ESTUDO COMPLETO II CORÍNTIOS

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ESTUDO COMPLETO II CORÍNTIOS
A A MENTE DE PAULO
ESTUDO COMPLETO II CORÍNTIOS
A OBRA DA CRUZ
Introdução a II Coríntios
Em II Coríntios, Paulo mostra-nos que se nossa intenção é ter um vida plena em Cristo, temos de experimentar Cristo
por meio da obra da cruz (1:9; 4:10-12), e o operar da cruz é para experimentarmos a unção, o selar e o penhor do
Espírito Santo (1:21-22). O ministério provém desta experiência. A Segunda carta aos Coríntios dá-nos um modelo, um
exemplo de como o mortificar da cruz opera, de como Cristo é trabalhado em nosso ser e como nos tornamos a
expressão de Cristo. O pensamento central das Escrituras é a intenção de Deus de trabalhar-se em nosso interior em
Cristo e por meio do Espírito, a fim de que Deus e nós, nós e Deus, possamos ser verdadeiramente um em vida, em
natureza e no Espírito.
Em 2ª Coríntios, Paulo foi adiante, dizendo-lhes que temia que os cristãos fossem distraídos de Cristo. Eles tinham sido
desposados a Cristo, mas ainda almejavam algo além dEle (11:2-3). Paulo os exortou a esquecer todos os outros
objetivos e a tomar Cristo como seu único alvo.
As experiências mencionadas nesse livro são experiências no Santo dos Santos. Esse livro retrata uma pessoa que
estava no Santo dos Santos. Paul e seus cooperadores eram tais pessoas. Eles entraram na boa terra e estavam vivendo
no espírito, experienciando Cristo todo tempo. Eles eram profundos, até mesmo os mais profundos na experiência de
Cristo. 2ª Coríntios pode ser considerada como a autobiografia do apóstolo Paulo. Se você quer saber que tipo de
pessoa o apóstolo Paulo era, deve examinar 2ª Coríntios.
Esta carta fala sobre o ministério da nova aliança, que é constituído, produzido e formado com as experiências das
riquezas de Cristo por meio de sofrimentos, pressões e da obra mortificadora da Cruz. O Corpo precisa de alguns
irmãos que foram trabalhados de forma completa por Deus, a fim de terem algo de Cristo, não simplesmente em sua
mente, como conhecimento a ser ensinado para os outros, mas como as riquezas de Cristo em seu espírito e em todo
seu ser interior, para ser transmitido a outros.
II Coríntios 1
versículos chaves: II Co 1:4-6; 8,9 e 12;
II Coríntios 1:4-6 diz “Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que
estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus. Porque, como as
aflições de Cristo transbordam para conosco, assim também por meio de Cristo transborda a nossa consolação. Mas,
se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é, a qual
se opera suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos” .
Deus nos encoraja em toda a nossa tribulação com um propósito: que sejamos capazes de encorajar a outros. A palavra
grega para consolação no versículo 4 também significa encorajamento. Ser consolado por Deus significa ser
encorajado por Ele.
O operar da Cruz
A obra da cruz terminou com você, levou-o a um fim.Se desejamos ministrar algo de Deus em Cristo aos outros, temos
de sofrer (o sofrimento de Cristo) para ter a experiência. É pelo caminho da cruz que teremos algumas riquezas de
Cristo para ministrar aos outros. O ministério não surge de nenhuma outra maneira, mas somente pelo operar da cruz.
Paulonos disse que Deus colocou-o numa situação onde foi “sobremaneira” (1:8) ou “excessivamente
sobrecarregado” a fim de que ele pudesse confortar a outros. Você pode ser perguntar por que tenho tantos problemas?
Você percebeu que nessa carta existe a frase: “excessivamente sobrecarregado” ou “sobremaneira pressionado”? A
Paulo diz-nos que ele e seus cooperadores foram excessivamente sobrecarregados acima de sua capacidade ou força de
modo que se desesperaram da própria vida (1:8). Quando você se encontra sob determinado tipo de sofrimento, nunca
tente exercitar sua própria força para suportá-lo sozinho. Nunca tente vencê-lo por si mesmo.
Depois que Paulo nos disse que ele e seus cooperadores foram tão sobrecarregados que se desesperam até da própria
vida, ele disse: “Contudo, já em nós mesmos tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e, sim,
no Deus que ressuscita os mortos” (1:9). Quando os apóstolos estavam sob a pressão da aflição, desesperados até da
própria vida, devem ter-se perguntado qual seria o resultado de seu sofrimento. A obra da cruz termina com nosso ego
para que possamos experimentar Deus em ressurreição. A experiência da cruz sempre resulta no desfrute do Deus da
ressurreição. Tal experiência produz e forma o ministério (II Co.1:4-6).
A palavra de Paulo nos mostra que a obra começada em nós precisa ser terminada. Aí, então, aprenderemos a não
confiar em nós mesmos, mas em Deus. Ele está trabalhando por meio da cruz para terminar a obra em nós. (A cruz
terminou para Jesus e quando disse que tudo estava consumado estava também dizendo para nós que a cruz ficava
como herança para nós daí o texto que diz para tomarmos nossa cruz e Segui-lo). Deus está trabalhado para levar-nos
a um fim, até mesmo para que nossa espiritualidade, nossas conquistas espirituais, sejam levadas a um fim.
Em 1:12, Paulo diz: “O testemunho da nossa consciência, de que com simplicidade e sinceridade de Deus, não com
sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e principalmente convosco”. Em sua consciência,
Paulo tinha o testemunho de que andava, movia-se e tinha seu ser nesta Terra não em sabedoria carnal, mas na graça de
Deus. Para alguns, sabedoria pode ser uma maneira inteligente de enfrentar determinada situação, mas essa sabedoria
vem da nossa mente. A sabedoria humana é algo que você possui visando fazer algo para si mesmo. A graça de Deus é
que você não faça nada, mas que Deus faça tudo em seu interior. Não é você fazer algo para enfrentar a situação, mas
permitir que Deus faça tudo em você e por você. Não podemos fazer nada humanamente falando: ir ao monte, jejuar,
comprar seu passaporte com dízimos, com campanhas. O nosso papel no tomar a cruz é deixar que a Espada do Espírito
penetre dentro de nós e nos corte dividindo o que o pecado misturou e lutar pela transformação de nosso entendimento.
Paulo disse que se conduzia na simplicidade e sinceridade de Deus. Simplicidade pode também significar singeleza.
Deus é simples e Deus é singelo. Quanto mais estamos na carne e na alma, mas complexos somos. Então não temos
simplicidade, mas complexidade. Uma pessoa almática é muito complexa. Quanto mais ficamos no espírito, mais
somos simples e sinceros. Somos sinceros na motivação, no objetivo e em tudo o que desejamos. Em 1:12 estão a
simplicidade ou singeleza de Deus, a graça de Deus e a sinceridade de Deus. Se fomos tratados com a cruz, de tal
maneira que ela nos levou ao fim, seremos pessoas pacíficas que desfrutam e experimentam a graça de Deus cuidando
de tudo por nós. Assim seremos tão simples e tão sinceros em nossa motivação e em nosso objetivo. Desfrutaremos a
graça de Deus e teremos a simplicidade e sinceridade de Deus.
considerado o precursor da logoterapia foi vitimizado pelo abuso nazista, ele diz que o espírito humano
tem um cordão umbilical chamado consciência. O que ele quer dizer? Como o nosso corpo biológico tem um cordão
umbilical que evidencia que ele tem origem em outro corpo biológico. O nosso espírito também tem um cordão
umbilical que evidencia que ele também tem origem em um outro Espírito, que é o Espírito de Deus. E esse cordão
umbilical do espírito humano chama-se consciência. É a interpretação do Victor Frankeu, muito próxima a
interpretação do livro de provérbios que vai nos dizer que a nossa consciência é a lâmpada que Deus se utiliza para
falar conosco. Essa compreensão nos mostra que a voz de Deus vem de dentro e não de fora.
Victor Frankl
Quando Joana Dark foi martirizada e quando ela estava morrendo, ela disse: essa noite eu ouvi a voz de Deus, e os
seus torturadores lhe disseram: você ouviu apenas a voz da sua consciência, a voz que está aí dentro de você; e ela
disse, pois é assim mesmo que eu ouço a voz de Deus.
O selo e o penhor do Espírito Santo
Quando a cruz de Cristo trabalha em você, este trabalho introduz a ressurreição. Portanto, em 1:21-22 diz-se que Deus
nos ungiu, nos selou como sua propriedade e pôs o seu Espírito em nossos corações. Se desejamos ministrar algo de
Cristo a outras pessoas, temos de experimentar Cristo pelo operar da cruz, e o operar da cruz é pelo penhor - Espírito
Santo.
Deus nos ungiu Consigo mesmo. A unção de Deus em nós é a transmissão de todos os Seus elementos divinos em nós.
Quando éramos incrédulos, não tínhamos os elementos divinos. Somente tínhamos o elemento humano. Deus nos ungiu
Consigo mesmo a fim de podermos ser totalmente mesclados a Ele e sermos totalmente um com Ele.
A unção transmite os elementos de Deus para o nosso interior e o selo imprime os elementos divinos para expressar a
imagem de Deus. Se, com um carimbo carimbarmos um pedaço de papel, a figura do carimbo será deixada no papel. O
selar nos dá a figura ou a imagem. Deus não somente nos ungiu com todos os Seus elementos, como também selou-nos
com Sua própria imagem.
Vamos relembrar da reflexão do último encontro de domingo, que foi dito que quando Deus não tiver mais nenhuma
razão para nos tolerar, para nos perdoar, será por causa dessa marca (do Selo do Espírito Santo) e não porque nós
somos bonzinhos que Ele continuará derramando do Seu favor e da Sua graça sobre nós. Esse foi o maior ato de amor
de Deus, se fazer presente dentro de nós através do seu Santo Espírito.
Deus a partir da vida, da morte, da ressurreição de Cristo e do derramamento do Seu Espírito Santo; deixou de ser um
Deus que está do lado de fora de nós e passou a ser um Deus que está do lado de dentro de nós. Um Deus encarnado,
o Emanuel, “Deus em mim”. Embora também Deus esteja do lado de fora, mas em relação a nossa intimidade com Ele,
o lugar do divino não é mais fora de nós, mas dentro de nós. Essa é a grande diferença do evangelho, o Espírito Santo
habita em nós.
Se não entendermos que Deus mudou de endereço, nós estaremos buscando mais uma versão da busca pelo divino.
Temos que entender que Deus não está mais LÁ, mas Ele está AQUI, dentre de nós
Não seja manipulado pelas vozes do lado de fora, ouça a voz do Espírito que está dentro de você.
Deus mudou de endereço, busque Deus aí, dentro do seu coração. Pois foi assim que Jesus nos ensinou, quando você
quiser falar com Deus feche a porta do seu quarto, busque-o em secreto. Eu sei que você pode interpretar esta passagem
literalmente, mas você também pode interpretar dizendo, se eu quiser ouvir Deus, eu preciso buscá-lo no mais íntimo
do meu ser e fazer que se cale a força das outras vozes, até que a voz Dele se pronuncie dentro de mim.
Fechar a porta, buscar o lugar do silêncio, sem ruídos, sem interferências, não é apenas fechar a porta do seu quarto
para não atender um telefonema. É calar as vozes que estão lá do lado de fora, lhe impedindo de avançar e de
prosseguir.
Para refletir...

O que Paulo quer dizer quando ele fala no v:12 sobre consciência?
II Coríntios 2
PERDÃO
“Falar de perdão é falar de Deus, é falar da graça, é falar da capacidade de oferecer aos outros uma memória
apagada, sem registros, sem mágoas e sem as tatuagens do ressentimento. Perdoar é deixar o outro nascer de novo em
nossa história, sem a memória que fizeram dele uma desagradável lembrança. Falar de perdão é falar de algo que o
mundo não ensina. É falar de vida, de saúde, de paz e da verdadeira humanidade individual que se transforma na
semelhança de Deus, pois quem não perdoa adoece e se deforma como gente. Falar de perdão é falar do sentimento
essencial para se viver com o coração descoberto neste mundo de agressões e de facas afiadas. Falar de perdão é
falar de Jesus na nossa vida” (Caio Fábio).
Sobrevoando no texto II Coríntios 2:5-11
O que significa pedir perdão?
Às vezes nós esbarramos em alguém e pedimos “desculpa” e a pessoa faz um aceno dizendo tudo bem e a vida
prossegue. Mas pedir desculpa é bem diferente de pedir perdão. Quem pede perdão admite ser alguém ainda sob o
controle do pecado, ainda adoecido pela raiva. Pede perdão aquele que desejou matar, aquele que desejou morrer;
aquele que está doente e precisa de cura. Embora o cristão sempre procure andar na luz para agradar ao Senhor,
também é verdade que há anseios sombrios dentro de nós que pedem satisfação, coisas que não ousamos falar em
público. Assim mesmo os que procuram ser bonzinhos e equilibrados, podem manifestar sua maldade e desequilíbrio
vez por outra. Uma palavra cortante ou uma agressão física podem ser tão traumatizantes que causam seqüelas de longa
duração. Pedir perdão depois de agir assim, significa admitir que há algo errado, algo que precisa de conserto, uma
admissão de que não somos o que gostaríamos de ser.
Por isso não há lugar para a falta de perdão em uma comunidade cristã, porque sem ele estas feridas continuarão
abertas. Todos nós devemos admitir que estamos sendo transformados à imagem de Cristo (Ef 4:24), mas que a obra
ainda não está completa, e que até lá devemos admitir nossa fraqueza, renovar a esperança e nos perdoarmos
mutuamente. Todos nós cometemos erros, podem ser erros involuntários, mas boa parte deles é fruto da insegurança,
orgulho, inveja, sentimento de superioridade etc... Todos esses frutos negativos surgem da falta de amor. Fazemos
vítimas com o nosso comportamento e somos vítimas do comportamento dos outros. Por isso precisamos de perdão
mútuo. Sem perdão a comunidade cristã se esfacela debaixo do peso dos frutos da carne.
A comunidade a qual falta perdão é uma comunidade fraca. Quando Paulo menciona o perdão necessário para a
comunidade de Corinto, afirma que por amor ele perdoa qualquer pessoa que a comunidade perdoar (II Co 2:10,11).
Ele faz isso para que Satanás não ganhe vantagem sobre nós, pois seremos uma corrente forte bem ligada pelo vínculo
da paz e pelo perfeito amor. Se estivermos conscientes disso também estaremos preparados para evitar as maquinações
do inimigo. Já uma comunidade forte é aquela que sabe precisar do perdão mútuo, para que a falta dele não corroa os
elos das correntes, enfraquecendo-a. É quando admitimos nossas falhas e fraquezas é que nos tornamos fortes, pois o
perdão mútuo estreita os vínculos de amor e tira do inimigo qualquer vantagem que tenha sobre nós.
Leia atentamente II Co 2:7 e veja que existe uma punição para aquele que traz tristeza para
Iluminando a pista... a comunidade. Perdão é coisa séria. Pede perdão aquele que sabe ter se comportado de
acordo com a sua natureza pecaminosa. Quando o perdão se faz necessário, a tristeza gerada pelo pecado cometido já
está presente. O pecado deve ser “confrontado”, pois o perdão precisa ser específico.
Quando Paulo diz que “a punição pela maioria é suficiente”. Até esse ponto a correção é saudável e visa restaurar o
indivíduo faltoso e a comunidade. Mas Paulo alerta que a correção não pode se arrastar por mais tempo que o
necessário, sob pena de esmagar o irmão perdoado sob o peso da culpa que lhe é imposto. A tristeza excessiva surge
quando a correção não é seguida pelo acolhimento. É manter a punição sem conceder o alívio proporcionado pelo
perdão. Não é assim que Deus age. Quando a igreja corrige o faltoso está em sintonia com o ensino bíblico. Mas
quando se apega demais à correção, esquece-se que o objetivo é sempre a restauração dos relacionamentos com Deus e
com o próximo. É o mesmo que “jogar na cara” repetidamente o pecado cometido por uma pessoa que já se arrependeu.
Nesse ponto a medida exagerada da correção envenena a alma do faltoso, causa-lhe tristeza excessiva e se desvia do
ensino bíblico.
O passado não é apagado- perdoar não é esquecer. O pecado cometido no passado permanece na memória, mas não
exerce mais influência negativa sobre o presente. Assim neste contexto, perdão significa não permitir que o passado
defina o presente. O pecado que separou irmãos perde seu poder e os relacionamentos podem então ser restaurados.
Punição sem acolhimento é sinal de falta de perdão. O perdão que Deus nos concede precisa ser espalhado por nós, uns
aos outros, em qualquer comunidade. Efésios 4:3 nos faz entender que devemos ser bondosos e compassivos uns para
com os outros, é preciso distribuir na comunidade, o perdão que Deus já nos concedeu. E em Colossenses 3:14 nos faz
entender como o perdão ajuda quando precisamos a lidar com as queixas.
Você quer perdoar? Então decida, pois perdão é uma decisão; perdão é você liberar –
Aterrissando na Palavra soltar alguém de dentro de você. Se você diz que perdoou apenas porque aceitou o
culpado, mas lembra a ele de seu erro sempre que ele erra, então, você não o perdoou, apenas o seqüestrou a você. O
perdão não tira a nossa memória dos fatos, mas tira a emoção deles, e, além disso, mata o fato/passado como argumento
para a vida contra a pessoa.
Ninguém é obrigado a ficar com ninguém mesmo depois de perdoar o ofensor. Aliás, até para que duas pessoas se
separem é essencial que se perdoem. No entanto, se decidem continuar perdoadamente juntos, então, que o tema da
ofensa não volte nunca mais. Cada ofensa é uma ofensa. Quem perdoa lida com cada uma, não com o montante das
ofensas, pois, se a cada nova ofensa tudo voltar..., é porque perdão nunca houve.
Jesus mandou perdoar até 70 x 7 o mesmo individuo em um só dia. Mas a cada perdão não se deve trazer a multidão
dos outros para o encontro com a verdade. Ou, então, melhor é não dizer que se perdoou. O grande desafio do perdão é
desistir da ofensa do outro como direito nosso contra ele! Quem perdoa não perde a memória, mas desiste do direito de
acusar ou de reter a memória como raiva ou crédito. Por isto o perdão é um ato de fé e não de emoção, pois pela
emoção ninguém perdoa ninguém.
Somente pela fé que antes olha para o próprio perdão que se recebe de Deus todos os dias, é que alguém pode praticar o
perdão como decisão de graça e como privilégio. Mas enquanto perdoar é um fardo e uma obrigação, todo perdão será
apenas sacrifício. Perdão é vida quando se torna privilégio em fé! O perdão do homem para o homem deve ser
repetição do perdão de Deus aos homens. Os homens perdoados por Deus são eternamente devedores de perdão ao
próximo. Só entenderemos o impacto positivo do perdão quando entendermos que o perdão de Deus está vinculado ao
perdão que entendemos ao nosso próximo. Pois o mandamento principal é amar a Deus e ao nosso próximo como
amamos a nós mesmos. Amamos a Deus, amando o nosso próximo.
Pondo os Pés nos chão...
1- Tente explicar para si mesmo e para o grupo porque o perdão é tão necessário em uma
comunidade cristã?
2- Você já viu uma comunidade ser enfraquecida por falta de perdão mútuo? E quais são as
maquinações de Satanás que dão a ele vantagem sobre nós?
3- O que aconteceria em nossa comunidade se estivéssemos sempre dispostos a perdoar os irmãos
que nos prejudicaram?
4- Como você descreveria a alegria de ter sido perdoado? Você tem algum caso de relacionamento
restabelecido por causa do perdão mútuo? Compartilhe conosco.
5- Você acha que poderia pedir perdão a Deus sem perdoar aqueles que o prejudicaram?
Ore, reflita e faça uma lista das pessoas que precisam do seu perdão. E depois decida a
tomar uma posição.
II Coríntios 3
A NOVA ALIANÇA
Tempo da Graça
“A extensão da Graça em nós é para dentro e para fora do ser — no íntimo, como vida no “secreto”;
e publicamente como expressão da existência em missão no mundo.” (Caio Fábio).
Depois de toda a catástrofe acontecida entre os evangélicos nos últimos anos, com a prevalência da Teologia da
Prosperidade contra e sobre o Evangelho de Jesus, a simples idéia de Graça, de favor imerecido, foi banida pelo
paganismo dos sacrifícios feitos à base de muita Barganha com Deus. Quando o salmista diz que a Graça é melhor que
a vida, é porque ela é maior que a vida. Ou seja, o que se tem na Graça de Deus é toda suficiência para todas as
dimensões da existência. A Graça começa como verdade de Deus para nós, mas seu caminho é levar-nos a tratar da
verdade-nossa-em-Deus. Entretanto, a nossa verdade para Deus é feita da decisão que se toma de deixar que a Graça
nos trate em verdade em todas as áreas de nosso ser.
A Graça não apenas tira o homem do inferno, mas tira o inferno do homem. A Graça é loucura; pois, Deus é amor,
Deus é Graça; e tudo o mais que de Deus se possa falar ou discernir acontece como Graça — justiça, verdade, juízo,
perdão, santificação e qualquer outro atributo de Deus, nada mais são do que Graça; assim como também tudo de bom
que se pode provar como fruto do Espírito decorre exclusivamente do amor.
Viver pela Graça significa viver em permanente estado de inimizade contra todas as Teologias Morais de Causa e
Efeito. "Pela Graça somos salvos, mediante a fé". Isto porque quem crê na Graça de Cristo, conforme o Evangelho,
não faz barganhas com Deus! É uma questão de amor e fidelidade à Cruz de Cristo, pois a Lei morreu nele.
Sobrevoando no texto II Coríntios 3 e 4: 1-6
O que é a velha e a nova aliança ?
A nova aliança é instituída pela graciosa oferta de Deus da sua presença salvadora através de Jesus Cristo. E a velha
aliança é a tentativa do homem fazer o seu melhor para agradar a Deus. Mas a nova aliança é Deus fazendo tudo por
nós. Na velha aliança tudo vem de mim, nada de Deus; na nova aliança, tudo vem de Deus, nada de mim.
Paulo descobriu o segredo da nova aliança, não foi logo depois da sua conversão. Ele queria fazer a obra de Deus do
seu jeito, na sua força, pelas suas estratégias; ele ainda estava vivendo na velha aliança. Mas no decorrer da caminhada,
Deus estava mostrando a ele que não é por força nem por violência, mas pelo Espírito que a obra é feita (Zc 4:6).
Somente depois de quatorze anos Paulo aprende que nada vem de nós; tudo vem de Deus.
Leia atentamente II Co 3:3,6 e veja que a velha aliança foi um código de leis escritos em
Iluminando a Pista
tábuas de pedra, fora de nós. A nova aliança é a própria Palavra de Deus escrita em nossos
corações; ou seja, dentro de nós. A velha aliança gravada com letras em pedra é chamada por Paulo de ministério de
morte. Isso porque a lei revela o pecado, mas não a tira. A lei condena, mas não absolve.
O ministério do Espírito - a nova aliança, sob a qual os pecados são perdoados para nunca mais serem lembrados; é um
ministério que traz vida, porque na nova aliança o pecador é substituído por Cristo, e em Cristo, ele recebe o perdão dos
seus pecados. Cristo morreu a nossa morte, para vivermos a sua vida. O ministério do Espírito é aplicar em nós os
benefícios da redenção de Cristo. A velha aliança aponta a culpa e a condenação. O problema não é a lei, pois ela é
santa, justa, boa e espiritual, mas a carne é fraca, doente e impotente (Rm 8:3).
A nova aliança é o ministério da justiça porque o pecador é justificado por meio do sangue de Cristo. Cristo não apenas
paga a nossa dívida, dando-nos o perdão, mas também põe em nossa conta sua infinita justiça de tal maneira que já
nenhuma condenação há para quem está nele (Rm 8:1).
Paulo diz que o propósito de Deus ao inaugurar a nova aliança do Espírito era exatamente este: que as exigências justas
da lei pudessem ser cumpridas nas pessoas que andam segundo o Espírito. A lei nos serviu de aio para nos conduzir a
Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé (Gl 3:24). O fim da lei é Cristo (Rm 10:4). A lei aponta o pecado, mas
não o remove. Ela é como um raio X que detecta um tumor, mas não o remove. Paulo diz que a velha aliança é como o
brilho no rosto de Moiséis. O seu brilho apagou, mas o brilho no rosto de Cristo é permanente, e esse brilho representa
a nova aliança, uma aliança permanente e revestida de glória. Moisés temeu que percebessem ter-se apagado o brilho
da sua face e continuou com o véu quando não mais precisava dele. O véu disfarça, esconde, separa. Muitas vezes, nós
também tentamos esconder nosso fracasso espiritual, familiar, profissional, ministerial, usando um véu – máscara. A
vida cristã deve ser um contínuo remover de máscaras. Assim como Moisés escondeu sua glória apagada atrás de um
véu, assim também escondemos quem nós somos atrás de muitas máscaras. Que máscaras são essas?
Uma delas é a máscara do legalismo. Os fariseus puseram essa máscara, o véu do orgulho e da obediência externa.
Mas, Jesus os desmascarou e os chamou de hipócritas, de sepulcros caiados, que honravam a Deus apenas de lábios,
enquanto o coração estava longe do Senhor. Os fariseus não tinham coragem de confrontar seus próprios pecados e
condenavam na vida dos outros, aquilo que eles mesmos não praticavam.
Há muitas pessoas, ainda hoje, que estão presas à velha aliança com suas leis, ritos,
Aterrissando na Palavra cerimônias e com o véu sobre o coração. Cristo nos libertou da lei, o véu é removido pela
conversão a ele (3:15 -17).
Na conversão recebemos um novo coração, uma nova mente, uma nova vida, novos hábitos. Na conversão morremos
para o mundo, para o pecado, para carne e ressuscitamos para uma nova vida em Cristo. Na conversão nos tornamos
filhos de Deus por adoção e nascemos do Espírito; nela nos despojamos das roupagens do velho homem e nos
revestimos de Cristo. Assim, as máscaras do engano, da mentira, da falsidade, da hipocrisia, da justiça própria e da
dureza de coração que enchiam o guarda-roupa do velho homem não são mais compatíveis com a nova vida que
recebemos em Cristo Jesus. Viver em Cristo é viver na verdade, na luz, é viver sem máscaras.
A liberdade é alcançada pelo Espírito Santo. A velha aliança traz escravidão, mas a nova aliança produz liberdade. A
liberdade é a presença vivificadora do Espírito Santo. Ele nos liberta de toda a idéia de viver de aparências. Quando
vivemos no Espírito temos a liberdade de viver uma vida autêntica e quando andamos nele, desistimos das desculpas
infundadas para esconder ou justificar nossos pecados. A liberdade que o Espírito nos dá não é para torcermos as
Escrituras, mas para vivermos vitoriosamente sobre o pecado.
James Hastings diz que liberdade não é licença para viver de qualquer maneira. Há dois tipos de liberdade: a falsa
liberdade é aquela que o homem é livre para fazer o que quer; a verdadeira é aquela que o homem é livre para fazer o
que deve. Uma pessoa livre pode todas as coisas, mas nem tudo convém. O Espírito de Cristo oferece liberdade na
esfera do pensamento, da conduta e da vontade. Jesus disse: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo
8:32). Quem vive na nova aliança é livre e é transformado progressivamente na imagem de Cristo. O véu é retirado do
coração não apenas no ato da conversão, mas o processo de santificação é um contínuo remover de máscaras. O projeto
eterno de Deus é nos transformar à imagem de Cristo e refletir em nós o seu caráter.
Warren Wiersbe diz que sob a antiga aliança somente Moiséis subiu ao monte e teve comunhão com Deus; mas sob a
nova aliança todos os cristãos têm o privilégio de desfrutar da comunhão com o Senhor. Por meio de Cristo, podemos
entrar no Santo dos Santos (Hb 10:19,20); e não precisamos escalar uma montanha. Ser transformado de glória em
glória, ou seja, a imagem de Cristo, é um processo contínuo. A palavra grega “de glória em glória” descreve uma
mudança exterior resultante de um processo interior.
A lei pode nos levar a Cristo (Gl 3:24), mas somente a Graça pode nos tornar semelhante a Ele.
Pondo os Pés nos chão...
1 O que você pensa sobre a afirmação do salmista quando diz que “A Graça é melhor do que a
vida” ?
2 Como a compreensão desta Graça afeta a sua vida?
II Coríntios 4
TESOUROS EM VASOS DE BARRO
Sobrevoando no texto II Coríntios 4
Você veio ao mundo para ser um vaso de honra e não de desonra. Deus decidiu guardar Seus tesouros em nós, para que
a excelência do poder seja dele, e nunca nossa. Pois o Seu poder se aperfeiçoa em nossa fraqueza, pois, do contrário,
certamente ficaríamos arrogantes. Por essa razão é que em “tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos,
mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (II Co 4:8).
E se desejamos ser instrumentos de Deus, algo que é pura obra da Graça, ainda mais teremos que conhecer o caminho
da fraqueza, a fim de que discirnamos nossos próprios corações. Por essa razão é que aquele que é visto como alguém
que edifica os outros, mais profundamente conhecerá a operação da morte para que outros possam experimentar a vida.
“As dores de uns são as sabedorias que trarão vida a outros” (Caio Fábio).
Somente pessoas conscientes de sua própria fraqueza podem experimentar esse privilégio como gratidão, e nunca como
arrogância. É por essa razão que não desfalecemos nunca. Mesmo quando vemos o nosso “homem exterior” se
consumindo, pois sabemos que existe uma contrapartida. Afinal, na mesma proporção, o nosso “homem interior” se
renova de dia em dia (16-18).
Temos um tesouro eterno habitando em nossa fraqueza. Ora, tal consciência gera muita paz. Afinal, sabemos que a
nossa tribulação na terra é leve e momentânea, mas produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de
glória. Dessa forma, devemos andar pela fé. Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não vêem.
As coisas que pertencem aos sentidos — as que se vêem — são temporais, enquanto as que se não vêem são eternas.
Quem tem essa consciência em fé já não se queixa. Tampouco julga que o vaso seja importante. Afinal, somos vasos de
barro, tirados do pó — e ao pó voltaremos! Mas o tesouro, esse sim, é eterno. E já nos habita como santa contradição
da Graça, embora nós seus portadores, sejam sempre expostos à fraqueza.
Nós somos o vaso de barro, frágil, mas dentro de nós existe um tesouro inestimável valor. Esse tesouro é o evangelho.
O vaso é frágil, mas o evangelho é poderoso. O vaso não tem beleza em si mesmo, mas o evangelho traz o fulgor da
glória de Deus na face de Cristo. O vaso se quebra e precisa ser substituído, mas o evangelho é eterno e jamais pode ser
mudado.
Willian MacDonald diz que há alguma coisa muita errada quando o vaso rouba o tesouro de sua glória, quando o
mostruário chama mais atenção do que a jóia que ele exibe; quando os talheres de uma mesa ganham mais destaque do
que a própria refeição. A fraqueza do vaso ressalta a excelência do poder de Deus. O vaso não pode se orgulhar por ser
portador de um tesouro. Paulo não temia o sofrimento nem as tribulações, pois sabia que Deus guardava o vaso,
enquanto este guardasse o tesouro. Todo vaso tem um propósito e uma finalidade. Ele é feito para conter algo e para
transportar algo. Precisamos ser vasos de honra, úteis e preparados para toda boa obra (II Tm 2:21).
Leia atentamente II Co 4:8, 9 “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados;
Iluminando a Pista
Perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos,
porém não destruídos”. Neste texto ilustra uma série de declarações paradoxais. Elas refletem de um lado, a
vulnerabilidade de Paulo e de seus companheiros, e, de outro lado, o poder de Deus que os sustenta.
A vida cristã não é uma estufa espiritual nem uma sala vip. Ser cristão não é pisar tapetes aveludados, mas cruzar
desertos abrasadores. Ser cristão não é ser aplaudido pelos homens, mas carregar no corpo as marcas de Jesus.
“Atribulados, mas não angustiados”. A tribulação é uma prova externa, enquanto a angústia é um sentimento interno.
A tribulação produz angústia (Sl 116:3), mas Paulo mesmo enfrentando circunstâncias adversas era fortalecido pelo
Senhor.
Aterrissando na Palavra
Trazendo essas verdades para os nossos dias, esse texto pode se aplicar a duros golpes
Que parecem vir do nada sobre a nossa vida, como um câncer, um acidente fatal. Pelo poder de Deus somos
capacitados, e então reagimos de forma sobrenatural a fim de que Deus seja glorificado, e as pessoas sejam impactadas
pelo nosso testemunho. Se passamos por tribulações é para que Cristo seja glorificado.
O propósito final da nossa existência, do nosso trabalho, do nosso sofrimento é para a glória de Deus. O fim principal
do homem não é buscar sua própria glória, mas glorificar a Deus. Tudo começa que começa com a graça conduz à
glória.
Pondo os Pés nos chão...
* O que você pensa ao saber que você veio ao mundo para ser vaso de honra e não de desonra? E o
que é isso na prática do seu dia a dia?
II Coríntios 5 e 6
MINISTÉRIO DA RECONCILIAÇÃO
O Amor de Cristo nos Constrange
Sobrevoando no texto II Coríntios 5 e 6
Cristo morreu para que vivêssemos por meio d’Ele, para Ele, com Ele e ainda para que experimentássemos a realidade
da nova criação. Cristo não morreu por nós para vivermos uma vida egoísta e centrada em nós mesmos. Obviamente,
não servimos a Cristo para sermos salvos, mas porque já fomos salvos. As nossas boas obras não são causa da nossa
salvação, mas sua conseqüência.
O apóstolo Paulo admite haver um tempo quando tudo quanto ele sabia sobre Cristo era o que os outros homens
diziam. Entretanto, agora ele não o conhece mais assim. Toda a perspectiva de vida de Paulo mudou. Coisas que antes
haviam sido consideradas importantes, agora se vêem despidas de valor (Fl 3:4-8). Ele não se orgulha mais da posição
humana, apenas de sua posição diante de Deus, que é o dom da graça (5:2). Talvez a melhor evidência de que a nova
aliança está operando em nós é a mudança que ocorre em relação à maneira como vemos os outros. Sua posição,
dinheiro, cor, deixam de ser importantes, e todas as pessoas passam a ter um valor infinito, pois são feitas à imagem de
Deus.
Leia atentamente II Co 5:17 “Se alguém está em Cristo, nova criatura é. As coisas antigas
Iluminando a Pista
já passaram; eis que tudo se fez novo”. Neste texto Paulo está falando de novos hábitos,
pensamentos e desejos de quem está em Cristo. Não está aqui a idéia de mudança do passado da pessoa, mas sim,
mudança de sua posição em relação a Deus e ao mundo. Está em Cristo é participar antecipadamente da nova criação
de Deus. É ter um gosto antecipado da restauração de todas as coisas.
O pecado divide e desintrega. Ele provocou um abismo espiritual, pois separou o homem de Deus. Um abismo social,
pois separou o homem do seu próximo e um abismo psicológico, pois separou o homem de si mesmo. O mundo está
marcado pelas tensões do pecado. Nesse mundo empapuçado de ódio, ferido pelo pecado e distante de Deus, a
reconciliação é uma necessidade imperiosa.
Aterrissando na Palavra
A palavra grega para reconciliação significa: mudança de forma. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo
(5:18 e19). A reconciliação é a remoção da barreira alienadora entre o homem e Deus. A reconciliação é iniciativa
divina. O homem é o ofensor e Deus é o “ofendido”. A reconciliação deveria ter partido de nós, a parte ofensora, mas
partiu de Deus, a parte ofendida.
O evangelho não é o homem buscando a Deus, mas Deus buscando o homem. Foi o homem quem caiu e se afastou,
mas foi Deus quem busca; “com amor eterno eu te amei e com benignidade eu te atraí” (Jr 31:3). O amor de Deus por
nós é eterno. O homem pecou mais Deus continuou amando o homem da mesma maneira. Os puritanos diziam que não
há nada que possamos fazer para Deus nos amar mais e nada que possamos fazer para Deus nos amar menos. Seu
amor é imutável.
Deus poderia ter nos tratado como tratou os anjos rebeldes. Eles foram conservados em prisões eternas (Jd 6:13) e em
permanente estado de perdição. Mas Deus providenciou, para nós, um caminho de volta para Ele. Cristo é esse caminho
(Jo 14:6). Na verdade, não foi à cruz de Cristo que gerou o amor de Deus; foi o amor de Deus que gerou a cruz (Jo
3:16). A cruz estava cravada no coração de Deus desde a fundação do mundo (Ap 13:8). Pois ela foi o preço que Deus
pagou para nos reconciliar consigo. A cruz é a prova cabal de que Deus está de braços abertos para nos receber.
A nossa reconciliação com Deus custou-lhe um preço infinito, a morte do seu próprio Filho. Quando Deus criou o
homem, ele pôs a mão no barro. Mas quando Deus foi salvar o homem, Ele entrou no barro, pois o verbo se fez carne e
habitou entre nós.
Pondo os Pés nos chão...
Depois de tudo o que Deus fez por você, da morte de Cristo em seu favor, se você desprezar essa
oferta de amor, nada mais lhe resta senão uma horrível expectativa de juízo. Receber a graça de Deus
em vão é rejeitar a oferta da reconciliação, é escarnecer da graça, é fazer pouco caso do amor de
Deus, é virar as costas para Deus. (6:1). Hoje é o dia oportuno de você se reconciliar com Deus. Hoje,
a porta da graça está aberta. Amanhã pode ser tarde demais!
II Coríntios 7 ao 13
Aterrissando na Palavra
O capítulo 7 está baseado nas grandes promessas de comunhão com Deus, Paulo pede a cada discípulo para purificarse de toda impureza: da carne (imoralidade, obras da carne) e do espírito (idolatria, doutrinas e práticas erradas). E pede
para aperfeiçoar a santidade com reverência e respeito para com Deus.
Paulo volta a falar sobre os problemas entre ele e os coríntios. Ele pede que abram seus corações, afirmando que ele
sempre agia em boa fé e sinceridade. Ele comentou sobre a severidade de uma carta anterior (é possível que houvesse
outra carta entre 1 e 2 Coríntios, na qual Paulo repreendeu algumas atitudes erradas dos coríntios. Muitas pessoas
acreditam que, entre as duas cartas, Paulo teria feito uma visita a Corinto e que, devido alguns problemas com os
irmãos na visita, teria mandado uma carta severa, corrigindo-os).
Ele se alegrou por causa do arrependimento verdadeiro deles. No versículo 10, ele fez um comentário valioso sobre a
tristeza e o arrependimento. A tristeza de entender que o nosso pecado fere ao próprio Deus produz o arrependimento
verdadeiro que leva a salvação. Mas a tristeza do mundo, de se lamentar por causa de conseqüências pessoais e
imediatas, sem compreender os efeitos maiores do pecado, não produz o arrependimento que Deus quer. Pode causar
algum sentimento de remorso (como Judas Iscariotes sentiu quando devolveu o dinheiro da traição), mas não produz o
arrependimento verdadeiro que precisamos para sair do pecado.
Além da sua alegria devida ao arrependimento dos coríntios, Paulo ficou mais contente ainda quando ouviu de que
maneira eles trataram Timóteo. Paulo começou este capítulo com tristeza, pedindo que eles abrissem os corações para
aceitá-lo. Encerrou o capítulo elogiando a atitude dos coríntios, e dizendo que tinha plena confiança neles.
Nos capítulos 8 e 9, Paulo incentiva os coríntios a participarem liberalmente da assistência aos santos necessitados na
Judéia. Neste ensinamento, encontramos instruções e exemplos que mostram um aspecto do verdadeiro amor entre
irmãos em Cristo. Os que tinham condições financeiras ajudaram outros que necessitavam de assistência.
Vemos que ao lado da apresentação cristocêntrica do evangelho, Paulo enfatiza o assunto do dinheiro. Interessante é
que dinheiro foi o segundo tema mais abordado por Jesus na sua pregação terrena, só perdendo para o tema do Reino de
Deus. Quando idolatrado, recebe o nome de uma divindade: Mamom! Certamente este é um tema delicado na Igreja
hoje. Por isto também ele deve ser analisado à luz da Bíblia a fim de aprendermos como exercitar o uso do mesmo,
como saúde moral, espiritual e acima de tudo com a ética que a palavra de Deus nos impõe.
Paulo mostra que não basta contribuir, mas há que se ter motivação correta e atitudes claras no ato de dar. Para evitar
equívocos, ele cita os cristãos Macedônicos como modelo de contribuintes, salientando atitude que dignificam sua
participação nas necessidades financeiras da Igreja. Eles contribuíam com sacrifício muitas vezes (8:2, 3); contribuíam
com alegria. Também o faziam generoso e liberalmente (9:5, 11 e 13). Faziam isto voluntariamente (8:3), achavam a
oportunidade de fazê-lo um privilégio (8:4). Eles contribuíram comprometidamente, pois a si mesmo se deram.
As ofertas eram feitas com sinceridade e proporcionalmente, livre do legalismo que leva as pessoas a fazerem contas
para arcarem com o exigido. Acima de tudo, o faziam com amor. O interessante é que lendo sobre o assunto, em
nenhum momento os vemos tendo debates a respeito de percentuais de contribuição, tais como o bruto ou na questão do
dízimo ou se é legítimo ou não levantar oferta publicamente. Por que era assim? Porque seus corações eram puros em
solicitar e em contribuir. Não contribuíam porque entediam que deviam compartilhar com menos necessidades e porque
consideravam a causa do evangelho justa e digna. Essa era a razão porque o faziam com alegria no coração. Quem tem
o coração puro não precisa se explicar muito. Simplesmente faz para Deus e abençoar o próximo. Não se trata de fazer
negócio com Deus. Há muitas motivações nobres para se contribuir, mas a maior de é o amor! Os que assim o fazem,
mostra Paulo, não estão preocupados em obedecer às leis religiosas, retribuir benefícios, sustentar causas, lucrar ou
fazer negócios com o Pai. Contribuem como quem entrega um tesouro nas mãos de Deus, sabedores que Ele é digno,
de receber glória, honra, poder, riquezas, entre todos os homens, pelos séculos dos séculos.
O que o Apóstolo diz sobre os resultados desta contribuição por amor?
Ele mostra alguns resultados: a) As necessidades dos santos são supridas (9:2) e assim se concretiza a comunidade
cristã com o seu ideal de justiça social, algo promovido pelo amor e não pela lei. b) As pessoas abençoadas tributam
graças a Deus, pois estas contribuições são para elas, a expressão do amor de Deus e por isto a Ele Louvam e
agradecem (9:11-12), e finalmente, um terceiro resultado: c) Acontece a glória de Deus. Paulo diz que as pessoas
“glorificam a Deus pela obediência de vossa confissão quanto ao evangelho” (9:13).
As pessoas percebem que a vida cristã não é um discurso, ou seja, muitas palavras com poucas ideias, mas uma
verdadeira pratica que é capaz de gerar gente e comunidades cujo interesse maior em tudo isto é a glória de Deus e não
dos homens. Finalmente Paulo, o homem de Deus, enfatiza que quem assim o faz tem abundância (9:6-11), pois a
matemática do Reino de Deus afirma que mais tem quem mais doa. E mais bem-aventurado coisa dar do que receber.
Depois fala de um amor inestimável que podemos dar uns aos outros: Intercessão com afeto (9:14). “Quando alguém
responde à nossa doação com o famoso “Deus lhe pague”, já está nos colocando em situação privilegiada na vida,
pois “quem dá aos pobres, empresta a Deus e Deus lhe paga” (Pv 19:17), disse o Pr. René Kivitz.
Desta forma, concluirmos que cristãos sabem lidar com dinheiro. Sabem como arrecadar, como fazer com o mesmo etc.
Nestes cristãos a solidariedade é praticada, a justiça é promovida, o evangelho é testemunhado e o nome de Deus é
glorificado.
No capítulo 10, Paulo volta à defesa do seu apostolado em contraste com as alegações dos falsos apóstolos que
induziram os coríntios ao erro. Em alguns momentos, ele assume o ponto de vista dos seus críticos, usando de ironia
para se colocar numa posição de fraqueza. É necessária uma leitura cuidadosa para não se perder nas mudanças de
"tom" nas palavras de Paulo.
Apesar das opiniões de outros sobre Paulo, ele afirma a sua determinação de fazer o certo, agindo de acordo com a
vontade de Deus e não a dos homens. Os versículos 3 a 6 descrevem bem a atitude e as táticas do servo de Deus nas
batalhas espirituais. Observe: Somos seres humanos, mas não usamos táticas humanas; as armas que usamos são
espirituais, não carnais; com as armas poderosas de Deus, podemos vencer a força dos homens (fortalezas, sofismas,
altivez, pensamentos). Sofismas são pensamentos ou raciocínios que parecem razoáveis e válidos, porém são falsos.
Paulo mostra, aqui, que a sabedoria de Deus é superior à suposta sabedoria dos homens. Nosso alvo é simples: levar
"cativo todo pensamento à obediência de Cristo", completando a nossa submissão.
Paulo recusou avaliar-se por comparações com outros homens, e condenou tal prática. Infelizmente, muitos supostos
servos do Senhor ainda não captaram o sentido desse ensinamento. Há hoje comentários sobre qual pregador é melhor
que o outro, prêmios para melhores sermões, melhores livros, melhores sites evangélicos na internet, etc. Pessoas que
alegam ser cristãs participam ousadamente do pecado de auto-promoção. Tal prática não cabe no Reino de Deus (veja
Mateus 20:27; 23:11; Lucas 17:10).
Paulo não tentou validar seu trabalho por comparações com os trabalhos de outros. Ele se viu no contexto da
responsabilidade que Deus lhe deu. A esfera de ação dele incluiu Corinto e ele faria o trabalho entre eles, apesar da
oposição de alguns "irmãos".
No capítulo 11, Paulo justifica sua loucura! Na segunda metade deste capítulo, ele usará alguns argumentos que
normalmente não empregaria. Aqui, ele explica o motivo. Ele estava agindo por amor aos coríntios, fazendo tudo para
evitar que eles caíssem no engano de falsos apóstolos.
Quando homens carnais começaram a comparar pessoas, Paulo ficou para trás. Outros eram mais eloqüentes ou mais
polidos do que Paulo. Ele disse, ironicamente, que ele era louco e os próprios coríntios sábios (1 Coríntios 4:10). É
claro que não era o caso. Em 1 Coríntios 2:16, ele disse que tinha a mente de Cristo. No início de 1 Coríntios 3, chamou
os coríntios de crianças carnais. Do mesmo modo, ele criticou as pessoas que se julgavam sábias, dizendo que devemos
nos gloriar exclusivamente no Senhor (2 Coríntios 10:12,17-18). Paulo não era louco, mas considerou qualquer defesa
baseada nos feitos humanos um tipo de loucura. Assim, ele respondeu com esse tipo de argumento em 1 Coríntios 4:1013 e usará a mesma abordagem em 2 Coríntios 11:21-29.
O zelo de Paulo destaca a importância de nos manter puros, e de ajudar outros a fazerem o mesmo. Paulo procurava
proteger os coríntios de falsos mestres para apresentar a noiva como virgem ao seu verdadeiro esposo, Cristo. Paulo
emprega uma ilustração muito comum para descrever o povo de Deus. Desde o Velho Testamento, a relação entre Deus
e seu povo foi comparada ao noivado e ao casamento. No Novo Testamento, encontramos a mesma figura em vários
livros.
Ao invés de se exaltar como outros, especialmente os falsos apóstolos (tais apóstolos-11:5), Paulo tinha se humilhado
para servir. Viveu humildemente. Não pediu dinheiro aos coríntios, mesmo passando privações. "Despojei outras
igrejas..." (8-9). Paulo recebeu seu sustento de outras congregações. Ele não se fez pesado aos coríntios. Ele não viu o
trabalho com uma igreja como "negócio" para lucrar materialmente e, sim, como serviço e sacrifício. Ele precisava de
sustento, e o recebia de outras congregações. Especificamente, ele cita ajuda recebida da Macedônia durante seu tempo
em Corinto.
Os argumentos da loucura de Paulo: (1) A sua genealogia: de pura linhagem dos judeus; (2) O seu trabalho: ministro de
Cristo que sofria muito por causa da sua fé; (3) Preocupação com as igrejas: um peso até maior do que o sofrimento
físico. Ele não se gloriou nestas coisas. A única coisa dele que deu motivo para se gloriar foi a sua própria fraqueza.
Quando enfrentou perseguições intensas, foi Deus que deu livramento. A fraqueza de Paulo, até a sua incapacidade de
se defender, destacou a grandeza de Deus e seu poder (veja 10:17).
No capítulo 12, Paulo continua os comentários do capítulo 11, mostrando que ele poderia se gloriar mais que os falsos
apóstolos que estavam enganando os coríntios. Embora que tenha como se gloriar, ele não o faz porque entende bem
que toda a glória pertence ao Senhor. Se fosse para se exaltar, Paulo citaria as suas próprias experiências espirituais,
principalmente as suas visões e revelações. Até uma vez ele foi levado ao terceiro céu (o paraíso) onde ouviu coisas
que o homem não pode falar! Mas, esta experiência não deu motivo para Paulo se exaltar. Foi algo que ele recebeu, não
algum ato que ele fez. Foi Deus que lhe concedeu esta bênção, e Paulo continua sendo um mero homem.
"Conheço um homem" - Paulo se esforçou tanto para evitar a vanglória que nem se identificou aqui. A experiência
obviamente era dele mesmo, mas ele não quer dizer "Eu fui arrebatado ao paraíso!" De fato, ele guardou silêncio sobre
este assunto durante 14 anos!
Se Paulo recusa se gloriar nos seus feitos e nas suas experiências espirituais, ele pode se gloriar no quê? Ele já falou
várias vezes: na sua fraqueza. No seu argumento aqui, ele torna seu ponto "fraco" em ponto forte. Ele se gloria na
fraqueza, porque a fraqueza dele destaca com mais clareza a força de Deus (12:5, 9,10; 13:3).
A ilustração de fraqueza que Paulo escolheu foi de algum sofrimento que ele descreve como "espinho na carne". Ele
não identifica o espinho, mas fala algumas coisas interessantes que nos ajudam quando enfrentamos diversos tipos de
sofrimento em nossas vidas: (1) O espinho servia para combater qualquer tendência de se ensoberbecer ou se exaltar.
Nas fraquezas, lembramos da nossa dependência de Deus e do fato que somos insignificantes em comparação com ele;
(2) O espinho foi um mensageiro de Satanás. Embora Deus use nossas angústias para seu propósito, foi Satanás que pôs
o espinho na vida de Paulo. Compare com o caso de Jó. Deus permitiu que o Diabo o afligisse; (3) Paulo pediu três
vezes, mas Deus recusou tirar o espinho de sua vida. As doutrinas de algumas igrejas hoje que sugerem que a vida
cristã deve ser livre de sofrimento, ou que sofrimento é prova de pecado na vida da pessoa, são doutrinas erradíssimas.
Paulo, um servo fiel e dedicado, sofreu na carne. Servos fiéis hoje podem sofrer pobreza, doenças e outras tristezas; (4)
A graça de Deus basta. Satanás mandou o espinho, mas Deus o usou para mostrar a importância de sua graça para com
Paulo; (5) O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza do homem; (6) Paulo prefere gloriar em Cristo a receber a glória
dos homens; (7) Uma vez que Paulo aprendeu entender as coisas desta maneira, ele sentia prazer nas fraquezas,
injúrias, etc, pois nestes momentos ele viu o poder de Deus com mais nitidez. Veja Tiago 1:3-4; (8) Quando Paulo era
fraco em termos de circunstâncias desta vida, ele se sentiu mais forte por causa da força de Deus na vida dele.
Mostrando a sinceridade do seu amor para com os coríntios, Paulo faz mais um apelo incentivando-os a praticar a
pureza. Ele não gostaria de encontrá-los praticando pecado.
No capítulo 13, Paulo se preparou para visitar Corinto pela terceira vez e estaria preparado para confrontar os falsos
apóstolos com a justiça que a palavra de Deus exige. Ele mostrou certeza de que Cristo falava nele, e afirmou a sua fé
no poder de Jesus. Jesus morreu na fraqueza, mas ressuscitou e vive no poder.
Enquanto Paulo sugeriu a possibilidade que os coríntios fossem reprovados, ele falou com confiança de sua própria
posição, e pediu que eles reconhecessem que ele não era reprovado.
Como costumava fazer, Paulo encerrou a carta com algumas saudações para os irmãos. Ele enfatiza: A união, a paz
entre irmãos e o amor fraternal.

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