2002 - Eurojust
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EUROJUST Relatório Anual 2002 EUROJUST Relatório Anual 2002 Europe Direct é um serviço que o/a ajuda a encontrar respostas às suas perguntas sobre a União Europeia Um novo número verde único: 00 800 6 7 8 9 10 11 Encontram-se disponíveis numerosas outras informações sobre a União Europeia na rede Internet, via servidor Europa (http://europa.eu.int). Uma ficha bibliográfica figura no fim desta publicação Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2003 © Comunidades Europeias, 2003 Reprodução autorizada mediante indicação da fonte Printed in Belgium IMPRESSO 2 EM PAPEL BRANQUEADO SEM CLORO Eurojust: Relatório Anual 2002 4 1. Estrutura da Eurojust 6 2. Tratamento de casos 7 3. Exemplos de casos 18 4. A Decisão Eurojust, as instituições e o ambiente jurídico 23 5. Contactos com as autoridades nacionais 28 6. Países candidatos e países terceiros 31 7. Administração 33 8. Objectivos para 2003 35 Conclusão 37 Anexo 38 Eurojust: Relatório Anual 2002 3 Í N D I C E Preâmbulo P R E Â M B U L O É para mim um prazer apresentar o primeiro Relatório Anual do Colégio da Eurojust referente ao ano de 2002. Nele se descrevem as actividades desenvolvidas ao longo do ano nos domínios do tratamento de casos e da gestão, incluindo a gestão orçamental e os planos para o futuro. Em Dezembro de 2001, o Conselho Europeu reunido em Laeken, na Bélgica, confirmou que a Eurojust poderia começar a trabalhar em Haia, uma decisão que fez de 2002 um ano de mudanças para a Eurojust. Este é o primeiro relatório elaborado depois da aprovação da decisão do Conselho relativa à criação da Eurojust, em 28 de Fevereiro de 2002, e da sua publicação no Jornal Oficial da União Europeia, em 6 de Março. Na sequência da referida decisão, a Eurojust passou a ser uma unidade com carácter definitivo e com personalidade jurídica e o Colégio aprovou o seu Regulamento Interno, que lhe irá permitir pôr em prática essa mesma decisão. Um dos artigos do Regulamento Interno define as normas que regem a nomeação pelo Colégio de um presidente e de dois vice-presidentes. Em Junho de 2002, o Colégio elegeu o membro nacional do Reino Unido, Michael Kennedy, para o cargo de presidente, e Olivier de Baynast (França) e Ignacio Peláz Márquez (Espanha) para vice-presidentes. Peláez Márquez demitiu-se em Dezembro de 2002, a fim de assumir um cargo em Espanha, e foi substituído em Janeiro de 2003 por Bjørn Blomqvist (Suécia), após uma eleição para o efeito. A actividade operacional da Eurojust prosseguiu em 2002, tendo sido apresentados ao Colégio 202 casos. O capítulo «Tratamento de casos» do presente relatório contém informação pormenorizada sobre esta matéria. Durante o ano, foram realizadas várias reuniões de coordenação e outras reuniões operacionais para analisar casos específicos relacionados com assuntos como o terrorismo, a pornografia infantil na Internet, fraudes, branqueamento de capitais e tráfico de seres humanos e de droga. A quantidade de casos apreciados foi condicionada pelo facto de o Colégio ter tido necessidade de dedicar bastante tempo aos assuntos administrativos. Os mais importantes destes assuntos foram a criação da nova infra-estrutura administrativa da Eurojust e as negociações com as autoridades neerlandesas com vista à obtenção de instalações adequadas em Haia. Estamos gratos ao Governo neerlandês pelos esforços que desenvolveu relativamente a este assunto. A Eurojust conseguiu, também, preparar e apresentar um projecto de orçamento de 3,5 milhões de euros, que foi aprovado pela Comissão dos Orçamentos do Parlamento Europeu, em Maio de 2002, embora 0,7 milhões de euros tenham sido inscritos na reserva. Durante o ano, foi igualmente aprovado o projecto de orçamento para 2003. 4 Eurojust: Relatório Anual 2002 Em 10 de Dezembro de 2002, o Colégio começou a trabalhar nas suas instalações em Haia. Foram já dados passos importantes no sentido de concretizar as ambições manifestadas no Conselho Europeu de Tampere sobre a criação de uma Unidade de Cooperação Judiciária na União Europeia. A Eurojust oferece agora mais um instrumento de carácter prático que os procuradores e os investigadores podem usar na luta contra formas graves de criminalidade organizada transfronteiriça. Há muito a fazer no próximo ano. Iremos dar prioridade ao reforço da nossa capacidade de tratamento de casos. Aguardamos com expectativa a conclusão das salas de conferências nas nossas instalações de Haia, que deverão ficar prontas ainda em 2003, o que nos irá permitir organizar reuniões na sede da unidade, em vez de estarmos constantemente à procura de instalações adequadas noutros locais da Europa para realizar as nossas reuniões de coordenação. Já fizemos alguns progressos no sentido de nos prepararmos para os desafios da adesão e iremos prosseguir este trabalho em 2003. A protecção de dados continuará a ser um dos principais tópicos em 2003. Os 15 membros da Instância Comum de Controlo para a Protecção dos Dados ainda não se reuniram, uma vez que nem todos os Estados-Membros designaram os seus representantes em 2002. O presente relatório é dirigido ao Conselho, mas também contém informações e uma síntese da situação destinadas a todos os nossos parceiros de trabalho, especialmente às autoridades nacionais competentes para a investigação e para o exercício da acção penal nos Estados-Membros e nos países terceiros com os quais mantemos contactos regulares com vista à resolução de casos. O Colégio tem todo o prazer em que o Relatório Anual tenha uma ampla divulgação. O Colégio gostaria de aproveitar esta oportunidade para apresentar os seus sinceros agradecimentos e manifestar a sua gratidão ao Secretariado do Conselho por ter permitido que a Eurojust utilizasse o seu gabinete no edifício Justus Lipsius, em Bruxelas. Sem esse apoio e sem essa assistência, a Eurojust não poderia ter funcionado nem realizado reuniões de coordenação durante o período de Março de 2001 até Dezembro de 2002, altura em que nos pudemos mudar para as nossas instalações em Haia. Michael G. Kennedy Presidente do Colégio da Eurojust Março de 2003 Eurojust: Relatório Anual 2002 5 E S T R U T U R A A Eurojust é composta por 15 membros nacionais, sendo cada um destacado em conformidade com o sistema jurídico do respectivo país, com a qualidade de procurador, juiz ou oficial de polícia com prerrogativas equivalentes. Vários Estados-Membros nomearam assistentes para ajudar o seu membro nacional. Alguns dos assistentes foram colocados em Haia juntamente com os respectivos membros nacionais, ao passo que outros trabalham a partir do país de origem. Estes últimos deslocam-se a Haia para substituir o seu membro nacional ou sempre que a sua presença seja ali necessária. Alguns Estados-Membros não D A nomearam nenhum assistente e dois Estados-Membros nomearam dois. Um dos principais problemas que o Colégio teve de enfrentar em 2002 foi a grande E U R O J U S T diversidade e quantidade de trabalho que foi necessário realizar, aprovar e fazer avançar. Apesar de todo o entusiasmo e boa-vontade, trabalhar como grupo de 15 pessoas revelou-se um processo demasiado moroso. Em Setembro de 2002, a Eurojust realizou uma reunião para planear as suas actividades, tendo considerado que era necessário criar novas estruturas, de modo a permitir a constituição de grupos mais pequenos de membros nacionais para tratarem de questões específicas e apresentarem depois as suas propostas ao Colégio, no seio do qual são tomadas as decisões finais. O capítulo 8 do presente relatório («Objectivos para 2003») aborda este assunto mais pormenorizadamente. Foram criados vários comités, tal como previsto no Regulamento Interno da Eurojust. Cada comité tem a seu cargo uma das seguintes áreas: casos, comunicações, estratégia e avaliação. Enquanto os membros nacionais se ocupam dos processos propriamente ditos, o Comité de Tratamento de casos trabalha a um nível diferente com o objectivo de identificar boas práticas, definir estratégias, assegurar o eficiente tratamento de casos, bem como melhorar a eficácia das reuniões de cooperação e coordenação relacionadas com casos concretos e com vários assuntos relativos ao tratamento de casos. Existe ainda um Grupo de Administração, dirigido por um director administrativo, que responde perante o Colégio através do presidente, conforme previsto na decisão. A nova estrutura deverá permitir que os membros nacionais utilizem da melhor forma possível o tempo e os recursos de que dispõem, devendo ainda acelerar o processo de decisão e as acções empreendidas. Os Comités e o colégio Comité de Tratamento de Casos Comité de Estratégia COLÉGIO Grupo de Administração Comité de Comunicações Comité de Avaliação 6 Eurojust: Relatório Anual 2002 A Eurojust tem por objectivo melhorar a coordenação e a cooperação entre os investigadores e os procuradores que se ocupam das formas graves de criminalidade internacional e prestar-lhes o apoio necessário para poderem desempenhar mais eficazmente as suas funções. O tratamento de casos está no cerne das actividades da Eurojust. T R A T A M E N T O O tratamento de casos constitui a principal actividade da Eurojust A presente secção apresenta informação sobre as actividades de cooperação e aos casos apreciados em 2002. A falta de recursos e de pessoal obrigou à recolha manual como desejaríamos. No entanto, os dados apresentados são úteis, na medida em que permitem formar uma ideia dos casos apreciados em 2002. O trabalho de tratamento de casos está a desenvolver-se graças a uma maior confiança e comunicação entre a Eurojust e as autoridades nacionais. Os membros nacionais da Eurojust e os seus assistentes prestam às autoridades nacionais um serviço permanente para resolução de problemas de cooperação nos domínios da investigação e dos procedimentos penais. Os bons resultados e a cooperação e coordenação eficazes contribuem para promover as facilidades que a Eurojust oferece e para aumentar a visibilidade da unidade nos Estados-Membros. A maioria dos casos remetidos à unidade é resolvida através de reuniões entre os membros nacionais que representam os países envolvidos nos processos em causa. No caso de processos mais difíceis, são organizadas reuniões, seja nas instalações provisórias do novo edifício da Eurojust, seja num dos Estados-Membros interessados, o que muitas vezes apresenta maior conveniência. Isto permite que os representantes das autoridades nacionais em causa se reúnam com os membros nacionais da Eurojust para resolver problemas e, eventualmente, para decidir sobre as acções coordenadas a empreender. Em caso de necessidade, são assegurados serviços de tradução. A Eurojust intervém ao nível operacional e estratégico, no âmbito da coordenação judiciária multilateral. Assegura os meios necessários para os investigadores e os procuradores trocarem informações concretas sobre investigações e procedimentos penais em curso. Por vezes são identificadas ligações entre casos de jurisdições diferentes, o que permite não só apreciar delitos isolados, mas também combater as organizações criminosas que desenvolvem a sua actividade na União Europeia. A troca de informações entre as autoridades competentes é um outro aspecto importante a desenvolver. Está a ser considerada a possibilidade de realizar estudos com vista a desenvolver o acesso da unidade à informação e a criar uma bases de dados da Eurojust. Eurojust: Relatório Anual 2002 7 C A S O S de dados estatísticos, o que não nos permite prestar informação tão pormenorizada D E coordenação facilitadas pela Eurojust, bem como uma síntese das estatísticas relativas Em termos estratégicos, a Eurojust tem a possibilidade de desenvolver acções em áreas da criminalidade nas quais os profissionais enfrentem problemas a nível internacional, quer devido à sua complexidade, quer à necessidade de coordenação e/ou de conhecimentos jurídicos especializados. Entre essas áreas contam-se a fraude, a pornografia infantil na Internet, o terrorismo, a contrafacção do euro, o tráfico de droga e o contrabando de bebidas alcoólicas. A Eurojust oferece aos peritos judiciários dos 15 Estados-Membros da União Europeia um fórum para a realização de debates construtivos. Estas reuniões de coordenação estratégica proporcionam também uma boa oportunidade para sensibilizar os profissionais para os novos instrumentos e iniciativas da UE no domínio da luta contra a criminalidade organizada e para promover a sua utilização. Ao longo de 2002, e em conformidade com as conclusões do Conselho «Justiça e Assuntos Internos», de 20 de Setembro de 2001, a Eurojust continuou a convocar reuniões sobre o terrorismo, dando assim seguimento à reunião inicial sobre este tópico realizada em Junho de 2001. Nos casos em que isso se justificou, representantes de outros países interessados, incluindo os Estados Unidos e outros países terceiros, foram convidados a participar nessas reuniões. O número total de casos submetidos à apreciação da unidade aumentou, mas tal aumento não foi proporcional ao desenvolvimento da unidade. Este facto ficou a dever-se a várias razões entre as quais se destacam, em primeiro lugar, a incerteza quanto à instalação da Eurojust em Haia e, em segundo lugar, o tempo despendido na aprovação do Regulamento Interno e na criação de uma infra-estrutura administrativa. Trata-se de duas tarefas que, embora necessárias, condicionaram a capacidade da unidade para desenvolver a sua actividade relacionada com o tratamento de casos. A Eurojust conseguiu, também, promover uma melhor compreensão da Rede Judiciária Europeia, quer a nível nacional, quer a nível da União Europeia. Desenvolveu, igualmente, esforços no sentido de incentivar as autoridades nacionais a utilizarem melhor os mecanismos existentes e outras vias de cooperação judiciária, tais como o contacto directo entre autoridades judiciárias e a rede de magistrados de ligação. As autoridades também começam a compreender melhor qual o tipo de casos que devem ser encaminhados para a Eurojust. Embora haja ainda muito a fazer nesta área em muitos Estados-Membros, o melhor conhecimento das facilidades e serviços que a Eurojust oferece começa a fazer-se sentir ao nível do volume de casos comunicados à Eurojust. As autoridades competentes reconhecem já o que a Eurojust pode fazer no domínio da cooperação judiciária e o que é possível realizar por outros meios. Em comparação com o número de processos multilaterais, a proporção de processos bilaterais é bastante elevada, constituindo 70% de todos os processos remetidos à Eurojust. De futuro, o trabalho da Eurojust irá concentrar-se mais em processos 8 Eurojust: Relatório Anual 2002 multilaterais, já que é este o tipo de processos que representa a parte mais importante do trabalho da unidade. O desenvolvimento de uma acção eficaz e da facilitação dos processos multilaterais será um objectivo importante nos próximos anos. A Eurojust recebeu mais pedidos de assistência na área da cooperação do que pedidos de ajuda ao nível da coordenação de investigações e de procedimentos penais, o que talvez não seja surpreendente. Muitas autoridades judiciárias dentro e fora da União Europeia consideram que a capacidade da Eurojust para facilitar a cooperação judiciária internacional assegura a rápida execução de cartas rogatórias. Os êxitos alcançados nesta área no passado levaram a que fossem remetidos à Eurojust alguns casos simples de cooperação bilateral, quando, na realidade, teria sido melhor remetê-los para outras pessoas ou organismos que se dedicam à cooperação judiciária internacional, como, por exemplo, a rede judiciária europeia ou os magistrados de ligação. A função cometida à Eurojust para coordenar acções de luta contra formas graves de criminalidade transfronteiriça é uma função totalmente nova na UE. Está a ser desenvolvido muito trabalho ao nível dos diversos Estados-Membros no sentido de incentivar as autoridades a encaminharem para a Eurojust os processos que requerem uma plataforma multilateral. A Eurojust está muito interessada em aumentar a sua capacidade de coordenação de acções contra formas graves de criminalidade transfronteiriça, exercendo as suas competências, quando necessário, com vista a complementar essa acção. O desenvolvimento desta área de actividade é uma prioridade importante. Os processos remetidos à Eurojust abrangem uma grande diversidade de crimes, tais como actos de terrorismo, tráfico de seres humanos, tráfico de droga, branqueamento de capitais, contrabando de bebidas alcoólicas, furto por arrombamento com utilização de veículo automóvel (ram-raid theft), pornografia infantil na Internet, fraudes do tipo «carrossel» envolvendo o IVA e outras fraudes graves, incluindo as fraudes lesivas dos interesses financeiros da UE. Nas reuniões realizadas, foram acordadas acções coordenadas, debateram-se várias questões, foram aprovados planos de acção destinados a resolver problemas e a acompanhar os progressos realizados, foram definidas as melhores maneiras de obter provas e foram clarificados as diferenças de procedimentos jurídicos diferentes. A grande maioria das reuniões traduziu-se numa acção mais eficiente e numa melhor cooperação bilateral ou multilateral. Foram criadas várias redes informais entre os responsáveis por certas áreas de criminalidade em cada Estado-Membro. As reacções dos participantes sugerem que as reuniões representam uma mais-valia e contribuem, de um modo geral, para uma melhor cooperação e coordenação entre as autoridades em causa. No quadro seguinte apresentam-se dados pormenorizados sobre todas as reuniões realizadas em 2002. Eurojust: Relatório Anual 2002 9 16 Reunião de coordenação 12.3.2002 Reunião de coordenação 13.3.2002 Reunião de coordenação 14.3.2002 Reunião de coordenação 19.3.2002 Reunião de coordenação 17.4.2002 Reunião de coordenação 7.5.2002 Reunião de coordenação 18.5.2002 2 3 4 5 6 7 8 Eurojust: Relatório Anual 2002 9 12 10 17 14 16 Reunião de coordenação 2.8.2002 17 Reunião de coordenação 11.11.2002 18 Reunião de coordenação 18.11.2002 19 Reunião com autoridades peruanas 19.11.2002 N.° de reuniões em que os Estados-Membros participaram TOTAL 387 6 19 15 Reunião de coordenação 23.7.2002 20 Reunião de coordenação 5.12.2002 34 14 Reunião de coordenação 9.7.2002 3 111 2 7 4 2 3 4 11 15 7 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 10 6 16 8 1 1 1 1 43 15 1 15 13 Reunião de coordenação 18.6.2002 1 12 Reunião de coordenação 5.6.2002 1 54 11 Reunião de coordenação 29.5.2002 1 1 1 7 8 4 21 1 1 Reunião de coordenação 14.5.2002 1 1 1 1 10 Reunião de coordenação 21.5.2002 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 3 3 3 14 3 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 13 7 1 1 1 1 1 8 1 1 1 1 1 1 1 1 6 1 1 1 1 1 1 5 1 1 1 1 1 4 1 1 1 1 8 1 1 1 1 1 1 1 1 7 1 1 1 1 1 1 1 N.° de Estados-Membros presentes nas reuniões BE DK DE EL ES FR IE IT LU NL AT PT FI SE UK 5 9 18 16 46 11 13 Reunião de coordenação 1.2.2002 1 Designação de reunião Número de participantes EUA 2 1 1 2 1 1 1 1 Mónaco OUTROS PAÍSES Suíça ESTADOS-MEMBROS 1 1 Turquia Quadro I 1 1 Peru 10 Noruega 2 1 1 1 1 Polónia A Eurojust é uma organização nova e reconhece que será preciso algum tempo até ser consultada sobre um volume de processos apreciável e até conquistar a confiança das autoridades competentes dos Estados-Membros. Contribuir para a melhoria da qualidade e do volume de casos é uma responsabilidade que incumbe quer aos Estados-Membros quer à Eurojust. A experiência revela que o apoio dos Estados-Membros ao seu membro nacional na Eurojust pode ter um impacto significativo em termos do número de casos remetidos para a unidade. O apoio de procuradores das categorias mais elevadas, como por exemplo os procuradores-gerais, tem-se traduzido no encaminhamento de um elevado número de casos para a Eurojust por parte dos Estados-Membros em causa. Por outro lado, quando esse apoio não existe, é menor o número de casos remetidos à Eurojust. O apoio a programas de sensibilização e as apresentações sobre a Eurojust a nível nacional também têm tido um impacto semelhante, bem como a criação de mecanismos internos de encaminhamento de casos para os membros nacionais da Eurojust, as condições de trabalho dos membros nacionais e a atitude e o apoio por parte dos profissionais a nível nacional. Gráfico 1 — Categorias de crimes 70 60 50 40 30 20 10 30% 16% 9% 7% 6% 6% 2% 24% Fraude Tráfico de droga Terrorismo Homicídios Contrabando Tráfico de seres humanos e imigração ilegal Branqueamento de capitais Outros 0 Categorias de crimes No gráfico 1 apresentam-se as categorias de crimes a que se referem os casos comunicados à Eurojust. As fraudes representam 30% dos casos remetidos à Eurojust. O Colégio crê que isso se deve, em parte, à elevada incidência de investigações e procedimentos penais relativos a fraudes que envolvem aspectos transfronteiriços e ao facto de as definições e o conceito geral de fraude diferirem entre os Estados-Membros da UE. As estatísticas relativas à categoria fraude incluem as fraudes fiscais, as burlas qualificadas, as burlas informáticas, os pedidos fraudulentos de adiantamento de Eurojust: Relatório Anual 2002 11 quantias para pagamento de serviços a apropriação indevida de activos de empresas, as fraudes lesivas dos interesses financeiros da Comunidade e as fraudes relacionadas com o IVA. Os processos relacionados com o tráfico de droga, que representam 16% de todos os casos encaminhados para a Eurojust, tratam de outro tipo de crime de que a unidade se ocupa. Melhorar o combate ao terrorismo é uma das principais preocupações da Eurojust, ainda que o número de casos relacionados com terrorismo apreciados pela unidade não seja tão elevado como o de outros tipos de crimes graves. A complexidade de alguns casos de terrorismo e a importância de se criarem redes para ajudar a combater este fenómeno — uma área em que a colaboração da Eurojust tem sido solicitada — levaram a que o terrorismo se tornasse uma das grandes prioridades da unidade. Estas considerações aplicam-se, também, ao tráfico de seres humanos e à imigração ilegal, embora este tipo de crime apenas represente 6% dos casos apreciados pela Eurojust em 2002. Desde a criação da unidade em Março de 2001, a experiência tem revelado que este tópico é da maior importância e que lhe é atribuída uma grande prioridade em muitos Estados-Membros. São enormes os desafios que enfrentam os investigadores e os procuradores que coordenam as investigações contra as redes que se dedicam ao tráfico de seres humanos para fins de prostituição nos Estados dos Balcãs, em muitos dos países candidatos e, também, na China, no Curdistão e noutros locais. Procurar resolver estes problemas é um desafio não só para a Eurojust mas também para todos os serviços da UE responsáveis pela aplicação da lei. A unidade tem de trabalhar em colaboração com outros organismos para definir metodologias e tem de continuar a desenvolver a sua actividade nesta área. Trata-se de uma área em que muitos investigadores e procuradores consideram que os seus esforços sistemáticos para resolver problemas são entravados por dificuldades de carácter prático. Trata-se, igualmente, de uma área que representa um perigo potencial para a estabilidade na UE. As estatísticas relativas aos processos incluem uma série de casos na categoria de branqueamento de capitais. Contudo, há que ter cuidado, pois o Colégio constatou frequentemente a existência de casos comunicados à Eurojust como pertencendo a uma determinada categoria de crime e que incluem, muitas vezes, uma componente de branqueamento de capitais. Isto acontece, sobretudo, com os processos relativos a fraudes lesivas dos interesses financeiros da UE, tráfico de droga, tráfico de seres humanos e terrorismo. 12 Eurojust: Relatório Anual 2002 Gráfico 2 — Casos bilaterais e casos multilaterais 160 144 140 120 116 100 80 60 43 40 26 27 31 20 0 Casos bilaterais Casos multilaterais (três países) Casos multilaterais (quatro países ou mais) 2001 2002 Durante o ano de 2002, registou-se um aumento do número de casos envolvendo países candidatos e países terceiros (gráfico 2). Isto resultou num aumento de actividade para os membros nacionais cujos Estados se situam nas fronteiras externas da UE, bem como para os membros nacionais de outros Estados-Membros que não se situam nas fronteiras externas da UE. Por exemplo, os membros nacionais da Áustria e dos países nórdicos têm vindo a desempenhar um papel cada vez maior no que se refere a facilitar a cooperação entre os seus Estados e os países candidatos ou outros países vizinhos. Houve, ainda, outros membros nacionais que também registaram um aumento de actividades envolvendo Estados não pertencentes à UE. Eurojust: Relatório Anual 2002 13 Apresentam-se a seguir os gráficos 3 e 4, que ilustram o número de casos encaminhados para a Eurojust por cada Estado-Membro, bem como os Estados-Membros neles envolvidos e aqueles cuja assistência foi solicitada com respeito a esses casos. Gráfico 3 — Estados requerentes 35 31 30 27 26 25 25 23 23 21 21 20 19 20 19 17 14 15 12 10 9 10 9 9 8 7 7 6 4 5 4 4 4 3 2 2 2 0 ia Itál nha ma Ale cia Sué a o anh o Unid n Rei Esp nça Fra a al ia arc ând am Finl Din tug Por 2001 s go gica aixo bur em es B Lux País Bél nda Irla tria Áus cia Gré 2002 Gráfico 4 — Estados requeridos 70 63 60 50 40 46 42 41 39 38 35 37 37 33 30 30 30 27 28 18 20 16 13 10 10 10 5 6 8 10 8 5 3 4 0 4 0 0 a nha xos élgica Unido anh ma Bai B no Ale ses Rei Paí Esp nça Fra a al ia go tria arc Itál mbur Portug Áus inam e D Lux 2002 2001 cia Gré cia Sué nda lândia Fin Irla A melhoria dos procedimentos de registo relativos ao tratamento de casos e o recurso a novas tecnologias permitirá incluir dados mais precisos e estatísticas mais pormenorizadas nos futuros relatórios anuais da Eurojust, o que ajudará os leitores 14 Eurojust: Relatório Anual 2002 a apreciarem melhor o volume de trabalho da unidade. Por outro lado, ajudará também o Colégio a acompanhar, compreender e avaliar as suas actividades e a assegurar a disponibilização de informação e das conclusões a extrair das estatísticas. Acesso à informação Durante 2002 tornou-se evidente a necessidade de os membros nacionais da Eurojust terem acesso a uma quantidade significativa de informação, a fim de poderem melhorar a coordenação das investigações e dos procedimentos penais relacionados com os crimes transfronteiriços graves. Para além de outros factores, o acesso à informação depende das competências atribuídas aos vários membros nacionais pela respectiva legislação nacional. A disponibilidade de recursos de novas tecnologias de informação e comunicação e o acesso a esses recursos por parte dos membros nacionais varia de um Estado-Membro para outro. Há muito mais a fazer para assegurar que todos os membros nacionais tenham acesso à informação nacional de que necessitam para poderem desempenhar eficazmente as suas funções no âmbito da Eurojust. Base de dados Em 2002 foram tomadas medidas preliminares com vista a dotar a Eurojust de um ficheiro de dados informatizado contendo um índice de dados sobre as investigações, no qual possam ser armazenados dados pessoais e não pessoais. Esta tarefa poderá ser realizada por meio de um projecto, que o Colégio espera explorar, e que está a ser patrocinado pela Itália, França, Roménia e Eslovénia no âmbito do programa Grotius. Problemas relacionados com o auxílio judiciário mútuo Persistem muitos dos obstáculos ao auxílio judiciário mútuo descritos no Relatório da Pro-Eurojust referente a 2001, sendo apresentados a seguir alguns exemplos desses obstáculos. Por outro lado, a Eurojust detectou mais alguns problemas e novos obstáculos no decurso das suas actividades, em 2002. Uma dificuldade importante reside no facto de alguns processos que exigem coordenação e envolvem vários países poderem necessitar, inicialmente, de uma coordenação ao nível interno de um dos Estados-Membros. É necessário assegurar uma melhor coordenação em alguns Estados, onde as responsabilidades em matéria de investigação e procedimentos penais estão divididas a nível local. As decisões tomadas num país podem ter repercussões significativas em investigações e procedimentos penais em curso noutro país. Quando este tipo de ligações existe, e a fim de se trabalhar mais eficientemente, é necessário adquirir uma visão de conjunto. Em casos deste tipo, a coordenação das actividades pode trazer benefícios consideráveis. A Eurojust ajudou a resolver alguns destes problemas numa série de processos. Eurojust: Relatório Anual 2002 15 O facto de os processos não avançarem num Estado-Membro pode ter repercussões negativas ao nível da coordenação entre os outros países envolvidos. Por exemplo, num caso que envolvia três Estados-Membros e um país candidato, não foi possível identificar qual era a entidade competente num Estado devido à estrutura federal deste. Os esforços desenvolvidos até à data para resolver este problema têm-se revelado infrutíferos. Alguns dos problemas mais importantes que ainda subsistem são os seguintes: • atrasos frequentes e demasiado longos na execução de cartas rogatórias; • falta de coordenação entre as autoridades competentes em matéria de investigação e procedimentos penais; • procedimentos morosos para o processamento de cartas rogatórias internacionais; • problemas relacionados com a compreensão dos diferentes sistemas jurídicos existentes na UE, e com procedimentos diferentes para obtenção de prova, bem como dificuldades na utilização da informação e das provas reunidas por forças policiais e autoridades judiciárias diferentes no âmbito das acções judiciais que decorrem noutros países; • falta de conhecimento do processo penal e das estruturas de justiça criminal de outros Estados-Membros. Estes aspectos são realmente importantes porque a carta rogatória tem de ser executada em conformidade com a lei do país a quem é dirigida; • existência de regras de confidencialidade e revelação de dados em alguns Estados-Membros, que impedem a troca de informação, bem como de diferenças processuais relativamente a buscas domiciliárias e outros tipos de buscas; • diferenças ao nível da legislação antiterrorista; por exemplo, pertencer a uma organização terrorista não é crime em todos os Estados-Membros; • não é atribuída prioridade aos pedidos de auxílio judiciário mútuo quando aqueles que os devem executar são responsáveis por outras investigações e procedimentos penais a nível nacional. A execução de pedidos de auxílio judiciário mútuo é tida como uma interferência nas tarefas quotidianas normais. Seria possível adoptar algumas medidas destinadas a atenuar estes problemas sem introduzir nova legislação. Contudo, outras medidas exigem a adaptação da legislação nacional, a implementação de convenções internacionais e outros instrumentos. 16 Eurojust: Relatório Anual 2002 A Eurojust sugere algumas melhorias possíveis: 1. Ratificação e aplicação, a breve trecho, da Convenção de Auxílio Judiciário Mútuo de 2000, da UE, e promoção da transmissão directa de pedidos de auxílio judiciário mútuo e/ou cartas rogatórias, em particular no espaço Schengen, assim como uma avaliação destinada a assegurar que os pedidos sejam executados rapidamente e obtenham respostas rápidas. 2. Os Estados-Membros devem dar seguimento a projectos existentes sobre modelos-tipo para o tratamento de pedidos de auxílio judiciário mútuo. A Eurojust está disposta a trabalhar com a Rede Judiciária Europeia e as autoridades dos Estados-Membros com vista a tornar mais eficaz a cooperação e a coordenação de actividades. 3. Seria possível melhorar a qualidade da redacção e preparação de cartas rogatórias, assim como a qualidade das traduções através de um controlo mais eficaz nos Estados-Membros. 4. Como unidade de profissionais, o Colégio considera que um maior reconhecimento mútuo das decisões e uma maior aproximação das legislações ajudariam a facilitar o auxílio judiciário mútuo e a cooperação entre os Estados-Membros. Eurojust: Relatório Anual 2002 17 E X E M P L O S A maioria dos processos de grande dimensão (isto é, transnacionais) remetidos à Eurojust realçou a importância de existir, logo à partida, uma cooperação entre as autoridades judiciárias e os organismos nacionais competentes, a fim de se definirem estratégias de investigação comuns desde a fase inicial de um processo. Seguidamente, apresentam-se alguns exemplos de processos remetidos à unidade e de reuniões relacionadas com o tratamento de casos realizadas em 2002. D E Pornografia infantil na Internet C A S O S Em 2002, sob os auspícios da Eurojust, realizaram-se duas reuniões de coordenação sobre pornografia infantil na Internet, a fim de fazer o ponto da situação de uma investigação judicial que estava a ser realizada em Itália com ligações a 10 países dentro e fora da UE. O objectivo era reunir a experiência adquirida por uma série de países no decurso das investigações levadas a cabo à escala internacional. Os investigadores e os procuradores envolvidos nestas investigações adquiriram uma experiência valiosa, que puderam assim partilhar com colegas de outros Estados. Na sequência da reunião de coordenação, registou-se uma aceleração das investigações em Espanha, a «Fiscalia General del Estado» desmantelou uma rede internacional de pedofilia através da Internet e procedeu à detenção de nove indivíduos e à apreensão de uma enorme quantidade de material pornográfico. Os 23 procuradores e oficiais de polícia representantes dos 15 Estados-Membros da UE e o representante da Europol que participaram numa dessas reuniões estão a estudar a possibilidade de se criar, no âmbito da Eurojust, uma base de dados europeia que permita centralizar a informação sobre este tipo de crime. Tráfico de seres humanos Em Dezembro de 2001, um grave incidente envolvendo o tráfico de seres humanos causou a morte de oito pessoas cujos cadáveres foram descobertos, juntamente com alguns sobreviventes, num contentor em Wexford, na Irlanda. Este não foi o primeiro incidente do género registado na UE. A ampla investigação que se seguiu envolveu diversos Estados-Membros, com a Irlanda e a Bélgica a desempenharem o papel central. No início, a participação dos membros nacionais da Eurojust visava facilitar a execução dos pedidos de auxílio mútuo. Além disso ajudavam a resolver questões relacionadas com a vertente do procedimento penal e acabaram por se tornar determinantes, facilitando a aplicação do artigo 21.º da Convenção Europeia de Auxílio Judiciário Mútuo de 1959, que levou a que as autoridades competentes da Irlanda transferissem para as autoridades competentes da Bélgica a condução do procedimento penal. 18 Eurojust: Relatório Anual 2002 Branqueamento de capitais pela mafia russa Durante vários anos, em diferentes países, principalmente em Itália, França e EUA, foi levada a cabo uma importante investigação designada por «Tela di ragno» sobre branqueamento de capitais. Esta investigação envolvia uma rede transnacional que, segundo se pensava, estava baseada na Rússia e operava em toda a Europa e nos EUA, utilizando paraísos fiscais ou entidades não cooperantes. Em 2002, tendo em conta a extensão das investigações, as autoridades judiciárias de uma série de Estados-Membros, juntamente com o Mónaco, a Suíça e o Listenstaine, manifestaram uma necessidade urgente de coordenação. No mesmo ano, os representantes da França e de Itália na Eurojust tomaram a iniciativa de organizar uma reunião de coordenação, na qual participaram as autoridades judiciárias de Itália, França, Alemanha, Luxemburgo, Mónaco e Suíça. Esta reunião reforçou a coordenação, nomeadamente ao facilitar a investigação de diversas contas bancárias utilizadas para branqueamento de dinheiro ilícito e ao possibilitar a apreensão de bens. Fraude lesiva dos interesses financeiros da Comunidade 1. Um dos casos comunicados à Eurojust dizia respeito a uma investigação levada a cabo por um magistrado de instrução francês sobre uma enorme fraude de tipo carrossel com o IVA, que envolvia entidades muitas das vezes expressamente criadas para realizar esta fraude. Uma reunião de coordenação organizada pela Eurojust a pedido de um juiz francês, juntou representantes das autoridades judiciárias e policiais da França, Alemanha, Luxemburgo e Reino Unido. O OLAF participou para contribuir com os seus conhecimentos especializados. No Reino Unido e na Bélgica, as autoridades nacionais já tinham investigado a mesma rede e estavam na posse de informação útil que tinha sido solicitada pelo juiz de instrução francês. 2. O caso que segue ilustra a vantagem de uma investigação conjunta onde a Eurojust desempenha um papel essencial. Em Portugal, tinha sido realizada uma investigação judicial, com base em informações transmitidas pelo OLAF relacionadas com uma empresa estrangeira localizada na Bélgica. As investigações apresentavam-se complexas e pareceu que a coordenação poderia oferecer muitas vantagens. Numa primeira fase, o membro português da Eurojust ajudou o procurador em Portugal a preparar as cartas rogatórias em conformidade com a legislação da Bélgica. O trabalho com o membro nacional belga da Eurojust e as autoridades competentes belgas foi frutuoso e estabeleceu-se uma investigação conjunta que contou com a participação de sete autoridades judiciárias e policiais nacionais, da Eurojust e do OLAF. Eurojust: Relatório Anual 2002 19 Daí resultou a apreensão de documentos muito importantes, a identificação de empresas e indivíduos, a detecção de actividades criminosas na Bélgica e a realização de novas investigações neste país. Uma parte das mesmas provas vai ser utilizada em diferentes tribunais nacionais. Tráfico de droga, homicídio e branqueamento de capitais Os atrasos na execução de uma carta rogatória enviada à Espanha pelas autoridades competentes dinamarquesas a solicitar uma busca e a intercepção de conversas telefónicas foram ultrapassados em 24 horas, na sequência de uma reunião de coordenação realizada em Espanha por iniciativa do membro dinamarquês da Eurojust. Uma reunião realizada em Espanha permitiu aos investigadores a obtenção de resultados importantes nos dois países. Uma troca de informações frutuosa possibilitou a identificação e localização de um dos principais suspeitos da prática de crimes relacionados com o branqueamento de capitais, bem como a partilha de informações sobre uma organização envolvida no tráfico de droga entre Espanha e Dinamarca. Tráfico de droga, tráfico de seres humanos e prostituição No Verão de 2002, as autoridades judiciárias e policiais competentes de Itália, dos Países Baixos, da Turquia, da Alemanha e da Áustria participaram numa reunião de coordenação organizada pela Eurojust. Esta reunião teve lugar a pedido das autoridades responsáveis pelos procedimentos penais de Berlim depois de fracassada a coordenação a nível policial num caso relacionado com tráfico de grandes quantidades de heroína provenientes da Turquia para países da Europa Ocidental. O caso envolvia ainda tráfico de cocaína proveniente da América do Sul, bem como tráfico de seres humanos e prostituição. Esta reunião permitiu uma melhor coordenação da aplicação de medidas de coacção que culminaram na detenção dos três principais suspeitos nos Países Baixos e na obtenção de uma quantidade de provas em Dezembro de 2002. Uma segunda reunião teve já lugar em Berlim. A cooperação judiciária e policial neste processo tem prosseguido através de contactos directos depois de a Eurojust ter preparado o terreno com o estabelecimento de contactos entre as autoridades competentes dos Estados-Membros envolvidos. Tráfico de droga No início de 2002, o Serviço das Alfândegas do Pireu, na Grécia, descobriu 220 quilos de cocaína em 200 pacotes. Esta descoberta foi feita com base em informações obtidas através da Eurojust e emanadas de investigações simultâneas levadas a cabo em Itália, Suíça e Grécia, as quais indicavam que uma grande quantidade de 20 Eurojust: Relatório Anual 2002 cocaína ia ser transportada de um país latino-americano para a mafia italiana, através da Grécia. O contentor onde as drogas foram encontradas vinha da Colômbia e supostamente carregava sacos de arroz. Também na sequência de uma série de acções conexas e de uma investigação coordenada com o apoio da Eurojust, foram apreendidos 706 quilos de cannabis num armazém em Atenas e foram detidos suspeitos na Suíça e na Grécia. Contrabando organizado de bebidas alcoólicas Este caso ilustra as vantagens de as autoridades competentes dos Estados-Membros adoptarem uma visão de âmbito europeu para utilizar o quadro da Eurojust a fim de combater mais eficazmente a criminalidade organizada. Na Primavera de 2002, um membro sueco da RJE contactou o seu membro nacional da Eurojust a propósito de um caso de contrabando de grandes quantidades de bebidas alcoólicas ilícitas, não tributadas, destinadas aos países nórdicos. Este contrabando estava a ser feito por uma organização criminosa que envolvia a Espanha com possíveis ligações a Portugal. Dizia-se que o lucro dessa organização seria da ordem dos 10 milhões de euros por ano. Os membros nacionais da Eurojust da Suécia, Espanha e Portugal, juntamente com o ponto de contacto norueguês da Eurojust, convocaram duas reuniões de coordenação. Na sequência dessas reuniões foi identificada uma série de outros casos conexos. Como resultado, durante o Verão, foi detectada e desmantelada uma fábrica que produzia bebidas alcoólicas ilícitas, foram detidas várias pessoas e apreendidos bens muito valiosos e grandes quantias de dinheiro. Eurojust: Relatório Anual 2002 21 22 Eurojust: Relatório Anual 2002 A E 2002, muitos membros nacionais trabalharam em estreita colaboração com os legisladores dos respectivos Estados-Membros para ajudar a pôr em prática esta decisão. A adaptação atempada das legislações nacionais com vista à aplicação da decisão é crucial para permitir que a Eurojust possa operar efectivamente. Sete Estados-Membros fizeram declarações que lhes permitem transpor a decisão para o respectivo ordenamento jurídico nacional até ao dia 6 de Setembro de 2003. Estas declarações dizem respeito principalmente aos artigos 9.º e 13.º, que tratam das competências dos membros nacionais nos seus próprios Estados e dos seus direitos no que se refere ao acesso e intercâmbio de informações. Enquanto a Decisão não for implementada em todos os Estados-Membros, a Eurojust não poderá funcionar em pleno. Deve ficar bem claro que qualquer inconsistência na sua implementação nos Estados-Membros comprometerá a eficácia da Eurojust. A questão do atraso não é o único ponto importante relativamente a este tópico: as D E C I S Ã O E U R O J U S T , O Q U A D R O J U R Í D I C O A decisão que institui a Eurojust entrou em vigor em 6 de Março de 2002. Durante competências dos membros nacionais, tal como previstas no artigo 9.º, são vitais não conferir ao respectivo membro nacional os poderes necessários para obter A S para assegurar a eficácia da unidade no futuro. Por exemplo, se um Estado-Membro informações no seu próprio país, a unidade corre o risco de ficar totalmente -Membro. Através dos seus membros nacionais, a Eurojust tem contribuído para debates sobre os poderes nos Estados-Membros. A Eurojust salienta que, nos termos da decisão, há determinadas competências mínimas que devem ser conferidas aos membros nacionais, havendo outras que são facultativas. O documento n.º 9404/02 Eurojust 16, emitido pelo Secretariado do Conselho, sugere um conjunto de soluções possíveis para ajudar os Estados-Membros a abordar a questão das competências dos membros nacionais. O último membro da Instância Comum de Controlo para a Protecção dos Dados só foi nomeado no início de 2003. Consequentemente, este órgão não estava disponível para colaborar com a Eurojust na execução de uma das suas tarefas mais importantes ou para a aconselhar sobre as regras e as disposições em matéria de protecção de dados a incluir nos projectos de acordo com a Europol e o OLAF. O Parlamento Europeu Quando era ainda uma unidade provisória, a Eurojust estabeleceu contactos com o presidente e o relator da Comissão dos Orçamentos do Parlamento Europeu. Os membros nacionais congratularam-se com a oportunidade de estarem representados nos debates com a Comissão dos Orçamentos e de poderem por essa via esclarecer o Parlamento sobre o trabalho e os objectivos da Eurojust. O Colégio está confiante Eurojust: Relatório Anual 2002 23 I N S T I T U I Ç Õ E S paralisada no momento em que tiver de tratar de um caso que envolva esse Estado- de que estes intercâmbios preliminares servirão de base para uma boa relação futura entre o Parlamento e a Eurojust. O Conselho e a Comissão A Eurojust, e antes dela a unidade provisória, esteve alojada nas instalações do Secretariado do Conselho em Bruxelas até finais de 2002, data em que se mudou para Haia. Durante esse período, a Eurojust recebeu um forte apoio do Secretariado do Conselho. O Secretariado e a Comissão eram informados sobre o evoluir das negociações com as autoridades neerlandesas e sobre outras questões do âmbito da sua competência em reuniões mensais realizadas ao longo do ano. A Eurojust foi convidada a participar como perito em reuniões de alguns grupos de trabalho do Conselho e apresentou um relatório para o comité do artigo 36.º Nessas reuniões, que prosseguirão em 2003, foram igualmente debatidas questões de ordem geral, informações relativas ao volume e evolução de casos, assuntos específicos tratados pela unidade e projectos da sua iniciativa. A Eurojust contribuiu também para a elaboração do livro verde da Comissão sobre a criação de um procurador europeu e para o projecto relacionado com a escolha da jurisdição em matéria de procedimento penal. A Comissão foi solicitada a dar o seu parecer sobre diversos aspectos do Regulamento Interno da Eurojust e sobre um projecto de memorando de entendimento entre o OLAF e a Eurojust. Os contactos com a Comissão foram produtivos e o apoio dado por esta instituição em questões administrativas foi constante e muito valioso para a Eurojust. A Eurojust foi solicitada a dar o seu parecer, com base nos seus conhecimentos especializados e na sua experiência, para ajudar a desenvolver projectos actuais e futuros da Comissão. O Colégio está confiante que estas reuniões continuarão a ser proveitosas para ambas as partes. A Rede Judiciária Europeia (RJE) A decisão põe em destaque a natureza complementar das funções da Eurojust e do seu parceiro privilegiado, a RJE. Apesar de serem semelhantes em muitos aspectos, as funções da Eurojust e da RJE não são idênticas. Durante 2002, os membros do Colégio trabalharam com membros da RJE sobre numerosos casos. A Eurojust enviou muitos processos à RJE e vice-versa. É essencial que haja um entendimento claro das respectivas funções, a fim de assegurar uma boa relação de trabalho, evitar a duplicação de esforços e facilitar a transferência regular de informação adequada entre as duas entidades. 24 Eurojust: Relatório Anual 2002 Tendo isto em mente, em Junho de 2002, a Eurojust propôs alguns projectos de directrizes para serem debatidos durante a reunião da RJE em Múrcia, Espanha. O seu objectivo era ajudar a definir a necessidade de cooperar numa base complementar e de apoio mútuo. Isto é importante tendo em conta a decisão de instalar o Secretariado RJE no Secretariado Eurojust e a atribuição da responsabilidade pelo orçamento da RJE à Eurojust. As directrizes foram debatidas por representantes da Eurojust e da RJE com a ajuda do Secretariado do Conselho. Subsequentemente foi acordado que, embora a Eurojust e a RJE devam procurar apoiar os objectivos uma da outra, é essencial que haja flexibilidade e informalidade para que as suas relações sejam eficazes. A seguir à reunião da RJE realizada em Aarhus em Dezembro de 2002, houve entre a Eurojust e a Presidência dinamarquesa uma troca de correspondência sobre as directrizes acordadas. Em finais de 2002, a Eurojust, o seu director administrativo e o seu auditor financeiro reuniram com membros da RJE. O objectivo era debater questões específicas e projectos relacionados com as despesas efectuadas pela RJE ou em seu nome, bem como recolher informações sobre as previsões financeiras a fim de preparar a apresentação do orçamento para 2004. Estes foram os primeiros debates pormenorizados sobre questões orçamentais e contribuíram grandemente para uma compreensão das exigências do orçamento da UE em matéria de contabilidade. Futuramente, a RJE contará com os recursos e o apoio técnico do seu Secretariado permanente para a auxiliar neste trabalho. A Europol Em resultado das negociações que tiveram lugar no decurso de 2002, a Eurojust e a Europol chegaram recentemente a um acordo de princípio sobre os termos de um o protocolo a celebrar ao abrigo do artigo 26. da decisão. Encontra-se actualmente na Presidência da UE um documento que deverá servir de base aos debates no seio do Conselho, no âmbito do qual os acordos são aprovados. O objectivo do documento é aproveitar os recursos dos dois organismos para tratar de maneira coordenada as formas de criminalidade do âmbito das suas competências e desenvolver estratégias conjuntas contra a criminalidade organizada, evitando a duplicação de esforços. Presentemente, a Eurojust não mantém quaisquer ficheiros operacionais de dados pessoais, os quais continuam a ser propriedade do membro nacional. O acordo interinstitucional terá de ser suficientemente flexível para se adaptar às regras previstas da Eurojust, por muito rigorosas que possam ser. A Eurojust e a Europol comprometeram-se a endereçar convites mútuos para reuniões, de modo a que, sempre que adequado, ambas possam participar nas reuniões que se realizem. O Colégio está desapontado com o facto de, por exemplo, um Estado-Membro ter dado ordens ao seu membro nacional para só contactar os seus homólogos na Europol em caso de emergência. Eurojust: Relatório Anual 2002 25 O OLAF A luta contra a fraude lesiva do orçamento da UE é uma das grandes prioridades da Comissão e está a cargo do seu serviço de luta antifraude, o OLAF. A Eurojust tem competências nesta área e fez da luta contra este tipo de fraude uma das suas prioridades. Tal como previsto na decisão, a Eurojust procurou desenvolver contactos estreitos com o OLAF e com a sua unidade de magistrados, a fim de ajudar os investigadores e procuradores que se ocupam desta matéria nos Estados-Membros. Para promover essa cooperação, foi acordado um projecto de memorando de entendimento entre o OLAF e a Eurojust e espera-se que o acordo seja assinado na Primavera de 2003. Os Estados-Membros também foram convidados a ponderar a possibilidade de os membros nacionais da Eurojust poderem ser considerados como autoridades competentes dos Estados-Membros para efeitos de regulamentos relacionados com investigações conduzidas pelo OLAF. O Colégio tem o prazer de informar que, recentemente, os membros da Eurojust e o pessoal do OLAF começaram a trabalhar em conjunto sobre diversos casos de interesse mútuo. O Sistema de Informação Schengen (SIS) O acesso ao SIS é muito útil num contexto nacional e internacional no decurso de uma investigação ou procedimento penal. Será inevitavelmente útil para os membros nacionais na coordenação dessas investigações e/ou procedimentos penais. A Eurojust contribuiu para o debate sobre o acesso dos membros nacionais ao respectivo Gabinete Nacional Sirene e ao SIS. A Eurojust defendeu um acesso mais alargado às informações criminais relevantes para poder desempenhar as suas tarefas. De acordo com as propostas, alguns membros nacionais tomaram medidas para que lhes fosse concedido o acesso directo ou indirecto às informações disponíveis nos termos dos artigos 95.º e 98.º da Convenção Schengen. Equipas de investigação conjuntas Os membros da Eurojust participaram numa série de seminários e de sessões de formação nos Estados-Membros para ajudar as autoridades competentes a compreender e a utilizar as equipas de investigação conjuntas como um instrumento na luta contra a criminalidade transfronteiriça. Juntamente com as suas autoridades nacionais, alguns membros nacionais têm participado estreitamente na criação e no trabalho de equipas de investigação conjuntas informais. A experiência demonstrou que no futuro o envolvimento da Eurojust contribuirá para tornar as equipas de investigação conjuntas mais eficazes. 26 Eurojust: Relatório Anual 2002 O Mandado de Detenção Europeu O Mandado de Detenção Europeu foi aprovado pelo Conselho em 13 de Junho de 2002. A decisão confere à Eurojust um papel específico na resolução das questões relacionadas com os aspectos práticos da implementação do novo mandado. A Eurojust providenciará pela transmissão de indicações sobre a maneira de utilizar este novo instrumento. Os membros nacionais fizeram apresentações sobre o funcionamento do mandado para preparar a sua implementação e para ajudar a resolver eventuais problemas que possam surgir, por exemplo, na execução de mandados simultâneos nos Estados-Membros. A Convenção sobre o Futuro da Europa A Eurojust congratulou-se com a oportunidade de, em Outubro de 2002, poder comparecer perante o grupo de trabalho «X» da Convenção dedicado à Justiça e Assuntos Internos. O Colégio ficou muito satisfeito ao ler as primeiras conclusões do grupo de trabalho «X» que classificava a Eurojust como um interveniente essencial na luta contra as formas graves de criminalidade transfronteiriça e sugeria que esta deveria tornar-se cada vez mais operacional. A Eurojust ofereceu a sua ajuda ao presidente e os membros do grupo nas suas tarefas. Eurojust: Relatório Anual 2002 27 C O N T A C T O S Uma parte importante do trabalho da Eurojust consiste em assegurar a manutenção de contactos regulares entre os membros nacionais e as autoridades competentes dos Estados-Membros. Para ajudar a alcançar este objectivo, o Colégio reúne três dias por semana, reservando os outros dois dias para contactos com investigadores, procuradores e ministérios nacionais. Além disso, de dois em dois meses, o Colégio organiza uma semana dedicada ao estabelecimento de relações com agências nacionais. C O M Por razões que são referidas noutro ponto deste relatório, a Eurojust não recebeu o número de casos que alguns julgavam que deveria receber, mas desempenhou um papel facilitador efectivo em alguns casos de criminalidade organizada transfronteiriça em larga escala. A S A conclusão óbvia é que, apesar dos sinais animadores, a Eurojust, a Rede Judiciária Europeia e outros organismos da UE que operam na área da cooperação judiciária A U T O R I D A D E S em matéria penal continuam a ser pouco conhecidas. Nem todas as autoridades nacionais sabem bem o que a Eurojust tem para oferecer. Além disso, apesar das melhorias registadas, a cooperação em geral e o intercâmbio de informação em particular, com a Europol e com o OLAF, tal como se apresentam neste momento, continuam a ser insatisfatórios. Os membros nacionais tomaram medidas para aumentar a visibilidade da Eurojust e promover uma maior sensibilização para a sua existência e para o seu trabalho. Todos os membros da Eurojust tiveram reuniões com as suas autoridades nacionais, procuradores e investigadores, oficiais de polícia e funcionários das alfândegas, a fim de melhorar o conhecimento dos profissionais. Além disso, a fim de familiarizar os profissionais com os novos instrumentos europeus disponíveis para lidar com a N A C I O N A I S criminalidade transfronteiriça, a Eurojust organizou em 2002 quatro seminários com a colaboração das autoridades nacionais. O primeiro teve lugar em Maio, em Espanha, e os outros três realizaram-se em Dezembro: um em Nyborg, Dinamarca, outro em Salonica, Grécia, e o terceiro na Escócia, Reino Unido. Estas iniciativas tiveram um impacto muito positivo em termos de sensibilização dos profissionais. Alguns membros também participaram nas reuniões da Rede Judiciária Europeia e organizaram seminários informativos e visitas dentro das suas próprias jurisdições. Alguns membros nacionais também escreveram artigos sobre a Eurojust e a cooperação judiciária em geral, para revistas jurídicas, outros fizeram apresentações aos seus magistrados e nas escolas de polícia. Alguns também contribuíram para ou escreveram livros sobre cooperação judiciária. 28 Eurojust: Relatório Anual 2002 Sempre que possível, os membros nacionais também participaram como oradores em diversas conferências sobre questões relacionadas com a criminalidade transfronteiriça a fim de fazer publicidade à Eurojust e ao seu trabalho e promover a cooperação e coordenação judiciárias em geral. Por último, alguns membros tomaram outras iniciativas tais como a elaboração de brochuras informativas sobre a Eurojust e apresentações nos respectivos parlamentos nacionais. Os sistemas de tecnologias da informação que agora estão a ser desenvolvidos nas nossas novas instalações irão permitir à Eurojust criar uma página web em 2003. Este será um instrumento útil para a Eurojust divulgar o seu trabalho e aumentar a sua visibilidade tanto a nível nacional como internacional. Eurojust: Relatório Anual 2002 29 30 Eurojust: Relatório Anual 2002 de sensibilização para a Eurojust e reforçar a sua capacidade para facilitar a cooperação e a coordenação. Esses esforços devem prosseguir para que a Eurojust P A Í S E S No decurso de 2002 desenvolveram-se grandes esforços a fim de aumentar o nível tenha o impacto que dela esperam os ministros da UE e a Comissão. Isto é tanto dentro como fora da Europa. A Decisão que institui a Eurojust dotou a unidade de uma base jurídica que lhe permite estabelecer relações oficiais e iniciar a cooperação com Estados não pertencentes à UE. Foram realizadas diversas iniciativas nesse sentido. Em Março de 2002, realizou-se uma reunião de coordenação sobre terrorismo que contou com a participação das autoridades competentes dos Estados Unidos da América e na qual foram debatidas as investigações em curso sobre terrorismo e, em particular, o respectivo financiamento. O Canadá, a Noruega, a Suíça, o Listenstaine e os EUA também nomearam pontos de contacto, alguns dos quais têm mantido contactos regulares com a Eurojust, a fim E de resolver problemas de tratamento de casos e ajudar a coordenar as investigações C A N D I D A T O S particularmente verdadeiro em relação aos países candidatos e aos países terceiros, e procedimentos penais. reunião em Bruxelas, organizada pela Presidência espanhola e pela Eurojust. Após a reunião, muitos dos países presentes designaram pontos de contacto para fazerem ligação com a Eurojust. Esta reunião permitiu à Eurojust oferecer uma ajuda valiosa às autoridades judiciárias do Peru na coordenação de investigações no domínio do P A Í S E S Em Abril de 2002, representantes de países latino-americanos participaram numa auxílio judiciário mútuo e sobre eventuais crimes de branqueamento de capitais em Em Maio de 2002, a Eurojust convidou todos os pontos de contacto nomeados pelos países candidatos à UE para um seminário em Espanha. Embora vários pontos de contacto de países candidatos tivessem estado envolvidos com membros nacionais na resolução de casos individuais, esta foi a primeira vez que todos os pontos de contacto e os membros nacionais da Eurojust tiveram a oportunidade de se juntar. A reunião constituiu uma ocasião para os pontos de contacto se encontrarem e debaterem problemas de interesse comum, tendo ajudado a estabelecer uma confiança mútua e a reforçar as relações com os países candidatos. A Cimeira de Copenhaga estabeleceu como prioridade o reforço da cooperação com os países candidatos. Alguns membros nacionais da Eurojust estiveram envolvidos na tratamento de casos com países candidatos. Os contactos bilaterais em casos específicos, nomeadamente com a Polónia num caso de furto por arrombamento com veículo automóvel, criaram expectativas que a Eurojust tem de satisfazer. Os pontos de contacto dos países candidatos proporcionaram uma ajuda valiosa numa série de outros casos. Eurojust: Relatório Anual 2002 31 T E R C E I R O S diversos Estados-Membros da UE. No próximo ano, o trabalho preparatório pormenorizado para a adesão será uma prioridade a fim de assegurar que a transição em 2004, reunindo procuradores e investigadores que falam línguas diferentes, com culturas e sistemas judiciais diferentes, se processe o mais suavemente possível. A primeira reunião da Eurojust com os pontos de contacto dos países candidatos realizar-se-á nas novas instalações, em Haia, em Maio de 2003. Posteriormente continuarão a realizar-se reuniões periódicas. 32 Eurojust: Relatório Anual 2002 com a designação, a título temporário, de um director administrativo. Em Setembro de 2002, após um processo de selecção e com o acordo unânime do Colégio exigido pela decisão, foi nomeado Ernst Merz como primeiro director administrativo efectivo da Eurojust. Uma das primeiras medidas do director administrativo foi pedir a liberação das dotações destinadas à Eurojust que tinham sido inscritas na reserva pelo Parlamento Europeu aquando da aprovação do orçamento geral da União Europeia para 2002. Este pedido foi satisfeito em 21 de Maio de 2002, data em que foram liberados 2,8 milhões de euros em dotações para autorizações e 2 milhões de euros em dotações para pagamentos. O director administrativo executou o orçamento e começou por recrutar uma pequena task force numa base temporária para criar uma infra-estrutura administrativa para apoiar o trabalho do Colégio. A task force contou com a assistência de três membros nacionais, também responsáveis pela instalação da Eurojust no novo edifício em Haia. Os membros da task force foram contratados para o período de Setembro a Dezembro de 2002 para tratar de: Recursos Humanos e Administração Geral, Finanças e Orçamento e Contratos Públicos, Tecnologias da Informação e da Comunicação, bem como Segurança e Manutenção. Eurojust: Relatório Anual 2002 33 A D M I N I S T R A Ç Ã O A criação da infra-estrutura administrativa da Eurojust teve início em Maio de 2002, Além dos 15 membros nacionais e de seis assistentes a trabalhar no edifício no final de Dezembro de 2002, a Eurojust contratou seis funcionários do quadro e dois agentes temporários de uma agência local. Estão em curso novos processos de recrutamento com vista à nomeação de um secretário técnico para a Rede Judiciária Europeia, o qual fará parte do Secretariado da Eurojust. A Eurojust foi criada num período de tempo muito limitado. A cooperação e a assistência do Secretariado-Geral do Conselho da União Europeia, da Comissão Europeia, das direcções-gerais Justiça e Assuntos Internos e Administração foram extremamente valiosas. A assistência da Europol permitiu que o processo de equipamento das novas instalações decorresse sem dificuldades. Apesar da limitação dos recursos humanos e da variedade de tarefas a executar para estabelecer a nova instituição, a Eurojust executou mais de dois terços das suas dotações para autorizações e para pagamentos antes de 31 de Dezembro de 2002. Os montantes por liquidar das dotações para autorizações foram transitados para o exercício de 2003. As principais áreas de despesas estavam relacionadas com as despesas da criação do novo serviço, incluindo salários do pessoal, mobiliário, infra-estruturas de TIC, reuniões e missões para o trabalho operacional da unidade. A criação de qualquer nova organização constituiu um enorme desafio para todo o pessoal envolvido. As importantes realizações dos últimos meses de 2002 a nível administrativo reflectem claramente o trabalho árduo e o bom espírito de equipa do pessoal que, embora em pequeno número, está muito empenhado. Estrutura administrativa O COLÉGIO RJE Presidente Director administrativo Secretariado RJE 34 Serviços jurídicos Recursos humanos e recrutamento Eurojust: Relatório Anual 2002 Segurança Serviços financeiros Comunicações e TI o País de Gales que acolheu a primeira Conferência de Planeamento da Eurojust. O evento foi promovido pelos membros do Serviço de Gestão e Auditoria do CPS e teve lugar em Eastwell Manor, em Kent, Inglaterra, nos dias 23 e 24 de Setembro de 2002. Este seminário destinava-se a definir e hierarquizar acções para ajudar a confirmar os objectivos e o plano de actividades da Eurojust para 2003. O Colégio confirmou O B J E C T I V O S O Colégio está muito grato ao Crown Prosecution Service (CPS) para a Inglaterra e que a sua tarefa central é o tratamento operacional dos casos e que deveria procurar prioridades e conclusões aprovadas pelo Colégio no seminário foram as seguintes: • definir uma abordagem melhorada para aumentar a visibilidade da Eurojust nos P A R A introduzir casos respondendo à informação geral enviada à unidade. As principais Estados-Membros e o número de casos que lhe são enviados; criar um sistema de avaliação para planeamento das actividades e tramitação operacional dos processos; • completar uma análise dos poderes e fazer recomendações aos Estados-Membros; • estabelecer normas novas e melhoradas para assegurar a eficácia interna do Colégio, a serem iniciadas pelo presidente; • estabelecer normas melhoradas para assegurar a eficácia interna da administração do Colégio, a serem iniciadas pelo director administrativo O Colégio concordou também com o facto de os preparativos para assegurar a participação dos países candidatos à adesão deverem constituir uma parte importante do trabalho da Eurojust em 2003. Eurojust: Relatório Anual 2002 35 2 0 0 3 • 36 Eurojust: Relatório Anual 2002 judiciária da UE prevista pelo Conselho Europeu de Tampere, em 1999. Nos últimos 12 meses foi atingida uma boa parte dos objectivos. A decisão foi concluída e foram concluídos os trabalhos para obtenção de um orçamento próprio. Ficaram também concluídas as morosas negociações para garantir instalações adequadas e mudar para o novo edifício em Haia. Um outro marco importante foi a nomeação de um director administrativo e a adopção de medidas para a criação de uma infra-estrutura administrativa. Também no decurso de 2002, prosseguiu a actividade relacionada com o tratamento operacional dos casos e continuaram a realizar-se reuniões, mas as atenções concentraram-se principalmente no fornecimento dos meios necessários para a Eurojust poder ficar operacional. No entanto, um grande número de casos foi enviado à unidade e foi prestada uma grande variedade de assistência com vista a melhorar a cooperação e a coordenação, bem como resolver problemas dos investigadores e procuradores nos Estados-Membros. Além disso, realizaram-se importantes progressos ao nível da criação de redes entre profissionais que lidam com diferentes formas graves de criminalidade. A Eurojust foi reconhecida como um instrumento que ajuda os investigadores e procuradores a resolver os problemas com que se defrontam quando lidam com formas graves de criminalidade organizada transfronteiriça no território da UE. Para o futuro, o Colégio insta os ministros e os legisladores a conferirem urgentemente aos seus membros da Eurojust poderes para agirem em conformidade com as disposições da decisão. Para a Eurojust ser totalmente eficaz, é também necessário realizar mais progressos com vista à eliminação dos obstáculos existentes nos Estados-Membros, de modo a permitir que as diferentes autoridades competentes nacionais possam trocar informações com a Eurojust e comunicar-lhes casos com toda a facilidade e sem quaisquer entraves. A Eurojust tem ainda muito trabalho a realizar no futuro, mas estas recomendações são vitais para que possa ser bem sucedida. Eurojust: Relatório Anual 2002 37 C O N C L U S Ã O Durante 2002 foram lançadas as bases para a criação da unidade de cooperação A N E X O OS MEMBROS DO COLÉGIO Michael Kennedy Presidente Membro nacional do Reino Unido Olivier de Baynast Vice-presidente Membro nacional da França Björn Blomqvist Vice-presidente Membro nacional da Suécia Ulrike Haberl-Schwarz Michèle Coninsx Membro nacional da Áustria Membro nacional da Bélgica Herman von Langsdorff Anders Linnet Tuomas Oja Stavroula Koutoulakou Membro nacional da Alemanha Membro nacional da Dinamarca Rubén Antonio Jiménez Fernández Membro nacional da Espanha Membro nacional da Finlândia Membro nacional da Grécia Cesare Martellino Micheál Mooney Georges Heisbourg Roelof Jan Manschot José Luís Lopes da Mota Membro nacional da Itália Membro nacional da Irlanda Membro nacional do Luxemburgo Membro nacional dos Países Baixos Membro nacional de Portugal 38 Eurojust: Relatório Anual 2002 OS ASSISTENTES DOS MEMBROS NACIONAIS Jürgen Kapplinghaus Jean-François Bohnert Anne Delahaie Sanna Palo Paola Fiore Assistente do membro nacional da Alemanha Assistente do membro nacional da França Assistente do membro nacional da França Assistente do membro nacional da Finlândia Assistente do membro nacional da Itália Jolien Kuitert Ola Lofgren Rajka Vlahovic Ann Den Bieman Assistente do membro nacional dos Países Baixos Assistente do membro nacional da Suécia Assistente do membro nacional do Reino Unido Assistente do membro nacional do Reino Unido O DIRECTOR ADMINISTRATIVO Ernst Merz Director administrativo Eurojust: Relatório Anual 2002 39 EUROJUST — Relatório Anual 2002 Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias 2003 — 40 p. — 21 x 29,7 cm 06 Q P - A A - 0 3 - 0 0 1 - P T- C Eurojust PO Box 16183, 2500 BD, Den Haag, Nederland Telefone: (31-70) 412 5000, Fax: (31-70) 412 5505 E-mail: [email protected], www.eurojust.eu.int
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