Turismo e Etnografia

Transcrição

Turismo e Etnografia
ANO
m
· Loriga - Setembro de 1951
PELA
NOSSA
REDACTOR: ProL .Carlos P. Asc?nsõo
TERRA-PELAS
li
N: 30
GENTES DA
SERRA
DlRECTOR E PROPRIETARIO: Dr. Carlos Leitõo Bastos
EDITOR: José Luís
1.
Redacçõo o Administração: Rua Marquês da Fronleira 111 C/D. - LISBOA
d~
Pina
Coznp0S!c ·e ímwessO: • Uniõo Grá!lca - R. San!a Morta, 48 - lisbocz
Turismo eEtnografia
o PROBLEMA.
DA CAMIONAGEM
Por CARLOS P. ASCENÇÃO
mio dos Industriais de Panificação, Grémio dos ln·
dustriais de T ransportcs de: Automóveis, Ins pe~ção
Geral dos Produtos Agrícolas e Industriais, Instituto
Maternal, Ordem dos Médicos, Ordem dos Advogados, •Hospitais da Universidade, Maternidade, :2." Região Militar e re:!;pectivo Regimento do -Distnto de
·Mobilização e Recrutamento, Casas de Saúde, etc..
etc., esta·belecimenios e repartições que obrigam o
público desta vasta e -importante área a constantes
idas à cidade de Coimbra.
Ora, corno si·bemos que a Empresa Automobilis.
ta Arganilense, r.equereu a concessão de 1ima carrei·
ra diária, COVJLHÃ>LORJGA-S. ROMÃO.COIMBRA e vice-\;ers:i. com a partida da Covilhã às 5 e
chegada a ·Coim·bra às J J,ro, r-egressando novamente
às i6,30, para chegar à Covilhã às .2:i.,40' horas, ficámos ·todos radiantes, .po1 julgarmos, finalmente, ver
realizado um velho sonho. 'Com um horário magnÍ·
fico directamente, e em excelentes' caminhctas, todos' os hab.ita.rites
poderiam
deslcx::ar-'se •à cidade.. do
'
• 1
•
Mondego, com raptacz, segurança e muito econom1camente, o que representav.1 um inc~lculável bencfí,
cio para · todos.
(Cont. na pág. 2)
Assinada pelas Juntas de Freguesia . e por grande
parte das empresas industriais e comerciais da região,
foi enviada ao Senhor Presidente d~ 'Conselho a seguinte exposição:
Senhor Presidente do Conselho
LISBOA
Excelência:
As
Jun~as de Fregue-sia, industriais e comerci~is
abaixo assinados, representando os interesses das suas
terras, vêem respeitosamente. junto de V. Ex." a -expôr ~ seguinte: ·
Há dois anos que foi aberta ao trânsito a Es~rada
Nacional n." 231 entre Alvoco da Serra e Unhais da
Serra, facto que encheu de justificado júbilo todos os
~bita11tes desta. reii~o. por v_islum!brarem ~ possibiidade de se transportarem mais cómoda e fàc1lmente
at1'.lvés da nova via de comunicação, a qualquer localidade do país, nomeadamente para a Beira Baixa
e pa~a Coimbra, .pe~tindo, ·assim. 'Um maior desen•
volv1mcnt:Q económico
'
'
Ape:s~r de vária's empresas haverem requerido o
estabeleomento ?e algumas carreir.is, há dois anos
se aguardava ansiosamente que o a.sslinto fosse despa,~~º: Uma tal demora, porém, tudo levava a crer
significasse a preocupação de um esfudo sério, por
pai:e do Conselho Superior de Viação, no desejo de
satisfazer. o rneih?r possível. os interesses desra linda
e pQpulosa região.
Pelo <J.úe sé pàssou, pode logicamente deduzir.se
que nenhum estudo ou inguérito foi :feito - 0 que
é pal'a lamentar - dando em resultado, com a solu•
ção adoptad3, haverem dificultado. ainda mais, a vi•
da dos habitantes de algum<1s· terras, tais como os de
Alvoco da Serra, Teixeira, ·Vasco Esteves de Baixo
e Vasco Es:eves de Cim~. que ficaram sem meio de
i.ranspôrtê para se deslocarem à. sede do concelho,
o que é incompreeensÍvt'!.
Ati há pouco faziam-se as seguintes carreiras:
LORIGA.SE1A-NELAS e vice-versa, diária com
ºN correio, 'ALVOCO DA SBRRA-LORJGA-SEJA,
e vice-ver:sa, nos dias· úteis, e, finalmente,
IGO.SEJA-NELAS-VISEU e vice-versa, às ter· .
cas
· tas e sábados.
• • <Jum
··
. Ora, deste modo, todas as povoaÇões serranas, com
evidente exceJ'?o de Teixeira, possuiam bons· meios
de -transpor~e •para Seia, Nelas e Viseu.
Nota~a.-se, apenas, a falta d e uma ligação directa
Para Coimbra e pâra Covilhã, cidades a que mais intimamente estamos, ligados, por ·fortes . laços econÓ·
mices, escolares e burocráticos, especialmente com
Coimbra~ para ·fins que se relacionam com a sua ve:lha
e gloriosa Universidade. ·e ainda por· ser i sede do
ribunal da Relação, Direcção de Viaçio do Centro,
da 2.• Circun'SCrição Industrial. Direcção dos Edifícios
NacioD.1Ís do Centro, Direcção' dos JVlonumentos Nacionais, ·Direcção dá Fiscalizaçio E.l~ctrica, Direcção
·dos Serviços Hidro-~léctrico~, .da ·Direcção H idráuli.c:i do Mondego, Grémio dos ~etalhistas de Mercear.ia, Federação ·Nacional dos Industriais de Moagem.
Direcção dos Serviços de Urbanização, 2.. • Circun5'
críção Floresta(, Escola Nacional de Agricultura, Gré-
.
í.oiLAs
!
Portugal pode e deve ser um país d e turismo. As
suas condições naturais de paisagem variadíssima e
de variadíssimo modus vivendi, e a sua longa história, documentada em monumentos grandiosos. tornam o nosso país digno da atenção dos estrangeiras
e do orgulho dos nacionais.
Portugal deve aproveitar estes factos .para fazer
turismo. Está aqui o melhor meio de propaganda
das belezas que guardamos dentro das nossas fronteiras e da vida equili~rada que nos honra; reside
no tllrismo urn e.ficienre meio de cultura ou intercâmbio cultura. e constitui 'lima poderosa fonte de receita, com manifesta influência na economia da Nação.
Por estes motivos, o turismo deixou de ser sim·
pies -preocupação de burgueses, para ser ·um proble•
ma de interesse nacional.
·Mas o turismo pressupõe certas circunstânc:ias que
? tornem possível. Vís~a a questão de relance, sem
intuito de a aprofundar, julgamos necessárias as se•
. guintes medidas:
·
r .") Facilitar, até 30 possível, a entrada e a per,
manência de estrangeiros em •Portugal. Recentemente
foi dado um passo neste sentido e é provável que se
possa ir mais longe.
~.") Promover .uma bem organizada propaganda
dos locais dignos de atenção, pela sua paisagem ou
costumes. ·D e .nada servira virem, até nós, cstran·
(Continua tia J>ág. 4)
O ENCERRAMENTO
do A.NO SANTO em FÁTIMA
Nos próximos dias 12 e .13 de .Outubro, vão
realizar-se, em F~tima. as soleníssimas cerimónias do encerramento do Ano Santo, par.a o CS·
trangerro.
. , .
· Tudo se prepara para que as .cenmonias decorram de ~orma impecável e ~anto os portugues de todos os recantos do Pais, como os estran·
se
·
- nos re fcn'dos
geíros que ~ f'at111:1a
se des1ocarao
d. serão ah acolhidos de modo sem precedentes.
iaO Cardeal .Tedeschini, legado de Sua Santidade às cerim~nias d e . encerramento cheg~r~ a
p tugal no próximo dia 9 de Outubro, v1a;an·
d or bord~ do navio dtáliaii. S~rá in.stalado ,
0
como ho'spede · de ·· honra ·do Governo português.·
no Palácio de Queluz.
.
No dia -,2, Sua Eminê?ci~ seguirá para AI-.
cebendo cumprimentos na Sala dos
cobaça, re
.
. . d
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·
_
no
Mosteiro
segum
o-se
um
a moço
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. .• (
na Sala . do Capítu p, a~ ~ua .ass1shrao se.is . ardeais e 10 urras . altas índ1VJduahdades edes1áshcas
ª·
e
•
•
CIVIS.
•
.
•
1
· Findo 0 almoço, o sr. Cardeal T edeschmi déslocar-se-á ao Mosteiro da Batalha, onde se paramentará e receberá os cumprimentos de tódo
.
...
o episcopado portugues.
.,
Cerca das i5,45 o Cardeal Legado dirigir-se-á,
então. · a Fátim·a onde chegará pelas 16,30. Na
· Cova da Iria'. Sua Eminência será ali recebido
com uma salva de artilharia de 21 tiros, honra
devida a chefes de Estado, passando. então, re-·
visla à guarda de honra constituída por forças da
região militar.
Séguidamente será feita a leitura da Bula d~
nomeação do Cardeal Legado desfilando a guarda de honra. cm continêncià, perante Sua Emi·
nência.
Logo após estas cerimónias, o Cardeal Teàeschini visitará o Senhor Bispó de Leiria, organizando-se. depois. uma procissão até à Capelinha das Aparições onde o Cardeal Legado e a
sua comitiva, constituída pelos Cardeais Patriarca de Lisboa, ·Arcebispos de T~ledo, de São.
Paulo e d~ Lião e de Lourenço Marques e demais dignitários da Igreja, prestarão homenagem
à Virgem. No séquito incorporar-se-á. também,
um repres'e ntante do Cardeal Spellman , Mons.
Sheen. Bispo auxiliar de Nova Iorque. Depois,
dirigir-se-ão ao · àltar ·a rmado cm frente à Basílica, ao cimo de uma imponente escadaria', Ali
realizar-se-ão 'as seguintes cerimónias:·
Alocução de boas vindas. P roclamação das
conclusões do Congresso Internacional da !\.1ensagem de Fátima. "Te Deum>l e bênçã~ do Santíssimo. Às 'f.2 horas, principiará a procissão dâs
(Continua
na página 2)
A ··NEVE
O PROBLEMA
..
SETEMBRO -
1951
O ENCERRAMENTO
DA EAMIONA6EM do Ano Santo em Fátima
(Coutinunr-1.'ío da pagina
1
1)
Num só dia, qualquer pessoa pode deslo::ar-se a
Coimbra, triita r dos a-ssuntos que lhe dizem respeito,
ou consultar um médico especializado e regressar ao
lar!
·
·•
·
Era bem uma justa compensação pelo abandono
a que estas terras e:stive!'am votadas, durante longos
anos!
Acontece, .porém, que, ,recenternente, foi autorizada ·uma carreira COVILHÃ-LORJGA-SEIA-NE·
. LAS e vice-versa.. . em serviço combinado. entre as
Empresas Auto T ~nspones do Fundão, Ld.", e Auto
União Serra da E5trela. Ld.". com ·transbordo em
Vasco Estev~. lugar completa~ent~ êrmo e :.;em o
mais insignificante abrigo, com um segundo trans•
bordo em .5. Romão, partindo de Covilhã às 8,35 é
a c~egada ·a Coimbra às 1~.10.
Assim, depois de uma demorada e penosa viagem, chega-se. a Coimbra a umjl hora tardia. nao
sendo j:í possível tratar qualquer assunto, por ao; repartições .se encontrarem -en~er.radas. .Pràticamente.
p;u::a uma !imples consulta cl~n1ca, ou par.; .º cumprim~nto de <l~~1quer formalt~ade 1burocrat1::1, n~s
repar~ições of1c1a1s 011 çorpor~t1vas. gastar-se-a.o trcs
dias. quando. ;:om o eHabelecimento•da carreira requ'eridá 'Pela Empresa Automobilista Arganilense. de
Jorges, Mariàno ,l!Ç C.°, um s:imples dia bastava! .
Como :;e trata de um serviço de manifesta ·uti•
!idade pública, ousamos solicitar o seu deferii:n~nto.
com a rapidez indispensável, evitando-se, asE1m, os
inailculáveis prejuízos que estamos a sofrer.
T .imbém recentemente foi suspensa a carreira
AL VOCO DA SERRA-LORIGA-SEIA-NELAS e vi·
ve-v~rsa, que partia ~aquela 1~calidade às 30 ~ re• .
gressava iàs 19 horas. Tal medida leso~ con.:1deravel: mente ·não só Alvoco da Serra, mas a1nda a !fregue,
sia da Teilteira e as pa~oaçÕes de Vasco Estev~s 'de
Baixo, Vasco Esteves dt: Cir;na, Outeiro da Vm~.
e Aguiného. ·cuja populaçãp ficou privada de um .meio
de transporte fácil para a sede do con::elh~. . · _
Ousamos. por isso, chamar· a esclaree1da at.eqçao
áe V. Ex.", no sentido de ordenar o restabelecimento da rcfc.-1da carreira. Ela é ~bsolutamente ,indispensável à vida normal dos pov~s ~a ~e~r~, pat'a ;bem
cumprirem os seus devers f1sca1s, 1ud1c1:11s e ate ca·rriar.irios.
É V. Ex.' dotado de ·raras qualidades de inteligência e de c~ração, qui: há mu~to n?~ habituam~s
a seguir e ldm1rar: ·sent,e, ·corno nmguem, as nece~s1dades ,do povo das a}deias .de :Portugal; se~do ~sim,
estamos certos sabera considerar a nossa tnste -;;itua. ção"e .remediar OS no~S<?S males. ·.
Concret~sando • .rohc1tamos:
Seja concedida a car-'reir~ já requerida. à Empresa
Automobili~ta Arganilensc, com o horário mencionado;
·
Que ·seja ·resta;be1ecida a carreira Alvoco da Serra...Nelas como existia até há pouco. _
. .Perdoe-nos v:,.E x.ª o tempo que . viemos· ~ornar·
.•lhe, com esta petição: porém, como parece que os.
Jiómens, por muito distant~. ·não escutam as nOS5a;5
razões, nem se prestam ;. ouvir as nossas queixas, fei·
tas com equidade, entendemos dirigir-nos a V. Ex.",
ná conyicç.ão de que in•eira iu'stiça· nos ·será .feita.
s.
I
A Bem da Nação
Junta de
Junta .ele
Junta de
Junta de
Junta de
Junta de
Junta de
Junta de
Junta dé
Junta de
Freguesia de Loriga
Freguesia de Alvoco da Serra
Freguesia de Teixeira
Freguesia de Cabeça
.
Freguesia de Sazes da -Beira
·Freguesia de Vale:zim
Freguesia de S. Romão
Freguesia de T orrozelo
.freguesia de Unhais da Serra
Freguesia de 'Erada
(Con.tlnuação da Prii:neirá Página)
velas. Às 23 horas. haverá exposição do Santíssimo, seeuindo-se os tradicionais turnos de adoração n'OCtW"ftéh
.
..
· O Cardeal Legado.. de Sua Santidade dirigir_.se-á, no final das cerimónias do ·dia. ao' edifício
do hospital onde ficará hospedado. ,
No dia 13, a otdem das cerimónias, é, a se:
guinte:
Às q horas. missa de comunhão geral. Às 1O
horas, recitàção do Rosário é a :Procissão com a
imagem de Nossa Senhora da Capelinha das Apa.
riÇões para o altar o~d~. às 11 horas, será ceie~ ·
brado solene Pontifical pelo Eminentíssimo Cardeal Legado. Alocução do Santo Padre, em português. Consa~ração ao lmaculadà Coração de
1\/laria. Bênção Papal. Depois, a procissão do
!<adeus u.
Findas eslas cerimónias, o Cardeal T e·deschini
dirigir-se-á. novam~nte, a Queluz, retiran~o-se' dt;.
Portçgal, no <cLusitânia Expressou.
·
.
O ACESSO Â FÁTIMA NOS ' DIAS 12 E 13
Para ·o acesso a Fátima, nos di~s 12 e 13, estabeleceram-se as seguintes zonas de prove."
nlenc1a:
.
DO NORTE DO PAIS: Os peregrinos que daí
se deslocare~ t~marão a estrada de Coimbra-Pombal - perto de Léir.ia e Vila .Nova de Qurém. ·Aqui, no cruzamento da Quinta da Sardinha, seguem pela estrada nova directa a Fátima.
. '
.
NO. NORÇ>ESTE. DO PAIS: Tornar a estrada
de Alvaiázere-Figueiró-Vila Nova de Ourém.Fátima.'
DO ALTO ALENTEJO E SGL DA BEIRA.
BAIXA: Nisa-Gavião-Abrantes-Entroncamento•
-Tor[es Novas .. Uma vez IJ.esta localidade podero
seguu um · dos dois desvios seguintes:
.
.ª> :Vil.a _Nova 9e Ourém-Fátima; b) fvlinde<
-Mua de Aue-F átima. 11 - Santarérn-Torres Novas-Vila Nova. de Ourém-Mira de Aire-Fátima.
DE LISBOA: 1 - Rio Maior-A1cobaca-Batal?a-F.átima; li - Caldas da Rainha-Bat~Iha-Fá·
hma.
·J?~qui se infere, haver cinco grupos de acesso
a F:"t1ma. constituídos por rna.gníficas estradas.
todas preparadas para grande movimento. não
. sendo de admitir engarrafamentos nem paragens desnecessárias
Aléi;i do mais. estão já preparados parques
de estacionamento: os de auto-li~eiros corr: a ca·
pacidade para 12.000 viaturas·; e os de camione_.
tas, ~om a capacidade para 2.000 veículos. Os
referidos parques estão localizados ao norte do
Santuário e a norte e sul da nova estrada. mais
conhecida por 11Avenidasu. que liga a Batalha
com Vila Nova de Ourém.
•
O acampamento internacional está situado à
volta do Santuário e tem capacidade para l 2.000
peregrinos, dispondo. num total. de 12.000 leitos;
não t~,11~~ .. _por isso, os peregrinos de dormir so;
b'r e .palha ou mantas.
.
·
.
E·s c :A :L D iO
das Festas d·a Vila
R
(Co11ti11uaçiío da página 2)
O Grupo DesportitJo Lorig14ense- etiviou ao seu cong~nere de Sacavé~". a s~guinte càrta:
..
'
·29 de Agosto de "195l 1
Ex.'"º Sr. Presid~nte do Spor~ Grupo Sacavanense
Sacavém
Ex:~'" Senhor:
A direcç~o desta sociedade. vem. mui re.s~eitosa·­
mente, apresentar ao «Sport Grupo Sacav.inense11, a ,
que V. Ex.ª tem a honra de presidir; os seus máis
iinceros agradecimentos pela ~aliosa oferb de uma
artística placa em prata. lembrança esu âe que foi
portador o nosso presa~o a!Jligo .é conterrâneo sr.
António da Cruz Arrifana. gesto que bastante nos
sensibilizo.u.
..
·
Jamais poderemos esquecer esta ._prova de gentileza que é apanágio dos laço.s de amizade que unem
estas duas Colectividades, através dos seus dedicados
cola'boradores que lutam pelo mesmo ideal no desporto, num e~gr.indec!mento por um Portugal
Maior.
Com os nossos cumprimentos e .fazendo. votos
pelas prosperidades dessa pre.s~igiosa SociédacÍe, subscrevem.o-nos, com a mais elevada considetaç.ão· e de;
seja.mos a·'v,. Ex.~
!VJuita Saúde e Sport
Grupó Desportivo Lorigúense
.
VISADO PELA. CENSURA
Todas as estradas são bastante largas e optíma
f!lente .tr~tadas.
.
Ó Presidente
Senhas de estacionamento de v~ículos e de acarn·
pamento
Os au~omobilistas, ao adquirirem as senhas
de estacionamento, o que podem fazer nos p01''
tos da ~olícia de \/~ação e Trânsito espalhados
pel~ Pais, a pártir do próximo dia 30. recebe•
rão n1apas com ·a indicação expressa das vias de
acesso e parque de destino. As senhas de acat'll'
pamento, que custa 20$00 por dia e por pessoa•
estão reservadas, até ao próximo dia 30, aos pe:
r.e grinos estrangeiros. quer por intermédio d~
S.. N. 1.. quer' por intermédio · das aoências P°..
·viagem. A partir ôestc dia, porém. a venda t~r-·
na-se livre. As referidas senhas. depois do dia ~; :
são_ s_ubstituídas p~r senhas de localização. ori~~ :
esta impresso o nu:mero da barraca e lu~ar qll~
lhe diz respei to.
Deve, no entanto. dizer-se. que a aljinenta~
ção corre· por conta e risco dos peregrinos .
-
Transmissão radio/Ónica e outros seroiços
O sen:;iço da transmissão radiofónica .es~á 3 1
cargo da Emissora Nacional que montará. · no lo;
cal. os seus serviços a fun de poder :mandar para:
o ar ·reportagem d os acontecimentos em ondas,
médias e curtas. De hann<;>niá com a Rádio Mat:•
coni, a E. N. poder& emitir,, t~bém.' ,em onda
curta, para · 0 Ultramar e Amenca Latina.
Foram convidadbs 4 delegados da Rádio V&'
ticano para fazerem a transmissão da reporta:
gem dos acontecimentos em francês. inglês. it&·
liano e ~kinão. 11tilizando os serviços técrucos dll
Emissora. Espera-se que a Rádio Nacional de
Espanha aceite o convite que no mesmo sentido
a
a E. N. lhe fez.
Os ·s erviços de correios· e telégrafos foram ~~­
mentados e ampliados com 2 pos.t os de correJO
e 3 ~pos de cabinas telefónicas_ JWlto do l_o·
cal destinado aos semços de informação ·e tutlB"'.
mo; que disporão de guias intérpretes. funciona•
rá um 'posto para serviçÓ de câmbio!>.
A NEVE
AGOSTO - 1951
BAPT!ZADOS: Receberam o baptismo n~ noss~ igreja
Nuno. filho de Cados
Mendes Simão e Filom ena Lopes de Bri:o: Padrinhos: Nurio
Alvaro Abreu Mendes e M.aria [sabei Abreu Mendes.
• - Maria dos A njos, filha de Maria .José Mendes de
lesus. Madrinha: MarU. dos Anjos Mcn.d es.
- Horácio e Maria de F;ítima, filhos de Alfredo de
Pina Calado e Maria dos Prazeres Lourenço. PadrinHos,
António Mendes Ascenção e Filomena Nunes de Brito
Ascençâo.
-.Armando. filho <le António Alves Migue) e Morin
,:_~~imo Alves· Pereira. .Padrinhos: José Alves Luís e' ·
••-.a liefona Mendes de Abrtu.
.
·
· ·"'.:.-:-: Jorge, filho' de ' Antón ic;> Nune$ Ribeiro ~ ' Aurora ~e
Brno Pina. Padrinhos: Antónto Luís Duarte Pina e Maria
do Céu de Brito Pina.
·"
· - Caciano. filho de Eduardo Mendes de . Brito e Maria
d<>s Anjos Caçai'?· Padrinhos: Eduardo Luís Duar~e Pina
e L'lurinda de Brito Cappo Pina.
- Maria Helena, filha de Aurora de Moura Pina.
l>ádrinhos: Carlos dos Santos Aparício e Maria Natáli~
Fernandes' Alves.
'
- Maria' Irene. filha de Alfredo Mendes Oliveira e
Arminda Lu ís Praia. Padrinhos: António Abreu Pina e
Maria Irene Abreu Pina.
'
- M.oria de Loúrdés, filha de EmCdio de M<Jur;i Pina e
Maria Teresa· de Jesus Moura. Padrinhos: )os.! Moura Pin:i
e Aurora da Nativid~de Prrcira.
- f<Jsé, filho de Álvaro dos Sant{ls Aparíci<J e Maria
\, Irene Gómes Oiniz Prata. Padrinhos: Amónio dos Santos
Ap~rfcio e Mnria de Lourdes Lages.
·
paroquial as seguinte$ crianças: -
3
Na nossa feportagem sobre as Festas da Vila não
inc/11imos os discursos dos nossos conterrâneos e amigos Ex.b"~' Srs. Walde11rnr Nunes Brito e IY1anud Gomes Leitão f1or ttão terem chegado a tempo de serem
inseridos no último número. Fazemo-lo agora com o
máximo prazer, e publicamos ain,ga o ofício ela Jimta
de Freguesia de Loriga para a seta congénere de Sacavérn bem c01no Hm do grupo Desportívo Loriguense para o Sport grupo Sacavenense.
A Junta de Freguesia ~e Loriga enviou à Junta
de Freguesia de Sacavém o seguinte ofício:
sr..
· · · .":Ex.;;;~
President~ e mais
Freguesia de Sacavém
~ogais da ;~nta de
s·
e
•• Visit~ o polígono t~tico, ·Lorit?a; Covilhã,
' 4v1anteigas • . Gouveia. Seia. Loriga
ficará assini conhecendo, uma das regiõ.e s mais hei~ do
e.
llosso país.
'
e
23 de Agosto ele i951
Não foi sem uma forte emoção que esta vila, há
poucos dias, re::ebeu, de braços abertos e coração alvoraçado. ama .numerosa caravana de ex·cursioni.;ras,
composta por filhos de Loriga e Sacavém, há muitos
anos ·residentes :nessa encantadora vila estremenhá-lar
sol.arengo que tão bem . saibe tratar os qu~ dela se
abeiram ou acolher mattrnalmente os q ue nela se
abrigam - cuja embaixaila era portadora. em re•
prese'iitação de . um dos seus mais ded.icados e prestantes colaboradores. nosso muito prezado conterr.â~eo e grande bairrista Sr. António da Cruz Arrifana,
que ao .meio associativo Sacavanense sabemos ter disCASAMENTOS: Realizaram-se na nossa igreja paro·
pensado o melhor do seu esforço e entusiasmo, o
quiaJ os seguintes enlaces matrimoniais: - José Moura 'Pina.
qual nos fez entrega, ·pes~oalmente, de uma mensafilho de António de Moura Pina e de M3ri:i José Mendes
Jorge, com Aurora da Natividade Pereira, filha de João
gem desse Corpo Administrativo, cujos termos de
Pereira e de Maria da Natividade.
extrema cortesia sensibilizaram não só os componen- Viriato Guilherme 'dos Santos. filho de António
tes desta Junta, como todos os Habitantes desta
Gui[hcrme e Maria dos Santos Mo.z;irga, com M aria dos
terra~ comÓ se es;e gesto de, efusiante afabilidade re•
Anjos ele Moura Pina, filha de António Macedo de Pina e
de Deol inda de Moura Pina. · ·
presentasse pouco, cuja distinção 11ão julga~os haver
Aos noivos, os nossos parabéns com desejos das maiomerecido, quis essa Junta de Freguesia 1r mais longe
r~ felicidades.
·
;.
nos l.ampejos da sua simpatia por Lori~a, gravando
na nossa mente mais do que a -simpatia protocolar
: .' ÔB!TOS: Registamos os seguintes:
,, '
'7" No dia 14 de Agosto, a menina Alzira Gouveia
das boas palavras, que não raras vezes as esquecem
:s:CoS:int~s._ filha de. Cândido Marques dos Sanros e lsaur.t na voragem dos tempo;, fazendo-nos oferta de uma
nce1çao Gouye1a • .
\J filh - No dia 27, a menina Maria Manuela Alves Mourira, artística e vali-asa lembrança que doravan te. qual .fa.
:i de José Mour.i Mourita e Adélia Alves de Jesus.
rol na entrada· de um porto ou na cumeada de um
· d p:-.No· dia lo doe Setembro, 0 menino Hor;ício Lourenço
porto cu na cumeada de um monte, con-s.t i t~ti uma
<;. ml..oa,.' filho de Alfredó Pina Calado e Maria dos Pra:taes
urerl.ço. - · . '
~
. ·
.
·
lâmpada perrnanentemence acesa.,·par.I evocar os laços
-No di:a· 16 d
b · .
.
Brito p· . füh
e "•21n ro, o menino Fernando de
fraternos e amigos que nos unem.
Brito p ere1ra.
ma_. · 0 de Alfredo · Duar!e Pina e Maria José de
,
.Não tínhamos neste momento à mão qualquer
estimativa humana que pudesse contrapor~se à valia,
- No d'.a .20, o menino Orlando Pereira Nunes Abreu,
filho de Ant?lllo Nunes Abreu e Maria Alice Pereira Abreu.
da vossa simpática lembrança, por e~se motivo. ·re-: NMo dia 21 , o ~r. António Marq ues ·da Silva. filho de
solvemos, à. f alta dc.,· ~e.lhor, e 'Si~ple~ment~ ~ra
AntÓmo arques e Maria Rita.
.
vincar a essa Terra, nobre e hosp1tale1ra, a muita
. Às fami~ia~ enlutadas apr~entamos as ncss.:is J11ais sen• •
lidas condulencias.
estima que Loriga sen.te por ela, no prolongamento
das raízes inrolúveis do seu sa'ngue e do seu aifecto,
DIYEIRSAS;' Para: '? Rio de Jâneiro, saíram os nossos
baptlzando um dos seus largos côm a legenda «LARc~nt~rraneos: ~nton10 Mendes Miltias e Álvaro Jorge
GO . DE SACA VEM», para. deste modo, ~e manter
Jljbc1ro. Para o Para, Álvaro Mendes Simão, sua espo.;a e fi·
~empre bem vivo .perante os presentes ~ _vindou:os.' º·
lhos e Joaquim Dias da Silva e sua espcsa. A estes nossos
·. conterrâneos desejamos óotima viagem e inúmeras felinome gfonoso dessà ~erra, que tão ded1cac4 tem sid(!
· cidades.
·
•
para os .nossos iilh~s. ·
. . · . :.
. .
.
.. .
*' u«u a 4J1"M* • *• :u a v ~
•• m "' a •• a z un n
,,,
Servimo-nos
deste
cn~eJo
para
saudar,
na·s pes..
soas de V. Ex.~', . todo o bóm povo de Sacavém.
.No dia 3 de Setembro de .1951 foi baptizada
~ ~~eja: parõ~u1,al de· Sacayém Maúa I~a~el
i! v·e~~ Simão J1lha de J!debrand~ Lop~.s ~1mao
; p1tor1a Marques Carreua. Foram padnnhc:>s Jose essoa e Albertina Carreira Pessoa.
No dia 5 de Setembro de .J 951 foi baptisado
~ .' iID-eja paroquiál de Sacavém. Carlos Ant6nio
. P.ma .da Ascei:ição filho de Ant6nio Pinto da Ascenção e de Maria T ereza Brito da Ascenção.
Foram padnnh<>& António dá Ressurreição Pina
Hermínia ·M endes · de Brito Pina.
·No passado mês de julho de J 951 foi baptisa.da n a igreja d e· Sacavéin, Maria Isabel de Jesus
·.~éndes filha· de João ' Ribe~ ·Mendés·e de A!llélia Alves de Jesu5. Foram padrinlios Mánuel Ribeiro Mendes e · Laura ~ibeiro.
' . .:._ En~o~tra-se doe~te a nossa ·conterrânea.
D ·Vicência Moura esposa do. nossci amigo Francisco ·Go.me$ Lages. Votos cl~ i rá~idas melhó~j\s ..
fuluras ·visitas. por altur..t das festas, desejando que
o número .;e multiplique, de ano. para ano.
Quantos desejariam .:cornpanhar-vos nesta romagem de saudade, mas suas vidas não o permitiram.
Ainda assim. estão connosco e nós com eles.
Não quero roubar-vos mais tempo aos braços .frã,
ternos das pessoas de f:unília, amigos ·conhecidos.
Por isso, vamos terminar e, antes de o fazermos, desejamos, mais uma vez, reavivar-vos .a nos-sa grati,
dão, pelo
fim nobre e altruista <JUe
vos norteou t na
•
...
•
organização desta embaixada à Terra-Mãe.
Vivn Loriga!
. A Be~ da Nação
Pela' Junta ~e Freguesia
. O Presidente .
•
..
• •.. •
o Senhor
Valdemar Nunes' de Brito pronuncio.u,
em nome .da Junta de Freguesia,· as segi1inte.s palavras:
"Amigos e Conterrâneos
'
I
~ cheia de j~bilo que· a jun~ ~e F~eg~esia . recebe· Loriguenses que ·longe mo1re1~ o pao ~e . cada
dia.
·
·
· Não ·era necessária, a vossa pr.esença. para demónstrar o carinllo que ·vos merece a terra que vos .embalou. Vai para 3 anos, diSS? nos ~ertificamos; que
a nossa· Filarmónica 5~ deslocou a SACAVi:.M. Não
vos poupistes ª, ~aci-i.fícios vá:i?s, s~ para que à embaixada que Lônga vos ~nv1ou, nao , pudesse !faltar .
algo.
.' ·
. ·
.
'
E ~ão faltou .. :sincer.iroente o confessamos. ..
Gratos por quererde5 aum.entar º.brilho .dás '_festas, espero-.não desmer.eçam no conce1fo por v6s if<irmulado. Aproveitàmos -o ensejo para vos·. incitar a
os
•
'·
São do Sr. Manuel Gomes Leitão, da Comis~ão
Executiva das Festas da Vila, as seguintes palavras:
Ex."'" Direcção do Grupo Excursionista dos Loriguenses residen tes em Sacavém, minh;;s senhoras,
meus senhores Conterrâneos:
Quisera,' neste momento, saber tecer um hino de
l~uvpr, dc~crever com os lábios a alegria e a emo-
ça? que a vossa chegada, verdadeiramente triunfal,
despertou no cora~ão de todos nós!. ..
.
Como se t.iJ representasse pouco, desejaria ma.is:
erguer a voz dó afecto, da magia e da temura às culminâncias mais altas da imponente Serra da Estrela
qu~ sobranceira nos contempla,' para dali, mais perto e em convívio com a côrte celestial, nos fazermos
fiéis intérpretes da 1nens.agem. 'divina. do afecto · e
ternura sobre-humana - que só o enlevo e os lábios maternais sabem desempenhar - ante a meditação im~ávída e serena dos entes queridos que
?ela .se .abeiram e que há muito não via, mas cuJaS palpitações do coração se habituou a ouvir baixinh.o ; no murmúrio dos tempos e das vicissitudes
da vida!... ·
Essa mãe impaciente e carinhosa que jamais esmoreceu no amor que nos dedica, ou votou ao es•
tracismo. cunsada 'de esperar e talvez envelhecida
pela idade e. pelo desgosto constante de não vos po•
der acolher - como era sua maior ventura - no
afago das suas carícias. Ei-la al::andorada na
encosta, meiga e serena, de braços erguidos para o
céu, para nos abraçar . e beijar, totalmente transformada em menina e moça. erguendo arcos de
triunfo~ vestindo a rigor a face da sua fisionomia',
com as esmeraldas e pérolas màis raras da sua estima. espalhadas pelo manto verde1claro ·da sua e
nossa esperança 1... .
Tal qual cavaleirôs lendários, trazeis dentro da
alma a couraça intrasformável da dedicação a~ trabalho que vos torna credores e respeitados aos
olhos da posteridade.
·
Sois pioneiros da chama vótiva da saudade em
cuja ·labareda certamente nas horas de info~nio
queimastes as achas da desilusão.
Não tenho, nesta hora de júbilo, o direito de
vos deter mais, pois deveis vir •cansados da longa
jornada que iniciastes nessa risonha e encantadorà
_.vila .de, ~acayém -. J>d:ri:des meias co!ll a capital
do Imperto - onde. cot1dld.'namente aplicais a vossa
actividade· e.- graças ao vosso grande poder de adaptação e 3f!lOr ao trabalho, sgis justamente distingui·
dos e bem tratados. . .
Retomai ·a marcha ascendente . de àtraveskrdes
as ruas da vossa e nossa qu~ida terra - que , ela,
com.o sempre, bem vos receberá.
.
. .
.
An.tes, porém, ·não quero desp~rdiçar ·esta .tão
bela oportunidade, ·para, em nomé' da Comissão das
· Festas da Vila de t951 ·e supon.do interpretar o
Júbilo ·geral da Família Louriguense, de vos saudar
com o fogo juvçnil do nosso entusiasmo, apresentando-vos as felicitações mais ·quentes e amistosas
de Boas:vindas..
•
;
1
Um por·, todos e todos por . um.
Loriguensesl. .. Cora~ões ao alto!. ..
Bradai comigo este grito imortal:
Viva L'Jriga!
,
e ainda - Viva Sacavém !
Vivam os seus filhos e nossos irmãos
a11. resa.dentes 1... ,
I
(Continua na pág. 2)
A NEVE
P E LA
NOSSA
TERRA-PELAS
CE N TE S
OA
SETEMBRO -
SERR A
Turismo e etnografia
(Conti nuação da página 1)
geiros, se, depois, se ficassem, de braços cruzados,
sem saber q ual o rumo a seguir. E isto só se consegue com uma organização completa e, para ser completa. ·deve ter <(cabeça>) oficial. Não bastam as iniciativas partic ulares, de efeitos momentâneas on
transitórios, onde se dispersam actividades que não
podem .ser responsabilizadas P.ºr não te;ei:n o dcv~r
de agir. Desconheço a ·doutrina do Cod1go Adm1·
nistrativo que prevê a criação das Comissões de Turismo. Seja ela qual .for, o que interessa -é que, na
prática, resulte obra organizada.
.
O ·Diário de ·Notícus de 24 de Junho de 1951,
em artigo intitulado «Ê preciso coordenar.º _Turismo),, diz o seguinte: <.<As numerosas com1ssoes de
Turismo espalhadas pe1o nosso pais são constituídas
à base do amadorismo e do "bairrismo>) - estafados
preconceitos que 1fizeram a sua -época e que hoje, pela
evidência das realidades, têm de ceder o lugar ao
profissionalismo 'responsável e à nacionalização im,
periosa. E mais adiante: ~<Organize-~e u'!1 corpo,
com cabeça e membros, dê-se a esse organismo um
estatuto oficial, de:fenindo-lhe um programa de acção, uma norma de trabalho e um objectivo obrigatório)),
· É natural que este desejo se realize, tanto mais
que o assunto foi já debatido na Assembleia Nacional e o Estat uto do Turismo está em estudo na Câmara Corporativa. Afinal, é tudo questão de orgânica da qual beneficiarão os visitantes que. desejam
conhecer o pais' e os ·portugueses; para quem o co•
nhecimento da sua :Pátria é quase obrigação.
3.º) Finalmente, tem de -ser olhado, a sério, o pro,
blema das comunicações e da hospedagem.
Estas duas inc:l-listrias - transporte e holelaria são as mais interessadas no assun~o. e o seu .futuro
depende mmto da realização dos dois pontos a que
<icima referirr.os.
Em matéria de transportes, não somos o país mais
mal servido. Temos •bons autocarros que rodam ge•
r.almente por boas .estradas. Dig? geralmente porque
nem sempre assim acon tece. H.a terras q~e, ~hora
modestas, são iug:ires de maravilha e que os turistas.
por ouvirem .falar delas, desejam conhecer. Mas, por
vezes, os cam1nhos são tão maus que, ao regressa•
rl'm, .não sentem desejo de· lá voltarem.
Também em matéria de ·h ospedagem se tem feito
muito nos últimos tempos. AJém ·dos boteis e pensões partic:ui:ires, vão surgindo, aqui e ~~~· ~s Hi:l,
te is de Turismo e as Pousadas, bela m1c1atlva do
S.N.J.C.•P.T., entidade a que ·n ão podemos negar o
mérito de se;', de direito e de !facto, a maior força
que acciona o turismo português. Cont udo, desejamos :fazer, aqui, outro reparo. Há pequenas vilas e
até aldeias, terras de enéantar, na paisagem e no folclore e onde a gente s.e sente bem. ·Pois muitas destas
terra:; não possuem, sequer, uma modesta pensão,
condi~ão indispensável para uns dias de in~ir;do pra•
zer espiritual. E é pena! Quem poderá remediar estas
faltas? Esperemas que ·o turismo se organize e que,
desta organização surjam ·p or t~a .ª parte, 1?equenos.
.focos de tur..smo, como ramos de uma gigantesca
árvore q"ue dará a ·Portugal muitos e va!ios.os frutos.
Vimos, por alto, a parte puramente tecmca do tu~
rismo. Ver.:?mos, adii!-nte..
•
. Quando o estrangeiro (ou nacional) se lança em
peregrina~ão é par.a ,v~-: coisas .n~nca vis1'.1s· A~s~~sarnente, busca o 1néd1to. Ao t urista .que nos v1s1ta
pouco -interessam ás nossas. co'ns'truçõ.es modernas. ~
certo que temos. ein Po~gal. a l~uma.s obras de :U:'
quitectura e de eng"."h.~:-ia modernas ~ 1gnas de admiração: O Estádio Naoonal, o .~osp1tal Escolar. de
Lisboa, a barragem de Ca~telo ~~· Bod~ e outras senam
obras grandiosas, em quà~quet pa:te do mundo. Mas
ão é bem isto que o turista deseia ver. Interessa-lhe
~ais 0 que, de quaJquer moçlo,. retrate a história e
a vida da nossa gente. São bem verdadéiras estas
palavras do ilustre etnógrafo, Dr. A. C . .Pires de Lima:
"Aos forasteiros iJOUco interessam os 11ossos ar•
ranha-céus, as fábricas majestosas de tecidos e de
moa'gem, as pontes de c;mento armado, os monstros
que vieram substituir a sóbria e hospitaleira casa dos
nossos antep:issados, os automóvei-s de luxo, os har•
cos a vapor, os -combóio~ e os barcos-brinquedos movidos a electricidade, a música ruidosa, monó tona e
desconcertante dos cinemas e da radiotelefonia . ..
H,á em todos os países coisas dessas e por vezes
"mais visrosas e mais ensurdecedora~ ainda do que· as
nossas ...
Os visitantes estrangeiros desejam ver, porém, as
casas portuguesas, os moinhos e as azenhas: as rocas,
os espadeladoiros e os teares caseiros; as pontes que
se 1mpõem pelo seu aspecto rústico: pelo pitoresco
. OU pela antiguidade;' OS ·Carros de bois de eixo fixo e
os maravilhosos ·jugos e cangas; os barcos de todos
os feitios, .alguns dos <.]uais vêm de eras muito recuadas; os brinquedos humildes fabricados por crianças analfabetas, às vezes, mas que parecem ter sido ·
copiados de um dicionário de antiguidades gregas
ou romanas ou e 11uminuras de um manuscrito medieval; os arcaísmos dos nossos cantaréus e as umalhas» e r~mances tradicionais, canções que, no dizer
não podem ser excedidos, quanto à beleza e sentientusiasta de um professor e musicólogo americano,
mento, pelas próprias vozes dos anjos11. (Cit. por
José Francisco Rodrigues no «Mensário das Casas
do Povm>'d e iMaio· de r950 pág. 4).
Aqui ficam as palavras de um mestre a reforçar
a nossa ideia de que ao tt,irista interessam, sobretuao,
as manifestações etnográficas e folclóricas do nosso
povo. lsto i que constitui o inédito e a surpresa. O
resto é vul5aridade sem grande 1nteresse.
Quando o viandante sé queda em frente dás "ª1'
minhas» e dos cruzeiros dos nossos caminhos, não
só admira a -beleza singela destes rústicos monumentos, mas também se transporta aos tempos passados cuja força espiritual fez ibrotar, da terra portuguesa ,estes magníficos documentos de
E. então,
gostaria de saber um pouco da história desta boa
gente.
Quando o turista, ('.:insado de andar, repousa à
sombra. duma .Írvore, e ao longe, o bserva o arado sulcando a terra ou lhe chega aos ouvidos o som agres· re dos chocalhos. a quebrar o. silêncio dos campos,
certamente gosta.ria de ~.:;ber de que vive este povo
e qual a indústria característica da região. Poderia
informar-se junto do pvvo, mas este trabalho seria
moroso e incompleto.
Os .'museus étnográfícos regionais são os grandes
livros abertos, onde se .pode ler a história do povo
- a história da alma e do trabalho. Por este motivo,
eles deviam surgir, já ~ão digo em todas as terras,
ma:s, pelo menos. em todas as sedes do concelho de
Portugal.
Não basta conservar. os moinhos e as azenhas,
.as pontes ritsttêas e os caminhos lajeados, as «almi,
nhas »e os cruzeiros, c<'mo símbolos evocativos de
um pretérito dista~te <;1;1e servem de lição ao presente e rasgam hori:wnres para o futuro. :6 tambérn
necessário amparilr carinhosamente uma série infinda
de objéctos, rústicos embora, mas 'de arte eloq1.1ente,
saídos das mãos do povo e onde se retrata toda a
~w psicologia.
·
Estes objectos, antigos e modernos, guardados"em
..
museus, seriam os pergaminhos .onde se registam as
cu.rvas da ev?lução cultural e e~piritual .da n ossa gen-
ré.
te.
;· .Além. dis~o'. é há-bito o turista desejar reéordações
aos locais v1s1tados. Pois. nos museus, e.ncontrarià
sugestão para satis~azer, o seu ,go:stÓ. A vista ·de 'trabalhos 'i~tefeSsantes, .tr.ibalhos· régiqnais, .'l~vá-lo-ia à
procura de trabalhos idêoticos. .
: ·
·. A aquisição
activ<ir o tr~ba.
.dé íé,;;ordações
.. . .. . .virlá
.. .
1951
lho regionai e caseiro do barro, do ferro, do coWo•
da madeira, etc. O incremento dado, assim, à indústria ca-seira, te.ria sensível repercussão na economia
na~ional. na valorização do turismo e no amor às
coisas pÇ>rtuguesas.
Uma das fotografias que ilustravam o citado at'
tigo do Diário d e Notícias era acomp~nhado desta
legenda: «As festas folclóricas - grande elemento
de valorização,) turística~'·
Na verdade, nada provoca tanto «movimento de
clientela)) -· .finalidade do turismo - como as festas em que se exibem ::> Joklore regional. Nós. o sa•
hemos pela concorrência das festas. realizadas de nor•
te. a sul de 'Port~gal . A «Senhora da Agonian eDl
Viana do Castelo, o «S. João» e a Semar..a Santa eIJl
Braga, o Carnaval de Torres Vedras, as festas do
«Colete Encamadon em Vila Franca de Xira e tall'
tas outras :iue, por conhecidas não citamos, <:onstitue!ll
a atracção de milhares de ·forasteiros. Já se vê qJi
daqui, resulta grande <ictividade das empresas. 'J t
transporte e de hotelaria, como disse, as índúst~
mais interessadas no tunsmo. Mas não são menos ía,
vorecidas as ind'lÍstrias regionais de doçaria, de brin•
quedos'e das i!rtes decorativas.
. Além des_ras 'festa-s de fama. nacional, digamos assim, temos amda as festas. feiras e romarias de intt'
resse apenas regional. Mas nem, por isso, deixam dt
m~recer atenção, pois também elas são causa dos {e.•
nóm~nos atrás m.encionados (embora em menor escala) ~om. ev!dente proveito :Para as humildes e ignoradas mdustnas locais.
. ·Mi~tu;án:os, aci~a, f estas religiosas com profanas.
Isto nao 1nd1ca, po~em! desrespeito por aquelas, mas
apena.s o nosso object1vo de falar em <1movimento
de chenteG>i, comum a ambas, Do espírito que ~
anima não nos compete falar., nesta altura.
• • •
E, chegados aqui, podemos apelar para a inicia•
tiva particular. Agora s.m, agora será de aproveitar
o trabalho de todos. Dentro da su:J terr;; e cio sell
âmbit~ d~ acção, todos podem contribuir para que
o t1:1fISta encontre, aí, coisas originais, isto é. dife•
rentes das já vistas .noutTos lugares. Dentro de cada
:terra organt~em-se, . sim, comissões <:!Ue defendam ~
bele.zas locais - as pontes rústicas, os inoinhos e .a
azenhas, as ((alminhas>•,
cruzeiros e outros moilll'
m_ent?s simJ?les, . mas riquíssimos de ~vocações. as in'
dustnas regionais, as cantigas e as ·lendas. os costu'
mes tradicionais, sobretudo os relacionados com os
ciclos festivos do Natal e da Páscoa. Oroaniz.em-5t :
festas folclóri~as, com exibição de Tanchos7 mas raW
chos que ~raiem à maneira nitidamente regional e·
cantem as ' canções da· região e não as de regiões:
estranhas ou do estrangeiro. 'Promovam-se festas cu!-.
turais. desport:vas e recre4tivas, com elementos -saídO.S
da própria teJ-ra. Que estas coisas se não confundalfl
com as de outras terras, e muito· menos com as àl
outros pat.ses.
. Este trab.ilho de iniciativa particular. compre6'
d1do e aux ~lado pelo ct.mpetente organismo 06~·
trará um grande incremento ao turismo português-'
os
.
.
.
~
C. PINTO ASCENSÃO
.,... :t;Au$
b
d
..
~
~A
'·
AFilurmónicn de LoriéO
.i
.
~- digna. de registo a actividade da Filar~ónica de
Loriga. e bem se pod~ cbssificar de «h;ilhante>l ,a
sua :ictuação, nas festividades para que e chamad?·
A fama da nossa Ban<i-1 chega ionge e. na prt:•
sente época, tem já a· contar' como triunfos duas via'
gens a terras da frontei~ pe Espanha, além ela pai'.'
ticipação em inúmeras festas das povoações circunVl'
zinhas.
·
.
Ê compreensível que a nossa Banda leva sen:ipf'C
ccnsigo o nom.e de Loriga e quanto mais alto se el~,
var, mais alto fica o nome da nossa terra. ·
. Também não é ignorado o papel da .. Músi~"
na· cultura popular - educando a sensibilidade, d1w
traindo e' alegrando o povo. . ·
.
Por estes motivos, é digna dos nossos aplaU5~ 5 .
e .d a nossa ajuda esta nobilíssima Sociedade rujo ·ún1'
c~ fim Se resúme nestas palavras: dar «VÍdal> •e f.1JPâ·
à .terra que tu.do ~os me.rece porque é a Nossa Tert11"
..
C. P. A.