Um happy hour entre o Rito Escoces e o Rito de York

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Um happy hour entre o Rito Escoces e o Rito de York
Um happy hour entre o Rito Escocês e o Rito de York Por: Kennyo Ismail O Rito Escocês e o Rito de York estão participando de um Seminário Maçônico no Brasil. Após o término do primeiro dia do seminário, eles combinam um happy hour em um bar tradicional do Rio de Janeiro, o “Bode Cheiroso”: York – Faaala Escocês! Ué, cadê a sainha quadriculada??? Escocês – Que sainha? Tá me estranhando? Primeiro que o nome correto é “kilt” e segundo que quem usa aquilo lá é escocês. Eu sou é francês e cresci nos EUA! York – Mas... o seu nome não é “Escocês”??? Eu jurava que você era da Escócia, cara! Escocês – Todo mundo faz essa confusão! Eu não sou escocês. Minha família era escocesa, mas se mudou pra França antes de eu nascer. Nasci na França. E depois fui pros EUA e foi lá que eu cresci. York – Caramba, eu não sabia! E não tinha um nome melhor pra usar não? Daria menos confusão! Escocês – Pior que tinha! Meu nome original era Heredom. Mas quando fui pros EUA, o pessoal lá parece que não gostava muito do nome. Aí ficaram sabendo da origem da minha família e começaram a me chamar de “Escocês”. E o nome acabou pegando! York – É... agora que você falou, olhando bem... você não tem mesmo pinta de escocês. Escocês – Mas acho que você não tá podendo falar muito não, York. Você não é americano??? E York não é uma cidade da Inglaterra??? York – É porque o meu pai era duma família muito antiga de York. Até por isso que ele tinha o apelido de “Antigo”. Quando ele se mudou pros EUA, teve um romance com a minha mãe, a Maçonaria Americana. Então, quando nasci, eles me deram o nome de York em homenagem à origem da família do meu pai. Escocês – Tá vendo? É praticamente a mesma situação. Nossos nomes mostram nossas raízes. York – Sim, verdade. Escocês – Sabe que eu conheci a sua mãe? Ela me deu muito suporte quando cheguei nos EUA. Ela é uma grande mulher. Tenho notícia de que, apesar da idade, ela continua ajudando muita gente. York – Ela é realmente uma grande mulher. Para mim, é a maior de todas! Mas vamos pedir logo algo pra beber porque eu já tô com a garganta seca. Esse Rio é quente demais! Você vai beber o que? Escocês – Um uísque. Duplo. 1 York – Deixa eu adivinhar... Scotch? Escocês – Claro! York – Eu imaginava... Vou beber uma cerveja beeem gelada então. (depois de algumas rodadas...) York -­‐ Engraçado, Escocês. Nós dois crescemos nos EUA e fomos esbarrar logo aqui, no Brasil??? Escocês – É... os EUA é grande, né? Pra falar a verdade, eu até já tinha ouvido falar de você. Mas você é um pouco mais velho, acho que temos diferentes círculos de amizade. York – Eu também já havia ouvido falar de você. Afinal de contas, somos do mesmo meio. Ambos somos professores. Inclusive tivemos muitos alunos em comum! O Pike mesmo... depois que ele se formou na minha escola ele foi ser seu aluno, não foi? Escocês – Sim. E um dos meus melhores alunos, por sinal. York – Então... nossos círculos de amizade não são tão diferentes! Escocês – Acho que o seu é um pouco mais restrito. Talvez seja isso. York – Como assim, “mais restrito”? Escocês – Por exemplo: sua Ordem Templária é restrita apenas a maçons cristãos! York – Peraí. Os seus últimos graus também são de inspiração templária, Escocês. Eu apenas creio ser incoerente alguém absorver a filosofia templária sem professar a mesma fé que os templários. Além do mais, é uma disciplina opcional no meu curso. Meus alunos não são obrigados a fazê-­‐la. Escocês – Mesmo assim, não deixa de ser restritivo... York – Talvez você esteja certo. Mas todos nós temos nossos defeitos, não é mesmo? Ou você já se esqueceu daquela época de sua tendência sulista e proximidade com a Ku Klux Klan? Escocês – Ahhhh, isso é passado! Já tô cansado de me defender disso. Eu simplesmente não posso responder pra sempre pelos atos de meus antigos alunos. York – Tá certo. Mas e essa invenção sua de graus por comunicação? Vai botar a culpa em quem? Dos seus 30 Altos Graus, uns 20 são por comunicação! Se formos olhar apenas os graus por iniciação, temos praticamente a mesma quantidade de graus! Escocês – O que você queria??? 33 graus é coisa pra cacete! Maçom não é monge não! Maçom trabalha, tem família... Se eu não facilitasse, ninguém iria querer entrar nem no 4o grau! York – Ok. Vamos parar de criticar o sistema do outro e bora beber mais! 2 (após mais duas rodadas...) Escocês – Ô, York, e aquele seu irmão caçula? O que você me conta dele? Como é mesmo o nome dele? Emulação, né? York – Ele tá mais para Amolação! Hehehehe. Não temos muita convivência, porque ele mora na Inglaterra. Escocês – Mas por que “amolação”? Vocês não se dão bem? O cara é chato? York – Que nada! Eu falo só brincando. Só pra pegar no pé dele! Ele é um cara bom, gente fina. Apenas não temos muita coisa em comum. Ele tem aqueles costumes britânicos, sabe? Enquanto eu e você estamos aqui bebendo, curtindo um sambinha, ele deve estar tomando chá. E ao contrário de nós, ele nunca usaria um chapéu, talvez com receito de despentear o topete! Hehehe. Escocês – Ah, mas vocês são irmãos. Devem ter algo em comum... genética é um negócio forte. York – Se for por essa razão, acho difícil. O Emulação é filho adotivo. Escocês – Sério? Eu não sabia. York – Sim. Eu já era nascido e minha mãe, a Maçonaria Americana, resolveu que precisava de um pouco mais de independência. Então ela se separou do meu pai, o Antigo, mas eles continuaram sendo bons amigos. De volta à Inglaterra, meu pai começou um namorico com uma mulher mais velha, que apesar de ser coroa, era metida a moderninha. Daí o apelido pelo qual todo mundo conhecia ela, “Moderna”. Um belo dia eles resolveram se casar e desejaram ter um filho para selar a união. Como meu pai já era velho e a coroa moderninha também, eles resolveram criar uma criança na qual viam alguns traços dos dois. Essa criança é o meu meio-­‐irmão, Emulação. Escocês – Eu nunca iria imaginar... E tem gente que até confunde vocês dois! Já vi até gente chamando ele de York, acredita? York – É porque não nos conhece pessoalmente ainda. Quem conhece vê as diferenças rapidinho. Mas o fato de sermos tão diferentes não impede nossa amizade, que nos une como verdadeiros irmãos. Escocês – E ele também é professor, né? York – Sim. Mas ele optou por lecionar apenas em alfabetização e Ensino Fundamental. Não leciona no Ensino Superior, como nós dois. Escocês – Bacana. De qualquer forma, ele compartilha da mesma vocação: ensinar. York – Verdade. E confesso que, apesar de novo, ele faz um ótimo trabalho. E você, Escocês? Como está a família? Escocês – Cara... a minha família é uma bagunça! Quando eu ainda morava na França, lembro-­‐me que a família era tão grande que eu não sabia o nome nem da metade dos parentes! Muitos já morreram, outros tiveram filhos, netos... e por aí vai. 3 York – Família grande parece sempre complicada, né? Escocês – Demais! Mas deve ser legal conviver com tanta gente diferente. Olha nos EUA, por exemplo... sua mãe, a Sra. Maçonaria Americana, teve só você, filho único. O maçom americano só tem duas escolas pra estudar: a sua e a minha! York – Nisso você tem razão. Nesse seminário que participamos hoje pude perceber isso claramente. Você viu quantas escolas diferentes os brasileiros têm? Os caras tem acesso a 7 escolas! A sua, a minha, a do meu irmão caçula, a daquele alemão que tava sentado do nosso lado, a de dois parentes franceses seu, e a daquele brasileiro que é seu fã! Escocês – E sabe o que eu achei mais engraçado, York? Você é provavelmente o mais velho de nós e os estudantes brasileiros estavam todos achando que você é o mais novo! Hahahahaha. York – Hehehehehe. Verdade. Mas deve ser porque vocês tem filiais de suas escolas no Brasil faz muitos anos, enquanto que faz pouco tempo que eu abri a minha aqui. Além disso, estou muito mais bem conservado que vocês. Vocês vivem fazendo essas plásticas, mudando uma coisa aqui, outra ali. Às vezes mal dá pra reconhecer vocês! Escocês – Mas você acha mesmo que mudei demais? York – Pô! Eu sei que dizem que os cirurgiões brasileiros são bons, mas exageraram um pouco... Dá pra ver no seu rosto um monte de marca de enxerto, remendo. Acho até que copiaram o nariz do meu irmão em você! Escocês – Pior é que você não é o primeiro a me dizer isso... Ah, bora mudar de assunto! Vamo beber mais uma antes de voltarmos pro hotel??? York – Bora! Garçom, traz as saideiras!!! FIM 4 

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