relatório final TFG1
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Integração de dispositivos robotizados na representação em arquitetura e no design. Stefano Mega, 3769921 Prof. Orientador Arthur Hunold Lara 1 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 Tema Justificado A justificativa do tema permanece atrelada ao desejo de investigar o papel da Fabricação Digital (FD) – aliada design aberto e disponível em rede – como ferramenta de representação criativa de projetos. Numa década com ferramentas de FD estão cada vez mais acessíveis, iniciou-se uma revolução em que objetos reais, criados e armazenados digitalmente, podem ser customizados e fabricados a partir de qualquer lugar do planeta. Essa mudança também repercute nas relações entre consumidor, produto, empresas e fábricas, porque põe fim do monopólio das empresas sobre a elaboração de novos produtos e sobre a própria produção. O desequilíbrio da verticalidade estrita de tomada de decisões no desenvolvimento de um produto estabelecido na revolução industrial, não extinguirá a indústria, mas certamente forjará novas dinâmicas paralelas, benéfica a todos os setores envolvidos. Dentro deste contexto temos o fenômeno das máquinas pessoais de Prototipagem Rápida (PR) – denominação dada aos processos capazes de materializar rapidamente as soluções digitalmente prototipadas em aplicativos do tipo CADD (Computer Aided Design and Drafting) –, que também é um ramo da FD, vem ganhando adeptos fora do nixo tradicional de criação de protótipos associados às etapas de desenvolvimento de um produto. Para desenhar soluções para seus próprios problemas as pessoas estão recorrendo a máquinas aditivas de extrusão de plástico que, se comparadas com outras tecnologias de FD de design aberto – que também têm versões abertas disponíveis na rede, como é o caso da cortadora laser da buildlog.net (BUILDLOG, 2011), ou a router Kikori (SHER, 2011), atualmente em fase de desenvolvimento – PR aditiva não é a que oferece maior flexibilidade em relação a materiais, nem é a que oferece o melhor acabamento mas é a que menos exige conhecimento técnico para utilizar por exigir pouco planejamento do caminho da ferramenta já que, por mais que um objeto seja complexo, entalhes, reentrâncias, finas arestas e protuberâncias são construídos em camadas. Em fresadoras e routers, por exemplo, existe atrito entre ferramenta e material e o planejamento cuidadoso do caminho da ferramenta pré-fabricação é necessária porque que a ferramenta pode destruir a peça quando muda de ciclo se nem todos os volumes tiverem sido contabilizados. A tendência de aumento da qualidade e velocidade de impressão veremos a fronteira entre PR e FD ficar cada vez mais esmaecida. Esse é um fenômeno recente. Foi só três anos depois que a primeira placa controladora de design totalmente aberto foi criada em 2005 (BANZI, 2005) que a primeira impressora 3D auto-replicante – RepRap Darwin (DARWIN, 2008) capaz de produzir as peças para a montagem de outras impressoras similares – surgiu. O problema é que mesmo sendo mais simples do que outras tecnologias FD, se tomarmos como parâmetro o público em geral, essas máquinas ainda são razoavelmente complexas e a documentação muito pouco amigável. Estão, portanto, estão fora do alcance de muitas pessoas sem acesso a equipamentos para fabricar as peças básicas e sem o conhecimento técnico necessário para escolher e comprar todas as partes necessárias. Preenchendo este vazio, surgem empresas como a Makerbot (MAKERBOT, [s.d.]) que ramificaram sua linha de produtos a partir de uma versão inicial da RepRap. Oferecendo um serviço de suporte mais cuidadoso e vendem kits desmontados completos ou mesmo impressoras montadas. Paralelamente a empresa sustenta outra iniciativa: o Thingiverse (THINGIVERSE, [s.d.]), que é uma comunidade destinada a ser um repositório virtual de objetos fabricáveis – não só na Makerbot, mas em qualquer outro equipamento de FD – para profissionais, estudantes e empresas que acreditam no design aberto. Iniciativas semelhantes se propagam na rede, tirando-a do lugar da informação virtual e colocando-a numa posição de armazém coletivo de objetos reais. Um tipo de comércio híbrido, dotado de uma fábrica digital, poderá surgir com a adaptação à crescente oferta de equipamentos e custos de produções cada vez menores, inversamente proporcionais ao aumento da qualidade e velocidade. Esse comércio-fábrica pode ao mesmo tempo oferecer produtos customizados e produzidos segundo o desejo de um cliente e no próprio local e eliminar os custos embutidos com transporte ou com uma cadeia produtiva pulverizada, caso o produto fosse fabricado num local remoto. No mundo globalizado, imprimir suas próprias soluções localmente quando houver demanda reduz parte da atual cadeia produtiva pulverizada onde há redução de custos e principalmente no encurtamento do ciclo de vida dos produtos e do custos (matéria prima, transporte e distribuição). As técnicas de FD evoluíram muito quando o mercado de setores antes considerados estratégicos para os Estados, blindados sob o pretexto de proteger a indústria nacional, abriram-se – como a produção de moldes e equipamentos de precisão, importantes para a indústria bélica, por exemplo – beneficiando também outras áreas do conhecimento. Na área médica, já existem equipamentos capazes de imprimir dentes, ossos e articulações artificiais que substituem tecido original (WASHINGTON, 2011). Usar uma impressora de extrusão comum também pode ser útil para o planejamento médico em simulações de cirurgias ortopédicas. Para isso, são criados protótipos dos ossos a serem 2 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 operados a partir de imagens capturadas por tomografia computadorizada (FRAME, 2011). Também já é possível imprimir um tecido cartilaginoso híbrido (IOP NEWS, 2012) composto inicialmente por material artificial estruturante poroso e algumas células vivas, que com o tempo se multiplicam e preenchem os poros com cartilagem. No contexto específico da arquitetura – e das universidades que formam esses profissionais –, a FD cria as condições necessárias para a reaproximação do arquiteto com o fazer, permitindo a fabricação de objetos e peças construtivas, principalmente nos casos de formas criadas parametricamente, complexas demais para ser executada manualmente. Na participação no processo criativo de arquitetos e designers, o potencial da FD não deve se limitar apenas a ser um criador de substitutos de maquetes que podem ser feitas manualmente. Quando a forma for demasiadamente intricada para ser compreendida no plano do monitor, a técnica pode ser usada também para idealizar, materializar formas em 3D logo nas etapas iniciais de projeto, contribuindo com o potencial de estender a capacidade de conceber e manipular formas complexas e sua agilidade confere novas possibilidades para o ensino com significativas mudanças na metodologia de projeto. Em 2011, um escritório norueguês de arquitetura adquiriu um braço robótico industrial para transformar troncos de madeira em espaços (SNOHETTA, 2011). Foi uma das primeiras vezes que um equipamento industrial, usado para executar movimentos repetitivos em linhas de produção, foi tirado de seu contexto habitual para se comportar como uma ferramenta de extremamente versátil de customização. Johnannes Braumann (BRAUMANN, 2011) salienta a importância de formar profissionais que, para além de saberem usar o computador como ferramenta potencializadora da criatividade, tenham também conhecimento sobre os métodos que serão empregados na fabricação de seus designs complexos. O autor aponta que os braços robóticos como solucionadores do problema da fabricação de formas complexas paramétricas, desde que aliados ao ensino adequado, mas apontam que os softwares disponíveis para controlá-los fora do contexto industrial ainda estão na sua infância e, portanto, são demasiadamente complexos para serem acessíveis aos profissionais e estudantes no geral e são difíceis de compatibilizar com os formatos de arquivos geralmente utilizados nos softwares mais comuns da arquitetura e do design. Outra autora que antevia o uso dos braços já em 2009 – Anita Aigner (AIGNER, 2009) – alerta para o fato de que a lógica pictórica das formas de representação digital tende a esconder aspectos importantes da fabricação e exequibilidade de estruturas que, acabam deixando para uma fase mais tardia do projeto acrescentando custo, aumentando o desperdício e, se acompanhado de um desconhecimento da ferramenta de fabricação, levando a sofríveis resultados visuais de continuação das superfícies. Aigner cita ainda como vantagens do uso dos robôs como ferramenta de fabricação: Por causa da flexibilidade espacial, os robôs conseguem desbastar o material trabalhado em qualquer ângulo. A área de trabalho não é cúbica, ao contrário de fresadoras e routers, que trabalham com eixos ortogonais. Objetos muito grandes diminuem essa flexibilidade. O robô é capaz de saber exatamente onde ele está em relação ao modelo, permitindo que ciclos de refinamento de uma superfície possam ser executados fora de sequência. Pode ser usado para executar diversos tipos de tarefa. Como exemplos ilustradores deste último item, podemos citar as capacidades motoras: manipular, empilhar, encaixar objetos complexos com precisão; e a capacidade de empregar diversos tipos de ferramentas: de remoção (ex. fresas e brocas.), de adição (ex. pistolas de tinta e extrusores de plástico.) e conformação (ex. pinos para deformação de chapas metálicas (ROBOTS IN, 2012), ferramentas para dobragem de vergalhões (MCDOWELL, 2012) e ventosas para conformar chapas metálicas (EPPS, 2012). É uma tecnologia importante e ainda pouco estudada, que surge dentro de um contexto mais amplo relevante e como tal, seus impactos na arquitetura e no design merecem ser estudados com cuidado. Objeto de Estudo O principal objeto de estudo da pesquisa é investigar as implicações do uso de dispositivos robóticos – que reproduzem determinados aspectos dos robôs industriais – associados a ferramentas de FD, nos processos de representação criativa da arquitetura e do design. Como consequência, também é necessário incluir no grupo de objetos a serem estudados as tecnologias e conhecimentos correlatos que necessariamente integram o universo dos processos do funcionamento do dispositivo. São eles os materiais e tecnologias de FD – a serem empregados na construção das estruturas ou mecanismos dos 3 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 dispositivos, ou para serem manipulados pelo próprio dispositivo – e todas as tecnologias eletrônicas necessárias para o controle eletroeletrônico. Essa ponte entre usuário e robô é listada e inter-relacionada na cadeia abaixo: A transmissão entre a intenção do usuário e o dispositivo robótico se dá a partir de uma interface. No primeiro estágio de desenvolvimento da pesquisa por exemplo, o dispositivo foi controlado por uma interface mecânica composta por potenciômetros diretamente ligados à placa controladora (1), mas outros tipos de transmissão de dados – que farão parte da próxima iteração de estudos – serão implementadas, por exemplo em (2), onde o usuário interage diretamente com o computador e o aplicativo ou através de uma interface intermediada por um periférico externo ao computador. As possibilidades que integrarão cada um dos itens desta sequência já estão sendo sondadas. Como exemplos de periféricos é possível citar o Kinect (KINECT, 2012) – um equipamento para o vídeo-game XBOX que é uma alternativa acessível para explorar olhar computacional, com uma câmera infravermelha e sensores de movimento, além de uma câmera comum – associado ao Processing – um pacote que inclui linguagem, IDE (Integrated Development Environment) e bibliotecas diversas, permitindo explorar os recursos do Kinect criativamente e com relativa facilidade – e o MakeyMakey (MAKEYMAKEY, [s.d.]) uma placa que permite usar qualquer objeto como botão ao transformar o corpo humano em um grande circuito, ou seja, quando a pessoa aperta um botão ela está na verdade servindo como um condutor de corrente. Já na relação entre CPU e placas controladoras, o aplicativo Rhinoceros associado ao plugin Grasshopper e Firefly – que dá funcionalidades paramétricas ao controle da placa – serão responsáveis pela transmissão de dados. Em alguns casos, as funções da placa controladora Arduino (BANZI, 2005) podem ser insuficientes para controlar o dispositivo, como é o caso dos atuadores lineares usados no primeiro dispositivo, que precisariam de outro circuito customizado para administrar a corrente que precisa ser fornecida ao terminal de sinal para que o motor possa chegar a determinadas posições. 4 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 Fig. 1: A interface do plugin Grasshopper (DAVIDSON, 2012), para o software Rhinoceros (MCNEEL, 2012). O Rhinoceros é um programa para modelagem NURBS que, ao ter suas capacidades estendidas pelo Grasshopper, passa a ser também um programa de modelagem paramétrica. Os componentes vistos na imagem acima são representações visuais abstratas de elementos comuns às linguagens de programação: classes e funções. Simplificadamente, cada componente é uma caixa preta encapsulada, que processa os dados recebidos pelas variáveis na esquerda e devolve resultados esperados nas variáveis da direita. Em conjunto, componentes de diversos tipos se são combinados para formar um sistema funcional, que é na verdade um aplicativo escrito visualmente pelo usuário, sem que nenhuma linha de código tenha sido escrita. O exemplo acima – desenvolvido a partir de um exemplo construído pelo Prof. Ernesto Bueno (BUENO, 2009) durante a palestra “A disrupção do design generativo e da fabricação digital na arquitetura” ministrada na FAU em 18.10.2012 – cria, a partir de quatro cubos base, uma casca dividida em segmentos que a seguir são alinhados com o plano XY para que possam ser fabricados. O usuário pode mudar customizar a solução, mudando parâmetros como a altura dos arcos formados entre os pilares e o número de divisões no sentido X ou Z. 5 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 Fig. 2: Uma placa controladora Arduino UNO (BANZI, 2005). Sua arquitetura simples, permite que artistas, entusiastas da tecnologia Uma breve descrição: o cubo metálico no canto superior esquerdo é a entrada miniUSB, para a comunicação entre o chip controlador da placa e o computador. No canto inferior esquerdo, uma entrada de alimentação extra que suporta até 12V, já que a tensão máxima suportada pela placa é 5v. Os pinos marcados com a letra A (0 a 5) são pinos de entrada e saída, capazes de receber sinais analógicos. Todos os pinos de saída (0 a 13) são digitais – ou seja, só recebem dois tipos de valor: 0 ou 1 – mas alguns (~) podem modular a corrente para simular sinais analógicos. Fig. 3: Na parte superior, detalhe da interface do plugin Firefly (PAYNE, 2012), para o Grasshopper, que estende ainda mais a capacidade do aplicativo Rhinoceros, incluindo em sua interface de controle paramétrico, componentes específicos para controlar vários modelos da placa Arduino. Na parte inferior, dois componentes – equivalendo às opções da segunda coluna da interface – desenhados para disponibilizar variáveis pinos de entrada (Uno Read) e de saída de dados (Uno Write). 6 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 Objetivos 1. 2. 3. Criar protótipos de dispositivos eletrônicos que satisfaçam as necessidades descritas no Objeto de Estudo e forneçam dados que possam ser estudados. Isso significa produzir – dentro do escopo de tempo, custo e conhecimento do TFG – um ou mais robôs, empregando materiais e técnicas de fácil acesso, voltados para a criação de protótipos rápidos para arquitetura e design. Documentar os experimentos, para tornar a experiência reprodutível e extensível. Para este fim, foi criado um site (MEGA, Site com a documentação do TFG, 2012) que auxilia na organização e facilita o acesso aos dados compilados. Inclui três sessões principais (Fig. 4): teoria – que inclui uma cópia dos documentos entregues à disciplina e apresentações feitas até o momento, além de uma bibliografia com alguns itens acessíveis em rede – prática – que lista aspectos da construção dos dispositivos como o registro de desenvolvimento (fig. 4) e o registro de custos (fig. 5) – e estruturação – que engloba um registro cronológico de atividades realizadas durante o desenvolvimento do TFG, uma lista de tarefas a serem realizadas (fig. 6) e itens que não servem em outras categorias. Todas as formas de registro mencionadas estão descritas em maior detalhe na Síntese do TFG1. Ao final do experimento, desenvolver uma análise crítica dos resultados obtidos, baseado na experiência adquirida e na informação extraída das leituras. Fig. 4: Registro de desenvolvimento do primeiro dispositivo. Separa o dispositivo em partes com nomes padronizados, com ícones que conduzem a páginas individuais com documentação fotográfica e informação adicional da parte especificada, quando cabível. Um sistema de número de versões facilita manter controle de cada modificação feita. 7 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 Fig. 5: Um simples arquivo de texto, formatado em fonte mono-espaçada onde os gastos são lançados rapidamente a cada compra. Alguns gastos, como o m² do MDF e o custo da hora de corte a laser terão que ser estimados, já que na verdade foram usados materiais da universidade. Fig. 6: Organizador de tarefas protegida pela senha ‘stefanotfg’. A lista fica invisível até a senha ser usada porque o sistema adotado não faz distinção entre permissão para visualização e para edição e, portanto, se deixado desprotegido permitiria que qualquer usuário da rede pudesse editá-lo. 8 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 Síntese do TFG1 O primeiro semestre do TFG foi muito produtivo, principalmente na parte prática do trabalho. Todas as atividades estão sendo registradas – e essa é uma parte importante deste trabalho – em um documento com nome de Registro de Ideias e Atividades, que em breve será disponibilizado na página eletrônica da pesquisa. No que diz respeito à parte prática, foi possível concluir o semestre atingindo a meta de desenvolvimento proposta para primeiro dispositivo, ou seja, criar um robô simples e funcional, com o propósito de explorar e adquirir os conhecimentos em eletrônica e mecânica necessários para o desenvolvimento do segundo dispositivo. Para consegui-lo, foi necessário: Criar uma estrutura que pudesse sustentar seu próprio peso e o peso dos motores – um teste que serviria para determinar quanto peso extra os motores suportariam ainda precisa ser realizado, mas já é possível afirmar que a estrutura plástica tende a deformar, mesmo sem nenhuma carga extra. Essa estrutura deveria também potencializar o movimento das hastes – que, entre a máxima expansão e a mínima contração, movem-se apenas oito milímetros – usando um sistema de alavanca inversa, que não prioriza multiplicação da força mecânica, mas a ampliação do deslocamento do movimento circular. Estudar o funcionamento dos motores atuadores de farol, cuja documentação na rede é extremamente escassa, por ser um conhecimento que só interessa às montadoras. Estudá-los envolveu abri-los e tentar compreender seu funcionamento, recuperando parte do conhecimento de elétrica adquirido no segundo grau e acrescentando novas informações sobre eletrônica através de conversas com colegas, leitura da bibliografia técnica de consulta e pesquisas na rede. Desenvolver sistemas de engaste entre motores e estrutura, que fossem capazes de aguentar a força aplicada pelo peso da estrutura e dos motores. Fixar firmemente os motores na estrutura. A solução foi adaptar da melhor forma possível os elementos modulares do kit construtivo à topografia irregular dos motores, de forma a fornecer o máximo de apoio possível, para então fixá-los no lugar com fios metálicos deformáveis, revestidos de plástico. Estabilizar o peso total na base, de forma que a estrutura em balanço não derrubasse o dispositivo, mesmo quando completamente estendida. Depois de muitas tentativas e estudos, optar por abandonar provisoriamente a ideia de controlar o dispositivo com Arduino – complexa demais para o atual estágio de desenvolvimento – e preparar uma interface com três potenciômetros (fig. 9) correspondentes a cada um dos motores, movendo-os quando girados manualmente. Além disso, foi necessário substituir a primeira garra mecânica que não funcionava – originalmente desenvolvida com as peças padrão do sistema construtivo usado (ROBOTA, [s.d.]) – por outra em MDF (fig. 8), com encaixes e movimentos de maior precisão. Como esse era um objeto de razoável complexidade, uma garra existente de design aberto (MEGA, Garra robótica desenvolvida para o TFG, 2012) – distribuída sob a licença Attribution – NonCommercial – ShareAlike 3.0 da Creative Commons – disponível na comunidade Thingiverse foi usada como base e o resultado também foi disponibilizado sob a mesma licença na mesma comunidade(JAAP, 2010). Frequentar a disciplina AUT-5834 – novas tecnologias de simulação e modelagem da arquitetura – também foi um marco importante do TFG I. O conhecimento necessário para que as peças em MDF pudessem ser fabricadas, foi adquirido no curso dessa disciplina, pois um dos exercícios propostos pelo Prof. Arthur Lara envolvia conceber parametricamente e fabricar um objeto (fig. 10), fechando um ciclo de FD. Como já foi mencionado em Objetivos toda a documentação da evolução da pesquisa está disponível na rede, em uma página eletrônica simples, dividida em três sessões (Fig. 4): teoria, prática e estruturação. O registro de desenvolvimento (fig. 4) (na sessão sobre a parte prática) é um documento que mostra como o braço foi dividido em partes para ser mais bem documentado durante o processo. No topo explicitadas as referências práticas usadas e um pequeno diagrama mostrando os quatro segmentos da estrutura, divididos pelas articulações e links para as páginas que documentam visualmente os motores usados (diferentes uns dos outros), indicando aspectos do seu funcionamento. Logo abaixo, um diagrama em árvore divide as etapas de desenvolvimento em ramos identificados por um número de versão e com ícones que direcionam para as páginas individuais de documentação de cada parte. O registro de ideias e atividades é outro documento chave na do processo de documentação, até o momento da entrega deste relatório ainda não estava disponível na rede. Trata-se de uma forma sugerida pelo orientador de manter todos os eventos importantes registrados para que detalhes não sejam esquecidos e possam ser usados na pesquisa se assim for necessário. Exeplos de itens documentados são palestras, ideias para intervenções nos dispositivos, conversas com profissionais mais experientes, artigos lidos fora da bibliografia, etc. 9 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 Fig. 7: Configuração final do primeiro dispositivo no fim do primeiro semestre. Para movimentar as partes, três atuadores lineares – motores que controlam a altura dos faróis de automóveis – foram comprados em uma loja de peças usadas; a estrutura do robô foi montada a partir de um kit de robótica fornecido pelo orientador (ROBOTA, [s.d.]). A garra instalada na ponta foi planejada especialmente para prender-se na haste do motor e adequar às dimensões dos encaixes do kit de robótica. Maiores informações podem ser obtidas na página eletrônica montada para registrar a evolução deste TFG (MEGA, 2012). 10 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 Fig. 8: Detalhe da garra instalada na ponta do dispositivo. Adaptada a partir de um projeto de design aberto disponível na rede (JAAP, 2010) foi executada em MDF 3mm, na máquina de corte a laser do LAME usando o conhecimento adquirido na disciplina AUT-5834. Informações mais detalhadas sobre o processo podem ser obtidas na página eletrônica do TFG (MEGA, Site com a documentação do TFG, 2012). 11 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 Fig. 9: Primeira versão funcional da placa controladora, prototipada em uma protoboard – uma placa perfurada, cujos furos estão interconectados por material condutor de eletricidade, transversalmente em ABCDE e em FGHIJ; e longitudinalmente nos polos distribuidores de eletricidade identificados com os sinais mais e menos – que serve para que soluções circuitos eletrônicos possam ser testados rapidamente, com o encaixe e desencaixe de componentes e condutores. Os três componentes acoplados são potenciômetros. Cada um é responsável por controlar os movimentos de um motor, através dos três terminais disponíveis: um positivo, um negativo e um sinal. O positivo é por onde a corrente entra e o negativo por onde sai. No terminal chamado sinal, a corrente varia de acordo com a posição angular do giro do elemento móvel. Nos motores, cada um dos valores de variação da corrente, leva a haste para uma posição diferente. 12 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 Fig. 10: Luminária paramétrica criada na disciplina AUT-5834. O exercício envolvia moldar a geometria parametricamente com o software Grasshopper (DAVIDSON, 2012) dividi-la em peças planificadas no aplicativo 123D Make da Autodesk (AUTODESK, 2012), para em seguida executar o produto final em MDF 3mm na cortadora laser disponível no LAME. 13 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 Desenvolvimento do Cronograma e bibliografia Calendário inicial set out nov dez jan fev mar abr mai jun Leituras/fichamentos: bibliografia técnica bibliografia teórica Monografia: desenvolvimento impressão final/entrega Dispositivo robótico: estudo do existente aquisição de partes montagem OO tempo planejado. OO tempo de uso opcional. Remanejamento do tempo restante set out nov dez jan fev mar abr mai jun Leituras/fichamentos: bibliografia técnica bibliografia teórica Monografia: desenvolvimento impressão final/entrega Dispositivos robóticos: estudo do existente aquisição de partes montagem OO tempo planejado. OO tempo de uso opcional. Como explicitado na pré-banca, o tempo inicialmente reservado para leituras e fichamentos da bibliografia teórica foi reduzido para que o primeiro marco de desenvolvimento do Dispositivo robótico 1 pudesse ser mostrado na pré-banca do TFG 1. Com isso, foi necessário remanejar o tempo restante para refletir um acréscimo de tempo na bibliografia teórica e o respectivo decréscimo no calendário prático. Abaixo estão as referências simplificadas (apenas autor e título da obra) para a bibliografia proposta no início do semestre. Grifados em cinza, estão os títulos lidos e fichados – ainda que parcialmente. Equivalem à apenas 25% do total. 1. 2. 3. 4. 5. 14 AIGNER, A.; BRELL-COKCAN, S. Surface structures and robot milling: the impact of curvilinear structured architectural scale models on architectural design and production. BARBOSA, Wilson; CELANI, Gabriela. How to go from file to the factory. BAIRROS, Jonas T. Armbot. Projeto aberto de braço robótico simples para iniciantes. BORENSTEIN, Greg. Making things see: 3d vision with Kinect, processing, Arduino, and makerbot. BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. BRAUMANN, J.; BRELL-COKCAN, S. Parametric Robot Control: Integrated CAD/CAM for Architectural Design. FLUSSER, Vilém. A filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. GARCÍA, M. G. R (Ed.); HALCÓN, J. P. L. (Ed.); CARRETERO, N. V. (Ed.); NEYRA, P. D. (Ed.); Fabworks: Diseño y fabricación digital para la arquitectura: docencia, investigación y transferencia. FLORIO, W. O Uso de Ferramentas de Modelagem Vetorial na Concepção de uma Arquitetura de Formas Complexas. IWAMOTO, Lisa. Digital fabrications: architectural and material techniques. LARA, A. H.; GIACAGLIA, M. E. ; MOURA, N. S. Implicações da Fábrica Digital nos Processos de Representação em Design. GLYNN, Ruairi (Ed.); SHEIL, Bob (Ed.). Fabricate: Making digital architecture. GRAMAZIO, Fabio; KOHLER, Matthias. Towards a Digital Materiality. KOLAREVIC, Branko. Designing and Manufacturing in the digital age. NATIVIDADE, V. G. Fraturas Metodológicas nas Arquiteturas Digitais. OESTERLE, Silvan. Performance as a design driver in robotic timber construction. OXMAN, Rivka. Digital architecture as a challenge for design pedagogy: theory, knowledge, models and medium. PLATT, Charles. Make: electronics: learning by discovery. SAKAMOTO, T.; FERRE, A.; KUBO, M. From control to design: parametric/algorithmic architecture. TRICHEZ, C. T. S.; AFONSO, S.; GOMES, L. S. R. Idéia, método e linguagem: o processo de projeto na arquitetura. Programação para o TFG2 O período intersemestral será dedicado principalmente à recuperação das leituras. Ler e fichar pelo menos 75% do volume bibliográfico total é a meta. Paralelamente, mas em segundo plano, ocorrerá a segunda iteração de desenvolvimento do primeiro dispositivo. Isso significa que até o fim do mês de fevereiro pretende-se implementar uma série de modificações previstas em conversas com o orientador depois da pré-banca, como: Aumentar a amplitude dos movimentos do robô, experimentando com a eliminação de travas das hastes do motor e com a construção de uma base giratória. Ajustar problemas dimensionais com a garra. Testar o limite máximo de peso suportado pelo dispositivo. Controlar o dispositivo eletronicamente, ou seja, através de uma CPU aliada ao Arduino. No início do semestre letivo, o segundo dispositivo robótico – voltado para a criação de protótipos rápidos para arquitetura e design, através do desbaste de materiais macios – começará a ser desenvolvido. Neste robô, além do controle computadorizado, o Kinect – um dispositivo de entrada de dados equipado com um dois sensores de profundidade e uma câmera RGB – será empregado para transferir gestos do usuário para o dispositivo em tempo real. É também no TFG 2 que a monografia começará a ser redigida. Com as leituras e fichamentos em dia, o recorte teórico deve ser concluído em abril. A partir dos dados obtidos com a conclusão dos estudos, a versão final do documento incluirá uma análise crítica da tecnologia. 15 Relatório do TFG I | 2° sem. de 2012 Referências AUTODESK. 123d make: Página do aplicativo. Disponível em: <http://www.123dapp.com/make> Acesso em 2. dez. 2012. AIGNER, A.; BRELL-COKCAN, S. Surface structures and robot milling: the impact of curvilinear structured architectural scale models on architectural design and production. In: INNOVATIVE DESIGN AND CONSTRUCTION TECHNOLOGIES CONGRESS, 2009, Milano. Anais… Milano: Maggiooli Editore, 2009. p. 433445. BANZI, M. Arduino UNO. Página da lista de produtos digital. Ivrea, Itália: [s.n.], 2005. <http://arduino.cc/en/Main/ ArduinoBoardUno> Acesso em 2 dez. 2012. Disponível em: BRAUMANN, J.; BRELL-COKCAN, S. 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