capa mães coragem

Transcrição

capa mães coragem
SAÚDE &
BEM-ESTAR
CAPA
MÃES CORAGEM
Os benefícios
da medicina
chinesa
TUDO NOVO
DE NOVO
Inverno: hora
de tirar os
casacos do
armário
EDUCAÇÃO &
CONHECIMENTO
Intercâmbio
cultural:
uma experiência
de vida
ARTE & CULTURA
O coreto democrático
da praça São Salvador
EDUCAÇÃO &
CONHECIMENTO
Uma casa dedicada à
leitura em Laranjeiras
SUMÁRIO
SUMÁRIO
COLUNAS &
ARTIGOS
www.folhacarioca.com.br
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4
Fundadora
Regina Luz
Conselho Editorial
Paulo Wagner (editor executivo)
Lilibeth Cardozo (editora de conteúdo)
Vlad Calado
Arquimedes Celestino
Fred Alves
Jornalista responsável
Fred Alves (MTbE-26424/RJ)
Design e Criação
www.Ideiatrip.com.br
Projeto gráfico
Vlad Calado
Arte de capa
Foto de Arthur Moura
Diagramação e Ilustração
Yuri Bigio, Carlos Pereira,
Olavo Parpinelli
Fotografia
Arthur Moura, Fred Pacífico
Revisão
Marilza Bigio e Carmen Pimentel
Colaboradores
Alexandre Brandão, Ana Flores,
André Leite, Arlanza Crespo, Carmen
Pimentel, Fred Alves, Gláucia Pinheiro,
Gisela Gold, Haron Gamal, Iaci Malta,
Juliana Alves, Lilibeth Cardozo, Marilza
Bigio, Oswaldo Miranda, Renato
Amado, Sérgio Lima Nascimento ,
Suzan Hanson, Tamas
Desenvolvimento web
Bruno Costa
Mídias Sociais
Mary Scabora
Distribuição
Gratuita, veja os pontos na página 42
Publicidade
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Centro – Rio de Janeiro – RJ
CEP.: 20080-007
06 Arlanza Crespo
Quem é Quem
07 Lilibeth Cardozo
17 Iaci Malta
26 Ana Flores
27 Tamas
28 Oswaldo Miranda
29 Gisela Gold
30 Bijux in the Box
32 Carmen Pimentel
33 Alexandre Brandão
CAPA
DE CORPO
E ALMA
A popularização da dança de salão em programas de
televisão reaviva uma cultura há muito consagrada no
Rio de Janeiro. Dançarinos profissionais fazem par
com convidados. Escolas de dança atraem cada vez
mais alunos e promovem encontros dançantes os mais
variados. Seja em tradicionais salões de dança, bailes
em restaurantes, até luaus à beira mar. Do samba de
gafieira ao swing jazz, opções não faltam para quem
deseja sacudir o esqueleto acompanhado.
Prepare a salmoura, lustre os sapatos e entre no ritmo.
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No Osso
SAÚDE &
BEM-ESTAR
11 doA elegância
e o charme
mês de junho
10 Osmedicina
benefícios da
chinesa
EDITORIAL
EDITORIAL
Arthur Moura
Dançando para
esquentar
No mês dos namorados o Rio fica friozinho.Para contrapor a
imagem dos agasalhos em paisagem mundialmente conhecida pelas
roupas leves dos cariocas sob sol forte, o céu fica mais azul e raios de
luz entre poucas nuvens parecem traços de artistas. O cenário sugere
passeios a dois , aconchego, mãos dadas, caminhadas em parques e
jardins. Se o verão “bombou” e fez novos casais na cidade, em 12 de
junho novos e antigos namorados celebram o romance, o encontro
e o amor. Nada como noites de danças sob céus estrelados onde
o compasso é marcado por corações apaixonados que entrelaçam
braços, pernas e pés bailando ao som de ritmos escolhidos nas páginas
das histórias dos casais. A Folha Carioca também namora. Namora o
Rio, e, para celebrar, nossa matéria de capa mostra a festa do corpo e
da alma que é a dança, quase um vício para os cariocas. Vale conferir.
Para não fugir do tema de amor e namorados, Arlanza Crespo
nos conta quem é Jorge Salomão , um baiano/ carioca apaixonado
que adora namorar tudo da vida, inclusive mulheres.
Lilibeth Cardozo mete bronca nas críticas e elogios ao vício do
momento: o facebook; o facebook. Samantha Quintaes, que sempre
diz não ao desperdício, mostra que é divertido fazer nosso guarda-roupa de junho ganhar vida nova. Já a Ana Flores prefere tratar do
EDUCAÇÃO &
CONHECIMENTO
desperdício dos humanos. Alexandre Brandão continua encantando
com suas crônicas infalíveis no estilo dos grandes da literatura.Os
textos da Gisela Gold anunciam gente de talento na arte de escrever,
Oswaldo Miranda, a cada ano mais próximo do seu centenário, nos
22 Intercâmbio
cultural:
uma experiência
para toda a vida
presenteia com sua aguçada e competente arte de bom jornalista. A
Bijux é atenta ao que rola na Tv e nos diverte com suas observações
na hora certa. Carmen Pimentel é, sempre, nossa grande mestre do
idioma. Ter a Carmen na Folha Carioca é uma honra para a equipe
e um presente para os leitores.
Tem muita coisa interessante pra ler, gostar, não gostar, discutir.
No meio do ano, com poesia, saúde, literatura, cidade, exterior,
viagens e muito mais, a Folha Carioca dança ao som de muita música romântica e oferece a seus leitores um revista charmosa e bem
cuidada. Boa leitura!
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A RLANZA CRESPO | QUEM É QUEM
[email protected]
Fred Pacífico
Um homem
apaixonado!
Quando eu telefonei para marcar uma entrevista fui logo dizendo: "Oi Jorge,
estamos no mês de junho, tem o Dia dos Namorados e eu me lembrei
de fazer uma matéria com você para a Folha Carioca". Ele riu, achou estranho uma doida ligar para ele e falar aquilo. Marcamos a data, não podia
ser na casa dele, acabou sendo na minha. Chamei o fotógrafo, reservei o
dia inteiro. Tem entrevistas que duram meia hora, outras mais um pouco, e
outras que a gente não quer que acabe. Foi o que aconteceu com a nossa. E
quando a noite chegou já éramos "amigos de infância".
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Jorge Salomão nasceu em Jequié,
na Bahia. O pai era sírio e a mãe
baiana. Foi uma linda história de amor,
mas o pai morreu cedo. Com 10
anos Jorge já tinha lido os romances
mais importantes, e lembra que as
primeiras efervescências sexuais vieram
lendo Jorge Amado. Estudou Ciências
Sociais e Filosofia em Salvador, onde
conviveu com o cinema de Glauber e o
aparecimento do tropicalismo. Dirigiu
espetáculos de teatro, ganhou todos
os prêmios, mas estava muito visado.
Veio para o Rio de Janeiro, era uma
época muito difícil, plena ditadura.
Em 1977 foi para Nova York onde
ficou 8 anos fazendo todo tipo de
trabalho alternativo. Voltou para o
Brasil incentivado pelo irmão Waly
e por Antônio Cícero, que diziam
que ele tinha frases boas e deveria
escrever música. Contou-me que um
dia estava na praia quando passou o
Nico Rezende e disse: "Bicho, vamos
compor?" E foram para casa dele. Foi
quando Jorge fez a música "Noite",
gravada por Zizi Possi. Depois fez
"Pseudoblues", que Marina gravou e
é a que ele mais adora.
Jorge não para. Tem vários livros
publicados e atualmente está escrevendo um sobre seu irmão Waly.Também
se apresenta no SESI da Graça Aranha,
e em junho agora vai repetir o sucesso
"Vinicius 100 anos" dividindo o palco
com excelentes profissionais.
Está sempre descobrindo o prazer de viver nas mínimas coisas, e
fazendo das mínimas,
máximas. Tem uma
ótima relação social
com todo mundo,
mora em Santa Teresa onde recebe
os amigos em reuniões animadas.
Vai passando e dizendo: "Hoje tem
festa lá em casa!" Tem um filho, João,
guitarrista e artista plástico, que mora
em Nova York.
Jorge gosta de brindar o acaso,
"Ele te oferece coisas boas". Gosta
de andar, gosta de "traçados indefinidos que vão se definindo". Tem
um espírito jovem, gosta de cantar,
principalmente debaixo do chuveiro.
Adora ler, ouvir música, ir à praia e
olhar o mar. "O mar é um acontecimento poético completamente novo.
Não tem explicação lógica em frente
ao mar".
Falamos muito, rimos, comemos.
Identifiquei-me com ele. Nós dois
amamos o mar, amamos poesia. Eu
adoro frases lindas, ele diz frases lindas.
Eu adoro Manoel Bandeira, ele me disse
"Vou-me embora pra Pasárgada". Adorei
seu chapéu, ele amou meu perfume.
Tiramos fotos e ele se jogou no tapete. Sobre namoradas? "Não moraria
de novo com ninguém, mas adoro
namorar. Não vivo sem paixão! Pelo
trabalho, pelos projetos, pelas pessoas,
pela vida!!!"
L
ILIBETH CARDOZO
[email protected]
Ah, este
...
O Brasil é o quinto país do mundo em usuários do Facebook.
Segundo recente pesquisa, da Score, empresa de análise
do mercado digital, são 35,2 milhões de pessoas postando,
curtindo ou compartilhando de tudo um pouco ou um pouco
de tudo! E não é para prestar atenção? E tem cada coisa!
Estou lá, engrossando as estatísticas e engrossando discussões
e bobagens. Leio, curto, ignoro,
compartilho e posto. Aprendo algumas coisas e me assusto muito.
Acho que me assusto mais do que
me divirto. Por trás de uma tela,
quanta coisa é dita! E quantas loucuras compartilhadas! As campanhas
ganham força e protestos aparecem.
Aí eu gosto! É bom ler as opiniões.
“Nêgo” coloca, sem medo, as unhas
de fora! Colocam sorrisos também!
Quando o assunto é polêmico,
adoro ler as opiniões. Foi o caso
absurdo do pastor Marco Feliciano
que virou o presidente da Comissão
de Direitos Humanos na Câmara dos
Deputados! O que é aquilo, gente? E
o homem é um horror e se esforça
para ser pior quando, em nome de
Deus, condena, exclui e até atribui
a Ele assassinatos (John Lennon)!
Uma encrenca só! E no Facebook,
as frases de protesto cresceram,
cresceram e.... sumiram! O “homem
monstro” continua no mesmo lugar!
Um soco no estômago de cada brasileirinho que sonha com um país por
se orgulhar. Vai continuar doendo
muito. Coisa para pensar!
Veio a campanha pela redução
da menoridade penal. A “piração”
foi tanta que vi gente que conheço,
pelas quais tinha algum respeito,
postando fotos reais de crianças
algemadas e desejando cena igual
por aqui. Dá enjoo, vontade de
fugir, dormir sem parar, parar de ler
jornais, sair da internet para sempre.
Li opiniões de gente católica, beata,
defendendo pena de morte, prisão
para crianças. Então, tá! Não se lê.
Essa gente nunca leu a declaração
universal dos direitos humanos, nunca visitou uma favela, não convive
com a miséria... Li até que os direitos
humanos no Brasil estão invertidos.
Tem coisa mais idiota? O que será
inverter os direitos humanos? Dá pra
imaginar o que pensa uma pessoa
assim... Coisa para irritar!
Ah, outras postagens coçaram
meus dedos... A do Dia das Mães,
dizendo que mãe de cachorro também é mãe, eu adorei. É verdade
mesmo: a mãe de cachorro é cadela
e merece respeito no Dia das Mães!
Não dá mesmo para fazer Dia das
Mães de todos os bichinhos, né? Então, no segundo domingo de maio,
comemora-se o dia de todas as mães
do mundo animal: as cadelinhas
afagadas como gente, as vaquinhas
que são mães dos bezerros, as gatas
mães dos gatinhos, as passarinhas
mães dos pássaros, sapinhas mães
dos girinos, de todos os animais, e
até as mulheres, mães dos meninos e
meninas! É possível entender carinho
e carências, mas tudo tem limite, até
cachorros! Coisa para chorar!
E no Facebook todo mundo quer
ser filósofo, poeta, escritor. Sobre
cristandade, coitado de Jesus Cristo,
está exausto! Dos escritores, massacram Clarisse, Quintana, Pessoa e
outros: nunca vi tantas citações com
seus nomes! Mas, pior, muito pior,
são os textos “roubados” ou atribuídos aos escritores consagrados.
Coisa para esquecer!
Tem também o denuncismo
barato e irresponsável: colocam a
foto de alguém e “avisam” que se
trata de um estelionatário, ladrão,
bandido. E se o fotografado for um
cara legal, “babou”, está ferrado! Milhões de pessoas o viram como um
delinquente! Coisa pra processar!
Mas, tem muita coisa legal. Fotos
lindas, campanhas, lazer, indicações
excelentes, opiniões super interessantes, bons textos esclarecedores
e piadas sensacionais! O Facebook
tem muitas formas de se fazer o mal.
Mas, como toda comunicação, pode
fazer muito bem também.
Bom demais, este Facebook! Dá
pra se divertir e falar coisas sérias.
Dá até para ganhar amigos e, certamente, restringir muitos que só
postam bobagens ou aqueles diários
tipo, “vou tomar banho”, “estou com
sono”, “estou no aeroporto”! Dá até
para viciar e não é droga pesada. E a
tela, com esperteza, pode esconder
quase tudo ou quase nada!
Curto e compartilho.
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SAÚDE
& BEM-ESTAR
Publieditorial
A recuperação do setor
público de saúde
8
Todos começam a se dar conta
de que pagar um plano de saúde
está longe de significar garantia de
atendimento médico.
A desproporção entre a demanda dos associados e a oferta
de serviços credenciados, as
manobras protelatórias das operadoras de saúde, as negativas de
autorização para procedimentos
que, aos milhares, vão desaguar na
Justiça, as precárias relações entre
as empresas e os seus “referenciados”, tudo está a demonstrar o
esgotamento do chamado sistema
suplementar. Entretanto, embora
admitam essas deficiências, muitos
insistem em tentar resgatá-lo com
medidas paliativas ou resoluções
normativas claramente insuficientes, recusando-se a admitir a real
dimensão do problema, analisar
suas causas mais profundas e
chegar a uma solução definitiva e
verdadeira.
Vale lembrar que esse sistema
também fracassou em seu país de
origem, os Estados Unidos. Lá, a
administração pública, sufocada
pelas despesas crescentes e pela
pressão da população carente de
assistência médica, luta desespe-
radamente por uma reforma profunda
do sistema de modo a reduzir as
despesas e ampliar o atendimento a
todos os cidadãos. Afirmou, a propósito, o presidente Barack Obama que
a reforma do sistema não é somente
um imperativo ético mas também
econômico, pois que a nação não tem
como arcar com o descontrole dos
custos gerados pelas operadoras de
saúde. No Brasil, apesar das evidências, continuamos a procurar atalhos,
importando empresas estrangeiras
e subvencionando, direta ou indiretamente, os planos de saúde com
recursos públicos.
É preciso reconhecer que o que
leva as pessoas a desejarem tão intensamente adquirir um plano de saúde
é a precariedade do atendimento
oferecido pelo setor público. E que a
solução para o problema está, portanto, na recuperação do sistema público
de saúde para que ele venha a prestar
a toda a população um atendimento
médico de qualidade. Um sistema adequadamente financiado, gerenciado,
bem remunerado e com as garantias
próprias dos serviços de estado.
A precariedade do atendimento
médico no SUS não é algo inevitável
e irreparável. Isto é comprovado pela
existência de vários hospitais públicos
de desempenho excelente. Além disso, há o exemplo de tantos países em
que a saúde pública funciona bem
e é estimada pela população. Em
nações como o Canadá, a Inglaterra,
a França, nos países escandinavos e
em tantos outros, seria impensável
não se dispor de um sistema público
de qualidade.
É preciso reconhecer, entretanto, que a recuperação do sistema só
ocorrerá se houver uma intensa mobilização dos seus usuários, ou seja,
da população em geral. Para isso, é
preciso que se comece a divulgar as
vantagens inegáveis de um sistema
público de saúde que atenda a toda
a população, de forma eqüitativa,
sem discriminação. Um sistema que
cuide da prevenção, do diagnóstico e
tratamento da doença e da recuperação do paciente. Que se dê ênfase,
por exemplo, à tranqüilidade e ao
conforto que representa, para todos,
a existência de um posto de atendimento médico próximo à residência,
bem aparelhado, sem pedidos de
autorização, sem exigências descabidas e sem quaisquer dispêndios.
Que se mostre o que isso significa de
economia para as pessoas e para as
empresas, uma vez que, atualmente,
pessoas e empresas são compelidas
a pagar duplamente por um mesmo
serviço; arcam, ao mesmo tempo,
com o pagamento dos impostos e
o do plano de saúde. Que se alerte
Errata
Dr. Marcio Meirelles
Diferentemente do que saiu publicado na edição
é diretor da Associação
Movimento Participação
Médica (AMPM)
de abril, no artigo sobre "Endometriose", informamos que Dr. Daniel Tabak é médico oncologista
e coordenador do Programa de Terapia Celular
da Clínica São Vicente.
para a economia resultante da
unificação das ações de prevenção
e assistência, ora desenvolvidas,
no sistema de convênios, por instituições diferentes, com lógicas de
operação distintas e consequente
duplicação de procedimentos e
desperdício de recursos.
Mas, além de enorme economia, um sistema público universal,
equitativo e integral, como o SUS,
apresenta vantagens adicionais de
amplo significado social. É o caso
do impacto do sistema sobre a
oferta de empregos, impulsionando
a atividade das indústrias ligadas à
saúde e a economia em geral. Para
os médicos e demais profissionais
de saúde, além de condições de
trabalho adequadas e gratificantes,
permitirá incorporar à sua área
de atuação quase 150 milhões de
brasileiros que hoje dependem
exclusivamente do setor público e
que clamam por um atendimento
médico digno e humano.
Por tudo isso, precisamos ter a
coragem de “pensar diferente”, de
fugir da rotina e de enfrentar com
um novo olhar o imenso desafio
que é proporcionar à população
brasileira a medicina de qualidade
que ela merece. A tarefa é árdua,
os obstáculos são grandes, mas, não
há outro caminho. Vamos começar.
EMERGÊNCIA
Tel.:2529-4505
GERAL
Tel.:2529-4422
SAÚDE
& BEM-ESTAR
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SAÚDE
& BEM-ESTAR
Os benefícios da
medicina chinesa
Especialista Ana Fu fala sobre as aplicações de técnicas
como a acupuntura e a ventosaterapia
10
Tireóide, artrose, perda de memória, doenças cardiovasculares e
mais dezenas de outros males podem
ser tratados sem medicamentos tradicionais e seus respectivos efeitos
colaterais. Através da medicina chinesa,
Ana Fu, uma das melhores especialistas no assunto no Brasil, é capaz de
acabar com os sofrimentos do corpo
e da mente. “Muitas pessoas ainda
costumam pensar em cuidados com
a saúde somente quando surge a doença. E, em alguns casos, a cura pode
levar décadas ou mesmo tornar-se
impossível. Quando o paciente vem
ao meu consultório, faço uma avaliação
completa: cabeça, coração, pulmão,
fígado, joelhos, coluna vertebral (cervical, lombar, torácica etc.). Utilizo apenas o tato como técnica e, a partir da
análise, prescrevo o tratamento mais
adequado ao que for diagnosticado.”
De acordo com Ana Fu, os traumas mais comuns ocorrem nos joelhos
e ombros. São os músculos os responsáveis por segurar o tendão e se esses
apresentarem algum tipo de flacidez,
o tendão sairá do lugar. “A medicina
convencional costuma solucionar esse
problema com cirurgia, mas comigo,
somente as agulhas resolvem”. Especialista em tratamentos através da
acupuntura há 40 anos, Fu ressalta que,
durante o inverno, o índice de dores
musculares e também nas articulações
aumenta. “As baixas temperaturas
contraem os músculos e aumentam o
sofrimento, principalmente das pessoas
que têm artrose. Além da acupuntura,
trabalho com ventosaterapia, ideal para
relaxamento muscular e eliminação de
energias negativas, e outros tratamentos complementares”.
Até mesmo o princípio da reconstrução de cartilagem é baseado nas agulhas:
“O primeiro procedimento é eliminar a
inflamação. Em um segundo momento,
elaboro uma dieta completa para fortalecer a energia do paciente e, a partir disso,
inicio o processo de reconstrução. Os
resultados são excelentes e todo o tratamento é feito no próprio consultório".
TUDONOVODENOVO
A elegância e o charme de junho
SAMANTHA QUINTANS*
Quando menina, no mês de
junho, dia 4 era dia de ganhar
presentes. Minha mãe costumava
corresponder o número de agrados
às primaveras por mim completadas.
Ou seja, 15 anos = 15 presentes!
Com a chegada da Luiza, aos 24
anos, essa brincadeira acabou. Hoje
46 presentes, não caberiam no meu
armário e nem no bolso da minha
mãe! Ganhei uma secadora de roupas como presente de aniversário
naquele ano. Afinal era inverno e
as roupinhas da Lulu não poderiam
ficar secando no varal à mercê dos
caprichos do tempo...
Por conta dos mimos desmedidos de mamãe, essa alma organizadora criou o hábito de rearrumar o
armário em junho. Voltam à cena
casacos e parcas leves, botas, charmosas pashminas, echarpes e lenços
para envolver o pescoço, mudando
o visual sem esquentar muito. Afinal,
inverno de verdade no Rio de Janeiro só de vez em quando e, ainda por
cima, muitas vezes chega e se vai de
surpresa. Se suas peças não estive-
rem à mão, você perde a chance de
desfilar a caráter na mais elegante
das estações. É verdade! Tanto
tempo sem uso deixa as roupas com
cheiro de guardado, é preciso colocar para arejar antes de usar. É aí que
a organização ajuda a economizar
dinheiro e a otimizar o seu tempo.
Hoje está chovendo? Está sem nada
programado? Esvazie seu armário!
Antes de sair às compras, dedique
um dia para arrumar suas roupas e
lançar, nas ruas, sua própria coleção
cheia do melhor estilo: o seu. Saem
de cena os vestidos decotados e
esvoaçantes, as batas estampadas
e bordadas que ilustraram os dias
ensolarados do começo do ano; o
excesso de biquínis e cangas, shortinhos desfiados... Enfim, os trapinhos
divertidos e coloridos que usamos
durante as altas temperaturas do
verão. Tudo organizado e embalado a vácuo economiza espaço
nos armários. Quando novembro
chegar esquentando e anunciando
a proximidade do final do ano, será
tempo de resgatar o que foi guardado e re-embalar os tais casacos
com cara de frio... Algumas peças
no tom de maio devem permanecer penduradas junto à jaqueta de
couro que estava guardada, desde
que setembro trouxe estampas
florais recheando de cores pastéis
e romantismo o visual das raparigas
mais antenadas. Você vai se surpreender! No fundo do baú guardamos
preciosidades que só foram usadas
uma vez, ou até, quem sabe, alguma
peca ainda com etiqueta? Roupa de
inverno é assim, dura... Lá em casa,
o casaco de um passa para o outro.
Impressionante como crescem os
meninos!
O mês de junho nos convida a
re-estrear o sobretudo comprado
no mercado das pulgas holandês,
usado uma ou duas vezes. Junho
convida a despertar a mulher-gato que mora dentro de
você, te deixando sexy em
um belo par de botas de
cano longo. Você que é fã da
mulher-gato, traga à tona seu Batman misterioso e sedutor, vestindo
couro. Junho... Tempo de revalidar
os laços, as metas. Meio ano já foi
vivido, é tempo de replanejar, respirar fundo, reler a lista dos sonhos.
Ainda nos resta, em 2013, meio ano
a ser vivido. Envolva no pescoço
um leve, longo e antigo lenço. Saia
caminhando avassaladora, confiante.
Abuse do batom vermelho, é inverno! E tenha certeza, aquele velho
casaco vai estar com a aparência de
novo. As coisas são assim sempre,
o mundo gira transformando tudo
em novo de
novo.
11
Samantha Quintans é
personal organizer
G ASTRONOMIA CARIOCA
12
13
G ASTRONOMIA CARIOCA
14
15
G ASTRONOMIA CARIOCA
G ASTRONOMIA CARIOCA
16
Anuncie no guia
mais saboroso
do Rio
(21) 2253-3879
[email protected]
I ACI MALTA
[email protected]
Sobre a verdade
Gente, por várias vezes eu me perguntei o que iria escrever para este número da nossa
Folha Carioca e, sempre que isso acontecia, eu começava mentalmente a construir um texto
que sempre iniciava com “gente...”. Então, gente, depois de divagar por alguns “escritos
mentais”, eu escolhi contar para vocês uma estória da minha história.
Uma vez, quando eu era pequenininha, entre três e quatro anos de
idade, eu peguei dinheiro do lugar
onde meu pai o guardava - uma nota
grande (não sei mais qual a maior nota
da época) - atravessei uma rua movimentada e fui ao verdureiro comprar
balas. O verdureiro, que conhecia
minha família, me levou para casa e,
honestamente, devolveu o dinheiro
para minha mãe.
Eu ouvi várias vezes essa estória
e, agora, retornando a ela, pensei em
três possíveis conclusões a que poderiam chegar meus pais: essa menina é
muito inteligente, observadora e tem
iniciativa, ou essa menina é perigosa
e precisa ser contida, ou ainda, essa
menina é muito esperta e precisa ser
vigiada. Acredito que meu pai preferiu a
primeira e minha mãe a terceira, mas o
que me levou a contar essa estória foi a
reflexão que ela provocou em mim ao
ser relembrada: um mesmo fato pode
levar a diferentes conclusões, a interpretações bem distintas, até opostas.
Ou seja, essa lembrança me remeteu a algo da experiência dos seres
humanos que me fascina: um mesmo
fato pode ser visto de diversas formas
por pessoas diversas. Aí vem a pergunta: o que é o real, o que é a realidade
de que tantos falamos? Qual dentre
diferentes visões reflete a verdade, qual
expressa a realidade?
Os antigos, como eu, devem se
lembrar do cineasta japonês Akira Kurosawa e muitos talvez tenham assistido
a seu filme Rashomon (1950), que trata
exatamente dessa questão: num julgamento, quatro testemunhas oculares
descrevem a cena de um crime, o que
resulta em quatro versões diferentes
e contraditórias tornando impossível
saber o que realmente aconteceu.
Esse filme, considerado uma obra
prima, influenciou profundamente o
pensamento filosófico sobre o con-
ceito de verdade, já que aponta para
a significativa influência da subjetividade
de cada um na construção de sua visão
sobre uma experiência vivida em comum. Será que podemos dizer que a
verdade é uma questão de consenso?
17
CAPA
Dançar a dois é se entregar ao movimento
DE CORPO E
ALMA
Nos salões, nas
ruas e até na praia,
o Rio é o cenário
ideal para os
amantes da dança
TEXTO_ FRED PACÍFICO ALVES
FOTOS_ ARTHUR MOURA
Adentrar o charmoso
casarão no centro da cidade é
uma viagem na história. Escadas trabalhadas em madeira,
arandelas à meia luz penduradas em postes, belos painéis
com imagens do Rio antigo e
um grande cômodo de chão
de tábua corrida tornam-se
cenário para casais de todas as
idades rodopiarem no salão.
Uma frase na parede alerta
aos visitantes: “Lembre-se
que enquanto houver dança
haverá esperança”.
18
Para os Hoppers e professores
Luana Perrotta e Luiz Cláudio
Martins qualquer lugar é próprio
para dançar, principalmente ao
ar livre
A Estudantina Musical (www.
estudantinamusical.com.br) é a mais
tradicional gafieira do país. Lá se consagra a prática de dançar a dois desde
1928, quando foi criada. Após vários
endereços na cidade, a casa está há
mais ou menos 35 anos alojada no
belo casarão de número 79, na Praça
Tiradentes. “Um lugar onde a dança
a dois é, antes de tudo, expressão
de civilidade”, observação do antropólogo Marcel Mauss, citada na tese
de doutorado “‘O Ambiente exige
respeito’: Etnografia urbana e memória social da Gafieira Estudantina”,
do doutor em antropologia pela UFF
– Universidade Federal Fluminense,
Felipe Berocan Veiga.
De tão característicos, o próprio
ato de dançar a dois, assim como
as histórias e personagens do baile
viraram até objeto de pesquisa acadêmica. “No plano individual, esse
modo próprio de dançar revela os
dispositivos de autocontrole, internalizados na elegância dos passos e
na regulação física da distância social,
que tanto caracteriza a vida urbana. A
dança de salão implica em uma troca,
na qual a mulher é levada pelo corpo
do homem que, delicadamente, o
conduz, conforme papéis sociais de
gênero bem definidos. Dançar junto
é, antes de tudo, considerar alguém;
é ver e ser visto, nas representações
da vida cotidiana”, diz o antropólogo
em sua tese.
Dançar faz parte da história do
Rio de Janeiro. A sensualidade, a
alegria e o suingue carioca, e brasileiro (diga-se de passagem), são
mundialmente conhecidos. Não é à
toa que o alto astral característico de
quem dança na Estudantina vem embalando gerações e se reinventando
com a própria cidade. O Centro do
Rio concentra diversas escolas e
salões de dança que perpetuam essa
Estudantina - a mais tradicional gafieira do país
“Dançar junto é, antes
de tudo, considerar
alguém”
Felipe Berocan Veiga
cultura. Segundo Veiga, o dono da
Estudantina é hoje um precursor do
lazer no Centro da cidade, antecipando a Lapa em mais de vinte anos
ao adotar como estratégia comercial
a reinvenção de um antigo salão de
dança. “De certo modo, seus novos
concorrentes também fizeram o
mesmo: o Centro Cultural Carioca
construiu sua memória sobre o
antigo Dancing Eldorado, que ocupava o mesmo imóvel, assim como
o Rio Scenarium herdou o salão e
a memória do Clube Humaitá de
Dança”, explica.
Viajando pelos bailes
Palco de encontro de grandes nomes da boêmia cultural carioca, a fama
do espaço é projetada nacionalmente
por meio de seus frequentadores ilustres e, também, por rotineiramente o
espaço emprestar seus salões à mídia
televisiva, seriados e novelas das grandes redes nacionais. É exatamente
essa tradição e visibilidade que atraem
turistas e excursões dos quatro cantos
do país. “Sempre via na televisão e
ficava me imaginando dançando na
Estudantina. Amei. Esse lugar é lindo”,
diz a fisioterapeuta Juliana Andrade,
29. De férias na cidade, junto com
sua irmã, a veterinária Maria Cristina
de Andrade, 27, e seu namorado, o
analista de sistemas Diego Esmeraldo,
24, os turistas mineiros fizeram questão de colocar a casa em seu roteiro,
assim como o Clube dos Democráticos e o Centro Cultural Carioca,
outros tradicionais endereços cariocas
para se dançar a dois.
“Sempre gostei de forró e Juliana
passou a se interessar depois que
começamos a namorar. Aprendeu
comigo e se apaixonou. Dançar
aumenta nossa intimidade, além de
ser um programa somente nosso.
Tanto, que resolvemos fazer aulas de
dança para nos aperfeiçoar. A coisa é
tão boa que agora, quando viajamos,
procuramos visitar também lugares
para dançarmos”, conta o analista de
sistemas. Mesmo sem familiaridade
com a gafieira, os forrozeiros não se
intimidam no salão. “Dançar junto
é bom demais. Desde que aprendi,
me apaixonei. Ainda mais aqui”, diz
Juliana. Sua irmã faz coro. “Dançar a
dois é ótimo, ainda mais nesta cidade.
Qualquer lugar é palco estando em
boa companhia. Não importa se há
algum problema, ou se seu dia está
ruim, dançando tudo se transforma
para melhor. É terapêutico”, afirma a
veterinária mineira.
Terapia da dança
Um período emocionalmente
turbulento, uma viuvez que não só
veio com o vazio da ausência do
ser amado, como trouxe a reboque
uma série de complicações de saúde
originadas com o estresse. Em um
momento de iluminação, daqueles
que a vida às vezes nos presenteia,
um médico perguntou “O que a senhora gosta de fazer na vida?”. Como
resposta vieram à mente alguns prazeres ativos e abandonados, dentre
os quais, um em especial elucidou
um novo caminho rumo à felicidade:
dançar, ou ainda melhor, dançar
acompanhada.
Há um clichê que diz que quem
dança é mais feliz. Por mais que seja
um chavão, se ele existe é por que
há verdade nesta máxima ululante.
Dançar mudou a vida da aposentada
Ana Ceris, que está, como ela diz, com
mais de 60 e menos de 70, e muito
bem, rodopiando pelos salões e bailes
O casal mineiro Juliana Andrade e Diego Esmeraldo
dançando na gafieira
cariocas há pelo menos quinze anos,
desde que ficou viúva. “Casei muito
cedo e me dediquei a criar meus filhos.
Meu marido não dançava, consequentemente deixei esse pedaço de lado e
fui vivendo a vida. Muito bem por sinal,
devo dizer. Quando fiquei viúva, caí
doente por estresse de fundo nervoso. Só recuperei minha saúde porque
dei sorte de me tratar com um médico
maravilhoso, que me auxiliou a redescobrir meus prazeres na vida. Dançar
é um dos mais importantes”, conta.
Ana resolveu se movimentar para
recuperar as rédeas de sua vida. Após
algumas aulas, passou a incentivar um
grupo de amigas e, juntas, começaram
a frequentar os bailes dançantes nos
salões do clube militar. “Éramos cinco
amigas. Todas ou já dançavam, ou
queriam e estavam dispostas a aprender. Os cavalheiros nos tiravam para
dançar e nós íamos. Tudo era bastante
despretensioso e alegre. Eu pegava e
deixava cada uma em casa. As pessoas
precisam de divertimento para serem
felizes”, diz a dançarina, que passou a
frequentar outros bailes e ambientes
de dança, além de viajar para dançar
por outros salões.
“As pessoas precisam
de divertimento para
serem felizes”
Ana Ceris
19
CAPA
Há salões e bailes dançantes para todos os tipos, gostos e idades
20
família, em nome da felicidade. Há
pelo menos oito anos frequento um
baile uma vez por semana e lá danço
samba, bolero, música do caribe ou
meu amado tango. Para quem gosta,
o Rio de Janeiro tem baile de segunda
a segunda. No baile todos se conhecem, todos somos amigos e isso é
muito bom”, explica.
Personal dancer
Ana Ceris e o seu personal dancer
“Sou doida por tango, já dancei em Bariloche e Buenos Aires.
Dançar é uma terapia e, se bem me
recordo, sempre dancei. Sou gaúcha
e minha cidade natal, por ficar perto
da fronteira, recebe muita influência
do tango. Quando minha mãe estava
grávida, já dançava comigo em sua
barriga. Retomei esse antigo lado
meu, da minha história e da minha
Em uma rápida busca na internet
é possível obter dezenas de endereços de salões e bailes para todos os
tipos, gostos e idades. Na maioria
sobram mulheres e faltam cavalheiros
no salão. Muitos bailes contratam
dançarinos profissionais para fazer
par com as visitantes, inserindo no
contexto aqueles que não possuem
companhia mas desejam se divertir.
Há quem ganhe a vida organizando
esses eventos.
“Já dançava antes mesmo de ter
isso como profissão. Depois de um
divórcio, comecei a sair e me divertir
com minhas amigas. De repente, fui
chamada para ser promoter de um dos
bailes que frequentava e depois de um
tempo, a própria casa me chamou para
organizar um. Comecei no Restaurante
Sol e Mar, em Botafogo, e já estou lá há
22 anos. Dali parti para realizar meus
próprios bailes. Tenho um público fiel
e conseguimos atingir a cidade toda”,
conta Graça, como é conhecida a organizadora do Baile que leva seu nome
(bailedagraca.blogspot.com.br).
Na Churrascaria Gaúcha, em
Laranjeiras, ocorre ocasionalmente o
Baile de Ficha, no qual existem dançarinos especializados, contratados para
dançar com as senhoras. “Se o cliente
quiser, compra as fichas a três reais por
música. Com um dançarino por vez,
pode dançar a noite inteira”, explica
Graça, que faz questão de reforçar o
bom cuidado com a clientela. “As pessoas querem um ambiente em que se
sintam bem. Vão para se divertir. Se é a
primeira vez, sento a senhora comigo e
assessoro para sentir-se bem”.
A prática, curiosamente, remonta a
um costume antigo e consagrado nos
salões de baile, o do taxi-dancing,
no qual, como sugere o nome, os
clientes pagavam para dançar “alugando” os dançarinos e marcando
em cartões de consumo suas danças.
Se bem que, por volta de 1930,
quando a prática se popularizou,
alugavam-se bailarinas para dançar
com os clientes, pois eram os homens que sobravam no salão.
Existem bailes inclusive na hora
do almoço, que atraem aqueles
que comem depressa, para terem
um tempo a mais no salão. Em um
almoço dançante organizado no
Clube Monte Sinai, na Tijuca, Ana
Ceris conheceu esses profissionais
e se encantou com a maestria dos
movimentos de um deles. “Há senhoras que realizam eventos com
almoço e dançarinos contratados.
Em um desses bailes, conheci o
Robert, que na época tinha 15
anos. Desde então contrato seu
serviço. Já faz oito anos que me
acompanha. Ele me busca e me
traz em casa. Quando viaja, danço
com outros amigos, mas prefiro-o,
pois tenho confiança nele e me sinto
muito segura em sua companhia. Pelo
que sei, ele tem compromisso todo
dia com as senhoras, cada dia com
uma”, conta Ana.
Conhecidos como personal dancers, esses profissionais têm agenda
cheia. É o caso do dançarino Hélio
Ricardo, professor do Rio Samba
Dancer (riosambadancer.com), que
organiza aulas seguidas de roteiros
dançantes pela cidade. “Tive uma namorada alemã que dançava salsa. Eu
não sabia e nunca ia. Ela foi embora
e fiquei com isso na cabeça. Procurei
saber mais sobre salsa e gostei. Como
faltam parceiros, depois de um tempo
a professora me chamou para participar da aula de forró de graça, depois
o mesmo com a dança de salão, e fui
aprendendo. Passei a acompanhar
mulheres aos bailes e, assim, já se
passaram 10 anos. Há cinco anos
resolvi me profissionalizar”, conta.
Outros balanços em meu
samba
Hélio, 28, se especializou como
guia turístico, exercendo a atividade
durante o dia, e terminando a noite
dando aula para um grupo em uma
sala que possui em Copacabana.
Jovens estrangeiros o procuram querendo conhecer a cultural do Brasil,
passear e aprender sobre samba, forró e outros ritmos. Casais e grupos
de amigas fecham o pacote: aula mais
lugar típico de dança, com o acordo
de estarem pelo menos três horas
acompanhados no salão. “Cursei administração até a metade e tranquei.
Descobri-me guia. Resolvi aprimorar
e trabalhar durante o dia contratado
por uma agência de turismo. Dentro
do próprio grupo, às vezes, surgem
novos alunos. A maioria já agenda
antes e fecho as turmas pela internet.
É ótimo trabalhar se divertindo. Saio
com muitos estrangeiros, conheço
outras culturas, pessoas interessantes e aprimoro a língua”, explica o
dançarino que dá aulas em inglês e
espanhol.
dançar salsa e outros ritmos. Conhecer as práticas, os lugares e danças
do local, é muito divertido. Melhor
ainda tendo aula antes”, dizem. Nas
aulas, passados quinze minutos, os
outros ritmos que agrupam casais
pela cidade. Dos estilos existentes, o
lindy hop é um que vem crescendo
nos últimos anos. Dançado ao som
de swing jazz, o gênero do Harlem
americano tem encantado cada vez
mais cariocas. A ponto de quase todas
as escolas oferecerem aulas do ritmo
e o Rio sediar o festival internacional
BSOE – Brasil Swing Out Extravaganza
(brasilswingout.com.br), que já vai
para sua terceira edição, em Outubro.
Imagine andar pelo calçadão de
Copacabana e ir de encontro com
casais requebrando ao som de baixos acústicos e divas do jazz. Não
se surpreenda e entre no ritmo,
pois certamente é um dos eventos
A dança é a forma escolhidas por turistas estrangeiros para conhecer a cultura brasileira
A maioria dos alunos fica sabendo
das aulas através de indicação, guias
ou redes sociais de viagem como o
Trip Advisor (www.tripadvisor.com),
no qual Hélio é muito bem avaliado.
“Amo dançar. Existem muitas casas
de dança no Rio de Janeiro. É bom
ter alguém que conhece. Dá mais
segurança para sair e curtir a noite
dançando”, explica a produtora de
eventos inglesa Caroline Holmes,
34. Viajando com duas amigas, as três
britânicas descobriram o serviço pela
rede e ficaram muito bem impressionadas com as recomendações que
leram de outros usuários. “Ficamos
somente quatro dias no Rio. É uma
maneira divertida de conhecer a cultura do Brasil, além de outros viajantes.
Resolvemos arriscar e ficamos muito
satisfeitas. A aula é ótima e o clima
muito feliz”.
A rede também foi o caminho
seguido pelo casal em lua de mel Joel
Mora e Adria Suarez, ambos de 25,
até as aulas de Hélio. “Temos duas semanas viajando pelo Brasil e amamos
21
primeiros passos desgovernados logo
tomam ritmo seguindo a cadência do
personal dancer professor. O forró é
o mais fácil de ser absorvido, mas o
embalado um dois três de passos
pequenos para frente e para trás é
alegria garantida de samba no pé. Ou
pelo menos tentativa.
Boogie-woogie de
pandeiro e violão
Samba, bolero, zuk, tangos e
forrós são só alguns dentre muitos
No baile de lindy hop o som do jazz dá o tom
O Rio Hoppers organiza eventos de lindy hop pela cidade
CAPA
Performance de dança dos Hoppers no calçadão do Leme
22
dançantes realizados pela companhia
de dança Rio Hoppers (www.riohoppers.com), que trabalha com lindy
hop, jazz, charleston e burlesque. O
grupo concentra as principais ações e
organiza bailes do gênero na cidade,
como os luaus à beira mar.
Amante da música e cultura vintage, a socióloga Luana Perrotta estuda
dança desde pequena. Em 2009 conheceu o lindy hop e se apaixonou.
Tanto que virou Hopper – como se
identificam os membros –, dá aula e
namora outro professor do gênero, o
cientista social americano Ezra Spira-Choen. “Fui a uma festa de rockabilly
e conheci a dança. Encantei-me com
o ritmo e o estilo de vida. Gosto da
época e da alegria a que o lindy hop
remete. A dança é um forte agente
de aproximação das pessoas”, afirma
a socióloga dançarina.
Muitos dos integrantes do Rio
Hoppers se relacionam com outro
Hopper apaixonado também membro do grupo. É o caso do auxiliar
de escritório Jorge Oliveira, 28, e da
técnica de enfermagem, Cinthia Santos, 27, ambos também professores
de dança. Buscando uma atividade
que estimulasse a intimidade de casal,
ajudasse com a timidez do Jorge e
fosse divertida, conheceram o lindy
hop e nunca mais se afastaram. “Um
ajudou o outro. No lindy se mostra
a música com o corpo e aos poucos
fui adquirindo mais confiança, o que
se refletiu em toda minha vida”, conta
o dançarino, que é apoiado pela parceira. “A intimidade facilitou e a dança
auxiliou em nossa dinâmica como
casal. Você aprende a ouvir mais seu
parceiro, prestar mais atenção aos
detalhes. Isso com o benefício de
conhecer mais de jazz, swing, que
“A dança é um forte
cinco. “Conhecemo-nos no Circo
Voador, durante um show de blues
jazzístico. Nunca pensei em dançar,
ainda mais jazz. Como gostávamos
do estilo, resolvemos assistir a algumas aulas. Gostamos e decidimos
continuar. Além de ser uma excelente
atividade física, me auxilia a quebrar
minha timidez e traz leveza para nosso
relacionamento. Você aprende a olhar
o outro nos olhos, pois para dançar
tem que encarar. Um parceiro tem
que sentir confiança no outro e isso
nos fortalece”, diz Malaguti.
Para o professor de dança e Hopper, Luiz Cláudio Martins, 44, a cidade tem os mais belos cenários ao ar
livre para se dançar e deveria aproveitar mais esse potencial. “Dançar insere
no indivíduo algo que o Rio de Janeiro
tem muito, que é a celebração da vida
e da alegria. Colabora com a harmonia
e o entendimento do outro, além de
proporcionar mais companheirismo
ao casal. Isso é cultura e bem estar
social. Algumas pessoas aproveitam
isso bem e dançam por aí, fazendo
mais felizes as suas vidas. Mas poderia
haver mais incentivo da administração
pública, pois a cidade ainda possui
muito potencial para crescer e pouco
investimento”, afirma o professor
que dá aula há mais de 25 anos, na
“Dançar insere no
indivíduo algo que o Rio
de Janeiro tem muito,
que é a celebração da
vida e da alegria”
Luiz Cláudio Martins
tradicional Casa de Dança Carlinhos
de Jesus (www.carlinhosdejesus.com.
br), e, junto com sua companheira, a
dançarina Denise Serpa, na academia
de dança Espaço X Stelinha Cardoso
(www.stelinhacardoso.com.br). O
casal trabalha como professores, dançarinos e organizadores de eventos
como festivais, workshops, bailes de
danças de salão, samba no pé, lindy
hop e charleston. Ambos são embaixadores internacionais de lindy hop no
Brasil, pela Fundação Frankie Manning,
cuja missão é divulgar o gênero pelo
mundo.
Opções, companhia e lugares
não faltam na cidade, para quem
deseja movimentar o esqueleto com
alguém. Escolha o seu ritmo, arrume
o seu estilo e vá dançar agarradinho.
Afinal, como já disseram, quem dança
é mais feliz.
agente de aproximação
das pessoas”
Luana Perrotta
são ritmos excelentes”, diz a Hopper.
O padrão se repete entre os alunos que, ou entram nas aulas já com
parceiro, ou acabam conquistando
um relacionamento dentre os que
dançam. O casal de designers Iara
Rossmann, 28, e Daniel Malaguti,
34, juntos há oito meses, resolveram
aprender a remexer o espírito há
Muitos procuram escola de
dança como a academia de
dança Espaço X Stelinha
Cardoso para aperfeiçoar os
passos
ARTE
&
CULTURA
ACONTECE NA GÁVEA
CONTEÚDO
PATROCINADO:
Broadway carioca
Arthur Moura
Shopping da Gávea se destaca como polo cultural da cidade
Só há um lugar na Zona Sul que
consegue unir o prazer de ir ao teatro
com toda facilidade de serviços, como
fácil opção de estacionamento e ótima variedade de restaurantes. Não é
por menos que o Shopping da Gávea
é reconhecido pelos cariocas como
um polo cultural por excelência.
Além de boas opções de compras, o espaço proporciona aos seus
visitantes um programa completo
para toda a família. “O Shopping da
Gávea tem por essência ser um celeiro de marcas consagradas e cafés e
restaurantes charmosos, além de ser
conhecido como um polo cultural,
com suas quatro salas de teatro onde
Divulgação
estão sempre em cartaz peças de
renome no cenário carioca e brasileiro”, explica José Hernani Campelo,
síndico do Shopping da Gávea.
As salas são: o Teatro dos Quatro e o Teatro Clara Nunes, com
capacidade para 402 e 500 pessoas
respectivamente; o Teatro das Artes,
fundado em 1998, que comporta
457 pessoas com todo conforto; e o
Teatro Vannucci que, com 400 lugares, atrai público de todas as idades
com sua regular programação adulta
e infantil, que chega a realizar até
quinze apresentações por semana.
Para todos os
gostos e idades
Pelo polo teatral do Shopping
da Gávea passam sucessos os mais
variados, com opções para entreter e
divertir toda a família. De sucessos da
Broadway, como a comédia “6 Aulas
de Dança em Seis Semanas”, em
temporada no Teatro dos Quatro, até
30 de junho, que traz Suely Franco
e Tuca Andrada no elenco; até espetáculos premiados, como “Freud - A
última sessão”, em cartaz também até
o fim de junho, no Teatro Clara Nunes, que recebeu em 2011 o Prêmio
Alliance Awards de melhor
peça Off Broadway do
ano. A diversidade de opções surpreende o público
que pode se encantar com
excelentes musicais, como
“Loucos por Sinatra”, em
cartaz no Teatro das Artes;
até divertir os pequenos
com espetáculos infantis, como a
superprodução “Peter Pan – O Musical”, inspirada no conto do escocês
J.M. Barrie, em temporada até 27 de
outubro, no Teatro Vannucci.
O shopping é um marco de excelente programação infantil na cidade ,
pela qualidade dos espetáculos e por
sua estrutura que recebe com conforto e segurança os visitantes, atraindo
crianças de todas as idades. Segundo
Neuza Moreira, administradora de
dois teatros no shopping há mais de
30 anos, o público se beneficia com o
polo cultural concentrado ali e a qualidade da programação encontrada.
“Estarmos dentro de um shopping,
com tão boa qualidade de estrutura
e segurança para os visitantes, facilita
toda experiência cultural. As famílias
se sentem confortáveis ao virem ao
teatro, pois sabem que tudo que pre-
Divulgação
Algumas das peças em cartaz nos teatros do shopping
cisam encontrarão por aqui. De estacionamento a bons restaurantes. Além
disso, a localização é excelente, bem
central, o que atrai público de toda a
cidade do Rio. Por conta disso, temos
pauta fechada nos teatro até março de
2014, e nossos teatros estão sempre
com um público maravilhoso”, conta.
José H. Campelo lembra que
o empreendimento conta também
com a “Estação Vivo Cinemas”, que
possui cinco salas com lugares marcados, poltronas love-seats e som
Dolby-Digital. “Por esses motivos,
o shopping é comumente chamado
de Broadway carioca, sendo uma
referência para os amantes de
teatro, cinema e cultura”, pontua
o síndico.
Shopping da Gávea – Um programa cultural completo. É diversão
garantida para toda a família!
Arthur Moura
23
EDUCAÇÃO
&
CONHECIMENTO
TEXTO_JULIANA
FOTOS_ARTHUR
ALVES
MOURA
Intercâmbio cultural: uma
experiência para toda a vida
24
Já pensou em sair do país em
busca de novas experiências? Antigamente, o intercâmbio era feito de
forma recíproca: um estudante partia
mediante a chegada de outro. E já
faz um bom tempo que esses tipos
de viagem tornaram-se dependentes apenas de uma vontade: a sua.
Especializada em programas de intercâmbios, Michelle Werfel, diretora
regional da agência World Study que
possui mais de 30 franquias em todo
o país, explica que a maior procura é
feita por pessoas entre 18 e 25 anos,
mas há um crescimento significativo
entre os que têm mais de 40. “O
grupo acima dessa idade está mais
estabilizado profissionalmente e com
os filhos criados, o que torna o momento ideal para estudar e conhecer
novas culturas”.
A maioria dos programas é de
idioma com alguma especialidade
como fotografia, culinária ou arte, e
pode ser feito em duas ou mesmo
três semanas, de acordo com a flexibilidade de quem vai viajar. A graduação
de um curso universitário requer um
planejamento maior devido aos, pelo
menos, quatro anos de investimentos.
Já os interessados em enriquecer seus
currículos com uma especialização
no exterior encontram mais opções.
“Muitos nos procuram para fazer a
pós-graduação em diversos lugares do
mundo e a primeira pergunta é se a
pessoa fala o idioma. Se ainda não for
o caso, nossa recomendação é que o
primeiro intercâmbio seja direcionado
ao aprendizado da língua do país escolhido. Trabalhamos também com a
modalidade “sanduíche”, uma proposta ainda pouco conhecida no mercado
que possibilita estudar no Brasil e
realizar uma parte no exterior”.
Que tal desde cedo?
Felipe Leitão, estudante de Relações Públicas das Faculdades Integradas
Hélio Alonso (Facha), resolveu fazer
as malas antes mesmo de chegar à
fase adulta: “Nada melhor para um
adolescente de 16 anos do que morar
na Inglaterra”, brinca. A oportunidade
já existia porque seu pai morava em
Londres há alguns anos e não faltou
coragem para deixar a mãe e os amigos. “Na época (2003), meu inglês
era básico e procurei uma escola para
aprender o idioma. Estudava até13h,
realizava atividades complementares
durante a tarde e, em casa, não falava
português”. Esse conjunto de
ações desenvolveu rapidamente sua nova habilidade
e, em três meses, Felipe
estava pronto para ingressar em
um colégio comum.
“Conheci a Holland Park School
através de brasileiros filhos de militares
que moravam na Inglaterra em missão,
os chamados adidos, e o processo
de admissão envolvia redação e
entrevista. Culturalmente, o inglês
enxerga o adolescente como um
indivíduo independente e as
decisões podem ser sem a
presença dos pais. Durante
Michelle
Werfel
vá. As chances de mudar de vida no
exterior são as mesmas que o Brasil
de hoje oferece e ir para tão longe, sob
condições péssimas de moradia e trabalho, como muitos que conheci, não
vale a pena. É preciso tirar o melhor de
sua estada em outro lugar”.
Do interior para o mundo
dois anos, estudei, trabalhei e aproveitei
as pequenas distâncias entre os países
para conhecer boa parte da Europa.
O aprendizado dessa experiência foi
excelente. Tudo é muito diferente”.
Administrar a saudade de sua mãe
foi o mais difícil e, nesse período, ele
precisou da ajuda de muitos telefonemas e de duas curtas viagens ao Rio de
Janeiro. Atualmente, sair do país por
tanto tempo é uma ideia direcionada ao
mestrado, porém, sempre que pode,
Felipe se programa para visitar seu pai.
“A Inglaterra é um país maravilhoso,
mas quem não está acostumado estranha tanto o clima frio como as pessoas
que são bem mais reservadas que o
brasileiro. O mais importante é que
essa viagem seja feita para aprender,
estudar, construir uma vida. Infelizmente algumas pessoas ainda saem de suas
casas pensando no “sonho americano”
e se o intuito for juntar dinheiro, não
Flávia Toledo
Quem estranhou bastante os ares
europeus foi Flávia Toledo, professora
de Fisioterapia Neurofuncional, Cinesioterapia e Fisioterapia Preventiva
do Instituto Brasileiro de Medicina de
Reabilitação (IBMR). Nascida em Ribeirão Preto e formada pela Universidade
Estadual Paulista (UNESP) no campus
da pequena Araraquara, cidades no
interior de São Paulo, a fisioterapeuta
decidiu romper fronteiras rumo à
Espanha. “Foi um verdadeiro choque
cultural, uma experiência única. No
exterior, as pessoas se misturam facilmente, diferente do Brasil que é um
país muito grande, difícil de conhecer
e de se misturar. Em qualquer lugar é
possível ouvir vários idiomas e a diversidade cultural é fantástica. Tive alguns
problemas com a falta do arroz e do
feijão por estar acostumada a compensar o gasto de energia mental com estes
alimentos. Eu me sentia cansada, nada
ágil. E só depois que passei a consumir
vitamina B, seguindo a recomendação
de uma amiga peruana, comecei a me
senti melhor”.
Flávia concluiu seu mestrado na
Faculdade de Medicina da USP de
Ribeirão Preto (FMRP), no departamento de Neurociências, e uma das
professoras da banca falou sobre um
grupo em Barcelona que produzia
estudos sobre o seu trabalho. “Estendi
o tema para o doutorado, comecei a
acompanhar as produções dessa equipe, conheci o professor responsável e,
depois de um ano, fui para a Espanha”.
Durante seis meses (doutorado sanduíche), Flávia hospedou-se em uma
residência religiosa, gerida por freiras,
onde as acomodações eram ocupadas
por estudantes, mulheres, de diversos
países. “Minha orientadora fez o doutorado em Nova Iorque, uma cidade
Renato
Fernandes
cara, e também
ficou em um lugar
com as mesmas
características cujo
preço se encaixava
na bolsa de estudos. Se não fosse a
CAPES, jamais faria o intercâmbio. Essa
oportunidade mostrou como é importante desenvolver uma visão científica,
despertar a autocrítica diferenciada e
viver a pesquisa em outro país”.
Nada é por acaso
A proposta surgiu em uma das
edições de um curso da UNESCO
realizada em Montevidéu, no Uruguai,
com pesquisadores do mundo todo.
“Lá foi apenas um convite. A partir
disso, o desafio de chegar a Londres
começou”. Em pouco tempo, Renato
Fernandes de Paulo, Fisioterapeuta,
PhD em Bioquímica Médica pela UFRJ
e pós-doutorado no ICB-UFRJ, percebeu que esteve no lugar certo e na hora
certa. “Inicialmente, gostaria de ir para
a França, mas entendi que a língua da
Ciência é o inglês, o que representou
o divisor de águas na minha decisão.
Cursei meu doutorado sanduíche no
Imperal College London e o primeiro
passo para participar desse processo
foi obter, no Brasil, a aprovação e o
reconhecimento do estágio no exterior.
Fui o primeiro do departamento de
Bioquímica Médica da UFRJ a receber
a bolsa do Programa de Doutorado no
País com Estágio no Exterior (PDEE)”.
Durante os 18 meses em Londres,
Renato morou em um hostel exclusivo
para estudantes estrangeiros, uma
indicação de seu orientador. “Percorria
a distância entre a moradia e a universidade a pé, e reconheço que o fato
de ser o único brasileiro da casa contribuiu muito para o desenvolvimento
do idioma. Foi realmente uma grande
experiência de vida. No meu estágio
doutoral, trabalhei com tráfego intracelular de proteínas e investiguei seu papel
especificamente em células neuronais. E
o mais difícil foi adaptar-me aos termos
técnicos utilizados no laboratório, que
eram novos para mim. Antes o meu
foco eram os músculos, só depois
entrei no mundo da neurociência”.
Os impactos dessa viagem só foram
sentidos quando retornou ao país e
percebeu como amadurecera cientificamente, e como estava orgulhoso
de si mesmo não somente por fazer
pesquisa na UFRJ, mas também por
saber que o mundo realizava pesquisa
de ponta e que ele pôde fazer parte
dela. “Os processos são rigorosos e exigem dedicação de quem vai como ler
muito a respeito do objeto de estudo,
atentar-se aos pré-requisitos e prazos
dos diversos editais e dominar o idioma
do país escolhido. A saída do Brasil deve
ser feita para fazer o que gosta, não
apenas pelo fato de estar fora. Afinal, é
o seu sonho que importa”.
Felipe Leitão
Informe-se também sobre os
testes de proficiência
• Test of English as a Foreign
Language (TOEFL)
• International English Language
Testing System (IELTS)
• Test of English for International
Communication (TOEIC)
25
A NA FLORES
[email protected]
Desperdício humano
26
Já falei sobre isso em outra
crônica, mas volto ao assunto,
ainda lamentando o desperdício de
crianças e adolescentes sem eira
nem beira, desaproveitados e desconhecendo seus próprios talentos
que não aqueles dirigidos a delitos.
Hoje me refiro especificamente aos
que são jogados em instituições
cuja finalidade é "formular e implantar programas de atendimento
a menores em situação irregular,
prevenindo-lhes a marginalização
e oferecendo-lhes oportunidades
de promoção social" (Lei Estadual
1.534 de 27/11/1967), mas que na
sua maioria não passam de um depósito de seres humanos. Nestes,
os internos passam grande parte
de seu tempo planejando a fuga ou
especulando sobre como vão se dar
bem quando fizerem 18 anos e se
reintegrarem à bandidagem.
Lugares como essas instituições, com estrutura semelhante
à de um colégio interno, teriam
tudo para ser o local certo para
uma autêntica reabilitação, com
atendimentos adequados, cursos
bem montados e oportunidades
para que se descubram aptidões e
talentos nos internos, mas não o
talento da esperteza e da vingança
contra os que os mantêm ali. Tanto
nas instituições para meninos como
nas de meninas, todos eles menores
e já infratores, nem mesmo eles
desconfiam que são músicos, técnicos, dançarinos, atores, atletas,
professores, escritores ou outros
profissionais em potencial. E é nesse
potencial não descoberto que estão
ao mesmo tempo o problema e a
solução.
É problema porque a realidade
continua mostrando o lado podre
dessas vidas. Por que tão raramente
se veem artistas e profissionais que
descobriram seus talentos nessas
instituições, mas lê-se aos montes
sobre criminosos e delinquentes
que tiveram passagem por elas? E
é solução porque é esse mesmo
potencial que pode ser captado,
estimulado e trabalhado pelos
educadores das instituições que
realmente queiram fazer um verdadeiro trabalho de recuperação
com os internos.
Os nomes dessas instituições já foram muitos e sempre
bem intencionados. Mudam-se
as siglas, mas mantém-se o estigma de escolas do crime, de maus
tratos, de celeiros de pequenos
bandidos que agem como tais na
própria instituição e que em pouco
tempo atingirão o ápice da carreira
marginal. E, o que dá mais vergonha: isso tudo depois de passarem
por lugares criados e mantidos
justamente para que eles possam
ter treinamento adequado para
se reintegrarem como cidadãos à
sociedade de onde saíram.
No moment o em q ue t ã o
oportunamente se chama a atenção
sobre urgentes medidas contra o
desperdício de papel, de comida e
de recursos naturais do planeta, bem
que se poderia incluir nesse foco
o desperdício que acontece sob
nossas vistas com adolescentes que
poderiam ter acesso a alguma oportunidade para se tornarem homens
e mulheres de bem.
T AMAS
Não são mordidas
nem quedas que me doem.
Minhas dores são de tristezas,
minhas e tuas.
As esquecidas
e as que você me recorda.
Essas me doem.
Mas agora posso dizer não,
transpor o muro, pular o trilho.
Dar as mãos, brincar de roda.
Mãos quentes e felicidade.
Podemos combinar assim:
fique com a tua tristeza,
teu olhar severo
que o trem dos meus sonhos
está chegando.
Minha dança começou.
Já fui.
Pensamentos Pró-fundos
Instante Fugaz
[email protected]
- As intermináveis
perguntas não respondidas,
movem a Humanidade.
- Tentei voar 3 vezes.
Na primeira não consegui.
Na segunda não consegui.
Na terceira não consegui.
Vou tentar outra vez
quando nas asas
me crescerem as penas.
- Vou fazer regime
para ficar
mais leve que o ar.
- Correrias desatinadas,
para onde?
Poeta Convidado
Mauro Vinicius Degraf
O Sol O Vento O Mar
Eu disse bom dia!!!
Pra quem eu disse bom dia??
O Sol, o Vento e o Mar!!!
Um dia o sol veio e com seus raios quis me queimar
Mas logo veio o vento, veio para me refrescar
Outro dia veio o mar e com suas ondas quis me afogar
Mas logo veio o vento, veio mas parou de soprar
Acalmando todas as ondas, todas ondas do mar
Pra quem eu disse bom dia?
Disse ao vento
Mas que também pode matar
- No sonho
a liberdade existe.
- Prepotentes
impotentes
deixem em paz
a minha mente.
27
OSWALDO MIRANDA
[email protected]
Dulcinéa – 400 anos depois
28
De repende, Dulcinéa, a amada
de D. Quixote, velha paixão do
chamado Cavaleiro da Triste Figura,
aquela a quem ele dedicava todos
os seus atos. Miguel de Cervantes
Saavedra deixou esta obra fantástica,
quatrocentona, das mais importantes
da literatura universal. D. Quixote lia
as chamadas novelas de cavalaria, que
falavam de homens corajosos, super-heróis que lutavam contra monstros
e vilões em busca da glória. A ponto
de se deixar influenciar, acreditando
que lutar contra gigantes era como
enfrentar moinhos de vento, embora
gozado pelo fiel escudeiro, Sancho
Pança, o cara que tentava chamá-lo
à realidade. E por aí segue a espetacular narrativa. Isso para informar que
entre as pessoas para quem eu dou
esmolas aqui do Leblon, há também
uma Dulcinéa. Fica postadinha ali na
calçada, perto do Talho Capixaba.
Encolhidinha, num bolo de corpo só,
um montinho humano, tudo espremidinho, pezinhos miudinhos à mostra,
o conjunto de carne coberto de ralos
panos, à frente, o copinho de plástico,
no qual, em cada vinte passantes um
joga a moeda disponível, que, se for
de má mira, cai fora... e ela apanha e
bota no tosco recipiente plástico. Não,
não pede. Reservadinha, não apela
com o clássico ”uma esmolinha, pelamor de Deus!” Só aguarda o que lhe
dão, os poucos. Discreta, reservada,
fechadinha no seu modo de sofrer,
resignada com seu destino, assim, à
noitinha, ali, ignorada por muitos passantes. Dulcinéa. Sempre que posso,
deixo um mastigo para ela, aquele
pãozinho, baguete que sai quentinho
da Rio-Lisboa. Uma vez ela levantou
a cabecinha, olhou para mim e nem
fez por menos: “Agora quero com
manteiga.” Voltei e no balcão pedi para
passarem manteiga na baguete e ela
gostou. Já na segunda vez a moça do
balcão disse que para passar manteiga
eu tinha que pagar 3 reais e cinquenta
centavos! Dulcinéa teve mesmo que
ficar com seu pãozinho simples, sem
a manteiguinha desejada, que, enfim,
saboreia com o mesmo prazer.
Revoltado, quase me transformei
no Cavaleiro e com minha lança investir contra aquele moinho pelo abuso
do preço de uma simples “manteigada” num pedaço de pão.
Traduziu Sergio Molinas: “Terás
porventura a mente posta no teu cativo cavalheiro, que só por servir-te e
de tua inteira vontade, a tantos perigos
quis se expor?”
Eu na pele de D.Quixote por essa
frágil Dulcinéa de hoje, que bem poderia estar no grupo dos decantados
miseráveis que Dona Dilma promete
erradicar, segura no lema “País rico é
país sem miséria” que os anjos digam
amém e Sancho Pancha a proteja...
Os tapetes de Mustafá
Já chegaram por aqui e estão nas mãos dos camelôs – sempre
eles... Legítimo, doutor, diretamente da Turquia. 350, mas pro
senhor, 300. É pegar e levar. Salve o folclore Carioca!
G ISELA GOLD
[email protected]
JORNAL NACIONAL: “Para prevenir alto risco de câncer de mama, a
linda atriz Angelina Jolie fez mastectomia dupla, ou seja, tirou os seios”.
Mutilou-se para se resguardar e dar exemplo às mulheres que passam
pela mesma situação. Desfez-se das mamas para não expor seus filhos
à possibilidade de perderem a mãe precocemente. O gesto assombrou o mundo.
Angelina foi corajosa, preventiva e heroína.
GERAL: “Joaquim Barbosa diz que partidos são de mentirinha”. Repercussão entre eles, negativa, como seria
de supor. Mas cá fora foi diferente. Tiro do Ancelmo: “Um sistema partidário com dezenas de partidos, quase
todos inodoros, insípidos, assexuados, sem ideias ou ideologias, é ou não é de mentirinha?” E vem a blague:
cartas para redação...
O DIA: “O sonho das três cariocas era viver o belo cenário dos balões sobrevoando o solo de formação rochosa
da Capadócia, como na novela”. Viajaram, foram e viveram o sonho, para morrer. A ficção vira realidade...
GERAL: “No Rio Grande do Sul o leite fornecido aos consumidores tinha água e formol”. Essas vacas de hoje...
PROGRAMA DO JÔ: “Zeca Pagodinho. Estive aqui em 91. Jogo no jogo do bicho
e Jô falou que quando estudava em Petrópolis, sua mãe disse que sonhara com uma
vaca deitada num sofá gritando mil e quinhentos. Jogou na vaca e ganhou. Tinha um
procurador da Justiça na plateia que olhou para os dois de soslaio...” Zeca cantou
sambas de Ataulfo Alves e Nelson Cavaquinho. A safra atual anda tão fraca assim?
O GLOBO-ESPORTES: “Ex- atleta que transformou a FIFA em uma entidade mundial, João Havelange, 96 anos, renuncia à presidência de honra da entidade para
escapar da punição por ter recebido suborno...” É triste! Nada a comentar, mas
que fiquem, então, as boas lembranças do passado, a partir das vitórias da natação.
GERAL: “Lula estreia como colunista do New York Times”. Grande expectativa pelo seu primeiro texto, quando
deverá contar tintim por tintim como foi armado por ele o esquema do mensalão, the biggest scandal of brazilian
republic...
ESPORTE: Carlinhos Brown inventou e o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, aprovou. É a tal da “caxirola”,
um chocalho que repetiria aqui, na Copa, a participação da torcida nos jogos, como aconteceu com a estridente
“vuvuzela” na África do Sul. A primeira experiência foi no clássico baiano Ba-Vi. Distribuíram 50 mil
aos torcedores. Eles devem ter chacoalhado bastante o pequeno instrumento. Mas mal acabou o
jogo, jogaram a bugiganga no campo. Em tempo: Carlinhos Brown deu uma de presente para a
presidente Dilma, que deve ter achado a coisa uma grande bobagem. Quem pagou? perguntou
Renato Mauricio Prado.
O GLOBO: “Romário: A Alemanha vai ganhar a Copa”. Será que nosso deputado ainda não ouviu
dizer que o futebol é uma caixinha de surpresas?
BAND NEWS: “Afif Domingues, PSD, vice governador de São Paulo, aceitou ser ministro da Dilma, PT”. Problema
à vista: quando Alckimin se ausentar, ele vai ser governador e
ministro ao mesmo tempo? A legislação permite uma vela a
Deus, outra ao diabo?
GERAL: “Atordoado com o desabastecimento, Maduro determina a importação de 50 milhões de rolos de papel higiênico”.
Pelo menos, os venezuelanos poderão evacuar em paz.
A Outra
Silviana sempre soube que
pouco sabia de si. As roupas,
ganhava. Bastava vestir.
Silviana pagava era
com o olho. Olhar de
quem não se vê. Não
vê, mas percebe que
é qualquer coisa diversa daquilo que
embrulha o
vestido.
Os pés,
Silviana calçava com
sapatilhas
pretas e nelas
esquecia seu
caminho.
E eram de
outros as pedras com que
marcava uma
trilha, que não ia.
Os caminhantes, esses sim, tinham cara deles
mesmos.
Uma tarde, dessas quaisquer, transeunte interrompeu travessia para
olhar-se no espelho. Faltava-lhe batom.
Demorou-se no contorno. Lábios. Olhos.
Queixo. Fios de cabelo fora do lugar. Bochechas a corar. Notava ainda narinas, buço,
irretocável tal qual sobrancelhas. A espinha
de intimação retocada com pó de arroz.
No espelho não cabiam duas. Pedaço
de vidro sempre afastou Silviana, quando
outra se conjugava no feminino.
“Não quer mesmo?” insistiu a transeunte. Silviana negou e sorrateiramente teve a
boca ajeitada pela outra.
A mesma que botava o vestido comprado por alguém, ainda se olhava pelos
olhos de outra.
29
B IJUX IN THE BOX
[email protected]
Sinal dos tempos?
30
Agora tudo o que é preciso para
garantir público para uma novela é
um bom vilão. Vão dizer que sempre foi assim, desde Odete Roitman.
É possível. Mas o que incomoda é
que a coisa virou”cláusula pétrea”
da nova constituição das novelas.
Antes, vilão era um ser desprezível,
ficava logo claro que era um mau
caráter, e tinha papel secundário em
relação à história de amor que vinha
em primeiro lugar.
Hoje em dia, não é mais assim.
Histórias de amor são apenas molduras para histórias de maldades
de diversos tipos. Em Amor à Vida
(graças a Deus não esqueceram a
crase!), o melífl uo, dissimulado e
até nojento Félix já está sendo aclamado como a grande atração. O(s)
caso(s) de amor da indecisa Paloma
parecem não ter força suficiente
para segurar a trama.
E até mesmo na história vivida
pela sempre bela Paola de Oliveira
tem o seu lado canalha. O ripongo
que a seduz nos primeiros capítulos,
e que se manda quando a bela tem
sua fi lha sequestrada, ainda nem
começou a fazer maldades de verdade. Agora, com a cumplicidade
de Félix, com certeza veremos um
subvilão em ação.
Mas há vilões e vilões. Creio ser
mais difícil criar um vilão que pareça
verossímil ao distinto público do
que um “mocinho” - como se dizia
antigamente. Em A Favorita, Patrícia
Pilar foi muito bruxa, muito má, e o
povão adorou. Em Avenida Brasil,
a Carminha de Adriana Esteves
era a atração principal, pois o caso
de amor da chocha Falabella e do
garboso Cauã não dava pro gasto.
Vamos ver como se desenvolve
a atuação do excelente Mateus
Solano. Félix já está roubando a
cena – ou melhor, ele já foi criado
para isso. Mas as maldades, até aqui,
me parece que representam uma
“overdose” de canalhice. Roubar
bebê, tentar matar um sujeito que
poderia lhe tirar o sono, são duas
vilanias do tipo “heavy metal”, não
acham? Logo nos primeiros capítulos, gente! O que mais poderá este
ser das trevas aprontar?
Eu vi...
Mais informação
Coisa boa
No jornalismo, e também nos
documentários, sinto falta de mais
informação sobre os lugares onde
se passam os fatos. Às vezes, a gente
não pega a matéria pelo início – estamos pegando um cafezinho, ou
procurando um livro -, e nos escapa
o lugar onde a coisa aconteceu. A
informação só aparece ao lado do
nome do repórter. Uma vezinha só!
Sugiro que se deixe num cantinho
sempre o local dos fatos, afinal a tela é
grande, dá pra fazer isso, e assim não
se perderia detalhe tão importante.
Uma das boas coisas da vida é
gostar de futebol – e outros esportes
também. Há diversas atrações para
quem aprecia o vôlei, o basquete,
as corridas, as maratonas... É prazer
garantido, nos aproxima das crianças,
e tenho certeza de que evita muitas
brigas de casais! Além disso, as imagens são sempre lindas.
Coisa boa 2
Outra coisa boa da vida é gostar de
cozinhar. As Tvs já perceberam, e
a temporada está cheia de bons
programas de culinária. Melhor do
que ver filmes velhos. Nas últimas
semanas, anotei: King Kong, Se Beber não Case (o primeiro, velho),
O Orfanato, Um Lugar Chamado
Notting Hill, Tubarão 1, 2, 3 e 4!
Também todos os Batman, e dois
Superman. Tem mais, muito mais,
o espaço é que é pouco. O pior é
que todos estes velhíssimos filmes
passam nos canais pagos! Estamos pagando para rever antiguidades!
Que coisa!
31
C ARMEN PIMENTEL | LÍNGUA PORTUGUESA
[email protected]
Impresso ou imprimido?
Ganho ou ganhado?
Pego ou pegado?
Você também fica na
dúvida? Pois é... é para
ficar confuso mesmo!
Mas por quê? Por
que muitas vezes não
sabemos ao certo qual
particípio empregar?
32
Primeiro uma breve explicação
sobre o que vem a ser o particípio:
Particípio é uma forma nominal
dos verbos. Complicou? É que os
verbos, muitas vezes, desempenham
funções de nomes. No caso do particípio, o verbo geralmente assume a
função de adjetivo, além de transmitir
a ideia de que o processo verbal chegou ao fim. Por exemplo:
Maria está cansada. Cansada,
aqui, é o particípio do verbo cansar
com função de adjetivo. Repare que,
inclusive, cansada concorda com o
nome Maria, ficando no feminino. É
justamente porque tem a função de
caracterizar Maria, que tem função
de adjetivo.
Voltando a nossa pergunta inicial,
alguns verbos apresentam duas formas de particípio: uma regular (com
a terminação –do); outra irregular,
proveniente do latim ou de nome
que passou a ser aplicado como
verbo. Como saber, então, qual delas
escolher na hora de elaborar uma
frase? Simples!
As formas regulares são, geralmente, acompanhadas pelos verbos
auxiliares ter ou haver. Já as formas
irregulares, pelos auxiliares ser ou
estar. Observe os exemplos:
Eu tinha imprimido várias cópias
do discurso, mas esqueci todas em
casa! – auxiliar ter, forma regular
terminada em –ido.
Preparei várias cópias do discurso. Elas foram impressas na minha
impressora e por mim! – auxiliar ser,
forma irregular.
João havia ganhado na loteria um
prêmio e tanto! Mas não soube o que
fazer com o dinheiro... – auxiliar ter,
forma regular terminada em –ado.
O prêmio da loteria fora ganho
por um tal de João! – auxiliar ser,
forma irregular.
Pego e pegado também são usados normalmente, de acordo com os
auxiliares que os acompanham:
Eu tenho pegado o ônibus sempre
no mesmo horário.
O ladrão foi pego com a mão
na massa!
Mas atenção! Nem tudo são
flores no reino da Língua Portuguesa!
Existem alguns particípios que não
são aceitos (olha ele aí!) pela norma
padrão da língua: o verbo chegar só
apresenta a forma chegado. Nada de
dizer por aí “Ela tinha chego”.
Outros casos especiais:
Os verbos abrir, cobrir, dizer,
escrever, fazer, pôr, ver e vir só possuem o particípio irregular aberto,
coberto, dito, escrito, feito, posto,
visto e vindo.
Os particípios regulares gastado,
ganhado e pagado estão caindo no
desuso, sendo substituídos pelos
irregulares gasto, ganho e pago.
As gramáticas costumam trazer
uma listinha dos verbos que apresentam dois particípios. Eles são
chamados de verbos abundantes. Vale
a pena dar uma conferida!
Infinitivo
Part. Regular
Part. Irregular
aceitar
aceitado
aceito/aceite
acender
acendido
aceso
corrigir
corrigido
correto
eleger
elegido
eleito
entregar
entregado
entregue
enxugar
expulsado
expulso
expressar
expressado
expresso
expulsar
expulsado
expulso
extinguir
extinguido
extinto
fartar
fartado
farto
ganhar
ganhado
ganho
gastar
gastado
gasto
imprimir
imprimido
impresso
isentar
isentado
isento
juntar
juntado
junto
limpar
limpado
limpo
matar
matado
morto
murchar
murchado
murcho
pagar
pagado
pago
pegar
pegado
pego
prender
prendido
preso
salvar
salvado
salvo
suspender
suspendido
suspenso
tingir
tingido
tinto
A LEXANDRE BRANDÃO
| NO OSSO
[email protected]
Hablan español
Na década de 80, éramos comunistas, pero no mucho. Na realidade, alguns mais, outros menos, e
nenhum metido em lutas armadas.
Ficávamos no nível dos comitês de
solidariedade. Na PUC, fizemos
um pró-Nicarágua. Muitos latinos
metidos aí, e entre eles, sim, uns
exilados argentinos e chilenos com
maior comprometimento político.
Líamos Cardenal, o poeta e padre
da Nicarágua, país do qual ouvíamos
as músicas de resistência. Uma delas
nos levava a dançar como só a música
de um Tim Maia ou de uma Madona
ousam fazer. O refrão desse verdadeiro hit era mais ou menos assim:
“los oligarcas de ayer, los verdes claro
de hoy”.
Bem, daí a Borges foi um pulo.
Daí aos Parras outro pulo. E tome
Cortázar, Garcia Marques,
Sábato, Neruda, Inti Illimani e não sei mais
quem.
Pouco a pouco, foi-se construindo uma
geografia inexistente,
que definia um país que
tinha início no sul do
Uruguai e terminava no
sul dos Estados Unidos.
Tudo isso teoricamente,
friso, ainda que não
pareça necessário, por-
que, vocês sabem, ninguém se livra
de pequenos rancores. Nem sempre
o abraço de um argentino caiu bem
num chileno, nem o desse num boliviano ou peruano. Porém, era no
mundo das ideias que transitávamos,
e nele, uma América só.
Não sou dos saudosistas de plantão, no máximo sinto falta de quando
não tinha barriga e o cabelo era
pretinho — bem, mas isso não vem
ao caso. O que interessa é que essa
nostalgia me veio durante a viagem
que fiz a Lima, no Peru.
Encontrei a cidade em obras, o
que aumenta o seu contraste explícito: uma cidade moderna, transitada
por veículos — em especial os do
transporte público
—
velhos; uma cidade cosmopolita,
habitada por Incas ancestrais.
Povo hospitaleiro, boa comida,
trânsito caótico em ruas de poucos
sinais, em suma, várias camadas do
tempo num mesmo lugar. Susana
Baca, cantora do país, retrata bem
essa síntese. Canta seus folclores,
canta também a música negra americana e ainda Milton Nascimento. Se
não estou enganado, foi, como nosso
Tom Zé, uma das pérolas (re)descobertas e lançadas nos Estados Unidos
pelo bom líder do Talking Head.
Minhas visitas a países de língua
espanhola sempre se transformam
em uma oportunidade para conhecer
novos artistas, particularmente os
ligados à música. No
Peru, foi,
graças a uma dica de meu primo
Lucas, essa Baca, de voz doce e interpretação contundente. Na Argentina,
conheci uma moçada nova, que anda
sacudindo o velho e bom tango. O
senhor Joaquín Sabina é da Espanha.
Acho estranhíssimo que se conheça tão pouco a música dessa
turma. Sabina, por exemplo, é um
espetáculo moderno e antenado
com o mundo em que estamos
vivendo assoberbados. No Brasil, o
único disco dele que encontrei nas
lojas foi um gravado com Fito Paez, o
argentino que o pessoal do Paralamas
nos apresentou. Uma pena! Sabina
transita pelo mundo de Almodóvar,
artista que conhecemos tão bem,
ainda que o cineasta seja mais novo
que o músico. Não por acaso, uma
de suas músicas é intitulada “Yo quiero
ser una chica Almodóvar”. Sabina é
engraçado, maldito e, como
soam às vezes os hispânicos,
um pouco brega — um
produto com açúcares de
Lobão, farinhas de Chico e
baunilhas do Rei.
Enfim, minha viagem
a Lima trouxe de volta a
sensação de que estamos
longe daqueles que estão
aqui mesmo, ao nosso lado,
grudados até. Não deveria
ser assim.
33
O NDE ENCONTRAR
BOTAFOGO
Budha Spa Botafogo
Av. Lauro Sodré, 445/G3 e G4
– Shopping Rio Sul
Tel.: 2295-7941
OX Fitness Club Mourisco
Praia de Botafogo 501
OX Fitness Club Praia
Praia de Botafogo, 488
21 2295-2211
COPACABANA
Banca do Babau
Rua Inhangá esquina c/ NSC
Banca Tia Vânia
Rua Xavier da Silveira, 45
Banca Xavier da Silveira
Rua Xavier da Silveira, 40
Empório Occhiali
Rua Siqueira Campos, 143 –
Loja 141-142
Espaço Brechicafé
R. Siq. Campos 143 - loja 31
Tel: 2497-5041
34
Graça Brechó
Av. N.S.Copabana 959 - Loja E
Ao lado do Cine Roxy
Le Chic Optique
Av. N.S.Copa., 267
Livraria Nobel
Rua Barata Ribeiro, 135
Tel.: 2275-4201
Helena's Studio
R. Siqueiro Campos, 143/lj 25
Rest. Príncipe de Mônaco
Rua Miguel Lemos, 18- Loja A
Shopping 195
Av. N.S.Copacabana, 195
Sorveteria Lopes
Av. N.S.Copa., 1.334 - loja A
Theatro Net
Rua Siqueira Campos - N° 143
- 2º Piso. Copacabana
FLAMENGO
República Animal
R. Marquês de Abrantes, 178 lj. B
Tel.: 2551-3491 / 2552-4755
GÁVEA
15ª DP – Gávea
R. Major Rubens Vaz, 170
Tel.: 2332-2912
Banca da Bibi
Shopping da Gávea 1º piso
Tel.: 2540-5500
Banca da Gávea
R. Prof. Manoel Ferreira, 89
Tel.: 2294-2525
Banca Dindim da Gávea
Av. Rodrigo Otávio, 269
Tel.: 2512-8007
Banca Feliz do Rio
Rua Arthur Araripe, 110
Tel.: 9481-3147
Ações de Rua
• Livrarias
• Bancas • Cafés
• Restaurantes
• Espaços
Culturais • Lojas •
Academias
Banca New Life
R. Mq. de São Vicente,140
Tel.: 2239-8998
Banca Planetário
Av. Vice Gov. Rubens Berardo
Tel.: 9601-3565
Supervídeo
Rua Visconde de Pirajá, 86 lj.C e D
21 2522-6893
Banca Speranza
Praça Santos Dumont, 140
Tel.: 2530-5856
Via Verde
R. Vinicius de Moraes, 110, LJ. C
Banca Speranza
Rua dos Oitis esq. Rua José
Macedo Soares
Wash Club
Visconde de Pirajá, 12, loja D
Casa da Táta
R. Prof. Manoel Ferreira,89
Tel.: 2511-0947
JARDIM BOTÂNICO
Carlota Portella
Rua Jardim Botânico, 119
Tel: 2539-0694
Chaveiro Pedro e Cátia
R. Mq. de São Vicente, 429
Tels.: 2259-8266
Le pain du lapin
Rua Maria Angélica, 197
Tel: 2527-1503
Igreja N. S. da Conceição
R. Mq.de São Vicente, 19
Tel.: 2274-5448
Posto Ypiranga
Rua Jardim Botânico, 140
Tel:2540-1470
Menininha
Rua José Roberto Macedo
Soares, 5 loja C
Tel.:3287-7500
Supermercado Crismar
Rua Jardim Botânico, 178
Tel: 2527-2727
Posto BR – loja de
conveniência
Rua Mq. São Vicente, 441
LAGOA
Bistrô Guy
Rua Fonte da Saudade, 187
Restaurante Villa 90
Rua Mq. de São Vicente, 90
Tel.: 2259-8695
HUMAITÁ
Banca do Alexandre
R.Humaitá esq. R.Cesário Alvim
Tel.: 2527-1156
IPANEMA
Armazem do Café
Rua Maria Quitéria, 77
Banca do Renato
Rua Teixeira de Mello, 30
Budha Spa Ipanema
Rua Visconde de Pirajá, 365/B,
Sobreloja 201
Tel: 2227-0265
Centro Cultural Laura Alvim
Av. Vieira Solto, 176)
Mundo Verde
Rua Visconde de Pirajá, 35
LARANJEIRAS
Casa da Leitura
Rua Pereira da Silva, 86
Mundo Verde
Rua das Laranjeiras, 466 – loja D
3173-0890
LEBLON
Armazém do Café
Rua Rita Ludolf, 87
Tel.: 2259-0170
Banca Canto Livre
Rua Gen. Artigas, s/nº
Tel.: 2259-2845
Banca do Mário
Rua Gen. Artigas, 325
Tel.: 2274-9446
Banca do Vavá
Rua Gen. Artigas, 114
Tel.: 9256-9509
Banca Rainha
R. Rainha Guilhermina,155
Tel.: 9394-6352
Banca Scala
Rua Ataulfo de Paiva, 80
Tel.: 2294-3797
Banca Top
Rua Ataulfo de Paiva, 900
esq. Rua General Urquisa
Tel.: 2239-1874
Budha Spa Leblon
Rua General Urquiza, 102/
6º andar
Tel.: 2249-5647
Café com Letras
Rua Bartolomeu Mitre, 297
Café Hum Leblon
Rua Gen. Venâncio Flores, 300
Tel.: 2512-3714
Central de Compras do
Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 556
Centro Empresarial Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 204
Cidade do Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 135
Entreletras
Shopping Leblon nível A 3
Embalo Bar
R Dias Ferreira, 113
Fotografia Digital
Av. Afranio de Melo Franco, 310
Rio Flat - Apart Hotel
Rua Almirante Guilhem, 332
Vitrine do Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 1079
LAPA
Bar da Nalva
Rua Silvio Romero, 3 - Esquina
com Rua do Riachuelo
LEME
Maison 25 Haute Coiffeur
Rua Roberto Dias Lopes, 25
Quiosque Espaço OX
Av. Atlântica, Posto 1
As mulheres se identificaram com a matéria
de maio da Folha Carioca, "Mães coragem"
SANTA TERESA
Banca Chamarelli
Rua Áurea, 02
Banco do Lgo. dos Guimarães
Largo dos Guimarães s/nº
Bar do Gomes
Rua Áurea, 26
Bar do Mineiro
R. Paschoal Carlos Magno, 99
URCA
Banca da Deusa
Banca da Teca
Banca do Círculo Militar
em frente ao Círculo Militar
Banca do EPV
Banca Ernesto e Bia
Av. Portugal, 936
Banca Garota da Urca
Av. João Luíz Alves, 56
Bar Belmonte
Av. Portugal 986
Bar e Restaurante Urca
Rua Cândido Gafrée, 205
Dia dos Namorados
Shopping da Gávea.
Troque beijos e presentes
com o seu amor.
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