perguntas retóricas: uma estratégia encoberta de “não
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perguntas retóricas: uma estratégia encoberta de “não
Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho PERGUNTAS RETÓRICAS: UMA ESTRATÉGIA ENCOBERTA DE “NÃO-RESPOSTA” Simone Muller Costa (PPGLINGUISTICA-UFJF / IFSEMG) [email protected] Sonia Bittencourt Silveira (UFJF) [email protected] Resumo: Nosso objeto de estudo são respostas evasivas, mais especificamente, o que denominamos de “não-respostas”. Foi observado que, nos contextos analisados, os respondentes constróem respostas “insatisfatórias” em relação ao que foi posto ou pressuposto pela pergunta. Para a geração e análise dos dados, utilizamos uma abordagem qualitativa e interpretativa, em consonância com uma perspectiva teórico-metodológica interacional nos estudos do discurso. Os resultados desse estudo mostram que as práticas discursivas de “não-respostas” devem ser analisadas de modo situado, sequenciamentel, sem ignorar, contudo, as opções oferecidas pela língua, limitadas por contingências macro-contextuais operantes em cada situaçao particular de uso da linguagem. Nossa análise chama a atenção para o uso de perguntas retóricas nas respostas como um tipo de evasão encoberta com duas funções principais nos tipos de atividades estudados: (1) o de mudar o foco da pergunta; e (2) o de contestar o ponto de vista ou a relevância da informação implicados na pergunta. Palavras-chave: Perguntas retóricas; evasão; atividade de responder. Abstract: Our object of study is what we call “non-answers”, more specifically, evasive answers. We have observed that, in some contexts, the respondents built “unsatisfactory” answers in relation to what had been asserted or presupposed by the questions performed. We have adopted a qualitative and interpretative approach for the generation and analysis of the data, which are consistent with the theoreticmethodological perspectives of an interactional approach in studies of discourse. The results of this study show that discursive practices of “non-answers” must be analyzed in a situated way, sequentially, without ignoring, however, that the options that the language offers are limited by macro contextual contingences that operate on the language use in each social encounter. Our analysis calls attention to the use of rhetoric questions in answers as a kind of covert evasion with two main functions in the contexts studied: (1) that of changing the focus of the question; and (2) that of contesting the point of view or the relevance of the information held on the question. Key-words: rhetorical question; evasion; answering activity. 1. Introdução O presente trabalho busca analisar a ocorrência de respostas evasivas, por nós denominadas “não-respostas”, em dois tipos de atividade (cf. Levinson, 1992 e Sarangi, 1 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho 2000): duas audiências de conciliação, realizadas no PROCON de uma cidade minerira e uma entrevista televisiva do programa “Roda Viva”, com o ex-ministro da Educação, Paulo Renato. Dentre os vários tipos de “não-respostas” encontradas, focalizamos, um tipo especial de evasão “encoberta”, realizada através de perguntas retóricas. A atividade de responder é analisada como sendo projetada por uma pergunta ou outra ação que crie para um dos participantes o papel discursivo de respondente. As respostas podem ser vistas como “insatisfatórias” se considerados o posto ou pressuposto da pergunta. Adotamos como ponto de partida analítico os seguintes aspectos a partir dos quais o par pergunta-resposta pode ser analisado: (a) a existência de algum tipo de relação entre a natureza da pergunta e as não-respostas produzidas; (b) de que modo o tipo de contexto institucional pode influenciar a produção de respostas evasivas; e (c) as razões pessoais/profissionais que podem contribuir para a formulação de “não-respostas”. Essas questões são analisadas a partir de uma abordagem qualitativa e interpretativista de dados reais de fala e de modo compatível com os pressupostos teóricos da Sociolingüística Interacional e da Análise da Conversa, etnometodológica. Os resultados de nossa pesquisa mostram a relevância em se adotar como ponto de partida aquilo que os participantes mostram ser relevante em seus atos de fala,realizados em uma situaçao real de fala-em-interaçao. A atividade discursiva da evasão só pode ser identificada sequencialmente, como a não-produção de uma ação tornada relevante pela primeira parte deste par - a pergunta. A categoria “não-resposta” vem entre aspas devido ao pressuposto, por nós adotado, segundo o qual o quer que se faça após a primeira parte do par, a pergunta, deve ser interpretado como uma resposta (e.g. o silêncio pode ser visto como uma resposta). Desse modo, “não-resposta” é concebida como uma resposta que não atende ao posto ou pressuposto da pergunta. Ressaltamos, contudo, que uma abordagem situada das “não-respostas” não exclui a necessidade de se pensar nos fatores macro-contextuais (e.g sócio-contextuais, ideológicos, etc) que podem influenciar o uso da evasão no discurso. Nos contextos estudados, as “não-respostas” foram utilizadas, principalmente, em situações em que 2 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho uma resposta direta/aberta poderia causar danos à imagem do respondente ou causar-lhe ainda algum prejuízo material (e.g para o consumidor ou fornecedor de bens e serviços, no PROCON). Nas seções subsequentes, introduzimos as noções fundamentais a este estudo: a atividade de responder, incluindo respostas e “não–respostas”; dentre as últimas o tipo clássico denominado respostas evasivas e o subtipo de evasão - evasão por meio do uso de pergunta retórica dentro da resposta. 2. Atividade de Responder Considerando-se a relação sequencial entre perguntas e respostas, a segunda parte do par é vista como uma tentativa de resposta, ou seja, aquilo que se diz ou se faz em uma posiçao subsequente à primeira parte deste par de ações. De acordo com a noção de relevância condicional, nos termos da Análise da Conversa, é a primeira parte do par que torna relevante a ocorrência de uma segunda parte, bem como sua classificação enquanto ação discursiva. Assim, se uma dada ação é formulada/percebida como pergunta, cria-se a expectativa de que ela irá projetar, em uma segunda posição, uma açâo que será enquadrada como “resposta”. É a partir da resposta dada que podemos verificar se a primeira parte foi mesmo entendida/tratada como pergunta pelo endereçado. Deste modo, a relevância de um dado enunciado, no par PerguntaResposta, decorre da relação mútua entre as partes do par. Embora a ação de perguntar projete uma resposta, muitas vezes, as respostas não ocorrem nos turnos adjacentes, mas sim em turnos de fala subsequentes e distantes das perguntas. Por isso, preferimos adotar a noção de posição proposta por Schegloff (1987, apud Levinson, 2007), a qual estabelece que a resposta a uma pergunta não precisa estar necessariamente adjacente a ela. No entanto, as respostas devem manter relação semântico-pragmática com o que foi perguntado. 3 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho Em nossa análise, tentamos nos guiar, principalmente, pela tipologia de respostas de Clayman (2001) e pelas tipologias de práticas evasivas, propostas por Clayman (2001) e Galasinski (1996). Por isso, na seção seguinte, abordaremos, de maneira breve, essas teorias. 2.1 Tipos de respostas e “não-respostas” Para distinguir respostas de “não-respostas”, Clayman (2001) apoia-se no conceito de “adequação”. Este autor propõe um conjunto de critérios que permitiriam a classificação das “respostas” como adequadas (respostas) e não-adequadas (nãorespostas) 2.1.1 Tipos de respostas Clayman (2001) estabelece como critério para sua classificação das “respostas” a idéia de “adequação”. Assim, as respostas, para serem consideradas adequadas, devem se enquadrar em algum dos tipos: (a) resposta com trajetória indireta– começam com uma unidade de fala que não pode ser, em si mesma, ser uma resposta possível, mas que é parte de uma fala maior que pode ser vista, no todo, como uma resposta. (b) resposta mínima +elaboração - começa com uma unidade de fala que fornece a informação alvo colocada pela pergunta de forma mínima, depois segue uma fala que a esclarece e elabora (e.g.pergunta sim/não). (c) resposta com a relevância da pergunta - uma palavra-chave da pergunta é retomada na resposta. 4 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho (d) resposta com retomada anafórica - uso de palavras de referência anafórica, tais como: pronomes, alguns verbos, frases, porque. São palavras muito dependentes da pergunta, pois é na pergunta que elas adquirem referência. Quando a resposta não atende a esses critérios, somos convocados a examinar o que tradicionamente tem sido rotulado como “evasão”, porque foge ao posto ou pressuposto da pergunta. Esta “fuga” pode levar aquele que pergunta a reintroduzi-la com o objetivo de forçar o respondente (em nossos dados, entrevistado ou parte em litigio) a oferecer a informação solicitada. 2.1.2 Tipos de “não-respostas” Dentre a literatura existente sobre o tema da evasão (Bull, 1994; Clayman, 2001; Galasinski, 1996; Bavelas et al, 1988),destacamos como contribuição teórica e analitica, para este estudo, os trabalhos de Clayman (2001) e Galasinski (1996). Segundo esses autores, o interlocutor pode não oferecer a resposta projetada por uma dada pergunta ou mesmo não oferecer qualquer resposta. Quando não há uma resposta satisfatória1, ocorre o que eles denominam evasão. A evasão, segundo esses autores, pode se realizar por meio de práticas “abertas” ou “encobertas”. Dentro desses dois grupos apresentamse vários subtipos de estratégias evasivas, como veremos a seguir. 2.1.2.1 Respostas evasivas “abertas” Dentre os subtipos oferecidos por Clayman, 2001 e Galasinski, 1996, selecionamos e adaptamos alguns tipos, relevantes ao nosso estudo, considerando a principal característica da “evasão”: 1 Esse julgamento deriva-se do fato de que aquele que pergunta poder mostrar, em turno subsequente, sua satisfação ou não com a resposta, quando não pode reformular/reapresentar a pergunta. 5 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho (a) solicitação de evasão – o respondente pede permissão para mudar a agenda tópica da pergunta; (b) solicitação de divergência – o respondente procura justificar a evasão em função de sua divergência com o posto ou pressuposto da pergunta; (c) transferência responsabilidade resposta - o respondente atribui a outrem o dever de resposta; (d) desvalorização da pergunta - o respondente contesta a relevância da pergunta, os dados que ela contém, etc; (e) desconhecimento da resposta - o respondente diz que é impossível responder o que lhe foi perguntado, seja por razões de tempo, falta de dados apropriados, etc; (f) recusa explícita - o respondente declara que não vai responder o que lhe foi perguntado; (g) resposta por implicatura - o respondente constrói uma resposta indireta. 2.1.2.2 Respostas evasivas “encobertas” Como o próprio nome sinaliza, tratamos aqui das respostas em que o respondente usa de algum artifício para se evadir da resposta. Por exemplo: (a) mascaramento - o respondente utiliza repetição de palavras e pronomes anafóricos para mascarar que as respostas são substancialmente resistentes. (b) paráfrase- o respondente parafraseia a pergunta, reformulando-a a sua maneira. (c) expansão do escopo da pergunta- o respondente oferece uma resposta, ampliando o contexto da pergunta. (d) mudança do foco da pergunta- o respondente foge ao que era focal na pergunta, em termos de posto ou de pressuposto. 6 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho Com a análise dos dados do PROCON e de uma entrevista televisiva com políticos, identificomos um quinto subtipo de evasão encoberta que não havia sido, até então, tratado como tal na literatura sobre “evasão”, por nós denominado “evasão por meio do uso de perguntas retóricas”. Nessas práticas de evasão, os respondentes utilizam perguntas retóricas para não responderem o que lhes foi perguntado. Lembramos que o presente trabalho terá como foco essa última estratégia de produção de resposta evasiva encoberta, descrita e analisada de forma mais a miúde a seguir. (e) Evasão por meio do uso de perguntas retóricas Frank (1990) destaca que estudos apontam que embora a maioria dos falantes reconheça a existência de “perguntas retóricas” e seja capaz de fornecer exemplos dessas perguntas, a análise de dados de fala espontânea tem apontado a dificuldade de serem definidas de forma a dar conta dos seus diferentes usos. Tradicionalmente, entende-se como perguntas retóricas aquelas perguntas em que não há a expectativa de resposta. No presente trabalho, estamos considerando que há dois tipos de perguntas retóricas: (1) perguntas que não apresentam nenhum tipo de resposta, conforme a definição tradicional de perguntas retóricas, e o tipo identificado neste trabalho - (2) perguntas feitas pelo respondente e respondidas por ele mesmo. As “perguntas retóricas” são inerentemente complexas por apresentarem diversidade e imprecisão em suas definições, o que torna difícil, portanto, uma identificação precisa e confiável desse fenômeno. Não há um consenso entre os estudiosos sobre a função das “perguntas retóricas” e uma teoria consistente e única ainda está longe de ser alcançada. Estudos mostram que as “perguntas retóricas” podem ser utilizadas com a função argumentativa de convencer/persuadir. Deste modo, elas são comuns em contextos em que a principal meta comunicativa é a de conquistar adesão a pontos de vista (Anzillotti, 1982 apud Frank, 1990). Segundo pesquisadores da área da psicologia 7 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho (Cacioppo & Petty, 1982 apud Frank, 1990), os efeitos persuasivos das “perguntas retóricas” são muito superiores aos efeitos persuasivos das asserções. Frank (op. cit) conclui que há contextos que favorecem o uso desse tipo de pergunta. Assim, por essas perguntas terem como função primária a persuasão, elas são encontradas em frequência maior em conversas marcadas por conflito2 real ou potencial. O autor conclui ainda que uma teoria universal que dê conta das formas e funções das “perguntas retóricas” está longe de ser produzida/alcançada e que muitos dos trabalhos realizados sobre essas construções foram baseados em dados de fala monitorada e não em dados reais de fala. Em nossos dados, observamos a ocorrência de tais perguntas nas respostas, o que constitui uma prática de evasão encoberta, pois ao usá-las, em nenhum momento, o locutor tenta explicar sua “não-resposta” ou demonstra que não dará a resposta esperada. A seguir, veremos como se dá o uso estratégico/persuasivo das perguntas retóricas para evasão nos tipos de atividade (Levinson, 1992 e Sarangi, 2000) por nós analisados: uma entrevista do programa Roda Viva e duas audiências de conciliação realizadas no PROCON de uma cidade mineira. 3. Análise dos dados Conforme foi dito, encontramos em nossos dados uma estratégia de evasão não apontada na literatura - a evasão por meio de perguntas retóricas. Por isso, no presente trabalho, analisaremos algumas ocorrências desse tipo de evasão. 2 Conflito é aqui entendido como “a incompatibilidade, percebida ou real, de valores, expectativas, processos ou resultados entre duas ou mais partes sobre questões substantivas ou relacionais " (TingToomey, 1994, p. 360). 8 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho Vejamos alguns exemplos de uso de perguntas retóricas nas respostas durante as audiências de conciliação do PROCON e a entrevista no “Roda Viva”. Exemplo (1): Audiência: Ok Veículos Participantes: José (consumidor), Ana (mediadora) e Pedro (amigo do consumidor) Problema: Como definir, na prática, o que está coberto pela garantia, considerando-se o que dispõe o Código de Defesa do Consumidor (CDC) 09 Ana /então/ uma bomba elétrica estaria dentro da garan[ t i a, né? ] 10 José [é o que o ca]ra 11 falou comigo. tem jeito de você prever, pre- prever alguma 12 coisa aqui? não, não, não, aconteceu. É uma coisa- uma parte 13 elétrica? é igual ignição e cabo de vela, que tem que trocar (0.8) o 14 carro começou a::rodar, corrente (0.5) parou (0.2) eu vou- o 15 mecânico vai prever na HORA que ele vai ver o carro? não vai 16 Ana a parte elétrica aqui eu não concordo não. a maioria dessas 17 coisas aqui, é::, = 18 Pedro =igual correia dentada, tu- tudo bem, é desgaste, mas se 19 rebenta, e essas coisas assim, tá dentro tá onde, tá onde, onde 20 que tá? Tá dentro do motor, né?[ e o quê que vai acontecer? ] O que está em jogo, neste segmento de fala, é a disputa daquilo que pode ser considerado coberto pela garantia e aquilo que o mecânico pode analisar quando vistoria um carro usado,para recomendar ou não sua compra. Assim, ao ser perguntado pela mediadora sobre a cobertura de um item específico (então/ uma bomba elétrica estaria dentro da garan[ t i a, né?]),o que mais parece um pedido de confirmação, José reformula a pergunta retirando o foco “aquilo que a garantia cobre” (linha 9) para a possibilidade ou não de identificação dos defeitos quando se compra um carro usado “tem jeito de você prever, pré- prever alguma coisa aqui?”e “o mecânico vai prever na HORA que ele vai ver o carro? (linhas 11 a 15). 9 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho Vemos que o reclamante, ao formular a pergunta, o faz de forma a pressupor uma resposta negativa evidente, já que está enquadrando os problemas apresentados pelo carro comprado como “invisíveis”, categoria esta usada no CDC como um dos fatores que podem garantir ao consumidor uma futura reparação ou troca do produto. Um outro aspecto das perguntas retóricas merece nossa atenção: o fato de serem, geralmente, respondidas por quem as formula, conforme podemos ver à linha 15 (:não vai). Esse mesmo fenômeno pode ser identificado, mais adiante, na fala de Pedro, amigo do reclamante que o acompanha nessa audiência. Às linhas 19 e 20: “tá onde, tá onde, onde que tá? Tá dentro do motor, né?” e “quê que vai acontecer?”. Sua fala aparece como uma evasão à avaliação, feita pela mediadora à fala de José, de que a parte elétrica não estaria coberta pela garantia (linhas 16-17), já que não parece ter uma opinião clara sobre os itens que estariam cobertos pela garantia, objeto da pergunta. Ao evadir-se, Pedro aparentemente deseja dar sustentação/continuidade ao argumento de José de que há problemas que não se podem prever, usando como exemplo “a correia dentada” que, embora seja passível de desgaste, faz parte do motor, logo estaria coberta pela garantia que, segundo o reclamado, cobre apenas “motor e caixa”. Há, portanto, o uso de perguntas retóricas em ambos os casos para direcionar a argumentação, evadindo-se de uma pergunta/comentário para a qual ou não se tem uma resposta direita ou não é interessante, do ponto de vista argumentativo, oferecer uma resposta “satisfatória”. Exemplo (2): Audiência: Rui Pedreiro Participantes: Jorge (mediador) e Lúcia (reclamante) Tópico: o acordado entre Lúcia e Rui 01 Jorge Pelo aco- pelo que ele tinha com- falado com a senhora, iria ser feito é 10 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho 02 03 04 Lúcia 05 06 a casa ia ser entijolada, batido a laje e, e emboçada [e feito] o piso? [ e l e ] ele falou que ia me dar a casa no ponto pra mim MORAR, pra mim MORAR. se ele não ia fazer o piso, se ele não ia rebocar, como é que eu ia morar? Jorge, o mediador, inicia seu turno de fala fazendo um reparo ao tipo de “acordo” existente entre Lúcia, a reclamante, e Rui, o reclamado. Como não foi firmado um acordo, por escrito, o mediador tenta estabelecer o tipo de combinação verbal existente entre as partes. Tendo ouvido a versão do reclamado, segundo a qual este teria se comprometido apenas em “entijolar e a bater a laje” e feito, como um favor, o emboço e o piso, o mediador submete à reclamante esta versão na forma de uma pergunta do tipo sim/não. Lúcia não confirma, nem desconfirma a lista de ações realizadas, segundo o pedreiro. Escolhe responder com uma pergunta retórica (linhas 5 e 6) em que defende que o acordo era entregar a casa “no ponto pra mim MORAR” (linha 4), Logo, por implicatura, o reclamado teria ainda que fazer, por exemplo, o reboco. Entretanto, a forma como a reclamante enquadra sua versão do “acordo”, não conbribui para a formulação objetiva do mesmo, serve apenas para refutar o argumento inicial do reclamado de que o compromisso era apenas o de “entijolar e fazer a laje”. Na entrevista com o Ministro Paulo Renato, ou seja, no contexto político, as perguntas retóricas também foram frequentes, observem: Exemplo (3): Entrevista “Roda Viva” Participantes: Um dos entrevistadores (Edor) e o ministro Paulo Renato (MPR) Problema: As mudanças propostas pela Reforma do Ensino Médio 1 Edor.: e eu gostaria de saber então ... antes de mais nada ... pra 2 começar ... eh ...qual é a situação da reforma do Ensino Médio ? 3 eh ... eu sei que há apenas cinco estados até agora ... 4 infelizmente apresentaram os seus progra ... planos de reformas 5 que seria fundamental pra terem acesso ao dinheiro ... eh ... o 6 empréstimo do BIRD ... esses estados são São Paulo Ceará Bahia 7 Pernambuco e Goiás gostaria então que o senhor começasse dizendo 11 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho 8 quais são os programas que a reforma do ensino médio tem feito? 9 MPR: eu ... eu queria começar com uma análise do primeiro dado que 10 você mencionou porque eu acho que é muito sintomático ... eu vi 11 esse dado … de 18 a 24 anos apenas 40% das crianças ... dos 12 jovens estão na escola … nós temos a mania no Brasil de 13 enfatizarmos os dados piores possíveis não é ... e eu gostaria de 14 enfatizar outros dados ... 15 Edor: humhum 16 MPR: 96% das crianças de 7 a 14 anos estão na escola e 85% dos jovens 17 de 15 a 17 anos estão na escola ...é claro que nós temos ainda 18 uma baixa proporção de jovens no ensino médio e no ensino 19 superior..por quê?porque há ainda no Brasil ... nós temos uma 20 herança ... de uma situação em que poucos jovens concluíam o 21 Ensino Fundamental e concluíam já numa idade muito avançada quando 22 nós assumimos o governo ... apenas 50% das crianças concluíam o 23 ensino fundamental e levava doze anos pra concluir... isto já 24 melhorou ...hoje temos 63% que estão concluindo e estão levando em 25 média dez anos ... o que acontecia antes ... eles terminavam numa 26 idade onde não podiam continuar estudando, tinham que ir pro 27 mercado de trabalho não é ... então ... anh ... se nós tomamos só 28 18 a 24 anos.. a proporção é baixa por quê? Porque justamente 29 esses jovens não tiveram a oportunidade de concluir o Ensino 30 Fundamental e o Médio na idade adequada pra continuar estudando ... Agora 31 isso vem mudando radicalmente no Brasil ... No exemplo (3), o entrevistador quer que o ministro Paulo Renato comente as mudanças propostas por ele para o Ensino Médio – “qual é a situação da reforma do Ensino Médio?” (linha 2) e “quais são os programas que a reforma do ensino médio tem feito?” (linha 8). O ministro inicia seu turno de fala (linhas 9 a 11) produzindo um tipo de evasão previsto nas tipologias de Clayman (2001) e Galasinski (1996) que denominamos de “solicitação de evasão”, em que o respondente pede permissão para mudar a agenda tópica da pergunta (linhas 9 e 10) - “... eu queria começar com uma análise do primeiro dado que você mencionou”. Trata-se, portanto, de uma evasão anunciada ou em que o respondente pede permissão para falar de outro assunto, não focalizado na pergunta, mas mencionado antes de forma prejudicial para a imagem do governo e retomado por 12 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho ele às linhas 11 e 12 – “de 18 a 24 anos apenas 40% das crianças ... dos jovens estão na escola”- e explicitamente escolhe falar de dados positivos para a imagem do governo – “96% das crianças de 7 a 14 anos estão na escola e 85% dos jovens de 15 a 17 anos estão na escola”. O ministro vale-se de perguntas retóricas para introduzir “escusas”3 para o dado por ele enquadrado como “negativo”. Nas linhas 17 a 19, ele introduz, na forma de pergunta, qual seria a causa do baixo percentual de jovens de 18 a 24 anos matriculados – “é claro que nós temos ainda uma baixa proporção de jovens no ensino médio e no ensino superior..por quê?” A causa apontada desresponsabiliza o Governo ou sua gestão no Ministério da Educação: seria uma “herança” da situação em que poucos jovens concluíam o segundo grau ou o faziam já em idade avançada. Através desse recurso, ele assume o controle sobre a agenda tópica (aquilo sobre o que se fala num encontro) e expõe seu ponto-de-vista, tendo como uma de suas metas comunicativas afastar de sua gestão qualquer responsabilidade pelo problema. Exemplo (4): Entrevista “Roda Viva” Participantes: Um dos entrevistadores e o ministro Paulo Renato Problema: Como provar que o Fundef diminuiu a corrupção? 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Edort MPR Eort MPR Edor MPR como? como saber? como economista que gosta de mostrar os índices.. ((rindo)) agora vamos ver ... agora eu vou ser economista.. Me mostra os índices... Por que há menos? Agora eu vou ser economista não é? Como provar que há menos?..há menos vamos lá...Em SP, antes do Fundef ... eh.... dos 568 municípios de SP, apenas 68.. eh... dos 648 municípios, apenas 68 tinham rede municipal de ensino fundamental. Todos os demais tinham que gastar 25% da arrecadação em educação e não tinham escolas. Onde é que gastavam esse dinheiro? Pavimentavam a rua na frente da escola... construíam ginásio de esporte.. compravam carro pro prefeito.. 3 Escusa, segundo Sottt & Lyman (1968), é um tipo de explicação em que se atribui a terceiros ou a fatores externos a responsabilidade por um problema. 13 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho No exemplo (3), o ministro argumenta que com a implantação do seu programa para o Ensino Fundamental, denominado Fundef, a corrupção diminuiu. Com isso, o entrevistador pede ao ministro que prove que, de fato, houve uma redução na corrupção e que mostre que há menos corrupção com a implantação do Fundef (“Como provar que há menos?”, linha 6). Assim, ao construir sua argumentação, Paulo Renato defende que o Fundef possibilitou um controle maior do dinheiro destinado à educação e para fundamentar sua resposta, ele fala sobre como o dinheiro da educação, no passado, poderia ser gasto- “Onde é que gastavam esse dinheiro?” (Linhas 10 e 11). Entretanto, não consegue provar que essa situação, de fato, mudou, isto é, que o dinheiro da educação não continua sendo gasto para esses fins. Assim, a pergunta retórica e a sua resposta subsequente, ao contrapor passado e presente, comprovam o que ministro defende: agora há um controle maior do dinheiro da educação e, consequentemente, menos corrupção. No entanto, o ministro usa estrategicamente as perguntas retóricas e não prova, com números, conforme proposto pelo entrevistador, que há menos corrupção. 4. Considerações finais Com a análise dos dados, descobrimos uma prática de evasão muito importante que não foi contemplada nas tipologias de Galasinski (1996) e Clayman (2001): evasão por meio do uso de perguntas retóricas. Cabe destacar que não encontramos na literatura nenhuma referência a essa prática de evasão. Entretanto, em nossos dados, respostas que utilizavam essa estratégia de evasão foram muito frequentes. A ocorrência desse tipo de recurso discursivo, no PROCON e na entrevista com Paulo Renato, parece atender a uma meta comunicativa de ordem interacional: a defesa de uma imagem positiva para o respondente, já que são usadas quando as perguntas que lhe são endereçadas podem ser enquadradas como algum tipo de ameaça ou provocação. 14 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho O destaque dado às perguntas retóricas: evasivas, justifica-se primeiro, porque elas foram muito recorrentes nas atividades analisadas; segundo, porque não tinham sido apontadas por nenhum autor como um possível tipo de evasão nas respostas; terceiro, porque, embora elas pareçam exercer a função de direcionar o discurso, podem adquirir funções específicas em diferentes contextos. Notamos que, as perguntas retóricas podem ser utilizadas como recurso argumentativo, mais precisamente como uma estratégia usada para orientar os argumentos para uma dada conclusão (cf. Koch, 1995) ou para sustentar um dado argumento.O ex-ministro utilizou perguntas retóricas em suas respostas, ou em seu papel discursivo de respondente, principalmente, para ter possibilidade de refocalizar e de mostrar/falar sobre o que lhe seria conveniente, esta seria uma forma de resistir ao controle que os entrevistadores detêm sobre os entrevistados, porque em tese, controlam a agenda tópica prevista para o encontro. No PROCON, essas perguntas foram usadas principalmente para desafiar a parte oponente, na tentativa de desqualificar os argumentos da outra parte, posicionando-os como irrelevantes ou questionando a racionalidade dos mesmos. Nas audiências de conciliação, no PROCON, desqualificar os argumentos do outro está a serviço da atribuição ou refutação da responsabilidade pelo problema que deu origem à reclamaçao. Há, entretanto, a necessidade de se aprofundar a investigação, nos contextos, estudados, fazendo-se necessário incluir outros tipos de atividades em futuras pesquisas sobre o tema. Principalmente, seria importante investigar, de forma mais sistemática, as razões discursivas que levam o respondente a evadir-se da resposta. Por exemplo, Bavelas et al (1998) mostra que os políticos optam pela evasão em entrevistas por causa da natureza das perguntas que são utilizadas pelos entrevistadores. Segundo esses autores, as perguntas utilizadas nessas entrevistas exigem um posicionamento claro por parte dos respondentes, o que pode comprometer a imagem pública que querem resguardar. Entretanto, se os políticos não produzem uma resposta, são julgados 15 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho negativamente. Esta parece ser a razão pela qual, no discurso politico, haja uma preferência pelas evasões “encobertas”. Do mesmo modo, acreditamos que as “não-respostas”, nos contextos políticos e nas audiências de conciliação do PROCON, aqui analisados, o uso de evasões encobertas pode decorrer do tipo de perguntas utilizadas: perguntas “ embaraçosas”. Com isso, respostas claras a esse tipo de perguntas pode ocasionar prejuízos à imagem do entrevistado/respondente. Há, nestes contextos, uma constante negociação do que mostrar e do que esconder em termos informacionais, o que justificaria a “evasão” ser uma prática discursiva relevante quando um dos participantes, cria para um outro a “obrigação” de responder, pelo simples fato de tê-lo posicionado no papel discursivo de “respondente”. No caso do programa “Roda Viva”, o entrevistador pergunta sobre aquilo que julga que o telespectador tenha o direito de ser informado. As perguntas podem focalizar questões relativas ao exercício do cargo de Ministro. Responder de forma clara e objetiva pode, entretanto, não ser a melhor opção “política”. No PROCON, as perguntas feitas pelo mediador, por exemplo, podem ter como meta estabelecer/atribuir responsabilidades pelos danos/prejuízos do consumidor. Há aqui, via de regra, interesses conflitantes: o consumidor deve apresentar argumentos que responsabilizem o reclamado e a este cabe, por vezes, refutar os argumentos do reclamante. Uma das razões, então, para o uso frequente de respostas evasivas em nossos dados, pode ser a tentativa de evitar respostas que produzam danos morais ou materiais aos respondentes. Do ponto de vista discursivo, são usadas, principalmente, para mudar ou reformular o foco da pergunta, seja por discordar do que é posto ou pressuposto pela mesma, seja para proteger os interesses do respondente. Referências Bibliográficas: 16 Web - Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande IS SN : 2 17 8 -1 4 86 • V ol u m e 1 • Nú m er o 6 • f e v er ei ro 20 12 Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho BAVELAS, Janet et al. Political Equivocation: A Situational Explanation. Journal of Language and Social Psychology: 1988. p. 137- 145. BULL, Peter. On identifying questions, replies and non-replies in political interviews. 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