anotações para um dicionário da história do futuro, de isaac asimov
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anotações para um dicionário da história do futuro, de isaac asimov
ANOTAÇÕES PARA UM DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DO FUTURO, DE ISAAC ASIMOV A melhor forma de prever o futuro é inventá-lo. Alan Curtis Kay PARA GEORGINA ALVES VIEIRA DA SILVA SUMÁRIO 1. Gênese e constituição da “História do Futuro”, de Isaac Asimov 1.1. Tema predominante: Robótica 1.2. Tema predominante: Império Galáctico 1.2. Tema predominante: Fundação 1.3. O conjunto temático da “História do Futuro” 2. Isaac Asimov, cientista e escritor 3. A ficção científica como literatura A ficção científica na literatura brasileira 4. De volta a Isaac Asimov, escritor 5. Uma explicação, à guisa de conclusão 6. Anotações para um dicionário factual da “História do Futuro”, de Isaac Asimov Referências Bibliográficas Edições consultadas dos livros que constituem a “História do Futuro” Tema predominante: Robótica Tema predominante: Império Galáctico Tema predominante: Fundação Outros livros de Isaac Asimov Outras obras citadas 1. Gênese e constituição da “História do Futuro”, de Isaac Asimov Na “Nota do Autor”, do romance Prelúdio da Fundação (Prelude to Foundation), Isaac Asimov dá a seguinte explicação sobre o conjunto de livros até então constituído por catorze de suas obras de ficção científica: “formam uma espécie de ‘história do futuro’, que talvez não seja totalmente consistente – entre outras coisas, porque não era essa a intenção original”. No livro O futuro começou (The Early Asimov), em que reuniu seus primeiros contos publicados de ficção científica, com explicações sobre cada um deles, ao referir-se ao conto “A arma terrível demais para ser usada” (p. 77), Asimov faz a seguinte observação sobre a “História do Futuro”, já uma realidade então: “A 4 de março, 1939, comecei meu projeto mais ambicioso, até aquela data. Era uma novela curta (...) que deveria ser pelo menos duas vezes mais longa que qualquer de minhas histórias anteriores. Chamei a história de ‘Peregrinação’ (‘Pilgrimage’). Foi minha primeira tentativa de escrever a ‘história do futuro’, isto é, sobre um futuro distante, como se fosse uma novela histórica. Foi também minha primeira tentativa de escrever uma história numa escala galáctica” (p. 90). Mais adiante, ao tratar do conto “Ritos legais”, on autor dá novas informações sobre a gênese da “História do Futuro”, especialmente dos livros que têm a “Fundação” como tema central, referindo-se às discussões sobre seu trabalho com John Wood Campbell Júnior, editor da revista Astounding Science Fiction, na qual publicou vários de seus trabalhos de ficção científica: “O destino de ‘Peregrinação’ (que logo se tornaria ‘O frei negro da chama’) ainda estava em andamento, e eu queria escrever outro conto histórico-futurista. Portanto, sugeri a Campbell que eu escrevesse um conto contra a base da lenta queda do Império Galáctico (algo que eu pretendia modelar com bastante franqueza sobre a queda do Império Romano). Campbell ficou aceso. Passamos duas horas juntos e, no final, não ia mais ser um conto, mas uma série indefinidamente longa de histórias a respeito da queda do Pimeiro Império Galáctico e da ascensão do Segundo. Submeti a primeira história da série ‘Fundação’ a Campbell no dia 8 de setembro de 1941, a qual foi aceita no dia quinze. Foi publicada na edição de maio de 1942 da revista Astounding. Nos oito anos seguintes, escrevi mais sete histórias do que acabou por se chamar a série ‘Fundação’, e estas foram finalmente reunidas em três volumes: Fundação, Fundação e Império e Segunda Fundação, os quais, no conjunto foram chamados ‘A Trilogia da Fundação’. De toda minha ficção científica, estes livros foram os que obtiveram maior sucesso. (...) E em 1966, na 24.a Convenção Mundial de Ficção Científica, em Cleveland, a série ‘Fundação’ recebeu um Hugo (equivalente ao Oscar, na ficção científica) como ‘A Melhor Série de Todos os Tempos’” (p. 322323). Ao encerrar nota introdutória do livro Prelúdio da Fundação, o autor faz uma indagação na qual se encontra implícita a promessa de que publicaria novos livros sobre a “História do Futuro”, ou seja, entre as obras que têm como temas predominantes a Robótica - ou os Robôs -, o Império Galáctico e a Fundação. Perguntava Asimov: “Poderei incluir livros adicionais a esta série? Creio que sim. Há espaço para mais um livro entre Os Robôs e o Império [5]1 (Robots and Empire) e As correntes do espaço [6] (The Currents of Space), por exemplo, assim como entre Prelúdio da Fundação [9] (Prelude to Foundation) e Fundação [10] (Foundation), bem como entre outros. E poderei continuar A Fundação e a Terra [14] (Foundation and Earth) em volumes adicionais, tanto quanto desejar. É claro que deve haver algum limite, pois não imagino que irei viver para sempre; mas tenho a firme intenção de permanecer por aqui o maior tempo possível”. Isaac Asimov cumpriu a promessa: incluiu mais um volume no tema “Fundação”, Forward the Foundation, traduzido para o português com o título de Crônicas da Fundação, escrito pouco antes de sua morte, “o último e inesquecível presente do mestre à sua legião de admiradores”, de acordo com nota não assinada do livro. O romance relata a segunda metade da vida de Hari Seldon, sua luta para aperfeiçoar a teoria da psico-história e implantar definitivamente as duas fundações que idealizara, com a finalidade de diminuir o caótico interregno que, segundo previa, ocorreria entre o fim do Primeiro Império Galáctico e a constituição de um Segundo Império. Com as duas fundações, entendia que o mencionado interregno que, segundo sua previsão, deveria durar trinta mil anos, poderia ser reduzido a apenas mil anos. Relacionam-se, a seguir, as obras que constituem a ”História do Futuro”, observada, na sequência dos títulos, a cronologia das histórias nelas narradas, ou a ordem em que as histórias se desenvolvem, e não a data em que cada uma delas foi escrita ou publicada. Os títulos estão agrupados de acordo com o tema predominante em cada um dos três conjuntos, isto é, Robótica, Império Galáctico e Fundação. As obras citadas são as traduções e edições consultadas para a elaboração deste trabalho. Existem outras traduções em língua portuguesa, inclusive editadas em Portugal e distribuídas no Brasil. Depois do título da tradução, segue-se, entre parênteses, a abreviatura com a qual o livro é aqui citado. Grande parte da obra de ficção científica de Asimov seguiu três temas básicos, em torno dos quais gira seu universo ficcional, tomada a palavra “universo” no sentido mais amplo possível, incluindo mundos – galáxias, estrelas, planetas, satélites, asteroides - e pessoas, entendidas estas como seres humanos - dotados de corpo, inteligência natural e emoção - ou robôs - dotados de corpo e inteligência artificial. Aqui essa divisão foi feita tendo em vista a predominância da parte que lhe dá nome e razão de ser, com finalidade apenas orientadora. Apesar de autônomos os livros da série não constituem compartimentos estanques, mas, como se verá, eles se interpenetram e se intercomunicam. São os seguintes os temas acima referidos, com as obras respectivas: 1.1. Tema predominante: Robótica 1. Nós, robôs. (NR). No original norte-americano, The Complet Robot. É o primeiro livro da série “História do Futuro” e da sequência que tem a Robótica como tema predominante. Constituído de trinta e um contos sobre robôs, publicados primeiramente entre 1940 e 1976, inclusive as histórias 1 Os números entre colchetes correspondem aos das obras das três séries relacionadas, observada a sequência cronológica das histórias narradas, e não a época em que foram escritas. reunidas na primeira coletânea sobre o tema, com o título Eu, Robô (no original I, Robot, de 1950), excetuado o conto “Sonhos de Robô” (“Robot Dreams”). Os trinta e um contos foram agrupados em sete títulos, cada um dos quais constitui um verbete neste trabalho. Tradução de Norberto de Paula Lima e de Mário Sílvio Molina Caetano, São Paulo: Círculo do Livro, sem indicação de data de publicação. 2. Caça aos Robôs. (CR). The Caves of Steel, no original norte-americano, de 1954. Publicado primeiramente na revista Galaxy Science Fiction. É o segundo volume do conjunto que tem a Robótica como tema predominante, e o primeiro romance sobre robôs. Traduzido para o português por Agatha M. Auersperg e publicado pela Hemus Livraria Editora Limitada, sem indicação de data de publicação. 3. Os Robôs (R). The Naked Sun, no original norte-americano, de 1957. Publicado primeiramente na revista Astounding Science Fiction. É o terceiro volume da série e o segundo romance sobre robôs. Traduzido por Jonas Camargo Leite e publicado pela Hemus Livraria Editora Ltda., sem data de publicação. 4. Os Robôs do Amanhecer. (RA). No original norte-americano, The Robots of Dawn, de 1983. Quarto volume da série “História do Futuro” e terceiro romance sobre robôs, traduzido para o português por José Sanz e publicado pela Editora Record, em 1985. Neste trabalho, foi usada a 5.a edição, de 1996. 5. Os Robôs e o Império. (RI). No original norte-americano, Robots and Empire, de 1985. É o quarto e último romance da sequência que tem a Robótica como tema predominante. Traduzido para o português por José Sanz e publicado pela Editora Record, em 1987. Com certa frequência, principalmente em breves introduções ou explicações que precedem alguns de seus contos, Asimov lembra os ancestrais de seus robôs: vai buscar os primeiros deles mais de dois mil anos antes de sua época, no Livro XVIII da Ilíada, de Homero, quando a deusa Tétis visita Hefaísto, o deus ferreiro, a fim de conseguir dele uma armadura para seu filho, Aquiles, e o ferreiro, que é coxo e caminha com dificuldade, vai ao encontro da deusa “apoiado num forte cajado, com duas servas a ajudá-lo. Estas eram de ouro, mas pareciam jovens vivas. Tinham bom senso, sabiam falar e usar os músculos, tecer e fazer seu trabalho (...). Em suma: eram robôs” (ASIMOV, Os novos robôs, s.d.: 54). Ronaldo Bressane, no artigo “Nós, os outros”, publicado na Revista da Cultura, lembra outro robô da antiguidade, o gigante de bronze, praticamente invulnerável, chamado Talos, que patrulhava o litoral da ilha de Creta para evitar a aproximação de inimigos, atirando pedras sobre os navios que passavam pela costa. Ulisses, em sua viagem de volta à ilha de Ítaca, narrada por Homero na Odisseia, luta contra o gigante e consegue derrotá-lo ao descobrir seu ponto fraco: uma veia na perna, protegida por um tampão, pela qual corria o óleo que o fazia se mover2. 2 Há inúmeras versões sobre a morte de Talos, quase sempre ligadas aos argonautas. A que atribui sua morte a Ulisses é apenas uma delas. Fora da ficção, as primeiras referências aos robôs como “máquinas pensantes” relacionam-se com a chamada “máquina adicionadora”, invento de Blaise Pascal, da qual seu criador obteve o que chamaríamos hoje de “patente”, no dia 22 de maio de 1649. Essa máquina, conhecida na época como “la Pascaline”, permitia fazer adições com números inteiros cujo total não fosse superior a 99.999. Era constituída de um sistema mecânico, um complexo de rodas, cada uma com dez dentes: a roda das unidades, ao executar um giro completo, fazia com que a roda das dezenas movesse um dente; um giro completo desta fazia com que a roda das centenas também movesse um dente, e assim sucessivamente. Pascal teve uma finalidade utilitária ao inventar a máquina, quando tinha apenas dezenove anos de idade: pretendia tornar mais fácil o trabalho de seu pai, obrigado por suas funções a efetuar grande número de adições, para calcular os impostos devidos ao governo. Depois da máquina de Pascal, foram criadas inúmeras outras máquinas de calcular, mais aperfeiçoadas, embora adotassem o mesmo princípio, até as modernas e sofisticadas calculadoras, a ponto de chegarem alguns a ver nelas e nos robôs, segundo Antônio Pinto de Carvalho, no artigo “A Revolta dos ‘Robots’”, publicado em 1963, “os primeiros exemplos de cérebros humanos artificias em funcionamento, e que avançando por este caminho será possível, de futuro, a fabricação de homens artificiais” (p. 81). O mesmo autor (p. 83) cita N. Wiener (The Human Use of Human Beings, Boston, 1950), que em seu livro consagra todo o capítulo XI ao mecanismo da linguagem, para demonstrar que “a linguagem não é atributo exclusivo do homem, mas sim um caráter que ele pode codividir até certo ponto com as máquinas que constrói”. No mesmo artigo, acrescenta Carvalho: ”Uma conclusão me parece que se pode tirar de quanto fica dito: a cibernética tem muitíssimos méritos, sem dúvida, e outros muitos, esperamos, virá ainda a adquirir: mas a ‘máquina pensante’ ou ‘a revolta dos robots’, que faz correr rios de tinta sobre o papel, está, por ora, fora do quadro das possibilidades científicas: o temor ou a esperança de seu advento traem uma atitude mística ante a potência da máquina” (p.85). Nessa linha temática da ficção científica, a partir do conto “Círculo vicioso”, a incomum imaginação de Asimov empenha-se cada vez mais nas fabulações sobre a inteligência artificial, criando não apenas autômatos ou braços mecânicos e máquinas guiadas por computadores, mas seres fisicamente cada vez mais semelhantes aos humanos, que chegam a apresentar reações próximas à emoção, à intuição e, principalmente, à capacidade de emitir julgamentos, caso dos robôs Giskard Reventlof e Daneel Olivaw, aos quais seu criador deu consistência psicológica e metafísica no romance Os robôs e o Império, Para designar os seres mecânicos, o autor valeu-se da palavra “robô”, cunhada pelo escritor tcheco Karel Capek, formulando, como parâmetros para seu comportamento, especialmente diante do homem, o que denominou “as três leis da robótica”, que visavam a proteger o homem contra possível rebeldia dos robôs. No entanto, a capacidade de julgar, que acabou por atribuir aos seres mecânicos, exigiu de Asimov a criação de uma quarta lei, a que denominou “Lei Zero”, por anteceder a Primeira Lei, em vista de sua abrangência, formulada no romance Os robôs e o Império pelo robô Giskard Reventlov, auxiliado por seu companheiro, também robô, Daneel Olivaw. Note-se que a Lei Zero da Robótica, com a qual seus formuladores pretendiam proteger a humanidade, poderia possibilitar a transferência, para os robôs, da capacidade de decidir sobre o que é o melhor para humanidade, tirando essa prerrogativa do próprio ser humano. Isso se tornaria uma ameaça, já que poderia transformar os robôs em seres que poderiam ameaçar a existência do ser humano, sob o pretexto de protegê-lo. A idéia chegou a ser explorada pela indústria cinematográfica, e figura, não poucas vezes, nos filmes de ficção científica, dos quais constitui exemplo típico a conhecida série dos “exterminadores”. É curioso observar que Asimov não pretendia criar monstros, a se julgar pelo que diz na “Introdução” da coletânea Nós, robôs, depois de afirmar que os robôs que conhecia, por suas leituras, se classificavam em duas categorias: a dos “robôs-enquanto-ameaça” e a dos “robôs-enquanto-pathos”. E acrescenta: “Assim, quando em 10 de junho de 1939, (...) me sentei a escrever a minha primeira história de robôs, não restavam dúvidas de que estava perfeitamente resolvido a escrever uma história do tipo ‘robô-enquanto-pathos’. Escrevi ‘Robbie’, que tratatava de um robô ama-seca, uma menina, o amor, uma mãe preconceituosa, um pai frouxo, um coração despedaçado e uma reunião lacrimosa” (NR: 7). Voltando às chamadas Leis da Robótica, a Lei Zero teria a seguinte formulação, dada pelos robôs acima mencionados: “Um robô não pode prejudicar a humanidade ou, pela inação, permitir que a humanidade seja prejudicada” (RI: 275). Observe-se, também, que, pelo menos em um dos contos da série sobre robôs, a máquina faz vista grossa quanto ao respeito ao homem e parte para a destruição do ser humano, ignorando qualquer escrúpulo inibidor de sua ação: trata-se do conto “Sally”, incluído por Asimov na categoria das histórias sobre “robôs não humanos”, da coletânea Nós, robôs. Aliás, quando explica os contos incluídos nessa categoria, o próprio autor lembra que nesse conto, “parece não haver nenhum vestígio das Três Leis, e que há mais do que uma sugestão de robô-como-ameaça”, para concluir com sua costumeira ironia: “Bem, se quero fazer isso de vez em quando, acho que posso. Quem será capaz de me impedir?” (NR:11). É curioso observar que, apesar de terem sido criados como máquinas e, como tal, destituídos de emoções e, acima de tudo, imortais, no sentido que se daria ao termo se fosse possível aplicá-lo aos seres artificiais, os próprios robôs de Isaac Asimov, com o correr o tempo e o aperfeiçoamento a eles dados pela imaginação de seu criador, começaram a se aproximar daquilo que se poderia denominar não propriamente ”humanização”, pois jamais poderiam se tornar humanos, mas, talvez, “hominificação”, no sentido de que se assemelhariam, até mesmo organicamente, ao próprio homem. É o que acontece, por exemplo, no conto “O homem bicentenário” (NR:505), obra-prima da ficção – não apenas da ficção científica –, repassado de grande beleza poética. Esse conto comprova que mesmo o autor de um gênero geralmente tido como “menor” pode criar uma obra ficcional à altura dos autores dos gêneros tradicionais, e que o “científico”, presente nesse tipo de literatura, não é limitador da “ficção”, presente nos gêneros literários tradicionais. O aperfeiçoamento que o robô denominado Andrew Martin, personagem central de “O Homem Bicentenário”, conseguiu criar, acabou por ser implantado em outros robôs, como, por exemplo, nos robôs chamados Jander Panell e Daneel Olivaw, o primeiro citado no romance Caça aos robôs, e o segundo, personagem de vários romances das diversas temáticas, e que chega a ser uma espécie de elo entre elas. É curioso observar que o conto “O Homem Bicentenário” foi escrito para figurar em antologia que seria publicada no ano de 1976, nas comemorações do segundo centenário da independência dos Estados Unidos. A história deveria se limitar a 7.500 palavras, por questão de espaço. Asimov partiu do título para, aos poucos, criar a trama da história. A antologia projetada não se concretizou, segundo a “Apresentação” do livro O homem bicentenário, com dois contos de Asimov: o que lhe dá título e “Círculo Vicioso”. Não obstante, conclui o autor da mencionada “Apresentação”: “os entusiastas da ficção científica têm uma dívida de gratidão com o editor anônimo que patrocinou a idéia. Sem ele, “O Homem Bicentenário” talvez nunca tivesse sido escrito, pelo menos não em forma de conto. Asimov afirma que, se soubesse que a antologia não sairia, e que nesse caso deixava de haver problema de espaço, a tentação de transformar a história em romance seria irresistível” (p.6). A semelhança entre máquina e ser humano, no que diz respeito à capacidade de produzir, já presente no primeiro conto de Isaac Asimov sobre robôs, decorria, quase sempre, de um “erro” na fabricação do robô. É o que aconteceu com o mencionado Andrew Martin, cuja capacidade de executar “entalhes de madeira de modo requintado, sem nunca repetir o mesmo modelo” (ASIMOV, 2001:16), ou seja, de forma criativa, impensável numa máquina, fez com que seu proprietário identificasse nele um defeito de fabricação, assim entendido também pelo próprio fabricante. Esses “defeitos de fabricação” aparecem com alguma frequência em outros contos e romances sobre robôs, sendo explicado, por exemplo, no conto “Versos Leves”: “Os seus cérebros positrônicos são tremendamente complexos, e, num caso em cada dez, sensivelmente, o ajustamento que vem de fábrica não é perfeito. Por vezes, o erro não se nota durante vários meses, mas, quando finalmente se dá por ele, a U. S. Robots and Mechanical Men Corporation procede aos necessários ajustamentos gratuitamente (ASIMOV, Sonhos de robô, s.d.:274). Outro “erro” que transforma um robô em criador é mencionado no conto “Versos na Luz”, da coletânea Nós, robôs, no qual um robô tido como “desregulado” consegue criar “esculturas-luz”, uma forma de arte que faz a fama de sua proprietária, à qual é atribuída a criação dessas esculturas. São esses “erros” os responsáveis pelo comportamento inusitado e inesperado de uma máquina, como é o caso do robô Robie, personagem o primeiro conto de Asimov sobre o tema, e, indiretamente, a partir do caso do robô Andrew Martin, responsável por certos aprimoramentos nas máquinas que vieram a ter grande importância nos outros robôs que atuam diretamente no tema da Robótica. O robô Martin explica, no diálogo que se segue, o novo sistema em que então trabalhava: “- [Um] sistema que permita que os andróides – como eu – recebam energia da combustão de hidrocarbonetos, em vez da de células atômicas. Paul arqueou as sobrancelhas. - Para que possam respirar e comer? - É. - Há quanto tempo você vem trabalhando nisso? - Já faz muito, mas acho que finalmente projetei uma câmara de combustão apropriada, para o funcionamento catalisado, controlado” (p. 59-60). “Erro” semelhante ao observado em Martin aparece no curso dos primorosos contos “Mentiroso!”, da coletânea Nós, robôs, e “Sonhos de robô”, que deu título à antologia em que se encontra o segundo, em tradução portuguesa (ASIMOV, s.d.:48-53). Tanto o robô Andrew Martin, de “O homem bicentenário”, quando os robôs Jander Panell, apenas citado nos romances Caça aos robôs e, especialmente, em Os robôs do amanhecer, e o robô Daneel Olivaw, presente ou mencionado em vários romances das três séries, são resultantes da especulação de Asimov sobre um ramo da tecnologia que, na ficção do autor, progrediu de forma vertiginosa. O fato é que Isaac Asimov e seus robôs conseguiram fazer indagações que, no mundo real, ainda não chegaram a incomodar os atuais fabricantes de robôs, os quais, até agora, são apenas, quase sempre, braços mecânicos comandados por computador. Mas com o passar do tempo, com os avanços da robótica, com a possível criação de robôs humaniformes, poderão ser dadas respostas a várias dessas indagações feitas por Asimov. Entre essas perguntas, podem ser indicadas as seguintes, já presentes em suas histórias: Qual é, afinal, a verdadeira diferença entre um autômato extremamente inteligente e um ser humano? Será que o criador desses robôs inteligentes terá responsabilidade ética em relação à nova forma de inteligência que criou? Qual é a real ligação entre o mundo orgânico e o mundo mineral? A grande inteligência, qualidade estimada pelo homem para integrá-lo em categoria superior, teria o mesmo valor, quando integrasse um ser inorgânico? Embora os livros atinentes à robótica ou aos tobôs possam ser lidos isoladamente, em qualquer ordem, para se acompanhar seu desenvolvimento e, implicitamente, o pensamento de Asimov sobre o assunto, seria desejável que fossem lidos observando-se a seguinte sequência: I Nós, Robôs. II.Caça aos Robôs III.The Naked Sun IV.Os robôs do amanhecer V.Os robôs e o Império. Não obstante, observa Isaac Asimov sobre o conto “*Imagem especular”, do conjunto de contos com o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, da coletânea *Nós, robôs: “é uma continuação (de certa maneira) dos meus romances sobre os robôs, *Caça aos robôs e *Os robôs” (NR:161). 1.2. Tema predominante: Império Galáctico 6. As Correntes do Espaço. (CE). No original norte-americano, The Currents of Space, de 1952. É o sexto volume da série e o primeiro romance em que o tema predominante é o Império Galáctico. Traduzido para o português por Luiz Roberto de Godoi Vidal e publicado pela Editora Hemus, sem indicação de data de publicação. 7. Poeira de estrelas. (PE). No original norte-americano, The Stars Like Dust. Sétimo volume da série e segundo romance sobre o Império Galáctico. Foi editado originalmente com o título Tyrann e era dividido em três partes, publicadas na revista Galaxy Science Fiction, de janeiro a março de 1953. Traduzido para o português por Stella Alves de Souza e publicado pela Editora Expressão e Cultura, com 2.a edição em 1971, utilizada nestas anotações. 8. 827 Era Galáctica. (827). No original norte-americano, Pebble in the Sky, de 1950. Oitavo volume da série e terceiro romance sobre o Império Galáctico. Cronologicamente, tendo em vista a data da edição, foi o primeiro romance publicado por Isaac Asimov. Traduzido por Agatha M. Auersperg e publicado pela Editora Hemus, sem indicação de data de publicação. As primeiras referências à constituição do futuro Império Galáctico ocorrem no romance As correntes do espaço, primeiro livro sobre o tema. Aparecem nele, por exemplo, referências a um “Embaixador Trantoriano”, bem como a Trantor, o planeta-cidade, capital do Império (p. 53). Além disso, existe uma personagem que, apesar de sua importância secundária no desenrolar da história, é apontada como “agente de Trantor” (p. 62). Há, ainda, referência direta à constituição do Império Galáctico, na seguinte passagem: “E falaram-lhe de Trantor, do gigantesco império que havia crescido nos últimos séculos até que metade dos mundos desabitados da Galáxia fosse sua parte” (p. 66). Breve referência ao Império Galáctico ocorre também no final do romance Fim da eternidade (p. 246), que não integra nenhuma das três séries aqui abordadas. Embora os livros atinentes ao Império, como no caso dos demais temas, possam ser lidos isoladamente em qualquer ordem, para se acompanhar seu desenvolvimento e, implicitamente, o pensamento de Asimov sobre o assunto, seria desejável fossem lidos na seguinte ordem: I.As correntes do espaço II.Poeira de estrelas III.827 Era Galáctica 1.3. Tema predominante: Fundação 9. Prelúdio da Fundação. (PF). Prelude to Foundation, no original norteamericano, de 1988. Primeiro romance sobre a Fundação, embora não tenha sido o primeiro a ser escrito sobre o tema. Traduzido para o português por Bráulio Tavares e publicado pela Editora Record, em data não especificada. 10. Crônicas da Fundação. (CF). Forward the Foundation, no original norteamericano, de 1991. Segundo romance sobre a Fundação. Traduzido para o português por Ronaldo Sérgio de Biasi e editado pela Record, em 1993. 11. Fundação. (F). No original norte-americano, Foundation, de 1951. Terceiro romance sobre a Fundação. Publicado pela Editora Hemus, em 1976, data do colofão, como integrante do livro Fundação: trilogia (Fundação, Fundação e Império. Segunda Fundação), traduzido para o português por Eduardo Nunes Fonseca. Asimov dá o seguinte esclarecimento sobre o romance: “Na realidade, trata-se de uma coletânea de quatro contos, publicados originariamente entre 1942 e 1944, acrescidos de uma seção introdutória escrita em 1949, especialmente para a publicação em forma de livro”. Acrescenta, em seguida, que o primeiro desses contos, “Foundation”, foi publicado no mês de maio de 1942 na revista Astounding Science Fiction. Os outros contos são “O grande e o pequeno”, “Mão morta” e “O Mula”, como conta no livro O futuro começou: “Também escrevi nada menos que quatro histórias da série ‘Fundação’ nesses mesmos anos [1944-1945]. Foram ‘O grande e o pequeno’, ‘A cunha’, ‘Mão morta’ e ‘O Mula’. É claro que todas foram publicadas em Astounding, as três primeiras nas edições de agosto de 1944 e abril de 1945 respectivamente. (...) Também ‘O Mula’ era a primeira história que eu publicara em capítulos. Foi publicada em duas partes nas edições de novembro e dezembro de 1945 de Astounding. Das histórias da Fundação, do tempo da guerra, ‘O grande e o pequeno’ e ‘A cunha’ estão incluídas em Fundação, enquanto que ‘Mão morta’ e ‘O Mula’, juntas, compõem toda a Fundação e Império (p. 370). 12. Fundação e Império. (FI). No original norte-americano, Foundation and Empire, de 1952. Quarto romance sobre a Fundação. Segundo o autor, era “composto de dois contos, publicados originariamente em 1945”, isto é, “Mão morta” e “O Mula”, como explica em O futuro começou. Editado pela Hemus Livraria Editora Ltda., em 1976, data do colofão, como integrante do livro Fundação: trilogia (Fundação, Fundação e Império e Segunda Fundação). 13. Segunda Fundação. (SF). Tradução do original norte-americano, Second Foundation, de 1953. Quinto romance sobre a Fundação, “composto de dois contos, publicados originariamente em 1948 e 1949”, segundo o autor. Também publicado pela Hemus Livraria Editora Ltda., em 1976, data do colofão, como integrante do livro Fundação: trilogia (Fundação – Fundação e Império – Segunda Fundação). [Não confundir com Fundação II (F2, nas citações]. 14. Fundação II: a decisão de um só homem mudando os destinos da galáxia. (F2). Do original norte-americano Foundation’s Edge, de 1982. Sexto romance sobre a Fundação. Traduzido por Norberto de Paula Lima e publicado pela Hemus Livraria Editora Ltda., sem indicação de data. 15. A Fundação e a Terra. (FT). No original norte-americano, Foundation and Earth, de 1983. Sétimo romance sobre a Fundação, traduzido por Ronaldo Sérgio de Biasi e publicado pela Editora Record, sem data. Segundo Carlo Frabetti, autor do prefácio com o título “Doble desenlace para uma doble espiral (galáctica)”, do romance Segunda Fundación, tradução espanhola de Second Foundation, a trilogia das Fundações é também conhecida com o nome de “Ciclo de Trantor”, denominação que não aparece nas versões brasileiras utilizadas neste trabalho. O mesmo prefaciador faz um resumo das obras da trilogia: no romance Fundação, aparecem os conflitos internos de um planeta habitado por cientistas, estabelecido para preservar o conhecimento durante a irreversível decadência do Império Galáctico. Em Fundação e Império, vê-se uma Fundação já consolidada enfrentar, de igual para igual, os restos de um Império agonizante, embora ainda poderoso, e defrontar-se com um inimigo imprevisível, um mutante de poderes extraordinários, conhecido como o Mulo. Existia, porém, uma Segunda Fundação, oculta e misteriosa, em cujas mãos poderia estar a solução de todas as interrogações que então se faziam sobre o futuro da humanidade. Uma nota que precede o livro Prelúdio da Fundação, cronologicamente o primeiro sobre o tema, embora tenha sido o último romance escrito por Asimov, traz esclarecedoras observações sobre a Fundação e seu relacionamento com o *Império Galáctico, e vale a pena transcrevê-la integralmente. Diz a referida nota: “O ano é 12.020 da *Era Galáctica e *Cleon I ocupa o instável trono imperial. Em *Trantor, capital do Império Galáctico, quarenta bilhões de pessoas compõem uma civilização de imensa complexidade tecnológica e cultural, formando uma muralha de relações tão intricadamente tecida que a retirada de um único fio pode desfazer toda aquela complexa estrutura. O imperador está inquieto, pois sabe que há muitas pessoas interessadas em sua queda e que a única saída para continuar detendo o controle do Império está nas mãos de um jovem matemático. A desembarcar em Trantor, o heliconiano Hari Seldon não tem a menor consciência das conspirações políticas em curso. Mas, ao apresentar na Convenção Decenal uma monografia sobre psico-história, sua notável teoria da previsão, ele sela seu destino e determina o futuro da humanidade. Tendo em mãos o poder profético tão ambicionado pelo imperador, o matemático se transforma, de uma hora para outra, no homem mais procurado do Império. Seldon é obrigado a lutar desesperadamente para evitar que sua teoria caia em mãos erradas, enquanto forja sua poderosa arma para o futuro: uma força que se tornará conhecida pelo nome de Fundação.” Esclarece uma nota prévia, sem indicação de autor, do romance Crônicas da Fundação, “Aos 21 anos, Isaac Asimov começou a escrever sua série da Fundação, sem ter ainda consciência de que aquela obra viria a ser considerada uma pedra angular da Ficção Científica. Quase cinco décadas se passaram até que ele viesse a concluir o brilhante épico. Crônicas da Fundação, escrito pouco antes de sua morte, é o último e inesquecível presente do mestre à sua legião de admiradores”. Para seguir, na leitura das obras referentes à série Fundação, uma sequência lógica dos acontecimentos nela narrados, não a sequência cronológica em que foram escritos, mas a sequência em que se desenrolam na série, seria desejável que os livros do tema fossem lidos na seguinte ordem: I. Prelúdio da Fundação II. Crônicas da Fundação III. A Fundação IV. A Fundação e o Império V. A Segunda Fundação VI. Fundação II (Foundation’s Edge) VII. A Fundação e a Terra. Cabe observar que os dois últimos romances acima citados quase chegam a constituir um todo, como dá a entender o próprio Isaac Asimov, numa espécie de prefácio do segundo, embora, segundo ele, sejam obras independentes: “Assim, escrevi Foundation and Earth (A Fundação e a Terra), que começa exatamente no ponto em que Foundation’s Edge (Fundação II) termina, e que é o livro que você tem em mãos. Talvez seja interessante você passar os olhos por Fundação II para recordar os pontos principais, mas isso não é indispensável; A Fundação e a Terra é uma obra independente” (FT:9). 1.4. O conjunto temático da “História do Futuro” Nos escritores com obra muito vasta, na qual desenvolvem linhas temáticas diversas, é comum que estas acabem se imbricando, quase sempre involuntariamente, a princípio, depois voluntariamente, constituindo, não poucas vezes, um painel amplo, de caráter histórico, social ou cultural, no tempo e no espaço. Nesse painel, direta ou indiretamente, frequentemente aparecem as mesmas personagens, em mais de uma obra, por intermédio de referências ou de recordação, além de ocorrerem certas situações que se repetem ou têm continuidade em obras diferentes. Pelo menos em outro caso, Asimov, voluntariamente, escreveu a continuação de uma história, como explica no breve “Prefácio” de seu primeiro conto publicado, “Marooned of Vesta”, traduzido como “Perdido em Vesta” e incluído na coletânea Mistérios (Asimov’s Misteries): depois de esclarecer que “Perdido em Vesta” foi o primeiro conto que publicou, acrescenta que quando se aproximava o vigésimo aniversário da publicação, os editores da revista que o publicou pediram-lhe que escrevesse uma história que marcasse a data: “Eu fiz, por tolice premeditada, esta segunda história, ”Aniversário”, que trata do encontro dos personagens da primeira história no vigésimo aniversário dos acontecimentos daquela primeira história” (ASIMOV, Mistérios, 1971:109). Embora, como já se observou, as obras que constituem os três temas possam ser lidas isoladamente, várias de suas personagens - humanas ou não assim como vários dos mundos nelas mencionados podem aparecer em mais de um livro, às vezes numa situação que explica ou justifica outra, acabando por constituir um todo mais compreensível se visto em um conjunto. Nesse sentido, o próprio Asimov deixa claro nas “Notas do Autor”, em Prelúdio da Fundação: “Quando escrevi Foundations, que apareceu no número de maio de 1942 da revista Astounding Science Fiction, eu não sabia que aquilo era apenas o início de uma série de histórias que acabariam por se estender ao longo de seis volumes e de um total de 650 mil palavras (até agora). Também não podia imaginar que essa série acabaria se fundindo às minhas narrativas sobre os robôs e aos meus romances sobre o Império Galáctico, perfazendo um total de (até agora) catorze volumes e aproximadamente 1.450.000 palavras”. Não obstante, em “A História por trás da Fundação”, texto de Asimov que precede a história narrada em A Fundação e a Terra, faz ele referência ao seu encontro com o editor John Campbell, da revista Astounding, na qual havia publicado cinco de seus contos e a quem, segundo diz, estava ansioso para expor uma nova ideia para uma história de ficção científica que assim resume: “Seria uma espécie de romance histórico do futuro; a história da queda do Império Galáctico. Meu entusiasmo deve ter sido contagiante, porque Campbell ficou animadíssimo. Não queria que eu escrevesse apenas um conto; queria uma série de contos, descrevendo os mil anos de agitação entre a queda do Primeiro Império Galáctico e o surgimento do Segundo Império Galáctico. Por trás de tudo estaria a ciência da ‘psico-história’, que eu e Campbell inventamos naquele dia” (FT:7). Assim, o universo previsto por Isaac Asimov constitui um conjunto lógico de situações e de fatos sucessivos que se desenrolam ao longo de milhões de anos, giram em torno do ser humano do futuro, mas tal como o vemos hoje, sujeito às mesmas fraquezas, às mesmas ambições, às mesmas angústias, mas também à mesma grandeza, à mesma insaciável curiosidade, ao mesmo desejo de saber, ao mesmo espírito de aventura que, a bem dizer, se perpetuam na espécie humana, e são, em última análise, responsáveis tanto pelas navegações no tenebroso “mar oceano”, como pelas viagens ao espaço. Decorre isso, pelo menos em parte, da visão de Isaac Asimov, para quem os milhões de mundos habitados no futuro que imagina foram conquistados e povoados unicamente pelo ser humano. Na sua maneira de encarar o universo, no conjunto da série, a Terra foi o único planeta que apresentou as condições necessárias para o aparecimento e o desenvolvimento de um ser inteligente. Essa idéia, presente nos três temas aqui abordados, não seria, no entanto, a idéia inicial do autor, a se julgar por outros livros que não integram a série como, por exemplo, Vigilante das Estrelas, que não se liga diretamente a nenhum dos temas aqui tratados. Mas mesmo nesse livro, em que se refere a outros tipos de vida inteligente, apresenta o ser humano como o único capaz de explorar o universo e ocupar novos mundos. Mas o planeta de origem da humanidade foi esquecido no decorrer de milhões de anos e passou a ser uma das indagações mais importantes para o homem, possivelmente aventada pela primeira vez por Isaac Asimov no romance As Correntes do Espaço, que se passa numa época em que o planeta Terra já estava quase esquecido, como berço da humanidade. A “Questão do Planeta de Origem” acabou por se tornar uma das maiores preocupações da humanidade, presente nos livros da História do Futuro, especialmente no tema da Fundação, e o mistério sobre o planeta onde teria nascido o homem envolve de perto seres humanos e robôs. Finalmente, muito embora não se pretenda estabelecer a ordem em que os livros da série devem ser lidos, não seria descabido sugerir que Crônicas da Fundação, o segundo livro da série sobre a Fundação, ocupasse um lugar à parte na sequência proposta; se, por um lado, aborda acontecimentos que precedem a própria estruturação da psico-história e a criação das fundações, sendo, pois, cronologicamente, anterior aos livros que o seguem na sequência mencionada, por outro lado, o próprio autor faz a seguinte adevertência sobre a obra, em nota datada de junho de 1991, transcrita na contracapa da edição citada: “Eu não poderia ter escrito este livro há quarenta anos – ou trinta, vinte ou até mesmo dez. Isto porque, passo a passo, no decorrer dos anos, venho aprimorando o personagem que inspirou a Fundação: Hari Seldon. Hoje, desfruto dessa dádiva que me foi concedida pelo tempo: a Experiência (alguns preferem chamá-la sabedoria, mas abstenho-me do auto-engrandecimento). Só agora posso dar a meus leitores o Hari Seldon em sua época mais crucial e criativa... Vejam bem, com o passar do tempo, Hari Seldon se transformou em meu alter ego... Em meus primeiros livros, Seldon era uma lenda – em Crônicas da Fundação eu o tornei uma realidade”. Assim, seria, talvez, de bom alvitre levar em consideração as palavras de Asimov e sugerir que Crônicas da Fundação, ainda que lido na sequência proposta, fosse visto como uma espécie de coroamento da série, um livro mais maduro, resultado da longa experiência do autor no trato com suas personagens. Na realidade, alguns fatos narrados em Crônicas da Fundação, embora cronologicamente anteriores à narrativa de outros livros, não são necessários para a compreensão destes. Asimov construiu sua série de forma tal que todos os romances podem ser lidos isoladamente ou em qualquer sequência, muito embora a ordem aqui sugerida ajude na compreensão global de cada uma das séries, bem como daqueles aspectos em que elas se imbricam. No decorrer deste trabalho, são feitas referências, nos verbetes respectivos, às personagens e situações que aparecem nas três séries de forma tal que, às vezes, não é possível dizer a que série se vinculam, numa demonstração do engenho do autor e de que conseguiu, por intermédio de sua imaginação criadora, construir pelo menos um aspecto de uma história social do futuro da humanidade. 2. Isaac Asimov, cientista e escritor Isaac Asimov nasceu no gueto de Petrovichi, na cidade russa de Smolensk, no dia 2 de janeiro de 19203, e “permaneceu por aqui” até o dia 6 de abril de 1992. Em 1923 foi com sua família para os Estados Unidos, instalando-se no bairro do Brooklyn, na cidade de Nova Iorque. Segundo Sam Moskowitz, um dos estudiosos da obra de Asimov, seu pai, contador sem emprego, começou a comerciar balas no bairro em que passaram a viver, levando seu filho para trabalhar em sua loja. Em 1929, o menino Isaac sentiu-se fortemente atraído pela capa da revista Amazing Stories, que passou a ler com o apoio do pai, que acreditava ser aquela uma revista educativa de ciência popular. A partir de então, tornou-se assíduo leitor de histórias de ficção científica, sobre cuja divulgação deu a seguinte explicação na “Introdução” do livro Os novos robôs (The Rest of the Robots, no original norte-americano): “a ficção científica começou a se tornar uma forma de arte popular, deixando de ser um tour de force nas mãos de mestres como Verne e Wells. Surgiram revistas dedicadas exclusivamente ao assunto, e escritores especialistas na matéria emergiram no palco literário.” No livro O futuro começou, em que reúne os primeiros contos que conseguiu publicar, dá testemunho de sua paixão pela ficção científica, agora não só como leitor, mas também como escritor. Diz Asimov, nas seguintes passagens do livro mencionado: “Comecei a escrever quando era muito jovem – onze, creio. As razões são obscuras” (p. 12). “Apenas em 29 de maio de 1937 (...) que a vaga idéia ocorreu-me de escrever algo para publicação profissional; algo pelo que seria pago! Naturalmente, teria 3 Há divergência quanto à data da nascimento de Isaac Asimov, mas este comemorava seu aniversário no dia 20 de janeiro. que ser uma história de ficção científica, pois eu tinha sido um fanático da ficção científica desde 1929, e não reconhecia nenhuma outra forma de literatura que de qualquer modo fosse digna de meus esforços” (p. 13). “Comecei como escritor de ficção científica, e durante os primeiros onze anos de minha carreira literária escrevi apenas e tão-somente histórias de ficção científica, apenas para publicação em revistas – e por pagamento escasso” (p. 11). Esclareça-se que a expressão “ficção científica”, frequentemente abreviada para “SF”, sigla da expressão inglesa Science-Fiction, foi cunhada por Hugo Gernsback (1884-1967), considerado o pai do gênero e que deu nome ao Prêmio Hugo, concedido anualmente nas convenções mundiais de ficção científica. O Prêmio Hugo de 1956 foi atribuído a Isaac Asimov, durante a XXIV Convenção Mundial de SF, realizada em Cleveland, nos Estados Unidos, pela trilogia da “Fundação”, considerada a melhor série do gênero até então publicada. O jovem que pretendia escrever histórias de ficção científica para ganhar a vida, antes de iniciar a nova carreira, não tendo conseguido realizar seu desejo de estudar Medicina, ingressou, em 1935, no curso de Química na Universidade de Colúmbia, formando-se em 1939, aos dezenove anos e meio; dois anos depois, concluiu o mestrado e, em 1948, o doutorado, na mesma Universidade. Em 1941, começou a trabalhar na Filadélfia, em um dos laboratórios da Marinha dos Estados Unidos, antes, pois, de terminar seu doutorado, e, no ano seguinte, iniciou sua carreira de docente de Bioquímica na Escola de Medicina da Universidade de Boston. Sobre a iniciação literária do estudante, diz Sam Moskowitz, o já mencionado crítico e historiador da ficção científica: “Enquanto ainda estudante, vendeu seu primeiro conto, “Marooned of Vesta”, para Amazing Stories. Isso aconteceu em 1938, e o conto foi publicado no número de março de 1939 daquela revista. Baseava-se em seus conhecimentos recémadquiridos de Química e expunha um método plausível de aproveitamento da água no sistema de propulsão de uma espaçonave em pane”. O conto foi traduzido para o português com o título “Perdido em Vesta” e publicado na coletânea Mistérios (Asimov’s Misteries, no original norte-americano), devendo-se lembrar ainda que, na narrativa, a água foi aproveitada não como elemento químico, mas mecânico, para substituir um foguete propulsor, com seu jato expelido da nave. Lembre-se ainda, de passagem, que o aproveitamento da água no sistema de impulsão de espaçonaves vai aparecer em outro conto do autor, traduzido com o título “Nós, os marcianos”, recolhido na antologia com o mesmo título, do original The Martian Way. Ainda segundo Sam Moscowitz, em 1955 Isaac Asimov foi promovido a professor adjunto na Universidade em que lecionava. Não abandonou, no entanto, a ficção, até que “seu crescente sucesso como escritor de ficção científica acabou obrigando-o a uma decisão difícil em 1958. A Universidade de Boston desejava que ele dedicasse mais tempo à pesquisa básica, o que o levaria a cortar drasticamente o tempo dedicado à literatura. Finalmente acabou decidindo abandonar o ensino, conservando apenas um cargo simbólico e pronunciando algumas conferências por ano”. Como cientista e escritor - e não apenas como ficcionista -, Asimov desenvolveu duas linhas de trabalho, ambas ligadas, direta ou indiretamente, às ciências: a primeira delas, de caráter mais técnico, dedicada à divulgação científica e caracterizada especialmente pela simplicidade da linguagem, quase sempre ao alcance do leigo, que pôde compreender - embora de forma superficial, embora suficiente para os não-especialistas - aspectos das ciências até então acessíveis apenas aos iniciados em sua linguagem frequentemente hermética. Seu primeiro livro nessa linha, Chemicals of Life, foi publicado em 1954, seguindose vários outros, entre os quais são mais lembrados O corpo humano e O cérebro humano, caracterizados, principalmente, pelo estilo leve e vivo. A outra linha desenvolvida pelo autor, a ficção, apesar de embasada, no seu conhecimento científico, na sua fecunda imaginação e na premonição científica, teve início quando, aos dezenove anos de idade, escreveu seu primeiro conto, “Robbie”, publicado pela primeira vez com o título “Estranho coleguinha4”, que o autor detestava, como confessa na “Introdução” da coletânea Nós, robôs. Como se viu acima, segundo Sam Moscowitz, o primeiro conto publicado de Isaac Asimov foi o já mencionado “Marrooned of Vesta”, na revista norteamericana Amazing Stories, o que é confirmado pelo próprio Asimov no pequeno “Prefácio” que precede o conto cuja tradução para o português foi mencionada acima. Aliás, na já citada introdução do livro Nós, robôs, conta Asimov que no final de sua adolescência era insaciável devorador de ficção científica, e já lera, inclusive, inúmeras histórias de robôs, concluindo que estas se dividiam em duas categorias: na primeira, estavam as histórias de “robot-enquanto-ameaça”; na segunda, as histórias de “robot-enquanto-pathos”. Nas histórias da segunda categoria, muito mais exíguas, mas que o deslumbravam, os robôs eram seres encantadores, embora fossem geralmente tratados com deslealdade pelos humanos. Na mesma introdução, Asimov dá outras informações sobre sua produção escrita na linha da ficção científica: “Em fins de 1938, duas dessas histórias se encaixaram nos moldes que particularmente me impressionavam. Uma delas era um conto de Eando Binder5, intitulado “Eu, robô”, sobre um virtuoso robô chamado Adam Link; a outra era uma história de Lester Del Rey6, intitulada “Helen O’Loy”, que me comoveu com o seu retrato de um robô que era tudo o que uma esposa leal deve ser.” 4 Em algumas traduções, o primeiro título do conto aparece como “Estranho companheiro de folguedos”. 5 Eando Binder. Pseudônimo dos irmãos, Earl Binder Andrew (1904-1965) e Otto Binder (1911-1974), ambos autores de ficção científica. Na realidade, muitas das obras de Eando Binder foram escritas por Otto sozinho, que ficou mais conhecido por sua produção em quadrinhos, especialmente para a revista Capitão Marvel. 6 Lester del Rey. Escritor e editor de trabalhos de ficção científica, especialmente de romances juvenis. Nasceu em Saratoga, Minnesota, em 2 de junho de 1915 e faleceu em Nova Iorque, no dia 10 de maio de 1993. Ainda segundo o autor, no conto “Robbie”, mencionado acima, conseguiu ter a visão difusa de um robô, não como ameaça nem como pathos, mas como um produto industrial, construído por engenheiros comuns: “Eram construídos com dispositivos de segurança de modo a não serem ameaças, e eram concebidos para determinadas tarefas, de tal sorte que não existia necessariamente pathos implicado. Conforme continuei a escrever histórias de robôs, esta noção de robôs industriais cuidadosamente projetados começou a impregnar cada vez mais as minhas histórias, até que todo o caráter das histórias de robôs em ficção científica séria em letra de forma mudou: não apenas das minhas histórias, mas praticamente das de toda a gente” (p. 9). Conclui Asimov, com o toque de auto-ironia que lhe era peculiar: “Isso causou-me uma sensação agradável e durante muitos anos, até mesmo décadas, por aí andei admitindo abertamente ser ‘o pai das modernas histórias de robôs’” (p. 10). Uma passagem em que Asimov deixa clara a ironia com que às vezes trata sua condição de autor de ficção especulativa aparece, na já citada “Introdução”, quando se refere à palavra “robótica”, criação sua: “Hoje em dia a palavra tornou-se de uso geral. Há revistas e livros com ela no título e é do conhecimento generalizado no meio de ter sido eu que inventei o termo. Não pensem que não sinto orgulho nisso. Não há muita gente que tenha criado um termo científico útil e, conquanto o tenha feito inconscientemente, não faço tensão de deixar que alguém no mundo o esqueça” (p. 10). Outro exemplo, ainda, da auto-ironia de Asimov aparece no livro O futuro começou, quando comenta a sugestão de duas editoras – a Doubleday, de Nova Iorque, e a Panther Books, da Inglaterra - de que reunisse em um volume seus primeiros contos, ainda não publicados nas várias coletâneas editadas ao longo de sua vida. Comenta Asimov que não conseguiu resistir à sugestão, e acrescenta: “Todos que me encontraram sabem como sou sensível a elogios, e se você pensa que posso suportar este tipo de adulação por mais de meio segundo (numa estimativa grosseira) está totalmente errado” (p. 12). O primeiro romance de Asimov na linha da robótica, editado em 1950, foi Caça aos Robôs, (The Caves of Steel, no original norte-americano), ao qual se seguiram inúmeros contos reunidos em várias coletâneas, depois de publicados em revistas do gênero. Na década de 1980, dirigiu a revista semestral Isaac Asimov Magazine, voltada para a publicação de histórias de ficção científica, o que dá bem a medida da importância que atribuía a esse trabalho. É interessante observar que escrever obras de premonição científica dava grande satisfação a Asimov, como ele próprio declara na “Introdução” à edição portuguesa do livro de contos Sonhos de robot, tradução de Robot Dreams. Mais uma vez, não se furta à já mencionada e bem humorada auto-ironia que não poucas vezes perpassa suas reflexões sobre sua própria produção literária: “A ficção científica tem satisfações que lhe são próprias. Não é difícil acertar, quando se tenta retratar a tecnologia do futuro. Se se viver o tempo suficiente depois de se escrever uma determinada história, pode mesmo ter-se o prazer de verificar que as previsões se confirmaram razoavelmente e ser aclamado como uma espécie de profeta em ponto pequeno. (...) Uma série de firmas já estão a desenvolver ‘robôs domésticos’ que terão uma aparência vagamente humana e realizarão algumas das tarefas que antes cabiam aos criados” (p. 11). Em outra ocasião, no posfácio do conto “A Bolha de Bilhar”, reitera essa satisfação, ao afirmar: “(...) agora que todas as histórias deste volume já passaram, e eu revivi as lembranças que cada uma despertava, tudo o que posso dizer é: - Puxa, é ótimo ser escritor de ficção científica!” (ASIMOV, Mistérios:205). As histórias de robôs são as primeiras experiências de Isaac Asimov na linha da chamada “inteligência artificial”, isto é, a capacidade mostrada por certos artefatos, criados pelo homem, especialmente os computadores, para resolver determinados problemas e simular a inteligência humana. O campo de estudos que trata da “inteligência artificial” pesquisa sistemas que permitam compreender o comportamento e a adaptação das máquinas. Na sua obra, a personagem que melhor representa os estudiosos do tema é a psicóloga – ou robopsicóloga, como a denomina - Susan Calvin, considerada a “santa padroeira” dos roboticistas, presente em vários contos, como na história “O robozinho perdido” (Nós, robôs: 346), em que aparece já como uma mulher de meia idade, que “permanecera calmamente rústica” e que “compreende os robôs como uma irmã”, no dizer de uma de suas personagens, e no excelente “Mentiroso!”, da mesma coletânea acima citada. Em inúmeras outras obras Susan Calvin é citada ou simplesmente lembrada, como no conto o “Homem bicentenário” (NR:505). Os estudos sobre “inteligência artificial” se iniciaram nos Estados Unidos na década de 1950, e a partir deles se discute a possibilidade de a máquina criada pelo homem chegar a tomar decisões, como previsto por Isaac Asimov. Apesar de considerar que acertou muitas vezes em suas previsões científicas, especialmente em relação aos robôs, Asimov também reconhece seus enganos, alguns decorrentes de conhecimentos astronômicos que depois se demonstraram precários. É o caso, por exemplo, da existência de oceanos no planeta Vênus (Lucky Starr and the Oceans of Venus, traduzido no Brasil com o título Os oceanos de Vênus) em cuja superfície, como se descobriu depois, a temperatura é muito superior ao ponto de ebulição da água; ou ainda sobre a existência de marcianos inteligentes, como os que aparecem no livro David Star: Space Ranger. Aliás, ainda de acordo com o próprio Asimov, o único livro da série Lucky Starr que sobreviveu intacto, em termos científicos, foi Lucky Star and the pirates of the asteroids. Quanto aos robôs, no entanto, como se observou acima, Asimov entendia que acertou, como deixa claro na já mencionada “Introdução” do livro de contos Nós, robôs: “Quando escrevi minhas histórias de robôs, não pensei que os robôs passassem a existir ainda em minha vida. De fato, estava certo, de que isso não aconteceria (...) Contudo aqui estou eu, quarenta e três anos após escrever a minha primeira história de robô, e nós temos robôs. Na verdade, temos. E, além do mais, são o que previ: robôs industriais, criados por engenheiros para realizar tarefas específicas e construídos dentre de normas de segurança. Podem ser encontrados em numerosas fábricas, particularmente no Japão, onde há fábricas de automóveis inteiramente robotizadas. A linha de montagem desses lugares é ‘manejada’ por robôs em todos os seus estágios. Certamente, esses robôs não são tão inteligentes quanto os meus: eles não são positrônicos; não são sequer humanoides. Contudo, estão evoluindo rapidamente e tornando-se cada vez mais capazes e versáteis. Quem sabe como serão daqui a a quarenta anos?” (NR: 8). É claro que, hoje, sabemos que em muitas de suas histórias Asimov foi excessivamente otimista no que diz respeito ao desenvolvimento dos robôs, especialmente àqueles a que chama “robôs humanoides”. Na realidade, os robôs que existem hoje (2012) continuam os mesmos “robôs industriais”, que nem mesmo se aproximam de um dos mais primitivos entre aqueles criados pelo autor, o robô-babá chamado Robbie, do conto com o mesmo título. Em duas das histórias em que Asimov se refere a datas, os contos “Robbie” e “Satisfação garantida”, da coletânea Nós, robôs, fica patente o excessivo otismismo do autor em relação ao desenvolvimento da robótica. No primeiro deles, aliás, a primeira história de robôs escrita por Asimov, ainda muito jovem, aparecem um robô-babá e um robô falante, capaz de responder a várias perguntas. Parte da história se passa em Nova York, no ano de 1998. No segundo conto, diz a personagem Susan Calvin, a respeito de um robô: “Tony é um robô, e sua designação real, nos arquivos da companhia, é NT-3, mas ele atende pelo nome de Tony. Não é um monstro mecânico, nem apenas uma máquina de calcular do tipo que foi aperfeiçoado durante a Segunda Guerra Mundial, há cinquenta anos. Tem um cérebro artificial quase tão complexo como o nosso” (NR:287). Se considerarmos que a Segunda Guerra terminou em 1945, entende-se que a história narrada no conto se passaria, no máximo, em 1995, quando ainda estava longe o desenvolvimento de robôs como o descrito na passagem, como, aliás, ainda hoje, quase vinte anos depois. Deve-se levar em consideração, no entanto, que a contagem do tempo em várias das histórias de Asimov não obedece ao sistema atual, como se deduz, por exemplo, do romance “datado”, 827 Era Galáctica. Em outra história “datada”, no entanto, o conto “Escravo”, da mesma coletânea acima mencionada, a respeito do robô identificado como EZ-27 – ou Easy - como é chamado, há o seguinte diálogo entre duas personagens. Diz uma delas, chamada Barnabas H. Goodfellow: “- Tive contato profissional e algumas relações sociais com o dr. Alfred Lanning, diretor de pesquisas da U.S Robots. Eu estava inclinado a ouvi-lo com alguma tolerância, quando recebi uma sugestão estranha a 3 de março do ano passado. - De 2033? - Isso mesmo” (NR:314). No mesmo conto, fica patente, como previsto pelo autor em vários de seus livros, a indisposição dos humanos em relação aos robôs, como se depreende das palavras da personagem Grace Weston a seu marido, a propósito de Robbie, o robô-babá, cujo nome dá título à história, e que cuidava da filha do casal: “- Ah!, a coisa foi crescendo, crescendo. Tenho tentado não dar atenção, mas não é mais posível. A maioria dos vizinhos considera Robbie perigoso. À noite, não deixam as crianças chegarem perto de nossa casa (NR:148). Mais adiante, outra personagem, que se opunha decididamente ao uso dos robôs, afirma, referindo-se a máquinas em geral: “por duzentos e cinquenta anos a máquina tem substituído o homem e destruído o artesanato”. Outro conto em que Isaac Asimov aponta datas é “Corre-corre”, do conjunto com o título geral de “Powell e Donovan”, da coletânea Nós, robôs, cuja história, em tese, se passaria no ano de 2015, mas com referência ao ano de 2005, em que se sugere um desenvolvimento tecnológico longe de ter sido alcançado até hoje. Também no romance Segunda Fundação, há pelo menos uma passagem em que o autor dá algumas informações sobre os períodos de tempo em que se passa a história. Diz uma das personagens: “Foi há trezentos anos que se supõe ter Hari Seldon, do Antigo Império, estabelecido duas Fundações para atuarem como núcleos de um novo Império que substituiria o moribundo. Cem anos depois de Seldon, a Primeira Fundação, a que nós conhecemos tão bem, era conhecida por toda a Periferia. Cento e cinquenta anos depois de Seldon, ao tempo da última batalha com o antigo Império, era conhecida por toda a Galáxia. E agora, passados trezentos anos, onde estaria essa misteriosa Segunda [Fundação]?” (SF:346). Na “História do Futuro”, a contagem do tempo podia variar de planeta para planeta, embora no romance Os robôs haja a sugestão de que em todos eles a contagem decorria de certos fatos já esquecidos, relacionados à contagem do tempo no planeta Terra. É curioso observar, no entanto, que Asimov às vezes “acerta”, mesmo quando sua escolha nada tem a ver com o conhecimento científico. No romance A Fundação e a Terra, por exemplo, três personagens viajam para tentar localizar o planeta, cuja posição no espaço foi esquecida ou apagada voluntariamente dos registros existentes. Esses viajantes chegam a um mundo habitado ao qual se dá o nome de “Alfa”, e pousam numa ilha artificial, já que todo o resto do planeta é um vasto oceano. Recentemente, foi noticiada a descoberta, na constelação de Lira, de um exoplaneta, ou seja, de um planeta situado fora do Sistema Solar que, devido a sua massa, pode se tratar de um planeta oceano, com um imenso mar em sua superfície. Asimov refere-se, ainda, na mesma “Introdução”, ao famoso engenheiro norte-americano, Joseph F Engelberger7, considerado o “pai da robótica”, e segundo o qual começou a se interessar por robôs ao ler as histórias sobre eles, do seu então colega da Universidade de Colúmbia. Apesar disso, a importância de Asimov como especialista nesse tipo de literatura, e também como cientista, no sentido próprio do termo, foi largamente reconhecida, tendo sido contratado como consultor por diretores de vários filmes 7 Joseph F. Engelberger. Engenheiro e empresário norte-americano, nasceu na cidade de Nova York no dia 26 de julho de 1925. Juntamente com o inventor George DeVol, desenvolveu, na década de 1950, o primeiro robô industrial nos Estados Unidos, o Unimat. Mais tarde, trabalhou como empresário e defensor da tecnologia robótica em várias áreas, inclusive nos setores dos serviços, na saúde e na exploração espacial. Em nota não assinada, com o título “O Autor e sua Obra”, no final da coletânea Nós, robôs, diz seu autor, o próprio Asimov: “Um dos principais fabricantes de robôs, hoje em dia, é uma firma chamada Unimation. Joseph F. Elgelberger, presidente da Unimation, conta que decidiu dedicar-se à fabricação de robôs depois de ler minhas histórias. Não estou teorizando... Ele mesmo disse isso” (NR:550). relacionados à ficção científica, inclusive pela equipe de “Jornada nas Estrelas”, de 1979, famosa série feita para a televisão, posteriormente adaptada para o cinema. Aliás, com a mesma já lembrada auto-ironia com que às vezes se refere a sua obra de ficcionista, quando a compara ao seu trabalho de cientista, diz na Introdução do conto “Primeira Lei”, da coletânea Os novos robôs (p. 55): “De fato, disseram-me que se alguém se lembrar futuramente de mim será por causa das Três Leis da Robótica. De certo modo isso me aborrece, pois estou habituado a considerar-me um cientista. E ser recordado por lançar os fundamentos de uma ciência que não existe é na verdade embaraçoso. Contudo, se a Robótica alcançar o apogeu descrito em minhas histórias, é possível que algo parecido com as Três Leis exista de fato e neste caso eu terei conseguido uma vitória extraordinária (póstuma infelizmente).” Sam Moskowitz, no trabalho já mencionado, resume a importância do ficcionista Isaac Asimov: e de sua contribuição para a ficção científica: “Na qualidade de escritor de ficção científica, Isaac Asimov gozava de maior aceitação entre pessoas de opinião literária realmente formada que a maioria dos demais escritores do gênero. Seus trabalhos eram bem-vindos nas prateleiras das escolas e das universidades, seu nome era presença constante em enciclopédias nas seções referentes à ficção científica, bem como nas relações de autores americanos contemporâneos e de destaque”. Não obstante, ainda para Moscowitz, tanto o fato de ser um divulgador da ciência - papel assumido por Asimov paralelamente ao de ficcionista - quanto ao fato de ser um cientista doutorado em Química e professor da renomada Universidade de Boston fizeram com que sua ficção ocupasse, aos olhos do público, lugar secundário em relação aos seus demais escritos. Dois desses trabalhos de divulgação científica foram premiados, em 1957 e em 1960, tendo sido o autor consagrado pela crítica por um terceiro trabalho, The Intelligent Man’s Guide to Science. Apesar da posição ímpar da ficção de Asimov, no mesmo gênero há que se destacar, também, os trabalhos de Arthur C. Clarke, de “Uma Odisséia no Espaço”, de Philip K. Dick, cuja obra deu origem a filmes importantes, como “Blade Runner – O Caçador de Androides”, adaptação da novela “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?”, “O Vingador do Futuro” e “Minority Report – A Nova Lei”, ou ainda dos brasileiros Jerônimo Monteiro e Jorge Luís Calife, para não falar de autênticas obras da ficção científica, como a série de livros que tem como personagem Harry Potter, o pequeno bruxo da escritora inglesa J. K. Rowling, do livro O Senhor dos Anéis ou de As crônicas de Nárdia, obras de fantasia. Cabe lembrar que as histórias narradas por Philip K. Dick contêm poucas situações que poderiam ser consideradas verdadeiros desvarios e são, talvez devido a isso mesmo, mais palatáveis para o grande público, embora o autor só se tornasse conhecido pelo sucesso dos filmes baseados em suas histórias, as quais se aproximariam mais das de Aldous Huxley, do Admirável mundo novo, e das de George Orwell, de 1984, do que das histórias de Isaac Asimov, embora com este formasse a dupla de autores mais importantes do gênero, no século XX. 3. A ficção científica como literatura Segundo os estudiosos do assunto, não é fácil conceituar ficção científica. Poderíamos, dizer, acompanhando esses mesmos estudiosos, que obra de ficção científica é aquela que aborda o impacto da ciência, verdadeira ou imaginada, sobre o indivíduo ou a sociedade, ou, de forma mais genérica e aplicada à literatura, a fantasia literária em que a ciência seja fator essencial. Costuma-se dizer, de forma bastante genérica, que a ficção científica nasceu no dia em que um homem qualquer, olhando para um céu estrelado, indagou se haveria outros homens naquele espaço infinito. Muito embora se possa datar o desenvolvimento da ficção científica literária do final do século XIX, principalmente com as obras de Jules Verne, antes disso surgiram obras esporádicas que poderiam ser classificadas dentro do gênero: a história com o título Somnium (O Sonho), escrita pelo astrônomo Johannes Kepler (1571-1630), em que descreve uma viagem a outro planeta; a Histoire Comique des États et des Empires de la Lune, em que Cyrano de Bergerac (1619-1655) descreve uma viagem à Lua e a maneira pela qual seus habitantes viam os terrestres; as viagens espaciais no Micromégas (1725) de Voltaire, ou as Viagens de Gulliver (1726), de Jonathan Swift. Sobre as origens da ficção científica, lembra Bráulio Tavares na “Apresentação” do livro Páginas do futuro: contos brasileiros de ficção científica: “O que conhecemos como ficção científica (FC) resulta principalmente de três tradições literárias que são sucessivas e ao mesmo tempo superpostas, uma vez que as mais recentes não eliminam as mais antigas, mas recorrem a elas frequentemente como parâmetros, bancos de dados, fontes de inspiração” (TAVARES, 2011:9). Em seguida, o autor trata dessas tradições literárias: caracteriza a mais antiga como o conjunto de narrativas épicas, fantásticas ou aventurosas, existentes desde a antiguidade greco-latina, como as Metamorfoses, de Ovídio, e as obras de Homero, até as narrativas orientais, como as Mil e uma noites e o épico hindu Gilgamesh; a segunda tradição prende-se ao denominado Scientific Romance europeu, “que é o encontro dessa tradição do fantasioso com a ascensão da literatura realista no velho continente”, com os já mencionados Kepler (1571-1630), Jonathan Swift (1667-1745), Cyrano de Bergerac (1619-1655) e Voltaire (1694-1778), entre outros mais recentes, como Jules Verne (18281905), o mais célebre deles, H.G. Wells (1866-1946), e Conan Doyle (1859-1930). E, finalmente, as revistas americanas, conhecidas como pulp magazines, como a mais antiga deleas, a Amazing Stories, criada em 1926. Devem ser lembrados, também, os romances Brave New World, troduzido para o portruguês com o título Admirável mundo novo, e A ilha, ambos de Aldous Huxley. Como se sabe, o gênero ou espécie literária constituída por romances, novelas ou contos que procuram prever o desenvolvimento da humanidade, quase sempre com base em dados tecnológicos, científicos, ou mesmo apenas de caráter científico, obviamente sem deixar de ser obras de ficção, passou a ser conhecido como de “ficção científica”, expressão basicamente da língua inglesa, e quase sempre considerado, pela crítica literária, como um “gênero menor”. Apesar de a ficção científica ser, basicamente, de língua inglesa, ou angloamericana, assevera Rachel Bertol: “As culturas de países desenvolvidos e agora de países do Leste europeu entendem a ficção científica como uma literatura mundial, e não apenas angloamericana. É uma literatura plena de possibilidades para a exploração filosófica e social da realidade” (BERTOL, 2006:2). A ficção científica na literatura brasileira No Brasil, apenas um pequeno grupo de autores se deu conta das possibilidades oferecidas pela ficção científica. No entanto, podem ser apontadas algumas obras do gênero, ou que dele se aproximam, anteriores a 1926, ano do lançamento, nos Estados Unidos, da revista Amazing Stories, por Hugo Gernsback, considerado marco inaugural da moderna ficção científica. Exemplos dessas obras são, por exemplo, com alguma boa vontade, o conto “O fim do mundo”, de 1857, do romancista Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), e a história “Um dia de um homem em 1920”, da coletânea Vida vertiginosa, de João do Rio, publicada em 1911. Em 1926 é publicado o romance O presidente negro, ou o choque das raças, de Monteiro Lobato, com elementos da moderna ficção científica. A partir de 1926, podem ser citadas, como pertencentes ao gênero, as seguintes obras: A desintegração da morte, de Orígenes Lessa; A filha do inca ou República 3.000, de Menotti del Picchia; Colônia Cecília, de Afonso Schmidt, todas anteriores à publicação da obra de Jerônimo Monteiro, considerado o primeiro autor brasileiro a se dedicar exclusivamente a esse tipo de literatura, a partir do romance Três meses no século 81, de 1947, ao qual se seguiram A cidade perdida, de 1948, Fuga para parte alguma, de 1961, Os visitantes do espaço e outras obras. Além de Jerônimo Monteiro, podem ser mencionados ainda, à guisa de exemplo, os seguintes autores, com suas obras respectivas: Fausto Cunha, com Noites marcianas, de 1960, além de artigos e críticas sobre o gênero; Rubens Teixeira Scavone, com O homem que viu o disco voador, de 1958, Degrau para as estrelas e Diálogo dos mundos, ambos de 1961; desse mesmo ano, Eles herdarão a terra, de Diná Silveira de Queirós; de André Carneiro, Diário da nave perdida, de 1963, além do estudo crítico Introdução ao estudo da sciende-fiction, de 1968; surgiram, além disso, várias antologias de contos de ficção científica, dentre as quais podem ser citadas a Antologia brasileira de ficção científica, de 1961, Histórias do acontecerá, de 1962, Além do tempo e do espaço, de 1965 e Páginas do futuro: contos brasileiros de ficção científica, organizada por Bráulio Tavares, editada em 2011. Nas antologias citadas, foram publicados, além de contos de autores de ficção científica, histórias de vários outros autores que geralmente se dedicam à literatura mais convencional, como Rubem Fonseca, Antônio Olinto, Leon Aliachar, Raquel de Queirós, Zora Seljan, Lígia Fagundes Teles e outros. Além do pioneiro Jerônimo Monteiro e de outros autores mencionados, podem ainda ser lembrados, como escritores brasileiros desse tipo de literatura: Jorge Luiz Calife, André Carneiro, Roberto de Sousa Causo e Gerson LodiRibeiro, os dois últimos editados em Portugal, onde o mercado para a ficção científica é muito maior que o do Brasil. Esclarece Rachel Bertol, citando o escritor e crítico literário Silviano Santiago: “a literatura brasileira se baseia em duas vertentes: uma delas chama de sentimental, na qual se encaixam os livros de magia, e outra é a políticoideológica. A imaginação técnica, necessária à ficção científica, passa ao largo da tradição literária nacional.” Como se sabe, as obras de ficção científica partem frequentemente das possibilidades utópicas e técnico-científicas do presente, possibilidades que não chegam a existir em abundância no Brasil, carência que talvez explique, pelo menos em parte, o pequeno interesse que esse tipo de literatura desperta no país. Esse desinteresse, aliás, não está apenas nos leitores. A crítica literária, regra geral, demonstra total indiferença, quando não desconhecimento, em relação às obras de ficção científica, talvez para indicar a ausência, a seus olhos, de conteúdo artístico, por assim dizer, nesse tipo de literatura. A despeito disso, o escritor Silviano Santiago acredita que o momento é de esperança quanto a uma nova utopia tecnológica. É curioso observar que o crítico brasileiro, embora o gênero não tenha maior expressão na literatura nacional, encara a ficção científica de forma bastante peculiar e com muita esperança de que possa vir a contribuir para um futuro mais ameno, ao lembrar que esse tipo de literatura “pode levar ao retorno da questão ecológica, a uma nova radicalização, indicar outro caminho para a Terra” (apud BERTOL, 2006, p. 2). Indício disso talvez seja o fato de, curiosamente, o escritor Tiago Santiago, autor de novelas para a televisão, colocar uma delas, “Caminhos do Coração”, nas trilhas da ficção científica, com personagens dotados de certas características que se encontram nos superheróis de certos filmes, como capacidade telecinética e telepática, a exemplo de alguns robôs de Asimov. Antes disso, o escritor e crítico literário mineiro Fábio Lucas (1970), e depois Roberto de Sousa Causo (2003) já apontavam alguns trabalhos desse tipo de literatura no Brasil, desde o século XIX, contemporâneos de Joaquim Manuel de Macedo e anteriores ao conto de João do Rio, acima mencionados. De acordo com Causo, essa escassa produção teria se iniciado com Noite na taverna, do poeta romântico Álvares de Azevedo, publicado em 1878, passando por O Doutor Benignus, de Augusto Emílio Zaluar, de 1875, e pelo conto “O Imortal”, de Machado de Assis, de 1872, no qual narra a vida de personagem com mais de 250 anos de idade. Chega ao século XX, com O presidente negro ou O choque das raças, de Monteiro Lobato, publicado em 1926. Refere-se, ainda, a A filha do Inca ou A República 3000, de Menotti Del Picchia, de 1930; o conto “O homem silencioso”, e Zanzalá e Reino de Deus, de Afonso Schmidt, de 1930, para chegar até “O mistério de Highmore Hall”, “Makiné” e “Kronos kai Anagke”, de 1929-1930, de João Guimarães Rosa, redescobertos por Bráulio Tavares na Biblioteca Nacional. Analisa, finalmente, o livro A cidade perdida, de Jerônimo Monteiro, publicado em 1948, também autor do excelente romance Fuga para parte alguma, publicado em 1961. Para Fábio Lucas, no entanto, que ignorou os autores do século XIX, citados por Roberto Causo, foi depois da Segunda Guerra Mundial que surgiram as primeiras novelas brasileiras que considera como de ficção científica, lembrando os seguintes autores e obras como expoentes no gênero: Orígenes Lessa, com o livro A desintegração da morte, de 1948; Dinah Silveira de Queiroz, com Eles herdarão a Terra, de 1960. Lembra ainda, como Causo, o escritor Jerônimo Monteiro, referindo-se, especificamente, a três de suas obras: Três meses no século 81, de 1947, Visitantes da noite, de 1963, e Tangentes da realidade, de 1966. Na realidade, como já se observou, Jerônimo Monteiro pode ser considerado um pioneiro no Brasil, não só da ficção científica, mas também das histórias policiais, embora, em ambos os casos, sofresse forte influência da histórias norte-americanas, inclusive no pseudônimo, Ronnie Wells, com que assinava seus romances policiais. Na ficção científica, sofreu acentuada influência de H. G. Wells, especialmente pelo fato de, em suas histórias, preocupar-se mais com os mistérios da mente humana do que com o desenvolvimento tecnológico da humanidade. O crítico literário Fábio Lucas, em trabalho já mencionado, também se refere à experiência, no gênero, do também crítico literário Fausto Cunha, com As noites marcianas, de 1960, e à de Rubens Teixeira Sacavone, com o Diálogo dos mundos, de 1961. Refere-se, ainda, a Guido Wilmar Assis, autor de Testemunha do tempo, de 1963, a Levy Menezes, autor de O terceiro planeta, de 1965, e a Nilson Martelo, com Mil sombras da nova Lua, de 1963. Considera André Carneiro, autor de Diário da nave perdida, de 1963, um dos nossos maiores especialistas em ficção científica, e refere-se ao poeta Domingos da Silva, autor do livro de contos A véspera dos mortos, em 1966. André Carneiro, em entrevista concedida ao escritor mineiro José Afrânio Moreira Duarte, que a publicou em seu livro De conversa em conversa, de 1976 (p. 24), provocado pelo entrevistador sobre a “prevenção que alguns escritores ainda têm contra os trabalhos de ficção científica”, responde de forma bastante crítica e com muita sinceridade: “No meu ensaio ‘Introdução ao estudo da Science Fiction’ falo disto exaustivamente. Temo parecer antipático ou elementar fazendo resumos, mas tentarei. Muitos não gostam do gênero, mas só leram Júlio Verne e Wells. O resto eles imaginam que seja ruim, pelas capas. É evidente que 95% da chamada ficção científica realmente não prestam. Constituem o que os americanos chamam de space opera. Mas não se podem julgar os gêneros artísticos através da estatística. Nós sabemos que 99% das publicações poéticas, no Brasil, são as chamadas ‘de cordel’, do cancioneiro popular nordestino. Embora seu interesse folclórico, etc., seria engraçado julgar a poesia brasileira por essa esmagadora maioria. O que vale é 1% mesmo. Mas, por incrível que pareça, tem-se o hábito de julgar a ficção científica mundial por aquilo que ela fez de ruim. Tento no meu ensaio explicar o porquê desse critério, dando razões psicológicas, sociológicas, etc. Essas não consigo resumir”. Não obstante, apesar da relativa indiferença dos autores nacionais em relação a esse tipo de narrativa, no Brasil já foram aventados vários nomes para designá-lo, como “ciencificção” e “neogótica”, prevalecendo, no entanto, a expressão tradicionalmente usada e oficializada “ficção científica”, por aliar ciência e ficção, e uma vez que vários autores de ficção científica são cientistas, com o próprio Isaac Asimov. Lembre-se, mais uma vez, que a expressão inglesa science fiction, traduzida literalmente para o português, foi criada por Hugo Gernsback, em 1926, para a revista Amazing Stories, dedicada exclusivamente a histórias do gênero, e marco para que esse tipo de literatura passasse a ser considerado como um gênero próprio. Para Roberto de Sousa Causo, o tipo de literatura a que denomina também “ficção especulativa” se constitui de três subgêneros: a ficção científica, a fantasia e o horror. João Adolfo Hansen, no “Prefácio” do livro de Causo (2003:18), lembra que o subgênero da ficção científica “põe em cena metáforas da ciência e da tecnologia, geralmente em uma narrativa de ‘viagem fantástica’ por espaços-tempos incomuns, profundeza da Terra, interior do corpo humano, planetas de outros sistemas, florestas ou desertos primitivos, o passado de civilizações lendárias, Lemúria, Atlândida, Manoa, ou o improvável futuro humano, devastado por guerras nucleares e civilizações cruéis e sanguinárias ou absolutamente pacificado sob a direção ilustríssima de filósofos e cientistas realizando a coisa assustadora que é a república platônica”. Acrescente-se que, regra geral, as obras de ficção científica não resultam apenas da fantasia, não são baseadas apenas na imaginação, mas retratam a construção do futuro a partir do conhecimento do presente. Talvez em decorrrência da prevalência da visão do futuro nas obras de ficção científica, para alguns aficcionados do gênero são assim consideradas apenas as histórias que se passam no futuro da humanidade. Esse modo de ver acabaria por excluir do gênero alguns clássicos, como algumas obras de Júlio Verne, de H. G. Wells e de Edgar Allan Poe, cuja ação se desenrola no próprio tempo do autor, e não em futuro remoto, além de certos filmes geralmente considerados como de ficção científica, como, por exemplo, “O Parque dos Dinossauros”. É importante lembrar que o cinema é um dos maiores propagadores desse tipo de história. No precursor da fição científica no cinema, o filme “Metropolis”, de Fritz Lang, produzido em 1928, já aparecem os robôs, no filme uma representante do sexo feminino. Essa corrente não parou de ser explorada, com inúmeros filmes sobre o tema, como “Eu, robô”, baseado no original de Asimov, a série do “Exterminador do Futuro”, o filme “Matrix”, “O Caçador de Androides” e “2001 Uma Odisseia no Espaço”. Nos dois últimos, assim como em “Eu, robô”, que acaba por deturpar o pensamento de Isaac Asimov, a inteligência artificial, representada por um robô, por um ciborgue e pelo computador HAL 900, entram em confronto com a humanidade. Recentemente, o jornalista Artur Xexéo, um dos colunistas do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, por exemplo, em sua coluna do dia 5 de agosto de 2009, no “Segundo Caderno” do periódico, referiu-se ao site Total sci-fi on line, que “consultou uma série de especialistas e elegeu os melhores filmes de ficação científica de todos os tempos”. Além de reproduzir a relação de filmes eleitos, o jornalista também escolheu seus próprios filmes, substituindo alguns dos citados e alterando a ordem em que outros haviam sido classificados. Mas não se limitou a isso: na edição do dia 12 do mesmo mês, na mesma coluna, o autor voltou ao assunto, agora provocado por leitores, cuja opinião reproduz, inclusive para explicar o que deve ser entendido como obra de ficção científica, além de discordarem da lista anterior, para incluir outros filmes entre aqueles já selecionados. Na edição do dia 19 de agosto do mesmo jornal, volta pela terceira vez ao assunto, agora para discutir o conceito de science fiction antes aventado e considerado altamente limitador do que se deve entender como trabalho do gênero. 4. De volta a Isaac Asimov, escritor. Em relação à ficção científica de Isaac Asimov, pode-se afirmar que apresenta certas peculiaridades que o tornam um autor ímpar no gênero. Uma delas – e que faz com que o leitor se sinta, por assim dizer, mais à vontade num mundo e num tempo que não são os seus - é o fato de o autor transpor, para esse mundo e para esse futuro remotos, situações que são de seu próprio mundo e de seu próprio tempo. Assim, leva para mundos imaginários, num futuro remoto, situações do dia-a-dia do leitor de hoje, do homem comum de nossos dias, com a criação de situações de intriga que parecem atuais e reais, episódios de aventura e ação vividos por heróis que lembram os dos romances contemporâneos, de politicagem, de malícia, de diplomacia e de mistério, como lembra Sam Moskowitz o qual, por isso mesmo, pode afirmar que a semelhança dos ambientes criados por Asimov com aqueles conhecidos pelo leitor aumenta o prazer da leitura e o suspense da narrativa. Nessa linha, Asimov desenvolve, em mundos do futuro, situações que são encontradas pelos leitores dos romances policiais de hoje, como nos livros Os robôs e Caça aos robôs Sobre o aspecto policialesco de várias histórias de Isaac Asimov, lembrese de passagem que, no romance As correntes do espaço, o primeiro sobre o Império Galáctico, diz a personagem *Samia de Fife, à qual, nessa passagem, parece ter-se incorporado o autor: “Estava determinada a investigar o assunto para sua própria satisfação pessoal. Ninguém era tão modesto que não se acreditasse um competente detetive amador, e Samia estava muito longe de ser modesta” (CE:125). Nessa linha, até mesmo certos ditos populares ou adágios de hoje Isaac Asimov projeta em situações futuras, adaptados ou não, como é o caso do conhecido “Em Roma como os romanos”, que é repetido no romance A Fundação e a Terra (p. 33), adaptado a uma situação local: “Quando estiver em Anacreon, faça como os anacreonitas”. Outro adágio usado pelo autor, este norte-americano, é “A miss is as good as a mile”, que ocorre no romance Os robôs e o Império, e assim explicado pelo autor: “É usado para significar que, ao evitar o azar, evitar por pouco é tão bom como evitar por uma grande margem” (RI:329). Às vezes o próprio Asimov cria esses ditos de caráter popularesco, adaptando-o a uma situação vivenciada pelas personagens, como na seguinte passagem do conto “Corre-corre”, da série “Powell e Donovan”, da coletânea Nós, robôs, por ele apontada como o primeiro volume do tema Robótica, da sua “História do Futuro”. No conto, lembra Mike Donovan, dirigindo-se a seu companheiro Gregory Powell: “Mas você conhece o velho provérbio: ‘Mande um robô para apanhar outro robô’” (NR:216). Outros dois provérbios aparecem num diálogo entre duas personagens do romance Fundação e Império: “As circunstâncias fazem o homem”, ao lado do seguinte provérbio, adaptado ao momento: “As leis de Seldon ajudam aqueles que se ajudam a si mesmos” (FI:1666). No romance As correntes do espaço, no capítulo com o título sintomático de “O Detetive”, há o seguinte diálogo entre as personagens denominadas “Grandes Nobres”, sobre certos acontecimentos narrados por um deles, e que demonstra o caráter detetivesco da história: “- As coincidências passam de toleráveis, não? Balle abriu os olhos e disse: - Isto é uma novela policial que você está nos contando. -Sim – gritou Fife com satisfação – uma novela policial. E por ora eu sou o detetive. - E quem são os acusados? – perguntou Balle em um sussurro cansado. - Ainda não. Deixe-me bancar o detetive um pouco mais” (CE:134). Na “Introdução” ao seu livro de contos com o também sugestivo título de Mistérios, Isaac Asimov deixa claro que a ficção científica pode muito bem abrigar histórias de mistério e, consequentemente, histórias policiais, podendo-se dizer ter sido ele que abriu essa possibilidade aos autores do gênero. Na citada introdução, diz Asimov: “Muitas pessoas revelam a tendência de só conseguirem classificar a ficção científica como um membro a mais do grupo de literaturas especializadas que inclui histórias de mistério, westerns, aventuras, histórias esportivas, histórias de amor, e assim por diante. Isso sempre pareceu estranho àqueles que conhecem bem a ficção científica, pois esta é uma resposta literária à transformação científica, e esta resposta pode percorrer toda a gama da experiência humana. A ficção científica, em outras palavras, inclui tudo” (ASIMOV, Mistérios, 1971:9). Esclarece o autor que decidiu comprovar o que dizia, e em 1953 escreveu uma novela de mistério de ficção científica, chamada The Caves of Steel (Caça aos robôs, na tradução para o português), publicada em 1954. Depois dela, escreveu várias pequenas histórias de mistérios, de ficção científica. Aliás, uma das mais instigantes personagens de Isaac Asimov é um detetive, Elija Baley, personagem central dos romances Os robôs, Caça aos robôs e Os robôs do amanhecer. Outro aspecto de nosso tempo transposto para outra era é a discriminação, tanto racial quanto social, como ocorre no romance 827 Era Galáctica, enfocada tal qual a conhecemos hoje, apenas tendo como vítimas os habitantes do planeta Terra, no imaginário e remoto futuro imaginado pelo autor. Questões descriminatórias também relativas às raças estão presentes em outras obras de Asimov, como Prelúdio da Fundação, em que faz referências às diferentes raças que habitavam os vários planetas do Império Galáctico, todas elas originárias de um único planeta, o planeta de origem de toda a humanidade, ou seja, a Terra, embora isso já tivesse sido praticamente esquecido. É a seguinte a descrição que Harri Seldon faz do professor Lisung Randa, considerado “um oriental” e na qual se nota, mal disfarçado, a sugestão de preconceito racial: “Randa era professor de psicologia: um homem baixinho e roliço, com um rosto redondo e jovial, e um sorriso quase perpétuo. Tinha a pele pálida e os olhos estreitos, traços que podiam ser encontrados nos habitantes de milhões de mundos. Seldon conhecia bem aquela aparência física, que era também a de muitos matemáticos ilustres, cujas biografias ele vira repetidas vezes; mas em Helicon jamais tinha encontrado pessoalmente um desses orientais. (Assim eram tradicionalmente chamados, embora ninguém soubesse por quê; e também se dizia que os próprios orientais não apreciavam essa denominação, embora também não se soubesse o motivo disso). ‘Existem milhões de nós aqui em Trantor’, dissera Randa, sorrindo com desembaraço, quando Seldon, ao encontrálo pela primeira vez, não conseguira ocultar totalmente sua surpresa. ‘Você também vai encontrar uma grande quantidade de meridionais, que têm pele escura e o cabelo fortemente encaracolado. Já viu algum?’ ‘Não em Helicon’, respondera Seldon. ‘São todos ocidentais em Helicon, heim? Que coisa mais sem graça! Bem, não importa. Há lugar para todo mundo.’ (Seldon perguntou-se a si próprio por que, diabos, havia meridionais, orientais e ocidentais, mas nenhum tipo que fosse chamado ‘os setentrionais’”). (PF:108). Aliás, a questão das diferenças raciais já aparece no livro As correntes do espaço, o primeiro romance sobre o Império Galáctico, paralelamente ao tema do planeta de origem da humanidade, nas reflexões do antigo analista espacial Dr. *Selim Junz: “O homem era bastante jovem, um recém-graduado talvez, e como todos os florinianos, muito claro de pele e na cor dos cabelos. O Dr. Junz teve uma sensação atávica. Ele mesmo viera do mundo de Libair, e como todos os libairianos, era de grande pigmentação e sua pele tinha um bronzeado profundo, rico. Existiam poucos mundos na Galáxia onde as cores das peles eram tão extremas como em Libair ou em Florina. Geralmente, a regra eram matizes intermediários. (...) Lendas de um passado de conflito prolongaram-se, por alguma razão, nos mundos em trevas. Os mitos libairianos, por exemplo, falavam de tempos de guerra entre homens de pigmentação diferente e a fundação do próprio Libair era atribuída a um grupo de negros refugiados de uma derrota em batalha” (CE:55). A mesma personagem refere-se a um mundo antigo e remoto, cuja linguagem, muito antiga, tinha uma palavra especial para um homem com pele escura: “Descobrira por acaso um dos remotos mundos do Setor Centauro durante seu trabalho; um daqueles mundos cuja história poderia ser contada em milênios e cuja linguagem era tão arcaica que seu dialeto bem poderia ser aquela linguagem perdida, mítica: o inglês” (CE:55) Essa personagem, por sua vez, é lembrada por um nobre sarkiano em certa situação em que fica clara uma atitude discriminatória, ao se referir a ele como “Um intrometido de pele escura e cabelo carapinha” (CE:176). É curioso que no romance 827 Era Galáctica, por intermédio da personagem *Bel Arvardan, o autor negue a existência de diferentes raças, uma teoria desenvolvida pela genética de hoje: “Entretanto, acho que talvez seria possível eliminar muitos fatores de atrito se pudéssemos comprovar que não existem diferenças raciais entre os Terrestres e os outros cidadãos da Galáxia” (827:145). Certo preconceito, não racial, mas social, é também lembrado em relação à educação das pessoas, manifestada em sua linguagem, outra situação atual, também transposta por Isaac Asimov para o futuro: a questão da língua usada num império descomunal, com bilhões de habitantes, que viviam em mundos diferentes. Asimov, numa alusão indireta ao esperanto, língua artificial - e pretensamente universal, por repousar na máxima internacionalidade das raízes das palavras e na invariabilidade dos elementos lexicológicos - criado em 1887 por Lejzer Ludwick Zamenhof, médico e linguista judeu-polonês, Asimov imagina a existência de um idioma a que denomina, primeiramente, “padrão interestelar”, no livro Os Robôs do Amanhecer, e, depois, “galáctico-padrão”, linguagem que seria usada por todos os habitantes do Império. Esse idioma, embora universal, não consegue fugir à dialetação, como se observa no romance As correntes do espaço em relação ao terrestre Rik e sua amiga Valona March, natural do planeta *Florina: [Valona] “falou com sotaque pronunciado, camponês, como esperado. A linguagem de Rik era cheia de vogais sonoras e tinha um toque anasalado. Eles riam de Rik por causa disso e imitavam sua maneira de falar, mas Valona lhe dizia que faziam isso somente por causa de sua própria ignorância. (...) Ocasionalmente os trabalhadores ouviam a pronúncia das pessoas educadas. Falavam diferente, mais fluentemente, com palavras compridas e tons mais suaves. Rik falava cada vez mais como eles, conforme sua memória melhorava” (CE: 14,16). Ao padrão interestelar, refere-se o Mestre Roboticista auroreano Kelden Amadiro, em conversa com o detetive da Terra Elijah Baley, no romance Os Robôs do Amanhecer: “Estou especialmente interessado na história passada da Terra, na época em que havia centenas de línguas, e o Padrão Interestelar ainda não tinha sido desenvolvido... Por falar nisso, permita-me que o cumprimente pelo seu conhecimento do Interestelar?” (RA:309). Outra referência à dialetação aparece, mais uma vez, no romance As Correntes do Espaço, como se depreende do seguinte excerto: “- Entrou no carro de uma garota? Que carro? Que garota? – Apesar de seu traje sarkiano, seu sotaque pertencia definitivamente aos mundos arcturianos do Império Trantoriano” (CE:167). O mesmo tema é abordado, embora indiretamente, no romance 827 Era Galáctica: ”- Pois bem, ele não fala nosso idioma, não é mesmo? Você constatou que é assim. Você entendeu alguma coisa que ele disse? Isso significa que ele deve estar chegando de algum canto longínquo da Galáxia, com um dialeto próprio” (827:24). Referência explícita à dialetação do Galáctico Padrão volta a ser feita no romance Prelúdio da Fundação, o primeiro do tema Fundação, na referência às cerimônias presididas pelo Imperador Cleon I, do Império Galáctico: “ (...) e Cleon tivera que escutar uma babel de sotaques que não se atenuavam nem um pouco quando o seu interlocutor se esforçava para imitar a pronúncia do Padrão Galáctico conforme ensinado na Universidade Galáctica” (PF:299). Ainda em relação às línguas faladas nos diversos planetas, além da dialetação, aparece uma forma, por assim dizer, “arcaica” do galáctico padrão, a que a personagem Janov Pelorat, historiador e conhecedor de línguas antigas, denomina “galáctico clássico”, falado pelos habitantes da ilha de Nova Terra, no planeta Alfa. Os habitantes de Nova Terra, os únicos do planeta, viviam em estado de completo isolamento, razão pela qual sua linguagem não sofre alteração, no decorrer do tempo. A referência ao “galáctico clássico” aparece no romance A Fundação e a Terra, e o planeta foi encontrado pelo historiador e por seus companheiros, Golan Trevize, natural do planeta Terminus, Bliss, natural do planeta Gaia, e a criança Fallon, do planeta Solaria. É a seguinte a cena do encontro dos viajantes com os habitantes de Nova Terra: “[Golan Trevize] Abriu os braços e disse: - Saudações. A jovem pensou por um momento e depois disse: - Saudações para vós e vossos companheiros. - Que bom! – exclamou Pelorat, alegremente. – Ela fala galáctico clássico, e com uma pronúncia perfeita! (...) Que oportunidade única para estudar galáctico clássico como uma língua viva!” (FT:336). As línguas antigas, antes faladas no planeta Terra e já esquecidas, também vêm à tona no primeiro e no terceiro romances sobre o Império Galáctico, respectivamente As Correntes do Espaço e 827 Era Galáctica, inclusive com referências expressas à língua inglesa, a língua de Asimov, embora fosse russo de nascimento. No primeiro dos romances citados, quem fala é o ex-analista espacial, Dr. *Selim Junz, que se refere a um mundo “..cuja história poderia ser contada em milênios e cuja linguagem era tão arcaica que seu dialeto bem poderia ser aquela linguagem perdida, mítica: o inglês” (CE:55) No romance 827 Era Galáctica, as personagens envolvidas são o arqueólogo Bel Arvardan, o físico Affet Shekt e Joseph Schwartz, que foi atirado, acidentalmente, do ano de 1949 para o ano e era que dão título ao romance: Arvardan estava murmurando alguma coisa. Depois disse [a Schwartz]: - Está bem. Vocês tinham um idioma, não é mesmo? - A Terra? Existiam muitos idiomas. - Qual era o idioma que você falava? - Inglês – quer dizer, quando me tornei um adulto. (...) - Schwartz, como é que você diz ‘mãe’ em inglês? Schwartz falou. - Hum. E ‘pai’... ‘irmão’... ‘um’ – quero dizer o algarismo... ‘dois’... ‘três’... ‘casa’... ‘homem’... ‘mulher’... Continuaram por algum tempo e quando Arvardan parou para tomar fôlego, parecia estupefato. - Shekt – falou – ou este homem está dizendo a verdade, ou eu sou vítima do mais absurdo pesadelo. O idioma que ele está falando é o das inscrições encontradas nos estratos que correspondem a cinqüenta mil anos atrás, em Sírio, Arturo, Alpha Centauri e mais vinte outros planetas. Entenda, ele está falando o idioma. Este idioma só foi decifrado durante a última geração, e além de mim, só existe mais uma dúzia de pessoas em toda a Galáxia que poderiam entendê-lo” (827:179). Outra referência a uma língua única, de caráter universal, no sentido próprio do termo, e a línguas antigas aparece em pelo menos outro trabalho de Asimov, o conto “Profissão”, da coletânea Nove amanhãs, de 1959, que trata do sistema educacional adotado em futuro remoto: “A Terra exporta instrução em fitas para profissões de baixa especialização e isso conserva a cultura galáctica unificada. Por exemplo, as fitas de leitura garantem uma única língua para todos nós. Não fique tão surpreso, outras línguas são possíveis e no passado existiram centenas delas” (p. 67). Em resumo, o que o leitor encontra, regra geral, nos livros de Asimov é a sociedade de hoje – e o homem de sempre – num cenário de amanhã. Diga-se de passagem que no universo do futuro de Asimov não existe lugar para outro tipo de vida inteligente, a não ser a dos habitantes da Terra e de seus descendentes que vivem em outros planetas, como fica claro no romance Os robôs e o Império, o último livro da série sobre Robótica: “(...) os astrônomos concordam que há milhões de planetas semelhantes à Terra em nossa Galáxia, planetas que poderiam ser habitados por seres humanos após os necessários ajustes ao meio ambiente (...). Contudo, nenhum desses planetas habitáveis descobertos até hoje tem a enorme variedade e excesso de vida que a Terra tem. Nenhum tem nada maior e mais complexo que uma pequena quantidade de minhocas, invertebrados parecendo insetos ou, no mundo das plantas, nada mais avançado que moitas de fetos. Nada de inteligência ou qualquer coisa semelhante” (RI:211) Asimov transpõe para o mundo que cria no futuro certos fatos que são do passado da humanidade. Por exemplo, faz referência indireta ao Império Romano quando denomina “Pax Trantoriana”, uma adaptação da Pax romana, à paz imposta pela força das armas por Trantor, o planeta-capital do Império Galáctico, bem como ao lembrar que o mesmo planeta-cidade, por seu poder, passou a se autodenominar “O Mundo Eterno”, numa referência a Roma, também chamada de “Cidade Eterna”. Aliás, explica o autor no livro O futuro começou, ao referir-se ao romance 827 Era Galáctica, de grande destaque no conjunto sobre o Império Galáctico, ao fazer observações sobre o conto “O frei negro da chama” (p.92): “...há também uma forte sugestão em “O frei negro da chama” de minha próxima novela longa, Pebble in the Sky, que seria publicada oito anos mais tarde. Em ambas, a situação que figurei na Terra foi inspirada pela Judéia sob os romanos. A batalha do clímax de “O frei negro da chama”, porém, foi inspirada pela Batalha de Salamina, a grande vitória dos gregos sobre os persas. (Ao contar a história do futuro, sempre acho mais prudente orientar-me pela história do passado. O que foi verdade na série Fundação, também)” (p. 126). É curioso observar também que Asimov leva para o imaginado Império Galáctico uma outra situação vivida na antiguidade, a disputa entre Religião e Estado em certas regiões dominadas pelo Império Romano, e que dispunham de religião própria, em tudo contrária às crenças pagãs do povo dominador, exatamente o caso da Judéia durante a dominação romana: o planeta Terra descrito no romance, então integrante do Império, e que dispunha de suas próprias crenças, baseadas em sua antiga grandeza, relatadas em livros sagrados, regra geral de leitura proibida a estrangeiros, e cujo governo não se curvava às imposições que pudessem ferir suas crenças religiosas. Veja-se, à guisa de exemplo, e em comparação com situação semelhante, vivida na Judéia, a seguinte passagem do referido romance: “É um fato que a Terra não admite qualquer insígnia que se refira à dominação Imperial neste planeta, pois sustentam que a Terra é a legítima governante da Galáxia. Quando o Jovem Stannel II, o imperador infante que, como você deve se lembrar, era levemente irracional e foi assassinado depois de apenas dois anos de reinado, mandou que as insígnias do Imperador fossem colocadas na Câmara do Conselho em Washenn. Era uma ordem perfeitamente razoável, porque as insígnias podem ser encontradas em qualquer Câmara de Conselho da Galáxia, como um símbolo da unidade Imperial. Mas o que foi que aconteceu? No mesmo dia em que as insígnias foram erguidas em Washenn, começaram os tumultos em toda a cidade. Os fanáticos de Washenn arrancaram as insígnias e atacaram os quartéis. Stannel II ficou furioso e insistiu que a ordem deveria ser cumprida, mesmo que significasse a necessidade de liquidar todos os Terrestres. Entretanto, foi assassinado antes que a ordem pudesse ser cumprida e seu sucessor, Edard, cancelou o decreto” (827:73). O Procurador do governo de Trantor na Terra, Ennius, nome claramente latino, refere-se às várias insurreições contra o Império ocorridas no planeta em que era acreditado, muito embora os revoltosos tivessem plena consciência de que, pelas armas, não tinham condições de chegar à vitória, devido a sua inferioridade, inclusive numérica. Diante disso, indaga o Embaixador: “Afinal, já foram esmagados três vezes. É impossível que ainda fiquem a se iludir. Entretanto, sabem que precisam se defrontar com duzentos milhões de mundos, que cada mundo é muito mais poderoso do que eles, e mesmo assim, confiam na vitória. Será que realmente podem ter tamanha fé em algum Destino ou em alguma força sobrenatural – alguma coisa que só eles entendem?” (827:74). No mesmo romance, há várias sugestões sobre o fato de o Procurador verse frequentemente obrigado a confirmar graves condenações impostas por tribunais religiosos a supostos criminosos, que, à luz das leis imperiais, não haviam cometido crime algum, mas que, de alguma forma, haviam infringido crenças locais. É o que dá a entender a seguinte passagem do livro: “Em raras ocasiões, quando o Governo Imperial da época, sempre um pouco sofisticado e arrogante, não via sentido nenhum nos mesquinhos preconceitos que dominavam a justiça terrestre, um outro Procurador anulava as condenações, mas em geral isto significava insurreições, ou pelo menos desordens. Na quase totalidade dos casos, quando Conselho pedia a pena capital, o Procurador a concedia. Afinal, os que deveriam ser atingidos eram apenas Terrestres...” (827:172). No romance Prelúdio da Fundação, ao tratar de Mycogen, um setor de Trantor cuja população, que se considerava um “povo eleito e privilegiado” (PF:448), acreditava descender diretamente dos habitantes do planeta Aurora, então confundida por Hari Seldon com o planeta Terra, observam-se as mesmas imposições dos tribunais locais, de caráter eminentemente religioso, sobre os tribunais do Império. Diante de um crime religioso, cometido por um estrangeiro, afirma uma espécie de líder religioso local que a lei de Mycogen não deveria vigorar em relação a cidadãos não-mycogenianos do Império, ficando reservada ao Imperador, por intermédio de seus representantes oficiais, a punição dos delitos, mas acrescenta: “- Talvez seja assim nas leis e nos documentos e nas telas de holovisão, mas neste momento não estamos tratando de teoria. Há muito tempo que o Grande Ancião tem o poder de punir crimes de sacrilégio sem que haja qualquer interferência do trono imperial“ (PF:287). Saudosistas de Aurora, seu planeta de origem, os mycogenianos, quando se encontravam, trocavam as seguintes palavras, à guisa de cumprimento, lembrando mais uma vez um comportamento judeu: “- Saudações a você, Irmão. (...)”. - Para ambos, em Aurora - disse o homem” (PF:278). Outra reminiscência do Império Romano encontra-se no romance Fundação, em que o personagem Salvor Hardin murmura para si mesmo, a respeito de um amigo: “- Você também, Brutus?” (F:65). Mais uma referência ao Império Romano aparece no romance Os robôs e o Império, nas palavras do bilhete que a personagem Levular Mandamus envia a Kelden Amadiro, que pregava a destruição da Terra, em favor da expansão dos Espacias pela galáxia. Diz o bilhete: Ceterum censeo, delenda est Carthago, (“Na minha opinião, Cartago deve ser destruída”), frase com a qual, no Império Romano, o senador Marcus Porcius Cato, ou Catão, preconizava a destruição da cidade de Cartago, rival de Roma, o que acabou por dar origem às Guerras Púnicas (RI:204, 205). Aliás, diga-se de passagem, Isaac Asimov jamais negou que os dois primeiros volumes da trilogia sobre a Fundação, ou seja, Fundação e Fundação e Império tenham sido inspirados no livro Ascensão e queda do Império Romano, do historiador inglês Edward Gibbon8. Numa outra situação, envolvendo Salvor Hardin, acusado de traição por um de seus conterrâneos, diz outra personagem, aludindo, sem mencioná-la, a uma passagem da Bíblia: “(...) e Lee continuou: - E em terceiro lugar, antes de sair, Semak gritou que você era um traidor e que ia a Anacreon para receber as trinta peças de prata” (F:80). Referência indireta a fatos do passado da Inglaterra, vamos encontrar, também, no romance Fundação e Império, em diálogo entre Cleon II, do Império Galáctico e seu secretário particular, *Brodrig, ao se referirem a um conselho do Império, denominado “Conselho dos Lordes” e a uma “Carta”, que faz lembrar a “Magna Carta” imposta a Dom João I, o rei da Inglaterra conhecido como João Sem Terra, em 15 de junho de 1215: Diz o secretário particular do Imperador: “- Podia ter sido melhor se seu augusto pai tivesse vencido a última rebelião sem ser obrigado a aceitar a Carta. Mas desde que ela existe, temos de suportá-la, por enquanto” (p.174). Outro romance em que a antiguidade clássica volta a ser lembrada, desta vez a Grécia, mais especificamente as cidades de Esparta e Atenas, é Os robôs, em passagem no qual um sociólogo do planeta Solaria, chamado Anselmo Quemort, explica ao detetive terrestre Elijah Baley a similaridade que vê entre a população de seu planeta e a população de Esparta. Diz o sociólogo: 8 Edward Gibbon, historiador inglês (1737-1794) publicou integralmente, na Inglaterra, sua História do declínio e queda do império romano, que cobre a história da Roma imperial, do império bizantino e da alta Idade Média ocidental no ano de 1788. É considerada um marco no campo da história e a primeira obra moderna de história. “Esparta, no seu auge, consistia num relativamente pequeno número de espartanos, os únicos dignos desse nome, mais uma classe secundária de indivíduos, ligeiramente maior em número, e uma grande quantidade de verdadeiros escravos, os ilotas. O ilotas eram maioria de vinte para um espartano e, apesar de possuírem sentimentos humanos e qualidades também humanas, eram completamente dominados pelos espartanos. (...) Nós, os seres humanos do Planeta Solaria, somos equivalentes, de certa forma aos espartanos. Também temos os nossos ilotas, que são máquinas, e não seres humanos” (R:146). Acrescenta o sociólogo que para manter o domínio sobre os escravos, os espartanos tornaram-se especialistas militares, a fim de assegurar que aqueles escravos não se rebelassem contra seus senhores. Da mesma forma, em Solaria, nada havia a temer dos robôs, também em imensa maioria, em decorrência das Leis da Robótica. Nem só na “História do Futuro” Asimov se vale de fatos históricos ou de tradições históricas ou de caráter histórico. Num de seus antigos contos, “Knossos em sua glória”, (O futuro começou, p. 45), por exemplo, apela para a mitologia grega, e diz desse conto: “era uma ambiciosa tentativa para recontar o mito de Teseu em termos de ficção científica. O minotauro era um extraterrestre que havia aterrissado na antiga Creta com a melhor das intenções, e lembro-me ter escrito numa prosa terrivelmente empolada, numa tentativa de fazer meus cretenses falarem como deveriam fazê-lo personagens homéricos”. Aliás, diga-se de passagem, não é privilégio da ficção científica do jovem Asimov tentar explicar lendas da mitologia por intermédio de visitas de extraterrestres amigáveis e bem intencionados. O fato é que o exercício da intertextualidade é quase uma constante na obra ficcional de Isaac Asimov, o que acaba de contribuir para que o leitor, de certa forma, se sinta mais próximo de sua própria realidade, e não em um mundo e em um tempo totalmente dissociados de seu próprio mundo e de seu próprio tempo. Asimov recorre também, com grande frequência, a seus próprios textos, relacionados ou não com as três séries aqui referidas, com abundantes exemplos do tipo de intertextualidade denominada intratextualidade. Certa questões, algumas atuais relativas a religião e a estados teocráticos, por exemplo, e o que representam para a vida social, inclusive com sérias repercussões nas relações entre os sexos, como a segregação das mulheres, estão transpostos para mais de um dos livros de Asimov, constituindo exemplo marcante a visão social da mulher no chamado Setor de Mycogen, no livro Prelúdios da Fundação (PF:203). Esse mesmo setor, com sua religião de caráter fundamentalista, leva Asimov a criar determinadas situações que aproximam a narrativa ficcional a narrativas bíblicas, especialmente as do “Velho Testamento”, uma vez que a religião mycogeniana também tinha um livro sagrado, chamado simplesmente O Livro. Veja-se, por exemplo, o seguinte trecho de diálogo entre os persongens Hari Seldon e Dors Venabili, a propósito das crenças religiosas de Mycogen: Na escuridão, disse em voz baixa: - Além do mais, algumas das coisas que eles dizem são ridículas. Por exemplo, eles dizem que em seu mundo havia uma expectativa de vida em torno de três ou quatro séculos. (...) - Se você está inclinado a acreditar nisso, é bom lembrar que muitas lendas sobre épocas primitivas atribuem aos líderes desses tempos uma extrema longevidade. Você entende: se eles são descritos como incrivelmente heroicos, é de supor que a duração de suas vidas esteja à altura de suas façanhas” (PF:239). Mas nem só de religiões antigas vale-se Isaac Asimov: os agricultores que habitavam Trantor, depois da desagregação do Primeiro Império Galáctico e após o denominado Grande Saque foram por ele denominados “hamish”, numa alusão direta à seita atual. Assim, ao transpor para um futuro seres humanos contemporâneos e suas histórias, para ele transpõe também sentimentos e situações vividos pelo homem em seu próprio tempo e em seu próprio espaço. Assim é que, não obstante ter aceitado, durante muito tempo, a “paternidade” dos robôs e sua manifesta simpatia por seus “filhos”, no primeiro romance da série, Caça aos Robôs, pela boca de uma personagem não esconde a inquietação própria da atualidade, feitas as adaptações para o futuro que imagina, com a possibilidade de os robôs chegarem a substituir a mão de obra humana, naqueles trabalhos que podem ser realizados pelo homem: “Estes não são homens! São ro-bôs! – Ela esticou as sílabas. - Vou explicar a vocês o que eles fazem. Roubam os empregos de nossos homens. E ainda são protegidos pelo governo porque trabalham sem remuneração. Por causa disto tem famílias obrigadas a viver em barracos e a comer mingau de levedura não processada. São famílias decentes, famílias de trabalhadores. Se eu mandasse, todos os robôs seriam destruídos, eu garanto!” (CR:39). No conto “Escravo”, de Nós, robôs, que trata de um robô especializado em revisão gráfica, o personagem Simon Ninheimer, que se apresenta como “um artista criativo”, uma vez que projeta e elabora artigos e livros, deixa clara sua indignação para Susan Calvin, a especialista em robôs e defensora da utilização deles, diante do fato de os robôs estarem substituindo o homem, não apenas como trabalhadores, mas como criadores de obras de arte, e que, no processo de criação, com elas interage intimamente, inclusive fisicamente. A citação é esclarecedora: “Por duzentos e cinquenta anos, a máquina tem substituído o homem e destruído o artesanato. A cerâmica é cuspida a partir de moldes e prensas. Obras de arte são substituídas por bugigangas idênticas, estampadas. (...) O artista fica restrito a abstrações, confinado ao mundo das idéias. Precisa apenas imaginar algo, desenhar, e então a máquina faz o resto. Acha que o ceramista fica contente com a criação mental? Acha que a idéia é o bastante? Que não há nada em apalpar a argila, observar a coisa aparecer enquanto a mão e a mente trabalham juntas? Acha que o surgimento do objeto não age como realimentação para modificar e aperfeiçoar a idéia?” Acrescenta, ainda, a personagem Simon Ninheimer, referindo-se a seu trabalho como escritor: “Um livro deve ir tomando forma nas mãos do escritor. É preciso ver concretamente os capítulos crescerem e se desenvolverem. É preciso trabalhar, reelaborar e observar as mudanças que ocorrem até mesmo na concepção original. É preciso pegar as provas na mão e ver como as sentenças aparecem impressas e remoldá-las. Há uma centena de contatos entre um homem e sua obra a cada etapa do jogo, e o contato em si é agradável e paga uma pessoa pelo trabalho que tem com sua criação mais do que qualquer outra coisa. E seu robô levaria embora tudo isso!” (NR: 344). No conto “Para que vos ocupeis dele”, do conjunto a que o autor deu o título geral de “Dois Clímaxes”, da coletânea Nós, robôs, Asimov explica o que chama de “complexo de Frankestein da humanidade”: “no íntimo, [os seres humanos] temem que qualquer homem artificial que criem se volte contra o seu criador. Os homens temem que os robôs possam substituir os seres humanos” (NR:483). Asimov, no entanto, jamais criou monstros dotados de inteligência artificial, como esclarece na “Introdução” de Os novos robôs: “nunca, jamais, um de meus robôs voltou-se estupidamente contra seu criador sem outra finalidade a não ser demonstrar, mais uma vez, o crime e o castigo de Fausto.” Aliás, o temor despertado pelos robôs nos seres humanos é um tema recorrente na maioria dos romances e contos de Asimov, e se manifesta de forma mais concreta exatamente nas palavras de um roboticista, no romance The Naked Sun, (Os robôs, na tradução para o português), que reage apavorado a uma afirmação do detetive terrestre Elija Baley, encarregado de esclarecer um assassinato no planeta Solaria, um verdadeiro “paraíso dos robôs”. Diz o especialista em robôs: “Qualquer coisa, por menor que seja, que possa gerar desconfiança em relação aos robôs é ruim. A desconfiança em relação aos robôs é uma enfermidade humana. (...) Você sabia que os robôs criaram, no princípio de sua existência, um adverso complexo de Frankenstein? Todos tinham medo deles. As pessoas desconfiavam dos robôs e os temiam. Como consequência disso, a robótica era quase uma ciência oculta. Num esforço para vencer essa desconfiança, foram gravadas nos robôs as Três Leis da Robótica, mas ainda assim a Terra não permitiu jamais o desenvolvimento de uma sociedade robótica. Um dos motivos que os pioneiros tiveram para deixar a Terra e colonizar o resto da Galáxia foi criar sociedades nas quais os robôs libertariam os homens da pobreza e do trabalho. Mesmo então havia uma suspeita latente que se manifestava ao menor pretexto” (R:202). Como ficcionista do futuro, uma espécie de autor de romances históricos às avessas, pois não se volta para o passado histórico, mas para uma história premonitória do futuro, emprega, não poucas vezes, os mesmos recursos dos primeiros, com vistas a dar cunho de realidade a suas narrativas. Assim, por exemplo, na primeira citação que faz de um dos verbetes da Enciclopédia Galáctica, no livro Prelúdio da Fundação, dá-se ao requinte de acrescentar a seguinte nota ao pé da página, que acaba por constituir, também, um exemplo do refinado senso de humor que consegue transmitir em sua obra, aprimorado ao longo dos anos e de sua produção ficcional: “Todas as citações extraídas de Enciclopédia Galáctica aqui reproduzidas são de sua 116.a edição publicada no ano de 1.020 E. F., pela Companhia Editora Enciclopédia Galáctica, Terminus, com a autorização dos editores.” É curioso lembrar que, da mesma forma que os autores de romances históricos tradicionais, especialmente os do século XIX e, no século XX, Umberto Eco, por exemplo, ao reconstituírem o passado se valem de certos artifícios que visam a infundir credibilidade em sua narrativa, como a criação de certas situações e de descrições com aparente cunho de realidade, também o faz Asimov, como, por exemplo, na seguinte passagem de As correntes do espaço: “Na cama, olhando fixamente para o teto tenuamente iluminado, decorado com afrescos (em que luzia uma cópia com moderada habilidade da “Batalha das Luas Arcturianas”, de Lenhaden) e ele sabia que não iria dormir” (CE:151). Lidando com situações, personagens e ações que se passam não num passado de linguagem conhecida ou passível de reconstituição, se em desuso, mas num futuro remoto e apenas possível, vê-se obrigado, se não a criar uma linguagem nova, pelo menos construir palavras que indiquem situações e fatos sem correspondentes linguísticos nos nossos dias. Por outras palavras, para usar terminologia própria da linguística, conteúdos hoje ainda sem continentes, com base em elementos linguísticos reconhecíveis, para citar tais situações ou mesmo personagens. É o que acontece, por exemplo, com os neologismos que cunhou, como a palavra “terraformar”, de fácil reconstituição e que, como ele mesmo esclarece, significa alguma coisa como dar a conformação do planeta Terra a outro planeta qualquer. Já a palavra “robô”, cuja criação muitas vezes é a ele creditada, na realidade, segundo Houaisss, deriva do francês robot (1924), por sua vez derivado de idiotismo da língua tcheca, também robot, forma de robota, que significa ‘trabalho forçado’, termo criado pelo escritor checo Karel Capek (1890-1938), que a empregou pela primeira vez na peça R.U.R. (Os robôs universais de Rossum), de 1921, traduzida para o inglês em 1923. A palavra foi, posteriormente, incorporada às demais línguas. Asimov foi responsável, no entanto, pela criação ou, quando nada, pelo primeiro emprego da palavra “robótica” num texto escrito, como ele próprio explica na “Introdução” à edição portuguesa da coletânea Sonhos de Robot: “Comecei a escrever histórias de robots em 1939, quanto tinha dezenove anos, e comecei desde o início a visualizá-los como máquinas, cuidadosamente construídas por engenheiros, com salvaguardas inerentes a que chamei “As Três Leis da Robótica” (ao fazê-lo, fui o primeiro a usar a palavra ‘robótica’ impressa, o que aconteceu na edição de Astounding Science Fiction de março de 1942” (ASIMOV, Sonhos de robot, p. 11). Curiosamente, dentro de sua visão histórica de futuro verossímil, ou nas histórias e situações imaginadas para um futuro remoto, aparece também a figura do historiador voltado para um passado que ainda não aconteceu nos seus dias, como é o caso, por exemplo, da citada “questão das origens”, que não é nada mais nada menos do que a procura, no futuro, do que aconteceu num passado distante e já esquecido. Talvez por isso, o autor afirme: “há mais numa história de ficção científica do que a ciência que contém. Há também a história”. Como não poderia deixar de ser, as figuras literárias criadas por Asimov têm também conotação com o futuro e, mais ainda, com o espaço, palco preferido para seus atores, como na seguinte comparação, em que descreve uma luta entre duas personagens do romance Vigilante das Estrelas, o qual também não se liga aos temas aqui tratados: “Bigmam desviou-se para um lado, e sua mão espalmada atingiu com violência o rosto lisamente escanhoado do outro. A bofetada produziu um forte estampido, como se fosse um meteoro atingindo as primeiras camadas de ar espesso acima de um planeta” (p. 79-80). É curioso observar que Isaac Asimov não esquece a própria ficção científica, e o que ela representa, no futuro por ele imaginado. Assim no romance 827 Era Galáctica, ao abordar ligeiramente a questão da origem da humanidade, refere-se a duas correntes, uma que considera ortodoxa, e outra de caráter heterodoxo. Esta última, “era a teoria favorita dos autores de ficção científica da época, e ao mesmo tempo, o escândalo aos olhos de qualquer arqueólogo respeitável” (827:30). Acrescente-se, ainda, que nas palavras de Asimov está implícita a ideia, da qual já se tratou anteriormente, da pouca “respeitabilidade“ da fição científica diante das correntes ortodoxas da literatura. É também curioso observar que o lado, por assim dizer, “cientificista” da ficção não obscureceu o lado do primoroso escritor que foi Asimov, fazendo com que suas personagens humanas sejam apresentadas como seres reais, dotados de aspectos psicológicos e de comportamentos quase sempre esquecidos pelos autores de ficção científica, preocupados, antes de tudo com o lado “científico” e não com o “ficcional” de sua obra, ou seja, com a realidade vista pelo autor. O ficiconista Isaac Asimov, não poucas vezes, procura explicar certas peculiaridades do comportamento humano, no futuro por ele previsto, com base em comportamentos similares de seus contemporâneos, diante de situações semelhantes àquelas que prevê. É o que acontece, por exemplo, no prefácio da antologia Histórias de robôs, com o título “Os robôs, os computadores e o medo”, no qual explica que o medo por ele previsto nada mais seria do que a projeção futura da reação do homem de seu próprio tempo diante do progresso tecnológico, reação a que denomina “tecnofobia”, e que provavelmente sempre existiu, “uma vez que não há sentimento mais natural do que desconfiar de tudo o que é novo e apegar-se ao que foi ‘testado e aprovado’, ou seja, àquilo a que já nos acostumamos. A experiência histórica, porém, demonstra que a aceitação da novidade é tão lenta e paulatina que a tecnofobia limita-se a ser apenas uma espécie de extravagância que atrasa ainda mais o progresso, aumentando a lentidão do que já é lento por natureza” (ASIMOV, 2004, p. 7). Por tudo o que se viu, pode-se afirmar que em Isaac Asimov, o professor, o cientista, o doutor em Bioquímica, acostumado ao uso de uma lógica cartesiana, precisa, experimentada e comprovada, convive harmonicamente com o ficcionista, que desconhece barreiras para a criação, e para o qual um dado eminentemente cientifico pode servir de base para a criação imaginativa do atualmente impossível ou do teoricamente improvável. 5. Uma explicação à guisa de conclusão Com a presente compilação, à qual se deu o título, talvez um tanto pretensioso, de Anotações para um dicionário factual da “História do Futuro”, de Isaac Asimov, o que se pretendeu foi auxiliar os leitores do grande ficcionista a compreender melhor o conjunto de sua obra relativa aos três grandes temas nele mencionados. Nestas anotações, em momento algum se antecipa a agradável surpresa e incomparável prazer de encontrar, na própria obra, o sabor deixado pela extraordinária imaginação do escritor, sua habilidade literária, sua narrativa amena e de fácil compreensão, e muito menos seu lado ardiloso e sutil de detetive, como no romance traduzido no Brasil com o título Caça aos Robôs (The Caves of Steel) que faz dele um autor de tramas policiais à altura de um Arthur Conan Doyle. Neste trabalho estão relacionados, em verbetes dispostos em ordem alfabética, os nomes de personagens, mundos, máquinas e aparelhos descritos pelo autor, os títulos de contos e livros, bem alguns conceitos que povoam seu universo imaginário, indicadas as obras em que se encontram pelas abreviaturas abaixo relacionadas. Ao lado disso, aparecem também verbetes com explicações encontradas em obras que não integram o conjunto de temas aqui tratados, mas cuja compreensão pode facilitar o entendimento dos livros da série. Nesses casos, o título da obra em que aparecem no interior do verbete são indicados por extenso, e as informações bibliográficas completas encontram-se nas referências. Quando o livro de onde foi retirada a explicação é de Isaac Asimov, dispensa-se a indicação do autor. No interior dos verbetes, as palavras precedidas de asterisco são entradas de outros verbetes. Nas citações dos excertos retirados dos quinze livros de Asimov, seus títulos foram indicados por meio de abreviaturas, seguida de dois pontos e do número da página de onde foram retiradas, já que poucas das traduções trazem data. As abreviaturas, seguidas dos títulos completos são as seguintes, aqui dispostas em ordem alfabética: CE - As correntes do espaço CF - Crônica da Fundação CR - Caça aos robôs F - Fundação F2 - Fundação II FI - Fundação e Império FT - A Fundação e a Terra NR - Nós, robôs 827 - 827 era galáctica PE - Poeira de estrelas PF - Prelúdio da Fundação R - Os robôs RA - Os robôs do amanhecer RI - Os robôs e o Império SF - Segunda Fundação 6. ANOTAÇÕES PARA UM DICIONÁRIO FACTUAL DA “HISTÓRIA DO FUTURO”, DE ISAAC ASIMOV Abbe Levver. Personagem do conto “*Fuga!”, do conjunto de dez contos com o título geral de “*Susan Calvin”, da coletânea *Nós, robôs. (NR:394). Adágios criados por Isaac Asimov na “*História do Futuro” “Um robô caça-se com outro robô” (NR – I:235). Adam Orsino. Engenheiro, personagem do conto “*Pense!”, do conjunto de contos com o título geral de “*Alguns robôs imóveis”, da coletânea *Nós, robôs. Affret Shekt. Físico, personagem do romance *827 Era Galáctica. A Fundação e a Terra. FT, nas citações. No original norte-americano, Foundation and Earth, de 1983. Décimo quinto romance da série “*História do Futuro” e sexto romance em que a *Fundação é o tema predominante. Albert Minnin. Personagem do romance *Os robôs, apresentado como chefe do detetive *Elijah Baley: “O Subsecretário Albert Minnin era um homem de pequena estatura, aparentemente com uma certa tendência para engordar, de cabelos grisalhos, feições muito decididas e definidas e, acima de tudo, possuindo uma expressão imensamente inteligente. Todo o seu aspecto manifestava cuidado e asseio exemplares (...)” (R:10). Albert Minnin volta a ser citado no romance *Os robôs do amanhecer (RA:23). Alfa. Nome de uma estrela e do planeta que gira em torno dela, no romance A Fundação e a Terra. Com a descoberta do planeta, e a partir do signiificado de seu nome, *Golan Trevize e *Janov Pelorat, personagens do romance e de *Fundação II, que o encontraram, acreditaram haver localizado o então já esquecido planeta *Terra, em busca do qual viajavam pelo espaço. Explica Pelorat a seu companheiro, para o qual a palavra “alfa” nada significava: “Alfa é a primeira letra do alfabeto daquela língua antiga. É uma das poucas coisas que sabemos com certeza. Além disso, ‘alfa’ era também usado como número ordinal, para significar ‘primeiro’. Assim, se uma estrela é chamada de ‘Alfa’, é porque é a primeira. A primeira estrela não teria de ser aquela em torno da qual gira o primeiro planeta em que a vida humana se desenvolveu... a Terra?” (FT:321). Ainda sobre o nome do planeta, explica um de seus habitantes, a jovem *Hiroko, respondendo a pergunta de Golan, usando a linguagem local, que Janov Pelorat denominou de “*galáctico clássico”: “O nome é Alfa. Na verdade, aprendemos que o nome correto é Alfa Centauri, mas o chamamos apenas de Alfa e, como podeis ver, é um mundo deveras airoso” (FT:337). Alfred Barr Humboldt. Matemático, personagem do conto “*Imagem especular”, do conjunto de contos reunidos sob o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, de *Nós, robôs. A personagem, que viajava para o planeta *Aurora, envolveu-se em disputa científica com seu colega *Gennao Sabbat, resolvida pelo detetive terráqueo *Elijah Baley, graças à intervenção do robô *Daneel Olivaw, que assim se refere ao matemático: “O dr. Humboldt é um dos três maiores matemáticos de toda a galáxia com uma reputação há muito estabelecida” (NR:181). Alfred Lanning. Personagem do conto “Mentiroso!”, do conjunto de dez contos com o título geral de “*Susan Calvin”, da coletânea *Nós, robôs. Lanning é brevemente descrito como tendo sobrancelhas grisalhas e longo cabelo branco, além de “olhinhos penetrantes”, os quais o tornavam semelhante a um patriarca bíblico (NR:269). Também aparece ou é citado nos demais contos da mencionada coletânea, como “*Satisfação Garantida”, “*Lenny”, “*Escravo”, “*O Robozinho Perdido”. “Alguns robôs humanoides”. Título de um conjunto de três contos, reproduzidos no livro *Nós, robôs. Os contos do conjunto são os seguintes: “*Vamos nos unir”, “*Imagem Especular” e “*O Incidente do Tricentenário”. “Alguns robôs imóveis”. Título dado por Isaac Asimov a um conjunto de três contos, reproduzidos na coletânea *Nós, robôs. Os contos do conjunto são os seguintes: “*Ponto de Vista”, “*Pense!” e “*Amor Verdadeiro”. “Alguns robôs metálicos”. Título dado por Isaac Asimov a um conjunto de seis contos, reproduzidos na coletânea *Nós, robôs. Os contos do conjunto são os seguintes: “*Robô AL-76 Extraviado”, “*Vitória Involuntária”, “*Estranho Paraíso”, “*Versos na Luz”, “*Segregacionista” e “*Robbie”. “Alguns robôs não humanos”. Título de conjunto de três contos, reproduzidos na coletânea *Nós, robôs. Ainda segundo o autor, esses contos tratam de robôs com forma não humana, e ainda que se poderá notar neles tanto a presença do conceito de “robô-enquanto-pathos”, bem como a sugestão de “robô-enquantoameaça”, a que se referiu na introdução deste trabalho. Os contos do conjunto sobre robôs não humanos são: “*O Melhor Amigo de um Garoto”, “*Sally” e “*Um Dia”. Almanaque Galáctico Padrão. Livro mencionado no romance Poeira de estrelas. O livro trazia informações sobre a posição das estrelas então conhecidas: “Havia ali dezenas de milhares de estrelas descritas, com suas posições registradas por intermédio de três números. Centenas de páginas eram cobertas com esses números, simbolizados pelas letras gregas (rho), (theta) e (phi)” (PE:137). AL-76. Identificação, ou “número de ordem”, de um robô do conto “*Robô AL-76 Extraviado”, da série com o titulo geral de “*Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Altim Thool. Personagem do romance *Os robôs; médico do planeta *Solaria, quando ali esteve o inspetor *Elijah Baley, para solucionar o assassinato do *espacial *Rikaine Delmarre. A respeito do médico, há a seguinte informação: “O inspetor nunca vira antes um Espacial de idade tão avançada. Devia ter uns trezentos anos e todo o seu aspecto, incluindo o cabelo completamente branco, indicava que já começava a entrar na senilidade. Chamava-se Altim Thool e Baley não simpatizou com ele, logo de início ” (R:104). Alvin Magdescu. Personagem do conto “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “Dois clímaxes”, da coletânea *Nós, robôs. Da personagem, o autor diz o seguinte: “um moreno de cabelo escuro e cavanhaque pontudo, que não usava nada acima da cintura, salvo a faixa, à altura do peito, que a moda impunha (NR:532). Amanda Laura Martin Charney. Personagem do conto “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “*Dois clímaxes”. Os contos foram reproduzidos na coletânea *Nós, robôs. A personagem também é chamada “*Menina” e “*Mandy”, em outras traduções do conto (NR:513). Amberley. Personagem mencionada no conto “*Vamos nos unir”, da coletânea Nós, robôs, do conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”. A personagem é apresentada como secretário da Ciência. (...) Fora decano da Engenharia Noroeste antes de sua designação. Era magro, de traços marcantes e visivelmente irritadiço” (NR:169). Ammel Brodrig. Personagem do romance *Fundação e Império. Secretário particular do imperador *Cleon II, do *Império Galáctico. A personagem *Ducem Barr, do mesmo romance, dá a seguinte descrição de Ammel Brodrig “É um covarde de origem humilde que tem subido graças ao fato de lisonjear constantemente os caprichos do Imperador. É muito odiado pela aristocracia da corte, que também é composta de vermes, porque para ele não existem família nem humildade. É ele que dita a opinião do Imperador em todas as coisas, e é o instrumento do Imperador nas coisas mais desagradáveis. É falso por natureza, porém leal por necessidade. Não há homem no Império tão sutil na vilania ou tão cruel nos prazeres. E diz-se que não há maneira de conseguir favores do Imperador senão por seu intermédio; e o único caminho para consegui-lo é através da infâmia” (FI:191). “Amor Verdadeiro”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra a série da coletânea a que o autor deu o nome de “*Alguns robôs imóveis”. Analista espacial. A figura do analista espacial, especificamente o analista então conhecido como *Rik, aparece no livro *As correntes do espaço. A atividade do analista espacial fazia dele uma pessoa especial, como se explica no mencionado romance: “Não é surpreendente que o analista espacial seja por temperamento um indivíduo introvertido e, com bastante frequência, mal ajustado. Devotar a maior parte de sua vida adulta ao solitário registro do terrível vazio entre as estrelas é mais do que pode ser pedido a alguém inteiramente normal. É talvez com certa compreensão disso que o Instituto Analítico-espacial adotou como seu slogan oficial a afirmação, um tanto deturpada, Nós Analisamos Nada” (CE:39). Mais adiante, Rilk dá a seguinte explicação sobre os analistas espaciais: “Eu descobri por que eu era um analista espacial. Sei por que quase um terço de todos os analistas espaciais é recrutado em um só planeta, a *Terra. Qualquer pessoa que viva em um mundo radiativo está fadado a crescer com medo e insegurança. Um passo em falso pode significar morte, e a superfície de nosso próprio planeta é o maior inimigo que temos. Isso faz com que uma espécie de ansiedade desenvolva-se em nós, Dr. Junz, um medo dos planetas. Somente estamos felizes no espaço; é o único lugar em que podemos nos sentir seguros” (CE:204). Anciões. v. Sociedade dos Anciões. Anderson (Sr. e Sr.a). Personagens do conto “*O Melhor Amigo de um Garoto”, do conjunto de contos com o título geral de “*Alguns robôs não humanos”, da coletânea *Nós, robôs. Andrew Martin. *Robô, personagem de um dos mais felizes contos de Asimov, “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias às quais Asimov deu o título geral de “*Dois clímaxes”, da coletânea *Nós, robôs. O autor faz a seguinte descrição de Martin: “Seu cabelo castanho-claro era liso e fino, e em seu rosto não havia pelos. Sua aparência era a de quem tivesse se barbeado bem, e recentemente. Suas roupas eram nitidamente antiquadas, porém limpas, com uma predominância de um aveludado vermelho-púrpura” (NR:505). Andrew Martin foi lembrado no romance *Os robôs do amanhecer, por *Han Fastolfe, que diz ao detetive terrestre *Elijah Baley, quando este lhe confessa nunca ter ouvido falar daquele *robô: “- Que estranho! Todas as velhas lendas dos senhores dão à Terra como seu berço e no entanto não é conhecido nela. Andrew Martin foi um robô que pouco a pouco, passo a passo, foi considerado como se tornando humaniforme. Não há dúvidas de que, antes de Daneel [Olivaw], existiram robôs humaniformes, mas todos simples brinquedos, pouco mais que autômatos. Apesar disso, contaram-me histórias incríveis sobre a capacidade dele: um sinal seguro da natureza lendária do relato. Houve uma mulher, parte das lendas, conhecida geralmente como Mocinha. A relação é muito complicada para ser contada agora, mas suponho que cada menina em Aurora sonhou ser Mocinha9 e ter Andrew Martin como robô. Vasilia [Fastolfe] também... e Giskard foi seu Andrew Martin” (RA:191). Androide. Na coletânea de contos *Nós, robôs, Isaac Asimov dá a seguinte explicação sobre os chamados androides: “Na ficção científica, não é raro haver um robô construído pelo menos com uma superfície de carne sintética; e uma aparência, no melhor dos casos, indistinguível da aparência do ser humano. Às vezes, esses robôs humanoides são chamados “androides” (de uma palavra grega que significa ‘semelhante ao homem’), e alguns escritores fazem meticulosamente a distinção. Eu, não. Para mim, um robô é um robô” (NR:161). Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, a palavra é formada de andr(o) + oide, sob influência do francês androïde, e significa “semelhante ao homem; antropoide. Autômato que tem figura de homem, cujos movimentos imita. Em sentido figurado, boneco, fantoche”. No conto “*O incidente do Tricentenário”, da coletânea *Nós, robôs, pelo menos numa passagem as palavras “androide” e “robô” são usadas como termos sinônimos: “Por que quereria o presidente destruir um androide semelhante a ele, que lhe foi de valiosa ajuda ao longo dos três primeiros anos de seu mandato como presidente? E se, por qualquer razão, ele quisesse destruir o robô, (...) por que desejaria fazê-lo de uma maneira tão escandalosamente pública?” (NR:201). Angus. Nome de um dos “*robôs não humanos” do conto “*Sally”, da coletânea *Nós, robôs. Anselmo Quemot. Personagem do romance *Os robôs, sociólogo do planeta *Solaria, na época em que ali esteve o inspetor de polícia terrestre *Elijah Baley, enviado ao planeta com a finalidade de desvendar um misterioso assassinato: “O sociólogo era um homem já idoso, com o cabelo completamente branco e a expressão do seu rosto parecia indicar uma inteligência fora do normal. Os seus olhos, muito vivos, estudavam cuidadosamente Baley, e tudo, no seu aspecto, indicava que era um homem ativo e, certamente, um profissional muito eficiente. 9 Em outras traduções do conto, como, por exemplo, na de Milton Persson, a personagem é chamada Filhinha. Na tradução de Norberto de Paula Lima e Mário Silva Molina Caetano, edição do Círculo do Livro, usada nas citações, o nome é “Menina”. Chamava-se Anselmo Quemot e era (...) o mais cotado sociólogo10 do Planeta *Solaria” (R:134). Anthony Smith. Personagem do conto “*Estranho no paraíso”, da série com o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Anti-Aut. Denominação que se dava *William, personagem do conto “*Estranho no paraíso”, da série com o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”, de *Nós, robôs. Anti-Mulas. A expressão aparece no romance *Fundação II, criada pelo *Primeiro Orador da *Segunda Fundação e indica, segundo esclarece a Oradora *Delora Delarmi, da mesma Fundação, os membros de uma suposta organização que parecia “trabalhar para manter a Galáxia no caminho do Plano de Seldon, ao invés de desagregá-lo, como fez o próprio Mula” (F2:171). Arbin Maren. Personagem do livro *827 Era Galáctica. Casado com *Loa Maren, em cuja casa se acolheu *Joseph Schwartz, acidentalmente transportado do ano de 1949 para o ano de 827 da *Era Galáctica (827:19). Arcádia Darell. Personagem do romance *Segunda Fundação, sobre a qual o autor extraiu a seguinte anotação da Enciclopédia Galáctica: “Darell, Arkady, romancista, nascida em 11/5/362 E.F. e falecida em 1/7/443 E.F. Embora escritora de ficção, Arkady Darell é mais conhecida pela biografia de sua avó Bayta Darell. Baseada em informações de primeira mão, serviu durante séculos como fonte principal de informação em relação ao Mula e aos seus tempos... Tal como ‘Memórias Devassadas’, a sua novela ‘O Tempo, o Tempo, e para além do Tempo’ é um reflexo emocionante da brilhante sociedade Kalganiana do princípio do interregno, baseada, ao que se diz, numa visita a Kalgan na sua juventude... (Enciclopédia Galáctica)” (SF:396). Arcádia Darell volta a ser lembrada no romance Fundação II: “Era pouco lembrado que o *Mula fora, essencialmente, derrotado por uma só pessoa, uma mulher: Bayta Darell, e que ela conquistou esta vitória sem a ajuda de ninguém, sem sequer o apoio do *Plano de Seldon. Assim também foi esquecido que seu filho e sua neta, *Torã e *Arcádia Darell tinham derrotado a *Segunda Fundação, deixando a *Fundação, a *Primeira Fundação, suprema” (F2:34). Dependendo da tradução e da edição, às vezes aparece a forma Arkady Darell. Arkady Darell. v. Arcádia Darell. As Correntes do Espaço. (CE, nas citações). No original norte-americano, The Currents of Space, de 1952. É o sexto livro da série “*História do Futuro” e o primeiro que tem o *Império Galátctico como tema predominante. Assimilacionismo. No romance *827 Era Galáctica, teoria que pregava o abandono dos velhos costumes do planeta *Terra, que contrariavam a política de seu governo de então, comandado pela *Sociedade dos Anciões. Atkins. Personagem do conto “*Ponto de Vista”, do conjunto de contos com o título geral de “*Alguns *robôs imóveis”, da coletânea *Nós, robôs. No conto, a personagem trabalha no *Multivac, nome dado a um computador gigante, presente em vários contos de Asimov. 10 No original, aparece a palavra “psicólogo”, certamente por engano, pois todas as referência ao personagem o apontam como sociólogo. Auguste Marin. Doutor, cientista do Instituto Nuclear de Montreal. Seu nome é apenas mencionado no conto “*Vamos nos unir”, da coletânea *Nós, robôs, do conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides” (NR:177). Aurora. Primeiro dos cinquenta *Planetas Exteriores ou do *Mundo Exterior, e o mais poderoso deles, de acordo com os romances *Os robôs (R:28) e A Fundação e a Terra (FT:293): “... era natural do Planeta Aurora, o mais forte e poderoso dos cinqüenta Planetas Exteriores. Era evidente que as sugestões de um Auroriano influente pesavam muito na vida da Galáxia” (R:28). Há várias outras referências ao planeta *Aurora, como, por exemplo, no livro Prelúdio da Fundação, no capítulo que leva o nome do planeta, precedido do seguinte verbete retirado da *Enciclopédia Galáctica: “Aurora – (...) Um mundo mítico, supostamente habitado nos tempos primordiais, durante as primeiras épocas do vôo interestelar. Alguns julgam tratar-se do igualmente mítico “mundo original” de onde proveio a humanidade, também chamado ‘Terra’. O povo do setor Mycogen (q.v.) da antiga Trantor proclamava ser descendente dos habitantes de Aurora, e fazia dessa afirmativa o dogma central de seu sistema de crenças, a respeito do qual pouca coisa mais se sabe...” (PF:245). Na mesma obra, o matemático *Hari Seldon encontra alusão a “Aurora” no livro sagrado dos *mycogenianos, chamado apenas o *Livro, e ao qual se refere na seguinte passagem, em conversa com sua companheira, a historiadora *Dors Venabili: “... há um determinado ponto [do livro sagrado] em que eles se referem ao seu mundo como Aurora. - Aurora? Dors ergueu os supercílios. - Soa como nome próprio, mas não parece fazer nenhum sentido, pelo menos até onde possa entender. Essa palavra significa algo para você, Dors? - Aurora... – Dors pensou alguns instantes, com a testa ligeiramente contraída. – Não posso dizer que já tenha ouvido falar em algum planeta com este nome, seja na história do Império, ou durante sua formação, mas não posso saber o nome de vinte e cinco milhões de planetas. (...) Na escuridão, disse em voz baixa: - Além do mais, algumas das coisas que eles dizem são ridículas. Por exemplo, eles dizem que em seu mundo havia uma expectativa de vida em torno de três ou quatro séculos. (...) - Se você está inclinado a acreditar nisso, é bom lembrar que muitas lendas sobre épocas primitivas atribuem aos líderes desses tempos uma extrema longevidade. Você entende: se eles são descritos como incrivelmente heroicos, é de supor que a duração de suas vidas esteja à altura de suas façanhas” (PF:239). No mesmo livro, o planeta Aurora volta a ser mencionado, agora pela personagem *Mãe Ritaah, durante sua conversa com *Hari Seldon, em *Dahl, setor de *Trantor, o planeta-cidade capital do *Império Galáctico: “Seldon perguntou: - Havia algum outro nome para a Terra... Aurora? Mãe Ritaah fechou a cara. - Onde ouviu falar disso? - Em minhas pesquisas. Falaram-me de um planeta muito antigo, e já esquecido, chamado Aurora, no qual a humanidade vivia em paz, em tempos remotos. - É mentira! Mãe Ritaah limpou a boca como se ela própria tivesse dito algo imperdoável. – Esse nome nunca deve ser mencionado senão como a fonte do Mal. Foi dali que todo o Mal surgiu. A Terra vivia só, até que um dia o Mal apareceu juntamente com seus planetas irmãos. O Mal quase destruiu a Terra, mas a Terra reorganizou suas forças e destruiu o Mal... com a ajuda dos heróis” (PF:344). Em outra passagem do mesmo romance, lembra Harri Seldon: “- Sempre que se falava em Aurora – prosseguiu ele -, havia um robô de quem se falava como renegado, um traidor, alguém que tinha abandonado uma causa. Quando se falava na Terra, havia um robô que era considerado herói, que representava a salvação. Seria exagerado supor que esses dois robôs eram um só? (...) Achei que Terra e Aurora eram dois mundos separados, coexistindo no tempo. Não sei qual dos dois surgiu primeiro. Pela arrogância e pelo senso de superioridade dos mycogenianos, cheguei a supor que Aurora era o planeta original, e que eles desprezavam os terrestres que eram seus descendentes, ou que eram uma degeneração de sua raça. Por outro lado, Mãe Ritaah, quando me falou da Terra, estava convencida de que a Terra era o mundo original da humanidade; e certamente, a posição isolada dos mycogenianos (...) poderia significar que a Terra de fato era o planeta primordial, e Aurora era uma espécie de mutação aberrante. Não posso dizer qual das duas hipóteses é verdadeira (...)” (PF:446). O nome do planeta é também mencionado no livro Crônicas da Fundação por *Eto Demerzel, Primeiro Ministro do *Império Galáctico, em conversa com *Hari Seldon, sobre os *mycogenianos: “Seus ancestrais, há muitos anos, habitavam o planeta Aurora. Viviam trezentos anos, em média, e eram os senhores de cinquenta planetas da galáxia” (CF:55). Aparece também no romance *A Fundação e a Terra, segundo o qual foi visitado por *Golan Trevize a *Janov Pelorat, em sua busca pelo planeta *Terra. Era, então, um mundo totalmente desabitado. O planeta é também citado no conto “*Imagem especular”, do conjunto de contos reunidos sob o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, da coletânea *Nós, robôs. O planeta Aurora era também chamado *Terra Nova e *Mundo do Amanhecer, e foi o primeiro planeta a ser colonizado pelos habitantes da Terra, e os aurorianos acabaram por se tornar racistas, em relação aos habitantes da Terra, dos quais descendiam. Como o romance foi escrito durante a 2.a Guerra Mundial, alguns autores acreditam ter sido uma denúncia de Asimov, que era de origem judaica, das atrocidades cometidas pelos nazistas, contra aquele povo. Os auroreanos utilizavam, em larga escala, a prótese para prolongar a vida humana, técnica que foi aprimorada pelo robô *Andrew Martin, personagem central do conto “*O Homem Bicentenário”. Esclarece Martin: “A tendência a prolongar a vida humana com recursos protéticos já é bem conhecida. Não existem dispositivos melhores que os que projetei ou estou projetando” (p. 63). A primeira menção ao planeta Aurora foi feita no conto “Mãe Terra”, escrito em 1948 e incluído na coletânea O futuro começou. No início do conto, diz Asimov: “Há o mundo de Aurora, por exemplo, a três parsecs da Terra. Foi o primeiro planeta colonizado fora do sistema solar, e representou a aurora das viagens interestelares. Daí o seu nome”. Auroreano. Natural de *Aurora, o primeiro planeta explorado pelos *Espaciais. Destacava-se pela medicina extremamanete evoluída - o que permitia a seu habitantes notável longevidade -, e pela construção de robôs - inclusive de robôs *humaniformes, como *Daneel Olivaw. Austin Wilde. Roboticista, personagem citada no conto “*Robô AL-76 extraviado”, da série com o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Avis Lardner (Sra.). Personagem do conto “*Versos na luz”, da série com o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Bail Channis. Personagem do romance *Segunda Fundação, no qual exerce importante papel na luta entre o *Mulo e a *Segunda Fundação. Ba-Lee. Nome que *Mãe Ritaah, idosa personagem do romance *Prelúdio da Fundação que contou histórias sobre a *Terra ao matemático *Harri Seldon e à historiadora *Dors Venabili, sua companheira durante a *Fuga, atribuía a um herói que, segundo ela, em passado remoto, salvou a *Terra dos ataques do planeta *Aurora. Diz a personagem, que vivia de ler o futuro das pessoas, especialmente aquele que seus clientes desejavam ouvir: “Eu poderia contar-lhes histórias sobre o grande herói *Ba-Lee, mas vocês não teriam tempo para escutá-las, e eu mesmo já estou muito fraca”. Indagada por Seldon sobre os robôs, depois de dizer que eram homens artificiais e todos maus, acrescenta: “- Houve um homem artificial que ajudou a Terra. Seu nome era *Da-Nee, amigo de *Ba-Lee. Ele não morreu: está vivo em alguma parte, esperando a hora de voltar” (CF:345). *Ba-Lee e Da-Nee são os nomes modificado, no futuro, de *Elijah Baley e Daneem Olivaw, respectivamente, personagens dos romances *Os robôs, *Os robôs do amanhecer e *Caça aos robôs, da série que tem a robótica como tema predominante, e mencionados em vários livros de Asimov. Baleyworld. Segundo *Vasil Deniador, historiador do planeta *Comporellon, Baleyworld era a denominação antiga do planeta, possivelmente de *Bentlay - ou Ben - Baley, seu colonizador, segundo as lendas a que se refere Deniador: “Os registros, que eram quase indecifráveis, datavam de uma época tão antiga que nosso planeta ainda não era chamado de Comporellon. O nome que usavam era ‘Baleyworld’, que, a meu ver, não passa de uma versão primitiva do ‘*mundo de Banbally’ de nossas lendas” (FT:134). A origem do nome do planeta é confirmada no romance *Os robôs e o Império, na conversa entre os personagens *Gladia Delmarre e *D. G. Baley. Diz o segundo: “- Prefiro uma refeição auroreana a qualquer coisa que mandar fazer imitando Baleyworld. - Baleyworld? – perguntou Gladia rispidamente, tornando a ficar carrancuda. - Em homeagem ao chefe da primeira expedição ao planeta – ou a todos os planetas colonizados, por falar nisso. *Ben Baley” (RI:74). No mesmo romance, o planeta é apontado como “o mais velho e mais populoso dos planetas dos Colonizadores” (RI:182), e, segundo se supõe então, viria a ter papel importante no futuro *Império Galáctico. Bardo. Nome de um dos “*robôs não humanos” do conto “*Um dia”, da coletânea *Nós, robôs. Barnabas H. Goodfellow. Apresentado como professor universitário de física, personagem do conto “*Escravo”, da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin”. Bay. Redução do nome Bayta, personagem da segunda parte do romance *Fundação e Império. v. Bayta Darell. Bayta. Nome da espaçonave em que *Bayta Darell, seu marido *Torã e *Ebling Mis, viajaram em busca de uma forma de derrotar o *Mulo e da localização da *Segunda Fundação. Bayta Darell. Personagem da segunda parte do livro *Fundação e Império, assim descrita no romance: “Não era uma beleza de grau idêntico ao de muitas outras (...) mesmo se todo mundo olhasse para ela duas vezes. Tinha o cabelo escuro e brilhante, liso todavia, a boca era grande – mas as suas sobrancelhas meticulosas, de textura cerrada, separavam a testa branca e abaulada dos olhos quentes, de um tom de mogno, que estavam sempre sorridentes. (...) Ela era oriunda da própria *Fundação, e não apenas isso, pois podia seguir o rasto dos seus antepassados até [*Hober] Mallow (FI:217). Bayta Darell e sua façanha de derrotar o *Mula voltam a ser lembradas no romance *Fundação II: “Era pouco lembrado que o Mula fora, essencialmente, derrotado por uma só pessoa, uma mulher: Bayta Darell, e que ela conquistou esta vitória sem a ajuda de ninguém, sem sequer o apoio do *Plano de Seldon. Assim também foi esquecido que seu filho e sua neta, *Torã e *Arcádia Darell tinham derrotado a *Segunda Fundação, deixando a *Fundação, a *Primeira Fundação, suprema” (F2:34). Bel Arvardan. Personagem do romance *827 Era Galáctica. Encarregado de fazer pesquisas arqueológicas no planeta *Terra, antes de ter sido completamente esquecida como berço da humanidade, sobre as quais disse o seguinte: “A Terra, com sua civilização arcaica, e seu ambiente único no gênero, possui uma cultura anômala que durante um tempo excessivo foi negligenciada por nossos cientistas sociais, a não ser como um exemplo de governo local repleto de dificuldades. Acredito que no próximo ano, ou no máximo em dois anos, conseguiremos mudanças revolucionárias em nossos conceitos básicos de evolução social e história humana” (827:20). O arqueólogo é lembrado no romance *Fundação II, cuja ação se passa muito depois de sua primeira aparição, após a destruição do *Império Galáctico e a transformação da *Terra em um planeta radiativo. Diz *Munn Li Compor, personagem do romance, respondendo a outra personagem, o historiador *Janov Pelorat, que procurava a Terra, juntamente com *Golan Trevize: “- E qual era a lenda? - A Terra era radiativa, ostracizada e maltratada pelo Império, sua população definhando, o que de algum modo iria destruir o Império. - Um mundo agonizante iria destruir o Império? – interpôs Trevize. - Compor disse, na defensiva: Eu disse que era uma lenda! Não sei dos detalhes. Bel Arvardan estava envolvido na lenda; disso eu sei. E quem era ele? – quis saber Trevize. - Um personagem histórico. Fui conferir. Era um honesto arqueólogo nos primeiros dias do Império, e ele sustentava que a Terra era no *Setor de Sírius” (F2:203). Bel Riose. O último grande militar do *Império Galáctico, Governador Militar de *Siwena, que é apresentado no romance *Fundação e Império como “um sistema fronteiriço e ainda novo” (FI:174). Excerto da *Enciclopédia galáctica transcrito no romance dá as seguintes informações sobre Riose: “Na sua carreira relativamente curta, Riose ganhou o título de ‘O Último Imperial’, e conseguiu-o merecidamente. Um estudo das suas campanhas revela-o como um equivalente de Peurifoy na capacidade estratégica, sendo-lhe talvez superior na habilidade que demonstrou em conduzir homens. O fato de ter nascido nos dias do declínio do Império assim lhe permitia, porém era-lhe inteiramente impossível igualar a crônica de Peurifoy como conquistador. Dispôs, contudo, de algumas possibilidades quando, sendo o primeiro general do Império a fazê-lo, enfrentou a Fundação com firmeza...” (FI:155). O nome e a atuação de Bel Riose, em sua luta contra a *Fundação, voltam a ser lembrados em outros livros sobre esse tema, como, por exemplo, o romance Fundação II: “Quanto a Bel Riose, o mais nobre dos adversários da Fundação, ele também fora esquecido, ou colocado na sombra, pelo Mula, que só, dentre os inimigos, rompeu o Plano de Seldon e derrotou e governou a Fundação. Só ele fora o Grande Inimigo – de fato o último dos Grandes” (F2:33). Bel Riose volta a ser lembrado por *Golan Trevize, no romance *A Fundação e a Terra, durante sua viagem pelo espaço em busca do planeta *Terra: “Trevize se lembrou de uma batalha travada por Bel Riose, o general do Império, há trezentos anos, na qual havia posicionado sua esquadra abaixo do plano da eclíptica em um momento crucial, apanhando a esquadra inimiga totalmente despreparada. A manobra fora considerada desleal... pelos adversários, naturalmente” (FT:275). Ben. Nome pelo qual era também chamado *Bentley Baley. Benbally. Alteração do nome *Bentley Baley ou *Ben Baley, citado no romance *A Fundação e a Terra, pelo historiador *Janov Pelorat, personagem do romance, a propósito do planeta *Comporellon (FT:49). Bentley Baley. Filho de *Elijah - ou Elias, ou Ligi - Baley. Chamado também *Ben Baley, mencionado, pela primeira vez, como criança, no romance *Os robôs (R:11) e, já como adolescente, no romance *Caça aos robôs, voltando a figurar no romance *Os robôs do amanhecer e, com maior destaque, já como comandante de espaçonave, em *Os robôs e o Império. Foi um dos exploradores de novos planetas pela *Terra, na segunda fase da exploração espacial. Seu nome volta a ser lembrado, com a forma *Benbally, no romance *A Fundação e a Terra, relacionado ao planeta *Comporellon. Explica o historiador *Janov Pelorat, personagem do romance, a seus dois companheiros de viagem em busca do então já esquecido planeta *Terra: “Dei uma olhada nos livros e descobri que todo o setor de Comporellon é rico em lendas antigas. Ao que parece, a região foi colonizada há muito tempo, durante o primeiro milênio das viagens hiperespaciais. As lendas falam de um fundador chamado Benbally, embora não revelem sua origem. Dizem que o nome original de Comporellon era Mundo de Benbally” (FT:49). Segundo o historiador *Vasil Deniador, do planeta *Comporellon, as relações de *Bentley Baley, da Terra, e de *Gladia Delmarre, *espacial do planeta *Aurora, tidas como lendárias, ficaram registradas no diário de uma espaçonave: “No ano passado, chegou às minhas mãos o diário de bordo de uma velha espaçonave. (...) Conheço muitas lendas a respeito dos Espaciais e suas disputas com os Colonizadores, nossos antepassados. Essas lendas existem não só em Comporellon, mas também em outros mundos e apresentam muitas variações, mas sob um aspecto estão todas de acordo: os dois grupos, Espaciais e Colonizadores, não se misturavam. Não havia contatos sociais e muito menos sexuais. No entanto, de acordo com o diário da nave, o Comandante colonizador e a mulher Espacial estavam apaixonados um pelo outro” (FT:134). O relacionamento de Ben Baley com a *solariana Gladia Delmarre acaba por transformar-se em lenda, como explica o também *solariano *Sarton Bander aos visitantes do planeta *Solaria, isto é, *Golan Trevize, *Janov Pelorat e *Bliss, que viajavam pelo espaço, em busca do esquecido planeta *Terra: “Quando era moço, ouvi de um robô uma história a respeito de um terráqueo que uma vez visitou Solaria e de uma solariana que partiu com ele e ficou famosa em toda a Galáxia. Em minha opinião, a história foi inventada” (FT:221). Berto Niss. Personagem do romance *Os robôs e o Império, mestre de Primeira Classe da espaçonava comandada, no romance, por *D. G. Baley. “Sua pele era bronzeada. Os braços nus brilhavam com o suor da musculatura. Devia andar pelos trinta anos (o cálculo mais aproximado que Gladia podia fazer sobre a idade daqueles seres de vida curta), e, se banhado e vestido adequadamente, poderia ficar bem apresentável” (RI:106). Biblioteca da Universidade Imperial. Mencionada no romance *Fundação e Império (FI:305), visitada por *Bayta Dairell, por seu marido *Torã, e por *Ebling Mis, quando de sua viagem em busca de uma forma de derrotar o *Mulo, e da localização da *Segunda Fundação. A Biblioteca da Universidade Imperial, localizada em *Trantor, foi preservada durante o chamado ”*Grande Saque” que se seguiu à derrocada do *Primeiro Império Galáctico, como é explicado no livro *Fundação e Império: “Os estrangeiros da Fundação não sabiam dos turbulentos dias e noites do Saque sangrento que deixara a Universidade ilesa. Nada sabiam do período que se sucedera ao colapso do poder Imperial, quando os estudantes, com armas emprestadas, e as faces pálidas mostrando uma coragem sem experiência, formaram um corpo de voluntários para proteger e defender o santuário da ciência da Galáxia. Não sabiam nada dos Sete Dias de Combates, e do armistício que deixara a Universidade livre, quando até o palácio Imperial estremecia sob as botas de Gilmer e de seus soldados, durante o curto intervalo de seu governo” (FI:314). Biblioteca Galáctica. A primeira menção à Biblioteca Galáctica ocorre no livro *Prelúdio da Fundação (PF:21). Bik. Nome de uma criança que aparece no romance *Os robôs e que tenta matar o inspetor *Elijah Baley, inspetor de polícia da Terra, enviado ao planeta *Solaria para desvendar o asassinato do personagem *Rikaine Delmarre. Billibotton. Localizado em *Dahl, setor de *Trantor, o planeta-cidade capital do *Império Galáctico. A informação sobre o local aparece no verbete *Dahl, da *Enciclopédia Galáctica: “Dahal – (...) Por estranho que pareça, o aspecto mais célebre deste setor é Billibotton, um lugar semilendário a respeito do qual houve uma incrível proliferação de histórias. De fato, existe todo um gênero de literatura, no qual heróis e aventureiros (bem como vítimas) são obrigados a enfrentar os perigos da travessia de Billibotton. Tais histórias acabaram se tornando tão estilizadas que a mais conhecida e presumivelmente a única autêntica entre elas, a que se refere a Hari Seldon e Dors Venabili, acabou adquirindo uma aura fantástica por pura e simples associação...” (PF:329). Billibotton volta a ser citado, como cidade de *Trantor, no romance Crônicas da Fundação, o segundo da série, por *Raych, filho adotivo de *Hari Seldon, e que lá nascera: “Billibotton era Billibotton; a suja, esparramada, escura, sinuosa Billibotton; uma cidade decrépita, mas com uma vitalidade que, na opinião de Raych, não era igualada por nenhuma outra cidade de Trantor. Talvez por nenhuma outra cidade do Império [Galáctico], pensou o rapaz, embora não conhecesse pessoalmente outro planeta além de Trantor” (CF:68). Biron Farrill. Personagem do livro *Poeira de estrelas. Bliss. Redução do nome *Blissenobiarella, personagem do romance Fundação II. Jovem habitante do planeta *Gaia que acaba por se juntar a *Golan Trevize e a *Janov Pelorat, em sua busca pelo então desconhecido planeta *Terra. Blissenobiarella. v. Bliss. Bonair. Denominação de uma cidade do planeta *Terra, no romance *827 Era Galáctica. Possivelmente a cidade de Buenos Aires, uma vez que *Bel Arvardan, personagem que a ela se refere, viajava “pelos continentes ocidentais” do planeta. Mais adiante, a mesma personagem diz que Bonair estava a seis mil milhas de distância de *Chica, a antiga cidade de Chicago (827:92, 153). “Brincadeira de Pegar”. Título do conto publicado na coletânea *Eu, robô, no qual que aparecem explicitamente, pela primeira vez, as *Três Leis da Robótica. Brodrig. v. Ammel Brodrig. Caça aos Robôs. (CR, nas citações). The Caves of Steel, no original norteamericano, de 1954. É o segundo livro da série “*História do Futuro” e o primeiro romance sobre robôs. No livro O futuro começou, em que Asimov reúne seus primeiros contos publicados e dá uma série de informações sobre cada um deles, ao tratar da história “Mãe-terra” (p.468), explica que ela mostra claramente traços dos romances Caves of Steel [*Caça aos robôs] e The Naked Sun [*Os robôs], que viria a escrever na década de 1950. Callia (Lady). Personagem do romance *Segunda Fundação, envolvida com *Stettin, governante de *Kalgan, do qual, segundo o romance, era mais que amiga e menos que esposa. Segundo o romance, “Com certeza Lady Callia não se ajustava perfeitamente à noção que Arcádia [Darell] tinha do papel. Por um lado era ela rechonchuda e, por outro, não parecia de modo nenhum ser perversa e perigosa, antes como que míope e curta de vista. A sua voz, também, era estridente ao invés de rouca e, ...” (SF:434, 438). Casilia Tisalver. Personagem citada no romance *Prelúdio da Fundação, em cujo apartamento esteve hospedado *Hari Seldon, durante sua permanência em *Dahl. Cenn. Personagem mencionado no romance *Segunda Fundação. Comandante de Esquadrilha durante a guerra entre o planeta *Kalgan e a *Primeira Fundação. Cérebro. Espécie de máquina de pensar – ou robô não humaniforme – descrito no conto “*Fuga!”, da coletânea *Nós, robôs: “simplesmente um globo de dois pés – que continha uma atmosfera de hélio estritamente condicionada, um volume completamente livre de vibração e radiação - e dentro disso, uma complexidade inaudita de trajetórias de grãos positrônicos que era o Cérebro. O resto da sala estava entupido com acessórios que eram os intermediários entre o Cérebro e o mundo exterior: sua voz, seus braços, seus órgãos sensoriais” (NR:398). Foi a máquina que planejou e supervisionou a construção da nave “*Parsec”, que realizou o primeiro “*salto”, que permitiu as viagens interestelares, presentes na obra de Asimov. Chandrus Nadirhaba. Personagem do romance *Os robôs e o Império, navegador da espaçonava comandada, no romance, por *D. G. Baley. Charity Jones. Personagem citada no conto “*Amor verdadeiro”, da série “*Alguns robôs imóveis”, de *Nós, robôs. Charles Randow. Personagem que aparece brevemente no conto “*Lenny”, apontado como o primeiro - e único - ser humano atacado, embora involuntariamente, pelo robô cujo nome dá título à história. Chee Li-Hsing. Personagem de um dos mais felizes contos de Asimov, “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “*Dois clímaxes”, de Nós, robôs. Da personagem, diz o autor: “O presidente do Comitê de Ciência e Tecnologia era do leste asiático e era mulher. Chamava-se Chee Li-Hsing, e suas roupas transparentes (que obscureciam o que ela queria obscurecer tão-somente pelo ofuscamento) faziamna parecer embrulhada em plástico” (NR:536). Na sua segunda aparição no conto, já está bastante diferente: “A congrecista Li-Hsing era consideravelmente mais velha agora do que quando Andrew [Martin] se encontrara com ela pela primeira vez. Havia muito que não usava mais roupas transparentes. Seu cabelo estava agora cortado bem rente e seus trajes eram tubulares (NR:539). Chetter Hummin. Personagem que aparece, pela primeira vez, em *Prelúdio da Fundação (PF:36). Chica. No romance *827 Era Galáctica, terceiro romance sobre o *Império Galáctico, nome da cidade de Chicago, no futuro: “- Você fala assim, só porque deseja usá-lo. Está bem, vou lhe dizer o que você precisa fazer... Leve-o até a cidade. - Para Chica? – Arbin ficou horrorizado. – Isto poderia redundar num prejuízo maior” (827:26). O objeto do diálogo é *Joseph Schwarrtz, personagem do livro e que vivia em Chicago, quando foi atirado acidentalmente para o futuro. Ching Hso-lin. Personagem do conto “*O conflito evitável”, do conjunto de dez contos com o título geral de “*Susan Calvin”, da coletânea *Nós, robôs (NR:441) Cinna. Planeta natal de *Dors Venabili, companheira de *Harri Seldon. O planeta é citado, en passant, em *Prelúdio da Fundação e, segundo Dors Venabili, “É provavelmente um mundo ainda menos importante do que *Helicon” (PF:90). Cinquenta (Os). A primeira referência aos “Cinquenta” aparece em *Prelúdio da Fundação, lembrado por *Hari Seldon ao mencionar o livro sagrado dos habitantes de *Mycogen, setor do planeta-capital *Trantor, no qual o matemático se refugiou durante o período de sua vida conhecido como *“A Fuga”: “- E há outros planetas que são mencionados, ainda que de passagem. Não recebem nomes, e parece não haver nenhum interesse em outros mundos a não ser na medida em que eles possam influenciar diretamente o tal mundo local... pelo menos é o que posso deduzir do pouco que li. Há uma passagem em que eles se referem a algo denominado “Os Cinquenta”. Não sei o que querem dizer com isto. Cinquenta líderes? Cinquenta cidades? A mim me pareceram cinquenta mundos (PF:238). Claire Belmont. Personagem do conto “*Satisfação garantida”, da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267). Cleon I. Governante do *Império Galáctico, personagem dos romances *Prelúdio da Fundação e *Crônicas da Fundação. No primeiro, aparece a seguinte transcrição da *Enciclopédia Galáctica, extraída do verbete sobre o Imperador: “(...) O último imperador galáctico pertencente à dinastia Entum. Nasceu no ano 11.988 da Era Galáctica, o mesmo ano em que nasceu Hari Seldon. (Existe a versão de que a data de nascimento de Seldon, que alguns consideram duvidosa, pode ter sido alterada para coincidir com a de Cleon, com quem Seldon, segundo se supõe, teria se encontrado logo após chegar a Trantor). Tendo subido ao trono imperial em 12.010, com a idade de 22 anos, Cleon I teve um reinado invulgarmente pacífico para aquela época turbulenta. Isso se deveu, sem dúvida, à habilidade de seu chefe de Estado-Maior, Eto Demerzel, o qual obscureceu tão habilmente os registros oficiais sobre si próprio que muito pouco se sabe hoje a seu respeito”. (PF:17 ). Também no segundo romance, existe transcrição sobre o governante, retirada do verbete da mencionada Enciclopédia: “Embora frequentemente receba elogios por ter sido o último imperador em cujo governo o Primeiro Império Galáctico foi razoavelmente unido e próspero, o reinado de um quarto de século de Cleon I se caracterizou por uma contínua decadência. Não se pode atribuir ao monarca uma responsabilidade direta pelo fato, já que o Declínio do Império se deveu a fatores políticos e econômicos impossíveis de serem combatidos com os recursos disponíveis na época. Na verdade, foi muito feliz na escolha dos primeiros ministros: primeiro Eto Demerzel e depois Hari Seldon. O imperador sempre acreditou que este último usaria a psico-história com sucesso para formular suas estratégias de governo. Cleon e Seldon enfrentaram juntos a conspiração dos joranumitas, que teve um desfecho inesperado…” (CF:107). Cleon II. Governante do *Império Galáctico, aparece no romance *Fundação e Império, e sobre o qual constam os seguintes dados, retirados da *Enciclopédia galáctica: “Cleon II, vulgarmente designado ‘O Grande’, o último imperador poderoso do Primeiro Império, é importante devido ao renascimento político e artístico que se processou durante o seu longo reinado. É mais conhecido pelo romance, todavia, de sua ligação com Bel Riose, e para o homem comum ele é apenas o ‘Imperador de Riose’. É importante não admitir que os acontecimentos do último ano do seu reinado não ofusquem os quarenta anos de...” (FI:171). Clinton Madarian. Personagem do conto “*Intuição feminina”, da coletânea *Nós, robôs. O conto é o último do conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin”. O autor faz a seguinte descrição da personagem: “Ele não era tão gordo quando seu queixo duplo poderia fazê-lo parecer, mas, mesmo assim, sua presença se impunha (...) A face maciça de Madarian, sua brilhante cabeleira ruiva, sua tez rosada, sua voz tonitroante, sua risada alta, e, acima de tudo, sua irrepreensível autoconfiança, sua maneira impaciente de anunciar seus sucessos, faziam com que todos os demais que se achassem na sala sentissem falta de espaço” (NR:458). Cofre de Seldon. Observada a cronologia da narrativa, a expressão aparece pela primeira vez em documento escrito pelo próprio *Hari Seldon, transcrito no capítulo ‘Epílogo’ de *Crônicas da Fundação. O Cofre de Seldon deveria ser aberto por ocasião de cada *Crise prevista pela *psico-história (CF:411). No romance *Fundação e Império, é citado como “*Cofre do Tempo”, e assim explicado pelo personagem *Ebling Mis, cientista da *Primeira Fundação: “Este Cofre do Tempo é aquilo que Hari Seldon utilizava a princípio para nos ajudar a evitar os pontos incompletos. Em todas as crises, Seldon preparou um simulacro pessoal para ajudar a explicar. Quatro crises no total – quatro aparições. A sua primeira aparição registrou-se na altura da primeira crise. A segunda deu-se um momento depois do bom êxito da evolução da segunda crise. Os nossos antepassados estiveram presentes para ouvi-lo ambas as vezes. Na terceira e na quarta crises, ele foi ignorado – provavelmente porque não era necessário -, mas recentes investigações (...) indicam que ele apareceu fosse como fosse, e nos prazos indicados” (FI:252). Uma das aparições da imagem de Hari Seldon no Cofre, gravada trezentos anos antes, está descrita no romance *Fundação e Império: “No cubículo estava uma figura, numa cadeira de balanço, velha e rangente, da qual se levantava uma face enrugada com olhos brilhantes e vivos, e cuja voz, quando falou, era a coisa mais viva que possuía. Havia um livro colocado no seu regaço, e a sua voz ressoou pausadamente. - Sou Hari Seldon! Falou no meio de um silêncio, atroador devido à sua intensidade. - Sou Hari Seldon! e não sei se está aqui alguém, pelo menos servindo-me do mero sentido da percepção, mas isto não tem importância. Receio, todavia, que se verifique um colapso no Plano [de Seldon]. Pela primeira vez, em três séculos, as percentagens de probabilidade de ausência de desvio são nove-quatro ponto dois” (FI:272). Cofre do Tempo. v. Cofre de Seldon. Colonizadores. Nome dado pelos *Espaciais aos habitantes da *Terra que, graças à atuação do detetive terrestre *Elijah Baley e de seu filho, *Ben Baley, um dos colonizadores, e à filosofia do roboticista *auroreano *Han Fastolfe, partiram para a exploração dos planetas depois denominados *Planetas dos Colonizadores”. Comandante Lisiform. Comandante da belonave auroreana “*Borealis”. Aparece rapaidamente no romance *Os robôs e o Império (RI:294). Comporellon. Planeta citado por *Munn Li Compor, em conversa com *Golan Trevize e *Janov Pelorat, personagens do romance *Fundação II. Diz Compor sobre os habitantes do planeta, onde teriam vivido seus ancestrais: “Eles vivem com uma grande quantidade de tradições. É um mundo antigo. Têm longos e detalhados registros da história da Terra, mas ninguém fala muito a respeito. São supersticiosos. Sempre que mencionam esse nome, erguem ambas as mãos com o indicador e o médio cruzados, para afastar a má sorte” (F2:202). Comporellon volta a ser mecionado no romance *A Fundação e a Terra, e é visitado por Golan Trevize, Janov Pelorat e *Bliss, depois que deixam o planeta *Gaia, em busca de informações sobre a *Terra (FT:48). O planeta é também citado no romance *Os robôs e o Império com o nome de *Baleyworld, sua denominação anterior, por ter sido colonizado por *Ben Baley, filho do detetive terráqueo *Elijah Baley, e responsável pela colonização dos planetas pelos habitantes da Terra denominados *Colonizadores, aos quais se opunham os *Espaciais, especialmente os habitantes do planeta *Aurora, o primeiro dos *Planetas Exteriores. Baleyworld teria sido o primeiro mundo a ser explorado e habitado pelos *Colonizadores, que deram início à constituição do *Imperio Galáctico. Confederação Trantoriana. Designação dada ao conjunto de planetas que tinham como capital a cidade-planeta *Trantor, resultado da evolução da *República Trantoriana, que antecedeu a formação do *Império Galáctico. Contos da coletânea *Nós, robôs. São os seguintes os contos que formam a coletânea: “*Amor verdadeiro”, “*Corre-corre”, “*Escravo”, “*Estranho paraíso”, “*Fuga”, “*Imagem especular”, “*Intuição feminina”, “*Lenny”, “*Mentiroso!”, “*O conflito evitável”, “*O homem bicentenário”, “*O incidente do tricentenário”, “*O melhor amigo de um garoto”, “*O robozinho perdido”, “*... Para que vos ocupeis dele”, “*Pegue aquele coelho”, “*Pense!”, “*Ponto de Vista”, “*Prova”, “*Primeira lei”, “*Razão”, “*Risco”, “*Robbie”, “*Robô AL-76 extraviado”, “*Sally”, “*Satisfação garantida”, “*Segregacionista”, “*Um Dia”, “*Vamos nos unir”, “*Versos na luz”, “*Vitória involuntária”. “Corre-Corre”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra o conjunto de contos a que o autor deu o título de “*Powell e Donovan” (NR:214). Corvin Attlebish. Personagem do romance *Os robôs, chefe temporário de segurança do planeta *Solaria, substituto de *Hannis Gruer, quando do impedimento temporário deste, vítima de tentativa de envenenamento. Sobre essa personagem, diz o romance: “... pela primeira vez desde que se encontrava em Solaria [Elijah] Baley viu um Espacial que se assemelhava à habitual concepção que deles se tinha na Terra. Attlebish era um homem de elevada estatura, esbelto, a pele cabelo possuíam um tom bronzeado. A expressão do seu rosto era decidida e firme...” (R:117). “Corvo” Seldon. Apelido dado ao matemático *Hari Seldon, como esclarece a seguinte passagem do romance *Fundação: “- A pessoa a quem me refiro é Hari Seldon; Seldon, o psico-historiador. Não conheço nenhum Corvo Seldon. - É o mesmo. Corvo é alcunha; chamam-lhe assim porque ele prediz um fim desastroso” (F:17). Costume dos Sessenta. Explicação dada por *Grew, personagem do romance *827 Era Galáctica sobre o Costume dos Sessenta: “Grew falou pausadamente: - O Costume se refere ao sexagésimo aniversário. A Terra pode sustentar vinte milhões de pessoas, e não mais do que isto. Para viver a gente precisa produzir. Se você não pode produzir, não pode mais viver. Passando dos sessenta – a gente não pode mais produzir. (...) - As pessoas são eliminadas. É completamente indolor. - As pessoas são mortas? - Não se trata de assassinato. – As palavras eram rápidas. – Precisa ser assim. Os outros mundos não querem nos aceitar, e precisamos deixar o lugar aos mais jovens. As gerações velhas devem ceder o lugar às mais novas” (827:130). O Costume dos Sessenta volta a ser lembrado no romance *A Fundação e a Terra: em sua busca pela *Terra, cuja posição no espaço havia sido esquecida – ou voluntariamente apagada de todos os registros conhecidos – as personagens *Golan Trevize, o historiador *Janov Pelorat, especialista em lendas e mitos antigos, e sua companheira, a jovem *Bliss, natural do planeta *Gaia, chegam ao planeta *Alfa, onde o historiador entrevista o velho *Monolee, conhecedor desses mitos e lendas. Mais tarde, conta Trevize a Pelorat o que ouviu sobre o antigo e esquecido planeta no qual tinha se originado a humanidade, especialmente sobre sua *radioatividade: “As cidades gigantescas, se é que exisitiram, foram diminuindo à medida que a radioatividade se tornava mais intensa, até que a população ficou reduzida a apenas uma fração do que havia sido. Essas pessoas se agrupavam precariamente nas poucas regiões onde a radioatividade ainda não era mortal. Para que a população não aumentasse, praticava-se o controle da natalidade e a eutanásia dos velhos de mais de sessenta anos” (FT:355). Crise Seldon. O significado da expressão está explicado no romance *Fundação: “Quando o Império Galáctico começou a decair, e quando os limites da Galáxia caíram no barbarismo e se perderam, Hari Seldon e o seu grupo de psicólogos fundaram uma colônia, a Fundação, aqui, onde a desordem era maior, para que pudéssemos incubar a arte, a ciência e a técnica, e formar mais tarde o núcleo do Segundo Império. (...) O curso futuro da Fundação foi determinado de acordo com a ciência da psico-história, então desenvolvida em grande escala, e preparadas as condições, de modo a forçar uma série de crises que nos obrigassem ao longo da rota preestabelecida para um Império futuro, mais rapidamente. Cada crise, cada crise Seldon, marca uma época da nossa História” (F:113). No romance *Fundação II, por ocasião de mais uma “*crise Seldon”, ocorrida 498 anos depois da instituição da *Primeira Fundação, no planeta *Terminus, diz a personagem *Golan Trevize: “E toda criança em Terminus é educada acreditando que Hari Seldon formulou um Plano, que previu tudo há cinco séculos, que estabeleceu a Fundação de tal modo que ele poderia localizar essas crises, e que sua imagem apareceria holograficamente durante essas crises, e nos dizer o mínimo que precisaríamos saber até a próxima crise, e assim nos levar através de mil anos de história, até que pudéssemos seguramente construir um Segundo e maior Império Galáctico sobre as ruínas da estrutura velha e decrépita que estava caindo aos pedaços há cinco séculos, e há dois séculos desintegrara-se completamente” (F2:18). Crônicas da Fundação. (CF, nas citações). Forward the Foundation, no original norte-americano, de 1991. Décimo volume da série “*História do Futuro” e segundo livro que tem a Fundação como tema predominante. Sobre as Crônicas da Fundação, observe-se que, apesar de ser o segundo livro da série, poderia ocupar um lugar à parte na sequência desta. Se, por um lado, aborda acontecimentos que precedem a própria estruturação da psico-história e a criação das duas fundações, sendo, pois, em relação à narrativa, cronologicamente anterior aos livros que o seguem na sequência dos acontecimentos, por outro lado, adverte o próprio autor sobre a obra, em nota transcrita na contracapa da tradução para o português, editada de junho de 1991: “Eu não poderia ter escrito este livro há quarenta anos – ou trinta, vinte ou até mesmo dez. Isto porque, passo a passo, no decorrer dos anos, venho aprimorando o personagem que inspirou a Fundação: Hari Seldon. Hoje, desfruto dessa dádiva que me foi concedida pelo tempo: a Experiência (alguns preferem chamá-la sabedoria, mas abstenho-me do auto-engrandecimento). Só agora posso dar a meus leitores o Hari Seldon em sua época mais crucial e criativa... Vejam bem, com o passar do tempo, Hari Seldon se transformou em meu alter ego... Em meus primeiros livros, Seldon era uma lenda – em Crônicas da Fundação eu o tornei uma realidade”. Considerando as palavras de Asimov, seria viável sugerir que o livro, mesmo lido na sequência proposta, fosse visto como uma espécie de coroamento da série, um livro mais maduro, resultado da longa experiência do autor no trato de suas personagens. Regra geral, os acontecimentos narrados em Crônicas da Fundação, embora cronologicamente anteriores à narrativa de outros livros, não são necessários para a compreensão destes, uma vez que Asimov construiu sua “*História do Futuro” de forma tal que todos os romances podem ser lidos isoladamente ou em qualquer sequência, embora a ordem sugerida ajude na compreensão global de cada uma das séries, e dos aspectos em que elas se imbricam. Fundação. (F, nas citações). No original norte-americano, Foundation, de 1951. Décimo primeiro volume da série “*História do Futuro” e segundo romance em que a Fundação constitui o tema predominante. Em nota a Crônicas da Fundação, o autor apresenta o seguinte esclarecimento sobre o romance: “Na realidade, trata-se de uma coletânea de quatro contos, publicados originariamente entre 1942 e 1944, acrescidos de uma seção introdutória escrita em 1949, especialmente para a publicação em forma de livro”. Acrescenta, em seguida, que o primeiro desses contos, “Foundation”, foi publicado no mês de maio de 1942 na revista Astounding Science Fiction. Cutie. Nome dado a um robô no conto “*Razão”. O nome é retirado das iniciais que indicavam sua série, ou seja, QT-1. O robô Cutie apresentava certas peculiaridades que o caracterizavam e o tornavam diferente de outros robôs, como explica a personagem *Gregory Powell: “Há uma semana, Donovan e eu o montamos. (...) Cutie, vou tentar explicar-lhe algo. Você é o primeiro robô a mostrar curiosidade quanto à própria existência, e acho que é o primeiro inteligente o bastante para entender o mundo exterior” (NR:231-232). Dagobert IX. Último imperador do que havia restado do *Primeiro Império Galáctico, depois de sua desagregação. Velho e senil, sua capital era Neotrantor, e seu Império era constituído de “vinte mundos agrícolas” (FI:302). A personagem aparece rapidamente no romance Fundação e Império, em que é também citado seu pequeno Império (FI:301). Dahl. Setor da cidade-planeta *Trantor, capital do *Império Galáctico, responsável pela produção de grande parte da energia consumida pela cidade. *Hari Seldon viveu algum tempo em Dahl, juntamente com sua companheira, a historiadora *Dors Venabili, durante o período de sua vida conhecido como “A *Fuga”. Foi no setor de Dahl que entrevistou *Mãe Ritaah, que lhe deu informações sobre o planeta *Terra, sobre os *robôs que nela havia, então já quase totalmente esquecidos, referindo-se especificamente ao robô *Da-Nee, à personagem *BaLee, e ao planeta *Aurora. Dahlita. Natural de *Dahl, setor de *Trantor, o planeta-capital do *Império Galáctico. Daluben IV. Apenas citado no romance *Fundação e Império, como imperador do *Império Galáctico, no período de *Hari Seldon (FI:161). Da-Nee. Nome pelo qual *Mãe Ritaah, a idosa personagem que contou histórias sobre a *Terra ao matemático *Harri Seldon e a sua companheira, a historiadora *Dors Venabili, durante o período de sua vida conhecido como *”A Fuga”. Segundo Mãe Ritaah, *Da-Nee era um “homem artificial”, amigo de *Ba-Lee, o qual, em passado remoto, salvou a Terra dos ataques do planeta *Aurora. Conta a velha que vivia de ler o futuro das pessoas: “Eu poderia contar-lhes histórias sobre o grande herói Ba-Lee, mas vocês não teriam tempo para escutá-las, e eu mesmo já estou muito fraca.” Indagada sobre robôs, depois de dizer que eram homens artificiais, e todos maus, acrescenta: “- Houve um homem artificial que ajudou a Terra. Seu nome era Da-Nee, amigo de Ba-Lee. Ele não morreu: está vivo em alguma parte, esperando a hora de voltar” (PF:345). Da-Lee é o nome modificado, no futuro, do robô *Daneel Olivaw, personagem que perpassa pelas três séries criadas por Asimov, constituindo uma espécie de elo entre elas, tendo em vista sua incrível durabilidade, mesmo para um robô. Daneel Giskard Baley. Personagem do romance *Os robôs e o Império, último livro da série *Robótica. Nome completo do descendente de *Elijah Baley, que visitou o planeta *Aurora à procura da *solariana *Gladia Delmarre, uma *espacial com a qual seu antepassado havia se relacionado. Preferia ser chamado *D. G. Baley, e seu nome era uma homenagem a *Daneel Olivaw e a *Giskard Reventlof, dois robôs, personagens da vários romances da “*História do Futuro”. Sobre seu nome, a personagem dá a seguinte explicação a Gladia Delmarre: “Em cada geração, minha família teve pelo menos um Daneel ou um Giskard. Eu fui o último de seis filhos, mas o primeiro menino. Minha mãe achou que era bastante e desistiu de ter outro filho, dando-me ambos os nomes. Isso me fez ser Daneel Giskard Baley, e a dupla carga foi muito grande para mim. Prefiro D. G. como nome e ficarei honrado se me chamar assim” (RI:75). Daneel Olivaw (R.) A bem dizer, considerando a cronologia interior das séries, seria ocioso identificar a primeira aparição de *R. Daneel Olivaw, uma vez que ou é personagem ou é citado em inúmeros romances e contos que fazem parte de qualquer uma das três séries criadas por Isaac Asimov, isto é, Império Galáctico, Robótica e Fundação. Aparece, por exemplo, ao lado de *Liji Baley ou *Elijah Baley, no conto “*Imagem especular”, do conjunto de histórias a que Asimov deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, da coletânea *Nós, robôs, o primeiro livro da série sobre *Robótica. Nos romances *Caça aos robôs - no qual é chamado *Danil Olivaw pelo tradutor na edição consultada -, *Os robôs e *Os robôs do amanhecer acompanha o detetive *Elijah Bailey, ou no planeta *Aurora, ou no planeta *Solaria, quando o primeiro foi incumbido de investigar e esclarecer certos crimes neles praticados. A aparência física de Daneel Olivaw foi descrita por *Elijah Baley, que inicialmente o confunde com um *espacial, em Caça aos robôs, segundo livro e primeiro romance da série: “Um Espacial estava parado perto das portas que levavam ao ar livre e às abóbadas da Cidade Espacial. Suas roupas eram do tipo terrestre: calças apertadas na cintura e largas sobre os tornozelos, com uma tira colorida sobre a costura externa. Vestia uma camisa comum de Textron, de colarinho aberto e punhos franzidos, com as costuras fechadas com zíper, mas era sem dúvida um Espacial. Havia algo em sua postura, no jeito de erguer a cabeça, na calma que transpirava das feições tranquilas daquele rosto largo, de maçãs salientes, e no corte dos cabelos cor de bronze, penteados para trás, que indicava que ele não era um Terrestre” (CR:31). Daneel vai ser lembrado, com o nome de *Da-Nee, no romance *Prelúdio da Fundação, por *Mãe Ritaah, que contava histórias sobre a *Terra. Volta a ser lembrado no romance *A Fundação e a Terra, e sua missão no universo é revelada e explicada nesse romance, cronologicamente o sexto e último livro do tema *Fundação. Por sua extraordinária durabilidade e por ser personagem fundamental em vários dos livros de Asimov, nas três temáticas, constitui, juntamente com a chamada “*Questão das Origens” e a busca pelo planeta *Terra, uma espécie de elo que estabelece a ligação entre as três séries. Danil Olivaw. Nome pelo qual é chamado *Daneel Olivaw, pelo tradutor, no romance *Caça aos robôs. Darel, Dr. Personagem do romance *Segunda Fundação, filho de *Bayta Darel e pai de *Arcádia Darel. Cientista, fazia parte do grupo que procurava localizar e destruir a *Segunda Fundação. Dele o autor dá pequena descrição: “...com seu cabelo grisalho e meticuloso no vestir, parecendo um tanto mais velho que os seus quarenta e dois anos” (SF:415). Seus companheiros na busca da localização da *Segunda Fundação eram: *Pelleas Anthor, *Jole Turbor, *Elvett Semic e *Homir Munn. Darrel. Personagem mencionada no romance *Os robôs e o Império, como filho de *Gladia Delmarre (RI:28). Datas. Regra geral, Asimov não se preocupa em datar nem suas histórias nem os acontecimentos que nelas ocorrem, uma vez que avançam no tempo de forma tal que parece impossível precisar o momento em que se passaria determinada ação, ou ocorreria certo fato, em relação ao momento em que se situa o autor ou o narrador. Um dos casos de datação ocorre numa espécie de introdução, em *Prelúdio da Fundação: “O ano é 12.020 da Era Galáctica e Cleon I ocupa o instável trono imperial”. As datas ocorrem, no entanto, nas citações da *Enciclopédia Galáctica, “116.a edição publicada no ano 1.020 E. F.”, presentes principalmente no livro acima mencionado. Daugherty. Nome de personagem citado no conto “*Um dia”, da coletânea *Nós, robôs. Dave. Nome de um *robô que aparece no conto “*Pegue aquele coelho”, uma das histórias do conjunto denominado pelo autor “*Powell e Donovan”, do livro *Nós, robôs. O nome dado aos robôs nas histórias de Asimov pode ser explicado pelo nome dado ao robô *Speedy, de uma dessas histórias: “O seu nome derivava da designação da série, evidentemente, mas quadrava bem com ele, apesar disso, pois os modelos SPD contavam-se entre os mais velozes robôs produzidos pela U. S. Robots and Mechanical Men Corporation”. No caso do robô Dave, a série era DV5. No conto em que aparece, ainda explica o autor: “os leigos podem pensar nos robôs apenas por seus números de série, mas nunca os roboticistas” (NR:250). D. G. Baley. Abreviatura de *Daneel Giscard Baley, nome completo do descendente de *Elijah Baley. Visitou o planeta *Aurora à procura da *solariana *Gladia Delmarre, uma *espacial com a qual seu antepassado havia se relacionado. Preferia ser chamado *D. G. Baley, e seu nome era uma homenagem a *Daneel Olivaw e a *Giscard Reventlof, dois robôs com os quais Elijah Baley havia trabalhado. Dia da Fuga. Dia de silêncio e recolhimento no planeta *Sayshell, onde desceram *Golan Trevize e *Janov Pelorat, personagens do romance *Fundação II, que narra sua busca pelo então já esquecido planeta *Terra. A personagem *Sotayn Quintesetz, do mencionado romance, diz a *Golan Trevize e a *Janov Pelorat, quando desceram no planeta, em busca de informações sobre a Terra: “ - Os Mundos Exteriores eram mais fortes. Com a ajuda de seus robôs, os filhos derrotaram e controlaram a Terra, a Mãe. Perdoem-me, mas não consigo deixar de ficar repetindo citações do Livro [da Fuga]. Mas houve aqueles da Terra que fugiram de seu mundo – com naves melhores e modalidades mais potentes de voo hiperespacial. Voaram para estrelas e planetas distantes, muito além dos planetas próximos anteriormente colonizados. Novas colônias foram fundadas – sem robôs – onde os humanos podiam viver livremente. Foram os Tempos da Fuga, como foram chamados, e o dia em que os primeiros terráqueos atingiram o Setor de Sayshell, este exato planeta, de fato é o Dia da Fuga, celebrado anualmente por milhares de anos. Pelorat concluiu: - Meu caro amigo, o que você está então dizendo é que Sayshell foi fundado diretamente a partir da Terra. Quintesetz hesitou um momento. – É, essa é a crença oficial”. (F2:232). Dixyl. Personagem mencionada no romance *Segunda Fundação, durante a guerra entre o planeta *Kalgan e a *Primeira Fundação. Dmítri Grandão. Personagem citada o conto “*Estranho no paraíso”, da série com o título geral de “Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Dois Clímaxes. Título do conjunto de dois contos, reproduzidos na coletânea *Nós, robôs. Os contos do conjunto são “*... Para que vos ocupeis dele” (NR:481) e “*O homem bicentenário” (NR:505). Sobre esses contos, diz Asimov em nota que os precede: “Cada um desses dois contos é pós-Susan Calvin. São os contos longos mais recentes que escrevi sobre robôs, e em cada um tento dar um enfoque a longo prazo e ver qual poderia ser o fim último da robótica. E fecho o círculo – pois, muito embora eu continue aderindo estritamente às Três Leis, o primeiro conto ‘...Para que vos ocupeis dele’, é claramente um conto de robô como ameaça, ao passo que o segundo, ‘O homem bicentenário’, é ainda claramente um conto de robô como pathos” (NR:479). Dolora Delarmi. Oradora integrante do Conselho da Segunda Fundação, personagem do romance *Fundação II, da qual são apresentados os seguintes traços: “Delora Delarmi interrompeu as divagações dele. Estava olhando para ele com seus grandes olhos azuis, seu rosto redondo – com seu costumeiro ar de inocência e amizade – mascarando uma mente aguda (para todos, exceto os segundofundacionistas de seu nível) e ferocidade de concentração” (F2:122). Dom. Habitante do planeta *Gaia e personagem do romance *Fundação II. Volta a ser citado no romance *A Fundação e a Terra como “o patriarca de Gaia” (FT:15). Dors Venabili. Personagem do romance *Prelúdio da Fundação. A *Enciclopédia Galáctica diz o seguinte sobre Dors Venabili: “Historiadora, nascida em Cinna ... Sua vida poderia ter continuado a transcorrer sem nenhum acontecimento excepcional, não fosse pelo fato de que, depois que ela passou dois anos na faculdade da Universidade de Streeling, envolveu-se com o jovem Hari Seldon, durante A Fuga...” (PF:83). No primeiro encontro entre Dors Venabili e Hari Seldon, dela se dá a seguinte descrição: “Ela não era muito alta, estatura média para uma mulher, pelo que ele pôde julgar. Seu cabelo era dourado com um leve tom de ruivo, embora não muito brilhante, e estava arranjado em minúsculos cachos em volta da cabeça. (Seldon tinha avistado inúmeras mulheres trantorianas usando aquele tipo de penteado; devia ser uma moda local, se bem que em Helicon aquilo provavelmente provocasse gargalhadas). Não era particularmente bela, mas tinha um rosto agradável de se olhar; para isso contribuíam os lábios, cheios e parecendo sempre recurvados num semi-sorriso cheio de humor. Era esguia, de corpo firme, e parecia bastante jovem – talvez jovem demais para ser de alguma utilidade, pensou ele, meio constrangido” (PF:88). No romance *Crônicas da Fundação, existem outras informações sobre Dors Venabili, também retiradas da *Enciclopédia Galáctica: “A vida de Hari Seldon está tão envolta em lendas e incertezas que provavelmente jamais será possível escrever uma biografia que se baseie inteiramente em fatos comprovados. Talvez o aspecto mais intrigante da existência de Seldon seja o seu relacionamento com Dors Venabili. Nada se sabe a respeito de Dors Venabili até sua chegada à Universidade de Streeling, para lecionar história. Pouco depois, conheceu Seldon, com quem se casou e viveu durante 28 anos. Alguns relatos lhe atribuem uma força e rapidez sobre-humanas, que lhe valeram o apelido de ‘mulher-tigre’. Ainda mais curiosa que a sua chegada, porém, é a sua partida, pois, dentro de um certo tempo, ela não é mais mencionada e não há nenhuma indicação do que aconteceu. Entre suas principais obras como historiadora, podemos mencionar...” (CF:201). Ducem Barr. Personagem do romance *A Fundação e o Império. Natural do sistema *Siwena, filho de *Onum Barr, Patrício do Império e Senador de Siwena, visitado por *Hober Mallow, um dos primeiros prefeitos do planeta *Terminus, no qual *Hari Seldon havia instalado os cientistas da *Primeira Fundação. Ducem Barr participou, indiretamente, da guerra que o General *Bel Riose, conhecido como “*O Último Imperial”, moveu contra a *Fundação, durante o reinado do imperador *Cleon II. Ducem Barr ficou prisioneiro junto com *Lathan Devers, um dos “*Mágicos” da Fundação. Easy. Robô da série EZ-27, da qual deriva seu nome, personagem do conto “*Escravo”, da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267). Eban Kalaya. Personagem do romance *Os robôs e o Império, responsável pelas comunicações na espaçonave comandada, no romance, por *D. G. Baley. Ebling Mis. Cientista da *Primeira Fundação, personagem do romance *Fundação e Império, da chamada “Trilogia da Fundação”. Ebling Mis é assim apresentado no livro: “Do mesmo modo, havia razão para o fato de Ebling Mis – só aqueles que não o conheciam lhe acrescentavam os títulos ao nome – ser a livre forma de vida da ‘ciência pura’ da Fundação. Num mundo onde a ciência era respeitada, ele era o Cientista – com maiúscula e sem sorrisos. Ele era imprescindível, e sabia-o. E por isso acontecia que, quando os outros se ajoelhavam aos seus pés, ele recusava a homenagem e acrescentava estrepitosamente que os seus antepassados, no seu tempo, não dobravam os joelhos diante de nenhum fedorente Prefeito civil. E, no tempo dos seus antepassados, o Prefeito civil era eleito de maneira regular, e era obrigado a andar quando havia vontade, e as únicas pessoas que herdavam alguma coisa, por direito de nascimento, eram os idiotas congênitos” (FI:248). Ebling Mis é lembrado no romance *Fundação II: “Ebling Mis outrora tinha trabalhado numa Biblioteca intacta, num mundo arruinado, quando quase localizara a Segunda Fundação (de acordo com a crença do povo da Fundação, mas que os historiadores sempre encararam com reserva)” (F2:48). Edgard Andrev. Personagem do romance *Os robôs e o Império: “O Secretário-Geral Edgard Andrev, diretor-executivo da Terra, era bastante alto e imponente, barbeado no estilo Espacial. Movia-se sempre de maneira medida, como que em constante exibição, e portava-se como se estivesse sempre contente consigo mesmo. Sua voz era um pouco estridente demais para seu corpo, chegando quase a ser esganiçada. Sem parecer empedernido, não era facilmente influenciável” (RI:319). E.F. v. Era Fundacional. E.G. v. Era Galáctica. “Eles”. No conto “*Vamos nos unir”, da coletânea *Nós, robôs, do conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, é a denominação dada ao “inimigo” com a seguinte explicação de uma das personagens, *Elias Lynn: “Ele não estava consciente do uso comum de um pronome ligeiramente enfatizado na referência ao inimigo, um pronome com letra maiúscula. Era hábito natural da sua geração e da que a precedera. Ninguém mais dizia ‘leste’, ‘vermelhos’, ‘soviéticos’ ou ’russos’. Seria confuso demais, pois alguns Deles não eram do Leste, não eram vermelhos nem soviéticos, e, especialmente, não eram russos. Precia muito mais simples dizer Nós e Eles. Mais simples e muito mais preciso. Alguns viajantes frequentemente revelavam que Eles faziam a mesma coisa. Do outro lado, Eles eram ‘Nós’ (no próprio idioma) e Nós éramos ‘Eles’” (ASIMOV, NR, p. 163). Elias Lynn. Personagem do conto “*Vamos nos unir”, da coletânea *Nós, robôs, do conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”. A personagem é apresentada como Chefe da Secretaria de Robótica, sediada em Cheyenne, e descrito brevemente da seguinte forma: “um homem corpulento, quase fascinantemente simples, de olhos azul-claros um pouco salientes” (NR:163). Elijah Baley. Chamado também *Liji ou *Lige Baley. Detetive do planeta *Terra, encarregado de resolver o assassinato de um *espacial, ocorrido na *Cidade Espacial, enclave dos espaciais no planeta *Terra, de acordo com o romance *Caça aos Robôs, no qual é chamado Elias Baley ou Ligi Baley. Teve como parceiro na investigação o robô *Daneel Olivaw, no mencionado romance chamado *Danil Olivaw. Baley faz o seguinte comentário sobre o crime, antes de elucidá-lo: “Vamos começar. Tenho informações muito escassas e posso resumi-las com a maior facilidade. Sei que um homem chamado Roj Nemennuh Sartom cidadão do planeta Aurora e residente na Cidade Espacial foi assassinado por pessoa ou pessoas desconhecidas. Pelo que ouvi, os Espaciais julgam que não se trata de um incidente isolado” (CR:68). A segunda aparição de Bailey no tema Robótica ocorre quando foi convidado pelos *solarianos para resolver outro misterioso assassinato, desta feita ocorrido no planeta *Solaria, um dos *Cinquenta Mundos Exteriores, os primeiros explorados pelos *terrestres, aos quais o convite dos *solarianos causou espanto, tendo em vista o desprezo que sentiam pelos habitantes da Terra, e foi atribuído ao sucesso com que o detetive apurou a morte de um *auroreano na *Cidade Espacial, narrado no romance *Caça aos Robôs, o primeiro da série mencionada. O descaso dos Mundos Exteriores pela Terra fica claro na seguinte passagem do romance Os robôs: “Baley ficara imensamente perturbado e confuso com aquela revelação. Os Espaciais manifestavam sempre um certo desprezo e, no melhor dos casos, uma benevolência social pelos habitantes do planeta de sua origem, e era verdadeiramente extraordinário que viessem agora pedir sua ajuda” (R:13). O detetive Elijah Baley volta a aparecer no romance *Os Robôs do amanhecer, novamente chamado para solucionar o “assassinato”, de um *robô *humaniforme, chamado *Jander Panell, - “cuja atividade foi terminada” (CR:38) - desta vez no planeta *Aurora. A atuação de Elijah Baley em favor da Terra e de seus habitantes, diante da ira e da má vontade dos Espaciais, é resumida por seu filho, *Ben Baley, no romance Os robôs do amanhecer: “- No entanto, disse Ben – quando se deixa de pensar assim, foi você quem tirou Spacetown do mapa; foi você quem colocou Aurora do nosso lado; foi você quem começou todo esse projeto de colonizar outros mundos. Papai, você fez mais pela Terra que todos os membros do governo juntos” (RA:30). Baley vai ser lembrado, com o nome de *Ba-Lee, no romance Prelúdio da Fundação, pela velha *Mãe Ritaah, que contava velhas histórias e mitos sobre a *Terra. Vai ser citado novamente, com seu nome completo, pelo velho *Monolee, habitante do planeta *Alfa, em suas narrativas sobre a Terra feitas ao historiador *Janov Pelorat, que buscava o planeta, cuja posição no espaço havia sido esquecida ou voluntariamente apagada dos registros planetários. O historiador não acredita na existência de Baley, como narra a seus companheitros de viagem, *Golan Trevize e *Bliss: “Ele chegou a mencionar um herói da Terra chamado Elijah Baley, mas suas supostas façanhas eram tão características do hábito de atribuir a um único indivíduo as conquistas de várias gerações que não valia a pena tentar...” (FT:353). A atuação de Ben Baley e seu relacionamento com a auroreana *Gladia Delmarre vai ser narrada no romance Os Robôs e o Império, o quarto e último livro da série Robótica. Com o nome de Liji Baley, o detetive aparece no conto “*Imagem especular”, do conjunto de histórias a que Asimov deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, da coletânea *Nós, robôs. Elvett Semic (Dr). Personagem do romance *Segunda Fundação, companheiro das personagens *Darell, *Jole Turbor, *Pelleas Anthor e *Homir Munn, grupo que procurava localizar e destruir a *Segunda Fundação. Dele diz o autor que era “professor jubilado de física da Universidade, magríssimo e enrugado, com as roupas a dançarem-lhe no corpo” (SF: 415). Ennius. Personagem do romance *827 Era Galáctica. Era o Procurador do *Império Galáctico no planeta *Terra, então considerado o mais insignificante planeta do Império. Era Fundacional. Frequentemente indicada com a sigla “EF”. A expressão aparece no romance *Fundação e Império e, por analogia com a explicação dada para a expressão *Era Galáctica (E.G.), pode-se deduzir que se refira ao período posterior à criação da *Primeira Fundação até a instituição do *Primeiro Império Galáctico. É a seguinte a passagem do romance citado em que ocorre a expressão, referida em relação à personagem Capitão *Pritcher: “(...) educação pré-militar na Academia de Ciências, especialidade hiper-motores, grau acadêmico... hum, hum, muito bom, você foi louvado... entrou no Exército como suboficial no centésimo segundo dia do ano 293 da Era Fundacional” (FI:228). Era Galáctica. Frequentemente indicada com a sigla “EG”. No romance *827 Era Galáctica há a seguinte explicação da expressão: “- É o ano 827 da Era Galáctica. Era Galáctica: E.G. – entendeu? Já se passaram 827 anos desde a fundação do Império Galáctico; 827 anos desde a coroação de Frankenn Primeiro” (827:126). Erda. Um dos nomes dados ao planeta *Terra nas lendas antigas, estudadas pelo historiador *Janov Pelorat, segundo esclarece a *Golan Trevize, com quem viajava pelo espaço em busca do esquecido planeta cuja localização fora perdida, de acordo com o romance *A Fundação e a Terra: “Nas lendas antigas, a Terra recebe vários nomes. Como você sabe, Gaia é um deles. Erda é outro” (FT:293). Ernett Segundo. Robô humanoide, introduzido no planeta *Terra por *Kelden Amandiro, e que tentou eliminar o robô *Giskard Reventlof, quando de sua visita ao planeta, acompanhando *Gladia Delmarre. Espacial. Designação dada aos descendentes dos habitantes da *Terra que colonizaram outros planetas, os denominados *Cinquenta Mundos Exteriores ou apenas *Mundos Exteriores. A palavra, embora com outro sentido, já aparece no conto “Nós, os marcianos”, da antologia homônima, história que se passa quando, além da Lua, apenas Vênus, Marte e seus satélites eram habitados por descendentes dos habitantes da Terra: “Marte só tem um pouquinho de água, porque é um planeta diminuto. Vênus não tem água porque o planeta é muito quente. A Lua está na mesma situação, porque é quente e pequena. Por este motivo, a Terra deve fornecer aos espaciais não apenas água para beber e água para se lavar, mas ainda água para fazer funcionar suas indústrias, água para as fazendas hidropônicas que eles afirmam estar formando – e até água para ser desperdiçada aos milhões de toneladas” (“Nós, os Marcianos”. In Nós, os marcianos, s.d.,:20). Os espaciais são assim mencionados no romance *Os robôs: “Baley começou a ler um conto que narrava as aventuras de um habitante da Terra durante uma exploração galáctica. (...) Aquele conto era completamente ridículo! Esta pretensão de que os habitantes da Terra podiam invadir o espaço era infantil! Explorações galácticas! Os atuais habitantes da Terra jamais teriam acesso à Galáxia! Os habitantes espacias, ou os Espaciais como eram denominados, eram os únicos seres com esse privilégio – apesar de os seus antepassados terem sido habitantes da Terra como todos os outros. Esses antepassados haviam alcançado os planetas distantes e, depois de os colonizarem, setiram-se tão confortáveis e superiores que haviam suspendido toda e qualquer imigração da Terra, fechando as portas daqueles paraísos à restante população do planeta que lhes servira de berço” (R:8). São citados novamente no mesmo no romance, especialmente como inimigos da Terra e de seus habitantes, por eles desprezados: “Os habitantes da Terra haviam-se habituado a considerar os Espaciais como os indiscutíveis senhores da Galáxia: de elevada estatura, de pele e de cabelos cor de bronze, elegantes e aristocratas, fortes e viris, dinâmicos e arrogantemente calmos. Em resumo, os Espaciais que visitavam o Planeta Terra possuíam geralmente todas essas qualidades físicas e mentais e eram muito semelhantes a R. Daneel Olivaw, embora possuíssem o dom da humanidade que não existia no robô (R:48). Voltam a aparecer no romance *Caça aos Robôs, no qual ficam claras as difíceis relações que mantêm com os habitantes da Terra, como acredita a personagem *Elijah Baley, especialmente por acharem que os terrestres poderiam contaminálos com as doenças que haviam eliminado de seus próprios mundos: “Todo mundo conhecia os esforços feitos pelos Espaciais para eliminar as doenças em sua sociedade. Os cuidados que usavam para evitar ao máximo qualquer contato com os Terrestres infectos eram ainda mais conhecidos” (CR:13). Para a mesma personagem, as relações entre terrestres e espaciais eram agravadas pelos últimos: “A situação parecia ainda pior por causa dos Espaciais, descendentes dos antigos colonizadores que tinham emigrado da Terra e que viviam no luxo em seus planetas do espaço, cuja população era escassa, mas que possuíam uma enorme quantidade de robôs” (CR:29). São lembrados também no romance *A Fundação e a Terra, pelo historiador *Vasil Denadiador, do planeta *Comporellon, que presta informações a *Golan Trevize, a *Janov Pelorat e a *Bliss sobre a *Terra e as primeiras explorações espaciais feitas por seus habitantes: “Existem também os mundos da primeira leva de Colonizadores, os Espaciais, como são chamados em nossas lendas. Alguns chamam os planetas que eles colonizaram de ‘Mundos dos Espaciais’; outros de ‘Mundos Proibidos’. (...) No seu apogeu, diz a lenda, os Espaciais viviam centenas de anos e não permitiam que nossos ancestrais pousassem em seus mundos. Depois que nós os derrotamos, a situação se inverteu. Recusamo-nos a comerciar com eles e proibimos que nossas naves e as dos Mercadores visitassem os seus planetas. Assim, eles se tornaram Mundos Proibidos” (FT:133). Apesar do nome e da exploração inicial dos cinquenta planetas, os Espaciais não chegaram a colonizar outros mundos, o que passou a ser feito pelos habitrantes da *Terra, graças à atuação do detetive terrestre *Elijah Baley, de seu filho, *Ben Baley, um *Colonizador, e do roboticista *auroreano *Han Fastolfe. No livro *Os Robôs e o Império, a personagem *Gladia Delmarre, natural do planeta *Aurora, que passou a viver no planeta *Solaria, diz o seguinte sobre os Espaciais: “Ela era uma Espacial. Havia mais de cinco bilhões de Espaciais espalhados por cinquenta planetas, todos orgulhosos do nome. Contudo, quantos deles, que se chamavam Espaciais, eram realmente viajantes do espaço? Pouquíssimos. Talvez oitenta por cento deles nunca tivessem deixado seu planeta natal. Mesmo os restantes vinte por cento dificilmente tinham ido ao espaço mais de duas ou três vezes (RI:32). Espaçonave-e-Sol. Símbolo das forças armadas do *Império Trantoriano, depois *Império Galáctico. O símbolo é várias vezes mencionado nos livros que se referem diretamente ao Império, e, às vezes, nos romances que, a rigor, não se integram na série em que o tema predominante é o Império Galáctico. Observada cronologia da narrativa, a primeira menção a esse símbolo ocorre no romance *As correntes do espaço, nos pensamentos de *Ludigan Abel, Embaixador de *Trantor no planeta *Sark: “*Trantor! Estava sempre em primeiro lugar em seus pensamentos, embora não fosse o tipo de imbecil que idolatraria um grupo de estrelas ou o emblema amarelo de Espaçonave-e-Sol que as forças armadas trantorianas utilizavam” (CE:68). Espaços Abertos. Expressão usada pelos habitantes da *Terra para indicar o espaço exterior às cidades subterrâneas em que então viviam, abrangendo, inclusive, o espaço interplanetário. Os espaços abertos causavam aos habitantes das cidades subterrâneas não só grande malestar, mas também medo e pânico, como observa *Elija Baley, quando se sente tentado a pedir ao *robô *Daneel Olivaw, que o acompanha, que mande abrir o teto do veículo em que estavam, a fim de que pudesse ver o espaço: “O inspetor considerava o seu dever demasiado importante para deixar de cumprilo devido aos seus complexos e pavor pelos espaços abertos” (R:37). “Estranho no Paraíso”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra a série da coletânea a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs metálicos”. Estrela Distante. No romance *A Fundação e a Terra, nome da nave entregue a *Golan Trevize e a *Janov Pelorat pela *Prefeita de *Terminus, *Harla Branno, para a viagem de suposta busca do planeta *Terra. No romance *Fundação II, o nome da nave foi mantido em sua forma original, ou seja, *Far Star. “Eta Catarina”. Nome da espaçonave em que se passa a maior parte da ação do conto “*Imagem Especular”, envolvendo o robô *Daneel Olivaw e o detetive terrestre *Elija Baley. O conto integra a coletânea *Nós, robôs, do conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”. Eternidade. Citado por *Dom, habitante do planeta *Gaia, no romance *Fundação II, como lenda ou fábula que responderia às seguintes perguntas: “Por que apenas a Terra sustentou um ecossistema complexo? O que a distinguiu de outros mundos? Por que milhões e milhões de outros mundos na Galáxia – mundos que eram capazes de sustentar a vida – desenvolveram apenas uma vegetação insignificante, e algumas formas de vida animal não inteligente? (...) Temos uma lenda sobre isso – uma fábula, talvez. Não posso asseverar sua autenticidade (...) A fábula diz que houve aqueles que podiam sair do tempo e examinar os fios infinitos das realidades em potencial. Essas pesoas eram chamadas os Eternos, e quando estavam fora do tempo, dizia-se que estavam na eternidade. Era sua tarefa escolher uma Realidade que mais se adequasse à humanidade. Eventualmente eles descobriram (é o que se diz) um universo em que a Terra era o único planeta em toda a Galáxia, no qual se podia encontrar um sistema complexo, juntamente com o desenvolvimento de uma espécie inteligente capaz de elaborar uma tecnologia aperfeiçoada. Essa, eles decidiram, era a situação em que a humanidade estaria mais segura. Congelaram aquele fio de eventos como a Realidade, e então cessaram suas operações ” (F2:314-315). No romance O fim da eternidade, (The end of Eternity, no original norteamericano), que não faz parte de nenhuma das três séries aqui tratadas, a personagem Andrew Harlan, um dos *Eternos, dá a seguinte explicação sobre o trabalho que os últimos realizam: “Nós trabalhamos. Trabalhos para esboçar todos os detalhes de todas as épocas, desde o começo da Eternidade até onde a Terra está vazia; e tentamos esboçar todas as infinitas possibilidades de todos os poderia-ter-sido, escolher um poderiater-sido que seja melhor do que o que é, decidir onde no Tempo podemos fazer uma minúscula mudança para substituir o é pelo poderia-ser e procurar um novo poderia-ser, para todo o sempre” (p. 72). Eternos. Citados por Dom, habitante do planeta *Gaia, no romance *Fundação II: “A fábula diz que houve aqueles que podiam sair do tempo e examinar os fios infinitos das realidades em potencial. Essas pesoas eram chamadas os Eternos, e quando estavam fora do tempo, dizia-se que estavam na eternidade” (F2:314). Os eternos aparecem no romance Fim da eternidade. Eto Demerzel. No romance *Prelúdio da Fundação, é apresentado como o chefe do Estado Maior de *Cleon I, governante do *Império Galáctico, e a cuja habilidade se devia a relativa paz e prosperidade do Império. Apontado por *Chetter Hummin como “O alter ego de Cleon. Seu cérebro, sua eminência parda... ele tem sido chamado de todas essas coisas, se nos limitarmos ao que não tem caráter pejorativo” (PF:38). Demerzel volta a figurar no livro *Crônicas da Fundação, no qual estão transcritos os seguintes dados sobre a personagem, retirados da *Enciclopédia Galáctica: “… Embora não haja dúvidas de que Demerzel tenha sido o verdadeiro governante durante a maior parte do reinado do imperador Cleon I, os historiadores se dividem quanto à natureza da sua administração. A interpretação clássica é de que ele era mais um na longa linha de opressores violentos e implacáveis que se sucederam no último século de existência do Império Galáctico, mas existem aqueles que insistem em defini-lo como um déspota benévolo. Este último ponto de vista está ligado ao seu relacionamento com Hari Seldon, que infelizmente até hoje não foi bem esclarecido, particularmente no que diz respeito ao curioso episódio de Laskin Joramum, cuja ascensão meteórica…” (CF:9). Euterpe. Nome de planeta apenas mencionado no romance *Os robôs e o Império: “De repente, não lembrava exatamente há quanto tempo, ela [Gladia Delmarre] e Santirix [Gremionis] tinham ido juntos ao planeta Euterpe conhecer suas florestas tropicais, mundialmente reconhecidas como incomparáveis, especialmente sob o resplendor romântico de seu brilhante satélite, Pedra Preciosa” (RI:87). Para dar nome ao planeta, Asimov recorre à mitologia grega, pois Euterpe era o nome da musa da música, segundo Hesíodo. Fallom. *Solariano, personagem do romance *A Fundação e a Terra, filho de *Sarton Bander. Criança ainda, depois da morte do pai foi levado para fora do planeta *Solaria por *Golan Trevize, *Janov Pelorat e por sua companheira *Bliss. Far Star. No romance *Fundação II, nome da nave entregue a *Golan Trevize e a *Janov Pelorat pela *Prefeita de *Terminus, *Harla Branno, para a viagem de suposta busca do planeta *Terra. No romance *A Fundação e a Terra, o nome da nave foi traduzido para *Estrela Distante. Federação da Fundação. Posterior à queda do *Primeiro Império Galáctico e anterior à constituição do *Segundo Império, a Federação da Fundação é citada no romance *Fundação II, por *Golan Trevize conselheiro da Prefeitura de *Terminus, quando respondia a interrogatório do Diretor de Segurança da referida Prefeitura: “- O que você precisa, muito claramente, é de um conjunto de perguntas e respostas que possa apresentar a Terminus e a toda a Federação da Fundação que ele governa, para mostrar que eu aceito a lenda do Plano de Seldon totalmente” (F2:27). Mais adiante, no mesmo romance, a Federação da Fundação volta a ser citada, de forma ainda mais esclarecedora, desta feita em intervenção do autor, que assume o papel de narrador: “A Fundação não tinha fundado um Segundo Império Galáctico; estava apenas a meio caminho, pelo Plano de Seldon, mas enquanto Federação da Fundação, mantinha um forte controle econômico sobre um terço das unidades políticas esparsas da Galáxia, e influenciava aquelas sobre as quais não tinha controle” (F2:34). No mesmo romance, há outras informações sobre a Federação, segundo as quais era constituída por “mais de sete milhões de planetas habitados governados pelo Conselho e por ela mesma [Harla Branno, Prefeita de Terminus] – os sete milhões de mundos habitados que votavam e eram representados na Casa dos Planetas (...)”. Além disso, vários planetas estavam sob a influência da Federação: “Não era território da Federação, mas regiões que, nominalmente independentes, nunca sonhariam em opor resistência a qualquer movimento da Fundação” (F2:255). Fenner Leemor. “Engenheiro de Terceira Classe”, personagem mencionada no romance *Segunda Fundação (SF:675). Fife. v. Nobre de Fife. Fim da eternidade. Romance de Isaac Asimov, sobre o que considera “uma das ‘convenções’ da ficção científica: a da viagem no tempo”. (Fim da eternidade, introdução). A “eternidade” é mencionada no romance Fundação II, pela personagem *Dom, na seguinte passagem, em que a explica o termo: “E Dom dissse: - Eu estava para contar a nossos hópedes [Janov Pelorat e Golan Trevise] a história da Eternidade. Para entendê-la, vocês precisam aceitar que podem existir diferentes universos – virtualmente, um número infinito. Cada evento isolado que ocorre, pode ou não ocorrer, ou pode ocorrer de uma maneira ou outra, e cada uma de um enorme número de alternativas resultará num curso futuro de eventos, que, até certo ponto, são distintos. (...) Trevize se movimentou, incomodado: - Acredito que essa seja uma especulação comum da mecânica quântica, muito antiga, aliás (...) - Mas, continuemos. Imagine ser possível que os humanos congelem todo o número infinito de universos, e andar de um para outro à vontade, e escolher qual o que deveria ser tornado ‘real’ – o que quer que esta palavra signifique, neste contexto. (...) Não obstante, a fábula diz que houve aqueles que podiam sair do tempo e examinar os fios infinitos das realidades em potencial. Essas pessoas eram chamadas os Eternos, e quando estavam fora do tempo, dizia-se que estavam na Eternidade. Era sua tarefa escolher uma Realidade que mais se adequasse à humanidade” (p. 315). Flora. Esposa de *Ennius, Procurador do *Império Galáctico no planeta *Terra, personagens do romance *827 Era Galáctica. Florina. Planeta citado no livro *Correntes do espaço, o primeiro romance sobre o *Império Galáctico. Sobre o planeta, existe a seguinte passagem no romance: “Rik olhou a sua volta. O mundo era lindo demais. Valona uma vez lhe contara que havia um enorme letreiro luminoso na Cidade Superior, mais precisamente quilômetros acima dela, que dizia: ‘De todos os Planetas da Galáxia, Florina é o mais lindo’” (CE:21). O planeta volta a ser citado de passagem no livro *Crônicas da Fundação, lembrado pela historiadora *Dors Venabili, companheira de *Hari Seldon: “Dors Venabili estava do outro lado da sala, com o visor desligado e os microfilmes de volta no lugar. Acabara de rever o que escrevera a respeito do incidente de Florina, um episódio marcante na história de Trantor, e resolvera descansar tentando adivinhar no que Seldon estava pensando” (CF:46). Florinianos. Naturais do planeta *Florina, dominado pelos *sarkinianos, naturais do planeta *Sark, conhecidos como *Nobres, personagens do romance *As correntes do espaço. Forasteiro. No romance *827 Era Galáctica, designava aquele que não havia nascido no planeta Terra, ou Terrestre. (827:24). Forell. v. Sennet Forell. Fran. Redução do nome Franssart, personagem da segunda parte do romance *Fundação e Império, mencionado no mesmo romance como um maneta, representante do planeta Haven, um dos mundos comerciais independentes (FI:257). Franssart. v. Fran. Francis Janek. Personagem do conto “*O incidente do Tricentenário”, cuja ação se passa no dia 4 de julho de 2076. A história integra o conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, da coletânea *Nós, robôs. A personagem é apresentada como secretário pessoal do Presidente dos Estados Unidos. Francis J. Hart. Apresentado como professor universitário, “chefe do Departamento de Inglês e decano de Estudos de Graduação”, personagem do conto “*Escravo”, da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:320). Francis Quinn. Personagem do conto “*Prova”, da coletânea *Nós, robôs. Faz parte do conjunto de dez histórias ao qual o autor deu o título geral de “*Susan Calvin”. A personagem do conto é apresentada como “um político da nova escola (...) não corria atrás de cargos, nem batalhava por votos, nem fazia discursos, nem conchavava em véspera de eleição” (NR:415). Frankenn Primeiro. Primeiro governante do *Império Galáctico, citado no romance *827 Era Galáctica: “- É o ano 827 da Era Galáctica. Era Galáctica: E.G. – entendeu? Já se passaram 827 anos desde a fundação do *Império Galáctico; 827 anos desde a coroação de Frankenn Primeiro” (827:126). Franz Muller. Personagem do conto “*Razão”, da coletânea *Nós, robôs. A personagem *Gregory Powell diz o seguinte de Muller: “Seus olhos perscrutaram o orgulhoso prussiano à sua frente, do cabelo escovinha na cabeça teimosa até os pés rigidamente em posição de sentido” (NR:247). “Fuga!” Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dos contos que o constituem. A história constitui, se não uma continuação, pelo menos uma continuidade do conto “*Risco”, do mesmo conjunto da coletânea (NR:370). Fuga (A). Período da vida de *Hari Seldon que se iniciou logo após a apresentação de sua monografia sobre a psico-história. Depois disso, teve de fugir, diante da ameaça de possível perseguição de que poderia ser vítima, por parte de Cleon I, Imperador do *Império Galáctico, e, principalmente, por parte de seu chefe de Estado Maior, *Oto Demerzel. Durante a fuga, Seldon foi auxiliado por *Chetter Hummin, que o ajudou e o incentivou a desenvolver a psico-história, para possível aplicação, possibilidade na qual, até então, Seldon não acreditava. Fundação. Às vezes também chamada Primeira Fundação. O fato de *Hari Seldon haver criado duas fundações com a mesma finalidade pode ser explicado pelo conselho que lhe foi dado por *Chetter Hummim: “Ouça o que lhe digo Hari... Se chegar o momento em que você for capaz de montar um instrumento destinado a impedir que o pior aconteça, dê um jeito de montar dois instrumentos, porque se um deles falhar o outro pode cumprir a tarefa. O Império [Galáctico] deve ser preservado, ou então reconstruído sobre novas fundações. Faça com que haja duas, em vez de apenas uma, se for possível” (PF:457). No segundo romance da série, *Crônicas da Fundação, há uma segunda referência às duas fundações que viriam a ser criadas por Hari Seldon, agora feitas pelo matemático *Yugo Amaryl, amigo e companheiro de Seldon: “Ultimamente, Yugo vinha falando a respeito da criação de Fundações, separadas, isoladas, independentes do próprio Império, servindo como sementes para a formação de um novo e melhor Império depois de um inevitável período de trevas. Seldon estava estudando as consequências de uma medida desse tipo” (CF:219). No mesmo romance, Seldon dá as seguintes informações a Yugo Amaryl, quando este se encontrava em seu leito de morte, sobre as duas fundações que pretendia instituir: “Teremos uma Fundação formada por cientistas convencionais, que preservará os conhecimentos da humanidade e servirá de núcleo para o Segundo Império. E teremos uma Segunda Fundação, formada apenas por psico-historiadores... indivíduos com poderes telepáticos, capazes de estudar os segredos da psicohistória como se fossem uma única criatura. Eles ficarão encarregados de introduzir melhorias no plano de reconstrução da sociedade. Estarão perpetuamente nos bastidores, vigiando. Serão os guardiões do Império” (CF:331). A *Primeira Fundação foi instalada no planeta *Terminus, num dos extremos da Galáxia, sob grande publicidade, ao contrário da *Segunda Fundação, instalada no outro extremo da Galáxia, sob o mais completo silêncio. No “Prólogo” não assinado do romance *Fundação e Império, Asimov dá a seguinte explicação sobre a fundação criada por Hari Seldon: “Começa com um povoamento de cientistas físicos em Terminus, um planeta colocado na extremidade de um dos braços da espiral da Galáxia. Separados dos distúrbios do Império, esses cientistas trabalharam como compiladores de um compêndio de conhecimento universal, a Enciclopédia Galáctica, desconhecendo o profundo papel que lhes fora destinado pelo já falecido Seldon. Como o Império se fosse corrompendo, as outras regiões caíram nas mãos de ‘reis’ independentes. A Fundação viu-se ameaçada por eles. Contudo, atirando os insignificantes soberanos uns contra os outros, sob a orientação do primeiro prefeito, Salvor Hardin, conseguiram manter uma independência precária. Sendo os únicos possuidores da força atômica no meio de mundos que estavam perdendo a cultura e regressando ao carvão e ao petróleo, conseguiram, por isso, ganhar um ascendente. A Fundação tornou-se o centro ‘religioso’ dos reinos vizinhos” (FI:153). No romance *Fundação II, as fundações já têm 498 anos e, sobre ela diz a personagem *Golan Trevize: “Somos mais que o mundo isolado de Terminus. Somos a Fundação, que estende seus tentáculos por toda a Galáxia e a governa de sua posição limítrofe” (F2:17). Fundação II: a decisão de um só homem mudando os destinos da galáxia (F2, nas citações). Do original norte-americano Foundation’s Edge, de 1982. Décimo quarto volume da série “*História do Futuro”, e quinto romance que tem a Fundação como tema predominante. Fundação e Império. (FI, nas citações). No original norte-americano, Foundation and Empire, de 1952. Décimo segundo volume da série “*História do Futuro”, e terceiro romance em que a Fundação é o tema predominante. Segundo o autor, primeiramente era constituído de dois contos, publicados em 1945: “Mão morta” e “O Mula”, conforme explica no livro O futuro começou (p. 370), em que reuniu seus primeiros contos publicados. Fundação Enciclopédica. No romance *Crônicas da Fundação, denominação atribuída à Fundação instalada no planeta *Terminus com a finalidade expressa de redigir a *Enciclopédia Galáctica (CF:341). Gaal Dornick. Matemático, citado no livro *Fundação como natural do mundo de *Synax. Conheceu *Hari Seldon dois anos antes da morte deste e escreveu a biografia do matemático e criador da *psico-história (F:11) Gaia. Nome de um planeta e uma das denominações às vezes atribuída ao planeta *Terra, cuja localização estava já totalmente esquecida, no livro Fundação II, cuja ação se passa quinhentos anos depois da constituição *Fundação por *Hari Seldon, como deixa ver o seguinte diálogo entre as personagens *Golan Trevize e *Janov Pelorat: : “(...) Tenho a impressão de que você me disse agora há pouco que a “Terra” não estava na lista. - Enquanto Terra, não. Há, porém, um planeta chamado “Gaia”. - E o que tem a ver com o resto? Como é mesmo: Gaiá? - Diz-se G-A-I-A. Significa “Terra”. - Por que deveria significar “Terra”, Janov, e não qualquer outra coisa? O nome não tem significado algum para mim. O rosto de Pelorat, ordinariamente sem expressão, chegou perto de uma careta: - Não sei se você vai acreditar, mas se for pela minha análise dos mitos, havia várias línguas diferentes, mutuamente ininteligíveis, na Terra” (F2:112). No mesmo romance, a personagem *Sotayn Quintesetz explica a Trevize e a Pelorat, que desceram no planeta *Sayshell, em sua busca pela Terra: “Sabemos que Gaia é um planeta antigo, e há quem pense que seja o mundo mais antigo deste setor da Galáxia, mas não temos certeza. O patriotismo nos diz que o planeta Sayshell é o mais velho; o medo nos diz que o planeta Gaia é que é. A única maneira de combinar os dois é supor que Gaia é a Terra, pois que é conhecido que Sayshell foi diretamente colonizado pelo povo da Terra” (F2:299). Para os habitantes de Sayshell, o planeta Gaia está envolvido em lendas e mistérios, chegando mesmo a causar terror entre eles. Quintesetz explica às personagens mencionadas: “- É que simplesmente não falamos sobre aquele mundo. - Superstição? - Bem... sim! Superstição. Pelos céus de Sayshell, de que jeito posso ser melhor do que a pessoa idiota que lhes disse que Gaia estava no hiperespaço, ou do que minha mulher, que nem mesmo fica numa sala onde Gaia é mencionada (...)” (F2:238). O mistério que cerca o planeta *Gaia é lembrado pela Prefeita de *Terminus, *Harla Branno, no romance citado, quando se refere à viagem das personagens Golan Trevize e Janov Pelorat, que o procuravam por sua determinação, ainda que, na realidade, não fosse esse o objetivo da viagem. Comenta a Prefeita, depois de se referir à informação de que Gaia fazia parte da *União de Sayshell: “A União de Sayshell é uma parte bem explorada da Galáxia. Todos os seus sistemas estelares – habitados ou desabitados – estão registrados, e os habitados são conhecidos pormenorizadamente. Gaia é a única exceção. Habitada ou não, ninguém ouviu falar dela; não está presente em mapa algum (...). O que quer que Gaia seja, protege a si mesma. Providencia para que não haja conhecimento de sua existência em suas vizinhanças imediatas e protege estas vizinhanças de modo que estrangeiros não possam de apossar dela” (F2:259). Na mitologia grega, a palavra Gaia designa a deusa Terra, e pode ser traduzida também como “boa mãe”. Gaiano. Natural do planeta *Gaia e que participava da natureza do planeta. Galáctico Clássico. Forma antiga do *galáctico padrão, ainda falada no planeta *Alfa, cujos habitantes viviam isolados. No romance *A Fundação e a Terra, foi a denominação dada por *Janov Pelorat, historiador e especialista em línguas antigas, à linguagem falada pelos habitantes da ilha *Terra Nova, única parte habitada do planeta *Alfa, onde sua jovem habitante, *Hiroko, responde a uma pergunta de *Golan Trevise, usando linguagem, para este exótica, e à qual seu companheiro denominou “*galáctico clássico”. Disse Hiroko, usando a forma antiga da língua galáctica: “O nome é Alfa. Na verdade, aprendemos que o nome correto é Alfa Centauri, mas o chamamos apenas de Alfa e, como podeis ver, é um mundo deveras airoso” (FT:337). Galáctico-Padrão. Língua padrão falada por todo o *Império Galáctico. No romance *As correntes do espaço, embora a ação se passe antes da formação total deste, quando ainda se chamava *Império Trantoriano, em alusão a sua capital, *Trantor, o planeta-cidade. No mesmo livro, há uma referência ao inevitável sotaque que caracterizaria o falar dos habitantes de cada um dos planetas do Império que então se constituía: “Fora do porto, um dos dois homens dentro de um carro diamagnético falou com irritação: - Entrou no carro de uma garota? Que carro? Que garota? Apesar de seu traje sarkiano, seu sotaque pertencia definitivamente aos mundos arcturianos do Império Trantoriano”.(CE:167). A mesma idéia aparece em *Prelúdio da Fundação, o último livro escrito por Asimov: “O Império é cheio de estranhos modos de falar, muitos dos quais desconhecidos em Trantor, assim como os de Trantor às vezes soam estranhos em outra parte” (PF:31). A menção a esses dialetos não só perdura como se acentua ao longo do tempo, como constituem exemplos os romances que se seguiram, como *Fundação II, cuja ação se passa após a destruição do Império, embora esses dialetos não chegassem a ser ininteligíveis entre si, como se observa na seguinte passagem: “Ele pronunciou “Nave da Fundazão”, mas [Golan] Trevize teve o cuidado de não corrigi-lo nem sorrir. Havia tantas variedades de dialeto do Galáctico-Padrão quantos planetas, e cada um falava o seu. Enquanto houvesse a compreensão mútua, não importava” (F2:184). É curioso observar que no mesmo romance existe referência à língua inglesa como idioma antigo e mítico, antes falado em um planeta também muito antigo e desconhecido: “Descobrira por acaso um dos remotos mundos do Setor Centauro durante seu trabalho; um daqueles mundos cuja história poderia ser contada em milênios e cuja linguagem era tão arcaica que seu dialeto bem poderia ser aquela linguagem perdida, mítica: o inglês” (CE:55) A idéia de uma língua universal aparece pelo menos em outro trabalho de Asimov, o conto “*Profissão”, da coletânea *Nove Amanhãs, de 1959, que não faz parte da “História do Futuro”: “A Terra exporta instruções em fitas para profissões de baixa especialização e isso conserva a cultura galáctica unificada. Por exemplo, as fitas de leitura garantem uma única língua para todos nós. Não fique tão surpreso, outras línguas são possíveis e no passado existiram centenas delas” (p.67). No romance Fundação II, repete-se a idéia de uma linguagem única em todo o Império, muito embora ocorresse a inevitável dialetação, como fica claro nos seguinte diálogo entre Golan Trevize e *Janov Pelorat:: “- Afinal, temos milhares de diferentes maneiras de falar por toda a Galáxia.. - Através da Galáxia, há certas variações dialetais, mas não são mutuamente ininteligíveis. E mesmo se a compreensão de algumas delas é difícil, compartilhamos todos o Galáctico Padrão” (F2:112). No romance *A Fundação e a Terra, a mesma personagem, o historiador Janov Pelorat, torna ainda mais clara a diversificação local da língua padrão da Galáxia: “Na verdade – dise Pelorat – cada planeta habitável da Galáxia tem seu dialeto próprio do idioma galáctico, de modo que existem milhões de dialetos, alguns dos quais quase incompreensíveis para homens de outros planetas. Entretanto, depois da adoção do galáctico padrão todos os dialetos tendem a evoluir mais ou menos da mesma forma. Se este planeta esteve isolado do resto da Galáxia durante vinte mil anos, seu dialeto deveria ter divergido tanto que a esta altura teria que ser uma língua totalmente diferente. O fato de que não é sugere que o planeta tem um sistema social baseado em robôs, que podem compreender apenas a língua para a qual foram programados. Assim a língua não evoluiu nada, e o que temos agora é simplesmente um dialeto muito antigo do idioma galáctico” (FT:205). Galáxia Viva. Nome atribuído pela personagem *Golan Trevize ao projeto de Galáxia imaginado pelos habitantes do planeta *Gaia, diferente daquele do *Segundo Império Galáctico, imaginado tanto pela *Primeira Fundação, baseado no desenvolvimento científico e tecnológico, quanto pela *Segunda Fundação, baseado no poder mental. A criação da Galáxia Viva é objeto dos romances *Fundação II e *A Fundação e a Terra. Genevieve Renshaw (Dr.a). Tamvém chamada Jenny, médica, personagem do conto “*Pense!”, do conjunto de contos com o título geral de “Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Gennao Sabbat. Matemático, personagem do conto “*Imagem especular”, do conjunto de contos reunidos sob o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, da coletânea *Nós, robôs. A personagem, que viajava para o planeta *Aurora, envolveu-se em disputa com seu colega *Alfred Barr Humboldt. A questão foi resolvida pelo detetive *Elijah Baley, graças à intervenção do robô *Daneel Olivaw, que assim se refere ao cientista: “O dr. Sabbat, por outro lado, é bem jovem, ainda não chegou aos cinquenta, mas já se estabeleceu como o mais notável dos novos talentos nos ramos mais abstrusos da matemática” (NR: 181). Genovus Pandaral. Personagem que aparece no romance *Os robôs e o Império, apontado como o Diretor Sênior do Diretório de cinco membros que governava o planeta *Baleyworld: “Genovus Pandaral era alto e ainda não muito velho, apesar do seu espesso tufo de cabelo branco, que, juntamente com suas abundantes suíças brancas, dava-lhe um ar de dignidade e distinção. Seu aspecto geral, parecendo um chefe, tinha auxiliado seu avanço nas fileiras, porém, como ele mesmo sabia muito bem, sua aparência era muito mais forte que sua fibra interior” (RI:173, 182). George e Grace Weston. Personagens do conto “*Robbie”, da série “*Alguns robôs não humanos”, da coletânea *Nós, robôs. George Martin. Personagem de um dos mais felizes contos de Asimov, “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “*Dois clímaxes”. Os contos foram reproduzidos na coletânea *Nós, robôs (NR:515), assim como em outras antologias. George Nine. Robô do modelo *JG, personagem do conto “...Para que vos ocupeis dele”, da coletânea *Nós, robôs. O conto integra o conjunto de duas histórias a que o autor deu o título geral de “*Dois clímaxes” (NR:490). George Ten. Robô do modelo *JG, personagem do conto *“... Para que vos ocupeis dele”, da coletânea *Nós, robôs. O conto integra o conjunto de duas histórias a que o autor deu o título geral de “*Dois clímaxes (NR:481). Gerald Black. Personagem do conto “*O robozinho perdido”, do conjunto de dez histórias com o título geral de “*Susan Calvin”, da coletânea *Nós, robôs. A personagem “tinha tirado seu diploma em física etérica no ano anterior, e assim como toda a sua geração de físicos, viu-se engajado no problema do motor” (NR:351). Gerald Black volta a aparecer no conto “*Risco”, da mesma coletânea, com a seguinte descrição: “Black era atarracado, e seus cabelos escuros deixavam pouco espaço para a testa, mas sua mente era tão aguçada quanto seus dedos eram grossos (NR:371). Gerald Martin. Primeiro proprietário do robô *Andrew Martin e personagem de um dos mais felizes contos de Asimov, “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “Dois clímaxes”. Os contos foram reproduzidos na coletânea *Nós, robôs. Gillbret de Hinriad. Personagem do romance *Poeira de estrelas. Gilmer. Personagem mencionada no romance *Fundação e Império, aparentemente como o comandante responsável pelos acontecimentos que culminaram com a derrocada do *Primeiro Império Galáctico, do qual assumiu o governo: “Não sabiam nada dos Sete Dias de Combate e do armistício que deixara a Universidade [Imperial] livre quando até o palácio Imperial estremecia sob a botas de Gilmer e de seus soldados, durante o curto intervalo de seu governo” (FI:314). Giskard Reventlof. Robô fabricado no planeta *Aurora que, acidentalmente, foi dotado de certos poderes telepáticos pela filha de seu fabricante, *Vasilia Fastolfe ou *Vasilia Aliena, além da capacidade de influenciar mentalmente as pessoas. No romance *Os robôs do amanhecer, foi encarregado de zelar pelo detetive *Elijah Baley, enquanto este se encontrava no planeta, e é descrito da seguinte forma: “Era um modelo bastante primitivo, não muito diferente dos da Terra, na verdade. Contudo, havia uma certa sutileza na expressão, que faltava aos robôs terráqueos. Por exemplo, aquele podia mudar de expressão, de uma forma limitada. Tinha esboçado um sorriso quando comunicou a Baley que este recebeu o que poucos em Aurora podiam se permitir. A estrutura do seu corpo parecia de metal e no entanto tinha a aparência de uma coisa tecida, que se modificava levemente com o movimento, uma coisa com cores que combinavam e contrastavam agradavelmente. Em suma, a menos que fosse examinado cuidadosamente e muito de perto, o robô, embora decididamente não humaniforme, parecia estar usando roupas” (RA:34). Giskard Reventlof aparece, principalmente, no romance *Os robôs e o Império, e sua atuação volte a ser citada no romance *A Fundação e a Terra. Aparece frequentemente relacionado com a personagem *Gladia Delmarre, sua proprietária depois da morte de seu fabricante, *Han Fastolfe, roboticista auroreano. Giuseppe. Nome de um dos “*robôs não humanos” do conto “*Sally”, da coletânea Nós, robôs. Gladia Delmarre. Natural do planeta *Solaria, personagem de dois dos três romances da série Robótica em que aparece também o detetive *Elijah Baley: *Os robôs e *Os robôs do amanhecer. Uma das personagens da narrativa encarregase de esclarecer a pronúncia de seu nome: Sim. Chama-se Gladia. Gruer pronuncira o nome em três sílabas, acentuando a segunda” (R:52). No primeiro dos romances mencionados, Gladia era suspeita de assassinar seu marido, *Rikaine Delmarre, crime misterioso que o detetive terrestre foi chamado a *Solaria para esclarecer. No livro *Os robôs do amanhecer, Elijah Baley tenta esclarecer a “morte” de um robô humaniforme, *Jander Panell, que havia sido “tornado inoperante”, quando se encontrava “a serviço” de Gladia Delmarre, para a qual havia sido cedido por seu criador e primeiro proprietário, *Han Fastolfe, que aparece também no primeiro dos romances acima mencionados. O relacionamento de Gladia com *D.G. Baley, descendente de Elijah Baley, narrado no romance *Os robôs e o Império, acaba por transforma-se em lenda, como explica o solariano *Sarton Bander aos visitantes do seu planeta, *Golan Trevize, *Janov Pelorat e *Bliss, que viajavam pelo espaço em busca da *Terra: “Quando era moço, ouvi de um robô uma história a respeito de um terráqueo que uma vez visitou *Solaria e de uma *solariana que partiu com ele e ficou famosa em toda a Galáxia. Em minha opinião, a história foi inventada” (FT:221). Gladia Solariana. Nome pelo qual era chamada *Gladia Delmarre, quando se mudou do seu planeta natal, *Solaria, para o planeta *Aurora. Gladys Claffern. Personagem do conto “*Satisfação garantida”, da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:288). Globalistas. No romance *Os robôs do amanhecer, indica os partidários do Mestre Roboticista *Kelden Amadiro, do planeta *Aurora, para o qual a galáxia deveria ser explorada exclusivamente pelos *auroreanos, ficando os habitantes da *Terra, por estes denominados *terráqueos, confinados ao seu planeta e inteiramente deprezados pelos auroreanos. (RA:374). Glória. Personagem do conto “*Robbie”, da série “Alguns robôs não humanos”, da coletânea *Nós, robôs. Golan Trevize. Personagem do livro *Fundação II, assim descrito no romance: “Trevize era alto, cabelos negros, com uma suave ondulação, e tinha o hábito de andar com os polegares encaixados no cinto de fibra macia que sempre usava” (F2:15). Golan Trevize é personagem importante de outros romances da *História do Futuro. Grande Saque. Nome dado ao episódio da destruição de *Trantor, o planetacidade, capital do *Primeiro Império Galáctico, quando da destruição deste. O episódio é apenas mencionado em mais de um romance da série. Grandes Nobres de Sark. Personagens do romance As correntes do espaço (CE:95), eram os cinco nobres que governavam o planeta *Sark e exploravam o *kyrt, produzido pelo planeta *Florina, dominado pelos *sarkianos. Gregory Powell. Às vezes também chamado Greg, por seu companheiro *Michael - ou Mike - Donovan. Personagem dos contos “*Primeira Lei”, “*Corre-corre”, “Razão” e “Pegue aquele coelho”, histórias do conjunto denominado pelo autor “*Powell e Donovan”, do livro *Nós, robôs. São os que realizam o primeiro “*salto” que permitiria a realização das viagens interestelares, no conto “*Fuga!”, da coletânea mencionada. A história integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dos contos que o constituem, e pelo menos mencionada em vários outros trabalhos de Asimov. A história constitui, se não uma continuação, pelo menos uma continuidade do conto “*Risco”, do mesmo conjunto da coletânea. Greg Powell. v. Gregory Powell. Grew. Personagem do livro *827 Era Galáctica, terceiro romance sobre o *Império Galáctico. Gunnar Eisenmuth. Personagem do conto *“... Para que vos ocupeis dele”, da coletânea *Nós, robôs. Ocupava o cargo de “conservador”, possivelmente uma espécie de governante. O conto integra o conjunto de duas histórias a que o autor deu o título geral de “*Dois clímaxes”. Sobre a personagem, diz o autor: “Eisenmuth era um homem alto, de rosto triste e alongado, com textura e feições grosseiras. Dizia ‘global’ com um forte sotaque americano, se bem que nunca fora aos Estados Unidos antes de assumir o cargo” (NR:488). Habitantes da Terra. Na obra de ficção de Isaac Asimov, a não ser por alguns contos, como, por exemplo, “Mocidade” (Nós, os marcianos, s.d.:73, 123) e “*Beco sem saída” (*O futuro começou, s.d.:371), o único planeta da galáxia que ofereceu condições propícias para o aparecimento de vida inteligente foi a *Terra, o que, pelo menos em parte, é explicado pelo livro Fim da eternidade, que não faz parte da série “História do Futuro”, embora seja lembrado em algumas passagens da série. Nesta, a colonização de todos os planetas foi feita ou por pessoas originárias da Terra ou por seus descendentes. Aliás, no livro *O futuro começou, que reúne os primeiros contos publicados por Asimov, o autor informa, ao se referir ao conto “*Homo sol”, que procurou afastar-se “das tradições daqueles escritores que teciam tramas contra a gigantesca teia de galáxias inteiras e contendo muitas inteligências (...) Ao invés disso, comecei a pensar em histórias envolvendo uma galáxia habitada apenas por inteligências humanas. Isso frutificou, bem cedo, na série da *Fundação”. Não obstante, reconhece a pequena possibilidade de uma única espécie inteligente em todo o universo, como explica: “É quase certo que dentre as centenas de bilhões de mundos numa grande galáxia, deveria haver centenas, ou mesmo milhares de diferentes espécies inteligentes. Que houvesse apenas uma, isto é, nós, como postulei, é altamente improvável. Alguns críticos de ficção científica (particularmente Sam Moskowitz) deram-me o crédito por ter inventado a galáxia puramente humana, como se fosse alguma espécie de progresso literário. Outros podem ter pensado, em particular (pois nunca ouvi nada declarado), que eu tinhas apenas inteligências humanas na galáxia porque faltava-me imaginação para criar extraterrestres” (p. 174). Na obra de Asimov, os habitantes da Terra receberam denominações diversas, algumas com caráter pejorativo, em vista da animosidade de habitantes de outros planetas em relação aos habitantes do planeta de origem da civilização, o que se nota desde os primeiros tempos da colonização de outros mundos, como no conto “*Nós, marcianos”, que deu título à coletânea homônima, com três contos. Na história, a colonização atingia, além da Lua, apenas Vênus, Marte e seus satélites. No entanto, entre os “marcianos”, ou seja, aqueles que haviam nascido no planeta, já havia certa indisposição em relação aos habitantes da Terra, chamados pejorativamente “*térreos”, em contraposição a “*marcianos”, ou seja, os descendentes dos habitantes da Terra que haviam colonizado ou nascido no planeta Marte, como se observa nas seguintes passagens da história: “Aqueles estúpidos pilotos Térreos se livram dos cascos desta maneira, propositadamente” (p. 21). “Se os Térreos não querem nos dar água, teremos que tirá-la à força. A água não lhes pertence apenas porque seus pais e avós foram covardes e não se arriscaram a sair do planeta. A água pertence a todos, em qualquer lugar que eles se encontrem. Somos gente, e a água também é nossa. Temos direito de usá-la” (p. 29). “- Sabe, li uma porção de livros da Terra... – Você quer dizer livros térreos. – Rioz bocejou e por isto não conseguiu pronunciar as palavras com suficiente desdém” (p. 46/47). Algumas vezes, a palavra “térreo” é usada como um insulto, como no diálogo abaixo, entre dois marcianos, personagens do mesmo conto, sobre a manobra aparentemente imperfeita de uma nave, feita por um deles: “Gritou: – Você entrou enviesado, seu Térreo imbecil! – Eu entrei reto, seu camponês retardado” (p. 15). Em outros casos, a palavra pejorativa para indicar os naturais da Terra é “terrenho”, como no romance *827 Era Galáctica: “O tenente Claudy tirou da cabeça o globo de vidro e apreciou a possibilidade de respirar o ar ‘vivo’, apesar de ser ar da Terra. Colocou o globo de vidro debaixo do braço esquerdo e perguntou com sua voz áspera: - Qual é seu nome, fêmea ‘terrenha’? Era um insulto grave, e o tom contribuía para que fosse ainda mais pesado (...)” (827: 104). Em passagens que não têm caráter pejorativo, os habitantes da Terra são denominados “terrestres”, como no seguinte trecho do conto antes mencionado: “Quando se lembrava destas coisas, sentia-se muito velho – e também quando surgiam as lembranças muito apagadas dos Terrestres que tinham chegado a Marte antes dele. O homem sentado em sua frente fazia surgir todos aqueles pensamentos esquecidos a respeito de um mundo suave e morno, que parecia tão acolhedor para toda a humanidade como o útero de uma mãe” (p. 35). Outro termo usado para indicar os habitantes da Terra, também sem sentido pejorativo, é “terráqueo”, que ocorre várias vezes no romance *As correntes do espaço como no seguinte diálogo: “- Você tem um dos nossos homens. - Qual de seus homens? - Um analista espacial. Um nativo do planeta Terra, que, a propósito, é parte do domínio Trantoriano. - Steen lhe contou isso? - Entre outras coisas. - Ele viu o terráqueo?” (CE:174). Han Fastolfe. Personagem dos romances *Os robôs, *Caça aos Robôs e *Os robôs do amanhecer. No segundo, convidou o detetive terrestre *Elijah Baley para solucionar um “crime” praticado contra um robô *humaniforme, no planeta *Aurora, crime que só poderia ter sido cometido, segundo Han Fastolfe, por ele próprio, embora o negassse. Han Fastolfe, favorável à permisssão para que os habitantes da *Terra colonizasssem planetas da Galáxia, opunha-se à posição de *Amandiro, outro auroriano, que queria reservar essa colonização aos *Espacias. A situação por isso criada é lembrada no romance Os robôs e o Império, o útlimo volume da série sobre *Robótica. Hannis Gruer. Personagem do romance *Os robôs, chefe do Departamento de Segurança do planeta *Solaria, descrito sucintamente como “um homem completamente calvo, sem um único fio de cabelo em toda a cabeça” (R:83). Han Pritcher. Capitão, coronel e, depois, general, personagem da segunda parte do romance *Fundação e Império e do romance *Segunda Fundação. No primeiro há as seguintes informações sobre a personagem: “... quarenta e três anos e prestando serviços como oficial das Forças Armadas há dezessete anos. Nasceu em Loris, da pais anacreonianos, não teve doenças infantis graves (...) educação pré-militar na Academia de Ciências, especialidade, hiper-motores, grau acadêmico (...) entrou no Exército como suboficial no centésimo segundo dia do ano 293 da *Era Fundacional” (p. 228). Aparece novamente no mesmo romance para advertir o então *Prefeito de *Terminus, *Indbur, que o planeta *Kalgan tinha intenções ofensivas a respeito da Fundação (p. 253), no momento em que *Ebling Miss previa a proximidade de uma *Crise de Seldon. Han Pritcher desempenha importante papel nos romances *Fundação e Império e *Segunda Fundação, na luta entre a *Primeira Fundação e o *Mulo e, depois, na luta entre este e a *Segunda Fundação. No livro *Segunda Fundação, existe a seguinte cogitação do *Mulo a respeito do oficial que, “convertido”, passara a servi-lo: “Era o Capitão Pritcher da Fundação de outros tempos, o Capitão Pritcher que fora ignorado e ultrapassado pelos burocratas daguele governo decadente, o Capitão Pritcher que fizera primeiro coronel e depois general, cujo âmbito de atividade ampliara de acordo com a dimensão da Galáxia” (SF:345). Hari Seldon. Quando da primeira menção ao matemático Hari Seldon, feita no romance *Prelúdio da Fundação, ele estava com 32 anos de idade, tinha 1,73m de altura, o rosto imberbe, expressão jovial, cabelo castanho escuro, quase negro, e usava roupas de caráter inconfundivelmente provinciano: “Para todos aqueles que no futuro veriam em Seldon apenas a figura lendária de um semideus, pareceria quase um sacrilégio o fato de ele não ter cabelos brancos, um rosto envelhecido e vincado de rugas, um sorriso sereno que irradiava sabedoria – e não estar sentado numa cadeira de rodas. Mas mesmo então, em plena velhice, seus olhos iriam manter aquele brilho jovial. Isso nunca iria mudar” (PF:20). A *Enciclopédia Galáctica, citada no livro *Fundação, com nota de pé de página segundo a qual todas as citações são reproduzidas da 116.a edição, publicada no ano de 1020 E.F., pela Empresa da Enciclopédia Galáctica Ltda., sediada em *Terminus, diz o seguinte sobre Seldon: “... nascido no ano de 11988 da Era Galáctica, morreu no ano 12069. As datas são geralmente apresentadas em termos da Era Fundacional, como o ano 79 é 1 E.F. Filho de pais da classe média em Helicon, setor de Arcturus (onde seu pai, conforme lenda de autenticidade duvidosa, cultivava tabaco, nas plantas hidropônicas do planeta) muito cedo mostrou a sua extraordinária propensão para a matemática. As piadas relacionadas com a sua habilidade são inúmeras, e algumas contraditórias. Com a idade de dois anos dizem que... Sem dúvida, as suas maiores contribuições foram para o campo da psico-história. Seldon encontrou este campo constituído por meia dúzia de vagos axiomas; quando o deixou, tornara-o uma profunda ciência estatística... A melhor autoridade para pormenores da sua vida é a biografia escrita por Gaal Dornick que, quando jovem, encontrou Seldon dois anos antes da morte do grande matemático. A história do seu encontro...” (F:11). O romance *Prelúdio da Fundação transcreve um outro trecho da *Enciclopédia Galáctica, sobre Hari Seldon: “... É comum pensar em Hari Seldon apenas em conexão com a psico-história, vêlo apenas como a personificação da matemática e da mudança social. Não há dúvida de que ele encorajava isto, uma vez que em seus textos oficiais ele não fornece nenhuma indicação a respeito de como chegou a resolver os diversos problemas envolvidos na criação da psico-história. A julgar pelo que ele nos relata, seus saltos conceituais se davam no vazio. Do mesmo modo, ele nada nos diz sobre os becos-sem-saída onde deve ter penetrado, ou os rodeios desnecessários que forçosamente deve ter feito... Quanto à sua vida pessoal, é uma imensa lacuna. No que diz respeito aos seus pais e demais parentes, temos conhecimento apenas de um punhado de informações, e não mais. Seu único filho, Raych Seldon, foi adotado, embora não se tenha informações mais detalhadas sobre o fato. Relativamente a sua esposa, sabe-se apenas que ela existiu. É evidente que Seldon tinha a intenção de se tornar uma mera cifra, com exceção do que se relacionava com a psico-história. É como se ele sentisse (ou desejasse que o mundo sentisse) que ele não viveu, que ele simplesmente ‘psico-historiou’” (PF: 445). O segundo romance da série, *Crônicas da Fundação, transcreve excerto do verbete correspondente da Enciclopédia Galáctica, com referência à morte de Hari Seldon: “... encontrado morto, com a cabeça tombada sobre a mesa do seu escritório da Universidade de Streeling, em 12.069 E.G (1 E.F.). Aparentemente, Seldon trabalhou até o último momento nas equações da psico-história; seu Primeiro Radiante estava ativado no momento de sua morte... De acordo com as instruções de Seldon, o instrumento foi enviado a seu colega, Gaal Dornick, que recentemente emigrara para Terminus... O corpo de Seldon foi lançado ao espaço, também de acordo com suas instruções. A cerimônia oficial pela sua morte, realizada em Trantor, foi simples, mas muito concorrida. É interessante observar que o ex-primeiro ministro Eto Demerzel, velho amigo de Seldon, estava presente. Demerzel não era visto desde o seu misterioso desaparecimento, durante o reinado do imperador Cleon I. A Comissão de Segurança Pública tentou localizálo, sem sucesso, após a cerimônia... Wanda Seldon, neta de Hari Seldon, não compareceu à cerimônia. Amigos explicaram que estava muito abalada com a morte do avô. Até hoje, não foi mais vista em público... Hari Seldon deixou a vida da forma que a viveu, pois morreu com o futuro que ajudara a criar se desenrolando em seu redor...” (CF:415). Harla Branno. Personagem do romance *Fundação II, Prefeita de *Terminus, aos 498 anos da *Fundação. O romance assim se refere à personagem: “Era a administradora mais capaz do planeta. Ninguém podia, ou realmente a acusava, do brilho dos Salvor Hardins e dos Hober Mallows, cujas histórias enriqueceram os primeiros dois séculos da existência da Fundação, nem tampouco alguém a associaria à insensatez dos Indburs hereditários que dirigiram a Fundação pouco antes dos tempos do Mula” (F2:19). Harley Smythe-Robertson. Personagem do conto “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “Dois clímaxes”. Os contos foram reproduzidos na coletânea *Nós, robôs (NR:525). Harlow Shane. Juiz, personagem do conto “*Escravo”, da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin”. O magistrado preside o julgamento que acontece na história, e é descrito da seguinte forma: “Seu rosto era agradavelmente rubicundo, o queixo, redondo e suave, o nariz, largo, e os olhos, claros e grandes. No todo, era um rosto com muita dignidade judicial, e ele sabia disso” (NR:314). Helicon. Planeta natal do matemático *Hary Seldon e um dos mundos do *Império Galáctico, alinhado com o governo deste. Segundo o próprio Seldon, por estar cercado por planetas muito maiores, sua segurança dependia da paz interna do Império, razão pela qual, segundo afirma *Chester Hummim, Helicon é um lugar de confiança para o Império, para indagar logo a seguir a Harri Seldon, a quem ajudava durante a chamada “*Fuga”, como narra o romance Prelúdio da Fundação: “Você já soube de alguma rebelião em Helicon, ou de alguma vez em que Helicon tenha tomado o partido de um anti-imperador?” (PF:48, 50). Mais adiante, no mesmo livro, o planeta Helicon volta a ser mencionado: “Helicon, o planeta natal de Seldon, era talvez um ou dois por cento maior do que Trantor, e sua área oceânica era menor. A superfície continental de Helicon era talvez 10% mais vasta do que a de Trantor: mas Helicon tinha uma população esparsa, e seus continentes eram apenas pontilhados de núcleos urbanos, enquanto que Trantor era todo uma única megalópole. Helicon estava dividido em vinte setores administrativos; Trantor tinha mais de oitocentos, cada um deles cheio de complexas subdivisões (PF:161). Hella. Personagem mencionada no romance *Fundação e Império (FI:277). Herbie. Nome do robô telepata RB-4, personagem do conto “*Mentiroso!”, do conjunto de contos com o título geral de “*Susan Calvin”, da contânea *Nós, robôs. Herman Liebowitz. Seu nome é apenas citado no conto “*Vamos nos unir”, da coletânea *Nós, robôs, do conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides” (NR:177). Hester (Sr.a). Personagem do conto “*Sally”, da coletânea *Nós, robôs. Hiram Mackenzie. Personagem do conto “*O conflito evitável”, do conjunto de dez contos com o título geral de “*Susan Calvin”, da coletânea *Nós, robôs (NR:450). Hiroko. Jovem habitante da ilha *Terra Nova, do planeta *Alfa, que recebeu *Golan Trevize e seus companheiros, *Janov Pelorat, *Bliss e a criança *solariana *Fallon, quando desembarcaram no planeta. O narrador descreve a personagem: “Havia um ser humano no gramado, observando a descida da nave sem demonstrar medo ou surpresa. A expressão do rosto era de interesse. A mulher usava trajes bastante sumários (...). As sandálias pareciam ser de lona e havia um pano com um motivo floral enrolado nos quadris. Estava nua da cintura para cima. Os cabelos eram negros, compridos e muito brilhantes, descendo quase até a cintura. A pele era castanho-clara e os olhos, puxados nos cantos” (FT:335). A jovem *Hiroko, ao responder a uma pergunta de *Golan Trevise, sobre seu planeta, usa linguagem, para este exótica, e à qual *Janov Pelorat denominou de “*galáctico clássico”: “O nome é Alfa. Na verdade, aprendemos que o nome correto é Alfa Centauri, mas o chamamos apenas de Alfa e, como podeis ver, é um mundo deveras airoso” (FT:337). “História do Futuro”. Na “Nota do Autor”, no romance *Prelúdio da Fundação, Isaac Asimov dá a seguinte explicação sobre o conjunto, até a data da nota, das quatorze obras da *História do Futuro: “formam uma espécie de ‘história do futuro’, que talvez não seja totalmente consistente – entre outras coisas, porque não era essa a intenção original”. Ao encerrar a nota, faz uma indagação na qual se encontra implícita a promessa de que escreveria novas histórias relacionadas às obras que constituem a “*História do Futuro”, ou seja, as séries que têm como temas predominantes a Robótica - ou os Robôs -, a Fundação, e o Império Galáctico. São os seguintes os livros que consituem a série, agrupados de acordo com o tema predominante de cada conjunto e observada a cronologia do desenrolar da história: Tema predominante: Robótica 1 .*Nós, robôs (The Complet Robot). Trinta e um contos sobre robôs, publicados primeiramente entre 1940 e 1976. 2. *Caça aos Robôs (The Caves of Steel, de 1954). Primeiro romance sobre robôs. 3. *Os Robôs (The Naked Sun, de 1957). Segundo romance sobre robôs. 4.*Os Robôs do Amanhecer. (The Robots of Dawn, de 1983). Terceiro romance sobre robôs. 5. *Os Robôs e o Império (Robots and Empire, de 1985). Quarto e último romance sobre robôs. Tema predominante: Império Galáctico 5. *As Correntes do Espaço (The Currents of Space, de 1952). Primeiro romance sobre o Império Galáctico. 6. *Poeira de estrelas (The Stars Like Dust, de 1953). Segundo romance sobre o Império Galáctico. 7 *.827 Era Galáctica. (Pebble in the Sky, de 1950). Terceiro romance sobre o Império Galáctico. Tema predominante: Fundação 8. *Prelúdio da Fundação (Prelude to Foundation, de 1988). Primeiro romance sobre a Fundação, embora não tenha sido o primeiro livro de Asimov sobre o tema. 9. *Crônicas da Fundação. (Forward the Foundation, de 1991). Segundo romance sobre a Fundação. 10. *Fundação (Foundation, de 1951). Terceiro romance sobre a Fundação. 12. *Fundação e Império (Foundation and Empire, de 1952). Quarto romance sobre a Fundação. 13. *Segunda Fundação. (Second Foundation, de 1953). Quinto romance sobre a Fundação. 14. *Fundação II: a decisão de um só homem mudando os destinos da galáxia. (Foundation’s Edge, de 1982). 15. *A Fundação e a Terra (Foundation and Earth, de 1983). Sétimo e último romance sobre a Fundação. Hober Mallow. Prefeito do planeta *Terminus, situado num dos extremos da Galáxia e no qual *Hari Seldon instalou a *Primeira Fundação, quando esta começou a dominar os pequenos reinos constituídos nos planetas que antes haviam feito parte do *Império Galáctico. Hober Mallow que, juntamente com outros prefeitos dos primeiros anos da Fundação, como, por exemplo, seu antecessor, *Salvor Hardin, são geralmente lembrados como heróis nos outros livros da série, como *Fundação e Império, por conseguirem manter e desenvolver a Fundação, enfrentando a agressividade dos planetas vizinhos. Os nomes do Prefeito Hober Mallow e de *Salvor Hardin, são citados, por exemplo, na seguinte passagem do livro *Fundação II: “Os dois primeiros séculos foram a Idade de Ouro da Fundação, os Tempos Heróicos; pelo menos em retrospecto, mas não para aqueles infelizes que viveram naqueles tempos inseguros. Salvor Hardin e Hober Mallow foram os dois grandes heróis, semideificados a ponto de rivalizar com o incomparável Hari Seldon. Os três estavam numa trípode sobre a qual repousava toda a lenda da Fundação (e mesmo sua história) (F2:33). O heroísmo de Mallow, no entanto, é às vezes contestado, sem maiores explicações, como na seguinte passagem do romance *Fundação e Império: “[Lathan] Devers foi o maior comerciante da história – maior do que o impostor tagarela, Mallow, o adorado fundador. Se o corta-goelas, que era governador da Fundação, o matou porque ele amava a justiça, é maior a dívida de sangue que temos para com ele” (FI:223). Homir Munn. Personagem do romance *Segunda Fundação, companheiro das personagens *Darell, *Jole Turbor, *Elvett Semic e *Pelleas Anthor, grupo que procurava localizar e destruir a *Segunda Fundação. Dele se diz que era “bibliotecário, antipático e muitísimo pouco à vontade” (SF:403, 415). Foi praticamente mandado por seus companheiros ao planeta *Kalgan, em busca de pistas que lhes permitissem localizar a Segunda Fundação. Hugo Allen Winkler. Personagem do conto “*O incidente do Tricentenário”, cuja ação se passa no dia 4 de julho11 de 2076. A história integra o conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, da coletânea *Nós, robôs. A personagem é apresentada como presidente dos Estados Unidos, 11 Dia em que se comemora a Independência dos Estados Unidos. “a mais poderosa personalidade individual do Conselho Planetário”, mas visto por outra personagem, *Lawrence Edwards, como “um homem vazio, agradável aos outros, um caçador de votos, que vivia fazendo promessas. Era desapontador ter um homem como esse na função que ocupava, depois de todas as esperanças dos seus primeiros meses de administração. A Federação Mundial estava em perigo de se desmantelar muito antes de seu mandato terminar, e Winkler nada podia fazer. Precisava-se agora de uma mão forte, não de uma mão agradável; uma voz forte, não uma voz adocicada” (NR:195). Humaniforme. Tipo de robô - “robô humaniforme” -, construído pelo roboticista *auroreano *Han Fastolfe, que só podia ser distinguido dos seres humanos pelo exame de seu mecanismo interior. Na “*História do Futuro” apenas dois robôs humaniformes, apresentados como tal, figuram como personagens, todos fabricados por Fastolfe e relacionados com a personagem *Gladia Delmarre. Os robôs humaniformes não foram aceitos, segundo alguns, por sabotagem de seu próprio fabricante. Gladia Delmarre, no livro *Os robôs e o Império, dá a seguinte explicação para a não-aceitação desse tipo de robôs: “O que aconteceu foi que o público não os aceitou. Um robô que parece com um homem compete com um homem, o que parece com uma mulher parece com uma mulher – de forma completa demais para não causar certo desconforto. Os Auroreanos não querem a competição. Necessitamos de mais motivos?” (RI:23). Não obstante, ao longo das séries sobre *Fundação e *Robótica, fica a sugestão de que havia pelo menos mais robôs humaniformes, não identificados cabalmente como tais, alguns com figuras femininas: *Dors Venabili, companheira de *Hari Seldon nos romances *Prelúdio da Fundação e *Crônicas da Fundação, e *Bliss, natural do planeta *Gaia, companheira do historiador *Janov Pelorat nos romances Fundação II e *A Fundação e a Terra. Sobre a ausência de robôs humaniformes, diz o romance *Os robôs e o Império: “Fastolfe tinha sido membro do Instituto de Robótica desde que Elijah Baley tornara possível o esmagamento de Amadiro e de suas ambições políticas. Em troca, Fastolfe tinha fornecido ao Instituto todos os dados para a construção e manutenção de robôs humaniformes. Uma quantidade deles tinha sido construída; depois o projeto chegou ao fim e Fastolfe foi afastado” (RI:55). Humphrey Carl Laszlo. Personagem do conto “*Vamos nos unir”, da coletânea *Nós, robôs, um dos contos do conjunto a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”. A personagem é apresentada como especialista em robótica da Secretaria de Robótica, sediada em Cheyenne, e assim caracterizada: “Laszlo era neto de um húngaro que atravessara o que era então chamado Cortina de Ferro e, devido a isso, sentia-se comodamente acima de qualquer suspeita. Era um homem atarracado e calvo, que sempre estampava, no rosto emproado, um olhar aguerrido. Seu sotaque era visivelmente de Harvard, e ele falava de forma quase excessivamente cordial” (NR: 166). Huxlani. Personagem apresentada como engenheiro-chefe da nave que levou *Han Pritcher e *Cain Channin em sua viagem em busca da *Segunda Fundação, no romance *Segunda Fundação (SF:357). Idda (R.) Robô de propriedade do matemático *Alfred Barr Humboldt, personagem do conto “*Imagem especular”, do conjunto de histórias reunidas sob o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, da coletânea *Nós, robôs. “Imagem Especular”. Conto da coletânea Nós, robôs. A história integra o conjunto de contos da coletânea a que o autor deu o título geral de “Alguns robôs humanoides”. Na nota que precede o conjunto, diz Asimov que o conto “Imagem especular” “é uma continuação (de certa maneira) dos meus romances sobre os robôs, Caça aos robôs e Os robôs” (NR:161). Império Galáctico. Também chamado Primeiro Império ou Primeiro Império Galáctico. Decorrente da evolução do Império Terrestre, mencionado ligeiramente nos romances Vigilante das Estrelas e Fim da eternidade, os quais não integram nenhuma das três temáticas desenvolvidas por Asimov para a *História do Futuro. Referências mais explícitas ao Império ocorrem no romance *As correntes do espaço, segundo o próprio autor o primeiro romance a abordar essa temática, e cuja ação se desenrola antes da total constituição deste. No romance *Poeira de estrelas, existe ligeira referência ao início da constituição do Império Terrestre, sem que fosse mencionado explicitamente, no momento em que a *Terra e outros cinquenta planetas eram dominados pelos *tiranianos: “De acordo com o Almanaque Galáctico, que admite basear-se em dados imperfeitos, Ródia teria sido o 1.098.o mundo estabelecido pelo homem. Ironicamente, Tirânia, mais tarde conquistador de Ródia, foi o 1.099.º O desenrolar da história da região transnebular foi assustadoramente similar aos demais nos períodos de desenvolvimento e expansão. Foram estabelecidas repúblicas planetárias em rápida sucessão, ficando cada governo confinado ao seu próprio mundo. Com a expansão da economia, os planetas vizinhos foram sendo colonizados e incorporados. Pequenos “impérios” foram criados, entrando inevitavelmente em conflito. A hegemonia sobre regiões de tamanho considerável foi sendo estabelecida primeiro por um, depois por outros desses governos, tudo dependendo dos acasos da guerra e da liderança” (PE:59). Também no romance *Fundação II, há breve alusão à formação do Primeiro Império, ao tratar de certos fatores que levaram o planeta-cidade *Trantor “a ser o centro administrativo de, primeiro, uma vasta união de planetas, e depois, de um Império Gláctico” (F2:116). Nos romances *Os robôs do amanhecer e *Os robôs e o Império, existem referências mais explícitas à futura formação do Império Galáctico. No primeiro, na passagem em que se esclarece a posição dos dois maiores roboticistas de *Aurora, o primeiro planeta explorado pelos habitantes da *Terra, chamados *Kelden Amadiro e *Han Fastolfe, sobre a futura colonização da galáxia: ”O que está realmente em causa é a exploração e colonização da Galáxia: se nós, auroreanos, agiremos sozinhos, se em colaboração com os outros mundos Espaciais, ou se deixaremos essa tarefa à Terra. O Dr. Amadiro e os Globalistas acham que Aurora deve arcar com o peso sozinho; o Dr. Faltolfe deseja deixar o encargo à Terra” (RA:374). No segundo, na seguinte passagem, em que o robô *Giskard Reventlof se refere ao futuro expansionismo dos habitantes da *Terra, então ainda confinados ao seu planeta de origem, embora seus antepassados já tivessem empreendido a colonização dos chamados *Planetas Exteriores: “Colocamos a Terra no curso do povoamento da Galáxia e do estabelecimento de um Império Galáctico” (RI:61). A primeira menção ao futuro Império Galáctico em *As correntes do espaço é feita indiretamente, por intermédio das reminiscências de *Myrlyn Terens, Conselheiro no planeta *Florina, sobre seu período de preparação para servir aos *Nobres, classe dominante do planeta *Sarks o qual, por sua vez, dominava Florina: “E falaram-lhe de Trantor, do gigantesco império que havia crescido nos últimos séculos até que metade dos mundos desabitados da Galáxia fosse sua parte. Trantor, diziam, destruiria Sark com a ajuda dos florinianos” (CE:66). O romance não menciona diretamente o *Império Terrestre, mas a *“República Trantoriana” e i *”Império Trantoriano”, numa alusão a Trantor, o planeta-capital do Império: “A República Trantoriana havia tido meros cinco mundos, cinco séculos antes. (...) Quando a República Trantoriana tornou-se a Confederação Trantoriana e então o Império Trantoriano, seu avanço estendera-se através de uma emaranhada floresta de homens estripados, naves destruídas e planetas pilhados. Contudo, através de tudo isso Trantor tornara-se forte e dentro do vermelho havia paz. Agora Trantor vibrava às vésperas de uma nova conversão: de Império Trantoriano para Império Galáctico e então o vermelho engolfaria todas as estrelas e haveria paz universal – a pax Trantorica” (CE:69). No romance *Fundação II há uma breve explicação sobre Trantor e a constituição do Primeiro Império: “Trantor tinha sido a capital do Primeiro Império Galáctico. Fora o trono dos Imperadores por doze mil anos e, antes disso, capital de um dos mais importantes reinos pré-imperiais, que aos pouquinhos foi dominando ou absorvendo outros reinos até fundar o Império” (F2:48). Ocorreu, pois, uma evolução na formação do Império Galáctico, como se deduz da citação acima e das próprias denominações que recebeu ao longo de sua constituição: República Trantoriana, Confederação Trantoriana, Império Trantoriano e Império Galáctico ou Primeiro Império Galáctico. É ainda no romance As correntes do espaço que se encontra uma indicação de que a Terra, então já quase esquecida como o planeta de origem da humanidade, integrava o Império Trantoriano, quando se faz referência ao personagem *Rik, um analista espacial que perdeu a memória: “Um analista espacial. Um nativo do planeta Terra, que, a propósito, é parte do domínio trantoriano” (CE:174). No mesmo romance, aparecem indicações de que o Império Galáctico não se constituiu com facilidade, mas por meio de sangrentas guerras de conquista: “Toda a Galáxia podia ver que Trantor estava à beira do domínio galáctico e ainda havia uma chance de que os planetas não-trantorianos que ainda restavam pudessem unir-se contra isto. Trantor poderia vencer até mesmo tal guerra, mas talvez não sem pagar um preço que faria de vitória somente um nome mais agradável para derrota” (CE:69). Às vezes, Asimov indica o número de mundos habitados que constituem o Império, o número de seus habitantes ou a época precisa em que se passam as histórias que conta. Assim, por exemplo, no romance 827 Era Galáctica, cujo título, na tradução para o português, já indica uma data fala-se em “cem milhões de sistemas estelares que compunham o extenso Império Galáctico”. Acrescenta o arqueólogo *Bel Arvardan, personagem do romance, de forma mais vaga: “Quando suas teorias sobre a Terra ficassem comprovadas, sua reputação se expandiria por todos os planetas habitados da Via Láctea e por todos os outros planetas descobertos pelos Homens durante as centenas de milhares de anos de expansão pelo Espaço” (827:29). No livro Prelúdio da Fundação, esclarece o narrador, ao se referir à população do Império Galáctico, durante o governo de *Cleon I, no ano de 12.020 da *Era Galáctica: “Vinte e cinco milhões de mundos habitados, cada qual com um bilhão ou mais de habitantes” (PF:22). Vinte e cinco milhões é também o número de planetas que constituem o Império Galáctico, de acordo com o livro Fundação (F:11). É no Prelúdio da Fundação, cronologicamente o primeiro livro sobre o tema Fundação, e o último livro escrito por Asimov, que aparece, en passant, um breve resumo da evolução e duração do Império Galáctico, feita no ano de 12.020 da Era Galáctica, quando do surgimento da teoria da psico-história, de *Hari Seldon, quando se considerava que o Império estava morrendo: “Ainda assim, como era possível alguém afirmar que o Império Galáctico estava morrendo? Ele existia enquanto império há dez mil anos; mesmo antes disso, Trantor, já como a capital do reino dominante, era a sede de um império virtual há mais de dois milênios. O Império tinha sobrevivido durante aqueles séculos iniciais em que setores inteiros da Galáxia, vez por outra, se recusavam a abrir mão de sua independência local. Tinha sobrevivido às vicissitudes das eventuais sublevações, das guerras dinásticas, dos períodos de depressão. A maioria dos planetas pouco se deixara afetar por tudo isso, e Trantor tinha crescido, sem sofrer maiores abalos, até se tornar o planeta-cidade que agora se autodenominava ‘O Mundo Eterno’” (PF:66). Império Terrestre. v. Império Galáctico. Império Trantoriano. Uma das denominações dadas ao *Império Galáctico, antes de sua formação total: Apesar de seu traje sarkiano, seu sotaque pertencia definitivamente aos mundos arcturianos do Império Trantoriano” (CE:167). v. Reino Trantoriano. Inchney. Personagem citado no romance *Fundação e Império, habitante de *Neotrantor, dependende do aristocrata e latifundiário *Jord Commason (FI:303). Indbur III. Prefeito da cidade de *Terminus, capital do planeta homônimo, na época do *Mula e que foi por este derrotado, o que causou a queda da *Primeira Fundação. A personagem é citada no romance *Fundação e Império e às vezes lembrado nos que a este se seguiram. Inglês. v. Língua inglesa. Interregno. Nome dado ao período que se seguiu ao fim do *Primeiro Império Galáctico, de acordo com o romance *Segunda Fundação. “Intuição feminina”. Conto da coletânea *Nós, robôs. O conto integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:257), nome da principal personagem dessas histórias e, pelo menos mencionada em vários outros trabalhos de Asimov. Ipatiev. Personagem mencionada no conto “*Escravo”, da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:333). Irmandade. Outra denominação dada à *Sociedade dos Anciões, grupo que governava a *Terra, segundo o romance *827 Era Galáctica (827:61). Isolados. Nome que os habitantes do planeta *Gaia atribuíam aos habitantes de outros planetas que não participavam da natureza de Gaia, ao contrário do que acontecia com todos os *gaianos. Iwo Lyon. Personagem da segunda parte do romance *Fundação e Império, habitante de Randole, um dos chamados *Mundos Comerciais Independentes (FI:257). Jacob Folkers. Também chamado Jake, personagem do conto “*Sally”, da série “*Alguns robôs não humanos”, da coletânea *Nós, robôs. Jacob Linker. Ou Lank Jake, personagem do conto “*Robô AL-76 extraviado”, da série com o título geral de “Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. James Berkowitz. Também chamado Jim, físico, personagem do conto “*Pense!”, do conjunto de contos com o título geral de “Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Jamin Oser. Personagem do romance *Os robôs e o Império, subcomandante da espaçonave comandada por *D. G. Baley. “Era alto e, como D. G., usava uma bela barba, avermelhada como suas sobrancelhas, que encimavam brilhantes olhos azuis. Parecia um tanto idoso, mas tinha-se a impressão de que isso se devia mais à experiência que aos anos” (RI:101). Jander Panell. *Robô humaniforme, fabricado pelo roboticista *auroreano *Han Fastolfe e tornado “inoperante” ou “cuja utilidade foi terminada” (RA:38), enquanto se encontrava a serviço de *Gladia Delmarre. Citado no romance *Os robôs do amanhecer, principalmente por intermédio das recordações de sua antiga proprietária, o que se repete no romance *Os robôs e o Império. Jane-1. Robôs “femininos”, personagens do conto “*Intuição feminina”, da coletânea *Nós, robôs. O conto integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:257), nome da principal personagem dessas histórias e, pelo menos mencionada em vários outros trabalhos de Asimov. Os robôs “masculinos” da série eram denominados “John”, embora diga o *robopsicólogo *Clinton Madarian, antigo auxiliar de *Susan Calvin, que pretendia produzir, como diz uma das personagens da história, “um robô intuitivo. Um robô feminino.” Diante disso, acrescenta Madarian: “Está bem, um robô feminino. Nossos robôs são assexuados, naturalmente, e esse também será, mas sempre agimos como se fossem masculinos. Damos-lhes nomes de bichinhos de estimação machos, e falamos ‘ele’, ‘dele’. Este, agora, se considerarmos a natureza da estrutura matemática do cérebro que propus, cairá no sistema de coordenadas JN. O primeiro robô seria o JN-1, e admito que seria denominado John-1... Suspeito que seja esse o nível de originalidade do roboticistra comum. Mas, com os diabos, por que não denominá-lo Jane-1? Se for para informar o público do que estamos fazendo, estamos construindo um robô feminino com intuição” (NR:460). Jane-2. Robô “feminino”, descrito da seguinte forma: “Jane-2 não tinha a cintura fina. Ela era um robô sombrio, que raramente se movimentava e mais raramente ainda falava” (NR:463). O robô é mencionado no conto “*Intuição feminina””, da coletânea *Nós, robôs, do conjunto de dez histórias ao qual o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dos contos do conjunto e pelo menos mencionada em vários outros trabalhos de Asimov. v. Jane-1. Jane-4. Robô “feminino”, citado no conto “*Intuição feminina” Jane-5. Robô “feminino”, mencionado no conto “*Intuição feminina”, do qual se diz o seguinte: “Jane-5 era mais baixa e mais fina que o comum dos Robôs. Sem ser uma caricatura de mulher, como fora Jane-1, conseguia ter um ar de feminilidade, a despeito da ausência de qualquer traço claramente feminino” (NR:466). Janov Pelorat. Historiador e professor de história antiga, habitante do planeta *Terminus, personagem do romance Fundação II, em que é assim caracterizado: “Janov Pelorat tinha os cabelos brancos e sua face, em repouso, parecia inexpressiva. E raramente estava em outro estado que não em repouso. Tinha altura e peso medianos, e tendia a se mover sem pressa e falar ponderadamente. Parecia consideravelmente mais velho do que os seus cinquenta e dois anos. Nunca deixara Terminus, algo muito inusitado, especialmente para alguém da sua profissão. Ele mesmo não estava certo se suas maneiras sedentárias se deviam ou eram a despeito de sua obsessão pela história. A obsesão o assaltara bem de súbito, aos quinze anos, quando, durante uma indisposição, foi-lhe dado um livro de lendas antigas. Nele, encontrou repetidamente o motivo de um mundo só isolado – um mundo que nem mesmo tinha consciência de seu isolamento, pois nunca conhecera nada além. (...) Foram precisamente essas lendas que o ocuparam desde então” (F2:47). Jeffreys. Personagem mencionada no conto “*Vamos nos unir”, da coletânea *Nós, robôs, do conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”. É apresentado como “assistente presidencial” e assim descrito: “um homem imponente, elegante, de cabelos grisalhos e ar um tanto bonachão. Era robusto, rico em idéias e moderado, um verdadeiro político, exatamente como devia ser um assistente presidencial” (NR:169). Jennar Leggen. Meteorologista sobre o qual diz a *Enciclopédia galáctica, especialmente quanto a sua participação – voluntária ou incidental – em certos fatos que colocaram em risco a vida de *Hari Seldon: “... embora suas contribuições à meteorologia sejam consideráveis, elas perdem importância diante daquilo que ficou conhecido como a ‘Controvérsia Leggen’. É ponto pacífico que suas ações contribuíram para pôr em perigo a vida de Hari Seldon, mas existe uma acalorada discussão, há longo tempo, entre os que atribuem essas suas ações a circunstâncias fortuitas e os que as veem como parte de uma conspiração deliberada. Ambos os lados defendem apaixonadamente seus pontos de vista, e mesmo os estudos mais confiáveis não oferecem nenhuma conclusão definitiva. Entretanto, as suspeitas associadas ao seu nome contribuíram para arruinar a carreira e a vida pessoal de Leggen nos anos que se seguiram a...” (Enciclopédia galáctica. In PF:133). Jeremiah. Nome de um dos “robôs não humanos” do conto *”Sally”, da coletânea Nós, robôs. Jessie Baley. Esposa de *Elijah Baley, mencionada no conto “*Imagem especular”, da coletânea *Nós, robôs, do conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”. Volta a ser várias vezes mencionada nos livros e contos que têm o detetive Elijah Baley como personagem, como, por exemplo, *Os robôs (R:6). JG. Modelo de robôs denominados “*George”, personagens do conto *“... Para que vos ocupeis dele”, da coletânea *Nós, robôs. ). Explica o autor sobre os robôs desse modelo: “podem avaliar cada ser humano em relação ao sexo, idade, posição social e profissional, inteligência, maturidade, responsabilidade social e assim por diante” (NR:484). O conto integra o conjunto de duas histórias a que o autor deu o título geral de “*Dois clímaxes (NR:481 Jim Baker. Personagem do conto “*Escravo”, da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin”. Apresentado como instrutor e professor asistente de sociologia: “jovem e com voz insinuante e agradável” (NR:329). Jimmy. Personagem do conto “*O melhor amigo de um garoto”, da coletânea *Nós, robôs: “Para os padrões da Terra, era esgalgado, mas bastante alto para um rapaz de dez anos. Os braços e as pernas eram alongados e ágeis. Tinha um ar mais corpulento e atarracado com o fato espacial vestido, mas suportava a gravidade lunar como não seria possível a nenhum ser humano nascido na Terra. O pai não era capaz de lhe acompanhar o ritmo quando esticava as pernas e se lançava aos saltos de canguru” (RC I:13). JN-1. v. Jane-1. Joe. Nome dado a um “robô imóvel”, do conto “*Amor verdadeiro”, do conjunto com o título geral de “Alguns *robôs imóveis”, da coletânea *Nós, robôs. John. Personagem paraplégica do conto “*Prova”, da coletânea *Nós, robôs. O conto faz parte do conjunto de dez histórias ao qual o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dos contos do conjunto e pelo menos mencionada em vários outros trabalhos de Asimov (NR:415). Outro personagem do conto, *Stephen Byerley, que dizia ser seu antigo aluno e com quem vivia, dá a seguinte explicação sobre a personagem: “Já foi advogado antes de ficar aleijado. Tem licença do governo como pesquisador em biofísica, com laboratório próprio, e uma descrição completa do trabalho que desenvolver arquivada com as autoridades competentes, a quem poderei encaminhá-lo. A pesquisa é pequena, mas é um passatempo absorvente e inofensivo para um pobre ... aleijado” (NR:430). Outra personagem do conto, *Francis Quinn, acusa-o de ser o verdadeiro Stephen Byerley e de haver construído um robô humanoide para substituí-lo, ou seja, o pretenso Sephen Byerley. *Susan Calvin, também personagem do conto, resume o pensamento de Quinn: “Stephen Byerley, jovem advogado, orador eloquente, grande idealista e com um certo pendor para a biofísica. (...) Mas houve um acidente. A esposa de Byerley morreu; ele mesmo ficou pior que morto. Suas pernas se foram; seu rosto se foi; sua voz se foi. Parte de sua mente foi... deformada. Ele não quis se submeter à cirurgia plástica. Retirou-se do mundo, com a carreira jurídica destruída, só sua inteligência e sua mão restaram. De algum modo, obteve cérebros positrônicos, um complexo mesmo, com a máxima capacidade de formar julgamentos em problemas éticos – que é a função robótica mais elevada até hoje desenvolvida. Fez crescer um corpo em volta dele. Treinou-o para ser tudo o que seria e não era mais. E enviou-o para o mundo como Stephen Byerley, ficando ele mesmo para trás, como o velho e aleijado professor que ninguém jamais via...” (NR:434). John Feingold. Advogado, personagem de um dos mais felizes contos de Asimov, “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “*Dois clímaxes”. Os contos foram reproduzidos na coletânea *Nós, robôs. A personagem é descrita da seguinte forma: “Tinha cabelos brancos, e ventre protuberante. As bordas das suas lentes de contato tinham um colorido verde-brilhante”. (NR:510). John Semper Travis. Personagem do conto “*Versos na luz”, da série com o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. John-1. v. JN-1. Jole Turbor. Personagem do romance *Segunda Fundação, companheiro das personagens *Darell, *Pelleas Anthor, *Elvett Semic e *Homir Munn, grupo que procurava localizar e destruir a *Segunda Fundação. Dele se diz que era “produtor de televisão, volumoso e de lábios grossos” (SF:403, 415). Foi correspondente durante a guerra entre *Kalgan e a *Primeira Fundação (SF:475). Jonathan Quell. Personagem do conto “*Robô AL-76 extraviado”, da série com o título geral de “Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Jord Commason. Personagem do romance *Fundação e Império, latifundiário de *Neotrantor, capital do que restara do *Primeiro Império Galáctico, depois da desagregação deste. Joseph Schwartz. Personagem do livro *827 Era Galáctica, acidentalmente transportado do ano de 1949 para o ano que dá título ao romance (827:9). Jothan Leebig. Personagem do romance *Os robôs, apresentado como um *roboticista que trabalhava com a personagem *Rikaine Delmarre e muito amigo da mulher de Rikaine, *Gladia Delmarre. Apresentado como “um tipo de gênio intelectual que se dedica à ciência robótica. Trabalhou bastante com o Dr. Delmarre no programa de robôs” (R:166). Mais adiante, no mesmo romance, é descrito da seguinte forma: “Jonathan Leebig era um homem de elevada estatura e muito magro, com um olhar de intensa abstração, mas com evidente zanga estampada no rosto” (R:188). Juddee. Personagem mencionada no romance *Fundação e Império, caracterizada como “loura sem relevos, de nariz chato e indiferente” (FI:276). Kalgan. Planeta citado no romance *Segunda Fundação, como capital do *Mulo, durante o período em que, depois de vencer a *Primeira Fundação, governou um conjunto de planetas e se outorgou o título de *Primeiro Cidadão, também usado por *Stettin, seu sucessor no governo. Sobre o planeta, há as seguintes informações no mencionado romance: “A capital do Mulo era Kalgan. Kalgan não fazia parte da esfera de influência comercial da Fundação antes do Mulo e não faz parte dela agora. Kalgan é governado atualmente por um tal Stettin, a não ser que haja para amanhã outra revolução. Stettin denomina-se a si próprio Primeiro Cidadão e considera-se a si mesmo o sucessor do Mulo. Se existe alguma tradição naquele mundo, baseia-se na super-humanidade e grandeza do Mulo, uma tradição quase supersticiosa em intensidade. Como resultado disso, o antigo palácio do Mulo é mantido como santuário. Nenhuma pessoa não-autorizada pode entrar; nunca se tocou em nada lá dentro (...) E assim, durante uma década, Kalgan desempenhou o estranho papel de metrópole Galáctica, de senhora do maior Império após a ruína do Império Galáctico ” (SF:421, 433). Kallner. Personagem do conto “*O robozinho perdido”, do conjunto de dez contos com o título geral de “*Susan Calvin”, da coletânea *Nós, robôs. A personagem é apresentada como major-general e chefe de um projeto a que se refere o conto. Descrito como possuidor de “brilhante careca” e vestindo “uniforme estranhamente incompatível com o humor do general” (NR:346). A personagem volta a aparecer no conto “*Risco”, da mesma coletânea (NR:370). Karoll Rufirant. “*Hamish” ou lavrador de *Trantor, depois da queda do *Império Galáctico e da destruição do planeta-cidade, personagem com ligeira atuação no romance Fundação II (F2:119). Keith Harriman. Personagem do conto “*... Para que vos ocupeis dele”, da coletânea *Nós, robôs. O conto integra o conjunto de duas histórias a que o autor deu o título geral de “*Dois clímaxes (NR:481). Kelden Amadiro. Mestre Roboticista, chefe do *Instituto de Robótica do planeta *Aurora e personagem de *Os Robôs do amanhecer. Desejava bloquear a exploração do espaço pelos habitantes da *Terra, previlégio que queria reservar aos *Espaciais, no que foi impedido pela atuação do detetive terrestre *Elijah Baley, aliado ao *roboticista *auroreano *Han Fastolfe. Volta a aparecer no romance *Os Robôs e o Império, juntamente com seu auxiliar *Levular Amandiro, também do Instituto de Robótica, e com Han Fastolfe, do qual continuava inimigo. Kleise. Cientista, mencionado no romance *Segunda Fundação como antigo companheiro de trabalho do Dr. *Darell (SF:415). Klev. Personagem apenas citada no romance *Fundação e Império (FI:256). Kodell. Personagem do romance *Fundação II. Era o Diretor de Segurança de *Terminus, capital do planeta do mesmo nome, onde *Hari Seldon havia instalado, quinhentos anos antes, a *Primeira Fundação. Kyrt. Vegetal produzido unicamente no planeta *Florina, mas explorado pelos cinco Nobres, governantes do planeta *Sark, e ao qual se refere o livro *As Correntes do Espaço, que assim se refere ao kyrt: “Quimicamente, não era nada mais que uma variedade de celulose. Os químicos juravam isso. Todavia, com todos os seus instrumentos e teorias ainda não haviam explicado por que em Florina, e somente em Florina, na Galáxia, a celulose tornou-se kyrt. Era um assunto de estado físico; era isso o que diziam. Mas ao perguntar-lhes de exatamente que maneira o estado físico variava do da celulose comum havia a recusa em responder. (...) Tinha maior utilidade, maior versatilidade que qualquer substância conhecida pelo homem. Se não fosse tão caro poderia ser utilizado para substituir vidro, metal ou plástico em qualquer das infinitas aplicações industriais. (...) Na realidade, a colheita de kyrt em Florina reservava-se à fabricação de tecidos que eram utilizados nas mais fabulosas vestimentas da história galáctica” (CE:85). Kirtles. No livro *Prelúdio da Fundação, primeiro romance sobre o tema *Fundação, são denominadas ‘kirtles’ as túnicas usadas pelos habitantes de *Mycogen, setor do planeta *Trantor, embora no livro não se faça nenhuma menção ao ‘*kyrt’, vegetal utilizado para fazer várias coisas, entre as quais tecidos para roupas, no livro *As Correntes do Espaço (PF:195). Klorissa Cantoro. Personagem do romance *Os robôs, assistente da personagem *Rikaine Delmarre. Diz o narrador, sobre Klorissa Cantoro: “Klorissa tinha o cabelo arranjado em duas longas tranças, as quais, entrelaçadas no cimo da cabeça, formavam um estranho desenho geométrico. (...) O cabelo, assim penteado compunha o rosto oval e dava-lhe uma espécie de simetria que o tornava muito mais agradável à vista. Klorissa não usava a menor maquilagem no rosto, e as roupas que vestia eram muito simples de corte e tinham apenas por fim cobri-la, sem grandes preocupações de elegância” (R:160). Landaree. Nome de *robô de aparência feminina, do planeta *Solaria, que aparece no romance *Os robôs e o Império. Lank Jake. v. Jacob Linker. Larry Belmont. v. Lawrence Belmont. Laskin Joramum. Político ativista, contrário ao Imperador *Cleon I e a seu Primeiro Ministro, *Eto Demerzel, do *Império Galáctico, personagem do romance *Crônicas da Fundação. Lawrence Belmont. Também chamado Larry Belmont. Personagem do conto “*Satisfação garantida”, da coletânea *Nós, robôs. A história integra o conjunto de dez contos a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267). Lawrence Edwards. Personagem do conto “*O incidente do Tricentenário”, cuja ação se passa no dia 4 de julho de 2076. A história integra o conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, da coletânea *Nós, robôs. A personagem é apresentada como membro do Serviço, possivelmente Serviço de Segurança, órgão do governo. Lathan Devers. Personagem do romance *Fundação e Império, um dos comerciantes da *Primeira Fundação ou um dos “*Mágicos”, como eram conhecidos pelos planetas vizinhos a *Terminus, onde *Hari Seldon havia instalado os cientistas da *Fundação. Capturado pelo general *Bel Riose, conhecido como o “Último Imperial”, por ocasião da guerra que este moveu contra a *Fundação, antes da derrocada do *Império Galáctico, teve nela participação decisiva. No mesmo romance, uma das personagens faz o seguinte comentário sobre Lathan Devers: “Este é o nosso moderno Lathan Devers – disse Randu, fazendo gestos com o cachimbo – este nosso Fran. Devers morreu nas minas de escravos há uns oitenta anos atrás em companhia de seu bisavô paterno, porque lhe faltava sabedoria e lhe sobrava coragem...” (FI:223). O nome de Lathan Devers é citado em outros livros sobre a *Fundação, como, por exemplo, em *Fundação II: “E quanto mais poderosa a Fundação ia ficando, enquanto entidade política e comercial, menos significantes seus governantes e militares pareciam ficar. Lathan Devers foi quase esquecido. Se é que ele era lembrado, era mais por sua trágica morte nas minas de escravos do que por sua luta desnecessária, mas bem sucedida contra *Bel Riose” (F2:33). Lavínia Demacheck. Personagem do romance *Os robôs do amanhecer (RA:22). Lei Robótica. v. Leis da Robótica. Leis da Robótica. Com a criação das três leis da *robótica, ou Lei Robática, como aparece, por exemplo, no romance *Os robôs, Isaac Asimov pretendia que máquinas “robotizadas”, por assim dizer - uma espécie de protótipo dos robôs que imaginou para um futuro longínquo -, não viessem a ser vistas como inovações nocivas ao ser humano, como às vezes se acredita, tendo em vista a possibilidade de substituição da mão-de-obra humana pela máquina computadorizada. Na imaginação do autor, no futuro, os robôs poderiam vir a ter aspecto humano, ou humanoide, como se diz na ficção científica, e acabariam por se tornar uma espécie de rivais dos seres humanos, aliás, como faz acreditar em pelos menos duas de suas obras: os romances *Caça aos robôs e *Os robôs do amanhecer. Sobre o tema, afirma Asimov: “Por serem habitualmente vistos como formas, no mínimo, semelhantes ao homem, os robôs são encarados como pseudo-seres humanos. A criação de um autômato, de um pseudo-ser humano, por um inventor também humano é, por conseguinte, interpretada como paródia da criação da humanidade por Deus. Nas sociedades em que Ele é aceito como único Criador, a exemplo do que acontece na civilização judaico-cristã do Ocidente, qualquer tentativa no sentido de imitá-lo é fatalmente considerada sacrílega, ainda que inexistam intenções conscientes em tal sentido” (ASIMOV, 2004:11). Na realidade, Isaac Asimov apenas pretendia mostrar que os futuros robôs, como já acontecia com os computadores e as máquinas computadorizadas, já largamente utilizados nos anos que precederam imediatamente sua morte, constituíam um meio de extrema utilidade para libertar o ser humano de certas atividades, especialmente daquelas mais penosas e nocivas, e permitir-lhe dedicar-se a tarefas mais nobres e criativas, tarefas que só poderiam ser realizadas pelo próprio homem, jamais por um ser criado por ele, ainda que a sua imagem e semelhança. Em “Os Robôs, os Computadores e o Medo”, prefácio do primeiro volume da antologia Histórias de robôs, o autor chama a atenção para esse medo dos robôs que, segundo ele, o ser humano poderia vir a nutrir. Aliás, esse medo já é por ele lembrado na primeira história que escreveu sobre essas máquinas, o conto “*Robbie”, presente na coletânea Nós, robôs e em outras antologias de contos do autor. Diz Isaac Asimov, no mencionado prefácio: “A primeira história que escrevi sobre robôs, incluída nesta antologia, foi “Robbie”. E já contém, como parte integrante do enredo, o medo irracional que o homem tem dos autômatos. De vez em quando, em meus contos, continuei me referindo a esse tipo de medo como um ‘complexo de Frankenstein’, mantendo-o assim como elemento constante (geralmente, mas nem sempre, em plano secundário) de quase todas as minhas incursões no gênero” (ASIMOV, 2004:7) Segundo o ficcionista, procurando explicar, com base em acontecimentos de seu próprio tempo, aquilo que previa para um futuro longínquo, o medo aos robôs será despertado no homem porque esse temor “constitui apenas um dos aspectos específicos da nossa realidade diante do progresso tecnológico propriamente dito – algo que se poderia qualificar de ‘tecnofobia’” (ASIMOV, 2004:7). As três leis da robótica foram, assim, formuladas para garantir aos seres humanos que jamais viriam a ser molestados pelos robôs que, em determinado momento da evolução da robótica, por ele prevista, passaram a ser mais temidos e até mesmo odiados. As três leis iniciais da robótica são, basicamente, as que se seguem, com algumas diferenças de redação que não lhes alteram o sentido: 1. Um robô não pode prejudicar um ser humano ou, por omissão, permitir que o ser humano sofra dano. 2. Um robô tem de obedecer às ordens recebidas dos seres humanos, a menos que contradigam a Primeira Lei, 3. Um robô tem de proteger sua própria existência, desde que essa proteção não entre em conflito com a Primeira e a Segunda Leis. No já mencionado prefácio da coletânea de contos Histórias de Robôs, Asimov lembra a obra clássica Frankenstein, de Mary Shelley, a seu modo um romance de ficção científica avant la lettre, em que o monstro criado por Vítor Frankenstein se rebela contra seu criador: “O êxito de Frankenstein foi tão grande que a idéia básica – ‘o homem cria o robô; o robô mata o homem’ – se repetiu sem parar numa série inacabável de histórias de ficção científica. Virou um dos mais insuportáveis chavões do gênero – e que combati e destruí, com sucesso, tenho orgulho de dizer, ao enunciar as minhas ‘Três leis da robótica’” (ASIMOV, 2004:123). Asimov acrescenta, ainda, na Introdução a que denomina “As Leis da Robótica”, que precede o conto “Primeira Lei”, da coletânea *Nós, robôs (p. 211), reproduzido também na antologia Os novos robôs (s.d., p. 55), “Parece que foram estes ditames da Robótica (pela primeira vez apresentados explicitamente em ”Brincadeira de Pegar”) que mais fizeram no sentido de modificar a natureza das histórias de robôs na ficção científica moderna. É raro encontrar-se um robô do velho tipo, que se volta contra seu criador, nas páginas das melhores revistas de ficção científica, simplesmente porque isso violaria a Primeira Lei. Vários escritores do gênero, mesmo sem mencionar as três leis, aceitam-nas com naturalidade e esperam que os leitores façam o mesmo.” Há várias outras explicações para as três leis em inúmeros trabalhos de Asimov, como na seguinte passagem do conto “*Círculo vicioso”, do livro O homem bicentenário, com dois contos. A história “O Círculo Vicioso” aparentemente foi escrita para explicar aspectos da complexidade de que essas leis se revestem, diante do estranho comportamento de um robô primitivo a que as personagens humanos do conto dão o nome de “Chispinha”, em traduções portuguesas, mantido o nome original, “Speedy”, em outras, como no caso da coletânea Nós, robôs, na qual o título do conto é “Corre-corre”: “A voz de Powell ao microfone se revelou tensa para os ouvidos de Donovan: - Olha, vamos começar pelas Três Leis fundamentais da Robótica... que estão inculcadas no cérebro positrônico de qualquer autômato. E começou a enumerar uma por uma, ali no escuro, nos dedos enluvados. - Temos: primeiro, nenhum robô pode ferir um ser humano, nem permitir que sofra, por inércia, qualquer dano. - Exato. - Segundo – prosseguiu Powell -, todo robô tem de obedecer às ordens que lhe forem dadas pelos humanos, a menos que contradigam a primeira lei. - Certo. - E terceiro: a obrigação de cada robô é preservar a própria existência, desde que não entre em conflito com a primeira ou a segunda lei. - Perfeito! E, então, como é que fica? - É exatamente o que quero explicar. O conflito entre as três normas se elimina através dos diferentes potenciais positrônicos do cérebro. Digamos que um robô saiba que corre perigo. O potencial automático estabelecido pela terceira lei o obriga a recuar. Mas suponhamos que a gente mande que ele enfrente o perigo. Nesse caso, a segunda engrena um contrapotencial maior que o precedente, e o robô termina cumprindo a ordem mesmo com o risco de ser exterminado. - Disso eu já sei. E daí? - Vamos tomar como exemplo o caso do Chispinha. Ele é um dos modelos mais recentes, extremamente aperfeiçoado, e custa tão caro quanto um portaaviões. Não é coisa que se possa destruir facilmente. - E o que tem isso? - Tem que a terceira lei foi reforçada... com destaque especial, por sinal, segundo as primeiras notícias divulgadas a respeito dos modelos SPD... e por isso a aversão ao perigo ficou simplesmente descomunal. Por outro lado, quando mandou que fosse buscar selênio, você deu essa ordem em tom natural, sem nenhuma ênfase especial, de modo que o estabelecimento potencial da segunda lei careceu de força suficiente. Mas, calma, espera: estou apenas expondo a situação. - Tudo bem, pode continuar. Acho que sei aonde você quer chegar. - Já entendeu, não é? Deve haver alguma espécie de perigo ao redor do lago de selênio. E que aumenta à medida que o Chispinha se aproxima e, a uma certa distância, o potencial da terceira lei, que para começar é extremamente alto, se equilibra exatamente com o potencial da segunda, que é extraordinariamente baixo. Donovan, muito agitado, já se pôs de pé. - E isso estabelece um conflito. Agora percebo. A terceira lei faz com que ele retroceda, enquanto a segunda o empurra para a frente.... - Foi por isso que ficou dando voltas em torno do lago, permanecendo no foco de todos os pontos de equilíbrio potencial” (ASIMOV, 2001:102). Lembre-se, mais uma vez, que o mesmo conto, com o título “Corre-corre”, está reproduzido na coletânea Nós, robôs, (p. 214), no qual o robô aparentemente avariado é chamado Speedy, palavra que traduz, aproximadamente, o sentido da palavra “chispinha”. As leis da robótica são eventualmente lembradas em vários romances, mesmo naqueles que não pertencem à série da *Robótica, sempre que os robôs são mencionados ou lembrados, como é o caso do romance *Fundação II (F2:318). As três leis da robótica acabaram por ser alteradas pelos robôs *Daneel Olivaw e *Giskard Reventlof, com a criação da chamada *Lei Zero da Robótica, assim formulada por eles: “Um robô não pode prejudicar a humanidade ou, pela inação, permitir que a humanidade seja prejudicada”. A Lei Zero levou à seguinte alteração da Primeira Lei: “Um robô não pode prejudicar um ser humano ou, pela inação, permitir que um ser humano seja prejudicado, a menos que isso viole a Lei Zero da Robótica” (RI: 275). Para aplicação da *Lei Zero, seus criadores explicaram que, para eles, os seres humanos são todos os membros da espécie Homo sapiens, tanto *Terráqueos quanto *Colonizadores, e que prevenir danos a seres humanos em grupo e à humanidade como um todo tem precedência sobre a prevenção de danos a um indivíduo especificamente (cf. RI:359). Na realidade, a criação da Lei Zero transfere para os robôs o poder – ou a capacidade – de avaliar, diante de determinadas situações, se o interesse da humanidade se sobrepõe ao individual, poder que acabaria por dar-lhes a caspacidade de causar mal aos seres humanos. Como em várias outras histórias, as três leis são também lembradas no conto “*Imagem especular”, da coletânea Nós, robôs, do conjunto de histórias a que Asimov deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”. É curioso observar que na nota que precede o referido conjunto, diz Asimov que “Imagem especular” “é uma continuação (de certa maneira) dos meus romances sobre os robôs, Caça aos robôs e Os robôs” (NR:161). Ambos os romances têm como personagem *Elijah Baley e os robôs Daneel Olivaw e Giskard Reventlof. No livro O futuro começou, que reúne os primeiros contos publicados por Asimov, com dados sobre cada um deles, o autor dá a seguinte informação sobre as “Três Leis da Robótica”: “Em maio de 1939 escrevi uma história que chamei “Robbie”. (...) Foi a primeira história sobre robôs que eu escrevi, e continha o germe do que mais tarde seria conhecido como as ‘Três Leis da Robótica’” (p. 127). Lei Zero. v. Leis da Robótica. Lemuel Oliver Cooper. Personagem do conto “*Robô AL-76 extraviado”, da série com o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Lenny. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dos contos que a constituem, e pelo menos mencionada em vários outros trabalhos de Asimov. Nome atribuído ao robô que dá título ao conto, derivado da identificação de sua série, como explica o personagem Peter Bogert: “’LNE’, pensou Bogert. Dá ‘Lenny’; é quase inevitável” (NR:305). Lenton. Personagem mencionado no conto “*Prova”, apontado como detentor do cargo de chefe da campanha de *Stephen Byerley (NR:431). Lev Meirus. Personagem do romance *Segunda Fundação, apresentado como o Primeiro Ministro de *Stettin, governante de *Kalgan. Levular Mandamus. Personagem do livro *Os robôs e o império. Membro do *Instituto de Robótica do planeta *Aurora e considerado “braço direito” de *Kelden Amandiro. Planejou o ataque ao planeta *Terra, narrado no romance citado. O personagem é descrito pela personagem *Gladia Delmarre da seguinte forma: “Ele era moço, sim, e provavelmente ainda não tinha completado seu primeiro meio século, porém ainda não havia se desenvolvido em sua plenitude. Era alto – talvez 1,85, calculou – e muito esbelto. E isso o fazia parecer magro. Seu cabelo tinha um tom um tanto escuro para um Auroreano, os olhos eram castanho-claros, o rosto muito comprido, os lábios finos demais, a boca muito grande, a pele insuficientemente clara. Mas o que toldava uma verdadeira aparência de juventude era sua expresssão muito afetada, muito sem humor” (RI:21). Liji (ou Lige) Baley. Apelido de *Elijah ou *Elias Baley, usado no romance *Caça aos robôs. Com o nome Liji Baley, a personagem aparece no conto “*Imagem especular”, do conjunto de histórias a que Asimov deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, da coletânea *Nós, robôs. Na nota que precede o conjunto, diz Asimov que “Imagem especular” “é uma continuação (de certa maneira) dos meus romances sobre os robôs, *Caça aos robôs e *Os robôs” (NR:161); ambos os romances têm como personagem Elijah Baley e os robôs *Daneel Olivaw e *Giskard Reventlof. Lincoln Ngoma. Personagem do conto “*O conflito evitável”, do conjunto de dez contos com o título geral de “Susan Calvin”, da coletânea *Nós, robôs. O personagem é descrito da seguinte forma: “um homem alto, negro, de rosto ossudo, e simpático” (NR:445) Lingane. Nome de planeta citado no romance *Poeira de estrelas, o segundo da série sobre o *Império Galáctico, e no qual se resume parte de sua história. Ao contrário de outros planetas, Lingane não aceitava o domínio dos *tiranianos: “Outros planetas dos reinos nebulares eram verdadeiros vassalos dos tiranianos. Lingane, entretanto, constituía o assim chamado ‘Estado associado’, teoricamente um ‘aliado’ de Tirânia, com seus direitos resguardados pelos artigos do acordo” (PE:150). Língua Inglesa. Segundo a *História do Futuro, num futuro remoto, quando o planeta *Terra já estava esquecido como berço da humanidade, a língua inglesa era considerada uma língua mítica, como se vê no seguinte excerto do romance *As correntes do espaço: “Descobrira, por acaso, um dos remotos mundos do Setor Centauro durante seu trabalho; um daqueles mundos cuja história poderia ser contada em milênios e cuja linguagem era tão arcaica que seu dialeto bem poderia ser aquela linguagem perdida, mítica: o inglês. Tinham uma palavra especial para um homem com pele escura. Agora, por que deveria haver uma palavra especial para um homem de pele escura? Não havia uma palavra especial para um homem com olhos azuis. Ou grandes olhos, ou cabelo cacheado. Não havia...” (CE: 55). Liono Kodell. Personagem do romance *Fundação II. Diretor de Segurança de *Terminus durante a administração da Prefeita *Harla Branno. Livro da Fuga. Espécie de livro sagrado dos habitantes do planeta *Sayshell, habitantes no Setor do mesmo nome, citado pelo saysheliano *Sotayn Quintesetz a *Golan Trevize e a *Janov Pelorat, quando desembarcaram no planeta, em busca de informações sobre a esquecida *Terra. Diz Quintesetz: “ - Os Mundos Exteriores eram mais fortes. Com a ajuda de seus robôs, os filhos derrotaram e controlaram a Terra, a Mãe. Perdoem-me, mas não consigo deixar de ficar repetindo citações do Livro [da Fuga]. Mas houve aqueles da Terra que fugiram de seu mundo – com naves melhores e modalidades mais potentes de voo hiperespacial. Voaram para estrelas e planetas distantes, muito além dos planetas próximos anteriormente colonizados. Novas colônias foram fundadas – sem robôs – onde os humanos podiam viver livremente. Foram os Tempos da Fuga, como foram chamados, e o dia em que os primeiros terráqueos atingiram o Setor de Sayshell, este exato planeta, de fato é o Dia da Fuga, celebrado anualmente por milhares de anos” (F2:232). Livro dos Anciões. Segundo o romance *827 Era Galáctica, texto sagrado de uma seita da *Terra, de leitura proibida a todos os *Forasteiros, ou seja, os naturais de qualquer planeta que não fosse a Terra. O Livro dos anciões relata a história tradicional, ou mítica, da Terra anterior às viagens espaciais (827:38). Loa Maren. Esposa de *Arbin Maren, personagens do livro *827 Era Galáctica. O casal acolheu *Joseph Schwartz, acidentalmente transportado do ano de 1949 para o ano de 827 da *Era Galáctica (827:19). Ludigan Abel. Embaixador de *Trantor no planeta *Sark. Personagem do romance *As correntes do espaço, então caracterizado da seguinte forma: “Em resumo, ele não era um patriota no sentido comum da palavra e Trantor, enquanto Trantor, nada significava para ele. Mas ele idolatrava a paz; ainda mais que estava se tornando velho e apreciava seu copo de vinho, sua atmosfera saturada de música e perfumes suaves, sua sesta à tarde, e sua quieta espera da morte. Era como imaginava que todos os homens deviam sentir; embora todos os homens sofressem a guerra e a destruição” (CE:68). Lunar City. Cidade da Lua, citada no conto “*O Melhor Amigo de um Garoto”, da coletânea Nós, robôs (p. 13). Macalaster. Personagem citada no conto “*Vamos nos unir”, da coletânea *Nós, robôs, do conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”. O personagem é apresentado como “secretário da Segurança (...) Seu queixo forte e seus olhos apertados eram bem conhecidos do público, mas quase mais nada se sabia dele” (NR:169). MacDougal. Personagem apenas mencionada no conto “*Corre-corre”, uma das histórias do conjunto denominado pelo autor “*Powell e Donovan”, do livro *Nós, robôs. MacFalane. Nome de personagem do pequeno conto “*Primeira Lei”, do conjunto com o título geral de “*Powell e Donovan”, da coletânea *Nós, robôs. Mãe Ritaah. Personagem do livro Prelúdio da Fundação. A primeira referência a Mãe Ritaah foi feita pela personagem *Yugo Amaryl, no mesmo romance, dirigida ao matemático *Hari Seldon, dizendo-lhe Amaryl que se quisesse ouvir algumas histórias sobre a *Terra deveria procurá-la. Mãe Ritaah é descrita da seguinte forma, no mencionado romance: “Mãe Ritaah teria mais de setenta anos, mas tinha aquele tipo de rosto que à primeira vista parece não corresponder à idade. Bochechas redondas, uma boca miúda, um queixo também pequeno meio gorducho. Era de estatura pequena, talvez um metro e meio, e tinha um corpo roliço” (PF:342). Mágicos. Nome que os habitantes de outros planetas davam aos habitantes do planeta *Terminus, no qual *Hari Seldon havia instalado a *Primeira Fundação. Eram assim chamados principalmente por dominarem a energia atômica, desconhecida pelos demais planetas que se desagregaram do *Império Galáctico, no seu período de decadência (FI:162). Os mitos sobre os “mágicos” podem ser resumidos nas seguintes palavras de *Bel Riose, dirigidas a *Ducem Barr, a quem dirigia perguntas sobre eles no romance *Fundação e Império: “- Diga-me então, patrício, o que vêm a ser os mágicos? Os autênticos. Barr pareceu espantado com aquela designação que há muito deixara de ser usada. Respondeu: - Não há mágicos. -Todo mundo fala deles. Siwena está cheia de histórias a seu respeito. Há seitas alicerçadas com base neles. Há umas estranhas ligações entre eles e os grupos existentes entre os seus compatriotas, que sonham e dizem tolices a respeito dos velhos tempos a que eles denominam liberdade e autonomia. Esta matéria pode tornar-se eventualmente um perigo para o Estado” (FI:157). Magnífico. Um dos nomes dados ao mutante geralmente conhecido como “*Mula”, ou “Mulo”, personagem da trilogia *Fundação, especialmente do romance *Segunda Fundação. Maloon Cicis. Personagem que aparece ligeiramente no romance *Os robôs e o Império, apresentado como o “braço direito” da personagem *Kelden Amadiro, Diretor do *Instituto de Robótica do planeta *Aurora (RI:203). Mandy. Nome pelo qual *Gerald Martin chamava a filha, *Amanda Laura Martin Charney, à qual o robô *Andrew Martin chamava “*Menina”, no conto “*O homem bicentenário”, da coletânea *Nós, robôs (NR:508). Manella Dubanqua. Esposa de *Raych Seldon, filho adotivo de *Hari Seldon e de *Dors Venabili. Personagem do segundo romance da trilogia *Fundação, Crônicas da Fundação. Mangin de Iss. Personagem da segunda parte do romance *Fundação e Império, representante de um dos *Mundos Comercias Independentes (FI:258). Mansky. Personagem citada no conto “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “Dois clímaxes”. Os contos foram reproduzidos na coletânea Nós, robôs (NR:511). Manuelo Jiminez. Professor do Instituto de Altos Estudos de Buenos Aires. Seu nome é apenas mencionado no conto “*Vamos nos unir”, da coletânea *Nós, robôs, do conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides” (NR:177). Marco. Personagem do conto “*Estranho no paraíso”, da série com o título geral de “Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Matthew. Nome de um dos “robôs não humanos” do conto “*Sally” da coletânea *Nós, robôs. Matt Khorov. Também conhecido como Padeiro. Personagem do romance *As correntes do espaço, considerado como um agente de *Trantor no planeta *Florina (CE:62). Mayer Schloss. Personagem do conto “*Risco”, da coletânea *Nós, robôs. O conto faz do conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dos contos que constituem o mencionado conjunto, e pelo menos citada em vários outros trabalhos de Asimov. Schloss é apresentado como, aos quarenta anos, “decano da jovem ciência das matrizes de hipercampos” (NR:375); tinha lábios grossos e olhos encovados (NR:376). Dele diz a personagem *Nigel Ronson: “Sabe demais. Entre desperdiçar o seu tempo soprando a fraca centelha de inteligência de seu interlocutor e atenuar a luz de sua mente por medo de cegar o citado interlocutor permanentemente apenas pela força de sua luz, ele acaba sem dizer palavra” (NR:371). Maxwell Robertson. Personagem do conto “...*Para que vos ocupeis dele”, da coletânea *Nós, robôs. O conto integra o conjunto de duas histórias a que o autor deu o título geral de “*Dois clímaxes. O narrador diz o seguinte da personagem: “Maxwell Robertson era o maior acionista da U. S. Robots, e por isso era seu superintendente. Sua aparência não era, de forma alguma, de impressionar. Ele já estava na meia-idade, era um tanto rechonchudo e tinha o costume de ficar mordendo o canto direito de seu lábio inferior quando estava perturbado” (NR:487). Melpomenia. Um dos cinquenta planetas do *Mundo Exterior, explorados pelos habitantes da Terra. É citado no romance *A Fundação e a Terra, quando ali desembarcaram *Golan Trevize e *Janov Pelorat, em sua longa viagem em busca do já esquecido planeta *Terra. Já era, então, um mundo desabitado e em ruínas. Melpômene é a musa da tragédia, na mitologia grega.. Menina. Nome12 pelo qual é chamada a personagem do conto “*O homem bicentenário”, reproduzido na coletânea *Nós, robôs. O conto faz parte do conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “*Dois clímaxes”. Sobre a personagem, existe a seguinte observação no conto: “a menina tinha sido a primeira a chamá-lo de Andrew, porque não sabia usar as letras, e os demais a imitaram. A menina... vivera noventa anos; já fazia muito tempo que morrera. Uma vez ele tentara chamá-la de senhora, mas ela não permitiu. Fora menina até seu último dia” (NR:507). O nome da Menina era *Amanda Laura Martin Charney (NR:513). Mentálica. A palavra ocorre no romance *Fundação II, com a seguinte explicação: “Havia um código para a ciência e a técnica do controle mental – a mentálica – assim como para outras profissões. Ou deveria haver” (F2:138). Mentálicos. Denominação dada por *Hari Sheldon às pessoas que possuíam certas capacidades mentais que as tornavam diferentes das pessoas comuns. O nome aparece no livro *Crônicas da Fundação, segundo romance da série Fundação: “Embora Mian Endelecki tivesse assegurado que o genoma de Wanda era perfeitamente normal, Seldon ainda tinha certeza de que a neta possuía uma capacidade mental muito superior à da maioria dos mortais. Além disso, estava convencido de que havia outros como ela em Trantor. Gostaria de poder localizar esses ‘mentálicos’ (era assim que se acostumara a chamá-los) e recrutá-los para trabalhar na Fundação” (CF:348). “Mentiroso!”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dos contos que a constituem, e pelo menos mencionada em vários outros trabalhos de Asimov. A ação se passa no ano de 2021. É um dos casos em que Asimov foi excessivamente otimista em relação ao desenvolvimento da Robótica. Mercúrio. Um dos planetas do Sistema Solar e palco da ação do conto “Correcorre”, do conjunto que tem o título geral de “Powell e Donovan”, do livro *Nós, robôs. Merton Mansky. Robopsicólogo, personagem de um dos mais felizes contos de Asimov, “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “Dois clímaxes”. Os contos foram reproduzidos na coletânea *Nós, robôs (NR:508). 12 Ver a nota número 5. Mestre do Sol 14. Personagem do romance *Prelúdio da Fundação, assim descrito pela *Enciclopédia Galáctica: “... Um líder do Setor Mycogen da antiga Trantor... Como acontece com todos os líderes desse setor pouco desenvolvido, pouco se sabe a seu respeito. O lugar que ocupa na história deve-se inteiramente a seu relacionamento com Hari Seldon durante A Fuga...” (PF:177). Metallo. A palavra, tomada como sinônimo de robô, aparece no conto “*Segregacionista”, da coletânea *Nós, robôs, na cena em que um paciente conversa com um médico que irá operá-lo, substituindo seu coração doente por um coração artificial, feito de metal, como exige: “- Mas o que é que há, doutor? Está com receio que eu esteja me transformando num robô... um Metallo, como são chamados, desde que a cidadania lhes foi concedida?” (NR:138). Michael Donovan. Personagem, juntamente com seu companheiro *Gregory – ou Greg – Powell, dos contos “*Primeira Lei”, “*Corre-corre”, “*Razão” e “*Pegue aquele coelho”, que integram o conjunto denominado pelo autor “*Powell e Donovan”, do livro *Nós, robôs. Os personagens voltam a aparecer, realizando o primeiro “salto” que permitiria as viagens interestelares, no conto “*Fuga!”, da mesma coletânea, do conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267). A história constitui, se não uma continuação, pelo menos uma continuidade do conto “*Risco”, do mesmo conjunto da coletânea. No livro O futuro começou, que reúne os primeiros contos publicados por Asimov, seguidos de informações sobre cada um deles, o autor dá a seguinte explicação sobre os personagens robôs, ao tratar do conto “Razão”: “Com [o conto] ‘Razão’, o ‘robô positrônco’ teve sua série iniciada, e meus dois personagens mais bem sucedidos, Gregory Powell e Mike Donovan (aperfeiçoamento de Turner e Snead, de ‘Anel em volta do Sol’) fizeram sua estréia” (p. 238) Mike. Nome de um robô do conto “*Pense!”, da série “*Alguns *robôs imóveis”, da coletânea *Nós, robôs. Mike Donovan. v. Michael Donovan. Milton Davidson. Programador, personagem do conto “*Amor Verdadeiro”, integrante do conjunto de contos com o título geral de “Alguns *robôs imóveis”, da coletânea *Nós, robôs. Minott. Personagem apenas mencionado como professor universitário de físicoquímica no conto “*Escravo”, da coletânea *Nós, robôs. O conto faz parte do conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin”, e preside a um julgamento descrito na história. Miranda Payne. Personagem do conto “*Robô AL-76 extraviado”, da série com o título geral de “Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Mitza Lizalor. Personagem do romance *A Fundação e a Terra. Ministra dos Transportes do planeta *Comporellon, auxiliou *Golan Trevize, *Janov Pelorat e *Bliss em sua busca pelo planeta *Terra. Monolee. Personagem citada no romance *A Fundação e a Terra, habitante do planeta *Alfa, e que contou a *Janov Pelorat o que se creditava serem lendas e mitos sobre o planeta *Terra, antes das conquistas espaciais e logo no início delas. Mori Luk. Sargento da frota do general *Bel Riose, citado no livro *Fundação e Império (p.189). Mortimer W. Jacobson. Apenas citado no conto “*Lenny”, como o responsável involuntário pela alteração na programação do robô cujo nome dá título ao conto (NR:302). Mulo/Mula. O próprio Isaac Asimov, no “Prólogo” não assinado do romance *Fundação II dá a seguinte informação sobre a personagem, mencionada no romance *Fundação e Império: “Um homem, chamado Mula, [Mulo, em outros romances] apareceu do nada. Tinha poderes mentais numa Galáxia que não os tinha. Podia moldar as emoções humanas e conformar suas mentes de modo que seus oponentes mais encarniçados se transformavam em seus servidores mais devotados. Os exércitos não podiam, e não queriam, combatê-lo” (F2:12). No romance *Fundação e Império, transcreve-se o seguinte verbete da *Enciclopédia galáctica sobre a personagem: “Ainda se sabe menos quanto ao “Mulo” do que a respeito de qualquer outra personagem de igual importância para a história galáctica. Não se sabe qual era o verdadeiro nome; o início de sua vida é mera conjectura. Mesmo o período de sua maior nomeada é, principalmente, conhecido através dos olhos dos seus antagonistas e, principalmente, através dos de uma jovem noiva...” (FI:216). No romance *Segunda Fundação, aparece outro verbete, oriundo da mesma fonte, sobre a personagem, em momento posterior, quando já havia assumido o governo da galáxia, depois de derrotar a *Primeira Fundação, com o nome de “*Primeiro Cidadão da União”: “ O MULO - Foi depois da queda da Primeira Fundação que os aspectos construtivos do regime do Mulo assumiram forma. Depois do colapso completo do Primeiro Império Galáctico, foi ele quem primeiro ofereceu à história um volume unificado do espaço de alcance verdadeiramente imperial. O primitivo império comercial da Fundação vencida fora variado e fracamente unido, apesar do apoio impalpável das predições da psico-história. Não tinha comparação com a ‘União dos Mundos’ sob o domínio do Mula, firmemente governada, que compreendia um décimo do volume da Galáxia, e um quinze avos de sua população. Particularmente durante a época da chamada Procura... (Enciclopédia Galáctica)” (SF:341). No mesmo romance, há a seguinte descrição da personagem: “O Mulo não era homem para ser visto, não era homem para ser visto sem troça. Não pesava mais do que cinquenta e cinco quilos, com a sua altura de 1,70m. Os seus membros eram talos ossudos que rompiam de sua magreza em ângulos desgraciosos. E a sua face magra era quase encoberta pela proeminência de um bico carnudo que se projetava à distância de sete sentímetros. Apenas seus olhos destoavam da farsa completa que era o Mulo. Na sua suavidade, uma suavidade estranha no maior conquistador da Galáxia, a tristeza nunca predominava” (SF:344). No romance *Fundação e Império, uma das personagens, o Capitão *Han Pritcher, assim se referira ao Mulo, antes de este haver derrotado a Primeira Fundação e assumido o governo da chamada “*União dos Mundos”, por ele criado, com o título de *Primeiro Cidadão da União : “- Excelência, é conhecido como Mulo. Pouco se fala dele, num sentido real, mas eu tenho apanhado os fios e os fragmentos do que se diz a seu respeito e separei aqueles que apresentam maiores posssibilidades de verdade. Trata-se, aparentemente, de um homem vulgar de nascimento e sem representação social. O pai é desconhecido. A mãe morreu quando ele era criança. A sua instrução, a de um plebeu. Sua educação, a do mundo dos vadios, e a das zonas marginais do espaço. O único nome que tem é o de Mulo, um nome que, segundo me informaram, ele se deu a si próprio, e significando por explicação popular, a sua imensa força física, e a teimosia de seus objetivos” (FI:23). No romance *Fundação II, a personagem é chamada “o Mula”, com outra explicação para seu nome: “A única coisa bem conhecida sobre o Mula é que ele era estéril. Daí o seu nome” (F2:98). A personagem volta a ser citada especialmente no romance *Fundação II, com esclarecimentos sobre seu planeta de origem. No livro O futuro começou, que reúne os primeiros contos publicados por Asimov, seguidos de informações sobre cada um deles, o autor dá a seguinte explicação sobre essa personagem: “Também escrevi nada menos que quatro histórias da série ‘Fundação’ nesses mesmos anos [1944-1945]. Foram ‘O grande e o pequeno’, ‘A cunha’, ‘Mão morta’ e ‘O Mula’. É claro que todas foram publicadas em Astounding, as três primeiras nas edições de agosto de 1944 e abril de 1945 respectivamente. ‘O Mula’ bateu diversos recordes para mim. Era a história mais longa que eu escrevera até aquela época – cinquenta mil palavras. (...) Também ‘O Mula’ era a primeira história que eu publicara em capítulos. Foi publicada em duas partes nas edições de novembro e dezembro de 1945 de Astounding. Das histórias da Fundação, do tempo da guerra, ‘O grande e o pequeno’ e ‘A cunha’ estão incluídas em Fundação, enquanto que ‘Mão morta’ e ‘O Mula’, juntas, compõem toda a Fundação e Império (p. 370). Multivac. Nome dado a um computador gigante, presente em vários contos de Asimov, entre os quais “*Ponto de Vista” e “*Amor Verdadeiro”, ambos do conjunto de contos com o título geral de “*Alguns robôs imóveis”, da coletânea *Nós, robôs, e citado no conto “*.Para que vos ocupeis dele”, do conjunto “*Dois clímaxes”, da mesma coletânea (NR:482). Mundo de Benbally. Antiga designação do planeta *Comporellon, citada pelo historiador *Janov Pelorat no romance *A Fundação e a Terra. Benbally é a forma futura do nome *Bentley - ou Ben - Balley, antigo colonizador oriundo do planeta *Terra. Diz Pelorat: “Dei uma olhada nos livros e descobri que todo o setor de Comporellon é rico em lendas antigas. Ao que parece, a região foi colonizada há muito tempo, durante o primeiro milênio das viagens hiperespaciais. As lendas falam de um fundador chamado Benbally, embora não revelem sua origem. Dizem que o nome original de Comporellon era Mundo de Benbally” (FT:49). Mundo do Amanhecer. Uma das denominações dadas ao planeta *Terra, embora fosse também atribuída ao planeta *Aurora. (CR:50). Mundo Enluarado. Uma das denominações dadas ao planeta *Terra, quando já se havia tornado um mito. Mundo Eterno. Denominação dada a *Trantor, o planeta-capital do Império Galáctico, numa clara referência à denominação de “Cidade Eterna”, dada a Roma, capital do Império Romano (PF:66). Mundos Comerciais Independentes. Citados no romance *Fundação e Império : “Quando os vinte e sete mundos comerciais independentes, que só estavam unidos devido à desconfiança que tinham em relação ao planeta-mãe da Fundação, decidiram entre si realizar uma assembleia, cada um deles se considerava o maior (...)” (FI:254). Mundos Exteriores. Também chamados *Mundos Externos, nos romances *Os robôs e *Caça aos Robôs. Ambas as denominações eram dadas aos cinquenta planetas existentes fora do Sistema Solar, conquistados e habitados por descendentes dos habitantes da *Terra. Diz o romance Caça aos Robôs sobre os Mundos Exteriores ou Mundos Externos: “os Mundos Externos (que antigamente eram simplesmente colônias terrestres estabelecidas há mil anos) faziam restrições severíssimas à integração” [com os habitantes do planeta Terra] (CR:27). A denominação *Cinquenta Mundos Exteriores ocorre no livro *Os robôs, (R:18), quando o detetive *Elijah Bailey, personagem do romance, refere-se ao desprezo que seus habitantes, os chamados *espaciais, nutriam pelo planeta Terra e pelos terrestres, os quais eram proibidos de visitar qualquer desses mundos, como observa Baley: “Os Espaciais fecharam-nos as portas da Galáxia, fixam eles próprios os preços de tudo o que nos compram, ditam as suas exigências e leis ao nosso governo e tratam-nos com desprezo – redarguiu Elijah Baley, a inflexão da sua voz indicando bem uma antipatia manifesta pelos Espaciais” (R:18). Os Mundos Exteriores voltam a ser lembrados no romance *Fundação II, pela personagem *Sotayn Quintesetz: “Em torno da Terra vicejaram colônias nas estrelas adjacentes, e estes planetascolônia eram muito mais ricos em robôs que a própria Terra. Havia mais utilidade para robôs nos mundos novos e desocupados. A Terra mesmo voltou atrás; não queria mais robôs, e se rebelaram contra eles. - E o que aconteceu? - perguntou [Janov] Pelorat. - Os Mundos Exteriores eram mais fortes. Com a ajuda de seus robôs, os filhos derrotaram e controlaram a Terra, a Mãe (F2:231-232). Mundos Externos. Denominação dada aos *Mundos Exteriores, no romance *Caça aos Robôs (CR:27). Mundos Proibidos. No romance *A Fundação e a Terra, nome que as lendas do planeta *Comporellon davam aos planetas dos *Espaciais, conforme a seguinte explicação: “Existem também os mundos da primeira leva de Colonizadores, os Espaciais, como são chamados em nossas lendas. Alguns chamam os planetas que eles colonizaram de ‘Mundos dos Espaciais’; outros de ‘Mundos Proibidos’. (...) No seu apogeu, diz a lenda, os Espaciais viviam centenas de anos e não permitiam que nossos ancestrais pousassem em seus mundos. Depois que nós os derrotamos, a situação se inverteu. Recusamo-nos a comerciar com eles e proibimos que nossas naves e as dos Mercadores visitassem os seus planetas. Assim, eles se tornaram Mundos Proibidos” (FT:133). Munn Li Compor. Personagem do livro *Fundação II: “Munn Li Compor “adotara um nome intermediário, desafiando a tradição de Terminus (,,,) Tinha o cabelo de um amarelo-manteiga, olhos de céu azul, e sempre resistiu ao impulso de alterar aqueles tons já fora de moda” (F2:15). No romance, a personagem *Golan Trevize cria um mistério sobre Munn Li Compor, ao dizer a *Janov Pelorat, seu companheiro na busca pelo esquecido planeta *Terra: “Não poderia ter tirado dele uma só palavra que ele não quisesse dizer. Janov, você não sabe o que ele é... Até hoje, eu mesmo não sabia o que ele era” (F2:204). Mycogen. É a seguinte e explicação da *Enciclopédia Galáctica sobre esse setor de *Trantor, o planeta-cidade, capital do *Império Galáctico: “... Um setor da antiga Trantor... Mergulhado em antigas lendas sobre seu próprio passado, Mycogen exercia pouca influência no planeta. Auto-suficiente, vivia praticamente isolado do restante (...). As microfazendas de Mycogen são lendárias, embora atualmente subsistam apenas em expressões proverbiais do tipo de ‘rico como as microfazendas de Mycogen’ ou ‘saboroso como os fermentos de Mycogen’. Elogios desse tipo tendem a tornar-se cada vez mais exagerados com a passagem do tempo, por certo, mas Hari Seldon visitou essas microfazendas no transcurso da Fuga, e há referências, em suas memórias, que corroboram a opinião popular...” (PF:199, 201). A historiadora *Dors Venabile, companheira de *Hari Seldon, deu as seguintes informações sobre o mencionado setor: “É um pequeno setor, com uma população de uns dois milhões de pessoas, se me lembro bem. O detalhe a seu respeito é que os mycogenianos se apegam a um conjunto muito rígido de tradições sobre a história antiga, e fala-se que dispõem de registros muito remotos, que não estão disponíveis em nenhuma outra parte. Talvez eles lhe sejam mais úteis para estudar os tempos pré-imperiais do que qualquer historiador ortodoxo” (PF:169). Durante sua *Fuga, Hari Seldon viveu algum tempo em Mycogen, uma vez que havia chegado à seguinte conclusão a respeito da psico-história; “seria capaz de desenvolver a psico-história se estivesse lidando com uma sociedade galáctica bem mais simples do que aquela em que então vivia (PF:166). A palavra “mycogen” tem sua origem explicada pela historiadora Dors Venabili, personagem do referido romance: “’Mycogen’ é um nome derivado de palavras arcaicas que significam ‘produtor de fungos, ou de fermentos’; pelo menos foi o que me disseram, não sou uma paleolinguista” (PF:189). Mycogenianos. Os naturais de *Mycogen, setor de *Trantor, o planeta-cidade capital do *Império Galáctico. Myrlyn Terens. Personagem do romance *As correntes do espaço. Apresentado como natural do planeta *Florina, mas preparado pelos *Nobres do planeta *Sark para servi-los, como Conselheiro, em seu planeta natal. Odiava os Nobres pelo domínio que exerciam sobre seu planeta natal e sobre seus habitantes, os *florinianos. Narovi. Um dos habitantes do planeta *Rossem, quando nele estiveram *Han Pritcher e *Cain Channis, durante a viagem em que procuravam a sede da *Segunda Fundação, por determinação do *Mulo (SF:364). NDR. Série de robôs da qual fazia parte *Andrew Martin, personagem do conto, “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “*Dois clímaxes”, reproduzidos na coletânea *Nós, robôs. Neotrantor. Capital do que restou do *Primeiro Império Galáctico, depois de sua destruição. A respeito do que restou do Império, diz a *Enciclopédia Galáctica, citada no romance *Fundação e Império (FI:301): “NEOTRANTOR. O pequeno planeta de Delicass, que depois recebeu o nome de Grande Saque, foi aproximadamente durante um século a sede da última dinastia do Primeiro Império. Foi um mundo obscuro e um obscuro Império, e a sua existência tem apenas uma importância formalista. Debaixo do iniciador da dinastia Neotrantoriana... (Enciclopédia Galáctica)”. Acrescenta o mencionado romance a respeito do que restou do Primeiro Império, de seu governo e de sua capital: “Mas Neotrantor existia – uma obscura aldeia de um planeta afogado na sombra do poderoso Trantor, até que uma família real, com a língua de fora, fugindo diante do fogo e das chamas do Grande Saque, correra para ela como último refúgio – e ali se refugiara, despojada de tudo, enquanto subsistia o rugido da vaga de rebelião. Dali governara com esplendor espectral sobre o remanascente do Império. Vinte mundos agrícolas formavam um Império Galáctico. Dagobert IX, governador de vinte mundos de cavaleiros e camponeses obstinados, era Imperador da Galáxia, Senhor do Universo” (FI:302). Nephi Morler. Personagem citada no romance *Os robôs e o Império, no qual é apontado como o maior dos Diretores do Diretório de cinco membros que governava o planeta *Baleyworld (RI:182). Nestor. Nome de um *robô, retirado de seu número de série – NS-2 - personagem do conto “*O robozinho perdido”, do conjunto de dez contos com o título geral de “*Susan Calvin”, da coletânea de contos *Nós, robôs (NR:348). Nexon. Nome citado no romance *Os robôs pelo sociólogo *Anselmo Quemot como o do planeta que colonizou o planeta *Solaria. Do planeta, a personagem mencionada explica: “Está situado bastante perto de Solaria e, na realidade, Solaria e Nexon são o par de planetas que se encontram localizados mais próximos um do outro em toda a Galáxia. Solaria, mesmo antes de ser habitado por seres humanos, possuía seres vivos e era bastante adequado à ocupação humana. O planeta representava, muito naturalmente, uma atração para as classes superiores de Nexon, que tinham suas dificuldades em manter um elevado nível de vida num planeta onde a população aumentara de maneira assustadora” (R:139). Niccolo Mazetti. Também chamado Nickie, personagem do conto “*Um Dia”, do conjunto de contos com o título geral de “*Alguns robôs não humanos”, da coletânea *Nós, robôs. Nigel Ronson. Personagem do conto “*Risco”, do conjunto de dez contos com o título geral de “*Susan Calvin”, da coletânea *Nós, robôs. Apresentado como membro da Imprensa Interplanetária, dele diz o autor: “baixo e gordo, tinha um impecável cabelo à escovinha, o colarinho da camisa aberto e as pernas das calças muito curtas, numa fiel imitação dos jornalistas caricaturais de programas de televisão. No entanto, era um repórter bem competente (NR:370). Nobre de Fife. O mais importante e o mais rico dos cinco *Nobres que governavam do planeta *Sark, personagens do romance *As Correntes do Espaço, no qual é descrito da seguinte forma: “Tinha o tronco até mesmo robusto, e a cabeça era indubitavelmente majestosa, mas seu corpo era sustentado por pernas atarracadas que eram forçadas a um gingado poderoso para transportar sua carga. Assim, atrás de uma escrivaninha e, exceto por sua filha e criados pessoais e, quando estava viva, sua esposa, ninguém o via em qualquer outra posição. Ali parecia o homem que era. Sua grande cabeça, com sua boca larga e de lábios pequenos, nariz largo e de largas narinas e queixo pontudo e fendido, poderia demonstrar ser afável ou inflexível a cada vez, com igual facilidade” (CE:93). Nobres. Nome atribuído aos sarkinianos, naturais e habitantes do planeta *Sark, pelos habitantes do planeta *Florina, dominado pelos primeiros. Personagens do romance *As correntes do espaço. Nós, Robôs. Primeiro volume da série “*História do Futuro”, além de ser, também, o primeiro livro que tem a *Robótica como tema predominante. Os contos do livro estão reunidos em oito conjuntos de histórias, cada conjunto com os seguintes títulos, cinstituídos dos contos a seguir enumerados: “*Alguns robôs não humanos”: “*O melhor amigo de um garoto”, “*Sally” e “*Um dia”; “*Alguns robôs imóveis”: “*Ponto de vista”, “*Pense!” e “*Amor verdadeiro”; “*Alguns robôs metálicos”: “*Robô AL-76 extraviado”, “*Vitória involuntária”, “*Estranho paraíso”, “*Versos na luz”, “*Segregacionista” e “*Robbie”; “*Alguns robôs humanoides”: “*Vamos nos unir”, “*Imagem especular”, “O incidente do Tricentenário”; “*Powell e Donovan”: “*Primeira lei“, “*Corre-corre”, “*Razão”, “*Pegue aquele coelho”; “*Susan Calvin”: “*Mentiroso!”, “*Satisfação garantida”, “*Lenny”, “*Escravo”, “*O robozinho perdido”, “*Fuga!”, “*Prova”, “*O conflito evitável“, “*Intuição feminina”; “*Dois clímaxes”: “*... Para que vos ocupeis deles”, “*O homem bicentenário”. Nova Terra. Nome de uma ilha, a única parte habitada do planeta *Alfa, à qual chegaram *Golan Trevize, o historiador *Janov Pelorat, sua companheira *Bliss e a criança *Fallon, em sua viagem pelo espaço, em busca do então esquecido planeta *Terra, no romance A Fundação e a Terra. Em sua tentativa de usar o chamado “*galáctico clássico”, forma arcaica do *galáctico padrão, pergunta Trevize a *Hiroko, habitante da ilha que os recebeu em seu desembarque: “- Saberia dizer o nome desta ilha onde viveis com o vosso povo? – disse Trevize, procurando, com sucesso relativo, imitar a maneira rebuscada de falar da moça (e torcendo para que a concordância verbal estivesse correta). Hiroko respondeu sem pestanejar: - Nossa ilha celestial, no meio do grande oceano, é chamada de Nova Terra” (FT:338). Novi. v. Sura Novi. NS-2. Número de série dos robôs conhecidos como “*Nestor”, que aparece no conto “*O robozinho perdido””, do conjunto de dez contos com o título geral de “*Susan Calvin”, da coletânea *Nós, robôs. (NR:348). “O Conflito Evitável”. Conto da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dos contos que o constituem e pelo menos mencionada em vários outros trabalhos de Asimov. (NR:436). A história se passa no ano de 2052. “O Homem Bicentenário”. Conto da coletânea *Nós, robôs. O conto integra o conjunto de duas histórias a que o autor deu o título geral de “*Dois clímaxes (NR:505). Na nota que precede os dois contos, explica Asimov: “De todas as histórias de robôs que já escrevi, ‘O homem bicentenário’ é minha favorita, e, penso, a melhor. De fato, tenho uma impresão assustadora de que não conseguirei superá-la e nunca escreverei outro conto sério sobre robôs. Mas, de novo, sempre poderia. Não sou sempre previsível” (NR:479). “O Incidente do Tricentenário”. Conto do livro *Nós, robôs. A história integra o conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, (NR:194). 827 Era Galáctica. (827, nas citações). No original norte-americano, Pebble in the Sky, de 1950. Oitavo livro da série “*História do Futuro” e terceiro e último romance sobre o *Império Galáctico. Cronologicamente, tendo em vista a data da edição, foi o primeiro romance publicado por Isaac Asimov. No livro O futuro começou, que reúne os primeiros contos publicados por Asimov, seguidos de informações sobre eles, o autor refere-se ao romance, de grande destaque no conjunto sobre o Império Galáctico, da “*História do Futuro”. Diz o autor, ao fazer anotações sobre o conto “O frei negro da chama” (p.92): “...há também uma forte sugestão em “O frei negro da chama” de minha próxima novela longa, Pedrinha no céu13 (Pebble in the Sky), que seria publicada oito anos mais tarde. Em ambas, a situação que figurei na Terra foi inspirada pela Judéia sob os romanos. A batalha do clímax de “O frei negro da chama”, porém, foi inspirada pela Batalha de Salamina, a grande vitória dos gregos sobre os persas” (p. 126). No mesmo livro (p. 416), em seguida ao conto “*Mãe-Terra”, esclarece Asimov: “... passei uma boa parte do verão de 1947 (quando não estava ocupado em preparar meus dados experimentais para a dissertação do Ph.D.), preparando a história que chamei “’Envelheça comigo’”. Em nota, acrescenta o autor que o título da história, citado erradamente, como explica, foi inspirado no poema “Rabbi Ben Ezra”, de Robert Browning. Realmente, o primeiro verso do poema é “Envelheça junto de mim”, e não “Envelheça comigo”. Mais adiante, conta Asimov que no dia 23 de setembro de 1947 submeteu a história ao editor da revista Starling Stories, Sam Merwin, que a recusou em 15 de outubro, a não ser que fosse reescrita, adaptando-se à nova linha editorial da revista. Aborrecido, diz Asimov que jogou os originais em uma gaveta e não mais pensou neles por cerca de dois anos, até que, em 24 de março de 1949, tomou conhecimento de que o editor da Doubleday & Company, Inc., editora de Nova Iorque, estava interessado na história. Diante disso, esclarece ainda: “No dia 6 de abril, comecei a revisão [de ‘Envelheça comigo’], a qual terminei no dia 25 de maio de 1949, mudando o título para Pebble in the Sky [827 Era Galáctica, na tradução para o português]. No dia 29 de maio, Doubleday aceitou-a e eu tive de aceitar o fato de que iria ter um livro publicado” (p.468). Oligarquia de Tazenda. Ou simplesmente Tazenda, nome de um planeta em que, supôs-se, se situasse a *Segunda Fundação, e do qual se aproximaram *Han Pritcher e *Bail Channis, os quais, por determinação do Mulo, buscavam a sede da 13 Tradução literal de Pebble in the Sky, publicado no Brasil com o título de 827 Era Galáctica, na edição usada para este trabalho. citada Fundação. Sobre essa Oligarquia, explica o personagem Bail Channis, no romance *Segunda Fundação: “De acordo com as nossas referências, Tazenda é uma oligarquia. Domina vinte e sete planetas habitados. Não está evoluída cientificamente. E, sobretudo, é um mundo obscuro que aderiu a uma neutralidade estrita quanto à política local da sua região estelar, e não é expansionista. Acho que devemos visitá-lo” (SF:356). Olynthus Dam. Personagem apenas mencionada no romance *Segunda Fundação (SF:414) O Mais Antigo. Uma das denominações dadas ao planeta *Terra, especialmente no planeta *Comporelon, onde a palavra “Terra” havia se tornado tabu linguístico: “Preste atenção – disse [Golan Trevize]. Comporellon pode ser um mundo antigo, talvez até um dos mais antigos, mas não pode ser o mais antigo. (..) Estou procurando a Terra. A reação de Mitza Lizalor deixou Trevize estupefato. Seus olhos se arregalaram, a respiração disparou e todos os músculos do corpo se retesaram. Ela ficou ali deitada, rígida, com os dois braços levantados em ângulo reto com o corpo, o indicador e o anular de cada mão cruzados. - Não diga essa palavra – murmurou, com voz rouca” (FT:113). “O Melhor Amigo de um Garoto”. Conto do livro *Nós, robôs, integrante da série da coletânea a que o autor deu o nome de “*Alguns robôs não humanos”. Segundo Asimov, o conto foi escrito em 10 de setembro de 1974, “e poder-se-á encontrar nele um eco distante de ‘*Robbie’, escrito trinta e cinco anos antes”. O Mundo. Uma das denominações dadas ao planeta *Terra. O Mundo do Amanhecer. Uma das denominações dadas ao planeta *Aurora. Onum Barr. Apontado como Patrício do Império e Senador de *Siwena, pai da personagem *Ducem Barr, do romance *Fundação e Império, citado no mesmo romance, que recebeu a visita do mercador *Hober Mallow, um dos heróis do período de consolidação da *Fundação, quando tentava se impor sobre o *Império Galáctico, no início da derrocada do segundo. O Planeta. Uma das denominações dadas ao planeta *Terra. Orador. “Orador”, em sentido genérico, era o nome dado aos dirigentes da *Segunda Fundação (F2:89), isto é, o título atribuído a cada um dos doze membros do Conselho, ou da Mesa, dirigentes da Segunda Fundação, personagens do romance *Fundação II. Sobre o número dos membros do Conselho ou da Mesa da Segunda Fundação, o referido romance esclarece: “Por cinco séculos, a Segunda Fundação tinha expandido seu poder e suas obrigações, mas todas as tentativas para expandir a Mesa além de doze tinham falhado. Eram doze após a morte de [Hari] Seldon, quando o segundo Primeiro Orador (o próprio Seldon sempre fora considerado como o primeiro da linha) a estabelecera, e ainda eram doze. Por que doze? Aquele número se dividia facilmente em grupos de mesmo tamanho. Era pequeno bastante para consultas como um todo, e grande o bastante para fazer trabalhos em subgrupos. Mais teria sido difícil de operar; menos, demasiado inflexível. Assim eram as explicações. Mas, de fato, ninguém sabia por que o número fora escolhido – ou porque deveria ficar imutável. Mas mesmo a Segunda Fundação poderia se tornar escrava da tradição” (F2:122). A palavra “Orador” para designar dirigientes da Segunda Fundação aparece pela primeira vez no romance *Fundação II, em que o Conselho acima mencionado é denominado “Conselho Executivo”: “O Conselho Executivo da Segunda Fundação estava em sessão (...) Havia uma ‘voz’ predominante, e essa pertencia ao indivíduo conhecido simplesmente por Primeiro Orador” (SF:351). Origem da Humanidade. O planeta de origem do ser humano, praticamente esquecido no futuro, quando o homem dominou mais de um sistema estelar, é frequentemente mencionado ou discutido nos livros que constituem as três séries da “História do Futuro”. A previsão desse esquecimento futuro já é prevista no romance *Os Robôs do Amanhecer, cuja ação se passa muito antes da constituição do *Império Galáctico: “Só seres humanos podiam morar naquele mundo e saber que não eram nativos, mas produtos dos terráqueos... e de fato os Espaciais não sabiam disso realmente ou apenas apagaram isso da memória? Iria chegar o tempo em que, talvez, não soubessem mesmo? Quando não se lembrariam de que mundo vieram ou se houve, de fato, um mundo de origem?” (RA:113) O assunto, também apresentado como a “*Questão da Origem”, constitui um dos elos de ligação entre as três linhas temáticas de Asimov na *História do Futuro. Aliás, a curiosidade sobre o planeta *Terra e seus habitantes já aparece em contos que não integram nenhum dos três temas, e cuja ação se passa, por exemplo, quando os homens haviam colonizado apenas a Lua, Vênus, Marte e seus satélites, como transparece nas seguintes passagens do conto “Nós, os marcianos”, da coletânea homônima: ”Tem, por exemplo, um jovem Recuperador, filho de um bom amigo meu que morreu no espaço... (...) O hobby deste rapaz é ler sobre a Terra – a história e coisas assim” (Nós, os marcianos, s.d.36). Em outra passagem do mesmo conto, um marciano comenta o interesse de outro pelas coisas da Terra: “Long sempre faz coisas assim. Trouxe sete ou oito quilos de livros que falam da Terra. Praticamente um peso morto, você entende” (p. 15). A preocupação com o planeta de origem da humanidade é apontada no livro *As correntes do espaço, embora, sem maiores indagações ou preocupações em identificar o planeta. Na época em que se desenvolve a ação do romance, o Império Galáctico ainda não havia sido integralmente constituído, mesmo que o planeta Terra já estivesse, então, quase esquecido. É o que se depreende do seguinte diálogo, envolvendo uma das personagens, - *Rik - um *terráqueo artificialmente desmemoriado e que luta para recuperar a memória perdida: “- Foi em uma nave que eu vim para Florina – disse – e antes disso eu vivia em um planeta. - Que planeta? Era como se a idéia estivesse forçando seu caminho dolorosamente através de canais mentais muito pequenos para ela. Então Rik lembrou-se e ficou encantado ao som de sua voz, um som de há muito esquecido: - Terra! Eu vim da Terra! - Terra? Rik balançou a cabeça. Samia voltou-se para o Capitão. – Onde fica o planeta Terra? O Capitão Recety sorriu brevemente. – Eu nunca ouvi falar dele. Não leve o menino a sério, Madame. Um nativo mente da mesma forma que respira. Vem naturalmente para ele. Diz o que vier primeiro à sua mente. - Ele não fala como um nativo. Virou-se para Rik novamente. – Onde é a Terra, Rik? - Eu... ele pôs uma mão trêmula sobre a testa. Então disse: - Fica no Setor Sírius. A entonação da afirmativa fez dela uma meia questão. Samia perguntou ao Capitão: - Existe um Setor Sírius, não existe? - Sim, existe. Estou pasmado que ele esteja certo. Ainda assim, isto não torna a Terra mais real” (CE:119). Um pouco mais adiante, questionado sobre a *radioatividade do planeta do qual se dizia originário, e diante da afirmativa da existência de pelo menos um planeta radioativo, acrescenta o terráqueo: “ – É Terra – disse Rik, orgulhosamente e com confiança. – É o planeta mais antigo da Galáxia. É o planeta em que toda a raça humana se originou. - Isso mesmo! concordou o Capitão. Samia perguntou, mente em turbilhão: - Você quer dizer que a raça humana originou-se nessa Terra? - Não, não – disse o Capitão distraidamente. Isso é superstição. Isto é justamente como eu vim a saber do *planeta radioativo. Pretende-se que seja o planeta natal do Homem” (CE:122). Ainda mais adiante, outra personagem se refere, com dúvida, ao fato de a humanidade, que agora ocupava inúmeros mundos da galáxia, ter-se originado de um único planeta: “Tudo isto é conhecido desde os dias da pré-história, desde o tempo em que a raça humana estava confinada a um único planeta, se alguma vez houve esse tempo” (CE:198). Mais tarde, Rik continua afirmando, com convicção, que a humanidade se originara de um único planeta, a Terra, diante da personagem que colocava em dúvida suas afirmações: “A Terra tem seu passado, Dr. Junz. Muitas pessoas podem não acreditar, mas nós da Terra sabemos que a Terra foi o planeta de origem da raça humana” (CE:204). Em passagem anterior, nas reflexões da personagem Dr. *Selim Junz sobre diferenças raciais, a ignorância sobre o planeta de origem dos seres humanos é mais patente: “Insistiam em que, no planeta original, qualquer fosse ele, a humanidade já havia se dividido em subgrupos de pigmentação variável” (CE:55). No livro *827 Era Galáctica, uma de suas personagens, o arqueólogo *Bel Arvardan, é adepto de uma das duas teorias que procuravam explicar a origem da humanidade, a *Teoria da Radiação, antiga hipótese sobre a origem do homem, a qual ele havia adotado em seus estudos. Segundo Arvardan, a outra teoria, a *Teoria da Fusão, havia sido formulada por um grupo de místicos que, na realidade, se preocupavam muito mais com a metafísica do que com a arqueologia” (827:30). Afirmava o grupo defensor da *Teoria da Radiação: “a Humanidade tinha se originado num único planeta, irradiando-se gradualmente por toda a Galáxia. Era a teoria favorita dos autores de ficção científica da época, e ao mesmo tempo, o escândalo aos olhos de qualquer arqueólogo respeitável do Império (...). Agora Arvardan, mais do que nunca preocupado com sua teoria favorita, decidira examinar o mais insignificante planeta do Império – um planeta chamado Terra” (827:30, 31). A teoria ortodoxa, ou Teoria da Fusão, relativa à questão da origem da humanidade, por sua vez, “proclamava insistentemente que os tipos Humanos eram o produto de uma evolução independente nos vários planetas (...) a mais, qualquer raça humana podia se cruzar com uma outra, e que depois da descoberta das viagens interestelares estes cruzamentos realmente aconteceram” (827:30). No livro *Prelúdio da Fundação, a questão da origem do homem é aventada, de passagem, pela personagem *Chetter Hummin, em sua conversa com *Henri Seldon, sobre a possibilidade de usar a incipiente *psico-história para prever o futuro da humanidade: “Há lendas que falam de um tempo em que a humanidade habitava em um único planeta. - Lendas! – Seldon encolheu os ombros. - Sim, lendas, mas nada impede que isso tenha de fato ocorrido há vinte mil anos ou mais. Imagino que a humanidade não tenha nascido já de posse dos conhecimentos que tornam possível o vôo hiperespacial. Certamente houve uma época em que o homem não podia viajar a velocidades maiores que a da luz, e seu domínio estava restrito a um único sistema planetário” (PF:61). Mais tarde, durante o período em que permaneceu no setor *Mycogen do planeta *Trantor, estudando o livro sagrado dos *mycoginianos, Seldon encontra referências ao planeta de origem da humanidade, fazendo indiretamente, inclusive, referências às duas teorias acima mencionadas: “- Essa questão de um único planeta de origem tem sido muito debatida ultimamente. A humanidade é uma única espécie que se espalhou através da Galáxia, de modo que deve ter se originado em algum lugar específico. Pelo menos, essa é a versão mais aceita no momento. Não se pode ter uma mesma espécie com origens independentes entre si, em mais de um planeta. (...) - Bem, é melhor deixar isso a cargo dos biólogos. - São justamente eles os maiores defensores da hipótese da Terra. - Terra? É assim que eles chamam esse mundo original? - É a designação popular desse mundo, embora não se tenha condições de saber seu nome oficial, supondo que houvesse um. E até agora não se tem nenhuma pista quanto a sua possível localização” (PF: 238). Em diálogo com o matemático *Hari Seldon, quando este esteve no Setor Mycogen, durante o período de sua vida conhecido como A *Fuga, responde-lhe uma mycogeniana, depois de lhe dizer que seu Setor possuía uma História, que “começa com um mundo, o nosso mundo. O único mundo”, diante da pergunta de Seldon sobre este único mundo: “- Sim – disse ela. – Um planeta. Vieram outros depois, mas o nosso foi o primeiro. Um planeta vasto e aberto, com muito ar, com espaço para todas as pessoas, com terras férteis, lares hospitaleiros, pessoas amistosas. Vivemos ali por milhares de anos até que um dia tivermos que partir, e começamos a nos esconder num mundo e em outro, e um dia alguns de nós conseguiram encontrar esta região de *Trantor (...) (PF:225) A Terra era, então, também conhecida como “*O Mundo”, “*O Planeta”, “*O Mais Antigo” ou “*O Mundo do Amanhecer”, como se vê no livro *Prelúdio da Fundação: “- Eles dão algum nome a esse seu mundo, esse mundo ao qual se referem o tempo todo? – Perguntou *Dors [Venabili]. – Se não o chamam de Terra, então como o chamam? - Chamam-no, como seria de se esperar, ‘o mundo’, ou ‘o planeta’. Às vezes chamam-no ‘O Mais Antigo’, ou ‘O Mundo do Amanhecer’, o que deve ter uma ressonância poética que me escapa” (PF:239). Ainda na mesma obra, e ainda sobre planeta de origem do homem, encontra-se a seguinte referência, desta vez envolvendo a diversidade étnica dos habitantes de diferentes mundos: “Alguns dos jovens e radicais antropologistas estavam jogando com a noção de que os homens de mundos como Libair, [cujos habitantes tinham pele escura] por exemplo, haviam surgido independente mas por evolução convergente. O homem mais velho denotava amargamente qualquer noção de uma evolução que convergia espécies diferentes ao ponto onde a hibridação fosse possível, como certamente o era entre todos os mundos da Galáxia. Insistiam em que, no planeta original, qualquer fosse ele, a humanidade já havia se dividido em subgrupos de pigmentação variável. (...) Lendas de um passado de conflito prolongaram-se, por alguma razão, nos mundos em trevas. Os mitos libairianos, por exemplo, falavam de tempos de guerra entre homens de pigmentação diferente, e a fundação do próprio Libair era atribuída a um grupo de negros refugiados de uma derrota em batalha” (CE:55). A diversidade racial é novamente lembrada, no mesmo romance, a propósito de uma de suas personagens, *Selim Junz, sobre a qual assim se refere uma outra personagem do romance: “Junz! Um intrometido de pele escura e cabelo carapinha, cuja perseverança precipitara a crise” (CE:176). No mesmo romance, um pouco mais adiante, aparece ligeira referência a uma antiga língua falada no então desconhecido planeta onde nascera a humanidade: “Descobrira, por acaso, um dos remotos mundos do Setor Centauro durante seu trabalho; um daqueles mundos cuja história poderia ser contada em milênios e cuja linguagem era tão arcaica que seu dialeto bem poderia ser aquela linguagem perdida, mítica: o inglês. Tinham uma palavra especial para um homem com pele escura. Agora, por que deveria haver uma palavra especial para um homem de pele escura? Não havia uma palavra especial para um homem com olhos azuis. Ou grandes olhos, ou cabelo cacheado. Não havia...” (CE:55). Durante a segunda fase de sua fuga, desta vez no setor trantoriano denominado *Dahl, *Hari Seldon encontra mais uma referência ao planeta de origem do homem, agora com a denominação clara de “*Terra”. Diz a personagem *Yugo Amaryl: - “Somos todos iguais... cabelos amarelos e cabelos negros, altos e baixos, orientais, ocidentais, meridionais e estrangeiros. Todos, todos nós, vocês dois, e eu, e até mesmo o imperador, todos nós descendemos do povo da Terra... ou não? - Descendemos de quem? perguntou Seldon. Seus olhos dilatados de espanto se voltaram no mesmo instante para Dors. - Do povo da Terra - tornou Amaryl. – O planeta onde se originou a humanidade. - Um planeta? Um apenas? - Um único planeta, claro. A Terra. - Quando você diz “Terra” isso quer dizer “Aurora”, não é isso? - Aurora!? O que é isso? Quero dizer Terra. Nunca ouviu falar da Terra? - Não. Para falar a verdade, não. - É um mundo mítico – começou Dors – que... - Não é mítico. Era um planeta de verdade” (PF:323). A região de Dahl constitui o seguinte verbete da Enciclopédia Galáctica: “Dahl - ... Por estranho que pareça, o aspecto mais célebre deste setor é Billibotton, um lugar semilendário a respeito do qual houve uma terrível proliferação de histórias. De fato, existe todo um gênero de literatura no qual heróis e aventureiros (bem como vítimas) são obrigados a enfrentar os perigos da travessia de Billibotton. Tais histórias acabaram se tornando tão estilizadas que a mais conhecida e presumivelmente a única autêntica entre elas, a que se refere a Hari Seldon e Dors Venabili, acabou adquirindo uma aura fantástica por pura e simples associação... (Enciclopédia Galáctica. In PF:329). A mesma dúvida sobre a origem do homem volta a ser ventilada no livro *Crônicas da Fundação, o segundo da série, em discussão entre duas personagens sobre a origem da palavra “deuses”: “- Algumas pessoas acreditam que a palavra tenha aparecido no tempo em que toda a humanidade vivia em um único planeta. - Isso não passa de uma lenda ridícula. É uma idéia tão absurda quanto a das influências sobrenaturais. A humanidade não teve um planeta de origem. - Tem de ter tido, Andorin – afirmou Namarti, irritado. – Os seres humanos não podem ter surgido em vários planetas. Afinal, somos uma única espécie. - Mesmo assim, na prática não existe nenhum planeta de origem. Ele não pode ser localizado, não pode ser definido, não pode ser discutido racionalmente e portanto não existe na prática” (CF:160). No romance *Fundação, a origem da humanidade é também ventilada como “A Questão da Origem”: “- Lameth, devem saber – continuou o chanceler oficialmente – apresenta uma nova e interessante adição ao meu conhecimento prévio sobre a Questão da Origem. - Que questão? – interrogou Hardin. - A Questão da Origem. O lugar de origem da espécie humana. O senhor deve saber, com certeza, que se pensa que a raça humana ocupou inicialmente apenas um sistema planetário. - Bem sei, bem sei. - Ninguém sabe ao certo qual sistema, encontra-se perdido nas brumas do passado. Existem, contudo, várias teorias. Sirius, dizem uns, outros insistem sobre Alfa Centauro, ou no Sol ou em Cyngi 61 – todos no setor de Sirius, como se vê. - E o que diz Lameth? - Bom, ele parte de um caminho inteiramente diferente; tenta demonstrar que os restos arqueológicos no terceiro planeta do Sistema Arcturiano mostram que a humanidade existiu ali, antes de haver quaisquer indicações de viagens no espaço” (F:47). A preocupação com a origem da humanidade aparece também, de forma mais ampla, em futuro mais distante ainda, quando o homem dominava várias galáxias, no conto “*A Última Pergunta”, presente na antologia organizada por Isaac Asimov, Martin Greenberg e Joseph Olander, denominada Mensagens do futuro (ASIMOV, GREENBERG e OLANDER, 1980:223-239) e na coletânea Sonhos de robô, (ASIMOV, s.d., p. 252-264): “- É isso mesmo. Principalmente porque todas as Galáxias são iguais. - Nem todas as Galáxias. Deve haver uma determinada Galáxia na qual se tenha originado a raça humana. E isto fez com que ela seja diferente. (...) A percepção de Zee Prime alargou-se até as próprias Galáxias encolherem e se tornarem num novo e mais difuso polvilhado sobre um fundo muito maior. Tantas centenas de bilhões delas, todas com os seus seres imortais, todas levando a sua carga de inteligência com as mentes que flutuavam livremente pelo espaço. E, no entanto, uma delas era única, pelo fato de ter sido a Galáxia original. Uma delas, no seu passado vago e distante, fora durante um certo período a única Galáxia povoada pelo homem. Zee Prime estava cheio de curiosidade de ver essa Galáxia e gritou: - AC Universal! Qual foi a Galáxia em que o homem teve a sua origem?” (ASIMOV, Sonhos de robô, p. 260). O mesmo conto aparece também, com ligeiras alterações decorrentes da tradução, no livro Nove amanhãs (Nine Tomorrows, p. 73). “O Robozinho Perdido”. Conto da coletânea *Nós, robôs e que integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267). Orum Dirige. Tenente das forças de segurança do planeta *Kalgan, personagem do romance *Segunda Fundação: “...era alto, com um nariz comprido e direito que dava ao seu corpo magro uma aparência saturnida” (SF:462). Orum Palley. Personagem do romance *Fundação e Império que, na história, usava o codinome de “Raposo”, na luta entre a *Fundação e o *Mulo (FI:285). Os Robôs (R, nas citações). The Naked Sun, de 1957, no original norteamericano. Terceiro livro e segundo romance da série “*História do Futuro” em que a temática predominante é a *Robótica. No livro O futuro começou, em que Asimov reúne seus primeiros contos publicados e dá uma série de informações sobre cada um deles, ao tratar da história “Mãe-terra” (p.468), explica que ela mostra claramente traços dos romances Caves of Steel [*Caça aos robôs] e The Naked Sun [*Os robôs], que viria a escrever na década de 1950. Os Robôs e o Império. (RI, nas citações). No original norte-americano, Robots and Empire, de 1985. Quinto romance e último volume da série “*História do Futuro” que tem a *Robótica tema predominante. Os Robôs do Amanhecer. (RA, nas citações). No original norte-americano, The Robots of Dawn, de 1983. Quarto livro em que a *Robótica é o tema predominante e terceiro romance sobre robôs. O Último Imperial. Nome atribuído ao General *Bel Riose, conhecido pela guuerra que promoveu conta a *Fundação, durante o reinado do imperador *Cleon II. Ovall Gri. Personagem da segunda parte do romance *Fundação e Império, representante de um dos *Mundos Comercias Independentes (FI:258). Padrão Interestelar. Língua geral dos *Mundos Espaciais, citada no romance *Os Robôs do Amanhecer, cuja ação se passa antes da implantação do *Império Galáctico e que, possivelmente, precedeu o *galáctico padrão. Ao padrão interestelar refere-se o Mestre Roboticista *auroreano *Kelden Amadiro, em conversa com o detetive *terráqueo *Elijah Baley, no romance acima citado: “Estou especialmente interessado na história passada da Terra, na época em que havia centenas de línguas e o Padrão Interestelar ainda não tinha sido desenvolvido... Por falar nisso, permita-me que o cumprimento pelo seu conhecimento do Interestelar?” (RA:309). “... Para que vos ocupeis dele”. Conto da coletânea *Nós, robôs. O conto integra o conjunto de duas histórias a que o autor deu o título geral de “*Dois clímaxes (NR:481). Parsec. No romance *Poeira de estrelas, o segundo da série sobre o *Imperio Galáctico, em nota de pé de página, aparece o significado do termo “parsec”, de forma um tanto vaga: “Unidade de distância sideral” (PE:137). O romance *Fundação, também em nota de pé de página, esclarece que essa unidade de distância sideral é equivalente a 3,26 anos-luz. No romance *Fundação II, esses dados são confirmados, acrescidos do seguinte conceito de “parsec”: “É a distância à qual o raio da órbita da Terra compreende um ângulo de um segundo de arco” (F:39). “Parsec” é também o nome de uma nave citada no conto “*Risco”, de 1955, da coletânea *Nós, robôs (NR:370). A história integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267). Era a única nave de sua espécie já construída na história da humanidade (NR:370), e faria “a primeira viagem de objeto construído pelo homem para além do controle gravitacional do Sol”, de acordo com a versão do referido conto publicada no livro Novos robôs (p. 108). Paul Loeb. Personagem do conto “*Um Dia”, do conjunto de contos com o título geral de “Alguns robôs não humanos”, da coletânea *Nós, robôs. Paul Martin. Personagem do conto “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “Dois clímaxes”. Os contos foram reproduzidos na coletânea *Nós, robôs. (NR:523). Pax Imperium A expressão, claramente calcada sobre a chamada “Pax Romana”, isto é, a paz imposta por Roma, capital do Império Romano, aos povos que dele faziam parte, aparece no romance *Fundação e Império, usada pelo General *Bel Riose, “o Último Imperial”, como foi chamado, em diálogo com a personagem *Ducem Barr: “Foi a Armada Imperial que criou a Pax Imperium que governou toda a Galáxia durante dois mil anos. Compare os dois milênios de paz sob a égide do Sol e da Nave com os dois milênios de anarquia interestelar que os precederam” (FI:169). Em *As Correntes do Espaço, a expressão é “Pax Trantorica”: “A República Trantoriana havia tido meros cinco mundos, cinco séculos antes. (...) Quando a República Trantoriana tornou-se a Confederação Trantoriana e então o Império Trantoriano, seu avanço estendera-se através de uma emaranhada floresta de homens estripados, naves destruídas e planetas pilhados. Contudo, através de tudo isso Trantor tornara-se forte e dentro do vermelho havia paz. Agora Trantor vibrava às vésperas de uma nova conversão: de Império Trantoriano para Império Galáctico e então o vermelho engolfaria todas as estrelas e haveria paz universal – a pax Trantorica” (CE:69). Pax Trantorica. Ou Pax Imperium. Alusão à paz imposta pela força das armas aos planetas que constituíam o *Império Galáctico, por sua capital, Trantor, o planeta-cidade, em clara alusão à “Pax Romana”. Pedra Preciosa. Nome do satélite do planeta *Euterpe, apenas mencionado no romance *Os robôs e o Império: “De repente, não lembrava exatamente há quanto tempo, ela [Gladia Delmarre] e Santirix [Gremionis] tinham ido juntos ao planeta Euterpe conhecer suas florestas tropicais, mundialmente reconhecidas como incomparáveis, especialmente sob o replendar romântico de seu brilhante satélite, Pedra Preciosa” (RI:87) “Pegue aquele coelho”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra o conjunto da coletânea a que o autor deu o título de “*Powell e Donovan” (NR:209), nome de personagens do conto, assim como de vários outros trabalhos de Asimov. Pel. Redução da palavra Pelorat. Nome dado por *Bliss, habitante do planeta *Gaia e personagem dos romances *Fundação II e *A Fundação e a Terra, a *Janov Pelorat, também personagem dos dois romances, em sua suposta busca do planeta *Terra, em companhia de *Golan Trevize, depois, também acompanhados da própria Bliss. Pelleas Anthor. Personagem do romance *Segunda Fundação, companheiro dos personagens *Darell, *Jole Turbor, *Elvett Semic e *Homir Munn, grupo que procurava localizar e destruir a *Segunda Fundação. Dele se diz que era perspicaz e sério, parecendo jovem e inseguro de si (SF:403, 415). “Pense!”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra a série da coletânea a que o autor deu o nome de “*Alguns robôs imóveis”. Peter Bogert. Personagem do conto “*Mentiroso!”, da coletânea *Nós, robôs. Também aparece em outros contos da mesma coletânea: “*Satisfação Garantida”, “*Lenny”, “*Escravo”, “*O Robozinho Perdido”. Planeta do Amanhecer. Nome dado ao planeta *Terra por *Giskard Reventlof, no romance *Os robôs e o Império, repetindo o que já havia dito em outra ocasião, no livro, *Os robôs do amanhecer: “Em algum lugar acima e fora da cidade – disse Giskard – deve estar agora nascendo o dia. Uma vez, há vinte décadas, conversando com Elija Baley, referime à Terra como o Planeta do Amanhecer” (RI:343). Planeta Primitivo. Uma das denominações dadas à *Terra, um planeta já considerado lendário, depois que se foi esquecida, ou voluntariamente apagada dos registros, sua localização no espaço, e nem mesmo se tinha a certeza sobre sua existância. A designação aparece, por exemplo, no romance *Fundação II: “Sim, o Planeta Primitivo das lendas. E é por isso que ele deveria estar vindo para Trantor. Afinal de contas, o professor [Janov Pelorat] sabe onde é a Terra? Você sabe? Eu sei? Podemos ter certeza de que sequer existe, ou se jamais existiu?” (F2:142). Planetas dos Colonizadores. Nome que os *Espaciais atribuíam aos planetas colonizados pelos habitantes da *Terra, graças à atuação do detetive terrestre *Elijah Baley, e a filosofia do roboticista *auroreano *Han Fastolfe, de acordo com o romance *Caça aos Robôs, e do filho de Baley, *Ben Baley, um dos colonizadores, segundo o romance *Os Robôs e o Império. Planetas Exteriores. Nome dado no livro *Os robôs ao conjunto dos primeiros cinquenta planetas colonizados pela *Terra, e que acabaram se tonando inimigos do planeta-mãe. No mencionado romance, há mais de uma explicação sobre os Planetas Exteriores ou Mundos Exteriores, como também são chamados. A primeira delas é a seguinte: “Os cinquenta Planetas Exteriores, com uma população total menor do que a da Terra, mantinham um potencial militar talvez umas cem vezes superior ao do Planeta Terra. Os pouco povoados planetas viviam de uma economia ‘robótica’ e sua produção ‘per capita’ humana era milhares de vezes maior do que a da Terra. Era justamente essa fantástica força produtiva por habitante dos cinquenta planetas que ditava o potencial militar, o elevado nível de vida, a felicidade e tudo o mais” (R:15). Outra explicação foi dada ao detetive *Elijah Baley, antes de sua viagem a um deles, o planeta *Solaria: “...de um lado temos cinquenta Planetas Exteriores, com uma densidade de população verdadeiramente ridícula, vivendo exclusivamente do trabalho dos mais modernos e eficientes robôs, poderosos e com uma raça de homens saudáveis, gozando de um período de vida muito mais longo do que o nosso e, do outro lado, temos o nosso planeta Terra, com uma população demasiado grande e crescente para um planeta tão pequeno, tecnicamente pouco desenvolvido, e tendo seus habitantes uma vida demasiado curta para poderem contribuir eficazmente para o seu desenvolvimento. Um planeta, enfim, contra cinquenta... e, naturalmente, somos dominados em tudo por eles” (R:17). Plano de Seldon. Nome pelo qual era conhecido o plano desenvolvido pelo matemático *Hari Seldon, por intermédio da *psico-história, para reduzir o previsto interregno de caos entre o fim do *Primeiro Império Galáctico e a constituição do Segundo Império, por uma das Fundações por ele criadas. Menção ao Plano de Seldon é feita, por exemplo, como se fosse uma lenda, no romance *Fundação II, pelo Conselheiro da Prefeitura de *Terminus, *Golan Trevize, quando respondia a interrogatório do Diretor de Segurança da referida Prefeitura: “- O que você precisa, muito claramente, é de um conjunto de perguntas e respostas que possa apresentar a Terminus e a toda a Federação da Fundação que ele governa, para mostrar que eu aceito a lenda do Plano de Seldon totalmente” (F2:27). Poeira de estrelas. (PE, nas citações). No original norte-americano, The Stars Like Dust. Sétimo volume da série “*História do Futuro”, e segundo romance sobre o *Império Galáctico. Foi editado originalmente com o título Tyrann e era constituído de três partes, publicadas na revista Galaxy Science Fiction, de janeiro a março de 1953. Pola Shekt. Filha de *Affret Shekt, personagens do romance *827 Era Galáctica. Poli. Personagem mencionada no romance *Segunda Fundação (SF:442) Ponte das Estrelas. Denominação do local da galáxia em que *Hari Seldon teria criado a *Segunda Fundação. Sobre a Ponte das Estrelas, há o seguinte diálogo entre os personagens *Han Pritcher e *Cain Channis, que buscavam a localização da Segunda Fundação, por determinação do seu chefe, o *Mulo, no romance *Segunda Fundação: “- Há outro ponto nos registros. A Segunda Fundação foi estabelecida em Ponte das Estrelas. - Nunca foi localizada tal região na Galáxia. - Por ser um nome local, suprimido mais tarde para maior segredo. Ou talvez um nome inventado de propósito por Seldon e pelo seu grupo” (SF:354). “Ponto de Vista”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra a série da coletânea a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs imóveis”. “Powell e Donovan”. Título do conjunto de quatro contos, reproduzidos no livro *Nós, robôs. Asimov dá a seguinte explicação para o título do conjunto: “A segunda história de robôs que escrevi, “Razão” (incluída nesta parte) tratava de dois prospectores, Gregory Powell e Michael Donovan. Foram moldados em certas histórias escritas por John Campbell, que eu admirava muito, sobre um par de exploradores interplanetários, Penton e Blake. Se Campbell alguma vez notou a semelhança, nunca me dissse nada. Aliás, devo adverti-lo de que o primeiro conto desta parte, “Primeira Lei”, foi escrito como uma piada, e não deve ser levado a sério” (NR:209). São os seguintes os contos do conjunto “Powell e Donovan”: “*Primeira Lei”, “*Corre-corre”, “*Razão”, “*Pegue aquele coelho”. Muito embora esses contos possam ser lidos isoladamente, existe uma sequência lógica entre eles, observada a ordem em que foram apresentados na coletânea, e o início de cada conto retoma uma menção feita no final do conto anterior. Prefeito de Terminus. Quinhentos anos depois que *Hari Seldon instalou a *Primeira Fundação no isolado e distante planeta *Terminus, quando era totalmente desabitado, o título de seu governante, Profeotp, continuava o mesmo, como se explica na seguinte passagem do romance *Fundação II: “Aquele [Prefeito] ainda era o título. Foi herdado do líder de uma só cidadezinha quase despercebida, num mundo solitário, na fronteira mais distante da civilização, uns quinhentos anos antes, mas ninguém sonharia em mudá-lo ou dar um átomo de glória a mais ao título. Tal como estava, só o quase esquecido título de Majestade Imperial poderia rivalizar com ele em portento” (F2:34). Prelúdio da Fundação. (PF, nas citações). Prelude to Foundation, no original norte-americano, de 1988. Nono livro da série “*História do Futuro” e primeiro romance sobre a sequência que tem a *Fundação como tema predominante, embora não tenha sido o primeiro volume a ser escrito sobre o tema. Preston (R.). Robô do matemático *Alfred Barr Humboldt, personagem do conto “*Imagem especular”, do conjunto de histórias reunidas sob o título geral de “*Alguns robôs humanoides”, da coletânea *Nós, robôs. Preem Palver. Importante personagem do romance Segunda Fundação embora, com esse nome, só apareça no final do livro, como representante comercial de uma das cooperativas agrícolas de *Trantor: “Era bastante baixo e gordo. Tinha cabelo branco e abundante, penteado para trás, num estilo pompadoriano que parecia incoerente com uma cara redonda e rubicunda que proclamava sua origem camponesa” (FS:453). Em alguns livros da série, de tendo em vista o tradutor, é chamado *Prim Palver. Primeira Fundação. Nome às vezes dado à *Fundação, especialmente pelos poucos que conheciam a existência da *Segunda Fundação, o que fica bem caracterizado na seguinte passagem do romance *Fundação II, a respeito da Prefeita *Harla Branno, da cidade de *Terminus, no planeta de mesmo nome, onde Hari Seldon havia sediado a *Primeira Fundação: “Ela, enquanto a mão forte ao leme da Fundação (de fato a Primeira Fundação, mas ninguém em Terminus jamais pensou em acrescentar o adjetivo) meramente era levada pela crista da onda” (F2:255). Os papéis que deveriam ser desempenhados pelas duas fundações, no *Plano de Seldon, aparecem descritos na seguinte passagem do mencionado romance: “Oficialmente nós, a Primeira Fundação, deveríamos reter o conhecimento das ciências físicas e fazê-las progredir. Devíamos operar abertamente, nosso desenvolvimento histórico seguindo, quer soubéssemos ou não, o Plano de Seldon. Havia, porém, a Segunda Fundação, que deveria preservar e desenvolver mais as ciências psicológicas, inclusive a psico-história, e sua existência deveria permanecer em segredo até para nós. A Segunda Fundação era o agente de ajuste fino do Plano, visando ajustar as correntes da história Galáctica, quando se desviassem dos caminhos delineados pelo Plano” (F2:37). No mesmo romance, são assim caracterizadas as duas fundações instituídas por Hari Seldon, quando ambas se encontravam em plena atividade: “A Primeira Fundação era suprema no campo da força física, da tecnologia, das armas de guerra. A Segunda Fundação era suprema no campo da força mental, da capacidade de controle. Em qualquer conflito entre as duas, o que importaria quantas naves e armas a Primeira Fundação tivesse, se a Segunda Fundação poderia controlar as mentes daqueles que a controlavam?” (F2:83). “Primeira Lei”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra o conjunto de contos a que o autor deu a denominação geral de “*Powell e Donovan”. Sobre o conto, esclarece Asimov: “(...) o primeiro conto desta parte, ‘Primeira Lei’, foi escrito como uma piada, e não deve ser levado a sério” (NR:209). Primeiro Cidadão da União. Título oficial assumido pelo *Mula, depois de derrotar a *Primeira Fundação e criar a *União dos Mundos, que passou a governar. Primeiro Império. Denominação às vezes dada ao *Império Galáctico, ao lado de Primeiro Império Galáctico, como, por exemplo, no romance *Fundação e Império. Indiretamente, uma alusão à existência de um *Segundo Império, que seria constitiuído pela *Fundação, mil anos depois da desagregação do Primeiro Império, de acordo com o *Plano de Seldon. Primeiro Orador. Dirigente máximo da *Segunda Fundação, embora, segundo o romance *Fundação II, sua única prerrogativa oficial fosse falar em primeiro lugar nas reuniões dos oradores. “Orador”, em sentido genérico, era o nome dado aos dirigentes da *Segunda Fundação (F2:89), no qual há a seguinte explicação sobre a expressão “Primeiro Orador”: “Por outro lado, havia também um homem nessa sala, o Primeiro Orador. Era o décimo segundo na linha dos guardiões principais do Plano [de Seldon], e o seu título não tinha maior significação do que o fato de, nas reuniões dos chefes da Segunda Fundação, falar em primeiro lugar” (SF:406). Prim Palver. Décimo nono *Primeiro Orador da *Segunda Fundação e considerado o mais importante deles. Seu nome volta a ser lembrado no romance *Fundação II, por ter conseguido debelar as ameças à *Segunda Fundação e ao *Plano de Seldon, durante o período do *Mula. No romance *Segunda Fundação, o nome que aparece é *Preem Palver. Projeto Enciclopédia. Denominação dada ao projeto criado por *Hari Seldon e seus companheiros e desenvolvido pelos enciclopedistas, com a finalidade de ocultar o verdadeiro objetivo das fundações por ele criadas. O suposto objetivo da Primeira Fundação foi explicado por *Las Zenow, bibliotecário-chefe da *Biblioteca Galáctica, no segundo romance da série da Fundação: “- Que idéia magnífica! Iniciar um gigantesco projeto em um planeta virgem, distante e totalmente isolado, de modo que, anos após ano, década após década, uma gigantesca enciclopédia, abrangendo todo o conhecimento humano, possa ser escrita. Uma síntese do que existe nesta biblioteca. Se eu fosse mais jovem, gostaria de participar da expedição” (CF:305). “Prova”. Conto da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dos contos que constituem o conjunto, e pelo menos mencionada em vários outros trabalhos de Asimov. (NR:415). Nesse conto, a ação se desenrola no ano de 2032. Psico-história. Observada a cronologia da sequência que tem como tema principal a *Fundação, a primeira menção à teoria que viria a ser desenvolvida com a denominação de psico-história aparece no livro *Os robôs do amanhecer, o terceiro romance da série sobre *Robótica. A idéia da psico-história foi abordada pela personagem *Han Fastolfe, roboticista *auroreano, em conversa com o detetive terrestre *Elija Baley, quando este se encontrava no planeta *Aurora, para esclarecer um suposto crime: “- Gostaria, Senhor Baley, de entender melhor os seres humanos. Passei seis décadas estudando os meandros do cérebro positrônico e espero passar mais quinze ou vinte. Durante esse tempo, mal rocei no problema do cérebro humano, que é tremendamente mais complicado. Haverá Leis Humanísticas, como há Leis de Robótica? Quantas Leis Humanísticas podem existir e como podem ser exprimidas matematicamente? Não sei.Talvez, porém chegue um dia em que alguém possa produzir as Leis Humanísticas e então ter condições de prever os grandes ataques do futuro e saber o que pode estar reservado para a humanidade, no lugar de simplesmente adivinhar, como eu faço, e saber como tornar as coisas melhores, em vez de ficar apenas especulando. Há ocasiões em que sonho ter fundado uma ciência matemática que denomino ‘psico-história’, mas sei que não posso e temo que ninguém também possa” (RA:110). É mencionada novamente no mesmo romance pela personagem *Vasilia Fastolfe ou Vasilia Aliena, também roboticista: “O Dr. Fastolfe se interessava por uma coisa. Uma coisa. Só uma coisa. O funcionamento do cérebro humano. Desejava reduzi-lo a equações, a um diagrama, a um quebra-cabeça resolvido e assim criar uma ciência matemática do comportamento humano, que lhe permitisse prever o futuro do homem. Chamou-a ‘psico-história’” (RA:220). No final do mesmo romance, a possibilitade de se criar alguma coisa, talvez uma ciência, com o nome de psico-história volta a ser mencionada num diálogo entre duas personagens, o robô *Giskard Reventlof e o detetive terrestre *Elijah Baley: “(...) posso mais ou menos dizer que há leis que governam o comportamento humano, como as Três Leis que regem o robótico; e com elas pode ser que o futuro seja orientado, depois de um tempo... um dia. As leis humanas são muito mais complicadas que as Leis da Robótica e não tenho idéia de como elas podem ser organizadas. Podem ser de natureza estatística, de forma que não possam ser proveitosamente exprimidas, exceto quando lidando com populações enormes. Podem estar muito levemente ligadas, de forma a não fazerem sentido, a menos que essas populações sejam inconscientes da existência dessas leis. - Diga-me, Giskard, é isso que o Dr. [Han] Fastolfe chama de a futura ciência da ‘psico-história’?” (RA:411). O mesmo robô Giskdard Reventlof volta a se referir, mais de uma vez, à psicohistória no livro *Os robôs e o Império, o último da série sobre *Robótica: “Uma vez que as emoções são poucas e os motivos muitos, o comportamento de uma multidão pode ser mais facilmente previsível que o comportamento de uma pessoa. Isso, por sua vez, significa que as leis devem ser desenvolvidas para permitir que a corrente da História possa ser predita, então deve-se ligar com grandes populações, quanto maiores melhor. Isso em si pode constituir a Primeira Lei da Psico-história, a chave para o estudo das Humanidades” (RI:176). Em outra passagem do mesmo romance, e a propósito ainda das leis da psicohistória, diz outra personagem, o robô *Daneel Olivaw: “Mas você espera que seus estudos da história humana o ajudem a desenvolver as leis que governam o comportamento humano, que lhe permitam prever o orientar a história humana – ou, pelo menos, que sirvam de ponto de partida para que alguém, um dia, aprenda a prevê-la e orientá-la. Você mesmo chama esssa técnica de ‘psico-história’” (RI:276). A psico-história vai ser abordada de forma mais concreta, desta vez envolvendo *Hari Seldon, seu criador, no livro *Prelúdio da Fundação (PF:26), durante uma entrevista convocada pelo governante do *Império Galáctico, *Cleon I, pouco depois de Seldon haver apresentado, em uma Convenção Decenal de Matemática, sua monografia sobre o assunto. Durante a entrevista, o matemático explica a sua, então, apenas teoria: “Em muitos sistemas existe uma situação tal que, dadas certas condições, eventos caóticos passam a acontecer. Isso significa que, dado um certo ponto de partida, fica impossível prever os seus desdobramentos futuros. Isso é verdadeiro mesmo em sistemas relativamente simples, mas quanto mais complexo um sistema mais possibilidades ele tem de se tornar caótico. Há um consenso geral em torno da idéia de que um sistema tão complicado quanto uma sociedade humana tende a se tornar caótico e, consequentemente imprevisível. O que demonstrei, no entanto, foi que no estudo das sociedades humanas é possível escolher um ponto de partida qualquer e, através das hipóteses adequadas, evitar o caos. Isso equivale a prever o futuro, não nos mínimos detalhes, é claro, mas em seus traços mais amplos; não com exatidão, mas definindo probabilidades” (PF:24). Mais adiante, esclarece Hari Seldon: “Denomino psico-história à avaliação teórica de probabilidades relativas ao futuro”, ou, como esclarece um pouco depois, na mesma ocasião: “Saber em que direção marcha o futuro, mesmo de um modo geral e probabilístico, serviria como uma nova orientação para os nossos atos, um instrumento maravilhoso, algo que a humanidade nunca experimentou antes” (PF:26). Mais tarde, durante o período que ficou conhecido em sua vida como “A *Fuga”, quando foi ajudado por *Chetter Hummin, este enumerou as questões relativas ao possível fim do *Império Galáctico e às quais a psico-história deveria responder: “O Império [Galáctico] vai cair? Quando? Como ficarão as condições de vida da humanidade depois disso? Alguma coisa pode ser feita para evitar essa queda, ou para suavizar suas consequências?” (PF:73). No romance *Crônicas da Fundação, o matemático *Yugo Amaryl expressa, de forma mais sucinta e mais clara, o que viria a ser a psico-história, depois de desenvolvida por ele e por seu idealizador, *Hari Seldon: “Muito bem. Queremos tirar vantagem dessa experiência, avaliar seus resultados, provar para nós mesmos que a psico-história é o que pensamos que é: uma ciência capaz de fazer previsões” (CF:230). Também no romance *Fundação é dada uma explicação sobre a psico-história, agora retirada da *Enciclopédia Galáctica: “*Gaal Dornick, empregando conceitos não matemáticos, relacionou e definiu a psico-história como o ramo da matemática em relação às reações de grandes aglomerados humanos e estímulos econômicos e sociais... Subentendido em todas estas definições está o avocar-se que o aglomerado em questão está suficientemente desenvolvido para um tratamento estatístico válido. A dimensão necessária de tal aglomerado pode ser determinada pelo primeiro teorema de Seldon, que... É ainda imperativo que o aglomerado em si seja desconhecedor da análise psico-histórica a que se acha submetido, para que todas as suas reações tenham validade... A base da psico-história encontra-se no desenvolvimento das funções de Seldon, as quais exibem propriedades coerentes com tais forças econômicas e sociais, à medida que...” (F:18). O próprio Isaac Asimov, no “Prólogo” não assinado do romance Fundação II, deu uma explicação sobre o que era a ciência de Hari Seldon: “Era Hari Seldon, o último grande cientista do *Primeiro Império, e foi ele que aperfeiçoou a psico-história – a ciência do comportamento humano, reduzida a equações matemáticas. O ser humano individual é imprevisível, mas as reações das multidões humanas, Seldon descobriu, podiam ser tratadas estatisticamente. Quanto maior a multidão, maior a precisão que poderia ser atingida” (F2:11). No livro O futuro começou, que reúne os primeiros contos publicados por Asimov, seguidos de informações sobre cada um deles, o autor diz o seguinte, ao tratar do conto “O imaginário”, de certa forma explicando a gênese da psico-história: “O que há de mais interessante para mim, em ‘O Imaginário’, é que já delineia a ‘psico-história’ que deveria ter um papel importante na série ‘Fundação’. Foi nesta história, e em sua precursora, ‘Homo sol’, que pela primeira vez tratei a psicologia como uma ciência matematicamente requintada” (p. 209). QT-1. v. Cutie. Questão da origem. Também chamada às vezes “Questão das Origens”, como ocorre, por exemplo, no romance Fundação II, em diálogo entre as personagens *Golan Trevize e *Janov Pelorat: “Há centenas de planetas que alegam ter sido populados nas nuvens difusas da antiguidade, e cujo povo apresenta lendas intrincadas sobre a natureza da primeira chegada da humanidade. Os historiadores tendem a descartar essas coisas, e discutir em torno da “Questão das Origens”. - E o que é isso? Nunca ouvi falar. - O que não me surpreende. Não é um problema histórico popular, agora, admito, mas houve um tempo, durante a decadência do Império [Galáctico], quando levantou uma certa celeuma entre os intelectuais. Salvor Hardin o menciona brevemente, em suas memórias. É a questão da identidade e localização daquele planeta onde tudo começou. Se olharmos para trás, no tempo, a humanidade vai refluindo para dentro, dos mundos mais recentemente povoados, para os mais antigos, e para outros ainda mais antigos, até que tudo se concentra num só – o original” (F2:54). v. Origem da humanidade. Quindor Shandess. *Primeiro Orador da *Segunda Fundação, personagem do romance *Fundação II, no qual dele diz: “Tinha sido Primeiro Orador da Segunda Fundação por dezoito anos, e poderia manter-se por mais dez ou doze, se sua mente permanecesse razoavelmente vigorosa continuando as guerras políticas. (...) Ele era o vigésimo quinto Primeiro Orador, e seu mandato já estava um pouquinho além da média (...) Ficava ali sentado, em sua velhice, ainda perfeitamente válido. Seu cabelo era grisalho, mas sempre fora claro, e o usava bem curto, de modo que a cor mal importava. Seus olhos eram de um azul mortiço, e sua roupa conformava-se ao estilo pobre dos lavradores trantorianos” (F2:83). R. Abreviatura da palavra “robô”. A letra “R.” precedia o nome completo de cada robô: por exemplo, R. Daneel Olivaw. Raças. No romance *Prelúdio da Fundação, Asimov faz referências às diversas raças que habitavam os diferentes planetas do *Império Galáctico, todas elas originárias de um único planeta, o planeta de origem de toda a humanidade, ou seja, a *Terra, embora esse fato já tivesse sido praticamente esquecido. É a seguinte a descrição que *Hari Seldon faz do professor *Lisung Randa, considerado “um oriental”, apenas com ligeira conotação de preconceito racial, na referência ao fato de os chamados “orientais” não apreciarem essa denominação: “Randa era professor de psicologia: um homem baixinho e roliço, com um rosto redondo e jovial, e um sorriso quase perpétuo. Tinha a pele pálida e os olhos estreitos, traços que podiam ser encontrados nos habitantes de milhões de mundos. Seldon conhecia bem aquela aparência física, que era também a de muitos matemáticos ilustres, cujas biografias ele vira repetidas vezes; mas em Helicon jamais tinha encontrado pessoalmente um desses orientais. (Assim eram tradicionalmente chamados, embora ninguém soubesse por quê; e também se dizia que os próprios orientais não apreciavam essa denominação, embora também não se soubesse o motivo disso). ‘Existem milhões de nós aqui em Trantor’, dissera Randa, sorrindo com desembaraço, quando Seldon, ao encontrálo pela primeira vez, não conseguira ocultar totalmente sua surpresa. ‘Você também vai encontrar uma grande quantidade de meridionais, que têm pele escura e o cabelo fortemente encaracolado. Já viu algum?’ ‘Não em Helicon’, respondera Seldon. ‘São todos ocidentais em Helicon, heim? Que coisa mais sem graça! Bem, não importa. Há lugar para todo mundo.’ (Seldon perguntou-se a si próprio por que, diabos, havia meridionais, orientais e ocidentais, mas nenhum tipo que fosse chamado ‘os setentrionais’”. (PF:108) Aliás, a questão racial, na série caracterizada especificamente pela cor da pele, já aparece no livro *As correntes do espaço, com breve referência à questão do planeta de origem da humanidade, nas reflexões do ex-analista espacial Dr. *Selim Junz: “O homem era bastante jovem, um recém-graduado talvez, e como todos os florinianos, muito claro de pele e na cor dos cabelos. O Dr. Junz teve uma sensação atávica. Ele mesmo viera do mundo de Libair, e como todos os libairianos, era de grande pigmentação e sua pele tinha um bronzeado profundo, rico. Existiam poucos mundos na Galáxia onde as cores das peles eram tão extremas como em Libair ou em Florina. Geralmente, a regra eram matizes intermediários. (...) Lendas de um passado de conflito prolongaram-se, por alguma razão, nos mundos em trevas. Os mitos libairianos, por exemplo, falavam de tempos de guerra entre homens de pigmentação diferente, e a fundação do próprio Libair era atribuída a um grupo de negros refugiados de uma derrota em batalha” (CE:55). Em suas reflexões sobre as diferenças raciais, o Dr. Selim Junz refere-se a jovens e radicais antropologistas os quais “Insistiam em que, no planeta original, qualquer fosse ele, a humanidade já havia se dividido em subgrupos de pigmentação variável” (CE:55). O Dr. Junz faz também referência a um mundo antigo e remoto, cuja linguagem, muito antiga, tinha uma palavra especial para indicar um homem com pele escura, com uma indagação que pode ser entendida como alusão a um antigo e então já desaparecido preconceito de cor: “Descobrira por acaso um dos remotos mundos do Setor Centauro durante seu trabalho; um daqueles mundos cuja história poderia ser contada em milênios e cuja linguagem era tão arcaica que seu dialeto bem poderia ser aquela linguagem perdida, mítica: o inglês. Tinham uma palavra especial para um homem com pele escura. Agora, por que deveria haver uma palavra especial para um homem de pele escura? Não havia uma palavra especial para um homem com olhos azuis, ou grandes olhos, ou cabelo cacheado. Não havia...” (CE:55) Mais adiante, a mesma personagem volta a se referir à pigmentação da pele, para realçar a diferença racial, referindo-se, inclusive, a um passado de desavenças e de exclusão social, em decorrência dessa diferença: “Eles são incrivelmente pálidos. Nós somos incrivelmente escuros. Isto significa algo. Une-nos. Dá-nos algo em comum. Parece-me que nossos ancestrais tiveram problemas por serem diferentes, até mesmo por serem excluídos da maioria social. Somos desafortunados brancos e escuros, irmãos por sermos diferentes” (CE: 70). Certo preconceito, não racial, mas social, é também lembrado em relação à educação das pessoas, a qual se manifesta em sua linguagem, outra situação atual, mas também transposta por Asimov para o futuro: a questão da língua usada num império descomunal, com bilhões de habitantes, que viviam em mundos diferentes. O autor, numa alusão indireta ao esperanto, a língua universal criada por Zamenhof em 1887, imagina a existência de um idioma a que denomina “*galáctico-padrão”, linguagem usada por todos os habitantes do Império, o qual, no entanto, não consegue fugir a uma espécie de dialetação local, como se observa no primeiro romance sobre o tema *Império Galáctico, *As correntes do espaço, em relação ao terráqueo *Rik e sua amiga *Valona March, natural do planeta *Fiorina: [Valona] “falou com sotaque pronunciado, camponês, como esperado. A linguagem de Rik era cheia de vogais sonoras e tinha um toque anasalado. Eles riam de Rik por causa disso e imitavam sua maneira de falar, mas Valona lhe dizia que faziam isso somente por causa de sua própria ignorância. (...) Ocasionalmente os trabalhadores ouviam a pronúncia das pessoas educadas. Falavam diferente, mais fluentemente, com palavras compridas e tons mais suaves. Rik falava cada vez mais como eles, conforme sua memória melhorava” (CE: 14,16). Em *O futuro começou, que reúne os primeiros contos publicados por Asimov, seguidos de informações sobre cada um deles, o autor dá a seguinte explicação sobre a questão racial presente em sua obra, ao tratar do conto “Mestiço”: “Assim como em “A arma terrível demais para ser usada”, a história tratava de preconceito racial em escala interplanetária. Voltei a este tema repetidamente – algo que não era para surpreender para um judeu que cresceu na era hitlerista” (p. 145). Radioatividade da Terra. Segundo o livro *Poeira de estrelas, o segundo romance da série sobre o *Império Galáctico, a radioatividade do planeta *Terra, frequentemente citada em vários romances das três séries, devia-se às guerras atômicas de seu passado, “datando dos dias em que a bomba nuclear primitiva não havia sido ainda neutralizada pelos sistemas defensivos da Terra. Isso, porém, já fazia parte do passado. A guerra atômica fora extremamente danosa para a Terra. A maior parte de sua área tornara-se irremediavelmente radioativa e inútil” (PE:10). No mesmo livro, existe outra referência à origem da radioatividade da Terra: “Mais adiante, imperceptível durante o dia, mas perfeitamente visível àquela hora, estendia-se o horizonte azul eternamente radioativo, testemunha muda das guerras pré-históricas” (PE:29). No romance *Fundação II, há o seguinte diálogo entre duas de suas personagens mais importantes, *Golan Trevize e *Munn Li Compor, este um dos poucos a dar notícia sobre a *Terra e sua radiotividade, embora não consiga precisar o motivo pelo qual o planeta se tornou radioativo: “- Mas, diga-nos o que aconteceu à Terra. Você disse que ela não é mais habitada. Por que não? - Radiatividade. Toda a superfície do planeta é radiativa por causa das reações nucleares que saíram de controle, ou explosões nucleares – não tenho certeza – e agora, a vida é impossível, lá. Os três ficaram olhando um para o outro por um pouco, e então Compor achou necessário repetir: - Eu lhes digo que não há mais Terra. Não adianta procurar por ela” (F2:201). No planeta *Comporellon, onde Golan Trevize, *Janov Pelorat e *Bliss foram em busca de informações sobre a Terra, a explicação é outra: “- [Munn Li Compor] Disse que O Mais Antigo era um mundo morto, totalmente radioativo. Ele não sabia por quê, mas achava que devia ser o resultado de explosões necleares. Uma guerra, talvez. - Não! – exclamou [Mitza] Lizalor. - Não, não foi uma guerra? Ou não, O Mais Antigo não está radioativo? - Está radioativo, mas não por causa de uma guerra. (...) Foi um castigo – disse, afinal. - Era um mundo que usava robôs. (...) Os habitantes d’O Mais Antigo tinham robôs e por isso foram punidos. Todos os mundos que usavam robôs foram punidos e não existem mais (FT:116). No romance *A Fundação e a Terra, *Sarton Bander, habitante do planeta *Solaria, dá a seguinte explicação sobre a radioatividade do planeta de origem da humanidade: “Há vinte mil anos atrás, quando os meio-humanos da Terra invadiram o espaço e nós nos refugiamos no subsolo, os outros mundos dos Espaciais estavam dispostos a enfrentar os novos colonizadores vindos da Terra. Para isso, atacaram a própria Terra. (...) E os nossos colegas Espaciais, cujas paixões ainda eram bastante primitivas, como as dos terráqueos, conseguiram tornar radioativa a superfície da Terra, de modo que o planeta ficou praticamente inabitável” (FT:220). Em sua busca pela Terra, cuja posição no espaço havia sido esquecida – ou voluntariamente apagada dos registros – *Golan Trevize, o historiador *Janov Pelorat, especialista em lendas e mitos antigos, e sua companheira, a jovem *Bliss, natural do planeta *Gaia, chegam ao planeta *Alfa, onde o historiador entrevista o velho *Monolee, conhecedor desses mitos e lendas, e ao qual Pelorat pergunta sobre a origem da radioatividade da Terra. Mais tarde, indaga Trevize a Pelorat: “- Escute, ele explicou como foi que a Terra ficou radioativa? - Não, ele não sabia ao certo. O mais perto que chegou de uma explicação foi quando me disse que os responsáveis tinham sido os Espaciais. Logo percebi, porém, que os Espaciais eram os demônios a quem o povo da Terra atribuía todas as suas desgraças” (FT:354). A última explicação de Isaac Asimov sobre a origem da radioatividade da Terra encontra-se no livro *Os robôs e o Império, o último romance da série que tem a *Robótica como tema dominante. Raych. Jovem *dahliano de doze anos, personagem do romance *Prelúdio da Fundação, sobre o qual diz a *Enciclopédia Galáctica: “De acordo com Hari Seldon, seu primeiro encontro com Raych foi inteiramente acidental. Ele era apenas um garoto de rua a quem Seldon pediu informação sobre um endereço. Mas a partir daquele instante sua vida ficou entrelaçada à do grande matemático, até que...” (PF:377). Ralph G. Breckenridge. Personagem do conto “*Vamos nos unir”, da coletânea *Nós, robôs, do conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “Alguns robôs humanoides”. A personagem é apresentada como funcionário da Segurança, e dele diz o autor: “tinha a suavidade da juventude; lábios cheios, bochechas gordas, que coravam facilmente, e olhos francos. Seu traje estava fora da moda de Cheyenne, mas seguia o estilo arejado de Washington, onde, apesar de tudo, a Segurança ainda estava centralizada” (NR:163). Rama Vrasaiana. Personagem citada no conto “*O conflito evitável”, da coletânea *Nós, robôs. O conto integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dessas histórias. Randall Nowan. Personagem do conto “*Estranho no paraíso”, da série com o título geral de “Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Randole. Um dos vinte e sete *Mundos Comerciais Independentes, referido no romance *Fundação e Império, no qual existe uma descrição do planeta. Nome da mais importante cidade desse mundo, também descrita no mencionado romance (FI:254). Randolph Payne. Personagem do conto “*Robô AL-76 extraviado”, da série com o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Randu. Personagem da segunda parte do romance *Fundação e Império, representante de um dos *Mundos Comercias Independentes (FI:258). Raposo. Codinome usado pela personagem *Orum Palley, na luta entre a Fundação e o Mulo, no romance *Fundação e Império (FI:285). Raymond J. Gellhorn. Personagem do conto “*Sally”, da série de contos a que Asimov deu o título geral de “*Alguns robôs não humanos”, da coletânea *Nós, robôs. É a seguinte a descrição da personagem: “Era um sujeito corpulento, um pouco mais alto do que eu e um pouco mais encorpado também. Tinha mais ou menos a minha idade, ali pela casa dos trinta. Seus cabelos eram pretos, emplastados, grudados à cabeça e partidos ao meio. O bigode era fino e muito bem cuidado. O maxilar projetava-se sob as orelhas, o que lhe dava a aparência de estar sofrendo de uma forma suave de caxumba. Na televisão, seria a escolha natural para o vilão, de maneira que presumi que fosse um bom sujeito. Mas o que aconteceu depois veio provar que a televisão não está errada o tempo todo, quando faz suas escolhas” (NR:17). “Razão”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A narrativa integra o conjunto da coletânea a que o autor deu o título de “*Powell e Donovan” (NR:231), nome de personagens do conto, assim como de vários outros trabalhos de Asimov. RB-34. Robô, personagem do conto “*Mentiroso”, da coletânea *Nós, robôs. O robô é descrito por *Alfred Lanning, também personagem do mesmo conto, como um robô com “cérebro positrônico supostamente de fabricação comum, que adquiriu a notável capacidade de sintonizar ondas de pensamento”, ou, como diz a personagem Susan Calvin, “um robô telepata” (NR:269-270). Recenseamento. No romance *827 Era Galáctica, pesquisa feita entre os habitantes da *Terra, sob o comando da *Sociedade dos Anciões, para apontar os maiores de sessenta anos, os quais deveriam ser sacrificados, de acordo com o *Costume dos Sessenta, tendo em vista as dificuldades por que passava o planeta, por causa de sua radiatividade. O recenseamento era feito a cada dez anos. Reino Trantoriano. A historiadora *Dors Venabili, companheira de *Hari Seldon na Universidade de Streeling, durante “A *Fuga”, faz referência ao Reino Trantoriano, no livro *Prelúdio da Fundação: “Publiquei alguns estudos sobre a ascensão de Trantor...não este planeta, mas o primitivo reino trantoriano. Suponho que que este deverá ser o objeto de minha especialização: o Reinado de Trantor” (PF:92). Acrescenta um pouco mais adiante a mesma personagem: “Sou uma historiadora que estuda a ascensão do Reinado de Trantor, e essa técnica administrativa foi uma das armas que possibilitaram a Trantor expandir sua influência e fazer a transição de reinado para império” (PF:94). Renegado. *Robô citado no *Livro, texto sagrado dos *mycogenianos, lido em parte por *Hari Seldon: “- Falam de robôs com forma humana, robôs que não podiam ser diferenciados de seres humanos quanto a sua aparência externa. - Quantos desses robôs existiriam? – perguntou *Hummim. - Não dizem. Pelo menos não vi nenhum trecho em que fossem fornecidos números. Talvez tenha havido apenas uma pequena quantidade, mas um deles, a quem o Livro se refere como Renegado, parece ter tido uma importância negativa, mas não pude perceber qual. (...) - De qualquer forma, parecem dizer que o Renegado podia de alguma forma drenar emoções humanas... influenciá-las... “ (PF:294) Em outra passagem do mesmo romance, diz *Harri Seldon: “- Sempre que se falava em Aurora – prosseguiu ele -, havia um robô de quem se falava como renegado, um traidor, alguém que tinha abandonado uma causa. Quando se falava na Terra, havia um robô que era considerado herói, que representava a salvação. Seria exagerado supor que esses dois robôs eram um só? (PF:446). República Trantoriana. Designação dada ao conjunto de planetas que tinham como capital a cidade-planeta *Trantor, antes de ser denominada *Confederação Trantoriana, posteriormente *Império Galáctico. v. Confederação Trantoriana. Gerônimo. Robô mencionado no romance *Os robôs do amanhecer (RA:10). Ricardo. Personagem que faz breve aparição no conto “*Estranho no paraíso”, da série com o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Rik. Analista espacial, terráqueo e desmemoriado, personagem do livro *Correntes do espaço, o primeiro romance sobre o tema *Império Galáctico: “Chamavam-no Rik porque significava algo como ‘débil mental’ no jargão das usinas kyrt. E com bastante frequência chamavam-no ‘Rik Louco’” (CE:13). Rikaine Delmarre. Mencionado no romance *Os robôs, habitante do planeta Solaria e marido de *Gladia Delmarre. Para desvendar o mistério que cercava o assassinato de Riskaine Delmarre foi convidado para visitar o planeta o detetive terrestre *Elijah Baley, auxiliado pelo robô *Daneel Olivaw (R:51). “Risco”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dos contos que o constituem, e pelo menos mencionada em vários outros trabalhos de Asimov. A história tem, se não uma continuação, pelo menos uma continuidade no conto “*Fuga!”, do mesmo conjunto da coletânea (NR:394). “Robbie”. Nome de um robô e título de conto da coletânea *Nós, robôs, Incluído no conjunto de histórias ao qual Asimov deu o título geral de “*Alguns robôs metálicos” (NR:141). Foi nesse conto que apareceu, pela primeira vez, a futura roboticista *Susan Calvin, então uma criança de cinco ou seis anos de idade (NR:155). Segundo esclarece o próprio Asimov na antologia Os novos robôs, onde o conto foi também reproduzido, na explicação que precede o conto “As Leis da Robótica”, “Robbie” foi a primeira história de robôs escrita por ele e publicada no número de setembro de 1940 de Super Science Stories, com o título “Estranho companheiro de brinquedo”, título que não era de seu agrado. Na “Introdução” de Nós, robôs, explica o autor que o conto foi escrito em 10 de junho de 1939, e que originalmente tinha o título “Estranho coleguinha”. No livro O futuro começou, que reúne os primeiros contos publicados por Asimov, seguidos de informações sobre cada um deles, o autor dá a seguinte explicação sobre seu primeiro conto: “Em maio14 de 1939 escrevi uma história que chamei “Robbie”. (...) Foi a primeira história sobre robôs que eu escrevi, e continha o germe do que mais tarde seria conhecido como as ‘Três Leis da Robótica’” (p. 127). Robertson. v. Scott Robertson. Robô. No tema *Fundação, observada a ordem cronológica dos acontecimentos narrados, e não a ordem em que os livros foram escritos, a primeira referência aos robôs aparece em *Prelúdio da Fundação, durante um diálogo entre o matemático *Hari Seldon e a historiadora *Dors Venabili, quando se encontravam no planeta *Mycogen, durante o episódio da vida de Seldon conhecido como ”A *Fuga”: “- Você é a historiadora aqui; em seu trabalho já ouviu falar de certas coisas, ou certos fenômenos, chamados ”robôs”? - Ah! Esta é outra lenda antiga, e uma muito popular. Há um número enorme de planetas onde se fala sobre a existência, nos tempos pré-históricos, de máquinas em forma humana, chamadas robôs. As histórias sobre os robôs se originam todas de uma lenda principal, porque seu tema geral é o mesmo. Os robôs foram 14 Em outro local, o autor diz que o conto havia sido escrito em junho do mesmo ano. criados, e depois foram crescendo em número e em habilidades até atingirem um status quase sobre-humano. Começaram a ameaçar a humanidade e foram destruídos. Em todos os casos se diz que essa destruição teve lugar numa época anterior aos registros históricos hoje disponíveis. Há um certo consenso de que essa lenda é uma descrição simbólica dos riscos e dos perigos associados à exploração da Galáxia, quando os seres humanos começaram a se espalhar para longe do mundo ou dos mundos que eram seu lugar de origem. Deve ter existido sempre o medo de encontrar inteligências diferentes... e superiores.(...) - Mas por que “robôs”? A palavra tem algum significado? - Nenhum que eu saiba, mas é o equivalente a “autômato” (PF:241) Mais adiante, transcreve-se o verbete “Robô”, da Enciclopédia Galáctica: “Robô -...Um termo empregado nas antigas lendas de diversos planetas para designar o que é mais comumente chamado de ”autômato”. Os robôs são descritos geralmente como de forma vagamente humana e feitos de metal, embora alguns deles, supostamente, tenham tido constituição pseudo-orgânica. Existe uma crença popular de que Hari Seldon, durante a Fuga, viu um robô verdadeiro, mas as fontes desta história são de autenticidade duvidosa. Em nenhum ponto dos volumosos escritos de Seldon ele menciona qualquer robô, embora ...” (PF:273). Ainda em busca de informações sobre os robôs, *Hari Seldon e sua companheira, *Dors Venabili, entrevistam *Mãe Ritaah, também personagem do romance mencionado, e que contava antigas histórias sobre a *Terra e sobre os robôs. Afirma Mãe Ritaah: “Robôs eram pessoas artificiais, eram todos maus, e eram instrumentos dos planetas do Mal. Foram destruídos, e nunca devem ser mencionados. - Havia algum robô, em especial, que os planetas do Mal odiassem? (...) - Houve um homem artificial que ajudou a Terra. Seu nome era *Da-Nee, amigo de Ba-Lee. Ele não morreu: está vivo em alguma parte, esperando a hora de voltar” (PF:345). No romance *Fundação II, cuja ação se passa quinhentos anos depois da queda do *Primeiro Império Galáctico, quando os robôs eram apenas vagamente lembrados, há uma referência a eles, feita pelo personagem *Sotayn Quintesetz, professor de História Antiga no planeta *Sayshell, visitado por *Golan Tervize e *Janov Pelorat, personagens do mesmo romance, em sua busca pelo planeta *Terra: “- Sabem o que é um robô? - Um robô? – repetiu Pelorat. – Não. (...) - ‘Robô’ é uma antiga palavra de nenhuma língua reconhecível, apesar de que os expertos digam que tem a conotação de ‘trabalho’ (...). Pelorat alegou: - Pode ter sido etimologia reversa. Esses objetos eram usados para trabalhar, e assim a palavra ficou significando ‘trabalho’. De qualquer modo, por que está nos contando isso? - Porque é uma tradição firmemente estabelecida aqui em Sayshell que quando a Terra era um mundo isolado, e a Galáxia estava toda desabitada perante ela, é que os robôs foram idealizados, inventados. Havia então duas espécies de humanos: naturais e inventados, carne e metal, biológico e mecânico, complexo e simples...” (F2:230-231). No romance mencionado, *Dom, uma de suas personagens, dá explicações a *Golan Trevize e a *Janov Pelorat, que haviam descido em seu planeta durante sua busca pelo então desconhecido planeta Terra, sobre a trajetória dos robôs, tanto na Terra quanto em outros planetas, de sua criação a seu desparecimento, pelas causas que explica. No romance *A Fundação e a Terra, outro historiador, *Vasil Deniador, do planeta *Comporellon, também se refere aos robôs, em conversa com as mesmas personagens, além de *Blis, natural do planeta *Gaia, que passou a acompanhálas em sua busca pelo planeta de origem da humanidade: “Os colonizadores [naturais do planeta Terra] que chegaram a esses planetas faziam uso de robôs, que tinham sido inventados na Terra antes da era das viagens interestelares... a propósito, vocês sabem o que são robôs, não sabem? - Sabemos, sim – respondeu Trevize. – Vivem nos perguntando isso. Sim, sabemos o que são robôs. - Os colonizadores, que viviam em sociedades altamente robotizadas, conseguiram um grande progresso tecnológico e uma longevidade fora do comum. Com o passar dos anos, passaram a sentir desprezo pelo planeta natal. De acordo com as versões mais dramáticas da lenda, chegaram mesmo a dominar e oprimir os habitantes da Terra. Quando a Terra mandou para o espaço uma segunda leva de colonizadores, o uso de robôs foi proibido. Comporellon foi um dos primeiros desses novos mundos. Na verdade, nossos patriotas mais extremados insistem em que Comporellon foi o primeiro, mas não há provas concretas de que isso seja verdade. (...) Depois que o primeiro grupo desapareceu, os colonizadores do segundo grupo, que não usavam robôs, espalharam-se por toda a Galáxia, mas a Terra tornou-se radioativa e, portanto inabitável. Segundo a lenda, os robôs continuaram a ser usados na Terra, enquanto ela foi habitada” (FT:126). No livro O futuro começou, que reúne os primeiros contos publicados por Asimov, seguidos de informações sobre cada um deles, o autor dá a seguinte explicação sobre robôs, ao tratar do conto “História”: “Com [o conto] ‘Razão’, o ‘robô positrônco’ teve sua série iniciada, e meus dois personagens mais bem sucedidos, Gregory Powell e Mike Donovan (aperfeiçoamento de Turner e Snead, de ‘Anel em volta do Sol’) fizeram sua estréia” (p. 238). “Robô AL-76 Extraviado”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história faz parte da série da coletânea a que o autor deu o título de “*Alguns *robôs metálicos”. O conto foi também reproduzido na coletâna Os novos robôs, com o título “O Robô AL-76 se Extravia”. Robobo. Robô do conto “*O melhor amigo de um garoto”, da série de “*Robôs não humanos”, da coletânea *Nós, robôs. Uma das personagens do conto dá a seguinte explicação sobre o pequeno robô, com forma de cachorro: “Você sabe o que é um cachorro, Jimmy. É uma coisa real. Robobo não passa de uma imitação mecânica, um robô boboca. É isso o que seu nome significa.” (NR:15). “Robôs humanoides”. Título geral dado por Asimov a um conjunto de três contos da coletânea *Nós, robôs. É a seguinte a explicação do autor para o agrupamento dos contos na coletânea e para o tipo de robôs que aparecem nesse conjunto: “Não coloquei as histórias de robô na ordem em que foram escritas. Preferi agrupá-las pela natureza do conteúdo”. (NR:11). “Na ficção científica, não é raro haver um robô construído pelo menos com uma superfície de carne sintética; e uma aparência, no melhor dos casos, indistinguível da aparência do ser humano. Às vezes, esses robôs humanoides são chamados “androides” (de uma palavra grega que significa ‘semelhante ao homem’), e alguns escritores fazem meticulosamente a distinção. Eu, não. Para mim, um robô é um robô” (NR:161). São os seguintes os contos com “robôs humanoides”, de Nós, robôs: “*Vamos nos unir”, “*Imagem especular”, “*O incidente do tricentenário”. “Robôs imóveis”. Título geral dado por Asimov a um conjunto de três contos da coletânea *Nós, robôs. É a seguinte a explicação do autor para para o agrupamento dos contos na coletânea e para o tipo de robôs que aparecem nesse conjunto: “Não coloquei as histórias de robô na ordem em que foram escritas. Preferi agrupá-las pela natureza do conteúdo” (NR:11) “Tenho escrito tanto histórias sobre computadores quanto sobre robôs. De fato, tenho computadores (ou alguma coisa bastante próxima a computadores) em algumas histórias que são sempre consideradas histórias de robô. (...) Por outro lado, nem sempre é fácil decidir onde está a linha divisória. Sob certos aspectos, um robô é meramente um computador móvel; e, ao contrário, um computador é meramente um robô imóvel. Assim, para esta parte, selecionei três histórias em que o computador parece ser suficientemente inteligente e ter bastante personalidade para ser indistinguível de um robô ” (NR:45). São os seguintes os contos com “robôs imóveis”, da coletânea Nós, robôs: “*Ponto de vista”, “*Pense!”, “*Amor verdadeiro”. “Robôs metálicos”. Título geral dado por Asimov a um conjunto de contos da coletânea *Nós, robôs. É a seguinte a explicação do autor para para o agrupamento dos contos na coletânea e para o tipo de robôs que aparecem nesse conjunto: “Não coloquei as histórias de robô na ordem em que foram escritas. Preferi agrupá-las pela natureza do conteúdo (NR:11). “A ficção científica tradicional é metálica. Por que não? A maioria das máquinas são contruídas de metal, e, de fato, os robôs industriais da vida real são de metal. Vale a pena lembrar, porém, que um famoso e lendário robô, o Golem, que foi trazido á vida pelo rabi Löw, em Praga, na Idade Média, era feito de argila. A lenda foi influenciada, talvez, pelo fato de Deus ter feito Adão a partir da argila, conforme a descrição do segundo capítulo do ‘Gênese’” (NR:65). São os seguintes os contos com “robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs: ”*Robô AL-76 extraviado”, “*Vitória involuntária”, “*Estranho paraíso”, “*Versos na luz”, “*Segregacionista”, ““Robbie”. “Robôs não humanos”. Título geral dado por Asimov a um conjunto de contos da coletânea *Nós, robôs. É a seguinte a explicação do autor para para o agrupamento dos contos na coletânea e para o tipo de robôs que aparecem nesse conjunto: “Não coloquei as histórias de robô na ordem em que foram escritas. Preferi agrupá-las pela natureza do conteúdo (...) Nesta primeira parte, por exemplo, trato de robôs que têm uma forma não humana: um cachorro, um automóvel, uma caixa. Por que não? Os robôs industriais que passaram a existir na realidade têm uma aparência não humana” (NR:11). São os seguintes os contos com “robôs não humanos”, da coletânea Nós, robôs: “*O melhor amigo de um garoto”, “*Sally”, “*Um dia”. Robótica. Na Introdução com o título “As Leis da Robótica” que precede o conto “Primeira Lei”, da coletânea Os novos robôs (ASIMOV, Sonhos de robôs, s.d.: 54), o autor assim explica a palavra por ele criada: “Para designar o cérebro positrônico dos meus robôs foi preciso criar um vasto e complexo ramo da tecnologia, ao qual dei o nome de “Robótica” (robotics). Pareceu-me um vocábulo natural, tão natural como “física” ou “mecânica”. Contudo, para minha surpresa, apesar de ser uma palavra, não se encontra nem na segunda nem na terceira edição do Dicionário Webster Completo.” Na “Introdução” do livro *Nós, robôs, Asimov, depois de dizer que havia inventado a palavra, acrescenta que ela foi usada pela primeira vez no conto “Andar às cegas”, publicado em 1942, e que tem o título “Corre-corre”, na antologia *Nós robôs, presente na citada coletânea, no conjunto a que o autor deu o título de “*Powell e Donovan”. É a seguinte a passagem com a palavra “robótica”, um dos casos da ficção científica de Asimov em que cita uma data, no caso, o ano de 2005, o que mostra que, pelo menos aqui, considerando a data apontada, enganou-se em sua previsão: “Mesmo dez anos, tecnologicamente falando, queriam dizer muita coisa. Bastava comparar o Speedy com o tipo de robot que teriam tido em 2005. Mas a verdade é que os avanços em matéria de robótica hoje em dia eram tremendos” (ASIMOV, Nós, robôs). Roboticista. Especialista em robótica e fabricante de robôs. Roger. Personagem do conto “*Ponto de Vista”, do conjunto de contos com o título geral de “*Alguns *robôs imóveis”, da coletânea *Nós, robôs. Roj Nemennhth Sarton. Personagem citada no romance *Os robôs do amanhecer, como o roboticista “projetista e modelador” dos *robôs humaniformes do planeta *Aurora (RA:75). Seu assassinato na *Cidade Espacial foi elucidado pelo detetive *Elijah Baley, auxiliado pelo robô *Daneel Olivaw. Rossem. Nome de um dos vinte e sete planetas dominados pela *Oligarquia Tazenda, onde se supunha encontrar-se a *Segunda Fundação. Sobre o planeta, diz o seguinte o romance *Segunda Fundação: “Rossem é um desses mundos marginais, habitualmente omitidos na história Galáctica, e quase nunca impondo à atenção dos homens de miríades de planetas mais felizes. Nos últimos tempos do Império Galáctico, uns tantos presos políticos haviam habitado os seus ermos, ao mesmo tempo que um observatório e uma pesquena guarnição da Esquadra serviam para evitar que permanecesse totalmente deserto” (SF:362). Rossem foi visitado por *Han Pritcher e *Cain Chainn em sua viagem em busca da *Segunda Fundação, por determinação de seu chefe, o *Mulo, no romance *Segunda Fundação. Rossiter Jensen. Astrofísico, personagem apenas citada no conto “*Intuição feminina”, da coletânea *Nós, robôs (NR:470). “Sally”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra o conjunto da coletânea a que o autor deu o título de “*Alguns robôs não humanos”. O título do conto é o nome de um desses robôs não humanos. Salto. Nome dado por Asimov ao que considerava “para todo o sempre, o único método prático para as viagens interestelares”, explicando em seguida: “As viagens através do espaço vulgarmente conhecidas não se davam a velocidade mais rápida do que a da luz (um pouco do conhecimento científico entre os poucos que resistiam à passagem do tempo desde o início da história da Humanidade), o que significaria anos de viagem entre os sistemas habitáveis mais próximos. Através do Superespaço, região impossível de imaginar, que não era espaço nem tempo, matéria ou energia, algo ou nada, poder-se-ia atravessar a Galáxia em toda a sua extensão no intervalo de dois segundos” (F:11). Na obra de Asimov, do ponto de vista cronológico na *História do Futuro, a primeira referência ao “salto” foi feita no conto “*Risco”, e o primeiro “salto” aparece no conto “*Fuga!”, da coletânea *Nós, robôs (NR:394), primeiro volume da “*História do Futuro”, que tem a *Robótica como tema predominante, ambos do conjunto de dez contos com o título geral de “*Susan Calvin”. No primeiro desses contos, assim se refere o personagem *Mayer Schloss à previsão de um salto, que seria realizado pela nave com o nome “*Parsec”, que ele pilotava: “Tínhamos a nave engatilhada (...) para fazer um salto de um ponto definido no espaço, em relação ao centro de gravidade da galáxia, até um outro ponto. A volta deveria realizar-se no ponto original, corrigido quanto ao movimento do sistema solar” (NR:377). O conto “*Fuga!” constitui uma espécie de continuidade do conto “*Risco”. No romance *Os robôs, há a seguinte explicação do “salto”: “Baley compreendeu imeditatamente que se tratara de um salto, aquela incompreensível e quase mística transição através do hiperespaço que transferia a nave, e tudo o que ela continha, de um ponto para um outro a muitos anos-luz de distância do primeiro” (R:22). Também no romance *Os robôs do amanhecer, aparece uma tentativa de explicação para o mistério do salto: “Foi o ‘Salto’, a passagem pelo hiperespaço, que, num intervalo infinito e ilimitado, envia a nave através dos parsecs e vence o limite de velocidade da luz no Universo. (Não há mistério nessas palavras, uma vez que a nave apenas deixa o Universo e atravessa uma coisa que não envolve o limite de velocidade. Contudo, é um mistério total de conceito, pois não há como descrever o que é o hiperespaço, a menos que se usem símbolos matemáticos, que, em hipótese alguma, podem ser exprimidos numa linguagem compreensível)” (RA:51). Salvor Hardin. Prefeito da cidade de *Terminus, a única cidade no início da colonização do planeta de mesmo nome, no qual *Hari Seldon havia instalado os cientistas e enciclopedistas da *Primeira Fundação. O nome do Prefeito Salvor Hardin e o de *Hober Mallow são citados várias vezes em vários dos romances sobre a *Fundação, sempre cercados por uma aura de bravura e heroísmo. É o que acontece, por exemplo, na seguinte passagem do livro *Fundação II: “Os dois primeiros séculos foram a Idade de Ouro da Fundação, os Tempos Heróicos; pelo menos em retrospecto, mas não para aqueles infelizes que viveram naqueles tempos inseguros. Salvor Hardin e Hober Mallow foram os dois grandes heróis, semideificados a ponto de rivalizar com o incomparável Hari Seldon. Os três estavam numa trípode sobre a qual repousava toda a lenda da Fundação (e mesmo sua história) (F2:33). Sam Evans. Personagem apenas mencionada no conto “*Razão”, da coletânea *Nós, robôs, o primeiro livro da “*História do Futuro” em que a *Robótica é a temática predominante. Samia de Fife. Personagem do livro *Correntes do Espaço, filha do *Nobre de Fife, o mais importante dos cinco ricos governantes que dominavam os planetas *Sark e *Florina. Samson Harridge. Personagem citada no conto “*Sally”, da coletânea *Nós, robôs, primeiro volume da série sobre a “*Robótica”. Sam Tobe. Personagem do conto “*Robô AL-76 extraviado”, da série com o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Sander Jonti. Personagem do livro *Poeira de Estrelas, segundo romance da série sobre o *Império Galáctico. Santanni. No livro O futuro começou, que reúne os primeiros contos publicados por Asimov, seguidos de informações sobre eles, o autor refere-se a Trantor, a cidade-planeta que viria a aparecer com destaque na “*História do Futuro”. Diz o autor, ao fazer anotações sobre o conto “O frei negro da chama” (p.92): “Em ‘O frei negro da chama’, como na série ‘Fundação’, os seres humanos ocupam diversos planetas; e os dois mundos mencionados nesta, Trantor e Santanni, também desempenham importantes papéis na outra. (De fato, a primeira história da série ‘Fundação’ aparecia uns dois meses depois de ‘O frei negro da chama’, graças ao atraso desta última) (p. 126). Santirix Gremionis. Pitoresca personagem do romance *Os robôs do amanhecer. Santirix volta a ser lembrado no romance *Os robôs e o Império, último livro da série *Robótica, por sua relação com os personagens *Elijah Baley e *Gladia Delmarre, no primeiro romance. No segundo romance, há uma breve referência a seu aspecto físico: “Gladia lembrou que seu marido, Santirix Gremionis, antes do casamento, usava uma linha fina de pelos sob o nariz. Bigode, como dissera.” (RI:71). Sark. Planeta cujos governantes conhecidos como *Nobres dominavam o planeta *Florina e seus habitantes, os florinianos. Ambos os planetas são mencionados no livro *As correntes do espaço, o primeiro romance sobre o *Império Galáctico. Sobre esses planetas, diz o livro mencionado: “Formam um mundo pequeno, sem importância, esses sarkianos, por si mesmos, e somente são importantes enquanto controlam essa eterna mina de ouro, Florina. Assim, a cada ano examinam os campos e vilas de Florina, levando a nata de sua juventude a Sark para treinamento. Os medíocres são preparados para preencher seus papéis e preencher seus questionários e assinar seus formulários, e aqueles realmente talentosos são mandados de volta a Florina para servirem como governadores nativos para as cidades. Chamam-nos Conselheiros” (CR:53). No mesmo livro, uma das personagens, o ex-analista espacial Dr. *Selim Junz, em conversa com o embaixador de *Trantor em Sark, faz o seguinte comentário sobre os habitantes do referido planeta: “O que me contou há somente meia hora atrás sobre Sark? Suas vidas, prosperidade e poder dependem de seu controle sobre Florina. O que toda a investigação que fiz nestas últimas vinte e quatro horas mostrou-me? Que os campos kyrt de Florina são a riqueza de Sark” (CE:60). Sarkinianos. Naturais do planeta *Sark, personagens do romance *As correntes do espaço. Sarton Bander. Habitante do planeta *Solaria, personagem do romance *A Fundação e a Terra. “Satisfação garantida”. Conto da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dos contos que o constituem, e pelo menos mencionada em vários outros trabalhos de Asimov. Saunders. Nome de um xerife, personagem do conto “*Robô AL-76 extraviado”, da série com o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Sayshell. Planeta situado no *Setor de Sayshell, e no qual desembarcaram *Golan Trevize e *Janov Pelorat, em sua busca pelo planeta *Terra. Em Sayshell obtiveram informações sobre o planeta *Gaia, situado no Setor, cercado de lendas e às vezes confundido com a Terra. Sayshell não era membro da *Federação da Fundação, e não aceitava fazer parte dela, mantendo sua independência. Schloss. v. Mayer Schloss. Scott Robertson. Apresentado como “filho do fundador da U.S Robots e ainda detentor da maioria das ações”. Aparece nos contos *Fuga!*, “*Escravo” e “*Intuição feminina”, da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin”. No último conto citado é apresentado como o “maior acionista” da U.S Robot (NR:460). “Segregacionista”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra a série da coletânea a que o autor deu o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”. Segunda Fundação. (SF, nas citações). Tradução do original norte-americano, Second Foundation, de 1953. É décimo terceiro volume da série “*História do Futuro” e o quarto romance em que o tema predominante é a Fundação. [Não confundir com Fundação II (F2, nas citações]. No livro O futuro começou, em que reuniu seus primeiros contos de ficção científica que foram publicados, com explicações sobre cada um deles, ao referirse ao conto “*Mãe-Terra” (p. 438), presta o seguinte esclarecimento: “Mal havia vendido ‘Mãe-Terra’ e já comecei uma nova história Fundação intitulada ‘... E agora você não’. Seria a última. Como ‘O Mula’, era de cinquenta mil palavras e só fui terminá-la no dia 29 de março de 1949. (...) Foi publicada como uma série em três partes, em novembro de 1949, dezembro de 1949 e janeiro de 1950, em Astounding, e constituiu os últimos dois terços de meu livro Segunda Fundação” (p. 468). Segunda Fundação. A sugestão da instituição de duas fundações com o mesmo propósito, e não de apenas uma *Fundação, havia partido de dois amigos de *Hari Seldon: *Chetter Hummim e *Yugo Amaryl, este matemático como Seldon e que com ele trabalhava no desenvolvimento da *psico-história: “- Você se lembra, Yugo, de que queria duas Fundações, para termos uma garantia extra, caso uma delas não desse certo?” (CF:330). Ainda no mesmo livro, *Crônicas da Fundação, Seldon levanta dúvidas sobre a possibilidade de criar a Segunda Fundação: “Chegaria um dia a dar prosseguimento ao seu plano de estabelecer uma Segunda Fundação, ou tudo não passava de um sonho impossível? (CF:319). Mais adiante, no entanto, na mesma conversa com Amaryl, diz-lhe o seguinte, sobre a instituição das duas fundações: “Teremos uma Fundação formada por cientistas convencionais, que preservará os conhecimentos da humanidade e servirá de núcleo para o Segundo Império. E teremos uma Segunda Fundação, formada apenas por psico-historiadores... indivíduos com poderes telepáticos, capazes de estudar os segredos da psicohistória como se fossem uma única criatura. Eles ficarão encarregados de introduzir melhorias no plano de reconstrução da sociedade. Estarão perpetuamente nos bastidores, vigiando. Serão os guardiões do Império” (CF:331). A Segunda Fundação foi instalada num dos extremos da Galáxia, oposto ao do planeta *Terminus, sob o mais completo silêncio, contrariamente à instalação da *Primeira Fundação, instalada no planeta *Terminus, cercada de grande publicidade. Os papéis que deveriam ser desempenhados pelas duas fundações, no *Plano de Seldon, aparecem descritos, de forma mais explícita, no romance *Fundação II: “Oficialmente nós, a Primeira Fundação, deveríamos reter o conhecimento das ciências físicas, e fazê-las progredir. Devíamos operar abertamente, nosso desenvolvimento histórico seguindo, quer soubéssemos ou não, o Plano de Seldon. Havia, porém, a Segunda Fundação, que deveria preservar e desenvolver mais as ciências psicológicas, inclusive a psico-história, e sua existência deveria permanecer em segredo até para nós. A Segunda Fundação era o agente de ajuste fino do Plano, visando ajustar as correntes da história Galáctica, quando se desviassem dos caminhos delineados pelo Plano” (F2:37). Segundo Império. A origem do Segundo Império pode ser explicado pelo seguinte excerto do romance Fundação, o terceiro da série: “Quando o Império Galáctico começou a decair, e quando os limites da Galáxia caíram no barbarismo e se perderam, Hari Seldon e o seu grupo de psicólogos fundaram uma colônia, a Fundação, aqui, onde a desordem era maior, para que pudéssemos incubar a arte, a ciência e a técnica, e formar mais tarde o núcleo do Segundo Império” (F:113). Selim Junz. Personagem do livro *As Correntes do Espaço, primeiro romance sobre o *Império Galáctico. Ex-analista espacial, encarregado de descobrir o paradeiro de outro analista, conhecido apenas como *Rilk, em tese desaparecido depois de pousar no planeta *Florina (CE:53). Senfran. Denominação de uma cidade do planeta *Terra, no romance 827 Era Galáctica. Possivelmente a cidade de San Francisco, no futuro criado por Isaac Asimov (827:92). Senloo. Denominação da antiga cidade de Saint Louis, no romance *827 Era Galáctica, como se esclarece mais adiante, no mesmo romance: - Como foi que você encontrou Senloo? – sussurrou Shekt. -Em minha época – respondeu Schwartz – havia uma cidade chamada St. Louis. Localizada na confluência de dois grandes rios... Encontramos Senloo (827:92, 230). Sennet Forell. Um dos comerciantes da *Fundação, citado no romance *Fundação e Império, como proprietário da maior frota comercial da época da luta da Fundação com o *Império Galáctico, no início da derrocada do segundo. Apontado por alguns como parente colateral do falecido grande *Hober Mallow, ou talvez filho ilegítimo deste, como era considerado por outros (FI:163). Setor de Sayshell. Setor da Galáxia onde se localizavam os planetas *Sayshell e *Gaia, este cercado de lendas e às vezes confudido com o planeta *Terra. O Setor e o planeta de mesmo nome foram visitados por *Golan Trevize e *Janov Pelorat, em sua busca pelo planeta de origem da humanidade. Setor de Sírius. Explica a personagem *Munn Li Compor, do romance *Fundação II, a *Golan Trevize e *Janov Pelorat, que procuravam o planeta *Terra: “Remeto minha ascedência ao Setor de Sírius (...) Todo mundo por lá sabe da Terra. Ela está naquele Setor, o que significa não só que não é parte da Federação da Fundação, como também, aparentemente, por isso ninguém em Terminus se preocupa com ela. Mas é lá que está a Terra, sem dúvida alguma (...) O Setor de Sírius era a porção da Galáxia habitada há mais tempo. Todos sabem disto” (F2:200-201), Simon DeLong. Personagem do conto “*O homem bicentenário”, que integra o conjunto de duas histórias ao qual Asimov deu o título geral de “*Dois clímaxes”. Os contos foram reproduzidos na coletânea *Nós, robôs (NR:535). Simon Ninheimer. Personagem do conto “*Escravo”, da coletânea *Nós, robôs, primeiro livro da “*História do Futuro”, que tem a *Robótica como tema predominante. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin”. Apresentado como professor universitário, chefe do Departamento de Sociologia. Armou toda uma trama para evitar a utilização de robôs na sua universidade, inclusive do robô denominado *Easy, da série EZ-27, capaz de realizar revisões gráficas. Dele faz o autor a seguinte descrição: “Simon Ninheimer tinha uma cabeça felpuda de cabelo cor de areia, um rosto que se estreitava, passando por um nariz em forma de bico em direção a um queixo pontudo, e um hábito de por vezes hesitar antes de palavras-chave, o que lhe dava um ar de quem procura uma precisão impossível” (NR:329). Sinapseador. Aparelho inventado pelo físico *Affret Sheck, personagem do romance *827 Era Galáctica: “trata-se de um instrumento cujo propósito é o de aumentar nas criaturas humanas a capacidade de aprender” (827:48). O aparelho, usado em *Josepht Schwartz, personagem do mesmo romance, levado acidentalmente do ano de 1949 para o ano 827 *EG, produziu efeitos surpreendentes, além do já esperado de aumentar sua capacidade de aprender. O aparelho, agora chamado sinapsificador, volta a ser citado no romance *Fundação II: “- Havia lendas de algum expansor da mente desenvolvido na Terra – um sinapsificador, ou coisa assim. - E criaria supermentes? – perguntou [Janov] Pelorat, nos tons mais profundos da incredulidade. - Não acho. O que mais me lembro é que não funcionou. As pessoas ficavam brilhantes e morriam cedo” (F2:203). Sindra Lambid. Nome de personagem que aparece ligeiramente no romance *Os robôs e o Império, e que se apresenta como membro do Congresso de *Baleyworld (RI:164). Siwena. Apresentado no romance *Fundação e Império como “um sistema fronteiriço e ainda novo” (FI:174), e, mais adiante, depois do fim da guerra que o general do Império, *Bel Riose, Comandante Militar de Siwena, moveu contra a *Fundação, como “a primeira província a passar diretamente do domínio público do Império para uma Fundação econômica” (FI:212).. Sociedade dos Anciões. Grupo que governava a *Terra, segundo o romance *827 Era Galáctica, terceiro livro sobre o *Império Galáctico. Era também chamada a Irmandade. Sociedade pela Humanidade. Grupo radical, mencionado nos contos “*O conflito evitável” e “*Intuição feminina”, ambos da coletânea *Nós, robôs. Os dois integram o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267), nome da principal personagem dos contos do conjunto, além de ser, pelo menos, mencionada em vários outros trabalhos de Asimov. Segundo explica a história citada, a Sociedade pela Humanidade “É um ramo dos fundamentalistas que impediu a U.S. Robots de empregar robôs positrônicos em trabalhos que impliquem uma competição injusta com seres humanos. A Sociedade pela Humanidade é em si antimáquina” (NR:441). Solaria. Último dos cinquenta planetas do *Mundo Exterior colonizado pelos denominados *espaciais, descendentes dos primeiros habitantes da *Terra que partiram para a colonização de outros palnetas, no início da exploração do espaço. É o planeta para o qual foi mandado o terrestre *Elijah Baley, inspetor da polícia de Nova Iorque, a fim de desvendar um misterioso assassinato ali ocorrido, episódio narrado no romance *Os robôs. O planeta é descrito pelo robô *Daneel Olivaw: “Tem um diâmetro de 15.000 quilômetros. Faz parte de um sistema de três planetas e é o único deles habitado. Assemelha-se bastante à Terra, no que diz respeito ao clima e atmosfera, sua percentagem de terras férteis é maior e o seu conteúdo mineral é menor do que o da Terra. O planeta é, na sua generalidade, menos explorado do que a Terra. Este mundo possui todas as matérias primas para se abastecer a si próprio, e, com a ajuda da sua enorme exportação de robôs, mantém um elevado nível de vida” (R:35). Para espanto de seu interlocutor, acrescenta que *Solaria tem apenas vinte mil habitantes, número que os *solarianos consideram ideal para ocupar o planeta, além de duzentos milhões de robôs; e ainda que o planeta fora colonizado há mais de três séculos, e que seus habitantes ocupavam todas as suas regiões férteis. Ainda segundo a descrição, os robôs de todas as epécies, produzidos em Solaria, eram os melhores e os mais aprimorados dos cinquenta *Mundos Exteriores, para os quais eram exportados (R:31). Mais adiante, no mesmo romance, a personagem *Anselmo Quemot, sociólogo de Solaria, explica a Baley que o planeta havia sido explorado pelos nexonianos, habitantes do planeta *Nexon, sobre o qual acrescenta: “Está situado bastante perto de Solaria e, na realidade, Solaria e Nexon são o par de planetas que se encontram localizados mais próximos um do outro em toda a Galáxia. Solaria, mesmo antes de ser habitado por seres humanos, possuía seres vivos e era bastante adequado à ocupação humana. O planeta representava, muito naturalmente, uma atração para as classes superiores de Nexon, que tinham suas dificuldades em manter um elevado nível de vida num planeta onde a população aumentara de maneira assustadora” (R:139). O planeta Solaria volta a ser enfocado em dois outros romances, *Os robôs e o Império e *A Fundação e a Terra. No primeiro, é lembrado tanto pela solariana *Gladia Delamarre, abrigada no planeta *Aurora, como por *D. G. Baley, descendente longínquo de *Ben Baley, colonizador, filho de *Elijah Baley e também um dos colonizadores da nova geração de terrestres. No segundo, com a visita de *Golan Trevize, *Janov Pelorat e sua companheira *Bliss, em sua viagem pelo espaço em busca do esquecido planeta Terra. Solariano. Natural de *Solaria, o último planeta colonizado pelos *Espaciais. v. (Os) Cinqüenta do Mundo Exterior. Sol e Nave. Símbolo do *Império Galáctico ou *Primeiro Império. Sophia Quintana. Personagem que aparece ligeiramente no romance *Os robôs e o Imperio. Como Subsecretaria de Energia da *Terra, presta ao robô *Daneel Olivaw informações por ele solicitadas, em sua tentativa de resguardar o planeta do ataque tramado por *Kelden Amadiro e *Levular Mandamus: “Era uma mulher forte, de cabelos curtos mostrando mechas grisalhas. Seu rosto, embora não mais jovem, era agradável” (RI:313). Sotayn Quintesetz. Personagem do romance *Fundação II, professor de História Antiga no planeta *Sayshell, localizado no Setor de mesmo nome, no qual também se localizava o planeta *Gaia, buscado por *Golan Trevize e *Janov Pelorat. Quintesetz informou os viajantes sobre as lendas que cercavam Gaia, às vezes confundido com a *Terra, o planeta de origem da humanidade, procurado pelos dois viajantes. Spacetown. Enclave dos *Espaciais no planeta *Terra, no romance *Caça aos robôs. O nome da cidade volta a ser citado no romance *Os robôs e o Império, o último livro da série sobre a *Robótica. Speedy. Nome do robô que aparece no conto “*Corre-corre”, uma das histórias do conjunto denominado pelo autor “*Powell e Donovan”, do livro *Nós, robôs. O nome dado ao robô tem a seguinte explicação: “O seu nome derivava da designação da série, evidentemente, mas quadrava bem com ele, apesar disso, pois os modelos SPD contavam-se entre os mais velozes robôs produzidos pela U. S. Robots and Mechanical Men Corporation”. A palavra speedy, em inglês, significa rápido, veloz. Speidell. Personagem mencionado no conto “*Escravo”, da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:332). Stannel V. Um dos governantes do *Império Galáctico, mencionado no romance *Segunda Fundação (SF:432). Stephen. Nome de um dos “*robôs não humanos” do conto “*Sally”, da coletânea Nós, robôs. Stephen Byerley. Personagem dos contos “*Prova” e “*O conflito evitável”, ambos da coletânea *Nós, robôs. Fazem parte do conjunto de dez histórias ao qual o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267) Outra personagem do conto, Francis Quinn, refere-se a Byerley da seguinte forma: “Falamos do sr. Beyerley, um caráter estranho e pitoresco. Era um desconhecido, há três anos. E agora é muito popular. É um homem de força e capacidade, por certo o mais capaz e inteligente promotor que já conheci. Infelizmente, não é meu amigo...” (NR:416). Quinn acusa Byerley de ser um robô, uma vez que jamais havia sido visto comendo, bebendo ou dormindo, e ainda que, apesar de promotor, jamais havia pedido a aplicação da pena de morte a um criminoso, além de ser radicalmente contra esta punição, numa alusão ao respeito que os robôs tinham à Primeira Lei da Robótica, que os impedia de fazer mal a qualquer ser humano. O conto não chega a esclarecer a verdadeira identidade do promotor. Stephen Byerley é citado por *Sophia Quintana a *Daneel Olivaw, no romance Os robôs e o império - último volume que tem a *Robótica como tema predominante -, como personagem de uma lenda de acordo com a qual Byerley seria um robô, e que, apesar disso, ocupou alto posto no governo de planeta que, embora não especificado, pode ser identificado como o planeta *Terra. Para Daneel Olivaw, a história deveria ser pura ficção, uma vez que não havia robôs ocupando postos governamentais em nenhum dos planetas *Espaciais. É a seguinte a mencionada passagem: “Sabe, temos uma lenda sobre um robô chamado Stephen Byerley ocupando um alto posto no governo. - Isso deve ser pura ficção, Madame Quintana – repicou Daneel, sério. – Não há robôs em postos governamentais em nenhum dos planetas Espaciais; somos apenas ... robôs (RI:316). Stettin Palver. Personagem do romance *Crônicas da Fundação, o segundo da série; era *mentálico, como dizia *Hari Seldon, e companheiro de sua neta, *Wanda Seldon, na instituição da misteriosa *Segunda Fundação, criada por Seldon em lugar ignorado por todos. Stor Guendibal. *Orador da *Segunda Fundação, personagem do romance *Fundação II, no qual dele diz o seguinte: “Tinha sido recrutado pela *Segunda Fundação quando tinha apenas dez anos, por um agente que reconheceu as potencialidades de sua mente. Ele tinha se saído notavelmente bem nos estudos (...) Quando chegou aos quinze, entrou para a Universidade Galáctica de Trantor (como a Universidade de Trantor fora oficialmente rebatizada), depois de uma entrevista durante a qual, quando lhe foi perguntado quais eram suas ambições, respondeu firmemente: - Ser Primeiro Orador antes dos quarenta” (F2:87). Struthers (Sr.). Personagem do conto “*Robbie”, do conjunto de contos com o título geral de “*Alguns robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. Sura Novi. “*Hamish”, habitante de *Trantor, que acaba por se envolver com o *Orador *Stor Guendibal, do Conselho que dirigia a *Segunda Fundação. Personagem do romance *Fundação II, ás vezes chamada apenas Novi, assim descrita: “Ela parecia muito jovem, mais jovem talvez que a aparência que o trabalho duro lhe deu. Ela não podia ter mais de vinte e cinco anos, idade em que as mulheres hamish já costumavam estar casadas. Usava seus cabelos negros em traças, o que significava que ela era solteira. Virgem, de fato, e ele não estava surpreso. Seu desempenho de ontem mostrara que ela tinha enormes talentos para megera e duvidou que seria fácil encontrar um homem hamish que se atreveria a suportar o jugo de sua língua e seu punho sempre pronto. Nem tampouco sua aparência tinha muito atrativo. Muito embora ela tivesse se dado a algum trabalho para se fazer apresentável, seu rosto era anguloso e comum, suas mãos vermelhas e nodosas. O que ele podia ver de sua figura parecia construído para resistência, mais que para a graça” (F2: 137). Susan Calvin. A personagem aparece, pela primeira vez, considerando a cronologia de sua vida e não a ordem sequencial em que é mencionada nas histórias de Asimov, aos cinco ou seis anos de idade, aparentemente sem motivo algum – e, também, pelo menos aparentemente, sem qualquer pretensão -, no conto “*Robbie”, a primeira história de Asimov sobre robôs. O conto foi reproduzido em várias antologias do escritor, inclusive em *Nós, robôs. Diz o autor, no conto mencionado: “Poucas pessoas se interessavam em ficar para uma segunda sessão, mas uma menina de cinco ou seis anos15 continuava silenciosamente sentada num banco, esperando uma terceira vez. Era a única pessoa que havia na sala quando Glória entrou. (...) Incerta e cautelosamente, ergueu uma vozinha trêmula: - Por favor, sr. Robô, o senhor é o Robô Falante? Glória não tinha certeza, mas achava que um robô que realmente falasse merecia ser tratado com extrema gentileza. (Um olhar de intensa concentração cruzou o rosto magro e pálido da menina de cinco ou seis anos. Ela pegou um caderninho e começou a fazer anotações com rápidos rabiscos.) (...) (Nesse momento, a menina de cinco ou seis anos foi embora. Já reunira bastante material suficiente para sua dissertação de física sobre ‘Aspectos práticos da robótica’. Esse foi o primeiro de muitos trabalhos de Susan Calvin sobre o assunto).” (NR:155-156). Considerada a “santa padroeira” dos roboticistas - a “robô-psicóloga”, como esclarece Asimov em explicação que precede o conto “Satisfação Garantida” (in ASIMOV, Os novos robôs, p. 83), “uma psicóloga que é também roboticista” - vai ser lembrada várias vezes nas suas obras, como no extraordinário conto “O homem bicentenário” (ASIMOV, 2001:50), do livro com título homônimo, no conto “Sonhos de robô”, e também no conto “Pequeno robô perdido” (ASIMOV, 2001: 21-47), agora já como uma mulher de meia idade, que “permanecera calmamente rústica” e que “compreende os robôs como uma irmã”, no dizer de uma personagem do conto “*Corre-corre”, da coletânea *Nós, robôs, e ainda como “a velha Calvin”, (p. 230), no mesmo conto. É possível que desde o primeiro momento Isaac Asimov reservasse a Susan Calvin, apesar de apagada na sua primeira aparição, um lugar de destaque na obra que talvez então já se delineasse em sua imaginação. De fato, Susan Calvin vai aparecer em vários contos, dos quais podem ser citados, especialmente: “Satisfação garantida”, de 1951; “Uma questão de provas”, do mesmo ano; “Risco”, de 1955; “Lenny”, de 1958, todos reunidos no livro Os novos robôs (tradução de The Rest of the Robots), e no primoroso “*Mentiroso!”, o seu terceiro conto sobre robôs. Na “Introdução” à segunda parte do livro citado, Isaac Asimov diz de seu amor por sua personagem: “As histórias de robôs que mais me interessaram, contudo, foram as que incluíram a Dra. Susan Calvin, a extraordinária robô-psicóloga. (...) Com o passar do tempo, apaixonei-me pela Dra. Calvin. Era uma pessoa severa, sem dúvida, muito mais parecida com a concepção popular de um robô do que qualquer de suas criações positrônicas. Mas eu gostava dela assim mesmo.” No conto “Risco” (ASIMOV, Os novos robôs, p. 102), uma personagem assim se refere a Susan Calvin: “Dra. Susan Calvin, da U.S. Robôs e Homens Mecânicos S.A. Senhora dotada de hiperespaço onde deveria ter coração e hélio líquido nos olhos. Seria capaz de atravessar o Sol e sair do outro lado envolta em chama gelada”. Apesar de ter-se referido à morte de Susan Calvin, já em idade avançada, em epílogo ao livro de contos Eu, robô, o amor pela personagem fez com que Asimov a ressuscitasse, escrevendo, depois disso, os outros três contos acima referidos, 15 Em algumas traduções da mesma passagem, Susan Calvin aparece como uma adolescente de quinze anos. em que a personagem volta a aparecer, como confessa na “Introdução” antes citada. Mesmo muito depois de sua morte, Susan Calvin era frequentemente lembrada pelo autor em inúmeros livros, como, por exemplo, no terceiro romance da série obre a *Robótica, *Os robôs do amanhecer, por intermédio dos personagens *Han Fastolfe e *Gladia Delmarre, dois *espaciais, lembrando-se de que todos eles detestavam os habitantes da *Terra. O primeiro indaga do detetive terráqueo *Elijah Baley, com espanto: “E os habitantes da Terra nada sabem sobre Susan Calvin? (...) Ela é uma semideusa para todos os Espaciais, a tal ponto que imagino que somente alguns roboticistas de verdade pensam nela como terráquea. Seria uma espécie de profanação. Se lhes fosse dito, teriam recusado a acreditar que ela morreu após ter vivido pouco mais de cem anos métricos. E no entanto você a conhece apenas como pioneira” (RA:86). A mesma personagem lembra, em seguida, o conto envolvendo Susan Calvin e um robô dotado de capacidade telepática, decorrência de defeito de fabricação. Trata-se do conto “*Mentiroso!”, do livro *Nós, robôs e um dos mais felizes contos de Asimov, e que também aparece em várias outras antologias do autor. Mais adiante, no mesmo romance, a personagem *Gladia Delmarre refere-se à mesma história: “O rosto de Gladia contorceu-se e ela guinchou: - É uma loucura. Você está apenas me contando a velha história da carochinha de Susan Calvin e do robô leitor de pensamentos. Ninguém com mais de dez anos de idade acredita nisso” (RA:188). Finalmente, “Susan Calvin” é o título geral dado por Asimov a um conjunto de dez contos, do livro Nós, robôs, já mencionado. São os seguintes os contos do citado conjunto: “*Mentiroso!”, “*Satisfação garantida”, “*Lenny”, “*Escravo”, “*O robozinho perdido”, “*Risco”, “*Fuga!”, “*Prova”, “*O conflito evitável” e “*Intuição feminina”. Na explicação que precede o mencionado conjunto, Asimov dá as seguintes explicações sobre o título da série e sobre as histórias que a constituem: “O terceiro conto de robôs que escrevi, “Mentiroso!”, apresentou, pela primeira vez16, Susan Calvin, por quem de imediato me apaixonei. Ela passou, depois disso, a dominar tanto meus pensamentos que, pouco a pouco, expulsou Powell e Donovan de sua posição. Aqueles dois apareceram só nos três contos da parte anterior e num quarto, “Fuga!”, em que aparecem com Susan Calvin. De certo modo, a impressão que tenho, ao fazer a retrospectiva de minha carreira, é que devo ter inluído a querida Susan em inumeráveis histórias, mas o fato é que ela apareceu apenas em dez, todas apresentadas aqui nesta parte. Na décima, “Intuição feminina”, ela emerge da aposentadoria como uma velha dama que, no entanto, nada perdeu de seu ácido charme. Vocês notarão, aliás, que, muito embora a maioria dos contos sobre Susan Calvin tenha sido escrita numa época em que o chauvinismo machista era um pressuposto da ficção científica, Susan não pede favores e bate os homens em 16 Contradição de Asimov: a primeira vez que aparece a personagem com o nome Susan Calvin como uma criança interessada em robótica, foi no primeiro conto “*Robbie”, o primeiro conto do autor a respeito de robôs. Talvez seja uma indicação de que, quando escreveu o conto, ainda não tinha intenção de transformar Susan Calvin numa das mais importantes personagens de toda a sua obra, especialmente dos livros que constituem a “História do Futuro”. seu próprio jogo. Na verdade, ela fica sem realização sexual, mas ... não se pode ganhar todas” (NR:267). No livro O futuro começou, que reúne os primeiros contos de ficção científica publicados por Asimov, seguidos de informações sobre cada um deles, o autor dá a seguinte explicação sobre Susan Calvin, ao tratar do conto “O homenzinho no metrô”: “Enquanto estava trabalhando no ‘The Little Man on the Subway’ [‘O homenzinho no metrô’], eu também estava escrevendo outro conto sobre ‘robôs positrônicos’ chamado ‘Liar’. Nesta apareceu pela primeira vez minha personagem Susan Calvin17 (ela foi personagem de dez dos meus contos até o presente momento e não eliminei a possibilidade dela aparecer novamente) (p. 261). Synax. Apontado como planeta natal do matemático *Gaal Dornick, citado no livro Fundação (F:11), e que conheceu *Harri Seldon dois anos antes da morte deste, tendo escrito uma biografia do matemático criador da *psico-história. O planeta “circulava ao redor de uma estrela nos confins do Deserto Azul”. Szegeczowska (Mme.). Personagem do conto “*O conflito evitável”, do conjunto de dez contos com o título geral de “*Susan Calvin”, da coletânea *Nós, robôs. Tempo Padrão Galáctico. Tempo contado de forma explicada no romance *Segunda Fundação: “Por razão ou razões desconhecidas dos membros da Galáxia da época em questão, o Tempo-padrão Intergaláctico define sua unidade fundamental, o segundo, como o tempo durante o qual a luz viaja 299,776 quilômetros. 86.400 segundos são arbitrariamente considerados iguais a um Dia-padrão Intergaláctico, e 365 dias a um Ano-adrão Intergaláctico. Por que 299,776?... Ou 86.4000?... Ou 365?... É tradição, diz o historiador, iniciando a questão. Por causa de certas e variadas relações numéricas misteriosas, dizem os místicos, os ocultistas, os numerologistas, os metafísicos. Porque o planeta-mão original da humanidade tinha certos períodos naturais de rotação e translação, dos quais essas relações poderiam derivar, diziam muito poucos. Porém ninguém realmente sabia” (SF: 459). Já no romance *Poeira de Estrelas, segundo da série sobre o *Império Galáctico, fala-se de um “tempo interestelar padrão” e se diz o seguinte sobre essa medida: “Continuava regulado pelo tempo interestelar padrão, usado a bordo das naves, em que cem minutos constituem uma hora, e mil, um dia” (PE:94). Não obstante, cada planeta tinha sua própria forma de medir o tempo, como se deduz da seguinte explicação dada ao personagem *Elijah Baley, no romance *Os robôs: “Os dias no Planeta Solaria têm vinte e oito vírgula trinta e cinco horas do Tempo Médio Galáctico. A hora Solariana está dividida em dez décadas, sendo cada uma delas dividida em seis centos. A nave aterrará num aeroporto em que o dia estará no vigésimo cento da quinta décima. (...) - Será dia ou noite? - Dia, Sr. inspetor” (R:23). 17 Isaac Asimov não esclarece quando escreveu o conto “Liar”, para se comparar com a data de “Robbie”, seu primeiro conto sobre robôs e no qual aparece uma criança chamada Susan Calvin (v. nota anterior). No entanto, ao se referir ao conto “Liar”, diz que discutiu sobre ele com o editor da revista Astoumding no dia 16 de dezembro de 1940 (o conto foi publicado em maio de 1941), e o conto “Robbie” é de maio ou junho de 1939. Pode ser também que não considerasse a personagem Susan Calvin ainda “criada”, no conto “Robbie”. No mesmo romance, a mesma personagem, ao ser informada da hora em que aconteceu fato nele narrado, responde imediatamente: “- Diga-me antes que horas eram no Tempo Médio da Galáxia – interrompeu Baley rapidamente, visto que ainda não se habituara à complicada hora local” (R:74). Teoria da Fusão. Teoria arqueológica sobre a origem da humanidade, defendida pelos arqueólogos ortodoxos, no romance *827 Era Galáctica, e assim explicada por *Bel Arvardan, arqueólogo, personagem do livro: “Apresenta a hipótese [de] que os vários tipos de humanidade, após uma evolução separada, se entrecruzaram nos primórdios das viagens espaciais, e desta época quase não sobram documentos. Este conceito é necessário para explicar o fato que agora todos os humanos se assemelham muito. - Sim – comentou secamente o Ministro Supremo. – E este conceito também envolve a necessidade de termos muitas centenas ou milhares de indivíduos evoluídos separadamente, de um tipo mais ou menos humano, cujos componentes químicos e biológicos fossem tão parecidos que o cruzamento foi possível” (827:145) Teoria da Radiação. Teoria arqueológica sobre a origem da humanidade, segundo a qual todos os seres humanos, em todos os milhões de planetas habitados do *Império Galáctico, provinham de um único grupo planetário humano, originário do planeta *Terra: ”- Meu povo acredita, com base da evidência da nossa própria história – explicou o Ministro Supremo, - e também em certas escritas sagradas, que não podem ser mostradas a qualquer Forasteiro, que a Terra é a pátria original da Humanidade” (827:146). No romance *Prelúdio da Fundação, o primeiro livro sobre o tema, a historiadora *Dors Venabili, que acompanhou e auxiliou *Hari Seldon no período de sua vida conhecido como A *Fuga, dá-lhe a seguinte explicação sobre a posição oficial dos historiadores quanto à origem da humanidade: “- Hari, deixe-me dizer-lhe uma coisa. Na história oficial, e pode acreditar que sei do que estou falando, não existe nenhuma menção a um único mundo de origem. É uma crença popular, concordo; não apenas entre as pessoas rudes que se apegam a costumes tradicionais, como os mycogenianos e os térmicos de Dahl, mas há biólogos que insistem em que deve ter havido um único planeta de origem, por motivos que estão além da minha especialidade, e muitos historiadores de tendência mística gostam de especular sobre isso. Pelo que sei, tais especulações estão na moda entre as elites intelectuais, mas a História oficial não sabe de nada a respeito (PF:330). Terminus. Nome do planeta no qual *Hari Seldon instalou a primeira das duas fundações por ele criadas. É a seguinte a descrição do planeta, feita por *Las Zenow, bibliotecário-chefe da *Biblioteca Galáctica, que havia localizado a planeta, a pedido de Seldon: “É um planeta perfeito. De bom tamanho, com água à vontade, atmosfera de oxigênio, vegetação abundante, é claro. Muitas formas de vidas marinhas. Prontinho para ser usado. Não há necessidade de nenhum tipo de preparação; nada, pelo menos, que não possa ser feito depois de ocupado. - É um mundo desabitado, Las? – perguntou Seldon. - Totalmente desabitado. Ninguém mora lá” (CF:304). Mais adiante, a mesma personagem explica o nome do planeta: “Acredite ou não, tem um nome. Os cientistas que mandaram as sondas o batizaram de ‘Terminus’, uma palavra arcaica que significa fim da linha. Um nome bem apropriado” (CF:305) No romance *Fundação, o terceiro da série, há outras informações sobre o planeta Terminus, retiradas do verbete correspondente da *Enciclopédia Galáctica: “... Sua localização (ver mapa) estava em desacordo com o importante papel que viria a desempenhar na História Galáctica e, no entanto, como muitos cronistas já o descreveram, inevitável. Localizado no limite extremo da espiral galáctica, planeta único de um sol isolado, pobre de recursos e de valor econômico. Só foi povoado 500 anos após sua descoberta com a chegada dos Enciclopédicos... Era inevitável que, com o aparecimento de uma nova geração, Terminus se tornasse algo mais de que um mero dependente dos psico-historiadores de Trantor. Com a rebelião de Anacreon e a ascensão de Salvor Hardin ao poder, o primeiro da longa linha de...” (F:34). No início do romance *Fundação II, há a seguinte descrição do planeta onde se localizou a *Primeira Fundação: “Terminus era um planeta ameno, com uma elevada relação água/terra. A introdução do controle climático tornara-o ainda mais confortável e consideravelmente menos interessante, costumava pensar Trevize” (F2:15). Terra. Em *As correntes do espaço, primeiro romance sobre o *Império Galáctico, quando este ainda não havia sido inteiramente constituído, já fica patente a pouca importância dada ao planeta Terra, ainda vagamente lembrado por alguns como possível planeta de origem da humanidade. O analista espacial, conhecido como *Rik, personagem do mencionado romance, desmemoriado artificialmente para que não divulgasse suas descobertas, ao começar a recuperar a memória, afirma: “- Terra! Eu vim da Terra! - Terra? (...) Samia voltou-se para o Capitão. - Onde fica o planeta Terra? O Capitão Racety sorriu brevemente. – Eu nunca ouvi falar dele. (...) - Onde é a Terra, Rik? - Eu... – ele pôs uma mão trêmula sobre a testa. Então disse: - Fica no Setor Sírius. Samia perguntou ao Capitão: - Existe um Setor Sírius, não existe? - Sim, existe. Estou pasmado que ele esteja certo. Ainda assim, isto não torna a Terra mais real“ (CE:120). Mais adiante, ainda em sua luta para se lembrar do passado, Rik continua a afirmar: “Eu me lembro da Terra. Era radiativa. Eu me lembro das Áreas Proibidas e o horizonte azul à noite. O solo incandescente, e nada poderia crescer nele. Havia somente alguns pontos em que o homem poderia viver. (...) - Como um mundo poderia ser radiativo e inabitado? - Mas existe um. E está no Setor Sírius. Não me lembro de seu nome. Poderia mesmo ser Terra. “- É Terra – disse Rik orgulhosamente e com confiança. – É o planeta mais antigo da Galáxia. É o planeta em que toda a raça humana se originou. - Isso mesmo! – concordou o Capitão. Samia perguntou, mente em turbilhão: - Você quer dizer que a raça humana originou-se nessa Terra? - Não, não – disse o Capitão distraidamente. – Isso é superstição. Isto é justamente como eu vim a saber do planeta radiativo. Pretende-se que seja o planeta natal do Homem. - Eu não sabia que nós supostamente temos um planeta natal. - Eu suponho que começamos em algum lugar, Madame, mas duvido que alguém possa saber em que planeta aconteceu” (CE:122). Ainda no mesmo romance, há uma outra referência ao planeta Terra, agora lembrado como integrante do *Império Trantoriano: “- Você tem um dos nossos homens. - Qual de seus homens? - Um analista espacial. Um nativo do planeta Terra, que, a propósito, é parte do domínio trantoriano” (CE:174). Sobre a Terra, então considerado o mais insignificante planeta do *Império Galáctico, diz *Ennius, Procurador deste no planeta, ao responder a *Bel Arvardan, para quem a Terra era um planeta “único”, no romance *827 Era Galáctica: “- Único? – perguntou o Procurador um pouco chocado. – De jeito nenhum! Acredito que se trata de um mundo muito comum. Aliás, este mundo é uma pocilga, ou um buraco nojento, um verdadeiro esgoto, ou qualquer outro qualificativo depreciatório que você posa imaginar. Mesmo sendo absolutamente nojento, não consegue ser único nem mesmo na malícia. Trata-se mesmo de um mundo vulgar, comum, cheio de campônios. (...) Será que você sabe que a maior dificuldade do governo deste planeta consiste em superar a violenta corrente anti-Terrestre do Setor de Sírio? (...) Com isto ainda não quero dizer que o anti-Terrestrialismo não exista, em formas mais atenuadas, em muitos outros planetas, mas em Sírio é muito forte” (827:33, 34) No mesmo romance, há várias outras referências à Terra e aos *Terrestres, relativas ao desprezo do resto da Galáxia pelo planeta e por seus habitantes, bem como à insurreição destes em relação ao Império e a seu domínio: “Nos últimos duzentos anos a Terra tinha se rebelado três vezes. Três vezes em nome de suas chamadas antigas glórias, a Terra investira contra os quartéis das forças imperiais. Foram três fracassos – como aliás era de se esperar – e se o Império não fosse tão esclarecido, e se os Conselhos Galácticos não soubessem governar, a Terra teria acabado num banho de sangue, eliminada para sempre do rol dos planetas habitados” (827:61). “É um fato que a Terra não admite qualquer insígnia que se refira à dominação Imperial neste planeta, pois sustentam que a Terra é a legítima governante da Galáxia” (827:73). No segundo romance sobre o Império Galáctico, *Poeira de Estrelas, a Terra é conhecida por alguns, os mais esclarecidos, como o berço da humanidade, como acontece na fala de uma de suas personagens, o autarca do planeta *Lingane: “E então fui para a Terra, pois a Terra é o berço da humanidade. A maioria das explorações da Galáxia partiram de lá. E é na Terra que existe o maior número de documentos sobre o assunto” (PE:166). Ao lado disso, no mesmo romance continua presente o desconhecimento sobre a Terra, como se nota de diálogo entre duas de suas personagens: “ (...) o senhor vem de fora do sistema? - Sou da Terra – disse Biron detendo-se e em seguida acrescentando: Excelência. Aquilo agradou à jovem. - Onde fica isso? - É um pequeno planeta do setor de Sírius, Excelência” (PE:72). É também em Poeira de estrelas que, em pelo menos uma passagem, fica patente que já havia um certo interesse no estudo da Terra primitiva, quando ainda era o único planeta habitado, como é frequentemente lembrado em vários romances das três séries a que aqui se refere. Veja-se, por exemplo, o seguinte diálogo entre personagens do referido romance: “- Espere – interrompeu *Biron. – Você disse que meu pai esteve em Ródia há seis meses? – A agitação invadia-o. - Isso mesmo. - Diga-me uma coisa, durante sua estada lá ele teve acesso à coleção de primitivismo do superintendente? Você me disse certa vez que o superintendente possuía uma vasta biblioteca sobre assuntos referentes à Terra. - Creio que sim. A sua biblioteca é famosa e geralmente é posta à disposição dos visitantes ilustres, caso esses estejam interessados, é claro. Geralmente eles não se interessam, mas seu pai sim” (PE:135). É no mesmo romance que aparece a insinuação de que o exagerado apego ao planeta de origem da humanidade acabou por prejudicar sua expansão no espaço, ideia que se acentua no romance *Os robôs e o Império, como se vê na seguinte passagem: “Há outras coisas na vida além do nosso planeta de origem, Tedor. O grande erro cometido nos séculos passados foi justamente a incapacidade de reconhecer tal fato. Todos os planetas são nossos planetas” (PE:266). A depreciação do planeta Terra, quando comparado a outros mundos habitados, chega ao seu auge no romance *827 Era Galáctica, o terceiro da série sobre o *Império Galáctico, mas ocorre também em outros trabalhos de Asimov, como, por exemplo, no conto “Profissão”, da coletânea Nove Amanhãs, de 1959, como se deduz do que sente a personagem George Platen: “Seu pai era um encanador registrado, trabalhando na Terra. Para ele esse fato sempre constituíra motivo de humilhação, se bem que, evidentemente, grande parte de cada geração teria que ficar na Terra, coisa facilmente compreensível” (p. 19). Mais adiante, a mesma personagem que sonhava em exercer sua futura profissão em “um mundo categoria A”, dizia que os profissionais altamente especializados, como pretendia ser, destinados a um mundo exterior, e não a permanecer na Terra, deveriam ser acompanhados de mulher ou de marido. E perguntava: “E se você estivesse indo para um mundo categoria A, que garota seria capaz de recusá-lo?” (p. 29). Depois, ainda falando de um mundo categoria A, diz a mesma personagem: “Nóvia era um mundo de categoria A, com população numerosa e civilização bastante desenvolvida, talvez a melhor da Galáxia. Era o tipo do mundo em que todos os terráqueos sonhavam viver algum dia; ou, caso não o conseguissem eles mesmos, gostariam de ver seus filhos vivendo lá” (p.53). A primeira referência ao planeta Terra como berço da humanidade, no primeiro romance da série sobre a *Fundação, foi feita pela historiadora *Dors Venabili, companheira de *Hari Seldon durante a denominada *Fuga, a propósito das referências do livro sagrado dos *mycogenianos sobre a origem do ser humano: “- São justamente eles [os biólogos] os maiores defensores da hipótese da Terra [ser o planeta de origem da Humanidade]. - Terra? É assim que eles chamam esse mundo original? -É a designação popular desse mundo, embora não se tenha condições de saber seu nome oficial, supondo que houvesse um. E até agora não se tem nenhuma pista quanto a sua possível localização” (PF:238). No mesmo romance, e durante a mencionada Fuga de Hari Seldon, juntamente com Dors Venabili, o planeta de origem da humanidade volta a ser lembrado no setor denominado *Dahl, do planeta *Trantor, no qual a Terra era conhecida e mencionada corriqueiramente, como na explicação dada a Seldon pelo então térmico, depois matemático, *Yugo Amaryl: “Todos nós, todos nós, vocês dois, e eu, e até mesmo o imperador, todos nós descendemos do povo da Terra... ou não? - Descendemos de quem? – perguntou Seldon. Seus olhos dilatados de espanto se voltam no mesmo instante para Dors. - Do povo da Terra – tornou Amaryl. – O planeta onde se originou a humanidade. - Um planeta? Um apenas? - Um único planeta, claro. A Terra. - Quando você diz ‘Terra’ isso quer dizer ‘Aurora’, não é isso? - Aurora?! O que é isso? Quero dizer Terra. Nunca ouviu falar da Terra? - Não, para falar a verdade, não, - É um mundo mítico – começou Dors – que... - Não é mítico. Era um planeta de verdade” (PF:324). Mais adiante ainda, em conversa com outro dahliano, comenta Hari Seldon que como a referência que havia feito ao planeta Terra não havia surpreendido seu interlocutor, pergunta-lhe se já ouvira falar dela: “- Mas certamente, Sr. Seldon. É o planeta de onde todas as pessoas se originam... ou pelo menos é o que se supõe. - O que se supõe? Não acredita nisso? - Eu? Eu tenho instrução. Mas muita gente ignorante acredita. - Existem filmes-livros sobre a Terra? - Histórias para crianças às vezes mencionam a Terra. Lembro-me de que, quando eu era pequeno, minha história favorita começava assim: ‘Era uma vez, há muito atrás, na Terra, quando a Terra era o único planeta...’” (PF:333). No mesmo romance, além de esclarecer que a História oficial ignora a existência de um planeta único, do qual se teria originado a humanidade, versão divulgada pela chamada *Teoria da Radiação, a historiadora Dors Venabili acrescenta sobre as histórias que cercam esse suposto planeta de origem: “É uma lenda, e nem mesmo é uma lenda interessante. Os nomes mudam de planeta para planeta, mas o conteúdo é sempre o mesmo. Existe sempre a história de um mundo original, de uma idade de ouro. Existe, nas pessoas de sociedades complexas e cheias de problemas, uma espécie de atração por um passado supostamente simples e puro... é algo universal. De um modo ou de outro isso se dá em todas as sociedades, uma vez que cada pessoa acha o seu mundo complexo e cheio de problemas, por mais simples que ele pareça” (PF:330). No romance *Fundação II, a localização da Terra no espaço já foi totalmente esquecida, como indica o historiador *Jeroslav Pelorat, especializado em lendas antigas, a seu companheiro *Golan Trevize: “’Terra’ é um nome lendário. Está encerrado em mitos antigos. Não tem significado do qual possamos estar certos, mas é conveniente usar a palavra, como um sinônimo de duas sílabas para: ‘o planeta de origem da espécie humana’. Exatamente que planeta no espaço real estamos definindo com ‘Terra’, isso não é conhecido” (F2:55). No mesmo romance, a situação da Terra em relação aos habitantes dos demais planetas é resumida pelas seguintes palavras, do *Primeiro Orador da *Segunda Fundação ao Orador *Stor Guendibal, quando o *Império Galáctico, ou *Primeiro império, já havia desaparecido,: “- A informação que recebemos foi que ele [Golan Trevize] ia partir com um professor de história antiga [Janov Pelorat], que estava à busca da Terra. - Sim, o Planeta Primitivo das lendas. E é por isso que ele deveria estar vindo para Trantor. Afinal de contas o professor sabe onde é a Terra? Você sabe? Eu sei? Podemos ter certeza de que sequer existe, ou se jamais existiu? Certamente eles teriam de vir a esta Biblioteca para obter a informação necessária” (F2:142). Diz uma das personagens do romance Fundação II, o *Orador da *Segunda Fundação Leonis Cheng, apenas mencionado na história: “o Império [Galáctico], em seus dias finais, tentou criar uma mística imperial abafando todo interesse nos períodos pré-imperiais”, entre os quais estava a chamada “Questão das Origens”. Acrescenta, ainda, o citado Orador: “- Sob Cleon II, durante o último renascimento do Império, dois séculos depois de [Hari] Seldon, a imperialização atingiu o seu pico, e toda especulação sobre a questão da Terra chegou a um termo. Houve mesmo uma diretriz no tempo de Cleon sobre isto, com referência ao interesse em coisas tais como (...) ‘especulação passada e contraproducente, que tende a minar o amor do povo pelo Trono Imperial’” (F2:165). Em outra passagem do romance, a Prefeita de *Terminus, *Harla Branno, referese indiretamente ao aspecto mítico que recobria a Terra, referido pelos acreditavam em sua existência e no fato de ter sido o berço da humanidade, ao referir-se à personagem *Golan Trevize que, em companhia de *Janov Pelorat, haviam sido por ela forçados a cumprir a missão – enganosa, por sinal – de localizar o planeta e, com isso, confirmar sua existência: “Minha intenção é que ele fosse às ruínas decadentes de Trantor, para revirar o que foi deixado, se é que existe ainda, de sua Biblioteca, procurando pela Terra. É esse o mundo, lembra-se, que esses místicos cansativos nos dizem ter sido o local de origem da humanidade, como se isso fosse importante, mesmo no improvável caso de ser verdade. A Segunda Fundação não deveria ter acreditado que era isso que realmente ele procurava e ter-se-iam movido para descobrir o que realmente procurava” (F2:257). O mistério que cerca o então desconhecido planeta Terra se acentua a partir do momento em que Golan Trevize, personagem que volta a aparecer no romance *A Fundação e a Terra, descobre que até mesmo na imensa Bilbioteca de Trantor, onde estava acumulado todo o conhecimento da humanidade, haviam desaparecido todos os documentos que faziam qualquer referência ao berço do ser humano. Além disso, indaga Trevize: “Mesmo que tenham se passado milhares de anos, vinte mil, talvez, desde que os povos da Galáxia mantiveram o útlimo contato com a Terra, como é possível que tenhamos todos esquecido o nosso planeta de origem?” (FT:17). No romance *A Fundação e a Terra, o historiador *Janov Pelorat lembra que as lendas antigas davam diversos nomes ao planeta Terra, entre os quais *Gaia e *Erda. Assim, desde o primeiro romance sobre o *Império Galáctico, *As Correntes do Espaço, assim como desde o primeiro romance sobre a *Fundação, *Prelúdio da Fundação, a questão do planeta de origem da humanidade passa a ser quase uma constante nos romances de Isaac Asimov relativos aos três temas que abordou, transformando-se num dos elos de ligação entre eles. Terraformação. Ato de *terraformar: “Gladia não pôde pensar num herói semelhante [a Elijah Baley] para os auroreanos. Quem tinha chefiado a expedição que primeiro chegara a Aurora? Quem tinha supervisionado a terraformação do planeta em estado bruto, escassamente vivo, de onde Aurora tinha surgido? Ela não sabia” (RI:69). Terraformar. A palavra significa, literalmente, “dar forma de *Terra a”, e se aplica a planetas que viriam a ser colonizados por habitantes da Terra, e para isso, transformados para que passassem a ter as características da Terra, o que os tornaria capazes de receber seres vivos de origem terrestre. É o que explica a personagem *Kelden Amadiro em *Os robôs e o Império: “A inteção foi fazer os [robôs] humaniformes abrirem novos mundos, para os quais eles [os habitantes da Terra] pudessem finalmente emigrar, depois que esses mundos fossem terraformados e tornados inteiramente habitáveis, ou não foi?” (RI:56). A terraformação se daria, por exemplo, com a introdução e cultivo de vegetais, para produção de oxigênio. Quando os habitantes da Terra haviam colonizado apenas a Lua, Vênus, Marte e seus satélites, o autor já se refere às adaptações necessárias à existência da vida humana nos planetas colonizados, sem utilizar o verbo “terraformar” nem o substantivo dele derivado, isto é, “terraformação”, como no seguinte excerto da coletânea de contos Nós, os marcianos: “A Terra existe, e ela se ajeita às pessoas, e as pessoas se ajeitam a ela. As pessoas aceitam a Terra assim como ela é. Marte é diferente. É um lugar áspero, duro. As pessoas devem encontrar uma maneira de aproveitar o que existe. Precisam construir seu mundo, e não apenas aproveitar o que encontram. Marte ainda não é muita coisa, mas estamos construindo, e quando tudo terminar, teremos exatamente o que gostamos”. (ASIMOV, Nós, os marcianos, s.d.:40). O verbo e o substantivo vão aparecer principalmente no romance *Os robôs e o Império, último livro da série sobre *Robótica, como no excerto seguinte: “O solo é frequentemente infecundo, mas uma vez que ele e o oceano passem por uma terraformação biológica – isto é, uma vez semeados com a vida terrestre – a vida viceja e o planeta pode ser colonizado” (RI:211). Terra Nova. Uma das denominações dadas ao planeta *Aurora. Terráqueo. Termo empregado para indicar os habitantes ou os originários do planeta *Terra, especialmente nos romances *As correntes do espaço, *Os robôs e o império, nos quais nem sempre é usado com caráter pejorativo. Veja-se, por exemplo, no primeiro romance, a fala da personagem conhecida como *Rik: “- Este – disse Abel, apontanto para Fife. É o maior Nobre que jamais viveu. Ele tem o mundo todo. O que você acha dele? - Eu sou um terráqueo. Ele não me possui – disse *Rik audaciosamente” (CR:1812). No segundo romance, diz *Elijah Baley, inspetor de polícia da Terra: “A humanidade, que na forma de Terráqueos ou Espaciais, precisa se expandir. Eu gostaria de ver os Terráqueos empreenderem a tarefa, mas, se isto não for possível, a expansão dos Espaciais é melhor do que nenhuma. Uma alternativa ou outra” (RI:52). A mesma designação, também sem caráter pejorativo, ocorre no romance *Os robôs do amanhecer, como na seguinte passagem, em que o roboticista *auroreano *Han Fastolfe se dirige ao detetive Elijah Baley: “Houve um inquérito público, meu caro terráqueo. Fizeram-me perguntas que o senhor está agora repetindo e respondi com a verdade. Responder assim é um costume auroreano” (RA:80). Terrenho. Termo pejorativo usado para indicar os habitantes do planeta *Terra, especialmente no romance *827 Era Galáctica. Térreo. Termo pejorativo usado para indicar os habitantes ou originários do planeta *Terra. Terrestre. No romance *827 Era Galáctica, o termo indicava o natural do planeta *Terra, em oposição a *Forasteiro, natural de qualquer outro planeta. No romance, o conceito que se fazia do Terrestre era o pior possível, resumido na seguinte fala de um comensal de *Ennius, Procurador do Império Galáctico na Terra: ”Se entendo corretamente, dr. [Bel] Arvardan, você está tentando nos impingir que estes cachorros Terrestres são os descendentes de uma raça antiga, que possivelmente foi a origem de toda a humanidade? (...) Pois se assim for (...) e tenho fortes dúvidas a respeito, ficarei realmente surpreso. (...) Em minha opinião, estes Terrestres são velhacos e safados, sem exceções. Carecem daquela centelha que levou a humanidade a se expandir por toda a Galáxia. Intelectualmente, são definitivamente inferiores a nós. São preguiçosos, supersticiosos, avarentos e não possuem a menor nobreza da espírito. Desafio você ou qualquer outra pessoa a me mostrar um Terrestre que possa ser comparado em qualquer sentido a um verdadeiro homem – como você e como eu – e só neste caso vou chegar a admitir que possam ser descendentes de uma raça que talvez tenha produzido nossos antepassados” (827:39). Acrescrenta *Flora, personagem do mesmo romance, sobre os habitantes da Terra: “Estes homens da Terra são apenas umas pobres criaturas (...). O que mais poderiam ter, a não ser uma fé? Carecem de tudo – de um mundo decente e de uma vida decente. Nem ao menos possuem dignidade, pois não são aceitos como iguais pelo resto da Galáxia. Só podem se refugiar num mundo de sonhos” (827:69). O termo, no entanto, pode ser usado com caráter pejorativo, como na seguinte passagem do romance *Os robôs: “- Parecia tão simpático, tão compreensivo! E afinal... não passa de um Terrestre” (R:113). v. Habitantes da Terra. Thallos. Personagem mencionada no romance *Segunda Fundação como antecessor de *Stettin, *Primeiro Cidadão de *Kalgan (SF:439). Tipellum. “Oficial Subalterno”, mencionado no romance *Segunda Fundação (SF:476). Tirânia. Planeta de origem dos *tiranianos, povo que dominou a *Terra e vários outros planetas, no início da formação do *Império Galáctico. Citado no livro *Poeira de Estrelas, quando governos de diferentes planetas estavam constantemente em luta. Diz o romance sobre esses planetas e suas guerras: “Somente Ródia conseguira manter uma estabilidade duradoura (...). Estaria talvez no bom caminho para o estabelecimento final de um império transnebular dentro de um ou dois séculos, ocasião em que os tiranianos surgiram realizando o serviço no espaço de dez anos. É irônico o fato de terem sido justamente os homens de Tirânia. Até então, durante os setecentos anos de sua existência, Tirânia fizera pouco além de manter uma autonomia precária, graças principalmente às condições indesejáveis de sua natureza estéril, a qual, devido à escassez de água planetária, era em grande parte desértica” (PE:59). Tiranianos. Personagens do livro *Poeira de Estrelas, originários do planeta *Tirania. Dominavam a *Terra e outros planetas, nos primeiros tempos da constituição do Império Galáctico: “Os tiranianos controlam cinquenta mundos. Sua situação é de minoria na proporção de um para cem. Assim sendo, não basta apelar para a força. Suas especialidades são os métodos dúbios, a intriga, os assassinatos. A rede que tecem através do espaço é muito extensa e sua trama é muito fechada. Eu bem posso crer que se estenda pelos 500 anos-luz que os separam da Terra” (PE:24). No mesmo romance, há nova referência aos tiranianos: “Havia decorrido mais de cinquenta anos desde a chegada dos tiranianos, pondo um fim súbito às existências independentes de duas dúzias de unidades políticas espalhadas nas profundezas além da nebulosa. E então, súbita e prematuramente, foram envolvidas pela paz do estrangulamento em que agora se encontravam” (PE:30). Titã. Satélite natural do planeta Saturno; nele se passa a pequena história narrada no conto “*Primeira Lei”, do conjunto de quatro contos com o título geral de “*Powell e Donovan”, da coletânea *Nós, robôs. Segundo a narrativa, no satélite, a estação das tempestades “dura oitenta por cento da revolução de Titã em torno de Saturno. Durante as nevascas terríveis, (...) As bússolas não adiantam nada, porque Titã não tem campo magnético” (NR:211). Tomas Bistervan. Habitante de *Baleyworld, conhecido como “o Velho”, um dos chefes do grupo denominado “Falcões de Guerra”, inimigos dos *Espacias, contra os quais pregavam a guerra, e que pretendia que a exploração da galáxia fosse feita exclusivamente pelos habitantes da *Terra, ao que se opunham os Espaciais, que reivindicavam essa exclusividade. A personagem é descrita da seguinte forma: “...era alto e vigoroso, com sobrancelhas brancas hirsutas caindo sobre os olhos. Seu cabelo fino era também branco, e sua indumentária escura, adornada por uma listra branca nas mangas e pernas das calças, como que determinando limites estritos para seu corpo” (RI:165). Tony. Robô da série TN-3, da qual deriva seu nome, como explica a personagem *Susan Calvin: “Tony é um robô, e sua designação real, nos arquivos da companhia, é TN-3, mas ele atende pelo mome de Tony”. (NR:287). Personagem do conto “*Satisfação garantida”, da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de dez histórias a que o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267). A personagem é descrita rapidamente no início da história: “Tony era alto e moreno, bem-apessoado, de aspecto inacreditavelmente aristocrata, que transparecia em todos os traços de sua expressão imutável” (NR:286). Torã [ou Toran] Darell. Filho de *Bayta Darell e pai de *Arcádia Darell. Personagem do romance *Segunda Fundação. Torã [ou Toran] Darell e sua filha, *Arcádia Darell, voltam a ser lembrados no romance *Fundação II, sobre a derrota do *Mula por Bayta Darell: “Era pouco lembrado que o Mula fora, essencialmente, derrotado por uma só pessoa, uma mulher: Bayta Darell, e que ela conquistou esta vitória sem a ajuda de ninguém, sem sequer o apoio do Plano de Seldon. Assim também foi esquecido que seu filho e sua neta, Tora [ou Toran] e Arcádia Darell tinham derrotado a Segunda Fundação, deixando a Fundação, a Primeira Fundação, suprema” (F2:34). Trantor. Nome do planeta-capital do *Império Galáctico, anteriormente denominado *Confederação Trantoriana e depois *República Trantoriana. A primeira referência ao planeta-capital do Império Galáctico aparece em *Prelúdio da Fundação, numa citação da *Enciclopédia Galáctica: “(...) A capital do Primeiro Império Galáctico (...) Sob o reinado de Cleon, ela atingiu o seu crepúsculo. Aos olhos de todos, entretanto, estava no auge de seu esplendor. Sua superfície continental de duzentos milhões de quilômetros quadrados estava inteiramente recoberta por cúpulas (com exceção da área do Palácio Imperial) formando uma única e ilimitada megalópole que se estendia até mesmo para baixo das plataformas continentais. A população era de quarenta bilhões de habitantes, e embora houvesse indícios numerosos (e claramente visíveis, numa análise retrospectiva) de que seus problemas estavam se multiplicando, aqueles que viviam em Trantor ainda tinham o planeta na conta do Mundo Eterno referido pelas lendas, e não imaginavam que ele um dia... (...) Quase nunca é representado visualmente como se visto do espaço. Há muito tempo, se impôs à mente da humanidade como um mundo fechado, e sua imagem típica é a da colméia humana que existe por baixo das cúpulas. No entanto, há uma parte exterior, e ainda se conservam algumas holografias tiradas do espaço que nos fornecem visões em vários graus de detalhe (...) Deve-se notar que a parte externa das cúpulas, por sobre a vasta cidade e a atmosfera que a envolve, é uma região referida naquela época como “a Superfície”, e que... (Enciclopédia Galáctica. In PF:43)”. No livro Fundação, aparece outra citação da mesma *Enciclopédia Galáctica, com outras informações sobre Trantor: “No início do décimo terceiro milênio, esta tendência atingiu o clímax. Como centro do Governo Imperial por centenas de gerações, e localizado como estava, nas regiões centrais da Galáxia, entre os mundos mais densamente povoados e tecnologicamente avançados de todo o sistema, não podia deixar de ser o mais rico e denso grupamento de seres humanos que a Raça jamais vira. Sua urbanização progrediu rapidamente até atingir o apogeu. Toda a superfície de Trantor, 100 milhões de quilômetros quadrados de extensão, formavam uma única cidade. A numerosa população mal ultrapassava os 40 bilhões e devotava-se quase inteiramente às necessidades administrativas do Império. Apesar disso não bastava para a complexa tarefa. (Deve lembrar-se que a impossibilidade de uma administração cuidada de todo o Império Galáctico, sob a direção pouco inspirada dos últimos imperadores, foi um fato considerável no Declínio). Diariamente esquadras de navios (aos milhares) traziam os produtos de vinte mundos agrícolas para os mercados de Trantor... A necessária dependência dos mundos exteriores, que asseguravam a sua manutenção, tornava Trantor cada vez mais vulnerável à conquista. No último milênio do Império a monotonia das numerosas revoltas fez com que os seus imperadores se tornassem mais conscientes da realidade, de modo que a política imperial se tornou pouco mais do que uma teimosa proteção à sensível veia jugular de Trantor...” (Enciclopédia Galáctica. In F:14). Em Fundação e Império, explica-se o seguinte sobre o planeta imperial Trantor: “Mas era mais do que um planeta; era o pulso vivo de um Império de vinte milhões de sistemas estelares. Só tinha uma função, a administração; um objetivo, o governo; um produto manufaturado, a lei” (FI:207). Também no romance *Segunda Fundação há uma citação da Enciclopédia Galáctica, a respeito do planeta-capital do Império Galáctico: “TRANTOR. Pelos meados do Interregno, Trantor era uma sombra. No meio das ruínas colossais vivia uma pequena comunidade de agricultores...” (Enciclopédia Galáctica) (SF:451). No livro O futuro começou, que reúne seus primeiros contos publicados, seguidos de informações sobre eles, Asimov refere-se a *Trantor, que viria a aparecer em sua obra. Diz o autor, ao fazer anotações sobre o conto “O Frei negro da chama” (p.92): “Em ‘O frei negro da chama’, como na série ‘Fundação’, os seres humanos ocupam diversos planetas; e os dois mundos mencionados nesta, Trantor e Santanni, também desempenham importantes papéis na outra. (De fato, a primeira história da série ‘Fundação’ aparecia uns dois meses depois de ‘O frei negro da chama’, graças ao atraso desta última) (p. 126). Trantoriano. Natural ou habitante de *Trantor, o planeta-capital do *Império Galáctico. Depois da queda do Império e da quase total destruição de Trantor, os habitantes que ainda restavam, dedicados à agricultura e à pecuária, passaram a denominar-se “hamish”, segundo o romance *Fundação II. O tradutor do romance para o protuguês faz a seguinte anotação sobre o termo: “Um jogo de palavras do autor. Alusão à ultraconservadora seita protestante “amish”, (do fundador: Jakob Amman), ou menonita. O nativo do planeta “Home” (o lar) é “hamish”, e não “homish” como se poderia esperar, em inglês. Sinônimo do antigo “capira” nos EUA: roupas simples, brancas e pretas, suspensórios, chapéu de palha, pé no chão, e um eterno lenço na cabeça, para as mulheres (F2:83). O mesmo livro esclarece que os lavradores “hamish” nunca chamavam a si mesmos “trantorianos”, pois consideravam o termo de mau agouro. Os membros da *Segunda Fundação, que se haviam instalado em Trantor depois de sua suposta destruição, é que se auto-denominavam “trantorianos”. Trev. Redução da palavra Trevize. Nome dado por *Bliss, personagem dos romances *Fundação II e *A Fundação e a Terra, a *Golan Trevize, também personagem dos dois romances, em sua suposta busca pelo planeta *Terra, em companhia de *Janov Pelorat, e, depois, da própria Bliss. “Um Dia”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra o conjunto da coletânea a que o autor deu o título de “Alguns robôs não humanos”. “Um Estranho no Paraíso”. Conto da coletânea *Nós, Robôs. A história integra o conjunto da coletânea a que o autor deu o título de “*Alguns robôs imóveis”. União de Sayshell. Grupo de planetas, citado no livro *Fundação II. No planeta capital, *Sayshell, aportaram as personagens *Golan Trevize e *Janov Pelorat, em sua busca pelo esquecido planeta *Terra. A expressão indica o grupo de oitenta e seis sistemas planetários (F2:250), que, liderados pelo planeta Sayshell, desmembraram-se do *Império Galáctico, segundo explica a personagem *Sotayn Quintesetz, no romance mencionado: “A União de Sayshell rompeu seus laços com o Império, e ainda celebramos o aniversário daquele evento como o Dia da União” (F2:239). União dos Mundos. Nome dado pelo *Mula ao conjunto de planetas por ele governado, depois da queda do *Primeiro Império Galáctico e da derrota da *Primeira Fundação. Breve passagem da *Enciclopéida Galáctica, citada no romance *Segunda Fundação, diz o seguinte sobre a União dos Mundos: “‘União dos Mundos’ sob o domínio do Mula, firmemente governada, que compreendia um décimo do volume da Galáxia, e um quinze avos de sua população. Particularmente durante a época da chamada Procura... (Enciclopédia Galáctica)” (SF:341). Único. Uma das denominações dadas ao planeta *Terra, quando já se havia tornado um mito. United States Robots and Mechanical Men Corporation, ou U. S. Robots and Mechanical Men Corporation. Companhia fabricante de robôs, mencionada em vários trabalhos de Isaac Asimov, como em alguns contos da coletânea *Nós, robôs. Universidade de Streeling. A menção à Universidade de Streeling, onde *Hari Seldon encontrou *Dors Venabili, sua futura companheira, ocorre no livro *Prelúdio da Fundação: “Uma instituição de estudos avançados no Setor Streeling da antiga Trantor... Apesar de ser considerada famosa tanto no campo das ciências exatas quanto no das humanidades, não foi devido a isso que o nome da Universidade se impregnou tão fortemente na consciência contemporânea. Gerações inteiras de pesquisadores teriam provavelmente uma enorme surpresa se soubessem que nos tempos futuros a Universidade de Streeling seria lembrada, principalmente, porque um certo Hari Seldon teve ali um curto período de residência, durante a fase de sua vida conhecida como A Fuga (PF:65). Universidade Galáctica. A primeira menção à Universidade Galáctica ocorre no livro Prelúdio da Fundação (PF:21). U.S. Robots. v. United States Robots and Mechanical Men Corporation. Valona March. Camponesa natural do planeta *Florina, dedicada amiga de *Rik, *analista espacial, *terráqueo e desmemoriado, personagens do livro *Correntes do espaço. Valona March é assim descrita por Rik: [Rik] “Parou e olhou para ela. Tinha cabelos de um tom entre loiro e castanho. Ela os usava em duas grossas tranças presas juntas com pequenos alfinetes magnetizados com pedras verdes. Eram alfinetes muito baratos e tinham um aspecto desbotado. Usava um vestido de algodão simples, o necessário para aquele clima ameno, da mesma maneira que o próprio Rik precisava somente de uma camisa aberta, sem mangas, e calças de algodão (CE:14). “Vamos nos Unir”. Conto da coletânea *Nós, robôs. Integra o conjunto de contos da coletânea a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”. Curiosamente, não aparecem robôs na história, como diz o próprio Asimov na nota que introdutória do citado conjunto: “Uma das três histórias desta parte, “*Vamos nos unir’, é a única história do livro onde os robôs, na realidade, não aparecem’” (NR:161). Vasil Deniador. Personagem do romance *A Fundação e a Terra. Historiador, habitante do planeta *Comporellon, deu informações a *Golan Trevize, a *Janov Pelorat e a *Bliss sobre o planeta *Terra. Vasilia Fastolfe ou Vasilia Aliena. Personagem do romance *Os robôs do amanhecer. Roboticista, natural do planeta *Aurora e filha de *Han Fastolfe, também personagem dos dois romances citados. Por não gostar do pai, recusavase a usar seu nome, preferindo o nome Vasilia Aliena (RA:203). Velho. Uma das denominações dadas ao planeta *Terra, quando já se havia tornado um mito. “Versos na Luz”. Conto da coletânea *Nós, robôs, parte do conjunto a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs metálicos”. Vincent Silver. Personagem mencionada no conto “*O conflito evitável”, da coletânea *Nós, robôs. Faz parte do conjunto de dez histórias ao qual o autor deu o título geral de “*Susan Calvin” (NR:267). “Vitória Involuntária”. Conto da coletânea *Nós, robôs. A história integra o conjunto de histórias a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs metálicos”, na mesma coletânea. O conto foi também reproduzido na antologia Os novos robôs, com o mesmo título. Yugo Amaryl. Térmico de *Dahl, setor pobre do planeta-cidade *Trantor, setor responsável pela geração de grande parte da energia por consumida planetacidade, e que conseguiu tornar-se um matemático, graças à ajuda de *Hari Seldon. A *Enciclopédia Galáctica assim se refere a Yugo Amaryl: “... Um matemático que, juntamente com o próprio Hari Seldon, pode ser considerado como um dos responsáveis pela estruturação da psico-história. Foi ele quem... E, no entanto, as condições em que passou a primeira parte de sua vida chegam quase a ser mais impressionantes do que seus feitos matemáticos. Nascido na pobreza, no seio das classes baixas de Dahl, um setor da antiga Trantor, ele poderia ter sido relegado a uma vida de total obscuridade se não fosse pelo fato de Seldon , quase por acidente, encontrá-lo no transcurso da... [Fuga] (Enciclopédia Galáctica. In PF:299). A personagem volta a figurar no livro *Crônicas da Fundação, que a ela se refere da seguinte forma: “Oito anos antes, ele era um térmico em Dahl. Mais baixo na escala social, seria impossível. [Hari] Seldon o tirara daquela situação, transformando-o em um matemático, em um intelectual… mais do que isso, em um psico-historiador” (CF:11). Yume. Nome de um dos comandantes do general *Bel Riose, mencionado no romance *Fundação e Império (FI:167) ZZ Dois. Identificação de um robô do conto “*Vitória involuntária”, da coletânea *Nós, robôs, do conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”. ZZ Três. Identificação de um robô do conto “*Vitória involuntária”, da coletânea *Nós, robôs. A história faz parte do conjunto ao qual o autor deu o título geral de “*Alguns robôs metálicos”. ZZ Um. Identificação de um robô do conto “*Vitória involuntária”, da coletânea *Nós, robôs. A história integra o conjunto de contos a que o autor deu o título geral de “*Alguns robôs metálicos”. Walensky. Operário eletricista, personagem do conto “*Robozinho perdido”, do conjunto de dez contos com o título geral de “*Susan Calvin”, da coletânea *Nós, robôs. (NR:357). Wanda. Nome de obscuro planeta, “temporariamente transformado em quartelgeneral Imperial”, durante as lutas de *Bel Riose contra a Fundação, citado no romance *Fundação e Império (FI:186). Wanda Seldon. Filha de *Raych Seldon e de sua mulher, *Manella Dubanqua e neta de *Hari Seldon. No romance *Crônicas da Fundação, há pequena descrição de Wanda Seldon aos oito anos de idade: “Já parecia uma mocinha: muito séria, cabelos lisos castanho-claros, olhos azuis, que estavam escurecendo com o passar do tempo. Talvez acabasse com os olhos castanhos, como o pai” (CF:203). Mais adiante, o mesmo romance dá outras informações sobre a neta de Hari Seldon, retiradas do verbete respectivo da *Enciclopédia Galáctica: “... Nos últimos anos de vida, Hari Seldon estabeleceu uma ligação muito forte (a ponto de tornar-se dependente, segundo alguns) com a neta, Wanda. Órfã desde a adolescência, Wanda Seldon se dedicou de corpo e alma ao Projeto de Psicohistória do avô, preenchendo a lacuna deixada por Yugo Amaryl... Os resultados dos trabalhos de Wanda Seldon permanecem praticamente desconhecidos, já que foram conduzidos em segredo. Os únicos indivíduos que participaram dessa pesquisa, além de Wanda, foram o próprio Hari e um rapaz chamado Stettin Palver (um dos seus descendentes, Preem, contribuiria quatrocentos anos mais tarde com a reconstrução de Trantor depois do Grande Saque [1300 D.F.])... Embora não se saiba exatamente qual foi o papel de Wanda Seldon no estabelecimento da Fundação, tudo leva a crer que sua contribuição tenha sido extremamente importante...” (Enciclopédia Galáctica. In CF:295). Washenn. No romance *827 Era Galáctica, possivelmente forma de *Washington, então capital do planeta *Terra (827:76). Washington. A cidade está mencionada com este nome no romance *Os robôs (R:5) e no conto “*Vamos nos unir”, do conjunto de contos da coletânea *Nós, robôs, a cujo conjunto o autor deu o título geral de “*Alguns robôs humanoides”. William Smith. Personagem do conto “*Estranho no paraíso”, do conjunto de contos com o título geral de “*Alguns *robôs metálicos”, da coletânea *Nós, robôs. William se autodenominava “Anti-Aut”, expressão por ele mesmo explicada posteriormente: “-Trabalho com crianças autistas (...) digamos que cuido de crianças que não se ‘lançam’ para o mundo, que não se comunicam com os outros, que mergulham dentro de si mesmas e que existem atrás de uma muralha de pele, nun certo sentido inatingíveis. Espero ser capaz, um dia, de curá-las... -É por isso que você se intitula Anti-Aut? -Sim, para ser franco” (NR:116). Wilson Roth. Personagem do romance *Os robôs do amanhecer: “Roth não invulgarmente alto nem gordo. Tinha, no entanto, a cabeça grande, que estava plantada num pescoço ligeiramente inclinado para a frente. Isso o tornava pesado: corpulento e cabeçudo. Tinha também as pálpebras caídas, sombreando os olhos. Parecia estar sempre sonolento, porém jamais perdia alguma coisa” (RA:18). World Robots. De acordo com o conto *“... Para que vos ocupeis dele”, da coletânea *Nós, robôs, e integra o conjunto a que o autor deu o título geral de “*Dois clímaxes”, denominação aventada para substituir o nome *U. S Robots, sugestão não aceita por seu superintendente e maior acionista, Maxwell Robertson (NR:487). Wye. Um dos setores de *Trantor, o planeta-cidade capital do *Império Galáctico, para onde foram levados *Hari Seldon e seus dois companheiros, *Dors Venabili e e o jovem *dahliano *Raych, no período da vida do matemático conhecido como A *Fuga. Sobre o setor de Wie, a *Enciclopédia Galáctica dá as seguintes informações: “... Um dos setores da antiga cidade-planeta de Trantor... Nos derradeiros séculos do Império Galáctico, Wie era a zona mais poderosa e mais estável da cidadeplaneta. Seus governantes alimentavam uma antiga aspiração ao trono imperial, baseados nos fatos de que alguns de seus antepassados tinham sido imperadores. Sob o governo de Mannix IV, Wie era um setor fortemente militarizado e (como foi alegado depois pelas autoridades do Império) estava planejando um golpe para assumir o controle do planeta... (PF:399). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Edições consultadas dos livros que constituem a “História do Futuro” Temática predominante: A Robótica Nós, robôs. (The Complet Robot). Tradução de Norberto de Paula Lima e de Mário Sílvio Molina Caetano. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. Caça aos robôs. (The Caves of Steel). Tradução de Agatha M. Auersperg. São Paulo: Hemus, s.d. Os robôs (The Naked Sun). Tradução de Jonas Camargo Leite. São Paulo: Hemus, s.d. Os robôs do amanhecer. (The Robots of Dawn), 5.ed.Tradução de José Sanz Rio de Janeiro/São Paulo: Record,1996. Os robôs e o Império. (Robots and Empire). Tradução de José Sanz. Rio de Janeiro: Record, s.d. Temática predominante: O Império Galáctico As correntes do espaço. (The Currents of Space). Tradução de Luiz Roberto de Godoi Vidal. São Paulo: Hemus, s.d.[1952] Poeira de estrelas. (The Stars Like Dust), 2.ed. Tradução de Stella Alves de Souza. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura,1971. 827 Era Galáctica. (Pebble in the Sky). Tradução de Agatha M. Auersperg. São Paulo: Hemus, s.d. Temática predominante: A Fundação Prelúdio da Fundação. (Prelude to Foundation). Tradução de Bráulio Tavares. Rio de Janeiro: Record, s.d. Crônicas da Fundação. (Forward the Foundation). Tradução de Ronaldo Sérgio de Biasi. Rio de Janeiro: Record,1993. Fundação. (Foundation). Tradução de Eduardo Nunes Fonseca. São Paulo: Hemus,1976. [Integra o livro Fundação, com a trilogia: Fundação, Fundação e Império e Segunda Fundação]. Fundação e Império. (Foundation and Empire). Tradução de Eduardo Nunes. São Paulo: Hemus, 1976. [Integra o livro Fundação, com a trilogia: Fundação, Fundação e Império e Segunda Fundação]. Segunda Fundação. (Second Foundation). Tradução de Eduardo Nunes. São Paulo: Hemus, 1976. [Integra o livro Fundação, com a trilogia: Fundação, Fundação e Império e Segunda Fundação]. Fundação II: a decisão de um só homem mudando os destinos da galáxia. (Foundation’s Edge). Tradução de Norberto de Paula Lima. São Paulo: Hemus, 1976. [Integra o livro Fundação, com a trilogia: Fundação, Fundação e Império e Segunda Fundação]. A Fundação e a Terra. (Foundation and Earth). Tradução de Ronaldo Sérgio de Biasi. Rio de Janeiro: Record, s.d. Outras obras de Isaac Asimov ASIMOV, Isaac. Círculo vicioso. In O homem bicentenário (contos). Tradução de Milton Persson. Porto Alegre: L&PM, s.d., p. 83-118. (O conto faz parte também da antologia Máquinas que pensam, organizada por Isaac Asimov, editada pela L&PM Editores, em 1985). ASIMOV, Isaac. Grande sol de Mercúrio (Lucky Starr and the big sun of Mercury). Tradução de Agatha M. Auersperg. São Paulo: Hemus, s.d., 193 p. ASIMOV, Isaac. O futuro começou. (The Early Asimov). Tradução de Norberto de Paula Lima, Danusa Scarton Rabello Alves e Valéria Fernandes. São Paulo: Hemus, 1978, 470 p. ASIMOV, Isaac. O homem bicentenário. In O homem bicentenário (contos). Tradução de Milton Persson. Porto Alegre: L&PM, s.d., p. 9-82. (O conto faz parte da antologia Máquinas que pensam, organizada por Isaac Asimov, editada pela L&PM Editores, em 1985, e da coletânea Nós, robôs). ASIMOV, Isaac, O robô de Júpiter. (Lucky Starr and the Moons of Jupiter). Tradução de Lindbergh C. de Oliviera. São Paulo: Hemus s.d., 142 p. ASIMOV, Isaac. Os oceanos de Vênus (Lucky Starr and the Oceans of Venus). Tradução de Agatha M. Auersberg. São Paulo: Hemus, 19[80], 145 p. ASIMOV, Isaac. Vigilante das estrelas (Lucky Starr and the Pirates of the Asteroids). Tradução de Attilio Cancian. São Paulo, Hemus, s.d., 162 p. ASIMOV, Isaac. Os robôs, os computadores e o medo. Prefácio, in Histórias de robô (contos). (Machines that Think: The best science fiction stories about robots and computers) edited by Isaac Asimov, Patricia S. Warrick and Martin H. Greenberg. Tradução de Milton Person. Porto Alegre: L&PM, 2005. 3 v. ASIMOV, Isaac. Sonhos de robot (contos). (Robot Dreamns). Tradução de Mário Redondo. Lisboa: Publicações Europa-América, s.d., 400 p. ASIMOV, Isaac. Nós, os marcianos. In Nós, os marcianos (contos). (The Martian Way). Tradução de Agatha M. Auersperg. São Paulo: Hemus, s.d. ASIMOV, Isaac. Os novos robôs (contos). (The rest of the robots). Tradução de Áurea Weissenberg. São Paulo: Edibolso, s.d., 192 p. ASIMOV, Isaac. As correntes do espaço (romance). (The currents of Space). Tradução de Luiz Roberto de Godoi Vidal. São Paulo: Hemus, s.d., 205 p. ASIMOV, Isaac. Crônicas da Fundação (Forward the Foundation). Tradução de Ronaldo Sérgio de Biasi. Rio de Janeiro: Record, 1993, 415 p. ASIMOV, Isaac. Mistérios (contos). 2.ed. (Asimov’s Mysteries). Tradução de Maria Célia Bandeira. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1971, 205 p. ASIMOV, Isaac. A Terra tem espaço (contos). (Earth Room Enough).Tradução de Affomdo Blacheyre. São Paulo: Hemus, s.d., 205 p. ASIMOV, Isaac. “Mentiroso!” (conto). In Eu, robô. (I, Robot). Tradução de Luís Horácio da Matta. São Paulo: Edibolso, s.d., p. 117-141. O conto aparece, tambérm, na coletânea Nós, robôs. ASIMOV, Isaac. Nove amanhãs (contos). (Nine Tomorrows). 2.ed.Tradução de Stella Alves de Sousa. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1972, 233 p. ASIMOV, Isaac. El Sol Desnudo (The Naked Sun). Tradução de Toni López. México: Delbolsillo, 2006, 279 p. ASIMOV, Isaac. Os robôs (The Naked Sun). Tradução de Jonas Camargo Leite. São Paulo: Hemus, 1975, 264 p. ASIMOV, Isaac. Poeira de estrelas. (The stars like dust). 2.ed. Tradução de Stella Alvez de Sousa. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1971, 281 p. ASIMOV, Isaac. Eu, Robô (contos) (I, Robot). Tradução de Luís Horácio da Matta, Rio de Janeiro, Edibolso, s.d., 271 p. Outras obras e artigos citados BERTOL, Rachel. Astronautas literários. O Globo, Rio de Janeiro, 15 abr. 2006. Caderno Prosa & Verso, p. 1. BRESSANE, Ronaldo. Nós, outros. Revista da Cultura. São Paulo, edição 34, maio de 2010. CARVALHO, Antônio Pinto de. A Revolta dos ‘Robots’. Kriterion. Revista da Faculdade de Filosofia da Universidade de Minas Gerais. V. XVI, n.o 63, janeiro a dezembro de 1963. Belo Horizonte, p. 77-86. CAUSO, Roberto de Sousa. Ficção científica, fantasia e horror no Brasil: 1875 a 1950. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2003. 337 p. LUCAS, Fábio. Ficção Brasileira Contemporânea: a ficção científica. In Caráter social da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970, p. 128. MOSKOWITZ, Sam. “Foundation” de Isaac Asimov. In ASIMOV, Isaac. Poeira de estrelas, 2.ed. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1971, p.275-281. PEREIRA, Marcelo. O futuro tem dono: ele. A Gazeta, Vitória, 3 jan. 2007. Caderno Dois, p. 1. [Artigo sobre Philip K. Dick]. TAVARES, Bráulio. (Seleção e apresentação). Páginas do futuro: contos brasileiros de ficção científica. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2011. 156 p. TEIXEIRA, Rafael. Um mundo fantástico ainda a ser desbravado. O Globo, Rio de Janeiro, 15 abr. 2006. Caderno Prosa & Verso, p. 3.