A Importância do Apoio Institucional na Implementação
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A Importância do Apoio Institucional na Implementação
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA: CONCENTRAÇÃO EM GESTÃO DA ATENÇÃO BÁSICA A Importância do Apoio Institucional na Implementação do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ): Avaliação dos resultados. Feira de Santana 2013 ROGEANE DA SILVA BORGES 3 A Importância do Apoio Institucional na Implementação do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ): Avaliação dos resultados. Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Saúde Coletiva: concentração em Gestão da Atenção Básica, ofertado pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, entregue como prérequisito para o recebimento do título de Especialista. Linha de pesquisa: Análise e ou avaliação de políticas e programas de saúde. Orientadora: Andréa Leitão Ribeiro Feira de Santana 2014 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------06 2. OBJETIVOS-----------------------------------------------------------10 2.1 OBJETIVO GERAL 2.2 OBJETIVOS ESPECÌFICOS 3. METODOLOGIA-------------------------------------------------------11 4. RESULTADOS----------------------------------------------------------12 5. DISCUSSÃO------------------------------------------------------------18 6. CONSIDERAÇÔES FINAIS-----------------------------------------21 REFERÊNCIAS 5 1. INTRODUÇÃO A construção do Sistema Único de Saúde (SUS) teve muitos avanços nos últimos anos e a cada dia vemos o quanto a Atenção Primária à Saúde (APS) tem contribuído para o seu fortalecimento. Devido a APS ter um papel fundamental no funcionamento do SUS, se bem organizada com profissionais preparados, tem a capacidade de resolver 80% dos problemas de saúde. Uma das características é ser porta de entrada para o sistema de saúde, mas para que as pessoas vejam como porta de entrada é preciso que tenham acesso diante de um problema de saúde, que sejam acolhidos e que tenha resolubilidade. Em 2006 o Ministério da Saúde (MS) criou a Política Nacional da Atenção Básica (PNAB), voltada para os princípios e diretrizes dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e da Gestão, fundamentando-se nos eixos transversais da universalidade, integralidade e equidade, em um contexto de descentralização e controle social (BRASIL, 2004). Em outubro de 2011 surge a portaria 2.488 do Ministério da Saúde que aprova a nova PNAB estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica e principalmente para a Saúde da Família que é estratégia prioritária para a expansão e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). A nova PNAB atualizou conceitos na política e introduziu elementos ligados ao papel desejado da AB mais fortalecida, mais acolhedora, resolutiva e que avança tanto na gestão como na coordenação do cuidado do usuário nos demais pontos da rede de atenção (BRASIL, 2012). Visando a organização da Rede de Atenção à Saúde para que se consolide a assistência de acordo os princípios do SUS de universalidade, integralidade e equidade e consequente mudança de modelo de atenção à saúde, surge o apoio institucional que é um modelo de gestão, que na Atenção Básica vem sendo utilizado para organizar o processo de trabalho das equipes de saúde da família e da gestão, orientando o trabalho coletivo cotidiano em função das necessidades e prioridades de saúde dos usuários do SUS. Algumas das atuações do apoio Institucional são de proporcionar uma maior aproximação dos gestores e trabalhadores, estimular os profissionais das equipes a refletirem sobre suas práticas e o seu processo de trabalho, identificando os nós críticos que dificultam realizar o seu processo de trabalho de acordo com os princípios da Política Nacional da Atenção Básica. (PNAB). O Apoio Institucional também institui espaços regulares de 6 reuniões de equipe, contribui com as equipes na organização da unidade, agenda compartilhada, mural para o cardápio de ofertas e horário de funcionamento da unidade, organização dos prontuários, caixa de sugestões, implantação do acolhimento à demanda espontânea e promove processo de educação permanente com envolvimento da comunidade no planejamento das ações. Campos (2003) indica a função do apoiador institucional como aquele que ajuda na gestão e na organização de processos de trabalho, na construção de espaços coletivos nos quais os grupos analisam, definem tarefas e elaboram projetos de intervenção. O apoiador institucional compromete-se com as equipes a quem deve comunicar suas avaliações e suas análises. Nesse sentido, contribui para a efetivação dos processos de co-gestão no trabalho, devendo principiar com a construção de um contrato que estabelece expectativas, objetivos, regras, métodos e o que mais surgir durante o processo. Apoio é diferente de supervisão. A supervisão tem o caráter punitivo, de fiscalização e controle das ações desenvolvidas pelos profissionais das equipes de saúde da família, além de ser fragmentado e verticalizado. O apoio proporciona espaços de construção e reflexão das práticas, buscando a ampliação da capacidade e da autonomia dos profissionais da atenção básica a partir da compreensão de seu próprio processo de trabalho (BARROS e DIMENSTEIN, 2010). Existem diversas modalidades de apoio: apoio institucional, apoio à gestão e apoio matricial. Em todos os espaços, seja qual for à modalidade, é utilizado o método da roda que se propõe a realizar uma costura entre uma perspectiva crítica e outra de reconstrução dos modos de se fazer política, gestão e construção de sujeitos (Campos, 2005). O apoio utiliza também a metodologia da problematização, onde o apoiador interage com o grupo para a construção dos conhecimentos a partir dos saberes já existentes e das experiências acumuladas dos participantes. Isso estimula o fortalecimento das discussões e amplia a capacidade de análise e o protagonismo dos participantes: gestores, trabalhadores e usuários e outros. Campos (2003) relata que o apoio pode ser feito de vários lugares: lugar de poder institucional, quando o dirigente apoia seus dirigidos, lugar de suposto saber, quando um apoiador é demandado por um conhecimento, apoio de um lugar de poder e saber quando um profissional clínico apoia seus usuários, lugar de paridade ou horizontalidade quando um 7 membro de uma equipe apoia outro. A postura do apoiador em qualquer posição que ele esteja é de incluir-se ativamente no processo, saindo de uma postura burocrática, misturando-se, apoiando as equipes, capacitando os profissionais a depositarem afetos no desenvolvimento do seu processo de trabalho. Sua missão é fazer com e não pelo outro ou para o outro. De acordo com o Documento Base da Política Nacional de Humanização (PNH), para gestores e trabalhadores do SUS (Brasil, 2008), o apoiador institucional tem as seguintes funções: 1) Estimular a criação de espaços coletivos, através de arranjos ou dispositivos que propiciem a interação entre sujeitos; 2) reconhecer as relações de poder, afeto e a circulação de saberes visando à viabilização dos projetos pactuados por atores institucionais e sociais; 3) mediar junto aos grupos à construção de objetivos comuns e a pactuação de compromissos e contratos; 4) Trazer para o trabalho de coordenação, planejamento e supervisão os processos de qualificação das ações institucionais; 5)propiciar que os grupos possam ampliar sua capacidade transformar suas práticas de saúde e contribuir para melhorar a qualidade da gestão no SUS. O Apoio Institucional é um dispositivo que visa produzir mudanças de atitudes, sendo assim é fundamental para a implementação das ações do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ). O PMAQ foi instituído pela portaria 1654/ 2011 do Ministério da Saúde, e busca incentivar a instituição de processos que ampliem a capacidade das gestões federal, estaduais e municipais e das Equipes de Atenção Básica (EAB) em ofertarem serviços que assegurem maior acesso e qualidade, de acordo com as necessidades de saúde da população (manual do PMAQ). O primeiro ciclo se deu em 2011/2012, e atualmente estamos no segundo ciclo. O PMAQ está dividido em quatro fases que se complementam e formam um ciclo contínuo e permanente de melhoria da qualidade. A primeira fase é de adesão e contratualização, onde os municípios e as equipes de atenção básica assumem diversos compromissos entre si e ambos com o Ministério da Saúde, agora no segundo ciclo do PMAQ foi introduzido o Centro das Especialidades Odontológicas (CEO) e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família. A segunda fase é a fase de desenvolvimento, onde observamos a efetividade da atuação do apoiador institucional, com as ações de avaliação, monitoramento, educação permanente e apoio institucional. A terceira fase é a de avaliação externa e a quarta é de recontratualização, finalizando um ciclo e começando outro. 8 Bem antes do surgimento do PMAQ a Fundação Estatal Saúde da Família (FESF) já trabalhava com a promoção da qualidade, qualificando os profissionais das equipes através de cursos de especialização em saúde da família, mestrado profissional em saúde coletiva em parceria com universidades. A FESF é também responsável pela formação inicial do trabalhador (FIT) que é um curso com o conteúdo do curso introdutório do PSF e do Acolhimento Pedagógico, promovendo assim capacitação necessária para que todos os profissionais das equipes saibam trabalhar na estratégia da saúde da família, organizando a demanda e o processo de trabalho, ampliando a oferta dos serviços e melhorando assim a qualidade da assistência ao usuário, dando resolutividade à maior parte dos problemas da população. A Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS) foi oficialmente instituída em maio de 2009 e é responsável pelo apoio institucional ao PMAQ. Na Bahia, é um órgão integralmente público, intermunicipal, integrante da administração indireta do Estado, sem fins lucrativos, de interesse coletivo e dotado de personalidade jurídica de direito privado. Esse modelo surge da combinação entre duas modalidades de instituições públicas da administração brasileira: as autarquias e as empresas estatais. Este artigo tem como objetivo principal avaliar a importância do apoio institucional na implementação do 1º ciclo do PMAQ, além de aprofundar os conhecimentos sobre as práticas do apoio, analisar as ferramentas utilizadas pelo apoio institucional e os resultados alcançados. A escolha do tema para essa pesquisa é relevante porque o apoio institucional amplia a capacidade de gestão dos municípios, qualificando tanto a gestão como as ESF, baseando-se nas diretrizes da política da gestão compartilhada que está de acordo com a nova PNAB, ou seja: apoio institucional, educação permanente e gestão por resultados. 9 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Avaliar a importância do Apoio Institucional para a implementação das ações do PMAQ. 2.2. OBJETIVOS ESPECÌFICOS - Aprofundar os conhecimentos sobre as práticas de apoio; - Analisar as ferramentas utilizadas pelo apoio institucional para apoio ao PMAQ; - Analisar os resultados alcançados. 10 3. METODOLOGIA Para o desenvolvimento deste trabalho, foi utilizada a metodologia de pesquisa qualitativa, descritiva e observacional. Foi feita uma revisão de literatura sobre o tema e análise das informações dos relatórios de visitas de apoio aos municípios, registros, blog do apoio institucional e outros documentos. Para Oliveira (1999), uma pesquisa de abordagem qualitativa facilita descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema e analisar a interação das diversas variáveis que influenciam direta ou indiretamente o estudo. Além disso, ajuda na compreensão da realidade humana em seu contexto social, pois considera o universo de significados, motivos, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos. Foi feito um levantamento de todos os municípios contratualizados com a fundação e que tinham equipes de saúde da família que fizeram adesão ao PMAQ. Em seguida, foi separado, lido e analisado um a um os relatos de experiência dos apoiadores para cada fase e quais as ferramentas utilizadas para o acompanhamento e monitoramento de todas as etapas. Além da revisão de literatura e o registros dos relatórios, foi feita uma comparação entre os resultados alcançados nas equipes em que tinham apoiador atuando e os das que não tinham o apoiador. 11 4. RESULTADOS A FESFSUS prestou apoio ao PMAQ em 19 municípios de diversas macrorregiões da Bahia. Foram 05 municípios da região Leste: Lauro de Freitas, Vera Cruz, Amargosa, Cruz das Almas e Conceição da Feira, 02 municípios da região Centro Leste: Boninal e Ibitiara, 03 municípios na região nordestes: Rio Real, Inhabupe e Cícero Dantas, 02 municípios da região Norte: Juazeiro e Jaguarari, 02 municípios da região Centro Norte: Capim Grosso e Uibaí, 03 municípios da região Oeste: Barra, Feira da Mata e São Desidério e 02municípios da região Sudoeste: Barra da Estiva e Brumado. Nestes municípios a FESF prestou apoio institucionais a 63 ESF, destas, 24 equipes tiveram a certificação de desempenho ótimo, 27 equipes tiveram a certificação de desempenho bom e apenas 12 ESF tiveram o desempenho regular nos resultados da avaliação externa do PMAQ. Para assegurar maior equidade na comparação das EAB no processo de certificação, os municípios foram distribuídos em estratos levando em conta aspectos sociais e demográficos em relação aos seguintes indicadores: Produto Interno Bruto (PIB) per capita, percentual da população com planos de saúde, percentual da população com bolsa família, percentual da população em extrema pobreza e a densidade demográfica. De acordo a tabela abaixo, retirado do manual do PMAQ, para que fossem comparados nas mesmas condições, os municípios foram divididos em 06 extratos de acordo a pontuação destes indicadores e o seu porte populacional. ESTRATO CRITÉRIOS DA ESTRATIFICAÇÃO 1 Municípios com pontuação menor que 4,82 e população de até 10 mil habitantes. 2 Municípios com pontuação menor que 4,82 e população de até 20 mil habitantes. 3 Municípios com pontuação menor que 4,82 e população de até 50 mil habitantes. 4 Municípios com pontuação entre 4,82 e 5,4 e população de até 100 mil habitantes; e municípios com pontuação menor que 4,82 e população entre 50 e 100 mil habitantes. 5 Municípios com pontuação entre 5,4 e 5,85 e população de até 500 mil habitantes; e municípios com pontuação menor que 5,4 e população entre 100 e 500 mil habitantes. 6 Municípios com população acima de 500 mil habitantes ou com pontuação igual ou superior a 5,85. FONTE: Manual do PMAQ/2012 12 A certificação das equipes foi classificada em regular, quando o desempenho foi mediano ou um pouco abaixo da média, quando comparado às equipes de saúde que estão no mesmo estrato; Bom, quando o desempenho foi acima da média, ou seja, as equipes cujo resultado alcançado foi maior do que a média e menor ou igual a +1 (mais um) desvio padrão da média do desempenho das equipes em seu estrato; e ótimo quando o desempenho foi muito acima da média, ou seja, o resultado alcançado foi maior do que +1 desvio padrão à média do desempenho das equipes em seu estrato. Dos municípios avaliados, a maior parte encontra-se no estrato 3, que são municípios com a população de até 50 mil habitantes, são eles; Capim grosso, Vera Cruz, Amargosa, Conceição da Feira, Rio Real, Inhambupe, Cícero Dantas, Jaguarari, Barra, São Desidério e Barra da Estiva; Boninal, Ibitiara e Uibaí fazem parte do estrato 2; Cruz das Almas e Brumado fazem parte do estrato 4, Lauro de Freitas e Juazeiro do estrato 5 e apenas Feira da Mata que faz parte do extrato 1. O desempenho final das equipes foi composto pela autoavaliação realizada na segunda fase do PMAQ, visto que só em ter realizado a autoavaliação as equipes já adquiriam 10% da sua certificação; 20% da nota estavam relacionados aos indicadores e 70% em relação ao processo de trabalho das ESF, avaliados durante a terceira fase do PMAQ, a avaliação externa. Resultados do desempenho das equipes na avaliação externa do 1º ciclo do PMAQ no ano 2012. MUNICÍPIO ESF REGULAR BOM X CATIARA ESPAÇO VERDE* X CORTA MAO X DIOGENES SAMPAIO X JAQUEIRA AMARGOSA ÓTIMO X JEQUITIBA X SANTA RITA X SÃO ROQUE X SUCUPIRA 0 01 07 13 SANTA LUZIA CONCEIÇÃO DA FEIRA ANTÔNIO LEÔNCIO* RENATO MARQUES DE OLIVEIRA X X X 02 CRUZ ALMAS DONA ROSA* ESCOLA DE ACRONOMIA* DAS SÃO JUDAS TADEU* VILAREJO SAPUCAIA* X X X X 0 LAURO FREITAS SOLAR UNIÃO II* ANTONIO CARLOS RODRIGUES I* ANTONIO CARLOS RODRIGUESII* CAPELÃO* ESPAÇO CIDADÃO II* CIDADE NOVA II* IRMÃ DUCE I* DE IRMÃ DUCE II* SOLAR UNIÃO I* JARDIM IPITANGA* PARQUE SÃO PAULO II* ISRAEL MOREIRA* ESPAÇO CIDADÃO I* PARQUE SÃO PAULO I* CIDADE NOVA I* SÃO JUDAS TADEU* VIDA NOVA II* VILA NOVA* VERA CRUZ X 02 X X X X X X X X X X X X X X X X X 12 X X 0 X X X X X X 03 NOVA COLINA* 03 X 06 ARATUBA* BARRA DO POTE * BARRA GRANDE* CAIXA PREGO* COROA* GAMBOA* GAMELEIRA* JIRIBATUBA* MAR GRANDE* 01 04 X X 02 14 BONINAL IBITIARA CÍCERO DANTAS INHAMBUPE SEDE 1* DO CEDRO* BONINAL DA SEDE II* X X X 01 ALESSANDRA CALDEIRÃO MOCAMBO SELMA ELENA OLHO DAGUA* CAMPINAS DE CASTRO* 0 X 01 0 X X 03 03 X X X X X 01 CATUNI FLAMENGO JUACENA ST. ROSA* CAIC* ALAGADIÇO ALTO CRUZEIRO ALTO MARAVILHA ALAGADIÇO ALTO MARAVILHA ANT. GUILHERMINO CAMPOS CAPIM DE RAIZ CARNAIBA CENTRO I CENTRO III DOM JOSÉ 0 X X 0 JAGUARARI 02 X 03 X X URBIS* RIO REAL 01 X X X X BAIXA GRANDE* CAJALANDIA* COLÔNIA Dr. MANOEL NOVO INHAMBUPE PRIMAVERA* LORETO LAGOA SECA OTTO DE ALENCAR CENTRO I CAMPAO MARE MANSA SALGADEIRA PUBA 02 0 X X 02 X X X X 04 X X X X 06 0 X X X X X X X X X X 15 JUAZEIRO CAPIM GROSSO UIBAI BARRA DOM THOMAZ ERASMO I ERASMO II EUCLIDES ITABERABA I ITABERABA II JD. FLORIDA JD. PRIMAVERA JOÃO PAULO II JOÃO XXIII JUREMAL LAGOA DO SALITRE MANIÇOBA I MANIÇOBA II MARINGA NOSSA SENHORA DA PENHA NOVO ENCONTRO CENTENÁRIO NOVO ENCONTRO LOMANTO PALMARES PIRANGA PQ. RESIDENCIAL QUIDE SÃO GERALDO SOBRADO 4 SOBRADO 5 ST. ANTONIO 1 ST. ANTONIO 2 TABULEIRO VILA JACARE JULIO INACIO NEVES - PEDRAS ALTAS JARDIM FORMOSA POSTO DO ESTADO* SEMO X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 28 X X X 02 01 0 X 01 HIDROLANDIA* SEDE* ASSUNÇÃO* SUBSTAÇÃO* FREI BENJAMIN CAPELLI* JOSÉ MUNIZ* MANGA* FEIRA DA MATA * VARZEA DA CRUZ 0 X 01 X 01 X X 0 FEIRA DA MATA 13 01 X X X 04 X X 16 01 SÃO DESIDÉRIO BARRA DA ESTIVA ANTÔNIO PEREIRA* BAIRRO DAS NAÇÕES* CAPOEIRA PLACA* SÃO FELIX* TRIUNFO RIO PRETO* X X X X 01 BRUMADO 01 X 01 X BARAUNAS* JUVENCIO OLHO D'AGUA* UBIRAÇABA URBIS I* URBIS II* VILA 0 FONTE: Avaliação Externa do PMAQ/MS * ESF com Apoio Institucional 02 X X X X 04 X 03 X X X 03 As equipes foram avaliadas em relação ao acesso e qualidade do serviço, quanto à estrutura física das unidades, quanto à satisfação dos usuários, em relação ao apoio da secretaria de saúde às equipes e quanto às ações realizadas pela secretaria para qualificação e valorização dos profissionais. Em relação ao acesso e qualidade dos serviços, das 63 ESF que tiveram apoio institucional da FESF 36,55% tiveram desempenho regular; 47,6% tiveram desempenho bom e apenas 15,9% tiveram um ótimo desempenho. Quanto à estrutura física das unidades, 36,5% tiveram desempenho regular, 46% bom e 17,45% ótimo. Das equipes avaliadas 50,1% das unidades têm um bom desempenho em relação à satisfação dos usuários; 36,5 % desempenho regular e 12,7% ótimo. No que diz respeito às ações realizadas pela secretaria para qualificação e valorização dos profissionais, 76,2% das equipes responderam que a secretaria de saúde realiza essas ações, ficando assim com um ótimo desempenho, enquanto 17,45% tiveram um bom desempenho e 6,3% regular. Quanto ao apoio da secretaria de saúde 50,1% das equipes tiveram desempenho bom; 15,9% tiveram desempenho ótimo e 33,35% regular. 17 5. DISCUSSÃO A Fundação Estatal Saúde da Família desenvolveu apoio a Gestão Municipal e Equipes Saúde da Família de alguns municípios da Bahia em todas as etapas do PMAQ: adesão e contratualização, desenvolvimento com as ações de educação permanente, oficinas para realização de autoavaliação do processo de trabalho e monitoramento das ações pactuadas nas matrizes de intervenção além do apoio na avaliação externa através da equipe de apoio institucional da FESF-SUS, com disponibilização de horas técnicas mensais de acordo com o número de equipes aderidas ao programa. Além disso, ampliou o serviço de apoio a gestão com a criação da Função Estratégica de Gestão, onde sanitaristas da carreira puderam atuar na gestão municipal e implantar o apoio institucional municipal, tendo em vista a qualificação da gestão compartilhada, compreendendo no seu escopo as ações de apoio ao PMAQ. O apoio integral à rede deve buscar um serviço de qualidade de modo que tenhamos um serviço de saúde que atenda as necessidades de saúde da população. O apoiador deve sempre estar munido de instrumentos de trabalho em sua caixa de ferramentas para que possa usá-lo no momento certo de acordo a necessidade. O principal instrumento é o conhecimento, tem que ter embasamento para discutir sobre diversos assuntos que possam surgir tanto com a gestão como com os trabalhadores, deve ter capacidade para conduzir o grupo, avaliar e discutir sobre processos de trabalho, capacidade para intervir e lidar com os conflitos. Nos espaços de reuniões de planejamento promovidos pelo apoiador, trabalhadores, gestores e usuários compartilham os problemas identificados na área de abrangência; priorizam os problemas a serem enfrentados; buscam estratégias de intervenção para os problemas prioritários, traçam o plano de ação com uso de uma matriz de intervenção identificando responsáveis e prazos de execução; avaliam a viabilidade do plano considerando atores envolvidos e suas competências e habilidades; pactuam com os sujeitos as ações a serem implementadas e juntos definem as estratégias de monitoramento e avaliação das ações a serem implantadas (BRASIL, 2013). O Apoiador estimula o trabalhador a participar da gestão do seu próprio processo de trabalho e os usuários a exercerem o controle social discutindo os problemas da atenção básica e pensando em estratégias para a resolução dos problemas. A fase mais importante do PMAQ, do ponto de vista do apoio institucional, foi a segunda fase. A fase de desenvolvimento, onde os apoiadores realizaram oficinas de 18 autoavaliação com as equipes e com a gestão, estimulando os participantes a refletirem de como vem sendo desenvolvido o seu processo de trabalho, a identificarem e discutirem todos os problemas da unidade, priorizar alguns de sua governabilidade para buscar resolutividade e assim pactuaram metas e resultados e as ações necessárias para melhorar a qualidade da assistência e o acesso dos usuários aos serviços. Construíram enfim, uma matriz de intervenção com as estratégias de ação, os objetivos, as metas, discriminam as atividades que seriam desenvolvidas para alcance das metas e dos objetivos e definiram os responsáveis pela execução. Para realização da oficina de Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade (AMAQ) foi utilizado uma ferramenta do Ministério da saúde de caráter reflexivo e problematizador, composta por um conjunto de padrões de qualidade, ou seja, por um conjunto de declarações acerca da qualidade esperada quanto à estrutura, aos processos de trabalho e aos resultados das ações na Atenção Básica ( Brasil,2013). Para possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como a porta de entrada aberta e preferencial da rede de atenção, acolhendo os usuários e promovendo a vinculação e corresponsabilização pela atenção às suas necessidades de saúde (BRSIL, 2013), foram utilizadas outras ferramentas ofertadas pela FESF. Além dos conhecimentos técnicos e do instrumento AMAQ do Ministério da Saúde foi utilizado também o Plano de Ação e Resultados em Saúde (PARES) que é o planejamento feito pela equipe com a participação da gestão e dos usuários; O MAPS (Monitoramento das Ações Primárias da Saúde) que é um dos instrumentos que o apoiador utiliza para acompanhar e monitorar a produção e os indicadores de saúde e as ações pactuadas nas matrizes de intervenção do PMAQ de cada equipe apoiada; O PDGC (Plano de Desenvolvimento da Gestão e do Cuidado), ferramenta utilizada para acolher as demandas e as expectativas da gestão em relação ao apoio e o que será desenvolvido para alcançar a qualidade desejada. O instrumento AMAQ do Ministério da saúde que compara as ações desenvolvidas pelas equipes de atenção básica com os padrões de qualidade onde refletem o foco da atenção básica no usuário, induzindo a transparência dos processos de gestão, a participação e controle social e a responsabilidade sanitária dos profissionais e gestores de saúde com a melhoria das condições de saúde e satisfação dos usuários (BRASIL, 2013) Antes do PMAQ e da atuação do apoiador a situação encontrada nas equipes era de um trabalho fragmentado sem planejamento, sem reflexão das necessidades, sem a participação dos usuários. Os momentos de reuniões de equipe eram poucos e não se reuniam para discutir 19 processo de trabalho, discussão de casos e construções coletivas. O papel do gestor em relação às ESF era na lógica da supervisão, fiscalizadora e punitiva. O fortalecimento do apoio institucional municipal proporciona uma mudança no modelo de gestão e mudanças de práticas dos profissionais das equipes, por meio da promoção dos espaços coletivos de escuta e diálogos, onde a gestão participa do planejamento das ações das ESF, acompanhando e apoiando realmente em suas necessidades. 20 6. CONSIDERAÇÔES FINAIS Para o desenvolvimento das ações de apoio foi necessário uma gestão participativa e que se dispôs a investir nos trabalhadores e na relação de diálogo. Desde a adesão ao PMAQ as equipes de saúde da família assumiram o compromisso juntamente com a gestão na realização de oficinas se envolvendo de forma articulada e sempre estimulando a participação. Tornando potente e nítida a satisfação da gestão e dos trabalhadores pelo diálogo e entendimento comum sobre o uso desses instrumentos. A partir da intensificação das ações do apoio e com a incorporação da Função Estratégica de Gestão em alguns municípios pode-se verificar uma melhora e ampliação nas ações de acompanhamento das equipes e apoio para o desenvolvimento das ações de melhoria do acesso e da qualidade a gestão da Atenção Básica. Em toda esta trajetória do desenvolvimento do PMAQ o apoio institucional foi fundamental para a organização do processo de trabalho das equipes, possibilitando o desenvolvimento de algumas competências como, compreensão das políticas públicas de saúde; análise da oferta e da demanda da USF, em relação às necessidades do território; planejamento e avaliação das ações de saúde, além discutir proposição de novas formas de organização de uma rede de atenção à saúde. Pode-se então considerar que o principal objetivo do apoio institucional foi cumprido, uma vez que a maioria das equipes que fizeram adesão ao PMAQ e que tiveram acesso ao apoio institucional obtiveram certificação entre ótimo e bom na avaliação externa. 21 REFERÊNCIAS CAMPOS, G. W. S. Saúde Paidéia. São Paulo: Hucitec, 2003. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÂO, 2004. http://www.saude.gov.br em 03/09/2013 CAMPOS, G. W. S. Um método para análise e co-gestão de coletivos. São Paulo: Hucitec, 2000 Campos GWS. Prefácio. In: Santos-Filho SB, BarrosMEB, organizadores. Trabalhador da saúde: muito prazer – Protagonismo do trabalhador na gestão do trabalho em saúde. Ijuí: Unijuí; 2007. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica. São Paulo: Pioneira. 1999.- VASCONCELOS, Michele de Freitas Faria de and MORSCHEL, Aline. O apoio institucional e a produção de redes: do desassossego dos mapas vigentes na Saúde Coletiva. Interface (Botucatu) [online]. 2009, vol.13. Barros, Maria Elizabeth Barros de, Guedes, Carla Ribeiro and Roza, Monica Maria Raphael O apoio institucional como método de análise-intervenção no âmbito das políticas públicas de saúde: a experiência em um hospital geral. Ciênc. saúde coletiva, Dez 2011, vol.16. Guedes, Carla Ribeiro; Roza, Monica Maria Raphael; Barros, Maria Elizabeth Barros de Barros Apoio Institucional na Política Nacional de Humanização: uma experiência de transformação das práticas de produção de saúde na rede de atenção básica/Cad. saúde colet., (Rio J.); 20(1), jan. 2012. BARROS, Silvana do Carmo Maia e DIMENSTEIN, Magda. O apoio institucional como dispositivo de reordenamento dos processos de trabalho na atenção básica. Estud. pesqui. Psicol. [online]. 2010, vol.10. SANTOS FILHO, Serafim Barbosa; BARROS, Maria Elizabeth Barros de and GOMES, Rafael da Silveira. A Política Nacional de Humanização como política que se faz no processo de trabalho em saúde. Interface(Botucatu) [online].2009,vol.13. 22 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: Documento base para gestores e trabalhadores do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 4. Ed., 2008. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade de Atenção Básica - AMAQ. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (Série B. Textos básicos de saúde) BRASIL. Ministério da Saúde. Programa nacional de melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica (PMAQ): manual instrutivo. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) 23 ANEXO I X X Entrega do projeto Construção do TCC Coleta e organização dos dados Análise das informações X X X X X X Abril 2014 Construção do questionário para a coleta de dados Março 2014 X Fevereiro 2014 X Janeiro 2014 Novembro 2013 Construção do projeto Dezembro 2013 Outubro 2013 CRONOGRAMA X X X X Entrega do TCC X 24 ANEXO II CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA: CONCENTRAÇÃO EM GESTÃO DA ATENÇÃO BÁSICA Perguntas investigadoras 1-Quais os municípios que são apoiados pela FESF? 2- Quais as ações que são desenvolvidas junto aos municípios e às equipes para apoio ao PMAQ? 3- Quais as ferramentas utilizadas para apoio ao PMAQ? 4- Quais os resultados da avaliação externa das equipes nos municípios apoiados pela FESF? 25