estado/economia/paginas 09/10/15

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estado/economia/paginas 09/10/15
B12 Economia
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O ESTADO DE S. PAULO
SEXTA-FEIRA, 9 DE OUTUBRO DE 2015
WIKIMEDIA COMMONS–14/1/2014
Elementar
O Watson, aposta da IBM para entrar no mercado de
inteligência artificial, começa a ser testado no mundo real
É
12 meses mostrarão, portanto, se além
de craque em responder perguntas, o
Watson também é bom na hora de ganhar dinheiro.
Aplicações. Como modelo de negócios, porém, vencer programas
de televisão não justifica o investimento necessário à criação de um
produto como o Watson. Num projeto-piloto que testou sua aplicação
no mundo real, o Watson se saiu
bem, codificando conhecimentos
dos médicos e enfermeiras do MemorialSloan Kettering Cancer Centre, de Nova York, para que possam
ser usados por outros profissionais
de saúde. Mas, dinheiro que é bom,
o sistema ainda não gerou nenhum.
Há um ano, na expectativa de começar a lucrar com o Watson, a IBM
o disponibilizou para outras empresas, permitindo a criação e comercialização de aplicativos baseados
nele. Cerca de 350 empresas se cadastraram, e esse número tende a
aumentar depois que, em 24 de setembro, a companhia anunciou o
lançamento de um novo conjunto
de ferramentas para auxiliar terceirosa desenvolveraplicações comerciais para o software. Os próximos
Cabeça na nuvem. Pés no chão? O
cerne do modus operandi do Watson
continua sendo um segredo comercial
da IBM. O Watson mora na nuvem –
nome dado pelo setor de tecnologia a
softwares e dados que rodam e são armazenados em máquinas remotas, e
não no computador do usuário –, de
modo que não está disponível para os
que poderiam querer copiá-lo. Mas o
princípio por trás do sistema, chamado pela IBM de “computação cognitiva”,é bastanteconhecido. Seuelemento central é a capacidade que o software tem de se modificar a si próprio e,
assim,“aprender”coisasnovas àmedida em que vai sendo utilizado.
O processo começa com o Watson
comparando uma pergunta com um
bancodedadosde respostasem potencial, ao que se segue a elaboração de
uma lista com as soluções possíveis.
Os itens da lista são hierarquizados
com base nos conteúdos de inúmeros
outrosbancos dedadosdosistema,como enciclopédias, arquivos médicos,
clipes de áudio ou imagens. Algoritmos checam a validade das informações moderam o processo, segundo a
percepção de confiabilidade das fontes, e um resultado (ou, com frequência,umconjuntoderesultados)éapontado como sendo o mais provável.
O passo final é dado por especialistas humanos, que avaliam e aperfeiçoam os resultados (ensinando ao
software o que fazer), num processo
iterativo, até que o sistema esteja suficientemente bem treinado para ganhar o mundo. Com essa finalidade, a
IBM emprega equipes de linguistas,
psicólogos e sociólogos, assim como
programadores, mas também incentiva outras empresas a fazer o mesmo.
Rob High, diretor de tecnologia do
projeto, diz que as recém-anunciadas
ferramentas devem ampliar a gama de
coisas que os desenvolvedores podem
fazer com o Watson. Será possível, por
exemplo, criar aplicativos que entendam perguntas em outros idiomas
além do inglês, que estabeleçam um
diálogo aparentemente inteligente
(objetivo particularmente importante
para os engenheiros de IA, tendo sido
definido como sinal de sucesso pelo
uma coincidência singela
que o executivo mais importante da história da IBM e o
amigo e assistente de Sherlock Holmes compartilhem do mesmo sobrenome. Mas, qualquer que tenha
sido a fonte de inspiração, Thomas
J., ou o doutor John H., o fato é que
batizar de “Watson” a mais recente
incursãodaempresano ramoda“inteligência artificial” (IA), associando-a à aura de genialidade que paira
sobre esse nome, foi uma decisão
perspicaz.
A ideia de inteligência recebeu reforço significativo em 2011, quando
o Watson venceu um episódio especial de Jeopardy!, programa de perguntas e respostas da TV americana. Com sua capacidade de compreender o inglês velocíssimo e repleto de jogos de palavras usado no
programa, vasculhar gigantescos
bancosdedadosemlinguagemnatural à procura de pistas para responder às perguntas que os apresentadores faziam, sintetizar as informaçõeseapresentá-lasdemaneirainterativa sob a forma de respostas, o
software pôs no bolso as cabeças
maisafiadas queparticipamdecompetições de conhecimentos gerais
nos Estados Unidos.
Potencial. IBM oferece Watson com baixo custo para que empresas explorem possibilidades comerciais
pioneiro da ciência da computação
Alan Turing), que ajudem as pessoas a
decidir questões como o tipo de carro
que devem comprar (High diz que a
IBM usou o Watson para escolher, em
São Francisco, a localização da sede de
sua unidade de computação cognitiva)eatéparadeterminaroestadoemocional ou a personalidade de seu interlocutor.
Clientes. Uma das primeiras empresas a adotar o Watson, a @Point of
Care, de Nova Jersey, oferece a médicos aplicativos para iPad que organizam os resultados das pesquisas mais
recentes sobreenfermidades específi-
Treinar o computador Watson
para responder perguntas
sobre uma doença leva cerca
de 12 semanas
cas. Há alguns meses, os técnicos da
@Point of Care treinaram o Watson
para responder milhares de perguntas
que médicos e enfermeiras fazem sobresintomas etratamentosdeesclerose múltipla, câncer de pulmão e diabetes. O diretor de informação médica
da companhia, Sandeep Pulim, diz
que treinar o sistema para que ele ofereça respostas sobre uma doença leva
cerca de 12 semanas. Depois disso, o
aplicativo incorpora automaticamente os resultados das novas pesquisas
que são publicadas pela comunidade
acadêmica. A Ross Intelligence, de Toronto,oferecealgo parecidopara advogados. O aplicativo Watson da empresaresponde a perguntassobre complexas questões legais, acrescentando citações e trechos úteis da legislação ou
da jurisprudência sobre o assunto.
E serviços voltados para um público
não tão especializado também começama aparecer.O Wine4me,umaplicativo para iPhone desenvolvido pela VineSleuth, de Houston, no Texas, faz
recomendações de vinhos levando em
contao gosto dofreguês, seu orçamento e o prato a que a bebida acompanhará. A Go Moment, de Santa Monica, na
Califórnia, usa o Watson para alimentar uma assistente virtual chamada
Ivy, que auxilia hotéis a automatizar o
atendimento ao cliente. A agência de
empregos online UnitesUs, de Irvine,
na Califórnia, recorre ao Watson para
analisar as postagens dos candidatos
nas redes sociais e, assim, definir seu
estilo de escrita e conhecer melhor
suas personalidades. Parece coisa de
videntes que leem as mãos, mas a empresa diz que o artifício rende mais entrevistas de emprego.
Para ganhar dinheiro com o sistema,
a IBM recorre ao simples expediente
de cobrar das empresas pelo acesso ao
Watson, segundo uma tabela de preços. Transcrever uma fala de um minuto custa dois centavos. Ajudar com
uma decisão (como a escolha de uma
garrafa de vinho), US$ 0,03. Já uma
análise de personalidade sai por US$
0,60. E uma sessão de treinamento
envolvendo grande quantidade de
dados fica em US$ 3.
Concorrentes. O Watson não é o
único sistema de IA no mercado.
Mas os concorrentes da IBM geralmente limitam suas ambições a
umaúnica áreadeexpertise.AClarifai, de Nova York, associa imagens
com palavras-chave. A Metamind,
de Palo Alto, analisa postagens no
Twitter em que há menção a marcas
de produtos e emoções positivas ou
negativas.NemaMicrosoft, quelançou um conjunto de ferramentas de
desenvolvimento de IA este ano, arrisca-se a ir além da detecção e identificação de rostos.
O Watson, porém, parece realmente multitarefa. A IBM está até
testandosuautilizaçãoparaproporcionar ritmo e entonação, além dos
devidos gestos não verbais, à fala de
um robô humanoide. Se a proeza
der certo, surge no horizonte uma
possibilidade perturbadora: a de
que da próxima vez que aparecer na
TV, o Watson esteja entre os calouros de um programa de talentos.
]
© 2015 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. TRADUZIDO POR ALEXANDRE HUBNER, PUBLICADO
SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL,
EM INGLÊS, ESTÁ EM
WWW.ECONOMIST.COM
Facebook começa a testar nova forma de ‘curtir’
REPRODUÇÃO
Nova versão do famoso
botão do Facebook
permitirá que usuários
expressem emoções em
posts de amigos
Matheus Mans
Nesta semana, o Facebook começou a testar novas formas de
curtir conteúdos publicados na
rede social. Em vez da opção
“não curti”, que causou comoção nas redes sociais em setembro, a empresa apresentou uma
nova versão do botão “curtir”,
chamado de Reactions (reações,
em inglês). Ele incluirá diferen-
Opções. ‘Emojis’ vão permitir novas reações no Facebook
tes emojis – símbolos popularmente usados em redes sociais
e aplicativos de mensagens instantâneas – para que o usuário
seexpressede acordocomafor-
ma como se sente no momento.
Na prática, em vez de apenas
curtir uma publicação, as pessoas agora poderão dizer o que
pensam de maneira mais clara.
No caso da morte de um parente do amigo, por exemplo, será
possível expressar tristeza ao
selecionar um emoji chorando.
Há também opções de figuras
que demonstram felicidade,
surpresa, amor e raiva.
Para não criar uma confusão
com sete tipos de emojis diferentes, o Facebook vai considerar todas as expressões como
uma curtida. Assim, anunciantes e administradores de páginas poderão compreender e
analisar o engajamento com as
métricas atuais.
Em seu perfil no Facebook, o
presidente do Facebook, Mark
Zuckerberg, confirmou o início
dos testes do novo botão. “O
Reactions permitirá que o usuárioexpresseamor,temor,tristeza. Não é um botão para ‘não
curtir’, mas dará o poder de expressar empatia”, disse.
São Paulo vai mudar tributação de software
O governo do Estado de São
Paulo vai mudar, em breve, as
regras para tributar softwares,
sejanavendadeprodutosgravados em mídia física (CD ou
DVD), ou quando a entrega da
licença ao consumidor é feita
pormeiodedownload. Deacordo com o decreto nº 61.522, publicado em 29 de setembro pelo
governador Geraldo Alckmin
(PSDB), a alíquota de 18% do
Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS)
passará a incidir sobre a venda
desoftware, seja qual for o meio
de entrega, a partir de janeiro
de 2016.
Atualmente, no caso de programasvendidosem mídiasfísicas, o governo já recolhe ICMS,
mas a alíquota de 18% é calcula-
da sobre o dobro do valor do suporte físico (CD ou DVD), conforme decreto nº 51.619, de 27
defevereirode2007.“A tributação é calculada com base no suporte, o que acaba gerando valor irrisório”, diz o diretor-adjunto da consultoria tributária
da Secretaria da Fazenda de São
Paulo,Ivan OzawaOzai. Segundo ele, o objetivo do governo é
alinhar a tributação do ICMS à
adotada em outros Estados.
De acordo com a responsável
pela área tributária do escritório Tozzini Freire Advogados,
Ana Claudia Utumi, dependendodascaracterísticasdosoftware, ele será tributado pelo ICMS
oupelo Imposto Sobre Serviços
(ISS). Quando o software é desenvolvido sob encomenda, a
OReactionscomeçouasertestado hoje na Espanha e na Irlanda, consideradas regiões com
poucas conexões internacionaise, portanto,mercados mais
controlados para o Facebook.
Por enquanto, não há maiores
informações de quando a nova
versão do botão curtir será liberada nos Estados Unidos e em
outros países, como o Brasil.
Não curti. Em setembro, rumo-
l
Conceito
“O ‘Reactions’ permitirá
que o usuário expresse
amor, temor, tristeza. Não é
um botão para ‘não curtir’.
Mas dará o poder de
expressar empatia.”
Mark Zuckerberg
PRESIDENTE DO FACEBOOK
vendaseconfiguracomoprestação de serviços e o município
cobra alíquota que varia entre
2% e 5%. Já licenças de software, como o pacote Office, da Microsoft, são consideradas mercadorias – portanto, o ICMS incidirá sobre o valor.
Contudo, a lei nº 9.609 de 19
de fevereiro de 1998, conhecida
como Lei do Software, abre espaço para interpretação, já que
categoriza o download de programas como licenciamento de
direitosautorais.“QuandooSu-
res de que o Facebook planejava lançar o botão ‘não curti’ circularam na internet. A informação surgiu a partir de uma conversa que Zuckerberg teve com
alguns dos funcionários da empresa. Na ocasião, ele disse que
pretendia criar um novo botão
para que “curtir” uma foto, vídeo ou atualização de status
não fosse a única opção dos
usuários da rede social.
A função está entre os principais pedidos dos usuários e os
rumores causaram comoção na
rede social.
No entanto, pouco tempo depois, o próprio Zuckerberg desmentiu o lançamento do botão
“não curti”. Segundo ele, o novo
recurso não permitiria expressar
empatia. Ao contrário, segundo
o executivo, o “não curtir” transformaria a rede social em um fórum de debates.
premo Tribunal Federal analisou essa questão, todos os
softwareseramvendidosemmídia física. Era outra realidade”,
diz a advogada.
A mudança no regime de tributação terá impacto para empresas do setor, uma vez que
São Paulo concentra 40% do
mercado nacional. Procurada
peloEstado,a AssociaçãoBrasileira das Indústrias de Software
(Abes) afirmou que avalia o impacto e, por enquanto, não vai
se pronunciar. /THIAGO SAWADA