Revisão bibliográfica da performance clínica de próteses
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Revisão bibliográfica da performance clínica de próteses
seção prótese 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 Revisão bibliográfica da performance clínica de próteses fixas com união dente-implante Resumo: O utilização dos implantes dentários é amplamente aceita e difundida, atualmente, em odontologia. Embasado na ciência da implantodontia, novos procedimentos restauradores foram implementados em áreas edêntulas em que não havia perspectiva de um tratamento ideal e satisfatório. Assim, tanto pacientes como profissionais se beneficiaram com as novas possibilidades de reabilitação oral. Todavia, ainda existe muita controvérsia a respeito do uso de próteses fixas onde há a união de dentes naturais e implantes osseointegrados. Para tal, o objetivo deste trabalho foi revisar a literatura odontológica existente sobre próteses fixas dento-implanto suportadas, com base nas novas possibilidades que surgiram para restauração de áreas parcialmente edêntulas. Palavras-chave: Prótese dentária. Implante dentário. Tratamento. Jefferson Ricardo Pereira Professor do mestrado em Ciências da Saúde e do curso de Odontologia da Universidade do Sul de Santa Catarina - Tubarão, Santa Catarina, Brasil. Felipe Vieira Nunes Clínica particular. Saulo Pamato Aluno do mestrado em Ciências da Saúde da Universidade do Sul de Santa Catarina - Tubarão, Santa Catarina, Brasil. Janaina Salomon Ghizoni Universidade do Sul de Santa Catarina - Tubarão, Santa Catarina, Brasil. Como citar esta seção: Pereira JR, Nunes FV, Pamato S, Ghizoni JS. Revisão bibliográfica da perfor- Os autores declaram não ter interesses associati- mance clínica de próteses fixas com união dente-implante. Dental Press Implantol. 2014 Jan-Mar; vos, comerciais, de propriedade ou financeiros que 8(1)000-000 representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Enviado em: 00/00/2014 - Revisado e aceito: 00/0/2014 Endereço de correspondência: Jefferson Ricardo Pereira. Rua Recife 200, Apto. 601 Bairro Recife. CEP: 88701-420 - Tubarão - SC. E-mail: [email protected] 94 Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1)xxx-xxx O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias. 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 Revisão bibliográfica da performance clínica de próteses fixas com união dente-implante 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 INTRODUÇÃO 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 baixa resistência flexural poderiam fraturar A perda dental pode ser provocada por com mais facilidade. Outro aspecto a relatar diversos fatores como a doença cárie, pe- diz respeito à incidência de forças, que po- riodontites e traumatismos. Quando faltam deriam ocasionar intrusão do dente natural8, dentes, além de prejudicar as funções mas- afrouxamento do parafuso do abutment, tigatórias, fonética e a estética, os elementos reabsorção óssea periimplantar e até a possi- dentais adjacentes aos espaços protéticos bilidade de perda da osseointegração9. tendem a migrar para o espaço livre provocando desequilíbrio nas arcadas dentárias. O objetivo dessa revisão bibliográfica foi adquirir conhecimentos específicos Com o grande avanço da implantodon- em prótese fixa dento-implanto suportada tia, os implantes dentais que eram, original- através de subsídios científicos em pesquisas mente, apenas utilizados em edentulismo clínicas e laboratoriais. mandibular , começaram a ser empregados 1 em uma gama de casos que envolvem perdas REVISÃO BIBLIOGRÁFICA parciais de dentes. A conexão entre dente e implante, por Em 1986, Sullivan10 descreveu as con- meio de uma estrutura rígida ou semirrígida, siderações protéticas com relação à utiliza- representa um grande desafio2. Vários auto- ção de implantes osseointegrados unidos a res já discutiram os riscos teóricos inerentes dentes naturais em próteses parciais fixas. O em unir um implante osseointegrado imóvel aspecto de imobilidade dental causado pela com um dente natural móvel . É funda- utilização de conexões rígidas foi salientado mental salientar que, anatômica e fisiologi- como motivo de preocupação, uma vez que camente, são elementos de natureza distinta. pode conduzir à atrofia do ligamento perio- O dente apresenta um ligamento periodontal dontal, aumento dos espaços ósseos medula- formado por um tecido conjuntivo ricamen- res adjacentes ao dente e maior susceptibili- te vascularizado e celular, constituído de fi- dade à inflamação periodontal. 3-5 bras ancoradas no cemento, que unem a raiz Weinberg & Kruger (1994)11 analisaram a dental ao alvéolo ósseo e possui mobilidade. força de distribuição entre próteses dento-su- Dentro do ligamento existem receptores portadas e implanto-suportadas, constatando que registram dor, toque e pressão, funda- uma nítida diferença nesta distribuição. Os mentais na função sensorial . Já o implante autores indicam o uso de conexões não rígidas dental não apresenta ligamento periodontal, em próteses dento-implanto suportadas. 6 sua interface é constituída de uma superfície Fugazzotto et al. (1999)8 analisaram os metálica e osso, unidos biomecanicamente. resultados de 843 pacientes tratados com Ele não possui capacidade proprioceptiva 1.206 próteses suportadas por implantes e eficiente e sua mobilidade é bastante restri- dentes naturais utilizando 3.096 conexões ta . Assim, a união de um dente a um implan- fixas com parafuso. Segundo os autores, te por meio de uma conexão rígida impediria numerosos problemas são relatados após a livre movimentação dental, o que poderia as várias abordagens de tratamento utili- ocasionar atrofia do ligamento periodontal. zadas para unir dentes naturais a implantes 7 Além disso, devido a diferença de mobi- sob próteses fixas. Após o período de 3 a 14 lidade dos pilares protéticos, materiais com anos em função, apenas 9 intrusões foram Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1)xxx-xxx 95 Pereira JR, Nunes FV, Pamato S, Ghizoni JS 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 193 194 195 196 197 198 199 200 201 202 203 204 205 206 207 208 209 210 211 212 213 214 215 216 217 218 219 constatadas. Todos os problemas estavam dentes e implantes. Foram encontradas mais associados à fratura ou perda dos parafu- fraturas em PPF suportadas por implantes. O sos. Este estudo demonstra a eficácia desta estado de saúde geral debilitado não foi sig- modalidade de tratamento quando se utili- nificativamente associado a maiores falhas zam próteses fixas suportadas por dentes e biológicas, todavia, o bruxismo e a extensão implantes. Este trabalho verificou que a in- das próteses estavam associados a maiores cidência e severidade da intrusão de dentes falhas técnicas. naturais, após a fratura ou perda de parafu- Lindh et al. (2001)13 realizaram um es- sos, dependem da variável tempo. Quando a tudo comparativo longitudinal com 26 pa- fratura ou perda são verificadas no período cientes que apresentavam dentição rema- de ocorrência de três meses, não se constata nescente anterior e foram tratados com dois intrusão dos dentes. desenhos diferentes de próteses parciais fi- Brägger et al. (2001) 96 compararam a xas bilateralmente na maxila posterior. Em frequência de complicações técnicas e bio- um lado, a restauração foi suportada apenas lógicas com próteses parciais fixas sobre por implantes, ao passo que no lado oposto implantes, dentes e com a combinação den- um implante e um dente foram utilizados. Os te-implante no período de 4 a 5 anos em pacientes foram acompanhados por 3, 6, 12 função. O grupo I (implante PPF) incluiu 33 e 24 meses após a carga dos implantes. Fo- pacientes com 40 PPF, o grupo II (dente PPF) ram colocados 95 implantes, dos quais 11 não incluiu 40 pacientes com 58 PPF e o grupo receberam carga. Um total de 10 implantes III (dente-implante PPF) incluiu 15 pacien- falharam, 7 antes da carga e 3 no período ini- tes com 18 PPF. Dos pilares das próteses, 144 cial de três meses em função. Os autores ve- eram dentes e 105 implantes. O número mé- rificaram que não houve diferença no índice dio de unidades substituídas pela PPF foi três. de falha para os implantes nos dois diferentes As falhas completas resultaram em perda de desenhos de próteses. A perda média total de uma PPF em cada grupo. Dois implantes fo- altura óssea marginal próximo aos implan- ram perdidos devido à fratura secundária ao tes esteve dentro de padrões aceitáveis, to- desenvolvimento de defeito ósseo. Um dente davia, foi mais acentuada em implantes não teve fratura vertical e outro foi perdido de- associados a dentes. Os resultados indicaram vido à periodontite. Complicações biológicas uma correlação entre o desenho da prótese e (periimplantite) ocorreram em 9,6% dos im- a perda óssea marginal. 12 plantes. Complicações biológicas ocorreram Naert et al. (2001)2 realizaram um estu- em 11,8% dos dentes pilares; 2,8% tiveram do com 123 pacientes em que 339 implantes cáries secundárias, 4,9% apresentaram pro- foram unidos a 313 dentes por meio de pró- blemas endodônticos e 4,1% periodontite. teses parciais fixas (grupo de teste) e acom- As complicações técnicas estavam associa- panhados por um período de 1,5 a 15 anos das ao bruxismo. Os autores concluíram que e com 123 pacientes em que 329 implantes foram encontradas condições clínicas favo- foram unidos entre si por meio de 123 pró- ráveis com implantes e dentes como pilares teses parciais fixas livres (grupo controle) e após 4-5 anos em função. A perda de PPF acompanhados por um período de 1,3 a 14,5 neste período ocorreu de modo similar com anos. O objetivo deste estudo foi comparar próteses suportadas por implante, dentes e as modalidades de tratamento com implante Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1)xxx-xxx 220 221 222 223 224 225 226 227 228 229 230 231 232 233 234 235 236 237 238 239 240 241 242 243 244 245 246 247 248 249 250 251 252 253 254 255 256 257 258 259 260 261 Revisão bibliográfica da performance clínica de próteses fixas com união dente-implante 262 263 264 265 266 267 268 269 270 271 272 273 274 275 276 277 278 279 280 281 282 283 284 285 286 287 288 289 290 291 292 293 294 295 296 297 298 299 300 301 302 303 304 entre si com base no implante, dente e com- rígido e 44% para o grupo rígido; 25% dos plicações da prótese. O sucesso dos implan- dentes não rígidos tiveram intrusão maior do tes baseado na imobilidade do implante e/ou que 0,5 mm em comparação com 12,5% do ausência de fraturas após a carga, nos grupos grupo rígido. Os autores concluíram que a de teste e controle, chegou a 95% e 98,5%, alta incidência de intrusão e pacientes aten- respectivamente. De acordo com os auto- didos sem agendamento sugere que alterna- res, devido à maior tendência de falhas dos tivas de tratamento sem conexão implante- implantes (imobilidade e fraturas) e compli- dente possam ser indicadas. cações dentais nas próteses suportadas por Zhiyong et al. (2004)15 observaram a in- dente-implante, a solução livre é uma op- fluência do desenho de próteses e a condição ção primária a ser considerada. Para evitar a de carga na distribuição de estresse sobre intrusão do dente pilar, a conexão deve ser próteses dento-implanto suportadas. Seis completamente rígida, caso necessário. modelos com elementos finitos 2D, dois mo- Lindh et al. (2001)13 realizaram um es- delos de referência e quatro modelos experi- tudo retrospectivo sobre implantes unidos a mentais foram computados para simular di- dentes naturais para avaliar o índice de sobre- ferentes desenhos de próteses. Seis diferentes vivência de implantes e perda óssea marginal, condições de carga foram aplicadas para ana- bem como, as indicações relativas a esta mo- lisar as distribuições de estresse sobre dente dalidade de tratamento. Neste estudo partici- e implante. Os dados deste estudo indicaram param 111 pacientes provenientes de diferen- que a carga sobre próteses dento-implanto tes clínicas da Suécia em que foram colocados suportadas foi principalmente suportada pelo 185 implantes. Os autores verificaram que o implante. A redução da carga sobre o dente índice de sobrevivência dos implantes foi de diminuiu o estresse tanto sobre o dente como 95,4% aos três anos de acompanhamento. Em sobre o implante. A adição de implantes como todos os casos, a intrusão foi observada em pilares foi mais eficiente na redução do es- restaurações com formas de conexão não rí- tresse do que a adição de dentes como pilares gidas entre implantes e dentes. em próteses dento-implanto suportadas. Block et al. (2002)14, através de estudo Lin, Wang & Kuo (2006)9 analisaram a clínico prospectivo, examinaram o efeito so- biomecânica em um sistema dento-implanto bre dentes e implantes de conexões rígidas suportado sob diferentes forças oclusais com e ou não rígidas em um modelo bilateral do conexões rígidas e não rígidas utilizando uma arco dentário. Trinta pacientes receberam abordagem não linear 3D com elementos fi- dois implantes, um em cada lado da mandí- nitos. Os autores concluíram que (a) a análise bula e foram restaurados com três próteses com contato linear pode ser empregada para parciais fixas com três elementos com cone- simular de modo mais realístico o mecanis- xões rígidas ou não rígidas unidos a pilares mo de compensação dentro do sistema de dentais. Análises com medidas repetitivas implante e função de chave de deslizamen- não revelaram nenhuma diferença signifi- to; (b) tanto a força de contato oclusal como cativa nos níveis de perda óssea com os im- a localização do contato afetam a distribuição plantes (método rígido versus não rígido). A de estresse em um sistema de splinting com porcentagem de pacientes que teve intru- diferentes desenhos de conexão; (c) a função são mensurável foi de 66% para o grupo não do aparelho de rompe-estresse torna-se clara Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1)xxx-xxx 305 306 307 308 309 310 311 312 313 314 315 316 317 318 319 320 321 322 323 324 325 326 327 328 329 330 331 332 333 334 335 336 337 338 339 340 341 342 343 344 345 346 347 97 Pereira JR, Nunes FV, Pamato S, Ghizoni JS 348 349 350 351 352 353 354 355 356 357 358 359 360 361 362 363 364 365 366 367 368 369 370 371 372 373 374 375 376 377 378 379 380 381 382 383 384 385 386 387 388 389 390 somente quando forças oclusais atuam so- de tratamento, com próteses parciais fixas bre dentes naturais; (d) os procedimentos de dento-implanto suportadas. Com base nas ajuste oclusal podem reduzir o efeito de can- documentações de tratamento da clínica tilever e redistribuir o estresse na posição de odontológica Bundeswehr (Cologne-Wahn máxima intercuspidação ou lado de trabalho German Air Force Garrison), os prontuários para próteses dento-implanto suportadas. médicos de 83 pacientes com próteses den- Ormianer et al. (2005) realizaram um to-implanto suportadas foram registrados. estudo in vivo para mensurar as deformações O tempo médio de acompanhamento foi de envolvidas na união de dentes naturais e im- 4,73 anos. De acordo com os autores, com- plantes, e compararam as conexões rígidas plicações técnicas de PPF implanto-supor- com as não rígidas. Medidores de deforma- tadas dependem de diferentes configurações ção foram cimentados a restauração experi- da prótese. Quando se utilizam conexões mental. Foram obtidos registros de mordida funcionais rígidas, valores similarmente fa- das restaurações no momento que os pacien- voráveis serão obtidos, como no caso de PPFs tes mordiam um palito de madeira, no dia da suportadas somente por implantes. 16 colocação da prótese, e após duas semanas de Krennmair et al. (2007)18 realizaram atividade, utilizando conexões rígidas e não um estudo retrospectivo para apresentar os rígidas. Segundo os autores e dentro das li- resultados de dentes e implantes utilizados mitações do estudo, restaurações dento-im- como pilares de suportar para próteses te- planto suportadas podem representar uma lescópicas superiores. No período de 1997 complicação potencial e provocar a intrusão a 2004, 22 pacientes com dentes residuais de dentes naturais, independente do tipo de superiores realizaram reabilitação protéti- conexão utilizada. ca com a colocação suplementar de próteses Lin et al. (2006)9 investigaram as in- suportadas telescópicas. terações mecânicas dos sistemas de união Um total de 60 implantes suplementares fo- dentes e implantes com diferentes suportes ram colocados em áreas estratégicas e unidos periodontais e número de dentes unidos com a 48 dentes naturais utilizando coroas teles- conectores rígidos e não rígidos, utilizando cópicas. O registro de controle incluiu índi- uma abordagem com elemento finito não ces de sobrevivência dos implantes e dentes linear. Os autores concluíram que a análise naturais, e parâmetros periodontais e pe- com elemento finito sugere que conectores riimplantares, juntamente com a manuten- não rígidos sejam utilizados com cuidado, ção protética. Os pilares de dentes naturais pois eles rompem a transferência de estres- foram adicionalmente acompanhados para se e aumentam os valores desfavoráveis de comparar os parâmetros periodontais no estresse no sistema de implante. O sistema início e exame de controle. Com base nesta dento-implanto suportado com splinting revisão clínica retrospectiva, os autores con- adicional é capaz de realizar sua função de cluíram que (a) uma função adequada em um forma mais eficiente em suportes periodon- período prolongado de tempo e com meno- tais comprometidos. res índices de complicações com as próteSpiekermann ses telescópicas dento-implanto suportadas revisaram a incidência de com- pode ser previsto; (b) há uma grande gama plicações biológicas e técnicas nos casos de modalidades de tratamento valiosas com Nickenig, (2006) 98 dento-implanto 17 Schafer & Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1)xxx-xxx 391 392 393 394 395 396 397 398 399 400 401 402 403 404 405 406 407 408 409 410 411 412 413 414 415 416 417 418 419 420 421 422 423 424 425 426 427 428 429 430 431 432 Revisão bibliográfica da performance clínica de próteses fixas com união dente-implante 433 434 435 436 437 438 439 440 441 442 443 444 445 446 447 448 449 450 451 452 453 454 455 456 457 458 459 460 461 462 463 464 465 466 467 468 469 470 471 472 473 474 475 o uso de próteses telescópicas dento-im- seletivos pode diminuir os valores de estres- planto suportadas em pacientes idosos. se. Um conector não rígido pode compen- Lindh (2008) levantou a questão con- sar mais eficientemente a diferença de mo- troversa que se estende já por três décadas a bilidade entre dente e implante sob cargas respeito de próteses suportadas por dentes axiais, todavia com risco de aumentar des- e implantes. Ele avaliou os fundamentos que favoravelmente os estresses sobre a prótese. 19 são encontrados na literatura que justifiquem Nickenig (2008)21 realizaram um estudo a extração dos dentes para colocação de im- para verificar e comparar os resultados clí- plantes para elucidar se próteses dento-im- nicos de próteses parciais removíveis e fixas planto suportadas são inferiores às restau- dento-implanto suportadas, em um grupo rações suportadas apenas por implantes, em selecionado de pacientes parcialmente edên- termos de longevidade e nível de complica- tulos. As complicações biológicas e técnicas ção. Segundo o autor, os resultados demons- foram registradas e revisadas. Uma análise traram que não existe nenhum fundamento retrospectiva dos registros dentários de 224 para a extração de dentes para a colocação de pacientes com idade média de 51,3 anos foi implantes. Pelo contrário, dentes saudáveis realizada. A avaliação incluiu detalhes sobre apresentaram uma longevidade durável. O complicações biológicas e técnicas das próte- uso de próteses dento-implanto suportadas ses, bem como, complicações biológicas e téc- também é defendido em certas situações, com nicas de ambos os tipos de pilares utilizados. base científica sólida, porém limitada. Em um De acordo com os autores, os dados de lon- sentido mais amplo, tais próteses poderiam gevidade de ambos os tipos de próteses foram ser utilizadas como uma modalidade de trata- comparáveis a de próteses suportadas apenas mento confiável em todas as regiões da man- por implantes. Não houve nenhuma diferen- díbula. Todavia, o estado dos dentes pilares ça no índice de complicação entre o splinting em termos de suporte periodontal, situação primário (fixo) e secundário com sistemas pulpar, risco a cáries e complicações mecâni- telescópicos (removíveis). Um maior risco cas deve sempre ser considerado em relação de complicações biológicas foi registrado em ao prognóstico da prótese a longo prazo. pilares dentais tratados endodonticamente ou Lin, Wang & Chang (2008) 20 investiga- 476 477 478 479 480 481 482 483 484 485 486 487 488 489 490 491 492 493 494 495 496 497 498 499 500 501 502 503 504 505 506 507 508 509 510 511 512 513 514 515 516 517 518 dentes com nível de inserção reduzida. ram as interações biomecânicas em próteses parciais fixas dento-implanto, suportadas sob várias condições de carga com uma va- DISCUSSÃO riedade de dentes unidos e tipos de conecto- A união de dentes naturais a implan- res (rígidos e não rígidos), por meio de uma tes por meio de próteses fixas é até hoje um abordagem com modelo de elemento finito tópico bastante controverso. O advento dos tridimensional não linear. Os autores con- implantes trouxe novas possibilidades na rea- cluíram que a condição de carga é o principal bilitação de pacientes que sofreram perda de fator que afeta a distribuição de estresse em um ou mais elementos dentários. Todavia, diferentes componentes (osso, prótese e im- como ciência relativamente nova e embasada, plante) da PPF dento-implanto suportada. não possui protocolos clínicos bem estabele- A redução da carga oclusal na área de pôn- cidos para que sua utilização nestes casos seja tico através de procedimentos de desgaste realizada de modo seguro e adequado. Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1)xxx-xxx 99 Pereira JR, Nunes FV, Pamato S, Ghizoni JS 519 520 521 522 523 524 525 526 527 528 529 530 531 532 533 534 535 536 537 538 539 540 541 542 543 544 545 546 547 548 549 550 551 552 553 554 555 556 557 558 559 100 Há uma necessidade de se estabelecer, rígidas. Os dentes naturais apresentam um com base na literatura científica, conceitos grau de movimentação até dez vezes maior que permitam ao clínico a união de dentes do que os implantes osseointegrados. Quando naturais a implantes como mais uma opção dentes naturais e implantes são unidos rigida- de tratamento viável, dentro de uma abor- mente por meio de uma prótese fixa, a carga dagem de novas possibilidades restauradoras total é aceita por cada componente de modo antes não contempladas. proporcional a sua dureza relativa, aumen- Sullivan10, em 1986, já se preocupava com tando a chance de sobrecarga adicional sobre o efeito da união de implantes osseointegra- a interface do osso implantar. Assim, cone- dos a dentes naturais em arcos parcialmente xões não rígidas têm sido utilizadas de modo a edêntulos com conexões rígidas. Neste aspec- compensar essas diferenças de rigidez, agindo to, a redução da mobilidade dos dentes, pro- como rompe-forças2. Skalak (1985)5 propôs porcionada pelos ligamentos periodontais, há necessidade de elementos resilientes, pos- poderia provocar alterações a longo prazo. sivelmente na forma de anéis, que deveriam Tais alterações, decorrentes da hipofunção, ser inseridos entre o implante e a prótese para refletiriam no afinamento do ligamento pe- mimetizar o deslocamento dental natural, as- riodontal e no aumento dos espaços medula- sim, reduzindo a diferença de deslocamento e res do osso adjacente. Nessas circunstâncias, distribuindo igualitariamente a carga aplica- o dente poderia ficar mais susceptível a infla- da sobre os pilares. mações periodontais. Todavia, deve-se consi- Weinberg & Kruger (1994)11 classifica- derar que um estado de absoluta imobilidade ram os movimentos dos dentes e implantes não ocorre devido à flexibilidade inerente dos em três tipos: (a) macromovimentos (0,5 a 1 segmentos protéticos, constituídos, em geral, mm), dentes com suporte periodontal defi- de metal. Além disso, o osso e o titânio apre- ciente, (b) micromovimentos (0,1 a 0,5 mm), sentam padrões de elasticidade que combina- dentes com suporte periodontal, e (c) micro- dos se aproximam de 100 a 200 µm, similares movimentos (> 0,1 mm), implantes osseoin- à resiliência dos ligamentos periodontais. tegrados. Como podemos verificar, há uma Para Jemt et al. (1989)22, há situações nítida diferença de mobilidade entre dentes e que, por motivos econômicos e/ou mecâ- implantes. Os dentes naturais apresentam li- nicos, a prótese poderá ser dento-implanto gamentos periodontais com proprioceptores suportada. Nesses casos, o dente pilar tende- que regulam sensações de pressão e dor. As rá a funcionar como um pôntico em relação fibras periodontais apresentam disposição e aos implantes, o que implicaria em uma con- natureza que permitem uma atuação eficien- centração de forças na área entre o dente e o te diante das forças oclusais, são verdadeiros implante. Portanto, este tipo de tratamento coxins elásticos. Já os implantes não possuem deve ser abordado com cautela, especial- ligamento periodontal, existe uma união bio- mente na maxila. mecânica que apresenta materiais como titâ- A questão da movimentação dos pilares nio e osso que atuam de modo eficaz. Todavia, protéticos, sendo elementos de naturezas dis- sabe-se que a dissipação e atuação de forças tintas, dente e implante, representa um gran- sobre implantes é bastante crítica, não tole- de desafio restaurador, principalmente consi- rando forças laterais e transversais de maior derando o caráter de imobilidade de conexões intensidade, apenas no seu longo eixo. Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1)xxx-xxx 560 561 562 563 564 565 566 567 568 569 570 571 572 573 574 575 576 577 578 579 580 581 582 583 584 585 586 587 588 589 590 591 592 593 594 595 596 597 598 599 600 Revisão bibliográfica da performance clínica de próteses fixas com união dente-implante 601 602 603 604 605 606 607 608 609 610 611 612 613 614 615 616 617 618 619 620 621 622 623 624 625 626 627 628 629 630 631 632 633 634 635 636 637 638 639 640 641 Ainda existe muita controvérsia sobre o periodontal. Outro aspecto a relatar diz res- uso de conexões rígidas e não rígidas20, apre- peito à incidência de forças, que poderiam sentando diferenças mínimas ou insignifica- ocasionar complicações como intrusão do tivas com relação a estas opções. Todavia, os dente natural8, afrouxamento do parafuso do resultados de avaliação radiográfica a longo abutment9, reabsorção óssea periimplantar prazo de próteses dento-implanto suporta- e até a possibilidade de perda da osseointe- das indicam mais perda óssea ao redor dos gração9,15. Além dos problemas supracitados, implantes com conexões rígidas em compa- devido à diferença de mobilidade dos pilares ração com as não rígidas . Sendo assim, um protéticos, materiais com baixa resistência consenso em relação a um desenho adequado flexural poderiam fraturar com mais facili- de conector para sistemas dento-implanto dade. Portanto, a escolha do material, pro- suportados ainda não foi estabelecido. priedades, aspecos financeiros e forma de 2 Um dente com um ligamento perio- conexão são fatores a ser ponderados. dontal sadio apresenta mobilidade que varia Podemos constatar, diante da revisão da de 50 a 200 µm, ao passo que um implante literatura, que há necessidade de um plane- osseointegrado demonstra mobilidade não jamento adequado, levando em consideração superior a 10 µm. Isto sugere que o movi- aspectos mecânicos, biológicos, econômicos mento fisiológico do dente pode fazer com e pessoais para oferecer aos pacientes opções que a prótese atue como um cantilever, o de tratamento viáveis que possibilitem uma que resultaria em sobrecarga. Tal sobre- longevidade maior. carga poderia gerar reabsorção marginal periimplantar e possível falha da osseointegração. Por este motivo, sugeriu-se o uso de conectores não rígidos. Todavia, o uso de CONCLUSÃO No presente estudo, pôde-se conclui-se que: conexões não rígidas está associado à intrusão de pilares dentais16. 1.próteses dento-implanto suportadas Com relação às possíveis complicações são uma modalidade de tratamento que podem ocorrer, Albrektsson et al. (1986)23 viável para atender as necessidades propuseram critérios de sucesso para os im- de pacientes parcialmente edêntulos; plantes utilizados atualmente, tais como sinais 2.um correto planejamento é funda- de infecção, dor, neuropatias, parestesia, mo- mental para obter sucesso e longe- bilidade do pilar ou aumento da perda óssea, o vidade no tratamento com próteses que significa menos do que 0,2 mm anualmen- parciais dento-implanto suportadas. te após o primeiro ano em função e ausência de radiolucidez periimplantar. Além disso, um índice de sucesso de 85% após 5 anos e 80% após 10 anos é considerado como critério mí- ABSTRACT nimo para o sucesso dos implantes13. Literature review of clinical performance Assim, a união de um dente a um im- of fixed prosthesis with union tooth-im- plante por meio de uma conexão rígida plant. Today, the utilization of dental im- impediria a livre movimentação dental, o plants is widely accepted in Dentistry. Based que poderia ocasionar atrofia do ligamento on implantology, new restorative procedures Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1)xxx-xxx 642 643 644 645 646 647 648 649 650 651 652 653 654 655 656 657 658 659 660 661 662 663 664 665 666 667 668 669 670 671 672 673 674 675 676 677 678 679 680 681 682 683 101 Pereira JR, Nunes FV, Pamato S, Ghizoni JS 684 685 686 687 688 689 were carried out in edentulous areas where implants. The purpose of this study was to there is no possibility of an adequate treat- evaluate the dental literature on partial pros- ment. Thus, both patient and practitioner theses supported by natural teeth and os- could take advantage of new possibilities of seointegrated implants, based on the new oral rehabilitation. However, there is some possibilities that arouse to restore partial controversy about the use of fixed prosthe- edentulous areas. Keywords: Dental prosthe- sis supported by teeth and osseointegrated sis. Dental implants. Treatment. Referências: 1. Johns RB, Jemt T, Heath MR, Hutton JE, McKenna S, McNamara DC, van Steenberghe D, Taylor R, Watson RM, Herrmann I. A multicenter study of overdentures supported by Brånemark implants. Int J Oral Maxillofac Implants. 1992 Winter;7(4):513-22. 2. Naert IE, Duyck JA, Hosny MM, Quirynen M, van Steenberghe D. Freestanding and toothimplant connected prostheses in the treatment of partially edentulous patients Part II: An up to 15-years radiographic evaluation. Clin Oral Implants Res. 2001 Jun;12(3):245-51. 3. Nevins M, Melloning JT. Implants therapy. 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