Versão em PDF - Cocamar Jornal De Serviço
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Opiniões Pá g . 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 2 Mentes abertas Xico Graziano* Resolvida, quando estiver, a pendenga sobre o Código Florestal, baixada a poeira, chegará o momento de as mentes abertas se entreolharem com mais respeito e consideração. Chega dessa discussão polarizada, e imbecil, que separa – ao invés de juntar – a agricultura do meio ambiente. Uma não vive sem o outro. (*) Agrônomo Crescer sem preservar é egoísmo burro Dilma Rousseff* Crescimento econômico sem preservação da natureza é egoísmo burro, exercido contra nós, contra nossos filhos, netos e descendentes, na medida em que compromete o futuro das próximas gerações. Por isso, estamos reafirmando a aposta na possibilidade de conciliar desenvolvimento e sustentabilidade, sintetizada no trinômio "crescer, incluir e proteger". O novo Código Florestal é o mais recente dos marcos regulatórios. O desenvolvimento deve ser sempre sustentável, é um imperativo ético e de eficiência. Nossa economia, para ser edificante e O país parou Miriam Leitão* O país parou. O primeiro trimestre de 2012 teve um crescimento um pouquinho acima de zero: 0,2%. A novidade maior do PIB trimestral divulgado pelo IBGE foi que a indústria cresceu e a agropecuária despencou. O tempo castigou a soja no Sul do país, e a soja é 1/5 do PIB agrícola. O pior dado foi a queda do investimento, que reduz as chances de forte recuperação a curto prazo. O Brasil cresceu menos que o previsto porque o mundo está em crise? Alguns países centrais, deste mundo que nos causa problemas, cresceram mais do que nós, como a Alemanha, 0,5%; Estados Unidos, 0,5%; Japão, 1%. Isso sem falar na Coréia do Sul, com 0,9%: México, 1,3%; e Chile, 1,4%. Esse vai ser um ano de baixo crescimento, mas pode melhorar no segundo semestre. (*) Publicado em 2 de junho na Gazeta do Povo competitiva, tem que ser sustentável. Proteger nossos rios, criar e preservar matas ciliares é algo fundamental para a produção e a continuidade da produção em nosso país. O Brasil vem trilhando o caminho do desenvolvimento sustentável com inclusão social: o PIB cresceu mais de 40% na última década. Nesse mesmo período, 40 milhões de brasileiros ascenderam à classe média, sem abusar de nossos recursos naturais. Crescemos, incluímos e, ao mesmo tempo, nos transformamos em referência em preservação ambiental. (*) Presidente da República “O seguro rural, infelizmente, não faz parte, neste momento, da política agrícola governamental. Existe a agravante do alto custo. Num f inanciamento para lavouras de ciclo médio – soja e milho, por exemplo – o seguro privado consome 6,2% sobre o valor coberto. É caro demais” PEDRO LOYOLA, economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) E as médias Propriedades? Reinhold Stephanes* O Código Florestal precisa prever regras para médias propriedades. Cito o exemplo da recomposição de matas nas margens de rios, que passou a obedecer a uma escala, de acordo com a largura do rio e o tamanho da propriedade, variando de dois a quatro módulos fiscais. Nesse artigo, ficou pendente uma regra que contemple propriedades entre cinco e dez módulos, fazendo valer o princípio da equidade no tratamento para o setor. Na minha emenda, a recomposição será de 30 metros, contados da borda da calha do leito regular, para imóveis com área superior a quatro e até dez módulos fiscais, nos cursos d’água com mais de dez metros de largura. Além disso, a soma de todas as áreas de preservação permanente não ultrapassará 25% da propriedade. (*) Deputado federal (PSD/PR) Mercado J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 Velocidade nos embarques de soja Volume exportado em maio foi recorde. Diante da quebra de safra no mundo, compradores aceleraram os negócios São Paulo (SP) I Da Redação - Em maio, o Brasil exportou um volume recorde de soja, aproveitando a entressafra nos Estados Unidos, o maior produtor mundial. Os embarques não param. Mesmo com uma produção inferior a do ano passado, as vendas externas atingiram volume recorde no mês passado. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), os negócios atingiram 7,2 milhões de toneladas, quebrando um recorde mensal anterior, que era de 61 milhões de toneladas em junho de 2009. A marca é 37% maior em comparação ao mês de maio em 2011, quando foram embarcadas 5,3 milhões de toneladas. “O recorde representa uma preocupação do mercado internacional em relação à oferta do produto. Diante da quebra da produção, os compradores aceleraram os negócios”, informou um especialista. Outro fator que contribuiu diretamente para a alta exportação é que o país tinha estoques remanescentes da safra recorde anterior no início do ano. A China, o maior importador global, continua sendo um dos Metade da soja exportada pelo Brasil vai para a China principais clientes do Brasil. No acumulado de janeiro a maio, as exportações brasileiras de soja somam 18,5 milhões de toneladas. No mesmo período do ano passado, eram 13,5 milhões. No ciclo 2011/12, o Brasil produziu 66,9 milhões de toneladas de soja, bem abaixo do potencial de 75 milhões de toneladas. O problema foi o clima seco, que afetou a produção em 5,5 milhões de toneladas. A quebra de safra ocorreu justamente em um ano de aumento do apetite pelo grão, vindo da China, que hoje absorve mais da metade das vendas externas do Brasil. Na Cocamar, cooperados se desfazem de estoques Cerca de 80% da safra 2011/12 já foram comercializados pelos produtores, que estão antecipando a venda da commodity a ser colhida no início de 2013 Maringá (PR) I Da Redação - Cerca de 80% dos estoques de soja da safra 2011/12 já foram comercializados pelos produtores associados da Cocamar. Comparando com o que aconteceu nos últimos anos, o percentual é elevado. Para se ter ideia, em dezembro último apenas 60% dos cooperados haviam efetuado a fixação da commodity referente ao ciclo 2010/11, praticamente repetindo o que ocorreu em 2010. Desta vez, os cooperados aproveitaram a escalada de preços do produto para fazer a venda. De janeiro a maio último, a cotação da oleaginosa apresentou uma alta de 22,07%. Foi a melhor performance entre todos os produtos da região: no mesmo período, o preço do milho caiu 7,32%, o café 22,50%, o suco de laranja 30,23%, enquanto o trigo subiu 3,89%. Segundo o gerente comercial de grãos da cooperativa, Antonio Sérgio Bris, além de acelerar a venda da soja produzida no último verão, os produtores já anteciparam a negocia- ção de aproximadamente 15% da safra de grãos 2012/13, a ser colhida no primeiro trimestre de 2013. O produtor Alécio Rufatto, de Maringá, que cultiva 20 alqueires na comunidade Pingüim, disse que já vendeu metade da soja colhida na última safra. “O preço que consegui variou entre R$ 50 e R$ 56, um patamar que considero ótimo”, afirmou, completando: “Nós próximos dias pretendo comercializar mais uma parcela”. Rufatto só lamenta ter produzido menos que em 2011, devido a problemas climáticos. Já Dorival Baveloni, qual planta 180 alqueires em sociedade com os irmãos Valdir e José nos municípios de Astorga e Maringá, conta que 70% da produção foram negociados. Os sócios fizeram contrato a R$ 46, mas também conseguiram vender a R$ 50 e R$ 56. Sobre os restantes 30%, Dorival afirmou não ter planejado ainda a comercialização. 950 mil toneladas foi o volume de soja recebido pela Cocamar no início deste ano Milho Pá g . 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 2 Pode faltar comprador Se tudo correr bem na safra norte-americana que acaba de ser semeada, previsão é que volume recorde impacte os preços do produto, desestimulando a produção Maringá-(PR) I Da Redação - A safra de milho deste ciclo 2011/12 já movimenta o mercado para uma alta nos estoques, o que pode causar queda no preço do produto e diminuir os plantios da próxima safra. A expectativa é que a produção brasileira do grão supere 67 milhões de toneladas no total (safras de verão e de inverno), ante 57 milhões em 2010/11, com chances de ser revisada para cima caso o clima não atrapalhe as colheitas que estão por vir. No Paraná, o volume poderá chegar a 30,3 milhões de toneladas. Atualmente os estoques particulares estão próximos de 7 milhões de toneladas. Porém, o governo calcula que eles chegarão a 26 milhões de toneladas depois de descontado o total consumido. Entretanto, os produtores brasileiros se preparam para enfrentar um mercado externo desfavorável caso se confirmem as projeções para a colheita americana, calculada em 375 milhões de toneladas, conforme o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda). Se a safra for como é esperada, pode faltar mercado no exterior para o milho brasileiro. Usda já cogita safra recorde O plantio de milho e soja nos Estados Unidos foi concluído na primeira semana de junho. No ano passado, a tarefa foi até o final do mês. Historicamente, as plantadeiras trabalham até a terceira semana. Ou seja, a semeadura foi encerrada com pelo menos 15 dias de antecedência. A estimativa atual é que o cereal ocupe 38,8 milhões de hectares, 4,4% a mais do que na temporada passada, e a oleaginosa outros 29,9 milhões de hectares, com queda de 1,47%. O que tem feito a diferença até o momento são os cálculos do Departamento de Agricultura dos EUA, o Usda, sobre a expansão da área do milho e as avaliações de que as lavouras seguem em boas condições. Desde maio, o Usda vem informando que a safra atual tende a inundar o mercado do milho com uma produção recorde e, por outro lado, reduzir os estoques finais da soja a um volume suficiente para apenas duas semanas. Ucrânia na briga Para agravar a situação, a Ucrânia, que neste ano terá sua segunda produção recorde de milho, também entrará na briga pelo fornecimento do grão, assumindo a posição da Argentina como segundo maior exportador de milho do mundo. O cenário que se desenha, portanto, deve ser positivo para os importadores de milho, porém negativo para os preços no segundo semestre. Os compradores deverão ter ofertas de vendas em todos os cantos do planeta. Quem tiver o menor preço, garante o escoamento. 375 P rodutores brasileiros se veem diante da possibilidade de enf rentar um mercado externo desfavorável Exportação em ritmo lento De janeiro a maio, o Brasil exportou 1,6 milhão de toneladas de milho e, para que os preços do produto não sofram maiores desvalorizações, o ideal é que país multiplique por dez esse volume nos próximos seis meses. O número estabelecido como meta pelo setor é de 10 milhões de toneladas, praticamente o mesmo do ano passado, quando o país ganhou parte do mercado internacional ocupado pelos Estados Unidos – que tinham estoques apertados – e principalmente pela Argentina, que teve produção prejudicada pela seca. O problema é que, neste ano, a safra norte-americana do cereal – a maior do mundo – entrará mais cedo do que o normal e tem tudo para alcançar volume recorde, talvez acima de 375 milhões de toneladas. Ou seja, a produção esperada pelos produtores dos Estados Unidos é suficiente para recompor os estoques internos e devolver ao país sua participação no mercado mundial de milho. milhões de toneladas é a projeção preliminar da safra dos EUA. Se confirmada, será a maior da história J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 5 A aposta na produtividade Tempo tem sido favorável e agricultores se animam com a possibilidade de uma colheita bem melhor que a do ano passado Produtores Adalton Diassi (esq.) e José Henrique Orsini apostaram em alta tecnologia: até avião foi usado para controlar fungos Colheita em julho Região I Cleber França – No município de Floresta, perto de Maringá, o cooperado José Henrique Orsini plantou 50 alqueires e deve ser um dos primeiros da região a fazer a colheita. “No ano passado, apesar da geada, colhemos 200 sacas de média. Neste, espero mais de 240”, afirmou o produtor. O tempo tem ajudado mas ele fez a sua parte: utilizou sementes de ciclo precoce, de 1º linha, 700 quilos de adubo na base, mais 250 quilos de nitrogênio na cobertura e fez todos os tratamentos indicados. “Pra dar bem temos que investir tanto quanto no verão”, disse, lembrando que o controle de fungos foi feito com avião. Em Doutor Camargo os 7,7 alqueires de lavouras de Adalton Diassi “são de encher os olhos”. Ele cultiva outros 13 alqueires em Japurá e, em ambas das propriedades, caprichou para ter retorno. “Se Deus quiser, tem tudo para ser uma safra boa”, sorri. No município de Rancho Alegre, região de Londrina, o produtor Geraldo Chinaglia cultiva 100 alqueires e sua previsão é obter mais de 200 sacas em média. “Estamos usando toda a tecnologia recomendada, não tem como dar errado”, acredita. José Cláudio Ferrareto, dono de 35 alqueires em Cambé, também está otimista. Ele conta que nos últimos anos preferiu deixar o trigo de lado, optando pelo milho, por ser mais rentável. Pela primeira vez, Ferrareto apostou alto na produção do cereal e estima colher 250 sacas em média, contra 160 sacas no ano passado. Com 90% das lavouras em fase de granação nos arredores de Maringá, a cultura do milho de inverno atinge o seu ponto crítico neste momento. É o período em que uma geada forte pode colocar grande parte da produção a perder, conforme explica o engenheiro agrônomo Edson Matsumoto, da Unidade da Cocamar em Maringá. A colheita começa em julho, com pico previsto para primeira quinzena de agosto. Até que a safra esteja garantida, o produtor terá que conviver com a possibilidade da chegada de frentes frias, comuns nesta época. “As perspectivas são excelentes, com produção acima do projetado inicialmente pela cooperativa”, informou o coordenador técnico de Culturas Anuais, engenheiro agrônomo Emerson Nunes. “A elevação na produtividade é estimada em 15% na comparação com a safra do ano passado, com expectativa de 4.363 quilos em média por hectare. Também se estima boa qualidade da produção”. Nesta safra, a área cultivada com milho na região da Cocamar é 12% maior em comparação com 2011. Lavoura e pecuária Pá g . 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 2 Em Iporã, integração empolga produtor Com braquiária abundante no pasto, Albertino Afonso Branco incluiu a soja no verão e vê o sistema como a saída para que a agropecuária regional volte a crescer Iporã (PR) I Da Redação (colaborou Fernando Basso) - No final do ano passado, o agropecuarista Albertino Afonso Branco, de Iporã, município da região de Umuarama, no extremo noroeste do Paraná, decidiu apostar no sistema de integração lavoura e pecuária. “Foi uma decisão acertada”, afirma Albertino, que é integrante do Conselho de Administração da Cocamar. A propriedade tem 200 alqueires. Orientado pelo engenheiro agrônomo Fernando Basso, da Cocamar, em 15 alqueires onde ele mantinha pastagem de capim braquiária, Albertino cultivou soja na última safra, cujas sementes encontraram um solo corrigido com calcário e gesso e protegido pela palha da braquiária dessecada ainda em setembro. O agrônomo acrescenta que o produtor, dono de três aviários na propriedade, também costuma fazer adubação orgânica, utilizando para isso a cama de frango recolhida dos barracões. Com um tratamento assim, a soja se desenvolveu bem e, apesar da longa estiagem que atingiu a região durante o ciclo da cultura, sua média de produtividade chegou a 87 sacas por alqueire. “Foi possível pagar as contas e ainda sobrou um pouco”, afirma Albertino. Para se ter ideia, houve produtores em que a média ficou abaixo de 20 sacas por alqueire. Depois de colhida a soja, Albertino voltou a semear braquiária para retomar o ciclo da integração, destinando 5 dos 15 alqueires para a cultura do milho safrinha. Com o bom desenvolvimento da braquiária, o produtor já colocou 80 vacas e 80 bezerros “no pé”, o que dá 130 UA (unidade animal) ou 13 cabeças de bovinos por alqueire. “Para isso, há comida suficiente”, relata o agrônomo Fernando. Os animais entram com 9 a 10 arrobas de peso e, até setembro, devem sair 16 a 18 arrobas. Detalhe: o milho vai ajudar na alimentação. Na segunda quinzena de setembro, o pasto é dessecado para a cobertura do solo, que vai receber a soja em outubro. A soja financia o boi Na integração, a soja entra para financiar a pecuária. Se o clima tivesse ajudado, Albertino calcula que poderia ter colhido acima de 130 sacas por alqueire. Com os altos preços da oleaginosa este ano, o negócio teria sido bastante lucrativo, mas ele não desanima e diz que a integração “é a saída para que o produtor do noroeste recupere as pastagens degradadas e tenha mais retorno com a agropecuária”. Na foto acima, o gado entra em junho e sai em setembro, com 16 a 18 arrobas. Ao lado, soja com camada de palha deixada pela braquiária J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 7 Pioneirismo Pá g . 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 2 “Sol nascente”, Assaí completa 80 anos Município foi planejado para receber e abrigar agricultores japoneses que, ali, iniciaram sua história cultivando café, algodão e agora soja Assaí (PR) I Marly Aires - Fundado em 1932 para abrigar agricultores japoneses, Assaí – que no idioma deles quer dizer "sol nascente" – é um município localizado no norte do Paraná, reconhecido por sua hospitalidade. Aos nipônicos juntaram-se famílias de diversas origens e, 80 anos depois, eles ainda são maioria, representando 15% da população de 17 mil habitantes. O dia 1º de maio marcou a data histórica do município cuja economia é voltada à agricultura. No começo, a exemplo do que ocorreu em grande parte do Paraná, plantou-se muito café em Assaí, mas o município ficaria conhecido mesmo como a capital do ouro branco devido a grande quantidade de algodão que saía das propriedades. O produtor José Yaitiro Kimura, cooperado da Cocamar, conta que a cidade chegou a ter quase 10 usinas de beneficia- mento de algodão. A cultura chegou cedo e já era plantada em 1934 nas entrelinhas do café, proporcionando uma renda até que o café começasse a produzir. O fato de Assaí oferecer uma terra de qualidade para o cultivo de algodão acabou atraindo uma leva de interessados na época. Em 1935 já eram mais de 200 famílias. roba. Eles tinham vindo do Japão apenas dois anos antes. Yaheiji, pai de José, era um jovem de 18 anos. Os Kimura vieram de São Paulo. Toraje, o avô de José, trouxe a família em 1939 para abrir a mata e formar cafezal em 20 alqueires na região conhecida como Seção Pe- José conta que mesmo com a região produzindo bastante café – sendo difícil sofrer com geada - a lavoura não suportou o frio intenso de 1953, o que fez com que muita gente partisse para a cotonicultura. A soja, o trigo e o milho só ganharam espaço a partir de 1970, sendo que o algodão entrou em declínio na década de 1980. A partir de 2008, José investiu no plantio de laranja, cultura que integra a diversificação da propriedade. Hoje, na gestão de 55 alqueires, o produtor conta com a ajuda de Hélio, um dos quatro filhos. O produtor José Yaitiro Kimura; embaixo, fotos antigas, de sua família 1927 É fundada, no Japão, a Cooperativa de Imigração 1932 Chegam as primeiras famílias de japoneses. Eles compraram terras por meio da Cia. Bratac 1934 Todos plantavam café mas, nesse ano, começaram também a cultivar algodão 1953 Com a geada forte, o café abre espaço para a cotonicultura 1970 Começam a ser cultivados soja, trigo e milho 2012 O município tem 17 mil habitantes, 15% dos quais de origem japonesa J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 9 Uma cidade japonesa no Brasil A vinda dos imigrantes para Assaí foi subsidiada pelos governos central e provincial do Japão. Para tanto, os japoneses fundaram em 1927 a Cooperativa de Imigração e, no ano seguinte, a Sociedade Colonizadora do Brasil (Bratac) adquiriu uma gleba de 13,6 mil alqueires de terras devolutas na região então conhecida por Três Barras. Aoki, 78 anos, é a memória da família Schimizu, uma das tantas que se engajaram no projeto Bratac, tendo chegado em 1934 à Seção Peroba. Ele é filho de um dos pioneiros, Yukito Schimizu, que comprou 10 alqueires naquela época. A vinda das famílias japonesas de São Paulo para o Paraná ocorreu em 1932. Chefiados por Miyuki Saito, Itissuke Nishimura, Utaro Katsuda, Tokujiro Tsutsui e Junzo Nagai, elas foram as primeiras a se embrenhar no mato e iniciar o povoado a partir da Seção Peroba. Hoje, só existem ali nove famílias de japoneses. Por muito tempo, Assaí foi tal qual uma cidade rural do Japão no Brasil. A comunicação só se dava em japonês, língua que era ensinada nas escolas. Cada seção (gleba) tinha a sua, mostrando a importância que as famílias orientais atribuem à educação. Os esportes preferidos eram o beisebol, o judô e o sumô, com atletas participando de competições nacionais. A Liga das Associações Culturais de Assaí (Laca), sempre promoveu, também, concursos culturais. Durante a Segunda Guerra Mundial, as escolas japonesas foram fechadas pelo governo brasileiro, que proibiu também a comunicação pelo idioma de origem e considerava crime qualquer atividade em grupo. Mesmo assim, as escolas funcionavam à noite, nas casas, em pequenos grupos. De Detalhe da igreja matriz: cidade exportou grande número de mão de obra para o Japão, na década de 1990 1990 para cá, foram diminuindo e hoje poucas ainda ensinam japonês, comenta José Kimura. Nos anos 1990, com o fenômeno dos dekasseguis, um grande número de jovens do município fez o caminho inverso dos antepassados, em busca de uma vida melhor. A agricultura é uma das principais atividades econômicas do município. Em junho, ocorre a Expoasa, Exposição Agrícola de Assaí, feira que este ano completa 69 anos, sendo uma das mais antigas exposições do Brasil. Rolândia Pá g . 1 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2 Unidade de atendimento é entregue aos cooperados Evento ocorrido dia 14 marcou também o lançamento da Campanha Purity Cocamar 2012 Rolândia (PR) Da Redação (com informações de Marcela Miranda) - A Cocamar fez a entrega aos associados, na manhã do dia14 em Rolândia, das novas instalações de sua unidade de atendimento, com área de 539 metros quadrados. Além de comportar a administração e a equipe de assistência técnica, o espaço abriga uma loja de insumos agropecuários. A unidade está, ainda, acoplada a um barracão de insumos com 628 metros quadrados. Acompanhado de outros dirigentes, o presidente da cooperativa, Luiz Lourenço, ressaltou a importância do investimento feito para melhor atender aos cooperados do município, oferecendo-lhes comodidade. “A unidade da cooperativa não é apenas um lugar para negócios, mas um local onde eles se encontram”, disse Lourenço a cerca de 300 convidados, entre os quais cooperados e lideranças da administração municipal, com destaque para o prefeito Johnny Lehmann. O cooperado Geraldo Lonardoni elogiou a nova estrutura de atendimento e afirmou que a cooperativa “é o melhor caminho para o agricultor, por trazer tranqüilidade”. Segundo ele, “a unidade ficou excelente e isso irá fortalecer ainda mais a cooperativa e os cooperados”. Geraldo e a esposa Maria Petronilha Lonardoni participam do sistema cooperativista há mais de 40 anos. Para o cooperado Paulo Roberto da Silva a loja traz mais comodidade. “Estou contente com a Cocamar, ela veio para suprir uma necessidade e melhorou muito para os produtores na questão de xx Campanha beneficia 250 entidades A entrega da nova unidade marcou também o lançamento da Campanha Purity Cocamar 2012 – que teve seu ponto de partida no mesmo dia em Maringá. Sobre essa iniciativa, o presidente do Instituto Constâncio Pereira Dias e vice-presidente da cooperativa, José Fernandes Jardim Júnior, disse que este ano a Campanha terá dois sorteios: um em Rolândia e outro em Maringá, sendo que em cada qual haverá o sorteio de cinco netbooks, uma moto Honda 125 fan e um carro Renault modelo Clio Campo. “São mais de 250 entidades engajadas nesta Campanha”, finalizou. Ao lado, os cooperados Geraldo Lonardoni (e esposa Maria) e Paulo Roberto (com a esposa Leonice): cooperativa é o melhor caminho venda, da negociação.” A esposa de Paulo, Leonice Rosa da Silva, participa do Núcleo Feminino de Rolândia desde o início e disse que nas reuniões consegue assimilar conhecimentos para aplicação na propriedade. J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 11 Alternativa Pá g . 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2 Seringal é bom para diversificar Superados os gastos iniciais, a condução acaba f icando relativamente barata. Maior despesa é com a mão de obra. Não há pragas e a adubação é mínima; na outra página, o produtor Antonio Gusman, de Paranacity Pequeno produtor de Paranacity mantém há anos essa cultura como a principal atividade; renda é garantida por oito meses no ano Antonio conduz o seringal em companhia da esposa Ivone Salata de Souza, alcançando uma produtividade de 600 quilos por alqueire. O último lote ele vendeu por R$ 3,10 o quilo, mas já chegou a obter uma remuneração de R$ 4,00/quilo. Segundo o produtor, o custo é baixo, mas um dos grandes riscos da atividade é o frio. “Uma geada forte pode comprometer toda a produção”, diz. Entre os tratos culturais, a cada 40 dias é aplicado um maturador e, de dois em dois meses são feitas adubações de cobertura. Buscando novas opções para o sítio, em 1987 ele implantou dois hectares de seringueira no espaçamento 8m x 2m com uma mistura de variedades, entre as quais a Rim 600. O cultivo da seringueira foi incentivado pelo governo Estadual e por seu tio José Gusman Nunes que já era produtor. Em 2009 foram plantados mais 2,50 hectares com a variedade RIM 600, plantada no espaçamento 6,5 x 4,0 m. O plantio foi feito em consórcio com o urucum. Antonio conta que vai realizar cinco colheitas de urucum e após isto será efetuada a erradicação destas plantas, uma vez que a seringueira entrará em ciclo produtivo. A expectativa de produção deste novo seringal é de 1.000 quilos de látex por alqueire/mês por um período de 8 meses consecutivos, ou 8.000 kg de látex por ano. p Paranacity (PR) I Da Redação - Cultivar um seringal como alternativa para diversificar as atividades no sítio, é um negócio interessante. O produtor Antonio Gusman de Souza, de Paranacity, município do noroeste do Estado, cultiva 4,5 hectares. Ele diz que é possível obter um rendimento satisfatório, principalmente se não precisar de empregados. Conta que consegue uma renda bruta anual de R$ 12.400,00 por alqueire, o que dá R$ 1.550,00 por mês em oito meses de produção no ano. Os custos são estimados em 40%. “O custo de manutenção é baixo. O perigo é a geada” ANTONIO GUSMAN, produtor J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 1 3 p O seringal deve permanecer produtivo até os 30 ou 40 anos no mínimo, calcula o produtor, baseado em informações técnicas. E com o final do ciclo, ainda pode comercializar a madeira para produção de móveis, um excelente mercado e preço. Antonio diz que cada árvore produz uma média de um quilo de látex por mês ou 600 gramas de sernambi (látex seco), por oito meses do ano. A sangria é uma arte, diz o produtor. São cortados milímetros por vez, somando não mais do que 12 centímetros no ano. Há uma forma exata para cortar e um ângulo determinado, sem aprofundar muito para não criar feridas e formar cicatrizes nos troncos, inviabilizando o seu uso novamente. O horário ideal para a sangria é de madrugada, quando o rendimento é maior. (colaboraram o gerente Itamar Ansilieiro e o supervisor administrativo Eder Akira Dall’ Ago, da Cocamar/Paranacity) Sangria é feita a cada três dias De outubro a julho a sangria é feita a cada três dias. Nos meses de agosto e setembro, que seriam os meses improdutivos, o produtor diz que é preciso fazer uma sangria por semana para que a árvore não deixe de produzir e demore na retomada da produção em outubro. O trabalho é feito na sombra e uma pessoa dá conta de três mil pés. No seu caso, Antonio conduz apenas dois mil pés, divididos em dois talhões, e os outros dois mil são tocados por um meeiro. “Preciso de pelo menos um dia livre a cada dois para cuidar das demais atividades”, comenta. O custo de implantação é alto e são necessários de seis a sete anos, com adubações anuais, para o seringal começar a produzir. Mas superados os gastos iniciais, a condução acaba ficando relativamente barata. A maior despesa é com a mão de obra. Por enquanto não há ocorrência de pragas e a adubação é mínima, já que as folhas que caem, reciclam os nutrientes. Motivos para plantar é o que não falta • Rentabilidade superior às culturas tradicionais. • Demanda crescente. • Serve como reserva legal. • Condições favoráveis de clima e solo. • Trabalho na sombra. • Vida útil de 30 a 40 anos. • Renda contínua por 10 meses no ano. • Baixo custo de produção. • Atividade econômica social e ambientalmente correta. • Absorve gás carbônico da atmosfera e combate o aquecimento global. • Repõe matéria orgânica e preserva o solo. • Produção de madeira no final da exploração econômica. Geral Pá g . 1 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2 Operador de Floresta tem menor perda de soja A 9ª edição do Concurso Regional de Redução de Perdas na Colheita de Soja, em Maringá, realizou premiação no dia 1º de junho, com evento no Centro de Tradições Gaúchas “Rincão Verde”. Organizado pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) e Emater, a iniciativa contou com a participação de 189 operadores de máquinas de todas as marcas e tempo de uso de 12 municípios. O primeiro colocado foi o operador Antonio Carlos Firmino, de Maringá, com perda de 5,33 quilos por hectare. Em segundo lugar ficou Ademir Perin Garcia, de Floresta, com 5,45 quilos por hectare. Garcia recebeu uma motocicleta como prêmio, entregue por representantes da Cocamar e da Sicredi União. Na foto, a partir da esquerda: Emerson Silva Nunes (coordenador técnico do Departamento de Produção da Cocamar), João Carlos de Souza (gerente de Produção da Unidade Maringá), Rubens Niederheitmann (diretor-presidente da Emater/PR), Aparecido Carlos Fadoni (ge- rente de Negócios do Departamento de Produção da Cocamar), Paulo Ozelame (diretor executivo de Desenvolvimento da Sicredi União) e Norberto Anacleto Ortigara (secretário da Agricultura do Paraná). (Colaboração Lourenço Gonçalves) Em Cambé Os produtores Damião Basseto, Gildo Bueno de Lima e Natal Marques de Jesus foram os ganhadores do 19º Concurso Municipal de Redução de Perdas de Soja de Cambé. Basseto, que ficou em primeiro lugar, registrou uma perda de apenas 0,05 saca/hectare, com uma média de produtividade de 3,3 mil quilos por hectare. No Paraná, a média de perda é de 1 saca por hectare. Para o engenheiro agrônomo da Emater, Alcides Bodnar, um dos principais fatores que levam às perdas na colheita de soja são as máquinas malreguladas. Segundo ele, 80% do desperdício ocasionado pelas colheitadeiras está relacionado à barra de corte. O agrônomo explica que navalhas mal-afiadas não conseguem debulhar as vagens, deixando-as no meio do caminho. Nunca se vendeu tanto frango Em maio, a exportação brasileira de carne de frango in natura foi de 338,4 mil toneladas, um novo recorde segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A marca é 13% maior em relação ao mês de abril no ano passado. O recorde anterior era de 335,8 mil toneladas em março deste ano. O Paraná é o principal produtor e exportador nacional. A maior parte da carne segue para o Oriente Médio e China. 338,4 mil toneladas foi o total embarcado em maio Cooperadas investem no aprendizado da informática A inclusão digital tem, nos dias de hoje, uma grande importância. No caso da produtora rural, o domínio na utilização de programas e aplicativos da informática possibilita o desenvolvimento pessoal e contribui para melhor administração da propriedade. Por iniciativa da Cocamar e do Sescoop (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo), cinco grupos com cooperadas foram organizados em Arapon- gas, Jussara, Ourizona, Terra Boa e Paiçandu. Nessas cidades foi promovido um curso de informática com a duração de dois meses, entre abril e maio. As aulas foram ministradas por Silvio Andrey de Carvalho, da empresa Alvo Treinamentos, de Maringá. As participantes aprenderam sobre o sistema operacional Windows, Word, Excel básico e Internet, compreendendo operacionalização e comandos. J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 1 5 Região Pá g . 1 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2 As médias das lavouras da região ainda são acanhadas. Um dos problemas é a compactação do solo O desafio de aumentar a produtividade da soja J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 1 7 Londrina e Maringá I Rogério Recco - A soja tem um potencial de produtividade muito grande ainda para ser desenvolvido, mas isto não depende apenas de novos cultivares, da genética ou de tecnologias mais sofisticadas: requer, principalmente, o aprimoramento do manejo por parte do produtor. Esta foi a mensagem que ficou do 12º Encontro de Produtores de Soja promovido em maio pela Cocamar na manhã dos dias 23 em Londrina e 24 em Maringá. O evento, finalizado com a divulgação dos vencedores do Prêmio Cocamar de Produtividade de Soja da Safra 2011/12 em suas respectivas regiões, reuniu um total de 800 cooperados e teve a participação de especialistas. Concursos de produtividade de soja, como o realizado pela Cocamar, exibiram médias que, frente aos graves problemas climáticos ocorridos durante a safra, surpreenderam até os técnicos. 800 Para especialistas, alcançar médias elevadas com soja para os padrões regionais só evidencia que o potencial de produtividade para essa cultura ainda é grande. “Ainda somos muito acanhados”, garante o pesquisador Antonio Luiz Fancelli, do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP). Fancelli disse durante o 12º Encontro de Produtores de Soja da Cocamar, que os produtores brasileiros evoluíram bastante nos últimos anos, “mas ainda tem muito chão para crescer”. Ele ressaltou que na safra 2009/10, o campeão brasileiro em produtividade de soja foi o paranaense Leandro Ricci, de Mamborê, região de Campo Fancelli: “a semeadura é aquele pênalti cobrado aos 47 minutos do segundo tempo” Mourão. Ricci colheu nada menos que 262 sacas por alqueire, um volume que grande parte dos agricultores até desconfia. “Tem que fazer diferente”, afirma o pesquisador, lembrando que o importante não é o tamanho das vagens e nem o número delas por planta, mas a quantidade de vagens por área. Para isso, a receita, segundo ele, é equilibrar genética, nutrição e manejo. “O solo precisa ser saudável”, acrescenta Fancelli, frisando que a soja não dispensa nitrogênio. Ele chama atenção para a qualidade e o tratamento da semente, a regulagem da máquina usada para semear e a velocidade com que a semeadura é feita. “No Paraná, o pessoal semeia muito rápido, até parece que está apostando corrida com o vizinho”, brinca. O ideal, acrescentou, p cooperados participaram do Encontro de Produtores de Soja promovido pela Cocamar Potencial ainda é grande Pá g . 1 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2 p é que a operação de semear ocorra a uma velocidade máxima de 5 a 6 quilômetros por hora. Se emergência da planta ocorrer de maneira desuniforme, o produtor já pode considerar uma perda de 8 a 12 sacas de soja por hectare. “A semeadura é aquele pênalti cobrado aos 47 minutos do segundo tempo. Se perder, o campeonato vai embora”, diz o especialista, acrescentando: “Se errar no começo, não dá tempo de recuperar. O cuidado começa no berço”. Sobre o nitrogênio, o pesquisador disse que a soja demanda mais que o milho, pois ela produz proteína. Devem ser usados, segundo ele, entre 12 e 18 quilos por hectare. Fancelli ressalta que a Cocamar foi pioneira, no país, em estimular seus produtores a utilizarem nitrogênio na semeadura da soja. “A cooperativa foi a primeira a acreditar e, hoje, todo mundo corre atrás dela”, citou. Ele mencionou ainda que, na última safra, nas áreas do Programa de Aumento de Produtividade de Soja (Paps) mantido pela Cocamar, o uso de nitrogênio na semeadura resultou na média de 3.354 quilos por hectare, enquanto que nas outras áreas (sem o nitrogênio) a média foi de 2.980 quilos/hectare. “A diferença é muito grande no arranque, além de favorecer a absorção de fósforo e estimular a síntese da citocinina, que faz a planta engalhar”, explica. Recomendações • Equilibrar genética, nutrição e manejo • A soja não dispensa nitrogênio • Velocidade máxima de plantio de 5 a 6 km/h O que é mais importante 1º O número de vagens produzidas por área 2º O número de grãos por vagem 3º O peso dos grãos Com uso de nitrogênio, média em áreas do Programa de Aumento de Produtividade de Soja (Paps) da Cocamar, no ano passado, atingiu 3.354 kg/ha; sem nitrogênio, foi de 2.980 kg/ha 70% dos solos estão compactados De acordo com o especialista Cássio Tormena, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), 98% dos produtores da região fazem plantio direto, ou seja, cultivam sobre a palha deixada pela cultura anterior, sem mexer no solo, ao contrário do que se via há algumas décadas. O problema, segundo ele, está na compactação do solo – que se acentua devido, principalmente, ao tráfego constante de máquinas e à sucessão de culturas. “Mas máquinas de hoje são três vezes mais pesadas que há algumas décadas”, diz. Para ele, “a melhor tecnologia inclui investir na qualidade do solo”, afirma Tormena, enfatizando que a compactação reduz o sistema de raízes, além de dificultar a absorção de água e ar. Hoje, diz Tormena, 70% das áreas apresentam problemas de compactação, o que afeta a produtividade da soja e do milho em pelo menos 10%. “É uma doença silenciosa, como o diabetes”, acrescenta. “O problema reside na superficie, numa camada de apenas 10 a 20 centímetros de profundidade”, cita. Em solo de superfície endurecida, explica o especialista, a raiz da planta não consegue se desenvolver, ficando próxima da linha de plantio e mais vulnerável se ocorrer uma estiagem. “Para ter produtividade é preciso ter água e, para isso, a raiz necessita crescer”. Tormena: em área compactada, a produtividade da soja f ica prejudicada em 10%, pelo menos. Tráfego de máquinas endurece a camada super f icial entre 10 e 20 centímetros e raízes não conseguem se desenvolver p J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 1 9 p Estratégias de manejo • Controlar o tráfego de máquinas na lavoura; • usar máquinas mais leves; • dar preferência a pneus de baixa pressão; • planejar os talhões para o tráfego; • usar facões nas semeadoras; • planejar uma diversificação cultural; • evitar a entrada de caminhões e carretas na lavoura. (*) Cássio Tormena, UEM O que prejudica a saúde do solo • tráfego descontrolado de máquinas • sucessão de culturas (soja-milho, por exemplo) • falta de matéria orgânica A compactação reduz o sistema radicular, dificultando a absorção de água e ar. Como a água não entra, a raiz não cresce e nem minhoca sobrevive. De acordo com Cássio Tormena, a comida está na superfície e a raiz vai ficar ali. “Muitas vezes, fica na linha de plantio. Nessa situação, o potencial de estresse hídrico é muito grande. Isso reduz a produtividade e aumenta o custo”, afirma. Tormena compara o solo a uma fatia de pão. Quando pressiona, reduz o espaço. Mas com a cobertura no solo, ele afunda ao ser pressionado, e volta. Se o solo estiver descoberto, o rodado do trator, com 40 cm de largura, afunda e não volta, explica. “A gente gasta de 500 mil a 600 mil em uma máquina que, de tão pesada, pode afetar a nossa produtividade”, alerta o professor. Resultados acima da média Em Ivatuba, na região de Maringá, o produtor Ângelo Celestino tem adotado alguns cuidados em relação ao solo de sua fazenda, para aumentar a produtividade. Com a orientação de técnicos, ele vem fazendo o gerenciamento da fertilidade de cada talhão a partir da adoção de tecnologias de precisão. Ao mesmo tempo, investe no aumento da cobertura do solo. “A gente vive disso e se não fizer o que é preciso, não sobrevive”, diz. Segundo Celestino, em anos bons – de clima favorável – há um aumento médio de produtividade de 5%; em anos ruins, a produção cresce ao redor de 15%. Por outro lado, os custos caíram 5%. Celestino é um agricultor caprichoso, segundo os técnicos, que segue à risca as orientações. Por causa disso, suas médias anuais têm sido expressivas para os padrões da região. A do milho cultivado no verão chega a 9.963 quilos por hectare (401 sacas por alqueire), a da soja é de 3.916 quilos/hectare (157 sacas por alqueire) e a do milho de inverno, 7.180 quilos/hectare (289 sacas por alqueire). p • concentração de nutrientes na superfície Risco de estresse hídrico Pá g . 2 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2 “Produtor precisa aproveitar momento histórico da agricultura brasileira” Para o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, os agricultores da região precisam fazer a sua parte no sentido de melhorar a produtividade das lavouras “e aproveitar esse momento histórico para a agricultura brasileira”. Ele explica que o mundo precisa cada vez mais de alimentos, levando em conta a previsão de que até 2025 a demanda por co- mida seja 40% maior – e que metade desse volume terá que sair do Brasil. Cita, ainda, a boa remuneração para commodities como soja e milho, que deve ser mantida, uma vez que os estoques mundiais não acompanham o crescimento. Neste ano, mesmo, acrescenta, há falta de soja na região, o que faz a cooperativa a buscar o produto em outros Estados para suprir a necessidade de sua indústria. Detalhe do Encontro em Londrina Lourenço ressalta que a média regional, de 115 sacas de soja por alqueire (2.815 quilos por hectare) ainda é considerada muito baixa quando comparada a de outras regiões do Paraná. “Temos um potencial enorme a desenvolver, o que depende, muitas vezes, de uma mudança de atitude do agricultor”, comenta o dirigente, explicando que grande parte dos produtores é refratária a novas tecnologias. Os vencedores do Concurso de Produtividade de Soja 2011/12 Participaram 137 cooperados de 37 municípios. Os produtores classificados em 1º lugar nas regiões norte e noroeste e os respectivos técnicos que os assistiram, foram premiados com uma viagem para os Estados Unidos. J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 2 1 No noroeste, o campeão foi Marcel Franklin Rafael, de Terra Boa que aparece com o prof issional Ademir Caetano, Antônio Luiz Francelli e o vice-presidente José Fernandes Jardim Júnior O vencedor da região norte, Paulo César Lopes, de Rolândia com o superintendente Arquimedes Alexandrino, o consultor Antônio Luiz Franceli e Marcos Liberatti Quase empatando, Paulo César Falavigna, de Floraí, f icou em segundo, com o diretor secretário Divanir Higino da Silva, o prof issional Luiz Augusto Pedroni e Cássio Tormena O segundo colocado, Silvio S. Nakamura, de São Sebastião da Amoreira com o gerente Leandro Cézar Teixeira, o prof issional Renato Watanabe e Cássio Tormena Em terceiro, Vitor Thiago Trevisan, de Ivatuba com Arquimedes Alexandrino e o prof issional Silvan Marchezan Em terceiro, Paulo José Santos, de Alvorada do Sul ao lado do prof issional Luiz Henrique Kovalek e do coordenador técnico de culturas anuais, Émerson Nunes Família do Campo Pá g . 2 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2 Dos anos difíceis à fartura Em Jaguapitã, a família Carrara só não deu meia volta, no início, porque não havia recursos. O destino mostrou, no entanto, que o lugar deles era mesmo aqui Jaguapitã (PR) I Marly Aires - Guerino Carrara e a esposa Zeferina saíram de Itápolis (SP) para o Paraná em 1947. O destino: Jaguapitã, onde vieram formar um cafezal. O sítio ficava em Prado Ferreira, na época era distrito de Porecatu. Com seis filhos, todos pequenos (o mais velho, Zeferino, tinha nove anos), eles só acabaram não voltando para o lugar de onde tinham vindo porque não havia dinheiro para as passagens. O tempo, no entanto, mostrou que o lugar deles era mesmo aqui. Zeferino conta que sua família foi contratada pelo dono das terras para abrir dois alqueires de mata. Quando chegaram, foi aquela trabalheira danada para limpar tudo antes de iniciar o cultivo de café, com milho, feijão e arroz nas entrelinhas. No segundo ano, uma longa seca fez o pessoal perder todo o serviço. “Foram anos sofridos. A gente vivia do que a mata oferecia: palmito, marmelo, jabuticaba, outros frutos silvestres, carne de caça e peixe. Conseguimos um pouco de milho emprestado com um tio que tinha chegado antes de nós, para fazer a polenta”, lembra Zeferino. Como os vizinhos mais próximos ficavam distantes, nem valia a pena prestar serviço para outros produtores. Na década de 1960, já mais acostumados ao jeitão do Paraná, os Carrara enfrentaram geada forte, seguida de uma seca igual àquela. Foi um tempo em que grandes incêndios aconteceram pelo Estado. Treze filhos A primeira casa que eles construíram foi de palmito coberta com folhão de cedro, que precisava ser trocado de vez em quando, porque apodrecia. Ali viveram por quatro anos e só depois ergueram uma casa de madeira coberta com tabuinha. Guerino e Zeferina faleceram no início da década de 1980, com pouca diferença de tempo. São 13 filhos, sete nascidos no Paraná. Se o casal ainda vivesse, teria 31 netos, 26 bisnetos e dois tataranetos. Em janeiro do ano passado, os Carrara conseguiram juntar toda a família, de mais de 130 integrantes. Além dos que residem no Paraná, há os que se mudaram para o interior de São Paulo e o Mato Grosso. Quando não era geada, a seca consumia a plantação. A história inicial é sempre lembrada nas reuniões em família Aprendendo com as dificuldades Na cidade, até então, havia somente uma venda, uma farmácia e uma sorveteria, além de um punhado de casas. Em 1955, a família adquiriu os primeiros 10 alqueires de área desmatada, onde havia um cafezal caturra recém plantado. Para variar, a geada de 1955 torrou tudo e a família teve que replantar. A lição foi dura, mas eles aprenderam. As terras compradas em seguida foram em lugares mais altos e, portanto, com menos possibilidade de perda. muito bagre, lembra-se Romeu, um dos filhos mais novos. A família sempre ia trabalhar junta, até os menores acompanhavam. Mesmo quando a mãe descia ao rio para lavar roupa, os filhos iam junto. Com anzóis improvisados de arame e minhoca, eles pescavam o jantar. Tinha O remédio estava disponível na natureza. Boa parte das doenças era curada com chás caseiros e emplastos. A sabedoria popular indicava quais raízes e folhas curavam - um conhecimento que, hoje em dia, está desaparecendo. Com os plantios de subsistência e as criações, os anos de fartura não demoraram. Quem matava um boi, dividia entre os vizinhos para não estragar. Também faziam carne salgada, que secava ao sol. Já a carne do porco era frita e guardada por até dois meses na banha. Quando iam consumir, era só dar mais uma fritada. “Conseguimos um pouco de milho emprestado com um tio que tinha chegado antes de nós, para fazer a polenta” ZEFERINO, o filho mais velho do casal Guerino e Zeferina J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 3 p Tinha de tudo, principalmente onças Havia muita onça nas matas que circundavam a região de Jaguapitã. Tanto é verdade que o município recebeu esse nome de origem indígena, o qual significa onça pintada ou vermelha. Durante o mês de agosto, época de acasalamento desses felinos, os urros no meio do mato eram de arrepiar, comenta Zeferino. Os pioneiros Guerino e Zaferina chegaram em 1947 e os primeiros anos foram de grandes dif iculdades Caçador de primeira, Guerino Carrara não tinha medo de nada, nem mesmo de onça. Quando os cachorros perdigueiros recuavam assustados, se escondendo atrás dele, era sinal de que a pintada estava por perto. Sem hesitar, o destemido Guerino saía ao encalço delas. Em todo o tempo, ele bem que tentou avistar alguma, mas só sentia mesmo era o cheiro forte do animal e escutava seus ruídos. Nas noites em que percebia uma onça rondando a casa em busca de galinhas, Guerino saía atrás com a espingarda nas mãos. “Era doido para pegar, mas nunca encarou uma. Parecia que elas fugiam dele”, diz Zeferino. O velho Guerino adorava caçar aos domingos. No início, em meio à mata fechada, não havia outra diversão e o resultado da caça servia de alimento para a semana toda. E tinha de tudo em abundância: veados, pacas, antas... Experiente, ele sabia quando o rastro era fresco. Aí era só se posicionar nos carreiros e esperar o animal passar. Do café a diversificação O café foi a principal atividade até a década de 1970, quando o algodão começou a ganhar espaço na propriedade. Mas a família sempre teve diversas culturas de subsistência e criação de gado, porco e galinha para o consumo da família. Quando os pais faleceram, sete ainda trabalhavam e viviam juntos em 32 alqueires próprios, conta Daniel, outro dos 13 irmãos. Atualmente, cada um tem seu negócio. Juntos, somam mais de 160 alqueires cultivados entre área própria e arrendada, em parceria com os filhos. O café continua, mas a família diversificou, trabalhando também com laranja, soja, gado de corte e granja de frango. A maior parte ainda mora no sítio. Ao todo, são 13 cooperados e as mulheres estão integradas ao núcleo feminino. O tiro certeiro, seguido de três buzinadas, sinalizava de que havia bicho abatido e que precisava de ajuda para tirar o couro e descarnar. Aí, dividiam as carnes e colocavam tudo no embornal. O couro também era aproveitado. Depois de esticado e curtido no sal e sol, era vendido para os sapateiros. “Vá trabaiá” Zeferino conta que apesar da vontade que tinha de estudar, não foi possível ir muito longe. Estudou dois anos quando ainda estava em São Paulo. No Paraná, como não havia escolas próximas, ficou parado por cinco anos. Quando teve oportunidade de voltar a estudar, foi apenas três dias porque não suportou a gozação que tiravam dele, por já ser grande. Quando voltava da escola só escutava os berros: “Vá trabaiá oh molecão”. “Tô fora” No início da década de 1960, num ano de seca e geada, os Carrara aproveitaram para ir desmatar 13 alqueires que possuíam em Alto Piquiri. Mas quando chegaram à cidade, desistiram da empreitada. “Tinha muita gente mal encarada. Vendiam armas nas ruas e andavam de espingarda nas mãos fazendo qualquer coisa de tiro ao alvo”, conta Zeferino. O pai Guerino resolveu vender tudo no mesmo dia e voltou para casa. Pá g . 2 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2 Revestimento da carroceria Perdas de grãos nas estradas tem solução Cálculos do IBGE apontam que o prejuízo pode chegar a R$ 2,7 bilhões a cada safra no Brasil, o equivalente a 10 milhões de toneladas Maringá (PR) I Marly Aires - Durante o ano, milhares de caminhões cruzam as rodovias do País transportando 67% da carga agrícola brasileira, segundo dados do IBGE, percorrendo distâncias médias que superam os 500 km. E isso, na maior parte das vezes, em estradas de pistas simples, com desníveis e buracos, em péssimo estado de conservação, que geram trepidações e perdas através das frestas das carrocerias. Em paralelo, a inadequação da frota de caminhões, com elevada idade média, contribui para o aumento dessa perda. Cálculos do IBGE apontam que o prejuízo pode chegar a R$ 2,7 bilhões a cada safra no Brasil, o equivalente a 10 milhões de toneladas de grãos. Mas os grãos deixados na beira da estrada causam outros problemas como acidentes com carros e motos, ao tornar a pista escorregadia, ou com pessoas, inclusive crianças, que recolhem os grãos perdidos. Também, a soja tiguera, que cresce sem controle, pode ser foco de pragas e doenças para as lavouras comerciais. No Paraná, considerando uma produção média de 30 milhões de toneladas de grãos, 60 mil toneladas ficam nas estradas, frente à perda média de 0,2%, um percentual que é aceitável em muitos contratos de transporte. O que supera isso, o dono do caminhão é que paga o prejuízo. Há estatísticas, entre- Vantagens • Fácil instalação, não requer modificação na carroceria. • Possui válvulas abre/fecha no assoalho e sistema de abertura com velcro na traseira, para bascular a carga. • Abertura total nas laterais e tampas permite o transporte de cargas a granel, ensacada ou encaixotada, sem ter que ser retirado. • É totalmente reciclável e de fabricação nacional. • Pesa no máximo 15 kg, não interferindo no peso do caminhão. É dobrável como lona e de fácil manuseio. • Mais fácil de lavar do que a carroceira e pode ser higienizado. “Fica tudo vedado. Não tem por onde passar” ANTONIO ROBERTO RAMOS, encarregado de transporte da Transcocamar de Maringá. tanto, que apontam perdas de 1% e até 2% só no transporte rodoviário, o que daria de 300 mil a 600 mil toneladas de soja, milho, trigo, feijão, arroz e outros. Perde o produtor, os transportadores, toda a cadeia produtiva e até o consumidor, que paga mais caro pelo produto. Com a vedação da carroceria é possível eliminar o desperdício de grãos durante o transporte, apresentando alto custo-benef ício Sistema chega agora ao mercado O problema pode ser resolvido com um sistema de revestimento para qualquer modelo de carroceria de caminhão desenvolvido pela empresa Qualisack Embalagens Especiais, especializada na fabricação de big bags. A solução foi testada por 18 meses em grandes empresas transportadoras e chega agora ao mercado. Segundo o diretor da empresa, Ubirajara Martins, com a vedação da carroceria é possível eliminar o desperdício de grãos durante o transporte, apresentando alto custo-benefício. “Com a transcarga, os caminhões são nivelados em termos de perdas, zerando-as por completo”, diz. “Fica tudo vedado. Não tem por onde passar”, afirma Antonio Roberto Ramos, encarregado de transporte da Transcocamar de Maringá. Custo-benefício é elevado Considerando a carga de um bi-trem (37 toneladas), oito viagens no mês e a perda média de 0,25%, isso significa 12 sacas de soja jogadas fora no período ou R$ 646,80 (saca a R$ 52,50). Se for estimado 1% de perdas neste cálculo, serão 49 sacas e um prejuízo de R$ 2.572,50. Como o revestimento instalado fica por cerca de R$ 1.550,00, em menos de um mês, ou em cinco viagens, o transcarga se paga só com o que o caminhão deixa de perder, afirma Ubirajara Martins. Feito em material resistente, o revestimento dura por duas safras e pode ser utilizado no transporte de produtos a granel (grãos, adubo, corretivos, açúcar, farelo e outros), em todo tipo de carroceria, até do caminhão que vem da roça ou na carreta do trator, eliminando as perdas durante o transporte. É fabricado em ráfia de polipropileno, material usado nos big bag, sendo laminado para que produtos deslizem mais facilmente, facilitando a descarga e evitando riscos de acidentes no tombador. Açúcar, farelo e outros produtos podem empedrar, provocando tombamento do caminhão. No caso do transporte de açúcar, adubo e corretivos há uma vantagem extra: evita a corrosão do caminhão, aumentando a vida útil deste e diminuindo as manutenções. Citricultura J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 5 Dreyfus faz apresentação oficial Compradora da indústria de sucos concentrados em Paranavaí, companhia inicia com a cooperativa uma parceria inédita no setor Paranavaí (PR) I Marcela Miranda (com informações da redação) – A Louis Dreyfus Commodities (LDC), compradora da indústria de sucos concentrados da Cocamar em Paranavaí, é uma das mais rentáveis do setor no mundo. Entre as três maiores processadoras de suco de laranja do planeta, com quatro fábricas no Brasil, o grupo fatura US$ 60 bilhões e possui US$ 6 bilhões em ativos. Para mostrar números como esses e falar de sua operação na região, a LDC reuniu dirigentes e associados da cooperativa, bem como autoridades, para uma apresentação oficial no último dia 1º em Paranavaí. Na oportunidade, o diretor de Operação de Citrus, Henrique Dias, declarou que a empresa “tem muito a aprender com os produtores da Cocamar”. Segundo ele, “a equipe da cooperativa foi muito bem treinada e competente em manter essa indústria.” Já o vice-presidente da Cocamar, José Fernandes Jardim Junior, ressaltou que “a cooperativa e Dreyfus desenvolvem um modelo diferenciado de parceria nesse setor, no Brasil: nós temos a produção e eles a industrialização”. Por sua vez, o secretário da Agricultura do Paraná, Norberto “Uma estrutura exemplar” Também presente em Paranavaí, o presidente da Louis Dreyfus Commodities na América Latina, André Roth, anunciou aos produtores da região que o processamento de laranja na unidade começaria no início de junho. Segundo ele, esta agilidade no início das atividades está sendo possível porque a Cocamar manteve uma estrutura exemplar de funcionamento. Na opinião de Roth, a presença da Louis Dreyfus em Paranavaí é oportuna para fortalecer sua atuação no Paraná. Outro motivo para comemorar, disse ele, é o fato de a companhia estar completando, em 2012, 70 anos no Brasil. Ortigara, lembrou que foi graças à iniciativa da Cocamar e ao apoio do governo do Estado, que a citricultura tornou-se uma atividade representativa na região. “Espero que, com a participação da Dreyfus, os produtores possam expandir essa cultura e que a parceria entre as duas empresas traga uma nova dinâmica econômica nesse setor.” Dirigentes da companhia e da Cocamar, ao lado do secretário estadual da Agricultura: o produtor vai continuar recebendo assistência da cooperativa e fornecendo a produção para a empresa Empresa avalia produção e potencial de crescimento Desde março, quando a Cocamar anunciou a venda da indústria para a LDC, um trabalho de avaliação de produção e de potencial de crescimento em toda a região tem sido realizado pela companhia, que assumiu a unidade em 1º de abril. “Estamos apostando na parceria com os citricultores porque temos a certeza de que o agricultor do Paraná é muito competente”, disse o diretor Hen- rique Freitas. Na prática, a presença da Louis Dreyfus Commodities em Paranavaí não deve interferir na rotina de negócios entre indústria e citricultores. “O sistema operacional não muda. O produtor continua recebendo assistência da Cocamar e fornecendo a produção para a empresa. A estrutura física é a mesma, e vamos continuar trabalhando para crescer cada vez mais”, informou o diretor. Fique atento Pá g . 2 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2 Depois de acionado o seguro, produtor não pode mais mexer na lavoura Ele depende de uma liberação da seguradora Maringá (PR) I Da Redação - Perito em seguro agrícola, o engenheiro agrônomo Fábio Gonçalves Pirajá, da cooperativa Unicampo, faz uma orientação aos produtores sobre o procedimento correto quando precisam acionar a seguradora para a realização de uma vistoria em suas lavouras. Segundo Fábio, enquanto a vistoria não for feita, o produtor não pode mexer na lavoura, sob risco de perder a indenização. Ele conta que na recente safra de soja, em que muitos produtores tiveram perdas ocasionadas pela seca, houve situações assim. “Teve gente que acionou o seguro e, sem esperar pela vistoria, colheu o que restou da lavoura de soja para fazer o plantio de milho safrinha”, diz. Em casos assim, ressalta, não há mais o que fazer: “Depois que o agricultor aciona o seguro, a lavoura não pertence mais a ele e, sim, à seguradora”. Fábio insiste: “Não adianta colher e deixar a safra no silo ou em cima de caminhões. Nesse caso, o perito não tem o que fazer”. O especialista Pedro Loyola, da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), lembra que o custo do seguro ainda é muito alto para os produtores, representando 6,5% da planilha de despesas, o que se deve à baixa subvenção do governo federal. “O produtor, portanto, não pode descuidar, pois o seu prejuízo pode ficar ainda maior”. De acordo com o Loiola, o governo vem falhando em relação ao seguro agrícola, considerando que o existente ainda não atende às necessidades. Sicredi antecipa contratação do seguro “Colheita Garantida” Maringá (PR) I Da Redação - Aos produtores de soja e milho que se preparam para a próxima safra de verão, a Sicredi União informa que já está fazendo a contratação do Seguro “Colheita Garantida”, que indeniza o agricultor em caso de perdas quantitativas decorrentes de eventos climáticos, indenizando conforme o nível de cobertura estabelecido. “Ao contratar o seguro, o produtor se previne contra possíveis prejuízos, além de ter o benefício de 50% de subvenção federal”, comenta o assessor de seguros da cooperativa, João Aleixo. O diretor executivo Rogério Machado reforça: “É importante que os produtores antecipem a contratação do seguro, usufruindo “Depois que o agricultor aciona o seguro, a lavoura não pertence mais a ele e, sim, à seguradora” FÁBIO GONÇALVES PIRAJÁ, engenheiro agrônomo e perito da Unicampo Produtor conta com 50% de subvenção federal assim da subvenção federal, pois ainda não sabemos o montante de subsídio que o governo irá disponibilizar para atender ao novo Plano Safra. O produto nestas condições possui melhor cobertura e menor custo em relação ao Proagro”. COBERTURAS – O Seguro “Colheita Garantida” apresenta as seguintes coberturas: replantio (chuva excessiva, tromba d’água e granizo) e produção (incêndio e raio, chuvas excessivas, tromba d’água, granizo, seca, geada, ventos fortes e frio). As culturas seguradas são a soja e o milho, que tem 50% de subvenção federal. A produtividade garantida varia de 50% a 60% da produtividade média histórica. “É importante que os produtores antecipem a contratação do seguro. O produto possui melhor cobertura e menor custo em relação ao Proagro” ROGÉRIO MACHADO, diretor executivo da Sicredi União Lavoura tem cobertura para replantio e produção Turismo J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 7 Com dólar mais caro, Europa é opção Variação do euro tem sido pequena. É hora de aproveitar Maringá (PR) I Da Redação - O dólar teve um significativo aumento nos últimos meses, enquanto o euro permaneceu estável. Com disso, quem pretende fazer uma viagem ao exterior precisa saber que ela fica mais em conta, atualmente, se a opção for um dos países integrantes da zona do euro. Detalhe importante: as passagens são dolarizadas, mas o câmbio do aéreo é sempre inferior ao do utilizado para compras de pacotes e reservas em hotéis. Quem explica é o diretor da 9000 Turismo, de Maringá, Paulo Alves Pimentel. Segundo ele, com o dólar mais caro, passageiros tem preferido a Europa aos Estados Unidos. No continente europeu, uma boa rede hoteleira se soma a promoções de passagens e hotelaria a preços convidativos. Além disso, os preços das refeições estão estabilizados, pois o euro não sofre muitas oscilações. Eles podem ser adquiridos no Brasil e os passageiros não sofrem com variações cambiais”. Pimentel ressalta: “Quem pretende só fazer compras, mesmo com o câmbio alto do dólar, os preços nos Estados Unidos ainda são bem menores que os da Europa. Logo, esse detalhe tem que ser levado em consideração”. Pimentel acrescenta ainda que com as variações cambiais diárias, é fundamental uma programação detalhada dos custos totais da viagem, inclusive com alguns roteiros com “Sistema Tudo Incluído”, em que refeições, bebidas e hotelaria já estão com suas taxas incluídas no pacote. COMPRAS - Importante fazer um lembrete em relação às compras no exterior com cartões de crédito. Ao efetuar o pagamento da fatura, o passageiro deve considerar que pagará pelo câmbio do dia acrescido de IOF (em torno de 6%). Pimentel aconselha: “É necessária a consultoria de uma agência de turismo para informar sobre as vantagens e as desvantagens do cartão, da conversão da moeda e ou utilização de cartões nas moedas de cada país. CONSULTE UMA AGÊNCIA - Vale lembrar ainda, segundo o diretor da 9000, que nem sempre comprar um pacote fica mais barato do que adquirir uma viagem em uma agência, onde os serviços podem ser contratados em separado. Isto porque o câmbio do aéreo em pacotes é o mesmo do terrestre (sempre maior). Portanto, antes de contratar uma viagem ao exterior, analise todos esses diferenciais. Pá g . 2 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2 Cooperativismo e Meio Ambiente O lixo que vira luxo Pequenas cooperativas de reciclagem envolvendo um contingente de homens e mulheres humildes, promovem inclusão social e estão por trás de um trabalho que, embora essencial para a preservação do meio ambiente, nem sempre é apoiado e compreendido pela sociedade J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 9 Maringá (PR) I Rogério Recco - Ele está na moda. Tema recorrente do carnaval e cenário de novelas, o lixo é sempre lembrado quando se fala em sustentabilidade. Para retirar garrafas plásticas do ambiente, por exemplo, a Volkswagen acaba de anunciar o lançamento de um modelo Gol com 90% de revestimento ecológico. Até a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) quer a seleção envergando camisetas confeccionadas com fio 100% pet na Copa de 2014. A preocupação com o ambiente é inadiável, sem dúvida. Mas poucos estão atentos à base dessa cadeia de reciclagem que começa pelas pequenas cooperativas de catadores de rua. E muito fariam em casa se, ao menos, praticassem a coleta seletiva, algo ainda incipiente no país. Aos 40 anos, a maringaense Genilda está grávida pela quinta vez. Em agosto, o filho Davi vai se juntar aos irmãos Guilherme, Reinaldo, Vitória e Jamile. Recicladora de lixo, ela não tem marido, FALTA CONSCIÊNCIA 300 toneladas de lixo, por dia, são produzidas em Maringá. Pelo menos 30% poderiam ser reciclados, mas coleta seletiva ainda é incipiente “Traz dignidade para quem depende disso para viver” GENILDA, recicladora cooperada da CooperCanção, falando da vantagem de participar da cooperativa assim como todas as suas 16 colegas, cooperadas da CooperCanção, uma das cinco cooperativas de reciclagem da cidade, que tem 326 mil habitantes e produz 300 toneladas de lixo por dia. Trinta por cento do volume total de lixo recolhido poderiam ser reaproveitados, mas isto não acontece, pois a maior parte das famílias ainda faz descarte incorreto de resíduos orgânicos e recicláveis. Apenas 15 caminhões por semana, trazendo papel, plástico, alumínio e vidro, chegam às cooperativas, que precisam continuar buscando matéria-prima nas ruas. São 20 os cooperados da CooperCanção, três dos quais, apenas, do sexo masculino. Eles trabalham como “carrinheiros”, recolhendo lixo nas ruas e fazendo o desmonte de objetos e eletrodomésticos velhos para a retirada de alumínio e cobre. O ganho de Genilda não passa de R$ 400 mensais. Para sustentar a família e arcar com as despesas de casa, inclusive o aluguel, ela “se vira nos trinta”, como diz, prestando serviços de doméstica. A igreja evangélica que fica ao lado da cooperativa, no Jardim Santa Felicidade, região sul da cidade, fornece todos os meses uma cesta básica para cada reciclador. Há seis anos lidando com lixo, ela diz: “Meus filhos são criados principalmente com o que ganho aqui”. Segundo Genilda, o trabalho em cooperativa foi uma solução: “traz dignidade para quem depende disso para viver”. Por meio da cooperativa é que, recolhendo o INSS, ela terá direito a um salário maternidade enquanto não puder trabalhar. Pá g . 3 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2 Cooperativismo e Meio Ambiente Surpresas nem sempre boas Dentre os itens que os trabalhadores manuseiam na cooperativa, para encaminhar à etapa seguinte da reciclagem, os maiores volumes são de embalagens pet, jornais e revistas, papel branco e papelão, plásticos diversos, vidros e alumínio. A papelada está por toda parte, em fardos. Mas quando abrem os sacos abarrotados para fazer a separação por categoria, pode haver surpresas, lembra a presidente da cooperativa, Adélia Xavier Costa. “Muita gente, em casa, ainda não faz coleta seletiva”, reclama, enfatizando que, no meio do lixo, quase sempre há seringas, produtos tóxicos, vidros quebrados e objetos cortantes, que podem causar acidentes. Quando não é isso, parte do material chega sujo, sem condições de aproveitar. O CAMINHO DA RECICLAGEM Ela tem oito f ilhos e ajuda a manter netos e bisneto: “A vida é dura pra todo mundo” Ex-“carrinheira”, Carolina não tem saudades do lixão Antes, muitas das mulheres que atuam em cooperativas recorriam ao lixão do município, remexendo montes à caça de algo para reciclar. Disputavam espaço com outros catadores toda vez que o caminhão chegava para descarregar. Há alguns anos, no entanto, a Prefeitura acabou com o lixão. “Saudade? Tô fora”, diz Carolina Costa Lima, 64 anos. Depois de, durante uma década, coletar lixo nas ruas e ser “carrinheira”, ela ficou algum tempo no lixão e diz que até conseguia faturar bem. “Mas aquilo não é lugar de gente”, afirma, fazendo careta. E continua: “Aqui a gente é gente, lá a gente é bicho”. Com o que ganha na cooperativa, ela ajuda a manter quatro netos e um bisneto. “Tenho oito filhos e a vida é dura para todo mundo. A idade pesa mas não penso em parar”, resigna-se. Carolina conta que após um dia inteiro de serviço, em que permanece a maior parte do tempo em pé junto a uma grande mesa fazendo a seleção de materiais, ela corre para casa. Lá, ainda tem que cozinhar, lavar roupa, limpar, organizar as coisas. Uma rotina idêntica a de suas colegas. “Aqui a gente é gente, lá [no lixão] a gente é bicho” CAROLINA COSTA LIMA, recicladora de 64 anos 1 Quando se faz a separação adequada do lixo em casa, isto facilita para a cooperativa de recicladores, que o seleciona por tipo (plástico, papel, alumínio e vidro). No caso do pet, as embalagens são separadas por cor (transparentes e verdes). Cerca de 50 delas dão 1 quilo, vendido para o intermediário a R$ 1,50. 2 O intermediário junta grandes volumes de pet e o comercializa para empresas locais que fazem a moagem. 3 A etapa seguinte é São Paulo, onde a matéria-prima é transformada por indústrias especializadas em fibra de poliéster, ficando pronta para ser vendida a empresas do país inteiro, entre elas a Cocamar. 238 é o número de cooperativas filiadas à Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), em Elas congregam e 13 ramos de atividade 745 mil cooperados 65 mil colaboradores Estima-se que haja menos de 300 cooperativas de reciclagem de lixo no Paraná, com média de 40 trabalhadores diretamente envolvidos em cada uma J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 1 Parte mais fraca da cadeia tem pouco apoio “Somos a parte mais vulnerável da cadeia de reciclagem e, mesmo assim, recebemos pouco apoio”, lamenta Paulo Betiatto, de 54 anos, secretário da Associação dos Agentes Ecológicos e Recicladores de Maringá. A entidade movimenta cerca de 60 a 70 toneladas de lixo reciclável por mês, entregue principalmente por empresas e condomínios. De acordo com Paulo, a limitada estrutura montada em um barracão alugado na Avenida Guaíra, região central da cidade, não permite escala para negociar grandes quantidades de materiais. Por isso, a venda é feita a intermediários. Paulo afirma que clubes de rotarianos são os únicos a prestar apoio. E, por iniciativa deles, a entidade soube que vai ser agraciada com equipamentos conseguidos junto a Fundação Nacional da Saúde (Funasa): uma empilhadeira, duas prensas e uma balança. Segundo ele, cerca de 60 pessoas dependem da associação, a qual enfrenta dificuldades em razão da queda dos preços de alguns dos principais materiais reciclá- É muito lixo Em meio a 260 mil toneladas de lixo produzidas diariamente no Brasil, segundo pesquisa publicada em dezembro último na Revista Veja, somente 2% deste total são beneficiados através da reciclagem e compostagem. Do montante, 53% são lixo orgânico, 25% papel e papelão, 2% vidro, 2% metal, 3% plásticos e 15% outros. O brasileiro produz, em média, 1,5 quilo de lixo por dia, o triplo da China. Só 55% das garrafas PET são reaproveitadas. O total corresponde a 253 mil toneladas por ano, que movimentam um valor acima de 300 milhões de reais. Como quase metade não é reciclada, isto significa, em dinheiro, mais de 250 milhões jogados fora. Já o reaproveitamento das latas de alumínio chega a 98%. São 14,7 bilhões de unidades por ano, que resultam em 980 mil toneladas, um valor de cerca de 400 milhões de reais. veis. O papelão, por exemplo, caiu de R$ 400 para R$ 250 o fardo de uma tonelada. Isto, de acordo com o secretário, impacta nos custos. Só com o aluguel das instalações, o desembolso mensal é de R$ 2.450. Paulo: a pequena estrutura um barracão alugado não permite escala para negociar grandes quantidades “Somos nós que defendemos o ambiente” A importância do trabalho dos recicladores para a preservação do meio ambiente traz satisfação à Adélia Xavier Costa, a presidente da CooperCanção. Aos 43 anos, essa ex-vendedora de roupas diz que se apegou ao seu ofício e à cooperativa que dirige há dois anos por entender que está ajudando “a melhorar o mundo”. Com uma ponta de orgulho, afirma: “Somos nós que defendemos o ambiente”. E pergunta: “Sem os recicladores, como seria?”. Ela é mãe de Anderson, 22 anos, Gislaine, 21 e Diego, 14. A filha sofre de paralisia cerebral. Adélia conta que fica contente ao saber que do pet são obtidos diversos produtos, alguns dos quais possui em sua casa, como vassoura e malhas. A cooperativa, segundo ela, organizou o trabalho dos recicladores, que antes dependiam da própria sorte e eram explorados pelos atravessadores. Agora, a entidade recolhe tudo e faz a comercialização, sendo os resultados divididos entre os cooperados, na medida da participação de cada um. Dois dos futu- ros cooperados, ao que tudo indica, são os jovens Anderson Douglas Silva, de 21 anos, e João Santos, de 18. Ambos especializaram-se em desmanchar aparelhos eletrônicos imprestáveis que são deixados nas ruas, como ventiladores, televisões, restos de computadores e teclados. Tímidos, eles parecem meio acuados em um ambiente estritamente feminino, na cooperativa, mas dizem preferir ficar ali do que na rua. Adélia: cooperativa organizou o trabalho Pá g . 3 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 2 Cooperativismo e Meio Ambiente Na Cocamar, o fio ecológico A Cocamar Cooperativa Agroindustrial é tradicional compradora de fibra de poliéster – o produto originado da reciclagem de embalagens pet. O destino é a sua indústria de fios, para produção do chamado “fio ecológico”, em alta no mercado. A Cocamar foi pioneira no Brasil na elaboração desse fio e, até hoje, são apenas duas fiações especializadas no país, ambas no Paraná. O gerente industrial Nilton Perazzolo de Camargo conta que pelo menos 30% do total de 600 toneladas de fios elaborados por mês, na fiação, derivam do poliéster originário da embalagem pet, onde a fibra é adicionada a algodão na proporção de 50% cada. O algodão vai conferir maciez ao tecido. “A produção atende a uma demanda formada por um grande número de malharias e confecções”, diz, lembrando que os cerca de 300 colaboradores da fiação utilizam uniformes elaborados exclusivamente com este tipo de fio. De acordo com o gerente, a produção de fio ecológico na indústria da Cocamar retira do meio ambiente cerca de 45 milhões de garrafas pet a cada mês. Modelo da Paraná Fabril exibe camiseta feita com f io ecológico A produção da f iação equivale a retirar 45 milhões de gar rafas pet do ambiente por mês Não é mais barato De acordo com a gerente comercial Fibras da Cocamar, Elaine Patrocino Lopes, muita gente ainda pensa que, por ser originário do lixo, o fio pet deveria custar mais barato que o similar de algodão ou sintético, o que não ocorre. “Por interligar vários elos de uma cadeia, ele acaba ficando um pouco mais caro”, explica. Ela defende que prefeituras de municípios que têm apelo ecológico, caso de Maringá, adotem o uso, por parte de seus trabalhadores, de uniformes elaborados com o fio derivado de garrafas pet, servindo de exemplo para outras cidades. Segmento de confecções é promissor A indústria têxtil que trabalha com o fio pet está ampliando o seu espaço no mercado. Em Maringá, a empresa Paraná Fabril, uma das poucas tecelagens e malharias especializadas na elaboração de camisetas ecológicas, está voltada a um segmento bastante promissor, segundo a gerente comercial Sandra Lemos. Entre suas principais clientes, empresas como a Natura e também a Fundação Bradesco encomendam centenas de milhares de unidades por ano, que direcionam aos seus projetos de responsabilidade social. Sandra confirma que parte dos consumidores ainda reclama do preço, mas justifica: “ele embute algo muito mais importante, que é a contribuição para com o meio ambiente. Quando alguém compra uma camiseta dessas, está fazendo a sua parte”. Na virada Sustentável Nos início de junho, em São Paulo, a 2º edição da Virada Sustentável em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente mobilizou milhares de pessoas. No evento, a difusão do uso da camiseta feita de pet foi um dos temas. Baseado na regra dos três “erres” (reduza, reutilize e recicle), o objetivo dos organizadores é retirar das ruas milhões de garrafas nos próximos anos. Uma das estratégias é a conscientização das pessoas para os problemas socioambientais causados pela não reciclagem das garrafas. Café J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 3 Capricho e tecnologia não podem faltar Produtor de Alvorada do Sul projeta cultivar um total de 13 alqueires com 130 mil pés de café mecanizados e fertirrigados Alvorada do Sul (PR) I Marly Aires - Com 100 mil pés de café plantados em 10 alqueires, o produtor Milton Benelli, de Alvorada do Sul, decidiu apostar na cultura investindo em fertirrigação e mecanização, oferecendo assim todas as condições para que essa lavoura tenha a melhor produtividade possível. O produtor se prepara agora para plantar mais 30 mil mudas em três alqueires, fechando toda a área agricultável da propriedade. De origem rural, Benelli acabou indo cedo para a cidade, onde montou um escritório de contabilidade. Seu sonho, entretanto, era voltar para o campo. Em 2000, comprou os primeiros quatro alqueires e cultivou 30 mil pés. Quando colocou tudo na ponta do lápis para decidir em que investir, descobriu que o velho e bom café, tão conhecido por ele quando seu pai tinha sítio, era ainda a melhor opção. O cafeicultor destaca: “o café bem conduzido é uma excelente alternativa de renda para as pequenas áreas, sendo possível obter uma rentabilidade quatro vezes maior do que a soja”. Mas avisa: “não se pode plantar nem tocar a lavoura de qualquer jeito. Tem que ser com tecnologia e mecanizado”. “O café bem conduzido é uma excelente alternativa de renda para as pequenas áreas” MILTON BENELLI, produtor Com orientação técnica, Benelli conduz sua lavoura de forma diferenciada Com fertirrigação, produtividade é maior Orientado pelo técnico especialista em café, Antonio Aparecido de Lima, Milton Benelli tem conduzido sua lavoura de forma diferenciada, adotando as tecnologias recomendadas pela pesquisa como poda, adubação de acordo com a demanda da planta e do solo, adubação foliar, controle efetivo de pragas e doenças, roçada ecológica e tudo mais que a cultura necessita. O produtor adotou o espaçamento de três metros e meio por 80 centímetros entre as plantas e optado pelas variedades catuaí vermelho, iapar 98, 99 e 103 e tupi, cuja colheita acontece quase praticamente na mesma época, possibilitando a mecanização. Já na safra passada ele fez um teste, conseguindo resultados satisfatórios e tem adquirido equipamentos para fazer a mecanização. Cerca de 80 mil pés foram irrigados em agosto do ano passado e a fertirrigação começa a ser colocada em prática. Com isso, Benelli acredita que será possível aumentar a produção em 20%, além de economizar com mão de obra, que é cara e está em falta. “A fertirrigação permite várias aplicações, fazendo com que os nutrientes cheguem à planta no momento certo e de forma mais bem localizada, diminuindo as perdas e aumentando o aproveitamento pela planta”, afirma. Tirando as lavouras recém plantadas e podadas, em 50 mil pés foram obtidas 550 sacas beneficiadas por safra, considerando a média de dois anos. Em 2013/14, quando toda a área estiver produzindo, serão mais de 3,5 mil sacas beneficiadas, estima o produtor. Embarques recuam e informações são contraditórias Os embarques de café brasileiro, em maio, recuaram em comparação ao mesmo mês em 2011, segundo informou o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil. Foram 2,067 milhões de sacas de 60 quilos, 575 mil sacas a menos. O volume, no entanto, foi 62 mil sacas a mais que em abril. Nos cinco primeiros meses do ano, as exportações atingiram 10,7 milhões de sacas, 22% a menos que em igual período no ano passado. Segundo especialistas, de um lado os produtores estão segurando o estoque que, no geral é considerado baixo em nível mundial. De outro lado, o importador tenta empurrar com a barriga a com- pra do produto, rolando os embarques e tentando cancelar compras a preços mais altos que fez no ano passado. Ao mesmo tempo, está atrás do café robusta que serve para fazer a mistura no café arábica em cerca de 40% ou até mais. Considerando que o Vietnã, segundo maior produtor mundial, não deverá oferecer mais de 17/18 milhões de sacas quando se apostava que iria colher 21/22 milhões, a conclusão é que o mundo, queira ou não, fica dependente do arábica brasileiro, parte do qual ainda está na árvore. A orientação é que os cafeicultores não corram para vendê-lo a qualquer preço. Comunidade Pá g . 3 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2 O NÚCLEO FEMININO de Maringá organizou um almoço benef icente no dia 6 de maio no salão comunitário da Capela Bom Jesus, situada na Gleba Pingüim, que foi bastante prestigiado. Com muita disposição, o pessoal botou a mão na massa para arrecadar recursos que foram destinados à aquisição de 1.080 litros de leite para a entidade assistencial Casa de Emaús. Ao término do almoço, as participantes receberam os merecidos parabéns pela iniciativa e a dedicação. (Colaboração Lourenço Gonçalves) A comunidade apoiou o trabalho das integrantes do núcleo que, coordenada por Maria Rufato, fez a doação do leite comprado com a arrecadação do almoço. A Casa de Emaús, fundada em março de 2001, funciona como centro de apoio aos portadores do HIV/Aids e assiste atualmente a mais de 150 pacientes de Maringá e região. Formada a partir da necessidade de acolher e atender aos portadores da enfermidade e seus familiares, a Casa enfrenta dif iculdades f inanceiras e solicita o auxílio da população. O telefone é 3263-9963/3262-8429 FORMADA por vários cooperados, a família Lucas reuniu-se em Maringá para uma confraternização em agradecimento às boas colheitas dos últimos anos. Participaram, também, colaboradores das unidades de Maringá e Paiçandu CERCA DE 1,2 mil pessoas participaram em Maringá da 8ª Costela ao Fogo de Chão realizada dia 10 de junho pela Associação dos Produtores da Região do Guerra (Apreg), na Estrada Santo Inácio. Por força da tradição e do sabor diferenciado da carne, a costela atraiu gente de toda a região, entre os quais dirigentes e colaboradores da Cocamar, que sempre prestigiam o evento. Da esquerda para a direita, João Carlos de Souza, gerente de produção da Unidade Maringá; Hélio Afonso da Fonseca, cooperado e diretor da Apreg; Divanir Higino da Silva, diretor-secretário da Cocamar e Antonio de Souza Gomes Neto, cooperado. Ao lado, detalhe da costela sendo assada Produtos Optimum Intrasect, a mais nova combinação de tecnologias Bt Goran Kuhar* A introdução do milho Bt no Brasil é um exemplo global do profissionalismo do agricultor brasileiro sempre disposto a adotar tecnologias que lhe tragam novas soluções a problemas graves como o ataque de lagartas no milho, reduzindo riscos e aumentando as possibilidades de incrementar a sua produtividade, melhorar a qualidade do produto final e a lucratividade. Fiel à sua tradição de parceira com o agricultor e ao seu perfil de inovadora como canal de novas tecnologias, a Pioneer inovou, combinando dois produtos testados e aprovados pelos produtores, o milho Herculex e o milho YieldGard, gerando a tecnologia Optimum Intrasect , uma nova geração e, portanto, uma evolução da tecnologia Bt em milho. A presença nas plantas de milho, simultaneamente, das proteínas Cry1F e Cry1Ab, propicia excelente controle das principais pragas tais como a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), a broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis) e a elasmo (Elasmopalpus lignosellus). Ainda, complementado com melhor controle da lagartadas-espigas (Helicoverpa zea) e da lagarta-rosca (Agrotis ipsilon), e o controle de pragas secundárias como a lagartadas-vagens (Spodoptera eridania) e a lagarta-do-trigo (Pseudaletia sequax), que podem aparecer na lavoura e assim ganhar importância econômica em virtude do controle das pragas principais. Além das duas proteínas Bt, o milho Optimum Intrasect ainda tem ferramentas que auxiliam no melhor manejo das plantas daninhas. Uma delas é a tecnologia Liberty Link de tolerância a herbicidas formulados com Glufosinato de Amônio presente no milho Herculex. A outra tecnologia que poderá ser incorporada como ferramenta adicional é a tecnologia Roundup Ready de tolerância aos herbicidas Roundup, aumentando ainda mais o espectro de controle das plantas daninhas. Vários híbridos da marca Pioneer estão em fase de registro no Registro Nacional de Cultivares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e já estão sendo comercializados em 2012. *Gerente de Registro e Regulamentação da Pioneer BioGene lança 5 novos híbridos de milho Tecnologia faz parte da origem da BioGene, e nesta safra ela está lançando no mercado cinco híbridos de milho, totalizando onze produtos em seu portfólio, atendendo os mercados de verão e safrinha. São híbridos com características que vão desde o ciclo e pendoamento superprecoce até especiais para silagem. Além disso, está investindo em tecnologias que potencializam e aumentam o controle de pragas do milho, como Herculex e a combinação Herculex e Roundup Ready, e opções de Tratamento de Sementes Industrial. Isso demonstra o compromisso da BioGene em ser uma marca cada vez mais presente no dia a dia do agricultor, ajudando-o a aumentar a produção de grãos e contribuindo para o crescimento da agricultura brasileira. Almanaque J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 5 Sushi, saboroso e saudável Fazer sushi para a família de Regina Shizuko Koga, de Assaí, esposa do cooperado Cláudio Koga, dá trabalho. Todo mundo gosta do tradicional prato da culinária japonesa, reconhecido como uma das iguarias mais saudáveis. “Quem experimenta, se delicia”, diz. Ela conta que, antigamente, para transportar os peixes para outros lugares, costumava-se conservá-los no arroz cozido. Os japoneses sabiam que o ce- real, ao liberar os ácidos acético e láctico, manteria a qualidade do alimento por mais tempo. A técnica também era utilizada por pescadores em alto mar, que criaram o sushi prensado o qual foi evoluindo através dos anos pelos países por onde se espalhou, ganhando ingredientes locais. INGREDIENTES • 1 kg de arroz japonês • 1 ½ litro de água Regina Shizuko Koga, de Assaí, ensina a fazer • 1 copo de açúcar • 3 colheres (sopa) de vinagre de arroz • 1 colher (chá) de Ajinomoto • 3 colheres (chá) de sal • 1 colher (sopa) de saquê • 10 folhas de noricalga desidratada (feito de alga marinha) Para recheio: omelete de três ovos (sem tempero), 50g de kampio (passar água quente e temperar com açúcar, shoyo e Ajinomoto) e soboro ou gengibre. Pode também colocar pepino japonês e cenoura cozida, frutas, atum com alface e outros. PREPARO Regina: esse alimento tem história e “quem experimenta, se delicia” Cozinhe apenas o arroz. Depois de pronto, misture os temperos. Coloque uma folha de noricalga sobre o sudare (esteirinha de bambu própria para o preparo de sushi), esparrame o arroz ainda morno sobre a folha deixando a beirada livre para fechar, e coloque o recheio no primeiro terço da folha. Enrole e molde com o auxílio do sudare, comprima as extremidades e retire o sudare. Dá 10 unidades. Corte cada rolinho em oito fatias com uma faca passando-a em um guardanapo umedecido. Contagem regressiva Pá g . 3 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 2 Esta é a terceira de uma série de matérias que marcam a contagem regressiva rumo ao aniversário de 50 anos da Cocamar, em março de 2013 José Pires de Almeida, o “salvador da pátria” Em 1967, o então presidente do Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC) cruzou o caminho da cooperativa que, mergulhada em dificuldades, corria o risco de fechar. Graças ao seu empenho pessoal, a entidade recuperou-se e ganhou impulso para crescer Maringá (PR) I Da Redação - Fundada em 1963, a Cocamar enfrentava dificuldades em razão da decadência da cafeicultura e a falta de participação dos cooperados. No ano de 1967, a diretoria comandada pelo presidente José Cassiano Gomes dos Reis Júnior convidou o então ministro da Agricultura, Hugo de Almeida Leme, para uma visita a Maringá. Leme havia sido professor de Cassiano na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP). Não demorou para o ministro atender ao convite. A visita de Hugo Leme não apenas ajudou a fortalecer ainda mais a diretoria junto aos produtores e a comunidade, como facilitaria na abertura de algumas portas e levar a um homem de grande importância para a reviravolta da entidade: o presidente do Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC), José Pires de Almeida, diretamente subordinado ao ministro. Pires era um grande entusiasta do cooperativismo. Pouco depois da visita de Hugo Leme, seria Almeida, que faleceu há poucos anos, era um incentivador do cooperativismo e grande amigo da Cocamar; abaixo, a primeira usina de benef iciamento, que levou o seu nome A ajuda para entrar no algodão a vez do presidente do BNCC estar em Maringá, onde foi colocado a par das dificuldades enfrentadas pela cooperativa. Sabendo que a entidade corria o risco de fechar as portas, Pires disse que isto, se realmente acontecesse, representaria um desastre para o cooperativismo do norte do Paraná, podendo afetar outras. E conseguiu acender o que poderia ser a “luz do fundo do túnel”: prometeu realizar esforços junto aos órgãos federais, principalmente o BNCC, para tentar a liberação de recursos e assim resolver a situação. Mas deixou bem claro: a única pessoa que poderia ajudar a Cocamar realmente era um dos homens mais poderosos do país na época, o ministro Roberto Campos. Informou Pires que seria pleiteada Com Roberto Campos, o homem que mandava em tudo Tempos depois, Pires cumpriria o prometido, informando o dia e a hora do encontro tão esperado e decisivo para o futuro da cooperativa. Segundo o então diretor Constâncio Pereira Dias, o agendamento foi possível graças, também, ao empenho pessoal de José Agostinho Trigo Drumond Gonçalves, diretor da Companhia de Financiamento da Produção (CFP). Na audiência: José Cassiano e Constâncio, acompanhados do presidente do BNCC, são colocados frente a frente com o poderoso Roberto Campos. Os dirigentes expuseram os problemas enfrentados pela cooperativa mas a conversa seria interrompida por um chamado urgente do presidente Castelo Branco, ao telefone, que necessitava falar com Campos. Quando este retornou à reunião, após alguns minutos, os problemas e os pleitos daquela pequena cooperativa de Maringá, representada pelos dois moços, parecia infinitamente menor que as grandes questões nacionais a que estava acostumado e que certamente havia tratado com o presidente. E para encurtar a conversa, ordenou ao seu chefe de gabinete, Milcíades Mário Sá Freire de Souza, o Sá Freire, ali, presente, que providenciasse ajuda “aos meninos”. A Cocamar sobreviveria. Através de Sá Freire, que falava com toda a autoridade que lhe havia sido dada pelo ministro Roberto Campos, a cooperativa teve acesso a um empréstimo de 300 milhões de cruzeiros junto ao IBC, o que lhe permitiu fôlego para pagar as dívidas mais urgentes e poder continuar sua trajetória. O resultado imediato é que os associados voltaram e se animar e a operar com a entidade. O algodão tinha se transformado em um negócio atraente para as empresas que atuavam na região e podia representar a salvação para a Cocamar, que dependia demasiadamente do café. Porém, a diretoria concluiu que os equipamentos para montar uma usina de beneficiamento eram muito caros. Em conversa com Paulo Carneiro Ribeiro, diretor do IBC, os dirigentes se convenceram a entrar nesse setor. Em vez de comprar máquinas novas, a solução seria bem mais simples e barata: a aquisição de estruturas usadas, conforme sugeriu Primo Artiolli, o gerente operacional que era, também, um especialista em beneficiamento de algodão. Precisando de dinheiro para a empreitada, a diretoria não teve outra opção senão recorrer novamente a José Pires de Almeida, ainda presidente do BNCC, que se convenceu a arriscar: colocou à disposição da Cocamar um crédito de 230 milhões de cruzeiros, a curto prazo, com o fim específico de a cooperativa adquirir uma máquina de algodão, o que foi feito sem demora. Era o que precisava para impulsionar o crescimento da Cocamar. Com o algodão, a cooperativa saldou todas as suas dívidas e teria recursos, pouco tempo depois, para montar uma segunda usina de beneficiamento.
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