guia do professor - Descobrindo a Amazônia
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guia do professor - Descobrindo a Amazônia
DESCOBRINDO A AMAZÔNIA GUIA DO PROFESSOR República Federativa do Brasil Ministério das Relações Exteriores (MRE) Palácio Itamaraty Esplanada dos Ministérios - Bloco H Brasília - DF - Brasil CEP: 70.170-900 www.itamaraty.gov.br Ministério do Meio Ambiente (MMA) Esplanada dos Ministérios - Bloco B Brasília - DF - Brasil CEP: 70.068-900 www.mma.gov.br Agência Nacional de Águas (ANA) Setor Policial, área 5, Quadra 3, Blocos “B”,”L”,”M” e “T”, s/n Asa Sul - Brasília – DF CEP: 70610-200 www.ana.gov.br Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) Secretaria Permanente SHIS QI 05, Conjunto 16, casa 21 Lago Sul - Brasília – DF CEP: 71615-160 www.otca.info Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) Escritório no Brasil SHS Quadra 06, conjunto A, bloco C Ed. Brasil 21, sala 919 Asa Sul - Brasília – DF CEP: 70316-109 www.oei.org.br Apoio: Ministério da Educação (MEC) Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Fundação Amazonas Sustentável (FAS) Autores José Vicente Freitas Yana Marull Revisão e Diagramação Editorar Multimídia Créditos fotográficos © Rui Faquini © Sérgio Amaral Arquivo do ICMBio. Bancos de imagens da ANA, do ARPA/MMA, do INPA, da OTCA. Impressão Artes Gráficas e Editora Pontual Ltda. Impresso no Brasil em 2015 PROJETO PILOTO DE CONCURSO DE PROMOÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS NA AMAZÔNIA DESCOBRINDO A AMAZÔNIA GUIA DO PROFESSOR SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 6 9 CAPÍTULO 1 AMAZÔNIA: OITO PAÍSES E UM BIOMA 10 18 CAPÍTULO 3 TANTAS CULTURAS LISTA DE SIGLAS 28 CAPÍTULO 2 BIODIVERSIDADE 36 CAPÍTULO 5 SERVIÇOS AMBIENTAIS 44 52 CAPÍTULO 7 DESMATAMENTO CAPÍTULO 6 MUDANÇA DO CLIMA 62 70 REFERÊNCIAS CAPÍTULO 4 O MUNDO DAS ÁGUAS 77 CAPÍTULO 8 SUSTENTABILIDADE GUIA DO PROFESSOR APRESENTAÇÃO: DESCOBRINDO A AMAZÔNIA Os materiais didáticos do projeto Descobrindo a Amazônia foram elaborados para apoiar os professores na abordagem, em sala de aula, de temas relacionados à região amazônica de forma atual, simples e divertida. O material, que é composto pelo Caderno do Aluno e pelo Guia do Professor, objetiva trazer a consciência sustentável para a sala de aula. Assim, alunos e professores também poderão levar tais práticas para a vida pessoal, além dos muros da escola. Os capítulos tratam de temas específicos, podendo ser trabalhados de maneira independente um do outro e na ordem de preferência do(a) professor(a) ou da escola. No Caderno do Aluno, ao final de cada capítulo, há sugestões de sites, com vídeos e textos sobre o conteúdo tratado, além de propostas de atividades para serem desenvolvidas em sala de aula. Já no Guia do Professor há informações complementares sobre cada conteúdo, além das propostas metodológicas das atividades a serem realizadas em sala de aula. Esperamos que, após ler e fazer as atividades, o aluno adquira conhecimentos sobre as características da região amazônica, sua importância para o planeta, os desafios que enfrenta, e a contribuição de cada um para a proteção da floresta e o desenvolvimento sustentável da região. Ministério das Relações Exteriores O Ministério das Relações Exteriores (MRE ou Itamaraty) é o órgão do Poder Executivo responsável pela política externa e pelas relações internacionais do Brasil, nos planos bilateral, regional e multilateral. O Itamaraty assessora o Presidente da República na formulação da política exterior do Brasil e na execução das relações diplomáticas com Estados e organismos internacionais. Com uma rede de mais de 220 representações no mundo, o Ministério promove os interesses do País no exterior, presta assistência aos cidadãos brasileiros e dá apoio a empresas brasileiras. Além disso, o Itamaraty organiza as visitas oficiais ao Brasil de Chefes de Estado e de Governo e demais altas autoridades estrangeiras, bem como prepara e operacionaliza as visitas do Presidente da República, do Vice-Presidente da República e do Ministro das Relações Exteriores a outros países. 6 CADERNO DO ALUNO Agência Nacional de Águas A Agência Nacional de Águas (ANA) é uma autarquia federal criada pela Lei no 9.984/2000. A ANA é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), sendo responsável pela implementação da gestão dos recursos hídricos brasileiros. Sua missão é regulamentar o uso das águas dos rios e lagos de domínio da União e implementar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), garantindo o seu uso sustentável, evitando a poluição e o desperdício, e assegurando água de boa qualidade e em quantidade suficiente para a geração atual e as futuras. Compete à ANA implementar, em sintonia com os órgãos e as entidades que integram o SINGREH, a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, conhecida também como Lei das Águas – instrumento legal inspirado no modelo francês que permite a gestão participativa e descentralizada dos recursos hídricos, bem como implementar os instrumentos de gestão previstos na lei, entre eles a outorga preventiva e de direito de uso de recursos hídricos, a cobrança pelo uso da água e a fiscalização desses usos, e ainda buscar soluções adequadas para dois graves problemas do país: as secas prolongadas e a poluição dos rios. Organização do Tratado de Cooperação Amazônica A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) é um organismo intergovernamental integrado por oito países que compartilham a Amazônia, quais sejam: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. A OTCA tem como visão alcançar o desenvolvimento sustentável da região, atuando como foro permanente de cooperação e de intercâmbio de conhecimento, guiada pelo princípio de redução de assimetrias entre países e buscando auxiliar nos processos nacionais de progresso econômico-social e na melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes. Suas decisões são tomadas por consenso entre os seus membros. Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura A Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) é um organismo internacional de cooperação que engloba 21 países ibero-americanos e desenvolve programas e atividades educativas, científicas e culturais. Seu mandato é definido em reuniões de ministros e sua aposta estratégica é na formação de cidadãos livres, cultos, participativos, solidários, responsáveis e defensores da sustentabilidade ambiental, da paz e da democracia. O Projeto Metas Educativas 2021 orienta as ações da OEI em educação, estando pautado na cooperação solidária entre os países para alcançar tais ações, com o apoio de um conjunto de programas voltados à construção de uma educação equitativa e de qualidade, à criação de laços sociais, ao fortalecimento de culturas e ao reforço a aspectos da identidade coletiva. MRE, ANA, OTCA e OEI LISTA DE SIGLAS 7 LISTA DE SIGLAS ANA – Agência Nacional de Águas Arpa – Programa Áreas Protegidas da Amazônia CJs – Coletivos Jovens de Meio Ambiente Deter – Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura FAS – Fundação Amazonas Sustentável Gite – Grupo de Inteligência Territorial Estratégica Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Inpa – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais LBA – Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia, coordenado pelo Inpa MMA – Ministério do Meio Ambiente MRE – Ministério das Relações Exteriores OBT – Coordenação-Geral de Observação da Terra OEI – Organização dos Estados Ibero-americanos ONU – Organização das Nações Unidas OTCA – Organização do Tratado de Cooperação Amazônica PDBFF – Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, do Inpa PPCDAm – Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal Prodes – Projeto de Monitoramento do Desmatamento da Amazônia Legal Rejuma – Rede de Juventude pelo Meio Ambiente SFB – Serviço Florestal Brasileiro SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação UCs – Unidades de Conservação LISTA DE SIGLAS 9 Vista aérea do Parque Nacional Anavilhanas, AM. Fonte: Arquivo do ICMBio, Banco de imagens do ARPA/MMA. CAPÍTULO 1 AMAZÔNIA: OITO PAÍSES E UM BIOMA AMAZÔNIA: OITO PAÍSES E UM BIOMA A Amazônia é a maior floresta tropical e contém a maior bacia hidrográfica do planeta, abrangendo oito países da América do Sul – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Venezuela e Suriname – e ainda a Guiana Francesa, um território de ultramar que pertence à França. Os oito países amazônicos integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), instrumento da cooperação regional para assuntos amazônicos, com sede em Brasília. A floresta representa a maior biodiversidade do planeta, com imensas fauna e flora. Muitas de suas espécies de plantas e animais nunca foram catalogadas; só de árvores, por exemplo, estudos avaliam que podem existir quase 400 bilhões. Hoje aproximadamente 33 milhões de pessoas vivem na Amazônia, sendo que a maior parte mora em áreas urbanas. A floresta abriga numerosas populações tradicionais, como ribeirinhos, quilombolas e comunidades extrativistas. Cerca de 400 povos indígenas, que falam 86 línguas e 650 dialetos, também vivem no local. Desses 400, aproximadamente 60 povos vivem em isolamento. A Amazônia fornece importantes serviços para a região. A título de exemplo temos a umidade produzida pelas árvores, a qual ajuda a levar chuvas para várias regiões da América do Sul, que são grandes produtoras de alimentos e por isso necessitam bastante dessa água. A floresta fornece, ainda, outro grande benefício ao mundo: as árvores e a densa vegetação retêm uma grande quantidade de carbono, contribuindo para reduzir as emissões de dióxido de carbono, principal gás do efeito estufa que provoca o aquecimento do planeta. Entretanto, o desmatamento e as queimadas fazem com que esse carbono seja liberado de maneira preocupante; é por isso que a Amazônia, assim como outras grandes florestas tropicais úmidas no planeta, está no centro das conversas sobre a mudança do clima no mundo. A Amazônia está mais próxima das pessoas do que se imagina: moradores de São Paulo, de Belo Horizonte, de Porto Alegre, de Manaus e de Belém não só recebem chuva vinda da floresta, como também usufruem dos seus produtos. Além disso, ela também é uma 12 GUIA DO PROFESSOR gigantesca produtora de energia elétrica, que beneficia todos os países amazônicos, sendo líder em produção de minério, petróleo e gás, soja, carne, madeira e outros produtos da biodiversidade que consumimos. NÚMEROS E CURIOSIDADES SOBRE A AMAZÔNIA • a Amazônia ocupa entre 4% e 6% da superfície da Terra e de 25% a 40% da superfície da América Latina e do Caribe. Representa 3,6 vezes o território do México e 75% do território da China; • em vários países, como Brasil, Guiana, Peru e Suriname, as áreas da Floresta Amazônica representam mais da metade do território nacional; • não restam dúvidas: o Amazonas é o rio com mais água do mundo, com vazão de 200 mil m³ por segundo, o que representa um quinto da água doce que flui dos continentes para os oceanos. Em 2008, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) concluiu que o Amazonas também é o maior rio do mundo em extensão (6.992 km, 140 km a mais do que o rio Nilo, na África); • o Amazonas tem mais de mil afluentes, dos quais três (Madeira, Purus e Juruá) têm mais de 3 mil km de extensão. As bacias tributárias mais importantes do rio Amazonas têm origem na Cordilheira dos Andes; os demais tributários provêm da meseta Brasil-guianense e da divisa com a Bacia do Orinoco, na Colômbia; • de acordo com dados do Museu Paraense Emílio Goeldi, a Amazônia apresenta a maior biodiversidade do planeta: são mais de 30 mil espécies de plantas, 10% da flora mundial, com 5 mil espécies de árvores. Moram lá mil espécies de aves, 3 mil espécies de formigas, 1.800 de borboletas, 311 de mamíferos, 240 de répteis e 163 de anfíbios; • um estudo de 2013 estimou que nos 6 milhões de km² da Bacia Amazônica existem cerca de 390 bilhões de árvores. Apesar de existirem milhares de espécies, somente 227 respondem por metade de todas as árvores do bioma. O estudo apontou que entre as mais comuns estão espécies bastante simbólicas do Brasil, como a castanha-do-pará, o cacau, a seringueira e a palmeira do açaí. AMAZÔNIA: OITO PAÍSES E UM BIOMA 13 O açaí, o cacau, a borracha das seringueiras e a castanha-do-pará são produtos originários da Amazônia. Existem, ainda, múltiplas sementes, frutos e produtos da floresta que têm um gigante potencial para a biotecnologia, para a produção de remédios, entre outros usos. As populações da floresta possuem ricos conhecimentos ancestrais sobre a biodiversidade desta, suas propriedades medicinais e culturais. Mas, infelizmente, essa biodiversidade corre perigo. O crescimento das atividades econômicas (animado pelo aumento da demanda e do preço das commodities nos mercados internacionais), a construção de infraestruturas de grande porte e o sensível aumento da população, ocorridos nas últimas décadas, têm gerado uma acelerada transformação do ecossistema amazônico. Só no Brasil, o desmatamento acumulado até 2012 na Amazônia alcançou 748 mil km2, o que significa que, ao longo do tempo, a cobertura vegetal da região foi reduzida em, aproximadamente, 18%, o que equivale a oito vezes o território de Portugal. Essa redução, quando comparada à de 1980, demonstra aumento de 12% em 32 anos (à época, a destruição alcançava 6%). A degradação florestal, que acontece quando as florestas sofrem impactos, como o corte seletivo de árvores ou incêndios, perdendo a qualidade original que sustentava o ecossistema, é muito preocupante, já que tais fatores podem afetar seu equilíbrio. As florestas da Amazônia vivem um processo de degradação ambiental que tem consequências muito graves para o bioma, como a perda da biodiversidade, a contaminação da água, a fragilização dos valores e modos de vida dos povos indígenas e outras comunidades tradicionais e a deterioração da qualidade ambiental nas áreas urbanas. Esses impactos afetam a biodiversidade e as vidas dos moradores da região, além das vidas de muitas pessoas fora da floresta, que se beneficiam dos seus serviços ambientais. Nos últimos anos tem aumentado a consciência das pessoas de que a Amazônia requer um desenvolvimento sustentável que preserve a riqueza natural e que ofereça condições para o desenvolvimento das populações locais. Os esforços para conter o desmatamento têm resultado em uma redução significativa do ritmo de perda anual da floresta. Entretanto, ainda assim o desmatamento continua. Podemos fazer muito pela Amazônia e pela saúde do planeta, basta que no dia a dia se opte por um consumo consciente, que respeite o meio ambiente, reciclando, reutilizando o que for possível e evitando a aquisição de produtos desnecessários ou que utilizem recursos naturais em excesso. É imprescindível apoiar os produtos 14 GUIA DO PROFESSOR que contribuem com a sustentabilidade da floresta (vindos de gestão e produção sustentáveis), e não aqueles que desmataram ou contaminaram a água. Essa atitude dos consumidores tem levado muitos produtores no mundo e na Amazônia a adotar práticas mais responsáveis. PARA SABER MAIS • O Ministério do Meio Ambiente define o bioma amazônico. Disponível em: http://www.mma.gov.br/biomas/amaz%C3%B4nia • O Ministério do Meio Ambiente descreve o impacto do desmatamento e como este tem sido reduzido. Disponível em: http://www.mma.gov.br/florestas/controle-e-preven%C3% A7%C3%A3o-do-desmatamento/plano-de-a%C3%A7%C3%A3o-paraamaz%C3%B4nia-ppcdam • Estudo calcula número de árvores e quais as mais comuns na bacia Amazônica Disponível em: http://www.museu-goeldi.br/portal/content/museu-megabiodiversa-amazônia-tem-paisagem-homogênea • Museu Paraense Emílio Goeldi – Museu Goeldi. Disponível em: http://marte.museu-goeldi.br/marcioayres/index. php?option=com_content&view=article&id=7&Itemid=8 • O contato de indígenas isolados. Disponível em: http://www.funai.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/ 2903-indios-isolados-que-estabeleceram-contato-recebem-atendimento -medico-no-acre?highlight=WyJzaW1wYXRpYSJd e https://www.youtube. com/watch?v=Sb7alahD-BE • Desmatamento na Amazônia até 2012. Disponível em: http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80120/PPCDAm/_ FINAL_PPCDAM.PDF AMAZÔNIA: OITO PAÍSES E UM BIOMA 15 PROPOSTA PEDAGÓGICA Este capítulo ofereceu uma visão geral da Amazônia, retratando suas caraterísticas de maior floresta tropical do planeta, com uma grande biodiversidade, e reforçando como ela está próxima de nós. Dessa forma, esta proposta pretende reforçar as características e a proximidade da Amazônia; ou seja, mesmo morando longe, usufruímos dos seus produtos e serviços. Objetivos • obter uma visão geral do que é a Amazônia, do ponto de vista transfronteiriço: a maior floresta tropical do planeta, que se estende por oito países; • aproximar a Amazônia do aluno, mostrando os serviços da floresta ao planeta nos ciclos das chuvas e na estocagem de carbono, e também os seus produtos, usufruídos por todos; • perceber as ameaças ao ecossistema. Materiais necessários • projetor de audiovisual, computador ou outra mídia que permita assistir ao vídeo na internet; • papel e caneta para escrever as listas. Atividade Assistir ao vídeo “Amazônia SA”, capítulo 1, da Pindorama Filmes, o primeiro de cinco divulgados no programa Fantástico da TV Globo. O vídeo oferece uma visão geral do que é a Amazônia brasileira e sua importância, assim como mostra aos alunos como a floresta está muito mais próxima do que se pensa. Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=b9Tko_q_QGM Alternativa: caso não se utilize internet para assistir ao vídeo, a leitura do texto do capítulo trata dos principais dados requeridos no exercício. Procedimentos • é necessário ler previamente o texto do capítulo e os destaques para se familiarizar com o tema; • após assistir ao vídeo, cada aluno, individualmente, preparará várias listas com os seguintes dados: 16 GUIA DO PROFESSOR características da Amazônia (extensão da floresta e da bacia e países que a integram); serviços que a floresta fornece ao planeta (a maior diversidade de fauna e flora da Terra, água, chuvas, estocagem de carbono); riquezas que usufruímos da floresta (algumas aparecem no texto, como eletricidade, madeira, minério, carne e soja. Os alunos podem pesquisar produtos, como açaí e cacau, e outros como o petróleo e o gás natural); ameaças a esse grande ecossistema (desmatamento, degradação ambiental, pressão pelas atividades econômicas e infraestruturas não sustentáveis, pressão urbana, perda de biodiversidade etc.). Tempo estimado 30 minutos, divididos em: • o vídeo dura pouco mais de dez minutos (caso o exercício seja feito com base na leitura do capítulo, pode-se dedicar 15 minutos); • os alunos podem elaborar as listas individualmente nos 20 minutos seguintes; • o restante da aula pode ser dedicado ao debate. Outra possibilidade é fazer esse debate em uma segunda aula, seguido da elaboração de um texto conjunto com as listas integradas. AMAZÔNIA: OITO PAÍSES E UM BIOMA 17 Tucano. Fonte: Sérgio Amaral, Banco de imagens da OTCA. BIODIVERSIDADE CAPÍTULO 2 BIODIVERSIDADE A BIODIVERSIDADE AMAZÔNICA A palavra “biodiversidade” no contexto amazônico está muito além do que se pode imaginar, e isso se deve ao fato de a Amazônia possuir uma diversidade biológica fundamental para o equilíbrio climático regional e global. Assim, pensar a biodiversidade amazônica é preocupar-se com toda a geografia terrestre, já que as consequências de catástrofes ambientais serão compartilhadas por todos. É comum encontrarmos expressões como “pulmão” ou “coração” do planeta para se referir à megabiodiversidade da natureza amazônica. A Amazônia é um grande organismo vivo, pulsante e fundamental à vida na Terra. Dessa forma, a floresta tem uma enorme responsabilidade com a presente e com as futuras gerações. Por isso a importância de preservá-la e o comprometimento contínuo quanto à sua sobrevivência. Uma das principais formas de evitar que desastres aconteçam é conhecer a natureza amazônica, tão rica e diversificada, mítica e repleta de elementos que fazem esse organismo vivo funcionar. A BIODIVERSIDADE POSSUI TRÊS GRANDES NÍVEIS 1) Diversidade genética: os indivíduos de uma mesma espécie não são geneticamente idênticos entre si, e as diferenças genéticas fazem com que a Terra possua uma grande variedade de vida. 2) Diversidade orgânica: cada espécie possui características orgânicas únicas que não são compartilhadas com outros seres vivos. 3) Diversidade ecológica: populações da mesma espécie e de espécies diferentes interagem entre si, formando comunidades; essas comunidades relacionam-se com o ambiente, formando ecossistemas que se interrelacionam, construindo paisagens que caracterizam os biomas. Adaptado de: Museu Paranaense Emílio Goeldi (2015). FAUNA E FLORA Entre os principais tipos de relevo da Amazônia destacam-se a depressão, o planalto e a planície, sendo a região a detentora da maior biodiversidade do planeta. 20 GUIA DO PROFESSOR O quadro 1, a seguir, dimensiona a relação de cada um dos países que compartilham o bioma amazônico com a totalidade das espécies de animais e plantas presentes nesse universo de ecossistemas, já levando em consideração que mais de 70% das espécies amazônicas não possuem nomes científicos. Quadro 1 – Número de espécies por grupos citados nos países da Amazônia Plantas (total/Amazônia) Mamíferos (total/Amazônia) Aves (total/Amazônia) Répteis (total/Amazônia) Anfíbios (total/Amazônia) Bolívia 20.000 / n.d. 398 / n.d. 1.400 / n.d. 266 / n.d. 204 / n.d. Brasil 55.000 / 30.000 428 / 311 1.622 / 1.300 684 / 273 814 / 232 Colômbia 45.000 / 5.950 456 / 85 1.622 / 1.300 684 / 273 814 / 232 Equador 15.855 / 6.249 368 / 197 1.644 / 773 390 / 165 420 / 167 Guiana 8.000 198 728 137 105 35.000 / n.d. 513 / 293 1.800 / 806 375 / 180 332 / 262 Suriname 4.500 200 670 131 99 Venezuela 21.000 / n.d. 305 / n.d. 1.296 / n.d. 246 / n.d. 183 / n.d. País Peru Fontes: Pnuma e OTCA (2008). Obs.: n.d. = não disponível para os países cujos territórios estendem-se além da Amazônia. Considerada uma das maiores reservas biológicas do planeta, a fauna amazônica caracteriza-se pela multiplicidade de espécies. Na diversidade de fauna desse bioma, podemos encontrar espécies endêmicas, que só existem nessa região e em nenhum outro lugar do planeta. São exemplos dessas espécies endêmicas animais como o sagui-leãozinho (o menor sagui do mundo) e o mico-soin; entre as aves está a choca-de-garganta-preta e o barranqueiro-escuro. Mesmo com sua megabiodiversidade, a fauna amazônica também possui espécies que correm risco de extinção e, por isso, precisam de atenção especial, como é o caso do peixe-boi da Amazônia, do sauim-de-coleira, do araçari-de-pescoço-vermelho, da ararajuba e da cuíca-de-colete, entre outros. Assim como a fauna possui uma diversidade significativa, a flora amazônica também evidencia uma megabiodiversidade que impressiona em números. Com o predomínio de uma floresta densa, são cerca de 30 mil espécies, o que caracteriza 10% das plantas de todo o planeta. O número de espécies de árvores (maiores que 15 cm de diâmetro) gira em torno de 5 mil, em uma diversidade que varia entre 40 e 300 espécies diferentes por hectare. No Brasil, estudos do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), por meio do Projeto de Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), estão colaborando para a identificação do maior número possível de árvores, contando com um auxílio de monitoramento em tempo real que já alcançou a catalogação de 1,4 mil espécies. BIODIVERSIDADE 21 Essa flora diversificada está presente ao longo dos 3,650 milhões de km² de florestas de Igapó, de Várzea, de Terra Firme e de Campiranas, também conhecidas como Caatingas do Rio Negro. Nesses locais é possível encontrar plantas como andiroba, angelim, babaçu e cupuaçu, além de uma série de frutas, a exemplo do açaí, da graviola, da pupunha e dos tucumãs. Entre as espécies vegetais mais conhecidas que compõem a flora amazônica encontra-se a vitória-régia, o mucuri e a sumaúma. A vitória-régia possui variações de cor e expele uma fragrância noturna com aroma adocicado do abricó. Também é possível extrair suco das raízes dela, que serve como tintura negra para os povos indígenas da floresta, e aproveitar suas sementes como alimento para os indígenas e as aves da região. Merece destaque entre as espécies vegetais a rara coccoloba, que possuiu a maior folha de dicotiledônia do mundo, podendo chegar a 2,5 m de comprimento, 1,4 m de largura e pesar 800 gramas. Entretanto, mesmo que a diversidade seja grande, não podemos nos descuidar, pois o risco de extinção de espécies da flora amazônica requer vigilância permanente. PERFUMES DA FLORESTA Os produtos da biodiversidade vegetal, chamados de produtos florestais não madeireiros, passaram a ser explorados com responsabilidade ambiental (áreas com plano de manejo) a partir da década de 1980. Entre esses produtos estão os óleos essenciais presentes em várias espécies, como o pau-rosa, o louro-rosa e a copaíba. Para se ter uma ideia, esses óleos essenciais ocupam cerca de 14% do mercado de cosméticos brasileiro, terceira maior indústria desse segmento no planeta. Para garantir o desenvolvimento de técnicas para extração sustentável de plantas medicinais e aromáticas, grupos como a Associação Vila Verde da Amazônia (Avive) se preocupam em fomentar políticas públicas de boas práticas desse tipo de indústria presente na floresta. Adaptado de: Ferraz et al. (2009). BIODIVERSIDADE, DESENVOLVIMENTO E GESTÃO Já foram citados os motivos de o bioma amazônico ser caracterizado como megabiodiverso, com alguns números de espécies de fauna e flora. Porém, há outra dimensão a ser apresentada quando se fala dessa biodiversidade, a do potencial econômico e do desenvolvimento que a geografia amazônica possui. A importância da Floresta Amazônica reside, também, nos valiosos serviços ambientais e nos produtos que ela proporciona. Nesse espaço, por exemplo, existem atividades 22 GUIA DO PROFESSOR agrícolas, como a pecuária, a pesca e a indústria da biotecnologia (fabricação de remédios, cosméticos, enzimas industriais, hormônios e sementes agrícolas). Hoje já existe a possibilidade de um desenvolvimento sustentável para a Floresta Amazônica, por meio do incentivo a atividades que proporcionem retorno para a própria floresta. O que precisa ser feito, entretanto, é um processo contínuo de fiscalização, por parte do poder público e da sociedade civil organizada, bem como regulamentações que proporcionem retornos sustentáveis. Daí a importância da gestão desse espaço, para que exista a garantia do acompanhamento da sociedade em relação ao uso da Amazônia. Uma das ferramentas para garantia de um futuro saudável para a floresta é a criação de áreas de proteção nos territórios de todos os países que compõem a Bacia Amazônica. Hoje já existem 168 áreas de terras protegidas e com manejo ambiental assegurado por órgãos institucionais, ou grupos organizados da sociedade civil – contabilizando parques, reservas, estações e refúgios ambientais. Os países amazônicos têm um sistema nacional de áreas protegidas, além de categorias de conservação e uso sustentável dos recursos naturais. As áreas de conservação estão aumentando em número e extensão, sobretudo desde a década de 1990. No Brasil, por exemplo, no âmbito do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) já são 60 milhões de hectares protegidos. Outro país que vem aumentando suas áreas protegidas é o Peru, que possui 13% da superfície de seu território resguardada. CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS NO BRASIL Ao longo dos últimos anos, o Brasil vem implementando diferentes estratégias para viabilizar a manutenção e a conservação dos seus recursos naturais. Na região amazônica, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no estado do Amazonas, e o Parque Nacional do Cabo Orange, no Amapá, são reconhecidos e designados como zonas úmidas de importância internacional, no âmbito de um tratado intergovernamental conhecido como Convenção de Ramsar, documento que define ações nacionais e cooperação entre países com o objetivo de promover a utilização dos recursos naturais dessas áreas de forma sustentável. Lei da biodiversidade O Brasil aprovou uma lei em 2015 (Lei no 13.123), que regula o acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento que indígenas, comunidades e agricultores tradicionais detêm, assegurando uma repartição de benefícios, justa e proporcional, com essas populações, com vistas à conservação e ao uso sustentável da biodiversidade. Busca-se, assim, evitar a apropriação injusta, o uso de patentes de forma indevida e a prática da biopirataria. BIODIVERSIDADE 23 S.O.S AMAZÔNIA Qualquer abalo na biodiversidade da natureza amazônica significa o desaparecimento de espécies e de paisagens, podendo causar aumento do gás carbônico na atmosfera, levando à intensificação do efeito estufa e, consequentemente, ao aquecimento global, ou seja, um cenário desastroso para todo tipo de vida na Terra. Por isso, mesmo que os recursos naturais sejam muitos e que os ecossistemas sejam complexos e repletos de vida, eles se esgotarão rapidamente caso a relação do homem com essas paisagens não ocorra de forma responsável, racional e permanente. Três processos de ocupação do território amazônico já trouxeram grandes prejuízos para essa natureza, quais sejam: i) extração predatória; ii) queimadas; e iii) perda de habitats. Além disso, o cenário atual requer cuidado, pois estudos já apontam para a redução de habitats, o que gera fragmentação e transformações preocupantes nos ecossistemas da Amazônia. A ocupação humana altera paisagens e transforma a vida de todos os seres vivos que compõem o território amazônico. A chegada do homem a diversos pontos da Amazônia é semelhante, retratando com linguagem figurada, à invasão de uma casa, em que algum forasteiro, de repente, altera toda a dinâmica de um espaço que já possui suas regras e suas formas de organizar-se, isso sem bater na porta, sem pedir licença. Segundo dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) no âmbito do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), o atual estágio de desmatamento corresponde a 748 mil km2 de floresta, o que representa um número significativo de ecossistemas abalados ou completamente destruídos. Com isso, pode-se ver que as ameaças são permanentes e chegam de vários lugares: ausência de políticas estruturantes, contrabando, desrespeito à legislação vigente; enfim, circunstâncias que colaboram para a criação de um cenário perigoso em relação ao futuro da Floresta Amazônica. 24 GUIA DO PROFESSOR PARA SABER MAIS • O Ministério do Meio Ambiente apresenta a Convenção de Ramsar para as zonas úmidas. Disponível em: http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidadeaquatica/zonas-umidas-convencao-de-ramsar • Saiba o que pensa o Ministério do Meio Ambiente sobre o patrimônio genético. Disponível em: http://www.mma.gov.br/patrimonio-genetico • Conheça o catálogo da flora no Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF). Disponível em: http://botanicaamazonica.tempsite.ws/pdbff/CatalogoDe Plantas/index.php • Conheça em detalhes o Censo da Biodiversidade da Amazônia brasileira. Disponível em: http://www.museu-goeldi.br/censo/ • Consulte o livro que ensina crianças sobre espécies ameaçadas. Disponível em: http://www.ministeriodomeioambiente.gov.br/index.php/ comunicacao/agencia-informma?view=blog&id=943 • Documentação da biodiversidade: mergulhe nas coleções científicas biológicas da amazônia. Disponível em: http://portal.inpa.gov.br/index.php/colecoes-biologicas • Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira: como consultar? Disponível em: http://www.sibbr.gov.br/ BIODIVERSIDADE 25 PROPOSTA PEDAGÓGICA Após perceber a grandeza da biodiversidade da Amazônia e sua capacidade de influenciar a vida humana, vamos realizar uma atividade que leva em consideração três elementos: responsabilidade social; preservação do bioma amazônico; e perspectiva de futuro para as próximas gerações. Objetivos • estimular a capacidade de reflexão sobre a importância estratégica de preservação da biodiversidade amazônica; • incentivar o protagonismo individual e coletivo nas ações em defesa da Amazônia. Materiais necessários • projetor on-line; • fichas de identificação de espécies da fauna e da flora amazônicas, produzidas previamente pelo professor (opcional quando não existir o recurso on-line na escola). Procedimentos • acesse os seguintes links e deixe-os projetados: ͵͵ flora amazônica, disponível em: http://www.pensamentoverde.com.br/ meio-ambiente/quais-sao-as-plantas-em-extincao-na-amazonia/; ͵͵ fauna amazônica, disponível em: http://animaisemextincao.com/animaisextintos-e-em-extincao-na-amazonia.html • identifique e explique os sites, apontando o potencial de utilização destes; • apresente a proposta da criação de uma campanha publicitária de conscientização ambiental, orientando para uma abordagem sobre os itens da fauna e da flora que atualmente estão em extinção no território amazônico; • solicite que o grupo reúna-se em duplas e escolha um elemento da fauna e outro da flora que consta como “em extinção” nos sites projetados; • defina previamente os itens a serem apresentados no material da campanha; • peça que criem, decidindo por meio de votação, um nome para a campanha publicitária a ser promovida pela turma, e que servirá como identificação geral a todas as duplas; 26 GUIA DO PROFESSOR • sugira às duplas a criação de um hashtag (#) que identifique essa campanha quando for usado o suporte on-line para divulgação do material, e mesmo para as situações de identificação dentro da escola; • valendo-se da criatividade, cada dupla deverá realizar um trabalho que demonstre a importância da preservação ambiental a partir das espécies (fauna e flora) que estão apresentando; • exponha os trabalhos em local adequado, iniciativa que poderá estabelecer uma relação de diálogo com o público/colegas/escola sobre o referido tema. Tempo estimado Caso o professor precise elaborar as fichas de identificação, a tarefa será cumprida em dois períodos de aula: um dedicado à elaboração das fichas, que poderão ser compartilhadas com os alunos; e outro na execução da atividade propriamente dita. Na possibilidade de se ter acesso direto aos links em sala de aula, a atividade pode ser realizada em um único período. BIODIVERSIDADE 27 CAPÍTULO 3 TANTAS CULTURAS Crianças às margens do Rio Madeira, RO. Fonte: Rui Faquini, Banco de imagens da ANA. TANTAS CULTURAS AMAZÔNIA PRÉ-COLOMBIANA Pode-se dividir em três aspectos a história da Amazônia, quais sejam: i) diversidade geográfica e ecológica, que influencia os processos e as formas de ocupação; ii) continuidade da presença humana na região, situada entre 50 e 12 mil anos; e iii) diferentes formas de colonização desse território, que se iniciaram no século XVI, com a chegada dos europeus. A relação do homem com a natureza amazônica remonta a esses aspectos, trazendo, em sua bagagem, milhares de anos de história. Os grupos humanos que por ali passaram deixaram suas marcas e manifestações culturais, servindo hoje de referência para entender a Amazônia como uma área ocupada desde tempos imemoriais. Se a arqueologia amazônica ajuda a descobrir esse tipo de dado, o grande número de pesquisas na região colabora para revelar outras informações também importantes, como as expedições ao território amazônico no século XVI, quando africanos e asiáticos vieram para o Brasil e passaram a conviver com a população nativa. Imagine um território que já abriga uma cultura milenar própria e agora se funde com outros grupos humanos que chegam do outro lado do Atlântico! Por conta de correntes migratórias chegaram à região populações oriundas da etnia da tribo dos Caribe. O mesmo ocorreu com os povos indígenas das famílias Maku e DEMOGRAFIA AMAZÔNICA A região da Amazônia brasileira possui o conjunto de dados mais atualizados acerca da população indígena, ou autodeclarada apenas indígena. Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou um censo que identificou que 37,4% da população autodeclarada indígena vive na região Norte e no ambiente amazônico, com uma maior concentração no estado do Amazonas (168,7 mil habitantes). Os outros países que compõem a Amazônia apresentam as seguintes populações indígenas em suas regiões amazônicas: 48.123 (Bolívia, 2001); 107. 231 (Colômbia, 2005); 369.810 (Equador, 2006); 300.000 (Peru, 2005); 12.000 (Suriname); 37.362 (Venezuela, 2001). Apenas a Guiana não possui a contabilização desses dados. Fontes: IBGE (2010); Pnuma e OTCA (2008). 30 GUIA DO PROFESSOR Tukano, presentes na região do rio Negro e com deslocamentos para áreas próximas há mais de 2 mil anos. E assim também foi com os Chachapoyas, localizados ao longo da Amazônia peruana, e ainda os Tupis-Guaranis, da região do Chaco. Com a chegada desses grupos, a organização social, o uso do solo e as alterações da paisagem passam a ocorrer nesse bioma. São elevações de terrenos, criação de pontos de drenagem, preparação da terra para variados tipos de culturas agrícolas, habitação, defesa e zonas para sepultamentos. Cada grupo reivindicava, assim, uma forma mítica de relação com a natureza, (re)construindo uma paisagem e nela consolidando uma intervenção humana. Está posto um cenário ímpar no continente sul-americano, e que só sofrerá alterações significativas com a chegada dos europeus. Rememorar esse passado pré-colombiano faz com que seja atribuído o devido crédito às primeiras populações desse território, bem como ao formato de suas atuais configurações étnicas. A CHEGADA DO COLONIZADOR EUROPEU A relação do homem com a natureza amazônica nos últimos séculos possui diferentes momentos, como a busca por especiarias da floresta, quando os europeus exploraram esse território nos séculos XVII e XVIII, ou então a intensa extração de borracha no século XIX, e ainda as ondas migratórias de ocupação na década de 1970. Para cada um desses momentos, distintos grupos humanos se formavam, ao mesmo tempo em que interagiam com os nativos, oriundos dessa tradição milenar da ocupação amazônica. Os registros mais atuais da Red Amazónica de Información Socioambiental Georreferenciada (Raisg), contabilizam aproximadamente 33 milhões de habitantes na região amazônica, com concentrações mais significativas no Sul da Amazônia brasileira, no Oeste peruano e na região fronteiriça entre Brasil, Colômbia e Peru. RIBEIRINHOS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA A vida da população ribeirinha na Amazônia foi tema de uma matéria jornalística veiculada na televisão brasileira. No link disponibilizado a seguir é possível conferir um pouco do cotidiano desses habitantes da floresta, que criam alternativas de inserção na paisagem amazônica. Matéria jornalística disponível em: https://youtu.be/Yc8SPv20WRQ TANTAS CULTURAS 31 Os dados mostram que 75% da população total da Amazônia está concentrada no Brasil, que apresenta crescimento populacional constante. Esse mesmo fenômeno de crescimento também verifica-se em outros países que compartilham o bioma amazônico, como é o caso da Colômbia e do Equador. De qualquer forma, esse aumento populacional está relacionado às políticas nacionais de colonização e de povoamento, e também à busca de atividades produtivas, na qual desenvolvem-se infraestruturas de exploração diversificadas para a economia amazônica. A AMAZÔNIA URBANA O aumento da população, aliado ao crescimento da densidade demográfica em determinadas áreas, cria interações com novos conjuntos de forças sociodemográficas, econômicas, políticas e científicas. Essas forças alteram clima e solo, assim como produzem padrões de mudanças em um território agora modificado do ponto de vista de sua composição populacional. Um dos reflexos dessa situação, por exemplo, está no uso da terra. Com exceção da Venezuela e do Suriname, todos os outros países amazônicos possuem a agricultura como uma de suas principais atividades, em uma dinâmica de divisão entre grandes e pequenas agriculturas que impactam diretamente na identidade social dos povos que habitam a região e suas unidades produtivas. SERINGUEIROS A seringueira é uma planta amazônica, e é a partir da extração do seu látex que se produz a borracha, utilizando-se de pequenos cortes na sua casca. A pessoa encarregada de realizar essa extração ficou conhecida como seringueiro, que é o habitante da floresta que se ocupa de buscar a matériaprima para a produção desse elemento cobiçado na região. Ao longo do tempo, os seringueiros transformaram-se em símbolos de luta pela preservação da Floresta Amazônica, resistindo contra a extração predatória e as condições desumanas de trabalho na Amazônia e pela preservação desse bioma, que também lhes oferece sustento. Figura marcante na batalha contra a degradação da floresta e o direito dos seringueiros, Chico Mendes foi um sindicalista da região acreana de Xapurí. Sua luta pelo controle da extração predatória e contra os desmates na região dos seringais é reconhecida internacionalmente. Com suas raízes indígenas, os seringueiros ainda vivem na floresta, retirando dela suas subsistências a partir da extração da castanha do Brasil e de matéria-prima para a produção de vernizes e tintas. Eles também trabalham no seringal para extração do látex. 32 GUIA DO PROFESSOR Se antes a concentração em áreas rurais era maior, já que longas faixas de terras concentravam a monocultura, o aumento da densidade urbana modificou essa característica socioeconômica, fragmentando a terra e criando aglomerações urbanas antes inexistentes. É assim que surgem cidades de grande porte, como Manaus e Belém (Brasil) e Iquitos (Peru); e de médio porte, como Yurimaguas (Peru) e Largo Agrio (Equador). No total, 63,7% da população amazônica passou a morar em cidades, o que representa 21,3 milhões de pessoas. Essa situação traz novos desafios para a região, como, por exemplo, a necessidade de garantir a qualidade de vida nas cidades, já que muitas delas ainda apresentam serviços básicos precários, como é o caso do saneamento, acentuando a miséria em lugares que já possuem significativa vulnerabilidade social. O que está em jogo atualmente são novos modelos de ocupação, com uma consolidação do urbano, que se vale de mão de obra amazônica para o crescimento econômico, gerando complexas relações entre uma cultura milenar e mítica e uma cultura urbana, integrada a uma modernidade que lhe é exterior. Mesmo que boa parte da população ainda possua características ribeirinhas, assentando-se às margens dos rios, o bioma amazônico passa por um processo de modificação de suas identidades culturais, pois as referências históricas que estão inscritas nessas terras são apagadas por formas de exploração e ocupação do solo que tendem a descaracterizar toda essa relação do homem com a paisagem. PARA SABER MAIS • Observe essa compilação de acontecimentos na ocupação histórica da Floresta Amazônica (matéria do Jornal Estadão). Disponível em: http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,linhado-tempo-entenda-como-ocorreu-a-ocupacao-da-amazonia,407092 • A vida de um sertanista que se dedicou às tribos da Amazônia: Sydney Possuelo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vGNBoAPdRvc • Entenda melhor como é a vida urbana na Amazônia (série de reportagens produzida pela TV Globo). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1lpsXBUFoqo, https://www.youtube.com/watch?v=kk2Wd20KymI e https:/www. youtube.com/watch?v=y7TYvnX8ujk. • História da ocupação da Amazônia: material de consulta muito interessante (ilustrado). Disponível em: http://www.tomdaamazonia.org.br/biblioteca/files/Cad.Prof4-Historia.pdf TANTAS CULTURAS 33 PROPOSTA PEDAGÓGICA A ocupação humana e sua consequente interação com a floresta ao longo do tempo foram alteradas por diversas dinâmicas regionais. Pensando nisso, esta atividade planejada leva em consideração os elementos “ocupação amazônica” e “impactos da relação homem-paisagem”. Objetivos • estimular a reflexão sobre as diferentes formas de ocupação humana da Amazônia ao longo da história e buscar dimensionar os impactos na paisagem; • desenvolver a percepção sobre a diversidade humana e suas respectivas culturas presentes atualmente no território amazônico. Materiais necessários • papel pardo; • folhas de papel A4; • canetas coloridas; • cópias de alguns textos, de caráter temporal diversificado, que tratem da ocupação da região amazônica. Algumas sugestões de textos constam nos links a seguir: ̶̶ http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna. php?id=1050; ̶̶ http://ambientes.ambientebrasil.com.br/natural/artigos/a_amazonia_na_ pre-historia.html; ̶̶ http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/07/090722_amazonia_ timeline_fbdt.shtml Procedimentos • separe a turma em duplas; • cada dupla receberá até dez folhas de papel A4; • em cada folha, a dupla deve elencar um ponto histórico do processo de ocupação, incluindo período, forma de ocupação e impacto na paisagem; • após cada dupla preencher o número de folhas que achar necessário, todos devem realizar um círculo; 34 GUIA DO PROFESSOR • no centro desse círculo será estendido um pedaço de papel pardo, contendo apenas uma linha central pintada à caneta; • cada dupla deve apresentar suas folhas aos demais colegas e colar no papel pardo, de forma a criar uma única e diversa linha temporal (agora do coletivo) da ocupação humana e interação com a paisagem da Floresta Amazônica; • os pontos históricos apresentados devem ser debatidos e o papel pardo fixado na parede em espaço adequado, servindo como uma referência para outras tarefas que possam ser criadas sobre o tema. Tempo estimado Um período de aula de 50 minutos é suficiente para a realização da atividade. TANTAS CULTURAS 35 O MUNDO DAS ÁGUAS CAPÍTULO 4 36 GUIA DO PROFESSOR A beleza das águas da Amazônia. Fonte: Banco de imagens do INPA. O MUNDO DAS ÁGUAS 37 O MUNDO DAS ÁGUAS A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA NO MUNDO A agricultura e a indústria funcionam com grandes quantidades de água, além de boa parte da eletricidade no Brasil ser gerada usando-se a força das águas; ou seja, percebe-se que sem ela não existe vida. Por possuir grandes oceanos, geleiras, mares e rios, o planeta Terra é tido como o planeta da água. Entretanto, 97% de toda essa água é salgada, ou seja, inapta para o consumo; apenas 2,5% é água doce. Desse total, só 0,3% é acessível; o restante está nas calotas polares, nas geleiras e no subsolo. O cenário atual é de maior contaminação, com aumento da população, o que demanda mais água e alimentos que requerem grande quantidade do líquido para serem produzidos. Desta forma, a preocupação com a água tem crescido no mundo devido ao aumento do consumo e ao impacto da atividade humana na hidrologia no planeta. ALGUNS NÚMEROS DA ÁGUA NO MUNDO Para consumo: as pessoas consomem de 2 a 4 litros por dia de água em hidratação. Mas os alimentos que consumimos diariamente requereram de 2 mil a 5 mil litros de água para serem produzidos. Agricultura e alimentos: hoje, 70% do uso de água doce é destinado à agricultura, 20% à indústria e 10% às moradias. Em 2050, a população mundial passará dos atuais 7 bilhões de pessoas para 9 bilhões. As necessidades de alimentos devem aumentar 60% e as de água para a agricultura, 19%. Falta de água: o acesso à água é uma grande preocupação de todos hoje. Estima-se que sua escassez já afeta 40% de toda a população. Em 2025, um terço da população mundial poderá estar vivendo em condições de estresse hídrico. Água e mudança do clima: o aquecimento global vai dificultar o acesso à água e mais regiões sofrerão com a sua escassez. As chuvas serão menos regulares e blocos polares podem derreter, aumentando o nível do mar. As inundações e as secas se intensificarão, afetando numerosos ecossistemas que mantêm a qualidade da água. Em 2050 o número de pessoas vulneráveis a desastres de inundações deve chegar a 2 bilhões. Fonte: ONU (2015). 38 GUIA DO PROFESSOR Existem estudos que indicam que para se produzir uma calça jeans são necessários 8 mil litros de água, e para uma camiseta de algodão, 2,5 mil litros. Uma fatia de pão requer 40 litros de água para ser produzida; um copo de suco de maçã, 190 litros; uma porção de arroz, 200 litros. Também são necessários 200 litros para uma espiga de milho; para um pacote de batata frita, 185 litros; uma pizza marguerita, 1,2 mil litros; e um hambúrguer, 2,4 mil litros. Para se ter noção, o uso da água no mundo vem crescendo mais que o dobro da taxa do aumento da população nos últimos 100 anos. ÁGUA NO BRASIL O Brasil detém 12% da água doce de todo o planeta. Apesar de ser alta a porcentagem quando comparada ao restante do mundo, é imprescindível adotar práticas de consumo conscientes, pois o líquido pode chegar a faltar um dia, conforme dados atuais mesmo indicam. Notícias recentes da mídia, por exemplo, informaram sobre falta de água em São Paulo, em Belo Horizonte e em outros lugares. No Nordeste, as secas se repetem. Na Amazônia, temos visto secas ou inundações que afetam a vida das pessoas e dos ecossistemas. AMAZÔNIA: O MUNDO DAS ÁGUAS O rio Amazonas tem mais de mil afluentes e uma vazão anual média de 200 mil m³ por segundo, o que faz com que a Amazônia seja um mundo de águas pertencente aos oito países amazônicos. Tal dimensão é explicada pelo fato de a Bacia Amazônica ser a maior do mundo, com aproximadamente 80% da água doce superficial do Brasil estando nos rios da Amazônia. Onde há tantas florestas e poucas estradas, o rio é a principal via de comunicação e transporte para as pessoas que vivem no local. O sistema aquífero do Amazonas abrange as bacias do rio Amazonas (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru, com uma superfície de 6,2 milhões de km2) e do Orinoco (Colômbia e Venezuela, com 880 mil km2), ambas unidas pelo canal Cassiquiare, entre a Venezuela e o Brasil. Existem, ainda, grandes reservas subterrâneas de água na Amazônia que não foram quantificadas. Esse sistema aquífero abrange uma área de quase 4 milhões de km2, que passa por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. As águas subterrâneas são muito importantes no fornecimento de água para a manutenção dos ecossistemas e da biodiversidade, já que armazenam água em períodos de chuva e cedem em épocas de estiagem para rios e lagos. Tem muita mais água abaixo da terra do que nos rios. Entretanto, toda essa água demanda muita atenção devido à sua importância, sendo essa uma grande preocupação dos países amazônicos que compartilham tal riqueza. O MUNDO DAS ÁGUAS 39 O desmatamento, que já atingiu aproximadamente 18% da Floresta Amazônica no Brasil, afeta também o ciclo das águas (troca contínua de água na hidrosfera) e ameaça sua disponibilidade. A perda de vegetação faz com que haja menos umidade, impactando nas chuvas e na quantidade de água nos rios, destruindo mananciais que alimentam rios e represas. As atividades econômicas da indústria e da agricultura também interferem na água, já que utilizam grandes quantidades do líquido e ainda usam alguns produtos químicos que, quando empregados de forma descontrolada, sem o cuidado necessário ou até mesmo de forma ilegal, geram contaminação. A agropecuária, por exemplo, usa fertilizantes, herbicidas e pesticidas; a mineração utiliza produtos químicos contaminantes; e os processos de exploração de petróleo também usam produtos prejudiciais. Outra situação que interfere na qualidade das águas e no meio ambiente é a falta de saneamento básico em muitas cidades e centros urbanos, assim como o fato de boa parte dos resíduos sólidos serem despejados a céu aberto. A título de exemplo, a atividade que mais utiliza água é a das hidrelétricas, já que usam a força da água para gerar boa parte da energia consumida nos países amazônicos. Para gerar tal energia é preciso construir infraestruturas gigantescas, que acabam afetando a região. A disponibilidade e a qualidade da água no mundo, incluindo as cidades brasileiras e a Amazônia, dependem da contribuição de cada um, ao adotar práticas de consumo conscientes e responsáveis, evitando a compra de produtos que desmatem a floresta ou contaminem os rios. Essa atitude tem levado muitos produtores no mundo e na Amazônia a adotar práticas responsáveis. 40 GUIA DO PROFESSOR PARA SABER MAIS • Água no planeta para crianças, no site da ANA (mapa educativo que aborda a temática das bacias hidrográficas, ciclo da água e questões relacionadas à conservação e à poluição da água). Disponível em: http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/Cata logo/2012/AguaNoPlanetaParaCriancas.pdf • Água na medida certa, no site da ANA (explicação, com perguntas e respostas, acerca dos principais conceitos relacionados com a água: ciclo hidrológico, bacia hidrográfica, água no mundo e como medir a vazão de um rio). Disponível em: http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/Cata logo/2012/AguaNaMedidaCerta.pdf • Para entender a crise hídrica (encarte da ANA). Disponível em: http://conjuntura.ana.gov.br/docs/crisehidrica.pdf • Exemplo prático de como a água poluída afeta a vida dos amazonenses, neste caso as aldeias Yanomami, e como a ciência procura soluções (notícia do Inpa sobre implantação de purificador de água em aldeia Yanomami). Disponívelem:http://portal.inpa.gov.br/portal/index.php/ultimas-noticias/1873 -inpa-implantara-purificador-de-agua-em-aldeia-yanomami-no-amazonas • Atividades e dados sobre água, algumas em espanhol e outras em inglês, no site da FAO. Disponível em: http://www.fao.org/nr/water/promotional.html • Estatísticas mundiais da água por temas: biodiversidade, agricultura, saúde, mudança do clima etc. da ONU (em inglês). Disponível em: http://www.unwater.org/statistics/thematic-factsheets/en/ O MUNDO DAS ÁGUAS 41 PROPOSTA PEDAGÓGICA 1 Conhecendo a Bacia Amazônica, sua extensão, componentes, países e dimensão regional. Objetivos • entender as dimensões e a amplitude da Bacia Amazônica; • compreender a sua dimensão transnacional. Materiais necessários • papel branco e material para colorir os mapas; • Atlas para pesquisar os mapas da região. Procedimentos • leitura do quadro sobre a expedição que ajudou a concluir que o Amazonas é o mais extenso rio do mundo, no Caderno do Aluno; • os alunos devem traçar o percurso do maior rio do mundo e seus principais afluentes na América do Sul, incluindo a Bacia do Orinoco. Devem sinalizar, também, o ponto de encontro entre as duas bacias, Orinoco e Amazonas; • é importante identificar os países com os alunos, podendo ser mostradas a eles, também, as principais cidades de fronteira e as capitais. Note que geralmente estas se localizam à beira de um rio, o que ajuda a sublinhar a importância da água. Como os rios são navegáveis, um barco pode ser desenhado para ilustrar esse fato; • a atividade pode ser feita individualmente, em uma folha de papel branca, ou coletivamente, em um mural. Pode ser realizada também por grupos com quatro ou cinco alunos; • estabeleça um debate sobre como o desmatamento e a poluição em uma área pode afetar a quantidade e a qualidade da água em outros lugares. Lembre-se: na grande floresta tudo está interligado, especialmente neste mundo das águas. Tempo estimado O exercício pode durar um período de aula. Caso não concluído, pode ser finalizado em casa e retomado em uma segunda aula. 42 GUIA DO PROFESSOR PROPOSTA PEDAGÓGICA 2 Todos devem colaborar no uso consciente da água: calculando o consumo pessoal, o aluno descobre como economizar água. Objetivo • ajudar a estabelecer uma consciência de que a responsabilidade pela água é de todos; • permitir aprofundar o entendimento de que não se tem garantias de continuar usufruindo da água caso não se cuide dela. Materiais necessários • computador ou qualquer aparelho que permita acesso à internet para realizar o exercício. Alternativa: caso não seja possível acessar a internet no período da aula, o professor pode trazer a lista com 48 dicas para reduzir o consumo de água e os alunos podem elaborar um plano para reduzir o consumo na escola. Essa lista pode ser encontrada em: http://aguapedeagua.org.br/dicas. Procedimentos • ler o texto do capítulo para entender a importância da água no mundo e na Amazônia; • posteriormente, consultando a página da internet indicada a seguir, pode ser feito o cálculo da pegada de água (consumo de água), da escola e/ou da casa do aluno; • abrir a página da internet: http://aguapedeagua.org.br/calculadora; • é necessário um cadastramento simples para ingressar no site. Os alunos devem pesquisar alguns dados prévios, como consumo em metros cúbicos das casas ou da escola. A calculadora oferece possibilidades de reduzir o consumo com algumas práticas, mostrando ser uma ferramenta muito interativa; • em seguida, pode ser implementado um plano para economizar água na escola, caso os alunos trabalhem em grupos. No caso de trabalho individual, o plano pode ser para economizar água em suas casas. Tal plano deve mencionar qual o consumo atual dos alunos e quanto e de qual forma ele pode ser reduzido. Tempo estimado A pesquisa na internet e o cálculo de consumo podem levar menos de dez minutos por aluno ou grupo. Pode-se dedicar mais meia hora à elaboração do plano de redução de consumo e ao debate. O MUNDO DAS ÁGUAS 43 A vegetação em pé garante serviços ambientais da floresta. Fonte: Sérgio Amaral, Banco de imagens da OTCA. CAPÍTULO 5 SERVIÇOS AMBIENTAIS SERVIÇOS AMBIENTAIS RIOS VOADORES: ÁGUA QUE VEM DO CÉU PARA A AMÉRICA DO SUL A Amazônia atrai grandes quantidades de água do Oceano Atlântico em forma de vapor e nuvens, sendo que suas árvores devolvem boa parte do líquido que recebem de volta ao ar por duas formas. A primeira consiste em parte da chuva que fica nas folhas da floresta ser aquecida pelo sol e se transformar em vapor, voltando à atmosfera. A segunda, e ainda mais comum, é a transpiração, que é quando a água que as árvores absorvem do subsolo é liberada pelas folhas, ou seja, parece que a árvore está “suando” água, a qual é aquecida pelo sol e liberada na atmosfera como vapor. Estima-se que, na Amazônia, uma árvore com 10 metros de copa libera 300 litros de água para a atmosfera, na forma de vapor, em apenas um dia. E uma árvore ainda maior, com 20 metros de copa, pode liberar até 1.100 litros em um único dia. A floresta, com seus 400 bilhões de árvores, libera muito mais. Feito isso, as correntes de ar levam toda essa umidade da Amazônia em direção ao Oeste, até encontrar a Cordilheira dos Andes, onde existem altíssimas montanhas que facilmente superam os quatro mil metros. Por serem tão grandes, essas montanhas são obstáculos para as nuvens, que não conseguem ultrapassá-las. Desviadas nos Andes, as massas de ar carregadas com vapor de água da floresta seguem, então, rumo ao Sul, chegando a várias regiões do Brasil e algumas partes da América do Sul: de São Paulo ao Pantanal, dos Andes a Buenos Aires. Esse fenômeno é chamado, poeticamente, de “rios voadores”, que é quando a água da floresta, em forma de vapor e nuvens, passa por cima das nossas cabeças. Ou seja, são massas de ar invisíveis que, aliadas à ocorrência de frentes frias vindas do Sul, se transformam em chuvas. Pesquisadores do projeto LBA (Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia, coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa) calcularam que, na floresta, se produz uma evaporação de 3,6 litros de água por m². Assim, a Amazônia emite mais água pelo ar do que pelo rio Amazonas. Estima-se que a Amazônia evapora, a cada dia, 20 bilhões de toneladas de água. Já o rio Amazonas despeja no mar, diariamente, 17 bilhões de toneladas. Ou seja, são 3 bilhões de toneladas de diferença. 46 GUIA DO PROFESSOR AMAZÔNIA: USINA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS Os termos “serviços ambientais” e “serviços ecossistêmicos” são utilizados na definição de como a natureza e os ecossistemas têm funções insubstituíveis para a vida no planeta. A Amazônia garante a existência de uma gigante biodiversidade que gera produtos dos quais usufruímos, como madeira, frutos, peixes, remédios, sementes etc. Além disso, a floresta tem um papel primordial no ciclo das chuvas na América do Sul, e também na regulação do clima, na purificação da água e do ar e no controle de erosões. O PONTO DE NÃO RETORNO: A FLORESTA PODE ACABAR? Nas últimas décadas, a Floresta Amazônica tem sofrido pressões que antes não existiam. Ela experimentou grande crescimento de atividades econômicas, favorecido pelo aumento do preço das commodities nos mercados internacionais (agricultura, pecuária e indústrias extrativas de minérios e madeira), acompanhado de significativo aumento populacional, especialmente nas cidades, e da proliferação de grandes obras de infraestrutura. O desmatamento na região alcançou um pico, apenas para a Amazônia brasileira, de 27.772 km2 em 2004. Esse ponto abriu os olhos para a crescente ameaça sobre a biodiversidade da floresta e os serviços que ela proporciona. Por isso, o governo brasileiro criou um plano com numerosas medidas para reduzir o ritmo anual de desmatamento, que caiu 82% entre 2004 e 2014. Os cientistas questionam se existe um ponto climático de “não retorno”, ou seja, o momento em que, após determinado percentual de desmatamento, a floresta não conseguiria mais se sustentar. No recente estudo intitulado “O futuro climático da Amazônia”, o pesquisador Antonio Donato Nobre calcula em quase 763 mil km2 (uma área equivalente a 184 milhões de campos de futebol) o desmatamento acumulado na Amazônia brasileira até 2013. O estudo mensura que existiriam, também, 1,2 milhão de km2 afetados pela degradação florestal, que acontece quando as florestas sofrem impactos, como corte seletivo de árvores ou incêndios, mas não ocorre o corte raso de toda a vegetação. Assim, a qualidade original que sustentava o ecossistema é perdida, afetando o seu equilíbrio. Os cientistas ainda não concluíram as pesquisas sobre o assunto, mas uma hipótese que ganha força, baseada em projeções, indica que, se o desmatamento chegasse a 40% da Amazônia, poderia deflagrar uma transição dessa vegetação para a savana (o nosso Cerrado). SERVIÇOS AMBIENTAIS 47 Um importantíssimo serviço ambiental que a Amazônia fornece ao mundo é a capacidade de estocar carbono e, com isso, reduzir a emissão de gases do efeito estufa que provocam o aquecimento do planeta, desde que a vegetação seja mantida em pé, já que as plantas absorvem gás carbônico no processo de fotossíntese, ajudando a diminuir a quantidade desse gás na atmosfera. Outro serviço que a Floresta Amazônica fornece provém da transpiração das árvores, processo no qual estas liberam milhões de toneladas de vapor de água que as correntes de ar levam para outras partes da América do Sul e do Brasil, especialmente o Sudeste e o Centro-Oeste, regiões produtoras de alimentos e que concentram boa parte da riqueza econômica do país. Esse fenômeno é aquele chamado de “rios voadores”, explicado no capítulo anterior, que representa a maior quantidade de água que as árvores da Amazônia devolvem para o ar e que, segundo os cientistas, chega até essa grande área entre os Andes e Cuiabá, São Paulo e Buenos Aires. Especialistas têm pesquisado por anos as funções da Amazônia e os diversos serviços ambientais que ela proporciona ao Brasil e ao mundo. Um exemplo interessante é a capacidade da floresta de atrair umidade do oceano para a manutenção das chuvas, o que os cientistas explicam com a teoria da bomba biótica. Segundo essa teoria, “a transpiração abundante das árvores, casada com uma condensação fortíssima na formação das nuvens e chuvas (...), leva a um rebaixamento da pressão atmosférica sobre a floresta, que suga o ar úmido sobre o oceano para dentro do continente, mantendo as chuvas em quaisquer circunstâncias” (NOBRE, 2014). Também é atribuída à Amazônia a capacidade de moderar o clima e de contribuir para que a região e sua área de influência não sofram com fenômenos atmosféricos extremos, como tufões e furacões, já que o grande dossel rugoso do bosque ajuda a equilibrar a energia dos ventos. Outros serviços da Amazônia preservada, poucas vezes quantificados, são sua bela paisagem e suas funções como fonte de turismo e elemento indispensável para muitas culturas. Todas essas funções da Amazônia, porém, só podem ser preservadas caso a floresta seja mantida em pé e, por isso, há muito tempo as pessoas se dedicam a descobrir como compensar esse esforço que uma comunidade ou que a própria população amazônica faz, cuidando da floresta em vez de derrubá-la. 48 GUIA DO PROFESSOR PARA SABER MAIS • Rios voadores. Disponível em: http://riosvoadores.com.br/ • Serviços ambientais que a Amazônia oferece. Disponível em: http://www.ipam.org.br/saiba-mais/A-importancia-dasflorestas-em-pe/1 e http://www.ccst.inpe.br/wp-content/uploads/2014/10/ Futuro-Climatico-da-Amazonia.pdf. • Conceito de serviços ambientais. Disponível em: http://www.ipam.org.br/saiba-mais/abc/mudancaspergun ta/O-que-sao-Servicos-Ambientais-possivel-compensar-economica mente-a-prestacao-destes-servicos-/40/30 • Redução no ritmo de desmatamento na Amazônia entre 2004 e 2014 e resultados de 2014. Disponível em: http://www.mma.gov.br/redd/index.php/pt/informma/ item/141-prodes-2014-desmatamento-na-amaz%C3%B4nia-cai-18 • Saiba se há um rio voador por cima da sua cabeça. Disponível em: http://riosvoadores.com.br/mapas-meteorologicos/rios-voadores/ • Torres de observação gigantes para pesquisar como funciona a Amazônia (artigo breve e bem didático do Inpa). Disponível em: http://portal.inpa.gov.br/index.php/ultimas-noticias/1953torres-de-observacao-darao-dados-mais-completos-sobre-a-funcaoda-floresta-amazonica SERVIÇOS AMBIENTAIS 49 PROPOSTA PEDAGÓGICA Os alunos podem conhecer melhor o funcionamento da floresta e os serviços ambientais. Objetivo • conhecer os serviços ambientais oferecidos pela floresta e como foi feita a pesquisa sobre os rios voadores; • trabalhar o conhecimento da geografia da América do Sul e refletir sobre as relações entre a floresta e a região. Materiais necessários • computador ou equipamento audiovisual para assistir à reportagem; • papel e material para colorir o mapa da América do Sul. Alternativa: em caso de não se ter acesso à internet, leia atentamente os textos do capítulo e do quadro sobre os rios voadores no Caderno do Aluno. Nesses textos são descritas a formação e o percurso dos rios voadores. Tais dados são suficientes para a atividade. Procedimentos • a reportagem sobre os rios voadores explica como foi feita a pesquisa, como se origina a água na floresta e como ela chega a muitos lugares da América do Sul; • assistir a uma das seguintes reportagens na internet: a primeira (disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GHNM7kAa4G8) tem duração de nove minutos; e a segunda (disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=F6NYhdZwXr8) de apenas três minutos. Assistir apenas uma é suficiente para se ter a ideia do fenômeno. Entretanto, a primeira inclui pesquisadores e mais detalhes; • os alunos devem desenhar um mapa da América do Sul, com o oceano, os Andes e os países, e mostrar nele como funcionam as correntes de ar úmido que saem da Amazônia. Pode ser feito individualmente ou em conjunto; • adicionalmente, pode-se fazer uma lista dos serviços que a floresta nos proporciona; • finalizado o trabalho, abra um debate e discuta esse tema na aula, com o que cada aluno terá descrito. 50 GUIA DO PROFESSOR Tempo estimado Para assistir à reportagem na internet, se levará de 3 a 9 minutos, dependendo de qual for a escolhida. Caso prefira-se usar o texto, podem ser dedicados 15 minutos à leitura e à obtenção de dados. A criação do mapa e a lista dos serviços pode demorar o restante da aula. Recomenda-se deixar dez minutos ao final para debater o tema. Fica a seu critério utilizar mapas da região. SERVIÇOS AMBIENTAIS 51 Parque Nacional Jaú, AM/RR. Fonte: Banco de imagens do ARPA/MMA MUDANÇA DO CLIMA CAPÍTULO 6 MUDANÇA DO CLIMA O efeito estufa é um fenômeno natural que permite manter a temperatura da Terra em um nível ideal para a vida, sendo causado pelos chamados gases de efeito estufa, que impedem a perda de calor na terra. A atmosfera é a camada de gases que envolve a Terra, composta principalmente por oxigênio (O2) e nitrogênio (N2). Em menor proporção, existem os chamados gases do efeito estufa, sendo o principal deles o dióxido de carbono (CO2). A atmosfera contém, ainda, metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e vapor d’água, que permitem a entrada de calor, ondas eletromagnéticas que chegam do sol, mas impedem a saída de todo esse calor (radiação infravermelha) emitido pela Terra. Sem esses gases a temperatura média da Terra seria 33ºC mais baixa. Após a industrialização, as atividades do ser humano têm levado a um aumento muito intenso desses gases. Assim, menos calor sai da Terra, ocorrendo um superaquecimento. Os cientistas asseguram que isso contribui para o aquecimento do planeta e a consequente mudança do clima. Esta, por sua vez, pode ter graves decorrências para o futuro da Terra, da biodiversidade, dos ecossistemas e da vida das pessoas. Alguns desses efeitos são ondas de calor, seca extrema, chuvas intensas, deslizamentos, inundações, redução dos recursos hídricos no planeta, com os seus impactos na agricultura, perda de cobertura de gelo, aumento do nível do mar, entre outros. PLANO NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA O Brasil adotou, em 2008, o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que visa reduzir as emissões de gases do efeito estufa no país e criar condições para lidar com os impactos da mudança do clima. Em dezembro de 2009, o Brasil se comprometeu a reduzir entre 36,1% e 38,1% de suas emissões projetadas até 2020 (estima-se que equivale à redução de 17% comparada aos níveis de 2005). Esse objetivo inclui a meta de reduzir em 80% o índice anual de desmatamento na Amazônia e 40% no Cerrado (em relação a uma taxa anual média de anos anteriores), além de incluir ações para os setores de energia, agricultura, pecuária e indústria. 54 GUIA DO PROFESSOR OS IMPACTOS PODEM SER DRAMÁTICOS PARA A FLORESTA AMAZÔNICA Os impactos podem ser dramáticos para a Floresta Amazônica, precisamente por sua fragilidade e gigantesca biodiversidade. Especialistas indicam que a região amazônica já tem sido afetada pelo aumento da temperatura média, em seu regime de chuvas, com períodos mais extensos de seca e inundações. Essas mudanças aumentam a vulnerabilidade tanto do ambiente natural quanto das populações humanas, particularmente das mais pobres. A perda da floresta pode levar a uma mudança nas chuvas em toda a região, como foi observado no capítulo anterior, que explica a contribuição da floresta na incidência de umidade e chuva em várias regiões da América do Sul. Dados do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), mostraram que desmatamento e queimadas aceleram o efeito estufa, alteram o mecanismo da formação de nuvens e podem modificar o regime de chuvas na Amazônia e em outras partes do país. A OTCA E A COOPERAÇÃO PERANTE A MUDANÇA DO CLIMA Água, florestas e saúde são as três grandes áreas de cooperação dos países amazônicos na proteção da Amazônia e das suas populações perante os impactos da mudança do clima. Essa cooperação é coordenada no âmbito da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Na água, um grande desafio são as variações dos fluxos, com secas e inundações, que impactam com força a biodiversidade. A água da Amazônia é um bem único para todos esses países, que desenvolvem um plano de gestão integrada das águas da bacia. Na área de florestas, os países inauguraram, poucos anos atrás, o monitoramento conjunto do desmatamento. Existem vários projetos que buscam ajudar as populações locais a proteger a floresta e se precaver dos impactos. Um exemplo é a gestão sustentável da Amazônia que está sendo implementada em comunidades ribeirinhas do Brasil e do Peru, e que ajuda a prever os impactos de secas e de inundações. Outras iniciativas têm sido a implantação de hortas elevadas ou a criação de espécies de peixes mais resistentes às mudanças. Na área de saúde, os desafios estão no risco de aumento da incidência de doenças e problemas de saúde com o calor ou eventos extremos. Uma das iniciativas é a elaboração de um guia para a adaptação ao risco climático na região amazônica desde a perspectiva da saúde. MUDANÇA DO CLIMA 55 POR QUE A AMAZÔNIA É TÃO IMPORTANTE NA QUESTÃO DA MUDANÇA DO CLIMA? O intenso aumento de gases do efeito estufa na atmosfera provém, principalmente, do uso de energia de fontes não renováveis, como combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão mineral) na produção de energia, na indústria e no transporte. As grandes florestas no mundo, mais densas, especialmente as tropicais, na América Latina, na Ásia e na África, têm enorme capacidade de retirada do principal gás do efeito estufa da atmosfera, o dióxido de carbono, já que as plantas, por meio da fotossíntese, absorvem carbono e expelem oxigênio. Parte desse carbono é assimilada pelas plantas e se transforma em biomassa na forma de folhas, galhos, troncos e raízes. Entretanto, quando a floresta é desmatada ou queimada, ocorre exatamente o contrário. A planta, suas folhas e galhos, quando mortos, apodrecem e, nesse processo, liberam carbono na forma de gases do efeito estufa, como o gás carbônico. Isso fez do Brasil, que detém a maior porção da Amazônia, um dos grandes emissores de gases do efeito estufa do planeta. A redução do desmatamento, nos últimos anos, tem ajudado a diminuir a contribuição brasileira nas emissões globais – essa emissão ocorre não apenas na Amazônia, mas também em outras regiões do país, como o Cerrado. Dessa forma, um grande serviço ambiental que a Floresta Amazônica fornece para o mundo é a sua capacidade em ajudar a regular o clima da Terra, mas a floresta só poderá exercer essa função caso seja mantida em pé. Todos contribuem para o aquecimento global, assim como todos podem ajudar a reduzi-lo. A título de exemplo, reduza o consumo de energia e o lixo ao necessário; desligue o computador quando não estiver usando; use transporte coletivo; e, claro, evite consumir produtos que provocaram desmatamento ou contaminação das florestas e da água. Ações como essas ajudarão a salvar o planeta. 56 GUIA DO PROFESSOR PARA SABER MAIS • Impacto da mudança do clima na Amazônia. Disponível em: http://mudancasclimaticas.cptec.inpe.br/~rmclima/pdfs/ destaques/relatorio_port.pdf • Efeitos da mudança do clima sobre a biodiversidade. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/imprensa/_arquivos/ livro%20completo.pdf • Fermentação entérica. Disponível em: http://www.seeg.eco.br/emissoes-por-setor-agropecuaria/, http://www.observatorioabc.com.br/recuperar-pastagens-pode-compen sar-metano-emitido-pelo-boi?locale=pt-br, e http://mundoestranho.abril. com.br/materia/e-verdade-que-o-pum-das-vacas-aumenta-o-efeito-estufa • Plano Nacional sobre Mudança do Clima. Disponível em: http://www.mma.gov.br/clima/politica-nacional-sobremudanca-do-clima/plano-nacional-sobre-mudanca-do-clima • Vídeo elaborado pelo Inpe sobre mudança do clima (muito completo e com duração de nove minutos). Disponível em: http://issuu.com/magnostudio/docs/mudancas_climaticas/1?e=0 • Cartilha do Inpe sobre mudança do clima que oferece dicas de como podemos contribuir com o planeta e detalhes sobre o impacto nas regiões do país. Disponível em: http://issuu.com/magnostudio/docs/mudancas_climaticas/1?e=0 • Programa LBA: alguns resultados. Disponível em: http://lba2.inpa.gov.br/lba2/lba-apresentacao.html • O ciclo do carbono nas plantas. Disponível em: http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/content/ciclo-do-carbono MUDANÇA DO CLIMA 57 PROPOSTA PEDAGÓGICA 1 Calcule a sua pegada de carbono: o que o aluno pode fazer pelo planeta mudando apenas um pouco os seus hábitos. Objetivos • perceber como todas as atividades humanas e as do nosso dia a dia influem na emissão de gases do efeito estufa; • aprender a reduzir as nossas emissões e, ao mesmo tempo, ajudar a floresta e o planeta. Materiais necessários • computador ou aparelho que permita realizar a atividade na internet; • papel e caneta para anotar. Procedimentos • os alunos utilizam uma ferramenta da internet para calcular a pegada de carbono e saber como reduzir suas emissões, as da casa deles ou até mesmo as da escola; • primeiro, abra qualquer uma das duas páginas na internet: http://www.idec.org.br/ climaeconsumo/ ou www.climaeconsumo.org.br; • os alunos devem trazer alguns dados de casa, como consumo do carro da família, do gás e da eletricidade na sua casa. O trabalho também pode ser feito sobre as emissões da escola; • os alunos podem calcular individualmente, ou em grupos, o consumo e como reduzi-lo. O estudo pode ser aplicado na casa deles ou na escola; • os alunos devem entregar uma redação informando com detalhes o consumo, quais os fatores principais que o provocam e como reduzi-lo; • ao final, pode ser feito um debate sobre o que causa o aquecimento global no planeta e como nós podemos fazer a nossa parte. Tempo estimado O tempo estimado para a atividade é de 30 minutos para a calculadora e as anotações. Os alunos podem, então, apresentar o resultado dos trabalhos em debate de 30 minutos. 58 GUIA DO PROFESSOR PROPOSTA PEDAGÓGICA 2 Quantas árvores são necessárias para compensar a sua pegada de carbono? O aluno aprende o conceito de compensar quando não se consegue reduzir a pegada. Objetivos • entender como as árvores e as florestas são importantes na questão da mudança do clima; • levar os alunos a pensar sobre como reduzir as emissões na Amazônia. Materiais necessários • computador ou aparelho que permita realizar a atividade na internet; • papel e caneta para anotar. Procedimentos • a página na internet permite calcular quanto uma pessoa ou lar contribui nas emissões de gases do efeito estufa e, ao mesmo tempo, ajuda a refletir sobre o conceito de compensação; • abra a seguinte página da internet: http://www.iniciativaverde.org.br/pt/calculadora; • os alunos devem trazer alguns dados de casa, como consumo do carro da família, do gás e da eletricidade na sua casa. O trabalho também pode ser feito sobre as emissões da escola; • os alunos podem calcular, individualmente ou em grupos, seu consumo e como reduzi-lo. O estudo pode ser aplicado na casa deles ou na escola; • os alunos devem entregar uma redação informando com detalhes qual o consumo, quais os principais fatores que provocam esse consumo, e qual a compensação que devem fazer com plantio de árvores; • ao final, pode ser feito um debate sobre a importância das árvores e da floresta para o clima e as fragilidades, com base nos dados informados no capítulo. Tempo estimado O tempo estimado para a atividade é de 20 minutos para a calculadora e as anotações. Os alunos podem, então, apresentar o resultado dos trabalhos em debate de 30 minutos. MUDANÇA DO CLIMA 59 PROPOSTA PEDAGÓGICA 3 Entendendo o ciclo do carbono das plantas na floresta. Objetivos • estudar como as plantas absorvem carbono e como isso funciona para compreender a contribuição da floresta na mudança do clima; • transformar o aluno em professor, já que ele irá preparar a aula sobre o ciclo de carbono. Materiais necessários • papel e caneta para anotar – o professor pode levar material da escola sobre o tema fotossíntese e ciclo do carbono (computador para pesquisar na internet é opcional). Procedimentos • a leitura do capítulo e a pesquisa do material da escola sobre fotossíntese e ciclo do carbono permitem aos alunos adquirir o conhecimento necessário sobre o ciclo de carbono; • após a leitura do capítulo, o professor pode oferecer aos alunos material disponível na escola sobre a fotossíntese e o ciclo do carbono; • os alunos se distribuirão em grupos de quatro ou cinco, e prepararão uma apresentação que servirá para dar uma aula para os colegas. Eles serão os professores, que explicarão como as plantas absorvem ou liberam carbono; como funciona a fotossíntese e o ciclo do carbono; e como isso influencia nas emissões de gases do efeito estufa; • fica a critério deles a utilização de ilustrações, gráficos e esquemas, para facilitar a compreensão do processo por todos. Tempo estimado Pode-se dedicar uma aula ao estudo e à preparação do material. Na aula seguinte, os alunos terão de ministrá-la. Cada grupo disporá de 8 minutos para apresentação da aula. 60 GUIA DO PROFESSOR ANOTAÇÕES MUDANÇA DO CLIMA 61 DESMATAMENTO CAPÍTULO 7 Desmatamento na floresta. Fonte: Banco de imagens da OTCA. DESMATAMENTO UMA LUTA CONTÍNUA O bioma amazônico possui uma extensão significativa, e quando olhamos no mapa o conjunto de territórios que ele integra, a variedade de culturas, de formas de interação com a paisagem e ocupação do solo, uma das primeiras coisas que vem ao nosso pensamento é: como proteger tudo isso? Como criar formas de preservação de uma floresta desse porte? No Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por meio do Projeto de Monitoramento do Desmatamento da Amazônia Legal (Prodes), apresenta um gráfico interessante para avaliação dos níveis de desmatamento. Gráfico 1 – Nível de desmatamento Desmatamento (km2/ano) 30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 20141 Ano Fonte: Inpe (2015). Nota: 1 Taxa estimada. A atualização desses números pode ser acompanhada pelo monitoramento on-line. Basta acessar o site do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) (disponível em: http://www.obt.inpe.br/deter/), no qual mapas são disponibilizados. O acompanhamento via satélite está ao alcance de todos. O Projeto de Monitoramento da Cobertura Florestal, executado pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), contribui para o desenvolvimento regional de estratégias de controle do desmatamento, mudanças do uso do solo e aproveitamento florestal. A partir de 2011, esse projeto instalou salas de observação em todos os países-membros da OTCA e permitiu a otimização (mão de obra especializada e tecnologia) dos serviços oferecidos por essa atividade, gerando a criação dos primeiros Mapas Regionais do Desmatamento na Amazônia. É necessário buscar alternativas para continuar o processo de redução do desmatamento da Floresta Amazônica, levando-se em consideração os impactos ambientais 64 GUIA DO PROFESSOR que resultam do atual modelo econômico. A derrubada ilegal de árvores, por exemplo, provoca a diminuição do ciclo de chuvas, mudando a paisagem verde da floresta, ou então a perda das raízes, que altera a dinâmica do solo com erosões e infertilidade. Isso sem falar no aumento da taxa de dióxido de carbono (CO2), que impacta diretamente na ampliação do efeito estufa, aumentando a temperatura da Terra. É urgente investir em alternativas e soluções ambientalmente adequadas de preservação da floresta, impedindo os desmatamentos que ocorrem pela extração predatória da madeira, pelas queimadas e também pelas atividades industriais irregulares. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E POLÍTICAS DE FISCALIZAÇÃO Uma das estratégias que tem se mostrado eficaz no combate ao desmatamento amazônico é a criação de Unidades de Conservação (UCs). Denominação dada pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), as UCs dizem respeito a determinados espaços territoriais e seus respectivos recursos ambientais que, por sua relevância, são considerados estratégicos e enquadrados pelo poder público em um regime especial de administração. ACOMPANHANDO EM TEMPO REAL A possibilidade de se monitorar o desmatamento em tempo real permite dimensionar territorialmente e em termos de escala o avanço da degradação do bioma amazônico. Ao mesmo tempo, essas informações viabilizam a identificação e a definição das áreas prioritárias para implementação de estratégias de enfrentamento do problema, que pode se dar, por exemplo, pela execução de ações de educação ambiental. Esse recurso do acompanhamento do desmatamento on-line se tornou possível quando as pesquisas e os levantamentos de dados se aliaram à tecnologia, especialmente a via satélite. Por isso, por meio de sites como o do Inpe, ou do Prodes, bastam poucos cliques para percebermos o atual cenário do desmatamento na região. No caso da Amazônia, por toda sua megabiodiversidade, a implementação de UCs foi a alternativa encontrada para preservar o bioma. Entretanto, outros instrumentos de proteção ambiental estão em andamento, como a criação de fundos de financiamento para a formação de programas ambientais com caráter geral ou focados em temas específicos. Da mesma forma, existem iniciativas ligadas à concessão florestal que garantem a empresas e a comunidades o direito de manejar florestas públicas para extração de madeira e produtos não madeireiros, e oferecer serviços de turismo, permitindo, assim, que os governos gerenciem, de forma regionalizada, o patrimônio florestal, combatendo grilagens de terras e exploração predatória. DESMATAMENTO 65 Entretanto, toda e qualquer alternativa depende de um elemento essencial: a fiscalização. O papel de cada governo é fundamental. No Brasil, por exemplo, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) possui inúmeras frentes de trabalho que evidenciam o esforço para conter o avanço de desmatamentos, queimadas ou uso ilegal da floresta, como é o caso do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) e do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). Os demais países que compõem esse mesmo espaço geográfico amazônico também possuem entidades responsáveis pela fiscalização, bem como órgãos gestores e, somados a isso, políticas nacionais de preservação previstas em suas respectivas legislações. INTEGRANDO POLÍTICAS PARA A AMAZÔNIA Mesmo existindo diversas políticas de fiscalização ambiental e diferentes plataformas de acompanhamento da Amazônia em tempo real, ainda é preciso consolidar a integração das diversas legislações sobre esse tema, bem como das ações que já são realizadas por diferentes órgãos. Consenso para vários organismos é o fato de que a Amazônia precisa de políticas de Estado combinadas e articuladas, buscando viabilizar ações estruturantes e um diálogo efetivo entre os segmentos e atores sociais do cenário amazônico. Daí a importância de se perceber que, ainda hoje, algumas legislações referentes à proteção ambiental são complexas, apresentando sobreposições ou mesmo lacunas jurídicas que não favorecem o desenvolvimento e a consolidação de uma política efetiva de salvaguarda da Floresta Amazônica. No contexto atual, as governanças regionais passam a ganhar maior poder de decisão com relação às medidas socioambientais aplicadas em benefício da floresta. Essa mudança de postura contribui para a integração da região amazônica por meio da elaboração de políticas nos diferentes países, a fim de que se comuniquem e estabeleçam pontos de intersecção, favorecendo ações conectadas ao objetivo de garantir a preservação do bioma. Um exemplo bastante claro disso é o Conselho Inter-regional da Amazônia, que se localiza no Peru. Esse é um mecanismo de articulação entre os mais variados órgãos do governo regional da Amazônia peruana. O envolvimento das governanças regionais no controle do desmatamento acaba por estimular uma maior participação das próprias comunidades locais. A isso soma-se o aumento do número de organizações sociais que surgiram em diferentes pontos da floresta, colaborando com a fiscalização direta de pontos de alta vulnerabilidade ambiental. No Brasil, o Manejo Florestal Sustentável, que se refere à pratica de manejo da floresta para obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os 66 GUIA DO PROFESSOR mecanismos de sustentação de seu ecossistema, é uma das estratégias que vem contribuindo para a diminuição do desmatamento. No contexto do manejo florestal, destaca-se como uma ação exitosa o Manejo Florestal Comunitário, quando indígenas, extrativistas, ribeirinhos e agricultores familiares tiram das florestas sua subsistência de forma sustentável. Na Amazônia, 92% das florestas públicas são destinadas ao uso comunitário, sendo que mais da metade refere-se às terras indígenas. Entre as principais atividades do manejo comunitário que geram renda para milhares de pessoas, encontram-se a produção de madeira, a coleta de frutos, de sementes, de cascas e de raízes, assim como a extração de óleos e resinas e o pescado. Levantamento realizado em 2011 pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) registrou 325 iniciativas de manejo florestal comunitário madeireiro, sendo que a maior parte refere-se ao manejo familiar ou de pequena escala, e o restante ao manejo comunitário. PARA SABER MAIS • Combate ao desmatamento ilegal na Amazônia: Ibama e Operação Onda Verde. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=M_pO0tobYnU • Saiba mais sobre o uso e a cobertura da Floresta Amazônica. Disponível em: http://www.inpe.br/cra/projetos_pesquisas/sumario_terra class_2010.pdf • Imagens de satélite revelam pontos de desmatamento na Amazônia Legal. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=c-EPmBrNKXU • Conheça a Coordenação-Geral de Observação da Terra (OBT) do Inpe. Disponível em: http://www.obt.inpe.br/deter/ e http://www.obt.inpe.br/ deter/indexdeter • Novas tecnologias diminuem o desmatamento na Amazônia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=by4MzwDQk4w • Lei de concessão a regiões da floresta. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/ 2006/lei/l11284.htm • Saiba mais sobre o desmatamento no site do Museu Paraense Emílio Goeldi: por trás do desmatamento da Amazônia. Disponível em: http://www.museu-goeldi.br/portal/content/meioambiente-por-tr%C3%A1s-do-desmatamento-da-amaz%C3%B4nia DESMATAMENTO 67 PROPOSTA PEDAGÓGICA As alternativas para acompanhamento do desmatamento ou mesmo de outros danos à vida da Amazônia já existem. Por exemplo, é possível acompanhar, por meio de sistemas on-line e de plataformas, os níveis de degradação do bioma amazônico, e, com base nessas informações, propor políticas públicas que promovam o equilíbrio ambiental. Objetivos • proporcionar uma experiência concreta que permita aos alunos tomarem conhecimento de que o país dispõe de tecnologia para monitorar o grau de desmatamento da Amazônia; • estimular a compreensão de que essas informações são estratégicas e ponto de partida para a tomada de decisão sobre como enfrentar o desmatamento e em que áreas as ações devem ser executadas. Materiais necessários • projetor on-line; • folhas de papel A4; • acesso aos endereços on-line de observação. Como sugestão temos: ͵͵ Deter: http://www.obt.inpe.br/deter/indexdeter; ͵͵ Degrad: http://www.obt.inpe.br/degrad/; ͵͵ Prodes: http://www.obt.inpe.br/prodes/index.php; ͵͵ monitoramento de queimadas e incêndios: http://www.inpe.br/queimadas/; • atualização dos dados e alternativas. Como sugestão temos: ͵͵ grupos de estudos estratégicos amazônicos: http://portal.inpa.gov.br/index. php/component/content/article?id=221; ͵͵ Revista Ciência para Todos: http://portal.inpa.gov.br/index.php/component/ content/article?id=64; ͵͵ Arpa: http://programaarpa.gov.br/pt/; ͵͵ manejo florestal: http://www.mamiraua.org.br/pt-br/manejo-e-desenvolvi mento/programa-de-manejo-florestal-comunitario/. 68 GUIA DO PROFESSOR Procedimentos • solicite, com antecedência, que os alunos tragam de casa alguma notícia sobre a questão da degradação florestal na Amazônia; • crie um quadro nas folhas de papel A4 dividido em três colunas, cada uma delas com o seguinte cabeçalho: acompanhamento; ações; alternativas; • na primeira coluna, apresente os sites e as plataformas que considera pertinentes para o acompanhamento atualizado dos dados sobre a degradação da floresta; • já na segunda coluna, apresente de um a três projetos que existam para diminuição desse processo de deterioração do bioma amazônico; • a terceira coluna deve estar em branco; • oriente o debate a partir dos seguintes tópicos: degradação ambiental (desmatamento, queimadas, atividades predatórias ilegais etc.); acompanhamento e atualização de dados; e alternativas. Utilize também o material que os alunos trouxeram para fomentar esse diálogo; • após o debate, encaminhe o preenchimento do item “alternativas”, sendo que após a conclusão dessa tarefa cada um deverá apresentar as ideias que incluiu nesse item. Organize uma forma de exposição permanente desse material; • realize uma fala de encerramento apontando para as possibilidades tecnológicas e a importância do acesso público ao acompanhamento dos dados. Tempo estimado Planeje a execução desta tarefa em até duas aulas, se for necessário, visto que é preciso solicitar que os alunos tragam para a sala de aula uma reportagem/informação sobre o tema. DESMATAMENTO 69 SUSTENTABILIDADE CÁPITULO 8 Extrativismo de castanha-do-pará, na Reserva Extrativista Cazumbá, AC. Fonte: Luciano Malanski, Banco de imagens do ARPA/MMA. CAPÍTULO 8 SUSTENTABILIDADE UM FUTURO POSSÍVEL A ideia de sustentabilidade pressupõe a capacidade de se construir, coletivamente, soluções para uma equação que não é simples: a de encontrar o exato equilíbrio entre a necessidade de geração de emprego e de renda, ao mesmo tempo em que os recursos naturais são preservados. Em outras palavras, significa buscar estratégias que permitam o manejo racional e adequado das riquezas naturais de modo a atender às demandas do nosso tempo e das gerações futuras. Esse é o desafio que está colocado para os homens e mulheres que habitam cada canto do planeta. E a resposta a esse desafio exige soluções técnicas, novas posturas políticas e o estabelecimento de formas inovadoras que redefinam o relacionamento entre sociedade e natureza, pautando-o principalmente em novos padrões de produção e consumo, na adoção de novas práticas, atitudes e valores de vida; enfim, em uma mudança de comportamento. Considerando que a história do bioma amazônico resulta de uma trajetória de intenções e projetos equivocados que, ao longo dos anos, promoveram perdas e danos (degradação), e tendo-se em conta a necessidade vital da sua preservação, cabe à sociedade contemporânea discutir sobre o que se deseja para a Amazônia. A sociedade deve definir qual é a estratégia produtiva e de conservação mais adequada, assim como quais ações que, integradas, possam tornar sustentável esse patrimônio e melhorar a qualidade de vida das suas populações. Cenários de um futuro sustentável para o bioma são perfeitamente possíveis. A EMERGÊNCIA DA SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA Para se criar um ambiente favorável ao desenvolvimento sustentável na Amazônia é indispensável se levar em conta algumas condições, princípios e fundamentos importantes, quais sejam: • considerar, na busca da sustentabilidade, a criação de instrumentos e de estímulos que reconheçam a diversidade dos inúmeros ecossistemas existentes na Amazônia, que são exuberantes e ricos, mas paradoxalmente extremamente delicados e frágeis; • entender que a natureza, a partir de uma perspectiva de uso racional, deve ser considerada parceira e aliada para estabelecer um real desenvolvimento da região; 72 GUIA DO PROFESSOR • aproveitar o saber acumulado pelo homem da região no uso dos recursos florestais e das variadas espécies vegetais utilizadas amplamente pelas populações tradicionais; • promover ações de desenvolvimento que tenham a distribuição de renda como forma de diminuir as desigualdades sociais; • atentar para a riquíssima biodiversidade da natureza amazônica como fator que pode estruturar uma base econômica sustentável, não somente pela extração, pela conservação e pelo aproveitamento da madeira, com base em uma fiscalização rígida associada à pratica do replantio das espécies nativas, mas também pelo aproveitamento inteligente e racional do maior banco genético do planeta e do maior reservatório de espécies florestais; • buscar a implementação e a consolidação de uma base produtiva regional, que some valor aos produtos primários tradicionais do lugar, buscando beneficiá-los na própria região, pois resultará em um produto com maior valor comercial; • estimular a ciência, a tecnologia e a inovação com o objetivo de desenvolver uma base de conhecimento sobre o bioma e suas dinâmicas, buscando o aproveitamento de espécies florestais e animais da Amazônia, viabilizando o uso responsável e adequado do patrimônio em favor da sociedade local; • estimular a formação de viveiros de espécies florestais, desenvolvendo bancos de células de espécies com risco de extinção e o criatório de espécies animais da região; • buscar a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável como resultado de uma articulação estratégica que envolva os oito países que compartilham o bioma amazônico. SUSTENTABILIDADE E JUVENTUDE NA AMAZÔNIA No contexto das instituições e dos atores que devem estar articulados, mobilizados e envolvidos na construção da sustentabilidade amazônica, aos jovens cabe um papel de liderança e de protagonismo criativo, buscando, em um mundo que é não só desafiador, mas também cheio de oportunidades, soluções inovadoras e inusitadas para a construção do futuro que desejam ter. Os Coletivos Jovens (CJs) e a Rede de Juventude pelo Meio Ambiente (Rejuma), fóruns de mobilização e de iniciativa ligada à juventude, que também estão presentes nos estados amazônicos, são exemplos de grupos de jovens que já possuem uma trajetória de envolvimento nos processos de construção de uma sociedade amazônica de direitos, ambientalmente justa e sustentável. SUSTENTABILIDADE 73 As possibilidades de uma Amazônia sustentável em um futuro próximo são concretas, mas dependem do envolvimento conjunto e efetivo de governos, da sociedade civil, do setor empresarial e dos organismos de cooperação regional. A OTCA, por exemplo, cumpre seu papel e já está trabalhando, no âmbito amazônico, em busca de forças que tenham os mesmos interesses ambientais e que se apoiem mutuamente para a realização do manejo sustentável dos recursos naturais da região. AS BASES DE UM MODELO SUSTENTÁVEL PARA A AMAZÔNIA O processo de construção de um modelo sustentável para a Amazônia deve estar alicerçado, entre outras variáveis, no bem-estar humano, na sustentabilidade ecológica, na justiça social e em atividades econômicas eficientes. Inúmeras experiências, iniciativas, projetos, programas e ações confirmam que é possível trilhar um caminho de desenvolvimento compatível com a sua riqueza natural, com sua gente e com a sua variedade cultural. PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO E SUSTENTABILIDADE Várias instituições dedicam-se à pesquisa e aos estudos científicos dos sistemas naturais e socioculturais da Amazônia com o objetivo de buscar solução para os problemas regionais, a promoção do bem estar humano, o uso sustentável dos recursos naturais, a inovação e a difusão da informação. Nessa missão, destaca-se o trabalho do Museu Paraense Emílio Goeldi, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa – Amazônia) e do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (Gite), bem como dos Centros de Pesquisas e Estudos da rede de universidades espalhadas pelo território, como é o caso do trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (UFPA). Estudos e pesquisas sobre a Amazônia apontam que as bases dessa sustentabilidade devem considerar: i) a modernização e o aperfeiçoamento do extrativismo vegetal: exploração racional da madeira; desenvolvimento e produção de inseticidas orgânicos, cosméticos, perfumes, novos alimentos, novas frutas e essências; ii) a produção de semielaborados para exportação, que se integrem à economia da região; iii) a modernização dos planos de integração e de infraestrutura, buscando o predomínio do transporte ferroviário e hidroviário; iv) o desenvolvimento urbano para produzir crescimento econômico, oportunidades e bem-estar sem pressionar o ecossistema; v) pagamento a serviços ambientais como retribuição às atividades de conservação 74 GUIA DO PROFESSOR da floresta e que geram serviços ambientais, como a absorção de gás carbônico da atmosfera (sequestro de carbono); vi) a gestão e a administração da Amazônia como um sistema que exige fluxos e recursos específicos e constantes; e vii) o zoneamento econômico e ecológico de toda a Amazônia brasileira como forma de tirar proveito dos conhecimentos sofisticados que hoje existem sobre a Amazônia enquanto um sistema e sobre as informações mais recentes acerca da sustentabilidade, como o manejo sustentável do pirarucu, a criação de tambaqui em cativeiro, a agricultura com sistemas agroflorestais, entre outros exemplos. Na busca pelo desenvolvimento sustentável, outra iniciativa inovadora e exitosa visando à preservação da floresta e à adoção de práticas baseadas na estruturação de serviços e produtos ambientais de origem florestal foi adotada em 2007 pelo governo do estado do Amazonas: o Bolsa Floresta. Esse programa promove o associativismo das famílias que vivem em unidades de conservação estaduais e no entorno delas, assegurando remuneração direta, benefícios sociais em nível comunitário, atividades de produção e geração de renda sustentável. Com isso, essas populações locais recebem mais um incentivo para se tornarem guardiãs da flora e da fauna amazônicas. PARA SABER MAIS • Conheça a importância da gestão ambiental e territorial. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NwUVOQuoLmE • Assistindo ao programa Dia de Campo na TV, produzido pela Embrapa. Você poderá conhecer em detalhes o que são os sistemas agroflorestais da Amazônia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BQ9NMaJN33g • Florestabilidade: conheça alguns dos programas da série educativa produzida pelo Canal Futura que visa difundir diversas formas de manejo de extração de produtos (como madeira, seringueira e açaí) da floresta de forma sustentável. Madeira, seringueira e açaí. Disponíveis, respectivamente, em: https://www.youtube.com/watch? v=yuGbc_kVWBo, https://www.youtube.com/watch?v=_XHIDAaPm-U e https://www.youtube.com/watch?v=zt-nxmze3ME. • Comunitários falam sobre o Bolsa Floresta. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DJCKgfu1jWo • Interessante documentário produzido pelo Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) sobre a reserva extrativista do Baixo Juruá. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uOA7aX2QTjk SUSTENTABILIDADE 75 PROPOSTA PEDAGÓGICA Como já se sabe, o caminho para a sustentabilidade é um desafio que está aí, presente no cotidiano de todos os habitantes do planeta Terra. Por isso, esta atividade visa trabalhar as alternativas sustentáveis e a coletividade. Objetivos • exercitar a reflexão sobre diferentes alternativas para a construção da sustentabilidade no bioma amazônico; • estimular a definição de prioridades na implementação de estratégias com vistas ao desenvolvimento sustentável. Materiais necessários • fichas de identificação (30 cm x 12 cm) feitas com cartolina, entre outros materiais; • canetas coloridas; • fita adesiva e/ou papel pardo. Procedimentos • as fichas de identificação serão distribuídas, e com elas as canetas de cores diferentes; • cada aluno deverá apresentar um conjunto de alternativas sustentáveis para o bioma amazônico, de preferência as que não tenham sido citadas no texto; • para cada alternativa, será apresentada uma ficha de identificação. Devem ser entregues no máximo três fichas por aluno; • nesse momento, o aluno decide em que grau de prioridade essa alternativa sustentável está (em uma escala em que 1 é “baixa” e 5 é “altíssima); • depois, as fichas de identificação serão fixadas dentro de uma escala, no formato horizontal ou vertical da parede e/ou cartaz e, a partir daí, analisadas e debatidas por todos da classe. Tempo estimado A atividade poderá ser aplicada em um único período, se trabalhada de forma mais pontual. Outra opção é repeti-la em diversos momentos ao longo do período letivo, executando-a no contexto de diferentes disciplinas e conteúdos, que direta ou indiretamente estejam relacionados ao tema. 76 GUIA DO PROFESSOR REFERÊNCIAS AMAZÔNIA: OITO PAÍSES E UM BIOMA BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal. Terceira fase 2012-2015. Brasília: MMA, 2012. ______. Biomas. [S.l.]: [s.d.]. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/BIOMAS/>. 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