Harmonia Conjugal e Familiar
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Harmonia Conjugal e Familiar
BOLETIM ON LINE Junho de 2014 Ano VII CNBB – REGIONAL SUL 2 Harmonia Conjugal e Familiar Dom Orlando Brandes Arcebispo de Londrina e Bispo Referencial da Pastoral Familiar do Regional Sul 2/ CNBB Nesta Edição 01 – Harmonia Conjugal e Familiar 02 – Guenka foi para a Casa do Pai 03 – Coordenação da CRPF faz sua 2ª reunião do ano em Foz do Iguaçu 05 – Catequese do Papa Francisco: Confissão e Unção dos Enfermos. 09 – 4º Simpósio Nacional da Família 15 – Retiro no Decanato Laranjeiras 16– Palmas/Francisco Beltrão na 6ª Peregrinação 17 – Os significados do casamento 20– Guarapuava no 4º Simpósio 21 – O dom do filho Desde o princípio o Criador programou o homem e a mulher para ser "uma só carne" (Gen 2,24), crescer, multiplicarse, como imagem e semelhança da comunidade divina. O matrimônio é definido pela Igreja como "comunidade de vida e de amor". Eis o fundamento da harmonia conjugal, que se expressa em outras harmonias como veremos. l . Harmonia econômica. Apego material, ambição, ganância, gera miséria humana, espiritual e moral. Não esbanjar e não ser mão fechada, diz o bom senso. Os filhos devem assumir trabalhos em casa. Receber tudo de mãobeijada é prejudicial. Pais que só lembram o lado econômico e esquecem o afetivo e religioso, prejudicam a família. Não se compensa a ausência física com presentes nem com liberdade total. A tarefa de educar não é só da mãe, da babá, da creche, etc. O sucesso profissional e econômico não garante a felicidade dos filhos. Brigar por causa de herança não vale a pena. Enriquecer e perder o sono e a paz, é falsa felicidade. 2. Harmonia temperamental. Sem esta harmonia, as raivas, as grosserias, as agressões, a indiferença, as brigas se sucedem a cada instante. Não gritar, não fechar-se, mas dialogar, compreender, perdoar, tolerar e ajudar o outro a crescer, eis o caminho da harmonia. "Faças aos outros o que queres que te façam a ti". É a lei de ouro. Não vale culpar os outros, mas usar de auto-crítica. Quando um não quer, dois não brigam. Casar-se com o jeito do outro com suas limitações e ajudá-lo a ser mais, a amadurecer, é uma das finalidades do casamento. É ser uma só carne no nível temperamental. 3. Harmonia cultural. Não humilhar o cônjuge, mas sempre promovêlo. Respeitar seus interesses, valorizar seus gostos e dar oportunidade para o outro fazer o que gosta. Não ter inveja nem sentir-se inferiorizado. Sem harmonia cultural não há diálogo, mas distância, silêncio, indiferença, humilhações. Trocase o lar pelo bar, pelo esporte, ou por outro "amor". Casar é ajudar o outro a ser mais. Um ser mestre do outro. Cônjuge é quem sabe conjugar, carregar o jugo junto com o outro. BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 4 Harmonia sexual. Nada se deve forçar, impor, fingir em asunto de sexo. Por outro lado não se deve ter vergonha de falar do que Deus não teve vergonha de criar. Em sexo ninguém é obrigado a ter sucesso sempre. É uma área delicada e a primeira pessoa a nos ajudar é o cônjuge que partilha do mesmo leito. Buscar ajuda neste campo é sabedoria e muitas vezes, a única solução. O perdão, o afeto, o humanismo, a informação, a espiritualidade muito contribuem para a harmonia sexual do casal. 5. Harmonia parental. Respeitar e cultivar amizade com os familiares e parentes do outro cônjuge. A intromissão de parentes em nossa família é coisa deletéria, mas a entreajuda e bom entrosamento é uma bênção. Quem se casa deve casar-se também com os parentes do seu consorte. Na verdade, as famílias de ambos se "casam" entre si. Eis a harmonia parental. O contrário será um verdadeiro inferno. 6. Harmonia espiritual. Rezar juntos, ensinar os filhos a rezar, ler as Escrituras, frequentar a Igreja, colaborar nos trabalhos pastorais, são alguns elementos da harmonia-espiritual. Uma pessoa muito religiosa que se casa com alguém indiferente, irreligioso, irreverente, acaba perdendo a fé ou vivendo um divórcio espiritual, algo estranho e até insuportável. A religião será causa de discussões e aborrecimentos, quando não, de injustiças. É preciso casar os espíritos, as convicções, as almas e não só os corpos. A indiferença religiosa destrói casamentos, já a harmonia espiritual é sustentação, remédio, chave, proteção, bênção da família. Guenka foi para a Casa do Pai Eduardo Guenka, nosso irmão de caminhada na Pastoral Familiar, foi morto a tiros no final da tarde deste domingo, 8, no jardim Santa Rosália, na garagem da casa onde também foram baleados seu filho e nora. Os bombeiros foram acionados às 17h42 para atender as vítimas. Ao chegarem ao local, encontraram o médico psiquiatra Eduardo Guenka, de 75 anos, já sem vida, nos braços da esposa. Seu filho Marcos foi atingido por dois disparos no abdome, seria submetido a uma cirurgia no Hospital Regional de Sorocaba e não corre risco de morte. A esposa de Marcos, Aline, também foi levada ao Regional, com uma perfuração no ombro, sem gravidade. Casado(a) com MARIA ANGELA ZOLDAN GUENKA, EDUARDO GUENKA deixou os filhos CARLOS EDUARDO 47 ANOS, MARCOS 45 ANOS, RAFAEL 40 ANOS, FERNANDO 43 ANOS, ELAINE CRISTINA 36 ANOS. DESCANSE EM PAZ, nos braços de Deus Pai. À Angela e a toda a família nossas condolências e orações, na certeza da ressurreição do nosso irmão Guenka e da felicidade plena na vida eterna. JUNHO DE 2014 2 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 Coordenação da CRPF faz sua segunda reunião do ano, em Foz do Iguaçu-PR PARTICIPAÇÃO Nos dias 17 e 18 de maio, a equipe de Coordenação da CRPF - Comissão Regional da Pastoral Familiar (Sul 2) esteve reunida pela segunda vez este ano. Desta feita na paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Foz do Iguaçu. Participaram, além dos membros da equipe: Gerson Angelo Lorenzi e Elisete Cecheto Lorenzi, Coordenadores Arquidiocesanos da Pastoral Familiar de Cascavel), Marilde Tasca e Izalnir Tasca, Coordenadores Diocesanos da Pastoral Familiar de Foz do Iguaçu e o padre Ademar Lins, Assessor Eclesiástico da Pastoral Familiar da Diocese de Foz do Iguaçu. Silvana irão elaborar um questionário para levantamento da realidade das famílias no nosso Regional, a partir de sugestões de toda a equipe de coordenação. QUESTIONÁRIO CONGRESSO REGIONAL Sandra e Jorge, Wilton e Cris e José Marques e A Equipe de coordenação da CRPF Mês de agosto – marque na Agenda 10 a 16 – SNF – Semana Nacional da Família 17 – Assunção de Nossa Senhora 23 e 24 – 3ª reunião da Coordenação da Comissão Regional da Pastoral Familiar em Campo Mourão JUNHO DE 2014 3 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 começou a discutir os principais itens para a realização do 5º Congresso Regional que, num primeiro momento tem previsão para acontecer em Ponta Grossa, no mês de setembro de 2015. Até a próxima reunião serão definidas as questões relativas ao número de participantes e demais itens de logística, tema etc. REUNIÕES ANUAIS Decidido que as reuniões anuais da coordenação da CRPF serão três ao invés de quatro, como tem sido até o presente momento. Elas deverão ocorrer nos meses de março, julho e novembro. CELEBRAÇÕES EUCARÍSTICAS Os trabalhos de sábado foram encerrados com a celebração da Missa presidida por Dom Orlando com a participação apenas dos presentes na reunião. E, no domingo, as atividades iniciaram com a participação na Santa Missa presidida por Dom Orlando juntamente com a comunidade paroquial. FINANÇAS Um dos aspectos que impactam nos trabalhos pastorais é a questão financeira, tornando-se, em alguns casos, um peso para os agentes de qualquer pastoral. Na Pastoral Familiar não é diferente. Para minimizar ou resolver JUNHO DE 2014 esta questão, a equipe de coordenação está analisando algumas opções. VIDA Wilton apresentou a logomarca, justificou a cor predominante vermelha para redução de custo com impressão. Disse que analisou o material repassado na última reunião e identificou alguns movimentos e encontros e que vai entrar em contato para participar. Pretende fazer uma reunião até 31/08 com os responsáveis pelo setor para definir a Semana Nacional da Vida. 4 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 CONFISSÃO Através dos Sacramentos da iniciação cristã, o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia, o homem recebe a vida nova em Cristo. Agora, todos sabemos disso, nós levamos essa vida “em vasos de barro” (2 Cor 4, 7), ainda estamos sujeitos à tentação, ao sofrimento, à morte e, por causa do pecado, podemos até mesmo perder a nova vida. Por isto o Senhor Jesus quis que a Igreja continuasse a sua obra de salvação também através dos próprios membros, em particular o Sacramento da reconciliação e aquele da Unção dos enfermos, que podem ser unidos sob o nome de “Sacramentos da cura”. O Sacramento da Reconciliação é um Sacramento de cura. Quando eu vou confessar-me é para curar-me, curar a minha alma, curar o coração e algo que fiz e não foi bom. O ícone bíblico que o exprime melhor, em sua profunda ligação, é o episódio do perdão e da cura do paralítico, onde o Senhor Jesus se revela ao mesmo tempo médico das almas e dos corpos (cfr Mc 2,1-12 // Mt 9,1-8; Lc 5,17-26). 1. O Sacramento da Penitência e da Reconciliação surge diretamente do mistério pascal. De fato, na própria noite de Páscoa, o Senhor aparece aos discípulos, fechados no cenáculo, e depois de ter dirigido a eles a saudação “A paz esteja convosco”, soprou sobre eles e disse: “Recebeis o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhesão perdoados” (Jo 20,21-23). Esta passagem nos revela a dinâmica mais profunda que está contida neste Sacramento. Antes de tudo, o fato de que o perdão dos nossos pecados não é algo que podemos dar a nós mesmos. Eu não posso dizer: perdoo os meus pecados. O perdão se pede, se pede a uma outra pessoa e na Confissão pedimos o perdão a Jesus. O perdão não é fruto dos nossos esforços, mas é um presente, é um dom do Espírito Santo, que nos enche com a misericórdia e a graça que surge incessantemente do coração aberto de Cristo crucificado e ressuscitado. Em segundo lugar, recorda-nos que somente se nos deixamos reconciliar no Senhor Jesus com o Pai e com os irmãos podemos estar verdadeiramente na paz. E todos sentimos isso no coração quando vamos confessar-nos, com um peso na alma, um pouco de tristeza; e quando recebemos o perdão de Jesus estamos em paz, com aquela paz da alma tão bela que somente Jesus pode dar, somente Ele. 2. No tempo, a celebração deste Sacramento passou de uma forma pública – porque no início se fazia publicamente – àquela pessoal, à forma reservada da Confissão. Isto, porém, não deve fazer JUNHO DE 2014 O Sacramento da Reconciliação é um Sacramento de cura. Quando eu vou confessar-me é para curar-me, curar a minha alma, curar o coração e algo que fiz e não foi bom. O ícone bíblico que o exprime melhor, em sua profunda ligação, é o episódio do perdão e da cura do paralítico, onde o Senhor Jesus se revela ao mesmo tempo médico das almas e dos corpos 5 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 CONFISSÃO Queridos amigos, celebrar o Sacramento da Reconciliação significa ser envolvido em um abraço caloroso: é o abraço da infinita misericórdia do Pai. perder a matriz eclesial, que constitui o contexto vital. De fato, é a comunidade cristã o lugar no qual se torna presente o Espírito, o qual renova os corações no amor de Deus e faz de todos os irmãos uma só coisa, em Cristo Jesus. Eis então porque não basta pedir perdão ao Senhor na própria mente e no próprio coração, mas é necessário confessar humildemente e com confiança os próprios pecados ao ministro da Igreja. Na celebração deste Sacramento, o sacerdote não representa somente Deus, mas toda a comunidade, que se reconhece na fragilidade de cada um de seus membros, que escuta comovida o seu arrependimento, que se reconcilia com ele, que o encoraja e o acompanha no caminho de conversão e amadurecimento cristão. Alguém pode dizer: eu me confesso somente com Deus. Sim, você pode dizer a Deus “perdoa-me”, e dizer os teus pecados, mas os nossos pecados são também contra os irmãos, contra a Igreja. Por isto é necessário pedir perdão à Igreja, aos irmãos, na pessoa do sacerdote. “Mas, padre, eu me envergonho…”. Também a vergonha é boa, é saudável ter um pouco de vergonha, porque envergonhar-se é saudável. Quando uma pessoa não tem vergonha, no meu país dizemos que é um “sem vergonha”: um “sin verguenza”. Mas também a vergonha faz bem, porque nos faz mais humildes e o sacerdote recebe com amor e com ternura esta confissão e em nome de Deus perdoa. Também do ponto de vista humano, para desabafar, é bom falar com o irmão e dizer ao sacerdote estas coisas, que são tão pesadas no meu coração. E alguém sente que desabafa diante de Deus, com a Igreja, com o irmão. Não ter medo da Confissão! Alguém, quando está na fila para confessar-se, sente todas estas coisas, também a vergonha, mas depois quando termina a Confissão sai livre, grande, belo, perdoado, purificado, feliz. É este o bonito da Confissão! Eu gostaria de perguntar-vos – mas não digam em voz alta, cada um responda no seu coração – quando foi a última vez que você se confessou? Cada um pense… São dois dias, duas semanas, dois anos, vinte anos, quarenta anos? Cada JUNHO DE 2014 um faça as contas, mas cada um diga a si mesmo: quando foi a última vez que eu me confessei? E se passou tanto tempo, não perder um dia a mais, vá, que o sacerdote será bom. É Jesus ali, e Jesus é o melhor dos sacerdotes, Jesus te recebe, recebe-te com tanto amor. Seja corajoso e vá à Confissão! 3. Queridos amigos, celebrar o Sacramento da Reconciliação significa ser envolvido em um abraço caloroso: é o abraço da infinita misericórdia do Pai. Recordemos aquela bela, bela parábola do filho que foi embora de sua casa com o seu dinheiro da herança; gastou todo o dinheiro e depois quando não tinha mais nada decidiu voltar pra casa, não como filho, mas como servo. Tanta culpa tinha em seu coração e tanta vergonha. A surpresa foi que quando começou a falar, a pedir perdão, o pai não o deixou falar, abraçou-o, beijou-o e fez festa. Mas eu vos digo: toda vez que nós nos confessamos, Deus nos abraça, Deus faz festa! Vamos adiante neste caminho. Que Deus vos abençoe! 6 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 Hoje gostaria de falar a vocês do Sacramento da Unção dos Enfermos, que nos permite tocar com a mão a compaixão de Deus pelo homem. No passado, era chamado “Extrema unção”, porque era entendido como conforto espiritual na iminência da morte. Falar, em vez disso, de “Unção dos enfermos” ajuda-nos a alargar o olhar à experiência da doença e do sofrimento, no horizonte da misericórdia de Deus. 1. Há um ícone bíblico que exprime em toda a sua profundidade o mistério que transparece na Unção dos enfermos: é a parábola do “bom samaritano”, no Evangelho de Lucas (10, 30-35). Toda vez que celebramos tal sacramento, o Senhor Jesus, na pessoa do sacerdote, faz-se próximo a quem sofre e está gravemente doente, ou idoso. Diz a parábola que o bom samaritano cuida do homem sofredor derramando sobre suas feridas óleo e vinho. O óleo nos faz pensar naquele que é abençoado pelo bispo todos os anos, na Missa do Crisma da QuintaFeira Santa, propriamente em vista da Unção dos enfermos. O vinho, em vez disso, é sinal do amor e da graça de Cristo que surge da doação de sua vida por nós e se exprimem em toda a sua riqueza na vida sacramental da Igreja. Enfim, a pessoa que sofre é confiada a um hospedeiro, a fim de que possa continuar a cuidar dele, sem poupar despesas. Ora, quem é este hospedeiro? É a Igreja, a comunidade cristã, somos nós, aos quais, todos os dias, o Senhor Jesus confia aqueles que estão aflitos, no corpo e no espírito, para que possamos continuar a derramar sobre eles, sem medida, toda a Sua misericórdia e a Sua salvação. 2. Este mandado é confirmado de modo explícito e preciso na Carta de Tiago, onde recomenda: “Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Se ele cometeu pecados, ser-lhes-ão perdoados” (5, 1415). Trata-se então de uma prática que já estava em vigor no tempo dos apóstolos. Jesus, de fato, ensinou aos seus discípulos a ter a sua mesma predileção pelos doentes e pelos que sofrem e transmitiu a eles a capacidade e a tarefa de continuar difundindo em seu nome e segundo o seu coração alívio e paz, através da graça especial de tal sacramento. Isso, porém, não nos deve levar a uma busca obsessiva pelo milagre ou na presunção de poder obter sempre e seja como for a cura. Mas é a segurança da proximidade de Jesus ao doente e também ao idoso, porque todo idoso, toda pessoa com mais de 65 anos, pode receber este Sacramento, mediante o qual é o próprio Jesus que se aproxima. 3. Mas quando há um doente às vezes se pensa: “chamemos o sacerdote para que venha”; “Não, pois traz má sorte, não o chamemos”, ou “depois assusta o JUNHO DE 2014 UNÇÃO DOS ENFERMOS Trata-se então de uma prática que já estava em vigor no tempo dos apóstolos. Jesus, de fato, ensinou aos seus discípulos a ter a sua mesma predileção pelos doentes e pelos que sofrem e transmitiu a eles a capacidade e a tarefa de continuar difundindo em seu nome e segundo o seu coração alívio e paz, através da graça especial de tal sacramento. 7 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 UNÇÃO DOS ENFERMOS O sacerdote vem para ajudar o doente ou o idoso; por isto é tão importante a visita dos sacerdotes aos doentes. É preciso chamar o sacerdote junto ao doente e dizer: “venha, dê-lhe a unção, abençoe-o”. doente”. Por que se pensa isso? Porque há um pouco a ideia de que depois do sacerdote chegam os ritos funerais. E isto não é verdade. O sacerdote vem para ajudar o doente ou o idoso; por isto é tão importante a visita dos sacerdotes aos doentes. É preciso chamar o sacerdote junto ao doente e dizer: “venha, dêlhe a unção, abençoe-o”. É o próprio Jesus que chega para aliviar o doente, para dar-lhe força, para dar-lhe esperança, para ajudá-lo; também para é belíssimo! E não é preciso pensar que isto seja um tabu, porque é sempre bonito saber que no momento da dor e da doença nós não estamos sozinhos: o sacerdote e aqueles que estão presentes durante a Unção dos enfermos representam de fato toda a comunidade cristã que, como um único corpo, se reúne em torno de quem sofre e dos familiares, alimentando nesse a fé e a esperança, e apoiando-lhe com a oração e o calor fraterno. Mas o conforto maior vem do fato de que ao tornar-se presente no Sacramento é o próprio Jesus que nos toma pela mão, acaricia-nos como fazia com os doentes e nos recorda que lhe pertencemos e que nada – nem o mal e a morte – poderá nos separar Dele. Temos este hábito de chamar o sacerdote para que venha aos nossos doentes – não digo doentes de gripe, de três, quatro dias, mas quando é uma doença séria – e também aos nossos idosos e dê a eles este Sacramento, este conforto, esta força de Jesus para seguir adiante? Façamos isso! Os Sacramentos são sinais comunicadores da graça divina. O Cristianismo não é apenas uma filosofia religiosa, mas é uma união com o próprio Deus, da maneira como Ele estabeleceu, especialmente pelos Sete Sacramentos. Todo Sacramento é um sinal, que não apenas assinala, mas que realiza o que assinala. Os Sacramentos dão continuidade à santíssima humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo. JUNHO DE 2014 8 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 4º Simpósio Nacional da Família rado. Queremos pregar o caminho da paz. Da verdadeira sabedoria que vem do Evangelho, para que possamos propagar o amor, o amor que chega ao sacrifício, que se doa para o bem do outro.”, proclamou o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família. Boas-vindas Padre Rafael Fornasier , assessor nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família,deu as boas-vindas. Em seguida foi composta a mesa de abertura do Simpósio: Dom Raymundo Damasceno, Dom João Carlos Petrini e o casal coordenador nacional da Pastoral Familiar, Roque e Verônica Rhoden. Dom Raymundo Damasceno ressaltou que o Simpósio e a Peregrinação Nacional mostram nossa fé no valor da família e se inserem no contexto da preparação para o Sínodo com a Assembleia Extraordinária em outubro de 2014 e a Assembleia Ordinária em 2015com os temas das ações pastorais da Igreja para com a Família. Lembrou de São João Paulo II que afirmou que o futuro da humanidade e da Igreja passam pela família, pois ela é a fronteira da Nova Evangelização. Com base no tema do simpósio “Família: Caminhar com a Luz de Cristo e a Sabedoria do Evangelho”, Dom Raymundo disse que pela vida e pela palavra, a família é a educadora fundamental da sociedade. E, por último, rezou para que Sagrada Família nos acompanhe, especialmente nesta caminhada para o Sínodo a fim de que dê muitos frutos. Dom João Carlos Petrini invocou a proteção da Virgem Maria sobre todas as famílias que são tão agredidas por forças que tentam destruí-la. Rogou que sempre mais saibamos encontrar as razões pelas quais amamos e defendemos a família: “Vemos um mundo cada vez mais desumano, uma desumanidade que atinge a família com violências e brutalidades, até manifestações de protestos na humanidade em que depredações se tornam válidas para defender interesses de certos grupos. Vale tudo e Deus acaba sendo igno- JUNHO DE 2014 O casal coordenador Nacional – Roque e Verônica –, deu as boasvindas a todos os presentes e lembrou da nossa responsabilidade de levarmos as reflexões aqui feitas para nossas dioceses. 1ª Exposição O casal coordenador Roque e Verônica fez a primeira reflexão sobre o tema central do simpósio: “Família: Caminhar com a Luz de Cristo e a Sabedoria do Evangelho” Não podemos viver somente com aquilo que o mundo nos oferece, é preciso buscar algo mais, que alimente nossa espiritualidade. Mas o que é a luz de Cristo e como aplicar esta realidade na minha família? A luz é a energia e a influência divina que nos chega por Cristo que dá luz e vida a todas as coisas. A luz de Cristo procede da presença de Deus, é a luz que dá vida a todas as coisas. Esse poder é uma influência benéfica em todas as 9 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 criaturas e leva todas as pessoas a descobrirem o Evangelho. Nas Escrituras a luz de Cristo nos leva a entrarmos na presença de Deus. Jesus se declara a luz do Mundo. Onde, hoje, estamos precisando desta luz? Eu mesmo sou luz em todos os ambientes em que vivo? Escolhemos e acolhemos a luz de Cristo. Deixemos esta luz entrar em nossos corações. Em Mt 5,13, Jesus nos convida a sermos sal da terra e luz do mundo. A luz é crucial em nossas vidas e não nos sentimos muito bem na escuridão. São muitas as histórias de medo e insegurança: ficamos receosos no escuro, andamos com dificuldade ou até nos paralisamos. Mas a partir do momento em que acendemos a luz, o temor desaparece e nos movimentamos com destreza. A luz é este símbolo poderoso do que é Deus (cf. I Jo 1, 5). Jesus é a vitória da luz sobre as trevas, da vida sobre a morte. As trevas ao longo da Sagrada escritura representam a ruptura do homem com a presença de Deus pelo pecado. Só a luz tranquiliza e santifica o ser humano. Precisamos da Luz do Evangelho, da proposta de Jesus. Ao reconhecer isso, também nós nos tornamos Luz. Assim como a lua reflete a luz do sol, também nós devemos refletir a luz de Cristo (cf. Mt 5,15). A luz que temos dentro de nós não é para ser escondida timidamente, mas para ser oferecida aos outros para que também eles possam ser inundados por ela. Ser luz é ser testemunho de que uma vida com Cristo vale a pena e é mais feliz. A igreja tem a missão de iluminar a todos os povos com essa luz, que deve resplandecer sobre seu rosto. Para melhor entendermos a sabedoria do Evangelho, comecemos por Jo 1: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava junto de Deus no princípio. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. [O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus. João dá testemunho dele, e exclama: Eis aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim é maior do que eu, porque existia antes de mim. Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.” Essa é a teologia joanina: o Deus absoluto junto ao qual encontro sua Palavra, o Filho. A luz resplandece nas trevas e as trevas, mesmo que sejam grandes, são sempre vencidas pela luz. Se a vida é a luz dos homens, então, as trevas são a morte. Compreendemos, assim, que a vida sempre prevalecerá sobre a morte. Tudo provém de Deus. Ef 4,5: Deus é a substância única de todas as coisas, porque tudo o que existe, existe em Deus.”. A vida é a manifestação da divindade de Deus e do seu amor. Neste simpósio viemos não somente para rezar, mas para refletirmos sobre nossa caminhada e como a luz de Cristo pode iluminar nossa caminhada. Diante dos desafios da vida em família é uma ilusão viver sem Deus. Não adianta a humanidade desenvolver-se tecnologicamente, mas precisa se fortalecer no amor. Esse evento possibilita a visibilidade de todos nós que acreditamos que a família é dom de Deus e base da humanidade. A melhor forma de denunciar é anunciar. Nossa função e missão como Pastoral Familiar é de enaltecer as famílias, estejam como estiverem, sem preconceitos. JUNHO DE 2014 A primeira e mais bonita família é a Trindade Santa, que se reúne para criar o homem e a mulher e proclama que isto era “muito bom”. A família perpetua a imagem e semelhança de Deus. Pela família o verbo se tornou carne. Por isso, precisamos de uma Pastoral Familiar inteligente e corajosa. O amor entre um homem e uma mulher é o que mais se aproxima do amor divino. É dele que nascemos. Numa das pinturas do Santuário, logo após o nicho de Nossa Senhora, podemos aprender que devemos ficar atentos à presença do Cristo Luz e nos deixarmos envolver por sua misericórdia. 2ª Exposição A seguir a escritora Amélia Prado deu seu testemunho pessoal e também sua experiência no Movimento Familiar Cristão na década de 60: Há um senso universal de que todas as pessoas querem ser felizes. Não podemos atuar nas famílias se não levarmos em conta cada pessoa que a constitui. Até as famílias cristãs são postas à prova pelo mundo de forma cruel, pela perda dos valores. Não podemos “jogar sal sobre carne podre” – a família precisa de uma profunda renovação. A resposta para tal missão está na Palavra de Deus, especialmente nos Evangelhos. É interessante notar que Jesus nunca se dirigiu especificamente às famílias, mas, sim, às pessoas, ou seja, era um con- 10 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 tato bem personalizado. Lembremos os exemplos dos encontros com Zaqueu, no choro sobre Jerusalém, com a Samaritana, com o casal das Bodas de Caná, a pesca milagrosa com Pedro, a hemorroíssa... em todos estes casos Jesus estava inteiramente atento à pessoa do outro. Jesus personaliza a compaixão. Isso reflete uma compaixão quase feminina da personalidade de Cristo. Sem essa compaixão é impossível restaurar a família, e temos que começar pelas nossas próprias famílias! Isso é amor, salvação e cura de doenças, de relações. Sem esse passo não há pastoral ou psicologia que dê conta. Reforçar bem os papéis de cada um. Por exemplo, o da mulher de servir no anonimato, assim como faz o Espírito Santo:“Espírito de Deus, enviai dos céus um raio de luz! Vinde, Pai dos pobres, dai aos corações vossos sete dons.Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio, vinde! No labor descanso, na aflição remanso, no calor aragem. Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele. Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente.Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei. Dai à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons. Dai em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna! Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós!” (Sequência da Missa do Espírito Santo) A família não pode delegar sua função educativa a terceiros... A nossa maior peregrinação começa dentro de casa, no sairmos de nós mesmos, e irmos ao encontro do outro. Cito o seguinte poema: Casamento Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes. Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, de vez em quando os cotovelos se esbarram, ele fala coisas como "este foi difícil" "prateou no ar dando rabanadas" e faz o gesto com a mão. O silêncio de quando nos vimos a primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo. Por fim, os peixes na travessa, vamos dormir. Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva. (Texto extraído do livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", Ed. Siciliano São Paulo, 1991, pág. 252) Quando não há presença, não há atenção real. A mulher que não se abrir para o seu papel feminino, sua família não terá bom futuro. O marido pode e deve ajudar, mas não podem se inverter completamente. O marido “bonzinho” não me afirma como mulher. Precisamos de maridos bons! Não que sejam machões, mas que tenham o seu “lado feminino” bem resolvido. É claro que haverá confli- tos e eles são necessários para que os pontos negativos venham à tona e que tudo se renove. Os afetos e os amores precisam ser reais. Amar é o principal: a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Parece simples, mas é a morte do ego. 3ª Exposição A terceira exposição sobre a espiritualidade na família ficou por conta do bispo da diocese de Palmas/Francisco Beltrão Dom José Antonio Peruzzo: Pela leitura do milagre das Bodas de Caná, pensemos na palavra espiritualidade. O homem bíblico não entendia cientificamente os mecanismos da respiração, mas sabia que se não respirarmos, morre- JUNHO DE 2014 remos. Em grego e em aramaico, o espírito é o ar, é o oxigênio de Deus que nos dá a vida. A vida que Deus vive também pode viver em nós. Isto é verdadeiramente espiritualidade. O ar de Deus deveria entrar dentro da minha vida e impregnar todas as minhas ações e inspirações. Jo 1, 43: “No dia seguinte...” Jo 1, 35 “ No dia seguinte...” 1, 29: “No dia seguinte..” E no texto de Jo 2: No terceiro dia, houve uma festa de casamento em Caná da Galiléia.” Quando o homem e a mulher foram criados isso aconteceu no sexto dia. Quando Jesus começa sua missão ele cria um novo homem. “E lá se encontrava a mãe de Jesus. Também Jesus foi convidado para a festa junto com seus 11 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 discípulos.” O casamento se tornou retrato humano do amor de Deus, uma ressonância do amor de Deus ao seu povo, de Cristo por sua Igreja. Foram festejar não só o amor humano, mas a celebração do amor de Deus por seu povo.“Faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho.” O vinho tinha uma linguagem muito forte na cultura daquela época. Se faltasse vinho, significaria que faltaria amor... “Respondeu-lhe Jesus: Mulher, que te importa isso a mim e a ti? Minha hora ainda não chegou”Jesus a chama de mulher porque lembra da “mulher” do Gênesis. E afirma que este problema não toca a eles porque, de fato, a eles não faltava o amor... “Maria disse ao servente: “Fazei tudo o que ele vos disser.” É preciso fazer tudo o que Jesus diz se quisermos que nossa vida, nossa família seja a festa do amor. “Havia ali seis talhas de pedra, contendo cada uma dois ou três barris, usadas para a purificação dos judeus. Jesus lhes disse enchei as talhas de água. Eles as encheram até a borda.”As talhas estavam vazias, porque faltava realmente tudo. E os servos fizeram exatamente como Jesus havia lhes falado. Eles ouviram e agiram com toda disposição. “Disse-lhes então: levaia ao mestre de cerimônia. E eles levaram. O mestre de cerimônia provou a água transformada em vinho e não sabia de onde viera, embora os serventes soubessem. Ele chamou o noivo e disse: É costume servir primeiro o vinho bom e depois que os convidados já estão embriagados servir o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora.” Reparem que o mestre de cerimônia que era o responsável pela festa nem havia percebido que o vinho faltara... Não podemos deixar que nos passem despercebidos em nossa vida familiar as faltas de amor. “Deste modo iniciou Jesus em Caná da Galiléia os seus sinais. Manifestou a sua glória e seus discípulos começaram a crer nele.” É nas talhas da purificação, ou seja, na conversão que as verdadeiras transformações acontecem. É lá dentro, lá no fundo que precisa haver mudança. Jesus se manifestou neste prodígio que é mais do que simplesmente material (água transformada em vinho). Pensemos em uma placa que me envia a um destino: como o sinal que me envia para uma realidade ainda mais grandiosa. Jesus manifestou a sua glória – não no sentido de grandeza triunfalística – mas, sim, o seu amor. Ele manifestou o quanto amava o povo. Amar sempre em primeiro lugar, sem sermões ou punições. Primeiro, amar! E então os discípulos creram... se nos amarmos e se vivermos o amor, principalmente onde parece impossível, é que os outros crerão em Deus. Este milagre acontece numa família que já começa vivendo a dor, porque o amor dói... E ninguém se converte se não passa por essa dor do amor. Quando cuidamos mais da nossa espiritualidade amamos mais, nos queixamos menos... porque é o Espírito que nos move! Vento parado não existe e nem se pode frear seu movimento. “Fazei tudo o que eles vos disser” é fundamental para a espiritualidade matrimonial e familiar. JUNHO DE 2014 Como seria bom ouvir o que Deus tem a nos dizer através da leitura orante da Palavra de Deus vivida em família. Assim, não faltará vinho no casamento. A tarde começou com a apresentação musical do PEMSA – Programa de Educação Musical do Santuário de Aparecida, com diversas obras consagradas da música popular e religiosa nacional e internacional, como "Romaria" e "Panis Angelicus". 4ª Exposição Dom Piatek apresentou o instrumento de trabalho do Sínodo, que foi lançado em 9 de maio. Contém três partes e 116 parágrafos. A primeira parte trata do anúncio do Evangelho para a Família no mundo contemporâneo, a segunda fala sobre a Pastoral Familiar e seus desafios e a terceira parte sobre a abertura à vida. A introdução explica sobre o Sínodo que acontecerá sobre a família e que 12 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 responsabilidade eduda primeira parte é sobre cacional dos pais para a família e a vocação da com sua prole é o tema pessoa em Jesus Cristo, deste terceiro capítulo. mas deve se inspirar neste ícone da Santíssima TrinRecorda a Humanae dade que é a família de Vitae, que não é conheNazaré. A Igreja precisa cida mesmo entre os acompanhar as famílias católicos e conclui facristãs neste momento de lando da educação dos crise com uma formação filhos, que não pode ser contínua dos leigos. irá na linha do Sínodo anterior sobre a Nova Evangelização – e passa também, claro, pela família. Relembra o questionário feito em todas as dioceses no ano passado. Na primeira parte o documento traz a fundamentação teológica sobre o desígnio de Deus sobre o Matrimônio e a Família. Apresenta a beleza do amor humano e o matrimônio monogâmico, heterossexual e indissolúvel. Mostra Jesus que se encarna no seio de uma família, exatamente para santifica-la. Relembra a carta aos Efésios que fala do matrimônio como um grande mistério – reflexo do amor de Deus pela humanidade -e como um carisma. Depois desta fundamentação bíblica, há citações de diversos documentos do Magistério da Igreja, especialmente a segunda parte da Gaudium et Spes, em que o casal é chamado a se santificar na vida matrimonial. Cita a Humane Vitae, de Paulo VI e todos os documentos e catequeses de João Paulo II, com ênfase especial na Familiaris Consortio. Na segunda parte, já aparecem os resultados das pesquisas feitas na Igreja de todo mundo sobre o matrimônio e a família. As respostas apontam que o conhecimento das bases bíblicas sobre o matrimônio e a família ainda são muito falhos. Pediu-se maior preparação dos padres para ajudar na instrução dos fiéis neste sentido. O mesmo acontece com a falta de conhecimento sobre os documentos da Igreja e o que ela prega sobre o matrimônio e a família. Há muita confusão sobre estas questões entre os próprios batizados: contracepção, fidelidade, virgindade, fecundação artificial, divórcio, homossexualidade etc. O documento aponta como dificuldades: a secularização, falta de uma experiência de Deus mais profunda. A sociedade ensina uma coisa e a Igreja outra completamente diferente, cultura hedonista, influência da mídia, cultura do descartável etc. A Pastoral Familiar, especialmente, os pastores: bispos, padres, diáconos, religiosos e leigos engajados, devem se preocupar com questões como a preparação para a recepção do matrimônio em forma de um itinerário que comece desde a Iniciação Cristã e o fomento da espiritualidade conjugal e familiar. A segunda parte fala do agir à luz da fé que precisa ser resgatada nesta crise que vivemos hoje em que se apresentam desagregação, pobreza, consumismo, vícios, depressão, individualismo, violência, contra-testemunho das pessoas da Igreja etc. Depois o documento trata de situa- ções pastorais difíceis, como recasados, irregularidades canônicas, famílias monoparentais. A abertura à vida e a A terceira parte, o campo da lei natural, um terreno bastante complicado. É preciso aprofundar a questão da lei natural (que não é simplesmente fazer o que é “espontâneo”). O quarto capítulo JUNHO DE 2014 terceirizada. Esta é uma dificuldade especialmente para os jovens casais que, muitas vezes vêm de uma geração que não teve orientação adequada. A família que reza, que estuda e que permanece unida a Deus será luz para o mundo. 5ª Exposição Dom Antonio Augusto Dias Duarte, na sequência falou sobre a desumanização da sociedade. O Papa Francisco na sua Exortação “A Alegria do Evangelho” disse: “é no contexto que vivemos e agimos que o Bom Pastor conhece as suas ovelhas.”. Todos nós somos pastores e ovelhas, mas somos contextualizados. Ou seja, vivemos dentro de uma realidade que 13 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 idolatria do dinheiro. aborto dos casos nãodeve ser amplamente Não valemos pelo que penalizáveis na lei civil conhecida. O papa nos nós temos, mas pelo que atual, com o eufemismo exorta a não nos pernós vivemos... torpe de "interrupção dermos em “excesso terapêutica da gestação" de diagnósticos,” mas 2- É preciso que também por meio da Portaria 415. nos pede que tenhamos nós tenhamos a responum olhar de discípulo sabilidade de criar cultuA conclusão foi com a que vê com a luz de ra. A fé cria cultura; do procissão com recitação Cristo e na sabedoria do contrário, não é fé. É predo terço saindo do Centro Evangelho. Jesus veio ciso projetar-se para criar de Eventos até o Santuárestaurar o projeto de uma cultura humana e rio, onde foi celebrada a Deus que se perdeu por que humaniza todos os Missa das 18h já em incausa do pecado. Veio ao campos das relações sotenção à Peregrinação. No Fornasier lesse o Manimundo para resgatar ciais. Não basta ser só domingo, dia 25 de maio, festo da 6a Peregrinação nossa própria humanidateoria: é preciso virar também todas as missas com uma palavra de rede. Sim, vivemos um costume. Especialmente do Santuário foram em púdio ao fato do governo processo de “desumania cultura da acolhida, e ação de graças pelas famíter liberado para o SUS o zação”, diz o papa e sonão da discriminação, da lias. mente nisso devemos indiferença, da competinos concentrar. ção, do descarte, não podemos ser só espectaPor exemplo, a alegria de dores diante deste cenáviver que é saudável, rio. vem hoje contaminada pelo medo e pelo deses3- Exaltemos o que é pero. Em vez do respeipróprio da família, o vato, vemos a violência lor dos vínculos familiaverbal e física... Os anires: o único âmbito em mais sobrevivem; nós vique os vínculos não se vemos. Mas o que se apagam mais. Um filho observa hoje é uma labusempre será filho, um ta para sobreviver e acairmão será sempre um bamos nos esquecendo irmão. No processo de de viver. O Papa fala que desumanização estão chegamos num tal nível querendo esmaecer os de desumanização que o vínculos familiares. Preser humano virou um cisamos ter cuidado até objeto. Pensa-se: “Quancom os termos que usato custa ter um filho mos: “companheiro”? hoje?” – os filhos estão Não, é meu marido! “ficondicionados aos orçalhote?” Não, é meu filho! mentos... Cuidado com essas pequenas coisas que vão Devemos, enquanto Igreentrando sem perceberja, ajudarmos a humanimos. A família é o espazar o mundo: humanizar ço da pertença e da ena saúde, a educação. Para trega. Sejamos, então, tal, três propostas do ovelhas e pastores connosso trabalho pastoral: textualizados e que sai1- Só se pode ser verdabamos cuidar bem destes deiramente humano três aspectos. quando não se valoriza o O simpósio teve ainda os lado material – é preciso testemunhos de dois camoderação e desprendisais e o resumo dos tramento. O ser humano balhos feito por Dom não pode ser valorizado Petrini. Neste momento, por sua produtividade. O ele pediu que Pe. Rafael mundo de hoje vive a 14 JUNHO DE 2014 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 casais comprometidos primeiramente com Jesus, logo após com a sua igreja. Esperamos ver essas famílias renovadas na fé e no amor. Nos dias 16 a 18 de maio de 2014, aconteceu em Laranjeiras do Sul um Retiro da Pastoral Familiar Decanato Laranjeiras do Sul da Diocese de Guarapuava Participaram 40 casais das paróquias de Marquinho, Virmond, Porto Barreiro, Rio Bonito do Iguaçu e da anfitriã Laranjeiras. Nos dias 16 a 18 de maio de 2014, aconteceu em Laranjeiras do Sul um Retiro da Pastoral Familiar Decanato Laranjeiras do Sul da Diocese de Guarapuava, que contou com a presença de 40 casais. O retiro reuniu participantes das paróquias de Marquinho, Virmond, Porto Barreiro, Rio Bonito do Iguaçu e da anfitriã Laranjeiras. na, pois além das acomodações, nos deu permissão para que o padre Aleixo que é também da paróquia, nos desse todo o apoio necessário. Ficamos imensamente gratos a todos que ajudaram de uma forma ou de outra, mas especialmente aos colaboradores que deixaram sua cidade e suas casas e família para passar um fim de semana inteiro cuidando de outras famílias que ainda precisam de ajuda. Jeferson e Talita Desse encontro esperamos agora colher os frutos, com O local foi a Casa de Líderes, cujo pároco é o padre Jorge, que nos abriu as portas fornecendo infraestrutura física e huma- JUNHO DE 2014 Coordenadores Pastoral Familiar Decanato Laranjeiras Diocese de Guarapuava . 15 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 A Diocese de PalmasFrancisco Beltrão participou, com uma caravana composta por lideranças da Pastoral Familiar das Paróquias, da 6ª Peregrinação Nacional da Família, que aconteceu no dia 25 de maio, em Aparecida –SP. O evento foi organizado pela Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF) vinculada à Comissão para Vida e Família da CNBB. No dia 24 (sábado), aconteceu o 4º Simpósio, com a presença de Dom José Antonio Peruzzo, Bispo da Diocese de PalmasFrancisco Beltrão, que foi um dos palestrantes do evento, que teve como temática central - "Família: caminhar com a luz de Cristo e a sabedoria do Evangelho". No domingo, a missa das 10h, foi presidida pelo bispo de Camaçari (BA), dom João Carlos Petrini, Presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB. Em entrevista exclusiva à assessoria de imprensa da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão, Dom João Carlos Petrini destacou a importância da Peregrinação Nacional da Família: “É um grande passo. É um momento de espiritualidade mas também de compreensão dos desafios e de que como a luz de Cristo nos ajuda a enfrentá-los positivamente diante das adversidades da vida”. Dom Petrini diz que a Igreja quer olhar de forma especial para a família através do Sínodo extraordinário da Família que vai acontecer em outubro no Vaticano e o Sínodo Ordinário que acontece no próximo ano: “Não é por acaso que teremos dois Sínodos pela frente, significa que muita gente no mundo inteiro está pensando e rezando pela família”. Dom João Carlos Petrini enviou uma mensagem a Dom José, ao clero e aos agentes da Pastoral Familiar da Diocese de Palmas -Francisco Beltrão: “Em primeiro lugar quero agradecer Dom José Antonio Peruzzo que teve importante presença no Simpósio, sua palestra foi extraordinária, tudo a partir da Palavra de Deus. Envio meu abraço aos agentes da Pastoral Familiar da Diocese esperando que cada um faça sua parte como lu- zeiros da esperança e portadores do evangelho da família, primeiro para nossa própria família para que possa resplandecer a beleza, a alegria, a paz, a realização humana pela presença de Cristo, e depois que sejamos missionários das demais famílias.” Para Dom Antonio Augusto Dias Duarte – Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro e membro da Comissão para a Vida e a Família da CNBB, a 6ª Peregrinação Nacional da Família representa a importância que a família tem e jamais deixará de ter: “Esta presença aqui no Santuário Nacional de Aparecida revela que o Brasil precisa da família constituída pelo matrimônio entre o homem e a mulher, com filhos educados na fé, pelos valores cristão e cidadania. Não podemos deixar de mostrar ao mundo que a família é a célula de uma sociedade sadia e evoluída”. Luiz Carlos Bittencourt JUNHO DE 2014 16 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 Os significados do casamento As principais religiões e sistemas de valores do mundo atribuíram diferentes significados ao casamento. Entre os cristãos, o significado do casamento tem sido objeto de disputas milenares. Nas interpretações ortodoxa e católica é um ato sagrado, um sacramento, uma dádiva da graça divina. Mas na própria tradição católica os critérios para um casamento apropriadamente constituído foram, por muito tempo, nebulosos e controversos, porque a Igreja também reconhecia que o consentimento mútuo da noiva e do noivo para o casamento era por si só um critério válido, a menos que fosse invalidado pela Igreja. Essa situação complexa, com a possibilidade estabelecida de casamentos clandestinos, manteve ocupados os tribunais eclesiásticos medievais. O Concílio de Trento da Contra-Reforma estabeleceu a doutrina da Igreja: o casamento era um sacramento e como tal devia ser governado apenas pela lei da Igreja. Deveria ser normalmente con- traído perante o sacerdote da paróquia. Não havia referência ao consentimento parental, apenas ao consentimento das próprias partes. O casamento era indissolúvel uma vez consumado sexualmente. A Igreja Ortodoxa sempre defendeu que o casamento só poderia ser firmado por meio da bênção de um sacerdote. Adultério, impotência e algumas outras poucas razões eram aceitas como razões para o divórcio ortodoxo, enquanto o recasamento da viúva claramente não era visto com bons olhos. O Protestantismo percebia o casamento como um contrato mundano, ainda que devesse ser realizado por um clérigo conforme as regras da igreja. No mundo protestante, desde os tempos de Calvino em Genebra e daí por diante, estabeleceramse extensa vigilância sexual e jurisdição, Assinatura anual com periodicidade trimestral que apresenta as principais informações, opiniões e notícias da Igreja em geral e da Pastoral da Vida e Família no Brasil. por: R$ 30,00 À vista R$ 29,00 com desconto ou 3 x de R$ 10,40 com juros www.lojacnpf.org.br/revista (61) 3443-2900 JUNHO DE 2014 O Concílio de Trento da Contra-Reforma estabeleceu a doutrina da Igreja: o casamento era um sacramento e como tal devia ser governado apenas pela lei da Igreja. 17 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 Para o hinduísmo, o casamento é uma obrigação religiosa e uma instituição sagrada, um sacramento, e como tal, em princípio indissolúvel, mesmo após a morte. que alcançaram sua plena aplicação no século XVII. Na Suécia, tais conceitos foram introduzidos no Direito da Igreja em 1686. O divórcio era possível, por exemplo, em condições de adultério e abandono. Na tradição protestante anglicana, o reconhecimento do casamento por consentimento, sem formalidades, manteve sua força até o Ato Hardwicke no Parlamento, que estabeleceu os critérios para um casamento anglicano válido na Inglaterra e no País de Gales, excluindo as colônias de além-mar, a Escócia e a Irlanda, que tinham suas próprias regras. O grande historiador Lawrence Stone resumiu a prática da lei de casamento inglesa do século XIV ao século XIX como sendo uma “bagunça”. Embora os protestantes luteranos e calvinistas tivessem desenvolvido suas próprias normas eclesiásticas de casamento adequado, em princípio, eles realmente reconheciam a jurisdição marital das autoridades seculares. Nos países católicos, entretanto, a partir da Revolução Francesa, desenvolveu-se amargo conflito entre autoridades seculares nacionais e forte Igre- ja supranacional. O Código de Napoleão, o modelo legal da Europa Latina e da América Latina requeria um procedimento civil para a validação do casamento, e no final do século XIX, a contestação papal desse procedimento foi uma questão importante na maioria dos países católicos. Para o hinduísmo, o casamento é uma obrigação religiosa e uma instituição sagrada, um sacramento, e como tal, em princípio indissolúvel, mesmo após a morte. Na Índia o casamento é um sacramento e nenhum homem ou mulher normal deve morrer sem recebê-lo. É um costume entre muitas comunidades que se uma mulher morre solteira, uma cerimônia de casamento é feita com o corpo, que então é queimado com as honras devidas a uma mulher casada. Há maior liberdade para o homem, mas se um homem que passou pela cerimônia de iniciação morrer sem se casar, supõe-se que ele se torne um fantasma. Uma viúva na tradição hindu está socialmente morta, tolerada somente em perpétuo estado de luto – JUNHO DE 2014 Buda, Gautama abandonou sua mulher e filho. O budismo, como cânone clássico, contrastando com todas as outras religiões ou com os principais ensinamentos éticos, tem muito pouco a dizer sobre o casamento, algo completamente mundano. O budismo Theravada (ou Hinayana) – atualmente dominante no Sri Lanka, Tailândiae Myanmar – não tem nem mesmo uma cerimônia religiosa de casamento. Tanto o Islã quanto o confucionismo veem o casamento como um contrato mundano dissolúvel, mas, como tal, governado por regras severas de procedimento e de limites. Como o islã não faz distinção entre a lei religiosa e a lei secular, e como, à semelhança do judaísmo – de cujas concepções de casamento se aproxima muito –, é uma religião muito legalista, o casamento fica circunscrito aos domínios da lei islâmica. O casamento é uma preocupação focal da lei. “Quase todo conceito legal gira em torno do (...) estatuto do casamento”, diz o autor de um manual recente. O islã vê o casamento sobretudo como uma instituição de regulação da da sexualidade huma- 18 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 da sexualidade humana, que em si mesma não é vista como negativa ou inferior ao celibato. O próprio profeta era casado, diferentemente de Jesus. “O casamento”, disse o profeta, “é o meu caminho [sunna]” “O mensageiro disse, jovens, aqueles de vocês que puderem manter uma esposa deveriam casar, pois o casamento evita que vocês olhem para mulheres estranhas e os preserva da imoralidade”. O sexo extramarital, tanto por homens quanto por mulheres, trata-se de um delito sério. O Corão é muito forte nesse ponto: “Açoite cem vezes o homem e a mulher culpados de adultério e fornicação, não deixe que sua compaixão o leve a defendê-los”. Na tradição confuciana, resumida sob este aspecto pelo Mestre Meng (Meng-tzu, ou Mencius 551-479 c.C.), a relação entre pai e filho é a primeira dos “Cinco Relacionamentos” da vida humana, e o dever filial é a virtude principal. Mencius listou esses cinco relacionamentos e deu-lhes seu principal significado ético da seguinte maneira: amor entre pai e filho, tratamento justo entre soberano e súdito, distinção entre marido e mulher, precedência dos mais velhos sobre os mais novos e boa fé entre amigos. A “distinção” ou “separação” entre cônjuges, como às vezes é traduzida, parece estar relacionada principalmente à divisão doméstica do trabalho. O casamento é inserido nesse cenário tal qual a instituição para a continuação da linha dos ancestrais. Mencius disse: “Há três contravenções da regra do dever filial, e destas,a pior é não ter progênie”. O casamento, porém, apresenta outra importante função. De acordo com o mais importante código normativo da tradição confuciana na China Imperial, “O Livro dos Ritos”: “O ritual do casamento é a fusão adequada de dois nomes de família a fim de oferecer sacrifícios aos ancestrais e continuar a linha da família”; “A finalidade do casamento é unir duas famílias visando harmonizar a amizade entre dois clãs”. As concepções ontológicas e normativas da corrente existencial que liga os vivos, os mortos, os membros da comunidade que partiram, os espíritos, e deus ou constituem uma parte central das religiões africanas. Isso atribui forte carga religiosa ás relações familiares entre as gerações. O casamento como procriação institucionalizada é, portanto, um dever religioso e moral. A pessoa que não deixa descendentes rompe o elo vital. A memória dos descendentes também garante a um indivíduo a vida após a morte. O casamento significa um direito ao resultado da fecundidade feminina e isso é crucial, antes do que o monopólio sexual ou a legitimidade de base biológica. No casamento africano em 1900 havia um aspecto mais econômico do que no das outras principais culturas do mundo, já que a maior parte da agricultura de subsistência predominante era desenvolvida por mulheres. O casamento representava uma forma crucial de suprimento de trabalho. THERBORN, Göran. Sexo e Poder – a família no mundo (1900-2000). Tradução: Elisabete Dória Bilac. São Paulo: Editora Contexto, 2006, p. 200-203. JUNHO DE 2014 “O mensageiro disse, jovens, aqueles de vocês que puderem manter uma esposa deveriam casar, pois o casamento evita que vocês olhem para mulheres estranhas e os preserva da imoralidade” 19 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 O 4°Simpósio Nacional das Famílias, se deu este ano, em Aparecida, no dia 24 de maio, debaixo do olhar abençoado da nossa querida mãe, onde se reuniu a Pastoral Familiar de todo o Brasil, ou seja, com representantes de todo o Brasil. A Diocese de Guarapuava marcou presença com a participação de mais de 40 casais, onde estivemos de olhos e ouvidos atentos para absorver o máximo do que os bispos da nossa Igreja tinham a nos passar de metas e direções a sepiritualidade, reafirmando nho das famílias está acaO encerramento foi marrem tomadas pela Pastoral o que Jesus nos prometera. bando e deixamos de encado com uma caminhada Familiar. O Espírito Santo. cher as talhas do matrimôluminosa em oração em Tivemos a presença do Que com Ele faríamos nio. prol das famílias, uma casal coordenador nacional coisas ainda maiores que o Na parte do tarde Dom corrente de oração contra da Pastoral Familiar, Ropróprio Cristo. Pede-nos Marcos e Dom Augusto a legalização do aborto que e Verônica, do cardeal obediência à palavra de refletiram sobre a família, que caminha em passos Raimundo Damasceno Deus, não só ouvindo, mas falaram da importância de largos, terminando com a Assis, Dom João Carlos fazendo o que Ele nos diz. nos guiarmos com a sabeSanta Missa na Basílica Petrini, presidente da CoDom Antônio, comparou doria do evangelho e dos Nacional de Aparecida. missão Episcopal Pastoral os leigos, ao mestre Sala ensinamentos do Papa para Vida e Família da que nas bodas de Caná não Francisco. Não esquecenCNBB, Dom José Antônio Gerson e Dalva havia percebido a falta do do que desse Simpósio Peruzzo, bispo de Palmasvinho. Assim somos nós também sairá material para Coordenadores Diocesanos Francis-co Beltrão e da Pastoral Familiar leigos engajados na Pastoser levado ao Sínodo que Diocese de Guarapuava poetiza Adélia Prado. ral Familiar quando não acontecerá em Roma em No período da manhã tipercebemos quando o viOutubro. vemos as boas vindas do casal coordenador da Pastoral Familiar Roque e Verônica e depois uma mesa redonda onde a poetiza Adélia Prado emocionou a plateia com seu testemunho de vida em família, explicando que mesmo com conflitos as famílias precisam estar unidas. Nos esclareceu que toda a bíblia e o cristianismo se resume em “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Também deixou claro que precisamos nos doar as famílias sem buscar aplausos, mas sim, nos espelharmos no anonimato de Maria. Na sequencia experimentamos o grande carisma e simpatia de Dom Antônio Peruzzo falando sobre es- Guarapuava no 4º Simpósio JUNHO DE 2014 20 BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 O DOM DO FILHO O filho não é algo devido, mas um dom. O “dom mais excelente do matrimônio” é uma pessoa humana. O filho não pode ser considerado como objeto de propriedade, a que conduziria o reconhecimento de um pretenso “direito ao filho”. Nesse campo, somente o filho possui verdadeiros direitos: o “de ser o fruto do ato específico do amo conjugal de seus pais, e também o direito de ser respeitado como pessoa desde o momento de sua concepção” (CDF, instr. Donum vitae, II, 8). O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um mal absoluto. Os esposos que, depois de terem esgo- tado os recursos legítimos da medicina, sofrerem de infertilidade unir-seão à Cruz do Senhor, fonte de toda fecundidade espiritual. Podem mostrar sua generosidade adotando crianças desamparadas ou prestando relevantes serviços em favor do próximo. CIC nº 2378-9 Ainda não fez o seu pedido? Bispo Referencial Dom Orlando Brandes Arcebispo de Londrina [email protected] Casal coordenador Jorge Luis Bovo e Sandra Regina P.Bovo Diocese de Apucarana [email protected] [email protected] [email protected] Assessor Regional Diác. Juares C. Krum Diocese de União da Vitória [email protected] 2014/2016 Não deixe para a última hora! R$ 3,00 http://www.lojacnpf.org.br ou pelo telefone: (61) 3443-2900 PRIORIDADE: EVANGELIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS Com seis destaques: JUNHO DE 2014 Catequese Grupos de Reflexão Pais e Filhos Espiritualidade Conjugal Juventude Noivos 21