Versão em PDF - Cocamar Jornal De Serviço

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Opiniões
Pá g . 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 2
Mentes
abertas
Xico Graziano*
Resolvida, quando estiver, a pendenga sobre o
Código Florestal, baixada a poeira, chegará o
momento de as mentes
abertas se entreolharem
com mais respeito e
consideração. Chega
dessa discussão polarizada, e imbecil, que separa – ao invés de juntar
– a agricultura do meio
ambiente. Uma não vive
sem o outro.
(*) Agrônomo
Crescer sem preservar
é egoísmo burro
Dilma Rousseff*
Crescimento econômico sem preservação da natureza é egoísmo burro, exercido
contra nós, contra nossos filhos, netos e
descendentes, na medida em que compromete o futuro das próximas gerações.
Por isso, estamos reafirmando a aposta na
possibilidade de conciliar desenvolvimento e sustentabilidade, sintetizada no
trinômio "crescer, incluir e proteger".
O novo Código Florestal é o mais recente dos marcos regulatórios. O desenvolvimento deve ser sempre sustentável,
é um imperativo ético e de eficiência.
Nossa economia, para ser edificante e
O país parou
Miriam Leitão*
O país parou. O primeiro
trimestre de 2012 teve um
crescimento um pouquinho acima de zero:
0,2%. A novidade maior
do PIB trimestral divulgado pelo IBGE foi que a
indústria cresceu e a agropecuária despencou. O
tempo castigou a soja no
Sul do país, e a soja é 1/5
do PIB agrícola. O pior
dado foi a queda do investimento, que reduz as
chances de forte recuperação a curto prazo. O Brasil
cresceu menos que o previsto porque o mundo está
em crise? Alguns países
centrais, deste mundo que
nos causa problemas, cresceram mais do que nós,
como a Alemanha, 0,5%;
Estados Unidos, 0,5%;
Japão, 1%. Isso sem falar
na Coréia do Sul, com
0,9%: México, 1,3%; e
Chile, 1,4%. Esse vai ser
um ano de baixo crescimento, mas pode melhorar no segundo semestre.
(*) Publicado em 2 de junho
na Gazeta do Povo
competitiva, tem que ser sustentável. Proteger nossos rios, criar e preservar matas
ciliares é algo fundamental para a produção e a continuidade da produção em
nosso país.
O Brasil vem trilhando o caminho do
desenvolvimento sustentável com inclusão social: o PIB cresceu mais de 40% na
última década. Nesse mesmo período, 40
milhões de brasileiros ascenderam à
classe média, sem abusar de nossos recursos naturais. Crescemos, incluímos e, ao
mesmo tempo, nos transformamos em referência em preservação ambiental.
(*) Presidente da República
“O seguro rural, infelizmente,
não faz parte, neste momento,
da política agrícola governamental.
Existe a agravante do alto custo.
Num f inanciamento para lavouras
de ciclo médio – soja e milho, por
exemplo – o seguro privado consome
6,2% sobre o valor coberto.
É caro demais”
PEDRO LOYOLA, economista da
Federação da Agricultura do
Estado do Paraná (Faep)
E as médias
Propriedades?
Reinhold Stephanes*
O Código Florestal
precisa prever regras
para médias propriedades. Cito o exemplo
da recomposição de
matas nas margens de
rios, que passou a obedecer a uma escala, de
acordo com a largura
do rio e o tamanho da
propriedade, variando
de dois a quatro módulos fiscais. Nesse artigo, ficou pendente
uma regra que contemple propriedades
entre cinco e dez módulos, fazendo valer o
princípio da equidade
no tratamento para o
setor. Na
minha
emenda, a recomposição será de 30 metros,
contados da borda da
calha do leito regular,
para imóveis com área
superior a quatro e até
dez módulos fiscais,
nos cursos d’água com
mais de dez metros de
largura. Além disso, a
soma de todas as áreas
de preservação permanente não ultrapassará
25% da propriedade.
(*) Deputado federal
(PSD/PR)
Mercado
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Velocidade nos embarques de soja
Volume exportado em maio foi recorde. Diante da quebra de safra no mundo, compradores aceleraram os negócios
São Paulo (SP) I Da Redação - Em maio, o
Brasil exportou um volume recorde de soja,
aproveitando a entressafra nos Estados Unidos, o maior produtor mundial. Os embarques não param. Mesmo com uma produção
inferior a do ano passado, as vendas externas
atingiram volume recorde no mês passado.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior
(Secex), do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), os
negócios atingiram 7,2 milhões de toneladas,
quebrando um recorde mensal anterior, que
era de 61 milhões de toneladas em junho de
2009. A marca é 37% maior em comparação
ao mês de maio em 2011, quando foram embarcadas 5,3 milhões de toneladas.
“O recorde representa uma preocupação do
mercado internacional em relação à oferta do
produto. Diante da quebra da produção, os
compradores aceleraram os negócios”, informou um especialista.
Outro fator que contribuiu diretamente
para a alta exportação é que o país tinha estoques remanescentes da safra recorde anterior no início do ano. A China, o maior
importador global, continua sendo um dos
Metade da soja exportada pelo Brasil vai para a China
principais clientes do Brasil.
No acumulado de janeiro a maio, as exportações brasileiras de soja somam 18,5 milhões de toneladas. No mesmo período do
ano passado, eram 13,5 milhões.
No ciclo 2011/12, o Brasil produziu 66,9
milhões de toneladas de soja, bem abaixo do
potencial de 75 milhões de toneladas. O problema foi o clima seco, que afetou a produção em 5,5 milhões de toneladas. A quebra
de safra ocorreu justamente em um ano de
aumento do apetite pelo grão, vindo da
China, que hoje absorve mais da metade das
vendas externas do Brasil.
Na Cocamar, cooperados se desfazem de estoques
Cerca de 80% da safra 2011/12 já foram comercializados pelos produtores,
que estão antecipando a venda da commodity a ser colhida no início de 2013
Maringá (PR) I Da Redação - Cerca de 80%
dos estoques de soja da safra 2011/12 já foram
comercializados pelos produtores associados
da Cocamar. Comparando com o que aconteceu nos últimos anos, o percentual é elevado.
Para se ter ideia, em dezembro último apenas
60% dos cooperados haviam efetuado a fixação da commodity referente ao ciclo 2010/11,
praticamente repetindo o que ocorreu em
2010. Desta vez, os cooperados aproveitaram
a escalada de preços do produto para fazer a
venda. De janeiro a maio último, a cotação da
oleaginosa apresentou uma alta de 22,07%.
Foi a melhor performance entre todos os produtos da região: no mesmo período, o preço
do milho caiu 7,32%, o café 22,50%, o suco de
laranja 30,23%, enquanto o trigo subiu 3,89%.
Segundo o gerente comercial de grãos da cooperativa, Antonio Sérgio Bris, além de acelerar a venda da soja produzida no último
verão, os produtores já anteciparam a negocia-
ção de aproximadamente 15% da safra de
grãos 2012/13, a ser colhida no primeiro trimestre de 2013.
O produtor Alécio Rufatto, de Maringá, que
cultiva 20 alqueires na comunidade Pingüim,
disse que já vendeu metade da soja colhida na
última safra. “O preço que consegui variou
entre R$ 50 e R$ 56, um patamar que considero ótimo”, afirmou, completando: “Nós próximos dias pretendo comercializar mais uma
parcela”. Rufatto só lamenta ter produzido
menos que em 2011, devido a problemas climáticos.
Já Dorival Baveloni, qual planta 180 alqueires em sociedade com os irmãos Valdir e José
nos municípios de Astorga e Maringá, conta
que 70% da produção foram negociados. Os
sócios fizeram contrato a R$ 46, mas também
conseguiram vender a R$ 50 e R$ 56. Sobre
os restantes 30%, Dorival afirmou não ter planejado ainda a comercialização.
950
mil toneladas foi o volume
de soja recebido pela
Cocamar no início deste ano
Milho
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Pode faltar comprador
Se tudo correr bem na safra norte-americana que acaba de ser
semeada, previsão é que volume recorde impacte os preços
do produto, desestimulando a produção
Maringá-(PR) I Da Redação - A safra
de milho deste ciclo 2011/12 já movimenta o mercado para uma alta nos estoques, o que pode causar queda no
preço do produto e diminuir os plantios
da próxima safra. A expectativa é que a
produção brasileira do grão supere 67
milhões de toneladas no total (safras de
verão e de inverno), ante 57 milhões em
2010/11, com chances de ser revisada
para cima caso o clima não atrapalhe as
colheitas que estão por vir. No Paraná,
o volume poderá chegar a 30,3 milhões
de toneladas.
Atualmente os estoques particulares
estão próximos de 7 milhões de toneladas. Porém, o governo calcula que
eles chegarão a 26 milhões de toneladas depois de descontado o total consumido.
Entretanto, os produtores brasileiros
se preparam para enfrentar um mercado externo desfavorável caso se confirmem as projeções para a colheita
americana, calculada em 375 milhões
de toneladas, conforme o Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos (Usda). Se a safra for como é
esperada, pode faltar mercado no exterior para o milho brasileiro.
Usda já cogita
safra recorde
O plantio de milho e soja nos Estados Unidos foi concluído na primeira semana de junho. No ano passado, a
tarefa foi até o final do mês. Historicamente, as plantadeiras trabalham até a terceira semana. Ou seja, a semeadura foi encerrada com pelo menos 15 dias de
antecedência. A estimativa atual é que o cereal ocupe
38,8 milhões de hectares, 4,4% a mais do que na temporada passada, e a oleaginosa outros 29,9 milhões de hectares, com queda de 1,47%.
O que tem feito a diferença até o momento são os cálculos do Departamento de Agricultura dos EUA, o Usda,
sobre a expansão da área do milho e as avaliações de que
as lavouras seguem em boas condições. Desde maio, o
Usda vem informando que a safra atual tende a inundar
o mercado do milho com uma produção recorde e, por
outro lado, reduzir os estoques finais da soja a um volume
suficiente para apenas duas semanas.
Ucrânia na briga
Para agravar a situação, a Ucrânia, que neste ano terá
sua segunda produção recorde de milho, também entrará
na briga pelo fornecimento do grão, assumindo a posição
da Argentina como segundo maior exportador de milho
do mundo.
O cenário que se desenha, portanto, deve ser positivo
para os importadores de milho, porém negativo para os
preços no segundo semestre. Os compradores deverão ter
ofertas de vendas em todos os cantos do planeta. Quem
tiver o menor preço, garante o escoamento.
375
P rodutores brasileiros se veem diante da possibilidade de
enf rentar um mercado externo desfavorável
Exportação em ritmo lento
De janeiro a maio, o Brasil exportou 1,6
milhão de toneladas de milho e, para que
os preços do produto não sofram maiores
desvalorizações, o ideal é que país multiplique por dez esse volume nos próximos
seis meses.
O número estabelecido como meta pelo
setor é de 10 milhões de toneladas, praticamente o mesmo do ano passado,
quando o país ganhou parte do mercado
internacional ocupado pelos Estados Unidos – que tinham estoques apertados – e
principalmente pela Argentina, que teve
produção prejudicada pela seca.
O problema é que, neste ano, a safra
norte-americana do cereal – a maior do
mundo – entrará mais cedo do que o normal e tem tudo para alcançar volume recorde, talvez acima de 375 milhões de
toneladas. Ou seja, a produção esperada
pelos produtores dos Estados Unidos é
suficiente para recompor os estoques internos e devolver ao país sua participação
no mercado mundial de milho.
milhões de toneladas
é a projeção preliminar
da safra dos EUA.
Se confirmada, será a
maior da história
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A aposta na produtividade
Tempo tem sido favorável e agricultores se animam com a possibilidade de uma colheita bem melhor que a do ano passado
Produtores Adalton Diassi (esq.) e José Henrique
Orsini apostaram em alta tecnologia: até
avião foi usado para controlar fungos
Colheita em julho
Região I Cleber França – No município de Floresta, perto de Maringá, o cooperado José Henrique Orsini plantou 50 alqueires e deve ser um dos
primeiros da região a fazer a colheita. “No ano
passado, apesar da geada, colhemos 200 sacas de
média. Neste, espero mais de 240”, afirmou o produtor. O tempo tem ajudado mas ele fez a sua
parte: utilizou sementes de ciclo precoce, de 1º
linha, 700 quilos de adubo na base, mais 250 quilos de nitrogênio na cobertura e fez todos os tratamentos indicados. “Pra dar bem temos que
investir tanto quanto no verão”, disse, lembrando
que o controle de fungos foi feito com avião.
Em Doutor Camargo os 7,7 alqueires de lavouras de Adalton Diassi “são de encher os
olhos”. Ele cultiva outros 13 alqueires em Japurá
e, em ambas das propriedades, caprichou para ter
retorno. “Se Deus quiser, tem tudo para ser uma
safra boa”, sorri.
No município de Rancho Alegre, região de Londrina, o produtor Geraldo Chinaglia cultiva 100 alqueires e sua previsão é obter mais de 200 sacas em
média. “Estamos usando toda a tecnologia recomendada, não tem como dar errado”, acredita.
José Cláudio Ferrareto, dono de 35 alqueires
em Cambé, também está otimista. Ele conta que
nos últimos anos preferiu deixar o trigo de lado,
optando pelo milho, por ser mais rentável. Pela
primeira vez, Ferrareto apostou alto na produção
do cereal e estima colher 250 sacas em média,
contra 160 sacas no ano passado.
Com 90% das lavouras em fase de granação nos arredores de Maringá, a cultura do milho de inverno atinge
o seu ponto crítico neste momento. É o período em que
uma geada forte pode colocar grande parte da produção
a perder, conforme explica o engenheiro agrônomo
Edson Matsumoto, da Unidade da Cocamar em Maringá. A colheita começa em julho, com pico previsto
para primeira quinzena de agosto. Até que a safra esteja
garantida, o produtor terá que conviver com a possibilidade da chegada de frentes frias, comuns nesta época.
“As perspectivas são excelentes, com produção acima
do projetado inicialmente pela cooperativa”, informou o
coordenador técnico de Culturas Anuais, engenheiro
agrônomo Emerson Nunes. “A elevação na produtividade é estimada em 15% na comparação com a safra
do ano passado, com expectativa de 4.363 quilos em
média por hectare. Também se estima boa qualidade
da produção”.
Nesta safra, a área cultivada com milho na região da
Cocamar é 12% maior em comparação com 2011.
Lavoura e pecuária
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Em Iporã, integração empolga produtor
Com braquiária abundante no pasto, Albertino Afonso Branco incluiu a soja no verão e vê o sistema
como a saída para que a agropecuária regional volte a crescer
Iporã (PR) I Da Redação (colaborou Fernando Basso) - No final do ano passado, o
agropecuarista Albertino Afonso Branco, de
Iporã, município da região de Umuarama, no
extremo noroeste do Paraná, decidiu apostar no
sistema de integração lavoura e pecuária. “Foi
uma decisão acertada”, afirma Albertino, que é
integrante do Conselho de Administração da
Cocamar. A propriedade tem 200 alqueires.
Orientado pelo engenheiro agrônomo Fernando Basso, da Cocamar, em 15 alqueires
onde ele mantinha pastagem de capim braquiária, Albertino cultivou soja na última safra,
cujas sementes encontraram um solo corrigido
com calcário e gesso e protegido pela palha da
braquiária dessecada ainda em setembro.
O agrônomo acrescenta que o produtor, dono
de três aviários na propriedade, também costuma fazer adubação orgânica, utilizando para
isso a cama de frango recolhida dos barracões.
Com um tratamento assim, a soja se desenvolveu bem e, apesar da longa estiagem que
atingiu a região durante o ciclo da cultura, sua
média de produtividade chegou a 87 sacas por
alqueire. “Foi possível pagar as contas e ainda
sobrou um pouco”, afirma Albertino. Para se
ter ideia, houve produtores em que a média
ficou abaixo de 20 sacas por alqueire.
Depois de colhida a soja, Albertino voltou a
semear braquiária para retomar o ciclo da integração, destinando 5 dos 15 alqueires para a
cultura do milho safrinha. Com o bom desenvolvimento da braquiária, o produtor já colocou
80 vacas e 80 bezerros “no pé”, o que dá 130
UA (unidade animal) ou 13 cabeças de bovinos
por alqueire. “Para isso, há comida suficiente”,
relata o agrônomo Fernando. Os animais entram com 9 a 10 arrobas de peso e, até setembro, devem sair 16 a 18 arrobas. Detalhe: o
milho vai ajudar na alimentação. Na segunda
quinzena de setembro, o pasto é dessecado para
a cobertura do solo, que vai receber a soja em
outubro.
A soja financia o boi
Na integração, a soja entra para financiar a pecuária. Se o clima tivesse ajudado, Albertino calcula que poderia ter colhido acima de 130 sacas
por alqueire. Com os altos preços da oleaginosa
este ano, o negócio teria sido bastante lucrativo,
mas ele não desanima e diz que a integração “é a
saída para que o produtor do noroeste recupere as
pastagens degradadas e tenha mais retorno com a
agropecuária”.
Na foto acima, o gado
entra em junho e sai
em setembro, com 16
a 18 arrobas. Ao lado,
soja com camada de palha
deixada pela braquiária
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Pioneirismo
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“Sol nascente”, Assaí
completa 80 anos
Município foi planejado para receber e abrigar agricultores japoneses que,
ali, iniciaram sua história cultivando café, algodão e agora soja
Assaí (PR) I Marly Aires - Fundado em 1932 para abrigar agricultores japoneses, Assaí – que no
idioma deles quer dizer "sol nascente" – é um município localizado no norte do Paraná, reconhecido por sua hospitalidade.
Aos nipônicos juntaram-se famílias de diversas origens e, 80 anos
depois, eles ainda são maioria, representando 15% da população de
17 mil habitantes.
O dia 1º de maio marcou a data
histórica do município cuja economia é voltada à agricultura. No
começo, a exemplo do que ocorreu
em grande parte do Paraná, plantou-se muito café em Assaí, mas
o município ficaria conhecido
mesmo como a capital do ouro
branco devido a grande quantidade de algodão que saía das propriedades. O produtor José Yaitiro
Kimura, cooperado da Cocamar,
conta que a cidade chegou a ter
quase 10 usinas de beneficia-
mento de algodão.
A cultura chegou cedo e já era
plantada em 1934 nas entrelinhas
do café, proporcionando uma
renda até que o café começasse a
produzir. O fato de Assaí oferecer
uma terra de qualidade para o cultivo de algodão acabou atraindo
uma leva de interessados na época.
Em 1935 já eram mais de 200 famílias.
roba. Eles tinham vindo do Japão
apenas dois anos antes. Yaheiji, pai
de José, era um jovem de 18 anos.
Os Kimura vieram de São Paulo.
Toraje, o avô de José, trouxe a família em 1939 para abrir a mata e
formar cafezal em 20 alqueires na
região conhecida como Seção Pe-
José conta que mesmo com a região produzindo bastante café –
sendo difícil sofrer com geada - a
lavoura não suportou o frio intenso de 1953, o que fez com que
muita gente partisse para a cotonicultura. A soja, o trigo e o milho
só ganharam espaço a partir de
1970, sendo que o algodão entrou
em declínio na década de 1980.
A partir de 2008, José investiu no
plantio de laranja, cultura que integra a diversificação da propriedade.
Hoje, na gestão de 55 alqueires, o
produtor conta com a ajuda de
Hélio, um dos quatro filhos.
O produtor José Yaitiro
Kimura; embaixo, fotos
antigas, de sua família
1927
É fundada, no Japão, a Cooperativa de Imigração
1932
Chegam as primeiras famílias de japoneses.
Eles compraram terras por meio da Cia. Bratac
1934
Todos plantavam café mas, nesse ano,
começaram também a cultivar algodão
1953
Com a geada forte, o café abre espaço
para a cotonicultura
1970
Começam a ser cultivados soja, trigo e milho
2012
O município tem 17 mil habitantes,
15% dos quais de origem japonesa
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Uma cidade japonesa no Brasil
A vinda dos imigrantes para Assaí
foi subsidiada pelos governos central
e provincial do Japão. Para tanto, os
japoneses fundaram em 1927 a Cooperativa de Imigração e, no ano seguinte, a Sociedade Colonizadora do
Brasil (Bratac) adquiriu uma gleba de
13,6 mil alqueires de terras devolutas
na região então conhecida por Três
Barras.
Aoki, 78 anos, é a memória da família Schimizu, uma das tantas que se
engajaram no projeto Bratac, tendo
chegado em 1934 à Seção Peroba. Ele
é filho de um dos pioneiros, Yukito
Schimizu, que comprou 10 alqueires
naquela época.
A vinda das famílias japonesas de
São Paulo para o Paraná ocorreu em
1932. Chefiados por Miyuki Saito,
Itissuke Nishimura, Utaro Katsuda,
Tokujiro Tsutsui e Junzo Nagai, elas
foram as primeiras a se embrenhar
no mato e iniciar o povoado a partir
da Seção Peroba. Hoje, só existem ali
nove famílias de japoneses.
Por muito tempo, Assaí foi tal qual
uma cidade rural do Japão no Brasil.
A comunicação só se dava em japonês, língua que era ensinada nas escolas. Cada seção (gleba) tinha a sua,
mostrando a importância que as famílias orientais atribuem à educação.
Os esportes preferidos eram o beisebol, o judô e o sumô, com atletas
participando de competições nacionais. A Liga das Associações Culturais de Assaí (Laca), sempre
promoveu, também, concursos culturais.
Durante a Segunda Guerra Mundial, as escolas japonesas foram fechadas pelo governo brasileiro, que
proibiu também a comunicação pelo
idioma de origem e considerava crime
qualquer atividade em grupo. Mesmo
assim, as escolas funcionavam à noite,
nas casas, em pequenos grupos. De
Detalhe da igreja matriz: cidade exportou grande número
de mão de obra para o Japão, na década de 1990
1990 para cá, foram diminuindo e
hoje poucas ainda ensinam japonês,
comenta José Kimura.
Nos anos 1990, com o fenômeno
dos dekasseguis, um grande número
de jovens do município fez o caminho inverso dos antepassados, em
busca de uma vida melhor.
A agricultura é uma das principais
atividades econômicas do município.
Em junho, ocorre a Expoasa, Exposição Agrícola de Assaí, feira que este
ano completa 69 anos, sendo uma das
mais antigas exposições do Brasil.
Rolândia
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Unidade de atendimento
é entregue aos cooperados
Evento ocorrido dia
14 marcou também
o lançamento da
Campanha Purity
Cocamar 2012
Rolândia (PR) Da Redação (com informações de
Marcela Miranda) - A Cocamar fez a entrega aos
associados, na manhã do dia14 em Rolândia, das
novas instalações de sua unidade de atendimento,
com área de 539 metros quadrados. Além de
comportar a administração e a equipe de assistência técnica, o espaço abriga uma loja de insumos agropecuários. A unidade está, ainda,
acoplada a um barracão de insumos com 628 metros quadrados.
Acompanhado de outros dirigentes, o presidente
da cooperativa, Luiz Lourenço, ressaltou a importância do investimento feito para melhor atender
aos cooperados do município, oferecendo-lhes
comodidade. “A unidade da cooperativa não é
apenas um lugar para negócios, mas um local
onde eles se encontram”, disse Lourenço a cerca
de 300 convidados, entre os quais cooperados e
lideranças da administração municipal, com destaque para o prefeito Johnny Lehmann.
O cooperado Geraldo Lonardoni elogiou a nova
estrutura de atendimento e afirmou que a cooperativa “é o melhor caminho para o agricultor, por
trazer tranqüilidade”. Segundo ele, “a unidade
ficou excelente e isso irá fortalecer ainda mais a
cooperativa e os cooperados”. Geraldo e a esposa
Maria Petronilha Lonardoni participam do sistema cooperativista há mais de 40 anos.
Para o cooperado Paulo Roberto da Silva a loja
traz mais comodidade. “Estou contente com a
Cocamar, ela veio para suprir uma necessidade e
melhorou muito para os produtores na questão de
xx
Campanha beneficia
250 entidades
A entrega da nova unidade marcou também o lançamento da Campanha Purity
Cocamar 2012 – que teve seu ponto de partida no mesmo dia em Maringá. Sobre essa
iniciativa, o presidente do Instituto Constâncio Pereira Dias e vice-presidente da cooperativa, José Fernandes Jardim Júnior,
disse que este ano a Campanha terá dois
sorteios: um em Rolândia e outro em Maringá, sendo que em cada qual haverá o sorteio de cinco netbooks, uma moto Honda
125 fan e um carro Renault modelo Clio
Campo. “São mais de 250 entidades engajadas nesta Campanha”, finalizou.
Ao lado, os cooperados Geraldo
Lonardoni (e esposa Maria) e
Paulo Roberto (com a esposa Leonice):
cooperativa é o melhor caminho
venda, da negociação.” A esposa de Paulo, Leonice Rosa da Silva, participa do Núcleo Feminino
de Rolândia desde o início e disse que nas reuniões consegue assimilar conhecimentos para
aplicação na propriedade.
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Alternativa
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Seringal é bom
para diversificar
Superados os gastos iniciais, a condução acaba
f icando relativamente barata. Maior despesa
é com a mão de obra. Não há pragas e a
adubação é mínima; na outra página, o
produtor Antonio Gusman, de Paranacity
Pequeno produtor de Paranacity mantém há anos essa cultura como a principal atividade; renda é garantida por oito meses no ano
Antonio conduz o seringal em companhia da esposa Ivone Salata de Souza, alcançando uma produtividade de 600 quilos por alqueire. O último lote
ele vendeu por R$ 3,10 o quilo, mas já chegou a
obter uma remuneração de R$ 4,00/quilo.
Segundo o produtor, o custo é baixo, mas um dos
grandes riscos da atividade é o frio. “Uma geada
forte pode comprometer toda a produção”, diz.
Entre os tratos culturais, a cada 40 dias é aplicado
um maturador e, de dois em dois meses são feitas
adubações de cobertura.
Buscando novas opções para o sítio, em 1987 ele
implantou dois hectares de seringueira no espaçamento 8m x 2m com uma mistura de variedades,
entre as quais a Rim 600. O cultivo da seringueira
foi incentivado pelo governo Estadual e por seu tio
José Gusman Nunes que já era produtor. Em 2009
foram plantados mais 2,50 hectares com a variedade
RIM 600, plantada no espaçamento 6,5 x 4,0 m. O
plantio foi feito em consórcio com o urucum. Antonio conta que vai realizar cinco colheitas de urucum e após isto será efetuada a erradicação destas
plantas, uma vez que a seringueira entrará em ciclo
produtivo. A expectativa de produção deste novo seringal é de 1.000 quilos de látex por alqueire/mês
por um período de 8 meses consecutivos, ou
8.000 kg de látex por ano.
p
Paranacity (PR) I Da Redação - Cultivar um seringal como alternativa para diversificar as atividades
no sítio, é um negócio interessante. O produtor Antonio Gusman de Souza, de Paranacity, município
do noroeste do Estado, cultiva 4,5 hectares. Ele diz
que é possível obter um rendimento satisfatório,
principalmente se não precisar de empregados.
Conta que consegue uma renda bruta anual de R$
12.400,00 por alqueire, o que dá R$ 1.550,00 por
mês em oito meses de produção no ano. Os custos
são estimados em 40%.
“O custo de
manutenção é baixo.
O perigo é a geada”
ANTONIO GUSMAN, produtor
J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 1 3
p
O seringal deve permanecer produtivo até os 30
ou 40 anos no mínimo, calcula o produtor, baseado
em informações técnicas. E com o final do ciclo,
ainda pode comercializar a madeira para produção
de móveis, um excelente mercado e preço.
Antonio diz que cada árvore produz uma média
de um quilo de látex por mês ou 600 gramas de sernambi (látex seco), por oito meses do ano. A sangria
é uma arte, diz o produtor. São cortados milímetros
por vez, somando não mais do que 12 centímetros
no ano. Há uma forma exata para cortar e um ângulo determinado, sem aprofundar muito para não
criar feridas e formar cicatrizes nos troncos, inviabilizando o seu uso novamente. O horário ideal
para a sangria é de madrugada, quando o rendimento é maior. (colaboraram o gerente Itamar Ansilieiro e o supervisor administrativo Eder Akira
Dall’ Ago, da Cocamar/Paranacity)
Sangria é feita a cada três dias
De outubro a julho a sangria é feita a cada
três dias. Nos meses de agosto e setembro, que
seriam os meses improdutivos, o produtor diz
que é preciso fazer uma sangria por semana
para que a árvore não deixe de produzir e demore na retomada da produção em outubro. O
trabalho é feito na sombra e uma pessoa dá
conta de três mil pés. No seu caso, Antonio
conduz apenas dois mil pés, divididos em dois
talhões, e os outros dois mil são tocados por
um meeiro.
“Preciso de pelo menos um dia livre a cada
dois para cuidar das demais atividades”, comenta.
O custo de implantação é alto e são necessários de seis a sete anos, com adubações anuais,
para o seringal começar a produzir. Mas superados os gastos iniciais, a condução acaba ficando relativamente barata. A maior despesa é
com a mão de obra. Por enquanto não há ocorrência de pragas e a adubação é mínima, já que
as folhas que caem, reciclam os nutrientes.
Motivos para plantar é o que não falta
• Rentabilidade superior às culturas
tradicionais.
• Demanda crescente.
• Serve como reserva legal.
• Condições favoráveis de clima e solo.
• Trabalho na sombra.
• Vida útil de 30 a 40 anos.
• Renda contínua por 10 meses no ano.
• Baixo custo de produção.
• Atividade econômica social e
ambientalmente correta.
• Absorve gás carbônico da atmosfera e
combate o aquecimento global.
• Repõe matéria orgânica e preserva o solo.
• Produção de madeira no final da
exploração econômica.
Geral
Pá g . 1 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2
Operador de Floresta
tem menor perda de soja
A 9ª edição do Concurso Regional de Redução de Perdas na Colheita de Soja, em Maringá, realizou premiação no dia 1º de junho,
com evento no Centro de Tradições Gaúchas “Rincão Verde”. Organizado pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab)
e Emater, a iniciativa contou com a participação de 189 operadores
de máquinas de todas as marcas e tempo de uso de 12 municípios.
O primeiro colocado foi o operador Antonio Carlos Firmino, de
Maringá, com perda de 5,33 quilos por hectare. Em segundo lugar
ficou Ademir Perin Garcia, de Floresta, com 5,45 quilos por hectare.
Garcia recebeu uma motocicleta como prêmio, entregue por representantes da Cocamar e da Sicredi União. Na foto, a partir da esquerda: Emerson Silva Nunes (coordenador técnico do
Departamento de Produção da Cocamar), João Carlos de Souza (gerente de Produção da Unidade Maringá), Rubens Niederheitmann
(diretor-presidente da Emater/PR), Aparecido Carlos Fadoni (ge-
rente de Negócios do Departamento de Produção da Cocamar),
Paulo Ozelame (diretor executivo de Desenvolvimento da Sicredi
União) e Norberto Anacleto Ortigara (secretário da Agricultura do
Paraná). (Colaboração Lourenço Gonçalves)
Em Cambé
Os produtores Damião Basseto, Gildo Bueno de Lima
e Natal Marques de Jesus foram os ganhadores do 19º
Concurso Municipal de Redução de Perdas de Soja de
Cambé. Basseto, que ficou em primeiro lugar, registrou
uma perda de apenas 0,05 saca/hectare, com uma média
de produtividade de 3,3 mil quilos por hectare.
No Paraná, a média de perda é de 1 saca por hectare.
Para o engenheiro agrônomo da Emater, Alcides Bodnar, um dos principais fatores que levam às perdas na colheita de soja são as máquinas malreguladas. Segundo ele,
80% do desperdício ocasionado pelas colheitadeiras está
relacionado à barra de corte. O agrônomo explica que
navalhas mal-afiadas não conseguem debulhar as vagens,
deixando-as no meio do caminho.
Nunca se vendeu
tanto frango
Em maio, a exportação brasileira de carne de frango
in natura foi de 338,4 mil toneladas, um novo recorde
segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex)
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A marca é 13% maior em
relação ao mês de abril no ano passado. O recorde anterior era de 335,8 mil toneladas em março deste ano.
O Paraná é o principal produtor e exportador nacional. A maior parte da carne segue para o Oriente
Médio e China.
338,4
mil toneladas foi o total
embarcado em maio
Cooperadas investem no
aprendizado da informática
A inclusão digital tem, nos dias de hoje,
uma grande importância. No caso da
produtora rural, o domínio na utilização
de programas e aplicativos da informática possibilita o desenvolvimento pessoal e contribui para melhor administração da propriedade.
Por iniciativa da Cocamar e do Sescoop
(Serviço Nacional de Aprendizagem do
Cooperativismo), cinco grupos com cooperadas foram organizados em Arapon-
gas, Jussara, Ourizona, Terra Boa e Paiçandu. Nessas cidades foi promovido um
curso de informática com a duração de
dois meses, entre abril e maio. As aulas
foram ministradas por Silvio Andrey de
Carvalho, da empresa Alvo Treinamentos, de Maringá. As participantes aprenderam sobre o sistema operacional
Windows, Word, Excel básico e Internet, compreendendo operacionalização e
comandos.
J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 1 5
Região
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As médias das lavouras da região ainda
são acanhadas. Um dos problemas
é a compactação do solo
O desafio de aumentar
a produtividade da soja
J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 1 7
Londrina e Maringá I Rogério Recco - A soja tem
um potencial de produtividade muito grande ainda
para ser desenvolvido, mas isto não depende apenas
de novos cultivares, da genética ou de tecnologias
mais sofisticadas: requer, principalmente, o aprimoramento do manejo por parte do produtor.
Esta foi a mensagem que ficou do 12º Encontro
de Produtores de Soja promovido em maio pela
Cocamar na manhã dos dias 23 em Londrina e 24
em Maringá. O evento, finalizado com a divulgação
dos vencedores do Prêmio Cocamar de Produtividade de Soja da Safra 2011/12 em suas respectivas
regiões, reuniu um total de 800 cooperados e teve
a participação de especialistas.
Concursos de produtividade de soja, como o realizado pela Cocamar, exibiram médias que, frente
aos graves problemas climáticos ocorridos durante
a safra, surpreenderam até os técnicos.
800
Para especialistas, alcançar
médias elevadas com soja para
os padrões regionais só evidencia que o potencial de produtividade para essa cultura
ainda é grande. “Ainda somos
muito acanhados”, garante o
pesquisador Antonio Luiz
Fancelli, do Departamento de
Produção Vegetal da Escola
Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).
Fancelli disse durante o 12º
Encontro de Produtores de
Soja da Cocamar, que os produtores brasileiros evoluíram
bastante nos últimos anos,
“mas ainda tem muito chão
para crescer”.
Ele ressaltou que na safra
2009/10, o campeão brasileiro
em produtividade de soja foi o
paranaense Leandro Ricci, de
Mamborê, região de Campo
Fancelli: “a
semeadura
é aquele
pênalti
cobrado
aos 47
minutos
do segundo
tempo”
Mourão. Ricci colheu nada
menos que 262 sacas por alqueire, um volume que grande
parte dos agricultores até desconfia. “Tem que fazer diferente”, afirma o pesquisador,
lembrando que o importante
não é o tamanho das vagens e
nem o número delas por
planta, mas a quantidade de
vagens por área. Para isso, a
receita, segundo ele, é equilibrar genética, nutrição e manejo.
“O solo precisa ser saudável”,
acrescenta Fancelli, frisando
que a soja não dispensa nitrogênio. Ele chama atenção para
a qualidade e o tratamento da
semente, a regulagem da máquina usada para semear e a
velocidade com que a semeadura é feita. “No Paraná, o
pessoal semeia muito rápido,
até parece que está apostando
corrida com o vizinho”,
brinca. O ideal, acrescentou,
p
cooperados participaram do
Encontro de Produtores de
Soja promovido pela Cocamar
Potencial ainda é grande
Pá g . 1 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2
p
é que a operação de semear ocorra a uma velocidade máxima de 5 a 6 quilômetros por hora.
Se emergência da planta ocorrer de maneira
desuniforme, o produtor já pode considerar uma
perda de 8 a 12 sacas de soja por hectare. “A semeadura é aquele pênalti cobrado aos 47 minutos do segundo tempo. Se perder, o campeonato
vai embora”, diz o especialista, acrescentando:
“Se errar no começo, não dá tempo de recuperar.
O cuidado começa no berço”.
Sobre o nitrogênio, o pesquisador disse que a
soja demanda mais que o milho, pois ela produz
proteína. Devem ser usados, segundo ele, entre
12 e 18 quilos por hectare.
Fancelli ressalta que a Cocamar foi pioneira, no
país, em estimular seus produtores a utilizarem nitrogênio na semeadura da soja. “A cooperativa foi a
primeira a acreditar e, hoje, todo mundo corre atrás
dela”, citou. Ele mencionou ainda que, na última
safra, nas áreas do Programa de Aumento de Produtividade de Soja (Paps) mantido pela Cocamar, o
uso de nitrogênio na semeadura resultou na média
de 3.354 quilos por hectare, enquanto que nas outras
áreas (sem o nitrogênio) a média foi de 2.980 quilos/hectare. “A diferença é muito grande no arranque, além de favorecer a absorção de fósforo e
estimular a síntese da citocinina, que faz a planta engalhar”, explica.
Recomendações
• Equilibrar genética, nutrição e manejo
• A soja não dispensa nitrogênio
• Velocidade máxima de plantio de 5 a 6 km/h
O que é mais importante
1º O número de vagens produzidas por área
2º O número de grãos por vagem
3º O peso dos grãos
Com uso de nitrogênio,
média em áreas do
Programa de Aumento
de Produtividade de
Soja (Paps) da Cocamar,
no ano passado, atingiu
3.354 kg/ha; sem
nitrogênio, foi de
2.980 kg/ha
70% dos solos estão compactados
De acordo com o especialista Cássio Tormena,
da Universidade Estadual de Maringá (UEM),
98% dos produtores da região fazem plantio direto, ou seja, cultivam sobre a palha deixada pela
cultura anterior, sem mexer no solo, ao contrário
do que se via há algumas décadas. O problema,
segundo ele, está na compactação do solo – que
se acentua devido, principalmente, ao tráfego
constante de máquinas e à sucessão de culturas.
“Mas máquinas de hoje são três vezes mais pesadas que há algumas décadas”, diz. Para ele, “a
melhor tecnologia inclui investir na qualidade
do solo”, afirma Tormena, enfatizando que a
compactação reduz o sistema de raízes, além de
dificultar a absorção de água e ar.
Hoje, diz Tormena, 70% das áreas apresentam
problemas de compactação, o que afeta a produtividade da soja e do milho em pelo menos
10%. “É uma doença silenciosa, como o diabetes”, acrescenta. “O problema reside na superficie, numa camada de apenas 10 a 20
centímetros de profundidade”, cita. Em solo de
superfície endurecida, explica o especialista, a
raiz da planta não consegue se desenvolver, ficando próxima da linha de plantio e mais vulnerável se ocorrer uma estiagem. “Para ter
produtividade é preciso ter água e, para isso, a
raiz necessita crescer”.
Tormena: em área compactada,
a produtividade da soja f ica
prejudicada em 10%, pelo menos.
Tráfego de máquinas endurece
a camada super f icial entre
10 e 20 centímetros e raízes
não conseguem se desenvolver
p
J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 1 9
p
Estratégias de manejo
• Controlar o tráfego de máquinas na lavoura;
• usar máquinas mais leves;
• dar preferência a pneus de baixa pressão;
• planejar os talhões para o tráfego;
• usar facões nas semeadoras;
• planejar uma diversificação cultural;
• evitar a entrada de caminhões e carretas
na lavoura.
(*) Cássio Tormena, UEM
O que prejudica
a saúde do solo
• tráfego descontrolado de máquinas
• sucessão de culturas (soja-milho, por exemplo)
• falta de matéria orgânica
A compactação reduz o sistema radicular,
dificultando a absorção de água e ar. Como
a água não entra, a raiz não cresce e nem
minhoca sobrevive. De acordo com Cássio
Tormena, a comida está na superfície e a
raiz vai ficar ali. “Muitas vezes, fica na linha
de plantio. Nessa situação, o potencial de
estresse hídrico é muito grande. Isso reduz
a produtividade e aumenta o custo”, afirma.
Tormena compara o solo a uma fatia de
pão. Quando pressiona, reduz o espaço.
Mas com a cobertura no solo, ele afunda ao
ser pressionado, e volta. Se o solo estiver
descoberto, o rodado do trator, com 40 cm
de largura, afunda e não volta, explica.
“A gente gasta de 500 mil a 600 mil em
uma máquina que, de tão pesada, pode afetar
a nossa produtividade”, alerta o professor.
Resultados acima da média
Em Ivatuba, na região de Maringá, o
produtor Ângelo Celestino tem adotado
alguns cuidados em relação ao solo de sua
fazenda, para aumentar a produtividade.
Com a orientação de técnicos, ele vem fazendo o gerenciamento da fertilidade de
cada talhão a partir da adoção de tecnologias de precisão. Ao mesmo tempo, investe
no aumento da cobertura do solo. “A gente
vive disso e se não fizer o que é preciso,
não sobrevive”, diz.
Segundo Celestino, em anos bons – de
clima favorável – há um aumento médio
de produtividade de 5%; em anos ruins, a
produção cresce ao redor de 15%. Por
outro lado, os custos caíram 5%. Celestino
é um agricultor caprichoso, segundo os
técnicos, que segue à risca as orientações.
Por causa disso, suas médias anuais têm
sido expressivas para os padrões da região.
A do milho cultivado no verão chega a
9.963 quilos por hectare (401 sacas por alqueire), a da soja é de 3.916 quilos/hectare
(157 sacas por alqueire) e a do milho de
inverno, 7.180 quilos/hectare (289
sacas por alqueire).
p
• concentração de nutrientes na superfície
Risco de estresse hídrico
Pá g . 2 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2
“Produtor precisa aproveitar momento
histórico da agricultura brasileira”
Para o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, os agricultores da região precisam
fazer a sua parte no sentido de melhorar a
produtividade das lavouras “e aproveitar esse
momento histórico para a agricultura brasileira”.
Ele explica que o mundo precisa cada vez
mais de alimentos, levando em conta a previsão de que até 2025 a demanda por co-
mida seja 40% maior – e que metade desse
volume terá que sair do Brasil. Cita, ainda,
a boa remuneração para commodities como
soja e milho, que deve ser mantida, uma vez
que os estoques mundiais não acompanham
o crescimento. Neste ano, mesmo, acrescenta, há falta de soja na região, o que faz a
cooperativa a buscar o produto em outros
Estados para suprir a necessidade de sua indústria.
Detalhe do
Encontro em
Londrina
Lourenço ressalta que a média regional, de
115 sacas de soja por alqueire (2.815 quilos
por hectare) ainda é considerada muito
baixa quando comparada a de outras regiões
do Paraná. “Temos um potencial enorme a
desenvolver, o que depende, muitas vezes, de
uma mudança de atitude do agricultor”, comenta o dirigente, explicando que grande
parte dos produtores é refratária a novas
tecnologias.
Os vencedores do Concurso
de Produtividade de Soja 2011/12
Participaram 137 cooperados de 37 municípios. Os produtores classificados em 1º lugar nas regiões norte e noroeste
e os respectivos técnicos que os assistiram, foram premiados com uma viagem para os Estados Unidos.
J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 2 1
No noroeste, o campeão foi Marcel Franklin Rafael,
de Terra Boa que aparece com o prof issional Ademir
Caetano, Antônio Luiz Francelli e o vice-presidente
José Fernandes Jardim Júnior
O vencedor da região norte, Paulo César Lopes,
de Rolândia com o superintendente Arquimedes
Alexandrino, o consultor Antônio Luiz Franceli
e Marcos Liberatti
Quase empatando, Paulo César Falavigna, de
Floraí, f icou em segundo, com o diretor secretário
Divanir Higino da Silva, o prof issional Luiz
Augusto Pedroni e Cássio Tormena
O segundo colocado, Silvio S. Nakamura,
de São Sebastião da Amoreira com o gerente
Leandro Cézar Teixeira, o prof issional
Renato Watanabe e Cássio Tormena
Em terceiro, Vitor Thiago Trevisan, de
Ivatuba com Arquimedes Alexandrino
e o prof issional Silvan Marchezan
Em terceiro, Paulo José Santos, de
Alvorada do Sul ao lado do prof issional
Luiz Henrique Kovalek e do coordenador
técnico de culturas anuais, Émerson Nunes
Família do Campo
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Dos anos difíceis à fartura
Em Jaguapitã, a família Carrara só não deu meia volta, no início, porque não
havia recursos. O destino mostrou, no entanto, que o lugar deles era mesmo aqui
Jaguapitã (PR) I Marly Aires - Guerino Carrara e
a esposa Zeferina saíram de Itápolis (SP) para o
Paraná em 1947. O destino: Jaguapitã, onde vieram
formar um cafezal. O sítio ficava em Prado Ferreira,
na época era distrito de Porecatu. Com seis filhos,
todos pequenos (o mais velho, Zeferino, tinha nove
anos), eles só acabaram não voltando para o lugar
de onde tinham vindo porque não havia dinheiro
para as passagens. O tempo, no entanto, mostrou
que o lugar deles era mesmo aqui.
Zeferino conta que sua família foi contratada pelo
dono das terras para abrir dois alqueires de mata.
Quando chegaram, foi aquela trabalheira danada
para limpar tudo antes de iniciar o cultivo de café,
com milho, feijão e arroz nas entrelinhas. No segundo ano, uma longa seca fez o pessoal perder
todo o serviço.
“Foram anos sofridos. A gente vivia do que a mata
oferecia: palmito, marmelo, jabuticaba, outros frutos
silvestres, carne de caça e peixe. Conseguimos um
pouco de milho emprestado com um tio que tinha
chegado antes de nós, para fazer a polenta”, lembra
Zeferino. Como os vizinhos mais próximos ficavam distantes, nem valia a pena prestar serviço para
outros produtores.
Na década de 1960, já mais acostumados ao jeitão
do Paraná, os Carrara enfrentaram geada forte, seguida de uma seca igual àquela. Foi um tempo em
que grandes incêndios aconteceram pelo Estado.
Treze filhos
A primeira casa que eles construíram
foi de palmito coberta com folhão de
cedro, que precisava ser trocado de vez
em quando, porque apodrecia. Ali viveram por quatro anos e só depois ergueram uma casa de madeira coberta com
tabuinha.
Guerino e Zeferina faleceram no início
da década de 1980, com pouca diferença
de tempo. São 13 filhos, sete nascidos no
Paraná. Se o casal ainda vivesse, teria 31
netos, 26 bisnetos e dois tataranetos. Em
janeiro do ano passado, os Carrara conseguiram juntar toda a família, de mais
de 130 integrantes. Além dos que residem no Paraná, há os que se mudaram
para o interior de São Paulo e o Mato
Grosso.
Quando não era geada, a seca consumia a plantação. A história
inicial é sempre lembrada nas reuniões em família
Aprendendo com as dificuldades
Na cidade, até então, havia somente uma
venda, uma farmácia e uma sorveteria, além de
um punhado de casas. Em 1955, a família adquiriu os primeiros 10 alqueires de área desmatada, onde havia um cafezal caturra recém
plantado. Para variar, a geada de 1955 torrou
tudo e a família teve que replantar. A lição foi
dura, mas eles aprenderam. As terras compradas em seguida foram em lugares mais altos e,
portanto, com menos possibilidade de perda.
muito bagre, lembra-se Romeu, um dos filhos
mais novos.
A família sempre ia trabalhar junta, até os
menores acompanhavam. Mesmo quando a
mãe descia ao rio para lavar roupa, os filhos
iam junto. Com anzóis improvisados de arame
e minhoca, eles pescavam o jantar. Tinha
O remédio estava disponível na natureza. Boa
parte das doenças era curada com chás caseiros
e emplastos. A sabedoria popular indicava
quais raízes e folhas curavam - um conhecimento que, hoje em dia, está desaparecendo.
Com os plantios de subsistência e as criações,
os anos de fartura não demoraram. Quem matava um boi, dividia entre os vizinhos para não
estragar. Também faziam carne salgada, que secava ao sol. Já a carne do porco era frita e guardada por até dois meses na banha. Quando iam
consumir, era só dar mais uma fritada.
“Conseguimos um pouco de milho
emprestado com um tio que tinha
chegado antes de nós, para fazer a polenta”
ZEFERINO, o filho mais velho do casal Guerino e Zeferina
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p
Tinha de tudo, principalmente onças
Havia muita onça nas matas que circundavam
a região de Jaguapitã. Tanto é verdade que o município recebeu esse nome de origem indígena,
o qual significa onça pintada ou vermelha. Durante o mês de agosto, época de acasalamento
desses felinos, os urros no meio do mato eram
de arrepiar, comenta Zeferino.
Os pioneiros
Guerino e Zaferina
chegaram em 1947
e os primeiros anos
foram de grandes
dif iculdades
Caçador de primeira, Guerino Carrara não
tinha medo de nada, nem mesmo de onça.
Quando os cachorros perdigueiros recuavam assustados, se escondendo atrás dele, era sinal de
que a pintada estava por perto. Sem hesitar, o
destemido Guerino saía ao encalço delas.
Em todo o tempo, ele bem que tentou avistar
alguma, mas só sentia mesmo era o cheiro forte
do animal e escutava seus ruídos. Nas noites em
que percebia uma onça rondando a casa em
busca de galinhas, Guerino saía atrás com a espingarda nas mãos. “Era doido para pegar, mas
nunca encarou uma. Parecia que elas fugiam
dele”, diz Zeferino.
O velho Guerino adorava caçar aos domingos.
No início, em meio à mata fechada, não havia
outra diversão e o resultado da caça servia de alimento para a semana toda. E tinha de tudo em
abundância: veados, pacas, antas... Experiente, ele
sabia quando o rastro era fresco. Aí era só se posicionar nos carreiros e esperar o animal passar.
Do café a diversificação
O café foi a principal atividade até a década de 1970, quando
o algodão começou a ganhar espaço na propriedade. Mas a família sempre teve diversas culturas de subsistência e criação
de gado, porco e galinha para o consumo da família.
Quando os pais faleceram, sete ainda trabalhavam e viviam
juntos em 32 alqueires próprios, conta Daniel, outro dos 13
irmãos. Atualmente, cada um tem seu negócio. Juntos, somam
mais de 160 alqueires cultivados entre área própria e arrendada,
em parceria com os filhos.
O café continua, mas a família diversificou, trabalhando também com laranja, soja, gado de corte e granja de frango. A
maior parte ainda mora no sítio. Ao todo, são 13 cooperados
e as mulheres estão integradas ao núcleo feminino.
O tiro certeiro, seguido de três buzinadas, sinalizava de que havia bicho abatido e que precisava de ajuda para tirar o couro e descarnar. Aí,
dividiam as carnes e colocavam tudo no embornal. O couro também era aproveitado. Depois
de esticado e curtido no sal e sol, era vendido
para os sapateiros.
“Vá trabaiá”
Zeferino conta que apesar da vontade que tinha de estudar, não foi possível
ir muito longe. Estudou dois anos quando ainda estava em São Paulo. No Paraná, como não havia escolas próximas, ficou parado por cinco anos. Quando
teve oportunidade de voltar a estudar, foi apenas três dias porque não suportou
a gozação que tiravam dele, por já ser grande. Quando voltava da escola só
escutava os berros: “Vá trabaiá oh molecão”.
“Tô fora”
No início da década de 1960, num ano de seca e geada, os Carrara aproveitaram para ir desmatar 13 alqueires que possuíam em Alto Piquiri. Mas quando
chegaram à cidade, desistiram da empreitada. “Tinha muita gente mal encarada. Vendiam armas nas ruas e andavam de espingarda nas mãos fazendo
qualquer coisa de tiro ao alvo”, conta Zeferino. O pai Guerino resolveu vender
tudo no mesmo dia e voltou para casa.
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Revestimento da carroceria
Perdas de grãos nas estradas tem solução
Cálculos do IBGE apontam que o prejuízo pode chegar a R$ 2,7 bilhões a cada safra no Brasil, o equivalente a 10 milhões de toneladas
Maringá (PR) I Marly Aires - Durante o ano, milhares de caminhões cruzam as rodovias do País
transportando 67% da carga agrícola brasileira, segundo dados do IBGE, percorrendo distâncias médias que superam os 500 km. E isso, na maior parte
das vezes, em estradas de pistas simples, com desníveis e buracos, em péssimo estado de conservação,
que geram trepidações e perdas através das frestas
das carrocerias. Em paralelo, a inadequação da frota
de caminhões, com elevada idade média, contribui
para o aumento dessa perda.
Cálculos do IBGE apontam que o prejuízo pode
chegar a R$ 2,7 bilhões a cada safra no Brasil, o
equivalente a 10 milhões de toneladas de grãos. Mas
os grãos deixados na beira da estrada causam outros
problemas como acidentes com carros e motos, ao
tornar a pista escorregadia, ou com pessoas, inclusive
crianças, que recolhem os grãos perdidos. Também,
a soja tiguera, que cresce sem controle, pode ser foco
de pragas e doenças para as lavouras comerciais.
No Paraná, considerando uma produção média de
30 milhões de toneladas de grãos, 60 mil toneladas
ficam nas estradas, frente à perda média de 0,2%,
um percentual que é aceitável em muitos contratos
de transporte. O que supera isso, o dono do caminhão é que paga o prejuízo. Há estatísticas, entre-
Vantagens
• Fácil instalação, não requer modificação
na carroceria.
• Possui válvulas abre/fecha no assoalho e
sistema de abertura com velcro na
traseira, para bascular a carga.
• Abertura total nas laterais e tampas permite
o transporte de cargas a granel, ensacada ou
encaixotada, sem ter que ser retirado.
• É totalmente reciclável e de fabricação
nacional.
• Pesa no máximo 15 kg, não interferindo
no peso do caminhão. É dobrável como
lona e de fácil manuseio.
• Mais fácil de lavar do que a carroceira
e pode ser higienizado.
“Fica tudo vedado.
Não tem por onde passar”
ANTONIO ROBERTO RAMOS, encarregado
de transporte da Transcocamar de Maringá.
tanto, que apontam perdas de 1% e até 2% só no
transporte rodoviário, o que daria de 300 mil a 600
mil toneladas de soja, milho, trigo, feijão, arroz e outros. Perde o produtor, os transportadores, toda a cadeia produtiva e até o consumidor, que paga mais
caro pelo produto.
Com a vedação da carroceria
é possível eliminar o desperdício
de grãos durante o transporte,
apresentando alto custo-benef ício
Sistema chega agora ao mercado
O problema pode ser resolvido com um sistema
de revestimento para qualquer modelo de carroceria de caminhão desenvolvido pela empresa
Qualisack Embalagens Especiais, especializada na
fabricação de big bags. A solução foi testada por
18 meses em grandes empresas transportadoras e
chega agora ao mercado.
Segundo o diretor da empresa, Ubirajara Martins,
com a vedação da carroceria é possível eliminar o
desperdício de grãos durante o transporte, apresentando alto custo-benefício. “Com a transcarga,
os caminhões são nivelados em termos de perdas,
zerando-as por completo”, diz. “Fica tudo vedado.
Não tem por onde passar”, afirma Antonio Roberto Ramos, encarregado de transporte da Transcocamar de Maringá.
Custo-benefício é elevado
Considerando a carga de um bi-trem (37 toneladas), oito viagens no mês e a perda média
de 0,25%, isso significa 12 sacas de soja jogadas
fora no período ou R$ 646,80 (saca a R$ 52,50).
Se for estimado 1% de perdas neste cálculo,
serão 49 sacas e um prejuízo de R$ 2.572,50.
Como o revestimento instalado fica por cerca de
R$ 1.550,00, em menos de um mês, ou em cinco
viagens, o transcarga se paga só com o que o caminhão deixa de perder, afirma Ubirajara Martins.
Feito em material resistente, o revestimento
dura por duas safras e pode ser utilizado no
transporte de produtos a granel (grãos, adubo,
corretivos, açúcar, farelo e outros), em todo tipo
de carroceria, até do caminhão que vem da roça
ou na carreta do trator, eliminando as perdas durante o transporte.
É fabricado em ráfia de polipropileno, material
usado nos big bag, sendo laminado para que produtos deslizem mais facilmente, facilitando a descarga e evitando riscos de acidentes no tombador.
Açúcar, farelo e outros produtos podem empedrar, provocando tombamento do caminhão.
No caso do transporte de açúcar, adubo e corretivos há uma vantagem extra: evita a corrosão
do caminhão, aumentando a vida útil deste e diminuindo as manutenções.
Citricultura
J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 5
Dreyfus faz apresentação oficial
Compradora da indústria de sucos concentrados em Paranavaí, companhia inicia com a cooperativa uma parceria inédita no setor
Paranavaí (PR) I Marcela Miranda (com informações da redação) – A Louis Dreyfus Commodities (LDC), compradora da indústria de sucos
concentrados da Cocamar em Paranavaí, é uma das
mais rentáveis do setor no mundo. Entre as três
maiores processadoras de suco de laranja do planeta, com quatro fábricas no Brasil, o grupo fatura
US$ 60 bilhões e possui US$ 6 bilhões em ativos.
Para mostrar números como esses e falar de sua
operação na região, a LDC reuniu dirigentes e associados da cooperativa, bem como autoridades,
para uma apresentação oficial no último dia 1º em
Paranavaí.
Na oportunidade, o diretor de Operação de Citrus, Henrique Dias, declarou que a empresa “tem
muito a aprender com os produtores da Cocamar”.
Segundo ele, “a equipe da cooperativa foi muito
bem treinada e competente em manter essa indústria.” Já o vice-presidente da Cocamar, José Fernandes Jardim Junior, ressaltou que “a cooperativa
e Dreyfus desenvolvem um modelo diferenciado
de parceria nesse setor, no Brasil: nós temos a produção e eles a industrialização”. Por sua vez, o secretário da Agricultura do Paraná, Norberto
“Uma estrutura exemplar”
Também presente em Paranavaí, o presidente da Louis
Dreyfus Commodities na América Latina, André Roth,
anunciou aos produtores da região que o processamento
de laranja na unidade começaria no início de junho. Segundo ele, esta agilidade no início das atividades está
sendo possível porque a Cocamar manteve uma estrutura exemplar de funcionamento. Na opinião de Roth, a
presença da Louis Dreyfus em Paranavaí é oportuna
para fortalecer sua atuação no Paraná. Outro motivo
para comemorar, disse ele, é o fato de a companhia estar
completando, em 2012, 70 anos no Brasil.
Ortigara, lembrou que foi graças à iniciativa da
Cocamar e ao apoio do governo do Estado, que a
citricultura tornou-se uma atividade representativa
na região. “Espero que, com a participação da
Dreyfus, os produtores possam expandir essa cultura e que a parceria entre as duas empresas traga
uma nova dinâmica econômica nesse setor.”
Dirigentes da companhia e da
Cocamar, ao lado do secretário estadual
da Agricultura: o produtor vai continuar
recebendo assistência da cooperativa e
fornecendo a produção
para a empresa
Empresa avalia produção
e potencial de crescimento
Desde março, quando a Cocamar anunciou a
venda da indústria para a LDC, um trabalho de
avaliação de produção e de potencial de crescimento em toda a região tem sido realizado pela
companhia, que assumiu a unidade em 1º de abril.
“Estamos apostando na parceria com os citricultores porque temos a certeza de que o agricultor do
Paraná é muito competente”, disse o diretor Hen-
rique Freitas. Na prática, a presença da Louis Dreyfus Commodities em Paranavaí não deve interferir
na rotina de negócios entre indústria e citricultores.
“O sistema operacional não muda. O produtor continua recebendo assistência da Cocamar e fornecendo a produção para a empresa. A estrutura física
é a mesma, e vamos continuar trabalhando para
crescer cada vez mais”, informou o diretor.
Fique atento
Pá g . 2 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2
Depois de acionado
o seguro, produtor não
pode mais mexer na lavoura
Ele depende de uma liberação da seguradora
Maringá (PR) I Da Redação - Perito em seguro
agrícola, o engenheiro agrônomo Fábio Gonçalves Pirajá, da cooperativa Unicampo, faz uma
orientação aos produtores sobre o procedimento
correto quando precisam acionar a seguradora
para a realização de uma vistoria em suas lavouras.
Segundo Fábio, enquanto a vistoria não for feita,
o produtor não pode mexer na lavoura, sob risco
de perder a indenização. Ele conta que na recente
safra de soja, em que muitos produtores tiveram
perdas ocasionadas pela seca, houve situações
assim. “Teve gente que acionou o seguro e, sem
esperar pela vistoria, colheu o que restou da lavoura de soja para fazer o plantio de milho safrinha”, diz. Em casos assim, ressalta, não há mais
o que fazer: “Depois que o agricultor aciona o seguro, a lavoura não pertence mais a ele e, sim, à
seguradora”. Fábio insiste: “Não adianta colher e
deixar a safra no silo ou em cima de caminhões.
Nesse caso, o perito não tem o que fazer”.
O especialista Pedro Loyola, da Federação da
Agricultura do Estado do Paraná (Faep), lembra
que o custo do seguro ainda é muito alto para os
produtores, representando 6,5% da planilha de
despesas, o que se deve à baixa subvenção do governo federal. “O produtor, portanto, não pode
descuidar, pois o seu prejuízo pode ficar ainda
maior”. De acordo com o Loiola, o governo vem
falhando em relação ao seguro agrícola, considerando que o existente ainda não atende às necessidades.
Sicredi antecipa contratação
do seguro “Colheita Garantida”
Maringá (PR) I Da Redação - Aos produtores
de soja e milho que se preparam para a próxima
safra de verão, a Sicredi União informa que já
está fazendo a contratação do Seguro “Colheita Garantida”, que indeniza o agricultor
em caso de perdas quantitativas decorrentes de
eventos climáticos, indenizando conforme o
nível de cobertura estabelecido.
“Ao contratar o seguro, o produtor se previne
contra possíveis prejuízos, além de ter o benefício de 50% de subvenção federal”, comenta o
assessor de seguros da cooperativa, João Aleixo.
O diretor executivo Rogério Machado reforça: “É importante que os produtores antecipem a contratação do seguro, usufruindo
“Depois que o
agricultor aciona
o seguro, a lavoura
não pertence mais
a ele e, sim, à
seguradora”
FÁBIO GONÇALVES PIRAJÁ,
engenheiro agrônomo e
perito da Unicampo
Produtor conta com
50% de subvenção
federal
assim da subvenção federal, pois ainda não sabemos o montante de subsídio que o governo
irá disponibilizar para atender ao novo Plano
Safra. O produto nestas condições possui melhor cobertura e menor custo em relação ao
Proagro”.
COBERTURAS – O Seguro “Colheita Garantida” apresenta as seguintes coberturas: replantio (chuva excessiva, tromba d’água e granizo)
e produção (incêndio e raio, chuvas excessivas,
tromba d’água, granizo, seca, geada, ventos
fortes e frio). As culturas seguradas são a soja
e o milho, que tem 50% de subvenção federal.
A produtividade garantida varia de 50% a 60%
da produtividade média histórica.
“É importante que os produtores antecipem a
contratação do seguro. O produto possui melhor
cobertura e menor custo em relação ao Proagro”
ROGÉRIO MACHADO, diretor executivo da Sicredi União
Lavoura tem cobertura para
replantio e produção
Turismo
J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 7
Com dólar mais caro, Europa é opção
Variação do euro tem sido pequena. É hora de aproveitar
Maringá (PR) I Da Redação - O dólar teve um
significativo aumento nos últimos meses, enquanto o euro permaneceu estável. Com disso,
quem pretende fazer uma viagem ao exterior
precisa saber que ela fica mais em
conta, atualmente, se a opção for um
dos países integrantes da zona do
euro.
Detalhe importante: as passagens são
dolarizadas, mas o câmbio do aéreo é
sempre inferior ao do utilizado para
compras de pacotes e reservas em hotéis. Quem explica é o diretor da 9000
Turismo, de Maringá, Paulo Alves Pimentel.
Segundo ele, com o dólar mais caro,
passageiros tem preferido a Europa aos
Estados Unidos. No continente europeu, uma boa rede hoteleira se soma a
promoções de passagens e hotelaria
a preços convidativos. Além disso, os
preços das refeições estão estabilizados, pois o
euro não sofre muitas oscilações.
Eles podem ser adquiridos no Brasil e os passageiros não sofrem com variações cambiais”.
Pimentel ressalta: “Quem pretende só fazer
compras, mesmo com o câmbio alto do dólar, os
preços nos Estados Unidos ainda são bem menores que os da Europa. Logo, esse detalhe
tem que ser levado em consideração”.
Pimentel acrescenta ainda que com as variações
cambiais diárias, é fundamental uma programação detalhada dos custos totais da viagem, inclusive com alguns roteiros com “Sistema
Tudo Incluído”, em que refeições, bebidas e
hotelaria já estão com suas taxas incluídas no
pacote.
COMPRAS - Importante fazer um lembrete em relação às compras no exterior com cartões de crédito. Ao
efetuar o pagamento da fatura, o
passageiro deve considerar que
pagará pelo câmbio do dia acrescido de IOF (em torno de 6%).
Pimentel aconselha: “É necessária
a consultoria de uma agência de
turismo para informar sobre as
vantagens e as desvantagens do
cartão, da conversão da moeda
e ou utilização de cartões
nas moedas de cada país.
CONSULTE UMA AGÊNCIA - Vale lembrar
ainda, segundo o diretor da 9000, que nem
sempre comprar um pacote fica mais barato
do que adquirir uma viagem em uma agência, onde os serviços podem ser contratados
em separado. Isto porque o câmbio do
aéreo em pacotes é o mesmo do terrestre
(sempre maior).
Portanto, antes de contratar uma
viagem ao exterior, analise todos
esses diferenciais.
Pá g . 2 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2
Cooperativismo e Meio Ambiente
O lixo que
vira luxo
Pequenas cooperativas de reciclagem envolvendo um contingente de homens e mulheres
humildes, promovem inclusão social e estão por trás de um trabalho que, embora essencial
para a preservação do meio ambiente, nem sempre é apoiado e compreendido pela sociedade
J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 9
Maringá (PR) I Rogério Recco - Ele está
na moda. Tema recorrente do carnaval e
cenário de novelas, o lixo é sempre lembrado quando se fala em sustentabilidade. Para retirar garrafas plásticas do
ambiente, por exemplo, a Volkswagen
acaba de anunciar o lançamento de um
modelo Gol com 90% de revestimento
ecológico. Até a Confederação Brasileira
de Futebol (CBF) quer a seleção envergando camisetas confeccionadas com fio
100% pet na Copa de 2014. A preocupação com o ambiente é inadiável, sem dúvida. Mas poucos estão atentos à base
dessa cadeia de reciclagem que começa
pelas pequenas cooperativas de catadores
de rua. E muito fariam em casa se, ao
menos, praticassem a coleta seletiva, algo
ainda incipiente no país.
Aos 40 anos, a maringaense Genilda
está grávida pela quinta vez. Em agosto,
o filho Davi vai se juntar aos irmãos
Guilherme, Reinaldo, Vitória e Jamile.
Recicladora de lixo, ela não tem marido,
FALTA
CONSCIÊNCIA
300
toneladas de lixo,
por dia, são produzidas
em Maringá. Pelo menos
30% poderiam ser
reciclados, mas coleta
seletiva ainda é incipiente
“Traz dignidade
para quem depende
disso para viver”
GENILDA, recicladora cooperada
da CooperCanção, falando da
vantagem de participar
da cooperativa
assim como todas as suas 16 colegas, cooperadas da CooperCanção, uma das
cinco cooperativas de reciclagem da cidade, que tem 326 mil habitantes e produz 300 toneladas de lixo por dia. Trinta
por cento do volume total de lixo recolhido poderiam ser reaproveitados, mas
isto não acontece, pois a maior parte das
famílias ainda faz descarte incorreto de
resíduos orgânicos e recicláveis. Apenas
15 caminhões por semana, trazendo
papel, plástico, alumínio e vidro, chegam
às cooperativas, que precisam continuar
buscando matéria-prima nas ruas.
São 20 os cooperados da CooperCanção, três dos quais, apenas, do sexo masculino.
Eles
trabalham
como
“carrinheiros”, recolhendo lixo nas ruas e
fazendo o desmonte de objetos e eletrodomésticos velhos para a retirada de alumínio e cobre.
O ganho de Genilda não passa de R$
400 mensais. Para sustentar a família e
arcar com as despesas de casa, inclusive o
aluguel, ela “se vira nos trinta”, como diz,
prestando serviços de doméstica. A igreja
evangélica que fica ao lado da cooperativa, no Jardim Santa Felicidade, região
sul da cidade, fornece todos os meses
uma cesta básica para cada reciclador. Há
seis anos lidando com lixo, ela diz: “Meus
filhos são criados principalmente com o
que ganho aqui”. Segundo Genilda, o
trabalho em cooperativa foi uma solução:
“traz dignidade para quem depende disso
para viver”. Por meio da cooperativa é
que, recolhendo o INSS, ela terá direito
a um salário maternidade enquanto não
puder trabalhar.
Pá g . 3 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2
Cooperativismo e Meio Ambiente
Surpresas nem sempre boas
Dentre os itens que os trabalhadores manuseiam na cooperativa, para encaminhar à etapa
seguinte da reciclagem, os maiores volumes são de embalagens
pet, jornais e revistas, papel
branco e papelão, plásticos diversos, vidros e alumínio. A papelada está por toda parte, em
fardos. Mas quando abrem os
sacos abarrotados para fazer a
separação por categoria, pode
haver surpresas, lembra a presidente da cooperativa, Adélia
Xavier Costa. “Muita gente, em
casa, ainda não faz coleta seletiva”, reclama, enfatizando que,
no meio do lixo, quase sempre
há seringas, produtos tóxicos, vidros quebrados e objetos cortantes, que podem causar acidentes.
Quando não é isso, parte do material chega sujo, sem condições
de aproveitar.
O CAMINHO DA RECICLAGEM
Ela tem oito f ilhos e ajuda a manter netos e
bisneto: “A vida é dura pra todo mundo”
Ex-“carrinheira”,
Carolina não tem
saudades do lixão
Antes, muitas das mulheres que atuam em cooperativas recorriam ao
lixão do município, remexendo montes à caça de algo para reciclar. Disputavam espaço com outros catadores toda vez que o caminhão chegava
para descarregar. Há alguns anos, no entanto, a Prefeitura acabou com o
lixão. “Saudade? Tô fora”, diz Carolina Costa Lima, 64 anos. Depois de,
durante uma década, coletar lixo nas ruas e ser “carrinheira”, ela ficou
algum tempo no lixão e diz que até conseguia faturar bem. “Mas aquilo
não é lugar de gente”, afirma, fazendo careta. E continua: “Aqui a gente
é gente, lá a gente é bicho”. Com o que ganha na cooperativa, ela ajuda
a manter quatro netos e um bisneto. “Tenho oito filhos e a vida é dura
para todo mundo. A idade pesa mas não penso em parar”, resigna-se.
Carolina conta que após um dia inteiro de serviço, em que permanece a
maior parte do tempo em pé junto a uma grande mesa fazendo a seleção
de materiais, ela corre para casa. Lá, ainda tem que cozinhar, lavar roupa,
limpar, organizar as coisas. Uma rotina idêntica a de suas colegas.
“Aqui a gente é gente,
lá [no lixão] a
gente é bicho”
CAROLINA COSTA LIMA,
recicladora de 64 anos
1
Quando se faz a separação adequada do lixo em casa, isto facilita para a cooperativa de recicladores, que o seleciona por tipo
(plástico, papel, alumínio e vidro). No caso do pet, as embalagens são separadas por cor (transparentes e verdes). Cerca de
50 delas dão 1 quilo, vendido para o intermediário a R$ 1,50.
2
O intermediário junta grandes volumes de pet e o comercializa
para empresas locais que fazem a moagem.
3
A etapa seguinte é São Paulo, onde a matéria-prima é
transformada por indústrias especializadas em fibra de
poliéster, ficando pronta para ser vendida a empresas
do país inteiro, entre elas a Cocamar.
238 é o número de cooperativas filiadas
à Organização das Cooperativas do Estado
do Paraná (Ocepar), em
Elas congregam
e
13 ramos de atividade
745 mil cooperados
65 mil colaboradores
Estima-se que haja menos de
300 cooperativas
de reciclagem de lixo no Paraná, com média
de
40 trabalhadores diretamente
envolvidos em cada uma
J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 1
Parte mais fraca
da cadeia tem
pouco apoio
“Somos a parte mais vulnerável
da cadeia de reciclagem e,
mesmo assim, recebemos pouco
apoio”, lamenta Paulo Betiatto,
de 54 anos, secretário da Associação dos Agentes Ecológicos e
Recicladores de Maringá. A entidade movimenta cerca de 60 a
70 toneladas de lixo reciclável
por mês, entregue principalmente por empresas e condomínios. De acordo com Paulo, a
limitada estrutura montada em
um barracão alugado na Avenida
Guaíra, região central da cidade,
não permite escala para negociar
grandes quantidades de materiais. Por isso, a venda é feita a
intermediários. Paulo afirma que
clubes de rotarianos são os únicos a prestar apoio. E, por iniciativa deles, a entidade soube que
vai ser agraciada com equipamentos conseguidos junto a
Fundação Nacional da Saúde
(Funasa): uma empilhadeira,
duas prensas e uma balança. Segundo ele, cerca de 60 pessoas
dependem da associação, a qual
enfrenta dificuldades em razão
da queda dos preços de alguns
dos principais materiais reciclá-
É muito lixo
Em meio a 260 mil toneladas de lixo produzidas diariamente
no Brasil, segundo pesquisa publicada em dezembro último na
Revista Veja, somente 2% deste total são beneficiados através da
reciclagem e compostagem. Do montante, 53% são lixo orgânico,
25% papel e papelão, 2% vidro, 2% metal, 3% plásticos e 15% outros. O brasileiro produz, em média, 1,5 quilo de lixo por dia, o
triplo da China.
Só 55% das garrafas PET são reaproveitadas. O total corresponde a 253 mil toneladas por ano, que movimentam um valor
acima de 300 milhões de reais. Como quase metade não é reciclada, isto significa, em dinheiro, mais de 250 milhões jogados
fora.
Já o reaproveitamento das latas de alumínio chega a 98%. São
14,7 bilhões de unidades por ano, que resultam em 980 mil toneladas, um valor de cerca de 400 milhões de reais.
veis. O papelão, por exemplo,
caiu de R$ 400 para R$ 250 o
fardo de uma tonelada. Isto, de
acordo com o secretário, impacta
nos custos. Só com o aluguel das
instalações, o desembolso mensal
é de R$ 2.450.
Paulo: a pequena
estrutura um barracão
alugado não permite
escala para negociar
grandes quantidades
“Somos nós que
defendemos o ambiente”
A importância do trabalho dos
recicladores para a preservação
do meio ambiente traz satisfação
à Adélia Xavier Costa, a presidente da CooperCanção. Aos 43
anos, essa ex-vendedora de roupas diz que se apegou ao seu ofício e à cooperativa que dirige há
dois anos por entender que está
ajudando “a melhorar o mundo”.
Com uma ponta de orgulho,
afirma: “Somos nós que defendemos o ambiente”. E pergunta:
“Sem os recicladores, como
seria?”. Ela é mãe de Anderson,
22 anos, Gislaine, 21 e Diego,
14. A filha sofre de paralisia cerebral. Adélia conta que fica
contente ao saber que do pet são
obtidos diversos produtos, alguns dos quais possui em sua
casa, como vassoura e malhas.
A cooperativa, segundo ela, organizou o trabalho dos recicladores, que antes dependiam da
própria sorte e eram explorados
pelos atravessadores. Agora, a
entidade recolhe tudo e faz a comercialização, sendo os resultados divididos entre os cooperados, na medida da participação de cada um. Dois dos futu-
ros cooperados, ao que tudo indica, são os jovens Anderson
Douglas Silva, de 21 anos, e
João Santos, de 18. Ambos especializaram-se em desmanchar
aparelhos eletrônicos imprestáveis que são deixados nas ruas,
como ventiladores, televisões,
restos de computadores e teclados. Tímidos, eles parecem meio
acuados em um ambiente estritamente feminino, na cooperativa, mas dizem preferir ficar ali
do que na rua.
Adélia: cooperativa
organizou o trabalho
Pá g . 3 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 2
Cooperativismo e Meio Ambiente
Na Cocamar, o fio ecológico
A Cocamar Cooperativa Agroindustrial é
tradicional compradora de fibra de poliéster
– o produto originado da reciclagem de embalagens pet. O destino é a sua indústria de
fios, para produção do chamado “fio ecológico”, em alta no mercado. A Cocamar foi
pioneira no Brasil na elaboração desse fio e,
até hoje, são apenas duas fiações especializadas no país, ambas no Paraná.
O gerente industrial Nilton Perazzolo de
Camargo conta que pelo menos 30% do
total de 600 toneladas de fios elaborados por
mês, na fiação, derivam do poliéster originário da embalagem pet, onde a fibra é adicionada a algodão na proporção de 50% cada.
O algodão vai conferir maciez ao tecido. “A
produção atende a uma demanda formada
por um grande número de malharias e confecções”, diz, lembrando que os cerca de 300
colaboradores da fiação utilizam uniformes
elaborados exclusivamente com este tipo de
fio.
De acordo com o gerente, a produção de fio
ecológico na indústria da Cocamar retira do
meio ambiente cerca de 45 milhões de garrafas pet a cada mês.
Modelo da Paraná
Fabril exibe
camiseta feita
com f io ecológico
A produção da f iação equivale a retirar 45 milhões
de gar rafas pet do ambiente por mês
Não é mais barato
De acordo com a gerente comercial Fibras da Cocamar, Elaine Patrocino Lopes, muita
gente ainda pensa que, por ser originário do lixo, o fio pet deveria custar mais barato que
o similar de algodão ou sintético, o que não ocorre. “Por interligar vários elos de uma cadeia, ele acaba ficando um pouco mais caro”, explica.
Ela defende que prefeituras de municípios que têm apelo ecológico, caso de Maringá,
adotem o uso, por parte de seus trabalhadores, de uniformes elaborados com o fio derivado
de garrafas pet, servindo de exemplo para outras cidades.
Segmento de confecções é promissor
A indústria têxtil que trabalha com o fio pet está ampliando o seu espaço no mercado.
Em Maringá, a empresa Paraná Fabril, uma das poucas tecelagens e malharias especializadas na elaboração de camisetas ecológicas, está voltada a um segmento bastante promissor, segundo a gerente comercial Sandra Lemos. Entre suas principais clientes,
empresas como a Natura e também a Fundação Bradesco encomendam centenas de milhares de unidades por ano, que direcionam aos seus projetos de responsabilidade social.
Sandra confirma que parte dos consumidores ainda reclama do preço, mas justifica: “ele
embute algo muito mais importante, que é a contribuição para com o meio ambiente.
Quando alguém compra uma camiseta dessas, está fazendo a sua parte”.
Na virada Sustentável
Nos início de junho, em São Paulo, a 2º edição da Virada Sustentável em comemoração ao
Dia Mundial do Meio Ambiente mobilizou milhares de pessoas. No evento, a difusão do uso
da camiseta feita de pet foi um dos temas. Baseado na regra dos três “erres” (reduza, reutilize
e recicle), o objetivo dos organizadores é retirar das ruas milhões de garrafas nos próximos
anos. Uma das estratégias é a conscientização das pessoas para os problemas socioambientais
causados pela não reciclagem das garrafas.
Café
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Capricho e tecnologia
não podem faltar
Produtor de Alvorada do Sul
projeta cultivar um total de
13 alqueires com 130 mil
pés de café mecanizados
e fertirrigados
Alvorada do Sul (PR) I Marly Aires - Com 100
mil pés de café plantados em 10 alqueires, o produtor Milton Benelli, de Alvorada do Sul, decidiu apostar na cultura investindo em
fertirrigação e mecanização, oferecendo assim
todas as condições para que essa lavoura tenha a
melhor produtividade possível. O produtor se
prepara agora para plantar mais 30 mil mudas
em três alqueires, fechando toda a área agricultável da propriedade.
De origem rural, Benelli acabou indo cedo para
a cidade, onde montou um escritório de contabilidade. Seu sonho, entretanto, era voltar para o
campo. Em 2000, comprou os primeiros quatro
alqueires e cultivou 30 mil pés. Quando colocou
tudo na ponta do lápis para decidir em que investir, descobriu que o velho e bom café, tão conhecido por ele quando seu pai tinha sítio, era
ainda a melhor opção.
O cafeicultor destaca: “o café bem conduzido é
uma excelente alternativa de renda para as pequenas áreas, sendo possível obter uma rentabilidade quatro vezes maior do que a soja”. Mas
avisa: “não se pode plantar nem tocar a lavoura
de qualquer jeito. Tem que ser com tecnologia e
mecanizado”.
“O café bem conduzido
é uma excelente
alternativa de renda
para as pequenas áreas”
MILTON BENELLI, produtor
Com orientação técnica, Benelli conduz sua lavoura de forma diferenciada
Com fertirrigação, produtividade é maior
Orientado pelo técnico especialista em café,
Antonio Aparecido de Lima, Milton Benelli tem
conduzido sua lavoura de forma diferenciada,
adotando as tecnologias recomendadas pela pesquisa como poda, adubação de acordo com a demanda da planta e do solo, adubação foliar,
controle efetivo de pragas e doenças, roçada ecológica e tudo mais que a cultura necessita.
O produtor adotou o espaçamento de três metros e meio por 80 centímetros entre as plantas e
optado pelas variedades catuaí vermelho, iapar 98,
99 e 103 e tupi, cuja colheita acontece quase praticamente na mesma época, possibilitando a mecanização. Já na safra passada ele fez um teste,
conseguindo resultados satisfatórios e tem adquirido equipamentos para fazer a mecanização.
Cerca de 80 mil pés foram irrigados em agosto
do ano passado e a fertirrigação começa a ser colocada em prática. Com isso, Benelli acredita que
será possível aumentar a produção em 20%, além
de economizar com mão de obra, que é cara e
está em falta. “A fertirrigação permite várias aplicações, fazendo com que os nutrientes cheguem
à planta no momento certo e de forma mais bem
localizada, diminuindo as perdas e aumentando
o aproveitamento pela planta”, afirma.
Tirando as lavouras recém plantadas e podadas,
em 50 mil pés foram obtidas 550 sacas beneficiadas por safra, considerando a média de dois
anos. Em 2013/14, quando toda a área estiver
produzindo, serão mais de 3,5 mil sacas beneficiadas, estima o produtor.
Embarques recuam e informações são contraditórias
Os embarques de café brasileiro, em maio, recuaram em comparação ao mesmo mês em 2011,
segundo informou o Conselho dos Exportadores
de Café do Brasil. Foram 2,067 milhões de sacas
de 60 quilos, 575 mil sacas a menos. O volume,
no entanto, foi 62 mil sacas a mais que em abril.
Nos cinco primeiros meses do ano, as exportações
atingiram 10,7 milhões de sacas, 22% a menos
que em igual período no ano passado.
Segundo especialistas, de um lado os produtores
estão segurando o estoque que, no geral é considerado baixo em nível mundial. De outro lado, o
importador tenta empurrar com a barriga a com-
pra do produto, rolando os embarques e tentando
cancelar compras a preços mais altos que fez no
ano passado. Ao mesmo tempo, está atrás do café
robusta que serve para fazer a mistura no café
arábica em cerca de 40% ou até mais. Considerando que o Vietnã, segundo maior produtor
mundial, não deverá oferecer mais de 17/18 milhões de sacas quando se apostava que iria colher
21/22 milhões, a conclusão é que o mundo,
queira ou não, fica dependente do arábica brasileiro, parte do qual ainda está na árvore. A orientação é que os cafeicultores não corram para
vendê-lo a qualquer preço.
Comunidade
Pá g . 3 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - J u n h o 2 0 1 2
O NÚCLEO FEMININO de
Maringá organizou um almoço
benef icente no dia 6 de maio no
salão comunitário da Capela Bom
Jesus, situada na Gleba Pingüim,
que foi bastante prestigiado. Com
muita disposição, o pessoal botou a
mão na massa para arrecadar recursos que foram destinados à
aquisição de 1.080 litros de leite
para a entidade assistencial Casa
de Emaús. Ao término do almoço,
as participantes receberam os
merecidos parabéns pela iniciativa e a dedicação. (Colaboração
Lourenço Gonçalves)
A comunidade apoiou o trabalho das integrantes do núcleo que, coordenada por Maria Rufato,
fez a doação do leite comprado com a arrecadação do almoço. A Casa de Emaús, fundada em
março de 2001, funciona como centro de apoio aos portadores do HIV/Aids e assiste atualmente
a mais de 150 pacientes de Maringá e região. Formada a partir da necessidade de acolher e
atender aos portadores da enfermidade e seus familiares, a Casa enfrenta dif iculdades
f inanceiras e solicita o auxílio da população. O telefone é 3263-9963/3262-8429
FORMADA por vários
cooperados, a família Lucas
reuniu-se em Maringá para
uma confraternização em
agradecimento às boas
colheitas dos últimos anos.
Participaram, também,
colaboradores das unidades
de Maringá e Paiçandu
CERCA DE 1,2 mil pessoas participaram em Maringá da 8ª Costela ao Fogo de Chão realizada
dia 10 de junho pela Associação dos Produtores da Região do Guerra (Apreg), na Estrada Santo
Inácio. Por força da tradição e do sabor diferenciado da carne, a costela atraiu gente de toda a
região, entre os quais dirigentes e colaboradores da Cocamar, que sempre prestigiam o evento.
Da esquerda para a direita, João Carlos de Souza, gerente
de produção da Unidade Maringá; Hélio Afonso da Fonseca,
cooperado e diretor da Apreg; Divanir Higino da Silva,
diretor-secretário da Cocamar e Antonio de Souza Gomes
Neto, cooperado. Ao lado, detalhe da costela sendo assada
Produtos
Optimum Intrasect, a
mais nova combinação
de tecnologias Bt
Goran Kuhar*
A introdução do milho Bt no Brasil é um exemplo global
do profissionalismo do agricultor brasileiro sempre disposto a adotar tecnologias que lhe tragam novas soluções
a problemas graves como o ataque de lagartas no milho,
reduzindo riscos e aumentando as possibilidades de incrementar a sua produtividade, melhorar a qualidade do produto final e a lucratividade. Fiel à sua tradição de parceira
com o agricultor e ao seu perfil de inovadora como canal
de novas tecnologias, a Pioneer inovou, combinando dois
produtos testados e aprovados pelos produtores, o milho
Herculex e o milho YieldGard, gerando a tecnologia Optimum Intrasect , uma nova geração e, portanto, uma evolução da tecnologia Bt em milho.
A presença nas plantas de milho, simultaneamente, das
proteínas Cry1F e Cry1Ab, propicia excelente controle
das principais pragas tais como a lagarta-do-cartucho
(Spodoptera frugiperda), a broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis) e a elasmo (Elasmopalpus lignosellus).
Ainda, complementado com melhor controle da lagartadas-espigas (Helicoverpa zea) e da lagarta-rosca (Agrotis
ipsilon), e o controle de pragas secundárias como a lagartadas-vagens (Spodoptera eridania) e a lagarta-do-trigo
(Pseudaletia sequax), que podem aparecer na lavoura e
assim ganhar importância econômica em virtude do controle das pragas principais.
Além das duas proteínas Bt, o milho Optimum Intrasect
ainda tem ferramentas que auxiliam no melhor manejo
das plantas daninhas. Uma delas é a tecnologia Liberty
Link de tolerância a herbicidas formulados com Glufosinato de Amônio presente no milho Herculex. A outra tecnologia que poderá ser incorporada como ferramenta
adicional é a tecnologia Roundup Ready de tolerância aos
herbicidas Roundup, aumentando ainda mais o espectro
de controle das plantas daninhas.
Vários híbridos da marca Pioneer estão em fase de registro no Registro Nacional de Cultivares do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e já estão sendo
comercializados em 2012.
*Gerente de Registro e Regulamentação da Pioneer
BioGene lança 5
novos híbridos de milho
Tecnologia faz parte da origem da BioGene, e nesta safra
ela está lançando no mercado cinco híbridos de milho, totalizando onze produtos em seu portfólio, atendendo os
mercados de verão e safrinha. São híbridos com características que vão desde o ciclo e pendoamento superprecoce
até especiais para silagem. Além disso, está investindo em
tecnologias que potencializam e aumentam o controle de
pragas do milho, como Herculex e a combinação Herculex
e Roundup Ready, e opções de Tratamento de Sementes
Industrial. Isso demonstra o compromisso da BioGene em
ser uma marca cada vez mais presente no dia a dia do agricultor, ajudando-o a aumentar a produção de grãos e contribuindo para o crescimento da agricultura brasileira.
Almanaque
J u n h o 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 5
Sushi, saboroso e saudável
Fazer sushi para a família de Regina
Shizuko Koga, de Assaí, esposa do cooperado Cláudio Koga, dá trabalho.
Todo mundo gosta do tradicional prato
da culinária japonesa, reconhecido
como uma das iguarias mais saudáveis.
“Quem experimenta, se delicia”, diz.
Ela conta que, antigamente, para
transportar os peixes para outros lugares, costumava-se conservá-los no arroz
cozido. Os japoneses sabiam que o ce-
real, ao liberar os ácidos acético e láctico, manteria a qualidade do alimento
por mais tempo. A técnica também era
utilizada por pescadores em alto mar,
que criaram o sushi prensado o qual foi
evoluindo através dos anos pelos países
por onde se espalhou, ganhando ingredientes locais.
INGREDIENTES
• 1 kg de arroz japonês
• 1 ½ litro de água
Regina Shizuko Koga,
de Assaí, ensina a fazer
• 1 copo de açúcar
• 3 colheres (sopa) de vinagre de arroz
• 1 colher (chá) de Ajinomoto
• 3 colheres (chá) de sal
• 1 colher (sopa) de saquê
• 10 folhas de noricalga desidratada
(feito de alga marinha)
Para recheio: omelete de três ovos (sem
tempero), 50g de kampio (passar água
quente e temperar com açúcar, shoyo e
Ajinomoto) e soboro ou gengibre. Pode
também colocar pepino japonês e cenoura cozida, frutas, atum com alface e
outros.
PREPARO
Regina: esse
alimento tem
história e “quem
experimenta,
se delicia”
Cozinhe apenas o arroz. Depois de
pronto, misture os temperos. Coloque
uma folha de noricalga sobre o sudare
(esteirinha de bambu própria para o
preparo de sushi), esparrame o arroz
ainda morno sobre a folha deixando a
beirada livre para fechar, e coloque o recheio no primeiro terço da folha. Enrole
e molde com o auxílio do sudare, comprima as extremidades e retire o sudare.
Dá 10 unidades. Corte cada rolinho em
oito fatias com uma faca passando-a em
um guardanapo umedecido.
Contagem regressiva
Pá g . 3 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - J u n h o 2 0 1 2
Esta é a terceira de uma série de matérias que marcam a contagem
regressiva rumo ao aniversário de 50 anos da Cocamar, em março de 2013
José Pires de Almeida,
o “salvador da pátria”
Em 1967, o então presidente do Banco Nacional de Crédito
Cooperativo (BNCC) cruzou o caminho da cooperativa
que, mergulhada em dificuldades, corria o risco de fechar.
Graças ao seu empenho pessoal, a entidade recuperou-se
e ganhou impulso para crescer
Maringá (PR) I Da Redação - Fundada em 1963, a Cocamar enfrentava
dificuldades em razão da decadência
da cafeicultura e a falta de participação dos cooperados. No ano de 1967,
a diretoria comandada pelo presidente José Cassiano Gomes dos Reis
Júnior convidou o então ministro da
Agricultura, Hugo de Almeida
Leme, para uma visita a Maringá.
Leme havia sido professor de Cassiano na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em
Piracicaba (SP). Não demorou para
o ministro atender ao convite. A visita de Hugo Leme não apenas ajudou a fortalecer ainda mais a
diretoria junto aos produtores e a comunidade, como facilitaria na abertura de algumas portas e levar a um
homem de grande importância para
a reviravolta da entidade: o presidente do Banco Nacional de Crédito
Cooperativo (BNCC), José Pires de
Almeida, diretamente subordinado
ao ministro. Pires era um grande entusiasta do cooperativismo. Pouco
depois da visita de Hugo Leme, seria
Almeida, que
faleceu há poucos
anos, era um
incentivador do
cooperativismo e
grande amigo da
Cocamar; abaixo,
a primeira usina
de benef iciamento,
que levou o
seu nome
A ajuda
para entrar
no algodão
a vez do presidente do BNCC estar
em Maringá, onde foi colocado a par
das dificuldades enfrentadas pela cooperativa.
Sabendo que a entidade corria o
risco de fechar as portas, Pires disse
que isto, se realmente acontecesse,
representaria um desastre para o cooperativismo do norte do Paraná,
podendo afetar outras. E conseguiu
acender o que poderia ser a “luz do
fundo do túnel”: prometeu realizar
esforços junto aos órgãos federais,
principalmente o BNCC, para tentar
a liberação de recursos e assim resolver a situação. Mas deixou bem claro:
a única pessoa que poderia ajudar a
Cocamar realmente era um dos homens mais poderosos do país na
época, o ministro Roberto Campos.
Informou Pires que seria pleiteada
Com Roberto Campos, o
homem que mandava em tudo
Tempos depois, Pires cumpriria o prometido, informando
o dia e a hora do encontro tão esperado e decisivo para o futuro da cooperativa. Segundo o então diretor Constâncio
Pereira Dias, o agendamento foi possível graças, também,
ao empenho pessoal de José Agostinho Trigo Drumond
Gonçalves, diretor da Companhia de Financiamento da
Produção (CFP). Na audiência: José Cassiano e Constâncio,
acompanhados do presidente do BNCC, são colocados
frente a frente com o poderoso Roberto Campos. Os dirigentes expuseram os problemas enfrentados pela cooperativa
mas a conversa seria interrompida por um chamado urgente
do presidente Castelo Branco, ao telefone, que necessitava
falar com Campos. Quando este retornou à reunião, após
alguns minutos, os problemas e os pleitos daquela pequena
cooperativa de Maringá, representada pelos dois moços, parecia infinitamente menor que as grandes questões nacionais
a que estava acostumado e que certamente havia tratado
com o presidente. E para encurtar a conversa, ordenou ao
seu chefe de gabinete, Milcíades Mário Sá Freire de Souza,
o Sá Freire, ali, presente, que providenciasse ajuda “aos meninos”. A Cocamar sobreviveria.
Através de Sá Freire, que falava com toda a autoridade que
lhe havia sido dada pelo ministro Roberto Campos, a cooperativa teve acesso a um empréstimo de 300 milhões de
cruzeiros junto ao IBC, o que lhe permitiu fôlego para pagar
as dívidas mais urgentes e poder continuar sua trajetória. O
resultado imediato é que os associados voltaram e se animar
e a operar com a entidade.
O algodão tinha se transformado em um negócio atraente
para as empresas que atuavam na
região e podia representar a salvação para a Cocamar, que dependia demasiadamente do café.
Porém, a diretoria concluiu que
os equipamentos para montar
uma usina de beneficiamento
eram muito caros. Em conversa
com Paulo Carneiro Ribeiro, diretor do IBC, os dirigentes se
convenceram a entrar nesse setor.
Em vez de comprar máquinas
novas, a solução seria bem mais
simples e barata: a aquisição de
estruturas usadas, conforme sugeriu Primo Artiolli, o gerente operacional que era, também, um
especialista em beneficiamento
de algodão.
Precisando de dinheiro para a
empreitada, a diretoria não teve
outra opção senão recorrer novamente a José Pires de Almeida,
ainda presidente do BNCC, que
se convenceu a arriscar: colocou à
disposição da Cocamar um crédito de 230 milhões de cruzeiros,
a curto prazo, com o fim específico de a cooperativa adquirir
uma máquina de algodão, o que
foi feito sem demora.
Era o que precisava para impulsionar o crescimento da Cocamar.
Com o algodão, a cooperativa saldou todas as suas dívidas e teria
recursos, pouco tempo depois,
para montar uma segunda usina
de beneficiamento.

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