Ações de Bombeiro e Defesa Civil
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Ações de Bombeiro e Defesa Civil
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO DIRETORIA DE ENSINO E CULTURA ESCOLA SUPERIOR DE SARGENTOS CURSO SUPERIOR DE TECNÓLOGO DE POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA I MATÉRIA 26: ATIVIDADES DE BOMBEIRO E DE DEFESA CIVIL Divisão de Ensino e Administração Seção Técnica Setor de Planejamento APOSTILA ATUALIZADA EM 04JAN16 PELO CAP PM TEODORO, ESSgt. APOSTILA EDITADA PARA O CFS I / 16 2 ÍNDICE: DESCRIÇÃO PÁG. Organização do sistema de Defesa Civil 02 A interação policial nas fases da Defesa Civil: Preventiva, Socorro, Assistencial e Recuperativa 03 SICOE (Sistema de Comando e Operações em Emergências). Atuação em desastres___________04 Teoria do fogo e formas de propagação 05 Classes de incêndio. Métodos de extinção de incêndios__________________________________08 Equipamentos de combate a incêndio e agentes extintores 10 Ocorrências envolvendo Produtos Perigosos 11 Procedimentos em caso de incêndio_________________________________________________12 Bibliografia____________________________________________________________________13 Nota: Esta apostila é um material de apoio. O seu conteúdo não esgota o assunto e desde que previsto curricularmente, poderá ser objeto de avaliação. Com isso, é essencial que você pesquise profundamente os assuntos, tomando por base as referências bibliográficas dispostas, bem como outras que achar por bem utilizar. 3 Organização do Sistema de Defesa Civil. 01 h/a INTRODUÇÃO 1. DEFESA CIVIL: 1.1. Conceito: conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas, destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social. 1.2. Objetivo Geral: é a redução de desastres 2. DEFESA CIVIL NO MUNDO No mundo, as primeiras ações dirigidas para defesa da população foram realizadas nos países envolvidos com a Segunda Guerra Mundial. O primeiro país a se preocupar com a segurança de sua população foi a Inglaterra que após os ataques sofridos entre 1940 e 1941, quando foram lançadas toneladas de bombas sobres as principais cidades e centros industriais ingleses, causando milhares de vítimas na população civil, instituiu a CIVIL DEFENSE (Defesa Civil). 3. DEFESA CIVIL NO BRASIL Com a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e principalmente, após o afundamento, na costa brasileira, dos navios de passageiros Arará e Itagiba, totalizando 56 vítimas, o Governo Federal Brasileiro, em 1942, preocupado com a segurança global da população, princípio básico no tratamento das ações de Defesa civil, estabelece medidas tais como a criação do serviço de Defesa Passiva Antiaérea. Em 1943, a denominação de Defesa Passiva Antiaérea é alterada para Serviço de Defesa Civil. 4. PRIMEIRA DEFESA CIVIL ESTADUAL Em 1966, devido às grandes enchentes ocorridas na Região Sudeste, foi criada no então Estado do Guanabara o Grupo de Trabalho com a finalidade de estudar a mobilização dos diversos órgãos estaduais em casos de catástrofes, que teve como resultado, em 19Dez66, a criação da primeira Defesa Civil Estadual do Brasil. Em 16 de dezembro 1988, foi criado o Sistema Nacional de defesa Civil (SINDEC), reorganizado em 1993 e atualizado por intermédio do Decreto nº 5376, de 17Fev2005. A Defesa Comunitária está fundamentada no princípio de que nenhum governo tem a capacidade para solucionar todos os problemas que possam afetar a comunidade. 5. DEFESA CIVIL NO ESTADO DE SÃO PAULO No Estado de São Paulo a Defesa Civil teve a origem após os resultados desastrosos que ceifaram inúmeras vidas devido à falta de preparo do poder público e da própria comunidade para o enfrentamento das grandes emergências. Seguem abaixo alguns exemplos ocorridos: 1967 - ocorrências de chuvas intensas em Caraguatatuba; 1972 - incêndio no Andraus; 1974 - incêndio no Joelma; 1976 - criação do Sistema Estadual 4 1981 - incêndio no Grande Avenida; 1984 - incêndio da Favela de Vila Socó; 1984 - enchente no município de registro; 1987 - enchente na região metropolitana; 1987 - incêndio na CESP; A Defesa Civil é a organização de toda a sociedade para autodefesa em situações de calamidade e fundamenta-se no princípio de que nenhum governo, sozinho, consegue suprir todas as necessidades dos cidadãos. 6. SISTEMA NACIONAL DE DEFESA CIVIL (SINDEC) - Decreto Federal nº 895/93 Composição: CONDEC – Conselho Nacional de Defesa Civil SEDEC – Secretaria Nacional de Defesa Civil CORDEC - Coordenadorias Regionais de Defesa Civil CEDEC – Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil COMDEC – Comissões Municipais de Defesa Civil NUDEC – Núcleos de Defesa Civil A portaria nº 724, de 23/10/2002, do Exmo Sr Ministro da Integração Nacional, estabelece no seu art. 1º: “Os municípios, para se habilitarem à transferência de recursos federais destinados às ações de defesa civil, deverão comprovar a existência e o funcionamento do Órgão Municipal de Defesa Civil – COMDEC ou do órgão correspondente”. 7. DESASTRE, SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA E ESTADO DE CALAMIDADE: Desastre: é o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem sobre o ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais ou ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais. Situação de Emergência: reconhecimento (legal) pelo poder público de situação anormal, provocada por desastre, causando danos superáveis (suportáveis) pela comunidade afetada. Estado de Calamidade Pública: reconhecimento (legal) pelo poder público de situação anormal, provocada por desastres, causando sérios danos à comunidade afetada, inclusive à incolumidade e à vida de seus integrantes, de difícil superação pelo governo local e comunidade afetada. A diferença entre ambos está nos seguintes fatores: Intensidade dos danos (humanos, materiais e ambientais) e Ponderação dos prejuízos (econômicos e sociais). 5 Interação policial nas fases da Defesa Civil: Preventiva, Socorro, Assistencial e Recuperativa 01 h/a Fases da Defesa Civil A Defesa Civil é uma atividade permanente através das ações desenvolvidas em quatros fases: - Preventiva - Quando medidas são adotadas visando a não ocorrência de desastres ou a preparação da população para os inevitáveis. Exemplos: palestras em escolas, simulados de ocorrências, controle das edificações quanto à existência de medidas de proteção e prevenção de incêndios, etc. - Socorro - Quando todo o esforço é feito no sentido de se evitar perdas humanas ou patrimoniais na área atingida por desastres. Exemplos: socorro de vítimas soterradas, combate e extinção de incêndios, atendimento pré-hospitalar de vítimas, etc. - Assistencial – Quando são criadas condições de abrigos, alimentação e atendimento médico às vitimas e desabrigados. Exemplos: criação de abrigos em escolas, creches e outros locais para abrigar a população desabrigada, plano de controle de doenças para a comunidade atingida. - Recuperativa – Quando investimentos são feitos objetivando o retorno, no mais curto espaço de tempo possível, das condições de vida comunitária existentes antes do evento e, simultaneamente, prevenindo-se ou procurando minimizar as consequências de futuros desastres. Exemplos: Construção de novas e definitivas moradias, reconstrução de barragens e pontes etc. SICOE – Sistema de Comando em Operações de Emergências. Atuação em Desastres 02 h/a O Corpo de Bombeiros de São Paulo percebeu a necessidade de criar uma metodologia de trabalho no atendimento de emergências, que permitisse a atuação de maneira rápida e eficiente. Reuniu profissionais de polícia (bombeiro, choque, ambiental, trânsito etc) aproveitando o conhecimento que obtiveram a partir de modelos estrangeiros de sistemas de comando no gerenciamento de crises. Foi criado então o Sistema de Comando em Operações de Emergência, chamado “SICOE”. Este sistema define as atribuições das autoridades e fixa responsabilidades, permitindo a organização e coordenação do pessoal, material e estratégia a ser empregada na emergência, desenvolvendo esforços para a rápida resolução das táticas e buscando uma eficiência e eficácia no emprego de homens, viaturas e equipamentos. Além disto este sistema permite a integração do Corpo de Bombeiros com todas as modalidades de serviços da Polícia Militar e todos os órgãos públicos e privados. Todos os recursos e apoios são bem-vindos, mas seu emprego será organizado e em momento oportuno. Para evitar comandos múltiplos ou ações independentes, deverá existir uma única pessoa responsável pelo comando das ações. Esse sistema servirá para indicar o responsável pela operação, estabelecer uma hierarquia de comando e apresentar uma lista de pessoas chaves e suas respectivas funções. A magnitude da ocorrência determinará o tamanho e a complexidade do organograma necessário. Para que a emergência tenha uma boa estrutura operacional, faz-se necessário que o SICOE seja implantado o mais precocemente possível através das primeiras viaturas do Corpo de Bombeiros a chegar no local. 1. COMPOSIÇÃO DO SICOE: 1.1. Comandante da Emergência: responsável por todas as atividades no local da emergência, sendo a mais alta patente do Corpo de Bombeiros presente no cenário. Todas as suas observações e determinações serão necessariamente dirigidas ao Comandante das Operações. Além da preocupação com a emergência em si, é responsável também por todas as ações políticas no local. 6 1.2. Comandante das Operações: é o responsável operacional da emergência e coordenação de toda a ocorrência, interligando o Estado Maior da Emergência ao Comandante da Emergência. Tem sua atuação focada no controle e gerenciamento da emergência, cumprimento de protocolos, priorização dos meios disponíveis no local, etc. 1.3. Chefe Operacional: é o encarregado do comandamento das frentes operacionais propriamente ditas. Tem por missão controlar e organizar as atividades no setor em que suas equipes foram designadas para trabalhar. É um comando móvel, pois a qualquer momento pode ser movimentado no cenário, juntamente com suas equipes. 1.4. Estado Maior da Emergência: responsável pelas atividades desempenhadas em apoio aos Chefes Operacionais e Comandante das Operações durante a existência do SICOE. Suas atribuições são as seguintes: Comunicações, Suprimento, Informação, Segurança e Assessoria Técnica. ZONAS DE TRABALHO DO SICOE: Quando se busca uma melhor organização do cenário da emergência, ainda mais quando existem múltiplas vítimas, faz-se necessário dividir fisicamente o espaço físico no qual as equipes de emergência estão trabalhando. No Corpo de Bombeiros, e mais especificamente no SICOE, as áreas são divididas em Zonas ou Setores, o que permite uma melhor visualização do espaço físico e consequentemente facilita o controle da utilização de equipamentos de proteção individual e coletivo, bem como impede que pessoas estranhas à emergência permaneçam nos locais de risco e atrapalhem o melhor andamento dos serviços. Abaixo temos os nomes utilizados para as três principais áreas de trabalho: 2.1. Zona Quente: é a área imediata do sinistro, onde há perigo constante e só podem permanecer indivíduos treinados e protegidos por equipamento de proteção individual. Esta área possui isolamento e controle de fluxo para se evitar a ocorrência de novas vítimas o agravamento da situação existente. 2.2. Zona Morna: é a área intermediária, onde estarão locados os equipamentos e pessoal para o suporte da Zona Quente. Nesta área ainda existe risco aos profissionais envolvidos, porém em um grau mais reduzido do risco existente na Zona Quente, o que demanda também o uso de equipamento de proteção individual. Deve ser um local imediatamente tangencial à Zona Quente. Esta área deve possibilitar a comunicação com a Zona Quente e preferencialmente também a sua completa observação visual. 2.3. Zona Fria: é a área mais segura. Nela permanece estabelecido o Posto de Comando (PC), o Posto Médico Avançado (PMA) e os suportes necessários para o controle de incidente. Não se permite acesso ao público, somente às pessoas e autoridades que possuem relação com a ocorrência, mas não atuarão diretamente na emergência. Equipamentos de reserva estarão presentes nessa área. É uma área de suporte, além de operacional, também administrativo. 2.4. Posto de Comando (PC): local destinado a reunião do Comando das Operações para se determinar o número de pessoas, equipamentos e viaturas que serão empregadas no socorro. Planeja-se com base nas informações obtidas, na análise da situação e nos recursos disponíveis, a melhor estratégia para controlar a emergência. É neste local onde todos os apoios que chegam na ocorrência devem se dirigir e aguardar a ordem de atuação, incluindo não só os particulares, como órgãos públicos, policiais e até mesmo do Corpo de Bombeiros. 2.5. Posto Médico Avançado (PMA): local destinado ao recebimento de vítimas da emergência. Os profissionais de atendimento pré-hospitalar darão o primeiro suporte as vítimas que estarão dispostas em áreas demarcadas pelas as mesmas cores do método “START” de triagem, conforme a sua gravidade. O PMA definirá quais vítimas terão prioridade de transporte (aéreo e terrestre) bem como sua ordem. As atividades do PMA serão coordenadas por um médico que se ligará ao Posto de Comando, para controle e otimização do socorro às vítimas. 7 Teoria do Fogo e formas de propagação do fogo 01 h/a 1. O Fogo: Processo químico de transformação de materiais combustíveis e inflamáveis. Combustão é uma reação química de oxidação, auto-sustentável, com liberação de luz, calor, fumaça e gases. 2. Elementos do Fogo: Para efeito didático, adota-se o tetraedro (quatro faces) do fogo para exemplificar e explicar a combustão, atribuindo-se, a cada face, um dos elementos essenciais da combustão: Combustível, Comburente, Calor e a Reação em Cadeia. 2.1. Calor Forma de energia que eleva a temperatura, gerada da transformação de outra energia, através de processo físico ou químico. Pode ser descrito como uma condição da matéria em movimento, isto é, movimentação ou vibração das moléculas que compõem a matéria. As moléculas estão constantemente em movimento. Quando um corpo é aquecido, a velocidade das moléculas aumenta e o calor (demonstrado pela variação da temperatura) também aumenta. 2.2. Combustível É toda a substância capaz de queimar e alimentar a combustão. É o elemento que serve de campo de propagação ao fogo. Os combustíveis podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, e a grande maioria precisa passar pelo estado gasoso para, então, combinar com o oxigênio. A velocidade da queima de um combustível depende de sua capacidade de combinar com oxigênio sob a ação do calor e da sua fragmentação (área de contato com o oxigênio). 8 2.3. Comburente É o elemento que possibilita vida às chamas e intensifica a combustão. O mais comum é que o oxigênio desempenhe esse papel. A atmosfera é composta por 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e 1% de outros gases. Em ambientes com a composição normal do ar, a queima desenvolve-se com velocidade e de maneira completa. Notam-se chamas. Contudo, a combustão consome o oxigênio do ar num processo contínuo. Quando a porcentagem do oxigênio do ar do ambiente passa de 21% para a faixa compreendida entre 16% e 8%, a queima torna-se mais lenta, notam-se brasas e não mais chamas. Quando o oxigênio contido no ar do ambiente atinge concentração menor que 8%, não há combustão. 2.4. Reação Química em Cadeia A reação em cadeia torna a queima auto-sustentável. O calor irradiado das chamas atinge o combustível e este é decomposto em partículas menores, que se combinam com o oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para o combustível, formando um ciclo constante. 3. Formas de Propagação do Fogo O calor pode se propagar de três diferentes maneiras, mas concomitantes: condução, convecção e irradiação. Como tudo na natureza tende ao equilíbrio, o calor é transferido de objetos com temperatura mais alta para aqueles com temperatura mais baixa. O mais frio de dois corpos absorverá calor até que esteja com a mesma quantidade de energia do outro. 3.1. Condução Condução é a transferência de calor através de um corpo sólido de molécula a molécula. Colocando-se, por exemplo, a extremidade de uma barra de ferro próxima a uma fonte de calor, as moléculas desta extremidade absorverão calor. Estas vibrarão mais vigorosamente e se chocarão com as moléculas vizinhas, transferindo-lhes calor. Essas moléculas vizinhas, por sua vez, passarão adiante a energia calorífica, de modo que o calor será conduzido ao longo da barra até a extremidade fria. Na condução, o calor passa de molécula a molécula, mas nenhuma molécula é transportada com o calor. Quando dois ou mais corpos estão em contato, o calor é conduzido através deles como se fossem um só corpo. 3.2. Convecção É a transferência de calor pelo movimento ascendente de massas de gases ou de líquidos dentro de si próprios. Quando a água é aquecida num recipiente de vidro, pode-se observar um movimento, dentro do próprio líquido, de baixo para cima. À medida que a água é aquecida, ela se expande e fica menos densa (mais leve) provocando um movimento para cima. Da mesma forma, o ar aquecido se expande e tende a subir para as partes mais altas do ambiente, enquanto o ar frio 9 toma lugar nos níveis mais baixos. Em incêndio de edifícios, essa é a principal forma de propagação de calor para andares superiores, quando os gases aquecidos encontram caminho através de escadas, poços de elevadores, etc. 3.3. Irradiação É a transmissão de calor por ondas de energia calorífica que se deslocam através do espaço, inclusive no vácuo. As ondas de calor propagam-se em todas as direções, e a intensidade com que os corpos são atingidos aumenta ou diminui à medida que estão mais próximos ou mais afastados da fonte de calor. Um corpo mais aquecido emite ondas de energia calorífica para um outro mais frio até que ambos tenham a mesma temperatura. O bombeiro deve estar atento aos materiais ao redor de uma fonte que irradie calor para protegê-los, a fim de que não ocorram novos incêndios. Para se proteger, o bombeiro deve utilizar roupas apropriadas e água (como escudo). Classes de incêndio. Métodos de Extinção de Incêndios CLASSES 01 h/a DE INCÊNDIO Classe “A” - Sólidos Queimam em superfície e profundidade. A maioria dos combustíveis sólidos transformamse em vapores e, então, reagem com o oxigênio. Outros sólidos (ferro, parafina, cobre, bronze) primeiro transformam-se em líquidos, e posteriormente em gases, para então se queimarem. Quanto maior a superfície exposta, mais rápido será o aquecimento do material e, consequentemente, o processo de combustão. Como exemplo: uma barra de aço exigirá muito calor para queimar, mas, se transformada em palha de aço, queimará com facilidade. Assim sendo, quanto maior a fragmentação do material, maior será a velocidade da combustão. 1.1. 1.2. Classe “B” - Líquidos Inflamáveis e Gases Inflamáveis 10 Queimam somente em superfície. Os líquidos inflamáveis têm algumas propriedades físicas que dificultam a extinção do calor, aumentando o perigo para os bombeiros. Os líquidos assumem a forma do recipiente que os contem. Se derramados, os líquidos tomam a forma do piso, escorrem e se acumulam nas partes mais baixas. Tomando como base a densidade da água, classificamos os demais líquidos como mais densos ou mais menos densos. É importante notar que a maioria dos líquidos inflamáveis é menos densa do que a água e, portanto, flutuam sobre esta. Outra propriedade a ser considerada é a solubilidade do líquido, ou seja, sua capacidade de misturar-se à água. Os líquidos derivados do petróleo (conhecidos como hidrocarbonetos) têm pouca solubilidade, ao passo que líquidos como álcool, acetonas (conhecidos como solventes polares) têm grande solubilidade, isto é, podem ser diluídos até um ponto em que a mistura (solvente polar e água) não seja inflamável. A volatilidade, que é a facilidade com que os líquidos liberam vapores, também é de grande importância, porque quanto mais volátil for o líquido, maior a possibilidade de haver fogo, ou mesmo explosão. Chamamos de voláteis os líquidos que liberam vapores a temperaturas menores que 20º C. 1.3. Classe “C” - Materiais Energizados Caracterizam-se por transmitir energia elétrica e colocar em risco a vida das equipes que atuam na emergência e vítimas. Alguns equipamentos mesmo após retirados da tomada concentram certa quantidade de energia em seus capacitores. Quem estiver atuando na ocorrência e se deparar com um equipamento elétrico, mas estiver em dúvida se o mesmo está energizado ou não, deverá, por segurança, considerá-lo sempre energizado. 1.4. Classe “D” - Metais Pirofóricos Em sua maioria formado por metais combustíveis (magnésio, selênio, antimônio, lítio, potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio, zircônio). É caracterizado pela queima em altas temperaturas e por reagir com violência aos emprego de agentes extintores comuns (principalmente os que contenham água). 2. MÉTODOS DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS Os métodos de extinção do fogo baseiam-se na eliminação de um ou mais elementos essenciais que provocam o fogo. 2.1.Retirada do Material É a forma mais simples de se extinguir um incêndio. Baseia-se na retirada do material combustível ainda não atingido, da área de propagação do fogo, interrompendo a alimentação da combustão. Ex: fechamento de válvula ou interrupção de vazamento de combustível líquido ou gasoso, retirado de materiais combustíveis do ambiente em chamas, realização de aceiro, etc. 2.2. Resfriamento É o método mais utilizado. Consiste em diminuir a temperatura do material combustível que está queimando, diminuindo, consequentemente, a liberação de gases ou vapores inflamáveis. A água é o agente extintor mais usado, por ter grande capacidade de absorver calor e ser facilmente encontrada na natureza. É inútil o emprego de água onde queimam combustíveis com baixo ponto de combustão (menos de 20ºC), pois a água resfria até a temperatura ambiente e o material continuará produzindo gases combustíveis. 11 2.3. Abafamento Consiste em diminuir ou impedir o contato do oxigênio com o material combustível. Não havendo comburente para reagir com o combustível, não haverá fogo. A diminuição do oxigênio em contato com o combustível vai tornando a combustão mais lenta, até a concentração de oxigênio chegar próxima de 8%, onde não haverá mais combustão. Ex.: Colocar uma tampa sobre um recipiente contendo álcool em chamas, ou colocar um copo voltado de boca para baixo sobre uma vela acesa, são duas experiências práticas que mostram que o fogo se apagará tão logo se esgote o oxigênio em contato com o combustível. Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores, vapor de água, espumas, pós, gases especiais etc. 2.4. Quebra da Reação em Cadeia Certos agentes extintores, quando lançados sobre o fogo, sofrem ação do calor, reagindo sobre a área das chamas, interrompendo assim a “reação em cadeia” (extinção química). Estes agentes especiais, para quebrarem a reação em cadeia, utilizam a energia para se transformarem quimicamente. Isso ocorre porque o oxigênio comburente deixa de reagir com os gases combustíveis. Essa reação só ocorre quando há chamas visíveis. Equipamentos de Combate a Incêndio e Agentes Extintores. AGENTES 01 h/a EXTINTORES Extintores são recipientes metálicos que contêm em seu interior agente extintor para o combate imediato e rápido à princípios de incêndio. Podem ser portáteis ou sobre rodas, conforme o tamanho e a operação. Classificam-se conforme a classe de incêndio a que se destinam: “A”, “B”, “C”, “D” e “ABC”. Para cada classe de incêndio há um ou mais extintores adequados. Todo o extintor possui, em seu corpo, rótulo de identificação facilmente localizável. O rótulo traz informações sobre as classes de incêndio para as quais o extintor é indicado e instruções de uso. 1.1. Água É o agente extintor mais abundante na natureza. Age principalmente por resfriamento, devido a sua propriedade de absorver grande quantidade de calor. Também age secundariamente por abafamento, pois produz muito vapor de água no ambiente, eliminando o oxigênio. Em razão da existência de sais minerais em sua composição química, a água conduz eletricidade e seu usuário, em presença de materiais energizados, pode sofrer choque elétrico. Quando utilizada em combate a fogo em líquidos inflamáveis, há o risco de ocorrer transbordamento do líquido que está queimando, aumentando, assim, a área do incêndio. 1.2. Espuma Encontrada nos dias atuais através de processo mecânico, pois a espuma é produzida pelo batimento da água com extrato gerador de espuma na presença de ar. A rigor, a espuma é mais uma das formas de aplicação da água, pois se constitui de um aglomerado de bolhas de ar ou gás (CO2) envoltas por película de água, formando uma manta de cobertura na área sinistrada, a qual impede a entrade de oxigênio. 1.3. Pó Químico Seco (PQS) 12 Os pós químicos secos (PQS) são substâncias constituídas de bicarbonato de sódio, bicarbonato de potássio ou cloreto de potássio, que, pulverizados, formam uma névoa de pó sobre o fogo, extinguindo-o por abafamento. Para o combate a incêndios de classe “D”, utilizamos pós à base de cloreto de sódio, cloreto de bário, monofosfato de amônia ou grafite seco, porém tais agentes extintores são mais difíceis de serem encontrados. Todos os pós químicos secos não conduzem eletricidade, mas deixam resíduos na atmosfera que podem facilmente entrar em pequenos locais e equipamentos. 1.4. Gás Carbônico (CO2) Também conhecido como dióxido de carbono ou CO2 é um gás mais denso que o ar, sem cor, sem cheiro, não condutor de eletricidade e não venenoso, porém é asfixiante. Age principalmente por abafamento, tendo, secundariamente, ação de resfriamento. Por não deixar resíduos nem ser corrosivo é um agente extintor apropriado para combater incêndios em equipamentos elétricos e eletrônicos sensíveis (centrais telefônicas e computadores). 2. RECARGA E MANUTENÇÃO DOS EXTINTORES Os extintores devem ser enviados para empresa especializada para recarga (agente extintor e agente expelente) e manutenção quando: 1. 2. 3. 4. o manômetro acusar despressurização do equipamento; o extintor for utilizado; do vencimento da data de validade (anual); for detectada qualquer irregularidade nos componentes do equipamento. O extintor de CO2 por não possuir manômetro só pode ter aferida sua carga através da pesagem, ou seja, deve-se pesá-lo, e se ele estiver 10% abaixo de seu peso, deverá ser carregado. A validade da recarga é anual enquanto a validade do corpo do cilindro é a cada 5 anos, momento em que se deve proceder o teste hidrostático do mesmo para conferir as condições da estrutura do equipamento, podendo ser revalidado por outro período de 5 anos. Atuação da polícia em ocorrências envolvendo Produtos Perigosos. 02 h/a PRODUTOS PERIGOSOS 1. DEFINIÇÃO Toda substância (sólida, líquida ou gasosa), que quando fora de seu recipiente, pode causar riscos para a saúde, ao meio ambiente ou ao patrimônio. As principais ações quando da ocorrência de emergências com Produtos Perigosos são: Identificação do produto perigoso, podendo ser feita prioritariamente através do painel de segurança e da ficha de segurança. Também pode ser utilizado como fonte de informação o rótulo de risco e o diamante de Hommel (somente no armazenamento). 13 Isolamento da emergência e das vítimas, evitando-se que a contaminação seja espalhada e novas vítimas sejam produzidas. Salvamento das vítimas, através do uso de equipamentos de proteção adequados à emergência. Contenção e confinamento do produto perigoso e seu devido armazenamento, com a utilização de técnicas e ferramentas próprias. Redução da contaminação das vítimas, socorristas, equipamentos, ambiente, etc. Abaixo, temos algumas dicas a serem seguidas: Fazer um isolamento inicial com meios de fortuna; Acionar o Corpo de Bombeiros pelos Sistemas 190 ou 193; Fazer uma breve análise da situação, para determinar se é necessário ou não a interdição total das pistas, identificando os desvios necessários; Verificar se há vítimas, vazamentos, incêndios ou possibilidade de incêndio e/ ou explosão; Identificar “a olho nu” ou por meio de binóculo os números constantes no Rótulo de Risco e no Painel de Segurança; Manter uma distância de segurança do produto perigoso, do vazamento ou do incêndio, consultando se possível um manual especializado, como por exemplo o “ABIQUIM”; Verificar a direção do vento (sempre vento pelas costas); Solicitar ao transportador ou condutor para que entregue o envelope para o transporte, a ficha de emergência, e a nota fiscal dos produtos transportados, a fim de checar as indicações constantes nos painéis e nos rótulos e para saber as instruções e precauções a serem tomadas; Solicitar ao COPOM um contato com o fabricante-transportador ou armazenador afim de que mobilizem os recursos necessários ao atendimento emergencial e forneçam as orientações complementares sobre os riscos específicos dos produtos envolvidos no sinistro. 14 Procedimentos em Caso de Incêndio. 01 h/a O Sargento, como todo Policial Militar, é um educador em potencial e muitas vezes deve levar os seus conhecimentos à comunidade. Abaixo é tratado um tema muito importante e de alto índice de ocorrências. GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO (GLP ou gás de cozinha) Muitos são os temas que podem ser abordados durante uma palestra e veremos alguns deles como por exemplo: riscos com o Gás de Cozinha, cuidados na utilização de produtos de limpeza, cuidados com o cozimento de alimentos, etc. De fácil combustão, o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) é inodoro, mas por motivo de segurança, uma substância do grupo MERCAPTAN é adicionada ainda nas refinarias. Ela produz o cheiro característico percebido quando há algum vazamento de gás. O GLP não é corrosivo, poluente e nem tóxico, mas se inalado em grande quantidade produz efeito anestésico e pode provocar a morte por asfixia. O GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) no estado gasoso é mais pesado que o ar e no estado líquido é mais leve que a água. No interior do cilindro existem 15% do produto na fase gasosa e 85% na fase líquida. A partir do recipiente de 13 Kg existe uma válvula de segurança, o conhecido pluguefusível. Ele é fabricado com uma liga metálica de bismuto que derrete quando a temperatura ambiente atinge 78°C. O maior número de ocorrências com botijões de 13 kg de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) são mais comuns nas residências e as causas mais prováveis de vazamentos, com e sem fogo, são: mangueira furada, diafragma da válvula furada, rosca da válvula mal fechada, plugue-fusível fundido e corrosão do botijão. O controle de vazamento sem fogo deve ser feito através da dispersão do gás, evitando o contato com pessoas e fontes de ignição e eliminando o vazamento (fechando o registro da válvula). Qualquer outro procedimento para sanear vazamento utilizando ferramentas é muito arriscado e deve ser feito utilizando-se equipamento de proteção contra incêndio e proteção por lances de mangueira pressurizadas com água. O controle de vazamento com fogo deve ser feito através da diminuição da quantidade de calor produzido pelo fogo através de aplicação de nuvem de água. Caso o botijão que esteja maçaricando esteja em local seguro, recomenda-se o isolamento do local até a chegada das equipes do Corpo de Bombeiros ou empresa distribuidora de GLP. 15 BIBLIOGRAFIA Associação Brasileira das Indústrias Químicas e de Produtos Derivados. (ABIQUIM) Manual APELL: Alerta e Preparação de Comunidades para Emergências Locais.: Ed. ABIQUIM; São Paulo 1990. Decreto Estadual nº 53.417, de 11SET08 - Institui, na Coordenadoria Estadual de Defesa Civil; Decreto Federal nº 96.044, de 18MAI88 - Aprova o Regulamento para o Transporte Rodoviário e Ferroviário de Produtos Perigosos e dá outras providências, alterado pelo Decreto nº 4.097, de 23JAN02; Decreto Federal nº 98.973, de 21FEV90 - Aprova o Regulamento dos Transportes Ferroviários de Produtos Perigosos, alterado parcialmente pelo Decreto Federal nº 4.097, de 23JAN02; Decreto Federal nº 5.376, de 17FEV05 - Dispõe sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil SINDEC e o Conselho Nacional de Defesa Civil, e dá outras providências; Instrução Manual Técnica do CB N° 17/2011 – Brigada de Incêndio; de Fundamentos do Corpo de Bombeiros, PMESP, CCB, 1997; Manual de Orientações sobre a declaração da Situação de Emergência e o Estado de Calamidade Pública, CEDEC/SP - 2010. Resolução ANTT n° 420, de 12FEV04 - Dispõe sobre as Instruções Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos, alterada pela Resolução ANTT nº 701, de 31AGO04.
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