em biomphalaria glabrata
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CARACTERIZAÇÃO DAS ISOFORMAS DA ADENOSINA DESAMINASE (ADA) EM BIOMPHALARIA GLABRATA Sandra Fernanda L. C. Nunes1; Rafael V. Pereira2; Yacy M. Almeida3; Marcus R. Vale* * [email protected] Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Faculdade de Medicina, Rua Cel Nunes de Melo 1127, CEP 60430-270 – Rodolfo Teófilo - Fortaleza-Ceará 1 - [email protected] 2 - [email protected] 3 – [email protected] Characterization of adenosine deaminase isoforms in Biomphalaria glabrata Adenosine (Ad), inhibts the inflammatory process and is controlled by adenosine deaminase (ADA). In human, ADA is expressed by isoenzymes ADA1 and ADA2. We detected high activity of ADA in hemolymph of Biomphalaria glabrata (50 times higher than in human serum) and decided to characterize it also in hepatopancreas. A molecular filtration showed one peak in hemolymph with higher activity for Ad than for 2’-deoxy-adenosine (dAd) and one peak in hepatopancreas with higher activity for dAd. Both peaks presented an apparent molecular weight of 120kD. Ion exchange chromatography confirmed one form of ADA in hemolymph but revealed 3 peaks of activity in hepatopancreas, with higher activity for dAd. These results indicate the existence of at least 4 isoforms of ADA in B. glabrata with similar molecular weights: one in hemolymph and three in hepatopancreas. It should be of interest to study ADA in the infection of B. glabrata by Schistosoma mansoni to find if the enzyme also plays any role in the defense system of that animal. Introdução A adenosina (Ad) é um nucleosídeo purínico que age como sinal extracelular mediando uma grande número de respostas via interação com seus receptores de membrana (Rodwell, 1998). Sua ação antiinflamatória já está bem estabelecida. Bloqueia a adesão de neutrófilos (Cronstein et al, 1986), maturação e quimiotaxia de monócitos (Fischer et al, 1985), produção de íons superóxido pelos neutrófilos (Cronstein et al, 1985), citotoxicidade das células “killers” e “natural killers” (Grever et al, 1982), liberação de citocinas (Bouma et al, 1996), inibição da síntese de LTB4 (Krump et al, 1996) e a liberação de histamina pelos basófilos (Marone et al, 1979). Seus níveis são modulados por intermédio de enzimas especializadas, dentre as quais a mais importante é a adenosina desaminase (ADA),que em humanos é expressa por 2 isoenzimas: ADA1 e ADA2 (Vander Wayden & Kelley, 1976). A ADA1 (36.000 daltons) é amplamente distribuída nos tecidos e desamina eficientemente a adenosina (Ad) e a 2’deoxiadenosina (dAd), funcionando como agente modulador dos níveis, intra e extracelulares de Ad e dAd. A ADA1 está diretamente envolvida na ativação dos linfócitos T, tendo sido demonstrada sua associação direta com CD26 (Dong et al, 1996), uma molécula extracelular acessória para a ação dessas células (peso molecular final do complexo ADA/CD26=280.000 daltons). A ADA2 (peso molecular = 100.000 daltons) é normalmente encontrada no soro e produzida somente pelo sistema monocítico macrofágico (Ungerer et al, 1992). É importante ferramenta para o diagnóstico de doenças inflamatórias e infecciosas como tuberculose, febre tifóide, hepatite viral e AIDS (Gakis et al, 1989). Em Biomphalaria glabrata, principal hospedeiro intermediário de Schistosoma mansoni, detectamos em estudos preliminares, altos níveis de atividade da ADA (Almeida, 1999). Este achado despertou o interesse em conhecer a implicação dessa enzima no sistema de defesa do animal. Experimental 1. Obtenção da hemolinfa e do homogenato de hepatopâncreas de B. glabrata Foram utilizados animais com o diâmetro de concha entre 15 e 18mm. A hemolinfa coletada (100uL), foi centrifugada a 10.000xg por 15 minutos a -4ºC e o sobrenadante diluído 50 vezes em tampão fosfato 50mM, pH 6,8. Após a coleta da hemolinfa, o hepatopâncreas foi isolado, pesado e homogenizado em 10 volumes de tampão fosfato (50mM, pH 6,8). O homogenato foi centrifugado a 10.000xg por 20 minutos a 10ºC e o sobrenadante utilizado para o ensaio da ADA. 2. Ensaio padrão da ADA O ensaio da enzima é baseado na quantificação da amônia originada da desaminação da Ad ou dAd pela enzima (Giusti, 1974) .Os resultados são expressos em umoles de amônia formada por minuto ou em nmoles de NH3 / min 3. Filtração Molecular em Sephadex G200 A filtração molecular foi realizada em coluna de 36 cm x 2,5cm, equilibrada e inicialmente eluída com tampão fosfato pH 6,8 com fluxo de 0,4 mL por minuto. Frações de 2mL foram coletadas e 100ul de cada fração utilizada para análise de ADA. A presença de proteína foi medida em absorbância 280nm. 4. Cromatografia de troca iônica em Deaecelulose A cromatografia foi realizada em coluna de 36cm x 2,5cm, equilibrada com tampão fosfato pH 6,8, inicialmente eluida com o mesmo tampão e em seguida alteradas as concentrações de cloreto de sódio (0,1; 0,3; 0,5; 0,8 e 1,0M). Foram coletadas frações de 4,5mL e destas foram retirados 100uL para realização do ensaio. Resultados e Discussão A atividade da ADA da hemolinfa (2677 + 47,2 umoles de NH3/min/L - n=12 para Ad; 1011,75 + 52,27umoles de NH3/ min/ L n=12 para dAd) e do hepatopâncreas (1,478 + 0,12 nmoles de NH3/ mg de prot./min - n=12 para Ad; 2,365 + 0,146 nmoles de NH3/ mg de prot/ min - n=12 para dAd) de B. glabrata foi detectada, pela primeira vez, no Laboratório de Farmacologia Bioquímica e chamou a atenção por seus altos níveis, se comparados aos da ADA em soro humano normal (10 a 20 U/L). A filtração molecular da hemolinfa em Sephadex G200 revelou um único pico de atividade usando Ad ou dAd como substrato. As frações do pico apresentaram atividades em torno de 35% maiores com Ad do que com a dAd (Figura 1). O mesmo perfil foi observado na filtração molecular do homogenato de hepatopâncreas, sendo que a atividade da enzima com dAd foi em torno de 30% maior do que com a Ad. (Figura 2) Os altos níveis de atividade da ADA na hemolinfa de B. glabrata podem indicar a necessidade do animal manter em seu meio baixas concentrações de Ad e dAd. Portanto, pode-se também inferir um papel importante para esses substratos já que aparentemente seus níveis são fortemente controlados. O uso dos dois substratos mostrou comportamentos diversos da atividade da enzima da hemolinfa e do hepatopâncreas em coluna de Sephadex G200, indicando uma possível existência de pelo menos 2 isoformas com idênticos pesos moleculares. Uma isoforma que apresentava maior atividade com Ad (hemolinfa) e outra com maior atividade com dAd (hepatopâncreas). Utilizando-se proteínas de peso moleculares conhecidos (ADA1, ADA1+CD26 e hemoglobina humanas), foi possível calcular o peso molecular da ADA da hemolinfa e hepatopâncreas. Os picos da ADA de ambos mostraram um padrão de eluição compatível com o peso molecular de 120.000 daltons. Foi necessário utilizar outra metodologia de separação para confirmar a hipótese da existência de 2 isoformas: a cromatografia de troca iônica por Deae-celulose. A cromatografia de troca iônica da hemolinfa em Deae-celulose revelou a presença de um único pico de atividade para ADA usando Ad ou dAd como substrato. As frações do pico apresentaram atividades em torno de 2,5 vezes maior com Ad do que com a dAd. (Figura 3). Já no homogenato de hepatopâncreas em Deae-celulose, foram discriminadas pelo menos mais 3 isoformas diferentes que apresentaram atividade maior para dAd. (Figura 4). 3 1 2 1 0 0 10 20 30 40 50 60 70 0 90 80 Frações Figura 3: Cromatografia de troca iônica da hemolinfa em DEAE-celulose (As setas indicam a troca das soluções de NaCl : ( 0,5; 0,8 e 1M, respectivamente). Ad nmoles de NH3/minuto dAd Proteínas 1 0.15 0.10 0.05 0 0 25 50 1.0 3 4 0.1 1 0.5 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0.0 100 Figura 4: Cromatografia de troca iônica do hepatopâncreas em DEAE-celulose (As setas indicam a troca das soluções de NaCl : (0,1; 0,3; 0,5; 0,8 e 1M) respectivamente) Conclusões: Na hemolinfa de B. glabrata, foi detectado, com os métodos utilizados, somente uma isoforma da ADA, com atividade maior para Ad. No hepatopâncreas existem pelo menos três isoformas de ADA com atividade maior para dAd. 0.00 100 75 Proteínas 2 Frações Absorbância em 280nm 0.20 0.2 5 dAd 0.0 Figura 1: Cromatografia em coluna de Sephadex G200 em hemolinfa de B.glabrata. 2 Ad 1.5 nmoles de NH3/minuto 4 2 Frações Figura 2: Cromatografia em Coluna Sephadex G200 do hepatopâncreas de B. glabrata Agradecimentos: FUNCAP nmoles de NH3/minuto Referencias Bibliográficas 3 Ad dAd 0.4 Proteínas 3 0.3 2 1 0 0.2 2 1 0.1 0 10 20 30 40 50 Frações 60 70 0.0 80 Absorbância em 280nm 4 ALMEIDA, S. M. Caracterização da adenosina desaminase presente na hemolinfa de Biomphalaria glabrata (Say, 1818). Monografia de Graduação, Universidade Federal do Ceará, 1999. BOUMA, M. G.; VAN DEN WILDENBERG; F. A. J. M.; BUURMAN, W. A. - Adenosine inhibits cytokine release and expression of adhesion molecules by activated human endothelial cells. J. Physiol., 270: C522C529, 1996. CRONSTEIN, N. B., LEVIN, R. 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