Cineconexões La Habana, Cuba/Recife, Brasil

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Cineconexões La Habana, Cuba/Recife, Brasil
Cineconexões La Habana, Cuba/Recife, Brasil Título: Cineconexões La Habana, Cuba/Recife, Brasil Autor: Paulo Carneiro da Cunha Filho Duração: 3 anos Resumo do Projeto A presente proposta faz um recorte muito específico a ser trabalhado no campo do cinema e do audiovisual e se insere no contexto da Reunião Temática Cuba e Brasil no Século 21, a ser realizada entre os dias 23 e 28 de setembro de 2012, em Havana, Cuba. Tendo em vista a proposição Cineconexões La Habana, Cuba/Recife, Brasil, é importante destacar as relações profícuas entre o cinema brasileiro e o cinema cubano desde os anos 1960, quando cineastas argentinos, chilenos, cubanos e brasileiros (Fernando Solanas, Fernando Birri, Miguel Littín, Julio García Espinosa, Tomás Gutiérrez Alea, Glauber Rocha, entre outros) compartilharam o desafio de criar um Nuevo Cine Latino-­‐americano: esteticamente original, vetor de identidade própria no panorama internacional e que refletia sobre problemas peculiares à América Latina. A partir desse período, cineastas cubanos e brasileiros estabeleceram uma intensa colaboração, o que resultou na produção de ensaios, manifestos e teorias, além, evidentemente, de importantes co-­‐produções, sob o patrocínio do ICAIC (Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos), fundado em 1959, logo após a derrubada do governo de Fulgêncio Batista por Fidel Castro e o Exército Rebelde. No cerne da criação do ICAIC, a lei núm. 169, publicada em 20/3/1959 na Gaceta Oficial de la República reflete o sentimento de uma transformação a partir do cinema, que se instaurou nesse momento: "El cine debe constituir un llamado a la conciencia y contribuir a liquidar la ignorancia, a solucionar problemas o formular soluciones y plantear dramatica y contemporaneamente las grandes conflictos del hombre y de la humanidad". No mesmo período no Brasil, vivíamos um momento de renovação estética, temática e narrativa com o surgimento do Cinema Novo, liderado por Glauber Rocha. O cineasta brasileiro manteve, desde o início da década de 60, intensa correspondência com Alfredo Guevara, militante comunista e diretor do ICAIC. Nessa relação, é possível pensar numa aproximidação entre os cinemas brasileiro e cubano. Vale mencionar ainda que, em 1963, alguns cineastas cubanos (entre eles, Santiago Alvarez) viajaram ao Brasil para participar de um ato de solidariedade pró-­‐Cuba, em Niterói, no Rio de Janeiro, organizado por artistas, intelectuais e membros do Partido Comunista Brasileiro, dentre os quais encontravam-­‐se figuras de renome como Luiz Carlos Prestes, Ferreira Gullar, Francisco Julião e Oscar Niemeyer. Outro fato relevante é que Glauber Rocha passou a morar em Havana a partir de novembro de 1971, a convite do próprio Alfredo Guevara, que lhe ofereceu total apoio institucional e apadrinhou seu casamento com a jornalista cubana Maria Teresa Sopeña, com quem viveria até setembro de 1973, inicialmente em Cuba e, após dezembro de 1972, em Paris. Em 1972, com a assessoria do bolsista brasileiro Marcos Medeiros, Glauber produziu, no ICAIC, História do Brasil, um documentário preto-­‐e-­‐branco, inicialmente com sete horas de duração, montado a partir da colagens de trechos de 47 filmes brasileiros pertencentes ao acervo do instituto, com o objetivo de sintetizar o "caos brasileiro". Atualmente, diversos projetos de colaboração entre Cuba e Brasil estão em andamento, como o Desenvolvimento de Animação Brasil-­‐Cuba – fruto de uma parceria entre os Ministérios da Cultura do Brasil (MinC) e de Cuba – tem o objetivo de experimentar, possibilitar e promover uma linha de produção que una anseios e desejos de uma política pública voltada para a qualificação da animação dos dois países e, em especial, a animação para a infância. Criado em dezembro de 2009, o projeto Animação Brasil-­‐
Cuba engloba um processo de pesquisa, criação e desenvolvimento de conteúdo latino americano para valorização da cultura, da autoria dos profissionais da área e, em especial, no comprometimento com a infância. Qualificação esta que investe na formação técnica e artística especializada. No Brasil, o projeto está a cargo do Centro Técnico do Audiovisual (CTAv), da Secretaria do Audiovisual (SAV) do Ministério da Cultura. Em Cuba, dos Estúdios Animados do Instituto Cubano de Arte e Indústria cinematográficos (ICAIC), do Ministério da Cultura de Cuba. Destacamos também a EICTV (Escuela Internacional de Cine y Televisión), de Cuba, que atraiu e formou dezenas de jovens brasileiros desde os anos 1980. Hoje, a escola oferece cursos intensivos e de curta duração no Brasil, dentro do programa Extramuros, que recebeu esse nome justamente porque as aulas vão acontecer fora dos muros da escola, que tem sua sede na cidade de San Antonio de los Baños, em Cuba. A EICTV foi criada no final de 1986 por uma comissão de cineastas latino-­‐americanos com o objetivo de promover a cultura audiovisual na América Latina e em todo o mundo. A cada ano uma média de 40 jovens se formam em seu curso regular, em Cuba. Em seus 25 anos de história, 736 pessoas, de 55 países, já passaram pela escola. O grupo de brasileiros na escola é o maior entre todas as nacionalidades. Objetivos: • Encontrar soluções, através da investigação científica partilhada, para o aprofundamento das relações de pesquisa, formação e produção audiovisual entre cineastas do Recife, Brasil, e Havana, Cuba; • Intensificar o desenvolvimento das atividades de mobilidade entre cineastas e estudantes de cinema e audiovisual cubanos e brasileiros; • Desenvolver ações para ampliar a concretização de processos inovadores de produção audiovisual para cinema, televisão em meios digitais; Missão: Aprofundas as relações culturais e a pesquisa sobre a cultura entre Brasil e Cuba. Colaboradores: Entidades parceiras Centro Cultural Benfica, da Universidade Federal de Pernambuco CANNE – Centro Técnico Audiovisual Norte e Nordeste ABD-­‐PE/Apeci – Associação Brasileira de Documentaristas de Pernambuco ICAIC -­‐ Instituto Cubano de Arte e Industria Cinematográficos RESULTADOS, GUIAS, OBSTÁCULOS E RESTRIÇÕES: 1. Estabelecimento de grupos de pesquisa em cinema e audiovisual associando especialistas cubanos e brasileiros. 2. Criação de uma revista eletrônica sobre cinema e audiovisual em Cuba e no Brasil. 3. Produção de dois documentários: um filmado por cineastas cubanos no Recife e outro filmado por cineastas brasileiros em Havana. 4. Ampliação do intercâmbio de estudantes de cinema brasileiros e cubanos. Problemas, ameaças e riscos: 1. Dificuldades de financiamento para co-­‐produções. 2. Dificuldades de financiamento para mobilidade de profissionais e estudantes. ESTRATÉGIAS: 1) Promover a mobilidade de realizadores: aproximar cineastas de Pernambuco e de Cuba. 2) Realizar duas co-­‐produções em Recife e em Havana. 3) Promover a mobilidade estudantes de cinema. 4) Estabelecer grupo de pesquisa sobre cinema e audiovisual envolvendo especialistas cubanos e brasileiros. 5) Criar plataforma eletrônica de publicação. PRESUPOSTOS, RECURSOS E INVERSÕES: A definir durante a Reunião Temática. PLANO DE AÇÃO E CALENDÁRIO: A definir durante a Reunião Temática. COORDENAÇÃO E EQUIPE DO PROJETO: Coordenação Paulo Carneiro da Cunha Filho Paulo Carneiro da Cunha Filho (Recife, 1956) é graduado em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (1978) e doutor em Arts et Sciences de l'Art pela Université de Paris I -­‐ Panthéon-­‐
Sorbonne (1989). Entre 1973 e 1993 exerceu várias atividades como como jornalista -­‐ atuando, entre outros, no jornal O Estado de S. Paulo e na TV Globo. Fez cinema experimental (sobretudo curtas em super-­‐8 e em 16 milímetros). Foi, durante dois anos, membro do seminário fechado de Christian Metz na École des Hautes Études en Sciences Sociales, onde também obteve o Diploma sob orientação do historiador Marc Ferro. Atualmente é professor da Universidade Federal de Pernambuco. Pesquisadora associada Amanda Mansur Custódio Nogueira Doutoranda do Programa de Pós-­‐Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco. Possui Mestrado em Comunicação pela mesma instituição. Como professora ministrou aulas nos cursos de Bacharelado em Cinema e Publicidade e Propaganda das faculdades Marista, AESO e Mauricio de Nassau. Além de oficinas e mini-­‐cursos sobre teoria e prática do audiovisual. Dentre as suas atividades profissionais destacam-­‐se a cinematográfica, atuando como assistente de direção e continuísta em filmes dos diretores Paulo Caldas e Guel Arraes. Recentemente produziu uma série de dez programas para televisão, intitulada Olhar, sobre diretores do cinema pernambucano. É autora do livro, O Novo Ciclo de Cinema em Pernambuco: a questão do estilo, lançado pela Editora Universitária da UFPE. Equipe cubana: A definir durante a Reunião Temática.