Universidade Federal do ABC
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i Síntese e Caracterização de Nanoestruturas Peptídicas: Estudos Espectroscópicos e Aplicações Michelle da Silva Liberato DISSERTAÇÃO APRESENTADA COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM NANOCIÊNCIAS E MATERIAIS AVANÇADOS. ORIENTADOR: PROF. DR. WENDEL ANDRADE ALVES SANTO ANDRÉ 2012 ii Síntese e Caracterização de Nanoestruturas Peptídicas: Estudos Espectroscópicos e Aplicações Michelle da Silva Liberato ORIENTADOR: PROF. DR. WENDEL ANDRADE ALVES SANTO ANDRÉ 2012 iii iv v DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu filho muito amado que sempre será inesquecível: "Você foi um anjo que passou e transformou a minha vida" vi AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela vida, caminhos traçados e família maravilhosa; Aos meus avós, Pedro e Eliza (in memorian), pelos sábios conselhos que guardo comigo até os momentos de hoje; Aos meus pais, Vera e Armando, pela oportunidade da vida! Pelo esforço, sacrifício, paciência, dedicação, carinho e atenção. Por acreditarem em mim mesmo quando a esperança não estava muito presente. Mas o principal e incontestável: por me amarem! À minha irmã, cunhado e sobrinhos pelos momentos de alegria; Ao meu querido esposo Cristiano, que de forma especial e carinhosa me deu força e coragem, me apoiando nos momentos de dificuldades... ―Só sou tudo o que sou porque você me amou‖ Ao meu orientador, Dr. Wendel Andrade Alves, pela oportunidade concedida, apoio, dedicação e todo conhecimento transmitido. Obrigada por ter participado efetivamente de minha formação acadêmica; Aos professores, Dr. Vani Xavier de Oliveira Junior e Dra. Mariselma Ferreira (ambos UFABC) pela colaboração e discussões dos resultados; Aos grandes amigos do grupo (em ordem alfabética): Camila, Clóvis, Emerson, Iorque, Juliana, Márcia, Roberta, Rondes, Sérgio, Thiago e Wellington. Nunca vou esquecer nossos momentos no café e risadas! Em especial ao Sérgio, pela grande ajuda nos experimentos de FTIR, Raman e voltametria cíclica. A todos os amigos do LEMN; Ao LNLS pela excelente infra-estrutura; A FAPESP pela bolsa concedida; A UFABC pela grande oportunidade de realizar um sonho. vii “A fé em Deus nos faz crer no incrível, ver o invisível e realizar o impossível” Autor desconhecido viii SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NANOESTRUTURAS PEPTÍDICAS: ESTUDOS ESPECTROSCÓPICOS E APLICAÇÕES Michelle da Silva Liberato Resumo O trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de materiais nanoestruturados baseados em processos de automontagem molecular de compostos peptídicos, de modo a obter sistemas de grande versatilidade estrutural visando possíveis aplicações relacionadas à bionanotecnologia. Neste sentido, sequências peptídicas baseadas em precursores lineares e cíclicos foram sintetizadas pelo método em fase sólida na estratégia t-Boc e F-moc, respectivamente. Assim, as nanoestruturas foram preparadas por processos de automontagem mediante a técnica em fase sólida-vapor, por meio da variação de solvente (anilina, diclorometano e água), concentração (50, 100 e 150 mg mL-1) e tempo de exposição ao vapor (12 e 18 horas). Os materiais nanoestruturados foram caracterizados por MEV, FTIR e TGA, de modo a investigar suas propriedades morfológicas, estruturais e térmicas. Os resultados experimentais apresentaram a obtenção de nanofitas para uma concentração de 150 mg mL-1 e tempo de exposição ao vapor de 18 horas, que revelaram estruturas semelhantes para os três sistemas estudados, evidenciadas por FTIR e dinâmica molecular. Além disso, foi possível realizar a eletropolimerização da anilina residual, sendo observados os processos redox característicos da polianilina (PANI). Para finalizar, preparamos matrizes poliméricas de poli(ɛcaprolactona) com nanotubos de L-difenilalanina (NT-FF) por eletrofiação, de modo a estudar as variações nas propriedades térmicas e mecânicas dos nanocompósitos obtidos, que revelaram variações quanto à cristalinidade e deformação elástica e plástica. Palavras- Chaves: nanoestruturas peptídicas, supramoleculares, automontagem, eletrofiação. materiais biológicos, sistemas ix SYNTHESIS AND CHARACTERIZATION OF PEPTIDE NANOSTRUCTURES: SPECTROSCOPIC STUDIES AND APPLICATIONS Michelle da Silva Liberato Abstract The study had as aimed the development of nanostructured materials based on processes of molecular self-assembly of peptide compounds in order to obtain systems of great structural versatility seeking possible applications related to bionanotechnology. In this regard, peptide sequences based on linear and cyclic precursors were synthesized by solid-phase method in strategy t-Boc and F-moc, respectively. Thus, the nanostructures were prepared by selfassembly process via solid-vapor phase, through variation of solvent (aniline, water and dichloromethane), concentration (50, 100 and 150 mg mL-1) and exposure time vapor (12 and 18 hours). The nanostructured materials were characterized by SEM, FTIR and TGA in order to investigate their morphological, structural and thermal. The experimental results presented nanoribbons to obtain a concentration of 150 mg mL-1 and time of exposure to vapor of 18 hours, showed that similar structures for all systems studied, as evidenced by infrared spectroscopy and molecular dynamics. Furthermore, it was possible to perform the electropolymerization of residual aniline, observed redox processes characteristic of polyaniline (PANI). Finally, we have prepared arrays poly(ɛ-caprolactone) with Ldiphenylalanine nanotubes (NT-FF) by electrospinning, in order to study the changes in the thermal and mechanical properties of the nanocomposites which showed variation in the crystallinity and elastic-plastic deformation. Key Words: peptide nanostructures, biological materials, supramolecular systems, selfassembly, electrospinning. x SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. xiii LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ xix LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS .............................................................................. xx Capítulo 1- Revisão bibliográfica e aspectos teóricos ....................................................... 21 1.1. Introdução à química supramolecular ........................................................................ 21 1.2. Estrutura dos peptídeos .............................................................................................. 22 1.2.1. Síntese química dos peptídeos ............................................................................ 23 1.3. Nanoestruturas de peptídeos ...................................................................................... 24 1.4. Mecanismos de automontagem .................................................................................. 25 1.5. Estudo das propriedades morfológicas e estruturais .................................................. 29 1.6. Métodos usuais para preparação de nanoestruturas peptídicas .................................. 34 1.6.1. Fase líquida ......................................................................................................... 34 1.6.2. Nanoimpressão ................................................................................................... 36 1.6.3. Deposição física a vapor ..................................................................................... 36 1.6.4. Fase sólida-vapor ................................................................................................ 37 1.6.5. Eletrofiação ......................................................................................................... 39 1.6.6. Dieletroforese ..................................................................................................... 40 1.7. Aplicações .................................................................................................................. 41 1.7.1. Biossensores ....................................................................................................... 41 1.7.2. Biomateriais ........................................................................................................ 42 Capítulo 2- Objetivo .......................................................................................................... 44 2.1. Objetivos gerais ............................................................................................................. 44 2.2. Objetivos específicos ..................................................................................................... 44 xi Capítulo 3- Materiais e Métodos ....................................................................................... 45 3.1. Técnicas de caracterização empregadas..................................................................... 45 3.1.1. Cromatografia líquida de alta eficiência- CLAE ................................................ 45 3.1.2. Espectroscopia de Massa .................................................................................... 46 3.1.3. Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV .................................................... 47 3.1.4. Espectroscopia na Região do Infravermelho com Transformada de Fourier ..... 49 3.1.5. Espectroscopia Raman ........................................................................................ 50 3.1.6. Voltametria Cíclica ............................................................................................. 51 3.1.7. Análise Térmica .................................................................................................. 51 3.1.8. Análise Dinâmica-Mecânica - DMA .................................................................. 52 3.2. Parte 1 – Síntese dos peptídeos .................................................................................. 54 3.2.1. Purificação dos Peptídeos ................................................................................... 58 3.3. Parte 2 - Metodologia para obtenção de nanoestruturas peptídicas via fase sólidavapor 59 3.3.1. Obtenção das nanoestruturas para estudo morfológico e estrutural ................... 59 3.3.2. Metodologia de preparação dos eletrodos para estudos eletroquímicos............. 61 3.4. Parte 3 – Metodologia para obtenção de nanoestruturas peptídicas via eletrofiação 64 3.4.1. Preparo das soluções ........................................................................................... 64 3.4.2. Montagem do ensaio ........................................................................................... 64 Capítulo 4- Resultados e Discussão .................................................................................. 66 4.1. Parte 1- Síntese dos peptídeos ................................................................................... 66 4.2. Parte 2- Preparação das nanoestruturas via fase sólida-vapor referente aos peptídeos linear e cíclico ....................................................................................................................... 74 4.2.1. Estudo morfológico do processo de crescimento das nanoestruturas peptídicas ... ...........................................................................................................................................74 4.2.2. Estudo espectroscópico das nanoestruturas do peptídeo linear [(L-ArgL-Phe)4] ...........................................................................................................................................90 4.2.3. Estudo eletroquímico: eletropolimerização da anilina residual .......................... 95 xii 4.3. Parte 3 - Estudo da obtenção de nanoestruturas via eletrofiação ............................. 104 4.3.1. Estudo da matriz ............................................................................................... 104 Capítulo 5 – Considerações finais ................................................................................... 121 Capítulo 6 - Referências Bibliográficas .......................................................................... 122 SUMULA CURRICULAR .................................................................................................... 134 xiii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Representação da estrutura de nanotubos de carbono (a) parede simples e (b) parede múltipla.[6] ..................................................................................................................... 21 Figura 2: Representação da ligação peptídica entre resíduos de aminoácidos ........................ 23 Figura 3: Esquema representativo das morfologias para a molécula de L-difenilalanina e possíveis aplicações.[35] ............................................................................................................ 24 Figura 4: Ilustração esquemática de nanoestruturas tubulares, esféricas e fibras formadas por peptídeos [21] ............................................................................................................................. 25 Figura 5: Ilustração esquemática para automontagem molecular ........................................... 26 Figura 6: Esquema de formação de estruturas tubulares e esféricas.[40].................................. 26 Figura 7: Modelo para a construção de NT-FF (a) Estrutura tubular e indicativo de agregados (b) Interface relativa aos canais (c) Representação dos átomos que constituem a estrutura. [61] .................................................................................................................................................. 27 Figura 8: Representação esquemática da formação de nanotubos a partir de peptídeos cíclicos. [68] ............................................................................................................................... 28 Figura 9: Conformação de uma sequência de peptídeo linear (D L).[25] ................................. 29 Figura 10: Molécula de L-difenilalanina (a) Fórmula estrutural. (b) Estrutura tridimensional [61] .............................................................................................................................................. 29 Figura 11: Imagens de microscopia (MEV) referente à estabilidade de NT-FF em diferentes solventes.[75] .............................................................................................................................. 30 Figura 12: Análise das esferas de Boc-Phe-Phe-OH (a) AFM das nanoesferas depositada sobre mica clivada (b) micrografia das exposições das nanoesferas. [76] .................................. 31 Figura 13: Imagens das variações morfológicas do dipeptídeo de L-difenilalanina em relação às condições de pH. (a - b) pH= 4 formação de nanotubos, (c - d) pH= 10 formação de fibrilas [77] ................................................................................................................................. 31 Figura 14: Preparação de nanotubos e nanofios de L-difenilalanina preparados em meio à titulação. (a) estrutura molecular da L-difenilalanina; (b) precipitado branco formado próximo ao ponto isoelétrico; (c) nanotubos de peptídeo preparados em baixas concentrações (d) nanofios de peptídeo preparados em altas concentrações.[78] ................................................... 32 Figura 15: Imagens de microscopia óptica das estruturas nos diferentes solventes.[79] .......... 33 Figura 16: Esquema de preparação de nanoestruturas em fase líquida ................................... 35 xiv Figura 17: Representação esquemática do crescimento vertical dos NT-FF.[84] ..................... 35 Figura 18: Esquema da Representação de nanotubos de peptídeo via impressão jato de tinta (a) impressão única (b) imagem de microscopia da área impressa (c) múltiplas impressões (10 vezes) [86]................................................................................................................................... 36 Figura 19: Mecanismo de nanoestruturação vertical utilizando a técnica de deposição física a vapor. [87]................................................................................................................................... 37 Figura 20: Esquema experimental de obtenção de nanoestruturas utilizando o método de síntese em fase sólida-vapor. [92] ............................................................................................... 38 Figura 21: Imagens obtidas por microscopia (MEV) de tubos e vesículas de L-difenilalanina na concentração de 2 mg mL-1: (a) em etanol vaporizado a 25°C; (b) em acetona vaporizada a 25°C, (c) em etanol vaporizado a 80°C e (d) em acetona vaporizada a 80°C.[94] .................... 39 Figura 22: Esquema de eletrofiação para formação de nanofibras. ........................................ 40 Figura 23: Imagens de AFM dos eletrodos de ouro via manipulação dos NT-FF com aplicação do campo elétrico.[97] ................................................................................................ 41 Figura 24: Microscópio eletrônico de Varredura- FEG do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron. ................................................................................................................................ 49 Figura 25: Representação Esquemática da Síntese de Peptídeos ........................................... 58 Figura 26: Ilustração esquemática do processo de obtenção das nanoestruturas utilizando a metodologia em fase sólida-vapor ............................................................................................ 61 Figura 27: Processo de obtenção das nanoestruturas utilizando a metodologia de eletrofiação .................................................................................................................................................. 65 Figura 28: (a) espectro de massa e (b) cromatograma do análogo [(L-ArgL-Phe)4] bruto. Os perfis em LC/ESI-MS foram obtidos nas seguintes condições: Coluna: Waters Nova-Pak C18 (2,1 x 150 mm), 60 Å, 3,5 μm; Sistema de solventes: A: 0,1% TFA/H2O, B: 0,1% TFA em 60% ACN/H2O; Gradiente: 5-95% de B em 30 minutos; Fluxo: 0,4 mL/min; λ = 190-300 nm; Volume de injeção: 30 μL; Concentração da amostra: 1,0 mg/mL e Intervalo de massas: 500-3930 Daltons. .................................................................................................................... 67 Figura 29: Espectro de massas dos materiais obtidos durante a síntese do análogo [(L-ArgL-Phe)4] referentes aos tempos de retenção apresentados na Figura 36(a). .............. 68 Figura 30: Espectro de massa do análogo linear [(L-ArgL-Phe)4] obtido após purificação. O perfil em LC/ESI-MS foi obtido nas seguintes condições: Coluna: Waters Nova-Pak C18 (2,1 x 150 mm), 60 Å, 3,5 μm; Sistema de solventes: A: 0,1% TFA/H2O, B: 0,1% TFA em 60%ACN/H2O; Gradiente: 5-95% de B em 30 minutos; Fluxo: 0,4 mL/min; λ = 190-300 nm; Volume de injeção: 30 μL; Concentração da amostra: 1,0 mg/mL e Intervalo de massas: 5003930 Daltons. ............................................................................................................................ 69 xv Figura 31: (a) Espectro de massa e (b) cromatograma do análogo cíclico [(L-ArgD-Phe)4] bruto. Os perfis em LC/ESI-MS foram obtidos nas seguintes condições: Coluna: Waters Nova-Pak C18 (2,1 x 150 mm), 60 Å, 3,5 μm; Sistema de solventes: A: 0,1% TFA/H2O, B: 0,1% TFA em 60% ACN/H2O; Gradiente: 5-95% de B em 30 minutos; Fluxo: 0,4 mL/min; λ = 190-300 nm; Volume de injeção: 30 μL; Concentração da amostra: 1,0 mg/mL e Intervalo de massas: 500-3930 Daltons. .................................................................................................. 70 Figura 32: Espectro de massas dos materiais obtidos durante a síntese do análogo cíclico [(L-ArgD-Phe)4] dos tempos de retenção apresentados na Figura 39(a). ............................. 71 Figura 33: Cromatograma do Análogo cíclico [(L-ArgD-Phe)4] purificado. As condições cromatográficas foram: Coluna: Supelcosil C18 (4,6 x 150 mm), 60 Å, 5 μm; Sistema de solventes: A: 0,1%TFA/H2O e B: 0,1% TFA em 60% ACN/H2O; Gradiente: 5-95% de B em 20 minutos. Fluxo: 1,0 mL/min. λ = 220 nm. Volume de injeção: 50 μL e concentração da amostra 1,0 mg/mL................................................................................................................. 72 Figura 34: Espectro de massa obtido do análogo cíclico [(L-ArgD-Phe)4] após purificação. O perfil em LC/ESI-MS foi obtido nas seguintes condições: Coluna: Waters Nova-Pak C18 (2,1 x 150 mm), 60 Å, 3,5 μm; Sistema de solventes: A: 0,1% TFA/H2O, B: 0,1% TFA em 60%ACN/H2O; Gradiente: 5-95% de B em 30 minutos; Fluxo: 0,4 mL/min; λ = 190-300 nm; Volume de injeção: 30 μL; Concentração da amostra: 1,0 mg/mL e Intervalo de massas: 5003930 Daltons. ............................................................................................................................ 73 Figura 35: Geometria otimizada por dinâmica molecular da molécula do peptídeo .............. 75 Figura 36: Imagens de microscopia (MEV) mostrando a morfologia do filme amorfo sobre o substrato de ITO em Pet. (a) 50 mg mL-1 (b) 100 mg mL-1 e (c) 150 mg mL-1 ....................... 76 Figura 37: Imagens de microscopia (MEV) de nanoestruturas preparadas em fase-sólida vapor à concentração de 100 mg mL-1 por 12 horas (a) vapor de anilina, (b) vapor de diclorometano e (c) vapor de água. .......................................................................................... 77 Figura 38: Imagens microscopia (MEV) de nanoestruturas preparadas em fase-sólida vapor à concentração de 100 mg mL-1 com 18 horas (a) vapor de anilina, (b) vapor de diclorometano e (c) vapor de água. ..................................................................................................................... 78 Figura 39: Imagens de microscopia (MEV) de nanoestruturas preparadas em fase-sólida vapor à concentração de 150 mg mL-1 com 18 horas (a) vapor de anilina e (b) vapor de diclorometano ........................................................................................................................... 80 Figura 40: Imagens de microscopia (MEV) de nanoestruturas por síntese em fase-sólida vapor à concentração de 150 mg mL-1 com 18 horas para vapor de água. ............................... 82 Figura 41: Estrutura química da nanoestrutura peptídica de [(L-Arg…L-Phe)4] .por dinâmica molecular .................................................................................................................................. 83 xvi Figura 42: Gráfico indicativo da quantidade de ligações de hidrogênio em relação ao tempo de automontagem. ..................................................................................................................... 83 Figura 43: Histogramas relativos às nanoestruturas em vapor de (a) anilina, (b) diclorometano e (c) água .......................................................................................................... 85 Figura 44: Imagens microscopia relativas a fissura do filme .................................................. 86 Figura 45: Curvas TG/DTG em ar atmosférico, rampa de aquecimento de 5 °C/min, e temperatura inicial de 25°C a 600 ° .......................................................................................... 87 Figura 46: Estudo da degradação térmica por dinâmica molecular para nanoestrutura em vapor de anilina ........................................................................................................................ 88 Figura 47: Relação m/z para os fragmentos em vapor de (a) anilina, (b) diclorometano e (c) água........................................................................................................................................... 90 Figura 48: Espectro de infravermelho do filme amorfo, ou seja, do material sem ser nanoestruturado. ....................................................................................................................... 91 Figura 49: Espectros de Infravermelho do nanomaterial obtido utilizando vapor de anilina a 98°C por 18 horas. .................................................................................................................... 92 Figura 50: Espectro de Infravermelho do nanomaterial obtido utilizando vapor de água a 98°C por 18 horas. .................................................................................................................... 92 Figura 51: Espectro de infravermelho do nanomaterial obtido utilizando vapor de diclorometano à 35°C por 18 horas .......................................................................................... 93 Figura 52: Espectros de infravermelho de todos os materiais nanoestruturas obtido sobrepostos de modo a verificar as variações entre eles. ......................................................... 93 Figura 53: Voltamograma característico da PANI com as respectivas mudanças de cor, de acordo com suas respectivas reações redox.[157] ....................................................................... 95 Figura 54: a) Voltamograma relativos à eletropolimerização da anilina sobre as nanoestruturas do peptídeo /[(L-Arg…L-Phe)4] na concentração de 150 mg mL1 crescido em vapor de anilina por 18 horas a 98 °C, b) imagens de microscopia (MEV) após polimerização química da anilina; c) perfil do voltamograma após polimerização. VC com a resposta eletroquímica do filme mostrado no MEV após 100 ciclos em solução de H2SO4 0,5 mol L1 e v = 25 mV s1, no potencial de 200 mV a 1000 mV e eletrodo de trabalho Au/SAM/ nanoestruturas [(L-Arg…L-Phe)4]. ............................................................................................ 97 Figura 55: a) Voltamograma relativos à eletropolimerização da anilina sobre as nanoestruturas do peptídeo /[(L-Arg…L-Phe)4] na concentração de 150 mg mL1 crescido em vapor de anilina por 18 horas a 98 °C, b) imagens de microscopia (MEV) após polimerização química da anilina; c) perfil do voltamograma após polimerização. VC com a resposta eletroquímica do filme mostrado no MEV após 100 ciclos em solução de H2SO4 0,5 mol L1 e xvii v = 25 mV s1, no potencial de 200 mV a 1000 mV e eletrodo de trabalho ITO/ nanoestruturas [(L-Arg…L-Phe)4]/Nafion®. .............................................................................. 98 Figura 56: Medidas de voltametria cíclica para os eletrodos modificados nas superfícies de ouro (0,071 cm2) e ITO (1 cm2) na concentração de 150 mg mL1 crescido em vapor de anilina por 18 horas a 98 °C em solução de H2SO4 0,5 mol L1 e v = 25 mV s1, no potencial de 200 mV a 1000 mV e eletrodos de trabalho Au/SAM/ nanoestruturas [(L-Arg…L-Phe)4]/ PANI e ITO/ nanoestruturas [(L-Arg…L-Phe)4]/Nafion®/PANI. .............................................. 99 Figura 57: a) Voltamogramas relativos a diferentes velocidades de varredura (25, 50, ´75, 100, 150, 175, 200, 225 e 250); b) Corrente de pico referente à oxidação e redução em função da raiz quadrada. VC com a resposta eletroquímica do filme após 100 ciclos em solução de H2SO4 0,5 mol L1 e v = 25 mV s1, no potencial de 200 mV a 1000 mV e eletrodo de trabalho Au/SAM/ nanoestruturas [(L-Arg…L-Phe)4]. ........................................................... 100 Figura 58: a) Voltamogramas relativos a diferentes velocidades de varredura (25, 50, ´75, 100, 150, 175, 200, 225 e 250); b) Corrente de pico referente à oxidação e redução em função da raiz quadrada; VC com a resposta eletroquímica do filme após 100 ciclos em solução de H2SO4 0,5 mol L1 e v = 25 mV s1, no potencial de 200 mV a 1000 mV e eletrodo de trabalho ITO/ nanoestruturas [(L-Arg…L-Phe)4]/Nafion. ....................................................... 101 Figura 59: Mecanismo de automontagem proposto para peptídeos cíclicos165..................... 102 Figura 60: Imagens microscopia (MEV) de nanoestruturas de peptídeos cíclicos por síntese em fase-sólida vapor em concentração de 150 mg mL-1 e tempo de exposição ao vapor de anilina por 18 horas. ............................................................................................................... 103 Figura 61: Imagens de microscopia das amostras em diferentes concentrações de NT-FF dispersos na matriz de PCL (a) matriz pura, (b) 2,5% (c) 5,0% (d) 7,5% (e) 10% (f) 15% .. 106 Figura 62: Histogramas referentes às concentrações de NT-FF na matriz de PCL (a) PCL puro, (b) 2,5% (c) 5,0% (d) 7,5% (e) 10% e (f) 15% ............................................................. 107 Figura 63: Estrutura química referente ao PCL .................................................................... 108 Figura 64: Imagens de microscopia mostrando formação do core-shell (a) amostra 2,5% e (b) amostra 5,0% .......................................................................................................................... 109 Figura 65: Análise de TGA referente aos NT-FF ................................................................. 110 Figura 66: Imagens de microscopia das amostras eletrofiadas após tratamento térmico de 15 minutos a 70° C, (a)7,5% b) 15% ........................................................................................... 110 Figura 67: Amostras das mantas (a)-(f) (0% – 15% de NT-FF) a 70 °C; amostras (g) – (m): mantas sem temperatura ......................................................................................................... 111 Figura 68: Curvas de DSC referentes às amostras da Tabela 9 - 100 à 180°C ..................... 112 xviii Figura 69: Esquema de orientação proposto para o crescimento das nanoestruturas em diferentes concentrações ......................................................................................................... 114 Figura 70: Representação esquemática do aumento da concentração de nanoestruturas relativa à matriz ...................................................................................................................... 115 Figura 71: Gráfico tensão versus deformação para as diferentes concentrações de NT-FF ....... .................................................................................................................................................116 Figura 72: Identificação das bandas FTIR para a amostra de 15% de NT-FF em PCL ........ 117 Figura 73: Identificação de bandas por espectroscopia Raman referente às matrizes com NT-FF ..................................................................................................................................... 118 Figura 74: Esquema representativo da interação entre as nanoestruturas e a matriz polimérica ................................................................................................................................................ 119 xix LISTA DE TABELAS Tabela 1. Efeito do solvente na automontagem ....................................................................... 38 Tabela 2: Protocolo de Síntese - Estratégia t-Boc ................................................................... 55 Tabela 3: Protocolo de Síntese - Estratégia F-moc ................................................................. 56 Tabela 4: Parâmetros para preparação das nanoestruturas ...................................................... 60 Tabela 5: Parâmetros de preparação das soluções eletrofiadas ............................................... 64 Tabela 6: Resultados de análise quantitativa referente aos diâmetros dos histogramas.......... 85 Tabela 7: Atribuição dos modos vibracionais referentes aos espectros .................................. 94 Tabela 8: Resultados de análise quantitativa referente aos diâmetros dos histogramas........ 107 Tabela 9: Valores de temperaturas de fusão (Tm), de cristalização (Tc), entalpias de fusão (ΔHm) e grau de cristalinidade (Xm) para os nanocompósitos.............................................. 112 Tabela 10: Resultado do ensaio tensão versus deformação................................................... 114 Tabela 11: Bandas características de FTIR para o PCL205 .................................................... 117 Tabela 12: Bandas características de Raman para o NT-FF 207,208 ........................................ 118 Tabela 13: Resultados comparativos das propriedades mecânicas com a literatura ............. 119 xx LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS Arg- L-Arginina Ac2O – Anidrido acético ACN – Acetonitrila CNTs – Nanotubos de carbono DBU- 1 8-diazabiciclo[5.4.0]undeca-7-eno DMSO – Dimetilsulfóxido DCM- Diclorometano DIC – Diisopropilcarbodiimida DIPEA- Diisopropiletilamina DMF - Dimetilformamida ESI – Ionização por electrospray (do inglês - Electrospray Ionization) F-moc – Fluorenilmetiloxicarbonila FTIR- Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier HA - Hidroxiapatita HFP- 1,1,1,3,3,3-hexafluor-2-propanol HOBt – N-hidroxibenzotriazol HPLC – Cromatografia líquida de alta eficiência ITO- Óxido de estanho dopado com índio LC – Cromatografia líquida MeOH- Metanol MEV - Microscopia eletrônica de varredura MS – Espectrometria de massa NMP - N-metílico-pirrolidona NT-FF- nanotubos de L-difenilalanina PANI- Polianilina Phe – L-Fenilalanina PCL - Poli(ε-caprolactona) t-Boc – Terc-butiloxicarbonila TBTU – Tetrafluoroborato de 2-(1-H-benzotriazol-1-il)-N,N,N’,N’-tetrametilurônio TFA – Ácido trifluoracético TFMSA – Ácido trifluormetanosulfônico 21 Capítulo 1- Revisão bibliográfica e aspectos teóricos 1.1. Introdução à química supramolecular A química supramolecular visa à organização estrutural de compostos de alta complexidade, por meio da associação de espécies moleculares, unidas por interações inter e/ou intramoleculares, de modo a obter materiais com determinadas propriedades e funcionalidades específicas.1, 2 Logo, a compreensão por mecanismos de auto-organização molecular auxilia na preparação de materiais em escala nanométrica de forma controlada e reprodutível, que representa a essência da nanotecnologia moderna.3 Dentre os vários materiais nanoestruturados, os nanotubos de carbono (CNTs) destacam-se devido à morfologia tubular e dimensões nanométricas, obtidas a partir do enrolamento das folhas de grafeno, que consiste em arranjo bidimensional hexagonal com hibridização sp2,4 conforme mostrado esquematicamente na Figura 1. Os CNTs podem ser divididos em duas categorias: (i) nanotubos de parede única (SWCNTs – ―single-walled carbon nanotubes‖), constituídos de uma camada cilíndrica de grafeno, Figura 1a, e (ii) nanotubos de parede múltiplas (MWCNTs – multi-walled carbon nanotubes‖), constituídos de vários cilindros concêntricos de grafeno, Figura 1b.5, 6 Figura 1: Representação da estrutura de nanotubos de carbono (a) parede simples e (b) parede múltipla.6 Os nanotubos de carbono são considerados materiais estratégicos, devido as suas excelentes propriedades mecânicas e elétricas, bem como, alta flexibilidade, resistência térmica.7, 8 Além disso, apresentam alterações quanto ao transporte elétrico, e podem 22 apresentar características metálicas, semicondutoras ou supercondutoras, de acordo com as variações estruturais e direção do vetor quiral.9, 10 Este conjunto fantástico de propriedades, decorrentes da escala nanométrica, vem promovendo materiais altamente avançados para aplicações tecnológicos.4, 11, 12 Em particular, nos últimos anos o estudo por sistemas funcionais promoveu o desenvolvimento de nanomateriais baseados em compostos orgânicos e inorgânicos para fins específicos.13-15 Assim, a automontagem de compostos peptídicos têm despertado o interesse da comunidade científica, devido à grande versatilidade estrutural, biocompatibilidade, reconhecimento molecular, seletividade, facilidade para modificação química, bem como habilidade na construção de sistemas com diferentes geometrias (nanofibras, nanotubos, nanofios, nanoesferas e entre outras), que implicam em grande potencial para aplicações biotecnológicas.16-19 Dentro deste contexto, os peptídicos formam compostos supramoleculares de estruturas diversificadas, sendo estabilizados por interações intermoleculares como forças de van der Waals, eletrostáticas, hidrofóbicas, ligações de hidrogênio, π-π stacking e/ ou forças coulombianas, que promovem sistemas nanoestruturados de alta especificidade.20, 21 Diante disso, a engenharia cristalina permite a auto-organização de arquiteturas com grande diversidade estrutural, logo que o planejamento e construção desses sistemas baseiam-se no estudo de compostos moleculares funcionais, que promovam materiais que venham apresentar propriedades diferenciadas e de interesse tecnológico.20, 22-24 1.2. Estrutura dos peptídeos Os peptídeos são biomoléculas constituídas por dois ou mais resíduos de aminoácidos unidos por meio de ligações covalentes, denominadas ligações amidas ou peptídicas, entre os grupos N e C terminal pertencente ao carbono-α.25 Deste modo, podem apresentar estruturas lineares, semi-cíclicas (ligações dissulfeto intra ou intercadeias peptídicas) ou cíclicas (entre os grupos amino e carboxila dos aminoácidos terminais), e, conformações estruturais do tipo -hélice e estruturas-, mantidas por interações inter ou intrarmoleculares entre os resíduos de aminoácidos.25, 26 Ainda, podem ser classificados em classes, ou seja, arquiteturas anfifílicas, iônicas ou hidrofóbicas, que regem as interações intermoleculares, de modo a influenciar na organização molecular.16, 27 23 Os compostos peptídicos apresentam dois grupos ionizáveis, sendo na forma protonada (─COOH, ─NH3+) ou desprotonada (─COO-, ─NH2), de acordo com o pH do meio, ou seja, para soluções ácidas ambos os grupos apresentam-se protonados, porém, em soluções básicas apresentam-se desprotonados, e, em soluções neutras apresentam-se como um íon dipolar.26 Logo, o estudo da variação do pH para os compostos peptídicos é de fundamental importância para obtenção dos materiais nanoestruturados, pois influenciam na conformação molecular das cadeias, e, promovem sistemas com grande diversidade morfológica estrutural de propriedades diferenciadas e específicas.28 1.2.1. Síntese química dos peptídeos Em linhas gerais, os peptídeos podem ser sintetizados quimicamente, via fase líquida ou via fase sólida, quanto ao tamanho da cadeia peptídica e isolamento dos intermediários.29 A síntese em fase sólida baseia-se na condensação entre fragmentos peptídicos protegidos em suas cadeias laterais (doadores de acila) à fragmentos protegidos ligados a um suporte polimérico (receptores de acila). Ainda, apresentam duas diferentes estratégias: tercButiloxicarbonil/Benzil (Boc/Benzil), lábil em meio ácidos e 9-fluorenilmetoxicarbonila/ t-Butil (Fmoc/t-Butil), lábil em meios básicos. No entanto, para síntese em fase líquida a ligação amida e formação do peptídeo ocorre em meio à solução.30-32 Deste modo, a síntese envolve mecanismos de substituição nucleofílica, por meio da ativação do grupo carboxila por reagentes ativadores, as carbodiimidas (DCC ou DIC), e, posterior formação da ligação amida entre os resíduos de aminoácidos, por meio da indução de reagentes de acoplamento (HOBt), que influenciam no mecanismo cinético da reação e previnem a racemização, ou seja, a formação de subprodutos durante as etapas da síntese. Assim, o crescimento da cadeia peptídica envolve os mecanismos de ativação e acoplamento entre os resíduos de aminoácidos, de modo a obter a sequência proposta, conforme apresentado na Figura 2.33, 34 O R O C R OH + C + H3N O R R X Figura 2: Representação da ligação peptídica entre resíduos de aminoácidos C NH R 24 1.3. Nanoestruturas de peptídeos O fenômeno de automontagem é frequente observado em sistemas biológicos, tendo seu exemplo mais simples voltado ao processo de cristalização e enrolamento espacial dupla hélice da molécula de DNA.35 Nessa linha, os peptídeos destacam-se como candidatos promissores à automontagem, logo que podem promover arquiteturas supramoleculares com diferentes conformações estruturais.36-38 Sendo assim, nos últimos anos o interesse por materiais biológicos vem suscitando projetos de engenharia molecular voltados para a construção de estruturas organizadas e eficientes quanto ao ponto de vista funcional. Dessa forma, supermoléculas estão sendo projetadas para fins específicos, e, dispositivos nanoestruturados montados para o reconhecimento molecular, transporte, sinalização, armazenamento e conversão de energia.39 Nesse sentido, para esta nova classe de materiais o peptídeo de L-difenilalanina vem sendo amplamente estudado, devido à habilidade de automontagem e eficiência para construir sistemas com diferentes morfologias (nanotubos, nanoesferas, nanofios e nanofibras) conforme Figura 3,40-44 e, por se tratar de um material recente muitas de suas propriedades ainda estão sendo investigadas. Assim, a literatura relata que os primeiros nanotubos de peptídeos foram obtidos por Ghadiri e colaboradores a partir de compostos cíclicos.45 Contudo, a formação por compostos lineares foi obtida por Gazit e colaboradores ao estudar a habilidade estrutural de algumas sequências peptídicas aromáticas do tipo nanofibras amilóides, estruturas responsáveis por doenças como o Alzheimer e Parkinson.[46] Figura 3: Esquema representativo das morfologias para a molécula de L-difenilalanina e possíveis aplicações.35 25 Assim, possíveis variações morfológicas estão sendo relacionadas às alterações nas sequências dos resíduos de aminoácidos, bem como no emprego de enântiomeros durante a síntese, sendo este, um fator de grande importância na construção desses novos sistemas. Sendo assim, sistemas supramoleculares distintos podem apresentar mudanças nas propriedades ao empregar variáveis relacionadas aos resíduos de aminoácidos.46-48 A Figura 4 mostra mudanças na morfologia das estruturas preparadas com sequências peptídicas diferenciadas. Portanto, as nanoestruturas peptídicas apresentam-se como candidatas promissores para substituírem ou serem uma alternativa aos já existentes nanotubos de carbono e metais de transição,49-51 uma vez que proporcionam inúmeras vantagens e funcionalidades quanto a seu emprego em sistemas altamente seletivos, o que favorece sua aplicação em sistemas de monitoramento.52-55 Figura 4: Ilustração esquemática de nanoestruturas tubulares, esféricas e fibras formadas por peptídeos 21 1.4. Mecanismos de automontagem O conceito de automontagem molecular ainda não está bem definido, sendo atualmente aceito modelos teóricos que sugerem o processo de automontagem aprimorado em interações intermoleculares não covalentes, como forças de van der Waals, eletrostáticas, hidrofóbicas, ligações de hidrogênio e entre outras, que ocorrem entre as moléculas do 26 peptídeo e influenciam na conformação molecular, de modo a promover sistemas nanoestruturados de propriedades específicas de alta homogeneidade e estabilidade físicoquímica. 56-58 Nesse sentido, a conformação molecular torna-se dependente das classes estruturais, disposição e resíduos de aminoácidos envolvidos na sequência peptídica, pois influenciam na organização molecular entre as cadeias, de modo a promover diferentes morfologias, conforme Figura 5.27, 59 Figura 5: Ilustração esquemática para automontagem molecular Assim, Reches e colaboradores60 sugerem que a conformação estrutural para a molécula de L-difenilalanina vem sendo atribuída a interações do tipo π-π stacking, por meio do empilhamento entre os anéis aromáticos, e, posterior enrolamento das folhas bidimensionais, de modo a promover sistemas nanoestruturados de forma tubular e esférica, conforme apresentado na Figura 6. Figura 6: Esquema de formação de estruturas tubulares e esféricas.40 27 Entretanto, Görbitz61 propôs um modelo experimental para a construção NT-FF baseado em uma estrutura tubular formada a partir de agregados de nanotubos, conforme Figura 7a, sendo o diâmetro controlado de acordo o número de agregados. Ainda, a natureza exata da superfície interna ainda não está totalmente resolvida, mas sugere-se apresentar a parte externa hidrofóbica (diâmetro de 110 nm) e parte interna hidrofílica (diâmetro interno de 50 nm), de acordo a Figura 7b. O diâmetro referente aos canais foi calculado por meio da equação de estados de van der Waals, com diâmetro = 10 Å, (Figura 7c). Estes canais, sendo hidrofílicos, podem acomodar moléculas de atividade catalítica, bem como íons metálicos hidratados para aplicações em sistemas de reconhecimento. Figura 7: Modelo para a construção de NT-FF (a) Estrutura tubular e indicativo de agregados (b) Interface 61 relativa aos canais (c) Representação dos átomos que constituem a estrutura. Outro exemplo de mecanismo sugere a automontagem de peptídeos cíclicos formados por resíduos de aminoácidos alternandos (D L), que promovem a interação entre os planos folhas-β estabilizadas por ligações de hidrogênio, de modo a projetar uma estrutura tubular, demonstrado esquematicamente na Figura 8.62-64 Uma característica importante dos nanotubos de peptídeos cíclicos é o controle preciso do diâmetro, determinado pelo comprimento da cadeia, tamanho da cadeia lateral, ângulo de ligação dos monômeros e estereoquímica dos aminoácidos. O número adequado e a sequência dos aminoácidos definem as propriedades superficiais dentro e fora dos nanotubos.65-68 28 Figura 8: Representação esquemática da formação de nanotubos a partir de peptídeos cíclicos. 68 Os precursores lineares formados por enântiomeros (D L) conformam-se na forma αhélice, sendo estabilizados por ligações de hidrogênio, devido à quiralidade que promove inversão do ângulo e interação entre as moléculas,69, 70 conforme Figura 9. Ainda, os anéis aromáticos presentes nas estruturas dos aminoácidos exercem uma importante função na conformação das nanoestruturas, pois promovem interações tipo π-π stacking com o empilhamento de anéis aromáticos, conferem direcionalidade durante a auto-organização molecular.16, 68 Nesse sentido, diferentes morfologias (tubos, esferas, fios) podem ser obtidas a partir da automontagem molecular dos precursores, cíclicos e lineares, pois envolvem interações não-covalentes altamente dinâmicas, que influenciam na estabilidade do sistema e conferem às moléculas diferentes orientações.71 29 Figura 9: Conformação de uma sequência de peptídeo linear (D L).[25] 1.5. Estudo das propriedades morfológicas e estruturais Atualmente, a literatura tem mencionado sistemas nanoestruturados preparados a partir da molécula de L-difenilalanina, Figura 10, uma vez que exibem diversas propriedades exclusivas e atrativas. Neste sentido, alguns trabalhos investigam seu controle estrutural quanto a variações nos parâmetros como: temperatura, solvente, metodologia de obtenção, substrato e pH.72, 73 Estudos recentes revelaram as excelentes propriedades mecânicas para os NT-FF com índices em torno de 160 N/m e módulo de Young de 19 GPa, sendo considerado um material altamente rígido quando comparado as algumas estruturas biológicas.74 Figura 10: Molécula de L-difenilalanina (a) Fórmula estrutural. (b) Estrutura tridimensional 61 30 Adler-Abramovich e colaboradores75 mencionam a estabilidade térmica e química dos NT-FF quando submetidos a variações de solvente e temperatura. Neste trabalho, as amostras foram preparadas em solução com diferentes solventes. Assim, os autores observaram a estabilidade estrutural com baixa perda morfológica referente ao nanomaterial, conforme apresentado na Figura 11a. Entretanto, apresentam degradação ou perda da morfologia entre 200 e 300 °C, Figura 11b. Neste trabalho, os autores atribuíram a estabilidade térmica às interações do tipo - stacking entre resíduos aromáticos que mediam a formação das estruturas. Figura 11: Imagens de microscopia (MEV) referente à estabilidade dos NT-FF em diferentes solventes.75 Adler-Abramovich76 estudaram a influência do grupo protetor t-Boc na automontagem da molécula de L-difenilalanina. Os autores observaram a formação de nanoesferas, as quais tiveram suas propriedades mecânicas medidas com auxilio de um microscópio de força atômica (Figura 12) Este dispositivo utiliza um cantilever que mede a força quando pressionado contra a amostra, e fornece informações úteis para calcular o módulo de elasticidade (módulo de Young). Os pesquisadores encontrarm um alto módulo de elasticidade de 275 GPa, valor semelhante ao aço. Além das excelentes propriedades 31 mecânicas, as nanoesferas são transparentes, o que as torna atrativas para o uso como reforço em biocompositos, tais como implantes dentários. Figura 12: Análise das esferas de Boc-Phe-Phe-OH (a) AFM das nanoesferas depositada sobre mica clivada (b) 76 micrografia das exposições das nanoesferas. Entretanto, alguns estudos citam possíveis variações morfológicas quanto à automontagem das moléculas de L-difenilalanina de acordo a alcalinidade do meio. Deste modo, Han e colaboradores77 investigaram as variações morfológicas do dipeptídeo em diferentes meios de pH, condições ácidas e básicas. Os autores observaram que em condições ácidas (pH em torno de 4-7) as moléculas formam estruturas tubulares de diâmetros e tamanhos variados, porém, em condições básicas do meio ocorre variações quanto ao tipo de morfologia, que sugere a formação de fibras, agregadas e irregulares, conforme a Figura 13. Figura 13: Imagens das variações morfológicas do dipeptídeo de L-difenilalanina em relação às condições de pH. (a - b) pH= 4 formação de nanotubos, (c - d) pH= 10 formação de fibrilas 77 O estudo proposto por Kim e colaboradores78 propõem variações morfológicas dos NT-FF por meio da variação da concentração, e, interação com moléculas de água. Deste modo, os autores promoveram a formação de nanofios por meio da dissolução do peptídeo em ácido trifluoroacético com posterior titulação com hidróxido de amônia ao atingir o ponto 32 isoelétrico (entre 5 e 4). O estudo para formação dos nanofios sugere a interação eletrostática, entre as moléculas de L-difenilalanina, promovidas devido à desprotonação do grupo funcional ácido carboxílico. Já, para preparação dos nanotubos envolve o efeito de sonicação, e, posterior aquecimento em água deionizada e baixas concentrações de L-difenilalanina, uma vez que em altas concentrações (> 2,5 mg mL-1) foi observada a formação de nanofios. Assim, os autores concluíram que a morfologia torna-se dependente das concentrações do precursor peptídico e água livre no meio reacional, uma vez que altas concentrações de água promoveram a formação de nanofios, enquanto, a baixas concentrações observou-se a formação de nanotubos. A Figura 14 apresenta o esquema de variação morfológica referente às nanoestruturas em baixa e alta concentração do precursor, bem como metodologia de preparação. Figura 14: Preparação de nanotubos e nanofios de L-difenilalanina preparados em meio à titulação. (a) estrutura molecular da L-difenilalanina; (b) precipitado branco formado próximo ao ponto isoelétrico; (c) nanotubos de peptídeo preparados em baixas concentrações (d) nanofios de peptídeo preparados em altas concentrações.78 Andersen e colaboradores79 estudaram a estabilidade química dos NT-FF quando dispostos em diferentes solventes. Assim, os autores adicionaram 10 μL da solução de peptídeo com concentração de 2 mg/mL na superfície de uma microplaca, sendo posteriormente seca à vácuo e temperatura ambiente. Após, para o teste de estabilidade foi 33 adicionado 1 mL dos solventes sobre as estruturas, sendo monitoradas por microscopia óptica em intervalos fixos durante o processo de dissolução. Deste modo, os autores observaram a estabilidade das estruturas frente ao tempo e variação de solvente, conforme apresentado na Figura 15. Figura 15: Imagens de microscopia óptica das estruturas nos diferentes solventes.79 34 1.6. Métodos usuais para preparação de nanoestruturas peptídicas O desenvolvimento por novas técnicas de preparação de materiais peptídicos em nanoescala destacam-se no cenário técnico-científico atual, devido à busca por sistemas de automontagem que promovam morfologias 1-D, 2-D e 3-D, bem como variações nas propriedades físico-químicas, e amplo potencial em aplicações para as áreas da bionanotecnologia. Além disso, variações nas condições de temperatura, concentração e solvente influenciam na automontagem, e logo variação da morfologia do material nanoestruturado.80 As metodologias de preparação de materiais peptídicos nanoestruturados buscam estabilidade, controle e reprodutibilidade, sendo mencionadas na literatura as técnicas via: fase líquida, deposição física a vapor, fase sólida-vapor, eletrofiação, nanoimpressão e dieletroforese, que permitem obter nanoestruturas por meio de processos de nucleação e crescimento espontâneo. Algumas das metodologias empregadas para a preparação de nanoestruturas peptídicas estão descritas a seguir.80, 81 1.6.1. Fase líquida Recentemente, nanotubos de peptídeos baseados na L-difenilalanina vem sendo preparados via fase líquida, ou seja, em solução.82, 83 A técnica consiste na dissolução do precursor em 1,1,1,3,3,3-hexafluor-2-propanol (HFP) com posterior diluição em água na concentração de 5mg mL-1. Assim, por mecanismo de automontagem e processos de nucleação e crescimentos as moléculas do peptídeo formam um gel, que indica a formação das nanoestruturas na ordem de 80 a 300 nm e comprimento de algumas centenas de mícrons (Figura 16). Recentemente, nosso grupo de pesquisa na UFABC tem estudado a formação de espécies nanoestruturadas envolvendo compostos peptídicos derivados da L-difenilalanina, bem como suas possíveis aplicações em sistemas de detecção. Entretanto, trata-se de um processo rápido, porém, com baixo controle dimensional relacionada ao fenômeno de agregação, que promove o aumento relativo do diâmetro. 35 Figura 16: Esquema de preparação de nanoestruturas em fase líquida Em 2006, Reches e Gazit84 relataram o crescimento vertical de nanotubos de difenilalanina, sob a superfície de vidro siliconizado, preparados em solução e modificados com nanopartículas magnéticas. Os resultados revelaram que, após a evaporação do solvente e aplicação do campo magnético, os nanotubos foram orientados verticalmente sobre a placa de vidro. Os autores associaram o alinhamento à presença do campo magnético, e, a contribuição energética obtida pelos acoplamentos entre anéis aromáticos presente na molécula do peptídeo (Figura 17). Figura 17:Representação esquemática do crescimento vertical dos NT-FF.84 36 1.6.2. Nanoimpressão Atualmente, a tecnologia voltada para impressão vem sendo largamente empregada para deposição de polímeros, resinas e nanoestruturas.85 Adler- Abramovich e Gazit86 preparam nanotubos de peptídeos e nanoesferas em solução (1:1 etanol/ água) disposta dentro de um cartucho condicionado em impressora jato de tinta. Os autores foram capazes de promover a deposição do material nanoestruturado em substrato de ITO. A deposição foi analisada por microscopia eletrônica de varredura, sendo avaliados parâmetros como área de impressão e volatilidade do solvente, conforme mostrado na Figura 18. No entanto, a técnica envolve a deposição física das nanoestruturas, sendo necessário o estudo do solvente utilizado, uma vez que pode danificar o equipamento de impressão. Figura 18: Esquema da Representação de nanotubos de peptídeo via impressão jato de tinta (a) impressão única 86 (b) imagem de microscopia da área impressa (c) múltiplas impressões (10 vezes) 1.6.3. Deposição física a vapor Recentemente, Gazit e colaboradores87 prepararam NT-FF orientados verticalmente empregando a técnica de deposição física a vapor, por processos físicos de sublimação do precursor para o substrato. Contudo, os autores mencionaram que o alinhamento vertical foi possível devido às interações hidrofóbicas, presentes na cadeia, e π-π stacking, entre os anéis aromáticos da molécula de L-difenilalanina, conforme Figura 19. A técnica sugere que a formação das nanoestruturas foi possível, devido ao baixo peso molecular, que sob a influência de temperatura tornam-se voláteis, logo, indica o estudo com 37 peptídeos de baixo peso molecular. Ainda, o tamanho e a quantidade de material são controlados por parâmetros de deposição como temperatura e constante dielétrica do solvente. Figura 19: Mecanismo de nanoestruturação vertical utilizando a técnica de deposição física a vapor. 87 1.6.4. Fase sólida-vapor A preparação de nanotubos de difenilalanina sido reportada por meio do processo em fase sólida-vapor,88, 89 e consiste na automontagem de moléculas por meio de vapor de solvente, neste caso são empregados dois solventes, um para solubilizar o peptídeo e outro para promover a nanoesttuturação. O método baseia-se na estratégia ―bottom-up”,90, 91 e consiste em sulubilizar o material peptídico em solvente, de modo a formar um filme sobre a superfície do substrato com posterior evaporação do solvente na ausência de umidade, etapa denominada de fase sólida. A fase vapor consiste em manter o filme em atmosfera de vapor de solvente, etapa na qual ocorre o processo de nanoestruturação, conforme Figura 20.92 Nesse sentido, parâmetros como: temperatura, pressão de vapor, concentração e tempo de exposição ao vapor favorecem variações quanto a automontagem, e logo, nas morfolgias das nanoestruturas.93 38 Figura 20: Esquema experimental de obtenção de nanoestruturas utilizando o método de síntese em fase sólida92 vapor. Demeriel e colaboradores94 estudaram a influência do solvente no processo de nanoestruturação. Para tanto, o autores prepararam nanoestururas com a concentração da solução precursora em 2 mg mL-1, e promoveram variações quanto ao solvente. Os resultados revelaram a relação entre o efeito solvente e as constantes dielétricas para as morfologias das nanoestrutruras formadas, conforme listado na Tabela 1. Microscopias eletrônicas de varredura (MEV/FEG) indicando as nanoestruturas obtidas são apresentadas na Figura 21. Tabela 1. Efeito do solvente na automontagem Solvente Constante Dielétrica Estrutura Formada Água 80,1 Nanotubo Metanol 32,6 Nanotubo Etanol 24,3 Nanotubo Acetona 20,7 Nanovesícula 39 Figura 21: Imagens obtidas por microscopia (MEV) de tubos e vesículas de L-difenilalanina na concentração de 2 mg mL-1: (a) em etanol vaporizado a 25°C; (b) em acetona vaporizada a 25°C, (c) em etanol vaporizado a 80°C e (d) em acetona vaporizada a 80°C.94 1.6.5. Eletrofiação A técnica de eletrofiação consiste na aplicação de um campo elétrico, através do escoamento de uma solução precursora, para a obtenção de nanoestruturas tipo 1-D. Neste processo, um eletrodo conectado a uma fonte de alta tensão (5-50kV) é conectado à uma seringa contendo solução polimérica. Inicialmente, a solução é mantida pela sua tensão superficial na forma de uma gota na extremidade do capilar. Com o aumento da tensão elétrica, a superfície da gota se alonga, de modo a formar um cone, conhecido como ―cone de Taylor‖. Entretanto, quando as forças eletrostáticas superam a tensão superficial, o jato do material fluído é acelerado através do campo elétrico. Durante o fluxo do jato, o solvente evapora e o polímero solidifica-se, formando uma manta nanofibrílica, que se deposita em um coletor (superfície metálica com aterramento). Porém, algumas variáveis podem influenciar no processo, como por exemplo, a concentração polímero/solvente, tensão elétrica aplicada na solução, adição de sais na solução, vazão de alimentação (saída da solução do capilar) e distância de trabalho (entre a extremidade do capilar até o coletor), conforme Figura 22.95 40 Singh e colaboradores96 estudaram a formação de fibras formadas por NT-FF utilizando a técnica de eletrofiação. Os autores observaram variações na estrutura das nanofibras promovidas por modificações nos parâmetros. Contudo, essa técnica ainda esta entre as menos mencionadas na literatura para a formação de nanoestruturas baseadas em compostos peptídicos, porém por ser relativamente simples, barata, rápida e acarretar na formação de um material muito homogêneo pode vir a se tornar uma das mais empregadas no futuro. Figura 22: Esquema de eletrofiação para formação de nanofibras.i 1.6.6. Dieletroforese Outro método usado para a manipulação de auto-montagem de nanoestruturas é dieletroforese. Dieletroforese ocorre quando um objeto polarizável é exposto a uma campo elétrico não homogêneo, de modo que as forças de coulombianas induzidas sobre sobre o dipolo, promova uma força resultande. O emprego de NT-FF foi relatado em 2008,97 o qual foram usados micro-eletrodos de ouro, sendo os nanotubos de peptídeo manipulados, de modo a ajustar padrões de amplitude e frequência da tensão aplicada, conforme mostrado na Figura 23. i Figura adaptada: http://www.centropede.com/UKSB2006/ePoster/background.html - acessado 09/01/2012 41 Figura 23: Imagens de AFM dos eletrodos de ouro via manipulação dos NT-FF com aplicação do campo 97 elétrico. 1.7. Aplicações As nanoestruturas peptídicas podem ser empregadas como uma material promissor com grande potencial em várias aplicações, desde engenharia de tecidos à nanoeletrônica, devido à biocompatibilidade e propriedades relacionadas à automontagem. 98 Contudo, com o propósito de obter novas propriedades, bem como aperfeiçoar e potencializar as propriedades existentes, pesquisas estão sendo realizadas em busca de estratégias que promovam a interação destes materiais nanoestruturados com outros composto, de modo a promover sistemas funcionalizados de alta especificidade, sensibilidade e seletividade. Deste modo, dentre as principais possíveis aplicações destacam-se a construção de biossensores, como sistemas de detecção, e, materiais biocompatíveis, os biomateriais. 1.7.1. Biossensores Em 2005, foram reportados os primeiros estudos a cerca das propriedades eletroquímicas dos nanotubos peptídicos de FF, podendo ser utilizadas como nova plataforma biocompatível em biosensores e dispositivos eletroquímicos.99Os NT-FF têm sido também empregados na construção de biossensores amperométricos para detecção de -nicotinamida adenina dinucleotídeo (NADH), peróxido de hidrogênio e etanol na ausência do mediador redox.100 La Rica e colaboradores101 desenvolveram um biochip de detecção de patógenos, que consiste na modificação do substrato de ouro com NT-FF para a incorporação de anticorpos. 42 Os nanotubos de peptídeo foram modificados com anticorpos contra vírus herpes simplex tipo 2 (HSV-2), sendo, a ligação do vírus aos anticorpos monitorados por uma variação da capacitância entre os eletrodos No entanto, Zhao e colaboradores102 desenvolveram o sistema de imobilização de anticorpos funcionalizados com nanotubos de peptídeos, uma vez que, devido a biocompatibilidade, podem se ligar seletivamente ao antígeno. Os nanotubos de peptídeo agem como matrizes, e, otimizam as interações entre os anticorpos e o sensor via ligação de hidrogênio. Em um artigo recente, foi desenvolvido um biossensor utilizando NTPs funcionalizados com a microperoxidase-11 (MP11), sobre a superfície de um eletrodo de ITO, empregando a técnica de automontagem Layer-by-Layer (LBL). Para medir a sensibilidade do eletrodo (MP11/PNTs/PAH)n=4/ITO, foi analisada a resposta amperométrica de H2O2 na solução tampão fosfato pH 7 sob agitação. Foram feitas adições sucessivas de H2O2 e as correntes de redução catódica em aproximadamente -300 mV aumentaram linearmente com o aumento da concentração de H2O2. A sensibilidade do sistema foi estimada em 9,43 Acm-2mmolL-1, e o limite de detecção foi de 6 mmol L-1 na relação sinal-ruído de 3. Esses valores são expressivos quando comparados com outros procedimentos que envolvem a imobilização de MP11 em nanotubos de carbono, nanopartículas de ouro e prata na superfície de eletrodos.103 Outro trabalho, estuda a sensibilidade das nanoestruturas de peptídeos modificadas com complexo de cobre para a detecção de dopamina.104 No caso a modificação foi realizada em solução, as nanoestruturas previamente preparadas foram dispersas em solução contendo o complexo [Cu4(apyhist)4]4+ e membrana Nafion® sob sonicação, e, posteriormente depositadas na superfície de carbono vítreo. Os resultados de voltametria cíclica e onda quadrada revelaram o aumento relativo da corrente e maior sensibilidade de detecção, quando comparados com o eletrodo modificados somente com complexo de cobre. 1.7.2. Biomateriais Biomateriais construídos por sistemas nanoestruturados vêm sendo empregados com sucesso na construção de sistemas para aplicação biológica. Nesse sentido, as nanoestruturas peptídicas abrem novos caminhos para aplicações em sistemas de liberação controlada de drogas ou engenharia de tecidos, pois apresentam grande afinidade biológica com organismo.[109] 43 A neurociência abrange a pesquisa principal com grandes perspectivas futuras, uma vez que estudos relatam o emprego de nanotubos de peptídeos para o crescimento de nervos ópticos danificados. 105, 106 Sendo, estes resultados promissores à pesquisa, e pode fornecer base para futuros estudos voltada à engenharia de tecidos. Recentemente, oligopeptídeos foram investigados em processos de liberação de ativos em células por endocitose (processo de absorção), seguindo o modelo de transição espontânea das nanoestruturas peptídicas para vesículas, por meio da variação da concentração das espécies precursoras.107 44 Capítulo 2- Objetivo 2.1. Objetivos gerais Desenvolver um novo nanomaterial baseado na sequência peptídica RF8, cíclica [(LArgD-Phe)4] e linear [(L-ArgL-Phe)4], de modo a estudar as possíveis variações morfológicas e estruturais mediante às variações nos parâmetros de preparação como solvente, concentração e tempo de exposição ao vapor. Além disso, estudar o mecanismo de automontagem via eletrofiação para matriz polimérica de poli(ε-caprolactona) com NT-FF, bem como analisar as propriedades para o nanocompósito. 2.2. Objetivos específicos Primeira parte – Síntese do composto cíclico e linear. Sintetizar as sequências peptídicas: cíclica [(L-ArgD-Phe)4], via estratégia fmoc , e linear [(L-ArgL-Phe)4], via estratégia t-Boc, e caracterização por espectroscopia de massa. Segunda parte – preparação das nanoestruturas. Preparar as nanoestruturas via fase sólida-vapor; Promover variações de parâmetros como: concentração, tempo e solvente; Estudar as propriedades térmicas, espectroscópicas e condutoras do composto linear nanoestruturado; Terceira parte – estudo do mecanismo de eletrofiação, bem como das propriedades da matriz com NT-FF. Preparar soluções de NT-FF em poli(ε-caprolactona); Preparar as membranas nanofibrilar via eletrofiação das soluções; Estudar as propriedades do nanocompósito. 45 Capítulo 3- Materiais e Métodos Nesse trabalho, foram utilizados reagentes e solventes de graus analíticos e cromatográficos, das seguintes empresas: Merck e Sigma-Aldrich, sendo eles: diclorometano, dimetilformamida, metanol, clorofórmio, trietanolamina, anilina, anisol, 4-mercaptopiridina, acetonitrila, ácido acético, anidrido acético, ácido trifluoroacético e ácido trifluorometanosulfônico. O álcool 1,1,1,3,3,3- hexafluor-2-propanol (HFP) foi adquirido da Fluka. Os peptídeos foram sintetizados utilizando-se a resina clorometilada (Merrifield), adquirida da Advanced Chemtech, com grau de substituição 0,90 mmol/g de resina, já acoplada ao aminoácido de partida. Os aminoácidos utilizados protegidos foram: [(Boc-PheOH)] e [(Boc-Arg(Tos)-OH)] adquiridos da Sigma-Aldrich, bem como o polímero poli(ɛcaprolactona). 3.1. Técnicas de caracterização empregadas A caracterização de materiais apresenta grande importância no estudo das propriedades dos materiais, pois fornece informações quanto às características do sistema e sugere possíveis aplicações. Logo, a caracterização abrange a avaliação das propriedades físicas e químicas, uma vez que envolve técnicas mecânicas, elétricas, térmicas, bioatividade, entre outras. 3.1.1. Cromatografia líquida de alta eficiência- CLAE A cromatografia é um método físico-químico de separação de compostos, fundamentada na migração diferencial dos componentes em solução. A migração ocorre por meio de diferentes interações químicas entre duas fases imiscíveis, a fase móvel e a fase estacionária. A grande variedade de combinações entre tais fases faz com que esta técnica seja extremamente versátil e de grande aplicação.108, 109 A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), do inglês High Performance Liquid Chromatography (HPLC), é uma técnica analítica eficiente na identificação, quantificação e purificação de componentes individuais em uma mistura. A CLAE utiliza uma 46 fase estacionária finamente dividida, de modo a promover uma interação mais intensa entre a fase estacionária e a fase móvel, fator responsável pela alta eficiência.109 As fases móveis utilizadas em CLAE devem possuir alto grau de pureza e estar livres de oxigênio ou outros gases dissolvidos. A bomba deve proporcionar ao sistema, vazão contínua sem pulsos com alta reprodutibilidade, possibilitando a eluição da fase móvel a um fluxo adequado. As colunas utilizadas em CLAE são empacotadas com suportes de alta resolução, não sendo necessária sua regeneração após cada separação. O detector mais utilizado para separações por CLAE é o detector de ultravioleta, sendo também empregados detectores de fluorescência, de índice de refração, eletroquímicos, entre outros.110, 111 Os cromatogramas foram obtidos em um sistema Waters, constituído por um módulo de separação Alliance – mod. 2695, detector UV-Vis – mod. 2489; detector de fluorescência – mod. 2475 e injetor automático com capacidade de 120 amostras. O sistema é controlado por um software Empower Persona Single System Workstation, disponível no laboratório de orgânica da Universidade Federal do ABC. Os peptídeos brutos foram dissolvidos em uma solução de 0,1% TFA/H2O, na concentração de 1 mg/mL. As condições experimentais aplicadas foram: Coluna: Supelcosil C18 (4,6 x 150 mm), 60Å, 5 m Solventes: A: 0,1% TFA/H2O B: 0,1% TFA - 60% ACN / H2O Gradiente: 5% a 95% de B em 30 minutos Fluxo: 1,0 mL/min Comprimento de onda: 220 nm 3.1.2. Espectroscopia de Massa A técnica analítica de espectrometria de massa é utilizada com o objetivo de obter informações sobre o peso molecular e características estruturais da amostra, e consiste na geração de íons com base em compostos (orgânicos ou inorgânicos) por meio de um método de ionização apropriado. Sendo, os íons separados por meio de sua relação massa-carga (m/z), junto ao analisador de massas e detectados qualitativamente, ou quantitativamente por meio de um detector, que separa os íons. A magnitude do sinal elétrico em função da razão m/z é convertida por um processador de dados, o qual gera o espectro de massa correspondente.112 47 Inicialmente, a técnica estava restrita a substâncias voláteis, pois as primeiras técnicas de ionização empregadas (ionização por elétrons e ionização química) são processos nos quais o analito é primeiramente vaporizado, e a ionização só ocorre quando a molécula está na fase gasosa. Essa restrição impossibilitava a análise de biomoléculas, como proteínas, carboidratos e lipídeos, as quais não são voláteis e se degradam em altas temperaturas. 112 O desenvolvimento de técnicas de ionização mais brandas causou uma revolução na extensão das aplicações de MS, e dentre as técnicas desenvolvidas as principais foram: ionização por electrospray, ionização e dessorção a laser assistida por matriz. As técnicas de ionização branda permitiram, portanto, a produção de íons com base em compostos de alta massa molecular e não-voláteis, estendendo a aplicação da MS a todos os tipos de moléculas. 112-114 Os peptídeos foram caracterizados por espectrometria de massas em um sistema LC/ESI-MS Waters, do Departamento de Biofísica da UNIFESP, constituído por um módulo de separação Alliance modelo 2690, detector photodiode array modelo 996, injetor automático com capacidade de 120 amostras e um espectrômetro de massas Micromass, modelo ZMD. O sistema é controlado por uma workstation Compaq modelo AP200. Os peptídeos foram dissolvidos uma solução de 0,1% TFA/H2O, na concentração de 1 mg/mL. As condições experimentais foram: Coluna: Solventes: Waters C18 (2,1x150 mm), 60Å, 3,5 m A: 0,1% TFA/H2O B: 0,1% TFA em 75 ou 90%ACN/H2O Gradiente: 5% a 95% de B em 20 ou 30 minutos Fluxo: 0,4 mL/min Comprimento de onda: 190-300 nm Intervalo de massas: 500-3930 Daltons. Modo: ―Electrospray‖ Positivo 3.1.3. Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV O microscópio eletrônico de varredura (MEV) é um equipamento capaz de produzir imagens de alta ampliação (até 300.000 x) e resolução. As imagens fornecidas possuem um caráter virtual, pois o que é visualizado no monitor é a trans-codificação da energia emitida pelos elétrons, ao contrário da radiação de luz a qual estamos habitualmente acostumados.115 O MEV é uma ferramenta padrão para inspeção e análise utilizada em diversas áreas de 48 pesquisa desde a área de materiais até a área biológica. Deste modo, o MEV tem se tornado um instrumento imprescindível no desenvolvimento de novos materiais, pois por meio da análise e interpretação da imagem gerada consegue-se predizer propriedades importantes de uma determinada amostra como morfologia, diâmetro, espessura, defeitos e orientação das fases.116No entanto, os microscópios eletrônicos de varredura são classificados em duas categorias distintas, sendo os canhões FEG de alto vácuo e maior resolução, e, os canhões LV de baixo vácuo e menor resolução. A configuração do MEV consiste de coluna óptico-eletrônica (canhão de elétrons e sistema de lentes magnéticas), unidade de varredura, câmera de amostra, sistemas de detectores e sistema de visualização de imagem. A versatilidade da técnica está relacionada às interações entre o feixe de elétrons e a superfície da amostra, que gera sinais de espalhamento.116, 117 Sendo, os espalhamentos elásticos, que afetam as trajetórias do feixe de elétrons dentro da amostra sem alterar a energia cinética do elétron (elétron retro-espalhado), e, os espalhamentos inelásticos, que resultam da transferência de energia do feixe de elétrons para os átomos da amostra, e promove a geração de elétrons secundários, elétrons Auger, raios-X contínuo e característico, pares elétron-buraco em semicondutores e isolantes, radiação eletromagnética (na região do visível, ultravioleta, infravermelho), vibrações da rede (fônons) e oscilações eletrônicas em metais (plasmons), conforme Figura 24. Contudo, os sinais de maior interesse para a formação da imagem referem-se aos elétrons secundários e os retroespalhados. Os elétrons secundários fornecem imagem de topografia da superfície da amostra, sendo responsáveis pela obtenção das imagens de alta resolução, já os retroespalhados fornecem imagem característica de variação de composição em relação ao número atômico.115-117. As imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura foram obtidas no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron – LNLS – Brasil sob a proposta de pesquisa SEM-FEG 11235Continuação de: SEM-FEG – 10301. O Equipamento utilizado foi um microscópio eletrônico de varredura de alta resolução do tipo SEM-FEG (JSM 6330 F), com filamento termo-iônico de tungstênio, operando com voltagem de 5 kV e modo de varredura selecionado de elétrons secundários, responsáveis pela formação da imagem. Para a realização das medidas, as amostras foram recobertas com ouro, de modo a promover condutibilidade. 49 Figura 24: Microscópio eletrônico de Varredura SEM-FEG do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron. 3.1.4. Espectroscopia na Região do Infravermelho com Transformada de Fourier Em princípio, a espectroscopia estuda a interação da radiação eletromagnética com a matéria, sendo relativas às frequências vibracionais específicas aos níveis de energia molecular. Neste sentido, os modos vibracionais permitem identificar compostos por meio do estudo da simetria molecular referente à teoria de grupo, que sugere operações simétricas vibracionais.118, 119 Na espectroscopia de infravermelho, a probabilidade vibracional depende da variação do momento do dipolo elétrico, que fornece frequências características para cada ligação química e define a geometria molecular. Deste modo, a absorção da radiação infravermelha ocorre devido à variação do momento de dipolo elétrico da molécula como consequência de seu movimento vibracional ou rotacional (o momento de dipolo é determinado pela magnitude da diferença de carga e a distância entre dois centros de carga). Assim, somente nessas circunstâncias, o campo elétrico alternante da radiação incidente interage com a molécula, originando os espectros. Entretanto, o sinal fornecido não pode ser interpretado diretamente, tornando-se necessário sua decodificação para comprimentos de onda, mediante a técnica matemática conhecida como transformada de Fourier.120, 121 A caracterização por espectroscopia na região do infravermelho das amostras de foram obtidas utilizando-se um espectrômetro FTIR modelo Varian 660-IR, disponível no laboratório de eletroquímica e materiais nanoestruturados no campus da Universidade Federal 50 do ABC. As amostras, no estado sólido, foram analisadas à temperatura ambiente. Após, o background, os espectros foram obtidos empregando 100 ciclos com resolução de 4 cm-1 3.1.5. Espectroscopia Raman O efeito Raman depende de um momento de dipolo induzido na molécula, devido ao campo eletromagnético proveniente da radiação incidente, sendo proporcional à polarização molecular.122 Em nível molecular a radiação pode interagir com a matéria por processos de absorção ou de espalhamento elástico ou inelástico. O espalhamento inelástico, denominado espalhamento Rayleigh, não fornece informações vibracionais da molécula, enquanto no espalhamento elástico de luz, chamado de espalhamento Raman, o campo elétrico do fóton espalhado perturba a nuvem eletrônica da molécula podendo ser entendido como um processo de excitação para um estado de energia ―virtual‖, ou seja, a molécula se encontra em algum estado vibracional e absorve um fóton de energia, que a excita para um estado intermediário (virtual), imediatamente há a transição para um estado de energia mais alta emitindo um fóton de energia (espalhamento). Assim, a espectroscopia Raman estuda o fenômeno inelástico de dispersão da luz, por meio de variações relacionadas aos níveis de energias vibracionais e/ou rotacionais moleculares. Desta forma, se a energia da radiação incidente coincidir ou se aproximar de uma transição eletrônica permitida da molécula, ocorrerá uma intensificação do sinal espalhado, esse fenômeno é conhecido como Raman ressonante.123, 124 Os espectros Raman foram obtidos em um microscópio Raman Renishaw (system 3000) acoplado a um detector CCD que fica no Laboratório de Espectroscopia Molecular (LEM) do Instituto de Química da Universidade de São Paulo. A focalização do laser na amostra e a coleta da radiação espalhada foram realizadas por meio do microscópio metalúrgico Olympus modelo BH2-UMA. Serão utilizadas linhas de excitação na região do visível em 632,8 nm com um laser de He-Ne (Spectra Physics, modelo 127). A potência do laser foi mantida abaixo de 0,7 mW para evitar a degradação das amostras. O Espectro Raman foi utilizado para conhecer as contribuições espectrais que não são visíveis nos espectro de infravermelho (vibrações que possuem momento de dipolo elétrico igual a zero), e para avaliar a estrutura das mantas eletrofiadas. 51 3.1.6. Voltametria Cíclica A técnica de voltametria cíclica baseia-se em fenômenos de interface que ocorrem entre a superfície de um eletrodo condutor (eletrodo de trabalho) e o seio da solução. No experimento, mede-se a corrente elétrica resultante quando um potencial eletroquímico é aplicado a um sistema constituído por três eletrodos (trabalho, referência e contra eletrodo) que estão imersos em uma solução eletrolítica.125 O potencial aplicado no eletrodo de trabalho atua como força motriz na reação eletroquímica. É o controle do potencial que possibilita que o monômero presente no meio reacional seja oxidado ou reduzido na superfície do eletrodo de trabalho. O valor deste potencial é mudado continuamente como função linear do tempo e a taxa de variação do potencial ao longo do tempo é denominada velocidade de varredura de potencial. Um intervalo de potencial é escolhido em uma direção, revertido num certo ponto e determinado no potencial final. A técnica é importante para o estudo de mecanismo e velocidades de processos redox e frequentemente evidencia a presença de intermediários nestas reações. 125 As medidas eletroquímicas foram realizadas no potenciostato Autolab PGSTAT 302N, disponível no laboratório de eletroquímica e materiais nanoestruturados – LEMN da Universidade Federal do ABC. A célula eletroquímica foi montada com o eletrodos de trabalho, o ouro (7 mm2) e ITO (1cm2); a platina (fio de platina) como contra eletrodo e o eletrodo de calomelano saturado como eletrodo de referência. 3.1.7. Análise Térmica A análise térmica abrange um grupo de técnicas nas quais uma propriedade física ou química de uma determinada substância, ou seus produtos de reação, é monitorada em função do tempo e/ou da temperatura. Assim, a análise termogravimétrica é uma técnica termoanalítica na qual a variação de massa da amostra (perda ou ganho) é determinada em função da temperatura (T) ou tempo (t), enquanto a amostra é submetida a uma programação controlada de temperatura. No entanto, a técnica por DTG expressa a derivada primeira da variação de massa (m) em relação ao tempo (dm/dt) e é registrada em função da temperatura ou do tempo.Nesse sentido, são técnicas úteis na caracterização para determinação de pureza e umidade, bem como na avaliação da estabilidade e estudos cinéticos de degradação.126 52 A técnica de calorimetria diferencial de varredura (DSC) relaciona a diferença de energia fornecida à substância e a um material de referência, enquanto ambos são submetidos a uma variação controlada de temperatura, de modo a fornecer informações de transições de fase relativas aos processos endotérmicos e exotérmicos. Um gráfico da energia fornecida pelos aquecedores é formado, possibilitando quantificar as transformações uma vez que a compensação de calor é proporcional à energia envolvida na reação.127, 128 As medidas foram obtidas utilizando um equipamento DSC modelo Q200 V24.2 Build 107, método aquecimento/resfriamento/aquecimento, em atmosfera de nitrogênio e rampa de 5 °C/min. Entretanto, as análises térmicas referentes às nanoestruturas foram realizadas pela técnica de TG-DSC-MS, que promove a perda de massa em função da temperatura e registra a razão massa/carga (m/z) no modo positivo, de modo a propor o fragmento resultante. As medidas foram realizadas utilizando a termobalança STA 409 PC Luxx para a análise simultânea de TG-DSC, sendo este equipamento acoplado ao QMS 403C Aëolos para detecção dos gases liberados da amostra. Ambos os equipamentos foram adquiridos da NETZSCH. As amostras foram submetidas a uma taxa de aquecimento de 10 K.min-1 no intervalo de temperatura de 25 a 1000 °C. Um cadinho de alumina foi utilizado nas análises e o fluxo de gás passando pela amostra foi de 50 mL.min-1 de ar sintético, disponível no IQ-USP. 3.1.8. Análise Dinâmica-Mecânica - DMA A análise de DMA relaciona o comportamento visco-elástico com as propriedades macroscópicas do material. A aplicação de uma tensão promove movimentos de discordâncias, distorções na rede cristalina, sendo, associada à magnitude do módulo de elasticidade, ou resistência a separação entre os átomos adjacentes, ou seja, as forças de ligação interatômicas. À medida que o material é deformado além do regime elástico, a tensão não é mais proporcional a deformação e ocorre uma deformação permanente, não recuperável, ou deformação plástica.129 As propriedades mecânicas dos materiais são avaliadas a partir de uma solicitação, na forma de uma deformação ou na aplicação de uma tensão, com o monitoramento da resposta do material, expressa como tensão ou como deformação, respectivamente. Ensaios mecânicos são classificados como estáticos, uma vez que se aplica ao material uma tensão ou deformação constante, ou a taxas constantes. Estes experimentos são destrutivos, já que uma 53 de suas finalidades é a determinação de propriedades limite do material. Ainda, permite determinar inúmeros parâmetros como o módulo de elasticidade de armazenamento (E’), as propriedades elásticas, o módulo de elasticidade de perda (E’’), bem como as propriedades plásticas. A análise dinâmica-mecânica foi realizada no analisador DMAQ800, no modo tensão de tração e aplicação de força de 0,5N. As amostras foram submetidas à deformação tensional de 750 micrometros/minutos até rompimento da membrana. 54 3.2. Parte 1 – Síntese dos peptídeos Os peptídeos, linear [(L-ArgL-Phe)4] e cíclico [(L-ArgD-Phe)4], utilizados neste trabalho foram sintetizados pelo método em fase sólida, na estratégia t-Boc130 e Fmoc131, respectivamente, sendo o aminoácido de partida acoplado a resina clorometilada Merrifield de escala 0,9 mmol/g, como suporte sólido.132 Os acoplamentos, foram realizados de 1 a 2 horas, com 2,5 de excesso de DIC/HOBt em DCM/DMF (1:1, v/v) e monitorados pelo teste de Kaiser. O teste de Kaiser consiste na transferência de uma pequena alíquota do peptidil-resina para um tubo de Duran e na adição de duas gotas das seguintes soluções: (A) ninidrina (500 mg)/n-butanol; (B) 10 mL de piridina e (C) fenol (80 g)/n-butanol (20 mL). A ninidrina é um poderoso agente oxidante que reage com α-aminoácidos, entre pH 4 e 8, originando um composto púrpura (Complexo de Ruhemmann), que não apresenta sempre a mesma intensidade de coloração. Os aminoácidos prolina e hidroxiprolina são exceções: esses quando reagem com a ninidrina apresentam a formação de um composto amarelado.133 Os reacoplamentos, quando necessários, foram realizados usando 2,5 de excesso de TBTU, em excesso de DIEA (pH aparente entre 8,0-9,0) em DMSO/NMP (1:1, v/v), por 1 hora. Quando se fez necessário, durante a síntese em geral, foram realizados três reacoplamentos seguidos, monitorados com teste de ninidrina. Mantendo-se positivo, a peptidil-resina foi submetida a uma reação de acetilação com 25% de Ac2O em DMF, por 20 minutos, conforme metodologia descrita vide Tabela 2 e Tabela 3. 55 Tabela 2: Protocolo de Síntese - Estratégia t-Boc Passos Etapa de desproteção 1 2 X MeOH 2 3 X DCM 3 1 X 50% TFA em DCM + 0,5 mL de anisol/g de resina inicial por 20 minutos Etapa de neutralização 4 2 X 2% anisol em isopropanol 5 2 X 10% TEA em DCM 6 2 X MeOH 7 2 X 10% TEA em DCM 8 2 X MeOH 9 3 X DCM Teste de Ninidrina [Negativo - passo 3 // Positivo - passo 10] Etapa de acoplamento 10 2,5 Eq. De Boc-AA e DIC/HOBt em DCM/DMF (1:1; v/v) [duração 1 a 2 horas] 11 2 X MeOH 12 2 X 10% TEA em DCM 13 2 X MeOH 14 3 X DCM 15 Teste de Ninidrina [Negativo - passo 3 // positivo - passo 16] 16 Reacoplamento - 2,5 Eq. Boc-aa + 2,5 TBTU + DIEA (pH 8-9) em DCM/NMP (1:1;v/v) [duração 1 a 2 horas] 17 2 X MeOH 18 2 x 10% TEA em DCM 19 2 X MeOH 20 3 X DCM 21 Teste de Ninidrina [Negativo - passo 3 // Positivo - passo 16] 56 Tabela 3: Protocolo de Síntese - Estratégia F-moc Passos Etapa de Desproteção 1 3 X MeOH 2 3 X DMF 3 1 X 20% piperidina em DMF por 20 min 4 3 X DMF 5 3 X MeOH 6 3 X DCM 7 Teste de Ninidrina [Negativo - passo 3 // positivo - passo 9] 8 5 X DMF Etapa de acoplamento 9 2,5 eq. de Fmoc-aa + DIC/HOBt em DCM/DMF (1:1; v/v) [duração 1 a 2 horas] 10 3 X DMF 11 3 X MeOH 12 3 X DCM 13 Teste de Ninidrina [Negativo - passo 3 // Positivo - passo 14] 14 Reacoplamento 2,5 eq. Fmoc-aa + 2,5 TBTU + 5,5 Eq. DIEA (pH 8-9) em DCM/NMP (1:1; v/v) [duração 1 a 2 horas] 15 3 X DMF 16 3 X MeOH 17 3 X DCM 18 Teste de Ninidrina [Negativo - passo 3 // Positivo - passo 14] 57 Os peptídeos foram clivados da resina numa reação com 70% de TFA / 20% TFMSA e 10% de ―scavengers‖ (anisol), perfazendo uma concentração de (10 mL/g de peptidil-resina). O tempo de reação foi de 7 horas a 5 oC. Ao término da reação, o peptídeo e a resina foram tratados com éter dietílico (destilado e armazenado em freezer à 20 oC para evitar a solubilização do peptídeo durante esta etapa do processo). O peptídeo foi extraído da resina com uma solução 0,1% TFA em 60% de ACN/H2O e liofilizado (Figura 25). A etapa de ciclização do composto cíclico [(L-ArgD-Phe)4] foi realizada após a desproteção do grupo Boc e extração da resina, sendo o peptídeo solubilizado em solução de DCM/DMF (1:1, v/v) com excesso de HOBt e DIC sob agitação por 24 horas. 1ª ETAPA: Esterificação do Resíduo C-Terminal: 2ª ETAPA: Desproteção do Grupo Protetor (Boc) 3ª ETAPA: Neutralização do Grupo Amino: 58 4ª ETAPA: Acoplamento do Aminoácido Subsequente: 5ª ETAPA: Clivagem do Peptídeo da Resina: Figura 25: Representação Esquemática da Síntese de Peptídeos 3.2.1. Purificação dos Peptídeosii A purificação dos peptídeos foi realizada em um sistema de cromatografia semi preparativo Waters, acoplado a um detector UV-Vis – modelo 2489. Os solventes utilizados foram todos de grau HPLC e a água utilizada foi purificada em um sistema Milli-Q, da Millipore, equipado com cartuchos para a retenção de sais e de compostos orgânicos.134 O sistema é controlado por um software Empower Persona Single System Workstation. As condições experimentais utilizadas foram: Coluna: Phenomenex C18 (21,2 x 250 mm), 300 Å, 15 m Solventes: A: 0,1% TFA/H2O B: 0,1% TFA em 60% ACN/H2O ii Gradiente: Variável (em geral 0,33%B/min) Fluxo: 10 mL/min Comprimento de onda: 220 nm As análises de cromatografia e espectroscopia de massa foram realizadas em colaboração com o professor Dr. Vani Xavier de Oliveira Jr. - UFABC 59 3.3. Parte 2 - Metodologia para obtenção de nanoestruturas peptídicas via fase sólida-vapor 3.3.1. Obtenção das nanoestruturas para estudo morfológico e estrutural Os sistemas nanoestruturados foram caracterizados por microscopia eletrônica de varredura, de modo a verificar possíveis variações quanto à morfologia dos materiais obtidos. Assim, estudos de dinâmica molecular foram realizados por meio do programa GROMACS, modelo de solvente implícito e campo de força GROMOS 96 43a1 e GROMOS 96 43a2 para um tempo de dinâmica de 2,5 ns, a fim de correlacionar os dados teóricos com os experimentais obtidos por microscopia. 3.3.1.1. Limpeza do substrato de ITO em Pet As placas de ITO em Pet utilizado nos ensaios possuíam uma área de 1 cm2. A limpeza foi realizada por meio da imersão dos substratos nos solventes: diclorometano, metanol, etanol e água ultrapura, respectivamente, por 10 minutos em banho ultra-sônico. Sendo, a secagem realizada por exposição à atmosfera de nitrogênio. 3.3.1.2. Preparação do filme amorfo Uma alíquota de 10 µL das soluções recém-preparadas do peptídeo linear [(L-ArgL-Phe)4] nas concentrações de 50 mg mL-1, 100 mg mL-1 e 150 mg mL-1, e, do peptídeo cíclico [(L-ArgD-Phe)4] nas concentrações de 150 mg mL-1 foram solubilizados em HFP, sendo posteriormente depositadas sobre os substratos de ITO em Pet, sendo os mesmos armazenados em dessecador até secagem. 60 3.3.1.3. Parâmetros de preparação das nanoestruturas Os filmes amorfos preparados do peptídeo linear [(L-ArgL-Phe)4] foram expostos ao vapor de diferentes solventes (anilina, água e diclorometano), de modo a promover automontagem e, assim, a obtenção das nanoestruturas. Contudo, o filme amorfo do peptídeo cíclico foi exposto ao vapor de anilina, uma vez que os estudos referentes às variações dos parâmetros foram realizados ao peptídeo linear. A Tabela 4 indica os parâmetros definidos na metodologia, como: temperatura, concentração e tempo de exposição ao vapor do solvente. Tabela 4: Parâmetros para preparação das nanoestruturas Temperatura Vapor de Solvente Concentrações Tempo de exposição (C) mg/mL ao vapor Anilina 98 50, 100 e 150 12 – 18 horas Água 98 50, 100 e 150 12– 18 horas Diclorometano 35 50, 100 e 100 12 – 18 horas 3.3.1.4. Montagem do ensaio O sistema consiste na montagem de três ambientes equivalente, porém distintos, ou seja, cada sistema foi preparado de forma individual em placas de petri, sendo depositada uma alíquota de 10 mL do solvente em estudo. Entretanto, para evitar o contato entre o substrato e os solventes, e assim promover um sistema apropriado livre de interferentes, os substratos, com o filme amorfo do peptídeo, foram alocados em placa de petri, de modo que o substrato permanecesse exposto somente ao vapor do solvente, sendo posteriormente vedada com sua devida tampa. Ainda, de modo a evitar qualquer contato com outra atmosfera, optou-se por vedar o sistema com papel alumínio antes de colocar na estufa.93, 135-137 A Figura 26 mostra o esquema para preparação nas nanoestruturas via fase sólida-vapor. 61 Figura 26: Ilustração esquemática do processo de obtenção das nanoestruturas utilizando a metodologia em fase sólida-vapor 3.3.2. Metodologia de preparação dos eletrodos para estudos eletroquímicos O método de preparação e configuração dos eletrodos influencia diretamente nas suas propriedades condutoras e morfológicas, sendo estas refletidas na resposta eletroquímica, uma vez que favorece quanto as aplicações como biossensores eletroquímicos.138 Assim, biossensores representam uma ferramenta promissora, devido as suas características únicas, tais como: seletividade; baixo custo de construção e estocagem; potencial para miniaturização; facilidade de automação e construção de equipamentos simples e portáteis para um monitoramento rápido.139 Para a análise eletroquímica os eletrodos foram preparados com diferentes arquiteturas em substratos de ouro e ITO. Sendo, o eletrodo de ouro funcionalizado com solução de mercaptopiridina, de modo, a promover a ligação entre o peptídeo e o substrato de ouro.140 Já, o eletrodo de ITO foi preparado a partir da ativação da superfície, sendo ambos substratos seguidos da deposição do filme amorfo e posterior processo de nanoestruturação em fase sólida-vapor. Entretanto, para o eletrodo de ITO foi depositado 10μL de solução Nafion® (solução 5% de Nafion em metanol) sob a superfície das nanoestruturas. 62 3.3.2.1. Limpeza dos eletrodos de ouro e vidro condutor de ITO Nos eletrodos de ouro foram realizadas a limpeza física (que consistiu no atrito da superfície do ouro sobre uma lixa com alumina) e posterior limpeza química, utilizando uma célula eletroquímica (com o eletrodo de ouro como eletrodo de referência, a platina como contra-eletrodo e o eletrodo de ECS como referência) em solução de H 2SO4 0,5 mol L-1, aplicando um potencial de -200 mV a 1600 mV a uma velocidade de varredura de 1000 mV s1 por 100 ciclos. A segunda etapa da limpeza eletroquímica consistiu em diminuir a velocidade de varredura para 100 mV s-1 por 10 ciclos, de modo a verificar se o perfil eletroquímico do eletrodo de ouro estava de acordo com o relatado na literatura, se não estivesse, todo o processo era repetido (limpeza física e química) até que conseguíssemos visualizar o perfil eletroquímico do Au com seus respectivos pares redox.141, 142 Com relação aos eletrodos de ITO a limpeza do substrato foi realizada de forma similar ao item 3.1.1.1., porém com prévia ativação da superfície com uma solução piranha, que consiste em NH4OH/H2O2/H2O (1:1:5) em 80°C por 10 minutos, sendo posteriormente lavado em água ultrapura.141, 142 3.3.2.2. Preparação da solução de mercaptopiridina- SAM Os eletrodos de ouro ficaram imersos em 20 mL de uma solução de concentração 100 mmol L-1 de 4-mercaptopiridina (SAM) em etanol, por um período de 12 horas. Após, os eletrodos foram lavados com etanol e água ultrapura, e, posteriormente seco em atmosfera de nitrogênio.143 3.3.2.3. Preparação do filme amorfo do peptídeo para polimerização eletroquímica Uma alíquota de 10µL de uma solução recém-preparada do peptídeo linear [(L-ArgLPhe)4] solubilizado em HFP na concentração de 150 mg mL-1 foi depositado sobre os eletrodos de ouro e vidro de ITO, sendo o mesmo armazenado em dessecador até montagem do ensaio. 63 3.3.2.4. Montagem do ensaio Foram seguidas as mesmas considerações do item 3.3.1.4., porém, com a alteração da placa de petri para erlenmeyer vedados. Contudo, o foco do trabalho foi estudar os processos de nanoestruturação em atmosfera de anilina, de modo a promover a polimerização da anilina residual no sistema. A temperatura foi mantida em 98°C e o tempo de reação 18 horas. 3.3.2.5. Polimerização eletroquímica da anilina residual A polimerização eletroquímica foi realizada unicamente com a anilina adsorvida na superfície do nanomaterial. Parâmetros utilizados no ensaio, velocidade de varredura: 25 mV s-1; potencial: -200 mV a 1000 mV; número de ciclos: 20; eletrodos utilizados: ouro e ITO (eletrodo de trabalho); platina (contra-eletrodo); ECS (eletrodo de referência); eletrólito de suporte: H2SO4 0,5 mol L-1.144 64 3.4. Parte 3 – Metodologia para obtenção de nanoestruturas peptídicas via eletrofiação O processo de eletrofiação tem despertado a atenção dos pesquisadores, devido às vantagens de adicionar nanomateriais aos polímeros e promover melhoras substanciais das propriedades, bem como a obtenção de fibras de diâmetro nanométrico.145Ainda, a aplicação das membranas eletrofiadas (mantas) são dependentes do polímero selecionado como matriz, pois sendo um biomaterial apresentam a capacidade de interagir com o organismo.145, 146 3.4.1. Preparo das soluções Inicialmente, foram preparadas soluções fracionadas do peptídeo L-difenilalanina em HFP nas concentrações de 100 mg mL-1, de modo a promover amostras com 2,5%, 5,0%, 7,5%, 10% e 15% de peptídeo pré-diluído em solução de 8% de poli(ε-caprolactona), este présolubilizado em clorofórmio/metanol (1: 3 v/v), perfazendo soluções resultantes de 15 mL. As amostras foram mantidas sob agitação constante à temperatura de 60°C por 5h, conforme valores descritos na Tabela 5. Tabela 5: Parâmetros de preparação das soluções eletrofiadas Concentrações (%) 2,50 5,00 7,50 10,00 15,00 Peptídeo (g) 0,03 0,06 0,09 0,12 0,18 HFP (μL) 300 600 900 1200 1800 HFP (mL) 0,30 0,60 0,90 1,20 1,80 PCL (g) 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 Metanol Clorofórmio Solução (mL) (mL) final 3,68 11,03 15,00 3,60 10,80 15,00 3,53 10,58 15,00 3,45 10,35 15,00 3,30 9,90 15,00 3.4.2. Montagem do ensaio A eletrofiação (obtenção das nanofibras) foi realizada utilizando-se um sistema constituído por uma fonte de alta tensão, um coletor constituído por uma placa de aço, recoberta com folha de alumínio, sob aterramento e um capilar (Figura 27). O capilar consiste de uma seringa de vidro (sem o êmbolo) de 20 mL, com agulha do tipo Hamilton de diâmetro de 1,5 mm e comprimento de 30 mm. 65 A eletrofiação foi realizada utilizando-se as soluções de L-difenilalanina em poli(εcaprolactona) nas concentrações estabelecidas. As amostras foram eletrofiadas na tensão de 17 kV, com tempo de processamento (coleta das membranas) de 1 hora, sendo à distância de trabalho entre a ponta da agulha e o coletor de 15 cm. Figura 27: Processo de obtenção das nanoestruturas utilizando a metodologia de eletrofiação 66 Capítulo 4- Resultados e Discussão As análises e discussões dos resultados foram separados em três etapas principais, conforme capítulo de materiais e métodos, sendo que a primeira etapa voltada à síntese dos peptídeos: linear [(L-ArgL-Phe)4] e cíclico [(L-ArgD-Phe)4]. A segunda consistiu na preparação das nanoestruturas via fase sólida-vapor, bem como investigação das propriedades condutoras do nanomaterial. A terceira etapa abrange o estudo da preparação de nanocompósitos baseados na matriz polimérica poli(ε-caprolactona) intercalada com NT-FF via eletrofiação. As caracterizações foram realizadas utilizando as técnicas: cromatografia líquida espectroscopia de massa, microscopia eletrônica de varredura, espectroscopia FTIR, espectroscopia Raman, propriedades mecânica e eletroquímica. 4.1. Parte 1- Síntese dos peptídeos A síntese em fase sólida dos análogos linear [(L-ArgL-Phe)4] via estratégia t-Boc e cíclico [(L-ArgD-Phe)4] via estratégia Fmoc foram bem sucedidas, fazendo-se necessários 25% de reacoplamentos para obtenção da sequência desejada. A purificação dos peptídeos foi realizada em HPLC semi-preparativo, em única etapa, sendo utilizado o sistema de solventes: A: 0,1% TFA/H2O e B: 0,1% TFA em 60% ACN/H2O. Na etapa de purificação, os peptídeos eluídos da coluna cromatográfica foram coletados separadamente em tubos de ensaio numerados. Para a obtenção de frações com alto teor de pureza, os tubos foram analisados em HPLC analítico, utilizando um gradiente de 5-95%B/30min e selecionados. Após essa seleção as amostras, com alto grau de pureza, foram agrupadas e transferidas para um balão de fundo redondo, sendo concentradas e liofilizadas. A caracterização dos peptídeos foi realizada por HPLC analítico e por espectrometria de massas (LC/ESI-MS). A síntese do análogo linear [(L-ArgL-Phe)4] referente à amostra bruta, revelou a presença de diversos componentes, porém, o pico de retenção observado em 15,98 minutos indica o peptídeo como componente majoritário, sendo os demais picos correspondentes aos subprodutos da síntese, para o qual apresentamos o perfil cromatográfico e o espectro de massas obtido antes da purificação (Figura 28 e Figura 29). No entanto, com base nos dados apresentados foi selecionada a fração A (maior índice de pureza), correspondente ao pico de maior intensidade representado o espectro de massa após purificação (Figura 30), que de 67 acordo a relação m/z indica a presença peptídeo referente ao pico em MM+H = 1273 g/mol e suas respectivas fragmentações. Logo, para a composição da sequência aminoácidos em questão a massa molar obtidas corrobora com os valores teóricos encontrados, sendo o valor teórico de MM+H = 1274 g/mol para o composto acetilado. a) b) Figura 28: (a) espectro de massa e (b) cromatograma do análogo [(L-ArgL-Phe)4] bruto. Os perfis em LC/ESI-MS foram obtidos nas seguintes condições: Coluna: Waters Nova-Pak C18 (2,1 x 150 mm), 60 Å, 3,5 μm; Sistema de solventes: A: 0,1% TFA/H2O, B: 0,1% TFA em 60% ACN/H2O; Gradiente: 5-95% de B em 30 minutos; Fluxo: 0,4 mL/min; λ = 190-300 nm; Volume de injeção: 30 μL; Concentração da amostra: 1,0 mg/mL e Intervalo de massas: 500-3930 Daltons. 68 Figura 29: Espectro de massas dos materiais obtidos durante a síntese do análogo [(L-ArgL-Phe)4] referentes aos tempos de retenção apresentados na Figura 36(a). 69 Figura 30:Espectro de massa do análogo linear [(L-ArgL-Phe)4] obtido após purificação. O perfil em LC/ESIMS foi obtido nas seguintes condições: Coluna: Waters Nova-Pak C18 (2,1 x 150 mm), 60 Å, 3,5 μm; Sistema de solventes: A: 0,1% TFA/H2O, B: 0,1% TFA em 60%ACN/H2O; Gradiente: 5-95% de B em 30 minutos; Fluxo: 0,4 mL/min; λ = 190-300 nm; Volume de injeção: 30 μL; Concentração da amostra: 1,0 mg/mL e Intervalo de massas: 500-3930 Daltons. A síntese do análogo cíclico [(L-ArgD-Phe)4] revelou a presença de diversos componentes, porém, a análise detalhada mostra dois picos com tempos de retenção de 13,38 e 14,03 minutos relacionados a obtenção de dois compostos, ou seja, indica a formação de duas sequências, linear e cíclica, respectivamente, para o qual apresentamos o perfil cromatográfico e o espectro de massas do peptídeo bruto, obtido antes da purificação (Figura 31 e Figura 32). Entretanto, com base nos dados apresentados os compostos foram purificados, sendo selecionada a fração A (maior índice de pureza) corresponde aos picos de maior intensidade, vide os perfis cromatográficos e espectro de massa após purificação 70 (Figura 33 e Figura 34), porém, devido os picos estarem com tempo de retenção muito próximo a alíquota foi separada contendo os dois compostos. Assim de acordo a relação m/z foi possível confirmar a presença dos peptídeos, linear e cíclico, referente aos picos em MM+H=1231 e MM+H=1344, respectivamente, sendo que os valores corroboram com os cálculos teóricos, sendo MM+H=1231 e MM+H=1344, respectivamente. Logo, o que difere entre os análogos refere-se ao número de hidrogênios e a presença do grupo tosil a cadeia lateral pertencente à estrutura do peptídeo. Figura 31: (a) Espectro de massa e (b) cromatograma do análogo cíclico [(L-ArgD-Phe)4] bruto. Os perfis em LC/ESI-MS foram obtidos nas seguintes condições: Coluna: Waters Nova-Pak C18 (2,1 x 150 mm), 60 Å, 3,5 μm; Sistema de solventes: A: 0,1% TFA/H2O, B: 0,1% TFA em 60% ACN/H2O; Gradiente: 5-95% de B em 30 minutos; Fluxo: 0,4 mL/min; λ = 190-300 nm; Volume de injeção: 30 μL; Concentração da amostra: 1,0 mg/mL e Intervalo de massas: 500-3930 Daltons. 71 . Figura 32:Espectro de massas dos materiais obtidos durante a síntese do análogo cíclico [(L-ArgD-Phe)4] dos tempos de retenção apresentados na Figura 39(a). 72 Figura 33:Cromatograma do Análogo cíclico [(L-ArgD-Phe)4] purificado. As condições cromatográficas foram: Coluna: Supelcosil C18 (4,6 x 150 mm), 60 Å, 5 μm; Sistema de solventes: A: 0,1%TFA/H2O e B: 0,1% TFA em 60% ACN/H2O; Gradiente: 5-95% de B em 20 minutos. Fluxo: 1,0 mL/min. λ = 220 nm. Volume de injeção: 50 μL e concentração da amostra 1,0 mg/mL. 73 Figura 34:Espectro de massa obtido do análogo cíclico [(L-ArgD-Phe)4] após purificação. O perfil em LC/ESI-MS foi obtido nas seguintes condições: Coluna: Waters Nova-Pak C18 (2,1 x 150 mm), 60 Å, 3,5 μm; Sistema de solventes: A: 0,1% TFA/H2O, B: 0,1% TFA em 60%ACN/H2O; Gradiente: 5-95% de B em 30 minutos; Fluxo: 0,4 mL/min; λ = 190-300 nm; Volume de injeção: 30 μL; Concentração da amostra: 1,0 mg/mL e Intervalo de massas: 500-3930 Daltons. 74 4.2. Parte 2- Preparação das nanoestruturas via fase sólida-vapor referente aos peptídeos linear e cíclico 4.2.1. Estudo morfológico do processo de crescimento das nanoestruturas peptídicas A busca por mecanismos de automontagem molecular abrange a preparação de novos sistemas supramoleculares biocompatíveis para aplicação biotecnológica. Assim, o estudo molecular de compostos peptídicos, bem como o desenvolvimento por sistemas nanoestruturados vem contribuindo com a pesquisa biomédica, uma vez que são sistemas de alta reatividade e biocompatíveis. Logo, a investigação por técnicas de preparação são essenciais, pois podem promover variações morfológicas e diferentes propriedades ao material. Nesse sentido, o estudo detalhado da técnica empregada torna-se fundamental, uma vez que variações relativas aos processos de preparação (concentração, pH, presença temperatura, pressão, e etc) vem demonstrando diferentes morfologias.147, 148 Dentro deste contexto, o presente pesquisa abrange o estudo da variação dos parâmetros (solvente, concentração da solução precursora do filme amorfo e tempo de exposição ao vapor) no processo de nanoestruturação do peptídeo linear [(L-ArgL-Phe)4] via metodologia em fase sólida-vapor, para a partir desses resultados, estabelecer as melhores condições para a automontagem dos compostos cíclicos [(L-ArgD-Phe)4]. 4.2.1.1. Crescimento das nanoestruturas para o peptídeo linear [(L-ArgL-Phe)4] Parâmetros que interferem na nanoestruturação O crescimento das nanoestruturas foi realizado por automontagem (fase sólida-vapor) na presença de vapor de água, anilina e diclorometano. Dessa forma, optou-se por tais solventes devido à influência de sua polaridade e constante dielétrica, que poderiam promover variações morfológicas do material nanoestruturado ao relacionar com a estrutura molecular do peptídeo. Ao observar a estrutura molecular do peptídeo carregado positivamente observamos na cadeia lateral o grupo guanidino, com pKa de 12,48, protonado. No entanto, a carga positiva encontra-se deslocalizada devido à presença de um sistema de ressonância entre as ligações duplas e os átomos de nitrogênio. Ainda, o grupo guanidino pode estabelecer 75 ligações de hidrogênio entre as moléculas peptídicas, sendo este um fato predominante para a conformação molecular.149 A Figura 35 mostra a geometria da molécula do peptídeo otimizada por dinâmica molecular. O NH + H3N NH O - HN NH O NH NH NH O O + NH3 NH HN O + O NH3 NH NH O O HN + H3N NH NH HN + NH3 iii Figura 35: Geometria otimizada por dinâmica molecular da molécula do peptídeo Inicialmente, foram preparados filmes amorfos, de modo a verificar a influência do HFP na nanoestrutura, bem como a influência da concentração da solução do peptídeo, de modo a investigar se o aumento da concentração favoreceria o processo de nucleação e crescimento de nanoestruturas nas concentrações de 50 mg mL1 (Figura 36a.) 100 mg mL1 (Figura 36b) e 150 mg mL1 (Figura 36c). As imagens de microscopia do filme amorfo revelaram a distribuição homogênea do material na superfície do substrato, que sugere a formação de nanoestruturas em toda a área recoberta. iii Os estudos de dinâmica molecular foram realizados em colaboração com o Prof. Dr. Luiz Scott -UFABC 76 (a) (b) (c) Figura 36: Imagens de microscopia (MEV) mostrando a morfologia do filme amorfo sobre o substrato de ITO em Pet. (a) 50 mg mL-1 (b) 100 mg mL-1 e (c) 150 mg mL-1 Nesse sentido, a partir desses resultados, iniciou-se o estudo da variação dos parâmetros referentes à concentração e tempo de exposição ao vapor dos solventes (anilina, diclorometano e água), de modo a verificar possíveis influências nos processos de automontagem das nanoestruturas. Desta forma, o ensaio foi realizado com solução precursora do peptídeo linear [(L-ArgL-Phe)4] na concentração de 50 mg mL1, sendo exposto ao vapor de diclorometano à 35 °C, vapor de água e anilina à 98 °C por 12 horas. Neste caso, não foi possível observar a formação de nanoestruturas na superfície do substrato, devido à baixa concentração do precursor. Deste modo, promovemos variações referentes à concentração da solução precursora para concentração de 100 mg mL-1 e tempo de exposição ao vapor fixado por 12 horas para os três sistemas de solventes. Sendo possível observar para vapor de anilina (Figura 37a), e, vapor de diclorometano (Figura 37b) pontos de nucleação com princípio de auto-organização 77 do filme amorfo e formação do material nanoestruturado, porém, em vapor de água (Figura 37c) não foi possível observar a formação de nanoestruturas, para o tempo de exposição e concentração mencionadas, o qual apresentou a formação de aglomerados. (b) (a) (c) Figura 37: Imagens de microscopia (MEV) de nanoestruturas preparadas em fase-sólida vapor à concentração de 100 mg mL-1 por 12 horas (a) vapor de anilina, (b) vapor de diclorometano e (c) vapor de água. No entanto, mantendo-se a concentração constante (100 mg mL-1) e variando o tempo de exposição ao vapor do solvente para 18 horas foi observado para os três sistemas de solvente um aumento na quantidade de nanoestruturas formadas na superfície do substratos, bem como uma maior definição na morfologia material nanoestruturado em vapor de anilina (Figura 38a) e diclorometano (Figura 38b), com formação de nanoestruturas do tipo fitas com dimensões nanométricas. Ainda, foi possível observar o princípio da automontagem das nanoestruturas para o vapor de água. (Figura 38c). 78 (a) (b) (c) Figura 38: Imagens microscopia (MEV) de nanoestruturas preparadas em fase-sólida vapor à concentração de 100 mg mL-1 com 18 horas (a) vapor de anilina, (b) vapor de diclorometano e (c) vapor de água. Por outro lado, mantendo-se o tempo de exposição ao solvente constante (18 horas) e variando-se a concentração da solução precursora do peptídeo na superfície do substrato de ITO em Pet, observamos variações quanto à morfologia dos filmes nanoestruturados para os três sistemas de solventes. Os resultados revelaram um recobrimento homogêneo da superfície, bem como uma maior dispersão do material para os três sistemas de solventes. Sendo para vapor de anilina e diclorometano possível verificar que as nanoestruturas estão agregadas e entrelaçadas entre si, de modo a formar um tipo de rede que possibilita o recobrimento total do substrato, e sugere uma morfologia do tipo nanofitas (Figura 39a e Figura 39b). 79 (a) (a) (a) (a) (b) (b) 80 (b) (b) Figura 39: Imagens de microscopia (MEV) de nanoestruturas preparadas em fase-sólida vapor à concentração de 150 mg mL-1 com 18 horas (a) vapor de anilina e (b) vapor de diclorometano Outro fato importante analisado sugere que o aumento da concentração da solução precursora favoreceu os processos de automontagem referentes às nanoestruturas em vapor de água, sendo possível observar a morfologia na forma de nanofitas, porém orientadas em relação à aplicação de um campo elétrico (devido ao feixe de elétrons - microscópio), conforme apresentado na Figura 40. Entretanto, podemos associar a morfologia agregada, para vapor de anilina e diclorometano, e, desagregada, para vapor de água, aos valores de constantes dielétricas dos solventes, ou seja, o sistema nanoestruturado que apresentou agregação possui baixos valores de constantes dielétricas, sendo ε = 6,0, para vapor de anilina, e, ε =9,1, para diclorometano, que sugere este um fator predominante. No entanto, para o sistema nanoestruturado em vapor de água a desagregação pode ser relacionada à alta constante dielétrica da água, em torno de 80, bem como a alta polaridade da molécula, que sugere a influência do solvente sobre as cargas positivas presentes na estrutura do peptídeo, de modo a promover certa repulsão iônica ao sistema, e assim, reduzir a intensidade os agregados. Além disso, o fato da molécula de água ser altamente polar apresenta a capacidade de orientação em relação ao um determinado campo eletromagnético. Um trabalho que menciona a influência da constante dielétrica foi proposto por Demirel e colaboradores, os autores observaram variações morfológicas das nanoestruturas de L-difenilalanina em vapor de etanol (nanotubos) e acetona (esferas), e, relacionaram ao efeito solvente.94 81 82 Figura 40: Imagens de microscopia (MEV) de nanoestruturas por síntese em fase-sólida vapor à concentração de 150 mg mL-1 com 18 horas para vapor de água. Associamos à morfologia (tipo nanofitas) a influência significativa das ligações de hidrogênio entre as moléculas peptídicas, que com a automontagem promovem um sistema organizado e altamente ordenado. No entanto, tais resultados contestam os estudos propostos por Hamley e colaboradores,27 que mencionam a organização estrutural de estruturas hidrofóbicas e/ou carregadas positivamente de forma desordenada, e não organizada. Nesse sentido, a organização estrutural, bem como o tipo da morfologia (nanofitas) corroboram com os estudos preliminares de dinâmica molecular realizados, que revelaram estruturas análogas às folhas-β, relacionadas à estrutura secundária encontradas em proteínas, sendo o processo de organização molecular dirigido por meio de interações intermoleculares do tipo ligações de hidrogênio (Figura 41). Logo, a interação do solvente com a estrutura molecular deve-se as cargas presentes, ou seja, a polaridade do solvente. Os cálculos realizados sugeriram um balanço energético para o sistema de 90 ligações de hidrogênio para que a nanoestrutura torna-se estável (Figura 42).iv iv Os estudos de dinâmica molecular foram realizados em colaboração com o Prof. Dr. Luiz Fernando Scott UFABC 83 Figura 41: Estrutura química da nanoestrutura peptídica de [(L-Arg…L-Phe)4] .por dinâmica molecular Figura 42:Gráfico indicativo da quantidade de ligações de hidrogênio em relação ao tempo de automontagem. 84 Ainda, as imagens de microscopia mostraram o diâmetro das arquiteturas na escala nano, em torno de 62,27 nm para vapor de anilina (Figura 43a), 71,03 nm para vapor de diclorometano (Figura 43b) e 139,50 nm para vapor de água (Figura 43c), que apresenta um tamanho muito menor quando comparado a mesma metodologia utilizando o peptídeo L-difenilalanina, que apresenta dimensões na ordem de alguns mícrons. Nesse sentido, observamos que nos três sistemas de solventes prevalece o tipo de morfologia (nanofitas), porém com possíveis variações de orientação, provavelmente devido ao processo de automontagem e interação entre as cadeias orgânicas relacionadas à constante dielétrica, que promoveu variações quanto à agregação das estruturas na superfície do substrato. Assim, a partir dos resultados expostos referentes à otimização do sistema, sugere-se a concentração de 150 mg mL-1 indicada para a fabricação de nanoestruturas baseadas na metodologia fase sólida-vapor para composto peptídico linear [(L-ArgL-Phe)4], uma vez que promove maior quantidade de nanoestruturas formadas, escala nanométrica e maior homogeneidade do filme. Entretanto, foi realizado o estudo relativo à distribuição de tamanho das nanoestruturas referentes ao diâmetro em relação aos vapores de solvente, sendo apresentados na Figura 43. Vapor de anilina a) 40 Média= 62,27 nm 35 Frequência 30 25 20 15 10 5 0 40 50 60 70 80 Diâmetro - nm Vapor de Diclorometano b) Média= 71,03 nm 25 Frequência 20 15 10 5 0 50 60 70 Diâmetro - nm 80 90 85 Vapor de Agua c) 35 Média=139,50 nm 30 Frequência 25 20 15 10 5 0 100 120 140 160 180 Diâmetro - nm Figura 43: Histogramas relativos às nanoestruturas em vapor de (a) anilina, (b) diclorometano e (c) água A análise estatística referente aos histogramas foi realizada sobre uma população de 100 partículas para cada vapor de solvente (anilina, diclorometano e água). Os resultados indicaram um baixo desvio padrão relativos à distribuição de valores relacionados à média, interpretados como boa homogeneidade e baixa variação dos diâmetros das nanoestruturas. Além disso, analisamos os valores mínimos e máximos referentes aos limites de especificação para o material preparado nas mesmas condições e parâmetros, Tabela 6. Ainda, as imagens de microscopia revelaram a configuração do material entre as fissuras do filme. Sendo observado que o crescimento das nanoestruturas é organizado em camadas, de modo a promover um sistema livre de defeitos, homogêneo e espessura em torno de 450 mícrons, conforme apresentado na Figura 44. Tabela 6: Resultados de análise quantitativa referente aos diâmetros dos histogramas Análise quantitativa Vapor de anilina Vapor de DCM Vapor de água Desvio padrão 7,23 8,02 1,46 Média 62,27 71,03 139,50 54,09 63,15 124,74 69,37 79,18 154,06 Valor mínimo especificado Valor máximo especificado 86 450 μ Figura 44: Imagens microscopia relativas a fissura do filme Além disso, foram realizados estudos térmicos para as amostras do material nanoestruturado pela técnica de TG-DTG-MS de acordo a razão massa/carga. A Figura 45 mostra o termograma das curvas sobrepostas de TGA e sua derivada (DTG) das amostras após o tratamento térmico para os três sistemas de solventes, sendo os resultados referentes à perda de massa (expressa em porcentagem) em função da temperatura. Analisando as curvas fornecidas por TG/DTG (Figura 45) observam-se três pontos de decomposição térmica, sendo o primeiro ponto analisado no intervalo de temperatura em 240°C, que ocorreu uma diminuição expressiva na massa em relação à porcentagem. No caso do segundo ponto de decomposição, a 325°C, mostra uma menor perda de massa em relação ao primeiro ponto. Com relação ao terceiro ponto de decomposição, a 440°C, a perda de massa foi relativamente menor relacionado ao primeiro e segundo pontos. Assim, sugere-se que o perfil de degradação térmica para os três sistemas de solventes (anilina diclorometano e água) estejam relacionados ao número de ligações químicas intermoleculares existentes na estrutura química da molécula. 87 Figura 45: Curvas TG/DTG em ar atmosférico, rampa de aquecimento de 5 °C/min, e temperatura inicial de 25°C a 600 ° Ainda, os resultados revelaram um patamar de estabilidade térmica à aproximadamente 100°C, e uma leve degradação térmica em aproximadamente 120°C, que poderia estar relacionada à perda de água relativa às nanoestruturas. Entretanto, estudos teóricos sugerem como o início da degradação térmica referente ao material nanoestruturado. Neste contexto, foi realizado o estudo morfológico e térmico microscópico relativo aos filmes nanoestruturados em vapor de anilina em concentração de 150 mg mL-1 por 18 horas em substrato de ouro, de modo a avaliar a influência do calor no processo de degradação da nanoestrutura. Assim, o sistema nanoestruturado foi submetido à temperatura constante de 120°C por um período de 6 horas, sendo posteriormente resfriado. Os resultados de microscopia mostraram a parcial degradação do filme, sendo que estes corroboram com o estudo teórico, Figura 46. 88 Figura 46: Estudo da degradação térmica por dinâmica molecular para nanoestrutura em vapor de anilina A análise dos dados referentes aos gráficos de TG-MS para as nanoestruturas nos três sistemas de solventes (anilina diclorometano e água) expõem possíveis relações entre os picos de degradação, a 240°C, e, seus respectivos fragmentos, Figura 47, os quais se notam processos semelhantes de liberação para os compostos fragmentados. Logo, sugere-se a relação m/z para os compostos degradados e identificados por MS, sendo atribuídos os valores de m/z =18 (H2O - água); m/z = 44 (grupo carboxílico); m/z = 48 (grupo dos ácidos monocarboxílicos); m/z =50 e 51 (C6H6, anel benzeno); e m/z =64 (derivados do ácido carboxílico) e m/z = 69 (íon C3HO2). Tais compostos corroboram com a estrutura do peptídeo (vide Figura 38), bem como sugere a interação da nanoestrutura e o solvente. No entanto, ao analisar os gráficos para os três sistemas de solventes relativos à TG-MS, Figura 47, e, ao relacionar com o estudo de degradação térmica por dinâmica molecular (vide Figura 46) para o sistema nanoestruturado em vapor de anilina, observamos em aproximadamente 120°C um leve pico de degradação térmica, relativa à TG e respectivas ao MS referentes à hidratação, porém na ausência de liberação de matéria orgânica, ou seja, sem liberação de fragmentos. Assim, pode-se sugerir a influência da molécula de água no processo de nanoestruturação, uma vez que a degradação térmica em 120°C proposto teoricamente refere-se à saída de água, que por sua vez apresenta papel fundamental de estabilização da nanoestrutura que corrobora com as imagens de microscopia. No entanto, vale ressaltar para os três sistemas de solventes que os picos relativos às saídas de moléculas de água, em faixas de temperatura acima de 120°C, referem-se à liberação de moléculas de CO2 e H2O provenientes da degradação térmica de compostos orgânicos. 89 a) b) 90 c) Figura 47: Relação m/z para os fragmentos em vapor de (a) anilina, (b) diclorometano e (c) água 4.2.2. Estudo espectroscópico das nanoestruturas do peptídeo linear [(L-ArgL-Phe)4] As amostras nanoestruturadas foram estudadas por espectroscopia vibracional (FTIR), sendo observado um perfil espectral semelhante para cada vapor de solvente (anilina, diclorometano e água), que indica sistemas de estruturas análogas, e, corroboram com os resultados de microscopia que revelaram mesma morfologia. No entanto, a atribuição espectral ao filme amorfo indica bandas intensas na região de 1658 cm-1 relacionada à deformação angular do grupo guanidino, conforme apresentado na Figura 48. Os espectros do material nanoestruturados estão apresentados na Figura 49 (vapor de anilina), Figura 50 (vapor de água) e Figura 51 (vapor de diclorometano), sendo as atribuições referentes aos modos vibracionais apresentados na Tabela 7. De um modo geral para os três sistemas de solvente (anilina, água e diclorometano), o estudo vibracional na região referente à banda amida-A (estiramento N-H) ocorre à diminuição no comprimento de onda de 3290 cm-1 (filme amorfo), para 3276 cm-1 (material nanoestruturado), que pode ser associado às interações entre as ligações amida.150, 151 Ainda, nota-se a diminuição da intensidade em 1658 cm-1 relacionado à vibração C=O provenientes das ligações amidas, e, o aumento da intensidade em 1623 cm-1 relativa à deformação angular simétrica dos íons guanidino (CN3H5+) presentes na cadeia lateral do aminoácido arginina.152 91 Assim, tais variações podem ser associadas às possíveis mudanças estruturais relativas ao filme amorfo e o material nanoestruturado, uma vez que ao analisar os espectros sobrepostos (Figura 52) nota-se que o pico referente ao material amorfo é assimétrico, e, apresenta um pico por volta de 1623 cm-1, que implica em um aumento de intensidade, já que ambas as vibrações já estavam presentes. Neste caso, a inversão de intensidade pode estar relacionada à maior repulsão entre as cadeias laterais da arginina após a formação da nanoestrutura. 152, 153 Por fim, ocorre a diminuição da intensidade de todos os picos na região entre 1050 a 1300 cm-1, correspondente a vibração da maioria dos grupos polares referentes ao íon carboxilato (COO-), a ligação C=O, e, a ligação C-N,154 o qual percebe-se a diminuição da intensidade relativa as bandas com baixa variação de freqüência. Filme Amorfo 1178 1658 1099 Absorbância (u.a) 1130 1259 1535 700 1027 684 640 3290 3214 3347 1282 723 840 892 1376 2937 1440 802 500 1000 1500 3000 3500 4000 Número de Onda Figura 48: Espectro de infravermelho do filme amorfo, ou seja, do material sem ser nanoestruturado. 92 1623 Vapor de Anilina 3276 Absorbância (u.a.) 1658 1180 1132 1199 1249 1029 696 742 721 638 800840 952 916 500 1527 1440 1000 1500 3000 3500 4000 -1 Número de Onda (cm ) Figura 49: Espectros de Infravermelho do nanomaterial obtido utilizando vapor de anilina a 98°C por 18 horas. Vapor de Água 1621 Absorbância (u.a.) 3276 1658 1184 1133 1201 1535 1278 1247 696 1029 1440 1398 638 721 744 798 840 916 500 1000 1500 3000 3500 4000 -1 Número de Onda (cm ) Figura 50: Espectro de Infravermelho do nanomaterial obtido utilizando vapor de água a 98°C por 18 horas. 93 Vapor de Diclorometano 1623 3280 Absorbância (u.a.) 1658 1182 1132 1029 1527 1251 1440 696 640 721 800838 914 500 1000 1500 3000 3500 4000 -1 Número de Onda (cm ) Figura 51: Espectro de infravermelho do nanomaterial obtido utilizando vapor de diclorometano à 35°C por 18 horas Absorbância (u.a.) Filme Amorfo Vapor de Água Vapor de Anilina Vapor de DCM 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 -1 Número de Onda (cm ) Figura 52: Espectros de infravermelho de todos os materiais nanoestruturas obtido sobrepostos de modo a verificar as variações entre eles. 94 Tabela 7: Atribuição dos modos vibracionais referentes aos espectros Número de Número de -1 -1 Número de Onda Onda (cm ) Onda (cm ) (cm-1) Vapor de Vapor de água Vapor de DCM Anilina 696 696 696 721 721 721 744 - 742 798/840 800/838 800/840 1029 1029 1029 1133 1132 1132 1184/1247 1182/1251 1180/1249 Deformação angular CO2- 1201/1278 - 1199/1270 Estiramento C=O 1398 - - 1440 1440 1440 1535 1527 1527 1621 1623 1623 1658 1658 1658 3276 3280 3276 Modo Vibracional Deformação angular C=C anel aromático Deformação angular simétrica N-H Deformação angular assimétrica fora do plano C-H Deformação angular simétrica fora do plano N-H Deformação angular simétrica CH2 Estiramento C-N amina secundária (guanidino) Deformação axial simétrica C=O Deformação angular C-O Deformação angular N-H (banda amida II) Deformação angular simétrica N3H5+ (guanidino) Estiramento C=O (banda amida I) Estiramento N+-H (banda amida A) 95 4.2.3. Estudo eletroquímico: eletropolimerização da anilina residual As nanoestruturas obtidas a partir de biomoléculas são bastantes atrativas devido à habilidade para reconhecimento molecular e facilidade para modificação química, fatores necessários para diversas aplicações de interesse. No entanto, são materiais considerados isolantes com band gap de 4 eV.89 Deste modo, a funcionalização desses materiais facilita o estudo em sistemas de biossensoriamento, atividade catalítica e reconhecimento molecular,155 pois aprimoram a preparação de dispositivos de tamanho nanométrico com propriedades eletrônicas, químicas e físicas sofisticadas.156 Nesse sentido, investigamos o processo redox das nanoestruturas crescidas em vapor de anilina, de modo a verificar a habilidade de eletropolimerização quanto à anilina residual adsorvida, bem como promover condutividade ao material isolante, e assim, gerar uma possibilidade de aplicação ao nanomaterial quanto a sistemas de biossensoriamento. Assim, estudamos as propriedades de eletroatividade referente à PANI por voltametria cíclica, por ser um composto relativamente estudado de propriedades conhecidas, uma vez que seu voltamograma característico apresenta dois pares redox na faixa de 200 mV a 1000 mV (vs ECS) conforme ilustrado na Figura 53. O primeiro pico na região anódica corresponde à oxidação da leucoesmeraldina ao sal esmeraldina, o segundo pico corresponde a oxidação da base esmeraldina à pernigranilina (estado totalmente oxidado da PANI), sendo o processo redox acompanhado por mudança na coloração.157, 158, 159 Figura 53: Voltamograma característico da PANI com as respectivas mudanças de cor, de acordo com suas respectivas reações redox.157 Assim, os nanomateriais utilizados nessas caracterizações foram obtidos por meio de uma solução precursora do peptídeo linear [(L-ArgL-Phe)4] na concentração de 150 mg 96 mL1 em vapor de anilina por 18 horas, a 98 °C. A eletropolimerização foi realizada na presença de anilina residual adsorvida nas nanoestruturas, de modo a investigar as propriedades condutoras do material nas duas diferentes arquiteturas: ouro modificado com monocamada de tiol e ITO com polímero condutor Nafion®. A eletropolimerização eletroquímica foi realizada em ambos os eletrodos por voltametria cíclica. Os resultados indicaram os relativos pares redox referentes à oxidação do monômero, porém, sugere a formação de um possível oligômero de PANI relacionado à reação de oxi-redução da anilina,160 Figura 54a (eletrodo de ouro) e Figura 55a (eletrodo de ITO). Ainda, as imagens de microscopia revelaram a deposição homogênea da PANI sobre a superfície dos eletrodos, bem como estruturas orientadas devido à possível interação do material com a superfície do substrato, conforme Figura 54b (eletrodo de ouro) e Figura 55b (eletrodo de ITO). Além disso, podem-se observar os perfis dos voltamogramas apresentados na Figura 54c (eletrodo de ouro) e Figura 55c (eletrodo de ITO). A Figura 56 apresenta os perfis sobrepostos dos eletrodos com seu relativo par redox referente à polimerização da anilina residual, que indicam haver transferência eletrônica em ambas as arquiteturas relacionadas às áreas geométricas. 97 Polimerizaçao eletroquimica da anilina residual - Eletrodo de ouro a) Pico 1 6 20° ciclo Pico 2 i/A 4 2 1° ciclo 0 -2 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 E/V vs ECS b) c) Perfil - eletrodo de ouro 10 i/A 5 0 -5 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 E/V vs ECS Figura 54: a) Voltamograma relativos à eletropolimerização da anilina sobre as nanoestruturas do peptídeo /[(LArg…L-Phe)4] na concentração de 150 mg mL1 crescido em vapor de anilina por 18 horas a 98 °C, b) imagens de microscopia (MEV) após polimerização química da anilina; c) perfil do voltamograma após polimerização. VC com a resposta eletroquímica do filme mostrado no MEV após 100 ciclos em solução de H2SO4 0,5 mol L1 e v = 25 mV s1, no potencial de 200 mV a 1000 mV e eletrodo de trabalho Au/SAM/ nanoestruturas [(LArg…L-Phe)4]. 98 Polimerizaçao eletroquimica da anilina residual - Eletrodo de ITO Pico 2 Pico 1 a) 8 20°ciclo 6 i/A 4 2 0 1°ciclo -2 -4 -6 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 E/ V vs ECS Perfil - eletrodo de ITO b) c) 8 6 4 i/A 2 0 -2 -4 -6 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 E/ vs ECS Figura 55: a) Voltamograma relativos à eletropolimerização da anilina sobre as nanoestruturas do peptídeo /[(LArg…L-Phe)4] na concentração de 150 mg mL1 crescido em vapor de anilina por 18 horas a 98 °C, b) imagens de microscopia (MEV) após polimerização química da anilina; c) perfil do voltamograma após polimerização. VC com a resposta eletroquímica do filme mostrado no MEV após 100 ciclos em solução de H 2SO4 0,5 mol L1 e v = 25 mV s1, no potencial de 200 mV a 1000 mV e eletrodo de trabalho ITO/ nanoestruturas [(L-Arg…LPhe)4]/Nafion®. 99 Voltamogramas dos perfis sobrepostos i/ A 10 8 8 6 6 4 4 2 2 0 0 -2 -2 -4 -4 -6 Eletrodo ouro Eletrodo ITO -6 -0,5 i/A 10 12 0,0 0,5 -8 1,0 E/V vs ECS Figura 56: Medidas de voltametria cíclica para os eletrodos modificados nas superfícies de ouro (0,071 cm 2) e ITO (1 cm2) na concentração de 150 mg mL1 crescido em vapor de anilina por 18 horas a 98 °C em solução de H2SO4 0,5 mol L1 e v = 25 mV s1, no potencial de 200 mV a 1000 mV e eletrodos de trabalho Au/SAM/ nanoestruturas [(L-Arg…L-Phe)4]/ PANI e ITO/ nanoestruturas [(L-Arg…L-Phe)4]/Nafion®/PANI. O estudo eletroquímico descreve os fenômenos que ocorrem na interface de um condutor eletrônico, o eletrodo, com um condutor iônico, o eletrólito. Deste modo, dois processos complementares ocorrem durante uma reação eletroquímica: a transferência de carga elétrica na interface eletrodo/eletrólito e o transporte de massa das espécies redox dentro do eletrólito, que pode acontecer por difusão, convecção ou migração.161 Logo, os voltamogramas em diferentes velocidades de varredura referentes aos eletrodos de ouro e ITO (Figura 57a e Figura 58a) indicam o transporte de massa da espécie eletroativa do seio da solução junto à superfície do eletrodo. Entretanto, em ambos os casos, notou-se o aumento da corrente em função da velocidade de varredura. Na análise do comportamento da corrente de pico em função da velocidade de varredura (Figura 57b e Figura 58b) observa-se que a corrente varia linearmente em função da raiz quadrada da velocidade de varredura,162 sugerindo que em ambos os casos o transporte de massa ocorre por processo difusional, uma vez que as análises relativas às correntes de oxidação e redução indicam o perfil de uma reta, tendo seus pontos dentro da faixa especificada. Ainda, os voltamogramas indicaram características capacitivas, sendo que o aumento da velocidade contribuiu com o processo de difusão das espécies ao eletrodo. 100 Diferentes velocidades de varredura - eletrodo de ouro a) 70 250mVs -1 60 50 40 30 i/ 20 10 25mVs -1 0 -10 -20 -30 -40 -50 -60 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 E/V vs ECS 70 b) 60 50 40 30 20 i/A 10 0 -10 -20 -30 -40 -50 -60 0,15 0,20 0,25 0,30 1/2 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 -1 1/2 v /(V s ) Figura 57: a) Voltamogramas relativos a diferentes velocidades de varredura (25, 50, ´75, 100, 150, 175, 200, 225 e 250); b) Corrente de pico referente à oxidação e redução em função da raiz quadrada. VC com a resposta eletroquímica do filme após 100 ciclos em solução de H 2SO4 0,5 mol L1 e v = 25 mV s1, no potencial de 200 mV a 1000 mV e eletrodo de trabalho Au/SAM/ nanoestruturas [(L-Arg…L-Phe)4]. 101 Diferentes velocidades de varredura - Eletrodo de ITO 70 a) 250 mV s 60 -1 50 40 30 20 i/ 10 0 -10 25 mV s -20 -1 -30 -40 -50 -60 -70 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 E/V vs ECS b) 70 60 50 40 30 20 i/ 10 0 -10 -20 -30 -40 -50 -60 0,15 0,20 0,25 0,30 1/2 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 -1 1/2 v /(V s ) Figura 58: a) Voltamogramas relativos a diferentes velocidades de varredura (25, 50, ´75, 100, 150, 175, 200, 225 e 250); b) Corrente de pico referente à oxidação e redução em função da raiz quadrada; VC com a resposta eletroquímica do filme após 100 ciclos em solução de H2SO4 0,5 mol L1 e v = 25 mV s1, no potencial de 200 mV a 1000 mV e eletrodo de trabalho ITO/ nanoestruturas [(L-Arg…L-Phe)4]/Nafion. 102 4.2.1.2. Crescimento das nanoestruturas para o peptídeo cíclico [(L-ArgD-Phe)4] Baseados nos estudos de automontagem, após a otimização do sistema de crescimento para as nanoestruturas lineares, partimos dos parâmetros ideais para promover a automontagem do composto cíclico [(L-ArgD-Phe)4] via fase sólida-vapor. Assim, a solução precursora na concentração de 150 mg mL-1 foi depositada sob a superfície do substrato promovendo um filme amorfo, similar ao precursor linear, sendo posteriormente submetido à vapor de anilina por 18 horas. Deste modo, os resultados de microscopia relevaram a morfologia do material sugerindo a formação de fibras, bem como a dimensão na escala de mícrons. Além disso, observa-se baixa homogeneidade, diferentes orientações, relativa dispersão, variações de tamanho e formação de aglomerados referente ao peptídeo, vide Figura 60. Entretanto, devido ao baixo rendimento alcançado referente às nanoestruturas cíclicas redirecionamos os estudos para o composto linear. A geometria para o material pode ser sugerida mediante o mecanismo de automontagem baseado na interação intermolecular entre os peptídeos, uma vez que os planos D e L se reúnem por empilhamento com posterior crescimento tubular, de modo a obter estruturas relativamente maiores quando comparada ao composto linear.163-165 Neste contexto, a conformação anti-paralela provenientes dos enântiomeros são mantidas por meio de ligações de hidrogênio, de modo a promover o crescimento tubular estabilizado, conforme mecanismo proposto na Figura 59. Entretanto, ainda sugere-se o diâmetro das nanoestruturas controlado pelo tamanho da cadeia peptídica.166 Figura 59: Mecanismo de automontagem proposto para peptídeos cíclicos 165 103 X 7,500 1μm Figura 60: Imagens microscopia (MEV) de nanoestruturas de peptídeos cíclicos por síntese em fase-sólida vapor em concentração de 150 mg mL-1 e tempo de exposição ao vapor de anilina por 18 horas. 104 4.3. Parte 3 - Estudo da obtenção de nanoestruturas via eletrofiaçãov 4.3.1. Estudo da matriz O desenvolvimento por nanomateriais funcionais de aplicação biológica apresenta um papel fundamental no estudo de sistemas biomédicos avançados, voltados a liberação controlada de drogas e dispositivos de diagnósticos.167-180 Assim, os nanomateriais poliméricos destacam-se devido as propriedades de flexibilidade e relativo controle físicoquímico, sendo amplamente empregados como suportes e matrizes voltados ao crescimento celular.181, 182 Entretanto, algumas estruturas poliméricas moleculares, sintéticas e naturais podem apresentar propriedades fascinantes como a biodegradabilidade e afinidade por sistemas orgânicos.183 Dessa forma, o polímero poli(ɛ-caprolactona) (PCL) vem sendo amplamente empregado nas últimas décadas no desenvolvimento de biomateriais pela técnica de eletrofiação, uma vez que promovem estruturas fibrilares homogêneas em escala nanométrica.184 No entanto, com relação as suas propriedades, o PCL apresenta importantes características químicas (solubilidade em solventes orgânicos e lenta taxa de degradação) e biológicas (afinidade celular, reabsorvível e biocompatível), bem como boa resistência mecânica. Sendo estas as principais características que levaram a escolha por este material, uma vez que apresenta um grande potencial de aplicação para a engenharia de tecidos.185-189A partir de tais estudos pomovemos a combinação de propriedades relativas ao polímero com as nanoestruturas de L-difenilalanina, de modo a obter um nanocompósito de propriedades diferenciadas com um maior potencial de aplicação, uma vez que nanoestruturas peptídicas são materiais funcionais e vem demostrando seletividade biológica.190, 191 Assim, as amostras foram preparados por meio da dispersão das nanoesturutras peptídicas nas matrizes poliméricas em concentrações relacionadas as variações observadas, ou seja, relativas ao índice de mudanças nas propriedades, bem como ao limite de percolação (concentração crítica). Neste caso, preparamos soluções de NT-FF e polímero, conforme descrito no item 3.4.1., nas concentrações de 2,5%, 5,0%, 7,5%, 10% e 15%, sendo posteriormente eletrofiadas. Entretanto, alguns autores mencionam o controle do diâmetro médio da fibra à variação da tensão relacionada à viscosidade da solução precursora.192, 193 v Os estudos referentes aos nanocompósitos foram realizados em colaboração com a aluna de pós-graduação Ligia M. M. Costa e professora Dr. Mariselma Ferreira - UFABC 105 A análise morfológica das mantas eletrofiadas (Figura 61) mostraram um sistema nanofibrilar livre de defeitos (gotas), homogêneo e de boa dispersão, sendo estes fatores associados a escolha do sistema de solventes, relacionados à constante dielétrica, uma vez que variações relativas promovem melhor condutividade para a formação das fibras.194 Ainda, o aumento relativo à concentração das nanoestruturas na matriz tende a promover um maior recobrimento das fibras na superfície do substrato. Entretanto, os histogramas de distribuição de tamanho, Figura 62, revelaram a diminuição do diâmetro das fibras relativa ao aumento da concentração de NT-FF, que implica em uma maior quantidade de nanoestruturas dispersas na matriz. Desta forma, sugerese um possível aumento das ligações intermoleculares formadas, de modo a contribuir com uma maior interação, bem como uma maior força de compressão entre as moléculas, sendo esta refletida no diâmetro da fibra. (a) (b) (c) (d) 106 (f) (e) Figura 61: Imagens de microscopia das amostras em diferentes concentrações de NT-FF dispersos na matriz de PCL (a) matriz pura, (b) 2,5% (c) 5,0% (d) 7,5% (e) 10% (f) 15% (a) 30 (b) PCL puro Média: 420 nm 2,5% nanotubos de L-difenilalanina Média 364 nm 30 25 25 Frequência 20 Frequência 35 15 10 20 15 10 5 5 0 0 400 410 420 430 440 320 450 340 (c) 25 360 380 400 Diâmetro - nm Diâmetro - nm (d) 5% nanotubos L-difenilalanina Média 310 nm 40 7,5% nanotubos L-difenilalanina Média: 289 nm 35 20 25 15 Frequência Frequência 30 10 20 15 10 5 5 0 300 305 310 Diâmetro - nm 315 320 0 260 270 280 290 Diâmetro - nm 300 310 107 (e) 40 35 (f)45 10% nanotubos L-difenilalanina Média: 264 nm 35 30 30 Frequência 25 Frequência 15% nanotubos de L-difenilalanina Média: 228 nm 40 20 15 25 20 15 10 10 5 5 0 220 230 240 250 260 270 280 290 300 0 170 310 Diâmetros - nm 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270 280 290 Diâmetro - nm Figura 62: Histogramas referentes às concentrações de NT-FF na matriz de PCL (a) PCL puro, (b) 2,5% (c) 5,0% (d) 7,5% (e) 10% e (f) 15% A análise quantitativa, referente aos histogramas, foi realizada para uma população de 100 fibras/concentração de nanoestruturas, sendo observadas variações de diâmetros para todos os casos, conforme cálculos de desvio padrão, que apontam um sistema de alta dispersão de tamanho. Entretanto, observou-se que as amostras com concentração de 5% e 7,5% de NT-FF promoveram menores variações de tamanho quando comparada às demais concentrações, conforme dados da Tabela 8. Tabela 8: Resultados de análise quantitativa referente aos diâmetros dos histogramas Análise quantitativa Desvio padrão PCL puro 13,16 2,5% 5% 7,5% nanotubos nanotubos nanotubos 14,20 5,09 9,88 10% nanotubos 16,11 15% nanotubos 18,25 Média 420,40 364,62 310,08 289,72 264,77 228,15 Valor mínimo 433,57 378,82 315,17 299,59 280,88 246,40 Valor máximo 407,24 350,42 304,98 279,84 248,65 209,89 Além disso, o estudo relativo das estruturas químicas dos NT-FF (vide Figura 10) e o PCL (Figura 63), sugere um caráter hidrofóbico, bem como a presença de sítios para possíveis ligações de hidrogênio,52, 195 que podem levar a uma interação entre ambos os materiais. Tais interações são relativamente fracas, porém efetivas e promovem variações nas propriedades do material. 108 O O n Figura 63: Estrutura química referente ao PCL Os resultados de microscopia revelaram a possível interação entre os compostos, uma vez que sugere o crescimento dos NT-FF no interior da fibra polimérica, sendo observados relativos aos pontos de agregação referentes ao aumento do diâmetro da fibra. Sendo, tais sistemas de agregação característica às possíveis interações hidrofóbicas entre os NT-FF, de modo a formar uma estrutura agregada de maior cavidade e diâmetro, de acordo mostrado na Figura 64a, porém, estes pontos de agregação podem ser visualizados de forma dispersa pelo comprimento da fibra com posterior diminuição de diâmetro, que sugere o crescimento da nanoestrutura sem interação entre os nanotubos.196 Ainda, outro resultado importante que sugere o crescimento interno das nanoestruturas relativo ao polímero refere-se à formação da estrutura tipo core-shell, conforme observado na Figura 64b, que mostra a fissura de uma fenda formada na fibra. (a) 109 (b) Figura 64: Imagens de microscopia mostrando formação do core-shell (a) amostra 2,5% e (b) amostra 5,0% Com o objetivo de confirmar o crescimento interno das nanoestruturas no interior da fibra aquecemos as membranas, nas concentrações de 7,5% e 15%, à temperatura de 70°C por 15 minutos, de modo a obter o material resultante, uma vez que a literatura menciona a temperatura de fusão para o PCL e degradação térmica para o NT-FF nas temperaturas de 65°C e 300°C, respectivamente.75, 197, 198 A Figura 65 apresenta o gráfico de TG para o NTFF. Assim, os resultados de microscopia confirmaram a presença das nanoestruturas como material resultante após fusão do polímero, bem como indica a nanoestrutura como suporte para o crescimento da fibra. Entretanto, notamos somente a presença das nanoestruturas na amostra com concentração de 15%, possivelmente por ser a concentração ideal que previne a degradação térmica do filme. Ainda, observamos que o diâmetro relativo ao material resultante corrobora com o diâmetro para o NT-FF na ordem de 320 nanômetros,199 conforme apresentado na Figura 66. 110 Figura 65: Análise de TGA referente aos NT-FF 320 nm (a) (b) Figura 66: Imagens de microscopia das amostras eletrofiadas após tratamento térmico de 15 minutos a 70° C, (a)7,5% b) 15% Ainda, o estudo térmico macroscópico revelou a influência dos nanotubos nas amostras (PCL puro, 2,5%, 5%, 7,5%, 10% e 15%) quando submetidas à temperatura de 70 °C por 15 minutos. Sendo observada visualmente que a amostra com concentração de 15% de nanotubos preservou a porosidade relativa ao nanomaterial formado por eletrofiação, de modo a impedir a degradabilidade do filme. Assim, pode-se inferir que maiores concentrações de nanotubos promove maior estabilidade térmica ao material frente à temperatura, Figura 67. 111 Figura 67: Amostras das mantas (a)-(f) (0% – 15% de NT-FF) a 70 °C; amostras (g) – (m): mantas sem temperatura O estudo do comportamento térmico por meio da técnica de DSC forneceu os valores de temperaturas de fusão (Tm), as entalpias de fusão (ΔHm) e as temperaturas de cristalização. Para polímeros semicristalinos calcula-se o grau de cristanilidade (Xm) com o valor de ΔHm da amostra, desde que seja conhecida a ΔHm para o mesmo polímero, quando 100% cristalino (ΔHm100%, valor teórico).200 Os resultados de DSC (Figura 68) sugerem a diminuição do grau de cristalinidade para as mantas eletrofiadas com o aumento da porcentagem de nanoestruturas peptídicas em relação à matriz. Sendo explicado por meio das interações intermoleculares entre as moléculas de PCL e NT-FF, pois mesmo que sejam ligações mais fracas que as ligações primárias, podem inibir o movimento relativo das cadeias, bem como promover desalinhamento da rede. Assim, a taxa de resfriamento durante a solidificação é dependente da configuração da cadeia, logo, o desalinhamento nas cadeias contribuem para a diminuição da cristalinidade.200, 201 À medida que aumenta a concentração de nanotubos na matriz simultaneamente aumenta a quantidade de interações intermoleculares (ligações de hidrogênio e hidrofóbicas), de modo a desalinhar os arranjos moleculares e promover regiões mais rígidas, sendo fatores que influenciam para a diminuição da taxa de cristalinidade. A Tabela 9 cita os dados calculados referentes à curva de DSC. Entretanto, observa-se que a adição das nanoestruturas contribuiu para o efeito de nucleação do polímero, ou seja, para formação de esferulitos, relativo ao leve aumento dos valores da Tc, não sendo necessário um grande resfriamento para que ocorresse a 112 cristalização, porém, ocorreu uma diminuição quanto à taxa de cristalinidade, que sugere o aumento da Tc para alguns pontos específicos relativos aos pontos de agregação referente às nanoesturutras peptídicas. Ainda, observamos variações quanto os valores para as temperaturas de fusão (Tm) em relação às concentrações de 7,5% e 15%, que sugere o aumento na quantidade de nanoestruturas, bem como o aumento da intensidade de interações intermoleculares, sendo necessária maior energia térmica para promover as vibrações das endo Fluxo de calor (W/g) moléculas. PCL puro L-difenilalanina pura 2,5% nanotubos 7,5% nanotubos 15% nanotubos 50 60 70 Temperatura (°C) Figura 68: Curvas de DSC referentes às amostras da Tabela 9 - 100 à 180°C Tabela 9: Valores de temperaturas de fusão (Tm), de cristalização (Tc), entalpias de fusão (ΔHm) e grau de cristalinidade (Xm) para os nanocompósitos Concentração de NT-FF na matriz Tm(°C) ΔHm (J/g) Tc(°C) Xm(%) PCL puro 56,47 71,46 30,36 87,51 2,5% 56,47 71,43 30,24 87,48 7,5% 59,90 66,91 31,73 81,94 15% 57,82 59,74 32,20 73,16 Assim, a taxa de cristalinidade e a formação de ligações secundárias influenciam significativamente nas propriedades mecânicas, uma vez que envolvem variações quanto ao 113 arranjo molecular relativo ao empacotamento das cadeias. Nesse sentido, as propriedades mecânicas dos materiais são avaliadas a partir de uma solicitação, relacionada à aplicação de uma tensão com posterior monitoramento de resposta, sendo expressa como tensão ou como deformação, respectivamente.202 O módulo de elasticidade ou módulo de Young (E) relaciona as medidas de tensão e deformação, dentro do limite elástico, sendo a deformação totalmente reversível e proporcional à tensão, sendo relacionado à rigidez do material.203 Nesse sentido, os valores indicados na Tabela 10 mostram uma diminuição e variação do módulo de Young para as amostras de 2,5%, 5,0% e 7,5%, porém, apresentam um aumento relativo no (E) referente às amostras de 10% e 15% de nanotubos de peptídeo na matriz, sendo relacionados à concentração de material disperso, bem como a orientação das nanoestruturas. Nesse sentido, baixas concentrações apresentam menores quantidades de nanoestruturas dispersas na matriz, que agem como domínios, pequenos núcleos, que por sua vez não apresentam um crescimento contínuo pela fibra, bem como falta de orientação, e, logo agem como sistemas de reforço estrutural relativa ao aumento da tensão, (Figura 69a). Ainda, pode-se inferir a falta de crescimento contínuo relativo ao desvio da nanoestrutura pela fibra (Figura 69b). Entretanto, altas concentrações promovem regiões de maiores domínios, devido à agregação dos nanotubos, de modo a favorecer o crescimento contínuo das nanoestruturas pela fibra, bem como promover maior interação intermolecular entre os nanotubos, e assim, proporcionar o aumento do módulo elástico (Figura 69c). A aplicação da tensão promove o desdobramento das cadeias, logo, o material nanoestruturado conecta os planos prevenindo o deslizamento, e assim, gera o aumento do módulo elástico. O modelo de crescimento contínuo pode ser explicado conforme imagem de microscopia das amostras de casting (moldagem sem eletrofiação) (Figura 69d), que foram realizadas para visualizar o possível crescimento das nanoestruturas, Figura 69d. 114 Tabela 10: Resultado do ensaio tensão versus deformação. Resistência à Deformação tração no no escoamento escoamento (%) (MPa) Tensão de Tração na Ruptura (MPa) Deformação na Ruptura (%) 94,35 1,52 104,5 7,49 108,9 7,29 111,6 4,71 10,29 143,3 9,62 149,2 7,5% 2,96 16,92 137,6 13,8 145,1 10% 10,82 3,81 123,2 2,66 133,9 15% 14,05 9,51 394,5 7,76 402,99 Concentração de NT-FF na matriz Módulo de Young (MPa) PCL puro 13,54 2,01 2,5% 4,43 5,0% a) b) c) d) Figura 69: Esquema de orientação proposto para o crescimento das nanoestruturas em diferentes concentrações O modelo referente ao aumento da concentração pode ser mais bem visualizado na Figura 70, que sugere o aumento proporcional da concentração em função da orientação das nanoestruturas na matriz, ou seja, o aumento da concentração promove regiões de maiores domínios formados pela coalescência de nanoestruturas de peptídeos, que crescem orientadas. Sendo o fator principal para as variações nas propriedades mecânicas. 115 Figura 70: Representação esquemática do aumento da concentração de nanoestruturas relativa à matriz No entanto, analisando a curva tensão deformação (Figura 71) variações referentes à resistência mecânica ocorrem sempre que qualquer restrição é imposta. Logo, a orientação das nanoestruturas na matriz, bem como o número de ligações intermoleculares, relativas à concentração, podem promover variações quanto às propriedades mecânicas, de modo a influenciar na taxa de cristalinidade, e, logo na região elástica e plástica do material, uma vez que podem promover uma maior empacotamento atômico.204 Assim, podemos observar que para os pontos a, b, c e d apresentou um aumento da resistência mecânica relativa ao aumento da concentração de nanoestruturas, agindo como agente de reforço estrutural, de modo a promover características de um material duro, porém frágil, sendo este o perfil característico para materiais semi-cristalinos. Entretanto, vale ressaltar que prevalece a característica semicristalina proveniente da matriz de PCL, uma vez que a diminuição da cristalinidade foi sutil para estes pontos de concentração de nanoestruturas. Contudo, para as concentrações referentes aos pontos e e f percebe-se o caimento da curva e aumento da região plástica, sendo associado ao aumento da concentração de nanoestruturas na matriz, uma vez proporcional ao numero de interações intermoleculares, que impedem os planos de deslizamentos entre as cadeias e promovem um material mais maleável de comportamento dúctil e característica macia. 116 a) 18 16 7,5% nanotubos Tensao (MPa) 14 12 10 5% nanotubos 8 2,5% nanotubos 6 15% nanotubos 4 10% nanotubos 2 PCL puro 0 0 100 200 300 400 Deformaçao (%) Figura 71: Gráfico tensão versus deformação para as diferentes concentrações de NT-FF Deste modo, realizamos análises espectroscópicas de FTIR e Raman, de modo a verificar a interação entre os NT-FF e a matriz. Os resultados de FTIR indicaram o perfil para o PCL, bem como os picos característicos referentes à carbonila em torno de 1727 cm-1. A banda em 1293 cm-1 atribuiu-se aos estiramentos C-C e C-O fase cristalina, logo, varia com o grau de cristalinidade. A Tabela 11 indica as principais bandas para o PCL.205 Deste modo, analisando o perfil do espectro observamos a presença de 3 picos característicos para os NTFF referentes a banda amida I e amida II (1558 - 1685 cm-1), que indica os modos vibracionais de estiramento C=O (amida I) e o modo de estiramento N-H (amida II),206 Figura 72. 117 Absorbância (u.a.) PCL + 15% nanotubos PCL puro 1558 1000 1200 1400 1685 1616 1600 1800 -1 n° de Onda (cm ) Figura 72: Identificação das bandas FTIR para a amostra de 15% de NT-FF em PCL Tabela 11: Bandas características de FTIR para o PCL205 Número de Onda (cm-1) Modo Vibracional Esperado 1727 Estiramento carbonila C=O 1293 Estiramento C–O e C–C (fase cristalina) 1237 Estiramento assimétrico C-O-C 1170 Estiramento simétrico C-O-C Com relação aos resultados de espectroscopia Raman (Figura 73) observamos o perfil para o PCL, bem como seus picos característicos nas regiões entre 1015– 110 cm-1 e 12831470 cm-1. Entretanto, percebe-se o aparecimento de picos relativos ao aumento da concentração de NT-FF na matriz, que indica os modos vibracionais característicos conforme Tabela 12.207, 208 Assim, pode-se inferir que o aumento da concentração promoveu o surgimento de picos, bem como variações de intensidade. 118 1180 1002 1583 1155 1205 1605 Intensidade (u.a.) 15% NT-FF 0% NT-FF 1000 1200 1400 1600 -1 Deslocamento Raman (cm ) Figura 73: Identificação de bandas por espectroscopia Raman referente às matrizes com NT-FF Tabela 12: Bandas características de Raman para o NT-FF 207, 208 Número de Onda (cm-1) Modo Vibracional Esperado 1002 Deformação simétrica do anel aromático no plano 1583/ 1605 Deformação assimétrica do anel aromático no plano 1155/ 1180/ 1205 Estiramento da ligação C-N (banda amida III) Deste modo, o estudo por espectroscopia não revelou possíveis deslocamento de pico, que poderia mencionar a interação entre os compostos, porém confirma a dispersão dos NTFF na matriz polimérica de PCL por meio do surgimento de picos característicos. Entretanto, os resultados relativos ao DSC e ensaios mecânicos mostraram variações nas propriedades quanto à adição de nanoestruturas na matriz, que indica a interação intermolecular entre os dois compostos, devido ao caráter estrutural hidrofóbico, bem como sítios para promover ligação de hidrogênio, conforme já mencionado. A Figura 74 sugere o mecanismo de interação intermolecular entre a matriz e o NT-FF. 119 Figura 74: Esquema representativo da interação entre as nanoestruturas e a matriz polimérica Entretanto, estudos comparativos referentes às propriedades mecânicas do nanocompósito desenvolvido (PCL/NT-FF) e sistemas da literatura revelaram resultados promissores às membranas. Neste contexto, sistemas biocompatíveis vêm mostrando valores sutis ao relacionar com o sistema baseado em nanotubos de peptídeos, que apresentam resultados superiores mesmo em baixas concentrações, conforme apresentado na Tabela 13. Tabela 13: Resultados comparativos das propriedades mecânicas com a literatura Matrizes Tensão - MPa PCL/NT-FF (7,5%) 16,50 PCL/CaPHO4 (12%)209 1,10 PCL/HA (15%)210 1,07 Outra relação refere-se ao comportamento térmico, uma vez que membranas na concentração de 15% NT-FF mantiveram a morfologia fibrilar da amostra frente ao calor, ou seja, o aumento da concentração das nanoestruturas promoveu mudanças quanto às propriedades térmicas, de modo a prevenir a degradação do material. No entanto, um estudo proposto por Saeed e colaboradores211 menciona que a incorporação de nanotubos de carbono no PCL promove um efeito de estabilização térmica no material, uma vez que eleva sutilmente a tempertura de degradação, e, que pouco oscila com a variação da concentração. Logo, pode-se inferir a comparação do sistema de PCL/NT-FF às membranas com nanotubos de carbono, uma vez que promove variações quanto às propriedades térmicas. Assim, a técnica de eletrofiação vem sendo amplamente investigada no desenvolvimento de materiais em escala nanométrica, uma vez que apresentam maior 120 superfície de contato e regiões ativas. Sendo amplamente empregada na obtenção de materiais híbridos, de modo a aprimorar as propriedades da matriz polimérica.212-215 Logo, o estudo relativo à adição de NT-FF mostrou variações significativas quanto às propriedades do material em relação à matriz, confirmando a obtenção do nanocompósito. Sendo estes resultados relevantes que oferecem possíveis aplicações voltadas ao estudo de sistemas bionanotecnológicos, uma vez que os NT-FF apresentam biocompatibilidade e possibilidade de modificação química69, 79, 216, 217 que unidos as propriedades do polímero podem potencializar materiais como curativos, bandagens, medicamentos e entre outros.218-221 121 Capítulo 5 – Considerações finais A obtenção dos análogos peptídicos de sequência cíclica e linear foram satisfatórias, uma vez que promoveram o estudo de automontagem para os compostos. Os materiais foram obtidos mediante a técnica em fase sólida-vapor na superfície de ITO em solvente de anilina, diclorometano e água e tempo de exposição ao vapor de 18 horas. Assim, os resultados de microscopia (MEV) revelaram a obtenção de estruturas para o composto linear na concentração de 150 mg mL-1 para os três sistemas de solvente (anilina, diclorometano e água), bem como uma superfície homogênea de morfologia tipo fitas em nanométrica, confirmada por dinâmica molecular e espectroscopia vibracional, na ordem de 62,27 nm para vapor de anilina, 71,03 nm para vapor de diclorometano e 139,50 nm para vapor de água. A partir dos resultados obtidos para o peptídeo linear, foi proposto o estudo para o composto cíclico na concentração de 150 mg mL-1, porém, somente para vapor de anilina, sendo observado por microscopia materiais em escala mícron de baixa homogeneidade. Sendo estes os motivos para o qual não prosseguimos com os estudos voltados ao composto. Ainda, os resultados obtidos por voltametria cíclica das nanoestruturas baseadas no composto linear em superfície de ouro e ITO demonstraram a possibilidade de funcionalização da polianilina sintetizada a partir do vapor de anilina, de modo a obter um material híbrido, com propriedades condutoras e com potencial aplicação para sistemas de detecção. E por fim, os resultados de eletrofiação revelaram a obtenção do nanocompósito de PCL/NT-FF por meio de variações nas propriedades térmicas e mecânicas, que foram estudadas por DMA e DSC, bem como a formação de uma estrutura tipo core shell apresentada por microscopia (MEV). Ainda, estudos vibracionais mediante as técnicas de FTIR e Raman mostraram a boa dispersão dos NT-FF na matriz polimérica de PCL. 122 Capítulo 6 - Referências Bibliográficas 1. Glasson, C. R. K.; Lindoy, L. F.; Meehan, G. V., Recent developments in the d-block metallo-supramolecular chemistry of polypyridyls. Coordination Chemistry Reviews 2008, 252, (8-9), 940-963. 2. 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Journal of Electrostatics 1995, 35, (2–3), 151-160. 134 SUMULA CURRICULAR FORMAÇÃO ACADÊMICA 09/2008–02/2012 Mestrado na área de nanociência e materiais avançados baseados em síntese e caracterização de peptídeos nanoestruturados para aplicações analíticas voltadas para engenharia de tecidos, pela Universidade Federal do ABC (UFABC), sob orientação do Prof. Dr. Wendel Andrade Alves, desenvolvendo o projeto de pesquisa: ―Síntese e Caracterização de Nanoestruturas Peptíticas: Estudos Espectroscópicos e Aplicações‖, projeto no qual tive a oportunidade de ser bolsista FAPESP. 02/2005–12/2008 Graduação em Química - (Bacharelado) pela Faculdade Campo Limpo Paulista, FACCAMP, Campo Limpo Paulista - SP. (Concluído) 02/2000–12/2001 Técnica em Química, pela Universidade Padre Anchieta – Jundiaí. (Concluído) EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL NATURA COSMÉTICOS S/A - Analista de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) DOW AGROSCIENCES INDUSTRIAL LTDA - Analista de Laboratório (Controle de Qualidade) CONVENÇÃO INDÚSTRIA DE BEBIDAS LTDA - Analista de Laboratório (Controle de Qualidade) INCEPA LOUÇAS SANITÁRIAS S/A - Estagiária (Controle de Qualidade) CURSOS DE ATUALIZAÇÃO 08/2002 - Implantação do SGQ ISO 9000/2000 – Qualidade - (Global Multicursos – 36 horas) 10/ 2008 - Fundamentos e Operação de HPLC - (Shimadzu – 16 horas) 10/ 2008 - Fundamentos e Operação de Cromatografia Gasosa - (Shimadzu – 8 horas) 10/ 2008 - Fundamentos e Operação em Espectroscopia UV-Vis - (Shimadzu – 8 horas) 05/ 2010 - Planejamento de candidatos a novos fármacos (SBQ – 6 horas) 05/ 2010 – Química Analítica de processos (SBQ – 8 horas) 06/ 2010 – Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV (Síncontron – 8 horas) 04/2011- Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos Cosméticos (Racine – 64 horas) 135 PRINCIPAIS PUBLICAÇÕES CIENTIFÍCAS - LIVROS Alves, W. A., Alves, W., Sousa, C.P., Kogikoski Jr., S., AMARAL, H. R., Liberato, M.S., Oliveira Junior, V.X., Martins, T.D., Takahashi, P. M.Biosensors Based on Biological Nanostructures In: Biosensors for Health, Environment and Biosecurity ed.Vienna : InTech Open Access Publisher, 2011, v.book 4 PRINCIPAIS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS – ANAIS DE CONGRESSO E WORKSHOP 1. Liberato, M. S.; Toledo, A. C. T.; Fischer, L. M. L.; Oliveira, A. P. Qualidade de nossas águas: Estudo preliminar sobre os níveis de contaminação dos córregos da bacia do Rio Jundiaí. In: V Workshop Multidisciplinar sobre Ensino e Aprendizagem, Campo Limpo Paulista. Diversidade em Questão, 2008. Apresentação Oral. 2. Liberato, M. S.; Toledo, A. C. T.; Fischer, L. M. L.; Oliveira, A. P. Qualidade de nossas águas: Estudo preliminar sobre os níveis de contaminação dos córregos da bacia do Rio Jundiaí. In: 32ª RASBQ (Sociedade Brasileira de Química), Fortaleza. Química Ambiental. 2009. – Apresentação: Pôster. 3. Michelle S. Liberato; Pedro M. Takahashi; Vani X. Oliveira Jr; Wendel A. Alves: Influência da Variação do Solvente na Preparação de Novas Nanoestruturas Peptídicas. In: 33ª RASBQ (Sociedade Brasileira de Química). Águas de Lindóia. Química dos Materiais. 2010. – Apresentação: Pôster. 4. Michelle S. Liberato; Vani X. Oliveira Jr; Wendel A. Alves: Influence of hexafluoro-2- propanol or acetic acid solvents in the formation of peptide nanostructures. SBP – MAT. Ouro Preto. Química dos Materiais. 2010. – Apresentação: Pôster. 5. Michelle S. Liberato; G.E. de Paula; Vani X. Oliveira Jr; Wendel A. Alves: Estudo da Influência dos Solventes na Nanoestruturação de Compostos Peptídicos. In: I Simpósio em Nanociências e Materiais Avançados, 2010, Santo André. 6. Michelle S. Liberato; Vani X. Oliveira Jr; Wendel A. Alves: Estudo Morfológico e Estrutural do Peptídeo Linear (L-Arg···L-Phe)4. In: 34ª RASBQ (Sociedade Brasileira de Química). Florianópolis. Química dos Materiais. 2011. – Apresentação: Pôster.