Seqüestro de carbono e produção de biomassa - NIMA - PUC-Rio

Transcrição

Seqüestro de carbono e produção de biomassa - NIMA - PUC-Rio
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
Seqüestro de carbono e produção de biomassa no PRAD
do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro
Galeão/Antônio Carlos Jobim
Aluno: João Eduardo Prado Uchoa Mesquita
Orientador: Marcelo Motta de Freitas
Co-orientador: Hugo Portocarrero
Monografia submetida ao Departamento de Geografia e Meio
Ambiente para conclusão de Curso de Bacharelado em Geografia e
Meio ambiente.
Aprovada por:
Orientador: Marcelo Motta de Freitas
Examinador: Josafa Carlos de Siqueira
Examinador (a): Guilherme Kangussú Donagemma
Outubro 2006
ii
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais
Departamento de Geografia e Meio Ambiente
Seqüestro de carbono e produção de biomassa no
PRAD do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro
Galeão/Antônio Carlos Jobim
Aluno: João Eduardo Prado Uchoa Mesquita
Orientador: Marcelo Motta de Freitas
Co Orientador: Hugo Portocarrero
iii
Agradecimentos
Agradeço a meus pais, irmãos e amigos que sempre me apoiaram
e ao meu lado estiveram. A todo o corpo docente pela minha formação e
desenvolvimento acadêmico, aos que marcaram e construíram amizades,
grande amigos que na universidade encontrei e que na vida espero
manter. A todos que de alguma forma contribuíram para a finalização de
mais uma etapa da minha vida e a conseqüente abertura de novos
desafios e conquistas. Obrigado do fundo do meu coração.
iv
Sumário
1 Introdução
1
2 Objetivos
2.1. Objetivos gerais
2.2. Objetivos Específicos
3
3
3
3 Embasamento teórico
4
3.1. Os Gases do Efeito Estufa – GEE
4
3.2. Aquecimento Global
5
3.2.1. O protocolo de Quioto e os Mecanismos de Flexibilização
8
3.2.2. O protocolo de Quioto
9
3.2.3. O Acordo de Marrakesh
10
3.2.4. Implementação Conjunta
13
3.2.5. Comércio de emissões
13
3.2.6. Mecanismo de Desenvolvimento Limpos (MDL)
14
3.2.7. Uso da terra, Mudança no Uso da Terra e Florestas (LULUCF) 15
3.2.8. Os Créditos de carbono ou Certificados de Emissões Reduzidas
(CER)
17
3.2.9. Principais projetos de CERs no Brasil
17
3.2.10. O Contexto brasileiro dentro dos MDL
18
3.2.10.1. Regulamentação Nacional
19
3.3. Produção de biomassa e estoques de carbono em leguminosas
arbóreas
20
3.4. Métodos de avaliação
22
3.4.1. Quantificação da biomassa e do estoque de carbono-método direto23
3.4.2. Determinação da biomassa e do estoque de carbono na parte
aérea
23
3.4.3. Determinação da biomassa e do estoque de carbono na parte
radicular
24
3.4.4. Quantificação da biomassa e do estoque de carbono-método
indireto
25
4 Descrição da área
4.1. Localização
4.2. Clima
4.3. Relevo
4.4. Vegetação
4.5. Solo
4.5.1. Perfil de solo nº RAD 2
4.6. Histórico da degradação do Morro do Radar
4.7. O PRAD do aeroporto internacional do Rio de Janeiro
27
27
27
28
29
30
30
31
32
v
5 Resultados e Discussões
5.1. Análise estrutural
34
34
6 Conclusões
38
7 Bibliografia
39
ANEXO I - Resultados das avaliações estruturais da vegetação
43
ANEXO II- Recortes
46
vi
Lista de figuras
Figura 1 Temperaturas médias no planeta nos últimos anos, e projeções
futuras. Fonte: http://www.grida.no/products.aspx?m=36, Temperaturas
1856 – 1999: Climatic Research Unit. University at East Anglia, Norwich
UK. Projeções: IPCC Report 95.
6
Figura 2 Foto de satélite da Nasa, onde a imagem a esquerda mostra o
gelo “permanente” no Ártico em 1979 e a direita em 2003 (redução no
tamanho e na espessura do gelo). Fonte: Arctic Climate Impact
Assessment, 2004.
7
Figura 3 Componentes dos ciclos da água e do carbono no planeta terra
(Fonte: Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, IPAM).
20
Figura 4 Compartimentos que estocam carbono em área florestada.
Fonte: http://www.florestasdofuturo.org.br.
22
Figura 5 Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, Galeão/Antonio
Carlos Jobim Fonte: www.cidadeturismo.com.br.
27
Figura 6 Visão geral do Morro do Radar, na Ilha do Governador, durante
as obras de construção do aeroporto (1971).
28
Figura 7 Área do Morro do Radar atualmente, 5 anos após a
implementação das práticas vegetativas (Portocarrero, 2006).
29
Figura 8 Vista de sobrevôo de helicóptero da área do Morro do Radar
anteriormente a execução do Projeto de Recuperação de Áreas
Degradadas (Portocarrero, 2006).
31
Figura 9 Voçoroca vista de longe durante o diagnóstico do estado de
conservação da área, ano 2000 (Fonte: Portocarrero, 2004).
32
Figura 10 Talude onde foram executadas as medições, antes (A) e após
(B) a execução das práticas mecânicas (Portocarrero, 2006).
33
Figura 11 Imagens de Satélite (extraídas do Google Earth), do Morro do
Radar (2006), podendo-se observar em verde a localização do talhão
onde foram executadas as medições de desenvolvimento vegetal.
34
Figura 12 Medições dos indivíduos selecionados a 1,30m a altura do peito
com perimetros acima de 0,5 cm.
35
Figura 14 Histograma da distribuição médias dos DAP para as espécies
avaliadas.
36
1
1
Introdução
E Deus nos concedeu a mente para pensar e as mãos para construir,
e assim, se fez à humanidade
A vida como nós conhecemos, salvo alguns casos de seres que
vivem em condições extremas, possui uma estrutura muito delicada e
sensível, que depende diretamente de um ambiente equilibrado que
garanta as condições básicas para a sua perpetuação. Sendo assim, as
menores nuanças no ambiente, sugerem grandes conseqüências para o
mesmo.
Os seres vivos se adaptam as modificações ocorridas no ambiente,
ou seja, evoluem de acordo com este, porém, o tempo de resposta tanto
por parte das modificações no ambiente quanto para as adaptações a
este são extremamente lentos.
A questão que nos concerne diz respeito à influência antrópica
sobre as modificações no ambiente e o reflexo destas na dinâmica do
clima global.
A problemática do aquecimento global se encontra cada vez mais
presente, interferindo diretamente na frágil manutenção da vida. Frente a
esta realidade, o desenvolvimento de tecnologias limpas que contribuam
para a mitigação destes efeitos, surge como um desafio ético e moral para
com nossas vidas e a de gerações futuras.
Entre essas medidas, os projetos de ocupação e uso dos solos e
de manejo dos recursos naturais que visem a sustentabilidade e a
estocagem de carbono são iniciativas de grande importância. Dentro da
concepção dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo os projetos de
Uso da Terra, Mudança no Uso da Terra e Florestas LULUCF incorporam
essas necessidades, mostrando-se, cada vês mais, opções seguras e
viáveis de serem desenvolvidas.
2
Este trabalho procura enfocar o reflexo negativo das explorações
indiscriminadas dos combustíveis fosseis e das potenciais fontes
de
GEEs, e a saída encontrada para tentar reverter esta tendência autodestrutiva: o mercado de carbono, tendo como base de pesquisa o
estoque de carbono gerado nas leguminosas arbóreas no PRAD do
Aeroporto internacional do Rio de Janeiro (Galeão).
3
2
Objetivos
2.1.
Objetivos gerais
Desenvolver uma discussão relativa aos projetos de LULUCF
utilizando como base de pesquisa a produção de biomassa e análises
estruturais de leguminosas arbóreas plantadas no PRAD do Aeroporto
Internacional do Rio de Janeiro.
2.2.
Objetivos Específicos
•
Delimitação de um talhão em talude de corte do Morro do Radar,
no local onde foi descrito o perfil de solo RAD 2 (Embrapa, 2002).
•
Medição das características estruturais dos indivíduos de três
espécies de leguminosas arbóreas implantadas na área, 6 anos
após o plantio.
•
Avaliação da produção de biomassa destes indivíduos.
4
3
Embasamento teórico
3.1.
Os Gases do Efeito Estufa – GEE
A corrida desenvolvimentista criada pela primeira e segunda
revolução industrial impôs uma intensa exploração de recursos naturais,
onde a ordem vigente era a do progresso. Nesta nova emergência
tecnicista, um agente merecia lugar de destaque, o combustível fóssil.
Os combustíveis fósseis foram os responsáveis pelo maior “boom”
desenvolvimentista da história: a revolução industrial. O marco desta
transformação ocorreu no Séc.. XVIII com a utilização do vapor, obtido
através da queima do carvão mineral, posteriormente no Séc. XIX, o
petróleo e seus derivados, e por fim, o gás natural.
O aumento das emissões dos gases do efeito estufa (GEE) na
atmosfera era cada vez maior, pois estas estavam intimamente ligadas a
crescente demanda por combustíveis fósseis.
Nestes
novos
tempos,
tudo
era
válido
em
nome
do
desenvolvimento, é como se o deslumbramento da criação nos tivesse
cegado ao mundo, e novamente as “trevas” da ignorância tombavam
sobre nossas cabeças. O preço que nós pagaríamos por tamanho
relapso, acabou se tornando na verdade uma enorme dívida em que a
nossa própria manutenção foi posta a valia.
Atualmente os combustíveis fósseis são necessários para gerar
eletricidade, mover carros e cozinhar alimentos, além de outros usos. A
sociedade humana busca esses recursos através de minas e poços que
aceleram o processo de mobilizar o carbono desses combustíveis. O
resultado da queima de combustível é a liberação de gás carbônico, é tão
grande que pode mudar a concentração deste gás na atmosfera.
(Alexandre & Brown, 2000).
5
Uma outra fonte de GEE, tão perigosa quanto os combustíveis
fósseis, se origina através de influências antrópicas no meio florestal. As
florestas, possuem duas funções bem definidas no que se refere ao
dióxido de carbono (um dos mais perigosos GEEs liberados na
atmosfera), servem tanto como sumidouros de carbono, absorvendo este
durante o processo de fotossíntese, como também fontes de propagação,
pois ao serem cortadas ou queimadas, o carbono estocado em sua
biomassa acaba retornando a atmosfera.
Segundo Miguez (2000), são considerados GEE: dióxido de
carbono (CO2), o metano (CH4), o oxido nitroso (N2O), hexafluoreto de
enxofre (SF6) e dos hidrofluorcarbonos (HFCs). Entre os gases do efeito
estufa, que estão aumentando de concentração, o dióxido de carbono
(CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O) são os mais importantes.
Devido a grande quantidade emitida.
Esses gases são denominados Gases do Efeito Estufa, por terem a
capacidade de reterem calor na atmosfera, do mesmo modo que o
revestimento de uma estufa. (Instituto de Pesquisa Ambiental da
Amazônia, 2002).
No relatório anual 2006-2007, o Worldwatch Institute, aponta para
uma concentração sem precedentes de gás carbônico atmosférico, que
no ano passado atingiu 379,6 ppm (partes por milhão). Antes da
Revolução Industrial, a concentração era de 280 ppm (Worldwatch
Institute, 2006).
Segundo Alexandre & Brown (2000), a concentrarão dos GEEs
esta aumentando na atmosfera. O mais importante desses gases é o gás
carbônico, cuja concentração aumentou em torno de 25% desde o início
da revolução industrial no Séc. XVIII.
3.2.
Aquecimento Global
A partir da década de 1980, a humanidade começou a perceber o
reflexo de séculos de desleixo em relação à exploração desmedida de
recursos naturais: a liberação de gases tóxicos, os chamados (GEE) na
6
atmosfera. O aquecimento global não era mais uma fabula profética e sim
uma dura realidade.
A liberação do carbono através da queima de combustíveis fósseis
e mudanças no uso da terra (desmatamentos, queimadas, plantações de
arroz, criação de gados etc.) impostas pelo homem, constituem um papel
fundamental na mudança do clima do planeta. O aumento anual líquido
do carbono oriundo das atividades humanas é de aproximadamente três
bilhões de toneladas. (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia,
2002).
A constatação de que as temperaturas médias do planeta estão
subindo está livre de controvérsias: no ano passado, segundo dados do
Worldwatch Institute, ficou em 14,6°C, a maior dos últimos 55 anos (ver
Figura 1).
Figura 1 Temperaturas médias no planeta nos últimos anos, e projeções futuras. Fonte:
http://www.grida.no/products.aspx?m=36, Temperaturas 1856 – 1999: Climatic Research
Unit. University at East Anglia, Norwich UK. Projeções: IPCC Report 95.
Segundo
relatório
apresentado
em
2001
pelo
Painel
Intergovernamental sobre Mudança do Clima, as influências antrópicas no
ambiente, causariam um aumento na temperatura do ar entre 1,5° C e
6,0°C nos próximos 100 anos. Esta elevação da temperatura global
7
provocaria uma maior dinâmica atmosférica, acelerando os ciclos
hidrológicos e de energia, afetando diretamente as médias climáticas
alterando assim a estabilidade dos ecossistemas planetários, inclusive no
Brasil (Cenários SRES – Special Report Emission Scenarios do IPCC
implementados em 1999).
Os problemas decorrentes do aquecimento global são muitos e
cada vez mais perceptíveis; as geleiras do ártico nunca sofreram uma
redução como se observa atualmente (ver Figura 2).
Figura 2 Foto de satélite da Nasa, onde a imagem a esquerda mostra o gelo
“permanente” no Ártico em 1979 e a direita em 2003 (redução no tamanho e na
espessura do gelo). Fonte: Arctic Climate Impact Assessment, 2004.
Observações de satélites permitiram estabelecer uma redução do
gelo no ártico entre 8% e 10% durante o verão nos últimos 30 anos.
Observações feitas por submarinos norte-americanos, no final da década
passada, sugerem uma redução de até 40% na espessura das geleiras no
mesmo período (Arctic Climate Impact Assessment, 2004).
Se a elevação das temperaturas continuarem neste padrão, o
Oceano Ártico pode ficar sem gelo no verão de 2050 (Arctic Climate
Impact Assessment. 2004).
As influências do aquecimento global, não acontecem apenas no
meio físico, mas principalmente, na manutenção da biodiversidade. Na
verdade, os seres vivos são os que mais sofrem com as alterações
climáticas, pois estes estão inseridos em uma cadeia de relações muito
frágil.
Doenças como a Malária e a Dengue, transmitidas pelo contagio
de mosquitos, começaram a serem registrados em altas altitudes, lugares
antes nunca cogitados, como é o caso da Malária que surgiu nos Andes
8
colombianos a mais de 3.000 metros acima do nível do mar (World Health
Organization, 2006). Segundo dados do World Health Organization, as
mortes decorrentes do aquecimento global irão duplicar em 25 anos para
300.000 pessoas por ano. (World Health Organization, 2006).
3.2.1.
O protocolo de Quioto e os Mecanismos de Flexibilização
Em 1988, o Intergovenmental Pannel on Climate Change (IPCC),
um grupo formado por cientistas de todo o mundo, foi criado com a meta
de pesquisar as mudanças climáticas associadas aos GEEs. O IPCC foi
dividido em três grupos de trabalho: O Grupo de trabalho I (WG1) foi
encarregado de observar e projetar mudanças climáticas; o Grupo de
trabalho II (WG2) se encarregou de analisar a vulnerabilidade, impactos e
adaptação relacionados a mudanças climáticas; o Grupo de trabalho III
(WG3) tinha como objetivo analisar opções para mitigação dos efeitos
relacionados a mudanças climáticas. Em 1990, o IPCC confirmou em seu
primeiro relatório a problemática do aquecimento global e a necessidade
de se adotar medidas de contenção, entre essas medidas, é sugerido um
tratado global que conduza este problema, no mesmo ano foi realizada a
primeira reunião entre governantes e cientistas sobre as mudanças
climáticas em Toronto, Canadá.
O segundo relatório, apresentado em 1996 e o terceiro,
apresentado em 2001, sugerem que o aquecimento global possui altas
probabilidades de ser causado pelas emissões de GEEs que bloqueiam a
saída da radiação solar.
Segundo Moreira & Schwartzman (2000):
Em 1996, cerca de 2000 cientistas que compõem o Painel InterGovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), chegaram a
conclusão, após um processo de avaliação que durou vários
anos, que as evidencias cientificas indicam “uma influência
perceptível” no clima global, no que se refere às atividades
humanas. A temperatura da terra aumentou 0,5°C no último
século, e mantendo-se os atuais níveis de emissões de GEE,
9
aumentará em média de 10 grau centígrado a 3,50 graus
centígrados até o ano de 2060, quando a concentração de CO2
deverá chegar ao dobro dos níveis pré-industriais.
A primeira convenção sobre mudanças climáticas acontece em
1992, na que ficou conhecida como “eco 92”. Esta convenção criou um
marco na história, por responsabilizar pela primeira vez as ações
antrópicas como as principais causadoras das mudanças climáticas
associadas à liberação de GEE e por enfatizar a gravidade do problema.
“O
objetivo
final
da
convenção
e
de
quaisquer
instrumentos jurídicos com ela relacionados é o de alcançar, em
conformidade às disposições pertinentes desta convenção, a
estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na
atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica
perigosa no sistema climático. Esse nível deverá ser alcançado
num prazo suficiente que permita aos ecossistemas adaptaremse naturalmente as mudanças de clima, que assegure que a
produção de alimentos não seja ameaçada e que permita ao
desenvolvimento
econômico
prosseguir
de
maneira
1
sustentável.” (UNFCC, 1992)
A partir desta data, diversas convenções a cerca dos problemas do
aquecimento global ocorreram, chamadas de conferências das partes ou
COP.
3.2.2.
O protocolo de Quioto
Contando com a participação de 159 nações, ocorreu em 1997, em
Quioto, Japão, o segundo grande marco na luta pela conscientização
global acerca dos problemas dos GEE: a terceira conferência das partes
(COP 3). Pela primeira vez, um protocolo estabelece a necessidade e o
compromisso da redução de emissões dos GEE por parte dos países
desenvolvidos. Composto de 28 artigos, que tratam diretamente o efeito
1
Retirado do texto oficial da convenção do clima, disponível no website oficial da CQNUMC:
http://unfccc.int/resource/docs/convkp/conveng.pdf ; e em versão traduzida para o português no website do
ministério da Ciência e Tecnologia-MCT: http://www.mct.gov.br/clima/convencao/pdf
10
dos GEEs na atmosfera, o Protocolo de Quioto constitui uma extensão
mais concreta e imperativa da convenção de 1992,
O protocolo define que os países industrializados (ANEXO1)
reduzam em pelo menos 5,2% suas emissões de GEEs nos níveis de
1990. A União Européia assumiu o compromisso de reduzir em 8%; os
Estados Unidos2 concordaram com uma redução de 7% e o Japão 6%.
Para que o Protocolo entre em vigor, ficou decidido que seria necessária à
ratificação de pelo menos 55 países que juntos deveriam corresponder
por pelo menos 55% das emissões globais de GEEs.
Em 16 de novembro de 2005, contando com a ratificação de 141
países, sendo 34 industrializados o Protocolo de Quioto entrou em vigor.
Para que as metas de redução por parte dos países do Anexo 1 sejam
alcançadas,
foram
propostos
três
mecanismos
de
flexibilização:
Implementação conjunta, Comércio de emissões e o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo os (MDL).
Entende-se que tais mecanismos de flexibilização possibilitam uma
comercialização de créditos de carbono através de projetos que visem à
redução dos GEEs entres países do Anexo 1 e países do Anexo 2. Sendo
assim, os países industrializados não necessitam ameaçar o seu
desenvolvimento energético para reduzir suas emissões.
3.2.3.
O Acordo de Marrakesh
O Acordo de Marrakesh, assinado durante a sétima reunião da
Convenção das Partes (COP7), em 2001, define as modalidades e
procedimentos dos Mecanismos de Flexibilização previstos no Protocolo
de Quioto. O acordo está previsto na Decisão17/ CP7 e foi assim batizado
por ter sido assinado na cidade de Marrakesh, no Marrocos.
Os mecanismos a que se refere são o de Desenvolvimento Limpo
(MDL), a Implementação Conjunta (JI) e o Comércio de Emissões. Alguns
pontos regulamentados foram:
11
•
Definição das regras operacionais do Uso da Terra, Mudança de
Uso da Terra e Florestamento (LULUCF, na sigla em inglês), sendo
limitada a utilização de créditos oriundos destes na proporção
máxima de 1% das emissões do ano-base para cada Parte;
•
Prestação de assistência às Partes não incluídas no anexo 1
(países industrializados que devem reduzir as emissões de gases
do efeito estufa) para que possam atingir o desenvolvimento
sustentável e às Partes incluídas no Anexo 1 para que estas
consigam cumprir suas metas de redução de emissões de gases
do efeito estufa (contidas no Artigo 3 do Protocolo);
•
O país hospedeiro do projeto de MDL deverá aprovar o mesmo
com a confirmação que este contribui para o desenvolvimento
sustentável do país;
•
Transferência de tecnologia e conhecimento dos países do Anexo
1 para os não incluídos no Anexo 1;
•
Nomeação do Executive Board (Conselho Executivo) e Entidades
operacionais designadas;
•
Estabelecimento de fundos internacionais de auxílio aos países
não desenvolvidos a se adaptarem as mudanças climáticas;
•
Países que não ratificaram o Protocolo poderão participar do
comércio de emissões;
Tabela 1 Ranking dos maiores responsáveis pelas emissões totais de CO2 provenientes
da produção e uso de energia e da produção de cimento. Fonte: The US Oak Ridge
National Laboratory – ORNL, citado por Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), 1999. * URSS – União das Republicas Socialistas Soviéticas.
2
Apesar da oposição do governo Bush ao Protocolo de Quioto, 28 dos 50 Estados norte-americanos e
dezenas de empresas multinacionais sediadas nos Estados Unidos já estão adotando voluntariamente
medidas de redução de gases poluentes com o objetivo de combater o aquecimento global.
12
País
Estados Unidos
China
Rússia
Japão
Índia
Alemanha
Reino Unido
Canadá
Ucrânia
Itália
México
Polônia
Coréia do Sul
Franca
África do Sul
Austrália
Coréia do Norte
Irã
Indonésia
Cazaquistão
Ranking 1994
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Ranking 1950
1
10
2*
9
13
3
4
7
2*
17
20
8
58
5
14
15
73
164
31
2*
Bastaram-se doze anos para que o Brasil assumisse o posto de um
dos maiores poluidores do mundo, ver tabela 3, sendo o maior emissor de
poluentes entre os paises em desenvolvimento, cuja maior parte das
emissões é oriunda de desflorestamentos e queimadas.
Tabela 2 Estimativas de emissões de GEE oriundas do uso de combustíveis fósseis,
biomassa não-renovável (Marland et al., 2003) e das mudanças do uso de solo e
desmatamento (UNFCCC, 2005 (países Anexo-1) e FAO, 2003 (paíse não-Anexo-1, ano
base 2002)).
País
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
EUA
China
Brasil
Rússia
Japão
Índia
Alemanha
Canadá
Indonésia
UK
Emissões de
Combustíveis
Fósseis
2002
1981
762
84
392
363
363
277
199
74
173
Emissões Devido a
Mudanças e Uso do
Solo e Desmatamento
2002
- 188
- 160
347
- 12
0
0
4
-6
117
1
Emissões
Totais
2002
1703
601
431
380
363
363
281
194
190
174
13
3.2.4.
Implementação Conjunta
A implementação Conjunta esta descrita no artigo 6 do Protocolo
de Quioto, e foi elaborada pelos Estados Unidos na COP 1 em Berlim,
Alemanha.
“A fim de cumprir os compromissos assumidos sob o
Artigo 3, qualquer Parte incluída no Anexo I pode transferir para
ou adquirir de qualquer outra dessas Partes unidades de
redução de emissões resultantes de projetos visando a redução
das emissões antrópicas por fontes ou o aumento das remoções
antrópicas por sumidouros de gases de efeito estufa em
qualquer setor da economia.”
(Artigo 6 do Protocolo de Quioto, 1997)3.
Assim, com esta proposta, países industrializados (Anexo 1)
podem “trocar”, suas emissões de GEEs participando de projetos voltados
para a redução de emissões e sumidouros em outros países do anexo 1,
configurando assim uma transferência de créditos de carbono do país
contemplado pelo projeto, para o país emissor. Esses projetos são
chamados de "implementação conjunta" (IC).
3.2.5.
Comércio de emissões
Constituindo o artigo 17 do Protocolo de Quioto, o Comércio de
Emissões, também conhecido como Emission Trade, é um mecanismo
voltado apenas para países do Anexo 1, tal mecanismo ocorre quando
países do Anexo 1 conseguem alcançar ou até mesmo exceder suas
metas de redução dos GEEs prevista no artigo 3 do Protocolo. Estes por
sua vez, poderiam estar comercializando tais excedentes com outros
países deficitários na forma de créditos de carbono.
3
Retirado do texto oficial da convenção do clima, disponível no website oficial da CQNUMC:
http://unfccc.int/resource/docs/convkp/conveng.pdf ; e em versão traduzida para o português no
website do ministério da Ciência e Tecnologia-MCT: http://www.mct.gov.br/clima/convencao/pdf.
14
3.2.6.
Mecanismo de Desenvolvimento Limpos (MDL)
Previsto no artigo 12 do Protocolo de Quioto, o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL), é o único que se aplica aos países do
Anexo 2. Desenvolve-se da mesma maneira que a implementação
conjunta, porém neste mecanismo, os projetos de redução de GEEs
ocorrem entre países do Anexo 1 e do Anexo 2. Sendo assim os Países
do Anexo 1 não precisam reduzir suas emissões de GEEs, basta que
estes desenvolvam ou financiem projetos de MDL em países do Anexo 2,
gerando assim créditos de carbono. Da mesma maneira países do Anexo
2, ao desenvolverem projetos de MDL, emitem os Certificados de redução
de emissões os (CREs), os quais podem ser usados pelos países
industrializados através da compra de créditos de carbono.
Segundo
o
Conselho
Desenvolvimento Sustentável
–
Empresarial
Brasileiro
Para
o
CEBDS (2002), os projetos de MDL se
dividem em duas linhas de intervenções.
A primeira é relacionada à redução de emissões por meio do
aumento da eficiência energética, do uso de fontes e combustíveis
renováveis, adotando melhores tecnologias e sistemas para o setor de
transportes e para o processo produtivo de modo geral.
A segunda trata do resgate de emissões por meios de sumidouros
e da estocagem dos gases do efeito retirados da atmosfera, injetando
CO2 em reservatórios geológicos ou atividades relacionadas ao uso da
terra, como o florestamento e o reflorestamento. Estas últimas são
conhecidas, no processo de negociação do Protocolo de Quioto, como
atividades de LULUCF.
15
3.2.7.
Uso da terra, Mudança no Uso da Terra e Florestas (LULUCF)
As florestas têm, durante os últimos anos, recebido crescente
atenção no que se refere ao seu potencial para contribuir com a redução
do “efeito estufa”, por meio de sua capacidade de armazenar carbono
durante o processo natural de produção de biomassa. Duas estratégias
têm sido avaliadas de acordo com este objetivo: a conservação das
reservas existentes e a expansão da atual cobertura florestal. Esta vem se
apresentando como uma oportunidade social e ambiental sadia de
acrescer o estoque de carbono terrestre e atenuar o crescimento da
concentração de gás carbônico na atmosfera. (Hosokawa; Moura; Cunha,
1998).
Esta modalidade de MDL é especifica aos projetos relacionados à
redução de emissões de GEE com base em intervenções de
florestamentos e reflorestamentos.
Segundo Scarpinela (2002), para que os projetos de LULUCF
sejam aceitos dentro do MDL, estes devem seguir quatro pontos
fundamentais: Devem ter sólida base cientifica; devem ser desenvolvidas
metodologias consistentes, ao longo do tempo, para estimativa e relato;
deve ser excluída da contabilidade da redução das emissões a mera
presença de estoques de carbono; e por fim a implementação dessas
atividades deve contribuir para a biodiversidade e o uso sustentável dos
recursos naturais.
A modalidade LULUCF, é a que apresenta maior grau de
complexidade para a definição da sua adicionalidade como projeto de
MDL.
Segundo ROCHA (2003):
As atividades de Uso da Terra, Mudança no Uso da Terra e
Florestas (Land Use, Land Use Change and Forestry-LULUCF),
chamados por muitos de sumidouros (“sinks”), sempre foram
motivos para controvérsias dentro do processo de neociação da
convenção do clima. O fracasso da COP 6 pode ser explicado,
em parte, pela divergência existente entre vários países quanto a
16
utilização de tais atividades para atingir as metas de redução de
emissões de GEEs.
Durante a COP 7, buscando uma solução para tais impasses
relacionados à LULUCF, foi elaborada uma série de normas e princípios
para que as práticas de LULUCF pudessem ser efetivadas, são elas:
a) As atividades de LULUCF devem ser baseadas em sólido
conhecimento científico;
b) Metodologias consistentes devem ser usadas ao longo do tempo para
determinação das estimativas (de seqüestro de carbono) e do
monitoramento das atividades de LULUCF;
c) A meta estabelecida no artigo 3.1 do Protocolo de Quioto não deve
ser alterada pela contabilização das atividades de LULUCF;
d) A simples presença de estoques de carbono deve ser excluída da
contabilidade;
e) A implementação de atividades de LULUCF deve contribuir para a
conservação da biodiversidade e para o uso sustentável de recursos
naturais;
f)
A contabilização das atividades de LULUCF não implica na
transferência de compromissos para períodos futuros;
g)
A reversão das atividades de LULUCF deve ser contabilizada em um
determinado período de tempo;
h) A contabilização exclui a remoção (seqüestro) proveniente de
concentrações elevadas de CO2 acima de seu nível pré-industrial,
deposição indireta de nitrogênio e dos efeitos dinâmicos resultantes
do crescimento decorrente de atividades e praticas anteriores do ano
de referência.
17
3.2.8.
Os Créditos de carbono ou Certificados de Emissões Reduzidas
(CER)
Os créditos de carbono são gerados quando empresas conseguem
ultrapassar suas cotas de redução de GEEs. O carbono excedido destas
cotas é negociado na forma de certificados. O Certificado de Emissão
Reduzida (CER) é emitido por agências ambientais reguladoras,
autorizando emissões de toneladas de dióxido de enxofre, monóxido de
carbono e outros gases poluentes.
As empresas recebem bônus negociáveis na proporção de suas
responsabilidades. Cada bônus, quitado em US$, equivale a uma
tonelada de poluentes. Quem não cumpre as metas de redução
progressiva estabelecidas por lei, tem que comprar certificados das
empresas mais bem sucedidas. O sistema tem a vantagem de permitir
que cada empresa estabeleça seu próprio ritmo de adequação às leis
ambientais. Estes certificados podem ser comercializados através das
Bolsas de Valores e de Mercadorias.
3.2.9.
Principais projetos de CERs no Brasil
• Holanda financia usina elétrica movida à biomassa, com potencial de
8MW de energia gerada a partir da queima da casca de arroz no Rio
Grande do Sul. A Bioheat International (trader holandesa) negociou os
créditos de carbono com a Josapar e com a Cooperativa Agroindustrial de
Alegrete no valor de cinco dólares por tonelada de carbono. A Holanda é
país integrante do Anexo 1 da Convenção e pretende atingir metade das
suas metas de reduções internamente e a outra metade no exterior
(www.diariopopular.com.br, 2004);
• Projetos de aproveitamento do gás metano liberado por lixões das
empresas: Vega, de Salvador, BA e Nova Gerar, de Nova Iguaçu, RJ. O
gás metano é canalizado e aproveitado para gerar energia, deixando de
18
ser liberado na atmosfera naturalmente pela decomposição do lixo. A
pesar de o gás ser o metano, a redução de emissões é calculada em
dióxido de carbono: 14 milhões de ton de CO2 em 16 anos para a Vega e
14 milhões de ton de CO2 para a Nova Gerar em 21 anos. Esses dois
projetos são oficialmente os dois primeiros aprovados pelo governo
brasileiro sob as regras do MDL (www.oestadao.com.br, 2004);
• Projeto Carbono Social, localizado na Ilha do Bananal, TO, esse projeto
reúne as qualidades de seqüestro de carbono em sistemas agroflorestais,
conservação
e
regeneração
florestal
com
enfoque
principal
no
desenvolvimento sustentável da comunidade. A princípio o projeto não
pretendia reivindicar créditos de carbono e foi financiado pela instituição
britânica AES Barry Foundation e implementado pelo Instituto Ecológica.
A meta inicial de conservação do estoque e seqüestro de carbono era de
25.110.000 ton de C em 25 anos, mas pela não concretização de
parcerias esse estoque de C foi drasticamente reduzido (Fixação de
Carbono: atualidades, projetos e pesquisas, 2004; Carbono Social,
agregando valores ao desenvolvimento sustentável, 2003).
3.2.10.
O Contexto brasileiro dentro dos MDL
O Brasil é tido como um país de destaque dentro das negociações
acerca da problemática da mudança global do clima, seja pelo seu papel
ativo dentro das conferências das partes, como por suas gigantescas
reservas de GEEs, as florestas, potenciais fontes e sumidouros de CO2.
O País foi o primeiro a assinar a Convenção-Quadro das Nações
Unidas para Mudança do Clima em 4 de junho de 1992; o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL) teve origem em uma proposta brasileira de
Fundo de Desenvolvimento Limpo; o país foi um dos primeiros a
estabelecer uma Autoridade Nacional Designada (criando a Comissão
Interministerial de Mudança Global do Clima em 07 de julho de 1999); foi
o único a criar um espaço público de interlocução entre governo e
sociedade, buscando soluções para o problema (Fórum Brasileiro de
19
Mudanças Climáticas, criado por Decreto Presidencial em 2000); e foi um
dos primeiros países a apresentar para registro um projeto de MDL.
Destaque no início do processo de desenvolvimento dos MDLs, o
Brasil acabou perdendo quase todo o mercado de Carbono disponível
para paises do anexo 2, como Índia e China. Atualmente, 84% dos
projetos de MDL vêm da Índia, China e Coréia. Onde o Brasil detêm
apenas
10%
das
expectativas
de
geração
de
CERs
(http://www.carbonobrasil.com, 2006).
Dados do MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia, divulgados em
Nairóbi durante a Convenção do Clima da ONU mostram que, em outubro
de 2006, dos 1.278 projetos dentro do MDL em todo o mundo, a Índia era
responsável por 460, o Brasil por 193 e a China por 175.
3.2.10.1.
Regulamentação Nacional
•
Decreto de 07/07/99 - Criação da Comissão Interministerial de
Mudança Global do Clima (representantes e atribuições);
•
Decreto Nº 3.515 de 20/06/00 - Criação do Fórum Brasileiro de
Mudanças Climáticas;
•
Resolução nº1 de 11/07/03 - Definição de modalidades e
procedimentos para aprovação de projetos do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo - MDL
no Brasil (Internalização da
Decisão 17/CP.17 e PDD do CE/MDL e carta de aprovação emitida
pelo Ministro da Ciência e Tecnologia);
•
Resolução nº2 - Procedimento para projetos de florestamento &
reflorestamento (internalização da decisão 19/CP9 e DCP do
CE/MDL e definição de floresta para as condições brasileiras);
•
Decreto N°5.445 de 12/05/05 - Promulgação do Protocolo de
Quioto à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre mudança
do clima.
20
3.3.
Produção de biomassa e estoques de carbono em leguminosas
arbóreas
Os vegetais, utilizando-se de sua capacidade fotossintética que usa
a luz do sol para sintetizar a biomassa, fixam o CO2 atmosférico
biossintetizando na forma de carboidratos, sendo por fim depositados na
parede celular, gerando assim a biomassa ou matéria orgânica. Processo
conhecido como “seqüestro de carbono”.
Quando as florestas são cortadas (para praticas agrícolas ou
atividades de desenvolvimento), a maior parte do carbono das árvores
queimadas ou em decomposição é emitida para a atmosfera. No entanto,
quando novas florestas são plantadas, as árvores em crescimento
absorvem dióxido de carbono (CO2), removendo-o da atmosfera (FORUM
BRASILEIRO DE MUDANÇAS CLIMATICAS, 2002). A Figura 3 mostra
uma síntese dos componentes dos ciclos da água e do carbono no
planeta terra.
Figura 3 Componentes dos ciclos da água e do carbono no planeta terra (Fonte: Instituto
de Pesquisa Ambiental da Amazônia, IPAM).
Entre as biomassas mais importantes na fixação de CO2,
destacam-se as florestas, que possuem as maiores acumulações de
material orgânico por unidade da área. (Andrae, 1978)
21
As florestas são um dos maiores reservatórias de carbono,
contendo cerca de 80% de todo o carbono estocado na vegetação
terrestre e cerca de 40% do carbono presente nos solos (FÓRUM
BRASILEIRO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS, 2002).
Segundo
Dixon;
Winjun.
Sroeder
(1993),
as
florestas
desempenham por meio de assimilação, estocagem e emissão, um
importante papel no ciclo do carbono. O estabelecimento e manejo de
florestas poderiam potencialmente, aumentar o seqüestro e a estocagem
de carbono da atmosfera.
Nesse contexto, ecossistemas terrestres desempenham um
importante papel, tanto agindo positivamente, como um “sumidouro” para
o carbono (seqüestrando carbono através da fotossíntese), como
negativamente, sob a forma de uma “fonte” de emissões de carbono (por
intermédio de desmatamento, decomposição de biomassa, erosão do solo
etc.) (Aukland et al., 2002).
Sendo assim, os reflorestamentos, surgem como alternativas
viáveis do ponto de vista ambiental e econômico, capazes de contribuir na
absorção de CO2 e reduzir o efeito estufa (Smith et al., 1998).
Cada tonelada de carbono está cotada hoje (agosto/2006) entre
$15 e $18 euros (há um ano eram $5 euros), valor que deve ir a $30 ou
$40 euros entre 2008 e 2012, quando a economia de 5,2% se tornar
obrigatória. (http://www.carbonobrasil.com, 2006).
O uso de leguminosas arbóreas em reflorestamentos vem sendo
amplamente difundido, pois são indicadas diversas vantagens tais como:
rápido crescimento, elevada produção de biomassa, adubação verde
através da liberação de nitrogênio no solo etc.
Segundo Ketterings et al. (2001) a estimativa de biomassa acima
do solo é imprescindível aos estudos do balanço global de carbono.
Durante a fase inicial de desenvolvimento de uma floresta, grande
parte dos carboidratos é direcionada à produção da biomassa da copa e
das raízes. Entretanto, com o passar do tempo, a produção relativa de
biomassa
do tronco aumenta e a das folhas e dos ramos diminui
gradativamente (SCHUMACHER, 1996).
22
O aumento de biomassa aérea e subterrânea num plantio de
árvores é elevado nos dez primeiros anos, sendo que a biomassa aérea
nesse caso apresenta incremento lenhoso e foliar mais rápido até os 20
anos, apresentando uma pequena desaceleração, mas, com algum
acréscimo até sua maturação (Brown & Lugo, 1990).
3.4.
Métodos de avaliação
A estimativa de biomassa de florestas pode nos proporcionar
informações sobre o estoque de macro e micro nutrientes retidos na
vegetação, sendo de grande importância nas atividades de manejo
florestal, no que se refere ao uso sustentável dos recursos naturais e
também nas questões de clima, nas quais a biomassa é usada para
estimar o estoque de carbono e quantidade de CO2 liberado à atmosfera
devido à adoção de diferentes usos da terra (Fearnside et al., 1993;
Higuchi & Carvalho, 1994; Brown et al., 1995; Fearnside, 1996; Salomão,
1996; Hairiah et al., 2001). Os diversos compartimentos que estocam
carbono em uma área vegetada na vegetação estão descritos na figura 4.
Figura 4 Compartimentos que estocam
http://www.florestasdofuturo.org.br.
carbono
em área
florestada.
Fonte:
23
Para Higuchi et al. (1998) as estimativas de biomassa representam
um importante indicador para monitorar e avaliar a exportação de
nutrientes após exploração florestal, na busca de minimizar os impactos
ambientais gerados por essa atividade.
Existem dois tipos de avaliação da biomassa e conseqüentemente
do carbono estocado nesta. O método direto e destrutivo e o método
indireto não destrutivo.
3.4.1.
Quantificação da biomassa e do estoque de carbono-método direto
O método direto e destrutivo consiste na medição real da biomassa
fresca e seca (Sanqueta & Balbinot, 2002). Para tal é necessário o abate
dos indivíduos arbóreos selecionados, a medição e a pesagem dos
seguintes compartimentos vegetais: caule, galhos grossos, galhos finos e
folhas. Após esta pesagem inicial, são retiradas subamostras que são
alocadas em estufas de circulação forçada de ar, a 650°C até atingirem o
peso constante, permitindo assim realizar a comparação entre peso fresco
e seco.
A analise da biomassa divide-se em duas partes: a parte aérea que
corresponde a caule, galhos grossos, galhos finos e folhas, e a parte
radicular que corresponde às raízes laterais e raiz pivotante.
3.4.2.
Determinação da biomassa e do estoque de carbono na parte aérea
Primeiramente mede-se o perímetro a altura do peito (PAP), a
1,30m de todas as árvores existentes na área delimitada para se obter um
perímetro médio representativo da população. Em seguida delimitam-se
três estratos: superior, médio e inferior da encosta. Para cada estrato,
selecionam-se três árvores, totalizando nove, as quais serão sacrificadas
para a análise dos resultados.
Após a derrubada dos indivíduos inicia-se a analise da biomassa
fresca
e
seca.
Para
a
determinação
da
biomassa
fresca
os
24
compartimentos vegetais (caule, galhos grossos, galhos finos e folhas)
são separados e pesados individualmente. A determinação da biomassa
seca é realizada com amostras dos mesmos compartimentos vegetais,
que são pesados, colocados em estufas de circulação forçada de ar, a
65° C; e novamente pesados. Em relação às amostras do caule, são
retirados discos a altura do peito (1,30) que são pesados e colocados na
estufa, para determinação da biomassa seca.
Para estimar a biomassa por hectare, multiplica-se para cada
população, as medidas de peso total das amostras secas obtidas nas
árvores abatidas, ponderando-se proporcionalmente o tamanho de cada
população. Em relação às espécies não amostradas, extrapolam-se para
100% os totais obtidos tanto por dominância como por densidade.
Para se estimar a quantidade de carbono orgânico (CO) na
biomassa da parte aérea, utiliza-se o fator de conversão de 0,45, proposto
por Botkin et al. (1993) e citado por Shumacher et al. (2002).
3.4.3.
Determinação da biomassa e do estoque de carbono na parte
radicular
A quantificação da biomassa fresca e seca das raízes segue a
mesma metodologia utilizada na parte aérea, com exceção do
procedimento para a retirada das amostras, que se da pelo método da
escavação de trincheira aberta.
A primeira etapa deste método consiste na abertura de uma área
relativa à metade da área média ocupada pela árvore. Posteriormente
inicia-se a retirada de todas as raízes laterais que são peneiradas no
campo e no laboratório, lavadas, pesadas e subamostradas para a
obtenção da biomassa fresca e seca. Em relação à raiz pivotante, após a
determinação da biomassa fresca, retiram-se discos que são pesados e
colocados na estufa para a determinação do peso seco.
25
3.4.4.
Quantificação da biomassa e do estoque de carbono-método indireto
O Método Indireto (utilizado nesta monografia) é mais rápido, não
corta, não pesa e nem seca nenhum indivíduo, sendo possível amostrar
uma área maior e um maior número de indivíduos, pois, utiliza variáveis
mais facilmente obtidas no campo, como o diâmetro a 1,30 m acima do
solo (diâmetro à altura do peito - DAP).
O Método Indireto (utilizado nesta monografia) é mais rápido, não
corta, não pesa e nem seca nenhum indivíduo, sendo possível amostrar
uma área maior e um maior número de indivíduos, pois, utiliza variáveis
mais facilmente obtidas no campo, como o diâmetro a 1,30 m acima do
solo (diâmetro à altura do peito - DAP), porém, esse método está sujeito a
erros de medição que nem sempre são mencionados (Higuchi et al., 1998;
Hairiah et al., 2001).
Diversos são os métodos indiretos para se avaliar a biomassa, e
eles estão intimamente relacionados ao tipo de floresta a ser analisado.
Como alternativa para estimar biomassa na Mata Atlântica, foi
desenvolvido um método não destrutivo, onde ao invés do pesquisador
derrubar a árvore, ele passa a recolher os dados de seu interesse através
da escalada.
Na escalada mede-se: a altura total, o diâmetro e comprimento do
tronco, medindo desde a base até a copa em intervalos regulares de 1
metro (seções do tronco), além da medida do diâmetro e comprimento
dos galhos principais (ambos para estimar o volume total, de acordo com
as fórmulas de volume), a retirada de amostras de madeira para análise
de sua densidade e também amostras de material florístico para posterior
identificação da espécie.
Com um trado especialmente feito para madeira, retira-se uma
amostra das árvores estudadas para posterior avaliação da densidade e
teor de carbono.
Uma vez obtidos todos esses dados, é possível avaliar a
quantidade de biomassa da árvore, que seria igual ao volume total da
26
árvore multiplicado pela densidade. A biomassa total da floresta vai ser o
somatório das biomassas de todas as árvores na área medida.
Essa metodologia não destrutiva tem se mostrado bastante
eficiente e com valores muito próximos dos valores obtidos através do
método destrutivo realizado em florestas da Amazônia. Essa proximidade
de valores garante uma aplicação com um nível de confiabilidade
bastante elevado, permitindo uma análise precisa e de forma a não
impactar um ecossistema que já se encontra tão devastado, como é o
caso da Mata Atlântica.
27
4
Descrição da área
4.1.
Localização
A área utilizada para este experimento encontra-se no Aeroporto
Internacional do Rio de Janeiro Galeão/ Antônio Carlos Jobim, próximo à
antiga Estrada Grande, na colina em que se encontra instalado o sistema
de radar do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, na vertente voltada
para as pistas de pouso e decolagem de aeronaves (Figura 5).
Figura 5 Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, Galeão/Antonio Carlos Jobim Fonte:
www.cidadeturismo.com.br.
4.2.
Clima
O clima da região segundo a classificação de KOPPEN é do tipo Aw
(Nimer, 1979), com uma estação seca definida, que se inicia, em geral,
em maio a junho e estende-se até o final de novembro, época em que
começa o período chuvoso, ocorrendo fortes precipitações, que vão
diminuindo até o mês de maio (Embrapa, 2002).
28
4.3.
Relevo
O relevo regional (original da ilha do governador) é suave
ondulado, apresentando colinas pouco elevadas, com altitudes de até 50
metros, entremeado por áreas baixas aplainadas. Atualmente o relevo da
região que compreende o aeroporto encontra-se quase totalmente
aplainado.
As vertentes do Morro do Radar foram cortadas em forma de
bermas (taludes de corte) durante a construção do aeroporto (no final
década de 70), tendo sido o material extraído utilizado para o aterro da
estrada, da via de acesso e de obras civis das instalações do radar
(Embrapa, 2001).
O corte no morro foi ordenado, dando origem a um talude de corte.
O corte no morro apresentava originalmente um desenvolvimento
longitudinal com uma conformação senoidal, sendo constituído por três
taludes com inclinações entre 30° e 35°, intercalados por duas bermas
(ENAR, 2000, ver figura 6). Foi construído um sistema de drenagem, com
escadas dissipadoras, sendo realizado concomitantemente um trabalho
de revegetação com o uso da hidrosemeadura (op. cit.).
MORRO DO RADAR
Figura 6 Visão geral do Morro do Radar, na Ilha do Governador, durante as obras de
construção do aeroporto (1971).
29
4.4.
Vegetação
A vegetação original da ilha do governador foi definida como
floresta tropical subcaducifólia, em função dos fragmentos florestais
remanescentes.
Em relação ao Morro do radar, após a construção do aeroporto, a
vegetação original foi totalmente removida para posterior trabalho de
revegetação. Para esta, nos terraços foi plantado o capim Vetiveria
zizanioides nash (Vetiver) formando cordões vegetados e foram plantadas
grama batatais nas bacias de capitação (Embrapa, 2002). Nos patamares
foram plantadas várias espécies de leguminosas arbóreas pioneiras:
Mimosa bimucronata (maricá), Mimosa caesalpiniaefolia (sabiá), Mimosa
artemisiana, Enterolobium contortisilikum (orelha de nego), Albizia
guachapelle, Gliricidia sepium, Mimosa artemisiana (jurema branca),
Piptadenia paniculata, (maminha de porca), Erytrina verna (mulungu),
Inga marginata, Inga vera, Chorisia speciosa (paineira) e Schinus
terebenthifolius juntamente com outras espécies nativas da Mata Atlântica
de outros estágios sucessionais. Nos taludes de corte foram plantadas
espécies arbóreas de porte baixo em consórcio com leguminosas
herbáceas como o feijão-bravo do Ceará, feijão Guandu anão e o arranha
gato. O resultado final e o estado atual da revegetação do Morro do Radar
pode ser observado na figura 7.
Figura 7 Área do Morro do Radar atualmente, 5 anos após a implementação das práticas
vegetativas (Portocarrero, 2006).
30
4.5.
Solo
O solo deste setor da Ilha do Governador é descrito como Latossolo
Amarelo (LUMBRIERAS et al., 1999). Estes solos possuem uma taxa de
fertilidade baixa, são permeáveis e muito profundos, com horizonte C
ocorrendo abaixo de 2 a 3 metros de profundidade. Possuem textura
argilosa, sendo a fração argila de muito baixa atividade. São
essencialmente cauliníticos e originados de sedimentos argiloarenosos
correlacionáveis
ao
Grupo
Barreiras
ou
similares,
do
período
Terciário/Quartenário (EMBRAPA 2002).
4.5.1.
Perfil de solo nº RAD 2
Número de campo: 4
Data: 19.09.2000
Classificação: LATOSSOLO AMARELO Distrófico argissólico, textura
argilosa, A decapitado, caulinítico, fase floresta tropical subcaducifólia,
relevo ondulado.
Unidade de mapeamento:
Localização: primeira curva do corte, no sentido norte-sul, morro do
radar, Rio de Janeiro.
Situação, declive e cobertura vegetal sobre o perfil: terço superior de
encosta, macega à montante.
Altitude: 37 metros.
Litologia, formação geológica e cronologia: sedimentos argiloarenosos do
Grupo Barreiras, Terciário, recobrindo gnaisses do Pré-Cambriano.
Material originário: produto de alteração das litologias supracitadas.
Pedregosidade: não pedregosa.
Rochosidade: não rochosa.
Relevo local: ondulado.
Relevo regional: ondulado.
Erosão: acentuada em sulcos e voçorocas, no talude.
Drenagem: bem drenado.
31
Vegetação primária: floresta tropical subcaducifólia.
Uso atual: sem uso, talude em processo de revegetação.
Descrito e coletado por: J.F. Lumbreras; A.L. Lemos, A.G. de Andrade e
S.B. Calderano.
4.6.
Histórico da degradação do Morro do Radar
Algum tempo depois da intervenção no Morro do Radar e da formação
do talude de corte, o solo começou a apresentar sinais de erosão. A
degradação do sistema de drenagem, ocasionado por um eventual
dimensionamento incorreto das canaletas de crista, foi supostamente o
maior input inicial do processo de degradação na área (Portocarrero,
2004). Isto pôde ser constatado através da presença de erosão laminar e
em sulcos. Após um grande rompimento do sistema de drenagem
(fragmentos das canaletas foram arrastados por longas distâncias talude
abaixo) iniciou-se um processo de erosão superficial intenso em função
da grande quantidade de água que convergia diretamente pelas
rachaduras morro abaixo, o que deu origem a uma grande voçoroca
(Figura 8).
Figura 8 Vista de sobrevôo de helicóptero da área do Morro do Radar anteriormente a
execução do Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (Portocarrero, 2006).
Segundo o diagnóstico da Embrapa Solos (2001) as bermas do
Morro do Radar se encontravam desprovidas de cobertura vegetal, com
ocorrência de erosão laminar, em sulcos e voçorocamentos, totalizando
uma área degradada de 5,0ha. Tal quadro de degradação, aliado à falta
de sistema de drenagem pluvial, vinha causando a instabilização e queda
32
dos taludes, ocorrendo nesta época um processo já acelerado de
expansão da voçoroca e de degradação dos solos no Morro do Radar, o
que poderia ocasionar em um recuo do talude em direção ao sistema de
radares (Figura 9).
Figura 9 Voçoroca vista de longe durante o diagnóstico do estado de conservação da
área, ano 2000 (Fonte: Portocarrero, 2004).
4.7.
O PRAD do aeroporto internacional do Rio de Janeiro
O enfoque utilizado no projeto de RAD do Morro do Radar/Galeão
para a estabilização das bermas centrou-se na execução de revegetação
e de ordenamento e dissipação das águas pluviais superficiais, dividindose as linhas de ação em práticas mecânicas e vegetativas (EMBRAPA,
2001).
Os trabalhos mecânicos desenvolvidos, visando o controle da
erosão nos taludes (bermas) consistiram em construção de terraços. Na
área dos taludes (bermas), os sulcos e voçorocas foram protegidos com a
construção de paliçadas de bambu e sacos de terra, dispostas no interior
dos mesmos, além da utilização de barreiras de pneus, como a
encontrada no Talhão avaliado. Isto permitiu uma redução da velocidade
do escoamento superficial e do fluxo de sedimentos, culminando com o
aterro progressivo dos sulcos e voçorocas, possibilitando assim maior
eficiência das práticas vegetativas (Figura 10).
33
A
B
Figura 10 Talude onde foram executadas as medições, antes (A) e após (B) a execução
das práticas mecânicas (Portocarrero, 2006).
Em relação à revegetação foram usadas espécies extremamente
agressivas e resistentes ao estresse hídrico observado na área. Nos
terraços, foram plantados o capim Vetiveria zizanioides nash (Vetiver)
formando cordões vegetados e foram plantadas grama batatais nas
bacias de capitação (Embrapa, 2002). Nos patamares foram plantadas
várias espécies de leguminosas arbóreas pioneiras inoculadas com
bactérias fixadoras de nitrogênio e fungos micorrízicos, consorciadas com
espécies nativas da Mata Atlântica.
34
5
Resultados e Discussões
5.1.
Análise estrutural
A simples quantificação do estoque de carbono não tem utilidade
alguma se não for dimensionada dentro de um projeto de LULUCF, para
então poder ter seu carbono valorizado nas bolsas de mercado. O
primeiro passo para essa valorização se dá pela análise estrutural dos
indivíduos arbóreos através da quantificação da biomassa existente, para
então ser mensurada o estoque de carbono presente nos mesmos.
Para o levantamento da estrutura, foram selecionados indivíduos
arbóreos de maior representatividade basal no Morro do Radar, sendo
identificadas três espécies: Acácia mangium, Albizia guachapelle e
Mimosa caesalpiniaefolia (sabia).
Após a análise das espécies mais representativas, foram
delimitados três talhões que serviram de base para a quantificação da
estocagem de carbono. Neste trabalho são enfocadas as características
estruturais dos espécimes arbóreos presentes no talhão n°2 (Figura 11).
2006
RAD 1
RAD 3
RAD 2
RAD 4
RAD 5
Figura 11 Imagens de Satélite (extraídas do Google Earth), do Morro do Radar (2006),
podendo-se observar em verde a localização do talhão onde foram executadas as
medições de desenvolvimento vegetal.
35
No talhão (que possui uma área de 2175m2) foram medidas as três
espécies mais representativas no Morro do Radar, conforme mencionado
anteriormente, sendo mapeados todos os indivíduos arbóreos com PAP > 0,5
cm (Figura 12).
Figura 12 Medições dos indivíduos selecionados a 1,30m a altura do peito com
perimetros acima de 0,5 cm.
Foram identificados 99 indivíduos no total, sendo estes numerados,
plaqueados e referenciados para posterior medição. Os resultados destas
medições encontram-se no Anexo I.
Foram
identificados
totalizando 1335,39 cm
2
11
indivíduos
de
Acácia
holocerícea,
de área basal; 28 indivíduos de Mimosa
caesalpinifolia (Sabiá), totalizando 698,51 cm2 de área basal; 60
indivíduos de Albízia guachapelle, totalizando 2199,67 cm2 de área basal.
O histograma de alturas (Figura 13) revela que 64% dos indivíduos
apresentam altura inferior a 6 m e a distribuição diamétrica (Figura 14)
concentra 27% dos indivíduos com DAP > 8 cm. A densidade média dos
espécimes foi de 1,97 m²/ha, onde o Sabiá correspondeu com 0,32 m2/ha,
a Acácia com 0,63 m2/ha e a espécie mais freqüente, a Albizia com 1,01
m2/ha.
36
6,80
6,65
6,60
6,40
6,20
6,00
5,80
5,60
5,35
5,40
5,20
5,00
4,97
4,80
4,60
4,40
4,20
4,00
Sabiá
Acácia
Albízia
Figura 13. Histograma representando as alturas médias dos indivíduos arbóreos.
8,40
8,00
7,60
7,20
6,80
6,40
6,00
5,60
5,20
4,80
4,40
4,00
Sabiá
Acácia
Albízia
Figura 14 Histograma da distribuição médias dos DAP para as espécies avaliadas.
A análise dos resultados indicou uma vegetação ainda jovem, com
indivíduos de baixo porte e baixo desenvolvimento diamétrico. Vale
ressaltar o desenvolvimento do espécime Acácia, que apesar de possuir
poucos indivíduos representativos na área, alcançou um dos maiores
índices diamétricos, o que indica um desenvolvimento mais acelerado em
relação a outras espécies de leguminosas presentes na área.
37
Segundo Ciesla (1995), a proporção do carbono absorvido pelas
florestas está relacionada ao seu crescimento e a sua idade. As florestas
removem carbono em maiores proporções quando jovens e em fase de
crescimento. À medida que vão atingindo a maturidade, o crescimento se
estabiliza e a absorção é reduzida.
38
6
Conclusões
Em uma sociedade onde tudo se transforma em moeda de troca,
nada mais normal do que se capitalizar a problemática do aquecimento
global. Uma questão que deveria ser movida pela ética e respeito à vida,
acaba se transformando em um jogo de interesses, onde mais uma vez os
grandes culpados pela problemática do Aquecimento Global saem ilesos
de suas responsabilidades e deveres.
Em 2005, o protocolo de Quioto foi finalmente ratificado, para
tentar conter a elevação das temperaturas por conta das emissões de
GEEs. A solução, a meu ver, não seria fundamentada na redução das
emissões e na prática de MDL, pois estas, dentro de uma concepção
capitalista, não passariam de distorções de uma necessidade verdadeira:
a substituição das tecnologias baseadas em modelos antigos de
desenvolvimento energético, para tecnologias de energia limpa e de baixo
impacto ambiental (energia eólica, solar, de hidrogênio etc.).
As práticas de MDL e o mercado de carbono são muito importantes
se executados como suporte a transição destas tecnologias. Porém, se os
MDL e o mercado de carbono forem pensados como meios de
manutenção destes modelos arcaicos de geração de energia, baseados
no consumo de combustíveis fósseis, apenas levando em conta sua
redução nas emissões, estaríamos apenas adiando o dramático resultado
dos efeitos das mudanças globais e a solução definitiva para esta
problemática. A grande ironia é que o desenrolar desta “causa” cabe
somente a nós, e a responsabilidade desta recai diretamente sobre a
nossa existência neste planeta de infinitas possibilidades.
39
7
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43
ANEXO I – Resultados das avaliações estruturais da vegetação
N individuo
PAP(2PiR)
12,00
1
16,00
2
15,00
3
26,50
4
10,00
5
11,00
5
19,00
6
8,00
7
18,00
8
20,00
9
18,00
10
21,00
11
10,00
12
10,00
12
17,00
13
21,00
14
37,00
15
19,50
16
15,00
17
18,50
18
19,00
19
12,00
20
9,00
21
8,00
22
13,00
23
18,00
24
11,00
25
18,00
26
9,00
27 A
16,00
27 B
12,00
28
15,73
Média
5,99
Desvio Padrão
38,08
CV
Sabiá - Mimosa caesalpinifoliae
DAP(2R)
R
R2
Area Basal (Cm²)
3,82
1,91
3,65
11,46
5,09
2,55
6,48
20,37
4,77
2,39
5,70
17,90
8,44
4,22
17,79
55,88
3,18
1,59
2,53
7,96
3,50
1,75
3,06
9,63
6,05
3,02
9,14
28,73
2,55
1,27
1,62
5,09
5,73
2,86
8,21
25,78
6,37
3,18
10,13
31,83
5,73
2,86
8,21
25,78
6,68
3,34
11,17
35,09
3,18
1,59
2,53
7,96
3,18
1,59
2,53
7,96
5,41
2,71
7,32
23,00
6,68
3,34
11,17
35,09
11,78
5,89
34,68
108,94
6,21
3,10
9,63
30,26
4,77
2,39
5,70
17,90
5,89
2,94
8,67
27,24
6,05
3,02
9,14
28,73
3,82
1,91
3,65
11,46
2,86
1,43
2,05
6,45
2,55
1,27
1,62
5,09
4,14
2,07
4,28
13,45
5,73
2,86
8,21
25,78
3,50
1,75
3,06
9,63
5,73
2,86
8,21
25,78
2,86
1,43
2,05
6,45
5,09
2,55
6,48
20,37
3,82
1,91
3,65
11,46
5,01
2,50
7,17
22,53
1,91
0,95
6,21
19,49
38,08
38,08
86,51
86,51
ALTURA
9,00
8,00
8,00
10,00
9,00
9,00
10,00
6,00
4,00
3,00
4,00
4,00
4,00
2,00
3,50
4,00
6,00
3,50
3,50
3,00
5,00
3,50
3,50
2,50
2,00
4,00
3,50
4,00
4,50
4,50
3,50
4,97
2,37
47,62
44
Acácia holocericea
N individuo PAP(2PiR) DAP(2R)
R
1A
30
9,55
4,77
1B
28
8,91
4,46
1C
26
8,28
4,14
2
59
18,78
9,39
3
57
18,14
9,07
4
44
14,01
7,00
5A
31
9,87
4,93
5B
14
4,46
2,23
6A
25
7,96
3,98
6B
9
2,86
1,43
6C
25
7,96
3,98
6D
17
5,41
2,71
7
26
8,28
4,14
8
31
9,87
4,93
9
14
4,46
2,23
10
12
3,82
1,91
11
10
3,18
1,59
12
15
4,77
2,39
13
26
8,28
4,14
14
26
8,28
4,14
Média
26,25
8,36
4,18
Desvio Padrão
13,91
4,43
2,21
CV
52,99
52,99
52,99
R2
22,80
19,86
17,12
88,17
82,30
49,04
24,34
4,96
15,83
2,05
15,83
7,32
17,12
24,34
4,96
3,65
2,53
5,70
17,12
17,12
22,11
24,18
109,36
PiR2
71,62
62,39
53,79
277,01
258,55
154,06
76,47
15,60
49,74
6,45
49,74
23,00
53,79
76,47
15,60
11,46
7,96
17,90
53,79
53,79
69,46
75,96
109,36
ALTURA
7
7
7
10
10
9
7
7
8
8
8
8
7
3,5
4
3
3
6
6
4,5
6,65
2,12
31,82
45
Albízia guachapelle
N individuo
PAP(2PiR) DAP(2R)
R
1
11,00
3,50
1,75
2
15,00
4,77
2,39
3
22,00
7,00
3,50
4
24,00
7,64
3,82
5
19,00
6,05
3,02
6
30,00
9,55
4,77
7
21,00
6,68
3,34
8
18,00
5,73
2,86
9
16,00
5,09
2,55
10
16,00
5,09
2,55
11
14,00
4,46
2,23
12
10,00
3,18
1,59
13
17,00
5,41
2,71
14
31,00
9,87
4,93
18
12,00
3,82
1,91
19
13,50
4,30
2,15
20
14,00
4,46
2,23
21
14,00
4,46
2,23
22
8,00
2,55
1,27
23
10,00
3,18
1,59
24
11,00
3,50
1,75
25
27,00
8,59
4,30
26
19,00
6,05
3,02
27
15,00
4,77
2,39
28
13,00
4,14
2,07
29
8,00
2,55
1,27
30
41,00
13,05
6,53
31
27,00
8,59
4,30
32
37,00
11,78
5,89
33
19,00
6,05
3,02
34
14,00
4,46
2,23
35
26,00
8,28
4,14
36
16,00
5,09
2,55
37
21,00
6,68
3,34
38
32,00
10,19
5,09
39
23,00
7,32
3,66
40
17,00
5,41
2,71
41
20,00
6,37
3,18
42
19,00
6,05
3,02
43
12,00
3,82
1,91
44
27,00
8,59
4,30
45
26,00
8,28
4,14
46
15,00
4,77
2,39
47
21,00
6,68
3,34
48
16,00
5,09
2,55
49
36,00
11,46
5,73
50
17,00
5,41
2,71
51
20,00
6,37
3,18
52 A
17,00
5,41
2,71
52 B
29,00
9,23
4,62
53
14,00
4,46
2,23
54
35,00
11,14
5,57
55 A
15,00
4,77
2,39
55 B
25,00
7,96
3,98
55 C
26,00
8,28
4,14
56
29,00
9,23
4,62
57
20,00
6,37
3,18
58
12,00
3,82
1,91
59
23,00
7,32
3,66
60
29,00
9,23
4,62
Média
20,08
6,39
3,20
Desvio Padrão
7,66
2,44
1,22
CV
38,15
38,15
38,15
R2
3,07
5,70
12,26
14,59
9,14
22,80
11,17
8,21
6,48
6,48
4,96
2,53
7,32
24,34
3,65
4,62
4,96
4,96
1,62
2,53
3,07
18,47
9,14
5,70
4,28
1,62
42,58
18,47
34,68
9,14
4,96
17,12
6,48
11,17
25,94
13,40
7,32
10,13
9,14
3,65
18,47
17,12
5,70
11,17
6,48
32,83
7,32
10,13
7,32
21,30
4,96
31,03
5,70
15,83
17,12
21,30
10,13
3,65
13,40
21,30
11,67
8,97
76,84
PiR2
ALTURA
9,63
3,50
17,91
5,50
38,52
6,00
45,84
7,00
28,73
5,00
71,62
7,50
35,09
8,00
25,78
4,50
20,37
7,00
20,37
8,00
15,60
3,50
7,96
2,00
23,00
8,00
76,48
9,50
11,46
8,00
14,50
8,00
15,60
4,00
15,60
5,00
5,09
4,00
7,96
4,00
9,63
2,00
58,01
4,50
28,73
4,50
17,91
8,00
13,45
7,00
5,09
3,50
133,77
5,00
58,01
5,00
108,94
6,00
28,73
5,00
15,60
5,00
53,80
4,50
20,37
3,00
35,09
5,00
81,49
5,50
42,10
6,00
23,00
5,50
31,83
4,50
28,73
4,50
11,46
3,50
58,01
5,00
53,80
4,50
17,91
6,00
35,09
6,00
20,37
4,00
103,13
8,00
23,00
5,00
31,83
6,00
23,00
2,50
66,93
6,00
15,60
2,50
97,48
5,00
17,91
6,00
49,74
6,00
53,80
6,00
66,93
5,50
31,83
6,00
11,46
3,50
42,10
6,00
66,93
6,00
36,66
5,35
28,17
1,64
76,84
30,75
46
ANEXO II – Recortes
47
48
43
Lista de figuras
Figura 1 Temperaturas médias no planeta nos últimos anos, e projeções
futuras. Fonte: http://www.grida.no/products.aspx?m=36, Temperaturas
1856 – 1999: Climatic Research Unit. University at East Anglia, Norwich
UK. Projeções: IPCC Report 95.
6
Figura 2 Foto de satélite da Nasa, onde a imagem a esquerda mostra o
gelo “permanente” no Ártico em 1979 e a direita em 2003 (redução no
tamanho e na espessura do gelo). Fonte: Arctic Climate Impact
Assessment, 2004.
7
Figura 3 Componentes dos ciclos da água e do carbono no planeta terra
(Fonte: Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, IPAM).
20
Figura 4 Compartimentos que estocam carbono em área florestada.
Fonte: http://www.florestasdofuturo.org.br.
22
Figura 5 Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, Galeão/Antonio
Carlos Jobim Fonte: www.cidadeturismo.com.br.
27
Figura 6 Visão geral do Morro do Radar, na Ilha do Governador, durante
as obras de construção do aeroporto (1971).
28
Figura 7 Área do Morro do Radar atualmente, 5 anos após a
implementação das práticas vegetativas (Portocarrero, 2006).
29
Figura 8 Vista de sobrevôo de helicóptero da área do Morro do Radar
anteriormente a execução do Projeto de Recuperação de Áreas
Degradadas (Portocarrero, 2006).
31
Figura 9 Voçoroca vista de longe durante o diagnóstico do estado de
conservação da área, ano 2000 (Fonte: Portocarrero, 2004).
32
Figura 10 Talude onde foram executadas as medições, antes (A) e após
(B) a execução das práticas mecânicas (Portocarrero, 2006).
33
Figura 11 Imagens de Satélite (extraídas do Google Earth), do Morro do
Radar (2006), podendo-se observar em verde a localização do talhão
onde foram executadas as medições de desenvolvimento vegetal.
34
Figura 12 Medições dos indivíduos selecionados a 1,30m a altura do peito
com perimetros acima de 0,5 cm.
35
Figura 14 Histograma da distribuição médias dos DAP para as espécies
avaliadas.
36

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