1 colégio estadual francisco ramos ensino fundamental e médio
Transcrição
1 colégio estadual francisco ramos ensino fundamental e médio
1 COLÉGIO ESTADUAL FRANCISCO RAMOS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO GUAMIRANGA 2012 2 SUMÁRIO: 1 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: …...........................................................04 1.1 APRESENTAÇÃO:...........................................................................................04 1.2 INTRODUÇÃO:.................................................................................................06 1.3 OBJETIVOS GERAIS:......................................................................................09 1.4 MARCO SITUACIONAL:..................................................................................11 1.5 MARCO CONCEITUAL:...................................................................................16 1.5.1 REGIME ESCOLAR:.....................................................................................27 1.6 MARCO OPERACIONAL:................................................................................31 1.7 REFERÊNCIAS................................................................................................40 1.8 ANEXOS...........................................................................................................42 2 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR: .....................................................43 2.1 ARTE: …...........................................................................................................43 2.2 BIOLOGIA: .....................................................................................................60 2.3 CIÊNCIAS: ......................................................................................................71 2.4 EDUCAÇÃO FÍSICA: .....................................................................................82 2.5 ENSINO RELIGIOSO:....................................................................................92 2.6 FILOSOFIA: …...............................................................................................98 2.7 FÍSICA: ............................................................................................................104 2.8 GEOGRAFIA: ................................................................................................117 2.9 HISTÓRIA: ........................................................................................................133 2.10 LÍNGUA PORTUGUESA: …............................................................................141 2.11 MATEMÁTICA: …............................................................................................173 2.12 QUÍMICA: .......................................................................................................189 2.13 SOCIOLOGIA: ...............................................................................................201 2.14 L.E.M.-INGLÊS: .............................................................................................208 3 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS................................................................................................................217 3.11 PARECER Nº 40/2010 – Implantação da Língua Espanhola..........................267 3.12 ANEXO A PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – 01/2011.............................................................................268 3 3.13 PARECER Nº 13/2011.....................................................................................269 4 PROPOSTAS DAS DISCIPLINAS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.270 4.1 ARTE: …...........................................................................................................270 4.2 BIOLOGIA: ......................................................................................................288 4.3 CIÊNCIAS: .....................................................................................................303 4.4 EDUCAÇÃO FÍSICA: .....................................................................................319 4.5 ENSINO RELIGIOSO:....................................................................................334 4.6 FILOSOFIA: …...............................................................................................354 4.7 FÍSICA: ...........................................................................................................370 4.8 GEOGRAFIA: ................................................................................................396 4.9 HISTÓRIA: .......................................................................................................409 4.10 LÍNGUA PORTUGUESA: …...........................................................................426 4.11 L.E.M. - ESPANHOL:......................................................................................457 4.12 L.E.M.-INGLÊS: .............................................................................................470 4.13 MATEMÁTICA: …...........................................................................................484 4.14 QUÍMICA: ......................................................................................................501 4.15 SOCIOLOGIA: ...............................................................................................512 4 1. PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 1.1 APRESENTAÇÃO: A necessidade de um Projeto Político Pedagógico na escola antecede a qualquer decisão política ou exigência legal, já que enquanto educadores (as) e enquanto membros da instituição escola, devemos ter claro a que horizonte pretendemos chegar com os (as) nossos (as) alunos (as), com a comunidade e com a sociedade, caso contrário não estaremos exercendo o nosso papel de educador (a). Se a escola é fruto da sociedade, é consequência dos saberes construídos socialmente, culturalmente, subjetivamente pelas pessoas que estão fora e dentro da escola, como podemos pensar em mudanças a partir daqueles que não estão diretamente ligados a esta realidade? Alunos (as), professores (as), comunidade, não podem figurar apenas nos papéis e nas propostas, devem fazer parte do sistema de reformulação do pensar a educação e a escola. O projeto é político, porque exprime a visão de mundo, de sociedade, de educação, de profissional e de aluno que a escola deseja constituir. Afinal, tomar decisões, fazer escolhas e executar ações são atos políticos. O projeto é pedagógico, porque possibilita, pela ação educativa, que a escola torne real suas intenções de constituir conhecimentos e valores. O projeto passa a ser, assim, a garantia da conjugação das atividades social e cultural da escola com suas atribuições pedagógicas. De acordo com GADOTTI, citado por Ilma Passos: Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores (1994 p. 579). Ao buscarmos uma identidade, descobrimos que na verdade ela já existia, era necessário afastar-se para poder analisá-la e percebê-la, descobrí-la e descobrir-se quanto um coletivo que caminha na busca de um mesmo objetivo. Além de discernir esta identidade, era indispensável ter o seu domínio, para tê-la como condutora como mola propulsora daquilo que se quer alcançar. A importância que a descoberta desta identidade teve, foi fundamental, só não foi maior que o assumir da mesma, posto que este é um processo em 5 construção e passa pelo coletivo e pelo diverso que compõe toda a Escola: direção, equipe pedagógica, professores (as), funcionários (as), pais, alunos (as) e a comunidade em que a mesma está inserida. Faz-se necessário que este Projeto, além de possibilitar a descoberta e o assumir da identidade do Colégio Estadual Francisco Ramos permita que o mesmo ofereça espaços de criação e de construção de valores e que os indivíduos que fazem parte da comunidade escolar, também se sintam imbuídos a lutar por um ideal comum. Ao estabelecer no Projeto Político Pedagógico a identidade da nossa Escola, o que se quer, que tipo de cidadão se espera formar, se assume o compromisso de que todos aqueles que fazem parte dela, terão a instituição escolar como fonte inspiradora, para que a história educacional da mesma, seja construída, na riqueza da diversidade, de maneira coesa, e por isso, forte e autônoma. 6 1.2 INTRODUÇÃO: Identificação do Estabelecimento: I – Nome: Colégio Estadual Francisco Ramos – Ensino Fundamental e Médio Código: 0001-4 Código do Inep: 41109813 II – Endereço: Avenida 16 de novembro, nº 300, Centro III – Município: Guamiranga Código: 0914 IV – NRE: Irati Código: 015 V - Entidade Mantenedora: Governo do Estado do Paraná VI - Croqui do estabelecimento: em anexo O Colégio Estadual Francisco Ramos - Ensino Fundamental e Médio, situado na sede do município de Guamiranga, criado em 1955, pelo Decreto nº 17463 de 25 de maio de 1955 com o nome de Grupo Escolar Francisco Ramos, atendeu os (as) alunos (as) do Curso Primário pela Lei Capanema e posteriormente pela Lei 4024/61. A partir de 1978 deu-se a implantação gradativa da Lei 5692/71 e a Resolução nº 3208 de 30/12/81 cria a Escola Francisco Ramos - Ensino de 1º Grau. Aos dezenove dias do mês de dezembro de 1971, em atendimento aos anseios da comunidade do Distrito de Guamiranga, a Lei Municipal nº 406/77 cria um Estabelecimento de Ensino destinado a oferecer a terminalidade do 1º Grau aos (as) alunos (as) que cursaram as quatro primeiras séries no então Grupo Escolar Francisco Ramos e Escolas Rurais do Distrito. O Plano Curricular de ambos os Estabelecimentos foi aprovado pelo Parecer nº 166/80 de 15/10/80 e homologado pela Resolução nº 2745 de 16/12/80. A implantação, a partir da 5ª série, no ano de 1978, foi gradativa, atingindo no ano de 1981 a 8ª série. A Escola Municipal iniciou suas atividades utilizando salas ociosas do Grupo Escolar Francisco Ramos, tendo instituição progressiva de séries, a necessidade de utilizar, mediante contrato de locação o prédio de propriedade do Senhor João de Jesus Barth da Costa. Em 20 de julho de 1978, a Escola de 5ª a 8ª série, passou a denominar-se Escola Municipal do Distrito de Guamiranga - Ensino de 1º Grau, conforme o 7 Decreto Municipal nº 149/78 e, pela Resolução Secretarial nº (2504/83 de 29 de junho de 1983, Escola Municipal Guamiranga - Ensino de 1º Grau. A Resolução Secretarial nº 2756 de 17 de junho de 1986 suspendeu, em caráter definitivo, as atividades relativas ao Ensino das 04 (quatro) últimas séries do 1º Grau da Escola Municipal de Guamiranga e a Resolução Secretarial nº 215/86 de 15 de janeiro de 1986 autorizou o funcionamento destas mesmas séries, na Escola Estadual Francisco Ramos - Ensino de 1º Grau, mantida pelo Governo do Estado do Paraná. A partir de 1992 foi municipalizado o Ensino de 1ª a 4ª série, ficando a Escola ofertando o Ensino de 5ª a 8ª série. Pela Resolução 1725/97 a Escola Estadual Francisco Ramos - Ensino de 1º Grau, passou a denominar-se Colégio Estadual Francisco Ramos - Ensino de 1º e 2º Graus e a Resolução 3208/98 DOE de 11-09-98 denominou o Estabelecimento de Colégio Estadual Francisco Ramos - Ensino Fundamental e Médio que situa-se no Município de Guamiranga, o qual se distancia do Núcleo Regional de Educação de Irati em 67 quilômetros. O Colégio Estadual Francisco Ramos foi reconhecido pela Resolução 574/87 – DOE de 05/03/1987, e oferta os cursos de Ensino Fundamental, reconhecido pela Resolução 574/87 – DOE de 05/03/1987 e Ensino Médio, reconhecido pela Resolução 574/87 – DOE de 20/03/2006. A renovação do Reconhecimento do Ensino Fundamental ocorreu através da Resolução 1701/03 – DOE de 24/06/2003. A oferta da modalidade de EJA, Ensino Fundamental Fase II e Ensino Médio, teve seu funcionamento autorizado pela Resolução sob nº 1529/10. A aprovação do Regimento Escolar do Colégio Francisco Ramos, deu-se conforme Deliberação nº 16/99, do CEE de acordo com o Ato Administrativo nº 386/2007, do Núcleo Regional de Educação de Irati. A partir de 2012, o Colégio oferta o Ensino Fundamental de 9 anos, Ensino Médio organizado por blocos de disciplinas semestrais e EJA (Educação de Jovens e Adultos) Fase II – Ensino Fundamental e Ensino Médio, nas organizações individual e coletiva, e conta ainda com uma APED (Ação Pedagógica Descentralizada) na comunidade de Boa Vista. O Colégio atende nos turnos, matutino, vespertino e noturno, totalizando 891 (oitocentos e noventa e um) alunos 8 (as), sendo que conta com onze salas de aula, biblioteca, laboratório de Informática Paraná Digital, sala da Equipe Pedagógica, laboratório de ciências, cozinha, banheiros masculino e feminino, banheiros adaptados para pessoas com necessidades especiais, banheiro para professores (as), sala dos Professores (as), secretaria e sala de Direção e com a quadra poliesportiva coberta. O quadro dos profissionais da educação do Colégio está formado, no momento, por direção e direção auxiliar, um secretário, cinco pedagogas, cinquenta e um professores (as), sete agentes educacionais II e onze agentes educacionais I. O Colégio proporciona complementação do Ensino Fundamental aos (as) alunos (as) das seguintes escolas e respectivas localidades: Escola Rural Municipal de Água Branca, Escola Rural Municipal de Barreiro e Escola Municipal de Guamiranga - Ensino Fundamental. O Colégio conta com a Sala de Apoio a qual traz benefícios aos (as) alunos (as) do 6º ano e também para os (as) alunos (as) do 9º ano. São ofertadas 15 vagas para os (as) alunos (as) dos turnos da manhã e da tarde, em contra turno nas terças e quintas-feiras, nas disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa. Além disso, disponibiliza a Sala de Recursos para atendimento de alunos (as) com distúrbios de aprendizagem. Ainda, oferece aos (as) alunos (as) atividades complementares de esporte e lazer, cultura e arte e hora treinamento de xadrez e CELEM Língua Espanhola. 9 1.3 BJETIVOS GERAIS Considerando os aspectos legais, com amparo nas Diretrizes Nacionais da Educação, na LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), nº 9394/96, no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), lei nº 8.069/90, nas Deliberações 002/2003 (Normas para a Educação Especial, modalidade da Educação Básica para alunos com necessidades educacionais especiais, no Sistema de Ensino do Estado do Paraná) – Instrução nº 007/99 (Normas Gerais para Avaliação do Aproveitamento Escolar, Recuperação de Estudos e Promoção de Alunos, do Sistema Estadual de Ensino, em Nível do Ensino Fundamental e Médio),– Instrução nº 009/2001 (Matrícula de ingresso, por transferência e em regime de progressão parcial; o aproveitamento de estudos; a classificação e a reclassificação; as adaptações; a revalidação e equivalência de estudos feitos no exterior e regularização de vida escolar em estabelecimentos que ofertam Ensino Fundamental e Médio nas suas diferentes modalidades) – Instrução nº 014/99 (Indicadores para elaboração da proposta pedagógica dos estabelecimentos de ensino da Educação Básica em suas diferentes modalidades) - Instrução nº 016/99 (Regimento Escolar), - Instrução nº 008/2011 SUED/SEED (Ensino Fundamental de 9 Anos), - Instrução 009/2001 SUED/SEED (Conteúdos Obrigatórios), - Lei 10.639/03 (Obrigatoriedade da História Afro-Brasileira, Educação das Relações étnico-raciais e Ensino de História e Cultura Afro-Brsileira e Africana), - Lei 13.381/01 (História do Paraná), - Lei 11.645/08 (História e Cultura dos Povos Indígenas do Brasil); Parecer nº 01/09 CP/CEE (Nome Social), - Lei Estadual 11.733 e 11.734 (Educação Sexual), tudo em consonância com as normas e leis federais e estaduais, SEED e NRE, objetiva-se: 1.3.1 Promover o cumprimento do Regimento Escolar do Colégio Estadual Francisco Ramos Ensino Fundamental e Médio, de acordo com a Deliberação nº 016/99; 1.3.2 Diminuir a taxa de evasão e reprovação, através do Projeto FICA e recuperação paralela; 1.3.3 Proporcionar a todas as crianças um tempo mais longo de experiência escolar, desenvolvendo,assim, amplas oportunidades de progresso nos anos seguintes do Ensino Fundamental; 1.3.4 Desenvolver ações que contribuam para o pleno domínio da leitura, escrita e cálculo dentro do nível fundamental de ensino; 10 1.3.5 Consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, Médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos), possibilitando a formação da cidadania e o prosseguimento de estudos; 1.3.6 Garantir a inclusão de alunos (as) com necessidades educacionais especiais de forma gradativa e dinâmica; 1.3.7 Cumprir as normas referentes à Avaliação e Aproveitamento Escolar, Matrícula de Ingresso, a transferência, classificação, reclassificação, adaptações, revalidação e equivalência de estudos presentes no Regimento Escolar; 1.3.8 Assegurar o ensino de História e Cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena na Educação Básica, bem como a temática da coordenação de desenvolvimento socioeducacional; 1.3.9 Garantir a permanência da Sala de Apoio e Sala de Recursos no Colégio. 1.3.10 Possibilitar o acesso e principalmente a permanência dos alunos inseridos na modalidade de EJA (Educação de Jovens e Adultos), com o máximo de aproveitamento dos estudos, permitindo aos educandos percorrerem trajetórias de aprendizagem não-padronizadas, respeitando o ritmo próprio de cada um no processo de apropriação dos saberes. 11 1.4 MARCO SITUACIONAL A sociedade brasileira está passando por transformações de cunho tecnológico e social, onde imperam as dinâmicas perversas do capitalismo global e a individualidade que são elementos que fazem as pessoas tornarem-se cada vez mais escravas de atividades profissionais desumanizadoras e pouco preocupadas com o bem comum da humanidade. Assim, estas acabam gerando violência, competitividade, desemprego, dificuldade no relacionamento humano, portanto, há necessidade de resgatar valores fundamentais para a sobrevivência, bem como atualizar-se através das capacitações para acompanhar todas estas transformações. A desigualdade social e a exclusão tem como principais determinantes os problemas estruturais da sociedade brasileira, a persistente concentração da renda e da riqueza numa pequena parcela da população. As políticas públicas empreendidas no Brasil, criaram recursos de infraestrutura urbana e rural, porém ainda insuficientes para elevar de forma geral a qualidade de vida da população do país. O Brasil continua a apresentar graves disparidades sociais e níveis elevados de exclusão, com dificuldades de manter um processo de crescimento econômico e social, gerando assim, uma pequena melhora nas condições sociais de vida da população brasileira. Nessa perspectiva, o Estado do Paraná apresenta realidade semelhante a do país, com problemas estruturais e desigualdades sociais, entretanto, é um dos estados brasileiros que mais progridem, a agropecuária ainda é a base de sua economia, com a absorção da tecnologia moderna. Em relação a educação, o estado se sobressai, com a criação de políticas públicas e educacionais próprias, como as Diretrizes Curriculares Educacionais, buscando um ensino voltado para a transformação da sociedade, através da realidade do aluno. O Colégio Estadual Francisco Ramos, situado no município de Guamiranga, localizado na BR 373, que faz parte do anel de integração do Paraná, emancipado em 16/11/1995, o qual se formou a partir da junção de várias comunidades ao redor da área central. O município é pequeno, porém progressista, as relações são bastante próximas. A maior parte dos pais dos (as) alunos (as) são pequenos agricultores, tendo moradia própria, trabalhando em torno de 40 a 60 horas semanais, com um 12 rendimento mensal de um a dois salários mínimos e com grau de escolaridade concluído nas séries iniciais do Ensino Fundamental. A maioria dos (as) alunos (as) reside com a família. A Escola atende a área urbana central e periférica e a zona rural, por isso a distância da casa até a Escola varia muito, sendo a menor distância de 50 metros e a maior de 15 km. Assim, a maioria dos (as) alunos (as) são da área rural e utilizam o transporte escolar, sendo que tem a idade adequada com a série. Os (as) alunos (as) da modalidade de EJA são jovens, adultos e idosos que apresentam um perfil caracterizado pela busca da continuidade dos estudos, onde muitos são oriundos do campo e, na idade adequada para o estudo não tiveram oportunidade devido a dificuldade de acesso às escolas. Os pais que consideram importante participar da vida da Escola, o fazem frequentando as reuniões, como forma de incentivo aos (as) filhos (as) e a própria escola para acompanhar o desempenho e o comportamento dos (as) filhos (as). Conhecem os professores dos filhos, gostam do Colégio pela seriedade do ensino ofertado, segurança e confiabilidade, pela competente administração, pela organização, pela amizade, pela disciplina e respeito aos pais e alunos (as). Ainda, permanece a preocupação com o transmitir conhecimentos, numa visão conteudista, mas há necessidade que o conteúdo priorize o "educar para o mundo do trabalho", visando a formação de cidadãos (as), permitindo resolver situações cotidianas. Existe uma definição clara dos papéis e da importância que todos (as) têm dentro do Colégio. Todos (as) têm um papel e uma função a executar e todos (as) indiscriminadamente são importantes, pois contribuem para uma escola democrática e mais humana. Há clareza quanto à relação que existe entre a metodologia que o professor utiliza para ensinar e a maneira que o (a) aluno (a) assimila o conteúdo, o interesse/desinteresse tem muito a ver com o dinamismo e o comprometimento do (a) professor (a) e do (a) aluno (a), pois juntos irão descobrir formas adequadas para a socialização do saber e do aprendizado significativo. É necessário analisar se realmente houve aprendizado e se os conteúdos trabalhados na escola estão coerentes com as faixas etárias e com a condição 13 cognitiva de cada aluno (a). Desta forma, a partir do momento em que o (a) professor (a) avalia se o (a) aluno (a) está progredindo em seu aprendizado, ele também se auto-avalia verificando se as atividades estão despertando o interesse e sendo relevante, pois, a prioridade dessa escola é manter a boa qualidade em todo o contexto escolar, através da valorização do ser humano, reforçando o entrosamento entre todos (as) aqueles que integram essa comunidade. É importante ressaltar que as práticas preconceituosas, a diversidade cultural e as desigualdades sociais são fatos que ocorrem dentro do espaço escolar. Porém, sendo a escola considerada o caminho mais viável para a superação desses preconceitos e da discriminação, é fundamental que a instituição não fique indiferente quanto aos problemas de relacionamento racial, cultural e étnico. Portanto, a explicitação da cultura afro-brasileira e africana e indígena na escola é imprescindível para amenizar o preconceito racial e despertar nos (as) alunos (as) a capacidade de reconhecer e valorizar as diferenças. Sendo os (as) alunos (as) do Colégio, em sua maioria crianças, adolescentes, jovens e adultos oriundos do meio rural, a educação deve contemplar os saberes acumulados socialmente pela humanidade, contextualizados a partir da realidade dos (as) alunos (as) tendo como princípio a dialética entre esses saberes e as experiências de vida dos (as) alunos (as). A partir de 2011 foi implantada neste município a Patrulha Escolar Comunitária, atividade esta desenvolvida pela Polícia Militar do Paraná em parceria com a SEED e NRE, em caráter preventivo e educativo, realizando o assessoramento à direção escolar no sentido de resgatar a segurança da escola. As instituições de ensino da rede pública estadual, passam a ofertar, a partir do ano de 2012, de forma simultânea o Ensino Fundamental de nove anos, assegurando o aumento dos anos de escolarização obrigatória para população brasileira, possibilitando a inclusão de um número maior de crianças no Sistema Educacional. Conforme consta nas diretrizes estaduais da educação, o colégio propõe uma escola integradora inclusiva, que implica a participação da comunidade. É importante ressaltar que as sociedades atuais enfrentam crescentemente o desafio do multiculturalismo, entendido como o respeito a diversidade cultural e individual do 14 ser humano, bem como a inclusão de indivíduos com necessidades educativas especiais, apresentando a necessidade de se potencializar o desenvolvimento desta camada populacional, oferecendo-lhes a oportunidade de acesso a uma educação que priorize a sua ascensão social e educacional. Dentro dessa realidade, o papel da educação/escola é o do conhecimento e da transformação, através da valorização das experiências cotidianas, experiências essas que permitam ao (a) aluno (a) o saber interpretar, comunicar-se e trabalhar em equipe, respeitando o conhecimento que ele traz de casa, transformando-o em conhecimento científico através da observação, da experimentação e do raciocínio, levando-o a refletir sobre questões sociais, políticas e econômicas, formando opiniões e sabendo argumentar, auxiliando o (a) educando (a) a construir sua identidade, identidade esta que é amadurecida através do incentivo do (a) professor (a) o qual tem como prioridade resgatar o conhecimento do (a) educando (a) trabalhando com atividades, conteúdos e pesquisas que valorizem a realidade em que o mesmo vive. Referindo-se ainda ao que é importante para a formação do (a) aluno (a), o Colégio Francisco Ramos tem como objetivo conquistar a cidadania de forma crítica, formar agentes transformadores, conscientes, capazes de viver e atuar na sociedade procurando o bem comum, sendo responsáveis, preocupados com o futuro, aptos para competir no mundo de trabalho e respeitadores dos seus direitos e deveres. Nesse sentido, o Colégio Estadual Francisco Ramos, vem apresentando nos últimos anos um índice no Ideb satisfatório, alcançando a média 4,4, sendo que a meta prevista para 2009, era 3,6. Todavia, o Colégio trabalha para melhorar ainda mais esses índices, principalmente o da evasão através do Projeto FICA, em parceria com o Conselho Tutelar e o Ministério Público e o da reprovação através da recuperação de estudos. Além disso, busca-se efetivar uma gestão democrática, onde todos participem da organização pedagógica da escola. No entanto, para que isso aconteça os representantes são escolhidos através de eleições diretas para Diretor (as) e Diretor (as) auxiliar, Conselho Escolar e APMF, conforme determinações da SEED. 15 As eleições para diretor (as) e diretor (as) auxiliar são abertas a todos (as) os (as) professores (as) e funcionários que atendem aos pré-requisitos estabelecidos pela Lei nº 14.231 de 22/11/2003 e alterada pela Lei nº 15.329/06. A comunidade escolar pode deliberar em conjunto como deve ser a escola, para assim atender as reais necessidades de seus educandos (as). Dessa forma, o ensino poderá se tornar de fato um instrumento para construção e defesa da cidadania, aliado ao principio de humanização. Sendo assim, a gestão democrática é o ponto de partida para uma mudança qualitativa do ensino público e propõe uma reorganização da estrutura escolar. Isso nos remete à participação de pais, professores (as), funcionários (as), alunos (as) e comunidade escolar no bom desenvolvimento das atividades escolares. 16 1.5 MARCO CONCEITUAL Concepção de Sociedade Etimologicamente, a palavra sociedade tem sua origem do latim societas, uma "associação amistosa com outros". Societas é derivado de socius, que significa "companheiro", e assim o significado de sociedade é intimamente relacionado àquilo que é social. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesse ou preocupação mútuas sobre um objetivo comum. Como tal, sociedade é, espaço de interação humana no qual se reflete a maneira de ser, agir e pensar de um povo. Local onde deve-se primar pela solidariedade, fraternidade, justiça, igualdade de direitos e liberdade de expressão. Enfim, um espaço que celebre sem adiantamentos a diversidade, concebendo-a como parte da condição humana. A sociedade está se modificando, principalmente porque vivemos um período de transição e ignorá-lo é ir contra todos os princípios do bom senso, uma vez que está presente a globalização em todos os setores da sociedade. Ela está invadindo a nossa vida, e nem sempre nos damos conta disso. A começar por pequenos objetos de uso cotidiano, até aparelhos mais sofisticados utilizados nas indústrias, na pesquisa científica, nas comunicações, nos meios de transportes e nos campos de serviços. Concepção de Homem Podemos conceituar o homem como ser socialmente evoluído a partir do momento que ele pode expressar as suas ideais, seja por desenhos ou símbolos a que os seres humanos poucos se diferenciavam dos outros animais, apesar da forma social em que viviam. A partir do momento que o homem se expressou através da escrita, um grande saldo ocorreu para a humanidade em geral. Embora muitos historiadores coloquem a roda como uma das invenções que revolucionou a sociedade humana, é de suma importância observar que o ato de perpetuar as suas ideias, fez com que o homem evoluísse constantemente. Historicamente na educação, o ato de ler e escrever, sempre foram intimamente ligados as elites. Nas sociedades romanas e atenienses, o ensino era ministrado para pessoas previamente escolhidas. O período mais negro para a 17 humanidade está localizado na Idade Média, a educação nesta época estava vinculada a educação religiosa, ministrada em mosteiros e com o evento do período industrial, Idade Moderna, a educação se desvinculou parcialmente do processo religioso e, no entanto, da mesma forma as classes mais baixas da sociedade não tinham ainda acesso a educação. Com o avanço do crescimento industrial e tecnológico, os governantes se viram coagidos por diversas organizações mundiais e assim resolveram então investirem mais no ensino devido às transformações sociais. Retornando a nossa realidade, atualmente podemos observar que o ser humano tem mais oportunidade de aprender, apesar de teoricamente haver uma maior facilidade de ingresso ao saber, pode-se observar que esta facilidade encontra uma enorme barreira sócio-econômica. Apesar da educação ser garantida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos: Toda pessoa tem direito à educação. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória,... A educação será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais, (...), e pela Constituição do Brasil nos seus artigos 205 e 206, ela não é respeitada em sua plenitude. Em um país em desenvolvimento como o Brasil pode-se observar que existem problemas sociais e econômicos que interferem com este direito Universal. Apesar de ser o anseio de muitas de nossas crianças no mundo, elas estão sendo entregues a marginalidade educacional, ora por fatores locais, ora por fatores internacionais. Concepção de Educação e concepção de Escola O Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Francisco Ramos sustenta-se numa visão de Educação que parte das atividades significativas do cotidiano à consciência científica e social sistematizada e, assim, auxilia na construção da consciência baseada na interação, na busca da verdade, da realização humana, do respeito, da solidariedade, da responsabilidade, do senso crítico e criatividade, para uma educação transformadora do ser humano e da coletividade em que está inserido. 18 Segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) nº 9394/96 em seu artigo 1º: “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. Sobre esta ótica, a educação é um processo constante, dialético e dialógico de nossa sociedade. A escola como veículo participante direto deste processo deve sempre levar em conta todo conhecimento pré-adquirido pelas crianças. O objetivo maior é proporcionar a todos a formação básica para o exercício completo da cidadania, a partir da criação na escola em condições de aprendizagem para que os alunos desenvolvam a capacidade de aprender, tendo como princípio básico o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo. A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade, desenvolvendo assim capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimento e habilidades e a formação de atitudes e valores; fortalecendo os vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social ( Art. 32, LDB). Assim, o processo de humanização só se faz nas relações entre os seres humanos, sendo a Escola um espaço ideal para que ele ocorra. É dos impasses e dos confrontos dessas relações que a consciência de si emerge lentamente, o homem move-se continuamente entre a contradição e sua resolução. Ao mesmo tempo em que o homem é um ser social, também é uma pessoa, isto é, tem sua individualidade que o distingue dos demais. A escola através do conhecimento sistematizado deve ofertar espaços buscando o desenvolvimento da consciência crítica e possibilite o acesso às verdadeiras condições de vida do homem, desenvolvendo-lhe autonomia e a criticidade. Na escola percebe-se que é imprescindível despertar nos (as) alunos (as) a consciência de que o mundo está passando por profundas e sérias transformações. Chamamos esse processo de globalização, e isto vem ocasionando mudanças na cultura da sociedade, gerando competitividade no mercado; automação – máquinas ocupando o lugar do homem; surgimento de um numero maior de desemprego. Neste contexto esta escola instigará os (as) alunos (as) a perceberem que tanto a tecnologia quanto as competições que existem não só no mundo do trabalho, mas 19 em todas as fases da vida se fazem importantes para que as pessoas não fiquem alienadas ao passado mas busquem acompanhar as transformações da sociedade globalizada. Porém, para que seja válida essa percepção nos (as) alunos (as) e que esta se transforme em consciência crítica se faz necessário trabalhar os parâmetros éticos na família, na escola, na política, etc., bem como o resgate de valores, levando os (as) educandos (as) a serem mais seguros (as) para viver neste mundo em transição. Mais do que transmitir conhecimento é imperioso que este conhecimento se dê entremeado de valores, ou mais profundamente, que eles sejam a essência do conhecimento, que a partir dos mesmos se dê o processo ensino-aprendizagem numa concepção humanizada e humanizadora. Assim, entende-se como primeira função da escola na sociedade, a mediação entre os conhecimentos historicamente acumulados e a construção destes pelos (as) alunos (as) a partir de suas realidades. Diante de tantos significantes, é importante que se perceba a necessidade de definir com clareza qual o papel da escola e que tipo de aluno (a) se quer formar: cidadãos conscientes, críticos, capazes de interferir e transformar a realidade à qual está inserido. Concepção de Ensino e Aprendizagem Por muito tempo a pedagogia valoriza o que deveria ser ensinado, supondo que como decorrência estaria valorizando o conhecimento. O ensino, então, ganhou autonomia em relação à aprendizagem, criou seus próprios métodos e o processo de aprendizagem ficou relegado a segundo plano. Os fracassos escolares decorrentes da aprendizagem, das pesquisas que buscam apontar como o sujeito conhece, das teorias que provocam reflexões sobre os aspectos que interferem no ensinar e aprender, indicam que é necessário dar novo significado à unidade entre ensino e aprendizagem. A reestruturação entre os processos de ensino e aprendizagem tem como marco explicativo para a maioria dos teóricos da educação, dentro da perspectiva construtivista. Em linhas gerais está delimitado pelo que se pode dominar os enfoques cognitivos, no sentido mais amplo. Entre eles destacam-se a teoria genética de Jean Piaget e seus colaboradores da escola de Genebra, tanto no que diz respeito à concepção dos processos de mudanças como às formulações estruturais clássicas 20 do desenvolvimento operatório e as elaborações recentes sobre as estratégias cognitivas e os procedimentos de resolução de problemas, a teoria da atividade, nas formulações por Vygotski, Luria e Leontiev e colaboradores, em particular no que se refere a maneira de entender as relações entre aprendizagem e desenvolvimento, aprendizagem, cultura e educação, e a teoria da aprendizagem verbal significativa,e Ansubel, e seu desdobramento em outras teorias. O núcleo central da integração de todas estas contribuições, referem-se ao conhecimento da importância da atividade mental construtiva nos processos de aquisição de conhecimento. Daí o termo construtivismo, denominando esta convergência. A construção do conhecimento que os alunos realizam na escola, serão significativas na medida em que eles consigam estabelecer relações entre os conteúdos escolares e os conhecimentos previamente construídos, que atendam às expectativas, intenções e propósitos de aprendizagem do aluno. Se a aprendizagem for experiência mal sucedida, o ato de aprender tenderá a se transformar em ameaça, e a ousadia necessária à aprendizagem se transforma em medo, para o qual a defesa possível é a manifestação de desinteresse. Por isso se revolta a organização de atividades de ensino e aprendizagem, as relações cooperativas entre professor e aluno, os questionamentos e as controvérsias conceituais, pois as mesmas influenciam o processo de construção de significado e o sentido que os alunos atribuem aos conteúdos escolares. Concepção de Infância e Adolescência A fase da infância e da adolescência prevalece sobre as demais no desenvolvimento humano, necessitando portanto, ser privilegiada na educação, através de um trabalho pedagógico eficiente, objetivando a formação integral dos (as) educandos (as). De acordo com as Orientações Pedagógicas para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental de Nove Anos (2010), não existe uma concepção de infância homogênea, visto que o conceito de infância difere conforme a realidade da criança. Assim, a escola deve considerar essas diferenças e trabalhar, respeitando-as. Nesse sentido, desde a constituição de 1988, o Brasil deixou de tratar seus jovens como objetos e reconheceu que crianças e adolescentes são sujeitos de 21 direitos. Em razão da condição peculiar de pessoas em desenvolvimento, atribuiu à família, à sociedade e ao poder público o dever de protegê-los, no sentido de fazerem pela concretização de seus direitos à vida e à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à convivência familiar e comunitária, à profissionalização e à proteção no trabalho, todos os direitos voltados a assegurar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social dos jovens, sempre em condições de liberdade e dignidade. O Estatuto da Criança e do Adolescente, lei promulgada em 1990, dispôs sobre proteção integral de crianças e de adolescentes brasileiros. Porém, a realidade fática esta distante da realidade legal. Muitas ações e omissões violentam nossos jovens, ignorando a legislação protetiva. Entre outras, o trabalho infantil imposto a um número assustador de crianças e adolescentes. Problemática que ultrapassa fronteiras e desafia a todos a enfrentá-la. Nossa legislação, vista como uma das mais modernas do mundo, permite o ingresso no mercado de trabalho a partir dos quatorze anos, na condição de aprendiz, e dos dezesseis, para atividades em geral, desde que o trabalho não seja noturno, perigoso ou isalubre, sempre com respeito a carga horária especial, frequência escolar e compatibilidade da atividade com a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Apesar disto, sabe-se que muitos jovens encontram-se vinculados a atividades proibidas, inadequadas a sua faixa etária, expostos a irreversíveis prejuízos físicos, mentais e morais. O trabalho infantil, fenômeno muitas vezes oculto, inclusive por uma cegueira moral da sociedade, viola direitos fundamentais, fragiliza a infância, desequilibra a família, empobrece a sociedade e impõe a nossas crianças e adolescentes a participação em atividade econômica para a qual não estão aptas e sem proteção. O dever de todos nós em proteger a infância e a juventude, para garantir uma mudança desta realidade social, estão sendo assimilados de forma inversamente proporcional aos interesses econômicos. Para o substancial enfrentamento da questão é essencial que se estabeleça, entre todos os setores da comunidade, uma ética de co-responsabilidade, no sentido de compartilhamento de ações entre o poder público, o mercado e a sociedade organizada. 22 Concepção de Alfabetização e Letramento A ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de duração significa o ingresso mais cedo à cultura letrada, o que poderá se reverter em um melhor desempenho dos alunos no que diz respeito à alfabetização e o letramento. É preciso ressaltar, no entanto, que as características da etapa de desenvolvimento devem ser preservadas. Os alunos de 6 anos de idade ainda estão em um momento de vida em que o brincar é parte inerente de seu desenvolvimento e, portanto, é preciso uma readequação da escola para acolher essas crianças no ensino fundamental. Essa readequação se faz em diferentes aspectos: gestão, materiais, projeto pedagógico, tempo e espaço, formação continuada de professores, avaliação, currículo, conteúdos, metodologia. Além dos próprios conceitos de infância e adolescência. Nessa etapa do desenvolvimento da criança, ocorre sua inserção no mundo da escrita, a qual se dá através da aprendizagem de um processo de representação do sistema alfabético e ortográfico e das técnicas para o seu uso, o qual chamamos de alfabetização. A alfabetização acontece quando a criança aprende a ler e escrever, através de um processo de codificação e decodificação de símbolos. Porém, isso não é suficiente, no processo de aprendizagem, é necessário o aprimoramento das técnicas da leitura e da escrita de forma adequada e eficiente em diferentes situações sociais, chamado de letramento. Há novas exigências para essa fase da vida escolar das crianças, mudanças que se efetuam e devem respeitar os ritmos dos alunos de 6 e de 7 anos. A alfabetização e o letramento não podem ser tratados como processos que se concluem ao final do ano letivo, mas como etapas da aquisição e estruturação do código escrito, portanto, devem ser mais enfatizadas nesses dois primeiros anos e, ao mesmo tempo, devem ser flexíveis o bastante para propiciar a evolução dos alunos dentro de seus próprios ritmos. Concepção de Inclusão De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Especial para Currículos Inclusos a SEED aponta sua concepção de inclusão, “inclusão responsável”, a qual destaca que : 23 O desafio da inclusão escolar é enfrentado como nova forma de repensar e reestruturar políticas e estratégias educativas, de maneira a criar oportunidades efetivas de acesso para crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais, e, sobretudo, garantir condições indispensáveis para que possam manter-se na escola e aprender. (DCEs, 2006, p. 39). Nesse sentido, existe historicamente acumuladas a preocupação em manter as conquistas pelas pessoas com necessidades educacionais especiais e seus familiares. Para isso é necessário pensar a inclusão educacional de forma global, envolvendo uma rede articulada de ajuda e apoio aos profissionais de educação, bem como os(as) alunos(as) e a família. A partir da década de 1990, a inclusão de alunos(as) com necessidades educacionais vem sendo discutida no Brasil, diante desse cenário é mister destacar que no decorrer da história as terminologias sofrem mudanças e no caso da educação determinar especial não é pessoas com diferente, muitos termos deficiências, entretanto foram utilizados para na tendência atual o termo utilizado é “necessidades educacionais especiais”. Nessa perspectiva, pode-se necessidades afirmar que nem todos os que apresentam educacionais especiais são pessoas com deficiências. Como também segundo Fernandes (2006a, apud DCEs, 2006, p. 44): [...]a expressão necessidades educacionais especiais sugere a existência de um problema de aprendizagem, mas não apenas isto. Indica que recursos e serviços educacionais diferenciados daqueles comumente utilizados no contexto escolar, para a maioria dos alunos, serão indicados. Assim, quem apresenta necessidades educacionais especiais não são apenas os alunos, mas, também, as escolas e sistemas de ensino. Considerando o grande número de alunos(as) que apresentam necessidades educacionais especiais, de acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Especial para Currículos Inclusivos (2006,p. 44) a SEED define que a oferta de serviços e apoios especializados, em Educação Especial, destina-se a crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais permanentes, em função de: dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento, vinculados a distúrbios, limitações ou deficiências, que demandem apoios intensos e contínuos no processo educacional, como é o caso de alunos com deficiência mental, múltiplas deficiências e/ou transtornos de desenvolvimento 24 associados a graves problemas de comportamento; dificuldades de comunicação e sinalização, demandando o uso de outras línguas, linguagens e códigos aplicáveis como é o caso de alunos(as) surdos, surdocegos, cegos, autistas ou com sequelas de paralisia cerebral; superdotação ou altas habilidades que, devido às necessidades e motivações específicas, requeiram enriquecimento, aprofundamento curricular e aceleração na oferta de acesso aos conhecimentos. A partir da LDB o princípio inclusivo é contemplado através da implementação de currículos abertos e flexíveis, que atendam à diversidade do alunado presente na escola,bem como iniciou-se a discussão nas diretrizes curriculares e nos cursos de formação continuada dos sistemas de ensino. As ações pedagógicas que visam flexibilizar o currículo para atender as demandas educativas às necessidades especiais dos alunos, são chamadas de adaptações curriculares. Segundo Landívar (1999, apud DCEs, 2006, p. 50): podemos definir as adaptações curriculares como modificações que são necessárias realizar em diversos elementos do currículo básico para adequar as diferentes situações, grupos e pessoas para as quais se aplica. As adaptações curriculares são intrínsecas ao novo conceito de currículo. De fato, um currículo inclusivo deve contar com adaptações para atender à diversidade das salas de aula, dos alunos. Como também observa-se na colocação abaixo, de acordo com MEC (1992 apud DCEs, 2006, p.51): quando se fala de adaptações curriculares está se falando sobretudo e, em primeiro lugar, de uma estratégia de planejamento e de atuação docente e, nesse sentido, de um processo para tratar de responder às necessidades de aprendizagem de cada aluno [...] fundamentado em uma série de critérios para guiar a tomada de decisões com respeito ao que é, ao que o aluno ou aluna deve aprender, como e quando e qual é a melhor forma de organizar o ensino para que todos saiam beneficiados. Dessa forma as adaptações devem partir de um currículo comum a todos os (as) alunos (as), no qual as ações educativas devem estar focadas na capacidade de aprendizagem do (a) aluno (a), respeitando as características individuais, garantindo os princípios de igualdade de condições para acesso, permanência e sucesso no processo educativo, através do desenvolvimento de um trabalho sério, com compromisso e responsabilidade. Nessa perspectiva, o Colégio Francisco Ramos assume o compromisso de buscar o desenvolvimento integral do (a) educando (a), a capacidade de argumentação sólida e o respeito a si mesmo e ao outro, possibilitando mudanças e um melhor preparo para realizar o trabalho pedagógico, através dos diversos 25 recursos tecnológicos disponíveis na escola, que podem levar ao raciocínio, ao conhecimento e a aprendizagem. Concepção de Avaliação Em relação a avaliação, LUCKESI, coloca que “Para não ser autoritária e conservadora a avaliação tem a tarefa de ser diagnóstica, ou seja, deverá ser o instrumento dialético do avanço, terá de ser o instrumento da identificação de novos rumos” (1999, p. 43). Nessa perspectiva, o ato de avaliar se faz presente em todos os momentos da vida humana. A todo momento as pessoas são obrigadas a tomar decisões que na maioria das vezes, são definidas a partir de julgamento prévio, porém a avaliação que se quer para nossa escola é contrária, tendo como objetivo os interesses e necessidades dos (as) alunos(as), garantindo-lhes instrumentos que possibilitem o acesso aos conhecimentos necessários à formação de uma consciência crítica, participativa e transformadora. Dentro dessa postura a avaliação do Colégio não é vista como classificatória e seletiva, mas diagnóstica e inclusiva visando a melhoria e a qualidade da aprendizagem, deixando de lado as avaliações fragmentadas e determinadas apenas por “notas”, dando ênfase ao objetivo fundamental que é o processo ensino-aprendizagem. Entretanto, para que isso ocorra, o (a) professor (a), como mediador deve criar um clima favorável à participação de todos em sala de aula. Proporcionando um ambiente onde os (as) alunos (as) não se sintam reprimidos e possam manifestar suas dúvidas, inquietações e incompreensões quanto ao que está sendo aprendido. Também, o (a) professor (a) deve ter consciência de que não basta sua competência no domínio do conteúdo da disciplina a ser ministrada, mas, sobretudo ter capacidade para orientar as ações pedagógicas de acordo com as necessidades e possibilidades do (a) aluno (a). Portanto, no Colégio Estadual Francisco Ramos, o processo de avaliação acontece durante todo o ano letivo em vários momentos e de diversas formas. O (a) professor (a) acompanha a construção do conhecimento, verificando os vários estágios de desenvolvimento dos mesmos e não os julgando apenas num momento 26 específico. Avalia-se os (as) alunos (as) diariamente, valorizando a sua capacidade intelectual, suas habilidades, idéias, porém, a intervenção do (a) professor (a) é necessária para que haja a sistematização do conhecimento. Sendo assim, a avaliação do colégio é desenvolvida de forma contínua, diagnóstica e cumulativa, devendo constar no mínimo duas provas ou testes bimestrais com peso que some 5,0 (cinco vírgula zero) pontos. Os outros 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para a complementação da nota bimestral ficam a critério do (a) professor (a) levando em consideração a realidade de cada disciplina, podendo ser: trabalho em grupo, pesquisa, etc., podendo ainda o (a) professor (a) proporcionar outras atividades escolhidas com a ajuda dos (as) alunos (as), trazendo comprometimento de todos os envolvidos no processo de avaliação. Os (as) alunos (as) dispensados da prática esportiva após apresentar atestado médico, realizam atividades escritas, as quais têm peso de 0 a 10 pontos. Quanto a avaliação inclusiva esta é realizada de acordo com a necessidade educacional especial que o (a) aluno (a) apresenta. Os resultados das avaliações são registrados no Livro de Registro de Classe e posteriormente cadastrados no sistema Sere/Web. Ao final de cada bimestre são impressos os boletins escolares que expressam o aproveitamento escolar dos (as) alunos (as), o qual é comunicado aos pais e aos próprios alunos (as). Com relação à recuperação paralela, esta deve acontecer a partir de uma prática avaliativa mediadora, tendo a intenção de subsidiar, instigar e promover a evolução do desenvolvimento do (a) aluno (a) em todas as áreas. O estudo de recuperação paralela é direcionado de acordo com a necessidade detectada pelo (a) professor (a) no dia-a-dia de sala de aula, essa recuperação não visa repetir explicações de conteúdos da mesma forma, mas sim oportunizar a todos (as) os (as) alunos (as) outras atividades que lhes despertem maior interesse, recuperando assim seu conhecimento até então defasado. Os (as) professores (as) avaliam a sua prática pedagógica através da autoavaliação que acontece em reuniões juntamente com a direção e equipe pedagógica nos conselhos de classe e através da avaliação institucional. 27 Com relação à Avaliação Institucional, esta acontece de forma que contemple os objetivos da escola que estão elencados no Marco Operacional. Sendo assim, a avaliação é feita no coletivo da escola, visando refletir sobre os problemas globais, entre eles, Gestão, Prática Pedagógica, Desenvolvimento do Aluno, Condições Físicas e Materiais. E a partir dessas reflexões, busca-se sanar possíveis deficiências, juntamente com os órgãos colegiados (Conselho Escolar, APMF e o Grêmio Estudantil) os quais estão sempre interagindo nas decisões que envolvem a escola e participando da definição do plano de trabalho para o ano letivo. Os órgãos trabalham de forma integrada, priorizando as questões relativas ao processo ensino-aprendizagem, sendo que o único órgão que visa lucro para o colégio é a APMF, a qual presta conta regularmente à comunidade sobre os recursos financeiros por ela movimentados. Em todas as decisões, procura-se envolver o Conselho Escolar e a APMF, somando ideias, opiniões e compartilhando as responsabilidades. Enfim, o ato de avaliar não se define com julgamentos prévios ou definitivos encerrando assim o processo ensino-aprendizagem, sua principal função é descobrir problemas e objetivos novos determinando o sentido de um processo educativo transformador, bem como de uma gestão democrática. 1.5.1 REGIME ESCOLAR Colégio Estadual Francisco Ramos – Ensino Fundamental e Médio Horário de Funcionamento Matutino: 7 h e 30 min às 11 h e 50 min; Vespertino: 12 h e 50 min às 17 h e 10 min; Noturno: 18 h e 35 min às 22 h e 45 min. Modalidades de Ensino: - Ensino Fundamental de 9 anos – Séries Finais: Matutino e Vespertino; - Ensino Médio: Matutino e Noturno - EJA: Ensino Fundamental – Fase II e Ensino Médio: Noturno. Matriz Curricular das três modalidades: em anexo Calendário Escolar do Ensino Fundamental e do Ensino Médio e Cronograma de oferta das disciplinas da EJA: em anexo. 28 Organização de tempo escolar: Séries anuais no Ensino Fundamental e Ensino Médio Organizado por Blocos de Disciplinas Semestrais, sendo atribuídas notas bimestrais e somatórias, tendo como média bimestral a nota 6,0 (seis vírgula zero), de acordo com a Resolução nº 3794/04 da SEED (Secretaria de Estado da Educação); O estabelecimento de ensino assegura matrícula inicial ou em curso, conforme normas estabelecidas na legislação em vigor e nas instruções da SEED. Na EJA (Educação de Jovens e Adultos), organização individual e coletiva, por disciplina, com cumprimento da carga horária de cada disciplina, sendo a avaliação somatória, com média mínima de 6,0 (seis vírgula zero) de acordo com a proposta pedagógica da EJA. • Programas que a escola oferta: Sala de Apoio a aprendizagem para 6º ano e 9º ano; Sala de Recursos; Programas de Atividades Complementares em Contraturno; Celem – Espanhol. • Matrícula: Matrícula inicial e renovação, presenciais, de acordo com o cronograma da SEED, pois a mesma é um ato formal, que será requerida pelo interessado ou por seu responsável quando menor de dezoito anos, sendo possível ser requerida por procurador. Os critérios da matrícula de ingresso, matrícula renovada e matrícula por transferência, estão previstos no Regimento Escolar. Na EJA (Educação de Jovens e Adultos), os (as) alunos (as) podem se matricular de uma até quatro disciplinas simultaneamente, sendo o mínimo de quinze anos (requerida por seu responsável) para a matrícula no ensino fundamental – Fase II e dezoito anos no Ensino Médio. • Processo de Classificação e Promoção: A classificação no Ensino Fundamental e Médio é o procedimento que o estabelecimento de ensino adota para posicionar o (a) aluno (a) na etapa de estudos compatível com a idade, experiência e desenvolvimento adquiridos por meios formais ou informais, podendo ser realizada: por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; por transferência, para os alunos procedentes de outras escolas, do país ou do exterior, considerando a classificação da escola de origem; independentemente da 29 escolarização anterior, mediante avaliação para posicionar o aluno na série, ciclo, disciplina ou etapa compatível ao seu grau de desenvolvimento e experiência, adquiridos por meios formais ou informais. • Processo de Reclassificação: A reclassificação é o processo pelo qual o estabelecimento de ensino avalia o grau de experiência do aluno matriculado, preferencialmente no início do ano, levando em conta as normas curriculares gerais, a fim de encaminhá-lo à etapa de estudos compatível com sua experiência e desenvolvimento, independentemente do que registre o seu Histórico Escolar. Cabe aos professores, ao verificarem as possibilidades de avanço na aprendizagem do aluno, devidamente matriculado e com freqüência na série/disciplina, dar conhecimento à equipe pedagógica para que a mesma possa iniciar o processo de reclassificação. • Transferência: A matrícula por transferência ocorre quando o (a) aluno (a), ao se desvincular de um estabelecimento de ensino, vincula-se a outro, para prosseguimento dos estudos em curso, sendo assegurada no estabelecimento de ensino, aos (as) alunos(as) que se desvincularam de outro, devidamente integrado ao sistema de ensino, mediante apresentação da documentação de transferência, com aproveitamento e assiduidade do (a) aluno (a), com observância da proximidade residencial. • Aproveitamento de Estudos: Os estudos concluídos com êxito serão aproveitados. A carga horária efetivamente cumprida pelo aluno, no estabelecimento de ensino de origem, será transcrita no Histórico Escolar, para fins de cálculo da carga horária total do curso. A avaliação para fins de aproveitamento de estudos será realizada conforme os critérios estabelecidos neste Projeto Político Pedagógico. • Adaptação: 30 A adaptação de estudos de disciplinas é atividade didático-pedagógica desenvolvida sem prejuízo das atividades previstas na Proposta Pedagógica Curricular, para que o aluno possa seguir o novo currículo, far-se-á pela Base Nacional Comum, sendo que na conclusão do curso, o aluno deverá ter cursado, pelo menos, uma Língua Estrangeira Moderna. A adaptação de estudos será realizada durante o período letivo e a efetivação do processo de adaptação será de responsabilidade da equipe pedagógica e docente, que deve especificar as adaptações a que o aluno está sujeito, elaborando um plano próprio, flexível e adequado ao aluno. • Revalidação e Equivalência: O estabelecimento de ensino (credenciado pelo CEE) realizará a revalidação (estudos completos cursados no exterior) referente ao Ensino Fundamental e ao Ensino Médio. • Progressão Parcial: A matrícula com progressão parcial é aquela por meio da qual o aluno, não obtendo aprovação final em até três disciplinas em regime seriado, poderá cursa-las subseqüente e concomitantemente as séries seguintes. O estabelecimento de ensino não oferta aos seus alunos matrícula com Progressão Parcial, porém, as transferências recebidas de alunos com dependência em até três disciplinas serão aceitas e deverão ser cumpridas mediante plano especial de estudos, através de Adaptação. • Material Didático: Conta-se atualmente com TVs Multimídias em todas as salas de aula, quadro de giz, aparelhos de DVD, radios de CD com entrada USB, data show, retroprojetores, mapas, livros didáticos, jogos didáticos-pedagógicos, equipamentos do laboratório de ciências, computadores com acesso a internet. • Inclusão Social: 31 Atendimento de um aluno com deficiência visual parcial, que atualmente cursa a 2ª série do Ensino Médio e de um aluno surdo que cursa o 6ª ano do Ensino Fundamental. 1.6 MARCO OPERACIONAL Na escola que se idealiza, o (a) professor (a) é o facilitador da aprendizagem. A ele cabe, planejar a ação de ensinar, estabelecendo, com precisão e clareza os objetivos de ensino, criando condições favoráveis para que o (a) aluno (a) construa seu conhecimento partindo sempre de suas concepções prévias, para depois propor novas concepções sobre objetos de conhecimento; sempre buscando o significado da linguagem utilizada pelos (as) alunos (as). Nessa perspectiva, o envolvimento de toda a comunidade escolar é fator fundamental para o sucesso do processo de aprendizagem, assim, o quadro dos profissionais da educação do Colégio está formado, no momento, por direção e direção auxiliar, um secretário, quatro pedagogas, cinquenta e um professores (as) entre efetivos e contratados (PSS), seis agentes educacionais II e nove agentes educacionais I. A Equipe de Direção é composta por uma Diretora e uma Diretora-auxiliar que tem a Gestão Democrática como a forma de gerir a instituição de ensino, de maneira que possibilite a participação, a transparência e a democracia. A equipe pedagógica colabora na melhoria do processo ensino- aprendizagem da escola, auxiliando os docentes nas questões pedagógicas contribuindo para que os (as) alunos (as) sistematizem seus conhecimentos. Esclarece aos pais o desenvolvimento e o rendimento escolar do (a) seu (a) filho (a) e auxilia em todas as atividades pedagógicas que acontecem no contexto escolar. Os docentes atuam na sua área de formação, bem como os professores da Sala de Apoio de Língua Portuguesa e de Matemática e a professora de Educação Especial atuante na Sala de Recursos, tendo como função desempenhar seu trabalho de modo a assegurar o princípio constitucional de igualdade de condições 32 para o acesso e a permanência do aluno no estabelecimento de ensino, bem como zelar pela aprendizagem dos alunos. Os agentes educacionais I e II, trabalham com funções diferenciadas, sendo de suas responsabilidades: elaborar, redigir, revisar, digitar, escriturar toda a documentação pertinente ao estabelecimento, zelar pela manutenção e preservação do ambiente e preparação da merenda escolar. A APMF tem seus representantes eleitos de forma direta a qual atende as Determinações da SEED de acordo com a Resolução 2135/74 de 23/05/74 e com o que dispõe o Estatuto da APMF do Colégio Estadual Francisco Ramos. O Conselho Escolar é formado paritariamente, mediante processo eletivo de cada segmento escolar, garantindo a representatividade de toda a comunidade escolar, de acordo com as disposições contidas na Resolução 2124/2005 da SEED e no Parecer nº 105/2005. Em relação a escolha do (a) representante de turma, entra-se em consenso com todos (as) os (as) profissionais da educação e realiza-se uma pré-seleção em cada turma, ressaltando que os (as) alunos (as) devem apresentar os seguintes requisitos: assiduidade, pontualidade, responsabilidade e boa comunicação. Feito este levantamento, o (a) professor (a) conselheiro (a) (indicado por sorteio) apresenta os nomes à turma e realiza a eleição do representante de classe. Para a formação do Grêmio Estudantil, este é constituído por alunos (as) que são eleitos em conformidade com o Estatuto do Grêmio Estudantil, assegurado pela Lei 7398/85. O Conselho de Classe é órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa em assuntos didático-pedagógicos, fundamentado no Projeto Político- Pedagógico da escola e no Regimento Escolar, com a responsabilidade de analisar as ações educacionais, indicando alternativas que busquem garantir a efetivação do processo ensino e aprendizagem. A finalidade da reunião do Conselho de Classe, após analisar as informações e dados apresentados, é a de intervir em tempo hábil no processo ensino e aprendizagem, oportunizando ao aluno formas diferenciadas de apropriar-se dos conteúdos curriculares estabelecidos. Ao Conselho de Classe cabe verificar se os objetivos, conteúdos, procedimentos metodológicos, avaliativos e relações estabelecidas na ação 33 pedagógico-educativa, estão sendo cumpridos de maneira coerente com o Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino, bem como constitui-se em um espaço de reflexão pedagógica, onde todos os sujeitos do processo educativo, de forma coletiva, discutem alternativas e propõem ações educativas eficazes que possam vir a sanar necessidades/dificuldades apontadas no processo ensino e aprendizagem. O Colégio realiza o Conselho de Classe da seguinte maneira: I. Pré-Conselho de Classe com toda a turma em sala de aula, sob a coordenação do professor representante de turma e/ou pelo(s) pedagogo(s); Pré-Conselho de Classe realizado individualmente com os professores ▪ em sua hora atividade, sob a coordenação da equipe pedagógica; Conselho de Classe Integrado, com a participação da equipe de ▪ direção, da equipe pedagógica, da equipe docente, da representação facultativa de alunos e pais de alunos por turma e/ou ano; Pós-Conselho, com a realização das intervenções pedagógicas ▪ discutidas pelo coletivo. A aprendizagem significativa pressupõe a existência de um referencial que permita aos (as) alunos (as) identificar e se identificar com as questões propostas. Essa postura visa gerar a capacidade de compreender e intervir na realidade, numa perspectiva autônoma e desalienante. Ao propor trabalhar na perspectiva contextualizada, parte-se do pressuposto que toda aprendizagem significativa implica uma relação sujeito-objeto e que, para que esta se concretize, é necessário oferecer as condições para que os dois pólos do processo interajam. Uma das formas é a inclusão da Lei do Estágio não obrigatório do Ensino Médio conforme Lei Federal nº 11788/08 e o Parecer 02/09 da Câmara de Legislação e Normas. O Colégio Francisco Ramos busca contemplar nas disciplinas, bem como através de palestras com professores e profissionais convidados, atividades extracurriculares e encontros, a história da cultura afro-brasileira e africana e indígena, conforme preconizam as leis 10639/03 e 11645/08, a inclusão, em conformidade com a Deliberação 002/2003, bem como as demandas da Coordenação de Desenvolvimento Socioeducacional (Cidadania e Direitos 34 Humanos, Educação Ambiental, Prevenção às Drogas (PUID – Prev. ao Uso Indevido de Drogas Lei Est. 11.273/95 Lei Est. 13.198/01, Dec. 5679/05), Enfrentamento a Violência, Educação Fiscal). Ainda, a escola faz o acompanhamento mensal, da frequência dos (as) alunos (as) inseridos nos programas sociais: Bolsa Família, PETI e Pró Jovem. Partindo do pressuposto que o Colégio Estadual Francisco Ramos busca “Educar para a vida com justiça e humanização”, o mesmo desenvolve e participa de projetos e programas que vêm ao encontro com as necessidades e a realidade sócio-econômica dos (as) educandos (as). O primeiro diz respeito ao reconhecimento de que crianças e adolescentes são sujeitos de direitos e que a eles é preciso oferecer proteção integral, ou seja, assegurar-lhes todas as oportunidades e facilidades para seu desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condição de liberdade e dignidade. De acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) a proteção integral é de responsabilidade da família, da sociedade e do Estado. Portanto o colégio oportuniza a participação de nossos (as) educandos (as) nas Conferências Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, para que participem das decisões tomadas e atuem na comunidade local. Sendo assim, no mês de maio são realizadas atividades envolvendo alunos (as), professores (as) e comunidade sobre o combate à violência, que se fazem presentes os integrantes do programa Sentinela (Programa de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes), desenvolvido pelo município. Este programa é um conjunto de ações realizadas por vários profissionais: Assistente Social, Psicóloga e Pedagoga, destinados ao atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, entre outras. Sabemos que é necessário focalizar em todas as atividades educativas, o nosso compromisso pela melhoria da qualidade da vida de todas as pessoas, minimizando as injustiças sociais e ambientais que vemos crescer diante dos nossos olhos todos os dias. Este novo processo educativo é longo, é lento, e depende de uma releitura sobre nossa forma de viver, e consequentemente de educar. Faz-se necessário saber que é preciso educar para a vida, em seu amplo contexto, para o respeito às diferenças, para o resgate de valores que hoje são deixados de lado, para a compreensão da transformação da sociedade globalizada. 35 Para isto, há que se superar enormes barreiras para que consigamos mudar, e a mudança começa em cada um. Mudar a forma de pensar, de consumir, de fazer escolhas, até que ocorra uma mudança interna, promovendo uma verdadeira educação integral, que não acontece somente na escola, mas em todos os ambientes. E dessa forma o (a) aluno (a) estará preparado para conquistar seus espaços. Desenvolver um cidadão consciente do ambiente total preocupado com os problemas associados a esse ambiente e que tenha o conhecimento, as atitudes motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar individual e coletivamente em busca de soluções para resolver os problemas atuais e prevenir os futuros. Esse objetivo já é em si um motivo suficiente para a escola promover a educação ambiental. No Dia Mundial do Meio Ambiente, são desenvolvidas atividades educacionais envolvendo professores, alunos e funcionários do Colégio, enfatizando a preservação do meio em que vivemos, sendo trabalhados temas referentes à preservação da natureza, ao compromisso com a água, respeito pela biodiversidade, bem como, respeito pelas matas ciliares e por nosso planeta. Também se realiza a Gincana Ecológica no mês de junho, no qual os (as) alunos (as) recolhem materiais recicláveis. Sendo considerada fundamental a prática esportiva como fonte de saúde, bem estar, qualidade de vida, socialização e noções de competição justa, mas ao mesmo tempo solidária, o Colégio realiza os Jogos Escolares do Colégio Francisco Ramos (JOEFRA). Além disso, é realizada a Feira do Conhecimento, a qual é organizada nos três turnos, abordando temas de todas as disciplinas, com apresentações de trabalhos para toda a comunidade. Para respeitar e relembrar as tradições folclóricas, o Dia do Folclore é comemorado com atividades que têm o objetivo de resgatar os costumes, os mitos, histórias, danças, brincadeiras, ritmos e simpatias inventadas pelo povo. E, para que esses costumes não se dispersem, o Colégio Francisco Ramos desenvolve nesse dia, várias apresentações e brincadeiras. Acontecem apresentações dos (as) alunos 36 (as) do colégio, os quais valorizam e interpretam as tradições folclóricas através de músicas, poesias e teatro. Considera-se importante também despertar nos (as) alunos (as) o interesse e o envolvimento com as artes, para que seu desenvolvimento como cidadão seja pleno e que tenha condições de reconhecer e respeitar a cultura artística presente no seu cotidiano. Por isso, o colégio promove a Semana Cultural, incentivando os (as) educandos (as) quanto à participação, como forma de valorização das diversas culturas. Ainda, o Colégio Francisco Ramos participa do ENEM, PSS/UEPG, PAC/Unicentro, Olimpíadas de Matemática, Língua Português e Química e Circuito do Xadrez, PACCC (Programa de Atividade Complementar Curricular em Contraturno) e Jogos. Para que a escola possa trabalhar, tendo como princípio a gestão democrática, é necessário oportunizar a organização das Instâncias Colegiadas, bem como proporcionar seu envolvimento, com o propósito de oferecer uma boa formação aos (as) alunos (as). Considerando importante as ações das Instâncias Colegiadas, o Colégio Francisco Ramos propicia esta participação, uma vez que é relevante o trabalho desenvolvido em conjunto, pois beneficia todo o contexto escolar. Dessa forma, é oportunizado aos conselheiros capacitação através de grupos de estudo e semanas pedagógicas. Com vista à ação conjunta entende-se Conselho de Classe como um mecanismo constituído para verificar o desempenho do (a) aluno (a) de forma conjunta e cooperativa entre profissionais da escola e o representante de turma. Esse processo tem como objetivo melhorar a qualidade de ensino, proporcionando aos (as) alunos (as) êxito em sua aprendizagem, visto que o Conselho de Classe é um órgão consultivo, normativo e deliberativo em questões pedagógicas e disciplinares. Neste colégio, organiza-se bimestralmente os pré-conselhos, os conselhos de classe e os pós-conselhos, de acordo com o Calendário Escolar. Nesse sentido, os profissionais da educação são capacitados periodicamente através de cursos oferecidos pela SEED e pelo MEC, os quais objetivam a formação continuada, a profissionalização de forma que estejam preparados para um diálogo interativo entre ciência, cultura, teorias de aprendizagem, gestão de sala de aula e da escola, atividades pedagógicas e 37 principalmente, domínio das tecnologias que facilitam o acesso à informação e à pesquisa, bem como a temática do ensino fundamental de nove anos, conforme a Lei 11.274/2006 e Parecer 407/2011 CEE/PR que dispõe sobre a Implantação Simultânea do Ensino Fundamental de Nove Anos na Rede Estadual de Ensino e a Instrução nº 008/2011 SUED/SEED que orienta a Implantação Simultânea do Ensino Fundamental de Nove Anos. Assim, o Colégio aproveitou no início do ano de 2011 com a distribuição dos livros didáticos referentes ao PNLD (Programa Nacional do Livro Didático)/2011, que o Ministério da Educação distribuiu às escolas públicas de ensino fundamental, por intermédio do FNDE para, embasados na legislação vigente e objetivando contribuir para a reorganização do ensino fundamental nos municípios do Estado, organizar as orientações pedagógicas para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental de nove anos com os alunos. Importante citar a aprovação da nova matriz curricular para o ano de dois mil e doze pelo Conselho Escolar, onde consta a mudança de séries para anos. Desta forma, o Colégio adota a nomenclatura estabelecida pela Resolução CNE/CEB n 3/2005: Ensino Fundamental - 9 anos de duração - até 14 anos de idade. Assim, para um resultado satisfatório no referido ensino de nove anos é necessária uma articulação entre a rede municipal (que oferta a educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental) e a rede estadual (que oferta as séries finais do ensino fundamental), sendo que na rede municipal de Guamiranga foi implantado o ensino fundamental de nove anos no ano de 2007 e portanto, muitos professores já o conhecem e com ele trabalham, fazendo esta articulação, bem como através de reuniões com o objetivo de discutir o desenvolvimento, as especificidades e o rendimento escolar dos (as) alunos (as). Quanto aos aspectos físicos, de tempo e espaço, não há necessidade de mudanças visto que na rede estadual de ensino a implantação está sendo simultânea em 2012 e a mudança necessária é apenas de nomenclatura de série para ano. Vale ressaltar também a importância de se ter melhores condições de trabalho para todos os segmentos dos profissionais da educação. Portanto, é imprescindível que haja um bom ambiente de trabalho, materiais de apoio 38 pedagógico, motivação no ambiente escolar, sendo de fundamental importância que a hora atividade seja cumprida nas dependências do colégio, havendo a troca de experiências, a leitura, o planejamento das aulas, a organização das atividades e pesquisas, como também um plano de carreira, com movimentações verticais e horizontais, visto como um elemento importantíssimo no desenvolvimento profissional, com análise do desempenho, busca e valorização da formação inicial e continuada. O ambiente físico do colégio prioriza o bom aproveitamento do seu espaço; as aulas de Educação Física acontecem em uma quadra coberta, porém não há espaço físico apropriado para a refeição dos (as) alunos (as). O colégio possui também um Laboratório de Informática (Paraná Digital) o qual é utilizado frequentemente pelos professores (a) e alunos (as). Ainda, conta com um laboratório de Ciências equipado com os materiais necessários para o aprendizado dos (as) alunos (as). Em relação ao espaço destinado à biblioteca escolar, considera-se satisfatório, pois é amplo, arejado, limpo, organizado e conta com um considerável acervo bibliográfico e o material de apoio didático-pedagógico que a escola dispõe, atende a necessidade de professores (as) e alunos (as). O acervo bibliográfico conta com 56 dicionários de língua inglesa, 94 de língua portuguesa, 11 de língua espanhola e 02 de língua de sinais brasileira. 10 coleções de enciclopédias. Coleções de DVDs da TV Escola, Vol I, II e III, coleção de DVD de disciplinas Eureka e IESDE, coleção Guia Veja de Medicina e Saúde. Aproximadamente 80 fitas cassetes e a biblioteca do professor que contempla todas as disciplinas. Livros de Literatura: 240, Literatura Infanto-Juvenil: 400, Poesia: 130, Contos e Crônicas: 225, Novela: 200, Teatro: 130, Mitologia Indígena: 01, Temas Paranaenses: 40. Cadernos Temáticos da SEED. O Projeto Político Pedagógico constitui-se como orientador das atividades curriculares e da organização da escola e se expressa nas práticas cotidianas, pois é função da escola formar o cidadão, assegurando ao estudante o acesso e a apropriação do conhecimento sistematizado, mediante a instauração de um ambiente propicio às aprendizagens significativas e as práticas de convivência democrática. 39 Assim, para que a aprendizagem seja realmente satisfatória para todos os (as) alunos (as), é necessária uma adaptação curricular que leve em consideração as necessidades educacionais dos alunos. Para tanto, o Colégio Francisco Ramos busca contemplar nas disciplinas, através dos Planos de Trabalho Docente, as adaptações necessárias conforme a especificidade do (a) educando (a) e da disciplina. O Projeto Político Pedagógico é avaliado por toda a comunidade escolar, professores (as), equipe pedagógica, direção, funcionários (as), conselheiros e alunos (as) representantes de turmas, pois a reflexão coletiva descentraliza o poder e este colégio valoriza a gestão democrática. Por saber que cada um tem muito a contribuir com suas experiências e também porque conhecem a realidade desta instituição educacional é que no Projeto Político Pedagógico é assegurada a transparência em sua construção e consequentemente uma avaliação de acordo com esta realidade. 40 1.7 REFERÊNCIAS ALVARENGA, Maria Amália de Figueiredo, ROSA, Maria Virgínia de Figueiredo Pereira Couto. Apontamentos de Metodologia para a Ciência Técnicas de Redação Científica. Porto Alegre: Fabris Editor, 1999. 118p. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: uma introdução à Filosofia. 2.ed. São Paulo: Moderna, 1995. 395p. BRASIL, ECA. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8069/90. BRASIL/MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN – 9394/96 CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO. Deliberação nº 02, de 02 de junho de 2003. Normas para a Educação Especial, Modalidade da Educação Básica para alunos com necessidades educacionais especiais, no Sistema de Ensino do Estado do Paraná. Curitiba, 2003. CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO. Deliberação nº 007, de 09 de abril de 1999. Normas Gerais para Avaliação do Aproveitamento Escolar, Recuperação de Estudos e Promoção de Alunos, do Sistema Estadual de Ensino, em Nível do Ensino Fundamental e Médio. Curitiba, 1999. CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO. Deliberação nº 009, de 01 de outubro de 2001. Matrícula de ingresso, por transferência e em regime de progressão parcial; o aproveitamento de estudos; a classificação e a reclassificação; as adaptações; a revalidação e equivalência de estudos feitos no exterior e regularização de vida escolar em estabelecimentos que ofertam Ensino Fundamental e Médio nas suas diferentes modalidades. Curitiba, 2001. CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO. Deliberação nº 014, de 08 de outubro de 1999. Indicadores para elaboração da proposta pedagógica dos estabelecimentos de ensino da Educação Básica em suas diferentes modalidades. Curitiba, 1999. CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO. Deliberação nº 016, de 12 de novembro de 1999. Regimento Escolar.Curitiba, 1999. 41 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 11.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 165p. __________. Pedagogia dos Oprimidos. 22.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998. 184p. GANDIN, Danilo. Planejamento: como prática educativa. São Paulo: Loyola, 1991. 105p. GUSSO, Angela Mari. Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações Pedagógicas para os anos iniciais. - Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação, 2010. LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1991. 183p. ___________. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 9º ed. São Paulo: Cortez, 1999; PARANÁ, DCE. Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos. Curitiba, 2006. PARANÁ, DCE. Diretrizes Curriculares da Educação Especial para Currículos Inclusivos. Curitiba,2006. SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 26 ed. Campinas: Autores Associados, 1992. 104p. VEIGA, Ilma Passos Alencatro. Projeto Político Pedagógico: uma construção coletiva. Campinas: Papirus. 42 ANEXOS 43 2 PROPOSTAS PEDAGÓGICAS CURRICULARES 2.1 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE ARTE 2.1.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A disciplina de Arte, composta por quatro áreas (Música, Teatro, Dança e Artes Visuais) é de suma importância na formação do educando, pois o ensino possibilita expandir seus sentidos, sua capacidade de criação, percepção e apreciação, o pensamento crítico, a interpretação e a transformação do mundo bem como a si mesmo. Desde os primórdios o ser humano transformou o mundo, construiu a história, a sociedade e a si próprio por meio do processo do trabalho, transformando a natureza e os objetos naturais em ferramentas, acelerando o processo de transformação do natural em humano. Tornou-se capaz de abstrair, simbolizar e criar arte. Entendendo pensamento/percepção, o homem como imaginação/reflexão. um O ensino todo: da razão/emoção, Arte propicia a compreensão da realidade e sua transformação, com criatividade, buscando a sensibilidade construtiva e a cidadania. É importante que o educando compreenda que a Arte está presente em todas as sociedades, e que o ser humano produz maneiras de ver e sentir, diferentes em cada tempo histórico, pois ele nasce em um determinado contexto histórico e este contexto irá determinar o seu processo de criação e produção artística. “Estas formas artísticas - como expressão concreta de visões de mundo – são determinadas, mas também determinam o contexto histórico, social, econômico e político, isto é, as transformações da sociedade implicam condições para uma nova atitude estética e são por elas modificadas” (DCE, 2006, p. 55). A partir destas transformações pretende-se que os alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio apropriem-se dos conhecimentos sobre as diversas áreas de arte, desenvolvam um trabalho de criação total e unitário, façam relações 44 com a diversidade de pensamento e de criação artística, aumentem a capacidade do pensamento crítico, transformem a realidade, aprimorem seus sentidos humanos, enfim, humanizem-se, superando a condição de alienação e repressão à qual estes sentidos, historicamente, foram submetidos. 2.1.2 CONTEÚDOS a) ENSINO FUNDAMENTAL A disciplina de Artes no Ensino fundamental contempla as linguagens das Artes Visuais, da Dança, da Música e do Teatro, cujos conteúdos estruturantes estão articulados entre si, compreendem aspectos significativos do objeto de estudo e possibilitam a organização dos conteúdos específicos. Os conteúdos estruturantes da disciplina de Artes, para o Ensino Fundamental, são: • Elementos básicos das linguagens artísticas; • Produções/manifestações artísticas; e • Elementos contextualizadores. Tais conteúdos estruturantes apresentam uma unidade interdependente e permitem uma correspondência entre as linguagens. De cada um dos conteúdos estruturantes, pode-se destacar aspectos de abordagem, conforme a linguagem trabalhada. 6º ANO / ÁREA DE MÚSICA CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Altura Duração Timbre Intensidade Densidade Ritmo Pré - história Melodia Africana Gêneros: Folclórico Indígena Indígena Popular e Étnico Técnicas: vocal e instrumental 6º ANO ÁREA ARTES VISUAIS CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS 45 CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Ponto Linha Textura Forma Superfície Volume Cor Luz Bidimensional Figurativa Geométrica, simetria Técnicas: pintura, escultura Gêneros: Cenas do cotidiano, histórica, religiosa, da mitologia Arte Africana Arte Pré-Histórica Indígena ARTE ORIENTAL 6º ANO ÁREA TEATRO CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Personagem: expressões Enredo, Roteiro. corporais, vocais, gestuais e Espaço Cênico, adereço faciais Técnicas: Jogos teatrais Direto e Indireto, Improvisão, Ação Manipulação, Máscara Gênero: Rituais Pré-história Africano Indígena Espaço 6º ANO ÁREA DANÇA CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Movimento Corporal Tempo Espaço Kinesfera Eixo Ponto de Apoio Movimentos Articulares Fluxo Livre e Interrompido Rápido e Lento Formação Níveis: Alto, Médio e Baixo Deslocamentos: Direto e Indireto Dimensões: Pequeno e Grande Técnica de Improvisão Gênero Curricular 7º ANO ÁREA MÚSICA Pré-história Africano Indígena 46 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Altura Duração Timbre Instensidade Densidade Ritmo Melodia Escrita Musical Gênero: Popular Étnico, Folclórico Técnicas: Vocal e Instrumental. Improvisação Música Popular Étnica Greco Romana Brasileira Paranaense 7º ANO ARTES VISUAIS CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Ponto Linha Forma Textura Superfície Volume Cor Luz Proporção Tridimensional Figura a fundo Abstrata Técnicas: Pintura, Escultura, Arquitetura , Modelagem e Gravura... Gêneros: Paisagem, Retrato, Natureza morta, cenas do cotidiano, histórica, religiosa, da mitologia... Arte popular Brasileira e Paranaense Barroco Greco Romana RENASCIMENTO COMÉDIA DELL ARTE 7º ANO TEATRO CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Personagens: Expressões Corporais, Vocais, Gestuais e Faciais. Ação Espaço Representação Leitura dramática Cenografia Técnicas: Jogos teatrais, mímicas, improvisação, formas animadas... Gêneros: Rua, Arena, Caracterização: Comédia e Teatro popular Brasileiro Paranaense Teatro Africano 47 Tragédia 7º ANO DANÇA CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Movimento Corporal Tempo Espaço Ponto de apoio Rotação Coreografia Salto e queda Peso (leve e pesado) Fluxo (livre, interrompido e conduzido) Lento, rápido e moderado. Níveis: Alto, médio e baixo. Formação: direção Gênero: folclórico, popular e étnico Popular Ètnica Brasileira Paranaense Greco-romana Barroco 8º ANO DANÇA CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Movimento corporal tempo e Giro Hip Hop espaço Rolamento Musicais Saltos Aceleração e desaceleração Direções (frente, atrás, direita e esquerda) Improvisação Coreografia Sonoplastia Genero: indústria cultural espetáculo 8º ANO MÚSICA CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE 48 Altura Duração Timbre Intensidade Densidade Ritmo Melodia Tonal, modal e a fusão de ambos Técnicas: vocal, instrumental e mista Rap Rock Tecno (Ocidental e Oriental 8º ANO ARTES VISUAIS CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Linha Textura Forma Superfície Volume Cor Luz Semelhanças Contrastes Ritmo visual Estilização Deformação Técnicas: desenho, audiovisual e mista Indústria cultural Arte contemporânea ARTE MODERNA 8º ANO TEATRO CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Personagem: expressões corporais, vocais, gestuais e faciais Ação Espaço Texto dramático Maquiagem Sonoplastia Roteiro Técnicas: jogos teatrais, adaptação cênica Realismo Expressionismo 9º ANO MÚSICA CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Altura Duração Timbre Intensidade Densidade Ritmo Melodia Técnicas: vocal, instrumental e mista Gêneros: popular, folclórico e Música popular: brasileira, paranaense e popular Música Contemporânea Música Latino-americana 49 etnico. 9º ANO ARTES VISUAIS CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Linha Textura Forma Superfície Volume Cor Luz Bidimensional Tridimensional Figura fundo Ritmo visual Técnica: pintura, grafitte, performance, fotografia Gêneros: paisagem urbana, cenas do cotidiano Propaganda Arte do século XX Vanguardas Muralismo Arte latino americana Hip Hop 9º ANO TEATRO CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Personagem: expressões corporais, vocais, gestuais e faciais. Ação Espaço Técnicas: monólogo, jogos teatrais, direção, ensaio, teatro-fórum, ... Dramaturgia Cenografia Sonoplastia Iluminação Figurino Teatro engajado Teatro do absrudo Vanguardas Cinema Novo 9º ANO DANÇA CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Movimemto corporal Tempo Espaço Kinesfera Ponto de apoio Peso Fluxo Quedas Saltos Vanguardas Indústria Cultural Dança Moderna Dança Contemporânea 50 Giros Rolamentos Extensão (perto e longe) Coreografia Deslocamento Gênero: performance e moderna CONTEÚDOS ESTRUTURANTES PARA O ENSINO MÉDIO Estas Diretrizes concebem que o Currículo para a disciplina de Arte, no Ensino Médio, deve ser organizado de forma a preservar o direito do aluno de ter acesso ao conhecimento sistematizado em arte. Para que o processo pedagógico se efetive, espera-se que o professor trabalhe com o conhecimento de sua formação - Artes Visuais, Teatro, Dança ou Música; que façam relações com os saberes das outras áreas de arte, e que proporcione ao aluno uma perspectiva de abrangência do conhecimento em arte produzido historicamente pela humanidade. Optou-se por uma proposta de organização curricular a partir do conceito de conteúdos estruturantes, os quais constituem uma identidade para disciplina de arte e uma prática pedagógica que inclui as quatro áreas de arte. Os conteúdos estruturantes para disciplina de arte no Ensino Médio são os seguintes: − Elementos formais; − Composição; − Movimentos e períodos; − Tempo e espaço. ENSINO MÉDIO/ MÚSICA CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS 51 CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Altura Duração Timbre Intensidade Densidade Ritmo Melodia Escala Gênero: erudito, clássico, popular, pop, ... Técnicas: eletrônica, informática e mista, improvisação Indústria Cultural Eletrônica Minimalista Música Popular ENSINO MÉDIO/ ARTES VISUAIS CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Ponto Linha Forma Textura Superfície Volume Cor Luz Bidimensional Tridimensional Figurativa Abstrato Perspectiva Semelhanças Contrastes Ritmo visual Deformação Estilização Arte ocidental Arte oriental Arte africana Arte brasileira Arte paranaense Arte popular Indústria cultural Arte contemporânea Técnica: Pintura, desenho, modelagem, instalação, performance, escultura e arquitetura... Gêneros: Cenas do cotidiano ENSINO MÉDIO/ TEATRO CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Personagem: expressões corporais, Técnicas: jogos teatrais, teatro direto e indireto, mímica, ensaio, Teatro do Oprimido Teatro Pobre 52 vocais, gestuais e faciais Ação Espaço teatro-fórum Encenação e leitura dramática Gêneros: tragédia, comédia, drama e épico Dramaturgia Representação nas mídias Indústria Cultural Teatro Greco Romano Teatro Medieval Teatro Brasileiro Teatro Paranaense Teatro Popular Indústria Cultural Teatro engajado Teatro Dialético Teatro Essencial Teatro de Vanguarda Teatro Renascentista Teatro Latinoamericano Teatro Realista Teatro Simbolista ENSINO MÉDIO/ DANÇA CONTEÚDOS ESTRUTURANTES ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE Movimento corporal Tempo Espaço Kinisfera Fluxo Peso Eixo Salto e queda Giro Rolamento Movimentos articulares Lento, rápido e moderado Aceleração e desaceleração Níveis Deslocamento Direções Planos Improvisação Coreografia Pré-História Greco Romana Medieval Renascimento Dança Clássica Dança Popular Dança Brasileira Dança Paranaense Dança Africana Dança Indígena Hip Hop Indústria Cultural Dança Moderna Vanguardas Dança Contemporânea Gêneros: espetáculo, indústria cultural, étnica, folclórica, populares e salão. 2.1.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA DISCIPLINA 53 A arte é uma das dimensões do conhecimento que permeiam o currículo da Educação Básica e que abrange as Artes Visuais, a Música, o Teatro e a Dança, possibilitando um trabalho pedagógico com foco na totalidade do conhecimento. Neste sentido, na proposta do Ensino Médio por Bloco, o professor deverá estar atento a organização do tempo relacionado aos conteúdos da disciplina que serão desenvolvidos e trabalhados nas aulas. Há uma significativa mudança na organização do tempo do Ensino Médio (regular) na organização anual, que é composto por no mínimo 2 horas aulas semanais (geminadas ou não) e nem sempre em todas as séries, com o Ensino Médio organizado por blocos de disciplinas semestrais, que é composto por 4 horas aulas semanais ( pelo menos com duas geminadas) e presente nas três séries. Como, então, organizar este tempo para que o aluno se aproprie do conhecimento sistematizado em arte? Inicialmente, é necessário conhecer os fundamentos teóricos-metodológicos que permeiam a disciplina de Arte, nas formas de como a arte é compreendida no cotidiano das escolas e, também, de como as pessoas buscam entendê-la. Algumas dessas formas estão presentes no senso comum e refletem-se no trabalho pedagógico com arte na atualidade: Arte como mímesis e representação, Arte como expressão e Arte como técnica (formalismo). A arte como mímesis e representação, desenvolvida na Grécia Antiga por Platão e Aristóteles, é aquela que se fundamenta na representação fiel ou idealizada da natureza e é considerada uma reprodução intencional que resulta numa apreensão da forma conforme modelos estabelecidos. Por muito tempo, esta concepção foi tida como referência formativa no ensino de Arte. A arte como expressão, no movimento romântico do final do século XVIII se contrapôs a forma de como a arte era produzida desde a Antiguidade Clássica, Renascimento até a segunda fase da Revolução Industrial, buscando uma nova forma de entendê-la. A arte passa então a se fixar, numa concepção em que o artista expressa em suas obras seus sentimentos e emoções. Arte como técnica (formalismo) no início do século XX, é uma concepção pela qual a arte passa a ser analisada somente pela sua técnica, considerando a obra de arte pelas suas propriedades formais, é a ideia da forma pela própria forma. 54 Estas concepções de arte se fazem presentes no cotidiano da escola e cabe ao professor refletir e reorganizar a sua prática pedagógica na aplicação destas no processo educativo dos alunos. Buscar definir a arte e entendê-la, remete-se em abordar campos conceituais que historicamente foram construídos sobre ela: conhecimento estético relacionado à apreensão do objeto artístico como criação de cunho sensível e cognitivo e o conhecimento da produção artística relacionado aos processos do fazer artístico e da criação como forma de organização e estruturação do trabalho artístico. O enfoque dado ao ensino de Arte na Educação Básica funda-se na relação entre arte e sociedade, fundamentando-se nas concepções de arte no campo das teorias críticas abordando a arte como ideologia, arte como forma de conhecimento e arte como trabalho criador. Sob tal perspectiva, Vázquez (1978) aponta que estas três interpretações são fundamentais para o entendimento da arte no convívio social. A arte como ideologia nos faz refletir que a arte é produto de um conjunto de idéias, crenças e doutrinas, próprias de uma sociedade, de uma época ou de uma classe. A arte não é só ideologia, porém, ela está presente nas produções artísticas. A arte como forma de conhecimento mostra que a arte é organizada e estruturada por um conhecimento próprio, por um conteúdo formal, que ao mesmo tempo possui um conteúdo social e que tem como objeto o ser humano em suas múltiplas dimensões. A dimensão da arte como trabalho criador considera que ao criar o ser humano recria-se, constituindo-se como um ser humano criador, sensível, consciente, capaz de compreender e transformar a realidade. O trabalho artístico além de representar, objetivamente ou não, uma dada realidade constitui-se, em si mesma, numa nova realidade social concreta. Estas concepções de arte são fundamentais para o desenvolvimento do ensino desta disciplina na escola, no entanto deve-se ter uma coerência entre os fundamentos teóricos - metodológicos, os conteúdos, os objetivos, a metodologia e a avaliação para uma aprendizagem efetiva. Na Educação Básica, a disciplina de Arte busca propiciar aos alunos um conhecimento sistematizado, porém é necessário conhecer os elementos que a constitui, elementos estes que são basilares, denominados de Conteúdos Estruturantes. Estes conteúdos (elementos formais, 55 composição, movimentos e períodos) são os fundamentos para a compreensão de cada uma das áreas de Arte. Os elementos formais são tidos como a matéria prima para o desenvolvimento do trabalho artístico; a composição é o processo de organização e estruturação dos elementos que constituem a produção artística; os movimentos e períodos se caracterizam pelo contexto histórico presente numa composição artística. A partir dos conteúdos estruturantes, que são articulados entre si e interdependentes para a compreensão da totalidade da arte, o encaminhamento metodológico também é compreendido de forma orgânica. São três momentos pelos quais os alunos devem passar, teorizar, que é a apreensão do conteúdo por meio da cognição e da racionalidade; sentir e perceber, que é o acesso as obras de arte (música, teatro, artes visuais e dança); trabalho artístico, que é o momento da prática, do trabalho criador. Esses momentos podem ser trabalhados pelo professor simultaneamente ou iniciados por qualquer um deles. É importante lembrar que “essa abordagem metodológica é essencial no processo pedagógico em Arte. Os três aspectos metodológicos abordados(...) – teorizar, sentir e perceber e o trabalho artístico – são importantes porque sendo interdependentes, permitem que as aulas sejam planejadas com recursos e encaminhamentos específicos.” (DCE, p. 71-72). No caso do Ensino Médio organizado por blocos de disciplinas semestrais, o encaminhamento metodológico e a forma de organização dos conteúdos sofrerão mudanças com relação ao tempo, como já foi apontado inicialmente. Por exemplo, ao se trabalhar com o conteúdo Harmonia, o professor poderá desenvolvê-lo relacionando as áreas artísticas. Na Música pode-se iniciar com a construção do instrumento monocórdio (teorizar) e apresentação de vídeos sobre música Oriental e Ocidental e suas respectivas escalas musicais (sentir e perceber). Após a construção do instrumento, faz-se a exploração sonora, altura, duração, intensidade, identificação dos intervalos musicais na Música Oriental e Ocidental, audição e execução do monocórdio (trabalho artístico). Em Artes Visuais pode-se iniciar com a observação da proporção no espaço escolar e em obras de alguns movimentos e períodos como por exemplo: Renascimento e Contemporâneo (sentir e perceber). Na sequência, apresentar teoricamente os conteúdos: linhas, volume, 56 proporção, proporção áurea, simetria, assimetria, perspectiva e o conceito clássico de harmonia e sua negação na Arte Contemporânea (teorizar). No momento da prática, realizar uma composição plástica que busque os conteúdos desenvolvidos (trabalho artístico). Na Dança pode-se continuar com os conteúdos acimas descritos como harmonia, proporção, simetria e assimetria, presentes na Dança Clássica e Contemporânea, e desenvolvê-los corporalmente, iniciando por uma apresentação teórica explicando estes conteúdos, sua aplicabilidade, sua intenção na dança, entre outros (teorizar). Observar estes conteúdos por meio de apresentações e vídeos de dança (sentir e perceber). Em seguida construir uma composição coreográfica na qual estes conteúdos como proporção, harmonia, desarmonia, simetria e assimetria estejam presentes e entendidos, não apenas cognitivamente, mas principalmente corporalmente (trabalho artístico). No Teatro, embora não possua o conteúdo Harmonia, pode-se desenvolver um trabalho harmônico a partir da coerência entre o método utilizado e sua apropriação na prática, como por exemplo, ao apresentar o Método de Stanislavski no Teatro Realista. Inicialmente, o professor irá buscar conteúdos como: personagens, ação, espaço, o desenvolvimento do método, onde iniciou o processo, como, porquê, o que mudou com relações a outros métodos, entre outros (teorizar). Posteriormente, levar vídeos para apreciação ou levar os alunos para assistirem peças teatrais (sentir e perceber). Na sequência realizar alguns exercícios propostos no método, apropriar-se dos conteúdos para então colocá-los em prática, como a realização de uma peça teatral (trabalho artístico). A arte concentra em sua especificidade, conhecimentos de diversos campos, possibilitando um diálogo entre as áreas e as disciplinas escolares, favorecendo uma unidade no trabalho pedagógico e a efetivação do conhecimento por parte do aluno. Na educação, o ensino de arte também amplia o repertório cultural do aluno a partir dos conhecimentos estético, artístico e contextualizado, aproximando-o do universo cultural da humanidade nas suas diversas representações. Por esta razão, além das linguagens artísticas: Artes Visuais, Música, Teatro e Dança, será enfatizado cultura afro-brasileira, Africana e Indígena não se restringem apenas aos negros e índios, ao contrario dizem respeito a todos os brasileiros uma vez que 57 devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no meio de uma sociedade multicultural e plurietnica capazes de construir uma nação democrática. Desenvolver atividades que contemplem a Coordenação de desenvolvimento socioeducacional que é a Educação Ambiental, Prevenção ao uso indevido de drogas, sexualidade humana e enfrentamento a violência , Educação Fiscal e Direito das Crianças e Adolescentes por meio de artes visuais, música, dança e teatro, buscando fazer relações com o seu cotidiano e inserindo ao desenvolvimento cultural e social, para uma formação integral do educando. Dando ênfase também aos educandos com necessidades educacionais especiais, também serão trabalhados os conteúdos referentes ao ensino da arte, sendo adaptado as suas necessidades, aproveitando desenvolver a troca de conhecimento já adquirido, com informações através da mídia e de seus colegas em sala de aula. Para que a aula flua de maneira clara e objetiva serão utilizados os recursos didáticos Livros, textos, retroprojetor; equipamento audiovisual, giz e quadro, aparelho de som, papeis, tecidos, objetos (suportes diversos), materiais diversos, leituras, TV multimídia, DVDs, imagens, livro didático de arte, argila, massa corrida, cimento, gesso, estrutura de madeira, pesquisa na internet através do laboratório de informática, etc. 2.1.4 AVALIAÇÃO O processo de avaliação é contínuo e cumulativo do desempenho de cada aluno, sendo superior os aspectos qualitativos aos quantitativos. Na Deliberação 07/99 do Conselho Estadual de Educação, cap. I, art 8º, a avaliação almeja “o desenvolvimento formativo e cultural do aluno” e deve “levar em consideração a capacidade individual, o desempenho do aluno e sua participação nas atividades realizadas”. A partir do conteúdo harmonia, apontado no texto, o professor poderá trabalhar relacionando as quatro áreas artísticas e, em cada uma delas, escolher os seguintes critérios de avaliação: Música: execução musical e percepção dos intervalos musicais Dança: análise e percepção dos movimentos coreográficos Artes Visuais: análise e compreensão da proporção como fator estrutural na 58 disposição das partes Teatro: análise e compreensão da forma como é estruturado o teatro realista Pensar os critérios de avaliação que devem orientar o ensino da Arte é essencial para o entendimento dos conteúdos que abrangem todas as áreas da arte que podem ser resumidos nas seguintes expectativas de aprendizagem: compreensão dos elementos que estruturam e organizam a arte e sua relação com a sociedade; produção de trabalhos artísticos visando a atuação do sujeito em sua realidade singular e social; apropriação prática e teórica das formas de compor nas diversas áreas da arte. Avaliar em Arte é superar os limites dos gostos pessoais e das afinidades para centrar-se no conhecimento propiciando uma aprendizagem socialmente significativa para o aluno. O método de avaliação proposto nas DCEs inclui a observação e o registro do processo de aprendizagem, com avanços e dificuldades na apropriação do conhecimento. Para se obter uma avaliação efetiva, individual e de grupo, são necessários vários instrumentos de avaliação que irá auxiliar na apropriação e apreensão dos conteúdos abordados durante as aulas de Arte trabalhos artísticos individuais e em grupo; trabalhos teóricos e práticos; pesquisas bibliográficas e de campo; debates em forma de seminários e simpósios; provas teóricas e práticas; registros em forma de relatórios, gráficos, portfólio, áudio-visual, atividades de leitura (compreensiva/crítica) de textos, entre outros. Dentro do segmento avaliativo, 5,0 pontos no mínimo duas avaliações e mais 5,0 pontos de trabalhos conforme o P.P.P da escola e tam bém será necessária a recuperação paralela de conteúdos defasados pelos educandos. A recuperação de conteúdos não compreendidos serão oportunizados a todos os alunos,sendo em trabalhos individuais ou grupos. O valor será equivalente ao valor da avaliação a recuperar. 2.1.5 REFERÊNCIAS FERNANDES, Ciane. O corpo em movimento: o sistema Laban/Bartenieff na formação e pesquisa em artes cênicas. São Paulo: Annablume, 2002. 59 GUSSO, Angela Mari. Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações Pedagógicas para os anos iniciais. - Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação, 2010. LABAN, Rudolf. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978 PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Arte. Curitiba: SEED-PR, 2008. PEIXOTO, Maria Inês Hamann. Arte e grande público: a distância a ser extinta. Campinas : Autores Associados, 2003 VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. As ideias estéticas de Marx. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. 60 2.2 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE BIOLOGIA 2.2.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Se buscarmos o significado da palavra Biologia nos mais simples livros escolares encontramos Biologia como o estudo da VIDA, partindo desse princípio de que ela estuda não só os seres vivos, mas os processos de interação entre os seres vivos e a natureza, colocam o homem como um ser participante e atuante em um ecossistema. A preocupação com a descrição dos seres vivos e dos fenômenos naturais levou o homem a diferentes concepções de VIDA, de mundo e de seu papel enquanto parte deste mundo. Essa preocupação humana representa a necessidade de garantir sua sobrevivência. Para compreender os pensamentos que contribuíram na construção das diferentes concepções sobre o fenômeno VIDA e suas implicações para o ensino, buscou-se na História da Ciência os contextos históricos, como as expressões religiosas, econômicas, políticas e sociais que impulsionaram mudanças conceituais no modo de como o homem passou a compreender a natureza. Platão (428/27 a.C. – 347 a.C) e Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C), deixaram contribuições relevantes quanto à classificação dos seres vivos. As interpretações filosóficas buscavam explicações para compreensão da natureza. Na Idade Média (séc. V e séc. XV) o conhecimento do universo, sob influência do cristianismo, FOI ASSOCIADO A Deus e oficializado pela Igreja Católica que o transforma em dogmas teocêntricos onde para “para tudo que não podia ser explicado, visto ou reproduzido, havia uma razão divina, Deus era responsável”. (RAW, 2002, p.13 in DCEs 2008). No séc. XII criam-se as primeiras universidades medievais que prenunciaram mudanças de pensamento dos que não se enquadravam à escolástica. 61 Ao romper com a visão teocêntrica e com a concepção filosófico – teológica medieval, os conceitos sobre o homem passam para o primeiro plano e a explicação para tudo o que ocorria na natureza inicia nova trajetória na história da humanidade. Todo este movimento da Ciência compreende um momento de abandono de ideias antigas e preferência por novos modelos que a filosofia natural, limitada pelo pensamento teológico, apresentava como resposta intuitiva, mágica, voltada à descrição da natureza imutável e às ações do homem sob a graça divina. Entre a Idade Média e a Idade Moderna houve as revoluções industriais do séc. XVIII que fez com que houvesse a queda do poder arbitrário da Igreja. Em 1452-1519, Leonardo da Vinci, introduz a matemática para interpretar a ordem mecânica da natureza. O pensamento biológico descritivo conceituou então a VIDA “como expressão da NATUREZA idealizada pelo sujeito racional”. (RUSS, 1994,p.360-363 in DCE -2008). Descartes considerado fundador do pensamento científico moderno, baseou o pensamento biológico mecanicista. No início do séc. XIX, Charles Darwin, apresenta suas ideias sobre a evolução das espécies. Foi o primeiro a utilizar o que é hoje conhecido como método hipotético-dedutivo. Gregor Mendel (1822-1884) apresenta em 1865 sua pesquisa sobre a transmissão de características entre os seres vivos. No séc. XX a nova geração de geneticistas formulou a nova concepção do pensamento biológico evolutivo. Em meados dos anos 70 a busca pelo entendimento de como a Ciência progride expõe a fragilidade da concepção positivista presa a uma epistemologia empírica. Assim surge um novo modelo explicativo a partir do pensamento biológico da manipulação genética, demarcando a condição do homem em compreender a estrutura físico-química dos seres vivos e as consequentes alterações biológicas. Partindo-se da dimensão histórica da disciplina Biologia foram identificados os marcos conceituais da construção do pensamento biológico. 62 A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) diz, em seu artigo 22, que o Ensino Médio “tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Sendo assim, na disciplina de Biologia, objetiva-se desenvolver o pensamento biológico de forma a permitir a reflexão sobre a origem, o significado, a estrutura orgânica e as relações da VIDA – objeto de estudo desta ciência, compreendendo que a Biologia não é um conjunto de conhecimentos definitivamente estabelecidos, mas que se modifica ao longo do tempo, através de estudos e pesquisas tecnológicas. Para isso nós educadores, devemos mostrar para os alunos como podemos interagir de forma mais consciente e mais racional com nosso meio ambiente. Podemos perceber que para o real estudo da Biologia, devemos deixar de lado a dependência da pura memorização, trabalhando de forma mais atuante e significativa, estimulando nos alunos um espírito crítico e reflexivo na busca de explicações de quais são as finalidades das coisas, em diferentes situações ocorridas no nosso cotidiano. Como vivemos em um mundo cada vez mais industrializado, percebemos um crescente êxodo rural, pessoas do campo ainda em busca de melhores condições de vida. A educação do campo é um meio de formação que nasce de um compromisso e reconhece os sujeitos, recuperando a sua identidade como trabalhador ou trabalhadora do campo, o campo como um espaço vivido e de fundamental importância, criando alternativas de um outro tipo de conhecimento muito mais prático e diversificado. A educação do campo parte da terra como a unidade fundamental para a construção do conhecimento e como meio de desenvolvimento sócio-cultural Não se contesta a importância do professor, como um intermédio para a construção dos conhecimentos pelos alunos, e na formação de cidadãos(as). Mas cabe ao(a) professor(a) fazer adaptações dos objetivos, critérios de avaliações ou nas atividades de ensino-aprendizagem para melhor atender as necessidades educacionais especiais. 63 Pode-se afirmar que a área de biologia procura desenvolver formas de minimizar os problemas do meio ambiente, aumentar a oferta de alimentos, melhorar as condições de saúde. Desta forma, esses procedimentos precisam ser compreendidos por pessoas das mais diversas áreas de atuação, para que seja possível a humanidade entender e respeitar o mundo em que vivemos. Nesta perspectiva a área biológica está assumindo cada vez mais a importância na formação do ser humano. Os conhecimentos construídos com o estudo da biologia devem contribuir para que o indivíduo faça julgamentos e tome decisões com relação ao seu modo de vida nos diferentes ambientes que ocupa. A disciplina de biologia tem como cenário, a biosfera, que apresenta-se como um conjunto inseparável das demais ciências. Compreender o surgimento da evolução humana, em suas inúmeras facetas exige um entendimento das condições geológicas e ambientais de nosso planeta. Além disso, é fundamental a compreensão dos ecossistemas atuais, que implica um conhecimento da intervenção humana, de caráter social e econômico, assim como dos ciclos de materiais e fluxos de energia. Enfim, o entendimento da vida, e de sua grande diversidade, é bastante complexa e demanda de uma percepção dos mecanismos de codificação genética, da organização molecular da vida. É necessário ter uma noção de como operam os níveis sub-microscópicos da biologia, a fim de compreender os mecanismos de hereditariedade, da fisiologia e da biotecnologia. Além disso, destaca-se alguns objetivos da disciplina: • Permitir a compreensão do fenômeno vida e de suas várias formas de manifestações, levando a uma concepção de mundo isenta de superstições e preconceitos; • Conduzir a uma reflexão e um posicionamento mais adequado e crítico em relação à natureza e ao homem, como indivíduo e como parte da sociedade em que vive e do ambiente que ocupa. Isto leva o(a) aluno(a) a despertar a consciência de suas responsabilidades face ao presente e ao futuro. Desta forma, o(a) aluno(a) poderá se identificar como representante da espécie humana, principal entidade biológica com capacidade para, em seu próprio interesse, modificar significativamente o ambiente; 64 • Permitir a compreensão de que a construção do conhecimento científico e o desenvolvimento de tecnologias modificaram profundamente a vida humana, alterando as perspectivas quanto à preservação da saúde e à expectativa da existência humana; • Favorecer o desenvolvimento de posturas críticas e ativas em relação a dados e a informações, rejeitando a simples aceitação passiva e incondicional; • Desenvolver a capacidade de observação, coleta e organização de dados, utilização de instrumentos de mediação e outros; • Desenvolver a habilidade de levantar hipóteses e de testá-las experimentalmente, concluindo através da aceitação ou rejeição das mesmas; • Desenvolver a capacidade de generalização e de conclusões para situações reais e cotidianas, reconhecendo- as nos fenômenos naturais e em aplicações práticas. 2.2.2 CONTEÚDOS Para que o trabalho seja bem desenvolvido e que os conteúdos sejam adequados à realidade de nossa escola, os conteúdos estruturantes serão distribuídos no Ensino Médio relacionando diversos conhecimentos específicos e priorizando o desenvolvimento de conceitos cientificamente produzidos, para propiciar reflexão constante sobre as mudanças de tais conceitos em decorrência de questões emergentes sempre permeados por discussões éticas. Os Conteúdos Estruturantes são os saberes, conhecimentos de grande amplitude, que identificam e organizam os campos de estudo de uma disciplina escolar - e neste caso, da Biologia - considerados basilares e fundamentais para a compreensão de seu objeto de estudo e de ensino. Assim sendo, teremos os seguintes conteúdos estruturantes: ESTRUTURANTE Organização dos seres vivos BÁSICOS • Classificação dos seres vivos: critérios taxonômicos e filogenéticos; 65 Sistemas biológicos: anatomia, morfologia e fisiologia. ESTRUTURANTE Mecanismos biológicos BÁSICOS Mecanismos de desenvolvimento embriológico; Mecanismos celulares biofísicos e bioquímicos. ESTRUTURANTE Biodiversidade BÁSICOS Teorias evolutivas; Transmissão das características hereditárias ESTRUTURANTE Manipulação genética BÁSICOS • Dinâmica dos ecossistemas: relações entre os seres vivos e interdependência com o ambiente; • Organismos geneticamente modificados. Durante as aulas de Biologia, serão contempladas temáticas referentes à educação do campo, ensino da História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena e a Coordenação de Desenvolvimento Socioeducacional (Educação Ambiental, Prevenção de Uso Indevido de Drogas, Enfrentamento à Violência na Escola, Sexualidade humana, Educação Fiscal, Relações Étnico- Raciais em conformidade com a Lei nº 11.645/08 ) através de: * Estudo sobre teorias antropológicas; * Estudo das características biológicas dos diversos povos; * Contribuição dos povos africanos e indígenas e de seus descendentes para os avanços da ciência e tecnologia; * Análise e reflexão sobre a saúde e as condições de higiene proporcionadas à população; * Estudo e reflexão do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); 66 1 2.2.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA DISCIPLINA É preciso estimular a participação ativa do(a) estudante no processo de aprendizagem, enfatizando a pesquisa e a capacidade de resolver problemas, compreendendo o que ele pensa a respeito dos fenômenos e dos conceitos científicos, procurando sempre uma interação, um diálogo com o estudante, de forma a estimular sua curiosidade. Outro aspecto é que ensinar não é mera transmissão de fórmulas ou nomes para serem decorados, é preciso estabelecer uma conexão entre os abstratos conceitos científicos e as experiências do cotidiano – incluídas aquelas recebidas por meios das notícias sobre ciência e tecnologia. E, para saber se o(a) estudante realmente aprendeu determinado conceito, é preciso lançar questões em que ele(a) use o raciocínio, aplique o que aprendeu a situações novas – em vez de usar apenas questões que envolvem uma simples memorização de nomes ou fórmulas. E é preciso que, em um mundo em que os conhecimentos científicos estão em constante transformação, ele(a) aprenda a pesquisar as informações pertinentes. Deverá existir uma relação entre o que o(a) aluno(a) aprende na escola com seu cotidiano e buscar também uma integração entre as diversas disciplinas, isto é, que se busque uma interdisciplinaridade. Os conteúdos obrigatórios da instrução 009/2001 – SUED / SEED serão tratados em conjunto aos conteúdos específicos, pertencentes a disciplina, propostos nas DCEs. O ensino envolve também valores e atitudes em relação aos problemas atuais e assim devemos ajudar o aluno a desenvolver uma atitude responsável, de modo que ele possa contribuir para a melhoria das condições gerais de vida de toda a sociedade. Assim é importante avaliar não apenas a aprendizagem de conceitos, mas também a de procedimentos e atitudes, utilizando além de tarefas escritas, exposições orais e o comportamento do(a) aluno(a) durante as atividades em grupo ou no laboratório . Outra atividade que, além de integrar conhecimentos, veicula uma concepção sobre as relações homem-ambiente e possibilita novas elaborações por meio da pesquisa é o estudo do meio como parques, praças, terrenos baldios, praias, 67 bosques, rios, zoológicos, hortas, lixões, fábricas, etc, considerando o que dispõe o memorando nº 007/2011. Cabe ressaltar que o Ensino de Biologia deverá propiciar ao(a) aluno(a) condições para refletir sobre seus conhecimentos e seu papel como sujeito capaz de atuar em sua realidade de forma a não dicotomizar a relação homem-natureza, agindo com responsabilidade consigo, com o outro e com o ambiente. Será garantido a inclusão de alunos(as) com necessidades educacionais especiais, possibilitando a inserção dos mesmos em sala de aula, bem como, proporcionando-lhes o acesso ao conteúdo, através de adaptação curricular, de forma a contribuir para a seu desenvolvimento e sua aprendizagem. Serão utilizados recursos didáticos e tecnológicos no decorrer do processo, a fim de enfatizar a metodologia utilizada como: • Aulas expositivas e dialogadas; • Uso de vídeos didáticos, através da TV Pendrive, com posterior debate; • Aulas práticas, com a utilização do laboratório de ciências; • Articulação com os(as) educadores(as) da área de linguagens e códigos e suas tecnologias; • Interação com os(as) educadores(as) da área de Ciências Humanas e Sociais; • Seminários com temas propostos por séries; • O ensino da Biologia e a informática, através do uso do laboratório de informática Paraná Digital. 2.2.4. AVALIAÇÃO A LDB estabelece que a avaliação deve ser contínua e priorizar a qualidade e o processo da aprendizagem, proporcionando a verificação do desempenho do(a) aluno(a) ao longo de todo o ano e não apenas em uma prova ou um trabalho. Essa é uma avaliação formativa e não terá como pressuposto a punição ou a premiação. Devemos considerar que cada aluno(a) possui um modo de aprender e faz isso em um ritmo próprio, e propõe que o(a) professor(a) diversifique as estratégias de avaliação para que possa acompanhar o processo de aprendizagem. 68 A avaliação será realizada através de duas ou mais provas bimestrais, totalizando 5,0 pontos e os demais trabalhos os restantes 5,0 pontos, totalizando a nota 10.0. Os resultados de avaliações serão registrados, por meio de sínteses bimestrais e finais ou melhor em blocos. Os alunos terão direito a estudos de recuperação em todas as atividades em que o aproveitamento for considerado insatisfatório. O (a) aluno(a) que obtiver a média bimestral de 6.0, e frequência de 75% nas aulas, será aprovado no final do semestre. Após o trabalho com os conteúdos, espera-se que o aluno: • Identifique e compare as características dos diferentes grupos de seres vivos; • Estabeleça relações entre as características específicas dos microorganismos, dos organismos filogenéticos vegetais e animais, e dos vírus; • Classifique os seres vivos quanto ao número de células (unicelular e pluricelular), tipo de organização celular (procarionte e eucarionte), forma de obtenção de energia (autótrofo e heterótrofo) e tipo de reprodução (sexuada e assexuada); • Reconheça e compreenda a classificação filogenética (morfológica, estrutural e molecular) dos seres vivos; • Compreenda a anatomia, morfologia, fisiologia e embriologia dos sistemas biológicos (digestório, reprodutor, cardiovascular, respiratório, endócrino, muscular, esquelético, excretor, sensorial e nervoso); • Identifique a estrutura e o funcionamento das organelas citoplasmáticas; • Reconheça a importância e identifique os mecanismos bioquímicos e biofísicos que ocorrem no interior das células; • Compreenda os mecanismos de funcionamento de uma célula: digestão, reprodução, respiração, excreção, sensorial, transporte de substâncias; • Compare e estabeleça diferenças morfológicas entre os tipos celulares mais frequentes nos sistemas biológicos (histologia); • Reconheça e analise as diferentes teorias sobre a origem da vida e a evolução das espécies; • Reconheça a importância da estrutura genética para manutenção da diversidade dos seres vivos; 69 • Compreenda o processo de transmissão das características hereditárias entre os seres vivos; • Identifique os fatores bióticos e abióticos que constituem os ecossistemas e as relações existentes entre estes; • Compreenda a importância e valorize a diversidade biológica para manutenção do equilíbrio dos ecossistemas; • Reconheça as relações de interdependência entre os seres vivos e destes com o meio em que vivem; • Identifique algumas técnicas de manipulação do material genético e os resultados decorrentes de sua aplicação/utilização; • Compreenda a evolução histórica da construção dos conhecimentos biotecnológicos aplicados à melhoria da qualidade de vida da população e à solução de problemas sócio-ambientais; • Relacione os conhecimentos biotecnológicos às alterações produzidas pelo homem na diversidade biológica; • Analise e discuta interesses econômicos, políticos, aspectos éticos e bioéticos da pesquisa científica que envolvem a manipulação genética. A avaliação será feita por meio de várias estratégias, sendo resumidas da seguinte forma: avaliação inicial ou diagnóstica, avaliação processual ou reguladora e avaliação integradora. Dessa forma, serão utilizados os seguintes instrumentos: trabalhos individuais de pesquisa, trabalhos em grupo, relatórios, maquetes, análises e provas escritas. A recuperação paralela será desenvolvida no decorrer do bimestre de acordo com as necessidades individuais de cada aluno(a), para não prejudicar o desenvolvimento dos mesmos, retomando os conteúdos já desenvolvidos e não assimilados pelos(as) alunos(as) quando for necessário. Por fim, não se pode esquecer que o(a) aluno(a0 tem o direito de conhecer o próprio processo de aprendizagem e avaliação para se empenhar na superação de suas capacidades. 2.2.5 REFERÊNCIAS AMABIS & MARTHO. Conceitos de Biologia. São Paulo: Moderna, 2001. 70 ARROYO, Miguel Gonzalez e outros (org.) Por uma Educação do Campo. 2ª ed., Petrópolis: Vozes, 2005. BRASIL – LDB (LEI Nº 9394/96). Cadernos Temáticos. Educação do Campo. SEED – Pr., 2005. Ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Lei n° 10.639/03. Brasília, 2003. LAURENCE. J. Biologia. Ed. Nova Geração, 2007. LOPES E ROSSO, Sônia, Sergio Ed. Saraiva, 2006. BIOLOGIA LINHARES E GEWANDSZNAJDER; Sérgio, Fernando. Ed. Ática, 2006. Favaretto e Mercadante; José Arnaldo, Clarinda. Ed. Moderna, 2006. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Disciplina de Biologia. Curitiba, 2008. POSITIVO, Apostilas. Ensino Médio. Curitiba – PR. RAVEN, Peter H. Biologia Vegetal. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2002. RAW, I. SANT'ANNA,O Aventuras da microbiologia. São Paulo: Hacker, 2002. RUSS. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Scipione, 1994. TV escola, VÍDEOS, REVISTAS E JORNAIS. 71 2.3 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS 2.3.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A ciência já estava presente desde que o ser humano começou a se interessar e aprender com os fenômenos a sua volta. Mesmo antes da descoberta do fogo o homem já utilizava técnicas para apanhar alimentos, caçar com instrumentos feitos de pedra e usar outros materiais disponíveis na natureza, procurando satisfazer suas necessidades cotidianas. Há aproximadamente dez mil anos, o ser humano passou a cultivar a terra e criar animais, interferindo diretamente na natureza. Tornou-se um observador, ainda mais atento da natureza, o que possibilitou aperfeiçoar técnicas, fabricar novos instrumentos, aprender a armazenar, desenvolver novos espaços e criar calendários, formular teorias, crenças e valores. Isso fez com que, no decorrer da história, a ciência fosse considerada pela maneira com que o ser humano expressa o conhecimento referente ao mundo. Nesse sentido, ao refletir sobre a educação e o currículo de Ciências, em cada momento histórico, nota-se que o seu desenvolvimento se deu a partir de interesses políticos, econômicos e sociais de cada período, modificando assim, o centro do processo de ensino e de aprendizagem. Tal situação resultou em alterações na concepção de aluno, professor, escola, ensino e aprendizagem, contribuindo para a formação, em diferentes épocas, de novos cientistas, mão-deobra qualificada para o mercado de trabalho e, de cidadãos críticos, participativos e transformadores. Portanto, a disciplina de Ciências é constituída historicamente por um conjunto de ciências que se somam numa mesma disciplina escolar para compreender os fenômenos naturais nesta etapa da escolarização. Logo, a 72 disciplina tem como objeto de estudo o conhecimento científico que resulta da investigação da natureza. A partir de 2003, iniciou-se um novo período na história da educação paranaense. Isso se deve à reformulação da política educacional do Estado. Como aspecto relevante dessa mudança, destaca-se o descrédito à proposta neoliberal, o resgate da função social da escola e o trabalho pedagógico com os conteúdos específicos das disciplinas escolares. Além de instituir o currículo escolar como eixo fundamental da escola, essa proposta busca suscitar no professor a reflexão sobre a própria prática pedagógica, oportunizando uma formação continuada em busca da melhoria do desempenho de suas funções, ou seja, da qualidade do ensino. Cabe ressaltar que o acesso à formação continuada específica fornece subsídios consistentes e úteis ao cotidiano da sala de aula. Essa proposta busca suscitar no professor a reflexão sobre a própria prática, fomentando a formação continuada de forma a oportunizar a todos os professores, a fundamentação teórica prática essencial ao desempenho de suas funções sendo muito importantes para a interação entre escola e comunidade. O ensino de Ciências constitui, portanto, um meio essencial de preparar o estudante para enfrentar os desafios que surgem de uma sociedade preocupada em integrar, cada vez mais as descobertas científicas ao bem estar dos indivíduos. Os alunos terão um conhecimento básico das ciências naturais que lhes permita não só compreender e acompanhar as rápidas transformações tecnológicas como também participar de forma esclarecida e responsável de decisões que dizem respeito a toda a sociedade. A disciplina de Ciências no Ensino Fundamental tem como objetivos: • Criar oportunidades sistemáticas para que o aluno adquira conceitos, procedimentos e atitudes que operem como instrumentos para a interpretação do mundo científico e tecnológico em que vivem capacitando-os nas escolhas que farão como indivíduo e como cidadão. • fazer com que o aluno saiba discernir conhecimento científico de crendices e superstições; 73 • coletar dados e buscar informações; usar o conhecimento científico na discussão e interpretação de fatos do cotidiano; • perceber a construção histórica do conhecimento científico; desenvolver a reflexão sobre as relações entre ciência, sociedade e tecnologia, considerando as questões éticas envolvidas; • desenvolver um olhar atento para a natureza e ousadia na busca de novas respostas para desafios; • desenvolver postura para a aprendizagem: curiosidade, interesse, mobilização para busca e organização de informações, autonomia e responsabilidade na realização de suas tarefas como estudante; • desenvolver flexibilidade para reconsiderar suas ideias, reconhecendo e selecionando fatos e dados na reelaboração de seus conhecimentos; • formular perguntas e suposições sobre fenômenos naturais, desenvolvendo estratégias progressivamente mais sistemáticas de busca e tratamento das informações; • compreender a tecnologia como recurso para resolver as necessidades humanas, diferenciando os usos corretos e úteis daqueles prejudiciais ao equilíbrio da natureza e ao ser humano; • relacionar descobertas e invenções humanas com condições sociais, políticas, ambientais e vice-versa; relacionar as características do ambiente natural e cultural com a qualidade de vida; • relacionar a capacidade de interação com a sobrevivência das espécies; perceber a profunda importância dos cuidados necessários que deverá ter com respeito à prevenção de deficiências; entender que mesmo apresentando diferenças aparentes, o portador de necessidades especiais, é um ser humano igual em todos os sentidos, com os mesmos direitos e deveres; • desenvolver hábitos de saúde e cuidado corporal, concebendo a saúde pessoal e social, como bens individuais e coletivos que devem ser conservados, preservados e potencializados; contemplar as relações étnicoraciais e o ensino da historia e cultura afro brasileira, no contexto. 74 De acordo com as Diretrizes Curriculares, o ensino de Ciências deverá estar fundamentado na história, na base estrutural de integração conceitual dos conteúdos a partir de eixos norteadores: Astronomia, Matéria, Sistemas Biológicos, Energia e Biodiversidade. Os conteúdos estruturantes, vistos aqui como saberes fundamentais, capazes de organizar teoricamente os campos de estudo da disciplina, essenciais para a compreensão de seu objeto de estudo e de suas áreas afins. Por meio dos conteúdos específicos da disciplina, os aspectos sociais, políticos, econômicos, éticos e históricos, possibilitam uma análise mais ampla do contexto, pois, estendem a discussão para além do conteúdo específico, alcançando diferentes instâncias da sociedade, as quais, embora não estejam explícitas, influenciam diretamente na prática social do sujeito. Pautado nesta concepção, o processo de ensino e aprendizagem de Ciências, valoriza a dúvida, a contradição, a diversidade e a divergência, o questionamento das certezas e incertezas, superando o tratamento curricular dos conteúdos por eles mesmos, priorizando sua função social. Na atual concepção, os conteúdos específicos passam a serem entendidos como um processo, superando a ideia de que o acervo de conhecimentos está pronto e acabado. Os alunos são construtores dos conhecimentos e co-responsáveis pela sua aprendizagem e o professor passa a ser anunciado como construtor do currículo e autônomo para a sua implementação. Diante disso, a retomada dos conteúdos que historicamente compõem o currículo da disciplina é imprescindível no processo de escolarização, assim as diretrizes curriculares para o ensino de Ciências, estão organizadas a partir da concepção de ciência como processo de construção humana, provisória, falível e intencional e, a partir dos conteúdos estruturantes que se desdobram nos conteúdos específicos da disciplina. Estes conteúdos serão abordados de forma consistente, histórica, considerando as relações entre a ciência, à tecnologia e a sociedade. Por meio desta abordagem pedagógica, o currículo de Ciências poderá propiciar condições para que os sujeitos do processo educativo discutam, analisem, argumentem e avancem na compreensão do seu papel frente às demandas sociais, uma vez que 75 questões relacionadas à saúde, sexualidade e meio ambiente, dentre outras, são tradicionalmente incorporadas aos conteúdos específicos e, portanto, imprescindíveis à disciplina de Ciências. A disciplina de Ciências se constitui num conjunto de conhecimentos científicos necessários para compreender e explicar os fenômenos da natureza e suas interferências no mundo. Nesta perspectiva, o currículo de Ciências permitirá aos alunos estabelecer relações entre o mundo natural, o mundo construído pelo homem e seu cotidiano. Além disso, essa abordagem do currículo potencializará a função social da disciplina, pois, orienta uma tomada de consciência por parte dos alunos e, consequentemente influi na tomada de decisões desses sujeitos como agentes transformadores. 2.3.2 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES a) ENSINO FUNDAMENTAL O currículo de Ciências no Ensino Fundamental é constituído historicamente por um conjunto de Ciências que se somam numa mesma disciplina escolar para compreender os fenômenos naturais. A seleção dos conteúdos estruturantes do ensino de Ciências dividem se em: • Astronomia • Matéria • Sistemas Biológicos • Energia • Biodiversidade 6º ANO Astronomia • Universo • Sistema solar • Movimentos terrestres • Movimentos celestes • Astros Matéria 76 • Constituição de Matéria Sistemas Biológicos • Níveis de organização Energia • Formas de energia • Conversão de energia • Transmissão de energia Biodiversidade • Organização dos seres vivos • Ecossistemas • Evolução dos seres vivos 7º ANO Astronomia • Astros • Movimentos terrestres • Movimentos celestes Matéria • Constituição de Matéria Sistemas Biológicos • Célula • Morfologia e fisiologia dos seres vivos Energia • Formas de energia • Transmissão de energia Biodiversidade • Origem da vida • Organização dos seres vivos • Sistemática 8º ANO 77 Astronomia • Origem e evolução do Universo Matéria • Constituição de Matéria Sistemas Biológicos • Célula • Morfologia e fisiologia dos seres vivos Energia • Formas de energia Biodiversidade • Evolução dos seres vivos 9º ANO Astronomia • Astros • Gravitação universal Matéria • Propriedades da Matéria Sistemas Biológicos • Morfologia e fisiologia dos seres vivos • Mecanismos da herança genética Energia • Formas de energia • Conservação de energia Biodiversidade • Interações ecológicas 2.3.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA DISCIPLINA Propõe-se que os conteúdos específicos sejam encaminhados por meio de uma metodologia crítica e histórica, de modo a considerar a articulação entre os conhecimentos físicos, químicos e biológicos, isto é, uma prática pedagógica que 78 leve a integração dos conhecimentos científicos e valorize o pluralismo metodológico. Espera-se que os participantes do processo pedagógico compartilhem da concepção de Ciências como construção humana, cujos conhecimentos científicos são passíveis de alteração ao longo da história da humanidade e marcados por intensas relações de poder. É importante estabelecer relações entre os diversos conteúdos específicos no âmbito escolar, portanto, torna-se imprescindível, que o professor reconheça que existem conhecimentos físicos, químicos e biológicos, que precisam ser abordados em cada uma das séries do Ensino Fundamental, desde que se respeite o nível cognitivo dos alunos, a realidade local, a diversidade cultural, as diferentes formas de apropriação dos conteúdos por parte dos alunos e que se adote uma linguagem coerente coma faixa etária, para aumentar gradativamente o aprofundamento do estudo. A ciência é dinâmica e sempre ocorrem novas pesquisas que geram novas teorias e tecnologias que, gradativamente, podem ser substituídas por outras que mais bem atendam às demandas da atualidade. Com isso, não se pode desconsiderar a produção científica; cada conhecimento adquire sentido à medida que se considera o contexto no qual foi produzido. Desse modo, o ensino de Ciências terá como estratégia, um estudo condizente com a aplicação e utilização direcionada à realidade, que desperte interesse por parte dos estudantes nos conteúdos e consequentemente a aprendizagem. Para alcançar esses objetivos, serão utilizadas aulas expositivas, a partir de uma abordagem problematizadora, conversação sobre a leitura científica, atividades em grupo e experimentais, a utilização de recursos instrucionais, bem como o uso da ludicidade em sala de aula. Portanto, o encaminhamento metodológico para a disciplina de Ciências não pode ficar restrito a um único método. Entre as possibilidades de trabalho, destacam-se: a observação; o trabalho de campo; jogos de simulação e desempenho de papéis; projetos individuais e em grupos; visitas a indústrias, 79 fazendas, museus; a redação de cartas para autoridades; palestras com pessoas convidadas; fóruns, debates, seminários, conversação dirigida. Outras atividades que estimulam o trabalho coletivo são as que envolvem música, desenho, poesia, livros de literatura, jogos didáticos, dramatizações, histórias em quadrinho, painéis, murais, exposições e feiras, entre outras. Para essas atividades, os professores poderão recorrer a variados recursos pedagógicos: slides, fitas VHS, DVD’s, CD’s, CD-ROM’s educativos e softwares livres, entre outros. As relações entre conceitos vinculados aos conteúdos da disciplina, entre os conceitos científicos e os conceitos pertencentes a outras disciplinas, bem como a Coordenação de desenvolvimento Socioeducacional (educação ambiental, enfrentamento a violência na escola, prevenção ao uso indevido de drogas, sexualidade humana, educação fiscal, direito da criança e do adolescente e história e cultura afro-brasileira, africana e indígena), serão trabalhadas durante as aulas, durante a abordagem dos conteúdos próprios da disciplina, conforme surgirem as oportunidades, visto que a disciplina possibilita essa abordagem facilmente relacionada aos conteúdos básicos e específicos da disciplina. É importante que os conteúdos específicos e as relações estabelecidas a partir destes, não sejam simplificados ou vistos de forma reducionista. Devem considerar as relações entre os conhecimentos físicos, químicos, e biológicos, a pratica social, o mundo natural (ciência), o mundo construído pelo ser humano (tecnologia) e seu cotidiano (sociedade). Vale destacar a importância dos registros que os alunos fazem no decorrer das atividades em aula, pois assim o professor pode analisar a própria pratica e fazer uma intervenção pedagógica coerente. Além disso, o professor pode divulgar a produção de seus alunos com o intuito de promover a socialização dos saberes, a interação entre os estudantes e destes com a produção científico-tecnológica. A partir desse encaminhamento metodológico, a disciplina de Ciências poderá resgatar na escola a sua principal função: o estudo dos fenômenos naturais por meio do tratamento dos conteúdos específicos de forma critica e histórica. 2.3.4 AVALIAÇÃO 80 A avaliação deve ser diagnóstica, onde predomina a participação representada pela organização do trabalho, coerência, estruturação de referência bibliográfica, criatividade, espírito crítico, além do interesse pessoal ou de grupos organizados, sendo compreendidos como um conjunto de atuações contínuas e sistemáticas através da interpretação qualitativa do conhecimento pelo aluno. Os critérios estabelecidos para avaliar variam de acordo com os conteúdos trabalhados em cada ano. Nesta perspectiva, espera-se que o aluno de 6º a 9º ano tenha um mínimo de entendimento e conhecimento sobre astronomia, matéria, sistemas biológicos, energia e biodiversidade, de acordo com o nível de complexidade de cada série. Provas escritas fazem parte de um todo, tendo peso 5,0 pontos subdivididos em no mínimo dois diferentes tipos de provas: dissertativas, objetivas, somatórias, e outras, que procuram valorizar todos os avanços do aluno, como o aumento de sua capacidade em explicar suas conclusões, ou interpretar textos, dados, gráficos, tabelas, filmes; apresentar resultados de pesquisas realizados em casa, com isso incentivando a integração das famílias e o seu dia-a-dia. Os outros 5,0 pontos serão atribuídos, durante o bimestre, em atividades realizadas em sala, pesquisas individuais ou em grupo, resumos de filmes, atividades experimentais, entre outros. As avaliações, bem como a metodologia utilizada no trato com os conteúdos sofrem adaptações para alunos com necessidades educacionais especiais, visando um atendimento diferenciado conforme a necessidade e a especificidade de cada caso. A recuperação de estudos acontecerá de forma que contemple as dificuldades de aprendizagem dos alunos, assim que forem observadas. Será retomada, pelo professor, de forma diferenciada, podendo ser através de perguntas e respostas orais, escritas, resolução de atividades no caderno e no quadro, solicitação de novas pesquisas a serem realizadas pelos alunos. Por meio dos diversos instrumentos avaliativos, o aluno poderá expressar os avanços na aprendizagem porque interpreta, produz, discute, relaciona, analisa, justifica, posiciona-se e argumenta, defende o próprio ponto de vista. 81 Ao reestruturar continuamente o processo educativo, o professor também faz uma auto-avaliação para orientar-se em sua prática pedagógica, em intervenções coerentes com os objetivos propostos para o ensino da disciplina. A avaliação ocorre ao longo do ano letivo, não está centralizada em uma única atividade ou método avaliativo e considera os alunos como sujeitos históricos no processo pedagógico. 2.3.5 REFERÊNCIAS ANDERY, M.A.; MICHELETTO, N.; SERIO, T.M.P. (et al). Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. 14 ed. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo; São Paulo: EDUC, 2004. BARROS, Carlos; PAULINO, Wilson: Ciências. Coleção 5ª a 8ª séries, São Paulo: Ática, 2004. BRASIL. Lei n° 4.024/61. Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Diário Oficial, 21 de dezembro de 1961. Disponível em: <http://www.mj.gov.br/conade2.htm>. Acesso em 05 maio 2009. __________. Lei n° 5.692/71. Lei das Diretrizes e Bases do Ensino de 1° e 2° graus. Brasília: Diário Oficial, 12 de agosto de 1971. Disponível em: <http://www.mj.gov.br/conade2.htm>. Acesso em 05 maio 2009. __________. Lei n° 9.394/96. Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://www.mj.gov.br/conade2.htm>. Acesso em 05 maio 2009. CHASSOT, A. Ensino de Ciências no começo da segunda do século da tecnologia. In: LOPES, A.C; MACEDO, E. (orgs). Currículo de Ciências em debate. São Paulo: Papirus, 2004. GUSSO, Angela Mari. Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações Pedagógicas para os anos iniciais. - Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação, 2010. KRASILCHIK, M. O professor e o currículo de Ciências. São Paulo: EPU/Edusp, 1987. PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Ciências para o Ensino Fundamental, 2008. 82 SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. São Paulo: Autores Associados, 1995. 83 2.4 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA 2.4.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A disciplina de Educação Física, no ensino fundamental e médio, visa proporcionar ao educando vivências diversas que contribuam para um desenvolvimento integral, contribuindo para uma melhor qualidade de vida. A Educação Física ao longo da sua história sofreu influências de várias correntes filosóficas e estas interferiram na ação pedagógica dos profissionais desta área. Além disso, o ensino da Educação Física esteve atrelado à apropriação do conhecimento, sem permitir ao aluno a devida reflexão crítica, pautando sua prática no cotidiano escolar sem significado social e cultural. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases nº 5692/71, a Educação Física passa a ser entendida como atividade, conforme pode ser evidenciado no decreto-lei 69450 de 11 de novembro de 1971, que apresenta a seguinte concepção de Educação Física: “A atividade que por seus meios, processos e técnicas desperta, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, psíquicas e sociais do educando, constitui um dos fatores básicos para a conquista das finalidades da educação nacional”. Passando a Educação Física então, a ter uma legislação específica, instituindo a integração dessa disciplina como atividade escolar regular e obrigatória no currículo dos cursos em todos os níveis e sistemas de ensino. Apesar de ser revogada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996, o decreto-lei nº 69450/71 ainda representa a referencia para a Educação Física nos dias de hoje, pois o mesmo dispõe sobre objetivos, padrões de referência, planejamento, critérios de avaliação, fundamentos básicos para a compreensão dos significados da Educação Física contidos em instrumentos legais, sendo que a lei em vigor não estabelece esses referenciais. Através dos diferentes contextos históricos definiu-se a Educação Física Escolar, ou seja, o que deveria ser ensinado aos alunos. Até o final do século XIX, quase toda produção ligada à Educação Física era de caráter médico-higienista, dando grande importância à ginástica, com o objetivo de conservar e restabelecer a 84 saúde por meio do exercício. Esta prática se orientava pela dimensão biológica que essa disciplina ainda não superou completamente. Porém no início do século XX, o panorama de Educação Física escolar, no Brasil, incorporou um novo determinante para seu ensino, o esporte. Esta tendência pode ser explicada pelo desenvolvimento do sistema capitalista de produção que incorpora os princípios de rendimento, competição, da racionalização técnica, na busca constante de sua superação e vitória. Esta prática, no campo da Educação Física Escolar, persiste até a década de 70, quando perde sua especificidade. O discurso e prática da psicomotricidade vieram a substituir o conteúdo até então de natureza esportiva. As propostas de ensino, mais diretamente voltadas a psicomotricidade, preocupavam-se com o desenvolvimento da criança nos processos cognitivos, afetivos e psicomotor. A Educação Física era apenas um meio. Um meio para aprender e também, era um meio de socialização. Neste contexto, a Educação física perde sua especificidade, uma vez que não tem mais conteúdo próprio e este, talvez, passa a ser o momento mais contraditório da sua história. Em pleno século XXI, o ensino da Educação Física na escola, constitui-se em muitos momentos na instrumentalização do corpo com movimentos mecânicos e gestos estereotipados, sem reflexão crítica, geralmente, com a fixação nas práticas esportivas que, normalmente, desconsideram o ser humano no sentido de sua totalidade. As práticas corporais se restringem ao âmbito da motricidade. Com a Educação Física e o Desporto, contava-se que o aluno poderia compreender de maneira prática, como a atividade física melhoraria a qualidade de vida em todos os sentidos: físicos, intelectual e psicológico. Reconhecendo o desempenho individual, sem discriminação por características pessoais, físicas sexuais ou sociais. O movimento é uma característica fundamental à sobrevivência do ser humano, o que o leva a aproximar-se da Educação Física e dos esportes integrandoo a sociedade como ser participativo, crítico e criativo. Segundo Platão: “Todo ser 85 vivo tem necessidade de saltar e brincar e é portador de um ritmo que produz a dança e o canto". As relações que estabelecemos com os nossos pares em nossas atividades diárias ocorrem por meio da expressão oral e corporal que nos foram, e nos são, transmitidas culturalmente e socialmente. Essas relações são construídas dependendo da preocupação e objetivo de cada momento histórico, no qual a sociedade está inserida. É importante a escola e o professor, por meio da sua disciplina, proporcionar ao educando a percepção das relações que se estabelecem no seu dia-a-dia ligadas a vivência corporal, podendo transformá-la e entendo como esses entrelaces acontecem. A Educação Física, integrada a Proposta Pedagógica da Escola, é componente curricular do Ensino Fundamental e Médio, ajustando-se a faixas etárias e realidade da comunidade escolar. Neste sentido, como enfatizam Taborda e Oliveira (apud PARANÁ, 2005, p.10) os objetivos da Educação Física devem estar voltados para a humanização das relações sociais, considerando a noção de corporalidade, entendida como a expressão criativa e consciente do conjunto das manifestações corporais historicamente produzidas. Esse entendimento permite ampliar as possibilidades da intervenção educacional dos professores de Educação Física, superando a dimensão meramente motriz de uma aula, sem no entanto, negar o movimento como possibilidade de manifestação humana e, desse modo contemplar o maior número possível de manifestações corporais explorando os conhecimentos já trazidos pelos educandos e a sua potencialidade formativa. Segundo Soares et al (1992, p. 50) a Educação Física é conceituada como: (...) uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: o jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal. Esses conteúdos expressam um sentido/significado nos quais se interpenetram. A partir desse entendimento a proposta para a disciplina de Educação Física deve favorecer o estudo, a integração e a reflexão da cultura corporal de movimentos, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, 86 instrumentalizando-o para usufruir das atividades proposta em beneficio da sua inserção social, levando-o a descobrir motivos e sentidos nas práticas corporais que favoreçam o desenvolvimento de atitudes positivas, contemplando assim todas as manifestações corporais e culturais, partindo da realidade local para as diferentes culturas. Cabe aos professores de Educação Física mediar o processo de ensinoaprendizagem deflagrado nas aulas de Educação Física quanto à construção de um ambiente que proporcione ao aluno a aprendizagem dos conteúdos significativos para o seu processo de conhecimento e desenvolvimento, incrementando sua capacidade para tomar decisões relacionadas à atividade física, isto é, movimento corporal humano. OBJETIVOS DA DISCIPLINA *Desenvolver o aspecto reflexivo e participativo. *Demonstrar capacidade para discutir e modificar regras, reunindo elementos de várias manifestações de movimento e estabelecendo uma melhor utilização dos conhecimentos adquiridos sobre a cultura corporal. *Adquirir consciência da sua importância das atividades físicas *Participar de atividades em grandes e pequenos grupos, compreendendo as diferenças individuais e procurando colaborar para que o grupo possa atingir os objetivos a que se propôs. *Reconhecer na convivência maneiras eficazes de crescimento coletivo, dialogando, refletindo e adotando uma postura democrática sobre diferentes pontos de vista postos em debate. *Interessar-se pelo surgimento das múltiplas variações da atividade física, enquanto objeto de pesquisa e área de interesse social de mercado de trabalho promissor *Compreender o funcionamento do organismo humano de forma a reconhecer e modificar as atividades corporais, valorizando-as como melhoria de suas aptidões físicas. *Desenvolver as noções conceituadas de esforço, intensidade e freqüência, aplicando-as em suas práticas corporais. 87 *Refletir sobre as informações específicas da cultura corporal, sendo capaz de discerni-las e reinterpretá-las em bases científicas, adotando uma postura autônoma, na seleção de atividades procedimentos para a manutenção ou aquisição da saúde. *Compreender as diferentes manifestações da cultura corporal, reconhecendo e valorizando as diferenças de desempenho, linguagem e expressão. *Estabelecer de forma sadia momentos de lazer. *Reconhecer as habilidades desportivas coletivas e individuais. *Adquirir gosto pela atividade física. *Proporcionar ao aluno a formação necessária para a vida em sociedade, integrando-o em novos grupos sociais de uma forma consciente, através da atividade física. *Promover o desenvolvimento dos jogos intelectuais como: dama, xadrez e dominó. *Consolidar a Educação Física como disciplina escolar com objetivos pedagógicos que transcendam os objetivos do esporte com um fim na sua prática. *Proporcionar a compreensão da prática corporal como parte cultural e social do meio em que vive, possibilitando a prática social, valorizando a diversidade cultural dos educandos e a riqueza das suas manifestações corporais, a reflexão das problemáticas sociais e a corporalidade, entendida como a expressão criativa e consciente do conjunto das manifestações corporais historicamente produzidas. 2.4.2. CONTEÚDOS ESTRUTURANTES: Esportes Ginástica Jogos e Brincadeiras Dança Lutas CONTEÚDOS BÁSICOS: Ensino Fundamental -Coletivos, individuais e radicais; 88 -Jogos e brincadeiras populares, brincadeiras e cantigas de roda, jogos de tabuleiro, jogos cooperativos e jogos dramáticos; -Danças folclóricas, danças criativas, danças circulares e danças de rua; -Ginástica rítmica, ginástica circense, ginástica geral; -Lutas de aproximação; -Coletivos radicais. -Lutas com instrumento mediador, capoeira. Ensino Médio -Coletivos individuais e radicais; -Jogos de tabuleiro, jogos dramáticos, jogos cooperativos; -Danças folclóricas, danças de salão, danças de rua; -Ginástica artística/olímpica, ginástica de condicionamento físico, ginástica geral; -Lutas de aproximação, lutas que mantém à distância, lutas de instrumento mediador e capoeira. Através da Educação Física o aluno vai perceber que existem muitas diferenças de cultura, mas, no entanto, cada uma deve ser respeitada com todas as suas particularidades. A cultura afro-brasileira será contemplada através de palestras, atividades lúdicas, jogos e dança. Critérios: O principal critério adotado será Comprometimento e envolvimento, ou seja, se os alunos entregam as atividades propostas pelo professor; se houve assimilação dos conteúdos propostos, por meio da recriação de jogos e regras; se o aluno consegue resolver, de maneira criativa, situações problemas sem desconsiderar a opinião do outro, respeitando o posicionamento do grupo e propondo soluções soluções para as divergências; se o aluno mostra-se envolvido nas atividades, seja através de participação nas atividades práticas ou realizando relatórios. Os instrumentos de avaliação serão as provas teóricas sobre os conteúdos vistos no bimestre, trabalhos de pesquisa relacionados ao conteúdo do bimestre, 89 trabalhos em grupo, provas práticas onde será avaliado o interesse do aluno em realizar as atividades e não o seu desempenho. 2.4.3. METODOLOGIA DA DISCIPLINA: A Educação Física enquanto componente curricular do estabelecimento de ensino tem os mesmos objetivos de educação, ou seja, deve preocupar-se também com o desenvolvimento integral do ser humano, utilizando para isso, suas atividades-meio que se concretizam pelo movimento. A Educação Física tem grande importância, pois seus objetivos não se limitam ao movimento, mas também como auxiliar nos processos dos domínios cognitivos, afetivo e social do ser humano, completando-o na sua totalidade. Essa disciplina pretende refletir sobre as necessidades atuais do ensino superando uma visão fragmentada de homem, isto é, ampliar as possibilidades de intervenção superando a dimensão meramente motriz, por uma dimensão histórica, cultural, social, rompendo com a ideia de que o corpo se restringe somente ao biológico. No Ensino Médio por blocos percebe-se a necessidade de adequação do fazer pedagógico a fim de ajustar a discussão dos conteúdos à organização das aulas geminadas (duplas) e em um formato mais concentrado de aulas, com um número menor de disciplinas por semestre. Considerando esse aspecto temporal é possível quanto há uma diversificação do fazer metodológico, aprofundar os conteúdos discutidos em sala de aula e avaliá-los ainda na mesma aula. Destaca-se que as aulas de Educação Física não podem ser um apêndice das demais disciplinas e atividades escolares, nem um momento subordinado e compensatório para as durezas das aulas em sala. A Educação Física é parte do projeto geral de escolarização e, como tal, deve estar articulada ao Projeto Político Pedagógico da escola. Se a atuação do professor de Educação Física é na quadra, ou em outros lugares do ambiente escolar, seu compromisso é com a escola, com o projeto de escolarização ali instituído, sempre em favor da formação humana. Os conteúdos obrigatórios conforme instrução 009/11 serão contemplados de forma reflexiva e crítica despertando atitudes coerentes em relação à Educação Fis- 90 cal, Educação Ambiental, Cidadania e Direitos Humanos, enfrentando a violência contra a criança e o adolescente na escola, combate ao uso indevido de drogas , se xualidade e música. A apresentação dos conteúdos será através de aulas expositivas, vídeos, slides, etc, onde os educandos tomarão conhecimento da origem dos temas relacionados a esta disciplina, assim como suas regras e fundamentos, onde dentro do possível poderão vivenciá-las efetivando-se as aulas práticas na quadra. As aulas práticas serão iniciadas com perguntas sobre o tema a ser trabalhado, o qual já foi definido em sala. Por exemplo: para a 6º e 7º ano serão trabalhados os fundamentos dos esportes em questão. Para a 8º e 9º ano serão trabalhados a técnica e a tática desses esportes, e para o Ensino Médio as diferenças entre esporte de rendimento e o esporte na escola e a relação entre esporte e lazer. Os recursos didáticos utilizados para o ensino da disciplina serão a TV multimídia, DVDs, rádios com CD de músicas, quadro e giz, a exposição oral, pesquisas na internet através do laboratório de informática, além dos materiais utilizados em quadra, como: bolas, arcos, raquetes, etc... Será garantido a inclusão de alunos(as) com necessidades educacionais especiais, possibilitando a inserção dos mesmos nas atividades práticas, bem como, proporcionando-lhes o acesso ao conteúdo, através de adaptação curricular, de forma a contribuir para a seu desenvolvimento e sua aprendizagem. 2.4.4. AVALIAÇÃO: A avaliação será contínua, progressiva, diagnóstica, somativa e permanente de acordo com o grau de envolvimento, criatividade, através da compreensão e resposta teórica e/ou prática do aluno sobre o que foi proposto pelo professor, levando-se em conta a atitude cooperativa do aluno, respeito mútuo, dignidade e solidariedade na realização das atividades. O principal critério adotado será comprometimento e envolvimento, ou seja, se os alunos entregam as atividades propostas pelo professor; se houve assimilação dos conteúdos propostos, por meio da recriação de jogos e regras; se o aluno 91 consegue resolver, de maneira criativa, situações problemas sem desconsiderar a opinião do outro, respeitando o posicionamento do grupo e propondo soluções para as divergências; se o aluno mostra-se envolvido nas atividades, seja através de seu desenvolvimento nas atividades práticas ou realizando relatórios. Os instrumentos de avaliação serão as provas teóricas sobre os conteúdos vistos no bimestre, trabalhos de pesquisa relacionados ao conteúdo do bimestre, trabalhos em grupo, provas práticas onde será avaliado o interesse do aluno em realizar as atividades e não o seu desempenho. A recuperação acontece paralelamente onde será identificada a dificuldade e será reorganizado o trabalho propondo outras formas de encaminhamento que visem a superação das dificuldades encontradas. Os instrumentos de avaliação serão através de provas e ou trabalhos e a prática propriamente dita. Quanto aos alunos com necessidades educacionais especiais serão utilizadas metodologias diversificadas de acordo as especificidades de cada educando (a). A avaliação será de acordo com o PPP (Projeto Político Pedagógico) do Estabelecimento de Ensino, o qual propõe bimestralmente 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para testes ou provas e 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para atividades, trabalhos, seminários, debates, etc, somando assim 10,0 (dez vírgula zero), para aprovação, conforme Resolução nº 3794/04 da SEED (Secretaria de Estado da Educação). 2.4.5. REFERÊNCIAS: DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA – EDUCAÇÃO FÍSICA. Curitiba, 2008. GUSSO, Angela Mari. Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações Pedagógicas para os anos iniciais. - Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação, 2010. GOMES, Nilton Munhoz. Atividades recreativas, alfabetização e deficiência mental. Sertanópolis. 2001.VAGO, Tarcísio Mauro. Intervenção e conhecimento na escola: por uma cultura de educação física. In: GOELLNER, Silvana Vilodre (org). 92 Educação física/ciências do esporte: intervenção e conhecimento. Florianópolis: CBCE, 1999. MEDINA, João Paulo S. O Brasileiro e seu corpo. 2ed. Campinas: Papirus, 1990. 93 2.5 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO 2.5.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Há muito tempo a disciplina de Ensino Religioso participa dos currículos escolares no Brasil e, em cada período histórico, assumiu diferentes características pedagógicas e legais. Desde a época colonial a igreja católica exerceu o monopólio da educação. De início, através da companhia de jesus, mais preocupada com a catequese do índio contra as investidas escravizadoras dos portugueses que estavam em busca de enriquecimento rápido. No final do séc. XVIII, com as reformas de marques de pombal, o ensino passou a ter um cunho iluminista, mas ainda era a igreja que mantinha a maioria das escolas. Na segunda metade do séc. XIX, o processo de romanização da igreja granjeou-se com maior autonomia e ela começou a desenvolver um trabalho educativo no catecismo romano e sob orientação do Concílio de Trento. No espaço escolar, em especial no Brasil, o ensino da religião católica apostólica romana, religião imperial conforme determinava a constituição de 1824, era tradicional e obrigatória disputando com vários status sociais entre a elite com outras clientelas. Por sua vez o estado retirou a vinculação igreja/estado que até então era propício ao catolicismo educacional. No espaço escolar, o Ensino Religioso era, tradicionalmente, o ensino da religião Católica Apostólica Romana, religião do Império, conforme determinava a Constituição de 1824. Após a proclamação da República, o ensino passou a ser laico, público, gratuito e obrigatório, de modo que foi rejeitada a hegemonia católica. A partir da Constituição de 1934, o Ensino religioso passou a ser admitido como disciplina na escola pública, porém com matrícula facultativa. Nas constituições de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e de 1988, o Ensino Religioso foi mantido como matéria do Currículo, de frequência livre para o aluno, e de caráter confessional de acordo com o credo da família, catequese na escola. Em meados da década de 1960, surgiram grandes debates nos quais retomou-se a questão da liberdade religiosa, devido as pressões das tradições 94 religiosas e da sociedade civil organizada, que partiu de diferentes manifestações religiosas. Ex: ficando a cargo da Igreja a definição de professores e conteúdos. Após vários anos de estudos, debates e investigações, de como se trabalhar Ensino Religioso nas escolas, em 2002, o Conselho Estadual de Educação do Paraná aprovou a Deliberação 03/02, que regulamentou e estabeleceu as normas para esta disciplina na Rede Pública Estadual do Paraná. Retomou a responsabilidade sobre a oferta e organização curricular da disciplina no que se refere à composição do corpo docente, metodologia, avaliação e formação continuada de professores. Como os demais professores, aqueles que ministravam aulas de Ensino Religioso foram envolvidos num processo de formação continuada voltado à legitimação da disciplina na Rede Pública Estadual. Por meio de Encontros, Simpósios e Grupos de Estudo - eventos realizados de 2004 a 2008 – as discussões entre os professores da rede para a elaboração das Diretrizes Curriculares do Ensino Religioso avançaram em relação à sua fundamentação. O homem, sendo um ser inerentemente social, visto que se constitui a partir das ações conjugadas com outros homens, necessita refletir, questionar e entender a sociedade que habita, mas que nem sempre atua. A vida social é repleta de relações contraditórias que muitas vezes são responsáveis pelas desigualdades sociais, pelas violências que estão presentes nas relações entre as pessoas, a violência corporal e mental, na rua, nas escolas, na família, na mídia, na sociedade, influenciadas pela destruição do outro e de nós mesmos. Faz-se necessária buscar caminhos para uma convivência harmoniosa para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, na qual todos são iguais em direitos e deveres, sejam eles portadores de deficiências especiais, afrodescendentes ou descriminados pela exclusão social, precisam ser superadas para a consolidação de um mundo viável. Precisamos buscar em nossas escolas a valorização do homem independente de sua cor, etnia, religião, sexo e idade. Assim, a definição do Sagrado como objeto de estudo do Ensino Religioso tem como objetivo a compreensão, o conhecimento e o respeito das expressões 95 religiosas advindas de culturas diferentes, inclusive das que não se organizam em instituições, e suas elaborações sobre o fenômeno religioso. O ensino Religioso nas escolas deve, antes de tudo, fundamentar-se nos princípios da cidadania e do entendimento do outro. O conhecimento não deve ser um aglomerado de conteúdos que visam evangelizar ou procurar seguidores de doutrinas, nem associado à imposição de dogmas, rituais ou orações, mas um caminho a mais para o saber sobre as sociedades humanas e sobre si mesmo. As religiões são corpos doutrinais de construção histórica, têm contextos vinculados à etnologia, história social, geografia, arte, política, economia etc.... Conhecê-las e desvendá-las significa ampliar a rede de conhecimentos dos estudantes sobre o patrimônio cultural humano e, ao mesmo tempo, propiciar-lhes suporte emocional e social. É preciso definir os conteúdos da disciplina de Ensino Religioso, de modo que variados aspectos das mais diversas tradições religiosas possam ser estudados como saberes escolares e o aluno possa compreender a maneira pela qual se dá a manifestação religiosa. 2.5.2 CONTEUDOS ESTRUTURANTES Entende-se por conteúdos estruturantes os conhecimentos de grande amplitude que envolvem conceitos, teorias e práticas de uma disciplina escolar, identificam e organizam seus campos de estudos e se vinculam ao seu objeto de estudo. Para a disciplina de Ensino Religioso, três são os conteúdos estruturantes, a saber: Paisagem Religiosa, Universo Simbólico Religioso e Texto Sagrado. a) ENSINO FUNDAMENTAL 6º ANO: Organizações Religiosas; Lugares Sagrados; Textos Sagrados orais ou escritos; Símbolos Religiosos; 7º ANO: Temporalidade Sagrada Festas Religiosas 96 Ritos Vida e Morte 2.5.3 METODOLOGIA DA DISCIPLINA Uma das inovações propostas pelas Diretrizes Curriculares, que encontramos para Ensino Religioso é a abordagem dos conteúdos, tendo como objeto de estudo o sagrado, conceito discutido nos fundamentos teóricometodológicos e a base a partir da qual serão tratados todos os conteúdos de Ensino Religioso. Além disso, propõe-se um encaminhamento baseado na aula dialogada isto é, a partir da experiência religiosa do aluno e de seus conhecimentos prévios para, em seguida, apresentar o conteúdo que será trabalhado. Não devemos nos esquecer da interdisciplinaridade, pois as relações existentes entre os conteúdos de Artes, Geografia, História e a coordenação de desenvolvimento socioeducacionais (educação ambiental, enfrentamento à violência, prevenção ao uso indevido de drogas, música, educação fiscal, relações étnicos-raciais) estão intimamente ligados ao Ensino Religioso e serão trabalhados paralelamente aos conteúdos na forma discursiva e reflexiva tanto no Ensino Fundamental quanto na modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos). Entre as metodologias que pode-se usar em sala de aula podemos destacar as seguintes: - Ler e interpretar vários tipos de textos; - Montar painéis; - Elaborar cartazes, charges, cartões; - Registrar fatos, acontecimentos, pensamentos, idéias e ideais por meio de desenhos; - Produzir textos diversos; - Participar de atividades de sensibilização; - Dinâmicas de grupos; - Participar de debates e discussões sobre vários assuntos. 2.5.4 AVALIAÇÃO Considerando as dificuldades presentes ao longo de todo processo de 97 efetivação do Ensino Religioso na escola, quer na seleção de conteúdos, adequabilidade de métodos e técnicas afins, quer na avaliação da qualidade dos resultados alcançados no decorrer de toda ação pedagógica, percebemos a necessidade da busca de maior clareza em relação ao que pretendemos com tal ensino. A avaliação na disciplina de Ensino Religioso não ocorre como na maioria das disciplinas. O Ensino Religioso não constitui objeto de aprovação ou reprovação nem terá registro de notas ou conceitos na documentação escolar, por seu caráter facultativo da matricula na disciplina. Mesmo com essas particularidades, a avaliação não deixa de ser um elemento integrante do processo educativo da disciplina. O que se busca com o processo avaliativo é identificar em que medida os conteúdos passam a ser referenciais para a compreensão das manifestações do sagrado pelo aluno. A avaliação no Ensino Religioso contempla em sua dimensão processual: o conhecimento ; a participação ; a atitude de vida ; a relação , enfim, elementos que implicam a crescente abertura e criação de espaços para a vivência das experiências religiosas. Assim, os critérios se definirão nas atitudes de reverência para com o transcendente do outro, de respeito a alteridade e ao direito do outro de ser diferente, o desenvolvimento da capacidade de respeito, assumindo a identidade pessoal com segurança e liberdade. Os instrumentos avaliativos poderão ser provas orais e escritas, seminários, debates, trabalhos e discussões. Quanto aos alunos com necessidades educacionais especiais serão utilizadas metodologias diferenciadas para que ocorra uma avaliação que contemple a todos. A recuperação de estudos será através da retomada dos conteúdos trabalhados a partir de metodologias diversas e proporcionado a todos os alunos. 2.5.5 REFERÊNCIAS CRAIDY, Carmem Maria. O educador de todos os dias. Porto Alegre, RS: Mediação, 2005. FIGUEIREDO, Anísia de Paulo. Ensino Religioso: perspectivas pedagógicas. 98 Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. GUSSO, Angela Mari. Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações Pedagógicas para os anos iniciais. - Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação, 2010. Secretaria do Estado da Educação – SEED; Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso. WAGNER, Rodrigo. O ensino religioso no Brasil. Curitiba: Champagnat, 2004. CISALPIANO, Mário. Religiões. São Paulo: Scipione, 1994. 99 2.6 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE FILOSOFIA 2.6.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A filosofia se constitui como disciplina há mais de 2000 anos. Os historiadores da Filosofia dizem que ela possui data e local de nascimento: final do século VII e inicio do século VI antes de Cristo, nas colônias gregas da Ásia Menor, na cidade de Mileto. Sendo o primeiro filosofo Tales de Mileto. A disciplina de Filosofia é uma busca continua para compreendermos a realidade em nossa volta e principalmente a razão da nossa existência. Ela nos proporciona auxilio para a compreensão do homem, como um ser situado numa época em que ele próprio sente-se, perplexo com a realidade vivida, e começa a questionar sobre tal realidade. Isso retrata os contextos históricos da Filosofia, contrapondo com a atualidade. Podemos perceber que no “Mito da Caverna”, descrito por Platão na sua obra “A Republica”, essa questão é muito bem apresentada. A Filosofia e o filosofar estão presentes em varias disciplinas, no ato de pensar, no nosso dia a dia, etc. Porém, há autores como Hegel que afirmam que não existe como conhecer os conteúdos da filosofia sem filosofar. Já Kant, afirma que é necessário ensinar a filosofar para entender a filosofia. Na verdade, ambos andam juntos, tanto Filosofia como o filosofar, dependem um do outro, não se separam. Os principais períodos da Filosofia: - Filosofia Antiga; - Filosofia Média ou Medieval; - Filosofia Moderna; - Filosofia Contemporânea. Para que o cumprimento dessas metas educacionais possam ser atingidos, serão traçados os seguintes objetivos: - Conhecer a origem e os conceitos filosóficos, explicando o significado de filosofia e como filosofar no contexto atual; - Conscientizar os educandos da importância em se valorizar e aprender a diversidade cultural como enriquecimento pessoal; - Adquirir senso critico filosófico perante os desafios históricos atuais; 100 - Entender o papel da Filosofia no processo de conhecimento, identificando seus elementos básicos e fundamentais; - Compreender os diversos tipos de conhecimentos, seu alcance, sua grandeza, bem como suas distorções; - Compreender a necessidade dos valores morais e éticos no processo histórico e em nossa vida; - Analisar as diferenças individuais e aprender a respeitá-las, - Conhecer a importância da verdade, da liberdade e da responsabilidade nas relações humanas no âmbito pessoal e social; - Estudara riqueza da cultura afrobrasileira e verificar os resquícios em nossa cultura; -Entender a importância da convivência entre os seres humanos para que haja consciência de si, de seus iguais e do todo social. Isso tudo considerando que a Filosofia não busca fins práticos, conteúdos acabados e sim, ocupa-se de questionamentos cujas respostas estão longe de se obter através da ciência. A Filosofia busca conhecer o mundo através do constante questionamento que o homem faz sobre si e sobre o mundo. A disciplina deve contextualizar o aluno no tempo, fazendo entender seu corpo nessas manifestações culturais e históricas, neste contexto contemplar a cultura afro-brasileira e indígena. A obrigatoriedade da inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena nos currículos da Educação Básica trata-se de decisão política, com fortes repercussões pedagógicas, inclusive na formação de professores. A relevância do estudo de temas decorrentes da história e cultura afrobrasileira, africana e indígena não se restringem apenas a negros e índios, ao contrário, dizem respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade multicultural e plurietnica, capazes de construir uma nação democrática. A escola deve promover ações que propiciem o contato com a cultura africana, afro descendente e indígena, discussões e atividades que tenham como 101 foco a criança o jovem negro e índio, a sua família em diferentes contextos sociais e profissionais para a valorização da diversidade étnica brasileira. De acordo com o PPP (Projeto Político Pedagógico) de nosso Estabelecimento de Ensino, o Ensino Médio atualmente está sendo organizado em séries de blocos de disciplinas semestrais. 2.6.2 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES - Mito e Filosofia; - Teoria e Conhecimento; - Ética; - Filosofia Política; - Filosofia da Ciência; - Estética. CONTEÚDOS BÁSICOS - Surgimento da filosofia; - Mito e origem de todas as coisas; - Atualidade do mito; - Senso comum e conhecimentos filosóficos; - Possibilidades do conhecimento; - As formas do conhecimento; - Filosofia e método; - Racionalismo – empirismo – ceticismo; - Ética e moral; - Virtude; - Liberdade: autonomia do sujeito e a necessidade das normas; - Amizade; - Os gregos e a invenção da política; - Nascimento da democracia; - Ética e política; - Liberdade e política; - Política e ideologia; 102 - Contribuições e limites da ciência; - Ciência e ética; - Filosofia e arte; - Estética e sociedade. 2.6.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLOGICOS DA DISCIPLINA O encaminhamento metodológico vai se dar através dos conteúdos estruturantes para os básicos e estes desmembrados em específicos. E isso se dará da em quatro etapas: - A mobilização para o conhecimento; - A problematização; - A investigação; - A criação de conceitos. Quando se analisa os aspectos metodológicos do Ensino Médio por Blocos percebe-se a necessidade de adequação do fazer pedagógico a fim de ajustar a discussão dos conteúdos à organização das aulas geminadas (duplas) e em um formato mais concentrado de aulas, com um número menor de disciplinas por semestre. Considerando esse aspecto temporal é possível quanto há uma diversificação do fazer metodológico, aprofundar os conteúdos discutidos em sala de aula e avaliá-los ainda na mesma aula. As aulas podem ser desenvolvidas através dos seguintes recursos: utilização de filmes, imagens, músicas, textos filosóficos, debates, produções de textos, seminários, teatro, além de aulas expositivas. Também serão trabalhados concomitante aos conteúdos da disciplina a temática da coordenação de desenvolvimento socioeducacional como: Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99, como desenvolvimento da Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das relações entre o homem e o meio bio-físico; Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre direitos e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social do estado democrático; Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e formação de uma consciência crítica sobre violência e, 103 assim, transformar a escola e espaço onde o conhecimento toma o lugar da força; História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei 10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e cultura Afro-Brasileira e Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE. Promovendo assim, o reconhecimento da identidade, da história e da cultura da população negra, assegurando a igualdade e a valorização das raízes africanas ao lado das indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da história e cultura AfroBrasileira e Africana; Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores e crenças pessoais. Os educadores e os educandos são instigados em conhecer assuntos relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e discriminação ao usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia, entre outros; Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve considerar os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia. Os recursos didáticos utilizados para o ensino da disciplina serão a TV multimídia, DVDs, rádios com CD de músicas, quadro e giz, a exposição oral, pesquisas na internet através do laboratório de informática, etc. 2.6.4 AVALIAÇÃO A avaliação dos educandos (as) deve ser feita de modo a jamais obrigá-los a pensar do mesmo modo que nós professores, e sim desenvolver uma nova forma de interpretar e pensar construindo assim uma nova concepção de mundo. Portanto, a avaliação estará presente como contínuo processo no ensino – aprendizagem para que assim represente um instrumento de reflexão eficiente, possibilitando assim democratizar e avaliar os conteúdos. Serão consideradas as participações em debates, trabalhos em grupos e individuais e principalmente o conceito que cada educando criou e recriou durante o processo de aprendizagem. 104 Dentro do segmento avaliativo, será feita também a recuperação paralela dos conteúdos. Para os alunos com necessidades educacionais especiais será realizada adaptação curricular conforme a necessidade e a especificidade do aluno. A avaliação está em consonância com o Projeto Político Pedagógico do colégio o qual propõe bimestralmente 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para testes ou provas e 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para atividades, trabalhos, seminários, debates, etc, somando assim, 10,0 (dez vírgula zero) pontos, dos quais cada aluno (a) deve atingir o mínimo de 6,0 (seis vírgula zero), para aprovação, conforme Resolução nº 3794/04 da SEED (Secretaria de Estado da Educação). 1. REFERÊNCIAS Portal dia a dia da educação. www.diaadiaeducacao.pr.gov.br ATLAS Básico de filosofia. São Paulo: escala educacional, 2007. Aprende Brasil. Anos 2, nº.9. Positivo, 2006. Chauí, Marilena. Convite à Filosofia. 7 ed. São Paulo: Ática, 2001. Discutindo a Filosofia. Escala Educacional. Revista Ciência e vida. Filosofia. São Paulo. Escala. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Filosofia para o Ensino Médio. 2008. 105 2.7 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE FÍSICA 2.7.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Física é a ciência que estuda os fenômenos naturais pela aplicação de um método regido por determinados princípios gerais e disciplinado por relações entre experimentos e teoria. Seu campo de ação compreende, em linhas gerais, o estudo das propriedades da matéria – seus aspectos e níveis de organização – e leis de seu movimento e transformações. Busca formular essas leis em uma linguagem matemática capaz de abranger o maior número possível de fenômenos. O homem sempre buscou compreender melhor os fenômenos naturais e a estrutura do universo. Para isso, tem procurado definir princípios e leis elementares. Todo esse esforço levou ao surgimento da física como uma disciplina científica. As fronteiras com a técnica têm origem na base empírica da física, construída sobre métodos experimentais e instrumentos de medidas. A física ora cria e aperfeiçoa esses instrumentos, ora busca em outras áreas de estudo. A luneta telescópica, por exemplo, que permitiu a Galileu realizar observações de grande impacto científico, foi criada para servir à técnica de navegação. A física também contribui com variadas aplicações no lar, na indústria, na medicina e na pesquisa científica, como é o caso da energia elétrica e do raio X. O reconhecimento das imensas possibilidades da física para a criação de técnica aproveitável pelas outras ciências e pela sociedade motivou a mobilização de esforços e recursos humanos com o objetivo de explorá-la sistemática e intencionalmente. O conjunto dessas atividades constitui a física aplicada, campo em que se realizam, por exemplo, pesquisas sobre semicondutores voltadas para as aplicações da eletrônica, e pesquisas sobre fusão nuclear controlada, em busca de novas formas para a produção de energia. O conhecimento da Física deve, necessariamente, começar pela pergunta, pela inquietação, pela existência de problemas e pela curiosidade. Cabe ao((a) educador(a), antes de qualquer coisa, ensinar a perguntar. Essa é a questão fundamental no processo de ensino-aprendizagem. Para que o(a) educando(a) possa fazer perguntas, é necessário que o ponto de partida sejam situações concretas da vida e do cotidiano. 106 O ensino de Física hoje proposto é o de intercalar ciência e cotidiano, onde os(as) educandos(as) devem aprender a aplicar os princípios e generalizações aprendidas nas aulas para a compreensão e controle de fenômenos e problemas do dia-a-dia. Percebe-se que isto não está sendo vivenciado no âmbito escolar, o que mostra a precariedade do ensino num mundo em constante evolução que a qualquer momento uma grande quantidade de informações e conceitos físicos surgem ao nosso redor. Muitos dos conceitos abordados no ensino de Física – como força, movimento, velocidade, temperatura etc. – já tem um significado para o(a) educando(a), pois são fruto de suas experiências diárias. Nem sempre o modelo que o(a) educando(a) traz para a sala de aula coincide com o científico. Na maioria das vezes, a compreensão da realidade a partir da teoria científica implica, para eles(as), uma mudança na maneira de olhar determinado fenômeno. Assim, as situações de aprendizagem devem permitir, em primeiro lugar, que o(a) educando(a) explicite suas ideias sobre os assuntos em estudo e, posteriormente, apresentar problemas que não sejam resolvidos pelos(as) educandos(as). A percepção de que suas justificativas sobre um fenômeno não explicam todas as questões relativas ao tema, favorece uma postura de investigação da realidade , permitindo avaliar suas concepções diante das teorias científicas. Para não continuarmos numa educação bancária, fazendo somente depósitos de informações (assuntos ministrados sem preocupar-se com sua real funcionalidade no dia-a-dia), temos que nos preocupar com o conhecimento do que realmente procuramos ensinar, despertando nos(as) educandos(as) a curiosidade pela busca do conhecimento além da sala de aula, ou seja, o conhecimento relacionado ao seu cotidiano que desperte o interesse pela Física na sua totalidade. A física é um produto da inteligência humana, que se mantém em contínua construção e reelaboração. Seus princípios, seus conceitos e suas ideias, formulados e reformulados ao longo de séculos de reflexão e pesquisa, nem sempre são óbvios e muitas vezes contrariam o senso comum. São necessários: tempo, estudo e persistência para compreendê-los adequadamente. 107 Podemos, então, mostrar que é possível ensinar Física de maneira diferente e voltada à realidade, problematizando os conceitos e práticas, buscando a participação e a colaboração no âmbito escolar, fazendo com que se aumente o diálogo problematizador entre educador(a)-educando preservando os princípios de igualdade, liberdade, diversidade, participação e solidariedade, definindo assim uma relação democrática entre educador e educando(a). A importância de uma atividade preocupada com a dialogicidade entre educador(a) e educandos(as) e a problematização de conceitos, faz com que os mesmos façam dos questionamentos decorrentes dentro da sala de aula. atitudes cotidiana de aprender, de construir conhecimento de forma libertadora. Uma atividade dialógico-problematizadora possibilitará ao educador(a), educandos(as) e equipe escolar, conhecer, analisar e refletir como se dará a construção e produção do conhecimento e como se dará à difusão desse conhecimento no ambiente escolar. Torna-se essencial desenvolvermos um trabalho que tenha por finalidade promover mudanças nas práticas educacionais que estão sendo empregadas nas escolas do Ensino Médio. É necessário aprender a dialogar e criticar, fazer com que os(as) educandos(as) tenham algum interesse em buscar e adquirir conhecimentos além do espaço da sala de aula. Em outras palavras problematizar as práticas e os conceitos envolvidos relacionando-os com o cotidiano. Para realizarmos mudanças nas práticas educacionais e superar todas estas dificuldades que estão sendo empregadas nas escolas do Ensino Médio, torna-se imprescindível analisarmos a própria prática docente passo a passo, buscando novos meios de ensino-aprendizagem para uma educação qualificada e que faça parte da cultura de cada um. Na Física é essencial que o conhecimento seja explicitado como um processo histórico, objeto de contínua transformação e associado às outras formas de expressão e produção humana. A finalidade de estudos da Física no Ensino Médio é, primordialmente, a de facilitar a aprendizagem de sua conceituação correta como Ciência na Natureza, bem como examinar seu método e alguns de seus resultados. Espera-se que ao final do curso os(as) educandos(as) tenham o conhecimento da terminologia para o 108 uso de termos corretos utilizados para descrever fenômenos, processos ou sistemas físicos, bem como o conhecimento de símbolos e convenções adotadas na Física, estando capacitado a usá-los correta e fluentemente. Espera-se ainda, que os(as) educandos(as) assimilem os conhecimentos dos processos de cálculo usados na Física, capacitando-os a utilizá-los na resolução de problemas simples. Facilitar aos(as) educandos(as) o conhecimento das leis e princípios da Física, como subsídios para a análise ou planejamento de sistemas físicos usuais, de modo a formular hipóteses e estabelecer condições necessárias para a solução daqueles problemas. Finalmente, propiciar aos(as) educandos(as) a objetividade para representar modelos matemáticos e para interpretar os símbolos matemáticos correspondentes aos fenômenos físicos representados, bem como o conhecimento de fatos específicos necessários nas aplicações da Física. 2.7.2 CONTEÚDOS Os conteúdos estruturantes serão contemplados nas três series do ensino médio, buscando assim garantir o objeto de estudo da Física. Estes estão divididos (didaticamente) em três campos: 1º) O estudo dos Movimentos (trajetórias, descrição clássica dos movimentos – inércia e momentum, gravitação universal) está ligado a compreensão de fenômenos relacionados ao cotidiano do educando fica mais claro e preciso. A Cosmologia também será contemplada, enriquecendo as aulas propondo leituras e atividades, mostrando que estas ciências surgiram da necessidade postas pelas diversas civilizações que nos antecederam. 2º) O estudo da Termodinâmica (modelos de calor, lei zero da termodinâmica, vapor e movimento, pressão e movimento, verso e reverso – a ordem do universo) também está presente nos afazeres diários dos estudantes, e seus conceitos fundamentais são de grande importância para ver a Física como uma ciência em construção e assim ajudar a entender melhor o mundo em que vivemos. 3º) Os conceitos de Eletromagnetismo (carga elétrica, geração mais transformação igual a conservação de energia, campos eletromagnéticos, dualidade onda partícula da luz, luz e ondas) são importantes para o entendimento das inovações 109 tecnológicas. Trabalhos de Maxwell serão amplamente explorados, assim como as leis do Eletromagnetismo Clássico, para que assim, aconteça à compreensão da Teoria da Relatividade Especial, proposta por Einstein. Porém a interdependência entre o estudo dos Movimentos, a Termodinâmica e a Teoria do Eletromagnetismo fará com que para um mesmo assunto trabalhado, os referenciais teóricos dos três campos sejam pesquisados e revistos para estudar um mesmo conteúdo. a) ESTRUTURANTE Movimentos: BÁSICOS − Momentum e inércia; − Conservação de quantidade de movimento (momentum); − Variação de quantidade de movimento = impulso − 2ª Lei de Newton; − 3ª Lei de Newton e condições de equilíbrio; − Energia e o Princípio da Conservação da energia; − Gravitação. b) ESTRUTURANTE Termodinâmica: BÁSICOS − Leis da Termodinâmica: Lei zero da Termodinâmica; 1ª Lei da Termodinâmica e 2ª Lei da Termodinâmica; C) ESTRUTURANTE Eletromagnetismo: BÁSICOS: − Carga, corrente elétrica, campo e ondas eletromagnéticas; − Força eletromagnética; 110 − Equações de Maxwell: Lei de Gauss para eletrostática/Lei de Coulomb, Lei de Ampére, Lei de Gauss magnética, Lei de Faraday; − A natureza da luz e suas propriedades. 2.7.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓCOS DA DISCIPLINA O aprendizado tem o seu ponto de partida no universo vivencial comum entre os(as) educandos(as) e o(a) educador(a), que investiga ativamente o meio natural ou social real, ou que faz uso do conhecimento prático de especialistas e outros profissionais, desenvolve com vantagem o aprendizado significativo, criando condições para um diálogo efetivo, de caráter interdisciplinar, em oposição ao discurso abstrato do saber. Além disso, aproxima a escola do mundo real, entrando em contato com a realidade natural, social, cultural e produtiva. Para o aprendizado científico, a experimentação, seja ela de demonstração e equipamentos do cotidiano do(a) educando(a) e até mesmo o laboratorial, é distinta daquela conduzida para a descoberta científica e é particularmente importante quando permite ao(a) educando(a) diferentes formas de percepção qualitativa e quantitativa, de manuseio, observação, confronto, dúvida e de construção conceitual. É importante que o processo de ensino-aprendizagem, em Física, parta do conhecimento prévio dos(as) educandos(as), onde se incluem as concepções alternativas ou concepções espontâneas que o(a) educando(a) adquire no seu cotidiano através da interação com os diversos objetos no seu espaço de vivência, sobre as quais a ciência tem um conceito científico que envolve um saber socialmente construído e sistematizado, o qual necessita de metodologias específicas para ser transmitido no ambiente escolar. Deve-se iniciar o estudo sempre pelos aspectos qualitativos e só então introduzir tratamento quantitativo. Esse deve ser feito de tal maneira que os(as) educandos(as) percebam as relações quantitativas sem a necessidade de utilização de algoritmos. Pode ser usada uma grande variedade de linguagens e recursos, de meios e de formas de expressão, a exemplo dos mais tradicionais, os textos e as aulas expositivas em sala de aula. 111 A ciência surge na tentativa humana de decifrar o universo físico, determinado pela necessidade humana de resolver problemas práticos e necessidades materiais em determinada época, logo é histórica, constituindo-se em visão do mundo. O fazer ciência está, em geral, associado há dois tipos de trabalhos, um teórico e um experimental. Em ambos o objetivo é estabelecer um “modelo” de representação da natureza ou de fenômeno. No teórico é feito um conjunto de hipóteses, acompanhadas de um formalismo matemático, cujo conjunto de equações deve permitir que se façam previsões, podendo, às vezes, receber o apoio de experimentos, onde se confronta o dado coletado com os previstos pela teoria. Um texto apresenta concepções filosóficas, visões do mundo, e deve-se estimular o(a) educando(a) além de ler as palavras, aprender, avaliar e mesmo se contrapor ao que se lê. Cabe ao(a) educador(a) problematizar o texto e oferecer novas informações que caminhem para a compreensão do conceito pretendido. A aula expositiva é só um dos muitos meios e deve ser o momento do diálogo, do exercício, da criatividade do trabalho coletivo de elaboração do conhecimento. Através dessa técnica podemos fornecer informações preparatórias para um debate, jogo ou outra atividade em classe, análise e interpretação de dados coletados nos estudos do meio. A Física deve contribuir para a formação dos sujeitos, porém através de conteúdos que dêem conta do entendimento do objeto de estudo da Física, ou seja, a compreensão do universo, a sua evolução, suas transformações e as interações que nele se apresentam. O aprendizado deve ser conduzido de forma a estimular a efetiva participação e responsabilidade social dos educandos, discutindo possíveis ações na realidade em que vive desde a difusão de conhecimento a intervenções significativas no bairro ou localidade de forma a que os(as) educandos(as) sintam-se de fato detentos de um saber significativo. Para que o(a) educador(a) vá além do limite de informação atingindo a fronteira da formação é preciso uma mediação que não é aleatória, mas pelo conhecimento físico, num processo organizado e sistematizado pelo(a) educador(a). 112 O objetivo é que educador(a) e educandos(as), em conjunto, compartilhem significados na busca da aprendizagem que acontece quando novas informações interagem com o conhecimento prévio do sujeito e, simultaneamente, adicionam, diferenciam, integram, modificam e enriquecem o conhecimento já existente, podendo inclusive substituí-lo. Nos estabelecimentos de ensino, através das Leis: 10.639/03 e 11645/08 torna-se obrigatório o ensino sobre a cultura afro-brasileira, Africana e Indígena. Desta forma, esses temas serão abordados pela disciplina de Física, de forma contextualizada, articulados com os respectivos objetos de estudo da disciplina e sob o rigor de seus referencias teórico-conceituais. articulados aos conteúdos da disciplina Além disso, serão também a coordenação de desenvolvimento socioeducacional: o enfrentamento à violência contra a criança e o adolescente; combate ao uso indevido de drogas; sexualidade humana; educação fiscal e educação ambiental. Será garantido a inclusão de alunos(as) com necessidades educacionais especiais, possibilitando a inserção dos mesmos em sala de aula, bem como, proporcionando-lhes o acesso ao conteúdo, através de adaptação curricular, de forma a contribuir para a seu desenvolvimento e sua aprendizagem. Na sequência são destacados alguns instrumentos de aprendizagem utilizados no decorrer do processo ensino aprendizagem: • Aulas expositivas e explicativas sobre os temas centrais: produção de “notas de aulas” em transparência para integrar os conteúdos; • Uso de vídeos didáticos, através da TV Pendrive, com posterior debate; • Aulas práticas (mesmo que a escola não disponha de laboratório, pode-se propor algumas atividades experimentais com materiais trazidos pelos próprios(as) educandos(as)); • Articulação com os(as) educadores(as) da área de linguagens e códigos e suas tecnologias; • Interação com os(as) educadores(as) da área de Ciências Humanas e Sociais; • Seminários com temas propostos por séries; 113 • O ensino da Física e a informática, através do uso do laboratório de informática Paraná Digital; • Visitas técnicas programadas. 2.7.4 AVALIAÇÃO A avaliação pode assumir um caráter eminentemente formativo, favorecedor do progresso pessoal e da autonomia do(a) educando(a), integrada ao processo ensino-aprendizagem, para permitir aos(as) educandos(as) consciência de seu próprio caminhar em relação ao conhecimento e permitir ao(a) educador(a) controlar e melhorar a sua prática pedagógica. Uma vez que os conteúdos de aprendizagem abrangem os domínios dos conceitos, das capacidades e das atitudes, é objeto da avaliação o progresso dos(as) educandos(as) em todos esses domínios. De comum acordo com o ensino desenvolvido, a avaliação deve dar informação sobre o conhecimento e compreensão de conceitos e procedimentos. A avaliação é algo mais do que buscar resultados. É um processo de observação e verificação de como os(as) educandos(as) aprendem os conhecimentos físicos e o que pensam sobre a física, é parte integrante do próprio processo de aprendizagem e tem como objetivo aprimorar a qualidade dessa aprendizagem. Por isso a avaliação será contínua, dinâmica, informal, e conforme normas contidas no regimento e no PPP do estabelecimento , será realizada em três ou mais etapas por bimestre, em que serão atribuídos os valores máximos de 2,5 (prova) + 2,5 (prova) + 5,0 (trabalhos, relatórios, pesquisas, etc) para que através desta série de observações sistemáticas possamos emitir juízo valorativo sobre a evolução dos(as) educandos(as) na aprendizagem da Física. A avaliação deve ter um caráter diversificado, levando em consideração todos os aspectos: a compreensão dos conceitos físicos; a capacidade de análise de um texto; a capacidade de elaborar um relatório sobre um experimento qualquer que envolva conceitos físicos. Finalmente, pode-se afirmar que a avaliação é um elemento significativo do processo de ensino-aprendizagem, que envolve a prática pedagógica do(a) 114 educador(a), o desempenho do(a) educando(a) e os princípios que norteiam o trabalho da unidade escolar, ou seja, a avaliação vai além de simplesmente quantificar os resultados de um processo ao término de um período. Cabe ao(a) educador(a) apresentar o conceito ou nota ao(a) educando(a), desde que acompanhados de orientações sobre como ele pode agir para aperfeiçoar seu desempenho e progredir no aprendizado de Física. Logo a avaliação só tem sentido quando utilizada como instrumento para intervir no processo de aprendizagem dos(as) educandos(as), visando o seu crescimento intelectual e científico. A avaliação do desempenho dos(as) educandos(as) terá as seguintes finalidades: * Em relação aos(a) educandos(as): Verificar e medir seu conhecimento físico; acompanhar o desenvolvimento de seus procedimentos físicos; observar sua postura frente à física; possibilitar reflexão sobre seus êxitos e dificuldades. * Em relação ao(a) educador(a): colher informações para orientação e para tomada de decisões em relação à atuação docente; identificar as áreas que apresentam dificuldades para os(as) educandos(as). Serão adotados os seguintes componentes de avaliação: conceitos físicos, procedimentos físicos, atitudes e raciocínio. Terá como base: * As respostas dos(as) educandos(as), quando eles manifestam de forma implícita ou explicativa suas certezas, dúvidas e erros. * As observações das ações e discussões efetuadas durante as tarefas individuais, em grupos pequenos ou com a classe toda. * Análise de provas, tarefas feitas em casa, diárias e trabalhos escritos. Será realizada através de: * Exercícios, problemas, pesquisas, resumos, esquemas, cadernos de classe. * Atividade extraclasse. * Provas de tipos variados com respostas discursivas, curtas, testes de múltipla escolha e somatórias. * Realização de atividades experimentais. 115 A recuperação de conteúdos acontecerá a todo momento, sempre que detectado pelo(a) professor(a) ou até mesmo pelo(a) educando(a) carências no processo ensino-aprendizagem. A recuperação paralela está garantida aos alunos, independentemente do seu rendimento nas diversas avaliações feitas durante o bimestre. Ela servirá de subsídio ao aluno, a fim de que este possa reaver os conteúdos e, com isso, ter a possibilidade de obter a totalidade da aprendizagem. Os métodos a serem utilizados serão definidos de acordo com a carência do(a) educando(a), podendo ser, trabalhos em grupo, lista de exercícios, revisão de avaliação e conteúdo. 2.7.5 REFERÊNCIAS ALVARENGA, B. Física. Volume Único, 1ª ed. São Paulo: Scipione, 1998. BONJORNO, J. R.; BONJORNO, R. A.; BONJORNO, V.; RAMOS, C. Física. Vol: 1, 2 e 3. São Paulo: FTD, 1992. BONJORNO, J. R.; BONJORNO, R. A.; BONJORNO, V.; RAMOS, C. Temas de Física. Vol: 1, 2 e 3. São Paulo: FTD, 1998. BONJORNO, J. R.; BONJORNO, R. A.; BONJORNO, V.; RAMOS, C. Física Completa. Volume Único. São Paulo: FTD, 2001. BONJORNO, J. R.; BONJORNO, R. A.; BONJORNO, V.; RAMOS, C. Física: História & Cotidiano. Volume Único. Coleção Delta. São Paulo: FTD, 2004. CARRON, W.; GUIMARÃES O. Física. Volume Único, 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2003. CARRON, W.; GUIMARÃES O. As faces da Física. Volume Único, 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2002. DE BASTOS, F. P. Alfabetização Técnica na Disciplina de Física: Investigando como usá-la num curso de segundo grau. Florianópolis, 1990. Dissertação (Mestrado em Educação) – CED/PPGE, Universidade Federal de Santa Catarina. DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1996. 116 DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. Metodologia do Ensino de Ciências. São Paulo: Cortez, 1992. EISBERG, R.; RESNICK, R. Física Quântica. Rio de Janeiro: Campus, 1979. FERRARO, N. G. Os movimentos. Pequena abordagem sobre Mecânica. 2ª ed. Coleção Desafios. São Paulo: Moderna, 2003. FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983. GASPAR, A. Experiências de Ciências para o Ensino Fundamental. Volume Único. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2003. GASPAR, A. Física Série Brasil. Volume Único. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2004. GREF. Física. Vol: 1, 2 e 3. 5ª ed. 1. reimpr. São Paulo: Edusp, 2002. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física. Vol: 1, 2, 3 e 4. 4ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996. HERSKOWICZ, G.; PENTEADO, P. C.; SCOLFARO, V. Curso completo de Física. Volume Único, 1ª ed. São Paulo: Moderna, 1991. MONTANARI, V. Energia nossa de cada dia. 2ª ed. Coleção Desafios. São Paulo: Moderna, 2003. PARANÁ, D. N. Física para o ensino médio. Volume Único, 2ª ed. São Paulo: Ática, 1999. PARANÁ, D. N. Física. Volume Único, 6ª ed. São Paulo: Ática, 2003. PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Arte. Curitiba: SEED-PR, 2008. PCNEM – Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, Parte III. Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Ministério da Educação e Cultura. Brasília: 1998. SAMPAIO, J. L.; CALÇADA, C. S. Física. Volume Único. São Paulo: Atual Editora, 2003. SEED (Secretaria de Estado da Educação do Paraná), Livro Didático Público: Física – Ensino Médio. Curitiba: Posigraf, 2006. TALAVERA, A. C.; POZZANI, L. Física. Módulo: 1, 2, 3 e 4. Coleção Nova Geração. São Paulo: Nova Geração, 2002. 117 TASHIBANA, A. T.; FERREIRA, G. M.; ARRUDA, M. Física. Volume Único. São Paulo: Globo, 1999. TIPLER, P. A. Física. Vol: 1, 2 e 3. 4ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. VALADARES, E. C. Física mais que divertida. 2ª ed. revista e ampliada. Belo Horizonte: UFMG, 2002. 118 2.8 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA 2.8.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Em nossa visão, a Geografia atual estuda não somente as transformações que ocorrem no ambiente natural; as quais são consequências das relações entre os seres humanos, sejam elas sociais, políticas e/ou econômicas, que resultam na formação do espaço geográfico. Estabelecer relações com a natureza sempre fez parte das estratégias de sobrevivência dos grupos humanos desde suas primeiras formas de organização, como observação da dinâmica das estações do ano, conhecimento do ciclo reprodutivo da natureza, conhecimento da direção e da dinâmica dos ventos, movimentos das marés e correntes marítimas, bem como as variações climáticas. A maior produção de conhecimento geográfico se deu na Antiguidade Oriental devido à expansão da atividade comercial que levou às grandes navegações. A elaboração dos saberes geográficos teve avanço significativo na Antiguidade Clássica. Os conhecimentos sobre as relações sociedade-natureza foram ampliados. Na Idade Média, os mercadores precisavam representar o espaço com detalhes e as discussões e pesquisas ultrapassaram o contexto das Grandes Navegações. Em função dos interesses do Capitalismo emergente, criou-se sociedades demográficas que subsidiaram o surgimento das escolas nacionais de pensamento geográfico, destacando-se a alemã e a francesa. O pensamento geográfico da escola alemã teve como precursores Humboldt (1769-1859) e Ritter (1779- 1859), mas Ratzel (1844-1904) é apontado como fundador da Geografia sistematizada, institucionalizada e científica. Para Vidal de La Blache e a escola francesa, a relação sociedade-natureza criava um gênero de vida, próprio de uma determinada sociedade. 119 No Brasil, a institucionalização da Geografia consolidou-se apenas a partir da década de 1930, quando as pesquisas desenvolvidas buscavam compreender e descrever o território brasileiro. No Paraná, as discussões sobre a emergente Geografia Crítica ocorreram no final da década de 1980, cuja abordagem baseava-se na compreensão do espaço geográfico como social, produzido e reproduzido pela sociedade. A Geografia em sua concepção trata da dimensão econômica da produção do espaço, assim como, a dimensão socioambiental, a dinâmica cultural demográfica e a questão geopolítica, com intuito de aliar e interrelacionar sociedade e meio ambiente, produtores e modificadores do espaço geográfico. “O fato de me perceber no mundo, com o mundo e com os outros me põe numa posição em face do mundo que não é a de quem não tem nada a ver com ele”.1 Conflitos étnicos, crimes, miséria, riqueza, fome, consumo, catástrofes naturais, desastres ecológicos, crises econômicas e políticas, desemprego em massa, novas tecnologias – nestes tempos de globalização, tudo isso nos atinge cotidianamente. E tanta a tamanha rapidez das informações que muitas vezes sentimos uma sensação de impotência diante da impossibilidade de compreender tudo o que está acontecendo ao nosso redor e no mundo. Estudar geografia é uma forma de compreender o mundo em que vivemos. Por meio desse estudo podemos entender melhor tanto o local onde moramos seja na cidade, seja na área rural, quanto o nosso país, assim como os demais países da superfície terrestre. Assim, através da Geografia o estudante deverá compreender o desenvolvimento da sociedade como um processo da ocupação dos espaços naturais baseados nas relações do ser humano com o ambiente, em seus desdobramentos políticos, sociais, culturais e econômicos. 1 FREIRE, 1996, p. 60. 120 O ensino da Geografia deve, portanto, contribuir para que o aluno possa compreender melhor o mundo em que vive e sentir-se estimulado a intervir na realidade em construção como agente de transformação social. A partir do exposto sobre o ensino de geografia pode-se acrescentar que a relevância dessa disciplina esse está no fato de que, todos os acontecimentos do mundo têm uma dimensão espacial, onde o espaço é a materialização dos tempos da vida social. Portanto, a que se empreender um ensino capaz de fornecer aos alunos conhecimentos específicos da Geografia, com os quais ele possa ler e interpretar criticamente o espaço geográfico, sem deixar de considerar a diversidade das temáticas geográficas e suas diferentes formas de abordagem. A escola deve promover ações que propiciem o contato com as diversidades culturais e raciais, discussões e atividades que tenham como foco a criança o jovem negro e índio, a sua família em diferentes contextos sociais e profissionais para a valorização da diversidade étnica brasileira. 2.8.2 CONTEUDOS a) Conteúdos Estruturantes A Geografia em sua concepção teórica tem como objeto de estudo o espaço geográfico, visto que este permeia a construção dos conteúdos estruturantes. Os conteúdos estruturantes identificam e organizam os campos de estudos da disciplina de Geografia, interligando-os com os conteúdos específicos, abrangendo os grandes conceitos geográficos que, interrelacionados contribuem para a compreensão do espaço geográfico. De acordo com as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná, os conteúdos estruturantes são: • Dimensão econômica do espaço geográfico; • Dimensão política do espaço geográfico; • Dimensão cultural e demográfica do espaço geográfico; • Dimensão socioambiental do espaço geográfico. 121 A partir dos conteúdos estruturantes derivam os conteúdos básicos, os quais devem ser abordados a partir das relações de poder, espaço, tempo e sociedade-natureza; pois essas relações estão perpassando os mesmos, garantindo assim, a totalidade da abordagem. b) Conteúdos Básicos Ensino Fundamental 6º ANO • Formação e transformação das paisagens naturais e culturais. • Dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego das tecnologias de exploração e produção. • A formação, localização, exploração e utilização dos recursos naturais. • A distribuição espacial das atividades produtivas e a (re)organização do espaço geográfico • As relações entre campo e a cidade na sociedade capitalista. • A mobilidade populacional e as manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural. • A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população; • As diversas regionalizações do espaço geográfico. 7º ANO • A formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração do território brasileiro; • A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e produção; • As diversas regionalizações do espaço brasileiro; • As manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural; • A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população; • Movimentos migratórios e suas motivações; • O espaço rural e a modernização da agricultura; 122 • A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos espaços urbanos e a urbanização; • A distribuição espacial das atividades produtivas, a (re)organização do espaço geográfico; • A circulação de mão-de-obra das mercadorias e das informações. 8º ANO • As diversas regionalizações do espaço geográfico; • A formação, mobilidade das fronteiras e reconfiguração dos territórios do continente americano; • A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o papel do Estado; • O comercio em suas implicações sócio-espaciais; • A circulação da mão-de-obra, do capital, das mercadorias e das informações; • A distribuição espacial das atividades produtivas, a (re)organização do espaço geográfico; • As relações entre campo e a cidade na sociedade capitalista; • O espaço rural e a modernização da agricultura. • A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população; • Os movimentos migratórios e suas motivações; • As manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural; • Formação, localização, exploração e utilização dos recursos naturais. 9º ANO • As diversas regionalizações do espaço geográfico; • A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o papel do Estado; • A revolução técnico-cientifico-informacional e os novos arranjos no espaço da produção; • O comércio mundial e as implicações sócio-espaciais; • A formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios; • A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população; 123 • As manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural; • Os movimentos migratórios mundiais e suas motivações; • A distribuição das atividades produtivas, a transformação da paisagem e a (re)organização do espaço geográfico; • A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e produção; • O espaço em rede produção, transporte e comunicações na atual reconfiguração territorial. b) Ensino Médio (organizado por blocos de disciplinas semestrais) 1ª série • A formação e transformação das paisagens; • A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e produção; • A distribuição espacial das atividades produtivas e a (re)organização do espaço geográfico; • A formação, localização, exploração e utilização dos recursos naturais; • O espaço rural e a modernização agricultura. • O espaço em rede: produção, transporte e comunicação na atual configuração territorial. • Formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios. • O comércio e as implicações sócio-espaciais. 2ª série • A infra-estrutura energética no mundo. • As diversas regionalizações do espaço geográfico. • A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos espaços urbanos e a urbanização recente. • A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população. • Os movimentos migratórios e suas motivações. • As manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural. 124 • O comércio e as implicações sócio-espaciais. • Formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios. • A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos espaços urbanos e a urbanização recente. • Relações entre o campo e a cidade, na sociedade capitalista. 3ª série • As disputas geográficas e as transformações históricas e espaciais. • A geopolítica, a economia mundial e a globalização. • A revolução técnico-científica-informacional e os novos arranjos no espaço da produção. • A indústria e as transformações no espaço geográfico. • A circulação de mão-de-obra, do capital, das mercadorias e das informações. • Formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios. • As diversas regionalizações do espaço geográfico. • Tendências da agricultura mundial e o espaço agrário. • As implicações sócio-espaciais do processo de mundialização. • A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o papel do Estado. Os conteúdos estruturantes devem possibilitar ao aluno a compreensão sócio-histórica das relações da produção capitalista, para que o aluno reflita a respeito das questões sócio-ambientais, políticas, econômicas e culturais materializadas no espaço geográfico. Nos estabelecimentos de ensino do Brasil torna-se obrigatório o ensino sobre a cultura afro-brasileiras e indígenas. Assim, na disciplina de Geografia será trabalhado a valorização de sua história, cultura e identidade buscando combater o racismo e a discriminação, formando cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial. 125 No decorrer da educação básica serão trabalhadas as seguintes sugestões: 2. Questões relativas ao trabalho, escolaridade e renda; 3. A população brasileira: miscigenação dos povos e distribuição espacial; 4. Colonização - escravidão; 5. África: características físicas, humanas, econômicas e políticas, etc.. Essas sugestões têm como objetivo demonstrar ao aluno a contribuição do negro e do indígena na construção da nação brasileira, nos aspectos social, econômico e religioso. O objeto de estudo da Geografia é o espaço geográfico, por isso, torna-se evidente a importância do estudo sobre o campo que deve ser articulado a um projeto político e econômico de desenvolvimento local e sustentável a partir da perspectiva dos interesses dos povos que nele vivem. Nas aulas de Geografia já estão sendo trabalhados os conteúdos referentes às questões agrícolas e agrárias, tais como: a diversificação de produtos, a utilização de recursos naturais, agroecologia entre outros. Determinados conteúdos poderão ter mais ênfase de acordo com a real necessidade dos alunos. As práticas educacionais aplicadas para o processo de ensino aprendizagem da Geografia serão planejadas adequadamente após o convívio com o aluno para identificar quais as necessidades que o aluno apresenta e buscar metodologias diferenciadas de trabalho que atenda as suas necessidades em conformidade com o Projeto Politico Pedagógico no que se diz respeito as adaptações curriculares para os alunos com necessidades educacionais especiais. 2.8.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLOGICOS DA DISCIPLINA Os conteúdos estruturantes serão abordados para fundamentar a abordagem dos conteúdos básicos. Os conceitos fundamentais da Geografia: paisagem, lugar, região, território, natureza e sociedade, serão apresentados numa perspectiva crítica. 126 Para o entendimento do espaço geográfico, faz-se necessário o uso dos instrumentos de leitura cartográfica e gráfica, compreendendo signos, legendas, escalas e orientação. A compreensão do objeto da Geografia: espaço geográfico é a finalidade do ensino da Geografia. As categorias de analise da Geografia, as relações sociedade-natureza e as relações espaços-temporais, são fundamentais para a compreensão dos conteúdos. A realidade local e paranaense será considerada, sempre que possível. Os conteúdos devem ser tratados em diferentes escalas geográficas, com uso da linguagem cartográfica – signos, escala, orientação. A cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena, bem como a temática da coordenação de desenvolvimento socioeducacional deverá ser considerados no desenvolvimento dos conteúdos. Os conteúdos serão trabalhados de uma forma critica e dinâmica, interligando teoria, prática e realidade, mantendo uma coerência dos fundamentos teóricos, a cartografia como ferramenta essencial, possibilitando assim transitar em diferentes escalas espaciais, ou seja, do local ao global e vice-versa. Tudo isso exigirá do aluno ler, analisar, interpretar, produzir, sistematizar, problematizar informações, desenvolver argumentos, pesquisar, trabalhar em equipe, empreender iniciativas, expressar oralmente suas idéias com clareza e objetividade, expor oralmente assuntos em público, respeitar opiniões divergentes e socializar a produção do conhecimento. A obrigatoriedade conforme preconizam as leis 10639/03 e 11645/08 inclusões de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena bem como Historia do Paraná (Lei nº 133814/01) nos currículos da Educação Básica trata-se de decisão política, com fortes repercussões pedagógicas, inclusive na formação de professores. A relevância do estudo de temas decorrentes da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena não se restringem apenas a negros e índios, ao contrário, dizem respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade multicultural e plurietnica, capazes de construir uma nação democrática. 127 Nesta perspectiva, busca-se contemplar na disciplina de Geografia a coordenação de desenvolvimento socioeducacional (Educação Ambiental, Educação Fiscal, Prevenção ao Uso Indevido de Drogas, Sexualidade humana, Enfrentamento a Violência contra a criança e adolescente.), assim como todas as temáticas referentes ao item “g” da instrução 009/11 SUED/SEED. Quando se analisa os aspectos metodológicos do Ensino Médio por Blocos percebe-se a necessidade de adequação do fazer pedagógico a fim de ajustar a discussão dos conteúdos à organização das aulas geminadas (duplas) e em um formato mais concentrado de aulas, com um número menor de disciplinas por semestre. Considerando esse aspecto temporal é possível quanto há uma diversificação do fazer metodológico, aprofundar os conteúdos discutidos em sala de aula e avaliá-los ainda na mesma aula. Esta nova forma de organização do tempo da aula possibilita uma maior diversificação dos recursos, trabalhando com análise de gráficos e mapas (construção e (re) construção), pesquisas, recortes de filmes, interpretações de imagens, produção de textos, músicas entre outros. Permitindo ainda um maior aprofundamento na discussão dos conteúdos e auxiliam nas relações interdisciplinares, já que é possível apropriar-se de discussões de outras ciências para a abordagem dos conteúdos geográficos. 2.8.4 AVALIAÇÃO A avaliação é mais do que a definição de uma nota ou um conceito. Assim, deve-se proporcionar ou possibilitar ao aluno a apropriação dos conteúdos e posicionamento crítico frente aos diferentes contextos sociais e configurações da natureza. A LDBN determina que a avaliação do processo ensino-aprendizagem seja formativa, diagnóstica e processual. O processo avaliativo deve ser utilizado dialeticamente, como instrumento de análise do processo ensino-aprendizagem, permitindo visualizar as fragilidades dessa relação e permitindo ao professor rever continuamente sua prática metodológica. O processo de avaliação deve considerar vários elementos tais como: aprendizagem, compreensão, questionamento e participação. 128 A avaliação está em consonância com o Projeto Político Pedagógico do colégio o qual propõe bimestralmente 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para testes ou provas e 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para atividades, trabalhos, seminários, debates, etc, somando assim, 10,0 (dez vírgula zero) pontos, dos quais cada aluno (a) deve atingir o mínimo de 6,0 (seis vírgula zero), para aprovação, conforme Resolução nº 3794/04 da SEED (Secretaria de Estado da Educação), inclui-se também para todos os alunos a recuperação dos conteúdos de forma continua e paralela, propiciando diferentes formas de avaliar com o objetivo de promover o aprendizado de todos inclusive aos alunos com Necessidades Educacionais Especiais. Serão utilizados instrumentos de avaliação como: Prova Objetiva, Prova dissertativa, Seminários, Debates, Trabalho individual e em grupo, discussões em grupo e outros. Espera-se que o aluno: 2. Reconheça o processo de formação e transformação das paisagens geográficas. 3. Entenda que o espaço geográfico é composto pela materialidade (natural e técnica) e pelas ações sociais, econômica, culturais e políticas. 4. Localize-se e oriente-se no espaço através da leitura cartográfica. 5. Identifique as formas de apropriação da natureza, a partir do trabalho e suas conseqüências econômicas, socioambientais e políticas. 6. Entenda o processo de transformação de recursos naturais em fontes de energia. 7. Forme e signifique os conceitos de paisagem, lugar, região, território, natureza e sociedade. 8. Identifique as relações existentes entre o espaço urbano e rural: questões econômicas, ambientais, políticas, culturais, movimentos demográficos, atividades produtivas. 9. Entenda a evolução e a distribuição espacial da população, como resultado de fatores históricos, naturais e econômicas. 129 10. Entenda o significado dos indicadores demográficos refletidos na organização espacial. 11. Identifique as manifestações espaciais dos diferentes grupos culturais. 12. Reconheça as diferentes formas de regionalização do espaço geográfico. 13. Identifique o processo de formação do território brasileiro e as diferentes formas de regionalização do espaço geográfico. 14. Entenda o processo de formação das fronteiras agrícolas e a apropriação do território. 15. Entenda o espaço brasileiro dentro do contexto mundial, compreendendo suas relações econômicas, culturais e políticas com outros países. 16. Verifique o aproveitamento econômico das bacias hidrográficas e do relevo. 17. Identifique as áreas de proteção ambiental e sua importância para preservação dos recursos naturais. 18. Identifique a diversidade cultural regional no Brasil construída pelos diferentes povos. 19. Compreenda o processo de crescimento da população e sua mobilidade no território. 20. Relacione as migrações e a ocupação do território brasileiro. 21. Identifique a importância dos fatores naturais e uso de novas tecnologias na agropecuária brasileira. 22. Estabeleça relações entre a estrutura fundiária e os movimentos sociais no campo. 23. Entenda o processo de formação e localização dos micro territórios urbanos. 24. Compreenda como a industrialização influenciou o processo de urbanização brasileira. 25. Entenda o processo de transformação das paisagens brasileiras, levando em consideração as formas de ocupação, as atividades econômicas desenvolvidas, a dinâmica populacional e a diversidade cultural. 26. Entenda como a industrialização acelerou a exploração dos elementos da natureza e trouxe conseqüências ambientais. 130 27. Estabeleça relação entre o uso de tecnologias na diferentes atividades econômicas e as conseqüentes mudanças nas relações sócio-espaciais e ambientais. 28. Reconheça a configuração do espaço de circulação de mão-de-obra, mercadorias e sua relação com os espaços produtivos brasileiros. 29. Identifique a configuração sócio-espacial da América por meio da leitura dos mapas, gráficos, tabelas e imagens. 30. Diferencie as formas de regionalização da América nos diversos critérios adotados. 31. Compreenda a formação dos territórios e a reconfiguração das fronteiras do continente americano. 32. Reconheça a constituição dos Blocos Econômicos, considerando a influência política e econômica na regionalização do continente americano. 33. Identifique as diferenças de paisagens e compreenda exploração econômica no continente americano. 34. Reconheça a importância da rede de transporte, comunicação e circulação de mercadorias, pessoas e informações na economia regional. 35. Entenda como as atividades produtivas interferem na organização espacial e nas questões ambientais. 36. Estabeleça a relação entre o processo de industrialização e a urbanização. 37. Compreenda as inovações tecnológicas, sua relação com as atividades produtivas, industriais e agrícolas e suas conseqüências ambientais e sociais. 38. Entenda o processo de industrialização e a produção agropecuária em sua relação com a apropriação dos recursos naturais. 39. Reconheça e analise os diferentes indicadores demográficos e suas implicações sócio-espaciais. 40. Compreenda os fatores que influenciam na mobilidade da população e sua distribuição espacial. 41. Reconheça as configurações espaciais dos diferentes grupos étnicos americanos em suas manifestações culturais e em seus conflitos étnicos e políticos. 131 42. Compreenda a formação, localização e importância estratégica dos recursos naturais para a sociedade contemporânea. 43. Relacione as questões ambientais com a utilização dos recursos naturais no continente americano. 44. Identifique a configuração sócio-espacial mundial por meio de leitura dos mapas, gráficos, tabelas e imagens. 45. Compreenda a atual configuração do espaço mundial em suas implicações sociais, econômicas e políticas. 46. Entenda as relações entre países e regiões no processo de mundialização. 47. Compreenda que os espaços estão inseridos numa ordem econômica política global, mas, também apresentam particularidades. 48. Relacione as diferentes formas de apropriação espacial com a diversidade cultural. 49. Compreenda como ocorreram os problemas sociais e as mudanças demográficas geradas no processo de industrialização. 50. Identifique os conflitos étnicos e separatistas e suas consequências no espaço geográfico. 51. Entenda a importância econômica, política e cultural do comércio mundial. 52. Identifique as implicações sócio-espaciais na atuação das organizações econômicas internacionais. 53. Reconheça a reconfiguração das fronteiras e a formação de novos territórios nacionais. 54. Faça a leitura dos indicadores sociais e econômicos e compreenda a desigual distribuição de renda. 55. Identifique a estrutura da população mundial e relacione com as políticas demográficas adotadas nos diferentes espaços. 56. Reconheça as motivações dos fluxos migratórios mundiais. 57. Relacione o desenvolvimento das inovações tecnológicas nas atividades produtivas. 58. Entenda as consequências ambientais geradas pelas atividades produtivas. 132 59. Analise as transformações na dinâmica da natureza decorrentes do emprego de tecnologias e produção. 60. Reconheça a importância estratégica dos recursos naturais para as atividades produtivas. 61. Compreenda o processo de transformação dos recursos naturais em fontes de energia. 62. Entenda a importância das redes de transporte e comunicação no desenvolvimento das atividades produtivas. 63. Compreenda o conceito de lugar e dos processos de identidade que os grupos estabelecem com o espaço geográfico, na organização das atividades sociais e produtivas. 64. Entenda a importância das ações protecionistas, da abertura econômica, da OMC para o comércio mundial. 65. Compreenda as ações adotadas pelas organizações econômicas internacionais, FMI e Banco Mundial, em suas implicações na organização do espaço geográfico mundial. 66. Diferencie as formas de regionalização do espaço mundial, considerando a divisão norte-sul e a formação dos blocos econômicos. 67. Analise a formação dos territórios supranacionais decorrente das relações econômicas e de poder na nova ordem mundial. 68. Compreenda a regionalização do espaço mundial e a importância das relações de poder na configuração das fronteiras e territórios. 2.8.5 REFERENCIAS ALMEIDA, Lúcia Maria Alves e Tercio. Geografia: Novo Ensino Médio. 2. ed. 2005. CAVALCANTI, L. S. Geografia Escola e Construção do Conhecimento. Campinas: Papirus, 1999. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática. São Paulo: Paz e Terra, 31. ed. 1996. 133 GUSSO, Angela Mari. Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações Pedagógicas para os anos iniciais. - Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação, 2010. LUCCI, E. A.; BRANCO, A.L.; MENDONÇA, C. Geografia Geral e do Brasil. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Geografia. Curitiba, 2008. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Geografia Ensino Médio. Curitiba, 2007 134 2.9 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE HISTÓRIA 2.9.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Após serem analisados o Projeto Político Pedagógico do Colégio Francisco Ramos e as Diretrizes Curriculares da Disciplina de História, cabe a nós professores adequar as propostas à realidade da escola e a particularidade de nossos alunos. Sabemos que devemos conhecer a realidade histórica de nossos alunos e a partir dela, buscarmos nos aperfeiçoar em nossa prática pedagógica, colocando-os como sujeitos históricos, os quais podem refletir sobre as ações humanas e com isso mostrar que é ele próprio que constrói parte da história, sendo ela uma disciplina dinâmica a qual sofre transformações. O ensino de História vem sendo modificado com o passar dos tempos, pois se deixou de ensinar aos educandos apenas a História como um passado e iniciou-se um estudo onde a realidade do aluno passa a fazer parte de sua história atual. Devemos fazer com que o educando entenda a sua realidade histórica como sendo parte fundamental de sua vida. De fato, a História sendo entendida como estudo do passado pelo passado, não consegue despertar interesse porque não motiva o indivíduo, na medida em que não tem uma utilização prática. Porém, a história tem que ser encarada como um meio que nos leva a explicação da realidade em que vivemos. Ajudando a explicar a realidade, a História pode ajudá-la e ao mesmo tempo, transformá-la. A disciplina de História passou a ser obrigatória a partir de 1837 e a História do Brasil passou a fazer parte do currículo em 1901. Durante o Regime Militar, a História manteve caráter político, na década de 1990 foi divulgado os parâmetros curriculares nacionais, os quais apresentaram inovações para o ensino de História, algumas mudanças também se constatam em 2001 e 2003. No decorrer do tempo a disciplina de história foi marcada pelo factualismo positivista, exaltada dos heróis de classes dominantes, mas este sistema perdeu espaço para uma história reflexiva e crítica. Neste sentido o ensino da história se volta para a reflexão crítica, onde o aluno precisa sentir-se sujeito ativo e participativo das transformações históricas. 135 A história enquanto disciplina escolar, deve analisar todas as interferências e transformações, visando à humanização e a valorização do homem, o qual é o agente responsável por todas essas transformações. A história possibilita o surgimento de grupos, de classes sociais. É uma disciplina de comunicação entre os seres podendo desempenhar um papel importante na reflexão do indivíduo, nas suas relações sociais, nos valores e comportamentos de sociedades de diferentes épocas. Entende-se que a consciência histórica é uma condição da existência do pensamento humano, pois sob esta perspectiva os sujeitos se constituem a partir de suas relações sociais em qualquer período e local do processo histórico. E como a escola é o principal espaço de cidadania, o ensino de História pode ser colocado como objeto de reflexão do aluno sobre os acontecimentos que interferem ou interferiram nas transformações da sociedade. A busca da identidade, da autonomia e da plena cidadania, relacionada com a conquista da dualidade de vida que preserve a dignidade humana, com a busca da justiça na distribuição do usufruto da riqueza e da sua relação com a natureza e o meio ambiente, só pode ser atingida com um ensino de História inovador, crítico, analítico e criativo. A História assim estudada pode possibilitar um ensino de caráter humanista, capaz de impedir a constituição de uma visão apenas utilitária e profissional da realidade. Em todos os momentos que ensinamos História podemos perceber a dificuldade que o nosso educando encontra nessa tarefa de identificar o passado histórico interagindo dessa maneira com a realidade histórica de nossa atualidade, é claro que essas dificuldades são comuns, mas devemos transformá-las em estímulos para prosseguir nossa caminhada em busca de uma educação igualitária e de fácil entendimento para nossos alunos e também para a comunidade escolar, é com esse propósito que a disciplina de História vem tentando transformar a sua dimensão curricular, tentando incorporar assim, o educando, seus mestres e também sem deixar de fora a sua realidade familiar. 136 É muito importante à participação de todos os professores no desenvolvimento do processo das orientações curriculares o qual é de grande valia para o aprendizado de nossos alunos. O ensino de História é ofertado para o Ensino Fundamental do 6ºano ao 9ºano e para o Ensino Médio, organizado em Blocos de Disciplinas Semestrais. 2.9.2 - CONTEÚDOS: a) CONTEÚDOS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL • Relações de trabalho • Relações de poder - Relações culturais 6º ANO Conteúdos básicos: • A experiência humana no tempo • Os sujeitos e suas relações com o outro no tempo - A cultura humana 7º ANO Conteúdos básicos • As relações de propriedade • A constituição histórica do mundo, do campo e da cidade • As relações entre o campo e a cidade • Conflitos, resistências e produção cultural 8º ANO Conteúdos básicos • História das relações da humanidade com o trabalho • O trabalho e a vida em sociedade • O trabalho e as contradições da modernidade • Os trabalhadores e as conquistas de direito 9º ANO Conteúdos Básicos 137 • A constituição das instituições sociais • A formação do Estado - Sujeitos, guerras e revoluções b) CONTEÚDOS PARA O ENSINO MÉDIO • Relações de trabalho • Relações de poder − Relações culturais 1ª SÉRIE Conteúdos Básicos: - Trabalho Escravo, Servil, Assalariado e o Trabalho Livre - O Estado e as Relações de poder 2ª SÉRIE Conteúdos Básicos: - Urbanização e industrialização - Movimentos sociais, políticos e culturais e as guerras e revoluções 3ª SÉRIE Conteúdos Básicos: − Cultura e religiosidade − Os sujeitos, as revoltas e as guerras. 2.9.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA DISCIPLINA Em primeiro lugar devemos focalizar o acontecimento, o processo ou o sujeito o qual queremos representar do ponto de vista da historiografia. Após esse momento, deve-se delimitar o tema histórico em um período bem definido demarcando referências temporais fixas, estabelecendo uma separação entre o inicio e o seu final. E, deve-se estabelecer o espaço ou o território de observação do conteúdo tematizado. O ensino de História terá como pressuposto um estudo que parta da realidade do aluno, do seu presente, se volte ao passado analisando o cotidiano e as contribuições deixadas por outras sociedades e retorne ao presente 138 compreendendo a sua realidade. Dessa forma, no que diz respeito a educação no campo as aulas serão ministradas de acordo com a realidade de nosso município, sendo ele agrícola e também tendo em nossa escola um grande número de alunos que vivem no campo. Assim, para que o estudo se concretize, serão utilizadas aulas expositivas, análises de textos, debates históricos, seminários, relatórios de pesquisas, pesquisas de campo, pesquisas orientadas em sala de aula, produção de textos, apresentação de trabalhos, vídeos, questionamentos e interpretações de charges, interpretações de músicas e atividades extracurriculares como visitações e excursões. Os recursos didáticos utilizados para o ensino da disciplina serão a TV multimídia, DVDs, rádios com CD de músicas, quadro e giz, a exposição oral, demonstrações em mapas, pesquisas na internet através do laboratório de informática, etc. Todo material, no acesso ao conhecimento que tem função de ser mediador na comunicação entre o professor e o seu aluno, pode ser considerado material didático. Isto é, são materiais didáticos, tanto os elaborados especialmente para o trabalho de sala de aula – livros, apostilas e vídeos – como também, os não produzidos para esse fim, mas que são utilizados pelo professor para criar situações de ensino. Nesta perspectiva, busca-se contemplar na disciplina de história, a cultura afro-brasileira, africana e indígena, conforme preconizam as leis 10639/03 e 11645/08, a inclusão, em conformidade com a Deliberação 002/2003, a Historia do Paraná (Lei nº133814/01), bem como a coordenação de desenvolvimento socioeducacionais (educação ambiental,educação fiscal, prevenção ao uso Indevido de drogas, sexualidade humana, enfrentamento a violência contra a criança e o adolescente). Sabemos que a história faz parte de cotidiano de nossos alunos e nesta não existem verdades prontas e acabadas, foi-se o tempo em que o professor se preocupava com datas e heróis. Hoje precisamos partir da realidade do aluno, valorizando sua bagagem cultural. 139 2.9.4 AVALIAÇÃO No processo de avaliação é muito importante que o professor considere o conhecimento prévio, as hipóteses e os domínios do aluno e relacione-os com as mudanças que ocorrem no processo de ensino aprendizagem. O professor deve identificar a apreensão de conteúdos, noções, conceitos, procedimentos e atitudes como conquistas dos estudantes, comparando o antes, o durante e o depois. A avaliação não deve mensurar simplesmente fatos ou conceitos assimilados. Deve ter um caráter diagnóstico e possibilitar ao educador avaliar o seu próprio desempenho como docente, refletindo sobre as intervenções didáticas e outras possibilidades de como atuar no processo de aprendizagem dos alunos. A avaliação está em consonância com o Projeto Político Pedagógico do colégio o qual propõe 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para testes ou provas e 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para atividades, trabalhos, seminários, debates, etc. Através do estudo de temas históricos, podemos fazer com que nossos alunos relacionem esses temas com a sua realidade, apresentando as rupturas e permanências dentro de sua própria sociedade (família/escola) num determinado contexto. Esta é uma maneira do professor conhecer a realidade do seu aluno, servido também esse processo como avaliação do seu conhecimento. A avaliação deve levar o professor a observar entre outros: • Se os conteúdos e conceitos foram apropriados pelos alunos; • Se eles analisam diferentes contextos históricos; • Se os alunos respeitam diferentes culturas, bem como sentem-se como agentes da História. Portanto, para podermos avaliar o aluno, com o mínimo de justiça, podemos utilizar alguns meios como: a observação do professor, a participação do aluno em aula e em trabalhos diversos, comprometimento do aluno com exercícios realizados em classe e em casa (questões, trabalhos com textos, utilização de mini Atlas históricos, provas). Esses são alguns critérios que a partir da observação o professor vai avaliar e rever quais práticas pedagógicas devem ser mudadas. 140 No caso de alunos com necessidades educacionais especiais, serão utilizados critérios e instrumentos de avaliação de acordo com a especificidade de cada caso, dependendo da dificuldade do aluno. A recuperação de estudos deve partir da investigação, levando em conta os conteúdos significativos, os quais nos levarão aos resultados, sendo ofertada a todos os alunos, tão logo seja detectada a defasagem através de instrumentos como: provas, trabalhos, correção de questões oralmente, retomada do conteúdo através de explanação, entre outros. 2.9.5. REFERÊNCIAS AQUINO, Rubim Santos Leão. História das Sociedades: Das sociedades primitivas às sociedades medievais: Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico. 1990. _____________________. História das sociedades: Das sociedades modernas às sociedades atuais: Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico. 1998. CARMO, Sonia Irene Silva do. A formação do capitalismo e a colonização da América. São Paulo: Atual, 1997. CHARTIER, Roger. A história hoje: dúvidas, desafios, propostas, In: Estudos Históricos. Rio de Janeiro, Vol. 07. 1994 COTRIM, Gilberto. História & Reflexão: Consolidação do Capitalismo e Brasil Império. Vol. 3. 9° ed. São Paulo: Saraiva, 1998. Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação Básica do ensino de História. Secretaria de Educação do Paraná, 2008. FERREIRA, José Roberto Martins. História, ensino de 1° grau. Ed. Reform. São Paulo, 1997. GUSSO, Angela Mari. Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações Pedagógicas para os anos iniciais. - Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação, 2010. PETTA, Nicolina Luíza. Coleção Base: História: Uma abordagem integrada. Volume único. 1 ed. São Paulo: Moderna, 1999. Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH, 1980. SANTOS, José Luis dos. O que é cultura. São Paulo: brasiliense. 2004 141 SCHIMIDT, Mário Furley. Nova história crítica. São Paulo: Nova Geração, 1999; Brasil Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das relações étnico-raciais para o ensino de História e cultura afro-brasileira e africana; MACEDO, José Rivair. Brasil: uma história em construção/ José Rivair Macedo, Mariley W. Oliveira – São Paulo: Editora do Brasil, 1996. PANAZZO, Silvia. Navegando pela História, 7ª serie /Silvia Panazzo, Maria Luiza Vaz – 1ª edição. São Paulo: Quinteto Editorial, 2002; VALENTINE, Lucy R. Cultura e sociedade: do século XIX até o século XX, 8ª série/ Lucy R. Valentine, Maria Célia P. Vilela, Marlene Ordoñez. 1ª edição – São Paulo: IBEP, 1999; 142 2.10 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE LÍNGUA PORTUGUESA 2.10.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA: A Língua Portuguesa, enquanto disciplina escolar passou a integrar os currículos das escolas brasileiras somente nas últimas décadas do século XIX, depois que o sistema de ensino já estava organizado. Porém, foi apenas no início da década de 30, no século XX que houve a preocupação com a questão da formação docente. Desde a chegada dos primeiros conquistadores europeus, até os dias de hoje, muitas mudanças ocorreram na Língua Portuguesa que, como símbolo da cultura, muito contribui para a formação da identidade do povo brasileiro. Em meados do século XVIII o Marquês de Pombal torna obrigatório o ensino da Língua Portuguesa em Portugal e no Brasil. Em 1837 o estudo da Língua Portuguesa foi incluído no currículo sob as formas das disciplinas: Gramática, Retórica e Poética, incluindo nessa última a Literatura. O ensino da Língua Portuguesa manteve sua característica elitista até meados do século XX, quando se iniciou no Brasil, um processo de democratização do ensino. Com embasamento na Lei n0 5692/71 que amplia e aprofunda a vinculação da educação com a industrialização, dispondo que o ensino devia estar voltado à qualificação para o trabalho. Nos estudos de JAKOBSON referente à teoria da comunicação, a gramática deixa de ser o enfoque principal de ensino de língua, e a teoria de comunicação torna o referencial. Durante a década de 70 e até os primeiros anos de 80, o ensino da Língua Portuguesa pautava-se então, em exercícios estruturais, técnicas de redação e treinamento de habilidades de leitura. Em meados de 70 a pedagogia tecnicista gerou um ensino baseado na memorização. A historiografia literária, que ainda resiste nas salas de aula, excluía e ainda exclui o aluno de um papel ativo no processo de leitura, ao colocá-lo com intermináveis listas de autores e resumos de obras literárias encontradas a semelhança dos "caça palavras" e sem nenhum estímulo à reflexão crítica. 143 A partir de 80 houve a mobilização por parte dos professores para a discussão e o repensar sobre o ensino da língua materna e a reflexão sobre o trabalho realizado nas salas de aula, que marcou as discussões sobre o ensino da Língua Portuguesa no Paraná. O gênero literário, segundo BAKHTIN, é uma pratica social e é esta perspectiva que deve orientar a ação pedagógica com a língua, privilegiando o contato real do estudante com a multiplicidade de textos que são produzidos e circulam socialmente. Ainda segundo BAKHTIN, o texto deve ser trabalhado como um todo, empregando-se a linguagem formal e informal, extrapolando as ideias do autor,indo além do que o autor quis dizer. A aula pautada somente na Gramática Tradicional (memorização de regras) desconsidera a constituição interativa da linguagem; sendo ensinada desta forma admite duas posturas diante dela: certa ou errada. Analisando linguisticamente, o aluno não é um mero ouvinte, sua participação é fundamental no processo de aprendizagem. Na ação pedagógica, o professor deve trabalhar texto que o aluno possa transpor para sua realidade, enquanto ser social. O professor precisa ter clareza de que tanto a norma padrão quanto as outras variedades, embora apresentem diferenças entre si, são igualmente lógicas e bem estruturadas. Como afirma SOARES (2002) é função da escola e do professor trabalhar com o bidialetalismo, preparando o aluno para o emprego da língua padrão, mas sabendo que, em situações informais, ele continuará utilizando dialeto que lhe é peculiar. Ensinar português é, fundamentalmente, oferecer aos alunos a oportunidade de amadurecer e ampliar o domínio que eles já têm das práticas de linguagem. Em língua materna, a escola obviamente, nunca parte do zero: os alunos têm uma experiência acumulada de práticas de fala e da escrita. Cabe-nos, no entanto, criar condições para que esse domínio dê mais um salto de qualidade, tornando-se mais maduro e mais amplo; portanto é fundamental que nossos alunos adquiram efetiva autonomia nas práticas de linguagem que devem ser de domínio comum de todos os 144 cidadãos. A proposta é, portanto, de que seja uma língua viva, dialógica, em constante movimentação, permanentemente reflexiva e produtiva. Deve-se repensar a língua enquanto instrumento de interação e troca de experiência entre os sujeitos. O aluno deve adequar à língua em diferentes situações discursivas, mobilizando os recursos dos quais ela dispõe, posicionandose diante dos discursos do cotidiano, descobrindo as intenções implícitas nos mesmos utilizando adequadamente a língua oral ou escrita em situações sociais. Pois, segundo Bakhtin (1992) “quanto melhor dominarmos os gêneros, tanto mais livremente os empregamos, tanto mais plena e nitidamente descobrimos neles a nossa individualidade”. Despertar no educando o interesse e a reflexão sobre os textos lidos, escritos ou ouvidos, mobilizando nesse processo os conhecimentos anteriores e promovendo um diálogo crítico entre locutores e interlocutores; construindo sentido aos conhecimentos aprendidos, estando conscientes de que os mesmos podem contribuir para o desenvolvimento de subjetividades e identidades críticas, característica necessária ao exercício efetivo da cidadania. Valorizar o trabalho do campo, proporcionando ao aluno uma atividade de pesquisa sobre um assunto relacionado à vida no campo, incutindo no aluno o sentimento de amor e respeito à terra onde ele vive e da qual sobrevive. Trabalhar com as limitações dos portadores de deficiência; superando os preconceitos e discriminações sofridas pelos portadores de deficiências, proporcionando aos alunos reflexões sobre a cultura negra. Fazer com que os alunos percebam que a cor da pele não é fator determinante para a formação do caráter de uma pessoa. A disciplina deve contextualizar o aluno no tempo, fazendo entender seu corpo nessas manifestações culturais e históricas, neste contexto contemplar a cultura afro-brasileira e indígena. A obrigatoriedade da inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena nos currículos da Educação Básica trata-se de decisão política, com fortes repercussões pedagógicas, inclusive na formação de professores. A inclusão da cultura afro nada mais é que o cumprimento da Lei 10.639/2003, assim nossos alunos terão contato com discussões, textos e atividades 145 que tenham como foco a criança e o jovem negro e a valorização da diversidade étnica brasileira. A Constituição Brasileira,em seu artigo 5º, prescreve: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, à segurança e à propriedade(...)” Mas infelizmente no Brasil há um grande contraste entre culturas, classes sociais, e muitas vezes, isto acaba interferindo negativamente no desenvolvimento dos alunos em sala de aula. Portanto, a relevância do estudo de temas decorrentes da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena não se restringem apenas a negros e índios, ao contrário, dizem respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade multicultural e plurietnica, capazes de construir uma nação democrática. Nesse contexto, a escola deve promover ações que propiciem o contato com a cultura africana, afro descendente e indígena, discussões e atividades que tenham como foco a criança o jovem negro e índio, a sua família em diferentes contextos sociais e profissionais para a valorização da diversidade étnica brasileira. Além desses desafios, há que se ter a inclusão como forma de garantir que os direitos constitucionais das pessoas portadoras de deficiência sejam respeitados, conforme preconiza a Constituição Brasileira que, em seu artigo 208, inciso III, traz a seguinte redação: “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência , preferencialmente na rede regular de ensino”. Por isso, a escola deve adaptar as suas dependências a fim de garantir esses direitos assim como, os alunos têm uma ação diferenciada tanto pedagógica quanto avaliativa. Nesta perspectiva, se constituem como objetivos da disciplina: 2. empregar a língua oral em diferentes situações de uso, saber adequá-la a cada contexto e interlocutor, reconhecer as intenções implícitas nos discursos do cotidiano e propiciar a possibilidade de um posicionamento diante deles; 3. desenvolver o uso da língua escrita em situações discursivas por meio de práticas sociais que considerem os interlocutores, seus objetivos, o assunto tratado, além do contexto de produção; 146 4. analisar os textos produzidos, lidos e/ ouvidos, possibilitando que o aluno amplie seus conhecimentos linguístico-discursivos; 5. aprofundar, por meio da leitura de textos literários, a capacidade de pensamento crítico e a sensibilidade estética, permitindo a expansão lúdica da oralidade, da leitura e da oralidade, da leitura e da escrita; 6. aprimorar os conhecimentos linguísticos, de maneira a propiciar acesso às ferramentas de expressão e compreensão de processos discursivos, proporcionando ao aluno condições para adequar a linguagem aos diferentes contextos sociais, apropriando-se, também, da norma padrão. É importante que tais objetivos e as práticas deles decorrentes supõem um processo longitudinal de ensino e aprendizagem que se inicia na alfabetização, consolida-se no decurso da vida acadêmica e não se esgota no período escolar, mas se estende por toda vida. 2.10.2 - CONTEÚDOS No processo de ensino-aprendizagem, é importante ter claro que quanto maior o contato com a linguagem, nas diferentes esferas sociais, mais possibilidades se tem de entender o texto, seus sentidos, suas intenções e visões de mundo. A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na interlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situações. Desse modo, sugere-se um trabalho pedagógico que priorize as práticas sociais. Tradicionalmente, a escola tem agido como se a escrita fosse a língua, ou como se todos os que nela ingressam falassem da mesma forma. No ambiente escolar, a racionalidade se exercita com a escrita, de modo que a oralidade, em alguns contextos educacionais, não é muito valorizada; entretanto, é rica e permite muitas possibilidades de trabalho a serem pautadas em situações reais de uso da fala e na produção de discursos nos quais o aluno se constitui como sujeito do processo interativo. CONTEÚDO ESTRUTURANTE 147 − DISCURSO ENQUANTO PRÁTICA SOCIAL Para o trabalho das práticas de leitura, escrita, oralidade e análise linguística serão adotados como conteúdos básicos os gêneros discursivos conforme suas esferas sociais de circulação. Caberá ao professor fazer a seleção de gêneros, nas diferentes esferas, segundo o projeto Político Pedagógico, ou seja, em conformidade com as características da escola e com o nível de complexidade adequado a cada uma das séries. Em um mundo tão complexo, precisamos recorrer a fontes de informação e conhecimento sempre mais abundantes, diversas e especializadas. E, neste contexto de constante transformação, a língua materna continua sendo o mais valioso e eficiente instrumento de acesso ao patrimônio sociocultural de que a criança ou o jovem deverá apropriar-se para construir seu lugar no mundo de modo crítico, responsável e solidário. Para que isso se efetive, a disciplina de língua portuguesa deve fornecer os alicerces, cabendo ao professor a tarefa de oferecer grande diversidade textual, promovendo discussões para que os alunos possam entender a intencionalidade e as vozes contidas no texto, para que possam formar a própria opinião em torno do texto, gerando assim, o senso crítico tão necessário para o exercício pleno da cidadania. a) ENSINO FUNDAMENTAL 6º ANO GÊNEROS DISCURSIVOS • Literários/artísticos: contos de fadas, lendas, causos e fábulas, história em quadrinhos, poema, cantigas, parlendas, trovas e trava-línguas. • Cotidiano: carta, e-mail, cartão, aviso, convite, receita culinária... • literária: contos, fábulas, haicai, poesia, histórias em quadrinhos, narrativas de aventura • imprensa: comentários, carta do leitor, charge, notícia, classificados... • publicitária: anúncio cartaz, folder, placas, fotos... • escolar, cartazes, resumo, regras de jogos, verbetes do dicionário, 148 • midiática: e-mail, desenho animado... • outros: diário. CONTEÚDOS BÁSICOS LEITURA • Tema do texto; • interpretação textual, observando: - conteúdo temático - interlocutores - fonte - intertextualidade - informatividade - intencionalidade - marcas linguísticas Identificação do argumento principal e dos argumentos secundários Inferências • Adequação ao gênero: - conteúdo temático - elementos composicionais - marcas linguísticas • Variedades linguísticas • Intencionalidade do texto • Papel do locutor e do interlocutor: - participação e cooperação • Particularidades de pronúncia de algumas palavras • Elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos... ORALIDADE 149 • Adequação ao gênero: - conteúdo temático - elementos composicionais - marcas linguísticas • Argumentação • Paragrafação • Clareza de ideias. ESCRITA • Produção textual • Refacção textual ANÁLISE LINGUÍSTICA perpassando as práticas de leitura, escrita e oralidade: • Coesão e coerência do texto lido ou produzido pelo aluno; • Expressividade dos substantivos e sua função referencial no texto • função do adjetivo, advérbio, pronome, artigo e de outras categorias como elementos do texto; • a pontuação e seus efeitos de sentido no texto; • Recursos gráficos: aspas, travessão, negrito, hífen, itálico, acentuação gráfica; • Processo de formação de palavras; • Algumas figuras de pensamento (prosopopeia, ironia ... ) • Alguns procedimentos de concordância verbal e nominal; 7º ANO GÊNEROS DISCURSIVOS Cotidiano: anedota, piada, quadrinha, cartão, cartão postal; Literários/artísticos: contos fantásticos, provérbios, poema, música, memórias, narrativas de enigma, narrativas de terror; Imprensa: cartum, charge, classificados, reportagem, manchete; 150 Científica: texto de divulgação científica; Argumentativos: resenha de filme, enquete, assembleia Publicitária: música, paródia, publicidade comercial, slogan; Prescritivos: bula de remédio, manual de instrução; Midiática: filme, entrevista. LEITURA • Interpretação textual, observando: - conteúdo temático - interlocutores - fonte - ideologia - papéis sociais representados - intertextualidade; - intencionalidade; - informatívidade; - marcas linguísticas; • Identificação do argumento principal e dos argumentos secundários • As particularidades (lexicais, sintáticas e textuais) do texto em registro formal e informal. • Texto verbal e não-verbal ORALIDADE • Adequação ao gênero: - conteúdo temático - elementos composicionais - marcas linguísticas 151 • Procedimentos e marcas linguísticas típicas da conversação (entonação, repetições, pausas...) • Variedades linguísticas • Intencionalidade do texto • Papel do locutor e do interlocutor: - participação e cooperação • Particularidades de pronúncia de algumas palavras ESCRITA • Adequação ao gênero: - conteúdo temático - elementos composicionais - marcas linguísticas • Linguagem formal/informal; • argumentação; • Coerência e coesão textual ; • organização das ideias/parágrafos; • finalidade do texto; • refacção textual. ANÁLISE LINGUÍSTICA perpassando as práticas de leitura, escrita e oralidade: • Discurso direto, indireto e indireto livre na manifestação das vozes que falam no texto; • Função do adjetivo, advérbio, pronome, artigo e de outras categorias como elementos do texto; • A pontuação e seus efeitos de sentido no texto; • Recursos gráficos: aspas, travessão, negrito, itálico, parênteses, hífen; • Acentuação gráfica • Valor sintático e estilístico dos modos e tempos verbais 152 • A representação do sujeito no texto (expressivo/elíptico; determinado/indeterminado; ativo/passivo); • neologismo; • Figuras de pensamento (hipérbole, ironia, eufemismo, antítese). • Alguns procedimentos de concordância verbal e nominal; • linguagem digital; • semântica; • Particularidades de grafia de algumas palavras. 8º ANO GÊNEROS DISCURSIVOS Cotidiano: diário, entrevista, comunicado; Literários: crônica, dramáticos, contos de aventuras, contos de fada, contos de fadas contemporâneos; fábulas; Escolar: relatório, resumo, resenha, texto de opinião, texto argumentativo; Imprensa: reportagem televisiva, infográfico, carta do leitor, carta de reclamação; Publicitários: comercial televisivo, propaganda e slogan; Midiático: telejornal, vídeo-clip; Jurídica: depoimento, requerimento, estatutos; LEITURA Interpretação textual, observando: - conteúdo temático - interlocutores - fonte - ideologia - intencionalidade - informatividade - marcas linguísticas Identificação do argumento principal e dos argumentos secundários 153 As diferentes vozes sociais representadas no texto Linguagem verbal, não-verbal, midiático, infográficos, etc. Relações dialógicas entre textos ORALIDADE • Adequação ao gênero: - conteúdo temático - elementos composicionais - marcas linguísticas • Coerência global do discurso oral • Variedades linguísticas • Papel do locutor e do interlocutor: - participação e cooperação - turnos de fala Particularidades dos textos orais Elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos ... ∗ Finalidade do texto oral ESCRITA • Adequação ao gênero: - conteúdo temático - elementos composicionais - marcas linguísticas • Argumentação • Coerência e coesão textual • Paráfrase de textos • Paragrafação • Refacção textual 154 ANÁLISE LINGUÍSTICA perpassando as práticas de leitura, escrita e oralidade: Semelhanças e diferenças entre o discurso escrito e oral; Conotação e denotação; A função das conjunções na conexão de sentido do texto; Progressão referencial (locuções adjetivas, pronomes, substantivos...); Função do adjetivo, advérbio, pronome, artigo e de outras categorias como elementos do texto; A pontuação e seus efeitos de sentido no texto; Recursos gráficos: aspas, travessão, negrito, hífen, itálico; Acentuação gráfica; Figuras de linguagem; Procedimentos de concordância verbal e nominal; A elipse na sequência do texto; Estrangeirismos; As irregularidades e regularidades da conjugação verbal; A função do advérbio: modificador e circunstanciador; Complementação do verbo e de outras palavras. 9º ANO GÊNEROS DISCURSIVOS: Cotidiano: curriculum vitae, comunicado; Literário: narrativas científicas, contos, crônicas, fábulas contemporâneas, poemas, romances, pinturas; Escolar: texto argumentativo, júri simulado, pesquisa, palestra, seminário; Imprensa: artigo de opinião, carta ao leitor, carta do leitor; Publicitário: texto político, publicidade oficial. Midiático: blog, filme; Jurídico: contrato, ofício, procuração; Científicos: relato histórico, artigos científicos, verbetes de enciclopédias, pesquisa; 155 LEITURA Interpretação textual, observando: - conteúdo temático - interlocutores - fonte - intencionalidade - intertextualidade - ideologia - informatividade - marcas linguísticas Identificação do argumento principal e dos argumentos secundários. Informações implícitas em textos As vozes sociais presentes no texto Estética do texto literário ORALIDADE • Adequação ao gênero: - conteúdo temático - elementos composicionais - marcas linguísticas • Variedades linguísticas; • Intencionalidade do texto oral; • Argumentação; • Papel do locutor e do interlocutor: - turnos de fala • Elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos ... ESCRITA • Adequação ao gênero: - conteúdo temático 156 - elementos composicionais - marcas linguísticas • Argumentação • Resumo de textos • Paragrafação • Paráfrase • Intertextualidade • Refacção textual ANÁLISE LINGUÍSTICA perpassando as práticas de leitura, escrita e oralidade: • Conotação e denotação • Coesão e coerência textual • Vícios de linguagem • Operadores argumentativos e os efeitos de sentido • Expressões modalizadoras (que revelam a posição do falante em relação ao que diz, como: felizmente, comovedoramente ... ) • Semântica • Expressividade dos substantivos e sua função referencial no texto • Função do adjetivo, advérbio, pronome, artigo e de outras categorias como elementos do texto • A pontuação e seus efeitos de sentido no texto • Recursos gráficos: aspas, travessão, negrito, hífen, itálico • Acentuação gráfica • Estrangeirismos, neologismos, gírias • Procedimentos de concordância verbal e nominal • Valor sintático e estilístico dos modos e tempos verbais • A função das conjunções e preposições na conexão das partes do texto • Coordenação e subordinação nas orações do texto b) ENSINO MÉDIO ORGANIZADO POR BLOCOS DE DISCIPLINAS SEMESTRAIS 157 1ª SÉRIE GÊNEROS DISCURSIVOS Jurídica: boletim de ocorrência, Constituição Brasileira, contrato, declaração dos direitos, depoimentos, discurso de acusação, discurso de defesa, ofício; Produção e consumo: bulas, manual técnico, placas, rótulo/embalagens Midiática: chat , torpedo, e-mail, entrevista, filmes, reality show, telenojornail, videoclip. LEITURA Interpretação textual, observando: - conteúdo temático - interlocutores - fonte - intencionalidade - ideologia - informatividade - situacionalidade - marcas linguísticas Identificação do argumento principal e dos argumentos secundários. Inferências As particularidades (lexicais, sintáticas e composicionais) do texto em registro formal e informal • As vozes sociais presentes no texto • Relações dialógicas entre textos • Textos verbais, não-verbais, midiáticos, etc. • Estética do texto literário • Contexto de produção da obra literária • Diálogo da literatura com outras áreas ORALIDADE 158 Adequação ao gênero: - conteúdo temático - elementos composicionais - marcas linguísticas • Variedades linguísticas • Intencionalidade do texto • Papel do locutor e do interlocutor: - participação e cooperação - turnos de fala • Particularidades de pronúncia de algumas palavras • Procedimentos e marcas linguísticas típicas da conversação (entonação, repetições, pausas...) • Finalidade do texto oral • Materialidade fônica dos textos poéticos. ESCRITA • Adequação ao gênero: - conteúdo temático - elementos composicionais - marcas linguísticas • Argumentação • Coesão e coerência textual; • Finalidade do texto; • Paragrafação; • Paráfrase de textos; • Resumos; • Diálogos textuais; • Refacção textual. ANÁLISE LINGUÍSTICA perpassando as práticas de leitura, escrita e oralidade: 159 • Conotação e denotação; • Figuras de pensamento e linguagem; • Vícios de linguagem; • Operadores argumentativos e os efeitos de sentido; • Expressões modalizadoras (que revelam a posição do falante em relação ao que diz, como: felizmente, comovedoramente...). • Semântica; • discurso direto, indireto e indireto livre na manifestação das vozes que falam no texto; • expressividade dos substantivos e sua função referencial no texto; • progressão referencial no texto; • função do adjetivo, advérbio, pronome, artigo e de outras categorias como elementos do texto; • função das conjunções e preposições na conexão das partes do texto; • orações do texto; • A pontuação e seus efeitos de sentido no texto; • Recursos gráficos: aspas, travessão, negrito, hífen, itálico. • Acentuação gráfica • Gírias, neologismos, estrangeirismos. • Procedimentos de concordância verbal e nominal • Particularidades de grafia de algumas palavras 2ª SÉRIE GÊNEROS DISCURSIVOS Literária/Artística: contos, crônicas de ficção, histórias em quadrinhos, narrativas de humor, narrativas de terror, romance, textos dramáticos; Imprensa: artigo de opinião, carta ao leitor, carta do leitor, charge, classificados, crônica jornalística, editorial, entrevista (oral e escrita), infográfico, manchete, notícia, reportagens, resenha crítica, sinopses de filmes, tiras. 160 LEITURA Interpretação textual, observando: - conteúdo temático - interlocutores - fonte - intencionalidade - ideologia - informatividade - situacionalidade - marcas linguísticas Identificação do argumento principal e dos argumentos secundários. Inferências As particularidades (lexicais, sintáticas e composicionais) do texto em registro formal e informal • As vozes sociais presentes no texto • Relações dialógicas entre textos • Textos verbais, não-verbais, midiáticos, etc. • Estética do texto literário • Contexto de produção da obra literária • Diálogo da literatura com outras áreas ORALIDADE Adequação ao gênero: - conteúdo temático - elementos composicionais - marcas linguísticas • Variedades linguísticas • Intencionalidade do texto • Papel do locutor e do interlocutor: - participação e cooperação 161 - turnos de fala • Particularidades de pronúncia de algumas palavras • Procedimentos e marcas linguísticas típicas da conversação (entonação, repetições, pausas...) • Finalidade do texto oral • Materialidade fônica dos textos poéticos. ESCRITA • Adequação ao gênero: - conteúdo temático - elementos composicionais - marcas linguísticas • Argumentação • Coesão e coerência textual; • Finalidade do texto; • Paragrafação; • Paráfrase de textos; • Resumos; • Diálogos textuais; • Refacção textual. ANÁLISE LINGUÍSTICA perpassando as práticas de leitura, escrita e oralidade: • Conotação e denotação; • Figuras de pensamento e linguagem; • Vícios de linguagem; • Operadores argumentativos e os efeitos de sentido; • Expressões modalizadoras (que revelam a posição do falante em relação ao que diz, como: felizmente, comovedoramente...). • Semântica; • discurso direto, indireto e indireto livre na manifestação das vozes que falam 162 no texto; • expressividade dos substantivos e sua função referencial no texto; • progressão referencial no texto; • função do adjetivo, advérbio, pronome, artigo e de outras categorias como elementos do texto; • função das conjunções e preposições na conexão das partes do texto; • orações do texto; • A pontuação e seus efeitos de sentido no texto; • Recursos gráficos: aspas, travessão, negrito, hífen, itálico. • Acentuação gráfica • Gírias, neologismos, estrangeirismos. • Procedimentos de concordância verbal e nominal • Particularidades de grafia de algumas palavras 3ª SÉRIE GÊNEROS DISCURSIVOS Literária/Artística: narrativas de ficção científica, romances; Escolar: ata, debate regrado, diálogo/discussão argumentativa, exposição oral, juri simulado, pesquisas, relatório, resumo, texto argumentativo, texto de opinião. LEITURA Interpretação textual, observando: - conteúdo temático - interlocutores - fonte - intencionalidade - ideologia - informatividade - situacionalidade - marcas linguísticas 163 Identificação do argumento principal e dos argumentos secundários. Inferências As particularidades (lexicais, sintáticas e composicionais) do texto em registro formal e informal • As vozes sociais presentes no texto • Relações dialógicas entre textos • Textos verbais, não-verbais, midiáticos, etc. • Estética do texto literário • Contexto de produção da obra literária • Diálogo da literatura com outras áreas ORALIDADE Adequação ao gênero: - conteúdo temático - elementos composicionais - marcas linguísticas • Variedades linguísticas • Intencionalidade do texto • Papel do locutor e do interlocutor: - participação e cooperação - turnos de fala • Particularidades de pronúncia de algumas palavras • Procedimentos e marcas linguísticas típicas da conversação (entonação, repetições, pausas...) • Finalidade do texto oral • Materialidade fônica dos textos poéticos. ESCRITA • Adequação ao gênero: - conteúdo temático 164 - elementos composicionais - marcas linguísticas • Argumentação • Coesão e coerência textual; • Finalidade do texto; • Paragrafação; • Paráfrase de textos; • Resumos; • Diálogos textuais; • Refacção textual. ANÁLISE LINGUÍSTICA perpassando as práticas de leitura, escrita e oralidade: • Conotação e denotação; • Figuras de pensamento e linguagem; • Vícios de linguagem; • Operadores argumentativos e os efeitos de sentido; • Expressões modalizadoras (que revelam a posição do falante em relação ao que diz, como: felizmente, comovedoramente...). • Semântica; • discurso direto, indireto e indireto livre na manifestação das vozes que falam no texto; • expressividade dos substantivos e sua função referencial no texto; • progressão referencial no texto; • função do adjetivo, advérbio, pronome, artigo e de outras categorias como elementos do texto; • função das conjunções e preposições na conexão das partes do texto; • orações do texto; • A pontuação e seus efeitos de sentido no texto; • Recursos gráficos: aspas, travessão, negrito, hífen, itálico. 165 • Acentuação gráfica • Gírias, neologismos, estrangeirismos. • Procedimentos de concordância verbal e nominal • Particularidades de grafia de algumas palavras 2.10.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA DISCIPLINA O encaminhamento metodológico deverá dar conta de desenvolver no aluno as práticas discursivas: oralidade, leitura, escrita e permeados pela análise linguística. Por isso, o professor não deve fragmentar a língua em conteúdos estanques e, arbitrariamente, determinar o que ensinar em cada série, pois, de acordo com as diretrizes curriculares estaduais (PARANÁ,2008): "A aprendizagem não se dá de maneira linear, ela procura abarcar todos os mecanismos envolvidos no processo de interação". Tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio seriado por blocos é imprescindível considerar os aspectos sociais e históricos em que o sujeito está inserido, assim como o contexto de produção dos textos literários e nãoliterários, lidos e dos textos produzidos pelos alunos. Dessa forma, a seleção de conteúdos deve considerar o aluno como sujeito de um processo histórico, social, detentor de um repertório linguístico que precisa ser considerado na busca da ampliação de sua competência comunicativa. Cada habilidade deve ser trabalhada de forma a desencadear a pesquisa, a reflexão, o senso crítico e a construção da identidade dos educandos. Os recursos didáticos utilizados para o ensino da disciplina serão a TV multimídia, DVDs, rádios com CD de músicas, quadro e giz, a exposição oral, pesquisas na internet através do laboratório de informática. Para atender o que preconizam as leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008, que determinam o ensino dos conteúdos relacionados à História e Cultura Afro-brasileira e Africana e Cultura dos povos indígenas, as questões de gênero e diversidade sexual, educação ambiental, prevenção ao uso indevido de drogas, enfrentamento à violência na escola, cidadania e direitos humanos e educação fiscal; direitos das crianças e dos adolescentes conforme prevê o ECA, serão contemplados em todas 166 as séries, na medida em que serão trabalhados os gêneros textuais, visto que são conteúdos obrigatórios conforme disposto na Instrução nº 009/2011 SUED/SEED, sendo contemplados concomitantes aos conteúdos específicos da disciplina em consonância com as Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa. PRÁTICA DA ORALIDADE: A prática oral será estimulada da seguinte forma: • Apresentação de temas variados; • Depoimentos; • Emissão de opiniões; • Debates; • Relato de conhecimentos e experiências; • Seminários • Entrevistas. Leitura Ler pressupõe em primeiro lugar, familiarizar-se com diferentes tipos de textos, oriundos das mais variadas praticas sociais, em especial da literatura (crônicas, poemas, contos, poesias, romances); do jornalismo e da publicidade (reportagens, propagandas, informações, charges); da divulgação cientifica (artigos científicos, ensaios), entre outros, percebendo em cada texto a presença de um sujeito histórico, de uma intenção. E importante dizer que ler o texto não está aqui sendo usado como termo restrito à língua escrita, estamos falando sim no seu sentido amplo da leitura, textos escritos ou falados; de forma integrada a linguagem verbal e as outras linguagens (as artes visuais, a música, o cinema a TV, a publicidade, os quadrinhos, que são todas atividades sociointeracionistas entre sujeitos históricos e suas especificidades com seus diferentes suportes tecnológicos. Sabemos que o objeto do estudo da Língua Portuguesa é o discurso enquanto prática social cabe a nós conquistar o aluno para a leitura em geral, dando ênfase à leitura verbal, e a incorporação da mesma em suas vidas. 167 • PRÁTICA DA LEITURA: "A leitura precisa ser vista, na escola, como uma prática consistente do leitor perante a realidade" Paraná (2008 p.57). Considerando esse aspecto, a metodologia adotada para trabalhar essa habilidade será a leitura e discussão e variados tipos de textos, como: trava-línguas, charges, advinhas, textos poéticos, publicitários, etc.. • PRÁTICA DA ESCRITA: Produção de textos variados como: cartazes, cartas, poemas, contos e crônicas, notícias, editoriais, piadas, charges em conformidade com os conteúdos básicos/gêneros discursivos selecionados para as diferentes séries. • ANÁLISE LINGUÍSTICA: Atividades de revisão, reconstrução textual, análise de textos coletivos ou individualmente, exploração e análise de elementos linguístico-discursivos que compõem os gêneros discursivos em estudo. 2.10.4 AVALIAÇÃO A avaliação será contínua, diagnóstica e cumulativa priorizando a qualidade e o processo de aprendizagem, ou seja, o desempenho do aluno durante o ano letivo estará adequado ao cotidiano da sala de aula. O professor deverá compreender e levar em conta as concepções de linguagem que assumem a língua enquanto interação e enquanto discurso, respeitar as diferenças, promovendo uma ação pedagógica de qualidade, desmistificados padrões pré- estabelecidos e conceitos ortodoxos. Nas atividades avaliativas de leitura do ensino fundamental espera-se que o aluno: • Realize leitura compreensiva do texto e das partículas conectivas; • Localize informações explícitas e implícitas no texto; • Posicione-se argumentativamente; • Amplie seu horizonte de expectativas; • Amplie seu léxico; 168 • Perceba o ambiente no qual circula o gênero; • Identifique a ideia principal do texto; • Analise as intenções do autor; • Deduza os sentidos de palavras e/ou expressões a partir do contexto; • Compreenda as diferenças decorridas do uso de palavras e/ou expressões no sentido conotativo e denotativo; • Conheça e utilize os recursos para determinar causa e consequência entre as partes e elementos do texto ; • Reconheça palavras e/ou expressões que estabelecem a progressão referencial; • Reconheça o estilo próprio de diferentes gêneros; • Utilize adequadamente recursos linguísticos como pontuação, uso e função do artigo, pronome, substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, preposição, conjunção, etc. • Utilize recursos textuais como coesão e coerência, informatividade, etc. • Entenda o papel sintático e estilístico dos pronomes na organização, retomadas e sequenciação do texto; • Perceba a pertinência e use os elementos discursivos, textuais, estruturais e normativos, bem como os recursos de causa e consequência entre as partes e elementos do texto. Nas atividades de escrita do ensino médio espera-se que o aluno: • Expresse as ideias com clareza; • Elabore/reelabore textos de acordo com o encaminhamento do professor, atendendo: às situações de produção propostas (gênero, interlocutor, finalidade...); à continuidade temática; • Diferencie o contexto de uso da linguagem formal e informal; • Use recursos textuais como coesão e coerência, informatividade, etc; • Entenda o papel sintático e estilístico dos pronomes na organização, retomadas e sequenciação do texto; 169 • Perceba a pertinência e use os elementos discursivos, textuais, estruturais e normativos, bem como os recursos de causa e consequência entre as partes e elementos do texto; • Utilize adequadamente recursos linguísticos como pontuação, uso e função do artigo, pronome, substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, preposição, conjunção, etc. Nas atividades de oralidade espera-se que o aluno: ∗ Utilize seu discurso de acordo com a situação de produção (formal/informal); ∗ Apresente ideias com clareza; ∗ Obtenha fluência na exposição oral, em adequação ao gênero proposto; ∗ Compreenda os argumentos do discurso do outro; ∗ Exponha objetivamente seus argumentos e defenda claramente suas ideias; ∗ Organize a sequência da fala de modo que as informações não se percam; ∗ Respeite os turnos de fala; ∗ Analise, contraponha, discuta os argumentos apresentados pelos colegas em suas apresentações e/ou nos gêneros orais trabalhados; ∗ Contra-argumente ideias formuladas pelos colegas em discussões, debates, mesas redondas, diálogos, discussões, etc; ∗ Utilize de forma intencional e consciente expressões faciais, corporais e gestuais, pausas e entonação nas exposições orais, entre outros elementos extralinguísticos. ∗ Apresente suas ideias com clareza, coerência e argumentatividade; ∗ Explane diferentes textos, utilizando adequadamente entonação, pausas, gestos, etc; ∗ Expresse oralmente suas ideias de modo fluente e adequado ao gênero proposto; ∗ Analise os argumentos dos colegas de classe em suas apresentações e/ ou nos gêneros orais trabalhados; ∗ Participe ativamente dos diálogos, relatos, discussões, etc; ∗ Utilize o discurso de acordo com a situação de produção ( formal/ informal); 170 ∗ Obtenha fluência na exposição oral, em adequação ao gênero proposto; ∗ Compreenda argumentos do discurso do outro; ∗ Exponha objetivamente argumentos; ∗ Organize a sequência da fala; ∗ Respeite os turnos de fala; ∗ Utilize conscientemente expressões faciais, corporais e gestuais, pausas e entonação nas exposições orais entre outros elementos extralinguísticos; ∗ Analise recursos da oralidade em cenas de desenhos, programas infanto- juvenis, entrevista, reportagens entre outros. Nas atividades avaliativas de leitura espera-se que o aluno: • Efetue leitura compreensiva, global, crítica e analítica de textos verbais e não verbais; • Localize informações explicitas e implícitas no texto; • Produza inferências a partir de pistas textuais; • Posicione-se argumentativamente; • Amplie seu léxico; • Perceba o ambiente no qual circula o gênero; • Identifique a ideia principal do texto; • Analise as intenções do autor; • Identifique o tema; • Referente à obra literária, amplie seu horizonte de expectativas, perceba os diferentes estilos e estabeleça relações entre obras de diferentes épocas com o contexto histórico atual; • Deduza os sentidos de palavras e/ou expressões a partir do contexto; • Compreenda as diferenças decorridas do uso de palavras e/ou expressões no sentido conotativo; • Conheça e utilize os recursos para determinar causa e consequência entre as partes e elementos do texto; 171 • Reconheça palavras e/ou expressões que estabelecem a progressão referencial; • Entenda o estilo que é próprio de cada gênero. No processo avaliativo da escrita espera-se que o aluno: Expresse ideias com clareza; Elabore textos atendendo: às situações de produção propostas (Gênero, interlocutor, finalidade...); à continuidade temática; Use recursos textuais como coesão e coerência, informatividade, intertextualidade etc; Diferencie o contexto de uso da linguagem formal e informal; Utilize adequadamente recursos linguísticos como pontuação, uso e função do artigo, pronome, substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, preposição, conjunção, etc; Empregue palavras e/ou expressões no sentido conotativo; Perceba a pertinência e use os elementos discursivos, textuais, estruturais e normativos; Reconheça palavras e/ou expressões que estabelecem a progressão referencial; Entenda o estilo, que é próprio de cada gênero. No processo avaliativo da oralidade espera-se que o aluno: Utilize seu discurso de acordo com a situação de produção (formal/informal); Apresente ideias com clareza; Obtenha fluência na exposição oral, em adequação ao gênero proposto; Compreenda os argumentos do discurso do outro; Exponha objetivamente seus argumentos e defenda claramente suas ideias; Organize a sequência da fala de modo que as informações não se percam; 172 Respeite os turnos de fala; Analise, contraponha, discuta os argumentos apresentados pelos colegas em suas apresentações e/ou nos gêneros orais trabalhados; Contra-argumente ideias formuladas pelos colegas em discussões, debates, mesas redondas, diálogos, discussões, etc; Utilize de forma intencional e consciente expressões faciais, corporais e gestuais, pausas e entonação nas exposições orais, entre outros elementos extralinguísticos. A recuperação paralela está garantida aos alunos, independentemente do seu rendimento nas diversas avaliações feitas durante o bimestre. Ela servirá de subsídio ao aluno, a fim de que este possa rever os conteúdos e, com isso, ter a possibilidade de efetivação da aprendizagem. Ela acontecerá de forma que contemple as dificuldades de aprendizagem dos alunos, assim que forem observadas. Será retomado o conteúdo pelo professor de forma diferenciada, podendo ser através de perguntas e respostas orais, escritas, resolução de atividades no caderno e no quadro, solicitação de pesquisas a serem realizadas pelos alunos com novas avaliações e mensurações. As avaliações para alunos com necessidades especiais serão feitas valorizando as potencialidades e especificidades de cada aluno, atendendo ao disposto no Artigo 58, da LDB 9394/98. 2.10.5 REFERÊNCIAS ABUD, M.J.M. O ensino da leitura e da escrita na fase inicial de escolarização. São Paulo: EPU, 1987. BARBOSA, J. J. Alfabetização e leitura. 2. ed., São Paulo: Cortez, 1994. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Linguística. 4.ed. São Paulo: Scipione, 1992. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003. GOVERNO DO PARANÁ. DCE’S - Diretrizes Curriculares Estaduais para o ensino de língua portuguesa. SEED, Curitiba, 2008. 173 GUSSO, Angela Mari. Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações Pedagógicas para os anos iniciais. - Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação, 2010. LIBÂNEO, J.C. Didática. São Paulo: Cortez, 1991. LUCKESI, C.C. A avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Ática, 1995. NICOLA, J. Língua, Literatura e redação. 16. ed., Vol. 01. São Paulo: Scipione, 1992. PRETI, D. Sociolingustica: os níveis da fala: um estudo sociolinguístico do diálogo na literatura brasileira. 9. ed., São Paulo: Universidades de São Paulo, 2000. SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2002. TEZZA, Cristóvão. Entre a Prosa e a Poesia. Bakhtin e o formalismo russo. Rio de Janeiro. Rocco, 2003. FERREIRA, Mauro. Entre palavras. 1a ed. São Paulo - FTD - 2002. PRATES, Marilda. Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa Reflexão e Ação. 1a ed. São Paulo, Moderna, 1998. BENNETT, William J. O Livro das Virtudes. Editora Nova Fronteira. 174 2.11 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE MATEMÁTICA 2.11.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA: Para que se possa estar de fato educando pela Matemática, trabalhando de forma significativa e menos dependente da pura memorização, o professor precisa estimular os alunos a buscar explicações e finalidades para as coisas, discutindo questões relativas à utilidade da Matemática, como ela se desenvolveu, bem como ela pode contribuir para a resolução de problemas do cotidiano e de problemas ligados à investigação científica. Entretanto, torna-se necessário que o conteúdo matemático desenvolvido em sala de aula seja contextualizado, de forma que o professor conduza concomitantemente com o aluno um processo de análise, que resulte numa ampliação de mundo do nosso estudante de tal modo ele enxergue claramente que este conhecimento poderá ser usado em outras e em diferentes situações. Não se contesta que o professor deva resgatar o conhecimento informal do aluno, valorizando sem exageros toda e qualquer relação que o mesmo faça do que se está trabalhando em sala com algo já vivenciado em seu dia-a-dia. Desse modo, o professor estará construindo juntamente com o aluno o conhecimento verdadeiro e significativo da Matemática. Mediante uma perspectiva histórica compreende-se a ciência Matemática desde suas origens, e como a disciplina da Matemática tem se configurado no currículo escolar. Para os babilônios, a Matemática era uma forma de registros que podiam ser classificados como álgebra elementar, período considerado como o “Nascimento da Matemática”. Porém, como Ciência a Matemática só emergiu em solo grego no século VI e V a.C. onde houve a sistematização das Matemáticas Estáticas. Por volta do século IV à II a.C. a Matemática foi ministrada de forma clássica e enciclopédica de reduzido a contar números inteiros, cardinais, ordinais, através da memorização e repetição. Já no século V d.C., o ensino passou a ter um caráter estritamente religioso com o objetivo de entender os cálculos dos calendários litúrgicos e determinar as 175 datas religiosas. Entre os séculos VIII e IX surgiram as escolas e os sistemas de ensino eram organizados, assim, a Matemática passou a ter um caráter empírico. Após o século XV, com o avanço das navegações, houve novas descobertas na Matemática, voltadas para atividades práticas atendendo as produções de comércio e indústria exigidos pela navegação. No século XVI determinou-se o período da Matemática de Grandezas Variáveis, pois, foram sistematizadas a geometria analítica, a geometria projetiva, o cálculo diferencial e integral, a teoria das séries e a teoria das equações diferenciais. No Brasil, neste mesmo período os jesuítas instalaram colégios católicos com caráter clássico-humanista, porém, os conteúdos matemáticos não alcançaram destaque nas práticas pedagógicas. Surgiu no século XVII à concepção de lei quantitativa que levou ao conceito de função e do cálculo infinitesimal, foram criadas máquinas industriais e artefatos mecânicos incorporaram novos elementos aos estudos da Matemática. O século XVIII foi demarcado pelas revoluções francesa e industrial, marcado pelo início da intervenção estatal na educação. A Matemática direcionou-se a atender aos processos de industrialização. Nesse período intensificaram-se as diferenças entre as classes sociais e o Ensino da Matemática tinha um caráter técnico com objetivo de preparar os estudantes para as academias militares. Com a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil em 1808 houve um processo e separação dos conteúdos em: Matemática Elementar e Matemática Superior. O desenvolvimento matemático no século XIX é considerado como um período das Matemáticas Contemporâneas houve uma reconsideração crítica dos sistemas de axiomas, dos métodos lógicos e demonstrações matemáticas. A partir do século XX muitas atividades desenvolvidas pelo homem foram substituídas por máquinas. Esse foi o início de um movimento mundial de renovação do ensino da Matemática. Entre 1900 e 1914, a Matemática foi desdobrada em outras disciplinas e marcou presença na carga horária semanal. Nessa época Euclides Roxo solicitou ao Governo Federal a junção das disciplinas: aritmética, álgebra, geometria e trigonometria numa única denominada matemática. 176 Ideias reformadoras foram introduzidas pelo movimento da Escola Nova, orientado por uma concepção empírico-ativista, pressupondo a valorização dos processos de aprendizagem e o envolvimento dos estudantes em atividades de pesquisa, atividades lúdicas, resolução de problemas, jogos e experimentos. Até o final dos anos 50 prevaleceu a tendência formalista clássica, baseada no modelo euclidiano e na concepção platônica da matemática. Após essa década observou-se a tendência formalista moderna tendo uma abordagem internalista da matemática. O ensino era centrado no professor que demonstrava os conteúdos em sala de aula. Foram implementados alguns grupos de estudo como GEEM, NEDEM, GEEMPA e GEPEM. Com a instauração do Regime Militar em 1964, oficializou-se a tendência pedagógica tecnicista, cujo objetivo era a preparação do indivíduo para ser útil e servir ao sistema. O método de aprendizagem era enfatizado na memorização de princípios e formas e os conteúdos eram organizados por especialistas. Na tendência construtivista a Matemática era vista como uma construção constituída por estruturas abstratas entre formas e grandezas, dando maior ênfase ao processo e não ao produto. Outra tendência que surgiu a partir da ineficiência do movimento modernista foi a sócio-cultural, que valorizou aspectos sócio-culturais e tinha a sua base teórica e pratica na Etnomatemática. Também presente no contexto educacional a tendência histórico-crítica concebia matemática como um saber vivo, dinâmico, construído historicamente, para atender as necessidades sociais e teóricas. Em 1987 a SEED/PR, iniciou discussões com professores para a elaboração de propostas para seu sistema de ensino, concluindo a reestruturação do 2ª grau em 1988. Foram também redistribuídos os conteúdos matemáticos e a carga horária nas modalidades de Educação Geral, Magistério, Técnico em Contabilidade e Ensino Agrícola. Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9.394/96, inseriu-se novas interpretações sobre ensino e foram criadas as disciplinas de Geometria, Desenho Geométrico e Álgebra. 177 Finalmente em 1998 houve a distribuição dos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais), que trouxeram sínteses das tendências metodológicas em Educação Matemática e os procedimentos de avaliação. A partir de 2003, a SEED elabora o documento de Diretrizes Curriculares num processo de discussão coletiva com os professores da rede pública estadual e resgata importantes considerações a respeito de abordagens sobre o ensino e a aprendizagem da Matemática. As discussões entre educadores matemáticos do início do século XX já apontavam para a necessidade de se compreender como acontecia o ensino da Matemática, de forma que se demarcasse nos currículos escolares uma postura que possibilitasse aos estudantes realizar análises, discussões, conjecturas, apropriação de conceitos e formulação de ideias. Tais discussões procuravam trazer para a educação escolar um ensino da Matemática diferente daquele proveniente das engenharias que, até então, demarcava, de forma prescritiva, um ensino clássico que privilegiava métodos puramente sintéticos, cuja premissa pautava no rigor das demonstrações matemáticas. Surgiram as ideias que vislumbravam um ensino da Matemática baseado nas explorações indutivas e intuitivas. As primeiras manifestações matemáticas surgiram da necessidade do homem primitivo, de quantificar, contar e realizar trocas. Ao longo da história, esse conhecimento foi desenvolvido a partir das necessidades de sobrevivência, fazendo com que os homens elaborassem códigos de representações. Para Lorenzato e Fiorentini (2001), Educação Matemática é uma área que engloba inúmeros saberes, na qual, apenas, o conhecimento da matemática e a experiência de magistério não garantem competência a qualquer profissional que nela trabalhe. E para Pitombeira é “o estudo de todos os fatores que influem, direta ou indiretamente, sobre todos os processos de ensino-aprendizagem em Matemática e a atuação sobre esses fatores”. A Educação Matemática, assim, implica olhar a própria matemática do ponto de vista do seu fazer e do seu pensar, da sua construção histórica; implica também olhar o ensinar e o aprender matemático, buscando compreendê-los. Através do 178 conhecimento matemático, o homem quantifica, geometriza, mede e organiza informações, ou seja, é impossível não reconhecer o valor educativo dessa Ciência. Assim, o trabalho na sala de aula dar-se-á de modo articulado, de forma que os conteúdos ganharão significado e os estudos partam das relações que podem ser estabelecidas com contextos históricos, sociais e culturais, incluindo no contexto interno a própria Matemática. Dessa forma, o ensino da Matemática tratará da construção do conhecimento matemático, por meio de uma visão histórica em que os conceitos foram apresentados, discutidos, construídos e reconstruídos, influenciando na formação do pensamento humano e na produção de sua existência, por meio das ideias e das tecnologias. Nos últimos anos as escolas vêm estudando mais detalhadamente e incluindo em seu projeto político pedagógico, temas como inclusão, educação no campo juntamente com história e cultura afro-brasileira, africana e indígena para serem trabalhados em todas as disciplinas no contexto escolar. A partir da mudança realizada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, ampliou-se a abrangência da educação especial em todos os níveis de ensino. No final do século XX, através de movimentos sociais deu-se maior ênfase à educação do campo, por se tratar de um lugar onde as pessoas têm como lugar de vida, de trabalho, de cultura, da produção de conhecimento na sua relação de existência e sobrevivência Na disciplina de Matemática, esse conteúdo está diretamente ligado ao cotidiano escolar, visto que muitos conteúdos podem ser trabalhados de forma contextualizada. A obrigatoriedade da inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena nos currículos da Educação Básica trata-se de decisão política, com fortes repercussões pedagógicas, inclusive na formação de professores. A relevância do estudo de temas decorrentes da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena não se restringe à essa camada da população, ao contrário, dizem respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade multicultural e plurietnica, capazes de construir uma nação 179 democrática. Aos estabelecimentos de ensino está sendo atribuída responsabilidade de acabar com o modo falso e reduzido de tratar a contribuição dos africanos escravizados e de seus descendentes para construção da nação brasileira, como a escola é responsável pela conquista de cidadãos atuantes e democráticos onde estes devam compreender as relações sociais e étnico-raciais de que participam e ajudam a manter, sendo estes capazes de decodificar palavras, fatos e situações a partir de diferentes perspectivas, de desempenhar em áreas de competências que lhes permitam continuar e aprofundar estudos em diferentes níveis de formação. A escola deve promover ações que propiciem o contato com a cultura africana, afro descendente e indígena, discussões e atividades que tenham como foco a criança, jovem negro e índio, a sua família em diferentes contextos sociais e profissionais para a valorização da diversidade étnica brasileira. Especificamente dentro desta disciplina, podemos trabalhar dados do IBGE sobre a composição da população brasileira, renda e escolaridade no país e no município, bem como análise de pesquisas relacionadas ao negro e mercado de trabalho no país. Discussões entre educadores matemáticos do início do século XX já apontavam para a necessidade de se compreender como acontecia o ensino da Matemática, de forma que se demarcasse, nos currículos escolares, uma postura que possibilitasse aos alunos realizar análises, discussões, conjecturas, apropriação de conceitos e formulação de ideias. Dentro dessa perspectiva, foram formulados os seguintes objetivos gerais: Prever a formação de um estudante crítico, capaz de agir com autonomia nas suas relações sociais e, para isso, é necessário que ele se aproprie de conhecimentos, dentre eles, o matemático; Proporcionar ao aluno a construção dos conceitos partindo do concreto para o abstrato; Ver a matemática como um instrumento modificador da realidade, capaz de simplificar o trabalho e contribuir para o melhoramento da vida em sociedade; 180 Relacionar a matemática com o cotidiano, facilitando a sua compreensão e entendimento; Proporcionar um entendimento do mundo em que vive e os problemas que enfrenta utilizando a matemática para dar solução e agilizar o raciocínio lógico. Desenvolver a capacidade de analisar, comparar, conceituar, abstrair e generalizar. Conhecer, interpretar e utilizar corretamente a linguagem matemática associando-a com a linguagem usual. 2.11.2 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES A seleção dos conteúdos estruturantes (entendem-se, por Conteúdos Estruturantes os saberes que identificam e organizam os campos de estudos de uma disciplina escolar) divide-se em: a) ENSINO FUNDAMENTAL Números e Álgebra; Grandezas e Medidas; Geometrias; Tratamento da Informação; Funções. b) ENSINO MÉDIO POR BLOCOS Números e Álgebra: Grandezas e Medidas: Funções Geometrias Tratamento da Informação: CONTEÚDOS ESPECÍFICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL 6º ANO Números e Álgebra: • Sistemas de numeração; 181 • Números naturais; • Múltiplos e divisores; • Potenciação e radiciação; • Números fracionários; • Números decimais. Grandezas e Medidas: • Medidas de comprimento; • Medidas de massa; • Medidas de área; • Medidas de volume; - Medidas de tempo; • Medidas de ângulos • Sistema Monetário. Geometrias • Geometria Plana; • Geometria Espacial; Tratamento da Informação: • Dados, tabelas e gráficos; • Porcentagem. 7º ANO Números e Álgebra: • Números Inteiros; • Números Racionais; • Equação e Inequação do 1º grau; • Razão e proporção; • Regra de três simples. Grandezas e Medidas: • Medidas de temperatura; 182 • Ângulos. Geometrias: • Geometria Plana; • Geometria Espacial; • Geometria não-euclidiana. Tratamento da Informação: • Pesquisa Estatística; • Média Aritmética; • Moda e mediana; • Juros simples. 8º ANO Números e Álgebra: • Números Racionais e Irracionais; • Sistemas de equações do 1º grau; • Potências; • Monômios e polinômios; • Produtos notáveis. Grandezas e Medidas: • Medidas de comprimento; • Medidas de área; • Medidas de volume; • Medidas de ângulos. Geometrias: • Geometria Plana; • Geometria Espacial; • Geometria Analítica; • Geometria não-euclidiana. Tratamento da Informação: 183 • Gráfico e informação; • População e amostra. 9º ANO Números e Álgebra: • Números Reais; • Propriedades dos radicais; • Equação do 2º grau; • Teorema de Pitágoras; • Equações Irracionais; • Equações Biquadradas; • Regra de Três Composta. Grandezas e Medidas: • Relações métricas no triângulo retângulo; • Trigonometria no triângulo retângulo. Funções: • Noção intuitiva de Função Afim; • Noção intuitiva de Função Quadrática. Geometrias: • Geometria Plana; • Geometria Espacial; • Geometria Analítica; • Geometria não-euclidiana. Tratamento da Informação: • Noções de Análise Combinatória; • Noções de Probabilidade; • Estatística; • Juros Compostos. 184 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS DO ENSINO MÉDIO POR BLOCOS 1ª SÉRIE Números e Álgebra Teoria dos Conjuntos Conjuntos numéricos Funções Função Afim Função Polinomial Função Quadrática Função Exponencial Função Logarítmica Função Trigonométrica Função Modular Progressão Aritmética Progressão Geométrica Números e Álgebra Equações e inequações Equações exponenciais, logarítmicas e modulares Grandezas e medidas • Trigonometria 2ª SÉRIE Tratamento da Informação Análise combinatória Estudo das probabilidades Números e Álgebra ∗ Matrizes ∗ Determinantes ∗ Sistemas lineares 185 Geometrias Geometria plana Geometria espacial 3ª SÉRIE Números e Álgebra • Números complexos • Polinômios Geometrias ∗ Geometria analítica 2.11.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA DISCIPLINA O ensino da matemática terá como estratégia, um estudo condizente com a aplicação e utilização direcionada à realidade, que desperte interesse por parte dos estudantes nos conteúdos ocasionando, consequentemente a aprendizagem. À abordagem dos conteúdos ocorrerá de forma articulada, possibilitando a transição por todas as tendências metodológicas da educação matemática (Resolução de problemas, Modelagem Matemática, Etnomatemática, História da Matemática, o uso de Mídias Tecnológicas e Investigações Matemáticas), cabendo ao professor a articulação entre conceitos de cada conteúdo matemático. Nesta perspectiva, serão trabalhados também, conforme surgirem as necessidades e as oportunidades, cidadania e direitos humanos, educação ambiental, educação fiscal, prevenção ao uso indevido de drogas e enfrentamento a violência na escola, sexualidade humana, bem como o estudo da cultura afro- brasileira, africana e indígena, a inclusão e a diversidade, conforme Instrução 009/11 – SUED/SEED. Dessa forma, para alcançar esses objetivos, serão utilizadas aulas expositivas, conversação, estudo em grupos, atividades com jornais e revistas, recursos audiovisuais, resolução de exercícios e testes, resoluções de problemas, pesquisas históricas, confecção de jogos e figuras, enfim, exercícios que esteja ligado ao cotidiano do aluno. Quando se analisa os aspectos metodológicos do Ensino Médio por Blocos percebe-se a necessidade de adequação do fazer pedagógico a fim de ajustar a 186 discussão dos conteúdos à organização das aulas geminadas (duplas) e em um formato mais concentrado de aulas, com um número menor de disciplinas por semestre. Considerando esse aspecto temporal é possível quanto há uma diversificação do fazer metodológico, aprofundar os conteúdos discutidos em sala de aula e avaliá-los ainda na mesma aula. A apresentação dos conteúdos será através de aulas expositivas, vídeos, slides, etc, onde os educandos tomarão conhecimento da origem dos temas relacionados a esta disciplina, assim como suas regras e fundamentos, onde dentro do possível poderão vivenciá-las praticando. Os recursos didáticos utilizados para o ensino da disciplina serão a TV multimídia, aparelhos de DVDs, rádio, quadro e giz, a exposição oral, pesquisas na internet através do laboratório de informática, etc. 2.11.4 AVALIAÇÃO Entende-se a avaliação como um meio de aprendizagem que tem como função, auxiliar alunos e professores a identificarem de que forma está ocorrendo o processo de ensino-aprendizagem, ou seja, é algo mais do que buscar resultado. É um processo de observação e verificação de como os alunos desenvolveram os conhecimentos matemáticos, é parte integrante do processo ensino-aprendizagem. De acordo com essa nova concepção, a avaliação será definida a partir de novos princípios, não informará apenas o desempenho do aluno em sala de aula, como a do professor sobre sua prática em sala de aula. A avaliação será o instrumento pelo qual o professor redirecionará o processo de ensino-aprendizagem sempre que necessário. Avaliação tem um papel de mediação no processo de ensino aprendizagem, ou seja, ensino, aprendizagem e avaliação devem ser vistos integrados na prática docente. Atualmente, a avaliação assumiu dimensões mais amplas do que simplesmente atribuir notas, promover ou reter o aluno, tornando-se parte integrante desse processo. Avaliar é fazer um julgamento sobre resultados, uma comparação sobre o que foi obtido e o que pretende alcançar. Todos os instrumentos de medida e avaliação são eficientes quando usados criteriosamente e de acordo com os 187 objetivos previstos. Os requisitos básicos de um bom instrumento de avaliação são a validade e fidedignidade, além de outras características, como objetividade e a praticidade. Dessa forma, todo o processo avaliativo no qual a disciplina será desenvolvida, terá como base a avaliação diagnóstica, formativa, somativa e conceitual. Para avaliar o alcance dos objetivos propostos pela disciplina, serão realizadas duas notas ao longo do semestre, sendo que as mesmas serão divididas em: ∗ Um processo contínuo e sistemático, portanto, deve ser constante e planejado, fornecendo retorno ao professor e permitindo a recuperação dos conteúdos não assimilados pelo aluno; ∗ Funcional, porque verifica se os objetivos previstos estão sendo atingidos; ∗ Orientadora, visto que, permite ao aluno conhecer erros e corrigi-los o quanto antes; ∗ Integral, pois, considera o aluno como um todo, ou seja, não apenas os aspectos cognitivos são analisados, mas, igualmente os comportamentos e a habilidade psicomotora. Neste contexto, os critérios estabelecidos para avaliar variam de acordo com os conteúdos trabalhados em cada série. Assim, espera-se que o aluno tenha um mínimo de entendimento e conhecimento sobre números e álgebra, grandezas e medidas, geometrias, tratamento da informação e funções, de acordo com o nível de complexidade de cada série. • comunica-se matematicamente, oral ou por escrito; • compreende, por meio da leitura, o problema matemático; • elabora um plano que possibilite a solução do problema; • encontra meios diversos para a resolução de um problema matemático; • realiza o retrospecto da solução de um problema. Assim, nesse processo, o aluno deve ser estimulado a: • partir de situações-problema internas ou externas à matemática; 188 • pesquisar acerca de conhecimentos que possam auxiliar na solução dos problemas; • elaborar conjecturas, fazer afirmações sobre elas e testá-las; • perseverar na busca de soluções, mesmo diante de dificuldades; • sistematizar o conhecimento construído a partir da solução encontrada, generalizando, abstraindo e desvinculando-o de todas as condições particulares; • socializar os resultados obtidos, utilizando, para isso, uma linguagem adequada; • argumentar a favor ou contra os resultados. As necessidades educacionais especiais são definidas pelos problemas de desenvolvimento da aprendizagem apresentado pelo aluno, em caráter temporário ou permanente, sendo assim dever da escola incluir esta modalidade de educação como proposta pedagógica. Cabe à escola, juntamente com a equipe pedagógica, avaliar as necessidades que comprometem o processo de aquisição de aprendizagem. Não basta apenas dizermos que a escola é inclusiva, é necessário que ela garanta o acesso e a permanência do aluno na mesma. Baseados no princípio de que a escola é a principal responsável na formação do cidadão, devemos conscientizá-los de que as pessoas com necessidades educacionais especiais são parte integrante da sociedade e devemos acolhê-los sem preconceito. Portanto, cabe ao professor fazer adaptações curriculares ou modificações que se efetuam nos objetivos, conteúdos, critérios de avaliação ou nas atividades de ensino-aprendizagem, para atender à diversidade de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais. A avaliação na disciplina está em consonância com o Projeto Político Pedagógico do colégio o qual propõe 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para testes ou provas e 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para atividades, trabalhos, seminários, debates, etc, somando assim, 10,0 (dez vírgula zero) pontos, dos quais cada aluno (a) deve atingir o mínimo de 6,0 (seis vírgula zero), para aprovação, conforme Resolução nº 3794/04 da SEED (Secretaria de Estado da Educação) 2.11.5 REFERÊNCIAS 189 BRASIL. Lei n° 9394/96. Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 20 de dezembro de 1996. BONGIOVANNI; VISSOTO; LAUREANO. Matemática e vida. BONJORNO, J. R. Matemática: fazendo a diferença. 1 ed. São Paulo: FTD, 2006. BOYER; C.B. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blücher, 1996. CARAÇA; B. J. Conceitos Fundamentais da Matemática. 4 ed. Lisboa: Gradiva, 2002. COURANT; R.; ROBBINS; H. O que é matemática? Uma abordagem elementar de métodos e conceitos. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2000. DANTE, L. R. Didática da Resolução de Problemas. São Paulo: Ática, 1989. D’AMBRÓSIO, U. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. D’AMBRÓSIO, B. Como Ensinar Matemática hoje? Temas e Debates. Rio Claro; n°2, ano II: Mar, 1989. GIOVANNI, CASTRUCCI; CASTRUCCI JR. A conquista da Matemática. Vol 1, 2, 3, 4. GUSSO, Angela Mari. Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações Pedagógicas para os anos iniciais. - Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação, 2010. IFRAH, G. Os Números: A História de uma Grande Invenção. 7 ed. São Paulo: Globo, 1994. JACUBO; LELIS. Matemática na medida certa. LUCKESI; C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 14 ed. São Paulo: Cortez, 2002. MIORIM, M. A O ensino de Matemática: Evolução e modernização. Campinas, 1995. Tese (Doutorado em educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas. PARANÁ. Diretrizes Curriculares Estaduais para o ensino da Matemática, 2008. Sites utilizados: http://www.somatematica.com.br http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br 190 2.12. PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE QUÍMICA 2.12.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA O desenvolvimento de saberes e de práticas ligadas a transformação da matéria e presentes na formação das diversas civilizações foi estimulado por necessidades humanas, tais como: a comunicação, o domínio do fogo e após o processo do cozimento. Tais saberes e práticas como manipulação dos metais, chás, remédios, vitrificação, feitura dos unguentos, iatroquímica entre outros, não podem ser classificados como ciência moderna denominada Química, mas como ações e procedimentos que contribuíram para a elaboração do conhecimento químico desde o século XVII. Considera-se essencial retomar fatos marcantes da história do conhecimento químico em suas inter-relações econômica, política e social. Inicialmente o ser humano obteve a partir do fogo seus benefícios como: extração, produção e tratamento dos metais. Na história do conhecimento químico a alquimia foi uma das formas de entender a constituição desse saber. A Química como ciência teve seu início na Europa no cenário de desenvolvimento do modo de produção capitalista, dos interesses econômicos, das relações de produção, de poder que marcaram a constituição desse saber. Com o o uso das tecnológias, houve novas descobertas e avanços científicos que marcaram as transformações nas ciências, com destaque a Química que cada vez mais está envolvida com o capitalismo presente na sociedade e na escola. A química tem forte presença na vida das pessoas, porém apresenta uma complexidade devido seus conceitos e o rápido crescimento do conjunto de conhecimentos que envolve. Assim como os demais saberes, não é algo pronto, acabado e inquestionável, mas em constante transformação. Desta forma, para que o ensino de química seja eficiente e possível, são necessárias modificações nos conteúdos curriculares, bem como na metodologia de ensino, que deve ser baseada em pesquisas. Comparemos alguns exemplos: Se não entendêssemos de átomos, ou moléculas, ou ainda como ocorrem as reações ou se ninguém se interessasse por isso, será que existiriam os remédios que usamos hoje? Há se não fossem os 191 químicos! Bom, talvez não existisse também a bomba atômica e contaminações por agrotóxicos, mas talvez não existiriam os aparelhos de raioX, usinas nucleares, datação por carbono-14, controle de pragas, que usam o mesmo principio! Também não existiram os computadores, pois a mecânica quântica aplicada aos processadores não seria desenvolvida por nenhum químico e nenhum físico. Então não existiria também este papel, que o possibilita ler este texto crítico, muito menos existiria a tinta que tem propriedades eletrostáticas e gruda no papel por diferença de carga, nem se quer uma lâmpada de W para iluminar suas noites. Mas ainda, para que aprender o que já se sabe? Já dizia Lavoisier, na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, ou seja, para que vejamos os horizontes é preciso subir nos ombros de gigantes (evoluir usando conhecimentos antigos), citando como exemplo clássico, o computador, uma excelente ferramenta rápida, mas lembra-se dos computadores 286, eles não eram nada rápidos, logo no entanto, serviram como base para os de hoje como os super Pentium quadri, por exemplo. Atualmente vivemos uma revolução no campo do ensino de química, de um lado alguns querendo mudar , outros tentando acompanhar e ainda há os passivos que continuam parados, mas acima de tudo, entendemos que a aprendizagem do aluno está nas mãos do professor. Sabendo que a aprendizagem depende , na maioria das vezes do domínio de conceitos, é fundamental promover uma boa aprendizagem. Nesta perspectiva, é preciso esclarecer ao aluno que a química está presente em tudo o que está a nossa volta. Ainda, é necessário que o aluno adquira uma visão sistematizada das diferentes linguagens e campos de estudo da química, estabelecendo conexões entre seus diferentes temas e conteúdos, o que possibilitará uma compreensão do mundo, no qual a química é parte integrante, articulando o conhecimento químico e o conhecimento de outras áreas no enfrentamento de situações problema como identificar e relacionar aspectos químicos, físicos e biológicos em estudo sobre produção e destino, com aspectos sociais, ambientais e econômicos. Os conhecimentos de Química podem ser incorporados à prática dos professores e abordados conforme a necessidade dos alunos, como por exemplo, 192 estudos sobre a correção dos solos. Trabalhar de maneira interdisciplinar, contextualizando os conteúdos de forma a atender a demanda dos alunos que é essencialmente agrícola, oportunizando a busca de culturas alternativas e menos tóxica. Nos estabelecimentos de ensino, através das Leis: 10.639/03 e11645/08 torna-se obrigatório o ensino sobre a cultura afro-brasileira, Africana e Indígena. Desta forma, esses temas serão abordados pela disciplina de Química, de forma contextualizada, articulados com os respectivos objetos de estudo da disciplina e sob o rigor de seus referencias teórico-conceituais. Além disso, serão também articulados aos conteúdos da disciplina as temáticas de Desenvolvimento Sócioeducacional : o Enfrentamento à Violência; Combate ao uso Indevido de Drogas; Sexualidade; Relações Étnico-Raciais, Educação Ambiental, Educação Fiscal, Direitos Humanos. Será garantido a inclusão de alunos(as) com necessidades educacionais especiais, possibilitando a inserção dos mesmos em sala de aula, bem como, proporcionando-lhes o acesso ao conteúdo, através de adaptação curricular, de forma a contribuir para a seu desenvolvimento e sua aprendizagem. Os objetivos da disciplina de química são: • Despertar no(a) aluno(a) o interesse pela pesquisa do campo, produção orgânica e cuidados químicos com o solo e consequências; • Cumprindo-se a lei nº10.639/03, referente à história e cultura Afro-brasileira e africana, será abordado dados referentes a química, como a porcentagem de químicos desta origem e quais os conhecimentos usados por estes no passado, assim como detalhes químicos condizentes a respeito da cor negra (melanina); • Despertar no(a) aluno(a) o interesse pela pesquisa científica utilizando a química no seu cotidiano; • Estimular o conhecimento da natureza e das transformações que nelas ocorrem; • Desenvolver a capacidade do(a) aluno(a) na resolução de problemas propostos visualizando a relação interdisciplinar na investigação científica; 193 • Incentivar no(a) aluno(a) a compreensão do papel que a ciência desempenha no desenvolvimento do universo em que vive; • Conscientizar o(a) aluno(a) de que o conhecimento científico é dinâmico, e mutável, ajudando-a(o) a ter uma necessária visão crítica da ciência; • Estabelecer uma relação entre os processos químicos e o mundo de forma abrangente e integrada; • Possibilitar ao(a) aluno(a) a compreensão tanto de processos químicos em si, quanto da construção de um conhecimento científico em estreita relação com as aplicações tecnológicas e as suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas; • Utilizar conhecimentos da química para explicar o mundo natural e planejar, executar e avaliar intervenções práticas; • Utilizar instrumentos de medição e cálculo; • Elaborar estratégias de enfrentamento das questões; • Articular o conhecimento científico e tecnológico em uma perspectiva interdisciplinar. 2.12.2 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES / BÁSICOS DA DISCIPLINA MATÉRIA E SUA NATUREZA BÁSICOS MATÉRIA: Constituição da matéria; Estados de agregação; Natureza elétrica da matéria; Modelos atômicos (Rutherford, Thomson, Dalton, Bohr...); Estudo dos metais. Tabela periódica. SOLUÇÃO: Substância: simples e composta; Misturas; Métodos de separação; Solubilidade; Concentração; Forças intermoleculares; Temperatura e pressão; Densidade; Dispersão e suspensão e Tabela Periódica. LIGAÇÃO QUÍMICA: 194 Tabela periódica; Propriedade dos materiais; Tipos de ligações químicas em relação aos materiais ; Solubilidade e as ligações químicas; Interações intermoleculares e as propriedades das substâncias moleculares; Ligações de Hidrogênio; Ligação metálica(elétrons semi-livres); Ligações sigma e pi. Ligações polares e apolares e Alotropia. REAÇÕES QUÍMICAS: Reações de Oxi-redução; Reações exotérmicas e endotérmicas; Diagramas das reações exotérmicas e endotérmicas; Variação de entalpia; Calorias; Equações termoquímicas ; Princípios da termodinânica; Lei de Hess; Entropia e energia livre; Calorimetria e Tabela Periódica. ESTRUTURANTE BIOGEOQUÍMICA BÁSICOS VELOCIDADE DAS REAÇÕES: Reações químicas; Lei das reações químicas; Representação químicas; Condições fundamentais das reações para ocorrência das reações químicas. (natureza dos reagentes, contato entre os reagentes, teoria de colisão); Fatores que interferem na velocidade das reações (superfície de contato, temperatura, catalisador, concentração dos reagentes , inibidores); Lei da velocidade das reações químicas e Tabela Periódica. RADIOATIVIDADE: Modelos Atômicos (Rutherford); Elementos Químicos (radioativos); Tabela periódica; Reações químicas; Velocidades das reações ; Emissões radioativas; Leis da radioatividade; Cinética das reações químicas e fenômenos radioativos (fusão e fissão nuclear). ESTRUTURANTE QUÍMICA SINTÉTICA BÁSICO EQUILÍBRIO QUÍMICO: 195 Reações químicas reversíveis; Concentração; Relações matemáticas e o equilíbrio químico (constante de equilíbrio); Deslocamento de equilíbrio (princípio de Le Chatelier): concentração, pressão, temperatura e efeito dos catalizadores; Equilíbrio químico em meio aquoso (pH, constante de ionização, Ks) e Tabela Periódica. GASES Estados físicos da matéria; Tabela periódica; Propriedades dos gases (densidade/difusão e efusão, pressão x temperatura, pressão x volume e temperatura x volume); Modelo de partículas para os materiais gasosos; Misturas gasosas; Diferença entre gás e vapor e Leis dos gases. FUNÇÕES QUÍMICAS Funções Orgânicas; Funções Inorgânicas e Tabela Periódica. 2.12.3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DA DISCIPLINA Como uma ciência eminentemente experimental, a Química está em pleno desenvolvimento e suas aplicações podem ser percebidas em muitos eventos comuns que se passam conosco e ao nosso redor. Situando o(a) educando(a) como agente da história, proporcionamos um suporte para a construção de sua profissão no futuro e, na interação com as demais disciplinas, o tornamos capazes de desenvolver o seu espírito critico, compreender suas relações com o ambiente natural e social e, desta forma, interagir construtivamente com ele(a). Apropriando-se do conhecimento científico o estudante poderá utiliza-lo para “ler” (interpretar) o mundo, assim procurando, sempre que possível, estar inserido no contexto histórico, cultural, social e político do educando, tendo em vista as aplicações no seu cotidiano e também da participação da resolução das grandes questões da sociedade destacando o papel da química como modificadora da realidade, seja pelo histórico da sua evolução, seja pela análise e compreensão do impacto de suas ações sobre a sociedade. Contextualizar a disciplina de Química, significa em primeiro lugar, observá-la no ponto de vista da sustentabilidade, trazendo para discussões e reflexões em sala de aula, informações sobre alguns produtos químicos que causam efeitos negativos para os seres vivos. 196 A química pode ser vista como conteúdo científico-tecnológico a que implica fazer breves inclusões nos diferentes e inúmeros setores da vida a mesma se faz presente, como por exemplo: a química nas indústrias do creme dental, do sabonete, dos alimentos, dos combustíveis, etc., que serão pesquisados pelo educando com objetivo de acrescentar estes dados ao conhecimento do(a) aluno(a), fazendo a ligação entre a ciência química como disciplina e a química observada como conteúdo científicotecnológico. Do mesmo modo este objetivo deve despertar no educando que a industria química é para ele uma das alternativas de trabalho para o seu futuro. Um aspecto importante a ser considerado no trabalho com a disciplina de Química é a retomada histórica e epistemológica das origens e evolução do pensamento na ciência Química, propiciando condições para que o educando perceba o significado do estudo dessa disciplina, bem como a compreensão de sua linguagem própria e da cultura científica e tecnológica oriundas desse processo, pois as diversas contingências históricas têm levado os professores a deixar de lado a importância do saber sistematizado, resultando numa prática pedagógica pouco significativa. É fundamental mencionar, também, a utilização de experimentos e as práticas realizadas em laboratório como um dos recursos a serem utilizados no trabalho docente, a fim de que o educando possa visualizar uma transformação química, inserindo conceitos pertinentes e estabelecendo relações de tal experimento com aspectos da sua vivência. Segundo BIZZO (2002, p.75), é importante que o professor perceba que a experimentação é um elemento essencial nas aulas de ciências, mas que ela, por si só, não garante bom aprendizado. (...) ...a realização de experimentos é uma tarefa importante, mas não dispensa o acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar quais são as explicações apresentadas pelos alunos para os resultados encontrados. É comum que seja necessário propor uma nova situação que desafie a explicação encontrada pelos alunos. 197 Nesse sentido, um aspecto importante a ser considerado é o fato de que o educador não deve se colocar como o verdadeiro e único detentor do saber, apresentando todas as respostas para todas as questões. Conforme BIZZO (2002, p.50), o professor deveria enfrentar a tentação de dar respostas prontas, mesmo que detenha a informação exata, oferecendo novas perguntas em seu lugar, que levassem os alunos a buscar a informação com maior orientação e acompanhamento. Perguntas do tipo “por quê?” são maneiras de os alunos procurarem por respostas definitivas, que manifestem uma vontade muito grande de conhecer. Se o professor apresenta, de pronto, uma resposta na forma de uma longa explicação conceitual, pode estar desestimulando a busca de mais dados e informações por parte dos alunos. Ao proceder dessa forma, o educador leva o educando a pensar e a refletir sobre o assunto trabalhado, estimulando-o a buscar mais dados e informações. Um outro aspecto a ser considerado no trabalho docente, é a utilização do material de apoio didático como uma das alternativas metodológicas, de tal forma que não seja o único recurso a ser utilizado pelo educador. A respeito do livro didático, BIZZO (2002, p. 66) propõe que ele deve ser utilizado como um dos materiais de apoio, como outros que se fazem necessários, cabendo ao professor, selecionar o melhor material disponível diante de sua própria realidade, onde as informações devem ser apresentadas de forma adequada à realidade dos alunos. Ao pensar os conteúdos a serem trabalhados, o educador deve priorizar os essenciais, ou seja, aqueles que possam ter significado real à vida dos educandos jovens e adultos. Os conteúdos trabalhados devem possibilitar aos mesmos a percepção de que existem diversas visões sobre um determinado fenômeno e, a partir dessa relação, poderem constituir a sua própria identidade cultural, estimulando sua autonomia intelectual. Os conteúdos podem ser organizados sem a rígida sequencia linear proposta nos livros didáticos. Para tanto, deve ser avaliada a relevância e a necessidade desses conteúdos, assim como a coerência dos mesmos para o processo educativo. Dessa forma, para atender o que preconizam as leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008, que determinam o ensino dos conteúdos relacionados à História e Cultura Afro-brasileira e Africana e Cultura dos povos indígenas, as questões de gênero e diversidade sexual, educação ambiental, prevenção ao uso indevido de 198 drogas, enfrentamento à violência na escola, cidadania e direitos humanos e educação fiscal; direitos das crianças e dos adolescentes conforme prevê o ECA, serão contemplados em todas as séries. O desenvolvimento teórico acontecerá da seguinte maneira: Explicação, com perguntas dirigidas aos(a) alunos(as) ou leitura prévia do assunto teórico pelo(a) aluno(a), discussão em duplas das dúvidas e explanação do(a) professor(a) com exemplos. Exposição do assunto com a utilização de recursos áudio-visuais (TV pendrive e outros) e através de esquemas, resumos e desenhos no quadro-negro ou no retroprojetor. Estudo em grupo, principalmente na resolução de exercícios. Aulas práticas no laboratório de ciências e pesquisas no laboratório de informática, relacionando os assuntos teóricos. 2.12.4 AVALIAÇÃO A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei nº 9394/1996, a avaliação passa a ter prioridade no processo educativo. A avaliação leva em conta o conhecimento prévio do(a) aluno(a) e como ele(a) supera suas concepções espontâneas além de orientar e facilitar a aprendizagem. A avaliação não tem finalidade em si, mas tem de subsidiar e mesmo redirecionar o curso da ação do(a) professor(a), em busca de assegurar a qualidade do processo educacional no coletivo da escola. A avaliação pode ser estruturada como na tabela a seguir: TIPO DEFINIÇÃO FUNÇÃO Prova objetiva Série de perguntas Avaliar conteúdos diretas específicos Perguntas que exijam Abstrair, analisar capacidade de resumir, problemas e formular analisar. ideias. Prova dissertativa 199 Seminário Exposição oral Possibilitar a transmissão verbal das Trabalho em grupo Debate Relatório Individual Auto – avaliação Atividade de natureza informações Desenvolver o espírito coletiva colaborativo Discussão em que os(as) Aprender a defender alunos(as) expõem seu uma ideia ponto de vista Texto produzido pelos(as) Averiguar se o(a) alunos(as) aluno(a) adquiriu o Análise do seu próprio conhecimento Analisar seu ponto forte desempenho. e fraco A avaliação é algo mais do que buscar resultados. É um processo de observação e verificação de como os(as) educandos(as) aprendem os conhecimentos sobre a Química. É parte integrante do próprio processo de aprendizagem e tem como objetivo aprimorar a qualidade dessa aprendizagem. Por isso a avaliação será contínua, dinâmica, informal, para que através de uma série de observações sistemáticas possamos emitir juízo, valorativo sobre a evolução dos educandos na aprendizagem da Química. Finalmente, pode-se afirmar que a avaliação é um elemento significativo do processo de ensino-aprendizagem, que envolve a prática pedagógica do(a) educador(a), o desempenho do(a) educando(a) e os princípios que norteiam o trabalho da unidade escolar, ou seja, a avaliação vai além de simplesmente quantificar os resultados de um processo ao término de um período. Cabe ao educador apresentar o conceito ou nota ao educando, desde que acompanhados de orientações sobre como ele pode agir para aperfeiçoar seu desempenho e progredir no aprendizado de Química. A recuperação de conteúdos acontecerá a todo momento, sempre que detectado pelo(a) professor(a) ou até mesmo pelo(a) educando(a) carências no processo ensino-aprendizagem. 200 Os métodos a serem utilizados serão definidos de acordo com a carência do(a) educando(a), podendo ser, trabalhos em grupo, lista de exercícios, revisão de avaliação e conteúdo. A avaliação do desempenho dos(as) educandos(as) terá as seguintes finalidades: * Em relação aos(as) educandos(as): Verificar seu conhecimento Químicos; acompanhar o desenvolvimento de seus procedimentos Químicos; observar sua postura frente à Química; possibilitar reflexão sobre seus êxitos e dificuldades. * Em relação ao(a) educador(a): colher informações para orientação e para tomada de decisões em relação à atuação docente; identificar as áreas que apresentam dificuldades para os(as) educandos(as). Terá como base: * As respostas dos(as) educandos(as), quando eles manifestam de forma implícita ou explicativa suas certezas, dúvidas e erros. * As observações das ações e discussões efetuadas durante as tarefas individuais, em grupos pequenos ou com a classe toda. * Análise de provas, tarefas feitas em casa, diárias e trabalhos escritos. Será realizada através de: * Exercícios, problemas, pesquisas, resumos, esquemas e atividade extraclasse, sendo esta com peso de 50% da nota total do bimestre. * Provas de tipos variados com respostas discursivas, curtas, testes de múltipla escolha e somatórias, sendo esta com 50% de peso na nota total bimestral. * Realização de atividades experimentais. − Realização de avaliações adaptadas para alunos(as) com necessidades educativas especais, analisando cada caso em especial, sendo que cada deficiência proporciona uma limitação diferente para cada pessoa. 2.12.5 REFERÊNCIAS DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. Metodologia do Ensino de Ciências. São Paulo: Cortez, 1992. DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1996. 201 MION, R. A., SAITO, C. H. Investigação-Ação: Mudando o trabalho de formar professores. Ponta Grossa: Gráfica Planeta, 2001. MONTANARI, V. Energia nossa de cada dia. 2ª ed. Coleção Desafios. São Paulo: Moderna, 2003. PARANÁ, DCEs – Diretrizes Curriculares da Educação Básica, Química- 2008 PCNEM – Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, Parte III. Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Ministério da Educação e Cultura. Brasília: 1998. Revista Nova Escola – 2001 Diretrizes curriculares da rede pública de educação básica do estado do Paraná. 202 2.13 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA 2.13.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA: Compreender as características das sociedades capitalistas tem sido a preocupação da sociologia desde o início da sua consolidação como ciência da sociedade no final do século XIX. Nesse período, o capitalismo se configurava como uma nova forma de organização da sociedade caracterizada por novas relações de trabalho. Essas mudanças levaram os pensadores da sociedade da época a indagações e à elaboração de teorias explicativas dessa dinâmica social, sob diferentes olhares e posicionamentos políticos. Recorrendo à História com a finalidade de descobrirmos, além do contexto do surgimento da Sociologia, quem foram os precursores, como o filósofo Augusto Comte e o sociólogo Émile Durkheim, pensadores transformar a sociologia em saber que se empenharam em científico, focalizamos algumas teorias da sociologia que deram um outro olhar sobre o mundo, trazendo compreensão de que a sociedade é construída e acionada a partir das motivações e intenções dos homens, desmistificando a naturalidade de muitos fatos. Dos clássicos da sociologia Émile Durkheim apresenta uma visão funcionalista da sociedade. Mas Weber empenhou-se em compreender a sociedade a partir das pessoas que nela vivem, num enfoque micro social. Karl Marx, o mais polêmico deles, apresenta duras críticas à sociedade capitalista, na qual vivemos e, representa a perspectiva crítica da sociologia e nos ajudará a olharmos as relações de trabalho, isto é, o que motiva o mundo do capital e do lucro, leitura obrigatória para quem deseja compreender o porquê do enriquecimento de poucos, a miséria de muitos e a existência da exploração do mundo do trabalho. Euclides da Cunha, um dos autores que iniciaram o pensamento sociológico no Brasil, Gilberto Freyre e Caio Prado Junior, autores que propuseram a entender a “formação” do povo brasileiro, bem como a discutir quais seriam as causas dos supostos “atrasos” da nossa nação. Florestan Fernandes que procurou entender dentre outros fatos, as dificuldades do povo negro no Brasil, ou seja, os acontecimentos que transformaram esse grupo na maioria menos privilegiada e 203 pobre da nação brasileira. São autores que acreditamos serem essenciais para começarmos nossa reflexão sobre as sociedades de forma mais crítica e participativa. Desde então, essa tem sido a principal preocupação dessa ciência, qual seja, entender, explicar e questionar os mecanismos de produção, organização, domínio, controle e poder, institucionalizados, ou não que resultam em relações sociais de maior ou menor exploração ou igualdade. A sociedade globalizada assumiu tamanha complexidade e mostra-se por meios de tão diversas faces que tornou-se impossível a ciência sociológica, ou mesmo à qualquer outra ciência, responder ou explicar toda problemática social que se apresenta hoje, sem correr o risco de cair em simplificações banais. É preciso termos humildade para perceber que a amplitude das transformações sociais, políticas e culturais, econômicas e ecológicas que a sociedade e o planeta estão vivendo não nos permite explicações estreitas ou sectárias, com pretensões de apropriar-nos da verdade. Desta forma, propor que tais conhecimentos contribuam para a crítica às contradições sociais, política e econômicas presentes na sociedade contemporânea, propiciar e compreender a produção cientifica, a reflexão filosófica, criação artística nos contextos em que ela se constitui. Por outro lado, pensamos que a complexidade e a amplitude que caracterizam as sociedades contemporâneas também não devem nos intimidar ou amedrontar, mas sim nos desafiar para o estudo, para a atuação política no mundo em que vivemos. É, portanto, à partir dessa dupla perspectiva que trabalharemos com sociologia em nossa escola. Os conteúdos desenvolvidos foram escolhidos a partir das Diretrizes Curriculares da disciplina, as quais foram discutidas em simpósios e encontros envolvendo professores da área. Certamente muitos outros temas e conteúdos poderão ser contemplados em trabalhos futuros, pois trata-se do resultado de um trabalho realizado coletivamente por professores pública de ensino, os quais, lançando mão de seus da rede conhecimento teóricos, articulados aos conhecimentos obtidos na prática escolar, ousaram escrever para seus alunos reais, considerando suas dificuldades, diferenças e necessidades. É com esse espírito que trabalharemos sociologia, não encontraremos respostas 204 prontas, tampouco receitas de como agir na sociedade para tornar-se um cidadão bem sucedido ou um bom consumidor, mas nos defrontaremos com desafios que poderá nos levar a refletir sobre o mundo ao qual pertencemos e, quem sabe, contribuir para uma inserção crítica e participativa na sociedade. São atitudes como essa que precisamos para a construção de uma sociedade cujas relações apontem para a transformação social. Considerando que o conhecimento que identifica uma ciência e uma disciplina escolar é histórico, não é estanque, nem está cristalizado, o que caracteriza a natureza dinâmica e processual de todo e qualquer currículo. Assim, reconhece-se que, além de seus conteúdos “mais estáveis”, as disciplinas escolares incorporam e atualizam conteúdos decorrentes do movimento das relações de produção e dominação que determinam relações sociais, geram pesquisas científicas e trazem para o debate questões políticas e filosóficas emergentes. Tais conteúdos, nas últimas décadas, vinculam-se tanto à diversidade étnicocultural quanto aos problemas sociais contemporâneos e têm sido incorporados ao currículo escolar. 2.13.2 CONTEÚDOS a)ESTRUTURANTES O Surgimento da Sociologia e Teorias Sociológicas: BÁSICOS - Formação e consolidação da sociedade capitalista e o desenvolvimento do pensamento social; - Teorias sociológicas clássicas: Comte, Durkheim, Engels e Marx, Weber. - O desenvolvimento da sociologia no Brasil. b) ESTRUTURANTES Processo de socialização e as Instituições Sociais: BÁSICOS - Processo de Socialização; 205 - Instituições sociais: Familiares; Escolares; Religiosas; - Instituições de Reinserção : prisões, manicômios, educandários, asilos, etc.; c) ESTRUTURANTE Cultura e Indústria Cultural: BÁSICOS - Desenvolvimento antropológico do conceito de cultura e sua contribuição na análise das diferentes sociedades; - Diversidade cultural; - Identidade; - Indústria cultural; - Meios de comunicação de massa; - Sociedade de consumo; - Indústria cultural no Brasil; - Questões de gênero; - Cultura afro-brasileira e africana; - Culturas indígenas. d) ESTRUTURANTE Trabalho , Produção e Classes Sociais: BÁSICOS - O conceito de trabalho e o trabalho nas diferentes sociedades; - Desigualdades sociais: estamentos, castas, classes sociais - Organização do trabalho nas sociedades capitalistas e suas contradições; - Globalização e Neoliberalismo; - Relações de Trabalho; - Trabalho no Brasil. e) ESTRUTURANTE Poder, Política e Ideologia: BÁSICOS 206 - Formação e desenvolvimento do Estado Moderno; - Democracia, autoritarismo, totalitarismo - Estado no Brasil; - Conceitos de Poder; - Conceitos de Ideologia; - Conceitos de dominação e legitimidade; - As expressões da violência nas sociedades contemporâneas. f) ESTRUTURANTE Direito, Cidadania e Movimentos Sociais: BÁSICOS - Direitos: civis, políticos e sociais; - Direitos Humanos; - Conceito de cidadania; - Movimentos Sociais; - Movimentos Sociais no Brasil; - A questão ambiental e os movimentos ambientalistas; - A questão das ONGs. 2.13.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA DISCIPLINA No ensino de Sociologia é fundamental a utilização de múltiplos instrumentos metodológicos, os quais devem adequar-se aos objetivos pretendidos, seja com a exposição, a leitura e esclarecimentos do significado dos conceitos e da lógica dos textos (temáticos, teóricos, literários), a análise, a discussão, debate e pesquisa de campo e bibliográfica e análise de filmes. O ensino da Sociologia pressupõe metodologias que coloquem o aluno como sujeito de seu aprendizado, não importa a metodologia, seja a leitura, o debate, a pesquisa de campo, etc., o que mais importa é que o aluno esteja constantemente provocado a relacionar a teoria com o cotidiano, a rever conhecimentos e a reconstruir coletivamente novos saberes, com método e rigor, pois só assim contribuirão para a construção do pensamento científico, usando como 207 instrumentos: leituras dialogadas, discussões, pesquisas de campo, aulas expositivas, entrevistas, confecções de tabelas e cartazes, uso do laboratório de informática para pesquisas e uso da TV Multimídia, trabalho em grupo com apresentações da produção. Nos estabelecimentos de ensino, através das Leis: 10.639/03 e 11645/08 torna-se obrigatório o ensino sobre a cultura afro-brasileira, africana e indígena. Desta forma, esses temas serão abordados pela disciplina de Sociologia, de forma contextualiza, articulados com os respectivos objetos de estudo da disciplina e sob o rigor de seus referencias teórico-conceituais. Como também, serão articulados aos conteúdos da disciplina a temática da Coordenação de Desenvolvimento Sócioeducacional: o enfrentamento à violência; combate ao uso indevido de drogas; sexualidade; educação fiscal, educação ambiental, cidadania e direitos humanos. 2.13.4 AVALIAÇÃO A avaliação será pensada de forma transparente e coletiva, perpassando todas as atividades relacionadas a disciplina de uma forma metódica e sistemática, serão consideradas a apresentação de trabalhos individuais e coletivos, textos escritos, avaliações (provas individuais e em grupo), pesquisas, resumo de textos, atividades extra-classe, relatórios e várias outras formas procurando atingir os objetivos no sentido da apreensão, compreensão, reflexão dos conteúdos trabalhados com os alunos, durante todo o ano letivo. Os critérios e o modo de avaliar estão em consonância com o PPP da escola que determina que metade da nota – 5,0- seja destinada para provas discursivas ou objetivas e 5,0 seja para avaliar as atividades de leitura, compreensão, identificação, posicionamento ideológico no texto; na escrita a adequação à proposta e ao gênero solicitado, coesão e coerência textual; e na oralidade: seminários, debates e apresentações orais e outras atividades que o professor achar pertinente avaliar. A recuperação de conteúdos está garantida aos alunos, independentemente do seu rendimento nas diversas avaliações feitas durante o bimestre. Ela servirá de subsídio ao aluno, a fim de que este possa reaver os conteúdos e, com isso, ter a 208 possibilidade de obter a totalidade da aprendizagem. Será garantida a inclusão de alunos(as) com necessidades educacionais especiais, possibilitando a inserção dos mesmos em sala de aula, bem como, proporcionando-lhes o acesso ao conteúdo, através de adaptação curricular e avaliativa, de forma a contribuir para a seu desenvolvimento e sua aprendizagem. 2.13.5 REFERÊNCIAS AZEVEDO, F. Princípios de Sociologia: pequena introdução ao estudo da sociologia. In. Introdução ao pensamento sociológico.São Paulo. Centauro, 2001. BASI, E. Cultura de massa e Cultura Popular: leituras de operárias. 5ª ed. Petrópolis: Vozes, 1981. CHAUI. M. S. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1980. COMTE, Auguste. Sociologia. São Paulo: Ática, 1978. DURKHEIM, Émile. Religião e Conhecimento. In. Sociologia, 2ª ed. São Paulo: Ática, 1981. PARANÁ, DCEs de Sociologia. 2008. 209 2.14 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA – INGLÊS 2.14.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA O ensino das línguas modernas começou a ser valorizado somente depois da chegada da família real portuguesa ao Brasil, em 1808. Em 1809, com a assinatura do decreto de 22 de junho, pelo príncipe regente D. João VI, criaram-se as cadeiras de inglês e francês com o objetivo de melhorar a instrução pública e de atender às demandas advindas da abertura dos portos ao comércio. A aprendizagem de língua estrangeira contribui para o processo educacional como um todo, indo muito além da aquisição de um conjunto de habilidades linguísticas, pois a língua inglesa se destaca por ser a língua mais usada nas transações comerciais, especialmente devido a dependência econômica do Brasil em relação aos Estados Unidos. O domínio de uma Língua Estrangeira leva o educando a uma nova percepção da natureza da linguagem, amplia a compreensão de como a linguagem funciona e desenvolve maior consciência do funcionamento da própria língua materna. Ao mesmo tempo, ao promover uma apreciação dos costumes e valores de outras culturas, contribui para desenvolver a percepção da própria cultura por meio da compreensão da cultura(s) estrangeira(s). Portanto, ensinar e aprender línguas é também ensinar e aprender percepções de mundo e maneiras de atribuir sentidos reportando-se à compreensão tanto das culturas estrangeiras quanto da cultura materna. Entre as línguas estrangeiras contemporâneas, o inglês é a hegemônica, dando particular acesso à ciência e à tecnologia modernas, à comunicação intercultural e ao mundo dos negócios, sendo certamente um diferenciador sóciocultural. Entretanto, a posição dominante do inglês nos campos de negócios, na cultura popular e nas relações acadêmicas internacionais coloca-a como a língua do poder econômico e dos interesses sociais, constituindo-se em possível ameaça para as demais línguas. Nesse sentido, torna-se ainda mais necessária a sua aprendizagem, a fim de se criar condições para a negociação, a troca e a integração, desde que haja consciência crítica suficiente até para se formular contra- 210 discursos culturais em relação às desigualdades entre países e grupos sociais. Nesse sentido, os alunos passam de meros consumidores passivos de cultura e de conhecimento a criadores ativos, pois o uso de uma língua estrangeira é uma forma a mais de agir no mundo para transformá-lo. Para que o ensino tenha um valor significativo na vida do educando é preciso que a escola tenha o compromisso de prover aos alunos meios necessários para que não apenas assimilem o saber como resultado, mas apreendam o processo de sua produção. Com isso, cabe a escola, proporcionar meios de transformação da sua capacidade de analisar questões da nova ordem global, suas implicações e, acima de tudo desenvolver uma consciência crítica a respeito do papel das línguas na sociedade. Além disso, possibilitar maneira de constatar e vivenciar criticamente a diversidade cultural, bem como a participação dos diversos grupos da sociedade atual, problematizando as tensões advindas destas diferenças, sem perder suas identidades locais. Além disso, desenvolver uma consciência crítica dos propósitos sociais e dos interesses aos quais os mesmos servem, considerando que a língua também é poderosa como prática social. A disciplina deve contextualizar o aluno no tempo, fazendo entender seu corpo nessas manifestações culturais e históricas, neste contexto contemplar a cultura afro-brasileira e indígena. De acordo com as DCE’s (2008) toda língua é uma construção histórica e cultural em constante transformação. Como princípio social e dinâmico, a língua não se limita a uma visão sistêmica e estrutural do código lingüístico. Ela é heterogênea, ideológica e opaca. Assim, a língua se apresenta como espaço de construções discursivas, indissociável dos contextos em que ela adquire sua materialidade, inseparável das comunidades interpretativas que a constroem e são construídas por ela. Desse modo, a língua deixa de lado suas supostas neutralidades e transparência para adquirir uma carga ideológica intensa, e passa a ser vista como um fenômeno carregado de significados culturais. As aulas de Língua Estrangeira se configuram como espaços de interações entre professores e alunos e pelas representações e visões de mundo que se revelam no dia a dia, objetiva-se que os alunos analisem as questões sociais, 211 políticas e econômicas da nova ordem mundial, suas implicações e que desenvolvam uma consciência crítica a respeito do papel das línguas na sociedade, levando em consideração que, o ensino de uma LEM deve considerar as relações que podem ser estabelecidas entre a língua estudada e a inclusão social, objetivando o desenvolvimento da consciência do papel das línguas na sociedade e o reconhecimento da diversidade cultural. Segundo as Diretrizes espera-se que o aluno: -use a língua em situações de comunicação oral e escrita; -vivencie, na aula de Língua Estrangeira, formas de participação que lhe possibilitem estabelecer relações entre as ações individuais e coletivas; -compreenda que os significados são sociais e historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social; -tenha maior consciência sobre o papel das línguas na sociedade; -reconheça e compreenda a diversidade linguística e cultural, bem como seus benefícios para o desenvolvimento cultural do país. 2.14.2 CONTEÚDO ESTRUTURANTE : O DISCURSO COMO PRÁTICA SOCIAL Segundo as DCE’s (2008), o conteúdo estruturante está relacionado com o momento histórico-social. Ao tomar a língua como interação verbal, como espaço de produção de sentidos, buscou-se um conteúdo que atendesse a essa perspectiva. Sendo assim, define-se como Conteúdo Estruturante da LEM, o discurso como prática social. A língua será tratada de forma dinâmica, por meio de leitura, de oralidade e de escrita que são as práticas que efetivam o discurso. CONTEÚDOS BÁSICOS GÊNEROS DISCURSIVOS: -Adivinhas, bilhetes, piadas, música, cartazes, desenho animado... LEITURA • Tema do texto; • Interlocutor; 212 • Finalidade; • Aceitabilidade do texto; • Informatividade; • Elementos composicionais do gênero; • Léxico; • Repetição proposital de palavras; • Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais no texto, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito), figuras de linguagem. ESCRITA • Tema do texto; • Interlocutor; • Finalidade do texto; • Informatividade; • Elementos composicionais do gênero; • Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais no texto, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito), figuras de linguagem; • Ortografia; • Concordância verbal/nominal. ORALIDADE • Tema do texto; • Finalidade; • Papel do locutor e interlocutor; • Elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos...; • Adequação do discurso ao gênero; • Turnos de fala; • Variações linguísticas; 213 • Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição, recursos semânticos. Caberá ao professor selecionar um texto significativo pertencente a um gênero, que debe ser compreendido em cada esfera de circulação, como segue: Cotidiana; Literária/Artística; Científica; Escolar; Imprensa; Publicitária; Política; Jurídica; Produção e consumo; Midiática. As esferas precisam ser retomadas nas diferentes séries, respeitando o principio da complexidade crescente. Vale ressaltar que os gêneros indicados não se esgotam, assim como a escolha não debe se ater exclusivamente a uma esfera. 2.14.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA DISCIPLINA De acordo com a proposta das Diretrizes, o trabalho com a Língua Estrangeira Moderna, em sala de aula parte do entendimento do papel das línguas nas sociedades como mais do que meros instrumentos de acesso à informação: as línguas estrangeiras são possibilidades de conhecer, expressar e transformar modos de entender o mundo e de construir significados. Partindo do Conteúdo Estruturante Discurso como prática social, serão trabalhadas questões linguísticas, sociopragmáticas, culturais e discursivas, como também as práticas do uso da língua: leitura oralidade e escrita. O foco central da aula de Língua Estrangeira Moderna , será o texto, verbal e não-verbal, como unidade de linguagem em uso. Nas aulas serão abordados atividades os vários gêneros textuais , através de diversificadas , analisando a função do gênero estudado, sua composição, a distribuição de informações, o grau de informação presente ali, a 214 intertextualidade, os recursos coesivos, a coerência e, somente depois de tudo isso a gramática em si. O professor tem como papel principal o de mediador e facilitador do processo, promovendo um ambiente no qual o aluno pode aprender e desenvolverse em relação à aprendizagem. Com isso, a metodologia baseia-se na abordagem do uso da língua estrangeira como espaço de construção de significados dependentes da situação de uso, dos propósitos dos interlocutores e dos recursos linguísticos que dispomos e, dessa disponibilidade espera-se que possa surgir a consciência do lugar que se ocupa no mundo. Para a apresentação das estruturas novas e também de vocábulos novos serão utilizados textos. O aluno precisa aprender a gramática dentro de um contexto (texto) que respeite o seu nível de conhecimento da língua. Para a sistematização, o aluno recebe exercícios referentes às estruturas e vocábulos estudados. Após o texto e a realização de exercícios de sistematização/ fixação, o aluno passa para o processo de produção escrita fazendo relação com o primeiro texto apresentado. Para a comunicação oral, atividades como trabalhar em pares (pair work), trabalho em grupo (group work), dramatização (role play) e compreensão auditiva (listening exercise) serão utilizados sempre que possível. A aula de LEM deve ser um espaço em que se desenvolvam atividades significativas, as quais explorem diferentes recursos e fontes, a fim de que o aluno vincule o que é estudado com a realidade que o cerca. Portanto recursos disponíveis, como o uso da informática, a qual permite o acesso à internet, onde o aluno poderá realizar exercícios, atividades e sugestões de trabalho. Além dos recursos tecnológicos, o trabalho com revistas, manuais, outdoors, embalagens de produtos e quadrinhos permitirá um aprendizado mais significativo e poderá tornarse mais atraente. Recursos como a TV Pendrive , o cinema, vídeos, programas gravados, letras de música, CDs, DVDs e outros para a ampliação do conhecimento. Todas essas estratégias e conteúdos serão flexíveis, caso haja necessidade para adequações durante o processo de aprendizagem. Cabe ressaltar que disponibilizar textos aos alunos não é o suficiente, é necessário abordar os vários gêneros textuais em atividades diversificadas, 215 analisando a função do gênero estudado, sua composição, distribuição de informações, o grau de informação presente ali, a intertextualidade, os elementos coesivos, a coerência e por fim a gramática. Além disso, deve-se possibilitar uma reflexão maior sobre as características de cada gênero considerando o contexto de uso e seus interlocutores. Os conteúdos obrigatórios conforme dispostos na Instrução nº 009/11 SUED/SEED serão contemplados concomitantes aos conteúdos específicos da disciplina em consonância com as Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Estrangeira Moderna. 2.14.4 AVALIAÇÃO Quando se fala em avaliação geralmente pensamos em julgamento, algum tipo de teste ou prova, algo que julgue a competência de alguém sobre determinado assunto. Na verdade, pensar na possibilidade de mensurar o conhecimento, a capacidade física ou artística de alguém através de um momento que envolva uma prova, teste ou concurso é admitir a imprecisão e a falha do sistema. Sendo assim, a função da avaliação é alimentar, sustentar e orientar a ação pedagógica e não apenas constatar o nível do aluno. As práticas avaliativas devem favorecer o processo de ensino e de aprendizagem norteando o trabalho do professor, bem como propiciando que o aluno tenha uma dimensão do ponto em que se encontra no percurso pedagógico. Para que isso ocorra, caberá ao professor observar a participação dos alunos e considerar que o engajamento discursivo na sala de aula se faça pela interação verbal, a partir dos textos, e de diferentes formas: entre os alunos e o professor; entre os alunos na turma; na interação com o material didático; nas conversas em língua materna e língua estrangeira e no próprio uso da língua, que funciona como recurso cognitivo ao promover o desenvolvimento de ideias. Os critérios avaliativos serão centrados na formação de um leitor ativo, capaz de produzir sentidos na leitura dos textos, tais como: inferir, servindo-se dos conhecimentos prévios; levantar hipóteses a respeito da organização textual; perceber a intencionalidade,etc. Como também verificar a construção dos 216 significados na interação com os textos e nas produções textuais dos alunos, tendo em vista que vários significados são possíveis e válidos, desde que apropriadamente justificados. Tanto para o Ensino Fundamental quanto para o Ensino Médio por Blocos, a avaliação da aprendizagem será realizada envolvendo a leitura, a escrita e a oralidade através de instrumentos avaliativos como: atividades de compreensão, produção, pesquisa, apresentação, exposição de trabalhos, atividades em grupos , atividades extra-classe, seminários, debates e provas orais e escritas. A avaliação na disciplina está em consonância com o Projeto Político Pedagógico do colégio o qual propõe 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para testes ou provas e 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para atividades, trabalhos, seminários, debates, etc, somando assim, 10,0 (dez vírgula zero) pontos, dos quais cada aluno (a) deve atingir o mínimo de 6,0 (seis vírgula zero), para aprovação, conforme Resolução nº 3794/04 da SEED (Secretaria de Estado da Educação). Não basta apenas dizermos que a escola é inclusiva, é necessário que ela garanta o acesso e a permanência do aluno na mesma. Baseados no princípio de que a escola é a principal responsável na formação do cidadão, devemos conscientizá-los de que as pessoas com necessidades educacionais especiais são parte integrante da sociedade e devemos acolhê-los sem preconceito. Portanto, cabe ao professor fazer adaptações curriculares ou modificações que se efetuam nos objetivos, conteúdos, critérios de avaliação ou nas atividades de ensino-aprendizagem, para atender à diversidade de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais. Uma vez que também é construtor do conhecimento, o aluno deve ter seu esforço reconhecido por meio de ações tais como: um retorno sobre seu desempenho e o entendimento do erro como integrante da aprendizagem, assegurando a todos os educandos o direito a uma recuperação paralela, sem distinção a necessidades educacionais especiais. Assim, tanto o professor quanto os alunos poderão acompanhar o percurso desenvolvido e identificar dificuldades, bem como planejar e propor outros encaminhamentos que busquem superá-las. 217 Na recuperação será feita a retomada de conteúdos partirá , levando em conta os conteúdos significativos, os quais nos levarão aos resultados, sendo ofertada a todos os alunos , independente da nota e deve acontecer com retomada de conteúdos seguida de nova avaliação. 2.14.5 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação e Desporto. Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional n. 9394/96. Estabelece normas para a Educação Nacional. Publicada no Diário Oficial de 23 de dezembro de 1996. http://www.seed.pr.gov.br/ Disponível em: portals/portal/ingles/in-service_courses.php? PHPSESSID= 2006063003030866. Acesso em 25 jul. 2006. GUSSO, Angela Mari. Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações Pedagógicas para os anos iniciais. - Curitiba, PR: Secretaria de Estado da Educação, 2010. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira para o Ensino Fundamental. 2008. 218 3 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 3.1 OBJETIVO DA OFERTA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Em conformidade com a proposta da Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 – LDB, em seu artigo 37 a implantação da modalidade de Ensino para Jovens e Adultos (EJA), se caracteriza como um instrumento precioso para o contexto da realidade socioeconômica de nosso município, resgatando o conhecimento para com as pessoas que não tiveram oportunidade ao acesso a educação na idade própria, nem domínio da leitura e escrita como bens sociais na escola e fora dela, levando ao educando nova perspectiva de vida, pois a Educação de Jovens e Adultos (EJA), objetiva também a qualificação para o trabalho e a elevação do nível de escolaridade do trabalhador. Nesse sentido, através da oferta da modalidade de Educação para Jovens e Adultos (EJA), este estabelecimento de ensino pretende oferecer a oportunidade àquele que busca dar continuidade aos seus estudos, de maneira a garantir uma aprendizagem de qualidade, de forma diferenciada principalmente em relação ao tempo curricular, não precarizada ou aligeirada. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) caracteriza-se como uma modalidade de ensino direcionada a educandos/trabalhadores, objetivando a formação humana e permitindo acesso à cultura geral, oportunizando o aprimoramento da cultura crítica, de maneira que este educando se torne mais participativo, agindo com responsabilidade, acompanhando as mudanças sociais, a partir do uso adequado dos conhecimentos adquiridos. 3.1.1 PERFIL DO EDUCANDO Certamente devemos partir do pressuposto de que a educação ofertada a jovens e adultos deve contemplar ações pedagógicas diferenciadas, pois atende educandos com diferentes experiências de vida. Os jovens, os adultos e os idosos que buscam essa modalidade de ensino, apresentam um perfil caracterizado pela busca da continuidade dos estudos, onde muitos são oriundos do campo e, na idade adequada para o estudo não tiveram oportunidade devido a dificuldade de acesso às escolas. 219 Além disso, a Educação de Jovens e Adultos atende também educandos que foram obrigados (devido à causas sociais, políticas e econômicas) a ingressar prematuramente no mercado de trabalho, tendo que deixar os estudos em segundo plano. Ainda, fazem parte dessa demanda, educandos que evadiram da escola ou que sofreram muitas repetências e agora buscam desenvolver ou ampliar seus conhecimentos, por interesse ou, na maioria dos casos por necessidade (exigências do mercado de trabalho). Esta modalidade de ensino contempla e destaca também a presença da mulher, onde muitas somente agora e na EJA veem a oportunidade de concluir os estudos que em tempos mais remotos não viam a necessidade para tal conclusão devido ao predomínio do pensamento machista da época. 3.1.2 CARACTERIZAÇÃO DO CURSO Este estabelecimento de ensino tem como uma das finalidades, a oferta de escolarização de jovens, adultos e idosos que buscam dar continuidade a seus estudos no Ensino Fundamental ou Médio, assegurando-lhes oportunidades apropriadas, consideradas suas características, interesses, condições de vida e de trabalho, mediante ações didático-pedagógicas coletivas e/ou individuais. Portanto, este Estabelecimento Escolar oferta Educação de Jovens e Adultos – Presencial, que contempla o total de carga horária estabelecida na legislação vigente nos níveis do Ensino Fundamental e Médio, com avaliação no processo. Os cursos são caracterizados por estudos presenciais desenvolvidos de modo a viabilizar processos pedagógicos, tais como: • pesquisa e problematização na produção do conhecimento; • desenvolvimento da capacidade de ouvir, refletir e argumentar; • registros, utilizando recursos variados (esquemas, anotações, fotografias, ilustrações, textos individuais e coletivos), permitindo a sistematização e socialização dos conhecimentos; 220 • vivências culturais diversificadas que expressem a cultura dos educandos, bem como a reflexão sobre outras formas de expressão cultural. Para que o processo seja executado a contento, serão estabelecidos plano de estudos e atividades. O Estabelecimento de Ensino deverá disponibilizar o Guia de Estudos aos educandos, a fim de que este tenha acesso a todas as informações sobre a organização da modalidade. ORGANIZAÇÃO COLETIVA Será programada pela escola e oferecida aos educandos por meio de um cronograma que estipula o período, dias e horário das aulas, com previsão de início e término de cada disciplina, oportunizando ao educando a integralização do currículo. A mediação pedagógica ocorrerá priorizando o encaminhamento dos conteúdos de forma coletiva, na relação professor-educandos e considerando os saberes adquiridos na história de vida de cada educando. A organização coletiva destina-se, preferencialmente, àqueles que têm possibilidade de freqüentar com regularidade as aulas, a partir de um cronograma pré-estabelecido. ORGANIZAÇÃO INDIVIDUAL A organização individual destina-se àqueles educandos trabalhadores que não têm possibilidade de freqüentar com regularidade as aulas, devido às condições de horários alternados de trabalho e para os que foram matriculados mediante classificação, aproveitamento de estudos ou que foram reclassificados ou desistentes quando não há, no momento em que sua matrícula é reativada, turma organizada coletivamente para a sua inserção. Será programada pela escola e oferecida aos educandos por meio de um cronograma que estipula os dias e horários das aulas, contemplando o ritmo próprio do educando, nas suas condições de vinculação à escolarização e nos saberes já apropriados. 3.1.3 NÍVEL DE ENSINO 3.1.3.1 Ensino Fundamental – Fase II 221 Ao se ofertar estudos referentes ao Ensino Fundamental – Fase II, este estabelecimento escolar terá como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais, que consideram os conteúdos ora como meios, ora como fim do processo de formação humana dos educandos, para que os mesmos possam produzir e ressignificar bens culturais, sociais, econômicos e deles usufruírem. Visa, ainda, o encaminhamento para a conclusão do Ensino Fundamental e possibilita a continuidade dos estudos para o Ensino Médio. 3.1.3.2 Ensino Médio O Ensino Médio no Estabelecimento Escolar terá como referência em sua oferta, os princípios, fundamentos e procedimentos propostos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – Parecer 15/98 e Resolução n.º 02 de 07 de abril de 1998/CNE, nas Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação de Jovens e Adultos e nas Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação Básica. 3.1.4 EDUCAÇÃO ESPECIAL A EJA contempla, também, o atendimento a educandos com necessidades educativas especiais, inserindo estes no conjunto de educandos da organização coletiva ou individual, priorizando ações que oportunizem o acesso, a permanência e o êxito dos mesmos no espaço escolar, considerando a situação em que se encontram individualmente estes educandos. Uma vez que esta terminologia pode ser atribuída a diferentes grupos de educandos, desde aqueles que apresentam deficiências permanentes até aqueles que, por razões diversas, fracassam em seu processo de aprendizagem escolar, a legislação assegura a oferta de atendimento educacional especializado aos educandos que apresentam necessidades educativas especiais decorrentes de: • deficiências mental, física/neuromotora, visual e auditiva; • condutas típicas de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos; • superdotação/altas habilidades. 222 É importante destacar que “especiais” devem ser consideradas as alternativas e as estratégias que a prática pedagógica deve assumir para remover barreiras para a aprendizagem e participação de todos os alunos. 2 Desse modo, desloca-se o enfoque do especial ligado ao educando para o enfoque do especial atribuído à educação. Mesmo que os educandos apresentem características diferenciadas decorrentes não apenas de deficiências mas, também, de condições sócio-culturais diversas e econômicas desfavoráveis, eles terão direito a receber apoios diferenciados daqueles normalmente oferecidos pela educação escolar. Garante-se, dessa forma, que a inclusão educacional realize-se, assegurando o direito à igualdade com eqüidade de oportunidades. Isso não significa o modo igual de educar a todos, mas uma forma de garantir os apoios e serviços especializados para que cada um aprenda, resguardando-se suas singularidades. 3.1.5 AÇÕES PEDAGÓGICAS DESCENTRALIZADAS Este Estabelecimento Escolar desenvolverá ações pedagógicas descentralizadas, efetivadas em situações de evidente necessidade, dirigidas a grupos sociais com perfis e necessidades próprias e onde não haja oferta de escolarização para jovens, adultos e idosos, respeitada a proposta pedagógica e o regimento escolar, desde que autorizado pela SEED/PR, segundo critérios estabelecidos pela mesma Secretaria em instrução própria. 3.1.6 FREQUÊNCIA A carga horária prevista para as organizações individual e coletiva é de 100% (cem por cento) presencial no Ensino Fundamental – Fase II e no Ensino Médio, sendo que a freqüência mínima na organização coletiva é de 75% (setenta e cinco por cento) e na organização individual é de 100% (cem por cento), em sala de aula. 2 CARVALHO, R.E. Removendo barreiras à aprendizagem. Porto Alegre, 2000, p.17. 223 3.1.7 EXAMES SUPLETIVOS Este Estabelecimento Escolar ofertará Exames Supletivos, atendendo ao disposto na Lei n.º 9394/96, desde que autorizado e credenciado pela Secretaria de Estado da Educação, por meio de Edital próprio emitido pelo Departamento de Educação e Trabalho, através da Coordenação da Educação de Jovens e Adultos. 3.1.8 CONSELHO ESCOLAR O Conselho Escolar é um órgão colegiado que possui um papel fundamental na organização do espaço escolar; é representativo da comunidade escolar e possui função deliberativa, consultiva e avaliativa. É constituído e organizado em conformidade com as disposições contidas no Estatuto do Conselho Escolar, de acordo com as legislações educacionais vigentes. O Conselho Escolar será presidido pelo(a) Diretor(a) do Estabelecimento de Ensino na qualidade de dirigente da Proposta Pedagógica. O Conselho Escolar do Colégio Estadual Francisco Ramos será constituído pelas seguintes categorias: a) Diretor(a); b) Representante da Equipe Pedagógica; c) Representante da Equipe Docente; d) Representante da Equipe Técnico-Administrativa; e) Representantes do Corpo Discente; f) Representante dos Movimentos Sociais Organizados da Comunidade. 3.1.9 MATERIAIS DE APOIO DIDÁTICO Serão adotados os materiais indicados pelo Departamento de Educação e Trabalho/Coordenação de Educação de Jovens e Adultos, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, como material de apoio. Além desse material, os docentes, na sua prática pedagógica, deverão utilizar outros recursos didáticos. 224 3.1.10 BIBLIOTECA ESCOLAR A biblioteca deste estabelecimento de ensino possui um rico acervo e deve ser usada pelos docentes como mais um recurso didático-pedagógico no auxílio à prática pedagógica desenvolvida na modalidade de Educação de Jovens, Adultos e Idosos. Todo o acervo bibliográfico é catalogado digitalmente; A catalogação é feita por ordem numérica e classes; Exemplo: 1.1 Literatura; 2.1 Literatura Infanto Juvenil; 3.1 Poesia; 4.1 Contos e Crônicas; 5.1 Novela; 6.1 Teatro; 7.1 Mitologia Indígena; 8.1 Temas Paranaenses; O empréstimo domiciliar de materiais é oferecido aos docentes, discentes e funcionários; O prazo de empréstimo de livros para os alunos são sete dias, podendo ser renovada a data pelo mesmo período, caso necessário; O registro de empréstimo é feito na carteirinha que o aluno possui e no sistema digital; Horário de Funcionamento da Biblioteca: Manhã - 7:30 às 11:40 Tarde – 13:00 às 17:00 Noite – 18:45 ás 22:35 Atribuições dos responsáveis pelo atendimento da biblioteca: I. cumprir e fazer cumprir o Regulamento de uso da biblioteca, assegurando organização e funcionamento; II. atender a comunidade escolar, disponibilizando e controlando o empréstimo de livros, de acordo com Regulamento próprio; 225 III. auxiliar na implementação dos projetos de leitura previstos na proposta pedagógica curricular do estabelecimento de ensino; IV. auxiliar na organização do acervo de livros, revistas, gibis, vídeos, DVDs, entre outros; V. encaminhar à direção sugestão de atualização do acervo, a partir das necessidades indicadas pelos usuários; VI. zelar pela preservação, conservação e restauro do acervo; VII. registrar o acervo bibliográfico e dar baixa, sempre que necessário; VIII. receber, organizar e controlar o material de consumo e equipamentos da biblioteca; IX. manusear e operar adequadamente os equipamentos e materiais, zelando pela sua manutenção; X. participar de eventos, cursos, reuniões, sempre que convocado, ou por iniciativa própria, desde que autorizado pela direção, visando ao aprimoramento profissional de sua função; XI. auxiliar na distribuição e recolhimento do livro didático; XII. participar da avaliação institucional, conforme orientações da SEED; XIII. zelar pelo sigilo de informações pessoais de alunos, professores, funcionários e famílias; XIV. manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com seus colegas, com alunos, com pais e com os demais segmentos da comunidade escolar; XV. exercer as demais atribuições decorrentes do Regimento Escolar e aquelas que concernem à especificidade de sua função. 3.1.11 LABORATÓRIO Este estabelecimento de ensino dispõe de um laboratório com mesas/balcões e banquetas, bem como de materiais para experiências que devem ser utilizados para enriquecer a prática pedagógica, principalmente nas aulas de ciências, química, física e biologia da Educação de Jovens e Adultos. As atividades de Laboratório assumem papel importante, auxiliando o professor no encaminhamento metodológico. 226 Assim, seguindo o entendimento do Conselho Estadual de Educação expresso no Parecer nº 095/99, ... Indubitavelmente um conceito novo para o espaço denominado laboratório acompanha uma educação científica nova, espaço que passará a incluir também o pátio da escola, a beira do mar, o bosque, a praça pública ou outros espaços que venham a contribuir para a aquisição de conhecimentos. 3.1.12 RECURSOS TECNOLÓGICOS Os docentes devem utilizar os recursos tecnológicos de que a escola dispõe (TV multimídia, data show, DVD, som portátil, laboratório de informática, etc.) além de outros recursos de que o próprio professor dispõe para enriquecer a sua prática pedagógica na Educação de Jovens e Adultos ofertada pela escola. 3.2 - FILOSOFIA E PRINCÍPIOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS A educação de adultos exige uma inclusão que tome por base o reconhecimento do jovem adulto como sujeito. Coloca-nos o desafio de pautar o processo educativo pela compreensão e pelo respeito do diferente e da diversidade: ter o direito a ser igual quando a diferença nos inferioriza e o de ser diferente quando a igualdade nos descaracteriza. Ao pensar no desafio de construirmos princípios que regem a educação de adultos, há de buscar-se uma educação qualitativamente diferente, que tem como perspectiva uma sociedade tolerante e igualitária, que a reconhece ao longo da vida como direito inalienável de todos. (SANTOS, 2004) A Educação de Jovens e Adultos – EJA, enquanto modalidade educacional que atende a educandos-trabalhadores, tem como finalidade e objetivos o compromisso com a formação humana e com o acesso à cultura geral, de modo a que os educandos venham a participar política e produtivamente das relações sociais, com comportamento ético e compromisso político, através do desenvolvimento da autonomia intelectual e moral. Tendo em vista este papel, a educação deve voltar-se para uma formação na qual os educandos-trabalhadores possam: aprender permanentemente, refletir criticamente; agir com responsabilidade individual e coletiva; participar do trabalho e da vida coletiva; comportar-se de forma solidária; acompanhar a dinamicidade das 227 mudanças sociais; enfrentar problemas novos construindo soluções originais com agilidade e rapidez, a partir da utilização metodologicamente adequada de conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos3. Sendo assim, para a concretização de uma prática administrativa e pedagógica verdadeiramente voltada à formação humana, é necessário que o processo ensino-aprendizagem, na Educação de Jovens e Adultos seja coerente com a) o seu papel na socialização dos sujeitos, agregando elementos e valores que os levem à emancipação e à afirmação de sua identidade cultural; b) o exercício de uma cidadania democrática, reflexo de um processo cognitivo, crítico e emancipatório, com base em valores como respeito mútuo, solidariedade e justiça; c) os três eixos articuladores do trabalho pedagógico com jovens, adultos e idosos – cultura, trabalho e tempo; Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA, as relações entre cultura, conhecimento e currículo, oportunizam uma proposta pedagógica pensada e estabelecida a partir de reflexões sobre a diversidade cultural, tornando-a mais próxima da realidade e garantindo sua função socializadora – promotora do acesso ao conhecimento capaz de ampliar o universo cultural do educando – e, sua função antropológica - que considera e valoriza a produção humana ao longo da história. A compreensão de que o educando da EJA relaciona-se com o mundo do trabalho e que através deste busca melhorar a sua qualidade de vida e ter acesso aos bens produzidos pelo homem, significa contemplar, na organização curricular, as reflexões sobre a função do trabalho na vida humana. É inerente a organização pedagógico-curricular da EJA, a valorização dos diferentes tempos necessários à aprendizagem dos educandos de EJA, considerando os saberes adquiridos na informalidade das suas vivências e do mundo do trabalho, face à diversidade de suas características. KUENZER, Acácia Zeneida. Ensino Médio: construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez, 2000, p.40. 3 228 E ainda, conforme as Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação de Jovens e Adultos no Estado do Paraná: • A EJA deve constituir-se de uma estrutura flexível, pois há um tempo diferenciado de aprendizagem e não um tempo único para todos os educandos, bem como os mesmos possuem diferentes possibilidades e condições de reinserção nos processos educativos formais; • O tempo que o educando jovem, adulto e idoso permanecerá no processo educativo tem valor próprio e significativo, assim sendo à escola cabe superar um ensino de caráter enciclopédico, centrado mais na quantidade de informações do que na relação qualitativa com o conhecimento; • Os conteúdos específicos de cada disciplina, deverão estar articulados à realidade, considerando sua dimensão sócio-histórica, vinculada ao mundo do trabalho, à ciência, às novas tecnologias, dentre outros; • A escola é um dos espaços em que os educandos desenvolvem a capacidade de pensar, ler, interpretar e reinventar o seu mundo, por meio da atividade reflexiva. A ação da escola será de mediação entre o educando e os saberes, de forma a que o mesmo assimile estes conhecimentos como instrumentos de transformação de sua realidade social; • O currículo na EJA não deve ser entendido, como na pedagogia tradicional, que fragmenta o processo de conhecimento e o hierarquiza nas matérias escolares, mas sim, como uma forma de organização abrangente, na qual os conteúdos culturais relevantes, estão articulados à realidade na qual o educando se encontra, viabilizando um processo integrador dos diferentes saberes, a partir da contribuição das diferentes áreas/disciplinas do conhecimento. Por isso, a presente proposta e o currículo dela constante incluirá o desenvolvimento de conteúdos e formas de tratamento metodológico que busquem chegar às finalidades da educação de jovens e adultos, a saber: 229 − Traduzir a compreensão de que jovens e adultos não são atrasados em seu processo de formação, mas são sujeitos sócio-histórico-culturais, com conhecimentos e experiências acumuladas, com tempo próprio de formação e aprendizagem; − Contribuir para a ressignificação da concepção de mundo e dos próprios educandos; − O processo educativo deve trabalhar no sentido de ser síntese entre a objetividade das relações sociais e a subjetividade, de modo que as diferentes linguagens desenvolvam o raciocínio lógico e a capacidade de utilizar conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos; − Possibilitar trajetórias de aprendizado individuais com base na referência, nos interesses do educando e nos conteúdos necessários ao exercício da cidadania e do trabalho; − Fornecer subsídios para que os educandos tornem-se ativos, criativos, críticos e democráticos; Em síntese, o atendimento a escolarização de jovens, adultos e idosos, não refere-se exclusivamente a uma característica etária, mas a articulação desta modalidade com a diversidade sócio-cultural de seu público, composta, dentre outros, por populações do campo, em privação de liberdade, com necessidades educativas especiais, indígenas, que demandam uma proposta pedagógicacurricular que considere o tempo/espaço e a cultura desse grupos. 33.3 - INDICAÇÃO DA ÁREA OU FASE DE ESTUDOS Propõe-se a oferta do curso de Educação de Jovens e Adultos no nível do Ensino Fundamental – Fase II e do Ensino Médio a jovens, adultos e idosos que não tiveram o acesso ou continuidade em seus estudos. 230 3.4 - MATRIZ CURRICULAR 3.4.1 Ensino Fundamental – Fase II MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II ESTABELECIMENTO: Colégio Estadual Francisco Ramos – Ensino Fund. e Médio ENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do Paraná MUNICÍPIO: Guamiranga NRE: Irati ANO DE IMPLANTAÇÃO: 2º Sem/2009 FORMA: Simultânea CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1440/1452 H/A ou 1200/1210 HORAS DISCIPLINAS LÍNGUA PORTUGUESA ARTES LEM - INGLÊS EDUCAÇÃO FÍSICA MATEMÁTICA CIÊNCIAS NATURAIS HISTÓRIA GEOGRAFIA ENSINO RELIGIOSO* Total de Carga Horária do Curso Total de Total de Horas horas/aula 226 54 160 54 226 160 160 160 10 272 64 192 64 272 192 192 192 12 1200/1210 horas ou 1440/1452 h/a *DISCIPLINA DE OFERTA OBRIGATÓRIA PELO ESTABELECIMENTO DE ENSINO E DE MATRÍCULA FACULTATIVA PARA O EDUCANDO. 231 3.4.2 Ensino Médio MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ENSINO MÉDIO ESTABELECIMENTO: Colégio Estadual Francisco Ramos – Ensino Fund. e Médio ENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do Paraná MUNICÍPIO: Guamiranga NRE: Irati ANO DE IMPLANTAÇÃO: 2º Sem/2009 FORMA: Simultânea CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1440 H/A ou 1200 HORAS DISCIPLINAS LÍNGUA PORT. E LITERATURA LEM – INGLÊS ARTE FILOSOFIA SOCIOLOGIA EDUCAÇÃO FÍSICA MATEMÁTICA QUÍMICA FÍSICA BIOLOGIA HISTÓRIA GEOGRAFIA LÍNGUA ESPANHOLA * TOTAL * LÍNGUA ESPANHOLA, Total de Total de Horas horas/aula 174 208 106 54 54 54 54 174 106 106 106 106 106 106 128 64 64 64 64 208 128 128 128 128 128 128 1200/1306 1440/1568 DISCIPLINA DE OFERTA OBRIGATÓRIA MATRÍCULA FACULTATIVA PARA O EDUCANDO. E DE 232 3.5 - CONCEPÇÃO, CONTEÚDOS E SEUS RESPECTIVOS ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS A Educação de Jovens e Adultos do Estado do Paraná é uma modalidade de ensino da Educação Básica cuja concepção de currículo compreende a escola como espaço sócio-cultural que propicia a valorização dos diversos grupos que a compõem, ou seja, considera os educandos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Esse currículo entendido, ainda, como um processo de construção coletiva do conhecimento escolar articulado à cultura, em seu sentido antropológico, constitui-se no elemento principal de mediação entre educadores e educandos e deve ser organizado de tal forma que possibilite aos educandos transitarem pela estrutura curricular e, de forma dialógica entre educando e educador tornar os conhecimentos significativos às suas práticas diárias. Nesta ótica o conhecimento se constitui em núcleo estruturador do conteúdo do ensino. Nesse enfoque, a organização do trabalho pedagógico na Educação de Jovens e Adultos, prevendo a inclusão de diferentes sujeitos, necessita ser pensada em razão dos critérios de uma seleção de conteúdos que lhes assegure o acesso aos conhecimentos historicamente construídos e o respeito às suas especificidades. Após a definição das Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação Básica, a Educação de Jovens e Adultos do Estado do Paraná como modalidade da Educação Básica, passa a adotar os mesmos conteúdos curriculares previstos por essas diretrizes. No entanto, cabe ressaltar que a organização metodológica das práticas pedagógicas, dessa modalidade deve considerar os três eixos articuladores propostos nas Diretrizes da Educação de Jovens e Adultos: Trabalho, Cultura e Tempo, os quais devem se articular tendo em vista a apropriação do conhecimento que não deve se restringir à transmissão/assimilação de fatos, conceitos, idéias, princípios, informações etc., mas sim compreender a aquisição cognoscitiva e estar intrinsecamente ligados à abordagem dos conteúdos curriculares propostos para a Educação Básica. 233 3.6 - PROCESSOS DE AVALIAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E PROMOÇÃO 3.6.1 Concepção de Avaliação A avaliação é compreendida como uma prática que alimenta e orienta a intervenção pedagógica. É um dos principais componentes do ensino, pelo qual se estuda e interpreta os dados da aprendizagem. Tem a finalidade de acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos educandos, diagnosticar os resultados atribuindo-lhes valor. A avaliação será realizada em função dos conteúdos expressos na proposta pedagógica. Na avaliação da aprendizagem é fundamental a análise da capacidade de reflexão dos educandos frente às suas próprias experiências. E, portanto, deve ser entendida como processo contínuo, descritivo, compreensivo que oportuniza uma atitude crítico-reflexiva frente à realidade concreta. A avaliação educacional, nesse Estabelecimento Escolar, seguirá orientações contidas no artigo 24, da LDBEN 9394/96, e compreende os seguintes princípios: • investigativa ou diagnóstica: possibilita ao professor obter informações necessárias para propor atividades e gerar novos conhecimentos; • contínua: permite a observação permanente do processo ensinoaprendizagem e possibilita ao educador repensar sua prática pedagógica; • sistemática: acompanha o processo de aprendizagem do educando, utilizando instrumentos diversos para o registro do processo; • abrangente: contempla a amplitude das ações pedagógicas no tempoescola do educando; • permanente: permite um avaliar constante na aquisição dos conteúdos pelo educando no decorrer do seu tempo-escola, bem como do trabalho pedagógico da escola. Os conhecimentos básicos definidos nesta proposta serão desenvolvidos ao longo da carga horária total estabelecida para cada disciplina, conforme a matriz curricular, com oferta diária de 04 (quatro) horas-aula por turno, com avaliação presencial ao longo do processo ensino-aprendizagem. 234 Considerando que os saberes e a cultura do educando devem ser respeitados como ponto de partida real do processo pedagógico, a avaliação contemplará, necessariamente, as experiências acumuladas e as transformações que marcaram o seu trajeto educativo, tanto anterior ao reingresso na educação formal, como durante o atual processo de escolarização. A avaliação processual utilizará técnicas e instrumentos diversificados, tais como: provas escritas, trabalhos práticos, debates, seminários, experiências e pesquisas, participação em trabalhos coletivos e/ou individuais, atividades complementares propostas pelo professor, que possam elevar o grau de aprendizado dos educandos e avaliar os conteúdos desenvolvidos. É vedada a avaliação em que os educandos sejam submetidos a uma única oportunidade de aferição. O resultado das atividades avaliativas, será analisado pelo educando e pelo professor, em conjunto, observando quais são os seus avanços e necessidades, e as consequentes demandas para aperfeiçoar a prática pedagógica. 3.6.2 Procedimentos e Critérios para Atribuição de Notas as avaliações utilizarão técnicas e instrumentos diversificados, sempre com finalidade educativa; para fins de promoção ou certificação, serão registradas 02 (duas) a 06 (seis) notas por disciplina, que corresponderão às provas individuais escritas e também a outros instrumentos avaliativos adotados, durante o processo de ensino, a que, obrigatoriamente, o educando se submeterá na presença do professor, conforme descrito no Regimento Escolar. Na disciplina de Ensino Religioso, as avaliações realizadas no decorrer do processo ensino-aprendizagem não terão registro de nota para fins de promoção e certificação. a avaliação será realizada no processo de ensino e aprendizagem, sendo os resultados expressos em uma escala de 0 (zero) a 10,0 (dez vírgula zero); para fins de promoção ou certificação, a nota mínima exigida é 6,0 (seis vírgula zero), em cada disciplina, de acordo com a Resolução n.º 235 3794/04 – SEED e freqüência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) do total da carga horária de cada disciplina na organização coletiva e 100% (cem por cento) na organização individual; o educando deverá atingir, pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero) em cada registro da avaliação processual. Caso contrário, terá direito à recuperação de estudos. Para os demais, a recuperação será ofertada como acréscimo ao processo de apropriação dos conhecimentos; para os educandos que cursarem 100% da carga horária da disciplina, a média final corresponderá à média aritmética das avaliações processuais, devendo os mesmos atingir pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero); os resultados das avaliações dos educandos deverão ser registrados em documentos próprios, a fim de que sejam asseguradas a regularidade e autenticidade da vida escolar do educando; o educando portador de necessidades educativas especiais, será avaliado não por seus limites, mas pelos conteúdos que será capaz de desenvolver. na disciplina de Língua Espanhola, as avaliações serão realizadas no decorrer do processo ensino-aprendizagem, sendo registradas 04 (quatro) notas para fins de cálculo da média final; no Ensino Fundamental – Fase II, a disciplina de Ensino Religioso será avaliada no processo de ensino e aprendizagem, não tendo registro de notas na documentação escolar, por não ser objeto de retenção. 3.6.3 Recuperação de Estudos A oferta da recuperação de estudos significa encarar o erro como hipótese de construção aprendizagem, do conhecimento, de possibilitando a aceitá-lo reorientação como parte dos estudos. integrante Ela se da dará concomitantemente ao processo ensino-aprendizagem, considerando a apropriação dos conhecimentos básicos, sendo direito de independentemente do nível de apropriação dos mesmos. todos os educandos, 236 A recuperação será também individualizada, organizada com atividades significativas, com indicação de roteiro de estudos, entrevista para melhor diagnosticar o nível de aprendizagem de cada educando. Assim, principalmente para os educandos que não se apropriarem dos conteúdos básicos, será oportunizada a recuperação de estudos por meio de exposição dialogada dos conteúdos, de novas atividades significativas e de novos instrumentos de avaliação, conforme o descrito no Regimento Escolar. 3.6.4 Aproveitamento de Estudos O aluno poderá requerer aproveitamento de estudos realizados com êxito, amparado pela legislação vigente, conforme regulamentado no Regimento Escolar, por meio de cursos ou de exames supletivos, nos casos de matrícula inicial, transferência e prosseguimento de estudos. 3.6.5 Classificação e Reclassificação Para a classificação e reclassificação este estabelecimento de ensino utilizará o previsto na legislação vigente, conforme regulamentado no Regimento Escolar. 3.7 - REGIME ESCOLAR O Estabelecimento Escolar funcionará, preferencialmente, no período noturno, podendo atender no período vespertino e/ou matutino, de acordo com a demanda de alunos, número de salas de aula e capacidade, com a expressa autorização do Departamento de Educação e Trabalho, da Secretaria de Estado da Educação. As informações relativas aos estudos realizados pelo educando serão registradas no Histórico Escolar, aprovado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná. O Relatório Final para registro de conclusão do Curso, será emitido pelo estabelecimento de ensino a partir da conclusão das disciplinas constantes na matriz curricular. 237 Este Estabelecimento Escolar poderá executar ações pedagógicas descentralizadas para atendimento de demandas específicas - desde que autorizado pelo Departamento de Educação e Trabalho, da Secretaria de Estado da Educação – em locais onde não haja a oferta de EJA e para grupos ou indivíduos em situação especial, como por exemplo, em unidades sócio-educativas, no sistema prisional, em comunidades indígenas, de trabalhadores rurais temporários, de moradores em comunidades de difícil acesso, dentre outros. 3.7.1 ORGANIZAÇÃO Os conteúdos escolares estão organizados por disciplinas no Ensino Fundamental – Fase II e Médio, conforme dispostas nas Matrizes Curriculares, em concordância com as Diretrizes Curriculares Nacionais, contidas nos Pareceres n.º 02 e 04/98-CEB/CNE para o Ensino Fundamental e Resolução n.º 03/98 e Parecer n.º 15/98 - CEB/CNE para o Ensino Médio e com as Deliberações nº 01/06, nº 04/06, nº 07/06 e nº 03/08, todas do Conselho Estadual de Educação. 3.7.2 FORMAS DE ATENDIMENTO A educação neste Estabelecimento Escolar é de forma presencial, com as seguintes ofertas : • organização coletiva e individual para o Ensino Fundamental – Fase II e Ensino Médio, em todas as disciplinas, sendo priorizadas as vagas para matrícula na organização coletiva. • A disciplina de Língua Espanhola será ofertada somente na organização coletiva. 238 3.7.2.1 Ensino Fundamental – Fase II e Ensino Médio No Ensino Fundamental – Fase II e Ensino Médio considerar-se-á, a oferta de 100% da carga horária total estabelecida. 3.7.3 MATRÍCULA Para a matrícula no Estabelecimento Escolar de Educação de Jovens e Adultos: a) a idade para ingresso respeitará a legislação vigente; b) será respeitada instrução própria de matrícula expedida pela mantenedora; c) o educando do Ensino Fundamental – Fase II e do Ensino Médio, poderá matricular-se de uma a quatro disciplinas simultaneamente; d) no Ensino Fundamental – Fase II, a disciplina de Ensino Religioso é de matrícula facultativa para o educando. e) no Ensino Médio, a disciplina de Língua Espanhola é de matrícula facultativa para o educando e entrará no cômputo das quatro disciplinas que podem ser cursadas concomitante; f) poderão ser aproveitadas integralmente disciplinas concluídas com êxito por meio de cursos organizados por disciplina, por exames supletivos, série(s) e de período(s) / etapa(s) / semestre(s) equivalente(s) à conclusão de série(s) do ensino regular, mediante apresentação de comprovante de conclusão, conforme regulamentado no Regimento Escolar; g) para os educandos que não participaram do processo de escolarização formal/escolar; bem como o educando desistente do processo de escolarização formal/escolar, em anos letivos anteriores, poderão ter seus conhecimentos aferidos por processo de classificação, definidos no Regimento Escolar; h) será considerado desistente, na disciplina, o educando que se ausentar por mais de 02 (dois) meses consecutivos, devendo a escola, no seu retorno, reativar sua matrícula para dar continuidade aos seus 239 estudos, aproveitando a carga horária cursada e os registros de notas obtidos, desde que o prazo de desistência não ultrapasse 02 (dois) anos, a partir da data da matrícula inicial; i) o educando desistente, por mais de dois anos, a partir da data de matrícula inicial na disciplina, no seu retorno, deverá fazer rematrícula na disciplina, podendo participar do processo de reclassificação. j) educando desistente da disciplina de Língua Espanhola, por mais de 02 (dois) meses consecutivos ou por mais de dois anos, a contar da data de matrícula inicial, no seu retorno, deverá reiniciar a disciplina sem aproveitamento da carga horária cursada e os registros de notas obtidos, caso opte novamente por cursar essa disciplina. No ato da matrícula, conforme instrução própria da mantenedora, o educando será orientado por equipe de professor-pedagogo sobre: a organização dos cursos, o funcionamento do estabelecimento: horários, calendário, regimento escolar, a duração e a carga horária das disciplinas. O educando será orientado pelos professores das diferentes disciplinas, que os receberá individualmente ou em grupos agendados, efetuando as orientações metodológicas, bem como as devidas explicações sobre os seguintes itens que compõem o Guia de Estudos: • a organização dos cursos; • o funcionamento do estabelecimento: horários, calendário, regimento escolar; • a dinâmica de atendimento ao educando; • a duração e a carga horária das disciplinas; • os conteúdos e os encaminhamentos metodológicos; • o material de apoio didático; • as sugestões bibliográficas para consulta; • a avaliação; • outras informações necessárias. 240 3.7.4 MATERIAL DIDÁTICO O material didático, indicado pela mantenedora, constitui-se como um dos recursos de apoio pedagógico do Estabelecimento Escolar da Rede Pública do Estado do Paraná de Educação de Jovens e Adultos. 3.7.5 AVALIAÇÃO • avaliação será diagnóstica, contínua, sistemática, abrangente, permanente; • as avaliações utilizarão técnicas e instrumentos diversificados, sempre com finalidade educativa; • para fins de promoção ou certificação, serão registradas 02 (duas) a 06 (seis) notas por disciplina, que corresponderão às provas individuais escritas e também a outros instrumentos avaliativos adotados, durante o processo de ensino, a que, obrigatoriamente, o educando se submeterá na presença do professor, conforme descrito no regimento escolar; • a avaliação será realizada no processo de ensino e aprendizagem, sendo os resultados expressos em uma escala de 0 (zero) a 10,0 (dez vírgula zero); • para fins de promoção ou certificação, a nota mínima exigida é 6,0 (seis vírgula zero), em cada disciplina, de acordo com a Resolução n.º 3794/04 – SEED e freqüência mínima de 75% (setenta e cinco por cento)do total da carga horária de cada disciplina na organização coletiva e 100% (cem por cento) na organização individual; • o educando deverá atingir, pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero) em cada registro da avaliação processual. Caso contrário, terá direito à recuperação de estudos. Para os demais, a recuperação será ofertada como acréscimo ao processo de apropriação dos conhecimentos; 241 • a média final, de cada disciplina, corresponderá à média aritmética das avaliações processuais, devendo os mesmos atingir pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero); • os resultados das avaliações dos educandos deverão ser registrados em documentos próprios, a fim de que sejam asseguradas a regularidade e autenticidade da vida escolar do educando; • o educando portador de necessidades educativas especiais, será avaliado não por seus limites, mas pelos conteúdos que será capaz de desenvolver. • Para fins de certificação e acréscimo da carga horária da disciplina de Língua Espanhola, o educando deverá atingir a média mínima de 6,0 (seis vírgula zero) e frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) do total da carga horária da disciplina; • no Ensino Fundamental – Fase II, a disciplina de Ensino Religioso será avaliada no processo de ensino e aprendizagem, não tendo registro de notas na documentação escolar, por não ser objeto de retenção. • Para fins de acréscimo da carga horária da disciplina de Ensino Religioso, na documentação escolar, o educando deverá ter frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) do total da carga horária da disciplina. 3.7.6 RECUPERAÇÃO DE ESTUDOS A oferta da recuperação de estudos significa encarar o erro como hipótese de construção aprendizagem, do conhecimento, de possibilitando a aceitá-lo reorientação como parte dos estudos. integrante Ela se da dará concomitantemente ao processo ensino-aprendizagem, considerando a apropriação dos conhecimentos básicos, sendo direito de independentemente do nível de apropriação dos mesmos. todos os educandos, 242 A recuperação será também individualizada, organizada com atividades significativas, com indicação de roteiro de estudos, entrevista para melhor diagnosticar o nível de aprendizagem de cada educando. Assim, principalmente para os educandos que não se apropriarem dos conteúdos básicos, será oportunizada a recuperação de estudos por meio de exposição dialogada dos conteúdos, de novas atividades significativas e de novos instrumentos de avaliação, conforme o descrito no Regimento Escolar. 3.7.7 APROVEITAMENTO DE ESTUDOS, CLASSIFICAÇÃO E RECLASSIFICAÇÃO Os procedimentos de aproveitamento de estudos, classificação e reclassificação estão regulamentados no Regimento Escolar e atenderão o disposto na legislação vigente. 3.7.8 ÁREA DE ATUAÇÃO As ações desenvolvidas pelo Estabelecimento Escolar Estadual que oferta a Educação de Jovens e Adultos limitam-se à jurisdição do Estado do Paraná, do Núcleo Regional de Educação, podendo estabelecer ações pedagógicas descentralizadas, desde que autorizadas pela mantenedora. 3.7.9 ESTÁGIO NÃO-OBRIGATÓRIO Este Estabelecimento Escolar, em consonância com as orientações da SEED, oportunizará o estágio não-obrigatório, como atividade opcional, desenvolvido no ambiente de trabalho, conforme a Lei Federal nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. 3.8 - RECURSOS HUMANOS 3.8.1 Atribuições dos Recursos Humanos De todos os profissionais que atuam na gestão, ensino e apoio pedagógico neste Estabelecimento Escolar na modalidade Educação de Jovens e Adultos, exigir-se-á o profundo conhecimento e estudo constante da fundamentação teórica e 243 da função social da EJA, do perfil de seus educandos jovens, adultos e idosos; das Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais de EJA; bem como as legislações e suas regulamentações inerentes à Educação e, em especial, à Educação de Jovens e Adultos. 3.8.1.1 Direção A direção escolar é composta pelo diretor(a) e diretor(a) auxiliar, escolhidos democraticamente entre os componentes da comunidade escolar, conforme legislação em vigor. A função de diretor(a), como responsável pela efetivação da gestão democrática, é a de assegurar o alcance dos objetivos educacionais definidos no Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino. Compete ao diretor(a): I. cumprir e fazer cumprir a legislação em vigor; II. responsabilizar-se pelo patrimônio público escolar recebido no ato da posse; III. coordenar a elaboração e acompanhar a implementação do Projeto Político-Pedagógico da escola, construído coletivamente e aprovado pelo Conselho Escolar; IV. coordenar e incentivar a qualificação permanente dos profissionais da educação; V. implementar a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino, em observância às Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais; VI. coordenar a elaboração do Plano de Ação do estabelecimento de ensino e submetê-lo à aprovação do Conselho Escolar; VII. convocar e presidir as reuniões do Conselho Escolar, dando encaminhamento às decisões tomadas coletivamente; VIII. elaborar os planos de aplicação financeira sob sua responsabilidade, consultando a comunidade escolar e colocando-os em edital público; IX. prestar contas dos recursos recebidos, submetendo-os à aprovação do Conselho Escolar e fixando-os em edital público; 244 X. coordenar a construção coletiva do Regimento Escolar, em consonância com a legislação em vigor, submetendo-o à apreciação do Conselho Escolar e, após, encaminhá-lo ao NRE para a devida aprovação; XI. garantir o fluxo de informações no estabelecimento de ensino e deste com os órgãos da administração estadual; XII. encaminhar aos órgãos competentes as propostas de modificações no ambiente escolar, quando necessárias, aprovadas pelo Conselho Escolar; XIII. deferir os requerimentos de matrícula; XIV. elaborar, juntamente com a equipe pedagógica, o calendário escolar, de acordo com as orientações da SEED, submetê-lo à apreciação do Conselho Escolar e encaminhá-lo ao NRE para homologação; XV. acompanhar, juntamente com a equipe pedagógica, o trabalho docente e o cumprimento das reposições de dias letivos, carga horária e de conteúdo aos discentes; XVI. assegurar o cumprimento dos dias letivos, horas-aula e horas atividade estabelecidos; XVII. promover grupos de trabalho e estudos ou comissões encarregadas de estudar e propor alternativas para atender aos problemas de natureza pedagógicoadministrativa no âmbito escolar; XVIII. propor à Secretaria de Estado da Educação, via Núcleo Regional de Educação, após aprovação do Conselho Escolar, alterações na oferta de ensino e abertura ou fechamento de cursos; XIX. participar e analisar da elaboração dos Regulamentos Internos e encaminhá-los ao Conselho Escolar para aprovação; XX. supervisionar o preparo da merenda escolar, quanto ao cumprimento das normas estabelecidas na legislação vigente relativamente a exigências sanitárias e padrões de qualidade nutricional; XXI. presidir o Conselho de Classe, dando encaminhamento às decisões tomadas coletivamente; XXII. definir horário e escalas de trabalho da equipe técnico-administrativa e equipe auxiliar operacional; 245 XXIII. articular processos de integração da escola com a comunidade; XXIV. solicitar ao NRE suprimento e cancelamento de demanda de funcionários e professores do estabelecimento, observando as instruções emanadas da SEED; XXV. organizar horário adequado para a realização da Prática Profissional Supervisionada do funcionário cursista do Programa Nacional de Valorização dos Trabalhadores em Educação – Pró-funcionário, no horário de trabalho, correspondendo a 50% (cinqüenta por cento) da carga horária da Prática Profissional Supervisionada, conforme orientação da SEED, contida no Plano de Curso; XXVI. participar, com a equipe pedagógica, da análise e definição de projetos a serem inseridos no Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino, juntamente com a comunidade escolar; XXVII. cooperar com o cumprimento das orientações técnicas de vigilância sanitária e epidemiológica; XXVIII. viabilizar salas adequadas quando da oferta de ensino extracurricular e plurilingüista de Língua Estrangeira Moderna, pelo Centro de Línguas Estrangeiras Modernas – CELEM; XXIX. disponibilizar espaço físico adequado quando da oferta de Serviços e Apoios Pedagógicos Especializados, nas diferentes áreas da Educação Especial; XXX. assegurar a realização do processo de avaliação institucional do estabelecimento de ensino; XXXI. zelar pelo sigilo de informações pessoais de alunos, professores, funcionários e famílias; XXXII. manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com seus colegas, com alunos, pais e com os demais segmentos da comunidade escolar; XXXIII. assegurar o cumprimento dos programas mantidos e implantados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação/MEC – FNDE; XXXIV. cumprir e fazer cumprir o disposto no Regimento Escolar. Compete ao(à) diretor(a) auxiliar assessorar o(a) diretor(a) em todas as suas atribuições e substituí-lo(a) na sua falta ou por algum impedimento. 246 3.8.1.2 Professor Pedagogo O Professor Pedagogo é responsável pela coordenação, implantação e implementação no estabelecimento de ensino das Diretrizes Curriculares definidas no Projeto Político-Pedagógico e no Regimento Escolar, em consonância com a política educacional e orientações emanadas da Secretaria de Estado da Educação. Compete ao Professor Pedagogo: I. coordenar a elaboração coletiva e acompanhar a efetivação do Projeto Político-Pedagógico e do Plano de Ação do estabelecimento de ensino; II. orientar a comunidade escolar na construção de um processo pedagógico, em uma perspectiva democrática; III. participar e intervir, junto à direção, na organização do trabalho pedagógico escolar, no sentido de realizar a função social e a especificidade da educação escolar; IV. coordenar a construção coletiva e a efetivação da proposta pedagógica curricular do estabelecimento de ensino, a partir das políticas educacionais da SEED e das Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais; V. orientar o processo de elaboração dos Planos de Trabalho Docente junto ao coletivo de professores do estabelecimento de ensino; VI. Acompanhar o trabalho docente, quanto às reposições de horas-aula aos discentes; VII. promover e coordenar reuniões pedagógicas e grupos de estudo para reflexão e aprofundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico visando à elaboração de propostas de intervenção para a qualidade de ensino para todos; VIII. participar da elaboração de projetos de formação continuada dos profissionais do estabelecimento de ensino, que tenham como finalidade a realização e o aprimoramento do trabalho pedagógico escolar; 247 IX. organizar, junto à direção da escola, a realização dos Pré-Conselhos e dos Conselhos de Classe, de forma a garantir um processo coletivo de reflexão-ação sobre o trabalho pedagógico desenvolvido no estabelecimento de ensino; X. coordenar a elaboração e acompanhar a efetivação de propostas de intervenção decorrentes das decisões do Conselho de Classe; XI. subsidiar o aprimoramento teórico-metodológico do coletivo de professores do estabelecimento de ensino, promovendo estudos sistemáticos, trocas de experiência, debates e oficinas pedagógicas; XII. organizar a hora-atividade dos professores do estabelecimento de ensino, de maneira a garantir que esse espaço-tempo seja de efetivo trabalho pedagógico; XIII. proceder à análise dos dados do aproveitamento escolar de forma a desencadear um processo de reflexão sobre esses dados, junto à comunidade escolar, com vistas a promover a aprendizagem de todos os alunos; XIV. coordenar o processo coletivo de elaboração e aprimoramento do Regimento Escolar, garantindo a participação democrática de toda a comunidade escolar; XV. participar do Conselho Escolar, quando representante do seu segmento, subsidiando teórica e metodologicamente as discussões e reflexões acerca da organização e efetivação do trabalho pedagógico escolar; XVI. orientar e acompanhar a distribuição, conservação e utilização dos livros e demais materiais pedagógicos, no estabelecimento de ensino, fornecidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação/MEC – FNDE; XVII. coordenar a elaboração de critérios para aquisição, empréstimo e seleção de materiais, equipamentos e/ou livros de uso didático-pedagógico, a partir do Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino; XVIII. participar da organização pedagógica da biblioteca do estabelecimento de ensino, assim como do processo de aquisição de livros, revistas, fomentando ações e projetos de incentivo à leitura; XIX. acompanhar as atividades desenvolvidas nos Laboratórios de Química, Física e Biologia e de Informática; 248 XX. propiciar o desenvolvimento da representatividade dos alunos e de sua participação nos diversos momentos e Órgãos Colegiados da escola; XXI. coordenar o processo democrático de representação docente de cada turma; XXII. colaborar com a direção na distribuição das aulas, conforme orientação da SEED; XXIII. coordenar, junto à direção, o processo de distribuição de aulas e disciplinas, a partir de critérios legais, didático-pedagógicos e do Projeto PolíticoPedagógico do estabelecimento de ensino; XXIV. acompanhar os estagiários das instituições de ensino superior quanto às atividades a serem desenvolvidas no estabelecimento de ensino; XXV. acompanhar o desenvolvimento do Programa Nacional de Valorização dos Trabalhadores em Educação – Pró-funcionário, tanto na organização do curso, quanto no acompanhamento da Prática Profissional Supervisionada dos funcionários cursistas da escola e/ou de outras unidades escolares; XXVI. promover a construção de estratégias pedagógicas de superação de todas as formas de discriminação, preconceito e exclusão social; XXVII. coordenar a análise de projetos a serem inseridos no Projeto PolíticoPedagógico do estabelecimento de ensino; XXVIII. acompanhar o processo de avaliação institucional do estabelecimento de ensino; XXIX. participar na elaboração do Regulamento de uso dos espaços pedagógicos; XXX. orientar, coordenar e acompanhar a efetivação de procedimentos didático-pedagógicos referentes à avaliação processual e aos processos de classificação, reclassificação, aproveitamento de estudos, adaptação e progressão parcial, conforme legislação em vigor; XXXI. organizar e acompanhar, juntamente com a direção, as reposições de dias letivos, horas e conteúdos aos discentes; XXXII. orientar, acompanhar e visar periodicamente os Livros de Registro de Classe; 249 XXXIII. organizar registros de acompanhamento da vida escolar do aluno; XXXIV. organizar registros para o acompanhamento da prática pedagógica dos profissionais do estabelecimento de ensino; XXXV. solicitar autorização dos pais ou responsáveis para realização da Avaliação Educacional do Contexto Escolar, a fim de identificar possíveis necessidades educacionais especiais; XXXVI. coordenar e acompanhar o processo de Avaliação Educacional no Contexto Escolar, para os alunos com dificuldades acentuadas de aprendizagem, visando encaminhamento aos serviços e apoios especializados da Educação Especial, se necessário; XXXVII. acompanhar os aspectos de sociabilização e aprendizagem dos alunos, realizando contato com a família com o intuito de promover ações para o seu desenvolvimento integral; XXXVIII. acompanhar a freqüência escolar dos alunos, contatando as famílias e encaminhando-os aos órgãos competentes, quando necessário; XXXIX. acionar serviços de proteção à criança e ao adolescente, sempre que houver necessidade de encaminhamentos; XL. orientar e acompanhar o desenvolvimento escolar dos alunos com necessidades educativas especiais, nos aspectos pedagógicos, adaptações físicas e curriculares e no processo de inclusão na escola; XLI. assessorar os professores do CELEM e acompanhar as turmas, quando o estabelecimento de ensino ofertar o ensino extracurricular plurilingüístico de Língua Estrangeira Moderna; XLII. manter contato com os professores dos serviços e apoios especializados de alunos com necessidades educacionais especiais, para intercâmbio de informações e trocas de experiências, visando à articulação do trabalho pedagógico entre Educação Especial e ensino regular; XLIII. assegurar a realização do processo de avaliação institucional do estabelecimento de ensino; XLIV. manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com colegas, alunos, pais e demais segmentos da comunidade escolar; 250 XLV. zelar pelo sigilo de informações pessoais de alunos, professores, funcionários e famílias; XLVI. elaborar seu Plano de Ação; XLVII. cumprir e fazer cumprir o disposto no Regimento Escolar. O professor pedagogo tem funções no contexto pedagógico e também no administrativo, tais como: • Orientar e acompanhar a elaboração dos guias de estudos de cada disciplina; • Coordenar e acompanhar ações pedagógicas descentralizadas e exames supletivos quando, no estabelecimento, não houver coordenação(ões) específica(s) dessa(s) ação(ões). • Acompanhar o estágio não-obrigatório. 3.8.1.3 Coordenações As Coordenações de Ações Pedagógicas Descentralizadas – Coordenação Geral e Coordenação Itinerante, bem como a Coordenação de Exames Supletivos, têm como finalidade a execução dessas ações pelo Estabelecimento Escolar, quando autorizadas e regulamentadas pela mantenedora. Cabe ao(s) Coordenador(es) de Ações Pedagógicas Descentralizadas: Coordenador Geral • Receber e organizar as solicitações de Ações Pedagógicas Descentralizadas. • Organizar os processos dessas Ações para análise pelo respectivo NRE. • Elaborar os cronogramas de funcionamento de cada turma da Ação. • Digitar os processos no Sistema e encaminhar para justificativa da direção do Estabelecimento. • Acompanhar o funcionamento de todas turmas de Ações Pedagógicas Descentralizadas vinculados ao Estabelecimento. • Acompanhar a matrícula dos educandos e a inserção das mesmas no Sistema. 251 • Organizar a documentação dos educandos para a matrícula. • Organizar as listas de freqüência e de notas dos educandos. • Enviar material de apoio didático para as turmas das Ações Pedagógicas Descentralizadas. • Responder ao NRE sobre todas as situações dessas turmas. • Organizar o rodízio dos professores nas diversas disciplinas, garantindo o atendimento aos educandos de todas as turmas. • Orientar e acompanhar o cumprimento das atividades a serem executadas durante as horas-atividade dos professores. • Realizar reuniões periódicas de estudo que promovam o intercâmbio de experiências pedagógicas e a avaliação do processo ensino-aprendizagem. • Elaborar materiais de divulgação e chamamento de matrículas em comunidades que necessitam de escolarização. • Acompanhar a ação dos Coordenadores Itinerantes. • Tomar ciência e fazer cumprir a legislação vigente. • Prestar à Direção, à Equipe Pedagógica do Estabelecimento e ao NRE, quando solicitado, quaisquer esclarecimentos sobre a execução da escolarização pelas Ações Pedagógicas Descentralizadas sob sua oordenação; Coordenador Itinerante • Acompanhar o funcionamento in loco das Ações Pedagógicas Descentralizadas. • Atender e/ou encaminhar as demandas dos professores e dos educandos. • Verificar o cumprimento do horário de funcionamento das turmas. • Observar e registrar a presença dos professores. • Atender à comunidade nas solicitações de matrícula. • Solicitar e distribuir o material de apoio pedagógico. • Solicitar e distribuir as listas de freqüência e de nota dos educandos. • Encaminhar as notas e freqüências dos educandos para digitação. 252 • Acompanhar o rodízio de professores, comunicando à Coordenação Geral qualquer problema neste procedimento. • Solicitar e organizar a documentação dos educandos para a matrícula. • Acompanhar o funcionamento pedagógico e administrativo de todas as turmas das Ações Pedagógicas Descentralizadas sob sua responsabilidade. • Participar das reuniões pedagógicas e da hora atividade, juntamente com os professores; Coordenador de Exames Supletivos • Acompanhar e viabilizar todas as ações referentes aos Exames Supletivos • Tomar conhecimento do edital de exames. • Fazer as inscrições dos candidatos, conforme datas determinadas no edital. • Verificar o número mínimo de candidatos inscritos para que os exames possam ser executados. • Digitar, no sistema, a inscrição dos candidatos. • Conferir a inserção das inscrições dos candidatos no Sistema por meio da emissão de Relatório de Inscritos. • Solicitar credenciamento de outros espaços escolares, quando necessário, para execução dos exames. • Solicitar, por e-mail ou ofício, com o conhecimento do NRE, as provas em Braille e as ampliadas, das etapas à serem realizadas, quando for o caso. • Solicitar, por e-mail ou ofício, com o conhecimento do NRE, para o DET/CEJA/SEED, autorização para a realização de quaisquer bancas especiais. • Comunicar ao NRE todos os procedimentos tomados para realização dos Exames. • Receber os materiais dos Exames Supletivos nos NREs. 253 • Capacitar a(s) equipe(s) de trabalho do Estabelecimento para a realização dos Exames Supletivos, quanto ao cumprimento dos procedimentos, em especial a organização e o preenchimento dos cartões-resposta. • Acompanhar a aplicação das provas, para que transcorram com segurança e tranqüilidade, em conformidade com os procedimentos inerentes aos Exames. • Divulgar as atas de resultado. • Acompanhar e executar todas as ações referentes aos Exames On Line. 3.8.1.4 Docentes Os Docentes da Educação de Jovens e Adultos devem ter características básicas a modalidade de ensino, espírito inovador, compromisso com a proposta da EJA, objetividade, disponibilidade, espírito de coletividade, visão global, postura interdisciplinar e contextualizada, busca de aprimoramento profissional constante. A equipe docente é constituída de professores regentes, devidamente habilitados. Compete aos docentes: I. participar da elaboração, implementação e avaliação do Projeto PolíticoPedagógico do estabelecimento de ensino, construído de forma coletiva e aprovado pelo Conselho Escolar; II. elaborar, com a equipe pedagógica, a proposta pedagógica curricular do estabelecimento de ensino, em consonância com o Projeto Político-Pedagógico e as Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais; III. participar do processo de escolha, juntamente com a equipe pedagógica, dos livros e materiais didáticos, em consonância com o Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino; IV. elaborar seu Plano de Trabalho Docente; V. desenvolver as atividades de sala de aula, tendo em vista a apreensão crítica do conhecimento pelo aluno; 254 VI. proceder à reposição dos conteúdos, carga horária e/ou dias letivos aos alunos, quando se fizer necessário, a fim de cumprir o calendário escolar, resguardando prioritariamente o direito do aluno; VII. proceder à avaliação contínua, cumulativa e processual dos alunos, utilizando-se de instrumentos e formas diversificadas de avaliação, previstas no Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino; VIII. promover o processo de recuperação concomitante de estudos para os alunos, estabelecendo estratégias diferenciadas de ensino e aprendizagem, no decorrer do período letivo; IX. participar do processo de avaliação educacional no contexto escolar dos alunos com dificuldades acentuadas de aprendizagem, sob coordenação e acompanhamento do pedagogo, com vistas à identificação de possíveis necessidades educacionais especiais e posterior encaminhamento aos serviços e apoios especializados da Educação Especial, se necessário; X. participar de processos coletivos de avaliação do próprio trabalho e da escola, com vistas ao melhor desenvolvimento do processo ensino e aprendizagem; XI. participar de reuniões, sempre que convocado pela direção; XII. assegurar que, no âmbito escolar, não ocorra tratamento discriminatório em decorrência de diferenças físicas, étnicas, de gênero e orientação sexual, de credo, ideologia, condição sócio-cultural, entre outras; XIII. viabilizar a igualdade de condições para a permanência do aluno na escola, respeitando a diversidade, a pluralidade cultural e as peculiaridades de cada aluno, no processo de ensino e aprendizagem; XIV. participar de reuniões e encontros para planejamento e acompanhamento, junto ao professor de Serviços e Apoios Especializados, da Sala de Apoio à Aprendizagem, da Sala de Recursos e de Contraturno, a fim de realizar ajustes ou modificações no processo de intervenção educativa; XV. estimular o acesso a níveis mais elevados de ensino, cultura, pesquisa e criação artística; XVI. participar ativamente dos Pré-Conselhos e Conselhos de Classe, na busca de alternativas pedagógicas que visem ao aprimoramento do processo 255 educacional, responsabilizando-se pelas informações prestadas e decisões tomadas, as quais serão registradas e assinadas em Ata; XVII. propiciar ao aluno a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, visando ao exercício consciente da cidadania; XVIII. zelar pela freqüência do aluno à escola, comunicando qualquer irregularidade à equipe pedagógica; XIX. cumprir o calendário escolar, quanto aos dias letivos, horas-aula e horasatividade estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; XX. cumprir suas horas-atividade no âmbito escolar, dedicando-as a estudos, pesquisas e planejamento de atividades docentes, sob orientação da equipe pedagógica, conforme determinações da SEED; XXI. manter atualizados os Registros de Classe, conforme orientação da equipe pedagógica e secretaria escolar, deixando-os disponíveis no estabelecimento de ensino; XXII. participar do planejamento e da realização das atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade; XXIII. desempenhar o papel de representante de turma, contribuindo para o desenvolvimento do processo educativo; XXIV. dar cumprimento aos preceitos constitucionais, à legislação educacional em vigor e ao Estatuto da Criança e do Adolescente, como princípios da prática profissional e educativa; XXV. participar, com a equipe pedagógica, da análise e definição de projetos a serem inseridos no Projeto Político Pedagógico do estabelecimento de ensino; XXVI. comparecer ao estabelecimento de ensino nas horas de trabalho ordinárias que lhe forem atribuídas e nas extraordinárias, quando convocado; XXVII. zelar pelo sigilo de informações pessoais de alunos, professores, funcionários e famílias; XXIII. manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com seus colegas, com alunos, com pais e com os demais segmentos da comunidade escolar; XXIX. participar da avaliação institucional, conforme orientação da SEED; 256 XXX. cumprir e fazer cumprir o disposto no Regimento Escolar. Aos docentes cabe também: Definir e desenvolver o seu plano de ensino, conforme orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais de EJA e da proposta pedagógica deste Estabelecimento Escolar. • Conhecer o perfil de seus educandos jovens, adultos e idosos. • Utilizar adequadamente os espaços e materiais didático-pedagógicos disponíveis, tornando-os meios para implementar uma metodologia de ensino que respeite o processo de aquisição do conhecimento de cada educando jovem, adulto e idoso deste Estabelecimento; O docente suprido neste Estabelecimento de Ensino deverá atuar na sede e nas ações pedagógicas descentralizadas, bem como nos exames supletivos. Deverá atuar em todas as formas de organização do curso: aulas presenciais coletivas e individuais. 3.8.1.5 Secretaria e Apoio Administrativo A função de técnicos administrativos é exercida por profissionais que atuam nas áreas da secretaria, biblioteca e laboratório de Informática do estabelecimento de ensino. A função de assistente de execução é exercida por profissional que atua no laboratório de Química, Física e Biologia do estabelecimento de ensino. O técnico administrativo que atua na secretaria como secretário(a) escolar é indicado pela direção do estabelecimento de ensino e designado por Ato Oficial, conforme normas da SEED. O serviço da secretaria é coordenado e supervisionado pela direção. Compete ao Secretário Escolar: I. conhecer o Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino; 257 II. cumprir a legislação em vigor e as instruções normativas emanadas da SEED, que regem o registro escolar do aluno e a vida legal do estabelecimento de ensino; III. distribuir as tarefas decorrentes dos encargos da secretaria aos demais técnicos administrativos; IV. receber, redigir e expedir a correspondência que lhe for confiada; V. organizar e manter atualizados a coletânea de legislação, resoluções, instruções normativas, ordens de serviço, ofícios e demais documentos; VI. efetivar e coordenar as atividades administrativas referentes à matrícula, transferência e conclusão de curso; VII. elaborar relatórios e processos de ordem administrativa a serem encaminhados às autoridades competentes; VIII. encaminhar à direção, em tempo hábil, todos os documentos que devem ser assinados; IX. organizar e manter atualizado o arquivo escolar ativo e conservar o inativo, de forma a permitir, em qualquer época, a verificação da identidade e da regularidade da vida escolar do aluno e da autenticidade dos documentos escolares; X. responsabilizar-se pela guarda e expedição da documentação escolar do aluno, respondendo por qualquer irregularidade; XI. manter atualizados os registros escolares dos alunos no sistema informatizado; XII. organizar e manter atualizado o arquivo com os atos oficiais da vida legal da escola, referentes à sua estrutura e funcionamento; XIII. atender a comunidade escolar, na área de sua competência, prestando informações e orientações sobre a legislação vigente e a organização e funcionamento do estabelecimento de ensino, conforme disposições do Regimento Escolar; XIV. zelar pelo uso adequado e conservação dos materiais e equipamentos da secretaria; XV. orientar os professores quanto ao prazo de entrega do Livro Registro de Classe com os resultados da frequência e do aproveitamento escolar dos alunos; 258 XVI. cumprir e fazer cumprir as obrigações inerentes às atividades administrativas da secretaria, quanto ao registro escolar do aluno referente à documentação comprobatória, de adaptação, aproveitamento de estudos, progressão parcial, classificação, reclassificação e regularização de vida escolar; XVII. organizar o livro-ponto de professores e funcionários, encaminhando ao setor competente a sua freqüência, em formulário próprio; XVIII. secretariar os Conselhos de Classe e reuniões, redigindo as respectivas Atas; XIX. conferir, registrar e/ou patrimoniar materiais e equipamentos recebidos; XX. comunicar imediatamente à direção toda irregularidade que venha ocorrer na secretaria da escola; XXI. participar de eventos, cursos, reuniões, sempre que convocado, ou por iniciativa própria, desde que autorizado pela direção, visando ao aprimoramento profissional de sua função; XXII. auxiliar a equipe pedagógica e direção para manter atualizado os dados no Sistema de Controle e Remanejamento dos Livros Didáticos; XXIII. fornecer dados estatísticos inerentes às atividades da secretaria escolar, quando solicitado; XXIV. participar da avaliação institucional, conforme orientações da SEED; XXV. zelar pelo sigilo de informações pessoais de alunos, professores, funcionários e famílias; XXVI. manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com seus colegas, com alunos, com pais e com os demais segmentos da comunidade escolar; XXVII. participar das atribuições decorrentes do Regimento Escolar e exercer as específicas da sua função. Compete aos técnicos administrativos que atuam na secretaria dos estabelecimentos de ensino, sob a coordenação do(a) secretário(a): I. cumprir as obrigações inerentes às atividades administrativas da secretaria, quanto ao registro escolar do aluno referente à documentação comprobatória, necessidades de adaptação, aproveitamento de estudos, progressão parcial, classificação, reclassificação e regularização de vida escolar; 259 II. atender a comunidade escolar e demais interessados, prestando informações e orientações; III. cumprir a escala de trabalho que lhe for previamente estabelecida; IV. participar de eventos, cursos, reuniões, sempre que convocado, ou por iniciativa própria, desde que autorizado pela direção, visando ao aprimoramento profissional de sua função; V. controlar a entrada e saída de documentos escolares, prestando informações sobre os mesmos a quem de direito; VI. organizar, em colaboração com o(a) secretário(a) escolar, os serviços do seu setor; VII. efetivar os registros na documentação oficial como Ficha Individual, Histórico Escolar, Boletins, Certificados, Diplomas e outros, garantindo sua idoneidade; VIII. organizar e manter atualizado o arquivo ativo e conservar o arquivo inativo da escola; IX. classificar, protocolar e arquivar documentos e correspondências, registrando a movimentação de expedientes; X. realizar serviços auxiliares relativos à parte financeira, contábil e patrimonial do estabelecimento, sempre que solicitado; XI. coletar e digitar dados estatísticos quanto à avaliação escolar, alimentando e atualizando o sistema informatizado; XII. executar trabalho de mecanografia, reprografia e digitação; XIII. participar da avaliação institucional, conforme orientações da SEED; XIV. zelar pelo sigilo de informações pessoais de alunos, professores, funcionários e famílias; XV. manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com seus colegas, com alunos, com pais e com os demais segmentos da comunidade escolar; XVI. exercer as demais atribuições decorrentes do Regimento Escolar e aquelas que concernem à especificidade de sua função. Compete ao técnico administrativo que atua na biblioteca escolar, indicado pela direção do estabelecimento de ensino: 260 I. cumprir e fazer cumprir o Regulamento de uso da biblioteca, assegurando organização e funcionamento; II. atender a comunidade escolar, disponibilizando e controlando o empréstimo de livros, de acordo com Regulamento próprio; III. auxiliar na implementação dos projetos de leitura previstos na proposta pedagógica curricular do estabelecimento de ensino; IV. auxiliar na organização do acervo de livros, revistas, gibis, vídeos, DVDs, entre outros; V. encaminhar à direção sugestão de atualização do acervo, a partir das necessidades indicadas pelos usuários; VI. zelar pela preservação, conservação e restauro do acervo; VII. registrar o acervo bibliográfico e dar baixa, sempre que necessário; VIII. receber, organizar e controlar o material de consumo e equipamentos da biblioteca; IX. manusear e operar adequadamente os equipamentos e materiais, zelando pela sua manutenção; X. participar de eventos, cursos, reuniões, sempre que convocado, ou por iniciativa própria, desde que autorizado pela direção, visando ao aprimoramento profissional de sua função; XI. auxiliar na distribuição e recolhimento do livro didático; XII. participar da avaliação institucional, conforme orientações da SEED; XIII. zelar pelo sigilo de informações pessoais de alunos, professores, funcionários e famílias; XIV. manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com seus colegas, com alunos, com pais e com os demais segmentos da comunidade escolar; XV. exercer as demais atribuições decorrentes do Regimento Escolar e aquelas que concernem à especificidade de sua função. Compete ao técnico administrativo indicado pela direção para atuar no laboratório de Informática do estabelecimento de ensino: I. cumprir e fazer cumprir Regulamento de uso do laboratório de Informática, assessorando na sua organização e funcionamento; 261 II. auxiliar o corpo docente e discente nos procedimentos de manuseio de materiais e equipamentos de informática; III. preparar e disponibilizar os equipamentos de informática e materiais necessários para a realização de atividades práticas de ensino no laboratório; IV. assistir aos professores e alunos durante a aula de Informática no laboratório; V. zelar pela manutenção, limpeza e segurança dos equipamentos; VI. participar de eventos, cursos, reuniões, sempre que convocado, ou por iniciativa própria, desde que autorizado pela direção, visando ao aprimoramento profissional de sua função; VII. receber, organizar e controlar o material de consumo e equipamentos do laboratório de Informática; VIII. participar da avaliação institucional, conforme orientações da SEED; IX. zelar pelo sigilo de informações pessoais de alunos, professores, funcionários e famílias; X. manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com seus colegas, com alunos, com pais e com os demais segmentos da comunidade escolar; XI. exercer as demais atribuições decorrentes do Regimento Escolar e aquelas que concernem à especificidade de sua função. Compete ao assistente de execução que atua no laboratório de Química, Física e Biologia do estabelecimento de ensino: I. cumprir e fazer cumprir o Regulamento de uso do laboratório de Química, Física e Biologia; II. aplicar, em regime de cooperação e de co-responsabilidade com o corpo docente e discente, normas de segurança para o manuseio de materiais e equipamentos; III. preparar e disponibilizar materiais de consumo e equipamentos para a realização de atividades práticas de ensino; IV. receber, controlar e armazenar materiais de consumo e equipamentos do laboratório; 262 V. utilizar as normas básicas de manuseio de instrumentos e equipamentos do laboratório; VI. assistir aos professores e alunos durante as aulas práticas do laboratório; VII. zelar pela manutenção, limpeza e segurança dos instrumentos e equipamentos de uso do laboratório, assim como pela preservação dos materiais de consumo; VIII. participar de eventos, cursos, reuniões, sempre que convocado, ou por iniciativa própria, desde que autorizado pela direção, visando ao aprimoramento profissional de sua função; IX. comunicar imediatamente à direção qualquer irregularidade, incidente e/ou acidente ocorridos no laboratório; X. manter atualizado o inventário de instrumentos, ferramentas, equipamentos, solventes, reagentes e demais materiais de consumo; XI. participar da avaliação institucional, conforme orientações da SEED; XII. zelar pelo sigilo de informações pessoais de alunos, professores, funcionários e famílias; XIII. manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com seus colegas, com alunos, com pais e com os demais segmentos da comunidade escolar; XIV. participar das atribuições decorrentes do Regimento Escolar e exercer as específicas da sua função. XV. Manter atualizado o sistema de acompanhamento do educando, considerando a organização da EJA prevista nesta proposta. 263 3.9 - REFERÊNCIAS ALMEIDA, Maria Conceição Pereira de. Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos, a Grande Conquista, Arte & Cultura, 1999, 1ª Edição. BRZEZINSKI, Iria. LDBEN Interpretada: diversos olhares se entrecruzam. São Paulo: Cortez, 1997. CARNEIRO, Moaci Alves. LDBEN fácil. Petrópolis, RJ : Vozes, 1998. CARVALHO, R.E. Removendo barreiras à aprendizagem. Porto Alegre, 2000, p.17 (5ª) Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (V CONFINTEA). Conselho Estadual de Educação - PR - Deliberação 011/99 – CEE. - Deliberação 014/99 – CEE. - Deliberação 09/01 –CEE. - Deliberação 06/05 – CEE. - Indicação 004/96 – CEE. - Parecer 095/99 – CEE (Funcionamento dos Laboratórios). Conselho Nacional de Educação - Parecer 011/2000 – Diretrizes Curriculares Nacionais de EJA. - Parecer 004/98 – Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. - Parecer 015/98 –Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. - Resolução 03/98 – CEB. Constituição Brasileira – Artigo 205. 264 DELORS, J. Educação : Um tesouro a descobrir. São Paulo : Cortez ; Brasília, DF : MEC : UNESCO, 1998. DEMO, Pedro. A Nova LDBEN – Ranços e Avanços. Campinas, SP : Papirus, 1997. DRAIBE, Sônia Miriam; COSTA, Vera Lúcia Cabral; SILVA Pedro Luiz Barros. Nível de Escolarização da População. mimeog. DI PIERRO; Maria Clara. A educação de Jovens e Adultos na LDBEN. mimeog. DI PIERRO; Maria Clara. Os projetos de Lei do Plano Nacional de Educação e a Educação de Jovens e Adultos. mimeog. Decreto 2494/98 da Presidência da República. Decreto 2494/98 da Presidência da República. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 40ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. LDBEN nº 9394/96. KUENZER, Acácia Zeneida. Ensino Médio: construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez, 2000, p.40. OLIVEIRA, Thelma Alves de, et al. Avaliação Institucional (Cadernos Temáticos). Curitiba: SEED – PR, 2004. Parâmetros Curriculares Nacionais 1º segmento do Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais 2º segmento do Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio. Plano Nacional de Educação – Educação de Jovens e Adultos. 265 SILVA, Eurides Brito da. A Educação Básica Pós-LDBEN. SOUZA, Paulo N. Silva & SILVA, Eurides Brito da. Como entender e aplicar a nova LDBEN. SOUZA, Paulo Nathanael Pereira de; SILVA, Eurides Brito da. Como entender e Aplicar a Nova LDBEN. SP, Pioneira Educ., 1997. 1ª Edição. 3.10 - PLANO DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DO CURSO: A concepção de avaliação institucional explicitada pela SEED/PR, afirma que esta “deve ser construída de forma coletiva, sendo capaz de identificar as qualidades e as fragilidades das instituições e do sistema, subsidiando as políticas educacionais comprometidas com a transformação social e o aperfeiçoamento da gestão escolar e da educação pública ofertada na Rede Estadual.” (SEED, 2004, p.11). Neste sentido, a avaliação não se restringe às escolas, mas inclui também os gestores da SEED e dos Núcleos Regionais de Educação, ou seja, possibilita a todos a identificação dos fatores que facilitam e aqueles que dificultam a oferta, o acesso e a permanência dos educandos numa educação pública de qualidade. Aliado a identificação destes fatores deve estar, obrigatoriamente, o compromisso e a efetiva implementação das mudanças necessárias. Assim, a avaliação das políticas e das práticas educacionais, enquanto responsabilidade coletiva, pressupõe a clareza das finalidades essenciais da educação, dos seus impactos sociais, econômicos, culturais e políticos, bem como a reelaboração e a implementação de novos rumos que garantam suas finalidades e impactos positivos à população que demanda escolarização. A avaliação institucional, vinculada a esta proposta pedagógico-curricular, abrange todas as escolas que ofertam a modalidade Educação de Jovens e Adultos, ou seja, tanto a construção dos instrumentos de avaliação quanto os indicadores dele resultantes envolverão, obrigatoriamente, porém de formas distintas, todos os 266 sujeitos que fazem a educação na Rede Pública Estadual. Na escola – professores, educandos, direção, equipe pedagógica e administrativa, de serviços gerais e demais membros da comunidade escolar. Na SEED, de forma mais direta, a equipe do Departamento de Educação de Jovens e Adultos e dos respectivos NRE’s. A mantenedora se apropriará dos resultados da implementação destes instrumentos para avaliar e reavaliar as políticas desenvolvidas, principalmente aquelas relacionadas à capacitação continuada dos profissionais da educação, bem como estabelecer o diálogo com as escolas no sentido de contribuir para a reflexão e as mudanças necessárias na prática pedagógica. Considerando o que se afirma no Documento das Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA que “... o processo avaliativo é parte integrante da práxis pedagógica e deve estar voltado para atender as necessidades dos educandos, considerando seu perfil e a função social da EJA, isto é, o seu papel na formação da cidadania e na construção da autonomia.” (SEED, 2005, p.44), esta avaliação institucional da proposta pedagógico-curricular implementada, deverá servir para a reflexão permanente sobre a prática pedagógica e administrativa das escolas. Os instrumentos avaliativos da avaliação institucional, serão produzidos em regime de colaboração com as escolas de Educação de Jovens e Adultos, considerando as diferenças entre as diversas áreas de conteúdo que integram o currículo, bem como as especificidades regionais vinculadas basicamente ao perfil dos educandos da modalidade. Os instrumentos avaliativos a serem produzidos guardam alguma semelhança com a experiência acumulada pela EJA na produção e aplicação do Banco de Itens, porém sem o cárater de composição da nota do aluno para fins de conclusão. A normatização desta Avaliação Institucional da proposta pedagógico-curricular será efetuada por meio de instrução própria da SEED. Como se afirma no Caderno Temático “Avaliação Institucional”, “cada escola deve ser vista e tratada como uma totalidade, ainda que relativa, mas dinâmica, única, interdependente e inserida num sistema maior de educação. Todo o esforço de melhoria da qualidade da educação empreendido por cada escola deve estar conectado com o esforço empreendido pelo sistema ao qual pertence. (SEED, 2005, p.17) 267 Em síntese, repensar a práxis educativa da escola e da rede como um todo, especificamente na modalidade EJA, pressupõe responder à função social da Educação de Jovens e Adultos na oferta qualitativa da escolarização de jovens, adultos e idosos. 268 3.11 Parecer Nº 40/2010 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO COORDENAÇÃO DE GESTÃO ESCOLAR/ ASSESSORIA DA SUPERINTENDÊNCIA NÚCLEO REGIONAL DA EDUCAÇÃO Parecer Nº 40/2010 Estabelecimento de Ensino: Colégio Estadual Francisco Ramos Município: Guamiranga Assunto: Implantação da Língua Espanhola O Núcleo Regional da Educação de Irati no uso das atribuições que lhe são conferidas, emite o presente PARECER, resultado da análise da Proposta Pedagógica da EJA do Estabelecimento de Ensino. A alteração da Proposta Pedagógica Curricular, em relação a implantação do ensino da Língua Espanhola, no curso do Ensino Médio da EJA, a partir do ano letivo de 2010 está de acordo com o Parecer 638/10. Irati, 27 de outubro de 2010. ______________________________ Equipe Pedagógica e Disciplinar NRE de Irati ______________________________ Coordenação da EJA NRE Irati 269 3.12 ANEXO A PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR Anexo 01/2011 O Colégio Estadual Estadual Francisco Ramos – Ensino Fundamental e Médio, município de Guamiranga, manterá a Matriz Curricular vigente em 2010 até o educando concluir disciplinas iniciadas em 2010 com terminalidade prevista para 2011. A partir do ano de 2011 e amparados na Deliberação Nº 05/2010 e na Instrução 032/2010 – SUED/SEED, este Estabelecimento seguirá a carga horária de 1600/1610 h ou 1920/1932h/a para o curso do Ensino Fundamental Fase II, nas matrículas de novas disciplinas com a seguinte distribuição de carga horária, conforme consta na Matriz Curricular: MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II ESTABELECIMENTO: ENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do Paraná MUNICÍPIO: NRE: ANO DE IMPLANTAÇÃO: 1º Sem/2011 FORMA: Simultânea CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1600/1610 h ou 1920/1932 h/a DISCIPLINAS TOTAL DE HORAS TOTAL DE HORAS/AULA LÍNGUA PORTUGUESA 280 336 ARTE 94 112 LEM-INGLÊS 213 256 EDUCAÇÃO FÍSICA 94 112 MATEMÁTICA 280 336 CIÊNCIAS NATURAIS 213 256 HISTÓRIA 213 256 GEOGRAFIA 213 256 ENSINO RELIGIOSO* 10 12 TOTAL DE CARGA HORÁRIA DO CURSO Horas/aula 1600/1610 Horas ou 1920/1932 *DISCIPLINA DE OFERTA OBRIGATÓRIA PELO ESTABELECIMENTO DE ENSINO E DE MATRÍCULA FACULTATIVA PARA O EDUCANDO. _________________________________________ Assinatura do(a) Diretor(a) e carimbo da Direção 270 3.13 Parecer Nº 13/2011 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO COORDENAÇÃO DE GESTÃO ESCOLAR/ ASSESSORIA DA SUPERINTENDÊNCIA NÚCLEO REGIONAL DA EDUCAÇÃO Parecer Nº 13/2011 Estabelecimento de Ensino: Colégio Estadual Francisco Ramos – Ensino Fundamental e Médio Município: Guamiranga Assunto: Alteração da carga horária do curso do Ensino Fundamental Fase II O Núcleo Regional da Educação de Irati no uso das atribuições que lhe são conferidas, emite o presente PARECER, resultado da análise do anexo da Proposta Pedagógica Curricular da EJA do Estabelecimento de Ensino. O Estabelecimento de Ensino fez a adequação da carga horária e da Matriz Curricular do curso do Ensino Fundamental Fase II – EJA, a partir das matrículas do ano de 2011, de acordo com a Deliberação nº 05/2010 e a Instrução nº 032/2010 – SUED/SEED. Irati, 04 de março de 2011. ______________________________ Equipe Pedagógica e Disciplinar NRE de Irati ______________________________ Coordenação da EJA NRE Irati 271 4. PROPOSTAS PEDAGÓGICAS CURRICULARES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 4.1 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE ARTE 4.1.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Encontramos o ensino da Arte presente no Brasil desde o século XVI, com a ação dos jesuítas. A Arte era parte dos ensinamentos, cujo objetivo principal era a catequização dos grupos que aqui habitavam e que incluía a Retórica, a Literatura, a Escultura, a Pintura, a Música e as Artes Manuais. Com a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal e a posterior Reforma Educacional Brasileira (1792-1800) – Reforma Pombalina - o ensino da Arte tornou-se irrelevante e o Desenho, por exemplo, foi associado à Matemática na forma de Desenho Geométrico. Mesmo com o incentivo de D. João VI ao ensino da Arte no início do século XIX – o que resultou na Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro (1826) – nas escolas, o ensino ainda era influenciado pelo Iluminismo, priorizando a área científica. Essa visão foi ratificada na 1ª. Reforma Educacional do Brasil República em 1890, realizada por Benjamin Constant, cujo objetivo ainda era valorizar a Ciência e a Geometria. A partir de 1931, com a implantação do ensino da Música por meio do Canto Orfeônico, o ensino da Arte fez-se presente no primeiro projeto de educação pública de massa. No Paraná, em 1954, foi criada a Escola de Artes no Colégio Estadual, na cidade de Curitiba, envolvendo Artes Plásticas, Teatro e Música. O ensino da Arte somente passa a ser obrigatório nas escolas brasileiras em 1971, com a Lei 5692/71, porém, com conteúdo reduzido, fundado em uma visão tecnicista e entendendo o educador de Artes como um profissional polivalente, ou seja, aquele que deve dominar os conteúdos de Artes Plásticas e Música. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação ratifica a obrigatoriedade do ensino da Arte na Educação Básica, porém, a Arte passa a compor a área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, abrangendo Música, Artes Visuais, Dança e Teatro. 272 Esse breve passeio pela história nos dá uma ideia dos conceitos que permearam a educação de Artes no Brasil, abrangendo desde um caráter religioso, com a catequização dos nativos, até aquela com fins puramente tecnicistas. Passamos de um extremo a outro, do “sensibilizador” para o “científico racional”. É importante frisar que a educação pública no Brasil até o início do séc. XX estava voltada para uma elite basicamente masculina. Verificamos também que, após a expulsão dos jesuítas, o pensamento iluminista e positivista foi preponderante no ensino público brasileiro. Atualmente, o trabalho na disciplina de Arte exige do educador reflexões que contemplem a arte efetivamente como área de conhecimento fundamental na formação dos educandos. Quando Regina Migliori (1993 p.14) propõe uma “perspectiva de abordagem global” como sendo “a possibilidade de lidarmos com tudo o que se nos apresenta e não somente com os aspectos artificialmente eleitos”, a ideia é que se busque uma nova leitura da realidade. O entendimento de Migliori nos remete para uma perspectiva de uma formação omnilateral, 4 crítica e autônoma do educando e da educanda, ou seja, “temos que aprender a lidar com as divergências de forma não excludente” (MIGLIORI, 1993 p. 14). Quando privilegiamos a produção artística de um determinado grupo, povo ou etnia, fragmentamos a realidade e automaticamente criamos um juízo de valor no qual os recortes do conhecimento que fazemos passam a ser os verdadeiros ou os únicos. “Essa visão fragmentada, geradora dos incluídos e excluídos, gera uma outra verdade cruel: a marginalidade que não é alternativa” (MIGLIORI. 1993 p.14). Isso implica que ao apresentarmos em nossa seleção de conteúdos curriculares outras vozes que estão presentes na ação histórica da construção do conhecimento, possibilitamos ao educando e a educanda outras leituras diferentes daquelas que vêm sendo oficialmente apresentadas. 4 Explicar unilateralidade em função do trabalho e da educação nos reporta no tempo em que o homem tinha a necessidade de conhecimento do todo, ou seja, pensar o objeto, fazer o objeto e vender o objeto. Como na educação, que se preocupava com as ciências exatas, as artes, a sociologia, e o espiritual, quando os quatro eixos eram de extrema importância e tinham o mesmo peso em valor. 273 A Arte – fruto da percepção e da necessidade da expressão humana – revela a realidade interior e exterior ao homem e à mulher. Essa expressão artística é concretizada utilizando-se de sons, formas visuais, movimentos do corpo, representação cênica, dentre outras, que são percebidas pelos sentidos. Isso contribui para outras possibilidades de leituras da realidade e, portanto, com mais subsídios para repensá-la. O objetivo dessa proposta é gerar um ser reflexivo, autônomo e inserido criticamente na realidade em que vive. A Arte nos ajuda nesse processo, na medida em que nos fornece uma simbologia própria e portanto, outras leituras do mundo que nos cerca. Segundo Isabel Marques 5: “Um dos elementos essenciais que caracteriza o ensino da Arte no ambiente escolar é o fato de que, na escola, temos a possibilidade de relacionar, questionar, experimentar, refletir e contextualizar os trabalhos artísticos a fim de que façam sentido em nossas próprias vidas e na construção da sociedade brasileira.” A discussão em torno da arte como linguagem pondera o entendimento de que a arte não apenas suscita sentimentos, mas pressupõe uma relação de transmissão e recepção de ideias, ou seja, de comunicação. Portanto, a Arte aqui é entendida como linguagem, que se utiliza de símbolos e de elementos próprios que estão presentes na Dança (movimento e não movimento), na Música (sons), no Teatro (dramatização) e nas Artes Visuais (forma e luz). Ler o produto artístico em suas diversas relações, nos diversos prismas e no que tange aos seus significados socialmente construídos pressupõe que o produto artístico como seja um “veículo portador de significado” (ver Bakhtin 1995, p.132). Nesse sentido, os símbolos são fundamentais para a vida social, pois é por meio deles que nos comunicamos e manifestamos nossa capacidade de sentir e de pensar. Na cultura escolar, os saberes são apropriados pela escola de maneira singular, dando-lhes um sentido pedagógico (SACRISTAN, 2001). Na escola, esse trabalho, ressignifica os saberes e os conceitos científicos produzidos na sociedade. É com base nestes pressupostos que trataremos a Arte como linguagem. Linguagem artística. 5 Esta citação é transcrição da fala da Profª Dra Isabel Marques no Simpósio Estadual de Educação Artística, Paraná abril, 2005. 274 Assim, para atender o que preconizam as leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008, que determinam o ensino dos conteúdos relacionados à História e Cultura Afro-brasileira e Africana e Cultura dos povos indígenas, as questões de gênero e diversidade sexual, educação ambiental, prevenção ao uso indevido de drogas, enfrentamento à violência na escola, cidadania e direitos humanos e educação fiscal; direitos das crianças e dos adolescentes conforme prevê o Estatuto da Criança e Adolescente, serão contemplados na disciplina. 4.1.2 ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Cada linguagem artística possui um elemento básico por meio do qual ela se manifesta, ou seja: o som (Música), o movimento e o não movimento (Dança), a forma e a luz (Artes Visuais) e a dramatização (Teatro). Destes elementos básicos derivam-se os elementos de linguagem específicos da arte. Portanto, os conteúdos para o Ensino Fundamental e Médio devem contemplar os elementos de cada linguagem artística (Música, Teatro, Dança e Artes Visuais), sua articulação e organização. Esses elementos permitirão ao educando ler e interpretar o repertório, assim como elaborar o seu próprio trabalho artístico. A leitura, interpretação e produção artística avalia a apreensão por parte do educando dos conteúdos propostos na célula de aula. CONTEÚDOS ESTRUTURANTES Música Elementos Formais Composição Altura Ritmo Duração Melodia Timbre Harmonia Intensidade Tonal Densidade Modal Contemporânea Escalas Sonoplastia Estrutura 275 Gêneros: erudita, folclórica... Técnicas:instrumental, vocal, mista, improvisação... Artes Visuais Ponto Figurativa Linha Abstrata Superfícies Figura-fundo Textura Bidimensional Volume Tridimensional Luz Semelhanças Cor Contrastes Ritmo visual Gêneros:Paisagem, retrato, natureza-morta... Técnicas:Pintura, gravura, escultura, arquitetura, fotografia, vídeo... Teatro Personagem (expressões, Representação corporais, vocais, gestuais e Texto Dramáticos faciais) Dramaturgia Roteiro Espaço Cênico, Sonoplastia, iluminação, cenografia, figurino, adereços, máscara, caracterização e maquiagem. Gêneros: Tragédia, Comédia, Drama, Épico, etc. Técnicas: jogos teatrais, enredo, Teatro direto, Teatro indireto (manipulação, bonecos, sombras …), 276 improvisação, monólogo, jogos dramáticos, direção, produção... Dança Movimento Corporal Eixo Tempo Dinâmica Espaço Aceleração Ponto de apoio Formação Deslocamento Sonoplastia Coreografia Gêneros: folclóricas, de salão, etnia... Técnicas: improvisação, coreografia... ARTES VISUAIS a) Forma Composição, Experimentação (como os elementos da linguagem visual se articulam?); Suportes (onde está proposta a ideia imagética?); Espacialidade – bidimensionais e tridimensionais (como está projetada, composta ou representada no espaço?); Texturas / acabamentos (como se apresenta?); Movimento: dinâmica, força, fluência e equilíbrio (como se alternam, ritmo?). b) Luz Decomposição da luz branca; Cor /pigmento / percepção da cor Tons Valores / classificação das cores; 277 Sombras e luz; Contraste. MÚSICA a) distribuição dos sons de maneira sucessiva (intervalos melódicos/ melodia). b) distribuição dos sons de maneira simultânea (intervalos harmônicos/ harmonia), c) qualidades do som e suas variações: • intensidade (dinâmica) • duração (pulsação/ ritmo) • altura (grave/ agudo) • timbre (fonte sonora/ instrumentação) d) estruturas musicais (organização e articulação dos elementos da linguagem musical/ forma musical). TEATRO a) Elementos dramáticos: • a personagem: agente da ação; • enredo: como desdobramento de acontecimentos, desenvolvidos pela personagem; • espaço cênico: local onde se desenvolve a ação cênica. b) Signos da Representação Teatral: • da personagem: • visuais: figurinos, adereços, gestual; • sonoros: fala (entonação) • do espaço cênico: visuais: cenário, adereços de cena, iluminação; sonoros: sonoplastia; c) Gêneros Teatrais: • Tragédia e suas características: a fatalidade, o sofrimento, o pesar; • Comédia e suas características: o riso, a sátira, o grotesco; 278 • Drama e suas características: o conflito. DANÇA Elementos do Movimento: • corpo: articulações, superfícies, membros, tronco, quadril, cabeça. • espaço: kinesfera (amplitudes), progressões espaciais, tensões espaciais, projeções espaciais, orientação espacial, forma. • ações: torcer, gesticular, inclinar, deslocar, rodar, parar, cair, expandir, recolher, saltar. • dinâmicas: peso, espaço, tempo, fluência. • Relacionamentos. 4.1.3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DA DISCIPLINA O encaminhamento metodológico para a disciplina de Arte do ensino fundamental e médio da Educação de Jovens e Adultos da rede pública do Estado do Paraná está fundamentado nas Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA, onde estão identificados três eixos articuladores: cultura, trabalho e tempo. Com base nesses eixos que norteiam o currículo na EJA, elegemos ARTE E ESTÉTICA, ARTE E IDENTIDADE e ARTE E SOCIEDADE como eixos específicos da disciplina de Arte, dos quais derivarão as temáticas propostas e os conteúdos que serão desenvolvidos em células de aula. ARTE E ESTÉTICA Hoje se utiliza o termo estética para indicar... no campo das belas artes, uma concepção especial, uma maneira de fazer, uma escola ou tendência determinada (ZAMAICOS, 1986) A experiência estética se revela com a sensibilização, com a descoberta do olhar, um encontro com as emoções, libertando o ser para perceber o mundo em si e ao seu redor, permitindo um pensar filosófico, crítico e reflexivo. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, em seu Dicionário da Língua Portuguesa, apresenta, dentre outros, os seguintes significados para a palavra estética: “1- estudo das 279 condições e dos efeitos da criação artística. 2- (...) estudo racional do belo, quer quanto à possibilidade da sua conceituação, quer quanto à diversidade de emoções e sentimentos que ele suscita no homem”. Partindo dessas definições e as ampliando, a Estética aqui é entendida como sendo “toda teoria que se refira à beleza ou à arte" (Pareyson, 1997, p. 2), sendo ela derivada de uma experiência filosófica ou concreta. E por ser uma reflexão sobre a experiência, inclui-se aqui o fazer artístico, que é a manipulação dos elementos da linguagem artística, presentes nas Artes Visuais, na Música, no Teatro e na Dança. Portanto, entendemos que ao adotar um eixo articulador para a disciplina de Arte baseado no entendimento acima exposto, devemos possibilitar as experiências estéticas e compreender como aproximar e proporcionar o olhar estético para as produções artísticas e para o cotidiano. E assim sendo, “o educando da EJA torna-se sujeito na construção do conhecimento mediante a compreensão dos processos de trabalho, de criação, de produção e de cultura.”(Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos, p. 30). ARTE E IDENTIDADE É comum ouvirmos falar de crise de identidade, mas o que é identidade e como essa identidade se revela a partir da arte que produzimos? A identidade está em crise?O que é identidade? É idêntico, igual, registro... Para o dicionário Houaiss identidade é: 1- estado que não muda <a identidade das impressões digitais> 2consciência da persistência da própria identidade, 3- o que faz com que uma coisa seja a mesma que outra, 4- conjunto de características e circunstâncias que distinguem uma pessoa ou uma coisa e graças às quais é possível individualizá-la. A identidade singulariza e faz com que nos sintamos diferentes dos demais. Identificar pode ser aplicado a indivíduos e grupos, ou seja, tornar idêntico, fazer (se) reconhecer, distinguir traços característicos como gosto, música, festas, folguedos, crenças de grupos urbanos, rurais, etnias e outros tantos que usam da 280 linguagem artística para expressar-se e assinar suas características sociais, antropológicas e psicológicas. Diferentes modos de vida social são constituídos a partir das ideias que as pessoas têm sobre si, e das práticas que emergem dessas ideias e como afirma Candau (2002, p. 24), “identidade é um conceito polissêmico, podendo representar o que uma pessoa tem de mais característico ou exclusivo e ao mesmo tempo, indica que pertencemos ao mesmo grupo”, a identidade cultural de um indivíduo ou grupo permite que este seja localizado em um sistema social. Em um mundo onde as mudanças são rápidas, face à globalização e aos eventos tecnológicos e científicos vertiginosos, a arte é um dos elementos que faz parte da identidade dos povos. As mudanças globais aceleradas influenciam a identidade dos indivíduos e a sua manifestação artística. Podemos ver com Marques (2003, p. 157) que: Não se domina um país pela invasão territorial, mas principalmente pela superposição e diluição de repertórios culturais e sociais. Caso nossos repertórios não estejam enraizados de forma significativa, ou seja, relacional, consciente e crítica, poderemos ser massacrados pela pasteurização de ideias estéticas. A nossa identidade pessoal e social é um importante mediador das relações com os demais. A proposta deste eixo temático na Educação de Jovens e Adultos do Ensino Fundamental e Médio do Estado do Paraná preocupa-se em uma educação pela arte que transmita significados que estão próximos da vida concreta do educando, produzindo aprendizagem. É um processo que mobiliza tanto os significados e os símbolos quanto os sentimentos e as experiências a que se propõe. Quando um indivíduo desenvolve sua percepção estética e tem consciência do poder destas representações, textos e imagens na produção das identidades, compreende a força persuasiva da arte, no sentido de criar e reforçar representações que possuímos como indivíduos e como identidade coletiva. ARTE E SOCIEDADE ... concernem à determinação social da atividade artística, seja do ponto de vista da finalidade social das obras – por exemplo, o culto religioso ou 281 o mercado de arte – seja o lugar ocupado pelo artista – por exemplo, iniciado numa seita secreta, financiado por um mecenas renascentista, profissional liberal ligado ao mercado de arte, etc – seja das condições de recepção da obra de arte – a comunidade de fiéis, a elite cultivada e economicamente poderosa, as classes populares, a massa, etc. (CHAUÍ, 2003, p. 153) A arte não é uma produção fragmentada ou fruto de modelos aleatórios ou apartados do contexto social nem tampouco mera contemplação, e sim, uma ciência que trabalha com o conhecimento presente em diferentes instâncias sociais. A profunda relação entre arte e sociedade é possível na medida em que pensarmos a arte como construção social e não como um dom natural, talento ou mera produção. As pessoas são construções sociais que necessariamente influem e são influenciados pelo fazer e pensar arte. A música rap, por exemplo, constrói um determinado tipo de consciência social, propaga os conhecimentos de um grupo popular, que são absorvidos e muitas vezes até revivificados em outras formas artístico-culturais. A abordagem crítica e intertextualizada é necessária para que no cotidiano se problematizem as relações entre arte e sociedade e se permita, assim, a formação de sínteses pessoais enriquecedoras. Em outras palavras, o conceito de arte e sociedade abrange grandes temas da vida social como: a relação do homem com o trabalho; as relações de gênero; a ocupação do espaço urbano e outros. Também através deles podemos compreender, inclusive, a influência da indústria cultural, segundo a qual, muitas vezes a (pseudo) cultura de massa tenta impor uma ordem social passiva e alienada. Em contrapartida, o conhecimento da arte em seu aspecto social, deve desvelar-se de modo que o ser humano possa pertencer, dialogar e transformar a realidade que o circunda. No que concerne à Educação de Jovens e Adultos, não podemos perder de vista as concepções de mundo e de sociedade que queremos construir e vivenciar com os educandos, pois o grande desafio do trabalho pedagógico em arte nos dias de hoje não se resume somente em aceitar e respeitar a diversidade, mas principalmente em trabalhar, partilhar, dialogar e recriar conjuntamente a fim de educar para uma sociedade mais justa e igualitária. “A ação da escola será de 282 mediação entre o educando e os saberes, de forma que o mesmo assimile estes conhecimentos como instrumentos de transformação de sua realidade social” (Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos, p. 31). Os temas de estudo são temas que direcionam, motivam e articulam a construção do conhecimento em arte, propiciando diferentes leituras de mundo, de cidadania participativa, reflexiva e crítica. O educador escolherá um tema de estudos abrangente e articulado entre os eixos – identificados na disciplina de Educação Artística e Arte e os indicados nas Diretrizes Curriculares para a EJA – de maneira a englobar o conteúdo que fará parte do planejamento da célula de aula. Os temas de estudo terão a flexibilidade necessária para que possam ser adequados ao contexto do educando e da educanda. Os temas de estudo são perpassados por um processo, denominado “validação”, ou seja, o tema só será adequado para continuar o planejamento se passar positivamente pelas seguintes perguntas: 1. É relevante? É importante? Para quem? Perpassa pelos eixos definidos nas Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA - Cultura, Trabalho e Tempo?; 2. Gera conhecimento em arte? Perpassa pelos eixos Arte e Identidade, Arte e Sociedade e Arte e Estética? 3. É abrangente? Contempla o local e o global (regional, nacional e mundial)? É flexível? 4. É possível adequá-lo às necessidades dos educandos e educandas da EJA (Idade, condições físicas, espaciais, etc)? Uma vez escolhido o tema de estudo, o próximo passo é a elaboração da célula de aula, que serão compostas por (MARQUES, 2001, p.91-102): Textos – Repertórios. Sub texto – Elementos da linguagem (conteúdos da disciplina). Contexto – Elementos históricos, sociais e culturais. ARTE E OS DESAFIOS EDUCACIONAIS CONTEMPORÂNEOS Deve-se fazer um trabalho que aborde os Desafios Educacionais Contemporâneos como: 283 1. Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99 como desenvolvimento da Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das relações entre o homem e o meio biofísico; 2. Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre direitos e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social do estado democrático; 3. Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e formação de uma consciência crítica sobre violência e, assim, transformar a escola e espaço onde o conhecimento toma o lugar da força; 4. História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei 10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e cultura Afro-Brasileira e Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE. Promovendo assim, o reconhecimento da identidade, da história e da cultura da população negra, assegurando a igualdade e a valorização das raízes africanas ao lado das indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da história e cultura AfroBrasileira e Africana. 5. Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores e crenças pessoais. Os educadores e os educandos são instigados em conhecer assuntos relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e discriminação ao usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia, entre outros; 6. Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve considerar os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia. ARTE E OS RECURSOS DIDÁTICOS A escola é o espaço privilegiado de formação humana e construção da cidadania. Para exercer a cidadania plena é necessário ter acesso à informação e à tecnologia. Isso, não significa só ter um equipamento e saber operá-lo, mas sim 284 tomar posse da tecnologia e usá-la a seu favor, transformando a informação em conhecimento. Os jovens, os adultos e os idosos da EJA, em sua grande maioria, vêm buscar esse conhecimento visando atender às exigências do mercado de trabalho, cada vez mais competitivo. O desafio que fica aos educadores da EJA é utilizar os recursos tecnológicos como a TV, DVD, vídeo, data show, pendrive, retro projetor e computadores no laboratório, de modo a provocar impactos positivos na escola e, por conseguinte, na vida profissional dos seus educandos, sempre usando os materiais didáticos disponíveis como imagens, livros de arte e revistas. 4.1.4 AVALIAÇÃO A avaliação é compreendida como uma prática que alimenta e orienta a intervenção pedagógica. É um dos principais componentes do ensino, pelo qual se estuda e interpreta os dados da aprendizagem. Tem a finalidade de acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos educandos, diagnosticar os resultados atribuindo-lhes valor. A avaliação será realizada em função dos conteúdos expressos na proposta pedagógica. Na avaliação da aprendizagem é fundamental a análise da capacidade de reflexão dos educandos frente às suas próprias experiências. E, portanto, deve ser entendida como processo contínuo, descritivo, compreensivo que oportuniza uma atitude crítico-reflexiva frente à realidade concreta. A avaliação educacional, nesse Estabelecimento Escolar, seguirá orientações contidas no artigo 24, da LDBEN 9394/96, e compreende os seguintes princípios: • investigativa ou diagnóstica: possibilita ao professor obter informações necessárias para propor atividades e gerar novos conhecimentos; • contínua: permite a observação permanente do processo ensino- aprendizagem e possibilita ao educador repensar sua prática pedagógica; • sistemática: acompanha o processo de aprendizagem do educando, utilizando instrumentos diversos para o registro do processo; 285 • abrangente: contempla a amplitude das ações pedagógicas no tempoescola do educando; • permanente: permite um avaliar constante na aquisição dos conteúdos pelo educando no decorrer do seu tempo-escola, bem como do trabalho pedagógico da escola. Os conhecimentos básicos definidos nesta proposta serão desenvolvidos ao longo da carga horária total estabelecida para cada disciplina, conforme a matriz curricular, com oferta diária de 04 (quatro) horas-aula por turno, com avaliação presencial ao longo do processo ensino-aprendizagem. Considerando que os saberes e a cultura do educando devem ser respeitados como ponto de partida real do processo pedagógico, a avaliação contemplará, necessariamente, as experiências acumuladas e as transformações que marcaram o seu trajeto educativo, tanto anterior ao reingresso na educação formal, como durante o atual processo de escolarização. A avaliação processual utilizará técnicas e instrumentos diversificados, tais como: provas escritas, trabalhos práticos, debates, seminários, experiências e pesquisas, participação em trabalhos coletivos e/ou individuais, atividades complementares propostas pelo professor, que possam elevar o grau de aprendizado dos educandos e avaliar os conteúdos desenvolvidos. É vedada a avaliação em que os educandos sejam submetidos a uma única oportunidade de aferição. O resultado das atividades avaliativas, será analisado pelo educando e pelo professor, em conjunto, observando quais são os seus avanços e necessidades, e as consequentes demandas para aperfeiçoar a prática pedagógica. Procedimentos e Critérios para Atribuição de Notas • as avaliações utilizarão técnicas e instrumentos diversificados, sempre com finalidade educativa; • para fins de promoção ou certificação, serão registradas 02 (duas) a 06 (seis) notas por disciplina, que corresponderão às 286 provas individuais escritas e também a outros instrumentos avaliativos adotados, durante o processo de ensino, a que, obrigatoriamente, o educando se submeterá na presença do professor, conforme descrito no Regimento Escolar. • a avaliação será realizada no processo de ensino e aprendizagem, sendo os resultados expressos em uma escala de 0 (zero) a 10,0 (dez vírgula zero); para fins de promoção ou certificação, a nota mínima exigida é 6,0 (seis vírgula zero), em cada disciplina, de acordo com a Resolução n.º 3794/04 – SEED e frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) do total da carga horária de cada disciplina na organização coletiva e 100% (cem por cento) na organização individual; • o educando deverá atingir, pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero) em cada registro da avaliação processual. Caso contrário, terá direito à recuperação de estudos. Para os demais, a recuperação será ofertada como acréscimo ao processo de apropriação dos conhecimentos; • para os educandos que cursarem 100% da carga horária da disciplina, a média final corresponderá à média aritmética das avaliações processuais, devendo os mesmos atingir pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero); • os resultados das avaliações dos educandos deverão ser registrados em documentos próprios, a fim de que sejam asseguradas a regularidade a autenticidade da vida escolar do educando; • o educando portador de necessidades educativas especiais, será avaliado não por seus limites, mas pelos conteúdos que será capaz de desenvolver. 4.1.5 REFERÊNCIAS CAMPOS, Neide P. A construção do olhar estético crítico do educador. Florianópolis: UFSC, 2002 287 CANDAU, Vera Maria (org.). Sociedade, educação e cultura: questões e propostas. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003. BAKHTIN, Mikhail (Volochínov). Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. Michel Lahud e Yara F. Vieira. 7ª ed. São Paulo: Hucitec, 1995. BOURO, S.B. Olhos que pintam: a leitura de imagens e o ensino da arte. São Paulo: Educ/Fapesp/Cortez, 2002. FERRAZ, M.; FUSARI, M. R. Metodologia do ensino de Arte. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1993. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. 3ª ed. Curitiba: Positivo, 2004. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. ______________. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 8ª ed. São Paulo: Terra e Paz, 1998. ______________ . A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1995. HOUAISS, Antônio e Vilar, M. de S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 1ª ed.Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 LABAN, Rudolf. Domínio do Movimento. São Paulo: Summus, 1978. MARQUES, Isabel A. Ensino de dança hoje: textos e contextos. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2001 ______________. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2003. MIGLIORI, R. Paradigmas e educação. São Paulo: Aquariana, 1993. OSTROWER, Fayga P. Universo da arte, 7ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1991. PARANÁ. Secretaria Estadual de Educação. Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação Básica de Arte. SEED- Curitiba, 2008. ______________. DCES, EJA. SEED – Curitiba, 2008. PAREYSON, L. Os problemas da estética. São Paulo. Martins Fontes, 1997. SACRISTAN J.G. A escolarização transforma-se em uma característica antropológica das sociedades complexas. In: A educação Obrigatória: seu sentido educativo e social. Porto Alegre: ARTMED, 2001, p. 35-55 288 SANTAELLA, Lucia. (Arte) & (Cultura): Equívocos do elitismo. São Paulo: Cortez, 3ª. Ed, 1995. SILVA, Tomas Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. ZAMACOIS, Joaquin. Temas de estética y de historia de la música. Barcelona: Labor, 1986. 289 4.2 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE BIOLOGIA 4.2.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A Educação de Jovens e Adultos - EJA, no Estado do Paraná, de acordo com suas Diretrizes Curriculares e em consonância com o documento apresentado como a segunda proposta preliminar das Diretrizes Curriculares Estaduais para o ensino Médio de Biologia da Rede Estadual de Ensino do Paraná, apresenta os fundamentos teóricos, metodológicos e avaliativos do ensino de Biologia, que norteiam a elaboração da proposta curricular desta disciplina. Partindo do pressuposto que a ciência não se constitui numa verdade absoluta, pronta e acabada, é indispensável rever o processo de ensino e aprendizagem da Biologia no contexto escolar, de modo que o modelo tradicional de ensino dessa disciplina, no qual se prioriza a memorização dos conteúdos, sem a devida reflexão, seja superado por um modelo que desenvolva a capacidade dos educandos em buscar explicações científicas para os fatos, através de posturas críticas, referenciadas pelo conhecimento científico. É necessário distinguir os campos de atuação da ciência, seus contextos e valores, como também, os objetivos dispensados à disciplina de Biologia no contexto escolar. Segundo as Diretrizes Curriculares de Biologia - Ensino Médio, desta Secretaria de Estado da Educação, “é objeto de estudo da Biologia o fenômeno vida em toda sua diversidade de manifestações. Esse fenômeno se caracteriza por um conjunto de processos organizados e integrados, quer no nível de uma célula, de um indivíduo, ou ainda, de organismos no seu meio. Um sistema vivo é sempre fruto da interação entre seus elementos constituintes e da interação entre esse mesmo sistema e os demais componentes de seu meio. As diferentes formas de vida estão sujeitas a transformações que ocorrem no tempo e no espaço, sendo, ao mesmo tempo, transformadas e transformadoras do ambiente”. Nas Diretrizes, ainda, afirma-se que “ao longo da história da humanidade várias foram as explicações para o surgimento e a diversidade da vida, de modo que 290 os modelos científicos conviveram e convivem com outros sistemas explicativos como, por exemplo, os de inspiração filosófica ou religiosa. Elementos da História e da Filosofia tornam possível, aos alunos, a compreensão de que há uma ampla rede de relações entre a produção científica e os contextos sociais, econômicos e políticos. É possível verificar que a formulação, a validade ou não das diferentes teorias científicas está associada a seu momento histórico.” As Diretrizes do Ensino Médio para a disciplina de Biologia consideram que “o conhecimento do campo da Biologia deve subsidiar a análise e reflexão de questões polêmicas que dizem respeito ao desenvolvimento, ao aproveitamento de recursos naturais e a utilização de tecnologias que implicam em intensa intervenção humana no ambiente, levando-se em conta a dinâmica dos ecossistemas, dos organismos, enfim, o modo como a natureza se comporta e a vida se processa. Sabe-se que desde o surgimento do planeta Terra, a espécie humana, ou Homo sapiens, não foi o ser predominante, e muito menos, o ser vivo mais importante dentre todos os diversos seres vivos que por aqui passaram. Por outro lado, ao longo deste processo de humanização, que durou aproximadamente três milhões de anos, o homem criou a linguagem, a escrita e a fala, diferenciando-se de todas as demais formas de vida. Isso possibilitou ao homem a socialização, a organização dos espaços físicos, a fabricação de instrumentos utilitários e o início das atividades agrícolas”. Ressaltam também, “o papel da Ciência e da sociedade como pontos articuladores entre a realidade social e o saber científico. Cabe aos seres humanos, enquanto sujeitos históricos atuantes num determinado grupo social, reconhecerem suas fragilidades e buscarem novas concepções sobre a natureza (...) É preciso que estes sujeitos percebam que sua sobrevivência, enquanto espécie, depende do equilíbrio e do respeito a todas as formas de vida que fazem do planeta o maior ser vivo conhecido”. É importante que o educando jovem e adulto tenha acesso ao conhecimento científico a fim de compreender conceitos e relações existentes entre o ambiente, os seres vivos e o universo, numa concepção flexível e processual, por meio do saber questionador e reflexivo. Da mesma forma, se faz necessário que 291 perceba os aspectos positivos e negativos da ciência e da tecnologia, para que possa atuar de forma consciente em seu meio social e interferir no ambiente, considerando a ética e os valores sociais, morais e políticos que sustentam a vida. 4.2.2 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES / BÁSICOS DA DISCIPLINA A proposta de sugestão de conteúdos básicos para a elaboração do currículo da disciplina de Biologia na Educação de Jovens e Adultos – EJA, fundamenta-se nas “Diretrizes Curriculares de Biologia – Ensino Médio”, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná– SEED – PR. É importante considerar que a organização dos conteúdos curriculares da disciplina de Biologia na EJA tem o objetivo de contemplar as necessidades e o perfil dos educandos desta modalidade de ensino da Educação Básica. Assim, para que o trabalho seja bem desenvolvido e os conteúdos adequados à realidade de nossa escola e de nossos educandos, os conteúdos estruturantes conhecimentos serão distribuídos específicos e no Ensino priorizando o Médio relacionando desenvolvimento de diversos conceitos cientificamente produzidos, para propiciar reflexão constante sobre as mudanças de tais conceitos em decorrência de questões emergentes sempre permeados por discussões éticas. Os Conteúdos Estruturantes são os saberes, conhecimentos de grande amplitude, que identificam e organizam os campos de estudo de uma disciplina escolar - e neste caso, da Biologia - considerados basilares e fundamentais para a compreensão de seu objeto de estudo e de ensino. Assim sendo, teremos os seguintes conteúdos estruturantes: ESTRUTURANTE Organização dos seres vivos BÁSICOS • Classificação dos seres vivos: critérios taxonômicos e filogenéticos; Sistemas biológicos: anatomia, morfologia e fisiologia. ESTRUTURANTE Mecanismos biológicos 292 BÁSICOS Mecanismos de desenvolvimento embriológico; Mecanismos celulares biofísicos e bioquímicos. ESTRUTURANTE Biodiversidade BÁSICOS Teorias evolutivas; Transmissão das características hereditárias ESTRUTURANTE Manipulação genética BÁSICOS • Dinâmica dos ecossistemas: relações entre os seres vivos e interdependência com o ambiente; • Organismos geneticamente modificados. Durante as aulas de Biologia, serão contempladas temáticas referentes à educação do campo, ensino da História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena e a Coordenação de Desenvolvimento Socioeducacional (Educação Ambiental, Prevenção de Uso Indevido de Drogas, Enfrentamento à Violência na Escola, Sexualidade humana, Educação Fiscal, Relações Étnico- Raciais em conformidade com a Lei nº 11.645/08 ) através de: * Estudo sobre teorias antropológicas; * Estudo das características biológicas dos diversos povos; * Contribuição dos povos africanos e indígenas e de seus descendentes para os avanços da ciência e tecnologia; * Análise e reflexão sobre a saúde e as condições de higiene proporcionadas à população; * Estudo e reflexão do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); 293 4.2.3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DA DISCIPLINA O conjunto de saberes do educando deve ser considerado o ponto de partida para o processo de ensino e aprendizagem, estabelecendo relações com o mundo do trabalho e com outras dimensões do meio social. Conforme as Diretrizes Curriculares para a disciplina de Biologia- Ensino Médio – SEED-PR, “ na escola, a Biologia deve ir além das funções que já desempenha no currículo escolar. Ela deve discutir com os jovens instrumentalizando-os para resolver problemas que atingem direta ou indiretamente sua perspectiva de futuro”. As Diretrizes, ainda, consideram que para a discussão de todas estas características socioambientais e do papel do ensino formal de Biologia, as relações estabelecidas entre professor-aluno e aluno-aluno são determinantes na efetivação do processo ensino-aprendizagem, e para isto, há necessidade de leitura e conhecimento sobre metodologia de ensino para que as aulas de Biologia sejam dinâmicas, interessantes, produtivas, e resultem em verdadeira aprendizagem. Ressaltam também que, “pensar criticamente, ser capaz de analisar fatos e fenômenos ocorridos no ambiente, relacionar fatores sociais, políticos, econômicos e ambientais exige do aluno investigação, leitura, pesquisa. No ensino de Biologia, diferentes metodologias podem ser utilizadas com este propósito. A metodologia de investigação, por exemplo, permite ao aluno investigar a realidade buscando respostas para solucionar determinados problemas”. Na medida em que se acredita numa Ciência aberta, inacabada, produto da ação de seres humanos inseridos num contexto próprio relativo ao seu tempo e espaço e, ainda na disciplina de Biologia, como forma de resgate e de construção de melhores possibilidades de vida individuais e coletivas, há que se optar por uma metodologia de ensino e aprendizagem adequada à realidade do aluno da EJA. Segundo RIBEIRO (1999, p.8), criar novas formas de promover a aprendizagem fora dos limites da organização tradicional é uma tarefa, portanto, que impõem, antes de mais nada, um enorme desafio para os educadores (...), romper o modelo de instrução tradicional implica um alto grau 294 de competência pedagógica, pois para isso o professor precisará decidir, em cada situação, quais formas de agrupamento, sequenciação, meios didáticos e interações propiciarão o maior progresso possível dos alunos, considerando a diversidade que inevitavelmente caracteriza o público da educação de jovens e adultos. Nessa perspectiva, destaca-se a importância de propiciar aos educandos, a compreensão dos conceitos científicos de forma significativa, ou seja, que o conhecimento possa estar sendo percebido em seu contexto mais amplo, não somente nos afazeres diários, mas na forma de perceber a realidade local e global, o que lhe permitirá posicionar-se e interferir na sociedade de forma crítica e autônoma. Para tanto, o educador da EJA deve partir dos saberes adquiridos previamente pelos educandos, respeitando seu tempo próprio de construção da aprendizagem, considerando: • que o educador é mediador e estimulador do processo, respeitando, de forma real, como ponto de partida o conjunto de saberes trazidos pelos educandos; • as experiências dos educandos no mundo do trabalho; • a necessária acomodação entre o tempo e o espaço do educando, o tempo pedagógico e o físico, visto que os mesmos interferem na sua “formação” científica; • as relações entre o cotidiano dos educandos e o conhecimento científico; • a incorporação das mídias no cotidiano escolar do educando; • o respeito das individualidades de cor, raça, credo, gênero e diversidade; Nas Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação de Jovens e Adultos, identificam-se os eixos cultura, trabalho e tempo como articuladores de toda ação pedagógico-curricular. Tais eixos foram definidos a partir da concepção de currículo, como processo de seleção da cultura e do perfil do educando da EJA. A cultura contempla a forma de produção da vida material e imaterial e compõe um sistema de significações envolvido em todas as formas de atividade social (WILLIANS, 1992, apud DCEs da EJA, 2006). A cultura é elemento de 295 mediação entre o indivíduo e a sociedade. A cultura envolve toda a produção humana, inclui o trabalho e todas as relações que ele perpassa. O trabalho compreende, assim, uma forma de produção da vida material a partir da qual se produzem distintos sistemas de significação. É a ação pela qual o homem transforma a natureza e transforma-se a si mesmo. Portanto, a produção histórico-cultural atribui à formação de cada novo indivíduo, também, essa dimensão histórica. A ênfase no trabalho como princípio educativo não deve ser reduzida à preocupação em preparar o trabalhador para atender às demandas do industrialismo e do mercado de trabalho nem apenas destacar as dimensões relativas à produção e às suas transformações técnicas (ARROYO, 2001, apud DCEs da EJA, 2006). Os vínculos entre educação, escola e trabalho situam-se numa perspectiva mais ampla, a considerar a constituição histórica do ser humano, sua formação intelectual e moral, sua autonomia e liberdade individual e coletiva, sua emancipação. Segundo as DCEs da EJA, uma das razões pelas quais os educandos da EJA retornam para a escola é o desejo de elevação do nível de escolaridade para atender às exigências do mundo do trabalho. Cada educando que procura a EJA, porém, apresenta um tempo social e um tempo escolar vivido, o que implica a necessidade de reorganização curricular, dos tempos e dos espaços escolares, para a busca de sua emancipação. Do ponto de vista da dimensão social, pode-se dizer que os educandos viveram e vivem tempos individuais e coletivos, os quais compreendem os momentos da infância, da juventude, da vida adulta, no contexto das múltiplas relações sociais. Na dimensão escolar, o tempo dos educandos da EJA é definido pelo período de escolarização e por um tempo singular de aprendizagem, bem diversificado, tendo em vista a especificidade dessa modalidade de ensino que considera a disponibilidade de cada um para a dedicação aos estudos. 296 O tempo e o espaço são aspectos da cultura escolar. Portanto, fazem parte da ação pedagógica, regulam e disciplinam educandos e educadores de diversas formas, conforme a escola ou mesmo conforme cada sistema educacional. Nesse contexto, ressalta-se a importância de trabalhar a disciplina de forma contextualizada, ou seja, com situações que permitam ao educando jovem e adulto a inter-relação dos vínculos do conteúdo estudado com as diferentes situações com que se deparam no seu dia-a-dia. Essa contextualização pode-se dar a partir de uma problematização, ou seja, em lançar desafios que necessitem de respostas para determinadas situações. “A essência do problema é a necessidade (...), um obstáculo que é necessário transpor, uma dificuldade que precisa ser superada, uma dúvida que não pode deixar de ser dissipada” (SAVIANI, 1993, p.26)”. As dúvidas são muito comuns na disciplina de Biologia, devendo ser aproveitadas para reflexão sobre o problema a ser analisado, e assim, para o educador, o desafio consiste em realizar esta contextualização, sem reduzir os conteúdos apenas à sua aplicação prática, deixando de lado o saber acadêmico. Um aspecto importante a ser considerado no trabalho com a disciplina de Biologia é a retomada histórica e epistemológica das origens e evolução do pensamento da Ciência, propiciando condições para que o educando perceba o significado do estudo dessa disciplina, bem como a compreensão de sua linguagem própria e da cultura científica e tecnológica oriundas desse processo. É importante salientar o uso criativo das metodologias pelo educador, que será indispensável em todos os momentos do seu trabalho, bem como o olhar atento e crítico sobre a realidade trazida pelos educandos. A busca de soluções para as problematizações constitui-se em referência fundamental no ensino de Biologia. Quando elaborada individual ou coletivamente deve ser registrada, sendo valorizados os saberes trazidos pelos educandos e a evolução do processo de aprendizagem. É importante lembrar que a cultura científica deve ser incentivada mesmo que de forma gradual, respeitando o tempo de cada grupo ou indivíduo. Uma estratégia comum em Biologia é a utilização de experimentos e práticas realizadas em laboratório. É importante que seja definido com clareza o 297 sentido e o objetivo dessa alternativa metodológica, visto que muitas vezes, situações muito ricas do cotidiano são deixadas de lado em detrimento do uso do laboratório. Deve-se considerar a possibilidade de aproveitamento de materiais do cotidiano, assim como espaços alternativos, situações ou eventos para se desenvolver uma atividade científica. A utilização de experimentos e práticas realizadas em laboratório devem ser vistas como uma atividade comum e diversificada e que não abrem mão do rigor científico, devendo ser acompanhada pelo professor. Segundo BIZZO (2002, p.75), é importante que o professor perceba que a experimentação é um elemento essencial nas aulas de ciências, mas que ela, por si só, não garante bom aprendizado. (...) a realização de experimentos é uma tarefa importante, mas não dispensa o acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar quais são as explicações apresentadas pelos alunos para os resultados encontrados. É comum que seja necessário propor uma nova situação que desafie a explicação encontrada pelos alunos. Um outro aspecto a ser considerado no trabalho docente, é a utilização do material de apoio didático como uma das alternativas metodológicas, de tal forma que não seja o único recurso a ser utilizado pelo educador. A respeito do livro didático, BIZZO (2002, p. 66) propõe que ele deve ser utilizado como um dos materiais de apoio, como outros que se fazem necessários, cabendo ao professor, selecionar o melhor material disponível diante de sua própria realidade, onde as informações devem ser apresentadas de forma adequada à realidade dos alunos. Ao pensar na organização dos conteúdos, o educador deve priorizar aqueles que possam ter significado real à vida dos educandos jovens e adultos. Os conteúdos devem possibilitar aos mesmos a percepção de que existem diversas visões sobre um determinado fenômeno e, a partir das relações entre os diversos saberes, estimular a autonomia intelectual. Os conteúdos podem ser organizados sem a rígida sequencia linear proposta nos livros didáticos. Para tanto, deve ser avaliada a relevância e a necessidade dos mesmos, bem como a coerência dos mesmos no processo educativo. 298 Os conteúdos obrigatórios da instrução 009/2011 – SUED/SEED serão tratados em conjunto aos conteúdos específicos, pertencentes a disciplina, propostos nas DCEs. Serão utilizados recursos didáticos e tecnológicos no decorrer do processo, a fim de enfatizar a metodologia utilizada como: • Aulas expositivas e dialogadas; • Uso de vídeos didáticos, através da TV Pendrive, com posterior debate; • Aulas práticas, com a utilização do laboratório de ciências; • Articulação com os(as) educadores(as) da área de linguagens e códigos e suas tecnologias; • Interação com os(as) educadores(as) da área de Ciências Humanas e Sociais; • Seminários com temas propostos por séries; • O ensino da Biologia e a informática, através do uso do laboratório de informática Paraná Digital. 4.2.4 AVALIAÇÃO Nas Diretrizes Curriculares para a Educação Básica, propõe-se formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade. A avaliação, nesta perspectiva, visa contribuir para a compreensão das dificuldades de aprendizagem dos alunos, com vistas às mudanças necessárias para que essa aprendizagem se concretize e a escola se faça mais próxima da comunidade, da sociedade como um todo, no atual contexto histórico e no espaço onde os alunos estão inseridos. O processo avaliativo precisa ser reconhecido como meio de desenvolver a reflexão de como vem ocorrendo o processo de aquisição do conhecimento por parte do educando. A verificação da aquisição do conhecimento deve ser ponto de 299 partida para a revisão e reconstrução do caminho metodológico percorrido pelo educando e, principalmente, pelo educador. O ensino de Biologia na EJA deve propiciar o questionamento reflexivo tanto de educandos como de educadores, a fim de que reflitam sobre o processo de ensino e aprendizagem. Desta forma, o educador terá condições de dialogar sobre a sua prática a fim de retomar o conteúdo com enfoque metodológico diferenciado e estratégias diversificadas, sendo essencial valorizar os acertos, considerando o erro como ponto de partida para que o educando e o educador compreendam e ajam sobre o processo de construção do conhecimento, caracterizando-o como um exercício de aprendizagem. Partindo da ideia de que a metodologia deve respeitar o conjunto de saberes do educando, o processo avaliativo deve ser diagnóstico no sentido de resgatar o conhecimento já adquirido pelo educando permitindo estabelecer relações entre esses conhecimentos. Desta forma, o educador terá possibilidades de perceber e valorizar as transformações ocorridas na forma de pensar e de agir dos educandos, antes, durante e depois do processo. A avaliação não pode ter caráter exclusivamente mensurável ou classificatório, deve-se respeitar e valorizar o perfil e a realidade dos educandos da EJA em todos os seus aspectos, oportunizando-lhe o acesso e a permanência no sistema escolar. Há necessidade, tanto por parte do educador, quanto da comunidade escolar, de conhecer o universo desses educandos, suas histórias de vida e suas trajetórias no processo educativo, visto que, cada um seguirá seu próprio caminho, dentro dos seus limites. Portanto, a avaliação tem como objetivo promover um diálogo constante entre educador e educandos, visando o seu êxito nos estudos e, de modo algum, a sua exclusão do processo educativo. Após o trabalho com os conteúdos, espera-se que o aluno: • Identifique e compare as características dos diferentes grupos de seres vivos; • Estabeleça relações entre as características específicas dos microorganismos, dos organismos filogenéticos vegetais e animais, e dos vírus; 300 • Classifique os seres vivos quanto ao número de células (unicelular e pluricelular), tipo de organização celular (procarionte e eucarionte), forma de obtenção de energia (autótrofo e heterótrofo) e tipo de reprodução (sexuada e assexuada); • Reconheça e compreenda a classificação filogenética (morfológica, estrutural e molecular) dos seres vivos; • Compreenda a anatomia, morfologia, fisiologia e embriologia dos sistemas biológicos (digestório, reprodutor, cardiovascular, respiratório, endócrino, muscular, esquelético, excretor, sensorial e nervoso); • Identifique a estrutura e o funcionamento das organelas citoplasmáticas; • Reconheça a importância e identifique os mecanismos bioquímicos e biofísicos que ocorrem no interior das células; • Compreenda os mecanismos de funcionamento de uma célula: digestão, reprodução, respiração, excreção, sensorial, transporte de substâncias; • Compare e estabeleça diferenças morfológicas entre os tipos celulares mais frequentes nos sistemas biológicos (histologia); • Reconheça e analise as diferentes teorias sobre a origem da vida e a evolução das espécies; • Reconheça a importância da estrutura genética para manutenção da diversidade dos seres vivos; • Compreenda o processo de transmissão das características hereditárias entre os seres vivos; • Identifique os fatores bióticos e abióticos que constituem os ecossistemas e as relações existentes entre estes; • Compreenda a importância e valorize a diversidade biológica para manutenção do equilíbrio dos ecossistemas; • Reconheça as relações de interdependência entre os seres vivos e destes com o meio em que vivem; • Identifique algumas técnicas de manipulação do material genético e os resultados decorrentes de sua aplicação/utilização; 301 • Compreenda a evolução histórica da construção dos conhecimentos biotecnológicos aplicados à melhoria da qualidade de vida da população e à solução de problemas sócio-ambientais; • Relacione os conhecimentos biotecnológicos às alterações produzidas pelo homem na diversidade biológica; • Analise e discuta interesses econômicos, políticos, aspectos éticos e bioéticos da pesquisa científica que envolvem a manipulação genética. A avaliação deve ser contínua e priorizar a qualidade e o processo da aprendizagem, proporcionando a verificação do desempenho do aluno ao longo de todo o ano e não apenas em uma prova ou trabalho. Cada aluno possui um modo e ritmo próprio de aprender. Cabe ao professor diversificar as estratégias de avaliação para que o aluno possa acompanhar o processo de aprendizagem, pois a avaliação só faz sentido se tiver o intuito de buscar caminhos para o aprendizado do aluno e não deve ser usada como punição, mas como um instrumento que auxilie o educando em seu desenvolvimento. A avaliação pode ser feita por meio de várias estratégias, tais como: Inicial ou Diagnóstica: é o resgate do conhecimento prévio do aluno sobre o tema. O levantamento não deve ser medido para nota, e sim para informar o professor sobre de que ponto o aluno partiu e o quanto ele avançou após a sistematização de conhecimentos; Trabalhos individuais de pesquisa: ao solicitar uma pesquisa, não se deve simplesmente passar o tema, é importante que ele seja encaminhado na realização deste processo, como e onde encontrar a informação. Trabalhos em grupo: poderá ser considerado a qualidade de trabalho em si, a auto avaliação do aluno quanto à sua atuação no grupo e a avaliação de cada membro do grupo em relação à atuação de cada colega. Avaliação escrita: é um importante instrumento para se avaliar as capacidades e o progresso individual do aluno quanto ao saber elaborado. Após cada avaliação escrita é feita a recuperação paralela que proporciona ao aluno a recuperação dos conteúdos e da nota. 302 Esta recuperação dar-se-á no próprio processo ensino-aprendizagem, onde serão retomados os conteúdos com outras metodologias, de forma que todos os alunos se apropriem dos conhecimentos. Aos alunos com necessidades especiais, a Avaliação será de forma adequada de maneira que estes possam se apropriar dos conhecimentos, onde a sua necessidade não se torne o fator determinante para não aquisição de conhecimentos elaborados. Ainda de acordo com a Lei Nº 10.639/2003 e as Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-raciais e História e Cultura Afro-Brasileira e Africana são propostas as seguintes atividades: • Estudo sobre as teorias antropológicas; • Estudo das características biológicas (biotipo) dos diversos povos; • Contribuição dos povos africanos e de seus descendentes para os avanços da Ciência e Tecnologia; • Análise e reflexão sobre o panorama da saúde dos africanos, in loco, considerando aspectos políticos, econômicos, ambientais, culturais e sociais intrínsecos a referida situação; • Índice de desenvolvimento humano. 4.2.5 REFERÊNCIAS CADERNOS TEMÁTICOS LEI Nº 10.639/03. Secretaria de Estado da Educação, Curitiba. 2008 BAPTISTA, G.C.S. Jornal a Página da Educação, ano 11, nº 118, dez 2002, p.19 BASTOS, F. História da Ciência e pesquisa em ensino de ciências. In: NARDI,R. Questões Atuais no Ensino de Ciências. São Paulo: Escrituras,1998. BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002. _____. Manual de Orientações Curriculares do Ensino Médio, MEC, Brasília, 2004. 303 BERNARDES,J.A .& FERREIRA, F. P. de M. Sociedade e Natureza. In: CUNHA, S.B. da & GUERRA,A.J.T. A Questão Ambiental. Diferentes Abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. CARRETRO, Mario. Construir y enseñar las ciencias experimentales. Aique Grupo Editor. Argentina. FRIGOTTO, Gaudêncio, CIAVATTA, Maria. Ensino Médio: ciência, cultura e trabalho. Secretaria de Educação Média e Tecnológica – Brasília: MEC, SEMTEC, 2004. KRASILCHIK, Myriam. Prática de Ensino de Biologia. 4ª ed. revisado e ampliado. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. _____. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1987. KUENZER,A . Z. Ensino Médio: Construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez, 2002. MEC/SEB – Orientações Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília, 2004. MORIN,E. O Pensar Complexo e a Crise da Modernidade. In: GUIMARÃES,M. A formação de Educadores a Ambientais Campinas, São Paulo: Papirus, 2004. PARANÁ, SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – DIRETRIZES CURRICULARES PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS, CURITIBA, 2006. RIBEIRO, Vera Masagão. A formação de educadores e a constituição da educação de jovens e adultos como campo pedagógico. Educação & Sociedade. v.20, n. 68, Campinas: dez, 1999. SAVIANI, Dermeval. Do senso comum à consciência filosófica. Campinas: Autores associados, 1993, p.20-28. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Departamento de Ensino Médio. Texto elaborado pelos participantes do “I e II Encontro de Relações (Im) pertinentes”. Pinhais (2003) e Pinhão (2004). SIDEKUM,A. Bioética: como interlúdio interdisciplinar. Revista Centro de Educação. vol.27,n.º 01. Edição 2002, disponível em www.ufsm.br/ce/revista/index.htm 304 4.3 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NATURAIS 4.3.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A Educação de Jovens e Adultos - EJA, no Estado do Paraná, de acordo com suas Diretrizes Curriculares e em consonância com as discussões realizadas com os professores da rede pública estadual de ensino, apresenta os fundamentos teóricos, metodológicos e avaliativos do ensino de Ciências, que norteiam a elaboração da proposta curricular desta disciplina. Partindo do pressuposto que a ciência não se constitui numa verdade absoluta, pronta e acabada, é indispensável rever o processo de ensino e aprendizagem de Ciências no contexto escolar, de modo que o modelo tradicional de ensino dessa disciplina, no qual se prioriza a memorização dos conteúdos, sem a devida reflexão, seja superado por um modelo que desenvolva a capacidade dos educandos de buscar explicações científicas para os fatos, através de posturas críticas, referenciadas pelo conhecimento científico. É necessário distinguir os campos de atuação da ciência, seus contextos e valores, como também, os objetivos dispensados à disciplina de Ciências no contexto escolar. Para tanto, deve-se reconhecer que a ciência é diferente da disciplina escolar ciências. A ciência realizada no laboratório requer um conjunto de normas e posturas. Seu objetivo é encontrar resultados inéditos, que possam explicar o desconhecido. No entanto, quando é ministrada na sala de aula, requer outro conjunto de procedimentos, cujo objetivo é alcançar resultados esperados, aliás planejados, para que o estudante possa entender o que é conhecido. A ciência sabe como procurar mas não conhece resultados de antemão. O ensino, ao contrário, conhece muito bem quais são os objetivos a encontrar, mas as discussões de como proceder para alcançá-los apontam para diferentes caminhos. Existe portanto uma diferença fundamental entre a comunicação de conhecimento em congressos científicos, entre cientistas, e a seleção e adaptação de parcelas desse conhecimento para ser utilizado na escola por professores e alunos. (BIZZO, 2002, p.14) Nessa perspectiva, a disciplina de Ciências tem como fundamento o conhecimento científico proveniente da ciência construída historicamente pela humanidade. Os fatos cotidianos e os conhecimentos adquiridos ao longo da história podem ser entendidos pela interação das várias áreas do conhecimento, revelando a 305 importância da Química, da Física, da Biologia, da Astronomia e das Geociências, que se complementam para explicar os fenômenos naturais e as transformações e interações que neles se apresentam. Os fenômenos não são explicados apenas por um determinado conhecimento, portanto, é importante estabelecer as relações possíveis entre as disciplinas, identificando a forma com que atuam e as dimensões desses conhecimentos, pois o diálogo com as outras áreas do conhecimento gera um movimento de constante ampliação da visão a respeito do que se estuda ou se conhece. Outro aspecto a ser desenvolvido pelo ensino de Ciências na EJA é a reflexão sobre a importância da vida no Planeta. Isso inclui a percepção das relações históricas, biológicas, éticas, sociais, políticas e econômicas, assim como, a responsabilidade humana na conservação e uso dos recursos naturais de maneira sustentável, uma vez que dependemos do Planeta e a ele pertencemos. O caminho evolutivo da ciência promoveu o avanço tecnológico que deve ser discutido no espaço escolar, de tal maneira que o educando possa compreender as mudanças ocorridas no contexto social, político e econômico e em outros meios com os quais interage, proporcionando-lhe também o estabelecimento das relações entre o conhecimento trazido de seu cotidiano e o conhecimento científico e, partindo destas situações, compreender as relações existentes, questionando, refletindo, agindo e interagindo com o sistema. Essa relação entre ciência e tecnologia, aliada à forte presença da tecnologia no cotidiano das pessoas, já não pode ser ignorada no ensino de Ciências, e sua ausência aí é inadmissível. Consideram-se, ainda, os efeitos da ciência/tecnologia sobre a natureza e o espaço organizado pelo homem, o que leva à necessidade de incluir no currículo escolar uma melhor compreensão do balanço benefício-malefício da relação ciência-tecnologia (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002, p.68-69). É importante que o educando tenha acesso ao conhecimento científico a fim de compreender conceitos e relações existentes entre o ambiente, os seres vivos e o universo, numa concepção flexível e processual, por meio do saber questionador e reflexivo. Da mesma forma, se faz necessário possibilitar ao educando perceber os aspectos positivos e negativos da ciência e da tecnologia, para que ele possa atuar de forma consciente em seu meio social e interferir no ambiente, considerando a ética e os valores sociais, morais e políticos que sustam a vida. 306 Aos alunos com necessidades especiais se farão adequações no prédio (acessibilidade) e no currículo, e o ensino será de forma que o mesmo, dentro de suas possibilidades e limitações possa se apropriar dos conhecimentos. A Avaliação deste aluno será de forma diferenciada adequada às suas necessidades e ser considerado como ponto de partida para o processo de ensino e aprendizagem, estabelecendo relações com o mundo do trabalho e com outras dimensões do meio social. As Ciências Naturais são compostas de um conjunto de explicações com peculiaridades próprias e de procedimentos para obter essas explicações sobre a natureza e os artefatos materiais. Seu ensino e sua aprendizagem serão sempre balizados pelo fato de que os sujeitos já dispõem de conhecimentos prévios a respeito do objeto de ensino. A base de tal assertiva é a constatação de que participam de um conjunto de relações sociais e naturais prévias a sua escolaridade e que permanecem presentes durante o tempo da atividade escolar (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002, p.131). Dessa forma, é importante que o ensino desenvolvido na disciplina de Ciências na EJA, possibilite ao educando, a partir de seus conhecimentos prévios, a construção do conhecimento científico, por meio da análise, reflexão e ação, para que possa argumentar e se posicionar criticamente. Assim, o ensino de ciências deve contemplar a articulação entre as diversas áreas de ensino, promovendo a integração das diversas culturas dando ênfase a cultura afro-brasileira, valorizar os conhecimentos trazidos pelos alunos ligados a vida do campo e incluir estes conhecimentos para a prática pedagógica na escola. Considerar a diversidade de gênero, respeitando as individualidades, bem como considerar de forma particular as pessoas com necessidades especiais e as pessoas com dificuldade de aprendizagem. Para tanto os conteúdos serão trabalhados de forma expositiva, trabalhos em grupo, pesquisas bibliográficas e de campo, participação em eventos e campanhas. Neste contexto a utilização das diversas mídias presentes na escola é de fundamental importância para fazer esta conexão entre o saber elaborado, as perspectivas científicas e as práticas do cotidiano. 4.3.2 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES Segundo as diretrizes, entende-se o conceito de Conteúdos Estruturantes como conhecimentos de grande amplitude que identificam e organizam os campos 307 de estudo de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para a compreensão de seu objeto de estudo e ensino. Os conteúdos estruturantes são constructos históricos e estão atrelados a uma concepção política de educação, por isso não são escolhas neutras. Na disciplina de Ciências, os Conteúdos Estruturantes são construídos a partir da historicidade dos conceitos científicos e visam superar a fragmentação do currículo, além de estruturar a disciplina frente ao processo acelerado de especialização do seu objeto de estudo e ensino (LOPES, 1999). A aprendizagem significativa envolve aquisição/construção de significados num processo análogo ao que defende Vygotsky sobre o processo de internalização dos conceitos. Isto quer dizer que, a aprendizagem de conteúdos científicos escolares assume um significado cognitivo, enquanto estrutura de conhecimento possuidora de instrumentos e signos. Instrumento é algo, como a linguagem, que pode ser usado para dar significado às coisas; signo é algo que representa (significa) uma ideia (MOREIRA,1999). A seleção dos conteúdos de ensino de Ciências deve considerar a relevância dos mesmos para o entendimento do mundo no atual período histórico, para a constituição da identidade da disciplina e compreensão do seu objeto de estudo, bem como facilitar a integração conceitual dos saberes científicos na escola. Sendo assim, os conteúdos de Ciências valorizam conhecimentos científicos das diferentes Ciências de referência – Biologia, Física, Química, Geologia, Astronomia, entre outras. A metodologia de ensino deve promover inter-relações entre os conteúdos selecionados, de modo a promover o entendimento do objeto de estudo da disciplina de Ciências. Essas inter-relações devem se fundamentar nos Conteúdos Estruturantes. Desde que foi inserida no currículo escolar, a disciplina de Ciências passou por muitas alterações em seus fundamentos teórico-metodológicos e na seleção dos conteúdos de ensino. Isso ocorreu em função dos diferentes interesses econômicos, políticos e sociais sobre a escola básica e dos avanços na produção do conhecimento científico. Contudo, essa disciplina sempre contribuiu para superar a banalização do conhecimento que se alicerça, muitas vezes, na consolidação de 308 conceitos equivocados, socialmente validados e tomados como um saber “científico”. Corroborando essas idéias, Santos, Stange e Trevas (2005) destacam a necessidade de uma abordagem integradora no ensino de Ciências para superar a construção fragmentada de um mesmo conceito. Esse processo deve ocorrer tanto na disciplina de Ciências, própria do currículo do Ensino Fundamental, quanto nas disciplinas que abordam conceitos científicos no Ensino Médio. Por exemplo, o conceito de pressão é, normalmente, trabalhado nas disciplinas de Física, Biologia e Química, mas sem integração, o que leva o estudante a pensar, muitas vezes, que se trata de três conceitos distintos. Propõe-se, então, que o ensino de Ciências aconteça por integração conceitual e que estabeleça relações entre os conceitos científicos escolares de diferentes conteúdos estruturantes da disciplina (relações conceituais); entre eles e os conteúdos estruturantes das outras disciplinas do Ensino Fundamental (relações interdisciplinares); entre os conteúdos científicos escolares e o processo de produção do conhecimento científico (relações contextuais). Segundo as Diretrizes Curriculares são apresentados cinco conteúdos estruturantes fundamentados na história da ciência, base estrutural de integração conceitual para a disciplina de Ciências no Ensino Fundamental. São eles: • Astronomia • Matéria • Sistemas Biológicos • Energia • Biodiversidade Propõe-se que o professor trabalhe com os cinco conteúdos estruturantes em todas as séries, a partir da seleção de conteúdos específicos da disciplina de Ciências adequados ao nível de desenvolvimento cognitivo do estudante. Para o trabalho pedagógico, o professor deverá manter o necessário rigor conceitual, adotar uma linguagem adequada à série, problematizar os conteúdos em função das realidades regionais, além de considerar os limites e possibilidades dos livros didáticos de Ciências. 309 ASTRONOMIA A Astronomia tem um papel importante no Ensino Fundamental, pois é uma das ciências de referência para os conhecimentos sobre a dinâmica dos corpos celestes. Numa abordagem histórica traz as discussões sobre os modelos geocêntrico e heliocêntrico, bem como sobre os métodos e instrumentos científicos, conceitos e modelos explicativos que envolveram tais discussões. Além disso, os fenômenos celestes são de grande interesse dos estudantes porque por meio deles buscam-se explicações alternativas para acontecimentos regulares da realidade, como o movimento aparente do Sol, as fases da Lua, as estações do ano, as viagens espaciais, entre outros. Este conteúdo estruturante possibilita estudos e discussões sobre a origem e a evolução do Universo. Apresentam-se, a seguir, os conteúdos básicos que envolvem conceitos científicos necessários para o entendimento de questões astronômicas e para a compreensão do objeto de estudo da disciplina de Ciências: • universo; • sistema solar; • movimentos celestes e terrestres; • astros; • origem e evolução do universo; • gravitação universal. MATÉRIA No conteúdo estruturante Matéria propõe-se a abordagem de conteúdos específicos que privilegiem o estudo da constituição dos corpos, entendidos tradicionalmente como objetos materiais quaisquer que se apresentam à nossa percepção (RUSS, 1994). Sob o ponto de vista científico, permite o entendimento não somente sobre as coisas perceptíveis como também sobre sua constituição, indo além daquilo que num primeiro momento vemos, sentimos ou tocamos. 310 Apresentam-se, a seguir, conteúdos básicos que envolvem conceitos científicos essenciais para o entendimento da constituição e propriedades da matéria e para a compreensão do objeto de estudo da disciplina de Ciências: • constituição da matéria; • propriedades da matéria. SISTEMAS BIOLÓGICOS O conteúdo estruturante Sistemas Biológicos aborda a constituição dos sistemas do organismo, bem como suas características específicas de funcionamento, desde os componentes celulares e suas respectivas funções até o funcionamento dos sistemas que constituem os diferentes grupos de seres vivos, como por exemplo, a locomoção, a digestão e a respiração. Parte-se do entendimento do organismo como um sistema integrado e amplia-se a discussão para uma visão evolutiva, permitindo a comparação entre os seres vivos, a fim de compreender o funcionamento de cada sistema e das relações que formam o conjunto de sistemas que integram o organismo vivo. Neste conteúdo estruturante, apresentam-se os conteúdos básicos que envolvem conceitos científicos escolares para o entendimento de questões sobre os sistemas biológicos de funcionamento dos seres vivos e para a compreensão do objeto de estudo da disciplina de Ciências: • níveis de organização; • célula; • morfologia e fisiologia dos seres vivos; • mecanismos de herança genética. ENERGIA Este Conteúdo Estruturante propõe o trabalho que possibilita a discussão do conceito de energia, relativamente novo a se considerar a história da ciência desde a Antiguidade. Discute-se tal conceito a partir de um modelo explicativo fundamentado nas ideias do calórico, que representava as mudanças de temperatura entre objetos ou sistemas. Ao propor o calor em substituição à teoria do 311 calórico, a pesquisa científica concebeu uma das leis mais importantes da ciência: a lei da conservação da energia. Destaca-se que a ciência não define energia. Assim, tem-se o propósito de provocar a busca de novos conhecimentos na tentativa de compreender o conceito energia no que se refere às suas várias manifestações, como por exemplo, energia mecânica, energia térmica, energia elétrica, energia luminosa, energia nuclear, bem como os mais variados tipos de conversão de uma forma em outra. Neste conteúdo estruturante, apresentam-se os conteúdos básicos que envolvem conceitos científicos essenciais para o entendimento de questões sobre a conservação e a transformação de uma forma de energia em outra e para a compreensão do objeto de estudo da disciplina de Ciências: • formas de energia; • conservação de energia; • conversão de energia; • transmissão de energia. BIODIVERSIDADE O conceito de biodiversidade, nos dias atuais, deve ser entendido para além da mera diversidade de seres vivos. Reduzir o conceito de biodiversidade ao número de espécies seria o mesmo que considerar a classificação dos seres vivos limitada ao entendimento de que eles são organizados fora do ambiente em que vivem. Pensar o conceito biodiversidade na contemporaneidade implica ampliar o entendimento de que essa diversidade de espécies, considerada em diferentes níveis de complexidade, habita em diferentes ambientes, mantém suas interrelações de dependência e está inserida em um contexto evolutivo (WILSON, 1997). Esse conteúdo estruturante visa, por meio dos conteúdos específicos de Ciências, a compreensão do conceito de biodiversidade e demais conceitos intrarrelacionados. Espera-se que o estudante entenda o sistema complexo de conhecimentos científicos que interagem num processo integrado e dinâmico envolvendo a diversidade de espécies atuais e extintas; as relações ecológicas 312 estabelecidas entre essas espécies com o ambiente ao qual se adaptaram, viveram e ainda vivem; e os processos evolutivos pelos quais tais espécies têm sofrido transformações. Apresentam-se, para este conteúdo estruturante, alguns conteúdos básicos que envolvem conceitos científicos para o entendimento de questões sobre a biodiversidade e para a compreensão do objeto de estudo da disciplina de Ciências: • organização dos seres vivos; • sistemática; • ecossistemas; • interações ecológicas; • origem da vida; • evolução dos seres vivos. Todos os conteúdos básicos, apresentados nos conteúdos estruturantes, são essenciais na disciplina de Ciências. No Plano de Trabalho Docente esses conteúdos básicos devem ser desdobrados em conteúdos específicos a serem abordados pelos professores de Ciências em função de interesses regionais e do avanço na produção do conhecimento científico. A história da ciência A história da ciência é fundamental para o professor de Ciências, pois ele não apenas transmite aos seus alunos os conteúdos (resultados) dessa ciência, mas também (consciente ou inconscientemente) uma concepção sobre o que é Ciência. Ora, o conhecimento sobre a natureza da pesquisa científica só pode ser adquirido de duas formas: ou pela prática da pesquisa e contato com cientistas (isto é, pela vivência direta) ou pelo estudo da História da Ciência (MARTINS, 1990, p. 04). Considera-se que a história da ciência contribui para a melhoria do ensino de Ciências porque propicia melhor integração dos conceitos científicos escolares, prioritariamente sob duas perspectivas: como conteúdo específico em si mesmo e como fonte de estudo que permite ao professor compreender melhor os conceitos 313 científicos, assim, enriquecendo suas estratégias de ensino (BASTOS, 1998). A história da ciência contribui ainda Para contrabalançar os aspectos puramente técnicos de uma aula, complementando-os com um estudo de aspectos sociais, humanos e culturais. Informações (preferivelmente bem fundamentadas) sobre a vida de cientistas, a evolução de instituições, o ambiente cultural geral de uma época, as concepções alternativas do mesmo período, as controvérsias e dificuldades de aceitação de novas ideias – tudo isso pode contribuir para dar uma nova visão da ciência e dos cientistas, dando maior motivação ao estudo. (...) Recentemente, tomou-se consciência de que o aprendizado das Ciências é, às vezes, dificultado por concepções de “senso comum” que, de um modo geral, coincidem com as concepções abandonadas ao longo da história (MARTINS, 1990, p. 04). O professor de Ciências, ao optar pelo uso de documentos, textos, imagens e registros da história da ciência como recurso pedagógico, está contribuindo para sua própria formação científica, além de propiciar melhorias na abordagem do conteúdo específico, pois sem a história da ciência perde-se a fundamentação dos fatos e argumentos efetivamente observados, propostos e discutidos em certas épocas. “Ensinar um resultado sem a fundamentação é simplesmente doutrinar e não ensinar ciência” (MARTINS, 1990, p. 04). 4.3.3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DA DISCIPLINA Na medida em que se acredita numa Ciência aberta, inacabada, produto da ação de seres humanos inseridos num contexto próprio relativo ao seu tempo e espaço e, no estudo na disciplina de Ciências, como uma das formas de resgate e de construção de melhores possibilidades de vidas individuais e coletivas, há que se optar por uma metodologia de ensino e de aprendizagem adequada à realidade do educando da EJA, em consonância com as Diretrizes Curriculares Estaduais propostas para esta modalidade de ensino. Segundo RIBEIRO (1999, p.8), 314 criar novas formas de promover a aprendizagem fora dos limites da organização tradicional é uma tarefa, portanto, que impõem, antes de mais nada, um enorme desafio para os educadores (...), romper o modelo de instrução tradicional implica um alto grau de competência pedagógica, pois para isso o professor precisará decidir, em cada situação, quais formas de agrupamento, sequenciação, meios didáticos e interações propiciarão o maior progresso possível dos alunos, considerando a diversidade que inevitavelmente caracteriza o público da educação de jovens e adultos. Nessa perspectiva, destaca-se a importância de propiciar aos educandos, a compreensão dos conceitos científicos de forma significativa, ou seja, que o conhecimento possa estar sendo percebido em seu contexto mais amplo, não somente nos afazeres diários, mas na forma de perceber a realidade local e global, o que lhe permitirá posicionar-se e interferir na sociedade de forma crítica e autônoma. Para tanto, o educador da EJA deve partir dos saberes adquiridos previamente pelos educandos, respeitando seu tempo próprio de construção da aprendizagem, considerando • que o educador é mediador e estimulador do processo, respeitando, de forma real, como ponto de partida, o conjunto de saberes trazidos pelos educandos; • as experiências dos educandos no mundo do trabalho; • a necessária acomodação entre o tempo e o espaço do educando, ainda, o tempo pedagógico e o tempo físico; • as relações entre o cotidiano dos educandos e o conhecimento científico. • a incorporação das mídias no cotidiano escolar do educando; • o respeito das individualidades de cor, raça, credo, gênero e diversidade. Nesse aspecto, ressalta-se a importância de trabalhar a disciplina de Ciências de forma contextualizada, ou seja, com situações que permitam ao educando jovem e adulto a inter-relação dos vínculos dos conteúdos com as diferentes situações com que se deparam no seu dia-a-dia. Essa contextualização pode acontecer a partir de uma problematização, ou seja, em lançar desafios que necessitem de respostas para determinadas situações. “A essência do problema é a necessidade (...), um obstáculo que é necessário transpor, uma dificuldade que 315 precisa ser superada, uma dúvida que não pode deixar de ser dissipada" (SAVIANI, 1993, p.26). As dúvidas são muito comuns na disciplina de Ciências, devendo ser aproveitadas para reflexão sobre o problema a ser analisado, e assim, para o educador, o desafio consiste em realizar esta contextualização, sem reduzir os conteúdos apenas à sua aplicação prática, deixando de lado o saber acadêmico. Um aspecto importante a ser considerado no trabalho com a disciplina de Ciências é a retomada histórica e epistemológica das origens e evolução do pensamento da Ciência, propiciando condições para que o educando perceba o significado do estudo dessa disciplina, bem como a compreensão de sua linguagem própria e da cultura científica e tecnológica oriundas desse processo. É importante salientar o uso criativo das metodologias pelo educador, que será indispensável em todos os momentos do seu trabalho, bem como o olhar atento e crítico sobre a realidade trazida pelos educandos. A busca de soluções para as problematizações constitui-se em referência fundamental no ensino de Ciências. Quando elaborada individual ou coletivamente deve ser registrada, sendo valorizados os saberes trazidos pelos educandos e a evolução do processo de aprendizagem. É importante lembrar que a cultura científica deve ser incentivada mesmo que de forma gradual, respeitando o tempo de cada grupo ou indivíduo. Assim, para atender o que preconizam as leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008, que determinam o ensino dos conteúdos relacionados à História e Cultura Afro-brasileira e Africana e Cultura dos povos indígenas, as questões de gênero e diversidade sexual, educação ambiental, prevenção ao uso indevido de drogas, enfrentamento à violência na escola, cidadania e direitos humanos e educação fiscal; direitos das crianças e dos adolescentes conforme prevê o Estatuto da Criança e Adolescente, serão contemplados na disciplina. Uma estratégia comum em Ciências é a utilização de experimentos e práticas realizadas em laboratório. É importante que seja definido com clareza o sentido e o objetivo dessa alternativa metodológica, visto que muitas vezes, situações muito ricas do cotidiano são deixadas de lado em detrimento do uso do laboratório. Deve-se considerar a possibilidade de aproveitamento de materiais do 316 cotidiano, assim como lugares alternativos, situações ou eventos para se desenvolver uma atividade científica. A utilização de experimentos e práticas realizadas em laboratório devem ser vistas como uma atividade comum e diversificada e que não abrem mão do rigor científico, devendo ser acompanhada pelo professor. Segundo BIZZO (2002, p.75), é importante que o professor perceba que a experimentação é um elemento essencial nas aulas de ciências, mas que ela, por si só, não garante bom aprendizado. (...) a realização de experimentos é uma tarefa importante, mas não dispensa o acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar quais são as explicações apresentadas pelos alunos para os resultados encontrados. É comum que seja necessário propor uma nova situação que desafie a explicação encontrada pelos alunos. Um outro aspecto a ser considerado no trabalho docente, é a utilização do material de apoio didático como uma das alternativas metodológicas, de tal forma que não seja o único recurso a ser utilizado pelo educador. A respeito do livro didático, BIZZO (2002, p. 66), propõe que ele deve ser utilizado como um dos materiais de apoio, como outros que se fazem necessários, cabendo ao professor, selecionar o melhor material disponível diante de sua própria realidade, onde as informações devem ser apresentadas de forma adequada à realidade dos alunos. Ao pensar na organização dos conteúdos, o educador deve priorizar aqueles que possam ter significado real à vida dos educandos jovens e adultos. Os conteúdos devem possibilitar aos mesmos a percepção de que existem diversas visões sobre um determinado fenômeno e, a partir das relações entre os diversos saberes, estimular a autonomia intelectual dos mesmos, através da criticidade, do posicionamento perante as conhecimentos. Os conteúdos situações-problemas e da busca por mais podem ser organizados sem a rígida sequencia linear proposta nos livros didáticos. Para tanto, deve ser avaliada a relevância e a necessidade desses conteúdos, assim como a coerência dos mesmos no processo educativo. 4.3.4 AVALIAÇÃO Nas Diretrizes Curriculares para a Educação Básica, propõe-se formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento, 317 sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade. A avaliação, nesta perspectiva, visa contribuir para a compreensão das dificuldades de aprendizagem dos alunos, com vistas às mudanças necessárias para que essa aprendizagem se concretize e a escola se faça mais próxima da comunidade, da sociedade como um todo, no atual contexto histórico e no espaço onde os alunos estão inseridos. O processo avaliativo precisa ser reconhecido como meio de desenvolver a reflexão de como vem ocorrendo o processo de aquisição do conhecimento por parte do educando. A verificação da aquisição do conhecimento deve ser ponto de partida para a revisão e reconstrução do caminho metodológico percorrido pelo educando e, principalmente, pelo educador. O ensino de Ciências na EJA deve propiciar o questionamento reflexivo tanto de educandos como de educadores, a fim de que reflitam sobre o processo de ensino e aprendizagem. Desta forma, o educador terá condições de dialogar sobre a sua prática a fim de retomar o conteúdo com enfoque metodológico diferenciado e estratégias diversificadas, sendo essencial valorizar os acertos, considerando o erro como ponto de partida para que o educando e o educador compreendam e ajam sobre o processo de construção do conhecimento, caracterizando-o como um exercício de aprendizagem. Partindo da ideia de que a metodologia deve respeitar o conjunto de saberes do educando, o processo avaliativo deve ser diagnóstico no sentido de resgatar o conhecimento já adquirido pelo educando permitindo estabelecer relações entre esses conhecimentos. Desta forma, o educador terá possibilidades de perceber e valorizar as transformações ocorridas na forma de pensar e de agir dos educandos, antes, durante e depois do processo. A avaliação não pode ter caráter exclusivamente mensurável ou classificatório, deve-se respeitar e valorizar o perfil e a realidade dos educandos da EJA em todos os seus aspectos, oportunizando-lhe o acesso e a permanência no sistema escolar. Há necessidade, tanto por parte do educador, quanto da comunidade escolar, de conhecer o universo desses educandos, suas histórias de vida e suas trajetórias no processo educativo, visto que, cada um seguirá seu 318 próprio caminho, dentro dos seus limites. Portanto, a avaliação tem como objetivo promover um diálogo constante entre educador e educandos, visando o seu êxito nos estudos e, de modo algum, a sua exclusão do processo educativo. Assim, deve ser contínua e priorizar a qualidade e o processo da aprendizagem, proporcionando a verificação do desempenho do aluno ao longo de todo o ano e não apenas em uma prova ou trabalho. Cada aluno possui um modo e ritmo próprio de aprender. Cabe ao professor diversificar as estratégias de avaliação para que o aluno possa acompanhar o processo de aprendizagem, pois a avaliação só faz sentido se tiver o intuito de buscar caminhos para o aprendizado do aluno e não deve ser usada como punição, mas como um instrumento que auxilie o educando em seu desenvolvimento. A avaliação pode ser feita por meio de várias estratégias, tais como: Inicial ou Diagnóstica: é o resgate do conhecimento prévio do aluno sobre o tema. O levantamento não deve ser medido para nota, e sim para informar o professor sobre de que ponto o aluno partiu e o quanto ele avançou após a sistematização de conhecimentos; Avaliação da participação do aluno em sala de aula: onde o professor pode considerar o interesse do aluno em sala de aula, manifestando sob a forma de respostas às perguntas que o professor faz, entrega das atividades extra classe solicitadas e postura adequada e respeitosa diante do professor e dos colegas; Trabalhos individuais de pesquisa: ao solicitar uma pesquisa, não se deve simplesmente passar o tema, é importante que ele seja encaminhado na realização deste processo, como e onde encontrar a informação. Trabalhos em grupo: poderá ser considerado a qualidade de trabalho em si, a auto avaliação do aluno quanto à sua atuação no grupo e a avaliação de cada membro do grupo em relação à atuação de cada colega. Avaliação escrita: é um importante instrumento para se avaliar as capacidades e o progresso individual do aluno quanto ao saber elaborado. As avaliações, bem como a metodologia utilizada no trato com os conteúdos sofrem adaptações para alunos com necessidades educacionais especiais, visando 319 um atendimento diferenciado conforme a necessidade e a especificidade de cada caso. Após cada avaliação escrita é feita a recuperação paralela que proporciona ao aluno a recuperação dos conteúdos e da nota. Ainda de acordo com a Lei Nº 10.639/2003 e as Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-raciais e História e Cultura Afro-Brasileira e Africana são propostas as seguintes atividades: Estudo sobre as teorias antropológicas; Estudo das características biológicas (biotipo) dos diversos povos; Contribuição dos povos africanos e de seus descendentes para os avanços da Ciência e Tecnologia; Análise e reflexão sobre o panorama da saúde dos africanos, in loco, considerando aspectos políticos, econômicos, ambientais, culturais e sociais intrínsecos a referida situação; Índice de desenvolvimento humano. 4.3.5 REFERÊNCIAS CADERNOS TEMÁTICOS LEI Nº 10.639/03. Secretaria de Estado da Educação, Curitiba. 2008 BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002. BORGES, R. M. R. Em debate: cientificidade e educação em Ciências. Porto Alegre: SE/CEC/RS, 1996. CANIATO, R. O céu. São Paulo: Ática, 1990. _____. O que é astronomia. São Paulo: Brasiliense, 1981. _____. A terra em que vivemos. Campinas: Papirus, 1985. CHASSOT, A. I. Catalisando transformações na educação. Ijuí: Editora Unijuí, 1994. _____. Para que(m) é útil o ensino? Canoas: Editora da ULBRA, 1995. _____.A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994. 320 CHASSOT, A. I. & OLIVEIRA, R. J. (Org.) Ciência, ética e cultura na educação. São Leopoldo: Unisinos, 1998. DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. Metodologia do ensino de Ciências. São Paulo: Cortez, 1992. DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. .A.; PERNAMBUCO, M. A. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. GASPAR, Alberto. Experiências de Ciências para o Ensino Fundamental. São Paulo: Ática, 2003. GIL-PEREZ, D. & CARVALHO, A. M. P. Formação de professores de ciências: tendências e inovações. São Paulo: Cortez. HAMBERGER, A. I. & LIMA, E.C. A. S. Pensamento e ação no ensino de ciências. São Paulo: Instituto de Física, 1989. KRASILCHIK, M. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: EPU/USP, 1987. OLIVEIRA, Renato José de. A escola e o Ensino de ciências. São Leopoldo: Unissinos, 2000. PARANÁ, SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – DIRETRIZES CURRICULARES PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS, CURITIBA, 2006. RIBEIRO, Vera Masagão. A formação de educadores e a constituição da educação de jovens e adultos como campo pedagógico. Educação & Sociedade. v.20, n. 68, Campinas: UNICAMP, dez, 1999. SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2001. SAVIANI, Dermeval. A filosofia na formação do educador. In: _______. Do senso comum à consciência filosófica. Campinas: Autores Associados, 1993, p.20-28. STENGERS, Isabelle. Quem tem medo da ciência? São Paulo: Siciliano, 1989. 321 4.4 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA 4.4.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A disciplina de Educação Física, no ensino fundamental e médio, visa proporcionar ao educando vivências diversas que contribuam para um desenvolvimento integral, contribuindo para uma melhor qualidade de vida. A Educação Física ao longo da sua história sofreu influências de várias correntes filosóficas e estas interferiram na ação pedagógica dos profissionais desta área. Além disso, o ensino da Educação Física esteve atrelado à apropriação do conhecimento, sem permitir ao aluno a devida reflexão crítica, pautando sua prática no cotidiano escolar sem significado social e cultural. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases nº 5692/71, a Educação Física passa a ser entendida como atividade, conforme pode ser evidenciado no decreto-lei 69450 de 11 de novembro de 1971, que apresenta a seguinte concepção de Educação Física: “A atividade que por seus meios, processos e técnicas desperta, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, psíquicas e sociais do educando, constitui um dos fatores básicos para a conquista das finalidades da educação nacional”. Passando a Educação Física então, a ter uma legislação específica, instituindo a integração dessa disciplina como atividade escolar regular e obrigatória no currículo dos cursos em todos os níveis e sistemas de ensino. Apesar de ser revogada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996, o decreto-lei nº 69450/71 ainda representa a referencia para a Educação Física nos dias de hoje, pois o mesmo dispõe sobre objetivos, padrões de referência, planejamento, critérios de avaliação, fundamentos básicos para a compreensão dos significados da Educação Física contidos em instrumentos legais, sendo que a lei em vigor não estabelece esses referenciais. 322 Através dos diferentes contextos históricos definiu-se a Educação Física Escolar, ou seja, o que deveria ser ensinado aos alunos. Até o final do século XIX, quase toda produção ligada à Educação Física era de caráter médico-higienista, dando grande importância à ginástica, com o objetivo de conservar e restabelecer a saúde por meio do exercício. Esta prática se orientava pela dimensão biológica que essa disciplina ainda não superou completamente. Porém no início do século XX, o panorama de Educação Física escolar, no Brasil, incorporou um novo determinante para seu ensino, o esporte. Esta tendência pode ser explicada pelo desenvolvimento do sistema capitalista de produção que incorpora os princípios de rendimento, competição, da racionalização técnica, na busca constante de sua superação e vitória. Esta prática, no campo da Educação Física Escolar, persiste até a década de 70, quando perde sua especificidade. O discurso e prática da psicomotricidade vieram a substituir o conteúdo até então de natureza esportiva. As propostas de ensino, mais diretamente voltadas a psicomotricidade, preocupavam-se com o desenvolvimento da criança nos processos cognitivos, afetivos e psicomotor. A Educação Física era apenas um meio. Um meio para aprender e também, era um meio de socialização. Neste contexto, a Educação física perde sua especificidade, uma vez que não tem mais conteúdo próprio e este, talvez, passa a ser o momento mais contraditório da sua história. Em pleno século XXI, o ensino da Educação Física na escola, constitui-se em muitos momentos na instrumentalização do corpo com movimentos mecânicos e gestos estereotipados, sem reflexão crítica, geralmente, com a fixação nas práticas esportivas que, normalmente, desconsideram o ser humano no sentido de sua totalidade. As práticas corporais se restringem ao âmbito da motricidade. Com a Educação Física e o Desporto, contava-se que o aluno poderia compreender de maneira prática, como a atividade física melhoraria a qualidade de vida em todos os sentidos: físicos, intelectual e psicológico. Reconhecendo o desempenho individual, sem discriminação por características pessoais, físicas sexuais ou sociais. 323 O movimento é uma característica fundamental à sobrevivência do ser humano, o que o leva a aproximar-se da Educação Física e dos esportes integrando-o a sociedade como ser participativo, crítico e criativo. Segundo Platão: “Todo ser vivo tem necessidade de saltar e brincar e é portador de um ritmo que produz a dança e o canto". As relações que estabelecemos com os nossos pares em nossas atividades diárias ocorrem por meio da expressão oral e corporal que nos foram, e nos são, transmitidas culturalmente e socialmente. Essas relações são construídas dependendo da preocupação e objetivo de cada momento histórico, no qual a sociedade está inserida. É importante a escola e o professor, por meio da sua disciplina, proporcionar ao educando a percepção das relações que se estabelecem no seu dia-a-dia ligadas a vivência corporal, podendo transformá-la e entendo como esses entrelaces acontecem. A Educação Física, integrada a Proposta Pedagógica da Escola, é componente curricular do Ensino Fundamental e Médio, ajustando-se a faixas etárias e realidade da comunidade escolar. Neste sentido, como enfatizam Taborda e Oliveira (apud PARANÁ, 2005, p.10) os objetivos da Educação Física devem estar voltados para a humanização das relações sociais, considerando a noção de corporalidade, entendida como a expressão criativa e consciente do conjunto das manifestações corporais historicamente produzidas. Esse entendimento permite ampliar as possibilidades da intervenção educacional dos professores de Educação Física, superando a dimensão meramente motriz de uma aula, sem no entanto, negar o movimento como possibilidade de manifestação humana e, desse modo contemplar o maior número possível de manifestações corporais explorando os conhecimentos já trazidos pelos educandos e a sua potencialidade formativa. Segundo Soares et al (1992, p. 50) a Educação Física é conceituada como: (...) uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: o jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal. Esses conteúdos expressam um sentido/significado nos quais se interpenetram. 324 A partir desse entendimento a proposta para a disciplina de Educação Física deve favorecer o estudo, a integração e a reflexão da cultura corporal de movimentos, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir das atividades proposta em beneficio da sua inserção social, levando-o a descobrir motivos e sentidos nas práticas corporais que favoreçam o desenvolvimento de atitudes positivas, contemplando assim todas as manifestações corporais e culturais, partindo da realidade local para as diferentes culturas. Cabe aos professores de Educação Física mediar o processo de ensinoaprendizagem deflagrado nas aulas de Educação Física quanto à construção de um ambiente que proporcione ao aluno a aprendizagem dos conteúdos significativos para o seu processo de conhecimento e desenvolvimento, incrementando sua capacidade para tomar decisões relacionadas à atividade física, isto é, movimento corporal humano. OBJETIVOS DA DISCIPLINA • Desenvolver o aspecto reflexivo e participativo. • Demonstrar capacidade para discutir e modificar regras, reunindo elementos de várias manifestações de movimento e estabelecendo uma melhor utilização dos conhecimentos adquiridos sobre a cultura corporal. • Adquirir consciência da sua importância das atividades físicas • Participar de atividades em grandes e pequenos grupos, compreendendo as diferenças individuais e procurando colaborar para que o grupo possa atingir os objetivos a que se propôs. • Reconhecer na convivência maneiras eficazes de crescimento coletivo, dialogando, refletindo e adotando uma postura democrática sobre diferentes pontos de vista postos em debate. • Interessar-se pelo surgimento das múltiplas variações da atividade física, enquanto objeto de pesquisa e área de interesse social de mercado de trabalho promissor 325 • Compreender o funcionamento do organismo humano de forma a reconhecer e modificar as atividades corporais, valorizando-as como melhoria de suas aptidões físicas. • Desenvolver as noções conceituadas de esforço, intensidade e freqüência, aplicando-as em suas práticas corporais. • Refletir sobre as informações específicas da cultura corporal, sendo capaz de discerni-las e reinterpretá-las em bases científicas, adotando uma postura autônoma, na seleção de atividades procedimentos para a manutenção ou aquisição da saúde. • Compreender as diferentes manifestações da cultura corporal, reconhecendo e valorizando as diferenças de desempenho, linguagem e expressão. • Estabelecer de forma sadia momentos de lazer. • Reconhecer as habilidades desportivas coletivas e individuais. • Adquirir gosto pela atividade física. • Proporcionar ao aluno a formação necessária para a vida em sociedade, integrando-o em novos grupos sociais de uma forma consciente, através da atividade física. • Promover o desenvolvimento dos jogos intelectuais como: dama, xadrez e dominó. • Consolidar a Educação Física como disciplina escolar com objetivos pedagógicos que transcendam os objetivos do esporte com um fim na sua prática. • Proporcionar a compreensão da prática corporal como parte cultural e social do meio em que vive, possibilitando a prática social, valorizando a diversidade cultural dos educandos e a riqueza das suas manifestações corporais, a reflexão das problemáticas sociais e a corporalidade, entendida como a expressão criativa e consciente do conjunto das manifestações corporais historicamente produzidas. 4.4.2CONTEÚDOS 326 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES: Esportes, jogos e brincadeiras, danças, ginásticas, lutas, CONTEÚDOS BÁSICOS para 6º ANO Coletivos, individuias; Jogos e brincadeiras populares, brincadeiras e cantigas de roda, jogos de tabuleiros, jogos cooperativos; Danças folclóricas, danças de rua, danças criativas; Ginástica rítmica, ginástica circenses, ginástica geral; Lutas de aproximação, capoeira; CONTEÚDOS BÁSICOS para 7º ANO Coletivos , individuas; Jogos e brincadeiras populares, brincadeiras e cantigas de roda, jogos de tabuleiros, jogos cooperativos; Danças folclóricas, danças de rua, danças criativas; Ginástica rítmica, ginástica circenses, ginástica geral; Lutas de aproximação, capoeira; CONTEÚDOS BÁSICOS para 8º ANO Coletivos , radicais; Jogos e brincadeiras populares, jogos de tabuleiros, jogos cooperativos; jogos dramáticos; Danças criativas, danças circulares; Ginástica rítmica, ginástica circenses, ginástica geral; Lutas com instrumentos mediadores, capoeira; CONTEÚDOS BÁSICOS para o 9º ANO Coletivos , radicais; Jogos e brincadeiras populares, jogos de tabuleiros, jogos cooperativos; jogos dramáticos; 327 Danças criativas, danças circulares; Ginástica rítmica, ginástica circenses, ginástica geral; Lutas com instrumentos mediadores, capoeira; CONTEÚDOS BÁSICOS para o 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio Esportes: Coletivos, individuais e radicais . Jogos e Brincadeiras: jogos e brincadeiras populares, brincadeiras e cantigas de rodas,jogos de tabuleiro, jogos dramáticos e jogos cooperativos. Danças: danças folclóricas,danças de rua, danças de salão, danças circulares e danças criativas. Ginástica: ginástica rítmica, circense e geral, ginástica artística/ olímpica, e ginástica de condicionamento físico. Lutas: lutas de aproximação, lutas que mantêm a distância, lutas com instrumento mediador e capoeira. 4.4.3 METODOLOGIA DA DISCIPLINA Nas Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação de Jovens e Adultos, identificam-se os eixos cultura, trabalho e tempo como articuladores de toda ação pedagógico-curricular. Tais eixos foram definidos a partir da concepção de currículo, como processo de seleção da cultura e do perfil do educando da EJA. A cultura contempla a forma de produção da vida material e imaterial e compõe um sistema de significações envolvido em todas as formas de atividade social (WILLIANS, 1992,apud DCEs da EJA, 2006). A cultura é elemento de mediação entre o indivíduo e a sociedade. A cultura envolve toda a produção humana, inclui o trabalho e todas as relações que ele perpassa. O trabalho compreende, assim, uma forma de produção da vida material a partir da qual se produzem distintos sistemas de significação. É a ação pela qual o homem transforma a natureza e transforma-se a si mesmo. Portanto, a produção histórico-cultural atribui à formação de cada novo indivíduo, também, essa dimensão 328 histórica. A ênfase no trabalho como princípio educativo não deve ser reduzida à preocupação em preparar o trabalhador para atender às demandas do industrialismo e do mercado de trabalho nem apenas destacar as dimensões relativas à produção e às suas transformações técnicas (ARROYO, 2001, apud DCEs da EJA, 2006). Os vínculos entre educação, escola e trabalho situam-se numa perspectiva mais ampla, a considerar a constituição histórica do ser humano, sua formação intelectual e moral, sua autonomia e liberdade individual e coletiva, sua emancipação. Segundo as DCEs da EJA ,uma das razões pelas quais os educandos da EJA retornam para a escola é o desejo de elevação do nível de escolaridade para atender às exigências do mundo do trabalho. Cada educando que procura a EJA, porém, apresenta um tempo social e um tempo escolar vivido, o que implica a necessidade de reorganização curricular, dos tempos e dos espaços escolares, para a busca de sua emancipação. Do ponto de vista da dimensão social, pode-se dizer que os educandos viveram e vivem tempos individuais e coletivos, os quais compreendem os momentos da infância, da juventude, da vida adulta, no contexto das múltiplas relações sociais. Na dimensão escolar, o tempo dos educandos da EJA é definido pelo período de escolarização e por um tempo singular de aprendizagem, bem diversificado, tendo em vista a especificidade dessa modalidade de ensino que considera a disponibilidade de cada um para a dedicação aos estudos. Os conteúdos são definidos como conhecimentos necessários à apreensão do desenvolvimento sócio-histórico das próprias atividades corporais e à explicitação das suas significações objetivas. Os mesmos foram estruturados de forma a garantir aprendizagens novas e significativas, despertando o interesse e a atenção dos educandos a consciência da necessidade de atitudes favoráveis a prática de atividades físicas ao longo da sua vida, valorizando a cultura corporal, logo “a cultura humana é uma cultura corporal, uma vez que o corpo realiza as intenções humanas” (FREIRE, 2003 p. 34). 329 Desse modo a Educação Física deve considerar conteúdos e práticas que contemplem: − A relação entre o conhecimento social e escolar do educando; − A identidade e as diferenças sócio-culturais dos educandos na proposição das praticas educativas; − Ensino com base na investigação e na problematização do conhecimento; − As diferentes linguagens na medida em que se instituem como significativas na formação do educando; − As múltiplas interações entre os diferentes saberes; − Articulação entre teoria, prática e realidade social; − Atividades pedagógicas que priorizem o pensamento reflexivo. Baseado na perspectiva dos educadores, propomos a articulação do trabalho docente em torno dos seguintes conteúdos: esportes, jogos, ginástica, dança, luta e elementos articulares (saúde e lazer). Ultrapassando a tendência dominante de conceber a saúde como investimento individual, o conteúdo deve oferecer condições de articular o individual com o cultural, social e político. Ou seja, a saúde é um bem que se adquire, além de, pelas atividades físicas e corporais, por intermédio de: alimentação, saneamento básico, moradia, educação, informação e preservação do meio ambiente, enfim, o direito de acesso às condições mínimas para uma vida digna. Esse conteúdo permite compreender a saúde como uma construção que requer uma dimensão histórica-política e social. O esporte pode ser abordado pedagogicamente no sentido de esportes “da escola” e não “na escola”, como valores educativos para justificá-lo no currículo escolar da EJA. Se aceitarmos o esporte como prática social, tema da cultura corporal, devemos questionar suas normas resgatando os valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, o compromisso da solidariedade e respeito humano, que se deve jogar com o outro e não contra o outro. Por isso esse conteúdo deve ser apresentado aos alunos de forma a criticá-lo, promovendo a sua re-significação, e 330 sua adaptação a realidade que a prática cria e recria, colocando-o como um meio e não fim em si mesmo. Os jogos oportunizam ao jovem e ao adulto experimentar atividades prazerosas, que envolvam partilhas, negociações e confrontos que estimulem o exercício de reflexão sobre as relações entre as pessoas e os papéis que elas assumem perante a sociedade, bem como a possibilidade de resgatar as manifestações lúdicas e culturais. O estudo da ginástica pretende favorecer o contato do educando com as experiências corporais diversificadas, seu caráter preventivo, modismo, melhora da aptidão física, tem o objetivo de conscientizar os educandos de seus possíveis benefícios, bem como os danos causados pela sua prática inadequada ou incorreta. A dança a ser trabalhado na EJA contribui para o desenvolvimento, conhecimento e ritmo do corpo. Ao relacionar-se com o outro, cada gesto representa sua história, sua cultura, como manifestação de vida, por meio de um processo continuo de integração e relacionamento social. O estudo sobre o lazer proporciona reflexões a cerca do uso do tempo livre, com atividades que lhe propiciem prazer, descontração, alegria, socialização, conscientização clareza das necessidades e benefícios que serão adquiridos e que contribuam para o seu bem estar físico, mental e social. Os conteúdos propostos poderão ser distribuídos de forma informativa, prática ou teórica e poderão ser modificados de acordo com cada realidade. Os conteúdos esporte, jogos, dança, lazer e ginástica são comuns ao Ensino Fundamental e ao Ensino Médio, o tema saúde mantêm a especificidade de cada ensino. Segundo as DCEs, a escola deve desenvolver um trabalho com a temática da Coordenação de Desenvolvimento Socioeducacional (Educação Ambiental, Educação Fiscal, Enfrentamento à Violência, Cidadania e Direitos Humanos e Prevenção ao uso indevido de drogas). Tais assuntos serão desenvolvidos concomitantes aos conteúdos da disciplina, assim como em ações interdisciplinares, de forma organizada e sistematizada, embasadas no conhecimento científico acumulado historicamente. 331 Também durante o ano letivo deverão ser contempladas as leis 11645/08 (Cultura Afro e Indígena) e 10639/03 (Cultura Afro). A apresentação dos conteúdos será através de aulas expositivas, vídeos, slides, etc, onde os educandos tomarão conhecimento da origem dos temas relacionados a esta disciplina, assim como suas regras e fundamentos, onde dentro do possível poderão vivenciá-las efetivando-se as aulas práticas na quadra. As aulas práticas serão iniciadas com perguntas sobre o tema a ser trabalhado, o qual já foi definido em sala. Por exemplo: para a 6º e 7º ano serão trabalhados os fundamentos dos esportes em questão. Para a 8º e 9º ano serão trabalhados a técnica e a tática desses esportes, e para o Ensino Médio as diferenças entre esporte de rendimento e o esporte na escola e a relação entre esporte e lazer. Os recursos didáticos utilizados para o ensino da disciplina serão a TV multimídia, DVDs, rádios com CD de músicas, quadro e giz, a exposição oral, pesquisas na internet através do laboratório de informática, além dos materiais utilizados em quadra, como: bolas, arcos, raquetes, etc... Será garantido a inclusão de alunos(as) com necessidades educacionais especiais, possibilitando a inserção dos mesmos nas atividades práticas, bem como, proporcionando-lhes o acesso ao conteúdo, através de adaptação curricular, de forma a contribuir para a seu desenvolvimento e sua aprendizagem. Os conteúdos obrigatórios conforme disposto na Instrução nº 009/11 SUED/SEED, serão contemplados concomitantes aos conteúdos específicos da disciplina em consonância com as DCEs. 4.4.4 AVALIAÇÃO A avaliação esta vinculada ao Projeto Político Pedagógico, sendo contínua, permanente e cumulativa. A partir da avaliação o professor reorganizará o seu trabalho atendendo as reais necessidades dos alunos. A avaliação é compreendida como uma prática reflexiva e diagnóstica que orienta a intervenção pedagógica, bem como dá indicativos para acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos educandos. 332 O principal critério adotado será comprometimento e envolvimento, ou seja, se os alunos entregam as atividades propostas pelo professor; se houve assimilação dos conteúdos propostos, por meio da recriação de jogos e regras; se o aluno consegue resolver, de maneira criativa, situações problemas sem desconsiderar a opinião do outro, respeitando o posicionamento do grupo e propondo soluções para as divergências; se o aluno mostra-se envolvido nas atividades, seja através de seu desenvolvimento nas atividades práticas ou realizando relatórios. A avaliação será realizada em função dos conteúdos, utilizando técnicas e instrumentos diversificados como: • Dinâmicas de grupos em sala; • Discussão dos temas e exemplos contextualizando o tema com o grupo de alunos • Entrega de atividades realizadas; com as finalidades educativas, expressas na Proposta Pedagógica. É vedada à avaliação em que os educandos sejam submetidos a uma única oportunidade de aferição. A verificação do rendimento escolar dar-se-á por meio de Avaliações realizadas no decorrer do processo ensino-aprendizagem, por meio de variados instrumentos elaborados pelo professor da disciplina. A recuperação acontece paralelamente onde será identificada a dificuldade e será reorganizado o trabalho propondo outras formas de encaminhamento que visem a superação das dificuldades encontradas. Na recuperação paralela de estudos será considerada a aprendizagem do aluno no decorrer do processo, para aferição do bimestre, prevalecerá à média entre a avaliação e a recuperação, caso a nota da recuperação seja inferior a nota bimestral, prevalecerá à nota bimestral. A avaliação será de acordo com o PPP (Projeto Político Pedagógico) do Estabelecimento de Ensino, o qual propõe bimestralmente 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para testes ou provas e 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para atividades, trabalhos, seminários, debates, etc, somando assim 10,0 (dez vírgula zero), para aprovação, conforme Resolução nº 3794/04 da SEED (Secretaria de Estado da Educação). 333 Aos alunos com necessidades educacionais especiais a escola deve proporcionar uma adaptação curricular, para que o aluno possa superar suas dificuldades de aprendizagem e avançar nos estudos. 4.4.5 REFERÊNCIAS BETTI, M.; ZULIANI. L.R. Educação Física: uma proposta de diretrizes pedagógicas . Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. Guarulhos I(I): 7381.2002 COLL, C. Psicologia e currículo: uma aproximação psicopedagógica à elaboração do currículo escolar. 2ª.ed. São Paulo: Ática, 1997. COLL, C.; POZO, J.I.; SARABIA, B.; VALLS, E. Os conteúdos na reforma: ensino e aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. CORBIN, C.B. The field of Physical Education: common goals, not common roles. JOPERD, Reston, p.79-87, 1993. FREIRE, J.B.; SCAGLIA, A . J. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003. LOVISOLO, H. Educação Física: a arte da mediação. Rio de Janeiro: Sprint, 1995. NEIRA, M.G.; MATTOS. Educação Física na Adolescência: construindo o conhecimento na escola. São Paulo: Phorte, 2004. NETO, L.P.X. ; ASSUNÇÃO, J.R. Saiba mais sobre Educação Física. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural Edições, 2005. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Diretrizes Curriculares da Educação Fundamental da Rede de Educação Básica do Estado do Paraná: Educação Física. Versão Preliminar. 2005. SANTO, D. L. Tendências e expectativas da educação física escolar. In: I Semana de Educação Física, 1993, São Paulo. Anais... São Paulo: Universidade São Judas Tadeu - Departamento de Educação Física, 1993. v. 1. 334 SAVIANI, D. Escola e democracia. 35.ed. Campinas: Autores Associados, 2002. SEED. Diretrizes Curriculares de Educação Física para a Educação Básica. Curitiba. 2006 SOARES, C.L.; et all . Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. SOUZA, E.S. VAGO. T. M. Trilhas e Partilhas: Educação Física na Cultura escolar e nas práticas sociais. Belo Horizonte: Ed. dos Autores 1997. ZABALA, A. Aprendizaje significativo: el professor como movilizador de lãs competências de sus alunos. In: SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO E SOCIEDADE, 6., 1997, São Paulo. Anais... São Paulo: Grupo Associação de Escolas Particulares, 1997. p.1-39. DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA – EDUCAÇÃO FÍSICA. Curitiba, 2008. 335 4.5 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO 4.5.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA “Ao repensar nos dados concretos da realidade, sendo vivida, o pensamento profético, que é também utópico, implica a denúncia de como estamos vivendo e o anúncio de como poderíamos viver.” “É essencial que os enfoques da educação de adultos estejam baseados no patrimônio, na cultura, nos valores e nas experiências anteriores das pessoas, e que as distintas maneiras de por em prática estes enfoques facilitem e estimulem a ativa participação e expressão do educando” (FREIRE, Paulo. Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos. Item 5, 1997). Considerando-se as indicações das Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos, que propõem o compromisso com a formação humana e com o acesso à cultura geral, bem como o respeito à diversidade cultural, a disciplina de Ensino Religioso está pautada no entendimento do conhecimento constituído sobre as diversas tradições e organizações religiosas, o qual deve dimensionar o respeito na inter-relação entre as diferentes manifestações e crenças religiosas. Esta concepção, que deve reger o Ensino Religioso, pautou-se na necessidade de superação de uma situação historicamente constituída, que se perfazia no ensino do catolicismo, o qual expressava a proximidade desde o Império com a Igreja Católica. Depois, com o advento da República, a nova constituição separou o Estado da Igreja e o ensino passou a ser laico. Mesmo assim, a presença das aulas de religião foi mantida nos currículos escolares, devido ao poder da Igreja Católica junto ao Estado brasileiro. Tal influência pode ser constatada em todas as Constituições do Brasil, nas quais o Ensino Religioso foi citado, com a representatividade hegemonicamente cristã no processo de definição dos preceitos legais. Em consequência, desde a época do Império, a doutrina cristã tem sido preferida na organização do currículo de Ensino Religioso. Entretanto, a vinculação do currículo de Ensino Religioso ao cristianismo e às práticas catequéticas já não corresponde ao sentido dessa disciplina na escola. Os debates em torno da sua permanência como disciplina escolar têm sido intensos 336 e a busca de explicações que justificam as novas configurações da disciplina não se restringem ao contexto brasileiro. Costella (2004) afirma que três fatores ajudam a entender a necessidade de um novo enfoque para o Ensino Religioso: o primeiro é atribuído à pluralidade social, num Estado não confessional, laico e que garante, por meio da constituição, a liberdade religiosa; o segundo fator diz respeito à própria maneira de apreender o conhecimento, devido às profundas transformações ocorridas no campo da epistemologia, da educação e da comunicação, e o terceiro fator, traço característico da cultura ocidental, mostra uma profunda reviravolta nas concepções, em especial no séc. XIX, que atinge seu ápice na célebre expressão do filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900): “Deus está morto”, metáfora do autor transcendente e imanente. Isto conduz a uma repulsa aos valores absolutos e também ao questionamento em qualquer valor ditado por uma ordem superior, visto que o homem é um ser pensante, logo criador. Para Nietzsche, esta posição subjetiva leva a sociedade ao niilismo, à decadência moral-religiosa vinculada à manutenção de um local reservado ao princípio transcendente e imanente, o qual vem sendo destruído pela sociedade. Mesmo que aparentemente contraditório ao que se interpõem nos dias de hoje – uma sociedade racional e tecnologicamente equipada –, há uma necessidade social de retorno à busca de explicações no sagrado. Nesse contexto, há um ressurgimento das religiões, já que as limitações da racionalidade moderna e do saber científico se tornaram latentes, fenômeno já apontados e estudados por autores como o filósofo alemão Edmund Husserl (18591938), com a obra A Crise das Ciências Européias, e o filósofo austríaco Ludwig Joham Wittgenstein (1889-1951) com seus escritos a respeito do entendimento da linguagem que circunda o homem e o mundo. Foram críticas sobre a redutibilidade dos saberes do mundo à linguagem científica e a sua pretensa superioridade em 337 relação às demais formas de conhecimento e expressão. Assim, faz-se necessário superar modelos lineares e fragmentados de compreensão da realidade e a busca de outros referenciais que permitam uma análise mais complexa da sociedade. É essa realidade que se coloca como desafio para a disciplina de Ensino Religioso e para toda a escola. Desta forma, o processo de ensino e de aprendizagem proposto para este documento, visa à construção e produção do conhecimento que se caracteriza pela promoção do debate, da hipótese divergente, da dúvida – real ou metódica – do confronto de idéias, de informações discordantes e, ainda, da exposição competente de conteúdos formalizados. Opõe-se a um modelo educacional que centra o ensino tão-somente na transmissão dos conteúdos pelo educador, o que reduz as possibilidades de participação do educando e não respeita a diversidade religiosa. Tanto as Diretrizes Curriculares como a Proposta Curricular da EJA, do Ensino Religioso, expressam a necessária reflexão em torno dos modelos de ensino e do processo de escolarização, diante das demandas sociais contemporâneas que exigem a compreensão ampla da diversidade cultural, postas também no âmbito religioso entre os países e, de forma mais restrita, no interior de diferentes comunidades. Nunca, como no presente, a sociedade esteve consciente da unidade do destino do homem em todo o planeta e das radicais diferenças culturais que marcam a humanidade. Nesse contexto, está a escola e nela o currículo do Ensino Religioso, historicamente marcado como espaço de transposição do que era a catequese e que permitia a introdução sistemática e orgânica do complexo doutrinal cristão. Dentre os desafios para o Ensino Religioso na atualidade, pode-se destacar: • a necessária superação das tradicionais aulas de religião; • a inserção de conteúdos que tratem da diversidade de manifestações religiosas, dos seus ritos, das suas paisagens e símbolos; • as relações culturais, sociais, políticas e econômicas de que são impregnadas as diversas formas de religiosidade. 338 Além disso, é necessário que o Ensino Religioso escolar adquira status de disciplina escolar, a partir da definição mais consistente de seus conteúdos escolares, da produção de referenciais didático-pedagógicos e científicos, bem como da formação dos educadores. No processo de constituição do Ensino Religioso como disciplina escolar, ainda persistem dúvidas quanto aos conteúdos a serem tratados na escola; portanto, vale destacar que para a sociedade as religiões são confissões de fé e de crença. No ambiente escolar, as religiões interessam como objeto de conhecimento a ser tratado nas aulas de Ensino Religioso, por meio do estudo das manifestações religiosas que delas decorrem e as constituem. As diferenças culturais são abordadas para ampliar a compreensão da diversidade religiosa como expressão da cultura, construída historicamente e, portanto, são marcadas por aspectos econômicos, políticos e sociais. Dessa forma, reafirma-se o compromisso da escola com o conhecimento, sem excluir do horizonte os valores éticos que fazem parte do processo educacional. Em outras palavras, pode-se dizer que: aquilo que para as igrejas é objeto de fé, para a escola é objeto de estudo. Isto supõe a distinção entre fé/crença e religião, entre o ato subjetivo de crer e o fato objetivo que o expressa. Essa condição implica a superação da identificação entre religião e igreja, salientando sua função social e o seu potencial de humanização das culturas. Por isso, o Ensino Religioso na escola pública não pode ser concebido, de maneira nenhuma, como uma espécie de licitação para as Igrejas (COSTELLA, 2004, pp. 97-107). Desse modo, assim como para as Diretrizes Curriculares para o Ensino Religioso, esta Proposta Curricular tem como objetivo orientar também a abordagem e a seleção dos conteúdos. Nessa perspectiva, todas as religiões podem ser tratadas como conteúdos nas aulas de Ensino Religioso, uma vez que o sagrado compõe o universo cultural humano e faz parte do modelo de organização de diferentes sociedades. Assim, o currículo dessa disciplina propõe-se a subsidiar os educandos, por meio dos conteúdos, à compreensão, comparação e análise das diferentes manifestações do sagrado, com vistas à interpretação dos seus múltiplos 339 significados. A disciplina de Ensino Religioso subsidiará os educandos na compreensão de conceitos básicos no campo religioso e na forma como a sociedade sofre inferências das tradições religiosas ou mesmo da afirmação ou negação do sagrado. Por fim, destaca-se que os conhecimentos relativos ao sagrado e às suas manifestações são significativos para todos os educandos no processo de escolarização, por propiciarem subsídios para a compreensão de uma das interfaces da cultura e da constituição da vida em sociedade. O objeto de estudo da disciplina de Ensino Religioso é o sagrado, o qual é interpretado dentro das Diretrizes Curriculares como foco do fenômeno religioso por contemplar algo presente em todas as manifestações religiosas. Esta concepção favorece uma abordagem ampla de conteúdos específicos da disciplina. Tais conteúdos privilegiam o estudo das diferentes manifestações do sagrado e possibilitam sua análise e compreensão como o cerne da experiência religiosa que se expressa no universo cultural de diferentes grupos sociais. As expressões do sagrado diferem de cultura para cultura, ou seja, sua apreensão pode ser realizada somente de acordo com cada realidade. As religiões se apresentam como modalidades do sagrado que se revelam em processos históricos e em espaços marcados por representações da necessidade humana de se convergir em uma unidade sociocultural. Como parte da dimensão cultural, o sagrado influencia a compreensão de mundo e a maneira como o homem, não somente o religioso, vive o seu cotidiano. Por isso, o sagrado perpassa todo o currículo de Ensino Religioso de modo a permitir uma análise mais complexa de sua presença nas diferentes manifestações religiosas, cujas instâncias podem ser assim estabelecidas: • Paisagem Religiosa: refere-se à materialidade fenomênica do sagrado, apreendida por meio dos sentidos. É a exterioridade do sagrado e sua concretude constituindo o os espaços sagrados. • Símbolo: é a apreensão conceitual dada pela razão para se conceber o sagrado, pelos seus predicados, reconhecendo sua lógica simbólica. É entendido como sistema simbólico e projeção comunicativa cultural. 340 • Texto Sagrado: é a tradição e a natureza assumida do sagrado como fenômeno. Pode ser manifestado de forma material (escrito) ou imaterial (oral). É reconhecido por meio das Escrituras Sagradas, das tradições orais sagradas e dos mitos. • Sentimento Religioso: é o seu caráter transcendente e imanente nãoracional. É a experiência do sagrado em si, a qual escapa à razão conceitual em sua essência e é reconhecida por seus efeitos. Trata-se do que qualifica uma sintonia entre o sentimento religioso e o fenômeno sagrado. A partir do objeto de estudo, busca-se superar as tradicionais aulas de religião e entender esta disciplina escolar como processo pedagógico, cujo objetivo é o conhecimento: o entendimento sobre os cultos (culturas) e sobre o sagrado, de uma forma que a diversidade cultural e religiosa sejam respeitadas e que a sociedade, em seu sentido lato, efetive-se. 4.5.2 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES Pela observância dos aspectos que marcam o sagrado e as relações que se estabelecem em decorrência dele, nas diferentes manifestações religiosas a serem tratadas pelo Ensino Religioso, ressalta-se a necessidade de definir como conteúdos estruturantes desta disciplina referenciais que incluam nos conteúdos escolares a pluralidade das tradições religiosas. Dessa forma, os conteúdos estruturantes compõem os saberes, os conhecimentos de grande amplitude, os conceitos ou práticas que identificam e organizam os campos de estudos a serem contemplados no Ensino Religioso. Apropriados das instâncias que contribuem para compreender o sagrado, os conteúdos estruturantes propostos para o Ensino Religioso são: • a paisagem religiosa; • o símbolo; • o texto sagrado. Os conteúdos estruturantes de Ensino Religioso não devem ser entendidos isoladamente; antes, são referências que se relacionam intensamente para a compreensão do objeto de estudo em questão e se apresentam como orientadores para a definição dos conteúdos escolares. 341 A relação do sagrado com os conteúdos estruturantes pode ser apresentada conforme o seguinte esquema: Paisagem Religiosa SAGRADO Texto Sagrado Símbolo Por paisagem religiosa define-se a combinação de elementos culturais e naturais que remetem a experiências do sagrado, que por força dessas experiências anteriores remetem a uma gama de representações sobre o transcendente e o imanente. Os lugares considerados sagrados são simbolicamente onde o sagrado se manifesta. Para o homem religioso, a natureza não é exclusivamente natural; sempre está carregada de um valor sagrado. A ideia da existência de lugares sagrados e de um mundo sem imperfeições conduz o homem a suportar suas dificuldades diárias. O homem consagra determinados lugares porque necessita viver e conviver no mundo sagrado. Para as religiões, os lugares não estabelecem somente uma relação concreta, física, entre os povos e o sagrado; neles, há também uma relação préestabelecida entre ações e práticas. Nessa simbologia, não podem ser ignorados o imaginário e os estereótipos de cada civilização, impregnados de seus valores, identidade etc. 342 Muitas pessoas necessitam de espaços aos quais lhes são atribuídos o sentido de sagrado, para manifestar a sua fé. Com esse lugar definido, entre outras atividades, organizam ritos, festas, homenagens em prol desse objeto. Nos momentos em que os grupos se reúnem para reverenciar o divino, para unir-se ao sagrado, os lugares se transformam num universo especialmente simbólico, resultante das crenças existentes nas tradições religiosas. A paisagem religiosa é fruto do espaço social e cultural construído historicamente, em vivências dos inúmeros grupos humanos. Portanto, a paisagem sagrada é uma imagem socialmente construída, de maneira que é preciso compreendê-la corretamente para entender tal aspecto do estudo do sagrado. SÍMBOLO A complexa realidade que configura o universo simbólico tem como chave de leitura as diferentes manifestações do sagrado no coletivo, cujas significações se sustentam em determinados símbolos religiosos. Os símbolos são linguagens que expressam sentidos, comunicam e exercem papel relevante para a vida imaginativa e para a constituição das diferentes religiões no mundo. Neste contexto, o símbolo é definido como qualquer coisa que veicule uma concepção; pode ser uma palavra, um som, um gesto, um ritual, um sonho, uma obra de arte, uma notação matemática, entre tantos outros. De modo geral, a cultura se sustenta por meio de símbolos, que são criações humanas cuja função é comunicar ideias. Os símbolos são parte essencial da vida humana, todo sujeito se constitui e se constrói por meio de inúmeras linguagens simbólicas. Ao abranger a linguagem do sagrado, os símbolos são a base da comunicação e constituem o veículo que aproxima o mundo vivido, cotidianamente, do mundo misterioso dos deuses, deusas, encantados, enfim, da linhagem de seres suprassensíveis que habitam o território do inefável. O símbolo é um elemento importante porque para o estudo do sagrado também o é. 343 TEXTO SAGRADO Os textos sagrados expressam ideias e são meios de dar viabilidade à disseminação e à preservação dos ensinamentos de diferentes tradições e manifestações religiosas, o que ocorre de diversas maneiras, como: dança sagrada, pinturas sacras, textos orais e escritos, entre outras. Ao articular os textos sagrados aos ritos – festas religiosas, situações de nascimento e morte –, as diferentes tradições e manifestações religiosas buscam criar mecanismos de unidade e de identidade do grupo de seguidores, de modo a assegurar que os ensinamentos sejam consolidados e transmitidos às novas gerações e novos adeptos. Tais ensinamentos podem ser retomados em momentos coletivos e individuais para responder a impasses do cotidiano e para orientar a conduta de seus seguidores. Algumas tradições e manifestações religiosas são transmitidas apenas oralmente ou revividas em diferentes rituais. Por sua vez, os textos sagrados registram fatos relevantes da tradição e manifestação religiosa, quais sejam: as orações, a doutrina, a história, que constituem sedimento no substrato social de seus seguidores e lhes orientam as práticas. O que caracteriza um texto como sagrado é o reconhecimento pelo grupo de que ele transmite uma mensagem originada do ente sagrado ou, ainda, que favorece uma aproximação entre os adeptos e o sagrado. A compreensão, interpretação e significação do texto pode ser modificada conforme a passagem do tempo ou, ainda, para corresponder às demandas do tempo presente. Pode, também, sofrer alterações causadas pelas diversas interpretações secundárias, diferentes do texto original. Como conteúdo estruturante, o texto sagrado é uma referência importante para o Ensino Religioso, pois permite identificar como a tradição e a manifestação atribuem às práticas religiosas o caráter sagrado e em que medida orientam ou estão presentes nos ritos, nas festas, na organização das religiões, nas explicações da morte e da vida. 344 CONTEÚDOS BÁSICOS Os conteúdos básicos para a disciplina de Ensino Religioso têm como referência os conteúdos estruturantes, já apresentados. Na escola, o conhecimento é organizado de modo a favorecer a sua abordagem por meio de diferentes disciplinas, conforme as prioridades de cada uma. No caso do Ensino Religioso, o Sagrado é o objeto de estudo e o tratamento a ser dado aos conteúdos estará sempre a ele relacionado. A organização dos conteúdos deve partir do estudo de manifestações religiosas menos conhecidas ou desconhecidas, a fim de ampliar o universo cultural dos educandos. Quando se trabalha com os lugares sagrados, devem ser apresentados e analisados com os alunos a composição e o significado atribuído a esses lugares pelos adeptos da manifestação religiosa que os consideram Sagrados. Depois serão tratados os lugares sagrados já conhecidos pelos educandos, pela comunidade e manifestações religiosas a eles familiares. Somente depois de trabalhar a composição e o significado atribuído a esses espaços sagrados, por seus adeptos, serão tratados os espaços sagrados já conhecidos pelos educandos, que então terão mais elementos para analisar as configurações e significados dos espaços sagrados que lhes são familiares. Tal organização curricular se repete nos demais conteúdos, conforme o quadro apresentado a seguir: SAGRADO CONTEÚDOS PAISAGEM RELIGIOSA SÍMBOLO CONTEÚDOS BÁSICOS TEXTO SAGRADO 345 Organizações Religiosas · Lugares Sagrados · Textos Sagrados orais ou escritos · Símbolos Religiosos Temporalidade Sagrada · Festas Religiosas · Ritos · Vida e Morte O ENSINO RELIGIOSO NA ESCOLA PÚBLICA Ao iniciar o processo pedagógico na disciplina de Ensino Religioso, faz-se necessário esclarecer os educandos acerca de algumas questões importantes, quais sejam: • as orientações legais; • os objetivos; • as principais diferenças entre aulas de Religião e Ensino Religioso como disciplina Escolar. Lugares Sagrados No processo pedagógico, educador e educandos podem caracterizar lugares e templos sagrados, quais sejam: lugares de peregrinação, de reverência, de culto, de identidade, principais práticas de expressão do sagrado nestes locais. Destacam-se: • lugares na natureza: rios, lagos, montanhas, grutas, cachoeiras etc.; • lugares construídos: templos, cidades sagradas etc. Textos sagrados orais e escritos São ensinamentos sagrados transmitidos de forma oral e escrita pelas diferentes culturas religiosas, expressos na literatura oral e escrita, como em cantos, narrativas, poemas, orações etc. 346 Os exemplos a serem apontados incluem: vedas (hinduísmo), escrituras bahá´ís, fé Bahá’I, tradições orais africanas, afro-brasileiras e ameríndias, Alcorão (islamismo), etc. Organizações Religiosas As organizações religiosas compõem os sistemas religiosos de modo institucionalizado. Serão tratadas como conteúdos, sob a ênfase das principais características, estrutura e dinâmica social dos sistemas religiosos que expressam as diferentes formas de compreensão e de relações com o sagrado. Poderão ser destacados: • os fundadores e/ou líderes religiosos; • as estruturas hierárquicas. Entre os exemplos de organizações religiosas mundiais e regionais, estão: o budismo (Sidarta Gautama), o cristianismo (Cristo), confucionismo (Confúcio), o espiritismo (Allan Kardec), o taoísmo (Lao Tsé), etc. Universo Simbólico Religioso Os significados simbólicos dos gestos, sons, formas, cores e textos podem ser trabalhados conforme os seguintes aspectos: • dos ritos; • dos mitos; • do cotidiano. Entre os exemplos a serem apontados, estão: a arquitetura religiosa, os mantras, os paramentos, os objetos, etc. Ritos São celebrações das tradições e manifestações religiosas, formadas por um conjunto de rituais. Podem ser compreendidas como a recapitulação de um acontecimento sagrado anterior; servem à memória e à preservação da identidade de diferentes tradições e manifestações religiosas, e podem remeter a possibilidades futuras decorrentes de transformações contemporâneas. Destacam-se: • os ritos de passagem; 347 • os mortuários; • os propiciatórios, entre outros. Entre os exemplos a serem apontados, estão: a dança (Xire), o candomblé, o kiki (kaingang, ritual fúnebre), a via sacra, o festejo indígena de colheita etc. Festas religiosas São os eventos organizados pelos diferentes grupos religiosos, com objetivos diversos: confraternização, rememoração dos símbolos, períodos ou datas importantes. Entre eles, destacam-se: • peregrinações; • festas familiares; • festas nos templos; • datas comemorativas. Entre os exemplos a serem apontados, estão: Festa do Dente Sagrado (budista), Ramadã (islâmica), Kuarup (indígena), Festa de Iemanjá (afrobrasileira), Pessach (judaica), Natal (cristã). Vida e morte As respostas elaboradas para a vida além da morte nas diversas tradições e manifestações religiosas e sua relação com o sagrado podem ser trabalhadas sob as seguintes interpretações: • o sentido da vida nas tradições e manifestações religiosas; • a re-encarnação; • a ressurreição – ação de voltar à vida; • além da morte: ancestralidade, vida dos antepassados, espíritos dos antepassados que se tornam presentes, e outras. • temporalidade sagrada. 4.5.3 METODOLOGIA DA DISCIPLINA 348 Propor o encaminhamento metodológico da disciplina de Ensino Religioso para Educação de Jovens e Adultos, não se reduz a determinar formas, métodos, conteúdos ou materiais a serem adotados em sala de aula, mas pressupõe um constante repensar das ações que subsidiarão esse trabalho. Logo, as práticas pedagógicas desenvolvidas pelo educador da disciplina poderão fomentar o respeito às diversas manifestações religiosas, o que amplia e valoriza o universo cultural dos educandos. Deve-se fazer um trabalho que aborde a temática da Coordenação de Desenvolvimento Socioeducacional, como: 1. Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99 como desenvolvimento da Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das relações entre o homem e o meio bio-físico; 2. Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre direitos e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social do estado democrático; 3. Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e formação de uma consciência crítica sobre violência e, assim, transformar a escola e espaço onde o conhecimento toma o lugar da força; 4. História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei 10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e cultura Afro-Brasileira e Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE. Promovendo assim, o reconhecimento da identidade, da história e da cultura da população negra, assegurando a igualdade e a valorização das raízes africanas ao lado das indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da história e cultura AfroBrasileira e Africana. 5. Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores e crenças pessoais. Os educadores e os educandos são instigados em conhecer assuntos relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e 349 discriminação ao usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia, entre outros; 6. Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve considerar os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia. É importante ficar claro, que em se tratando da Educação de Jovens e Adultos, cabe ao educador despertar no educando uma nova forma de relação, buscando junto a ele, elementos oriundos de experiências vividas, que façam parte de seu contexto social. Dessa maneira, o educando deixa de ser um “depósito de informações” e passa a ressignificar conhecimentos anteriormente adquiridos. Também, faz-se necessário superar práticas que tradicionalmente têm marcado o currículo da disciplina de Ensino Religioso, desvinculando-as das aulas de religião, seja em relação aos fundamentos teóricos, ao objeto de estudos, aos conteúdos selecionados, ou, ainda, em relação ao encaminhamento metodológico adotado pelo educador. Assim, um dos encaminhamentos propostos para este documento é a abordagem dos conteúdos de Ensino Religioso, cujo objeto de estudo é o sagrado, conceito discutido nos fundamentos teórico-metodológicos das Diretrizes Curriculares da disciplina e a base a partir da qual serão tratados todos os demais conteúdos. Dessa forma, pretende-se assegurar a especificidade dos conteúdos da disciplina, sem desconsiderar sua aproximação com as demais áreas do conhecimento. Pode-se citar, por exemplo, que os espaços sagrados também constituem conteúdos de geografia e de arte; no entanto, o significado atribuído a esses espaços pelos adeptos desta ou daquela religião serão tratados de forma mais aprofundada nas próprias aulas de Ensino Religioso, cujo foco é o sagrado. A fim de que o Ensino Religioso contribua efetivamente para o processo de formação dos educandos, foram indicados, a partir dos conteúdos estruturantes paisagem religiosa, símbolos e textos sagrados, o conjunto de conteúdos específicos a serem observados pelo educador no Ensino Fundamental na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. 350 Os conteúdos propostos nestas Diretrizes contemplam as diversas manifestações do sagrado, entendidos como integrantes do patrimônio cultural, os quais poderão ser enriquecidos pelo educador, desde que contribuam para a construir, analisar e socializar o conhecimento religioso, para favorecer a formação integral dos educandos, o respeito e o convívio com o diferente. Para corresponder a esse propósito, a linguagem a ser adotada nas aulas de Ensino Religioso, referente a cada expressão do sagrado, é a pedagógica e não a religiosa, é a adequada ao universo escolar. Da mesma forma deve-se levar em consideração que na educação de jovens e adultos as terminologias utilizadas também devem ser adequadas a realidade dos educandos. 4.5.4 AVALIAÇÃO A avaliação é um meio e não um fim em si mesmo. É um processo contínuo, diagnóstico, dialético e deve ser tratada como parte integrante das relações de ensino-aprendizagem. Para Luckesi (2000), a avaliação da aprendizagem, é um recurso pedagógico sutil e necessário para auxiliar cada educador e cada educando na busca e na construção de si mesmo e do seu melhor modo de vida. Dentre as orientações metodológicas para a disciplina de Ensino Religioso, faz-se necessário destacar os procedimentos avaliativos a serem adotados, uma vez que este componente curricular não tem a mesma orientação que a maioria das disciplinas no que se refere a atribuição de notas e ou conceitos. Ou seja, o Ensino Religioso não se constitui como objeto de reprovação, bem como não terá registro de notas ou conceitos na documentação escolar, isso se justifica pelo caráter facultativo da matrícula na disciplina. Mesmo com essas particularidades, a avaliação não deixa de ser um dos elementos integrantes do processo educativo na disciplina do Ensino Religioso na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Assim, cabe ao educador a implementação de práticas avaliativas que permitam acompanhar o processo de apropriação de conhecimentos pelo educando e pela classe, tendo como parâmetro os conteúdos tratados e os seus objetivos bem como a realidade e a experiência de vida de cada educando. 351 Para atender a esse propósito, o educador terá que elaborar instrumentos que o auxiliem a registrar o quanto o educando e a turma se apropriaram ou têm se apropriado dos conteúdos tratados nas aulas de Ensino Religioso. Significa dizer que o que se busca com o processo avaliativo é identificar em que medida os conteúdos passam a ser referenciais para a compreensão das manifestações do sagrado pelos educandos. Da mesma forma deve-se procurar perceber o quanto o conteúdo ministrado possui significado no cotidiano dos educandos. Nesse sentido, a apropriação do conteúdo que fora antes trabalhado pode ser observado pelo educador em diferentes situações de ensino e aprendizagem. Podese avaliar, por exemplo, em que medida o educando expressa uma relação respeitosa com os colegas de classe que têm opções religiosas diferentes da sua; aceita as diferenças e, principalmente, reconhece que o fenômeno religioso é um dado da cultura e da identidade de cada grupo social; emprega conceitos adequados para referir-se às diferentes manifestações do sagrado. Diante da sistematização das informações provenientes dessas avaliações, o educador terá elementos para planejar as necessárias intervenções no processo de ensino e aprendizagem, retomando as lacunas identificadas no processo de apropriação dos conteúdos pelos educandos, bem como terá elementos para dimensionar os níveis de aprofundamento a serem adotados em relação aos conteúdos que irá desenvolver posteriormente. Nessa perspectiva, o educador de Ensino Religioso terá também, a partir do processo avaliativo dos educandos, indicativos importantes para realizar a sua autoavaliação que orientará a continuidade do trabalho ou a imediata reorganização daquilo que já tenha sido trabalhado, tendo como referência este documento de diretrizes. É importante lembrar que a disciplina de Ensino Religioso está num processo recente de implementação nas escolas e que, o ato de avaliar é um dos fatores que poderá contribuir para a sua legitimação como um dos componentes curriculares. Mesmo que não haja aferição de notas ou conceitos que impliquem na reprovação ou aprovação dos educandos, estas diretrizes orientam que o educador proceda ao registro formal do processo avaliativo, adotando instrumentos que permitam à 352 escola, ao educando, aos seus pais ou responsáveis, identificarem os progressos obtidos na disciplina. Com essa prática, os educandos, especificamente, terão a oportunidade de retomar os conteúdos, como também poderão perceber que a apropriação dos conhecimentos dessa disciplina lhes possibilita conhecer e compreender melhor a diversidade cultural da qual a religiosidade é parte integrante, bem como possibilitará a articulação desta disciplina com os demais componentes curriculares, os quais também abordam aspectos relativos à cultura. A apropriação do conteúdo trabalhado pode ser observada pelo professor em diferentes situações de ensino e aprendizagem. Eis algumas sugestões que podem ser tomadas como amplos critérios de avaliação no Ensino Religioso: • o aluno expressa uma relação respeitosa com os colegas de classe que têm opções religiosas diferentes da sua? • o aluno aceita as diferenças de credo ou de expressão de fé? • o aluno reconhece que o fenômeno religioso é um dado de cultura e de identidade de cada grupo social? • o aluno emprega conceitos adequados para referir-se às diferentes manifestações do Sagrado? A avaliação permite diagnosticar o quanto o aluno se apropriou do conteúdo, como resolveu as questões propostas, como reconstituiu seu processo de concepção da realidade social e, como, enfim, ampliou o seu conhecimento em torno do objeto de estudo do Ensino Religioso, o Sagrado, sua complexidade, pluralidade, amplitude e profundidade. Mesmo com essas particularidades, a avaliação não deixa de ser um elemento integrante do processo educativo da disciplina. O que se busca com o processo avaliativo é identificar em que medida os conteúdos passam a ser referenciais para a compreensão das manifestações do sagrado pelo aluno. A avaliação no Ensino Religioso contempla em sua dimensão processual: o conhecimento ; a participação ; a atitude de vida ; a relação , enfim, elementos que implicam a crescente abertura e criação de espaços para a vivência das experiências religiosas. 353 Os instrumentos avaliativos poderão ser provas orais e escritas, seminários, debates, trabalhos e discussões. Quanto aos alunos com necessidades educacionais especiais serão utilizadas metodologias diferenciadas para que ocorra uma avaliação que contemple a todos. A recuperação de estudos será através da retomada dos conteúdos trabalhados a partir de metodologias diversas e proporcionado a todos os alunos. 4.5.5 REFERÊNCIAS CISALPIANO, M. Religiões. São Paulo: Scipione, 1994. COSGROVE, D. A geografia está em toda parte: cultura e simbolismo nas paisagens humanas. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHl, Z. Paisagem, Tempo e Cultura. Rio de Janeiro: Eduerj, 1998. COSTELLA, D. O fundamento epistemológico do ensino religioso. In: JUQUEIRA, S.; WAGNER, R. (Orgs.) O Ensino Religioso no Brasil. Curitiba: Champagnat, 2004. CUNHA, A. G. da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. DURKHEIM, É. As Formas Elementares de Vida Religiosa. São Paulo: Edições Paulinas, 1989. ELIADE, M. O Sagrado e o Profano: a essência das religiões. São Paulo:Martins Fontes, 1992. _______. Tratado de História das Religiões. São Paulo: Martins Fontes, 1998. GIL FILHO, S. F. Espaço de representação e territorialidade do sagrado: notas para uma teoria do fato religioso. Ra’e Ga O Espaço Geográfico em Análise: Curitiba, v. 3 n. 3, p. 91-120, 1999. GIL FILHO, S. F.; GIL, A. H. C. F. Identidade religiosa e territorialidade do sagrado: notas para uma teoria do fato religioso. In ROSENDAHL, Z. & CORREA, R. L.(org.). Religião, Identidade e Território. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2001. GIL FILHO, Sylvio F; GIL, A. H. C. F. Por uma geografia do sagrado. In: MENDONÇA, F.; KOEZEL, S. (org.). Elementos de Epistemologia da Geografia Contemporâneo. Curitiba: UFPR, 2002. 354 HEIDEGGER, M. Conferências e Escritos Filosóficos (Coleção Os Pensadores). São Paulo: Nova Cultural, 1989. HINNELS, J. R. Dicionário das Religiões. São Paulo: Cultrix, 1989. HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. HUSSERL, E. Investigações Lógicas: sexta investigação -elementos de uma elucidação fenomenológica do conhecimento (Coleção Os Pensadores). São Paulo: Nova Cultural, 1988. JUNQUEIRA, S. R. A. (Orgs.) Conhecimento Local e Conhecimento Universal: pesquisa, didática e ação docente. Curitiba, Champagnat, 2004. MACEDO, C. C. Imagem do Eterno: religiões no Brasil. São Paulo: Moderna, 1989. MENDONÇA, F.; KOZEL, S. (orgs.). Elementos de Epistemologia da Geografia Contemporânea. Curitiba: UFPR, 2002. OLIVEIRA, M. A. A. de. Componente Curricular. In: JUNQUEIRA, S. R. A.; WAGNER, R. Ensino Religioso no Brasil. Curitiba: Champagnat, 2004.p. 119. OTTO, R. O Sagrado. Lisboa: Edições 70, 1992. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso. Curitiba, 2008. PEDRO, A. de. Dicionário de Termos Religiosos e Afins. Aparecida do Norte: Santuário, 1993. ROHMANN, C.. O Livro das Ideias: pensadores, teorias e conceitos que formam nossa visão de mundo. Rio de Janeiro: Campus, 2000. SACHS, W. Dicionário do Desenvolvimento: guia para o conhecimento como poder. Petrópolis: Vozes, 2000. WITTGENSTEIN, L. Investigações Filosóficas. Petrópolis: Vozes, 1994. 355 4.6 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE FILOSOFIA 4.6.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Esta Proposta Pedagógica Curricular para o Ensino de Filosofia na Educação de Jovens e Adultos foi elaborada tendo como referência as Diretrizes Curriculares de Filosofia para a Educação Básica do Estado do Paraná e as especificidades desta modalidade de ensino que considera os educandos sujeitos de um processo histórico em que a experiência vivida fora do processo de educação institucionalizada constitui forte elemento formativo. As Diretrizes Curriculares de Filosofia pontuam que ao se tratar de ensino de Filosofia, é comum retomar a clássica questão a respeito da cisão entre Filosofia e filosofar. Ensina-se Filosofia ou a filosofar? Muitos citam Kant, para lembrar que não é possível ensinar Filosofia e sim a filosofar. Ocorre que para ele não é possível separar a Filosofia do filosofar. Kant quer afirmar a autonomia da razão filosofante diante da própria filosofia. Do mesmo modo Hegel, não é possível conhecer o conteúdo da Filosofia sem filosofar. A Filosofia constitui seu conteúdo na medida em que reflete sobre ele. A prática da Filosofia leva consigo o seu produto não é possível fazer filosofias sem filosofar, nem filosofar sem filosofia, porque a Filosofia não é um sistema acabado, nem o filosofar apenas investigação dos princípios universais propostos pelos filósofos (GALLO & KOHAN, 2000, p.184). Não é possível filosofar sem Filosofia e estudar Filosofia sem filosofar. Deste modo, entende-se que as aulas de Filosofia, na EJA, são espaços de estudo da Filosofia e do filosofar. A Filosofia apresenta-se como conteúdo filosófico e também como um conhecimento que possibilita ao educando da EJA o desenvolvimento de um estilo próprio de pensamento. As Diretrizes Curriculares para o ensino de Filosofia no Estado do Paraná propõe que este ensino seja um espaço para criação de conceitos, unindo a Filosofia e o filosofar como atividades indissociáveis que dão vida a aula. Seguindo essas Diretrizes, propomos que o trabalho pedagógico com a EJA tome esse ensino como criação e ressignificação de conceitos. 356 Sobre a necessidade de pensar a Filosofia e o seu ensino com caráter de criação de conceitos, Deleuze & Guattari (1992) têm uma significativa contribuição. Mas o conceito é dado é criado, está por criar; não é formado, ele próprio se põe em si mesmo, autoposição (DELEUZE & GUATTARI, 1992, p, 20). Portanto, a Filosofia na EJA, em sua dimensão pedagógica, significa o espaço de experiência filosófica, o espaço de criação e provocação do pensamento original, da busca, da compreensão, da imaginação da investigação e da criação de conceitos. Os conteúdos devem ser trabalhados na perspectiva de pensar problemas com significados histórico e social para os educandos, e serão estudados e analisados com auxilio de fragmentos de textos filosóficos, que devem fornecer subsídios para que o educando possa pensar o problema, pesquisar, fazer relações, ressignificar e criar conceitos. Por isso é importante não fazer apenas uma leitura histórica dos textos filosóficos, o que seria uma atualização de formas antigas que colocaria em risco a atividade filosófica. Ir ao texto filosófico ou à história da Filosofia não significa trabalhar numa perspectiva em que esses conteúdos passem a ser a única preocupação da aula de Filosofia. Eles são importantes na medida em que atualizam o problema filosófico a ser tratado com os educandos. O trabalho realizado em sala de aula deve assegurar, para o educando da EJA, a experiência do “específico” da atividade filosófica. Este exercício poderá se manifestar em cada aula refazendo o percurso filosófico. O educador organiza a aula propondo problematizações, leituras filosóficas e análises de textos; organiza debates, propõe pesquisas, sistematizações e elaborações de conceitos. O ensino de Filosofia na EJA possui uma especificidade que se concretiza na relação com o educando com os problemas suscitados, com a busca de soluções nos textos filosóficos por meio do diálogo investigativo. Para que o cumprimento dessas metas educacionais possam ser atingidos, ter-se-á traçados os seguintes objetivos: − Conhecer a origem e os conceitos filosóficos, explicando o significado da Filosofia e como filosofar no contexto atual; 357 − Conscientizar os educandos da importância de valorizar e apreender a diversidade cultural como enriquecimento pessoal; − Adquirir senso crítico filosófico perante os desafios históricos e atuais; − Entender o papel da Filosofia no processo de conhecimento, identificando seus elementos básicos e fundamentais; − Compreender os diversos tipos de conhecimento, seu alcance, sua grandeza, bem como suas distorções; − Verificar a importância do homem do campo para todos nós; − Compreender a necessidade dos valores morais e éticos no processo histórico e em nossa vida; − Analisar as diferenças individuais e aprender a respeitá-las, em todas as circunstâncias; − Conhecer a importância da verdade, da liberdade e da responsabilidade nas relações humanas no âmbito pessoal e social; − Estudar a riqueza da cultura afro-brasileira e verificar os resquícios em nossa própria cultura; − Entender a importância da convivência entre os seres humanos para que haja consciência de si, de seus iguais e do todo social. − Articular a teoria filosófica com problemas científicos, éticos, políticos, sócio-culturais e vivência do homem moderno; − Provocar o despertar do pensar, ou seja, ensinar a exercer uma critica radical (isto é, que chega às raízes), e ensinar a pensar do ponto de vista da totali dade. Isso tudo considerando que a Filosofia não busca fins práticos, conteúdos acabados e sim, ocupa-se de questionamentos cujas respostas estão longe de se obter através da ciência. 4.6.2 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES As Diretrizes Curriculares de Filosofia para a Educação Básica do Estado do Paraná propõe seis conteúdos estruturantes, com possibilidades para a 358 organização do ensino de Filosofia, de acordo com o número de aulas disponíveis no curso ou na matriz curricular. Esses conteúdos são conhecimentos de maior amplitude e relevância que, desmembrados em um plano de Ensino, deverão garantir conteúdos significativos ao educando da EJA. Estes conteúdos são: Mito e Filosofia; Teoria do Conhecimento; Ética; Filosofia Política; Estética; Filosofia da Ciência. 1. MITO E FILOSOFIA O homem pode ser identificado e caracterizado como um ser que pensa cria explicações. Na criação do pensamento está presente tanto o mito como a racionalidade, ou seja, a base mitológica enquanto pensamento por figuras; e a base racional, enquanto pensamento por conceitos são constituintes do processo de formação do conhecimento filosófico. Esse fato não pode deixar de ser considerado, pois é a partir dele que o homem desenvolve suas ideias, cria sistemas, inventa e elabora leis, códigos, práticas. Entender a conquista da autonomia da racionalidade (LOGOS) diante do mito, marca o advento de uma etapa fundamental na história do pensamento e do desenvolvimento de todas as concepções científicas produzidas ao longo da história humana. Autores sugeridos: Jean-Pierre Vernant, Mircea Elíade, Moses Finley, Vidal Naquet. 1.1 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS 1.1.1 O nascimento da Filosofia; 1.1.2 A vida cotidiana na sociedade grega; 1.1.3 O mito a origem de todas as coisas; 1.1.4 Mito e razão filosófica; 1.1.5 Senso comum e conhecimento filosófico; 1.1.6 Senso comum, conhecimento filosófico e conhecimento científico; 1.1.7 Ciência e senso comum. 359 2. TEORIA DO CONHECIMENTO Este conteúdo teoriza e problematiza o sentido, os fundamentos, a possibilidade e a validade do conhecimento. Evidencia os limites do conhecimento possibilitando perceber fatores históricos e temporais que influíram na sua elaboração e assim retomar problemáticas já pensadas na perspectiva de novas soluções relativas a seu tempo. Entre os clássicos que trataram do problema do conhecimento podemos citar: Aristóteles, Descartes, Hegel, Hume, Kant, Platão, Russell. 2.1 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS 2.1.1 O problema do conhecimento; 2.1.2 Fundamentos do conhecimento; 2.1.3 Filosofia e método; 2.1.4 Racionalismo; 2.1.5 Empirismo; 2.1.6 Ceticismo; 2.1.7 Essência da política; 2.1.8 Política e poder; 2.1.9 Política e violência; 2.1.10 Política e liberdade subjetiva; 2.1.11 Política e sociabilidade; 2.1.12 Formas de governo; 2.1.13 Liberdade Política; 2.1.14 Crise da política contemporânea; 2.1.15 A função do político na contemporaneidade. 3. ÉTICA Trata dos fundamentos da ação humana e dos valores que permeiam as relações intersubjetivas. Por ser especulativa e também normativa, um dos grandes problemas enfrentados pela ética é a tensão entre o sujeito (particular) e a norma (universal). Outra grande questão está na fundamentação dos valores e das ações: 360 razão ou paixões/desejos. A ética possibilita a problematização, análise e crítica dos valores, virtude, felicidade, liberdade, consciência, responsabilidade, vontade, autonomia, heteronomia, anomia, niilismo, violência, relação entre os meios e os fins. Alguns filósofos: Adorno, Aristóteles, Nietzsche, Scheler, Schopenhauer, Sêneca. 3.1 CONTEÚDO ESPECÍFICO 3.1.1 Ética e moral; 3.1.2 Concepções éticas; 3.1.3 O que é liberdade?; 3.1.4 Liberdade e autonomia; 3.1.5 Liberdade e determinismo; 3.1.6 Sociabilidade e reconhecimento; 3.1.7 Autoridade e autoritarismo; 3.1.8 Responsabilidade e liberdade; 3.1.9 Questões de gênero; 3.1.10 Diversidade e sociedade. 4. FILOSOFIA POLÍTICA Discute as relações de poder para compreender os mecanismos que estruturam e legitimam os diversos sistemas políticos. Ocupa-se na investigação sobre a necessidade humana da vida em comum, seja pela capacidade de autogoverno ou pela necessidade da existência de um poder externo e coercitivo. Problematiza conceitos como o de cidadania, democracia, soberania, justiça, igualdade, liberdade, público e privado, retórica, indivíduo e cidadão. Alguns pensadores clássicos: Aristóteles, Arendt, Gramsci, Hegel, Hobbes, J.S. Mill, Kant, Locke, Maquiavel, Marcuse, Marx, Montesquieu, Platão, Rousseau, Voltaire. 361 4.1. CONTEÚDOS ESPECÍFICOS: 4.1. O preconceito contra política; 4.1. Os Gregos e a invenção da Política; 4.1. Nascimento da democracia; 4.1. Ética e Política; 4.1. Concepção liberal e Política; 4.1. Crítica de Marx ao liberalismo. 5. ESTÉTICA Compreender a sensibilidade, a representação criativa, a apreensão intuitiva do mundo concreto e a forma como elas determinam as relações do homem com o mundo e consigo mesmo é objeto de conhecimento desse conteúdo. Voltada principalmente para a beleza e a arte, a estética está intimamente ligada à realidade e às pretensões humanas de dominar, moldar, representar, reproduzir, completar, alterar, apropriar-se do mundo enquanto realidade humanizada. Também estão em questão as diferentes concepções sobre a arte, as relações entre a arte e pensamento, arte e mercado, arte e sociedade. Alguns filósofos: Baumgarten, Hegel Hume, Dufrenne, Bachelard, Schiller, Eagleton, Kant, Benjamim, Adorno Rancière, Merleau-Ponty, Husserl, Paul Valéry. 5.1 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS 5.1.1 Pensar a beleza; 5.1.2 Estética ou Filosofia da Arte?; 5.1.3 Concepções de estética; 5.1.4 Concepções de Arte; 5.1.5 Arte como conhecimento; 5.1.6 Necessidade ou finalidade da Arte; 5.1.7 Arte e Política; 5.1.8 Crítica do gosto; 5.1.9 Arte e movimento: cinema, teatro e dança; 5.1.10 Perspectivas contemporâneas: Arte conceitual e suas perspectivas. 362 6. FILOSOFIA DA CIÊNCIA É o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências. Discute a provisoriedade do conhecimento científico e o relaciona com planos epistemológicos, ideológicos, políticos, econômicos, religiosos. Ciência e tecnologia são frutos da cultura do nosso tempo e envolvem o universo do empirismo e do pragmatismo da pesquisa aplicada, daí a necessidade de entendê-las. Filósofos sugeridos: Bachelard, Feyerabend, Foucault, Granger, Habermas, Kuhn, Popper, Ricouer. 6.1 CONTEÚDOS ESPECÍFICOS: 6.1.1 O que é Ciência; 6.1.2 Revoluções científicas e progresso da ciência; 6.1.3 As conseqüências sociais e políticas da ciência; 6.1.4 Bioética: geral, especial e clínica; 6.1.5 Tendências da Bioética; 6.1.6 Bioética e Aborto; 6.1.7 Bioética e experiência Genética. COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SOCIOEDUCACIONAL Na atual polêmica mundial e brasileira acerca dos possíveis sentidos dos valores éticos, políticos, estéticos e epistemológicos, a Filosofia tem um espaço a ocupar e uma contribuição a fazer. Basicamente, a Filosofia gira em torno de problemas e conceitos criados no decorrer de sua longa história, os quais, devidamente aplicados, geram discussões promissoras e criativas que desencadeiam, muitas vezes, ações e transformações. Por isso, permanecem atuais. Um dos objetivos da Escola de EJA é a formação pluridimensional e democrática, capaz de oferecer aos estudantes a possibilidade de compreender a complexidade do mundo contemporâneo e interagir com ele. A Filosofia pretende abrir um espaço aos desafios educacionais 363 contemporâneos na forma de compreensão do mundo, como defende Ribeiro (2005): “Mas essas discussões nascendo da política, da cultura ou do comportamento (problemas) não podem dispensar conteúdos filosóficos nem se pulverizar: gosto da ideia de ciclos de filmes, que dialoguem entre si, falando por exemplo, na condição social dos personagens, no amor que vivem, na vinda do imigrante, na luta contra a opressão. Há muito espaço (…) para a Filosofia.” 4.6.3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DA DISCIPLINA Na EJA, o trabalho pedagógico com os conteúdos específicos da Filosofia constitui-se em quatro momentos: a sensibilização; a problematização; a investigação; e a criação de conceitos. Em sala de aula, o início do conteúdo pode ser facilitado pela exibição de um filme ou de uma imagem; da leitura de um texto jornalístico ou literário; da audição de uma música; ou tantas outras possibilidades (atividades geralmente conduzidas, pelo educador, com o objetivo de investigar e mobilizar possíveis relações entre o cotidiano do educando e o conteúdo filosófico a ser desenvolvido) damos o nome a essa etapa de sensibilização. Após a sensibilização, inicia-se o trabalho propriamente filosófico – a problematização, a investigação e a criação de conceitos. Não significa dizer que a sensibilização não possa ocorrer diretamente a partir do conteúdo problematizado. A problematização seria o segundo momento, quando o educador e educando levantam questões, identificam problemas e problematizam o conteúdo. Ë importante ressaltar que o recurso utilizado para a sensibilização seja o filme, a música, ou o texto, filosófico ou não, podem ser retomados a qualquer momento no trabalho em sala. Problematizando, o educador convida o educando da EJA a investigar o problema em questão, isto se dá por meio do diálogo investigativo. O diálogo investigativo a partir do texto e com o texto é o primeiro passo para possibilitar a experiência filosófica em sala de aula. Recorrendo à história da Filosofia e aos clássicos, o educando defronta-se com as diferentes maneiras de enfrentar o 364 problema e com as possíveis soluções que já foram elaboradas, que não obstante, podem não resolver o problema, mas orientar a discussão. A aula de Filosofia na EJA deve estar na perspectiva de quem dialoga com a vida, por isso, é importante que a busca de resolução do problema se preocupe também com uma análise atual, fazendo uma abordagem contemporânea que remeta o educando a sua própria realidade. Desta forma, partindo de problemas atuais, estudados a partir da história da filosofia, do estudo dos textos clássicos, da abordagem realizada por outras ciências, e de sua abordagem contemporânea, o educando da EJA pode formular seus conceitos e construir seu discurso filosófico. Portanto, o texto filosófico que ajudou os filósofos do passado a entender e analisar filosoficamente o problema em questão deve ser trazido para o presente. O contemporâneo, no sentido de fazer entender o que ocorre hoje e como o educando pode, a partir da história da filosofia, entender os problemas da nossa sociedade. Após esse exercício, o educando terá condições de perceber o que está implícito nas ideias e de com elas se tornam conhecimentos e por vezes ideologias, criando assim a possibilidade de argumentar filosoficamente, por meio de raciocínios lógicos um pensar coerente e crítico. É imprescindível que a aula de Filosofia seja permeada por atividades individuais e coletivas, que organizem e orientem o debate filosófico, dando um caráter dinâmico e investigativo ao ato de filosofar. RECURSOS DIDÁTICOS E TECNOLÓGICOS Análise conceitual através de textos diversos e do livro didático público; Apresentação de slides, filmes, vídeos, documentários e músicas utilizando a TV multimídia; Utilização de textos clássicos para ter um contato direto com as ideias Debates, produções de textos, seminários, teatro, além de aulas do autor; expositivas; turma; Socialização das pesquisas através de exposições e debates com a 365 Análise de conceitos a partir da leitura e discussão dos trechos dos textos filosóficos onde eles ocorreram; Apresentação de slides utilizando a TV Multimídia – após a produção dos textos dos alunos (já considerando como avaliação) – entrar com a discussão dos conteúdos específicos (uso do Livro Didático); Formar pares ou grupos para realização de atividades em cada abertura de tema, procurando ao longo das aulas, realizar as atividades propostas pelo Livro Didático Público; Primeiro problematizar, questionar o aluno sobre o que ele já sabe sobre o assunto. Depois, num segundo momento investigar o pensamento/conceito dos autores sobre o tema a ser abordado a partir da leitura do texto do Livro Didático Público ou de textos clássicos; professores A turma se organizará em grupos e fará uma pesquisa com os da escola, investigando, por meio de entrevistas, quais os conhecimentos científicos que sustentam as disciplinas escolares. Em plenário, na sala de aula, apresentam os resultados. Jogos educacionais no laboratório de informatica; Projetos elaborados em data show na sala de aula; Elaboração de slides e vídeos com os alunos em sala de aula ou em aulas paralelas. 4.6.4 AVALIAÇÃO Para Kohan e Waksman, (2002), o ensino de Filosofia tem uma especificidade que deve ser levada em conta no processo de avaliação. Como prática, como discussão com o outro, como construção de conceitos essa disciplina encontra seu sentido na experiência do pensamento filosófico. Entendemos por experiência esse conhecimento inusitado que o educador pode propiciar, preparar, porém não determinar e, menos ainda, avaliar ou medir. A avaliação deve ser concebida na sua função diagnóstica; isto é, não tem finalidade em si mesma, mas tem a função de subsidiar e mesmo redirecionar o curso da ação no processo de ensino-aprendizagem, pela qualidade com que 366 educadores, educandos e a própria instituição de ensino o constroem coletivamente. Apesar de sua inequívoca importância individual, no ensino de Filosofia, a avaliação não resumir-se-á a perceber quanto o educando assimilou do conteúdo presente, na história da Filosofia, do texto ou dos problemas filosóficos, nem a examinar sua capacidade de tratar deste ou daquele tema. O ensino da Filosofia é, acima de tudo, um grande desafio conforme salienta Langón (2003, p. 94): Ora, parece-me que a atividade filosófica do mestre consiste em gerar ou dar poder ao outro: isto quer dizer também fazê-lo responsável. Nisto reside a fecundidade, a atividade de “produzir” a capacidade de pensar, dizer e agir de outro, que implica a realização de pensamentos, palavras, ações diferentes das do mestre, que lhe escapam ao querer e ao “controle” [...} Querer que o outro pense, diga e faça o que queira, isto não é um querer fácil. Ao avaliar, o educador deve ter profundo respeito pelas posições do educando, mesmo que não concorde com ela, pois o que está em questão é a capacidade de argumentar e de identificar os limites dessas posições. O que deve ser levado em conta é atividade com conceitos, a capacidade de construir e tomar posições, de detectar os princípios e interesses subjacentes aos temas e discursos. Assim, torna-se relevante avaliar a capacidade do educando da EJA trabalhar e criar conceitos sob os seguintes pressupostos: • Qual conceito trabalhou e criou/recriou; • Qual discurso tinha antes; • Qual discurso tem após o estudo da Filosofia. Ao avaliar o aluno na Escola de EJA, o professor terá a possibilidade de aplicar um instrumento avaliativo na sequencia da investigação e a criação de conceitos acontecerá sem a fragmentação das aulas, pois sendo elas geminadas o professor terá mais tempo para aprofundar o conteúdo. A proposta de avaliação ocorrerá no sentido de contribuir tanto para o desenvolvimento do aluno, como para o professor, possibilitando ao mesmo avaliar a própria prática. 367 Avaliar a produção dos educandos não pode significar jamais obrigá-los a pensar do mesmo modo que nós, professores pensamos, mas a pensar por conta própria, construir uma concepção do mundo, fazer uma escolha que poderá eventualmente ser a nossa mesma. Portanto, a avaliação estará presente em todos os momentos do processo ensino – aprendizagem, como processo contínuo e permanente que representa um instrumento da reflexão eficiente, racional, prática, possibilitando democratizar e auto – avaliar os conteúdos educacionais. Serão consideradas as participações em debates, trabalhos em grupos e individuais e principalmente o conceito que cada educando criou e recriou durante o processo de ensino – aprendizagem. Alguns instrumentos podem ser adotados como forma de avaliação, tais como: • Textos produzidos pelos alunos, individual ou coletivamente; • Pesquisas feitas no laboratório de informática; • Apresentação de temas propostos pelo professor na forma oral ou escrita; • O professor pode acompanhar a evolução dos seus alunos através de um caderno de anotações onde são registrados o desenvolvimento de cada aluno desde os primeiros dias de aula até o final do curso. A cada etapa do curso os resultados podem também ser partilhado com os próprios alunos para que os mesmos possam também perceber seu desenvolvimento ao longo das aulas. Esse desenvolvimento pode ser avaliado na forma de apropriação de conceitos por parte dos alunos, criação e produção de ideias, bem como a forma de apresentação das mesmas diante da turma. • Realização de debates em sala de aula sobre temas escolhidos pelo professor ou pelos próprios alunos desde que ao final do debate possa ser feito uma abordagem do tema sobre o olhar dos autores clássicos da filosofia, de maneira que se possa interagir o conhecimento teórico e clássico da filosofia com os questionamentos e debates da atualidade. • Seminários produzidos e apresentados pelos alunos através de 368 recursos tecnológicos variados com o vídeos, slides ou músicas utilizando a TV Pendrive, jogos educacionais trabalhados no laboratório de informática, retroprojetor, data show e outros. • Esta forma de avaliação é muito importante, na medida em que, ao mesmo tempo que aborda o conteúdo proposto, leva os alunos a integrar esses conteúdos às novas tecnologias. É uma forma muito eficiente de interdisciplinariedade. • O aluno podem criar projetos sobre determinado tema a ser elaborado em sala de aula utilizando-se do data show, de maneira que todos possam fazer parte da produção do conhecimento. Isso é muito importante na medida que os alunos se percebem como parte do conhecimento não ficando alienados às ideias, informação e conceitos que ali são abordados, mas se sentindo parte integrante da produção do conhecimento. Dentro do segmento avaliativo, far-se-á necessária a recuperação paralela de conteúdos defasados pelo educando. Isso pode ser feito de várias maneiras, escolhidas pelo professor. Uma estratégia de recuperação dos conteúdos pode acontecer paralelamente às aulas na forma de criação de projetos pelos alunos que precisam recuperar determinado conteúdo. Na prática o professor pode suscitar ao aluno determinado assunto sobre o qual o aluno precisa recuperar o conteúdo e delimitar algum tema sobre o qual o aluno vai trabalhar. Sobre esse tema o aluno vai elaborar um projeto com objetivos (recuperar o conteúdo), metodologia, fundamentação teórica, referencias (oferecidas pelo professor) e um cronograma no qual ele vai descriminar todas as datas do processo de produção do conhecimento. Ao final da produção o aluno é convidado pelo professor a apresentar o trabalho para a turma na forma de seminário. Faz-se muito importante, também, rever as metodologias utilizadas com os alunos portadores de necessidades educacionais especiais. É necessário que haja uma adaptação nos métodos de trabalho em sala 369 de aula quando existe alunos com necessidades educacionais especiais, como por exemplo, se o professor for utilizar vídeos, deve sempre colocar áudio e legendas. Se o aluno possui dificuldade de aprendizagem o professor deve proporcionar uma atenção especial bem como fornecer textos de apoio para que o aluno possa ler em casa. Se o professor for trabalhar com textos na sala de aula deve ver a necessidade especial daquele aluno, podendo imprimir textos maiores, quando o aluno tem dificuldade visual, ou ofertar material em áudio, ou traduzir em libras os textos que serão utilizados na sala. Se o aluno tem dificuldade de concentração o professor pode estar trabalhando com esse aluno com materiais mais coloridos e com imagens mais interessantes, para provocar a sua curiosidade. A avaliação da Filosofia se inicia com a sensibilização, com a coleta do que o educando pensava antes e o que pensa após o estudo. Com isso, torna-se possível entender a avaliação como um processo, não como um momento separado, visto em si mesma. 4.6.5 REFERÊNCIAS ASPIS, R. O professor de Filosofia: o ensino da Filosofia no Ensino Médio como experiência filosófica. CEDES. Campinas. n. 64, 2004. BACHELARD, G. O ar e os sonhos. Ensaios sobre a imaginação do movimento. São Paulo: Martins Fontes, 1990. BORNHEIM, G. O sujeito e a norma. In NOVAES, Adauto. Ëtica. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. CHAUI, M. O retorno do teológico-político. In: Sérgio Cardoso (org.). Retorno ao republicanismo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004. CORBISIER, R. Introdução à filosofia. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986, v.1. DCEs de Filosofia. Secretaria de Estado da Educação- SEED. Curitiba, 2006. DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é a filosofia? Rio de Janeiro: Ed.34, 1992. 288p. (coleção Trans). 370 GALLINA, S. O ensino da Filosofia e a criação de conceitos. CEDES. Campinas, n. 2004. GALLO, S.; KOHAN, W. O. (orgs). Filosofia no ensino médio. Petrópolis: Vozes, 2000. HORN, G. B. Por uma mediação praxiológica do saber filosófico no ensino médio: análise e proposição a partir da experiência paranaense. Tese (Doutorado, FEUSP). São Paulo, 2002. LANGON, M. Filosofia do ensino de filosofia. In: GALLO, S.; CORNELLI, G.; DANELON, M. (org.) Filosofia do ensino de filosofia. Petrópolis: Vozes, 2003. LEPOLDO E SILVA, F. Por que Filosofia no segundo grau. Revista estudos avançados, v. 6, n. 14, 1992. KOHAN; WAKSMAN. Perspectivas atuais do ensino de filosofia no Brasil. In: FÁVERO, A; KOHAN, W. O.; RAUBER, J. J. Um olhar sobre o ensino de Filosofia. Ijuí: Ed. Da Unijuí, 2002. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Proposta curricular para o ensino de filosofia no 2º grau. Curitiba, 1994. RANCIÈRE, J. A partilha do sensível. Estética e política. São Paulo: Ed. 34, 2005. REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: patrística e escolástica. São Paulo: Paulus, 2003. RIBEIRO, R. J. Último vôo da andorinha solitária. Estado de São Paulo, 06 mar. 2005. RUSSELL, B. Os problemas da filosofia. Coimbra: Almedina, 2001. SEVERINO, A. J. In: GALLO, S.; DANELON, M.; CORNELLI, G. (orgs.). Ensino de filosofia: teoria e prática. Ijuí: Ed. Unijuí, 2004. WOLFF, F. A invenção da política, In: NOVAES, A. (org.) A crise do estado nação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. 371 4.7 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE FÍSICA 4.7.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Os princípios que norteiam a proposta da elaboração do currículo da disciplina de Física para a educação de Jovens e Adultos – EJA, baseiam-se na Fundamentação Teórico-Metodológica, contida na parte da “Introdução” das “Orientações Curriculares de Física – Texto Preliminar – Ensino Médio”, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED/PR. Os processos ensino-aprendizagem em Física tem sido objeto de pesquisas por aqueles que se interessam ou se identificam com esse objeto. Parece haver um certo consenso que “... a preocupação central tem estado na identificação do estudante com o objeto de estudo. Em outras palavras, a questão emergente na investigação dos pesquisadores está relacionada à busca por um real significado para o estudo dessa Ciência na educação básica – ensino médio” (ROSA & ROSA, 2005, p.2). Os livros didáticos, de uma maneira geral, apresentam um discurso que mostra uma preocupação com a Física como uma ciência que permite compreender uma imensidade de fenômenos físicos naturais, que seriam indispensáveis para a formação profissional ou como subsídio para a preparação para o vestibular e a compreensão e interpretação do mundo pelos sujeitos-educandos. No entanto, neles a ênfase recai nos aspectos quantitativos em detrimento dos qualitativos e conceituais, privilegiando a resolução de “Problemas de Física” que, quase sempre, se traduzem em exercícios matemáticos com respostas prontas. Esse discurso tem norteado o trabalho de muitos professores e, mais que isso, as estruturas curriculares por eles organizadas. Não é leviano afirmar que as estruturas curriculares se valem dos livros didáticos para se organizarem. A opção de tal e tal livro didático determinará, a princípio, a constituição das disciplinas que assumem seu espaço curricular, demarcado pelo tempo (número de aulas) e profundidade. Mesmo que o discurso do professor seja amplo, abrangente e propicie contextualizações, em geral, ele fará uso de exercícios e problemas do livro didático e sua avaliação terá como base a literatura disciplinar do livro adotado. É importante lembrar que os livros didáticos dirigidos ao Ensino Médio refletem o mesmo enfoque disciplinar presente no meio universitário, levando os professores a consolidarem, na sua prática pedagógica, o estilo reprodutivista e disciplinar adquirido em sua formação. (...) O peso de uma tradição disciplinar, historicamente constituída, se impõe fortemente aos currículos dos cursos universitários, entre outros motivos, pela sua proximidade (mesmo que virtual) com as comunidades de produtores de conhecimento. (PIETROCOLA; ALVES; PINHEIRO, s/d, p.6-7) 372 Nessa perspectiva, “... via de regra, os conteúdos acabam por ser desenvolvidos como se estabelecessem relações com eles mesmos, sendo desconsideradas as diversas relações com outros tópicos da própria Física e de outros campos de conhecimento” (GARCIA; ROCHA; COSTA, 2001, p.138). Essa concepção faz com que o ensino de Física se transforme num ensino livresco, descontextualizado em sua história, não permitindo a compreensão de que a ciência é uma construção humana, com todas as implicações que isso possa ter, inclusive os erros e acertos decorrentes das atividades humanas, levando o estudante ... a ter uma ideia distorcida do que é a Física e quase sempre ao desinteresse pela matéria. Os estudantes devem ser levados a perceber que os modelos dos quais os pesquisadores lançam mão para descrever a natureza são aproximações válidas em determinados contextos, mas que não constituem uma verdade absoluta. Muitas vezes ideias como as de partícula, gás ideal, queda livre, potencial elétrico e muitas outras são apresentadas sem nenhuma referência à realidade que representam, levando o estudante a julgá-los sem utilidade prática. Outras vezes modelo como o de um raio luminoso, de átomo, de campo, de onda eletromagnética, etc, são apresentados como se fossem entes reais. (ALVARES, 1991, p.42) Assim, a Física deixa de ser mais um instrumento para a compreensão do mundo, não permitindo ao aluno o acesso à compreensão conceitual e ao formalismo próprio deste campo de conhecimentos, essencial para o desenvolvimento de uma cultura em ciência, tendo em vista que “... um número elevado dos estudantes brasileiros, ou, não tem acesso aos estudos superiores ou, segue cursos para os quais a Física não tem caráter propedêutico” (ALVARES, 1991, p.25). Além disso, apesar do incentivo que deve ser dado à carreira universitária, esta deveria ser mais uma possibilidade e não o objetivo principal do ensino desta disciplina no nível médio. Também parece haver um consenso entre os professores em torno da ideia de que a Física é uma ciência experimental. No entanto, apesar de enfatizarem 373 esse caráter experimental da matéria e a importância dessa consideração no sentido de contribuir para uma melhor compreensão dos fenômenos físicos, é comum ... adotarem textos que, além de não apresentarem uma só sugestão de experimento a ser realizado pelo professor ou pelos seus alunos, tratam os assuntos sem nenhuma preocupação com seu desenvolvimento experimental. Ou, outros, que se Assim,preocupados com o curso voltado para a compreensão dos conceitos, dizem escolherem textos que tratam matematicamente os tópicos abordados, sem trabalharem cognitivos da aprendizagem. 1991, p.25) ... como um aspectos empreendimento humano, a ciência é (Ibidem, falível, ela pode degenerar ou pode responder as supremas aspirações dos homens. Como parte da sociedade, a Ciência também está aberta a influências externas, como qualquer atividade social, pode ser bem ou mal usada. (KNELLER, 1980, prefácio da obra) Deriva-se daí que a Ciência não é neutra visto que o cientista faz parte de um contexto social, econômico e cultural, influenciando e sendo influenciado por esse contexto, fato que não pode ser ocultado de nossos estudantes. Isso significa mostrar que a ciência não está pronta nem acabada e não é absoluta, mas, revelar aos nossos estudantes “... como é penoso, lento, sinuoso e, por vezes, violento, o processo de evolução das ideias científicas” (PONCZEK, 2002, p.22). Se o conhecimento físico é ou foi produzido pelos sujeitos sociais que vivem ou que viveram num determinado contexto histórico, então, ele faz parte da cultura social humana, e, portanto, é um direito dos estudantes conhecê-lo. Além disso, se queremos contribuir para a formação de sujeitos que sejam capazes de refletir e influenciar de forma consciente nas tomadas de decisões, não podemos deixá-los alheios às questões relativas à Ciência e à tecnologia. Por isso é importante buscarmos o entendimento das possíveis relações entre o desenvolvimento da Ciência e da tecnologia e as diversas transformações culturais, sociais e econômicas na humanidade decorrentes deste desenvolvimento que, em muitos aspectos, depende de uma percepção histórica de como estas relações foram sendo estabelecidas ao longo do tempo. Mas, considerando que também as tecnologias são historicamente construídas e entendendo que ... tecnologia refere-se à forma específica da relação entre o ser humano e a matéria, no processo de trabalho, que envolve o uso de meios de produção para agir sobre a matéria, com base em energia, conhecimento e informação. (...) No entanto, a tecnologia não é propriedade neutra ligada à eficiência produtivista, e não determina a sociedade, da mesma forma que esta não escreve o curso da transformação tecnológica. Ao contrário, as tecnologias são produtos da ação humana, historicamente construídos, expressando relações sociais das quais dependem, mas que também são influenciados por eles. (OLIVEIRA, 2001, p.101-102). 374 Considerando ainda que, como nos ensina Paulo Freire, ensinar exige respeito aos sabores dos educandos, o processo de ensino-aprendizagem em Física deve partir do conhecimento prévio dos alunos respeitando seu contexto social e suas concepções espontâneas a respeito de ciência. Em primeiro lugar, de acordo com MOREIRA (s/d, p.2), devemos abandonar o papel de ser apenas transmissores de conhecimento e passarmos a ver, de fato, os sujeitos como elaboradores do saber físico, mas que precisam do professor como mediador. O autor parte do pressuposto que o objetivo do ensino é compartilhar, professor e aluno, significados e promover a aprendizagem significativa. Mas, isso acontecerá somente quando o educando internalizar esses significados por interação como conhecimento prévio do aluno e, simultaneamente, derem significados adicionais, diferenciarem, integrarem, modificarem e enriquecerem o conhecimento já existente. Em segundo, é preciso considerar que os sujeitos constroem suas ideias, sua visão do mundo tendo em vista os objetos a que têm acesso nas suas experiências diárias e nas suas relações afetivas. Segundo Novak, citado por MOREIRA (1999), os seres humanos fazem três coisas: pensam, sentem e atuam (fazem). Ou seja, ao se pensar uma metodologia de ensino para a Física é preciso ter em vista o que os estudantes já conhecem. O educando será apresentado a princípios, concepções, linguagem,entre outros elementos utilizados pela Física, em que o discurso do professor deve permitir que ele perceba as diferenças entre a sua forma e a forma utilizada pela ciência para explicar um determinado fenômeno. Esse processo contribuirá para que o educando reformule as suas ideias tendo em vista a concepção científica. Assim, espera-se que esteja reelaborando seus conceitos, mas não necessariamente, que abandone suas ideias espontâneas. Ou seja, seus conceitos serão mais elaborados ou menos elaborados, ou mais próximos do científico, quanto maior for a 375 necessidade ou interesse deste sujeito em utilizar esses conhecimentos no contexto da comunidade científica. Entendemos então, que a Física deve educar para a cidadania, contribuindo para o desenvolvimento de um sujeito crítico, “ ... capaz de compreender o papel da ciência no desenvolvimento da tecnologia. (...) capaz de compreender a cultura científica e tecnológica de seu tempo” (CHAVES & SHELLARD, 2005, p.233). Cabe colocar aqui que a cidadania da qual estamos falando não é a cidadania para o consumo, não é a cidadania construída através de intervenções externas, doações da burguesia e do Estado moderno, mas, a cidadania que se constrói no interior da prática social e política de classes. 4.7.2 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES/ BÁSICOS DA DISCIPLINA Conteúdos Estruturantes: Os conteúdos estruturantes levam em conta o efetivo objeto de estudo da Física, baseados nos pressupostos teóricos apresentados. Fundamentando-se na História da Física e também no entendimento de que o Ensino Médio deve estar voltado à formação de sujeitos, cuja cultura agregue a visão da natureza, das produções e das relações humanas, fixou-se os três conteúdos estruturantes estudados no Ensino Médio: Movimento, Termodinâmica e Eletromagnetismo. Em cada conteúdo estruturante estão presentes ideias, conceitos e definições, princípios, leis e modelos físicos, que o constituem como uma teoria. Desses estruturantes derivam os conteúdos que comporão as propostas pedagógicas curriculares das escolas. Os conteúdos específicos relativos a Movimento, Termodinâmica e Eletromagnetismo podem ser aprofundados e contextualizados em relações interdisciplinares sob uma abordagem que contemple os avanços e as perspectivas da Física nos últimos anos, o que contribui para a apresentação de uma ciência em construção. 376 Os conteúdos estruturantes podem apresentar uma relação de interdependência, o que faz com que, em alguns momentos, o trabalho pedagógico com um determinado conteúdo básico ou específico, envolva referências teóricas de mais de um estruturante. Em outros casos, um conteúdo básico ou específico é objeto de estudo dos três conteúdos estruturantes. É o caso do princípio da conservação de energia que, embora desenvolvido na Termodinâmica, está presente também no estudo de Movimento e de Eletromagnetismo. Ao professor caberá, a partir da proposta pedagógica e da atriz curricular da sua escola, selecionar os conteúdos específicos que comporão seus planos de trabalho docente, nas séries do Ensino Médio. O professor deve considerar a realidade socioeconômica e cultural da região onde se situa a escola para contextualizar os conteúdos e permitir aos estudantes ampliar as construções de significados no acesso ao conhecimento científico. • Movimento: devem ser trabalhadas ideias de conservação de momentum e energia, que pressupõem o estudo de simetrias e leis e conservação, principalmente a Lei de Conservação da Energia, considerada uma das mais importantes leis da Física. Outro importante conceito a ser trabalhado é o de força, definido a partir da variação temporal da quantidade de movimento, que constitui a segunda lei de Newton. A variação da quantidade de movimento conduz a idéia de impulso, um importante conceito da teoria newtoniana. • Termodinâmica: os estudos partem das Leis da Termodinâmica, em que aparecem conceitos como temperatura,calor (energia em trânsito)e as primeiras formulações da conservação de energia, sobretudo os trabalhos de Mayer, Helmhottz, Maxwell e Gibbs. A Primeira lei da Termodinâmica permite identificar sistemas termodinâmicos postos a realizar trabalho. Os conceitos e calor e trabalho, hoje, são entendidos como processos e transferência/ transformação de energia. O estudo da Segunda lei da Termodinâmica é importante para a compreensão das máquinas térmicas, conduzindo ao conceito de entropia. O conceito de entropia fortalece as hipóteses da Terceira lei da termodinâmica, e contribui para as ideias da quantização da energia e consideração de que as moléculas dos sistemas em 377 estudo são numerosas e os valores médios de suas propriedades podem ser calculados, mesmo sem nenhuma informação sobre suas moléculas específicas. • Eletromagnetismo: através do estudo do eletromagnetismo é possível compreender carga elétrica. A variação da quantidade de carga no tempo leva a ideia de corrente elétrica e a variação da corrente no tempo produz campo magnético, o que leva `s equações de Maxwell. Na abordagem da Física Moderna, é importante o trabalho com o efeito fotoelétrico e a compreensão que a descoberta dos quanta de luz deu início à mecânica quântica e à imutabilidade da velocidade da luz, como um dos princípios da relatividade. Essas abordagens contribuem, para a compreensão da Física como algo em construção, cujo conhecimento atual é a cultura científica e tecnológica este tempo em suas relações com as outras produções humanas. Conteúdos Básicos: Os conteúdos básicos englobam conhecimentos fundamentais, que não podem ser suprimidos nem reduzidos, podendo o professor acrescentar outros conteúdos, enriquecendo o trabalho de sua disciplina. Os conhecimentos básicos se articulam com os conteúdos estruturantes da disciplina, tendo abordagens diversas a depender dos fundamentos que recebem de cada conteúdo estruturante. Havendo necessidade, serão desdobrados em conteúdos específicos, considerando o aprofundamento para cada série e nível de ensino. O plano de trabalho docente é o currículo em ação. Nele estará a expressão singular e de autoria, de cada professor, da concepção curricular construída nas discussões coletivas. CONTEÚDO ESTRUTURANTE – MOVIMENTO CONTEÚDOS BÁSICOS: - momentum e inércia; conservação da quantidade de movimento; variação da quantidade de movimento (impulso); 2ª lei de Newton; 3ª lei de Newton e condições de equilíbrio. 378 Abordagem teórico-metodológica: Esses conteúdos serão abordados considerando-se: o contexto histórico-social, discutindo a construção científica como um produto da cultura humana. A Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência. O reconhecimento da Física como um campo teórico, considerando-se os conceitos fundamentais que dão sustentação à teoria dos movimentos. É fundamental o domínio das ideias, das leis, dos conceitos e definições presentes na teoria. As relações da Física com a Física e com outros campos do conhecimento. Que a ciência dos movimentos não se esgota em Newton e seus sucessores. Textos de divulgação científica literários, etc. Avaliação: Espera-se que o estudante: • Formule uma visão geral da Física, presente no final do século XIX e compreenda a visão de mundo dela decorrente. • Compreenda a limitação do modelo clássico no estudo dos movimentos de partículas subatômicas, a qual exige outros modelos físicos e outros princípios. • Compreenda o conceito de massa (nas translações), entendendo-a como uma resistência à variação do movimento. • Compreenda o conceito de momento de inércia (nas rotações), relacionando este conceito à massa do objeto e à distribuição dessa massa em relação ao eixo de rotação. • Entenda as medidas das grandezas como dependentes do referencial e de natureza vetorial. • Perceba que os movimentos acontecem sempre uns acoplados aos outros, tanto os translacionais como os rotacionais. • Perceba a influência da dimensão de um corpo no seu comportamento perante a aplicação de uma força em pontos diferentes deste corpo. • Reconheça e represente as forças de ação e reação nas mais diferentes situações. – Energia e o Princípio da Conservação da energia. Abordagem teórico-metodológica: esses conteúdos deverão considerar: o contexto histórico-social, discutindo a construção científica como um produto da cultura humana. A Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência. O campo 379 teórico a Física no qual a energia tem um lugar fundamental, pois se entende que para ensinar uma teoria científica é necessário o domínio e utilização de linguagem própria da ciência, indispensável e inseparável do pensar ciência. As relações da Física com a Física e com os outros campos de conhecimento. Textos de divulgação científica, literários, etc. o cotidiano, o contexto social, as concepções dos estudantes e a história da evolução dos conceitos e ideias em Física, como possíveis pontos de partida para problematizações. Avaliação: Espera-se que o estudante: - Perceba a ideia de conservação de energia como uma construção humana, originalmente concebida no contexto da Termodinâmica e, a amplitude do Princípio da Conservação da Energia, aplicado a todos os campos de estudo da Física, bem como outros campos externos à Física. - Conceba a energia como uma grandeza Física que pode se manifestar de diversas formas e, no caso da energia mecânica, em energias cinética, potencial elástica e potencial gravitacional. - Perceba o trabalho como uma grandeza física relacionada à transformação/ variação de energia. - Compreenda a potência como uma medida de eficiência de um sistema físico. – Gravitação. Abordagem teórico-metodológica: os conteúdos básicos devem considerar: o contexto histórico-social, discutindo a construção científica como um produto da cultura humana; a Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência; as relações da Física com a Física e com os outros campos de conhecimento; o cotidiano, as concepções dos estudantes e a história da evolução dos conceitos e idéias em Física como possíveis pontos de partida para problematizações; textos de divulgação científica, literários, etc; o modelo científico presente na gravitação newtoniana a contemporaneidade da gravitação através da Teoria da Relatividade Geral. Avaliação: Espera-se que o estudante: 380 - Compreenda a lei da Gravitação Universal como uma construção científica importante, pois unificou a compreensão dos fenômenos celestes e terrestres. - Associe a gravitação com as leis de Kepler. - Identifique a massa gravitacional, diferenciando-a da massa inercial, do ponto de vista clássico. CONTEÚDO ESTRUTURANTE: TERMODINÂMICA CONTEÚDOS BÁSICOS: – Leis da Termodinâmica: lei Zero da Termodinâmica, Primeira lei da Termodinâmica e Segunda lei da Termodinâmica. Abordagem teórico-metodológica: os conteúdos básicos devem considerar: o contexto histórico-social, discutindo a construção científica como um produto da cultura humana; as relações da Física com a Física e com os outros campos de conhecimento; a Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência; o reconhecimento da Física como um campo teórico, sendo necessário o domínio das ideias, das leis, dos conceitos e definições presentes na teoria e sua linguagem científica; utilização de experimentação para formulação e discussão de conceitos e ideias, bem como textos de divulgação científicas e literárias. Avaliação: tem-se como expectativa que o estudante compreenda o quadro teórico da Termodinâmica, composto por ideias expressas nas suas leis e em seus conceitos fundamentais: temperatura, calor e entropia; assim, espera-se que ele: Compreenda a Teoria Cinética dos Gases como um modelo construído e válido para o contexto dos sistemas gasosos com comportamento definido como ideal e fundamental para o desenvolvimento das ideias na Termodinâmica. Formule o conceito de pressão e de um fluido seja ele um líquido ou um gás, e extrapole o conceito a outras aplicações físicas. 381 Entenda o conceito de temperatura como um modelo baseado nas propriedades de um material, não uma medida, de fato, do grau de agitação molecular em um sistema. Diferencie e conceitue calor e temperatura, entendendo o calor como uma das formas de energia, o que é fundamental para a compreensão do quadro teórico da Termodinâmica. Compreenda a 1ª lei como a manifestação d Princípio de Conservação de Energia, bem como a sua construção no contexto da Termodinâmica e a sua importância para a revolução industrial a partir do entendimento do calor como uma forma de energia. Associe a 1ª lei a ideia de produzir trabalho a partir de um fluxo de calor. Compreenda os conceitos de capacidade calorífica e calor específico como propriedade de um material identificável no processo de transferência de calor. Identifique dois processos físicos: os reversíveis e os irreversíveis, que vem acompanhados de uma degradação de energia enunciada pela segunda lei. Compreenda a entropia, uma grandeza que pode variar em processo espontâneo e artificial como uma medida de desordem e probabilidade. CONTEÚDO ESTRUTURANTE: ELETROMAGNETISMO CONTEÚDOS BÁSICOS - Carga, corrente elétrica, campo e ondas eletromagnéticas; Força eletromagnética; Equação de Maxwell: Lei de Gauss para eletrostática (Lei de Coulomb, Lei de Ampère, Lei de Gauss magnética, Lei de Faraday) e a natureza da luz e suas propriedades. Abordagem teórico-metodológica: os conteúdos básicos devem considerar: o contexto histórico-social, discutindo a construção científica como um produto da cultura humana; as relações da Física com a Física e com os outros campos de conhecimento; a Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência; o reconhecimento da Física como um campo teórico com conceitos fundamentais que dão sustentação ao eletromagnetismo, bem como o domínio das ideias, das leis, dos 382 conceitos e definições presentes a teoria e sua linguagem científica; que o estudo de ondulatória deve se iniciar pelas ondas mecânica, pois são mais “visíveis” ou perceptíveis no cotidiano. No entanto as ondas eletromagnéticas, entre elas a luz visível, também estão presentes no dia-a-dia, porém o modelo matemático para as ondas não encontram uma correspondência direta com os fenômenos, sendo ótimo para mostrar a diferença entre modelo e fenômeno e diferenciando real do abstrato. O contexto social dos estudantes, suas concepções, seu cotidiano, possíveis pontos de partida para problematização. Avaliação: Espera-se que o estudante: - compreenda a teoria eletromagnética, suas ideias, definições, leis e conceitos que a fundamentam; - compreenda a carga elétrica como um conceito central no eletromagnetismo; - compreenda que a carga tanto cria quanto sente o campo de outra carga, mas o campo de uma carga não se altera na presença de outra carga. Assim a ideia de campo deve ser entendida como um ente que é inseparável da carga; - compreenda as leis de Maxwell como leis que fornecem a base para a explicação dos fenômenos eletromagnéticos; - entenda o campo como uma entidade física dotado de energia; - associe a carga elétrica elementar à quantização da carga elétrica; - conheça as propriedades elétricas dos materiais, como a resistividade e condutividade; - compreenda a força magnética como o resultado da ação do campo magnético sobre a corrente elétrica; - entenda o funcionamento de um circuito elétrico, identificando os seus elementos constituintes; - compreenda a potência elétrica como uma medida de eficiência de um sistema elétrico; - entenda o propósito do estudo da luz no contexto do eletromagnetismo; 383 - conceba a luz como parte da radiação eletromagnética, localizada entre as radiações de alta e baixa energia, que manifesta dois comportamentos: ondulatório e o da partícula, dependendo do tipo de interação com a matéria; - entenda o processo de desvio da luz, a refração que pode ocorrer tanto com a mudança do meio quanto com a alteração da densidade do meio, além do processo de reflexão, no qual a luz é desviada sem mudança de meio; - entenda os fenômenos luminosos, como os da reflexão total, reflexão difusa, dispersão e absorção da luz, dentre outros importantes para a compreensão de fenômenos cotidianos que ocorrem simultaneamente na natureza, porém, as vezes, um ou outro se sobressai; - associe fenômenos cotidianos relacionados à luz como por exemplo: a formação do arco-íris, a percepção das cores, a cor o céu dentre outros, aos fenômenos luminosos estudados; - compreenda a luz como energia quantizada que, ao interagir com a matéria apresente alguns comportamentos que são típicos de partículas (por exemplo, o efeito fotoelétrico), e outros de ondas (por exemplo, a interferência luminosa), ou seja, entenda a luz a partir do comportamento dual; - extrapole o conhecimento da dualidade onda-partícula à matéria, como por exemplo, ao elétron. 4.7.3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DA DISCIPLINA O aprendizado tem o seu ponto de partida no universo vivencial comum entre os educandos e o educador, que investiga ativamente o meio natural ou social real, ou que faz uso do conhecimento prático de especialistas e outros profissionais, desenvolve com vantagem o aprendizado significativo, criando condições para um diálogo efetivo, de caráter interdisciplinar, em oposição ao discurso abstrato do saber. Além disso, aproxima a escola do mundo real, entrando em contato com a realidade natural, social, cultural e produtiva. Para o aprendizado científico, a experimentação, seja ela de demonstração e equipamentos do cotidiano do educando e até mesmo o laboratorial, é distinta daquela conduzida para a descoberta científica e é 384 particularmente importante quando permite ao educando diferentes formas de percepção qualitativa e quantitativa, de manuseio, observação, confronto, dúvida e de construção conceitual. É importante que o processo de ensino-aprendizagem, em Física, parta do conhecimento prévio dos educandos, onde se incluem as concepções alternativas ou concepções espontâneas que o educando adquire no seu cotidiano através da interação com os diversos objetos no seu espaço de vivência, sobre as quais a ciência tem um conceito científico que envolve um saber socialmente construído e sistematizado, o qual necessita de metodologias específicas para ser transmitido no ambiente escolar. Ainda, para atender o que preconizam as leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008, que determinam o ensino dos conteúdos relacionados à História e Cultura Afro-brasileira e Africana e Cultura dos povos indígenas, as questões de gênero e diversidade sexual, educação ambiental, prevenção ao uso indevido de drogas, enfrentamento à violência na escola, cidadania e direitos humanos e educação fiscal; direitos das crianças e dos adolescentes conforme prevê o ECA, serão contemplados em todas as séries. Deve-se iniciar o estudo sempre pelos aspectos qualitativos e só então introduzir tratamento quantitativo. Esse deve ser feito de tal maneira que os educandos percebam as relações quantitativas sem a necessidade de utilização de algoritmos. Pode ser usada uma grande variedade de linguagens e recursos, de meios e de formas de expressão, a exemplo dos mais tradicionais, os textos e as aulas expositivas em sala de aula. A ciência surge na tentativa humana de decifrar o universo físico, determinado pela necessidade humana de resolver problemas práticos e necessidades materiais em determinada época, logo é histórica, constituindo-se em visão do mundo. O fazer ciência está, em geral, associado há dois tipos de trabalhos, um teórico e um experimental. Em ambos o objetivo é estabelecer um “modelo” de representação da natureza ou de fenômeno. No teórico é feito um conjunto de hipóteses, acompanhadas de um formalismo matemático, cujo conjunto de 385 equações deve permitir que se façam previsões, podendo, às vezes, receber o apoio de experimentos, onde se confronta o dado coletado com os previstos pela teoria. Um texto apresenta concepções filosóficas, visões do mundo, e deve-se estimular o educando além de ler as palavras, aprender, avaliar e mesmo se contrapor ao que se lê. Cabe ao educador problematizar o texto e oferecer novas informações que caminhem para a compreensão do conceito pretendido. A aula expositiva é só um dos muitos meios e deve ser o momento do diálogo, do exercício, da criatividade do trabalho coletivo de elaboração do conhecimento. Através dessa técnica podemos fornecer informações preparatórias para um debate, jogo ou outra atividade em classe, análise e interpretação de dados coletados nos estudos do meio. A Física deve contribuir para a formação dos sujeitos, porém através de conteúdos que dêem conta do entendimento do objeto de estudo da Física, ou seja, a compreensão do universo, a sua evolução, suas transformações e as interações que nele se apresentam. O aprendizado deve ser conduzido de forma a estimular a efetiva participação e responsabilidade social dos educandos, discutindo possíveis ações na realidade em que vive desde a difusão de conhecimento a intervenções significativas no bairro ou localidade de forma a que os educandos sintam-se de fato detentos de um saber significativo. Para que o educador vá além do limite de informação atingindo a fronteira da formação é preciso uma mediação que não é aleatória, mas pelo conhecimento físico, num processo organizado e sistematizado pelo educador. O objetivo é que educador e educandos, em conjunto, compartilhem significados na busca da aprendizagem que acontece quando novas informações interagem com o conhecimento prévio do sujeito e, simultaneamente, adicionam, diferenciam, integram, modificam e enriquecem o conhecimento já existente, podendo inclusive substituí-lo. Para Tavares (2004), a partir do conhecimento físico, o estudante deve ser capaz de perceber e aprender, em outras circunstâncias semelhantes às trabalhadas em aula, para transformar a nova informação em conhecimento. Então, 386 qualquer que seja a metodologia, o professor deve buscar uma avaliação cujo sentido seja verificar a apropriação do respectivo conteúdo, para posteriores intervenções ou mudança de postura metodológica. Para que o ensino de Física possa atingir de maneira mais ampla o educando, possibilitando maior chance de aprendizado, vários recursos didáticos e tecnológicos são utilizados durante o período de ensino da disciplina. De uma maneira geral, os livros didáticos dirigidos ao Ensino Médio, apresentam a Física como uma ciência que permite compreender uma imensidade de fenômenos naturais, indispensável para a formação profissional, a preparação para o vestibular, a compreensão e interpretação do mundo pelos sujeitos. Nesses livros, enfatiza-se aspectos quantitativos em detrimento dos conceitos, privilegiando a resolução de “problemas de física” que se traduzem em aplicações de fórmulas matemáticas. Isso porque esses livros reproduzem os livros utilizados nos cursos de graduação, responsáveis pela formação inicial da maioria os docentes de Física. Essa prática pedagógica mistifica a ciência ao mostrar os modelos científicos – elaborações da mente humana válidas para alguns contextos – como verdades incontestáveis e absolutas, resultantes de procedimentos experimentais. (...) hoje, no início do século XXI, mais de cem anos de história se passaram desde a introdução da Física nas escolas no Brasil, mas sua abordagem continua fortemente identificada com aquela praticada há cem anos: ensino voltado para a transmissão de informações através de aulas expositivas utilizando metodologias voltadas para a resolução de exercícios algébricos. (ROSA & ROSA, 2005, p.06). Assim como o computados, a televisão, a rede web, o livro didático também é uma importante ferramenta pedagógica a serviço do professor, mas a sua eficiência, como das outras ferramentas, está associada ao controle do trabalho pedagógico, responsabilidade do professor. O professor é quem deve saber quando e como utilizar o livro didático. Por isso, defende-se a pesquisa como parte integrante do processo educativo, acreditando que apenas com o conhecimento advindo dela o professor pode posicionar-se autonomamente e ocupar o centro do processo de ensino e aprendizagem. 387 Os modelos científicos são construções humanas que permitem interpretações a respeito de fenômenos resultantes das relações entre os elementos fundamentais que compõem a Natureza. O fazer ciência está, em geral, associado a dois tipos de trabalhos: um teórico e um experimental. Em ambos, o objetivo é estabelecer um modelo de representação da natureza ou de um fenômeno. Na escola, o conhecimento científico pode e deve ser tratado por meio de modelos, visto que o conhecimento científico também é expresso através deles. Mas, ao abordá-los, além de conhecer os modelos, o professor precisa entender as ideias e argumentos que levaram a sua construção. Assim, o professor abordará os modelos científicos em suas possibilidades e limitações, de modo a extrapolar o senso comum e rejeitar o argumento de que para aprender Física o pré-requisito é saber Matemática. Essa consideração é importante, pois, em muitas situações, os fenômenos físicos são ensinados a partir de fórmulas. Para que o estudante tenha uma compreensão do conhecimento físico trabalhado na escola, é preciso indicarlhe que as fórmulas matemáticas representam modelos simplificados da equação produzida pela ciência. Esses modelos são elaborações humanas, criadas para entender determinado fenômeno ou evento físico, válidos para determinados contextos históricos. Portanto, é reducionista e insuficiente ensinar Física, tão somente, por meio de questões como: considere, suponha, resolva e calcule. Mesmo em tecnologias sofisticadas para cálculos, como, por exemplo, da órbita da Lua, não se Poe afirmar, na Física, que elas suscitem resultados exatos. Fazem-se necessárias aproximações, pois na construção do modelo, divide-se o problema em duas partes: pequena e simples. A pequena pode ser desconsiderada ou seu efeito minimizado e a simples, apesar de complexa, pode ser resolvida. O aluno, ao estudar gravitação sob o modelo de Newton, deve perceber, não apenas uma equação matemática, mas a síntese de uma concepção de espaço, matéria e movimento, resultado de um processo que iniciou nos primeiros estudos dos movimentos,movido pela necessidade ou pela curiosidade e chegou à sistematização realizada por Newton. 388 O professor pode e deve utilizar a resolução de problemas matemáticos no ensino da Física, mas essa resolução deve permitir que o estudante elabore hipóteses além das solicitadas pelo exercício e que extrapole a simples substituição de um valor para obter um valor numérico de grandeza. O estudante deve perceber nas fórmulas matemáticas uma teoria física, permitindo um envolvimento maior com essas teorias e, por consequência, uma aprendizagem mais significativa. Existe hoje, uma proposta para que o professor agregue, ao planejamento de suas aulas, a História da Ciência, para contextualizar a produção do conhecimento em estudo. Entende-se que uma abordagem histórica dos conteúdos se apresenta útil e rica porque auxilia os sujeitos a reconhecerem a ciência como construção humana, o que pode tornar o conteúdo científico mais interessante e compreensível, aproximando a ciência do estudante. (MATHEUS, 1995). As considerações expostas a respeito da História da Ciência, ao serem incorporadas ao plano de trabalho docente, podem ajudar o estudante a compreender que a busca do conhecimento físico não foi e não é um caminho de direção única, tampouco linear, mas repleto de dúvidas, contradições, erros e acertos, motivados por interesses diversos. As atividades experimentais podem suscitar a compreensão de conceitos ou a percepção da relação de um conceito com alguma idéia anteriormente discutida. É fundamental, que o professor compreenda o papel dos experimentos na ciência, no processo de construção do conhecimento científico. Essa compreensão determina a necessidade (ou não) das atividades experimentais nas aulas de física. Um experimento deve ser planejado após uma análise teórica. A ideia ingênua de que devemos ir para o laboratório com a “mente vazia” ou que “os experimentos falam por si” é um velho mito científico (SILVA E MARTINS, 2003, p.57). Ao adotar a experimentação e propor atividades experimentais, o professor, mais do que explicar um fenômeno físico, deve assumir uma postura 389 questionadora de quem lança dúvidas para o aluno e permite que ele explicite sua ideia, as quais, por sua vez, serão problematizadas pelo professor. A problematização de situações que envolvam um conteúdo físico possibilita aos estudantes levantarem hipóteses na tentativa de explicar as questões propostas pelo professor. Cria-se, então, uma relação professor/ estudantes e dos estudantes entre si, e intensificam-se as possibilidades de debates e discussões aproximando os sujeitos e facilitando a criação, a análise, a formulação de conceitos, o desenvolvimento de ideias e a escolha de diferentes caminhos para o encaminhamento das atividades. Privilegia-se o confronto entre as concepções prévias do estudante e a concepção científica, o que pode facilitar a formação de um conceito científico. Podemos concluir com a afirmação de Michelson e Morley, que dizem que as atividades em espaço de laboratório não devem ter como meta a apresentação de uma ciência fechada, que está a espera de alguém que confirme suas verdades, mas que seja um ambiente de confrontação de hipóteses. Acreditase que, a experimentação pode ser mais um componente, não o único na implementação de uma proposta de ensino centrada no conhecimento. O uso de textos no ensino de física, deve passar, inicialmente, por uma escolha criteriosa no que diz respeito à linguagem e ao conteúdo, pois o aluno será o interlocutor nessa proposta de leitura. O texto deve ser visto como um instrumento de mediação entre aluno-aluno e aluno-professor, a fim de que surjam novas questões e discussões. Um exemplo que podemos citar desse trabalho em sala de aula, é com textos de Galileu, que contribuem para o estudante compreender a essência galileana do movimento da queda dos corpos, uma oportunidade para compreender o papel da matemática como linguagem da física. Existem ainda, muitos autores que produzem textos de divulgação científica em jornais, revistas, livros, e até mesmo na Internet, que podem ser utilizados pelo professor em sala de aula. De acordo com Almeida (1998), o trabalho com a leitura é fundamental, mas requer atenção. Os valores associados à ciência, 390 vantagens e desvantagens, bem como a correção conceitual, devem estar presentes nos textos escolhidos pelo professor. Outro fator importante na escolha dos textos a serem trabalhados, é a realidade social e cultural onde a escola está inserida, sem esquecer que ela é, sobretudo, espaço de trabalho com o conhecimento e que também produz o conhecimento escolar. Destacamos ainda que, o texto não deve ser lido como se fosse um manual. Para isso, devem-se evitar perguntas com respostas diretas que não permitam uma reflexão em torno dos saberes divulgados no texto. É importante que as questões propostas despertem o interesse do estudante. Os aparatos tecnológicos estão presentes diariamente em nossas casas e no ambiente escolar, como retroprojetores, televisores, aparelhos de DVD, computador, entre outros. O uso dessas tecnologias deve ser planejado conforme a necessidade, de modo a permitir o acesso, a interação e, também, o controle das tecnologias e de seus efeitos. Faz-se necessário uma reflexão crítica do docente quanto ao uso de um recurso tecnológico e a forma de incorporação à sua ação pedagógica, para que realmente esse recurso se torne um aliado ao processo de aprendizagem, adequando-se ao conteúdo ministrado e a realidade escolar. Os laboratórios de informática, com acesso à Internet, nas escolas, e os aparelhos de televisão com entrada USB para pendrive, abrem muitas perspectivas para o trabalho docente no ensino de Física. A Internet se mostra uma excelente aliada ao ensino de Física, possuindo excelentes imagens para ensino de diversos conteúdos, além de sites que podem complementar e diversificar o assunto trabalhado em sala de aula. Cabe ao professor selecionar, escolher, enfim, tomar decisão sobre o que é relevante didatizar, estando sempre auxiliando o estudante nos acessos aos diversos sítios da web. Os computadores podem ser utilizados para se fazer animações, representações dos movimentos. As simulações, que podem ser on-line, permitem 391 uma interatividade entre os estudantes e a máquina; e são um modelo de uma situação real apresentados como realidade virtual. Outra possibilidade é a utilização dos aplicativos, como o editor de texto e planilha eletrônica, que podem auxiliar na compreensão de algum conteúdo ou finalização de alguma atividade. No entanto, deve-se tomar o cuidado para não confundir uma aula de física com uma aula de informática. Sempre que um recurso tecnológico for utilizado, ele deve estar de acordo com o plano docente feito pelo professor. Esses recursos (computador, TV, filme, livro, etc) são instrumentos de auxílio e não substituem o professor. 4.7.4 AVALIAÇÃO O plano de trabalho utilizado pelo professor deve estar subsidiado nos fundamentos teórico-metodológicos das Diretrizes Curriculares. Assim, é a teoria pedagógica que dará suporte para qualificar a avaliação como positiva ou negativa e os caminhos para intervenção. Mas, para que se possa fazer uma avaliação coerente, é necessário um planejamento do que ensinar, ou seja, os conteúdos, para que ensinar (o que se espera do aluno ao final de cada unidade, de cada ano, e do Ensino Médio) e qual é o resultado esperado desse ensino (que sujeito pretende formar). A avaliação deve levar em conta a apropriação dos conceitos, leis e teorias que compõem o quadro teórico da Física pelos estudantes. Isso pressupõe o acompanhamento constante do progresso do estudante quanto à compreensão dos aspectos históricos, filosóficos e culturais, da evolução das ideias em Física e da não-neutralidade da ciência. A avaliação é um instrumento tanto para que o professor conheça seu aluno, antes do início dos trabalhos dos conteúdos escolares, quanto para o desenvolvimento das outras etapas do processo educativo. A principal finalidade do processo de avaliação é o crescimento e formação do estudante, mesmo que o sistema de registro da sua vida escolar seja centrado em uma nota para sua aprovação. A LDB 9394/1996 ainda estabelece como incumbência dos estabelecimentos de ensino prover meios para a 392 recuperação dos alunos de menor rendimento, e que os docentes devem estabelecer estratégias de recuperação para alunos de menor rendimento. Assim, a avaliação pode ser utilizada como um instrumento para intervir no processo de aprendizagem do estudante, tendo em vista o índice de qualidade desejado. Para isso, o docente deve, considerar os alunos em sua individualidade e diversidade, condição indispensável para uma prática pedagógica democrática e inclusiva, dando espaço para que o estudante se faça ouvir, permitindo uma relação dialógica com o aluno, sem preconceitos ou estereótipos. De acordo com as Diretrizes Curriculares para a educação básica, propõe-se formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são frutos, e que sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade. Assim, a avaliação, Isa contribuir para a compreensão das dificuldades de aprendizagem dos alunos, com vistas às mudanças necessárias para que a aprendizagem se concretize e a escola se faça mais próxima da comunidade e da sociedade como um todo. Não há sentido em processos avaliativos que apenas constatam o que o aluno aprendeu ou não aprendeu e o fazem refém dessas constatações, tomadas como sentenças definitivas. Se a proposição curricular visa a formação de sujeitos que se apropriam do conhecimento para compreender as relações humanas em suas contradições e conflitos, então a ação pedagógica que se realiza em sala de aula precisa contribuir para essa formação. Nas salas de aula, o professor é quem compreende a avaliação e a executa como um projeto intencional e planejado, que deve contemplar a expressão de conhecimento do aluno como referência uma aprendizagem continuada. No cotidiano das aulas isso significa que: 2. os critérios de avaliação devem ser definidos pela intervenção que orienta o ensino e explicitar os propósitos e a dimensão do que se avalia. 3. os enunciados das atividades avaliativas devem ser claros e objetivos, pois uma resposta insatisfatória, em muitos casos, simplesmente revela que o estudante não entendeu o que lhe foi perguntado. 393 4. os instrumentos de avaliação devem ser pensados e definidos de acordo com as possibilidades teórico-metodológicas que oferecem para avaliar os critérios estabelecidos. Por exemplo, para avaliar a capacidade e a qualidade argumentativa, a realização de um debate ou a produção de um texto serão mais adequados do que uma prova objetiva. 5. uma atividade avaliativa representa, tão somente, um determinado momento e não todo processo de ensino-aprendizagem. 6. a recuperação de estudos deve acontecer a partir de uma lógica simples: os conteúdos selecionados para o ensino são importantes para a formação do aluno, então, é preciso investir em todas as estratégias e recursos possíveis para que ele aprenda. A recuperação é justamente isso: o esforço de retomar, de voltar para o conteúdo, de modificar os encaminhamentos metodológicos, assegurando a possibilidade de aprendizagem. Nesse sentido, a recuperação da nota é simples decorrência da recuperação de conteúdo. Em relação aos critérios de avaliação em Física, deve-se verificar: 7. a compreensão dos conceitos físicos essenciais a cada unidade de ensino e aprendizagem planejada; 8. a compreensão do conteúdo físico expressão em textos científicos; 9. a compreensão de conceitos físicos presentes em textos não científicos; 10. a capacidade de elaborar relatórios tendo como referência os conceitos, as leis e as teorias físicas sobre um experimento ou qualquer outro evento que envolva os conhecimentos da Física. A realização de um relatório individual pelo estudante, a partir de uma aula de experimentação, é um exemplo de instrumento de avaliação, com questões abertas que permitam a exposição de suas ideias. Isso o levará a refletir sobre o fenômeno discutido nas questões. Assim, o professor terá subsídios para verificar a aprendizagem dos estudantes e, se for o caso, poderá interferir no processo pedagógico revendo seu planejamento. Deve-se ressaltar também a atenção e tratamento individualizado que o professor deve assumir em relação aos alunos com necessidades educacionais 394 especiais, planejando uma adaptação curricular para que esses alunos não tenham prejuízo em relação à classe, procurando conhecer o grau de necessidade, e , a partir daí, realizar adaptações na metodologia aplicada, buscando conseguir o máximo aprendizado por parte desses alunos. A seleção dos conteúdos, os encaminhamentos metodológicos e a clareza dos critérios de avaliação elucidam a intencionalidade do ensino, enquanto a diversidade de instrumentos e técnicas de avaliação possibilita aos estudantes variadas oportunidades e maneiras de expressar seu conhecimento. Ao professor, cabe acompanhar a aprendizagem de seus alunos e o desenvolvimento dos processos cognitivos. Destaca-se, por fim, que a concepção de avaliação que permeia o currículo não pode ser uma escolha solitária do professor. A discussão sobre a avaliação deve envolver o coletivo da escola, para que todos (direção, equipe pedagógica, pais, alunos), assumam seus papéis e se concretize um trabalho pedagógico relevante para a formação dos alunos. 4.7.5 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M.J.P. de. Discurso da Ciência e da Escola: Ideologia e Leituras Possíveis. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2004. ABRANTES, P.C.C. Newton e a Física francesa no Século XIX. In: Caderno de História e Filosofia da Ciência, Série 2, 1(1): 5-31, jan-jun, 1989, p. 5-31. ALVARES, B.A. Livro didático – análise e seleção. In: MOREIRA, M.A; AXT, R. Tópicos em Ensino de Ciências. Porto Alegre: Sagra, 1991, p. 18-46. BEZERRA, V. A. Maxwell, a teoria de campo e a desmecanização da física. In: Scientle Studia, São Paulo, v. 4, n.2, p. 177-220, 2006. BONJORNO, J. R.; BONJORNO, R. A.; BONJORNO, V.; RAMOS, C. Física Completa. Volume Único. São Paulo: FTD, 2001. BONJORNO, J. R.; BONJORNO, R. A.; BONJORNO, V.; RAMOS, C. Física: História & Cotidiano. Volume Único. Coleção Delta. São Paulo: FTD, 2004. BRASIL/ MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9.394/96 395 CARRON, W.; GUIMARÃES O. Física. Volume Único, 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2003. CARVALHO FILHO J.E.C. Educação Científica na perspectiva Bachelardiana: Ensaio Enquanto Formação. In: Revista Ensaio, Belo Horizonte, v. 8, n. 1, 2006. DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. Metodologia do Ensino de Ciências. São Paulo: Cortez, 1992. EISBERG, R.; RESNICK, R. Física Quântica. Rio de Janeiro: Campus, 1979. FERRARO, N. G. Os movimentos. Pequena abordagem sobre Mecânica. 2ª ed. Coleção Desafios. São Paulo: Moderna, 2003. FEYNMAN. R. P. Física em seis lições. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983. GARCIA, N. M. Dias; ROCHA, V. Jazomar; COSTA, R. Z. Visneck. Física. In: KUENZER, Acácia Zeneida. Ensino Médio: construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez, 2000. GASPAR, A. Física Série Brasil. Volume Único. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2004. GREF. Física. Vol: 1, 2 e 3. 5ª ed. 1. reimpr. São Paulo: Edusp, 2002. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física. Vol: 1, 2, 3 e 4. 4ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996. HERSKOWICZ, G.; PENTEADO, P. C.; SCOLFARO, V. Curso completo de Física. Volume Único, 1ª ed. São Paulo: Moderna, 1991. MARTINS, R. A. Sobre o papel da História da Ciência no Ensino. Boletim da Sociedade Brasileira de História da Ciência (9): 3-5, 1990. MARTINS, R. A. Física e História: o papel da teoria da relatividade. In: Ciência e Cultura 57 (3): 25-29, jul/set, 2005. MENEZES, L. C. A matéria – Uma aventura do Espírito: Fundamentos e Fronteiras do Conhecimento Físico. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2005. MEDEIROS, A.; MEDEIROS, C. F. Possibilidades e Limitações das Simulações Computacionais no Ensino de Física. In: Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 24, n. 2, junho de 2002. 396 NEWTON, I.: Principia, Philosophiae naturalis – principia mathematica. São Paulo: Edusp, 1990. PARANÁ, SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Física. Paraná, SEED, 2008. PARANÁ, D. N. Física para o ensino médio. Volume Único, 2ª ed. São Paulo: Ática, 1999. PARANÁ, D. N. Física. Volume Único, 6ª ed. São Paulo: Ática, 2003. PARANÁ/ SEED/ DESG. Reestruturação do Ensino de 2º Grau – Física. Curitiba: SEED/ Desg, 1993. PIETROCOLA, M.; ALVES, J. de P. F.; PINHEIRO, T. de F. Prática disciplinar de professores de ciências. In: http://www.ufrgs.br/public/ensino/vol8/n2/v8_v8_n2_a3.html. Acesso em 09/06/2005. ROCHA, J.F. (Org.) Origens e evolução das ideias da Física. Salvador: Edufra, 2002. ROSA, C. W. da; ROSA, A. B. da. Ensino de Física: objetivos e imposições no ensino médio. Revista eletrônica de Ensenanza de lãs Ciências. Vol 4, nº1, 2005. SAMPAIO, J. L.; CALÇADA, C. S. Física. Volume Único. São Paulo: Atual Editora, 2003. TALAVERA, A. C.; POZZANI, L. Física. Módulo: 1, 2, 3 e 4. Coleção Nova Geração. São Paulo: Nova Geração, 2002. TASHIBANA, A. T.; FERREIRA, G. M.; ARRUDA, M. Física. Volume Único. São Paulo: Globo, 1999. TIPLER, P. A. Física. Vol: 1, 2 e 3. 4ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. VALADARES, E. C. Física mais que divertida. 2ª ed. revista e ampliada. Belo Horizonte: UFMG, 2002. 397 4.8 PROPOSTAS PEDAGÓGICAS CURRICULARES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA 4.8.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Atualmente, a grande velocidade com que vem ocorrendo as transformações no espaço planetário, tem levado a escola a rever conceitos e metodologias, pois esses refletem diretamente nos elementos fundamentais do ensino da Geografia. Para iniciar a reflexão sobre o ensino de Geografia se colocam algumas questões: O que é Geografia? Para que serve? Como ensinar Geografia? Para responder a essas questões, faz-se necessário esclarecer que a Geografia como ciência, sofreu ao longo da história profundas transformações, tanto em nível teórico quanto metodológico. Até as primeiras décadas do século XX, predominavam nas escolas concepções tradicionais e os livros se limitavam a uma Geografia puramente descritiva e enumerativa, tipo catálogo. Os educandos eram obrigados a memorizar listas intermináveis de nomes e números, ou confundiam a Geografia com a topografia e a cartografia. Esta Geografia tradicional, centrada na observação e na descrição principalmente do quadro natural estrutura-se em três aspectos: os físicos, os humanos e os econômicos. Os aspectos físicos, nesta concepção, são considerados os mais importantes. Abrangem especialmente a hidrografia (rios, bacias hidrográficas, redes fluviais e tudo o que se refere ao mundo das águas); o relevo (planícies, planaltos, serras – ou seja, as formas da superfície terrestre); o clima ( calor, frio, geada, neve e estados do tempo em geral); e a vegetação (florestas, campos, cerrados, caatinga e temas relacionados à distribuição das espécies vegetais pela superfície terrestre). Os aspectos humanos referem-se ao homem “inserido” no quadro natural, como se a paisagem tivesse sido moldada para recebê-lo e fornecer-lhe suas 398 “dádivas”, ou seja, seus recursos: solo, água, animais, vegetais e minerais, por exemplo. Por fim, na parte econômica busca-se explicar como o homem explora e transforma o ambiente por meio das atividades econômicas, expressas pela seguinte ordem: extrativismo, agricultura, pecuária, indústria, comércio, serviços e meios de transporte – a circulação no território. Observa-se que, na Geografia tradicional, o ensino desenvolve-se por meio de blocos (Geografia física, humana e econômica) que não se relacionam nem internamente, nem entre si, desarticulados no espaço e no tempo. Na Geografia física, por exemplo, não é estabelecida uma relação entre clima, solo, relevo e hidrografia, faz-se uma descrição sem correlações entre os elementos. Com tudo isso, segundo MORAES (1993, p.93), no Brasil, “a partir de 1970, a Geografia Tradicional está definitivamente enterrada; suas manifestações, dessa data em diante, vão soar como sobrevivências, resquícios de um passado já superado”. Assim, se faz necessário repensar o ensino e a construção do conhecimento geográfico, bem como a serviço de quem está esse conhecimento. Qual o papel do ensino de Geografia na formação de um cidadão crítico da organização da realidade socio-espacial. A partir da compreensão do espaço geográfico como “um conjunto indissociável, solidário e também contraditório de sistemas, de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como quadro único no qual a história se dá”, Santos (1996, p.51), propõe uma concepção de geografia que possibilite ao educando desenvolver um conhecimento do espaço, que o auxilie na compreensão do mundo, privilegiando a sua dimensão socioespacial. Para MORAES (1998, p.166), “formar o indivíduo crítico implica estimular o aluno questionador, dando-lhe não uma explicação pronta do mundo, mas elementos para o próprio questionamento das várias explicações. Formar o cidadão democrático implica investir na sedimentação no aluno do respeito à diferença, considerando a pluralidade de visões como um valor em si”. Nesse contexto, a Geografia explicita o seu objetivo, de analisar e interpretar o espaço geográfico, partindo da compreensão de que o espaço é entendido como 399 produto das múltiplas, reais e complexas relações, pois, como mostra SANTOS (2001, p.174) “vive-se em um mundo de indefinição entre o real e o que imagina-se dele”. E, em conformidade com RESENDE (1986, p.181) “é preciso reconhecer a existência de uma saber geográfico, que é próprio do educando trabalhador, um saber que está diretamente ligado com sua atitude intelectiva, respondendo sempre ao seu caráter social, objetivo, de um todo integrado, um espaço real”. Desse modo, à Geografia escolar cabe fornecer subsídios que permitam aos educandos compreenderem a realidade que os cerca em sua dimensão espacial, em sua complexidade e em sua velocidade, onde o espaço seja entendido como o produto das relações reais, que a sociedade estabelece entre si e com a natureza. Segundo CARLOS (2002, p.165) “A sociedade não é passiva diante da natureza; existe um procedimento dialético entre ambas que reproduz espaços e sociedades diferenciados em função de momentos históricos específicos e diferenciados. Nesse sentido, o espaço é humano não porque o homem o habita, mas porque o produz”. Compreender as contradições presentes no espaço é o objetivo do conhecimento geográfico, ou seja, perceber além da paisagem visível. Torna-se urgente, assim, romper com a compartimentalização do conhecimento geográfico. Neste sentido, faz-se necessário considerar o espaço geográfico a partir de vários aspectos interligados e interdependentes, os fenômenos naturais e as ações humanas, as transformações impostas pelas relações sociais e as questões ambientais de alcance planetário, não desprezando a base local e regional. Nesse contexto, o homem passa a ser visto como sujeito, ser social e histórico que produz o mundo e a si próprio. Segundo CAVALCANTI (1998, p.192) “O ensino de geografia deve propiciar ao aluno a compreensão de espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições, contribuindo para a formação de raciocínios e concepções mais articulados e aprofundados a respeito do espaço, pensando os fatos e acontecimentos mediante várias explicações”. O ensino de Geografia comprometido com as mudanças sociais revela as contradições presentes na construção do espaço, inerentes ao modo como homens 400 e mulheres transformam e se apropriam da natureza. Nesta perspectiva, há que se tornar possível ao educando perceber-se como parte integrante da sociedade, do espaço e da natureza. Daí a possibilidade dele poder (re)pensar a realidade em que está inserido, descobrindo-se nela e percebendo-se na sua totalidade, onde revelam-se as desigualdades e as contradições. Sob tal perspectiva, o ensino de Geografia contribui na formação de um cidadão mais completo, que se percebe como agente das transformações socioespaciais, reconhecendo as temporalidades e o seu papel ativo nos processos. 4.8.2 CONTEÚDOS a) Conteúdos Estruturantes A Geografia em sua concepção teórica tem como objeto de estudo o espaço geográfico, visto que este permeia a construção dos conteúdos estruturantes. Os conteúdos estruturantes identificam e organizam os campos de estudos da disciplina de Geografia, interligando-os com os conteúdos específicos, abrangendo os grandes conceitos geográficos que, interrelacionados contribuem para a compreensão do espaço geográfico. De acordo com as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná, os conteúdos estruturantes são: • Dimensão econômica do espaço geográfico; • Dimensão política do espaço geográfico; • Dimensão cultural e demográfica do espaço geográfico; • Dimensão socioambiental do espaço geográfico. A partir dos conteúdos estruturantes derivam os conteúdos básicos, os quais devem ser abordados a partir das relações de poder, espaço, tempo e sociedade-natureza; pois essas relações estão perpassando os mesmos, garantindo assim, a totalidade da abordagem. b) Conteúdos Básicos Ensino Fundamental 6º ANO 401 • Formação e transformação das paisagens naturais e culturais. • Dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego das tecnologias de exploração e produção. • A formação, localização, exploração e utilização dos recursos naturais. • A distribuição espacial das atividades produtivas e a (re)organização do espaço geográfico • As relações entre campo e a cidade na sociedade capitalista. • A mobilidade populacional e as manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural. • A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população; • As diversas regionalizações do espaço geográfico. 7º ANO • A formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração do território brasileiro; • A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e produção; • As diversas regionalizações do espaço brasileiro; • As manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural; • A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população; • Movimentos migratórios e suas motivações; • O espaço rural e a modernização da agricultura; • A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos espaços urbanos e a urbanização; • A distribuição espacial das atividades produtivas, a (re)organização do espaço geográfico; • A circulação de mão-de-obra das mercadorias e das informações. 8º ANO • As diversas regionalizações do espaço geográfico; 402 • A formação, mobilidade das fronteiras e reconfiguração dos territórios do continente americano; • A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o papel do Estado; • O comercio em suas implicações sócio-espaciais; • A circulação da mão-de-obra, do capital, das mercadorias e das informações; • A distribuição espacial das atividades produtivas, a (re)organização do espaço geográfico; • As relações entre campo e a cidade na sociedade capitalista; • O espaço rural e a modernização da agricultura. • A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população; • Os movimentos migratórios e suas motivações; • As manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural; • Formação, localização, exploração e utilização dos recursos naturais. 9º ANO • As diversas regionalizações do espaço geográfico; • A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o papel do Estado; • A revolução técnico-cientifico-informacional e os novos arranjos no espaço da produção; • O comércio mundial e as implicações sócio-espaciais; • A formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios; • A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população; • As manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural; • Os movimentos migratórios mundiais e suas motivações; • A distribuição das atividades produtivas, a transformação da paisagem e a (re)organização do espaço geográfico; • A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e produção; 403 • O espaço em rede produção, transporte e comunicações na atual reconfiguração territorial. b) Ensino Médio (organizado por blocos de disciplinas semestrais) 1ª série • A formação e transformação das paisagens; • A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e produção; • A distribuição espacial das atividades produtivas e a (re)organização do espaço geográfico; • A formação, localização, exploração e utilização dos recursos naturais; • O espaço rural e a modernização agricultura. • O espaço em rede: produção, transporte e comunicação na atual configuração territorial. • Formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios. • O comércio e as implicações sócio-espaciais. 2ª série • A infra-estrutura energética no mundo. • As diversas regionalizações do espaço geográfico. • A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos espaços urbanos e a urbanização recente. • A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população. • Os movimentos migratórios e suas motivações. • As manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural. • O comércio e as implicações sócio-espaciais. • Formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios. • A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos espaços urbanos e a urbanização recente. • Relações entre o campo e a cidade, na sociedade capitalista. 404 3ª série • As disputas geográficas e as transformações históricas e espaciais. • A geopolítica, a economia mundial e a globalização. • A revolução técnico-científica-informacional e os novos arranjos no espaço da produção. • A indústria e as transformações no espaço geográfico. • A circulação de mão-de-obra, do capital, das mercadorias e das informações. • Formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios. • As diversas regionalizações do espaço geográfico. • Tendências da agricultura mundial e o espaço agrário. • As implicações sócio-espaciais do processo de mundialização. • A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o papel do Estado. Os conteúdos estruturantes devem possibilitar ao aluno a compreensão sócio-histórica das relações da produção capitalista, para que o aluno reflita a respeito das questões sócio-ambientais, políticas, econômicas e culturais materializadas no espaço geográfico. Nos estabelecimentos de ensino do Brasil torna-se obrigatório o ensino sobre a cultura afro-brasileiras e indígenas. Assim, na disciplina de Geografia será trabalhado a valorização de sua história, cultura e identidade buscando combater o racismo e a discriminação, formando cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial. No decorrer da educação básica serão trabalhadas as seguintes sugestões: 6. Questões relativas ao trabalho, escolaridade e renda; 7. A população brasileira: miscigenação dos povos e distribuição espacial; 8. Colonização - escravidão; 9. África: características físicas, humanas, econômicas e políticas, etc.. 405 Essas sugestões têm como objetivo demonstrar ao aluno a contribuição do negro e do indígena na construção da nação brasileira, nos aspectos social, econômico e religioso. 4.9.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA DISCIPLINA Percebe-se que a prática metodológica no tocante ao ensino de Geografia, tem sido assentada em aulas expositivas, na leitura de textos e em questionários com respostas pré-determinadas, tendo como objetivo a memorização dos conteúdos. Porém, tal prática tem se mostrado insuficiente para que se concretize a construção do conhecimento geográfico. Portanto, faz-se necessário repensar a metodologia para que, de fato, se assegurem os objetivos a que a disciplina de Geografia se propõe. É preciso que o educando se perceba enquanto sujeito, como produto e ao mesmo tempo transformador do espaço, por meio de suas ações e até mesmo de suas omissões. É importante que a escolha da metodologia possibilite ao educando mecanismos de análise e reflexão sobre sua condição. Segundo FREIRE (1983, p.61): “não há educação fora das sociedades humanas e não há homens isolados”, portanto, é importante a valorização dos saberes que os educandos possuem e que foram acumulados ao longo de suas existências. Esses saberes devem ser o ponto de partida para a construção de outros saberes. No caso da Geografia, tais pressupostos se tornam mais evidentes e necessários. A realidade dos educandos deve ser valorizada e a metodologia deve tornar os conteúdos significativos para que, por intermédio do diálogo, se busque explicitar e oportunizar a observação, a análise e a reflexão, categorias essenciais para o desenvolvimento de “um olhar geográfico” da realidade, ou seja, do mundo vivido. Nessa perspectiva a problematização surge como metodologia para a abordagem dos conteúdos ou temas. Problematizar significa levantar questões referentes ao tema e ao cotidiano dos educandos, o que implica em expor as contradições que estão postas, buscar explicações e relações e construir conceitos. 406 Exemplo: ao trabalhar o tema “Indústrias no Brasil”, escolher uma indústria local e questionar: Qual a necessidade de termos uma indústria na nossa cidade? Quais mudanças foram provocadas por sua instalação? Qual a sua importância para o município, estado, país? Qual sua importância para a população? Por que ela se instalou nessa região? Como é seu processo produtivo? Quais impactos vem causando no ambiente? Se não houver indústria local, problematizar a razão disso e questionar se é necessário uma indústria para garantir qualidade de vida na comunidade ou na cidade. A problematização pressupõe que se estabeleça o diálogo, ou seja, que o educando seja ouvido, o que significa envolve-lo na construção do conhecimento. Considerando a concepção do ensino de Geografia, numa perspectiva crítica e dialética e tendo em vista que no seu encaminhamento metodológico é fundamental considerar os saberes que os educandos trazem consigo, vinculados a sua história de vida, optou-se pela organização do currículo de Geografia, em quatro conteúdos estruturantes: Dimensão econômica do espaço geográfico; Dimensão política do espaço geográfico; Dimensão socioambiental do espaço geográfico; Dimensão cultural e demográfica do espaço geográfico. Os eixos da EJA que são: cultura, trabalho e tempo estabelecem relações entre si e permitem a compreensão da totalidade do espaço geográfico. Desta forma os conteúdos estruturantes e os conteúdos específicos devem ser tratados pedagogicamente a partir das categorias de análise – relações Espaço ↔ Temporais e relações Sociedade ↔ Natureza – e do quadro conceitual de referência. Por meio dessa abordagem, pretende-se que o aluno compreenda os conceitos geográficos e o objeto de estudo da Geografia em suas amplas e complexas relações. 407 Como dimensões geográficas da realidade, os conteúdos estruturantes da Geografia estabelecem relações permanentes entre si. Os conteúdos específicos, por sua vez, devem ser abordados a partir das dimensões geográficas próprias dos quatro conteúdos estruturantes. A depender da ênfase que o professor deseja dar a determinado conteúdo específico, é possível priorizar ora a abordagem de um conteúdo estruturante, ora de outro. Entretanto, a articulação entre todos eles deve ser explicitada pelo professor para que o aluno compreenda que na realidade socioespacial eles não se separam. Vale ressaltar, que a totalidade aqui não é a soma, mas o conjunto da formação socioespacial. A compreensão da migração campo-cidade, por exemplo, só ganha sentido quando a ela se relaciona a estrutura fundiária, a questão da má distribuição das terras, a industrialização das grandes metrópoles, a periferização e a qualidade de vida em si. O conjunto dos eixos, o Espaço, as Relações Sociais e a Natureza articula-se as temáticas expostas no quadro de conteúdos. Dessa maneira, os conteúdos selecionados, devem ser trabalhados nas suas interrelações, rompendose com a compartimentalização e com a linearidade do conhecimento geográfico, possibilitando a explicitação do processo de produção do espaço pelas sociedades. Como vivemos num mundo globalizado, as tecnologias evoluem e nos cercam a cada instante, sendo assim, não podemos ser indiferentes a ela; sejam elas: a TV pendrive como meio de informações e complementações e conteúdos, através de vídeos, músicas e apresentação de slides. A própria internet, que nos proporciona novos conhecimentos e atualizações sobre o mundo globalizado, assim como, uma maior integração de pessoas que estão distantes geograficamente; a própria mídia, principalmente, os meios de comunicação de massa. O uso destas tecnologias, muitas vezes, complementam e enriquecem as aulas e facilita o aprendizado dos alunos, seja por meio de imagens, filmes, músicas, slides ou pesquisa na internet. Os conteúdos obrigatórios referentes ao ítem “g” da instrução 009/11SUED/SEED serão tratados em conjunto aos específicos pertencentes a disciplina propostos nas DCE's. 408 Cabe ao professor, como mediador na construção do conhecimento, criar situações de aprendizagem, tomando como ponto de partida as experiências concretas dos educandos no seu local de vivência, seja uma área rural, uma aldeia indígena ou no meio urbano, de modo a permitir a resignificação de sua visão de mundo. 4.8.4 AVALIAÇÃO Nessa perspectiva, para que a avaliação cumpra o seu papel como parte integrante do processo ensino-aprendizagem, se faz necessário definir o objetivo da atividade avaliativa e o conteúdo a ser avaliado. E ainda utilizar instrumentos como: interpretação e produção de textos de Geografia; interpretação de fotos, imagens, gráficos, tabelas e mapas; pesquisas bibliográficas; relatórios e discussão de temas em seminários; construção, representação e análise do espaço através de maquetes, entre outros instrumentos que nos permitam analisar e qualificar os resultados, para que a partir deles o educando possa refletir e opinar sobre os saberes construídos e os conhecimentos organizados e para que o educador possa rever a sua prática pedagógica alcançando seus objetivos com todos os educandos com necessidades educacionais especiais ou não. Desta forma a recuperação de estudos deve acontecer a partir de uma lógica simples: os conteúdos selecionados para o ensino são importantes para a formação do aluno, então, é preciso investir em todas as estratégias e recursos possíveis para que ele aprenda. A recuperação é justamente isso: o esforço de retomar ao conteúdo, de modificar os encaminhamentos metodológicos, para assegurar a possibilidade de aprendizagem. Nesse sentido, a recuperação de nota é simples decorrência da recuperação de conteúdo. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) determina que a avaliação do processo de ensino-aprendizagem seja formativa, diagnóstica e processual. Respeitando o prenuncio da lei, cada escola da rede estadual de ensino, ao construir seu Projeto Político Pedagógico, deve explicitar detalhadamente a concepção de avaliação que orientará a prática dos professores. 409 Para isso, destacam-se como os principais critérios de avaliação em Geografia a formação dos conceitos geográficos básicos e o entendimento das relações socioespaciais para compreensão e intervenção na realidade. O professor deve observar se os alunos formaram os conceitos geográficos e assimilaram as relações Espaço ↔ Temporais e Sociedade ↔ Natureza para compreender o espaço nas diversas escalas geográficas. A avaliação deve contemplar situações formais e informais e utilizar diversas linguagens. Dessa forma, o educador deve encaminhar as ações do dia-a-dia, possibilitando a construção de conceitos e, ao mesmo tempo, acompanhando o desenvolvimento da aprendizagem dos educandos, para que, de fato, possa se efetivar a construção da sua autonomia e cidadania plena. 4.8.5 REFERÊNCIAS CARLOS, Ana Fani A. A Geografia brasileira hoje: Algumas reflexões. São Paulo: Terra Livre/AGB, vol. 1, nº 18, 2002. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos, (org.) Geografia em sala de aula: Práticas e Reflexões. Porto Alegre, RS: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/AGB, 1999. CAVALCANTI, L.S. Geografia: escola e construção de conhecimentos. Campinas: Papirus, 1998. DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Geografia, Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 2008. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. MORAES, Antonio C R. Geografia: Pequena História Crítica. São Paulo: Hucitec, 1993. MOREIRA, Ruy. O que é Geografia. São Paulo: Brasiliense, 1981. RESENDE, M.S. A Geografia do aluno trabalhador. São Paulo: Loyola, 1986. RODRIGUES, Neidson. Por uma nova escola. São Paulo: Cortez, 1987. SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996. 410 _______ Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2001. 4.9 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE HISTÓRIA 4.9.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A História é um conhecimento construído pelo ser humano em diferentes tempos e espaços. É a memória que se tornou pública, em geral, expressão das relações de poder. De acordo com BEZERRA, (2003 pg. 42) “o objetivo primeiro do conhecimento histórico é a compreensão dos processos e dos sujeitos históricos, o desvendamento das relações que se estabelecem entre os grupos humanos em diferentes tempos e espaços”. Diferentes historiadores e sujeitos históricos contam a História a partir de sua visão de mundo. Nesse sentido não há uma verdade única, mas sim aquela que foi tecida por um grupo social. Trata-se de um conhecimento científico, que precisa ser interpretado. Hoje, por exemplo a História busca os diversos aspectos que compõem a realidade histórica e tem nisso o seu objeto de estudo, deixando de lado uma História que a partir do século XIX privilegiava o fato político, os grandes feitos e os heróis em direção a um progresso pautado pela invenção do estado-nação que precisava ser legitimado. Nesse contexto, é criada a disciplina de História que tinha como função legitimar a identidade nacional. Até a década de 80, do século XX, a disciplina de História manteve seu conteúdo eurocêntrico e sua divisão quadripartite, até hoje presente no currículo de muitos cursos universitários. Numa outra perspectiva algumas universidades, começaram a abrir espaço ao estudo da História Oriental e da História da África. No entanto, essa é uma prática bem recente. A História trata de toda ação humana no tempo em seus múltiplos aspectos: econômicos, culturais, políticos, da vida cotidiana, de gênero, etc. Para se perceber como sujeito da História, o educando precisa reconhecer que essa ação 411 transforma a sociedade, movimenta um espiral de mudanças, na qual há permanências e rupturas. O homem/mulher como sujeito da História, deve ser conhecedor dos porquês, dos problemas, das ideias, das ideologias e que só com uma visão holística do mundo e da sociedade ele se entenderá como cidadão ativo e conhecedor de seus direitos e de seus deveres. Na Educação de Jovens e Adultos deve-se levar em consideração o fato de que os seus educandos possuem maior experiência de vida e que essa modalidade tem como finalidade e objetivos o compromisso com a formação humana e o acesso à cultura geral. A diversidade presente na sala de aula, a partir dos diferentes perfis sociais, deve ser utilizada a favor do trabalho pedagógico no ensino de História. Pode-se recorrer às diferenças para estabelecer comparações, levantar diferentes concepções de mundo e ainda buscar trabalhar com o respeito e a aceitação das diferenças. É preciso que o ensino de História na Educação de Jovens e Adultos seja dinâmico e que o educando perceba que a História não está sepultada, mas em constante transformação. Nesse sentido, pode-se tomar sempre como ponto de partida e de chegada o próprio presente, onde estão inseridos educandos e educadores. Há que se considerar que o passado explica o presente, mas também o presente explica o passado. Isso não significa, no entanto, que se possa abrir mão do rigor na interpretação do passado, pois não se pode incorrer em anacronismos ou em posturas teleológicas. É preciso estimular o interminável diálogo entre o presente e o passado levando em consideração as especificidades de cada contexto histórico. É fundamental que o educador de História não atue como reprodutor de um conhecimento pronto, de uma coleção inesgotável de fatos do passado. Mas, que torne possível desconstruir na sala de aula os múltiplos olhares da História, criar argumentos que possam concordar ou discordar de um autor, tomar posição diante do que já ocorreu e ainda está ocorrendo. Não se pode ser um cidadão pleno sem que se realize uma análise crítica dos caminhos percorridos pelo homem/mulher ao longo da história. 412 O educando da EJA é interpelado na disciplina de História a resgatar o seu conhecimento, mas ao mesmo tempo, se forma como um ser que tem o conhecimento científico acrescido a suas bases de saber e a partir da junção de saberes, a possibilidade de enfrentamento do mundo, do trabalho, da sociedade, do lazer, entre outros, não mais como agente passivo e sim como ativo das relações sociais que o cercam. O cerceamento de direitos que a sociedade capitalista impõe ao ser humano deve ser contestada e para isso devemos nos ater a saberes científicos, que sem os mesmos é impossível visualizar o mundo de maneira correta, tendemos então a ser parciais e parcialidade pode nos levar a extremos perigosos. Por fim, reconhecer que os educandos são produtores de sonhos e utopias, capazes de transformar a natureza e escrever sua própria História. Portanto, a História é uma construção coletiva em que todos os sujeitos tem um papel principal e suas ações são de suma importância para uma participação consciente na transformação da sociedade e do mundo em que vivem. 4.9.2 CONTEÚDOS Ensino Fundamental – Fase II: Os Diferentes Sujeitos Suas Culturas Suas Histórias e O Mundo do Trabalho e os Movimentos de Resistência. Conteúdos Estruturantes Conteúdos Básicos História das relações da humanidade com o trabalho. O trabalho e avida em sociedade. O trabalho e as contradições da modernidade. Os trabalhadores e as conquistas de direito. A constituição das instituições sociais. Relações de trabalho A formação do Estado. Sujeitos, Guerras e Revoluções. Relações de poder A experiência humana no tempo. Os sujeitos e suas relações com o outro no tempo. Relações culturais As culturas locais e a cultura comum. 413 As relações de propriedade. A constituição histórica do mundo do campo e do mundo da cidade. As relações entre o campo e a cidade. Conflitos e resistências e produção cultural campo/cidade. Construção da História do Paraná e suas relações com história brasileira e humana. Ensino Médio Conteúdos Estruturantes Conteúdos Básicos Trabalho Escravo, Servil, Assalariado e o trabalho Livre. Relações de Trabalho Urbanização e industrialização. O Estado e as relações de poder. Relações de poder Os sujeitos, as revoltas e as guerras. Movimentos sociais, políticos e culturais e as Relações culturais guerras e revoluções. Cultura e religiosidade. 4.9.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA DISCIPLINA De acordo com as contribuições da historiografia, nas últimas décadas a aprendizagem histórica se efetiva quando o conhecimento passa a ser experiência para o educando no sentido de que ele se aproprie do que aprendeu para ler e explicar o seu mundo. No mundo contemporâneo um constante (re)pensar sobre a cultura escolar é fundamental para acompanhar as mudanças que ocorrem quotidianamente e que implicam diretamente na vida de educandos e educadores. Nesse sentido, a 414 partir de discussões teórico-metodológicas significativas e que colocam o educando na centralidade do processo ensino-aprendizagem, pretende-se contribuir para uma prática de qualidade e de reflexão nas ações pedagógicas. Para isso, propõem-se a abordagem dos conteúdos a partir de temáticas, no ensino de História, para os educandos (as) da Educação de Jovens e Adultos rompendo, dessa forma, com a narrativa linear e factual num diálogo permanente com a realidade imediata sobre a qual se constituem os diversos saberes. Pretendese com isso priorizar uma prática pautada na associação ensino-pesquisa e no uso de diferentes fontes e linguagens. Nessa perspectiva, exige-se uma abordagem problematizadora dos conteúdos de História, em que educadores e educandos possam dialogar e nesse diálogo, propiciar condições de pensar, argumentar e fundamentar suas opiniões através dos conteúdos socialmente significativos relacionados ao contexto político e social, reconhecendo a pluralidade étnica e cultural onde esses sujeitos estão inseridos. Esta problematização deve propiciar uma análise crítica da realidade social, distinguindo-se da “educação bancária” em que o educador apresenta os conteúdos aos educandos, impondo-lhes um saber desprovido de reflexão (FREIRE, 1987). É impossível, ensinar tudo a todos, desta forma se faz necessário a seleção e a escolha de conteúdos essenciais que possibilitem o êxito no processo ensino-aprendizagem e permitam satisfazer as necessidades dos educandos, respeitando suas especificidades, objetivando sua formação humanista e a busca de sua autonomia intelectual e moral. Considerando a concepção do ensino de História pautada pela linha da cultura, optou-se por três eixos articuladores: Cultura, Trabalho e Tempo, que também orientam o documento das Diretrizes Curriculares para EJA no Estado do Paraná. Esses eixos estabelecem relações entre si e articulam-se às temáticas que por sua vez articulam-se aos conteúdos, sendo que o eixo Tempo, presente nessa concepção, refere-se ao tempo histórico. 415 Os conteúdos selecionados, foram organizados em quatro temas plurais no Ensino Fundamental: Identidade e Cultura; Estado e Relações de Poder; Terra e Propriedade; Cidadania e Trabalho e três temas para o Ensino Médio: Diversidade Cultural; Relações de Poder e Movimentos Sociais; Mundo do Trabalho e Cidadania. É importante que na abordagem desses conteúdos o educador crie situações de aprendizagem, que respeitem o perfil dos educandos da EJA e possibilitem o diálogo entre os conceitos construídos cientificamente e a cultura do educando, considerando a sua História de vida, o ambiente cultural e a identidade do grupo. A abordagem pode ser realizada partindo do não conhecido ao conhecido ou do conhecido ao conhecido de outra forma. Os conteúdos não devem ser trabalhados de forma isolada ou compartimentada, o estudo deve se dar de forma abrangente no tempo e no espaço, como por exemplo, no que refere as questões sociais, as contradições, a Histórica local, conteúdos estes que estabeleçam relação entre o local e o global e possibilitem aos educandos, compreender as semelhanças e diferenças, as permanências e as rupturas do contexto histórico. Transformar os conteúdos em “situações problemas” é imprescindível para demonstrar a relevância do que se vai estudar. O questionamento deve levar a reflexão crítica e permanente, possibilitando a construção de saberes socialmente significativos para que o educando interfira no sentido de transformar a sociedade, em que vive. Dessa forma o ensino de História será sempre possibilidade e nunca determinação. É essencial no processo ensino-aprendizagem que a teoria esteja em sintonia com a prática, respeitando os níveis de compreensão dos educandos sobre a própria realidade. Em suma, esse processo deve contribuir para formar um educando leitor e escritor, que se aproprie dos conhecimentos históricos, a partir da leitura, análise e interpretação de diversas linguagens, bem como da produção de textos orais e escritos, que valorizem o fazer e o refletir. Também é importante que o educando da EJA possa ampliar a sua leitura de mundo percebendo-se como sujeito da História na busca da autonomia e da cidadania. 416 Deve-se fazer um trabalho que aborde os Desafios Educacionais Contemporâneos como: 1. Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99 como desenvolvimento da Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das relações entre o homem e o meio bio-físico; 2. Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre direitos e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social do estado democrático; 3. Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e formação de uma consciência crítica sobre violência e, assim, transformar a escola e espaço onde o conhecimento toma o lugar da força; 4. História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei 10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e cultura Afro-Brasileira e Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE. Promovendo assim, o reconhecimento da identidade, da história e da cultura da população negra, assegurando a igualdade e a valorização das raízes africanas ao lado das indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da história e cultura AfroBrasileira e Africana. 5. Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores e crenças pessoais. Os educadores e os educandos são instigados em conhecer assuntos relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e discriminação ao usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia, entre outros; 6. Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve considerar os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia. Os desafios de História estão relacionados também ao presente e a proximidade com o educando, portanto é importante o estudo a História Paranaense, não em um enfoque politico e moralista como já se pregou, e sim uma 417 busca pela construção de uma história crítica onde os saberes próprios se relacionam a contextos mais amplos e que a História do Paraná tenha importância na construção destes saberes científicos para o educando. Apesar da importância dos saberes sobre a História do Paraná serem primordiais a formação do povo que aqui vive, não podemos, nos eximir de estudarmos o todo histórico, nem mesmo nos dar o direito de privilegiarmos a Cultura Afro-Brasileira em detrimento da cultura asiática ou europeia, temos sim que trabalhar os saberes históricos culturais sem o ranço que se mostra impregnado em alguns historiadores, pois o mundo global vai levar nosso educando a se tornar um homem do mundo e não de uma só parada, mesmo que nunca saia do Paraná, este educando necessita o saber do todo para se localizar no meio a que pertence, bem como deve saber sobre todos as bases culturais que o “fizeram” para poder ter respeito e assim mostrar que as mesmas são importantes e que nenhuma é superior a outra. A vocação da História é de quebrar paradigmas e portanto os pré conceitos fabricados devem ser quebrados, mas nunca formulando outros. Estes quesitos na EJA devem ser trabalhados dentro das 192 h/a do Fundamental Fase-II e posteriormente revistos no Ensino Médio. A partir de sua própria História, o educando deve conceber a construção de algo mais amplo e formar concepções e interagir como agente do mundo que o rodeia. A escola é o espaço privilegiado de formação humana e construção da cidadania. Para exercer a cidadania plena é necessário ter acesso à informação e à tecnologia. Isso, não significa só ter um equipamento e saber operá-lo, mas sim tomar posse da tecnologia e usá-la a seu favor, transformando a informação em conhecimento. Os jovens, os adultos e os idosos da EJA, em sua grande maioria, vêm buscar esse conhecimento visando atender às exigências do mercado de trabalho, cada vez mais competitivo. O desafio que fica aos educadores da EJA é utilizar os recursos tecnológicos como a TV, DVD, vídeo, data show, pendrive, retro projetor e computadores no laboratório, de modo a provocar impactos positivos na escola e, por conseguinte, na vida profissional dos seus educandos, sempre usando os 418 materiais didáticos disponíveis como imagens, livros de arte, revistas, fotografias, filmes, relatos orais, quadrinhos, canções, literatura ... 4.9.4 AVALIAÇÃO Ao se propor reflexões sobre a avaliação no ensino de História, objetivase favorecer a busca da coerência entre a concepção de História defendida e as práticas avaliativas que integram o processo de ensino e de aprendizagem. A avaliação deve estar a serviço da aprendizagem de todos os alunos, permeando o conjunto das ações pedagógicas, e não como elemento externo a este processo. Refutam-se as práticas avaliativas que priorizam o caráter classificatório, autoritário, que desvinculam a sua função da aprendizagem, que não se ocupam dos conteúdos e do seu tratamento conforme as concepções definidas no projeto político-pedagógico da escola. Uma avaliação autoritária e classificatória materializa um modelo excludente de escolarização e de sociedade, com o qual a escola pública tem o compromisso de superação. [...] para que a avaliação sirva à democratização do ensino, é (preciso)modificar a sua utilização de classificatória para diagnóstica. Ou seja, a avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu processo de aprendizagem. (LUCKESI, 2002, p. 81) Na concepção de ensino e de aprendizagem destas Diretrizes Curriculares, compartilha-se a ideia de Luckesi a respeito da avaliação diagnóstica: A fim de que as decisões tomadas na avaliação diagnóstica sejam implementadas na continuidade do processo pedagógico, faz-se necessário o diálogo acerca de questões relativas aos critérios e à função da avaliação, seja de forma individual ou coletiva. Assim, o aprendizado e a avaliação poderão ser compreendidos como fenômeno compartilhado, contínuo, processual e diversificado, o que propicia uma análise crítica das práticas que podem ser retomadas e reorganizadas pelo professor e pelos alunos. 419 Retomar a avaliação com os alunos permite, ainda, situá-los como parte de um coletivo, em que a responsabilidade pelo e com o grupo seja assumida com vistas à aprendizagem de todos. Conforme afirma Giroux (1997, p. 71), por meio do diálogo em grupo, “as normas de cooperação e sociabilidade compensam a ênfase do currículo oculto tradicional na competição e individualismo excessivos”. Ao propor maior participação dos alunos no processo avaliativo, não se pretende desvalorizar o papel do professor, mas ampliar o significado das práticas avaliativas para todos os envolvidos. No entanto, é necessário destacar que cabe ao professor planejar situações diferenciadas de avaliação. Ao considerar os conteúdos de História efetivamente tratados em aula, essenciais para o desenvolvimento da consciência histórica, é necessário ter clareza que avaliar é sempre um ato de valor. Diante disto, professor e alunos precisam entender que os pressupostos da avaliação, tais como finalidades, objetivos, critérios e instrumentos, podem permitir rever o que precisa ser melhorado ou o que já foi apreendido. Segundo Luckesi (2002), o professor poderá lançar mão de várias formas avaliativas, tais como: • Avaliação diagnóstica – permite ao professor identificar o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos para pensar em atividades didáticas que possibilitem a compreensão dos conteúdos a serem trabalhados; • Avaliação formativa – ocorre durante o processo pedagógico e tem por finalidade retomar os objetivos de ensino propostos para, a partir dos mesmos, identificar a aprendizagem alcançada desde o início até ao momento avaliado; • Avaliação somativa – permite ao professor tomar uma amostragem de objetivos propostos no início do trabalho e identificar se eles estão em consonância com o perfil dos alunos e com os encaminhamentos metodológicos utilizados para a compreensão dos conteúdos. Esta avaliação é aplicada em período distante um do outro, como por exemplo o bimestre, trimestre ou semestre. Para as duas primeiras questões, alguns elementos históricos e indicadores de compreensão pelos alunos são sugeridos para auxiliar o professor. Essa sugestão tem por finalidade mostrar ao professor as possibilidades de 420 substituir as práticas avaliativas baseadas na memorização de conteúdos. Além das sugestões presentes, o professor poderá propor outras atividades associativas, como: • Atividades que possibilitem a apreensão das ideias históricas dos estudantes em relação ao tema abordado; • Atividades que permitam desenvolver a capacidade de síntese e redação de uma narrativa histórica; • Atividades que permitam ao aluno expressar o desenvolvimento de ideias e conceitos históricos; • Atividades que revelem se o educando se apropriou da capacidade de leitura de documentos com linguagens contemporâneas, como: cinema, fotografia, histórias em quadrinhos, músicas e televisão, relativos ao conhecimento histórico. É importante ter claro que o trabalho com documentos históricos exige formas diferentes de avaliação. Schmidt e Cainelli (2006) apontam duas sugestões de avaliações de documentos de naturezas diferentes: textos e imagens. Textos: • Identificação: identificar o tema, o tipo de texto, a data de publicação, a época de produção, o autor e o contexto em que foi produzido; • Leitura: sublinhar as palavras e expressões-chave, resgatar e reagrupar as ideias principais e os temas secundários, e buscar o ponto de vista do autor; • Explicação: compreender o sentido das palavras e expressões e esclarecer as alusões contidas no texto; • Interpretação: analisar a perspectiva do texto, comparar a outros fatos e pontos de vista e verificar em que medida o texto permite o conhecimento do passado. Imagens: • Identificação: identificar o tema, a natureza da imagem, a data, o autor, a função da imagem e o contexto; • Leitura: observar a construção da imagem – o enquadramento, o ponto de vista, os planos. Distinguir os personagens, os lugares e outros elementos contidos na imagem; 421 • Explicação: explicitar a atuação do autor de acordo com o suporte e contexto de produção da imagem; 2. Interpretação: compreender a perspectiva da imagem, o valor do testemunho sobre a época e os símbolos apresentados. Tais critérios não esgotam o processo de avaliação pelo professor de História. São indicativos a serem enriquecidos para orientar o planejamento das práticas avaliativas em consonância com estas Diretrizes. Devem, também, estar articulados à investigação de como às ideias históricas dos estudantes organizam esses estratégias de interpretação das fontes a partir da construção de narrativas históricas. Quanto aos Conteúdos Estruturantes, o professor deverá investigar como os estudantes compreendem as relações de trabalho no mundo contemporâneo, as suas configurações passadas e a constituição do mundo do trabalho em diferentes períodos históricos, considerando os conflitos inerentes a essas relações. No que diz respeito às Relações de Poder, o professor precisa investigar como os estudantes compreendem essas relações que se apresentam em todos os espaços sociais. Também deve diagnosticar como eles identificam, localizam os espaços decisórios e os processos históricos que as constituíram. Referente às Relações Culturais, o professor deverá investigar se os estudantes reconhecem a si e aos outros como construtores de uma cultura comum, consideradas as especificidades de cada grupo social e as relações entre eles. Deverá entender como eles compreendem a constituição das experiências culturais dos sujeitos ao longo do tempo e das permanências e mudanças nas diversas tradições e costumes sociais. Para o Ensino Fundamental e Médio, a avaliação da disciplina de História, nestas Diretrizes, considera três aspectos importantes: • A investigação e a apropriação de conceitos históricos pelos estudantes; • A compreensão das relações da vida humana (Conteúdos Estruturantes); • O aprendizado dos conteúdos básicos/temas históricos e específicos. 422 Esses três aspectos são entendidos como complementares e indissociáveis. O professor deve recorrer a diferentes atividades, tais como: leitura, interpretação e análise de narrativas historiográficas, mapas e documentos históricos; produção de narrativas históricas, pesquisas bibliográficas, sistematização de conceitos históricos, apresentação de seminários, entre outras. Tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, após a avaliação diagnóstica, o professor e seus alunos poderão revisitar as práticas desenvolvidas até então, de modo que identifiquem lacunas no processo pedagógico. Essa ação permitirá ao professor planejar e propor outros encaminhamentos para a superação das dificuldades constatadas. Deseja-se que, ao final do trabalho na disciplina de História, os alunos tenham condições de identificar processos históricos, reconhecer criticamente as relações de poder neles existentes, bem como intervirem no mundo histórico em que vivem, de modo a se fazerem sujeitos da própria História. 4HISTÓRIA E OS PROCESSOS DE AVALIAÇÃO NA EJA Concepção de Avaliação A avaliação é compreendida como uma prática que alimenta e orienta a intervenção pedagógica. É um dos principais componentes do ensino, pelo qual se estuda e interpreta os dados da aprendizagem. Tem a finalidade de acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos educandos, diagnosticar os resultados atribuindo-lhes valor. A avaliação será realizada em função dos conteúdos expressos na proposta pedagógica. Na avaliação da aprendizagem é fundamental a análise da capacidade de reflexão dos educandos frente às suas próprias experiências. E, portanto, deve ser entendida como processo contínuo, descritivo, compreensivo que oportuniza uma atitude crítico-reflexiva frente à realidade concreta. A avaliação educacional, nesse Estabelecimento Escolar, seguirá orientações contidas no artigo 24, da LDBEN 9394/96, e compreende os seguintes princípios: 423 • investigativa ou diagnóstica: possibilita ao professor obter informações necessárias para propor atividades e gerar novos conhecimentos; • contínua: permite a observação permanente do processo ensino- aprendizagem e possibilita ao educador repensar sua prática pedagógica; • sistemática: acompanha o processo de aprendizagem do educando, utilizando instrumentos diversos para o registro do processo; • abrangente: contempla a amplitude das ações pedagógicas no tempo-escola do educando; • permanente: permite um avaliar constante na aquisição dos conteúdos pelo educando no decorrer do seu tempo-escola, bem como do trabalho pedagógico da escola. Os conhecimentos básicos definidos nesta proposta serão desenvolvidos ao longo da carga horária total estabelecida para cada disciplina, conforme a matriz curricular, com oferta diária de 04 (quatro) horas-aula por turno, com avaliação presencial ao longo do processo ensino-aprendizagem. Considerando que os saberes e a cultura do educando devem ser respeitados como ponto de partida real do processo pedagógico, a avaliação contemplará, necessariamente, as experiências acumuladas e as transformações que marcaram o seu trajeto educativo, tanto anterior ao reingresso na educação formal, como durante o atual processo de escolarização. A avaliação processual utilizará técnicas e instrumentos diversificados, tais como: provas escritas, trabalhos práticos, debates, seminários, experiências e pesquisas, participação em trabalhos coletivos e/ou individuais, atividades complementares propostas pelo professor, que possam elevar o grau de aprendizado dos educandos e avaliar os conteúdos desenvolvidos. É vedada a avaliação em que os educandos sejam submetidos a uma única oportunidade de aferição. O resultado das atividades avaliativas, será analisado pelo educando e pelo professor, em conjunto, observando quais são os seus avanços e necessidades, e as consequentes demandas para aperfeiçoar a prática pedagógica. 424 • as avaliações utilizarão técnicas e instrumentos diversificados, como pesquisas, experiências, provas, debates, seminários, resenhas, entre outros, sempre com finalidade educativa; • para fins de promoção ou certificação, serão registradas 02 (duas) a 06 (seis) notas por disciplina, que corresponderão às provas individuais escritas e também a outros instrumentos avaliativos adotados, durante o processo de ensino, a que, obrigatoriamente, o educando se submeterá na presença do professor, conforme descrito no Regimento Escolar. • a avaliação será realizada no processo de ensino e aprendizagem, sendo os resultados expressos em uma escala de 0 (zero) a 10,0 (dez vírgula zero); • para fins de promoção ou certificação, a nota mínima exigida é 6,0 (seis vírgula zero), em cada disciplina, de acordo com a Resolução n.º 3794/04 – SEED e frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) do total da carga horária de cada disciplina na organização coletiva e 100% (cem por cento) na organização individual; • o educando deverá atingir, pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero) em cada registro da avaliação processual. Caso contrário, terá direito à recuperação de estudos, retomando os instrumentos de avaliação e de aprendizagem, esta se dará de forma paralela e continua, objetivando estruturar o conhecimento do educando que por algum motivo não foi apropriado no decorrer do processo de ensino aprendizagem. Para os demais, a recuperação será ofertada como acréscimo ao processo de apropriação dos conhecimentos; • para os educandos que cursarem 100% da carga horária da disciplina, a média final corresponderá à média aritmética das avaliações processuais, devendo os mesmos atingir pelo menos a nota 6,0 (seis vírgula zero); 425 • os resultados das avaliações dos educandos deverão ser registrados em documentos próprios, a fim de que sejam asseguradas a regularidade e autenticidade da vida escolar do educando; • o educando portador de necessidades educativas especiais, será avaliado não por seus limites, mas pelos conteúdos que será capaz de desenvolver. 4.9.5 REFERÊNCIAS BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto,1998. BLOCH, Marc. Introdução à história. Lisboa, Portugal: Europa-América, 1997. CABRINI, Conceição et. al. O ensino de história: revisão urgente. São Paulo: Brasiliense, 1986. DAVIES, Nicholas (Org.). Para além dos conteúdos no ensino de história. Niterói: Eduff. PARANÁ. Secretaria Estadual de Educação. Diretrizes Curriculares Estaduais: História, 2008. ______________. DCES, EJA. SEED – Curitiba, 2008. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1987. KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2003. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. ______________. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 8ª ed. São Paulo: Terra e Paz, 1998. ______________ . A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1995. GIROUX, Henry. Os professores como intelectuais. Porto Alegre: Artmed, 1997. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. 14 ed. São Paulo: Cortez, 2002. 426 SILVA, Marcos A. da (Org.). Repensando a história. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1984. SILVA, Thelma Nobre Machado Bittencourt & RABELLO, Heloisa de Jesus. O ensino da história. Niterói, RJ: Eduff, 1992. SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2004. (Pensamento e ação no magistério). SCHMIDT, Maria Auxiliadora Moreira dos Santos; GARCIA, Tânia Maria F. Braga. A formação da consciência histórica de alunos e professores e o cotidiano em aulas de história. Caderno Cedes, Campinas, v. 25, n. 67, p. 297-308, set./dez., 2005. 427 54.10 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA 4.10.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A Língua Portuguesa, enquanto disciplina escolar passou a integrar os currículos das escolas brasileiras somente nas últimas décadas do século XIX, depois que o sistema de ensino já estava organizado. Porém, foi apenas no início da década de 30, no século XX que houve a preocupação com a questão da formação docente. Desde a chegada dos primeiros conquistadores europeus, até os dias de hoje, muitas mudanças ocorreram na Língua Portuguesa que, como símbolo da cultura, muito contribui para a formação da identidade do povo brasileiro. Em meados do século XVIII o Marquês de Pombal torna obrigatório o ensino da Língua Portuguesa em Portugal e no Brasil. Em 1837 o estudo da Língua Portuguesa foi incluído no currículo sob as formas das disciplinas: Gramática, Retórica e Poética, incluindo nessa última a Literatura. O ensino da Língua Portuguesa manteve sua característica elitista até meados do século XX, quando se iniciou no Brasil, um processo de democratização do ensino. Com embasamento na Lei n0 5692/71 que amplia e aprofunda a vinculação da educação com a industrialização, dispondo que o ensino devia estar voltado à qualificação para o trabalho. Nos estudos de JAKOBSON referente à teoria da comunicação, a gramática deixa de ser o enfoque principal de ensino de língua, e a teoria de comunicação torna o referencial. Durante a década de 70 e até os primeiros anos de 80, o ensino da Língua Portuguesa pautava-se então, em exercícios estruturais, técnicas de redação e 428 treinamento de habilidades de leitura. Em meados de 70 a pedagogia tecnicista gerou um ensino baseado na memorização. A historiografia literária, que ainda resiste nas salas de aula, excluía e ainda exclui o aluno de um papel ativo no processo de leitura, ao colocá-lo com intermináveis listas de autores e resumos de obras literárias encontradas a semelhança dos "caça palavras" e sem nenhum estímulo à reflexão crítica. A partir de 80 houve a mobilização por parte dos professores para a discussão e o repensar sobre o ensino da língua materna e a reflexão sobre o trabalho realizado nas salas de aula, que marcou as discussões sobre o ensino da Língua Portuguesa no Paraná. O gênero literário, segundo BAKHTIN, é uma pratica social e é esta perspectiva que deve orientar a ação pedagógica com a língua, privilegiando o contato real do estudante com a multiplicidade de textos que são produzidos e circulam socialmente. Ainda segundo BAKHTIN, o texto deve ser trabalhado como um todo, empregando-se a linguagem formal e informal, extrapolando as ideias do autor,indo além do que o autor quis dizer. A aula pautada somente na Gramática Tradicional (memorização de regras) desconsidera a constituição interativa da linguagem; sendo ensinada desta forma admite duas posturas diante dela: certa ou errada. Analisando linguisticamente, o aluno não é um mero ouvinte, sua participação é fundamental no processo de aprendizagem. Na ação pedagógica, o professor deve trabalhar texto que o aluno possa transpor para sua realidade, enquanto ser social. O professor precisa ter clareza de que tanto a norma padrão quanto as outras variedades, embora apresentem diferenças entre si, são igualmente lógicas e bem estruturadas. Como afirma SOARES (2002) é função da escola e do professor trabalhar com o bidialetalismo, preparando o aluno para o emprego da língua padrão, mas sabendo que, em situações informais, ele continuará utilizando dialeto que lhe é peculiar. Ensinar português é, fundamentalmente, oferecer aos alunos a oportunidade 429 de amadurecer e ampliar o domínio que eles já têm das práticas de linguagem. Em língua materna, a escola obviamente, nunca parte do zero: os alunos têm uma experiência acumulada de práticas de fala e da escrita. Cabe-nos, no entanto, criar condições para que esse domínio dê mais um salto de qualidade, tornando-se mais maduro e mais amplo; portanto é fundamental que nossos alunos adquiram efetiva autonomia nas práticas de linguagem que devem ser de domínio comum de todos os cidadãos. A proposta é, portanto, de que seja uma língua viva, dialógica, em constante movimentação, permanentemente reflexiva e produtiva. Deve-se repensar a língua enquanto instrumento de interação e troca de experiência entre os sujeitos. O aluno deve adequar à língua em diferentes situações discursivas, mobilizando os recursos dos quais ela dispõe, posicionandose diante dos discursos do cotidiano, descobrindo as intenções implícitas nos mesmos utilizando adequadamente a língua oral ou escrita em situações sociais. Pois, segundo Bakhtin (1992) “quanto melhor dominarmos os gêneros, tanto mais livremente os empregamos, tanto mais plena e nitidamente descobrimos neles a nossa individualidade”. Despertar no educando o interesse e a reflexão sobre os textos lidos, escritos ou ouvidos, mobilizando nesse processo os conhecimentos anteriores e promovendo um diálogo crítico entre locutores e interlocutores; construindo sentido aos conhecimentos aprendidos, estando conscientes de que os mesmos podem contribuir para o desenvolvimento de subjetividades e identidades críticas, característica necessária ao exercício efetivo da cidadania. Valorizar o trabalho do campo, proporcionando ao aluno uma atividade de pesquisa sobre um assunto relacionado à vida no campo, incutindo no aluno o sentimento de amor e respeito à terra onde ele vive e da qual sobrevive. Trabalhar com as limitações dos portadores de deficiência; superando os preconceitos e discriminações sofridas pelos portadores de deficiências, proporcionando aos alunos reflexões sobre a cultura negra. Fazer com que os alunos percebam que a cor da pele não é fator determinante para a formação do caráter de uma pessoa. A disciplina deve contextualizar o aluno no tempo, fazendo entender seu corpo nessas manifestações culturais e históricas, neste contexto contemplar a 430 cultura afro-brasileira e indígena. A obrigatoriedade da inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena nos currículos da Educação Básica trata-se de decisão política, com fortes repercussões pedagógicas, inclusive na formação de professores. A inclusão da cultura afro nada mais é que o cumprimento da Lei 10.639/2003, assim nossos alunos terão contato com discussões, textos e atividades que tenham como foco a criança e o jovem negro e a valorização da diversidade étnica brasileira. A Constituição Brasileira,em seu artigo 5º, prescreve: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, à segurança e à propriedade(...)” Mas infelizmente no Brasil há um grande contraste entre culturas, classes sociais, e muitas vezes, isto acaba interferindo negativamente no desenvolvimento dos alunos em sala de aula. Portanto, a relevância do estudo de temas decorrentes da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena não se restringem apenas a negros e índios, ao contrário, dizem respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade multicultural e plurietnica, capazes de construir uma nação democrática. Nesse contexto, a escola deve promover ações que propiciem o contato com a cultura africana, afro descendente e indígena, discussões e atividades que tenham como foco a criança o jovem negro e índio, a sua família em diferentes contextos sociais e profissionais para a valorização da diversidade étnica brasileira. Além desses desafios, há que se ter a inclusão como forma de garantir que os direitos constitucionais das pessoas portadoras de deficiência sejam respeitados, conforme preconiza a Constituição Brasileira que, em seu artigo 208, inciso III, traz a seguinte redação: “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência , preferencialmente na rede regular de ensino”. Por isso, a escola deve adaptar as suas dependências a fim de garantir esses direitos assim como, os alunos têm uma ação diferenciada tanto pedagógica quanto avaliativa. Nesta perspectiva, se constituem como objetivos da disciplina: 1- empregar a língua oral em diferentes situações de uso, saber adequá-la a 431 cada contexto e interlocutor, reconhecer as intenções implícitas nos discursos do cotidiano e propiciar a possibilidade de um posicionamento diante deles; 2- desenvolver o uso da língua escrita em situações discursivas por meio de práticas sociais que considerem os interlocutores, seus objetivos, o assunto tratado, além do contexto de produção; 3- analisar os textos produzidos, lidos e/ ouvidos, possibilitando que o aluno amplie seus conhecimentos linguístico-discursivos; 4- aprofundar, por meio da leitura de textos literários, a capacidade de pensamento crítico e a sensibilidade estética, permitindo a expansão lúdica da oralidade, da leitura e da oralidade, da leitura e da escrita; 5- aprimorar os conhecimentos linguísticos, de maneira a propiciar acesso às ferramentas de expressão e compreensão de processos discursivos, proporcionando ao aluno condições para adequar a linguagem aos diferentes contextos sociais, apropriando-se, também, da norma padrão. É importante que tais objetivos e as práticas deles decorrentes supõem um processo longitudinal de ensino e aprendizagem que se inicia na alfabetização, consolida-se no decurso da vida acadêmica e não se esgota no período escolar, mas se estende por toda vida. 4.10.2 CONTEÚDOS O discurso enquanto prática social que concretiza-se na oralidade, leitura e escrita é o conteúdo estruturante desta disciplina. Na abordagem dos conteúdos de todas as séries, a partir dos gêneros discursivos, deve-se considerar os conhecimentos anteriores dos alunos em relação ao que se pretende ensinar, o nível de aprofundamento possível de cada conteúdo, bem como a ampliação do nível de complexidade em função das possibilidades de compreensão e autonomia linguística adquirida pelos educandos na realização das praticas discursivas: prática da oralidade, prática de leitura, prática da escrita e análise lingüística e as práticas discursivas. Prática de Oralidade 432 Considerando-se a língua em sua perspectiva histórica e social precisa pautar-se em situações reais de uso da fala valorizando-se a produção de discursos nos quais os alunos se constituem como sujeito do processo interativo. A escola deve ser democrática garantindo a socialização do conhecimento a toda comunidade escolar não excluindo os alunos do processo justificando-se de que eles não sabem se expressar. Compete à escola promover situações que os incentivem a falar ainda que do “seu jeito”. A criança quando chega a escola já domina a oralidade através do seu grupo social, do dialogo dos falantes e da mídia. O espaço escolar deve propiciar ao aluno atividades que tornem-o falante mais ativo e competente organizando os seus discursos de forma coesa e coerente. O professor precisa ter clareza de que tanto a língua padrão quanto as outras variedades embora apresentando diferenças são igualmente lógicas e bem estruturadas. Do ponto de vista sócio linguístico não há variações que se possa considerar melhor ou pior, primitivo ou elaborado pois todos os sistemas linguísticos atendem a diferentes propósitos comunicativos e os hábitos culturais das comunidades. As variedades linguísticas promovem o diálogo entre os diferentes falares, ressaltando a necessidade de sua seleção e adequação ao processo de interlocução. A sala de aula deve ser o espaço de apropriação deste conhecimento, pois é o único lugar que lhes possibilita contato com a norma padrão. O professor deve planejar e desenvolver um trabalho com a oralidade permitindo ao aluno que use a língua padrão e entenda a necessidade desse uso em determinados contextos sociais. Prática de Leitura A leitura entende-se como um processo de produção de sentido que se dá a partir de interações sociais ou relações dialógicas que acontecem entre o texto e o leitor. O leitor, segundo a autora Kleimam, constrói e não apenas recebe um significado global para o texto: ele procura pistas formais, formula e reformula 433 hipóteses, aceita ou rejeita conclusões, utilizando estratégias baseadas no seu conhecimento lingüístico e na sua vivencia sociocultural. O dialogo intertextual não esgota as possibilidades dialógicas de um texto. Um texto, leva a outro texto, mas leva também aos desejos do leitor a participação da elaboração dos significados, confrontando o texto lido com o saber que é seu. Desse modo, o professor deve permitir uma ação pedagógica ao aluno, não só leitura de textos para as quais já tenha construído uma competência, como também a leitura de textos mais difíceis que impliquem descoberta de novas estratégias com a mediação do professor. Prática da Escrita Em relação à escrita considerando as condições em que a produção acontece (quem escreve, o que, para quem, para que, por que, quando, onde e com seu escreve) é que determinam o texto. E cada gênero tem suas peculiaridades: composição, estrutura e estilo. Essas composições precisam circular na sala de aula: história, poema, bilhete, uma receita, um texto de opiniões. O aluno, somente interage sendo o autor do texto. A criatividade e outros fatores relacionados ao ato de escrever. O envolvimento do aluno e do professor com a escrita segundo Pazini, é um processo que acontece em vários momentos: o da motivação para a produção do texto, o da reflexão, que deve perceber e acompanhar o processo de produção; o da revisão, re-estruturação e re-escrita do texto, que se acaba, também, em um produtivo momento de reflexão. Desta forma, as aulas de língua portuguesa e literatura possibilitam aos alunos a ampliação do uso das linguagens verbais através do contato direto com os textos dos mais variados gêneros. É necessário que a inclusão de diversidade textual dê conta de relacionar os gêneros com as atividades sociais onde eles se constituem. Sendo o fato de a língua ser o meio de suporte de outros conhecimentos, torna o professor de Língua Portuguesa um agente eficaz, propiciados das relações inter e multidisciplinares. 434 Análise Linguística e as práticas Discursivas Segundo Geraldi, antes de a criança vir para a escola, reflete sobre os meios de expressão usadas em suas diferentes interações. Os alunos trazem um conhecimento prático dos princípios da linguagem e que utilizam na observação. Quanto maior o contato com a linguagem, na diversidade textual, mais possibilidade se tem de entender o texto com material verbal carregado de visões de mundo, assim o trabalho com o texto é tido como uma possibilidade de mudança, na qual, o professor é o interlocutor, constituindo a aprendizagem de língua escrita. As aulas pautadas na gramática tradicional desconsideram a constituição interativa da linguagem. A análise linguística amplia o leque tão restrito da gramática tradicional relativizando aquilo que ela postula (gramática tradicional) postula como errado além disso, sua atuação não fica atada ao texto escrito ou limite da oração, ela perpassa as três práticas: oralidade, escrita e leitura, assim abrangem um todo dinâmico da linguagem. Utiliza-se das reflexões que os alunos já fazem como falantes para sistematizar e compreender outras operações. Aqui o aluno não é mero ouvinte, sua participação é fundamental no processo de aprendizagem. Atividades planejadas, possibilitam ao aluno só a leitura e a expressão oral e a escrita, como também refletir sobre o uso que faz da linguagem nos diferentes contextos e situações. Quando se assume a língua como interação, em sua dimensão discursivotextual, o que importa não é o ensino da nomenclatura gramatical definições ou regras, o mais importante é criar oportunidades para o aluno refletir, construir, levantar hipóteses, a partir da leitura e escrita de textos diversos. O aluno assim, poderá reconhecer a gramática não como um aglomerado de inadequações explicativas sobre os fatos da língua mas como um documento de consulta para muitas das dúvidas que temos sobre como agir em relação aos padrões normativos exigidos pela escrita. 435 Tendo em vista a concepção de linguagem como discurso que se efetiva nas diferentes práticas sociais, o processo de ensino-aprendizagem na disciplina de língua, busca: • empregar a língua oral em diferentes situações de uso, saber adequá-la a cada contexto e interlocutor, reconhecer as intenções implícitas nos discursos do cotidiano e propiciar a possibilidade de um posicionamento diante deles; • desenvolver o uso da língua escrita em situações discursivas por meio de práticas sociais que considerem os interlocutores, seus objetivos, o assunto tratado, além do contexto de produção; • analisar os textos produzidos, lidos e/ou ouvidos, possibilitando que o aluno amplie seus conhecimentos linguístico-discursivos; • aprofundar, por meio da leitura de textos literários, a capacidade de pensamento crítico e a sensibilidade estética, permitindo a expansão lúdica da oralidade, da leitura e da escrita; • aprimorar os conhecimentos linguísticos, de maneira a propiciar acesso às ferramentas de expressão e compreensão de processos discursivos, proporcionando ao aluno condições para adequar a linguagem aos diferentes contextos sociais, apropriando-se, também, da norma padrão. É importante ressaltar que tais objetivos e as práticas deles decorrentes supõem um processo longitudinal de ensino e aprendizagem que se inicia na alfabetização, consolida-se no decurso da vida acadêmica e não se esgota no período escolar, mas se estende por toda a vida. Os gêneros, segundo BAKHTIN (1997, p.179), são caracterizados pelo conteúdo temático, pelo estilo e pela construção composicional, que numa esfera de utilização apresentam tipos relativamente estáveis de enunciados, tais como o conto, o relato, o texto de opinião, a entrevista, o artigo, o resumo, a receita, a conta de luz, os manuais, entre outros. A escolha do gênero depende do contexto imediato e, consequentemente, da finalidade a que se destina, dos destinatários e do conteúdo. O trabalho com a diversidade de gêneros textuais possibilita o confronto de diferentes discursos sobre a mesma temática e ainda, permite uma metodologia 436 “interdisciplinar com atenção especial para o funcionamento da língua e para as atividades culturais e sociais” (MARCUSCHI, 2005, p.18). Além disso, contribui para que o educando perceba a organização e os elementos de construção dos diferentes gêneros ou tipos textuais para que o educando possa reconhecer a finalidade, as características e produzir textos, seja do tipo narrativo, descritivo, argumentativo ou expositivo, entre outros. A enunciação é dotada de tema e significação. O tema dá sentido na realização da enunciação, uma vez que ele é determinado não só pelas formas linguísticas, mas também pelos elementos não verbais da situação. Segundo Bakhtin (1986, p. 132) “ toda palavra usada na fala real possui não apenas tema e significação no sentido objetivo, de conteúdo, desses termos, mas também um acento de valor ou apreciativo, isto é, quando um conteúdo objetivo é expresso (dito ou escrito) pela fala viva, ele é sempre acompanhado por um acento apreciativo determinado. Sem acento apreciativo não há palavra”. O tema e a significação indicam as particularidades de estilo e composição do enunciado, esclarecendo a que gênero pertence o texto, se é composto por um ou por diferentes tipos de discurso, considerando um acento de valor, ou seja, “convém discernir igualmente o grau de firmeza ideológica, o grau de autoritarismo e de dogmatismo que acompanha a apreensão do discurso” Bakhtin (1986, p.149). Nesse enfoque há que se considerar o contexto de produção e o conteúdo temático que o sujeito utiliza para produzir um texto, envolvendo os três mundos distintos, interiorizados por ele: o mundo físico, o mundo social e o mundo subjetivo, Assim, o contexto de produção ou a situação comunicativa exercem influências na forma como um texto se apresenta. Ler um texto, nessa perspectiva, significa perceber o contexto histórico, social, econômico, filosófico e político em que ele se insere, assim como a ideologia, a finalidade do texto, a posição do autor e o possível interlocutor, dentre outros elementos tais como a escolha pela linguagem utilizada, os elementos gramaticais e seus efeitos na construção do texto nos diferentes gêneros textuais nos momentos de reflexão sobre a língua. 437 GÊNEROS DISCURSIVOS Para o trabalho das práticas de leitura, escrita, oralidade e análise linguística serão adotados como conteúdos básicos os gêneros discursivos conforme suas esferas sociais de circulação. Caberá ao professor fazer a seleção de gêneros, nas diferentes esferas, de acordo com o Projeto Político Pedagógico, com a Proposta Pedagógica Curricular, com o Plano Trabalho Docente, ou seja, em conformidade com as características da escola e com o nível de complexidade adequado a cada uma das séries. GÊNEROS DISCURSIVOS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL Literários/artísticos: contos de fadas, lendas, causos e fábulas, história em quadrinhos, poema, cantigas, parlendas, trovas e trava-línguas, contos fantásticos, provérbios, poema, música, memórias, narrativas de enigma, narrativas de terror, crônica, dramáticos, contos de aventuras, contos de fada, contos de fadas contemporâneos, fábulas; Cotidiano: carta, e-mail, cartão, aviso, convite, receita culinária, anedota, piada, quadrinha, cartão, cartão postal, diário, entrevista, comunicado, curriculum vitae, comunicado; literária: contos, fábulas, haicai, poesia, histórias em quadrinhos, narrativas de aventura imprensa: comentários, carta do leitor, charge, notícia, classificados, cartum, charge, classificados, reportagem, manchete, narrativas científicas, contos, crônicas, fábulas contemporâneas, poemas, romances, pinturas; publicitária: anúncio cartaz, folder, placas, fotos... escolar, cartazes, resumo, regras de jogos, verbetes do dicionário, argumentativo, júri simulado, pesquisa, palestra, seminário, midiática: e-mail, desenho animado Publicitária: música, paródia, publicidade comercial, slogan; Prescritivos: bula de remédio, manual de instrução; Midiática: filme, entrevista, telejornal, vídeo-clip, blog, filme. Escolar: relatório, resumo, resenha, texto de opinião, texto argumentativo; texto 438 Imprensa: reportagem televisiva, infográfico, carta do leitor, carta de reclamação, artigo de opinião, carta ao leitor, carta do leitor; Publicitários: comercial televisivo, propaganda e slogan, texto político, publicidade oficial; Jurídica: depoimento, requerimento, estatutos, contrato, ofício, procuração GÊNEROS DISCURSIVOS PARA O ENSINO MÉDIO Jurídica: boletim de ocorrência, Constituição Brasileira, contrato, declaração dos direitos, depoimentos, discurso de acusação, discurso de defesa, ofício; Produção e consumo: bulas, manual técnico, placas, rótulo/embalagens Midiática: chat , torpedo, e-mail, entrevista, filmes, reality show, telenojornail, videoclip. Literária/Artística: contos, crônicas de ficção, histórias em quadrinhos, narrativas de humor, narrativas de terror, romance, textos dramáticos, narrativas de ficção científica, romances; Imprensa: artigo de opinião, carta ao leitor, carta do leitor, charge, classificados, crônica jornalística, editorial, entrevista (oral e escrita), infográfico, manchete, notícia, reportagens, resenha crítica, sinopses de filmes, tiras. Escolar: ata, debate regrado, diálogo/discussão argumentativa, exposição oral, juri simulado, pesquisas, relatório, resumo, texto argumentativo, texto de opinião. LEITURA • Tema do texto; • Interlocutor; • Finalidade; • Argumentos do texto; • Discurso direto e indireto; • Elementos composicionais do gênero; • Léxico; − 439 • Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais no texto, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito), figuras de linguagem. • Ambiguidade, • Intertextualidade, • Vozes sociais presentes no texto, • Semântica, • Sentido figurado, • expressões que denotam ironia e humor no texto, • partículas conectivas do texto, • polissemia. ESCRITA • Contexto de produção; • Interlocutor; • Finalidade do texto; • Informatividade; • Argumentatividade; • Discurso direto e indireto; • Elementos composicionais do gênero; • Divisão do texto em parágrafos; • Marcas linguísticas: coesão, coerência, das classes gramaticais no texto, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito), figuras de linguagem; • Processo de formação de palavras; • Acentuação gráfica; • Ortografia; • Concordância verbal/nominal • Processo de formação de palavras, • Vícios de linguagem, • Sintaxe de regência. 440 ORALIDADE • Tema do texto; • Finalidade; • Argumentos; • Papel do locutor e interlocutor; • Elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos...; • Adequação do discurso ao gênero; • Turnos de fala; • Variações linguísticas; • Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição, recursos semânticos. • Elementos semânticos, • Adequação da fala ao contexto(uso de conectivos, gírias, repetições, etc) • Diferenças e semelhanças entre discurso oral e escrito. 4.10.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA DISCIPLINA A concepção assumida em Língua Portuguesa pressupõe ações pedagógicas pautadas na construção do conhecimento de forma crítica, reflexiva, engajada na realidade, de modo a privilegiar a relação teoria-prática, na busca da apreensão das diferentes formas de apresentação do saber. Nesse sentido, a organização do planejamento pedagógico pressupõe a reflexão sobre a linguagem a partir de temáticas que exploram os diferentes gêneros discursivos , com o objetivo de analisar as práticas de linguagem, ou seja, leitura, oralidade, produção escrita permeados pela análise linguística. A avaliação será contínua, diagnóstica e cumulativa priorizando a qualidade e o processo de aprendizagem, ou seja, o desempenho do aluno durante o ano letivo estará adequado ao cotidiano da sala de aula. O professor deverá compreender e levar em conta as concepções de linguagem que assumem a língua enquanto interação e enquanto discurso, 441 respeitar as diferenças, promovendo uma ação pedagógica de qualidade, desmistificados padrões pré- estabelecidos e conceitos ortodoxos. A prática de leitura pressupõe a análise de diferentes linguagens, seja na forma verbal ou não verbal: iconográfica (imagens, desenhos, filmes, charges, outdoors, entre outros), cinética (sonora, olfativa, tátil, visual e gustativa) e alfabética, nos diferentes níveis. Os diferentes níveis de leitura constituem-se num meio para identificar, nos diversos gêneros, o conteúdo temático, os recursos linguísticos, os elementos de construção do texto, localizar as informações explícitas, subentender as implícitas, fazer ligação entre o conhecimento do educando e o texto, bem como estabelecer relações intertextuais. Os gêneros discursivos apresentados aos educandos precisam contemplar as possíveis situações de uso social da linguagem nas atividades propostas, tendo por objetivo identificar a finalidade do texto, a posição assumida pelo autor, o contexto social, político, histórico, econômico, filosófico, entre outros, com destaque para as variedades linguísticas, os mecanismos gramaticais e os lexicais na construção do texto. Nesse contexto, salienta-se a importância de apreender os dados sobre o autor (biografia), a fonte referencial (data, local, suporte de texto), além do interlocutor a quem se destina o texto. Os mecanismos gramaticais e lexicais não são estudados de forma descontextualizada ou com a intenção da apropriação da metalinguagem, mas a partir do texto para que o educando possa reconhecê-los como elementos de construção textual dos gêneros estilísticos e do cotidiano, uma vez que o objetivo do ensino da língua é orientar para o uso social da linguagem, de acordo com a norma padrão. Para isso, faz-se necessária a prática orientada da produção oral e escrita de textos dos diferentes gêneros do discurso. O desenvolvimento dessa prática é importante porque o texto do educando revela, além do conhecimento de mundo, os conteúdos aprendidos e os que devem ser priorizados no planejamento do educador. 442 Para a seleção de conteúdos essenciais do Ensino Fundamental e Médio, bem como para as práticas de linguagem , foram utilizados os seguintes critérios: o perfil do educando da EJA; a diversidade cultural; a experiência social construída historicamente e os conteúdos significativos a partir de atividades que facilitem a integração entre os diferentes saberes. É importante destacar que embora os conteúdos sejam os mesmos para os dois níveis de ensino, o que difere é o grau de complexidade dos textos apresentados para a reflexão sobre a linguagem. ABORDAGEM TEÓRICO METODOLÓGICO DO ENSINO FUNDAMENTAL LEITURA É importante que o professor: • Propicie práticas de leitura de textos de diferentes gêneros; • Considere os conhecimentos prévios dos alunos; • Formule questionamentos que possibilitem inferências sobre o texto; • Encaminhe discussões sobre: tema, finalidade, intenções, intertextualidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade, temporalidade, vozes sociais e ideologia; • Proporcione análises para estabelecer a referência textual; • Estimule leituras que suscitem no reconhecimento do estilo, que é próprio de cada gênero; • Incentive a percepção dos recursos utilizados para determinar causa e consequência entre as partes e elementos do texto; • Conduza leituras para a compreensão das partículas conectivas; • Instigue a identificação e reflexão dos sentidos de palavras e/ou expressões figuradas, bem como de expressões que denotam ironia e humor; • Promova a percepção de recursos utilizados para determinar causa e consequência entre as partes e elementos do texto; • Utilize textos verbais diversos que dialoguem com não verbais, como gráficos, fotos, imagens, mapas, e outros; • Relacione o tema com o contexto atual; 443 • Oportunize a socialização das ideias dos alunos sobre o texto; ESCRITA É importante que o professor: • Planeje a produção textual a partir da delimitação do tema, do interlocutor, finalidade, intenções, intertextualidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade, temporalidade e ideologia; • Proporcione o uso adequado de palavras e expressões para estabelecer a referência textual; • Estimule o uso de palavras ou expressões no sentido conotativo e denotativo, bem como de expressões que denotam ironia e humor, figuras de linguagem no texto; • Conduza a utilização adequada das partículas conectivas ; • Encaminhe a reescrita textual: revisão dos argumentos/das ideias, dos elementos que compõem o gênero (por exemplo: se for uma narrativa de aventura, observar se há o narrador, quem são os personagens, tempo, espaço, se o texto remete a uma aventura); • Analise se a produção textual coerente e coesa, se há continuidade temática, se atende à finalidade, se a linguagem está adequada ao contexto; • Conduza na reescrita, há uma reflexão dos elementos discursivos, textuais, estruturais e normativos. ORALIDADE É importante que o professor: • Oriente sobre o contexto social de uso do gênero oral selecionado; • Organize apresentações de textos produzidos pelos alunos, levando em conta a aceitabilidade, informatividade, situacionalidade e finalidade do texto; • Prepare apresentações que explorem as marcas linguísticas típicas da oralidade em seu uso formal e informal; • Estimule contação de histórias de diferentes gêneros, utilizando-se dos recursos extralinguísticos, como entonação, pausas, expressão facial e outros; 444 • Selecione discursos de outros para análise dos recursos da oralidade, como cenas de desenhos, programas infanto-juvenis, entrevistas, reportagens, entre outros; • Propicie análise e comparação dos recursos veiculados em diferentes fontes como jornais, emissoras de TV, emissoras de rádio, etc, a fim de perceber a ideologia dos discursos dessas esferas; • Proponha reflexões sobre os argumentos utilizados nas exposições orais dos alunos, e sobre a utilização dos recursos de causa e consequência entre as partes e elementos do texto. ABORDAGEM TEÓRICO METODOLÓGICO DO ENSINO MÉDIO LEITURA É importante que o professor: • Propicie práticas de leitura de textos de diferentes gêneros; • Considere os conhecimentos prévios dos alunos; • Formule questionamentos que possibilitem inferências a partir de pistas textuais; • Encaminhe discussões e reflexões sobre: tema, finalidade, intenções, intertextualidade, aceitabilidade, informatividade, situcionalidade, temporalidade, vozes sociais e ideologia; • Contextualize a produção: suporte/fonte, interlocutores, finalidade, época: referente à obra literária, explore os estilos do autor, da época, situe o momento de produção da obra e dialogue com o momento atual, bem como as outras áreas do conhecimento; • Utilize textos verbais diversos que dialoguem como não-verbais, como gráficos, fotos, imagens, mapas e outros; • Relacione o tema com o contexto atual; • Oportunize a socialização das ideias dos alunos sobre o texto; • Instigue o entendimento/reflexão das palavras em sentido figurado; • Estimule leituras que suscitem o reconhecimento do estilo, que é próprio de cada gênero; 445 • Incentive a percepção dos recursos utilizados para determinar causa e consequência entre as partes e elementos do texto; • Proporcione análises para estabelecer a progressão referencial do texto; • Conduza leituras para a compreensão das partículas conectivas. ESCRITA É importante que o professor: • Planeje a produção textual a partir: da delimitação do tema, do interlocutor, intenções, contexto de produção do gênero; • Proporcione o uso adequado de palavras e expressões para estabelecer a referência textual; • Conduza a utilização adequada dos conectivos; • Estimule a ampliação de leituras sobre o tema e o gênero proposto; • Acompanhe a produção do texto; • Instigue o uso de palavras e/ou expressões no sentido conotativo; • Estimule produções que suscitem o reconhecimento do estilo, que é próprio de cada gênero; • Incentive a utilização de recursos de causa e consequência entre as partes e elementos do texto; • Encaminhe a reescrita textual: revisão dos argumentos/das ideias, dos elementos que compõe o gênero (por exemplo: se for um artigo de opinião, observar se há uma questão problema, se apresenta defesa de argumentos, se a linguagem está apropriada, se há continuidade temática, etc.); • Analise se a produção textual está coerente e coesa, se há continuidade temática, se atende à finalidade, se a linguagem está adequada ao contexto; • Conduza, na reescrita, a uma reflexão dos elementos discursivos, textuais, estruturais e normativos. ORALIDADE É importante que o professor: 446 • Organize apresentações de textos produzidos pelos alunos levando em consideração a: aceitabilidade, informatividade, situcionalidade e finalidade do texto; • Proponha reflexões sobre os argumentos utilizados nas exposições orais dos alunos, e sobre a utilização dos recursos de causa e consequência entre as partes e elementos do texto; • Oriente sobre o contexto social de uso do gênero oral selecionado; • Prepare apresentações que explorem as marcas linguísticas típicas da oralidade em seu uso formal e informal; • Estimule conotação de histórias de diferentes gêneros, utilizando-se dos recursos extralinguísticos, como entonação, expressão facial, corporal e gestual, pausa e outros; • Selecione discursos de outros para análise dos recursos da oralidade, como seminários, telejornais, entrevistas, reportagens, entre outros; • Propicie análise e comparação dos recursos veiculados em diferentes fontes como jornais, emissoras de TV, emissoras de rádio, etc., a fim de perceber a ideologia dos discursos dessas esferas. A EJA contempla, também, o atendimento a educandos com necessidades educativas especiais, inserindo estes no conjunto de educandos da organização coletiva ou individual, priorizando ações que oportunizem o acesso, a permanência e o êxito dos mesmos no espaço escolar, considerando a situação em que se encontram individualmente estes educandos. Uma vez que esta terminologia pode ser atribuída a diferentes grupos de educandos, desde aqueles que apresentam deficiências permanentes até aqueles que, por razões diversas, fracassam em seu processo de aprendizagem escolar, a legislação assegura a oferta de atendimento educacional especializado aos educandos que apresentam necessidades educativas especiais decorrentes de: • deficiência mental, física/neuromotora, visual e auditiva; • condutas típicas de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos; • superdotação/altas habilidades. 447 É importante destacar que “especiais” devem ser consideradas as alternativas e as estratégias que a prática pedagógica deve assumir para remover barreiras para a aprendizagem e participação de todos os alunos. 6 Desse modo, desloca-se o enfoque do especial ligado ao educando para o enfoque do especial atribuído à educação. Mesmo que os educandos apresentem características diferenciadas decorrentes não apenas de deficiências mas, também, de condições sócio-culturais diversas e econômicas desfavoráveis, eles terão direito a receber apoios diferenciados daqueles normalmente oferecidos pela educação escolar. Garante-se, dessa forma, que a inclusão educacional realize-se, assegurando o direito à igualdade com equidade de oportunidades. Isso não significa o modo igual de educar a todos, mas uma forma de garantir os apoios e serviços especializados para que cada um aprenda, resguardando-se suas singularidades. Deve-se fazer um trabalho que aborde a temática da coordenação de desenvolvimento socioeducacional como: 1. Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99 como desenvolvimento da Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das relações entre o homem e o meio bio-físico; 2. Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre direitos e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social do estado democrático; 3. Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e formação de uma consciência crítica sobre violência e, assim, transformar a escola e espaço onde o conhecimento toma o lugar da força; 4. História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei 10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e cultura Afro-Brasileira e Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE. Promovendo assim, o reconhecimento da identidade, da história e da cultura da população negra, 6 CARVALHO, R.E. Removendo barreiras à aprendizagem. Porto Alegre, 2000, p.17. 448 assegurando a igualdade e a valorização das raízes africanas ao lado das indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da história e cultura AfroBrasileira e Africana. 5. Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores e crenças pessoais. Os educadores e os educandos são instigados em conhecer assuntos relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e discriminação ao usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia, entre outros; 6. Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve considerar os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia. É importante ressaltar que durante as aulas de Língua Portuguesa e Literatura, será dado enfoque às Relações Étnico-Raciais, ao ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e à Educação do campo, através de estudos, pesquisas e produção de textos abordando a riquíssima contribuição dos mesmos à nossa realidade social e cultura (alimentação, música, religião, vocabulário, literatura, poesia e arte). Incluir como conteúdo básico também em todas as séries, durante o período letivo a prevenção à droga e violência nas escolas, sexualidade, educação ambiental e fiscal, Prontidão Escolar Preventiva, os quais são temas de desafios educacionais contemporâneos, assuntos esses polêmicos, complexos, desafiadores, sobretudo ao ser abordado no campo educacional, nas diversas disciplinas do currículo por conteúdos embasados nas DCEs que visam promover o desenvolvimento da aprendizagem num processo permanente de busca de informações a partir de uma abordagem contextualizada, histórica, social e política. Assim, para que tais conteúdos façam sentido para os educandos nas diversas realidades regionais, culturais e econômicas, são trabalhados os conteúdos obrigatórios conforme dispostos na Instrução nº 009/2011 SUED/SEED, sendo contemplados concomitantes aos conteúdos específicos da disciplina consonância com as Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa. em 449 RECURSOS DIDÁTICOS: 2. Laboratório de informática; 3. livros de leitura; 4. lousa e giz; 5. livro didático; 6. aparelho de TV; 7. Fitas de Video, DVDs, Cds; 8. TV pendrive 4.10.4 AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL Nas atividades avaliativas de leitura espera-se que o aluno: • Realize leitura compreensiva do texto e das partículas conectivas; • Localize informações explícitas e implícitas no texto; • Posicione-se argumentativamente; • Amplie seu horizonte de expectativas; • Amplie seu léxico; • Perceba o ambiente no qual circula o gênero; • Identifique a ideia principal do texto; • Analise as intenções do autor; • Deduza os sentidos de palavras e/ou expressões a partir do contexto; • Compreenda as diferenças decorridas do uso de palavras e/ou expressões no sentido conotativo e denotativo; • Conheça e utilize os recursos para determinar causa e consequência entre as partes e elementos do texto ; • Reconheça palavras e/ou expressões que estabelecem a progressão referencial; • Reconheça o estilo próprio de diferentes gêneros; 450 • Utilize adequadamente recursos linguísticos como pontuação, uso e função do artigo, pronome, substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, preposição, conjunção, etc. • Utilize recursos textuais como coesão e coerência, informatividade, etc. • Entenda o papel sintático e estilístico dos pronomes na organização, retomadas e sequenciação do texto; • Perceba a pertinência e use os elementos discursivos, textuais, estruturais e normativos, bem como os recursos de causa e consequência entre as partes e elementos do texto. Nas atividades de escrita espera-se que o aluno: • Expresse as ideias com clareza; • Elabore/reelabore textos de acordo com o encaminhamento do professor, atendendo: às situações de produção propostas (gênero, interlocutor, finalidade...); à continuidade temática; • Diferencie o contexto de uso da linguagem formal e informal; • Use recursos textuais como coesão e coerência, informatividade, etc; • Entenda o papel sintático e estilístico dos pronomes na organização, retomadas e sequenciação do texto; • Perceba a pertinência e use os elementos discursivos, textuais, estruturais e normativos, bem como os recursos de causa e consequência entre as partes e elementos do texto; • Utilize adequadamente recursos linguísticos como pontuação, uso e função do artigo, pronome, substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, preposição, conjunção, etc. Nas atividades de oralidade espera-se que o aluno: ∗ Apresente suas ideias com clareza, coerência e argumentatividade; ∗ Explane diferentes textos, utilizando adequadamente entonação, pausas, gestos, etc; ∗ Expresse oralmente suas ideias de modo fluente e adequado ao gênero proposto; 451 ∗ Analise os argumentos dos colegas de classe em suas apresentações e/ ou nos gêneros orais trabalhados; ∗ Participe ativamente dos diálogos, relatos, discussões, etc; ∗ Utilize o discurso de acordo com a situação de produção ( formal/ informal); ∗ Obtenha fluência na exposição oral, em adequação ao gênero proposto; ∗ Compreenda argumentos do discurso do outro; ∗ Exponha objetivamente argumentos; ∗ Organize a sequência da fala; ∗ Respeite os turnos de fala; ∗ Utilize conscientemente expressões faciais, corporais e gestuais, pausas e entonação nas exposições orais entre outros elementos extralinguísticos; ∗ Analise recursos da oralidade em cenas de desenhos, programas infanto-juvenis, entrevista, reportagens entre outros. A avaliação precisa ser entendida como instrumento de compreensão do nível de aprendizagem dos alunos em relação às práticas de linguagem: leitura, produção de texto e análise linguística, para que o educador possa re-encaminhar seu planejamento. O processo avaliativo deve ser coerente com os objetivos propostos e com os encaminhamentos metodológicos. Desse modo, a avaliação deve ser dialética, ou seja, o educando confronta-se com o objeto do conhecimento, com participação ativa, valorizando o fazer e o refletir. Sendo assim, o erro no processo ensino-aprendizagem indica os conteúdos que devem ser retomados. Portanto, o trabalho com as práticas de linguagem deve partir das necessidades dos educandos. Para isso, é importante que o educador dê significado ao objeto do conhecimento, lance desafios aos educandos, incentive os questionamentos e exerça a função de mediador da aprendizagem, valorizando a interação. 452 Em consonância com o currículo escolar e os objetivos propostos pelo estabelecimento de ensino, os resultados serão expressos de 0(zero) a 10(dez), obedecendo aos seguintes critérios: realização de provas bimestrais, (no mínimo duas), perfazendo o total de 5,0 (cinco vírgula zero) pontos referentes ao domínio dos conteúdos e os outros 5,0 (cinco vírgula zero) serão computados somativamente, considerando trabalhos individuais ou em grupos, tarefas e pesquisas. Os instrumentos de avaliação serão: testes de aproveitamento orais e / ou escritos, tarefas específicas, pesquisas, relatórios, exposições, trabalhos, experiências e conclusões, provas. A recuperação paralela está garantida aos alunos, independentemente do seu rendimento nas diversas avaliações feitas durante o bimestre. Ela servirá de subsídio ao aluno, a fim de que este possa rever os conteúdos e, com isso, ter a possibilidade de efetivação da aprendizagem. Ela acontecerá de forma que contemple as dificuldades de aprendizagem dos alunos, assim que forem observadas. Será retomado o conteúdo pelo professor de forma diferenciada, podendo ser através de perguntas e respostas orais, escritas, resolução de atividades no caderno e no quadro, solicitação de pesquisas a serem realizadas pelos alunos com novas avaliações e mensurações. As avaliações para alunos com necessidades especiais serão feitas valorizando as potencialidades e especificidades de cada aluno, atendendo ao disposto no Artigo 58, da LDB 9394/98. AVALIAÇÃO DO ENSINO MÉDIO Nas atividades avaliativas de leitura espera-se que o aluno: • Efetue leitura compreensiva, global, crítica e analítica de textos verbais e não verbais; • Localize informações explicitas e implícitas no texto; • Produza inferências a partir de pistas textuais; • Posicione-se argumentativamente; • Amplie seu léxico; 453 • Perceba o ambiente no qual circula o gênero; • Identifique a ideia principal do texto; • Analise as intenções do autor; • Identifique o tema; • Referente à obra literária, amplie seu horizonte de expectativas, perceba os diferentes estilos e estabeleça relações entre obras de diferentes épocas com o contexto histórico atual; • Deduza os sentidos de palavras e/ou expressões a partir do contexto; • Compreenda as diferenças decorridas do uso de palavras e/ou expressões no sentido conotativo; • Conheça e utilize os recursos para determinar causa e consequência entre as partes e elementos do texto; • Reconheça palavras e/ou expressões que estabelecem a progressão referencial; • Entenda o estilo que é próprio de cada gênero. No processo avaliativo da escrita espera-se que o aluno: Expresse ideias com clareza; Elabore textos atendendo: às situações de produção propostas (Gênero, interlocutor, finalidade...); à continuidade temática; Use recursos textuais como coesão e coerência, informatividade, intertextualidade etc; Diferencie o contexto de uso da linguagem formal e informal; Utilize adequadamente recursos linguísticos como pontuação, uso e função do artigo, pronome, substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, preposição, conjunção, etc; Empregue palavras e/ou expressões no sentido conotativo; Perceba a pertinência e use os elementos discursivos, textuais, estruturais e normativos; Reconheça palavras e/ou expressões que estabelecem a progressão referencial; 454 Entenda o estilo, que é próprio de cada gênero. No processo avaliativo da oralidade espera-se que o aluno: Utilize seu discurso de acordo com a situação de produção (formal/informal); Apresente ideias com clareza; Obtenha fluência na exposição oral, em adequação ao gênero proposto; Compreenda os argumentos do discurso do outro; Exponha objetivamente seus argumentos e defenda claramente suas ideias; Organize a sequência da fala de modo que as informações não se percam; Respeite os turnos de fala; Analise, contraponha, discuta os argumentos apresentados pelos colegas em suas apresentações e/ou nos gêneros orais trabalhados; Contra-argumente ideias formuladas pelos colegas em discussões, debates, mesas redondas, diálogos, discussões, etc; Utilize de forma intencional e consciente expressões faciais, corporais e gestuais, pausas e entonação nas exposições orais, entre outros elementos extralinguísticos. Aos poucos, o processo de uso da língua dentro das diversas situações passa a configurar-se com naturalidade, já que ao emitir opiniões, colher e dar informações, fazer e dar entrevistas, pesquisar e apresentar, o aluno percebe que comunicação é algo nato do ser humano. Em todas as atividades de leitura, conversa informal, recados e comentários sobre leituras realizadas será avaliado o grau de dificuldade encontrado a fim de solucionar possíveis obstáculos; para tanto a leitura de diferentes gêneros textuais terá diferentes propósitos: livre fruição, busca de informações, produção de texto, etc. A discussão sobre temas ou proposta de produção de temas desencadeia debates, relatos, opiniões, argumentação, informação, levando ao uso 455 da linguagem informal e formal, a situacionalidade e intencionalidade do texto. Ainda em relação à análise linguística, as práticas textuais serão trabalhadas com as características estruturais dos diversos tipos textuais no domínio da modalidade escrita da língua por meio da revisão, reestruturação e reescrita do texto e do estudo da língua a partir dos textos lidos ou ouvidos. AVALIAÇÃO NA ORALIDADE A oralidade será avaliada com a participação do aluno nas atividades que envolvem a fala, a escuta e reflexão sobre a língua. No trabalho com a oralidade será observada a clareza ao expor as ideias, a fluência da fala, desembaraço, argumentação ao apresentar seu ponto de vista, adequação do discurso à situação e interlocutor. AVALIAÇÃO NA LEITURA As atividades de leitura envolverão questões abertas, discussões, debates, formulação de perguntas, resumos, pesquisas e apresentações. AVALIAÇÃO NA ESCRITA Nos textos produzidos será observada a adequação da produção considerando as características do gênero estudado à norma padrão de acordo com a funcionalidade do texto. Verificados os problemas na construção do texto, o mesmo será reescrito para adequação quanto à estrutura, ortografia, acentuação, pontuação, concordância e coerência. Após a realização nas atividades, constatando-se que o aluno não conseguiu atingir objetivo proposto, os conteúdos serão retomados e reavaliados com atividade complementar orientada, pesquisa, trabalho em parceria, pequenos grupos ou monitoria, paralelamente ao processo de ensino aprendizagem, onde o mesmo terá a oportunidade de verificação através de trabalhos direcionados contemplando as três práticas discursivas. Aos alunos com necessidades especiais se farão adequações no prédio ( acessibilidade ) e no currículo, e o ensino será de forma que o mesmo, dentro de suas possibilidades e limitações possa se apropriar dos conhecimentos. A Avaliação deste aluno será de forma diferenciada adequada às suas necessidades. 456 Variedades linguísticas Norma culta, dialetos, gírias, regionalismos, outras formas de registros. Funções da linguagem. Língua e linguagem, comunicação. Linguagem verbal e não-verbal. Gêneros textuais ou discursivos Elementos da construção dos diferentes gêneros discursivos e tipos de textos (informativo, instrucional, poético, narrativo, carta, bilhete, sinopse, etc.) Análise do discurso: linguagem, aspecto formal, finalidade, estilo, ideologia, posição do autor, ideologia, contexto histórico, social, econômico, político, argumentação, adequação do discurso e interlocutor entre outros. Elementos coesivos e coerência textual: unidade temática, elementos lógico-discursivos, tese, organização dos parágrafos, contexto discursivo, interlocutor, ideia central, sequencia lógica, progressão, retomada dos elementos coesivos, título como elemento coesivo entre outros. Discurso direto e indireto. Recursos visuais, sonoros, olfativos, gráficos, etc. Relações referenciais: elipse, repetição, sinais de pontuação. Aspectos formais do texto: acentuação, pontuação, ortografia, paragrafação, título , legibilidade, aceitabilidade, entre outros. Ambiguidade como recurso de construção do texto. Ambiguidade como problema de construção do texto. Informações explícitas, implícitas e intertextualidade. Relações entre imagem e texto. Para o Ensino Ensino Médio devem ser acrescidos os seguintes conteúdos de Literatura: Arte literária e as outras artes. História e literatura. Os gêneros literários e os elementos/recursos que os compõem. 457 Periodização e estilos de época da literatura brasileira: O Quinhentismo brasileiro (literatura de informação), Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo e Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, vanguarda europeias, Pré-Modernismo, Modernismo, Pós-Modernismo. Os períodos literários e a relação com o período histórico, as artes e o cotidiano. 4.10.5 REFERÊNCIAS BAKHTIN, Mikhail (In: VOLOSHINOV, V.N). Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986. BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997. FARACO, Carlos Alberto; CASTRO, Gilberto de. Por uma teoria lingüística que fundamente o ensino de língua materna (ou de como apenas um pouquinho de gramática nem sempre é bom). In: Educar, n.15, Curitiba: UFPR, 1999. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática pedagógica educativa. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004. GERALDI, João Wanderlei (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2001. MAIA, João Domingues. Português: Volume único: livro do professor. São Paulo: Ática, 2005. MARCUSCHI, Luiz antônio. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, Acir Mário; GAYDECKZKA, Beatriz; BRITO, Karim S. (Orgs.) Gêneros textuais: reflexões e ensino. União da vitória: Gráfica Kaygangue, 2005. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos no Estado do Paraná. Curitiba, 2008. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares Da Educação Básica da Língua Portuguesa. Seed- Curitiba, 2008. VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1993. VYGOTSKI, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989 458 4.11 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE LEM ESPANHOL 2. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA O ensino das línguas modernas começou a ser valorizado somente depois da chegada da família real portuguesa ao Brasil, em 1808. Em 1809, com a assinatura do decreto de 22 de junho, pelo príncipe regente D. João VI, criaram-se as cadeiras de inglês e francês com o objetivo de melhorar a instrução pública e de atender às demandas advindas da abertura dos portos ao comércio. A aprendizagem de língua estrangeira contribui para o processo educacional como um todo, indo muito além da aquisição de um conjunto de habilidades linguísticas, pois a língua inglesa se destaca por ser a língua mais usada nas transações comerciais, especialmente devido a dependência econômica do Brasil em relação aos Estados Unidos. O domínio de uma Língua Estrangeira leva o educando a uma nova percepção da natureza da linguagem, amplia a compreensão de como a linguagem funciona e desenvolve maior consciência do funcionamento da própria língua materna. Ao mesmo tempo, ao promover uma apreciação dos costumes e valores de outras culturas, contribui para desenvolver a percepção da própria cultura por meio da compreensão da cultura(s) estrangeira(s). Portanto, ensinar e aprender línguas é também ensinar e aprender percepções de mundo e maneiras de atribuir sentidos reportando-se à compreensão tanto das culturas estrangeiras quanto da cultura materna. Ao propormos o ensino de qualquer língua, neste caso específico da Língua Espanhola, precisamos refletir sobre a linguagem, articulando as relações que estabelecemos com o mundo e a visão que construímos sobre ele, porque tudo o que nós fizermos em sala de aula deve ter um objetivo próprio, e devemos fazer o melhor de nós professores para que este objetivo seja alcançado, uma vez que aprender uma nova língua na escola é uma experiência educacional que se realiza para e pelo aluno como reflexo de valores específicos do grupo social ou étnico que mantém essa escola. 459 Considerando que a Língua Espanhola é uma das mais faladas no mundo, e, que a procura por esse idioma adquiriu um âmbito muito maior, tornou-se fundamental que essa língua fosse inserida no currículo escolar, para possibilitar a toda comunidade seu acesso. O ensino da língua espanhola é recente, iniciou-se a partir dos anos 90, impulsionadas por um ideal de redemocratização do país (devido à abertura política) e pela criação do MERCOSUL, as escolas voltaram a ofertar o ensino da língua espanhola em seus currículos, porém sem suplantá-la. A LDB prevê uma Língua Estrangeira Moderna (LEM) como disciplina obrigatória e uma segunda, como optativa (Art. 36, inc. III). Assim, o objetivo do ensino da Língua Estrangeira (LE) é permitir ao educando conhecê-la e usá-la como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais. Precisa-se pensar o ensino e a aprendizagem das Línguas Estrangeiras Modernas em termos de competências abrangentes e não estáticas, uma vez que uma língua é o veículo de comunicação de um povo por excelência e é através de sua forma de expressar-se que esse povo transmite sua cultura, suas tradições, seus conhecimentos. A visão de mundo de cada povo altera-se em função de vários fatores e, conseqüentemente, a língua também sofre alterações para poder expressar as novas formas de encarar a realidade. Daí ser de fundamental importância conceberse o ensino de um idioma estrangeiro objetivando a comunicação real, pois, dessa forma, os diferentes elementos que a compõem estarão presentes, dando amplitude e sentido a essa aprendizagem. Se entendermos que nossos alunos têm a necessidade de se introduzir na sociedade, então o professor é que deve oferecer isso a eles, deverá ser aquele que possibilite essa integração. Diante disso, a metodologia a ser aplicada deve ser aquela que satisfaça as necessidades dos educandos, trabalhando neste contexto a realidade apresentada pelos mesmos, valorizando as relações estabelecidas entre eles e acreditando que cada um deles têm condições de aprender. Propõe-se que a aula de LEM constitua um espaço para que o aluno reconheça e compreenda a diversidade linguística e cultural, de modo que se engaje discursivamente e perceba possibilidades de construção de significados em relação 460 ao mundo que vive. Espera-se que o aluno compreenda que os significados são sociais e historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social. Uma vez que os alunos deste estabelecimento irão ao mercado de trabalho se faz necessário o aprendizado do espanhol. Também porque temos como países vizinhos o Paraguai, Argentina, Uruguai e várias empresas instaladas na cidade e cidades vizinhas cujos proprietários são argentinos e espanhóis, motivo pelo qual é de suma importância o conhecimento desta língua para esses alunos, bem como parte da comunidade escolar. Segundo as Diretrizes espera-se que o aluno: -use a língua em situações de comunicação oral e escrita; -vivencie, na aula de Língua Estrangeira, formas de participação que lhe possibilitem estabelecer relações entre as ações individuais e coletivas; -compreenda que os significados são sociais e historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social; -tenha maior consciência sobre o papel das línguas na sociedade; -reconheça e compreenda a diversidade linguística e cultural, bem como seus benefícios para o desenvolvimento cultural do país. 4.11.2 CONTEÚDOS Conteúdo Estruturante Na disciplina de Língua Estrangeira Moderna, o Conteúdo Estruturante é o Discurso como prática social. Eles se constituem através da história, são legitimados socialmente e, por isso, são provisórios e processuais. Eles estão relacionados com o momento histórico-social. Quando o discurso toma a língua como interação verbal, como espaço de produção de sentidos, ele é chamado de discurso como prática social, isto é, nele a língua é tratada de forma dinâmica, por meio de leitura, de oralidade e de escrita que são as práticas que efetivam o discurso. Ao contrário de uma concepção de linguagem que centraliza o ensino na gramática tradicional, o discurso tem como foco o trabalho com os enunciados (orais 461 e escritos). O uso da língua efetua-se em forma de enunciados, uma vez que o discurso só existe na forma de enunciados. Com isso, nas aulas de espanhol será oportunizado ao aluno a percepção da interdiscursividade, as condições de produção dos diferentes discursos, das vozes que permeiam as relações sociais e de poder. Os níveis de organização linguística – fonético-fonológico, léxico-semântico e de sintaxe – sirvam ao uso da linguagem na compreensão e na produção verbal e não verbal. Conteúdos Básicos Os conteúdos básicos que irão ser trabalhados pertencem às práticas da oralidade, leitura e escrita e análise lingüística. Tais conteúdos devem ser abordados a partir de um gênero, conforme as esferas sociais de circulação: cotidiana, científica, escolar, imprensa, política, literária/artística, produção e consumo, publicitária, midiática, jurídica. Caberá ao professor selecionar um texto significativo pertencente a um gênero, que deve ser compreendido em sua esfera de circulação. Importa menos a quantidade de gêneros trabalhados e mais a qualidade do trabalho pedagógico com aqueles selecionados pelo professor. Os gêneros desenvolvimento do discursivos escolhidos como prioritários trabalho pedagógico em sala de aula serão: anedotas, bilhetes, carta pessoal, convites, exposição para o adivinhas, oral, parlendas, piadas, receitas, relatos de experiências vividas , trava- línguas, fábulas, histórias em quadrinhos, letras de músicas, narrativas de humor, poemas, debate, pesquisas, relatório, resumo, verbetes, cartazes, diálogo/discussão argumentativa, anúncio de emprego, cartum, charge, entrevista (oral e escrita), fotos, horóscopo, notícia, reportagens, sinopses de filmes e tiras. Os gêneros serão retomados em diferentes séries respeitando-se o princípio complexidade crescente. Vale ressaltar que os gêneros indicados não se esgotam nesses tópicos. 462 A abordagem teórico-metodológica e a avaliação estão inseridas na seqüencia para compreensão da proposta dos conteúdos básicos de Língua Estrangeira Moderna. LEITURA Tema do texto; Interlocutor; Finalidade do texto; Aceitabilidade do texto; Informatividade; Situacionalidade; Intertextualidade; Temporalidade; Referência textual; Partículas conectivas do texto; Discurso direto e indireto; Elementos composicionais do gênero; Emprego do sentido conotativo e denotativo no texto; Palavras e/ou expressões que detonam ironia e humor no texto; Polissemia; 463 Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais no texto, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito), figuras de linguagem; Léxico. ESCRITA Tema do texto; Interlocutor; Finalidade do texto; Aceitabilidade do texto; Informatividade; Situacionalidade; Intertextualidade; Temporalidade; Referência textual; Partículas conectivas do texto; Discurso direto e indireto; Elementos composicionais do gênero; Emprego do sentido conotativo e denotativo no texto; Palavras e/ou expressões que detonam ironia e humor no texto; Polissemia; 464 Marcas lingüísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais no texto, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito), figuras de linguagem; Acentuação gráfica; Ortografia; Concordância verbal/nominal. ORALIDADE Conteúdo temático; Finalidade; Aceitabilidade do texto; Informatividade; Papel do locutor e interlocutor; Elementos extralingüísticos: entonação, expressões faciais, corporal e gestual, pausas... Adequação do discurso ao gênero; Turnos de fala; Variações lingüísticas; Marcas lingüísticas: coesão, coerência, gírias, repetição, semântica; Adequação da fala ao contexto (uso de conectivos, gírias, repetições, etc.); Diferenças e semelhanças entre o discurso oral ou escrito. Os alunos poderão pesquisar seus trabalhos em livros, revistas, jornais e outros meios que possam encontrar para que possam realizar suas pesquisas. 465 Esses temas serão trabalhados basicamente de uma só forma, ou seja, a conscientização, esta começando a ser levada primeiramente à sala de aula para ser trabalhada com os alunos, através de textos e outras formas de exposição do tema, e com isso se espera que seja transmitida adiante, através dos alunos para sua família, amigos, comunidade e assim por diante. 4.11.3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA DISCIPLINA Nas Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação de Jovens e Adultos, identificam-se os eixos cultura, trabalho e tempo como articuladores de toda ação pedagógico-curricular. Tais eixos foram definidos a partir da concepção de currículo, como processo de seleção da cultura e do perfil do educando da EJA. A cultura contempla a forma de produção da vida material e imaterial e compõe um sistema de significações envolvido em todas as formas de atividade social (WILLIANS, 1992,apud DCEs da EJA, 2006). A cultura é elemento de mediação entre o indivíduo e a sociedade. A cultura envolve toda a produção humana, inclui o trabalho e todas as relações que ele perpassa. O trabalho compreende, assim, uma forma de produção da vida material a partir da qual se produzem distintos sistemas de significação. É a ação pela qual o homem transforma a natureza e transforma-se a si mesmo. Portanto, a produção histórico-cultural atribui à formação de cada novo indivíduo, também, essa dimensão histórica. A ênfase no trabalho como princípio educativo não deve ser reduzida à preocupação em preparar o trabalhador para atender às demandas do industrialismo e do mercado de trabalho nem apenas destacar as dimensões relativas à produção e às suas transformações técnicas (ARROYO, 2001, apud DCEs da EJA, 2006). Os vínculos entre educação, escola e trabalho situam-se numa perspectiva mais ampla, a considerar a constituição histórica do ser humano, sua formação intelectual e moral, sua autonomia e liberdade individual e coletiva, sua emancipação. 466 Segundo as DCEs da EJA ,uma das razões pelas quais os educandos da EJA retornam para a escola é o desejo de elevação do nível de escolaridade para atender às exigências do mundo do trabalho. Cada educando que procura a EJA, porém, apresenta um tempo social e um tempo escolar vivido, o que implica a necessidade de reorganização curricular, dos tempos e dos espaços escolares, para a busca de sua emancipação. Do ponto de vista da dimensão social, pode-se dizer que os educandos viveram e vivem tempos individuais e coletivos, os quais compreendem os momentos da infância, da juventude, da vida adulta, no contexto das múltiplas relações sociais. Na dimensão escolar, o tempo dos educandos da EJA é definido pelo período de escolarização e por um tempo singular de aprendizagem, bem diversificado, tendo em vista a especificidade dessa modalidade de ensino que considera a disponibilidade de cada um para a dedicação aos estudos. O tempo e o espaço são aspectos da cultura escolar. Portanto, fazem parte da ação pedagógica, regulam e disciplinam educandos e educadores de diversas formas, conforme a escola ou mesmo conforme cada sistema educacional. O ato de ensinar não se dá através de situações prontas, fechadas, definitivas, mas sim como processo de reflexão contínua sobre as inúmeras possibilidades de aprender. Os conteúdos serão desenvolvidos sempre de forma contextualizada, tendo como referencial para a ação pedagógica a realidade social do aluno, e a intencionalidade do trabalho está em sintonia com as exigências que o mundo do trabalho faz àqueles que nele desejam ingressar. Os alunos trabalharão os conteúdos dados de forma individual e em grupo na resolução de problemas. O ensino da língua estrangeira se iniciará com um vocabulário básico, que faça parte do seu eu e do mundo a sua volta. É preciso criar intimidade com a língua para depois chegar a objetivos mais específicos como a gramática por exemplo. As aulas de língua espanhola constituirão um espaço para que o aluno reconheça e compreenda a diversidade lingüística e cultural, de modo que se engaje discursivamente e perceba possibilidades de construção de significados em relação ao mundo que vive. Espera-se que o aluno compreenda que os significados são 467 sociais e historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social. Trabalhar com textos de diversos tipos, como música, propagandas, rótulos, poemas e informes diversos, é parte importantíssima no processo de ensinoaprendizagem da língua estrangeira. Através de textos pode-se estudar, de uma maneira integrada, estruturas gramáticas, vocabulário, compreensão, leitura e produção de texto. Por isso, se trabalhará em sala de aula uma variação de textos, desde os mais simples, ou seja, aqueles que o aluno tem um conhecimento prévio do assunto, até aqueles mais complexos. No que se refere a texto e baseados nas Diretrizes Curriculares, a ênfase do ensino recai sobre a necessidade de os sujeitos interagirem ativamente pelo discurso, sendo capazes de comunicar-se de diferentes formas, materializadas em diferentes tipos de texto, considerando a imensa quantidade de informações que circulam na sociedade. Isso significa participar dos processos sociais de construção de linguagem e de seus sentidos legitimados, e desenvolver uma criticidade, de modo a atribuir o próprio sentido aos textos. O discurso entendido como prática social, que se realiza total ou parcialmente por intermédio de textos. O texto é uma entidade concreta, realizada materialmente e corporificada em um determinado gênero. O que ele produz, ao se manifestar em alguma instância discursiva, é o discurso. Assim, o discurso se realiza nos e pelos textos. Nessa visão, o discurso envolve o texto propriamente dito e os seus aspectos externos, as condições de produção, ou seja, o contexto sóciohistórico-ideológico no qual foi produzido. Em sala de aula será trabalhado os mais variados textos de diferentes gêneros, que levará ao aluno o interesse à pesquisa e à discussão. Será oportunizado ao aluno a escolha das temáticas dos textos, uma vez que um dos objetivos é possibilitar formas de participação que permitam o estabelecimento de relações entre ações individuais e coletivas. Por meio dessa experiência, os alunos poderão compreender a vinculação entre auto interesse e interesses do grupo. Além disso, esta iniciativa poderá levar a escolhas de conteúdos mais significativos, 468 porque resultam da participação de todos, e é este o principal objetivo do ensinoaprendizagem de línguas. Com isso, nas aulas de língua espanhola será abordado vários tipos de textos, em atividades diversificadas, tais como: comparação das unidades temáticas, lingüísticas e composicionais de um texto com outros textos; interpretação da estrutura de um texto a partir das reflexões da sala de aula; leitura e análise de textos de países que falam o mesmo idioma estudado na escola e dos aspectos culturais que ambos veiculam; leitura e análise de textos publicados nacional e internacionalmente sobre um mesmo tema e das abordagens de tais publicações; comparação das estruturas fonéticas, bem como das formações sintáticas e morfológicas da LE estudada com a da LM. O texto como unidade de linguagem em uso, ou seja, de comunicação verbal - escrita, oral ou visual - será o ponto de partida da aula de LEM. Esse texto trará uma problematização em relação a um tema. A busca por sua solução deverá despertar o interesse dos alunos para que desenvolvam uma prática analítica e crítica, ampliem seus conhecimentos lingüísticos e percebam as implicações sociais, históricas e ideológicas presentes num discurso. Paralelo ao estudo das habilidades acima citadas deverá ser feito um trabalho de conversação em sala de aula, para que os alunos possam conhecer a modalidade oral através da simulação de situações reais e proporcionar-lhes uma total integração com a nova língua e mostrar seu uso no dia-a-dia, fato que os estimulará no processo de assimilação da nova língua, levando-se em conta as limitações de cada aluno e, explorando ao máximo seu potencial. Segundo as DCE’s (2008), o conteúdo estruturante está relacionado com o momento histórico-social. Ao tomar a língua como interação verbal, como espaço de produção de sentidos, buscou-se um conteúdo que atendesse a essa perspectiva. 469 Sendo assim, define-se como Conteúdo Estruturante da LEM, o discurso como prática social. A língua será tratada de forma dinâmica, por meio de leitura, de oralidade e de escrita que são as práticas que efetivam o discurso. Busca-se ainda, contemplar na disciplina de LEM – Língua Espanhola a coordenação de desenvolvimento socioeducacional (Educação Ambiental, Educação Fiscal, Prevenção ao Uso Indevido de Drogas, Sexualidade humana, Enfrentamento a Violência contra a criança e adolescente.), assim como todas as temáticas referentes ao item “g” da instrução 009/11 SUED/SEED. 4.11.4 AVALIAÇÃO A avaliação em língua estrangeira tem como objetivo verificar o crescimento do educando e deve ser entendida como um dos aspectos do ensino, através do qual, o professor interpreta os resultados do ensino/aprendizagem, ou seja, de seu próprio trabalho. Sua finalidade é acompanhar, diagnosticar, reavaliar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, seus resultados, atribuindo-lhes valor. O diagnóstico permeará o trabalho fazendo com que haja reflexão e crítica sobre o processo de ensino/aprendizagem não só no desenvolvimento dos educandos, mas, principalmente para verificar o desenvolvimento global da ação pedagógica. Faz-se necessário o uso de vários instrumentos de avaliação por bimestre, não somente para vermos o desempenho do aluno, mas principalmente para poder perceber em qual assunto os alunos tiveram mais dificuldade para que o professor possa retomar o conteúdo de outra forma para que possa sanar as dúvidas que os alunos possam ter, e propor novas avaliações. Em consonância com o Projeto Político Pedagógico e os objetivos propostos pelo estabelecimento de ensino, os resultados serão expressos de 0(zero) a 10(dez), obedecendo aos seguintes critérios: realização de provas bimestrais, (no mínimo duas), perfazendo o total de 5,0 (cinco vírgula zero) pontos e os outros 5,0 (cinco vírgula zero) serão computados somativamente, considerando individuais ou em grupos, tarefas e pesquisas. trabalhos 470 Os instrumentos de avaliação serão: testes de aproveitamento orais e / ou escritos, tarefas específicas, pesquisas, relatórios, exposições, trabalhos, experiências e conclusões, provas. Aos alunos portadores de necessidades educativas especiais, será feita avaliação diferenciada de acordo com a necessidade que o aluno possa apresentar. A individualidade do aluno e o seu domínio dos conteúdos necessários deverão ser assegurados nas decisões sobre o processo de avaliação será respeitada, bem como a sua participação nas atividades realizadas em sala de aula. A avaliação de Recuperação de Estudos será paralela durante o processo de ensino-aprendizagem, proporcionada para todos os alunos, independentemente da nota alcançada . A recuperação paralela se constituirá de um conjunto integrado ao processo de ensino-aprendizagem. Essa recuperação poderá ser feita através de provas orais e escritas, trabalhos, pesquisas, textos e outras formas para que o aluno possa rever o conteúdo (ou conteúdos) que não aprendeu e assim recuperálos e propor novas avaliações, bem como revisá-lo de uma maneira diferenciada. A recuperação será feita através da retomada de conteúdos , constituindose num conjunto integrado ao processo de ensino/aprendizagem. Nela se desenvolverão estudos paralelos de recuperação propondo aos alunos desafios e atividades diferenciadas complementares, articuladas aos conteúdos trabalhados anteriormente. Será feita com atividades ajustadas às necessidades dos alunos, sendo que todos os alunos tem direito a retomada de conteúdos. Aos alunos com necessidades educacionais especiais a escola deve proporcionar uma adaptação curricular e metodológica , para que o aluno possa superar suas dificuldades de aprendizagem e avançar nos estudos. 4.11.5 REFERÊNCIAS DIRETRIZES CURRICULARES DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA PARA EDUCAÇÃO BÁSICA. Governo do Estado do Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Curitiba, 2008. 471 4.12 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA DISCIPLINA DE LEM INGLÊS 4.12.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA O ensino de LEM sofreu constantes mudanças ao longo da história. A partir de 1759, as línguas que integravam o currículo eram o Latim e o Grego, línguas clássicas consideradas de suma importância para o desenvolvimento do pensamento e da literatura. Para melhorar a instrução pública e atender as demandas do comércio, D. João VI assinou o decreto de 22 de junho de 1809 para criar as cadeiras de Inglês e Francês. A partir daí o ensino de línguas modernas passou a ser valorizado. Em 1840 foi criado o uso do Francês, que era priorizado por representar um ideal de cultura e civilização. A abordagem pedagógica tradicional de gramática-tradução prevaleceu no ensino de línguas modernas. Nessa abordagem entendia-se que o aluno teria melhor desempenho tanto na fala quanto na escrita. Essa metodologia vigorou até o início do século XX. No final do século XIX e início do XX muitos imigrantes vieram ao Brasil em busca de melhores condições de vida, criando colônias de imigrantes. Estes, por sua vez, organizaram-se para construir escolas para seus filhos, uma vez que a escolarização já fazia parte da vida dessas populações em seus países de origem e o Estado brasileiro não ofertava atendimento escolar para todas as crianças. Eram ensinadas a língua e a cultura dos imigrantes. O Português passou a ser língua estrangeira, quando era ensinado. Para efetivar os propósitos nacionalistas, em 1917 o governo decidiu fechar as escolas estrangeiras ou de imigrantes e criou a partir de 1918, as escolas primárias sob a responsabilidade dos estados para impedir a desnacionalização da escola. Na reforma de 1931, estabeleceu-se um método de ensino de Língua Estrangeira- o Método Direto que visava a comunicação na língua, sem intervenção da língua materna e sem a tradução. A responsabilidade pelos rumos educacionais após a segunda guerra passou a ser centralizada no Ministério de Educação e Saúde, que indicava aos estabelecimentos de ensino o idioma a ser ministrado nas escolas, a metodologia e 472 o programa curricular para cada série. O MEC preconizava que a disciplina de Língua Estrangeira deveria contribuir tanto para a formação do aprendiz quanto para o acesso ao conhecimento e à reflexão sobre as civilizações estrangeiras e tradições de outros povos. Na década de 1940, falar Inglês passou a ser imprescindível de modo que a língua passou a ter mais espaço tomando o lugar do Francês, mas acabou perdendo seu lugar devido ao ensino cada vez mais técnico e a carga horária diminuiu. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1961 criou os Conselhos de Educação os quais poderiam incluir ou não o ensino de línguas estrangeiras nos currículos. Essa mesma lei retirou a obrigatoriedade do ensino de língua estrangeira no colegial. Na década de 1970, contrapondo-se ao modelo inatista de aquisição de linguagem, iniciou-se no Brasil a discussão das teorias de Piaget sobre a abordagem cognitiva e construtivista. Nessa abordagem, a aquisição da língua é entendida como resultado da interação entre o organismo e o ambiente, em assimilações e acomodações responsáveis pelo desenvolvimento da inteligência. Com a lei 5.692/71 o governo militar desobrigou a inclusão de línguas estrangeiras nos currículos de primeiro e segundo graus para não impregnar-se com culturas estrangeiras. Em 1976 o Inglês voltou a ser valorizado no segundo grau quando passou a ser obrigatório. Em meados de 1980, criou-se no Paraná os centros de idiomas (CELEM) para valorizar os idiomas e isso preserva-se já a vinte anos. O surgimento de teorias da análise do discurso francesas enfatiza o texto e não mais a gramática. Em paralelo, teorias da análise do discurso das Escolas Anglo-Saxãs subsidiaram o ensino pautado na abordagem comunicativa. Em 1999, o MEC publicou os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira Moderna, enfatizando o ensino da comunicação oral e escrita. Em contraposição a isso, lingüistas aplicados têm estudado novos referenciais teóricos que atendam às demandas da sociedade e contribuam para uma consciência crítica da aprendizagem, mais especificamente, da língua estrangeira. Tais estudos e pesquisas têm orientado as propostas mais recentes para o ensino 473 de Língua Estrangeira no contexto educacional brasileiro e servem de subsídios na elaboração destas Diretrizes. A aprendizagem de língua estrangeira contribui para o processo educacional como um todo, indo muito além da aquisição de um conjunto de habilidades linguísticas, pois a língua inglesa se destaca por ser a língua mais usada nas transações comerciais, especialmente devido a dependência econômica do Brasil em relação aos Estados Unidos. O domínio de uma Língua Estrangeira leva o educando a uma nova percepção da natureza da linguagem, amplia a compreensão de como a linguagem funciona e desenvolve maior consciência do funcionamento da própria língua materna. Ao mesmo tempo, ao promover uma apreciação dos costumes e valores de outras culturas, contribui para desenvolver a percepção da própria cultura por meio da compreensão da cultura(s) estrangeira(s). Portanto, ensinar e aprender línguas é também ensinar e aprender percepções de mundo e maneiras de atribuir sentidos reportando-se à compreensão tanto das culturas estrangeiras quanto da cultura materna. Entre as línguas estrangeiras contemporâneas, o inglês é a hegemônica, dando particular acesso à ciência e à tecnologia modernas, à comunicação intercultural e ao mundo dos negócios, sendo certamente um diferenciador sóciocultural. Entretanto, a posição dominante do inglês nos campos de negócios, na cultura popular e nas relações acadêmicas internacionais coloca-a como a língua do poder econômico e dos interesses sociais, constituindo-se em possível ameaça para as demais línguas. Nesse sentido, torna-se ainda mais necessária a sua aprendizagem, a fim de se criar condições para a negociação, a troca e a integração, desde que haja consciência crítica suficiente até para se formular contradiscursos culturais em relação às desigualdades entre países e grupos sociais. Segundo as Diretrizes espera-se que o aluno: -use a língua em situações de comunicação oral e escrita; -vivencie, na aula de Língua Estrangeira, formas de participação que lhe possibilitem estabelecer relações entre as ações individuais e coletivas; 474 -compreenda que os significados são sociais e historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social; -tenha maior consciência sobre o papel das línguas na sociedade; -reconheça e compreenda a diversidade linguística e cultural, bem como seus benefícios para o desenvolvimento cultural do país. 4.12.2 CONTEÚDO ESTRUTURANTE Conteúdo estruturante ( 5ª a 8ª séries) Discurso como prática social. Segundo as DCE’s (2008), o conteúdo estruturante está relacionado com o momento histórico-social. Ao tomar a língua como interação verbal, como espaço de produção de sentidos, buscou-se um conteúdo que atendesse a essa perspectiva. Sendo assim, define-se como Conteúdo Estruturante da LEM, o discurso como prática social. A língua será tratada de forma dinâmica, por meio de leitura, de oralidade e de escrita que são as práticas que efetivam o discurso. CONTEÚDOS BÁSICOS GÊNEROS DISCURSIVOS Os gêneros discursivos escolhidos como prioritários para o desenvolvimento do trabalho pedagógico em sala de aula, no Ensino Fundamental são: adivinhas, anedotas, bilhetes, carta pessoal, convites, exposição oral, parlendas, piadas, receitas, relatos de experiências vividas , trava- línguas, fábulas, histórias em quadrinhos, letras de músicas, narrativas de humor, poemas, debate, pesquisas, relatório, resumo, verbetes, cartazes, diálogo/discussão argumentativa, anúncio de emprego, cartum, charge, entrevista (oral e escrita), fotos, horóscopo, notícia, reportagens, sinopses de filmes e tiras. 475 LEITURA identificação do tema, do argumento principal. Intertextualidade; intencionalidade; vozes sociais presentes no texto; léxico; coesão e coerência; funções das classes gramaticais no texto; elementos semânticos; discurso direto e indireto; emprego do sentido denotativo e conotativo no texto; recursos estilísticos ( figuras de linguagem ); marcas linguísticas: particularidades da língua, pontuação; recursos gráficos ( como aspas, travessão, negrito); variedade linguística; acentuação gráfica; ortografia. ORALIDADE elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos, etc...; adequação do discurso ao gênero; turnos de fala; vozes sociais presentes no texto; variações linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição; diferenças e semelhanças entre o discurso oral e o escrito; 476 adequação da fala ao contexto; pronúncia. ESCRITA tema do texto; interlocutor; finalidade do texto; intencionalidade do texto; intertextualidade; condições de produção; informatividade ( informações necessárias para a coerência do texto; vozes sociais presentes no texto; discurso direto e indireto; emprego do sentido denotativo e conotativo no texto; léxico; • coesão e coerência; • funções das classes gramaticais no texto; • elementos semânticos; • recursos estilísticos (figuras de linguagem); • marcas linguísticas: particularidades da língua, pontuação recursos gráficos ( como aspas, travessão, negrito); • variedade linguística; • ortografia, • acentuação gráfica. 477 Ensino Médio Os gêneros discursivos escolhidos como prioritários para o desenvolvimento do trabalho pedagógico em sala de aula no Ensino Médio são: adivinhas, anedotas, bilhetes, carta pessoal, convites, exposição oral, parlendas, piadas, receitas, relatos de experiências vividas , trava- línguas, fábulas, histórias em quadrinhos, letras de músicas, narrativas de humor, poemas, debate, pesquisas, relatório, resumo, verbetes, cartazes, diálogo/discussão argumentativa, anúncio de emprego, cartum, charge, entrevista (oral e escrita), fotos, horóscopo, notícia, reportagens, sinopses de filmes e tiras. LEITURA • identificação do tema; • intertextualidade; • intencionalidade; • vozes sociais presentes no texto; • léxico; • coesão e coerência; • marcadores do discurso; • funções das classes gramaticais no texto; • elementos semânticos; • discurso direto e indireto; • emprego do sentido denotativo e conotativo no texto; • recursos estilísticos (figuras de linguagem); • marcas linguísticas: particularidades da língua, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito); • variedade linguística; 478 • acentuação gráfica; • ortografia. • tema do texto; • interlocutor; • finalidade do texto; • intencionalidade do texto; • intertextualidade; • condições de produção; • informatividade (informações necessárias para a coerência do texto); • vozes sociais presentes no texto; • vozes verbais; • discurso direto e indireto; • emprego do sentido denotativo e conotativo no texto; • léxico; • coesão e coerência; • funções das classes gramaticais no texto; • elementos semânticos: • recursos estilísticos (figuras de linguagem); • marcas linguísticas: particularidades da língua, pontuação, recursos ESCRITA gráficos (como aspas, travessão, negrito); • variedade linguística; • ortografia; • acentuação gráfica. 479 4.12.3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DA DISCIPLINA Nas Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação de Jovens e Adultos, identificam-se os eixos cultura, trabalho e tempo como articuladores de toda ação pedagógico-curricular. Tais eixos foram definidos a partir da concepção de currículo, como processo de seleção da cultura e do perfil do educando da EJA. A cultura contempla a forma de produção da vida material e imaterial e compõe um sistema de significações envolvido em todas as formas de atividade social (WILLIANS, 1992,apud DCEs da EJA, 2006). A cultura é elemento de mediação entre o indivíduo e a sociedade. A cultura envolve toda a produção humana, inclui o trabalho e todas as relações que ele perpassa. O trabalho compreende, assim, uma forma de produção da vida material a partir da qual se produzem distintos sistemas de significação. É a ação pela qual o homem transforma a natureza e transforma-se a si mesmo. Portanto, a produção histórico-cultural atribui à formação de cada novo indivíduo, também, essa dimensão histórica. A ênfase no trabalho como princípio educativo não deve ser reduzida à preocupação em preparar o trabalhador para atender às demandas do industrialismo e do mercado de trabalho nem apenas destacar as dimensões relativas à produção e às suas transformações técnicas (ARROYO, 2001, apud DCEs da EJA, 2006). Os vínculos entre educação, escola e trabalho situam-se numa perspectiva mais ampla, a considerar a constituição histórica do ser humano, sua formação intelectual e moral, sua autonomia e liberdade individual e coletiva, sua emancipação. Segundo as DCEs da EJA ,uma das razões pelas quais os educandos da EJA retornam para a escola é o desejo de elevação do nível de escolaridade para atender às exigências do mundo do trabalho. Cada educando que procura a EJA, porém, apresenta um tempo social e um tempo escolar vivido, o que implica a necessidade de reorganização curricular, dos tempos e dos espaços escolares, para a busca de sua emancipação. 480 Do ponto de vista da dimensão social, pode-se dizer que os educandos viveram e vivem tempos individuais e coletivos, os quais compreendem os momentos da infância, da juventude, da vida adulta, no contexto das múltiplas relações sociais. Na dimensão escolar, o tempo dos educandos da EJA é definido pelo período de escolarização e por um tempo singular de aprendizagem, bem diversificado, tendo em vista a especificidade dessa modalidade de ensino que considera a disponibilidade de cada um para a dedicação aos estudos. O tempo e o espaço são aspectos da cultura escolar. Portanto, fazem parte da ação pedagógica, regulam e disciplinam educandos e educadores de diversas formas, conforme a escola ou mesmo conforme cada sistema educacional. O trabalho com a língua estrangeira em sala de aula parte do entendimento do papel das línguas nas sociedades como mais do que meros instrumentos de acesso à informação: as línguas estrangeiras são possibilidades de conhecer, expressar e transformar modos de entender o mundo e de construir significados. Partindo do Conteúdo Estruturante Discurso como prática social, serão trabalhadas questões linguísticas, sociopragmáticas, culturais e discursivas, como também as práticas do uso da língua: leitura oralidade e escrita. O foco central da aula de Língua Estrangeira Moderna , será o texto, verbal e não-verbal, como unidade de linguagem em uso. Nas aulas serão abordados atividades os vários gêneros textuais , através de diversificadas , analisando a função do gênero estudado, sua composição, a distribuição de informações, o grau de informação presente ali, a intertextualidade, os recursos coesivos, a coerência e, somente depois de tudo isso a gramática em si. O foco do aprendizado será centrado na comunicação e não no estudo puramente repetitivo. Através dos textos será provocada uma reflexão maior sobre o uso de cada texto e considerar o contexto de uso e os seus interlocutores. Por isso, os gêneros discursivos têm papel importante para o trabalho na escola. É importante que o aluno tenha acesso a vários textos de várias esferas sociais para interagir com variedades discursivas presentes nas diversas práticas sociais. 481 A aula de LEM deve ser um espaço em que se desenvolvam atividades significativas, as quais explorem diferentes recursos e fontes, a fim de que o aluno vincule o que é estudado com a realidade que o cerca. Portanto recursos disponíveis, como o uso da informática, a qual permite o acesso à internet, onde o aluno poderá realizar exercícios, atividades e sugestões de trabalho. Além dos recursos tecnológicos, o trabalho com revistas, manuais, outdoors, embalagens de produtos e quadrinhos permitirá um aprendizado mais significativo e poderá tornarse mais atraente. Recursos como a televisão, o cinema, vídeos, programas gravados, letras de música, CDs, DVDs e outros para a ampliação do conhecimento. Todas essas estratégias e conteúdos serão flexíveis, caso haja necessidade para adequações durante o processo de aprendizagem. É necessário criar estratégias para que os alunos heterogeneidade da língua e as várias possibilidades de leitura percebam a que um texto proporciona. A não-linearidade permite a reconstrução da argumentação e os alunos terão uma posição mais crítica em relação aos textos trabalhados. A ativação dos procedimentos interpretativos da língua materna, a mobilização do conhecimento de mundo e a capacidade de reflexão dos alunos são alguns elementos que podem permitir a interpretação dos sentidos produzidos no contato com textos. Não é preciso que o aluno entenda os significados de cada palavra ou a estrutura do texto para que lhe produza sentido. O papel do estudo gramatical relaciona-se ao entendimento de procedimentos para a construção de significados usados na LEM, portanto o trabalho com a análise linguística é importante pois com novas palavras e pronúncias representa um universo ideologicamente marcado. O maior objetivo da leitura é trazer um conhecimento de mundo que permita ao leitor elaborar um novo modo de ver a realidade e é fundamental que o aluno seja subsidiado com conhecimentos linguísticos, sociopragmáticos, culturais e discursivos. Para cada texto escolhido poderá ser levado em conta o trabalho com gêneros, aspectos culturais e inter discursivos, variedades linguísticas e análises linguísticas e atividades variadas como na internet e mesmo discussões em sala de 482 aula e produções de texto. Os conteúdos poderão ser retomados em todas as séries, porém com diferentes graus de profundidade, levando em conta o conhecimento do aluno. Os conteúdos obrigatórios conforme dispostos na Instrução nº 009/11 SUED/SEED serão contemplados concomitantes aos conteúdos específicos da disciplina em consonância com as Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Estrangeira Moderna. 4.12.4 AVALIAÇÃO Segundo Luckesi (1995, p. 166), A avaliação da aprendizagem necessita, para cumprir o seu verdadeiro significado, assumir a função de subsidiara construção da aprendizagem bem-sucedida. A condição necessária para que isso aconteça é de que a avaliação deixe de ser utilizada como um recurso de autoridade, que decide sobre os destinos do educando, e assuma o papel de auxiliar o crescimento. Partindo do princípio de que o educador deve ver o educando como um ser social e este é construtor do próprio conhecimento e aquele o “mediador” entre o aluno e o que ele aprende, proporcionando lhe conhecimentos sistematizados. Desta forma, há uma interação entre os dois sujeitos. O ato de avaliar não deve ser o momento final do processo. Deve-se criar condições de aprendizagem que permitam ao aluno evoluir na construção de seu próprio conhecimento. A avaliação é um instrumento complexo, pois é através dela que se reflete sobre a construção do conhecimento, fazendo com que o educando seja ativo e participante e ao mesmo tempo um ser crítico. A concepção de avaliação sobrepõe-se ao caráter de controle. É um processo onde a observação da participação ativa dos alunos é realizada para que se percebam as dificuldades e avanços dos sujeitos envolvidos. A avaliação será feita através de vários tipos de instrumentos tais como: provas escritas e orais, produções escritas , debates, trabalhos individuais e em grupo, pesquisa, seminário, etc. A avaliação na disciplina está em consonância com o Projeto Político Pedagógico do colégio o qual propõe 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para testes ou provas e 5,0 (cinco vírgula zero) pontos para atividades, trabalhos, seminários, debates, etc, somando assim, 10,0 (dez vírgula zero) pontos, dos quais cada aluno 483 (a) deve atingir o mínimo de 6,0 (seis vírgula zero), para aprovação, conforme Resolução nº 3794/04 da SEED (Secretaria de Estado da Educação). Não basta apenas dizermos que a escola é inclusiva, é necessário que ela garanta o acesso e a permanência do aluno na mesma. Baseados no princípio de que a escola é a principal responsável na formação do cidadão, devemos conscientizá-los de que as pessoas com necessidades educacionais especiais são parte integrante da sociedade e devemos acolhê-los sem preconceito. Portanto, cabe ao professor fazer adaptações curriculares ou modificações que se efetuam nos objetivos, conteúdos, critérios de avaliação ou nas atividades de ensino-aprendizagem, para atender à diversidade de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais. Uma vez que também é construtor do conhecimento, o aluno deve ter seu esforço reconhecido por meio de ações tais como: um retorno sobre seu desempenho e o entendimento do erro como integrante da aprendizagem, assegurando a todos os educandos o direito a uma recuperação paralela, sem distinção a necessidades educacionais especiais. Assim, tanto o professor quanto os alunos poderão acompanhar o percurso desenvolvido e identificar dificuldades, bem como planejar e propor outros encaminhamentos que busquem superá-las. Na recuperação será feita retomada de conteúdos , levando em conta os conteúdos significativos, os quais nos levarão aos resultados, sendo ofertada a todos os alunos , independente da nota e deve acontecer com retomada de conteúdos seguida de nova avaliação. 4.12.5 REFERÊNCIAS GIMENEZ, Telma. Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental: Línguas Estrangeiras Modernas – Questões para Debate. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Fundamental da Rede de Educação Básica do estado do Paraná: Língua Estrangeira Moderna. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 1996. 484 PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Diretrizes Curriculares da Educação Fundamental da Rede de Educação Básica do Estado do Paraná: Língua Estrangeira Moderna. Versão Preliminar. 2008. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos do Estado do Paraná, Curitiba, 2006. PENNYCOOK, Alastair. English and the discourses of colonialism. London: Routledge. 1999. RABELO, Edmar Henrique. Avaliação: Novos tempos, novas práticas. Petrópolis: Vozes. SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que Avaliar? Como Avaliar? Critérios e instrumentos. Petrópolis: Vozes, 1995. 485 4.13 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE MATEMÁTICA 4.13.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Educação Matemática é um importante ramo do conhecimento humano. A sua origem remonta à antiguidade clássica greco-romana. Os gregos conceberam a Matemática como um dos conteúdos da filosofia, portanto, como um dos instrumentos da arte de conhecer o mundo em sua totalidade. A Dessa forma, o educador além de dominar os conteúdos matemáticos, deve também conhecer os fundamentos histórico-filósoficos da Matemática, e ainda, o(s) processo(s) pelo(s) qual(is) o educando aprende; aquisição do conhecimento. Nesse sentido, é importante que o educador tenha conhecimento das práticas pedagógicas que norteiam o ensino da Matemática na atualidade. Para tanto, é necessário resgatar o processo educacional vivenciado, especialmente, a partir da década de 60 do século passado. O ensino da Matemática, desde então, tem sofrido alterações na sua forma de organização e de conceber os conteúdos. Pode-se destacar as seguintes fases: até meados de 1960, prevaleceu a chamada “Matemática Tradicional”, em que predominava a valorização do conteúdo desvinculado da prática e com ênfase na memorização de regras. Depois, surgiu o “Movimento da Matemática Moderna”, cujo objetivo principal era a unificação dos vários campos da Matemática, tais como, a Aritmética, a Álgebra e a Geometria. O seu grande objetivo era o trabalho pedagógico por meio da linguagem dos conjuntos, mas que ficou reduzida a um simbolismo exagerado a ser memorizado pelo aluno. Os membros da comissão do Movimento da Matemática Moderna, por sua vez, assinalaram vários defeitos no currículo tradicional difundido, afirmando a importância de se abandonar o conteúdo tradicional em favor dos novos conteúdos, entre eles a álgebra abstrata, a topologia, a lógica simbólica e a álgebra de Boole. Vejamos como Morris Kline exemplifica, como sugestão, uma aula de Matemática, nos moldes da Matemática Moderna: “A professora pergunta: ― Por que 2 + 3 = 3 + 2 ? 486 ― Porque ambos são iguais a 5 – respondem os alunos sem hesitar. ― Não, a resposta exata é porque a propriedade comutativa da soma assim o sustenta. ― A segunda pergunta é: Porque 9 + 2 = 11 ? Novamente os alunos se apressam a responder: ― 9 e 1 são 10 e mais um é 11. ― Está errado! – exclama a professora. – A resposta exata é que pela definição 2, 9 + 2 = 9 + (1 + 1) ... . Vê-se, portanto, neste exemplo que as propriedades dos Números Naturais, Teoria dos Conjuntos, se sobrepõe ao algoritmo da adição, Aritmética, no mesmo conjunto numérico. No caso, essa sobreposição faz com que a professora classifique as respostas indicadas pelos alunos como erradas, e, logo a seguir, a mesma reforça novamente a resposta correta através da propriedade comutativa. (PETRONZELLI, 2002, pp.40-1) Com o advento da Lei 5692/71, a ênfase passou a ser a metodologia, justificada pela necessidade do aluno poder desenvolver toda sua potencialidade, ou seja, valorizou-se a manipulação de materiais concretos, relegando-se a segundo plano a fase de automação, priorizando-se o atendimento à criança em sua fase de desenvolvimento, mas descuidando-se da sistematização dos conhecimentos matemáticos sócio-históricos acumulados pela humanidade. A grande dificuldade dos professores foi, então, a passagem do concreto para o abstrato, o que é fundamental para a matemática. Na atual proposta pedagógica para a EJA, procura-se a interação entre o conteúdo e as formas. A perspectiva, nesse sentido, é estabelecer uma relação dialética - teoria e prática - entre o conhecimento matemático aplicado no processo de produção da base material de existência humana e as manifestações teóricometodológicas que estruturam o campo científico da própria Matemática. Dessa forma, o ensino da Matemática deve ser concebido de modo a favorecer as necessidades sociais, tais como: a formação do pensamento dialético, a 487 compreensão do mundo social e natural, a ciência como obra decorrente do modo de cada sociedade - Grega, Feudal, Moderna – produzir a vida. Concebida desta forma, a Educação Matemática desempenhará um papel fundamental na aquisição da reflexão filosófica por parte dos educandos, isto é, da consciência crítica que supera o senso comum que toma a aparência das coisas como sendo verdades absolutas, ou seja, a Matemática deve ser vista, como uma ciência viva e dinâmica, produto histórico, cultural e social da humanidade. Ao revelar a Matemática como uma produção humana, demonstrando as necessidades e preocupações das diferentes culturas em diferentes épocas e ao relacionar os conceitos matemáticos de hoje com os construídos no passado, o educador permite que o educando reflita sobre as condições e necessidades que levaram o homem a chegar até determinados conceitos, ou seja, o educador estará proporcionando no processo de ensino-aprendizagem a reflexão da construção da sobrevivência dos homens e da exploração do universo, dessa forma, estará caracterizando a relação do homem com o próprio homem e do homem com a natureza. O produto do desenvolvimento da humanidade pode ser demonstrado através da historicidade. Isto indica que ao trabalhar nos bancos escolares a abstração, o conhecimento sistematizado e teórico, o educando entenderá o avanço tecnológico, a elaboração da ciência, a produção da vida em sociedade. Portanto, a abordagem histórica da matemática permite ao educando jovem, adulto e idoso, compreender que o atual avanço tecnológico não seria possível sem a herança cultural de gerações passadas. Entretanto, essa abordagem não deve restringir-se a informações relativas a nomes, locais e datas de descobertas, e sim ao processo histórico, viabilizando com isso a compreensão do significado das ideias matemáticas e sociais. Mas, além de compreender que o conhecimento matemático é sóciohistórico, faz-se necessário que o educando estabeleça relações entre os elementos internos da própria Matemática - conteúdos escolares - e os conceitos sociais. Esse conhecimento prescinde de um tratamento metodológico que considere a especificidade da Educação de Jovens e Adultos - EJA e deve constituir 488 o ponto de partida para todo o ensino-aprendizagem da Matemática, ou seja, os educandos devem ter oportunidades de contar suas histórias de vida, expor os conhecimentos informais que têm sobre os assuntos, suas necessidades cotidianas, suas expectativas em relação à escola e às aprendizagens em matemática. Embora, os jovens, adultos e idosos, com nenhuma ou pouca escolaridade, dominem algumas noções básicas dos conteúdos matemáticos que foram apreendidas de maneira informal nas suas vivências, a EJA tem a função de transformar essas noções elementares, conceitos espontâneos, em conceitos científicos, fazendo o educando dominar a Linguagem Matemática e suas Representações, os Conceitos Matemáticos e Sociais, os Cálculos e os Algoritmos, a História da Matemática e a Resolução de Problemas. A compreensão e apreensão desses pressupostos metodológicos por parte dos educandos e dos educadores, dão significado aos conteúdos escolares a serem ensinados e estudados. Embora seja importante considerar que esses significados também devem ser explorados em outros contextos, como por exemplo, nas questões internas da própria Matemática e em problemas históricos. Desconsiderar esses pressupostos metodológicos na Educação de Jovens e Adultos uma prática centrada no desenvolvimento do pensamento linear e fragmentado, numa concepção de ciência imutável, estabelecendo definitivamente o rompimento entre o lógico e o histórico, entre o conteúdo e as formas, entre a teoria e a prática, entre a lógica formal e a lógica dialética, entre a totalidade e as unidades, enfim, entre o mundo social e natural A Educação Matemática deve ter, então, os seus pressupostos bem definidos e delimitados, uma vez que a teoria se desdobra em “prática científica”: Ao professor, como um profissional do ensino, é dada a responsabilidade não só de dominar a teoria como a de inscrevê-la no universo de um cotidiano que a justificaria(...). As abstrações reunidas na teoria, organicamente dispostas em definições e conceitos, devem transitar por um caminho inverso. O professor precisa demonstrar a utilidade ou funcionamento do sistema teórico no real. A teoria precisa transmutar-se em dados ou exemplos concretos, que garantam, justifiquem ou expliquem o já defendido (hipoteticamente) no discurso. Nesse sentido, a teoria precisa desmembrar-se, na voz do professor, no relato de múltiplas interações ou mediações que repõem o problema no rastro de sua solução.(NAGEL, pp. 34, 2003) (Grifos nossos) 489 Nessa perspectiva, há de se considerar como ponto de partida a construção do conhecimento, os saberes desenvolvidos no decorrer da vivência dos educandos, que se manifestam em suas interações sociais e compõem suas bagagens culturais, que são frequentemente desconsiderados na prática pedagógica da EJA. No entanto, a superação desses saberes e a incorporação dos conceitos científicos são trabalhos que a escola deve planejar e executar. É importante enfatizar que, os conteúdos matemáticos quando abordados de forma isolada, não são efetivamente compreendidos nem incorporados pelos educandos como ferramentas eficazes para resolver problemas e para construir novos conceitos, pois, é perceptível que o conhecimento só se constrói plenamente quando é mobilizado em situações diferentes daquelas que lhe deram origem, isto é, quando é transferível para novas situações. Isto significa que os conhecimentos devem ser descontextualizados, abstraídos, para serem novamente contextualizados, isto é, fazer a transposição didática. Nesse sentido, a educação matemática para o educando jovem, adultos e idoso deve ter como objetivo a reversão do atual quadro em que se encontra o ensino da Matemática, ou seja, a definição dos conteúdos anteriormente fragmentados deve ser visto em sua totalidade, sem o qual não é possível querer mudar qualquer prática pedagógica consistente. Dessa forma, é necessário que o ensino de Matemática e o seu significado sejam restabelecidos, visto que, o ensino e a aprendizagem de Matemática devem contribuir para o desenvolvimento do raciocínio crítico, da lógica formal e dialética, da coerência e consistência teórica da Ciência – o que transcende os aspectos práticos. Com isso faz-se necessário repensar o ensino de Matemática, pois o processo de emancipação política e social da humanidade estão diretamente ligados ao domínio do conhecimento. Ele é parte constitutiva da elaboração do pensamento reflexivo. 4.13.2 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES MATEMÁTICA – ENSINO FUNDAMENTAL CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS 490 NÚMEROS E ÁLGEBRA GRANDEZAS E MEDIDAS • Sistemas de numeração; • Números Naturais; • Múltiplos e divisores; • Potenciação e radiciação; • Números fracionários; • Números decimais.; • Números Inteiros; • Números Racionais; • Equação e Inequação do 1º grau; • Razão e proporção; • Regra de três simples.; • Números Racionais e Irracionais; • Sistemas de Equações do 1º grau; • Potências; • Monômios e Polinômios; • Produtos Notáveis.; • Números Reais; • Propriedades dos radicais; • Equação do 2o grau; • Teorema de Pitágoras; • Equações Irracionais; • Equações Biquadradas; • Regra de Três Composta. • Medidas de comprimento; • Medidas de massa; • Medidas de área; • Medidas de volume; • Medidas de ângulos; 491 • Sistema monetário.; • Medidas de temperatura; • Relações Métricas no Triângulo Retângulo; • Trigonometria no Triângulo Retângulo. GEOMETRIAS TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO FUNÇÕES • Geometria Plana; • Geometria Espacial.; • Geometria Analítica; • Geometrias não-euclidianas. • Dados, tabelas e gráficos; • Porcentagem; • Pesquisa Estatística; • Média Aritmética; • Moda e mediana; • Juros simples; • Juros Compostos; • Gráfico e informação; • População e amostra; • Noções de Análise Combinatória; • Noções de Probabilidade; • Estatística. • Noção intuitiva de Função Afim. • Noção intuitiva de Função Quadrática. 492 MATEMÁTICA – ENSINO MÉDIO CONTEÚDOS ESTRUTURANTES NÚMEROS E ÁLGEBRA CONTEÚDOS BÁSICOS • Números Reais; • Números Complexos; • Sistemas lineares; • Matrizes e Determinantes; • Polinômios; • Equações e Inequações Exponenciais, Logarítmicas e Modulares. GRANDEZAS E MEDIDAS FUNÇÕES • Medidas de Área; • Medidas de Volume; • Medidas de Grandezas Vetoriais; • Medidas de Informática; • Medidas de Energia; • Trigonometria. • Função Afim; • Função Quadrática; • Função Polinomial; • Função Exponencial; • Função Logarítmica; • Função Trigonométrica; • Função Modular; • Progressão Aritmética; • Progressão Geométrica. • Geometria Plana; 493 GEOMETRIAS TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO • Geometria Espacial; • Geometria Analítica; • Geometrias não-euclidianas. • Análise Combinatória; • Binômio de Newton; • Estudo das Probabilidades; • Estatística; • Matemática Financeira. 4.13.3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DA DISCIPLINA Para dimensionar o papel da Matemática na formação do jovem, adulto e idoso é importante que se discuta a natureza desse conhecimento, suas principais características e seus métodos particulares, e ainda, é fundamental discutir suas articulações com outras áreas do conhecimento. As diversas contingências históricas têm levado os professores a deixar de lado a importância do conhecimento teórico, no entanto, é de fundamental importância que o(a) educador(a) tenha clareza que, sem o qual, não é possível mudar qualquer prática pedagógica de forma significativa. Com isso, só se tem conseguido mudanças superficiais no que se refere à reposição de conteúdos, por meio de estratégias metodológicas tradicionais que não levem os educandos a uma transposição didática. É perceptível que, a mera seleção de conteúdos não assegura o desenvolvimento da prática educativa consistente. É necessário garantirmos, como dissemos anteriormente, a relação entre a teoria e a prática, entre o conteúdo e as formas, entre o lógico e o histórico. Portanto, é de suma importância que o educador se aproprie dos encaminhamentos metodológicos do ensino da Matemática, e acrescente, esses elementos a reflexão pedagógica da Educação de Jovens e Adultos. 494 Nessa perspectiva, a contextualização do saber é uma das mais importantes noções pedagógicas que deve ocupar um lugar de maior destaque na análise da didática contemporânea. Trata-se de um conceito didático fundamental para a expansão do significado da educação escolar. O valor educacional de uma disciplina expande na medida em que o aluno compreende os vínculos do conteúdo estudado com uma contextualização compreensível por ele(...). O desafio didático consiste em fazer essa contextualização sem reduzir o significado da ideias matemáticas que deram ao saber ensinado.” (PAIS, 2001, pp. 26-27). De forma equivocada, a abordagem de determinados conceitos fundamentais na construção do conhecimento matemático é muitas vezes suprimida ou abreviada, sob a alegação de que não fazem parte do cotidiano dos educandos. Tal concepção de ciência e de conhecimento viabiliza na escola uma visão reducionista da Matemática, cuja importância parece ficar restrita a sua utilidade prática; ao pragmatismo. Nesse contexto, a noção de contextualização permite ao educador uma postura crítica priorizando os valores educativos, sem reduzir o seu aspecto acadêmico (PAIS, 2001, p.27). O processo de seleção dos conteúdos matemáticos escolares, envolve um desafio, que implica na identificação dos diversos campos da Matemática e o seu objeto de estudo; processo de quantificação da relação do homem com a natureza e do homem com o próprio homem. Deve-se fazer um trabalho que aborde a temática da coordenação de desenvolvimento socioeducacional como: 1. Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99, como desenvolvimento da Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das relações entre o homem e o meio bio-físico; 2. Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre direitos e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social do estado democrático; 495 3. Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e formação de uma consciência crítica sobre violência e, assim, transformar a escola e espaço onde o conhecimento toma o lugar da força; 4. História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei 10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e cultura Afro-Brasileira e Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE. Promovendo assim, o reconhecimento da identidade, da história e da cultura da população negra, assegurando a igualdade e a valorização das raízes africanas ao lado das indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da história e cultura AfroBrasileira e Africana. 5. Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores e crenças pessoais. Os educadores e os educandos são instigados em conhecer assuntos relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e discriminação ao usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia, entre outros; 6. Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve considerar os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia. No entanto, não devemos deixar de identificar os conteúdos escolares matemáticos que são socialmente relevantes para a EJA, pois os mesmos devem contribuir para o desenvolvimento intelectual dos educandos. As Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, versão preliminar, em seu capítulo “Orientações Metodológicas”, aponta quatro critérios para a seleção de conteúdos e das práticas educativas. São eles: • a relevância dos saberes escolares frente à experiência social construída historicamente; • os processos de ensino e aprendizagem, mediatizados pela ação docente junto aos educandos; 496 • a organização do processo ensino-aprendizagem, dando ênfase às atividades que permitem a integração entre os diferentes saberes; • as diferentes possibilidades dos alunos articularem singularidade e totalidade no processo de elaboração do conhecimento. Nessa forma de organização curricular, as metodologias são um meio e não um fim para se efetivar o processo educativo. É preciso que essas práticas metodológicas sejam flexíveis, e que adotem procedimentos que possam ser alterados e adaptados às especificidades da comunidade escolar. Nessa perspectiva, é de suma importância evidenciar que o ensinoaprendizagem de Matemática sejam permeados pela(os): História da Matemática; Resolução de Problemas; Conceitos Matemáticos e Sociais; Linguagem Matemática e suas Representações; Cálculos e/ou Algoritmos; Jogos & Desafios. Estes elementos devem permear a Metodologia de Ensino da Matemática, pois eles expressam a articulação entre a teoria e a prática, explicitando no ato pedagógico a relação entre o signo, o significado e o sentido dos conteúdos escolares nos diversos contextos sociais e históricos. É importante enfatizar que a relação de conteúdos não deve ser seguida linearmente, mas desenvolvida em conjunto e de forma articulada, proporcionando ao educando a possibilidade de desenvolver a capacidade de observar, pensar, estabelecer relações, analisar, interpretar justificar, argumentar, verificar, generalizar, concluir e abstrair. Dessa forma, serão estimulados a intuição, a analogia e as formas de raciocínio indutivo e dedutivo. A metodologia adotada em sala de aula pode ser instrumento para modificar o desenvolvimento habitual das aulas de matemática, objetivando desenvolver processos de pensamento matemático, motivar e tornar significativos os conceitos matemáticos apresentados. É necessário um ensino que possibilite aos educandos fazer análises, discussões, conjecturas, apropriação de conceitos e formulação de ideias. Para tanto, podemos desenvolver aulas expositivas e aulas práticas utilizando quadro de giz, papel, recortes, reportagens, panfletos, jogos, construção de sólidos, gráficos, entre outros. Para incrementar as aulas são inúmeros os recursos didáticos e tecnológicos disponíveis como: jogos, TV pendrive, 497 sólidos geométricos, laboratório de informática, etc, que podem auxiliar no desenvolvimento de aulas que facilitem o processo de ensino-aprendizagem. No entanto, cada indivíduo aprende diferenciadamente, então o professor precisa saber lidar com as diferenças para se adequar a essas estruturas individuais, é importante a valorização dos saberes que os educandos possuem e que foram acumulados ao longo de suas existências. Esses saberes devem ser o ponto de partida para a construção de outros saberes. A realidade dos educandos deve ser valorizada e a metodologia deve tornar os conteúdos significativos para que, por intermédio do diálogo, se busque explicitar e oportunizar a observação, a análise e a reflexão. Os conteúdos matemáticos presentes no ensino fundamental, a serem ensinados nas escolas de EJA, estão organizados por eixos, são eles: números e álgebra, grandezas e medidas, geometrias, funções e tratamento da informação, que compreendem os elementos essenciais da organização curricular. Os eixos e seus respectivos conteúdos deverão ser trabalhados de forma articulada, esta relação pode ser viabilizada entre os eixos e/ou entre os conteúdos. É importante ter clareza da especificidade de cada eixo, bem como, que estes não devem ser trabalhados de maneira isolada, pois, é na inter-relação entre os conteúdos de cada eixo, entre os eixos de conteúdos e entre os eixos metodológicos, que as ideias matemáticas ganham significado. Os conteúdos matemáticos presentes no Ensino Médio, a serem ensinados nas escolas de EJA, deverão propiciar o desenvolvimento de conceitos: numéricos, algébricos, geométricos e gráficos e da mesma forma, devem ser trabalhados como um conjunto articulado. Isso significa que o tratamento dos conteúdos em compartimentos estanques deve dar lugar a uma abordagem em que as conexões sejam favorecidas e destacadas. 4.13.4 AVALIAÇÃO A avaliação em Matemática na EJA deve permitir ao educador fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos da apreensão do 498 conhecimento pelo educando, estabelecendo inter-relações entre o conhecimento matemático e o contexto social. É fundamental que a avaliação seja coerente com a metodologia utilizada pelo educador, bem como, com os objetivos que se pretende alcançar, visto que, esta tem a finalidade de fornecer informações do processo de desenvolvimento do educando - a ele mesmo e ao educador. Essas informações permitem ao educador, uma reflexão crítica sobre a sua prática pedagógica, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos, uma vez que os educandos possuem diferentes tempos de aprendizagem. Os critérios de avaliação devem ser definidos pela intenção que orienta o ensino e explicitar os propósitos e a dimensão do que se avalia, pois os critérios articulam todas as etapas da ação pedagógica. Alguns critérios devem orientar as atividades avaliativas propostas pelo professor possibilitando verificar se o aluno: • comunica-se matematicamente, oral ou por escrito; • compreende, por meio da leitura, o problema matemático; • elabora um plano que possibilite a solução do problema; • encontra meios diversos para a resolução de um problema matemático; • realiza o retrospecto da solução de um problema. Assim, nesse processo, o aluno deve ser estimulado a: • partir de situações-problema internas ou externas à matemática; • pesquisar acerca de conhecimentos que possam auxiliar na solução dos problemas; • elaborar conjecturas, fazer afirmações sobre elas e testá-las; • perseverar na busca de soluções, mesmo diante de dificuldades; • sistematizar o conhecimento construído a partir da solução encontrada, generalizando, abstraindo e desvinculando-o de todas as condições particulares; • socializar os resultados obtidos, utilizando, para isso, uma linguagem adequada; • argumentar a favor ou contra os resultados. 499 Os instrumentos de avaliação devem ser pensados e definidos de acordo com as possibilidades que oferecem para avaliar os critérios estabelecidos. A utilização repetida e exclusiva de um mesmo tipo de instrumento de avaliação reduz a possibilidade de observar os diversos processos cognitivos dos alunos, tais como: memorização, observação, percepção, descrição, argumentação, análise crítica, interpretação, criatividade, formulação de hipóteses, entre outros. Assim, podemos utilizar uma diversidade de instrumentos de avaliação para oportunizar aos alunos variadas maneiras de expressar seu conhecimento, como: provas escritas, trabalhos escritos, trabalhos práticos, pesquisa de informações, jogos, discussão e debate de conteúdos, utilização de tecnologias, interação verbal, entre outros. O processo avaliativo deve ser um recurso pedagógico, que considera erros e acertos como elementos sinalizadores para seu replanejamento, ou seja, toma o erro como ponto de partida para rever caminhos, para compreender e agir sobre o processo de construção do conhecimento matemático. No que se refere à avaliação em matemática, considerando o perfil do educando jovem, adulto e idoso, pontua-se alguns indicativos a serem contemplados pelos educadores: • considerar todas as formas de raciocínio, ou seja, os procedimentos/métodos utilizados pelo educando para resolver uma determinada situação-problema; • resultado não é o único elemento a ser contemplado na avaliação matemática, pois, mesmo que este não esteja de acordo, ele pode ter utilizado-se de métodos coerentes, equivocando-se em apenas parte do processo de desenvolvimento do raciocínio matemático; • erro deve ser considerado como ponto de partida para rever caminhos, compreendendo todo o processo de construção do conhecimento matemático. Desta forma a recuperação de estudos deve acontecer a partir de uma lógica simples: os conteúdos selecionados para o ensino são importantes para a formação do aluno, então, é preciso investir em todas as estratégias e recursos possíveis para que ele aprenda. A recuperação é justamente isso: o esforço de 500 retomar ao conteúdo, de modificar os encaminhamentos metodológicos, para assegurar a possibilidade de aprendizagem. Nesse sentido, a recuperação de nota é simples decorrência da recuperação de conteúdo. A EJA contempla, também, o atendimento a educandos com necessidades educativas especiais, inserindo estes no conjunto de educandos da organização coletiva ou individual, priorizando ações que oportunizem o acesso, a permanência e o êxito dos mesmos no espaço escolar, considerando a situação em que se encontram individualmente estes educandos. Desse modo, desloca-se o enfoque do especial ligado ao educando para o enfoque do especial atribuído à educação. Mesmo que os educandos apresentem características diferenciadas decorrentes não apenas de deficiências mas, também, de condições sócio-culturais diversas e econômicas desfavoráveis, eles terão direito a receber apoios diferenciados daqueles normalmente oferecidos pela educação escolar. Garante-se, dessa forma, que a inclusão educacional realize-se, assegurando o direito à igualdade com equidade de oportunidades. Isso não significa o modo igual de educar a todos, mas uma forma de garantir os apoios e serviços especializados para que cada um aprenda, resguardando-se suas singularidades. Portanto, a avaliação da aprendizagem matemática considerada como mecanismo diagnóstico, deverá englobar todas as instâncias que compõem a escola: currículo, planejamento, metodologia, conteúdos, o educando, o educador e a própria escola. Entendida como processo, a avaliação deverá possibilitar uma constante elaboração e re-elaboração não só do conhecimento produzido, mas da ação pedagógica como um todo. 4.13.5 REFERÊNCIAS Matemática: livro do estudante: ensino fundamental/coordenação Zuleika de Felice Murrie. – Brasília: MEC: INEP, 2002 501 Matemática: matemática e suas tecnologias: livro do professor: ensino fundamental e médio/ coordenação Zuleika de Felice Murrie. – Brasília: MEC: INEP, 2002 BICUDO, M. A. V. e GARNICA, ª V. M. Filosofia da educação matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. BOYER, C. B. História da matemática. Tradução: Elza F. Gomide. São Paulo> Edgard Blucher, 1974 BRASIL, Ministério da Educação. Secretária de Educação Fundamental, 2002 – Proposta Curricular para a educação de jovens e adultos: segundo segmento do ensino fundamental: 5ª a 8ª série: introdução. DUARTE, Newton. O ensino de matemática na educação de adultos. São Paulo: Cortez, 1994. FONSECA, Maria da Conceição F.R. Educação Matemática de Jovens e Adultos: especificidades, desafios e contribuições. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. MATO GROSSO DO SUL, Secretária de Estado de Educação. Subsídios de matemática. V, 8ª: 1 ed. Campo Grande: 2000. MIORIM, Maria Ângela. Introdução à história da matemática. São Paulo: Graal, 1973. NAGEL, Lízia Helena. Em questão: profissionalismo no ensino. Maringá: UEM, 2003(texto digitado) PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares da Educação de jovens e adultos no Estado do Paraná – DCE. 2008. PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação Básica de Matemática. SEED – Curitiba, 2008. PAIS, L. C. Didática da matemática – uma análise da influência francesa. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. SMOLE, K. S., DINIZ, M. I. Ler escrever e resolver problemas. Porto Alegre: ARTMED, 2001. PETRONZELLI, Vera Lúcia Lúcio. Educação Matemática e a aquisição do conhecimento matemático: alguns caminhos a serem trilhados, 2002. (Dissertação de Mestrado, UTP) 166p. 502 4.14 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE QUÍMICA 4.14.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA O desenvolvimento de saberes e de práticas ligadas a transformação da matéria e presentes na formação das diversas civilizações foi estimulado por necessidades humanas, tais como: a comunicação, o domínio do fogo e após o processo do cozimento. Tais saberes e práticas como manipulação dos metais, chás, remédios, vitrificação, feitura dos unguentos, iatroquímica entre outros, não podem ser classificados como ciência moderna denominada Química, mas como ações e procedimentos que contribuíram para a elaboração do conhecimento químico desde o século XVII. Considera-se essencial retomar fatos marcantes da história do conhecimento químico em suas inter-relações econômica, política e social. Inicialmente o ser humano obteve a partir do fogo seus benefícios como: extração, produção e tratamento dos metais. Na história do conhecimento químico a alquimia foi uma das formas de entender a constituição desse saber. A Química como ciência teve seu início na Europa no cenário de desenvolvimento do modo de produção capitalista, dos interesses econômicos, das relações de produção, de poder que marcaram a constituição desse saber. Com o o uso das tecnológias, houve novas descobertas e avanços científicos que marcaram as transformações nas ciências, com destaque a Química que cada vez mais está envolvida com o capitalismo presente na sociedade e na escola. A consolidação da Química como ciência foi um dos fatos que permitiu o desenvolvimento das civilizações, determinando maneiras diferenciadas no modo de viver. A Química está inserida nas ações e nos recursos utilizados nas diversas atividades diárias das pessoas e, segundo BIZZO (2002, p.12), 503 O domínio dos fundamentos científicos hoje em dia é indispensável para que se possa realizar tarefas tão triviais como ler um jornal ou assistir à televisão. Da mesma forma, decisões a respeito de questões ambientais, por exemplo, não podem prescindir da informação científica, que deve estar ao alcance de todos. Assim, a Química fundamenta-se como uma ciência que permite a evolução do ser humano nos aspectos ambientais, econômicos, sociais, políticos, culturais, éticos, entre outros, bem como o seu reconhecimento como um ser que se relaciona, interage e modifica, positiva ou negativamente, o meio em que vive. A Química como ciência contempla as tradições culturais e as crenças populares que despertam a curiosidade por fatos, propiciando condições para o desenvolvimento das teorias e das leis que fundamentam as ciências. BIZZO (2002, p.17), afirma que “A ciência não está amparada na verdade religiosa nem na verdade filosófica, mas em um certo tipo de verdade que é diferente dessas outras. Não é correta a imagem de que os conhecimentos científicos, por serem comumente fruto de experimentação e por terem uma base lógica, sejam “melhores” do que os demais conhecimentos. Tampouco se pode pensar que o conhecimento científico possa gerar verdades eternas e perenes”. Desta forma, é importante considerar que o conhecimento químico não é algo pronto, acabado e inquestionável, mas em constante transformação.A Química, trabalhada como disciplina curricular do Ensino Médio, deve apresentar-se como propiciadora da compreensão de uma parcela dos resultados obtidos a partir da Química como ciência. Essa percepção deve fazer parte do trabalho pedagógico realizado nas escolas e conforme MALDANER (2000, p.196), “Compreender a natureza da ciência química e como ela se dá no ensino e na aprendizagem passou a ser um tema importante, revelado a partir das pesquisas educacionais, principalmente as pesquisas realizadas na década de 1980 sobre as ideias alternativas dos alunos relacionadas com as ciências naturais. No âmbito da pesquisa educacional, mais ligado à educação científica, estava claro, já no início dos anos 90, que era fundamental que os professores conhecessem mais o pensamento dos alunos, bem como, a natureza da ciência que estavam ensinando. No entanto, isso não era prática usual nos cursos de formação desses professores.” Tal consideração vem de encontro com a forma com que muitos educadores têm trabalhado esta disciplina, priorizando fatos desligados da vida dos 504 educandos, em que os educadores abordam, principalmente, os conteúdos acadêmicos, enfatizando a memorização, o que torna a disciplina desvinculada da realidade dos seus alunos e sem significação para sua vida. Considerando que uma das funções do aprendizado dos conhecimentos químicos na escola deve ser a de perceber a presença e a importância da Química em sua vivência, para DELIZOICOV et.al. (2002, p.34), “ação docente buscará constituir o entendimento de que o processo de produção do conhecimento que caracteriza a ciência e a tecnologia constitui uma atividade humana, sócio-historicamente determinada, submetida a pressões internas e externas, com processos e resultados ainda pouco acessíveis à maioria das pessoas escolarizadas, e por isso passíveis de uso e compreensão acríticos ou ingênuos; ou seja, é um processo de produção que precisa, por essa maioria, ser apropriado e entendido.” Assim, é importante que o ensino desenvolvido na disciplina de Química na EJA, possibilite ao educando, a partir de seus conhecimentos prévios, a construção do conhecimento científico, por meio da análise, reflexão e ação, para que possa argumentar e se posicionar criticamente. Os objetivos da disciplina de química são: • Despertar no(a) aluno(a) o interesse pela pesquisa do campo, produção orgânica e cuidados químicos com o solo e consequências; • Cumprindo-se a lei nº10.639/03, referente à história e cultura Afro-brasileira e africana, será abordado dados referentes a química, como a porcentagem de químicos desta origem e quais os conhecimentos usados por estes no passado, assim como detalhes químicos condizentes a respeito da cor negra (melanina); • Despertar no(a) aluno(a) o interesse pela pesquisa científica utilizando a química no seu cotidiano; • Estimular o conhecimento da natureza e das transformações que nelas ocorrem; • Desenvolver a capacidade do(a) aluno(a) na resolução de problemas propostos visualizando a relação interdisciplinar na investigação científica; 505 • Incentivar no(a) aluno(a) a compreensão do papel que a ciência desempenha no desenvolvimento do universo em que vive; • Conscientizar o(a) aluno(a) de que o conhecimento científico é dinâmico, e mutável, ajudando-a(o) a ter uma necessária visão crítica da ciência; • Estabelecer uma relação entre os processos químicos e o mundo de forma abrangente e integrada; • Possibilitar ao(a) aluno(a) a compreensão tanto de processos químicos em si, quanto da construção de um conhecimento científico em estreita relação com as aplicações tecnológicas e as suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas; • Utilizar conhecimentos da química para explicar o mundo natural e planejar, executar e avaliar intervenções práticas; • Utilizar instrumentos de medição e cálculo; • Elaborar estratégias de enfrentamento das questões; • Articular o conhecimento científico e tecnológico em uma perspectiva interdisciplinar. 4.14.2 CONTEÚDOS O programa de Química contempla os seguintes conteúdos estruturantes: • Matéria e sua natureza; • Biogeoquímica; • Química sintética. Para tanto os conteúdos básicos considerados essenciais para a conclusão da disciplina de Química no Ensino Médio na modalidade Educação de Jovens e Adultos, são: Matéria e substâncias Reações Químicas Funções Orgânicas e Inorgânicas 506 Ligações Químicas Ligações entre as moléculas Tabela periódica e periodicidade Estrutura atômica Estequiometria Estudo dos Gases Radioatividade Propriedades coligativas Eletroquímica Equilíbrio Químico Soluções Termoquímica 4.14.3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DA DISCIPLINA Considerando os encaminhamentos metodológicos contidos na proposta pedagógica de ensino para a disciplina de Química no Ensino Médio Regular, fazse necessário refletir as especificidades do trabalho com a Química na Educação de Jovens e Adultos (EJA), considerando as Diretrizes Curriculares Estaduais para essa modalidade de ensino da educação básica. Nesse sentido, para o trabalho metodológico com essa disciplina, uma alternativa seria partir da sequencia: “fenômeno–problematização–representaçãoexplicação” (MALDANER, 2000, p.184). Para o autor, episódios de alta vivência dos alunos passariam a ser importantes no processo de ensino e aprendizagem e não obstáculo a ser superado (...) O importante é identificar situações de alta vivência comuns ao maior número possível de alunos e a partir delas começar o trabalho de ensino. (MALDANER, 2000, p. 184) Nessa ótica, não cabe ao educador apresentar apenas fórmulas, classificações, regras práticas, nomenclaturas, mas sim, trabalhar conteúdos com os quais o educando venha a apropriar-se dos conhecimentos de forma dinâmica, 507 interativa e consistente, respeitando os diferentes tempos de aprendizagem e propiciando condições para que o mesmo perceba a função da Química na sua vida. Criar novas formas de promover a aprendizagem fora dos limites da organização tradicional é uma tarefa, portanto, que impõem, antes de mais nada, um enorme desafio para os educadores (...), romper o modelo de instrução tradicional implica um alto grau de competência pedagógica, pois para isso o professor precisará decidir, em cada situação, quais formas de agrupamento, sequenciação, meios didáticos e interações propiciarão o maior progresso possível dos alunos, considerando a diversidade que inevitavelmente caracteriza o público da educação de jovens e adultos. (RIBEIRO, 1999, p.8) Conforme SCHNETZLER (2000) citada em MALDANER (2000, p. 199), “Aprender significa relacionar”. A aprendizagem dos vários conceitos químicos terá significado somente se forem respeitados os conhecimentos e as experiências trazidos pelo educando jovem e adulto, de onde sejam capazes de estabelecer relações entre conceitos micro e macroscópicos, integrando os diferentes saberes – da comunidade, do educando e acadêmico. Para que isso se evidencie no ambiente escolar, para a disciplina de Química, considera-se a afirmação de MALDANER (2000, p. 187), de que “o saber escolar deve permitir o acesso, de alguma forma, ao conhecimento sistematizado. Assim ele será reconstruído e reinventado em cada sala de aula, na interação alunos/professor, alunos/alunos e, também, na interação com o entorno social”. Dessa forma, o ensino da disciplina de Química deve contribuir para que o educando jovem e adulto desenvolva um olhar crítico sobre os fatos do cotidiano, levando-o a compreensão dos mesmos de forma consciente, dando-lhe condições de discernir algo que possa ajudá-lo, daquilo que pode lhe causar problemas. Nesse sentido, ressalta-se a importância de trabalhar a disciplina de forma contextualizada, ou seja, com situações que permitam ao educando jovem e adulto a inter-relação dos vínculos do conteúdo estudado com as diferentes situações com que se deparam no seu dia-a-dia. Essa contextualização pode-se dar a partir de uma problematização, ou seja, lançando desafios que necessitem de respostas para determinadas situações. “A essência do problema é a necessidade (...), um obstáculo que é necessário transpor, uma dificuldade que precisa ser superada, uma dúvida que não pode deixar de ser dissipada.” (SAVIANI, 1993, p.26) 508 As dúvidas são muito comuns em Química, devendo ser aproveitadas para a reflexão sobre o problema a ser analisado. Sendo assim, para o educador, o desafio consiste em realizar esta contextualização sem reduzir os conteúdos apenas a sua aplicação prática, deixando de lado o saber acadêmico. Um aspecto importante a ser considerado no trabalho com a disciplina de Química é a retomada histórica e epistemológica das origens e evolução do pensamento na ciência Química, propiciando condições para que o educando perceba o significado do estudo dessa disciplina, bem como a compreensão de sua linguagem própria e da cultura científica e tecnológica oriundas desse processo, pois as diversas contingências históricas têm levado os professores a deixar de lado a importância do saber sistematizado, resultando numa prática pedagógica pouco significativa. É fundamental mencionar, também, a utilização de experimentos e as práticas realizadas em laboratório como um dos recursos a serem utilizados no trabalho docente, a fim de que o educando possa visualizar uma transformação química, inserindo conceitos pertinentes e estabelecendo relações de tal experimento com aspectos da sua vivência. Segundo BIZZO (2002, p.75), é importante que o professor perceba que a experimentação é um elemento essencial nas aulas de ciências, mas que ela, por si só, não garante bom aprendizado. (...) ...a realização de experimentos é uma tarefa importante, mas não dispensa o acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar quais são as explicações apresentadas pelos alunos para os resultados encontrados. É comum que seja necessário propor uma nova situação que desafie a explicação encontrada pelos alunos. Nesse sentido, um aspecto importante a ser considerado é o fato de que o educador não deve se colocar como o verdadeiro e único detentor do saber, apresentando todas as respostas para todas as questões. Conforme BIZZO (2002, p.50), o professor deveria enfrentar a tentação de dar respostas prontas, mesmo que detenha a informação exata, oferecendo novas perguntas em seu lugar, que levassem os alunos a buscar a informação com maior orientação e acompanhamento. Perguntas do tipo “por quê?” são maneiras de os alunos procurarem por respostas definitivas, que manifestem uma vontade muito grande de conhecer. Se o professor apresenta, de pronto, uma resposta na forma de uma longa explicação conceitual, pode estar desestimulando a busca de mais dados e informações por parte dos alunos. 509 Ao proceder dessa forma, o educador leva o educando a pensar e a refletir sobre o assunto trabalhado, estimulando-o a buscar mais dados e informações. Um outro aspecto a ser considerado no trabalho docente, é a utilização do material de apoio didático como uma das alternativas metodológicas, de tal forma que não seja o único recurso a ser utilizado pelo educador. A respeito do livro didático, BIZZO (2002, p. 66) propõe que ele deve ser utilizado como um dos materiais de apoio, como outros que se fazem necessários, cabendo ao professor, selecionar o melhor material disponível diante de sua própria realidade, onde as informações devem ser apresentadas de forma adequada à realidade dos alunos. Ao pensar os conteúdos a serem trabalhados, o educador deve priorizar os essenciais, ou seja, aqueles que possam ter significado real à vida dos educandos jovens e adultos. Os conteúdos trabalhados devem possibilitar aos mesmos a percepção de que existem diversas visões sobre um determinado fenômeno e, a partir dessa relação, poderem constituir a sua própria identidade cultural, estimulando sua autonomia intelectual. Os conteúdos podem ser organizados sem a rígida sequencia linear proposta nos livros didáticos. Para tanto, deve ser avaliada a relevância e a necessidade desses conteúdos, assim como a coerência dos mesmos para o processo educativo. Deve-se fazer um trabalho que aborde a temática da coordenação de desenvolvimento socioeducacional, podendo ser trabalhado de forma contextualizada e interdisciplinar: Educação Ambiental – implementar a Lei 9795/99 como desenvolvimento da Educação Ambiental, para a qualidade de vida e para a compreensão das relações entre o homem e o meio bio-físico; Educação Fiscal – visando despertar a consciência dos estudantes sobre direitos e deveres em relação ao valor social dos tributos e do controle social do estado democrático; Enfrentamento a Violência – busca-se a ampliação da compreensão e formação de uma consciência crítica sobre violência e, assim, transformar a escola e espaço onde o conhecimento toma o lugar da força; História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena – implementação da Lei 10.639/03 e para a consolidação das Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o 510 Ensino da História e cultura Afro-Brasileira e Africana, acrescida da Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE. Promovendo assim, o reconhecimento da identidade, da história e da cultura da população negra, assegurando a igualdade e a valorização das raízes africanas ao lado das indígenas, europeias e asiáticas, a partir do ensino da história e cultura Afro-Brasileira e Africana. Prevenção ao uso indevido de drogas – requer tratamento adequado e cuidadoso, fundamentado em resultados de pesquisa, desprovido de valores e crenças pessoais. Os educadores e os educandos são instigados em conhecer assuntos relacionados com a: drogadição, vulnerabilidade, preconceito e discriminação ao usuário de drogas, narcotráfico, violência, influência da mídia, entre outros; Sexualidade – precisa ser discutida na escola, local privilegiado para o tratamento pedagógico desse desafio educacional contemporâneo. Deve considerar os referenciais de gênero, diversidade sexual, classe e raça/etnia. Cidadania e direitos humanos- tem na sua essência a busca dos princípios da dignidade humana respeitando os diferentes sujeitos de direitos e fomentando maior justiça social. No intuito de valorizar ações de cidadania, esta demanda responde ainda pelas ações interinstitucionais de acompanhamento e fomento de programas federais e estaduais como: Atitude, Saúde na Escola, Segurança Social, entre outros. Portanto, deve-se contemplar os desafios contemporâneos, para o ensino da química, no que diz respeito a educação ambiental, uso indevido de drogas, podendo ser trabalhado de forma contextualizada e interdisciplinar. É importante ressaltar que cabe ao educador, a partir da investigação dos conhecimentos informais que os educandos têm sobre a Química, sistematizar as estratégias metodológicas, planejando o que será trabalhado dentro de cada um dos conteúdos mencionados anteriormente, qual a intensidade de aprofundamento, bem como a articulação entre os mesmos ou entre os tópicos de cada um. Para a organização dos conteúdos é indicado que seja utilizada a problematização, cujo objetivo consiste em gerar um tema para contextualização. Os temas são baseados em fatos locais, regionais, nacionais ou mundiais, que possam refletir sobre os acontecimentos que relacionam a Química com a vida, com o ambiente, com o trabalho e com as demais relações sociais. 511 A partir do contexto abordado, devem ser selecionados os conteúdos que possam ser trabalhados, independentemente da sequencia usual presente nos livros didáticos da disciplina. Nesse sentido, ao organizar os conteúdos, bem como, a forma como serão desenvolvidas as atividades para aprofundamento e avaliação, o educador terá condições de desenvolver metodologias que visem evitar a fragmentação ou a desarticulação dos conteúdos dessa disciplina. As aulas serão expositivas, com o auxílio da TV pendrive, vídeos relacionados ao conteúdo, utilização de aulas práticas expositivas,quando necessário, sendo trabalhado de forma contextualizada. 4.14.4 AVALIAÇÃO Nas Diretrizes curriculares , a avaliação deve ser concebida de forma processual e formativa, sob os condicionantes do diagnóstico e da continuidade. Esse processo ocorre em interações recíprocas, no dia-a-dia, no transcorrer da própria aula e não apenas de modo pontual, portanto, está sujeita a alterações no seu desenvolvimento. Na perspectiva que se propõe, a avaliação na disciplina de Química vem mediar a práxis pedagógica, sendo coerente com os objetivos propostos e com os encaminhamentos metodológicos, onde os erros e os acertos deverão servir como meio de reflexão e reavaliação da ação pedagógica como um todo. É essencial valorizar os acertos, considerando o erro como ponto de partida para que o educando e o educador compreendam e ajam sobre o processo de construção do conhecimento, caracterizando-o como um exercício de aprendizagem. Na avaliação, dentre os vários critérios podemos esperar que o aluno entenda e questione a ciência de seu tempo e os avanços tecnológicos na área da química, que ele construa e reconstrua o significado dos conceitos químicos. Outro critério importante é que o aluno, tome posição frente as situações sociais e ambientais, desencadeadas pela produção do conhecimento químico, também que os mesmos reconheçam as espécies químicas, como ácidos, bases, sais e óxidos, em relação a outra espécie com a qual estabeleça interação. 512 Pode -se utilizar diferentes instrumentos avaliativos na disciplina de química, como por exemplo: trabalhos de pesquisa, feira de química, relatórios de experimentos, avaliações dos conteúdos, projetos educacionais , seminários e outros que possam se adequar a realidade das turmas com quem está se trabalhando. Após o processo avaliativo, deve considerar os erros e acertos de cada aluno, a fim de recuperar os conteúdos que não foram assimilados, através da retomada destes , por meio de recuperações paralelas as provas realizadas. No entanto, devemos considerar os alunos que possuem necessidades educacionais especiais,utilizando com os mesmos diferenciadas metodologias de ensino e de avaliação. Assim, ao avaliar, o educador deve superar o autoritarismo, o conteudismo e o ato de avaliar como objeto de punição, perpassando por vários caminhos, fundamentados na concepção teórica e no encaminhamento metodológico da disciplina de Química, estabelecendo uma perspectiva de torná-la reflexiva, crítica, que valoriza a diversidade e reconhece as diferenças, voltada para a autonomia do educando jovem, adulto e idoso. 4.14.5 REFERÊNCIAS BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002. DCE: Diretrizes Cirriculares da Educaçaõ Básica. Secretaria de Estado da educação do Paraná. Disciplina : química; Paraná: 2008. DELIZOICOV, D., ANGOTTI, J. A. & PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. MALDANER, O. A. A formação inicial e continuada de professores de química. Ijuí: Editora Unijuí, 2000. 513 RIBEIRO, Vera Masagão. A formação de educadores e a constituição da educação de jovens e adultos como campo pedagógico. Educação & Sociedade. v.20, n. 68, Campinas: UNICAMP, dez, 1999. SAVIANI, Dermeval. Do senso comum à consciência filosófica. Campinas: Autores Associados, 1993, p.20-28. 4.15 PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA 4.15.1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Historicamente, a sociedade tem assumido, características capitalistas e a busca da compreensão destas, entre outras coisas, tem sido a preocupação da Sociologia para sua consolidação como ciência. O período de conformação do capitalismo foi marcado por profundas mudanças na organização social que fizeram com que seus contemporâneos buscassem explicações para os fenômenos sociais com os quais conviviam. As antigas formas organizativas do mundo foram sucessivamente alteradas pelas experiências da Modernidade que propõe, entre outras coisas, a utilização da razão como formatadora da realidade. Sendo assim, várias relações sociais cotidianas foram transformadas neste processo. O capitalismo com sua nova forma de organização das relações sociais e de trabalho, traz em seu bojo questões econômicas/culturais que precisam de respostas. Surgem então os pensadores da Sociologia que buscam dar conta destas questões através da elaboração de teorias explicativas dessa dinâmica social, sob diferentes olhares e posicionamentos políticos. 514 Com Augusto Comte (1798-1857) surge o termo Sociologia, este autor buscará criar um método específico para o estudo da sociedade, já que acreditava que a ciência deveria ser usada na organização das mesmas e afirmando que a ordem levaria ao progresso. Émile Durkheim (1858-1917) irá utilizar-se de conceitos de Comte na elaboração e consolidação de uma ciência que tenta entender a sociedade e as relações sociais. Para Durkheim o sujeito faz parte da sociedade e a sociedade o compõe, então, a mesma só faz sentido se :” compreendida como um conjunto cuja existência própria, independentemente de manifestações individuais, exerce sobre cada ser humano uma coerção exterior, a partir de pressões e obrigatoriedades porque, de alguma forma ela não “cabe”na sua totalidade, na mente de cada indivíduo” (SEED, 2006, p.21). Sendo assim, a precedência da sociedade sobre os indivíduos faz com que a cooperação seja necessária à organização social. Tal cooperação só pode existir no consenso, daí caber à educação papel fundamental neste processo. Em Max Weber(1864-1920) a orientação vai num outro sentido, para ele o indivíduo prevalece sobre a sociedade. Ele estabelece a Sociologia Compreensiva que vai buscar entender a sociedade partindo da compreensão das ações individuais. Para ele “compreender a sociedade é analisar os comportamentos movidos pela racionalidade dos sujeitos com relação aos outros, é compreender o agir dos homens que se relacionam uns com os outros, de acordo com um cálculo e uma finalidade que tem por base as regras”.(SEED, 2006, p.22). A sociedade estaria marcada, então, pelo desenvolvimento da racionalidade, rumando a “burocratização”. Caberia, pois, a educação o papel de “(...) prover os sujeitos de conteúdos especializados, eruditos, e de disposições que os predisponham a ter condições – conduta de vida conhecimento especializados – necessárias para realizar suas funções de perito na burocracia profissional” (SEED, 2006, p22). Outro autor relevante para o entendimento das sociedades é Karl Marx (18181883). Muito embora Marx não esteja preocupado com a constituição de uma ciência, suas reflexões são importantes para a compreensão das sociedades. 515 Buscando compreender a sociedade capitalista e apontar uma direção para sua transformação, Marx desvenda os mecanismos de exploração e manutenção das relações sociais apontando para o fato das sociedades estarem divididas em classes, enunciou “(...) como lei de validade geral -que a história das sociedades é movida pela luta entre as classes sociais.(SEED, 2006, p.21). Ainda de acordo com o autor, a educação é um mecanismo que, conforme seu conteúdo de classe, pode oprimir ou emancipar o homem. Marx e Engels no período pós guerra estavam preocupados com a formação de um novo homem que fosse partícipe das riquezas materiais e não materiais produzidas pela humanidade. Suas preocupações ou estudos denominaram-se Materialismo Dialético, cujas ideias deram origem a uma corrente na psicologia denominada psicologia Histórico-Cultural. Vigotski, Luria e Leontiev, estudiosos russos embasados no Materialismo Histórico, desenvolveram estudos, tentando compreender a forma como se dá a humanização do homem. Seus estudos demonstram que a individualidade, a humanização se processa através dos condicionantes sociais, contrariando Piaget, que considerava o processo de socialização do ser humano pela maturação biológica ou um mero processo de adaptação ao ambiente. Estes autores ainda consideraram a importância do conhecimento científico para que o ser humano possa dar um salto de qualidade rumo à sua humanização. Desde então, a preocupação com a sociedade e as relações sociais tem sido a principal preocupação desta ciência, ou seja, entender, explicar e questionar os mecanismos de produção, organização, domínio, controle e poder institucionalizados ou não, que resultam em relações sociais de maior ou menor exploração ou igualdade, possibilitando aos indivíduos compreender e atuar de forma efetiva sobre a realidade que os cercam. Desta forma, propor que tais conhecimentos contribuam para a crítica às contradições sociais, política e econômicas presentes na sociedade contemporânea, propiciar e compreender a produção cientifica, a reflexão filosófica, criação artística nos contextos em que ela se constitui. É neste contexto que se faz necessária a introdução desta disciplina na Educação de Jovens e Adultos, tendo em vista que a mesma tem o compromisso com a formação humana e o acesso à cultura geral, a Sociologia contribuirá no 516 desempenho de tal tarefa, na medida em que propicia aos educandos a possibilidade de uma maior compreensão da sociedade onde o mesmo vive e sua atuação sobre a mesma. 4.15.2 CONTEÚDOS Conteúdo estruturante: O surgimento da sociologia e as teorias sociológicas Conteúdos Básicos: Modernidade(Renascimento; Reforma Protestante; Iluminismo; Revolução Francesa e Revolução Industrial). Desenvolvimento das Ciências; Senso comum e Conhecimento científico; Teóricos da sociologia: Comte, Durkheim, Weber, Engels e Marx; Produção Sociológica Brasileira. 2-Conteúdo estruturante: O processo de socialização e as instituições sociais. Conteúdos básicos: Instituições familiares; Instituições escolares; Instituições religiosas; Instituições políticas, dentre outras. Instituição de Reinserção(prisões, manicômios, educandários, asilos, etc). 3-Conteúdo estruturante: Cultura e Indústria Cultural. Conteúdos básicos: Conceitos antropológicos de cultura; Diversidade cultural; Relativismo; Etnocentrismo; Identidade; Indústria cultural. Indústria cultural no Brasil. Meios de comunicação de massa. Sociedade de consumo. 517 Questões de gênero. Cultura afro -brasileira e africana. Culturas indígenas. 4-Conteúdo Estruturante: Trabalho, produção e classes sociais; Conteúdos básicos: O conceito de trabalho e o trabalho nas diferentes sociedades. Desigualdades sociais: estamentos, castas e classes sociais. Organização do trabalho nas sociedades capitalistas e suas contradições. Globalização e neoliberalismo. Relações de trabalho. Trabalho no Brasil. 5– Conteúdo estruturante: Poder, política e ideologia Conteúdos básicos: Formação e desenvolvimento do Estado Moderno. Democracia e autoritarismo. O Estado no Brasil. Conceitos de poder. Conceitos de ideologia. Conceitos de dominação e legitimidade. As expressões da violência nas sociedades contemporâneas. 6-Conteúdo Estruturante: Direitos, cidadania e movimentos sociais. Conteúdos básicos: Direitos civis, políticos e sociais. Direitos humanos. Conceito de cidadania. Movimentos sociais. Movimentos sociais no Brasil. A questão ambiental e os movimentos ambientalistas. A questão das ONG's. 4.15.3 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DA DISCIPLINA 518 O objeto de estudo da Sociologia são as relações sociais que se estabelecem no interior dos grupos e da sociedade e as relações entre os indivíduos e a coletividade. No ensino da Sociologia propõe-se que sejam redimensionados aspectos da realidade por meio de uma análise didática e crítica dos problemas sociais. É preciso, entretanto, levar em conta as particularidades da Educação de Jovens e Adultos, que tem por base o reconhecimento do educando como sujeitos históricos, que voltam a estudar em busca de humanização, e de cidadania. Sendo assim, os conteúdos básicos deverão estar articulados à realidade dos alunos considerando sua dimensão sócio-histórica, vinculado ao mundo do trabalho, à ciência, às novas tecnologias, etc. Deve-se ter o cuidado segundo Florestan Fernandes para que o ensino de Sociologia leve em consideração os aspectos elementares e universais da vida social, sempre de forma crítica. Sugere-se, no entanto, que a disciplina seja iniciada com uma rápida contextualização do surgimento da Sociologia, bem como a apresentação de suas principais teorias na análise/compreensão da realidade. Considera-se relevante a análise do contexto histórico do surgimento da Sociologia e a contribuição dos clássicos tradicionais, citando Marx, Durkheim e Weber. A abordagem dada aos conteúdos deverão estar relacionados à Sociologia crítica, caracterizada por posições teórico-práticas que permitam compreender os problemas sociais concretos. Deve-se tratar a Sociologia clássica e contemporânea de forma crítica, entendendo que professores e alunos são pesquisadores, e ambos devem estar buscando através do conhecimento científico, esclarecer questões a respeito das desigualdades sociais, políticas e culturais, visando a transformação da prática social, visando a construção de uma nova sociedade, mais justa e democrática onde o homem possa ser partícipe dos bens materiais e culturais produzidos pela humanidade. O ensino da Sociologia deve tratar pedagogicamente a contextualização histórica e política das teorias sociológicas seguindo o rigor metodológico que a ciência requer. 519 No ensino de Sociologia é necessária a adoção de múltiplos instrumentos metodológicos, instrumentos estes, que devem adequar-se aos objetivos pretendidos, seja a exposição, a leitura e esclarecimentos do significado dos conceitos e da lógica dos textos (teóricos, temáticos, literários), sua análise e discussão, a apresentação de filmes, a audição de músicas, enfim, o que importa é que o educando seja constantemente provocado a relacionar a teoria com o vivido, a rever conhecimentos e a reconstruir coletivamente novos saberes. O ensino deve contemplar a dinâmica dos fenômenos sociais. Por fim, o conhecimento sociológico deve ir além da definição, classificação, descrição e estabelecimento de correlações dos fenômenos da realidade social. É tarefa primordial do conhecimento sociológico explicitar problemáticas sociais concretas e contextualizadas, de modo a desconstruir pré-noções e preconceitos que quase sempre dificultam o desenvolvimento da autonomia intelectual e de ações políticas direcionadas á transformação social. Os conteúdos programáticos serão encaminhados metodologicamente estruturados sob os pressupostos conceituais da interdisciplinaridade e serão redimensionados quanto aos aspectos da realidade vivenciada pela turma para a realização de análises críticas e reflexões que internalizem conhecimentos embasados teoricamente, visando mudanças de comportamentos e assimilação de conhecimentos científicos. Dentro da disciplina de Sociologia e de acordo com as leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008 e a Instrução 009/2011, que determinam o ensino dos conteúdos relacionados à História e Cultura Afro-brasileira e Africana e Cultura dos povos indígenas, bem como as questões de gênero e diversidade sexual, educação ambiental, prevenção ao uso indevido de drogas, enfrentamento à violência na escola, cidadania e direitos humanos e educação fiscal; direitos das crianças e dos adolescentes conforme prevê o ECA, serão contemplados de forma contextualizada e interdisciplinar. As metodologias a serem utilizadas serão as de atividades coletivas para que a construção social se faça presente sempre na organização dos conceitos científicos sobre o estudo da Sociologia. Os passos da didática histórico-crítica 520 sistematizada por Gasparim conduzirá os trabalhos da disciplina, ou seja, partindo da prática social, do senso comum, da realidade dos alunos , para buscar nos conhecimentos científicos as explicações para as mesmas, contextualizando finalmente estes conhecimentos. Dentre as atividades a serem desenvolvidas podemos citar: construção e análise crítica de textos coletivos, pesquisa de campo, análise crítica de livros e filmes, utilização da internet, revistas, jornais, intercâmbio de conhecimentos etc. A utilização de materiais próximos à realidade dos alunos favorece a percepção da realidade e estimula a conhecer outras experiências. O professor ao invés de dar respostas prontas deve estimular o aluno a fazer perguntas e a buscar respostas no seu entorno, na realidade social que se apresenta no bairro, na própria escola, na família, nos programas de televisão, na internet, nos livros etc. Um recurso importante que poderá se utilizado são as entrevistas, através das quais pode-se desconstruir pré -conceitos culturalmente construidos. Como encaminhamentos metodológicos para o ensino se Sociologia propõe-se: aulas expositivas dialogadas; visitas a instituições e museus se possível, exercícios escritos e apresentados oralmente e discutidos em grupo, leitura de textos clássicos e contemporâneos, temáticos, didáticos, literários, jornalísticos. Debates e seminários de temas relevantes fundamentados em leituras e pesquisa, pesquisa de campo, pesquisa bibliográfica. Análise crítica de filmes, documentários, músicas propagandas, Análise crítica de imagens (fotografias, charges, tiras, publicidade) O livro didático de Sociologia é um bom suporte teórico metodológico. Mas o professor deve utilizar também outros recursos. 4.15.4 AVALIAÇÃO O processo de avaliação na disciplina de Sociologia pauta-se numa concepção formativa, continuada e de maneira diagnóstica para que se identifique aprendizagens que foram satisfatoriamente efetuadas e também as que apresentaram dificuldades, para que o trabalho docente possa ser reorientado. A avaliação, na disciplina de Sociologia, não pode ser confundida com um processo de técnico de medição, neste sentido, é preciso repensar os instrumentos utilizados nesse processo, de modo que os mesmos reflitam os objetivos desejados no 521 desenvolvimento do processo educativo, superando o conteudismo, numa perspectiva marcada pela autonomia do educando. A avaliação será pensada de forma transparente e coletiva, perpassando todas as atividades relacionadas a disciplina de uma forma metódica e sistemática, serão consideradas a apresentação de trabalhos individuais e coletivos, textos escritos, avaliações (provas individuais e em grupo), pesquisas, resumo de textos, atividades extra-classe, relatórios e várias outras formas procurando atingir os objetivos no sentido da apreensão, compreensão, reflexão dos conteúdos trabalhados com os alunos, durante todo o ano letivo. Os critérios e o modo de avaliar estão em consonância com o PPP da escola que determina que metade da nota – 5,0- seja destinada para provas discursivas ou objetivas e 5,0 seja para avaliar as atividades de leitura, compreensão, identificação, posicionamento ideológico no texto; na escrita a adequação à proposta e ao gênero solicitado, coesão e coerência textual; e na oralidade: seminários, debates e apresentações orais e outras atividades que o professor achar pertinente avaliar. A recuperação paralela está garantida aos alunos, independentemente do seu rendimento nas diversas avaliações feitas durante o bimestre. Ela servirá de subsídio ao aluno, a fim de que este possa reaver os conteúdos e, com isso, ter a possibilidade de obter a totalidade da aprendizagem. Aos alunos com necessidades especiais se farão adequações no prédio (acessibilidade) e no currículo, e o ensino será de forma que o mesmo, dentro de suas possibilidades e limitações possa se apropriar dos conhecimentos. A Avaliação deste aluno será de forma diferenciada adequada às suas necessidades. 4.15.5 REFERÊNCIAS ALBORNOZ, S. O que é trabalho. São Paulo: Brasiliense, 1989. ANTUNES, R. (Org.) A dialética do trabalho: Escritos de Marx e Engels. São Paulo: Expressão popular, 2004. AZEVEDO, F. Princípios de sociologia:pequena introdução ao estudo da sociologia geral. São Paulo: Duas Cidades, 1973. 522 BOBBIO, N. Estado, governo, sociedade: por uma teoria geral da política. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1990. BOSI, E. Cultura de massa e cultura popular: leituras de operárias. 5 ed. Petrópolis: Vozes, 1981. COELHO, T. O que é indústria cultural. 15ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. COMTE, A . Sociologia. São Paulo: Ática, 1978. DURKHEIM, E. Sociologia. São Paulo: Ática, 1978. GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1973. GIDDENS, A . Sociologia. 6 ed. Porto Alegre: Artmed,2005. GOHN, M. G. (Org.) Movimentos sociais no início do século XXI: antigos e novos atores sociais. Petrópolis: Vozes, 2003. LAPLANTINE, F. Aprender antropologia. 12 ed. São Paulo: Brasiliense, 2000. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Rede pública de Educação Básica do Estado do Paraná – Sociologia. Curitiba, 2006. MARX, K. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978. WEBER, M. Sociologia. São Paulo: Ática, 1979. 523 524 ADENDO DE ALTERAÇÃO E ACRÉSCIMO NA PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DA EJA Nº 01 O Colégio Estadual Francisco Ramos, município de Guamiranga, manterá a Matriz Curricular vigente em 2010 até o educando concluir disciplinas iniciadas em 2010 com terminalidade prevista para 2011. A partir do ano de 2011 e amparados na Deliberação Nº 05/2010 e na Instrução 032/2010 – SUED/SEED, este Estabelecimento seguirá a carga horária de 1600/1610 h ou 1920/1932h/a para o curso do Ensino Fundamental Fase II, nas matrículas de novas disciplinas com a seguinte distribuição de carga horária, conforme consta na Matriz Curricular: MATRIZ CURRICULAR DO CURSO PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II ESTABELECIMENTO: Colégio Estadual Francisco Ramos ENTIDADE MANTENEDORA: Governo do Estado do Paraná MUNICÍPIO: Guamiranga NRE: Irati ANO DE IMPLANTAÇÃO: 1º Sem/2011 FORMA: Simultânea CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO: 1600/1610 h ou 1920/1932 h/a DISCIPLINAS TOTAL DE HORAS TOTAL DE HORAS/AULA LÍNGUA PORTUGUESA 280 336 ARTE 94 112 LEM-INGLÊS 213 256 EDUCAÇÃO FÍSICA 94 112 MATEMÁTICA 280 336 CIÊNCIAS NATURAIS 213 256 HISTÓRIA 213 256 GEOGRAFIA 213 256 ENSINO RELIGIOSO* 10 12 TOTAL DE CARGA HORÁRIA DO CURSO 1600/1610 Horas ou 1920/1932 Horas/aula *DISCIPLINA DE OFERTA OBRIGATÓRIA PELO ESTABELECIMENTO DE ENSINO E DE MATRÍCULA FACULTATIVA PARA O EDUCANDO. _________________________________________ Assinatura do(a) Diretor(a) e carimbo da Direção 525 3.7.3 MATRÍCULA Para a matrícula no Estabelecimento Escolar de Educação de Jovens e Adultos: a) mantido b) mantido c) o educando do Ensino Fundamental – Fase II e do Ensino Médio, poderá matricular-se de uma a quatro disciplinas simultaneamente. No Ensino Médio, a disciplina de Língua Espanhola é de matrícula facultativa para o educando e entrará no cômputo das quatro disciplinas que podem ser cursadas concomitante; d) mantido e) revogado f) mantido g) o educando que solicitar matrícula por transferência, oriundo do processo de escolarização formal/escolar, cuja organização de ensino é diferente da ofertada neste Estabelecimento, não comprovando conclusão de disciplinas(as), deverá ser matriculado para cursar 100% (cem porcento) da carga horária total da disciplina, podendo após ter cumprido 25% (vinte e cinco porcento) da carga horária total da disciplina, participar do processo de reclassificação, definidos no Regimento Escolar, exceto na disciplina de Língua Espanhola; h) os jovens, adultos e idosos, que não participaram do processo de escolarização formal/escolar, bem como o educando desistente do processo de escolarização formal/escolar, em anos letivos anteriores cuja organização de ensino é diferente da ofertada neste Estabelecimento, não comprovando conclusão de disciplina(s), poderão ter seus conhecimentos aferidos por processo de classificação, exceto na disciplina de Língua Espanhola, definidos no Regimento Escolar; i) os educandos inseridos no processo de escolarização formal/escolar, recebidos por transferência, deverão realizar matrícula inicial em até quatro disciplinas, podendo participar dos processos de reclassificação – após cursado 25% da carga horária total de cada disciplina, exceto na disciplina de Língua Espanhola; 526 j) será considerado desistente, na disciplina, o educando que se ausentar por mais de 02 (dois) meses consecutivos, devendo a escola, no seu retorno, reativar sua matrícula para dar continuidade aos seus estudos, aproveitando a carga horária cursada e os registros de notas obtidos, desde que o prazo de desistência não ultrapasse 02 (dois) anos, a partir da data da matrícula inicial, exceto na disciplina de Língua Espanhola. No retorno do educando, este deverá reiniciar a disciplina sem aproveitamento da carga horária cursada e os registros de notas obtidos, caso opte novamente por cursar Língua Espanhola; l) o educando desistente, por mais de dois anos, a partir da data de matrícula inicial na disciplina, no seu retorno, deverá fazer matrícula inicial na disciplina, podendo participar do processo de classificação, exceto na disciplina de Língua Espanhola. O adendo de alteração e acréscimo da Proposta Pedagógica da EJA Nº 01, entra em vigor a partir do ano letivo de 2010. Guamiranga, 23/12/2010 ______________________________ Direção da Escola