões de Fabiana ao assistir a vários jogos de futebol, quando o Brasil se aproximava da final contra a França. Eles respeitavam seu modo recatado de vestir, sua atitude positiva e sua linguagem pura. Esse respeito se transformou em descrença, porém, quando ela lhes disse que não assistiria ao jogo porque seria realizado no domingo. Apesar das pressões e até da ridicularização do grupo, Fabiana ficou firme. No domingo, ela ficou lendo escrituras em seu quarto de hotel, porque não sabia onde encontrar uma capela local. O Brasil perdeu; e o grupo voltou para casa. Poucas semanas depois, Fabiana ficou surpresa ao receber uma carta de Fábio Fan, outro vencedor do concurso, que morava no outro lado do país. Ele disse que havia ficado impressionado com os padrões dela e que estava pesquisando a Igreja. Mais tarde, ele enviou outra carta: tinha sido batizado. Fábio então ajudou a levar outros membros de sua família para a Igreja e serviu em uma missão. Fabiana também serviu em uma missão, em Campinas, Brasil, para a qual estava bem preparada porque já tinha aprendido que a sua “ferramenta mais eficaz [eram] as boas qualidades de [sua] própria vida”.1 ■ NOTA 1. Gordon B. Hinckley, “Encontrem as Ovelhas e Apascentemnas”, A Liahona, julho de 1999, p. 121. Seis maneiras pelas quais tornamos nossas reuniões de noite familiar mais significativas. R A Q U E L M . G A R C I A - R E B U TA R S ei por experiência própria que não há problema tão grande que uma família firmemente alicerçada nos princípios do evangelho não possa suportar ou vencer. Foi com essa visão que meu marido e eu viemos a conhecer a vigorosa influência positiva das reuniões de noite familiar bemsucedidas. Ao nos esforçarmos para fazer de cada noite familiar uma experiência agradável e significativa, estamos firmando um alicerce para a edificação de um lar feliz. Aproximadamente um ano depois que meu marido e eu nos casamos, as três filhas de meu irmão caçula vieram morar conosco. A irmã caçula de meu marido e uma amiga minha também pediram para morar conosco por algum tempo, e como não tínhamos filhos, acolhemos todas em nossa casa. De repente, não éramos mais só um casal; éramos uma grande família. Antes dessa época, meu marido e eu não levávamos muito a sério as reuniões de noite familiar porque éramos só nós dois, mas com a ampliação da família, decidimos implementar fielmente o programa em nosso lar. Desde a nossa primeira noite familiar juntos, as segundasfeiras nunca mais foram as mesmas, nem a nossa vida será a mesma, por causa das coisas maravilhosas que aconteceram. Nosso lar, que geralmente era bem quieto, começou a ficar cheio de música. As crianças que não sabiam ler começaram a aprender e desenvolveram amor pela leitura. As que eram tímidas e hesitantes em aceitar tarefas desenvolveram confiança e ficaram ávidas para contribuir, chegando até a se oferecer para fazer apresentações especiais. Havia entusiasmo durante a semana inteira, todos falando do que tínhamos feito na noite da segunda-feira anterior e o que faríamos na próxima. O entusiasmo aumentava à medida que a segundafeira se aproximava e os membros da família se empenhavam nos preparativos para suas “grandes surpresas”. A expectativa de uma noite familiar emocionante até se tornou motivação para todos fazerem as tarefas domésticas que lhes eram atribuídas. Cada noite familiar nos fez ver coisas novas e descobrir coisas que enriqueceram nossa vida. Seguem-se algumas idéias que nos ajudaram a tornar nossas reuniões de noite familiar bem-sucedidas e eficazes: À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: DANILO SOLETA, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; À DIREITA: FOTOGRAFIAS: EMILY LEISHMAN E JOHN LUKE; O SENHOR JESUS CRISTO, DE DEL PARSON Ela Fez de Nós uma Família 007 2 E D JUNHO QUA QUI SEX TER EG DOM S 4 10 11 17 24 1 Realizamos conselhos de família periódicos para decidir os temas da semana e concordamos em manter um calendário trimestral. Envolva todos. Cada pessoa tinha uma tarefa, desde planejar os temas e atividades, escolher lições, até ser o líder da noite familiar da semana. Os tímidos e hesitantes recebiam um incentivo e ajuda especiais para garantir que conseguissem cumprir com sucesso as tarefas atribuídas e ajudá-los a reconhecer o valor de sua contribuição para a noite familiar. Planeje. 2 3 Crie um programa estruturado, porém 4 Atender às necessidades e aos interes- flexível. Tínhamos um caderno no qual anotávamos nossos temas da semana e o que acontecia em cada noite familiar. Isso nos ajudava a lembrar as lições, jogos, atividades e temas que já tínhamos feito e facilitava o acompanhamento das tarefas anteriores. Era responsabilidade da pessoa que dirigia anunciar o tema da outra semana e cuidar para que as tarefas da noite familiar seguinte fossem atribuídas e anotadas no caderno. Essa pessoa também lembrava a todos quais eram suas respectivas funções na próxima noite familiar. ses dos membros da família. Os temas, lições, atividades e até os jogos eram cuidadosamente escolhidos para atender às necessidades específicas da família e manter o interesse durante toda a reunião. Todos os 18 25 2 1 5 3 SAB 12 19 26 7 8 9 6 15 16 13 14 20 27 elementos eram cuidadosamente relacionados entre si para reforçar os objetivos da noite. A princípio, meu marido e eu cuidávamos para que todas as atividades estivessem relacionadas ao tema e objetivo, mas em pouco tempo até o mais novo membro da família entendeu como fazer isso. Por exemplo: Depois de uma lição intitulada “Demonstrar Gratidão pela Família”, a pessoa que dirigia pediu-nos que sentássemos em círculo e ouvíssemos palavras bondosas de gratidão expressas por todos. Então, formamos duplas e fizemos uma lista dos benefícios que teríamos ao aprender a sentir gratidão e apreço uns pelos outros. 21 28 22 29 23 30 5 Seja constante e Talvez um dos maiores fatores para o sucesso de nossas noites familiares tenha sido a constância em realizá-las e a inclusão de todos. Sempre expressávamos nossa disposição de ajudar qualquer pessoa a qualquer momento. Durante a semana, procurávamos ver se alguém precisava de ajuda e saber como poderíamos ajudá-lo. Se houvesse recomendações ou solicitações que tivéssemos concordado em colocar em prática nos dias seguintes, procurávamos ajudar colando lembretes nas paredes e elaborando listas de verificação. Use os recursos disponíveis. Tínhamos materiais, manuais de referência e outros recursos disponíveis em nossa biblioteca da família, tais como Noite Familiar - Livro de Recursos (código 31106 059) e outros manuais da Igreja, livros de jogos, livros de sugestões, as escrituras e as revistas da Igreja. Também tínhamos um estoque de diversos E nvolva todos em todas as funções da noite familiar, desde o planejamento até a direção. 6 40 materiais de escritório para todos usarem nas atividades. Meu marido e eu também descobrimos que a noite familiar é uma ferramenta eficaz para abordar questões familiares sem intimidação. Não havia repreensões, acusações, reclamações ou ridicularizações. Era um momento de expressar amor, desenvolver talentos, incutir valores, edificar a confiança, aumentar o conhecimento e ensinar princípios eternos. Pelo esforço contínuo e conjunto em realizar as noites familiares, nossa família foi abençoada. Minhas sobrinhas voltaram para o pai, minha cunhada foi morar sozinha e minha amiga agora mora numa casa de estudantes perto da escola que freqüenta. Voltamos a ser apenas um casal novamente. Mas ainda estamos realizando noites familiares significativas e muito divertidas. Às vezes convidamos outras famílias para participar conosco e às vezes desfrutamos o prazer de apenas nos conhecer um pouco melhor, resolver juntos os nossos problemas e expressar nossa gratidão um pelo outro. Nossos temas e atividades continuam a ser simples, procurando atender a nossas necessidades. Não temos dúvida de que a reunião de noite familiar é um programa inspirado. Cada noite familiar significativa é um tijolinho a ser acrescentado em nossa fortaleza contra as forças que procuram destruir as famílias felizes e bem-sucedidas. ■ ACIMA À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: DANILO SOLETO, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELO; OUTRAS FOTOGRAFIAS: CHRISTINA SMITH dedicado. VOZES DA IGREJA Ele Não Queria Tocar no Livro Hermenegildo I. Cruz N a última área da minha missão, em Molo, Iloilo, nas Filipinas, orei com fervor para que antes de ser desobrigado eu conseguisse batizar e confirmar uma família. Meu companheiro e eu oramos, certo dia, para que fôssemos conduzidos a uma pessoa sincera de coração, alguém que estivesse preparado para aceitar o evangelho. Fomos inspirados a bater na porta de uma casa com uma cerca de bambu. Um homem desceu as escadas, abriu a porta para nós e convidou-nos a entrar. Ao fazermos amizade com ele, descobrimos que era advogado. Ele fazia muitas perguntas que às vezes não conseguíamos responder, e quando falava, era com tamanha eloqüência a ponto de desanimar qualquer missionário. Ele se tornou um pesquisador difícil. Apresentamos para ele o Livro de Mórmon, mas ele disse: “A Bíblia por si só é suficiente”. Ele não queria ler ou sequer tocar no Livro de Mórmon, como se sua mão fosse queimar, se o fizesse. Certo dia, um assistente do presidente da missão foi trabalhar com o Élder Alcos, meu companheiro júnior. Eles foram falar com aquele homem e, depois disso, o assistente nos disse com franqueza: “Não acho que aquele homem esteja preparado para aceitar o evangelho”. Ponderei suas palavras, mas tive um doce, sereno e tranqüilizador sentimento ao relembrar nossa oração pedindo ao Pai Celestial que nos guiasse a pessoas que estivessem prontas para aceitar o evangelho. Eu sabia que nossa oração tinha sido respondida. Senti que havia algo que precisávamos compartilhar com aquele homem. Simplesmente não sabíamos o que era nem como fazê-lo. Mas não desistimos dele. Lentamente seu coração começou a mudar, e ele aprendeu a amar o programa de reuniões de noite familiar que apresentamos para ele. Com o passar dos dias, senti-me desanimado e achei que não conseguiríamos batizar e confirmar aquela família antes de eu terminar a missão. Faltavam apenas alguns dias para minha desobrigação. Um dia, eu lhe disse com tristeza: “Irmão Garcia, acho que fracassei em minha missão”. Ele disse: “Não, Élder Cruz, você não fracassou. Desenvolvemos uma amizade”. Fiquei muito feliz com o que ele disse em seguida: “Não ILUSTRAÇÕES: GREGG THORKELSON Q uando mostramos o Livro de Mórmon para nosso pesquisador, ele disse: “A Bíblia por si só é suficiente”. se preocupe. Iremos para sua igreja no domingo”. Ele e sua família realmente foram à Igreja, e os membros os receberam calorosamente. Vi lágrimas nos olhos dele quando ouvia as palavras inspiradoras proferidas na reunião sacramental. Ele voltou para casa feliz e inspirado naquele dia. Eu sabia que o coração dele tinha sido tocado. Quando chegou o momento certo e sentimos que ele estava preparado, nós o desafiamos a ser batizado e confirmado. Ele aceitou o desafio. Também o desafiamos a jejuar e orar e a ler o Livro de Mórmon. Meu companheiro e eu jejuamos por ele e sua família. Meu último domingo no campo missionário foi no dia 4 de maio de 1986. Era reunião de jejum e testemunhos, e prestei meu sincero testemunho para as pessoas que havia aprendido a amar. Depois que prestei testemunho, vi aquele advogado, que a princípio não tinha sido muito receptivo à nossa mensagem, erguerse e caminhar até o púlpito, tendo em mãos o Livro de Mórmon. Estava tremendo e havia lágrimas em seus olhos quando ele ergueu o Livro de Mórmon e disse, chorando: “Irmãos e irmãs, eu sei que o Livro de Mórmon é verdadeiro”. Ficamos imensamente felizes ao ouvir esse testemunho. Naquela tarde, muitos membros da ala assistiram ao batismo da família Garcia. Depois que fui desobrigado da missão, correspondia-me regularmente com o irmão Garcia. Ele me contou com alegria, quando se tornou presidente da Escola Dominical. Mais tarde, foi chamado como bispo. Viajou muitas horas de barco para assistir ao 42 meu casamento no Templo Manila Filipinas. Por fim, foi chamado para servir como presidente de estaca e conselheiro na presidência da Missão Filipinas Bacolod. Ele foi um instrumento na conversão de muitas pessoas ao evangelho restaurado. O homem que agira como se sua mão fosse queimar, se tocasse no Livro de Mórmon, tornouse uma grande testemunha da divindade e veracidade daquele livro. ■ O Carro Laranja Elwin C. Robison L ogo que nos casamos, minha esposa e eu freqüentávamos a faculdade no nordeste dos Estados Unidos, onde os invernos são muito frios e geralmente se joga muito sal nas estradas para derreter o gelo. Após vários invernos, nosso carro velho começou a enferrujar, chegando até a abrir um buraco no piso do lado do banco de passageiro. Com otimismo, compramos algumas folhas de alumínio e rebites de pressão, e ligamos para meus pais para saber se poderíamos visitá-los naquele fim de semana e trabalhar no carro. Chegamos tarde, na noite de sextafeira, e meu pai e eu acordamos cedo no sábado para trabalhar no piso do carro. Retiramos os tapetes de borracha e começamos a procurar, pelo som de metal, um lugar no qual pudéssemos prender as folhas de alumínio. Não encontramos nada além de metal corroído. Olhamos um para o outro em silêncio, colocamos os tapetes de volta e fomos tomar o desjejum. Depois de viajar lenta e cuidadosamente por cinco horas, de volta a nosso apartamento, o telefone estava tocando quando entramos. Minha mãe decidira que “precisava” de um carro novo e queria saber se gostaríamos de ficar com o antigo carro dela. Meu pai advertiu que o carro já tinha três anos de uso e muita quilometragem. Minha mãe então brincou dizendo que não podia estar tão ruim assim. Ele tinha sido dirigido por uma dizimista integral. Rimos, e depois de desligar o telefone, dançamos pelo apartamento para comemorar aquele maná que nos havia caído do céu. O carro laranja era maravilhoso. Tinha quatro portas, ar-condicionado e nenhum buraco de ferrugem. Com ele, terminamos a pós-graduação e conseguimos nosso primeiro emprego. Mas após seis anos de uso e mais 129.000 km, ele passou a ser o carro feio com que eu ia para o trabalho. A pintura laranja brilhante estava manchada pela exposição ao sol, o arcondicionado já não funcionava e a janela do lado do motorista não abria, e minha mãe estava novamente querendo comprar um carro novo (dessa vez porque realmente precisava). O valor de revenda de seu antigo carro era tão baixo que meus pais decidiram dá-lo para nós. Em meio ao prazer de ter um carro mais novo, ficamos pensando no que faríamos com o carro laranja. Sim, ele era feio, mas o motor funcionava bem. Podíamos conseguir alguns dólares vendendo-o para o ferro-velho, mas ambos sentimos que devíamos procurar alguém para quem pudéssemos dá-lo. Na manhã do domingo, fomos à sala do secretário da ala perguntar se ele precisava de um carro. Ele tinha vários adolescentes na família. Ele sorriu e disse não, obrigado; não precisava de outro carro. No canto da sala, porém, havia um membro escrevendo algo. Ele ergueu a cabeça quando mencionamos um automóvel, por isso descrevi para ele a longa lista das coisas que não funcionavam no carro. Mas assegureilhe que os pneus eram rocuramos bons, o motor era confiáalguém vel e que não podia ser tão para quem ruim assim, já que sempre pudéssemos dar o tinha sido dirigido por um nosso carro velho, dizimista integral. mal sabendo que Ele e a esposa tinham o Senhor o usaria só um carro, e ele trabapara cumprir Suas escasso, e lhava à noite enquanto ela promessas. com o nascimento de trabalhava de dia. Ele já seu primeiro filho, as havia recusado algumas despesas cresceram mais oportunidades melhores rapidamente do que sua de emprego porque precirenda. Acabaram atrasaria de um carro e a esposa, de sando o pagamento do dízimo e senoutro. Um segundo carro permitiria tiram-se muito mal por isso. A cada que o casal aumentasse sua renda, e mês que se passava, eles se sentiam lhe daria mais possibilidades de propior, mas não viam saída para seu gresso no trabalho. Assim sendo, dilema. Ficaram seis meses sem pagar demos o carro laranja para ele. o dízimo, oraram a respeito e sentiIsso teria ficado apenas como uma ram que tinham que acertar sua situalembrança agradável, se não fosse ção com o Senhor. Naquela manhã de pela conversa que tivemos três meses domingo, quando entrei na sala do depois. Aquele membro da ala e sua secretário, ele estava preenchendo esposa quiseram que soubéssemos seu cheque de dízimo, perguntandomais a respeito da situação em que se como faria para saldar suas obrigaestavam quando lhes demos o carro. ções financeiras no mês seguinte. Como freqüentemente acontece A princípio fiquei sem jeito por com os jovens casais, o dinheiro era causa da piada que eu tinha feito P sobre o carro ter sido dirigido por um dizimista integral. Mas ao refletir sobre a situação, fiquei maravilhado de ver como o Senhor cumpre Suas promessas quando cumprimos as nossas. A tinta nem sequer tinha secado no cheque dele quando a solução para seu dilema entrou pela porta, sem se dar conta disso. Lembrei-me muitas vezes do exemplo de fé daquele jovem casal. Sinto-me reconfortado por saber que, se demonstrarmos fé, alguém, em alguma parte, pode estar no lugar certo e no momento certo para ajudar-nos a resolver nossos dilemas. Quão grato sou por ter um Pai Celestial que nos conhece tão bem que pode abençoar-nos antes mesmo de termos acabado de demonstrar nossa fé. ■ A LIAHONA JUNHO DE 2007 43 8 A irmã Haru Kina com seus oito filhos em 1962. À direita: A irmã Kina com o marido, Gen-ei, com seis de seus filhos. 44 Irmãos Japoneses TA DA S H I K I N A M FOTOGRAFIAS: TAKUJI OKADA E CORTESIA DA FAMÍLIA KINA eus pais tiveram nove filhos: oito filhos e uma filha. A única menina morreu quando pequena na Segunda Guerra Mundial, durante a batalha de Okinawa. Depois da guerra, meu pai abriu uma bem-sucedida oficina mecânica de automóveis em Nago, que fica na parte norte da ilha principal de Okinawa. Em 1954, quando meu irmão caçula tinha dois anos e meu irmão mais velho, dezessete, nosso pai morreu, e minha mãe ficou viúva aos 40 anos de idade. Ela não conseguia aceitar a morte de nosso pai. Às vezes, em sua dor, ela teve vontade de segui-lo, mas tinha oito meninos que não podia abandonar. Até aquela época, minha mãe, Haru, dependera totalmente de nosso pai para seu sustento. Mas quando ele morreu, ela foi obrigada a trabalhar. Tentou esquecer sua tristeza trabalhando e depois voltando para casa e cuidando dos filhos. Esforçou-se arduamente para criar oito filhos travessos sozinha. Quando tive idade suficiente para compreender, dei-me conta de que nunca via quando minha mãe se levantava ou quando ia dormir. Ensinem Meus Filhos a Respeito de Deus Dez anos depois da morte de meu pai, como se tivesse sido guiada pelo Espírito, minha mãe saiu de Nago, apesar da oposição de amigos e parentes, e mudou-se para Naha, a capital de Okinawa. Poucos anos depois, em 1967, os missionários bateram em nossa porta. Naquela época, nossa casa era isolada e ficava cercada por campos de cana-de-açúcar e um cemitério. A estrada que ia dar na casa estava em más condições, e poucas pessoas batiam em nossa porta. Os missionários eram o Élder Jackson e o Élder Fuchigami, um nipo-americano de segunda geração nascido no Havaí. Os missionários perguntaram: “Podemos falar com vocês a respeito de Deus”? Minha mãe estava preocupada com a educação dos filhos e achou que poderíamos aprender algo de bom com os missionários, por isso convidou os élderes a entrar e disse: “Por favor, ensinem meus filhos a respeito de Deus”. Minha mãe sentiu paz ao aprender o evangelho. Ficou impressionada ao saber que os missionários pagavam sua própria missão e pelo Élder Jackson estar servindo em uma missão, embora tivesse perdido os pais em um acidente automobilístico quando era mais jovem e tivesse lutado muito para sobreviver com uma irmã mais velha. Ao ouvir os missionários, minha mãe derramou lágrimas pela primeira vez, desde a morte de meu pai. Ela sentiu o amor do Senhor e o Espírito por meio das palestras. Ela soube que aquela era a Igreja que nossa família vinha procurando. Para dar o exemplo para os filhos, minha mãe foi batizada primeiro. Sentiu-se tocada com a mensagem dos missionários e seu modo amoroso e bondoso de agir. Começou a pensar que a melhor educação que poderia dar aos filhos seria fazer com que aprendessem o evangelho e se tornassem missionários. Minha mãe Graças à fé que minha mãe teve na mensagem dos missionários, o evangelho está abençoando nossa família e muitas outras pessoas em todo o Japão. Abaixo, da esquerda para a direita: Élder Fuchigami, um dos missionários que ensinou o evangelho para a irmã Kina. A irmã Kina, aos 85 anos de idade. A irmã Kina com seu filho Toshimitsu e seu neto no Templo de Laie Havaí, em 1970. disse aos missionários: “Há oito rapazes em nossa família. Por favor, venham à nossa casa e ensinem o evangelho a eles. Quando todos estiverem convertidos, haverá mais oito portadores do sacerdócio na Igreja. E eles poderão ser missionários no futuro”. Este monumento em Mabuni, Okinawa, Servir Missão relaciona o nome das A maioria de meus irmãos e eu fomos influenciados por minha mãe e nos filiamos à Igreja, um após o outro. À medida que freqüentávamos a Igreja, nossa vida mudava graças ao evangelho e à ajuda que nos foi dada pelos irmãos e irmãs da Igreja. Tornamo-nos melhores filhos e irmãos. Começamos a ajudar mais uns aos outros e a sentir alegria na vida. Quatro de nós pregamos o evangelho como missionários em várias partes do Japão. Quando um de meus irmãos mais velhos, que havia se mudado de Okinawa, viu como um de meus irmãos mais novos que estava servindo em uma missão havia mudado, ele disse: “Nem acredito que esse seja meu irmão caçula, que costumava ser tão rebelde”. Depois, por iniciativa própria, ele procurou a Igreja e pouco depois foi batizado e confirmado. vítimas da batalha de Okinawa. Tadashi Kina aponta para o nome de sua irmã, Fumiko, que morreu aos dois anos de idade. Abaixo: O missionário Tadashi Kina (à direita) em um batismo. Abaixo à direita: O filho caçula da família Kina, Akira, em sua missão, em 1972. Antes de ser batizado, aos 27 anos de idade, outro de meus irmãos mais velhos não tinha idéia de como viver. Estava cheio de problemas, bebia muito e participava de festas. Dava muito desgosto para a família e para as pessoas a seu redor. Quando aquele meu irmão aprendeu a respeito do propósito da vida por meio do evangelho, ele foi batizado e confirmado e, por fim, casou-se na Igreja com uma mulher maravilhosa. Encontrou alegria na vida e começou a sentir que havia propósito em estar vivo. Compartilhou o evangelho com amigos e foi uma boa influência para muitas pessoas. Meus irmãos que estavam na missão mal puderam acreditar quando ouviram falar que aquele irmão tinha-se filiado à Igreja. Como missionários, meus irmãos e eu recebemos ajuda de nossos presidentes de missão e companheiros, bem como de membros da Igreja e do Senhor. Trabalhamos arduamente e, com a ajuda do Espírito, conseguimos batizar e confirmar muitas pessoas. Entre esses conversos, um está servindo agora como presidente de estaca, alguns são sumos conselheiros e outros são bispos. Aquelas famílias foram seladas no templo, e seus filhos estão agora servindo como missionários. Por meio do serviço que pudemos oferecer, as sementes do evangelho foram plantadas por A irmã Kina (centro) sentada, rodeada por familiares em uma reunião de família, em 2002. todo o Japão e estão começando a florescer. O sonho de minha mãe de que seus filhos fossem missionários se tornou realidade. Edificar o Reino Servindo em nossos chamados, meus irmãos e eu crescemos espiritualmente. Cada irmão que se filiou à Igreja foi selado no templo e está agora criando uma família feliz. Minha mãe foi selada no Templo de Laie Havaí a meu pai, à minha irmã e aos filhos que foram convertidos. Ela pôde reconhecer a plenitude do evangelho restaurado de Jesus Cristo ao receber as bênçãos do templo. Mais tarde, visitou os parentes, buscando diligentemente informações que a ajudariam em seu trabalho de história da família. Minha mãe serviu na Sociedade de Socorro, no programa das Moças e como professora do seminário. A família Kina agora inclui noras, netos e bisnetos, num total de 66 membros da família. Desses, 51 são membros da Igreja, e 10 são missionários que retornaram do campo. Os netos e bisnetos continuarão indo para a missão quando chegarem à idade certa. Sentimos que esse é o dever daqueles que receberam as bênçãos do evangelho. Os membros da família Kina serviram ou estão servindo nos seguintes chamados: dois na presidência da estaca (ou presidência de distrito), três como sumos conselheiros, sete em bispados (ou presidências de ramo), quatro como líderes de grupo de sumos sacerdotes, oito em presidências de quórum de élderes, seis como líderes de missão e sete em presidências da Sociedade de Socorro. Sentimo-nos abençoados por termos tido essa oportunidades de servir ao próximo. Testemunho de Minha Mãe Minha mãe adquiriu um forte testemunho ao observar a vida dos filhos mudar para melhor graças ao evangelho de Jesus Cristo. Ela teve o desejo de compartilhar o evangelho com seus entes queridos. Apresentou os missionários a amigos e parentes e freqüentemente realizava reuniões familiares em casa. Por meio dessas coisas, ela foi um instrumento para trazer muitas pessoas para a Igreja, inclusive 50 parentes seus. Minha mãe, que hoje tem 90 anos, certa vez prestou o seguinte testemunho: “Como mãe, eu me sacrificaria com alegria para que meus filhos pudessem voltar à presença do Pai Celestial. Como uma mãe poderia deixar um filho amado para trás e ainda assim se apresentar ao Pai Celestial? Minha missão mais importante aqui na Terra, como mãe, é devolver ao Pai Celestial os filhos que Dele recebi”. Nós, os filhos, já estamos em idade de ter filhos e netos e podemos compreender e valorizar o testemunho de nossa mãe. O evangelho é verdadeiro, e a verdade muda as pessoas. Por meio do evangelho, conhecemos o amor e a misericórdia de Deus. Fizemos muitos amigos entre os maravilhosos irmãos e irmãs da Igreja e somos gratos pelas mudanças que sentimos em nossa vida graças ao exemplo deles. Prosseguiremos como instrumentos nas mãos de Deus aqui em Okinawa e pregaremos o evangelho restaurado, construiremos igrejas e templos e ajudaremos a estabelecer Sião. ■ A LIAHONA JUNHO DE 2007 47 PÔSTER NOSSA ESCOLHA 48 ESCOLHA FOTOGRAFIA: DAVID TIPLING © GETTY IMAGES Ter idéias para o Pôster é uma das coisas mais desafiadoras e recompensadoras que fazemos nas revistas da Igreja. Essa é uma experiência que queríamos compartilhar com nossos leitores. Por isso, no ano passado, escolhemos uma gravura que poderia ter diversos significados e convidamos vocês a enviarem suas idéias. E vocês realmente aceitaram o convite! Centenas de respostas do mundo inteiro chegaram pelo correio e por e-mail. Freqüentemente, idéias semelhantes com quase as mesmas palavras chegavam no mesmo dia, provenientes de diferentes continentes, deixando bem evidente que não poderíamos escolher uma única resposta vencedora. Cerca de meia dúzia de temas apareceram muitas e muitas vezes: • Não dê as costas (à sua família, a seus amigos, à Igreja). • Siga o profeta. • Ouse ficar sozinho. • Arrependa-se — dê meia-volta e siga na direção certa. • Escolha o certo. • Compartilhe o evangelho com outras pessoas. No final, descobrimos que a maioria de suas respostas tinha a ver com O BEM E O MAL SÃO PÓLOS OPOSTOS. (Ver 2 Néfi 2:27.) fazer escolhas certas. Portanto, foi isso que nós escolhemos. E o vencedor foi: Todos os que participaram. Vocês tiveram que ponderar e comunicar-se uns com os outros e com o Espírito para identificar e compartilhar princípios verdadeiros. Era essa a experiência que queríamos compartilhar com vocês. ■ Treinamento Mundial de Liderança Ensinar e Aprender A ÁGUA VIVA, DE SIMON DEWEY, CORTESIA DE ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH 10 DE FEVEREIRO DE 2007 A íntegra dos procedimentos desse treinamento mundial de liderança encontra-se disponível também no site www.lds.org. A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS Princípios do Ensino e do Aprendizado P R E S I D E N T E B OY D K . PA C K E R Presidente Interino do Quórum dos Doze Apóstolos como deve ser dada uma aula. Qualquer um dos Doze poderia fazer essa demonstração de maneira eficaz. Cada um deles teria uma abordagem diferente. Não existe somente um método que funcione para todos os professores ou situações. O Espírito é essencial para nos guiar em nossa própria preparação, experiência, personalidade, conhecimento e testemunho em cada situação específica de ensino. É L D E R L . TO M P E R R Y Do Quórum dos Doze Apóstolos Presidente Packer: O nosso tema é ensinar e aprender o evangelho de Jesus Cristo, tanto na sala de aula quanto no lar. Todos nós, líderes, professores, missionários e pais temos um desafio que nos foi dado pelo Senhor de, durante a vida inteira, ensinar e aprender as doutrinas do evangelho como nos foram reveladas. O Élder L. Tom Perry e eu iniciaremos com uma breve conversa sobre os princípios que formam o ensino 50 eficaz. Minha tarefa é relatar algumas experiências pessoais que me ensinaram muito acerca do ensino e do aprendizado. Se vocês observarem e ouvirem atentamente, perceberão que, para ser um bom professor, vocês também devem ter o desejo de aprender. Logo após a nossa conversa, o Élder Jeffrey R. Holland nos ensinará como nos preparar para ensinar. Ele então se juntará a um grupo de alunos numa sala de aula para demonstrar Os líderes têm a responsabilidade de ensinar, seja nas reuniões de conselho, nas entrevistas ou durante os serviços de adoração. Também têm a responsabilidade de assegurar-se de que o aperfeiçoamento didático e o aprendizado eficaz do evangelho estejam sempre presentes na vida dos membros. Para tanto, a Primeira Presidência escreveu a carta datada de 17 de novembro de 2006, extinguindo o cargo de coordenador de aperfeiçoamento didático da ala e da estaca. Acompanha essa carta uma lista de “Responsabilidades dos Líderes pelo Aperfeiçoamento Didático”. Estamos confiantes de que, com os princípios ensinados nesta transmissão e as sugestões e recursos especificados na carta, os líderes do sacerdócio e das auxiliares vão reunir-se em conselho para melhorar a qualidade do ensino e do aprendizado do evangelho. Não será necessário realizar reuniões especiais para o aperfeiçoamento didático além das realizadas em seus conselhos e entrevistas de tempos em tempos, de acordo com a necessidade. À DIREITA: FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Ensinar e Aprender As Responsabilidades dos Líderes As apresentações deste treinamento mundial de liderança podem ajudá-lo a ser um professor melhor e um aluno melhor. Para identificar e aplicar as idéias dessas apresentações, leia a informação contida nos quadros amarelos colocados ao lado do início de cada apresentação. Talvez queira também assinalar as escrituras e as frases mais importantes e registrar as inspirações que receber. Leia os comentários iniciais do Presidente Packer. Identifique idéias que possam ajudá-lo a ser um melhor professor e melhor aluno. Pondere sobre as perguntas a seguir e anote as idéias e sentimentos que lhe ocorrerem: O que devo fazer para assegurar-me de ter o Espírito em meu ensino, tanto no lar quanto na Igreja? Em sua opinião, o que acha que torna o Presidente Packer um aluno eficaz? A L I A H O N A JUNHO DE 2007 51 Disposição para Aprender Presidente, você escreveu um livro intitulado Teach Ye Diligently [Ensinai Diligentemente]. Toda posição na Igreja exige um professor eficaz. É nosso chamado mais importante. Poderíamos conversar por alguns minutos a respeito do ensino diligente como requisito em nossos vários chamados da Igreja? Presidente Packer: Fui nomeado supervisor do seminário, sem conhecer nada, e fui incumbido, contratado e pago para, essencialmente, visitar áreas onde a Igreja estava estabelecida e dizer aos professores do seminário como ensinar e o que faziam de errado. E isso era muito embaraçoso, pois eu entrava em uma classe, via os professores fazerem algo e tinha de corrigi-los, sabendo que eu fazia a mesma coisa toda vez que ensinava. E eu sabia o que era ser corrigido. O Élder Lee e o Élder Romney estavam sempre ensinando e eles, Élder Perry: 52 de certo modo, faziam um esforço extra para dizer-me ou ensinar-me algumas coisas. Acho que a razão de fazê-lo — não tenho certeza de que alguma vez me viram ocupando esta posição ou chamado — era que eu tinha uma virtude: eu queria aprender e não ficava ofendido. E se você não se ofende e se quer aprender, o Senhor vai continuar a ensiná-lo, em certos momentos, coisas que realmente você não sabia que queria aprender. Aqueles dois grandes professores ensinaram-me. Quando às vezes encontrava o irmão Romney, ele dizia: “Garoto, quero dizer-lhe algo”. Eu sabia o que vinha pelo caminho. Ele ia dizer-me que eu estava fazendo o que não deveria, e eu sempre agradecia a ele. Aprendi cedo que existe grande valor em se aprender com a experiência das pessoas mais velhas. Tive um presidente de estaca certa vez, que dizia: “Sempre procurei estar na presença de grandes pessoas”. Ele vivia em uma pequena cidade, em Idaho. Mas dizia: “Se vinha algum orador até a cidade ou se havia algo especial, eu sempre tentava estar lá porque eu podia aprender”. Sempre gostei de me relacionar com pessoas mais velhas (bom, agora sou um deles). Mas lembro-me de que, no Quórum dos Doze, LeGrand Richards não caminhava tão rápido como as demais Autoridades Gerais e eu sempre o esperava, abria-lhe a porta e voltava para o edifício com ele. Certo dia, uma das Autoridades Gerais disse: “Você é tão bom, por tomar conta do irmão Richards”. E eu pensei: “Você não conhece a minha razão egoísta”, pois quando caminhávamos de volta para o prédio, eu simplesmente escutava o que ele tinha a dizer. E eu sabia que ele conseguia se lembrar de Wilford Woodruff, e ouvia enquanto ele falava. O ensino individual tem grande influência. Geralmente o ensino individual é o que acontece quando você é corrigido. Este é outro princípio do ensino — levantem-se cedo (ver D&C 88:124) — mas a parte fácil disso, ou a parte difícil, é a de voltar para a cama e então ponderar pela manhã, quando a mente está serena. É aí que surgem idéias para o ensino. Não sei quantas vezes, recebia uma À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; À DIREITA: FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER Oramos para que este treinamento possa ajudá-los a serem melhores professores e alunos do evangelho de Jesus Cristo. tarefa e não tinha a mínima idéia do que fazer. Ontem, participei de uma reunião com as Autoridades Gerais. Eu sabia que seria o primeiro a falar e pensei “O que direi?” E eu estava confiante de que saberia o que dizer, e sempre sabia. O Uso das Escrituras Élder Perry: Qual é a importância de utilizar as escrituras no ensino? Presidente Packer: Sempre contei com as escrituras. O melhor exemplo de ensino e como ensinar, o melhor modelo para ensinar métodos, a despeito do tópico, que é o evangelho, é o Senhor e Seus ensinamentos. É por isso que não gosto de ir ao púlpito nem ficar diante de uma classe sem minhas escrituras nas mãos. Tenho-as aqui comigo hoje. Élder Perry: Presidente, você carrega essas escrituras sempre com você. Toda vez que o encontro, está com elas. Você nos contou a história de uma ocasião em que elas ficaram molhadas e que isso apenas o ajudou, porque você conseguiu abri-las com mais facilidade. Presidente Packer: Bem, eu estava estudando no gramado e me chamaram, e eu deixei as escrituras abertas sobre uma mesinha e esqueci que as deixara lá, como todos os velhos fazem, e o sistema automático de irrigação ligou. Ao sair pela manhã pensei: “Oh, minhas escrituras que eu marcara durante 50 anos estão perdidas!” Mas percebi que as folhas apenas ficaram separadas. Acho que se tivesse que conseguir novas escrituras agora, eu as colocaria na chuva antes de usá-las. Élder Perry: As pessoas sempre conversam conosco a respeito das escrituras e de como algumas delas são difíceis de serem lidas. Como você consegue torná-las vivas em seu ensino? Presidente Packer: Continue a ler. Lembro-me de quando decidi que leria o Livro de Mórmon. Eu era adolescente; abri-o e li: “Eu, Néfi, tendo nascido de bons pais” (1 Néfi 1:1). Continuei a ler e estava aprendendo coisas novas. Estava interessante, e eu prossegui até os capítulos de Isaías e a linguagem dos profetas do Velho Testamento. Então, meses mais tarde decidi novamente começar a ler o Livro de Mórmon. “Eu, Néfi, tendo nascido de bons pais”, mas toda vez que fazia isso e me deparava com os capítulos de Isaías, imaginava por que estariam lá. Finalmente decidi que eu os leria, de algum modo. Então quando era adolescente, eu apenas lia as palavras, não as entendia, mas virava as páginas e prosseguia na leitura. Quando cheguei ao livro de Alma, li com a maior facilidade. Então é preciso determinação para ler tudo. E não apenas dar uma lida por cima, mas ler do início até o fim — o Livro de Mórmon, o Novo Testamento, Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor. E durante anos adquiri o hábito de ler as escrituras durante o verão, quando tínhamos algum tempo livre para refrescar a memória. Orar pelo Dom de Ensinar Élder Perry: Que conselho daria aos novos conversos antes de receberem seu primeiro chamado como professores? Presidente Packer: Diria a eles que são capazes de fazê-lo. Todo mundo consegue ensinar. Eu os aconselharia a orar pelo dom de ensino. Você sabe, o Livro de Mórmon fala sobre dons e delineia vários deles, entre os quais o de ensinar o evangelho pelo Espírito (ver Morôni 10:8–10). Quando li isso anos atrás, pensei: “Esse é um dom que eu quero, ser capaz de ensinar pelo Espírito”. Descobri lendo as escrituras que você precisa pedir para recebê-lo — pedi, e recebereis — então eu diria a essas pessoas que continuassem a pedir e a buscar, “e encontrareis” (ver Mateus 7:7; 3 Néfi 27:29), e que o dom precisa ser merecido, mas ele virá. Buscar o Espírito Élder Perry: O que os professores devem fazer para assegurar-se de ter o Espírito ao ensinarem? Presidente Packer: Você tem de viver dignamente e tem de pedir ajuda. E você pode pedir ajuda se for pai ou mãe. E depois, tem de guardar os mandamentos e orar constante e incessantemente pela capacidade e pela inspiração para saber o que fazer, e quando fazê-lo. E o Senhor não o desapontará: “Não A L I A H O N A JUNHO DE 2007 53 54 era razoavelmente severo, mas sempre no nível de entendimento deles. O ensino é um chamado sagrado, um chamado consagrado. O que acho que diria aos professores é que eles nunca ensinam sozinhos. Eles não precisam estar sozinhos. O Senhor prometeu isso nas escrituras. Em Alma, onde o Senhor concedeu a toda nação e em toda língua professores (ver Alma 29:8) há aquela declaração: “Ensinai diligentemente e minha graça acompanhar-vos-á” (D&C 88:78). Não sei como ensinar o evangelho sem oração constante. Você pode fazer uma oração em voz alta, mas também pode ter uma oração no pensamento. Muitas vezes quando ensino um grupo ou uma classe, eu oro em silêncio. “Como ajudá-los a compreender?” E não sei como fazêlo, a menos que tenha esse poder ao meu alcance. A Responsabilidade de Ensinar Élder Perry: O ensino é essencial em todas as atividades da Igreja. Quem tem a responsabilidade de se preparar para ensinar? Presidente Packer: Todo mundo é professor — o líder é um professor; o seguidor é um professor; o conselheiro é um professor; os pais são professores — então temos a responsabilidade de ensinar por conta própria, de aprender os princípios do ensino. O Senhor estabeleceu Sua Igreja para que todos façamos tudo na Igreja. Há uma declaração em Doutrina e Convênios que diz “que todo homem, porém, fale em nome de Deus, o Senhor, (...) o Salvador do mundo” (D&C 1:20). Quão abençoados somos por termos um sacerdócio leigo, como é chamado, para que todos os homens tenham o sacerdócio, para que todas as mulheres estejam qualificadas para cargos na Igreja, e todos nós seremos pais. Portanto, o ensino é a essência de tudo o que fazemos. Élder Perry: Você mencionou o ensino em casa. Qual é a diferença entre o ensino na Igreja e o ensino no lar? Existe alguma grande diferença? Presidente Packer: Em casa ele é mais pessoal, melhor, mais fácil e menos formal, e os pais ensinam pelo exemplo. Os pais também ensinam outras coisas meio difíceis aos filhos, quando eles perguntam “por que” e tudo o que você pode responder é “porque sim”, pois você não sabe o porquê, sabe apenas que não é a coisa correta a se fazer. E ensiná-los sobre obediência para que saibam e entendam. E em casa existe aquele forte elo de amor entre pais e À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; À DIREITA: FOTOGRAFIA: JED A. CLARK, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS vos deixarei órfãos; voltarei para vós” (João 14:18); “Tudo quanto pedires com fé, acreditando que receberás” ser-lhe-á dado (Enos 1:15). Depois, o acréscimo de uma escritura: se for bom para você (ver Morôni 7:26). O evangelho é muito prático. Talvez você seja uma pessoa mais velha que pensa ter terminado seu ministério, ou talvez um jovem que tem medo de tudo, ou uma mãe que está muito atarefada com os filhos, ou um pai que está preocupado, mas você é capaz de ensinar e pode orar e pode ser guiado. E você o fará. Você será abençoado pelo Senhor, prometo-lhe isso. Quando o Senhor ensinava, sempre lidava com coisas que Seus ouvintes conheciam. Por exemplo: “O reino dos céus é semelhante a uma rede” (Mateus 13:47) — não é realmente uma rede, é semelhante a ela; e então Ele explicava o por quê; e “o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas” (Mateus 13:45). Quando ensinou a parábola do semeador (ver Mateus 13:3–8) — e essa era uma coisa que dizia respeito a eles — não é apenas possível, mas muito provável que, um mês depois de ter ensinado a parábola do semeador (e falado sobre sementes atiradas em uma terra cheia de pedras e numa boa terra), um daqueles que o ouvira estaria plantando e, ao ver as sementes em sua mão, recordaria a lição. Se você utilizar parábolas, histórias e ilustrações, elas estarão vivas quando os alunos não estiverem na classe. E Seu método era notavelmente simples. Em certas ocasiões Ele Você tem de viver dignamente e tem de pedir ajuda. E você pode pedir ajuda se for pai ou mãe—marido e mulher podem conversar um com o outro. E então você tem que guardar os mandamentos e orar constante e incessantemente pela capacidade e pela inspiração para saber o que fazer e quando fazê-lo. filhos que fará com que você não desista até que isso lhes seja ensinado. Ensinar pelo Espírito Élder Perry: Presidente, como você consegue fazer com que o Espírito na sala de aula vá do professor para os alunos de tal maneira que seja uma experiência significativa para eles? Presidente Packer: Primeiro, eles precisam saber que você os ama, que quer ensiná-los, e aí você precisa comunicar-se no mesmo nível deles. Não podemos falar sobre coisas acima de seu entendimento — mesmo no evangelho — sobre assuntos com os quais eles não se identificam. Não foi assim que o Senhor fez. O Senhor caminhou com eles e conversou com eles sobre o cotidiano, e Seus ensinamentos estavam sempre no mesmo nível deles. Se temos algo a ensinar-lhes, eles realmente querem aprender. Os adolescentes — especialmente os adolescentes — querem aprender. Eles têm sede de conhecimento. Muitos professores acham que têm que preparar palavra por palavra o que vão dizer. Sim e não. Essa preparação inclui deixar a apresentação flexível o bastante para envolver os alunos, para fazer com que façam perguntas e participem. Você precisa deixar espaço para a inspiração. Temos no Espírito Santo um ponto de inspiração para a nossa memória. Caso tenhamos um desafio quanto a algo que será ensinado e pensamos em quem somos e no que fazemos, sempre haverá uma pequena experiência vivida, algum lugar conhecido ou algo que vimos, que podemos incluir na lição. E as escrituras são parte de tudo isso. Elas não são apenas um livro que lemos de vez em quando para considerar as normas e regulamentos da Igreja. Grande parte do ensino na Igreja que é feito com rigidez, é como se fosse um sermão. Não reagimos muito bem a sermões em salas de aula. Nós o fazemos na reunião sacramental e nas conferências, mas o ensino pode ter duas mãos de direção, para que possa haver perguntas. Você pode facilmente incentivar perguntas em uma classe. Suponha que estivesse ensinando sobre o martírio do Profeta Joseph Smith. Eis aqui você, um professor de história da Igreja que estudou tudo, e você sabe que foi em 27 de junho de 1844, às 17h, na cadeia de Carthage, que o Profeta foi assassinado. Se perguntar a eles a hora do dia e onde, e outras coisas sobre a ocasião em que o Profeta foi morto, nenhum deles saberá. Você não sabia antes de ler o manual. Mas você pode dizer: “O que o levou a isso? O que vocês acham que o levou àquilo?” No minuto que disser: “o que vocês acham”, eles terão algo a dizer. Eles podem contribuir, até mesmo os alunos que forem mais envergonhados terão algo a dizer. Dessa maneira, há uma forma de lidar com as perguntas e de monitorar e administrar a classe. Responda às perguntas. Sinta-se à vontade para fazer perguntas durante a aula. Você não pode dar algo que não tenha conseguido, da mesma forma que não pode retornar de um lugar para onde não foi. Por isso, você precisa do Espírito. ■ A L I A H O N A JUNHO DE 2007 55 Ensinar e Aprender na Igreja ÉLDER JEFFREY R. HOLLAND Do Quórum dos Doze Apóstolos À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: JOHN LUKE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Alta Prioridade Agradecemos ao Presidente Packer e ao Élder Perry por esse alicerce inspirado para o nosso assunto de hoje, e aguardamos ansiosos pela mensagem de encerramento que será dada pelo Presidente Monson, ao final de nossa reunião. Uma prova da alta prioridade que as Autoridades Gerais presidentes dão ao tema “ensino e aprendizado” é a de que estamos dedicando toda a transmissão mundial do treinamento de liderança deste ano e esse assunto. Talvez a razão para isso seja óbvia. Todos nós entendemos que o sucesso da mensagem do evangelho depende de seu ensino, de sua compreensão e, depois, de vivermos de tal maneira que sua promessa de felicidade e salvação possa ser alcançada. Por essa razão, a grande e última responsabilidade que Jesus deu a Seus discípulos, pouco antes de Sua ascensão ao céu, foi: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:19–20, grifo do autor). O que o Salvador enfatiza nessa passagem é que, embora haja muito que fazer para viver o evangelho — e temos de fazer muita coisa para vivêlo — nada disso pode ser conseguido até que nos tenham ensinado essas verdades e que tenhamos aprendido a agir de acordo com o evangelho. Já há vários anos, o Presidente Hinckley vem nos aconselhando a manter nosso povo próximo à Igreja, especialmente os jovens e os recémconversos. Ele disse que todos nós precisamos de um amigo, de uma responsabilidade e de sermos nutridos “pela boa palavra de Deus” (Morôni 6:4; ver também Gordon B. Hinckley, A Liahona, julho de 1997, p. 53; ou Ensign, maio de 1997, p. 47). As instruções inspiradas recebidas em casa e na Igreja ajudam a fornecer esse elemento crucial de sermos nutridos pela boa palavra de Deus. E a oportunidade de magnificar esse chamado existe em toda parte — pais, mães, irmãos, amigos, missionários, líderes e professores do sacerdócio e das auxiliares, instrutores nas salas de aula, inclusive nossos maravilhosos professores do seminário e instituto que estão conosco hoje. Bem, a lista não tem fim. De fato, nesta Igreja, é Selecione algumas idéias da apresentação do Élder Holland que você possa aplicar como aluno ou como professor. O debate conduzido pelo Élder Holland centrou-se em cinco princípios. Estudeos e depois faça um planejamento tendo em mente as formas pelas quais você pode ensinar esses princípios a outra pessoa. O que o Élder Holland demonstrou a respeito de aprender e ensinar, em acréscimo ao que já conversamos? A L I A H O N A JUNHO DE 2007 57 virtualmente impossível encontrar alguém que não seja professor. O Presidente Packer enfatizou isso em sua conversa com o Élder Perry. Ele disse e eu cito: “Todos são professores — o líder, o seguidor, o pai ou a mãe, o conselheiro”. Não é de se admirar que o Apóstolo Paulo dissesse em seus escritos: “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores [professores]”, depois disso viriam as amplas bênçãos dos milagres, dons espirituais e manifestações celestiais (I Coríntios 12:28). Ao enfatizar a natureza divina de quem era chamado como instrutor, um jovem Apóstolo chamado David O. McKay disse na conferência geral de 1916: “Não existe maior responsabilidade dada a um homem [ou a uma mulher] do que a de ser professor ou professora dos filhos de Deus” (Conference Report, outubro de 1916, p. 57). Isso ainda é verdadeiro. Foi dessa citação que escolhemos o título de nosso maravilhoso recurso e manual para os professores na Igreja: Ensino, Não Há Maior Chamado. Naquele lindo e reverenciado hino da Primária, “Sou Um Filho de Deus”, as crianças cantam o seguinte pedido aos pais e professores: “Ensinai-me, ajudai-me As leis de Deus guardar Para que um dia eu vá Com Ele habitar.” (Hinos, nº 193) Essa é nossa tarefa em comum nesta Igreja. Essa é a responsabilidade que compartilhamos. Somos todos filhos de Deus e precisamos ensinar uns aos outros, precisamos ajudar uns aos outros a “as leis de Deus guardar”. E é isso o que tentaremos fazer hoje. Preparar-se para Ensinar Vocês podem ver que, com este material espalhado aqui na mesa, estou tentando preparar uma aula. Reconhecem essas coisas? São para a aula de hoje — uma aula para todos vocês. Preparar-se para qualquer aula é um trabalho árduo, e exige tempo. Quanto a isso, quero incentivá-los a que comecem a imaginar e a planejar antecipadamente qualquer aula que precisem dar. Por exemplo, se eu fosse ensinar uma aula no domingo, eu a leria e começaria a orar a respeito dela no domingo anterior. Isso me dá uma semana inteira para orar, buscar inspiração, pensar, ler e procurar aplicações para a vida real que trarão As instruções inspiradas recebidas em casa e na Igreja ajudam a fornecer esse elemento crucial de sermos nutridos pela boa palavra de Deus. 58 MAIS À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: ROBERT CASEY; À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: STEVE BUNDERSON; TODAS COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Então parem de se preocupar com isso. É melhor falar de umas poucas idéias e ter uma boa discussão — e um bom aprendizado — do que correr para tentar ensinar cada palavra do manual. Neste material que está aqui, já tenho de três a quatro vezes mais do que o conteúdo que provavelmente conseguiria dizer ou compartilhar com vocês hoje, durante o tempo designado de uma hora de aula. Portanto, assim como vocês, tive que escolher e selecionar. Vou reservar alguns itens para outro dia. Uma atmosfera calma é absolutamente essencial se querem ter o Espírito do Senhor presente em sua classe. Nunca se esqueçam disso. Muitos de nós correm e deixam para trás o Espírito do Senhor, tentando vencer o relógio em uma corrida absolutamente desnecessária. Demonstração de Como Ensinar No alto, acima: o Élder Jeffrey R. Holland se prepara para a demonstração didática apresentada como parte do treinamento mundial de liderança. Acima: alguns membros da Igreja da área de Salt Lake City foram convidados para formar uma classe para essa demonstração. Alguns comentários adicionais feitos por eles encontram-se em quadros nas páginas a seguir. vitalidade à minha mensagem. Você não só acabará de preparar a aula com muita antecedência, mas também ficará surpreso ao descobrir quantas coisas lhe ocorrem durante a semana, o quanto Deus lhe dá, coisas que poderá utilizar ao terminar sua preparação. Falando sobre preparação, quero também incentivá-los a evitar uma tentação que quase todo professor da Igreja enfrenta; pelo menos eu já tive essa experiência. É a tentação de cobrir material demais, a tentação de colocar em uma hora mais coisas do que é possível, ou de dar coisas demais aos alunos, mais do que eles conseguirão reter! Lembrem-se de duas coisas quanto a isso: primeiro, nós ensinamos às pessoas, e não o assunto em si; segundo, todo o planejamento de aula que eu tiver conterá inevitavelmente mais coisas do que será possível abordar no tempo da aula. Bem, voltemos àquela discussão maravilhosa entre o Presidente Packer e o Élder Perry para encontrar alguns dos pontos-chave para o sucesso nessa grande tarefa de ensinar e aprender. Para tanto, vamos entrar em uma sala de aula aqui na sede da Igreja onde vamos interagir da mesma forma que esperamos que vocês o façam em sua sala de aula, onde quer que ela esteja localizada. A interação não é ensaiada, é espontânea, do mesmo modo que ocorre em sua sala de aula. O professor fez o melhor que pôde para preparar a aula e orou — garanto que fiz isso — da mesma forma que os alunos. Agora, depois da oração de abertura em nossa aula, vamos confiar no A L I A H O N A JUNHO DE 2007 59 Se pedirmos, receberemos, e se batermos, será aberto. Podemos fazer isso. 60 que somente vocês perceberão. E pode não ter nada a ver com o que estivermos dizendo. Mas é assim que o Espírito age. Estejam abertos aos sussurros referentes a como podem ensinar. E lembrem-se: vocês conseguem ensinar! São capazes de fazê-lo! Todos São Capazes de Ensinar O Élder Perry fez uma pergunta ao Presidente Packer durante a conversa: “O que você diria a um novo professor? Caso alguém tenha acabado de receber esse chamado, o que o aconselharia a fazer para ter a coragem de aceitar o chamado, desempenhá-lo e apreciá-lo?” Irmão Charles W. Dahlquist II: Você consegue. Élder Holland: Você consegue. Todos são capazes de ensinar. E é isso que o Presidente Packer disse quando respondeu a essa pergunta do Irmão Perry. Ele se referiu às escrituras que prometem que vocês conseguem fazê-lo. Essa é a garantia extra quando utilizamos algumas escrituras. Lembram-se de alguma? Élder Jay E. Jensen: Morôni 10:17. Élder Holland: Morôni 10:17, o último capítulo do Livro de Mórmon, uma grande declaração sobre dons. Quer lê-la, irmão Jensen? Élder Jensen: “E todos esses dons são dados pelo Espírito de Cristo; e são dados a cada homem individualmente.” Élder Holland: Isso é maravilhoso. Élder Jensen: Ninguém é excluído. Élder Holland: Ninguém é deixado de fora. E, às vezes, acho que pensamos que significa: “Todos menos eu, todo mundo consegue ensinar, menos eu, ou todos podem ser líderes, menos eu”. Bom, esse não é o caso. Esses dons são para todos. E uma pequena advertência quanto a isso, enquanto estamos no assunto. Irmão Jensen, leia as duas primeiras linhas do versículo oito. Élder Jensen: “E novamente vos exorto, meus irmãos, a não negardes os dons de Deus, pois eles são muitos; e eles vêm do mesmo Deus (...)” (Morôni 10:8). Élder Holland: Acho que temos uma tendência a “negar”. De certa forma, nos escondemos. Quando um chamado é feito, ou temos que FOTOGRAFIA: BRYANT LIVINGSTON, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELO Espírito do Senhor para guiar-nos em nossa experiência didática. Bem-vindos à aula. Esta deve ser uma sala de aula média, más o menos. Alguns de vocês terão mais alunos, outros, menos, mas os princípios de ensino serão essencialmente os mesmos, seja qual for o tamanho da classe. Temos aqui quinze pessoas absolutamente perfeitas e lindas, e a décima sexta pessoa é cada um de vocês, que assiste a esta transmissão mundial. Atentem para novas idéias, coisas “Quando eu era membro do Ramo Colonia Suiza, Uruguay, meu primeiro chamado foi o de presidente na Primária, e eu tinha apenas treze anos. Eu era a presidente e também a professora. Lembro-me de ter sido designada e de receber um manual, juntamente com a designação de ensinar às crianças as aulas e o evangelho. Abri o manual e não sabia o que fazer, não sabia dar a aula. Então orei. Disse: ‘Pai Celestial, preciso ensinar às crianças no próximo sábado. Vais me ajudar?’ Eu recebi a influência do Espírito e aprendi a ensinar, porque o Espírito me ensinou.” Irmã Delia Rochon enfrentar uma sala de aula — que é uma experiência relativamente aterrorizante para qualquer um — acho que há algo dentro de nós que diz: “Não vou conseguir fazer isso, e vou dizer 'não'. Vou negar que eu possa receber o dom; vou negar que tenha o dom. De certa forma, vou negar a autenticidade do chamado”. De certa maneira, suponho que é isso que estejamos fazendo. E o que Morôni diz aqui é que não devemos negar: “Vos exorto a não negardes os dons de Deus, pois eles são muitos”. “Pedi, e Dar-se-vos-á” Estou pensando em algo que o próprio Salvador disse diretamente a Seus discípulos no Novo Testamento, e me disseram que é a a promessa e a declaração que mais se repete nas escrituras. Alguém disse que algumas variações dessa promessa aparecem umas cem vezes nas escrituras. Mas se ela aparecesse uma ou duas vezes, acho que poderíamos adotá-la uma ou duas vezes, mas se alguma coisa é repetida 20, 40 ou 80 vezes, obviamente tem grande significado para o Senhor. Alguém faz idéia de que promessa estamos falando? Irmã Vicki F. Matsumori: Eu diria que é a escritura que diz algo sobre pedir, bater, e você receberá. Élder Holland: Isso mesmo! Irmã Matsumori, já que nos levou a isto, poderia ler Mateus 7:7? Faz parte do Sermão da Montanha e é um dos muitos lugares onde encontramos essa promessa. Irmã Matsumori: “Pedi, e dar-sevos-á. Buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.” Élder Holland: Obrigado. Adoro a objetividade, a clareza, a certeza dessa promessa. Se pedirmos, receberemos, e se batermos, será aberto. Podemos fazer isso. Agora estamos começando a acumular idéias. Vou pedir à irmã Kathy Hughes, da Presidência Geral da Sociedade de Socorro, que escreva no quadro para nós, hoje. Creio que temos um tema para desenvolver aqui, dado a nós pelo Presidente Packer em sua conversa com o Élder Perry, que seria: “O Dom de Ensinar” Pode anotar isso no quadro como título para nós, irmã Hughes? Vamos relacionar algumas citações para nos lembrar a respeito de como buscar o dom de ensinar. E aquela que a irmã Matsumori acabou de ler deve ser a número 1: “pedir, buscar e bater espiritualmente”, talvez o requisito mais fundamental para um professor ao buscar esse dom que Deus nos prometeu. Élder W. Rolfe Kerr: Acho que é muito importante incluir a parte que conclui a citação e talvez mantê-la sempre à vista, diante de nós. O que resulta do pedido é que nós recebemos. O que resulta da procura é que encontramos. Batemos, e se nos abre. Élder Holland: Vamos colocar isso no quadro, irmã Hughes, que vamos receber. Existe uma promessa nisso. Irmão Orin Howell: Além disso, gosto de Lucas 12:12, onde diz: “Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar”. Élder Holland: Isso começa a abrir um mundo totalmente novo porque estamos sempre dizendo isso aos missionários. Falamos milhares de vezes a eles que devem abrir a boca, e que se estiverem preparados e tiverem feito o melhor possível, Deus os inspirará quanto ao que deverão dizer, quando precisarem. Essa é uma idéia ampla, maravilhosa e totalmente nova, sobre pedir e receber a uma hora determinada. É um versículo fantástico, Orin. Irmã Tamu Smith: Acredito que, às vezes, quando me sinto diante de situações extremas, sendo um membro converso à Igreja e sendo convidado a dar uma aula em uma classe onde as pessoas descendem dos pioneiros, o Espírito toca você para que diga algo que não havia pensado em A L I A H O N A JUNHO DE 2007 61 dizer. Em Êxodo 4:12 lemos: “Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar”. Acho que se deixarmos o Espírito nos inspirar a falar essas coisas, mesmo sabendo que não temos todas as respostas, precisamos deixar que o Pai Celestial faça Seu trabalho, e fale por nosso intermédio. Élder Holland: Que versículo maravilhoso. Em todos esses anos de reflexão quanto a esse assunto, não me lembro de ter ouvido esse versículo ser utilizado antes; então, muito obrigado mesmo, irmã Smith. E o contexto aí, naturalmente, é a tarefa dificílima que teve Moisés de ajudar os filhos de Israel a se libertarem dos problemas da vida. Isso é o que todos nós enfrentamos. É um versículo fantástico que diz: “Não se preocupe, você o receberá”. Grato por essa referência. Bom, guardem na mente essas citações ao ensinarem sobre o assunto. Vocês podem utilizar essas ou muitas, muitas outras. Usar as escrituras para ensinar Muitos de nós, quando somos chamados para ensinar, ficamos assustados com a amplitude da designação e sentimonos inadequados e despreparados. Mas sabe, se dermos o melhor de nós no estudo do material que recebermos, se lermos as escrituras, e simplesmente confiarmos no Espírito, seremos auxiliados no processo. Acho que, algumas vezes, sentimonos pressionados porque não sabemos o suficiente. Élder Holland: Com certeza! E todos nos sentimos assim! Todo Élder Steven E. Snow: 62 professor já se sentiu assim, alguma vez. E acho que é justo dizer, acho que todos nós aqui representamos o esforço coletivo da Igreja de colocar bons materiais didáticos nas mãos das pessoas. Realmente temos bons materiais curriculares. Temos bons manuais de lições e eles não ensinam por si próprios, mas podemos ter certeza de que não estamos sozinhos e de que não temos de reinventar a roda. Temos recursos extraordinários e vamos falar a respeito deles hoje. Isso nos ajudará a não nos sentirmos tão pressionados. Quando o Presidente Packer conversou com o Élder Perry, disse: “Sempre confiei nas [espaço em branco]", quer esteja ao púlpito ou à frente de uma classe. Ele disse que não gostava de ir a nenhum lugar sem elas. Do que ele estava falando? Irmã Julie B. Beck: Das escrituras. Élder Holland: Das escrituras. Das escrituras, sem dúvida. Pode colocar o número 2, irmã Hughes: “Usar as escrituras para ensinar”. Não creio que possamos exagerar o valor ou superestimar a importância delas em nosso papel de ensinar na Igreja. Obviamente, as escrituras, a própria essência do evangelho, são as coisas que fomos chamados a ensinar, seja na Primária, seja em qualquer de nossos grupos de adultos, em todos os grupos de adolescentes, em casa ou na Igreja. Lembro-me de algo importantíssimo que foi dito em Alma 31. Há um versículo muito citado que fala sobre isso e que eu considero um dos mais marcantes já escritos nas escrituras. Alma havia empreendido uma missão muito, mas muito séria, uma missão muito difícil, a missão entre os zoramitas, e ele tinha acabado de ter o seu confronto com Corior. Ele descobre o que funciona e o que não funciona para ele nesse desafio de ensinar e de testificar. Irmão Wada, pode ler Alma 31:5? Irmão Takashi Wada: “Ora, como a pregação da palavra exercia uma grande influência sobre o povo, levando-o a praticar o que era justo — sim, surtia um efeito mais poderoso sobre a mente do povo do que a espada ou qualquer outra coisa que lhe houvesse acontecido — Alma, portanto, pensou que seria aconselhável pôr à prova a virtude “Jamais esquecerei aquela manhã de domingo. Estávamos em Athi River, no Quênia, e um rapaz levantou-se e fez um discurso durante a reunião sacramental usando somente as escrituras. Foi um discurso vigoroso. Ele devia ter uns quinze anos, não devia ter mais que isso. Eu sorria, pensando: ‘Céus, eu gostaria que todos ouvissem esse rapazinho prestar testemunho e falar de Cristo, e pregar sobre Cristo’.” Irmã Kathleen H. Hughes À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY; À DIREITA: FOTOGRAFIA: ATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS As escrituras, a própria essência do evangelho, são as coisas que fomos chamados a ensinar. da palavra de Deus” (Alma 31:5). Élder Holland: Muito obrigado. De algum modo, com o passar dos anos, essa escritura passou a ser, para mim, uma das favoritas. Todos nós temos versículos para os quais nos voltamos constantemente, e eu tenho me voltado para este: “Como a pregação da palavra” — o poder da palavra — “exercia uma grande influência sobre o povo, levando-o a praticar o que era justo”, ela “surtia um efeito mais poderoso sobre a mente do povo do que a espada,” e eles conheciam o poder da espada neste livro e na vida, “ou qualquer outra coisa,” todos os outros campos de batalha, conflitos e desafios. “Alma, portanto, pensou que seria aconselhável pôr à prova a virtude da palavra de Deus”. Um sinônimo de virtude é poder. Quando a mulher tocou a barra das vestes de Cristo, na cena do Novo Testamento, Ele disse: “De mim saiu virtude” (Lucas 8:46). O original do Novo Testamento em grego para isso é: “De mim saiu poder”. Então Alma está dizendo que devemos tentar exercer o poder da palavra de Deus, uma vez que ela tem um efeito tão poderoso. Irmão Wada: Creio que todos vêm à Igreja para aprender algo e para serem nutridos. Há uma frase, em Jacó 2:8, que diz: “E suponho que eles tenham vindo aqui para ouvir a agradável palavra de Deus, sim, a palavra [de Deus] que cura a alma ferida”. É gratificante quando, logo após dar uma aula, alguém chega e diz — “Era exatamente isso o que eu queria ouvir. Eu precisava disso.” Élder Holland: Essa é a grande questão — obrigado, irmão Wada, porque as pessoas vão à Igreja em busca de uma experiência espiritual. É por isso que elas vão. Nós vamos à Igreja e nos reunimos em salas como esta para ouvir a palavra do Senhor, ouvir declarações, ouvir o Espírito, testemunhos e convicções. Quando estamos com problemas, quando precisamos ser curados, as coisas que o mundo oferece não são suficientes. Vamos à Igreja para sermos curados pela palavra de Deus. Irmã Matsumori: Para a maioria das professoras da Primária, ensinar a palavra de Deus às crianças é um grande desafio. As crianças não lêem, não têm as próprias escrituras, não estão familiarizadas com elas, se a família não lhes der uma base. Pode ser algo bem difícil. Élder Holland: Boa observação. Temos aqui uma experiente professora da Primária que nos chama a atenção para o fato de que teremos em nossas classes crianças em diferentes estágios de desenvolvimento e que devemos ajudá-las a crescer e desenvolver-se da forma correta. A L I A H O N A JUNHO DE 2007 63 Irmã Julie B. Beck 64 Bem lembrado, irmã Matsumori. Irmão Dahlquist: Acontece o mesmo com os rapazes e as moças; para que eles entendam as escrituras, eles devem, como Néfi disse, ser capazes de aplicá-las. Precisam relacioná-las a eles. Élder Holland: Precisam aplicá-las à sua vida (ver 1 Néfi 19:23). Irmão Dahlquist: Precisam tornar vivas as escrituras. Élder Holland: Sim, estamos falando de várias experiências aqui, algumas que temos em casa, no seminário ou no instituto. Estamos falando de algo que realmente precisa crescer com o passar do tempo no coração de nossos rapazes e de nossas moças. Não sejamos impacientes: pode levar algum tempo para que isso aconteça. Élder Jensen: Até aqui, acho que nossa discussão se concentrou nas quatro obras-padrão. Mas há outras escrituras. Élder Holland: Sim. Gostaria de dizer alguma coisa sobre os profetas vivos? Élder Jensen: Temos manuais realmente muito bons e temos revistas e histórias. Não é formidável? Élder Holland: Temos realmente um excelente material, sem contar o grande número de transmissões via satélite de discursos dos profetas vivos feitos em conferências gerais e as publicações que circulam na Igreja. Temos um material riquíssimo da palavra de Deus a nosso dispor, e devemos usá-lo. Irmã Kathleen H. Hughes: Mas isso me faz pensar numa pergunta. Muitas vezes vemos, como salientou o Élder Oaks em outro discurso que ele fez, que existe um vago reconhecimento de que o manual existe, e acabamos ensinando o que está na nossa cabeça. Por que fazemos isso? Como podemos ajudar nossos irmãos e irmãs a entender que os livros e manuais estão aí para nossa edificação? Élder Holland: Sim. Esse é um bom lembrete. Tem a ver com o comentário do Élder Jensen. Com base nos excelentes comentários que vocês fizeram e na inspiração que me deram a respeito do poder da palavra, da cura, da ajuda e da luz que ela traz, isso me faz lembrar de uma história que o Presidente Packer contou no Quórum dos Doze, alguns anos atrás. Falou sobre um rigoroso inverno em Utah em que havia muita neve, o que obrigou os cervos a descerem até a parte mais baixa de alguns vales. Alguns ficaram presos em cercas e caíram em armadilhas porque saíram de seu habitat, e algumas entidades bem-intencionadas, perfeitamente capazes e responsáveis, tentaram alimentar esses cervos e ajudá-los a sobreviver àquele inverno. Trouxeram feno e o despejaram em todo o lugar, pois era o melhor que podiam fazer naquelas circunstâncias. Mais tarde, um imenso número desses animais foi encontrado morto. As pessoas que cuidaram desses cervos disseram depois que o estômago deles estava cheio de feno, mas assim mesmo eles morreram de fome. Foram alimentados, mas não foram nutridos. E todos os professores precisam lembrar-se de que temos que “nutrir com a boa palavra de Deus”. E também podemos ser alimentados — essa pode ser a parte divertida do À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY; À DIREITA: FOTOGRAFIA: STEVE BUNDERSON, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELO “Certa vez, eu conversava com uma netinha de seis anos de idade, e ela me disse: ‘Quero aprender a estudar usando as escrituras’. Então pensei: ‘Ora, mas ela só tem seis anos. Será que conseguirá extrair algo significativo das escrituras?’ E eu lhe disse: ‘Vamos ler 1 Néfi, capítulo 1 e, se você ler alguma coisa e compreendê-la, ou se ela tiver algum significado para você, sublinhe. E se quiser dizer qualquer coisa sobre o que leu, escreva.’ Então começamos no primeiro versículo: ‘Eu, Néfi, tendo nascido de bons pais’ (1 Néfi 1:1) e ela parou, dizendo: ‘Eu tenho bons pais’. Ela estava aprendendo desde a leitura da primeira linha. Sublinhou o que tinha lido e disse: ‘Vou terminar o Livro de Mórmon antes do meu batismo’. ‘Há dias’, comentou ela, ‘em que não entendo nada’. Mas, para ela, foi uma experiência marcante ler o primeiro versículo do Livro de Mórmon, na primeira vez que tentou fazê-lo.” “Às vezes, quando estamos ensinando, tentamos trabalhar com o Espírito, ensinar com o Espírito, usar as escrituras. Mas para mim, em minha experiência, parece que quem faz a conexão do que estamos ensinando e a necessidade dos alunos é o Espírito. Por essa razão, sempre tem um aluno que se aproxima de mim e diz: ‘Obrigado, por você ter dito isso e aquilo’, e eu penso: ‘Eu disse mesmo isso? Quando?’ Pergunto-me se o que aquela pessoa ouviu não foi a voz do Senhor, e só o que eu fiz foi criar, por meio das escrituras e do Espírito, o ambiente no qual o aluno recebeu a mensagem de que necessitava.” Irmã Delia Rochon Seremos ensinados do alto. Somos instrumentos, somos ferramentas. É a nossa língua e são nossos lábios, mas o professor está lá em cima. processo — mas o significado de ensinar é nutrir, tendo por base a palavra de Deus. Ensinar pelo Espírito Irmã Hughes, poderia colocar o número três no quadro? "Ensinar pelo Espírito e com o Espírito". O Espírito do Senhor é o verdadeiro professor, e é por isso que eu disse, um minuto atrás: “Ouçam”. Ouçam com o coração. Ouçam com a alma, e vocês poderão ter sentimentos, ouvir sussurros que não têm nada a ver com o que estão dizendo. Pode ser algo muito pessoal, alguma coisa em casa, algo relacionado ao seu lar, ao seu casamento ou a um dos filhos, mas isso é o Espírito, e Ele é o verdadeiro professor. Há um trecho em D&C 43:16 que diz que seremos ensinados do alto. Somos instrumentos, somos ferramentas. É a nossa língua e são nossos lábios, mas o professor está lá em cima. Também é uma didática muito eficaz fazer com que as pessoas da classe se conheçam, conheçam um pouco mais uns a respeito dos outros. Vamos fazer isso por um minuto com Orin Howell. Orin, quando você se filiou à Igreja? Irmão Howell: Entrei para a Igreja em junho de 1996. Élder Holland: Em que lugar você se filiou à Igreja, irmão Howell? Irmão Howell: Na Bósnia. Élder Holland: O que você estava fazendo na Bósnia, irmão Howell? Irmão Howell: Naquela época, eu estava no exército. Élder Holland: E onde, exatamente, na Bósnia, você foi batizado? Irmão Howell: Fui batizado em Tuzla, num velho bar russo que foi transformado em capela. Levaram para lá a lataria da parte de cima de um tanque de guerra e a viraram ao contrário, para ser usada como pia batismal. Élder Holland: Este era um maravilhoso jovem no exército, que foi tocado pela vida de outros santos dos últimos dias que também estavam no exército, e que recebeu um testemunho do evangelho e quis ser batizado. Então, na capela adaptada onde eles se reuniam na época da guerra, o capô de um tanque de guerra foi removido, virado ao contrário para formar uma estrutura em forma de bacia, e foi cheia de água. E o Orin encheu a bacia de água e foi batizado. A L I A H O N A JUNHO DE 2007 65 “Nossa final reafirmação encontra-se na honesta inspiração do Senhor: a inspiração de que você é o instrumento do Senhor, de que esta classe é Dele, de que esta é a Sua Igreja, este é o Seu povo. Depois, responder honestamente a esse Espírito. Falando de uma maneira geral, o currículo nos fornece uma moldura, um esquema, nosso curso e direção durante os meses do ano. Mas em um momento determinado, somos muito menos professores do que supomos, nas mãos do Senhor, se não estivermos dispostos a deixar de lado as coisas que preparamos e atender a uma inspiração que o Senhor nos envia. Devemos dizer: ‘Agora é o momento. Este é o momento do aprendizado.’ Os que são pais deparam-se com essa situação a todo momento. Eles precisam aproveitar o momento do aprendizado porque talvez não haja outro. Devemos nos preparar da melhor forma possível e confiar em que o Senhor nos conduzirá a algumas oportunidades inesperadas em determinadas aulas. Devemos estar preparados para ir aonde Ele nos quiser levar.” Élder Jeffrey R. Holland 66 Orin, quem fez sua confirmação de membro da Igreja nesse local? Irmão Howell: Foi você, Élder Holland. Élder Holland: Tive o grande privilégio de, no verão de 1996, confirmar Orin Howell membro da Igreja em Tuzla, Bósnia, em meio à guerra, onde de certa forma lutávamos para sobreviver. Este maravilhoso jovem é hoje sumo sacerdote, servindo fielmente à Igreja aqui no vale de Salt Lake. É um membro muito distinto em nossa classe hoje. Obrigado, Orin, por essa pequena biografia. Isso permite que os membros da classe se conheçam um pouco melhor. Vou pedir ao irmão Howell que desenvolva conosco o tema “Ensinar pelo Espírito”. Abram na seção 50, onde encontramos uma seqüência de versículos que usamos regular e insistentemente com os missionários. Mas deveríamos usar da mesma forma para todos nós. Irmão Howell, poderia ler para nós D&C 50:13? Irmão Howell: “Portanto eu, o Senhor, faço-vos esta pergunta: Para quê fostes ordenados?” Élder Holland: Somente para mudar um pouco a ênfase e ampliar o sentido aqui, vamos substituir a palavra ordenado por chamado. Ordenado é uma palavra usada na linguagem do sacerdócio, e vamos falar do chamado generalizado de ensinar. Então, “Portanto eu, o Senhor, façovos esta pergunta: Para quê fostes [chamados]?” Agora, irmão Howell, leia a resposta do Senhor no versículo 14. Irmão Howell: “Para pregar meu evangelho pelo Espírito, sim, o Consolador que foi enviado para ensinar a verdade”. Élder Holland: Trata-se de uma declaração escriturística para salientar o que estamos tentando desenvolver e já mencionamos aqui, ou seja, que o verdadeiro professor é o Espírito. Eu não sou o professor, e vocês não são os professores. Todos nós devemos O Élder Richard G. Scott disse aos professores de seminário e instituto que “o uso do arbítrio por um aluno autoriza o Espírito Santo a instruir. Isso ajuda o aluno a reter sua mensagem.” ser receptáculos do Espírito Santo e da orientação do céu, pois Ele é o professor. Devemos "pregar [o] evangelho que foi enviado para ensinar a verdade.” Agora, um aviso: E se tentássemos ensinar de outra forma? O que aconteceria se tentássemos ensinar sem o À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: ROBERT CASEY, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Espírito ou não déssemos atenção ou não fôssemos receptivos a Ele? Como o Senhor julga essa forma de ensinar? Irmã McKee, gostaria de ler o versículo 18? Irmã Maritza McKee: “E se for de alguma outra forma, não é de Deus.” Élder Holland: Leia só mais uma vez. Essa parte é tão importante! Irmã McKee: “E se for de alguma outra forma, não é de Deus.” Irmã Beck: Isso então significa que, se eu me sento para estudar meus livros e manuais, faço um esboço, faço um plano de aula, não posso ensinar o que preparei? Eu me preparei, mas tenho que estar pronta para deixar de lado o que preparei e ser guiada pelo Espírito? Élder Holland: Alguém gostaria de comentar algo sobre essa pergunta, antes que eu dê a minha resposta? É uma boa pergunta. Élder Dahlquist: Não é que o Espírito sussurre quando você está lá na frente e não está usando suas anotações. Acho que o Espírito pode sussurrar coisas a partir da preparação que você fez e enquanto alinhava as idéias. É como nas conferências gerais. As conferências gerais tocam nossa vida de maneira espetacular, mas os oradores se preparam muito. Élder Holland: Muito bem, há mais algum comentário sobre isso? Que parte cabe ao professor, e que parte cabe ao Espírito? Irmã Beck: Eu me preparei. Fiz um esboço. Então, se alguém da minha classe tiver tido uma semana difícil, isso pode mudar toda a dinâmica da aula. Ajude-me a entender como eu faço para identificar o momento em que ocorre a mistura da minha preparação com a orientação espiritual, para dizer o que vem ao meu coração, numa determinada hora, ou usar uma escritura diferente? Élder Holland: Essa é uma excelente pergunta, e todo professor terá essa dúvida. Élder Kerr: Eu acho que a chave para isso — além dessa preparação e dessa coletânea de informações — é não ficar presos ao esboço, mas deixar que ele seja apenas o pano de fundo e ficar abertos à inspiração. Élder Holland: Não seria justo chegar à sala de aula e dizer “Eu não me preparei, mas o Espírito vai nos guiar.” Por outro lado, o outro extremo seria ficar tão preso ao que foi preparado, a ponto de não conseguir perceber a inspiração que recebemos no decorrer da aula. Acho que a irmã Beck está nos conduzindo a uma combinação dessas duas coisas. Nós nos preparamos, mas ficamos abertos mas devemos ficar abertos ao Espírito e ter liberdade de nos mover precisamente para onde devemos ir, naquela hora determinada, no momento dessa inspiração. Élder Snow: Precisamos entender que cada membro dessa classe, ao ir para casa, pode ter captado a inspiração do Espírito de uma maneira ligeiramente diferente durante a aula, e por isso é tão importante que o Espírito esteja presente. Mas quantos de nós já não ouvimos o professor dizer, no meio de um debate maravilhoso: “A discussão está muito boa, mas eu preciso terminar a aula”. Élder Holland: Sim, todos já ouvimos isso. Élder Snow: E, às vezes, perdemos oportunidades ao fazer isso. Élder Holland: É verdade. Essa é uma realidade com a qual temos que aprender a lidar, e nós mesmos temos de ser sensíveis à inspiração para agir certo naquele momento e não desperdiçar a oportunidade. “Presenciei um exemplo maravilhoso enquanto ensinava ao lado de dois missionários. Eles estavam ministrando a quinta palestra. O missionário que era alemão detinha o idioma, pois já estava na missão há vários meses. O outro tinha acabado de chegar, e essa era a primeira vez que participava do ensino da quinta palestra. Fiquei observando. O primeiro estava confiante, era um bom missionário. Ensinava com segurança. O outro precisava confiar no plano de aula do companheiro. Mas enquanto eu estava ali sentado e observava aqueles dois jovens, o Espírito desceu sobre ambos. O mesmo ocorre com professores que se encontram em diferentes níveis de didática: o Espírito pode sussurrar seja qual for o nosso nível, se fizermos a nossa parte. Foi uma experiência maravilhosa.” Irmão Charles W. Dahlquist II A L I A H O N A JUNHO DE 2007 67 Irmã Hughes: Sempre achei essa questão muito interessante e meio confusa para mim. Como saberemos, ou como um professor saberá que está ensinando com o Espírito? Eu não sei. Não tenho certeza, quando vou dar uma aula, de estar sempre segura quanto a isso. Élder Holland: Alguém tem uma resposta para isso? Como o professor pode ter a certeza de que está ensinando pelo Espírito? Que evidências devemos buscar para comprovar isso, ou simplesmente devemos aceitar tudo com base na fé e na esperança de que essas coisas acontecem de fato, apesar de nem sempre estarmos seguros quanto a isso? Élder Jensen: Eu me faço a mesma pergunta. E me pergunto se a resposta não estaria, pelo menos para mim, em D&C 50:21–22: “Então como é que não podeis compreender e saber que aquele que recebe a palavra pelo Espírito da verdade recebe-a como é pregada pelo Espírito da verdade? Portanto aquele que prega e aquele que recebe se compreendem um ao outro e ambos são edificados e juntos se regozijam.” Élder Holland: Talvez um pouco de alegria, Kathy. Talvez, se em seu coração você sentir um pouco de alegria, isso seja um indício. Élder Jensen: Será que o professor deve ficar lá na frente, como orador, passando informações sem pedir a participação dos outros? Tenho uma pequena citação que carrego junto às minhas escrituras e que está relacionada a esse versículo, e acho que gosto mais dela agora que estamos 68 falando sobre o assunto. O Élder Scott disse, em uma reunião de treinamento do SEI: “Assegure-se de que haja muita participação dos alunos, porque o uso do arbítrio por um aluno autoriza o Espírito Santo a instruir. Isso ajuda o aluno a reter sua mensagem. Quando o aluno verbaliza verdades, estas são confirmadas em sua alma e fortalecem seu testemunho pessoal” (Richard G. Scott, To Understand and Live Truth [Para Entender e Viver a Verdade], proferido aos professores de religião do SEI em 4 de fevereiro de 2005, p. 3). Élder Holland: Maravilhoso. Isso me faz lembrar de um pensamento do Élder Marion G. Romney, que disse certa vez: “Sempre sei quando falo sob a influência do Espírito Santo, porque sempre aprendo algo que eu não sabia.” Ele é o professor e, de repente, está dizendo ou pensando coisas que não tinha pensando antes, ou, se pensou, elas vêm com muito mais força e clareza à mente. Essa pode ser uma outra indicação de que estamos ensinando pelo Espírito. Em muitos casos, não saberemos. Faremos tudo o que pudermos, mas esperamos que centenas de coisas estejam acontecendo no coração das pessoas, ou venham a acontecer, devido a esta ou outras experiências na Igreja, mas talvez jamais saibamos. Talvez faça parte do chamado divino de um professor ser um instrumento, ir em frente e confiar no fato de estarmos sendo o mais espirituais e dedicados que podemos ser. Então, o milagre da revelação pessoal prosseguirá continuamente. Essa idéia me agrada muito, com relação “Creio que podemos afirmar com segurança que não seremos bem-sucedidos se, ao final de 40 minutos, um aluno sair pela porta e dizer: ‘Puxa, não foi legal?’ Se a aula termina quando o aluno caminha para fora da sala, creio que falhamos no mais importante significado do ensino, o significado contínuo do ensino. Nossa instrução precisa ser tão provocativa, tão doce espiritualmente, tão nova e interessante, que os alunos digam para si mesmos: ‘Isso me tocou tanto que vou pensar sobre isso esta tarde e amanhã, e nas próximas semanas e no próximo mês.’ Nesse sentido, nossa aula assumirá vida própria, trazendo novas reflexões. Existe um perigo real nos desempenhos na sala de aula que parecem tão bem preparados ou tão fascinantes, que as pessoas sentemse entretidas durante 45 minutos, e dizem: ‘Nossa, mal posso esperar para voltar na próxima semana e repetir a dose’ e não têm nenhum outro pensamento durante a semana, ou no mês, a respeito da substância da doutrina que lhes foi ensinada”. Élder Jeffrey R. Holland ao ensino em si, e ao fato de ser professor. A Responsabilidade pelo Aprendizado Item 4: “Ajudar o aluno a assumir a responsabilidade pelo aprendizado.” À DIREITA: FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS O que vocês fazem quando têm uma classe pouco entusiasmada, onde nada acontece — e alguém parece falar por linguagem corporal: “Duvido que você consiga me ensinar. Vou me afundar nesta cadeira, sentar de cabeça baixa, olhando para os meus pés. Quando eu olhar para você, vai ser com o rosto carrancudo”. Talvez nem sempre seja tão ruim, mas já tive classes assim. Provavelmente todos nós já estivemos em situações em que parece que as pessoas não vieram preparadas para aprender. Como podemos ajudar essas pessoas? Irmã Beck: Às vezes procuro elaborar minhas perguntas, mas isso parece ser o que já dissemos: quanto mais perguntas conseguimos que os alunos façam sobre algo, mais eles se envolverão com o aprendizado. Isso me faz lembrar de Joseph Smith, quando ele leu uma passagem nas escrituras em Tiago e vieram-lhe perguntas à mente, e ele disse: “Como vou saber? Será que algum dia vou saber? Se eu não tentar descobrir, nunca saberei.” Quando ele falou com Deus, sua atitude era de aprendizado. Mas, para mim, isso é um desafio para o professor — não só em relação às perguntas que eu faço aos alunos, mas ao que está acontecendo e que os ajuda a fazer perguntas para que o Espírito Santo os ensine. Élder Holland: Um dos livros de que mais gosto na Igreja foi escrito por um profissional, meu amigo de longa data da BYU, Dennis Rasmussen, intitulado A Pergunta do Senhor. É um exemplo de como o Senhor sempre ensina com uma pergunta. Desde o início, com Adão, o Senhor perguntou: “Onde estás?” (Gênesis 3:9). Ele sabe exatamente onde Adão está. Ele quer saber se Adão sabe onde Adão está. É por isso que Ele faz a pergunta. “Adão, onde estás?” E assim por diante. “Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lucas 2:49) A vida inteira do Salvador foi edificada com ensinamentos, fazendo perguntas. Muitas revelações — não sei quantas, porque não contei — mas, muitas, muitas revelações contidas em Doutrina e Convênios vieram em resposta a uma pergunta que o Profeta ou os Irmãos fizeram ao Senhor. Irmã Matsumori: Tenho me debatido um pouco com esse tópico em relação às crianças, voltando ao que o Presidente Packer disse, que ele queria aprender. Mas para ser franca, acho que se trata de um conceito avançado pensar que o aluno vai assumir a responsabilidade pelo aprendizado, especialmente em se tratando de crianças pequenas. Como uma professora da Primária vai conseguir isso? Élder Holland: Esse é um ponto importante. O que vocês fariam se tivessem que enfrentar algo assim como professores? Vocês têm de dar a sua aula. A propósito, esse é o item 4, pois todos nós concordamos que se trata de um conceito mais maduro, mais avançado. Mas é um conceito sobre o qual provavelmente ainda não falamos o suficiente. Portanto, vamos falar a respeito da questão levantada pela irmã Matsumori. Uma criança, um aluno de seminário, um professor de 14–15 anos, ou uma Menina-Moça, às vezes, não está muito interessada, ou age como se não estivesse. Provavelmente esteja um pouco Quanto mais perguntas conseguimos que os alunos façam sobre algo, mais eles se envolverão com o aprendizado. A L I A H O N A JUNHO DE 2007 69 70 conseguirmos fazer com que seja compreendida uma idéia, um princípio, algo puro e significativo, como aquilo que o irmão Wada ainda sentiu na semana seguinte, já valeu a pena a experiência na sala de aula. Com toda a certeza. Não duvidem disso. Élder Kerr: Acho que o que ela acabou de dizer me abriu os olhos. O que pode haver de mais emocionante, no ambiente da sala de aula, além do fato de as crianças ou os adultos estarem fazendo perguntas? Élder Holland: Alguém quer responder? Élder Kerr: Eles estão refletindo. Élder Holland: Como vocês agiriam numa situação em que o aluno ainda não está participando, e está tudo por sua conta? Élder Bruce Miller: Será que devemos ir em frente com a aula, ou devemos parar e fazer algo que convide o Espírito, mesmo já tendo cantado um hino, feito uma oração e dado um pensamento? Se o Espírito ainda não estiver lá, em vez de prosseguir com a aula, devemos parar e dizer: “Está bem. Como conseguir a presença do Espírito aqui?” Élder Holland: Alguém quer responder a essa pergunta? Élder Snow: Acho que é um processo de longo prazo. Não acontece na primeira aula. Acho que às vezes você tem que dar o melhor de si, então haverá um momento em que acaba acontecendo, em que o Espírito vai estar lá e todos contribuíram com sua participação na aula. Então, você pára e diz: “Vocês estão vendo o que está acontecendo agora? Estão notando a diferença?” Élder Jeffrey R. Holland Élder Holland: Agora há pouco, a irmã Hughes disse: “Como saber que o Espírito está presente?” De certa forma, é isso o que o irmão Miller quer saber — com uma classe apática como essa, como eu sei como estou me saindo? No fundo, talvez a questão para você e para os alunos seja saber como você se sente. Você sente que o Senhor está com você, que Ele o ama, que você está fazendo o melhor que pode, que o Senhor ama os alunos? Se pelo menos tivermos bons sentimentos pelo evangelho, se nos amarmos uns aos outros, acho que já é um bom começo. E se esses alunos se mostram desinteressados, talvez não seja a hora de ensiná-los, mas você pode mostrar seu amor por eles. E se você os amar hoje, talvez possa ensiná-los amanhã. Acho que isso está totalmente dentro do nosso alcance. Nada disso depende deles. Podemos amá-los incondicionalmente, e acontecerão milagres, o tipo de milagres sobre os quais estamos falando. Se eu, o professor, quiser que vocês, os alunos, façam perguntas, À DIREITA: O SENHOR JESUS CRISTO, DE DEL PARSON; FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; TACIMA, À DIREITA: FOTOGRAFIA: BRY COX interessada, mas não quer que você saiba, e age como se não estivesse. Como lidamos com isso? O que fariam para ajudá-las? Irmão Wada: Às vezes, o aprendizado não ocorre propriamente dentro da sala de aula. Às vezes, acontece fora. Quando eu estava conhecendo a Igreja, os missionários me ensinavam algo e, uma semana depois, pensava sobre o que eles me ensinaram, e dizia: “Isso é o que é!” Então, não devemos supor que o aprendizado exato de alguma coisa tenha de acontecer naquele dado momento. Élder Holland: Boa observação. Tenho certeza de que isso foi obra do Espírito do Senhor, agindo sobre você depois de uma semana, ou pelo tempo que se fez necessário. Esse é o caso clássico de um pesquisador na Igreja. Queremos que o Espírito aja sobre ele durante horas e dias, depois que os missionários saem de sua casa, até que eles voltem para a próxima palestra. Irmã Naomi Wada: Às vezes, as crianças têm tantas, tantas perguntas, e eu preparei tantos exemplos, experiências ou auxílios visuais e acabo não utilizando todos. Às vezes ocupome respondendo às perguntas. Se isso acontecer, tudo bem? Tento simplificar a aula e, se eu me concentrar num único tópico e conseguir ensinálo, pelo menos as crianças vão se sentir bem. Élder Holland: Bom. Você conseguiu expressar melhor o que eu disse no início. Não tentem fazer demais. Com uma criança da Primária, — bom, talvez com qualquer criança, até com qualquer um de nós — se “Tenha paciência e, acima de tudo, não perca o Espírito. Não podemos, em hipótese alguma, sentir-nos ofendidos, irados ou decepcionados por ter-nos esforçado tanto em nossa aula e os alunos não nos terem acompanhado. Nós simplesmente devemos ser pacientes e amá-los. Há muito mais acontecendo em seu coração do que podemos supor.” devo primeiro incentivar um pouco, como tentamos fazer aqui hoje. Posso fazer uma pergunta que depois terá vida própria e, então, tudo o que precisarei fazer é dirigir o debate para conseguir a participação dos alunos. Permitem-me fazer uma pausa para um comentário editorial? Um professor pode saber que o irmão Merrill falou sobre um determinado assunto numa conferência e dizer: “Ótimo, vou à biblioteca de materiais de recursos, pegarei esse vídeo e vou mostrar o Élder Merrill falando sobre esse assunto.” Se fizerem isso, ótimo. Devemos fazê-lo de tempos em tempos. Mas os auxílios visuais são apenas isso: auxílios. Eles não substituem a aula. Devem ser usados como o tempero que você coloca na comida, algo para dar sabor, para acentuar, dar um toque, enriquecer. Um mapa, uma gravura, ou videoclipe ou uma palaMeu pedido a todos vocês é de que não usem auxílios visuais demais. Usem esses auxílios quando forem necessários. vra-chave, escrita na lousa, pode significar a diferença entre uma boa aula e uma aula ótima. Mas ninguém quer comer um prato feito só de temperos, não é? Por isso, meu pedido a todos vocês é de que não usem auxílios visuais demais. Eles não substituem o professor, não substituem o material do curso, tampouco substituem o Espírito do Senhor. Usem esses auxílios quando forem necessários. Irmã Wada: Às vezes, pode haver uma criança que é muito, muito bagunceira na classe da Primária, então tento imaginar aquela criança vestida de branco e sendo um espírito de Deus. A idéia principal é que somos todos filhos de Deus, e aquela inteligência, mesmo sendo pequena em formato, veio aqui para esta Terra para aprender algo, e há uma razão para que ela esteja aqui. Ajuda muito pensar dessa forma. Élder Holland: Obrigado, muito obrigado. Esse comentário foi muito especial. Irmão Howell: O que estou percebendo é que, às vezes, o professor é “Eu freqüentava o seminário diário e sentia que meu professor realmente assumira a responsabilidade de nos ensinar. Ele presumia que captávamos a mensagem que nos enviava. Às vezes, chegávamos ainda vestidos de pijamas; em outras, trazíamos travesseiros e cobertores; em outras, ainda, as garotas pintavam as unhas enquanto o ouviam, mas fomos abençoados com um professor de seminário que presumia que estávamos ouvindo o que ele dizia. Não participávamos muito com a fala, mas não havia um dia de seminário sequer em que eu não prestasse atenção e ouvisse com os ouvidos — e com o coração — ao que ele nos dizia. Creio que, como professores, se fizermos todo o necessário, se fizermos a nossa parte e o Espírito estiver presente, podemos presumir que os alunos estarão assumindo a responsabilidade de ouvir.” Irmã Tamu Smith A L I A H O N A JUNHO DE 2007 71 o aluno e o aluno é o professor. Élder Holland: Quase sempre o professor sai ganhando mais que a classe. Essa é uma das alegrias do ensino. Testificar Vamos encerrar. Número 5, uma palavra: “Testificar”. Gostaria de terminar da maneira que todo o professor deve encerrar sua aula, na Igreja e em casa, ou seja, prestando testemunho. Faz anos que gosto da história que o Presidente Packer contou sobre o professor que William E. Berrett teve na escola dominical quando era menino. Chamaram um senhor idoso, dinamarquês, para ser o professor da classe de meninos desordeiros. Ele não parecia muito adequado para o cargo. Não sabia inglês muito bem e tinha um sotaque dinamarquês muito forte, era muito mais velho e tinha mãos de agricultor. Para todos os efeitos, não parecia ter sido uma escolha muito boa. Mas o irmão William E. Berrett costumava dizer — e esta é a parte que o irmão Presidente Packer cita — que esse homem, de algum modo conseguiu ensiná-los: que apesar de todas as barreiras e todas as limitações, esse homem tocou o coração daqueles jovens bagunceiros de 15 anos e mudou a vida deles. E o testemunho do irmão Berrett era este: “Nós podíamos aquecer as mãos no calor de sua fé.” Todo aluno merece pelo menos isso. Talvez nossa aula não seja a mais elaborada; podemos não ser extraordinariamente hábeis com auxílios audiovisuais (embora possamos usar 72 qualquer um que saibamos usar). Mas podemos compartilhar com cada aluno o calor de nossa fé, e as mãos deles se aquecerão nesse calor. Tenho ficado profundamente desapontado, com o passar dos anos, com aulas maravilhosas, dadas por professores leais e talentosos que, de alguma forma, no final da aula dizem: “Bom, bateu o sinal. Irmão Jones, pode fazer a última oração?” E encerra a aula. Nem fecharam os livros. Nenhum contato olho a olho, nem por um minuto. O professor não parou para ver o efeito da aula. Onde estamos? E para onde vamos? O que o Senhor quer que façamos? Em alguns casos — talvez esteja sendo injusto e exagerando um pouco, mas é para salientar algo — nem mesmo é feita uma única referência ao que se espera que a aula signifique para o aluno, ou para o professor. Saio da sala pensando: “Como será que ele se sentiu? O que será que ela pensou a esse respeito, ou o que a aula deveria ter significado para mim?” Tanto trabalho para estudar uma doutrina, ou um princípio, conseguir um mapa, algum videoclipe para os alunos, mas nenhuma palavra de testemunho pessoal sobre o que aquela doutrina ou princípio significa para o professor, aquele que deveria nos guiar, nos conduzir e caminhar ao nosso lado. Como o Presidente Reuben Clark Jr. disse uma vez: “Jamais tornemos nossa fé difícil de se perceber.” Posso repetir? “Jamais tornemos nossa fé difícil de se perceber.” Nunca semeiem a dúvida. Evitem dar vazão à vaidade e ao orgulho. Não tentem impressionar todo mundo com o seu brilhantismo. Impressionem os alunos, mostrando quão brilhante é o evangelho. Não se preocupem com o local onde estão as tribos perdidas ou os Três Nefitas. Preocupe-se um pouco mais com onde está o seu aluno, o que se passa no coração dele, na sua alma, com a fome e, às vezes, com a quase desesperadora necessidade espiritual do nosso povo. Ensinem-nos. Acima de tudo, prestem testemunho a eles. Amem seus alunos. Prestem testemunho do mais profundo da alma. Será a coisa mais importante que dirão a eles durante a aula toda, e isso pode salvar a vida espiritual de alguém. Diga que você “[fala] com a energia de [sua] alma” (Alma 5:43). Adoro essa frase. Quero testificar com a energia de minha alma. Se nos sentirmos inclinados, poderíamos perguntar à congregação o que Alma perguntou, isto é, “Não supondes que eu próprio saiba dessas coisas?” Ele continua: “Eis que vos testifico que sei que estas coisas de que falei são verdadeiras (...). Digo-vos que sei por mim mesmo que tudo quanto vos [disse] (...) é verdadeiro” (Alma 5:45, 48). Eu sei que Deus vive e que Ele nos ama. Sei que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, o Salvador e Redentor do mundo. Sei que esta é a Sua Igreja, e sei que o ensino é muito importante. Por isso, sei que os céus nos ajudarão se ensinarmos como foi descrito aqui. E isso não é tudo; é apenas o começo. Bem-vindos à busca pelo dom de ensinar. Mas, se procurarmos esse dom e orarmos por ele, se pedirmos, se buscarmos e batermos espiritualmente, se ensinarmos usando as escrituras, se ensinarmos pelo Espírito e com o Espírito, se ajudarmos o aluno a assumir a responsabilidade pelo aprendizado e se testificarmos sobre as verdades que ensinamos, Deus confirmará em nosso coração e no coração dos alunos a mensagem do evangelho de Jesus Cristo. Irmãos e irmãs, quer estejam próximos ou distantes, ao alcance da mão ou em algum ponto do globo terrestre, o evangelho de Jesus Cristo significa tudo para mim. Significa tudo para mim. É minha vida inteira. É minha esperança e minha segurança, e minha busca pela salvação. É tudo o que eu desejo para meus filhos e para os filhos deles. E eu sei que o que sinto pelo evangelho é por causa de vocês, pois pessoas como vocês ensinaram pessoas como eu. Em algum lugar, nas pequenas classes da Primária, nas primeiras noites familiares, no quórum dos diáconos, na missão, e em todos os outros lugares, alguém como vocês ensinou alguém como eu. E eu ainda não sou tudo o que quero ser. Não sou tudo o que eu devo ser, mas seja o que for que eu serei, sempre deverei isso a bons professores, começando por meus amados pais e todas as boas pessoas que tocaram minha vida ao longo do caminho, incluindo os conselhos e quóruns extraordinários dos quais faço parte, onde posso ser ensinado pela Primeira Presidência, pelo Quórum dos Doze e outras Autoridades Gerais, e por maravilhosos líderes das auxiliares como todos vocês. Presto um testemunho de amor. Eu sei que Deus nos ama. Sei disso, em parte por amar vocês e por amar a experiência didática. Oro para que ensinemos ainda melhor. Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■ O Dom de Ensinar 1. Pedir, buscar, e bater espiritualmente. 2. Ensinar usando as escrituras. 3. Ensinar por meio do Espírito e com o Espírito. 4. Ajudar os alunos a assumir a responsabilidade por aprender. 5. Testificar. A L I A H O N A JUNHO DE 2007 73 P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência Cada um Tem Sua História O uvimos alguns dos melhores professores da Igreja, que nos deram maravilhosas explicações sobre muitos elementos e princípios do bom ensino. Conforme mencionado, todos somos de certa forma professores e temos o dever de ensinar com o máximo de nossa capacidade. Gostaria de compartilhar com vocês alguns exemplos de pessoas que conheci e que tocaram minha vida e me ensinaram lições importantes e inesquecíveis. 74 Estive pensando em uma de nossas Autoridades Gerais eméritas, o Élder Marion D. Hanks, que foi um excelente professor no seminário, instituto e na Igreja, de modo geral. Ele utilizava muitos métodos de ensino diferentes. Em certa ocasião, o Élder Hanks visitou uma missão e entrevistou todos os missionários que trabalhavam nessa determinada área. Eu estava cumprindo uma designação em uma área adjacente e fui para o aeroporto de carro com o Élder Hanks e o presidente da missão. O Élder Hanks disse ao presidente da missão que tinha sido um privilégio entrevistar cada um dos missionários. Disse que se sentira inspirado a perguntar a uma missionária: “Conteme a respeito de sua missão e de como se sente por ter sido chamada como missionária”. Ela contou que seu humilde pai, que era agricultor, com toda a boa vontade, tinha se sacrificado muito para o Senhor e Seu reino. Ele já estava sustentando dois filhos na missão quando, certo dia, chamou-a para conversar sobre o Ao ler as experiências contidas no discurso do Presidente Monson, quais os sentimentos que lhe ocorrem a respeito de aprender e ensinar? Que experiências você já teve como aluno, ou como professor, similares aos exemplos desses relatos? De que maneira cada experiência relatada pelo Presidente Monson ilustra as qualidades do modo de ensinar do Salvador? Ore e pondere sobre o que você pode fazer para seguir o exemplo deixado por Ele. FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY; DETALHE DE CRISTO E O JOVEM RICO, DE HEINRICH HOFMANN, CORTESIA DA C. HARRISON CONROY CO. Exemplos de Grandes Professores não-declarado desejo dela de servir como missionária, e explicou-lhe como o Senhor o havia preparado para ajudá-la. Ele tinha ido ao campo para conversar com o Senhor e dizer que não tinha mais posses materiais para vender, sacrificar ou usar como garantia para um empréstimo. Precisava saber como poderia ajudar a filha a ser missionária. Sentiu-se inspirado, então, a plantar cebolas, mas achou que tinha entendido mal. Era improvável que as cebolas crescessem bem naquele clima, não havia outros plantando cebolas, e ele não tinha experiência em cultivá-las. Depois de argumentar com o Senhor por algum tempo, sentiu-se novamente inspirado a plantar cebolas. Então, fez um empréstimo bancário, comprou sementes, plantou, cuidou da plantação e orou. Os elementos foram amenos, e a plantação de cebolas prosperou. Ele vendeu a colheita, pagou a dívida com o banco, com o governo e com o Senhor e colocou o de nossa professora para a mão necessitada de um pai aflito. restante numa conta no nome da filha — o suficiente para sustentá-la durante a missão dela. O Élder Hanks disse ao presidente da missão: “Nunca me esquecerei daquela história, nem daquele momento, nem das lágrimas nos olhos dela, nem do som de sua voz ou do sentimento que tive quando ela disse: ‘Irmão Hanks, não tenho como não acreditar em um Pai Celestial amoroso que conhece minhas necessidades e que me ajudará de acordo com Sua sabedoria, se eu for suficientemente humilde’.” O Élder Hanks estava ensinando uma lição muito importante: cada criança em cada sala de aula, cada moça ou rapaz, cada aluno do seminário ou instituto, cada adulto da classe de Doutrina do Evangelho, cada missionário — sim, cada um de nós — tem uma história a ser contada. Ouvir é um elemento essencial tanto no ensino quanto no aprendizado. 76 “Mais Bem-Aventurada Coisa É Dar do que Receber” Quando eu era menino, tive a experiência pessoal de sentir a influência de uma professora muito eficaz e inspirada, que nos ouvia e nos amava. Seu nome era Lucy Gertsch. Em nossa classe da Escola Dominical, ela nos ensinou a respeito da criação do mundo, da queda de Adão e do sacrifício expiatório de Jesus. Trouxe para a nossa sala de aula, como convidados de honra: Moisés, Josué, Pedro, Tomé, Paulo e, claro, Cristo. Embora não os víssemos, aprendemos a amálos, honrá-los e imitá-los. Nunca seu ensino foi tão dinâmico nem teve maior influência eterna do que o de certa manhã de domingo, quando ela tristemente anunciou o falecimento da mãe de um colega de classe. Havíamos sentido a falta do Billy naquela manhã, mas não sabíamos o motivo de sua ausência. A lição abordava o tema: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (Atos 20:35). No meio da aula, a professora fechou o manual e abriu-nos os olhos, ouvidos e coração para a glória de Deus. Ela perguntou: “Quanto temos em dinheiro no nosso fundo para festas da turma?” Estávamos na época da Grande Depressão, e nossa resposta orgulhosa foi: “Quatro dólares e setenta e cinco centavos”. Então, sempre muito gentil, ela sugeriu: “A família do Billy está passando por momentos difíceis e dolorosos. O que vocês acham de visitarmos a família nesta manhã e doarmos para eles o nosso fundo?” Sempre me lembrarei daquele pequeno grupo caminhando os três quarteirões da cidade, entrando na casa do Billy e cumprimentando-o, bem como o seu irmão, as irmãs e o pai. A ausência da mãe era muito visível. Sempre me serão preciosas as lágrimas que brilharam nos olhos de todos quando o envelope contendo nosso precioso fundo para festas passou da mão delicada de nossa professora para a mão necessitada de um pai aflito. Voltamos para a capela quase pulando de alegria. Sentimos o FOTOGRAFIA: CHRISTINA SMITH O envelope contendo nosso precioso fundo para festas passou da mão delicada coração mais leve do que nunca; nossa alegria era mais plena, e nossa compreensão, mais profunda. Uma professora inspirada por Deus havia ensinado a seus alunos uma lição eterna de verdade divina. “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.” Bem poderíamos parafrasear as palavras dos discípulos no caminho de Emaús: “Porventura não ardia em nós o nosso coração quando (...) [ela] nos abria as escrituras?” (Lucas 24:32) Lucy Gertsch conhecia cada um de seus alunos. Nunca deixava de ligar para os que faltavam no domingo ou que simplesmente não apareciam. Sabíamos que ela se importava conosco. Nenhum de nós jamais se esqueceu dela nem das lições que ensinou. Muitos, muitos anos depois, quando Lucy estava quase no fim da vida, fui visitá-la. Lembramos aqueles dias, tão distantes no passado, em que ela havia sido nossa professora. Falamos de cada membro de nossa classe e então conversamos sobre o que cada um estava fazendo. Seu amor e carinho abrangiam uma vida inteira. As Regras de Fé Outra professora inspirada em minha vida foi Erma Bollwinkel, membro da junta da Primária de nossa estaca. Ela salientava constantemente a importância de aprendermos as Regras de Fé. Na verdade, não podíamos nos formar na Primária enquanto não recitássemos diante dela todas as Regras de Fé — um desafio para aqueles meninos travessos, mas perseveramos e conseguimos. Por toda a vida, como resultado disso, sempre fui capaz de recitar as Regras de Fé. Durante muitos anos, como membro do Quórum dos Doze Apóstolos, tive a responsabilidade de cuidar da Alemanha Oriental, também conhecida como República Democrática Alemã. Nesse encargo, meu conhecimento das Regras de Fé foi muito útil. Em cada visita, ao longo dos 20 anos em que supervisionei aquela área, sempre lembrei a nossos membros daquela área a décima segunda Regra de Fé: “Cremos na submissão a reis, presidentes, governantes e magistrados; na obediência, honra e manutenção da lei”. Nossas reuniões atrás da assim chamada Cortina de Ferro sempre eram monitoradas pelo governo comunista local. No início da década de 1980, quando procurávamos obter a aprovação dos líderes do governo para construir um templo ali e, mais tarde, quando pedimos permissão para que os rapazes e moças da área servissem em missões no mundo inteiro e para que outros fossem ao país deles para servir em uma missão, eles ouviram e disseram: “Élder Monson, temos observado vocês por vinte anos, e vimos que podemos confiar em vocês e em sua Igreja porque sabemos que vocês ensinam seus membros a obedecerem às leis de nosso país”. Quero contar outro exemplo da importância de se aprender as Regras de Fé. Há quarenta e cinco anos, trabalhei com um homem chamado Sharman Hummel numa gráfica em Salt Lake City. Certa vez, dei-lhe carona do trabalho para casa e perguntei como obtivera seu testemunho do evangelho. Ele respondeu: “É interessante, Tom, que você me tenha feito essa pergunta, porque nesta mesma semana, minha mulher, meus filhos e eu iremos ao Templo de Manti para ser selados para toda a eternidade”. Ele continuou seu relato, dizendo: “Morávamos no leste dos Estados Unidos. Eu estava viajando de ônibus para San Francisco para abrir uma nova gráfica e depois mandar chamar minha mulher e meus filhos. A viagem de ônibus desde a Cidade de Nova York até Salt Lake City transcorreu sem incidentes. Mas em Salt Lake City, uma garotinha entrou no ônibus — uma menina da Primária — e sentouse a meu lado. Ela estava indo para Reno, Nevada, visitar a tia. Enquanto seguíamos para o oeste, vi um cartaz: ‘Visite a Escola Dominical mórmon nesta semana’. Eu disse para a menina: ‘Acho que há muitos mórmons em Utah, não é?’ Ela respondeu: ‘Sim, senhor’. Então perguntei: ‘Você é mórmon?’ Ela respondeu: ‘Sim, senhor’.” Sharman Hummell então perguntou: “No que os mórmons acreditam?” E aquela menina recitou a primeira Regra de Fé, e falou a respeito dela. Continuando, ela recitou a segunda Regra de Fé e comentou a respeito dela. Depois, disse a terceira, e a quarta, e a quinta, e a sexta, e todas as Regras de Fé, e falou a respeito delas. Sabia todas de cor na seqüência exata. Sharman Hummel disse: “Quando chegamos a Reno e deixamos aquela menina com a tia, eu estava profundamente impressionado”. A L I A H O N A JUNHO DE 2007 77 Ele disse: “Durante todo o caminho até San Francisco, pensei: ‘O que será que faz aquela menininha conhecer sua doutrina tão bem?’ Quando chegamos a San Francisco, a primeira coisa que fiz, disse Sharman, foi procurar nas páginas amarelas A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Liguei para o presidente da missão, e ele enviou dois missionários para o lugar em que eu estava hospedado. Tornei-me membro da Igreja, e minha mulher também, e todos os nossos filhos se tornaram membros, em parte por causa de uma menina da Primária que sabia as Regras de Fé”. Penso nas palavras do Apóstolo Paulo: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação” (Romanos 1:16). Há apenas três meses, a família Hummell veio para Salt Lake City para o casamento da filha, Marianne. Eles vieram ao meu escritório, e tivemos uma maravilhosa conversa. Todas as 6 filhas tinham vindo, juntamente com 4 genros e 12 netos. Toda a família permaneceu ativa na Igreja. Cada uma das filhas freqüentava o templo. São incontáveis os que foram levados ao conhecimento do evangelho pelos membros daquela família — tudo isso por causa de uma criança pequena que aprendeu as Regras de Fé e teve a capacidade e a coragem de proclamar a verdade para alguém que estava procurando a luz do evangelho. “Estai Sempre Preparados” Adoro as palavras do Senhor que se encontram na seção 88 de Doutrina e Convênios: “E dou-vos um mandamento de que vos ensineis a 78 doutrina do reino uns aos outros. Ensinai diligentemente e minha graça acompanhar-vos-á” (D&C 88:77–78). Há muitos anos, quando viajava de avião para uma incumbência no sul da Califórnia, uma bela moça sentou-se na poltrona ao meu lado. Ela começou a ler um livro. Por curiosidade, dei uma olhada no título: Uma Obra Maravilhosa e um Assombro. Eu lhe disse: Você deve ser mórmon”. Ela respondeu: “Oh, não. Por que pergunta?” Respondi: “Bem, você está lendo um livro escrito por um membro muito importante de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”. Ela disse: “É verdade? Uma amiga me deu o livro, mas não sei muito a respeito dele. Mas ele despertou minha curiosidade”. Então, pensei: “Será que devo prosseguir e dizer mais a respeito da Igreja?” E as palavras do Apóstolo Pedro me vieram à mente: “Estai sempre preparados para responder (...) a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (I Pedro 3:15). Decidi que era o momento de prestar meu testemunho. Disse a ela que tivera o privilégio de auxiliar o Élder Richards na publicação de Uma Obra Maravilhosa e um Assombro. Contei-lhe algumas coisas a respeito daquele grande homem. Disse que muitos milhares aceitaram a verdade depois de ler o que ele havia escrito. Então, tive o privilégio, durante todo o caminho até Los Angeles, de responder às perguntas que ela quis fazer a respeito da Igreja: perguntas inteligentes provenientes de um coração que buscava a verdade. Perguntei se poderia tomar providências para que duas missionárias a visitassem. Perguntei se ela gostaria de assistir às reuniões em nosso ramo em San Francisco, onde ela morava. As respostas foram afirmativas. Ao voltar para casa, escrevi para o presidente Irven G. Derrick, da Estaca San Francisco e passei essas informações para ele. Imaginem minha alegria, alguns meses depois, quando recebi um telefonema do presidente Derrick, dizendo: “Élder Monson, estou ligando a respeito de Yvonne Ramirez, uma aeromoça que estava de licença, a jovem que se sentou a seu lado num vôo para Los Angeles, a moça para quem você disse que não fora por coincidência que você se sentara ao lado dela, quando ela estava lendo Uma Obra Maravilhosa e um Assombro, naquele vôo. Irmão Monson, ela acaba de se tornar o mais novo membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Ela gostaria de falar com você e expressar sua gratidão”. Evidentemente, fiquei muitíssimo feliz. Adorei aquele telefonema. O Exemplo do Presidente McKay Um exemplo de mestre no ensino foi o Presidente David O. McKay, que me chamou para ser membro do Quórum dos Doze Apóstolos. Ele ensinava com amor e sensibilidade. Sua vida era a síntese do que ensinava. Seu coração era bondoso, seu modo de agir era muito afável. Ele era um professor da verdade que seguia o padrão do Salvador. O jantar de domingo sempre me parecia um pouco melhor depois que eu voltava daquela tarefa. Observei essa característica muito antes de me tornar Autoridade Geral, quando entrei no escritório dele para examinar algumas provas de impressão de um livro que estávamos publicando. Naquela ocasião, vi uma pintura na parede e disse: “Presidente McKay, que pintura linda. É a casa de sua infância em Huntsville, Utah?” Ele recostou-se na poltrona, deu sua risadinha característica e disse: “Deixe-me contar algo a respeito dessa pintura. Uma bondosa mulher veio visitar-me num dia de outono e presenteou-me com essa bela pintura, emoldurada e pronta para ser colocada na parede. Ela disse: ‘Presidente McKay, passei boa parte do verão pintando este quadro de sua antiga casa’.” Ele disse que aceitou o presente e agradeceu muito. Em seguida, ele me disse: “Sabe, irmão Monson”, prosseguiu ele, “aquela querida irmã pintou a casa errada. Ela pintou a casa do vizinho! Não tive coragem de dizer a ela que havia pintado a casa errada”. Mas então, ele fez o seguinte comentário, e eis uma lição vital para todos nós. Ele disse: “Na verdade, irmão Monson, ela pintou a casa certa para mim, porque quando eu era menino, costumava me deitar na cama que ficava na varanda da frente da minha antiga casa, e a vista que eu tinha através da porta de tela era exatamente daquela casa que ela pintou. Ela realmente pintou a casa certa para mim!” Lições sobre Servir ao Próximo Algumas das melhores lições que aprendemos na vida vêm de nossos pais. Os meus me ensinaram lições preciosas enquanto eu crescia. Freqüentemente aquelas lições tinham a ver com o serviço ao próximo. Tenho muitas lembranças da minha infância. Aguardar ansiosamente o jantar de domingo é uma delas. Quando nós, as crianças,saíamos finalmente do estágio de quase morrer de fome e sentávamos, ansiosas, à mesa, com o aroma do rosbife enchendo a sala, minha mãe me dizia: “Tommy, antes de começarmos a comer, leve este prato para o velho Bob, no fim da rua, e volte correndo”. Nunca entendi por que não podíamos comer primeiro e depois entregar o prato de comida para ele. Nunca questionei em voz alta, mas sempre ia correndo até a casa dele e esperava ansioso, enquanto o idoso Bob caminhava lentamente até a porta. Então, eu lhe entregava o prato de comida. Ele me devolvia o prato do domingo anterior, imaculadamente limpo, e me oferecia 10 centavos pelo meu trabalho. Minha resposta era sempre a mesma: “Não posso aceitar o dinheiro. Minha mãe me daria uma surra”. Ele, então, passava a mão enrugada em meus cabelos loiros e dizia: “Meu menino, você tem uma mãe maravilhosa. Diga-lhe obrigado por mim”. Lembro também que o jantar de domingo sempre me parecia um pouco melhor depois que eu voltava daquela tarefa. O pai da minha mãe, o vovô Thomas Condie, também me ensinou A L I A H O N A JUNHO DE 2007 79 minha vida e me ensinaram. Repito que todos nós somos professores. Devemos lembrar-nos sempre de que ensinamos não apenas com palavras, mas também pelo que somos e pela vida que levamos. O Exemplo Perfeito uma grande lição que envolvia aquele mesmo velho Bob, que entrou em nossa vida de uma forma interessante. Ele era viúvo e tinha aproximadamente oitenta anos, quando a casa que alugava precisou ser demolida. Ouvi-o contar seu problema para meu avô quando nós três estávamos sentados no velho balanço da varanda do meu avô. Com a voz entrecortada, ele disse a meu avô: “Sr. Condie, não sei o que fazer. Não tenho família. Não tenho para onde ir. Tenho pouco dinheiro”. Fiquei me perguntando o que o meu avô responderia. Continuamos a balançar. Então, meu avô pôs a mão no bolso e tirou dali a velha carteira de couro da qual, em resposta a meus pedidos incessantes, muitas vezes ele havia tirado uma moeda ou mais para que eu comprasse um doce especial. Dessa vez ele tirou dali uma chave e a entregou para o velho Bob. Com carinho, ele disse: “Bob, aqui está a chave da casa que eu tenho aqui ao lado. Pegue-a. Mude suas coisas para lá. Fique o tempo que quiser. Não haverá aluguel, e ninguém mais vai tirar você de sua casa”. 80 Os olhos do velho Bob se encheram de lágrimas, que correram pelo rosto dele e desapareceram em sua longa barba branca. Os olhos de meu avô também estavam úmidos. Eu não disse nada, mas naquele dia meu avô me pareceu muito mais alto. Tinha orgulho de ter recebido o nome dele. Embora eu fosse só um menino, aquela lição teve uma vigorosa influência em minha vida. Essas são apenas algumas lições que aprendi das pessoas que tocaram FOTOGRAFIA: DETALHE DE O CRISTO Meu avô pôs a mão no bolso e tirou dali uma chave e a entregou para o velho Bob. Ao ensinar as pessoas, sigamos o exemplo do mestre perfeito, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele deixou Suas pegadas nas areias da praia, mas deixou Seus princípios didáticos gravados no coração e na vida de todos a quem Ele ensinou. Ele instruiu os discípulos de Sua época — e dirige a nós as mesmas palavras: “Vinde após mim” (João 21:22). Prossigamos no espírito da resposta obediente, para que seja dito de cada um de nós o mesmo que foi dito do Redentor: “És Mestre vindo de Deus” (João 3:2). Que assim seja, é minha oração, em nome de Jesus Cristo. Amém. ■ PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S • J U N H O D E 2 0 0 7 OAmigo VINDE AO PROFETA ESCUTAR MAKA-FEKES MORTAIS P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N Constantemente encontramos diante de nós o maka-feke da imoralidade e da pornografia. A seguir menciono o maka-feke das á muitos anos, ao cumprir uma drogas, incluindo nelas as bebidas alcoólicas. designação nas lindas ilhas de Existem inúmeros outros maka-fekes que Tonga, tive o privilégio de visitar o maligno coloca diante de nós para desviaruma escola da Igreja, a Escola Secundária nos do caminho da retidão. Há maka-fekes Liahona. Ao entrar em uma sala de aula, ardilosamente disfarçados e posicionados notei que as crianças davam bastante atenO Presidente Monson com astúcia, incitando-nos a pegá-los e a ção ao instrutor. Ele segurava nas mãos uma nos adverte quanto perder aquilo que mais desejamos. Não se isca de pesca de aparência estranha, feita às atraentes armadideixem enganar. Nosso Pai Celestial nos deu com uma pedra redonda e grandes conchas. lhas que podem a capacidade de pensar e amar. Temos o Descobri que em tonganês aquela armadilha destruir-nos. poder de resistir à tentação. se chamava maka-feke, que significa “armaParem e orem. Escutem a voz mansa e dilha para polvo”. suave que fala às profundezas de nossa alma. Ao fazer O professor explicou que os pescadores tonganeses isso, afastamo-nos da destruição e da morte e encontradeslizam vagarosamente por um arrecife, remando suamos felicidade e vida eterna. ● vemente a canoa com uma das mãos e balançando o maka-feke do lado oposto, com a outra mão. O polvo Extraído de um discurso da conferência geral de abril de 2006. sai rapidamente de sua toca rochosa e tenta capturar a isca, confundindo-a com uma preciosa refeição. O polvo agarra-a com tamanha força e é tão determinado o seu COISAS EM QUE PENSAR instinto de não desistir da valiosa presa, que os pescado1. Por que o polvo agarra o maka-feke? Por que não o res podem jogá-lo direto para dentro da canoa. larga mais? Como isso se relaciona com nossas próprias Foi fácil para o professor explicar aos jovens ansiosos escolhas? e de olhos arregalados que o maligno — o próprio 2. Como podemos reconhecer os maka-fekes de Satanás? Satanás — confecciona o que se pode chamar de seus 3. Além dos maka-fekes da imoralidade, pornografia e próprios maka-fekes, iscas com as quais atrai pessoas drogas, quais são algumas outras coisas com que temos incautas. de tomar cuidado? Hoje estamos circundados pelos maka-fekes com os quais Satanás planeja nos seduzir e atrair. Uma vez agarrados, tais maka-fekes são difíceis demais — e algumas vezes quase impossíveis — de serem largados. Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência A2 FOTOGRAFIA: CHRISTINA SMITH; ILUSTRAÇÃO: CHRIS HAWKES H LEMBRAR LEMBRAR Nota: Se não quiser remover páginas da revista, essa atividade pode ser copiada ou impressa a partir do website www.lds.org. Para inglês, clique em “Gospel Library”. Para outros idiomas, clique no “Languages”. A4 TEMPO DE COMPARTILHAR Lembrar “Aquele que não nascer da água e do Espírito, não Atividade pode entrar no reino de Deus” (João 3:5). Cole a página A4 em cartolina e recorte as gravuras. Coloque-as com a face para baixo. Vire duas gravuras. Se elas combinarem, coloque-as numa pilha e jogue novamente. Se não combinarem, coloque-as de volta e deixe a pessoa seguinte virar duas gravuras. Tente lembrar-se de onde está cada gravura. Continue jogando até que todas as gravuras e a palavra lembrar tenham sido combinadas. ELIZABETH RICKS Qual é a palavra que você acha mais importante no dicionário? O Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) disse que talvez a palavra mais importante seja lembrar. Disse que a maior necessidade que temos é a de lembrar (ver “Circles of Exaltation”, discurso para os educadores religiosos, Universidade Brigham Young, 28 de junho de 1968, p. 8). O profeta Helamã do Livro de Mórmon sabia como era importante lembrar. Ele rogou a seus filhos Néfi e Leí que se lembrassem de guardar os mandamentos de Deus. Pediu-lhes que se lembrassem dos grandes homens cujos nomes eles haviam recebido. Pediu-lhes que se lembrassem das palavras dos profetas. Acima de tudo, pediu-lhes que se lembrassem de que Jesus Cristo viria redimir o mundo. Helamã disse: “Meus filhos, lembrai-vos, lembrai-vos de que é sobre a rocha de nosso Redentor, que é Cristo, o Filho de Deus, que deveis construir os vossos alicerces” (Helamã 5:12; ver também vv. 5–9). Néfi e Leí lembraram-se dos ensinamentos do pai. Foram homens valentes que cumpriram os mandamentos de Deus durante toda a vida. Vamos à reunião sacramental todos os domingos para tomar o sacramento. É nesse momento que lembramos nossos convênios batismais. Quando o sacerdote abençoa o sacramento, nós o ouvimos dizer: “Recordá-lo sempre e guardar os mandamentos” (D&C 20:77; grifo da autora). Sua fé crescerá quando fizerem seus convênios batismais. Depois de vocês terem sido batizados e confirmados, é preciso que guardem esses convênios durante toda a vida. Sua fé continuará a crescer, se vocês se lembrarem de Jesus Cristo. ILUSTRAÇÕES: DILLEEN MARSH § Idéias para o Tempo de Compartilhar 1. Escreva cada uma das palavras de João 3:5 em tiras de papel e distribua os papéis para as crianças. Peça às crianças que leiam as palavras em qualquer ordem, então pergunte do que a escritura está falando. Explique-lhes que certas palavras-chave como água, Espírito e entrar podem ajudá-las. Quando as crianças conseguirem acertar que a escritura fala do batismo, dê-lhes a referência da escritura e ajude-as a colocar as palavras na ordem certa. Repita a escritura várias vezes em conjunto. Com uma semana de antecedência, convide várias crianças a fazer um breve relato do que significa o nome delas ou por que os pais escolheram esse nome. Depois dos relatos, pergunte às crianças o que significa tomar sobre nós o nome de Cristo. Realize um debate sobre tomar sobre si o nome de Cristo. Esteja preparado com exemplos, como o fato de que os missionários têm o nome de Jesus Cristo em suas plaquetas porque são representantes Dele. 2. Separe a Primária em dois grupos. Peça ao primeiro grupo que encontre uma escritura que diga quem é o terceiro membro da Trindade. Peça ao segundo grupo que encontre uma escritura que diga qual é o quarto princípio e ordenança do evangelho. Se precisarem de uma pista, lembreos de que as Regras de Fé fazem parte da Pérola de Grande Valor. Revise a primeira e a quarta regra de fé. Diga às crianças que é difícil explicar exatamente como é sentir o Espírito. Peça a uma criança mais velha que leia João 14:26. Diga às crianças que prestem atenção em outro nome do Espírito Santo (o Consolador). Indique maneiras pelas quais o Espírito Santo é o Consolador. ● O AMIGO JUNHO DE 2007 A5 DA VIDA DO PRESIDENTE SPENCER W. KIMBALL O Poder do Exemplo Quando decidiu servir em uma missão, Spencer mudouse para uma fazenda de gado leiteiro, durante o verão, para trabalhar e juntar dinheiro. O trabalho é árduo. As mãos sangram. Mas não me nego a fazer meu trabalho! Na fazenda, Spencer fez amizade com um missionário que retornara do campo. Em suas longas caminhadas pelos montes do Arizona, eles conversavam sobre o trabalho missionário e temas do evangelho. Nem todos na cidade gostavam dos membros da Igreja. Você está bem? Temos muito pelo que agradecer. Vamos nos ajoelhar e agradecer ao Senhor. Aqui? Você pode orar em qualquer lugar. A6 ILUSTRAÇÕES: SAL VELLUTO E EUGENIO MATTOZZI Dois trabalhadores da fazenda me atacaram. Que bom que você me achou! Mas Spencer e seus amigos tinham conquistado o respeito de muitos — inclusive de seu patrão, que fumava charutos. Quando Spencer partiu para a missão, seu patrão deu uma festa. Todos os empregados compareceram. Spencer deixou uma boa impressão para todos. Os mórmons me parecem ser pessoas decentes. Não admitimos criadores de encrenca aqui. Vocês dois estão despedidos. Queremos que fique com este relógio de ouro. Estou muito emocionado por vocês terem me dado um presente tão valioso e útil. Essas experiências prepararam Spencer W. Kimball para ser um bom missionário. Adaptado de Edward L. Kimball e Andrew E. Kimball Jr., Spencer W. Kimball, 1977, pp. 68–71; Francis M. Gibbons, Spencer W. Kimball: Resolute Disciple, Prophet of God, 1995, pp. 41–43; e Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball, 2006, p. xix. O AMIGO JUNHO DE 2007 A7 Lembre-se de JESUS CRISTO DURANTE O SACRAMENTO Nota: Se não quiser remover páginas da revista, essa atividade pode ser copiada ou impressa a partir do website www.lds.org. Para inglês, clique em “Gospel Library”. Para outros idiomas, clique no “Languages”. LAUREL ROHLFING H á muitas maneiras pelas quais podemos lembrarnos reverentemente de Jesus Cristo, especialmente durante a distribuição do sacramento. Podemos lembrar como Ele sofreu por nossos pecados e como Ele morreu e ressuscitou. Podemos lembrar Sua vida e ensinamentos. Podemos pensar em como A8 tornar-nos semelhantes a Ele. Podemos lembrar coisas que fizemos de errado e pedir perdão. E podemos lembrar as muitas bênçãos que Ele nos deu. Jesus disse: “Se vos lembrardes sempre de mim, tereis o meu Espírito convosco” (3 Néfi 18:11). O sacramento é uma grande bênção em nossa vida. PARA OS AMIGUINHOS Instruções Cole os dois círculos em cartolina e recorte. Coloque o círculo com o recorte em forma de cunha em cima do outro círculo. Prenda os dois círculos no centro com um colchete. Gire o círculo de cima Jesus sofreu por me u s pe c a d o s. se Pai eu eo guarde u e e qu r e entos. u m a q d us s man s Je eu S Jes us . im uscitou para que s ress e Jesu a viver novamente u . poss À ESQUERDA: DETALHE DE CRISTO VISITA AS AMÉRICAS, DE JOHN SCOTT; À DIREITA, EM SENTIDO HORÁRIO: FOTOGRAFIAS: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; A CRUCIFICAÇÃO, DE HARRY ANDERSON; ILUSTRAÇÃO: PAUL MANN; A RESSURREIÇÃO, DE HARRY ANDERSON Jesu sm orr eu po r m oarão d r e ep m al nder. i t les repe e C ar e m para poder ver cada gravura. Pense no que ela representa. Você também pode usar os círculos de gravuras em um discurso da Primária ou em uma lição da reunião familiar. ● O AMIGO JUNHO DE 2007 A9 DE UM AMIGO PARA OUTRO Bondade Q Extraído de uma entrevista com o Élder Won Yong Ko, dos Setenta, que atualmente está servindo na Área Ásia Norte; por Melvin Leavitt, Revistas da Igreja A10 dos membros daquele ramo. Não quero jamais ser uma pedra de tropeço para alguém que esteja filiando-se à Igreja. Depois de meu batismo, comecei a ajudar a limpar a capela e os jardins todos os sábados. Ninguém me pediu que fizesse isso. Fiz porque senti que era uma grande honra. Quando fui ordenado diácono, aprendi que uma de minhas responsabilidades era limpar a capela. Continuei fazendo FOTOGRAFIA: CORTESIA DA FAMÍLIA KO; ILUSTRAÇÃO: BRITTA PETERSON “A Bondade Por Mim Começará” (Músicas para Crianças, p. 83). uando eu era aluno do curso médio, com 16 anos, em Seul, Coréia, um colega santo dos últimos dias me convidou para uma atividade do ramo. Fiquei impressionado por tantas pessoas me cumprimentarem como se eu fosse um velho amigo. Pensei: “Que igreja maravilhosa deve ser esta para ter membros tão bondosos!” Voltei no domingo e novamente fui cumprimentado calorosamente. Também fui apresentado aos missionários e logo eles começaram a me ensinar o evangelho. Dois meses depois, fui batizado e confirmado. Ainda não tinha uma profunda compreensão do evangelho, mas senti-me bem a respeito dos princípios que havia aprendido. Gostei particularmente do plano de salvação e da doutrina do progresso eterno. Senti-me reconfortado por saber que se eu fizesse tudo o que pudesse por mim mesmo, o Salvador faria o restante. Mas foi realmente o carinho dos membros que me levou à conversão. Desde essa época, tenho procurado ser bondoso para com todos que conheço. Quero passar adiante a bondade que recebi isso, e ainda era um prazer. Mas de certo modo tinha sido mais recompensador quando ninguém esperava isso de mim. Portanto, crianças, cumpram sempre seus deveres. Mas não hesitem em fazer mais do que lhes pedem. Vocês terão grande alegria nesse tipo de serviço. Embora eu não tenha freqüentado a Primária quando criança, aprendi que grande bênção ela é quando tive meus próprios filhos. Certa vez, nossa família mudou-se para uma casa nova no centro de Seul. Depois de mudar-nos, descobrimos que havia alguns locais de entretenimento muito ruins na vizinhança. Minha esposa e eu ficamos preocupados, sem saber como isso poderia afetar nossos filhos. Certo dia, ouvimos nossa filha e seu irmão caçula conversando no banco traseiro do carro. “Quando você for para a escola, pode ser que alguns amigos perguntem por que você está morando numa vizinhança tão ruim”, disse nossa filha. “Mas não se preocupe. Na Primária aprendemos a viver o evangelho de Jesus Cristo. Enquanto estivermos seguindo os ensinamentos de Jesus, estaremos seguros.” Meu filho respondeu: “Sim, não importa onde moramos, se escolhermos fazer o que é certo”. Eles estavam conversando entre si, e não conosco. Enquanto ouvia, senti imensa gratidão pelas maravilhosas professoras da Primária que eles tinham. Minha filha e meu filho cresceram e se tornaram fiéis santos dos últimos dias.. Portanto, aproveitem bem a Primária, e façam as coisas que suas professoras ensinam. Vocês serão pessoas melhores e estarão mais seguros se fizerem isso. ● O A M I G O JUNHO DE 2007 A11 “É pela fé que os milagres são realizados” (Morôni 7:37). Escape Milagroso do PERIGO M Y R A H AW K E DYC K E ra uma tarde ensolarada de primavera, uma semana depois de meu aniversário de oito anos: um dia perfeito para um passeio de bicicleta. Minha irmã Marla, nossa amiga Lisa e eu fomos até uma pequena estrada que fazia parte da fazenda de gado da minha família, na Colúmbia Britânica, Canadá. O cume das montanhas brilhava refletindo o sol em seus picos cobertos de neve. Meu peito encheu-se de entusiasmo enquanto eu pedalava. Fazia apenas duas semanas que eu tinha aprendido a andar de bicicleta, por isso ainda estava um pouco insegura. A primeira parte da estrada era de terra, aplainada pela passagem periódica de tratores e carroções de feno. À medida que a estrada se estendia por verdes campos de alfafa, começamos a pedalar mais depressa. Senti-me forte e livre, cortando a brisa fresca das montanhas. Surgiu, então, uma bifurcação na estrada. Poderíamos continuar em frente acompanhando o campo, ou fazer a curva e pegar a estrada que acompanhava o riacho, junto ao sopé da montanha. Decidimos seguir pelo caminho mais arriscado. Marla e eu já tínhamos passado por aquela estrada muitas vezes com a nossa família, mas essa era a primeira vez que eu andava de bicicleta por ali. Fiquei um pouco nervosa quando minha bicicleta sacudiu ao atravessar um mata-burro, que era uma ponte de tábuas espaçadas sobre uma vala para evitar a passagem do A12 gado. Pedalei forte para acompanhar Marla e Lisa. A luz do sol atravessava os majestosos pinheiros, criando um padrão alegre e brilhante de sombras e luz no caminho esburacado. À medida que a estrada foi se enchendo de pedras, fui ficando cada vez mais nervosa. Estava com dificuldade para equilibrar-me. Fiquei com medo de que as pedras furassem os pneus da bicicleta. “Acho melhor voltarmos”, disse eu. “Por quê?” perguntou Marla. “Está com medo?” Nunca admitiria para minha irmã mais velha que eu estava com medo. “Não. Só não quero acabar com um pneu furado.” “Bem, pode voltar, se quiser, mas nós vamos em frente”, disse ela. “Até logo”, disse eu, ao virar minha bicicleta para o outro lado. “Encontraremos você em casa”, disse Marla. “Provavelmente não iremos muito longe.” Comecei a voltar para casa, sozinha. Os padrões na estrada já não pareciam tão alegres, então. De repente, percebi alguns barulhos estranhos vindos da floresta escura. Mas sabendo que o conforto de casa estava perto, continuei pedalando. Estava quase chegando ao mata-burro quando senti que havia alguém atrás de mim. “Marla e Lisa devem ter decidido voltar para casa também”, imaginei com alívio. “Agora não terei que voltar para casa sozinha.” Passei a perna por cima da ILUSTRAÇÕES: NATALIE MALAN Inspirado numa história verídica O AMIGO JUNHO DE 2007 A13 bicicleta, parei e virei-me para ver onde elas estavam. Não vi Marla e Lisa em lugar algum, mas bem na minha direção vinha se aproximando um urso preto! Fiquei paralisada. Minha bicicleta caiu no chão, fazendo barulho. Todos os conselhos que eu já tinha ouvido a respeito de ursos me passaram rapidamente pela mente. Não corra, senão ele vai persegui-la. Você nunca conseguirá correr mais que um urso. Comecei a caminhar lentamente para trás. Faça barulho para assustar o urso. Grite ou bata uma pedra na outra. Olhei em volta no chão a meus pés. Não havia pedra alguma, só terra. Bati palmas o mais forte que pude. Mas não consegui gritar. Senti um aperto na garganta. O urso continuou andando na minha direção. Ore. Durante toda a minha vida, eu havia sido ensinada a orar. Minha professora da Escola Dominical tinha até perguntado o que faríamos se víssemos um urso, e ela enfatizou a oração. Eu tinha sido ensinada a orar com a cabeça baixa e os olhos fechados, mas isso seria impossível naquele momento. Mantive os olhos fitos no urso e orei em silêncio: “Pai Celestial, por favor, me ajude! Por favor, salve-me desse urso! Por favor, ajude-me a saber o que fazer”. Orando e batendo palmas, caminhei lentamente para trás até o mata-burro. Se uma vaca não conseguia cruzálo, talvez um urso também tivesse dificuldade. Podia ser que ele tropeçasse, dando-me a chance de correr para casa! Pisei cuidadosamente nas madeiras bem espaçadas. O urso rosnou e babou. Fiquei observando o animal seguir-me com facilidade e cruzar o mata-burro. Então, ele ergueu-se nas patas traseiras. Fiquei ali parada, horrorizada, enquanto o urso vinha rosnando na minha direção, com as patas estendidas. Parou na minha frente, bem mais alto que eu, e vi seus dentes afiados e úmidos. De repente, o urso tentou acertar minha cabeça! Gritei, quando suas grandes garras curvas se prenderam no meu cabelo e me jogaram no chão. Levantei-me de um salto. O urso, que voltara a ficar de quatro, mordeu a parte interna da minha coxa e me puxou para baixo. Começou, então, a me arrastar pela estrada. Nessa altura, Marla e Lisa haviam me encontrado. Marla tentou distrair o urso, mas de nada adiantou. Em alguns segundos, o urso me arrastou pela estrada de terra até o sopé da montanha. Sem dúvida teria me puxado para dentro dos arbustos cerrados, mas de repente, minha calça rasgou ao meio, de lado a lado, até na cintura de elástico. Por milagre, os dentes do urso não me feriram a pele. Ergui-me de um salto. “Corra!” disse uma voz, em minha mente. Corri na direção de Marla e Lisa, deixando o urso com minha calça na boca. Sem calça e só com um sapato no pé, corri mais rápido que uma atleta olímpica. Passei na frente de Marla e Lisa, que também estavam correndo. Entramos pelos arbustos e corremos até o riacho. As sarças espinhosas arranharam-me as pernas, mas não diminuí a velocidade. Sem parar para olhar para trás, atravessei uma cerca de arame farpado e pulei para dentro do riacho. Perdi o outro sapato, que ficou preso sob uma tora. Quase em casa, corri pelo riacho e atravessei correndo o curral das “Como resultado dos muitos milagres ocorridos em nossa vida, devemos ser mais humildes, mais gratos, mais bondosos e mais crentes.” Presidente Howard W. Hunter (1907–1995), “The God That Doest Wonders”, Ensign, maio de 1989, p. 17. vacas. Espremi o corpo por uma cerca, subi correndo os degraus da varanda e entrei pela porta da frente. Meus pais me bombardearam com perguntas quando me viram sem os sapatos e a calça, coberta de arranhões. “O que aconteceu?” exclamou minha mãe. “Onde está a sua calça?” perguntou meu pai. “Como foi que você ficou com todos esses arranhões?” Ainda morrendo de medo, não consegui recuperar o fôlego. Gaguejando, engasgando e chorando, finalmente consegui dizer: “Eu... ah... um... um... urso!” Marla e Lisa chegaram correndo à varanda, e Marla contou à minha mãe e ao meu pai o que ela tinha visto. Eles tentaram me acalmar. Minha mãe ajudou-me a tomar um banho quente. Mais tarde, naquela noite, limpa e salva, conversamos sobre aquele acontecimento terrível. As palmas das minhas mãos estavam azuis de tantos hematomas por tê-las batido tão forte, e minhas pernas estavam cobertas de arranhões causados pelos arbustos, mas eu não tinha nenhuma marca do urso. As garras dele passaram raspando por minha cabeça e seus dentes agarraram minha perna, mas sem machucarem a pele. Se as garras do urso tivessem passado um pouco mais perto da minha cabeça, ou se os dentes dele tivessem mordido minha coxa, eu poderia ter-me ferido gravemente e não teria conseguido fugir correndo. Sei que o Pai Celestial ouviu minhas orações naquele dia, e sei que ouvi a voz do Espírito Santo me dizendo para correr. O Pai Celestial me abençoou com um milagre. ● O AMIGO JUNHO DE 2007 A15 PÁGINA PARA COLORIR ILUSTRAÇÃO BASEADA EM JOÃO BATIZANDO JESUS, DE HARRY ANDERSON Sigo Jesus Cristo com fé quando eu faço e cumpro meu convênio batismal. “Na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (João 3:5). A16 REPRODUÇÃO PROIBIDA Ana, a Profetisa, de Elspeth Young Ana, uma viúva e profetisa da tribo de Aser, tinha 84 anos na época do nascimento de Cristo, Ela “não se afastava do templo, servindo a Deus em jejuns e orações, de noite e de dia” (Lucas 2:37). Foi ela que saudou o menino Jesus em Sua apresentação no templo. O Novo Testamento fala de muitas mulheres que conheceram e seguiram o Salvador, inclusive Maria Madalena, a quem o Salvador primeiro apareceu após Sua Ressurreição (acima), e também de uma mulher (primeira capa) que “começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça”. A respeito dessa mulher, o Salvador disse: “Seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou” (Lucas 7:38, 47). Ver “Porque Muito Amou: Mulheres do Novo Testamento”, p. 26.