O TERRÍVEL VÍCIO DE ESCONDERMOS O LIXO SOB O TAPETE
Transcrição
O TERRÍVEL VÍCIO DE ESCONDERMOS O LIXO SOB O TAPETE
SUMÁRIO Sindicato dos Professores da Região Centro Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21 Apartado 1020 — 3001-552 Coimbra Telef.: 239 851 660 FAX: 239 851 666 E-Mail: [email protected] http//:www.sprc.pt Ficha Técnica Região Centro Informação Registo de Propriedade n.º 217964 Propriedade do Sindicato dos Professores da Região Centro Rua Lourenço de Almeida Azevedo, 21 Apartado 1020 — 3001-552 Coimbra Director — Mário Nogueira Chefe de Redacção — Luís Lobo Conselho de Redacção: Adelino Lopes, Anabela Sotaia, Maria Cruz Marques, Francisco Almeida, Paulo Santos, Vitor Januário Grafismo e Ilustração — Tiago Madeira Composição e Paginação — SPRC Periodicidade — Mensal Tiragem — 15500 exemplares Impressão — NAVEPRINTER Indústria Gráfica do Norte, Lda EN 14 — Lugar da Pinta — Maia Embalagem e Expedição — AP Embaladora Redacção e Administração — Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21 Fotografias — Arquivo SPRC, Cadernos Pedagógicos — Coordenação de Margarida Fonseca Registo de Publicação n.º 117965 Depósito Legal n.º 228/84 EXECUTIVOS DISTRITAIS Aveiro Rua de Angola, 42 - B Urbanização Forca Vouga • 3800-008 Aveiro Telef.: 234 420 775 FAX: 234 424 165 E-Mail: [email protected] Castelo Branco R. João Alves da Silva, 3 - 1.º Dt.º 6200-118 Covilhã Telef.: 275 322 387 FAX: 275 313 018 E-Mail: [email protected] Coimbra Praça da República, 28 — 1.º Apartado 1020 3001-552 Coimbra Telef.: 239 851 660 FAX: 239 851 668 E-Mail: [email protected] Guarda Rua Vasco da Gama, 12 — 2.º 6300 Guarda Telef.: 271 213 801 FAX: 271 223 041 E-Mail: [email protected] Leiria R. dos Mártires, 26 — r/c Drtº Apartado 1074 2400-186 Leiria Telef.: 244 815 702 FAX: 244 812 126 E-Mail: [email protected] Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 FAX: 232 431 138 E-Mail: [email protected] DELEGAÇÕES Castelo Branco R. Pedro Fonseca, 10 — L 6000-257 Castelo Branco Telef.: 272 343 224 FAX: 272 322 077 Figueira da Foz R. Calouste Gulbenkian, 62 - r/c Esq.º 3080-084 Figueira da Foz Telef.: 233 424 005 Douro Sul Av. 5 de Outubro, 75 — 1.º Apartado 42 5100-065 Lamego Telef.: 254 613 197 FAX: 254 656 457 Seia Lg. Marques da Silva Edifício Camelo, 2.º Esquerdo 6270-490 Seia Telef.: 238 315 498 FAX: 238 315 498 Sindicato dos Professores da Região Centro 2-RCI/Fevereiro • Março 2003 O TERRÍVEL VÍCIO DE ESCONDERMOS O LIXO SOB O TAPETE Pág. 6 DIRECÇÃO E GESTÃO DAS ESCOLAS E AGRUPAMENTOS - O MAIOR ATAQUE DESDE O 25 DE ABRIL Págs. 7 e 8 DESEMPREGO VAI AUMENTAR NOS PROFESSORES Págs. 9 e 10 ASSEMBLEIA GERAL DE SÓCIOS RELATÓRIO DE ACTIVIDADES Págs. 15 a 20 CADERNOS PEDAGÓGICOS ENSINO SECUNDÁRIO: “(IN)SUCESSO E ACESSO AO ENSINO SUPERIOR” Págs. 21 a 28 ASSEMBLEIA GERAL DE SÓCIOS PLANO DE ACÇÃO PARA 2003 Págs. 29 e 30 EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR UM SECTOR EM MUDANÇA...MAS QUE MUDANÇA?!?! Págs. 34 e 35 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO PODE HAVER FOGUETES SEM FESTA ...? Pág. 36 DESRESPONSABILIZAR O ESTADO PELA EDUCAÇÃO DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS Págs. 38 a 41 LEGISLAÇÃO Alunos Despacho nº 1584/2003 de 25 de Janeiro - Calendário de realização das provas dos exames nacionais de 2002-2003, 2º e 3º CEB e ensino secundário. Decreto-lei nº 26/2003 de 7 de Fevereiro - Altera o regime de acesso e ingresso no ensino superior regulado pelo Decreto-lei nº 296-A/98 de 25 de Setembro. Concursos Despacho Normativo nº2/2003 de 27 de Janeiro - Altera as regras relativas ao preenchimento das necessidades transitórias de pessoal docente do 2º e 3º ciclos do ensino básico e do ensino secundário, não preenchidas após a conclusão da 2ª parte do concurso nacional, entrando em vigor para o ano escolar 2003-2004. Contagem de tempo de serviço Ofº 305/DGAE de 10 de Janeiro - Sobre a aplicação do artº 57º do ECD. Funções/Cargos a considerar no exercício de outras funções educativas por docentes qualificados nos termos do disposto no nºs 1 e 2 do artº 56º do ECD Vencimentos Portaria nº 134/2003 de 6 de Fevereiro - Estabelece os valores e critérios de determinação das comparticipações das famílias na frequência de estabelecimentos de educação especial por crianças e jovens com deficiência. Portaria nº 135/2003 de 6 de Fevereiro - Fixa os montantes das prestações por encargos familiares dos regimes de segurança social e do regime de protecção social da Função Pública. Despacho nº 2411/2003 de 6 de Fevereiro - Tabelas de retenção na fonte - IRS 2003 Portaria nº 194/2003 de 22 de Fevereiro - Apoio financeiro a conceder aos alunos que frequentam escolas particulares de ensino especial. Portaria nº 195/2003 de 22 de Fevereiro - Apoio financeiro a conceder aos alunos que frequentam associações e cooperativas do ensino especial. ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DE SÓCIOS DO SPRC 27 DE MARÇO DE 2003 Nos termos da alínea c) do Artigo 40.º dos Estatutos do Sindicato dos Professores da Região Centro, convoca-se a Assembleia Geral Ordinária de Sócios, a realizar no dia 27 de Março de 2003, pelas 20h 30 m, nas instalações da Praça da República, n.º 28, em Coimbra, com a seguinte Ordem de Trabalhos: 1 — Informações 2 — Discussão e aprovação dos Relatórios de Actividades e de Contas de 2002. 3 — Discussão e aprovação do Plano de Actividades e Orçamento para 2003. 4 — Outros assuntos de interesse. Coimbra, 26 de Fevereiro de 2003 RCI/Fevereiro • Março 2003-3 CONSULTADORIA JURÍDICA FÉRIAS E SUBSÍDIOS NUMA IPSS COMPENSAÇÃO POR CADUCIDADE Questão: Sou educadora de infância numa IPSS, no distrito de Castelo Branco. Gostaria de saber qual o total de férias a que tenho direito e quando posso gozá-las, tendo em atenção que assinei um contrato a prazo por 8 meses. Há mais alguns créditos a que tenha direito, quando cessar o contrato? Reposta: 1. De acordo com o contrato de trabalho a termo certo celebrado entre a docente e a entidade patronal (IPSS), o mesmo teve o seu início no dia 01 de Janeiro de 2003 e mantém-se em vigor até 31 de Agosto de 2003, data do termo do período de oito meses que foi fixado. 2. Nos termos do artigo 5.º do Dec.Lei n.º 874/76, de 28 de Dezembro (diploma alterado pelo Dec.-Lei n.º 397/91, de 16 de Outubro), “os trabalhadores admitidos por contrato a termo, cuja duração inicial ou renovada não atinja um ano, têm direito a um período de férias equivalente a dois dias úteis por 4-RCI/Fevereiro •• Março Março 2003 2003 4-RCI/Fevereiro cada mês completo de serviço”. 3. Para efeito de determinação do mês completo de serviço, devem contar-se todos os dias, seguidos ou interpolados em que foi prestado trabalho. 4. Dispõe o artigo 8.º do diploma referenciado, que a marcação do período de férias deve ser feita, por mútuo acordo, entre a entidade patronal e a trabalhadora, sendo verdade que, na falta de acordo, caberá à IPSS a elaboração do mapa de férias, devendo então a época de férias respeitar a legislação em vigor. 5. Ora, tal restrição imposta à entidade patronal conduz, desde logo, a que a época de férias da educadora de infância só possa ser marcada para o período compreendido entre 15 de Junho e 15 de Setembro. 6. A este propósito, tenha-se em consideração que a instituição pode encerrar, total ou parcialmente, pelo menos quinze dias consecutivos, entre 01 de Maio e 31 de Outubro, sem embargo do integral respeito pelas normas supra referenciadas no tocante à época de férias. 7. Tenha-se, igualmente, em atenção, outro aspecto: para efeitos de férias, a contagem dos dias úteis compreende os dias de semana, de segunda-feira a sexta-feira, com a exclusão dos feriados, não sendo como tal considerados o sábado e o domingo. 8. Finalmente, com relevância para esta matéria anote-se que, nos casos em que a cessação de um contrato de trabalho está sujeita a aviso prévio, a entidade patronal pode determinar que o período de férias seja antecipado para o momento imediatamente anterior à data prevista para a cessação do contrato. 9. A docente tem assim direito a gozar, em princípio, (2 x 8) dezasseis dias úteis de férias e a auferir um subsídio correspondente a esse período. 10. Acresce que, na cessação do contrato (31 de Agosto de 2003), a docente tem igualmente direito a receber um subsídio de Natal correspondente a tantos duodécimos do vencimento quantos os meses completos de serviço prestado. 11. Acontece, por vezes, que certas instituições recusam-se a processar tal subsídio de Natal, na data da cessação do contrato, pretendendo pagá-lo apenas entre 30 de Novembro e 15 de Dezembro. 12. Tal recusa não tem fundamento legal, nem deve ser aceite pela docente, tanto mais que a convenção celebrada e que regula as relações de trabalho nas IPSS refere expressamente a obrigação do pagamento quando cessa o contrato e não em data diferida (cfr. artigo 56.º, n.º 4). 13. Quanto à cessação do contrato de trabalho a termo certo, tem-se verificado que alguns docentes não reclamam todos os créditos laborais a que têm direito, com manifesto prejuízo para os seus próprios interesses. 14. Vem tal asserção a propósito do direito à compensação que é devida ao trabalhador pela simples caducidade do contrato, conforme prevê o artigo 46.º do Dec.-Lei n.º 64-A/89, de 27 de Fevereiro 15. Com efeito, quando a entidade empregadora comunica ao trabalhador que não quer renovar o contrato de trabalho a termo certo, (o que deverá ser feito por escrito, e com, pelo menos, oito dias de antecedência, sob pena de renovação do contrato), opera-se a caducidade do contrato, isto é, ocorre uma causa específica de extinção contratual. 16. E assim, dispõe o n.º 3 do artigo 46.º que a caducidade do contrato confere a todo o trabalhador o direito a uma compensação, correspondente a três dias de remuneração por cada mês completo de serviço prestado. 17. Assim, a docente tem direito a (3 x 8) vinte e quatro dias de vencimento, que acrescem ao subsídio de férias e ao subsídio de Natal já indicados. 18. Em conclusão, qualquer trabalhador contratado a termo certo tem direito a receber: dois dias úteis de férias por cada mês completo de trabalho, acrescido de subsídio de férias respectivo; um subsídio de Natal calculado na base de um duodécimo por cada mês completo; e três dias de remuneração por cada mês completo, a título de compensação, quando é a entidade patronal que faz caducar o contrato. 19. Continua a não se compreender por que razões os docentes se demitem de reclamar o pagamento de todos estes créditos laborais, quando o contrato caduca... O Consultor Jurídico Mário Pedrosa EDITORIAL EDITORIAL EDITORIAL NEGÓCIO DA FALAGUEIRA ATACA A DIGNIDADE DO ESTADO GOVERNO DEVE EXPLICAR-SE! SE CONSEGUIR… Há histórias e negócios que entram no nosso bolso e que deveríamos conhecer. O negócio da Quinta da Falagueira É mais do que um caso de gestão das contas públicas. … mais do que a continuação da alienação suicida do património do Estado, de todos os portugueses e portuguesas. Manuela Ferreira Leite comprometeu-se com o país que colocaria o défice público nos míticos 2,8%. Para tal, nem obrigou os grandes devedores a pagar os seus impostos, nem cortou a despesa no aparelho administrativo dos diversos ministérios. Atacou, isso sim, nos impostos indirectos, nos salários, no orçamento dos serviços públicos. Mesmo assim, o encaixe que garantiu não era suficiente para cumprir aquela meta. Reunindo, provavelmente, os seus bem remunerados consultores e assessores, decidiu realizar uma operação de extraordinário impacto contabilístico, projectando a imagem do Governo de menino bem comportado, aos olhos da União Europeia. Para tal, vendeu no final de 2002 uma grande propriedade do Estado, amealhando a verba necessária para a famigerada redução do défice: 50 milhões de euros. O negócio, que sofreu duras críticas na altura, revela-se agora muito mais duvidoso! Na história as personagens principais são o Governo, a Sagestamo e o Grupo Pereira Coutinho. O Governo precisava de dinheiro rápido. A Sagestamo deveria ser intermediária no negócio, providenciando um comprador no prazo de um mês. Dos compradores, só o grupo económico referido se disponibilizou, mas com extraordinárias contrapartidas: prejuÌzos suportados pelo Estado, 83% dos lucros, caso existam, para a Pereira Coutinho. Agora é a própria Sagestamo que confirma que, como a Quinta da Falagueira tem um valor de 30 milhões de euros, dificilmente o Estado escapará a pagar os avultados prejuízos que resultarão da compra e venda realizadas. Mas a história tem um condimento ainda não referido: as férias tropicais de Durão Barroso, no Brasil, em casa de João, irmão de Vasco Pereira Coutinho, um dos patrões do Grupo envolvido no negócio, antes da assinatura do contrato, terá sido determinante para se fechar o negócio. Porém, desde que tomou posse o Governo tem dramatizado a situação do país, alimentando sucessivamente a ideia de que se impôe fazer enormes sacrifícios para equilibrar as finanças públicas. Sacrifícios esses que atingem apenas os trabalhadores por conta de outrém, com especial destaque para os da administração pública, que são vítimas das políticas de redução salarial, do aumento do IVA, do IRS, do aumento dos preços, da redução vergonhosa das pensões de aposentação A história da Falagueira terá, certamente, novos e picantes capítulos, mas o Governo não se livra dos olhares de desconfiança dos portugueses. E apesar de tudo isto continua a governar! Luís Lobo “Reunindo, provavelmente, os seus bem remunerados consultores e assessores, decidiu realizar uma operação de extraordinário impacto contabilístico, projectando a imagem do Governo de menino bem comportado, aos olhos da União Europeia” RCI/Fevereiro • Março 2003-5 EM DESTAQUE O TERRÍVEL VÍCIO DE ESCONDERMOS O LIXO SOB O TAPETE Este texto é dedicado a todos os pais que têm vindo a tomar conta do comando da televisão na hora do Telejornal e aos professores que ficam sem jeito quando os alunos lhes perguntam o que não esclareceram em casa. O CRIME (CONDENAR...) O importante, quanto nojento, tema da pedofilia, tem tomado conta da nossa atenção e transformado em pesadelo o sonho colectivo de construirmos uma sociedade onde todos, mas todos, tenham lugar e sejam felizes. Cada dia que passa a dimensão do escândalo e do crime aumenta, o número de casos multiplica-se e, sentese, o terrível drama que se abate sobre os casapianos é apenas um caso – o mais mediático, quiçá o que envolve mais gente – mas está muito longe de ser o único. Quase diariamente, os órgãos de comunicação social relatam os mais diversos casos de abuso sexual de menores, por vezes dentro das próprias famílias, sendo cada um de nós surpreendido com a tara de centenas de portugueses que pagam por pornografia infantil. Um nojo... Espero sinceramente que todo este pesadelo que cai sobre as nossas cabeças, não seja simplesmente interrompido por ser incómodo. Até por razões de terapia colectiva, devemos levá-lo até ao fim, resolvendo-o e superando um trauma que não pode ficar recalcado no subconsciente dos portugueses. Já que a situação não é de forma a orgulharnos, que nos orgulhemos, ao menos, de a sabermos enfrentar e resolver. Estou convicto que assim será, que a Justiça cumprirá o seu papel não se deixando 6-RCI/Fevereiro • Março 2003 manipular por posições individuais ou colectivas que tentam condicionar o seu curso. Aliás, de todo este processo, o que resultará mais positivo e (se é possível dizer) satisfatório, é confirmarmos que a Justiça em Portugal funciona. Pode funcionar devagar, mas funciona, e isso é bom. Que funcione, que leve este processo até às últimas consequências, doa a quem doer, e que de forma muito severa e muito exemplar castigue os que, com os seus actos perversos, castigaram centenas (milhares?) de crianças e jovens, que não puderam, como mereciam, ser crianças e jovens para viverem o seu tempo de meninice e juventude. Como pais e mães, como educadores(as) e como cidadãos(ãs), deveremos defender essa severidade no castigo. E quanto a um eventual arrependimento perguntarmo-nos se pode ser levado em conta. Arrependido de quê, depois do mal feito, quase sempre de forma continuada, e perante a perversidade do gozo?! O que contribui um eventual arrependimento para que se evitem as consequências nefastas dos actos praticados sobre outros seres humanos, frágeis e indefesos?! Não subscrevo, como por vezes oiço, a aplicação de correctivos populares. Mas acho que a brutalidade do crime exige uma condenação ajustada. A ATITUDE (MUDAR...) Este problema que nos afecta, se pensarmos bem, é apenas o reflexo, mais um, de um país de nível cultural baixo, socialmente degradado, débil do ponto de vista económico e habituado a varrer para debaixo do tapete o lixo que acumula. Um país onde se prefere assobiar para o lado e fingir que não se vêem os problemas, do que enfrentá-los e resolvê-los. Um país onde parece mal ser “chato” a chamar a atenção para os problemas; onde a exigência de resolução dos mesmos, às vezes somente exigindo que se cumpram as leis, é tida como uma atitude de quem está sempre no “contra” e apenas merece um “lá estás tu outra vez...”; um país que não assume as suas fraquezas e que veste um belo fraque por cima dos farrapos em que se transformou a sua roupagem. Não estranha, por isso, que se desvalorizem outros dramas sociais que se abatem sobre as nossas cabeças. É o desemprego, a toxicodependência, a pobreza, a exclusão, a injusta repartição da riqueza... Vale mais fingir que nada disto se passa e ao domingo irmos à bola, à noite vermos TV e as tardes de sábado (as que noutros países se aproveitam para actividades cívicas e manifestações públicas) continuarem a ser gastas nos centros comerciais a passear garridos fatos de treino. Esta nossa atitude “distraída”, a par de um falso moralismo e de uma hipócrita defesa de valores sociais, é a mesma que levou o nosso país a rejeitar a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, apesar de todos saberem que se continua a morrer (e a calar) em vãos de escada onde se pratica o aborto clandestino. Esta forma de estar, “distraída”, mesmo que incomodada, é a que tem impedido que, de forma aberta, sem tabus e assente em critérios científicos e pedagógicos rigorosos, se avance com a Educação Sexual nas escolas o que, em primeiro lugar, obrigaria a um bom investimento, também nessa área, na formação dos educadores e professores. Mas não, não se faz isso. Finge-se que o problema é pequeno e a solução simples. Fazem-se uns quantos protocolos, incluindo com entidades que já revelaram enormes preconceitos em relação a uma sexualidade sã, tanto no físico como na cabeça, e, qual Pilatos, lavam-se dali as mãos. É tempo de deixarmos de ser assim. A não ser que queiramos continuar a varrer o lixo para debaixo do tapete... até ao dia em que, por ser excessivo, ali deixe de caber e nos caia de novo em cima. Mário Nogueira Coordenador do SPRC GESTÃO DAS ESCOLAS DIRECÇÃO E GESTÃO DAS ESCOLAS E AGRUPAMENTOS - O MAIOR ATAQUE DESDE O 25 DE ABRIL Na área da administração do sistema educativo e da direcção e gestão das escolas, o Ministério da Educação e o Governo desenvolvem uma ofensiva em larga escala que passa por três questões centrais: a ameaça de pôr fim à democracia na gestão das escolas; a constituição de mega-agrupamentos de escolas; a municipalização da educação. As opções do Governo nestes três domínios se viessem a ser concretizadas, transformariam radicalmente e para pior o sistema educativo, colocariam a gestão das escolas exclusivamente ao serviço dos aspectos financeiros e administrativos, acabariam com a participação dos professores, pais, estudantes e trabalhadores não docentes no governo das escolas, poriam fim à autonomia dos profissionais da educação no exercício da actividade docente, matariam definitivamente as possibilidades de debate pedagógico nas escolas e entregariam a educação aos pequenos conflitos políticos locais. Este é o pior caminho que podia imaginar-se para a Escola Pública Portuguesa. Mas, estas opções do Governo são coerentes com que tem vindo a ser posto em prática noutros sectores da vida nacional. O mesmo tem vindo ser feito com a saúde, com a segurança social e com outros sectores estratégicos da vida nacional. O que está em causa é a redução do Estado ao estado mínimo, a privatização ou a gestão empresarial de todas as funções sociais do Estado e a (re)centralização de sectores importantes da administração pública. A direita é por tradição centralista, mesmo quando fala em descentralização e autonomia. Fala da autonomia das escolas, mas quer nomear gestores que assegurem o controle remoto pelo poder central. Assume o discurso da autonomia do poder local, mas estabelece fortes limitações ao recurso ao crédito por parte das autarquias, quando se sabe que são estas que asseguram importantes serviços públicos às populações. Está tudo claro. Este Governo não tem emenda. Não é apenas a política educativa que é preciso mudar, são as opções políticas de todo o Governo. Aparentemente pode não se perceber porque quererá o Governo nomear gestores profissionais para escolas que no seu orçamento têm duodécimos mensais de 2.500 euros ( mais de 70% dos quais afectos a despesas quase fixas). Só se percebe quando reparamos que essas escolas têm um significativo número de trabalhadores docentes e não docentes e pagam anualmente uns milhões em salários. E, nesta área, é possível fazer cortes significativos – aumentando o número de alunos por “As opções do Governo (…) se viessem a ser concretizadas, transformariam radicalmente e para pior o sistema educativo, colocariam a gestão das escolas exclusivamente ao serviço dos aspectos financeiros e administrativos (…)” RCI/Fevereiro • Março 2003-7 turma, reduzindo os apoios aos alunos com necessidades educativas especiais, encurtando as ofertas nas áreas do ensino secundário, cortando no ensino recorrente, amputando os direitos dos trabalhadores da educação, não alargando os quadros para manter milhares com contrato a prazo..... Por outro lado, o Governo detesta pensar que, em coisas tão importantes como a educação, as comunidades possam tomar uma ou outra decisão por pequena que seja. Os professores, os pais, os trabalhadores não docentes e os estudantes do ensino secundário a tomar decisões que interessam à nação é coisa que não encaixa no pensamento da direita. O povo serve para ir às feiras onde um dia passará um qualquer ministro e para votar de quatro em quatro anos (e já podem dar-se por muito felizes, porque nem sempre foi assim). Daí que, na óptica da direita, seja preciso um “pau mandado” nas escolas que imponha a ordem e a lei. E os mega-agrupamentos onde é que entram ? É óbvio que ninguém arrisca nomear um gestor para uma pequena escola EB 2,3 situada ali a meio caminho entre a Serra do Montemuro e o Rio Douro. É preciso justificar-lhe o salário e a carreira. Por outro lado, os gestores têm que ser bem escolhidos (não podem, portanto, ser muitos) para não haver erros e, à cautela, é melhor não abrir muito o leque, porque, como se sabe, até dentro do aparelho há felizmente quem tenha dificuldade em digerir estas soluções. O Governo sabe que esta não é a escola que os portugueses querem. Sabe que, nomeadamente, os professores e os pais não “compram este produto”. Por isso, anda a tratar disto clandestinamente e à margem da lei. Não discute e não confronta opiniões, porque sabe que as suas soluções não estão ao serviço da qualidade na educação, nem dos interesses da maioria dos portugueses. Mas, na área da Educação, há uma classe envolvida que, ao longo de quase trinta anos, já demonstrou ser difícil de controlar. Desde 1974, já passaram por aquele ministério mais de duas dezenas de ministros – tudo por causa de professores e estudantes. Ora, sabendo disto, a direita decidiu apertar o controle sobre as escolas e os professores. Nada melhor do que entregar a educação aos pequenos conflitos políticos locais. Misturar as escolas, a sua organização e gestão e a avaliação do corpo docente com a conflitualidade política local–– tudo isto a coberto da chamada descentralização, para dar um ar civilizado e democrático. 8-RCI/Fevereiro • Março 2003 “É óbvio que ninguém arrisca nomear um gestor para uma pequena escola EB 2,3 situada ali a meio caminho entre a Serra do Montemuro e o Rio Douro. É preciso justificar-lhe o salário e a carreira.“ É aqui que surge o Decreto-Lei 7/2003 e os chamados conselhos municipais de educação. De acordo com este decreto-lei compete ao Conselho Municipal de Educação “analisar o funcionamento dos estabelecimentos” de educação e ensino, “em particular no que respeita às características e adequação das instalações, ao desempenho do pessoal docente e não docente e à assiduidade e sucesso escolar das crianças e alunos, reflectir sobre as causas das situações analisadas e propor as acções adequadas à promoção da eficiência e eficácia do sistema educativo”. Trata-se de uma clara ingerência em matérias da exclusiva responsabilidade das escolas. A avaliação do desempenho do pessoal docente só pode ser competência de quem vive o quotidiano das escolas. É inaceitável que leigos em matéria pedagógica possam avaliar o desempenho profissional dos docentes, a não ser que se pense fazê-lo a partir dos resultados escolares dos alunos...! A composição dos CME é também, no mínimo, uma afronta às escolas e aos professores. As escolas públicas do ensino básico, do ensino secundário e da educação pré-escolar não têm assento nestes conselhos. Ao contrário, as escolas privadas têm lugar reservado neste processo de municipalização da educação. Os docentes têm consagrado um representante para todo o ensino básico, outro para o ensino secundário e também um para a educação pré-escolar. De forma simples, registe-se que, entre dezoito membros, há lugar para três professores. Ora, como é natural, os representantes dos docentes (para, de facto, o serem) só podem ser eleitos pelos seus pares. No entanto, as direcções regionais de educação estão a comunicar às escolas e autarquias que reservam para si a indicação dos representantes dos docentes. Como é óbvio tal orientação é um disparate absoluto. Mas, para se entender o sentido deste decreto-lei, registe-se que, num processo dito descentralizador, são os serviços administrativos da administração central semeados pelo país que se arrogam os direitos de indicar, nomear e o mais que se verá. O Decreto-Lei 7/2003 tem como objectivos apertar o garrote às escolas e aos professores e (re)centralizar a administração do sistema educativo. Este decreto-lei é um recuo significativo nos tímidos caminhos da autonomia que as escolas iniciaram após Abril de 1974. Perante uma ofensiva desta envergadura, o que fazem os professores e educadores ? Só conheço um caminho: protestar, reclamar, lutar ... Participar na luta de todos os trabalhadores portugueses contra a política neoliberal do Governo e travar um combate cerrado contra as opções políticas do Ministro David Justino. E o Governo não deve perder a capacidade de se espantar, porque mais adiante, com o aproximar do final do ano lectivo, os professores e educadores responderão à altura da situação. Como diz o povo, “para grandes meles, grandes remédios”....! Francisco Almeida ESTABILIDADE DE EMPREGO DESEMPREGO VAI AUMENTAR NOS PROFESSORES Isto no país onde o nível de formação da população é o mais baixo da U.E., onde o analfabetismo também bate records e onde o abandono e o insucesso escolares não têm paralelo. A terrível situação de instabilidade que atinge os profissionais docentes tenderá a agravar-se, de forma muito significativa, no próximo ano. As medidas que têm vindo a ser tomadas pelo Governo no sentido de diminuir a contratação de docentes e de poder encerrar milhares e milhares de lugares nos quadros das escolas têm, agora, conhecidas que são as vagas para os concursos de professores e educadores de infância, uma grande visibilidade. Uma visibilidade que lhe é conferida pela quantidade de lugares negativos publicitados nos concursos. No caso da Educação Pré-Escolar e do 1º Ciclo do Ensino Básico, o M.E. considerou negativos todos os lugares que tivessem menos de 11 alunos. Nos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e no Ensino Secundário as “vagas negativas” resultam de um decréscimo do número de alunos, de medidas tomadas como a supressão dos pares pedagógicos na Educação Tecnológica e nas salas de estudo acompanhado, da recusa do M.E. em melhorar as condições de trabalho nas escolas, por exemplo, através da redução do número de alunos por turma. Os lugares a concurso, este ano, na região centro, são esclarecedores do agravamento da situação de desemprego no próximo ano lectivo. Mas também denunciam uma quebra elevadíssima de respostas públicas de educação e ensino em largas zonas da região centro, com particular incidência para o interior. Há concelhos que poderão ficar sem respostas públicas de educação Pré-Escolar, sendo o mais preocupante o que se passa em todo o distrito da Guarda, aquele que ainda apresenta uma melhor cobertura da sua rede pública. No que respeita aos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e ao Ensino Secundário a juntar aos professores de Português, Francês ou História, o desemprego já bate à porta dos docentes de Matemática. Poderá um país como Portugal, com as deficiências estruturais que apresenta, com as elevadas taxas de Sector de Ensino abandono e insucesso que tem, com a taxa de analfabetismo mais elevada da União Europeia, dar-se ao luxo de desperdiçar tantos e tão qualificados recursos humanos?! Não pode, mas desperdiça. E as consequências são as que todos conhecemos, reflectidas no lento desenvolvimento do país e, por vezes, na sua estagnação. OS NÚMEROS DOS CONCURSOS Mais do que as palavras, os números, neste caso, são esclarecedores. Vejamos o panorama geral na região centro: A nível nacional o panorama não é menos dramático. Nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e ensino secundário, por exemplo, existem 1721 novas vagas em Quadros de Escola, para 5297 vagas que o ME pretende encerrar, o que dá um saldo negativo de 3576 vagas. Também no concurso para Quadros de Vagas Positivas Lugares Negativos Diferença 49 343 287 - 165 - 481 - 957 - 116 - 138 - 670 249 — + 249 928 - 1603 - 675 ED. PRÉ-ESCOLAR 1.º CEB 2.º/3.º CEB e SEC. (quadros de escola) 2.º/3.º CEB e SEC. (Quad. Z. Pedagógica) TOTAL EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR Quadro global da região centro DISTRITO Aveiro Castelo Branco Coimbra Guarda Leiria Viseu TOTAIS Vagas Positivas Lugares Negativos 4 -5 9 -19 11 -6 6 - 98 4 -9 15 - 28 49 - 165 Diferença -1 - 10 +5 - 92 -5 - 13 - 116 1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO Quadro global da regão centro DISTRITO Aveiro Castelo Branco Coimbra Guarda Leiria Viseu TOTAIS Vagas Positivas Lugares Negativos 49 - 41 32 - 37 55 - 58 14 - 132 79 - 58 114 - 155 343 - 481 Diferença +8 -5 -3 - 118 - 21 - 41 - 138 RCI/Fevereiro • Março 2003-9 Zona Pedagógica, as possibilidades de vinculação dos docentes contratados são extremamente reduzidas ou praticamente nulas. Isto porque existem apenas 953 vagas a nível nacional e 83% destas incidem apenas em três grupos de docência (Educação Física, Matemática e Informática), para os quais não há, sequer, número suficiente de candidatos. Os números que constam desta edição não deixam grandes margens de dúvida aos docentes, sejam dos qua- GRUPO 2.º e 3.º CICLOS DO ENSINO BÁSICO E ENSINO SECUNDÁRIO Quadro global da região centro (quadros de escola) DISTRITO Aveiro Castelo Branco Coimbra Guarda Leiria Viseu TOTAL Vagas Positivas Lugares Negativos Diferença 46 - 188 - 142 22 -130 - 108 89 - 251 - 162 23 - 58 - 35 50 - 142 - 92 57 - 188 - 131 287 - 957 - 670 Alguns exemplos mais significativos (total regional de alguns grupos disciplinares): Vagas Positivas Lugares Negativos Diferença 02— Port./Francês— 2.ºCiclo 11 — Matemática — Secund. 21— Port/Francês — Secund. 22—Inglês/Alemão—Secund. 23 — História — Secund. 25 —Geografia — Secund. 29 —Secretariado —Secund. 4 9 18 10 5 2 0 - 54 - 53 - 62 - 55 - 67 - 54 - 41 - 50 - 44 - 44 - 45 - 62 - 52 - 41 30—Artes Tecidos—Secund. 0 - 64 - 64 dros, contratados ou desem-pregados, em relação ao seu futuro profissional. Nunca como agora a situação foi tão negativa e dramática em termos de vagas publicitadas. O SPRC está a distribuir à população histórias diversas de docentes que vivem situações de grande angústia e de extrema instabilidade. São histórias que, dizem-nos os números, se agravarão no próximo ano e a que, infelizmente, se juntarão muitas outras. Não só porque o Governo manterá a sua política economicista, restritiva e anti-social em todos os sectores da vida nacional, mas também porque entrará em vigor o novo regime de concurso para recrutamento e colocação de docentes que o ME, contra a opinião dos professores e educadores e, por essa razão, sem o acordo da FENPROF, decidiu aprovar recentemente. O SPRC, no quadro da FENPROF, continuará a combater por emprego e estabilidade para os docentes, na certeza de que, dessa forma, contribuirá decisivamente para elevar a qualidade do ensino e da educação e para tornar mais completa a escola pública portuguesa. Uma escola capaz de diversificar e aumentar a sua capacidade de resposta a todas as solicitações e exigências com que se confronta. 10-RCI/Fevereiro • Março 2003 “Poderá um país como Portugal, com as deficiências estruturais que apresenta, com as elevadas taxas de abandono e insucesso que tem, com a taxa de analfabetismo mais elevada da União Europeia, dar-se ao luxo de desperdiçar tantos e tão qualificados recursos humanos?!“ SITUAÇÃO ECONÓMICA E SOCIAL DESEMPREGO, RECESSÃO ECONÓMICA E GUERRA Pouco depois de termos elaborado e enviado o estudo anterior sobre “O Modelo de Desenvolvimento Português”, o Instituto Nacional de Estatística publicou os dados sobre o desemprego relativamente ao último trimestre de 2002. Por isso, iremos começar por aproveitar precisamente esses dados oficiais para fazer uma análise mais aprofundada das consequências económicas do desemprego. MEIO MILHÃO DE PORTUGUESES NO DESEMPREGO Observem-se os dados do quadro seguinte, que são dados oficiais publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, os quais mostram a dimensão e o ritmo de crescimento do desemprego no nosso País. Em primeiro lugar, interessa referir tivos disponíveis (desempregados mas que não procuraram trabalho no período em que foi feito o inquérito), mais os inactivos desencorajados (aqueles que estão desempregados mas desistiram de procurar emprego), mais os que se encontram na situação de subemprego invisível (aqueles que fazem algumas horas por não encontrarem emprego); somando estes valores obtém-se um valor próximo dos quinhentos mil mais precisamente 493.800 - sendo de prever no entanto que, com ritmo de crescimento que se tem verificado, neste momento (Fevereiro/2003) já ultrapasse certamente o meio milhão de desempregados. Se não existissem outras razões, o aumento vertiginoso do desemprego que se está a verificar seria certamente QUADRO I - AUMENTO DO DESEMPREGO NO ÚLTIMO TRIMESTRE DE 2002 CATEGORIAS 3º Trimestre 2001 5.319.100 213.200 4,0% 1 - ACTIVOS 2 - Nº OFICIAL DE DESEMPREGADOS 3 - TAXA DESEMPREGO OFICIAL (2 :1) 3º Trimestre 4º Trimestre 2002 2002 5.407.700 5.389.000 276.100 331.800 5,1% 6,1% 4-Inactivos disponíveis 5-Inactivos desencorajados 6-Subemprego invisível 71.200 19.600 38.400 83.200 24.800 42.300 88.300 22.400 51.300 7 - DESEMPREGO EFECTIVO (2+4+5+6) 8 - TAXA DESEMPREGO REAL E EFECTIVO (7:1) 342.400 6% 426.400 8% 493.800 9,2 Fonte: Estatísticas do Emprego - INE - 3º e 4ºTrimestres de 2002 que o ritmo de crescimento desemprego em Portugal está a aumentar de uma forma intolerável. Como mostram os dados do quadro I, entre o 3º trimestre de 2001 e o 3º trimestre de 2002, portanto num ano, o número oficial de desempregados aumentou em 62.900, pois passou de 213.200 para 276.100, enquanto no último trimestre, portanto num trimestre apenas (3ºtrimestre de 2002/4ºtrimestre de 2002), o número oficial de desempregados cresceu em 55.700, pois passou de 276.100 para 331.800 desempregados. Por outro lado, o número efectivo de desempregados, que inclui o número oficial de desempregados mais os inac- um facto que mostra as consequências graves para os portugueses da politica económica-financeira que está a ser seguida pelo governo. QUANTO CUSTA O DESEMPREGO AO PAÍS De acordo com as previsões do governo constantes do relatório do Orçamento do Estado para 2003 (pag.61), o Produto Interno Bruto (PIB), ou seja riqueza criada no País anualmente, deverá atingir em 2003 os 134.510,7 milhões de euros (26.966,9 milhões de contos). Por outro lado, e de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, a RCI/Fevereiro • Março 2003-11 população empregada no 4º Trimestre de 2002 era 5.057.200. Se dividirmos o valor previsto para o PIB em 2003 - 134.510,7 milhões de euros - pela população empregada (5.057.200), obtém 26.598 euros (5.332 contos) por empregado. Se multiplicarmos o número efectivo de desempregados no 4º trimestre - 493.800 -pelo valor de riqueza que cada desempregado criaria se estivesse a trabalhar - 26.598 euros - obtém-se 13.134 milhões de euros (2.633 milhões de contos), tal é o valor da riqueza perdida devido ao facto de cerca de meio milhão de portugueses estarem no desemprego. Para se poder ficar com uma ideia ainda mais clara do que significa esta perda riqueza, basta dizer que se os desempregados estivessem a trabalhar o Produto Interno Bruto (PIB) português aumentaria em cerca de 9,7%, portanto 12-RCI/Fevereiro • Março 2003 um valor 7 vezes superior ao crescimento previsto do PIB pelo governo em 2003, que é apenas de 1,3%. QUAL É O VALOR DOS SALÁRIOS PERDIDOS E QUANTO CUSTA O DESEMPREGO À SEGURANÇA SOCIAL De acordo com o Relatório do Banco de Portugal de 2001, que é o último publicado, 40% do PIB é aplicado no pagamento de “remunerações do trabalho (Pág. 100). Aplicando essa percentagem ao valor da riqueza que os desempregados criariam se estivessem a trabalhar - 13.134 milhões de euros - obtém-se 5.253 milhões de euros (1.053 milhões de contos) que é precisamente o valor dos salários não recebidos precisamente devido ao facto de cerca de meio milhão de portugueses estarem no desemprego. “Se não existissem outras razões, o aumento vertiginoso do desemprego que se está a verificar seria certamente um facto que mostra as consequências graves para os portugueses da politica económicafinanceira que está a ser seguida pelo governo.” Este facto tem também graves consequências económicas, já que por não receberem salários, este meio milhão de portugueses vê o seu poder de compra reduzir-se significativamente, o que determina dificuldades acrescidas para as empresas que vendem para o mercado interno, já que não conseguem escoar uma parte crescente do que produzem, o que provoca, por sua vez, mais desemprego, agravando assim o ciclo infernal de: desemprego => redução ou fecho de empresas => mais desemprego. Mas o crescimento vertiginoso do desemprego que se está a verificar em Portugal não tem consequências apenas na redução do volume de salários pagos, mas também nas receitas da segurança social, já que as contribuições pagas a esta, quer das empresas quer dos trabalhadores que se chamam quotizações, são calculadas com base na massa salarial paga. Reduzindo-se esta baixam aquelas. Assim, devido ao desemprego que atinge actualmente cerca de meio mil- hão de portugueses, a Segurança Social perderá, só em 2003, em contribuições das empresas cerca de 1.247,8 milhões de euros ( 250,2 milhões de contos), e de descontos dos trabalhadores 577,8 milhões de euros ( 115,8 milhões de contos), ou seja , um total de receitas avaliada em cerca de 1.825,6 milhões de euros ( 366 milhões de contos). E isto é uma estimativa por baixo, porque o desemprego continuará a aumentar em 2003 e, consequentemente, crescerá ainda mais a perda de receitas que a Segurança Social. Mas com o desemprego a Segurança Social não perde apenas receitas. Embora menos de 20% dos desempregados é que estejam a receber subsidio de desemprego, como provamos no trabalho anterior com base em dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, mesmo assim as despesas com subsídios de desemprego, que são pagas pela Segurança Social, estão a crescer vertiginosamente. De acordo com o Relatório do Orçamento do Estado para 2003 (pág. 67), em 2002 gastou-se com o pagamento de subsídios de desemprego 980 milhões de euros (196,4 milhões de contos ) e para 2003 estão previstos já 1232,8 milhões de euros (247,1 milhões de contos). E devido ao facto do desemprego ter explodido no último trimestre é de prever que mesmo este valor não seja suficiente e mesmo continuando a pagar-se subsidio de desemprego a menos de 20% dos desempregados. Em resumo, a Segurança Social, com o desemprego, e num único ano (2003), perderá cerca 3058,4 milhões de euros ( 613,1 milhões de contos ) , sendo 1.825,6 milhões de euros referente a receitas que não recebe e 1232,8 milhões de euros a subsídios de desemprego que tem de pagar. SURPRESA REAL OU LÁGRIMAS DE CROCODILO ? Qualquer economista sabe que a politica económica e financeira que o actual governo está a levar a cabo só pode levar o País a mais desemprego, a redução de actividade ou mesmo ao fecho de mais empresas, à recessão económica. Efectivamente, o crescimento económico de qualquer país depende do crescimento do mercado, que inclui o mercado interno e mercado externo (exportações), ou seja, da existência de pessoas ou entidades com capacidade de compra e que estejam interessadas em adquirir serviços e bens .produzidos no nosso País. E isto porque as empresas produzem para vender, e se não encontram quem adquira a sua produção reduzem a sua actividade ou mesmo fecham. Como se sabe os países que são compradores tradicionais de produtos e serviços portugueses -Alemanha, França, Espanha, etc. - também enfrentam quebras na sua actividade económica e estão mais interessadas em exportar do que importar. Por isso, é previsível que não se possa contar muito com os mercados desses países para animar a actividade económica portuguesa, sendo já bom que mantivessem um nível de compras semelhante à dos anos anteriores. Portanto, a base para a sustentação da actividade económica, e mesmo para o seu crescimento, em momentos de redução ou mesmo de recessão económica internacional, como é aquele que presentemente se vive, devia ser precisamente a animação do mercado interno. E essa animação faz-se pelo investimento e pelo aumento do poder de compra da população, este tendo fundamentalmente como base o aumento de salários e das pensões, pois são as fontes de rendimento da esmagadora maioria da população. E o que é que está a acontecer? O governo para cumprir os ditames do chamado Pacto de Estabilidade está a reduzir drasticamente o investimento público que, por sua vez, arrasta a redução do investimento privado. E não havendo investimento não existe criação de emprego. São exemplos disso, os cortes no investimento público e as restrições drásticas ao endividamento das autarquias mesmo para investimento. Como consequência o governo prevê que o investimento cresça em 2003 apenas 0,1%, ou seja, que praticamente não aumente, pondo assim em perigo não só o crescimento económico actual mas também o futuro do País. Em relação ao poder de compra da população as medidas tomadas pelo governo visam claramente reduzi-lo de uma forma significativa. Assim, o governo pretende impor diminuições nos salários reais dos trabalhadores e mesmo pensionistas. Em relação aos trabalhadores da função pública o governo pretende que os salários e pensões superiores a 1000 euros (200 contos) não tenham qualquer aumento em valor, o que significa uma importante redução em termos reais, e RCI/Fevereiro • Março 2003-13 que os inferiores a esse valor tenham uma subida de apenas 1,5% que é inferior a metade da taxa de aumento de preços (em 2002, os preços aumentaram cerca de 4% e , em 2003, nesta altura o governo já prevê que subam 2,5%). A maioria esmagadora das pensões de reforma dos trabalhadores do Regime Geral foram aumentadas apenas em 2% e o salário mínimo nacional subiu em 2003 somente em 2,47%, portanto, tudo aumentos inferiores à subida registada nos preços, o que determina a redução do poder de compra da maioria esmagadora da população portuguesa. Esta politica determina que o próprio governo preveja que o consumo público se reduza em 0,5% e que o privado tenha um aumento de 0,2%, ou seja, que praticamente estagne. E estas previsões são optimistas, pois as previsões iniciais do governo já foram revistas mais de uma vez e sempre no sentido de baixa, e é previsível que sofram novas diminuições. Tudo isto é agravada pelo endividamento excessivo em que se encontra a população que é obrigada a aplicar mais de 20% do que recebe no pagamentos do chamado serviço da divida (juros e amortizações de empréstimos contraídos no passado). as medidas tomadas recentemente pelo governo para “combater” o aumento vertiginoso do desemprego, as quais, apesar de muito propagandeados, terão reduzidos efeitos práticos como iremos mostrar. GOVERNO ENTRA EM CONFLITO COM OS NOSSOS PRINCIPAIS PARCEIROS ECONÓMICOS PARA AGRADAR OS ESTADOS UNIDOS Esquecendo a situação económica difícil que o nosso País enfrenta e ignorando os interesses económicos portugueses, o actual governo, para agradar a administração americana, entrou em conflito com os nossos principais parceiros económicos, que são a Alemanha, a Bélgica e França, assinando uma declaração de apoio à guerra americana contra o Iraque. No entanto, o actual governo leva tanto a peito a defesa dos interesses americanos, que o ministro da defesa na conferência de segurança realizada recentemente em Munique “invectivou o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros como costuma fazer no Parlamento, nos mercados e nas feiras sobre a alternativa a uma guerra no Iraque” e “pôs assim em causa o prestígio de Portugal” (general Loureiro dos Santos, Expresso, 15 de Fevereiro de 2003). Eugénio Rosa Economista - CGTP-IN 16 de Fevereiro de 2003 Mas observem-se os dados do quadro II, que a seguir se apresentam, que mostram a irresponsabilidade de tal posição. Face à redução do mercado interno, determinado pela diminuição do poder de compra da maioria da população e pela redução do investimento, o mercado externo, ou seja, as exportações, tornam-se fundamentais para que o Em resumo, a redução do investimento asQUADRO II - EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS sociado à redução do De Janeiro de 2002 a Setembro de 2002 poder de compra da maioria da população, DESIGNAÇÃO 2002 % do TOTAL que o governo está a (Em milhões de euros) das EXPORTAÇÕES impor, determina necessariamente redução do TOTAL DAS EXPORTAÇÕES 20189 100% mercado interno, o que Para a Alemanha 3718 18,4% provoca por sua vez Para a Bélgica 937 4,6% dificuldades crescentes Para a França 2606 12,9% à venda dos bens e serPara os Estados Unidos América 1165 5,8% viços das empresas, o que leva à redução da FONTE: Boletim Mensal de Estatística - Novembro de 2002 - INE sua actividade e mesmo ao fecho de empresas, nosso País não entre numa profunda o que provoca, por sua vez, mais de“(…) o actual governo, recessão económica. semprego. Portanto, o aumento vertiginoso do desemprego que se está a verificar não deverá surpreender ninguém. Ele é a consequência inevitável da politica económica e financeira que o governo está seguir. E nem serve a desculpa da difícil conjuntura internacional, a qual deveria exigir uma politica que contrariasse as consequências dessa conjuntura, e não uma politica que ainda agrava mais as consequências negativas da situação económica internacional, como se verifica presentemente. Em futuro estudo, porque este já vai longo, iremos analisar com profundidade 14-RCI/Fevereiro • Março 2003 No entanto, o governo português esquecendo os interesses económicos nacionais decidiu entrar em confronto com a Alemanha, Bélgica e França que garantem o escoamento de cerca de 36% das exportações portuguesas, enquanto o Estados Unidos adquirem apenas 5,8% das exportações nacionais. Para além disso, é preciso também não esquecer que a Alemanha e a França são os principais contribuintes líquidos do orçamento da União Europeia de que Portugal é beneficiário. para agradar a administração americana, entrou em conflito com os nossos principais parceiros económicos, que são a Alemanha, a Bélgica e França, assinando uma declaração de apoio à guerra americana contra o Iraque.” ASSEMBLEIA GERAL DE SÓCIOS RELATÓRIO DE ACTIVIDADES 2002 foi um ano marcante particularmente na vida dos professores e educadores. Assim, este ano fica marcado pelo desenvolvimento do debate que levou a que, em votação dos associados do SPRC, livre e universal, tenha sido aprovada a adesão à CGTP-IN. Na sequência desta votação, a Direcção decidiu no sentido manifestado pelos professores sindicalizados, tendo sido o SPRC o primeiro Sindicato de Professores a integrar a maior central sindical portuguesa, a mais prestigiada interna e externamente, contribuindo, dessa forma para o reforço do movimento sindical e da acção reivindicativa dos trabalhadores portugueses. Nos debates realizados participaram milhares de sócios do SPRC, tendo sido convidados a promover a discussão, para além da Coordenação do SPRC, Manuel Carvalho da Silva, Secretário Geral da Central Sindical. Na consulta realizada no dia 31 de janeiro, em Assembleia Geral descentralizada por 164 mesas de voto, distribuídas por toda a região centro, verificou-se uma das maiores participações de sempre em Assembleias Gerais de Sócios, com mais de 70% a manifestarem o seu acordo com a adesão. Esta foi finalmente ratificada com a votação de aceitação da proposta de adesão feita pela Direcção do SPRC no Plenário de Sindicatos da CGTP-IN, em 15/01/03, por unanimidade e aclamação. UM GOVERNO DE DIREITA A ACÇÃO FORTE E DETERMINADA DOS PROFESSORES O primeiro trimestre de 2002 viveu ainda um período aceso da vida política nacional, com a queda do XIV Governo Constitucional, com a campanha eleitoral para a Assembleia da República e com a tomada de posse do novo Governo, o qual demarcou claramente a área de intervenção no espectro político, assumindo-se claramente de direita. Eram anunciadas um conjunto de medidas legislativas de ataque aos direitos dos trabalhadores, tendo como alvo a legislação laboral, a segurança social e as políticas salariais. O Governo manifestava a intenção de proceder a profundas reformas na área da educação, com o objectivo de cimentar o controle sobre os docentes, de atacar estruturalmente a autonomia das escolas, no plano orçamental e administrativo, ou de impor alterações no sistema educativo que poderão representar um enorme retrocesso em relação ao serviço público de educação e à orientação deste serviço para a satisfação das expectativas dos portugueses no quadro da formação para a vida activa, de desenvolvimento cultural do país ou de formação global do cidadão. A FENPROF neste período apresentou um conjunto de medidas para mudar a Educação, as quais constituíam um Manifesto dos Educadores e Professores em defesa da qualidade de ensino, da Escola Pública e do Direito inalienável dos Portugueses à Educação e à Formação. O SPRC intervém no debate, realizando o seu 6.º Congresso, o qual foi preparado a partir da análise realizada pelos professores. Foi, aliás, a partir do preenchimento de um questionário sobre o estado da educação que a Direcção do SPRC construíu os textos que foram, posteriormente, analisados e discutidos nos dias 23 e 24 de Abril, em Aveiro. São aprovadas duas resoluções em defesa da escola pública, inclusiva e de qualidade e pelo reforço orgânico do SPRC e da sua acção sindical e social. Numa manifestação de grande dinamismo e determinação, as Moções propostas pela Direcção são todas aprovadas e definem a linha de intervenção do SPRC a qual vem posteriormente a ser assumida pela lista candidata nas eleições aos corpos gerentes para o triénio de 2002 - 2005: - Em defesa da estabilidade das Escolas e dos Docentes - Contra a privatização da Educação - Contra a transformação da Educação num negócio - Por um sistema fiscal justo e pelo direito à justa remuneração do trabalho - Por uma assistência na doença que seja digna, justa, eficaz e revalorizada - Pelo respeito pelos direitos das Mulheres - Em defesa da Paz - Pela Paz na Palestina - Em defesa dos valores de Abril. Os novos corpos gerentes do SPRC são eleitos em Junho, no dia 18. O facto de terem sido mobilizados todos os meios (incuindo o voto por correspondência) para que os sócios do SPRC pudessem votar, é um claro sinal de, também nesta matéria, o SPRC se confirmar como organização ímpar no plano regional. A lista sufragada, que tinha por lema “Defender os direitos dos professores e educadores, afirmar a Escola Pública, exigir uma Educação Inclusiva de Qualidade” assumia o compromisso de continuar o projecto que fez do SPRC a maior organização sindical da região centro, com quase 15000 associados, e contava com 118 novos candidatos aos corpos gerentes, de todos os sectores de educação e de ensino. COM UM GOVERNO AUTORITÁRIO, PROFESSORES EXIGEM NEGOCIAÇÃO E DEFENDEM A ESCOLA PÚBLICA Quadros e Concursos Prosseguindo o seu ataque aos professores e educadores, o ME promove a aprovação de um novo diploma de concursos em período de interrupções lectivas do Natal e força a decisão ainda em 2002. Prepara o acordo com vários sindicatos, com o objectivo não conseguido de levar os professores a considerarem bom o novo diploma legal e, simultaneamente, de isolar a FENPROF - os professores estão com a sua organização representativa e, maioritariamente, apoiam as suas posições, envolvendo-se em lutas, também por objectivos que defendem a estabilidade e a melhoria da qualidade ensino: alargamento dos quadros de escola de acordo com as suas reais necessidades, redução do número de alunos por turma, reforço de horas lectivas para o desenvolvimento de actividades de complemento curricular e consequente reforço da autonomia das escolas na sua definição, vinculação dinâmica dos professores e educadores por cumprimento de tempo de serviço, contra a contratação directa pelas escolas, contra a criação de barreiras administrativas que limitem o acesso de professores profissionalizados à profissão, garantia de profissionalização de todos os docentes com habilitação própria, redução do desemprego docente... A Reforma do Secundário A Revisão Curricular do Ensino Secundário é abortada com a queda do Governo de António Guterres e com a marcação de eleições antecipadas pelo Presidente da República. David Justino anunciou a sua suspensão, embora por motivos diferentes dos que eram apontados como negativos pela comunidade educativa. O novo Ministro da Educação justificava tal atitude com os elevados custos que tal revisão traria para os cofres do Estado, enquanto professores, RCI/Fevereiro • Março 2003-15 RELATÓRIO DE ACTIVIDADES alunos e pais exigiam a sua entrada em período de experimentação e avaliação com vista à sua generalização. O novo Governo acaba por lançar uma nova proposta mal estruturada, sombria e ambígua nas suas verdadeiras intenções, renovando a contestação nas escolas e entre as organizações representativas da comunidade educativa. O SPRC prepara a sua posição e intervém criticamente quer no plano nacional, no quadro da FENPROF, quer no plano regional, junto das escolas e dos professores, realizando várias reuniões. neste âmbito, a quem compete garantir as condições necessárias ao seu funcionamento, a nível de instalações, equipamentos, material e colocação de pessoal especializado, e do Ministério da Educação que não exerce qualquer fiscalização com vista à consecução dos objectivos e das condições definidos pela Lei Quadro da Educação PréEscolar, pelo Protocolo subscrito com a Associação Nacional de Municípios Portugueses e pela legislação subsequente. Educação Pré-Escolar em conflito Estudos do SPRC denunciam desprezo pela escola pública O SPRC apresentou um estudo sobre refeitórios escolares e ocupação dos tempos livres no 1.º ciclo do ensino básico, cuja caracterização que daí resultou fazia um retrato de um país, cujo sistema de acção social escolar e de garantia de melhoria das condições de vida das populações não funciona. O estudo abrangia 40 252 crianças, correspondendo a 53 % das escolas da região e permitiu verificar que são as famílias que suportam o serviço de refeições, na maioria dos casos em que existe, sendo que em mais de 60 % das escolas que funcionam em regime normal as crianças são obrigadas a regressar a casa para tomar a sua refeição principal para novamente regressarem à sua escola. O privado tem, em matéria de tempos livres, uma boa fonte de receita, já que as instalações ou a coordenação deste serviço pertencelhe maioritariamente. Sendo esta uma matéria prioritária para o PSD enquanto oposição, foi literalmente esquecida enquanto Governo acentuando as políticas anti-sociais que vem implementando. O estudo sobre a componente social nos jardins de infância foi também concluído em duas vertentes: o serviço de refeições e a componente sócioeducativa. Quanto à primeira o estudo permitiu concluir que só 148 jardins de infância dos 455 inquiridos (34,5% do total da região) possuem refeitório. Ou seja, uma pequena parte do número em que as refeições são tomadas. A falta de acompanhamento adequado por pessoal específico e duvidosa qualidade da alimentação deixam uma imagem negativa de um serviço que compete às autarquias garantir. Retrato mais negativo foi o que foi possível fazer quanto à componente sócio-educativa, já que só em 6,1% dos jardins de infância encontrámos animadores com formação específica para esta área. Trata-se do resultado da enorme irresponsabilidade das autarquias 16-RCI/Fevereiro • Março 2003 A conflitualidade na educação préescolar vislumbrava-se no horizonte político-sindical em relação ao calendário escolar. Tal veio a confirmar-se com a aprovação de um Calendário Escolar específico para este nível de educação, considerando os educadores de infância como profissionais à margem da carreira docente e obrigando as crianças nesta faixa etária ao cumprimento de mais 30 dias por ano de actividades educativas, não pela valorização da função educativa da educação pré-escolar, mas, ao contrário, querendo confundir esta com a função social, numa clara desvalorização do sector. O ME, à má fé, impõe um calendário escolar sem negociação com as organizações sindicais, enviando-o para publicação uma semana antes de o entregar como projecto para parecer no prazo de 10 dias. A meio de Agosto os educadores de infância sabiam já qual a consideração em que eram tidos pela actual equipa ministrial e decidiam preparar, a partir de setembro, um conjunto de acções que colocaram nas primeiras páginas dos jornais a revolta e indignação existentes. São exemplo das acções a participação, no primeiro período, em 4 greves, das quais uma foi específica dos educadores, uma manifestação nacional em 27 de Setembro (a maior de um sector alguma vez realizada em Portugal), depois de diversas esperas ao Ministro a partir de 10 do mesmo mês e de plenários distritais no dia 13. Ainda sobre esta matéria, o SPRC estima que a participação dos educadores de infância nas acções organizadas nas interrupções do Natal abrangia cerca de 80% dos profissionais deste sector na região centro, prometendo continuar a luta desenvolvida ao longo deste ano lectivo. Horários dos professores Na abertura do Ano Lectivo 20022003, o SPRC denuncia abusos praticados pela administração educativa com os horários dos professores dos 2.º e 3.º ciclos e ensino secundário. Na ocasião o SPRC exigiu: - Avaliação das condições de exercício da profissão em resultado da reorganização curricular no ensino básico - Verificação das consequências nas condições e aprendizagem dos alunos, provocadas por essa reorganização - Participação das organizações sindicais nessa avaliação - Correcção das ilegalidades verificadas - Exigência de que a Direcção Regional de Educação tome as devidas medidas Apoios Educativos Também no arranque do ano escolar o SPRC fazia o retrato da escola em matéria de apoios educativos e verificava que 2/3 dos alunos não têm apoio educativo especializado. A taxa de incidência das necessidades de educação especial na região exige a colocação de 2700 professores de apoio e apenas foram abertas 950 vagas em toda a região. Financiamento das Escolas No arranque do ano lectivo, o SPRC denunciava a quebra profunda em matéria de financiamento, que as escolas públicas portuguesas enfrentam, anunciando a proximidade de uma situação de ruptura insuportável para se atingirem os objectivos e as finalidades atribuídas à escola pública. As verbas atribuídas às escolas correspondiam a cortes na ordem dos 30% no orçamentado, para além dos cortes efectuados ao longo de todo o ano. Dezembro fica marcado por uma decisão “manuelina” de reduzir em 54% o orçamento das escolas no mês de Dezembro, para verbas já muito superadas pelos próprios estabelecimentos de ensino atendendo a necessidades de gestão orçamental e de compromissos com fornecedores e com a actividade. Tal medida resultou num grande protesto nacional das escolas portuguesas. Reorganização Curricular no Ensino Básico 2002-2003 ABRE REVELANDO DEFICIÊNCIAS DO SISTEMA EDUCATIVO Em 17 de Outubro era publicado em Diário da República o Decreto-Lei de alteração da reorganização curricular do ensino básico, o qual trazia à luz do dia RELATÓRIO DE ACTIVIDADES as verdadeiras intenções do ME: para o Governo não estava em causa a qualidade de ensino mas sim a contenção de recursos, com prejuízo para as aprendizagens, para as vivências escolares, para o cumprimento da escolaridade obrigatória com condições. São exemplo disso o fim do par pedagógico nas áreas curriculares não disciplinares (7.º, 8.º e 9.º anos), a limitação da oferta na educação artística às áreas para as quais as escolas têm professores (para além da Educação Visual), o não desdobramento de turmas de Educação Tecnológica. O documento aprova ainda a introdução da lógica de exames nacionais no 9.º ano, a Língua Portuguesa e Matemática, a partir de 2004/2005. O SPRC reafirmou o seu discurso em defesa de uma qualidade que não é compatível com as medidas então aprovadas. Instabilidade de Emprego A FENPROF desencadeia uma forte acção pública de denúncia da instabilidade de emprego e profissional dos professores, pondo em marcha a “Caravana da Instabilidade”, que percorreu 14000 quilómetros por todo o país. A situação atinge dimensão alarmante com cerca de 50 000 professores de todos os níveis de educação e de ensino que vivem a situação precária de contratos a prazo (cerca de 26000) ou do desemprego (cerca de 24000). Só no ensino superior os valores para a contratação atingem cerca de 70% do pessoal docente. O SPRC e a FENPROF lançam a campanha “Professor Actor de Mudança”, com um conjunto vasto de iniciativas, cujo primeiro momento foi a edição de um cartaz alusivo ao Dia Mundial do Professor - 5 de Outubro - com depoimentos de Manuel Porto (Presidente do Conselho Nacional da Educação), Paulo Sucena (Secretário Geral da FENPROF) Vitor Sarmento (Presidente da Confederação Nacional de Associações de Pais), Fernando Ruas (Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses), Fernando Rebelo (Reitor da Universidade de Coimbra), José Manuel Mendes (Presidente da Associação Portuguesa de Escritores), José Salvado Sampaio (Professor, Investigador e membro do Conselho Nacional da FENPROF) e João Gustavo (Presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro). Atentemos nas palavras de Paulo Sucena: “O nosso encontro na Escola deve ser sempre um abrir de portas para todas as descobertas de modo a que esse ser apaixonante que é o aluno transforme o professor num profissional apaixonado”. Professores em luta Em 30 de Outubro, os professores portugueses realizam a primeira greve do sector neste ano lectivo. Depois da realizada pela Educação Pré-Escolar em Setembro, esta, com todos os sectores, foi uma enorme manifestação do descontentamento que grassa na classe docente, contra a redução das pensões de aposentação, contra os aumentos dos impostos, pelo aumento real dos salários, contra a privatização do ensino, contra a desregulamentação das leis laborais, pela estabilidade profissional e de emprego, contra os gestores profissionais nas escolas, em defesa dos direitos dos professores e educadores. Os dados recolhidos durante a manhã, referia o RCI, apontavam para uma adesão à greve nesta região, que se aproximou dos 70%. O SPRC anunciava também que a luta dos professores e educadores não se esgotava nesta acção. Em Novembro, os trabalhadores da Administração Pública marcavam mais uma greve por “Mais e Melhores Serviços Públicos, Contra a Privatização dos Serviços, Funções e Áreas da Administração Pública, Contra o Pacote Laboral, Pela Afirmação dos Direitos dos Trabalhadores, Em Defesa da sua Dignidade e Pela Valorização Salarial.” A Frente Comum, promotora da Greve, afirmava o profundo descontentamento dos trabalhadores de todas as áreas e serviços públicos, exigindo uma atitude de negociação e de respeito, a par da necessária consideração de sucessiva perda do poder de compra. O Governo anunciava uma política de restrição com a justificação de ser necessário reduzir a despesa pública, sem, contudo, apresentar medidas significativas de combate à fraude e evasão fiscais que atingem cerca de 9 mil milhões de euros, a par de elevados benefícios fiscais para o capital financeiro. A adesão à greve de 14 de Novembro fez com que encerrassem mais de 90% das escolas da região, umas vezes pela acção concertada de docentes e pessoal auxiliar, outras apenas pela acção dos docentes. Os Educadores de Infância realizavam a sua 3.ª greve em menos de 3 meses. A luta mais global em defesa dos direitos de todos os trabalhadores avizinhava-se e ganhava contornos de grande mobilização. E assim aconteceu. A Greve Geral de 10 de Dezembro foi mais uma etapa da elevada consciência profissional dos trabalhadores portu- gueses e do verdadeiro sentido patriótico. Contra um Governo mais apostado em servir os interesses dos patrões e do grande capital, a Greve Geral uniu os trabalhadores de todo o país, fazendo parar sectores chave como a educação, a administração fiscal, transportes colectivos e de mercadorias, saúde e muitas e muitas empresas, apesar da repressão que se abateu sobre os trabalhadores antes e durante o dia da Greve. Tratouse de uma acção consciente que clarificou ainda melhor o panorama sindical, distinguindo quem está com os trabalhadores de quem serve interesses que a estes são alheios. A CGTP-IN, mais uma vez, saíu reforçada desta acção, de que é sintoma o crescimento dos índices de credibilidade entre os trabalhadores por conta de outrém. O governo Bagão-Portas-Durão anunciava o orçamento Ferreira Leite, o qual foi apelidado pelo SPRC de provocar um verdadeiro sismo no desenvolvimento do sistema educativo,. Atacando fortemente as áreas da educação e do ensino, da formação, da ciência e da tecnologia, da saúde do ambiente e da cultura, o orçamento que veio a ser aprovado na Assembleia da República abalava significativamente a prestação do serviço público em áreas sociais fundamentais. Em 28 e 29 de Novembro, a Educação Pré-Escolar realizava o seu Encontro Nacional, o qual ficou marcado pelo reforço das posições contra o calendário escolar do ME, que fere a intencionalidade pedagógica e educativa deste nível no plano da acção do educador e no plano das finalidades a atingir num contexto de ensino-aprendizagem, com as crianças entre os 3 e os 5 anos de idade. Para esta iniciativa, na qual o SPRC se envolveu desde o primeiro momento, contámos com a presença de diversas personalidades ligadas ao estudo da educação pré-escolar, sendo unânime a posição de clara discriminação deste nível de ensino, bem como de inexistência de intencionalidade pedagógica no texto de Despacho Regulamentador. Ensino Profissional Prosseguindo a sua actividade e acção reivindicativas em torno das questões do ensino profissional e da defesa dos direitos dos docentes em exercício nas escolas profissionais, no sentido da adequação e melhoria das sua condições de trabalho e de carreira, o SPRC/FENPROF, para além de várias reuniões e debates realizados RCI/Fevereiro • Março 2003-17 RELATÓRIO DE ACTIVIDADES em escolas profissionais, elaborou, ainda, dois estudos envolvendo escolas profissionais e professores do ensino profissional de todo o país, com uma participação elevada das escolas e professores da região centro. Estes estudos evidenciam o que o SPRC/FENPROF têm vindo a denunciar - o modelo de financiamento das escolas profissionais não serve e em muito tem contribuído para a situação de ruptura financeira em que muitas delas se encontram neste momento, podendo conduzir ao seu encerramento a (muito) curto e médio prazo. Em relação aos professores a sua situação é de grande precariedade e instabilidade, traduzida pelos sucessivos atrasos no pagamento de salários, pelo vínculo contratual precário, pelo horário de trabalho excessivo ou ainda pela inexistência de formação profissional e pedagógica adequada, entre outros. Os resultados destes estudos irão permitir ao SPRC/FENPROF uma melhor e maior intervenção em termos de acção reivindicativa nesta área, no sentido do seu desenvolvimento e valorização. Rankings de Escolas Escandalosa é, no mínimo, a caracterização feita sobre as escolas portuguesas do ensino secundário. O Governo autorizou a divulgação de um estudo sobre o grau de sucesso dos alunos em cada escola do país, provocando, mais uma vez, um aceso debate sobre a existência de rankings. De um lado e do outro sobressai a ideia, apesar de haver, ainda, quem defenda a sua existência, de que esta seriação não contribui, em nada, para a melhoria da qualidade ensino, nem para a caracterização efectiva das escolas, pois esconde sempre os graves problemas sociais que estão a montante do sistema educativo e que são prioritariamente influenciadores do sucesso ou do insucesso a que estão sujeitos, por um lado, os alunos, mas principalmente os professores. Também eles alvo fácil das críticas que não pararam de cair sobre uma classe que tem sido, ela própria, motor do desenvolvimento do país. 3.ª Feira do Material Pedagógico - Uma iniciativa com história Entre 10 e 18 de Maio, o SPRC realizou a 3.ª Feira do Material Pedagógico, este ano com a participação de cerca de 2500 alunos de escolas do 1.º ciclo e jardins de infância. Tratou-se de uma grande iniciativa não só pelo impacto que teve na vida dos estabelecimentos de ensino, mas principalmente porque manteve aceso o espírito com que foi 18-RCI/Fevereiro • Março 2003 iniciada 4 anos antes: divulgar o material existente no mercado e inexistente nas escolas, apurar o sentido reivindicativo de uma escola pública de qualidade. Animação de rua, teatro, música, ateliês de expressão plástica, três espaços dedicados ao conto com a participação de contadores de histórias, venda de livros e de muito e bom material pedagógico. A Feira do Material Pedagógico foi também momento de divulgação dos resultados de dois Concursos realizados pelo SPRC envolvendo Alunos e Professores. Quanto aos primeiros, foram entregues os prémios do Concurso “À descoberta da história da nossa escola”. Quanto aos professores o “VI Concurso Literário do SPRC” conheceu os vencedores. Em consequência, através da colaboração com a Editora Alma Azul, sediada em Coimbra, procedeu-se à edição de um Livro com os Contos premiados, pertencentes, por ordem decrescente dos prémios, a Joaquim Jorge Carvalho, Carlos Paixão Lopes e Helena Ferreira Marques. HOMENAGEM O SPRC, a Câmara Municipal da Lousã e os professores deste concelho, bem como a cooperativa TREVIM, associaram-se numa grande homenagem a uma grande mulher e ilustre docente e dirigente sindical, desde sempre associada do SPRC, mas infelizmente já falecida. Palmira Sales era o exemplo para gerações de professores e activistas sindicais. Na ocasião, Manuel Lousã Henriques afirmava: “mulher simples e abnegada, que deu uma lição de solidariedade e fraternidade...”teve uma vida difícil, palmilhando essas serras a pé, para garantir a centenas de meninos uma simples ferramenta para a vida - o ler, o escrever e o contar”...”era um apostolado que lhe saía da alma e do corpo”. ARP - Aliança para a Defesa do Mundo Rural Português Dando continuidade à perspectiva solidária e de intervenção no Mundo Rural Português, o SPRC tem valorizado um trabalho de grande envolvimento com a ARP, organização da qual o SPRC é membro fundador, integrando os seus órgãos dirigentes. Neste contexto, o SPRC tem colaborado na organização e promoção de diversas iniciativas e publicações, destacando-se o II Encontro Internacional Sobre a Revisão da PAC e a edição da revista Ruralidades, que teve já seis publicações semestrais. RELATÓRIO DE ACTIVIDADES RELATÓRIO DE ACTIVIDADES DO SPRC 2002 – ACÇÕES E INICIATIVAS A riqueza da acção do SPRC sobe os objectivos reivindicativos abordados, completa-se com um multifacetado plano de iniciativas desenvolvido no decurso de cada ano. Desta forma, os debates sobre problemas sociais, as acções solidárias, a formação e a cultura foram significativamente abraçadas por este valioso projecto sindical que é o Sindicato dos Professores da Região Centro. Sem se ser exaustivo e pecando, inevitavelmente, por defeito, a seguir se apresenta uma resenha das acções e lutas desenvolvidas ao longo de todo 2002. No âmbito da Formação Contínua de Professores e Educadores, através do seu Centro de Formação, do Centro de Formação do Núcleo Regional do Centro do Instituto Irene Lisboa ou em colaboração com a PROF – Associação de Professores de Viseu, o SPRC proporcionou centenas de acções de formação creditadas e não creditadas de elevado interesse pedagógico e científico, o que transforma o SPRC numa das mais prestigiadas instituições de formação de professores da região centro do país. Saliência especial para as Jornadas Pedagógicas, com 1300 participantes, para as acções creditadas, com 360 horas de formação e 540 professores formandos, e as 15 acções financiadas pelo PRODEP, com uma oficina de formação, organizadas em 7858 horas de formação, para 338 formandos. Realização de um Estudo de Avaliação da situação no 1.º ciclo do ensino básico, sobre a resposta social para as crianças deste nível de ensino O SPRC organizou, no âmbito de decisões nacionais e regionais, diversas esperas a membros do Governo, nomeadamente ao Ministro a Educação, no quadro da luta pela estabilidade de emprego, contra a discriminação dos educadores de infância e a degradação da educação pré-escolar, entre outros motivos. O SPRC prosseguiu a sua actividade, particularmente no distrito de Coimbra, junto das escolas e jardins de infância, através de visitas, das quais se elaboraram relatórios que foram, posteriormente, enviados para: autarquias, escolas, assembleias municipais e de freguesia, organizações de defesa do consumidor, organismos regionais e concelhios da administração de saúde e educação, Inspecção Regional de Saúde e de Educação e órgãos de comunicação social. Estas acções não só denunciam as condições de funcionamento das escolas como criam redes de compromisso entre os diversos responsáveis. Janeiro — Encontros/Debates com os Associados do SPRC, sobre a adesão do SPRC à CGTP-In: 11 de Janeiro - Aveiro; 18 de Janeiro - C. Branco; 14 de Janeiro - Coimbra; 22 de Janeiro - Guarda; 14 de Janeiro - Leiria; 22 de Janeiro - Viseu 11 de Janeiro — Concentração Nacional, em Lisboa, de Professores e Educadores Contratados, organizada pela FENROF 18 de Janeiro — Participação no Encontro Nacional, em Lisboa, organizado pela FENPROF: “Educação especial. Que futuro?” 16 de Janeiro — Envio para os Jardins de Infância de questionário para recolha de dados dos Jardins de Infância, sobre a Componente Social e o Perfil do Educador de Infância 22 de Janeiro —– Participação no Encontro organizado pela ETEPA “Ensino Profissional e Desenvolvimento”, realizado em Castelo Branco 25 de Janeiro — Participação no Encontro Nacional “Ensino profissional — Valorizar o presente, construir o futuro” , no Porto , organizado pela FENPROF. Fevereiro e Março – Eleição de Delegados ao VI Congresso dos professores do Centro 20 de Fevereiro — A FENPROF toma posição face ao—“Manifesto para a Educação da República”. 26 de Fevereiro – Encontros de Professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico, em Leiria Março - Lançamento de um abaixoassinado nacional–“Por uma nova escola do 1.º Ciclo do Ensino Básico” Março – Realização de Plenários de Professores da Educação Especial/ Apoios Educativos em toda a região Março – Realização de Plenários Sindicais de Docentes das IPSS e Ensino Particular e Cooperativo em: 5 de Março (Viseu); 6 de Março (Aveiro); 7 de Março (Leiria); 12 de Março (Covilhã); 13 de Março (Coimbra); 4 de Março – Participação no Encontro “A história do 8 de Março”, promovido em Castelo Branco, pela União de Sindicatos do respectivo distrito 7 de Março — Participação no Colóquio da FENPROF—– “Ensino Superior: o futuro do Ensino Superior em Portugal — Desafios, Ameaças e Respostas”. 8 de Março – Realização do Seminário Regional comemorativo do Dia Internacional da Mulher, “A Mulher na Política“– Presente, Passado e Futuro”, organizado pelo SPRC em colaboração com a Cooperativa ARTEVIA 19 de Março – Encontros Distritais de Professores e Educadores 21 de Março— Assembleia Geral de Sócios do SPRC Abril - Concentrações e Vigílias de Solidariedade com o Povo Palestiniano, em Viseu e Coimbra 5 de Abril – Participação activa no “Encontro sobre Cidadãos Deficientes”, promovido pela União de Sindicatos de Castelo Branco 10 de Abril – Plenário de Sindicatos sobre “Formação Sindical” organizado pela União de Sindicatos de C. Branco 16 de Abril — Apresentação do livro “Lições do Abismo” de Daniel Sampaio, na Casa Municipal da Cultura de Coimbra, organização do SPRC e da Interlivro 23 de Abril — Espectáculo comemorativo do 28.º Aniversário do 25 de Abril, integrado nas comemorações oficiais do município de Aveiro, no âmbito da realização do VI Congresso dos Professores do Centro, na Feira de Março, com a Brigada Vítor Jara, Manuel Freire e Rui Moura 23 e 24 de Abril — VI Congresso dos Professores do Centro, realizado em Aveiro, sob o lema: “Opção Educação, Pública e de Qualidade 29 de Abril — O SPRC inicia a recolha de dados sobre ensino profissional, através de inquérito promovido pela FENPROF. A partir desta recolha elaboraram-se dois aprofundados estudos sobre a situação do ensino profissional em Portugal, os quais serão objecto de publicação específica 1 de Maio – Dia do Trabalhador. O SPRC promoveu com todo o movimento sindical unitário e com a CGTP-In as comemorações do “Dia do Trabalhador”. Mais uma vez o 1.º de Maio juntou a alegria de se viver em Liberdade e a luta pela valorização do Trabalho como o factor mais importante do Desenvolvimento. 10 a 18 de Maio — Realização em Coimbra, Praça da República, da 3.ª Feira de Material Pedagógico. Esta RCI/Fevereiro • Março 2003-19 RELATÓRIO DE ACTIVIDADES iniciativa que se realiza de dois em dois anos, ultrapassou as melhores expectativas, com a visita de mais de 500 crianças, por dia, de forma organizada e em colaboração com os órgãos de direcção das escolas e jardins de infância de Coimbra. Espectáculos, exposições, animação de rua, hora do conto, ateliês de expressão plástica e, obviamente, venda de material pedagógico. Uma acção, com claro interesse reivindicativo, pois revela as verdadeiras carências, principalmente, das escolas do 1.º ciclo e jardins de infância. Entrega dos Prémios do Concurso “À descoberta da história da nossa escola”” às crianças e jovens vencedores 29 de Maio — Realização da tradicional Noite do Professor — Dancetaria Broadway, em Coimbra. Organização SPRC 20, 21, 23, 24, 27, 29 de Maio— Plenários de Professores e Educadores em Aveiro, C. Branco, Covilhã, Fundão, Sertã, Coimbra, F. da Foz, Guarda, Seia, Pombal, Alcobaça, Leiria, Viseu, M. da Beira, Cinfães, St.ª Comba Dão, S. Pedro do Sul. 22 de Maio a 24 de Junho - Exposição — “Para uma Cultura da Paz e da Não Violência”.— C. Branco, Viseu, Aveiro, Figueira da Foz. Junho — Realização de Encontros—“Jovens Professores: que futuro?””– Sessões de Esclarecimento, em toda a região, em escolas de formação inicial de professores e educadores, com a participação de 857 jovens professores, que concluiram os estágios profissionais do ramo educacional, na Universidade de Coimbra, CIFOP da Universidade de Aveiro, Universidade da Beira Interior, Escolas Superiores de Educação de Coimbra, Leiria, Guarda, Castelo Branco, Viseu e Lamego e, ainda, da Universidade Católica de Viseu, Instituto Piaget de Viseu e ISCE de Mangualde 7 de Junho — Entrega no ME dos postais recolhidos em acções rua, junto da população, promovidas pelos sindicatos da FENPROF, no âmbito da campanha “Por uma Nova Escola do 1.º Ciclo”. 7 de Junho – Manifestação Nacional “Em Defesa do Emprego! Contra o Congelamento das Admissões na Administração Pública! Contra o Encerramento Administrativo de Escolas! Contra a Transferência Compulsiva de Professores! Contra a Imposição de Licenças sem Vencimento!” 11 e 14 de Junho — Encontros Distritais de Educação Pré-Escolar, sobre—“A Avaliação na Educação PréEscolar: Avaliar o quê, como e para quê?”, em Aveiro, Coimbra, Covilhã, Guarda, Leiria, Viseu 20-RCI/Fevereiro • Março 2003 18 de Junho— Eleições para os Corpos Gerentes do SPRC, triénio 2002 - 2005 20 de Junho— Jornada Nacional de Luta – SPRC 21 de Junho a 7 de Julho – Colaboração na Organização da Feira do Livro de Viseu Setembro – Realização de Conferências de Imprensa Regional e Distritais sobre a Abertura do Ano Lectivo. Nestas iniciativas, o SPRC traçou o retrato da situação da Educação em Portugal, particularmente dos aspectos com incidência socio-profissional e relacionados com as condições de funcionamento das escolas e jardins de infância 10 de Setembro — Manifestação junto à Escola Secundária de Oliveira do Bairro, aproveitando a deslocação do Ministro da Educação, contra o Calendário da Educação Pré-Escolar 11 e 12 de Setembro — Realização das Jornadas Sindicais do SPRC “Reflectir para agir melhor”, para dirigentes e delegados sindicais 13 de Setembro – Plenário Nacional descentralizado da Educação Pré-Escolar 27 de Setembro – Manifestação Nacional da Educação Pré-Escolar, em Lisboa, com a participação de cerca de 5000 Educadores(as) de Infância Outubro - Campanha da FENPROF “Pela Estabilidade de Emprego no Ensino Superior” 1 de Outubro — Jornada Nacional de Luta - Cordão Humano. “Pelo Trabalho com Direitos. Por Melhor Segurança Social” 5 de Outubro — Dia Mundial do Professor 8 de Outubro – Greve Nacional dos Educadores de Infância contra o Calendário da Educação Pré-Escolar 10 de Outubro – Participação no Plenário Nacional de Trabalhadores, organizado pela CGTP-In no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa 14 de Outubro — Plenário Regional descentralizado delegados e activistas sindicais 15 de Outubro — Reuniões com os Órgãos de Gestão das Escolas do concelho de Coimbra, sobre a Constituição de Agrupamentos de Escolas por proposta da Câmara Municipal 16 de Outubro – Manifestação Nacional da Administração Pública em Lisboa 28 de Outubro a 15 de Novembro–— Festa do Livro, organizada pela Interlivro, com o apoio e participação do SPRC 30 de Outubro — Greve Nacional dos Professores e Educadores 31 de Outubro — Plenários Dis- tritais de Professores e Educadores Contratados e Eleição das Comissões Sindicais de Professores e Educadores Contratados e Desempregados Novembro – Lançamento da Iniciativa “Repórter por um Dia!“– aceita o desafio…”, esta iniciativa tem por propósito obter fotografias de escolas do 1.º ciclo que não funcionem em condições adequadas Novembro e Dezembro - Caravana da Instabilidade, iniciativa pública nacional de esclarecimento da opinião pública sobre a situação do desemprego e dos docentes contratados, com 14000 quilómetros percorridos e o contacto directo com milhares de portugueses e portuguesas 8 de Novembro — Forum Nacional – Por uma Nova Escola do 1.º Ciclo do Ensino Básico, organizado pela FENPROF e CONFAP 11 de Novembro – A Criança e a Arte – com Dalila D’Alte Rodrigues e apresentação do Livro da mesma autora “”A Infância da Arte. A Arte da Infância” 14 de Novembro — Greve Nacional da Administração Pública 15 e 16 de Novembro — Encontro Nacional dos Docentes do Ensino Particular e Cooperativo e das IPSS, “Uma só profissão os mesmos direitos”, em Lisboa 28 e 29 de Novembro — Participação no Encontro Nacional de Educação Pré-escolar “Percursos e Percalços na Educação Pré-Escolar — Intervir para mudar”, em Lisboa 28 de Novembro — Encontro/ Plenário de Professores Aposentados do SPRC, Leiria Dezembro – Recolha de um Abaixoassinado “Contra projecto de diploma do ME sobre quadros e concursos” que recolheu, em apenas uma semana, mais de 15 000 assinaturas 10 de Dezembro – Greve Geral— CONTRA O PROJECTO DE CÓDIGO DE TRABALHO, CONTRA O ATAQUE AOS DIREITOS DE TODOS OS TRABALHADORES 16 a 28 de Dezembro – Festa do Livro de Viseu 17 de Dezembro – Colóquio com Manuel Carvalho da Silva, em Viseu 19, 20 e 23 de Dezembro — Ciclo de Debates sobre Educação Pré-Escolar. Coimbra, C. Branco, Guarda, Leiria, Viseu e Aveiro CADERNOS PEDAGÓGICOS - ENSINO SECUNDÁRIO “(IN)SUCESSO NO ENSINO SECUNDÁRIO E ACESSO AO ENSINO SUPERIOR” A EXCLUSÃO SOCIAL A PARTIR DA ESCOLA O Ensino Secundário é hoje o sector de ensino mais selectivo de todo o sistema educativo português e aquele que produz os maiores índices de exclusão social a partir da escola. Os números são incontornáveis: a taxa de insucesso, conjugada com a taxa de abandono, atinge os 60%. A situação é particularmente grave nos cursos tecnológicos, onde a taxa de alunos que os não concluem, no tempo médio da sua duração, ultrapassa os 80%. Os sucessivos ministérios da educação têm-se revelado inoperantes na avaliação séria e fundamentada das causas que estarão na base do insucesso diagnosticado, optando por nada fazerem ou a apresentarem soluções sem qualquer efeito prático desejável. Tem sido exactamente essa a linha de actuação do actual M.E., o qual apresentou, recentemente, uma proposta de revisão curricular do Ensino Secundário que, como todos já perceberam, se encontra destituída de qualquer estratégia sólida. Limita-se a retocar a revisão curricular apresentada pelo anterior Executivo de modo a reduzir substancialmente os custos da sua implementação. Paralelamente, ao invés de solucionar qualquer problema, o actual M.E. continua apostado em implementar medidas simplistas que apenas irão acentuar o carácter selectivo e elitizante do Ensino Secundário, de que são exemplo a irresponsável publicação de “rankings” de escolas e a implemen-tação de exames nacionais a Mate-mática e Língua Portuguesa no 9º ano de escolaridade. O SPRC, sem a pretensão de apresentar soluções definitivas, nem tão pouco consensuais, prossegue responsavelmente, com o presente caderno pedagógico, uma discussão que o ME nunca ousou fazer, colocando, no centro da mesma, questões tão essenciais como sejam: • Tem a realização de exames nacionais garantido a elevação da qualidade das aprendizagens dos alunos à saída do Ensino Secundário? • Que papel deverão desempenhar os exames nacionais na avaliação dos alunos do Ensino Secundário? “O Ensino Secundário é hoje o sector de ensino mais selectivo de todo o sistema educativo português e aquele que produz os maiores índices de exclusão social a partir da escola.” Será positivo persistir na lógica hoje reinante ou deverão os resultados obtidos pelos alunos ter consequências apenas no acesso ao Ensino Superior, como forma de garantir alguma equidade nesse processo, mas não pesarem na avaliação no ensino secundário? Vítor Godinho Coordenador Regional do Ensino Secundário do SPRC • Que papel, que responsabilidade deverão as instituições de Ensino Superior assumir no modelo de acesso a esse sector de ensino? • Que efeitos, no que respeita à inversão dos números que testemunham o insucesso no Ensino Secundário, se esperam obter da seriação de escolas e, concomitantemente, dos seus alunos e professores, com base nos resultados obtidos nos exames nacionais? RCI/Fevereiro • Março 2003-21 CADERNOS PEDAGÓGICOS O SUCESSO DO SISTEMA NUMA FOTOGRAFIA DE ESCOLA Helder Rodrigues Memnbro da Direcção do SPRC e do Conselho Nacional da FENPROF Docente na Escola Secundária de Amato Lusitano, Castelo Não vejam nesta rosa outra qualquer leitura que não a que corresponda à minha ternura. São apenas metáforas em construção. Talvez pétalas vermelhas em recomposição. Porventura, pedaços de educação. Sobre o tema em análise, o (in)sucesso no ensino secundário e o acesso ao ensino superior, podem consultar páginas mil na Internet. Há respostas, soluções, receitas, dúvidas, certezas, tudo em português, do jardim infantil ao superior... e lamento, só não encontrei para o doutoramento. Ainda assim, dizia eu para mim, há dias que já lá vão: Antes, perfiladamente sentados,/Meninos, um número com gravata,/Meninas de soquetes e de bata/São modos de medos assim calados. /O tinteiro, o ponteiro e os ditados,/A régua que nos beija, que nos mata:/Escola de manual que nos ata./Se não for Abril, estamos cercados! E veio abril e foi-se abril, há dias que já lá vão. Agora, continuamos cá. Estamos todos na foto. Nós, uns com os outros, nem sempre de braços dados; os manuais do lado direito, de programas rodeados. Os meninos, do mesmo modo sentados, em grupos de 20 perfilados, hermeticamente isolados, querendo ser engravatados, com outros medos bem falados, já só pedem os ditados. Os pais, com rankings à disposição, ficam a saber que a solução só depende do patrão. Feita a introdução e o ponto da situação, qual é afinal o sumário que escrevemos no secundário? Para quê tanto desatino no sucesso do ensino? E que processo de acesso se faz ao superior, que traz tanta dor? Vou ser breve na minha análise. Sendo um pouco avesso às estatísticas, optei contudo pelo estudo de um caso. Não sei se é igual em todo o lado... este chega para me preocupar. Aí vai, então, o caso da Escola Secundária de Amato Lusitano de Castelo Branco, em números; apenas se procura saber 22-RCI/Fevereiro • Março 2003 quantos alunos consegui-ram obter o seu diploma do Ensino se-cundário num ciclo normal de estudos, 3 anos, do 10º ao 12º anos. Não se trata de um “ranking” (em português, lista oficial dos melhores / ou dos piores) de uma escola em particular para satisfazer as curiosidades de um “marketing” (em português, mercado) educativo. Há tão só uma realidade constatada (que poderá merecer análise de estudiosos muito mais sabedores do que este apenas professor do Ensino Secundário). O ciclo apresentado em 1. (Triénio 1992/1995) corresponde a dados de um Ensino Secundário sem Exames a nível Nacional; o ciclo apresentado em 2.(Triénio 1998/2001) corresponde a dados de um Ensino Secundário com Exames Nacionais. Verifiquem-se então as percentagens de alunos que concluíram com êxito o seu ensino secundário durante os 3 anos num e noutro triénio; Vejam-se as diferenças de sucesso entre os alunos dos C. Gerais e dos C. Téc. Profissionais/Tecnológicos. Constate-se o que mais se quiser... (Quadros I e II) Entre as estudadíssimas e inúmeras variáveis que determinam o insucesso escolar, sejam ambiente social, estrutura escolar, características individuais do aluno, este estudo de caso é por demais evidente que situa a problemática no sistema de avaliação. No meu ponto de vista, a conclusão é mais do que óbvia: nesta escola, o sistema tem sucesso, quer dizer, o insucesso é o sucesso do sistema (onde é que eu já li isto?). Vejamos: o sistema consegue ter um enorme impacto na vida escolar dos alunos, reduz o número de alunos que pretende concluir um curso secundário ou atingir o nível superior, origina uma elevada percentagem de repetência e favorece o abandono escolar (81% nos C. Tecnológicos e 55% nos C. Gerais não têm sucesso). QUADRO I Triénio 1992 - 1995 100% 50% 48% 52% Sucesso Insucesso 40% 50% 52% 48% 20% C. Ger.:199 C . Total: 323 CADERNOS PEDAGÓGICOS QUADRO II Triénio 1998 - 2001 100% 19% 35% 45% Sucesso Insucesso 81% 40% 65% 55% 20% C. Ger.:132 C. Tecn.:88 Em traços gerais, parece cumprir as que seriam as últimas e menos desejadas funções sociais da escola: seleccionar e excluir (35% têm sucesso). É para isso que servem os exames. Então, esta escola, não sei se outras, debate-se hoje com problemas terríveis de vária ordem, mas que têm como pano de fundo sempre a mesma problemática: O EXAME. Está completamente emparedada em legislação difusa e contraditória que não compreende, tem dificuldade em aceitar e não consegue cumprir. Dito de outro modo, não sabe o que escrever no sumário do secundário. “Os jovens vão às aulas de apoio ou preferem as explicações? É para prosseguir estudos, entrar na vida activa, repetir para melhorar, abandonar, trabalhar, onde, continuar na C. P. ?” Total: 220 O secundário é um fim ou um meio? Deve trabalhar para Cursos Gerais ou para Cursos Tecnológicos? Preparar para o Exame ou fazer a Área Escola(como se...)?Receber do 6 mas não aplicar o 7 que está interrompido? Dar aulas ou pausar para exames e globais? Cumprir a rede ou pedir autorização para mais turmas do Curso Geral? O Projecto Educativo identifica-a ou fez perder toda a identidade de escola? Os jovens vão às aulas de apoio ou preferem as explicações? É para prosseguir estudos, entrar na vida activa, repetir para melhorar, abandonar, trabalhar, onde, continuar na C. P. ? Estas perguntas, que poderiam ter continuação infinda, criam um clima: alguns chamar-lhe-ão stress, eu prefiro chamar-lhe paranóia. Houvera linhas suficientes para divulgar em discurso directo as afirmações de pais, alunos, professores e teríamos uma banda desenhada perfeita que retractaria este viver hoje a escola. Na educação, os diferentes governos têm legislado sucessivamente mais ao sabor da sensibilidade pessoal de cada ministro e com o intuito de deixar a sua “marca”, do que à programação coerente a longo prazo baseada numa lei de bases e numa rede educativa sem demagogias elitistas e com condições efectivas de coordenação quer com o mercado e a legislação do trabalho quer com o ensino superior. (Não será necessário, com urgência, estudar o insucesso dos doutorados?) O mundo do trabalho não aceita ou não é obrigado a aceitar as valorizações (leia-se diplomas) que a escola dá, privilegiando a mão de obra barata para pagar trabalho indiferenciado, embarcando numa doutrina meramente mercantilista. Aos pais e aos jovens são criadas, e eles próprios criam, idílicas expectativas que vêem goradas a mais ou menos curto prazo. A democratização do ensino (ainda é disso que se trata, não?) não pode tornar iguais alunos que, de facto, são diferentes; uma sociedade que é feita de diferenças não pode ter uma escola que uniformiza e sobretudo avalia saberes e valores em desfavor de outros, compactando todos em exames, rankings, quadros de excelência...enfim, alta produtividade para capitalismo desenfreado. Então, quando integramos, neste terrível sistema de ensino, jovens que não se encontram obviamente em condições de o frequentar com sucesso, só poderemos esperar ter professores e jovens humilhados, maltratados, desiludidos. As soluções? Já ficaram muitas nas entrelinhas, não? Mas digo, porque me disseram e eu acredito: “Os jovens portugueses mais afectados pelo insucesso escolar são aqueles cujos pais são portadores das mais baixas qualificações escolares: 77% dos jovens que já reprovaram são filhos de pais com níveis de qualificação inferior ao da escolaridade obrigatória, que provêm dos meios mais tradicionais da sociedade portuguesa, do campesinato e do proletariado rural “ A quem aproveita o insucesso? Ao sistema. Quem é o sistema? RCI/Fevereiro • Março 2003-23 CADERNOS PEDAGÓGICOS ENSINO SECUNDÁRIO: QUE REFORMA? DA AVALIAÇÃO DOS ALUNOS COMO ENGENHARIA SOCIAL E EDUCATIVA Manuela Esteves Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa Dirigente da FENPROF Um dos aspectos nucleares em que parece assentar a proposta de revisão curricular do ensino secundário apresentada pelo Ministro da Educação é o da avaliação — o de certas habilidades em torno da avaliação — como chave mágica para “resolver” (e não apenas neste nível de escolaridade) os graves problemas com que o sistema educativo se defronta. E colocámos resolver entre aspas, porque ficámos com a convicção de que, por vezes, se tratará tão só de mascarar a crise sob uma fachada de rigor que opiniões públicas mais incautas admitem que se constrói se, por exemplo, multiplicarmos e/ou dificultarmos exames. Veja-se, a este propósito, como certos jornais e um em particular, se encarniçaram no passado recente, para transformar, mecanicamente, resultados de exames nacionais em rankings de escolas e de professores. Tal exercício visou, entre outros objectivos, predispor a opinião pública a aceitar como boa a tese de que sempre que se falar em “exame”, isso significa “rigor”, “qualidade de aprendizagem”, “sucesso dos melhores” devidamente averiguado. Tudo indica que o actual Ministro da Educação foi seduzido por estas teses. Logo no ponto de Apresentação das Linhas Orientadoras da Revisão Curricular (p.3) se recorda que, entre as razões para a suspensão da Revisão que ficou sepultada no Dec.-Lei nº 7/2001, esteve, e citamos: “b) A criação de condições adequadas para a orientação e para a avaliação dos alunos no final do ensino básico, de forma a ultrapassar a difícil situação de insucesso e abandono que se verifica actualmente no 10º ano de escolaridade, a qual não será resolvida apenas com a nova etapa inicial de diagnóstico e orientação nele prevista;” Ora atentando bem neste texto, o que fica claro é que ele preconiza menos 24-RCI/Fevereiro • Março 2003 insucesso e abandono no 10º ano de escolaridade, não porque mais alunos passem a concluir com melhores níveis de sucesso o ensino básico, isso não nos é dito, mas porque este os orientará (não se diz como, nem para onde, mas talvez não seja difícil adivinhá-lo...) e, no final, os avaliará...aliviando o ensino secundário, o início do ensino secundário, da hecatombe que aí se tem vindo a verificar. Ora, do que precisamos não é de empurrar o insucesso - ou melhor, a certificação do insucesso - de um ciclo de escolaridade para outro, mas de efectivamente o combater em ambos, o que é muito mais complexo do que jogar com cenários de avaliação. Mais adiante, o autor das Linhas Orientadoras - formalmente, o Ministro da Educação - sentiu-se na necessidade de proclamar no tópico “Enquadramento estratégico e linhas orientadoras”, ponto 2.1. que : “A prossecução do objectivo de qualificação das aprendizagens não pode, entretanto, constituir factor de discriminação dos trajectos escolares, nem do acesso a cada uma das modalidades de ensino, a partir de critérios que não sejam os do desempenho e do mérito evidenciados ao longo do processo de aprendizagem. O princípio da igualdade de oportunidades deverá orientar esse processo de qualificação e nunca este [sic] a sacrificar aquele.” Tudo isto sem aparentemente o autor se aperceber da contradição em que cai e de poderem estas palavras não passar de um mero voto pio. Bastará que relativamente ao ensino básico se limite a introduzir exames finais sem que nenhumas outras medidas sejam tomadas, que o que teremos então, serão, nuns casos resultados impeditivos do prosseguimento de estudos, e noutros, indicadores para uma “orientação” dos alunos para as vias socialmente menos valorizadas. A não ser que nos surpreendam e venham a “orientar” os melho- CADERNOS PEDAGÓGICOS res alunos para as vias tecnológicas e profissionais e os menos bem sucedidos nos exames do ensino básico, para os cursos gerais... O ponto 2.2 da mesma secção - “O combate ao insucesso e abandono escolares” - também é muito nítido acerca do pensamento que nos governa em matéria de reforma educativa. Diz-se aí que o abandono “constitui um dos mais preocupantes factores de discriminação social e cultural entre as novas gerações” mas omite-se que o insucesso e o abandono escolares são, eles próprios, em parte, e sublinhamos, em parte, resultado de factores de discriminação social e cultural que persistem (e, porventura, até se estão a agravar) tanto entre as novas gerações como entre as menos novas - e omite-se porque não se quer pôr em questão a política global nem dizer uma palavra sobre o modo como na escola se há-de agir para mitigar os efeitos dessas desigualdades sociais e culturais que atravessam a sociedade portuguesa. Claro que na óptica adoptada tudo fica muito mais simples. Se não, vejamos. Ele, o abandono escolar “identifica uma das mais persistentes fontes de ineficiência do sistema” - não se percebe muito bem se este “identifica” quer dizer que ele, o abandono é fonte / causa de ineficiência ou se aponta uma fonte / causa que não é nomeada, ficando envolta em mistério. Talvez seja a passagem que a seguir reproduzimos que afinal desvende tal mistério: “São conhecidas as razões que a montante sustentam esta ineficiência do ensino secundário, nomeadamente o sistema de avaliação e a clara falta de articulação entre este nível e o ciclo final do básico.” É petulante mas é elucidativo. Tudo se resume, afinal, à avaliação dos alunos e à articulação entre níveis de escolaridade. Avaliação dos alunos que, recorde-se, no estado em que se encontra é/foi obra de sucessivos governantes PSD - quem se não lembra já de quem é que impôs directrizes que confluíam na transição automática (ou quase) dos alunos ao longo dos 9 anos de ensino básico? Quem é que se não lembra já de quem é que preconizou um ensino básico que uns alunos concluiriam com um certificado de presença e outros com um diploma de aproveitamento? Quem se não lembra já de quem foi a ministra que criou as provas globais e restaurou os exames para conclusão do ensino secundário, reservando a este nível de ensino a função de selectividade de que o actual ministro agora tanto se queixa? “Ele, o abandono escolar “identifica uma das mais persistentes fontes de ineficiência do sistema” - não se percebe muito bem se este “identifica” quer dizer que ele, o abandono é fonte / causa de ineficiência ou se aponta uma fonte / causa que não é nomeada, ficando envolta em mistério.” Além da ausência de memória, tememos que outras incapacidades também se estejam a manifestar: por exemplo, a de ainda não ter aprendido que a avaliação dos alunos, a avaliação sumativa, porque nenhuma outra parece estar em consideração, por muito relevante que seja ( e é) no modo como influencia o trabalho de aprender e o trabalho de ensinar, está longe de ser a alavanca mágica que tudo impulsiona na educação. Se nada mais se fizer, se nada melhor se fizer do que o que fazemos hoje, tornar mais pesada a avaliação sumativa arrisca-se, como no caso dos termómetros, a medir com mais precisão a febre, mas seguramente RCI/Fevereiro • Março 2003-25 CADERNOS PEDAGÓGICOS UM NOVO PASSO PARA A RE-ELITIZAÇÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO Almerindo Janela Afonso Sociólogo da Educação, Universidade do Minho Do meu ponto de vista, há que analisar mais demorada e criticamente as consequências das actuais propostas de reforma do ensino secundário porque elas visam, entre outras coisas, reintroduzir novos dispositivos de selectividade social e remeritocratização académica, afastando definitivamente deste nível de ensino as questões relativas à sua democratização, as quais, aliás, nunca foram verdadeiramente equacionadas. Temos visto, sobretudo no que diz respeito ao ensino básico, quão nefasta é a ideologia que visa separar as questões da democracia na escola das questões da qualidade científica e pedagógica. Por esta razão, há que promover um novo consenso em torno da educação escolar pública – e este consenso deve ir no sentido de se equacionar em simultâneo a qualidade científica, a qualidade pedagógica e a qualidade democrática, independentemente de se tratar do ensino básico ou do ensino secundário. Neste sentido, há que evitar que os ímpetos neoconservadores e neoliberais, que condicionam a definição das actuais políticas educativas em Portugal, imponham novas (e, eventualmente, mais subtis e eficazes) formas de darwinismo educacional no ensino secundário, à custa nomeadamente do aumento da selectividade e da discriminação no ensino básico. Por que razão se pretende agora impor um novo exame no final do ensino básico se não for para aumentar a selectividade académica neste nível de ensino e, simultaneamente, promover maior selectividade social no próprio acesso ao ensino secundário? Lembre-se que as questões do sucesso e do insucesso escolar continuam a ser, em grande medida, explicadas por variáveis sócio-económicas e familiares – o que quer dizer que aqueles que irão, com maior probabilidade, ficar “apeados” à porta de entrada do ensino secundário continuarão a ser, cada vez mais, os filhos das classes mais desfavorecidas. Isto, certamente, diminuirá a pressão sobre o ensino secundário e obviamente, servirá melhor os interesses da nova classe média e de outras classes sociais com maior poder económico, político e cultural, e mais capazes de adoptar estratégias que salvaguardem, para os seus filhos, os cada vez mais escassos lugares que restam no mercado de trabalho. 26-RCI/Fevereiro • Março 2003 “(…) as questões do sucesso e do insucesso escolar continuam a ser, em grande medida, explicadas por variáveis sócio-económicas e familiares – o que quer dizer que aqueles que irão, com maior probabilidade, ficar “apeados” à porta de entrada do ensino secundário continuarão a ser, cada vez mais, os filhos das classes mais desfavorecidas.” CADERNOS PEDAGÓGICOS OS “RANKINGS” E O SUCESSO ESCOLAR Manuela Mendonça Membro da Direcção do SPN e do Secretariado Nacional da FENPROF A divulgação de “rankings” das escolas secundárias em Portugal (em Agosto de 2001 e Outubro de 2002) foi o culminar de uma campanha desenvolvida durante anos por alguns jornalistas e analistas políticos (a que se juntou o, na altura, ministro sombra do PSD para a Educação) a favor da divulgação dos resultados da avaliação realizada pela Inspecção Geral de Educação e das classificações dos exames do 12º ano e das provas aferidas, tendo em vista a seriação das escolas. Apresentando-se como defensores da transparência contra o secretismo, da exigência contra o laxismo, estes comentadores de questões educativas argumentavam que “todos sabemos que há escolas boas, más e muito más, só precisamos de saber quais são as boas para escolhermos a escola para os nossos filhos; a recusa do ME em divulgar os resultados é ilegal porque viola o direito dos cidadãos à informação; a competição entre as escolas é um caminho incontornável para estimular a qualificação”. Tendo por base uma posição de desconfiança em relação ao trabalho das escolas e dos professores, estes argumentos ignoram que: 1. Não é possível avaliar uma escola através dos resultados dos alunos em exames nacionais. A Lei de Bases do Sistema Educativo atribui à escola um conjunto de finalidades, que vão muito para além da instrução. A formação integral dos alunos passa pela aprendizagem de conteúdos mas também pela aquisição de competências e pelo desenvolvimento de capacidades e comportamentos que não são avaliáveis em testes de papel e lápis e cujos efeitos só são muitas vezes visíveis anos mais tarde. 2. Não é legítimo comparar escolas cujas realidades educativas são diversas. Há uma multiplicidade de factores que determinam o quotidiano escolar e que nenhuma escala classificativa poderá expressar. O arremedo de contextualização dos resultados tentado este ano não permite conhecer a realidade concreta de cada escola, ao pôr em pé de igualdade, em termos de resultados esperados, todas as escolas de um mesmo concelho. Como sabemos, é possível encontrar num mesmo concelho escolas (quer públicas quer privadas) com realidades educativas completamente diferentes. 3. Não se promove a melhoria das piores escolas expondo publicamente o seu alegado insucesso. A experiência de ‘rankings’ noutros países torna evidente que este sistema representa um obstáculo acrescido à melhoria do desempenho das escolas situadas no fundo da tabela. No Reino Unido, por exemplo, esta prática foi mesmo abandonada na Irlanda do Norte (em 1998) e no País de Gales (2001), tendo os respectivos ministros da Educação decidido acabar com a divulgação oficial dos resultados por estabelecimento de ensino que permitiam a comparação entre as escolas, após a verificação de que a publicação de ‘rankings’, para além de não ter produzido as RCI/Fevereiro • Março 2003-27 CADERNOS PEDAGÓGICOS melhorias esperadas, introduziu efeitos perversos no sistema de ensino, criando um clima pouco saudável de competição entre as escolas. Com efeito, os estudos realizados sobre estas experiências evidenciam que por força de terem que melhorar o seu posicionamento no ranking, as escolas tendem a concentrar o seu trabalho na vertente da instrução em detrimento da educação/formação e a recusar receber alunos com necessidades educativas especiais ou com resultados que lhes possam baixar as médias; as escolas passam a escolher os seus alunos e muitas famílias não têm a possibilidade efectiva de escolha; as escolas com piores resultados passam a ser alvo de discriminação, com a consequente desmoralização de alunos, professores e pais; o ‘ranking’ leva ao estabelecimento de escolas de diversas categorias, à constituição de elites e à estigmatização dos menos bem sucedidos. O ensino secundário que hoje temos está longe de corresponder às necessidades dos jovens que o frequentam e às expectativas dos profissionais que aí trabalham. Às elevadas taxas de insucesso e de abandono escolares que caracterizam este sector de ensino não será alheia a manutenção do modelo liceal como referência para a sua estrutura curricular, a sua dependência do ensino superior, a incongruência entre as finalidades que é suposto perseguir e o regime de avaliação dos alunos e a excessiva uniformidade e rigidez da organização escolar face a uma população escolar heterogénea, para referir apenas alguns dos problemas identificados. Neste quadro, promover o sucesso escolar passa certamente por uma avaliação séria do sistema educativo, que tenha em conta o desempenho das escolas mas também da administração educativa, aos vários níveis. Uma avaliação que permita identificar os constrangimentos que existem no funcionamento das escolas e compreender quais são da sua responsabilidade e quais decorrem de decisões de política educativa, por forma a comprometer as instâncias responsáveis na sua superação. A promoção do sucesso escolar passa seguramente também por uma cultura de auto-avaliação das escolas, que permita reflectir sobre os seus projectos, o seu funcionamento, os processos que desenvolvem e os resultados que obtêm, possibilitando a rectificação e a mudança. Numa cultura de dependência e de passividade como 28-RCI/Fevereiro • Março 2003 aquele em que os professores foram socializados, é mais fácil reproduzir modelos do que questioná-los. É por isso fundamental uma análise colectiva das práticas pedagógicas, formatadas por uma concepção curricular rígida, e quantas vezes pautadas pelo ritmo de livros e materiais escolares concebidos em função de um aluno médio que não existe. Só reforçando a colegialidade, a partilha, a cooperação, seremos capazes de ensaiar alternativas e de reivindicar condições para podermos concretizá-las. Mas, sejamos claros: o combate ao insucesso escolar não passa por ‘rankings’ de escolas. Em vez de constituírem o tal estímulo para a melhoria das escolas mais fracas, os ‘rankings’ acabam por as condenar a ser cada vez piores, ou seja, colocam em maior desvantagem quem já está em desvantagem. O ‘ranking’ de escolas, com tudo o que lhe está associado, acaba, assim, por constituir um forte factor de impedimento da promoção da igualdade de oportunidades, representando um enorme retrocesso no caminho de democratização da escola que, com determinação embora com dificuldades, temos vindo a percorrer. Por outro lado, os ‘rankings’ de escola são uma peça central no xadrez das medidas de política educativa defendidas pelo Ministério da Educação e que, a concretizarem-se, levariam à mercantilização da educação e à elitização e privatização do sistema educativo. São medidas que o actual governo pretende levar à prática, desvalorizando o sistema público e os seus docentes; hierarquizando escolas através de ‘rankings’; financiando-as de acordo com os resultados que apresentem; avaliando e remunerando professores a partir dos resultados dos seus alunos; nomeando gestores profissionais para as escolas com a finalidade de as controlar. Enquanto professores preocupados com o sucesso educativo de todas as crianças e jovens com quem trabalhamos, cabe-nos combater esta política e continuar a lutar por uma escola pública autónoma, responsável, democrática e de qualidade, garante do direito à educação consagrado na Constituição da República Portuguesa. “(…) o combate ao insucesso escolar não passa por ‘rankings’ de escolas. Em vez de constituírem o tal estímulo para a melhoria das escolas mais fracas, os ‘rankings’ acabam por as condenar a ser cada vez piores, ou seja, colocam em maior desvantagem quem já está em desvantagem.” PLANO DE ACÇÃO PLANO DE ACÇÃO DO SPRC PARA 2003 PROJECTO UM ANO DIFÍCIL DE GRANDES LUTAS Reflectir, organizar e agir - três eixos fundamentais para ganhar nas lutas pela Escola Pública, pelos direitos profissionais e sociais e pelos salários. O ano 2003 será de grande exigência para todos os trabalhadores portugueses, logo, também, para os educadores e professores. As medidas já postas em marcha pelo Governo, algumas no sector da Educação mas também em sectores diversos da vida nacional, estão aí para confirmarem o que se disse. Os trabalhadores portugueses, alvos preferenciais dos actuais governantes que representam, sem timidez, os interesses do capital, terão de se manter determinados na luta por melhores condições de vida, por emprego com direitos e por salários justos. O ano 2003 será marcado pela regulamentação das medidas mais gravosas e negativas que constam no Código de Trabalho o que, como a Ministra das Finanças já fez saber, passa pela aplicação à Administração Pública das alterações às regras consagradas na Lei da Maternidade e Paternidade, bem como de outras que, por serem diferentes (e mais negativas), exijam a alteração de regras específicas do funcionalismo público. No que se refere à Administração Pública este será mais um ano que se adivinha de grande confronto entre os trabalhadores e o Governo. A questão salarial será muito marcante, uma vez que, pela primeira vez, um Governo decidiu, unilateralmente, congelar a actualização salarial de mais de trezentos mil trabalhadores, para além de desvalorizar em mais de 1% os salários dos restantes que, já sendo os funcionários públicos mais mal pagos de toda a União Europeia, ficarão ainda mais longe dos seus congéneres. Também a defesa de direitos e a exigência de pensões de aposentação dignas serão matérias que, se prevê, unirão toda a Administração Pública Portuguesa ao longo de 2003. Se estas são as questões mais visíveis, talvez as mais mediáticas do confronto entre os trabalhadores e o Governo, o maior de todos os confrontos será, no entanto, o que o Governo se prepara para levar por diante com toda a sociedade portuguesa: a desqualificação e desvalorização dos serviços públicos no intuito de criar condições propícias à sua privatização. As áreas preferenciais desta ofensiva serão a Saúde, a Educação e a Segurança Social. Esta ofensiva governamental, bem marcada por uma orientação anti-social, expressar-se-á, em toda a Administração Pública, pela tentativa de imposição de um conjunto de medidas cujas referências a Ministra das Finanças fez constar no Capítulo II - “Matérias para Desenvolvimento Negocial” do documento intitulado “Processo Negocial para 2003”entregue à Frente Comum de Sindicatos da Função Pública na reunião do dia 29 de Janeiro. Nele consta, como primeira medida (que correspondeu à prioridade que o Ministério da Educação conferiu dentro das suas prioridades, confirmando a existência de articulação entre os vários Ministérios) a aprovação de novas regras para o recrutamento e gestão de pessoal, bem como para a sua contratação. Segue-se-lhe o sistema de avaliação do desempenho que o Governo diz pretender desenvolver em todos os sectores da Administração Pública. Também o estatuto dos dirigentes dos serviços (área claramente ligada à gestão das escolas que o Governo pretende controlar politicamente), alterações ao sistema de formação que, sendo necessárias, por certo não corresponderão ao sentido desejado da mudança, e a adaptação das novas regras impostas pelo Código de Trabalho, surgem como matérias a desenvolver durante o ano de 2003. Em suma, estão previstas todas as medidas ameaçadas pelo Ministro David Justino, o que significa que, desde que foram anunciadas, correspondiam a uma estratégia política global e não a caprichos pessoais ou a decisões específicas para a Educação. Qual o sentido dessas medidas? Pelo que temos vindo a ouvir nada nos garante ser um sentido positivo, bem pelo contrário. As intenções economicistas e/ou de controle político são bem visíveis nas propostas apresentadas, tornando-se indispensável darlhes combate se pretendemos evitá-las. Na Educação, a concretização das medidas genéricas anunciadas passará pelas tentativas de revisão dos Estatutos de Carreira Docente, pela alteração profunda do modelo de gestão das escolas, pela alteração dos sistemas de financiamento, pela desresponsabilização do poder central em relação ao ensino básico, por alterações profundas no sentido educativo da Educação Pré-Escolar e por reestruturações curriculares que não contribuem para a qualificação dos jovens. A alteração na estrutura do sistema educativo dar-se-á, por fim, com uma intervenção ao nível da Lei de Bases do Sistema Educativo que o Governo já fez saber não carecer de nenhum consenso especial, bastando-lhe o que conseguirá reunir com os votos da maioria parlamentar exigência que se afigura tarefa fácil. É, pois, muito forte, difícil e prolongado o combate que todos os educadores e professores deverão travar em defesa de uma Escola Pública de Qualidade, dos seus direitos e dos direitos e interesses das crianças e jovens portugueses. O Sindicato dos Professores da Região Centro estará disponível para, durante 2003, travar este combate com os professores e com todos os trabalhadores portugueses. De facto, a ofensiva em curso não se compadece apenas com lutas sectoriais. Pelo contrário, sendo uma ofensiva global contra a sociedade portuguesa, é desta que a resposta terá de surgir e é neste contexto que o SPRC apelará aos seus associados e, de uma forma mais lata, a todos os professores e educadores da região centro, que se mobilizem e lutem. A luta dos educadores e professores, para ter êxito, deverá passar por diversos momentos: de reflexão/debate, de organização e de acção. No primeiro desses domínios, o da reflexão e debate, o SPRC privilegiará o contacto directo com os professores. Nesse sentido, terão lugar deslocações às escolas, para reuniões ou contactos mais informais, onde se procurará esclarecer e informar os professores e colher destes os seus contributos e opiniões. Manter-se-á, também, o contacto e o trabalho com outros níveis de organização, seja com a Frente Comum para debate sobre aspectos específicos da RCI/Fevereiro • Março 2003-29 PLANO DE ACÇÃO Administração Pública, seja com a CGTP-IN para reflexão sobre todas as matérias que respeitam ao mundo do Trabalho. O SPRC promoverá, ainda, um Encontro Regional em Maio, integrado nas comemorações dos seus 21 anos, com desdobramentos por toda a região centro, com vista a envolver o maior número possível de docentes no debate sobre a revisão da Lei de Bases do Sistema Educativo, suas consequências e implicações. Nesse debate terá ainda lugar a reflexão, o debate e a tomada de posições sobre outras matérias específicas do sistema, sendo dado destaque às que, por razões de calendário negocial, se revelarem mais oportunas. As revisões dos Estatutos de Carreira Docente, bem como a alteração do actual modelo de gestão, merecerão prioridade na definição da agenda de trabalho. Em relação à organização, essa será matéria que merecerá também uma atenção especial ao longo do ano. Há realidades novas com que o SPRC se confronta. Novidades políticas, decorrentes da actual conjuntura, e novidades organizativas, a mais importante das quais foi a adesão do SPRC à CGTP-IN. Perante tais realidades esperam-se outras, e novas, respostas organizativas. Além disso, o SPRC não tem parado de crescer e de se rejuvenescer com muitos jovens a aderirem ao Sindicato, vários dos quais cedo assumem funções como delegados e dirigentes sindicais. No sentido de continuar a reforçar-se e de corresponder às elevadas expectativas dos professores e educadores em relação ao seu desempenho e à eficácia da sua acção, há que discutir a organização. É o que faremos em 2003, a partir do início do ano lectivo 2003/2004. Há que (re)pensar a estrutura para a dinamizar. Há que discutir os níveis de decisão, as formas de organização, a presença no terreno das estruturas que mais se aproximam das escolas, os Executivos Distritais, e também o papel dos que são a verdadeira presença do SPRC nas escolas, os Delegados Sindicais. Desta reflexão poderão mesmo resultar alterações aos estatutos do Sindicato dos Professores da Região Centro, o que, a acontecer, não será imediato, pois deverá ter lugar no âmbito do próximo Congresso dos Professores do Centro. Porém, a realização do Congresso da CGTP-IN, cuja preparação se fará no último trimestre de 2003, tal como a do Congresso da FENPROF que tendo lugar em 2004 verá o seu lançamento acontecer ainda este ano, serão excelentes oportunidades para culminarmos o nosso debate. Nesse sentido, a partir de Setembro deste ano deverá lançarse o debate sobre a organização sindical, de forma a levarmos a efeito, embora já em 2004, uma Conferência Regional sobre a Organização Sindical. Apesar de se apontar para o próximo ano a sua realização, todo o trabalho de preparação deverá ter lugar em 2003, bem como boa parte dos debates, daí 30-RCI/Fevereiro • Março 2003 merecer figurar como aspecto relevante da actividade do ano a que se refere este Plano de Acção. No capítulo da acção, o SPRC não pode aliviar a pressão sobre os responsáveis políticos. Nem sempre o recurso à greve é a forma possível de agir. Não só por não ser a única forma de lutar, mas pelos custos que tem para quem a assume. Assim, outras formas, originais e de impacto mediático, deverão ser concretizadas, não devendo ser deixada em claro a deslocação dos rostos mais visíveis do Governo à região centro, particularmente o Primeiro-Ministro ou os Ministros responsáveis pela Educação, pelas Finanças e pelo Trabalho. A presença do SPRC em iniciativas regionais ou nacionais que envolvam os trabalhadores portugueses, sejam no âmbito da Administração Pública, sejam de âmbito mais geral, será uma constante. Quanto a formas de luta mais extremas, e a política que tem vindo a ser desenvolvida pelo Governo começa a merecer uma muito forte resposta que “mexa”, de facto, com todo o sistema, o SPRC entende que compete aos professores levar a efeito o debate com vista à sua concretização. Como momento muito sensível do ano lectivo em que tais acções poderão vir a ser desenvolvidas, surge o período final em que se realizam avaliações e exames. Por fim, no que respeita ao relacionamento institucional com as diversas instâncias do poder central, com órgãos de soberania ou outras entidades de expressão nacional, designadamente as que representam diversos parceiros sociais e educativos, salvo situações específicas de expressão unicamente regional, o SPRC considera-se representado pelas estruturas sindicais superiores em que se integra: FENPROF, Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública e CGTP-IN. No plano internacional, as representações da CGTP-IN na CES (Confederação Europeia de Sindicatos), e da FENPROF no CSEE (Confederação Sindical Europeia de Educação) e na IE (Internacional de Educação) são, também, as representações do SPRC. Quatro notas finais, mas muito importantes de âmbitos estritos da intervenção do SPRC: Em defesa dos direitos sindicais - a afirmação do capital, a desvalorização do trabalho e a consequente quebra de direitos e de salários dos trabalhadores, passa pelo enfraquecimento das organizações sindicais que se afirmam no plano da acção e da luta reivindicativa. Nesse sentido, é evidente a tentativa de promoção, pelo poder, das organizações que se dispõem a fazer “fretes” políticos aos Governos; é evidente a tomada de decisões, por vezes ao arrepio da lei, que consubstanciam autênticos atentados ao livre exercício da actividade sindical e se traduzem em manobras persecutórias e retaliatórias sobre dirigentes e organizações; é evidente a tentativa de alteração dos quadros legais vigentes sobre direitos sindicais, com a imposição de limitações no direito à greve a surgir sempre como a restrição mais apetecida; é evidente a protecção ao actual estado de pulverização sindical, com expressão inigualável no sector dos professores onde o Ministério da Educação continua a dar protagonismo a organizações sem qualquer representatividade. Em defesa dos direitos profissionais e sociais dos professores, como de todos os trabalhadores, o SPRC não calará esta postura do Governo, apresentará queixa contra todas as iniciativas ilegais que promova e opor-se-á, de forma determinada, a alterações legais orientadas no sentido de limitarem os trabalhadores de lutarem pelos seus direitos. Por uma sociedade solidária e respeitadora dos direitos colectivos e individuais dos cidadãos - o SPRC continuará a envolverse e a empenhar-se nas lutas dos cidadãos por causas que contribuam para a defesa dos seus direitos e de uma sociedade mais justa e solidária. Áreas de intervenção como o combate à exclusão e à pobreza, a luta contra a toxicodependência, os direitos humanos, onde se incluem os direitos das crianças, ou a defesa do Ambiente são algumas das que merecerão a nossa prioridade. Em defesa da Paz - o SPRC empenharse-á nas iniciativas e no trabalho conjunto com as organizações que defendem a Paz e, por esse motivo, se opõem às intenções belicistas de Governos como o dos Estados Unidos da América ou o de Israel. Da mesma forma o SPRC manifestar-se-á sempre solidário com todos os povos agredidos ou em vias de o ser, o que, no entanto, não pode ser interpretado como apoio político aos seus governantes, que, em alguns casos não o merecem, de facto. Contra a globalização capitalista - o SPRC afirma-se concordante com os princípios e a intervenção do Fórum Social, estando disponível para, dentro da suas possibilidades e de forma articulada com as decisões e a participação da FENPROF, estar presente nos diversos níveis da sua intervenção, seja distrital, nacional, europeia ou mundial. ORÇAMENTO 2003 2002 2003 Totais 11,721.75 249.40 3,491.59 8,479.56 5,985.57 7,481.97 1,971.65 249.40 3,990.38 8,479.56 6,000.00 7,500.00 38,190.99 9,975.96 18,954.32 10,474.76 3,491.59 1,995.19 0.00 9,975.96 22,951.92 15,474.76 3,491.59 1,995.19 35,241.00 89,130.42 74,819.68 32,421.86 29,927.87 87,313.76 35,915.85 30,000.00 153,229.61 114,723.51 7,481.97 99,759.58 7,590.00 107,349.58 92,856.22 74,819.60 95,771.60 78,820.00 174,591.60 188,531.18 198,230.80 198,230.80 5,334.07 3,336.60 3,336.60 0.00 85,280.00 85,280.00 DESPESAS DE DIRECÇÃO TOTAL 849,339.60 9,477.16 8,479.57 1,995.19 249.40 997.60 27,433.88 44,084.96 10,743.50 12,477.16 2,393.96 250.00 1,100.00 32,433.88 43,714.80 103,113.30 9,217.79 104,747.56 49,879.78 3,990.38 17,457.93 10,076.92 119,735.54 59,620.78 5,800.00 18,567.93 213,801.17 Regionais Direcção CFRC ED/Assembleias de Delegado Sectores Departamentos Outras reuniões Iniciativas Aniversário do SPRC Plenários/Manifestações Encontros/Conf./Seminários Cultural e Recreativa 25 de Abril Jornadas Pedagógicas Informação RCI (Concepção/Expedição) Reprografia SPRC Reprografia exterior Formação Centro de Formação SPRC Instituto Irene Lisboa Serviço de Apoio a Sócios Serviços Jurídicos Seguro de Saúde FENPROF Quotização Fundo de Solidariedade Fundo de Solidariedade CGTP-IN Quotização (Central e Uniões Distritais) Fornecedores de Serviços externos Electricidade Combustíveis Água Outros fluídos Material de desgaste rápido Material de escritório Rendas Serviços Terceiros Contabilidade Correio (Administrativo e Sindical) Telefones/Fax (Administrativo e Sindical) Transportes (Pessoal e Encargos) Seguros RCI/Fevereiro • Março 2003-31 ORÇAMENTO 2003 Fornecedores de Serviços Contencioso/Notariado Conservação/Repararação/Manutenção Vigilância Publicidade/Propaganda Limpeza/Higiene Trabalhos especializados Outros serviços Conservação das instalações 2,439.99 35,915.85 897.84 39,903.83 13,963.94 3,491.58 12,469.95 29,927.87 2,493.99 36,915.85 897.84 42,980.90 15,000.00 3,420.80 12,500.00 39,920.00 154,129.38 5,334.07 5,486.60 5,486.60 407,758.30 32,166.40 34,915.85 85,629.63 8,479.56 420,991.00 33,182.89 39,915.85 87,629.63 8,978.30 590,697.67 7,481.97 2,493.99 997.60 7,481.97 2,493.99 997.60 10,973.56 DESPESAS DE FUNCIONAMENTO TOTAL 1,078,201.68 15,961.53 14,963.94 17,457.93 1,469.39 4,489.18 14,963.94 139,663.41 28,961.80 16,963.90 38,457.94 2,230.60 11,489.48 20,000.00 50,000.00 168,103.72 98,333.10 78,881.32 78,881.32 15,801.92 18,453.53 26,412.35 14,658.67 17,334.22 25,905.57 15,801.92 18,453.53 26,412.35 14,658.67 17,334.22 25,905.57 118,566.26 849,339.60 1,078,201.68 118,566.26 246,985.04 2,293,092.58 2,045,071.38 99,759.58 22,445.91 748.20 2,172,583.00 99,759.58 20,000.00 750.00 Impostos Impostos Pessoal Remunerações Subsídio de Alimentação Serviços de Apoio Segurança Social Seguro de Acidentes Pessoais Despesas Financeiras Transferências Encargos com financiamento Outras Aquisições Equipamento básico e mobiliário Equipamento informático Equipamento de reprografia Documentação Equipamento de comunicação Equipamento transporte e carga Imobiliário Amortizações anos anteriores Sedes (hipotecas) Fundos de Maneio Executivo Executivo Executivo Executivo Executivo Executivo Distrital de Aveiro Distrital de Castelo Branco Distrital de Coimbra Distrital da Guarda Distrital de Leiria Distrital de Viseu Quadros de síntese Resumo de Despesas Despesas da Direcção Despesas de Funcionamento Fundos de Maneio Aquisições e Amortizações Resumo de Receitas Quotizações (*) Formação Serviços prestados Outras receitas 2,293,092.58 (*) Quotizações: Cálculo de 14100 sócios (média)/Mês que se situam no 4º escalão (média) 32-RCI/Fevereiro • Março 2003 BALANÇO E DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS BALANÇO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2002 Activo Amortizações Activo Bruto Provisões Líquido ACTIVO IMOBILIZADO Imobilizações Incorpóreas Imobilizações Corpóreas 997,60 2.130.013,93 997,60 1.062.220,14 1.067.793,79 CIRCULANTE Títulos Negociáveis 100.502,44 100.502,44 Depósitos Bancários e Caixa 288.875,90 288.875,90 47.610,97 47.610,97 3.662,98 3.662,98 DÍVIDAS DE TERCEIROS Movimento Sindical Acréscimos e Diferimentos 2.571.663,82 1.062.220,14 1.509.443,68 CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO CAPITAL PRÓPRIO DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2002 CUSTOS E PERDAS Despesas com actividade 898.551,84 Fornecimentos e serviços externos 664.962,23 Impostos Custos com o pessoal Outros custos e perdas operacionais Amortizações do exercício Custos e perdas financeiras Custos e perdas extraordinárias Resultado líquido do exercício 578,71 594.785,00 375,95 183.884,14 29.697,57 370,56 74.717.13 2.447.923,13 PROVEITOS E GANHOS Jornadas pedagógicas Quotizações Outras receitas Proveitos e ganhos extraordinários 623,23 2.269.802,58 169.075,88 7,73 2.447.923,13 Coimbra, 31 de Dezembro de 2002 RCI/Fevereiro • Março 2003-33 EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR UM SECTOR EM MUDANÇA...MAS QUE MUDANÇA?! A Educação Pré-Escolar continua a ser para o ME um sector a desvalorizar, quer pelas medidas já aplicadas, como o calendário escolar específico para este sector de educação, quer pelas intenções que se antevêem nas diversas declarações de David Justino, prevendo-se um futuro que mais parece um passado remoto. Desde Setembro que proliferam suposições quanto ao futuro da Educação Pré-Escolar. Desde referências ao alargamento de horário dos Jardins de Infância, situação prevista desde 1997, com a publicação da Lei Quadro que veio introduzir a componente sócio-educativa, precisamente com o objectivo de alargar o horário para além do período lectivo e, desta forma, proporcionar uma resposta social às famílias, passando pela constante referência à valorização da rede social de Educação Pré-Escolar, sem nenhuma referência à rede pública, ideia confirmada recentemente quando David Justino assume que a criação da rede pública de Jardins de Infância foi um ERRO!!! nal dos Educadores de Infância. A constante referência à valorização da rede social em detrimento da expansão da rede pública, é recuar décadas, tendo em conta que o primeiro Jardim de Infância público foi criado em 1878. A partir de então, houve a preocupação de investir na criação de Jardins d e O ME continua a querer confundir componente educativa com componente sócio-educativa, não por ingenuidade mas, por intenções economicistas e de favorecimento a lobbies que funcionam, não a favor da educação de infância mas, a favor de políticas elitistas e de retrocesso pedagógico e social. Tal “confusão” já serviu para a publicação de Despacho 19310/2002 e parece estar a servir para dar cobertura ao reforço da rede social (que tem o seu espaço e a sua razão de existir) com o argumento de uma mais adequada resposta social às famílias !! Um calendário escolar que alarga no tempo a actividade lectiva, nega o princípio que determina este sector como sendo a 1ª etapa da educação básica, nega momentos como o da avaliação, suporte essencial à intencionalidade educativa. O ME ao não considerar, para a Educação Pré- Escolar, um tempo não lectivo igual aos dos outros sectores de ensino, abre caminho para consolidar esta perspectiva, alargando o horário de trabalho dos Educadores de Infância. Desvalorizando a Educação Pré- Escolar o ME desvaloriza o conteúdo funcio- 34-RCI/Fevereiro • Março 2003 Infância públicos bem como se assistia a medidas de reforço e valorização da função educativa da Educação Pré-escolar. Esta perspectiva só foi interrompida em 1937, quando o Governo de Salazar encerrou a rede púbica de Jardins de Infância e retirou este sector do sistema educativo, através do Dec. 28081/37 onde se lê “...e porque a experiência tem demonstrado que o ensino infantil não se encontra organizado de “Em pleno Século XXI, verifica-se um claro regresso ao passado, na perspectiva de que a educação pré-escolar só deve ser para alguns, os que a podem pagar.“ forma a que os frutos correspondam aos encargos, prevê-se a extinção ou reconversão das respectivas escolas, devendo aplicar-se em mais eficazes formas de actividade educativa, como a Obra das Mães para a Educação Nacional”. Em pleno Século XXI, verifica-se um claro regresso ao passado, na perspectiva de que a educação pré-escolar só deve ser para alguns, os que a podem pagar. A rede social (que apenas existe nos centros urbanos e semi-urbanos) deve ser supletiva da rede pública, esta sim, deve dar resposta a todas as crianças, independentemente das condições sócio-económicas das famílias. O ME prepara-se para pôr em prática todas as ameaças que têm permanecido no campo das suposições. Suposições que nos têm sido apresentadas com vários cenários, para depois nos darem uma realidade que, sendo má, não parece tão grave como se suponha. Com papas e bolos se enganam os tolos... mas nós não somos tolos! A revisão do Estatuto da Carreira Docente que permite ao ME alterar, entre outras coisas, o horário semanal, considerando ou não a componente não lectiva e, a nova Lei de Bases que passará a designar-se por Lei de Bases da Educação e da Formação Vocacional, que introduz o “ciclo infantil “ dos 0 aos 6 anos, ficando a dúvida de qual o posicionamento da etapa 3/6 anos, até agora designada por Educação PréEscolar, considerada parte integrante do Sistema Educativo e primeira etapa da educação básica, são dois documentos que mudarão decerto o panorama do actual sistema educativo e da carreira dos profissionais de educação. O percurso da Educação Pré-Escolar nas últimas décadas, desde logo pela publicação de legislação que tem vindo a reforçar o papel deste sector de educação no sistema educativo, não faria prever que vivêssemos hoje um retrocesso grave e com consequências directas para os docentes deste sector de educação. O percurso deveria continuar em sentido ascendente, no reforço de políticas de desenvolvimento e valorização da Educação Pré-Escolar. Valorização pelo consolidar do princípio que determina este sector de educação como primeira etapa da educação básica, promovendo uma estrutura organizacional do sistema educativo que privilegiasse a sequencialidade e a continuidade educativa. Valorização pelo cumprimento de um dos objectivos da Lei Quadro, aquele que determina a Educação Préescolar como promotora da igualdade de oportunidades no acesso à escola e no sucesso das aprendizagens, para tal, como já acontece em muitos países da UE, deveria considerar-se obrigatória a frequência das crianças de 5 anos. Valorização pela generalização da oferta da rede pública de educação pré-escolar, que permita a todas as crianças dos 3 aos 6 anos, a frequência deste sector de educação, investindo no reordenamento da rede escolar. É perante um retrocesso eminente que teremos de dizer NÃO! “Os Educadores de Infância não podem nunca aceitar um regresso ao passado nas políticas determinadas para a Educação Pré-Escolar. A defesa da rede pública, a defesa da valorização da função educativa, a defesa dos nossos direitos profissionais, exigem de todos uma posição forte e determinada. A ofensiva é grande, o desrespeito total. Grande terá de ser a nossa persistência na defesa de princípios e de valores, numa luta pela dignidade profissional de todos os docentes, por um sistema educativo público, de qualidade, que se quer sólido, coerente e de futuro.” RCI/Fevereiro • Março 2003-35 1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO PODE HAVER FOGUETES SEM FESTA ...? Sendo a Escola um lugar de encontro educativo para alunos, professores e pais (e não apenas um edifício enquanto tal) é legitimo reclamar qualidade e segurança das suas instalações e equipamentos. As aprendizagens significativas dos alunos transformadas em sucesso educativo estão dependentes, não apenas do desempenho dos professores — como alguns querem fazer crer — mas estão condicionadas também pelo grau de qualidade que são conferidas aos espaços escolares. Tendo isto em conta, torna-se para todos nós evidente a urgência da “aprovação e execução de um plano nacional de emergência que permita a recuperação e humanização de todas as escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico e o seu apetrechamento com os materiais e equipamentos que faltam na maioria das escolas”. Esta é a primeira, de dez medidas, contida no Manifesto “Por uma Nova Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico”, que a FENPROF e a CONFAP, no dia 28 da Maio de 2002, apresentaram ao Ministro de Educação, e que foi subscrito por mais de duas mil organizações de todo o país. Face à pertinência das medidas contidas no Manifesto, o Ministro David Justino comprometeu-se com as duas organizações mais representativas dos professores e dos pais com a tomada de medidas para alterar a situação gravosa vivida pelo 1º Ciclo do Ensino Básico, nomeadamente no respeitante ao reordenamento da rede e a sua qualificação — promessas…! O que de facto veio a acontecer durante os meses quentes que se lhe seguiram foi a suspensão — encerramento-administrativo de quase uma centena de escolas na região centro e muitas outras por todo o país, sem que tenha havido uma melhoria efectiva da qualidade nas escolas. A atestaresta afirmação, constituem prova as condições com que muitas escolas receberam os alunos provenientes de escolas suspensas, em tudo iguais às que foram encerradas, com uma peque-níssima diferença: apenas têm mais alunos. Fica claro para todos que a política seguida pelo ME se tem limitado a encerrar escolas para poupar! Desde então, é o silêncio… quebrado no passado dia 19 de Novembro, pelo Governo, com pompa e circunstância, em Évora, aquando do anúncio do Programa Especial de Reordenamento da Rede de Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico (PER.EB1), com um orça- 36-RCI/Fevereiro • Março 2003 mento de 24 milhões de euros (cerca de 5 milhões de contos) a aplicar na área do Alentejo, tendo como principal objectivo possibilitar o reordenamento da rede, melhorando a qualidade dos estabelecimentos (criação de novas salas de aula ou novas escolas nas sedes do concelho, onde o estado de degradação do parque escolar existente já não recomenda qualquer recupe-ração) que receberão as crianças das escolas entretanto encerradas. O investimento no parque escolar será, segundo o Governo, assegurado pelo Programa Operacional da Região Alentejo (65%) e pelas autarquias (35%), ficando o ME responsável pelo apoio em termos de mobiliário e equipa-mentos didácticos. Depois deste aparatoso anúncio o ME, no que à requalificação das escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico diz respeito, regressou ao seu cómodo silêncio. O país desconhece que medidas adoptará o governo para as regiões do Algarve, Lisboa e Vale do Tejo, Centro e Norte. Na região centro do país, como tem sido várias vezes demonstrado, a maioria das escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico funciona na mais completa penúria de recursos, pois um significativo número delas não possui condições de higiene e muitas teriam de ser encerradas se os serviços de saúde pública lhes impusessem as regras aplicáveis aos estabelecimentos de acesso público. Apesar de conhecer esta situação o Ministro da Educação e o Governo não apresentaram, em Évora, um programa de aplicação a todo o território nacional. O Governo limitou-se a uma região do país e, daí para cá, nada mais disse. Será que o programa apresentado em 19 de Novembro não passou de foguetório para responder às iniciativas da FENPROF e também da CONFAP? Será que as autarquias da região centro não têm força capaz para exigir que o programa em execução no Alentejo se estenda a todo o país? Ou será que a maioria delas tem dificuldade em erguer a voz? Aos professores e ao SPRC não resta outro caminho que não seja o de continuar a luta “Por uma Nova Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico”. Esta Nova Escola não ”é feita apenas de melhores instalações e do material didáctico e pedagógico adequado, mas, convenhamos, que estas duas questões são importantes. A denúncia da situação existente é muito importante como forma de pressão sobre o poder central e local. Todos podemos dar uma ajuda. Basta o envio de três ou quatro fotografias (do exterior e/ou interior) de uma ou mais escolas e de um pequeno texto que descreva a situação. Esses materiais serão colocados na internet em www.escolanova.com para que o país conheça o estado de abandono a que chegou o pri-meiro ciclo da escolaridade básica. O envio pode ser feito para a sede do SPRC [email protected] ou para uma das suas delegações ou para [email protected]. Quando não seja possível recolher as fotografias basta que os colegas indiquem ao Sindicato a localidade e o concelho onde se situa uma determinada escola em que o abandono e a pobreza de meios são mais evidentes. APOSENTADOS PROFESSORES APOSENTADOS REUNEM C/COORDENAÇÃO NA COVILHà E NA GUARDA A Coordenação do Departamento de Professores Aposentados do SPRC reuniu com sócios dos distritos de Castelo Branco (na Covilhã) e Guarda, nos dias 16 de Janeiro e 3 de Fevereiro de 2003, respectivamente. Foram debatidos problemas respeitantes aos professores na situação de reforma, e foram dadas a conhecer iniciativas, do SPRC e do seu Departamento de Profs. Aposentados, já realizadas e outras a efectuar no futuro próximo. Foram tratadas questões mais específicas como: dificuldades dos professores Apo- O tempo é muito importante… aproveita o tempo para ouvir e aprender, para ver a beleza que nos rodeia, para demonstrar afecto, para criar doces recordações e apreciar momentos especiais. O tempo é muito precioso… só ele cura velhas máguas e nos permite ganhar esperança e sabedoria. Mas sobretudo, aproveita o tempo para acreditar nas tuas próprias capacidades sentados dos distritos da Guarda e Castelo Branco em participar nos Encontros e Reuniões; situações ainda não contempladas ao abrigo da lei 39/99; demora na concessão e publicação da aposentação; simplificação das questões relacionadas com a A.D.S.E.; Seguro de Saúde; Lares; Protocolo com a Associação A importância de estar sindicalizado A nossa presença no Sindicato dos Professores da Região Centro enriquece-o e enriquece-nos. Se queremos uma reforma segura e estável. Nacional de Apoio ao Idoso – ANAI; cola- Se queremos garantir os nossos direitos. boração, dos professores Aposentados, com Se queremos manter-nos informados sobre a política educativa através das revistas do SPRC e da FENPROF. textos para o jornal do SPRC, o RCI; próximo encontro de Professores Aposentados que terá lugar num dos distritos do interior — Castelo Branco ou Guarda — em Maio ou Junho; organização de visitas culturais e de lazer a concelhos dos distritos de Castelo Branco e Guarda, organizadas pelo SPRC e com a colaboração das autarquias. Foram tratados estes assuntos em discussão interessada pelos colegas presentes, que mostraram vontade de participar e se envolverem, colaborando um pouco mais activamente e trazendo outros Professores às iniciativas do SPRC e do seu Departamento de Professores Aposentados. O Departamento de Professores Aposentados Se queremos ser solidários na defesa dos direitos e deveres dos professores no activo. Se queremos usufruir dos benefícios assegurados pelo SPRC, tais como: > seguro gratuito de acidentes pessoais no montante de 10.000 euros; > acesso a pacotes de seguros; > facilidade de pagamento e descontos em viagens e férias; > descontos em serviços de saúde, comerciais, hoteleiros, acessórios automóveis e outros; > regalias especiais no crédito à habitação, crédito pessoal e outros serviços da Caixa Geral de Depósitos; > protocolo com a Associação Nacional de Apoio ao Idoso (Centros de Dia, Lares e apoio domiciliário, entre outros). Logo que se aposente, se comunicar ao SPRC a nova situação, a sua quota passará a ser 0,5% da pensão de aposentação ilíquida, ou seja, beneficiará de uma redução de 50%. Manterá, ainda, a bonificação de 50% no cálculo do IRS para efeitos dedutivos. . Sindicato dos Professores da Região Centro RCI/Fevereiro • Março 2003-37 EDUCAÇÃO ESPECIAL - DIREITOS VENTUZELAS CONFIRMA: VALE A PENA LUTAR! No último número do RCI, demos nota da luta dos pais e encarregados de educação da Escola de Ventuzelas (1º CEB), no concelho de Cinfães. Uma Escola, relembremos, com os quatro anos de escolaridade, com dezanove alunos (cinco dos quais com dificuldades específicas de aprendizagem), perdida (como tantas outras) nas encostas da serra de Montemuro. Uma só professora. Confrontada com a impotência para responder a tantos problemas. Os pais/EE tinham decidido suspender a ida dos filhos/educandos à escola até que fosse colocado naquela escola mais um docente, como desde há muito vinham reclamando junto da Administração Educativa. Com o apoio do SPRC, tinham também decidido levar o seu protesto/reclamação ao Porto, concentrando-se junto à DREN. Pois bem, nem foi precisa a deslocação à DREN. Mal tomou conhecimento do processo de luta iniciado pelos pais/EE (a que o SPRC viria a dar apoio) aquela Direcção Regional apressou-se a resolver o problema, ladeando, habilmente, a suposta falta de “fundamentos legais” que serviu para justificar a não colocação de um segundo docente naquela Escola. De facto, a 15 de Janeiro, para grande satisfação dos pais/EE, dos alunos, da professora e do SPRC, foi colocado mais um docente na escola de Ventuzelas. É que nós continuamos a defender que as turmas do 1º CEB não devem exceder 15 alunos, quando integram os quatro anos de escolaridade ou os 12 alunos, quando integram alunos com necessidades educativas especiais (sejam ou não de carácter permanente/prolongado). E tudo isto porque continuamos a defender também uma Escola Democrática, Pública, de Qualidade e Inclusiva. Infelizmente, há poderes que só entendem a linguagem da luta. E Ventuzelas confirma: vale a pena lutar! 38-RCI/Fevereiro • Março 2003 PROJECTO DO ME PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL: DESRESPONSABILIZAR O ESTADO PELA EDUCAÇÃO DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS O Ministério da Educação enviou, recentemente, à Fenprof um Projecto de diploma para a Educação Especial/Apoios Educativos, que a pretexto do “enquadramento das medidas e recursos especiais de educação, dos serviços especializados de apoio educativo ao abrigo do artigo 38º do Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de Maio”, vem revogar o Decreto-Lei nº 319/91, de 23 de Agosto, e toda uma filosofia de Educação Inclusiva que, desde a aprovação da Declaração de Salamanca (1994), de que o Estado Português é um dos subscritores, determina que as escolas se devem ajustar a “todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras, neste conceito devem incluir-se crianças com necessidades especiais”. A inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais na escola regular tem, aliás, enquadramento legal na legislação portuguesa, designadamente, na Lei de Bases do Sistema Educativo, na Lei de Bases da Prevenção, Integração e Reabilitação da Pessoa com Deficiência e no Decreto-Lei n.º 319/91, de 23 de Agosto (e respectiva legislação regulamentadora). O documento apresentado pelo Ministério da Educação viola os direitos fundamentais das crianças e jovens com necessidades educativas especiais e representa um gravíssimo retrocesso histórico relativamente à Escola Democrática, Pública e de Qualidade que se pretende garantir para todos e não só para os que o Governo parece considerar como mais aptos. De facto, num retrocesso inqualificável, ao produzir este documento, o Ministério da Educação opta por uma filosofia educativa para os alunos com necessidades educativas especiais que, em termos práticos, se caracteriza pela: a) Desresponsabilização do Estado pela educação dos alunos com N.E.E. no contexto de uma Escola Democrática, Pública e de Qualidade. - assim se deve entender a substituição do conceito de “Necessidades Educativas Especiais” por “Necessidades Educativas Especiais de Carácter Prolongado” que visa restringir, de forma drástica, os destinatários das medidas e recursos especiais de educação; “Como pode um professor (ou uma escola) desejar cidadãos socialmente integrados e incluídos, se começar por admitir a sua exclusão numa fase tão fundamental da sua formação e desenvolvimento.” - assim se deve entender também a omissão no documento a qualquer medida de apoio às crianças entre os zero e os três anos e aos alunos que frequentam o ensino superior; - assim se deve entender ainda a facilidade com que se encara a possibilidade destes alunos não frequentarem o ensino secundário (artº 10º.6) e se programa o seu encaminhamento para a vida adulta através do chamado Plano Individual de Transição (artº 20º), processo que se deve iniciar 2 anos antes da conclusão da escolaridade obrigatória. - deixa o grande “lote” dos alunos com Dificuldades de Aprendizagem ou Perturbações de Comportamento ou outros problemas de carácter temporário (por exemplo problemas temporários de saúde) em completo abandono (e sob a inteira responsabilidade do professor da turma) no contexto de uma escola que vai “evoluindo” para padrões cada vez mais exigentes de desempenho (rankings, orçamentos dependentes da avaliação de desempenho, exames, etc), apesar de mais limitada nos recursos; b) Alteração dos conteúdos funcionais do Docente de Educação Especial: - reduzindo o Docente de Educação Especial à mera figura de “explicador” (antecipador e/ou reforçador da aprendizagem de conteúdos) e prevê-se a possibilidade dos apoios serem prestados e as aprendizagens serem realizadas fora da sala de aula ou em espaços extra-escolares; - reduzindo drasticamente o seu número nas escolas, impedindo assim que milhares de alunos com NEE obtenham os apoios educativos de que precisam. Consideram-se como Docentes de Educação Especial apenas os detentores de cursos de especialização em educação especial, fazendo-se “tábua rasa” dos muitos professores que possuem diversas formações em serviço nesta área e já têm muitos anos de experiência. Mesmo sabendo-se (tem sido reconhecido pelos professores, pelos pais, pelos Sindicatos da Fenprof, por especialistas, pelo Conselho Nacional da Educação) que todos estes professores seriam necessários na educação especial/apoios educativos e, mesmo assim, seriam insuficientes; c) Institucionalização da Edu-cação Especial remetendo-a, de novo, para as instituições privadas: - assim se deve entender a drástica redução dos Apoios Educativos para estes alunos na Escola Pública; - assim se entende também o artº 9º.2 quando prevê que “sempre que a aplicação das medidas especiais de educação (...) se revelem insuficientes em função da avaliação feita ao aluno pela equipa responsável pelo processo de elegibilidade, dá-se início à elaboração de uma proposta de encaminhamento para uma escola de ensino especial”; - isto, ao mesmo tempo que se reduzem os recursos humanos, materiais e financeiros nas escolas públicas e , ao mesmo tempo, se faz depender do orçamento anual da escola a disponibilização das medidas e recursos a estes alunos (artºs 10º.6 e 13º), com a alusão expressa de que “a introdução dos objectivos e conteúdos requer uma cuidada organização da escola no sentido de prever espaços, tempos, equipamentos e recursos humanos e materiais necessários” (Art. 10º.5) ou se diz que os meios financeiros (despesas correntes e de capital) “deverão constar do projecto de aplicação do orçamento anual da escola da responsabilidade do órgão de gestão” (Art. 13º.5). Note-se que é o mesmo órgão de gestão (e não o órgão de gestão e coordenação pedagógica) que homologa o PEI (Programa Educativo Individual). Será, portanto, legítima a questão: em caso de aperto orçamental, poderá ou não o aluno com NEE mais facilmente ser encaminhado para uma instituição? Bastaria ou não que o Órgão de Gestão não homologasse o PEI (por razões orçamentais, por exemplo). Mesmo reconhecendo algumas desactualizações no Decreto-Lei nº 319/91, a Fenprof nunca considerou prioritária a sua revisão, já que aquele diploma continua a ser um bom documento enquadrador da Educação Especial/Apoios Educativos. De qualquer modo, a haver revisão do D.L. 319/91, a Fenprof sempre entendeu que deveriam ser acautelados alguns princípios fundamentais, designadamente: - “a criação de condições na Escola Pública para que esta possa assumir com qualidade a educação de todos os alunos, incluindo os que têm necessidades educativas espe-ciais; - que os apoios sejam alargados às crianças dos zero aos três anos e aos alunos que frequentam o ensino superior; - que garanta a criação de lugares de quadro nas escolas dos Docentes de Educação Especial; - a criação de Equipas Multiprofissionais e de Centros de Recursos RCI/Fevereiro • Março 2003-39 Ora, o que acontece neste Projecto do ME, não é uma mera actualização de conceitos que salvaguarde estes princípios. Estamos perante um documento cuja filosofia, princípios e disposições normativas afrontam a Escola Inclusiva, que é o mesmo que dizer, a Escola Democrática, Pública, de Qualidade e Inclusiva, que defendemos. Como pode um professor (ou uma escola) desejar cidadãos socialmente integrados e incluídos, se começar por admitir a sua exclusão numa fase tão fundamental da sua formação e desenvolvimento. A menos que se admita a hipótese de estes cidadãos poderem viver segregados da sociedade toda a vida. É pelo menos assim que pensam Mariana Cascais e a equipa do ME. É um documento que, a ser aplicado, faria retroceder a Escola a concepções educativas de há cinquenta anos. Exactamente, o tempo bafiento em que as pessoas com deficiência eram “entregues às moscas”. Mariana Cascais, numa declaração insultuosa para os professores, declarou há pouco tempo na Assembleia da República já ter visto “alunos enrolados em mantas, sentados ao fundo das salas de aula e em que o professor de apoio se limitava a enxotar as moscas”?... Que outro documento poderíamos nós esperar de uma Equipa Governativa que integra uma pessoa (e partilha uma política) que pensa isto dos professores?... E que outra coisa pode esta Equipa Governativa esperar dos professores que não seja o combate a esta política e a rejeição deste projecto de diploma?... “A inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais na escola regular tem, aliás, enquadramento legal na legislação portuguesa, designadamente, na Lei de Bases do Sistema Educativo, na Lei de bases da Prevenção, Integração e Reabilitação da Pessoa com Deficiência” 40-RCI/Fevereiro 40-RCI/Fevereiro •• Março Março 2003 2003 PROPOSTA DE CARTA DOS DIREITOS DO CIDADÃO DEFICIENTE MENTAL para apoio a estes alunos.” Eu sou o Tiagolas, Deficiente Mental. Eu apresento, como proposta, esta Carta. Vamos trabalhar por ela, pela sua divulgação, para que venha a ser a Carta dos Direitos do Deficiente Mental. DEFICIÊNCIA MENTAL Redução permanente da capacidade intelectual que impossibilita de prover à subsistência, à higiene pessoal, de assumir responsabilidades pelos seus actos, que limita na via social, que faz carecer de tutor, de acompanhamento e de vigilância. O cidadão deficiente mental não é um doente mental. A pessoa com deficiência mental deve ser educada e viver na comunidade, mas com programas e apoios especiais. CAPÍTULO I Constituição da República Portuguesa Artigo 71º 1. Os cidadãos portadores de deficiência física ou mental gozam plenamente dos direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na Constituição, com ressalva do exercício ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados. 2. O Estado obriga-se a realizar uma política nacional de prevenção e de tratamento, reabilitação e integração dos cidadãos portadores de deficiência e de apoio às suas famílias, a desenvolver uma pedagogia que sensibilize a sociedade quanto aos deveres de respeito e solidariedade para com eles e a assumir o encargo da efectiva realização dos seus direitos, sem prejuízo dos direitos e deveres dos pais ou tutores 3. O Estado apoia as organizações de cidadãos portadores de deficiência. CAPITULO II Declaração de Princípios PRINCÍPIO I O cidadão Deficiente Mental deve usufruir de todos os direitos enunciados na presente Declaração. Estes direitos devem ser reconhecidos a todos os Deficientes Mentais sem excepção e sem distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, língua, origem nacional ou social, posição económica, de nascimento ou qualquer outra situação, quer do próprio cidadão deficiente mental quer da sua família. PRINCÍPIO II O Deficiente Mental, porque mentalmente diminuído, deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que o seu estado e a sua situação exigem. O Deficiente Mental deve beneficiar de uma protecção especial e dispor de possibilidades e de facilidades, por efeito da lei e por outros meios, para poder desenvolver a sua autonomia, desenvolver-se no plano físico, potenciar ao máximo sua intelectualidade, desenvolver ao máximo a sua independência. PRINCÍPIO III O Deficiente Mental tem direito, desde o nascimento, a um nome, a ter uma família, a ser protegido de modo muito particular. Tem direito à inserção e inclusão sociais. PRINCÍPIO IV O Deficiente Mental deve beneficiar da segurança social. Deve poder crescer e desenvolver-se de maneira saudável. Para garantir este fim, deve ser assegurada, tanto ao Deficiente Mental como à sua família, ajuda e protecção especiais durante toda a sua vida. O Deficiente Mental tem direito a alimentação, habitação, distracções e cuidados médicos adequados. PRINCÍPIO V O Deficiente Mental, para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade e da sua máxima autonomia, necessita de amor e de compreensão. Sempre que possível, deverá crescer sob o amparo e a responsabilidade dos pais e em família e, em qualquer caso, num ambiente de afecto e de segurança moral e material. Salvo em circunstâncias excepcionais, o Deficiente Mental não deve ser separada da família. A sociedade e os poderes públicos têm a obrigação de cuidarem muito especialmente dos deficientes mentais sem família e daqueles que careçam de meios de subsistência. É desejável que, às famílias numerosas, às carenciadas e de maior risco, o Estado ou outros organismos concedam meios de subsistência aos membros portadores de deficiência mental. PRINCÍPIO VI O Deficiente Mental tem direito à educação. Tem direito a frequentar escolas adequadas à sua situação, com professores e técnicos preparados para as suas necessidades de aprendizagem e de desenvolvimento. Tem direito a uma educação e escolaridade gratuitas e permanentes, enquanto se justifique e o Deficiente Mental mostre capacidade de aprendizagem e de desenvolvimento. Deve beneficiar de uma educação que contribua para a sua mais alargada autonomia e inserção social e que lhe permita desenvolver as suas aptidões, o juízo pessoal, potenciar o sentido das responsabilidades morais e sociais, e tornar-se um membro útil à sociedade. Desenvolver as capacidades do Deficiente Mental é um dever dos que têm as responsabilidades da educação e da orientação escolar. Estas responsabilidades cabem em primeiro lugar à família, mas a família tem o direito de receber os apoios específicos do Estado e o Estado tem a obrigação de subsidiar e de apoiar as iniciativas da sociedade civil, como instituições e associações que visem apoiar o Deficiente Mental e a sua família. PRINCIPIO VII O Deficiente Mental deve ter todas as possibilidades de brincar e jogar e de se dar a actividades recreativas, as quais hão-de ser orientadas para o desenvolvimento e para a educação. A sociedade e os poderes públicos hão-de esforçar-se por favorecer o exercício e o gozo deste direito, assim como o de promover o desporto para deficientes. emprego que lhe prejudique a saúde ou a autonomia, ou que impeça o seu desenvolvimento físico, mental ou moral. PRINCIPIO VIII O Deficiente Mental não pode ser detido nem condenado nem submetido a qualquer tipo de opressão ou de prisão, dado a sua autenticidade garantir não ser responsável de acto delituoso nem ser responsável por crime. É um cidadão inimputável Todo o castigo que se ache ser aplicado a um deficiente mental só pode ter como objectivo fins educativos e nunca punitivos e sempre proporcional à sua compreensão e responsabilidade. PRINCÍPIO XV O Deficiente Mental tem de ser protegido contra as práticas que podem levar à discriminação racial, à discriminação social ou a qualquer outra forma de discriminação. Deve ser educado em espírito de compreensão e de tolerância. Não pode ser rejeitado, marginalizado, desprezado ou retirado do convívio da família ou da sociedade pelo facto de ser Deficiente Mental e de provocar situações menos comuns aos padrões sociais vigentes. PRINCIPIO IX O Deficiente Mental tem direito ao convívio familiar e social. Deve sentar-se à mesa em família e não ser retirado, nem escondido. Tem direito a circular e a viajar, pelo que as cidades e os transportes devem ter adaptações às suas reais condições. PRINCIPIO X O Deficiente Mental tem direito a usufruir das vantagens associativas, pelo que as associações e outras instituições, que tenham como objecto apoiar e servir o Deficiente Mental sem fins lucrativos, devem ser reconhecidas e apoiadas pelo Estado. O Deficiente Mental tem direito a ter amigos, pelo que se reconhecem organismos que se instituam como amigos do deficiente mental. PRINCÍPIO XI O Deficiente Mental tem direito a ter comportamentos vulgarmente considerados socialmente incorrectos ou indesejados. Tem direito à sua compreensão e à sua aceitação. PRINCÍPIO XII O Deficiente Mental tem direito a uma personalidade jurídica. Também tem direito a um tutor que o represente e que seja garantia dos seus direitos. O Deficiente Mental tem direito à herança em igualdade com outros herdeiros. PRINCÍPIO XIII O Deficiente Mental deve, em todas as circunstâncias, ser dos primeiros a receber protecção e socorro nas situações de cataclismo ou de acidente. PRINCÍPIO XIV O Deficiente Mental deve ser protegido contra toda a forma de negligência, de crueldade e de exploração. Não deve ser submetido a tráfico, seja de que tipo for. Não deve permitir-se que o Deficiente Mental trabalhe com o fim único de produzir, dado não estar capacitado para reivindicar dos seus direitos, mas que o trabalho assuma fins ocupacionais, como processo de terapia e de diversão e de utilidade para o Deficiente e para a sociedade que o deve proteger. Não deve, em nenhum caso, ser obrigado ou autorizado a ter uma ocupação ou um PRINCÍPIO XVI O Deficiente Mental não pode ser usado nem explorado sexualmente. Nas situações de abuso sexual de um Deficiente Mental devem ser aplicadas as normas consideradas para os menores, nas situações de pedofilia. PRINCÍPIO XVII O Deficiente Mental tem direito à sua intimidade e a fruir de uma vida sexual e satisfazer as suas pulsões de modo individual ou com parceiro que voluntariamente aceite. PRINCÍPIO XVIII O Deficiente Mental tem direito a um nível de vida suficiente e como está incapacitado para procurar e garantir a sua subsistência, ao Estado compete assegurar a sua saúde e bem-estar, a alimentação, vestuário, alojamento, assistência médica e outros serviços sociais necessários. Para dar cumprimento a este direito do Deficiente Mental, o Estado tem o dever de atribuir uma pensão adequada a uma vida digna, para que o Deficiente Mental não seja um encargo pesado ou insuportável à família. PRINCÍPIO XIX Ao Estado compete também apoiar, subsidiar e suster lares, residências ou aldeamentos que sejam úteis ao Deficiente Mental e à sua família, como centros de repouso, de férias, e outros meios necessários em situações de impossibilidade da família por motivos de doença, de idade avançada ou de invalidez. PRINCÍPIO XX O Deficiente Mental tem o direito a que o Estado se obrigue a dar cumprimento ao determinado nesta Declaração de Princípios. Ao Estado cumpre o dever de reconhecer, apoiar e financiar as Instituições da sociedade civil vocacionadas e sem fins lucrativos para apoiar o Cidadão Deficiente Mental. Um abraço do Tiagolas (www.tiagolas.no.sapo.pt) Pai/Tutor: Manuel Miranda ([email protected]), Professor na Escola EB 2/3 Inês de Castro - Coimbra RCI/Fevereiro RCI/Fevereiro••Março Março2003-41 2003-41 TEM A PALAVRA O ACORDO E OS NEGOCIANTES No passado dia 15 de Janeiro o Ministro da Educação e oito organizações que, em sede negocial, representam professores, assinaram um acordo sobre um novo regime de concursos para recrutamento e colocação de docentes. De fora ficou a FENPROF, com a convicção de estar a representar bem os educadores e professores portugueses. Aqueles que assinaram o referido Acordo aceitaram, sem crítica que se lhes ouvisse, um concurso que poderá não se realizar todos os anos. Aceitaram também que nem todos os que se encontram habilitados para a docência se possam candidatar, como aceitaram a subversão das regras de graduação que deveriam ser claras, transparentes e objectivas. Aceitaram ainda a generalização de um concurso sem vagas publicitadas e a desvalorização dos quadros de escola, os únicos capazes de garantirem a cada estabelecimento de educação ou ensino a estabilidade indispensável ao seu normal funcionamento. Para além da aceitação deste novo regime de concursos a que, dentro de um ano, os professores se submeterão, sentindo na pele as suas consequências, as oito organizações subscritoras do Acordo aproveitaram para abonar politicamente o governo ao assinarem, supostamente em representação dos docentes portugueses, um texto que refere, entre outras afirmações, que o novo regime visa: “promover a estabilidade do corpo docente nas escolas”; “uma valorização da qualificação profissional do corpo docente”; “incrementar a total transparência na oferta de emprego e dos processos de colocação de professores nas escolas, promovendo uma maior justiça e um mais adequado equilíbrio de todo o sistema de colocação”. Admite-se que a subscrição deste Acordo, para aquelas organizações* 42-RCI/Fevereiro 42-RCI/Fevereiro •• Março Março 2003 2003 - FNE, FENEI, FEPPECI, Pró-Ordem, SIPPEB, SPLIU, SEPLEU e SNPL, segundo a comunicação social do dia 19 de Janeiro - seja uma questão de sobrevivência. Quiseram ter um pouco de protagonismo, procuraram obter as boas graças do poder, cumpriram os seus objectivos. Mas a FENPROF não necessita de acordos de sobrevivência porque vive com os professores, vive dos professores. A FENPROF, sozinha, tem um peso maior que todas aquelas organizações juntas, um peso e uma força que lhe advêm da representatividade que tem junto dos educadores e dos professores portugueses. Essa é a razão por que o ministro da Educação, embora tivesse conseguido oito assinaturas na declaração de acordo que apresentou às organizações sindicais, não conseguiu, de facto, o acordo dos professores. *A referência explícita às organizações que subscreveram o Acordo, informação colhida na comunicação social, tem por objectivo deixar registado o seu nome para que dentro de um ano, quando o concurso se reger pelas novas regras aprovadas, não estejam esquecidos os nomes de quem as aceitou. Mário Nogueira Percorro diariamente 240 km No ano lectivo 2001/2002, fiquei vinculado no distrito de Faro, sendo eu de Seia. Fiquei colocado a 550 Km de casa e da família. Logo no início do ano lectivo, a 7 de Setembro de 2001, a minha esposa sofreu uma trombose venosa profunda, que lhe imobilizou a perna direita, estando ela grávida de 9 semanas. Esteve internada um mês no Hospital de S. Teotónio, em Viseu, e teve que passar toda a gravidez de cama. Pedi imediatamente deslocação de escola para a minha área de residência, para a poder ajudar. Como não havia vagas no distrito da Guarda, não obtive a deslocação. Escrevi ao então Ministro da Educação, mas a resposta era sempre a mesma:”não há vagas”. Penso que a minha situação exigia um tratamento mais humano, mas nada consegui. Escrevi ao Sr. Primeiro Ministro e ao Sr. Presidente da República, dando conta do meu problema e da minha angústia, na esperança de obter uma ajuda. Em vão... Desde Setembro até Março, nunca faltei ao serviço, deslocando-me todos os fins-de-semana, de Castro Marim a Seia, percorrendo 1100 Km por cada fim-de-semana. A partir de Março, usufruí da licença de paternidade, devido à incapacidade física da minha esposa. No presente ano lectivo, estou vinculado no distrito de Viseu, leccionando no concelho de Resende e estando a 120 Km de casa. Vou a casa todos os dias, percorrendo diariamente 240 Km, boa parte deles em estrada de serra, com mau piso e muita sinistralidade. Esta é a única forma de poder acompanhar o crescimento do meu filho e auxiliar a minha esposa. A família é muito importante para o equilíbrio emocional de qualquer pessoa. Para usufruir desta companhia, tenho que passar 4 horas diárias a conduzir! Consegue-se imaginar o desgaste físico e mental de tal situação, para já não falar do desgaste financeiro de tanto quilómetro! E só de me lembrar que tenho uma escola a 200 metros de casa... Que pena os professores não receberem um subsídio de des- TEM A PALAVRA locação!! Estou certo de que não seríamos colocados a centenas de quilómetros de casa! Luís Manuel Bidarra Pais Professor Contratado: O “Camisola Amarela” na Volta a Portugal São milhares os professores contratados que vivem o seu dia a dia numa profunda instabilidade, sem saberem como vai ser o seu futuro, ou sem poderem perspectivar a sua vida pessoal, familiar e profissional. Uma pequena parte desta grande incerteza, prende-se com o facto de o professor contratado ser um verdadeiro “camisola amarela” na volta a Portugal, percorrendo este país de norte a sul, tendo na maioria das vezes como 1.º prémio mais incertezas, angústias e frustrações. Para exemplo, vamos analisar um caso (ainda que recente, de alguém que conquistou poucas etapas na volta) entre milhares de outros casos; o meu! No ano lectivo de 1998/1999, ano em que concorri pela primeira vez a Mini-concurso, fui chamada para substituição em meados de Março para leccionar no distrito da Guarda, na vila de Almeida, com um horário de 15 horas semanais. Como 1.º prémio, obtive um pequeno ordenado, que dava para pagar o pequeno quarto que arrendei e os transportes públicos que me traziam aos fins-de-semana para o conforto do lar, passando uma boa parte do tempo do descanso semanal dentro desses mesmos transportes e muito pouco tempo com a família. Ano lectivo de 1999/2000 - Entrei no dia 16 de Abril de 2000, na Escola EB 2,3 e Secundária de Penamacor no distrito de Castelo Branco, com um horário de 14 horas semanais. 1.º prémio - igual ao anterior, com a certeza que cada vez é mais difícil conciliar um bom desempenho profissional com um bom desempenho familiar. Ano lectivo de 2000/2001 - Nova substituição, desta vez só a 60 Km de casa (Tábua) e com um horário completo a contar desde 25 de Outubro, o que corresponde a um ano inteiro de tempo de serviço (... que sorte!!!). 1.º prémio - do ordenado que recebi e depois de descontar a gasolina que gastava mensalmente, (mesmo com o sistema de boleias), consegui depositar algum “dinheirito” na conta Poupança Habitação. Ano lectivo de 2001/2002 - Uma vez mais passo pelos processos necessários para concorrer a Mini-concurso, visto nunca obter colocação na 2.ª parte. Sou chamada a 12 de Março para leccionar em Aguiar da Beira, no distrito de Viseu, com um horário de 14 horas semanais. 1.º prémio - o desespero de estar a passar por tudo isto novamente e não ter ideia quanto à possibilidade de uma alteração deste estado de coisas. Por último, o presente ano lectivo. Nada de novo. Encontro-me à espera de colocação (embora na lista estejam apenas duas pessoas à minha frente). Assim, e apesar de não ter entrado ainda na volta deste ano, já sei qual o 1.º prémio que me está reservado: - A nova proposta do Ministério para a alteração à actual legislação de quadros e concursos dos docentes. No documento que foi apresentado, os docentes contratados têm um tratamento ainda pior do que se prevê no pacote laboral para os restantes trabalhadores, uma vez que poderão ser eternamente contratados a prazo. Mais grave ainda, é o que se procura reservar aos docentes com Habilitação Própria (como é o meu caso), que apenas se poderão candidatar a concurso até ao ano de 2005/2006. Para se continuarem a candidatar, terão que ter mais de 6 anos de serviço. Para concluir, e, depois de feitas as contas, mesmo que eu obtenha colocação nos próximos três anos desde o início do ano com um horário completo, não irei conseguir obter os 6 anos de serviço. Resta-me questionar, com grande preocupação, que se o 1.º prémio é assim, como seria o prémio de consolação? Será que me iria efectivamente consolar?... Nélia Saúde Fiquei com um horário incompleto! - E achas mau? Mais uma vez chegamos a Setembro e lá vêm as filas intermináveis, a ansiedade de saber quantos horários há, de quantas horas, em que número se vai ficar na lista. É como jogar um jogo que põe a nossa vida à prova... Eis o que me saíu na rifa: um horário incompleto de dez horas numa cidade a 50 km de casa. Há então que coordenar toda a rotina diária a partir daqui. Sim, porque quem tem emprego estável pode ir de férias descansado, (um professor contratado não tem dinheiro para férias), pois sabe que quando regressa tem o mesmo horário, no mesmo local, com os mesmos colegas, as mesmas condições de trabalho, o mesmo ordenado e as mesmas tarefas. Ao pobre contratado tudo isto aparece de um dia para o outro. Tenho que pensar como conseguir estar às 8 horas à porta do infantário e às oito e trinta na escola, que fica a 50 km, para onde não há auto-estrada, nem sequer via rápida, valha ao menos o pouco movimento na estrada, o pé pesado no acelerador e rezar para não encontrar aqueles senhores de boné branco e botas de cano alto, com uns automóveis que por acaso até têm umas riscas cor-de-laranja... Depois de acertados os horários, e só depois disso, porque não estamos em tempo de rejeitar trabalho por mais pequeno que seja o horário, há que pensar como se vai sobreviver com os noventa contos mensais, quando se tem todas as despesas normais de uma família: luz, água, gás, telefone, comida, prestação da casa, infantário e cobrirnos decentemente, ... tudo subtraído dá um saldo negativo. E como o subsídio de desemprego pedido em Setembro tarda em chegar, lá se tem que recorrer novamente aos pais. É triste! Tem-se uma família constituída, mas nunca se pode ser independente! Chegada à escola, ouvem-se os mesmos comentários de sempre: Quem é aquela colega? - Coitada é a que veio de mini-concurso para aquele horário pequenino! Mas isto não é nada, comparado com o horário que me entregam entretanto para as mãos: uma hora ao início da manhã e mais quatro à noite, são os restos... para quem está longe de casa e com uma criança que muito gostaria de encontrar a mãe para lhe dar atenção e lhe contar o seu dia. Mas não é assim que acontece. Para além do aspecto material obrigar a privar o meu filho de muita coisa que gostaria que ele tivesse, muito pior é não poder estar nos momentos mais importantes e dar-lhe o carinho que ele merece!!! — Talvez para o ano seja melhor!!! Ouve-se alguém dizer. Graça Gonçalves RCI/Fevereiro••Março Março2003-43 2003-43 RCI/Fevereiro TEM A PALAVRA Histórias de Professores Sou professora há 15 anos e estou colocada num horário de 14 horas a 200 Km de casa. No ano lectivo 2001/2002 estive colocada numa escola com 14 horas a 200 Km de casa e tinha que percorrer mais 60 Km duas noites por semana para ter mais 4 horas. Simultaneamente leccionei 5 áreas curriculares do ensino básico e secundário, fui responsável por três clubes e continuava com horário incompleto. Considerando que em termos económicos as aulas que leccionei à noite me davam prejuízo e que com a nova lei laboral essas horas não me contariam como horário nocturno é caso para perguntar: quanto é que um professor paga para trabalhar? Estive 16 anos a estudar, no ano de estágio passei várias noites sem dormir com o objectivo de concretizar o meu sonho, ser professora... Hoje estou desempregada. Centenas de jovens estão na mesma situação que eu, sem nenhuma perspectiva de emprego, entre nós já não se fala em estabilidade profissional. Enquanto isso colegas nossos esgotados e com mais de 30 anos de serviço não têm direito à reforma. Sou professora há 10 anos e continuo a fazer substituições. Actualmente, estou a fazer uma substituição de 16 horas (4meses) e percorro 130 Km por dia. Sou casada e tenho filhos! Sónia Catré Eles querem, mas nós impediremos As investidas governativas têm ocorrido com uma profusão tal que só não são desmesuradas porque estão à medida de uma direita extrema, capaz de tudo fazer para reordenar a sociedade no sentido de um modelo bem determinado. Assenta este na clara construção de um edifício sustentado por uma abissal distância entre os que detêm meios de produção e o vastíssimo número de assalariados. Não é, pois, um governo preocupado em apertar o cinto, mas sim, assumidamente, disposto a levar a eito as políticas da área que exemplarmente representa - à escala do tempo, também outros houve que, no passado, agiram sob os mesmos princípios e deles levou este país quase meio século até que os despejasse. O risco de se contribuir para o barro de uma política de retrocesso é hoje enorme, pois estamos perante perfeitos especialistas da velocidade no exercício do mando, que não deixarão casa sobre casa da estrutura social se, entretanto, a forte consciencialização crescente não resultar numa grande mobilização de cada um para as causas comuns - a defesa de direitos e a luta por melhores condições de trabalho. É que está montada a cilada para atordoar todos os trabalhadores, incluindo, inevitavelmente, os professores e educadores. De facto, retiram-se instrumentos de organização democrática (como é o caso da gestão das escolas ou dos hospitais) e mecanismos de estabilidade (a mobilidade geográfica e a flexibilidade laboral, insertas no código do trabalho, são duros exemplos que também levarão muitos docentes à indesejada opção pelos Q.Z.P., em detrimento dos Q.E.) para criar trajectos profissionais dependentes da vontade da entidade que administra, bem como uma subordinação hierárquica arbitrária, proporcionada pela descaracterização de conteúdos funcionais. O novo conceito de sociedade que o actual governo pretende alojar procura, ainda, eleger a competição como princípio que preside à acção das instituições. É, pois, uma ideia fundadora de uma insidiosa cultura do mérito, com o fito de se substituir o primado da consciência profissional pelo acatamento a quem chefia, acabando, pois, por resultar em adulações servis e em 44-RCI/Fevereiro 44-RCI/Fevereiro •• Março Março 2003 2003 inquietantes cumplicidades. Esta será a pedra de toque de quem quer alterar a estrutura social, apostando na análise comparativa da produtividade de cada um, até se alcançar a emulação. Daqui, só poderá advir um educação e um ensino estigmatizantes, desprestigiados pela desconfiança e sustentando o princípio da selecção das espécies, com absoluto prejuízo de relações laborais cooperantes e evolutivas. Estamos, então, perante uma brutal ofensiva, com ministros que não são avaros, mas que, em vez disso, sabem o que querem - mesmo quando, tecnicamente, pouco parecem entender da pasta que detêm, juntamente com seus secretários, como é exemplo o domínio da educação -, não se importando de avançar com decisões que impliquem grave dano para aqueles que vivem do salário. Não bastando a fúria em desregular as leis do trabalho, os que administram a nação tiveram o mais ofensivo atrevimento de, ao lado dos bons amigos, quererem fazer deste país um estado agressor, pronto a embarcar na vil aventura de alimentar um governo Bush já apodado de arauto da “nova era imperial”. A eles tem dado resposta o mundo com manifestações de milhares de pessoas. Todavia, a união necessita de ser reforçada - não podemos esquecer-nos do papel importante que, colectivamente, podemos ter. O tempo que vivemos não se compadece com hesitações ou branduras, pois tem ficado provado que as acções de luta desenvolvidas têm sido contributo indispensável para travar escaladas mais violentas de políticas que desprezam quem trabalha - o pacote laboral só não é tão danoso como inicialmente se apresentava porque foram intensas as acções reivindicativas desenvolvidas, apesar de haver sempre uma UGT pronta a firmar medidas iníquas. Responder afirmativamente à chamada para defender a dignidade humana e os seus direitos, será sempre um acto de iniciativa a que todos, certamente, estaremos determinados. Vítor Januário VII CONCURSO LITERÁRIO DO SPRC CULTURA - 21.º Aniversário REGULAMENTO 1. Poderão concorrer docentes de todos os níveis de educação e ensino. 1.º 750€ 2.º 500€ 3.º 250€ 8. O júri será constituído por 5 elementos, indicados pelo SPRC. 3. As obras a concurso deverão ser apresentadas em texto processado por computador, Times New Roman, corpo 12, a dois 9. O júri poderá não atribuir qualquer prémio, caso entenda que as produções não atinjam o nível pretendido. espaços, em folhas A4, apenas de um lado de cada folha, com um máximo de 70 páginas. 10. Não haverá recurso das decisões do júri. 4. Os concorrentes deverão enviar 5 exemplares em papel e uma cópia em disquete numa versão Microsoft Word, até 5 de Maio de 2003, data do correio, para: SPRC - Concurso Literário Apartado 1020 3001 - 552 Coimbra 11. Os premiados serão contactados telefonicamente no dia em que o júri tomar a decisão final. 5. Os trabalhos serão firmados com pseudónimo e acompanhados de envelope fechado, contendo no interior o nome, 13. O SPRC reserva-se o direito de publicação dos trabalhos recebidos. endereço, contacto telefónico do concorrente e o título do trabalho apresentado a concurso. No exterior do envelope deverá constar o pseudónimo igual ao que assinar o trabalho. 14. O SPRC não se obriga a devolver os trabalhos enviados a concurso. 6. Sempre que um concorrente apresentar mais de um trabalho, deverá remetê-lo em separado, subscritos com pseudónimos diferentes. 12. A divulgação pública dos vencedores far-se-á até ao dia 6 de Junho de 2003. 15. Serão excluídos os concorrentes que não respeitem as condições deste regulamento. 16. Os casos omissos, não contemplados neste regulamento, serão solucionados pelo júri. VII CONCURSO LITERÁRIO DO SPRC CONCURSO DE CONTOS 2. Os trabalhos deverão ser apresentados em prosa, modalidade do conto. 7. Serão atribuídos os seguintes prémios: RCI/Fevereiro••Março Março2003-45 2003-45 RCI/Fevereiro DIVULGAÇÃO SPRC APOIA, COIMBRA CAPITAL NACIONAL DA CULTURA DESTAQUES DE MARÇO Data • 7 de Março A MULHER E A CULTURA Local I Instituto Português da Juventude Organização I SPRC Datas • até 5 de Maio CONCURSO LITERÁRIO DO SPRC CONCURSO DE CONTOS Organização do Sindicato dos Professores da Região Centro O Sindicato dos Professores da Região Centro promove o seu VII Concurso Literário “Concurso de Contos”, aberto à participação de docentes de todos os níveis de educação e de ensino. O Concurso deste ano insere-se no calendário das comemorações do 21.º Aniversário do Sindicato dos Professores da Região Centro. Sáb. 8 a Dom. 30 Mar. Júlio Pomar. Obra gráfica | ARTES PLÁSTICAS Local | Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz Exposição Horário | Terça a Sexta | 10.00h - 18.00h | Sábado, Domingo e Feriados | 14.00h - 18.00h Preço € 3 | Aplicáveis descontos Organização | Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz Informações | Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz Cena no Café | TEMAS LUSÓFONOS Organização | Cena Lusófona Local | Café Santa Cruz | 22.00h Entrada Gratuita Informações | Cena Lusófona Data • 10 e 24 de Fevereiro Com esta iniciativa pretende-se proporcionar um ponto de contacto directo entre o público, as mais diversas manifestações artísticas do universo lusófono e os seus criadores, e criar um espaço informal de divulgação de cultura, multidisciplinar, aberto também a propostas externas que podem incluir a projecção de filmes/documentário, contadores de histórias, apresentação de livros, revistas e/ou outras publicações, música e a criação de espaços de reflexão conversas/discussões/debates. Ter. 11 Fev. a Dom. 30 Mar. Os bichos que andam por aí | CIÊNCIA Local | Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz Exposição itinerante | Vida animal 46-RCI/Fevereiro • Março 2003 Horário | Terça a Sexta | 10.00h - 18.00h | Sábado, Domingo e Feriados | 14.00h - 18.00h Preço € 3 | Aplicáveis descontos Organização | Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz Informações e reservas | Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz Exposição itinerante que irá percorrer concelhos do distrito de Coimbra. “Os bichos que andam por aí...” são animais mais ou menos simpáticos que vivem no interior ou periferias das nossas vilas e cidades. Alguns vivem nas nossas casas por convite nosso, como o cão e o gato. Outros, também lá vivem sem serem convidados, como a aranha ou a mosca. A lagartixa aparece quando o calor chega, enquanto os mochos e corujas só se vêem à noite, ou melhor, a maior parte das vezes só se ouvem. Na Primavera chegam as andorinhas e as cegonhas, que fazem os seus ninhos nas nossas casas e igrejas. Muitos outros, menos vulgares, poderão também ser vistos na exposição. Com esta exposição procura-se criar condições para que as pessoas conheçam um pouco melhor os animais que vivem perto de si, estabeleçam com eles uma relação mais calma e amigável porque afinal... “Os bichos que andam por aí...”. Esta exposição, composta maioritariamente de fotografias tem também uma forte componente interactiva que se destina principalmente às crianças. Sex. 28 Fev. a Sex. 11 Abr. O Elefante - Um dia no Zoo | TEATRO PARA A INFÂNCIA Local | Cine-Teatro S. Teotónio | 21h30 Inspirado no Conto “O Elefante” de Mrozek Texto e Encenação | Deolindo Pessoa Companhia | O Teatrão Sessões diárias para grupos escolares | 10.30h e 15.00h Organização | Coimbra 2003 e O Teatrão Informações e reservas | O Teatrão - Teatro para a Infância de Coimbra Preço para adultos € 6 | Preço para crianças € 3 Entrada Gratuita para os pais acompanhados do(s) filho(s) Trata-se de um espectáculo com manipulação de bonecos. Por causa da carta, ou por qualquer outra razão, não sei... A verdade é que finalmente foi doado um Elefante ao Zoo para ser apresentado à cidade no aniversário do dia da Liberdade” Interpretação | Cláudia Carvalho, Joana Macias, Pedro Marques e Ricardo Brito. Até 11 de Março De Nariz no Ar | CIÊNCIA Local | Casa Municipal da Cultura Exposição interactiva dedicada ao olfacto. Horário | Segunda a Sexta | 09.00h - 18.30h | Sábado e Domingo | 14.00h - 18.00h Organização | Exploratório Infante D. Henrique Entrada Gratuita Informações | Casa Municipal da Cultura de Coimbra O discurso dedicado ao olfacto, o mais desacreditado de todos os sentidos, é feito de tabus e de mistério. Na hierarquia dos sentidos, o olfacto encontra-se na base, juntamente com o tacto. Sentido do desejo, do apetite, do instinto, traz com ele a marca da animalidade. Farejar é próprio de animal e ainda por cima, a linguagem utilizada é incapaz de traduzir as sensações olfactivas. Farejar, inebriar-se dos pesados cheiros animais e vegetais, reconhecer o papel erótico dos perfumes, levanta suspeitas... Sentido dos afectos e dos seus mistérios, Rousseau disse sobre a imaginação e sobre o desejo: O olfacto abala o psiquismo mais profundamente que o ouvido ou que a visão, parece mergulhar nas origens da vida. PINTURA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA NAS COLECÇÕES PARTICULARES DE COIMBRA Abertura • 11 de Março BAAL | TEATRO Companhia | Artistas Unidos Data • 11 e 12 de Março 1.º FESTIVAL INTERNACIONAL DE BLUES DE COIMBRA | MÚSICA COIMBRA EM BLUES Data • 20 a 22 de Março COMEMORAÇÃO DO DIA MUNDIAL DA POESIA NO TEATRO NACIONAL D. MARIA II Data • 21 de Março Sáb. 11 Jan. a Sex. 14 Mar. Actions re Form: design experiments of architecture in movement | ARTES PLÁSTICAS Local | CAPC - Círculo de Artes Plásticas de Coimbra Exposição de jovens autores/arquitectos da Bartlett School of Architecture, de Londres Organização | CAPC - Círculo de Artes Plásticas de Coimbra Informações | CAPC - Círculo de Artes Plásticas de Coimbra Sex. 24 Jan. a Sáb. 31 Maio Lançamento das obras T. W. Adorno, Discurso sobre lírica e sociedade | Edição Angelus Novus Jacques Derrida, Che cos’è la poesia? | Edição Angelus Novus. Leitura de poemas do volume Século de Ouro. Antologia Crítica da Poesia Portuguesa do séc. XX INSERÇÕES - SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE DESENHO URBANO 1.º Módulo do Seminário e Conferência de Eduardo Souto Moura sobre o Metro do Porto A Escultura de Coimbra - Do Gótico ao Maneirismo | PATRIMÓNIO Local | Sala da Cidade Comissário | Pedro Dias Coordenação técnica e projectos museológicos | António Viana Horário | Terça a Sexta | 12.30h - 18.00h | Sábado e Domingo | 10.30h - 18.00h Preço € 2 | Aplicáveis descontos Organização | Câmara Municipal de Coimbra Informações | Sala da Cidade Data • 27 de Março Coimbra foi, desde o final do século XIII até ao início do século XVII, o principal centro de produção de escultura, quer de tumulária quer imaginária devocional e, ainda, embora em menor escala, de escultura ornamental de edifícios religiosos e civis. As obras escultóricas, umas de grande nível e outras marcadamente artificiais, foram exportadas para a Galiza, para os Açores e para a Madeira, para Marrocos e até para as Ilhas Atlânticas e para o Brasil. Esta exposição, que conta com cerca de 70 obras escultóricas, são acompanhadas de uma importante componente fotográfica e também documentação de arquivo, mostrando contratos com artistas como João de Ruão, Tomé Velho e António Fernandes. Data • 29 de Março DIA MUNDIAL DO TEATRO FUENTEOVEJUNA, de Lope de Vega Companhia | CENDREV Data • 27 e 28 de Março JAZZ AO CENTRO - ENCONTROS INTERNACIONAIS DE JAZZ DE COIMBRA David S. Ware Quartet E AINDA... POLAROID | DANÇA Companhia | Clara Andermatt Data • 7 de Março RCI/Fevereiro • Março 2003-47
Documentos relacionados
n º 1 6 6 • ano 2 1 • mar 2 0 1 0 • d is trib u iç ã og ra tu ita
Telef.: 239 851 660 FAX: 239 851 666 E-Mail: [email protected] http//:www.sprc.pt Ficha Técnica Região Centro Informação Registo de Propriedade n.º 217964 Propriedade do Sindicato dos Professores da Reg...
Leia mais