demanda de água para abastecimento e saneamento

Transcrição

demanda de água para abastecimento e saneamento
Governo da República de Moçambique
Governo da República de Zimbabwe
Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional (Asdi)
DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA
CONJUNTA PARA A GESTÃO INTEGRADA DOS
RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO PUNGOÉ
RELATÓRIO DA MONOGRAFIA
ANEXO VII
ESTUDO SECTORIAL:
DEMANDA DE ÁGUA PARA
ABASTECIMENTO E
SANEAMENTO
RELATÓRIO FINAL
ABRIL 2004
SWECO & Associados
Cliente:
Governo da República de Moçambique
Governo da República do Zimbabwe
Agência Sueca para o Desenvolvimento
Internacional (ASDI)
Projecto:
DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA
CONJUNTA PARA A GESTÃO INTEGRADA DOS
RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO PUNGOÉ
Titulo do relatório:
Relatório da Monografia
Subtítulo:
Anexo VII – Estudo Sectorial:
Demanda de Água para Abastecimento e
Saneamento
Fase do relatório:
Final
SWECO Project No:
1150447
Data:
Abril 2004
Equipa de Projecto:
SWECO International AB, Suécia (líder)
ICWS, Holanda
OPTO International AB, Suécia
SMHI, Suécia
NCG AB, Suécia
CONSULTEC Lda, Moçambique
IMPACTO Lda, Moçambique
Universidade Católica de Moçambique
Interconsult Zimbabwe (Pvt) Ltd, Zimbabwe
Aprovado por:
Lennart Lundberg, Director do Projecto
SWECO INTERNATIONAL AB
P:/1113/1116/1150447000 Pungue IWRM Strategy - Sida/Original/Monograph Report/Annex VII/Portuguese/Annex VII.doc
DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GIRH DA
BACIA HIDROGRÁFICA PUNGOÉ
Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
O Projecto Pungoé
O Desenvolvimento da Estratégia Conjunta para a Gestão Integrada dos
Recursos Hídricos (GIRH) da Bacia do Rio Pungoé, mais conhecido por
Projecto Pungoé, é um esforço de cooperação entre os Governos de
Mocambique e Zimbabwe para criar um quadro de gestão equilibrada e
sustentável e de desenvolvimento e conservação dos recursos hídricos na
bacia do rio Pungoé, com o objectivo de aumentar os benefícios sociais e
económicos para as populações que vivem ao longo da bacia. Um dos
elementos chave para o desenvolvimento desta estratégia pelo Projecto está
associado à capacitação institucional para a sua implementação e
actualização, que permita facilitar uma efectiva gestão participativa
envolvendo tanto as autoridades como os stakeholders. O rio Pungoé é um
curso de água partilhado pelos dois países.
O Projecto Pungoé é financiado pela Agência Sueca para o Desenvolvimento
Internacional (ASDI) através de um acordo com Zimbabwe e Moçambique.
O Projecto está a ser implementado sob os auspícios do Departamento de
Desenvolvimento de Águas (DWD), do Ministério dos Recursos Rurais,
Desenvolvimento de Água e Irrigação (MRRWD&I) no Zimbabwe e da
Direcção Nacional de Água (DNA) e do Ministério das Obras Publicas e
Habitação em Mocambique, como representantes dos dois governos. As
agências de implementação do projecto são o Zimbabwe National Water
Authority (ZINWA) através do Save Catchment Manager’s Office (ZINWA
Save) no Zimbabwe e a Administração Regional de Águas do Centro (ARACentro), em Moçambique.
O Projecto Pungoé teve o seu início em Fevereiro de 2002 e será
implementado nas quatro fases seguintes:
Fase 0 – Fase Inicial
Fase 1 – Fase da Monografia
Fase 2 – Fase de Desenvolvimento de Cenários
Fase 3 – Fase da Estratégia Conjunta para a GIRH
A Fase da Monografia
Durante a Fase da Monografia, o Consultor em conjunto com as Agências
Implementadoras em Moçambique e Zimbabwe redobraram os seus esforços
para aumentarem o conhecimento de base necessário para o
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Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
desenvolvimento dos recursos hídricos da bacia, através de vários estudos
sectoriais. Estes estudos descrevem a situação actual da bacia no que se
refere aos recursos hídricos, ambiente e poluição, procura de água, infraestruturas e socio-economia.
Também se efectuaram actividades para avaliar e reforçar as capacidades
legais e institucionais das agencias de implementação. Estas actividades
estão ainda a decorrer no Projecto e incluem entre outras, o desenvolvimento,
aquisição de tecnologia e treino no uso do GIS e a utilização de ferramentas
de modelação hidrológica.
Divulgação de informação acerca do Projecto, bem como a realização de
consultas com os grupos de Stakeholders da bacia de forma a aumentar o
seu conhecimento do Projecto e facilitar a participação dos Stakeholders na
GIRH da bacia do rio Pungoé.
Lista de Documentos
O Relatório da Monografia inclui os seguintes documentos:
Relatório Principal
Anexo I
Estudo Sectorial: Recursos Hídricos Superficiais
Anexo II
Estudo Sectorial: Redes Hidrometeorológicas
Anexo III
Estudo Sectorial: Qualidade dos Dados Hidrológicos e
Modelação
Anexo IV
Estudo Sectorial: Recursos Hídricos Subterrâneos
Anexo V
Estudo Sectorial: Barragens e outras Obras Hidráulicas
Anexo VI
Estudo Sectorial: Qualidade da Água e Transporte de
Sedimentos
Anexo VII Estudo Sectorial: Necessidades de Água para Abastecimento
e Saneamento
Anexo VIII Estudo Sectorial: Necessidades de Água para Irrigação e
Floresta
Anexo IX
Estudo Sectorial: Pesca
Anexo X
Estudo Sectorial: Fauna, Áreas de Conservação e Turismo
Anexo XI
Estudo Sectorial: Infra-estruturas
Anexo XII Estudo Sectorial: Socio-economia
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Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
ÍNDICE
1
1.1
1.2
1.2.1
1.2.2
1.2.3
1.3
1.4
SUMÁRIO EXECUTIVO
Características dos assentamentos e estágio de desenvolvimento na
bacia do Pungoé
Demanda de água e sistemas de abastecimento
Sistemas Urbanos
Abastecimento de Água Rural
Indústria e Exploração Mineira
Saneamento
Conclusões
2
2
2
3
4
5
5
2
2.1
2.2
INTRODUÇÃO
Antecedentes
Objectivos
6
7
7
3
3.1
3.2
3.2.1
3.2.2
3.3
3.3.1
3.3.2
3.3.3
3.4
3.4.1
3.4.2
ABASTECIMENTO DE ÁGUA URBANO E RURAL
Abordagem geral
Assentamentos e demografia
Bacia do Pungoé em Moçambique
Bacia do Pungoé no Zimbabwe
Categorias de demanda de água
Sistemas Urbanos
Sistemas de Abastecimento Rural
Sistemas Básicos de Abastecimento de Água
Estimativas de demanda de água
Moçambique
Zimbabwe
8
9
9
10
11
12
13
16
19
19
19
24
4
4.1
4.2
4.2.1
4.3
SANEAMENTO
Antecedentes
Moçambique
Cidade da Beira
Zimbabwe
31
32
32
32
34
5
5.1
5.1.1
5.1.2
5.2
INDÚSTRIA E MINAS
Indústria
Moçambique
Zimbabwe
Minas
36
37
37
37
38
6
6.1
6.2
6.3
6.4
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Demanda de água na bacia do Pungoé
Demanda de água projectada para a bacia do Pungoé
Demanda de água industrial e mineira
Estudos futuros
39
40
40
41
41
7
REFERÊNCIAS
42
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1
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Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
APÊNDICE 1
Demanda de água actual e futura
abastecimento de água para Beira
APÊNDICE 1
Demanda de água para sistemas canalizados no
Zimbabwe
APÊNDICE 1
Demanda de água para assentamentos rurais no
Zimbabwe
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1 SUMÁRIO EXECUTIVO
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
1.1
Características dos assentamentos e estágio de
desenvolvimento na bacia do Pungoé
A Bacia do Pungoé é sobretudo caracterizada por assentamentos rurais e
algumas vilas, pontos comerciais e centros de serviços. A Cidade da Beira,
em Moçambique, é o principal centro urbano e industrial. A actual recessão
económica no Zimbabwe teve impactos negativos sobre o clima económico
geral da Beira.
O desenvolvimento industrial e mineiro no interior da bacia é muito limitado.
Para além das indústrias na Beira só existem operações de pequena escala
nas vilas e centros de crescimento em Moçambique e no Zimbabwe.
Administrativamente, a Bacia do Pungoé cobre parte das províncias de Sofala
e Manica em Moçambique, e uma grande parte do Distrito Rural de Mutasa
no Zimbabwe. No Zimbabwe, uma pequena parte da bacia fica localizada no
Distrito Rural de Nyanga. A população actual da bacia em Moçambique é
estimada em 1 081 000 pessoas e no Zimbabwe em 95 869 pessoas.
O principal centro urbano é a área metropolitana da Beira, que inclui as
cidades da Beira e do Dondo. A cidade da Beira, com uma população de
474 500 habitantes, localiza-se na margem norte do estuário do Rio Pungoé.
Dondo situa-se a aproximadamente 30 km noroeste da Beira e tem uma
população de aproximadamente 85 500 habitantes.
Não existem disposições legais relativas à partilha dos recursos hídricos do
Pungoé entre Moçambique e o Zimbabwe. Em Dezembro de 2000,
Moçambique e o Zimbabwe acordaram a criação de uma Comissão Conjunta
para os Recursos Hídricos partilhados pelos dois países. Uma das
responsabilidades dessa Comissão é fazer recomendações às partes sobre
“necessidades de água razoáveis, para cada parte, nos recursos hídricos
comuns”. No entanto, deve ser salientado que em 27 de Setembro de 1995 foi
acordado, numa reunião de Ministros de Moçambique e Zimbabwe, a
captação de água do Rio Pungoé para abastecimento da cidade de Mutare
(localizada fora da Bacia do Pungoé).
1.2
Demanda de água e sistemas de abastecimento
1.2.1 Sistemas Urbanos
A área urbana de Beira/Dondo é abastecida por um sistema moderno de
fornecimento de água com instalações de tratamento. O ponto de influxo para
o abastecimento de água bruta a partir do Rio Pungoé localiza-se a
aproximadamente 75 km da montante do rio. Apesar da relativamente longa
distância da foz, a influência das marés resulta em intrusões periódicas de
água salgada durante as marés baixas.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
O sistema de abastecimento fornece água a cerca de 19% da população da
Beira e Dondo, através de ligações domiciliárias, quintais e postos públicos de
abastecimento. O maior consumidor de água é o sector doméstico. O uso
não-doméstico, largamente associado a indústrias e instituições, representa
cerca de 30% do total do consumo doméstico. Actualmente, a rede está
degradada devido a falta de manutenção. O sistema funciona, desde 1999,
com base num contrato de gestão com a Águas de Moçambique, uma
companhia privada, válido até 2013.
A actual demanda de água de abastecimento para Beira/Dondo, que inclui as
áreas de Mutua e Mafambisse, é estimada em 25 339 m3/dia. Prevê-se que a
demanda de água aumente para 74 640 m3/dia em 2023.
A Cidade de Mutare situa-se fora da Bacia do Pungoé, na bacia de Odzi. No
entanto, é abastecida pela água do Rio Pungoé através de um intricado
sistema interno de transferência inter-bacias. As quantidades transferidas
estão limitadas a um máximo de 0.7 m3/s através de um dispositivo legal de
permissão de uso água e do projecto do sistema. Numa reunião realizada em
1995 entre Ministros de Moçambique e Zimbabwe foi acordado a captação de
água para abastecimento da cidade de Mutare, o que foi limitado a 1 m3/s.
Além disso, a cidade de Mutare tem como segunda fonte de água as
Barragens de Odzani, na bacia de Odzi. Consequentemente, adoptou-se para
a Cidade de Mutare um consumo fixo de 60 480 m3/dia como sua demanda
de água do Rio Pungoé. O Distrito Rural de Mutasa desvia também água do
aqueduto do Pungoé para abastecer as vilas ao longo da sua rota.
1.2.2 Abastecimento de Água Rural
O abastecimento de água para as áreas rurais da bacia compreende
pequenos sistemas canalizados e furos com bombas manuais que abastecem
pequenas vilas, centros de crescimento, áreas comerciais, centros de serviço
e algumas aldeias, bem como o desvio directo da água por comunidades
aldeãs ribeirinhas que não estão ligadas a infra-estruturas desenvolvidas.
A Bacia do Pungoé em Moçambique tem 6 sistemas canalizados,
nomeadamente em Nhamatanda, Muanza, Gorongosa, Gondola, Macossa e
Bárue. Os esquemas canalizados em Gorongosa, Gondola e Catandica são
abastecidos por água superficial, e os restantes dependem de água
subterrânea. A maior parte destes sistemas de abastecimento de água estão
em estado precário e funcionam abaixo da sua capacidade instalada. Alguns
estão até fora de serviço. Os sistemas não têm contadores, e o consumo
actual de água é estimado em 1 507 m3/dia.
A proporção da população da bacia do lado de Moçambique que é abastecida
por sistemas canalizados ou por um outro tipo de sistema de água é pequena.
A actual demanda de água de sistemas canalizados foi calculada com base
na premissa de que 40% da população é abastecida por sistemas
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canalizados com rede de distribuição em pequenas vilas e postos de
abastecimento para as áreas rurais. Isso corresponde a uma demanda de
água actual de 10 306 m3/dia em Moçambique, incluindo a captação directa
informal (2 022 m3/dia). Para as áreas rurais da Bacia do Pungoé em
Moçambique, estimativas preliminares indicam uma demanda de água de
aproximadamente 21 841 m3/dia em 2023.
A Bacia do Pungoé no Zimbabwe tem um total de sete sistemas de água
canalizados de médio e pequeno porte localizados em Hauna, Sachisuko,
Honde Army, Zindi, Samanga, Mpotedzi, Sahumani. Para além disso, existem
pequenos sistemas de abastecimento de água sem contadores que
abastecem um número de aldeias e escolas.
A estimativa para a demanda actual de água de pequenos sistemas
canalizados e de abastecimento básico na Bacia do Pungoé no Zimbabwe é
de aproximadamente 1 962 m3/dia, dos quais 428 m3/dia são de abstracções
por tubagem e 1 534 m3/dia de abstracções directas informais. Estes
números excluem desvios para a Cidade de Mutare.
1.2.3 Indústria e Exploração Mineira
O desenvolvimento industrial e mineiro na Bacia do Pungoé é em geral muito
baixo. A actividade económica primária é agricultura.
A actividade industrial na bacia concentra-se na Beira. A Cidade de Mutare,
que se situa fora da área de captação de água mas tira água da Bacia do
Pungoé, tem também um sector industrial vigoroso. A demanda de água para
estes centros foi incorporada sob os sistemas urbanos.
Fora da Beira, a Açucareira é a única indústria importante na área de
captação abastecida directamente do Rio Pungoé. No resto da bacia, a
actividade industrial é limitada a indústrias de serviço de pequena escala em
pequenas vilas e eixos de crescimento que não têm impacto significativo
sobre a demanda de água. Elas são abastecidas a partir de pequenos
sistemas e furos existentes. A sua demanda de água está incluída sob o
consumo doméstico de cada centro.
A actividade mineira é feita no Rio Nhamucarara por garimpeiros informais,
junto a fronteira entre Moçambique e o Zimbabwe. Em Moçambique, uma
companhia Malaio-Australiana está a fazer prospecção de ouro no Rio
Nhamua usando técnicas modernas e métodos de gravitação. A demanda de
água actual decorrente de actividades mineiras é insignificante visto que a
água é na sua totalidade devolvida ao rio principal. No entanto, a água
carrega consigo quantidades substanciais de poluição de sedimento e traços
de mercúrio que podem ser detectados na ponte da estrada para Tete em
Moçambique. Na falta de tratamento, esta poluição mineira torna a água
imprópria para consumo humano.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
1.3
Saneamento
Os planos futuros para o melhoramento das instalações de saneamento
centram-se no melhoramento da cobertura por toda a bacia.
As instalações de saneamento na área de captação nas aldeias rurais são
geralmente baseadas em latrinas e, nas zonas mais urbanizadas, como
Hauna no Zimbabwe, em fossas sépticas. Uma excepção é a Cidade da
Beira, que tem um sistema de saneamento e drenagem para águas residuais
e das chuvas. Contudo, o sistema público de esgotos só cobre 3% da
população, estando a maior parte dos utentes das zonas urbanas ligados a
fossas sépticas. A área peri-urbana não está coberta por qualquer sistema de
drenagem de água, e não está ligada ao sistema de abastecimento de água.
As pessoas tendem a defecar a céu aberto. Em 2003, a cobertura geral era
estimada em 46%.
1.4
Conclusões
A actual demanda de água urbana e rural na Bacia do Pungoé é estimada em
98 086 m3/dia. Esta situação pode mudar no futuro com a reabilitação de
sistemas de abastecimento de água existentes e o desenvolvimento de novos
pequenos sistemas em Moçambique, bem como o potencial desenvolvimento
de novas indústrias em Moçambique e no Zimbabwe. Futuros
desenvolvimentos potenciais serão abordados na próxima fase de Cenários
de Desenvolvimento.
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2 INTRODUÇÃO
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
2.1
Antecedentes
A Bacia do Pungoé é sobretudo caracterizada por áreas rurais com pequenos
centros urbanos dispersos e pela Cidade da Beira em Moçambique, como o
maior centro urbano e industrial da bacia. A Cidade da Beira é o segundo
maior centro urbano e industrial em Moçambique. O tráfego marítimo do
porto, uma importante actividade económica, foi negativamente afectado pela
actual recessão económica no Zimbabwe.
Existe, no geral, pouco desenvolvimento industrial e mineiro na Bacia do
Pungoé. Para além de algumas indústrias localizadas na cidade da Beira,
existem também indústrias de serviço de pequena escala dispersas pelas
cidades e eixos de crescimento em Moçambique e Zimbabwe. Tendo em
conta o baixo desenvolvimento dos sectores industriais e mineiros na bacia, a
demanda de água foi considerada em conjunto com a do sector doméstico.
Não há arranjos legais entre Moçambique e o Zimbabwe sobre a partilha dos
recursos hídricos do Pungoé. Em Dezembro de 2000, houve um acordo entre
Moçambique e o Zimbabwe para a criação de uma Comissão Conjunta sobre
Recursos Hídricos partilhados por ambos os países. Uma das
responsabilidades dessa Comissão é a recomendação às partes sobre
“necessidades de água razoáveis, para cada parte, nos recursos hídricos
comuns”.
No entanto, deve ser salientado que em 27 de Setembro de 1995, foi
acordada numa reunião de Ministros de Moçambique e do Zimbabwe a
captação de água do Rio Pungoé para abastecimento da cidade de Mutare
(localizada fora da Bacia do Pungoé). Este acordo foi baseado na conclusão
de um Comité Ad-Hoc Zimbabweano, que descobriu ser necessário captar 24
milhões de m3 por ano para satisfazer as necessidade de consumo de água
de Mutare, com a condição de um caudal mínimo de 0.5 m3/s ser mantido no
ponto de captação.
2.2
Objectivos
O principal objectivo deste estudo sectorial é calcular a demanda de água
urbana e rural e examinar o estado de saneamento na bacia.
A avaliação da demanda de água e caracterização dos sistemas de
saneamento associados requerem uma identificação dos assentamentos na
bacia, incluindo suas populações. Isso foi feito em conjunto com a avaliação
sócio-económica, abordada no Anexo XIII. Como indicado na sub-secção
5.5.2.2 do Relatório de Inicio, algumas zonas remotas e esparsamente
povoadas, não foram incluídas na avaliação.
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3 ABASTECIMENTO DE ÁGUA URBANO E RURAL
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
3.1
Abordagem geral
A fase da Monografia fornece estimativas da actual demanda de água na
Bacia do Pungoé, incluindo projecções provisórias para a futura demanda de
água. Uma avaliação mais detalhada da futura demanda de água vai ser feita
na fase de Cenários de Desenvolvimento, Fase 2, altura em que a informação
sobre o potencial de desenvolvimento na bacia estará disponível.
A informação para esta tarefa foi fornecida pelas seguintes organizações:
1. Moçambique
•
Departamento de Água Rural na Direcção Nacional de Águas
(DNA);
•
Direcções Provinciais das Obras Públicas e Habitação de
Sofala e Manica;
•
Direcções Provinciais de Indústria de Sofala e Manica;
•
Direcções Provinciais dos Recursos Minerais e Energia de
Sofala e Manica;
•
Águas de Moçambique na Beira;
•
Centro de Promoção de Investimento (CPI);
•
Maiores empresas industriais que operam na bacia.
2. Zimbabwe
•
Gabinete Central de Estatísticas, Centro de Recenseamento
Populacional;
•
Save Catchment, Autoridade
Zimbabwe(ZINWA);
•
Sub-bacia do Pungoé;
•
Serviços de Pesquisa e Extensão Agrícola (Arex).
Nacional
de
Águas
do
Para efeitos do projecto, o sector de abastecimento de água cobre o
fornecimento de água doméstico, comercial, mineiro e institucional, nas áreas
urbanas e rurais.
3.2
Assentamentos e demografia
O estudo sobre os aspectos sócio-económicos identificou assentamentos
dentro da bacia e estabeleceu para Moçambique a população por distrito e,
para o Zimbabwe, por área de enumeração. A estimativa actual da demanda
de água na bacia baseou-se nos dados populacionais.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
3.2.1 Bacia do Pungoé em Moçambique
A Bacia do Pungoé em Moçambique cobre parte das Províncias de Sofala e
Manica. A bacia é sobretudo caracterizada por assentamentos rurais, com
excepção da área urbana Beira/Dondo.
A maior parte da população na Bacia do Pungoé em Moçambique é rural,
residindo em pequenos assentamentos dispersos. Fora da área metropolitana
da Beira e Dondo, somente 18% da população da bacia vive em áreas semiurbanas. Estas são normalmente aldeias, com menos de vinte mil habitantes
as quais faltam frequentemente infra-estruturas básicas modernas, incluindo o
abastecimento de água. Um assentamento típico localiza-se normalmente ao
longo da estrada principal que é o centro da sede distrital. Os centros das
vilas são normalmente o foco da actividade comercial, com serviços como
abastecimento de água, escolas e centros de saúde. O hinterland é
completamente rural com áreas residenciais tradicionais as quais faltam infraestruturas modernas de serviço básico.
A Tabela 1 que se segue enumera os distritos e áreas urbanas nas duas
províncias que ficam completamente ou parcialmente dentro da bacia e a sua
população actual.
Tabela 1: População por Distrito/Vila na Bacia do Pungoé em Moçambique para o ano 2003
Província
Distrito/Cidade
Cidade da Beira
Distrito de Dondo
Nhamatanda
Província de Sofala
Tica Nsato
21 707
Régulo Candieiro
67 272
Cheringoma
492
Buzi
997
14 312
829 988
Gondola
TOTAL PARA A BACIA
5 281
81 473
21 571
Total para Sofala
Total para Manica
139 528
Gorongosa,
Tica Nhamfimbe
Outros (Sofala)
Manica
População
474 478
124 508
Bárue (Catandica)
70 163
Macossa
18 861
Manica
37 273
250 805
1 080 793
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Os dados populacionais acima apresentados foram calculados a partir dos
resultados do Recenseamento Nacional de 1997 ajustados a taxas de
crescimento anual de 3% para as cidades da Beira e Dondo, e 2.6% e 2.8%
para as Províncias de Sofala e Manica, respectivamente.
3.2.2 Bacia do Pungoé no Zimbabwe
A maior parte da Bacia do Pungoé no Zimbabwe situa-se no Distrito Rural de
Mutasa. Uma parte menor encontra-se no Distrito Rural de Nyanga e inclui
largas florestas comerciais não povoadas, o parque nacional e terras de
propriedade estatal. Na bacia não existem grandes cidades ou vilas,
exceptuando o ponto de crescimento de Hauna. O resto da bacia contem
aldeias rurais, pequenos centros de serviço e outras instituições tais como
escolas. A Cidade de Mutare recebe água do Rio Pungoé, mas fica fora da
bacia. Mutare tem uma licença fixa de extracção de água para uso doméstico,
industrial, comercial e institucional.
Estimativas populacionais para a Bacia do Pungoé no Zimbabwe foram
baseadas nos resultados do Recenseamento Nacional de 2002. Estas foram
obtidas como parte do estudo sócio-económico a nível das áreas de
enumeração. O estudo identificou também assentamentos aldeães e eixos de
crescimento na Bacia do Pungoé.
O Distrito Rural de Mutasa compreende 27 divisões administrativas, cuja
representação distrital é baseada em fronteiras políticas. Cada divisão
administrativa é representada por um vereador. Catorze das divisões
administrativas localizam-se na Bacia do Pungoé. A distribuição populacional
nos distritos depende largamente do uso da terra e é caracterizada por nós
populacionais densos ao longo dos rios e em áreas isoladas de terra arável.
O terreno é montanhoso e intercalado de vales férteis em que se formam
correntes duradoiras.
A Tabela 2 que se segue indica a população das divisões administrativas da
Bacia do Pungoé no Zimbabwe.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Tabela 2: População da Bacia do Pungoé no Zimbabwe por Posto Administrativo
Divisão administrativa
(DA)
População
2002
PA 1:Chikomba
16 518
PA 2: E/H Plantation
4 494
PA 3: Zindi
9 403
PA 4: Mandeya
12 091
PA 5: Muparutsa
7 577
PA 6: Samanga A
9 385
PA 7: Samanga B
8 547
PA 8: Sahumani
6 225
PA 9: Nyamaende
5 902
PA 10: Samaringa
3 996
PA 11: Sanyamandwe
4 742
PA 19: Chidazembe
6 554
PA 27: Stapleford
TOTAL
435
95 869
A maior porção da Bacia do Pungoé no Zimbabwe encontra-se no Distrito
Rural de Mutasa. Uma análise demográfica do distrito no seu conjunto
baseada no período entre-censo de 1992-2002 indica que a população
aumentou de 165 969 para 167 462, um mero incremento de 0.9%. Isso não é
surpreendente dado que as tendências demográficas no Zimbabwe indicam
uma crescente migração rural-urbana ao longo dos anos. Existem também
outros factores que influenciam a demografia rural tais como o HIV/SIDA.
Assim, é provável que a população rural se mantenha estável ou venha
mesmo a decrescer num futuro próximo. Consequentemente, as projecções
da demanda de água para as comunidades rurais, exceptuando as áreas de
crescimento, não terão, a médio-prazo alguma utilidade.
3.3
Categorias de demanda de água
Para a avaliação da demanda de água, os utentes foram agrupados nas três
seguintes categorias:
1. Sistemas Urbanos,
2. Sistemas Rurais,
3. Sistemas Rurais de Abastecimento de Água sem Infra-estruturas.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
3.3.1 Sistemas Urbanos
Estes sistemas são responsáveis pelo abastecimento de grandes centros
urbanos tais como as cidades da Beira e de Mutare. Não existem outros
grandes centros urbanos na bacia, exceptuando a área metropolitana da
Beira. Tal como referido anteriormente, a cidade de Mutare fica fora da bacia
mas extrai uma quantidade fixa de água do Rio Pungoé.
A estrutura social dos centros urbanos da bacia e os sistemas de
abastecimento de água para Moçambique e Zimbabwe são brevemente
descritos a seguir.
3.3.1.1 Área Metropolitana da Beira
A Área Metropolitana da Beira, está localizada na parte centro-este de
Moçambique, no estuário do Rio Pungoé, a cerca de mil quilómetros da
Cidade de Maputo. Ela cobre uma área aproximada de 675 km2.
Beira é uma cidade portuária e a segunda área urbana mais importante em
Moçambique. O porto manuseia importações e exportações das outras
províncias e países vizinhos. Também apoia actividades comerciais e
industriais locais, bem como as instituições. A Cidade da Beira tem um
enorme potencial de desenvolvimento.
A cidade tem as seguintes zonas urbanas:
i.
A Zona Central ou Cidade de Cimento
Esta zona é constituída por edifícios permanentes e infraestruturas modernas de serviço tais como ruas pavimentadas,
abastecimento
de
água
doméstico,
electricidade,
telecomunicações, saneamento e recolha de lixo. É densamente
povoada, com áreas demarcadas em sectores residenciais,
comerciais e industrial. Contudo, as condições actuais da maior
parte de infra-estruturas, incluindo abastecimento de água e
saneamento, é precária devido a uma manutenção inadequada e
falta de melhoramentos.
ii.
Área da Manga
Esta área compreende instalações sociais, comerciais e industriais
modernas. Contudo, as áreas interiores são de carácter rural e
escassamente povoadas.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
iii. Área de Inhamizua
Esta é uma zona de agricultura de pequena escala. O plano de
desenvolvimento para a área de Beira-Dondo reservou grande
parte da área para a expansão da Cidade da Beira.
iv. Cidade de Dondo
Dondo localiza-se a aproximadamente 30 km Norte da Beira.
Exceptuando o centro de Dondo, as áreas interiores não têm
acesso a uma infra-estrutura moderna.
Beira é servida por uma extensa rede de abastecimento que extrai água do
Rio Pungoé, aproximadamente 75 km a montante.
Uma tomada de água comum no Rio Pungoé abastece a cidade da Beira e
Fábrica de Açúcar de Mafambisse. O canal principal da tomada de água
bifurca-se para abastecer as plantações de açúcar e a instalação de
tratamento para o abastecimento da Beira.
Apesar da distância relativamente longa da foz do rio, a influência das marés
resulta periodicamente na intrusão de água do mar que atinge a tomada de
água para caudais baixos. A amplitude das marés varia entre 1.0 m a 1.5 m
na tomada de água, atingindo até 6.5 m na foz do rio. Consequentemente,
durante o período de estiagem, em anos muito secos, a intrusão de água do
mar afecta a qualidade de água, sendo as bombagens limitadas a poucas
horas por dia durante a maré baixa.
O sistema de abastecimento da Beira, construído durante os anos 50 e 60,
abastece a área metropolitana, que inclui Mutua, Mafambisse e a Vila de
Dondo. O sistema compreende as seguintes componentes:
•
Uma instalação de captação no rio;
•
Uma conduta de água bruta;
•
Uma instalação de tratamento dividida em três unidades;
•
Uma conduta de água tratada com várias redes de distribuição.
Historicamente a manutenção das instalações de abastecimento de água foi
sempre precária resultando em fugas substanciais no sistema numa média
equivalente a 50% da água produzida. Estima-se que a maior parte das
perdas ocorre nas ligações de serviço e dentro da rede de distribuição.
O abastecimento de água para Beira é, desde 1999, operado sob um contrato
de gestão com a Águas de Moçambique, um consórcio privado de
companhias estrangeiras e moçambicanas. O contrato é valido até 2013.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
O sistema de água da Beira abastece aproximadamente 22.5% e 2.7% da
população da Beira e Dondo respectivamente, o equivalente a 19% do total
da população da área metropolitana.
O abastecimento de água para uso doméstico é classificado de acordo com
os seguintes tipos de ligação:
Tipo de Ligação
Domiciliária
Torneira no Quintal
Fontanário
% da População da Cidade
da Beira
10
3
9.5
A maior parte dos consumidores em Dondo são abastecidos por fontanários.
O sector doméstico da Beira tem a maior demanda de água, com o uso nãodoméstico representando 30% do consumo doméstico. Os utentes nãodomésticos incluem indústrias de grande escala tais como cervejeiras
(Cervejas de Moçambique), a fábrica de cimento (Cimentos de Moçambique),
uma variedade de indústrias de pequena escala e os sectores comercial e
institucional.
3.3.1.2 Cidade de Mutare
A Cidade de Mutare encontra-se fora da Bacia do Pungoé, localizando-se na
Bacia de Odzi. No entanto, parte da sua demanda de água é coberta por
água bruta da Bacia do Pungoé através de transferência inter-bacias. As
quantidades transferidas são limitadas a um máximo de 0.7 m3/s por um
dispositivo de licença de água, bem como pelo projecto do sistema. Além
disso, existe um acordo bilateral entre Moçambique e Zimbabwe que autoriza
o Zimbabwe a extrair água do Rio Pungoé para a cidade de Mutare até um
máximo de 1 m3/s. Todos os caudais até 0.5 m3/s continuam pelo rio abaixo,
sendo a abstracção afectada somente quando excedem este limite. O desvio
para o sistema aumenta de zero para um caudal do rio de 0.5 m3/s até um
máximo de 0.7 m3/s para caudais de 1.2 m3/s e superiores.
A cidade de Mutare tem uma segunda fonte de água a partir das Barragens
de Odzani, na bacia de Odzi. Assim as duas fontes são usadas em conjunto.
Devido a variabilidade natural do escoamento do Rio Pungoé e ausência de
armazenamento de regularização, a abstracção do rio é variável, dependendo
do nível do caudal do rio. O modo normal de operação consiste em usar a
água do Pungoé para satisfazer a demanda de base, quando os caudais o
permitem.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
A demanda de água para a Cidade de Mutare baseia-se na abstracção
máxima permitida de 0.7m3/s (60 480 m3/dia), apesar de a real abstracção
depender dos níveis de caudais no rio.
3.3.2 Sistemas de Abastecimento Rural
3.3.2.1 Moçambique
As vilas, que são normalmente circundadas por comunidades tradicionais
aldeãs, são geralmente abastecidas a partir de pequenos sistemas
canalizados baseados em furos, poços profundos ou superficiais ou em
alguns casos, rios ou nascentes. Só algumas vilas na bacia dependem de
abastecimento de água superficial.
Os pequenos sistemas canalizados na Bacia do Pungoé em Moçambique são
indicados na Tabela 3 a seguir.
Tabela 3: Pequenos Sistemas de Abastecimento de Água Rurais na Bacia do Pungoé em
Moçambique
Vila/Distrito
Nhamatanda
Fontes
Água subterrânea
Muanza
Água subterrânea
Macossa
Água subterrânea
Gorongosa
Rio Nhandar
Gondola
Rio Gondola
Catandica (Bárue)
Nascente
O abastecimento de água para os consumidores é feito através de ligações
em quintais ou fontanários, com poucas ligações domiciliárias. A maior parte
das ligações são feitas através de fontanários.
A maioria dos sistemas canalizados estão em condições precárias ou
inoperacionais devido a falta de manutenção, instalações de tratamento
inadequadas e cortes de energia.
3.3.2.2 Zimbabwe
Na Bacia do Pungoé no Zimbabwe, os sistemas de água canalizados de
pequena e média escala abastecem pontos de crescimento e centros de
serviço, instituições e aldeias. Todos os sistemas encontram-se localizados
no Distrito Rural de Mutasa, sendo a maioria deles operados pela ZINWA. A
actividade industrial está limitada a indústrias caseiras de muito pequena
escala. Alguns dos sistemas têm estruturas modernas de abastecimento de
água tais como pontos de influxo do rio, instalações de tratamento e
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
conserva, redes de distribuição, ligações domiciliárias e/ou fontanários, o
consumo de água é medido e cobrado. Esses esquemas de fornecimento de
água são abaixo indicados na Tabela 4, por divisão administrativa.
Tabela 4: Esquemas de Abastecimento de Água com Contador
Sistema
canalizado
Nome do Posto Administrativo
Referência
Cartográfica
Hauna
Samanga B
VQ 818 573
Sachisuko
Chikomba
WQ 004 672
Honde Army
Zindi
VQ 947 673
Zindi
Zindi
VQ 933 692
Samanga
Samanga B
VQ 780 495
Mpotedzi
Sahumani
VQ 792 467
Sahumani
Sahumani
VQ 934 678
Existem outros pequenos sistemas de abastecimento de água que fornecem
a um número de aldeias e escolas. Muitos destes esquemas foram instalados
durante a guerra para abastecer os “aldeamentos”, eufemisticamente
chamados de “abrigos”, que eram parte da estratégia rodesiana durante a
guerra de libertação. Alguns dos esquemas, particularmente os que
abasteciam escolas e centros de saúde, foram financiados pelos doadores.
Um número de esquemas canalizados foi adoptado pelos aldeões que os
operam e mantêm. O consumo de água destes esquemas não é medido.
A Tabela 5 que se segue dá uma lista dos pequenos esquemas rurais de
abastecimento de água.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Tabela 5: Esquemas de Abastecimento de Água sem Contador
Esquema
Posto
Administrativo
Ward
Rio
Esquema Canalizado de Honde “Povo”
Samanga
Ruda
Esquema Canalizado de Chingaira
Samanga
Ruda
Escola Secundária de St Columbus
Samanga
Ruda
Escola Primária e Secundária de Sagambe
Eastern
Highlands
Afluente do
Nyamukombe
Projecto de Água de Marige
Mparutsa
-
Esquema Canalizado de Mahobo
Mandeya
-
Esquema de Água gravitário de Mupenga
Samaringa
-
As estruturas sociais típicas dos principais esquemas são discutidas a seguir.
Eixo de crescimento de Hauna
O dinâmico centro comercial de Hauna é um dos designados pontos de
crescimento do Distrito de Mutasa (vila rural em desenvolvimento). É o
principal centro de promoção de actividades comerciais e agrícolas no fértil
Vale de Honde, bem como de serviços governamentais de extensão. Como
eixo de crescimento designado, foram tomadas provisões para o
desenvolvimento habitacional, institucional, comercial e industrial. Ao longo
dos anos, registou-se um crescimento fenomenal nos sectores habitacional e
comercial. O período entre 1996 e 2002 registou índices médios de
crescimento da demanda de água de aproximadamente 15% para o centro.
Espera-se que este índice de crescimento venha a diminuir a curto e médio
prazos devido as actuais precárias condições económicas no Zimbabwe.
Hauna é servido por um esquema canalizado moderno que inclui uma
estação de purificação. A maior parte das áreas habitacionais de baixa e alta
densidade têm canalização interna. Existem também hotéis, supermercados e
indústrias caseiras, escolas e instituições governamentais.
Acampamento Militar de Honde
O número de tropas no Acampamento Militar de Honde varia periodicamente,
mas assume-se que a média de ocupação do acampamento se mantenha
constante, não se esperando que se registe algum crescimento num futuro
próximo.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Fazendas Florestais Comerciais
Existem 4 fazendas florestais comerciais no interior da bacia. Estas são as
herdades de Chingamwe, Aberfoyle, Stapleford e Katiyo. A herdade de
Chingamwe, que é gerida pela Wattle company, estende-se pela Bacia do
Pungoé e de Odzi. As herdades florestais tendem a ser escassamente
povoadas.
Outros Esquemas Canalizados
Os restantes esquemas de abastecimento de água cobrem centros de
serviço, escolas, centros de saúde e aldeias onde se prevê que a demanda
de água se mantenha constante num futuro próximo.
3.3.3 Sistemas Básicos de Abastecimento de Água
As populações rurais dispersas em Moçambique e as aldeias densamente
povoadas no Zimbabwe são largamente abastecidas a partir de abstracções
directas a partir do rio. Em Moçambique, os poços instalados pelo Governo e
ONGs contribuem significativamente para o abastecimento de água dessas
comunidades. No Zimbabwe, por causa da natureza perene da maior parte
dos rios na Bacia do Pungoé, e da baixa quantidade da água subterrânea
retirada, a água superficial é a principal fonte de abastecimento das
comunidades aldeãs.
3.4
Estimativas de demanda de água
O objectivo primário das estimativas da demanda de água na bacia é o de
estabelecer o actual uso das fontes de água e processar essa informação
para uso na modelação de recursos hídricos, avaliação de cenários de
desenvolvimento e sua inclusão em bases de dados SIG do projecto.
A avaliação da demanda é traçada nas subsecções seguintes,
separadamente para Moçambique e Zimbabwe, para as três categorias de
consumidores acima descritas.
3.4.1 Moçambique
3.4.1.1 Área Metropolitana da Beira
A estimativa da demanda de água para a área metropolitana da Beira foi
recentemente calculada num estudo conjunto feita pela Procesl, Consultec e
Sanambi, para a reabilitação da rede de distribuição de água e infraestruturas de saneamento. Os resultados desse estudo, que cobriu o período
de 2000 a 2020, foram utilizados para estabelecer a demanda de água para a
área da Beira para este trabalho.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Os dados básicos seguintes foram retirados desse estudo:
•
população,
•
consumo per capita,
•
uso global de água,
•
tipos de ligações de abastecimento de água doméstica,
•
número de habitantes para cada tipo de ligação.
A demanda de água presente e futura do sistema de abastecimento da Beira
foi estimada como se segue:
1.
Foi adoptada a actual média de perdas de 50% com base nos dados
fornecidos pelas Águas de Moçambique.
2.
Observações de campo indicam que as medidas de redução das perdas
de água não serão provavelmente tão eficazes como projectado por
estudos anteriores. Tinha sido anteriormente indicada uma redução de
15% ao longo de 20 anos, que foi posteriormente revista para 35% para
este projecto para o ano 2023. Isso porque, na prática, é difícil atingir
uma redução de perdas abaixo de 25%, mesmo em sistemas de
abastecimento de água bem desenvolvidos e controlados.
3.
Foi adoptado para este projecto, a partir de estudos anteriores, um
consumo per capita de 125 litros por pessoa por dia (l/p/d) para uma
ligação domiciliária.
4.
Para ligações de torneira no quintal e fontanários adoptou-se 50 l/p/d e
30 l/p/d respectivamente.
5.
Em relação aos aumentos na demanda de água do sistema, assumiu-se
que a proporção da população ligada ao abastecimento de água vai
aumentar dos actuais 20% para 70% ao longo do período de 2003 a
2023.
A estimativa do aumento da cobertura na Beira foi baseada no recente estudo
de efectuado pela DHV/SEED para o FIPAG, sobre a expansão da rede de
abastecimento de água nas cinco maiores cidades de Moçambique.
A Tabela 6 que se segue dá um resumo da estimativa do total da demanda de
água do sistema de abastecimento de água da Beira para o período 2003 a
2023, em intervalos de 5 anos.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Tabela 6: Demanda de água para o Sistema de Abastecimento da Beira para o período 2003 a
2023
Ano
2003
2008
2013
2018
2023
Demanda de água
(m3/dia)
25 339
38 266
50 438
60 906
74 640
O Apêndice 1 dá as opções de demanda de água do sistema, por categoria
de ligação.
3.4.1.2 Área Rural
1. Necessidade Actual de Água
Devido à baixa cobertura dos sistemas de abastecimento de água nas áreas
rurais da Bacia do Pungoé em Moçambique, as estimativas da demanda de
água foram baseadas na premissa de que uma vila com mais de 20 000
habitantes deveria ser abastecida por um sistema canalizado. A demanda de
água para esses centros, incluindo aqueles que já possuem algum sistema
canalizado, foi calculada de acordo com os seguintes critérios:
1.
Para todos os outros distritos, 40% da população é abastecida
por um sistema canalizado, excepto para Muanza, para onde os
dados fornecidos pela DPOPH de Sofala indicam que 61% da
população é abastecida por um sistema canalizado.
2.
A população coberta por um sistema canalizado é abastecida
através dos seguintes tipos de ligação:
•
Ligações domiciliárias - 4%
•
Ligações para quintal - 8%
•
Fontanários - 28%
3.
Uma Ligação domiciliária ou de torneira no quintal cobre 6 pessoas,
enquanto uma fontanário cobre 500 pessoas,
4.
O consumo per capita para cada ligação é o seguinte:
•
Ligação domiciliária - 100 l/p/d
•
Ligação de torneira no quintal - 50 l/p/d
•
Fontanário - 30 l/p/d
5. A demanda não-doméstica é 8% da demanda doméstica;
6. Perdas do sistema são equivalentes a 40% da demanda de água
doméstica, excepto para Catandica onde os dados dão indicação
de perdas de 60%.
7. A população não abastecida pelo sistema tem um consumo per
capita de 10 l/p/d.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
A demanda de água para áreas rurais esparsamente povoadas foi calculada
com base nos seguintes critérios:
1. Cerca de 40% da população é abastecida por uma fonte formal de
abastecimento (fontanários).
2. A população abastecida tem um consumo per capita de 30 l/p/d.
3. O resto da população é abastecida por abstracções directas dos
rios ou poços, por vezes muito distantes das áreas residenciais,
com um consumo per capita de 5 l/p/d.
A actual demanda de água da bacia por distrito para sistemas básicos sem
infra-estruturas é resumida na Tabela 7 que se segue.
Tabela 7: Estimativa Actual da Demanda de Água para Sistemas sem Infra-estruturas em
Moçambique
Demanda de água actual em m3/dia
Distrito
Vilas e aldeias com mais de
20,000 pessoas
Cobertas
Gorongosa
Não
Cobertas
Total
Aldeias escassamente povoadas
Cobertas Não Cobertas
Total
Total
339
84
423
810
203
1 013
1 436
52
7
59
13
3
17
75
Nhamatanda
464
115
579
404
101
505
1 084
Tica Nhamfimbe
524
129
653
0
0
0
653
Tica Nsato
527
130
657
0
0
0
657
1 021
252
1 273
0
0
0
1 273
0
0
0
172
43
215
215
Gondola
766
187
953
1 121
280
1 401
2 354
Bárue (Catandica)
812
175
987
492
123
616
1 602
Macossa
181
44
225
138
35
173
398
0
0
0
447
112
559
559
4 686
1 123
5 809
3 597
900
4 497
10 306
Muánza
R. Candieiro
Outros (Sofala)
Manica
Total
2. Futura Necessidade de Água
As previsões da futura necessidade de água de sistemas rurais em
Moçambique é dificultada pela ausência de planos de desenvolvimento para a
região, para os sectores residencial, industrial, comercial e institucional. O
principal objectivo da Fase 2 do Projecto é formular cenários de
desenvolvimento para a bacia, a partir do qual será traçado um roteiro para o
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
desenvolvimento futuro. Apesar disso, um prognóstico provisório da demanda
de água na Bacia do Pungoé em Moçambique é apresentado a seguir.
A Politica Nacional de Águas tinha como meta atingir uma cobertura de
provisão de água potável de 40% em 2000. À luz desta meta política, e com
os recentes desenvolvimentos na provisão de infra-estruturas de
abastecimento de água desde o fim da guerra de desestabilização, foram
adoptadas as seguintes metas para a cobertura de abastecimento de água
para o horizonte de planificação até 2023:
•
65% de consumidores abastecidos por pequenos sistemas
canalizados para as comunidades onde esquemas já existem,
excepto para Muanza (cerca de 75%), porque os dados
fornecidos para 2003 já são mais elevados (61%)
•
60% para todas as outras vilas e aldeias.
Com base em dados do INE, assumiu-se índices de crescimento populacional
de 2.6% e 2.8% para Sofala e Manica, respectivamente. O Recenseamento
de 1997 foi adoptado como base para as projecções anuais.
A demanda de água futura estimada para os sistemas rurais de
abastecimento de água para o ano 2003 na Bacia do Pungoé em
Moçambique, é indicada a seguir na Tabela 8.
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DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GIRH DA
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Tabela 8: Demanda de Água Projectada para Sistemas Rurais em Moçambique (estimativas
preliminares)
Demanda de água projectada para o Ano 2023 em m3/dia
Distrito
Vilas e aldeias com mais de
20,000 pessoas
Aldeias escassamente povoadas
Total
Cobertas
Não
Cobertas
Total
Gorongosa
924
82
1 006
2 030
226
2 256
3 262
Muánza
103
7
110
33
4
37
147
Nhamatanda
1 265
112
1 377
1 013
113
1 126
2 503
Tica Nhamfimbe
1 352
144
1 496
0
0
0
1 496
Tica Nsato
1 360
145
1 506
0
0
0
1 506
R. Candieiro
2 636
281
2 917
0
0
0
2 917
0
0
0
430
48
478
478
Gondola
2 219
189
2 408
2 920
324
3 244
5 653
Bárue
(Catandica)
2 220
177
2 397
1 283
143
1 426
3 823
524
45
569
360
40
400
969
0
0
0
1 166
130
1 296
1 295
12 604
1 182
13 786
9 235
1 028
10 263
24 049
Outros (Sofala)
Macossa
Manica
Total
Cobertas Não Cobertas
Total
3.4.2 Zimbabwe
3.4.2.1 Abastecimento de Àgua para a Cidade de Mutare
Tal como referido anteriormente, não existem grandes centros urbanos no
interior da Bacia do Pungoé no Zimbabwe. Contudo, a Cidade de Mutare
obtém parte do seu abastecimento bruto de água do Rio Pungoé, através de
uma transferência interna de caudais. A abstracção é limitada a um máximo
fixo de 0.7m3/s. Consequentemente, a demanda de água para a Cidade foi
estabelecida com base na abstracção máxima permitida de 0.7m3/s.
3.4.2.2 Sistemas de Abastecimento de Água Rurais
As fontes predominantes de abastecimento de água para a maioria das
comunidades da bacia são as numerosas linhas de água perenes que
originam do sistema montanhoso de Nyanga. Esta água é usada para a
irrigação e consumo doméstico. As águas subterrâneas não são fontes
importantes visto que a região tem um potencial limitado e, para além disso,
existe em abundância água superficial que é de boa qualidade. Não existem
informações fidedignas sobre o número de furos e poços familiares na Bacia
do Pungoé no Zimbabwe por causa da ausência de registos sólidos. Os furos
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
são geralmente instalações com bombas manuais que servem os pequenos
centros comerciais, hospitais, escolas e algumas constelações de aldeias.
A água superficial é abstraída directamente da corrente através de vasilhas
ou através de estruturas de tomada de água no rio, adequadamente
construídas ou improvisadas, para aquedutos ou canais de gravidade que
conduzem frequentemente a zonas de irrigação. A mesma água é usada para
o consumo doméstico. Actividades de lavagem são geralmente feitas
directamente nos rios. Esta é uma prática comum em todas as comunidades
rurais da bacia com excepção de Hauna, e possivelmente algumas escolas,
centros de serviço e algumas aldeias com abastecimento comunal de água
canalizada.
A maioria dos esquemas desenvolvidos são operados pela ZINWA Save,
sendo o abastecimento de água para Hauna o maior de todos. Os esquemas
abastecem água aos pontos de crescimento e centros de serviço. O consumo
de água é medido, o que permite estabelecer a demanda de água a partir de
registos de consumo. Outros esquemas canalizados desenvolvidos estão
ligados a projectos de irrigação. O consumo primário de água destes
esquemas, onde a irrigação é a componente predominante, foi estimada a
partir de estatísticas populacionais.
As fontes de abastecimento de água doméstica para as aldeias são
normalmente tomadas improvisadas ou represas em alvenaria que desviam a
água para condutas ou canais de gravidade, principalmente para irrigação. A
mesma água é usada para consumo doméstico. A demanda de água para
estes esquemas foi avaliada a partir de estatísticas populacionais.
Uma das características do sistema de abastecimento de água na Bacia do
Pungoé no Zimbabwe é a de que uma vez que a água atinja os rios a jusante
do Pungoé e Honde, já não é mais acessível para uso primário pela maioria
dos utentes por causa da necessidade de bombagem. A abstracção destes
dois rios importantes é tipicamente para esquemas canalizados de irrigação,
cujo uso é registado sob o sistema de licenças de água do Zimbabwe.
Em 1999 foi feito um estudo nas terras comunais de Mhondoro, do Distrito de
Chegutu para estabelecer o consumo doméstico per capita de água (First
WaterNet Symposium). Baseado na água trazida para casa para cozinhar,
lavar a loiça, beber e tomar banho, o consumo per capita foi estimado em 16
l/pessoa/dia. Este foi o número adoptado para estimar a demanda de água
primária para as aldeias onde não existem contadores de abastecimento de
água.
1. Demanda de água actual
A abordagem adoptada para estimar a demanda de água na Bacia do Pungoé
no Zimbabwe facilita a modelação dos recursos hídricos e a criação da base
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
de dados do SIG do projecto, através do estabelecimento de nós de água na
rede do sistema de recursos hídricos. Ao contrário da situação actual em
Moçambique, isto é possível devido à disponibilidade de dados populacionais
mais refinados de acordo com área de enumeração.
As linhas gerais da abordagem são indicadas a seguir.
i.
A bacia foi dividida em áreas de demanda de água com base nos
principais afluentes dos rios Pungoé e Honde. Esses são ilustrados
no mapa na Figura 1 a seguir. As áreas de demanda de água
mapeadas são ligadas aos dados dos respectivos atributos, que
dão o nome de cada área de demanda de água.
ii. A cada área de demanda de água é atribuída um nó de demanda
de água, que é representado no mesmo sítio. Especifica-se uma
referência UTM para cada nó.
iii. A população que fica dentro de cada área de demanda de água é
estimada a partir da população da área de enumeração (AE) do
recenseamento de 2002, e é um atributo para cada área no SIG.
iv. Para as comunidades rurais (i.e. aldeias não ligadas a esquemas
de abastecimento de água com contadores), o consumo dentro de
cada área de demanda de água foi calculado, com base num
consumo per capita de 16 l por dia e a população abarcada por
essa área. No SIG do projecto, atribuir-se-á a cada nó como dado
do atributo calculado.
v. A demanda de água para cada esquema de abastecimento
contado é obtida do volume do total das leituras para a água
bombeada da fonte e atribuída a cada nó como atributo.
vi. Para a Cidade de Mutare, a abstracção da bacia é calculada
baseado no limite aplicável de 700 l/s, e atribuído ao respectivo nó
de demanda de água.
vii. A demanda de água para todas as categorias dentro de uma área
de demanda de água é adicionada e o seu total atribuído ao
respectivo nó de demanda de água.
Os resultados são resumidos na Tabela 9 que se segue, que contém os
seguintes dados e informação:
•
O nome da área de demanda de água;
•
Localização do nó de demanda de água em relação à rede do sistema;
•
A demanda de água para comunidades rurais aldeãs (esquemas sem
contadores);
•
A demanda de água para esquemas canalizados;
•
O total da total demanda de água para cada nó.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Figura 1: Áreas de Demanda de Água na Bacia do Pungoé no Zimbabwe
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Tabela 9: Resumo da Demanda de Água para a Bacia do Pungoé no Zimbabwe
Bacia
Área de
Demanda de
água
Referência UTM
do nó de
demanda de água
no mapa
Abstracção Informal
Abstracção Demanda
Canalizada de água
Total
m3/dia
M3/dia
m3/dia
Rwera
Pungoé
WQ070715
76
Nyamkombe
Pungoé
WQ 042677
126
Lower Pungoé
Pungoé
WQ 037673
53
53
Nyawamba
Pungoé
VQ 968674
69
69
Nyamingura
Pungoé
VQ 955677
67
Chitema
Pungoé
VQ 921653
36
36
Nyamawanga
Pungoé
VQ 919646
49
49
Middle Pungoé
Pungoé
VQ 891622
35
35
Nyazengu
Pungoé
VQ 825672
Alto Pungoé
Pungoé
VQ 837630
Muzinga
Pungoé
WQ 032658
66
66
Nyamanyoka
Pungoé
VQ 921648
69
69
Nyakujindura
Honde
VQ 002568
39
39
Marirangwe
Honde
VQ988558
58
58
Ruda
Honde
VQ 892540
121
Boyoyo
Honde
VQ 851518
67
Nyamakanga
Honde
VQ 800501
34
Duru
Honde
VQ 790495
133
133
Nyagura
Honde
VQ 867536
83
110
Mupenga
Honde
VQ 850518
128
Honde
Honde
VQ 750457
189
195
Nyamakwarara
Honde
VQ 937374
34
32
Total
76
8
76
60 480
1 534
296
25
23
60 908
•
Área da demanda de água a que o esquema de abastecimento de água
pertence;
•
Nome do esquema canalizado;
•
Nome do rio e referência cartográfica do ponto de abstracção;
•
Média diária da demanda de água para o ano 2002.
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143
60 480
417
67
O Apêndice 2 dá informação adicional sobre esquemas canalizados com
contador contendo o seguinte:
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134
59
151
62 471
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Para o abastecimento rural de água, o Apêndice 3 indica a seguinte
informação:
•
A área da demanda de água;
•
A referência do nó de demanda de água;
•
A população das áreas de enumeração que pertencem a área de
demanda de água, e os respectivos números de divisão administrativa;
•
A população ou parte dela em cada área de enumeração;
•
Total da população em cada área de demanda de água, e;
•
A média diária de demanda de água calculada para cada nó de demanda
de água.
2. Demanda de água futura
Tal como referido anteriormente, a população rural aumentou a uma média de
0.9% ao longo do período entre censos de 1992 a 2002. Isso sugere um
nivelamento do crescimento populacional. Consequentemente, nesta altura as
projecções da demanda de água para assentamentos aldeães podem não
reflectir a situação real no terreno.
Contudo, espera-se que a população aumente no Centro de Hauna devido ao
seu estatuto de eixo de crescimento, em consonância com os
desenvolvimentos nos sectores habitacional e comercial, bem como os planos
em discussão para a introdução de agro-indústrias. Contudo, não haverá
necessidade de separação por categoria sectorial ou residencial na análise da
demanda de água, dado que o consumo é actualmente dominado pelo sector
habitacional, que é largamente uniforme nos padrões e está ainda em
desenvolvimento.
Uma análise da demanda de água para Hauna para o período de 1992 a
2002 mostra um índice de crescimento médio de aproximadamente 15% por
ano. Tendo em conta a actual recessão económica no Zimbabwe, isso é
claramente insustentável. Por isso foi adoptado um índice provisório de
crescimento de 5% para reflectir a actual queda no desenvolvimento
imobiliário em Hauna. Projecções futuras da demanda de água para o
abastecimento de Hauna, baseadas num índice baixo de crescimento, são
indicadas na Tabela 10 que se segue. Esta será revista na fase de Cenários
de Desenvolvimento.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Tabela 10: Projecções de Demanda de água para o eixo de crescimento de Hauna.
Ano
Demanda de água
m3/dia
2003
311
2008
396
2013
506
2018
646
2023
824
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
4 SANEAMENTO
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
4.1
Antecedentes
Devido à natureza predominantemente rural da Bacia do Pungoé, associado
às condições sócio-económicas geralmente subdesenvolvidas na maior parte
da bacia, as instalações de saneamento são na maioria básicas. Tanto em
Moçambique como no Zimbabwe, as instalações existentes consistem em
latrinas que servem comunidades aldeãs, e, em pequenas vilas, sistemas
baseados em com fossas sépticas. A Cidade da Beira é a única na bacia que
tem uma rede de esgotos e drenagem.
Os planos futuros de desenvolvimento de infra-estruturas de saneamento
centram-se no melhoramento da cobertura em toda bacia.
4.2
Moçambique
4.2.1 Cidade da Beira
A provisão e gestão de infra-estruturas de saneamento na Beira são da
responsabilidade da edilidade. Os modelos das instalações de saneamento
na área metropolitana variam de acordo com a localização. Beira Central e o
centro da Manga possuem instalações modernas, enquanto que as de
Inhamízua ainda não estão desenvolvidas de acordo com padrões modernos.
Os factores físicos que dificultam a drenagem de pluvial e de águas residuais
na área metropolitana são:
•
Topografia plana;
•
Nível freático alto;
•
Influência das marés;
•
Baixa absorção dos solos;
•
Períodos longos de saturação dos solos.
4.2.1.1 Sistema de Esgotos Existentes
Partes da Beira central são cobertos por sistemas convencionais de esgotos,
que satisfazem cerca de 16 000 habitantes. Actualmente, o sistema tem
graves problemas operacionais.
As áreas que não são cobertas pelo sistema de esgoto, são:
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
1.
Áreas residenciais bem desenvolvidas com ligações de abastecimento de
água, que descarregam os desperdícios de água em fossas sépticas.
2.
Áreas peri-urbanas com bairros de lata ligadas ao sistema de
abastecimento de água e que são caracterizadas por altos níveis
freáticos e condições precárias de escoamento. Nestas áreas a provisão
de latrinas é inadequada, resultando em defecação a céu aberto,
particularmente em lixeiras, canais de drenagem, estradas e praias.
Após a sua recolha e tratamento, as águas de esgotos são descarregadas no
estuário do Rio Pungoé. Contudo, devido a deficiências funcionais na rede, é
comum descarregar a água não tratada em vários pontos ao longo dos rios ou
da costa. Consequentemente, regista-se nesses pontos um elevado nível de
concentração de bactérias, matéria orgânica e sólidos suspensos.
4.2.1.2 Sistema de Drenagem Pluvial Existente
O sistema de drenagem pluvial da Beira foi construído em 1966. Ele foi
concebido para funcionar independentemente do sistema de esgotos. Fazem
parte da rede de drenagem os seguintes subsistemas:
•
Um sistema de canais abertos que também facilita o abaixamento do
nível freático nos 1 500 ha de zonas pantanosas que circundam as áreas
peri-urbanas;
•
Uma rede de tubos enterrados ao longo das estradas ligados a sarjetas,
nas zonas urbanas bem desenvolvidas.
Embora o sistema de drenagem tenha sido desenhado para funcionar
separadamente da rede de esgotos, problemas funcionais nestes últimos
resultam na mistura dos caudais dos dois sistemas. Estes problemas são
causados por avarias nas estações de bombagem das águas de esgotos e
nas estações elevatórias que descarregam as águas das chuvas nos tubos de
drenagem.
A seguir descreve-se brevemente os subsistemas de drenagem pluvial
existentes.
1. Subsistema para as áreas peri-urbanas
O sistema compreende um canal principal (canal A) no qual vão desaguar
três canais primários (canais AI, AII e AIII). Os canais primários recebem
caudais de vários canais terciários. A extensão dos canais é indicada a
seguir.
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Canal A
-
450 m
Canal AI
-
2 270 m
Canal AII
-
4 100 m
Canal AIII
-
6 220 m
Comprimento total
-
13 040 m
2. Sistema para a Área Urbana
O subsistema para a drenagem pluvial na área urbana consiste em tubos
enterrados com um comprimento total de 57 000 m. Estes tubos drenam 20
subsistemas secundários, sendo todos estes escoamentos descarregados
num único tubo principal de drenagem.
Os tubos de drenagem que descarregam directamente no Rio Pungoé e no
oceano estão equipados de comportas manuais ou comportas automáticas e
válvulas para isolar o sistema das marés. No entanto, todas as comportas
estão avariadas, o que resulta na entrada de água do mar no sistema. Isso
afecta o sistema de esgotos por causa da ligação existente entre estes.
4.3
Zimbabwe
No Zimbabwe, programas de saneamento são da responsabilidade do
Ministério da Saúde e Bem-estar Infantil bem como dos governos locais.
Existe também apoio significativo de Organizações Não Governamentais
(ONGs).
A maior parte das instalações de saneamento na bacia são latrinas, com a
excepção das do eixo de crescimento de Hauna. As instalações de
saneamento em Hauna são baseadas em água com virtualmente todas as
características de fossas sépticas. Somente o complexo hospitalar faz as
suas descargas para uma lagoa.
Tabela 11 abaixo dá uma estimative da cobertura de saneamento nas áreas
comunais da Bacia do Pungoé no Zimbabwe, por Bairro.
As infra-estruturas são baseadas em latrinas, que não utilizam água e têm
uma distribuição muito limitada. A maior parte das vilas usa latrinas ventiladas
do tipo Blair, enquanto as vilas em áreas isoladas ou nas montanhas usa
latrinas simples ou o mato. A falta de recursos é o maior constrangimento
para o desenvolvimento de infra-estruturas de saneamento. Estima-se que
em 2003 a cobertura total é de 46%.
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Tabela 11: Distribuição de Infra-estruturas de Saneamento em Áreas Comunais, no Zimbabwe
(2002)
Bairro
Sahumani
Samaringa
Samanga ‘B’
Samanga ‘A’
Nyamaende
Mandeya II
Muparutsa
Zindi
Chikomba
Sanyamandwe
Chidazembe
Stapleford
Nº de Agregados
Familiares
1 349
1 476
2 013
1 364
938
2 016
1 364
1 827
3 238
2 427
Cobertura
314
77%
32%
77%
78%
97%
2%
69
33%
32%
69%
52%
Fonte: Ministério da Saúde, Governo do Zimbabwe
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5 INDÚSTRIA E MINAS
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5.1
Indústria
5.1.1 Moçambique
Depois de Maputo, a cidade da Beira é o segundo maior centro industrial em
Moçambique. O Porto da Beira e a linha ferroviária que o liga ao interior e a
fértil Província de Manica, levaram ao desenvolvimento de indústrias nos
anos 50 e 60. Estes desenvolvimentos, que estavam concentrados nas
cidades da Beira e Chimoio eram dominados por agro-indústrias.
Em 1970 existiam 36 grandes empresas industriais, das quais 33% eram
agro-industriais, 17% indústrias pesadas, e 11% relacionadas com têxteis
(COBA&PROFABRIL, 1972).
Depois da independência, a actividade industrial baixou drasticamente, tendo
a maioria das operações sido encerrada. Actualmente e após o fim da guerra
de desestabilização em 1992, regista-se um ressurgimento da actividade
industrial. A nova política económica de mercado adoptada pelo Governo que
é guiada pela liberalização do sector privado, estimulou a retomada da
actividade industrial. A maior parte das indústrias foram privatizadas e
algumas delas reabilitadas, aumentando a produção industrial nas províncias
de Sofala e Manica.
As indústrias na Bacia do Pungoé em Moçambique estão concentradas na
Cidade da Beira. A maior parte das indústrias existentes são abastecidas pelo
sistema de abastecimento de água da Beira, e/ou por poços, devido a
instabilidade do sistema. As duas cervejarias são importantes para o projecto
devido à sua demanda de água significativa.
Nas pequenas vilas rurais, existem indústrias de pequena escala que são
abastecidas por esquemas canalizados. Elas, contudo, não têm importância
para a demanda de água devido à natureza seca das suas operações.
A Fábrica de Açúcar de Mafambisse é o único empreendimento industrial
directamente abastecido pelo Rio Pungoé. Ela partilha a mesma tomada de
água com o abastecimento de água da Beira.
A maioria das indústrias existentes não trata os seus resíduos industriais.
Estes são descarregados para esgotos ou directamente para o rio ou oceano.
5.1.2 Zimbabwe
A Cidade de Mutare, que se localiza na sub-bacia de Odzi, tem indústrias de
largo consumo de água. A Bacia do Pungoé no Zimbabwe é uma importante
região agrícola e não possui empreendimentos industriais com algum impacto
significativo sobre a demanda de água. O ponto de crescimento de Hauna,
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
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DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GIRH DA
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Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
que promete vir a ser um importante eixo de desenvolvimento no Distrito
Rural de Mutasa, tem algumas indústrias secas de pequena escala.
5.1.2.1 Indústrias da Cidade de Mutare
Embora Mutare fique geograficamente fora da Bacia do Pungoé, é o maior
consumidor Zimbabweano de água do Pungoé. A abstracção de água da
Bacia do Pungoé é presentemente limitada por projecto a uma taxa máxima
fixa. Para além disso, a cidade tem na subbacia de Odzi outras fontes
alternativas futuras de água. Qualquer abstracção adicional de água da Bacia
do Pungoé seria encarada como um caso especial que havia de requerer um
acordo bilateral específico entre Moçambique e Zimbabwe, e estaria sujeito a
estudos suplementares detalhados. Consequentemente, não será dada
consideração adicional ao sector industrial da cidade.
5.1.2.2 Eixo de Crescimento de Hauna
O centro de Hauna, devido ao seu estatuto de eixo de crescimento, tem um
potencial para crescimento industrial. A sua localização estratégica numa
região agrícola produtiva encoraja o estabelecimento de agro-indústrias que
consomem grandes quantidades de água. Estão a ser discutidos planos para
o estabelecimento de uma indústria de enlatamento de fruta da qual ainda
não existem detalhes disponíveis. Assim sendo ainda não é possível neste
estágio estabelecer o seu impacto sobre as fontes de água.
Actualmente Hauna extrai a sua água de um afluente do Rio Ruda.
5.2
Minas
Não se sabe da existência de grandes depósitos minerais na Bacia do
Pungoé no Zimbabwe, exceptuando relatos de algumas actividades informais
de lavagem de ouro no rio Nyamakwarara.
Em Moçambique a situação é similar, actividades mineiras ocorrem próximo
da fronteira com o Zimbabwe nos rios Honde e Nhamua. A actividade é
sobretudo informal, exceptuando as actividades empreendidas por uma
companhia Malaio-Australiana no rio Nhamua, que está a prospectar ouro
usando tecnologias modernas e métodos de gravitação.
Operações informais de prospecção de ouro no rio Nyamakwarara criaram
problemas sérios de poluição de água. Os métodos de mineração empregues
causam erosão dos solos, o que introduz no rio grandes quantidades de
sedimento avermelhado. Para além disso, o uso de óxidos de mercúrio no
processamento do ouro tem um impacto grave sobre a qualidade da água no
sistema do Pungoé em Moçambique. Estas questões são abordadas com
mais detalhe numa outra parte do relatório da Monografia.
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
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Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
6.1
Demanda de água na bacia do Pungoé
Actualmente, a bacia tem uma população total de aproximadamente
1 176 662. A parte Moçambicana da Bacia do Pungoé tem cerca de
1 080 793 pessoas, 44% dos quais reside na área metropolitana da Beira,
enquanto 17% encontram-se nas pequenas vilas rurais. O resto ocupa
comunidades rurais dispersas pela bacia.
A Bacia do Pungoé no Zimbabwe tem actualmente uma população de
aproximadamente 95 869, a maior parte da qual se encontra em comunidades
aldeães.
A demanda total da bacia é estimada em 98 087 m3/dia. Isso é dividido a
seguir na Tabela 12 por país e categoria de consumidor.
Tabela 12: Resumo da Demanda de Água actual (2003) na Bacia do Pungoé
Categoria de Consumidor
Demanda de
água
m3/dia
Moçambique
Beira
25 339
Abastecimento de Água
Rural
8 283
Sistemas Rurais sem
infraestruturas
2 023
Total para Moçambique
35 645
Zimbabwe
Mutare
Sistemas Rurais
Canalizados
Sistemas Rurais sem infraestruturas
6.2
60 480
428
1 534
Total para Zimbabwe
62 442
Total para a Bacia
98 087
Demanda de água projectada para a bacia do Pungoé
A demanda de água total projectada para a Bacia do Pungoé em
Moçambique para o ano 2023 é provisoriamente estimada em 98 689 m3/dia,
correspondendo 74 640 m3/dia para a área metropolitana da Beira.
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
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Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
6.3
Demanda de água industrial e mineira
Actualmente, a Bacia do Pungoé apresenta um baixo nível de
desenvolvimento industrial e mineiro. Quase todas as grandes indústrias
estão localizadas na área metropolitana da Beira, onde elas são abastecidas
pelos esquemas de abastecimento de água existentes. Só existe uma única
grande indústria abastecida directamente pelo Rio Pungoé, que não tem uma
demanda de água significativa.
No entanto, esta situação poderá mudar no futuro devido ao alto potencial da
bacia para o estabelecimento de agro-indústrias. A natureza húmida da maior
parte destas indústrias poderá ter um impacto significativo sobre a demanda
de água na bacia.
6.4
Estudos futuros
A Fase de Cenários de Desenvolvimento, Fase II, vai tentar estabelecer o
potencial para o desenvolvimento industrial, tendo em conta a produção
agrícola actual e crescimentos futuros, a natureza do mercado para produtos
brutos e não processados, bem como o ambiente económico em relação ao
clima nacional de investimentos. A Fase II vai igualmente investigar em
detalhe, opções para o desenvolvimento hídrico de maneira a aumentar o
abastecimento seguro de água para as comunidades rurais. A informação vai
ser usada para melhorar as estimativas actuais sobre as projecções da
demanda de água na bacia e para definir projectos para a provisão de novos
esquemas de abastecimento de água bem como o melhoramento dos
esquemas existentes nos centros urbanos e de crescimento.
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
7 REFERÊNCIAS
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Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Coba & Profabril Esquema Geral da bacia do Rio Pungoé. Aspectos
Económicos-Sociais. População, Indústria, Infra-estruturas. Direcção
Provincial dos Serviços Hidráulicos, 1972.
DHV & CONSULTEC, Provincial Towns Water Sector Study. Part C. Town
Report 08 – Beira. República de Moçambique. Direcção Nacional de Águas,
1995.
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Água e Saneamento da Cidade da Beira. República de Moçambique.
Gabinete do Ordenador para a Cooperação Moçambique/UE, 2001.
Central Statistical Office, Zimbabwe, Census 1992, Provincial profile.
Central Statistical Office, Zimbabwe, Census 2002, Unpublished Data.
American Water Works Association, Manual of Water Supply Practices – M50,
Water Resources Planning, 2001.
RB Billings, CV Jones, Forecasting Urban Demanda de água, AWWA, 1996.
Department of ÁguaDevelopment, Zimbabwe, HR Wallingford, DFID,
handbook for the Assessment of catchment Water demand and Use, Draft
final report, October 2002.
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
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Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Apêndice 1: Demanda de água actual e futura para o abastecimento de
água para Beira
POPULAÇÃO TOTAL
Ano
1997
2003
2008
2013
2018
2023
BEIRA
397 368
474 478
550 050
637 659
739 222
856 960
DONDO
71 644
85 547
99 172
114 968
133 279
154 507
MAFAMBISSE+MUTUA
31 617
36 881
41 932
47 674
54 202
61 624
TOTAL
500 629
596 906
691 154
800 300
926 702
1 073 091
POPULAÇÃO COBERTA POR TIPO DE SERVIÇO (%)
BEIRA
Pop. com ligação domiciliária (%)
15.00
17.00
18.00
19.00
20.00
Pop. com ligação de torneira no quintal (%)
10.00
15.00
23.00
25.00
28.00
Pop.em fontanários públicos (%)
15.00
18.00
19.00
21.00
22.00
40.00
50.00
60.00
65.00
70.00
2.00
12.00
14.00
17.00
18.00
Total
DONDO+MAFAMBISSE+MUTUA
Pop. com Ligação domiciliária (%)
Pop. com ligação de torneira no quintal (%)
3.00
15.00
20.00
25.00
27.00
Pop. em fontanários públicos (%)
5.00
13.00
16.00
18.00
20.00
Total %
10.00
40.00
50.00
60.00
65.00
POPULAÇÃO COBERTA POR TIPO DE SERVIÇO (hab)
BEIRA
Pop. com Ligação domiciliária (%)
71 172
93 509
114 779
140 452
171 392
Pop. com ligação de torneira no quintal (%)
47 448
82 508
146 662
184 805
239 949
Pop. em fontanários públicos (%)
71 172
99 009
121 155
155 237
188 531
Total (hab)
189 791
275 025
382 595
480 494
599 872
1 711
11 901
16 095
22 657
27 811
DONDO
Pop. com Ligação domiciliária (%)
Pop. com ligação de torneira no quintal (%)
2 566
14 876
22 994
33 320
41 717
Pop. em fontanários públicos (%)
4 277
12 892
18 395
23 990
30 901
Total (hab)
8 555
39 669
57 484
79 967
100 429
738
5 032
6 674
9 214
11 092
MAFAMBISSE+MUTUA
Pop. com Ligação domiciliária (%)
Pop. com ligação de torneira no quintal (%)
1 106
6 290
9 535
13 550
16 639
Pop. em fontanários públicos (%)
1 844
5 451
7 628
9 756
12 325
Total (hab)
3 688
16 773
23 837
32 521
40 056
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
SWECO, ICWS, OPTO, SMHI, NCG,
CONSULTEC, IMPACTO, UCM,
Interconsult Zimbabwe
APÊNDICE 1
Demanda de água actual e futura para o
abastecimento de água para Beira
DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GIRH DA
BACIA HIDROGRÁFICA PUNGOÉ
Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Nº DE LIGAÇÕES
2003
2008
2013
2018
2023
Pop. com Ligação domiciliária (%)
11 862
15 585
19 130
23 409
28 565
Pop. com ligação de torneira no quintal (%)
7 908
13 751
24 444
30 801
39 991
142
198
242
310
377
Pop. com Ligação domiciliária (%)
342
2 380
3 219
4 531
5 562
Pop.com ligação de torneira no quintal (%)
513
2 975
4 599
6 664
8 343
9
26
37
48
62
Pop. com Ligação domiciliária (%)
148
1 006
1 335
1 843
2 218
Pop.com ligação de torneira no quintal (%)
221
1 258
1 907
2 710
3 328
BEIRA
Pop. em fontanários públicos (%)
DONDO
Pop. em fontanários públicos (%)
MAFAMBISSE+MUTUA
Pop. em fontanários públicos (%)
2
13
19
27
33
11 689
14 347
17 557
21 424
BEIRA
Pop. com Ligação domiciliária (%)
8 896
Pop.com ligação de torneira no quintal (%)
2 372
4 125
7 333
9 240
11 997
Pop. em fontanários públicos (%)
2 135
2 970
3 635
4 657
5 656
Total (m3/d)
13 404
18 784
25 315
31 454
39 077
Pop. com Ligação domiciliária (%)
214
1 488
2 012
2 832
3 476
Pop.com ligação de torneira no quintal (%)
128
744
1 150
1 666
2 086
Pop. em fontanários públicos (%)
128
387
552
720
927
Total (m3/d)
471
2 618
3 713
5 218
6 489
Pop. com Ligação domiciliária (%)
92
629
834
1 152
1 387
Pop.com ligação de torneira no quintal (%)
55
314
477
678
832
DONDO
MAFAMBISSE+MUTUA
Pop. em fontanários públicos (%)
55
164
229
293
370
Total (m3/d)
203
1 107
1 540
2 122
2 588
14 077
22 509
30 568
38 794
48 155
BEIRA+DONDO (Total - m3/d)
Percentagem
Consumo (m3/d)
30
25
25
20
20
4 223
5 627
7 642
7 759
9 631
Percentagem
50
45
40
37
35
Total (m3/d)
7 039
10 129
12 227
14 354
16 854
Total (m³/d)
25 339
38 266
50 438
60 906
74 640
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
SWECO, ICWS, OPTO, SMHI, NCG,
CONSULTEC, IMPACTO, UCM,
Interconsult Zimbabwe
APÊNDICE 1
Demanda de água actual e futura para o
abastecimento de água para Beira
DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GIRH DA
BACIA HIDROGRÁFICA PUNGOÉ
Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Apêndice 2: Demanda de água para sistemas canalizados no Zimbabwe
Área de Demanda de
Água
Esquemas
canalizados
Rio
Ponto de
Abstracção
Demanda de água
Referência de
Mapa
m3/dia
Ruda
Hauna
Ruda
VQ 840 554
296
Nyamkombe
Sachisuko
Chinyamusweswe
VQ 004 672
8
Nyamingura
Honde Army
Pungoé
VQ 947 672
42
Nyamingura
Zindi
Nyamhingura
VQ 934 678
34
Pungoé 2
Mutare
Pungoé
VQ 766 656
60 480
Nyamakanga
Samanga
Nyamakanga
VQ 780 495
25
Mupenga
Mpotedzi
Mupenga
VQ 787 475
16
Mupenga
Sahumani
Mupenga
VQ 934 678
7
Total
60 908
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
SWECO, ICWS, OPTO, SMHI, NCG,
CONSULTEC, IMPACTO, UCM,
Interconsult Zimbabwe
APÊNDICE 2
Demanda de água para sistemas
canalizados no Zimbabwe
DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GIRH DA
BACIA HIDROGRÁFICA PUNGOÉ
Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Apêndice 3: Demanda de água para assentamentos rurais no Zimbabwe
Área de
Demanda de
Água
Nó de Demanda
de água
Referência UTM no
Mapa
Rio Rwera
Demografia
No da
Area de
População
Divisão Enumeração (AE)
da AE
Administ
rativa
(DA)
WQ 070 715
R Nyamkombe
WQ 042677
I
I
II
Baixo Pungoé
Demanda
de água
WQ 037 673
I
População
Total
300
290
270
280
260
210
240
010
020 – 040
464
341
389
403
271
709
421
983
770
4 751
76
230
220
200
190
180
170
120
110
050
250
060
010
020
050
040
030
070
306
289
366
575
649
552
1 222
681
700
367
735
161
230
447
339
37
238
7 894
126
130
310
080
090
100
070
513
445
517
574
572
662
3 283
53
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
SWECO, ICWS, OPTO, SMHI, NCG,
CONSULTEC, IMPACTO, UCM,
Interconsult Zimbabwe
m3/dia
APÊNDICE 3
Demanda de água para assentamentos
rurais no Zimbabwe
DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GIRH DA
BACIA HIDROGRÁFICA PUNGOÉ
Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Área de
Demanda de
água
Nó
Demografia
N° da DA
Rio Nyawamba
VQ 968 674
I
VQ 921 653
Nyamawanga
Pungoé
Central
VQ 919 646
VQ 891 622
69
200
190
180
170
160
150
030
060
070
050
040
090
103
330
288
186
126
257
340
531
561
657
358
447
4 184
67
010
020
120
110
100
305
452
459
743
286
2 245
36
180
170
150
140
130
303
296
1 344
554
586
3 083
49
III
160
685
V
020
030
010
433
572
527
2 217
35
II
III
III
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
SWECO, ICWS, OPTO, SMHI, NCG,
CONSULTEC, IMPACTO, UCM,
Interconsult Zimbabwe
m3/dia
4 290
III
Rio Chitema
População
Total
494
855
693
224
106
166
503
331
262
160
496
III
VQ 955677
Área de
População
Enumeração (AE)
da AE
160
150
140
210
060
120
080 – 100
110
130
140
080
II
Nyamingura
Demanda
de água
APÊNDICE 3
Demanda de água para assentamentos
rurais no Zimbabwe
DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GIRH DA
BACIA HIDROGRÁFICA PUNGOÉ
Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Área da
Nó
Demografia
Demanda
de água
Demanda de
água
Número
da D.A
Area de
População
Enumeração (AE)
da AE
R Nyazengu
VQ 825 672
NIL
Alto Pungoé
VQ 837 630
NIL
Muzinga
WQ 032 568
Nyamanyoka
VQ 901 648
IV
IV
V
Nyakujindura
Marirangwe
WQ 002 568
VQ 988 558
IV
IV
V
VQ 892 540
Rio Ruda
VQ 851 518
Boyoyo
V
VI
VI
VII
Nyamakanga
VQ 800 501
VII
m3/dia
040
050
060
070
160
170
150
335
577
475
772
621
710
619
4 109
66
200
190
180
040
050
060
070
279
528
671
480
743
784
804
4 289
67
080
090
100
110
130
549
508
388
539
431
2 415
39
120
140
100
110
080
090
554
786
684
591
656
362
3 633
58
120
010
020 –070
080
090
100
160
170
941
620
3 835
354
436
568
572
247
7 573
121
150
140
130
120
110
020
010
454
525
458
741
575
771
691
4 215
67
120
1 015
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
SWECO, ICWS, OPTO, SMHI, NCG,
CONSULTEC, IMPACTO, UCM,
Interconsult Zimbabwe
População
Total
APÊNDICE 3
Demanda de água para assentamentos
rurais no Zimbabwe
DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GIRH DA
BACIA HIDROGRÁFICA PUNGOÉ
Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Área da
Nó
Demografia
Demanda
de água
Demanda de
água
Número
da D.A
Duru
VQ 790 495
VII
XI
Nyagura
VQ 867 536
VIII
IX
IX
Rio Mupenga
VQ 850 518
X
VIII
Honde
VQ 750 457
IV
Area de
População
Enumeração (AE)
da AE
110
1 217
m3/dia
36
030
040
050
060
070
080
090
100
010
020
030
040
050
060
100
110
120
170
1160
601
627
693
478
749
375
370
448
290
293
320
622
440
260
394
8,290
133
040
030
080
090
070
040
100
010
020
030
478
525
502
411
626
846
628
421
381
383
5,201
83
040
50
030
020
010
090
050
070
010
020
080
120
110
100
090
060
497
364
509
468
498
437
453
366
484
615
503
443
893
620
444
401
7,995
128
210
220
010
020
911
465
558
525
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
SWECO, ICWS, OPTO, SMHI, NCG,
CONSULTEC, IMPACTO, UCM,
Interconsult Zimbabwe
População
Total
2 232
APÊNDICE 3
Demanda de água para assentamentos
rurais no Zimbabwe
DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GIRH DA
BACIA HIDROGRÁFICA PUNGOÉ
Relatório da Monografia
Anexo VII: Demanda de Água para Abastecimento e Saneamento
Área da
Nó
Demografia
Demanda
de água
Demanda de
água
Número
da D.A
X
XI
XIX
Nyamakwara
VQ 937 374
XXVII
IX
Area de
População
Enumeração (AE)
da AE
030
290
080
348
070
415
060
460
080
317
70
596
090
392
110
346
100
507
120
434
130
507
090
400
060
423
050
309
040
579
030
345
010
807
020
656
070
296
080
324
140
621
010
020
050
060
226
209
767
937
ABRIL 2004 RELATÓRIO FINAL
SWECO, ICWS, OPTO, SMHI, NCG,
CONSULTEC, IMPACTO, UCM,
Interconsult Zimbabwe
APÊNDICE 3
Demanda de água para assentamentos
rurais no Zimbabwe
População
Total
m3/dia
11 831
189
2 139
32

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