Como a Maconha Afeta O Cérebro Adolescente

Transcrição

Como a Maconha Afeta O Cérebro Adolescente
Escola de Educação Comunitária
Av. Engenheiro Richard, 116
Grajaú - Rio de Janeiro, RJ escola
(21) 2577-4546
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Primeira publicação: 29 de Maio de 1995
Exemplar n° 81
Maio 2016
Gourmetização
A modinha do momento ou reflexo do nosso
complexo de vira lata? Leia e saiba mais sobre o
fenômeno da Gourmetização. Página 7
Até Quando? Desastres Naturais
Não jogue este impresso em vias públicas
Até quando vamos esperar a natureza
responder aos ataques cometidos pelo próprio
homem? A falta de comprometimento e
respeito proporcionam Desastres Naturais
irreparáveis. Leia na página 2
Não importa se somos reconhecidos por sermos bons alunos, no final
sempre haverá uma tabela para nos classificar. Entenda sobre a
meritocracia na escola . Página 4.
A Maconha no cérebro adolescente
Saiba como o cérebro do adolescente, ainda
em franco desenvolvimento, pode ser mais
sensível aos efeitos das drogas. Página 3
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Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se
autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.
Professor Darcy Ribeiro
E você, de que lado prefere estar?
Muitos buscam sem saber exatamente o que buscam.
As ideias são fragmentadas, implicações de momentos e
posicionamentos que se alternam – o que mais se questiona hoje
é: “Você é de direita ou de esquerda?”, “Base governista ou
oposição?”. Em meio a essas questões, o que vemos são respostas
vagas, imprecisas, incapazes de esclarecer uma posição não
política, mas de pensamento e formação ideológica. E a
explicação é muito simples – as verdades são insubstanciais,
incorpóreas, surgem a desaparecem como vapor.
A PAPELETA, no entanto, segue como se aqui
cultivássemos um espaço e fonte de inspiração, buscando não
apenas razões, mas caminhos para entender o presente (e não
mais o passado), sendo capazes de estabelecer novos caminhos
em meio a tempos tão conturbados.
Até Quando?
DESASTRES NATURAIS
No ano de 2012, a região serrana do Rio de Janeiro sofreu
com as fortes chuvas de verão. Famílias ficaram sem moradia,
houve inundações e as cidades ficaram em estado de alerta. Essa
catástrofe – tida como um dos maiores desastres naturais do país
– como muitas outras, foi ocasionada pela falta de
comprometimento do ser humano com a natureza. Ser humano
que, aliás, nunca espera que a natureza, um dia, responda aos
maus tratos sofridos por tanto tempo.
Já é característica marcante no Brasil a corrupção. O
Estado não considera importante a fiscalização em prol do bem
comum, priorizando apenas o lucro. Isso faz com que desastres
ambientais sejam não tão raros e seus impactos na vida da
população sejam irreparáveis.
Os fatos se repetem, como ocorreu em Minas Gerais, por
exemplo. No acidente em Mariana, a falta de fiscalização e
seriedade levou a uma tragédia que, apesar de “matar” o rio Doce
e dificultar a vida de muitas pessoas, foi esquecida pela população
do restante do Brasil e pela mídia.
Entretanto, não podemos culpar apenas nossas
autoridades. A população brasileira também colabora
negativamente para a ocorrência desses fenômenos ao jogar lixo
nas ruas e construindo casa em locais de risco, por exemplo, não
notando que essas atitudes, um dia, retornarão em forma de
preocupação e danos.
Maio 2016
Pensar e agir em educação nos idos de 2016 tem sido tarefa
árdua. Dias difíceis para a política e economia; a conjuntura
social atordoada; desajustes morais – nada é exemplo e a
repetição de decepções é frequente. Pensamos, pois, como
educar e transmitir ensinamentos ou valores sem esses dois
aspectos precípuos do processo de ensino e aprendizagem:
exemplo e repetição?
Diante do cenário aturdido do qual fazemos parte, cabe a
nós educadores buscarmos um fio condutor que nos leve a tecer
a verdade e a certeza de um pensamento lógico, racional que nos
permita construir bases sólidas para lidar e transpor esse
momento firmes em nossas convicções – livres da manipulação
que nos tentam a todo instante: eis o grande e atual desafio.
Nos textos que se apresentam nessa edição pretendemos
abordar aquilo que faz parte de nossa realidade: provocação,
saúde, consciência jovem, preservação do meio ambiente –
lemos o futuro e o presente enlaçados, se cruzando diante de
nossos olhos. Tentando nos aprontar para a vida incerta que nos
espera.
Se o desfiladeiro de desesperança nos aparece
inevitavelmente – desculpe-me o pessimismo – preparemo-nos,
pois, para esse mergulho sem razão em temer, peito aberto,
certezas fincadas em nós e com vontade de lutar, não só por
direitos, democracia, liberdade, mas pela certeza que há em
todos nós.
Aproveitem cada texto, extraindo de cada um a reflexão
necessária para nosso interior.
Uma excelente leitura a todos!
Até a próxima!
Professora Ana Carolina Nóbrega
Municípios em prol do em de toda a população deveriam
dar mais atenção aos moradores de áreas de risco, como morros e
encostas, aumentando o número de campanhas que buscam o
bem estar e a segurança de todos, para que isso se torne algo
comum a todos, no dia a dia, não apenas resultados de
campanhas. Como ocorre agora em Teresópolis (RJ), por exemplo,
cidade na qual a prefeitura incentiva a reciclagem com descontos
em contas de energia elétrica. Essa medida, dentre muitas outras,
reduz o despejo de lixa nas ruas, evitando fatores de risco que
proporcionem mais desastres naturais.
Amanda Guarino – Pré III
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Como a Maconha Afeta
O Cérebro Adolescente
Uso pesado de maconha na adolescência pode estar
relacionado a maior risco de morte antes dos 60 anos,
sugere um novo estudo.
O trabalho, realizado pelo Instituto Karolinska, da
Suécia, avaliou 45 mil homens que fizeram o serviço
militar obrigatório no país […].
Os especialistas arriscam as razões para essa
associação: usuários pesados de maconha tenderiam a
fumar tabaco com maior frequência, ter um pior padrão
alimentar, apresentar saúde mais precária e, ainda, maior
incidência de câncer de pulmão e problemas cardíacos. Os
dados, publicados no periódico American Journal of
Psychiatry, mostram também que o risco de morte por
suicídio e acidente é diretamente proporcional à
quantidade de droga usada na adolescência.
O cérebro do adolescente, ainda em franco
desenvolvimento, pode ser mais sensível (tanto do ponto
de vista biológico como emocional) aos efeitos de qualquer
tipo de droga.
[…]
Estudos anteriores já davam uma dimensão desses
riscos. Alguns dos mais frequentes são piora cognitiva
(padrões mais pobres de Q.I., por exemplo), maior chance
de quadros pricóticos, impulsividade, falta de motivação,
dificuldades persistentes de memória e desenvolvimento
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inadequado do córtex pré-frontal (área do cérebro ligada a
julgamento, pensamento complexo e tomada de decisões).
Outros trabalhos também jpa elencam possíveis
impactos econômicos e sociais, de longo prazo, com esse
padrão de uso mais precoce e mais frequente de maconha,
como dificuldades nos relacionamentos interpessoais,
menor qualificação no trabalho, salários mais baixos e
problemas financeiros.
Jairo Bouer é médico formado pela USP, com
residência em psiquiatria.
Trabalha com comunicação e saúde
Agarrado ao pranto, sonho meu
Ante à batalha do que é sólido e é concreto
Ante ao regozijo do que é o conformismo
E a escrever em negras linhas, o destino
Atrelado ao pranto, sonho meu
Gastaríamos bobagens
Viveríamos em tempos rudes, a sonhar
Desejando aquilo que não alcançaríamos
Embora sofrêssemos, por ora
perdurássemos no tempo
Ante à dor e ao fracasso
Desgarrando-nos do tempo e
inventando um novo silêncio (aquele que não é calado)
Ante o frio e a noite, sonhar
Sob as regras do vento, sonhar
Ao passo que, sonhar e
não realizar
Entregar-me às mentiras e ao tempo...
Não serei o mesmo.
De toda a alma, e de todo pranto,
Não serei o mesmo.
Lucas Maciel
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CLASSIFICADOS
Pense na pessoa mais inteligente que conhece entre seus
amigos. É provável que você tenha pensado naquele amigo que
sempre se destaca por suas notas altas, o “gênio” da turma. Mas
por que essas pessoas com notas altas e facilidade de resolver
problemas usando a lógica são sempre consideradas as mais
inteligentes?
Ensinam-nos matérias novas todos os dias e somos
obrigados a aprendê-las, decorá-las, porque seremos testados
mais tarde. Nesses “testes” são avaliadas a nossa memória e nossa
capacidade de copiar o que os professores dizem e se copiamos
tudo corretamente.
Particularmente, a pessoa que possui o dom do
conhecimento é aquela que questiona o que encontra ao seu
redor e alcança uma conclusão própria e não aquele que decorou
uma fórmula e, em situação oportuna soube usá-la.
Aprendemos, desde pequenos, a sermos superiores: “O
homem é criado para o sucesso”. Senso assim, obter notas altas
significa ser melhor que outros, ser mais inteligente. Entretanto,
ao julgar-se superior torna-se inferior.
Pessoas que acreditam ser perfeitas entendem que não
precisam melhorar, logo não buscam o conhecimento e o
crescimento. Enquanto aqueles que se acham inferiores buscam
o alcançar o padrão daqueles que se tornam “espelhos” para elas.
Pensando em resultados, nos questionamos “Por que alguns
alunos são considerados mais inteligentes que outros?” Será porque
o número que está escrito em sua prova passa a classificá-lo?
Quando traçamos um perfil de alguém a partir de seus graus
e médias é porque nos ensinaram a valorizar mais a quantidade
de acertos em nossas provas do que a profundidade de nosso
conhecimento.
Ninguém nasce dominando o conhecimento. Errar não é
sinônimo de “burrice”. Inteligente mesmo é aquele que aprende
com seus erros e faz de tudo para não repeti-los.
Gostaríamos de ter mais tempo para ler, ficarmos
atualizados com os acontecimentos, termos uma bagagem
cultural maior, porém, infelizmente, sacrificamos esse tempo,
muitas vezes, estudando, revisando e revendo o que foi visto na
aula, pois, afinal, temos que estudar para aquela prova de
amanhã, que determinará meu futuro. É incrível como essa
necessidade controla e altera os caminhos de nossas vidas.
Não importa se somos reconhecidos por sermos um bom
aluno, pois no final, sempre haverá uma tabela para nos
classificar.
Classificado da Nota
O PERIGO mora no prato:
AGROTÓXICOS
Vivemos em um mundo capitalista, no qual só
visamos ao lucro, a preocupação na perda de material é
grande. Vários agricultores utilizam produtos contra
pragas para minimizar desperdício, e muitas vezes esse
uso é exagerado e inconsequente.
Essa grande quantidade de agrotóxicos acaba
fazendo mal à saúde de todos – produtores e
consumidores –, uma vez que o nosso corpo não
consegue combater e eliminar essas toxinas. Além de
causar irritação nos olhos e na pele, pode causar efeitos
no aparelho digestivo, por exemplo, dificultando a
digestão de alimentos e a absorção de nutrientes,
causando, dentre vários problemas, intolerâncias
alimentares.
Uma forma muito popular para tentar diminuir a
quantidade desses componentes químicos é lavar bem
os alimentos antes do consumo. Porém sabemos que
essa prática não é suficiente, pois os níveis dessas
substâncias nos alimentos é tão alto que somente a
higienização não é suficiente, não nos deixando livres de
doenças, apenas reduzindo a intensidade de ocorrência
de sintomas. Além disso, estudos apontam para um
aumento na resistência das pestes.
Outro problema na produção de alimentos são os
produtos transgênicos. Estes são resultado de cultivos
modificados geneticamente, objetivando a aceleração
do crescimento e amadurecimento de frutas, legumes e
verduras, por exemplo, bem como ocupar menos espaço
nas fazendas.
Existem vários aspectos negativos quando se trata
do assunto “agrotóxicos”. Mesmo com alguns fatores
positivos, precisamos que haja um controle fiscal maior
sobre esses produtos e formas de produção, além de um
incentivo para a compra e a venda de produtos orgânicos,
mais saudáveis e livres desses inimigos que “moram” no
nosso prato.
Gabriella Emerim – Pré III
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VIDA
O que prega o ditado popular “Você é o que você come”
assusta, tendo em vista os índices de sobrepeso na
população.
Os riscos e o aumento da obesidade têm gerado a
abordagem e discussão do tema em pesquisas e
reportagens nas últimas décadas.
E o seu prato? Quais riscos ele oferece? O quanto
ameaçar e perigoso pode ser aquele lanchinho no shopping
ou no cinema?
Descubra algumas curiosidades a seguir..
VOCÊ É
o que você
come?
Você sabia que 60% dos americanos estão acima do
peso saudável?
Os americanos atualmente consomem, em média,
200 calorias a mais por dia do que uma década atrás – o
suficiente para acrescentar 9 quilos à silhueta a cada ano.
Uma criança que come em casa ingere, em média, 130
calorias a menos por refeição do que nos dias em que
almoça num restaurante fast-food.
Um refrigerante supersize contém o equivalente a 48
colheres de chá de açúcar.
Seria preciso andar 7 horas seguidas para queimar um
lanche supersize com refrigerante, fritas e Big Mac*.
Um sanduíche Big Mac americano contém 600
calorias e fornece 51% da quantidade de gordura
recomendada para ingestão diária. Nas filiais brasileiras,
essa relação é um pouco melhor: o Big Mac brasileiro
contém 490 calorias e fornece 31% da gordura que um
adulto deve ingerir em um dia.
O lanche mais pecaminoso do McDonald's
americano vem na caixa de dez unidades de tiras de peito
de frango empanadas: são 1250 calorias, 570 delas na forma
de gordura.
VEJA, 18 agosto 2004, p. 116.
NA TERCEIRA
IDADE
Com a melhora na condição de vida no Brasil nas últimas
décadas, os brasileiros têm vivido mais – isso é o que mostram
pesquisas atuais. O país atualmente encontra-se na obrigação de
investir na área da saúde, no lazer e no sistema previdenciário,
para que possam proporcionar conforto e boas condições de vida
a essa parcela da população que chega à terceira idade.
A velhice, normalmente, é a faixa na qual o corpo fica mais
debilitado, precisando, portanto, de maior assistência médica.
Logo, idosos que não possuem capacidade financeira para
comprar remédios caros e pagar pelos seus tratamentos médicos
devem receê-los gratuitamente do governo, por meio do SUS
(Sistema Único de Saúde) e através de programas como o
“Médico em Casa” e “Farmácia Popular” criados para atender
essa parcela da população.
Além desse problema que os idosos não podem enfrentar em
um país que almeja ser desenvolvido, vale destacar a falta de lazer
oferecido para eles gratuitamente, por exemplo, praças públicas
de qualidade e adequadas a esse público, com aparelhos
específicos para a terceira idade, que beneficiem sua saúde e para
que possam ter lazer com sua família e amigos. Além disso, o
oferecimento de alguns locais privados que oferecem o direito à
meia entrada ou entrada gratuita como, por exemplo, cinema,
teatro, centros culturais e estádios de futebol.
O aumento da expectativa de vida é um fator benéfico para
qualquer pessoa, entretanto é preciso estar preparado, para
proporcionar boa qualidade de vida aos idosos. Como já foi
observado, é necessário que o governo invista no Sistema Único
de Saúde, cadastrando mais médicos e disponibilizando mais
remédios gratuitos aos idosos. Além disso, é necessário o
aumento da oferta de praças públicas e centros de lazer com
equipamentos e atividades que melhorem e permitam maior
socialização para a vida dos idosos na comunidade. Dessa forma,
além de viver muito tempo, os brasileiros viverão cada vez
melhor.
Gabriel Amaral – Pré III
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Na década de 1980, surgiu na Itália um movimento
chamado “Slow Food”. Inicialmente criado com o intuito de
contrariar o “fast-food”, o movimento hoje na Europa espalha
raízes pela moda, educação, turismo, preservação do
patrimônio, lazer, vida familiar entre outros.
No Brasil, quando pensamos em “Consumo Lento”
encontramos traços do movimento na moda e na produção de
alimentos. De forma geral, o Slow Movement é uma iniciativa
que desafia a velocidade e a efemeridade da vida, prega que a
qualidade deve ser privilegiada sobre a quantidade, buscando
a sustentabilidade o equilíbrio nas mais variadas na vida
moderna.
SLOW FOOD … SLOW FASHION
CONSUMO LENTO – VOCÊ SABE O QUE É?
Países da Europa, os Estados Unidos e o Brasil estão
adotando uma nova visão de mercado, um modelo de
produção artesanal que é muito melhor para a nossa saúde do
que o estilo de vida que levamos nos dias de hoje, além de
apresentar uma relação de trabalho vantajosa para o
consumidor e para o produtor, inclusive sendo benéfica para o
meio ambiente.
Em 1914 foi instituído o Fordismo, que pregava a
produção de mercadorias em massa e o estoque delas. Esse
modelo de rápida produção – vigente até hoje – obriga a
indústria alimentícia e produzir mais rapidamente, trazendo
Maio 2016
a adição de agrotóxicos e conservantes, substâncias químicas
que geram danos à saúde e ao meio ambiente.
Algumas empresas ainda hoje escravizam seus
funcionários, até mesmo crianças, explorando a mão de obra
por um salário insuficiente. A maioria dos consumidores não
têm acesso a estas informações, e com a compra desses
produtos acabam por apoiar este modelo de indústria e
produção. Com as mercadorias artesanais se faz necessário e
possível rastrear o produto, além disso o trabalho é manual,
executado por um pequeno grupo de pessoas – geralmente, no
caso de produção agrícola, institui-se a agricultura familiar.
Um dos resultados desse tipo de produção é a confecção
de roupas, cujo preço é mais alto do que as produzidas em larga
escala, porém sua durabilidade e sua qualidade são maiores,
sendo, então, aquisições mais vantajosas a longo prazo.
Ademais essas roupas são produzidas com matérias primas
extraídas da natureza sem sua exploração, o que diminui o
impacto ambiental.
Em virtude dos fatos mencionados, para que tenhamos
um estilo de vida mais saudável e boas relações de trabalho, é
preciso que essa forma de produção e consumo seja divulgada,
e que a população seja estimulada a fazer parte do movimento,
além da criação de legislação ou incentivos fiscais para uma
melhor e mais ampla regularização dessa forma de comércio.
Samara Barros – Pré III
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O Fenômeno da
GOURMETIZAÇÃO
Os Ursos e Nós
Ou Vice-versa
O urso pardo, no final da tarde, recostado numa grande pedra
ainda quente pelo sol, alisava o barrigão.
Com ele, falava aos berros outro urso também corpulento que
cultivava uma barba densa e dourada. Era vaidoso, tinha o porte
elegante, quase 3 metros e pesava cerca de 300 quilos. Bemapessoado. E ele ruminava as frases: você comeu quase tudo, o
dianteiro e o traseiro, nem esperou assar direito o cabrito, um
cabritãozão.
Eu estava morrendo de fome, retrucou o pachorrento. Pode
comer toda a sobremesa. Se você jantar a carcaça com esse coelho
gordo que você trouxe, vai ficar igual ao que eu comi. Talvez até
mais.
Cara-de-pau, sobrou só um pedaço da carcaça, quase sem
carne e crua. Gosto é de assado, bem dourado. O coelho está como
eu trouxe, no pelo ainda. Vou ter que esperar assar. Não é justo: eu
cacei e estou com mais fome que você estava, porque eu corri atrás
dos bichos, eu fiz a força. Você merece uma porrada bem dada.
É?! Mas você não é macho pra isso. Está fraco, com fome,
cansado e sabe o que mais, vou pra minha gruta e dormir por sete
meses.
Não vai mesmo, respondeu com uma bocada na barriga do
companheiro. Os dois não cresceram juntos, se é que adiantaria,
um veio do Alasca e o outro da Sibéria. A família do urso pardo está
espalhada pelo planeta. Vive também nos Estados Unidos, México
e China. Mas isso não interessa agora.
O urso caçador urrava frases ameaçadoras. Foi a pior coisa do
mundo eu hoje topar com você! Você mata nossos irmãos para
tomar-lhes a caça e até as mulheres. Finge que protege os
desvalidos, que se importa com os mais fracos. Mata e rouba os
nossos iguais pra não caçar. Ladrão! Cretino! Só pensa em você!
Não respeita o espaço dos outros, fascista!
O outro ficou de pé. Tinha por baixo uns 4 metros e pesava 500
quilos ou mais.
Previu o que aconteceu? Pois ele abraçou o barbudoe
abocanhou-lhe um baita pedaço da pata esquerda. Essa bocada
não o matou, mas foi moral. O antagonista recuou.
Ah, ele não comeu o naco da pata do irmão. Cuspiu-o e foi
embora para a gruta. Estava com muito sono.
Assim como os ursos, bem diferentes de nós, as pessoas andam
mal-humoradas. Os diálogos rancorosos viram bate-boca. Dão
origem a troca de ofensas, às vezes, até troca de bofetões e
cusparadas.Está difícil acatar a opinião contrária à nossa.
A imunologia do brasileiro anda em baixa. Ele precisa de outra
proteína agregada à H1N1. Melhor seria H1N1C1. Precisa-se de
urgente civilidade. Afinal, somos os racionais.
“Por Deus, pela minha família”, por?
Por que não pelas minhas tênues convicções?
Professor Abelardo Soares
O fenômeno da gourmetização pode ser observado com
muita frequência atualmente, A palavra “gourmet”, de origem
francesa, é associada a algo elegante, logo o consumo nessa área
aumentou devida à necessidade das pessoas exibirem-se. Em
contrapartida, aumenta-se também o preço desses produtos,
fazendo com que classes mais baixas não possam consumi-los.
A população brasileira tende a valorizar mais o que vem dos
outros países, tendo uma constante visão de inferioridade acerca
daquilo que é genuinamente brasileiro – constituindo uma
subalternidade também chamada de “complexo de vira-lata”. Os
produtos “gourmet” são feitos, em sua maioria, com matéria
prima estrangeira e por essa razão são vistos como refinados e
superiores, desvalorizando assim o mercado nacional.
A princípio, o uso de ingredientes importados acarreta o
aumento do preço do produto final. Entretanto, muitas empresas
tomam proveito desse aumento de preço e colocam o nome
gourmet em tudo, sem necessariamente usar mercadorias caras
e de qualidade no processo de produção. O que é favorável para o
empresário é extremamente negativo para as classes mais baixas
que não possuem poder de compra desses produtos, gerando
mais um aspecto de segregação entre as classes sociais.
Os indivíduos vivem imersos, cada vez mais, em uma
sociedade de espetáculo, na qual ter algo e vangloriar-se disso
torna-se prioridade. O fato de ser capaz de comprar uma
mercadoria produzida apenas para a elite, diferenciando-se assim
de outras camadas sociais, agrada o consumidor e aumenta
gradativamente a demanda para aquele produto.
A gourmetização, por fim, embora ocorra no dia a dia, triplica
o preço de uma mercadoria, muitas vezes por estética ou status. A
fiscalização para assegurar que o preço faça jus a qualidade dos
produtos, o incentivo do Estado para empresas nacionais terem a
capacidade de concorrer com as entrangeiras e o uso de
fenômeno da gourmetização para medidas sustentáveis como,
por exemplo, alimentos sem uso de agrotóxicos são medidas
capazes de tornar essa prática mais próspera possível.
Clara Beatriz Cavalcante – Pré III
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XXXI CONCURSO DE LITERATURA
MARIA HELENA XAVIER FERNANDES
“Biquínis e mensagens devem ser curtos para aguçar o
interesse e longos o suficiente para cobrir o objeto.”
Carlos Heitor Cony
Em 2016, o XXXI CONCURSO DE LITERATURA MARIA
HELENA XAVIER FERNANDES apresenta como escritor
homenageado e fonte de inspiração, CARLOS HEITOR CONY.
O jornalista e escritor produz livros, crônicas publicadas em
jornais e revistas e tem uma vasta obra literária.
O texto a seguir foi escrito em 1997, e Cony questiona a
comunicabilidade em tempos modernos. Impressionante
como o tema continua tão atual mesmo tendo sido escrito há
quase vinte anos. Leia e contemple...
VIZINHOS E INTERNAUTAS
Estudiosos do comportamento humano na vida moderna
constatam que um dos males de nossa época é a
incomunicabilidade das pessoas. Já foi tempo em que, mesmo
nas grandes cidades, nos bairros residenciais, ao cair da tarde
era costume os vizinhos se darem boa noite, levarem as
cadeiras de vime para as calçadas e ficar falando da vida, da
própria e da dos outros.
A densidade demográfica, os apartamentos, a violência
urbana, o rádio e mais tarde a TV ilharam cada indivíduo no
casulo doméstico. Moro há 18 anos num prédio da Lagoa;
tirante os raros e inevitáveis cumprimentos de praxe no
elevador ou na garagem, não falo com eles nem eles comigo.
Não sou exceção. Nesse lamentável departamento, sou regra.
Daí que não entendo a pressão que volta e meia me fazem
para navegar na Internet. Um dos argumentos que me dão é
que posso falar com pessoas na Indonésia, saber como vão as
colheitas de arroz na China e como estão os melões na
Espanha.
Uma de minhas filhas vangloria-se de ser internauta. Tem
e Dublin,
os
amigos na Pensilvânia e arranjou um admirador em
terra do Joyce, do Bernard Shaw e do Oscar Wilde. Para
convencê-la de seus méritos, ele mandou uma foto em cor que
foi impressa em alta resolução. É um jovem simpático, de
bigode, cara honesta. Pode ser que tenha mandado a foto de
um outro.
Lembro a correspondência sentimental das velhas revistas
de antanho. Havia sempre a promessa: “Troco fotos na primeira
carta”. Nunca ouvi dizer que uma dessas trocas tenha tido
resultado aproveitável. Para vencer a incomunicabilidade,
acredito que o internauta deva primeiro aprender a se
comunicar com o vizinho de porta, de prédio, de rua. Passamos
uns pelos outros com o desdém de nosso silêncio, de nossa cara
amarrada. Os suicidas se realizam porque, na hora do
desespero, falta o vizinho que lhe deseje sinceramente uma boa
noite.
O Potencial
Limites do uso da
Maconha
Entretenimento ao
Alcance De Todos
Livros são a razão de sermos alfabetizados e termos
conhecimento – cada um na sua área. Cada pessoa tem seus
gostos e escolhas: aventura, ficção, terror, comédia, romance
e muitos outros, porém, os livros para muitas pessoas são
uma forma de saída da realidade, uma espécie de fuga dos
problemas da vida.
Nada mais, nada menos que uma história para nos fazer
rir, chorar e se entreter sem sair de casa ou gastar seu 3G: os
livros são uma forma que temos de colocar nossa imaginação
em prática, exercitá-la, animando assim cada pessoa, em
qualquer canto do mundo.
Histórias interessantes e que deixam algo em suspense
sempre deixam os leitores curiosos, animados para ler e
descobrir um pouco mais, criando leitores ávidos, sempre
querendo mais.
Todos nós poderíamos ler, mas não pela obrigação de
termos um bom resultado em uma avaliação da escola. Ler
para fazer tudo mais mágico e divertido! Devemos acreditar
que se lermos, tudo ficará melhor e mais compreensível de se
resolver.
A vida da leitura – e com leitura – é saudável, educativa e
com vantagens que só nos beneficiam: a realidade mais
divertida e curiosa.
Raquell Pureza – Pré II
Colaboradores:
Clara Beatriz Cavalcante – Pré III
Gabriella Emerim – Pré III
Gabriel Amaral – Pré III
Samara Barros – Pré III
Lucas Maciel - ex aluno
Amanda Guarino – Pré III
Raquell Pureza – Pré II
Prof.ª Ana Carolina Nóbrega
Prof. Abelardo Soares
Diagramação:
Fabio de Carvalho
Editor Responsável:
Prof.ª Ana Carolina Nóbrega
Coordenação:
Prof.ª Ana Carolina Nóbrega

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