anais da xxi semana acadêmica do ccse
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anais da xxi semana acadêmica do ccse
APRESENTAÇÃO A Semana Acadêmica do Centro de Ciências sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará (CCSE) é um evento já consagrado no calendário de atividades do CCSE e teve sua primeira edição no ano de 1996 com a intencionalidade de torna-se uma atividade privilegiada de interação espontânea entre os atores dos diversos Departamentos Acadêmicos, Cursos de Graduação e Pós-Graduação do CCSE. Este evento é um dos mais importantes no âmbito do CCSE, porque congrega o universo dos seus segmentos, docentes, discentes, funcionários dos vários alunos. A cada Semana Acadêmica constatamos o maior envolvimento da nossa comunidade na organização do evento que tem sistematicamente procurado avançar na utilização de recursos tecnológicos que permitam a realização de um evento de qualidade com simplicidade de participação desde o momento da apresentação de proposta de atividades, passando pela inscrição no evento até a emissão de forma digital dos devidos certificados de participação. Durante a Semana Acadêmica são realizadas atividades de diversas naturezas, entre elas: palestras, minicursos, oficinas, mesa redondas, exposições, sessões de comunicações orais e apresentações culturais. Estas atividades são ofertadas a partir da resposta da comunidade acadêmica do CCSE ao convite anual para proposição de atividades que é lançado pela coordenação do evento. As propostas apresentadas são avaliadas e compatibilizadas tendo como principio a contribuição que potencialmente trará para a comunidade acadêmica. No ano de 2016 a XXI edição da Semana Acadêmica teve como tema “A mercantilização da educação e a precarização do trabalho docente”, ocorreu no período de 16 a 20 de maio com um total de 1.804 inscritos como participantes, 263 ministrantes e 193 voluntários que tiveram a oportunidade de participar gratuitamente da realização de 53 minicursos/oficinas, 08 palestras, 06 apresentações culturais, 07 mesas redondas e 22 comunicações orais. Esse evento acadêmico só torna-se possível a partir da colaboração de funcionários, professores, alunos do CCSE e comunidade externa que com esforço e envolvimento dedica-se a concretização do mesmo, e o apoio da Administração Superior da UEPA. Para a Direção do CCSE é uma honra disponibilizar os anais da XX Semana Acadêmica do CCSE. PROFª. ROSILENE PACHECO QUARESMA COORDENADORA GERAL DA XXI SEMANA ACADÊMICA DO CCSE COMISSÃO GERAL Prof. Dr. Pedro Franco de Sá Profª. Rosilene Pacheco Quaresma ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS Carlos Alberto dos Santos Campelo Nilda Maria Santos Oliveira Alessandra Maria de Sousa Oliveira Jessica Laíz Sena do Carmo Thais Lorena Melo Freitas Vanessa da Silva Damasceno Édila Pinto da Silva ARTE Carlos Alberto dos Santos Campelo DIAGRAMAÇÃO Carlos Alberto dos Santos Campelo Nilda Maria Santos Oliveira Alessandra Maria de Sousa Oliveira Jessica Laíz Sena do Carmo Thais Lorena Melo Freitas Vanessa da Silva Damasceno Édila Pinto da Silva Pâmela Cristina Ribeiro da Silva SUMÁRIO MINICURSOS............................................................................................................................................ 7 A QUÍMICA EXPERIMENTAL: A DINÂMICA DE AULAS PRÁTICAS ATRELADAS A TEORIA, UTILIZANDO MATERIAIS ALTERNATIVOS. .................................................................................................................... 8 A PRODUÇÃO DE JOGOS EDUCATIVOS COMO RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A ALFABETIZAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS................................................................................................................................. 9 A TEORIA ANTROPLOGICA DO DIDÁTICO .............................................................................................. 10 A UTILIZAÇÃO DE APLICATIVOS E SOFTWARES DENTRO DO AMBIENTE ESCOLAR - PRÁTICAS E DESAFIOS. .............................................................................................................................................. 11 ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES GEOMÉTRICAS DAS EQUAÇÕES DA RETA E DO PLANO A PARTIR DO GEOGEBRA ............................................................................................................................................ 12 APP INVENTOR: UMA ABORDAGEM DO MOBILE LEARNING APLICADO AO ENSINO DE MATEMÁTICA ............................................................................................................................................................... 13 ATIVIDADES DE ARITMÉTICA PARA ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: BRINCANDO E APRENDENDO........................................................................................................................................ 14 CIÊNCIAS DA NATUREZA: O LIVRO DE PANO COMO RECURSO INSTRUCIONAL PEDAGÓGICO PARA TRABALHAR A IMPORTÂNCIA DAS FRUTAS PARA A SAÚDE NO ENSINO FUNDAMENTAL.................... 15 COMO APRESENTAR E ENSINAR SÍMBOLOS RELIGIOSOS PARA ALUNOS EM SITUAÇÃO DE DEFICIÊNCIA VISUAL EM TURMAS REGULARES. ................................................................................... 16 DISCUSSÃO SOBRE A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO CAMPO MULTIPLICATIVO .............................. 17 DIVERSIDADE RELIGIOSA NO CURRÍCULO ESCOLAR. ............................................................................ 18 ENSINO DE FRAÇÕES COM RÉGUAS DE CUISENAIRE ............................................................................ 19 ESTRATÉGIAS DE NEGOCIAÇÃO EMPRESARIAL: A ARTE NECESSÁRIA DA PERSUASÃO ........................ 20 HISTÓRIA DA CONTAGEM: A CALCULADORA COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NAS AULAS DE MATEMÁTICA................................................................................................................................... 21 MANEJO DE CLASSE: A GESTÃO DA TURMA SEM ESTRESSE ................................................................. 22 INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: UMA REFLEXÃO COM BASE NAS FACES DO ARCANJO MIGUEL ................ 23 METODOLOGIA DA PESQUISA E PRODUTOS EDUCACIONAIS ............................................................... 24 MICHEL FOUCAULT: CULTURA DO EMPREENDEDORISMO, CAPITAL HUMANO E AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO .................................................................................................................................................. 25 MÚSICA, CÉREBRO E MOVIMENTO: ATIVIDADES MUSICAIS PARA TRABALHAR O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE CRIANÇAS.................................................................................................................. 26 NOÇÕES BÁSICAS À OTIMIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE PAUTADAS NAS NECESSIDADES DO EDUCANDO............................................................................................................................................ 27 O GRUPO FOCAL, A ENTREVISTA, QUESTIONÁRIO E A OBSERVAÇÃO, NO CONTEXTO DAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO. ..................................................................................................................................... 28 O RECURSO DIGITAL COMO ESTRATÉGIA PEDAGOGICA PARA O ALUNO AUTISTA .............................. 29 O USO DA EXPERIMENTAÇÃO COM MATERIAIS ALTERNATIVOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS 1 .............. 30 O QUE EU DEVO SABER SOBRE OS ELETROELETRÔNICOS?................................................................... 31 O USO DA EXPERIMENTAÇÃO COM MATERIAIS ALTERNATIVOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS 2 .............. 32 O QUE EU DEVO SABER SOBRE OS ELETROELETRÔNICOS?................................................................... 33 PRINCÍPIO DA AÇÃO MÍNIMA, MECÂNICA LAGRANGEANA E MECÂNICA HAMILTONIANA. ................ 34 QUÍMICA ARTESANAL: UMA PROPOSTA METODOLOGICA PARA ENSINAR QUÍMICA PRODUZINDO SABÃO ................................................................................................................................................... 35 SABERES DOCENTES E ESTÁGIO SUPERVISIONADO .............................................................................. 36 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: UMA RELAÇÃO NECESSÁRIA NA PRÁTICA DOCENTE ............................... 37 TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO: POTENCIAL EDUCATIVO DAS MÍDIAS, INCLUSÃO DIGITAL, NAVEGAÇÃO E PESQUISA SEGURANÇA NA REDE ................................................................................. 38 TIRANDO A DOCÊNCIA DO ARMÁRIO: PRECISAMOS DISCUTIR SOBRE GÊNERO NAS UNIVERSIDADES! ............................................................................................................................................................... 39 COMUNICAÇÃO ORAL ........................................................................................................................... 40 A ARTE DE LER AS MÃOS: SABERES E CRENÇAS DO QUIRÓLOGO CONTEMPORÂNEO. ........................ 41 A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO CAMPO JURÍDICO .............................................................................. 49 A CHAMA QUE ILUMINA O SANTO: UMA ANÁLISE DAS VELAS AFRO-RELIGIOSAS A PARTIR DO CONCEITO DE CULTURA MATERIAL....................................................................................................... 65 A EVASÃO NOS CURSOS SUBSEQUENTES DO IEPP: TRABALHANDO À DISTANCIA E INTERVINDO COM A TECNOLOGIA ...................................................................................................................................... 78 A FABULA NA VISÃO DE LEV VIGOTSKY ................................................................................................. 92 A PRECARIZAÇÃO DA INCLUSÃO DE ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA E DE ENSINO DE BELÉM. ....................................................................................................... 101 AÇÃO DOCENTE COM ABORDAGEM LÚDICA E INTERDISCIPLINAR SOBRE LUZ SOLAR E VIDA .......... 109 BLAISE PASCAL E A TEORIA DAS PROBABILIDADES ............................................................................. 120 CICLO DA ÁGUA: PROPOSTA EDUCATIVA SOBRE A PRESERVAÇÃO DA ÁGUA AS SÉRIES INICIAIS ..... 136 DIAGNÓSTICO DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM BELÉM..................................... 143 EDUCAÇÃO E INCLUSÃO: PRÁTICAS EDUCATIVAS FREIRIANAS COM JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA........................................................................................................................ 158 ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES E AMBIENTES POPULARES: UMA EXPERIÊNCIA LÚDICA E AFETIVA NO ABRIGO LAR CORDEIRINHO DE DEUS ....................................... 170 JÓIAS DA AMAZÔNIA”: AS VOZES DAS EDUCANDAS DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO POPULAR FREIRE . 178 JURO QUE VI O CURUPIRA .................................................................................................................. 200 MOTIVAÇÃO FRENTE À EVASÃO ESCOLAR DOS CURSOS PROFISSIONALIZANTES .............................. 209 O PAPEL DA INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PESQUISA EXPLORATÓRIA COMO CONTRIBUIÇÃO À EEEM MAGALHÃES BARATA ................................................................................................................ 221 PEDESTRE E MOTOCICLISTA: PARE DE CORRER, PENSE NO QUE VAI FAZER, SIGA CONSCIENTE. ...... 233 PROSTITUIÇÃO DE LUXO: GÊNERO, TRABALHO E SOCIABILIDADE NA CIDADE DE BELÉM ................. 247 RADICAIS: O QUE DIZEM OS LIVROS DE HISTÓRIA DA MATEMÁTICA? ............................................... 258 SAÍRAM DA COZINHA, MAS NÃO PRA CAIR NO SAMBA: A HISTÓRIA DE COMO MULHERES NEGRAS PERCEBERAM QUE SEUS LUGARES SÃO NA SALA DE AULA. ............................................................... 274 SORRISO SAUDÁVEL, PRATICA INDISPENSÁVEL AO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ..................... 294 TERRA, LUA E SOL: Aprendendo Astronomia de Forma Lúdica. ......................................................... 316 EXPOSIÇÃO E BANNER......................................................................................................................... 325 A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO A PARTIR DO USO DE SIMULAÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS NAS SÉRIES INICIAIS .......................................................................................... 326 A ATUAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO PEDAGOGO NO CAMPO EMPRESARIAL ............................ 335 A BRINQUEDOTECA COMO POSSIBILIDADE DE CAMPO DE ESTÁGIO EM EDUCAÇÃO INFANTIL ....... 341 A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NO CONTEXTO ESCOLAR ................................................ 346 ÁGUA: CAPTAÇAO DA AGUA DA CHUVA ............................................................................................. 354 AO ME MOVIMENTAR TAMBÉM APRENDO: PERCEBENDO A ARTICULAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS NATURAIS NOS MOVIMENTOS CORPORAIS ..................................................................... 360 DIALOGISMO E EDUCAÇÃO: O CASO DOS ALUNOS SURDOS EM ESCOLA PÚBLICA DE SANTA ISABEL DO PARÁ. ................................................................................................................................................... 372 ENERGIA EÓLICA: VENTOS PARA UM FUTURO MELHOR .................................................................... 379 EXPLORANDO CIÊNCIAS NO ESPAÇO NÃO-FORMAL ........................................................................... 388 LIXO, CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O DESCARTE DO LIXO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O MEIO AMBIENTE ............................................................................................................................................................. 399 O USO DA LUDICIDADE NO ENSINO-APRENDIZAGEM SOBRE O SISTEMA DIGESTÓRIO PARA AS SÉRIES INICIAIS ................................................................................................................................................ 413 OS 3 R’s E COLETA SELETIVA: CONSCIENTIZAR PARA PRESERVAR ...................................................... 424 OVO NO NINHO, OVO NO PRATO: UM AGENTE REPRODUTOR DE VIDA E ALIMENTO PARA VÁRIAS ESPÉCIES ANIMAIS ............................................................................................................................... 433 POSTURA CORPORAL: A IMPORTÂNCIA DO ENSINO E DA PRATICA NAS SERIES INICIAIS .................. 441 PRODUÇÃO, CONSUMO E ECONOMIA DE ENERGIA ELÉTRICA: UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO COM ALUNOS DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL .............................................................................. 450 UM ESTUDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE CIÊNCIAS NATURAIS, SALVATERRA, MARAJÓ, PARÁ ................................................. 463 A FABULA NA VISÃO DE LEV VIGOTSKY ............................................................................................... 473 EDUCAR PARA PREVENIR: CONHECENDO OS SEMÁFOROS ................................................................ 483 7 MINICURSOS 8 A QUÍMICA EXPERIMENTAL: A DINÂMICA DE AULAS PRÁTICAS ATRELADAS A TEORIA, UTILIZANDO MATERIAIS ALTERNATIVOS. Cássia de Paula Freitas da Silva UEPA [email protected] Juliana Pires Nascimento UEPA [email protected] Larissa Sales da Costa Oliveira UEPA [email protected] Resumo: Este minicurso tem como objetivo demonstrar experimentos químicos a partir de aulas expositivasdialogadas com auxílio de materiais alternativos, visando a relevância de aulas práticas como ferramenta para propor uma nova abordagem no Ensino da Química a graduandos em química e também para formação continuada. Neste trabalho serão abordados conteúdos ministrados no ensino médio atrelado a experimentação, como proposta metodológica de ensino para melhor compreensão e fixação dos conteúdos de química. Para (Schwahn, 2009) a importância da experimentação durante as aulas deve ser de conhecimento de todos os professores da área, não apenas por despertar o interesse pela Ciência nos alunos, mas também por inúmeras outras razões. Ao final deste minicurso os participantes devem demonstrar o interesse de inserir a experimentação como ferramenta significativa no ensinoaprendizagem em sala de aula. Palavras Chave: Ensino de Química, Formação Continuada, Experimentação. Abstract: This short Couse has as porpuse demostraded chimistry experiments starting of class expositorydialogued with assistance alternative materials , aiming a relevance practical classes like tools to propose new didactic at the chemistry teaching majoring in chemistry and too continuing education .This work will be addressed cotents taught in hight school together with experimentation , as proposal methodological of education for better comprehesion and fixation chemical content . For Schwahn (2009) the importance of experimentation during at classes must be know of all ,not just awaken interest in science, but too other reasons .The end of this short course the participants must have desire to insert the experimentation like tool the education-learning . Palavras-chave: education of chemistry, experimentation, continuing education. 9 A PRODUÇÃO DE JOGOS EDUCATIVOS COMO RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA A ALFABETIZAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS Ingrid Rodrigues da Rosa Cruz UEPA [email protected] Islanna de Cássia da Costa Reis UEPA [email protected] Anacleto Conceição dos Santos UEPA [email protected] Resumo: Este trabalho expõe a relação entre a educação e as tecnologias, com o intuito de compreender que o uso das tecnologias educacionais, como os jogos educativos são essenciais à prática docente, visando garantir o processo de ensino-aprendizagem na alfabetização nas séries iniciais. É notável, em meio o sistema capitalista, no qual vivemos o surgimento dos avanços tecnológicos, que possuem a finalidade de promover a comunicação entre as pessoas e auxiliar na dinamização do mercado de trabalho. Percebe-se também, que o acesso do alunado com as tecnologias se intensifica a cada instante e esse acesso ocorre cada vez mais cedo, crianças de dois anos de idade já possuem contato com as tecnologias, assim se constituindo uma relação sólida e diária. Com isso, nota-se como é importante a utilização dos jogos educativos na alfabetização, pois é uma forma de ensinar sem que as crianças se sintam coagidas a aprenderem a ler. Porém, nem sempre em nossas escolas, encontramos recursos tecnológicos educacionais avançados e o professor precisa ter a consciência de que este fato não pode ser utilizado como justificativa para que suas aulas sejam tradicionais e reprodutoras, pois mesmo com recursos tecnológicos simples, os quais o próprio professor pode produzir, é possível proporcionar aos alunos uma aprendizagem significativa, divertida e de qualidade. Palavras-chave:. Jogos educativos, Recursos tecnológicos, Alfabetização nas séries iniciais. 10 A TEORIA ANTROPLOGICA DO DIDÁTICO Bianca Brenda Lopes Machado UEPA [email protected] Maryanni Cardoso Silva UEPA [email protected] Resumo: Analisar livros didáticos é investigar as diferentes formas que um determinado conteúdo pode ser apresentado nos livros. Neste minicurso objetivamos apresentar a Teoria Antropológica do Didático (TAD), onde faremos uso de suas ferramentas para analisar os livros didáticos, tendo como foco o conteúdo de geometria plana. Para alcançar este objetivo faremos uso de três momentos específicos, no primeiro, faremos uma abordagem teórica sobre a teoria antropologica do didático, discutindo suas particularidades, em um segundo momento formalizará a teoria apresentada através de exemplos para melhor ilustrar as ferramentas da TAD, por último, será realizada a análise de livros. Palavras-chave: Análise de livros. TAD. Geometria plana. 11 A UTILIZAÇÃO DE APLICATIVOS E SOFTWARES DENTRO DO AMBIENTE ESCOLAR PRÁTICAS E DESAFIOS. Emanoel da Silva e Silva UEPA [email protected] Carlos Henrique Ribeiro Cardoso UEPA [email protected] Resumo: O trabalho docente vive uma crise metodológica. Há de se buscar novas formas para que se possa desenvolver uma metodologia capaz de despertar a atenção e interesse do aluno utilizando-se de recursos que permitam o fácil acesso a dados e informações, tais como as mídias que agregam texto, áudio e vídeo capazes de levar o conhecimento de forma simplificada e que esteja cada vez mais relacionado com o seu cotidiano e que possa vir a ser mais útil na vida pessoal de cada um. Este mini-curso tem por objetivo apresentar novas formas de ensinar através de aplicativos Android e softwares gratuitos para que os futuros docentes possam levar aos seus alunos uma nova forma de ensinar e aprender. Palavras-chave: Métodos de Ensino. Ensino através de Aplicativos e Softwares. 12 ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES GEOMÉTRICAS DAS EQUAÇÕES DA RETA E DO PLANO A PARTIR DO GEOGEBRA Lucas Benjamin Barbosa Souza UEPA [email protected] Marcos Raylan Pinheiro Araujo UEPA [email protected] Eliza Souza da Silva UEPA [email protected] Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar os diferentes comportamentos que equações da reta e do plano apresentam a partir das alterações em suas equações algébricas por meio de uma Tecnologia da Informação (TIC), o software GeoGebra. A fim de despertar nos discentes a visão geométrica dos métodos algébricos presentes nos conteúdos de retas e planos, contribuir para o desenvolvimento do conhecimento do estudante da graduação a cerca das representações geométricas presentes e proporcionar ao discente em formação o reconhecimento do software Geogebra como uma ferramenta facilitadora no desenvolvimento do ensino e aprendizagem de Geometria Analítica. Para realizar tal análise nos embasamos nos estudos da Teoria das Representações Semióticas de Raymond Duval, em específico suas contribuições com a forma de representação identificável; as transformações de registro – tratamentos e conversões – bem como com o processo de ensino e aprendizagem, utilizando como instrumento de ensino do objeto, retas e planos, uma das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), o software GeoGebra. As Tecnologias da Informação e Comunicação constituem uma das tendências da Educação Matemática onde o GeoGebra se apresenta como uma TIC auxiliadora para o processo de Ensino e Aprendizagem de Geometria Analítica, pois reúne geometria, álgebra e cálculo e que deve ser utilizado como uma ferramenta do professor em sala de aula. Para validarmos a utilização do software e para elaborarmos a metodologia, checamos os estudos de BAIRRAL (2009), BRASIL (2006), D’AMBRÓSIO (2009), DUVAL (2003) e GRIMBERG (2008) como bases para elaborar a metodologia de pesquisa utilizada que ocorrerá por meio de Minicurso, com atividades planejadas conforme o objetivo da pesquisa. Palavras-chave: Geometria Analítica. Geogebra. Representação Semiótica. 13 APP INVENTOR: UMA ABORDAGEM DO MOBILE LEARNING APLICADO AO ENSINO DE MATEMÁTICA. Ruan Lobato Guedes – Mestrando em Ensino de Matemática UEPA [email protected] Fábio José Alves – Doutor em Geofísica (UFPA) UEPA [email protected] Resumo: O presente minicurso busca aplicar conceitos de mobile learning na educação matemática de conceitos do ensino fundamental através do App Inventor. Pretendemos apresentar as potencialidades do referido aplicativo para que o professor utilize da forma mais integrada possível a tecnologia com o processo educativo. Novas tendências educacionais destacam a importância da proatividade dos alunos na busca pelo conhecimento, passando o aluno a ter papel ativo no processo de ensino-aprendizagem. Com a integração da tecnologia com a educação, é possível que haja essa proatividade e consequente independência pela busca de conhecimento por parte dos alunos. Para tal os atores responsáveis pela educação devem atuar como mediadores encarando a tecnologia com um recurso que pode ser explorado e potencializado de acordo com suas características. Desse modo, juntar o útil ao agradável parece viável uma vez que a população brasileira esta cada vez mais conectada e cada vez mais utiliza celulares smartphone Androids e a forma de aprender passa a ser móvel, onde os recursos móveis permitem a quebra das barreiras da educação da sala de aula. Com isso potencializar o uso do App Inventor a favor da educação se mostra relevante. Palavras-chave: App Inventor. Ensino de matemática. Mobile learning. 14 ATIVIDADES DE ARITMÉTICA PARA ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: BRINCANDO E APRENDENDO Matheus Henrique Silva de Oliveira UEPA [email protected] Osvando dos Santos Alves UEPA [email protected] Thays Maria das Neves Caldeira UEPA [email protected] Resumo: Esta oficina se propõe a discutir e apresentar algumas atividades que podem ser utilizadas para o ensino de conceitos e fundamentos da aritmética nos anos iniciais do ensino fundamental. Trabalharemos a construção do campo conceitual do número, a leitura e escrita de numerais, operações fundamentais: conceito, propriedades e fatos. Também são apresentadas atividades lúdicas para a apresentação dos conceitos e para exercitar os conteúdos. Palavras-chave: Aritmética. Operações Fundamentais. Atividades. 15 CIÊNCIAS DA NATUREZA: O LIVRO DE PANO COMO RECURSO INSTRUCIONAL PEDAGÓGICO PARA TRABALHAR A IMPORTÂNCIA DAS FRUTAS PARA A SAÚDE NO ENSINO FUNDAMENTAL Elaine Cristina Portal de Queiroz UEPA [email protected] João Paulo Rocha dos Passos UEPA [email protected] Yasmim dos Santos Pereira UEPA [email protected] Resumo: O presente estudo tem por objetivo apresentar resultados acerca da utilização do livro de pano como metodologia de aprendizagem para o ensino de ciências com enfoque na ingestão das frutas e os benefícios que as mesmas proporcionam a saúde do corpo humano, o assunto foi trabalhado com crianças na faixa etária de 9 a 10 anos, do 4° ano do ensino fundamental de uma rede privada de ensino, localizada em Ananindeua/PA. Nesse aspecto, nos utilizamos o livro de pano ou o livro vivo como ferramenta lúdica, este que conta com a presença de um jogo com o tema referido, isto tende a instigar os educandos, além de despertar a criatividade e imaginação, dessa forma almeja-se, com este ensaio, frisar a importância das frutas na alimentação cotidiana e como está influencia no crescimento saudável das crianças, buscando assim, promover de modo lúdico e interativo a inserção de frutas no cardápio diário. Palavras-chave:. frutas; livro de pano; jogo; ensino de ciências. 16 COMO APRESENTAR E ENSINAR SÍMBOLOS RELIGIOSOS PARA ALUNOS EM SITUAÇÃO DE DEFICIÊNCIA VISUAL EM TURMAS REGULARES. Jayne Rabelo de Sena UFPA [email protected] Kellen Irene Rabelo Borges UEPA [email protected] Lorrani Leticia Mourão dos Santos UEPA lorranimourã[email protected] Resumo: Sabemos a importância que a educação tem na vida do ser humano, por isso a oficina proposta tem a intenção de compartilhar experiências juntamente com indivíduos interessados no assunto, realizando práticas pedagógicas voltadas a alunos em situação de deficiência visual. Pois, sabe-se que esses indivíduos, enfrentam várias barreiras para o reconhecimento dos seus direitos na sociedade, tendo em vista que o professor é um sujeito ativo nessa concretização e que principalmente que é através de suas ações e práticas inclusivas que são frutos da sua formação acadêmica e continuada, que podemos de fato realizar a inclusão. Fazendo assim que o professor do Ensino Religioso repense sua prática, repense no sentido de como pode auxiliar aquele aluno. Por isso destacamos no presente trabalho, a importância de como apresentar e ensinar os símbolos religiosos para alunos em situação de deficiência visual, para que o mesmo tenha o mesmo direito, do que os demais alunos, em ter acesso ao processo de ensino aprendizagem. Palavras-chave: Símbolos Religiosos; Professor; Deficiência Visual; Alunos. 17 DISCUSSÃO SOBRE A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO CAMPO MULTIPLICATIVO Rosineide De Sousa Jucá UEPA Valdenira De Santana Barbosa UEPA Bárbara Hamú Rodrigues UEPA Resumo: Este minicurso tem como objetivo desenvolver discussões a respeito do campo multiplicativo, este que faz parte da Teoria dos Campos Conceituais desenvolvida por Gérard Vergnaud. O mini curso também apresentará a forma que os PCN’s e a Prova Brasil classificam os campos multiplicativos. Os participantes terão a oportunidade de resolver os problemas propostos e classificá-los de acordo com as diferentes estruturas multiplicativas, bem como elaborar novos problemas Palavras-chave: Campo Multiplicativo. Prova Brasil. Estruturas multiplicativos. 18 DIVERSIDADE RELIGIOSA NO CURRÍCULO ESCOLAR. Iolanda Rodrigues Da Costa UEPA [email protected] Arianne Caldas Nunes UEPA [email protected] Resumo: Refletir acerca do paradigma do respeito à diversidade como eixo norteador das relações sociais contemporâneas e um dos quatro pilares fundamentais da educação para o século XXI. - Refletir acerca da intolerância e do desrespeito à diversidade religiosa na realidade brasileira e mundial e suas conseqüências. Compreender a importância do Ensino Religioso no currículo escolar no contexto do multiculturalismo e da formação para a cidadania. Vivenciar práticas pedagógicas que estimulem o respeito à diversidade religiosa e a construção de uma cultura de paz na sociedade. Palavras-chaves: Paradigma. Relações Sociais Ensino Religioso. Pedagógicos 19 ENSINO DE FRAÇÕES COM RÉGUAS DE CUISENAIRE Ana Paula Nascimento Pegado Couto UEPA [email protected] Mayara Gabriella Grangeiro Pereira UEPA [email protected] Maria Paula Duarte O´de Almeida UEPA [email protected] Orientadora Acylena Coelho Costa UEPA [email protected] Resumo: Considerando que, o ensino tradicional se limita a aulas mecanizadas e repetitivas, o professor de Matemática necessita buscar novos meios de ensino para tornar mais dinâmica as suas aulas, ou seja, fazer com que o aluno interaja com o conteúdo, tornando-se construtor do seu próprio conhecimento. Assim, uma estratégia muito interessante é o uso de materiais concretos como recurso pedagógico. Nesse contexto, propomos a aplicação do presente minicurso, com o intuito de proporcionar o auxilio na formação de licenciando em matemática, como também de alunos do curso de pedagogia no que se refere ao ensino de frações com o uso da régua de Cuisinaire. Palavras-chave: Recurso pedagógico. Material concreto. Fração. 20 ESTRATÉGIAS DE NEGOCIAÇÃO EMPRESARIAL: A ARTE NECESSÁRIA DA PERSUASÃO Leandro Cardoso dos Santos UEPA [email protected] Marcelo Correia – Orientador UEPA [email protected] Resumo: A negociação é um processo pertinente e necessário para todo profissional moderno que almeje desenvolver suas habilidades de comportamento, percepção, planejamento, desempenho entre outras. Essa oficina busca apresentar a negociação de um modo mais elaborado, definida e objetiva, demonstrar a sua estreita relação com a natureza humana, exibir tipos de estratégias e ensinar a empregá-los no seu social e profissional por meio da construção de conceitos, elaboração de planos de negociação, esclarecendo erros e falhas comuns ao processo, assim desenvolvendo as capacidades de barganha inerentes a cada um de nós. Considerando a estrutura da negociação buscou-se o embasamento em teóricos que reforçam a linha de raciocínio para a elaboração da Oficina. Palavras-chave: Negociação. Persuasão. Natureza humana. Barganha. Estratégias. Planejamento. Empresarial. 21 HISTÓRIA DA CONTAGEM: A CALCULADORA COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NAS AULAS DE MATEMÁTICA. Anderson Bastos Falcão de Souza UEPA [email protected] Lucas Valentim Novaes da Rocha UEPA [email protected] Resumo Este projeto aborda a história da matemática como contexto para o ensino, será desenvolvido no Centro de Ciências e Planetário do Pará (CCPP) e tem por objetivo discutir e propor o uso da história da contagem para o ensino e a aprendizagem da matemática. O interesse pela pesquisa se justifica pelos resultados apontados nos estudos de Ifrah (1992) e Oliveira (2011) que mostra as principais máquinas de calcular utilizadas pelo homem e as suas contribuições para a sociedade. Estes estudos destacam que cada civilização desenvolveu o seu sistema de numeração, O número e a matemática nasceram e se desenvolveram juntos e tanto as atividades práticas do homem e das sociedades quanto aquelas intrínsecas à matemática, como ciência, foram determinantes na evolução deste conceito e mostram importância de buscar novos meios e métodos para auxiliar no ensino e aprendizagem de matemática, ajuda também a considerar melhor a calculadora em sala de aula como uma aliada em potencial no ensino, e não como um instrumento que interfere negativamente na qualidade do aprendizado. Palavras-chave: Museus de ciências. História da matemática. Aprendizagem significativa. 22 MANEJO DE CLASSE: A GESTÃO DA TURMA SEM ESTRESSE Rejane de Assis Oliveira Monteiro UEPA [email protected] Resumo: A formação acadêmica dos alunos nos cursos de licenciatura nas universidades, de modo geral, aborda diferentes conhecimentos importantes para o desenvolvimento da prática pedagógica no contexto da escola. No entanto, é comum, o professor recem egresso do curso de formação em licenciatura, quando se encontra no desenvolvimento da prática pedagógica na escola, enfrentar dificuldades no manejo de classe. O desenho curricular dos diferentes cursos que preparam os professores para a educação básica não possuem disciplina ou conteúdo que forneça conhecimentos de como lidar com os comportamentos desafiadores que se manifestam no contexto da classe de ensino. Desse modo, os professores aprendem às duras penas, como administrar a classe, ou mesmo passam a vida profissional inteira sem descobrir os mecanismos pedagógicos de gestão da classe. Nesse sentido, faz-se de significativa importância apontar pistas e estratégias de como desenvolver o manejo de classe, com o objetivo de que os professores possam ter um melhor desempenho pedagógico mediante a gest~o da turma. O minicurso “Manejo de classe: a gest~o da turma sem estresse”, tem como objetivo discutir questões e ferramentas significativas que favoreçam o manejo de classe dos professores no contexto da sala de aula. Palavras-chave: Manejo de classe. Liderança em sala de aula. Gestão da sala de aula. 23 INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: UMA REFLEXÃO COM BASE NAS FACES DO ARCANJO MIGUEL Talita Rodrigues Sá UEPA [email protected] José Ivaldo Pereira da Costa Filho UEPA [email protected] Alcides Melo Guimarães de Oliveira UEPA [email protected] Patrícia Gleise Barros Neves UEPA [email protected] Fabio Oliveira de Sena UEPA [email protected] Resumo: A partir de estudos sobre as diversas faces de são Miguel arcanjo, este trabalho visa refletir sobre a entrância religiosa por meio do sincretismo existente no mesmo. Este, portanto foi realizada através de análise bibliográfica, observação sistemática e entrevistas com representantes religiosos. Ao final concluise que a intolerância religiosa permanece ainda existente por conta do desconhecimento em relação a religião do outro. É importante que se combata a intolerância por meio da desconstrução do imaginário, pois com a representatividade do arcanjo Miguel podemos perceber que temos muitas semelhanças ao invés de diferenças. Palavras-Chaves: Arcanjo Miguel, Sincretismo, Intolerância Religiosa, Cristianismo, Religiões de Matrizes Africanas. 24 METODOLOGIA DA PESQUISA E PRODUTOS EDUCACIONAIS Roberto Paulo Bibas Fialho UEPA [email protected] Resumo: A Metodologia da Pesquisa é uma das principais e imprescindíveis disciplinas universitárias da graduação e da pós-graduação, compondo o currículo obrigatório de todos os cursos, por isso, sendo necessário direcionar a mesma à especificidade de abordagem e de atuação de cada curso. A distinção entre elementos da metodologia propriamente ditos e procedimentos de pesquisa é outro aspecto relevante e que necessita de adequação. É nesse enfoque que alude à elaboração do produto educacional, a qual precisa ser mais consistemente trabalhada. Ao produto educacional é necessário aplicar a eficácia metodológica trabalhada na consecução produtiva convencional: Estudo preliminar, pré-projeto, modelo, projeto e protótipo. A formalização do mesmo requer ainda a sua contextualização e estudo de viabilidade produtiva de execução, a qual é garantida como direito de patente e propriedade intelectual. Palavras-chave: Metodologia da Pesquisa. Produto Educacional. Projeto. 25 MICHEL FOUCAULT: CULTURA DO EMPREENDEDORISMO, CAPITAL HUMANO E AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO Alex Cardoso UEPA [email protected] Henrique de Moraes Junior UEPA [email protected] João Paulo Nogueira da Silva UFPA/UNAMA [email protected] Resumo: O minicurso objetiva um debate em torno do estabelecimento de virtuais conexões a governamentabilidade neoliberal com suas instituições e a educação, problematizando o conceito de capital humano que vem se propagando e seus efeitos no campo educacional, ao percebermos a cultura do empreendedorismo como o novo pano de fundo da educação, que vem acarretando a mercantilização da educação e a precarização do trabalho docente no atual momento. Demonstrando que a cultura do empreendedorismo está diretamente relacionada a uma redução e um empobrecimento de nossas relações de sociabilidade e de processos de ensino e aprendizagem. Michel Foucault, nos ajudar a compreender as dimensões que possibilitam a constituição dessa realidade, como a questões essas relacionadas à biopolítica, à governamentalidade neoliberal que atingem fundamentalmente as instituições de ensino, esses conceitos nos parecem importantes, além disso, porque fornecem pistas para pensarmos as condições de possibilidade da educação em nosso presente e algumas das virtuais funções estratégicas que a mesma pode vir a exercer em nossa contemporaneidade. E isso, por exemplo, conforme a maneira como a educação é agenciada a biopolíticas e a uma determinada forma de governamentalidade neoliberal. Palavras-chave: Governamentabilidade Neoliberal; Capital Humano; Instituição de ensino; Michel Foucault; Biopolítica. 26 MÚSICA, CÉREBRO E MOVIMENTO: ATIVIDADES MUSICAIS PARA TRABALHAR O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE CRIANÇAS Adeliane Muniz Leitão UEPA [email protected] Igor Rafael Silva Sarmento UEPA [email protected] José Rodrigo Muniz Leitão UEPA [email protected] Resumo: O ritmo é essencial para a vida humana e para a sua organização, pois estabelece parâmetros, muitas vezes subliminares, para que todos os fenômenos naturais ocorram de forma ordenada. Em tudo encontramos ritmos, como na escovação dos dentes, no martelar de um prego, no andar das pessoas; cada pessoa possui seu ritmo, alguns são lentos, outros rápidos. E na música não é diferente, muitas vezes não percebemos, ficamos atentos às notas musicais, mas o ritmo está presente, definindo o tempo, o andamento e outros aspectos referentes a ele. E na educação musical é necessário trabalhar o ritmo para que cada pessoa desenvolva e perceba seu próprio ritmo, facilitando assim os demais processos de aprendizagem da música. Dois grandes músicos e educadores musicais utilizavam atividades rítmicas para facilitar o processo de ensino da música com crianças, e seus trabalhos contribuíram muito para os atuais educadores musicais, foram eles: Emile Jaques-Dalcroze e Carl Orff. Eles defendiam que a criança deveria primeiro vivenciar a música e suas propriedades, e depois conhecer os elementos descritivos, como partituras, teorias e regras. Antes de aprender um instrumento qualquer, a criança deve conhecer seu próprio corpo, utilizando-o como instrumento musical através de atividades rítmico-musicais, pois entendiam que o ritmo tem um papel fundamental para o desenvolvimento da criança. Essas atividades rítmico-musicais são ferramentas importantes para o ensino da música, porém muitas vezes o educador musical não as conhece, e é necessário que vivencie as propostas desses dois educadores para compartilhar as atividades em suas práticas docentes. Palavras-chave: Educação Musical. Ritmo e Movimento. Carl Orff. Emile Jaques-Dalcroze. Atividades Rítmico-Corporais. 27 NOÇÕES BÁSICAS À OTIMIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE PAUTADAS NAS NECESSIDADES DO EDUCANDO Elisama dos Santos Almeida UEPA [email protected] Hanna Tamires Gomes Correa UEPA [email protected] Jairo da Silva Nascimento UEPA [email protected] Resumo: O trabalho docente apresenta grande importância no contexto educacional e possuí a capacidade de intervir de maneira direta na construção de conhecimentos dos alunos e na possibilidade de transformar a sociedade, entretanto, essa atuação é pautada em conteúdos específicos, os quais consideram somente o modelo tradicional de conhecimento, deixando de considerar o aluno como um ser pleno, composto de aspectos afetivos, cognitivos e motores. Neste sentido, este minicurso é proposto com o intuito de propor ações pedagógicas capazes de influenciar a prática educacional de professores e assistir os educandos para que ocorra desenvolvimento integral, de forma a otimizar o trabalho docente. Para alcançar esse objetivo o minicurso utilizará dinâmicas pessoais e grupais, pautadas na reflexão. Palavras-chave: trabalho docente. Desenvolvimento integral. Transformação social. 28 O GRUPO FOCAL, A ENTREVISTA, QUESTIONÁRIO E A OBSERVAÇÃO, NO CONTEXTO DAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO. Albene Lis Monteiro UEPA Ana Kely Martins da Silva UEPA Maria de Lourdes Silva Santos UEPA Hellen do Socorro de Araújo Silva UEPA Adrielle Cristine Mendelo Lopes UEPA Resumo: Este minicurso propõe-se a discutira importância de quatro técnicas indispensáveis para a realização de pesquisa,no contexto educacional, a saber: Grupo Focal, Entrevista e Questionário e Observação.Como procedimentos de coletas de informações para o processo de desenvolvimento da pesquisa, nos permite obter informações sobre um fenômeno ou acontecimento tal como ele se produz, isto quer dizer, que são registros de informações que nos proporcionam uma representação da realidade, dos fenômenos que estão sendo investigados.O objetivo do minicurso será ampliar osestudos acerca das referidas técnicas de pesquisa, com vistas a contribuir com os pesquisadores que queiram desenvolver investigações na abordagem qualitativa e quantitativa. Importante também se faz, analisar as contribuições para o pesquisador quese utiliza de informações geradas por meio dessas técnicas. Para o alcance do objetivo proposto serão utilizados vários procedimentos didáticos como: trabalhos em grupo e construção de roteiros, bem como, reflexões de textos aliados a exposições dialogadas. Além disso, haverá exemplificações das técnicas, no contexto de pesquisas realizadas, além das especificações técnicas. Palavras-chave: Educação. Pesquisa. Técnicas de pesquisa. 29 O RECURSO DIGITAL COMO ESTRATÉGIA PEDAGOGICA PARA O ALUNO AUTISTA Anaclara Primo dos Santos Bordallo UEPA [email protected] Yago Melo de Lima UEPA [email protected] Resumo: O respectivo trabalho é direcionado ao processo de desenvolvimento da criança autista, por meio da mediação do recurso tecnológico, como método de aplicação na perspectiva de um ensino e aprendizagem significativos. Visando flexibilizar o currículo no contexto em que a criança está inserida, como uma maneira também, de respeitá-la e incluí-la no cenário socioeducativo. Palavras-chave: Recurso tecnológico. Flexibilizar. Inclusão. 30 O USO DA EXPERIMENTAÇÃO COM MATERIAIS ALTERNATIVOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS 1 Rubens Herbert Pantoja Neves UEPA [email protected] Karina de Nazaré Lima Alves UEPA [email protected] Talita Costa Viana UEPA [email protected] Resumo O ensino de ciências ainda continua muito abstrato, pois muitas vezes os assuntos são abordados de forma tradicional, na acumulação, e na memorização de conteúdos levando os alunos a decorar os conceitos ditos em sala de aula e não tornam – se participantes ativos em seu processo de ensino–aprendizado. A experimentação no ensino de ciências é uma ferramenta que os educadores podem usar não somente em laboratórios, mas também em sala de aula, espaços abertos da escola e universidade, como quadras de esportes, p|tios entre outros. Contudo muitas vezes ela é vista como uma “uma receita” ou “um roteiro”, onde os estudantes não têm possibilidade de emitir hipóteses. O presente trabalho teve como objetivo utilizar a experimentação com materiais alternativos para o ensino de ciências por meio de uma perspectiva investigativa. A oficina terá duração de 6 horas no total, divididas em 3 (três) dias de 2 (duas) horas cada. A oficina será dividida em quatro momentos distintos: apresentação e discussão inicial sobre o tema, execução de uma atividade experimental pelos ministrantes, elaboração de um roteiro experimental e a execução das atividades experimentais previstas no roteiro pelos participantes. Ressalta-se que as atividades experimentais devem ser empregadas com um objetivo maior do que a transmissão e a memorização de conceitos, a simples realização de experimentos não leva à melhoria do ensino de ciências, a experimentação por si só não garante um bom aprendizado. As atividades experimentais são executadas no aspecto de promover a formação de atitudes dos alunos, levar a outras discussões tais como, ideias negativas da ciência ou de cientistas isolados em laboratórios detentores da verdade. Palavras-chave: Ensino de ciências. Experimentação. Materiais alternativos. 31 O QUE EU DEVO SABER SOBRE OS ELETROELETRÔNICOS? Maria de Nazaré dos Remédios Sodré UEPA [email protected] Adriano Augusto Addario dos Santos UEPA [email protected] Juliana da Cunha Corrêa UEPA [email protected] Raquel Macedo Cardoso UEPA [email protected] Resumo: A sociedade atual esta produzindo e consumindo cada vez mais eletroeletrônicos, porém o descarte desses materiais geralmente é desconhecido pela população. Sendo assim, a proposta de apresentar aos alunos alguns elementos químicos contidos nos equipamentos eletroeletrônicos deve ocorrer a partir da relação do ensino de química com essas substâncias as quais contém efeitos nocivos ao ser humano e o meio ambiente. Assim, através das discussões entre os participantes e mediadores busca-se compreender o papel desses equipamentos na sociedade, ou seja, a forma como eles agridem e facilitam a vida de seus usuários, portanto expor essa contradição entre os seus reais objetivos em meio social, abordando também consumismo exagerado e a oferta em larga escala de produtos tecnológicos, pelas indústrias. Palavras-chave: Tecnologia. Ensino de química. Tabela periódica. Educação Ambiental. 32 O USO DA EXPERIMENTAÇÃO COM MATERIAIS ALTERNATIVOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS 2 Erika Fernanda de Matos Vieira UEPA [email protected] Jairo Moreira Barata UEPA [email protected] Flávia Maiara Brito da Silva UEPA [email protected] Resumo: O ensino de ciências ainda continua muito abstrato, pois muitas vezes os assuntos são abordados de forma tradicional, na acumulação, e na memorização de conteúdos levando os alunos a decorar os conceitos ditos em sala de aula e não tornam – se participantes ativos em seu processo de ensino–aprendizado. A experimentação no ensino de ciências é uma ferramenta que os educadores podem usar não somente em laboratórios, mas também em sala de aula, espaços abertos da escola e universidade, como quadras de esportes, p|tios entre outros. Contudo muitas vezes ela é vista como uma “uma receita” ou “um roteiro”, onde os estudantes não têm possibilidade de emitir hipóteses. O presente trabalho teve como objetivo utilizar a experimentação com materiais alternativos para o ensino de ciências por meio de uma perspectiva investigativa. A oficina terá duração de 6 horas no total, divididas em 3 (três) dias de 2 (duas) horas cada. A oficina será dividida em quatro momentos distintos: apresentação e discussão inicial sobre o tema, execução de uma atividade experimental pelos ministrantes, elaboração de um roteiro experimental e a execução das atividades experimentais previstas no roteiro pelos participantes. Ressalta-se que as atividades experimentais devem ser empregadas com um objetivo maior do que a transmissão e a memorização de conceitos, a simples realização de experimentos não leva à melhoria do ensino de ciências, a experimentação por si só não garante um bom aprendizado. As atividades experimentais são executadas no aspecto de promover a formação de atitudes dos alunos, levar a outras discussões tais como, ideias negativas da ciência ou de cientistas isolados em laboratórios detentores da verdade. Palavras-chave: Ensino de ciências. Experimentação. Materiais alternativos. 33 O QUE EU DEVO SABER SOBRE OS ELETROELETRÔNICOS? Maria de Nazaré dos Remédios Sodré UEPA [email protected] Adriano Augusto Addario dos Santos UEPA [email protected] Juliana da Cunha Corrêa UEPA [email protected] Raquel Macedo Cardoso UEPA [email protected] Resumo: A sociedade atual esta produzindo e consumindo cada vez mais eletroeletrônicos, porém o descarte desses materiais geralmente é desconhecido pela população. Sendo assim, a proposta de apresentar aos alunos alguns elementos químicos contidos nos equipamentos eletroeletrônicos deve ocorrer a partir da relação do ensino de química com essas substâncias as quais contém efeitos nocivos ao ser humano e o meio ambiente. Assim, através das discussões entre os participantes e mediadores busca-se compreender o papel desses equipamentos na sociedade, ou seja, a forma como eles agridem e facilitam a vida de seus usuários, portanto expor essa contradição entre os seus reais objetivos em meio social, abordando também consumismo exagerado e a oferta em larga escala de produtos tecnológicos, pelas indústrias. Palavras-chave: Tecnologia. Ensino de química. Tabela periódica. Educação Ambiental. 34 PRINCÍPIO DA AÇÃO MÍNIMA, MECÂNICA LAGRANGEANA E MECÂNICA HAMILTONIANA. Andrey Gomes Martins UEPA [email protected] Resumo: Refletir acerca do paradigma do respeito à diversidade como eixo norteador das relações sociais contemporâneas e um dos quatro pilares fundamentais da educação para o século XXI. - Refletir acerca da intolerância e do desrespeito à diversidade religiosa na realidade brasileira e mundial e suas conseqüências. Compreender a importância do Ensino Religioso no currículo escolar no contexto do multiculturalismo e da formação para a cidadania. Vivenciar práticas pedagógicas que estimulem o respeito à diversidade religiosa e a construção de uma cultura de paz na sociedade. Palavras-chaves: Paradigma. Relações Sociais Ensino Religioso. Pedagógicos. 35 QUÍMICA ARTESANAL: UMA PROPOSTA METODOLOGICA PARA ENSINAR QUÍMICA PRODUZINDO SABÃO Larissa Sales da Costa Oliveira UEPA [email protected] Natália da Silva Araújo UEPA [email protected] Resumo: O presente trabalho tem por finalidade apresentar uma metodologia alternativa para ensinar conteúdos de Química através da experimentação a partir da produção de sabão reutilizando o óleo de cozinha geralmente descartado nas pias domiciliares. É importante salientar que a experimentação é uma metodologia eficiente para o ensino-aprendizagem, uma vez que possibilita observar fenômenos palpáveis e ainda relacionando a Química com o cotidiano. Palavras-chave: Experimentação, Metodologia alternativa, Produção de Sabão. Abstract: This paper aims to present an alternative methodology to teach chemistry content through experimentation from the soap production reusing cooking oil usually discarded in household sinks. Importantly, the trial is an effective methodology for teaching and learning as it allows the evaluation of tangible phenomena and also linking chemistry with everyday. Keywords: Experimentation, Alternative methodology, soap production. 36 SABERES DOCENTES E ESTÁGIO SUPERVISIONADO Ana Paula L da silva UEPA Fátima dos Santos UEPA Resumo: O estágio supervisionado é um processo de aprendizagem indispensável a um profissional que deseja ingressar no mercado de trabalho e enfrentar as exigências de uma carreira. Á medida que o discente tem seu primeiro contato com a realidade e busca o enfrentamento entre teoria e prática, onde poderá sentir o encantamento pela profissão. Com base nisso, estaremos oportunizando a comunidade acadêmica a compreender a importância e o objetivo do estágio supervisionado, ampliando assim, seu conhecimento específico e os desafios enfrentados no ambiente profissional. Portanto, um bom estágio deve ser produtivo e capaz de formar um profissional que, cresça na educação enquanto investigador e tenha na pesquisa um caminho de busca contínua dos aspectos que podem ser melhorados para a obtenção de uma educação com maior consciência cidadã. Palavras-chave: Estágio supervisionado; Enfrentamentos e desafios; Educação consciente. 37 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: UMA RELAÇÃO NECESSÁRIA NA PRÁTICA DOCENTE Anacleto Conceição dos Santos UEPA [email protected] Édila Pinto da Silva UEPA [email protected] Rayssa Edilene Almeida de Jesus UEPA [email protected] Resumo: Neste artigo, refletimos sobre a utilização e a importância das tecnologias educacionais no processo educativo sob a perspectiva construtivista, apontando desafios para a elaboração de materiais didáticos e para a prática pedagógica, que podem ser utilizadas e para quais objetivos devem ser direcionadas no âmbito escolar, pois devido o avanço das tecnologias na sociedade contemporânea, em diversas áreas, trazem mecanismos para dinamizar as aulas, ocasionando a assimilação dos conteúdos de maneira mais ágil. O professor inserindo a essas metodologias em sala de maneira adequada, apropriando destas como ferramentas em uma perspectiva crítica e não somente por meros aparatos técnicos, assim o professor tornará sua prática docente competente, alcançando o desenvolvimento cognitivo dos seu alunos, pois chega um momento em que a presença de alguns recursos tecnológicos passa a ser imprescindível no espaço escolar. Além de que, o docente também passa a observar que as tecnologias não são apenas as mídias digitais, mas também todos os objetos que se encontram ao seu redor. Palavras-chave: Tecnologia. Educação. Prática docente. 38 TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO: POTENCIAL EDUCATIVO DAS MÍDIAS, INCLUSÃO DIGITAL, NAVEGAÇÃO E PESQUISA SEGURANÇA NA REDE Ayvania Alves-Pinto UEPA [email protected] Resumo: O minicurso denominado Tecnologias na Educação: potencial educativo das mídias, inclusão digital, navegação e pesquisa segurança na rede, discute a inserção de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) nas escolas, visando principalmente, promover a inclusão digital dos professores das escolas de educação básica, dinamizando e qualificando os processos de ensino-aprendizagem, com vistas à melhoria da qualidade da educação. Destaca o potencial educativo das mídias sociais dentro da escola, discutindo o conjunto de normas de conduta usadas no cotidiano para conduzir melhor as relações humanas nas redes sociais, bem como, apresenta caminhos para uma pesquisa eficiente na internet. Esse debate se justifica pelo fato de vivermos em uma sociedade que muito valoriza as tecnologias, e por entendermos que o uso de tecnologias é algo inseparável da educação, ou seja, a sala de aula é e sempre foi apoiada por tecnologia. Nessa perspectiva, compreender o potencial pedagógico de recursos das TIC no processo ensino-aprendizagem é oportunizar aos professores maior reflexão sobre seus papeis sociais e profissionais, para que se percebam como um especialista que domina um instrumental próprio de trabalho e sabe fazer uso dele. Essa identidade do profissional provoca a busca por aprendizagem contínua, criando a necessidade de repensar criticamente sua prática e as representações sociais sobre seu campo de atuação, comprometendo-se a ensinar criando situações que favoreçam ao estudante a encontrar sentido para aquilo que está aprendendo, entendendo as implicações do uso das tecnologias e mídias nos processos de ensino-aprendizagem. Neste princípio, torna-se imperativo que os profissionais da educação estejam atentos a uma nova demanda social, advinda do aumento do saber acumulado e da complexidade social. Assim sendo, as tecnologias na educação, como suporte didático, permite a criação de novas abordagens de gestão pedagógica, novas práticas didáticas, potencializando e ampliando o alcance de estratégias que já se comprovaram eficazes na condução de uma sala de aula. Palavras-chave: Educação; Tecnologia; Formação de Professores. 39 TIRANDO A DOCÊNCIA DO ARMÁRIO: PRECISAMOS DISCUTIR SOBRE GÊNERO NAS UNIVERSIDADES! Regiana Laura Pessoa Rodrigues UEPA [email protected] Karine Pinheiro Dias UEPA [email protected] Sérgio Roberto Moraes Corrêa UEPA [email protected] Resumo: Esta oficina se propõe a associar a presença da docência no armário com a não discussão sobre questões que envolvem gênero dentro das universidades; com o fechamento de olhos para esse assunto que nos é cotidiano; com o aprisionamento que nos é imposto pelos padrões sociais; com a escuridão na qual o preconceito nos deixa. Com isso, essa atividade objetiva ressaltar a importância dessa discussão para a obtenção de relações sociais pautadas no respeito, tolerância e empatia, utilizando-se do diálogo como ferramenta fundamental para a luta em busca de uma educação democrática, inclusiva e sem censuras. Palavras-chave: Docência. Gênero. Igualdade. Diferença. Diálogo. 40 COMUNICAÇÃO ORAL 41 A ARTE DE LER AS MÃOS: SABERES E CRENÇAS DO QUIRÓLOGO CONTEMPORÂNEO. Kellen Irene Rabelo Borges UEPA [email protected] Resumo: Esta comunicaç~o tem a finalidade de apresentar a pesquisa realizada no campo de aplicaç~o ‘A Arte de Ler as M~os’. Tal pesquisa resultou no trabalho de conclus~o de curso apresentado a Universidade do Estado do Pará como requisto para obtenção do grau em Licenciatura em Ciências da Religião, do centro de Ciências Sociais e Educação. Como objetivou geral, esta pesquisa se concentrou em, analisar como ocorrem as formas de apropriação de saberes à Arte de Ler as Mãos na contemporaneidade brasileira. E nos específicos se deteve em, apresentar narrativas e personalidades que compõe a trajetória da leitura de mãos, analisar o perfil daqueles que têm saber/conhecimento na Arte de Ler as Mãos e compreender como ocorrem as formas de apropriação à Arte de Ler as Mãos. Após a realização da pesquisa bibliográfica e a pesquisa qualitativa, que utilizou como ferramentas, questionários e entrevistas, realizou-se a triangulação dos dados obtidos para analises. E por fim apresentou os dados dessa pesquisa que tem o seguinte título “A Arte de Ler as M~os: saberes e crenças do quirólogo contempor}neo”. Palavras-chave: Arte de Ler as Mãos; Crenças; Ecologia de Saberes. Introdução Diversas foram às técnicas desenvolvidas no decorrer da história da humanidade com a finalidade de revelar mensagens ocultas aos olhos dos leigos. O acesso ao universo desses métodos tem um caminho curioso, porque são ferramentas que antes de tudo exigem conhecimentos e saberes para auxiliar na decodificação dos símbolos e, dentre as múltiplas praticas optei por abordar a leitura de mãos. Alguns sistemas de vaticínios estão vinculados a mitos, tradições e ledas que respaldam suas práticas. A maioria do vasto material exposto sobre esse assunto é produzido por nativos que tem habilidades com tais métodos. Recentemente tem se visto uma produção acadêmica sobre alguns oráculos específicos trazendo novas abordagens. É importante ressaltar a existência de distintos sistemas de adivinhação espalhados pelas sociedades. Entre as diversas práticas, proponho a Arte de Ler Mãos como objeto central dessa pesquisa, com o foque na apropriação do conhecimento/saber desse quirólogo contemporâneo. 42 Justificativa A Arte de Ler as Mãos, ora também intitulada de Quiromancia ou de Quirologia, e até mesmo leitura das mãos, é uma prática considera milenar por alguns livros que procuram fazer introduções a esse tema, assim como também, ensinar a prática. Não se sabe ao certo seu local de origem, existem diversas especulações e hipóteses a respeito de onde e como teria surgido a prática de ler as mãos e, poucas são as pesquisas concretas vinculadas a esse tema. Muitos autores que se dispõem a abordar sobre a Arte de Ler Mãos buscam compor um itinerário dessa prática desde sua possível origem até os dias atuais. De acordo com Cheiro (1985), partindo-se dos antigos hindus, o estudo das mãos pode ser acompanhado através de civilizações como as da China, Tibete, Pérsia, Egito e, finalmente Grécia. É claro que outros povos são ressaltados, como por exemplo, Hebreus, Assírios e Romanos, dificultando ainda mais um possível berço para leitura de mãos. A respeito do oriente, Zancanaro (2008, p.13), alega que surgimento de tal prática “sob a óptica oriental teria sido de maneira epif}nica”. Dessa forma teorias como lendas e mitos circunda essa técnica considerada muito antiga por alguns autores nativos. Objetivos O objetivo geral dessa pesquisa: Analisar como ocorrem as formas de apropriação de saberes à Arte de Ler as Mãos na contemporaneidade brasileira. E os objetivos específicos abrangem: I. Apresentar as narrativas e personalidades que compõe a trajetória da leitura de mãos; II. Analisar o perfil daqueles que têm saber/conhecimento na Arte de Ler as Mãos; III. Compreender como ocorrem as formas de apropriação à Arte de Ler as Mãos. 43 Referencial Teórico Nas abordagens de Cervo e Bervian (2002, p. 5), h| a reflex~o de que “cada época elabora suas teorias segundo o nível de desenvolvimento em que se encontra, substituindo as antigas – que passam a ser consideradas como superadas e anacrônicas” – por novas ideias, ou outros paradigmas. O modelo de ciência moderna exclusivista e legitimadora do saber é tema de discussões nas ciências humanas, pois cada vez mais se reconhece que uma nova consciência sobre as esferas que compõe a sociedade vem tentando se estabelecer no alvorecer do século XXI. Novas abordagens epistemológicas seguem nesse rumo que faz estalar as bases da supremacia do cientificismo para olhar a rede de interrelações entre saberes e conhecimentos existentes na humanidade. Por meio do campo sociológico Boaventura de Sousa Santos expõe abordagens que reconhece a “diversidade inesgot|vel e inabarc|vel das experiências de vida e de saber do mundo” (SANTOS, 2008, p. 20 Artigo). Entre as críticas de Santos, encontramos o tema da razão indolente, uma discussão sobre o modelo de supremacia da racionalidade científica, que conhece mal os limites do que permite conhecer da experiência do mundo e conhece ainda menos os outros saberes que com ele partilham a diversidade epistemológica do mundo. Aliás, mais do que não conhecer os outros saberes, recusa reconhecer sequer que eles existam (SANTOS, 2008a, p.27). Nas reflexões sobre a epistemologia, Boaventura compõe argumentos que mostra o quanto a racionalidade da moderna ciência não reconhece outros saberes, e até chega a se recusar em reconhecer que eles existam. De acordo com Santos (2002, p. 12), tudo que não é legitimado ou reconhecido é declarado inexistente, e a não-existência assume a forma de ignorância ou de incultura. E é nesse aspecto que reside à importância, da sociologia dos saberes ausentes, para que seja feito a “identificaç~o dos saberes produzidos como n~o existentes pela epistemologia hegemônica” (SANTOS, 2008a, p. 27). Ao considerar que o fenômeno religioso se manifesta de diferentes formas nas sociedades tendo como norteador a ótica do ser humano, logo, tal característica 44 expõe um horizonte plural e diversificado. E não é de hoje que se visualiza um número expressivo de diferentes sociedades, onde o fenômeno religioso foi e é compreendido de maneiras particulares em diversas épocas e contextos. Sem estender essa temática para proporções gigantescas, delimitei-o a partir de onde está pesquisa foi realizada, o Brasil. A partir das abordagens de Ivo Oro (2013, p. 49), que teve como base os dados relacionados às religiões, publicados pelo IBGE – Censo Demográfico 2010 – e pela Fundação Getúlio Vargas, de um modo geral o Brasil, mostrou-se um território possível de se encontrar inúmeras formas das pessoas se relacionarem com o fenômeno religioso, seja por meio de instituições religiosas ou desvinculadas delas. Uma diversidade plural que é observável em todo mundo, desde diferentes épocas e contexto. Mas não muito recentemente que tem se reconhecido e discutido tais temáticas. Na atualidade essa presença diversificada e plural em que se manifesta o fenômeno religioso, na perspectiva de Ivo Oro (2013), em parte ocorreu por causa dos recursos de mídia e comunicação social em conjunto com a globalização. Além de outros fatos, também se deve ressaltar, por exemplo, o declínio da supremacia cristã no ocidente e sua separação com o Estado. Ainda de acordo com Ivo (2013, p. 76), o pluralismo religioso atual fornece condições para que se esteja em contato com elementos culturais e religiosos de diversas origens e procedências. Metodologia Essa pesquisa que foi dividida em três momentos: levantamento bibliográfico, pesquisa de campo e a sistematização dos dados coletados. O primeiro momento desta pesquisa está relacionado ao levantamento bibliográfico que de acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 158), na pesquisa bibliográfica há um apanhado sobre os principais trabalhos já concluídos capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionado ao tema. Recorri também à aplicação do estado da arte, ou segundo Ferreira (2002, p. 258), “estado do Conhecimento”, que é um método que também faz parte da pesquisa bibliogr|fica, mas que “procura mapear a produção acadêmica produzida por diferentes campos do conhecimento”. Esse recurso 45 possibilitou fazer um levantamento sobre pesquisas voltadas para o tema da “leitura de m~os” na academia. Para dar conta sobre proposição dos saberes e conhecimento à Arte de Ler as Mãos na contemporaneidade brasileira, recorri a uma pesquisa qualitativa com característica, descritiva e analítica para contemplar o segundo e o terceiro objetivo: analisar o perfil daqueles que têm saber/conhecimento na Arte de Ler as Mãos e compreender como ocorrem as formas de apropriação à Arte de Ler as Mãos. Dessa forma, a segunda etapa realizou-se através de uma pesquisa de campo de cunho qualitativa que “trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes” (MINAYO, 1994, p. 22). Através da pesquisa qualitativa optei por balizadores para a seleção no território brasileiro de pessoas que têm saberes e conhecimentos voltados à área de leitura de mãos. Após isso conseguir quatro interpretes para participar desta pesquisa. As ferramentas usadas para sistematizar os dados e compor a análises foram através de entrevistas e questionários. Através do questionário foi possível coletar os dados para essa pesquisa. E esse questionário era norteado com três temas: o primeiro intitulado de Perfil: nomes, idades, localidade, escolaridade, religião e/ou espiritualidade, e também o contato com outras religiões; O segundo responsável pela Apropriação da Arte de Ler Mãos (ALM): de onde provinha o conhecimento da ALM, processos de aprendizagem da ALM, métodos durante o aprendizado e se recebia ajuda ou auxilio durante a prática da ALM. E por fim, o terceiro visava o Ensino da ALM: como alguém poderia dispor ou obter conhecimento da ALM, ensinar outras pessoas e estrutura do Ensino da ALM. Através dos temas, foi possível organizar de uma forma mais didática a análise dos coletados. Os procedimentos mencionados na segunda etapa da pesquisa viabilizaram a coleta dos dados para analisar os perfis daqueles que tem saberes e conhecimento na Arte de Ler as Mãos, e compreender como ocorreram essas formas de apropriação. Após toda a coleta dos dados, por fim, chegou-se a terceira etapa dessa pesquisa: sistematizar os dados coletados e a analise. A análise consistiu na organização do conteúdo em forma de quadro temático com identificação das recorrências, sensos e dissensos entre os conteúdos das diversas 46 entrevistas. No primeiro momento o quadro foi elaborado centrado na resposta de cada entrevista, depois foi feito o estudo comparativo entre elas. A sistematização dessas duas etapas gerou resumos individuais (por entrevista) e coletivos (entre entrevistas). A análise propriamente dita considerou: 1) a triangulação entre os estudos da teoria, 2) as sistematizações das entrevistas por temática e, 3) as considerações que desenvolvi gerando as interpretações que indicam os resultados diante do problema investigado no estudo. Resultados Esta pesquisa revelou as seguintes instâncias: Todos os intérpretes estão na área de graduação; Os dados revelaram boa parte das afirmativas já ressaltadas por Ivo Oro (2010), tendo se baseado referencias dos dados do IBGE. As religiões e espiritualidades citadas foram as seguintes: Catolicismo, Luterana, Assembleia de Deus, Adventista, Igreja Batista, Igreja Reformada, Quadrangular e “evangélica” (mais não especificada); Kardecismo, Mórmons e Umbanda e Umbanda-Espírita; Dentre nações de Candomblé foram registras: Candomblé (não especificado), Candomblé Jêjê e Candomblé Ketu; Budismo e Seicho-no-ie. No entanto surgiram nessa pesquisa outras formas de crenças e ensinamentos, como por exemplo, “Grande Fraternidade Branca” e “I AM”. Todos os intérpretes estão situados no fenômeno religioso, não são só pelo fato de se reconhecerem ou identificarem uma religião ou espiritualidade, ou por terem frequentando outros espaços e instituições religiosas ou de espiritualidade. Mas especialmente por causa dos elementos que passam pela categoria do fenômeno está diretamente conectado com a prática da leitura de mãos. Termos como: “ajuda espiritual da Cigana Maria Dolores”, “intuitiva [...] Mentores e Mestre espirituais”, “Mentor Espiritual pertence à Falange da Fraternidade da Rosa, da Cruz e do Triângulo. É um Preto Velho que me acompanha me inspirando nestes trabalhos.” e “Espiritualidade – mediunidade”. Essas são algumas das características que compõe também o fenômeno religioso. 47 Os dados revelaram ainda que apesar de haver aqueles que têm a Arte de Ler as Mãos como tradição na família, e outros não, eles apontaram algumas concepções deles que perpassam o fenômeno religioso. Dessa forma, as experiências que compõe os saberes dos intérpretes coexistem com elementos pertencentes ao fenômeno religioso, fato esse mencionado anteriormente. E esses saberes formam uma infinita cadeia de ecologia de saberes que são heterogêneos. Considerações Finais Trazer o tema da Arte de Ler as Mãos para o espaço acadêmico é discutir não só novas temáticas, mas a importância de abordar práticas que foram subalternizadas por um olhar cientificista que organizou uma monocultura do saber, crítica essa proposta por Boaventura de Sousa Santos. Nesta pesquisa procurou-se expor um pouco da história de vida de cada interprete reconhecendo a proposta de Boaventura sobre a ecologia de saberes. Cada ser humano é detentor de experiências únicas que trás em si um arcabouço de aprendizados. Um arcabouço formando de várias unidades da vasta ecologia de saberes. Referências: BEL-ADAR (org.). Quiromancia. São Paulo: Pensamento, 1993. BROEKMAN, Marcel. Enciclopédia de Quiromancia Prática. São Paulo: Pensamento, 1972. CARDOSO, Osmar. Das Trevas da Ignorância à Luz da Ciência: Quirologia Quiromancia. São Paulo: Urano, 2000. CERVO, Amando Luiz; BERVIAN, Alcino Bervian. Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CONCEIÇÃO, Douglas Rodrigues. A religião em cena: perspectiva de investigação. Belo Horizonte, v. 9. n 23, p. 883-896, out./dez. 2011 – ISSN: 2175-5841. CROATTO, José Severino. As Linguagens da Experiência Religiosa: uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001. DEFOUW, Hart; SVOBODA, Robert. Light on life: An introduction to the astrology of India. New York/USA: Lotus Press, 2003, p. 4-10. 48 DESBAROLLES, Adrien. 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Monografia apresentada ao curso de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Belo Horizonte, 2008. 49 A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO CAMPO JURÍDICO Erick Jhonys Paes Sarraf UEPA [email protected] Diana Lemes Ferreira UEPA [email protected] Resumo: As Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia legitimam a atuação do pedagogo em qualquer espaço que necessite da intervenção de um processo educativo, incluindo espaços não escolares, como o campo jurídico. Partindo disso, essa pesquisa analisou a atuação do Pedagogo no campo jurídico, especialmente no Setor Multidisciplinar das Varas dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Tribunal de Justiça do estado do Pará, lócus da pesquisa, objetivando compreender como este profissional da Educação vem desenvolvendo sua prática profissional nessa organização. As inquietações que nos levaram a traçar tal objetivo se deram a partir da crescente demanda de pedagogos atuando em espaços não escolares e se intensificaram após a experiência de estágio não obrigatório como discente do curso de Pedagogia na referida instituição. Cabe ressaltar que essa pesquisa é um estudo de caso, onde utilizamos como metodologia de pesquisa a revisão bibliográfica e aplicação de entrevista semi-estruturada à pedagoga lotada no lócus da pesquisa. O resultado desse Trabalho de Conclusão de Curso nos permite compreender que a atuação de pedagogos em espaços não escolares é um caminho em construção de identidade e reconhecimento, pois, detectamos que há alguns desafios e dilemas presentes nessa prática profissional em espaços não escolares, apesar disso, consideramos que a importância da atuação do pedagogo nessa no Setor Multidisciplinar está na transformação social que ela poderá contribuir através dos processos educativos aplicados nos atendimentos aos jurisdicionados. Palavras-Chave: Pedagogia; Setor Multidisciplinar; Organizações Sociais. Introdução Para iniciar a discussão proposta por essa pesquisa nos propusemos partir da citação do Artigo 205 da Constituição Federal do Brasil: A Educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988). Apoiamos-nos na Carta Magna para sustentar a concepção de que os processos educativos estão presentes em todos os ambientes sociais. Dessa forma, a necessidade de abordar a Educação para além da sala de aula, ganha relevância já que os processos educativos que ocorrem ao ser humano são responsáveis pela sua formação integral e se desenvolvem em diversos ambientes e organizações sociais. 50 Considerando a educação como uma prática educativa que se estabelece por meio das relações sociais e que a Pedagogia é a ciência que tem por objeto de estudo a forma como acontece o processo educativo, não é justo limitar o campo de atuação do Pedagogo à função de docente, uma vez que a educação se estabelece além do contexto escolar, mesmo que esse seja um caminho ainda em construção (LIBÂNEO, 2010). Frente a isso, a discussão que ocorre acerca da relação entre a educação escolar e educação para além da escola está presente nos cursos de Pedagogia que historicamente vêm formando profissionais para atuarem no exercício da docência e gestão, e de forma limitada, propicia um olhar para a educação em espaços não escolares, conforme previsto no Art. 2º das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Pedagogia: As Diretrizes Curriculares para o Curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos (BRASIL, 2006, grifo nosso). Como é possível observar, as Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia tratam da educação em outros espaços como algo que está em segundo plano. Para os egressos do curso, o mesmo documento cita em seu Art. 5º, 14 incisos que tratam dos caminhos possíveis de atuação, mas apenas dois incisos citam diretamente o pedagogo atuando em espaços não escolares: IV - Trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo; [...] XIII - Participar da gestão das instituições planejando, executando, acompanhando e avaliando projetos e programas educacionais, em ambientes escolares e não-escolares; É verdade que há outros incisos no Art. 5º que citam a participação em situações socioculturais, mas isso ocorre se este egresso buscar entrelaçar tais situações às vivencias em instituições escolares. Frente a essa possibilidade de atuação em espaços não escolares, mesmo este não sendo o foco central da formação do Pedagogo, Libâneo (2006, p. 27) afirma “As novas realidade est~o exigindo um entendimento ampliado das 51 práticas educativas e, por consequência, da pedagogia”. Tal afirmação não significa eximir da escola o caráter de educar os seres humanos, mas sim de apontar que é possível enlaçar a educação de diversos meios à educação concebida na escola. Frente a essa concepção apresentada, os profissionais da Pedagogia têm em sua formação a possibilidade de atuar em vários setores que o mundo do trabalho oferta, uma vez que o processo educativo não acontece somente nas escolas. Desta forma, os cursos de Pedagogia adotam em seus currículos, ainda que de forma mínima, algumas disciplinas que tratam de apresentar aos seus discentes a possibilidade de atuar em ambientes não escolares. Diante disso, as experiências vividas ao longo do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, atreladas à disciplina denominada “Educaç~o em Ambientes N~o Escolares” nos oportunizou conhecer as possibilidades de atuação do pedagogo para além das escolas, e as pesquisas levantadas ao longo da disciplina indicaram que a demanda por esses profissionais nesses espaços vem se ampliando cada vez mais e resultou nos motivando a conhecer melhor essa realidade. A partir disso, em Janeiro de 2013, tivemos a oportunidade de iniciar um estágio não obrigatório como estudante de pedagogia no Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJE-PA), no Setor Multidisciplinar das Varas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. As atividades desenvolvidas nesse estágio não obrigatório estão voltadas para o atendimento de pessoas envolvidas nos processos judiciais abertos com base na Lei 11.340/2006, Lei Maria da Penha. No estudo bibliográfico levantado (FREITAS, 2010) consta que após o ingresso do Pedagogo no Tribunal de Justiça do Estado do Pará por meio de concurso público no ano de 2006, esses profissionais foram direcionados às Varas Especializadas dentro do TJEPA, como a Varas da Infância e Juventude, Varas de Família, Varas dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, sendo que para esta ultima foi lotada apenas uma pedagoga, pois ela passou a compor o quadro de uma equipe Multidisciplinar, que conta com a atuação de um profissional de Serviço Social, um de Psicologia e um de Pedagogia. 52 Portanto, partindo da premissa que legitima a atuação do pedagogo em organizações sociais, dentre elas para não exclusivamente a escola, essa pesquisa delimita-se a atuação do Pedagogo no Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJE-PA). Contudo, devemos esclarecer que por serem diversas as áreas que comportam a atuação do Pedagogo no TJE-PA, temos como objeto de estudo a prática profissional do Pedagogo no Setor Multidisciplinar das Varas dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher. O PEDAGOGO EM ORGANIZAÇÕES SOCIAIS: O FENÔMENO EDUCATIVO PARA ALÉM DE SALA Frente a isso, cabe ressaltar que as ideias levantadas acerca do fenômeno educativo têm como finalidade entrar na discussão do mundo do trabalho necessitando de profissionais da pedagogia atuando não apenas nas escolas, mas também em organizações sociais. Portanto, o objetivo desse capítulo está em identificar e analisar os embates enfrentados pelo profissional da pedagogia na construção de sua identidade profissional em ambientes não escolares. Dessa forma, para prosseguirmos com a discussão, partimos dos mesmos princípios de Libâneo (2010) ao afirmar que o conceito de educação tem pontos em comuns para diversos autores, educação é um processo de desenvolvimento continuado que transforma o indivíduo. O que diferencia esses conceitos são os fatores que exercem influência sobre esse processo educativo: fatores internos ao ser humano e fatores externos a ele, como o meio social ao qual ele está inserido e, por vezes, a ação desses dois fatores sobre o indivíduo; e a finalidade da ação educativa para o ser humano. Além disso, o conceito de educação vem ganhando formas que se perpetuaram ao longo dos anos e suas definições seguem a linha representada por seu pesquisador, mas, em síntese, o conceito de educação passou a ser concebido ao longo dos anos como um processo que permite que o homem se adapte ao meio em que ele vive cabendo a ele apenas deixar a “educaç~o transmissora de princípios e valores” estruturar seu modo de vida para que ele possa conviver em sociedade. Há ainda os conceitos de educação segundo a ótica de pesquisadores que 53 priorizam a cultura, ou o meio ambiente, ou a espiritualidade; ou as tendências psicologizadoras. Entretanto, o embasamento teórico dessa pesquisa nos permite ver o conceito de educação assumindo a seguinte característica: A educação, enquanto atividade intencionalizada, é uma prática social cunhada como influência do meio social sobre o desenvolvimento dos indivíduos na sua relação ativa com o meio natural e social, tendo em vista, precisamente, potencializar essa atividade humana para torna-la mais rica, mais produtiva, mais eficaz diante das tarefas da práxis social posta num dado sistema de relações sociais (LIBÂNEO, p. 82, 2010). Adotamos esse conceito sobre educação para essa pesquisa, pois acreditamos na educação como um processo de transformação do ser humano, onde não estão presentes apenas os condicionantes pessoais do indivíduo, mas, sobretudo, os fatores externos a ele. Sendo assim, podemos dizer que o ser humano é um produto da educação que ocorre ao longo de sua formação, transformando-o em um ser social. Quanto à ação de educar os sujeitos, ela se dá por meio das condições sociais, onde contém a história de lutas sociais e contradições que permeiam a relação do ser humano com o meio, e o resultado disso é o que chamamos de fenômeno social, ou seja, o processo educativo. Segundo Lib}neo (2010, p.84) processo educativo “corresponde a aç~o educadora, as condições e os modos pelos quais os sujeitos incorporam meios de se educar”. O processo educativo acontece nas v|rias inst}ncias da educaç~o, desde que seja intencional, no sentido de promover aprendizagens por meio de uma organização com objetivos e conteúdos que estejam voltados a resultados educacionais. A educação escolar é o único meio capaz de oportunizar o desenvolvimento de conhecimento e aprendizagens para o ser humano? A resposta para essa pergunta pode ser comumente vista como lógica ao afirmarmos que ‘N~o, a educaç~o ofertada na escola n~o é a única que faz parte da transformaç~o do ser humano’. Sobre isso, Trilla (2008) utiliza o termo “educaç~o permanente” para explicar que o processo educativo é desenvolvido desde o nascimento do ser humano até o momento de sua morte, dessa forma, o autor descreve como “ilusória” a concepç~o de que a educação faça parte unicamente do contexto escolar. Frente a isso, concordamos que não há como negar que a educação compreende também os ensinamentos adquiridos ao longo da vivência do ser humano com o meio 54 em que ele vive. Dessa forma, o problema referente a esse assunto está quanto aos limites existentes entre as instâncias em que ocorre a educação. Portanto, a educação vista como um processo que ocorre em todos os ambientes sociais necessita de limites, para melhor compreendermos como ela se estabelece em nosso cotidiano. Dessa forma, Libâneo (2010) declara que a educação pode ser vista sob a ótica de duas modalidades: não intencional e intencional. Fazemos uso de Trilla (2008), para explicar que a intencionalidade da educação está nos propósitos lançados na tentativa de alcançar determinados objetivos de ensino e aprendizagem traçados por meio de um processo educativo metódico ou sistemático. A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM ORGANIZAÇÕES SOCIAIS: DILEMAS E PERSPECTIVAS DA AÇÃO DO PEDAGOGO Vimos que o fenômeno educativo acontece, geralmente, como resultado da educação transformadora que ocorre nos vários âmbitos sociais. Vimos também que esse fenômeno é capaz de tornar o ser humano em um ser reflexivo e que busca desenvolver sua autonomia e acima disso se tornar sujeito de sua própria história ao se desenvolver de forma solidária em sociedade. Para isso, é necessário que existam ações educativas bem formuladas a fim de respeitar a especificidade dos educandos, além disso, é preciso o envolvimento de agentes formadores comprometidos com as causas sociais da educação. Frente a isso, a Pedagogia, ciência que tem por objeto de estudo a educação, se ocupa com as questões referentes à educação como um todo, não apenas a escolar. Libâneo, conceitua a Pedagogia da seguinte forma: “Pedagogia é, antes de tudo, um campo científico, não um curso. O curso que lhe corresponde é o que forma o investigador da educação e o profissional que realiza as tarefas da educaç~o seja ele docente ou n~o diretamente docente[...]” (2006, p.60). É verdade que essa ciência foi culturalmente estigmatizada como sendo para o “ensino voltado para crianças”, ou seja, uma ciência voltada para a docência, contudo, essa visão limitada vem sendo desconstruída na contemporaneidade após inúmeras 55 discussões acerca da real função da pedagogia, do curso de pedagogia e dos profissionais do curso. Dessa forma, utilizando os princípios das distinções entre educação formal, não formal e informal relacionando essas instâncias da educação para o fenômeno educativo, apreende-se que não há como limitar o campo de atuação do pedagogo para a docência, uma vez que os processos educativos acontecem sim nas escolas, mas também ocorrem para além dela. O curso de Pedagogia deve formar o pedagogo stricto sensu, isto é, um profissional qualificado para atuar em vários campos educativos para atender demandas sócio-educativas de tipo formal e não-formal e informal, decorrentes de novas realidades (LIBÂNEO, 2010, p.38). Com base na citação, apreendemos que o pedagogo stricto sensu, é o profissional que não restringe sua atuação à docência. Ele é um investigador, um pesquisador social que utiliza de seus conhecimentos para elaborar suas práticas educativas de acordo com o que lhe é demandado, portanto, a atuação desse profissional está diretamente ligada ao que compreendemos por fenômeno educativo. Partindo disso, o fenômeno educativo permite que o pedagogo passe a atuar além da docência, ou seja, em campos em que a prática educativa esteja presente, incluindo organizações sociais. Sobre isso, os processos educativos que vão além do contexto escolar, tornam-se objetos de estudo do que chamamos de pedagogia social. A Pedagogia Social trata da educação nas várias esferas sociais onde o objetivo é socializar o indivíduo. Nas palavras de Saviani (2008, p.201), “[...] remete-se para a educação não-formal como trabalho social de caráter multidisciplinar no qual se insere o trabalhador social definido como o profissional da Pedagogia”. Segundo Freitas (2012), no Pará, tem sido grande a demanda por pedagogos ingressados por meio de concurso público em espaços não escolares, como exemplo, cita-se: Hospital Ophir Loyola, Junta Comercial do Pará, Secretária de Estado de Meio Ambiente, Defensoria Pública do Estado do Pará, Departamento de Trânsito do Estado do Pará, Banco da Amazônia, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, entre outros. 56 Cabe ressaltar, que a pesquisa levantada por Freitas (2012), corresponde ao ingresso de pedagogos nessas instituições no período de 2006 a 2015. Dessa forma, outros concursos para as mesmas instituições citadas já foram lançados, contribuindo assim para o crescente índice de pedagogos nos quadros corporativos desses espaços não escolares. A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO CAMPO JURÍDICO: O TRABALHO DO PEDAGOGO NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ Tratamos sobre a prática profissional do pedagogo em um espaço não escolar. Sintetizando o local de pesquisa é Setor de Atendimento Multidisciplinar, das Varas de Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, exposto sobre essa prática, definimos que as atribuições do pedagogo no Setor Multidisciplinar estão voltadas para ao atendimento dos jurisdicionados envolvidos em processos jurídicos sob a lei 22.340/2006. O atendimento visa a transformações dos indivíduos em sujeitos sociais, que consigam abstrair da situação conflituosa em que estão envolvidos, ensinamentos que lhes permitam refletir sobre os fatos que lhes levaram até o poder judiciário. Dessa forma, essa transformação possivelmente trará aos jurisdicionados uma nova perspectiva de vida, caso o trabalho desenvolvido pelos profissionais da pedagogia consigam desenvolver suas práticas de modo eficaz. Tal prática está associada a Pedagogia Social e, portanto, condicionada a uma adequada formação acadêmica, uma vez que a graduação servirá de base para os conhecimentos que serão aplicados na pedagogia em organização não escolares. Uma vez estabelecido sobre as atribuições e práticas do pedagogo no Setor Multidisciplinar, essa seção se dedica a discussão que trate dos dilemas e desafios presentes na atuação do pedagogo atuando em um ambiente não escolar. A necessidade de aprofundar sobre essa temática se dá a partir da identidade histórica dos pedagogos como docentes voltados às séries iniciais de ensino. O desdobramento que chega a se concretizar sobre essa identidade, se dá na compreensão do pedagogo como gestor ou coordenador pedagógico. 57 Além desses três caminhos profissionais já constituídos e, portanto, característicos do pedagogo, as outras possibilidades de atuação surgem como se fossem novidades, apesar de já estarem acontecendo há anos, como a atuação do pedagogo para além dos muros escolares. Sobre isso, Pimenta (2006) descreve: Quanto à formação de profissionais da educação para atuar em contextos nãoescolares, trata-se de uma demanda cada vez mais forte da sociedade. É acentuada a consciência atual da importância da atuação desses profissionais no âmbito das práticas socioculturais que envolvem processos pedagógicos não-formais e informais no plano coletivo e comunitário (p.75) O que Pimenta (2006) descreve aponta para uma demanda social por pedagogos para intermediarem os processos educativos presentes nas várias esferas sociais. De acordo com o exposto no primeiro capítulo desse trabalho de conclusão de curso, sobre “Desafios e conquistas na atuaç~o do Pedagogo em ambientes sociais”, é crescente a demanda por esses profissionais atuando em vários contextos não escolares. Sobre a formação profissional própria para a atuação no poder judiciário, Freitas (2012, p. 81) descreve: “Em relaç~o a formaç~o/qualificaç~o/treinamento do pedagogo verificamos que apenas a primeira turma de concursados recebeu treinamento inicial, em 2006, para o trabalho específico de técnico[...]”. Sobre a necessidade de formação para um bom exercício profissional, Pimenta (2006), descreve: Para o enfrentamento de exigências colocadas pelo mundo contemporâneo, são requeridos dos educadores novos objetivos, novas habilidades cognitivas, mais capacidade de pensamento abstrato e flexibilidade de raciocínio, capacidade de percepção de mudanças. Para tanto, repõe-se a necessidade de formação geral e profissional implicando o repensar dos processos de aprendizagem e das formas do aprender a aprender, a familiarização comum os meios de comunicação e o domínio da linguagem informacional, o desenvolvimento de competências comunicativas e capacidades criativas para análise de situações novas e cambiantes (PIMENTA, 2006, p.94). Finalizando, apreende-se que o trabalho do pedagogo na área jurídica, tem um caráter transformador aos sujeitos atendidos, estes que podemos chamar de educandos. Apesar disso, há problemas que se não forem tratados refletirão no desenvolvimento de uma prática profissional sem qualidade. Tais problemas estão nos liames entre formação e conquista de espaço: Formação para o desenvolvimento dos saberes inerentes à área jurídica e aperfeiçoamento das técnicas necessárias para a prática profissional; Conquista de espaço no sentido da não 58 abertura para o ingresso de mais profissionais da educação na área judiciária, mesmo diante das novas faces sobre fazer justiça. Se por um lado os processos formativos dependem do judiciário para o desenvolvimento de formações específicas para pedagogos, do outro está o comprometimento do profissional da pedagogia em buscar meios de aperfeiçoar sua pratica, já que lhe é negado pela instituição. Nas questões referentes à abertura para uma maior quantidade de pedagogos no Tribunal de Justiça, podemos pensar na possibilidade dos próprios egressos do curso não tomarem as causas da pedagogia para ambiente não escolares tão centrais quanto à pedagogia escolar para sua atuação, talvez isso se dê pela formação voltada à docência, ou então, pela identidade do pedagogo permanecer para a atuação nos limites escolares. O fato é que há um mundo do trabalho demandando cada vez mais para atuação que vise a transformação da sociedade por meio da educação. O compromisso com o trabalho desenvolvido no Setor Multidisciplinar poderá resultar em ações satisfatórias, se o trabalho for encarado com a devida importância social que o processo educativo desenvolvido naquele espaço requer. Metodologia Optamos por realizar um estudo de caso, pois segundo Severino (2007, p. 121) estudo de caso é “pesquisa que se concentra no estudo de um caso em particular, considerando representativo de um conjunto de casos análogos, por ele significativamente representativo”. Como informado anteriormente, a atuaç~o Pedagogo no TJE-PA no Setor Multidisciplinar das Varas dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher para representar o pedagogo atuando nos espaços não escolares. A pesquisa do estudo de caso é de cunho qualitativo, pois segundo Chizzotti (2003), a pesquisa qualitativa permite que o investigador participe ativamente com os sujeitos dos fatos a serem observados, vivenciando o cotidiano do local de pesquisa, a fim de analisar os dados coletados acessíveis e ocultos. 59 No estudo de caso realizamos entrevista, pois esse instrumento serve para a coleta direta dos dados que desejamos alcançar. A entrevista aplicada é semiestruturada e tendo como destino uma das Pedagogas que atuam no lócus da pesquisa. Optamos por entrevista semi-estrutura, pois ela permite que o entrevistado descreva suas respostas sem que aja limites impostos pelos questionamentos do pesquisador. Resultados e Discussões Inicialmente buscamos saber sobre a formação acadêmica da pedagoga, onde tivemos como resposta que ela é formada pela Universidade Estadual do Pará (UEPA), tendo concluído a graduação no ano de 2002. Na época, a UEPA tinha dois cursos: Pedagogia e Formação de Professores. Pedagogia tinha as habilitações em magistério e administração escolar. A minha habilitação é Administração escolar. Minha turma foi a ultima a ter habilitação porque era a transição para o novo desenho curricular, conforme novas diretrizes do MEC. O curso de pedagogia na UEPA era regulado pela Resolução FEP (Fundação Educacional do Pará) nº 02 de 10/02771984. Na grade curricular do curso com habilitação em Administração Escolar não havia disciplinas voltadas para a pedagogia em ambientes não escolares. Adiante, trataremos das questões referentes ao preparo na graduação para o exercício profissional no âmbito não escolar. A pedagoga entrevistada ingressou no Tribunal de Justiça no ano de 2006, por meio de concurso público, mas inicialmente estava lotada no Fórum Distrital de Icoaraci. A fim de saber que experiências a pedagoga tem no campo judiciário, uma vez que ela já fazia parte do quadro funcional do Tribunal de Justiça, perguntamos que experiências ela tem desde seu ingresso no TJE-PA, onde tivemos como resposta: Desde o ano de ingresso no TJ-PA, sendo vinculada diretamente à Infância e Juventude durante 7 anos de atuação no tribunal, com atuação paralela, nesse período, nas varas da Família, de Crimes Contra a Criança, de Registros Públicos e de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, todas do Fórum Distrital de Icoaraci. Desde janeiro do corrente me encontro vinculada à 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, do Fórum Criminal da Capital. 60 Por conta das experiências vivenciadas em seu exercício profissional anteriores a ida ao Setor Multidisciplinar, a pedagoga entrevistada se estabelece no local de exercício profissional com conhecimentos já formados sobre a prática profissional necessária para o desenvolvimento de seus afazeres profissionais. Sobre esse conhecimento já estabelecido por experiências anteriores e, que acaba refletindo na prática atual, consideramos a citação de Lessa (2011, p.47): “Para que o trabalho tenha êxito, é necessário que o indivíduo e a sociedade possuam um conhecimento mínimo indispens|vel para a transformaç~o desejada da realidade”. Partindo disso, tendo como objetivo conhecer as atribuições do cargo ocupado por ela, no Setor Multidisciplinar das Varas dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, optamos por questionar sobre o tema, onde tivemos como resposta a seguinte verbalização: Na qualidade de serviço auxiliar de juiz, enquanto analista judiciário, respeitando as especificidades da formação base que compõe a condição de apoio especializado em pedagogia, o pedagogo judiciário compartilha as mesmas atribuições dos demais analistas judiciários com atuação em setores multidisciplinares, quais sejam: análise processual, entrevistas, visitas, escuta especializada, inspeções, emissão de documentos especializados (relatórios, laudos e pareceres), atendimento focal ao jurisdicionado, orientação e encaminhamento do jurisdicionado, emissão e pareceres verbais em audiências, atuação técnica em audiências, visitas institucionais, capacitações e outras atribuições consoante requisitado pela autoridade judiciária. Além dessas, cabe ainda ao pedagogo conforme edital do concurso de provimento de cargos todas as atividades e procedimentos inerentes ao recrutamento, seleção e qualificação de pessoal e outras seleções de interesse de suas Varas de atuação. Com a intenção de verificar o que está entre o que determina a lei e o que está acontecendo na prática de atuação, questionamos a pedagoga sobre como se dá a atuação dela na prática frente ao trabalho desenvolvido no Setor Multidisciplinar. A resposta se estabelece da seguinte forma: “Com base nas técnicas e metodologias inerentes à pedagogia social e sobretudo com apoio na entrevista de ajuda para o desenvolvimento das atribuições retrocitadas”. A resposta demonstra que não há fatores que diferenciam a prática profissional das atribuições estabelecidas a esses profissionais, mas, que as ações tomadas são norteadas pela Pedagogia Social. 61 Concebendo a Pedagogia Social como ciência cujo objetivo é socializar o indivíduo através da educação não-formal (Saviani, 2008). O pedagogo social caminha por um trabalho multidisciplinar que objetiva contribuir para o desenvolvimento social de um sujeito através da construção de uma formação cidadã estabelecida pelas relações sociais. Sobre o pedagogo social, Casteleito (2009) o descreve como um educador social que deve moldar seu trabalho a fim de enlaçar a empatia, resiliência, reflexividade, polivalência técnica e criatividade, para empregar tais características nas intervenções feitas em seu exercício profissional. Esse educador social deve ter atenção aos atos discriminatórios e preconceituosos, pois tais ações podem constituir um bloqueio no processo de intervenção. Além disso, o educador social deve utilizar dos conhecimentos construídos ao longo de sua formação para se distinguir dos demais profissionais de um trabalho multidisciplinar, pois tal formação deve contribuir para que ele se torne especialista no processo de intervenção social. Aproximando as citações exposta à prática profissional da pedagoga no Setor Multidisciplinar, apreendemos que trabalhar com as partes de um processo judicial – vítimas e agressores – requer práticas socioeducativas intencionada a constituir entre os jurisdicionados sentimentos de respeito para então iniciar-se o processo de socialização. Freitas (2012) trata a prática profissional do pedagogo no Setor Multidisciplinar dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da seguinte forma: O trabalho do pedagogo deve ser de orientação pedagógica na tentativa de direcionar a experiência traumática numa oportunidade de aprendizagem, tanto no que se refere à compreensão da lei, dos direitos e deveres de cada envolvido no processo como de empoderamento das partes com fins de criar mecanismos de enfrentamento à situação de violência. Além disso, os pedagogos também realizam encaminhamentos às partes no que se refere a projetos e programas como o Bolsa Família e de reinserção na rede de ensino regular (Ensino Fundamental e Ensino de Jovens e Adultos) e profissionalizantes [...] Esse modelo de prática de trabalho objetiva a socialização do sujeito, a partir da perspectiva do conhecimento de ação danosa a outrem, que ocasionou o conflito (p.119). O que Freitas (2012) declara como prática do pedagogo no Multidisciplinar condiz com a ideia da pedagoga entrevistada, sobre a pedagogia social fornecer a base para as ações desse profissional no lócus de pesquisa. Ou seja, o trabalho desenvolvido 62 possui o caráter social defendido como objetivo do educador social, uma vez que ele trata da socialização dos sujeitos. Dessa forma, consideramos que no Setor Multidisciplinar, as atribuições do pedagogo estão principalmente no atendimento aos jurisdicionado, mas, para além desse atendimento humanizado proposto pelo judiciário paraense, está na transformação dos indivíduos envolvidos em situações conflituosas, tornando-os sujeitos sociais. Considerações Finais A pesquisa realizada sobre a atuação do pedagogo no Setor Multidisciplinar nos permite compreender que o atendimento desenvolvido por esse profissional é de cunho educativo, pois, a metodologia de atendimento se estabelece através de estudo contextualizado do caso que gerou o processo judicial. Tal contextualização requer uma visão metódica e sistemática sobre as cenas que antecedem o fato conflituoso, a partir disso, o pedagogo parte para os encaminhamentos e orientações pertinentes ao caso analisado. O encaminhamento se dá para instituições de apoio aos jurisdicionados. As orientações têm como objetivo sensibilizar as partes do processo sobre a necessidade de excluir a violência, percussora dos conflitos que chegam ao Setor Multidisciplinar, das relações familiares e, consequentemente, de qualquer relação social. A assistência dada aos jurisdicionados está apenas durante o atendimento, portanto, não há um retorno ao pedagogo, assim como para nenhum outro profissional do Setor Multidisciplinar, sobre a situação das partes do processo judicial após o atendimento. A Lei Maria da Penha, prevê para a equipe Multidisciplinar apenas o atendimento, a assistência continuada fica sob responsabilidade das instituições e órgãos pertencentes a rede de atendimento. Portanto, consideramos que a chegada dos jurisdicionados ao Setor Multidisciplinar apenas o início do caminho a ser percorrido no processo educativo estabelecido em prol das questões de empoderamento da mulher em situação de risco, da sensibilização do agressor e vítima de que atos violentos para a resolução de conflitos 63 tem efeito contrario, pois, acabam por intensificar os fatos conflituosos, dando inclusive, no caso da Lei Maria da Penha, um cunho criminoso a determinada ação. Dessa forma, consideramos que é nessa perspectiva que caminha o trabalho do pedagogo em organizações sociais com o Tribunal de Justiça: Utilização dos conhecimentos inerentes à formação de educador na aplicação em situações que busquem fornecer ao ser humano uma nova perspectiva de vida, por conta da contribuição para uma autoconscientização como sujeito de direitos e deveres, ou seja, oportunizando que os indivíduos se vejam como os principais agentes da mudança que se deseja sobre uma realidade que não os favorece em algum ponto, como o caso das pessoas envolvidas em conflitos com a lei. Finalizando, consideramos que a construção de pesquisas que tratem da pedagogia em espaços não escolares trará contribuições valorosas para esse rumo da pedagogia que está em constante ampliação, não apenas para abrir fontes bibliográficas para pesquisas futuras que trate do referido tema, mas, por refletir inclusive, no aumento da demanda por pedagogos em outros espaços escolares, uma vez que a educação e a necessidade de intervenção educacional estão presentes em vários âmbitos sociais, pois, através do incremento de pesquisas nessa área, não apenas a sociedade, mas as instituições reconheceram o papel do pedagogo que vier a atuar em um desses espaços. Referências BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. 1988. _________. Lei Maria da Penha. Lei n.11.340. Brasília, 07 ago. 2006. Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06>. Acesso em: 30 nov. 2014. _________. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Resolução CNE/CP 1/2006. Diário Oficial da União, Brasília, 2006. _________. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Manual de Rotinas e Estruturação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 2010. 64 FREITAS, Riane Conceição Ferreira. O Trabalho do pedagogo no Tribunal de Justiça do Pará: os desafios da inovação no exercício profissional. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências da Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Belém, 2012. CASTELEIRO, Steven; LOUREIRO, Manuel. A Pedagogia Social em Portugal. In: SOUZA NETO, João Clemente de; SILVA, Roberto da; MOURA, Rogério. Pedagogia Social. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2009. LESSA, Sérgio; TONET, Ivo. Introdução a filosofia de Marx. 2. ed. São Paulo: Expressão. 2011. LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 2010. PARÁ. 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São Paulo: Summus, 2008. 65 A CHAMA QUE ILUMINA O SANTO: UMA ANÁLISE DAS VELAS AFRO-RELIGIOSAS A PARTIR DO CONCEITO DE CULTURA MATERIAL Profª Drª Taissa Tavernad de Luca UEPA [email protected] Fabio Oliveira de Sena UEPA [email protected] Resumo: Este artigo introdutório é referente ao projeto de pesquisa sobre a as velas afro-religiosas, e tem como objetivo analisar as velas afro-religiosas partindo do conceito de cultura material. Este trabalho foi feito a partir de entrevistas com pais de santo, pesquisa nas lojas de venda das velas, observações sistemáticas dentro de terreiros. Ao final tem-se como resultante que as velas tem uma função de auxilio magico dentro do ritual em que ela está inserida. E nesse processo muito se discute sobre se há de fato a necessidade dessa variedade de velas, porém as velas afro-religiosas materializar de maneira magica uma possível solução para questões de necessidades e problemas do cotidiano social. Palavras-chave: Vela Afro Religiosa, Cultura Material, Afro Religioso, Simbolismo. Introdução A cultura material não possui uma definição fixa pelo fato do mesmo ser um conceito construído a partir da evolução de outras ciências. Discutir o que seria o conceito certo não seria algo fácil, pelo fato de haver outras definições que estão espalhadas por diferentes áreas tais como a historia, sociologia, biologia, arqueologia, geografia, epistemologia, entre outros, os quais possuem um objeto de estudo fixo. Entretanto não podemos entender a cultura material como algo que se prende somente a questão econômica ou monumental, ela se da através dessas construções decorrentes da cultura de cada povo que carrega conhecimentos durante toda uma geração. Entender o funcionamento dessa cultura só é possível quando observamos os documentos antigos que investigam a comprovação de fatos que contribuíram para o surgimento dessa forma de visão cultural, assim como a sociologia que procura entender como surge a construção da cultura material através dos fatos que podem ser comprovados através de eventos e situações onde predominam a cultura das pessoas de 66 uma dada localidade. Por exemplo, uma estatua a qual é construída dentro de uma cidade, o povo daquela região irá enxergar este monumento como algo que vai homenagear alguém ou uma situação durante muitos anos. Entretanto para os estrangeiros poderá representar um marco histórico dentro daquela cidade. É possível ver o surgimento de uma definição de conceito da cultura material dentro da área sociológica a partir do exemplo dado acima. Para que possa ser estabelecida uma definição para essa forma de cultura é preciso obedecer a um sistema que exige uma combinação de áreas no sentido de adaptação. A cultura material é mais difundida dentro da arqueologia, da historia e da sociologia pelo simples fato de estar mais presente nessas áreas e de utilizar características das mesmas. Para entender esse sistema é necessário utilizar fatos históricos, analisar esses fatos dentro da ótica sociológica e investigar relíquias que foram deixados no decorrer da historia. Para que possa ser mais bem compreendido a questão de cultura material devemos entender também o que é cultura, ou ao menos, como podemos classificar o que seria a cultura. Podemos entender a cultura como um conjunto de símbolos e significados, ou seja, que a cultura advém de hábitos, rituais e costumes que são observados de forma repetitiva dentro de uma sociedade. Já o materialismo é tudo aquilo que o povo constrói sem qualquer vinculo direto com a cultura, ele esta muito mais ligado a uma questão econômica do que a uma questão cultural. E dentro de uma visão religiosa também podemos fazer essa diferenciação do que seria cultura, materialismo e cultura material. A cultura dentro da religião é diferente em todo o mundo, pois cada continente e pais detêm na própria religião os próprios costumes, o materialismo pode ser considerado o templo que é construído, artefatos que são comprados e não adquiridos. A cultura material dentro da religião já é um pouco mais complexa por se tratar de uma discussão que não que precisa analisar os costumes, as produções e os monumentos. Como por exemplo, a vela, a qual é utilizada em varias religiões no qual ela tem um papel designado no cristianismo e nas religiões de matriz africana, que são exemplos claros da utilização materiais que possuem poderes. 67 O poder atribuído às velas dentro da igreja católica tem como objetivo fazer parte da organização de um rito, porém não existem tantas variações de cores e formatos como nas de matriz africana. Cada cor tem seu significado e cada forma tem sua especificidade em relação às trabalhos realizados dentro da umbanda por exemplo. Relacionar a questão das velas na discussão de cultura material é utilizar a mesma visão sociológica de fatos, acreditasse que uma vela tem poderes que podem trazer efeitos benéficos como maléficos quando utilizadas por seus conhecedores. A partir da discussão referente à importância das velas em suas múltiplas formas e utilidades para os afro-religiosos, como também da construção de uma classificação introdutória das mesmas, este trabalho visa analisar as velas afro-religiosas partindo do conceito de cultura material. A importância da Vela para o Afro-religioso O processo de analise de cultura material das velas utilizadas no espaço do afro religioso, em suas múltiplas formas, cores e objetivos, tem que partir da construção histórica desse processo. As diversas velas usadas nos terreiros passaram por um processo histórico-cultural, onde são oriundos do comercio que se inseriu nessa pratica para fins lucrativos. De acordo com as analises das entrevistas realizadas para a referida pesquisa, se percebeu o processo de transição que ocorreu, a mudança das vela de azeite para a de cera. Dentro dos terreiros os antigos se utilizavam dessa vela de azeite, um conhecimento o qual se herdou dos antigos, daqueles que tiveram um conhecimento coma pajelança. A vela de azeite, hoje quase que extintamente utilizada, era feita de pavio o qual era colocado em potes de vidro, e se colocava o azeite ou até mesmo a banha de porco. Nesse ponto se percebe que os trabalhos ritualísticos eram realizados de maneira bem simplória, um conhecimento interiorano que foi repassado mediante a oralidade e com o convívio dessas pratica. Porém já nesse período, que segundo as pesquisas podemos dizer que estamos situados em um contexto histórico do inicio do século XX, já se existia as velas feitas de cera, que era extraída das folhas da carnaúba, uma árvore originária do nordeste. Só que 68 essa vela de cera nesse período era somente vista em igrejas católicas, isso devido a essa vela nessa época ser muito cara, logo, a igreja católica a tinha devido seu alto pode aquisitivo. A vela dentro das igrejas cristão-católicas eram (e são até hoje) usadas em rituais como o batismo, missas e em atos de devoção feitos pelos fieis. É importante ressaltar que a vela de cera dentro da igreja católica já era usada desde o século XIX. De acordo com o discurso do afro religioso na pesquisa, essa variedade de velas em suas diversas formas e cores, foram criadas pelo comercio a partir do convívio com a religiosidade africana. E essa inserção das velas dentro do meio afro não houve de maneira direta um conflito, pois o que sempre se deduz é que quando um elemento se insere ele gera certo contraponto entre antigos e novos, onde o primeiro não quer abrir mão do conhecimento tradicional, enquanto que o segundo quer usufruir desse processo de modernidade. As velas dentro do espaço do terreiro se inseriram de maneira pratica e fácil, porém houve um processo de estranhamento, não por conta da vela em si, mas no que tange as variações de formas, cores e utilidades dessas velas. Outro ponto que deve ser levado em consideração para a falta de conflito no que se refere a confronto da aceitação das velas foi à ideia de que a cera é um elemento originário da carnaúba, ou seja, da natureza. Para o afro religioso, especificamente para os antigos, o azeite que eles usavam para fazer a chama, era uma representação de saudação ao elemento terra, enquanto que a chama saudava o elemento fogo. Os antigos estranharam essas varias velas, e se questionavam o porquê de tudo isso, pois tinham a ideia religiosa de que não precisava de tudo isso, pois a intenção do religioso, a qual estava dentro dele, era o que bastava. Podemos entender a vela como um elemento simbólico presente nas praticas ritualísticas religiosas dentro dos terreiros. Sobre essa questão de símbolo Croatto (2001, p.81) diz que devemos entender “o símbolo como linguagem fontal da experiência religiosa”. O mesmo discute que todo objeto tem sua própria identidade como também sua funç~o, porém o ser humano pode “atravessar” esse sentido inicial de um objeto para transfigurá-lo de acordo com a sua experiência fenomênica (Croatto, 2001). 69 A vela para o afro religioso tem a representação de luminosidade para a entidade, ela carrega a chama que simboliza a saudação ao elemento fogo, como também representa a luz da própria entidade. “O santo sem luz n~o faz nada” (palavras de um pai de santo), por isso a vela para o afro religioso ilumina, traz a força para o trabalho que se está realizando. A vela traz representações simbólicas importantes para o ritual, seja ele de trabalho (voltados para os rituais em relação as entidades) ou de feitiçaria (para os trabalhos de ordem pratica), porém o que se assemelha a essas duas categorias é a força representativa que a vela ao longo da sua inserção no espaço sagrado adquiriu. Para o religioso a chama da vela representa a entidade e a sua energia, pois o mesmo não vê a entidade, porém através da chama daquela vela ele canaliza a sua energia para visualizar a imagem e a energia dessa entidade, para esse religioso a chama dessa vela representa a luz dos olhos da entidade. Ela não tem o poder de tornar o espaço sagrado, porém ela, em unidades com os demais elementos, possibilita a sacralidade do espaço em que está inserido. Classificação das Velas Afro-religiosas: Velas de caráter ritualístico Para que se possa fazer a classificação das velas afro-religiosas é importante de inicio que se faça uma analise sobre o que vem a ser de fato a vela nessa composição do espaço sagrado, como também discutir o processo de construção dessa classificação. Podemos de pressuposto entender as velas como um elemento simbólico dentro desse espaço religioso. Segundo Croatto (2001, p.87) “O símbolo é, ent~o, um elemento desse mundo fenomênico (desde uma coisa até uma pessoa ou um acontecimento) que foi “transignificado”, enquanto significa algo além de seu próprio sentido prim|rio”. A vela tem como função simbólica a de iluminar, seja no que tange a de trazer luz para as entidades, como também a de iluminar no momento do ato dos ritos afro-religiosos, pois como os mesmos dizem, “ninguém vive nem faz nada as escuras, precisa de luz para poder ter esclarecimento sobre o que est| ao seu redor”. A interpretação das velas como símbolo de iluminação está diretamente interligada em um dialogo com o espaço em que a mesma está inserida. Sobre a questão 70 do espaço Eliade (2010, p.25) diz que “Para o homem religioso, o espaço n~o é homogêneo: o espaço apresenta rupturas, quebras; há porções de espaço qualitativamente diferente das outras”. Cada religioso interpreta o seu espaço sagrado a partir de sua experiência religiosa, como também o mesmo é quem define a forma como cada elemento será chamado e utilizado nesse espaço. A vela dentro do espaço de um terreiro tem uma importância especifica, ela complementa toda a sacralidade do ambiente, a mesma não é um elemento simbólico determinante para tornar aquele espaço sagrado, mas sim em consonância com os demais elementos pertencentes ao espaço do terreiro tornam o ambiente simples e disforme em um espaço repleto de simbolismos sagrados. No que tange a classificação das velas afro-religiosas, existem duas categorias entendidas, porém as mesmas não tem no que se refere à terminologia uma definição concordante, e também faz-se necessário pontuar que seja as velas de categoria de trabalho como as de feitiço, todas são velas de ritual. As velas para trabalhos são aquelas utilizadas em rituais voltados para as entidades, que estão voltadas para o vinculo do ser religioso com a sua divindade, esses trabalhos as quais elas são utilizadas são em rituais de oferendas, rituais de iniciação. Essas velas de trabalho tem também um papel de decoração, pois assim como as oferendas (que são as comidas) devem estar bem organizadas e ornamentadas no prato, assim essas velas tomam essa função de ornamentar o ambiente para as entidades. Outro ponto importante dessa analise são as cores dessas velas, e elas são usadas de acordo com as cores de cada Orixá, vodum, caboco, por exemplo, para os trabalhos de firmamento para Exú, usa-se as velas de cor vermelha, preto e o branco. O vermelho representa o poder do Orixá, o preto simboliza o escuro, aquilo que interno ser humano, e o branco porque o Exú não é guerra, Exú é paz. Então segue algumas velas que são de caráter ritualístico para trabalhos dentro do terreiro Vela Altar: Chamada antigamente de vela de libras. Ela é usada para diversas funções a partir da intenção da pessoa, porém ela não chega a ter uma função espiritual especifica. Também ela é usada para embelezamento do espaço no momento da 71 oferenda, é muito usado devido ter o seu formato muito longo e por consequência demorar em queimar. Vela Tocha: Usada mais para rituais de preceito por conta de ser mais forte, impoderante, ela representa força como também firmeza. No ritual de iniciação ela é ascendida em cima da cabeça da pessoa, e como a chama da vela representa os olhos do Orixá, a vela em cima da cabeça do iniciado que está deitado na esteira representa os olhos da entidade para a pessoa. Também usada para ornamentação. Vela Mourão: Assim como a vela tocha ela também é usada nos rituais de iniciação devido a seu tamanho majestoso e sua representação de força. Utilizado também em rituais de sacrifício como o de animais. Vela Astral: Usada também para ornamentar o espaço sagrado do ritual. Mas tem uma função diferenciada, a mesma é usada para trabalhos espirituais com pessoas que estiverem passando por problemas de desorientação mental, aflição e angustias, seja por conflitos originados psicologicamente ou por espíritos. Usa-se ela para isso devido o seu formato espiral o qual remete a uma questão transcendental. Vela Castelo: Vela de ornamentação, porém usada para um caráter especifico, a mesma utilizam para rituais em que se vai receber as entidades da realeza, como Iemanjá a qual é a rainha do mar, Dom José com seu reino de encantaria, Santa Barbara por conta do seu reinado, toda a entidade que tem essa característica de realeza tem a vela utilizada. Cada vela castelo que se usa representa as torres do castelo do reinado da entidade. Vela Flor: É mais usada para decorações até de fora dos terreiros, é muito costumeiro as ver sendo utilizadas em rituais e oferendas para entidades do mar, principalmente nas oferendas das festas destinadas a Iemanjá. Classificação das Velas afro-religiosas: velas de ordem pratica Há também as chamadas velas de ordem pratica, as quais são usadas para trabalhos nos terreiros onde se pretende obter resultados de necessidades básicas do ser humano, como questões de problemas financeiros e de saúde entre outros: 72 Vela União: Usada com o proposito de unir as pessoas, seja no que se refere ao caráter emocional como em questão financeira. Se usa para unir casais, pessoas das famílias como irmãs, primos e filhos. A vela tem o formato de duas pessoas (homem e mulher) abraçadas em uma vela. Há também o formato de dois homens ou de duas mulheres abraçados em uma vela. Chama Dinheiro: O intuito dessa vela é o de atrair dinheiro, resolver questões financeiras onde alguém está devendo dinheiro e se deseja que esse dinheiro seja pago, como também chamar dinheiro para a questão a qual você precisa. Essa vela tem o formato de um cifrão. Chave: Também chamada de Chave de São Pedro, é utilizada para fins de fechar algo ou de abrir, seja no que tange alguma situação como a de abrir a porta de um emprego ou de fechar alguma situação a qual esteja lhe afligindo. Cadeado: Geralmente usada com a vela chave, serve para trancar alguma situação de cunho financeiro ou familiar. Quando usada com a vela chave é de cunho de destrancar alguma situação. Comigo ninguém pode: Essa vela tem um formato de um candelabro de dois recipientes, onde em casa um se tem uma vela de formato espiral. A mesma tem o objetivo de fortalecimento na vida, na maioria usada no caso de problemas e conflitos no âmbito do trabalho, questões como conflitos colegas de trabalho, essa vela visa o fortalecimento da sua pessoa no trabalho. Desata nó: É uma vela com o formato de uma pequena corda onde há um nó nessa corda. Essa vela serve para que se desate esse nó na vida da pessoa, esse nó pode ser algum problema financeiro, familiar, ou até mesmo desfazer um trabalho que alguém fez pra você e que lhe estar lhe prejudicando. Olho gordo: O formato dessa vela é de um triangulo com um olho no meio. Usada para afastar o mal olhado das pessoas que querem lhe fazer algum mal, afastar a energia negativa das pessoas sobre você. Afastar a inveja que as pessoas possam ter sobre a sua 73 vida. Geralmente essa vela é usada em estabelecimentos comerciais como um objeto de proteção conta o olho gordo. Corta tudo: A vela tem um formato de um x onde no meio tem um pequeno machado. A vela é usada para cortar algum trabalho que fizeram para você, desfazer alguma amarração que possam ter feito para a sua vida. Cortar o ato negativo que lançaram sobre você. Vira pensamento: Essa vela tem o formato de uma caveira com uma vela fincada no meio da cabeça dela. O intuído de se usa-la é no sentido de fazer com que o pensamento da pessoa se volte para o proposito o qual você deseja, seja de caráter pessoal, de relacionamento, financeiro ou até mesmo amoroso. Nessa mesma categoria de vela existe a Vira pensamento do homem, onde o formato da vela é a cabeça de um homem com uma vela fincada no meio da cabeça. Serve para fazer o pensamento do homem se voltar para o seu proposito, geralmente usada para fins amorosos, mas pode ser outros. Classificação das Velas afro-religiosas: velas para trabalhos de amor Há também as velas de cunho amoroso, usado para questões como as de reatar relacionamentos, trazer a pessoa amada de volta, ter para si a pessoa que se deseja. Alguns pais de santo (ou mães de santo) contestam o uso dessas velas, pois afirmam que o ser humano é inconstante em seus sentimentos, então a pessoa que pede para se fazer esse tipo de feitiço hoje, pode muito bem não querer mais a pessoa a qual se queria outrora: Chora nos meus pés: Tem um formato de um triangulo longo retorcido, e tem a função de fazer com que a pessoa para quem se ascendeu a vela fique todo tempo com a pessoa que pediu para que o trabalho fosse feito. A ação magica da vela faz com que a pessoa inteiramente apaixonada, todo tempo aos pés, como se fosse um processo de encantamento. Casal de amantes: A vela tem um formato de um homem e de uma mulher entrelaçados um no outro, os braços do homem ao redor da mulher e os braços dela 74 entrelaçados para cima. Essa vela tem a função mágica de unir os casais, sejam eles casados ou amantes, a idéia é unir no que se refere a afetividade e a sexualidade dos casais. Casal de amarração: O formato é de um homem e de uma mulher abraçados, onde a figura do homem está por trás e a da mulher pela frente. A função dessa vela em pouco se difere da casal de amantes, mas tem uma função especifica que á de amarrar uma pessoa na outra, fazer com que a pessoa que se deseja esteja inteiramente apegada afetivamente a você. Amansa corno: O formato dessa vela é da cabeça de um boi. Essa vela é usada para questões amorosas de casais, onde a mulher pede para fazer o trabalho com o objetivo de que o seu marido fique tranquilo, quieto, manso. Chega-te a mim: Essa vela possui o formato de um coração com duas mãos abaixo dele. A vela é usada para trabalhos de feitiço com o intuito de ter a pessoa que se deseja perto de você, ter a pessoa pela qual se gosta com o sentimento de estar apaixonado. Através do uso dessa vela tem-se o desejo de querer a pessoa amada atraída pelo afeto. Coração: essa vela com o formato de um coração tem múltiplas finalidades, mas todas elas voltadas para questões de amor, sejam elas de cunho sentimental (paixão) ou familiar. Mas na maioria das vezes essa vela é usada por mulheres que querem um homem completamente apaixonado, com seu coração entregue a ela. Cachorro: Essa vela que tem o formato de um cachorro é usada geralmente por mulheres que querem amansar seus companheiros, torna-los dóceis, obedientes aos seus desejos. Também tornar o homem manso e calmo para cesse os conflitos matrimoniais existentes no relacionamento desse casal. Essas velas as quais foram classificadas neste trabalho são apenas algumas das que já foram catalogadas na pesquisa de campo, pois temos mais de cem velas dessas usadas pelas religiões de matriz africana. As que foram inseridas neste trabalho são apenas para exemplificar para nossa analise, haja em vista que esse artigo é apenas 75 introdutório no que tange as inúmeras velas as quais já foram obtidas como resultado na pesquisa. Dentro dessa classificação das velas para rituais, as velas de ordem pratica e vela para questões de amor, há diversas outras classificações que eu posso construir, como as velas com formato de pessoas, vela para fortalecimento dos trabalhos e dos rituais, e as velas em forma de caveira, anjos entre outras. A partir da analise da importância simbólica e da classificação das velas afro religiosas, tem-se como fato observado o resultado de que as velas tem uma função de auxilio mágico dentro do ritual em que ela está inserida. Ela representa a luz do santo, da entidade para a qual se ascende essa vela, como também iluminar e efetuar a ação mágica do trabalho que está sendo realizado. Conclusão Muito se discute sobre a necessidade de haver uma variedade tão grande de velas para trabalhos e feitiços, se questiona que isso seja algo desnecessário, pois o numero reduzido dessas velas já seriam suficientes para atender as demandas do trabalho, outros defendem importância dessa variedade. Porém é importante ressaltar que, no estado do Pará, a matriz africana que se utiliza dessa infinidade de velas é a umbanda, pois são poucas as velas que o tambor de mina usa, e o candomblé pouco se utiliza de vela em seus rituais. Mesmo com essas questões sendo discutidas, é importante perceber como a cultura material, as velas afro-religiosas são importantes representações dessa questão. A cultura material se entende como criação e representação, concreta ou abstrata, a qual se constitui em símbolos e esses tem seus significados. Segundo turner (2005, p.49) “o símbolo é a menor unidade de um ritual”, porém as velas tem sua import}ncia nesse processo ritualístico. Dentro de um processo ritualístico, a vela não torna o espaço sagrado, apenas tem a representação da chama como elemento que ilumina o ritual (sendo ele de trabalho ou feitiço), a entidade, ou até mesmo a chama chega a representar a presença da entidade naquele processo do ritual. 76 Mesmo a vela sendo um elemento simbólico dentro dos rituais de religião de matriz africana, ela possui uma grande representação no que se refere a cultura material das religiões afro, pois as mesmas carregam uma mensagem de identidade. Por exemplo, quando se pensa em elementos usados por afro-religiosos, um dos elementos citados é a vela, pois são vistos nas ruas em torno dos despachos (oferenda que fica na rua dado a entidade), acarreta em si a representatividade de uma religião. Segundo Durkaime (1996, p.17) “As representações religiosas s~o representações coletivas que exprimem realidades coletivas; os ritos são maneira de agir que só surgem coordenados e se destinam suscitar, manter ou refazer alguns estados metais desses grupos”. Diante disso conclui-se que as velas afro-religiosas em sua variedade de cor, formas, significados e representações, vêm afirmar a necessidade do ser humano em querer acessar aquilo doa qual não tem domínio, como também, materializar de maneira magica uma possível solução para questões de necessidades e problemas do cotidiano social. Referências BUCAILLE, Richard. MARIE PESEZ, Jean. Cultura material. in: Enciclopédia Einaudi, Lisboa, IN-CM, 1989, vol.16 -Homo — Domesticação — Cultura Material, p.11-47./ Scielo CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa: uma introdução da fenomenologia da religião. 2. Ed. São Paulo: Paulinas, 2001 DURKAIME, Emile. As formas elementares da vida religiosa: o sistema totêmico na Austrália. São Paulo: Martins Fontes, 1996 ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. 3. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010 LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14. Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001 LIMA, Tania Andrade. Cultura material: a dimensão concreta das relações sociais. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 6, n. 1, p. 11-23, jan.- abr. 2011 77 MILLER, Daniel. Consumo como cultura material. Horiz. antropol. vol.13 no.28 Porto Alegre July/Dec. 2007/ Scielo TURNER, Vitor. Floresta de Símbolos: aspectos do ritual de Ndembu. 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O mesmo tem como referencial Pimenta (2010) que fala sobre estagio e práticas, Araújo (2012) com a Educação profissional, Caixeta (2011) com cursos técnicos profissionalizantes, a LDB (1996) com leis e diretrizes, dentre outros. Utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica e de campo que nos permitiu alcançar resultados satisfatórios quanto aos vários processos que envolvem a Gestão Escolar, dos trabalhos e atividades desenvolvidos no período de estagio. Deste modo permitiu aprofundar nossos conhecimentos teóricos e práticos enquanto futuros profissionais da educação Palavras - chave: Gestão Escolar; Estágio Supervisionado; Educação Profissional. Introdução Apresentamos aqui o relato de nossa experiência enquanto discentes participantes do Estágio Supervisionado em Gestão Escolar, o estágio constitui disciplina obrigatória da grade curricular do curso de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). O campo de estágio selecionado foi o Instituto de Educação do Estado do Pará (IEEP). A escola foi fundada em 13 de abril de 1871, localiza-se em um prédio histórico, situado na Avenida Serzedelo Correa, próximo à Avenida Presidente Vargas, região central da cidade de Belém-PA. Tradicionalmente é uma instituição voltada para a formação de profissionais na área da educação, durante muito tempo foi referência em formação de professores na modalidade normal. 79 O IEEP integra a rede de escolas técnicas do Governo Estadual do Pará desde 2010. Possui como ênfase o eixo educacional, oferece os seguintes cursos técnicos: alimentação escolar, biblioteca escolar, multimeios didáticos, secretária escolar e segurança do trabalho. Há turmas nos níveis subsequente e Pro-EJA. Também dispõe de turmas regulares do ensino médio no turno matutino. As visitas à instituição se deram no turno noturno, predominantemente às terçasfeiras, no período de 29 de setembro à 1º de dezembro de 2015. Antes do início das atividades no lócus do estágio, os professores da disciplina ministraram aulas teóricas na Universidade sobre gestão escolar e forneceram orientações gerais acerca dos trabalhos no estágio. Participamos de várias reuniões com gestores, coordenadores de curso, professores, etc, que puderam falar um pouco do trabalho que desenvolvem na referida escola. Esses profissionais da educação forneceram importantes esclarecimentos sobre a estrutura da escola, os recursos humanos, financeiros e materiais disponíveis. Estas informações foram cruciais para a elaboração pelas equipes de estagiários de propostas de intervenção naquela realidade. Diante dos esclarecimentos recebidos foi proposto o seguinte projeto de intervenção: implantar o uso da tecnologia para minimizar os processos de evasão nos cursos subseqüentes do Instituto de Educação do Estado do Pará. Neste sentido, este projeto apresentou como relevância social, a possibilidade de minimizar a evasão nos cursos, afim de criar expectativas para os mesmos para adentrar no mercado de trabalho, como forma de profissionalização e democratização em participar de um processo que apresenta a possibilidade de crescimento cultural, profissional dentre outros. Ademais construir aprendizagem, autonomia, contribuindo com o desenvolvimento humano e social visando à melhoria na qualidade de vida. Como relevância acadêmica, as contribuições no sentido de melhorar a gestão da participação, formação e qualificação de futuros docentes, onde isto se torna um desafio para o curso de Pedagogia, pois é necessário trabalhar as especificidades que envolvem o curso inclusive a gestão, que é de extrema importância social e administrativa. Assim o mesmo poderá contribuir para a formação profissional 80 enriquecendo as experiências, fortalecendo as transformações da realidade dos alunos, bem como sua permanência no processo de qualificação profissional. Neste sentido, apresentou como objetivo geral contribuir para a diminuição da evasão escolar no nível técnico a partir da implantação de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), e como específicos: verificar a relevância dada ao uso da tecnologia nas aulas dos cursos técnicos ; refletir acerca da importância de inserir recursos tecnológicos nas aulas; fortalecer o uso da tecnologia nos processos educacionais. Gestão Escolar Ao tratar de gestão escolar, Libâneo (2001) destaca duas distintas concepções, de um lado há o enfoque científico-racional, que considera a escola como uma entidade que funciona racionalmente, com relações hierarquizadas, é o modelo mais comum de organização. De outro lado tem-se o enfoque crítico, que objetiva agregar as pessoas, a escola é um construto social e democrático. Vale observar que a perspectiva crítica de gestão não prescinde de aspectos sociais importantes, tais como as relações de poder na sociedade, conflitos entre diferentes grupos sociais, configuração política, etc, porém procura desenvolver a solidariedade entre os agentes em busca de objetivos comuns. Para seu funcionamento, como qualquer estabelecimento, é fundamental que a escola possua uma organização interna. É composta por setores com funções específicas e que se relacionam entre si, como exemplos, citamos o setor técnico-administrativo, setor de zeladoria, pedagógico, entre outros. A Resolução nº1, de 15 de maio de 2006, que Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura, estabelece: Parágrafo único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central: I - o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania; II - a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; III - a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. (BRASIL, 2006) Convém ressaltar as funções que o pedagogo pode exercer na escola – o diretor gerencia todas as atividades da escola, observando sempre as diretrizes superiores e os 81 anseios dos outros membros da comunidade escolar; o coordenador pedagógico tem como principal função o fornecimento de assistência didático-pedagógica aos professores, de modo a estabelecer maior envolvimento entre aluno, professor e disciplina ministrada. Um dos instrumentos apontados por Libâneo (2001) para a concretização dos objetivos escolares é a formação continuada dos profissionais, que deve fazer parte do planejamento de todo profissional, visando a excelência no desenvolvimento do trabalho. Estágio Supervisionado Segundo, Pimenta (2010), a pratica se constitui como critério de verdade, motivada por uma finalidade, não vaga, mas de uma necessidade, a mesma pode ser simples aproveitamento de experiências no qual e possível identificar os resultados, a pratica possibilita a criação de novas ideias. Assim o estagio supervisionado esta diretamente ligado a pratica, contribuindo com o aprendizado e desenvolvimento da formação acadêmica de quem o faz, assim o mesmo cria possibilidades praticas de um processo de conhecer o trabalho a ser desenvolvido dentro do espaço desejado, fortalecendo o crescimento de futuros profissionais. Pimenta (2010) menciona que existe uma relação entre teoria e pratica, a pratica seria o ponto de partida do conhecimento, a base da teoria, torna-se a pratica, com isso e observável que uma e complementação da outra. Esse entendimento de reciprocidade nas palavras da autora em decorrência das atividades do estagio, atribui-se toda responsabilidade pela pratica. Neste sentido não podemos nos distanciar das duas modalidades teoria e pratica, assim sendo o estagio supervisionado para ser bem aplicado e necessário que ambas andem juntas para que não exista deficiência. O estagio no campo educacional, surge como uma investigação das praticas pedagógicas nas instituições, valorizando a pesquisa, a pratica, vai além de um trabalho técnico, contribui com a formação integral, com o aprendizado de futuros profissionais da educação, fortalecendo os saberes da pratica docente, PIMENTA (2010). 82 LIMA apud PIMENTA (2010), menciona que essa visão mas abrangente e contextualiza do estagio indica que e capaz forma profissionais pensante, mesmo se tratando de pessoas que vivem em diferentes espaços e tempos históricos diferentes, os mesmo serão capazes de trabalhar o caráter coletivo e social de sua profissão e do espaço inserido. Indubitavelmente, o estagio supervisionado tem papel fundamental na formação de discentes da área da educação pois através dele e possível ter o conhecimento teórico e pratico das vivencias do dia-a dia da profissão assim o envolvimento, a analise das problematização do espaço estudando contribui com a reflexão e proposição de novas ideias bem com de soluções envolvidas na diversas situações que envolver a gestão escolar, o ensino e aprendizagem dentre outros. Experiências no campo de estágio As visitas ao campo iniciaram-se no dia 29 de setembro, a primeira atividade foi a participação na condição de ouvintes no III Seminário do Curso Técnico em Secretaria Escolar do Instituto de Educação Estadual do Pará – que ocorreu no auditório da escola. O tema do evento foi “Diversidade, Conhecimento e Educaç~o Profissional”. No primeiro dia ocorreu uma excelente palestra acerca de raça, racismo e diversidade. A palestrante era aluna do curso de Secretaria Escolar, a mesma abordou o tema de forma interessante e soube manter a audiência da plateia. A palestrante que trataria do tema identidade de gênero não compareceu. No segundo e último dia de Seminário, em 30 de setembro, houve uma palestra enriquecedora sobre mulher no mundo do trabalho, a facilitadora era uma socióloga estudiosa na área. Bailarinos apresentaram uma belíssima apresentação de tango. Houve sorteios de brindes ao público e emissão de certificados. Na segunda semana do estágio, em 6 de outubro, tivemos uma reunião com o coordenador do Curso Técnico em Secretaria Escolar, o coordenador em questão explanou não apenas sobre o curso pelo qual é responsável, mas destacou vários aspectos da escola como um todo. Falou-se sobre evasão escolar como um dos 83 problemas mais sérios enfrentados. Podemos conhecer um pouco do perfil de cada curso técnico disponível, eis algumas características de cada curso do eixo apoio educacional: Alimentação Escolar – visa formar profissionais capazes de atuar junto a um nutricionista no preparo e manipulação de alimentos. Também compete a ele a higienização e armazenamento dos materiais utilizados no preparo das refeições, ele possui também a função de educador alimentar. Pode trabalhar em qualquer instituição de ensino ou até mesmo em restaurantes, cozinhas industriais, bares, etc, já que o profissional adquire amplo conhecimento na área nutricional. O Instituto possui um laboratório de alimentação, porém esse espaço ainda necessita ser mais bem equipado. Biblioteca Escolar – o aluno estará apto para realizar atividades administrativas e especializadas (recuperação e organização de acervo, catalogação, etc) em bibliotecas ou em qualquer espaço que trabalhe com gestão da informação e de documentos. Também prestará atendimento aos usuários desses espaços. Multimeios Didáticos – forma pessoas capacitadas para mediar a relação entre recursos tecnológicos e práticas educativas, presta apoio e orientação a alunos e professores sobre a melhor forma de utilizar as tecnologias. Cabe a ele a conservação dos recursos tecnológicos da escola. É uma profissão nova, ainda pouco conhecida na sociedade. Secretaria Escolar – o egresso executará tarefas de matrícula, transferência, emitirá documentos como declarações e históricos escolares, organizará arquivos da instituição e atendimento ao público. É uma tarefa de suma importância, pois a secretaria é considerada pelos profissionais da área como “o coraç~o da escola”. 84 Segurança do Trabalho – é o curso mais procurado do IEEP, forma um profissional que organiza programas para prevenção de acidentes nas empresas, avalia os riscos que as atividades ocupacionais podem gerar aos trabalhadores. Pode atuar em qualquer organização que conte com trabalhadores, inclusive escolas. No dia 13 de outubro, houve uma reunião com os coordenadores responsáveis por controle de notas, diário de classe e por organização dos horários dos professores. Foram mostradas tabelas, planilhas e relatadas as estratégias utilizadas para a melhor realização deste trabalho. No dia 20 de outubro, aconteceu uma reunião com a diretora do IEEP. A gestora pode falar sobre os desafios e responsabilidades que possui estando à frente desta importante instituição. A diretora destacou que a escola é de médio porte, levando-se em consideração o quantitativo de alunos. Seu quadro docente encontra-se completo, porém o de apoio técnico-administrativo está incompleto. Em relação à merenda escolar a diretora considera que a Secretaria de Educação fornece alimentos de ótima qualidade, no entanto é necessário fazer acordos, fechar parcerias com terceiros para obter os temperos e especiarias necessários para a qualidade da merenda e não fornecidos pela Secretaria. Outra questão importante levantada pela gestora foi em relação ao aperfeiçoamento dos professores e a participação destes em cursos de capacitação. A adesão a esses cursos é pequena. Essas capacitações são oferecidas pela Escola de Governo do Pará e pelo Ministério da Educação. Em 27 de outubro conhecemos as dependências do IEEP, refletiu-se sobre a importância de conservar o ambiente escolar e a necessidade de conscientizar os alunos em relação a isso. O andar de cima do prédio histórico não recebe mais turmas, a fim de conservação da edificação e por conta da poluição sonora, é bem próximo a uma movimentada avenida. As dependências que servem como salas de aula foram construídas mais recentemente. Pudemos também conhecer o amplo ginásio de esportes, que recebe competições estudantis e é bastante solicitado por outros grupos, a 85 exemplo da associação de oficiais aposentados da polícia militar, que utilizam o espaço e oferece uma contrapartida à escola. Nos dias 3 e 10 de novembro não houve atividades no campo, esses dias foram dedicados a elaboração e orientação de projetos de intervenção. Em 17 de novembro aconteceu uma produtiva reunião com a gestora da USE 3. As USEs são unidades responsáveis por intermediar a relação entre a escola e a Secretaria de Educação (SEDUC). Trabalham com lotação de servidores, matrículas, fiscalização, gerencia conflitos e dispõe de suporte pedagógico. Em 09 de dezembro ocorreu a culminância do estágio. A equipe de estagiários reuniu-se com aproximadamente vinte alunos no auditório da instituição a fim de tratar da questão mais preocupante identificada no lócus: a evasão escolar. Realizou-se palestras e diálogos a cerca da importância do ensino técnico e do fator motivação para o alcance do sucesso escolar e profissional. Projeto de intervenção proposto O interesse em realizar este projeto é decorrente de vários fatores. Dentre eles as questões que envolvem a evasão nos cursos subsequentes do Instituto Estadual de Educação do Estado do Pará (IEEP), bem como as a indagações a respeito das diversas possibilidades que levam o aluno a evadir, assim conhecer melhor o assunto para que sejam criados métodos que venham contribuir com a permanência dos alunos nos cursos. Diante desses fatores elaborou-se essa proposta de intervenção. Os cursos de nível técnico possuem o objetivo de profissionalizar os sujeitos, tornando-os aptos às exigências do mercado de trabalho. Para frequentar os referidos cursos exige-se que o aluno já esteja cursando o ensino médio ou o tenha concluído. Deve ser oferecido aos estudantes condições de permanência na escola É uma modalidade de ensino prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996: Art.39º. A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões à vida produtiva. 86 Parágrafo único: O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como o trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará com a possibilidade de acesso à educação profissional. (BRASIL, 1996) Também possui como aporte legal o decreto 5.154/2004, que regulamenta os dispositivos da LDB que tratam de educação profissional. De acordo com Araújo (2012), a população que mais se beneficia de cursos de nível técnico são os jovens e adultos oriundos das camadas populares da sociedade, constitui uma alternativa de qualificação para atuação no setor produtivo. Evasão no âmbito do ensino técnico Assim como nos níveis fundamental, médio e na educação de jovens e adultos os índices de abandono de vagas pelos alunos no ensino técnico é bastante elevado, a problemática é uma queixa frequente nas falas de professores, gestores e coordenadores pedagógicos dessas instituições e é motivo para cancelamentos de turmas. Segundo Araújo (2012), além do termo evasão, que significa fuga, isto é, quando os estudantes decidem pela não permanência, cabe também compreender o termo exclusão, quando a escola não dispõe de estrutura para a manutenção de seus alunos matriculados. Existem também aqueles que migram de um curso técnico para outro, ou até mesmo para um curso de nível superior, esta situação está relacionada com o termo mobilidade. É comum que se utilize genericamente o termo evasão para qualquer circunstância de não continuidade no curso. Entende-se que são muitos os fatores, tanto externos quanto internos que contribuem para a evasão escolar nos cursos técnicos profissionalizantes. Por fatores externos entendemos: desvalorização da área escolhida, baixa empregabilidade, entre outros; e internos: professores desmotivados, escolas sem estrutura, sem laboratórios, poucas atividades práticas, etc. É um problema social que chega a interferir na baixa qualificação profissional dos nossos trabalhadores, que não dispõe de incentivos para a sua permanência. É imprescindível delimitar a evasão da qual estamos tratando. O foco deste projeto, será o de buscar alternativas para amenizar a evasão de cursos técnicos no turno da noite do IEEP em decorrência do fenômeno conhecido como movimento pendular, que compreende o deslocamento de um grande contingente de estudantes que se deslocam diariamente dos municípios em que residem até a capital a 87 fim de realizar suas atividades educativas, estes sujeitos, muitas vezes, chegam na sala de aula cansados após cumprirem com sua jornada de trabalho diurna. É uma causa do ponto de vista estrutural, visto que a residência do aluno é distante da escola e os transportes públicos oferecem um serviço precário. É preciso conhecer os fatores que contribuem para o fenômeno da evasão pra que, dessa forma, seja possível elaborar estratégias de intervenção nessa realidade. Novas tecnologias a favor da educação Segundo, Caixeta (2011) é notória a expansão de cursos oferecidos em suportes online. Entre as ferramentas podem-se citar os chats, fóruns, blogs, grupos de discussão, web conference. Sendo que a junção de todos esses recursos constitui um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Os estudantes podem acessar o AVA por meio de um computador com acesso à internet, sem a necessidade de deslocar-se até a instituição. Nesta mesma linha, Caixeta (2011) aponta como característica do ensino à distância “a possibilidade de uma comunicaç~o por múltiplas vias, que s~o ampliadas em meio aos avanços tecnológicos, sendo assim, uma modalidade alternativa para superar limites de tempo e espaço”. O AVA possui as seguintes vantagens: Acesso aos conteúdos da disciplina; Realização de atividades de fixação; Interação entre alunos e professores; Acompanhamento da evolução do desempenho escolar. Segundo Moran (2003 apud Caixeta, 2011) as atividades à distância, se bem feitas, conferem autonomia aos alunos, e, se combinadas com atividades colaborativas, podem compor um conjunto de estratégias combinadas muito interessantes e dinâmicas. Afirma que há muitas opções diferentes de estudos on-line e caminhamos para uma maior presença do virtual com mais opções audiovisuais, interativas, fáceis de acessar e gerenciar. 88 Procedimentos Metodológicos Como publico participante temos professores de diversas disciplinas, que ministram aulas nos cursos subsequentes do IEEP no período noturno, coordenadores e alunos regularmente matriculados. Pretendeu-se elaborar duas fases de pesquisa para um bom aproveitamento do projeto, porém somente foi viável, por conta da curta carga horária do estágio, uma única fase, a do levantamento bibliográfico sobre o tema em questão: A evasão nos cursos subsequentes do IEEP, trabalhando à distancia, intervindo com a Tecnologia. É válido ressaltar que para a elaboração do relato de experiência do estagio foi possível entrevistas diretas com vários profissionais do local, o que contribuiu com o desenvolvimento deste projeto. Utilizamos uma abordagem qualitativa, a fim de ter um contato direto com o objeto de estudo, e enfocando os aspectos teóricos, nos apropriamos de autores que contribuíram com a temática como: Caixeta (2011), Cervo (2007), Araújo (2012), legislações, entre outros referenciais utilizados como fundamentação teórica. O trabalho desenvolvido também possui aspectos semelhantes aos da pesquisa-ação, pois durante as visitas à instituição pudemos identificar um problema, neste caso a evasão escolar, desenvolver uma intervenção para minimizar este problema junto aos alunos e apresentar um projeto aos gestores, este que poderá ser aplicado de acordo com conveniência da escola. Resultados e Discussão Apresentamos como resultado e discussão as experiências vivenciadas durante o processo de estagio nas falas dos profissionais do Instituto de Educação do Estado do Pará IEEP, bem como as abordagens de autores utilizados para o desenvolvimento desta temática. Ao adentrar no espaço de estagio e observar os relatos dos profissionais atuantes em diversos espaços da instituição foi possível observar e relatar a preocupação que os mesmos têm quanto à formação de profissionais técnicos, na fala de muitos inclusive da Gestora foi relatada a maior inquietação vivenciada no processo de gestão, o grande aumento de evasão escolar apresentada em diversas modalidades dos cursos ofertados, muitos são os fatores que levam a evadir sendo assim surge o seguinte 89 questionamento: o que a instituição pode realizar para minimizar esta ocorrência? Buscamos apresentar respostas a essa interrogação. O projeto de intervenção proposto ainda está restrito ao campo teórico, dada a inviabilidade da aplicação no período da disciplina, pois a proposta exige uma carga horária maior para a sua concretização, no entanto poderá ser desenvolvida posteriormente pelos profissionais da escola. No entanto, dentro da problemática da evasão foi possível realizar uma noite de diálogos com os discentes, onde se tratou da importância da educação profissional e da motivação para a realização de planos de vida. Estagiários de Gestão Escolar e alunos dos cursos técnicos puderam relatar experiências e até mesmo perceber semelhanças em suas trajetórias no que tange a dificuldade em conciliar estudos e trabalho e a necessidade de manter-se motivado para a conclusão dos seus respectivos cursos, almejando ascender profissional e socialmente. O estagio é uma experiência muito significativa para a preparação de futuros profissionais, o mesmo vem contribuir com a formação, nas palavras de PIMENTA (2010), o estagio prepara para um trabalho docente coletivo, uma vez que o ensino não é um assunto individual do professor, pois a tarefa e resultado das ações coletivas dos professores e das praticas institucionais, o desafio e realizar um intercambio durante o processo formativo entre teoria e pratica. Foram válidas as experiências apresentadas pelo campo de estagio, na construção do que nos propusemos alcançar, lembrando que o mesmo é fruto também das diversas disciplinas e teorias já vivenciadas pelo graduando deste o inicio da formação, assim sendo as experiências relatadas bem como a analise dos autores serviram com base para alcançamos nossos resultados, e aprimorar nossos conhecimentos sobre Gestão Educacional e nas diversas modalidades que o cercam. Para não concluir Através deste período de experiência e aprendizado compreendemos que o estagio supervisionado é um instrumento de fundamental importância para a prática e formação profissional, não podendo ser desvinculado da teoria, procuramos compreender a Gestão Educacional em diversos espaços do Instituto Educacional do Estado do Pará, desde o trato com a equipe técnica até os alunos, através do qual 90 pudemos pautar como uma construção de sentido significativo, assim a Gestão Escolar é uma pratica que envolve a relação do papel da escola e para nós enquanto futuros profissionais da educação precisamos estar envolvidos nesse processo de conhecimento, portanto o estagio é importante pois não recebemos esta preparação nas aulas de formação do curso, a pratica da Gestão precisa ser trabalhada para fortalecer nossos conhecimentos e habilidades. Na fase de construção do projeto de intervenção podemos reconhecer a grande relevância de trabalhar os conceitos que envolvem a evasão escolar nos cursos técnicos subsequentes, este que é um problema que afeta não somente estes cursos, mas também as demais modalidades de educação, assim ao tratar do projeto vimos a possibilidade de minimizar esta ocorrência dentro da instituição. Neste sentido, entendemos que são muitos os fatores que levam os alunos a evadir, tanto externos quanto internos. Por fatores externos entendemos: desvalorização da área escolhida, baixa empregabilidade, entre outros; e internos: professores desmotivados, escolas sem estrutura, sem laboratórios, poucas atividades práticas, etc. É um problema social que chega a interferir na baixa qualificação profissional dos trabalhadores, que não dispõe de incentivos para a sua permanência. Assim sendo dentro da instituição não foi delimitado quais fatores contribuíram com esta ocorrência porém tecemos nossas próprias considerações, entre as quais podemos citar a distância entre instituição e o local de moradia do alunado, falta de um trabalho pedagógico motivacional, dúvidas dos discentes quanto ao mercado de trabalho, carência de recursos humanos e materiais dentre outras. Diante de todo o processo de vivencia, experiências, pesquisas não podemos fechar uma conclusão, pois muito se tem a realizar, o que podemos inferir é o fato da contribuição adquirida durante este período que foi bastante relevante para nossa formação enquanto futuras pedagogas, assim esta parcela de conhecimento é necessária para que estejamos aptas a enfrentar os desafios da educação na sociedade, fazendo-se imprescindível. Acreditamos que alcançamos nossos objetivos de aprimoramento do conhecimento teórico e pratico do Estagio Supervisionado em Gestão Escolar. 91 Referências ARAUJO, Cristiane. A educação profissional de nível médio e os fatores internos/externos às instituições que causam a evasão escolar. Taubaté, 2012. Disponível em http://www.unitau.br/unindu/artigos/pdf525.pdf BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/setec/index.php?option>. Acessado em 15 de nov. de 2015. BRASIL. Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006. Brasília, 2006. Disponível em http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf CAIXETA, Raquel. EaD – Democratizando a Educação através da modalidade à distância. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade de Brasília, Brasília, 2011. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto; Metodologia Cientifica 6ª ed. São Paulo- Pearson Prentice Hall,2007 LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. - 5. ed. - São Paulo : Atlas 2003. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 4 ed. Goiânia: Alternativa, 2001. PIMENTA, Garrido Selma; LIMA Lucena S Maria. Estagio e Docencia. 6ª ed coleção docência em formação series e saberes pedagógicos, cortez 2011 São Paulo. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007. 92 A FABULA NA VISÃO DE LEV VIGOTSKY Elzimar Rodrigues Pantoja UEPA Resumo: O trabalho como literatura infantil na escola leva em conta os diferentes tipos de texto como a fabula que transmite valores morais através de animais, visionado no contexto de Lev Vigotsky que nos mostra através da interação e uso e a funcionalidade de linguagem o discurso e as condições de produções. Que unindo com a fábula esse contexto do filosofo possibilitará o desenvolvimento das funções psicológicas a serem trabalhos nas instituições o ano letivo todo com diversos trabalhos produzidos pelos próprios alunos onde serão prestigiados pelos seus responsáveis e toda comunidade escolar, realizando a cada final de mês uma culminância unindo escola e comunidade. Palavras-chaves: interdisciplinaridade. Educação. Interação. Introdução O trabalho com a literatura infantil na escola deve levar em conta, os diferentes gêneros de texto escritos para criança, porque o modo como se configuram requer um trabalho diferenciado. Essas narrativas apresentam uma variedade de tipos cuja construção específica necessita ser do conhecimento de todos os que fazem parte do saber, seja ele formal (realizado na escola) ou informal (realizado fora do espaço escolar). Com isso a fábula é um gênero textual que faz parte da literatura infantil, e apresenta em sua extensão um texto curto, cujos os personagens na maioria são representados por animais falantes que dialogam ao longo do texto, permitindo pontos de vistas diferentes. A fábula incita uma moral explícita e às vezes, implícita no início ou no final da narrativa, que evita contradições, facilita e condiciona a compreensão do que foi lido. A importância do uso desse gênero como recurso didático no processo educacional requer principalmente conhecê-los e utilizá-los de maneira eficaz e eficiente, haja vista despertar o imaginário e o gosto pela leitura em anos iniciais de estudo representados na educação infantil. Nesse contexto é de suma importância a atuação do professor, pois ele contribuirá para o êxito dessa prática fazendo a teia de encontro dos conhecimentos, 93 logo para VIGOTSKY, (p. 229) “conhecer é um ato social e n~o uma aç~o inferior do indivíduo isolado. A criança primeiro se apropria da linguagem como uma ação social e depois a internaliza para, a partir de uma atividade intrapessoal, fazer um uso interpessoal”. Contudo, é o professor que proporcionar| o verdadeiro ensinamento que as fábulas repassam, praticando assim com os alunos a saberem lidar com as emoções colocadas para fora de acordo com a curiosidade da criança frisada nesse projeto. Com esses prognósticos esse projeto que tem como tema “A f|bula na vis~o sociointeracionista de LEV VIGOTSKY”, tem como objetivo proposto utilizar a f|bula no espaço escolar, com o propósito de despertar nos alunos o gosto pela leitura, com isso valorizar o seu próprio vocabulário para chamar atenção da comunidade do entorno da instituição escolar, bem como fazer parte deste processo construindo assim a ponte entre o professor, aluno, escola e pais onde todas as partes oferecerão ferramentas para a concretização e massificação da aprendizagem no que se refere à leitura. Após esse pensamento, numa caminhada fundamentalista do sociointeracionismo, elaboramos um quadro teórico e prático sobre a escola como uma construção coletiva e permanente através da interdisciplinaridade focalizada nas disciplinas (português, história, educação artística, educação física, inglês, libras e religião), que se torna um momento contínuo de integração e articulação, fazendo a elaboração e combinação de sua síntese ao objeto comum, que de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), 9394/96, mostra a necessidade de saber conhecer, fazer, viver e ser, se tornam mais indispensáveis para a vida, para o trabalho, para a sociedade, assim vem se buscando a qualidade do ensino sinalizando uma base curricular comum, esse processo está sendo orientado pelos documentos do Plano Curricular Nacional (Pcn’s) que trouxeram novas perspectivas ao ensino escolar em toda as |reas que reorganizam o processo ensino- aprendizagem do trabalho continuado de cooperação. Portanto, este projeto organizou-se de forma interacional, possibilitando trabalhar com um gênero literário como as fábulas num novo contexto enriquecido pela proposta que a educação brasileira refere-se hoje a interdisciplinaridade que constitui, de fato, uma aspiração generalizada em nível social do estudo. 94 Apresentação do Tema O presente projeto de fábulas faz parte do gênero literário que envolve todo um contexto de práticas de leituras, tendo como finalidade a entrada no mundo imaginário da criança através da leitura, iniciada na infância. E a partir dela trazer e usar o conhecimento de seus pais aguçando assim a inteligência de todos os envolvidos, trabalhando principalmente a interdisciplinaridade (português, matemática, inglês, história e geografia, libras, educação artística, religião e educação física) e a transversalidade (os valores morais e éticos) dos significados que cada fábula nos deixa através do desenvolvimento social e interativo, de forma diferenciada e criativa. Tema: “A f|bula na vis~o sociointeracionista de Lev Vigotsky”. Justificativa. De acordo com o pressuposto que a leitura é algo imprescindível para todos.“Ler é outro modo de ouvir”. (Marcos Bagno). Com essa afirmação do autor, a leitura é uma atividade completa nos deixa claro que através dela que os educandos buscarão várias possibilidades de conhecerem o mundo em sua volta. Diante disso este projeto “A f|bula na vis~o sociointeracionistade Lev Vigotsky”. Oportuniza a intenç~o de ultrapassar os muros da escola proporcionada pela interação de todos em um só plano, visto que ao utilizar as fábulas é de fundamental importância que a instituição escolar seja responsável em questionar os valores, analisar as mensagens trazendo para as vidas diárias das crianças e de seus responsáveis, havendo portanto uma parceria dos integrantes deste projeto para que se torne algo prazeroso e envolvente desenvolvendo principalmente o exercício da cidadania a parti da conscientização e da proliferação de seus conceitos caracterizados sobretudo pelas relações interdisciplinares dos conteúdos representados no Plano Curricular Nacional (Pcn`s), que se tornaram elemento catalizador das ações na busca da melhoria da educação brasileira norteados nas fábulas. 95 Objetivo Geral Estimular os alunos a valorizar a leitura ampliando o seu vocabulário, sistematizado na interdisciplinaridade. Objetivos Específicos Atribuir sentido a um texto, expandindo o uso da linguagem. Desenvolver valores morais e éticos. Desenvolver a habilidade de interpretação e compreensão de textos na interdisciplinaridade. Garantir sempre que possível um trabalho em conjunto com a comunidade. Identificação: A FÁBULA Delimitação do Tema: EDUCAÇAO INFANTIL, 1º ANO, 2º ANO. Público Alvo Alunos de 3 a 7 anos. Funcionários da escola. Pais. Carga Horária Anual. Conteúdos Prováveis Específico Trabalhar com a coordenação motora (fina e grossa). Atenção na escuta da leitura. Oralidade. Interdisciplinares PORTUGUÊS: ortografia, coordenação, tipos de letras, substantivos. MATEMÁTICA: noção de lateralidade, espaço, números, quantidade, adição, subtração. 96 CIÊNCIAS: tipos de tempo, animais e frutas. HISTÓRIA E GEOGRAFIA: estações do ano, moradia. EDUCAÇÃO FÍSICA: movimento. EDUCAÇÃO ARTISTICA: musicalidade, dramatização, cores. INGLÊS: cores, nomes de animais, frutas, números. LIBRAS: letras, cores, números, animais, frutas. Transversais Socialização de valores morais e éticos. Fundamentação Teórica O sociointeracionismo é a aplicação pedagógica dos estudos de Lev Vigotsky (1896-1934) filósofo, médico, historiador e magistrado pensador bielo-russo que teve uma produção intelectual intensa, seus estudos sobre a aquisição de linguagem como fator histórico e social que enfatizam a importância da interação e da informação linguística para a construção de conhecimento. O foco do trabalho passa a ser o uso e a funcionalidade da linguagem, o discurso e as condições de produções. O papel do professor é de mediador, facilitador, que interage com os alunos através da linguagem num processo dialógico e interdisciplinar fazendo o encontro das disciplinas na teia das interdisciplinaridades assim representada: 97 TEIA DA INTERDISCIPLINARIDADE: O ENCONTRO “O indivíduo n~o nasce pronto nem é cópia do ambiente externo, em evolução intelectual há uma interação constante e intelectual entre processos internos e influências no mundo social”. (Vigotsky, p. 25). Com base nos estudos do sociointeracionismo desenvolvido por Vigotsky, possibilitou-nos uma grande contribuição para implantar em seu contexto A FÁBULA que é uma literatura infantil protagonizada por animais irracionais que preservando suas características deixa transparecer uma alusão que desperta, aguça e estimula a curiosidade das crianças. A partir daí dos discursos das leituras e releituras os alunos poderão conciliar os valores morais e éticos adquiridos nos saberes repassados em cada fábula apresentada, assim a linguagem oral internaliza e exterioriza a própria interação das crianças com a escola e os pais. Nesse momento são consideradas as características sociais e culturais dos processos existentes, que de acordo com a Lei n° 9394/96, consolida e amplia o dever do poder público para com a educação básica, da qual o ensino fundamental é parte 98 integrante, deve assegurar a todos “a formaç~o comum indispens|vel para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho, e em estudos posteriores”, no que se refere a língua inglesa tornou-se obrigatória a partir da 5° série, porém observamos que alguns lugares se trabalha essa disciplina desde as séries iniciais. É válido ressaltar que o ensino da Libras oficializou-se em 2002 e em 2010 foi regulamentada como profissão de tradutor\interprete de línguas de sinais. Portanto o presente projeto possibilitará o desenvolvimento das funções psicológicas correlacionadas com a interação, apropriando o real papel do conhecimento, concretizadas nas experiências sociais e reflexivas do contexto escolar conjuntamente com a comunidade. Metodologia Este projeto baseia-se na construção de estratégias em busca de uma visão para ser desenvolvida na escola abrindo as portas para o livre acesso da comunidade em seu espaço, através da concretização desse instrumento poderão conhecer e analisar que as fábulas nos ensinam os valores de maneira fácil e sem complicações. As propostas metodológicas do projeto serão desenvolvidas durante o ano letivo todo envolvendo as seguintes etapas. Procedimentos Metodológicos 1º ETAPA Reunião com professores e pedagogos. Planejamento das ações (dinâmicas na escola). Coletar as fábulas. 2º ETAPA Executar o projeto em sala com os alunos. Construir recursos referentes a cada fábula. Criar um kit das fábulas com todos os recursos confeccionados. Realizar oficinas para trabalhar com as fábulas de forma diferenciada. 3º ETAPA 99 Exposição oral, escrita, musical e dramatização das fábulas lidas e ouvidas, articuladas à vivência diária. O dia da fábula na escola (pais, alunos, professores, coordenadores e outros) através de uma culminância aberta à visitação que abrangerá todos os setores. 4º ETAPA Entrega dos materiais produzidos pelos alunos para seus responsáveis prestigiarem. Auto-avaliação. Práticas Pedagógicas Produzir textos respeitando a individualidade de cada aluno de acordo com a interação. Dramatizar as fábulas através da língua de sinais. Intercalar as fábulas com a música. Resultados Esperados Espera-se que através do projeto pais e alunos participem continuamente do cotidiano escolar desenvolvendo o seu processo cognitivo. Com a criança estimulada a partir da visão sociointeracionista ela alcançará um ótimo nível de sociabilidade, aprendendo a se comunicar e passar a ter mais ética quanto ao respeito e aos valores morais mostrados em cada fábula, cada aluno transforma-se em um indivíduo e em uma pessoa mais respeitosa. Recursos Didáticos Livros de fábulas. DVD. Sons. Caneta. Papel (vários tipos). 100 Cola. Tesoura. TNT. Fita durex. Alunos. Professores. Coordenadores. Funcionários da escola. Pais. Avaliação A avaliação estará presente em todas as etapas do projeto, pois os alunos avaliam a si próprios e aos colegas através de conversas informativas, quando acontecerá a socialização do trabalho bem como relato de experiências. No intuito de garantir um bom acompanhamento no processo ensinoaprendizagem, haverá observações dos alunos sob vários aspectos: temperamentos, expectativas, experiências de vida, identificando suas próprias necessidades e habilidades. É válido ressaltar que além de despertar o prazer de ler em crianças com fábulas, sensibilizar os pais em se fazerem presentes nos momentos de vida escolar dos alunos. Referências MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção Textual; análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. COSTA, Marta Morais da. Metodologia do Ensino da Literatura Infantil. Curitiba: IBPEX, 2007. NOVA ESCOLA: O que eles ainda tem a nos ensinar. São Paulo: Editora Abril, Janeiro e Fevereiro, 2001. STOLTZ, Tânia. As perspectivas construtivista e histórico-cultural na educação: IBPEX. 2º. Ed. 2008. VASCONCELOS, Adson; BELEZA, Fernanda; VILLAÇA, Regina. Oficina de Literatura. São Paulo: RIDEEL, vol. 2, 2009. 101 A PRECARIZAÇÃO DA INCLUSÃO DE ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA E DE ENSINO DE BELÉM. Keity Diene da Silva Pereira UEPA [email protected] Edilene Vieira Leão UEPA [email protected] Cláudio Lugero Monteiro Pereira UEPA [email protected] Resumo: O artigo que segue trata de deficiência sistemacional educativa em atender, em vários sentidos, os alunos Deficientes Intelectuais. Deficiência sistemacional esta que perpassa pelas precárias estruturas ofertadas a estes alunos até a falta de professores habilitados para a Educação Especial. A problemática que norteou este estudo procurou investigar sobre as dificuldades que os alunos com Deficiências Intelectuais enfrentam para usufruírem de seus direitos inscritos nas normas da inclusão social no bojo da seguinte pergunta: As práticas pedagógicas para o ensino, adotadas pela escola e exercidas pelos professores, são apropriadas, fazendo jus a inclusão social, e adequadas para o bom desenvolvimento do aprendizado do aluno com Deficiência Intelectual, nas classes comuns? Objetivando investigar os aspectos pedagógicos que podem ou não influenciar na permanência e aprendizagem do aluno, assim como investigar o nível da qualificação dos professores para trabalhar com essa clientela. Metodologicamente, o texto, carrega característica de cunho bibliográfico com intenções qualitativas numa abordagem dialética, por apresentar um discurso contraditório dentro de uma determinada realidade social não correspondente. Assim sendo os resultados desta pesquisa, ainda que não conclusivo e em curso, já nos proporcionam uma sucinta visão da carência, apesar da inclusão existi, de novas medidas remediativas e preventivas nas escolas públicas para melhor atenderem, nos moldes que norteiam a Lei, os alunos com Deficiência Intelectual. Palavras-chaves: Inclusão social. Deficiência Intelectual. Precarização do acolhimento. Abstract: The article that follows comes to sistemacional educational deficiency in answer, in many ways, the Intellectual Handicapped students. Sistemacional this deficiency that pervades the precarious structures offered to these students to the lack of qualified teachers for special education. The problem that has guided this study sought to investigate about the difficulties that students with Deficiê Keywords: Social inclusion. Intellectual Disabilities. Precariousness Introdução Diante das intenções das leis, em implantar novas medidas e melhora o acolhimento aos alunos com Deficiência Intelectual, este trabalho, ainda não concluído, debruça-se 102 nas questões que fomentam um discurso sobre a inclusão social e o atendimento aos alunos com Deficiência Intelectual. Leis são criadas e normas são estabelecidas para se adequar o ensino de forma que este não prejudique o aluno comum, porém que seja viável ao aprendizado do aluno com Deficiência Intelectual, entretanto, ainda é muito comum a visualização da ocorrência de um precarização nesse sistema, muito embora, melhorias foram detectadas e percebidas, muitas escolar da rede pública de ensino possuem suas salas especializadas (classe AEE1) e salas de recurso multifuncionais, mas o problema dessas unidades educacionais que possuem essa infra estrutura, reside na ausência de profissionais qualificados e preparados para lidar com esses alunos, primordialmente nas classes comuns. Primando pela busca de melhores compreensões sobre o processo de inclusão das crianças e jovens com D.I.2, empenhamo-nos em levantar e estudar as contradições existentes. Mas vale lembrar que outrora, após o processo excludente destes, o ensino ofertado a estes alunos já foi segregador, onde os alunos tinham que obrigatoriamente estudar em escolas destinadas unicamente para as deficiências. Nos dias de hoje, é bem verdade que o ensino visa a interação e a inserção destes alunos na sociedade, contudo, os métodos usuais, pelos quais se viabilizam essa inserção, ainda se encontram aquém de uma adequada inclusão por padecerem de mais conhecimentos e mais qualificações para lidarem com essa realidade. Justificativa Ao sabermos que na sociedade vigente, destaca-se aquela “mente brilhante” contendo habilidades diversas, obviamente os menos favorecidos intelectualmente são, muitas vezes, ignorados pela sociedade, ficando às margens de inúmeros benefícios, tais como empregos, ensino de qualidade, muito embora hoje, determinado por lei, uma pequena 1 Atendimento Educacional Especializado. Deficiência intelectual caracterizada por um o quadro clínicos que apresenta um desenvolvimento intelectual insuficiente dentro dos parâmetros globais. 2 103 porcentagem das ofertas vagas de empregam, são destinadas às pessoas com deficiência de vários gêneros e o ensino público também abre suas portas para receber essas pessoas, entretanto, o número de emprego é reduzido tão bem como a qualidade do ensino ofertado, que não consegue desenvolver um aprendizado eficiente a estes alunos. Pensando nisso, este artigo foi elaborado sendo instigado por algumas razões que geram a importância acadêmica, sócia e pessoal. No âmbito da importância acadêmica, esta pesquisa infere que as práticas pedagógicas adotadas para serem aplicadas nas salas comuns e do AEE necessitam ser repensados e reelaboradas pelos profissionais que estão em formação e saindo das academias, da mesma forma que esse assunto necessita de outros estudos, que explorem e avaliam o processo de inclusão social desses alunos. Em se tratando de importância social, faz-se necessário a divulgação de pesquisas como esta, uma vez que se deve levar ao conhecimento da sociedade as suas concepções oras inclusivas, ora exclusivas. Martins (2002) relata que a mesma sociedade que ora clama por inclusão, dentro das escolas e empresas, é a mesma sociedade que excluem por meio da segregação por meios de ações e condições de privilégios e não de direitos. O que torna essa questão de cunho social importante, pois o que de carece fazer é organizar um só movimento que ‘levante a bandeira” em prol da interaç~o social de pessoas com Deficiência Intelectual. Quanto à importância pessoal, valemo-nos desta pesquisa não somente para enriquecer currículo, mais primordialmente para tomarmos conhecimento do que nos aguarda do lado de fora da Universidade. Com quais desafios reais teremos que lidar e enfrentar na carreira profissional. Realidades e desafios estes que nós, acadêmicos, conhecemos muito bem quando estão expostos em papel, na tão famosa teoria, contudo, a realidade se faz presente de uma forma muito diferente, exigindo não meros conhecimentos teóricos, embora sendo relevantes, mas a habilidade para manusear esse trabalho que não é acessível à qualquer profissional, colocando em prática a então tão falada, nos meios acadêmicos, práxis pedagógicas. 104 Objetivo Geral - Identificar os aspectos pedagógicos da classe comum e do AEE que influenciam no acesso e na permanência, com sucesso, do aluno com deficiência intelectual no contexto escolar da rede pública. Objetivos Específicos - Identificar na escola as práticas pedagógicas que favorecem o acesso e a permanência do aluno com deficiência intelectual na escola; - Observar a prática pedagógica dos professores junto aos alunos com deficiência intelectual nas classes regular e do AEE; - Investigar a formação dos professores do AEE para lidar com as necessidades específicas de aprendizagem do aluno com deficiência intelectual. Referencial Teórico Na busca de teorias viáveis, que partam do comprometimento social e que trabalhe para melhorar a qualidade do atendimento educacional especializado, destacaremos aqui os referenciais que fundamentam a elaboração desse trabalho. Referenciais que se encadeiam na intenção de subsidiar melhores informações neste projeto que, por sua vez, se liga aos interesses de uma minoria educacional marcada por desvantagens oriundas da deficiência intelectual. A partir desta perspectiva, busca-se respostas, motivos e possíveis soluções para a problemática, do acesso e permanência do aluno com deficiência intelectual, traduzido pela inclusão escolar. Segundo Freitas. As novas formas têm que ser pensadas em um contexto de luta, de correlação de forças – às vezes favoráveis às vezes desfavoráveis. Terão que nascer no próprio “ch~o da escola”, com apoio dos professores e pesquisadores. (Freitas 1991, p.23) Ao abordar esta temática, convêm mencionar que por muito tempo pessoas com Deficiência Intelectual estiveram fora do contexto da sociedade por serem tidas como incapazes de interagir com os demais. Essa concepção se arrasta no contexto social antes 105 da Idade Média, mas é a partir dessa época, da história da humanidade, que a Deficiência Intelectual começa a ser marcada e estigmatizada, inclusive pela própria Igreja, associando-se a fatores religiosos muitos dos discursos para separar essas pessoas do resta da sociedade. Dentro desse contexto histórico a Deficiência Intelectual passou por várias fases de visualização desde ao abandona até ao sacrifício em extermínio. A Deficiência Intelectual já foi segregada, já foi integrada e hoje passa pela reformulação da inclusão segundo Paranzoni (2000), e é dentro dessa análise que Adelaide Braga, em seu artigo nos diz que para ocorrer a quebra desse paradigma a efetivação dessa inclusão é substancial que todos ( na figura da escola) estejam engajados para edificar esse trabalho. Pessoas com Deficiência Intelectual integram um grupo alvo de preconceito e de exclusão, em particular no campo da educação, muito embora documentos como a Declaração de Salamanca3 (1994) venha defender os direitos dessa classe criando possibilidades para que essas pessoas tivessem e continue tendo o espaço adequado para o ensino aprendizado delas. A partir daí, tendo em vista a “educaç~o para todos”, o Brasil iniciou a construção e reformar que abarcasse a educação básica como um todo com vista na educação inclusiva, entretanto, Fagliari (2012) levanta o argumento de que esse objetivo ainda não teve a sua totalidade atingida, pois apesar dos esforços ditados pelas leis que amparam a inclusão, ainda não houve a universalização sequer da educação básica no Brasil, tampou a universalização da educação inclusiva o que gera um desafio às políticas de implementação de tais ações as quais são analisadas por Kassar (2011) a qual coloca que uma das causas para essa falha se dá na déc. de 90 com o governo Fernando Collor de Mello, quando o governo passa a adequar o mercado brasileiro às organizações do mercado mundial, dando ênfase ao discurso da modernização econômica levantando críticas à ação direta do Estado nos setores vinculados a proteção social, nesse período o cenário econômico e social começou a carregar tensões o que abalou as estimativas das propostas de ações voltadas às políticas de inclusão, Kassar também alerta para a necessidade de se voltar 3 Resolução das Nações Unidas que trata dos princípios, política e prática em educação especial. 106 os olhares para dentro da escola na intenção de se identificar os diferentes desafios que se mantêm escondidos e passam despercebidos pelos olhos do corpo pedagógico. Com efeito, fazendo-se fundamentalmente importante tal análise de Kassar ao propor esse olhar para dentro da escola na tentativa de coletar falhas internas buscando instigar o senso críticas dos professores e é nesse sentido que Melo (2010, p.4) pretende desvelar as percepções desses profissionais acerca das faltas e de novas estratégias pedagógicas pertinentes ao processo de inclusão. Nesse sentido faz-se também importante o trabalho socializado, interno e externo às paredes da escola, a fim repensar a integração das pessoas, em especial as crianças, na sociedade e principalmente na escola. Infere-se aqui que em muitos casos de Deficiência Intelectual os primeiro sinais são notados na escola, o que faz desta, tomando como reforço, uma peça fundamental para acolher e cuidar dessas crianças, criando nesse processo um trabalho conjunto da escola juntamente com a sociedade e família para que todos possam compor a tríade que enfrentará a exclusão. Sabendo-se que essas trocas sociais influenciam na inclusão do aluno com Deficiência intelectual, colocando na prática as palavras de Rubem Alves (2001, p 67) quando diz que a escola é o espaço compartilhado de todos. Mudanças atitudinais, e conceituais deveriam se engajar Metodologia Esta pesquisa segue um padrão bibliográfico, por ter se apoiada em concepções de outros autores que exploraram o assunto. Dessa mesma forma, esta pesquisa também pode ser considerada exploratória, uma vez que não se embasou somente em leituras mais também em observações e entrevistas acerca do tema em campos. As observações feitas dentro desta pesquisa carrega uma perspectiva qualitativa, haja vista que se preocupou em coletar dados condizentes com as perguntas que se intencionou investigar, assim como aqui se escreve numa abordagem dialética, por considerar que a realidade percebida, dentro da pesquisa, entra em contradição com o 107 discurso social da inclusão, ou seja, muito se fala que a inclusão social existe, porém, não se efetua necessariamente na prática. Os dados coletas desta pesquisa se deram através das observações com todos o sujeitos da mesma (professores e alunos com Deficiência Intelectual), sendo que os questionários e entrevistas fora aplicados apenas com parte desse sujeito (os professores) Resultados Foi detectado, nesta pesquisa, por meio das entrevistas e observações que, a grande maioria os professores da classe comum da rede pública de ensino, não estão habilitados para lidar com essa clientela. Ainda se encontrando sem suportes técnicos e sem conhecimentos específicos sobre as diversas informações que circundam a Deficiência Intelectual, o que exigem um mínimo possível de entendimento sobre as “crises”, as os horários dos medicamentos, as limitações e potencialidades da Deficiência Intelectual. Diante dos parciais resultados coletadas, foi possível diagnosticar que os professores, assim como a Gestão da escola como um todo, ainda esta aquém de atender com todo rigor as necessidades de aprendizagem dos alunos com Deficiência Intelectual. Alguns fatos percebidos durante as entrevistas com os professores, tais como: você, professor, consegue ajustar as atividades da classes comum ao aluno com Deficiência Intelectual de forma a integralizá-los nas dinâmicas metodológicas da Tuma? Foram substanciais e cruciais para se definir que tais professores não detêm técnicas e didáticas apropriadas para incluir os alunos ao restante comum. Muitos deles assumem a necessidade de uma especialização voltada ao atendimento destes alunos, outro, entretanto, acham desnecessários, pois dizem que os alunos não interagem com a classe comum e que direcionar um estudo para atende-los dentro das classes comuns é desnecessários, pois existem classes do AEE designadas a tal fim. Vale ressaltar que mesmo os professores da classe do AEE ainda carecem de melhores conhecimento e de estruturas, que não lhes são garantidas por parte da Gestão da escola. 108 Considerações Finais. A presente pesquisa ainda se encontra em curso, assim sendo os resultados apresentando são parciais, tão bem como estas considerações, por essa razão não se pode dar por encerrado este estudo, com isso, ao passo que este estudo segue, fechamos este texto deixando ainda grandes incógnitas acerca da inclusão social das crianças e jovens com Deficiência Intelectual nas escolas públicas de ensino. Incógnitas estas que desejamos serem preenchidas por outros estudos que adentrem nesse rol dessa pesquisa. Portanto, para não concluir, enfatizamos que as setas estão indicando os caminhos novas perspectivas e novos entendimentos sobre este tema que, bem ou mal, diz respeito a cada cidadão desta sociedade. Referências BRAGA, Adelaide Maria melo. A INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL EM ESCOLAS REGULARES. PPGED/UFPI, Piauí, n.1, p 1-13 Junh./Dez 2010. FAGLIARI, Solange Santana dos Santos. A educação especial na perspectiva da educação inclusiva: Ajustes e tensões entre a política federal e a municipal. 2012. 267 f. Dissertação (Mestrado em Educação e Sociedade) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo. KASSAR, Mônica de Carvalho Magalhães. Educação na perspectiva da educação inclusiva: Desafios da implantação de uma política nacional. Educ. ver, Curitiba/UFPR, n. 41 – p.61-79. ISSN 0104-4060. MARTINS, J. de S. / A sociedade vista do abismo: novos estudos sobre exclusão, pobreza e classes sociais / José de Souza Martins. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. PARAMAZONI, Vaneza Cauduro. A evolução do (pré) conceito de deficiência. Ver. Centro de educação, Santa Maria n. 16, 2000. Disponível em <htpp://coralx.vfsm.br/revce/ceesp/2000/02/a2.htm> Acessado em 16/03/2015. VER. BRAS. EDUC. ESPEC., São Paulo, Vol 15. Marilia. 2009. São Paulo. Disponível em <http://dxdoi.org/10.1590/s1413-65382009000200011> Acessado em 20/03/2015. 109 AÇÃO DOCENTE COM ABORDAGEM LÚDICA E INTERDISCIPLINAR SOBRE LUZ SOLAR E VIDA Hanna Tamires Gomes Correa UEPA [email protected] Nayara Cristhine dos Santos Silva UEPA [email protected] Cássia Regina Rosa Venâncio Oliveira UEPA [email protected] Resumo: O tema Luz Solar e Vida por ser abrangente, possibilita que todos possuam conhecimentos prévios sobre ele, criando assim, um ambiente favorável para o desenvolvimento de conhecimentos científicos presentes na temática, tais como a importância da luz solar para a temperatura, vitamina D e fotossíntese. Desta forma, o objetivo do presente trabalho é abordar por meio do lúdico e de forma interdisciplinar o tema Luz Solar. A pesquisa foi realizada em uma escola pública de Belém, com uma turma do 4º ano, a partir de uma abordagem qualitativa descritiva, foi constituída de três momentos, sendo eles a roda de conversa sobre a Luz solar, diálogo explicativo e jogo sobre o tema. No primeiro momentos todos os educandos possuíam algum conhecimento sobre o tema, 36,3 % das crianças, a maioria, relacionou luz solar à vida por sua importância na produção de vitamina D, ao final da atividade 90% dos educando compreenderam e associaram o tema à temperatura, respiração e vitamina D. Por fim, a pesquisa percebeu e relatou o conhecimento prévio dos alunos, e promoveu a participação em atividades pautadas na interdisciplinaridade do ensino de Ciências, por meio da atividade lúdica. Palavras-chave: Ciências Naturais. Lúdico. Interdicisplinaridade Introdução A vida depende direta ou indiretamente dos efeitos da luz solar. Além de manter a temperatura do ambiente, os raios solares são responsáveis pela intensificação da produção de vitamina D, a qual age como fixador de cálcio nos seres humanos. (VILELA, 2014). Além da relevância para os seres humanos, a luz do sol é de extrema importância para a realização da fotossíntese, processo pela qual as plantas captam a energia luminosa por meio dos estômatos e a convertem em energia química, transformando gás carbônico e água em Glicose (absorvido pelos vegetais) e Oxigênio (O2), o qual é liberado na atmosfera para que aconteça o processo de respiração pelos seres vivos. Deste modo, o tema Luz Solar apresenta potencial para a auxiliar na construção da aprendizagem dos alunos e contribuir para que os mesmos possuam formação crítica e 110 criativa, por meio da interdisciplinaridade, visto que, este tema apresenta vasta quantidade de informações, possibilita semelhantemente, o aprofundamento teórico em diferentes áreas do conhecimento, e o estudo da Luz Solar pode ser aplicado e evidenciado na vida de todos. Em suma, a interdisciplinaridade requer equilíbrio entre amplitude, profundidade e síntese. A amplitude assegura uma larga base de conhecimento e informação. A profundidade assegura o requisito disciplinar e/ou conhecimento e informação interdisciplinar para a tarefa a ser executada. A síntese assegura o processo integrador. (JAPIASSU, 1976, p. 65-66) A interdisciplinaridade no ambiente escolar é uma interação entre os conteúdos, na qual estes irão se complementar. Esta interdisciplinaridade propiciou uma melhor compreensão das disciplinas entre si, através do tema escolhido e promoveu a interação entre educador e educando. Visto que o processo de ensino e aprendizagem precisa está associado e contribuir no contexto do aluno, de acordo com Edgar Morin (2005, p. 23). a reforma necessária do pensamento é aquela que gera um pensamento do contexto e do complexo. O pensamento contextual busca sempre a relação de inseparabilidade e as inter-retroações entre qualquer fenômeno e seu contexto, e deste com o contexto planetário. O complexo requer um pensamento que capte relações, inter-relações, implicações mútuas, fenômenos multidimensionais, realidades que são simultaneamente solidárias e conflitivas (...), que respeite a diversidade, ao mesmo tempo que a unidade, um pensamento organizador que conceba a relação recíproca entre todas as partes. Essa relação recíproca deve ser pautada no respeito entre educador e educando e sempre visando alcançar o desenvolvimento do aluno, este projeto considera como auxílio para esse desenvolvimento o lúdico, visto que, este é capaz de colaborar para o desenvolvimento físico, emocional e cognitivo. Além disso, o presente artigo destaca que cada criança é um ser único, assim, aprendem de maneiras diferentes, uma delas é o lúdico. Com isso, a importância da temática pesquisada refere-se ao entendimento do aluno como um indivíduo integrado e completo, dotado de vivencias e experiências as quais lhe concernem entendimento de diversos aspectos, conhecimentos estes que devem ser levados em consideração no processo de construção de novos e mais específicos conhecimentos, visto que o conhecimento significativo deve ser a interação entre ideias anteriores e ideias com significado para o alunos, sempre a seguir 111 processos, os quais devem ser seguidos pela prática pedagógica, a buscar melhores formas de ajudar o educando no seu desenvolvimento. Ou seja, o conhecimento significativo: É o produto significativo de um processo psicológico cognitivo (“saber”) que envolve a interacç~o entre idéias “logicamente” (culturalmente) significativas, ideias anteriores (“ancoradas”) relevantes da estrutura cognitiva particular do aprendiz (ou estrutura dos conhecimentos deste) e o “mecanismo” mental do mesmo para aprender de forma significativa ou para adquirir e reter conhecimentos (AUSUBEL, 2003, folha de rosto). Estudar e aplicar o tema luz solar em uma abordagem interdisciplinar é importante devido a dissociação dos temas na área de ciências naturais abordados a nível fundamental, visto que as escolas se limitam aos temas relacionados, na maioria dos casos, à biologia, deixando de mostrar aos alunos desde o início de sua formação que as disciplinas estão relacionadas entre si de maneira complementar, assim, de extrema importância para o sucesso acadêmico do indivíduo. Por meio desse estudo será possível exemplificar aos professores que teoria e prática devem ser associadas, ou seja, que o conhecimento a ser construído com os alunos deve partir de conhecimentos que os mesmos já possuem, visto que O Educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos. (FREIRE, 1975, p. 78). Desse modo, essa pesquisa exemplifica que o ensino de ciências por meio da interdisciplinaridade, do diálogo e do lúdico possui maior êxito na formação do educando. Pois, de acordo com Kishimoto e Monaco (1997, p. 2): A rotina escolar não deve pautar-se pelo modelo escolar, com horários fixos de atividades dirigidas pelo professor, mas abrir-se para a exploração da criança. É importante o suporte material e humano: professor interativo, sempre pronto a auxiliar as crianças a resolver seus problemas e adquirir conhecimentos em oficinas opcionais com pequenos grupos. É importante frisar que há pouca produção nesta abordagem, mesmo que o tema luz solar possua vasta produção existe a dificuldade em encontrar esse tema a englobar as três disciplinas que constituem a grade curricular de Ciências Naturais no Ensino Fundamental I. 112 O presente projeto visa contribuir para a melhoria da prática educativa no nível fundamental, a apresentar a interdisciplinaridade como forma de evitar que o grande percentual de pessoas com dificuldades nas disciplinas física e química continue a acrescer. A escolha do tema Luz Solar e Vida se deu a partir do questionamento: A Luz Solar faz bem ou não para os seres vivos? Sabe-se que muito se discute sobre a questão da luz do Sol, e que esta é, em alguns momentos, vista como prejudicial para os seres humanos. Mas até onde esse questionamento é verdadeiro? Entende-se que sem a luz solar não existiria vida, pois esta é de extrema importância para a sobrevivência do homem. Assim, o projeto foi criado para responder tais indagações e mostrar que é possível utilizar a interdisciplinaridade na área de Ciências Naturais no ambiente escolar. Dessa forma, o presente trabalho possui o objetivo de abordar por meio do lúdico e de forma interdisciplinar o tema Luz Solar. Referencial Teórico A ramificação dos conhecimentos em nível de aprofundamento é de extrema importância, desta forma, a separação deles no ensino escolar deveria ser semelhantemente com esse intuito, entretanto, os assuntos são isolados como se não fizessem parte de um todo, o qual é a realidade. Como destaca a autora: a ciência moderna se constitui pela adopção da metodologia analítica proposta por Galileu e Descartes. Isto é, se constituiu justamente no momento em que adoptou uma metodologia que lhe permitia "esquartejar" cada totalidade, cindir o todo em pequenas partes por intermédio de uma análise cada vez mais fina. Ao dividir o todo nas suas partes constitutivas, ao subdividir cada uma dessas partes até aos seus mais ínfimos elementos, a ciência parte do princípio de que, mais tarde, poderá recompor o todo, reconstituir a totalidade. A idéia subjacente é a de que o todo é igual à soma das partes. (POMBO, 2004, p. 5-6). Essa soma de partes é necessária ao ensino, e em especial, ao ensino de ciências, por englobar três disciplinas básicas para a compreensão de fenômenos da realidade. Porém, para que haja está relação é necessário que o educador seja ativo e reflita sobre a importância de tal interdisciplinaridade. Como frisa Ivani Fazenda: 113 Passa-se de uma relação pedagógica baseada na transmissão do saber de uma disciplina ou matéria, que se estabelece segundo um modelo hierárquico linear, a uma relação pedagógica dialógica na qual a posição de um é a posição de todos. Nesses termos, o professor passa a ser o atuante, o crítico, o animador por excelência (1979, p. 48-49). O presente trabalho optou por fazer essa interdisciplinaridade por meio do lúdico, dado que se pretende usar a realidade da criança como apoio e contribuir nesta realidade. E o lúdico possui essa capacidade, pois faz parte do contexto da criança e é sua forma de representação da vivência. Além disso, o lúdico contribui para uma educação prazerosa e de qualidade para a criança. De acordo com o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil: As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhes são próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias que presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão submetidas e seus anseios e desejos (...) O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação. (BRASIL, 1998, p.21-22). Destarte, é necessário que os professores reflitam sobre a importância do lúdico e da interdisciplinaridade; que sejam capazes de respeitar as formas de aprendizagem dos educandos; de criar ambientes favoráveis a aprendizagem e de ser lúdico, a considerá-lo a partir dessa perspectiva: O professor-lúdico é aquele capaz de acolher as produções lúdicas da criança e reconhecer nelas sua íntima ligação com o aprender. No jogo compartilhado com a criança, acolher as fantasias, provocar o despertar da criatividade e do desejo de saber (Alves apud. OLIVEIRA, 2009, p.98). Procedimentos Metodológicos A pesquisa foi feita a partir de uma abordagem qualitativa descritiva, pois almejou relatar os conhecimentos prévios dos alunos ao participarem de atividades pautadas na interdisciplinaridade do ensino de Ciências, por meio de atividades lúdicas. Este estudo foi realizado em uma escola pública localizada na cidade de Belém, na turma de 4º ano. 114 A coleta de dados foi realizada com aplicação de atividades constituídas por três momentos, os quais foram: 1º Momento: Iniciar com a tempestade cerebral, a fim de tomar conhecimento do que os alunos já sabiam sobre o tema Luz Solar e Vida. A realizar perguntas tais como: o que é o Sol? O que o Sol tem a ver com vocês? 2º Momento: deu-se início ao diálogo expositivo, utilizando o esquema do anexo 1, em que foi apresentada a luz do Sol sendo composta por um conjunto de cores e sendo composta por diversos tipos de radiação: a visível, Infra vermelho e ultravioleta, a exibir um arco-íris (fictício) para as crianças observarem o espectro das cores. Em seguida, houve a discussão sobre a relação da luz solar com a fotossíntese, pois a luz é responsável por ceder energia para que esse processo ocorra. Cabe destacar que a água e o co2 também estão nesse processo. Para melhorar o entendimento das crianças foi utilizado uma árvore na direção do sol (fictícios) para que as crianças visualizem o tema abordado. Para finalizar o diálogo sobre o tema, foi frisada a importância do banho de sol como destruidor de vírus e bactérias, e estimulador da produção de vitamina D, a qual auxilia na prevenção e tratamento de doenças nos ossos, por meio da absorção de cálcio; o sol também ajuda a baixar o colesterol e pressão arterial; proteger contra o câncer de mama; melhorar a qualidade do sono, por meio da melanina entre outras utilidades. Também foi discutido com as crianças sobre as doenças ocasionadas pelo recebimento inadequado de luz solar, tais como o câncer de pele. Para auxiliar o entendimento das crianças, elas viram o desenho de uma criança (fictícia) exposta ao sol. 3º Momento: aplicou-se um jogo de tabuleiro, adaptado de um recurso do site do Ministério da Educação, a Trilha Ecológica, no qual as crianças eram as peças do jogo e deviam cumprir uma trilha, revisando e avaliando os conhecimentos que haviam adquirido quanto ao assunto, sempre a revisar e a perguntar, a fim de estimular a criatividade da criança. A trilha teve início na Física com a exemplificação das radiações, e a composição das cores no espectro visível; após esta etapa a criança alcançava os conhecimentos relativos à Química, a tratar da fotossíntese e importância da luz solar 115 como energia necessária a vida; e, por fim, estudou a Biologia ao relacionar o Sol com a vida humana, quanto aos benefícios e malefícios causados pelo banho de Sol. Os informantes foram codificados para garantir o anonimato. O consentimento foi obtido verbalmente após explicação dos objetivos do estudo e finalidade dos resultados. Apresentação e discussão de dados A presente pesquisa considera que projetos, como esse, são ferramentas para transformar sonhos, ideias e teorias em ação. Cabe ressaltar que foram encontradas dificuldades para a realização do mesmo, tais como a falta de estrutura, disponibilidade de horário, turmas e espaço para a realização das atividades. Porém, cabe aos educadores superar estás dificuldades e trabalhar com o possível. Desta forma, a pesquisa foi realizada e alcançou seu objetivo de abordar o tema Luz Solar em uma perspectiva lúdica e interdisciplinar, a possuir forte participação dos alunos em todos os momentos da mesma. No primeiro momento do projeto houve a realização de duas perguntas, a primeira: O que é o Sol? Nesta pergunta os alunos apresentaram um momento de silencio e logo lembraram de características do Sol capazes de formar uma concepção geral da turma sobre o mesmo, o primeiro aluno a se manifestar afirmou que “é um lugar muito quente, se a gente tocar nele vamos virar carv~o” (Aluno 15), a partir desta colocação os alunos foram apresentando suas ideias até que um deles chegou à conclus~o que “o Sol n~o é um planeta” (Aluno 2), com essa afirmaç~o todos os outros alunos afirmaram que o Sol é uma estrela, sem a necessidade das acadêmicas as quais aplicavam o projeto realizar essa conceituação. A segunda pergunta inicial foi “o que o Sol tem a ver com vocês?” E praticamente todos os alunos, exceto 2 de toda a turma, relataram qual a importância do Sol para eles, ou seja, já possuíam conhecimento prévio referente a importância da Luz Solar para a vida, conforme o gráfico 1: 116 Gráfico 1 Após este momento a explicação dialogada teve início com êxito, pois todos os alunos já haviam recordado de algum conhecimento sobre está temática, caberia apenas aprofundar o conhecimento, apresentando ideias novas aos educandos, de acordo com Ausubel: as ideias ancoradas na estrutura cognitiva, não só manifestam, inicialmente, pouca força de dissociabilidade, como também a perdem muito rapidamente, pois estas novas ideias podem representar-se, de forma adequada, pelas que estão mais estabelecidas, para fins de memória. Por outras palavras, pressupõese que apenas as variantes categóricas discrimináveis de ideias anteriormente apreendidas possuem potencialidades de retenção a longo prazo (2003, p. 170). Já no momento do jogo foi possível notar que as crianças compreenderam a importância do Sol para a luz visível, para a temperatura, para a produção de vitamina D, para a fotossíntese e para a respiração. Pois todos os alunos ultrapassaram as perguntas propostas na trilha e acertaram. Ao término da rodada com os alunos da turma em que o projeto foi aplicado, houve a liberação para que alunos de outras turmas participassem, porém, estes alunos não obtiveram explicação das graduandas, e sim dos próprios alunos os quais já haviam jogado, e todos os alunos se dispuseram a ajudar os colegas e 117 utilizaram termos mais científicos, tais como espectro da luz, conseguiram explicar a fotossíntese e alertaram para os cuidados com a pele.Para Coll (1995, p. 149), a significância da aprendizagem não é uma questão de tudo ou nada e sim de grau; em conseqüência, em vez de propormo-nos que os alunos realizem aprendizagens significativas, talvez fosse mais adequado tentar que as aprendizagens que executam sejam, a cada momento da escolaridade, o mais significativa possível. Com isso, foi possível notar que os alunos obtiveram aprofundamento no conhecimento da temática em áreas específicas, obtiveram informações gerais e aplicaram o conhecimento a sua vivência de maneira crítica e criativa, assim, a interdisciplinaridade e o lúdico possuem como objetivo formar o educando de maneira integral, assim, formar indivíduos autônomos e críticos e levá-los a desenvolver as capacidades intelectuais e afetivas adequadas, fazendo com que trabalhem com conteúdos históricos abertos e variados, e não com conteúdos fechados e determinados como ainda são com freqüência as narrativas que provocam disputas (LAVILLE, 1999, p. 125-138). O êxito do projeto se deu pelos conhecimentos ancoradouros os quais os alunos já possuíam, ou seja, conhecimentos firmes sobre luz solar, capazes de os fazer associar os conhecimentos novos propostos pela pesquisa aos seus conhecimentos subsunçores, responsáveis pela aprendizagem significativa. Isso foi notório ao final da atividade, visto que os alunos se propuseram a ministrar a aula aos alunos de outras turmas e todos esses outros alunos conseguiram cumprir a atividade e demonstrar seus conhecimentos acerca do estudado. Considerações Finais A luz solar é de extrema importância à vida no planeta Terra, por isso tratar esse tema com crianças foi capaz de fazê-las perceber que os assuntos escolares fazem parte de suas vivências e por isso podem ser entendidos como um todo, e não 118 fragmentos de áreas do saber. O objetivo do projeto foi alcançado, por meio do lúdico e de forma interdisciplinar os educandos compreenderam o tema Luz Solar. Por meio desta pesquisa e aplicação do projeto, nota-se que o ensino de Ciências, a fazer uso da interdisciplinaridade e do lúdico, se torna de fácil compreensão aos alunos. Pois estes já trazem consigo um conhecimento prévio, que muitas vezes é desconsiderado pelo educador. No entanto, se levado em consideração, pode transformar uma aula monótona em uma aula criativa e dialogada, no qual será dada voz as experiências dos alunos. Em suma, a ação docente pautada em estratégias pedagógicas pensadas para o melhor desenvolvimento dos alunos possibilita a apreensão de saberes de forma mais prazerosa, eficaz e precisa. Referências AUSUBEL, David. P. Aquisição e Retenção de Conhecimentos: Uma Perspectiva Cognitiva. Lisboa: Plátano, 2003. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. CAVALHEIRO, Carlos Alexandre. Espectro Visível. Disponível em:. Acesso em: out, 2015. COLL, César. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995, 3v. FAZENDA, Ivani C. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia. São Paulo: Loyola, 1979 FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. GONZALEZ, Félix H. D. Fotossíntese. Rio Grande do Sul:UFRGS, 2012. 119 JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. KISHIMOTO, Tizuko. MONACO, Roseli. Construir brinquedos e organizar espaços de brincadeiras como parte integrante do projeto pedagógico. São Paulo: LABRIMP/FEUSP/FUND.ORSA, 1997. LAVILLE, Christian. A guerra das narrativas: debates e ilusões em torno do ensino de História. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 19, nº 38, p. 125-138. 1999. MORIN, Edgar. Educação e complexidade, os sete saberes e outros ensaios. São Paulo: Cortez, 2005. OLIVEIRA, ML., org. (Im)pertinências da educação: o trabalho educativo em pesquisa [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 193 p. ISBN 978-85-7983-022-8. Available from SciELO Books <<http://books.scielo.org>> POMBO, Olga. Interdisciplinaridade: conceito, problema e perspectiva. In: A interdisciplinaridade: reflexão e experiência. Lisboa: Universidade de Lisboa, 1993. VILELA, Everaldo. Conheça os Principais Benefícios da Luz Solar Para os Seres Vivos. Disponível em: http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/conhecaos-principais-beneficios-da-luz-solar-para-os-seres-vivos/. Acesso em: out, 2015. 120 BLAISE PASCAL E A TEORIA DAS PROBABILIDADES SAUL RODRIGO DA COSTA BARRETO – UEPA [email protected] MARCELO BAIA DA SILVA – UEPA [email protected] DEUSARINO OLIVEIRA ALMEIDA JÚNIOR – UEPA [email protected] DR. MIGUEL CHAQUIM – UEPA [email protected] RESUMO Este trabalho objetiva remontar as origens da teoria da probabilidade focando na figura de Blaise Pascal, caracterizaremos momentos no desenvolvimento da teoria matemáticas das probabilidades que desde a pré-história já tínhamos relatos de pensamentos probabilísticos, passando aos trabalhos de Cardano, Paccioli e Tartaglia. Tendo como maior referência na sua origem os trabalhos de Pascal e Fermat na solução do problema dos pontos proposto por Paccioli 160 anos antes. Para tanto, iniciaremos com uma explanação da história na Europa do século XVII, passando por alguns trabalhos de matemáticos da época, para então falarmos de nosso personagem, bem como seu contexto cultural, social, político e geográfico. Palavras-chave: Blaise Pascal. Teoria da Probabilidade. Jogos. Matemática ABSTRACT This work aims to back the origins of probability theory focusing on Blaise Pascal, characterize moments in the development of mathematical probability theory that since prehistory already had reports of probabilistic thinking, through the work of Cardano, Paccioli and Tartaglia. With the largest reference in its origin Pascal and Fermat's work in solving the problem of the points proposed by Paccioli 160 years before. Therefore, we will begin with an explanation of history in seventeenth-century Europe, through some mathematical works of the time, so to speak of our character as well as its cultural, social, political and geographical. Keywords: Blaise Pascal. Probability Theory. Games. Mathematics INTRODUÇÃO Este trabalho de história da matemática tem como objetivo o estudo da teoria da probabilidade ao longo da história, mas em particular a partir Blaise Pascal, possibilitando situar a teoria matemática das probabilidades em seu real contexto cultural, social e político de seus criadores, situando assim seu desenvolvimento no espaço na história mundial, com sua linguagem e simbologia. 121 Mas só se verificou um avanço efetivo quando, em 1654, o Chevalier de Méré, um hábil e experiente jogador, cujo raciocínio teórico sobre o problema não coincidia com suas observações, o propôs a Pascal. Este se interessou pelo problema e o levou ao conhecimento de Fermat. Seguiu-se uma notável correspondência entre os dois matemáticos, na qual o problema foi resolvido correta, mas diferentemente por cada um deles. Pascal resolveu o caso geral, obtendo muitos resultados através do uso do triangulo aritmético. Essa correspondência lançou os fundamentos da moderna teoria das probabilidades. (EVES, 2004, p. 365) Nesse sentido, constatamos que a partir das correspondências trocadas entre Pascal e Fermat surgiu a moderna teoria das probabilidades. Para tal, começaremos com uma visão histórica da humanidade no Século XVII, mais especificamente na França, na Inglaterra e na Espanha, analisando práticas, ensinamentos e enfoques culturais, bem como o desenvolvimento científico e tecnológico da população da época para então nos atermos ao personagem em questão, estudando suas produções e o desenvolvimento de seu saber matemático, observando seus contemporâneos e personagens importantes que contribuíram para a evolução da teoria das probabilidades. Os estudos iniciaram durante o desenvolvimento da disciplina História da Matemática como recurso didático, tomando por base o diagrama metodológico (Figura 1) constante em Chaquiam (2015), e a partir deste foi gerado outro diagrama (Fígura 2) que serviu como base para a escrita deste texto. No entanto não deixaremos de discutir as repercussões e polêmicas associadas a Pascal e a probabilidade. UM PANORAMA HISTÓRICO Para que se possa entender um pouco mais a respeito não só a teoria das probabilidades, mas de suas motivações, é necessário que se entenda o contexto social em que este viveu Blaise Pascal, com isto, não me refiro apenas à França, país onde ele nasceu, mas a toda Europa do século XVII. No século XVII, os europeus consideravam o mundo imprevisível, onde o natural e o sobrenatural misturavam-se. Era Deus, Diabo ou simplesmente os astros que justificavam todos os fenómenos naturais daquela época. O saber universitário estava impregnado de superstições, estudavam-se os velhos textos dos pensadores antigos cujas afirmações se tomavam como certas e inquestionáveis. Havia um respeito 122 gigantesco pelas autoridades antigas e apenas uma pequena minoria de eruditos que defendiam uma mentalidade crítica, o valor da experiência e a vontade de aprender. Fruto deste interesse a Europa foi inundada de Viagens de Descobertas, Gabinetes de Curiosidade e Associações Científicas, nas quais se faziam experiências e divulgavam descobertas, acumulavam-se debates, coleções de objetos, livros raros, maquinismos, plantas e animais. Neste ambiente onde o gosto pela observação direta dos fenómenos era imperativo deu-se a revolução científica. Esta revolução transformou as antigas concessões sobre o Homem/Natureza e criou uma nova forma de atingir o conhecimento. Os experimentalistas procuraram um método que o guiasse nas novas pesquisas, evitando erros. Francis Bacon expôs etapas do método indutivo, Descartes uma nova forma de pensar através do célebre Discurso do Método, uma das bases do pensamento racionalista, mas também conduziu à utilização progressiva da matemática: explicou as leis e os fenómenos quantificáveis. A Terra era o centro de um universo limitado e negar isto era o mesmo que pôr em causa a ordem do Mundo e mesmo o lugar do Homem. Era necessária uma revolução mental para fazer frente ao conservadorismo. Coube a Galileu mudar este pensamento. Afirmou que os corpos celestes eram perfeitos e desenvolveu a teoria heliocêntrica. Isaac Newton formulou hipóteses de um universo infinito – lei da gravitação universal. No século XVII o mundo da ciência já se encontrava solidamente estruturado. O que chamamos de revolução cientifica ou o início de uma grande corrente filosófica chamada de Iluminismo que teve seu ápice no século XVIII. O Iluminismo foi uma filosofia que combatia o Antigo Regime (Absolutismo e Mercantilismo), e pregava a liberdade econômica, a liberdade política e a igualdade jurídica. Seus ideais conquistaram principalmente a burguesia e influenciaram importantes acontecimentos como a independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesa, e no Brasil, a inconfidência Mineira e a Conjuração dos Alfaiates. Os filósofos iluministas foram influenciados pelo renascimento, pois os pensadores renascentistas valorizavam a razão, a experimentação, observação e a investigação na produção do conhecimento. Assim baseado nas concepções de René Descartes, ou nas descobertas do físico Isaac Newton, os iluministas negavam que a 123 natureza era regida por Deus. Para eles, as forças da natureza eram regidas por leis físicas. Os iluministas valorizavam as ciências e combatiam o fanatismo e as crenças religiosas. O Brasil entra no século 17 sob o domínio espanhol, com a União Ibérica (15801640). Desde a segunda metade do século 16, grupos de colonos realizaram expedições ao interior do Brasil em busca de riquezas e de escravos indígenas. Essas expedições, que saíram principalmente da Bahia e de São Paulo, eram comandadas por um capitão, autorizado pela coroa portuguesa, e ajudaram a conquistar e a ampliar a ocupação do território, até então restrita ao litoral. Com a União Ibérica, a linha de Tordesilhas não precisava mais ser respeitada. Os portugueses iniciam uma guerra contra os holandeses, que termina na expulsão destes últimos. Retomaram Recife nas Batalhas dos Guararapes e reduziram a presença dos holandeses a alguns fortes no litoral do Nordeste. MENTES CÉLEBRES DO SÉCULO XVII De acordo com Boyer (1996), no período de 1623 a 1662 (período em que viveu Pascal). Muitos personagens fantásticos apareceram no cenário cientifico mundial. Dentre tantos vou destacar Galileu Galilei (1564 – 1642), Johannes Kepler (1571 – 1630), Gérard Desargues (1591 – 1661) e Renné Descartes (1596 – 1650). Galileu Galilei Matemático, físico, astrônomo, naturalista e escritor italiano da Renascença, nascido na cidade de Pisa, Galileu herdou de seu pai o gosto pela matemática e de sua mãe o caráter colérico e certa tendência para o sarcasmo, qualidades que, com o tempo, lhe haviam de criar muitos inimigos. Segundo Rooney (2012 ), Johannes Kepler foi um matemático, astrônomo e astrólogo alemão, e figura chave na evolução científica do século XVII, pois foi o formulador de três leis fundamentais da mecânica celeste, conhecidas como leis de Kepler, ou leis dos movimentos planetários. Os principais trabalhos científicos publicados de Kepler foram: Astronomia Nova (1609), A Harmonia dos Mundos (1619) e Compêndio da Astronomia Copernicana (entre 1617 e 1621, Kepler publicou sete volumes). Estes trabalhos também auxiliaram Isaac Newton a elaborar a teoria da gravitação universal. 124 De acordo com a teórica, Kepler nasceu em 27 de dezembro de 1571, em uma pequena cidade alemã de 20 mil habitantes e de nome Weil der Stadt, localizada na região da cidade de Stuttgart, capital do Estado de Baden-Württemberg. A cidade natal de Kepler está localizada aproximadamente a 30 km a oeste do centro de Stuttgart. Kepler nasceu prematuramente e tornou-se uma criança fraca e doente, porém era muito brilhante, e com isso impressionou várias pessoas com suas fenomenais habilidades matemáticas. Kepler provou ser um magnífico matemático e sob a orientação de Michael Maestlin (professor de teologia, matemática e astronomia da Universidade de Tübingen), ele aprendeu o Sistema Ptolomaico e o Sistema Copernicano. A partir de uma perspectiva teórica e teológica, Kepler defendeu a teoria do heliocentrismo, colocando o Sol como a principal fonte de poder do universo. Kepler tinha desejo de se tornar um ministro após terminar seus estudos, porém foi indicado para exercer a função de professor de matemática e astronomia na Escola Protestante de Matemática e Astronomia de Graz, Áustria (mais tarde tornou-se a Universidade de Graz). Ele aceitou a proposta em abril de 1594, com 23 anos de idade. Segundo Eves (2004), Gérard Desargues, foi matemático, engenheiro militar e arquiteto francês de Lyon, considerado um dos fundadores da moderna geometria com sua conceituação de Geometria Projetiva. Filho de um notário real foi educado em Lyon e trabalhou inicialmente como arquiteto. Mudou-se para Paris onde entrou no círculo dos mais importantes matemáticos de sua era, como Marin Mersenne (1588-1648), Rene Descartes (1597-1650), Étienne Pascal (1588-1651), o filho e seu discípulo Blaise Pascal, Abraham Bosse (1602-1676) entre outros. Tornou-se professor em Paris e oficial do corpo de engenheiros. De pouco sucesso como autor matemático, hoje é reconhecido como de um trabalho marcante. Sua principal obra foi Brouillon projet d'une atteinteaux événements des rencontres dún cone avec un plan (1639), sobre as propriedades imutáveis dos círculos, tornou-o hoje conhecido como o profeta da geometria projetiva. Depois de projetar vários edifícios públicos e privados em Paris e Lyon, encerrou sua carreira de arquiteto (1645). Publicou L'oeuvre mathématique de Desarques (1951), editado por René Taton, Paris. Durante sua vida morou entre Paris e Lyon, mas morreu em sua cidade natal, deixando como um dos seus trabalhos mais conhecidos o Teorema 125 de Desargues. Jean Poncelet (1788-1867) recuperou seus conceitos, estabelecendo a Geometria Projetiva, onde procurou construir uma teoria geral para a Geometria com objetivo de universalizar seus conceitos. De acordo com Eves (2011), René Descartes (ou Renatus Cartesius - do qual se origina o termo "cartesiano" dado a sua doutrina) nasceu em La Haye, França, em 31 de março de 1596 e veio a falecer em Estocolmo, Suécia, a 11 de fevereiro de 1650. De uma família abastada, o pai, Joachim Descartes era advogado e juiz, possuía terras e o título de escudeiro (primeiro grau de nobreza) e era conselheiro no parlamento na província vizinha chamada de Bretanha (noroeste da França). Descartes formou-se em Direito pela Universidade de Poitiers em 1616, mas, antes disso, adquiriu ampla formação filosófica e matemática, estudando no colégio dos jesuítas. Se recusando a levar uma vida de erudito e intelectual - queria ganha experiência em contato direto com o mundo, decidiu viajar e observar. Em 1618 alistou-se no exército de Maurício de Nassau, como oficial não pago na Holanda. Ainda de acordo com o teórico, a principal contribuição de Descartes a seu tempo e aos séculos que se seguiram foi tentar fortalecer a Razão como uma ferramenta confiável para o ser humano poder interferir sobre a realidade. Na Revolução Científica que tomou conta do século XVII, os cientistas corriam por novos caminhos, que eles mesmos iam abrindo, para atingir o conhecimento. Descartes participou dessa procura. Foi exatamente no terreno movediço da dúvida que Descartes começou a procurar suas certezas. À primeira vista, é uma atitude contraditória, mas o fato é que a dúvida foi seu primeiro passo para conquistar a solidez do conhecimento. Só que não se tratava de qualquer tipo de dúvida, e não deve ser confundida com indecisão, incompetência, ignorância. A dúvida cartesiana pretendia voltar-se sobre tudo o que se supunha verdadeiro para, finalmente, construir-se uma certeza de que não se pudesse mais duvidar. E não tive muita dificuldade em concluir por quais era necessário começar, pois já sabia que era pelas mais simples e mais fáceis de conhecer; e considerando que entre todos aqueles que até agora procuraram a verdade nas ciências, só os matemáticos puderam encontrar algumas demonstrações, algumas razões certas e evidentes, não duvidei de que deveria começar pelas mesmas coisas que eles examinaram. (DECARTES, 1996, p. 24) 126 A paixão e o encanto que Descartes tinha em sua busca da certeza através da Razão nasceram do contato com a Matemática. A exatidão da Matemática, sua lógica interna, a beleza dos cálculos, a certeza dos resultados, tudo isso impressionou o filósofo. Em qualquer lugar do mundo, em qualquer época, qualquer pessoa que seguir o mesmo raciocínio para resolver determinado problema matemática chegará à mesma conclusão. Para nosso filósofo, a Matemática era a única forma de conhecimento que apresentava uma validade universal, listo é, funcionava em qualquer tempo e lugar. Assim, ele considerou a Matemática como modelo para sua reflexão filosófica, para que ela pudesse chegar ao mesmo grau de certeza. Por isso Descartes pretendeu elaborar uma Matemática universal, que serviria para todos os assuntos. Por suas grandes contribuições a matemática, é considerado o pai da geometria analítica e o plano cartesiano recebe o nome latino de Descartes. TRAÇOS BIOGRÁFICOS DE BLAISE PASCAL Segundo Boyer (1996), Blaise Pascal (1623-1662) nasceu em uma província francesa de Auvergne em uma família de situação financeira estável: o pai era um rico mercador e membro da nobreza. Após a morte da mãe quando ele tinha três anos de idade, o pai resolveu cuidar de sua educação, contratando professores para ensiná-lo em casa. Decidiu também esconder os livros de geometria até o filho completar 15 anos de idade, para que ele se concentrasse no estudo de latim e grego. Certa vez, movido por sua curiosidade perguntou ao pai, de que tratava a matemática, e este respondeu superficialmente que “era o método de fazer figuras com exatid~o e saber as proporções que elas possuíam uma em relação à outra.” (CAJORI, 2007, p. 233) Entretanto, com 12 anos, Pascal começou a usar seu tempo livre para estudar geometria em segredo, por conta própria, baseado nas poucas informações de que a matemática ensinava como traçar figuras exatas. [...] passou a pensar no assunto e com um pedaço de carvão desenhou sobre os ladrilhos do piso figuras geométricas tentando encontrar modos de construir, por exemplo, um círculo ou um triângulo equilátero exatos. Deu nomes de sua cabeça as figuras desenhadas, estabeleceu axiomas, e, em resumo, partiu para fazer demonstrações. Desta forma é dito que ele tenha descoberto, sem ajuda, o 127 teorema que afirma que a soma dos três ângulos de um triângulo é igual a dois ângulos retos.(CAJORI, 2007, p.234) Um dos poucos contemporâneos de Desargues que mostraram saber avaliar seu trabalho foi Blaise Pascal, um gênio matemático de alto nível. O estudioso descreve Pascal como sendo a maior das promessas da história da matemática para sua época. Com seu talento incomum e com uma intuição geométrica tão profunda, sob condições mais favoráveis, Pascal deveria ter produzido uma obra maior. Mas, sua saúde era frágil por isso passou grande parte de sua vida sofrendo de padecimentos físicos. Em 1630, a família se mudou para Paris e, frequentando reuniões científicas, Pascal impressionava com seus próprios estudos das seções cônicas. Em 1639, seu pai foi nomeado arrecadador de impostos da Alta Normandia. Para ajudar o pai em sua missão, ele construiu uma calculadora mecânica, a primeira do tipo, quando tinha 19 anos de idade. Por volta de 1648, ele já havia estabelecido o Princípio de Pascal. Segundo Eves (2011), ao lado do advogado e matemático francês Pierre de Fermat (1601-1665), Pascal desenvolveu as leis da probabilidade. Os resultados que os dois conseguiram são aplicados em uma variedade de operações, de tabelas de mortalidade para seguros à decomposição de partículas subatômicas. O Triângulo de Pascal, uma combinação numérica aparentemente simples, em que cada número é a soma dos dois números imediatamente acima, fornece os coeficientes da expansão binominal, combinação usada em probabilidade em outras séries numéricas. O Traité du Triangle Arithmétique de Pascal foi escrito em 1653 mas só foi publicado em 1665. Ele construía seu “tri}ngulo aritmético”. Obtém- se qualquer elemento (da segunda linha em diante) como soma de todos os elementos da linha precedente situados exatamente acima ou à esquerda do elemento desejado. Ainda de acordo com o teórico, há muitas relações envolvendo os números do triângulo aritmético, várias delas desenvolvidas por Pascal. Pascal não foi o primeiro a mostrar o triângulo aritmético — vários séculos antes esse arranjo numérico foi antecipado por escritores chineses. Como Pascal foi por longo tempo (até 1935) o primeiro descobridor conhecido do triângulo no mundo ocidental e devido ao desenvolvimento e aplicações que fez de muitas das propriedades do triângulo, este se 128 tornou conhecido como triângulo de Pascal. Uma das manifestações mais antigas aceitáveis do princípio de indução matemática aparece no tratado de Pascal sobre o triângulo. Embora os filósofos gregos da Antiguidade discutissem necessidade e contingência longa e detalhadamente, talvez seja correto dizer que não houve nenhum tratamento matemático da probabilidade até por volta do final do século XV e início do século XVI, quando alguns matemáticos italianos tentaram avaliar as possibilidades em alguns jogos de azar, como o de dados. De acordo com Boyer (1996), Cardano escreveu um breve manual do jogador que envolvia alguns aspectos da probabilidade matemática. Mas em geral se concorda que a questão à qual está ligada a origem da ciência da probabilidade é o problema dos pontos. Esse problema pede que se determine a divisão das apostas de um jogo de azar interrompido, entre dois jogadores igualmente hábeis, supondo-se conhecida a contagem no momento da interrupção e o número de pontos necessários para se ganhar o jogo. Pacioli, em sua Suma, de 1494, foi um dos primeiros autores a introduzir o problema dos pontos num trabalho de matemática. Conforme Eves (2011), Por toda a vida, Pascal se interessava em buscar um melhor entendimento da fé cristã. Com 32 anos de idade, sofreu um acidente assustador: estava em sua carruagem quando os cavalos dispararam e o veículo ficou pendurado em uma ponte. Pascal foi resgatado, mas o acidente mudou a direção da sua vida. Daquele ponto em diante, ele se dedicou quase que exclusivamente a assuntos religiosos. Seus escritos são conhecidos por sua lógica e ardor. O brilhantismo de Lettres Provinciales (Cartas Provinciais, de 1656) marcou o começo da era da prosa francesa moderna. Ainda segundo o teórico, A obra filosófica mais famosa de Pascal é Pensamentos, uma coletânea de pensamentos pessoais sobre o sofrimento humano e a fé, escritos em 1658. Ele podia escrever com autoridade sobre a dor porque sofria constantemente de enxaquecas e úlceras estomacais. Pensamentos ficou inacabado, e a melhor maneira de organizar as anotações que ele deixou tem incentivado discussões filosóficas até hoje. Pascal morreu com 39 anos de idade, provavelmente devido a um tumor maligno no 129 estômago. Apesar da vida curta, ele deixou sua marca em diversos campos, incluindo a física, matemática, geometria, filosofia e literatura cristã. BLAISE PASCAL E A TEORIA DAS PROBABILIDADES A humanidade tem lidado com a incerteza desde as épocas mais remotas na tentativa de obter vantagens em disputas e evitar perdas vindas de fatores imprevisíveis. Há milhares de anos jogos de azar têm sido parte de nossa civilização e até os dias de hoje os cálculos de eventos aleatórios são essências para o avanço de nossa economia e tecnologia. Por outro lado, levantamentos de dados estatísticos para censos populacionais e avaliação de produções agrícolas foram realizados na Europa a partir do século 11; apólices de seguros navais baseados em conceitos de risco foram emitidos na Itália e Holanda já no século 14. Antes de meados do século 17, além de considerações filosóficas sobre causalidade e acaso, v|rias investigações de problemas relativos a jogos de azar, ou, mais geralmente, a eventos sujeitos ao acaso, foram realizadas de forma esparsa. No entanto, a aplicação sistemática de análise matemática e o estabelecimento de regras gerais para a solução de tais problemas, que originou uma teoria matemática da probabilidade, entendida como uma medida da chance de ocorrência de um evento sujeito ao acaso, teve início somente em 1654 com os resultados obtidos por dois franceses, Blaise Pascal e Pierre de Fermat, em resposta a um desafio para solucionar um problema proposto 160 anos antes pelo monge franciscano Luca Paccioli. (EVES, 2011) Na Itália, e, especialmente na França, a geometria, que por um longo período permanecera quase que estacionária, começou a ser estudada com sucesso. Galileu, Torriceli, Roberval, Fermat, Desargues, Pascal, Descartes e o inglês Wallis, foram os grandes revolucionários da ciência. A mecânica teórica teve seu inicio com Fermat e Pascal lançando os fundamentos da teoria dos números e da teoria das probabilidades. (CAJORI, 2007, p. 212) Segundo Eves (2011), Os trabalhos anteriores ao de Pascal e Fermat mais notáveis são os de Cardano e Tartaglia e a contribuição de Galileu a teoria de erros de medição. Gerolamo Cardano, um famoso médico de Milão do século 16 que dedicava parte de seu tempo à matemática e era apaixonado por jogos de azar e apostas, escreveu 130 um tratado sobre apostas com o título Liber de Ludo Aleae “Livro de Jogos de Azar”. A palavra aleae refere-se a jogos de dados e tem a mesma raiz de aleatorius que significa eventos sujeitos ao acaso, dependentes de fatores incertos. Este parece ter sido o primeiro trabalho a desenvolver princípios estatísticos da probabilidade. Cardano define a probabilidade de um evento como sendo a razão entre o número de resultados favoráveis e o número de possíveis resultados, e dá indicações da importância de métodos combinatoriais no desenvolvimento de uma teoria de probabilidade. Cálculos de probabilidades e combinatórias foram também realizados por Niccolo Tartaglia (1499– 1557) em seu trabalho Tratado geral sobre números e medidas publicado em Veneza em 1556, onde o problema de Paccioli é também investigado. Conforme o teórico, o problema proposto pelo monge Paccioli em 1494, conhecido como o problema dos pontos, consiste em determinar qual deve ser a divisão do bolo de apostas quando um jogo é interrompido antes do final. Mais precisamente, suponha uma partida entre dois jogadores que é vencida pelo primeiro que fizer 6 pontos. Na hipótese de ambos jogadores terem a mesma habilidade no jogo, como se deve dividir o bolo se a partida for interrompida quando um dos jogadores tiver 4 pontos e outro 3? A solução sugerida é dividir o bolo proporcionalmente as chances (probabilidades) de cada jogador vencer o jogo. O problema está em como calcular essas chances. Este problema foi exposto a Pascal por Chevalier de Méré, um intelectual francês apaixonado por jogos e influente na corte de Luís XIV, ficando imortalizado por essa sua participação na gênese da teoria de probabilidade. Segundo Boyer (1996), Blaise Pascal foi um menino prodígio que já na adolescência havia redescoberto por si mesmo boa parte da geometria euclidiana, escrito um trabalho matemático sobre cônicas que impressionou Descartes e, aos 21 anos, inventado e patenteado uma máquina de calcular. Pascal trabalhou em problemas de hidrodinâmica, inventando o barômetro de mercúrio e a seringa, estabelecendo a conhecida lei de pressão de Pascal e provando existência do vácuo. Em 1655, aos 32 anos, resolveu se internar no monastério de Port-Royal em Paris juntando-se a uma seita católica, o Jansenismo, que defendia conceitos morais e teológicos austeros. Em seu Traité du triangle arithmétique, um fragmento de De Alea Geometriae, ele estabeleceu os 131 fundamentos para o cálculo de probabilidades, fruto do trabalho desenvolvido com Fermat. Em 1654 Pascal deu início a uma série de correspondências com Pierre Fermat (1601-1665) onde estabeleceram um método sistemático para calcular probabilidades e solucionaram o problema de Paccioli. Fermat era um advogado em Toulouse de grande erudição e um matemático notável com contribuições marcantes em teoria dos números e em probabilidade. Ele é popularmente famoso por suas proposições, ou conjecturas, entre as quais destaca-se o chamado último Teorema de Fermat que só foi demonstrado em 1993 por Andrew Wiles, 356 anos depois de proposto por Fermat. As correspondências de Pascal e Fermat foram publicadas em 1679, em Toulouse, sendo hoje consideradas a origem do desenvolvimento da teoria matemática da probabilidade. Conforme Eves (2011), em 1718, o matemático francês Abraham DeMoivre (1667–1754) publicou, em inglês, Doctrine of Chances, dedicando seu trabalho a seu amigo Isaac Newton. DeMoivre, após ser preso na França por mais de dois anos, perseguido por ser um protestante calvinista (huguenote), emigrou para a Inglaterra em 1688 e rejeitou sua pátria mãe até sua morte. Nesse livro notável, DeMoivre propôs, mesmo de forma implícita, as técnicas de reduzir problemas de probabilidade a equações diferenciais e de usar funções geratrizes para solucionar essas equações, que foram mais tarde aperfeiçoadas por Laplace. Na segunda edição, em 1738, DeMoivre reproduziu um trabalho seu publicado em 1733 no qual ele introduz, pela primeira vez, a distribuição normal, que usou como uma aproximação para a distribuição binomial (ele apresentou a distribuição normal em forma de série). Este resultado foi estendido por Laplace que obteve, para sequências de Bernoulli, o teorema limite central (este teorema para sequências de variáveis aleatórias independentes e identicamente distribuídos é hoje conhecido como o teorema de DeMoivre-Laplace). DeMoivre provou e usou em seus resultados a aproximação de Stirling para o fatorial. Andrei Nikolaevich Kolmogorov (1903–1987) foi um dos mais importantes matemáticos do século 20 com trabalhos que tiveram impactos em várias áreas da Matemática. Sua genialidade se evidenciou ainda cedo quando era aluno de graduação. Aos 18 anos obteve seu primeiro resultado independente sobre séries de FourierLebesgue. Ao se formar em 1925 na universidade já havia publicado 8 artigos cinéticos. 132 Seu interesse em probabilidade iniciou-se em 1924 e em 1925 publicou seu primeiro trabalho nesta área com Aleksandr Ya. Khintchine (1894–1959) contendo o importante teorema das “três séries” e resultados em inequações de somas parciais de vari|veis aleatórias que se tornaram a base para as desigualdades de martingales e do cálculo estocástico. Em 1928 ele determinou condições necess|rias e suficientes para a lei forte dos grandes números e provou, sob condições bastante gerais, a lei do logaritmo iterado para somas de variáveis aleatórias independentes. Em1929, havia sido publicado seu trabalho Teoria geral de medidas e teoria de probabilidade onde era apresentada a primeira descrição de uma construção axiomática baseada na teoria de medidas que havia sido criada em torno de 1901 por Henri Lebesgue e Èmile Borel. Em 1933 publicou em alemão um pequeno livro intitulado Grundbegriffe der Wahrscheinlichkeitsrechnung (traduzido para o inglês sob o título Foundations of the Calculus of Probability) onde desenvolve a teoria de probabilidade de forma matematicamente rigorosa a partir dos fundamentos axiomáticos baseados na teoria de medidas. Com essa axiomatização obteve-se a base matemática necessária para o desenvolvimento da teoria de processos estoc|sticos e para uma definiç~o rigorosa da esperança condicional, fundamentada no teorema de Radon-Nykodin da teoria de medidas. A axiomatização de Kolmogorov marcou o início do desenvolvimento da teoria moderna de probabilidade. A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA EM SALA DE AULA Em sala de aula, seria necessário um número maior de métodos que possibilitem ao professor abordar os tópicos de história da matemática como recurso didático. Para tanto, foi elaborado um diagrama a partir de Chaquiam (2015), para subsidiar o conteúdo matemático com a sua história, afim de abordar pensamentos e métodos matemáticos acerca de seus autores. 133 Fígura 1 Fonte: Chaquiam (2015) A inserção de fatos do passado pode ser uma dinâmica bastante interessante para introduzir um determinado conteúdo matemático em sala de aula, tendo em vista que o aluno pode reconhecer a Matemática como uma criação humana que surgiu a partir da busca de soluções para resolver problemas do cotidiano, conhecer as preocupações dos vários povos em diferentes momentos e estabelecer comparações entre os conceitos e processos matemáticos do passado e do presente. (CHAQUIAM, 2015, p. 2) Baseado nisto, apontamos que os tópicos de história da matemática, associados com outros recursos didáticos e metodológicos, contribuirá bastante para a melhoria do ensino e da aprendizagem da Matemática, temos uma nova abordagem da matemática em sala de aulas, mais rica, mais contextualizada e com mais dinâmica humana. Segue abaixo, o diagrama que mostra o estudo de Pascal e a probabilidade. 134 Fígura 2 Fonte: Autor, (2016) CONSIDERAÇÕES FINAIS Assim como muitos outros ramos da matemática, a probabilidade tirou proveito da variedade de suas aplicações. Por outro lado, cada avanço na teoria aumentou seu campo de influência. Podemos caracterizar os seguintes períodos no desenvolvimento da Teoria da Probabilidade, nos quais identificamos os principais pesquisadores e resultados do passado remoto aos trabalhos de Cardano, Paccioli, Tartaglia e Galileu. Trabalhos de Pascal e Fermat na solução do problema dos pontos proposto por Paccioli; publicação de Huygens — primeiras aplicações de probabilidade em demografia, seguros e erros de observações. Trabalhos de DeMoivre, Laplace, Gauss e Poisson; aplicações nas ciências naturais. Período moderno iniciado pela axiomatização da teoria de Probabilidade por Kolmogorov. REFERENCIAS: BERLINGHOFF, William P. e GOUVÊA, Fernando Q. A Matemática Através dos Tempos. Editora Blucher. 2ª ed. São Paulo, 2012 Traduzido por Elza Gomide e Helena Castro. 135 Blog Fatos Matemáticos: ; Blog:minhaespecifica-história.blogspot.com.br/2011/08/europa-no-seculoxvii.html?m=1. Acessado em 07/05/2015 BOYER, Carl B. História da Matemática. 2ª edição. Tradução: Elza F. Gomide. São Paulo: Edgar Blucher, 1996. CAJORI, Florian. Uma história da Matemática. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna LTDA., 2007. CHAQUIAM, Miguel. História da matemática em sala de aula: uma proposta para integração aos conteúdos matemáticos, XI Seminário Nacional de História da Matemática, Natal-RN. 2015. DESCARTES, René, Discurso do método; [tradução Maria Ermantina Galvão]. – São Paulo: Martins Fontes, 1996. (classicos) Encyclopedia Britannica [1979]. The New, Macropaedia. USA: Helen Hemingway Benton, 1979. EVES, Howard. Introdução à Historia da Matemática, tradução de DOMINGUES, Higino H. 5ª edição - Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 2011. FIANI, Ronaldo. Teoria dos jogos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. MENDES, Iran Abreu. O uso da história no ensino da matemática: reflexões teóricas e experiências. Belém: EDUEPA, 2001. ROONEY, Anne. A História da Matemática - Desde a Criação das Pirâmides até a Exploração do Infinito, São Paulo: Mbooks, 2012,traduzido por Mario Fecchio. Site IMÁTICA: ambiente da USP (Universidade de São Paulo), que disponibiliza várias seções, tendo como uma delas História da Matemática. 136 CICLO DA ÁGUA: PROPOSTA EDUCATIVA SOBRE A PRESERVAÇÃO DA ÁGUA AS SÉRIES INICIAIS Maria Sueli Costa Martins UEPA [email protected] Roberta Keila Mendes Tavares UEPA [email protected] Penn Lee Rodrigues UEPA [email protected] José RIbamar Castro UEPA [email protected] Tânia Roberta Costa de Oliveira UEPA [email protected] Resumo: Reconhecendo a importância da água para a vida de todos os seres do planeta, este artigo trás um estudo do ciclo da água a qual é essencial para a renovação da água sobre a terra. Para que ele não seja alterado, temos que conservar as florestas e mananciais. O estudo mostra também o seu processo de transformação na natureza e sua passagem pelos estados (líquido, sólido ou gasoso) que se desenvolve através dos processos de evaporação, condensação, precipitação, infiltração e transpiração. Devemos estar atentos a poluição dos oceanos, ambiente com enorme diversidade de vida e de recursos que também é a maior fonte de evaporação de água no planeta. A proposta educativa é visar a conscientização do aluno, (este um transmissor de conhecimentos para toda a comunidade) atentando para o uso racional da água e da preservação da mesma como forma de garantir uma fonte futura. Palavras-chave: Ciclo da Água. Preservação. Proposta Educativa. Introdução O tema deste artigo é o estudo do ciclo da água, voltado para a explicação aos alunos de como ocorre através do permanente processo de transformação da água na natureza, passando de um estado para outro (líquido, sólido ou gasoso). A essa transformação e circulação da água dá-se o nome de ciclo da água, que se desenvolve através dos processos de evaporação, condensação e precipitação. O objetivo maior desta prática pedagógica está dividido em duas partes: a primeira é de abordar a importância da água na vida do Planeta, posto que é um elemento essencial para a 137 sobrevivência de animais e vegetais na terra, usamos a água para beber, para o preparo das refeições, para a higiene pessoal e doméstica, ou ainda para a pesca, transporte, produção de energia elétrica, irrigação etc. A água doce é encontrada nos continentes e está distribuída nos rios, lagos, camadas subterrâneas do solo ou em geleiras. Em alguns lugares da terra há grande disponibilidade de água doce, em muitos outros a escassez de água é uma realidade, como nas regiões semi-áridas e nos desertos. Neste sentido quando falta água, a vida está ameaçada, uma vez que a água é a fonte de vida do planeta. A segunda abordagem esta relacionada à preservação e o desperdício da água. A preservação dos rios é muito importante, pois preserva grande parte da vida. Portanto, preservar os cursos de água e usá-la de forma sustentável é a grande preocupação da sociedade responsável. A proteção dos mananciais, a recuperação de rios poluídos, o uso consciente da água é necessário, tanto para a qualidade de vida hoje como para a sobrevivência das futuras gerações. Marco Teórico Assumimos o tema Ciclo da Água por sua extrema importância para a manutenção da vida no planeta Terra. É através do ciclo hidrológico que ocorrem à variação climática, criação de condições para o desenvolvimento de plantas e animais e o funcionamento de rios, oceanos e lagos. Segundo o livro Ciência Hoje na Escola vol. 6 Química no Dia-a-dia os autores afirmam que ao ser observado por um satélite que está sobre o oceano pacifico a terra parece um planeta azul quase totalmente coberto por água. Grande parte da superfície do planeta é coberta por água, em sua maioria salgada. A água é a substância mais comum na superfície da terra. A maior parte delas encontra-se nos oceanos que ocupam cerca de 70% da superfície do planeta. A água do mar contém, dissolvidos, vários elementos e substâncias. Os mais comuns, são o cloro eo sódio, que se combinam no oceano para formar o cloreto de sódio, ou sal de cozinha. Por isso dizemos que a água do mar é salgada. Segundo o livro Ciência Hoje na Escola vol. 4 Meio Ambiente - Águas, o autor Luiz Di Bernardo explica que ao abrirmos uma torneira, estamos recebendo água que foi retirada da natureza, tratada e transportada até chegar às nossas casas. A água presente 138 em lagos, rios e represas não é limpa e não devemos usá-la dessa forma. Somente depois de ser tratada, a água pode ser distribuída pelas cidades e consumida pelo homem. De acordo com o livro Ciência Divertida-Química Simples o autor Steve Parker fala que em ciência, o estado de uma substância significa que ela é sólida, liquida ou gasosa. A mesma substância química pode existir em cada um desses estados, dependendo de sua temperatura e da pressão sobre ela. Um exemplo é a água. Normalmente, a água é liquida. Quando muito fria, é gelo sólido. Quando quente, é vapor gasoso de água. Em conformidade com o site a água circula continuamente na Natureza, podendo passar pelos seus diferentes estados físicos: O estado sólido, o líquido e o gasoso. Devido ao calor do sol a água dos oceanos, mares, rios e lagos a mesma passa lentamente do estado líquido para o estado gasoso, isto é evapora-se e vai para a atmosfera. O vapor de água na atmosfera esfria e condensa-se, isto é, transforma-se em pequenas gotas de água, formando as nuvens. Depois a água volta novamente à superfície terrestre sob a forma de precipitação - chuva, neve ou granizo. Uma parte cai diretamente nos oceanos, mares rios e lagos, outra escorre para a superfície terrestre e outra se infiltra no solo, formando lençóis de água subterrâneos. A água absorvida pelo solo passa para as plantas, que a absorvem pelas raízes. A importância da água na vida do planeta é de tamanha proporção, posto que é um elemento essencial para a sobrevivência de animais e vegetais na Terra. Nesse sentido, quando falta água, a vida está ameaçada, uma vez que a água é a fonte de vida do planeta. Estamos tão habituados à presença da água que só damos conta da sua importância quando ela nos faz falta. Metade da água produzida pela Cosanpa é desperdiçada, por isso, o mundo corre o risco de enfrentar escassez de água para o consumo humano. Nem mesmo nós, que moramos na Amazônia estamos livres desta ameaça. E quem sobrevive sem água? Ninguém. Portanto, é hora de tomarmos consciência. Chega de esbanjar e gastar sem a menor preocupação. Adverte o Projeto Saneamento e Cidadania – CartilhaCosanpa. Metodologia O estudo foi realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio VIRGÍLIO LIBONATI no período da manhã com a turma do 3º ano. A atividade foi iniciada através de perguntas feitas aos alunos como: “Nosso corpo possui |gua? Qual a import}ncia da |gua na vida 139 de vocês? De onde vem a água? Como ela se transforma? Quais as características da água nos seus ciclos? Como se formam as nuvens e porque elas são diferentes? Como a água chega em nossas casas?” Foi explicado aos alunos sobre a quantidade de água que existia em nosso corpo quando nascemos, quando ficamos adultos e quando envelhecemos através de um material confeccionado por nós Roberta e Sueli, onde fizemos três bonecos de papel madeira, o qual foi fixado na parede juntamente com um cartaz, com escritas das quantidades de água referente a nosso corpo de acordo com nosso ciclo de vida. Em seguida foi explicado de forma sucinta como ocorria o ciclo da água, após foi passado um vídeo da Turma da Clarinha que explicava com muita clareza o ciclo da água e sua importância. Fez-se uma experiência com a vela acesa, apagada e depois a vela derretida, para explicar as mudanças dos estados físicos da água. Depois da explicação, os alunos foram divididos em três grupos de cinco, onde cada grupo tinha sua tarefa a fazer sobre o tema abordado. O primeiro grupo formado foi direcionado a fazer parte da maquete Imag. 1 que correspondia uma cidade na zona rural. Eles produziram flores utilizando forminhas de doces na cor verde e vermelha, com o papel celofane produziram o rio, colocaram bonecos representando pessoas que habitavam aquele local. Construíram uma ponte com papel cartão enrugada que passaria por cima do rio. As arvores foram confeccionada utilizando papel cartão verde e o trono foi feito com o rolo central do papel higiênico. As casinhas estavam já recortadas, foram pintadas e moldadas pelos alunos e colocadas pelos mesmos na maquete. O segundo grupo foi responsabilizado em montar a parte superior da maquete onde era exemplificado o ciclo da água Imag. 2. Os alunos fizeram os recortes e pinturas do que representaria sol, nuvens, arco-íris, vapor, montanha e chuva. O terceiro grupo ficou com a pintura de um cartaz Imag. 3 que foi desenhado pela aluna Roberta que mostrava o ciclo da água. Depois da realização dessas tarefas o cartaz foi fixado na parede da sala Imag. 4 e as partes da maquete foram acopladas Imag. 5 uma a outra. Tivemos um pequeno intervalo de quinze minutos para o lanche. Ao retornarmos, houve a explanação sobre a preservação e o desperdício da água e em seguida passamos o vídeo da Turma da Mônica “economizar |gua” Imag. 6. Foram confeccionados quatro painéis Imag. 7 que foram fixados na parede, para demonstrar a importância da água no nosso dia-a-dia. Entregamos figuras Imag. 8 que foram impressas e recortadas às quais pintadas por eles (alunos) e em seguida realizaram a colagem nos painéis os quais se referiam a locais onde ocorre o maior 140 desperdício de |gua. Painel 1: “Hora do banho” Painel 2: “Lavar louça” Painel 3: “Escovar os dentes” e Painel 4:”Lavar roupa”. Nestes painéis havia colagens de textos falando quantos litros de água era desperdiçado ao fazer cada uma dessas atividades e soluções para economizar a mesma. Foi entregue aos alunos uma atividade impressa com três perguntas básicas sobre o tema que foi abordado no decorrer da aplicação do projeto Imag. 9. Imagem 1 Imagem 4 Imagem 3 Imagem 2 Imagem 5 Imagem 6 Imagem 8 Imagem 7 Imagem 9 141 Apresentação e discussão dos dados Os alunos do 3º ano manhã da Escola Estadual Fundamental e Médio Virgílio Libonati, após serem apresentados ao tema ciclo da água, sua importância no planeta terra e preservação e o seu desperdício, obtiveram um desempenho positivo quando submetidos aos exercícios claros e lúdicos de como ocorria o Ciclo da Água. Eles corresponderam bem ao trabalho coletivo em sala de aula e mostraram bom entendimento quando chamamos dois alunos Imag. 10 à frente para explicar aos seus amigos de classe como ocorria o ciclo da água e qual a importância da mesma em nossas vidas. Esperamos que o contato desses alunos com o tema abordado possa aumentar o interesse desses estudantes pela preservação da água em nosso planeta. Imagem 10 Considerações Finais Com a realização da pesquisa foi possível perceber que os alunos da Escola Virgílio Libonati possuem uma visão sobre os conceitos que envolvem a água. Percebemos isto por meio dos relatos realizados pelos alunos durante o nosso trabalho em sala de aula, ou seja, chegamos a tais resultados mediante a coleta dos dados apurados sobre as respostas dos sujeitos participantes da pesquisa. Assim, analisando a importância da água, foi possível destacar vários fatos, que os alunos consideram como fundamentais, tais como: 1) A água é importante para nossa vida, para nossa saúde, pois sem ela não poderíamos viver; 2) Usamos a água no nosso dia-a-dia como para fazer as refeições, tomar banho, lavar louças, escovar os dentes etc. 3) Devemos preservar a água para que ela não se acabe; 4) Fechar a torneira enquanto nos ensaboamos; 5) Não jogar lixo nos rios, mares, lagos e oceanos. 142 A partir dessa conscientização foi possível perceber que os alunos passaram a ter uma visão mais apurada sobre a importância da preservação da água, pois com o conteúdo explicado o tema abordado adquiriu maior importância para os alunos. Alunos do 3º ano da E. E. F. M. Virgílio Libonati Referências Ciência Hoje na Escola, 4; Meio Ambiente: Águas- [elaborada por] Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Ed. 5ª - Rio de Janeiro- Ciência Hoje, 2003. Ciência Hoje na Escola, volume 6: Química no dia-a-dia-[elaborado] por Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, ed. 4ª - Rio de Janeiro- Ciência Hoje, 2003. Química Simples- Ciência Divertida; 1995; Cia. Melhoramento de São Paulo, ed. 7ª Projeto Saneamento e Cidadania- Cartilha Cosanpa. Disponível na (www.cosanpa.pa.gov.br).Arquivo consultado em 15 de out de 2015. http://www.todamateria.com.br/agua/. Disponível na Internet nacional da água Internet Site do Instituto http://www.explicatorium.com/CFQ7-O-ciclo-da-agua.php. Arquivo consultado em 15 de Outubro de 2015. 143 DIAGNÓSTICO DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM BELÉM Suelem Gomes Velasco UEPA Maria de Lourdes Santos UEPA Resumo: Este trabalho apresenta resultados parciais sobre o Ensino Religioso (ER) na Educação Infantil. O Objetivo é realizar um diagnóstico para saber se os professores do Pré-escolar da Rede Municipal de Belém ministram aulas de Ensino religioso em suas turmas, procurando identificar que tendências adotam e como as aulas acontecem. Para responder ao objetivo estabelecemos as seguintes questões: os docentes da pré-escola trabalham o componente curricular Ensino Religioso? Como abordam os assuntos ou temas nas rodas de conversa? Que tendências educacionais adotam ao ministrar as aulas de ER?O referencial teórico embasou-se em documentos como PCN da Educação Infantil e do PCN do Ensino Religioso e autores como: Cordeiro (2010); Pozzer (2010) A metodologia perpassou pelas seguintes etapas: elaboração do formulário, seleção de Unidades de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação de Belém – SEMEC, contato com as professoras de Pré I e Pré II, aplicação do formulário. As análises preliminares apontam que: grande parte das professoras do Pré-escolar trabalham noções de Ensino Religioso em suas aulas; consideram importante o Ensino Religioso para a formação das crianças, porém adotam como tendência pedagógica a concepção reeligere que por sua vez adota uma postura proselitista de abordagem do ER. Os resultados preliminares apontam como a maior dificuldade enfrentada à inexistência de um roteiro de orientação indicando quais os temas deveriam ser trabalhados para esse segmento da educação infantil e como as aulas poderiam ficar mais adequadas para contribuir com a formação dos pequenos e futuros cidadãos de nossa cidade. Palavras-chave: Educação. Educação Infantil. Ensino Religioso. Tendência Pedagógica. Prática Pedagógica Introdução A motivação para a realização do estudo ocorreu pelas precárias ou inexistentes informações sobre como os professores vem trabalhando a área de conhecimento Ensino Religioso na educação básica, especialmente na Educação Infantil, visto que nesse seguimento a tônica da socialização do conhecimento é mais voltada para formação que para o ensino e esse modo de abordagem também deve ser adotado nas “rodas de conversas” que tratam do E R. Assim buscamos investigar como o Ensino Religioso é apresentado às crianças de 4 a 5 anos de idade que frequentam turmas de pré-escolar na rede municipal de Belém. Segundo o Parâmetro Curricular Nacional do Ensino Infantil, a formação de crianças de 0 a 6 anos deve está alicerçada em algumas concepções, entre elas, o 144 respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc. O desafio de quem trabalha na educação infantil é perceber a criança enquanto ser social, com necessidades e singularidades, de modo que elas não podem ser tratadas e ensinadas como se fossem todas iguais. E o Ensino Religioso, pautado na concepção do relegere, deve levar em conta essas diferenças. O professor precisa considerar que cada criança tem sua particularidade e que já trás de sua casa, ou seja, do seu meio familiar e comunitário, uma bagagem cultural e religiosa. Segundo o PCN da Educação Infantil (1998) educar significa propiciar condições de cuidados, brincadeiras e aprendizagens encaminhadas de forma integrada e que possam colaborar para o desenvolvimento das habilidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais vastos da realidade social e cultural. A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais. (p.21) Consideramos importante trabalhar o Ensino Religioso em qualquer série ou ciclo por se tratar de uma área do conhecimento, não somente porque ele faz parte da Base Nacional Comum (Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental-DCNEF) e também parte integrante da formação básica do cidadão (artigo 33 da LDBEN nº9. 394/96), mas principalmente por seu poder de colaborar para a formação de pessoas que possam respeitar a diversidade religiosa existente e contribuir para uma cultura de paz. Mas para se atingir um bom nível de formação dos pequeninos, a formação dos profissionais que trabalham na educação infantil não pode ser esquecida. Assim, encontramos na obra Gomes(2009)algumas orientações, e dentre elas a autora destaca: 145 “o empenho, o envolvimento e a relaç~o de confiança estabelecido com as crianças; a necess|ria formaç~o ética aliada { responsabilidade social de ser formador e cidad~o...” (p.54). A autora também indica que, para o educador se organizar e fazer um bom trabalho ele precisa está em constante formação, ter espaço para novos aprendizados. Assim ao se desenvolver, ele também melhora sua capacidade de ensinar e aprender. Em um momento em que a educação infantil se firma como porta de entrada da educação básica, direito da criança e opção da família, ações que promovam a socialização profissional de educadoras em creches e pré-escolas podem colaborar para o avanço de conquistas duramente alicerçadas no âmbito legal, sobretudo quando se levam em conta pesquisas que apontam um quadro de insuficiências na formação inicial e contínua dos profissionais de creche. (p.55) Hoje, cada vez mais entendemos que a escola não deve ser apenas o espaço de transmissão de saberes elaborados e que nosso papel como educadores deve ir muito além. Para Gomes (2009), a vivência entre educadores e educandos é sempre uma troca de experiências, não tem como seguir um padrão, uma receita, visto que cada experiência e cada criança são únicos. Conhecer um pouco mais da Educação Infantil nos motivou a responder as seguintes questões: os professores do pré-escolar ministram aulas de Ensino Religioso para as crianças de 4 a 5 anos de idade? Que assuntos/ conteúdos são abordados nas aulas de ensino religioso? Quais metodologias e recursos de ensino são utilizados nas aulas de ER em turmas de pré I e II? Quais as maiores dificuldades enfrentadas pelos professores da préescolar para trabalhar com as aulas de ER? Assim estabelecemos como objetivo geral desta pesquisa realizar um estudo diagnóstico para saber se os professores do Pré-escolar da Rede Municipal de Belém ministram aulas de Ensino Religioso em suas turmas, procurando identificar que tendências do ER adotam e como ocorre esse processo na sala de aula. 146 Justificativa A inclusão da Educação Infantil como parte integrante da Educação Básica na LDB n. 9394/96 trouxe novos compromissos para o Estado em relação à criança brasileira, cujo atendimento sai do campo da Assistência Social e vincula-se ao campo Educacional. Com isso, integra-se a um conjunto de políticas públicas educacionais voltadas para a oferta da educação com qualidade, onde as crianças sejam tratadas como cidadãs de direitos. Vale destacar que a compreensão da criança como ser humano dotado de características e potencialidades próprias, com uma identidade que se constrói ao longo do tempo e a partir de sua inserção no ambiente sociocultural, é uma conquista recente que remonta as ultimas décadas do século XX. Essa concepção surgiu no bojo das transformações socioeconômicas e cientificas do século passado, aparecendo em inúmeros estudos e pesquisas sobre criança, no sentido de compreendê-la em suas múltiplas dimensões, dando-lhe um significado social, como aponta Kramer (1986, p. 79). Conceber a criança como ser social que ela é, significa: considerar que ela tem uma história, que pertence a uma classe social determinada, estabelece relações definitivas segundo seu contesto de origem, que apresenta uma linguagem decorrente dessas relações socais e culturais estabelecidas [...] Estudos sociológicos contemporâneos vêm redescobrindo a infância e definindo o seu papel na sociedade. A nova sociologia da inf}ncia defende que “as crianças s~o agentes ativos que constroem suas próprias culturas e contribuem para a produção do mundo adulto; e a inf}ncia é uma forma estrutural ou parte da sociedade” (CORSÁRO,2001, p. 16). Para o referido autor (op.cit, p. 32): As crianças não se limitam a internalizar a sociedade e a cultura, mas contribuem ativamente para a produção e mudança cultural, sendo também afetadas pela sociedade e cultura que integram. Essas sociedades foram, por sua vez, moldadas e afetadas por processos de mudanças históricas. 147 Essa concepção está presente nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010, p. 12) quando afirma como: Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. Como vemos, as propostas pedagógicas que vem ser construídas e implementadas nas Unidades de Educação Infantil, precisam levar em conta esses novos paradigmas da infância, de modo a garantir à criança um tratamento digno e adequado às suas características e necessidades formativas da qual a religiosidade faz parte. No campo religioso, no que se refere à construção de sua identidade, as crianças desde muito cedo estão envolvidas nas diversas práticas religiosas de seu grupo familiar, da sua comunidade, onde vivenciam ou não experiências concretas que se incorporam { sua rotina, n~o havendo distinç~o entre “sagrado” e “profano”. Para elas, brincar e rezar, por exemplo, fazem parte de um mesmo movimento de inserção cultural, de construção de significados, identidade e singularidades, como membro de uma determinada comunidade. Para entender a natureza da relação das crianças com a religião, faz-se necessário conhecer as experiências religiosas que ela vivencia em seu universo sociocultural. Estudo feito por Pires (s/d) e Paixão, Costa e Melo (2014) sobre o que pensam as crianças acerca de religião mostram que no caso das crianças pequenas, “n~o existe um reino separado da vida cotidiana que se definiria como “religioso” em contrapondo com o “profano” ou “ordin|rio”, ou seja, a religi~o n~o possui um lugar especial no conjunto das pr|ticas cotidianas infantis”. Mesmo assim, as experiências religiosas vivenciadas por elas em seu ambiente cultural exercem influência sobre a sua identidade, sobre o modo como interagem no mundo. Sendo assim, não basta apenas destinar às crianças os cuidados necessários para a segurança, higiene e alimentação, conforme se verificava no modelo assistencial destinado anteriormente ao seu atendimento. É preciso educa-las em suas múltiplas dimensões incluindo a religiosa. 148 O respeito à diversidade religiosa faz parte do conjunto de saberes e práticas que devem compor a formação para a cidadania, uma vez que vivemos em uma sociedade multicultural, onde convivem pessoas de diferentes matrizes religiosas, incluindo aqueles que não possuem nenhuma religião ou credo. Essa riqueza sociocultural deve fazer parte do currículo escolar em qualquer nível/ modalidade de ensino. Nesse contexto, verifica-se a partir da década de 1980 o (re) surgimento de vários movimentos sociais em favor da democratização da sociedade e do exercício da cidadania para todos, impulsionando uma série de reformas educacionais voltadas para a valorização e inclusão da diversidade nas politicas públicas do país. Na perspectiva da ampliação de direitos e inclusão de minorias historicamente excluídas das politicas públicas, instituem-se um conjunto de legislações voltadas para e essa questão, tais como: Lei 8.069/90, Lei 10.639/03, Lei 11.645/08; Incorporação na LDB n. 9394/96 de artigos específicos para tratar da Educação Especial; da Educação Indígena; a incorporação da pluralidade cultural como tema transversal nos Parâmetros Curriculares Nacionais, dentre outras (COPPETE et. al., 2014) (FILHO, 2001). No que se refere ao respeito à diversidade religiosa, as conquistas se refletem na aprovação da Lei 9475/97, modificando o artigo 33 da LDB n.9394/96 que trata da oferta da disciplina Ensino Religioso. A nova redação determina que: O Ensino Religioso, de matricula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de Ensino Fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. Como o novo texto, o Ensino Religioso rompe com a abordagem catequética que marcou historicamente essa disciplina no currículo escolar e contribui de forma significativa para a formação cidadã (OLIVEIRA, 2007). Ao assegurar o respeito à diversidade religiosa do Brasil e proibir quaisquer formas de proselitismo, a legislação confere à disciplina o seu caráter laico, impedindo que esta formação se confunda com a catequese veiculada pelas instituições religiosas. Fica claro aqui, o papel da escola em relação ao conhecimento religioso: garantir o acesso a esses diferentes saberes e práticas e promover o respeito à diversidade religiosa da sociedade. 149 Nessa perspectiva, o Ministério da Educação apresenta em 1998, um Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, objetivando orientar os educadores para o desenvolvimento de atividades pedagógicas que possam contribuir para a construção da identidade da criança, enquanto sujeito de seu processo educativo, onde as dimensões do Cuidar e Educar são elementos indissociáveis e fundamentais para o atendimento de qualidade. O Referencial baseia-se nos princípios éticos, políticos e estéticos que norteiam a educação nacional, referendados pelo Parecer CNE/CEB n.20/2009, nos quais se destacam aspectos importantes na formação do individuo como: cidadania, solidariedade, sensibilidade, criatividade, autonomia, respeito ao bem comum, ao meio ambiente e as diversidades. Sendo o ser humano possuidor de uma religiosidade intrínseca, este sente necessidade de transcender à realidade imanente, em direção ao transcendente, em busca de respostas para o sentido da vida. A religiosidade se expressa de diversas formas em diferentes culturas humanas, por meio de símbolos, gestos, ritos, mitos, festividades, textos sagrados, monumentos, edificações, ethos, religiões e outras formas de expressão. Por se constituírem em saberes e práticas sociais, as expressões religiosas fazem parte da cultura humana em sua diversidade, sendo, portanto conhecimentos a serem incorporados pelo currículo escolar, no contexto de uma educação multicultural. Nessa conjuntura justifica-se o trabalho com o Ensino Religioso na Educação Infantil, especialmente, se a abordagem dos assuntos for trabalhada com foco na diversidade cultural religiosa. Essa riqueza sociocultural deve fazer parte do currículo escolar em qualquer nível/modalidade de ensino o que justifica a necessidade de se trabalhar com o Ensino Religioso na Pré-escola. Pesquisa realizada por Santos, Costa e Paixão (2004. p, 15) sobre o qual o imaginário das crianças de pré-escolar sobre o Sagrado/Deus, os resultados indicam que: [...] para as crianças o Sagrado/Deus faz parte de suas experiências individuais e coletivas. A observação das crianças falando ou desenhando sobre Deus permitiu concluir que suas relações com o numinoso é mais intensa, e a nosso ver verdadeira, do que de muitos adultos, pois os infantes não têm uma 150 consciência religiosa formada, pelo contrário essa consciência ainda está em formação. Porém essa formação precisa ser mediada e acompanhada por uma ação docente consciente, isenta de proselitismo e de posturas confessionais, mas será que é essa a realidade do Ensino Religioso na Educação Infantil, especialmente em turmas de pré-escolar? Os docentes da pré-escola trabalham o componente curricular Ensino Religioso? Como eles/elas abordam os assuntos ou temas nas aulas? Quais tendências educacionais adotam ao ministrar as aulas de ERE para crianças de 4 a 5 anos de idade. As professoras de pré-escolar ministram aulas de ERE para crianças de 3 a 5 anos de idade? Elas consideram importante o Ensino Religioso na Educação Infantil? Questões como as apresentadas no parágrafo acima, nos motivou a propor essa investigação que tem relevância na produção de novos conhecimentos, tanto para o campo das Ciências da Religião, quanto para a Educação Infantil. Acreditamos ser importante, desde cedo, apresentar às crianças, por meio de diferentes linguagens, a diversidade existente no ambiente sócio cultural e natural, uma vez que, segundo Medel (2011, p.169): [...] as demandas por um currículo multicultural, na época contemporânea de pluralidade cultural, de conflitos, de ataques terroristas, de exasperações dos preconceitos e das diferenças, desafios éticos na formação da juventude, tem sido enfatizado na literatura acerca do currículo, nacional e internacional. No que se refere ao preparo dos professores de Educação Infantil para o desenvolvimento de propostas pedagógicas que contemplem diversidade, torna-se imperativo considerar nos Projetos Politico-Pedagógicos dos cursos de Pedagogia/Normal Superior, estudos e pesquisas relacionadas a temáticas importantes como cidadania, multiculturalismo, Interculturalidade, direitos humanos e diversidade religiosa, bem como, os desdobramentos curriculares e didáticos nos âmbitos da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Ao referir-se à formação de professores no contexto da Interculturalidade, Pozzer (2014, p.89) defende que esta: Constitui-se como um caminho para pensar uma formação capaz de agregar, integrar e desenvolver processos de reconhecimento do outro, para além das diferenças, aspectos constituintes da identidade dos sujeitos nas diferentes culturas, em que dimensão da crença religiosa não pode ser subestimada, excluída ou negada. 151 Nesse contexto instala-se a necessidade de novas pesquisas como esta que propomos nesse trabalho de iniciação cientifica, bem como, o diálogo entre os cursos de Licenciatura nas áreas de Pedagogia/Normal Superior e da formação de professores para o Ensino Religioso. Acreditamos que a ampliação em âmbito nacional da formação superior de professores para a Educação Infantil, bem como, a inclusão da diversidade religiosa no currículo da Educação Básica como um todo, em muito poderá ajudar na construção de uma cultura de paz na sociedade, onde o direito a diferença seja respeitado e as pessoas possam conviver de modo fraterno, independente de sua cor, gênero, orientação sexual, cultura, crenças, habilidades físicas e intelectuais ou mesmo no que se refere ao seu modo de ser e de viver. Essa aprendizagem está intimamente vinculada ao preparo para a vida em sociedade e deve começar desde a infância, para que tenhamos no futuro verdadeiros cidadãos. Objetivos Realizar um estudo diagnóstico para saber se os professores do Pré-escolar da Rede Municipal de Belém ministram aulas de Ensino religioso em suas turmas, procurando identificar que tendências do ER adotam e como ocorre esse processo na sala de aula. Investigar se os professores do pré-escolar ministram aulas de Ensino Religioso para as crianças de 4 a 5 anos de idade. Verificar junto aos professores da educação infantil se eles consideram importante trabalhar o Ensino Religioso na pré-escola. Averiguar se os professores do pré-escolar tiveram/tem formação na área do Ensino Religioso ou se receberam/recebem alguma orientação pedagógica para trabalhar esse componente curricular junto às crianças da Educação Infantil. Revelar qual tendência do Ensino Religioso é adotada na prática pedagógica dos professores do Pré-escolar. 152 Identificar junto aos professores de Educação Infantil que assuntos/ conteúdos são abordados nas aulas de ensino religioso. Investigar quais metodologias e recursos de ensino é utilizado pelos professores de Educação Infantil que ministram aulas de ERE em suas turmas. Elencar quais as maiores dificuldades dos professores do pré-escolar para trabalhar com as aulas de ERE nessa etapa da Educação Básica. Referencial Teórico CANDAU (2009) explica que objetivo de uma pedagogia de perspectiva intercultural é promover uma educação para o reconhecimento dos outros enquanto sujeitos, para o diálogo entre os diferentes grupos socioculturais, resgatar processos de identidade culturais, tanto no nível pessoal como coletivo, uma educação para a negociação cultural, que enfrenta os conflitos provocados pela assimetria de poder entre os diferentes grupos socioculturais na sociedade e é capaz de favorecer a construção de um projeto comum, pelo qual as diferenças sejam dialeticamente integradas. CORDEIRO (2010) fala da formação inicial de professores para a Educação Básica: desafios e perspectivas para o Ensino Religioso elencando sete características que devem ser levadas em conta no momento da formação sendo elas: Ensino Religioso não só no ensino fundamental, mas em toda a educação básica; Ensino Religioso, diferente da catequese ou doutrinação, não deve ser proselitista; Ensino Religioso respeitador das diferenças de raça, cor, sexo e religiões; Ensino Religioso fundamentado nas ciências da religião e não em teologias; Ensino Religioso aberto, interdisciplinar, integrado no currículo, dialogante com as demais áreas do conhecimento; Ensino Religioso assumido pelas redes (estaduais, municipais, particulares e confessionais); Ensino Religioso exige um professor de formação diferenciada. POZZER (2010) apresenta a compreensão de que o ensino religioso integra uma esfera mais ampla: a das culturas, quando objetiva que crianças e adolescentes, ao longo do ensino fundamental busque conhecer, compreender e vivenciar os diferentes direitos de cidadãos, entre eles, o direito ao livre acesso ao conjunto dos conhecimentos religiosos elaborados pela humanidade. 153 PCN ENSINO RELIGIOSO (1997) é um caderno temático elaborado pelo Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER), que tem investido na garantia desta disciplina na formação básica do cidadão, conforme o artigo 33 da LDBEN nº9. 394/96, em sua nova redação. Para que os PCNER possam ser colocados em ação na fundamentação e elaboração das propostas pedagógicas de cada escola. PCN EDUCAÇÃO INFANTIL (1998) é um documento dos PCN, elaborado pelo Ministério de Educação e Desporto, atendendo a LDBEN nº 9394/96, que estabelece, pela primeira vez na história de nosso país, que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica. Pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também, contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural. Metodologia A pesquisa está sendo desenvolvida por meio de revisões teóricas, contatos com a Secretaria Municipal de Educação de Belém visando autorização para a realização do estudo, bem como seleção das escolas que trabalhem com a Educação Infantil de Belém. Buscamos identificar os professores da pré-escolar, sua formação e disponibilidades em participar dos estudos. Foram aplicados formulários que nos ajudaram a obter respostas para alcançar os objetivos propostos. A ultima etapa ainda em andamento analisará as informações coletadas que posteriormente serão divulgadas. Resultados As análises preliminares apontam que boa parte das professoras do Pré-escolar trabalha noções de Ensino Religioso em suas aulas e consideram importante o Ensino Religioso para a formação das crianças. Grande parte das docentes adota em suas aulas 154 de Ensino Religioso a tendência pedagógica o “saber em si”, que segundo PCNER (1997) é uma postura que tende a adoção de uma abordar mais proselitista das temáticas de cunho religioso junto às crianças. Percebemos também que a maioria das professoras de pré I e II não tem conhecimento nem experiência pedagógica suficiente para trabalhar o ER como prevê a LDB nº9394/96 quando prevê no art. 33: O ensino religioso, de matricula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismos. (PCNER. p.72) Finalmente as educadoras apontaram que a maior dificuldade enfrentada em trabalhar o ER junto às crianças refere-se à inexistência de um roteiro curricular orientando e indicando quais os temas deveriam ser trabalhadas para esse segmento da educação infantil e como as aulas poderiam ficar mais adequadas para contribuir com a formação mais integradora e abrangente dos pequenos cidadãos de nossa cidade. As dificuldades de ordem metodológica também são muitas. Considerações Finais Em se tratando da formação de crianças pequenas é muito importante considerar que o primeiro contato de socialização da criança é no seio familiar, e posteriormente no contato com outros universos sociais, como festinhas, clubes, igrejas, etc. Nesse contexto é natural o contato com diversas características, valores e conhecimentos. A entrada na instituição de educação infantil pode e deve alargar o universo de diferenças e informações da criança, pois a mesma entrará em contato com outros meninos e meninas e adultos de hábitos e origens diferentes das suas. Dependendo da forma como é abordada a questão da diversidade a instituição/professores podem ajudar as crianças a valorizarem suas particularidades étnicas, culturais e religiosas, ou pelo contrário, posturas pedagógicas equivocadas podem favorecer a discriminação e o preconceito. No processo de interação social as crianças vão, gradativamente, percebendo-se e compreendendo os outros como diferentes. Por isso é tão importante trabalhar a autonomia infantil para que a crianças sejam capazes de desenvolver seu reconhecendo 155 pessoal e coletivo. Assim, cedo eles serão capazes de construir seus próprios conhecimentos, mas para isso é fundamental uma boa educação na qual a dimensão religiosa não pode estar ausente. Percebemos que há necessidade da adoção de outra tendência de ER que supere a “saber em si”, que se resume no repasse de informações, ensino de uma doutrina, juntamente como proselitismo. Mas não defendemos qualquer tendência de ER e sim a defesa de uma formação humana que desde cedo esteja apoiada nas ideias do relegere (reler) e na percepção do ER enquanto fenômeno religioso presente no contexto da realidade sociocultural. Os projetos pedagógicos dos cursos de Licenciaturas, especialmente do curso de pedagogia, precisam abordar o Ensino Religioso como área do conhecimento, que tem como enfoque central o Fenômeno Religioso, e como tendência educacional o “saber de si”. Essa tendência indica a necessidade de trabalharmos desde a educação Infantil o entendimento de si através da releitura e reconstrução de significados dos elementos do fenômeno religioso, como culturas e tradições religiosas, por exemplo. Finalmente os resultados preliminares dessa pesquisa apontam para necessidade de maior divulgação das novas abordagens e tendências do ER, e a necessidade da inclusão desses conhecimentos em toda a educação básica. Quem sabe assim as novas gerações possam viver e lutar por uma sociedade onde as pessoas tem o direito de pensar, ser e referenciar o transcendente de diferentes formas sem sofrerem criticas ou preconceitos por isso. Referências BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394/ 96, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996. _________. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.475/96, 22 julho de 1977. Brasília. _________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. 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Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2014. 158 EDUCAÇÃO E INCLUSÃO: PRÁTICAS EDUCATIVAS FREIRIANAS COM JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA Ivanilde Apoluceno de Oliveira UEPA [email protected] Isabell Theresa Tavares Neri UEPA [email protected] Rennan Alberto dos Santos Barroso UEPA [email protected] Resumo: O presente estudo foi realizado por meio de uma pesquisa de abordagem qualitativa, com o objetivo de criar estratégias metodológicas que otimizem alfabetização de Jovens e Adultos, Surdos, por meio do Núcleo de Educação Popular Paulo Freire-NEP, um grupo de ensino, pesquisa e extensão vinculado a Universidade do Estado do Pará-UEPA do Centro de Ciências Sociais e Educação-CCSE. O campo de estudo foi uma escola especializada na Educação de Surdos no Município de Belém, estado do Pará, com turmas de EJA, referentes à primeira e à segunda etapas. A coleta de dados ocorreu por meio de uma aula com a temática família, norteada pela metodologia de Paulo Freire, que foi registrada em vídeo, ocasião em que estavam presentes 11 educandos, sendo 6 mulheres e 4 homens, com uma faixa etária de 20 a 50 anos, que se comunicaram por meio da Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS. Neste sentido, as gravações foram posteriormente assistidas e transcritas para o português. Logo, tornou-se possível apreendermos as opiniões, saberes e comportamentos dos educandos (as) referentes às suas relações afetivas, sociais e familiares por meio de uma aprendizagem participativa, pautada no diálogo e na escuta, responsáveis por uma educação inclusiva de qualidade, que possibilite a visibilidade da voz do educando em LIBRAS. Como resultados podemos destacar: a necessidade de uma relação horizontal entre educando e educador nas práticas de educação especial, o desenvolvimento de didáticas que contribuam para a autonomia do aluno com surdez e a valorização dos seus saberes em detrimento dos saberes escolares apenas. Palavra-Chave: Educação Inclusiva. EJA. Paulo Freire. Surdez Introdução Um dos grandes desafios existentes no contexto educativo atual é a possibilidade de uma inclusão de qualidade para os alunos com deficiência, entre os quais os surdos. No meio de inúmeras tentativas, apesar de alguns avanços, muitos 159 obstáculos ainda se encontram presentes, destacando-se a necessidade de promoção da autonomia do aluno surdo no processo de aprendizagem. Neste sentido, o presente estudo debruça-se sobre o pensamento filosófico e educativo de Paulo Freire, a fim de lançar luzes para a construção de uma pedagogia participativa, pautada em uma didática marcada pelas categorias fundantes freireanas, como os processos de codificação, descodificação e o diálogo. Estes aspectos, convergem para um processo de ensino horizontal, que por ser dialógico, valoriza e não discrimina a Língua Brasileira de Sinais, de forma a romper com a cultura do silêncio que predomina na comunidade surda em inúmeras práticas socioeducativas tradicionais. Para Oliveira (2003, p.49) “Paulo Freire construiu em seu pensamento educacional um arcabouço teórico que passa pela antropologia, epistemologia, pela ética e pela política.” A riqueza que permeou a moldura de seu conhecimento, permitiu com que se refletisse sobre as inúmeras formas de discriminação. Entre elas, destaca-se, as de capacidade que permeiam os diálogos no contexto da educação especial. Em um primeiro momento do artigo iremos acompanhar os passos metodológicos que tornaram esta pesquisa viável, seguida de uma breve reflexão sobre a estrutura didática fomentada por Paulo Freire e sua relação com alguns parâmetros educativos voltados para os educandos surdos. Finalmente, apresentamos as falas dos alunos e das alunas surdos(as), por meio de um recorte de um estudo realizado, cujos participantes, ainda que não tenham verbalizado suas palavras, não deixaram estas de perderem seu valor e grau de importância ao representarem os seus ricos saberes, que muito além dos conteúdos escolares, são vividos, compartilhados e significados por meio dos gestos corporais próprios da Língua Brasileira de Sinais. Metodologia de Estudo Do ponto de vista metodológico, esta é uma pesquisa de campo pautada em uma abordagem qualitativa. Nesta modalidade de estudo, segundo Motta-Roth e Hendges, (2010, apud Cordeiro 1999) torna-se possível observar profundamente os fatos 160 humanos ou sociais, atentando para as variáveis que afetam esses acontecimentos e registrando-as, a fim de nortear reflexões sobre um determinado tema. Neste aspecto, era importante que pudéssemos captar os gestos, posturas e atitudes dos participantes presentes no estudo. Os sujeitos foram jovens e adultos surdos de uma escola especializada na educação de surdos do município de Belém, em turmas de Educação de Jovens e Adultos-EJA, primeira e segunda etapas, totalizando 10 sujeitos. Neste sentido, foram 6 mulheres e 4 homens, ambos na faixa etária dos 20 aos 50 anos, não levando-se em consideração o grau de surdez dos participantes, visto que todos esses surdos se comunicam por meio da LIBRAS. A coleta de dados realizou-se através de uma atividade desenvolvida em sala de aula, por meio do método Paulo Freire de alfabetização, utilizando o tema gerador “família” de forma a solicitar aos alunos que criassem cartazes personalizados, a partir de recorte e colagem e em seguida eles deveriam apresentar suas produções. As exposições dos educandos foram registradas por meio de vídeos, que posteriormente foram assistidos e transcritos da língua de sinais para a língua portuguesa (QUADROS e KARNOPP, 2004). Após essa etapa, as transcrições foram submetidas à análise, a qual focamos principalmente no procedimento de análise transversal, em que utilizamos recortes das falas dos participantes com o intuito de relacionar relatos semelhantes que expressassem aspectos como: sentimentos, desejos e sonhos. Segundo Foucault (1986, apud, FICHER, 2001, p. 201): O discurso é como um número limitado de enunciados para os quais podemos definir um conjunto de condições de existência ou como domínio geral de todos os enunciados, grupo individualizável de enunciados, prática regulamentada dando conta de um certo número de enunciados[...] a definição de enunciado como função de existência a qual se exerce, sobre unidades como a frase, a proposição ou o ato de linguagem. O enunciado em si não constituiria uma unidade pois ele se encontra na transversalidade das frases, proposições e atos de linguagem, ele é sempre um acontecimento que nem a língua nem o sentido podem esgotar inteiramente. Neste sentido, esta transversalidade perpassa por aspectos ligados ao ambiente escolar, aos sujeitos que fazem parte deste contexto bem como às suas opiniões sendo estas expressadas através da materialidade da fala. Esta última, por sua 161 vez, por meio destas especificidades demonstra a necessidade de estar situada em determinados tempo e espaço ligados à escola escolhida para o desenvolvimento da pesquisa. Contra uma educação para a exclusão As práticas educativas desenvolvidas por Paulo Freire tornaram-se conhecidas em todo o mundo. A sua importância, deve-se ao fato de contribuir para a promoção da autonomia do ser humano em processo de aprendizado. No presente caso, o sujeito em estudo é o surdo, em que seu processo de aprendizagem se dá por meio de sua primeira língua a LIBRAS seguida da língua portuguesa na modalidade escrita (QUADROS, 2008). Para Freire (1982, p.65) “somente homens e mulheres como seres abertos, s~o capazes de realizar a complexa operação de simultaneamente transformando o mundo através de sua aç~o, captar a realidade.” Este processo de captaç~o, por sua vez, é expressado por meio de suas linguagens, que representam uma objetivação do mundo que os cerca. Este aspecto, no que diz respeito à pessoa surda, se dá principalmente por meio do estímulo visual, visto que a língua brasileira de sinais é uma língua visual espacial. Neste sentido, ainda segundo o intelectual pernambucano o processo de aprendizado não pode impedir a capacidade que homens e mulheres possuem de analisarem as suas realidades de forma crítica. Para Oliveira et al (2014, p.133-4): Há o anseio de corroborar com os estudos e questionamentos da educação de surdos em escolas públicas do ensino regular. Compreendemos que na legislação, há subsídios que buscam prover acesso e permanência dos alunos surdos nas escolas, mas observamos práticas estereotipadas, concepções cristalizadas estigmatizadoras, que necessitam ser problematizadas e modificadas. Em outras palavras, o cenário da educação especial brasileira é em sua grande maioria, prescritiva. “Toda prescriç~o é a imposiç~o de uma consciência a outra. Daí o sentido alienador das prescrições que transformam a consciência recebedora no que vimos chamando de consciência hospedeira” (FREIRE, p.19, 1987). Esta relaç~o hierárquica composta pela figura opressora do educador, o único detentor do 162 conhecimento, com a imagem passiva do educando, o qual deve receber os conteúdos sem o direito de questionar, que predomina nas salas de aula. Segundo Charlot (2000, p.39): Assim como a sociedade, a escola não pode mais ser analisada como um sistema regido por uma ideologia única, como uma instituição que transforma princípios em papeis, ela também é estruturada por várias lógicas de ação[...] Assim sendo, o sentido da escola deixa de ser dado e deve ser construído pelos atores, definir-se-á a experiência escolar como sendo a maneira como os atores, individual ou coletivos, combinam as diversas lógicas da ação que estruturam o mundo escolar. Ora, lembremos que essa atividade de articulação entre as lógicas da ação constitui a subjetividade do ator. A experiência escolar produz, pois subjetividade. Essa subjetividade, é inerente à neutralidade do educador frente à realidade histórica e cultural. “O brasileiro vem sendo abraçado por essas heranças coloniais: a do silêncio e da resistência a ele, a da busca da voz e da rebeldia” (FREIRE, 2003, p. 122). Ainda segundo o intelectual pernambucano, o trabalho do educador deve romper os sectarismos. Neste sentido, se um professor apenas dedica-se a leituras nas bibliotecas, sem atentar para a realidade, corre o risco de ser verbalista, ao passo que as preocupações concentradas em somente elaborar suas práticas pedagógicas, sem o cuidado da reflexão, torna-o ativista. Em outras palavras, a educação não pode estar dissociada da práxis social. Uma didática dialógica O educador Paulo Freire obteve como uma de suas principais características o engajamento em combater as formas discriminadoras e opressoras de educação, responsáveis por ceifar de milhares de brasileiros o direito a frequentarem um banco de escola. Neste sentido, o pensamento freire ano oferece grandes contribuições à educação do sujeito surdo, visto por muitos anos pela sociedade como uma pessoa incapaz até mesmo de pensar. Embora, em meio a tanto preconceito, tenha protagonizado inúmeras lutas que resultaram em significativas mudanças responsáveis pelo reconhecimento de sua particularidade linguística. 163 Strobel (2008, p.22) aborda que os sujeitos surdos não vivem isolados, incomunicáveis, mas que simplesmente possuem temores de conhecer diferente de sujeitos ouvintes, levados pelo medo de serem discriminados pela “sociedade considerada normal,” por n~o obterem, diferente dos ouvintes , a capacidade sonora. Neste sentido, necessita-se compreender para Fernandes (1998, p.1): As diferentes percepções do sujeito surdo e suas possibilidades educacionais. As verdades dogmáticas que até então vinham determinando as práticas de homogeneização destinadas a integração das pessoas surdas na sociedade estão sendo contestadas por vozes historicamente silenciadas e encontram-se vulneráveis ao avanço das teorias que discutem a questão da surdez inserida no contexto mais amplo das diferenças culturais. Contrapondo práticas de exclusão, desde suas primeiras vivências como educador ao ministrar aulas de reforço para jovens de frágil condição social, Freire já ensaiava ações pedagógicas humanizadas. “N~o lhes pedia para escrever sobre coisas abstratas ou conceitos[...] tomava questões concretas, às vezes sobre alguma página de algum texto que est|vamos lendo, {s vezes sobre momentos de sua própria experiência” (FREIRE, SHOR, 1985 p.39). Foram estes momentos que teceram a trama de experiências responsável por embasar seu pensamento educativo e filosófico, contra a desumanização. As práticas desumanizadoras corroboram para uma educação que não considera as necessidades linguísticas do aluno surdo, que apresenta dificuldades em assimilar aspectos abstratos e que estão fora do seu campo visual. Segundo Brandão (1994, p.10): Ninguém educa ninguém, e ninguém se educa sozinho. A educação, que deve ser um ato coletivo, solidário, um ato de amor, dá para pensar sem susto, não pode ser imposta [...] não há educadores puros, pensou Paulo Freire, nem educandos, de um lado e do outro do trabalho em que se ensina e se aprende, há sempre educadores-educandos e educandos-educadores. De lado a lado se ensina, de lado a lado. De lado a lado se aprende. Esta cordialidade, apontada no contexto educativo freireano é fruto do respeito destas práticas educativas populares pela realidade dos educandos, revelando um processo pedagógico horizontal, em consonância com o cotidiano destes sujeitos oprimidos. 164 Neste sentido, um dos primeiros passos para uma ação educativa diferenciada é o respeito aos desafios sociais enfrentados pelos educandos. Para tanto, o processo didático exige, em um momento inicial, o levantamento do universo vocabular. Freire (1979) aponta para a importância da realização de entrevistas com os homens e mulheres em processo de alfabetização, a fim de registrarem as palavras mais utilizadas por um determinado grupo, bem como os temas responsáveis por nortear os círculos de cultura. Estes círculos são descritos pelos estudiosos Henrique e Torres (2009, p.117), “como um espaço de aç~o educativa em que os participantes est~o envolvidos em um processo de comum de ensino e aprendizagem.” Em outras palavras, a aprendizagem torna-se significativa, uma vez que é conduzida por temáticas escolhidas pelo próprio grupo: Uma pedagogia que estrutura o seu círculo de cultura como lugar de uma prática livre e crítica não pode ser vista como uma idealização a mais da liberdade. As dimensões do sentido e da prática dos seres humanos encontramse solidárias em seus fundamentos. E assim a visão educacional não pode deixar de ser ao mesmo tempo uma crítica da opressão real em que vivem os homens (mulheres) e uma expressão de sua luta por libertar-se[...] A compreensão desta pedagogia em sua dimensão prática, política ou social, requer, portanto, clareza com relação a este aspecto fundamental: a ideia da liberdade só adquire plena significação quando comunga com a luta concreta dos homens (mulheres) por libertar-se (FREIRE, 1967, p.8). Destaca Freire (1967), para a importância da tomada de consciência por parte das classes populares. Vislumbra-se assim, a necessidade de emersão de homens e mulheres oprimidos (as) do contexto de opressão em que vivem. Para tanto, pedagogia e política deveriam caminhar de mão dadas, reveladas em uma didática reflexiva. Segundo Freire (1987, p.6): Palavras do universo vocabular do alfabetizando, são significações construídas ou reconstruídas de comportamentos seus, que configuram situações existenciais [...] Tais significações são plasticamente codificadas em quadros, slides, filminas, etc. Representativos das respectivas situações, que da experiência vivida do alfabetizando, passam para o mundo dos objetos. [...] a descodificação é análise e consequentemente a reconstituição da situação vivida: reflexo, reflexão e abertura de possibilidades concretas de ultrapassagem. A utilização de imagens no processo de alfabetização freireana, é uma característica fundamental desta didática, uma vez que permite com que educandos e 165 educadores possam vislumbrar temas do cotidiano de forma conjunta. Esta união, onde professor e aluno ensinam e aprendem de forma mútua, ecoa no processo de descodificação. Neste sentido, não há uma transmissão de conhecimentos a partir de uma perspectiva vertical, uma vez que professores e alfabetizandos compartilham opiniões, saberes e experiências. Deve haver para Santos (2010, p. 157) “o reconhecimento da pluralidade de saberes heterogêneos, da autonomia de cada um deles, e da articulação sistêmica, din}mica e horizontal entre eles”. Esta horizontalidade por sua vez, só é possível por meio do exercício de escuta do outro, presente no diálogo. Para Freire (1967, p. 107) o diálogo: É a relação horizontal de A com B, nasce de uma matriz crítica e gera criticidade. Nutre-se do amor, da humildade, da esperança, da fé, da confiança. Por isso, só o diálogo comunica. E quando os dois polos do diálogo se ligam assim, com amor, com esperança, com fé um no outro, se fazem críticos na busca de algo, instala-se então uma relação de simpatia entre ambos. Só aí há comunicação. O processo dialógico torna viável que homens e mulheres oprimidos, descubram o valor existente em seus saberes. Esta descoberta permite com que os mesmos rompam o mutismo social que lhes era imposto por uma educação discriminatória. Educação inclusiva: fortalecendo a voz do educando surdo A atividade desenvolvida em uma turma de EJA, pertencente a uma instituição especializada na educação de alunos surdos, nos permitiu observar a expressão de alunos a respeito do tema família por meio da comunicação em libras. Tratou-se de um momento importante para o amadurecimento sobre a necessidade de promovermos uma educação voltada para a inclusão, onde todos são atuantes no processo de aprendizado. Segundo dois educandos(as): Estou triste e ansiosa para namorar, paro e penso que preciso ter calma, peço ajuda a Deus em minhas orações e esqueço, passeio sozinha. Estou triste e ansiosa pois queria um namorado, tenho vontade mas tenho paciência. Gosto de comprar roupas bonitas, calças, sapato alto, estar bonita para namorar [...] gosto de brincar com crianças. Tenho 2 sobrinhos, sou tia. Gosto de brincar com crianças e de dançar em festa junina (POLYANA). Gosto de bicicleta, gosto de carro, gosto de dançar. Tenho uma namorada que gosta de usar boné. Gosto de usar relógio. Gosto de corrida de carros, estou 166 construindo minha casa. Gosto de futebol, gosto de sanduiche e gosto de dormir (MAURÍCIO). As falas dos educandos Polyana e Maurício exprimem que a surdez não é condição de impedimento para que eles manifestem os seus desejos, sentimentos e ideias. É notável no discurso da aluna, o desejo de relacionar-se afetivamente com alguém. Para Yamada e Bevilacqua (2012, p.64) “a afetividade permeia toda a existência e est| presente na vida do ser humano.” Os pesquisadores apontam que a mesma pode expressar-se de forma positiva quando aproxima as pessoas, estabelecendo integrações consistentes, ou negativa, no momento em que as relações sociais são enfraquecidas. Neste aspecto, os sujeitos ao experimentarem estes sentimentos, buscam maneiras de materializar positivamente seus relacionamentos, onde, uma das formas encontradas por Poliana de alcançar o seu desejo de namorar é por meio da vaidade. Ao procurar valorizar a sua imagem, a educanda exprime a necessidade de afirmar positivamente a sua identidade de surda. Segundo Anjos (2008, p.13) “as confusões de identidade levam o surdo a não conhecer-se e não conhecer o seu mundo cultural e social”. Neste sentido, é importante que o surdo assuma uma postura segura sobre a sua surdez de forma a estimular outros surdos, potencializando a inclusão em variados grupos sociais, expressando as suas culturas por meio de ações como a dança. Estas expressões sociais, também estão presentes no relato de Maurício. Em outras palavras, o jovem educando, não muito diferente dos demais rapazes da sua idade, revela a sua paixão por automóveis, esportes e o carinho pela namorada, intenso sentimento que é reforçado com a característica que ele considera distinguir a parceira de outras mulheres, simbolizado na figura do boné. Além disso, a fala do educando Maurício enfatiza planos futuros, entre eles, o de construir uma casa. A aquisição de uma residência para ele também é sinônimo de liberdade e autonomia. Neste sentido, segundo Freire (2002, p.10) “o ser humano se sabe presença, que intervém, que transforma que fala do que faz, mas também do que sonha.” O fazer e o sonhar expressam-se no pensamento do educando por meio de sua necessidade de independência. 167 O apreço por uma vida autônoma, também está presente nas seguintes falas: Gosto de sentar no sofá e assistir filmes, de comer. Gosto de dirigir. Gosto de dormir na minha cama. Gosto de passear. Gosto da minha cozinha arrumada e limpa. Lavo bem a roupa antes de estender na corda, lavo louça e gosto de cuidar e arrumar meu cabelo (ZÉLIA). Eu abro a janela de casa, cozinho arroz e diversas outros alimentos. Abro a geladeira, tomo um pouco de água, sento e depois começo a temperar a carne e fritar. Gosto de passear e dançar na festa junina, comer e brincar. Vou ao supermercado fazer compras, ontem eu fui e comprei ovos, galinha, fiz e ficou bem gostoso. Gosto de passear como o meu namorado, passear com a família (pai), amo. Minha mãe está doente com problemas na garganta devido ao fumo, eu fico triste (CAMILE). Os relatos das educandas refutam o falso pensamento de que o surdo é incapaz de realizar sozinho as inúmeras tarefas do cotidiano. Neste sentido Marin e Góes (2006) apontam para a existência de um conflito referente à equivocada imagem de dependência depositada ao deficiente auditivo, que não é fruto de suas condições físicas e mentais, mas sim, do rótulo de não ouvinte, imposto por uma sociedade excludente, que não permite com que o mesmo seja respeitado pela sua forma de comunicação. Considerações Finais A presente pesquisa exprime a necessidade que o educador deve possuir para os reais do aluno. Em outras palavras, os educandos, por serem surdos, não possuíam os seus desejos, opiniões e sentimentos reconhecidos pelo seio escolar. Ao lançarmos luzes sobre um profundo diálogo entre o pensamento educativo e filosófico de Paulo Freire e as novas diretrizes para a cultura educativa do surdo, percebemos que a possibilidade de mudanças no contexto escolar, torna-se viável, apresentando como primeiro passo a promoção da autonomia dos educandos com deficiência auditiva. A partir do momento em que os educandos obtiveram a oportunidade de expressar a sua visão de mundo, por meio da língua de sinais, vislumbrou-se para os mesmos a possibilidade de exercitar a consciência crítica sobre o seu contexto, seja no aspecto afetivo, social e psicológico. Este rompimento sobre a errônea concepção de incapacidade de pronunciar o mundo é o alicerce para o fortalecimento da consciência crítica destes sujeitos que 168 passam a problematizar as suas realidades, passando assim, a vislumbrarem a história e a sociedade a partir de uma perspectiva de mudança, e não mais sob uma visão rígida, avessa a possibilidades de transformação. Referências ANJOS, Rosa Virgínia Oliveira dos. Auto-estima resgatada pela identidade com artistas surdos. 2008, p.73, (Especialização em pedagogia da Arte). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Educação Popular. São Paulo: Brasiliense, 1984. CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber Elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000. FERNANDES, Sueli de Fátima. Surdez e linguagem: é possível o diálogo entre as diferenças? (Dissertação de mestrado). Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2008. FICHER, Rosa Maria Bueno. Foucault e análise do discurso em educação. n.114, p.197233. Cadernos de Pesquisa. Universidade federal do Rio Grande do Sul, 2001. FREIRE, Paulo. Educação como uma prática de Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967. ______. Conscientização teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez e Moraes, 1979. ______. Ação Cultural para a Liberdade. 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Acesso em 09 de out. 2015. 170 ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES E AMBIENTES POPULARES: UMA EXPERIÊNCIA LÚDICA E AFETIVA NO ABRIGO LAR CORDEIRINHO DE DEUS Anna Karolina Sapucaia Garcia UEPA [email protected] Gisanne Fernanda Dias de Matos UEPA [email protected] Karla Magalhães Carvalho UEPA [email protected] Resumo: Este artigo relata a experiência de Estágio Supervisionado em Instituições não Escolares e Ambientes disciplina do 7º Semestre do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade do Estado do Pará (UEPA), desenvolvido no Abrigo Lar Cordeirinho de Deus. Nosso principal objetivo foi desenvolver algo que causasse efeitos significativos e vivenciar, na prática, os conceitos aprendidos em teoria durante o curso, com a intenção de contribuir para intervenções educacionais criativas nos espaços de Educação não Formal. Tem características de uma Pesquisa-Ação, o Abrigo como lócus; os instrumentos foram diálogos informais e levantamento bibliográfico, e a abordagem é qualitativa. Está composto por discussões e reflexões referentes à atividade lúdica e criativa desenvolvida com E.V.A, junto as meninas do Abrigo, na confecção e decoração de cadernos e ponteiras de lápis. Assim como a consulta de teorias de GRACIANI (2014), LIBÂNEO (2001), VYGOTSKY (2001), GUERRA (1995), entre outros documentos também verificados. Bem como a importância do pedagogo social nesses espaços. Com base nas observações, intervenções e vivências do estágio pudemos afirmar que foi possível oferecer as mesmas uma proposta de aprendizagem significativa, humanizante e criativa, a qual pudemos desenvolver diversas reflexões afetivas, comportamentais, pedagógicas e sociais. Palavras-chave: Estágio Supervisionado; Ambientes não Escolares; Pedagogo. Abrigo. Afetividade. Considerações Iniciais A importância do Estágio Supervisionado em Ambiente não Escolar para a Formação dos Estudantes de Pedagogia O Estágio Supervisionado é um dos momentos em que o estudante tem a oportunidade de ter um contato direto com a prática em um ambiente o qual será sua possível atuação futura. Guerra (1995) sobre o Estágio Supervisionado, diz que essa atividade consiste em teoria e prática tendo em vista uma busca constante da realidade para uma elaboração conjunta do programa de trabalho na formação do educador. 171 Formação esta que através do estágio, para Silva e Miranda (2008) apud Miranda (2009) aproxima da realidade de forma reflexiva e crítica, estabelecendo as conexões entre teoria e prática, analisando o contexto e o seu entorno bem como proporcionando reflexões sobre o trabalho docente. Formar um profissional pesquisador e reflexivo é fundamental e o estágio supervisionado proporciona isso aos estudantes de pedagogia, pois “o processo de consolidação da pesquisa como valorização da prática reflexiva na formação dos professores de estágio, os possibilita responder com situações novas às situações de incerteza e indefiniç~o” (SCHON, 1997) apud Moraes et al., 2014. O Estágio Supervisionado é obrigatório e está previsto na lei de Diretrizes Nacionais para o Curso de Pedagogia, instituídas pela Resolução CNE/CP n°. 1, de 15 de maio de 2006 [2], que preveem que, para a integralização dos estudos, os alunos deverão cumprir atividades de Estágio Supervisionado (Art. 7°) e segundo o parecer CNE/CP n°. 5/2005 [3] pressupõe atividades pedagógicas efetivas em um ambiente institucional de trabalho, reconhecido por sistema de ensino, que se concretiza na relação interinstitucional, estabelecida entre um docente experiente e o aluno estagiário. Nesse sentido o Estágio Supervisionado precisa proporcionar o reconhecimento da teoria e a sua aplicação na prática profissional; facilitar e antecipar as escolhas dos graduandos para qual área pretendem seguir; perceber as próprias deficiências da formação profissional e buscar o aprimoramento; estimular o exercício do senso crítico, da criatividade e da sociabilidade. E para isto é que se torna necessário o vínculo com o estágio supervisionado, pois é este que vai proporcionar ao estudante a experiência prática do que ele já tem em teoria. O Estágio em Contextos Não Escolares é de fundamental importância, pois supre e desmistifica a idéia de que a única relação profissional que o pedagogo desenvolve seja a docência ou outras áreas do ensino formal. Pois bem, este estágio remete ao estudante de pedagogia a necessidade de se ter um pedagogo atuando em diversos campos profissionais, sejam eles formais, não formais ou até mesmo informais, haja vista que em todos estes contextos há uma necessidade de desenvolver atividades de capacitação, treinamento, planejamento, execução, acompanhamento, avaliação, direção, supervisão, 172 coordenação de programas e projetos e, também, a docência em circunstâncias específicas, fora dos espaços escolares, como, por exemplo, em hospitais, museus, ONGs. (VASCONCELOS, 2012, p. 8). O estágio em ambientes não escolares é prioritariamente prática, porém semelhante a qualquer outra disciplina, necessita de um bom aporte teórico, pois este estágio é oportunizado pela prática social, a qual necessita de diversos cuidados e estratégias pedagógicas, sendo assim fundamental o aprofundamento teórico para que resulte em uma prática mais elabora e eficaz. Sem a teoria não há eficácia na prática e sem a prática não há a solidificação do saber. Para o desenvolvimento do estágio supervisionado nesses ambientes é evidente a necessidade de se haver um pedagogo atuante nessas instituições, podendo ser realizado em qualquer instituição desde que haja a presença deste profissional. O Pedagogo em Ambientes não Escolares O primeiro foco quando falamos do estágio supervisionado em ambientes não escolares, é demonstrar que o trabalho profissional do pedagogo vai muito mais além do que a sala de aula, a escola, este trabalho não se desenvolve somente na educação formal, mas também em diversos contextos não formais e informais, como hospitais, empresas, ONG’s, projetos sociais, entre v|rios outros. O segundo foco do trabalho em ambientes não escolares é a questão humanizadora, na qual se resgata a dignidade, a socialização, o respeito, se resgata pessoas. Libâneo (2001) critica a prática do senso comum em relacionar pedagogia apenas com o ato de ensinar: A ideia de senso comum, inclusive de muitos pedagogos, é a de que Pedagogia é ensino, ou melhor, o modo de ensinar. Uma pessoa estuda Pedagogia para ensinar crianças. O pedagógico seria o metodológico, o modo de fazer, modo de ensinar a matéria. Trabalho pedagógico seria o trabalho de ensinar, de modo que o termo pedagogia estaria associado exclusivamente a ensino. A pedagogia, o pedagogo, são muito além do ensinar, eles são o ato educativo, são o que proporciona aos indivíduos práticas educativas, reflexão educativa e ativa na sustentação do indivíduo enquanto sujeito de uma sociedade. Com isto, o trabalho do pedagogo não se resume apenas em ambientes formais de educação. 173 No art.5º da Resolução CNE/CP 1/2006 inciso IV, refere-se que o egresso do curso de pedagogia deverá estar apto a trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo; (grifo nosso). Com isto se fundamenta a import}ncia de que “o curso de Pedagogia se destina a formar o pedagogo-especialista, isto é, um profissional qualificado para atuar em vários campos educativos, para atender demandas socioeducativas de tipo formal, não-formal e informal”. (LIBÂNEO, 2001). A educação não formal não possui um formato de educação escolar, ela é diferenciada. “A Educaç~o n~o formal é aquela que se aprende no “mundo da vida”, visa os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivas cotidianas” (GOHN, 2006, P.28) Este processo na educação não-formal deverá ser conduzido pelo pedagogo, pelo educador social, pois a principal vertente do trabalho em ambientes não escolares é a prática educativa social. Desvelando assuntos educativos, mas principalmente assuntos que envolvam amplamente as necessidades dos que ali estarão envolvidos, como assuntos políticos, econômicos, sociais e culturais. Desta forma, concordamos com Graciani, (2014) quando diz que “o educador social deve, pois, criar condições desejáveis para o desenvolvimento das habilidades cognitivas, afetivas e sociais, tanto do ponto de vista pessoal quanto do de grupos humanos”. Para isto, ele deve estar “atinado, no sentido de ver e perceber a aparência e a essência dos fenômenos sociais, para o feixe de novas emergências, exigências e modelos educativos, novos sujeitos sociais dos processos formativos/educativos e novas orientações político-culturais”. (GRACIANI, 2014, p.31). 174 Atividade desenvolvida e suas perspectivas O Abrigo Cordeirinho de Deus foi fundado em 15 de fevereiro de 2006, tem realizado um trabalho sério e competente com crianças que vivem em situação de vulnerabilidade social, especificamente meninas de 4 a 14 anos. Localizada na Trav. Castelo Branco nº 923 – São Braz, possui registro de Utilidade Pública Municipal e Estadual, é registrada no Conselho Municipal de Assistência Social - CMAS, assim como no Conselho Municipal da Criança e do Adolescente – COMDAC. Este artigo é o resultado da aplicação de uma atividade desenvolvida no abrigo, na qual produzimos capas de cadernos e ponteiras para lápis em EVA, juntamente com as meninas que lá estão morando no momento. A atividade pode abranger a importância do processo criativo e lúdico para o desenvolvimento dessas meninas. Quando pensamos em que tipo de atividade iríamos desenvolver com as meninas do Abrigo Cordeirinho de Deus, pensamos em ideias e alternativas metodológicas que pudesse deixar as reuniões mais atrativas e divertidas visto que elas já trazem desde muito cedo situações de vulnerabilidade que prejudicou e ainda prejudicam o seu desenvolvimento. Alternativas que auxiliam reuniões com as crianças e adolescentes no desenvolvimento da coordenação motora, concentração, iniciativa e criatividade. Partindo desse pressuposto, nossa equipe elaborou a atividade com E.V.A com as meninas do abrigo para a construção e decoração de capas de cadernos e ponteiras de lápis. Quando o educador ou ministrador utiliza, seja do artesanato, pintura, costura (entre outros) como apoio para o desenvolvimento de algo, incentiva para que haja a manifestação da criatividade. Por esse ângulo, procuramos nortear a nossa atividade; desenvolver algo que além de causar efeitos nas meninas do abrigo, pudesse causar no grupo em geral, a importância do papel do agente mediador que precisa está alerto para conseguir identificar as potencialidades dessas crianças, despertando um interesse talvez ainda não descoberto, para conseguir alcançar nelas um sentido diferenciado em 175 suas vidas, oferece-las um momento de descobertas, onde cada uma utilize a sua criatividade. Juntamente com a escolha da atividade, tivemos a preocupação com a complexidade do que iriamos fazer, visto que, eram 9 meninas e 1 menino, de diferentes faixas etária, e assim entendemos que existe, como em qualquer outro contexto, diferentes níveis de habilidades, porém nosso foco estava em motivar o ato criador que cada um possuía. Com isso, levamos vários itens como fitilhos, rendas, adesivos, stress e frufrus para a decoração das capas de caderno e para as ponteiras de lápis. Nesse caso, optamos em escolher desenhos fáceis, como borboletas, flores e carrinhos. Antes do dia da atividade, preparamos todos os moldes, inclusive o molde do tamanho da capa do caderno, para agilizar o trabalho. Compramos cola instantânea daquelas que seca rápida e utilizamos tesouras sem pontas. Posto que o tempo é muito curto, nos preparamos para desenvolver uma atividade ágil, mas que fosse desenvolvida por elas próprias. Entretanto, no dia da realização da atividade, 6 das 10 crianças que estavam no abrigo voltaram para seus lares e famílias. Perante nossas observações, conseguimos identificar algumas barreiras e dificuldades. Posto que nos preparamos e nos preocupamos para o desenvolvimento adequado da atividade, não podemos afirmar que fomos 100% gloriosas no que se refere ao alcance de todos nossos objetivos. Nosso maior desafio foi em relação à competitividade que existe entre elas, visto que, se alguma arrancasse elogios de alguém as outras logo se desanimavam e ficavam desmotivadas, tornando dificultoso, o andamento da atividade proposta. Na realidade, vimos o quanto é imprescindível buscar a fundo as suas potencialidades e levar muito em consideração o contexto de vida que elas possuem e estão vivendo no momento. O quanto é importante a atuação de um profissional, além de apaixonado, preparado para trabalhar de maneira particular com cada uma. O fato de que algumas meninas tivessem alcançado o seu sonho de “voltar para casa”, o clima no abrigo se misturava entre tristeza, saudades e alegrias e era difícil ignorar a falta que elas estavam fazendo para suas companheiras, que às tinham como 176 irmãs, uma outra família. Com isto, o grupo de estágio também foi afetado por esse sentimento e o clima ficou abalado comprometendo ainda mais o andamento da atividade. Enfim, considerando os resultados obtidos, foi satisfatório. Dado que um dos nossos objetivos, a manifestação da criatividade, foi alcançado quando além das capas para os cadernos elas também tiveram a ideia de confeccionar capas para CD’S. Podemos afirmar assim como se refere Vygotsky (2001, p.325) que “[...] ensinar o ato criador da arte é impossível; entretanto, isso não significa, em absoluto, que o educador não pode contribuir para a sua formação e manifestaç~o”. Nesse sentido entendemos que nossa ideia foi bem-sucedida e que a atividade teve grandes contribuições para as meninas e para o grupo como um todo. Uma vez que, observando o comportamento delas, nos provocou uma inquietação de intervenção e busca por melhoramento das atividades. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante desse quadro espera-se que esta experiência se torne mais um suporte para os profissionais de Pedagogia atuantes no ambiente não escolar, para que possam aprimorar suas ideias, transformando-as em aulas dinâmicas, em um ambiente prazeroso e alegre com várias oportunidades de construção do conhecimento e integração entre todos que estiverem inseridos nesta bela missão, que é a arte de ensinar. Concordamos com Perrenoud (2000) que a ludicidade, apesar de diversão e prazer, é uma possibilidade muito rica de aprendizado, com inúmeras potencialidades para se desenvolver habilidades e competências. Posto isso, o que se observou no período de estágio, foi a importância de intervenções individuais. Visto que cada uma delas apresentam barreiras emocionais diferentes umas das outras. A ludicidade tem que ser a principal ferramenta para se trabalhar com as meninas do abrigo, pensando sempre em intervenções que às façam esquecer por algum momento as suas realidades e que às permitam construir novas perspectivas de sonhos e planos para o futuro. Para nós, restou o aprendizado, a paixão e o prazer de ter realizado nosso estágio em um ambiente tão acolhedor e rico em conhecimentos, principalmente a 177 experiência única de desenvolver um trabalho pedagógico dentro de um ambiente completamente diferente de uma escola. O Cordeirinho de Deus é uma instituição repleta de sonhos e esperanças, as meninas que ali moram, são exemplos disto. Nosso período de estágio na instituição foi produtivo e motivador, nos demos conta do potencial que o pedagogo tem podendo está inserido em diversos contextos e ainda sim realizar um trabalho excelente e eficaz. REFERÊNCIAS BRASIL, Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia. BRASIL. Parecer CNE/CP nº. 5/2005 , MEC. 2005. GOHN, Maria da Glória. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.14, n.50, p. 27-38, jan./mar. 2006. GRACIANI, Maria Stela Santos. Pedagogia Social. – 1. ed. – São Paulo : Cortez, 2014. P. 21 – 70. GUERRA, Miriam Darlete Seade. Reflexões sobre um processo vivido em estágio supervisionado: dos limites às possibilidades, 1995. LIBÂNEO, J.C. Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas. Educar, Curitiba, n. 17, p. 153-176. 2001. Editora da UFPR. MIRANDA, Joseval dos Reis. 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O mesmo perpassou pela busca do entendimento da importância das práticas educativas nepianas para a formação da identidade destas mulheres. Trata-se de um grupo de ensino, pesquisa e extensão vinculado a Universidade do Estado do Pará. Foram 11 sujeitos escolhidos para o estudo, ambos do sexo feminino e com uma faixa etária variada. A coleta de dados realizou-se por meio de entrevista semi-estruturada, que posteriormente foram submetidos a uma análise de conteúdo, a fim de compreender os principais motivos que levaram estas mulheres a se afastarem ou encontrarem dificuldades para continuarem os estudos. Estas questões lançaram luzes sobre a atuação do NEP frente a este contexto marcado pela desigualdade entre homens e mulheres, representada por uma ideologia machista ainda fortemente impregnada na Amazônia. Como resultados destacamos que muitas destas educandas abriram mão de frequentarem um banco de escola, com o intuito de assumirem os papeis de mães e esposas, além de necessitarem trabalhar precocemente por conta de suas precárias condições econômicas. Neste cenário, os encontros educativos do NEP apresentaram-se como um contexto fértil para as relações interculturais entre as educandas, por meio de um compartilhamento de saberes, tradições, costumes e religiosidades pluralizados, proporcionando o resgate da auto estima, por meio de um processo de alfabetização marcado pela escuta e pelo diálogo crítico e o fortalecimento de suas identidades profissionais. Palavras-chave: NEP, Vozes das educandas, Amazônia. Introducão Os caminhos históricos atuais percorridos pela sociedade, apresentam inúmeros aspectos que necessitam ser discutidos. Entre eles, a atuação da ciência frente aos dilemas sociais. “Só existe conhecimento em sociedade e, portanto, quanto maior for o seu reconhecimento, maior será a capacidade para conformar a sociedade, para conferir inteligibilidade” (SANTOS, 2010, p.138). Ainda segundo o intelectual, o conhecimento 179 não está equitativamente distribuído no seio social, provocando a necessidade de aberturas epistemológicas, entre elas, a assunção dos estudos feministas. Os estudos feministas segundo Louro (1997), amadurecem sob a premissa de promoverem o protagonismo das mulheres no seio das universidades. Para tanto, a intelectual aponta a importância de renovar as metodologias de pesquisa, a fim de elucidarem o papel feminino em áreas como a educação. Desta forma, nesta pesquisa, vislumbramos um encontro entre este campo de estudo e a educação popular, pautada pela filosofia educativa de Paulo Freire, marcada pelo diálogo e engajamento político com as classes oprimidas de regiões periféricas, expressos por meio de práticas educativas com mulheres jovens e adultas. Trata-se do recorte de uma pesquisa realizada entre 2014 e 2015, que procurou investigar quais os principais obstáculos enfrentados pelas mulheres da região amazônica em continuarem os estudos, bem como a importância do NEP para a formação da identidade destas educandas. Em um primeiro momento, se estabelece uma breve discussão sobre os estudos feministas na América Latina, seguido da apresentação das ações educativas nepianas, culminando com a relação composta por estas práticas e as vidas das educandas que participam destas atividades socioeducativas. Metodologia para o estudo A presente pesquisa caracterizou-se por ser qualitativa e de campo. Esta modalidade de pesquisa, “caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e\ou documental se realiza coleta de dados junto {s pessoas” ( FONSECA, 2002, apud GERHARDT e SILVEIRA, p.37, 2009). Neste sentido, buscou-se compreender a trama composta pelas tessituras que compõe as falas das educandas, a respeito do histórico de negação que vivenciam em aspectos como profissão, matrimônio e direitos humanos, que convergem para a evasão escolar. Neste estudo, foram realizadas entrevistas com onze mulheres que frequentam os espaços onde são realizadas as atividades do Núcleo de Educação Popular Paulo Freire, sendo: 2 adolescentes de 15 anos vinculadas a uma Instituição Filantrópica; 3 180 mulheres na faixa dos 30 aos 50 anos pertencentes a uma Casa de Acolhimento; 4 mulheres com idades entre 15 e 50 anos, internadas em uma Maternidade hospitalar e 2 educandas com idades de 15 e 45 anos usuárias dos serviços ofertados por uma Unidade de Atendimento Materno Infantil. É importante destacar que as suas identidades foram preservadas por meio de nomes fictícios. A modalidade de entrevista escolhida foi a semiestruturada, neste sentido, “ a diferença central é seu caráter aberto, ou seja, o entrevistado responde as perguntas dentro de sua concepç~o” ( MAY, 2004, p.149). As falas das educandas foram coletadas por meio de gravações seguidas de transcrição. Os dados coletados foram sistematizados e analisados através de técnicas de categorização da análise de conteúdo (CAMPOS, 2004), de forma a captar o modo como estas mulheres interpretam o “ser mulher”, em meio {s obrigações matrimoniais, aos dilemas da maternidade, à invisibilidade de sua importância nas atividades que garantem o sustento da família bem, como as discriminações que vivenciam nas salas de aula e no cotidiano social. Estudos Feministas na América Latina Os estudos feministas para muitos(as) pesquisadores(as) como Louro (1997), surgiram como uma forma de romper barreiras científicas marcadas pela predominância masculina, assim como a utilização de métodos positivas. Neste sentido, as pesquisas em torno da imagem feminina, provocaram mudanças nas metodologias de estudos tradicionais no seio das academias. Para Narvaz e Coller ( 2006, p.651) “ as metodologias feministas assumem o caráter intrínseco das abordagens críticas, tendo como objetivo comum a mudança social e o resgate da experiência feminina.” Em outras palavras, esta nova forma de pesquisa, lança luzes sobre a visibilidade da mulher na sociedade. No entanto, o contexto das epistemologias feministas para estudiosos(as) como Matos (2010), apresentam uma lacuna, ao que se refere ao seu olhar notavelmente ocidentalizado: 181 Os esforços de (re)construção de modelos analíticos para o entendimento do capitalismo estarem desvinculados de uma análise mais densa para as vicissitudes do feminismo global contemporâneo. Isto teria se dado a meu ver por certo distanciamento da teoria das agendas mais recentes e em especial do feminismo do sul global e por uma construção excessivamente baseada no olhar do ocidente homogêneo (MATOS, 2010, p.67-68). Esta perspectiva homogênea sobre a mulher, está impregnada no discurso das feministas norte americanas e europeias. Estas intelectuais, segundo Silva (2012, p.128) “ s~o caracterizadas por serem brancas e ricas, o que far| com que o próprio movimento receba críticas ferrenhas pela sua exclus~o {s outras mulheres.” Exclus~o esta que contribui para a ocorrência de inúmeros desencontros entre estas epistemologias feministas, de essência eurocêntrica e os dilemas de mulheres oriundas de regiões como a América Latina, África e Ásia. No seio destas críticas a este feminismo centralizado, destacam-se os estudos de Mohanty (1984), ao apontar que a epistemologia feminista de caráter anglo-saxão, visualiza as mulheres subalternizadas oriundas de regiões periféricas, a partir de uma perspectiva monolítica, alicerçada no discurso unívoco do machismo: As teorias feministas ocidentais estariam construindo uma representação distorcida, estável, anistórica e reducionista a respeito das mulheres e dos feminismos do terceiro mundo como: sexualmente limitadas, ignorantes, pobres, não escolarizadas, tradicionais e conservadoras. Voltadas essencialmente para o doméstico e a família, dependentes e vitimizadas pelo sistema sócio-econômico (MATOS, 2010, p.9). O discurso feminista ocidental marginaliza as mulheres latinas, africanas e asiáticas, por meio de uma colonialidade epistemológica no contexto dos estudos sobre a mulher (HUZIOKA, 2010), neste sentido, os aspectos sociais, históricos e ontológicos das sociedades femininas de regiões periféricas, são encobertas por uma visão eurocêntrica. Esta hierarquização epistemológica, para Corrêa (2001), impossibilita de evidenciar os peculiares dilemas enfrentados por estas mulheres injustamente subalternizadas. Para Mohanty (2003), a reformulação da epistemologia feminista deve partir dos estudos interculturais, de forma a lançar luzes para as ações promovidas pelos inúmeros movimentos, como os de mulheres negras, os das operárias, os das trabalhadoras rurais sem terra, os das agricultoras entre outros, promovendo uma 182 política feminista trans ou intercultural, capaz de compreender os dilemas de mulheres marginalizadas pelo capitalismo, tecendo um feminismo solidário e humanizado. Paulo Freire e as questões femininas No desenvolvimento histórico e social, percebemos que uma das mais notáveis formas de opressão repousam nas relações de gênero. Muitos intelectuais como Paulo Freire, debruçam-se sobre este campo, fortalecendo profundas reflexões a respeito dos dilemas que permeiam o mesmo. Ao refletir sobre o gênero, Freire em sua obra “Cartas a Cristina” de 2003, por meio de inúmeras páginas, reflete sobre a cultura patriarcal que alicerçou o desenvolvimento da história brasileira e inflama as desigualdades a partir de uma perspectiva sexista. Este machismo, segundo o intelectual pernambucano, desperta as memórias de um episódio ocorrido em sua infância, que o leva a pensar criticamente sobre a situação discriminatória que sua mãe enfrentava em uma sociedade patriarcal: O açougueiro zombeteiro machista a desrespeitava com seu discurso de mofa, suas palavras a pisoteavam, a destroçavam, emudeciam tímida e esmagada, eu a revejo frágil, olhos marejados, deixando aquele açougue à procura de outro em que quase sempre se acrescentavam outras ofensas às já recebidas [...] não posso deixar de fazer um comentário sobre a cultura machista. Só ela pode explicar de um lado que minha mãe tomasse para si mesma o incômodo enfrentamento dos credores, de outro, que meu pai tão justo e correto aceitasse sabe-la expondo-se como se expunha (FREIRE,1994, p.64). A exposição à humilhação experimentada pela mãe de Paulo Freire, o leva a criticar as construções sociais machistas fundamentadas em ideologias onde a figura feminina é submissa e dócil, estando passível a agressões de naturezas psicológicas, morais ou verbais, as quais, no entanto, seriam motivo de distorção para a imagem masculina considerada prepotente. Ainda na mesma obra, o educador relata um episódio para ele marcante, protagonizado por um jovem casal que foi visitá-lo durante sua estadia em Genebra. Um médico e uma militante, esta última, que por conta de seu engajamento político no contexto da ditatura militar, foi capturada e violentamente torturada. 183 O intelectual a descreve como “Semi ou quase destruída emocionalmente, esfarrapada[...] encolhendo-se no próprio corpo na cadeira quase desaparecido (FREIRE, 1994, p.26) Neste sentido, linguagem corporal da moça reverberava em vergonha, humilhação e sofrimento. A sua corporeidade exalava a afirmação de que ainda que tantos outros companheiros, assim como ela houvessem passado por tratamentos desumanos enquanto presos políticos, para as mulheres, o agravante repousava no silenciamento de seu sofrimento, na vergonha da exposição de sua intimidade a tantos desconhecidos que animalizavam o seu corpo: Católica, trabalhava em um dos movimentos clandestinos, [...] caída e presa a que se seguiu imediatamente a tortura, por cujas mais diferentes e caprichosas formas de fazer sofrer ela passou[...] foi a pessoa que até hoje em minha experiência de vida mais senti necessidade de falar de seu padecimento, de sua humilhação, da negação de seu ser, do zero a que fora reduzida[...] ‘um dia Paulo’ disse ela, mansa e descontraída apesar da tens~o que deve ter envolvido a experiência de que ela começou a falar,’ eu j| estava em posiç~o regular para o início da sessão de pau de arara. Falei e disse calma: estou pensando agora em como Deus vê vocês nesse momento, armados, monstruosos, robustos, prontos para continuar a destruição do meu corpo frágil, pequeno e indefeso (FREIRE, 1994, p.26). Este relato jamais foi esquecido por Paulo Freire, o qual, assim como tantos outros por ele colecionados durante a sua “andarilhagem” pelo mundo, o ajudaram a amadurecer o profundo significado da palavra opress~o. Neste sentido, se trata de “uma vocação negada na injustiça, na exploração, na opressão, na violência dos opressores”(FREIRE, 1970, p.16). Esta negação é incansavelmente discutida pelo educador na obra Pedagogia do Oprimido. Segundo o intelectual pernambucano, após a repercussão mundial de seu livro, surgiram amplas críticas por parte das feministas norte americanas (FREIRE, 1997), que consideravam a sua linguagem machista. “Ao ler as primeiras críticas que me chegavam, ainda me disse ou me repeti o ensinado na minha meninice: ‘Ora, quando falo homem, a mulher necessariamente est| incluída’(FREIRE, 1997, p. 35). Este ensinamento machista passa a ser questionado pelo educador: Percebi a mentira ou a ocultaç~o da verdade que havia na afirmaç~o: “Quando falo homem, a mulher está incluída". E por que os homens não se acham incluídos quando dizemos: “As mulheres est~o decididas a mudar o mundo?” 184 Nenhum homem se acharia incluído no discurso de nenhum orador ou no texto de nenhum autor que escrevesse: “As mulheres est~o decididas a mudar o mundo”. Da mesma forma como se espantam (os homens) quando a um auditório quase totalmente feminino, com dois ou três homens apenas, digo “Todas vocês deveriam” etc. Para os homens presentes ou eu n~o conheço a sintaxe da língua portuguesa ou estou procurando "brincar” com eles (FREIRE, 1997, p.35). Atenta-se para o perigo da ideologia camuflado na linguagem. Este pensamento ideológico é combatido, para Paulo Freire, a partir do reconhecimento da relação dialética entre pensamento e língua e práticas democráticas. Neste sentido, necessita-se pensar na situação antidemocrática que viviam as mulheres norte americanas no período de 1970, que levou ao momento em que surgiram as críticas a Paulo Freire. Segundo Shor ( 1986), as escolas estadunidenses nesta década, eram marcadas pela linguagem machista nas salas de aula. Machismo este que ao comungar com o processo educativo, apresenta uma associação perigosa sob o ponto de vista da liberdade feminina. Para o educador norte americano, as mulheres que frequentavam as suas aulas, aceitavam passivamente serem interrompida pela voz masculina, grave e autoritária, que verbaliza discursos agressivamente sexistas responsáveis fortalecer a submissão feminina seja nas esferas doméstica, política, econômica ou social. Os relatos de Ira Shor, estão registrados no livro Medo e Ousadia, fruto de um diálogo realizado entre o norte americano e Paulo Freire. O intelectual pernambucano reflete que um ser humano, ainda que estejam em um contexto de opressão, reconhece a sua necessidade de liberdade, criando, assim resistências (FREIRE, 1986). O ato de resistir por parte das brasileiras, torna-se nítido segundo o educador em seu retorno { terra nacional após o fim do exílio. “ As mulheres no Brasil começaram a lutar, começaram a protestar, começaram a rejeitar o fato de serem objetos” (FREIRE, 1996, p.101). Este reconhecimento, não exime no entanto a consciência de Freire sobre os obstáculos que permeiam a luta feminina, os quais estão condicionados a momentos históricos. A historicidade torna-se o alicerce fundamental para o amadurecimento de um feminismo crítico, o qual não pode ser autoritário: 185 Tenho certeza de que a luta das mulheres tem que ser liderada por elas mas também tenho certeza de que enquanto homem, minha contribuição à luta das mulheres deve ser aceita pelas mulheres críticas. As mulheres ingênuas podem dizer: ‘n~o, você n~o tem nada a ver conosco, porque você é um homem’. N~o, isto é ingenuidade, se as mulheres forem críticas terão que aceitar nossa contribuição enquanto homens, assim como os trabalhadores tem que aceitar nossa contribuição como intelectuais, porque é um dever e um direito que eu tenho de participar da transformação da sociedade (FREIRE, 1996, p.102). A transformação da sociedade necessita ser democrática, evidenciado uma pluralidade que não pode reduzir-se ao ponto de vista feminino apenas. Em outras palavras, surge a necessidade de entremear o feminismo com as questões étnicas, raciais, religiosas e classistas, convergindo para um interculturalidade crítica. “A unidade na diversidade, o reconhecimento das diferenças das culturas, das especificidades entre as opressões, mas também de que a luta pela libertação tem de ser coletiva” (OLIVEIRA, 2015, p.93). Neste sentido, esta síntese cultural, marcada pela dialética entre ação e reflexão, se opõe à inércia de que nada pode ser feito, ao mesmo tempo que defende-se das armadilhas ilusórias de uma cultura capaz de fragmentar abstratamente o machismo sem uma prática social consistente. Núcleo de Educação Popular Paulo Freire: apresentação e práticas educacionais freireanas O Núcleo de Educação Popular Paulo Freire (NEP) oficializou-se como grupo de estudos em 17 de dezembro de 2003, instituído pela Resolução do Conselho Universitário (CONSUN), fruto da transformação do Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos (PROALTO), o qual já era marcado pelas suas práticas educativas freireanas. O pensamento filosófico e educativo de Paulo Freire é conduzido no interior do núcleo por professores\as de forma humana, democrática e respeitosa. Estas qualidades contribuem significativamente para a formação universitária dos graduandos\as que estão vinculados ao grupo, os quais experimentam uma relação dialógica com os docentes do NEP. Segundo Freire (1982, p.42): 186 Sendo o selo do ato cognoscente, o diálogo não tem nada que ver de um lado com o monólogo do educador bancário, de outro com o silêncio espontaneísta de certo tipo de educador liberal. O diálogo engaja ativamente a ambos os sujeitos do ato de conhecer educador-educando educando-educador. Essa forma dialógica de aprendizagem reflete de forma significativa na prática dos/as educadores/as do NEP em diferentes espaços educacionais, entre os quais, os que atendem especificamente mulheres, como o caso das instituições pesquisadas. Há um comprometimento político e social do Núcleo de Educação Popular Paulo Freire com as camadas sociais excluídas residentes nos mais variados municípios amazônicos e que frequentam seus espaços educacionais. Trata-se de “uma educaç~o que parta dos saberes, das experiência de vida dos educandos para a compreensão mais rigorosa e crítica de sua realidade”(OLIVEIRA, 2011,p.2) Este compromisso, torna as ações nepianas múltiplas tanto em suas características quanto nos ambientes em que atuam, que abarcam não apenas escolas, mas também instituições socioeducacionais como hospitais, unidade de acolhimento de idosos, entre outras. Para Freire ( 2001, p.59): A prática político-pedagógica dos educadores progressistas deve ocorrer numa sociedade desafiada pela globalização da economia, pela fome, pela pobreza, pela tradicionalidade, pela modernidade e até a pós-modernidade, pelo autoritarismo, pela democracia, pela violência, pela impunidade, pelo cinismo, pela apatia, pela desesperança, mas também pela esperança. No contexto desses desafios sociais, os eixos temáticos que permeiam as ações pedagógicas são diversos, tais como: educação de jovens e adultos-EJA; Filosofia com crianças e adolescentes, educação sexual, educação popular e saúde e educação com idosos. Partindo da historicidade da Amazônia, a qual engloba os quatro contextos educativos onde efetuou-se a pesquisa, as práticas pedagógicas realizadas nos mesmos, promovem o encontro destas temáticas. As vozes das educandas do Núcleo de Educação Popular Paulo Freire Os relatos das educandas que participam das ações educativas promovidas pelo NEP, foram fundamentais para elucidarmos questões que levam estas mulheres a estarem acorrentadas aos grandes índices de analfabetismo em regiões periféricas como 187 a Amazônia, ilustrando um cenário carente de políticas públicas em contextos como a saúde e a educação. Neste sentido, sentimos a necessidade de refletir com as educandas entrevistadas, sobre as impressões que elas possuem a respeito da imagem feminina. “A representação social é uma das atividades psíquicas graças às quais os homens e mulheres tornam inteligível a realidade física e social” (MOSCOVICI, 2002, apud OLIVEIRA E MOTA NETO, 2003, p. 55). Desta forma, a interpretação das mesmas sobre o “ser mulher”, tornou-se fundamental para a compreensão dos seus papeis em múltiplas esferas sociais: Mulher tem segurança, mulher tem que ser respeitada, a mulher tipo... Porque a mulher coloca as pessoas no mundo, para mim tem que respeitar as mulheres porque elas são importantes, primeiro porque se não existisse mulher, não existiria homem (CLARA. L.M) (grifo nosso). A fala da educanda exprime uma reação contra a sociedade que a exclui. Em outras palavras, não podemos ser inflexíveis no sentido de pensar que a mulher sempre se verá como um sujeito passivo no meio social em que vive. Ao contrário deste fatalismo, existem possibilidades, que são condensadas no relato de Clara, com a sua marcante frase: “se n~o existe mulher, n~o existiria homem”. Desta forma, esta fala expressa a valorização da mulher. Para Freire (1984), na relação entre opressores e oprimidos, estes últimos podem apresentar mecanismos de resistência à opressão que são submetidos. Neste sentido, muitas são as opressões enfrentadas por estas mulheres, as quais se iniciam dentro do seio familiar, no núcleo dos matrimônios: Para mim, é algo sagrado. Eu acho que eu não pretendo me casar porque eu prefiro ser solteira, porque eu gosto assim da minha liberdade, mas se eu me casar, eu quero que o meu marido me respeite, cuide de mim, cuide dos meus filhos, de uma maneira assim, bem melhor do que a minha mãe teve. O meu pai foi mais ausente, porque quem me criou mais foi minha avó (ANA-L. M). Eu gostava do meu parceiro, acreditava que era amada. Mas quando ele soube que eu engravidei, sumiu da minha vida... Achava que a gente ia casar, ou seja, ter uma família de verdade, mas depois eu fiquei sabendo por terceiros que ele mentiu para a família disse que o filho não era dele. Casamento é algo complicado (LEDA- S.C). O relato da adolescente Ana, ilustra as múltiplas formas de se obter uma feminilidade que cruzam-se em uma perspectiva de dialética no contexto histórico atual. 188 Em outras palavras, a jovem é enfática ao afirmar que aprecia a liberdade proveniente do fato de estar solteira. No entanto, não descarta a possibilidade de contrair um matrimônio, sob a condição de ser uma relação diferente da que testemunhou no seio do casamento de seus pais. A vis~o do casamento Para Matos ( 2005, p.31) “foi tomando forma, sendo apresentada em filmes e novelas que em geral exigem esse desfecho como um final feliz. Neste sentido, ainda hoje há uma expectativa do público feminino para que isso ocorra” O desejo do companheirismo em uma futura relaç~o, revela o receio da educanda em sofrer com decepções em uma possível união. A educanda Leda, revela em seu relato, a mágoa de quem foi machucada no confronto entre as expectativas de um casamento feliz, que parecem ser alimentadas pelo contexto cultural em que vive, o qual valoriza o matrimônio, contrastando com a sua experiência negativa, ao deparar-se com um parceiro que assumiu uma postura de negação perante a paternidade de seu filho. Em outras palavras, estas mulheres, em sua maioria divorciadas, assumem a liderança de suas famílias encontrando forças no contexto da maternidade: A mãe cuida, a mãe dá carinho, a mãe dá amor, é um amor incondicional, porque o amor de mãe é maior do que qualquer coisa, porque sem ela a gente não ia ser uma coisa que a gente que é hoje. Eu sou muito feliz ao lado da minha mãe (SOFIA-U. R). Ser mãe várias vezes causa uma ansiedade diferente, eu tive os meus cinco filhos em casa, é uma experiência boa, mas exige compromisso, entrega. Eu sei que é uma fase complicada, que a mulher precisa de apoio, não tive muito apoio do meu marido. Eu fico feliz em saber que eu posso acompanhar a minha neta no parto. Eu digo para a minha neta que não consigo entender como muitas mães abandonam os seus filhos no hospital, digo para ela doar leite para essas crianças. Eu disse para a mãe dela apoiar ela. Porque quando a mãe dela tinha a idade dela e eu apoiei (grifo nosso) (HELENA-S. C). Sofia descreve a realidade da família brasileira onde a mulher não apenas é a responsável por sustentar economicamente a família, como também representa o pilar emocional de seus semelhantes. Alicerce este, potencializado pela ausência da imagem paterna. Segundo Marin (2005, p.16) “as meninas de famílias de m~es solteiras tenderam a ser mais independentes do que meninas de famílias nucleares.” Neste sentido, a educanda não expressa traumas por obter uma educação marcada somente pela figura materna. 189 Este poder materno, está presente no relato da educanda Helena que expressa a solidariedade existente entre as mulheres no contexto da maternidade. “A reflex~o feminista dialoga com as ciências humanas e sociais, que valorizam o lugar da mulher na gestaç~o, lembrando que o cord~o umbilical é fonte de vida e poder” (SCAVONE, 2001, p.144). A cumplicidade entre avó e neta ao enfrentarem o desafio de criarem uma criança, mesmo com o preconceito do restante dos familiares é notável. Este gesto altruísta revela-se como um símbolo de empoderamento feminino, em uma sociedade patriarcal como a Amazônia. Desta forma, a autonomia feminina no contexto da Amazônia, região esta em que predominam atividades referentes ao campo como a caça, a pesca e a agricultura, deve ser refletida. Segundo Abramovay e Castro (1998), as mulheres correspondem a 40% da mão de obra rural no Brasil. Trata-se de atividades que exigem um grande esforço físico, além de apresentarem inúmeros riscos à saúde, as quais, no entanto, geram ínfimos lucros para estas educandas: No nosso município a gente vive de agricultura. No caso trabalha na roça, trabalha no Igapó, cortando palmito, trabalha roçando o sítio, plantando pupunha, abacate, cupuaçu, castanha... Tudo isso a gente planta. E... Abacaxi, cana (cana de açúcar), é que a gente vive... Batatas a gente planta depois colhe para vender, para sobreviver. É com o que a gente trabalha lá. Palmito a gente corta, fabrica. Aí vende para comprar alguma coisa para sobreviver. O açaí, o açaí a gente tira, vende só que l| o nosso “interiorzinho” é meio assim n~o tem muito avanço porque o pessoal que vão daqui eles pagam muito barato pelo produto da gente... Lá o produto todo mundo tem ninguém compra de você porque todo mundo trabalha só naquilo e o de fora vem às vezes não sabe valorizar. Ou a gente vende assim por pouco dinheiro. Por isso que a gente se torna assim mais inferiorzinho (BIBIANA- E.A). A maioria das educandas do NEP é oriunda de diferentes municípios da região amazônica paraense, espaço geográfico este para Drummond (2002, p.1), necessita de “um acesso mais democr|tico aos recursos naturais prontamente disponíveis como forma de aliviar o estado de pobreza dos amazônidas.” Sinaliza-se a necessidade de se combater as desigualdades políticas e econômicas existentes na região, entre as quais a de gênero. As atividades profissionais na área rural são prejudicas por uma hierarquia social, alicerçada por meio de um sistema político que não atenta para o que ele vai denominar como ações oriundas do Campesinato no Pará, uma vez que são 190 protagonistas de uma “agricultura familiar, composta por relações específicas a propósito da terra, da família, do trabalho, uma forma de organização social própria dos agricultores” (HÉBETTE, 2002, p.15). Sendo assim, esse cenário é acompanhado dos processos de exclusão social, experimentados pelos povos campesinos desde a década de 1960, em decorrência dos grandes projetos da Amazônia e que ocasionam até hoje uma desvalorização em sua mão de obra. Maneschy e Almeida (2002) consideram a face polivalente do campesinato paraense como uma grande característica ao que se refere às atividades econômicas. Em outras palavras, muitas agricultoras e agricultores também realizam outras atividades além do extrativismo como a caça e a pesca, para garantirem a sobrevivência de suas famílias. Não há dúvida de que essas hierarquias no campo econômico, irão influenciar de forma significativa na sustentabilidade das famílias campesinas no estado do Pará como aponta o relato da educanda Bibiana. Nesse aspecto, a fala da educanda nos faz refletir sobre a ausência de valorização que o trabalho feminino possui no cenário rural a qual é reforçada por outro relato significativo: Eu tenho uma roça, planto mandioca, faço farinha, tenho uma plantação de cacau. Mas como o meu marido ficou doente, o médico disse que ele tem uma doença de pele e não pode pegar sol, ele passa muito mal quando vai para a roça, já tentou conseguir um benefício com a perícia, mas não conseguiu. Então eu tenho que trabalhar pegar na enxada e pescar também para ter comida todo dia... Eu tenho seis filhos. (JOANA- S.C). A fala de Joana fortalece as discussões em torno da maior participação da mulher na esfera econômica principalmente quando pensamos no cenário agrícola, que sofre da dupla jornada, uma vez que além de trabalhar na roça e na pesca, ainda necessita cuidar dos seis filhos. Em outras palavras, a mulher assume o trabalho familiar por necessidade, mas não significa emancipação ou independência financeira. DeGraff e Anker (2008, p.164) explicam que existe em muitas esferas sociais “a segregaç~o ocupacional por sexo,” onde nem sempre o sujeito do gênero feminino por mais que exerça uma atividade remunerada, é totalmente independente. 191 Segundo Maneschy (2002, p.43.) “a trabalhadora rural, inclusive a pescadora, era definida como dependente do cônjuge, a quem cabia o pleno gozo das atividades previdenci|rias.” Entretanto, esses benefícios para o público masculino rural j| s~o reduzidos, comparados à situação dos trabalhadores urbanos. A reflexão da pesquisadora é crucial para que possamos lançar luzes sobre a questão de Joana, em sua dinâmica social, a educanda é visualizada como dependente do parceiro. No entanto o paradoxo repousa nessa questão, uma vez que o mesmo por problemas de saúde não pode trabalhar. Como consequência Joana assume as rédeas econômicas da família, ainda que apenas mencione pesca e a roça por ela realizadas, como atividade secundária. Não assume, assim, a sua identidade de fato de agricultora e pescadora. Esta situação deve-se a dinâmica da divisão sexual do trabalho ainda paternalista. Para Almeida (2002, p.87) “O espaço da casa é um domínio culturalmente tido como de responsabilidade feminina: a mulher assume a maior parte das atividades ainda que haja participação do marido\companheiro.” É necess|rio problematizar a forte cultura paternalista que delega à mulher o papel de reprodutora no contexto das relações de trabalho. A sociedade patriarcal qualifica o sujeito do gênero feminino a realizar apenas atividades como limpeza, cuidados de crianças e idosos bem como os serviços domésticos em geral: Eu trabalho fora, eu sou dona de casa, eu ajudo minha mãe, eu ajudo os meus filhos, mas provavelmente já estou voltando para trabalhar fora, eu sempre trabalhei fora, como eu estou de benefício, mas já está terminando e eu vou voltar se Deus quiser eu quero. Trabalho como faxineira em uma farmácia, por enquanto eu estou de licença, mas eu vou continuar. Apesar de eu cuidar da casa (PILLAR-U. R). Desde criança eu sempre quis ser professora seguir essa profissão. Foi quando eu sofri o acidente(escalpelamento) Eu fui para o médico e o médico disse que eu não podia estudar porque eu ia ficar doida da cabeça. Mas eu só sabia fazer as coisas da casa, e queria arrumar um emprego, então aceitei trabalhar de doméstica em uma casa de família, eu lavava, passava e cuidava das crianças da patroa. Depois que eu casei de novo que vim pra roça, cuido da casa, pesco um peixe de vez em quando, cuido de uma coisa e outra (ÍRIS-E. A). A gente faz um bico e outro fazendo faxina ou cozinhando para fora. Eu vou para a aula todos os sábados pela manhã. Lá tem turmas que funcionam aos sábados, começa sete e termina meio dia (AMARANTA- S.C). 192 Íris, Pillar e Amaranta afirmam dividir as suas tarefas do cotidiano entre o lar e a atividade profissional. Nesse sentido, essas narrativas, ao simbolizarem essa divisão, exprimem o embate entre as visões romântica e racional da figura feminina (FARIAS 1982). Em outras palavras, percebemos que elas associam as suas profissões a um aspecto materno e doméstico. Essas características, por sua vez, colocam as educandas em um contexto de mansidão e obediência perfeitamente contundentes com o que se espera de uma esposa ou mãe de família respeitadora. Neste sentido, esta submissão é acatada de forma prazerosa pela lógica do mercado, que terá a garantia de uma profissional do lar incapaz de questionar sobre os seus direitos enquanto trabalhadora. Além da desvalorização do trabalho, soma-se o fato de as mesmas não obterem o conhecimento sobre os seus direitos trabalhistas. Para Costa (2001), as populações que vivem nos municípios interioranos amazônicos, possuem como destaque a pesca, ação esta que mais apresenta carências de direitos políticos, entre eles, o benefício para as vítimas de escalpelamento: Por causa do acidente (escalpelamento), eu usava um boné e ficava com cara de menino. Se eu não usava, me olhavam estranho. Se eu usava, era marginal. Ninguém queria me dar emprego. Quando fui no Ministério Público para tentar meu benefício, o guarda me olhou dos pés à cabeça disse: se tiver confusão aí dentro eu prendo você, porque você tem cara de malandra. Quis chorar de vergonha. Até os doutores de terno (advogados) me olhavam estranho. Nunca mais quis entrar lá (ÍRIS- E.A). O machismo não está apenas no ambiente doméstico, neste sentido, estas mulheres ainda têm que enfrentar os preconceitos oriundos de múltiplas esferas sociais. Sociedades essas que excluem e humilham, de forma a provocarem o silenciamento de suas vozes. Segundo Paulo Freire (1982, p.70) “ h| um mundo que escuta, que segue, que se rebela, que é assimilado ou recuperado, que se rebela de novo, que revoluciona, que se liberta sem que esta sequência seja preestabelecida.” Neste sentido, apesar das dificuldades, estas mulheres desejam e perseveram no caminho da busca pelos seus direitos. Esta caminhada perpassa pelos princípios educativos. Brandão (1984), aponta que a educação é uma instituição social. Portanto, a mesma reflete os dilemas da 193 sociedade. Em outras palavras, as educandas exprimem em seus relatos, um distanciamento da sala de aula, fruto dos problemas socioeducativos existentes na Amazônia. Nota-se, assim, uma ausência de escolarização não apenas motivada por aspectos como maternidade e casamento, mais também pela carência de políticas educativas: Não frequentei a escola porque não tinha na época lá no meu interior. Não teve escola, e nunca teve. Meu pai, ele foi alfabetizado pelo padrinho dele que teve. Aí o padrinho dele o alfabetizou. Aí como ele não tinha onde colocar nós para estudar, ele alfabetizou a gente em casa, mas não existe escola(BIBIANAE.A). O relato de Bibiana descreve a realidade educativa na região amazônica, marcada pela omissão de políticas que beneficiem estas comunidades por parte do poder público. Estas lacunas, são heranças do processo desequilibrado de ocupação na Amazônia, conduzido por um grupo político elitista. Loureiro (2001, p.58) indica que para as classes dominantes, “índios, negros e caboclos seriam portadores de uma cultura pobre, primitiva, tribal e portanto inferior. Eles nada teriam de aportar de positivo ao processo de desenvolvimento.” Estas discriminações contribuem de forma significativa para a ausência de políticas educativas na região. Apesar de atualmente muitos municípios amazônicos contarem com a presença de escolas, é fundamental, no entanto, nos debruçarmos sobre o contexto destas instituições de ensino ao que se refere à relação entre professores\as e alunos\as: Eu tinha vergonha de ir para a escola por causa do acidente, tinha que usar um boné. Todo mundo achava que eu tinha cara de malandro e até o professor me apelidava. (IRIS-E.A). Estas educandas, por meio de seus relatos, exprimem certos traumas adquiridos após experimentarem relações conflituosas com educadores\as insensíveis e descompromissados com as suas necessidades, fatores estes que alimentam os índices de evasão escolar. Charlot(2000) aponta que o fracasso escolar deve ser interpretado por meio de situações que levam o sujeito a abandonar os estudos, onde uma das mesmas, é a postura do educador em sala de aula. 194 É notável nas falas da educandas, a presença de educadores\as preconceituosos/as, arrogantes e adeptos de uma prática de ensino marcada pelo autoritarismo. Estas características inflamam o distanciamento destas mulheres no seio escolar, uma vez que se sentem humilhadas, excluídas e desrespeitas enquanto suas condições sociais, culturais e econômicas. Neste sentido, existe segundo Paulo Freire (1996, p.2) “uma ideologia fatalista, imobilizante, que anima o discurso neoliberal, com ares de pós modernidade, insiste em convencer-nos de que nada podemos fazer contra a realidade histórica e cultural.” O oposto a esta postura ainda segundo o pensamento freireano, é a coerência que deve estar presente no contexto educativo entre o que se diz e o que se fala. Esta escolha coerente a ser adotada pelo educador\a progressista, “constitui uma das tarefas da pedagogia crítica libertadora ao trabalhar a legitimidade de um sonho ético-político da superação da realidade injusta ( FREIRE, 2000, apud OLIVEIRA, 2003, p.48), é no sentido de tentar superar as injustiças sociais que violam a dignidade das mulheres no seio amazônico que as ações educativas do NEP são arquitetadas: Vocês do NEP ensinam a gente mesmo, eu tenho muita vontade de terminar os meus estudos. Vocês ensinam por meio de figuras, aí a gente faz desenho e vê como é, aí a gente tá triste e logo fica alegre..., aprendo muita coisa por intermédio de vocês (ÍRIS-. E.A). Partindo do pensamento filosófico e educativo de Paulo Freire, o objetivo é proporcionar a essas mulheres, por meio da educaç~o reflexiva “uma releitura de suas realidades”, de forma a experimentarem um processo de emers~o do contexto em que vivem. Para Bourdieu apud Barp (2001, p.20), existe a “necessidade de um conhecimento sobre as relações dialéticas entre as estruturas estruturadas e as estruturas estruturantes.” Pensamento esse que é complementado pelas reflexões de Freire (1985), sobre o processo de emersão da realidade, alcançadas por meio de ações pedagógicas como a codificação e descodificação no processo de alfabetização, mencionadas pela educanda Íris ao comentar sobre as imagens. Ao emergirem de seus contextos, essas mulheres passam a ser capazes de refletirem sobre o meio em que vivem marcado por uma sociedade patriarcal que as 195 marginaliza. Essas reflexões por sua vez, se expressam através dos temas geradores, que norteiam os encontros educativos. Proporcionado às mesmas a percepção da desumanização por elas experimentada, de forma a conhecerem direitos que lhes foram negados. Nesse sentido, aponta Freire (2001, p.8) que a “vocaç~o do ser mais, demanda liberdade, possibilidade de decisão, de escolha, de autonomia, para que os seres humanos se movam no tempo e no espaço no cumprimento de sua vocaç~o”. Em outras palavras, as práticas pedagógicas do NEP, buscam de acordo com a filosofia freireana combater o caráter educativo bancário, marcado pelo depósito de conteúdos a serem memorizados pelas educandas na escola tradicional: Eu tenho muita vergonha de perguntar na escola. Então quando a professora explica é bom. Mas nem sempre ela explica, e aí eu fico sempre em dúvida. E aqui no encontro eu não tenho vergonha, depois que eu participei aqui com vocês eu aprendi muita coisa, eu aprendi a falar foi demais até (AMARANTAS.C). A importância da luta feminina pela cidadania torna-se atuante nas práticas educativas do NEP, uma vez que os diálogos fecundados nos encontros educativos, não apenas proporcionam a reformulação da ótica que essas mulheres possuem com relação às suas condições sociais marcadas pelo não reconhecimento do mutismo o qual eram submetidas, como também passam a refletir sobre perspectivas de mudanças frente a esse cenário: Aqui a gente tem a oportunidade de conversar sobre o nosso trabalho, problema que a gente enfrenta. Estou aqui no hospital com meu filho, mas não sei o que vai ser quando eu sair(AMARANTA- S.C). O caminho pedagógico trilhado pelo NEP despertou nessas mulheres o reconhecimento de sua identidade profissional. Diante disso, as educandas já tomavam a consciência de que não apenas pescavam, plantavam ou produziam. Passam agora, a se visualizarem enquanto agricultoras, pescadoras e produtoras de fato. Esse reconhecimento, por sua vez cria os alicerces para que tomem o impulso de vislumbrarem a criação de ações voltados para as suas próprias questões políticas, de forma a descobrirem-se tão humanas quanto seus parceiros do sexo masculino. 196 Considerações Finais Ao nos debruçarmos no campo das ciências sociais, percebemos que muitas lacunas ainda necessitam ser preenchidas, entre as quais a ausência de estudos mais consistentes sobre as questões femininas. Esta marginalização imposta à figura da mulher no campo científico, apresentase como um impedimento para o florescimento de reflexões sobre os dilemas que mulheres de variadas nacionalidades, condições sociais e culturais enfrentam, especialmente em regiões periféricas como a América Latina. No contexto latino americano, O sexo feminino, que sofre com o silenciamento de sua voz no seio de regiões como a Amazônia, é refém de ideologias machistas, as quais alimentam os índices de evasão escolar. Em outras palavras, estas mulheres fragmentam as suas identidades em meio a casamentos tirânicos, invisibilidade profissional e escolas preconceituosas. No entanto, não desistem de lutar por uma vida melhor. Jornada esta que procuramos principiar através do eco das vozes das educandas do Núcleo de Educação Popular Paulo Freire. Referências ABRAMOVAY, Mirian; CASTRO, Mary Garcia. Engendrando um novo feminismo. Brasília: UNESCO.1998. ALMEIDA, Marine ide Pereira de. Trabalhos femininos e papeis sociais em uma comunidade rural do nordeste paraense. In Jean ET AL (org). No mar, nos rios e na fronteira: focos do Campesinato no Pará. Belém: UFPA. 2002. BARP, Wilson José. Teoria do conhecimento em Pierre Bourdieu. In. COSTA, Maria José Jackson (org). Sociologia na Amazônia.. Belém. 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Foi durante a fase de observação, na Escola Creche Casa Lar Cordeirinhos de Deus, onde que percebeu-se a necessidade de trabalhar a preservação ambiental através da contação de história embasada na interdisciplinaridade dos conteúdos. Com o intuito de promover o desenvolvimento da oralidade da criança por meio da contação de histórias, assim beneficiando o desenvolvimento cognitivo, social e emocional, permitindo aos alunos o estimulo a curiosidade, desenvolver habilidades motoras e incentivar a imaginação. Trabalhar com os alunos a contação de histórias é de suma importância, fazendo com que os mesmo possam refletir sobre a preservação ambiental através da interdisciplinaridade dos conteúdos, abarcando as áreas de conhecimento envolvidas pelo estágio supervisionado. A estratégia didática é uma ação formadora e transformadora no desenvolvimento da linguagem oral, utilizando os diversos recursos pedagógicos para facilitar o estimulo da habilidade oral. O plano de ação didático pedagógico vem com o objetivo de colaborar na formação dos alunos para que criem responsabilidades, autonomia e criatividade, assim como a construção de uma aprendizagem motivadora e prazerosa. Palavras-chave: Pedagogia. Educação. Contação de Historias. Preservação Ambiental. Introdução Em nossa estratégia pedagógica de ação buscamos levar o conhecimento sobre a Preservação Ambiental e sua importância para os educandos, deu-se a partir das vivências realizadas no est|gio supervisionado em Educaç~o Infantil, na “Escola Creche Casa Lar Cordeirinhos de Deus”, localizada na cidade de Belém/PA. Por tratar-se de uma proposta de ação didático-pedagógico, vimos em sua realização à necessidade de auxiliar na preservação ambiental, através da Contação de Histórias, a partir da Lenda do Curupira, como propulsora de práticas preservacionistas cultural e ambiental, de uma forma lúdica, envolvendo os aspectos culturais, simbólicos e sociais. Nossa atividade consiste no incentivo ao desenvolvimento da oralidade dos educandos e suas habilidades motoras. 201 Quando realizamos o nosso contato inicial com os alunos do Maternal B (II) da Escola Creche Casa Lar Cordeirinho de Deus, a problemática foi evidenciada com a falta de atividades educativas e pedagógicas para os educandos, foi feita uma diagnose, proposta pela equipe. Trata-se de em uma turma com poucos recursos e atividades pedagógicas no qual possa motivar a aprendizagem do educando e beneficiar seu processo de aprendizagem. A atividade tem por essência buscar integração de novos conhecimentos e deverá complementar as demais áreas do conhecimento: ciências humanas, ciências naturais, matemática e linguagem. A metodologia é qualitativa haja vista que, desenvolveremos atividades lúdicas, rodas de diálogos e desenhos, nossa estratégia didática consiste em apresentar a Lenda do Curupira, assim, percebemos a necessidade de trabalhar a preservação ambiental e valorização das riquezas naturais dentro da escola, fortalecendo a relação das crianças com suas heranças culturais e a valorização do mesmo. Todavia, estabelecendo um melhor relacionamento e conhecimento dos alunos com as lendas e mitos culturais, para que os educandos perceba sua responsabilidade pela valorização e preservação do meio ambiente. Buscaremos instigar a autonomia dos alunos e a participação dos mesmos, através da regência para auxiliar no desenvolvimento cognitivo, social e emocional, portanto vem com o intuito de colaborar na formação das crianças para que criem responsabilidades, autonomia e criatividade, assim como construir uma aprendizagem motivadora e prazerosa. Aporte Teórico A abordagem do folclore busca resgatar os valores de preservação ambiental e de diversidade cultural, sendo assim, faz-se necessário proporcionar ao aluno um sentimento de valorização da cultura, e não se restringir apenas a épocas do ano. De acordo com COELHO (1999) afirma que: “As nossas raízes culturais, familiares, sociais, que nos distinguem dos demais e nos d~o uma identidade de povo e de naç~o”. Percebe- 202 se a importância de se conhecer as raízes da própria cultura para que haja a formação de identidade, no propósito de se definir enquanto cidadão sabendo situar-se na sociedade. E cabe as instituições e os responsáveis o dever de respeito aos valores culturais no processo educacional, nessa mesma visão esta vinculado as preocupações pedagógicas, como as relacionadas com à aquisição da leitura e da escrita. A essência do projeto é a contação de histórias, com a temática do folclore brasileiro através da Lenda do Curupira, seus mitos e personagens, sendo assim, tendo o contador que vai estimular a criatividade, mobilizando a imaginação do seu ouvinte. Como afirma SCLIAR (apud QUADROS; ROSA, 2009 p.25) “Contar e ouvir historias esta embutido em nosso genoma, e algo que acompanha a humanidade desde h| muito tempo”. Existe um fio muito fino que liga quem conta a quem ouve uma história. Sabemos que ela possibilita a caminhada pelo desconhecido, e que além de transformar desperta, no ouvinte, a sensibilidade. Como atesta SISTO (2005, p.130), quem ouve uma história “[...] deixa-se invadir, oferece sua boca como baú, seus olhos como recept|culo, seu corpo como relic|rio”, ou seja, o ouvinte se transforma no personagem mais precioso da contação de histórias, que é considerada uma ferramenta auxiliadora na aprendizagem da criança, é um recurso que desenvolve a linguagem escrita e oral, educa a sua atenção, tornando-se um ouvinte pensante e se capacita a procurar novas histórias. O folclore brasileiro é caracterizado devido a grande miscigenação de povos aqui existentes, destacando entre eles os povos indígenas, africanos e portugueses, isso torna o país reconhecido por suas manifestações culturais variadas. As lendas que são contadas por todo o Brasil como: o curupira, a mula sem cabeça, a matinta perera, a iara, o saci pererê, e outras, contribuem com o processo de ensino e aprendizagem e incentivo as raízes, costumes e crenças culturais dos povos que contribuíram para a nossa história. O dever da escola é trabalhar os aspectos folclóricos despertando nas crianças o orgulho da cultura do país, e difundir suas riquezas através do ato de ouvir histórias. A preservação ambiental ao ser explorada no ambiente escolar exige do educador uma prática pedagógica multidisciplinar e transversal abordada nos PCNs, Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000), esta prática pedagógica envolve nos 203 processos de ensino e aprendizagem uma característica política cultural e social, promovendo assim conscientização sobre a necessidade da conservação e preservação dos recursos naturais. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCNs (BRASIL, 2000), a educação ambiental deve ser um processo permanente em que os indivíduos e a comunidade tomam consciência do meio ambiente, adquirindo conhecimentos, valores e habilidades a fim de se tornarem aptos a agir individualmente e coletivamente na resolução dos problemas ambientais presentes e futuros. As mobilizações ambientais vinculadas às atividades educativas tornam-se uma possibilidade já que a educação é uma ferramenta importante, se não essencial, para a eficiência e efetividade de qualquer programa que busque uma compreensão da realidade e alterações da postura e da forma como os indivíduos se relacionam com o meio, propostas em programas de sensibilização. Assim a educação ambiental surge de maneira atual e transversal como uma possibilidade de formação e transformação. Segundo Dias (1998), somente fomentando a participação comunitária de forma articulada e consciente, um programa de educação ambiental atingirá seus objetivos. Deve-se ressaltar que as práticas educacionais inseridas na interface dos problemas sócio-ambientais devem ser compreendidas como parte do macrossistema social, subordinadas ao contexto de desenvolvimento existente, que condiciona sua direção pedagógica e política. Assim, quando for mencionada a educação ambiental, ela se encontrará num contexto mais amplo, o da educação para a cidadania, configurandose como elemento determinante para a consolidação de sujeitos cidadãos (JACOBI, 1997). Tal ideia, deve-se reforçar que as práticas educativas ambientais não devem ser vistas como um adjetivo, mas sim como parte componente de um processo educativo que reforce um pensar da educação orientada para a reflexão desta no contexto da realidade ambiental vivenciada pelos educados. Material e Métodos A abordagem do plano de ação didático-pedagógico relatado é de caráter qualitativo, realizado em uma escola de filantrópica no Estado do Pará, com a aplicação 204 durante um dia de aula. A execução da atividade ocorreu na Escola Creche Casa Lar Cordeirinhos de Deus, na cidade de Belém/PA, os sujeitos participantes foram 16 alunos do Maternal da Educação Infantil, na faixa etária de 2 (dois) aos 4 (quatro) anos. A coleta de dados deu-se por meio da análise das falas, o tratamento dessas informações coletadas foi feito através de questionamentos sobre a atividade desenvolvida (no que diz respeito à fala). Imagem 01 e 02 – Confecção do Material Pedagógico do Projeto Fonte: GAIA, OLANDA e SARRAF (2015) Ao longo da atividade verificou-se a participação dos alunos e a interação, foram registradas todas as etapas da atividade: o envolvimento do grupo e os discursos orais dos educandos. Para tanto dividimos a ação pedagógica em três momentos: No primeiro momento, arrumamos as crianças em forma de semicírculo para as crianças sentarem e escutarem os educadores sobre a lenda do curupira e sua importância para a preservação ambiental, os personagens foram identificados através de pintura em aquarela com cores primarias (amarelo, azul,verde, vermelho), que foram 205 usados como suporte para cada cena evidenciada da lenda do curupira, dando assim características aos personagens que compõe e lenda trabalhada e a sequência de acontecimentos; No segundo momento, os educadores expôs aos educandos a exibição de um Curta Metragem, que retrata a lenda trabalhada e seus aspectos de valorização ambiental, social e cultural, assim reforçando o contato inicial através da contação de histórias. Os professores orientaram as crianças sobre a importância da temática, e foram levantados questionamentos a respeito do que se havia discutido no primeiro momento. Por fim, os educadores levantaram reflexões junto as crianças sobre a exibição do curta metragem com questionamentos sobre a temática, através da pintura dos personagens que compõe a história, a conexão e o entrosamento será desenvolvido entre o escutar, imaginar e expressar com a linguagem oral e corporal dos educandos. Os educandos ficarão livres para expressar seus sentimentos, experiências, ideias e opiniões. Resultados e Discussão Em uma sala de aula do Maternal da Educação Infantil na Escola Creche Casa Lar Cordeirinhos de Deus, percebemos uma turma com poucas atividades lúdicas e pedagógicas, foi assim que identificamos as dificuldades e os problemas enfrentados pela classe, através da diagnose pela equipe. Como forma de analise, para o levando da regência, utilizamos desenhos livres, pintura e roda de conversa, que a partir disso poderíamos introduzir conhecimentos específicos propostos pela essência do estágio. E foi assim que fizemos. Escolhemos a temática da preservação ambiental, através da contação de histórias, visto que para aproximar o folclore da realidade dos alunos na Educação Infantil, os educadores podem inserir nos planos de aula brincadeiras e cantigas de roda (como ponto de partida e não como abordagem exclusiva). Além de estimular o 206 movimento, algo fundamental nessa etária, elas ajudam as crianças a desenvolver a fala, o qual é o grande objetivo da regência. Imagem 03 – Execução do Projeto Fonte: GAIA, OLANDA e SARRAF (2015) Quando iniciamos o plano didático, tínhamos o propósito de contribuir para a formação das crianças, através do estimulo a oralidade, e conseguimos. A atividade proporcionou o desenvolvimento da linguagem oral das crianças, e a importância de se trabalhar esse mecanismo da contação de história desde seu ingresso nas instituições de Educação Infantil, e contemplaram as práticas orais como fator primordial em sala de aula. A linguagem oral é um instrumento fundamental no processo de desenvolvimento do educando, possibilitando participação no meio social e a interação com as atividades. Não sendo a fala um processo inato, são necessárias fontes de colaboração para o desenvolvimento dessa habilidade, e foi desta forma que procuramos instigar, com o ato de contar histórias. É importante de desenvolver um trabalho pedagógico que valorize o ato comunicativo das crianças possibilitando o pleno desenvolvimento da linguagem. Portanto é essencial perceber que o processo da linguagem oral é dinâmico e necessita de situações e possibilidades altamente significativas, por isso devem ser trabalhadas diariamente. Esse trabalho contribuiu para uma reflexão sobre os problemas ambientais, 207 estimulando a imaginação e favorecendo ao educando uma melhor compreensão de si mesmo e do mundo em que está inserido. Considerações Finais Ao longo da vivência do Estágio Supervisionado em Educação Infantil, na Escola Creche Casa Lar Cordeirinhos de Deus, em que mantivemos contato com os alunos do Maternal II, observamos que de uma determinada maneira, poderíamos estimular o processo da oralidade através da contação de histórias. É através da contração de histórias que a criança desperta uma nova relação com diferentes sentimentos e visões de mundo, adequando assim, condições para o desenvolvimento intelectual e a formação de princípios individuais para medir e codificar os próprios sentimentos e ações. Tudo foi planejado visando despertar, motivar e desenvolver a oralidade do educando. Nota-se que estes princípios têm relevante importância em uma formação de qualidade para a sua cidadania e convivência social e grupal. Foi possível perceber que os alunos conseguiram fazer a ligação ou a comparação da lenda trabalhada com informações do seu cotidiano, como por exemplo, comparando a mata com os bosques no qual visitaram. Com as atividades variadas de oralidade, dramatização, ilustração etc, os alunos puderam desenvolver com autonomia sua competência de concentração, compreensão e expressão oral e organização cognitiva. Por esse motivo, através dessas meditações, constatamos o quanto é importante ter consciência da própria prática pedagógica na sala de aula. Portanto, toda reflexão aqui apresentada, só terá muito a acrescentar para a nossa formação acadêmica, levando-nos a entender, na prática, tudo aquilo que aprendemos ao longo da nossa formação acadêmica no Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, da Universidade do Estado do Pará e na atuação em sala de aula como professores da Educação Infantil. Referências ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5ª ed. 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Curitiba: Positivo, 2009. 209 MOTIVAÇÃO FRENTE À EVASÃO ESCOLAR DOS CURSOS PROFISSIONALIZANTES Keity Diene da Silva Pereira UEPA [email protected] Danielle Cruz da Sousa UEPA [email protected] Denis Barata da Silva UEPA [email protected] Cristiano Pinto da Silva UEPA [email protected] Resumo: O presente trabalho, complemento da disciplina de Estágio Supervisionado em Gestão Escolar, trata de uma questão local que se traduziu em preocupação ao grupo de estagiários da Escola IEEP, ao perceber que tal situação se fazia recorrente no referido local. Trata-se da evasão escolar dos cursos profissionalizantes e EJA. O texto que segue levanta questionamentos sobre as possíveis causas que levam muitos estudantes a evadir dos cursos, mesmo que ainda existam ações pedagógicas na escola que os incentivem à permanência, o que nós levou a problematizar se esses alunos estavam respondendo a este possível incentivo, dados pela Gestão assim como problematizamos se outras influencias motivacionais externas, como práticas e metodologia aplicadas por grupos externos a escola, eram bem tolerados e tidos como reforça ao estímulo de permanência na escola. Assim, nos empenhamos nos objetivos deste trabalho, que entre outras coisas primava por ações motivadoras que buscassem frear ou minimizar tal evasão da referida escola. Dessa forma, Tecendo um diálogo entre autores que embasaram esta pesquisa de caráter fenomenológico, este artigo, de cunho bibliográfico/exploratório, com uma perspectiva qualitativa, traz análise de dados e resultados da intervenção aplicada no campo de Estágio, análises e resultados estes que se encaixam nos objetivos deste trabalho para elucidar com mais clareza os motivos da evasão, assim como objetiva observar se a possível aceitação dos alunos às práticas aplicadas pelos estagiários que buscar a redução do processo de evasão escolar desta escola. Palavras-chave: Motivação, Evasão, Permanência, Gestão Escolar, Estágio Supervisionado. Abstract: The present work, a complement of the discipline of supervised trainee in School Management, this is a local matter which resulted in concern to the group of trainees from School IEEP, realising that such a situation was the applicant in that site. It is the school dropout of professional training courses and YAE. Keywords: Motivation, Evasion, Permanence, School Management, Supervised Trainee. Considerações Iniciais Evasão dos alunos é um fenômeno que ocorre em todo o país, pois cada região com sua respectivas peculiaridades oferecem suas intervenções que certas vezes servem de limitações 210 para que muitos alunos evadam das salas de aula. Na capital paraense não é diferente. Relatamos a ocorrência do processo de evasão escolar nos cursos profissionalizantes e do EJA da Escola IEEP – Instituto de Educação do Pará, localizado em Belém. Muitos são os fatores que impulsionam os estudantes de escola pública a abandonar os estudos, desde a falta de incentivo familiar até questões mais abrangentes como falta de recuso financeiro para transporte de traslado até a escola, ou mesmo a falta de alimentação minimamente necessária para que aluno se mantenha resistente fisicamente em sala de aula, entre outras questões também se encontra a concomitância de tarefas diárias e a atividade do trabalho - muitos alunos têm que subdividir seus horários entre o trabalho e os estudos - e este fenômeno tem sua presença mais marcante no turno da noite, horário em que foi constatado o maior número de casos de evasão nesta escola. Todo cuidado é pouco ao fazer um julgamento ou mesmo supor as causas do abandono à escola por parte do aluno, por esse motivo se faz necessário nesse momento uma análise mais criteriosa dos fatos, um levantamento de dados e causas que induzem o aluno ao abandono escola. Por essa razão, pesquisas como esta que ira se apresentar, são relevantes para uma compreensão mais apurada da realidade da evasão escolar. Oriundos de classe baixa, classe média/baixa são as vitimas desse processo de evasão, penalizados muitas das vezes por agentes que fogem de sues controles, como já dito em linha anteriores, fatores como horários de emprego, falta de recursos financeiros ou mesmo a carência de informações por parte de familiares que negam apoio ao estudante. Esses alunos são fortemente massacrados por essa avalanche de situações sociais que os “encurralam” deixandolhes impossibilitados de permanecer na escola. Assim sendo, ressaltamos da importância do papel da Gestão escolar para empregar metodologias que venham a se confrontar com esse panorama. Primando por essa razão, esta pesquisa se debruçou na busca pelo entendimento desses fatos e nas possibilidades para minimizá-los na escola IEEP, tão bem como colocamos as árduas funções da Gestão escolar frente a essa realidade. Sabendo que os motivos são externos, porém, não devemos desconsiderar o envolvimento da Gestão Escolar nesse cenário, haja vista que está trabalha de acordo com suas possibilidades as intenções de incentivar o aluno a permanecer na escola, neste caso relatado, nos cursos profissionalizantes. Além de procurar entender os motivos que causavam a evasão, a presente equipe de estagiários também se empenhou em conhecer os esforços pedagógicos realizados pela Gestão 211 escolar, assim como juntar forças, transcrito em projetos, visando contribuir com sugestões, junto a Gestão da escola, com métodos e novas técnicas que sirvam de estimula à permanência dos alunos nos cursos, incentivos estes que foram trabalhados por meio de dinâmicas de motivação na fase de conclusão deste Estágio Supervisionado. Justificativa Frente { realidade de “esvaziamento” dos cursos detectada nesta escola, valemo-nos de perguntas que problematizam este trabalho, como: As ações, tomadas como incentivadoras pela gestão da escola à permanência dos alunos nos cursos, são valorizadas e tidas como motivadoras? Bem como outra pergunta se faz cabível nesta problemática – Os alunos respondem de forma positiva às práticas pedagógicas diferenciadas como influencia motivacional? Da mesma forma nos preocupamos em expor as questões que serviram de norte às práticas escolhidas para a aplicação deste projeto. Questões estas que enfatizam as incógnitas quanto aos benefícios da ludicidade como recurso motivacional no processo da evasão escolar nos cursos profissionalizantes; assim como nos interessa também, como questão norteadora, conhecer os desafios encontrados, pela gestão da escola, para evitar a evasão dos alunos nos referidos cursos, tão bem como saber quais as atividades ligadas a ludicidade para resgatar a motivação dos alunos. Obviamente que qualquer pesquisador que se empenha em determinado estudo, tem as suas justificativas, pessoais, acadêmicas e sociais, porém aqui, vamos nos prender na justificativa que norteia a escolha deste tema: motivação frente à evasão escolar dos cursos profissionalizantes e por essa razão, apresentamos unicamente a justificativa social. Tomando como base a realidade da educação no país, estes presentes estagiários/pesquisadores e futuros professores, veem-se motivados e determinados a fazer pesquisas e buscar conhecimento sobre questões que levam os alunos a abandonar as escolas. Logo pensando nisso, este trabalho se justifica socialmente ao passo que tentar intervir na qualidade da perspectiva de melhoras sociais locais. Chegar a um nível superior de estudo (refere-se aqui as Universidades) é uma tarefa árdua que demanda um certo esforço, e foi pensando neste contexto que os curso profissionalizantes foram criados como uma alternativa aos que enfrentava dificuldades em 212 adentrar em uma faculdade. Porém, mesmo essa alternativa, com objetivo mais facilitador, ainda é sinônimo de preocupação. A evasão continua ocorrendo em escala crescente o que gera problemas futuros a sociedade, seja regional, seja geral, que desperdiça dinheiro público para manter os cursos funcionando quando estes seguem vazios, sem alunos para usufruir desse benefício. Intencionando contribuir para a redução, à nível local desse evento, opta-se por aplicar projeto que incentive esses alunos a permanecer com esperanças de buscarem o seu melhor lugar na sociedade. Assim sendo a justificativa social relevante aqui empregada se dá a medida que se pretende entender os motivos que desmotivam os alunos a frequentar os cursos assim como se intenciona, através das atividades metodológicas deste projeto, elevar o sucesso educacional dos alunos visando uma melhor atuação critico/reflexiva na sociedade. Discussão Teórica A evasão escolar é um tema sempre relevante no meio educacional e sempre foi se procurando formas de combater essa questão social. A preocupação com a aprendizagem dos alunos está diretamente ligada à frequência do mesmo na sala de aula; atualmente há varias ação de políticas publica que buscam combate a evasão escolar, podemos citar como exemplo o Programa Bolsa Escola, do governo Federal que tem como uma das suas principais exigências para a permanência no programa, a frequência escolar. Entre as pesquisas feitas sobre evasão escolar citamos Oliveira, que em sua dissertação, mostrou as principais causas da evasão escolar, entre inúmeras a falta de compromisso da gestão governamental perante os alunos, a estrutura escolar, o comprometimento por parte de alguns professores, o que torna muito mais difícil a ido do aluno para a sala de aula desestimulando os alunos e gerando a evasão escolar, parafraseando Oliveira, verificamos em seus estudos que na escola também temos impasses para a permanência dos alunos em sala de aula, a escola também tem a rua responsabilidade de reter o aluno dentro da escola, não somente para fins de porcentagem, mas para fins educacionais. São diversas as causas da infrequência dos alunos às salas de aulas: Escola não atrativa, autoritária, professores despreparados e ausência de motivação. Muitas vezes eles são excluídos das festas e feiras culturais, do jornal interno e dos eventos da escola por serem taxados de incapazes. Cabe à escola ampliar horizontes culturais dos estudantes com diferentes encaminhamentos e sugestões de participações dos eventos escolares. (OLIVEIRA 2012). Frente a esse desafio de combater a evasão escolar, a comunidade escolar deve buscar alternativas para reter o aluno na sala de aula, e ter sucesso não só na permanência dele, mas 213 também em seu aprendizado, entre as varias formas que existem de se evitar a evasão; observamos que uma das melhorares formas de se combater a evasão, é motivar o educando a permanecer na escola, não só através de novas metodologias de ensino, mas também em sua motivação pessoal, neste contexto usamos a motivação como forma de mostrar para os alunos alternativas que não sejam o abandono da escola. Neste contexto a motivação pessoal nos aparece como o meio mais viável de se trabalhar a autoestima dos alunos já que a motivação trabalha tanto a parte interna o “ser”.Maslow (1978), diz que, a motivação se origina de dois fatores: um que é interno e envolve ações psicológicas, e o outro que é externo e envolve ações de interaç~o com outro,e o “estar”, j| que precisa estar inteirado com o outro para se sentir motivado. Para que ocorra essa interação com o aluno, a comunidade escolar precisa fazer com que esse aluno se sinta útil na escola tanto para sua satisfação pessoal quanto para sua o funcionamento do trabalho para isso o “ego” deve se trabalhado como afirma ALVES (2013) “A motivação para a competência é apresentada como um motivo de base biológica, mas em muitas situações, os sentimentos de competências necessitam da interaç~o social”. Retornando a ideia de que é preciso combater a evasão escolar de forma plena, e é através da motivação que pretendemos atuar com nosso projeto para assim tentar como forma de intervenção para a evasão escolar, na escola IEEP. Como Evitar a Evasão Escolar O aluno precisa se sentir querido na escola. Ser chamado pelo nome, ter atenção, ouvido atento às suas dificuldades, acompanhamento constante. Principalmente nos casos em que os professores e gestores saibam que existe maior vulnerabilidade. Deve-se observar o comportamento e o rendimento do aluno na escola. Se ele começa a ter notas baixas, faltar bastante ou mudar o comportamento (ficar mais agressivo, mais indisciplinado, ou mesmo mais apático), não esperar o aluno desaparecer da escola passivamente. Nesses primeiros sintomas, já é tempo de intervir e procurar saber os motivos dessas mudanças. Isso pode ser um problema, principalmente quando o aluno vem de lares desfeitos ou desajustados. Porém, uma conversa franca e direta com o responsável legal pelo aluno, fazendoo compreender a importância do estudo na vida da criança/adolescente, solicitando sua cooperação, podem ajudar e muito na retenção do aluno na escola. 214 É muito difícil conseguir a frequência do aluno na instituição sem a participação dos responsáveis. Em casos extremos, o Conselho Tutelar pode inclusive ser acionado para auxiliar, quando a escola esgotar seus recursos. Na maioria das vezes o jovem deixa de estudar porque perde o interesse na escola e não vê sentido prático no que está sendo ensinado. Inovar um pouco, oferecer atividades interessantes extraclasse, sugerir excursões, gincanas, trabalhos em grupo, coisas que despertem o interesse do aluno na aula e que propiciem momentos de interação e divertimento o aluno precisa se sentir fazendo parte da aula. Mostrar que o conteúdo ensinado pode ser relevante para ele e que sim, tem aplicação na vida cotidiana. O aluno pode estar matriculado, motivado e frequentando regularmente as aulas, porém, outra escola pode ter diferenciais que a escola atual não oferece. Devido a isso, ele pode acabar abandonando a instituição para entrar em outra, aparentemente mais atrativa. Manter a escola bem equipada, tendo uma boa infra estrutura, bons professores, bom atendimento e tecnologicamente atualizada, ajuda a evitar esse tipo de evasão escolar. É também bastante útil entrar periodicamente em contato com os pais, mostrando os progressos do aluno, bem como a proposta pedagógica da escola. Essas informações podem auxiliar os pais a perceberem que é melhor para a criança/adolescente que ela seja mantida na escola atual. Muitas vezes o aluno se desinteressa da escola porque não consegue aprender. Aulas extras de reforço podem ser muito úteis nesse sentido, auxiliando o aluno em suas dificuldades escolares, de modo que ele possa se sentir mais motivado e não mais defasado em relação aos outros. Conceito e Teoria de Motivação A motivação é um termo que se divide em dois fatores, um que extrínseco e o outro que intrínseco ao “ser”. Fator é aquilo que contribui para um resultado, logo, o fator intrínseco contribui para a satisfação de uma necessidade psicológica ou fisiológica. Enquanto que, o outro fator da motivação que extrínseco ao indivíduo, contribui para a realização de um desejo por exemplo. O termo motivação está ligado à Psicologia e é objeto de estudo dessa área do conhecimento, pois sua atuação está ligada as ações relacionadas ao cognitivo, que é algo exclusivamente humano. Embora a palavra motivação tenha virado modismo há apenas duas décadas, sua origem teve início h| muitos séculos atr|s. Ela vem do latim “Movere” que significa mover. 215 Segundo o Dicionário Aurélio (2009), um dos mais reconhecidos e conceituados dicion|rios da língua portuguesa, a palavra mover significa: “Dar ou comunicar movimento a alguma coisa ou algo”. A Psicologia e a Filosofia enquanto ciências humanas definem o termo motivação como condição do organismo que influencia a direção do comportamento, portanto, a motivação é um termo que se divide em dois fatores e que incentivam a pessoa a realizar determinadas ações e a persistir nelas até alcançar seus objetivos. A motivação é, então, aquilo que é susceptível de mover o indivíduo, de levá-lo a agir para atingir algo e de lhe produzir um comportamento orientado, sendo assim, motivação é um impulso que leva a ação. O conceito de Motivação encontra-se associado à vontade e ao interesse. Vontade para fazer um esforço e alcançar determinadas metas. A motivação está relacionada diretamente ao aprendizado. Porém, para que esse aprendizado aconteça é necessário que o aluno receba estímulos. Esses podem ser de fatores externos (extrínseco) que estão ligados à interação, e internos ou direto, (intrínseco) ligados ao cognitivo. Os fatores externos que estimulam o indivíduo para a aprendizagem, não estão isolados dos fatores internos. Porque, para que o aprendiz fique estimulado ele precisa aceitar esse estímulo. Não basta o indivíduo receber os estímulos do ambiente que o cerca, ele precisa responde- lo. Quando não há respostas aos estímulos, devido a não aceitação do sujeito, o aprendizado não acontece. Motivação para a Aprendizagem do Aluno Aqui, começa-se por entender o porquê do aluno que não apresenta nenhum distúrbio psicológico, n~o aprender. Segundo a Jussara Hoffmann (2000), “O professor tende a culpar o aluno pela n~o aprendizagem”. Porém, s~o v|rios os fatores que levam a n~o aprendizagem e para detectá-la com precisão é preciso uma complexa avaliação diagnóstica. Compreende- se que n~o existe uma única resposta pronta que justifique o “por que” de o aluno n~o aprender. Se o aluno não aprende, além de vários outros fatores, não se pode descartar a falta de motivação,esta envolve fatores psicológicos, que precisam ser identificados e trabalhados pelo professor, “A motivaç~o do aluno, portanto, est| relacionada com trabalho mental situado no contexto específico das salas de aula” (Boruchovitche Bzuneck, 2002). Ainda eles: “Em sala de aula os efeitos imediatos da motivaç~o do aluno consistem em ele envolver-se ativamente nas tarefas pertinentes ao processo de aprendizagem, o que implica em ele ter escolhido esse curso de ação, entre outros possíveis ao seu alcance” (p. 11). 216 É o professor o responsável por trazer atividades que possa envolver o aluno, e quando isso acontece o conhecimento torna-se significativo para ele, então o aprendizado acontece. De acordo com Bzuneck (2002): “Quando se considera o contexto escolar específico da sala de aula, as atividades dos alunos, para cuja execução e persistência devem estar motivados, têm características peculiares que as diferenciam de outras atividades humanas igualmente de motivação, como esporte, o lazer, o brinquedo, ou trabalho profissional” (p. 10). Não há dúvida de que a motivação está ligada a intencionalidade, pois o homem busca de dentro de si uma força maior chamada motivo para realizar seus planos, e para alcançar seus objetivos, ou seja, em tudo há uma intenção. No entanto, o aluno em sala de aula, que motivos ele teria para ficar ali sentado por cinco horas, se não fosse à intervenção mediadora do professor de modo motivador. As autoras afirmam que o professor pode contribuir para o desenvolvimento do autoconceito na criança, e essa intervenção do educador é tão relevante neste processo que de acordo com Wallon (2010, p.187), “A criança enquanto pessoa só pode agradar a si mesma se tiver a sensação de agradar o outro só se admira caso acredite ser admirada”. Ent~o, o elogio pode ser uma maneira viável de comunicar aos alunos que o professor apoia e enaltece seu desempenho ou envolvimento com a aprendizagem. Ou seja, o elogio é uma forma de incentivo para motivar os alunos, mas só o elogio não é suficiente. É preciso ações de intervenções para que essa motivação aconteça. Relato de Experiência em Estágio Ao entrarmos no ambiente, que serviu de campo para a prática aplicada e de pesquisa para o referido artigo, tínhamos dúvidas se misturando com curiosidades, com base nas informações recebidas em sala de aula pelos nossos professores de Gestão escolar, pra nós era uma experiência totalmente nova, pois até este momento durante o nosso curso de pedagogia ainda não havíamos ido a campo, como gestão escolar, apesar dessas importantes informações, a realidade concreta é sempre um desafio, assim, não sabíamos o que nos aguardava. Embaladas por estas perguntas, adentramos no espaço apenas com uma certeza, a de que tínhamos que colocar em prática todas as nossas teorias acadêmicas pedagógicas, psicológicas, metodológicas, sociológicas e por último, nossa capacidade de observação e aprendizado, que a cada dia deve ser renovado. Em nosso primeiro dia de estágio, tivemos a oportunidade de participar de um seminário, no qual tivemos a oportunidade de conhecer um dos cursos e interagir com os alunos, 217 o que nos foi de grande agrado pois acreditamos que como futuros educadores e gestores a interação com e aluno é de fato muito importante para a eficiência de nossos trabalhos como gestores pois deve acreditamos que deve existir uma harmonia entre a comunidade escolar para o desenvolvimento da escola. Em outro momento tivemos oportunidade de conhecer as dependências da escola o que foi de grande agrado, pois trata- se de um prédio antigo que carrega a história de nossa cidade. É claro que para futuros gestores é de extrema importância conhecer o lugar onde se vai trabalhar, pois facilita no dia a dia e na organização da gestão da escola No transcorre de nosso estágio, conhecemos a rotina de trabalho dos gestores e seus desafios, e árduo do trabalho de organizar os horários de aulas das turmas até a da compra dos ingredientes da merenda escola. Em nossa conversa com a Diretora da escola, tomamos conhecimentos dos outros desafios enfrentados pela a Gest~o, além dos “rotineiros” a mesma ainda enfrenta tantos outros. Em nossos momentos no campo de estágio pudemos conhecer a o ambiente escolar o qual pode um ser o nosso ambiente de trabalho fazendo com que experimentássemos mais um pouco das áreas que a pedagogia nos oferece, pois todos sabemos que o curso de pedagogia nos traz um leque de opção no campo profissional e a gestão é um área de atuação muito visado dentre os estudantes de pedagogia. Nossa observação de estudantes sobre o campo de estágio é a mais positiva possível, pois encontramos uma escola organizada, que possui gestores que trabalham juntos para o desenvolvimento da escola e de seus alunos, dando um bom funcionamento ao ambiente de trabalhos. A organização na Gestão de qualquer escola é de extrema importância para um bom funcionamento e foi exatamente o que encontramos em nosso local de estágio Metodologia Metodologicamente, este artigo possui características de cunho bibliográfico numa expectativa qualitativa, pois, nos apoiamos em idéias de autores diversos para dar suporte e qualidade a este trabalho, no afã de dar consistência e veracidade à pesquisa, empenhamo-nos em embasá-lo numa abordagem fenomenológica ao passo que procuramos relatar fielmente o panorama do processo de evasão escolar presenciado por este grupo de estagiários, levando a uma análise minuciosa da atual situação dos cursos profissionalizantes da escola IEEP, construindo a verdadeira compreensão da realidade tal qual ela se apresenta. 218 Os agentes centrais desta pesquisa (Equipe Gestora da escola e alunos) foram observados em seus relatos de onde foram coletados os dados para este trabalho, sendo as informações referente a Gestão, efetuada por meio de encontros semanais com a mesma, quanto aos alunos, foi possível coletar informações suas no momento da culminância do projeto que se deu em forma de comunicação oral, feita pelo grupo macro de estagiários, na qual se fez necessário a utilização de alguns recursos materiais tais como, equipamentos audiovisuais (para apresentação da palestra) e folders de divulgação ao tema trabalhado. Análise de Resultados Nosso projeto foi realizado entre 03 de novembro, no colégio IEEP, no inicio foi nos dado um grande desafio; identificar alguma área de intervenção para nossa ação. Então participamos de varias palestras, conhecemos as instalações, os cursos e toda a coordenação do IEEP, e ao final pudemos concluir que a evasão escolar era um dos principais desafios da atual gestão. Após identificarmos os problema, trabalhamos em buscar de encontra uma forma de ação para então realizamos a culminância, que ocorreu no dia 09 de dezembro; com o tema: motivar para não evadir. Em nossa culminância recebemos aluno do curso de Secretariado, Segurança do Trabalho, e Técnico em Alimentação Escolar, na ocasião, tomamos conhecimento de certas dificuldades enfrentadas por muitos alunos para continuar seus estudos, observamos em alguns depoimentos que muitos têm uma dose de esperança de um futuro melhor, e que muitos lutam diariamente para a realização de seus sonhos. Seguindo na perspectiva da motivação usamos alguns meios de conscientizar os alunos que abandonar o curso não é a melhor solução, cada equipe ficou responsável de explanar sobre algum tema relevante sobre os cursos e seus benefícios. Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer ou em alguns casos rever a história do curso, mostramos aos alunos que quais os ideais dos cursos e os benefícios da sua conclusão, e então oferecemos o espaço para conhecer um pouco da história de alguns alunos que se colocaram a disposição de falar um pouco dela. Em seguida, apresentamos aos alunos, o vídeo motivacional e uma palestra de motivação para que os alunos pudessem ouvir algumas palavras e algumas histórias que viesse a se assemelhar com as deles (relatos de superação às adversidades sociais extremas), saber que não são os únicos a enfrentarem grandes desafios para se ter uma formação e assim concluímos nosso projeto no IEEP. 219 Pudemos identificar que nossas ações tiveram sim sua importância, na vida acadêmica, servindo de motivação para seguir em frente, tendo em vista que a melhor forma de reservar um bom futuro é seguir em frente com seus estudos e indo em busca de sua formação profissional. Ao final, os alunos demonstraram grande satisfação em ter participado da realização de nosso projeto e pudemos contar um pouco da nossa história e ouvi-los também, e assim seguir em frente com seus estudos. Considerações Finais Após relatarmos e analisarmos os resultados da culminância do projeto, chegamos ao desfecho do trabalho e neste podemos enfatizar o quão grande é a necessidade e carência de estímulo que motivem os alunos a não evadirem dos curso profissionalizante. Ainda que a escola possua uma metodologia de incentivo, percebeu-se que está é pouco utilizada, fazendo-se tímida a ponto de não conseguir prender, até o término dos cursos, um número significativo de alunos, em comparação ao número de alunos que se matricularam inicialmente nos cursos. Nossas experiências junto a Gestão da escola nós forneceu informações preciosas sobre as realidades enfrentadas dentro de uma escola pública, desde a falta, muitas das vezes, de recursos financeiros, até as dificuldades em manter funcionando certos cursos no qual já quase não se tem alunos freqüentando por causa da evasão. Essa situação nos fez refletir sobre o papel fundamental do novo profissional que está saindo das universidades, dando-nos o mapa fiel do que nos aguarda do lado de fora dos muros da universidade. Essa experiência nos incentivou a buscar mais conhecimento a cerca do assunto para melhor preparar-nos para lidar com essa situação quando estivermos aptos a assumir responsabilidades dessa magnitude. Este trabalho nos ajudou a tornar mais amplo os debates acadêmicos acerca das diversas circunstâncias ocasionais da evasão escolar, do peso e da importância da motivação educacional aos alunos, assim como nos abriu margens para melhor explorarmos os conceitos, realidades e desafios da Gestão escolar. Sabemos que este trabalho não é um desfecho total deste assunto, mas podemos considerá-lo como um suporte ou uma margem de abertura para possíveis novos trabalhos acadêmicos que possam se inserir no cerne dessa questão. Deixamos aqui os caminhos trilhados para novas descobertas, novos questionamento, novas perspectivas e novos resultados, novos trabalhos que dêem prosseguimento a esta pesquisa com novos olhares que possam enxergam 220 além do que nós conseguimos. Essa é a dinâmica do processo de pesquisa, olhares diferentes que se complementam na intenção de modificar e melhorar uma determinada realidade. Referências FACULDADE CAPIXABA DA SERRA. Motivação no contexto escolar: novos olhares. Serra 2013. Disponível em http://serra.multivix.edu.br/wp- content/uploads/2013/09/ironete_02.pdf. Acesso em: 20 Nov. 2015. GESTÃO ESCOLAR: Como controlar a evasão escolar na minha escola? Disponível em: http://bl og.wpensar.com.br/gestao-escolar/como-controlar-a-evasao-escolar-na-minha-escola/. Acesso em: 20 Nov. 2015. OLIVEIRA, Maria José Vasconcelos; ALVES, Márcia Nery de Brito; A evasão escolar na educação de jovens e adultos na Escola estadual cônego José bulhões. Disponível em http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Trabalho_Comunicacao_oral_idinsc rito_1358_d50fb4c160ace2e4ab148515c79e9993.pdf. Acesso em: 20 Nov. 2015. 221 O PAPEL DA INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PESQUISA EXPLORATÓRIA COMO CONTRIBUIÇÃO À EEEM MAGALHÃES BARATA Ana Clara Melo Dumont UEPA [email protected] Edilene Vieira Leão UEPA [email protected] Maria Katiane Dias Felix UEPA [email protected] Maéli Talita Pinto UEPA [email protected] Resumo: O presente artigo visa relatar a experiência vivenciada pelas alunas em decorrência da disciplina “Est|gio Supervisionado em Gest~o Escolar”, a qual faz parte da grade curricular do 7º semestre do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade do Estado do Pará (UEPA), sendo realizada em seis meses, divididos entre o espaço da UEPA, que forneceu contribuições teóricas e a EEEM Magalhães Barata, onde ocorreu a prática do estágio. O objetivo apresentado foi o de compreender a perspectiva interdisciplinar presente no contexto da gestão da Escola em questão, por meio de uma pesquisa exploratória sobre o papel das práticas interdisciplinares na escola. Para a coleta de dados foram utilizados questionários respondidos tanto por docentes como pelo corpo técnico da instituição. O trabalho foi pautado em Libâneo (2009) e Paviani (2008), que apresentaram subsídios para as discursões sobre a interdisciplinaridade e sua contribuição para o exercício do ensino em todo e qualquer nível. Os resultados desta experiência são positivos, pois o intuito era de sensibilizar tanto professores como técnicos sobre o papel da interdisciplinaridade e foram alcançados, embora tenha sido percebida a resistência inicial velada da escola e de alguns professores e técnicos em não responder os questionários, que após muito diálogo foi vencida. Isso nos mostrou que apesar das resistências é importante sempre persistir e apresentar o valor do trabalho interdisciplinar no ambiente escolar, pois a mesma oferece elementos que desenvolvem ou melhoram as práticas educacionais. Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Gestão. Interdisciplinaridade. Introdução Este artigo é resultado da disciplina Estágio Supervisionado em Gestão Escolar do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade do Estado do Pará sob orientação da Profª. Mª. Izabel Cristina B. C. Oliveira, no qual possibilitou a realização de uma pesquisa exploratória, a qual buscou levantar informações do objeto pesquisado e mapear as condições de manifestações desse objeto (SEVERINO, 2007). Está pesquisa teve como objetivo compreender a perspectiva interdisciplinar presente no contexto da gestão na EEEM Magalhães Barata. Sendo 222 assim, este trabalho mostra o papel das práticas interdisciplinares na referida Escola, buscando proporcionar um olhar sobre as práticas educativas que possibilitem o aperfeiçoamento do ensino na Escola. Assim, após a diagnose feita no lócus do estágio por meio de observação e entrevista estruturada, verificou-se que para o desenvolvimento eficaz das práticas pedagógicas tanto de docente como do corpo técnico, é necessário promover a interdisciplinaridade, pois esta pode motivar as ações para o trabalho entre gestão e docentes, uma vez que se busca atingir novas posturas relativas a mesma, sendo crucial que se conheça o contexto atual de práticas interdisciplinares desenvolvidas na escola. Este estágio nos permitiu conhecer a realidade desta escola, destacando informações de docentes e gestores em suas práticas cotidianas, assim como as principais dificuldades encontradas com relação ao desenvolvimento de ações interdisciplinares na escola. A escolha desse tema foi motivada a partir de uma roda de conversa, após ter sido realizada uma diagnose sobre diversos aspectos da escola locus do estágio, por meio de uma entrevista com uma das coordenadoras pedagógicas, a qual expôs sobre a perspectiva interdisciplinar e sua importância para o aprimoramento do trabalho da gestão junto ao corpo docente. Desta forma, foi possível às alunas da UEPA contribuir com a contextualização dessa perspectiva. Justificativa A interdisciplinaridade ao lado da flexibilização, contextualização e atualização definese como um dos princípios gerais citados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e reiterados nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio: Quando a LDB destaca as diretrizes curriculares específicas do Ensino Médio, ela se preocupa em apontar para um planejamento e desenvolvimento do currículo de forma orgânica, superando a organização por disciplinas estanques e revigorando a interação e articulação dos conhecimentos, num processo permanente de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade (BRASIL, 2000. Pag. 17). Como percebemos, o documento aponta para a necessidade de uma organização curricular que privilegie e contemple a interdisciplinaridade, uma vez que as exigências do mundo seja no campo do trabalho como no campo intelectual, além de outros não condizem com a fragmentação do conhecimento. Isso destaca a relevância do trabalho interdisciplinar, visto que vivemos em meio a um contínuo processo de evolução, bem como em um processo de globalização no qual a interação com o outro é um fator cada vez mais determinante na construção do conhecimento e do desenvolvimento pessoal e intelectual. Com isso, a educação 223 precisa acompanhar esse processo para deixar de lado o modelo tradicional de memorização e fragmentação do conhecimento e adotar um proceder de integração e articulação para que a aprendizagem seja significativa e se possa formar cidadãos competentes, hábeis e críticos. Objetivo Geral: Compreender a perspectiva interdisciplinar presente no contexto da gestão na EEEM Magalhães Barata. Objetivos Específicos: Aplicar uma pesquisa exploratória sobre o papel das práticas interdisciplinares na escola. Analisar os dados obtidos na pesquisa. Socializar com a comunidade escolar as informações/conhecimentos alcançados com a pesquisa. Referencial Teórico Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNs) orientam para o desenvolvimento de um currículo que contemple a interdisciplinaridade como algo que vá além da justaposição de disciplinas e, ao mesmo tempo, evite a diluição das mesmas de modo a se perder em generalidades. O trabalho interdisciplinar precisa “partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez v|rios” (BRASIL, 1999, p. 88). Assim, a finalidade da interdisciplinaridade é de ampliar uma ligação entre o momento identificador de cada disciplina de conhecimento e o necessário corte diferenciador. Não se trata de uma simples deslocação de conceitos e metodologias, mas de uma recriação conceitual e teórica (PAVIANI, p. 41, 2008). Segundo Libâneo (2009) a gestão escolar pode se organizar para uma aprendizagem significativa dos alunos, considerando áreas em que essa gestão pode atuar para alcançar seus objetivos pedagógicos. Visto que toda instituição escolar precisa de uma estrutura de organização que direcione suas ações de modo eficaz, faz-se necessário 224 um planejamento, que pode ser sistematizado por meio do projeto político pedagógico que norteia as ações da escola. Este autor defende que a formulação do projeto político pedagógico deve se ocorrer coletivamente com participação ativa da comunidade e que haja uma quebra no modelo burocr|tico de gest~o, onde “as decisões s~o centralizadas, h| falta de espírito de equipe, os docentes são ocupados apenas com suas atividades de aula, relações entre professores e alunos ainda formais e regidas por regras disciplinares” (Lib}neo, 2009, pag. 357).Então, a gestão deve está aberta a participação de todos para se adequar a realidade social a qual está inserida e para que haja uma maior articulação em prol da aprendizagem. É interessante que a escola perceba a importância do estilo e das práticas de gestão, pois estes têm uma grande relevância como instrumento educativo também, assim como a sala de aula, as experiências, a convivência, o laboratório, entre outros. A articulação entre as disciplinas como parte da inovação de uma gestão democrática nos leva a perceber a importância da interdisciplinaridade nas práxis educativas. Nesse sentido, Paviane (2008) chama a atenção para este tema e de que forma deve ocorrer. O autor atenta para: [...] a interação de dialógo entre as áreas de conhecimento, ciências disciplinas, através da justaposição doa conteúdos de conhecimentos produzidos e através de trabalho associado de professores, tem sua importância, mas não resolve os verdadeiros problemas apontados pela necessidade da interdisciplinaridade (p.9) Isso nos leva a perceber que a interdisciplinaridade não é um diálogo ocasional, é muito mais profunda e requer disposição para que essa prática ocorra no ambiente escolar e venha contribuir para o sucesso da escola apresentada neste estágio. Metodologia O projeto foi aplicado na EEEM Magalhães Barata e teve como público-alvo os professores e a gestão da referida escola. O presente projeto, quanto ao tipo de pesquisa, se caracteriza em uma pesquisa exploratória. Segundo Andrade (2006, p.124), “a pesquisa exploratória é o primeiro passo de todo trabalho científico”. O autor aponta ainda que as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade a facilitação e a delimitação 225 de um tema de trabalho, definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou descobrir um novo tipo de enfoque para o trabalho. A pesquisa em relação a abordagem é classificada como qualitativa. Costa (2001) define a pesquisa qualitativa como aquela que se preocupa com uma realidade que não pode ser quantificada. Ela trabalha com o subjetivo dos sujeitos (crenças, valores, atitudes, etc.). Esta abordagem também pode trabalhar com dados, porém o tratamento não deve envolver estatística avançada. A coleta se deu por meio de um questionário de cunho qualitativo para os professores e para a gestão, contendo 8 (oito) perguntas abertas e fechadas a cerca do tema em questão. Para Costa (2001, p. 38), [...] questionário é um instrumento de coleta de dados, aplicado quando se quer atingir um grande número de indivíduos. Pode ser estruturado com perguntas abertas e ou fechadas. A grande vantagem do questionário, como instrumento de coleta de dados, é a sua capacidade de atingir um grande número de pessoas. A vantagem de utilizar os questionários na pesquisa, é que eles podem ser respondidos sem a presença dos entrevistadores, possibilitando que os participantes da pesquisa respondam ao questionário de forma mais cautelosa e com mais tempo. No início do estágio foi feita uma diagnose da escola por meio de uma conversa com a coordenadora, a partir da análise desta diagnose, decidimos então formular um projeto com ênfase na interdisciplinaridade. O projeto foi desenvolvido em três etapas, a primeira foi a apresentação do projeto para a gestão e alguns professores. A segunda etapa consistiu na coleta de dados por meio da aplicação de um questionário de cunho qualitativo para os professores e para a gestão. Quanto ao preenchimento do questionário, conseguimos alcançar um número significativo de professores totalizando 17, de diversas disciplinas. Em relação a gestão, somente uma pessoa preencheu o questionário. Na terceira e quarta etapa respectivamente realizamos a análise dos questionários e socialização dos resultados da pesquisa com a gestão escolar e corpo docente. Visando ao conhecimento da concepção presente no pensamento dos professores e gestores (sujeitos de nossa pesquisa) que atuam na EEEM Magalhães Barata, fizemos alguns questionamentos com objetivo de realizar um levantamento da sua compreensão sobre a importância da 226 interdisciplinaridade para a educação e de que maneira a gestão da escola contribui para haja tal interação entre os professores e gestores quanto aos incentivos às práticas pedagógicas interdisciplinares utilizadas em salas de aula, assim como sugestões para o desenvolvimento dessas práticas. A seguir, destacamos as respostas sintetizadas dadas pelos sujeitos da nossa pesquisa. Ao questionarmos sobre a concepção de interdisciplinaridade aos professores, 10 responderam que seria a inter-relação entre as disciplinas, 5 disseram que seria abordar conteúdo de outras disciplinas e 2 responderam que seria estabelecer um diálogo\conversa com as outras disciplinas. A gestão respondeu que é o intercâmbio de conhecimentos dentre as diversas áreas do conhecimento, os gráficos abaixo exemplificam os resultados: GESTÃO PROFESSORES 4 Ao indagarmos sobre como a interdisciplinaridade pode contribuir para a construção do trabalho docente (para professores) e da gestão pedagógica (para gestores), 6 professores responderam que ela evita conflitos conceituais entre as disciplinas e 11 responderam que facilita a aprendizagem dos alunos. A gestão respondeu que melhora as relações pessoais e a 4 http://www.todabiologia.com/zoologia/animais_oviparos.htm 227 relação entre as áreas de conhecimento, os gráficos abaixo exemplificam os resultados em relação a esta pergunta: GESTÃO PROFESSORES Quanto ao questionamento sobre se os professores costumam se reunir com a gestão pedagógica para discutir e criar práticas interdisciplinares que contribuam para o processo de ensino e aprendizagem, 3 professores responderam que sim, 4 disseram que não, 7 responderam às vezes e 3 não responderam a esta pergunta. A gestão respondeu que às vezes ambos se reúnem. 228 GESTÃO PROFESSORES Perguntamos aos professores se eles adotam práticas interdisciplinares em seu trabalho docente e perguntamos a gestão se ela incentiva à utilização de práticas interdisciplinares, 8 professores responderam que sim, nenhum professor respondeu não, 7 responderam às vezes e 2 não responderam. A gestão respondeu que às vezes incentiva à utilização de práticas interdisciplinares. Com relação à pergunta acima, foi questionado com que área e disciplinas o professor costuma desenvolver práticas interdisciplinares e, em caso negativo, responder porque não desenvolve práticas interdisciplinares. Cada professor respondeu mais de uma disciplina a qual costuma desenvolver práticas interdisciplinares e dentre elas as mais abordadas por todos foram biologia, química, física, artes, literatura, filosofia, sociologia, geografia, história, matemática e português; 3 professores não responderam a questão. A gestão respondeu como incentiva as práticas interdisciplinares e afirmou que costuma trabalhar de forma aberta com esse tipo de atividade. 229 GESTÃO PROFESSORES Quanto ao questionamento se a gestão pedagógica incentiva à interação dos professores na realização de práticas interdisciplinares na escola, 4 professores responderam que sim, 2 disseram que não, 8 responderam às vezes, 3 não responderam a esta pergunta. A gestão respondeu que às vezes incentiva. GESTÃO PROFESSORES Sobre a última pergunta realizada foi pedido para que pudessem contribuir com algumas sugestões para o desenvolvimento de práticas interdisciplinares, 2 professores responderam que seminários, 5 responderam trabalho em equipe, 5 disseram encontros pedagógicos, 3 comentaram sobre a qualificação direcionada e 2 não responderam as sugestões. A gestão respondeu como sugestão que seria bom prover incentivos aos professores, como mostram os gráficos abaixo: GESTÃO PROFESSORES 230 Partindo da análise dos resultados que foram socializados juntamente aos professores e gestores, conseguimos visualizar a diferença de opiniões e conceitos de interdisciplinaridade que de alguma forma se complementa ao seu real significado, após analisadas as opiniões dos professores foi possível perceber que a maioria enxerga a interdisciplinaridade como facilitador no processo de ensino/aprendizagem, assim como para a construção do conhecimento, é interessante refletir acerca da importância desse incentivo e interação entre os professores e gestores, pois percebeu-se que isto poderá trazer enormes benefícios tanto para o trabalho docente como para o trabalho dos gestores viabilizando melhorias na qualidade do ensino e aprendizagem com relação a utilização das práticas interdisciplinares. Considerações Finais Este trabalho nos levou a perceber a importância da articulação entre disciplinas e professores, nos movendo a buscar referências e levantar dados que subsidiasse tal temática, para que assim pudéssemos propor algo relevante à escola Magalhães Barata. Essa percepção veio por meio da entrevista realizada com a pedagoga da escola, nos fazendo pensar a proposta 231 de aplicar um questionário relacionado à interdisciplinaridade, na qual com a exposição dos dados levantados pudéssemos sensibilizar a adoção dessa prática. Embora a socialização não tenha atingido a totalidade que pretendíamos, foi satisfatória. O estágio supervisionado em gestão escolar despertou um novo olhar a partir da prática interdisciplinar no lócus proposto à disciplina. Embora constatado, por meio de diagnose, a necessidade de incorporar práticas interdisciplinares, houve uma resistência moderada por parte do corpo técnico da escola em perceber e aceitar sugestões que viessem a contribuir para suas ações educativas. Com isso, nos fizemos perceber não como intrusas, ditando e apontando o certo e o errado, mas como aprendizes dispostas a acrescentar algo positivo à escola, também, absorver os pontos relevantes, a partir da interação com docentes e gestão da mesma. Assim, percebemos que a aprendizagem não se dá, apenas, diante de um projeto bem sucedido, com todos os objetivos alcançados, mas que esta pode vir de maneira que nos leve a refletir sobre “como n~o fazer”, pois nos deparamos com profissionais bem dispostos a contribuir com nosso projeto, outros não ficaram tão à vontade em nos ajudar. Vimos profissionais, ainda, muito tradicionais, outros mais flexíveis. Com isso, o projeto aplicado na Escola Magalhães Barata agregou certa bagagem à nossa formação como futuras educadoras, não só por ter trabalhado com profissionais experientes, mas por nos fazer repensar: que práticas adotaremos em nosso trabalho, que profissionais seremos? Como, entender que a interdisciplinaridade como instrumento que pode contribuir para uma aprendizagem mais eficaz, vai moldar nossas ações? Assim, consideramos muito relevante e significativa a experiência de estágio. Referências ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia científica: São Paulo: Editora Atlas , 2006. BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio. Brasília: MEC, 2000. COSTA, Sérgio Francisco. Método científico: os caminhos da investigação. São Paulo: Harbra, 2001. 232 LIBÂNEO, JOSÉ CARLOS. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez 2009. PAVIANI, Jayme. Interdisciplinaridade: conceitos e distinções. 2 ed. Caxias do Sul, RS: Educs, 2008. REVISTA QUERUBIM. Revista eletrônica de trabalhos científicos. Interdisciplinaridade: as práticas possíveis. Ano 5 2009. 233 PEDESTRE E MOTOCICLISTA: PARE DE CORRER, PENSE NO QUE VAI FAZER, SIGA CONSCIENTE. EllemThamiris Silva da Conceição - UEPA [email protected] Emanuel Vitor Virgolino de Freitas - UEPA [email protected] Marcelle de Carvalho Bastazani - UEPA [email protected] Resumo: Este artigo foi elaborado a partir da experiência no qual os alunos do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade do Estado do Pará tiveram por meio da disciplina Estágio Supervisionado Em Instituições Não Escolares e Ambientes Populares no Departamento de Trânsito do Estado do ParáDETRAN/PA. O objetivo proposto foi desenvolver práticas educativas voltadas para o trânsito com intuito de sensibilizar e conscientizar os alunos do 5º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Alfredo Chaves localizada em Icoaraci. Além disso, identificar as práticas incoerentes em relação ao uso da motocicleta no que se refere ao quantitativo de passageiros e os equipamentos fundamentais visando à segurança tanto do condutor quanto da pessoa que é transportada, haja vista que muitos poderão ser futuros condutores deste veiculo, bem como perceber as práticas errôneas enquanto pedestres e desmistificar os conceitos relacionados ao trânsito, compreendendo todos os protagonistas envolvidos. Nosso referencial teórico embasou-se em Freire(1996) o qual nos remete a refletir quanto levar em consideração os saberes dos educandos,Graciani (2014) trabalha com a pedagogia social, trazendo a reflexão da valorização do ato de brincar, dos jogos na infância para construção da criticidade, as Leis das Diretrizes e Bases da Educação (1996) que dispõe sobre o currículo do ensino fundamental na qual a escola deve oferecer a parte diversificada,o Código de Trânsito Brasileiro (1997) com legislação específica mostrando os direitos e deveres, a Resolução 453/ 2013 que disciplina o uso do capacete para o condutor e o passageiro de motocicletas, assim como a importância de desenvolver práticas educativas nas unidades escolares voltadas para o trânsito,bem como levantamentos estatísticos por meio de reportagens jornalísticas tendo como subsidio os dados obtidos pelo Departamento de Trânsito do Estado do Pará. No que se refere a nossa estratégia de ensino, inicialmente dialogamos com os alunos e posteriormente utilizamos questionário estruturado, visando perceber quais os conhecimentos que os discentes possuíam sobre o trânsito, assim como a amostragem de cartazes ecom condutas corretas e errôneas quanto ao uso da motocicleta e as infrações cometidas pelos condutores culminando jogos de montagem e com encenação teatral na qual os próprios discentes puderam interagir a partir dos conhecimentos adquiridos em sala.A pesquisa-ação nos permitiu ter mais segurança no trabalho que foi desenvolvido, por meio dos resultados imediatos que surgiam as atividades escolhidas puderam ser adaptadas contribuindo para uma educação mais significativa. Os resultados foram satisfatórios e enriquecedores não somente para os alunos que perceberam os riscos aos quais estão expostos ao andar de motocicleta sem capacete e com mais passageiros do que o correto, além da atenção devida quanto as sinalizações dos pedestres, como também para nós estagiários, que tivemos que por em prática a habilidade de lidar com as dificuldades cotidianas no processo educativo, onde devemos está atentos a todos os questionamentos, procurando ser sempre claros para maior absorção do conteúdo. Palavras-chave: Trânsito, Sensibilização, Motocicleta, Pedestre. 234 Em primeiro lugar... Segundo estatísticas levantadas pelo Departamento de Trânsito do Estado do Pará DETRAN/2015 o índice de acidentes nos quais envolvem motocicletas aumentou consideravelmente, fazendo com que os motociclistas sejam as principais vítimas desse fenômeno que assola a sociedade, ocasionando o aumento de internações nos hospitais da capital, destacando-se o Hospital Metropolitano queé considerado referência nos atendimentos ortopédicos na região metropolitana de Belém. Em 2014 o hospital registrou cerca de 52,5% representando mais da metade de pessoas hospitalizadas, o que culminou promover campanha para reduzir o índice de acidentes no trânsito.(AGÊNCIA PARÁ, 2015) Paralelo ao aumento desses índices alarmantes de fatalidades no trânsito envolvendo esses veículos ampliou-se a venda de motos na capital por meio das concessionárias que facilitam as prestações e com isso permitindo o acesso de forma mais rápida a esse meio de transporte, considerado por muitos mais barato e econômico, devido o aumento do combustível e celeridade que proporciona. No entanto, o fato de possuir esse meio de transporte requer cautelas nas quais devem ser tomadas a fim de minimizar os impactos causados no trânsito, tendo em vista que a motocicleta foi a responsável pelo maior número de indenizações de janeiro a setembro de 2015 no Brasil, sendo que na região norte o número de indenizações por morte envolvendo motos correspondeu 60% dos acidentes fatais envolvendo este veiculo (EQUIPE DPVAT/2015). Os pedestres, assim como os condutores de veículos, possuem a sua responsabilidade em relação ao trânsito, tendo os seus direitos deveres a serem respeitados e cumpridos, com base no Código de Transito Brasileiro, pois diariamente as pessoas deslocam-se de um lugar para o outro. Dessa forma torna-se necessário que o cidadão inserido nesse contexto, seja ele condutor, passageiro, ciclista e pedestres tenham condutas adequadas convergentes ao sistema de trânsito. As práticas educativas voltadas para o trânsito são grandes aliadas quanto à sensibilização e conscientização, principalmente no âmbito escolar, com a finalidade de desmistificar conceitos enraizados do que é trânsito, bem como mostrar condutas 235 corretas e coerentes, visando trabalhar a humanização dos discentes para que eles se tornem agentes multiplicadores e perpetuem os conhecimentos adquiridos. Partindo dessa perspectiva o Departamento de Trânsito do Estado do ParáDETRAN/PA em parceria com a Universidade do Estado do Pará- UEPA nos proporcionou por meio da disciplina Estágio Supervisionado em Instituições Não Escolares e Ambientes Populares perceber a importância de desenvolver a temática trânsito nas unidades escolares, com o intuito de engendrar a sensibilização, conscientização e percepção quanto a responsabilidade que todos nós temos enquanto cidadãos para que os índices de acidentes sejam minimizados, utilizando a educação como elemento mediador e de grande relevância, visando alcançar o objetivo principal que é o respeito a vida. Este artigo corresponde a experiência na qual tivemos na Escola Municipal Alfredo Chaves localizada em Icoaraci com alunos do 5º ano do Ensino Fundamental do turno da tarde, algo enriquecedor ao nosso currículo e que nos proporcionou “plantar” pequenas sementes em relação ao uso correto da motocicleta, o quantitativo de passageiro e a responsabilidade enquanto pedestres que os mesmos devem ter, levando os educandos a autorreflexão dos riscos nos quais estão sujeitos mesmo sendo passageiros ou futuros condutores e desmistificando conceitos em relação ao trânsito. Percebemos que desenvolver essa temática voltada para o uso da motocicleta foi de extrema relevância, pois a unidade escolar está localizada em uma área onde há inúmeros acessos a diversos tipos de veículos, dentre eles a motocicleta, que inclusive os próprios alunos as utilizam como meio de transporte, na condição de passageiros,para se descolar de suas casas para à escola, porém de forma equivocada, sendo perceptíveis também infrações gravíssimas em relação ao trânsito ao chegarmos à instituição de ensino no dia da aplicação do projeto proposto, tais como motociclistas sem o capacete e transportando mais de um passageiro. 236 Referencial Teórico Para o desenvolvimento do presente artigo, além de termos como embasamento teórico o Código de Trânsito Brasileiro e a Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional, contamos ainda com diferentes referenciais que nos remetem a ludicidade como ferramenta educacional. Considerando o que o Código de Trânsito brasileiro traz em seu artigo 76: A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação. O que percebemos é que a educação para o trânsito, enquanto realidade no ensino formal é algo que ainda não se efetivou, visto que só ocorre por meio de ações pontuais, não oferecendo uma educação plena e construtiva, conforme Sousa (2013) nos diz: Apesar da educação para o trânsito estar prevista no CTB as escolas ainda trabalham as questões do tr}nsito somente na “semana do tr}nsito”, contudo não é esse direcionamento que se espera que as escolas deem à temática, é imprescindível que se trabalha de forma a trazer o cotidiano para dentro da sala de aula. Então é de suma importância que se trabalhe as questões do trânsito desde as séries iniciais, pois é importante lembrar que as crianças e adolescentes poderão se os futuros motoristas. Bem como, em qualquer idade, podem se encontrar na situação de pedestre, usuário de ônibus, usuário de táxi, e de outros meios de transportes (SOUSA, 2013, p. 19). A Lei de Diretrizes de Bases por sua vez dispõe que os currículos do ensino fundamental têm uma base nacional comum (Parâmetros Curriculares Nacionais). Porém, cabe a cada sistema de ensino e a cada escola oferecer uma parte diversificada de acordo com as características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. Concluímos então, que a inserção da educação para o trânsito nas escolas é algo legal e possível, dada a grande relevância que o trânsito possui em nosso dia a dia. Uma vez que conhecer as normas, o funcionamento, e principalmente nos reconhecermos como parte integrante deste complexo sistema que é o trânsito, traria grandes benefícios à sociedade como um todo, pois se trata de uma educação para toda a vida, contribuindo decisivamente para um trânsito mais humano, visto que a educação é a solução para por fim à situação caótica que o trânsito brasileiro vivencia. 237 Com isso, desenvolvemos um projeto onde ressaltamos a importância da educação para o trânsito, mais especificamente quanto à utilização de motocicletas, que é de primordial importância, pois proporciona aos alunos conhecimentos indispensáveis enquanto, atualmente, passageiros e futuros condutores. E a fim de sensibilizar os educandos quanto à adoção de medidas de segurança e respeito às Normas de Trânsito, desenvolvemos com os mesmos atividades lúdicas como jogos e brincadeiras que os permitissem externar seus conhecimentos sobre o trânsito, prévios e adquiridos durante a aplicação do projeto. E sobre trabalhar a ludicidade como motivação para a aprendizagem Kishimoto (1997) nos diz que o jogo permite potencializar a exploração e a construção de conhecimento por contar com a motivação interna, típica do lúdico. Esta afirmação confirma a seriedade do uso dos jogos na escola, ideia reforçada pelo pensamento de Vygotsky (1988) em que a ludicidade objetiva um espaço para o sujeito brincar construindo, como forma de “reorganizar experiências”. Ou seja, ambos declaram que é possível se construir conhecimento no ato da brincadeira remetendo-se às soluções das situações-problemas. Percebe-se então que o jogo possui a sua finalidade educativa no âmbito escolar, fator este que nos motivou a criar jogos de montagem como forma de aliar a teoria e a prática com base nos conhecimentos adquiridos pelos alunos no decorrer da aplicação do projeto, viabilizando o desenvolvimento da aprendizagem do discente. Graciani (2014) nos fala que a liberdade do jogo combina com a necessidade de exercer funções e tarefas, em um quadro geral de obrigações preparatórias ou antecipatórias da vida adulta. Mediante a essa afirmação reflete-se a relevância do jogo e a valorização do brincar no processo educacional favorecendo melhor compreensão e despertando a criticidade do discente para que se torne um adulto consciente. Com isso os jogos de montagem propostos em sala visavam os alunos a refletirem quanto ao quantitativo de passageiros, bem como ao uso do capacete, ou seja, colocamos em prática o que a Resolução 453 de 26 de Setembro de 2013 nos aponta em dois artigos de suma importância: 238 Art.1 É obrigatório, para circular nas vias públicas, o uso do capacete motociclístico pelo condutor e passageiro da motocicleta, motoneta, ciclomotor, triciclo motorizado e quadriciclo motorizado, devidamente afixado à cabeça pelo conjunto formado pela cinta jugular e engate, por debaixo do maxilar inferior. Art. 3 O condutor e o passageiro da motocicleta, motoneta, cliclomotor, triciclo motorizado e quadriciclo motorizado, para circular na via pública, deverão utilizar capacete com viseira, ou na ausência desta, óculos de proteção, em boas condições de uso. Por meio dessa prática percebeu-se o envolvimento e percepção por parte dos alunos os equipamentos nos quais são fundamentais a fim de garantir a segurança tanto do condutor como do passageiro, com a finalidade de que os discentes internalizassem essas medidas de precaução, evitando futuros possíveis acidentes. Metodologia Os procedimentos metodológicos utilizados para aplicação das atividades aos alunos da escola municipal Alfredo Chaves, Belém – Icoaraci teve como ponto de partida um dos principais objetivos, a Conscientização no Trânsito. Pretendíamos estimular os alunos a observarem a realidade em que vivem, mostrando a maneira correta de se comportar no trânsito, seja como pedestre, passageiro e futuros motociclistas. Diante disso, a nossa estratégia deu-se em três momentos, tendo como finalidade proporcionar conhecimentos a respeito do trânsito, mas especificamente o pedestre e o uso da motocicleta, tendo em vista o despertar dos discentes para novas posturas, atitudes críticas e éticas diante da sociedade. Inicialmente realizamos um diálogo inicial com a turma, com a finalidade de identificar seus conhecimentos prévios sobre o trânsito e de conhecer um pouco da realidade de cada aluno como cidadão atuante nesse processo. É interessante ressaltar a importância deste diálogo inicial. Segundo Freire (1996, p. 30) “ensinar exige respeito aos saberes dos educandos”. Pois muitos discentes tem o conhecimento sobre o assunto, outros não têm o conhecimento correto ou até tem um equivocado, segundo a sua realidade. Além de ouvi-los também pudemos expressar algumas vivências e mostrar a necessidade da temática trânsito nas escolas. Verificamos 239 que muitos não sabiam o conceito de trânsito e nem seus deveres e direitos que tem como cidadãos. Em tempo, após observarmos o conhecimento prévio dos alunos, aplicamos um questionário estruturado com o intuito de verificar os saberes que os discentes tinham a respeito do assunto. Neste questionário havia perguntas de situações corriqueiras, onde eles deveriam marcar a questão que indicava o comportamento correto que se deve ter no trânsito, sensibilizando-os e conscientizando-os do seu papel enquanto cidadão. Após obter as respostas, fizemos leitura com os alunos sinalizando as respostas que de fato estavam corretas e ensinamos alguns conceitos, direitos e deveres segundo o Código Nacional de Trânsito Brasileiro, que eles como cidadãos atuantes devem saber, com linguagem clara e objetiva, respeitando a sua faixa etária e sempre apresentando essa temática como um assunto da educação, dando ênfase no pedestre e o uso da motocicleta. Foi de extrema importância mostrar os conceitos, direitos e deveres dentro do trânsito o que levou o educando a pensar e repensar em suas práticas e no conhecimento que já obtinha, buscando ao máximo não criar um abismo entre o que se aprende na escola e a sua realidade fora dela. Com isso nos utilizamos também da metodologia de Vygotsky, que trabalha de modo ativo, reflexivo e crítico, proporcionando os alunos a uma autoanálise de suas posturas enquanto pedestres e passageiros de motocicleta. Ao finalizar nossa aplicação os alunos foram estimulados a criar por meiode encenações situações recorrentes do trânsito, sendo eles mesmos os componentes deste processo. Fizemos os mesmos lembrarem situações em que vivem, estimulando uma auto correção diante de uma possível infração. Buscamos trazer essa vivência para a sala de aula, com o intuito de proporcionar uma aprendizagem mais significativa e concreta sobre o conteúdo. Já que por meioda encenação estaremos trazendo a realidade deles para mais perto, procurando desenvolver neles posturas diferenciadas e corretas para cada situação. 240 Avaliação dos Resultados A pesquisa aponta que os conhecimentos dos alunos, obtidos por questionário estruturado é coerente com os deveres previstos na legislação de trânsito, embora apresente pequenas distorções devido à limitação da amostra. Os alunos são predominantemente crianças, tendo entre 11 a 13 anos, todos estudantes do 5ª ano do ensino fundamental, num total de 28 participantes. Destes 40% afirmam utilizar a motocicleta para ir à escola e 60% para outros fins. O uso da motocicleta de modo incorreto, seja pela falta de capacete ou por transportar mais de duas pessoas por vez, se faz presente em 99% dos usuários entrevistados. O que reforça a importância de se trabalhar a temática trânsito nas escolas, bem como as diretrizes legais para o uso correto da motocicleta. Conhecimento sobre o Trânsito Conforme o gráfico 1, a maioria dos alunos tinha uma idéia equivocada sobre o que é trânsito. Estas respostas estão possivelmente relacionadas a falta de conhecimento quase que absoluto sobre a temática abordada, onde a maioria dos alunos restringe o trânsito a faixa de pedestre, semáforo, carros e motos. Podemos contatar isso quando mais de 70% dos entrevistados acredita que o trânsito é composto apenas por carros e motos engarrafados na via pública. Pouco menos de 3% citaram homens e animais como componentes deste universo quando questionados verbalmente em sala. E apenas 7% considera que o trânsito é composto por veículos, pedestres e animais. É importante ressaltar que a cada alternativa eram discutidos os erros e apresentados os conceitos corretos. 241 Fonte: pesquisa de campo, 2015 Conhecimento relacionado ao uso da motocicleta Conforme ilustra o gráfico 2, a maioria dos alunos tem o conceito certo quanto ao uso da motocicleta no que condiz ao fator idade e está apto, onde 82% dos alunos marcaram a alternativa que afirma que o motociclista deve ter no mínimo 18 anos e ser habilitado para então dirigir uma moto. Durante a discussão acerca da temática motocicleta nós alunosestagiários do curso de Pedagogia explicitamos conceitos a respeito da idade adequada não somente do condutor como do passageiro também, pois pode-se notar no gráfico que 14% dos alunos acreditam não haver idade adequada, bastando apenas está de capacete. Apresentamos questões referentes a vestimenta adequada para conduzir a moto, assim como a quantidade de passageiros. Como já foi colocado anteriormente é espantoso a quantidade de alunos que fazem uso da motocicleta que vem com mais 2 e até 3 pessoas totalizando 4 passageiros em uma mesma moto. Os alunos durante suas colocações tentaram amenizar dizendo que o condutor ao menos vinha de capacete, sem ter noção do risco aos quais estão expostos. 242 Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Apesar de apenas 4% dos alunos responderem que qualquer pessoa pode dirigir a motocicleta, mesmo não sendo habilitado, bastando está de capacete, na fala inicial deles e nos hábitos principalmente que foram presenciados em sua chegada na escola, muitos alunos fazem uso incorreto da motocicleta e admitem que seus pais não utilizam capacete ou não tem conhecimento sobre seus pais terem ou não habilitação para condução de moto, bem como os moto-táxi que são contratados para alguns serviços da família. Ao final do debate é notável que os alunos perceberam suas condutas erradas e comprometeram-se em conversar em casa a respeito do que aprenderam na ação. Conhecimento sobre Direitos e Deveres do Pedestre Os alunos envolvidos na pesquisa apresentam conhecimentos significativos quanto aos direitos e deveres do pedestre. Ao relatar seu cotidiano foi possível identificar bons hábitos no trânsito, que condizem com 75% das respostas no que se refere estar atento aos veículos mesmo quando se está na faixa de pedestre. Sendo uma das colocações dos alunos a falta de respeito dos motoristas na frente da escola, que possui uma faixa de pedestre e que não é respeitada pelos motoristas de ônibus, carros e motos. 243 Apesar de apenas 4% dos alunos responder que não é preciso esperar o sinal ficar verde para poder atravessar, foi debatido em sala não somente o momento seguro para se atravessar, como também a forma correta e segura estando ou não acompanhados dos pais e responsáveis. Levantou-se questões sobre a falta de espaço para brincar na rua, devido ao aumento do fluxo de automóveis e os cuidados devidos ao transitar na rua, ressaltando a importância de sempre está acompanhado por uma pessoa adulta que irá segurar no pulso e não na mão. Voltamos nossos esforços para esclarecer aos 21% que afirmam poder atravessar quando o semáforo para veículos estiver verde, trabalhando com o restante da turma a atenção para o sinal quando estiver amarelo para os automóveis, lembrando que é necessário o sinal ficar vermelho para os automóveis e aguardar os mesmos pararem na faixa de retenção. Evitando acidentes causados por avanço de sinal no momento de transição do amarelo para o vermelho. Fonte: Pesquisa de campo, 2015 Durante a aplicação do questionário todas as alternativas foram debatidas e exemplificadas por meio de encenação, figuras ilustrativas e jogos de montagem para melhor compreensão dos alunos, e assim melhor uma contribuição significativa nos hábitos cotidianos. 244 Considerações até aqui! A distância entre os locais não somente no perímetro urbano, como também na área rural, somados ao crescimento do fluxo de automóveis nas vias, dentre outros fatores, colabora para a aquisição da motocicleta, na intenção de ter mais agilidade, velocidade e praticidade para locomoção no trânsito. Todavia, estatísticas mostram os problemas relacionados a este meio de transporte, e a crescente demanda de usuários tem sido preocupante diante dos numerosos acidentes noticiados pela mídia todos os dias. Este trabalho teve por objetivo sensibilizar e trazer o mínimo de conhecimento aos alunos, de forma que se possa está causando a reflexão sobre os hábitos que adotam quando condutores, na intenção de diminuir as tragédias tão comuns nos dias de hoje. Tendo em vista esta preocupante relação entre o uso da motocicleta e os acidentes, é necessário que se trabalhe nas instituições de ensino a educação para o trânsito, fazendo indispensável a participação da escola neste trabalho de forma cidadãos conscientes para o trânsito. Pois ao trabalharmos nossa base para posturas adequadas nas vias públicas na condição de pedestre ou condutor é combater a causa e não o problema da triste realidade quando se trata de acidentes no trânsito. A presença do pedagogo em ambientes não escolares, em especifico no DETRAN/PA vem agregar maior valor às ações que devem ser desenvolvidas para melhoria da conduta no trânsito. E este estágio nos permitiu vivenciar e desenvolver habilidades que nos compete e compromete com a qualidade social da educação. A ação pedagógica com finalidade de sensibilizar os alunos a adotarem medidas sadias no seu transitar, permitiu aos alunos e nós estagiários o exercício de compreender, conviver com o outro, desenvolver a interdependência, administrar conflitos, participando de forma colaborativa, respeitando as normas e pondo-as em prática. Podemos perceber quão frágeis são os alunos, e superficiais a educação no trânsito, devendo haver uma abordagem mais consistente e concreta nas escolas, para mudar este quadro alarmante que estamos vivendo. Proporcionar aos alunos esta discussão por meio de uma didática que utiliza fatores do dia a dia torna a aprendizagem mais consistente e significativa para os educandos. 245 Referências AGENCIA PARA.Estudo do Detran mostra mais de 6 mil acidentes de moto em apenas sete meses. Disponível em <<http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=95290 >> Acessado 05 /12/2015. BRASIL. Resolução 453 de 23 de Setembro de 2013. Disponível em http://www.denatran.gov.br>resolucao4532013 BRASIL, Código Nacional de Trânsito. Código de trânsito brasileiro, instituído pela Lei no. 9.503, de 23 de setembro de 1997. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2004. BRASIL, Lei Nº 9.394 – Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 20 de Dezembro de 1996. EQUIPE DPV. Trânsito evoluindo: números de indenizações do Seguro DPVAT caem no terceiro trimestre no ano. Disponível em http://www.viverseguronotransito.com.br.Acessado em 05/12/15. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GADOTTI, Moacir. A questão da educação formal/não formal. Disponível em: http://www.vdl.ufc.br/solar/aula_link/lquim/A_a_H/estrutura_pol_gest_educacional/aula _01/imagens/01/Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdf. Acesso em: 05/12/2015. GOHN, Maria da Gloria. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Revista Ensaio: avaliação políticas públicas educacionais. Rio de Janeiro, v. 14, n. 50, p. 27-38, jun./mar. 2006 GOHN, Maria da Gloria. Educação não-formal e cultura política: impactos sobre o associativo do terceiro setor. – 2 ed. – São Paulo: Cortez, 2011 GRACIANI. Maria Stela Santos. Pedagogia Social. 1 Ed. São Paulo: Cortez, 2014. KISHIMOTO, TizukoMorchida. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis: Vozes, 1998. SOUSA, Raina Leilane Lobato de. Educação para o trânsito nos anos inicias do ensino fundamental: um olhar para escolas do município de Belém/PA. Monografia (Obtenção do Curso de Pedagogia) – Universidade do Estado do Pará – Belém, 2013. 246 VIAS SEGURA. Acidentes no Pará: estatísticas do Detran.Disponível em http://www.viasseguras.com/os_acidentes/estatisticas_no_para_estatisticas_do_detran. Acessado em 06/12/15 VYGOTSKY L.S. (1988). A formação social da mente. 2ª ed. bras. São Paulo: Martins Fontes. ANEXOS FOTO 1. APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS AOS ALUNOSFonte: Arquivo pessoal dos autores, 2015. F Fonte FOTO 2. ENCENAÇÃO TEATRAL Fonte: Arquivo pessoal dos autores, 2015. 247 PROSTITUIÇÃO DE LUXO: GÊNERO, TRABALHO E SOCIABILIDADE NA CIDADE DE BELÉM Tiago Luís Coelho Vaz Silva Me. Em Antropologia Social Docente da UEPA E-mail: [email protected] Luana Broni de Araújo UEPA E-mail: [email protected] Maria Ceci Leal Bandeira UEPA Email:[email protected] Resumo: O estudo pretende compreender o fenômeno prostituição sobre uma perspectiva diferente: a prostituição de luxo. Neste segmento da prostituição, as pessoas ingressam por vontade própria e afirmam que vendem sexo porque gostam, sendo o prazer de trabalhar com sexo construído através de três eixos simbólicos: sexualidade, sociabilidade e consumo. A prostituição de luxo é desempenhada por mulheres e homens; heterossexuais, homossexuais, bissexuais, transgêneros, dentre outros. O objetivo desta pesquisa é realizar o mapeamento da prostituição de luxo em Belém, compreendendo a sexualidade e o gênero nos processos de construção da subjetividade dos atores sociais envolvidos, bem como os estigmas que resultam da escolha da prostituição como atividade profissional e estilo de vida. A metodologia foi realizada por meio de extenso levantamento bibliográfico, com seleção e leitura da bibliografia pertinente. Em seguida realizou-se a pesquisa de campo que é pautada na análise de sites de prostituição de luxo da cidade de Belém. Analisamos o profissional do sexo não apenas pela atividade que desempenha, mas entendendo-o na sua dimensão profissional, social e pessoal, onde desenvolvem outras funções na sociedade, como: pai, mãe, filho, filha. Palavras-Chaves: Prostituição de Luxo. Gênero. Sexualidade. Trabalho. Sociabilidade. Abstract: The study aims to understand the phenomenon of prostitution a different perspective: the luxury prostitution. In this segment of prostitution, people are entered by their own will and they say they sell sex because they like, the pleasure of working with sex is constructed through three symbolic pillars: sexuality, sociability and consumption. The luxury prostitution is practiced by women and men; heterosexual, homosexual, bisexual, transgender, and others. The objective of this research is to perform the mapping of luxury prostitution in Belém, understanding sexuality and gender in the subjectivity of the construction processes of social actors involved as well as the stigma resulting from the choice of prostitution as a professional activity and lifestyle. The methodology was carried out through extensive literature review, with the relevant bibliography selection. Then there was the field research that is guided by the analysis of luxury prostitution websites of the city of Belém. We have analyzed the sex worker not only for the activity performed, but understanding it in its professional dimension, social and personal, where they develop other functions in society, such as: father, mother, son, daughter. Keywords: Luxury prostitution. Gender. Sexuality. Work. Sociability 248 Introdução A Prostituição é considerada por muitos autores e estudiosos do tema como a profissão mais antiga do mundo. E sua manifestação na sociedade recebe olhares diversos, seja de negação ou afirmação. Considerando o fato de que vivemos em uma sociedade mergulhada nos dogmas e na moral do cristianismo, onde ainda se acredita que a mulher deve preservar a imagem convencional de matriarca de uma família, a mulher que se prostitui contraria as normas e padrões pré-estabelecidos pela sociedade. E ao contrariar tais padrões, as pessoas que exerce este tipo de atividade, onde o sexo é um produto de troca e o seu corpo é o seu único instrumento de trabalho, sofrem por serem estigmatizadas frequentemente. O preconceito faz parte da vida destes indivíduos e por receio de serem vítimas do convencionalismo e da repressão oriunda do seio da sociedade muitos optam por esconder sua atividade profissional dos seus familiares, amigos e até mesmo dos seus parceiros afetivo-amorosos. Porém, há também aqueles que assumem o seu papel na sociedade, tendo total consciência dos problemas que serão enfrentados com a afirmação de ser um/uma garoto/garota de programa - é de importância significativa ressaltar que não são apenas mulheres que trabalham no campo da prostituição, há também homens que desempenham tal atividade. No decorrer dos estudos, deparamo-nos com dois tipos de prostituição, duas áreas diferentes da mesma atividade: a prostituição de rua e a prostituição de luxo, que é o nosso objeto de estudo no decorrer desse trabalho. Ambas desempenham a mesma atividade, vendem o corpo em troca de dinheiro, porém, há diferenças no que se refere as circunstâncias de seu trabalho. A prostituta (o) de rua é aquela (e) que desempenha sua atividade visando à sua subsistência, é vítima de possíveis agressões, está mais vulnerável à doenças sexualmente transmissíveis (DST’S), trabalham nas ruas e n~o fazem preferência na hora de escolher os seus clientes. Já a prostituta (o) de luxo é aquela (e) que desempenha sua atividade por vontade própria, ou seja, atua no campo da prostituição por livre e espontânea vontade e não por necessidade econômica e/ou de subsistência. 249 Os profissionais do sexo de luxo visam atender suas necessidades mercadológicas, frequentar os locais de alta classe e estreitar relações com pessoas bem sucedidas economicamente. São pessoas menos vulneráveis a agressões físicas e ao contágio de DST’S, possuem uma maior liberdade na escolha dos seus parceiros sexuais, ganhando por volta de 1.000 à 3.000 reais por hora de trabalho. H| quem pergunte: “porque os clientes pagam um preço t~o alto por uma prostituta (o) de luxo?”, como resposta pode-se afirmar que tais pessoas que exercem esta atividade são mais discretas e não carregam o estereótipo convencionado socialmente do que seria uma garota (o) de programa, além do que alguns clientes preferem sair com uma profissional do sexo ao invés de terem amantes fixas. E muitas vezes o cliente vai em busca destes profissionais não para manter relações sexuais, às vezes são contratados simplesmente para serem companhias em alguma festa ou para ouvirem os desabafos sobre os seus problemas pessoas, sociais de seus clientes. O profissional do sexo também pode ser um ouvinte e um conselheiro. Os caminhos percorridos pela pesquisa Durante a pesquisa desenvolvida acerca do tema Prostituição de Luxo, nos propusemos a mapear o universo da prostituição de luxo em Belém, compreendendo a trajetória individual e as práticas sociais de garotas/garotos de programa, a fim de problematizar o papel da sexualidade e do gênero nos processos de construção da subjetividades, mapeando também as diferentes modalidades de sexo na rede mundial de computadores (internet), mais especificamente, aquelas em que se manifesta a prostituição de luxo. Nos propusemos a analisar mais a fundo as construções das noções de sexo e sexualidade entre as pessoas que vendem sexo na internet, mais especificamente, as que estão inseridas no cenário da prostituição de luxo, avaliando os possíveis estigmas sofridos por elas quando passam a lidar abertamente com a prostituição ou quando tem a prática revelada/descoberta por familiares ou terceiros. No decorrer da pesquisa podemos observar que a garota ou o garoto de programa além de desempenharem a sua profissão no mercado do sexo desempenham, 250 muitas das vezes, outras funções perante a sociedade: eles são mães, pais, filhos, filhas ou até mesmo cônjuges. Não devemos, portanto, totalizá-los por sua atividade desempenhada, visto que buscamos analisar e entender a prostituição como uma profissão como qualquer outra, afirma Gabriela Leite, uma ex prostituta que luta pelos direitos trabalhistas da prostituição. Gabriela Leite afirma que o grande problema da prostituição é o tabu de nossa sociedade perante a venda do sexo, mas que tal problema recai apenas em quem vende sexo e não naqueles quem o adquire. “[...] O maior preconceito é porque trabalhamos com sexo. Sexo é o grande problema, é o grande interdito das pessoas. E nós trabalhamos fundamentalmente, com fantasia sexual, esse é o verdadeiro motivo da existência da prostituiç~o. É um campo imenso.” (LEITE, 2009, 14) Juntamente com a triagem bibliográfica, realizou-se uma pesquisa de campo que envolvia a busca de sites de prostituição de luxo da cidade de Belém. Ao todo dez sites foram observados e analisados e em sua maioria a prostituição de luxo era desempenhada por mulheres de todos os tipos, atendendo a todos os possíveis gostos: de morenas à loiras, de brancas à negras. Havia também a presença de homens, embora em menor número, atuantes na profissão. A cada visita aos sites, percebia-se que quase todos os envolvidos no cenário da prostituição preservavam ao máximo sua identidade, nas fotos de divulgação procuravam sempre escondidos de alguma forma os seus rostos - o que pode também ser interpretado como uma forma de sensualizar ao máximo a fotografia. Um número bem menor de profissionais aparecia com os rostos completamente à mostra. Tal atitude de esconder-se é fundamentada no medo que essas pessoas têm de verem sua profissão revelada ao conhecimento de seus familiares, amigos ou terceiros, visto que o receio da repressão e do preconceito são fatos presentes na vida de um profissional do sexo. É importante lembrar que o ato de se prostituir por si só já demanda uma determinada carga de preconceito e estigmas, portanto, o profissional do sexo que atua no campo do luxo sofre um duplo preconceito, primeiro por exercer essa atividade, e em segundo por atuar de maneira livre e espontânea. 251 Nos sites analisados os profissionais do sexo aparecem sempre de forma sensual, mostrando os seus corpos bem torneados e malhados. As mulheres estão sempre de lingerie, biquíni ou completamente despidas. Os homens seguem o mesmo padrão, ora estão com trajes de banho, trajes íntimos ou completamente despedidos. Segue-se a relação dos sites analisados: - Norte Sexy - Garota Elite - Acompanhante Executivo - Rede Brasil Sexy - VIP Belém - Musas do Pará - Muito Sexy - Belém Acompanhantes - Coelhinhas do Brasil - Gatas Love Além das fotos, seguem-se informações sobre tais profissionais, como: - Nome - Peso - Idade - Dote (no caso dos homens) - Altura - Disponibilidade para eventos - Medidas corporais - Disponibilidade para viagens - Cor do cabelo - Atendimento para homens e mulheres - Cor dos olhos - Atendimento para casais Diante de diversas informações, o cliente escolhe a/o profissional que lhe agrada. O sexo para as acompanhantes de luxo é uma forma de satisfação interna e externa. Interna pois refere-se à satisfação sexual, o profissional se utiliza de meios instrumentos que podem vir a possibilitar um prazer intenso: o jogo de seduzir o cliente, o fetiche de se sentir dominado ou dominar alguém mais poderoso que ele, entre outras circunstâncias. E externamente por participarem de uma relação de troca onde o seu lado será muito bem recompensado, a prostituição de luxo oferece aos seus profissionais uma remuneração por hora acima da média da prostituição de rua. 252 O recurso adquirido pelos profissionais do sexo de luxo é capaz de fazer diariamente a manutenção das suas satisfações mercadológicas: são roupas, sapatos e bolsas de marcas famosas e de lançamento único; tratamentos estéticos e capilar que atendam ao padrão do mercado sexual do luxo; frequência em lugares de alta classe, viajam para o exterior e um capital cultural elevado. Tudo isso faz com que o padrão de vida dessas pessoas se mantenha cada vez mais elevado. “O mercado do sexo n~o gira somente em torno dos lugares da prostituição, mas abrange uma economia muito maior, que atualmente financia um grande investimento em clínicas de beleza, cirurgias estéticas, consumo de roupa, cosméticos, e todo um circuito que atende o mercado sexual” (RIBEIRO, Fernanda Maria Vieira, 2011, p.5) O interesse sexual que lhes surge através por certas pessoas pode estar totalmente inserido neste campo. Visto que, a prostituta (o) de luxo tem outros critérios para a escolha dos seus clientes (o valor do programa principalmente – pois nem todo mundo pode pagar para ter os seus serviços) essa escolha pode estar, portanto, permeada por atração física e mercadológica pessoal da (o) profissional. O ato de sentirem-se desejadas (os) são pontos que lhe dão ainda mais prazer em atuar neste campo profissional. Mas toda a profissão apresenta os seus pontos positivos e negativos de estar inserido nela, com a prostituição de luxo não poderia ser diferente. O acompanhante de luxo satisfaz-se mercadologicamente, sexualmente, psicologicamente, socialmente e fisicamente no seu âmbito profissional, porém, o preconceito e o estigma sofrido por essas pessoas é enorme. A situação fica ainda mais difícil quando os familiares e amigos descobrem sobre a tal função profissional. Se torna, na maioria das vezes, uma situação drasticamente complicada principalmente para um homem ou para uma mulher que descobre que seu/sua parceiro (a) afetivo amoroso mantém relações sexuais com outras pessoas, além dela mesma. Durante a pesquisa, observamos apenas um caso em que o marido sabia que a sua mulher desempenhava a atividade de acompanhante de luxo, passado a aceitar a ideia de forma compreensiva embora tenha dito que sentiu ciúmes no começo, mas com 253 o decorrer do tempo, acabou acostumando-se. A compreensão resultou de inúmeras conversas entre o casal, onde a profissional do sexo alegava que além de sentir-se feliz com o seu trabalho ainda podia se considerar realizada economicamente, pois o dinheiro que ela ganhava é capaz de sustentar a família tranquilamente, disponibilizando a todos muitos lazeres. A profissional do sexo chegou até a mencionar que amor propriamente dito ela somente fazia com o seu marido, com os seus clientes a relação era apenas sexual. O casal hoje vive maneira saudável, embora os familiares e amigos não compreendam como uma prostituta pode ser capaz de constituí uma família em que o marido reconhece sua profissão. O estigma das mulheres A perspectiva da família androcêntrica, heteronormatiza, monogâmica, e monodomiciliar, como sendo a família “ideal”, onde a monogamia e a quest~o monodomiciliar eram características desempenhadas pelas mulheres quer significar que a mulher deveria ser fiel ao seu marido, e dedicar-se as questões domésticas, enquanto o homem, poderia expor sua sexualidade de forma livre, sem repressão alguma por parte dos vários sistemas sociais coercitivos que reprimiam o sexo feminino. Eram apenas homens que desempenhavam suas funções profissionais no setor público. Tal convencionalismo tinha como resultado principal a repressão constante do ser feminino, subjugando cada vez mais a sua sexualidade como algo “perigoso”. Ent~o, fertiliza-se ainda mais o terreno inviol|vel de doutrinas machistas como: “a mulher ideal deve se casar virgem” e “a mulher é a empregada do lar”. Através desses fatos, a prostituta surge à margem desta sociedade com aquela que foge do padrão, passando a ser alvo de estigmas e preconceitos. Rotula-se então o que se deve convencionar chamar de “mulher” e de “puta”, a primeira dedica-se ao lar, tem como prioridade os filhos e o marido e restingue a sua sexualidade àquilo que o marido aceita ou pretende fazer com o seu corpo. Já a segunda não se adequa às “exigências” de m~e ou esposa, é conhecido como “mulher da vida”, que deve sentir 254 vergonha e ser punida pelo que não pode deixar de não esconder: a libertação e usufruto do seu sexo a seu bel prazer. O estigma da mulher que atua como profissional do sexo vai além da sua classificação como aquela que se desprende dos núcleos familiares de criação, e aventura-se de forma solitária no mundo. Nesse pressuposto o programa constitui-se como uma caçada, tendo a presenta da figura da caça e do caçador. Ora, entende-se por caçador o homem, aquele que caça, que vai atrás da sua presa e que ao final a conquista. E para a mulher resta entende-la como a presa, fraca e vulnerável. “Assim, a estigmatizaç~o desconsidera quaisquer aspectos bons que determinada pessoa ou grupo possa ter e foca apenas os ruins, e dessa forma diminui a pessoa estigmatizada, reduzindo o seu valor” (BORBULHAM, Fernanda; GUIMARÃES, Roberto Mendes e BRUNS, Maria Alves de Toledo, 2011, p.670) Pois bem, tal “teoria” n~o se aplica a atuaç~o das mulheres que s~o profissionais do sexo de luxo, visto que, agora a mulher é a caçadora e o homem a caça. Caçar para tais mulheres é um bem que as leva a usufruir de muitos benefícios, e dentre os principais está a magnificência. Considerações Finais No trabalho apresentado procuramos expor as várias nuances encontradas ao analisar a prática da prostituição de luxo inserida no contexto social da cidade de Belém. Podemos considerar, prioritariamente, que uma das características mais relevantes que pudemos encontrar no decorrer da pesquisa foi a enorme carga de preconceitos e estereótipos que são depositados nas pessoas que decidem adentrar ou que já praticam esta profissão. O grande problema da aceitação social da prostituição como uma prática profissional como outra qualquer talvez seja o seu único instrumento de trabalho utilizado: o sexo. Este ainda se perpetua socialmente como um grande tabu – mesmo depois do mundo ocidental passar anos convivendo com manifestações a favor da liberdade sexual propagadas por movimentos de cunho emancipador, como é o caso dos movimentos feministas e do movimento LGBT. Fazendo com que o trabalho voltado para 255 o sexo se convencione como algo duplamente imoral: como algo que está na contramão dos valores morais socialmente estabelecidos e como prática imprópria graças a sua conotação sexual. Visando a extinção de ideias e conceitos discriminatórios, o nosso trabalho demonstra que a prostituta de luxo é capaz de realizar-se profissionalmente com a profissão que escolheu desempenhar. O fato de manter relações sexuais com vários homens em troca de uma quantidade de dinheiro acima da média de um profissional regular pode afastá-la de uma imagem formalizada do que seria uma “mulher de família” ou “boa m~e” (afast|-la desse formalismo não significa necessariamente que ela não consiga exercer o papel de esposa ou de mãe, se assim lhe convir), imagens estas delegadas às mulheres para propagar ainda mais o discurso misógino das quais são vítimas, porém não suprime o empoderamento que esta mulher adquire para si mesma. Em relação aos garotos de programa, eles também são capazes de se satisfazerem através da atividade que desempenham e, embora o preconceito que se sobrepõe a estes homens seja razoavelmente menor – e este dado também pode ser interpretado a partir das marcas deixadas pelos costumes misóginos durante a história da humanidade, em que o homem pouco teve o seu sexo reprimido ao contrário do que era imposto às mulheres, fazendo com que as suas práticas sexuais venham sendo social e moralmente mais aceitas – porém, não deixa de existir. Postula-se, portanto, que a prostituição de luxo não deve validar um caráter negativo aos seus praticantes e consumidores, pois é produzida de forma autônoma e não se baseia em nenhum tipo de exploração: é apenas uma profissão como qualquer outra, em que um profissional comercializa o serviço que lhe está disponível à um cliente capaz de pagar pelo seu respectivo valor. Esse caráter de analisar a prostituição de luxo sob a ótica de uma profissão, de modo que busquemos entender os mecanicismos que se dão para realizarse esta atividade: como a profissão apresenta-se na rede mundial de computadores, como ocorre a disponibilidade e o contato do(a) acompanhante de luxo com o seu cliente e vice-versa, como os sites são organizados para o acesso dos clientes, qual o tipo de material que se procura e que se encontra nestes sites, entre outros, deve se mantém 256 como uma das mais importantes para concluirmos o trabalho apresentado; consideramos, portanto, que para a descoberta e desenrolar dessas informações os doze meses de pesquisa foram fundamentais pois nos proporcionaram a possibilidade de aprofundar a nossa reflexão sobre a atividade da prostituição e sua vertente de luxo. Com a explanação mais detalhada somos capazes de entender que as pessoas que exercem esta atividade não são apenas um corpo em ação, isento de conflitos internos e preocupações, e sim um ser humano como nós, possuidor de sentimos e racionalidade, propício ao julgamento de diversas pessoas impossibilitadas de compreender as suas escolhas e com uma história de vida que não se limita somente à sua profissão. Referências ALVARES, Fábio Lopes. A construção social do corpo feminino: um estudo a partir da prostituição feminina de luxo. Revista Tempo, Espaço e Linguagem, v. 03, 2012. BORBULHAM, Fernanda; GUIMARÃES, Roberto Mendes e BRUNS, Maria Alves de Toledo. Dinheiro, afeto, sexualidade: a relação das prostitutas com seus clientes. Psicol. estud. vol.17 no.4 Maringá Oct/Dec. 2012 BRIVIO, Gustavo do Rego Barros. Representações sobre a prostituição feminina na obra de Jorge Amado: um estudo estatístico. – Salvador, 2010. p. 62-98; 139-152 CECCARELLI, Paulo Roberto. 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Profissionais do Sexo: Uma perspectiva antropológica do estigma da prostituição. Disponível em: http://www.antropologia.com.br/divu/colab/d10vpetro.pdf Acessado: 8 de agosto de 2015 258 RADICAIS: O QUE DIZEM OS LIVROS DE HISTÓRIA DA MATEMÁTICA? Adrielle Cristine Mendello Lopes UEPA [email protected] Pedro Franco de Sá UEPA [email protected] Resumo: Este texto apresenta os resultados de uma pesquisa de cunho bibliográfico cujo objetivo foi apresentar os principais aspectos históricos dos radicais. As fontes de pesquisa foram livros de história da matemática. Os resultados apontaram vestígios históricos sobre radicais desde 1825 a. C. no Egito Antigo e Babilônia, Grécia Antiga, civilizações hindu, árabe e chinesa, bem como em países europeus até o século XIX. Palavras-chave: Matemática. História da Matemática. Radicais. Introdução Enquanto professores, muitas vezes costumamos apresentar um conteúdo matemático a nossos alunos sem nos preocuparmos com a gênese histórica do objeto a ser ensinado. Assim como Almouloud (2007), consideramos que o conhecimento histórico de um contéudo pode ver muito valioso para entender suas funcionalidades na matemática e até, obstáculos epistemológicos relativos aos conceitos. Em particular, nos chama a atenção o conteúdo de radicais, que perpassa no processo de ensino-aprendizagem da matemática desde o Ensino Fundamental Maior (6º ao 9º ano) até o Ensino Superior. A partir de uma revisão de estudos realizada no âmbito deste tema, apresentada em Lopes e Sá (2014), percebemos como a preocupação com a história dos radicais é mínima. Por conta disso, neste trabalho, buscamos construir uma trajetória histórica, desenvolvida a partir da seguinte questão: Que aspectos históricos sobre radicais têm sido privilegiados nos estudos em história da matemática? Assim, o objetivo deste artigo é apresentar os principais aspectos históricos dos radicais. Esta pesquisa é de cunho bibliográfico, cuja fonte de informações se baseou nos estudos históricos de Cajori (1928; 2007), Dantzig (1970), Kline (1972), Boyer (1974), Struik (1986), Contador (2006), Burton (2007), Eves (2011) e Roque (2012). A partir das informações reunidas na pesquisa bibliográfica, pudemos concluir que há registros sobre radicais no Egito Antigo e Babilônia (3000 a. C - 260 a. C), na Grécia Antiga (600 a. C - 450), nas civilizações árabe (650 - 1200), hindu (200 a. C - 1250) e chinesa (1030 a. C - 1644) e nos países Europeus (séc. 259 XIII - séc. XIX). A seguir apresentamos os principais aspectos históricos dos radicais que perpassam por estas civilizações. Sobre o Egito antigo e a Babilônia A matemática no antigo Egito nunca atingiu o nível obtido pela matemática babilônica, talvez pelo desenvolvimento econômico mais avançado desta última civilização por conta de sua localização ser rota de grandes caravanas, enquanto que o Egito se manteve semi-isolado. Quando falamos de histórica matemática no Egito Antigo, quase sempre nos remetemos ao Papiro de Ahmes ou Rhind (1850 a. C) e ao Papiro de Moscou (1650 a. C). No entanto, é em um dos papiros de Kahun, documentos egípcios do ano 1825 a. C. onde aparece a primeira representação da raiz quadrada da qual se tem conhecimento. Cajori (1928) explica que foram encontrados certos ideogramas e símbolos, dentre os quais o sinal ⌐ era utilizado para indicar a raiz quadrada. Segundo Contador (2006), o cálculo da raiz quadrada pelos egípcios era bastante primitivo. Eles transformavam o número na área de um quadrado, em seguida calculavam o lado por meio de um método geométrico. Eves (2011, p. 63) aponta que perto do ano 2000 a.C., a aritmética babilônica já havia evoluído para uma álgebra retórica bem desenvolvida, o que significa dizer que os babilônios não faziam uso de abreviações ou símbolos para representar o pensamento algébrico, fazendo-o em língua corrente. Além das operações fundamentais, os babilônios também resolviam potências e raízes quadradas e registravam os resultados em tábuas. O método usado para extrair raízes quadradas permitia obter valores aproximados, que hoje sabemos serem irracionais. Kline (1972) explica que nas tábuas babilônicas, quando a raiz era um inteiro se tinha um valor exato, caso contrário, o valor sexagesimal correspondente era aproximado. Entretanto, não há nenhuma evidência de que eles eram conscientes do fato dos irracionais n~o poderem ser expressos com um número finito de algarismos, “é mais plausível crer que eles acreditavam que os irracionais também podiam ser expressos de maneira exata na forma sexagesimal, prolongando a express~o até onde fosse necess|rio” (KLINE, 1972a, p. 8, tradução nossa). Roque (2012) descreve o cálculo babilônico da raiz quadrada de um número, o qual se baseava, provavelmente, em um procedimento geométrico. Eves (2011) diz que os babilônios poderiam ter usado a fórmula 260 Historiadores presumem que esse tenha sido o procedimento para encontrar uma aproximação para . Eves (2011) aponta que os babilônios deram algumas aproximações interessantes de raízes quadradas de números não quadrados perfeitos, como para . Uma excelente aproximação de era para é , encontrada na tábua 7289 de Yale (c. 1600 a.C.), visto que para essa quantidade de casas decimais o correto é 1,4142135... Sobre a Grécia antiga Por volta do século VII a.C., expandia-se um ativo intercâmbio comercial entre a Grécia e o Egito, havendo naturalmente também uma troca de ideias. As ideias egípcias “estimularam o pensamento grego, direcionando-o para novas linhas de pensamento, dando, assim, aos gregos uma base em que pudessem trabalhar.” (CAJORI, 2007, p. 43). A fé da escola de Pitágoras consistia na ideia de que a essência de tudo podia ser explicada por meio das propriedades dos números inteiros e suas razões. A grande descoberta desta escola foi teorema básico da geometria clássica (denominado atualmente Teorema de Pitágoras), mas o que destacamos aqui é a descoberta da descoberta da incomensurabilidade, quando os gregos se depararam com os números irracionais. Juntamente com o abalo da fé grega de que “Tudo é número”, se iniciou a primeira “crise” da matem|tica. Boyer (1974) ressalta que a primeira percepção de grandezas incomensuráveis é tão incerta quando a época de sua descoberta, mas sugere algum momento antes de 410 a. C. O achado do Alogon (inexprimível), como eram chamados os números irracionais (DANTZIG, 1970) foi para os gregos um “esc}ndalo lógico”, pois perceberam que os números que conheciam não eram suficientes para explicar a natureza. Segundo Kline (1972), além de Alogon (ou Alogos), também era utilizado o termo Arratos (sem razão). Encontramos dois relatos sobre o caminho que levou os gregos às grandezas incomensuráveis, mais especificamente, ao irracional . O primeiro caminho é o geométrico, em Dantzig (1970) mostra que, ao aplicaram o teorema de Pitágoras, os pitagóricos perceberam que “a diagonal do quadrado n~o tem medida comum ao seu lado” (DANTZIG, 1970, p. 97). O segundo é o caminho aritmético, segundo o qual Struik (1986) sugere o uso da média geométrica . A primeira prova da irracionalidade de , apresentada em Struik (1986), foi sugerida por Aristóteles (384-322 a.C.) como um exemplo de reductio ad absurdum. 261 Apesar da suposição de que , a razão entre o lado e a diagonal de um pentágono regular (razão áurea), tenha sido o primeiro irracional descoberto, Eves (2011) diz que por algum tempo foi o único irracional conhecido. Somente mais tarde, Teodoro de Cirene (c. 425 a.C.) mostrou a irracionalidade de , , , , , , , , , , e a partir da razão do lado de um quadrado para sua diagonal. Ainda, Teeteto (c. 415 a.C. - 369 a. C) acrescentou que “os lados de qualquer quadrado, representados por uma raiz, s~o incomensur|veis com a unidade linear.” (CAJORI, 2007, p. 94). Por volta de 370 a.C., o “esc}ndalo lógico” foi resolvido por Eudoxo, através de uma nova definição de proporção. O tratamento dos incomensuráveis formulado por Eudoxo aparece no Livro V dos Elementos de Euclides (c. 300 a. C). Ainda, no Livro X de Os Elementos, Euclides tratou de quantidades incomensuráveis e investigou toda a variedade possível de retas que podem ser representadas por , e representando duas retas incomensuráveis. (CAJORI, 2007). Boyer (1974) acrescenta que Euclides também trabalhou com e . Importa ressaltar que os gregos realizavam aproximações de raízes quadradas. Kline (1972a) mostra que os pitagóricos aproximavam resultava em por meio da substituição de 2 por como aproximação; e Teodoro substituiu 3 por em , obtendo que como aproximação da raiz. Em A medida do círculo, Arquimedes (287? – 212 a. C.) apresenta um grande número de raízes quadradas, a exemplo de e , mas não dá nenhum indício do método pelo qual obteve estas aproximações. Cortez (2009), acredita que a aplicação de números fracionários no Teorema de Pitágoras nesta época pode ser um primeiro esboço da propriedade . Para Cajori (2007, p. 91) “n~o é improv|vel que os gregos extraíssem a raiz quadrada por tentativa e erro”. Eutócio (c. 560), comentador de A medida do círculo, diz que o método de extração de raízes foi dado por Herão, Pappus, Teôn e outros comentadores do Almagesto de Ptolomeu. Cajori (2007) cita que é conhecido apenas o método de Teôn, o mesmo de utilizamos hoje em dia, a não ser pelo fato de Teôn empregar frações sexagesimais em lugar das decimais; porém não descreve o referido método. Sobre Herão, Eves (2011) afirma há estimativas da época em que viveu que variam de 150 a.c. a 250 d.C. No livro I de A Métrica - um trabalho composto por três livros, descoberto em 1896 em Constantinopla – está o método de Herão para aproximar a raiz quadrada de um inteiro 262 que não é quadrado perfeito. Esse processo, usado com frequência pelos computadores atualmente, pode ser descrito da seguinte forma: Se , então é uma aproximação de , aproximação ess que melhora com a proximidade de a e b. O método permite sucessivas aproximações. Assim, se é aproximação melhor, e é a primeira aproximação de , então é melhor ainda, e assim por diante. (EVES, 2001, p. 205) No contexto do desenvolvimento da matemática grega, cabe destacar o papel de Diofanto (c. 300 d. C), provável contemporâneo de Herão, pois este teve uma grande influência sobre os europeus. Para Eves (2011), Diofanto pode ter o estudioso a dar os primeiros passos rumo à uma notação algébrica, devido à natureza sincopada de seus cálculos (Diofanto tinha abreviações para a incógnita, potências da incógnita até o expoente seis, subtração, igualdade e inversos): “É razoavelmente preciso dizer que a álgebra anterior à época de Diofanto era retórica. Uma das principais contribuições de Diofanto à matemática foi a sincopação da álgebra grega.” (EVES, 2011, p. 206). Sobre a matemática Hindu Para Eves (2011), a questão da influência da matemática grega, da babilônica e da chinesa sobre a matemática hindu e vice-versa ainda não é esclarecida, mas há evidências de que em ambos os sentidos ela foi apreciável. Além de serem hábeis aritméticos, os hindus deram contribuições significativas à álgebra. Depois da época do grego Diofanto, a álgebra retórica ainda estava sendo utilizada de maneira bastante no resto do mundo por centenas de anos, exceto na Índia. Á álgebra dos hindus seguiu o estilo sincopado, isto é, eles utilizavam abreviações e iniciais para representar quantidades e operações. Em especial, para a raiz quadrada, Eves (2011) aponta que eles escreviam (da palavra karana, “irracional”) antes da quantidade. Por outro lado, Cajori (1928) afirma que Brahmagupta (598 - 628), o mais eminente matemático hindu do século VII, utilizava a letra c (caraní), a qual indicava a raiz quadrada ou um número irracional (os hindus aceitavam os números irracionais). Sobre Brahmagupta, Contador (2006) aponta que ele utilizava para o valor . 263 De acordo com Eves (2011), os problemas de aritmética hindu comumente envolviam irracionais quadráticos (um radical numérico em que o radicando é racional, mas o radical mesmo é irracional). Grande parte do conhecimento da aritmética hindu provém do texto Lilāvati (bela) de Bhāskara, uma das partes mais importantes sobre aritmética de seu trabalho Siddhānta S’iromani (diadema de um sistema astronômico), escrito em 1150. O método de Bhāskara para encontrar a raiz quadrada e a raiz cúbica de um número é dado em Lilāvati, podendo ser encontrado em Patwardhan, Naimpally e Singh (2001), uma versão em inglês. Ressaltamos também que, de acordo com Contador (2006), Bhāskara foi o primeiro estudioso a apresentar regras para se operar com zero, dentre elas que . Também, Bhāskara deu as seguintes identidades not|veis: às vezes empregadas em nossos textos de álgebra para encontrar a raiz quadrada de um número irracional. Importa salientar que estas identidades se encontram no Livro X de Os Elementos. Sobre a matemática árabe Pouco sabemos sobre os árabes antes do tempo de Maomé (570-632), pois foi somente após o profeta que a Arábia se tornou uma poderosa nação, que acabou se estendendo a partes da Índia, Pérsia, África e Espanha. Bagdá, fundada em 762, tornou-se a capital do império árabe em 772, sendo um grande centro intelectual a partir de então. Quando os árabes conquistaram o Egito e partes da Índia, entraram em contanto com os trabalhos hindus gregos, dos quais muitos foram traduzidos, sendo as únicas cópias hoje conhecidas. Dentre as mentes árabes que se destacam na história da matemática árabe, está AlKhowarizmi (783-850), cuja obra exerceu grande influência nos países europeus nos últimos séculos da Idade das Trevas. Depois de Al-Khowarizmi, Abû Kâmil (c. 850-930) é o maior escritor árabe no que diz respeito à álgebra. Pouco se sabe sobre sua vida e atividades, seu livro de Álgebra, Kitãb fil-jabr w'al muqâbalah (c. 900 a.C), é essencialmente um comentário sobre e elaboração do trabalho de Al-Khowarizmi; em parte por essa razão e em parte por seu próprio mérito, o livro apreciou a popularidade generalizada no mundo muçulmano. A Álgebra de Kâmil contém 69 problemas em comparação aos 40 de seu predecessor, acrescentados outros métodos de métodos de solução para os apresentados por Al-Khowarizmi. 264 Burton (2007) mostra que Kâmil desenvolveu, de forma inteiramente retórica, a seguinte adição e subtração de raízes quadradas: Assim, o que conhecemos pela notação era descrito por Kâmil como: Se você deseja subtrair a raiz de 4 a partir da raiz de 9 até o que restar da raiz de 9 seja uma raiz de um número, então adicione 9 a 4 para dar 13. Guarde-o. Em seguida, multiplique 9 por 4 para dar 36. Tome 2 de sua raízes para dar 12. Subtraia a partir do 13 que foi retido. Permanece um. A raiz é 1. Ele é a raiz de 9 menos a raiz de 4. (BURTON, 2007, p. 245, tradução nossa) O maior avanço de Kâmil em relação a escritores anteriores está no uso de fator externos irracionais em equações indeterminadas. No problema 53 da Álgebra, na qual Kâmil pede que se ache um número de tal forma que, a raiz quadrada de três adicionada a ele e também adicionada a raiz quadrada de 2 para que, em seguida, o produto dos dois montantes seja 20. Isto seria escrito hoje como , o que conduz à equação quadrática . Kâmil dá o valor correto . A introdução de soluções irracionais para alguns quadráticas é outro ponto de partida a partir do trabalho de base de al-Khowarizmi. Burton (2007) ressalta que a Álgebra de Abû Kâmil ocupa um lugar especialmente importante no desenvolvimento da matemática no Ocidente através de sua influência sobre as obras do italiano Leonardo de Pisa. Sobre a matemática chinesa Contador (2006) diz que sabemos muito pouco sobre a matemática chinesa antiga, devido ao costume dos chineses de escrever seus cálculos em bambus, material facilmente perecível; além do imperador Shih Hoang-ti, da Dinastia Ch’in, ter ordenado que todos os livros fossem queimados e os estudiosos enterrados no ano de 213 a. C. O livro Chou pei Suang Ching é considerado o mais velho trabalho chinês, porém anônimo, datado entre 1200 a. C. e 300 a. C., no qual está o que conhecemos hoje como o Teorema de Pitágoras. Ainda, próximo em idade ao Chou pei, temos o K’ui-cháng Suan-Shu, de ± 200 a. C., chamado também de Aritmética em Nove Seções (CAJORI, 2007) ou Nove capítulos sobre a arte 265 da matemática (CONTADOR, 2006), cuja autoria é atribuída a Chang T’Sang. Além do tratamento de vários assuntos (como porcentagem, proporção, determinação de lados e figuras, entre outros), o K’ui-cháng também trata do cálculo da raiz quadrada e raiz cúbica. Contador (2006) explica que para calcular a raiz quadrada de um número qualquer, “a ideia era achar três números inteiros , forma e , de modo que o resultado pudesse ser escrito sob a onde , e por sua vez representaria o lado de um quadrado.” (CONTADOR, 2006, p. 484). O raciocínio era semelhante para o calcular a raiz cúbica, mas o número deveria ser encarado como o volume de um cubo. Não explicaremos o método chinês de extração de raízes quadradas e cúbicas, ao ter em vista ser nada prático e trabalhoso, mas detalhes sobre o procedimento podem ser encontrados em Contador (2006). A ascensão da álgebra simbólica na Europa As transações comerciais existentes entre os mundos mulçumano e cristão a partir do século XIII, permitiu que a álgebra árabe entrasse na Europa. Na Europa Ocidental, a maior parte da álgebra permaneceu retórica até o século XV. Embora a aparição da álgebra simbólica tenha se dado no século XVI, esta acabou se estabelecendo apenas no século XVII. No limiar do século XIII, despontou a figura de Leonardo Pisa (1170-1250), estudioso italiano também conhecido como Fibonacci, fortemente influenciado pelo estudo da matemática árabe. Em Liber abaci (1202) é possível encontrar a palavra resultado, representado por , era a ou para a potência , e o (coisa), denominações presentes no comentário da álgebra de Al-Khowarizmi escrito por Abû Kâmil no século X. O capítulo 14 de Liber Abaci é dedicado ao cálculo de raízes quadradas e cúbicas, de forma retórica. Já em Practica geometriae (1220), Fibonacci incorporou a abreviação depois, a abreviação para e, poucos anos (sem o traço) foi utilizada para se referir à raiz quadrada em notas marginais de Fios (1225). Os trabalhos de Fibonacci estavam além da capacidade da maioria dos intelectuais da época, fato que chamou a atenção do imperador Frederico II, que o convidou a participar de um torneio matemático na corte. Como consequência da busca de uma solução para a equação cúbica , Fibonacci tentou provar que nenhuma raiz da equação pode ser expressa irracionalmente na forma ou, em outras palavras, que nenhuma raiz pode ser construída com régua e compasso. Obteve então uma resposta aproximada que, expressa em notação decimal, é 1,3688081075 e que é correta até a nona casa. Esta resposta aparece em Fios. 266 O século XIV assistiu à Guerra dos Cem anos e à Peste Negra, que varreu mais de um terço da população da Europa. Foi um período relativamente estéril, matematicamente falando, tendo como um dos principais personagens no campo dos radicais o bispo Nicole Oresme (13231382). Ele escreveu cinco trabalhos matemáticos, dentre os quais está Algorismus proportionum no qual a raiz quadrada era designada por meio da palavra medietas. Cajori (1928) destaca que Oresme foi o primeiro a conceber a noção de potências fracionárias e mais do que isso, foi o primeiro a sugerir uma notação para designá-las. De acordo com Boyer (1974), na referida obra de Oresme há expressões como para . A atividade matemática no século XV centrou-se grandemente nas cidades italianas e nas cidades de Nuremberg, Viena e Praga na Europa central, em grande parte devido ao ínicio do Renascimento Europeu. O alemão Johann Müller (1436-1476), conhecido como Regiomontanus, apesar de não ter escrito obras em Álgebra, em suas cartas a Giovanni Bianchini, Jacob von Speier e Christian Roder, no período de 1463-1471, ele propõe símbolo para raiz quadrada, assim como o . Na visão de Eves (2011), o mais brilhante matemático do século XV foi Nicolas Chuquet (1445-1488). Em 1484, ele preparou o manuscrito Le triparly en la science des nombres (“Três partes”), impressa somente no século XIX. A segunda parte desse trabalho se ocupa do cálculo com os números irracionais, onde Chuquet trabalha com o símbolo , primeira letra da palavra francesa racine e da palavra latina radix: Um número, digamos , ele [Chuquet] chama , porque , tomado como um fator de uma vez, dá ; é uma de , porque , tomado como um fator de duas vezes, dá . Ele [Chuquet] usa as notações nossa) , [...] (CAJORI, 1928, p. 101, tradução Ademais, Chuquet utilizava linhas horizontais para indicar raízes de raízes: indicava a raiz quadrada do binômio, em notação moderna, . Em 1494, o frade franciscano Luca Pacioli (1445-1517) escreveu a Summa de arithmetica geometria proportioni et proportionalita, obra que serviu na Itália como uma introdução para a matemática no século XVI e influenciou outros países europeus. É possível 267 observar a influência de Fibonacci na Summa, “embora contenha pouco de importante que não se encontre no Liber Abaci de Fibonacci, emprega uma notaç~o superior.” (EVES, 2011, p. 298). Cajori (1928) mostra que Pacioli utiliza o para indicar a raiz (radix ou radici); mas também notações de sua própria autoria nas margens da Summa, como usado para designar a raiz cúbica, enquanto que quinta, designava a raiz quarta, a raiz sexta, era a raiz para a raiz sétima, para raiz oitava. Pacioli ainda inseriu o símbolo polinômios: . Ainda, para (radici vniversales) para designar raízes de . A primeira metade do século XVI viu surgir uma série de personagens na França, Itália e Alemanha que em muito trabalharam com um certo simbolismo algébrico, mais especificamente no cálculo com radicais. Dentre a nuvem de álgebras alemães do século XVI, a mais importante foi a Die Coss (1525) de Christoff Rudolff, a qual trouxe notações para radicais que foram amplamente utilizadas por matemáticos da época e posteriores. Radix era a raiz ou lado de um quadrado e a raiz cúbica foi introduzida por Rudolff como e a raiz quarta por , como representação de dois sinais sucessivos de raízes quadradas. Raízes polinomiais eram indicadas por um ponto: indicavam . Eves (2011, p. 301) diz que o símbolo moderno de radical introduzido por Rudolff foi “adotado talvez porque lembra um r (de raiz) minúsculo”. Gerônimo Cardano (1501-1576) também usou . Em Practica arithmeticae generalis (1539), a radix ligata foi introduzida para expressar a raiz de cada um dos termos de um polinômio: para . Já para a raiz polinomial, foi utilizada a radix vniversalis de Pacioli. Cajori (1928) explica que o uso da letra maiúscula primeira vista, mas servia para diferir da radix distincta, pois mesmo dá ou , enquanto que, da mesma forma pode parecer supérfluo à multiplicado por si significa . Importa salientar que em Regula aliza (1570), Cardano escreveu sobre a raiz quadrada de números negativos: “a raiz quadrada de um número positivo é positiva; a raiz quadrada de um número negativo n~o é adequada, de acordo com a aceitaç~o comum.” (CAJORI, 1928, p. 118, tradução nossa). Em Ars Magna (1545), Cardano designou números por letras e também operou 268 com elas, “Ele tornou é o mesmo que e válidos para quaisquer números dados e, em seguida, observou que , isto é, .” (CAJORI, 1928, p. 120, traduç~o nossa). Uma edição melhorada da Die Coss de Rudolff foi publicada por Michael Stifel (14861567) em 1553, o maior algebrista alemão do século XVI. Tão imporante também foi Arithmetica integra (1544), uma obra dividida em três partes dedicadas, respectivamente, aos números racionais, números irracionais e álgebra. Cajori (1928) afirma que Stifel rejeitou os símbolos para radicais de Rudolff e escrevia para raiz quadrada e para raiz cúbica, mas adotava a notação de ponto de Rudolff para o radical de um binômio. No trabalho Deutsche arithmetica (1545), Stifel utilizou os sinais , e para a raiz quadrada, raiz cúbica e raiz quarta, respectivamente. The Whetstone of Witte (Pedra de amolar) de Robert Record, tem relativa importância na ascensão do simbolismo algébrico pois foi nela que se fez uso pela primeira vez do moderno símbolo de igualdade. Publicada em Londres em 1557, apenas um ano antes da morte Record na prisão, continha cálculo com radicais cujas designações para raiz quadrada eram para raiz cúbica eram ou ou , e para raiz quarta, era utilizada a notação de Rudolff , mas também Em 1570, Rafael Bombelli (1526-1572) publicou uma álgebra que se constituiu numa contribuição notável à resolução das equações cúbicas, além de ter colaborado para o aprimoramento da notação algébrica corrente. Para o cálculo com radicais, Cajori (1928) mostra que Bombelli se baseava em iniciais: em substituição a raiz quadrada de polinômios de Pacioli ( ), escrevia (radice quadrada legata), para a raiz cúbica, e ainda, usava (raiz quarta), Gossellin adotou a letra (raiz quinta), (radice cubica legata); (raiz sexta) e (raiz sétima). (latus) para trabalhar com radicais, que significava “lado de um quadrado”. Ele defendia dois tipos de radicais em De arte magna (1577): radicais simples eram como , e , , etc. (isto é, (isto é, , e , ) e radicais compostos eram do tipo ). A presença das letras (latus universale) indicavam a raiz de um polinômio. O estudo de Cajori (1928) indica ainda que Gosellin utilizava o símbolo tanto para potências como para radicais, assim como Pacioli. Sobre o uso da letra para designar radicais, Cajori (1928) salienta que este nunca se tornou popular, sendo somente utilizado posteriormente para logaritmos. 269 O mais destacado e influente matemático dos Países Baixos no século XVI foi Simon Stevin. De acordo com Boyer (1974), Stevin percebeu a importância de notações apropriadas como auxiliar do pensamento, apesar de algumas vezes utilizar palavras (como para igualdade, por exemplo) como faziam também seus contemporâneos. Ele preferiu uma notação pura para as potências, em que ele escrevia ② para quadrado, ③ para cubo, e assim por diante. Stevin sugeriu propôs que estas notações fossem utilizadas para potências fracionárias. Cabe destacar que Oresme também fez o mesmo, no entanto Boyer (1974) indica que isto teve pouca ou quase nenhuma influência na matemática belga e francesa. Stevin não teve oportunidade de utilizar tal notação, mas disse claramente que significa a raiz quadrada e que dentro de um círculo dentro de um círculo indicava a raiz quadrada de um cubo. Ainda, Cajori (1928) mostra que em La thiende (1585), Stevin aparentemente usava os sinais sugeridos por Rudolff, com algumas diferenças. O sinal indicava a raiz quadrada, dois traços indicavam a raiz quarta e três traços indicavam raiz oitava. A raiz cúbica era empregada por seguido do número três dentro de um círculo; bem como círculo indicava (raiz a raiz nona. universal), seguido do 3 dentro do No Stevin lugar de utilizou para a raiz binomial. Boyer (1974) acrescenta que mais tarde, Albert Girard (1595-1632), editor das obras de Stevin, adotou também a notação em círculos e indicou que esta poderia ser usada também para raízes quadradas e cúbicas em vez dos símbolos que conhecemos hoje. Em Invention nouvelle em I'Algebre (1629), Cajori (1928) explica que as notações utilizadas são uma extensão das notações de Chuquet, Bombelli e Stevin, sendo que as de Bombelli e Stevin são apenas variantes de Chuquet. Girard parece ser o primeiro a sugerir o posicionamento do índice da raiz na abertura do sinal radical, “{s vezes ele escreve para ” (CAJORI, 1928, p. 159, traduç~o nossa). O século XVII foi particularmente importante na consolidação das notações para radicais. Thomas Harriot (1560-1621) e William Oughtred (1574-1660) em muito contribuíram para essa codificação; assim como John Wallis (1616-1703), René Descartes (1596-1650) e Isaac Newton (1643-1727). Artis analyticae praxis, publicada dez anos após a morte de Harriot, trata em grande parte da teoria das equações. Sobre esta obra, Burton (2007, p. 384, tradução nossa) afirma que 270 “uma not|vel inovaç~o foi a utilização de uma barra horizontal para cobrir todos os termos atingidos por um sinal de radical”. No mesmo ano (1631) apareceu também a primeira edição da conhecida Clavis mathematicae de Oughtred, um trabalho sobre aritmética e álgebra. Não menos importantes, são The Circles of Proportion e Trigonometrie, publicadas em 1632 e 1657, respectivamente. Na visão de Cajori (1928), foi um matemático incomum em relação ao uso de diferentes notações. Embora clérigo de carreira, Oughtred dava aulas particulares de matemática a alunos interessados, entre esses estavam John Wallis, o mais influente predecessor de Isaac Newton. Mais longe do que foi seus predecessores em álgebra simbólica, Descartes conseguiu mostrar um correspondente geométrico das operações aritméticas em La géométrie (1637), um dos três apêndices de Discurso do Método. Cajori (1928) indica que a notação para radicais, tal qual como escrevemos hoje é devida a Descartes, que fez a união do vínculo com o sinal radical alemão , tornando-o . Ao que aponta Cajori (1928) e Boyer (1974), Descartes influenciou Frans van Schooten (1615-1660), visto que quando este editou as obras de Francis Viète em 1646, a notação matemática foi diferenciada da obra original. Vieta escreveu que na edição de van Schooten, foi escrito como , enquanto , em que é possível perceber a combinação do vínculo no sinal de radical. Wallis, em Arithmetica Infinitorum (1655), adotou notações que muito se aproximavam da simbologia moderna quando este escrevia antigas como integral de para raiz sexta, mas também utilizava notações para raiz quarta. Sobre o princípio de interpolação de Wallis para calcular a presente nesta obra, ele assumiu discutivelmente que o resultado de valia para valores fracionários bem como para valores negativos e, até mesmo para potências irracionais. Ainda, Boyer (1974, p. 279) diz que “o uso de notação exponencial para potências fracionárias e negativas era uma importante generalização de sugestões feitas antes por Oresme e Stevin, mas Wallis n~o deu base sólida { sua extens~o da exponenciaç~o cartesiana”. Para Burton (2007), como consequência do estudo de Arithmetica Infinitorum, no inverno de 1664-1665, Isaac Newton descobriu o teorema binomial geral ou a expansão , anunciado por Newton em duas cartas 1676, enviada a Henry Oldenburg, membro da Royal Society, mas destinada a Leibniz. Na primeira carta, Newton empregou expoentes negativos e fracionários, cuja prática após este tempo se tornou universalmente reconhecida. Newton escreveu “Analistas, em vez de 271 , , etc., estão acostumados a escrever , , etc., em vez de escrever , , , eu escrevo , , [...]” (BURTON, 2007, p. 395, tradução nossa) Usamos símbolos para radicais atualmente sem se preocupar com a lentidão como se desenvolveram ao longo da história da matemática. Percebemos que os radicais perpassam pela história desde a matemática egípcia a quase 4 mil anos atrás. Obras das quais se tem notícia que datam até século VIII, eram praticamente desprovidas de simbolismos matemáticos, somente a partir do século XIII, notações para radicais foram sendo propostas. Ademais, as principais influências para a notação tal qual como conhecemos hoje, se deu principalmente no século XVI com o trabalho de Rudolff e atingiu a maturidade com a obra de Descartes. O século XVII também foi palco de uma grande realização na matemática: a sistematização do cálculo por Isaac Newton e Gottfried Leibniz (1646-1716). Porém, Struik (1986) aponta que as explicações sobre os fundamentos do Cálculo eram imprecisas e isso gerou muitas discussões a respeito da legitimidade dos métodos infinitesimais. Por algum tempo, os fundamentos do Cálculo permaneceram despercebidos ao ter em vista a sua aplicabilidade (principalmente à mecânica), fator muito explorado na produção matemática no século XVIII, sendo os processos empregados de forma intuitiva. Este cenário começou a mudar quando Joseph-Louis Lagrange (1736-1813) tentou fundamentar o cálculo pela sua redução à álgebra. Em 1797, Lagrange assumiu, a partir de um processo puramente algébrico, que uma função contínua pode sempre ser expressa por meios do teorema de Taylor como uma série infinita. Struik (1986) esclarece que o “método algébrico” de Lagrange foi insatisfatório, pois não foi dada muita atenção à convergência das séries, mas foi considerável passo em frente. No início do século XIX, estudiosos começaram a questionar a validade do princípio de Lagrange e logo começaram a perguntar o que se entendia por “funç~o”, ao ter em vista o desenfreado uso das séries infinitas, que insinuavam absurdos em contradições. Estes questionamentos impulsionaram a busca por uma matemática mais rigorosa, fundamentada no conceito de número, o que resultou em um movimento histórico conhecido como Aritmetização da An|lise, que objetivou “a separaç~o de conceitos puramente matem|ticos tais como número, correspondência e conjunto, de ideias intuitivas, que a matemática adquiriu através de uma longa associaç~o com a geometria e a mec}nica.” (DANTZIG, 1970, p. 93). 272 Foi no bojo da aritmetização da Aritmetização da Análise, que as construções axiomáticas dos números irracionais surgiram. Em se tratando deste aspecto, as contribuições cruciais foram dadas por Charles Méray (1835-1911), Karl Weierstrass (1815-1897) e Richard Dedekind (1831-1916), cujas teorias são, em essência, muito parecidas e, apesar das publicações quase simultâneas, foram elaboradas em épocas diferentes. De acordo com Boyer (1974), entre os anos de 1869 e 1887 Méray definiu um número irracional ao ter em vista a natureza dos limites de sucessões de números racionais que não admitiam nenhum número racional como limite. Méray considerava que uma sequência convergente determina ou número racional como limite ou um “número fictício” como um “limite fictício”; e estes “números fictícios” podem ser ordenados e em essência, s~o os números irracionais. Por volta de 1863-1864, Weierstrass apresentou sua construção axiomática dos números irracionais como parte de um curso sobre a teoria geral das funções analíticas. Weierstrass tentou separar o cálculo da geometria e baseá-lo apenas no conceito de número e, assim como Méray, percebeu que era necessário definir um número irracional independentemente do conceito de limite, assim “decidiu a quest~o da existência de um limite de uma seqüência convergente tomando a própria sequência como número ou limite” (BOYER, 1974, p. 410) O tratamento dado por Dedekind aos números irracionais é o mais aceito atualmente. Em 1872, baseado na teoria das proporções de Eudoxo, Dedekind viu que o domínio dos números racionais pode ser estendido de modo a formar um continuum, se supusermos que os pontos sobre uma reta podem ser postos em correspondência biunívoca com os números reais. Aritmeticamente, significa que para toda divisão de números racionais em duas classes A e B tais que todo número da primeira classe, A é menor que todo número da segunda classe, B, existe um e só um número real que produz um corte de Dedekind. Se A tem um maior número, ou se B contém um menor número, um corte define um número racional; mas se A não tem um maior elemento e B não tem um menor, então o corte define um número irracional. (BOYER, 1974). Considerações Finais Este trabalho teve como objetivo apresentar os principais aspectos históricos dos radicais a partir de livros de história da matemática. No bojo dos resultados encontrados percebemos o quão foi lenta a construção da história dos radicais, iniciada no Egito Antigo por volta de 1825 a. C até o século XIX na Europa com a consolidação das teorias dos números 273 irracionais. Consideramos que o conhecimento das manifestações históricas dos radicais é importante não só para o entendimento da própria construção histórica da matemática, mas também para servir como fonte de informações no cenário escolar e acadêmico. Referências BOYER, C. B. História da matemática. São Paulo: Edgard Blücher, 1974. BURTON, D. M. The History of Mathematics: an introduction. 6 Ed. Nova Iorque: McGraw-Hill, 2007. CAJORI, F. A history of mathematical notations: notations in elementary mathematics. Londres: The Open Court Company, 1928. _______. Uma história da matemática. Rio de Janeiro (RJ): Ciência Moderna, 2007. CONTADOR, P. R. M. Matemática: uma breve história. Vol. 1. São Paulo (SP): Livraria da Física, 2006. DANTZIG, T. Número: a linguagem da ciência. Rio de Janeiro (RJ): Zahar, 1970. EVES, H. Introdução à História da matemática. Campinas (SP): Editora da Unicamp, 2011. KLINE, Morris. Mathematical trought from ancient to modern times. Vol 1. Nova Iorque: Oxford University Press, 1972. ROQUE, T. História da matemática: uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas. Rio de Janeiro (RJ): Zahar, 2012. STRUIK, D. J. História Concisa das Matemáticas. Lisboa: Gradiva, 1986. 274 SAÍRAM DA COZINHA, MAS NÃO PRA CAIR NO SAMBA: A HISTÓRIA DE COMO MULHERES NEGRAS PERCEBERAM QUE SEUS LUGARES SÃO NA SALA DE AULA. Thaís da Silva Mendonça UEPA [email protected] Lucélia de Moraes Braga Bassalo UEPA [email protected] Resumo: O presente artigo faz parte do trabalho de conclusão de curso, o qual foi um estudo de caso, intrínseco exploratório, com abordagem qualitativa, de história de vida, realizada na Universidade do Estado do Pará, na cidade de Belém. Inicialmente com consistente discussão teórica e em seguida com análise dos dados obtidos, a pesquisa em questão abordou três variáveis facilmente encontradas e raramente discutidas: gênero, educação e negritude. Os sujeitos da pesquisa, foram três professoras autodeclaradas negras, na faixa etária de 30 à 65 anos, como informantes centrais da pesquisa. Estabeleceu-se os objetivos de compreender a realidade acerca de como ocorre o processo formativo de mulheres autodeclaradas negras, como elas chegaram ao cargo de professoras universitárias e o que lhes motivou à optar por essa carreira, propósitos que foram acançados, e superados, quando através da fala das docentes se fez possível ter conhecimento sobre a história pessoal, acadêmica e profissional delas, identificando as suas particularidades, quando através do registro das histórias das suas vidas, se fez possível um debate entre gênero, raça e educação no que concerne ao ingresso dessas docentes no cenário educacional em que estão inseridas, suas visões sobre preconceito, cotas raciais e educação. Palavras-chave: Negritude. Docência. Gênero. Introdução A educação é uma possibilidade de ultrapassar disparidades econômicas, sociais e humanas. Ela é detentora do poder de transformar pensamentos e criar de nova perspectivas de sociedade e principalmente uma maneira de oportunizar o acesso de todos ao que existe de mais valioso: o conhecimento. O pensar certo a ser ensinado concomitantemente com o ensino dos conteúdos não é um pensar formalmente anterior ao e desgarrado do fazer certo. Neste sentido é que ensinar a pensar não é uma experiência em que ele - o pensar certo - é tomado em si mesmo e dele se faz e que se vive enquanto dele se fala com a força do testemunho. Pensar certo implica a existência de sujeitos que pensam mediados por objeto ou objetos sobre que incide o próprio pensar dos sujeitos (FREIRE, 1996, p.21) É a esperança que os oprimidos e excluídos possuem para a mudança da realidade. Através da mesma se pode esclarecer o passado, aliviar o presente e modificar o futuro. Em uma tentativa de amenizar as desigualdades hierárquicas as quais as 275 classes menos favorecidas são submetidas, dando voz a quem quiser gritar e dando um rosto a quem sempre foi praticamente invisível. Tentando resgatar e valorizar o que é próprio dessa população: sua cultura, crenças e costumes. A presente pesquisa se propôs a realizar um estudo sobre a trajetória docente, seus acertos e dificuldades, de professoras autodeclaradas negras, na faixa etária de 30 à 65 anos e que exercem o magistério no Ensino Superior, em Belém, no Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará, no período compreendido entre 2005-2015. Com a pretens~o de responder “como ocorreu o processo de formação profissional, os acertos e as dificuldades, de mulheres autodeclaradas negras que escolheram a docência como profiss~o?” estabeleceu-se alguns objetivos como o de compreender a realidade acerca de como ocorre o processo formativo de mulheres autodeclaradas negras, como elas chegaram ao cargo de professoras universitárias, o que lhes motivou à optar por essa carreira e se elas creem que foram vítimas de algum tipo de preconceito, sendo velado ou não. Identificar suas particularidades e a existência, ou não, de dificuldades de ingresso no cenário educacional. Material e Métodos Foi possível registrar a história de vida coletando os dados orais utilizando a técnica de entrevistas narrativas, as quais dão ao entrevistado liberdade e autonomia para tratar de temas pertinentes, não possuindo estrutura fixa e fechada, perpassado por um caráter de contação de histórias e fugindo da solidez dos questionários impositivos. A entrevista narrativa tem em vista uma situação que encoraje estimule o entrevistado a contar a história sobre algum acontecimento importante de sua vida e do contexto social [...] Sua ideia básica é reconstruir acontecimentos sociais a partir da perspectiva dos informantes, tão diretamente quanto possível (BAUER; GASKELL, 2002, p. 93) A pesquisa orientou-se pelo tipo de pesquisa, estudo de caso, com abordagem qualitativa, de história de vida, realizada na Universidade do Estado do Pará, na cidade de Belém. Os sujeitos da pesquisa foram três professoras autodeclaradas negras. 276 Bourdieu (1986) faz uma ressalva ao pesquisador para não deturpar a história de vida, transformando-a em senso comum. A noção desse tipo de trabalho não se restringe a uma sequência lógica e cronológica de acontecimentos ordenados, ao mesmo tempo que não se fecha à narração coerente numa ordem “de acontecimentos com significados e direç~o” (apud Nascimento, 2012, p. 15). As entrevistas ocorreram no primeiro semestre do ano de 2015 no Centro de Ciências Sociais e Educação, da Universidade do Estado do Pará, na própria instituição. As três atuam no Ensino Superior há mais de uma década, 15, 11 e 23 anos especificamente, são naturais do Estado do Pará, também residentes do mesmo, autodeclaradas negras. Possuem graduação, especialização e mestrado. São formadas em Licenciatura em Pedagogia em instituições públicas de ensino. Em seguida veio a parte mais “braçal” do trabalho, a transcriç~o. A primeira entrevista teve a duração de 43 minutos e 22 segundos, a segunda teve 1 hora, 2 minutos e 22 segundos e a terceira e última 31 minutos e 27 segundos. A degravação deve ser, segundo os princípios da entrevista narrativa, literal, logo, esta foi a parte menos cognitiva e mais manual e consequentemente mais trabalhosa da pesquisa Resultados e Discussão Falar de mulher não é discorrer sobre a oposição ao homem ou ao sexo masculino e sim é tratar de diferenças de jeitos, hábitos, religiões, raças, orientações sexuais, classes sociais e outros. Não como um indivíduo naturalmente oposto, e sim, como sujeito histórico-social, construtor particularidades que formam o ser mulher. Não é uma característica congênita, é uma edificação ao longo da vida. Fazer-se mulher dependia das marcas, dos gestos, dos comportamentos, das preferências e dos desgostos que lhes eram ensinados e reiterados, cotidianamente, conforme normas e valores de uma dada cultura. (LOURO, 2008. p. 17) É importante enfatizar que a construção social deve ser mais relevante do que as diferenças anatômicas, mas não se pode negar a distinção biológica, porém fixou-se no senso comum como sendo verdade e justificativa para as desigualdades de acesso a recursos da sociedade. 277 O argumento de que homens e mulheres são biologicamente distintos e que a relação entre ambos decorre dessa distinção, que é complementar e na qual cada um deve desempenhar um papel determinado secularmente, acaba por ter caráter de argumento final, irrecorrível. (LOURO, 2007, p.20-21) É de suma importância que fique claro que gênero é diferente de sexo. Se faz preciso abordar que esses dois conceitos, comumente relacionados e muitas vezes confundidos, andam juntos e muitas vezes se complementam. O gênero está vinculado ao comportamento social e a identidade de gênero do sujeito, que é pautado nas construções sociais da feminilidade, já o sexo, está voltado para a orientação sexual de indivíduos sexuados, ou seja, um n~o implica necessariamente no outro “similar”. “O gênero é igualmente utilizado para designar as relações sociais entre os sexos” (SCOTT, 1989, p. 7) quando se aborda a mulher, pois falar de gênero é dizer que existe uma vertente que não é tida como a identidade referência. Estudar a mulher negra, no âmbito do Brasil, vai muito além da questão do gênero, é buscar conhecer uma grande parte da população brasileira. Principalmente, é tentar entender para poder em seguida desmistificar a condição de subalterna que possui. É usualmente retratada pejorativamente em músicas, falas e na rotina diária das pessoas e que ainda mais facilmente é estigmatizada. Em muitos discursos é associado à ela o trabalho doméstico, sexual e artístico. É a que mais sofre uma violência simbólica somente por causa da pigmentação de sua pele. O imaginário masculino sobre a exuberância corpórea dessas mulheres, faz com que seus corpos sejam fontes de apelos sexuais e um endeusamento carnavalesco, reduzindo-as à isso: É por aí que a culpabilidade engendrada pelo seu endeusamento se exerce com fortes cargas de agressividade. É por aí, também, que se constata que os termos mulata e doméstica são atribuições de um mesmo sujeito (GONZALES, 1984, p. 228). Quando se trata em mulher negra brasileira, no senso comum a primeira coisa que se ouve é que são as deusas do carnaval, pele bronzeada, corpo torneado, brilhoso e “samba no pé”. A pompa da festa faz com que por breves dias se dissipe a concepç~o de que lugar de mulher negra é no fogão, dando espaço às avenidas do samba. Todos sob o comando do ritmo das baterias e do rebolado das mulatas que, dizem alguns, n~o est~o no mapa. “Olha aquele grupo do carro alegórico, ali. 278 Que coxas, rapaz” “Veja aquela passista que vem vindo; que bunda, meu Deus! Olha como ela mexe a barriguinha. Vai ser gostosa assim l| em casa, tes~o”. “Elas me deixam louco, bicho”. E l| v~o elas, rebolantes e sorridentes rainhas, distribuindo beijos como se fossem bênçãos para seus ávidos súditos nesse feérico espetáculo. (GONZALES, 1984, p.227). O trecho acima retrata de um modo evidentemente claro a visão machista e sexual que se tem das negras brasileiras que se utilizam do samba para fugir da violência simbólica diariamente sofrida. É uma válvula de escape das séries de rotulações e discriminações que são acometidas. O carnaval é o momento em que a mulher negra é vista como foco central das atenções, mesmo que implicitamente esteja a objetificação da mulher negra brasileira. É nesse período que a tal democracia racial tem sua bandeira posta em prática. O mito que se trata de reencenar aqui, é o da democracia racial. E é justamente no momento do rito carnavalesco que o mito é atualizado com toda a sua força simbólica. E é nesse instante que a mulher negra transforma-se única e exclusivamente na rainha (GONZALES, 1984, p. 228) Esta sofre duplo preconceito, o sexismo e o racismo. Primeiro por ser mulher e em seguida por ser negra. É passível de diversas opressões, as quais fazem com que ser negra e ser mulher, ao mesmo tempo, passe a ter uma conotação extremamente sexual ou inferior, dando à elas um papel de submissão, uma espécie de cuidadora, apenas. Fazendo com que exista uma visão opositiva no que concerne à pigmentação da pele das mulheres, onde a imagem da mulher negra hipersexualizada reforça a imagem de pureza da feminilidade branca, segundo (RIBEIRO, 2012, p.195) Ao propor investigar a trajetória docente de algumas professoras autodeclaradas negras, me dispus a analisar e tentar entender como ocorreu o processo de construção e desconstrução da identidade das mesmas, como lidam com a diversidade seja ela de gênero, profissão, cor da pele, classe econômica. A escolha das informantes deu-se pela marcante passagem em minha trajetória acadêmica ou pela representatividade que possuem na universidade. Usei pseudônimos de “lindinha”, “docinho” e “florzinha”, as quais remetem { personagens de um desenho animado chamado “as meninas super poderosas” que marcou minha inf}ncia. Nele, três garotinhas foram criadas a partir da junç~o de açúcar, tempero, elemento “X” e tudo que 279 há de bom, são extremamente fortes, lutam contras as forças do mal e possuem superpoderes incríveis, como voar, força sobrenatural super velocidade, invulnerabilidade, visão de raio-x, super sentidos, visão de calor e projeção de energia. Lindinha é o açúcar da mistura, a caçula e a mais meiga, inocente, observadora e doce de todas, docinho é o tempero, a mais corajosa, lutadora e agressiva, já florzinha é tudo que há de bom, a líder do grupo, determinada, batalhadora e metódica. Tais características se assemelham com as das professoras participantes, doçura, coragem e liderança, respectivamente na ordem que as personagens foram citadas e que as informantes foram entrevistadas. Com temas geradores que iam desde a relação coma educação no decorrer da vida até o racismo velado e as ações afirmaticas das cotas raciais as entrevistas foram ricas em conteúdo e em vivências . E por estarmos inseridos em uma sociedade historicamente machista, na qual a mulher é constantemente e rotineiramente estigmatizada e marginalizada. O estereótipo de que a mulher seria doce, frágil e inferior, alimenta inúmeras discriminações e generalizações. A predominância do pensamento masculino, com ênfase no ideário de supremacia da coloração branca sobre a preta, se encontra em toda e qualquer esfera da vida e com a educação não seria diferente. Docinho assume uma posição no que se refere a essa questão: O ser mulher já é difícil, né? Por incrível que pareça a educação ser ocupada predominantemente pelas mulheres, as mulheres são discriminadas dentro da educação. Há uma tendência de maior respeitabilidade pelos homens e há também a ter uma tendência de respeitabilidade maior pelas mulheres. Eu observo na universidade, quando elas tem comportamentos similares aos dos homens, fechados, marrentos, mais distantes assim, e isso dá um certo grau de respeitabilidade e as mulheres são consideradas aquelas mais amorosas, mais maternais. Quando elas fogem disso, elas são odiadas. Ainda existe uma presença muito machista nessas relações dentro da universidade, há uma tendência a se aproximar mais da professora mulher, pelo seu jeito mais maternal ao mesmo tempo em que desmerece essa posição profissional dela e ao mesmo tempo que há um distanciamento do homem, dessa relação interpessoal com estigmas do machismo, do preconceito, incidindo talvez na supervalorização do que ele faz e aí é algo assim como a gente discutiu que inteligência e a competência também não está ligada a cor da pele, também não a questão do gênero, agora em relação a questão racial, nas relações creio que elas sejam muito presentes, os alunos tem uma tendência de gostar de quem é branquinho, bonitinho, passado no algodão, não do negro que em tese é considerado estranho e foge de um padrão de beleza, de cor de pele, existe essa preferência, isso é visível 280 No próprio curso superior, o discurso de que ser professora, em especial da educação infantil, é função feminina, facilmente é ouvido pelos corredores e salas da academia, revelando-se uma fala coberta de preconceito. Ao chegar ao assunto “discriminaç~o racial”, Florzinha diz j| ter presenciado inúmeros casos inconcebíveis de racismo e afirma já ter sido vítima várias vezes, na própria universidade onde atua como docente, inclusive. E sempre teve uma postura de combater tais situações, reagindo a toda forma ou processo que resvale no preconceito racial: Eu mesma, já fui discriminada várias vezes. Agora eu sempre reagi, sempre. Nenhuma das vezes eu deixei passar em branco. Ser negra e mulher é duas vezes mais difícil, é estar sujeita a ser vítima do racismo e do sexismo. E ao unir essas duas variáveis à escolha de uma profissão que muitas vezes é desvalorizada e depreciada pela sociedade, fazendo com que a profissão seja inferiorizada por profissionais das demais áreas e inclusive pelo da educação. Devemos lembrar, infelizmente, que comumente encontramos a existencia de uma apresentação diferenciada da mulher negra, ela não pode ser apenas um indivíduo comum, deve superar as expectativas pra ser aceita e respeitada. Infelizmente a gente ainda vive muito assim. A gente vive pelo que a gente representa e não pelo que a gente é... muitas amigas brancas de chegar e a primeira coisa que faz, pra ter uma referência é “minha amiga, professora da universidade”, n~o tem que ser só a docinho, n~o pode ser só a docinho, tem que dar uma referência pra dizer que você não é qualquer negro... tem que dar o teu currículo pra dizer: “olha, ela n~o é uma negra da senzala, ela j| ascendeu pra casa grande (risadas)” e isso é ruim. (Docinho) A fala acima retrata de uma maneira bem clara, simples e direta uma das inúmeras situações de e racismo velado que indivíduos da raça negra são obrigados à enfrentar. O dever der ser um profissional antes de tudo e qualquer coisa e não poder ser apenas mais uma pessoa, faz com que seja necessária uma espécie de carta de recomendação verbal para que pessoas pretas e pardas possam ser incluídas em algumas rodas de conversa. A seguir, porém, fica evidente um discurso orgulhoso de pertencimento à raça negra. Existem percalços ao longo da vida, mas pelo simples fato ter uma pele escura, fala-se então da identidade racial que “é o sentimento de pertencimento a um grupo 281 racial ou étnico, decorrente de construção social, cultural e política. Ou seja, tem a ver com a história de vida (socializaç~o/educaç~o) e a consciência adquirida” (OLIVEIRA, 2004, p. 57). A seguinte fala pertence à docinho e demonstra de maneira explicita a questão de identidade racial: Eu me amo, essa foi a pele que Deus me deu, eu sou apaixonada por mim... Se você me chamar de negra, preta, como me chamam, pra mim isso não altera em absolutamente nada. Por que? Pra mim é um olhar carinhoso, é uma expressão, uma relação carinhosa. A visão que Docinho tem de si mesma é um diferencial da maioria das pessoas negras, especialmente as mulheres. Isso ocorre, em sua maioria, pela visão midiática europeia que dita padrões de beleza que têm como referência a pele branca, os cabelos lisos e loiros e os olhos azuis. A informante mostra que ter uma identidade racial é uma das melhores e mais potentes armas contra o preconceito, principalmente contra o racismo. Como se viu anteriormente o Brasil é um país de muitas cores e raças, porém não possui e está absurdamente longe de ter, uma democracia racial. É ilusório defender que ela existe. Porém, Lindinha afirma não ter sofrido discriminação nos muros da universidade. Vivemos no país do preconceito velado, aquele que não aparece. A questão do racismo fica clara no cotidiano e nas narrativas das entrevistadas: A mulher negra na universidade, ela tem um papel muito importante, embora se reconheça que muitas ainda não se aperceberam desse papel, principalmente da responsabilidade de mostrar a posição do negro na universidade, que não é uma coisa fácil, o acesso não é fácil, a permanência não é fácil, é, o país que se diz democrático, com uma democracia racial, a gente sabe que isso não existe, ainda há muita discriminação, muito preconceito (Florzinha) Docinho aborda a questão: Pra você ser aceito socialmente você precisa se aceitar na condição que você tem. Se eu sou negra, pra que eu vou fingir que sou branca? Por que eu vou imitar um padr~o social que n~o me permite, que n~o sou eu?” Lindinha pincela minimamente sobre o assunto: Eu já fui vítima, sim, de preconceitos, mas é aquilo que eu te falava antes, eu não senti isso como algo forte na minha, isso não me impactou, isso não me fez mudar em nenhum dos meus objetivos, não me fez me sentir menor, porque 282 isso tava muito trabalhado dentro de mim pela construção que eu fui tendo ao longo da minha vida. O preconceito velado, infelizmente, é uma realidade no pensamento e no discurso da sociedade brasileira. É amplamente negado e facilmente encontrado. As pessoas com uma pigmentação corpórea distinta das mocinhas das novelas da televisão se veem obrigadas dia após dia à lidar com as mais diversas situações em que o racismo, velado ou não, está presente. Lindinha diz que não identificou atitudes de discriminação na sua trajetória docente, mas ao mesmo tempo revela que o fato de o foco de sua atenção ter sempre estado em outros lugares mais importantes, ao seu ver, a protegeu de casos desse tipo: Eu não percebi em toda a minha trajetória nenhum sentido de discriminação na universidade por ser mulher, por ser negra, por ser de uma classe social menos desfavorecida. Eu acho que é porque como eu venho de uma trajetória de muitas lutas, se isso aconteceu não me abalou, não mexeu comigo, com a minha autoestima, mas por outro lado é muito claro pra mim, por exemplo quando eu entrei no meu mestrado, de perceber que eu era sim a única negra naquela sala, mas não tive tratamento diferenciado por isso, né, não fui discriminada por isso [...] então isso não foi nada muito forte, nada que tenha marcado especificamente na minha vida, porque como eu te falo, o que marcou mais na minha vida, é, foi principalmente a situação socioeconômica, foram as dificuldades financeiras pelas quais eu passei que acabaram influenciando toda a minha trajetória, mas o fato de ser negra, não. (Lindinha) Nesses trechos se faz claramente presente uma espécide de “armadura” que Lindinha escolheu vestir todos os dias da sua vida pessoal, acadêmica e profissional. Dando ênfase ao que mais lhe foi marcante: a questão econômica e afirmando não ter tido dificuldades por ser negra e mulher, mesmo quando estava entre indivíduos fisicamente diferentes, mas nem por isso teve um tratamento diferente dos demais. Entretanto, Docinho assume outra posição e reflete sobre a relação entre a discriminação racial e a docência universitária, quando discorre que ser professor universitário não facilita nada para os negros, ao contrário, lhes é imposto uma condição de inferioridade, fazendo com que o esforço seja maior e o êxito seja mais surpreendente: ser negro já é difícil, né? E você ser professor universitário, isso não, não te exclui nem te protege de nenhum racismo, nenhuma discriminação racial [...] e aí o que é ser professor negro dentro da universidade? É o enfrentamento todo 283 dia, você tem que estudar mais, você tem que saber mais, você tem que se a pessoa branca, de pele branca, ela tem um talento “x“, você tem que ter “x, y e z”, você sempre tem que t| a frente. A tua necessidade de afirmaç~o, ela é muito mais pesada em cima de ti, e a gente ouve as piores piadas, “ela é preta, mas trabalha bem”, “ela é preta, mas é inteligente”, “ela é preta, mas é competente”, sempre como um adversativo, “é, mas...”, “apesar de...”, “apesar de ser negra, tem capacidade”, o que n~o deveria ser o condicionante, porque a inteligência a competência ela não tá condicionada a cor da tua pele, né, mas a gente enfrenta isso, a gente ouve piadas nesse sentido, de alunos, de professor, de colegas, se tem alguém que é subalterno a você, nessas relações de trabalho é a mesma condição, então é um enfrentamento. Agora é claro que é mais chocante, porque a gente tá em uma instituição de ensino superior, então a priori a gente não espera esse tipo de comportamento, mas também é o nosso desafio, educar, ir criando espaços pra que a gente consolide um espaço realmente democrático, independente de raça, de credo, enfim, mas esse nosso espaço ele é obviamente limitado, até por conta do nosso acesso a escola, acesso a educação. Florzinha tem uma posição parecida e enfatiza a responsabilidade de ser uma professora negra, quando fala sobre a dificuldade da docência para pessoas negras, primeiramente pela questão racial e em seguida pela desvalorização da profissão e da raça e também por não proporcionar um status social elevado: Olha, é como eu já te falei antes, ser professor é difícil. E ser professor negro, ser professor e negro, é mais complicado ainda. Agora, eu considero que nós, professores negros temos uma responsabilidade muito grande de fazer com que as pessoas respeitem, principalmente, nos respeitem enquanto profissionais, não é? Essa responsabilidade está no agir, nas atitudes que devem ser tomadas [...] impossível uma pessoa negra dizer que nunca foi discriminada, impossível isso. Bem, o velado, ele é pior. Ele é pior, porque é uma coisa muito sutil, né, e que as pessoas demonstram o racismo, a gente que tá acostumado a lidar com esse tipo de coisa, a gente percebe nas minúcias, não precisa ser, como a gente diz... escancarado, é num olhar, num sorriso, enfim, e é preciso coragem pra enfrentar isso no dia-a-dia, agora tem que se fazer, tem que se criar coragem e tem que se combater isso, eu não digo que as pessoas precisem acatar, não precisam acatar, mas precisam respeitar, o respeito ele é imprescindível, agora se o cara vai acatar ou não, se gosta ou não, se vai tolerar, problema dele. Agora respeitar ele precisa. A professora Docinho toca no assunto que o título do presente trabalho faz menção: a estigmatização de que a mulher negra é geralmente destinada à trabalhos domésticos. A imposição dessa imagem que a sociedade exerce sobre essas pessoas, faz com que se associe à elas falta de capacidade cognitiva, cabendo apenas funções manuais. 284 Isso é cultural, dessa nossa relação histórica do patrão, do empregado, do opressor, do oprimido, do barão, do escravo, isso é histórico, as pessoas estão com isso tão impregnado que elas têm que mandar em alguém e quem elas tem que mandar? Aqueles que se diferenciam de si, seja em relação a raça, a sua situação econômica, elas se utilizam disso pra dominar, pra explorar o outro, mas é que elas não assumem, e você fizer uma pesquisa com 10 pessoas brancas, elas vão dizer que elas não são racistas, mas você vai na casa delas e tem uma empregada negra, você entrevista 10 professores universitários, você diz que eles não discriminatórios também, mas quem trabalha na casa dele é a mulher alfabetizada, que não estudou, isso é relação de poder, de quem tem mais e quem tem menos, quem pode mais e quem pode menos e a gente ainda reproduz isso, tá, quem é que você escolhe pra trabalhar? Alguém que você possa dominar, aquele que você possa mandar, aquele que já está socialmente inferiorizado e fragilizado e isso permite que você domine ele com mais força, eu diria assim. Então você sempre escolhe alguém que tenha menos que você, seja de saber, de dinheiro, seja por cor da pele, tá, seja de percepção (Docinho). Essa fala se faz excepcionalmente peculiar por ter uma visão extremamente realista, real e sincera sobre a situação da mulher negra. No imaginário popular, e isso independe de cor, credo ou classe socioeconômica, é usual e muito facilmente encontrado o discurso de que mulher negra é sinônimo de afazeres domésticos. E, essa relação de poder citada no trecho acima é histórica e, infelizmente, ainda se encontra enraizada no pensamento da sociedade brasileira, a visão mercantilista que se tem desses indivíduos faz com que à elas sejam direcionados lugares subalternos como únicos a serem ocupados. Lindinha trata um pouco das várias dificuldades enfrentadas por ela ao longo do percurso para se tornar uma docente universitária. Variáveis que estão explicitas na pesquisa, como a questão de ser mulher e ter da cor parda e também outras, como a pouca idade quando se compara com os demais colegas de trabalho e a origem socioeconômica desfavorável. Uma estigmatização da docência como sendo uma profissão feminina é histórica. Ser professora é familiarizar o aluno com o processo de formação e de aquisição de conhecimento, proporcionando uma espécie de extensão da casa, na escola. Adocicar o ensino e a aprendizagem através da humanização que se supõe ser presente em nas mulheres. 285 A escola é feminina, porque é, primordialmente, um lugar de atuação de mulheres – elas organizam e ocupam o espaço, elas são as professoras: a atividade escolar é marcada pelo cuidado, pela vigilância e pela educação, tarefas tradicionalmente femininas [...] as práticas escolares devem se aproximar das relações familiares, devem ser embasadas em afeto e confiança [...] semelhanças com a ação das mulheres no lar, como educadoras de crianças ou adolescentes (LOURO, 2007, p. 88) A docência, com ênfase no ensino infantil, é historicamente ligada aos cuidados maternos, em decorrência desse pensamento a profissão docente se tornou feminina, no momento em que as duas, ser professor da educação infantil e os cuidados com a criança pequena, são relacionadas como se fosse natural a mulher ser professora desta etapa da educação básica, fato que faz com que o número de mulheres nessa profissão se sobressai com relação ao de homens. Situação essa vivida até nos dias atuais, quando ao adentrar nas turmas de pedagogia é perceptível a desproporcionalidade com relação à quantidade de pessoas de sexos distintos. “No Brasil é possível identificar algumas transformações sociais que, ao longo da segunda metade do século XIX, vão permitir não apenas a entrada das mulheres nas salas de aula, mas, pouco, o seu predomínio como docentes” (LOURO, 2007, p. 95). No que concerne a aptidão para essa profissão, no campo pedagógico já se tem claro que é uma questão independente de diferenças biológicas e anatômicas, mas é sobretudo de habilidade e disposição. Sobre esse tema vejamos o que a posição de Florzinha nos revela: A docente, ela é tão capaz quanto o docente. Acho que é uma questão de capacitação mesmo, de preparo, porque dá pra gente trabalhar legal, independente de ser homem ou de ser mulher. Tanto homem quanto a mulher são capazes de exercer a docência de uma forma brilhante até, mas ainda assim a gente percebe que em alguns cursos a professora, embora ela seja muito, muito capaz, ela tem alguma dificuldade em lidar com os alunos, os alunos do sexo masculino, até porque eles são preconceituosos e as vezes na brincadeira eles deixam transparecer isso. Estudar a mulher negra na educação vai muito além do mero estudo de gênero. Apenas citando, uma suposição própria, acredito que ingressar em um curso superior e se tornar uma profissional da educação, seja uma maneira de que muitas mulheres encontram para superar preconceitos enraizados na sociedade ao mesmo tempo que é 286 uma forma de melhorar de vida, além de auxiliar na construção de uma nova forma de pensar dos educandos. A habilidade e compreensão no trato com as diferenças de personalidade, identidade, gênero, raça e cultura é um componente do ser educador, profissional da formação humana, da socialização e constituição do saber. O trato não segregador e educativo da identidade e da cultura negra é uma competência político-pedagógica a ser exigida de todo educador e, sem dúvida, de toda instituição educativa. (GOMES, 1996, p. 81) Por toda a discussão que vem sendo feita ao longo das linhas escritas nas páginas do presente trabalho, é possível ter uma visão mínima acerca do quão difícil pode ser a vida profissional, na carreira de docente, de mulheres negras, “a quest~o de gênero é, em si, um complicador, mas, quando somada à da raça, significa as maiores dificuldades para os seus agentes” (CRISOSTOMO E REIGOTA, 2010, p. 97). É importante que não seja discorrido apenas sobre a aptidão para determinada carreira profissional, mas também da motivação para ingressar na educação. Todas afirmaram ser “natural” escolher essa dimens~o profissional, pois a educaç~o sempre fez parte de suas vidas, seja através do incentivo familiar, do gosto pelo estudo ou como fonte de esperança na modificação de uma situação vigente. a resiliência é algo que marcou muito a minha vida, porque todas as dificuldades que eu enfrentei em cada uma das fases eu consegui superar, por ter objetivos muito bem definidos do que eu queria ser. Então eu, desde criancinha, queria ser professora, eu fui progredindo “eu n~o quero ser professora da educaç~o b|sica, agora eu quero ser do ensino superior” ent~o o que eu preciso fazer na minha carreira acadêmica pra que eu consiga chegar nesse meu objetivo? E assim eu fiz. (Lindinha). As demais informantes também discorreram sobre as motivações da opção pela carreira docente, deixando claro que assim como lindinha, suas vidas sempre estiveram entrelaçadas com a valorização da escolarização: acho que o ser professor tem muito isso, não é querer ser ou não, tem muito da vocação, da aptidão, do lidar com pessoas, lidar com as diferenças, estar no meio outros indivíduos, tem o que ensinar, saber como ensinar, eu ainda acredito muito na tal da vocação, da aptidão. (Docinho) 287 A mesma professora ainda relaciona sua vida com a educação quando fala do seu primeiro contato com o ato de educar, da sua afeição por ensinar, da questão de afirmação identitária quanto professor: Quando eu tinha 12 anos, eu dava aula de reforço pra outras crianças e isso é interessante. Foi uma memória interessante desse contato com a educação e foi minha primeira experiência e eu ainda era adolescente e eu gostava muito, como gosto até hoje [...] era algo que me chamava atenção e que essa tem um aspecto do que é ser professor que é a questão da liderança, né, você saber alguma coisa e querer compartilhar isso com outras pessoas [...] creio que a própria experiência de vida enquanto estudante, as relações com outros professores, a relação com a escola de alguma forma elas acabam te influenciando a ser professora ou não, essa afirmação de identidade do ser ou não ela vem muito com as vivências. Creio que isso ficou mais visível durante o magistério no ensino médio que eu fiz, no magistério pedagógico ficou mais acentuado, esse ser professor, as disciplinas pedagógicas, a relação com os professores também eles me chamaram muita atenção pra isso e obviamente ao longo da tua vida como estudante, alguns professores te chamam atenção, pela forma de conduzir o trabalho. Docinho trouxe em sua fala cima transcrita, a importância que o contato que teve com a educação no decorrer de sua trajetória e também o modo como os educadores, que passaram por sua vida, trabalhavam influenciou em sua escolha profissional. Mostrando seu ponto de vista no que concerne à predisposição à exercer tal função, pensamento contrário ao de Florzinha como pode ser observado na sua fala: Eu não acredito muito nessa coisa de dom para uma profissão, mas toda orientação que eu recebi me levou pra isso, né, eu fiz o curso de magistério, depois eu fiz da pedagogia, mas eu comecei muito cedo (Florzinha) No que concerne à trajetória de vida para se tornar professora universitária, Lindinha expressa nitidamente à importância de trabalhar no que se gosta e também trata do ponto chave da presente pesquisa, ou seja, as dificuldades e os acertos durante esse processo: Eu escolhi quem eu queria ser e busquei ser de verdade essa pessoa. Eu queria ser professora universitária, eu queria ser bem sucedida, eu queria poder fazer um trabalho que eu gosto, eu queria poder estar com pessoas [...] E ao ingressar aqui eu vi esse campo como uma possibilidade não só de eu trabalhar a questão da docência, mas também de criar outras possibilidades através da pesquisa e da extensão – educação não escolar. (Lindinha). 288 Ao falar de escolha profissional ela revela todo seu investimento pessoal. Não foi por acaso que seguiu esse caminho, ela o buscou quando traçou um plano e o seguiu fielmente. Lindinha fez da carreira docente muito mais do que seu emprego, fez sua meta de vida e sua realidade. E ao alcançar tal objetivo, percebeu que ele poderia facilmente ser expandido sem deixar de fazer o que tinha escolhido. No início foi difícil, que aí entra de novo a questão do gênero e da raça. É, tinham muitas situações envolvidas no início da minha formação profissional, no início do meu exercício, não da minha formação, do meu exercício profissional, que era o fato de ser muito nova, o fato de ser negra, também, o fato de vir de uma origem socioeconômica muito baixa. Então tudo isso acaba influenciando e a gente sabe que existe uma certa concepção de como tem que ser professor universitário, na cabeça das pessoas, é um professor com mais idade, é um professor com uma determinada, vamos dizer assim, aparência, a gente sabe que tem muito isso. E quando eu comecei a dar aula, eu digo assim que eu aprendi desde cedo uma palavra que sempre foi muito forte na minha vida: ‘resiliência’ (Lindinha). A palavra “resiliência” foi várias vezes citada na fala de Lindinha, a superação de condições marginalizantes, a crença no seu potencial, na capacidade transformadora que a educação possui e no sucesso que o esforço desmedido que fazia diariamente, em conjunto com sua família, seria recompensado no futuro, fez com que questões extremamente complicadas na realidade vigente da sociedade brasileira como gênero, raça, ser originária da zona rural e baixa renda se tornassem fontes de energia e de vontade de ultrapassar tais empecilhos e superar tais condições. Florzinha é uma estudiosa de vários temas que cercam a educação, desde a gestão educacional até a questão racial, é participante ativa do Movimento Negro Unificado, sediado no estado do Rio de Janeiro. A militância em diretório acadêmico, movimentos negros, movimentos sociais e outros foi uma questão marcante no seu discurso. A luta por uma aceitação e reprodução da igualdade de direitos, de tratamento e de oportunidade foi presença ativa na trajetória estudantil e docente da mesma, isso se torna claro quando reúne luta militante com espaço de formação. 289 a minha relação com a educação é como eu te falei antes, eu sempre tive envolvida coma questão do magistério, mas já na universidade eu participava de movimentos, eu fui do DAC que era o diretório acadêmico do curso de pedagogia e isso me fez, essa participação no DAC, me levou a ter uma visão bem ampliada e junto a isso eu comecei a participar de alguns movimentos sociais voltados pra questão da educação. (Florzinha). Ao contrário do que se comumente pensa ao falar de mulher negra, Lindinha afirma não ter sofrido discriminação por ser pertencente ao sexo feminino, nem pela coloraç~o da pele. Melhor dizendo, ela aborda que vestiu uma “armadura”, digamos assim, que não permitia que ninguém pudesse colocá-la em uma condição marginalizada por causa da pigmentação de sua pele. Ou seja, ao canalizar sua atenção para assuntos que pudessem engrandecê-la e não o contrário. Durante toda a minha vida desde que eu me formei eu assumi uma postura de não me sentir inferior a ninguém, que talvez não tenha percebido, se alguém tentou não conseguiu, porque eu sempre me coloquei muito no mesmo patamar que as outras pessoas, apesar de ser pequenininha, ainda tem isso, viu? (risadas). A educação tem o incrível poder de libertar e transformar o indivíduo e a realidade que o cerca, j| que no processo de educaç~o “nos tornamos capazes de intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes do que simplesmente a de nos adaptar a ela” (FREIRE, 1996, p. 46). Vejamos o que diz Lindinha sobre isso: ao entrar na universidade, eu acabei descobrindo diversas possibilidades de me manter e, como minha mãe sempre colocou pra gente que o estudo era que transformaria a nossa realidade, era que nos daria novas perspectivas, eu acreditei muito nisso. Então, isso ficou pra mim como algo muito forte que eu deveria buscar, que eu deveria ser a melhor nessa parte, do estudo, pra que eu pudesse garantir uma transformação da realidade que a gente vivia. A dificuldade de ser mulher, de classe econômica baixa, da zona rural e negra no Brasil é de simples percepção e de amplo conhecimento, mas no trecho abaixo isso se torna facilmente visível quando as palavras saltam no papel ratificando tal afirmação. Lindinha sofreu uma quádrupla discriminação, fazendo com o seu processo de formação e de amadurecimento fosse muito mais árduo: 290 eu sei que o teu tema tá falando da questão de ser negra, mas foi muito mais do que isso, foi ser negra, foi a questão socioeconômica, foi o fato de vir da zona rural pra zona urbana, então imagina, junta tudo isso e aumenta bastante e aí você vai ver que é muito complicado, mas eu consegui trabalhar bem isso, focando na educação, acreditando naquilo que minha mãe falava que através da educação eu transformaria toda essa realidade, e assim eu fiz. Assim como Lindinha, a informante Docinho também discorre sobre as características que fazem com que uma pessoa tenha maiores obstáculos na vida e seja um alvo maior e mais fácil de discriminação, como o fato de ser uma mulher negra, pobre e do interior e ratifica esse pensamento quando diz que sofreu com o preconceito velado por possuí-las: sou mulher, sou negra, sou pobre, vim de família pobre, vim do interior do estado, então a trajetória ela já mais difícil por si só, então assim, eu detenho todo os requistos de dificuldade, de exclusão, da pobreza a negritude e ser mulher que também que é um outro elemento de exclusão e é isso que a gente faz, Thaís. Eu já ouvi piadas assim, das mais ridículas possíveis, da pobreza a negritude e ser mulher que também que é um outro elemento de exclusão e é isso que a gente faz, Thaís, eu já ouvi piadas assim, das mais ridículas possíveis . Lindinha aborda que a educação foi a forma encontrada por ela para superar uma situação de marginalização, a da pobreza econômica. Se tornar docente foi o modo que ela encontrou de ter uma carreira estável e conseguir transformar sua realidade, como se percebe nessa fala sua. Assim como ela, Docinho também crê no potencial modificador que a educação possui, quando abordou acerda da realidade que envolve a profissão escolhida, de modo que conta suas preferências e experiências no decorrer de mais de duas décadas na área educacional, como se pode ver no trecho abaixo: Esse encontro com as educações, com a educação de modo geral, ela se dá de modo saudável, porque a gente aprende, a gente ensina, a gente reaprende, a gente se permite se modificar, a gente se modifica com os outros nessa perspectiva bem freiriana, se educar conjuntamente e aí a gente vai construindo processos educativos, ações educativas de modo muito saudável. A educação é uma possibilidade de ultrapassar disparidades econômicas, sociais e humanas. Ela é detentora do poder de transformar pensamentos, catalisar a criar de novas perspectivas de sociedade e principalmente uma maneira de oportunizar o acesso de todos ao que existe de mais valioso, o conhecimento. 291 O pensar certo a ser ensinado concomitantemente com o ensino dos conteúdos não é um pensar formalmente anterior ao e desgarrado do fazer certo. Neste sentido é que ensinar a pensar não é uma experiência em que ele - o pensar certo - é tomado em si mesmo e dele se faz e que se vive enquanto dele se fala com a força do testemunho. Pensar certo implica a existência de sujeitos que pensam mediados por objeto ou objetos sobre que incide o próprio pensar dos sujeitos (FREIRE, 1996, p.21) É a esperança que os oprimidos e excluídos possuem para a mudança da realidade. Através da mesma se pode esclarecer o passado, aliviar o presente e modificar o futuro. Em uma tentativa de amenizar as desigualdades hierárquicas as quais as classes menos favorecidas são submetidas, dando voz a quem quiser gritar e dando um rosto a quem sempre foi praticamente invisível. Tentando resgatar e valorizar o que é próprio dessa população: sua cultura, crenças e costumes. Pela crença no poder transformador que a educação detém, existem as cotas raciais que buscam oportunizar a produção da igualdade no acesso de negro ao ensino superior e quem sabe chegar até a utópica democracia racial. Tendo uma visão otimista, sonha-se que com a luta histórica e constante possa ser alcançada. O debate sobre as cotas trouxe algumas divergências de opiniões. Em contraponto, as três concordaram que existe uma dívida de muitos séculos que deve ser paga e as cotas podem ser as respons|veis por diminuir alguns ”centavos” da mesma. eu penso que as cotas têm o seu lado positivo, eu concordo com elas, eu penso que a gente precisa, minimamente garantir essa igualdade, né, esse acesso à todos ao direito a educação, à saúde, a tudo, mas no caso aqui a educação de uma forma geral, né, que eu acho que é uma forma da gente garantir a inclusão dessas pessoas. Então nesse sentido eu sou favorável, sim. (Lindinha). Visão de Docinho: eu tenho duas opiniões. Se por um lado, as cotas raciais, elas cumprem uma, um compromisso social por conta de toda essa historia de exclusão da população negra, no país, olhando por esse lado eu creio que é pertinente. Por outro lado, ela não resolve o problema. Eu sou contra as cotas raciais, elas não resolvem, é um paliativo, um paliativo que está se consolidando, creio que a curto prazo sim, mas ela tá se consolidando e não se tem buscado outras alternativas, porque a médio e longo prazo você tem que aumentar o numero de vagas na universidade pública, porque a gente continua concorrendo a um numero ínfimo de vagas no ensino superior, as vagas no ensino superior, elas não correspondem a necessidade de formação no ensino médio. Tem que democratizar o acesso, ampliar o número de vagas, dar mais oportunidades, fortalecer a educação básica, o ensino fundamental, o ensino médio, criar uma outra procura de acesso pra isso. 292 Opinião de Florzinha: Eu sou a favor. Eu acho que a educação ela precisa ser socializada, as oportunidades educacionais, elas precisam ser socializadas, e o negro ele passou por muito tempo a margem dessa socialização, então não vejo como a pessoa que entra na universidade como uma pessoa que fez um esforço menor, não, e eu considero até que esse esforço, porque as dificuldades são grandes com negro e pobre. Conclusão É indiscutível a relevância que a educação possui na vida, no cotidiano e na história das professoras informantes. É uma unanimidade que não foi e não será tão cedo um caminho fácil, porém não é impossível. A crença na transformação da realidade em que estavam inseridas foi o ponto essencial para o sucesso de todas. Faz-se importante destacar que ao utilizar a entrevista narrativa conjuntamente com a história de vida, a gama de informações é enorme. O trabalho executado foi muito além do mero roteiro, sendo possível que informações extras e importantísimas fossem absorvidas e aproveitadas. Portanto, é necessário que se mude a visão coisificante e inferior que se tem da mulher negra. Esta é muito mais do que um refrão de samba-enredo ou uma cozinha bem limpa. Esta é uma ampla discussão pincelada em breves linhas na presente pesquisa, em que a luta por uma sociedade mais igualitária e menos opressiva seja edificada ao longo do tempo. Ser mulher negra deve ser um motivo de orgulho, não de vergonha. Importante é sambar em cima do preconceito. Sou mulher. Sou negra. Sou professora. E posso afirmar: ser mulher negra na contemporaneidade brasileira deveria poder ser rainha 365 dias, o ano inteiro, de janeiro à janeiro e não apenas uma semana durante o carnaval. O que deve virar cinzas é o preconceito e não a quarta-feira! 293 Referências CRISOSTOMO, Maria Aparecida dos Santos; REIGOTA, Marcos Antônio dos Santos. Professoras universitárias negras: trajetórias e narrativas. Avaliação, Campinas, v. 15, n. 2, p. 93-106, jul. 2010. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª edição. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1987. GOMES, Nilma Lino. Educação, raça e gênero: relações imersas na alteridade. XX Reunião Brasileira de Antropologia e I Conferência: Relações Étnicas e Raciais na América Latina e Caribe, 1996. GONZALES, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, Rio de Janeiro, 1984. Aponcs, p. 223-244. LOURO, Guacira. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista. 9. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. ___________. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pró-Posições. v. 19, n. 2 maio/ago. 2008 NASCIMENTO, Cleonice Ferreira Do. Histórias de vida de professoras negras: trajetórias de sucesso. 2012. 85f. Dissertação de mestrado – Instituto de Educação Univesidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2012. OLIVEIRA, Fátima. Ser negro no Brasil: Avançados. vol.18 no.50. São Paulo Jan./Apr. 2004 alcances e limites. Estudos RIBEIRO, Jullyane Carvalho. Só corpo, sem mente: direitos reprodutivos, imaginário social e controle sobre os corpos das mulheres negras. Brasília: Volume, 2012. SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Traduzido por Christine Rufino Dabat Maria Betânia Ávila. New York: Columbia University Press, 1989. 294 SORRISO SAUDÁVEL, PRATICA INDISPENSÁVEL AO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA Brenda Lisboa Tenório UEPA [email protected] Thaiane Carneiro de Vasconcelos UEPA [email protected] Prof.ª Dra. Cassia Regina Rosa Venâncio UEPA [email protected] Prof. Me. João Paulo Passos UEPA [email protected] Prof.ª Me. Tânia Roberta Costa de Oliveira UEPA [email protected]. Resumo: Os cuidados com a higiene bucal são fundamentais em todas as etapas da vida, mas se feita desde a infância, exerce um importante papel na prevenção de eventuais problemas na fase adulta. Com o intuito de conscientizar e prevenir sobre tais problemas foi realizado um projeto para estimulação e valorização dos hábitos de higiene bucal, com alunos do ensino fundamental. Foram realizadas atividades de socialização, orientações com técnicas de escovação, além de dinâmicas em grupo, em que foi possível avaliar a precária saúde bucal destes alunos. Constatou-se que em média a escovação é feita duas vezes ao dia, sem o uso de fio dental e antissépticos bucais. Neste contexto, possíveis doenças causada pela deficiente higienização da boca. Deste modo buscou-se promover a saúde bucal a partir da infância e consequentemente prevenir riscos de futuras patologias na fase adulta, favorecendo a qualidade de vida do indivíduo. Palavras-chave: Programas educativos, saúde bucal, educação em saúde. Introdução A higiene bucal é a ação de cultivar os dentes e gengivas limpos e saudáveis para poupar problemas dentários, como gengivite, periodontite, cárie e outras doenças. Auxiliando na manutenção de um bom hálito e num sorriso saudável. Sustentar dentes e gengivas saudáveis é fundamental para o bem-estar geral do ser humano e os cuidados diários preventivos, como uma escovação correta e o uso do fio dental, ajudam 295 a evitar que problemas dentários se tornem mais graves. Além de ser um método econômico e menos doloroso de se tratar da saúde bucal, poupando o tratamento de problemas que poderiam gerar grandes incômodos. Referencial Teórico Compartilhamos da concepção de Loupe e Frazier (1983), que a escola é o local ideal para o desenvolvimento de programas educativo-preventivos, visto que a mesma, pode ser considerada como um espaço privilegiado para implementação de ações de promoção, além de exercer papel essencial na formação de valores, hábitos e modo de vida. Loupe e Frazier (1983), também destacam que esses programas educativopreventivos, são de suma importância, pois permitem que todas as crianças tenham acesso a eles, incluindo aquelas que, por algum motivo, não têm acesso aos cuidados profissionais particulares. De acordo com Lang e Woolfolk (1989), o trabalho educativo com crianças na fase escolar é mais produtivo, pois estas são mais receptivas, aprendem mais rapidamente, facilitando o ensino de hábitos adequados, principalmente aqueles relacionados à melhorias no modo de vida. Segundo dados levantados pelo Conselho Federal de Odontologia em 2014, praticamente um a cada quatro brasileiros iniciam um tratamento, mas não concluem. Sendo o maior problema o agendamento de consultas, devido a grande procura. Já nos serviços particulares, agendar consultas não é impedimento, porém não concluem por falta de condições financeiras. Os procedimentos odontológicos possuem uma variação em relação ao custo e que nem sempre todos terão condições financeiras para pagar os tratamentos. Porém, há casos, de pacientes que procuraram um dentista, apenas quando a doença já está estabelecida, quando já ocorreu o comprometimento e isso acaba influenciando, no custo do tratamento, tornando o mesmo muito elevando, e induzindo o paciente a preferir fazer a remoção do dente ao invés de realizar o tratamento. Grande parte dos problemas associados a boca e aos dentes poderia ser evitado com o uso adequado da escova e fio dental, uma vez que, a odontologia curativa, restaurativa, tratamentos de canais entre outros, não mantém o controle dessas doenças. 296 Cerca de 95% dos brasileiros sofrem de cárie e doença das gengivas, mesmo com o constante número de dentistas por habitante. Um dos períodos mais importantes para se prevenir as cáries é durante a erupção dos dentes, sejam eles “de leite” ou permanentes. A prevenç~o baseia-se em correta higienização com escova e fio dental; consumo inteligente do açúcar; uso correto do flúor, para fortalecer os dentes e acompanhamento da saúde bucal pelo dentista (COLUNISTA PORTAL, 2008, p. 1). Dessa forma, vemos que a estimulação de hábitos saudáveis é essencial para a prevenção de certos problemas bucais, como a placa bacteriana, má mastigação e mau hálito. Contudo, apesar da importância dessa estimulação pelos profissionais da educação, essas atitudes não dispensam o acompanhamento e tratamento com um profissional da área de saúde bucal. Um dos grandes problemas bucais é o consumo exagerado de açúcares, sendo este um dos principais fatores no comprometimento da dentição. Conforme Novais, Batalha, Grinfeld, Fortes e Pereira (2004), a sacarose é um dos carboidratos mais consumidos, determinando o surgimento da placa dental. A formação dessa placa dependerá da quantidade e frequência da ingestão dos carboidratos, o que determinará o risco de desenvolver cárie. Tais autores também ressaltam que, o consumo de alimentos açucarados, particularmente entre as refeições principais ou durante a noite pode aumentar o risco, devido à falta de higiene nesses períodos. Dessa forma, propomos um processo de mudança alimentar, onde a criança possa comer doces, porém, de forma moderada, além de incluir alimentos que vão ajudar na saúde dos dentes, para que eles possam crescer brancos e saudáveis. Metodologia O projeto foi realizado na Escola ( Socialização com os alunos) Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rodrigues Pinagé, com alunos do 4° ano, primeiro ciclo do ensino fundamental e envolveu conteúdos das disciplinas de Ciências envolvendo, especificamente, os conhecimentos biológicos, físicos e químicos. 297 As atividades foram iniciadas a partir da dinâmica de grupo, tempestade cerebral, na qual, os alunos relataram seus conhecimentos prévios sobre o assunto central, higiene bucal. Logo em seguida, a partir dos levantamentos, iniciamos a socialização, com orientações, neste momento utilizamos, o auxílio do quadro branco, cartazes e de um modelo anatômico de dentadura flexível, debatemos sobre os efeitos negativos da falta de higiene bucal, pois boca é um local onde há muitas bactérias e sem os cuidados devidos estas formam um biofilme responsável por agredir os dentes, também falamos sobre o consumo exagerado do açúcar, que é o principal alimento desses micro-organismos. Através informamos de sobre as imagens principais ( Modelo anatômico de dentadura flexível) doenças bucais, a placa dentária, película aderente e transparente constituída por bactérias e açúcares, formada constantemente nos dentes, a carie, que pode ser definida como uma destruição localizada dos tecidos dentais causada pela ação das bactérias e a gengivite, inflamação inicial da gengiva e, portanto, mais fácil de ser tratada. Neste andamento, também foi estimulada a mudança para uma alimentação mais saudável, através de um consumo moderado de açúcar. Com auxílio do modelo anatômico de dentadura flexível, conversamos sobre a mastigação, a trituração do alimento pedaços, onde foi comentada a força exercida e o movimento da mandíbula, conhecido como movimentos tridimensionais. Segundo Morris e Klein (1987) os movimentos da mastigação classificam-se: Padrão vertical, com abertura e fechamento automático e rítmico da mandíbula; rotatório diagonal, com movimento mandibular para baixo e lateralmente ou para baixo e para o centro, ficando a língua para o lado ou para o meio; rotatório circular tendo seu movimento de um lado ao outro. O último, acontece com mais eficiência em alimentos duros (p.156). A mastigação adequada favorece o tônus muscular da boca e da língua, a saúde dos dentes e o bom funcionamento do sistema digestivo. Além disso, previne (Orientações técnicas de escovação) 298 as alterações nas arcadas dentárias, que podem causar dores crônicas de cabeça, fragmenta os alimentos de maneira correta, o que ajuda na digestão e aumenta a sensação de saciedade. Nas crianças, o desenvolvimento da mastigação começa desde o primeiro dia de vida com a amamentação. A força que o bebê faz para sugar o leite trabalha a musculatura e é um importante estímulo para o desenvolvimento ósseo e para uma futura mastigação. Também com o auxílio do modelo anatômico de dentadura foi abordado sobre as medidas preventivas educativas, com orientações técnicas de escovação, uso de fio dental, creme dental e enxaguatório. Tais instrumentos que são fundamentais para a prevenção, diminuição e remoção de placa bacteriana e outras bactérias que causam a gengivite, mau hálito e/ou cárie dentária. Para melhor fixação, fizemos com que cada aluno fosse demonstrar as técnicas de escovação e utilização de fio dental. Vale ressaltar conforme Perry (2004), o habito de usar fio dental ao longo da vida é difícil de ser alcançado, por isso a importância de incentivar a criança a utilizar o fio dental e as ferramentas para um sorriso saudável. Para que os alunos tivessem fácil acesso ao conteúdo de saúde bucal, produzimos o " livro da boca" o qual era um livro em formato de boca, feito com folhas A4 e EVA, onde continha todo o conteúdo ministrado, tal material foi deixado em sala, a disposição dos alunos. (Ilustração, Livro Boca Saudável) 299 Outro recurso que utilizamos foi o Jogo da Trilha, o qual fizemos uma adequação do Jogo tradicional, com tema saúde bucal. O jogo é composto de um tabuleiro retangular, feito com cartolina, o percurso do jogo foi feito com moldes de desenhos de dentes, um dado impresso e peões representando os jogadores. O objetivo do jogo é chegar ao ponto final do percurso indicado no tabuleiro, o dente saudável. Simbolicamente, mostra a apreensão do conjunto de noções sobre saúde bucal. No encerramento confeccionamos um varal com frases, para realizarmos tal atividade usamos moldes de creme dental e escova de dentes, onde os alunos preenchiam com frases, referentes os conhecimentos apreendidos na socialização. Neste momento também fizemos um porta-escovas de material reciclável, garrafas pet, para proteção das escovas, que podem ser utilizadas na escola ou em casa, a decoração, foi feita com EVA e desenhos de acordo com a temática. Dentro deste recipiente, foi guardado o kit de higiene bucal, composto por uma escova, pasta de creme dental e fio dental. Com relação aos kits, é importante ressaltar o apoio de representantes da Oral B, que disponibilizaram duas caixas de creme dental, para compor os kits, sem nenhum custo. Ainda foi entregue aos ( Ilustração Porta-escovas) alunos, um pequeno panfleto com orientações, dicas e passatempos para uma melhor fixação da manutenção de um sorriso saudável. Tais recursos utilizados podem ser adaptados para qualquer faixa etária, podendo abranger a complexidade de cada fase, desde a educação infantil até o ensino fundamental. Apresentação e Discussão dos Dados O projeto sorriso saudável contou com a participação de vinte alunos, o que facilitou na comunicação e andamento das atividades. Os alunos demonstraram entusiasmo e interesse para participar do projeto, o que foi muito gratificante para o nosso trabalho Apesar do projeto ter ocorrido em um curto período (um dia), os alunos 300 apresentaram um avanço significante na compreensão do conteúdo. Logo no primeiro contado, na realização da atividade tempestade cerebral, constatamos um déficit, foi observado que a maioria dos alunos não tinham conhecimentos básicos sobre saúde bucal e quando respondiam algo coerente não sabiam explicar tal resposta, ou respondiam simplesmente que não sabiam o porquê. As principais frases foram: AL1: "na boca tem dente". AL2: "com a boca eu como". AL3: “precisamos escovar os dentes”. AL4: "comer doces não é bom pra boca". AL5: " A gente não pode escovar o dente rápido". Entretanto ao longo das orientações e dinâmicas em grupo, verificamos e apuramos o avanço na aquisição de conhecimento do conteúdo. Por intermédio da atividade "frases no varal", que foi realizada ao final do projeto, podemos verificar a evolução. Na atividade os alunos expuseram alguns dos seguintes argumentos: AL1: "Devemos ter uma boa escovação, comer menos doces e escovar os dentes 3 vezes ao dia, para não ter carie. AL2: "Cuidar dos dentes é importante, para evitar carie, escove três vezes ao dia". AL3: "a pasta previne caries e protege a boca de doenças". AL4: "escovar dente depois de comer, colocar aparelho para melhorar mastigação, não comer muitos bombons". AL5: "é bom pra saúde ter uma boca linda, temos que evitar carie e comer poucos doces". Sabe-se que a boca é a porta de entrada para muitas bactérias, e por isso devese prevenir com uma boa higiene a cavidade bucal, baseando nisto, fizemos uma pesquisa entre os alunos, para sabermos a regularidade de escovação. Obtemos o resultado apontado no seguinte gráfico: 301 Todos os alunos afirmaram escovar os dentes ao acordar, desses alunos apenas sete escovam após almoçar e cinco escovam antes de dormir. Tal pesquisa é preocupante, visto que é indicado escovar os dentes ao menos três vezes ao dia. No entanto ao final da atividade os mesmos se dispuseram a realizar a escovação ao menos três vezes ao dia, e cumprir a mesma de forma adequada, seguindo as orientações e técnicas de escovação. Considerações Finais Através da execução do projeto, verificamos que ter uma saúde bucal é fundamental e essas práticas de higiene podem ser inseridas no dia a dia de forma simples. Neste sentido, mostrou-se o quanto é necessário a conscientização da importância da higiene bucal, assim como no resto do corpo, e que isso coopera na qualidade de vida do ser humano. A aplicação dessas atividades é muito significativa, pois promove a ampliação e o desenvolvimento do conhecimento dos alunos. Neste período da infância, a criança internaliza em sua vida as rotinas de higiene, tornando essa fase muito favorável ao aprendizado. No entanto, é preciso impulsionar a promoção, de tais programas de educação, como o em saúde bucal, pois certamente este é um dos melhores caminhos para desenvolver ações de prevenção, com resultados qualitativos. Referências Conselho Federal de Odontologia, Pesquisa Sobre Hábitos, Comportamentos e Atitudes. Disponível em:<http://cfo.org.br/sem-categoria/pesquisa-do-cfo-realizadapelo-datafolha-sobre-habitos-comportamentos-e-atitudes/>. Acesso em 03 de novembro de 2015. LANG P, WOOLFOLK M. Conhecimento em saúde bucal e as atitudes dos professores primários. Saúde Publica, 1989. 45p. LOUPE M, FRAZIER J. Conhecimento e atitudes dos professores em relação a programas de saúde bucal e odontologia preventiva. Associação de Dentistas. Chicago, 1983. 229p. 302 MORRIS, S. E. e KLEIN, M. D. Um recurso abrangente para alimentar o desenvolvimento. Arizona: Corporação Psicologia, 1987. 156p. Novais SMA, Batalha RP, Grinfeld S, Fortes TM, Pereira MAS. Relação doença cárieaçúcar: prevalência em crianças. Pesquisa Brasileira Odontopediatria: Clínica Integrada. Rio de Janeiro, 2004. PERRY, D. Controle de Placa Periodontal. Periodontia Clínica. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. Portal Educação, Prevenção bucal é sempre mais barata que o tratamento. Disponível em:<http://www.portaleducacao.com.br/odontologia/artigos/5243/prevencao-bucale-sempre-mais-barata-que-o-tratamento>. Acesso em 03 de novembro de 2015. SILVA, João Bosco O. R. da; SOUZA, Ivete P. R. de; TURA, Luis F. R. Saúde bucal da criança: manual de orientação para profissionais e estudantes da área da saúde. Universidade José do Rosário Velano, 2006. 21 p. Orientadores: Prof.ª Dra. Cassia Regina Rosa Venâncio CPF: 131124338-07 Telefone: (91)33536237/983149365 – [email protected] Prof. Me. João Paulo Passos CPF: 697564572-87 Telefone: (91) 983338390 – [email protected] Prof.ª Me. Tânia Roberta Costa de Oliveira CPF: 270.851.982-49 Telefone: (91)981475115 – [email protected]. Autora: Thaiane Carneiro de Vasconcelos CPF: (91)983725677 – [email protected] 025799622-20 Telefone: 303 TRANSFORMAÇÃO LINEAR: EXPLORANDO O USO DO GEOGEBRA Thais Lorena Melo Freitas Universidade do Estado do Pará [email protected] Vanessa da Silva Damasceno Universidade do Estado do Pará [email protected] Dra. Eliza Souza da Silva Universidade do Estado do Pará [email protected] Resumo: Este artigo tem por objetivo descrever uma proposta metodológica para aplicação do conteúdo de Transformações Linear, desenvolvida na disciplina de Álgebra Linear através do software GeoGebra. O ambiente GeoGebra possibilita aos alunos a construção de uma figura geométrica em 3D e aplicar uma ou mais transformações lineares através de sua representação matricial. Esta pesquisa busca mostrar a importância em relacionar o conhecimento matemático e a influencia do emprego das tecnologias em uma proposta didática envolvendo o conteúdo de Transformação Linear. Palavras-chave: Transformações Lineares; Metodologia; Álgebra Linear; Tecnologia; Software Geogebra. Introdução O presente artigo tem como um de seus objetivos apresentar a importância do estudo de transformações lineares, conceito desenvolvido dentro do estudo de álgebra linear que faz parte de um grande número de cursos superiores como computação, engenharias, dentre outras. No que diz respeito à educação matemática muitos estudos foram desenvolvidos com respeitos Silva (2015, p. 19) enfatiza que: “A |lgebra linear constitui parte fundamental das ferramentas matem|ticas utilizadas para estudos modernos de muitas áreas do conhecimento e/ou ciências, tais como a física, engenharia, administração e computação. No domínio das chamadas Matemática pura e aplicada, o emprego dos conhecimentos relativos { |lgebra linear é, de igual forma, bastante relevante” Silva (2015, p.21) com relação à importância do domínio do conteúdo de transformação linear afirma que, para o futuro professor, as transformações lineares explicitam a importância de conceitos como os de matrizes e sistemas de equações. 304 Apesar da importância do conteúdo de Transformações Lineares para formação do aluno de matemática, grandes são as dificuldades que os mesmos apresentam em seu aprendizado. Dorier (1999) apresenta diversos resultados realizado por pesquisadores preocupados com esta questão, dentre os quais é possível destacar a pesquisa “Obst|culo do Formalismo em Álgebra Linear” desenvolvida por Dorier, Rogalsky, Robret e Robnet, onde os mesmos se dedicam a investigações relacionadas ao ensino e aprendizagem dos conteúdos de álgebra linear, onde verificam que os alunos apresentam várias dificuldades na compreensão do funcionalismo dos conceitos envolvidos. Neste sentido, esta pesquisa volta seus esforços ao estudo de forma que busquem a minimizar tais dificuldades através de uma abordagem do conteúdo de Transformações Lineares associado a uma geometria dinâmica buscando alcançar uma apresentação mais funcional que auxilie a maior compreensão de tal estrutura. Lima (1999, p.1) aponta que para que um aluno venha ter um maior desembaraço e habilidade com conceitos matemáticos é necessário equilibrar três componentes fundamentais no ensino de matemática, eles são: a conceituação, a manipulação e as aplicações. O pesquisador ainda enfatiza que a dosagem realizada de modo adequado desses três componentes pode promover a clareza de ideias, interesse e o futuro uso das técnicas aprendidas. Ou seja, neste sentido esta pesquisa entende que o equilíbrio destas três componentes pode contribuir para um maior aprendizado significativo do aluno no que diz respeito ao conteúdo de Transformação Linear, pois se acredita que tal equilíbrio pode proporcionar ao aluno uma maior clareza de ideias, pensar e agir de modo ordenado, bem como promover um maior interesse em lidar com questões que estejam direta ou indiretamente ligados ao conteúdo de Transformação Linear. Assim, a tecnologia vem a contribuir não só como facilitador do entendimento do aluno de matemática, que muitas vezes, vê o conteúdo de transformações lineares de forma meramente abstrata, sem a utilização de outros recursos, mas como um ótimo recurso que proporciona o equilíbrio entre a conceituação, a manipulação e aplicação apontados por Lima e não apenas através de aulas expositivas utilizando-se apenas de quadro e piloto, como comumente é repassado este conteúdo em sala de aula pelos 305 professores. Neste sentido, é importante que professor tenha domínio do ambiente GeoGebra de modo a tornar o conhecimento mais interessante, e significativo para o aluno. Logo professor deve adotar o papel de mediador entre o aprendiz e o saber, desta forma, o docente deve ver no aluno um questionador sobre os conhecimentos recebidos, e não apenas um receptor de conteúdos. Por isso, a inserção de tecnologias na sala de aula de modo adequado torna-se um importante recurso para envolver os alunos e assim atendendo e auxiliando para a compreensão do que se é estudado. Portanto, esta pesquisa traz como proposta a construção no GeoGebra de uma figura e aplicação à mesma de uma ou mais transformações lineares, com o propósito de instigar no aluno de álgebra linear um maior interesse na estrutura algébrica que envolve o conteúdo de Transformação Linear. O GeoGebra foi escolhido devido a sua facilidade de manipulação, o seu poderoso potencial de visualização dinâmica, bem como o fato de ser um software gratuito, o que possibilita a disponibilidade de uso no âmbito escolar. Aprendizagem e sua relação com a tecnologia Segundo Costa (2004, p.35) é necessário dominar a matemática para conviver em um mundo cada vez mais competitivo na esfera tecnológica, pois por meio de um ambiente informatizado o indivíduo é capaz de seguir em sua busca de “aprender a aprender”, diante disto a educaç~o ganha um car|ter sócio-político guiado pelos ideais de Paulo Freire, sob o qual a sociedade percebe e interpreta criticamente as estruturas sociais vivenciadas por ela. Costa (2004, p.36) concebe a matemática como forma de desafios, quando se expressa: “Entendo que ensinar Matem|tica para a criança pouco tem a ver com a exigência de que ela simplesmente decore a tabuada e domine as quatro operações. Com efeito, assumem grande importância no ensino aspectos como: levar o aluno a relacionar os conceitos matemáticos com as representações dos mesmos; motivá-lo a identificar no mundo real a utilização de tais representações (esquemas, diagramas, tabelas, figuras); e desafiá-lo a, por meio da Matemática, interpretar diversas das informações advindas desse mundo. Parte-se aqui da ideia de que, para ensinar Matemática, é preciso sólidos conhecimentos de Matem|tica, obviamente. “Contudo, para a docência, isso por si só n~o é suficiente”. 306 Para tanto ensinar matemática não pode está relacionado com a mera memorização de algoritmos, axiomas e teoremas. Na verdade, o real papel da matemática é levar o aluno a construir suas próprias representações valendo-se de esquemas, gráficos e tabelas, incentivá-lo a formular conceitos matemáticos ainda que intuitivamente, que serão posteriormente adaptados pela prática docente. Portanto, entendemos que para se ensinar matemática não basta apenas recorrer a conhecimentos abstratos, pois mesclado a isto é imprescindível uma prática metodológica do docente condizente com os seus objetivos. O motivo para incentivarmos o uso da tecnologia em sala de aula deve-se ao fator desta proporcionar um ambiente reflexivo, colaborativo, construtivo e ativo, visto que neste patamar os alunos podem manipular objetos que lhes possibilitarão trocas de informações, além disso, abre espaço para aquisição de novas experiências, e a partir destas construírem novos significados, pautados nas experiências já vividas, fator que influencia para que de fato haja aprendizagem significativa. Em âmbitos tecnológicos é necessário que o professor exija respostas dos alunos para compreender as estratégias, as articulações e as decisões tomadas no caminho de construção do conhecimento. (JONASSEN, 1996) O uso do GeoGebra como estratégia de ensino As tecnologias a cada dia tornam-se mais presentes no ambiente escolar, e consequentemente, fazem parte do cotidiano dos alunos. A evolução das tecnologias da informação as (TICS), permite que a maioria da população tenha acesso a informações e com isso torna-se responsável por grandes mudanças no saber (LOBO e MAIA, 2015). O estudo sobre tecnologia nessa pesquisa não deve ser visto como um preenchimento das necessidades de estudantes, e sim como uma estratégia didática utilizada pelo professor no processo de ensino e aprendizagem. Esse docente precisa participar de forma mais presente do processo de conhecimento do aluno, sendo considerado um motivador e orientador da aprendizagem (CARNEIRO e PASSOS, s.d). Neste sentido percebesse o quanto é necessário à participação do professor na vida escolar do aluno, principalmente no ensino de matemática. Estamos imersos em uma rede de informações que avança de forma eficaz e que nos impulsiona a tentar 307 acompanhá-la, é por esse motivo que a sala de aula não pode estar desvinculada deste contexto e vivenciá-lo significa quebrar velhos padrões e estabelecer novas condutas de aprendizagem, visto que apenas lápis e papel não bastam para que os mesmos aprendam. No que se refere à exploração e manipulação de um software dentro de sala de aula, o GeoGebra possui um papel privilegiado, visto que o mesmo possui uma poderosa linguagem e é bastante versátil com relação aos conceitos matemáticos, possibilitando ainda a simulação, construções gráficas, e muitas outras possibilidades que em uma aula tradicional não poderiam ser explorados. No entanto, todas essas possibilidades para que sejam realmente aproveitadas em termo de aprendizagem de conceitos matemáticos, devem ser planejados aulas e roteiros de modo adequados pelo professor. Segundo Oliveira e Araújo (2011, p. 212), “o uso das tecnologias n~o significa a simples transposiç~o das aulas tradicionais para o computador”. Na verdade é preciso que o professor se adapte a essa nova did|tica de modo a “provocar” no aluno a vontade de estudar conceitos matemáticos para construir o seu próprio conhecimento sobre o conteúdo estudado. O software GeoGebra foi criado em 2001 por Markus Hohen Warter da Universidade de Salzburg, com objetivo de facilitar a compreensão do aluno principalmente quando trata-se do raciocínio matemático, por ser mais dinâmico e despertar a curiosidade desse aprendiz em entender o que lhe é ensinado, e o mais importante construindo o seu próprio conhecimento (FANTI, 2010). O GeoGebra é um software gratuito, que tem a possibilidade de trabalhar a geometria dinâmica fazendo com que o aluno compreenda o conteúdo de forma mais rápida. Esse software pode ser explorado em vários níveis de ensino, pois é composto por ferramentas que envolvem a geometria, estatística, álgebra, gráficos, tabelas e cálculos em um único sistema (CATANEO, 2011). É utilizado em conteúdos principalmente do ensino médio, onde a maioria dos alunos encontram dificuldades no ensino matemático, por serem conteúdos de grande extensões, e considerados complexos por alguns aprendizes. Muitos professores utilizam o GeoGebra para ensinar o conteúdo de matrizes e equações com o objetivo de atrair o aluno a visualizar o que é estudado em sala de aula de outra forma. Neste artigo apresentaremos a Rotação, a 308 Translação, Dilatação e o Cisalhamento, estudos que se encontram dentro do conteúdo de Transformações Lineares e trabalharemos a montagem desses estudos por meio de matrizes no ℝ3 , que podem ser facilmente construídas no software GeoGebra por meio da ferramenta planilha que ajuda na visualização do conteúdo e na facilitação do entendimento de conceitos desse estudo. O recurso denominado planilha é encontrado na barra de ferramentas do software GeoGebra é um artifício muito importante para a construção de matrizes devido ao aspecto posicional que este recurso possui, facilitando a construção do conceito de matrizes para do estudantes no ensino médio. Na construção de nosso trabalho utilizamos esse recurso e pudemos constatar que é uma maneira mais visual e didática de se entender, o que é exatamente a proposta deste artigo viabilizar e contribuir para uma melhor visualização dos procedimentos matemáticos necessários para a aquisição do conhecimento no conteúdo de Transformações Lineares. Transformações Lineares Uma transformação nada mais é que uma função em que admite uma interpretação através de uma equação matricial Ax=b. Onde nesta representação a matriz A dita matriz de coeficiente age sobre o vetor x por multiplicação, de modo a transformar o vetor x no vetor b. Deste modo, uma transformação linear 𝑇: ℝ3 → ℝ3 é uma função que associa cada vetor x do ℝ3 um vetor T(x) do ℝ3 , em que são verificadas as seguintes propriedades: a) 𝑇 𝑢 + 𝑣 = 𝑇 𝑢 + 𝑇 𝑣 , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑢, 𝑣 ∈ ℝ3 b) 𝑇 𝛼𝑣 = 𝛼𝑇 𝑣 , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎𝑟 𝑐 ∈ ℝ As transformações Lineares no espaço podem ser observadas de modo bastante prático, através de uma abordagem geométrica com o auxilio do GeoGebra, onde o aluno pode manipular e visualizar, de modo bastante dinâmico diversas transformações como rotações, cisalhamento, dilatações e contrações. Inicialmente, no ambiente GeoGebra com o auxilio da janela planilha deverá ser construindo um cubo cujos vértices deverão determinados pelas colunas de uma matriz de ordem 3x8. Ou seja, os alunos deverão possuir certa familiaridade das propriedades operacionais de matrizes. Posteriormente, os alunos deverão construir matrizes, ainda 309 como auxilio da janela planilha do GeoGebra, que representem Transformações Lineares como rotações, cisalhamento, dilatações e contrações através dos conceitos de multiplicação matricial, os alunos deverão fazer com que estas transformações ajam sobre a figura do cubo inicialmente construído fazendo com que o mesmo sofra transformações que correspondam a sua rotação, dilatação dentre outras de modo dinâmico. Rotação do ângulo do R3 para o R3 Para obter uma imagem rotacionada de um ângulo α do cubo construído no Geogebra em torno do eixo x, é necessário rotacionar cada um de seus vértices 𝑉𝑛 = (𝑥𝑛 , 𝑦𝑛 , 𝑧𝑛 ) para n= 1,.., 8 (correspondentes as colunas da matriz que representa o cubo construído na janela planilha do GeoGebra). Isto é, deve ser realizado o seguinte cálculo matricial em cada coluna. 1 0 0 0 cos(𝛼) 𝑠𝑒𝑛(𝛼) 𝑥𝑛 0 −𝑠𝑒𝑛(𝛼) . 𝑦𝑛 cos(𝛼) 𝑧𝑛 𝑅𝑥 A matriz 𝑅𝑥 é a matriz de rotação em torno do eixo x. Neste texto fica designada como 𝑅𝑦 a matriz de rotaç~o em um }ngulo α em torno do eixo y e de 𝑅𝑧 a matriz de rotaç~o de um }ngulo α em torno do eixo z, e s~o elas: 𝑅𝑌 = cos(𝛽) 0 0 1 −𝑠𝑒𝑛(𝛽) 0 𝑠𝑒𝑛(𝛽) cos(𝑥) 0 e 𝑅𝑧 = 𝑠𝑒𝑛(𝑥) cos(𝛽) 0 −𝑠𝑒𝑛(𝑥) cos(𝑥) 0 0 0 1 Um ponto 𝑉𝑛 = (𝑥𝑛 ,𝑦𝑛 , 𝑧𝑛 ) pode ser rotacionado em relação ao eixo x, em seguida em relação ao eixo y e, depois, em relação ao eixo z. Conseqüentemente, as coordenadas da imagem rotacionadas podem ser calculadas por meio da seguinte expressão: 𝑅𝑥 x𝑅𝑦 x𝑅𝑧 𝑉𝑛 = 310 1 0 0 0 cos 𝛼 𝑠𝑒𝑛 𝛼 0 −𝑠𝑒𝑛 𝛼 cos 𝛼 . cos 𝛽 0 −𝑠𝑒𝑛 𝛽 cos 𝛽 . cos 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝛼 . 𝑠𝑒𝑛 𝛽 . cos 𝑥 + cos 𝛼 . 𝑠𝑒𝑛 𝑥 − cos 𝛼 𝑠𝑒𝑛 𝛽 . cos 𝑥 + 𝑠𝑒𝑛 𝛼 . 𝑠𝑒𝑛 𝑥 0 1 0 𝑠𝑒𝑛 𝛽 0 cos 𝛽 cos 𝑥 . 𝑠𝑒𝑛 𝑥 0 −𝑠𝑒𝑛 𝑥 cos 𝑥 0 −cos 𝛽 . 𝑠𝑒𝑛 𝑥 – 𝑠𝑒𝑛 𝛼 . 𝑠𝑒𝑛 𝛽 . sen 𝑥 + cos 𝛼 . 𝑠𝑒𝑛 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝛼 . 𝑠𝑒𝑛 𝛽 . sen 𝑥 + sen 𝛼 . 𝑐𝑜𝑠(𝑥) 0 𝑥𝑛 0 . 𝑦𝑛 =. 1 𝑧𝑛 𝑠𝑒𝑛 𝛽 −𝑠𝑒𝑛 𝛼 . cos 𝛽 cos 𝛼 . cos 𝛽 𝑥𝑛 . 𝑦𝑛 𝑧𝑛 Assim, pode se inferir que os alunos deveram possuir o mínimo de conhecimento das operações matriciais envolvidas, deste modo poderão observar que tal construção no GeoGebra lhe fornecerá a rotação do cubo preexistente, contudo a importância do software GeoGebra não esta apenas na construção mais elaborada desta rotação, mas sim na oportunidade de modificação angular, que lhes permitirá observar várias possibilidades diferentes, e ainda os alunos munidos do mesmo arquivo poderão também modificar a própria figura do cubo inicial dentre outras experiências que em um ambiente de sala de aula tradicional não lhes seriam possível. Assim a partir destas novas possibilidades, acreditasse que os alunos possam formar novas conjecturas e que os mesmos ganhem nova compreensão com relação ao conceito e importância da transformação de rotação. Figura 1: Cubo de rotação no espaço Fonte: (Autoras, 2016) Outra importante praticidade que software GeoGebra possibilita é a visualização simultânea como pode se observar na figura anterior, o aluno poderá observar ao 311 mesmo tempo as modificações sofridas tanto matricialmente como geometricamente, bastando modificar o ângulo 𝛼. Na planilha a parte destacada na cor azul é exatamente a matriz correspondente a rotação que permite que o cubo rotacionável seja criado, mas mantendo as mesmas propriedades da primeira, sendo que a figura rotacionável realiza seu movimento apenas entorno do eixo x, embora isto possa ser tomado para os outros eixos, bastando que na planilha a matriz seja trocada pela 𝑅𝑦 ou 𝑅𝑧 . Cisalhamento do ângulo do R3 para o R3 A transformação de cisalhamento no plano corresponde ao efeito semelhante ao deslizamento de uma figura na direção de um dos seus eixos coordenados, ou ainda a ambos simultaneamente. Com relação ao espaço sua representação matricial corresponde ao deslizamento em relação aos eixos x e y, representado matricialmente no eixo x por: 1 𝐶𝑥 = 𝑡𝑎𝑛𝛼 0 𝑡𝑎𝑛𝛽 1 0 0 0 1 No ambiente GeoGebra a figura original do cubo construído a partir das colunas de uma matriz, o aluno pode facilmente transformar em uma nova figura, que é o cubo deslocado dos eixos 0x e 0y como mostra a figura abaixo, além disso, neste ambiente podem fazer a mudança dos ângulos 𝛼 e 𝛽, de modo a facilitar um maior entendimento das ações deste tipo de transformação. Destarte, o aluno é colocado frente a inúmeras possibilidades visuais proporcionadas pelo ambiente do GeoGebra onde ganha uma maior autonomia nas formações de suas conjecturas, que apenas munido de lápis e papel não lhe seria possível. 312 Figura 2: Cubo de cisalhamento no espaço Fonte: (Autoras, 2016) Como pode se observar no GeoGebra através do comando seletor é possível construir mais de um ângulo de acordo com a necessidade da atividade, observa-se na construção da figura anterior que os ângulos foram construídos de modo que o novo cubo construído sofre deslocamentos diferentes nos seus respectivos eixos. Dilatação ou contração no espaço Transformações que dilatam ou contraem um objeto no espaço podem ser representadas matricialmente por: 𝐷= 𝑘 0 0 0 𝑘 0 0 0 k Ao construir a matriz D no ambiento do GeoGebra, o aluno poderá construir cubos de tamanhos variados, bem como ele poderá construir o cubo refletido, bastando que a constante k assuma valor negativo. Além disso, o aluno poderá observar que a dilatação poderá ser realizada em apenas um dos seus eixos, bastando para isto 𝑘1 modificar as entradas da diagonal da matriz D, isto é, 𝐷 = 0 0 0 𝑘2 0 0 0 𝑘3 Ou seja, a figura original terá suas dimensões dilatadas ou contraídas em decorrência dos valores atribuídos aos valores das constantes 𝑘1 , 𝑘2 , 𝑘3 . 313 Figura 3: Cubo dilatado Fonte: (Autoras, 2016) Mais uma vez a parte em azul em destaque denota uma matriz, denominada de matriz dilatação a qual tem um efeito geométrico de dilatar cada vetor por um fator k. Considerações Finais Este artigo trata-se de uma pesquisa em andamento de caráter qualitativo que teve por objetivo descrever uma proposta metodológica para aplicação do conteúdo de Transformações Linear, desenvolvida na disciplina de Álgebra Linear através do software GeoGebra, pois esta pesquisa buscou mostrar a importância em relacionar o conhecimento matemático e a influencia do emprego das tecnologias em uma proposta didática envolvendo o conteúdo de Transformação Linear. Este trabalho futuramente será adaptado em um minicurso. Acreditamos que a abordagem exposta neste trabalho, faz referência a uma aprendizagem em que o aluno possa compreender na prática aquilo que lhe é exposto, possibilitando ao aluno uma maior autonomia no processo de aprendizagem haja vista que permite que sejam modificadas situações algébricas e geométricas simultaneamente, assim contribuindo para o entendimento de como tais mudanças se relacionam. 314 Com relação à prática em sala de aula, a inserção de atividades que possam ser intermediadas através da tecnologia ganha importância, pois permite que a matemática seja vista não somente como um ente abstrato, mas como uma ferramenta que possibilita modificar nossa realidade e o mundo. Além disso, possibilita a formação de pessoas capazes de discutir conceitos que lhes são apresentados, e dessa forma chegando a uma maior compreensão do conhecimento. Os estudantes do ensino médio encontram no GeoGebra possibilidades de visualizar e dinamizar seus conhecimentos matemáticos, como foi explicado no desenvolvimento deste trabalho, mostrando como as mídias digitais são importantes para desenvolver o conhecimento empírico do discente, e também para cessar dúvidas que sejam vistas como obstáculos no conteúdo de Transformações Lineares. Referências CATANEO, Vanessa Isabel. O uso do software GeoGebra como ferramenta que pode facilitar o processo de ensino aprendizagem da matemática no ensino fundamental nas séries finais. Orleans: UNIBAVE, 2011. CARNEIRO, Reginaldo Fernando; PASSOS, Cármen Lúcia Brancaglion. A utilização das tecnologias da informação e comunicação nas aulas de matemática: Limites e possibilidades. UFSCAR, s.d. COSTA, Nielce Meneguelo Lobo da. Formação de professores para o ensino da matemática com a informática integrada à prática pedagógica: exploração e análise de dados em bancos computacionais. PUC, São Paulo, 2004. DORIER, J. et al. Teaching and learning linear algebra in first year of French Science University. European Research in Mathematics Education I: group 1. 1999. p. 103 112. Disponível em: <http://www.fmd.uni-osnabrueck.de/ebooks/erme/cerme1- proceedings/papers/g1-dorier-et-al.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2014. 315 FANTI, Ermínia de Lourdes Campelo. Utilizando o software GeoGebra no ensino de certos conteúdos matemáticos.UFPB : V Bienal da SBM, 2010. JONASSEN, David. O uso das novas tecnologias na educação à distância e a aprendizagem construtivista. Em Aberto, Brasília, ano 16, n.70, abr./jun.1996. LIMA, Elon Lages. Conceituação, manipulação, e aplicações os três componentes do ensino de matemática. IMPA: RJ, 1999. LOBO, Alex Sander Miranda; MAIA, Luis Claúdio Gomes. O uso das TICs como ferramenta de ensino-aprendizagem no Ensino Superior. Caderno de Geografia, v.25, n.44, 2015. OLIVEIRA, G.; ARAÚJO, P. Lugares Geométricos: Uma abordagem com o software GeoGebra. In Actas do XXII SIEM (S6.03, pp. 1- 13). Lisboa: APM, 2011. SILVA, Eliza Souza da. Transformações Lineares em um curso de licenciatura em matemática: uma estratégia didática com o uso de tecnologias digitais. PUC, São Paulo, 2015. 316 TERRA, LUA E SOL: Aprendendo Astronomia de Forma Lúdica. Denis Barata da Silva UEPA [email protected] Jacirene Vasconcelos de Albuquerque UEPA [email protected] Resumo: O presente Artigo pretende mostrar a experiência vivida por alunos da Universidade do Estado do Pará na disciplina de Estágio Supervisionado em Instituições não Escolares e Ambientes Populares, bem como resultados provenientes do Projeto desenvolvido no campo de estágio, que foi o Centro de Ciências e Planetário do Pará. A disciplina carrega uma enorme importância, tendo em vista que o pedagogo tem muitas funções fora do ambiente formal, e o estágio contribuiu para que os alunos elaboradores do Projeto pudessem desenvolver habilidades e competências e aprender a atuar nestes ambientes. O objetivo deste Artigo é relatar experiências vividas e mostrar os resultados do Projeto desenvolvido em campo, Projeto que foram realizados com as crianças do Embarca na Educação, um Projeto social no bairro da Vila da Barca, e que tem como meta o ensino da astronomia de forma lúdica, o que acreditamos e iremos mostrar com os resultados do Projeto, que é uma forma de ensinar que tem trazido bons resultados. O ensino formal nos trás algumas limitações, já os ambientes não escolares nos remetem uma maior possibilidade e flexibilidade, onde podemos abusar da ludicidade, resultando num maior rendimento. Concluímos que o professor deve se preparar para trabalhar neste ambiente e também se apropriar do conhecimento para que possa desenvolver estratégias de ensino diferenciadas em busca de uma melhor aprendizagem, pois o intuito do ensino, dessa pesquisa que resultou no presente artigo, contribuir para com a aprendizagem dos alunos no ensino da Astronomia. Palavras-chave: Normas de publicação. Anais de eventos. Publicação. Introdução O Projeto Terra, Lua e Sol: Aprendendo Astronomia de Forma Lúdica é uma proposta de intervenção pedagógica que tem como objetivo contribuir para o ensino e aprendizado de conteúdos de Astronomia no Ensino Fundamental I, utilizando o lúdico como ferramenta metodológica para torná-los mais atraente e prazeroso. Os conteúdos de Astronomia são pouco trabalhados nos anos iniciais do Ensino Fundamental, sua abordagem fica limitada na maioria das escolas ao ensino dos conteúdos dos livros ditos. Ao nos deparamos com essa realidade passamos a nos 317 questionar “como ocorre o ensino de Astronomia nos anos inicias do Ensino Fundamental e de que maneira poderíamos contribuir com o processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos da |rea”. Essa intencionalidade nos fez perceber a relevância educacional do Projeto, principalmente, por ser a Astronomia uma ciência que desperta curiosidade e interesse por parte dos alunos e professores, possibilitando um aprendizado significativo para ambos. Em termos de formação acadêmica profissional possibilita aos estudantes de pedagogia investigar tais saberes. Justificativa No último ano de formação, nos deparamos com o estágio no Centro de Ciências e Planetário do Pará, um momento desafiador em nossa formação. Ao iniciarmos nos diálogos sobre a atuação do pedagogo nesse ambiente, nos deparamos com o ensino de Astronomia. A Astronomia é a ciência que estuda os astros e a estrutura do universo. Nos anos inicias do Ensino Fundamental é trabalhada na disciplina de Ciências. Não é algo simples e fácil, requer conhecimentos, pois é um tema de abordagem multidisciplinar de várias áreas, a exemplo de historia, geografia, filosofia, química, física, biologia, matemática, geologia, mitologia, cosmologia, dentre outras. O ensino de Astronomia não deve limitar-se ao tradicional, em que há apenas uma mera transmissão de conteúdos, por meio de procedimentos didáticos aonde a predominância da palavra do professor sobre os conteúdos do livro didático são regras definidas e muitas das vezes não têm nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais. Para evitar o ensino de Ciências baseado nos modelos tradicionais, onde os conteúdos relacionados à área da Astronomia são vistos superficialmente nos anos iniciais do Ensino fundamenta, no Curso de Pedagogia da UEPA, são trabalhados as disciplinas de Educação em Instituições não Escolares e Ambientes Populares e Estágio Supervisionado em Instituições não Escolares e Ambientes Populares, amparados na Resolução 01/2006. 318 Os pedagogos em formação se apropriam de tendências progressistas para que eles possam assumir um papel de mediador, para deixar de ser um mero transmissor de conhecimentos científicos e agir como investigador, das ideias e experiências de seus alunos, onde o aluno construirá o seu próprio conhecimento, a partir de suas atividades se deve fazer o elo entre teoria e prática. Ao nos deparamos com essa realidade passamos a nos questionar como ocorre o ensino de Astronomia nos anos inicias do Ensino Fundamental e de que maneira poderíamos contribuir com o processo de ensino e aprendizagem da área. Essa intencionalidade nos fez perceber a relevância educacional e formação acadêmica profissional da realização do Projeto de Intervenção em nossa formação como pedagogos. A relevância da realização do projeto em termos educacionais se caracteriza por ser uma ciência que desperta curiosidade e interesse por parte dos alunos e professores, possibilitando um aprendizado significativo para ambos. Em termos de formação acadêmica profissional por nos possibilitar investigar tais saberes. Objetivos Geral Contribuir com o aprendizado dos alunos do Projeto Embarca na Educação sobre os conteúdos de Astronomia: Terra, Lua e Sol. Objetivos Específicos Despertar o interesse dos alunos sobre a área da Astronomia; Proporcionar atividades lúdicas sobre os conteúdos Terra, Lua e Sol; Produzir ferramentas didáticas que facilitem o ensino de Astronomia nos espaços educativos. Referencial Teórico O Estágio Supervisionado em Instituições não Escolares e Ambientes Populares 319 Para iniciarmos as discursões sobre Estágio Supervisionado, traremos ALVES, SANCHEZ E MAGALHÃES (2013, p.102), onde dizem: O Estágio Supervisionado tem por objetivo principal propor um vínculo real a relação teoria e prática, pois o conhecimento acadêmico encontra uma aplicabilidade nas atividades da sala de aula, dessa forma a práxis realmente ganha sentido ao atingir seu objetivo maior, ou seja, o conhecimento teórico dando sustentação para a prática, e, por conseguinte promovendo um melhor ensino e aprendizado para todos os envolvidos nesse processo. As disciplinas de Estágio Supervisionado são ofertadas no final do curso, justamente com este intuito, de mesclar a teoria com a prática, tendo em vista que o universitário já tem uma base teórica, pois está há alguns anos na academia e devem desenvolver atividades práticas, principalmente os que nunca tiveram contato com tais ambientes. Falaremos mais sobre o Estágio Supervisionado em Instituições não Escolares e Ambientes Populares usando como referência Vasconcelos (2012) que nos esclarece a importância dessa disciplina, pois o aluno de Pedagogia tem a oportunidade de vivenciar experiências vividas no ambiente informal, e desenvolver habilidades e competências pertinentes a este tipo de ambiente. A autora também nos exemplifica que tipos de ambientes são estes, como: hospitais, museus, ONGs, empresas, órgãos de planejamento, avaliação e consultoria educacional, etc. qualquer espaço que ofereça serviços realizados por um pedagogo, onde serão realizadas atividades devidamente acompanhadas de um professor, por isso o nome “supervisionado”. O Ensino de Astronomia nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental Para dialogarmos sobre o ensino da Astronomia na Educação Básica, é importante que entendamos a importância desta ciência e a presença dela no cotidiano das pessoas. Sobre isso, UBINSKI e STRIEDER (2013, p.45) mostra que: A Astronomia é uma das Ciências mais antigas e presentes na sociedade. Já nos primeiros registros da civilização é possível constatar a existência de conhecimentos astronômicos norteando as atividades das pessoas. Entender o comportamento dos corpos celestes e sua influência sobre a vida era questão de sobrevivência. A sucessão de dias e noites, as estações do ano, o 320 comportamento das marés e a elaboração de um calendário são questões de que muitas civilizações primitivas se ocuparam, evidenciando a relação da Astronomia com aspectos do dia-a-dia. Considerando que esses conhecimentos eram transmitidos de uma geração a outra, pode-se concluir que o ensino de Astronomia já acontecia na Antiguidade, mesmo que de maneira informal. Para adentrarmos nos assuntos da Astronomia, iremos usar como base Milone (2003), que diz que as pessoas possuem fascínio pelo céu, tendo em vista os fenômenos naturais que podemos observar nele, porém estes fenômenos não são compreendidos pela maioria das pessoas. Mesmo não possuindo essa compreensão total, as pessoas foram capazes de se adaptar ao dia e a noite, as estações do ano, o que nos leva a pensar na importância do ensino da Astronomia, como ferramenta para explicar fenômenos naturais presentes no cotidiano. Para Milone (2003) o Sol foi o primeiro astro a ser notado, o segundo teria sido a Lua e em seguida as estrelas brilhando no céu escuro. Astros que as crianças conhecem, ou seja, assuntos interessantes e pertinentes para serem trabalhados, visto que o aluno fará uma assimilação mais rápida de um conteúdo que faça parte de sua realidade. “O movimento dos astros no céu, ao longo de um dia ou uma noite, ocorre de leste para oeste. Dizemos que é um movimento aparente, porque não são os astros que se movem, mas sim a Terra que gira de oeste para leste.” (MILONE, idem p.24). O autor acima mostra que a Lua é o único satélite natural da Terra e é o astro mais brilhante no céu noturno. Sobre suas fases o autor explica que são os diferentes aspectos que a Lua se apresenta ao longo das noites e dos dias do mês. E em relação também a movimentação do astro, a relação com os eclipses, onde a Lua atravessa a sombra da Terra formando um eclipse lunar e pode projetar sua sombra na superfície terrestre ocasionando um eclipse solar. A Ludicidade Segundo Dias (2013) a criança em seu desenvolvimento se depara com várias oportunidades de conhecimentos, sejam eles escolares ou não, tais conhecimentos influem em seu desenvolvimento motor, cognitivo e social. O professor e a escola tem 321 um papel muito importante neste desenvolvimento, se tratando do ambiente e conhecimentos escolares, devem proporcionar para esta criança experiências que lhe estimulem que façam com que este aluno sinta alegria e prazer ao estudar. A autora diz “a Educaç~o Lúdica est| longe de ser uma simples brincadeira ou passatempo. É uma atividade inerente a criança que leva o ser humano ao encontro do conhecimento, da socializaç~o e do desenvolvimento do seu car|ter.” (2013, p.3). Duarte e Piovesan (2013, p.22) mostram que: A ludicidade tornou-se uma ferramenta pedagógica capaz de promover uma aprendizagem mais dinâmica, interativa e, consequentemente, mais eficaz, contribuindo, significativamente, para o aprender de crianças com dificuldades, por permitir maior interação da criança com o aprendizado, por envolver elementos como o jogo, o brinquedo, a música, a brincadeira e os mais diversos recursos que, atrelados ao processo de ensino, tornam a aprendizagem mais atrativa e qualitativa. Dito isto, começamos a entender melhor como a ludicidade é uma ferramenta importantíssima no processo de aprendizagem de um aluno, principalmente aqueles que possuem dificuldades, ela facilita o processo e estimula o aluno. A Experiência De Estagio Vivenciada No Projeto Terra, Lua E Sol: Aprendendo Astronomia De Forma Lúdica. Baseado em estudos prévios juntamente com o professor do campo de estágio, o Projeto se desenvolveu por meio de atividades lúdicas sobre os conteúdos de Astronomia: Terra, Lua e Sol. O campo de estágio escolhido foi o Centro de Ciências e Planetário do Pará que foi fundado em 30 em setembro de 1999, localizado o lado do Estádio Olímpico do Pará (Mangueirão) - Av. Augusto Montenegro, Km 03, Belém/PA – Brasil. Nele realizamos o estágio obrigatório e foi o espaço em que se desenvolveram estudos, escolha e desenvolvimento do projeto e a aplicação do mesmo. O Projeto foi realizado com crianças que participam do “Embarca na Educaç~o”, onde levamos as crianças ao Planetário para conhecerem o espaço e participar de atividades referentes à área da astronomia. As crianças foram divididas conforme suas respectivas séries formando três grupos, e cada grupo realizou uma atividade diferente. 322 Após dias de encontro, onde tivemos a elaboração e construção de materiais, orientações e pesquisas de campo, chegou o momento de colocar tudo que aprenderam em prática. Foi perceptível a animação das crianças desde o momento que subiram ao ônibus a caminho do Planetário, poucas conheciam o local, o que causou muita curiosidade nas outras crianças. Por ser um espaço cheio de experimentos científicos, animais empalhados e muitas outras curiosidades das ciências, vimos que as crianças ficaram encantadas e participaram muito bem do passeio. Surgiram perguntas, questionamentos, duvidas e isso contribuiu para o andamento da atividade, esse envolvimento foi essencial para o sucesso do Projeto. Com essas atividades podemos perceber que há maneiras de se ensinar Astronomia de uma forma lúdica, pois em apenas três atividades conseguimos alcanças um bom resultado, as crianças prestaram atenção, produziram, participaram e os mais importantes entenderam o assunto que lhes foi mediado, porém sem perceber que estavam estudando, foi algo prazeroso, gostoso e divertido. Sem perceber que estavam estudando, os alunos assimilaram o conteúdo proposto, se envolveram e deram um retorno no sentido de concluir as atividades propostas. A aula tradicional é importante, porém muitos professores não têm criatividade e em alguns casos não possuem conhecimento suficiente para criar materiais ou aulas mais dinâmicas, onde é visível um maior interesse por parte dos alunos e consequentemente uma melhora na aprendizagem. O educador pode e deve usar técnicas para atrair a atenção do aluno, deixar que ele faça, que crie, que participe do processo de aprendizagem, não sendo apenas um aluno ouvinte e sim agente na construção do seu próprio conhecimento. Os conteúdos de astronomia estão rondando as pessoas todos os dias, nós convivemos com os fenômenos naturais e nem sempre sabemos como eles funcionam, partindo deste pressuposto, observou-se uma satisfação nas respostas às dúvidas que as crianças tinham sobre o assunto, e no decorrer das atividades elas também foram contribuindo e assumindo autonomia dentro das discussões. Além dos assuntos trabalhados neste projeto podemos citar: as estações do ano, o arco íris, o sistema solar, 323 etc. que são assuntos que também foram citados e surgiram questionamentos sobre, porém, pela questão do tempo, não pudemos adentrar muito nos assuntos, para não fugir do foco principal das atividades. Durante a produção dos materiais foi possível perceber maior participação por parte dos alunos, e também um melhor entendimento em relação aos assuntos trabalhados, ao criar os objetos propostos, os alunos iam desenvolvendo ideias, fazendo perguntas, participando e aprendendo, o que nos deixou muito felizes. Temas como estes devem ser trabalhados em sala de aula, pois fazem parte da realidade vivida pelos alunos e, além disso, dependendo da forma em que se irá aplicar o conteúdo, pode causar um fascínio por parte do educando, já que a natureza nos trás muitos fenômenos lindos e interessantes. Por isso é importante que o professor se aproprie do conhecimento e busque formar lúdicas, dinâmicas para trabalhas esses assuntos e assim fazer com que este aluno aprenda e se envolva na aula. Metodologia Inicialmente foram feita pesquisa bibliográfica sobre Astronomia, baseado nos estudos de Dias (2013), Milone (2015), Silva (2014), Ubinski e Strieder (2013), assim como em livros didáticos de ciências dos anos inicias do Ensino Fundamental. Seguido de elaboração de projeto de intervenção pedagógica, com propostas de atividades lúdicas sobre os conteúdos de Astronomia: Terra, Lua e Sol. O projeto foi desenvolvido no Centro de Ciências e Planetário do Pará, pelos alunos da disciplina Estágio em Ambientes Não Escolares e Instituições Populares, do Curso de Pedagogia da Universidade do Estado do Pará. Atendeu um grupo de 22 alunos do Projeto Embarca na Educação - Comunidade da Vila da Barca. Resultados Os resultados da oficina Quadrante Solar, uma das atividades proporcionadas no Projeto Terra, Lua e Sol: Aprendendo Astronomia de Forma Lúdica, evidenciou o grande interesse das crianças que cursam os anos inicias do Ensino Fundamental pela Astronomia. 324 Os relatos de 75% das crianças apontaram que normalmente a aulas relacionadas aos conteúdos de Astronomia são rápidas e sem brincadeiras, ao comparálas as ofertadas na oficina. Podemos inferir que as aulas são realizadas de forma tradicional para cumprir o um planejamento de curso, seguindo os conteúdos do livro didático. Nesse sentido é preciso que se pensem formas de ensinar o assunto, pois com este Projeto percebemos a importância da ludicidade no ensino da Astronomia. A criança em seu desenvolvimento se depara com várias oportunidades de conhecimentos, sejam eles escolares ou não, tais conhecimentos influem em seu desenvolvimento motor, cognitivo e social. O professor e a escola tem um papel muito importante neste desenvolvimento, se tratando do ambiente e conhecimentos escolares, devem proporcionar para esta criança experiências que lhe estimulem que façam com que este aluno sinta alegria e prazer ao estudar (DIAS, 2013). Considerações Finais Ao final da aplicação do Projeto Terra, Lua e Sol: Aprendendo Astronomia de Forma Lúdica concluímos que os alunos responderam muito bem a Oficina Quadrante Solar. A oferta de atividades prática e lúdicas para os alunos, com liberdade que lhes possibilitou serem criativos, de transformar o saber lhes despertou o interesse. A experiência confirmou mais uma vez, o ensino não pode ser tradicional, seria bom que se tirasse o aluno de sala, da rotina, trazer atividades que possa ajudar no desenvolvimento cognitivo e intelectual do mesmo. Referências: DIAS, Elaine, A Importância do Lúdico no Processo de Ensino-Aprendizagem na Educação Infantil - 2013 MILONE, André de Castro. A Astronomia no Dia a Dia – Disponível em:http://www.das.inpe.br/PDF/capitulo1.pdf - Acesso em: 29/10/2015. SILVA, Ozimar. Centro de Ciências e Planetário do Pará. O Ensino de Astronomia no Ensino Fundamental. UBINSKI, Juliana Alves da Silva e STRIEDER, Dulce Maria. Iniciação Científica em Astronomia na Educação Básica – Disponível em: 325 http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/Numero_017/artigos/pdf/Artigo_04.pdf Acesso em: 16/11/2015. EXPOSIÇÃO E BANNER - 326 A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO A PARTIR DO USO DE SIMULAÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS NAS SÉRIES INICIAIS Elinalda da Silva Moreira UEPA [email protected] Joseane Teixeira Braga UEPA [email protected] Cassia Regina Rosa Venâncio UEPA [email protected] João Paulo Passos UEPA [email protected] Tânia Roberta Costa de Oliveira UEPA [email protected] Resumo: Este apresenta os resultados da aplicação de uma proposta de ensino, no âmbito das séries iniciais, que visava promover a aprendizagem significativa a partir do uso de simulação no ensino de ciências, tendo em vista explorar o Sistema Respiratório e reconhecer sua função e importância para a vida. Portanto, tem como foco o Sistema Respiratório Humano que é fundamental para a vida das pessoas. Trabalhar esse conteúdo levando em consideração o conhecimento prévio do aluno é de extrema importância para sua aprendizagem, pois torna-se mais fácil o entendimento cognitivo quando o aluno tem participação ativa nas aulas. Dessa forma buscou-se trabalhar o conteúdo de maneira criativa para despertar o interesse e a participação dos alunos. Diante dos dados obtidos, e relacionando com a Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel, percebeu-se que os alunos alcançaram os objetivos propostos, pois durante a aplicação todos se envolveram de maneira participativa e contribuíram com suas conclusões a respeito do assunto. Assim, concluiu-se que quanto mais o aluno participa do que lhe é proposto, maior é a sua aprendizagem. Palavras- chave: Aprendizagem Significativa. Sistema Respiratório. Simulação. Ensino de Ciências. Introdução Estudar o Sistema Respiratório Humano nas séries iniciais torna-se importante, pois é um sistema fundamental para a vida das pessoas. E quando o conteúdo é desenvolvido a partir do que os alunos já sabem a respeito do assunto, a aprendizagem 327 cognitiva torna-se eficaz. É nessa linha de pensamento que Ausubel percebeu que o conhecimento prévio do aluno é o que influencia em sua aprendizagem. O desenvolvimento do projeto que ancorou esse artigo deu-se através da observação feita na escola em que ele foi aplicado, na qual há uma cobrança em relação à maneira como as crianças devem sentar-se, pois nos humanos, uma postura correta influencia muito na respiração, visto que, quando se tem o hábito de sentar-se corretamente a respiração torna-se melhor, porque quando o gás oxigênio é inspirado acontecem às trocas gasosas. Buscou-se então trabalhar a aprendizagem significativa a partir do uso de simulação no ensino de Ciências. Objetivo Geral Promover a aprendizagem significativa a partir do uso de simulação no ensino tendo em vista a sua importância para a vida nas séries iniciais, para explorar o Sistema Respiratório e reconhecer a sua importância para a vida. Objetivos Específicos Identificar e explorar o Sistema Respiratório; Entender a função da respiração para a vida; Realizar atividade que envolva de forma lúdica os movimentos de expiração e inspiração. Referencial Teórico A Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel é uma teoria que visa a interação entre professor e aluno, nela o conhecimento prévio do aluno é a chave para a aprendizagem significativa. Com isso, podemos observar o quanto é importante valorizarmos o que os alunos já sabem a respeito do tema e tirarmos o máximo de proveito dos mesmos, pois os educandos já trazem consigo conceitos adquiridos no decorrer de sua vida e cabe ao 328 educador preencher o espaço que existe entre o que eles já sabem e o que ainda precisam aprender. O professor tem, portanto um papel fundamental e não é apenas alguém que transmite conhecimento, mas sim alguém que também aprende com seus alunos. Dessa forma, quando há uma troca de conhecimentos entre professor e aluno, a aprendizagem torna-se mais fácil. Para que haja essa troca de conhecimentos é importante que o aluno tenha predisposição para aprender, pois como afirmam Ausubel e Novak (apud MOREIRA, 2006). Essa predisposição está intimamente relacionada com a experiência afetiva que o aprendiz tem no evento educativo. Isso significa que a aprendizagem significativa será possível, se a experiência for positiva, pois caso contrário o aprendiz pode não ter essa predisposição para aprender. Portanto, a aprendizagem é mais significativa quando o aluno diante de um conteúdo atribui significado a ele a partir da relação com seu conhecimento prévio. Sobre o sistema respiratório O Sistema Respiratório é o sistema responsável pela entrada e saída de ar no organismo, ou seja, é responsável pelas trocas gasosas que ocorrem entre o corpo e o ambiente. Através dessas trocas o ar rico em oxigênio entra no organismo e o ar rico em g|s carbônico sai. Dessa maneira “o trabalho de fazer entrar oxigênio (O2) do ar no organismo, para pô-lo em contato com as células, é feito pelos órgãos do sistema respiratório. Este compreende as vias respiratórias e os pulmões”. (GOWDAK E MARTINS, 2001, p. 28). Desenvolver essas ideias e organizar o que os alunos já conhecem sobre elas, fará com que o entendimento do tema seja maior. Cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões são órgãos que compõem o Sistema Respiratório Humano, em que “cada uma dessas estruturas possui especializações relacionadas { funç~o que desempenham” (RIBEIRO, 2015). Quando o ar entra pelo nariz tem suas impurezas retiradas nas cavidades nasais. As cavidades nasais são duas cavidades paralelas separadas por uma parede cartilaginosa que se situam entre as narinas e a faringe. 329 A respiraç~o pela boca também é possível, porém “quando o ar entra pela boca, n~o é filtrado aquecido nem umidificado” (SIQUEIRA et al., 2000, p. 120), por isso faz-se necessário a respiração pelo nariz, pois como afirma Ribeiro (2015): As cavidades nasais possuem células epiteliais que a revestem e protegem. Essas células produzem muco que umedecem as vias respiratórias e retém partículas sólidas e bactérias presentes no ar que respiramos como se fosse um filtro. Portanto, é nas cavidades nasais que o ar que respiramos é filtrado, umedecido e aquecido. Após passar pelas cavidades nasais, o ar segue por um canal chamado faringe indo em direção à laringe, que é um órgão curto que conecta a faringe com a traqueia. Assim, o ar chega na traqueia, que consiste em um tubo que se divide em dois tubos mais finos chamados brônquios. Os brônquios conduzem o ar até os pulmões que são órgãos essenciais na respiração e ficam protegidos pela caixa torácica. Assim descrito por José Luiz Carvalho no livro Projeto Pitanguá- ciências: Nos pulmões, os brônquios formam uma rede de tubos. Essa rede de tubos leva o ar por caminhos cada vez mais estreitos, chegando até pequenas bolsas chamadas de alvéolos. É nos alvéolos que o gás oxigênio do ar passa para o sangue. O gás oxigênio é levado pelo sangue para todas as partes do corpo (2005, p. 104). Assim, a figura abaixo facilita a compreensão cognitiva dos alunos a respeito do sistema respiratório. (Imagem 1- Sistema Respiratório) Fonte: www.infoescola.com 330 A respiração é, portanto, de extrema importância para a vida, pois é por meio dela que o organismo consegue obter energia que precisa para realizar as atividades que executa. Quando o aluno compreende a importância desse processo, a maneira de pensar e agir sobre determinadas posturas podem ser capazes de mudar hábitos que anterior a isso se faziam presentes em seu dia a dia. Como a respiração é um processo involuntário, ou seja, independente da nossa vontade, “nós respiramos o tempo todo, acordado ou dormindo” (MACHADO 2005, p. 51). Ela realiza dois movimentos: a inspiração e a expiração. Na inspiração acontece a contração do diafragma, um músculo que faz a caixa torácica mudar o seu tamanho. Dessa forma, com a contração do diafragma, o músculo abaixa e ocorre um aumento na caixa torácica fazendo com que a pressão de dentro da caixa fique menor que a de fora. A pressão que está fora é a pressão atmosférica, que força a entrada do ar nos pulmões. Esse ar é rico em oxigênio. Na expiração, o diafragma relaxa e se desloca para cima, assim ocorre uma diminuição na caixa torácica, causando a saída do ar dos pulmões. Esse ar é rico em gás carbônico. Assim, com a inspiração absorvemos gás oxigênio do ar e com a expiração eliminamos gás carbônico no ambiente. Metodologia O estudo foi realizado em uma escola de Rede Privada, em Belém/ PA, para duas turmas de 5° ano do Ensino Fundamental, com faixa etária entre 10 e 11 anos, onde exploramos os conhecimentos prévios dos alunos, esperando que os mesmos pudessem encontrar relações com os seus cotidianos e aprimorassem mais seus conhecimentos a respeito do sistema respiratório. Dessa forma, propomos a realização de um experimento simulando o Sistema Respiratório, verificando o movimento de dois balões que sofreram diferenças de pressão, onde os mesmos demonstraram de forma clara os movimentos de inspiração e expiração, respectivamente como mostra a figura 2. Assim, este experimento simulou também as trocas gasosas, e ao utilizarmos uma tv leitura como material de apoio 331 abordamos o próprio sistema, pois através de desenhos de órgãos explicamos suas funções. Imagem 2: Movimentos da respiração: A) Inspiração: expansão dos balões; B) Expiração: contração dos balões. O desenvolvimento da aplicação ocorreu da mesma forma para as duas turmas, em horários diferentes, onde primeiramente separamos os alunos em equipes entregando para eles o experimento representando pulmões artificiais, feitos com garrafas PET e bexigas, e deixamos que eles discutissem em seu grupo a respeito das hipóteses que concluíram. Após essa etapa, explicamos o Sistema Respiratório mostrando os órgãos que fazem parte do mesmo, utilizando uma televisão de caixa de papelão para ilustrar as imagens. Ao término das explicações a respeito dos órgãos do sistema, explicamos os movimentos da respiração e retomamos as discussões realizadas no primeiro momento. Para melhor entendimento dos alunos utilizamos uma fita métrica para que eles pudessem medir o tórax dos colegas ao inspirarem e expirarem. Aplicamos uma atividade em que os alunos tinham que identificar os órgãos do Sistema Respiratório e escrever o nome de acordo com a imagem e também completar uma questão sobre os movimentos da respiração. Assim, após a conclusão das etapas anteriores, formamos uma roda de conversa para verificarmos em que contribuímos para os conhecimentos dos alunos, uma vez que já haviam adquirido bastante conhecimento a respeito do tema em séries anteriores. 332 Resultados e Discussões Diante dos dados obtidos foi possível perceber que os alunos alcançaram os objetivos propostos. Na escola em que o projeto foi aplicado os alunos são orientados a pesquisar e desenvolver atividades em diversas áreas através do método Montessoriano, isto facilitou a aplicação do projeto, pois os mesmos não apresentaram dificuldades em relação ao que foi abordado. Durante a aplicação das atividades, muitos colaboraram de forma pontual o que seria a nossa explicação em seguida. Concluímos, portanto, que a aprendizagem significativa faz parte de seus cotidianos. Com isso, realizamos um levantamento do desenvolvimento nas etapas de aplicações com as duas turmas de 5° ano e obtivemos os seguintes resultados: Na utilização do experimento (pulmões artificiais) antes da explicação: Após a explicação, 100% dos alunos utilizaram corretamente o experimento. Imagem 3: Crianças separadas em grupos para a realização da atividade. 333 A atividade de fixação mostrou que dos dez grupos formados, seis responderam com êxito, mas quatro erraram algum nome de órgão ou nome de movimento respiratório, pois faziam trocas de termos como, por exemplo, invés de inspiração chamavam de transpiração. Na roda de conversa, percebemos que os alunos gostaram da aplicação do projeto e se mostraram bastante animados em relação ao que vivenciaram. Alguns contribuíram com relatos sobre casos de doenças respiratórias em suas famílias, isso indicou que eles conseguiram associar o tema aos seus cotidianos. Assim, segue abaixo algumas declarações de alunos a respeito do experimento: “Foi muito legal!” “Foi muito interessante!” “Aprendi que o diafragma tem uma função muito importante na respiração.” “Não sabia e agora sei que a caixa torácica muda de tamanho quando a gente respira.” “Gostei porque pude aprender mais sobre a importância do sistema respiratório.” “Foi legal porque aprendi coisas novas.” Considerações Finais Percebemos que ao trabalhar de forma prática as disciplinas, foi mais fácil abordarmos os conteúdos, de uma forma lúdica e prazerosa. Procuramos valorizar a aprendizagem significativa, pois a participação dos alunos nos processos educacionais é de total importância para que os conteúdos sejam bem explorados. Dessa forma, os objetivos com os quais este artigo foi projetado foram alcançados, visto que ao término da aplicação, os alunos conseguiram a partir de seus conhecimentos prévios somado ao que vivenciaram durante a aplicação do projeto, identificar o Sistema Respiratório e compreender sua importância para a vida através da simulação do ensino de ciências, além de que ao utilizarem os pulmões artificiais puderam entender melhor os movimentos respiratórios. 334 Portanto, cabe a nós educadores a responsabilidade de estarmos sempre instigando os alunos, pois o processo educativo está em nossas mãos. Para isso, devemos levar em conta o que os alunos já sabem, formando ideias mais elaboradas a partir da interação professor- aluno e vice- versa. Dessa forma, buscamos trabalhar o Sistema Respiratório da melhor forma, mostrando a sua função, e a extrema importância que esse sistema tem para a vida. Referências AUSUBEL, D.P.; NOVAK, D.; HENESIAN, H. Psicologia educacional, Rio de Janeiro: interamericana, 1980. 625 p. CRUZ, José Luiz Carvalho da. Projeto Pitanguá- Ciências. São Paulo. Editora Moderna, 2005. 144p. GOWDAK, Demétrio- Ciências- Natureza e Vida para a Educação de Jovens e Adultos (EJA)- 4° etapa/ Demétrio Gowdak, Eduardo Martins. São Paulo. FTD, 2001. 208p. MACHADO, Ana Maria. Ciências – 2° série/ Ana Maria Machado- São Paulo: Saraiva, 2005. 160p. MANUAL DO MUNDO. Disponível em: <http://www.manualdomundo.com.br/2014/12/como-fazer-um-pulmão-artificial-caseiro/>. Acesso em: 12 de outubro de 2015. MOREIRA, M.A. A Teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de aula. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2006. 186p. RIBEIRO, Krukemberghe Divino Kirk Da Fonseca. ‘Sistema Respiratório’: Brasil Escola. Disponível em <http:// www.brasilescola.com/biologia/sistema-respiratorio.htm>. Acesso em 04 de novembro de 2015. SIQUEIRA, Célia Ramos de. Ciências naturais: ensino fundamental/ Célia Ramos de Siqueira, Angela Novaes Stempfer, Regina Mattos Averoldi. São Paulo: Moderna, 2000. Autoras: Elinalda da Silva Moreira, cpf: 720.965.272-87, telefone: (91)9891-48245 Joseane Teixeira Braga, cpf: 000.380.222-14, telefone: (91)982310624 Orientadores: Cassia Regina Rosa Venâncio, cpf: 131.124.338-07, telefone: (91)983149365 João Paulo Passos, cpf: 697.564.572-87, telefone: (91)983338390 Tânia Roberta Costa de Oliveira: cpf: 270.851.982-49, telefone: (91)9814-75115 335 A ATUAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO PEDAGOGO NO CAMPO EMPRESARIAL Ariele Gonçalves Pinheiro UEPA Germana Sintia Redig de Oliveira UEPA Josilma Franco da Cruz UEPA Rosilene Ferreira Gonçalves Silva UEPA Resumo: O presente trabalho intitulado a atuação e o desenvolvimento do pedagogo no campo empresarial, objetiva caracterizar a função do pedagogo no âmbito empresarial, apresentar as atividades exercidas pelo mesmo, analisar o processo de atuação do pedagogo na empresa e socializar de que forma o pedagogo contribui para o processo de ensino e aprendizagem na empresa. Para isso adotamos a perspectiva teórica de autores com embasamento na área educacional e empresarial como Freire (1996), Libâneo (2010)Brandão (1985),). A metodologia empregada para a obtenção dos dados partiu de uma pesquisa em campo, com abordagem qualitativa através do questionamento de um pedagogo que atua no campo empresarial na busca de resultados. A pesquisa em campo foi de suma relevância para enriquecer o trabalho, pois, através dela foi possível caracterizar o pedagogo atuante na empresa e as praticas pedagógicas desenvolvidas pelo mesmo no ambiente empresarial, como também podemos verificar os desafios/dificuldades ao iniciar na área da pedagogia empresarial, devido ser uma nova modalidade de educação. Palavras chaves: Pedagogo, Pedagogia empresarial, atuação e desenvolvimento. Justificativa O presente artigo originou-se a partir da disciplina de Educação em Ambientes não Escolares,no qual o nosso estudo trata da pedagogia empresarial, traçando o perfil do profissional que atua nesse ambiente, cujo foco principal do mesmo é, atuar na qualificação e organização nas áreas administrativas, operacional e gerencial,numa perspectiva de melhorar a qualidade e a produtividade dentro das organizações. A Preocupação pela inserção do pedagogo nos espaços não escolares surgiu as demandas interna e externa, por melhor desempenho e qualificação dos sujeitos que atuam nessa área. Segundo AL ei nº6.297/75 que determina o incentivo à formação profissional e deve oDecretonº77.463/76. ser ofertada dentro das instituições de acordo com 336 O pedagogo atua em diversas vertentes na Gestão de pessoas, na qual se verifica três pontos principais para sua atuação,que são as Competências, Habilidades e Atitudes(CHA), também possibilita o desenvolvimento de valores, como: treinamento, liderança, iniciativa, criatividade, motivação, flexibilidade, produtividade, entre outros. Todos esses valores estão ligados diretamente aos processos de treinamento, capacitação e orientação dos indivíduos que atuam na empresa, através das práticas pedagógicas. Observa-se, que devido às novas demandas que ultrapassam o ambiente escolar, é notório o crescimento da sacões educativas em ambientes não escolares. Logo com o passar dos anos a educação sofreu alterações em seu conceito, no qual deixa de ser aplicada apenas nas instituições escolares, ultrapassando os muros da escola e seguindo diversas outras áreas, sendo uma delas o campo empresarial; no qual vem se desenvolvendo as modalidades educacionais como: Educação Não Formal e Educação Informal. Portanto, conhecer mais sobre a atuação e o desenvolvimento do pedagogo no setor empresarial, despertou o interesse em pesquisar e instigou a seguinte problemática: como se dá a atuação e quais as atribuições do pedagogo nessa área?Para isso, este estudo delimitou-se em uma pesquisa sobre a atuação do pedagogo na Sede do Banco da Amazônia S.A no município de Belém do Pará. Objetivos Caracterizar a função do pedagogo no espaço empresarial, apresentar as atividades exercidas pelomesmo; Analisar o processo de atuação do pedagogo na empresa e socializar de que forma esse profissional contribui para o processo de ensino e aprendizagem na empresa. Referencial Teórico Brandão (1985) e Libanêo(2010) ressaltam que e educação possuem significados distintos, define como sendo aquela que estar relacionada com o processo 337 livre de transmissão de certos saberes como, língua cultura e tradições comuns a um povo ou uma sociedade. Para melhor conhecer caracterizar a Educação Informal que é o foco dessa pesquisa, podemos caracterizar como qualquer processo educativo ocorrido em instituições ou ambientes que não pertençam às redes escolares, mais que através do contato e a troca entre os membros torna-se um processo educativo. A educação Informal é aquela que decorre dos processos espontâneos ou naturais. Logo, a aprendizagem, se dá em todos os níveis da organização, proporciona a permanência da empresa no mercado capitalista e alta competitividade. Com colaboradores bem formados, tem-se a garantia de que a estabilidade está cada vez mais próxima. Acompanhando uma tendência atual em gestão de pessoas, as empresas estão investindo em seus funcionários, valorizando-os através de planos de carreira e salário, reconhecimento por bom desempenho, promoção de cursos, entre outros. O mercado exige pessoas que façam a diferença, que tenham novas habilidades, novos comportamentos. Isso só é possível com a criação de oportunidades de crescimento e aprendizagem continua e o desenvolvimento da capacidade de adaptação aos novos tempos. (CHELOTTI; SIGOLLO, 2002, p. 11). Metodologia Buscou-se analisar a atuação e o desenvolvimento do pedagogo nos setores de Gestão de pessoas em uma empresa bancária. No qual realizamos uma pesquisa qualitativa, que visa compreender as atividades no campo empresarial e atuação do pedagogo na mesma. Visando apresentar o pedagogo enquanto profissional no papel de líder do processo de ensino e aprendizado, a partir da identificação da sua função no que diz respeito às atividades ligadas à formação profissional, treinamentos e capacitação de pessoas, procuramos identificar sua atuação no trabalho pedagógico em toda sua completitude e intenções nesse espaço. Para isso realizamos um estudo de caso, por ser um método que busca: Retratararealidadedeformaconcretaeprofunda.Essetipodeabordagemenfatizaac omplexidadenaturaldassituações,evidenciandoainter-relação dos seus componentes(LUDKEEANDRÉ, 1986, p.19). 338 Buscando respostas para nossa inquietação levantada nesta pesquisa, realizamos inicialmente um estudo bibliográfico com base nas obras de Brandão(1985), Ribeiro(2008), Ludke e André(1986) e Libâneo(2010), no intuito de obter um entendimento maior sobre o tema abordado. Porém nas etapas posteriores da pesquisa foi realizada a coleta e análise dos dados obtidos, no qual foi necessário a nossa inserção no campo de investigação, para a observação do cotidiano do pedagogo na empresa. Os dados coletados nesta pesquisa foram extraídos a partir de uma visita na Sede do Banco da Amazônia S.A de Belém do Pará, especificamente no setor de Gestão de pessoas. Onde estivemos realizando a entrevista e a observação do trabalho de pedagogo, que atua como Gestor de pessoas e Educador Corporativista. Nossa observação também ocorreu em ambientes, onde se realizam os cursos/treinamentos/ capacitação, denominados de Salas do: Rio Branco, Rio Xingu e Coordenação. Análise dos resultados O pedagogo entrevistado teve sua formação em pedagogia no ano de 1972 na Universidade Federal do Pará no curso de Formação de professores, o qual ocupao cargo na empresa de Técnico Científico. É notória a necessidade da formação continuada, pois o mesmo especializou-se em Sociologia, fez Pós- Graduação em Recursos Humanos, Mestrado em Ciências Políticas, para que atendesse as demandas do mercado de trabalho, não somente as do mercado, mas também precisou se qualificar para dar continuidade de orientação, treinamento e capacitação dos profissionais da empresa. As tarefas desenvolvidas pelo pedagogo na empresa segundo o entrevistado é:“Respons|vel pelos Recursos Humanos, Programa de ,e de Ambientação, Elaboração de Pareceres e Conteúdos, além de coordenar programas Sendo assim uma das funções do pedagogo no campo empresarial: A finalidade principal é provocar mudanças no comportamento das pessoas, de modo que estas melhorem tanto a qualidade de seu desempenho profissional quanto pessoal (...) a pedagogia empresarial se ocupa basicamente com os conhecimentos, as competências, as habilidades e as atitudes diagnosticadas como indispensável à melhoria da produtividade. (RIBEIRO, 2010, p. 11). 339 Diante das declarações obtidas podemos constatar a importância quanto à contribuição de sua ação pedagógica dentro da organização. Pois o mesmo deixou evidente a sua participação nas atividades ligadas à formação profissional na empresa, principalmente no processo de ambientaçãoonde o novo empregado irá conhecer a missão da empresa, sua função na mesma, qual a filosofia e o que oferecer na sua função. Sendo de suma importância o trabalho pedagógico dentro das organizações, cuja principal missão é desenvolver as potencialidades fazendo com que o empregado descubra novos caminhos. Quando questionado sesua formação enquanto pedagogo lhe deu suporte suficiente para atuação do cargo nesta empresa, sua resposta foi: “N~o, tive que buscar a qualificaç~o”. Com esta fala fica evidente que o pedagogo que atua nesta |rea da pedagogia precisa adquirir novos conhecimentos necessários para uma formação complementar. Hoje,o profissional da pedagogia fora dos ambientes escolares é muito bem aproveitado ficando evidente a importância do seu exercício para o desenvolvimento do RH e da empresa como um todo, pois este também é um espaço educativo que visa o crescimento dos funcionários e da própria empresa, por isso é extremamente relevante o trabalho pedagógico nas organizações. Ultrapassando os aspectos instrumentais e provocando transformações no comportamento dos indivíduos, sendo o ambiente empresarial, sobretudo, um lugar de valorização da grandeza e da dignidade humana. Considerações Finais Finalizamos esta pesquisa com o sentimento de ter conhecido um lado do profissional de pedagogia pouco evidenciado fora dos espaços escolares .A analise sobre o desenvolvimento do pedagogo em um ambiente não escolar, nesse caso, o campo empresarial, nos trouxe outro olhar acerca desse profissional que não é muito conhecido, por ainda estamos mais voltados apenas a sala de aula.Por isso nos aportamos do assunto pesquisado para posteriormente realizar pesquisas mais profundas a fim de alcançarmos nosso objetivo que é trazer para o cotidiano das pessoas as outras vertentes sobre a atuação do pedagogo. 340 Constatamos que a educação é um processo amplo, que ocorre em várias vertentes e lugares, que exige a atuação do pedagogo em um novo cenário, apresentando assim o profissional que é capaz de intervir, viabilizar e orientar o processo educativo no ambiente não escolar. Portanto atestamos que o curso de pedagogia oferece uma vasta demanda de oportunidades perante o mercado de trabalho. Porém analisamos que o curso em si não oferece suporte para atuar como pedagogo no campo empresarial ao sair da graduação. Referências BRASIL. Lei Nº 6296, de 15 de dezembro de 1975 – DOU de 16/12/75. Brasília, DF: Congresso Nacional, 1975.Disponível em: http: //www.010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1975/6297.htm. Acessado em: 07 de novembro de 2014. FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. 22. ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1996. LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia , para quê? 8. Ed. São Paulo: Cortez, 2010 LUDKE, Menga; e ANDRÉ, Marli E. D. A. pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, 1986. RIBEIRO, Amelia Escotto do Amaral.Pedagogia empresarial: atuação do pedagogo na empresa. ed Rio de Janeiro: Wak Editora,2010. 341 A BRINQUEDOTECA COMO POSSIBILIDADE DE CAMPO DE ESTÁGIO EM EDUCAÇÃO INFANTIL Izabel Cristina Borges Corrêa Oliveira UEPA [email protected] Amanda Sousa Dias UEPA Amanda. [email protected] Reginny Vieira Frota Lima UEPA [email protected] Resumo: O presente trabalho relata a experiência na Brinquedoteca do curso de Pedagogia, da Universidade do Estado do Pará, a partir do Estágio Supervisionado em Educação Infantil. A experiência consistiu na elaboraç~o e execuç~o do projeto intitulado “Novas Possibilidades de Campo de Estágio em Educação Infantil: a brinquedoteca. O projeto ocorreu no mês de novembro de 2015. Foi realizado com crianças da comunidade da Vila da Barca, localizada nas proximidades da Universidade. O objetivo da proposta foi o de experenciar a brinquedoteca como possibilidade de lócus de estágio em educação infantil para os discentes do turno da noite. O olhar para a realidade teve como base a teoria histórico-cultural, tendo sido utilizada a pesquisa participante. O projeto resultou, sobretudo, no dialogo entre a comunidade do entorno com a universidade, alcançando os objetivos das atividades propostas pelos pedagogos em formação. Palavras-chave: Educação infantil. Brinquedoteca. Estágio. Introdução É uma das funções da Universidade Pública estabelecer relações com a comunidade considerando seu contexto social. A Universidade do Estado do Pará – UEPA, na sua história vem desenvolvendo ações acadêmicas que contribuam para a transformação social. Localizada na Região Amazônica, busca ser referência científicocultural de ensino, pesquisa e extensão em nível nacional, priorizando a formação de profissionais que sejam compromissados com a realidade ricamente múltipla e diversa do Norte do País. Dessa forma, a proposta do estágio supervisionado em educação infantil foi viabilizar um lócus de pesquisa e aplicação para os discentes do curso de licenciatura plena em pedagogia do turno da noite, promovendo atividades pedagógicas propostas pelos mesmos, no qual se alcançou a participação do total de vinte duas 342 crianças da comunidade da Vila da Barca (que fica situada próximo à Universidade) envolvendo atividades lúdicas musicais, contação de história, jogos colaborativos e pinturas. Justificativa O Estagio Supervisionado em Educação Infantil é uma das obrigatoriedades curriculares do curso de licenciatura plena em pedagogia e, ao mesmo tempo oportuniza os seus educandos a vivenciarem situações práticas que envolvam as características intrínsecas dessa modalidade de educação, permitindo aos estagiários além da vivência uma reflexão sobre a práxis do pedagogo mediante a observação. Contudo, o estágio em educação infantil limita-se, no que tange ao turno da noite, haja vista que esta modalidade de ensino não é ofertada para o referido turno, dificultando as possibilidades dos acadêmicos desenvolverem suas atividades. Objetivos Experenciar a brinquedoteca como possibilidade de lócus de estágio em educação infantil para os discentes do turno da noite. Aproximar a comunidade do entorno da universidade das propostas pedagógicas elaboradas e oportunizadas pelos acadêmicos do curso de licenciatura plena em pedagogia. Referencial Teórico O brincar é um universo simbólico, no qual a criança reconstrói e representa sua realidade. É a partir daí que a criança constrói riquíssimas relações com seus pares e juntos fazem descobertas e adquirem novos conhecimentos, pois a brincadeira contribui para o processo de socialização dos educandos, oferecendo-lhe oportunidades de participar de atividades coletivas, estimulando a criatividade, imaginação e a interação com o outro. Na brincadeira a criança pode modificar as regras, ela inventa e reinventa situações, enfim, tem liberdade para agir. 343 Negrine (1994) destaca: As atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança, já que através destas atividades a criança se desenvolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente. Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforço habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento. (NEGRINE, 1994, p.41) Sendo assim, é por meio do lúdico que a criança irá reconhecer quais habilidades tem e quais ainda podem ser ampliadas no decorrer de seu desenvolvimento. Além disso, o lúdico proporciona à criança momentos de interação e trocas de experiências que ajudarão a desenvolver aspectos fundamentais para seu convívio social, aprendendo assim a conviver e respeitar as diferenças. De acordo com Figueiredo: A brincadeira é para a criança, a mais valiosa oportunidade de aprender a conviver com as pessoas muito diferentes entre si; de compartilhar idéias, regras, objetos e brinquedos, superando progressivamente o seu egocentrismo característico, de solucionar os conflitos que surgem, tornando-se autônoma (...). (FIGUEIREDO, 2004, p.7) De acordo com Vygotsky (1994), além de proporcionarem prazer, as brincadeiras também suprem as necessidades da criança para avançar em seu desenvolvimento. Sendo assim, as brincadeiras não são apenas atividades de entretenimento para gastar energia, mas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento cognitivo (PIAGET, 1976). O lúdico contribui de forma efetiva para o processo de desenvolvimento, visto que durante a brincadeira há o processo de integração entre as crianças, onde elas aprendem a compartilhar, a serem cooperativas umas com as outras respeitando os limites impostos por elas mesmas. A passagem do jogo individual para o jogo coletivo é essencial para a descoberta do outro e da importância que este pode proporcionar para o seu crescimento e sua realização. Segundo Barreto (2000, p.?) “Jogos cooperativos s~o din}micas de grupo que têm por objetivo, em primeiro lugar, despertar a consciência de cooperação, isto é, mostrar que a cooperação é uma alternativa possível e saudável no campo das relações sociais; em segundo 344 lugar, promover efetivamente a cooperação entre as pessoas, na exata medida em que os jogos s~o eles próprios, experiências cooperativas.” Na educação infantil contar histórias é fundamental, pois como muitas crianças nessa fase ainda não são alfabetizadas é por meio das histórias que são repassados os conhecimentos e aprendizagens do dia-a-dia, como por exemplo, o cuidado com o outro e com o ambiente que o cerca, a valorização e respeito às diversidades, por meio de fábulas, contos etc. além de fomentar a sociabilidade e o incentivo à leitura. As histórias ouvidas pelas crianças contribuem para a sua formação, além de enriquecê-la emotiva, cultural e afetivamente. “Valorizam a sociabilidade e o autoconhecimento positivo, motivam o imaginário e despertam o prazer de ler e ouvir.” (JOSE, 2007, p.67) “H| quem conte histórias para enfatizar mensagens, transmitir conhecimentos, disciplinar, até fazer uma espécie de chantagem – “se ficarem quietos, conto uma história”, “se isso”, “se aquilo...”- quando o inverso é que funciona. A história aquieta serena, prende a atenção, informa, socializa, educa. Quanto menor a preocupação em alcançar tais objetivos explicitamente, maior será a influencia do contador de história, enquanto fonte de satisfação de necessidades básicas das crianças”. (COELHO, 1995. P12.) Sendo a escola um lugar de construção e reconstrução de conhecimentos, devese dar uma especial atenção à contação de histórias, pois ela contribui na aprendizagem escolar em todos os aspectos: cognitivo, físico, psicológico, moral ou social, proporcionando um maior desenvolvimento perceptivo de mundo no educando. Metodologia O estudo foi realizado na perspectiva da pesquisa participante, a fim de que no campo de estudo observado ocorresse uma melhor interação entre o pesquisador e o grupo estudado. Tal como afirma Lakatos e Marconi (2003), essa interaç~o “consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais deste.”. 345 Resultados Com esta prática foi concretizada a brinquedoteca como possibilidade de lócus de estágio supervisionado em educação infantil, contemplando os acadêmicos do curso de licenciatura plena em pedagogia do turno da noite da universidade do Estado do Pará na qual houve a participação efetiva de 100% (cem por cento) do publico alvo, promovendo sobretudo o dialogo entre a comunidade do entorno com a universidade, alcançando os objetivos das atividades propostas pelos pedagogos em formação. Considerações Finais A experiência demonstrou a efetividade do espaço da brinquedoteca enquanto possibilidade de ser campo de estágio para o Estágio Supervisionado em Educação Infantil, da Universidade do Estado do Pará. Assim, sugere-se que a experiência continue a ser desenvolvida em outros semestres do curso de Pedagogia. Referências BRASIL, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998. FIGUEIREDO, T. Organização do espaço pedagógico favorece realização de atividades. Revista do professor, Porto Alegre-RS: CPOEC LTDA, n.77, p.4-7, jan. /mar.2004. KISHIMOTO, Tizuco Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 2003. PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976. VYGOTSKY, Lev. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994. 346 A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NO CONTEXTO ESCOLAR Carla Fernanda Monteiro Soares UEPA [email protected] Mayara Suany Souza da Silva UEPA [email protected] Prof.ª Cassia Regina Rosa Venâncio UEPA [email protected] Prof. João Paulo Passos UEPA [email protected] Prof.ª Tânia Roberta Costa de Oliveira UEPA [email protected] Resumo: O presente artigo mostra os resultados da aplicaç~o do projeto “A utilizaç~o de materiais recicl|veis no contexto escolar”, em uma escola da rede privada localizada em Ananindeua/PA, cujo objetivo foi apontar um modo de despertar a conscientização ambiental nos alunos do 1º ano do Ensino Fundamental I, mostrando os impactos socioambientais do lixo acumulado e desperdiçado, e como reaproveitá-lo e reciclá-lo para confeccionar instrumentos musicais e brinquedos, enfatizando essa relação entre o homem e a natureza. O projeto baseou-se no enfoque construtivista, no qual o aluno é responsável pela construção de seu próprio conhecimento, e não um mero reprodutor daquilo que lhe é repassado. A metodologia aplicada mostrou-se eficaz, pois percebemos que os alunos puderam aprender e construir o seu conhecimento, pois os materiais que eles reciclaram foram utilizados na sala de aula de forma lúdica o que favoreceu essa construção do conhecimento, por tornar a aprendizagem significativa, já que tudo estava relacionada ao cotidiano deles. Palavras chaves: conscientização ambiental, lixo, materiais recicláveis, reaproveitamento. Introdução: Sabemos que o lixo traz muitas consequências à nossa vida como doenças e desastres ambientais. Portanto este artigo tem a finalidade de mostrar a necessidade de ensinar desde cedo as crianças a respeitarem a natureza, para darem ao lixo novas utilidades evitando descarta-lo no meio ambiente de forma inconsequente. 347 Por meio de estratégias lúdicas favorecemos a interação dos alunos conosco e uns com os outros, pois eles tornaram-se os protagonistas do desenvolvimento do projeto que possibilitou a construção deste artigo. Os alunos compreenderam que precisamos reduzir, reutilizar e reciclar o lixo, pois assim estaremos preservando e conservando o meio ambiente. Portanto é importante ensinar as crianças a pensarem o mundo e a compreenderem os processos naturais e culturais, ensinando-os a conservar e preservar o meio ambiente, educando-os na perspectiva de uma nova sociedade sustentável. Referencial Teórico: A infância é um período muito importante para a formação da personalidade dos indivíduos em todos os aspectos: psicológicos, físico-motor, emocional, social e essa “interaç~o social torna-se espaço de constituição e desenvolvimento da consciência do ser humano desde que nasce” (VYGOTSKI, apud PARÂMETROS DE QUALIDADE PARA A EDUCAÇÂO INFANTIL, 2008, p.14). A maior responsável pela promoção do desenvolvimento da criança como um todo é a educação infantil, pois o ensino nesta fase da vida do ser humano contribui para mudanças significativas nas presentes e futuras gerações. Por isso é necessário priorizar o trabalho de Educação Ambiental (EA) junto as crianças com o intuito de gerar mudanças de atitudes e hábitos dessa nova geração em relação ao meio ambiente. Considerado pelos Parâmetros de Qualidade para a Educação Infantil, enfatizando que “[...]a criança é um ser humano único, completo e, ao mesmo tempo, em crescimento e em desenvolvimento” (2008, p.14). Portanto desenvolver a educação com ênfase no meio ambiente como fundamental para a vida é necessário, pois a criança aprenderá que é preciso adotar atitudes e comportamentos que garantam uma boa relação de sua vida com o seu meio ambiente. Há varias concepções e ideias a respeito do conceito sobre educação ambiental, no entanto utilizaremos o que foi definido na Conferência de Tbilisi, Unesco, 1977 que diz que a Educação Ambiental: 348 É um processo contínuo no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência de seu ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os tornem aptos a agir individual e coletivamente - e resolver os problemas ambientais presentes e futuros (apud DIAS, 2002, p.66). Para que as crianças saibam utilizar os recursos naturais é necessário que sejam orientadas e ensinadas a cuidar e respeitar conscientemente os recursos que estão disponíveis para sua sobrevivência, pois a vida do planeta depende de cada um dos que nele vivem. Daí a necessidade da promoção da EA em todas as etapas da educação do ser humano como garante as legislações em vigor. Para Talamoni e Sampaio (2008) “a educaç~o ambiental é mediadora da apropriação, pelos sujeitos, das qualidades e capacidades necessárias à ação transformadora respons|vel diante do meio em que vive” (p.12). Portanto ela deve ser trabalhada em todas as disciplinas, principalmente contextualizada com a realidade do educando e com o cotidiano da escola. O processo de transformação e construção de uma boa relação humana com o meio ambiente onde vive e relaciona-se equivale a EA, ou seja, os sujeitos do meio devem sentir-se responsáveis e comprometidos com a sua vida e a do outro, resultando num processo de “apropriaç~o/transmiss~o crítica e transformadora da totalidade histórica e concreta da vida dos homens no ambiente” (TALAMONI E SAMPAIO, 2008, p.12). Considerando a EA nesta perspectiva educativa Dias (2002) relata que pondera em seu conceito moderno o meio ambiente como um todo que está presente em todas as pessoas independentemente da idade, dentro e fora do espaço escolar, de maneira contínua e sincronizada em suas realidades sociais, econômicas, culturais, políticas e ecológicas estimulando e orientando o educando para o exercício da cidadania. Sabemos que a EA sozinha não resolverá os graves problemas ambientais causados pelo mau uso dos recursos naturais pelo homem, mas ela é o caminho para a tomada de consciência e para as mudanças de atitudes e comportamentos em relação ao meio, do qual dependemos para sobreviver e permanecer no planeta Terra. Pois se não tivermos cuidado com os recursos naturais responsáveis pela vida no planeta Terra, corremos riscos de extinção, assim como já ocorreu com várias espécies que nele viviam. 349 Portanto é importante enfatizar a sensibilização com a percepção, interação, cuidado e respeito das crianças com a natureza e cultura destacando a diversidade dessa relação. Por isso também é fundamental que ao falar em EA , ressaltemos também o princípio dos 3R’s que trata de reduç~o (do uso de matérias-primas e energia e do desperdício nas fontes geradoras), da reutilização direta dos produtos, e da reciclagem de materiais, apresentados na Agenda 21. Este princípio segue esta hierarquia para causar menos impacto e evitar a geração de lixo descartado para a reciclagem, gerando uma proporcionalidade direta, pois consumindo menos geraremos menos lixo e consequentemente menos impacto socioambiental. A primeira e principal etapa do princípio dos 3R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) é a redução, esta consiste em ações que diminuam a geração de resíduos, tanto por meio da minimização na fonte, quanto pela redução do desperdício. A segunda etapa é a reutilização, esta pode ser implantada por meio de ações que possibilitam sua utilização para várias finalidades, otimizando ao máximo seu uso antes do descarte final, ou ainda, seu reenvio para o processo produtivo, buscando sua recolocação para o mesmo fim ou no mercado. A terceira etapa é a reciclagem, é um conjunto de técnicas que aproveitam os resíduos e os reutiliza no ciclo de produção do qual saíram. E os materiais que são lixo ou se tornariam, são separados, coletados e processados para serem usados como matéria prima na manufatura de novos produtos, onde reciclar é usar um determinado material para fazer outro. Metodologia O projeto foi desenvolvido com duas turmas do 1º ano do Fundamental I uma no turno da manhã e outra à tarde, no período de quatro dias, sendo dois para cada turma em dias alternados. No primeiro dia tivemos uma conversa inicial com as crianças, onde fizemos as seguintes perguntas “Que consequências o lixo traz para nossa vida?”, “O que é reciclagem?”, “Como reutilizar o lixo?” e “Como diminuir os efeitos causados pelo lixo?”, para saber o que sabiam sobre a tema lixo, para então começarmos a utilizar os recursos 350 feitos para aplicação do projeto em sala de aula. Após essa conversar mostramos alguns instrumentos feitos por nós com materiais recicláveis como o chocalho, o tambor, o pandeiro e o violão. Em seguida usamos o recurso do livrão feito com caixa de papelão e papel quarenta quilos, nele continha uma história criada por nós chamada “Mambi o defensor da natureza” que mostrava um grupo de animais (defensores da natureza) tentando conscientizar o jovem Tom a mudar seus maus hábitos e atitudes com relação ao meio ambiente, o que depois de muitas tentativas conseguem, e o jovem também se torna um defensor da natureza. No final do livro há uma paródia escrita por nós e cantada e tocada pelo personagem Tom para conscientizar outras pessoas e conseguir novos defensores da natureza. Finalizamos a história cantando a paródia ao som do violão feito com material reciclável e juntamente com as crianças. Depois de usarmos este recurso pedimos para a turma da manhã desenhar para nós a parte que mais gostaram da história, e para a turma da tarde uma atitude errada e uma boa com o meio ambiente. Para finalizarmos o primeiro dia de aplicaç~o do projeto passamos os vídeos “É preciso reciclar – Turma da Mônica; Vamos reciclar – Música – Clubinho salva vidas”, afim de fortalecer o que havíamos exposto verbalmente e visualmente para eles, tanto por meio da conversa inicial quanto pela contação da história. No segundo dia foi o dia da oficina, em que antecipadamente a professora da turma pediu que trouxessem alguns materiais recicláveis específicos para confeccionar ou um instrumento musical ou um brinquedo. Neste dia as turmas foram divididas em grupos, o grupo da boneca, do trem, da minhoca, do violão e do tambor de acordo com o que trouxeram. Então iniciamos a confecção dos brinquedos e instrumentos. Com este projeto foi possível verificar a potencialidade da criança como um agente multiplicador da educação ambiental, e o fundamental papel da escola como o principal ator na sua formação e na sua conscientização em relação as questões ambientais. 351 Discussão dos Dados: Ao chegar a escola fomos bem recebidas pela coordenadora da educação infantil, pela professora e pelos alunos da turma. Após chegar na sala e cumprimenta-los dissemos que faríamos a eles algumas perguntas para saber o que sabiam sobre o lixo e pedimos que levantasse a mão quem soubesse responder, no entanto ao fazer a primeira pergunta todos respondiam ao mesmo tempo, então resolvemos perguntas e ir um por um anotando a resposta. Na primeira pergunta “Que consequências o lixo traz para nossa vida?”, ficou perceptível que eles já tinham um conhecimento prévio maduro sobre o assunto, tanto que a aluno Tarsila respondeu dizendo: - “Traz a morte de animais pois quando é jogamos lixo no mar os animais comem pensamos que é alimento e morrem engasgados”, e isto nos impressionou por serem alunos com idade de seis anos. E de acordo com o que respondiam íamos acrescentando outros elementos que enriqueciam o conhecimento das crianças, como por exemplo no caso de enchentes, que ao jogar o lixo na rua por causar diversos danos que essa atitude errada pode gerar. A segunda pergunta era “O que é reciclagem?” e em síntese nos responderam que é usar o lixo para outras coisas, é reutilizar. E complementamos falando a respeito das lixeiras onde cada cor representa o material que deve ser depositado ali. No entanto a terceira pergunta “Como reutiliza o lixo?” complementou a anterior pois nesta eles nos exemplificaram a reutilização do lixo, para fazer chocalhos, carrinhos cm caixa de papelão e fosforo, além de artes com garrafas de plástico, contudo foi com esta pergunta que colhemos o mais inusitado depoimento da aluna Ana que disse “ No meu prédio temos um projeto de reutilizar caixas de leite para fazer brinquedos e dá para crianças que n~o tem e também usamos as caixas para desenhar e fazer arvores”, onde percebemos que quanto mais cedo forem ensinados melhor, assim poderão tomar atitudes conscientes e transformadoras para o meio ambiente, agindo como agentes multiplicadores que não tomam atitudes inconsequentes. Na quarta pergunta “Como diminuir os efeitos causados pelo lixo?”, eles responderam reciclando, coletando o lixo, tirando o lixo da rua e jogando na lixeira, 352 regando arvores, e a partir de então ressaltamos essa importância de agir pelo bem do meio ambiente, quando a aluna A1 disse: - “Ó tia você sabia que é errado pegar as sacolas do supermercado? A gente tem que levar a nossa própria sacola de casa para o supermercado”, e percebemos a import}ncia deste projeto. E a partir de ent~o começamos a falar para eles sobre os 3R’s que significam “reduzir, reutilizar e reciclar”. Para enfatizar a import}ncia de diminuir o consumo excessivo de reutilizar os materiais que temos em casa para fazer os instrumentos musicais por exemplo, e de reciclar seu lixo mesmo que não o utilize para outros fins, mas outras pessoas poderão utilizar. E o que foi coletado, foi reforçado pela história “Mambi: o defensor da natureza” da qual as crianças também queriam ser defensoras da natureza e pelos vídeos “É preciso reciclar- Turma da Monica; Vamos reciclar – Musica – Clubinho salva vidas”. Mas percebemos que apesar do entusiasmo deles neste primeiro dia, eles estavam muito ansiosos pelo dia da oficina em que eles trouxeram os materiais que reciclaram em casa para confeccionar um instrumento musical ou um brinquedo, e houve a contextualização do que havia sido exposto e aprendizagem deles pode torna-se significativa. Considerações Finais A Educação Ambiental é importante para a conscientização e formação das crianças e a sua aplicabilidade no ensino fundamental por meio de várias metodologias possibilita uma melhor compreensão e contextualização de prática pedagógica. O objetivo de conscientiza-los a respeito do meio ambiente teve êxito graças ao desenvolvimento de atividades em que reutilizamos diferentes materiais recicláveis na confecção dos recursos, mostrando que assim estávamos também cuidando e preservando o meio ambiente. No entanto para que aja uma educação ambiental consciente precisamos estimular o interesse dos alunos diariamente no contexto escolar desde cedo. Com dinâmica de ensino que reforcem que o homem modifica o meio em que vive para melhor ou pior de acordo com as suas escolhas, pois assim eles poderão agir como 353 agentes transformadores do espaço em que vivem de forma responsável e consciente, e não inconsequente. Referências MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, COORDENAÇÃO GERAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Dep. de Educ. Ambiental: Unesco. Vamos Cuidar do Brasil, Conceitos e práticas em educação ambiental na escola. Brasília, 2007. MENEZES, Cássia. Educação Ambiental: a criança como um agente multiplicador. São Caetano, 2012. MEDEIROS, A. et al. A Importância da educação ambiental na escola nas series iniciais. Revista Faculdade Montes Belos, v. 4, n. 1, set. 2011. BRASIL. Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil, vol. 1. Ministério da Educação Básica. Brasília 2008. KAUFMANN, Carine. A arte-educação contribuindo para a educação ambiental mediante a utilização de materiais alternativos/sucata no processo pedagógico. Unoesc & Ciência – ACHS, Joaçaba, v. 5, n. 1, p. 7-16. Jan/jun.2014. 354 ÁGUA: CAPTAÇAO DA AGUA DA CHUVA Francilene do Carmo Lira UEPA Vanessa Patricia Cardoso da Silva de Jesus UEPA [email protected] Cassia Regina Rosa Venâncio UEPA [email protected] João Paulo Passos UEPA [email protected] Tânia Roberta Costa de Oliveira UEPA [email protected] Resumo: Visando a necessidade de solução para suprir à falta de água no planeta a captação da água da chuva vem como uma alternativa, pois traz benefícios ao meio ambiente e é mais econômica, com a escassez da água ganhando proporção, é necessário conscientizar a todos. Sendo assim, o presente projeto se justifica na importância deste assunto ser empregado no ambiente escolar, pois há uma preocupação em criar uma nova geração mais consciente, visto que, se refere a uma alternativa mais viável e inteligente a água da chuva é um recurso disponível na maior parte das regiões do país. Com tudo o projeto visa ampliar os conhecimentos sobre tal solução e sua importância. Palavras-chaves: Água, captação da água da chuva, reutilização, escassez. Introdução A água e de fundamental importância para existência do ser humano e do ecossistema, no planeta cerca de 97% da água existente é salgada, 2% está congelada e somente 1% encontra-se disponível para a população que ainda assim tomam atitudes erradas quanto a preservação da mesma, como banhos demorados, lavar a calçada com mangueiras não controlando a saída da água, entre outros. 355 Visto que a escassez da água no mundo tem se intensificado é preciso que sejam desenvolvidos métodos de reaproveitamento como a captação da água da chuva, esta alternativa sustentável pode ser feita em residências particulares, edifícios, instalações comerciais, condomínios, indústrias, sítios, fazendas, casa de praia e edificações em geral. Este artigo tem como objetivo demonstrar que a conscientização da preservação da água deve ocorrer de dentro de casa se estendendo ao ambiente escolar, agindo nas novas gerações de forma interativa e prática, proporcionando aos alunos, novas alternativas de conservação da água potável, despertando assim uma consciência ambiental em cada aluno. Referencial Teórico Apesar de o Brasil possuir uma grande reserva de água doce, esta não é distribuída de forma igualitária, onde nem toda a população tem acesso à água potável. De acordo com Rebouças (águas doces no Brasil: escrituras, SP 2002). O Brasil é a potencia natural das águas, com 12% de toda água doce do planeta perfazendo 5,4 trilhões de metros cúbicos, mas é desigualmente distribuída: 72% na regia amazônica, 16% no centro-oeste, 8% no sul e no sudeste e 4% no nordeste. (2002). Uma das formas de se evitar a escassez de água no mundo é o aproveitamento da água da chuva. De acordo com Vanessa dos santos: Uma das formas de evitar a diminuição acentuada da disponibilidade de água potável é fazer o seu reuso ou o aproveitamento da água das chuvas que possui um grande potencial de reuso, mas acaba sendo desperdiçada por muitos. (Brasil escola 2015). É importante ressaltar que á água da chuva captada não pode ser usada como água potável, mas pode ser empregada em vários fins domésticos. Segundo Vanessa dos santos: A água das chuvas sem tratamento deve ser usada para fins não potáveis, ou seja, não deve ser ingerida. Vale destacar, no entanto, que, ao utilizar essa água para outros fins, mais água potável fica disponível, consequentemente, estaremos ajudando o próximo e o meio ambiente. 356 A água das chuvas pode ser reutilizada de várias maneiras, como para a irrigação de plantas, lavagem de calçadas, pisos, carros, entre outro. (Brasil escola 2015). É de fundamental importância a utilização da água de forma consciente evitando o desperdício, com a mudança de pequenos hábitos isso é possível. Segundo Wagner Cerqueira e Francisco (graduandos em geografia Brasil escola) Evitar o desperdício, cuidando dos vazamentos de água, e não lavar as calçadas utilizando água potável; Ao tomar banho, devemos desligar o chuveiro ao ensaboar, pois uma ducha chega a gastar mais de 16 litros de água por minuto. Todas essas mudanças de hábitos são pequenas, no entanto, geram grandes diferenças. Faça você a sua parte, contribua para a preservação do bem mais valioso da Terra. (Brasil escola 04/20015). Procedimentos Metodológicos Iniciamos com uma roda de conversa para saber o conhecimento prévio dos alunos, foram feitas algumas perguntas sendo elas, como chega à água na sua casa? Para que utilizam a água? Vocês acham que economizam água nessas atitudes? Vocês sabem o que é captação da água da chuva? Em seguida foi apresentado á turma uma maquete que demonstrava o sistema de captação da água da chuva e os locais onde essa água pode ser utilizada. Os alunos foram convidados a se aproximar da maquete para que observasse como ocorria o processo de captação da água, seu armazenamento e por fim como reutilizá-la. Foto 1 357 Foi proposto que os alunos fossem para uma área externa com o objetivo de construírem uma mini-horta, para isso foi explicado passo a passo como deveriam proceder, em seguida foi mostrado um captador de água e um irrigador feito de materiais recicláveis com objetivo de demonstrar de forma prática que a água da chuva pode ser captada e utilizada para regar as plantas, assim economizando á água potável que sai das torneiras. Como atividade final, foi proposta a construção de um painel que estava dividido em duas partes, atitudes certas e erradas sobre a preservação da água, para isso cada aluno foi convidado para ir à frente e dizer se a figura apresentada correspondia a uma atitude certa ou errada, depois deveria fixá-la no espaço adequado demonstrando assim o que foi apreendido. Foto 2 358 Foto 3 Resultados No início da atividade a turma foi bem receptiva, demonstraram interesse sobre o tema e responderam a todas as perguntas feitas. Em resposta as perguntas todos os alunos disseram que a água chega a casa pela torneira. Na pergunta referente à utilização da água os alunos falaram de atividades em que se pode utilizar a água, como para tomar banho, escovarem o dente, lavar o carro entre outros, sobre economia da água eles disseram que não sabem se são econômicos, mas que ao tomar banho cantam no chuveiro, ao escovar o dente deixa a torneira ligada. Na pergunta sobre o que eles sabiam em relação à captação de água da chuva 100% da turma não sabiam o que era captação de água. Com o auxilio da maquete foi possível observar que os alunos conseguiram entender como funciona o sistema de captação da água da chuva, sanando sua falta de conhecimento inicial sobre o processo e de forma visual puderam observar quais os fins em que pode ser utilizado à água captada. Com a atividade realizada na área externa na qual eles produziram uma horta e utilizaram o captador da água da chuva e o irrigador de forma pratica para regar a horta observou-se que eles compreenderam a importância de captar e armazenar água da chuva. 359 Finalizando com o painel de figuras na qual demonstrava atitudes certas e erradas em relação à preservação da água, com o objetivo de fixar o assunto os alunos de forma entusiasmada conseguiram identificar quando a atitude estava correta ou incorreta, demonstrando assim que compreenderam o assunto abordado. Considerações Finais Diante da possível falta de água potável que vivenciamos devido à poluição dos rios e o desperdício é necessário alternativas de captar, armazenar e reaproveitar toda água disponível, a água da chuva é um recurso natural presente na grande maioria das regiões tornando sua captação de grande importância. No âmbito da discussão proposta pelas mediadoras o presente projeto proporcionou aos alunos a conscientização que através de pequenas mudanças nos hábitos diários e o uso racional da água pode diminuir o risco dessa escassez. Referências SANTOS, Vanessa Sardinha Dos. "Aproveitamento da água das chuvas"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/biologia/aproveitamento-agua-daschuvas.htm>. Acesso em 06 de dezembro de 2015. REBOUÇAS, Aldo da Cunha “águas doces no Brasil”. Escrituras SP. 2002 :Acesso em 06 de dezembro de 2015. Wagner de Cerqueira e Francisco (graduandos em geografia). Disponível em: <http://laboratoriodibiologia.blogspot.com.br/2015/04/a-importancia-da-agua-para- os-seres.html>. Acesso em 06 de dezembro de 2015 360 AO ME MOVIMENTAR TAMBÉM APRENDO: PERCEBENDO A ARTICULAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS NATURAIS NOS MOVIMENTOS CORPORAIS Elisama dos Santos Almeida UEPA [email protected] Louise Rodrigues Campos UEPA [email protected] Tânia Roberta Costa de Oliveira UEPA [email protected] Resumo: O presente trabalho é resultado do desenvolvimento do projeto de pesquisa que teve como proposta o diálogo entre duas áreas do conhecimento: Educação Física e Ciências Naturais. Desse modo, a partir dos movimentos corporais desenvolveu-se um processo de ensino-aprendizagem de cunho interdisciplinar, contrário ao um ensino fragmento e distante da realidade do educando.Com isso, demonstrou-se a relação entre estas duas áreas do conhecimento e a importância destas não apenas a nível de conhecimento dos conteúdos em si, mas de uma aprendizagem significativa de tais conhecimentos, permitindo ao aluno situar-se enquanto sujeito social. O lócus da pesquisa foi uma instituição de ensino, pública, em Belém/PA, sendo os sujeitos da pesquisa alunos do 5º ano do ensino fundamental, com faixa etária de 10 a 12 anos. Utilizou-se metodologias fundamentadas na aprendizagem significativa, considerando-se os conhecimentos prévios dos alunos acerca dos assuntos explorados. Nesse contexto, por meio de diálogos com a turma – utilizando-se como técnica de pesquisa a roda de conversa – e do desenvolvimento de uma gincana de atividades físicas analisou-se como se deu o aprendizado dos educandos referente as temáticas abordadas, sendo possível constatar tal aprendizado a partir da construç~o dos portfólios “Aprender em Movimento” – recurso metodológico produzido pelos educandos. Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Educação Física. Movimento corporal. Introdução Neste artigo relata-se a importância da interdisciplinaridade para o processo de ensino-aprendizagem e a indispensável associação entre o conteúdo de cunho científico e os conceitos relevantes preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz, a fim de que ocorra a aprendizagem significativa, pois segundo a teoria de David Ausubel: Essencia do processo de aprendizagem significativa é que ideais simbolicamente expressas sejam relacionadas de maneira substantiva (não literal) e não arbitrária ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum aspecto de sua estrutura cognitiva especificamente relevante para a aprendizagem dessas ideias ( AUSUBEL, 1978, p.41) 361 Nesse sentido, atentando-se para o dinamismo que a aula da Educação Física pode proporcionar ao educando, por consistir em um momento no qual ocorrem jogos, brincadeiras, dentre outros, e tendo-se em vista sua importância não apenas para o desenvolvimento físico, como também mental do ser humano, trabalhou-se com esta área do conhecimento abordando-se conteúdos das áreas das Ciências Naturais. Diante disso, ressalta-se a importância de se articular as áreas do conhecimento a fim de desconstruir a ideia de fragmentação que por vezes é transmitida ao aluno, impossibilitando que o mesmo contemple uma educação cuja as áreas do conhecimento se complementem e se associem ao mundo do aprendiz. Desse modo, explanar a relevância do ensino de Ciências Naturais e Educação física, relacionando estas duas áreas do conhecimento, a partir dos movimentos corporais consiste no objetivo deste trabalho. Referente a isso, acredita-se que ensinar não é transferir conhecimento, e sim possibilitar ao educando a construir conhecimento. Por isso, compreende-se como relevante suscitar a curiosidade, proporcionar a liberdade para descobrir, podendo-se observar na vivência diária o que é ensinado em sala de aula e com isso explicar situações do cotidiano a partir de conhecimentos científicos. Na obra Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire discorre sobre a importância de compreender e viver a liberdade na construção do conhecimento: é preciso insistir: este saber necessário ao professor- que ensinar não é transferir conhecimento- não apenas precisa de ser apreendido por ele e pelos educandos nas suas razões- ontológica, política, ética, epstemológica e pedagógica, mas também precisa de ser constantemenre testemunhado, vivido. (FREIRE, 1996, p.47) Dessa forma, o trabalho desenvolvido buscou evidenciar o quanto o movimento corporal é imprescindível no processo de aprendizagem no ensino fundamental, e como o mesmo pode ser potencializado se for abordado interdisciplinarmente, como por exemplo integrado à área de Ciências Naturais, visto que segundo Batista Freire: Não se passa do mundo concreto a representação mental se não por intermédio da ação corporal. A criança transforma em símbolos aquilo 362 que pode experiênciar corporalmente: o que ela vê, cheira, pega, chuta, aquilo de que corre e assim por diante. (FREIRE, 2009, p.75) Justificativa O desenvolvimento do projeto que deu origem a este trabalho decorreu da observação referente à falta de conexão entre os conteúdos ministrados no âmbito escolar e à falta de associação destes com o cotidiano do educando, de modo que ao observar-se o ensino de Educação Física vê-se esta área limitada a um momento apenas recreativo. Objetivos A partir desta proposta de cunho interdisciplinar, buscou-se propiciar aos educandos a compreensão destes acerca do funcionamento do seu corpo e de aspectos que influenciam o mesmo, como por exemplo força e velocidade, entendendo-se a importância de uma educação que trabalhe as áreas de conhecimento integrada, proporcionando ao educando de forma compreender-se no mundo em que está inserido. Com isso, vê-se a importância do ensino de Educação Física e Ciências Naturais para a compreensão de situações do cotidiano, de modo que a abordagem dos assuntos ocorra de forma significativa. Referencial Teórico Educação Física: corpo e movimento A problemática de um ensino cujo os conteúdos são ministrados de modo desarticulado aponta para a necessidade de um ensino de cunho interdisciplinar que segundo (FAZENDA, 1995) condiz com a prática da reflexão, da construção, da busca. Nesse sentido, propõe-se a Educação Física como uma das áreas em que pode-se desenvolver tal ensino interdisciplinar, visto a presença de conteúdos das Ciências Naturais no desenvolvimento de atividades físicas. 363 Mediante a isso, considera-se que a Educação Física tem sua contribuição no processo de formação do indivíduo não apenas no aspecto técnico de aptidão física, mas ao permitir que o aluno aprenda a lidar com o funcionamento do seu corpo (energia, alimentação, doenças, bem-estar, entre outros). Como ressalta Freire (2009, p. 77), em sua obra Educaç~o de corpo inteiro: “No meu entender, a Educaç~o Física n~o é apenas educação do ou pelo movimento: é educação de corpo inteiro, entendendo-se, por isso, um corpo em relaç~o com outros corpos e objetos no espaço.” De acordo com isso, o projeto contemplou os movimentos corporais, baseando-se nos PCN’s de Educaç~o Física: O trabalho na área da Educação Física tem seus fundamentos nas concepções de corpo e movimento. Ou, dito de outro modo, a natureza do trabalho desenvolvido nessa área tem íntima relação com a compreensão que se tem desses dois conceitos. (BRASIL, 1997, p. 22) Ainda sobre os movimentos, Freire discorre sobre como os mesmos contribuem para o desenvolvimento de outras aptidões, como intelectuais e sociais. todos os movimentos produzidos num certo nível podem e devem servir de base para outras aquisições mais elaboradas. Assim, através dos movimentos aprendidos, se atingiriam outros, mais difíceis, ou aquisições não motoras, por exemplo, as intelectuais e as sociais. (FREIRE, 2009, p. 77) Considerando essa perspectiva, os PCN’s de Educaç~o Física afirmam ser uma necessidade básica para todo o indivíduo a prática de exercícios físicos: O lazer e a disponibilidade de espaços públicos para atividades lúdicas e esportivas são necessidades básicas e, por isso, direito dos cidadãos. Os alunos podem compreender que os esportes e as demais atividades corporais não devem ser privilégio apenas dos esportistas profissionais ou das pessoas em condições de pagar por academias e clubes. Dar valor a essas atividades e reivindicar o acesso a elas para todos é um posicionamento que pode ser adotado a partir dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação Física. (BRASIL, 1997, p. 25) Concernente a isso, vê-se que as atividades corporais não estão restritas a esportistas, elas são essenciais para o desenvolvimento do sujeito não apenas no sentido fisiológico, mas mental e social, visto que a partir dos movimentos os indivíduos interagem entre si. 364 Ciências Naturais: por uma abordagem contextualizada O aspecto social passa ser mais levado em consideração, a partir de uma nova perspectiva que vem sendo estabelecida. Por isso acreditasse no desenvolvimento de atividades físicas com os alunos, relacionando-as com os conteúdos de Ciências Naturais e com o contexto social, visto a importância dos alunos compreenderem situações de seu dia-a-dia. Referente a isso, Fumagalli (1998) contempla três pontos principais quanto ao ensino de Ciências no nível fundamental: o direito de aprender ciências, o qual as crianças detém, quanto à posição destes, de integrantes da sociedade e que sabem dar significado ao mundo em que estão inseridos; a obrigatoriedade da escola fundamental de promover o conhecimento científico de modo adequado; e o valor social do conhecimento científico, o qual deve possibilitar a formação de sujeitos críticos e conscientes de suas ações. Tal perspectiva condiz com o exposto nos PCN´s de Ciências Naturais, no qual situa que esta: [...] pode contribuir para o questionamento do que se vê e ouve, para a ampliação das explicações acerca dos fenômenos da natureza, para a compreensão e valoração dos modos de intervir na natureza e de utilizar seus recursos, para a compreensão dos recursos tecnológicos que realizam essas mediações, para a reflexão sobre questões éticas implícitas nas relações entre Ciência, Sociedade e Tecnologia (BRASIL, 1997, p. 24). Nesse sentido, é curioso notar que apesar de estar presente nos currículos escolares a temática do corpo humano é abordada de forma estritamente teórica, como demonstrado por exemplo demonstrado na reportagem: “Corpo Humano: novo manual de instruções” da Revista Veja (2009), na qual pontua-se que no aprendizado sobre o coração ocorre apenas informações meramente técnicas, corretas, porém, desprovidas de contexto: o coração é um órgão oco, composto por quatro cavidades [...]. Acerca disso, percebe-se que não ocorre a contextualização das informações, sendo esta de extrema importância, como pontua a bióloga Regina Pekelmann Markus, do Instituto de Biociências da USP: “A informaç~o se torna interessante, sobretudo se for relacionada a um contexto.” 365 Dessa forma, considera-se o ensino de Ciências condizente com as questões enfrentadas na sociedade, como apontam Fracalanza, Amaral e Gouveia (1986), os quais afirmam que o ensino de ciências deve auxiliar para o desenvolvimento do pensamento lógico, de habilidades, como: observar, comunicar, refletir, dentre outras. Assim, é essencial que ao longo do processo de ensino-aprendizagem possa ser compreendido que a partir de uma abordagem da Educação Física nesse caso, a prática de exercícios físicos não é apenas um fator estético, como também, primordialmente, uma questão de saúde, e nesse ponto os conhecimentos das áreas de Ciências Naturais são fundamentais. Por isso, observa-se a importância da interdisciplinaridade quanto ao processo de ensino-aprendizagem, demonstrando-se nesse caso, a relação entre Ciências Naturais e Educação Física, a respeito do movimento corporal, visto a importância destas áreas não apenas a nível de conhecimento dos conteúdos em si, mas de uma aprendizagem significativa de tais conhecimentos, permitindo ao aluno situar-se enquanto sujeito social. Educação física e ciências naturais: um diálogo possível A presente proposta interdisciplinar, entre o ensino de Educação Física e o de Ciências naturais, é de extrema relevância para a aprendizagem do educando, visto que o conhecimento se dá de forma global. Por isso, não trata-se de uma mera junção de diferentes áreas do conhecimento, mas de redes de relações entre os assuntos abordados na escola e o mundo. Diante disso, o movimentar-se humano constitui-se como objeto de estudo, o qual viabiliza a aplicabilidade dos assuntos explorados em sala de aula. Dessa forma, a compreensão do educando acerca do seu corpo e do movimento deste, ocorre de forma concreta, a partir da experiência de situações discutidas em sala e, em seguida, vivenciadas durante a realização de atividades físicas. Desse modo, atividades realizadas durante a aula de Educação Física – como correr, pular, se equilibrar, dentre outras – estão intrinsicamente relacionadas com conhecimentos abordados nas aulas de Ciências Naturais, como por exemplo força, energia, velocidade, reposição e perda de nutrientes, frequência cardíaca, tecidos musculares e ósseos. 366 Nesse sentido, os movimentos corporais demonstram a possibilidade do diálogo entre as duas áreas relacionadas no presente trabalho, de modo que ao realizar uma atividade – como por exemplo correr – o próprio educando consiga relacionar este momento ao que foi visto durante a aula de Ciências, como a necessidade das células requerem maior quantidade de oxigênio, ao iniciar-se um movimento, a exemplo da corrida. Em vista disso, vê-se a importância do educando conseguir relacionar os conhecimentos desenvolvidos no âmbito escolar com situações que ele também vivencia fora da escola, visto que o processo de ensino-aprendizagem deve ocorrer de forma crítica, permitindo ao educando compreender a si mesmo e sua relação com o mundo, como pontua Freire (1996, p. 28) acerca de uma educação participativa e crítica do sujeito: A nossa capacidade de aprender, de que decorre a de ensinar, sugere ou, mais do que isso, implica a nossa habilidade de apreender a substantividade do objeto aprendido. A memorização mecânica do perfil do objeto não é aprendizado verdadeiro do objeto ou do conteúdo. Neste caso, o aprendiz funciona muito mais como paciente da transferência do objeto ou do conteúdo do que como sujeito crítico, epistemologicamente curioso, que constrói o conhecimento do objeto ou participa de sua construção. Com isso, o equívoco de desenvolver uma aula de Educação Física apenas como extensão do recreio passa a ser desconstruída, de modo que este campo de conhecimento demonstra-se com fundamental importância para que ocorra a formação global do educando. Nesse sentido, não se trata apenas do corpo em seus aspectos fisiológicos e técnicos, como também “as dimensões cultural, social, política e afetiva, presentes no corpo vivo, isto é, no corpo das pessoas, que interagem e se movimentam como sujeitos sociais e como cidad~os.” (BRASIL, 1997, p. 22). Metodologia O estudo teve como lócus uma instituição de ensino, pública, em Belém/PA. Os sujeitos da pesquisa foram alunos do 5º ano do ensino fundamental, com faixa etária de 367 10 a 12 anos. Utilizou-se metodologias fundamentadas na aprendizagem significativa, considerando-se os conhecimentos prévios dos alunos acerca dos assuntos explorados. Optou-se por pesquisa qualitativa, visto que segundo Teixeira (2014, p. 137) que “na pesquisa qualitativa o pesquisador procura reduzir a dist}ncia entre a teoria e os dados, entre o contexto e a ação, usando a lógica da análise fenomenológica, isto é, da compreensão dos fenômenos pela sua descrição e interpretaç~o.” Como técnica utilizouse a roda de conversa, a qual foi direcionada por questionamentos referentes ao funcionamento do corpo humano, quanto à prática de exercícios físicos. Em seguida, foi realizada uma gincana com atividades físicas na quadra esportiva da escola. Já no terceiro momento, ocorreu a socialização, a fim de averiguar-se os conhecimentos desenvolvidos após a realização das atividades. Após tal averiguação, ocorreu a produç~o de três portfólios, denominados “aprender em movimento”, visto que “o portfólio é também reconhecido como um registro do processo de aprendizagem que permite descrever e documentar diversas capacidades e a competência da criança” (PARENTE, 2004, p.56). Para a construção dos referidos portfólios, a turma foi divida em três grupos, para os quais foram entregues revistas e fotos da turma tiradas durante o momento da gincana. Cada portfólio continha as perguntas desenvolvidas do momento de diálogo inicial com a turma. Desse modo, os educandos foram orientados a comentar as fotos a partir do que haviam entendido dos assuntos abordados e a pesquisar imagens nas revistas referentes a tais assuntos, a fim de responder as perguntas do portfólio, por meio da escrita ou de desenhos. Por fim, após construídos os portfólios, ocorreu um diálogo com a turma sobre as respostas elaboradas nos mesmos, analisando-se com a turma o que havia sido aprendido. 368 Resultados Os dados coletados foram analisados sob embasamento teórico, sendo este necessário para validar a pesquisa, considerando-se que é preciso articular teoria e prática, tendo-se em vista que: a ciência [...] não se reduz a um mero levantamento e exposição de fatos ou a uma coleção de dados. Estes precisam ser articulados mediante uma leitura teórica. Só a teoria pode caracterizar como científicos os dados empíricos. Mas em compensação, ela só gera ciência se estiver articulando dados empíricos. (SEVERINO, 2007, P. 126). Dessa forma, por meio da análise dos resultados obtidos constatou-se uma significativa mudança nas respostas elaboradas pelos educandos. Na roda de conversa, realizada inicialmente com a turma, as respostas dos aprendizes aos questionamentos suscitados se apresentaram de forma desestruturada, notando-se a carência de um vocabulário que conseguisse transmitir a mensagem desejada. Percebeu-se que os estudantes possuíam conhecimentos acerca dos assuntos abordados, porém eram voltados ao senso comum, ocorrendo certos equívocos, como ilustra a afirmação de um dos educandos: “correr muito r|pido faz mal para o coraç~o.” Após a vivência proporcionada pela roda de conversa, pela gincana e pela produção dos portfólios, os aprendizes conseguiram organizar os conhecimentos previamente estabelecidos, elaborando respostas estruturadas de cunho científico acerca das curiosidades presentes no diálogo inicial. O quadro abaixo, contendo as perguntas e respostas elencadas nos portfólios ilustra o processo de organização dos conhecimentos construídos pelos educandos. Curiosidades Conhecimentos prévios Organização dos Conhecimentos Por que é necessário “Pra n~o ficar todo dolorido” “Alongar é muito importante para se alongar antes de “Pra esticar um negócio” esticar as fibras musculares.” fazer atividade física? 369 Você ligação sabe qual entre movimento a “Sim, tem a ver, mas n~o sei “A ligaç~o entre força, movimento e força, porque.” e velocidade acontece porque só há velocidade se tiver movimento. E para velocidade? existir velocidade deve ser aplicado uma força.” Qual a importância de “Pra perder caloria.” “Para equilibrar a temperatura do nosso suar? corpo.” Com as repostas, demonstradas no quadro acima, vê-se como as atividades desenvolvidas ao longo do projeto influenciaram os conhecimentos demonstrados pelos educandos, não apenas no âmbito teórico e cognitivo, estendendo-se para situações do dia a dia. Nota-se então, a importância de uma educação que não se dê pela imposição, mas pela troca de saberes entre educador e educando, como pontua o seguinte teórico: O conteúdo programático da educação não é uma doação ou imposição – um conjunto de informes a ser depositado nos educandos – mas a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada. (FREIRE, 1988, P. 84) É válido ressaltar que um dos fatores que influenciaram estes resultados foi proporcionar aos educandos momentos que demonstram de forma concreta o que foi dialogado na roda de conversa como o alongamento, o cabo de guerra, o circuito e a bandeirinha. As atividades além de dinamizar o processo de ensino aprendizagem tornando-o prazeroso para educador e educando também constituíram-se como um instrumento de significação para os aprendizes, pois para conceituar força, por exemplo, os alunos lembravam da brincadeira do cabo de guerra, durante a gincana eles solicitaram a hora do lanche afirmando sobre a importância da alimentação para repor os nutrientes que o corpo necessita. Em virtude disso, notou-se a necessidade e a relevância de desenvolver-se um processo de ensino-aprendizagem não apenas restrito ao aspecto teórico, pois a partir das respostas dos educandos após a realização deste projeto percebeu-se que os 370 assuntos não apenas explicados, mas dialogados com a turma e praticados pela mesma conferiram significado ao que foi abordado, trabalhando-se assim o simbólico e o concreto, como ressalta Batista Freire em sua obra Educação de corpo inteiro: Por um lado, temos a atividade simbólica, isto é, as representações mentais (a atividade mais solicitada pela escola). Por outro, temos o mundo concreto, real, com o qual se relaciona o sujeito. Ligando-os, está a atividade corporal. ( 2009, p. 75) Considerações Finais Constatou-se que a articulação entre Educação Física e Ciências Naturais ajuda na compreensão de situações do cotidiano. Assim, a relevância do projeto deu-se pelo fato de ocorrer a compreensão de tais situações por meio da Educação Física e das Ciências Naturais, de modo que a abordagem dos assuntos ocorra de forma significativa ao educando. Portanto, entende-se a importância de uma educação que trabalhe as áreas de conhecimento de forma integrada, proporcionando ao educando compreender a importância da ciência para esclarecer curiosidades sobre si mesmo e o mundo no qual está inserido. Referências AUSUBEL, D. P., NOVAK, J.D. & HANESIAN, H. Educational psychology: a cognitive view. 2 ed. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1978. 733p. BRASIL, Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL, Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997. FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: História, Teoria e Pesquisa. 2 ed. Campinas: Papirus, 1995. FRACALANZA, H.; AMARAL, I. 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O tipo da pesquisa é de aproximação etnográfica. Os instrumentos utilizados na pesquisa são a observação e a entrevista focalizada, ao qual os dados serão recolhidos em virtude do tema. A observação será, participante natural. Ao qual como pesquisador procurarei observar a relação que o aluno surdo obtém no âmbito escolar, ao qual para isso tentarei conquistar a confiança do professor e dos alunos surdos e ouvintes para poder concretizar a observação. Os sujeitos entrevistados na pesquisa serão 4 alunos surdos da rede básica de ensino. Este estudo se propõe a investigar a relação Professor X Aluno e Aluno Surdo X Aluno Ouvinte, na Escola Municipal Guilherme Mártires, na cidade de santa Isabel do Pará, entre os anos de 2015 a 2016. Palavras chaves: Dialogismo; Educação de surdos; Língua de sinais. Introdução Sabemos que é dever de toda e qualquer criança adentrar na rede básica de educação, possuindo ou não deficiência, porém com a sociedade que vivemos há um enorme preconceito de pais de alunos “normais” com crianças deficientes, muitos n~o querem que seus filhos se relacionem com esses alunos devido possuírem um pensamento de que eles podem apresentar uma forma de vida agressiva. Com os alunos surdos não é diferente, muitos pensam que os surdos não possuem relação social e até mesmo acreditam que são perturbados. Justificativa Com análises relacionadas a pessoas surdas, observa-se diversas dificuldades apresentadas pelos deficientes auditivos na rede básica de ensino, sendo uma delas a relação com os demais educandos e educadores ouvintes. Por isso, decidi estudar a comunicação entre alunos ouvintes e surdos(as), mesmo sabendo que a Língua Brasileira de Sinais não está totalmente em vigor na sociedade e nas escolas, procurar 373 identificar as maneiras de que a escola propõe a esses alunos sua adequação do ensino sem qualquer interferência. Com este estudo, a sociedade e a academia, poderão notar que a pessoa surda possui um excelente convívio desde a educação básica, não terá problema algum de chegar ao nível superior e conquistar seu espaço sem que pense que é uma pessoa “incapaz” ou uma pessoa “agressiva”, ao invés desse pensamento chegaremos a total certeza que não somente a rede básica e superior são para todos e sim o mundo. Esta pesquisa vem mencionar que acima de qualquer deficiência é possível a relação ao ser humano com o outro. Objetivos Compreender o processo de relação e comunicação do aluno surdo com os alunos ouvintes e seus professores no ambiente escolar. Identificar e analisar as relações que ocorrem no ambiente escolar. Investigar em que essas relações influem na inclusão do aluno(a) surdo(a) na instituição de ensino. Referencial Teórico Para adentrarmos na relação do aluno(a) surdo(a) na rede de ensino devemos, possuir a noção que para este aluno(a) surdo(a) para adentrar na escola, ela deverá porta-se do plano da inclusão. Como poderá estudar um educando sem que a rede de ensino disponha essa inclusão? No entanto, o que é inclusão? Alguns autores descrevem a inclusão como um meio de integração de certa pessoa em um determinado lugar ou na sociedade em geral. Um deficiente na escola, um homossexual na sociedade...No caso da pessoa surda a escola deve porta-se de mecanismos pedagógicos para incluir esse aluno(a) em seu âmbito escolar, por muita das vezes não existe a inclusão escolar, mas sim exclusão. Stainback (1999, p.21) descreve “a exclus~o na escola lança semente de descontentamento e de discriminaç~o social”. A autora é bem clara neste assunto de excluir o aluno(a), isso afetará seu aprendizado e principalmente seus sentimentos. 374 Porém sabemos que não são todos centros de educação que disponibilizam a inclusão, por isso, muitos desistem de ir para a escola, perdem o não letivo e sentem-se desprezados. Sem as práticas pedagógicas e com a lei de que nenhuma rede de ensino pode recusar um aluno(a) deficiente, as escolas recebem esses de “m~os atadas”, sem saber o que fazer, perfazendo assim a exclusão dos mesmos. Porém já é dever de toda instituição de ensino adaptar-se para receber deficientes, seja surdo, deficiente físico, pois é dever de toda criança estudar. A autora em seu livro menciona como através da educação os alunos podem preparar-se para a vida social, educando alunos deficientes com alunos “normais”, os alunos deficientes tem oportunidade de preparar-se para a vida social, com a prática de ensino aprendizagem para todos, os educadores melhoram suas habilidades profissionais e a sociedade toma a decisão de funcionar de acordo com o valor social. Todos os alunos, precisam da relação professor aluno e aluno-aluno para o funcionamento de suas habilidades sociais. (STAINBACK 1999, p.21). Stainback (1999), nos mostra que para um convívio social não basta somente a inclusão, mas é preciso vivenciá-la, relacionar-se com os outros. Neste caso é dever tanto do aluno(a) surdo(a), tanto do educador e dos alunos ouvintes, procurar interagir uns com os outros para melhor convívio e aprendizagem e mostrar a sociedade que é possível esta relação. Para a construção de um ensino de qualidade a rede escolar não pode caminhar sozinha, precisa-se do outro para a adequaç~o do ensino. Para Buber (2012) “a palavraprincípio EU- TU fundamenta o mundo da relaç~o”. N~o existe somente o EU, principalmente no âmbito escolar, necessita-se da relação Professor x Aluno e Aluno x Aluno para uma melhor relação e troca de experiências. Pelo motivo do individualismo humano, muitos surdos esquivam-se do ensino escolar, não obtendo o TU e observando que o Eu dos ouvintes prevalece, tornando uma falta de diálogo entre alunos ouvintes x alunos surdos e até mesmo alunos surdos x professores ouvintes. “A relaç~o pode perdurar mesmo quando o homem a quem Tu não o percebe em sua experiência, pois o TU é mais do que aquilo de que o isso possa estar 375 ciente. O TU é mais operante acontece-lhe mais do que aquilo que o isso possa saber.” (BUBER, 2012, p.56). Luz descreve a aparição do ser humano na sociedade independentemente de suas condições pessoais. Enfatiza que a aparição é mais relevante do que a presença em determinado lugar, “é ter a existência reconhecida, n~o só a presença corporal”. (LUZ, 2013, p. 34). Não importa se esta somente pressente em um determinado lugar, mas precisa-se ser reconhecido por algum motivo. Ao tratar-se da relação do aluno surdo com professores e alunos ouvintes no âmbito escolar, percebe-se muita das vezes que a aparição do surdo no ressinto escolar é desprezível. Para muitos professores não vale a existência reconhecida, mas sim a presença, para ele tanto faz o aluno está na sala de aula, sendo que não importam se em quando ensinam terá ou não acréscimo na aprendizagem do surdo. Brown (1954 apud STAINBACK, 1999, p.24) declarou claramente que a educaç~o especial “pode gerar um sentimento de inferioridade com { situaç~o social. Pode afetar suas mentes. A sensação de inferioridade afeta a motivação da criança para aprender e tem uma tendência a retardar o desenvolvimento educacional e mental”. Stainback e Brown (1999), apresentam à sociedade que o indivíduo deficiente é capaz de interagir com alunos “normais”, onde a rede de ensino própria para eles sem relação com os demais, poderá afetar sua mente emocionalmente e seu aprendizado. Os alunos deficientes sem relação com os demais alunos sem deficiência não serão preparados para uma vida integrada, devido sempre sentirem-se “diferentes. De acordo com esses fatos, é de extrema importância que a inclusão escolar seja proferida de pr|tica e n~o de nome, atribuindo relaç~o “deficiente-normal” e “deficiente”- professor para uma melhor aprendizagem, pois ao longo do tempo, educadores ouvintes tem definido e determinado que a educação de surdos tem que ser pensada e efetivada em escolas especiais, mas não por outro motivo senão pela interpretação de que a surdez é uma deficiência que deve ser tratada junto a outras deficiências ou seja, no âmbito da educação especial. No entanto, este é um debate significativo sobre a educação de surdos. (SKLIAR, 1999, p. 62). 376 Skliar nos mostra a determinação de educadores para relacionar com esses alunos, propondo que os mesmos sejam educados em escolas especiais. O autor menciona que “n~o é um debate significativo”, pois aborda que é uma extrema ignorância a respeito da educação do surdo em escolas especiais, ou seja, o ambiente escolar é para todos e o surdo(a) poderá sim conviver na escola regular e não segregados. Renato Luz (2013), nos mostra que a aparição não pode ser forçada, ela se dá por meio de seus atos. Um professor ouvinte para se relacionar com alunos surdos, precisa de uma aparição natural para chamar a atenção de seus educandos, ensinar de uma forma diferente para obter um ensino qualitativo, perfazendo uma aparição no convívio escolar. O autor enfatiza a comunicação humana através do idioma, é através do ato de se comunicar que a humanidade eleva sua aparição, entendem-se uns com os outros, o conhecimento de uma língua desperta o interesse do outro para com aquele que o possui, porém, muitos não aceitam e recusam-se a aceitar a aparição do que possui uma língua diferente, neste caso, tratamos da comunicação e da relação entre professores e alunos ouvintes para com alunos surdos. Aparição é agir não por pragmatismo, nem por fim externo. É viver o gesto que possibilita o acontecimento de si próprio, é ser no mundo de modo desprendido. É na experiência horizontal da igualdade entre Outros que podemos viver como reais os traços que nos caracterizam enquanto seres humanos. Quem aparece verticalmente, apresentando seu ser em campo humano horizontal, como pessoa digna no meio de outras tomadas como iguais: aparecer é estar simbolicamente de pé na presença de Outros. Aparição é acontecimento horizontal entre pessoas, que por viverem a igualdade política, revelam-se mutuamente, mostram-se para além das aparências. (LUZ, 2013, p. 45). Skliar (2010) relata que “cada vez mais surgem testemunhos de surdos que se referem ao seu passado e invocam imagens ligadas ao fato de se verem como estrangeiros exilados”. (p.27). Com estes testemunhos o autor abomina o }mbito escolar especializado para surdos, onde sentiam-se “estrangeiros exilados”, por n~o proferir relação com os que não tinham deficiência auditivo. 377 Uma “escola pautada numa política da diferença”, est| inserida dm um padr~o social sem diferenças no processo de aprendizagem entre alunos surdos e ouvintes. A discussão sobre inclusão pode parecer insensata, principalmente porque a opini~o corrente é de que esta é uma estratégia “politicamente correta”, mas, tal questionamento é necessário para que seja pensada e viabilizada uma escola pautada numa política da diferença (ou para a diferença), de modo a que sejam concretizados processos de aprendizagem significativos e eficazes. Tal questão diz respeito à escola no contexto da educação, e, refere-se à outra dimensão quanto à participação dos surdos no processo de aprendizagem. (SÁ, 2002, p. 359). A dor de sentir-se diferente é desagradável, incomoda e gera desinteresse pelo aprendizado, “o complexo da diferença doía muito; eu vivia com uma pedra no coração, causando uma sensaç~o de que algo preso estava dentro de mim” (NEMBRI, 2008, p.73). O autor descreve a dor de sentir-se na escola da rede básica de ensino no Rio de Janeiro, o começo letivo para ele não foi fácil, pois saiu do Instituto Nacional de estudantes Surdos e foi para a escola regular. A relação com os demais era nula, as aulas desgastantes devido “ouvir com os olhos”, pois n~o tinha profissionais qualificados para ele. Com o passar do tempo, afirma que não mais era um estranho e a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa começavam a conciliar-se, com esta conciliação iniciava as relações com os demais alunos ditos “normais” e com os professores ouvintes. É através de narrativas que alunos surdos conseguem aparecer no convívio escolar, transpassando para os outros sua identidade, cultura e língua. Narrativas que para Renato Luz é a forma de se comunicar com o outro, através da língua, de uma pintura, do cotidiano. Com as narrativas dos alunos surdos pode alavancar o interesse de alunos ouvintes e dos professores em conhecer e relacionar-se com eles, trocando informações, saberes, “h| narrativa que quer revelaç~o humana, narrativa que de comunicante quer se tornar comunicada”. (LUZ, 2013, p. 65). Para Nembri (2008) “ser surdo num mundo ouvinte é procurar caminhos de inserç~o e de aceitaç~o, compreendendo que todos somos partes desiguais”. O autor enfatiza que mesmo diante dificuldades, nós seres humanos devemos compreender 378 nossas diferenças e termos a certeza que com ou sem “deficiência” somos capazes de nos relacionarmos uns com os outros, basta aceitarmos as narrativas dos outros. Metodologia A metodologia está sendo aplicada em uma escola da rede básica de ensino no município de santa Isabel do Pará, para obter informações sobre a relação do aluno surdo na escola com professores e alunos ouvintes. O instrumento de pesquisa é a observação desses alunos e como se dá a comunicação dos mesmos e se o surdo obtém ou não a aparição ideal citada acima, ou se os demais não os sentem, ignoram. O projeto vincula através de entrevistas dos professores e dos alunos ouvintes e surdos para identificar o ensino e aprendizagem escolar. Considerações Finais Com isso, o projeto em andamento procura entender como se dá a relação do aluno surdo no convívio escolar. Precisa comprovar que não depende somente do surdo, mas de todo corpo escolar para se obter uma educação de qualidade sem questionar às diferenças entre os alunos ouvintes e professores para com os surdos, obtendo diálogo, aparição, obtendo dados a partir de observações e entrevistas. Referências BUBER, M. Eu e Tu. Tradução, introdução e notas de Newton Aquiles Von Zuben. 10a ed. Revista. São Paulo, Centauro, 2012. LUZ, Renato Dente. Cenas surdas: os surdos terão lugar no coração do mundo? São Paulo: Parábola, 2013. 379 ENERGIA EÓLICA: VENTOS PARA UM FUTURO MELHOR Diellem Maria Sena Corrêa UEPA [email protected] Maria Carolina Vaz Lobato, UEPA [email protected] Prof José Carvalho UEPA [email protected] Prof Penn Lee Rodrigues UEPA [email protected] Prof Tânia Roberta Oliveira UEPA [email protected] Resumo: A energia Eólica é uma fonte alternativa de geração de energia elétrica renovável e inesgotável que diminui os gases poluentes. Levando em consideração que o Brasil possui um elevado potencial Eólico, optamos por explorar junto as crianças esta forma de energia, através do presente projeto. Pensamos assim que no contexto em que vivemos é notável o aumento do aquecimento global, por isso é importante levantar a discursão sobre o assunto em questão. Com isso, o presente trabalho de pesquisa, teve car|ter de aplicaç~o em ambiente escolar com o tema: “ Energia Eólica: ventos para um futuro melhor”, com o objetivo de oportunizar a discuss~o e o aprofundamento teórico adquirindo conhecimento sobre as fontes para a geração de energia elétrica com ênfase na energia Eólica. Palavras-chave: Aquecimento Global, Fontes de energia, energia Eólica, Introdução Muito se tem discutido, recentemente, acerca do aquecimento global e se nada for feito, ele trará consequências catastróficas para a biodiversidade e para o ser humano. Visto isso, optamos por apresentar o contexto de aquecimento global e fontes de energia renováveis e não renováveis para alunos do fundamental um. Temos como objetivo final mostrar aos alunos fontes de energia limpa destacando a energia Eólica como uma alternativa de geração de energia elétrica. O Brasil possui um dos maiores potenciais para aproveitamento Eólico em todo o mundo, já comprovado em diversos Estados. O local de maior exploração desse tipo de fonte no Brasil é o litoral do Nordeste, onde a intensidade e direção do vento são constantes. O norte da Bahia e de 380 Minas Gerais, o oeste de Pernambuco, o estado de Roraima e o Sul do país também são regiões propícias para a geração de energia a partir do vento. (SANTOS; RAMOS et al.) Tendo em vista os fatores já citados a cima é importante ressaltar a questão em ambiente escolar sobre as fontes para a geração de energia elétrica poluentes e não poluentes, levando-se em consideração que tal assunto é pouco trabalhado em sala de aula Referencial Teórico Segundo (MOREIRA, 2009) O homem necessita de fontes de energia para manter, prolongar e tornar mais confortável sua própria sobrevivência, manipulando-as, através do tempo. Iniciando sua manipulação com a utilização do fogo, o homem préhistórico deu um salto nas suas rudes condições de vida, possibilitando o preparo dos alimentos, mantendo aquecidos e iluminados seus abrigos. Essa descoberta favoreceu a fixação do homem, que pôde deixar de ser nômade: um grande passo na evolução. Utilizando-se das fontes de energia disponíveis, continuou o homem a evoluir suas fontes de energia. O Sol, aquecendo o Planeta, favorecia lhe as colheitas, na agricultura, e ele se utilizava dos ventos, como força motora. Inicialmente, nos barcos, para transporte nas águas, e posteriormente nos moinhos, para o processamento de grãos e irrigação das plantações. A partir do século XVII e XVIII, com o desenvolvimento e utilização de máquinas movidas a vapor, e dos motores de combustão interna, é que notamos um grande avanço na utilização de energia para melhoria da produção. O desenvolvimento das máquinas a vapor e dos motores de combustão interna proporcionou um incremento significativo da potência e eficiência nas máquinas existentes, e que levaram à produção de novas unidades, com elevado aumento da produtividade. Com as previsões de exaustão das fontes baseadas nos hidrocarbonetos, a Ciência procura alternativas energéticas, no rico manancial oferecido pela natureza: recursos abundantes, limpos e renováveis. 381 Tendo-se em vista o fenômeno conhecido como “aquecimento global”, bem como a necessidade de preservação ambiental, são empreendidos estudos que visam a verificar a viabilidade da substituição da matriz energética, baseada em hidrocarbonetos, por fontes outras, ecologicamente sustentáveis com ênfase na energia Eólica. A energia Eólica é a energia cinética que existe no vento (massas de ar em movimento) e tem sua origem no aquecimento causado pela energia eletromagnética do sol (energia solar). A energia cinética do vento é produzida quando o aquecimento das camadas de ar criam uma variação de gradientes de pressão nas massas de ar. As turbinas eólicas transformam essa energia cinética em energia mecânica através do movimento de rotação de suas turbinas - por meio de um gerador, ela se transforma em energia elétrica. O grande potencial eólico inexplorado no país é localizado, muitas vezes, em áreas de baixa densidade demográfica, a energia eólica possui ainda uma vantagem em relação ao sistema elétrico brasileiro. (Carvalho, 2012). No cenário atual, quando as hidrelétricas não suprem a demanda, usinas termelétricas já contratadas são utilizadas para complementação da energia necessária. A utilização da energia do vento, se aproveitada, preservaria os recursos hídricos, já que os ventos sopram com mais força, quando o regime de chuvas é menor e os reservatórios estão vazios. De acordo com Simas e Pacca A energia eólica vem experimentando um crescimento muito rápido no Brasil. Desde o primeiro aerogerador instalado no país, em 1992, houve grande avanço regulatório no cenário nacional. Hoje a eólica é considerada uma alternativa energética limpa e competitiva, inclusive com tecnologias tradicionais. No cenário internacional, a crise financeira de 2008-2009 contribuiu para o desaquecimento de mercados tradicionais na Europa e na América do Norte, dando espaço e condições para o surgimento de mercados emergentes, entre eles o Brasil. O excesso de oferta de equipamentos reduziu os preços desses, e a variação cambial fez que a importação se tornasse mais barata. Atrás de novos mercados, grandes empresas estrangeiras se instalaram no Brasil. Atualmente o mercado eólico brasileiro encontrase mais diversificado, com maior concorrência entre os agentes. 382 A energia eólica é uma fonte nova no planejamento de ampliação do sistema elétrico brasileiro, apesar do grande potencial de exploração, e um sistema hidroeólico no Brasil pode oferecer energia ambientalmente sustentável e suficiente para suprir a previsão de demanda nas próximas décadas. Os custos dessa tecnologia vêm caindo, em primeiro momento devido ao ganho na curva de aprendizagem e ao desenvolvimento da indústria de equipamentos no país, e mais recentemente, devido à crise financeira mundial. O grande volume de projetos contratados desde o início da década de 2000 com as políticas de incentivo, e principalmente no final da década com a entrada da energia eólica no mercado regulado de energia, colocou o Brasil entre os países com maior crescimento na implantação de novos parques eólicos e gerou otimismo entre os agentes públicos e privados do setor elétrico. O desenvolvimento da indústria eólica nacional, junto com a previsão de aumento da capacidade instalada em quase cinco vezes em apenas cinco anos, gerou a discussão dos efeitos do crescimento do setor na geração de empregos e nas atividades econômicas do país, devido ao alto volume de investimento gerado. O projeto em questão foi proposto pelos professores, José Ribamar, Penn Rodrigues e Tânia Roberta com o objetivo de mostrar os resultados da pesquisa na III EXPOCIÊNCIA da Pedagogia na Universidade do Estado do Pará. Através de pesquisas foi escolhido o tema “Fontes de energia” com ênfase na energia Eólica. Tendo em vista a troca de conhecimentos e obtenção de dados, o mesmo foi aplicado em ambiente escolar. Sendo assim, com a autorização da direção da escola o projeto foi aplicado na instituição privada Centro Educacional de Estimulação das Múltiplas Inteligências (CEMI), localizada no bairro da Sacramenta, Belém. O publico alvo foram alunos do 1° ano/ 9 e 2° ano /9 (turma multisseriada) com a faixa etária entre seis e oito anos Dia 25 de Novembro ocorreu o primeiro contato com as crianças, onde foi realizada uma dinâmica com os alunos no intuito de conhece-lo melhor. Nesta dinâmica, foi efetuado um sorteio onde cada um falaria seu nome, bem como o que gostam de fazer em momentos de lazer. Muitos alunos relataram que nas horas vagas gostavam de ver 383 televisão, usar computadores e tablets etc. Esta atividade tinha como o objetivo a coleta de dados e assim usa-los posteriormente. Em seguida o tema “fontes de energia” foi apresentado sem alguma explicaç~o prévia, logo após pediu-se que eles fizessem um desenho Fig (01) representando o que entendiam sobre fontes de geração de energia elétrica. Figura 1: Elaboração dos desenhos. . Fontes: Do autor Após o termino dos desenhos ocorreu uma avaliação dialogada com os alunos, onde perguntávamos qual o significado de cada desenho. As ilustrações analisadas mostraram que os alunos n~o tinham o real conhecimento do termo “fontes de energia”. Foi interessante a descrição do aluno F. A que disse o seguinte “O raio cai na antena da casa e a energia do raio liga a televis~o e faz funcionar o ventilador” Fig (02). Esse discurso descreve que o aluno F. A realmente achava, que ao cair um raio na antena de uma casa a corrente elétrica ligaria os aparelhos eletrônicos. Com a análise dos demais desenho concluímos que, dos treze alunos, quatro associavam as fontes de energia elétrica ao uso de baterias. Essas baterias se faziam presentes de forma destacada nos desenhos em questão, três dos alunos achavam que a energia elétrica vinham de descargas elétricas oriundas de raios. Duas alunas 384 associavam as fontes de energia somente a lâmpadas incandescentes presentes em suas casas. Imagem 02: Ilustração do aluno F.A Fontes: Do autor Logo após, explicamos de forma clara e lúdica por meio de imagens os tipos de fontes que geram energia elétrica como: Hidrelétrica, biomassa, energia solar, combustíveis fosseis, energia nuclear e a Eólica. Desta forma, explicamos a eles o conceito de fontes de energia renovável e não renovável, mostrando a eles as matérias primas utilizadas em cada fonte, e seus pontos positivos e negativo. Quando falamos que fontes de energia são recursos da natureza dos quais se pode obter energia, e com o uso da energia, é possível colocar navios, e carros em movimento, fazer funcionar máquinas e aparelhos domésticos e iluminar ruas e residências, ligar os celulares, computadores que eles usavam em momentos de lazer. Durante o decorrer da aula, a aluna S.G nos abordou e disse “tia, uma vez vi um vídeo que mostrava um tipo de cachoeira, e quando abria a porta dessa cachoeira a água rodava uma turbina enorme, rodava muito mesmo, depois isso dava energia nas casas”, ela perguntou se essa cachoeira era a hidrelétrica que acabara de ser explicada. Com 385 isso, pode-se dizer que a aluna já possuía um conhecimento prévio do assunto abordado em sala. Após termos explicado de forma branda as fontes de energia já citadas a cima, a energia Eólica foi colocada em destaque de maneira mais abrangente, pois ela é o locos de nossa pesquisa. Através dela pretendíamos gerar questionamentos e possíveis soluções para os problemas ambientais relacionados às fontes de energia poluentes. No dia 27 retornamos à escola para dar continuidade ao projeto, onde levamos uma maquete da energia Eólica Fig (03) para fixar o assunto e servir como um recurso visual e concreto. A mesma foi feita com materiais recicláveis como garrafa pet, isopor e cano PVC levantando assim a questão de sustentabilidade com as crianças. Por Seguinte, a maquete foi explicada, mostrando a localização de cada componente presente na mesma. Desta forma os alunos interagiram com a maquete manuseando-a. Depois todos foram para a sala multiuso, assistir um vídeo sobre essa fonte, tal recurso gerou questionamentos das crianças sobre o assunto, que foram respondidos por nós. Imagem 02: Maquete de energia Eólica Fonte: Do autor Ao voltarmos para a sala, a turma foi dividida em dois grupos , onde ocorreu a realizaç~o do jogo “fontes de energia”. O Jogo tem como objetivo a fixaç~o dos assuntos 386 abordados. Por ser um jogo da memoria o aluno deveria encontrar os pares e a oralizar sobre a tal fonte. Após realização do jogo foi proposto aos alunos que fizessem um novo desenho ilustrando o que aprenderam no decorrer do projeto. Depois de todas as metodologias já citadas a cima, pedimos aos alunos que fizessem outro desenho ilustrando sua compreensão dos assuntos abordados no decorrer deste processo de aprendizagem. Com a analise dos desenhos, podemos perceber que fonte de energia Eólica Ficou bem clara no entendimento dos alunos participantes. Podemos notar a eficácia dos métodos na descrição dialogada dos alunos. Um exemplo é o aluno I.S, ao descrever seu desenho disse o seguinte “Isso representa um vento soprando e girando as hélices dos aerogeradores para dar energia nas casas” Imagem 04: Ilustração do aluno I.S da fonte de energia Eólica. Fonte: Do autor. Com os novos desenhos podemos perceber claramente o conhecimento adquirido por eles, pois foi constatado nas ilustrações de maneira correta tudo que foi mostrado e explicado sobre energia Eólica. Com a finalização do estudo, concluímos que antes da aplicação do projeto os alunos envolvidos possuíam uma visão limitada sobre as fontes que geram eletricidade. 387 Os métodos utilizados no período de aplicação do projeto, se mostrou bastante satisfatório. Um exemplo da eficácia de nosso método ficou expresso na avaliação final, que consistiu em um desenho feito pelos alunos ilustrando o que aprenderam no decorrer do mesmo. Isso mostrou claramente o entendimento do assunto apresentado ao verificarmos a desenvoltura e amplitude dos desenhos e descrição feita por eles sobre a energia Eólica REFERÊNCIAS CARVALHO, J. F. de. O espaço da energia nuclear no Brasil. Estudos Avançados, v.26, n.74, p.293308, 2012 MOREIRA, Fernando. Viabilidade Técnica/Econômica Para Produção De Energia Eólica, Em Grande Escala, no Nordeste Brasileiro. 2009. Monografia (Pós-graduação em Formas Alternativas de Energia) – Faculdade de engenharia, Universidade federal de Labras ( UFLA), Minas Gerais, 2009. SIMAS, Moana; PACCA, Sergio. Energia eólica, geração de empregos e desenvolvimento sustentável. Estud. av., São Paulo , v. 27, n. 77, p. 99-116, 2013 . 388 EXPLORANDO CIÊNCIAS NO ESPAÇO NÃO-FORMAL Ewellyn Souza Gadelha UEPA [email protected] Rafaella P. Guedes Silva UEPA [email protected] Tânia Roberta Oliveira UEPA [email protected] Resumo: Esta pesquisa foi desenvolvida na Escola Pública Cidade de Emaús no espaço não-formal denominado “Bosquinho Bot}nico” no município de Belém, Pará. O espaço não-formal contribui para a compreensão de conteúdos, intervém na interação social e desperta no aluno maior interesse de aprendizagem. Não se pode pensar somente na escola (espaço formal) como lugar de aprendizado, sabendo que os conteúdos de Ciências Naturais por diversas vezes não estão adequados ao PCN, sendo transmitidos de forma não interdisciplinar e fora do contexto social. Por tanto, objetivou-se demonstrar que o espaço não-formal proporciona melhores condições de aprendizagem no ensino de Ciências Naturais. Promovendo as condições de Ensino-aprendizagem das Ciências Naturais no espaço não-formal. Aplicando conteúdos de Ciências de forma contextualizada e lúdica e comparando os conhecimentos cognitivos anteriores e posteriores ao espaço não-formal para mostrar o nível de eficiência educacional no espaço não-formal. A abordagem pedagógica foi dividida em três momentos: Atividade de Acolhida (AA), Atividade de Conhecimento Específico (ACE) e Atividade de Despedida (AD). Palavras-chave: Espaço Não-formal, Ensino de Ciências, Metodologia Introdução Não se pode pensar somente na escola como lugar de aprendizado, segundo Fernandes (2007), diversas propostas pedagógicas inovadoras têm surgido buscando valorizar a atuação investigativa do aluno no processo de ensino e aprendizagem. Outros autores como Gohn (1999) Colley (2002) e Vieira (2005) vêm discutir 3 diferentes formas de ensino e aprendizagem que os indivíduos adquirem ao longo da vida. Educação escolar formal desenvolvida nas escolas; educação informal, transmitida pelos pais, no convívio com amigos, em clubes, teatros, leituras e outros, ou seja, aquela que decorre de processos naturais e espontâneos; e educação não-formal, que ocorre quando existe a intenção de determinados sujeitos em criar ou buscar determinados objetivos fora da instituição escolar. Assim, a educação não-formal pode ser definida como a que proporciona a aprendizagem de conteúdos da escolarização formal em espaços como museus, 389 centros de ciências, ou qualquer outro em que as atividade sejam desenvolvidas de forma bem direcionada, com um objetivo definido (VIEIRA, 2005). Segundo Vasconcelos e Souto, ao se ensinar ciências, é importante não privilegiar apenas a memorização, mas promover situações que possibilitem a formação de uma bagagem cognitiva no aluno. Isso ocorre através da compreensão de fatos e conceitos fundamentais, de forma gradual. Espaços não-formais, onde se procura transmitir, ao público estudantil conteúdos de ciências, podem favorecer a aquisição de tal bagagem cognitiva A participação dos alunos nessas aulas (espaço não-formal) e a forma dinâmica como acontecem, são vistas como positivas pelos professores, pois na sua concepção, caracterizam-nas como lúdicas e prazerosas. (VIEIRA, 2005) Segundo a Teoria de aprendizagem significativa, o conhecimento que o aluno já possui é fundamental para a aquisição do novo conhecimento (Ausubel, 1978). Desta forma, torna-se necessário considerar suas experiências e concepções como ponto de partida das estratégias de ensino, possibilitando, assim, uma aproximação cada vez maior ao conhecimento científico. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Ciências naturais, a interdisciplinaridade e a contextualização são os dois pilares pedagógicos essenciais para o trabalho do professor e elaboração de competências. O espaço Nãoformal contribui para além da compreensão de conteúdos, intervém na interação social e possibilita ao aluno o levantamento de novos questionamentos em novo contexto, o da realidade do aluno e seu âmbito social Os espaços não-formais de educação variam enormemente em suas características e funções sociais, podendo, inclusive, não serem destinados primariamente à educação. Entretanto os espaços não-formais utilizados em atividades de educação formal possuem, dentre os seus objetivos, alguma finalidade associada à educação não-formal (OLIVEIRA, 2009). Assim cabe ao professor uma visita prévia ao espaço para a integração dos objetivos de aprendizagem, usando o espaço não-formal como articulador do que se tem em sala de aula e o que se observa em sociedade. 390 Justificativa Conteúdos são apresentados de forma fragmentada nos livros didáticos, não permitindo uma relação entre diferentes tópicos. Certamente isso vem contrariando as propostas dos PCN onde as diversas disciplinas devem apresentar eixos temáticos (conteúdos específicos daquela disciplina) e temas transversais (não específicos a um ramo do conhecimento). Sabendo da deficiência do ensino nota-se a importância da intervenção dos métodos de ensino não-formal, que apesar de se darem em espaço diferenciado não deixa de ser sistemática e organizada. Os professores costumam afirmar que nas aulas não formais, a multidisciplinaridade pode ser facilmente trabalhada. Este é mais um fator que vem reforçar a importância dessas aulas para estudantes do ensino básico. Nessas aulas, a questão metodológica, a abordagem dos temas e conteúdos científicos apresentados por meio de diferentes recursos, e as estratégias e dinâmicas, podem contribuir para o aprendizado. (VIEIRA, 2005) Sabendo da deficiência do ensino nota-se a importância da intervenção dos métodos de ensino não-formal, que apesar de se darem em espaço diferenciado não deixa de ser sistemática e organizada. Este é mais um fator que vem reforçar a importância dessas aulas para estudantes do ensino básico. Nessas aulas, a questão metodológica, a abordagem dos temas e conteúdos científicos apresentados por meio de diferentes recursos, e as estratégias e dinâmicas, podem contribuir para o aprendizado. (VIEIRA, 2005) Sobre a abordagem no espaço formal Imbernon (2009), ressalta que em muitos casos, os conceitos e processos das diferentes áreas do conhecimento das ciências da natureza, como exemplo, são transmitidos prontos e fora do contexto histórico e cultural onde surgiram e, de fato, esta “ciência” aparece para os alunos como algo pronto, mas extremamente complexo. Segundo Barbosa (2010) e o ensino formal de Física: O ensino da Física deve promover um diálogo entre as ideias préconcebidas dos alunos e as ideias científicas ministradas em sala de aula. Não deve privilegiar a fixação de conceitos pela repetição de exercícios 391 puramente procedimentais, pela automatização ou memorização, mas favorecer experiências e ações pedagógicas baseadas na percepção dos conceitos físicos pela associação de sua ocorrência na natureza, favorecendo um aprendizado alicerçado na construção do conhecimento. A ineficiência do ensino atual, não representa um despreparo de professores ou de condições escolares inadequadas, mas sim uma deficiência metodológica. Sobre a deficiência do Metodológica do espaço formal em relação ao não-formal Vieira (2005) diz: Esses espaços oferecem a oportunidade de suprir, ao menos parte, algumas das carências da escola como a falta de laboratórios, recursos audiovisuais, entre outros, conhecidos por estimular o aprendizado. É importante, no entanto, uma análise mais profunda desses espaços e dos conteúdos neles presentes para um melhor aproveitamento escolar. Objetivos Objetivou-se demonstrar que o espaço não-formal proporciona melhores condições de aprendizagem no ensino de Ciências Naturais. Promovendo as condições de Ensino-aprendizagem das Ciências Naturais no espaço não-formal. Aplicando conteúdos de Ciências de forma contextualizada e lúdica. Comparando os conhecimentos cognitivos anteriores e posteriores ao espaço não-formal para mostrar o nível de eficiência educacional no espaço não-formal Referencial Teórico Segundo Vasconcelos e Souto, ao se ensinar ciências, é importante não privilegiar apenas a memorização, mas promover situações que possibilitem a formação de uma bagagem cognitiva no aluno. Isso ocorre através da compreensão de fatos e conceitos fundamentais, de forma gradual. Espaços não-formais, onde se procura transmitir, ao público estudantil conteúdos de ciências, podem favorecer a aquisição de tal bagagem cognitiva. A teoria de Ausubel aponta que para haver aprendizagem significativa são necessárias duas condições. Em primeiro lugar, o aluno precisa ter uma disposição para 392 aprender: se o indivíduo quiser memorizar o conteúdo arbitrária e literalmente, então a aprendizagem será mecânica. Em segundo, o conteúdo escolar a ser aprendido tem que ser potencialmente significativo, ou seja, ele tem que ser lógica e psicologicamente significativo: o significado lógico depende somente da natureza do conteúdo, e o significado psicológico é uma experiência que cada indivíduo tem. Cada aprendiz faz uma filtragem dos conteúdos que têm significado ou não para si próprio. Com esse duplo marco de referência, as proposições de Ausubel partem da consideração de que os indivíduos apresentam uma organização cognitiva interna baseada em conhecimentos de caráter conceitual, sendo que a sua complexidade depende muito mais das relações que esses conceitos estabelecem em si que do número de conceitos presentes. Entendese que essas relações têm um caráter hierárquico, de maneira que a estrutura cognitiva é compreendida, fundamentalmente, como uma rede de conceitos organizados de modo hierárquico de acordo com o grau de abstração e de generalização. (PELLIZARI, 2001) Para o PCN, o ensino de ciências, ao longo de sua curta história na escola fundamental, tem se orientado por diferentes tendências, que ainda hoje se expressam nas salas de aula. A promulgação de leis de Diretrizes e Bases que vêm modificando este cenário desde a década de 70, instituindo a obrigatoriedade do ensino da disciplina em todas as séries do ensino fundamental com propostas que pedem a adequação do currículo ao conhecimento cientifico e seus avanços, valorizando a participação e interesse do aluno no processo de ensino-aprendizagem. Metodologia O projeto foi desenvolvido na Região Metropolitana de Belém no espaço nãoformal denominado “Bosquinho Bot}nico”. Onde, o público alvo foram 18 alunos do 5º ano do ensino fundamental na faixa etária entre 09 á 14 anos da Escola Pública Cidade de Emaús. A abordagem pedagógica foi dividida em três momentos: Atividade de Acolhida (AA), Atividade de Conhecimento Específico (ACE) e Atividade de Despedida (AD). Realizada em dois dias e com um grupo composto de alunos de turnos diferentes. 393 A análise da pesquisa foi feita através de questionários e observações feitas em pesquisa de campo, tratando-se de uma pesquisa Quali-quantitativa buscando a comparação de dados. A AA foi realizado no primeiro dia, com uma dinâmica de apresentação dos mediadores que consistia em cantar uma música e andar em circulo até o término da música em que o participante se apresentara dialogando sobre sua expectativa da aula no espaço não-formal em seguida apontava o próximo participante que faria o mesmo após a canção, em seguida houve aplicação de questionário para o levantamento dos conhecimentos prévios e adquiridos no ambiente formal. No segundo dia iniciou-se a ACE com a aula ministrada no âmbito não-formal revisando e abordando os conteúdos antes visto em sala de aula, utilizando como material didático a própria paisagem e atividades lúdicas ligando o assunto ao cotidiano e ao ambiente, utilizando a observação e o estudo de campo para levantamento de dados qualitativos. Foram trabalhados os seguintes conteúdos de Plantas: Respiração e transpiração, Fotossíntese, Reprodução e morfologia da arvore (raiz, caule, folha, flor e fruto) e utilização das plantas no cotidiano. Sempre buscando que os alunos pudessem interagir, procurar e sentir os elementos da natureza mencionados em aula. Na AD ocorreu, para verificar o conteúdo fixado, o Jogo de trilha em que os alunos foram divididos em trios e participaram como as próprias peças do jogo. Para movimentarem-se entre as 16 casas do jogo teriam que acertar as perguntas sobre o as plantas e passar por obstáculos que cobravam resoluções de problemas ambientais. O Tradicional dado utilizado para a movimentação foi substituído por folhas de árvores numeradas de 1 a 6 e retiradas aleatoriamente por um integrante da equipe. E por fim, a aplicação do questionário para o levantamento dos conhecimentos adquiridos com 12 perguntas de percepção da aula, conhecimentos do conteúdo ministrado e sobre o ensino de ciências. 394 Resultados Conhecimentos Prévios e Adquiridos no Espaço Formal De acordo a auto avaliação feita pelos alunos no Questionário de conhecimentos prévios em relação a apreensão do conhecimento no espaço formal, 33% afirmam não terem algum tipo de aprendizagem, 67% avaliam de forma positiva a apreensão de conhecimento. Porém, quando questionados sobre o que teriam compreendido dos conteúdos os que se auto-avaliam positivamente 58% apresentam apenas ter aprendido sobre o coração ou a folha e 42% não sabem ou não lembram o que aprenderam admitindo ser muita coisa. Sendo assim, temos um percentual de 100% de déficit de aprendizagem. Sabendo que no conteúdo de corpo humano o órgão coração foi o que mais chamou a atenção do aluno tornando o aprendizado potencialmente significativo e estimulante e que as folhas foram o último conteúdo ministrado pela professora, podemos afirmar pela teoria de Ausubel que não ouve a apreensão dos demais conteúdos por não haver a condições e disposição, o aluno passou a memorizar o conteúdo tendo uma aprendizagem mecânica que não se relaciona a seus subsunsores. Conhecimentos Adquiridos e Mediados pelo Espaço Não-Formal O estudo de campo indicou pelas falas e participação dos alunos na aula e no jogo, que no espaço não-formal o contato direto com o objeto de estudo torna a aula 395 mais interessante, pelos relatos o espaço formal trás diversas dificuldades como a sensação de prisão e não liberdade para questionar, segundo alguns alunos a aula no espaço formal torna-se chata por ser no espaço fechado que quando se fala de plantas não tem como sentir a natureza e nem o ar descrito. Durante a aula se pode perceber que os alunos ligavam o conteúdo com informações pré-existentes se sentindo a vontade para perguntar A teoria da aprendizagem significativa discutida anteriormente, explica que o conhecimento existente é base para a apreensão de novos conhecimentos. Quando informações novas eram recebidas, causavam agitação no grupo que só acalmava quando conseguiam relacionar o conhecimento com situações cotidianas. Para o PCN trata-se da contextualização o pilar pedagógico que propõem articulação entre os conceitos construídos e prévios organizando-os de forma sistemática, aproximando gradualmente do conhecimento científico. Na atividade do jogo de trilha, observou-se que o grupo teve afinidade com o conteúdo e respondiam com mais facilidade questões ligadas a problemas ambientais, mostrando ter reflexões ligando Problemática e conteúdo, constatou-se também dificuldades na elaboração de respostas aos assuntos considerados não palpáveis ou materializáveis como Fotossíntese, ao contrário, de respostas relacionadas a fruto, caule e solo que eram apresentadas quase instantaneamente. Após a aplicação do questionário de avaliação de avaliação das atividades, constata-se a reelaboração do conhecimento através da mudança de 78% dos alunos em relação a percepção do que é ciências, onde podemos encontrar e aplicar sendo que 44% do grupo forneceu respostas bem detalhadas e elaboradas. Comparação de Dados Ao compararmos os dados apresentados podemos verificar a eficiência do espaço não formal, pode-se perceber que quando questionados sobre o que aprenderam e onde encontrariam ciências, o conhecimento adquirido no espaço formal não houve êxito, no entanto no espaço formal a contextualização do conhecimento foi de 78%. Em relação à intervenção do espaço no interesse do aluno pelo assunto estudado, o espaço formal recebeu críticas, despertando em 11% dos alunos, desgosto 396 pelo aprendizado de ciências. O espaço não-formal despertou 100% de interesse, transformando o desgosto pela aprendizagem de ciências em inexistente. Sobre a utilização de conteúdos no cotidiano quase 60% relata repassar aos pais, amigos e tentar aplicar o que é ensinado pelo educador. Após a aula no espaço nãoformal 100% dos participantes mencionaram sobre utilizar o que aprenderam, modificando as próprias atitudes e a dos pais, além de comentarem entre si e analisarem em outros espaços o conteúdo visto. Os dois espaços apresentaram dificuldades na aquisição geral do conhecimento porém houve a diferença de 50% entre os espaço formal e não-formal. Entorno do que foi apresentado comprova-se a eficiencia do espaço não-formal, porém não diminui a importância dos conhecimentos adquiridos no espaço formal que torna-se eficaz quando alternado e articulado com aulas no espaço não-formal. Nessas aulas a multidisciplinaridade, proposta nos PCN, pode ser facilmente trabalhada. Este é mais um fator que vem reforçar a importância dessas aulas para estudantes do ensino básico. Nessas aulas, a questão metodológica, a abordagem dos temas e conteúdos científicos apresentados por meio de diferentes recursos, e as estratégias e dinâmicas, podem contribuir para o aprendizado. (VIEIRA, 2005) 397 Considerações Finais É necessário à Observação das condições de Ensino-aprendizagem das ciências Naturais no espaço Formal, que levantado neste Projeto, possui problemáticas acerca da contextualização de conteúdo necessárias para a instrumentação da formação de alunos mais críticos-reflexivos que situem seu aprendizado fora de sala de aula. O espaço nãoformal utiliza-se de elementos sinestésicos e lúdicos, propiciando ao aluno vontade de participar, interagir e autonomia para o levantamento de novos questionamentos sobre as Ciências Naturais. Além de auxiliar o educador em sala de aula e eliminar as dúvidas e dificuldades de contextualização e aplicação social que persistem entre os professores de Física, Química e Biologia. Referências ARAGUAIA, Mariana. As Plantas. Planeta Kids: http://www.escolakids.com/as-plantas.htm acessado em 10/11/2015 BARBOSA, C. L. D. R.; DIAS, V. L. C.; SILVA, I. R.; FERNANDES, F. C. R.; CAMPOS-VELHO, N. M. R.; JOAQUIM, W. M.; OLIVEIRA, A. S. M. G. Projeto Institucional PIBID/UNIVAP – Universidade e escola pública: espaço de formação docente. PIBID – Edital 2010 Municipais e Comunitárias, CAPES, 2010. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Ciências naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997. 137 p. COLLEY, H.; HODKINSON, P.; MALCOLM, J. Non-formal learning: mapping the conceptual terrain. A consultation report, Leeds: University of Leeds Lifelong Learning Institute, 2002. FERNANDES, M. T. M. Educação e poder. Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia. Centro Universitário Claretiano, 2007. GOHM, M. G. Educação não-formal e cultura política. Impactos sobre o associativismo do terceiro setor. São Paulo, Cortez. 1999. PELIZZARI, A.; KRIEGL, M. L.; BARON, M. P.; FINCK, N. T. L.; DOROCINSKI S. I. Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Rev. PEC, Curitiba, v.2, n.1, p.37-42, jul. 2001jul. 2002. VASCONCELOS, S.D. & Souto, E. “O livro didático de ciências no ensino fundamental – proposta de critérios para análise do conteúdo zoológico”. Ciência & Educação, v. 9, p. 93104. 2003. 398 VIEIRA, Valéria; BIANCONI, M. Lucia; DIAS, Monique. Espaços Não-Formais de Ensino e o Currículo De Ciências. 399 LIXO, CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O DESCARTE DO LIXO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O MEIO AMBIENTE LUCINEIDE DE FÁTIMA LIMA DOS SANTOS UEPA [email protected] RENATA SANTOS BRITO UEPA [email protected] Prof.ª TÂNIA ROBERTA COSTA DE OLIVEIRA UEPA [email protected] PROF.PEEN LEE MENEZES RODRIGUES UEPA [email protected] PROF. JOSÉ DE RIBAMAR CASTRO CARVALHO UEPA [email protected] Resumo: O lixo é um problema que enfrentamos em nossa cidade, e com o intuito de melhorar o impacto que o mesmo proporciona ao meio ambiente, decidimos desenvolver o estudo em uma turma do 1º ano /9, pois entendemos que a eficácia da atuação sobre o assunto se dará a partir do ensino, onde será desenvolvido um comportamento diferenciado em meio ao problema que estamos vivendo, uma vez que o professor terá uma grande importância no manuseio do assunto, possibilitando ao aluno a reflexão sobre o seu papel quanto cidadão e fazendo entender quais as causas e consequências originadas com o lixo, e de que maneira pode-se melhorar a vida no planeta. Palavras-chave: Lixo, Doenças, Educação Ambiental, Tratamento do lixo. Introdução Este projeto foi elaborado por acharmos de extrema importância conscientizar as crianças sobre o descarte correto do lixo, e o que pode acontecer se esse lixo for jogado de maneira indevida nas ruas, casas, rios e etc.., e entendemos que só terá eficácia se iniciarmos o ensino de Educação Ambiental nas séries iniciais, pois é a partir da tenra 400 idade que começaremos a inculcar nos pequeninos a importância de cuidar e preservar o meio ambiente, e assim criar hábitos saudáveis que servirá para toda sua vida. Lixo é tudo aquilo que você não quer mais ou que não tem utilidade e se joga fora, são objetos quebrados, estragados ou velhos. Complementando o assunto, no blog Mingau Produções, (2002) ele comenta sobre vários tipos de lixo: Doméstico, domiciliar ou urbano: É o lixo produzido em casa, bares, restaurantes, supermercados e lojas, e são compostos por restos de comidas, plásticos, papéis e vidros. Hospitalar: São lixos de hospitais, farmácias, postos de saúde e casas veterinárias. Que contem seringas, vidros de remédios, algodão, gaze, restos de órgãos humanos que são jogados fora. Este lixo é perigoso, pode transmitir doença. Deve ser transportado em veículos adaptados e encaminhado para o incinerador, local onde o lixo é queimado. Industrial: São lixos das indústrias como restos de alimentos, madeiras, tecidos, couros, metais, e produtos químicos. Em alguns casos podem ser perigoso e até mesmo tóxico, por esse motivo não devem ser colocado nos aterros sanitários que o lixo doméstico. Só se ele passar por de tratamento. Nuclear: É o lixo produzido principalmente pelas usinas nucleares e laboratórios de exames clínicos, onde são feitos os exames de sangue de urina, por exemplo. Precisa ser transportado, tratado e isolado com cuidado, seguindo normas de segurança internacionais, para evitar acidente ou contaminação. Agrícola: Qualquer lixo que venha das áreas rurais, que são sobras de fertilizantes, agrotóxicos, rações, produtos veterinários, os restos de colheitas e outros. Tecnológico: são os restos de aparelhos eletroeletrônicos, sucatas de informáticas, pilhas, baterias e produtos magnetizados, etc. Podemos classificar o lixo em: 401 Orgânico: é todo lixo de origem animal e vegetal. Ex: restos de alimentos, folhas, sementes, restos de carne e ossos, fezes, urina, papéis e madeira. Inorgânico: é todo lixo feito de material que não vem dos animais ou vegetais. Ex: plásticos, metais e vidros. Um estudo do instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE) mostrou que, em média, cada morador de área urbana no Brasil produz aproximadamente 220 kg de lixo por ano. Se somarmos a isso os resíduos produzidos pelas indústrias, escritórios, restaurantes, hospitais e etc..., teremos uma média de 500 kg de lixo anual por pessoa. É importante ressaltar que os hospitais produzem um lixo perigoso, onde deve ter uma coleta especial e incineração, mas nem sempre ocorre. As grandes cidades não têm mais onde colocar esse lixo. Boa parte é jogada em terrenos baldios, o que provoca a multiplicação de ratos, baratas e outros transmissores de doenças: com as chuvas, esse lixo pode se infiltrar no solo e contaminar a água subterrânea, ou fica na superfície, em poças de água, favorecendo a proliferação de mosquitos que podem transmitir doenças como a dengue e a malária. E os esgotos urbanos, normalmente, são despejados em rios que cortam a cidade, poluindo-os intensamente e transformando-os, muitas vezes, em rios “mortos”, isto é, sem peixes. 402 Fonte: Atlas do meio ambiente do Brasil. Brasília. Ed Terra Viva/Serviço de Produção de informação, 1994.p.59 Problemas que o lixo causa: O lixo e as doenças Vetores Formas de transmissão Enfermidades Rato e Pulga Mordida, urina Fezes e picada Leptospirose Peste Bubônica Tifo Murino Mosca Asas, patas, corpo, fezes e saliva Febre Tifóide Cólera mebíase Giardíase Ascaridíase Mosquito Picada Barata Asas, patas, corpo e fezes Gado e Porco Ingestão de carne contaminada Cão e Gato Urina e fezes Malária Febre Amarela Dengue Leishmaniose Febre Tifoide Cólera Giardíase Teníase Cisticercose Toxoplasmose Fonte: Manual de Saneamento – Funasa/MS – 1999 403 Efeitos da contaminação por metais pesados nos seres humanos Metal Onde é encontrado Mercúrio Produtos farmacêuticos Lâmpadas fluorescentes Interruptores Pilhas e baterias Tintas Fungicidas Termômetros Efeitos Distúrbi os renais Lesões neurológicas Efeitos mutagênicos Alteraçõ es do metabolismo cia nos órgãos Irritabilidade Deficiên sensoriais Insônia Problem as renais Cegueir a, surdez Morte Cádmio Baterias e pilhas Plásticos Pigmentos Papéis Dores reumáticas Distúrbios metabólicos Osteoporose Disfunção renal Chumbo Tintas Impermeabilizantes Cerâmica Vidro Inseticidas Baterias Perda de memória Dor de cabeça Anemia Paralisia Fonte: Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT e Compromisso Empresarial para a Reciclagem – Cempre, 1996. O chorume é um liquido fedido que o lixo produz quando vai se decompondo, e é dez vezes mais poluente que o esgoto. Isso porque, além de conter matéria orgânica apodrecida, ele tem substâncias químicas e metais muito tóxicos. O mesmo contamina o solo e pode chegar aos lençóis freáticos (espécies de rios subterrâneos que existem por toda a terra e que jogam sua água nos rios, mares, lagos e mangues). Quanto mais o chorume se espalha, mais vai poluindo. A poluição do ar provocado pela queima do lixo produz gases que fazem mal à saúde dos seres vivos e do planeta, como o gás metano e o sulfídrico. Esses gases poluem o ar e podem causar doenças respiratórias. 404 O Lixo é um grande problema, mas ele pode ser um pouco menor se: as escolas, hospitais, empresas, você e sua família fizerem sua parte. Por isso, para minimizar o impacto no meio ambiente com o descarte incorreto do lixo, é de extrema relevância que o professor participe e influencie na construção da educação do aluno. Incentivando e ajudando seus alunos a terem hábitos de descartar corretamente o lixo e assim preservar o meio ambiente. Decomposição de materiais Materiais Tempo de decomposição Papel 3 a 6 meses Panos 6 meses a 1 ano Plástico Mais de 400 anos Vidro Mais de 1.000 anos Borracha Indeterminado Metal Mais de 100 anos Alumínio Mais de 200 anos Filtro de cigarro Mais de 5 anos Mais de 5 anos Madeira pintada Mais de 13 anos Náilon Mais de 20 anos Fonte da Tabela: Unicamp e site Recicla Brasil Tratamento e disposição final do lixo Existem algumas formas possíveis para o tratamento do lixo e sua disposição final na natureza. No Brasil, o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos é de responsabilidade das Prefeituras Municipais. Ainda é bastante reduzido o número de municípios que possuem um bom gerenciamento de resíduos sólidos, com sistemas adequados de coleta, tratamento e disposição final dos resíduos. O conjunto de ações que objetivam a minimização da geração de lixo e a diminuição da sua periculosidade constitui a fase de tratamento dos resíduos, que 405 representa uma forma de torná-los menos agressivos para a disposição final, diminuindo o seu volume, quando possível. Os processos de tratamento dos resíduos são os seguintes: Compostagem: É um processo no qual a matéria orgânica que são os restos de alimentos, aparas e podas de jardins etc. é degradada biologicamente, obtendo-se um produto que pode ser utilizado como adubo. A compostagem permite aproveitar os resíduos orgânicos, que constituem mais da metade do lixo domiciliar. A compostagem pode ser feita em casa ou em unidades de compostagem. Incineração: É a transformação da maior parte dos resíduos em gases, através da queima em altas temperaturas (acima de 900º C), em um ambiente rico em oxigênio, por um período pré-determinado, transformando os resíduos em material inerte e diminuindo sua massa e volume. Não se deve confundir a incineração com a simples queima dos resíduos. No primeiro caso, os incineradores geralmente são dotados de filtros, evitando que gases tóxicos sejam lançados na atmosfera. De qualquer forma, devido a aspectos técnicos, a incineração não é o tratamento mais indicado para a maioria dos resíduos gerados e não é adequado à realidade das cidades brasileiras. Algumas unidades de incineração estão sendo desativadas no país por operarem precariamente, sem sistemas de tratamento adequado dos gases emitidos. A incineração é um sistema complexo, que envolve milhares de interações físicas e reações químicas. Além do dióxido de carbono e do vapor de água, outros gases são produzidos, incluindo diversas substâncias tóxicas, como metais pesados e outras. Entre elas, destacam-se as dioxinas e os furanos, classificados como poluentes orgânicos persistentes – POPs, que são tóxicos, cancerígenos, resistentes à degradação e acumulam-se em tecidos gordurosos (humanos e animais). Esses poluentes são transportados pelo ar, água e pelas espécies migratórias, sendo depositados distante do 406 local de sua emissão, onde se acumulam em ecossistemas terrestres e aquáticos. Em decorrência dessas características, em setembro de 1998 a Environmental Protection Agency (EPA), a agência de proteção ambiental americana, anunciou que n~o existe um nível “aceit|vel” de exposiç~o {s dioxinas. Pirólise: Diferentemente da incineração, na pirólise a queima acontece em ambiente fechado e com ausência de oxigênio. Digestão Anaeróbica: É um processo baseado na degradação biológica, com ausência de oxigênio e ambiente redutor. Neste processo há a formação de gases e líquidos. Este princípio é bastante utilizado em todo o mundo em aterros sanitários. Aterro sanitário: É um método de aterramento dos resíduos em terreno preparado para a colocação do lixo, de maneira a causar o menor impacto ambiental possível. Veja a seguir algumas das medidas técnicas empregadas para proteger o meio ambiente: o solo é protegido por uma manta isolante (chamada de geomembrana) ou por uma camada espessa de argila compactada, impedindo que os líquidos poluentes, lixiviados ou chorume, se infiltrem e atinjam as águas subterrâneas; são colocados dutos captadores de gases (drenos de gases) para impedir explosões e combustões espontâneas, causadas pela decomposição da matéria orgânica. Os gases podem ser queimados para evitar sua dispersão na atmosfera; é implantado um sistema de captação do chorume, para que ele seja encaminhado a um sistema de tratamento; as camadas de lixo são compactadas com trator de esteira, umas sobre as outras, para diminuir o volume, e são recobertas com solo diariamente, impedindo a exalação de odores e a atração de animais, como roedores e insetos; o acesso ao local deve ser controlado com portão, guarita e cerca, para evitar a entrada de animais, de pessoas e a disposição de resíduos não autorizados. 407 Aterro controlado: O aterro controlado não é considerado uma forma adequada de disposição de resíduos porque os problemas ambientais de contaminação da água, do ar e do solo não são evitados, já que não são utilizados todos os recursos de engenharia e saneamento que evitariam a contaminação do ambiente. No entanto, representa uma alternativa melhor do que os lixões, e se diferenciam destes por possuírem a cobertura diária dos resíduos com solo e o controle de entrada e saída de pessoas. Referencial Teórico Preservar o meio ambiente é dever de todos, e para isso é preciso desde cedo ter o conhecimento de como podemos ajudar a amenizar esse problema que aflige nossa cidade. Segundo a lei nº 9.795, de 27 de Abril de 1999: Art.1º entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais conhecimentos, habilidade, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Art.2º A Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. (Brasil,1999) O lixo se for recolhido de maneira inadequada pode ocasionar a poluição ambiental, risco para a segurança da população, podendo desencadear o aparecimento de várias doenças como citados no início. Blog Mingau Produções (2002). Lixo é tudo aquilo que você não quer mais e joga fora. São coisas que não ervem mais, que estão velhas quebradas ou estragadas. Mas o que é lixo para você pode ser útil para outras pessoas. Ou porque elas vão usar aquilo, ou porque elas podem ganhar a vida juntando e vendendo “lixo” como o seu. É o caso das cooperativas de catadores de lixo, mas também dos brechós ( que vendem coisas usadas) e dos sebos ( livrarias que vendem livros e revistas usados). O lixo é um problema ambiental muito sério que coloca em risco toda a vida na terra. Como há cada vez mais gente, todas usando produtos (e às vezes comprando coisas de que nem precisaria), a quantidade de lixo no planeta só faz aumentar. (Mingau, Produções, 2002). 408 Para isso é necessário o comprometimento dos professores em ensinar aos pequeninos estudantes de como devemos respeitar, conservar e cuidar do meio ambiente, evitando assim sua destruição. Citado por Flick (2008 apud Cened, 2015). Um dos desempenhos mais respeitáveis da escola é sua força de influência e transformação em relação a conceitos da comunidade em que está inserida. Nesse contexto e, na temática ambiental, a escola oferece um impacto expressivo na sociedade, através da sua mais fiel tradução: o trabalho dos profissionais em educação, em função da abertura de caminhos de difusão com os alunos, que permitam reflexões sobre o papel destes, como cidadãos em relação ao meio ambiente. Este é o mister do professor: a responsabilidade de acordar o aluno para o bom senso de descobrir dentro de si a auto confiança e potencialidade para o exercício de cidadania, desencadeando posturas e atuações mediante as dificuldades socioambientais.( Cened 2015). Com base no manual de educação, um dos caminhos que o professor pode utilizar é o princípio dos três erres (3R`s). Onde Reduzir significa consumir menos preferir aqueles que gerem menos resíduos e que tenham uma durabilidade mais elevada; Reutilizar que é usar de novo a embalagem. Ex. garrafas retornáveis, copos de azeitona e etc.; e Reciclar que tem como método transformar um material usado em novo. Ex. podemos produzir papel reciclando os papeis usados. Com esses conceitos podemos buscar a diminuição do lixo e da agressão do meio ambiente. Metodologia O estudo foi realizado no Centro de Integração Educacional da Criança, localizada na Rodovia Transcoqueiro nº 265, bairro do Atalaia em Ananindeua – Pará. Com crianças de seis anos de uma turma do 1º ano do Ensino Fundamental. A aplicação do estudo foi desenvolvida em seis momentos, como veremos explicitado no quadro abaixo. Visita na escola. Centro de Int. Ed. da Criança Data 23/11/2015 e 25/11/2015 409 Momento 1 Momento 2 - Foi entregue aos alunos uma atividade com quatro questões, a fim de compreendermos o que os mesmos sabiam sobre o lixo. - Foi Distribuído aos alunos uma guloseima, a fim de observarmos o comportamento dos mesmos em relação ao que irão fazer com a embalagem. Momento 3 -Foi feito perguntas sobre, o que eles sabem sobre o lixo, seus cuidados e origem. Momento 4 Momento 5 Momento 6 -Começamos a atividade falando dos cuidados que devemos ter com o lixo, as causas e consequências do descarte incorreto do lixo. -Avaliamos os alunos através de uma atividade lúdica (explicado na avaliação). -Depois foi dado um tempo livre para os alunos observarem a maquete que mostra o caminho que o lixo percorre quando é jogado em lugares inadequado. Os alunos fizeram perguntas a fim de esclarecerem suas dúvidas. 410 Figura 1 – Cartazes para explicação do projeto Fonte: Lucineide e Renata, 2015. Figura 1 – Aplicação do projeto Fonte: Lucineide e Renata, 2015. 411 Os recursos utilizados foram: Materiais: Folha de atividade, fita adesiva, cartazes com ilustração, guloseimas, plaquinhas com figuras diversas e maquete. Humanos: Professores Orientadores, Discentes da Uepa, Diretora, Coordenadora, Professora, monitora e alunos do Centro de Integração Educacional da Criança onde o estudo foi desenvolvido. Apresentação dos Dados Percebermos que algumas crianças já utilizavam a lixeira da sala de aula, e já tinham observado algumas pessoas jogando de maneira errada o lixo, mas ainda não tinham muito conhecimento do que poderia acontecer com o meio ambiente. Essa interação com os pequenos foi muito divertida, pois eles dividiram conosco o que já tinham presenciado em outros lugares, e nós de maneira bem simples fomos explicando os cuidados que devemos ter em nossa casa, escola, ruas, rios e etc. Mostramos aos alunos o que poderiam acontecer, as causas e as doenças desse descarte errado do lixo. Na atividade das plaquinhas a maioria dos alunos conseguiu colocar no local certo sua plaquinha, mas outras tiveram dificuldade, porque colocamos algumas imagens que provocou a dúvida dos alunos e com isso podemos explicar as diferenças do papel reciclável e o não reciclável e assim por diante. Por isso é preciso que nós cidadãos continuemos esse trabalho para que esses conhecimentos não sejam esquecidos, e sim reforçados todos os dias. Considerações Finais Com a aplicação do projeto podemos perceber que as crianças são bastante observadoras e levam para casa seu aprendizado, principalmente quando são estimulados a isso, foi de grande valia o projeto, pois eles aprenderam o que pode acontecer com o meio ambiente se descartar de maneira errada o lixo, e quais problemas teremos com esta atitude errada. Por isso acreditamos que a educação 412 ambiental deve ser proporcionada desde criança, seja pela família, escola, meios de comunicação e etc... As crianças precisam adquirir hábitos de não jogar lixo em locais indevidos, e para isso acontecer elas devem ser estimuladas todos os dias para que possam criar uma relação favorável e de respeito com o meio ambiente. Referências CONSUMO SUSTENTÁVEL: Manual Internacioal/MMA/MEC/IDEC,2005. de Educação. Brasília: Consumers FLICK Maria Esther Pereira. Educação Ambiental e formação de professores. Consultado em 07/11/15.Disponível em <www.cenedcursos.com.br MINGAU, Produções. Se liga no lixo. [Blog Internet]. Consultado em 23/ 10/15. Disponível em: <https://seliganolixo.wordpress.com/> POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Consultado em 06/11/15. Disponível em: < www.ibram.df.gov.br/.../Educação%20Ambiental/Lei%20Federal%2>. 413 O USO DA LUDICIDADE NO ENSINO-APRENDIZAGEM SOBRE O SISTEMA DIGESTÓRIO PARA AS SÉRIES INICIAIS Geovanna Xavier Pinheiro UEPA [email protected] Rayane Suzane Almeida UEPA [email protected]. Cassia Regina Rosa Venâncio UEPA [email protected] João Paulo Passos UEPA [email protected] Tânia Roberta Costa de Oliveira UEPA [email protected] Resumo: O presente artigo apresenta metodologias do ensino de Ciências Naturais nas séries iniciais, especificamente para o 5ª ano do ensino fundamental, enfocando o uso da ludicidade como possibilidade de aprendizagem do alunado a despeito do Sistema Digestório. Este nascera a partir da experiência de aplicação de projeto em uma escola pública do distrito de Icoaraci, região metropolitana de Belém-Pa, os dados partem de perguntas e respostas dos alunos a partir da utilização de determinados recursos didático/pedagógicos. Partindo desse pressuposto, pretendeu-se fomentar aos alunos a compreenderem as funções e identificação dos órgãos deste sistema, responsável pela digestão dos alimentos e absorção dos nutrientes. Buscando proporcionar aos educandos a reflexão sobre importância de conhecer seu próprio organismo. Por meio do lúdico e exposição dialogada que se partiu transmitir esse conhecimento, obtendo resultados com questionários em forma de roda de conversa, atividades envolvendo a participação de todos como incentivo a cooperação de compartilhar o conhecimento absorvido com o próximo. Palavras-chave: Ensino de ciências; Sistema digestório; Conhecimento científico; Atividades lúdicas; Introdução Esse artigo procura demonstrar a possibilidade do ensino de ciências a partir da ludicidade, relacionando situações cotidianas das crianças referente ao sistema digestório, o qual é importante para nosso corpo e bem estar. Neste sentido, pretendeuse instigar os alunos a compreenderem as funções deste sistema, responsável pela 414 digestão dos alimentos, buscando proporcionar aos educandos a reflexão sobre o seu próprio organismo. Compreendemos que o ensino de ciências possibilita ao educando contemplar o ambiente que o cerca a partir de uma perspectiva diferente. Segundo Fourez (2002, apud ALVES FILHO; PINHEIRO; PIETROCOLA, 2003, p.131): A necessidade de tornar os conteúdos científicos escolares dotados de significado, bem como de discutir o papel das ciências e das tecnologias na sociedade contemporânea, tornou-se questão das mais importantes no cenário educacional das duas últimas décadas. O ensino de Ciências vem ao longo dos anos, estimulando para um ensinamento com mais uso de recursos lúdicos que visam possibilitar uma melhor compreensão e despertamento acerca dos assuntos ministrados referentes a esta vertente. Busca-se também desmistificar que o ensino de Ciências não se limita a mera experimentação nem tampouco a uma disciplina “decorativa”. Mas instiga outrossim reflexões acerca da natureza, do próprio corpo e da peculiar din}mica deste sistema chamado “vida”. Neste sentido, segundo o PCN´s (2001, p.23): Mostrar a Ciência como um conhecimento que colabora para a compreensão do mundo e suas transformações, para reconhecer o homem como parte do universo e como indivíduo, é a meta que se propõe para o ensino de área na escola fundamental. Observa-se que a educação como um todo está um caos, a precariedade de aulas dinâmicas e professores despreparados são notórios, principalmente no ensino público do nosso país. Por falta de investimento e infraestrutura, os educadores e educandos não recebem incentivo, a maioria “joga” um conteúdo simples, de livros did|ticos antigos, não procuram inovar, pesquisar outros meios de ensino, muitas vezes a aula é expositiva, a escola não disponibiliza um recurso didático ou pedagógico, resumindo, é um grande desafio ensinar. Neste sentido o comprimo consigo e com a profissão que escolhera e o compromisso com o ensino e com seu aluno, (FREIRE, 1996, p. 19) nos adverte: Às vezes, mal se imagina o que pode passar a representar na vida de um aluno um simples gesto do professor. O que pode um gesto aparentemente insignificante valer como força formadora ou como contribuição a do educando por si mesmo. 415 Ensinar ciências é mais desafiador ainda, pois é uma disciplina que envolve química, física e biologia, e fica aquela dúvida de como transmitir um determinado assunto de forma interdisciplinar e que os alunos absorvam o conteúdo sem decorar. Entretanto, o que parece ser difícil na verdade não é, pois se procurarmos relacionar essas disciplinas com o nosso cotidiano, fica mais esclarecedor para a criança e bem mais divertido. Desse modo, através dos jogos, o educando explora muito mais sua criatividade, melhora sua conduta no processo ensino – aprendizagem e sua autoestima. A aplicação do recurso além de proporcionar conhecimento, proporcionou lazer e divertimento para o alunado, pois toda criança necessita do brincar no seu processo de ensino. Principalmente no ensino de ciências naturais, que muitas vezes não desperta tanto interesse referente às outras ciências, entretanto, se o educador transpassar os conteúdos administrados de maneira lúdica, pode despertar o interesse dos seus alunos. Procurar dialogar com seus alunos é de significativa relevância, conhece-los também é muito válido, procurar ter um bom convívio com sua turma tudo em prol do aprendizado dos alunos. O sistema digestório no ensino de ciências O Conhecimento e respeito pelo próprio corpo é fundamental para o bom funcionamento físico e psíquico do sujeito e que todos os seus sistemas interligados corroboram para o funcionamento integral do mesmo. Possibilitando compreender os limites e potencialidades do seu corpo, colaborando para a saúde e a auto estima. Um dos sistemas que auxiliam para o bom funcionamento de nosso corpo é o Sistema digestório, ele atua a partir do momento que ingerimos alimento. Alimentar-se é primordial para qualquer ser vivo. Os alimentos são processados e transformados em nosso corpo, fornecendo energia para que todo o organismo funcione. O que acontece com o alimento quando ele passa para dentro do corpo? Os órgãos do sistema digestório possuem funções que propiciam a ingestão dos alimentos, e nos permitem permanecer vivos, renovar nossas células, obter energia e 416 manter as atividades cotidianas. Para que ocorra a digestão, o alimento passa por várias modificações físicas e químicas ao longo do processo de ingestão. Neste sentido Stefani e Carvalho 1987, p.115): Os alimentos ingeridos pelo animal precisam sofrer transformações antes de passarem para o sangue e as células. Essas transformações são realizadas no sistema digestório, que é constituído pelo tubo digestório (canal alimentar) e glândulas anexas. O nosso corpo produz vários tipos de enzimas digestórias e cada enzima é capaz de digerir uma determinada espécie de molécula presente no alimento ingerido, entram as amilases, ação das enzimas que entram com o processo de intervir apenas nos amidos. Há elementos que as enzimas não conseguem atuar com eficácia, é o caso da celulose por ser uma molécula muito grande, então ela é eliminada pelas fezes. O tubo digestório é constituído pelos seguintes órgãos: boca, faringe, esôfago, estomago, intestino delgado e intestino grosso. Segundo Stefani e Carvalho (1987, p.127): Aqui num primeiro momento, o alimento é triturado com o auxilio dos dentes, conjuntamente com a ação das glândulas salivares, que liberam a saliva que possui em sua composição: água, cloreto de sódio, amilase (ptialina) e outros materiais em pequena percentagem. A boca é o primeiro órgão que compõe o sistema digestivo e tem como função a trituração dos alimentos, juntamente com a atuação da saliva com auxilio das enzimas presentes nesta que impulsiona o alimento para a faringe. “Todo esse conjunto de ações e reações possibilita a digest~o estomacal, processo este denominado de quimificação, ou seja, transformação do bolo alimentar em quimo.” (STEFANI; CARVALHO, 1987, p.127) Após o processo de mastigação os nutrientes chegam ao esôfago, onde é realizado movimentos peristálticos, que formam o bolo alimentar, até chegar no estômago, quando o alimento chega no estômago, sofre a ação dos sucos digestivos que é responsável por fragmentar as proteínas do bolo alimentar. O intestino delgado vem com o processo de segregação das várias enzimas digestivas, dando origem a moléculas menores e solúveis, ele está dividido em duodeno, jejuno e íleo. O intestino grosso 417 absorve o liquido que são as águas e sais minerais, e o restante que não foi digerido vai para o reto que é eliminado pelas fezes. Metodologia Buscando fortalecer a discussão entre a ciência e a tecnologia na sociedade atual, a partir de uma reflexão sobre a forma como o corpo humano realiza o processo de absorção dos alimentos ingeridos, a escola escolhida para a aplicação do projeto fora a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Cruzeiro do Sul situada na Estrada do Outeiro Nº 134, bairro Maracacuera, a escola fica na periferia do Distrito de Icoaraci, região metropolitana de Belém, Pará, Brasil. O trabalho contemplou três etapas. A primeira consistiu em uma visita a escola, para do tema acerca de ciências naturais que os alunos do ano em questão mais gostavam; e a segunda compreendeu a elaboração do projeto e recurso didático e a terceira consistiu na aplicação do projeto e utilização do recurso didático e de outras metodologias para auxilia na melhor fixação da temática trabalhada. Antes da elaboração do projeto, dirigimo-nos até a escola e conversamos com a turma do 5º ano do ensino fundamental, ano escolhido para desenvolvimento e aplicação do projeto conversamos informalmente e perguntamos aos alunos sobre qual temática da área de ciências naturais interessavam-se, comentaram que gostavam muito de temas relacionados ao corpo humano. Partindo dessa informação partimos a elaboração do projeto e concepção de ideias de possíveis recursos pedagógicos a serem produzidos. O desenvolvimento deste projeto fora baseado em pesquisa e revisão de literatura, exposição oral do tema, utilização de recurso didático/pedagógico. Compreendemos que ao trabalharmos o assunto proposto desta maneira, alcançaremos o aluno quanto ao conteúdo ministrado. Como afirma Azevedo (2010, p. 23): Uma metodologia tradicional, hoje, impossibilita-nos de alcançar nossos objetivos, pois nossos alunos têm contato com um grande aparato de possibilidades tecnológicas que os cativa, e a escola, quando trabalha apenas 418 com repasse de informações, utilizando-se apenas do livro didático ou aulas expositivas, acaba fragilizando a vontade do discente de aprender Neste sentido, entendemos que utilizar recursos lúdicos como novas alternativas ao ensino de ciências, auxilia em uma melhor absorção do conteúdo ministrado aos alunos. Com a finalidade de levantarmos junto aos alunos o conhecimento prévio da temática, no primeiro momento recorremos a uma roda de conversa direcionada com 5 perguntas, onde as crianças respondiam se sabiam ou não acerca do assunto, todavia, deixamos a turma livre para quem quisesse comentar algo a mais. As interpretações das respostas às perguntas se davam da seguinte maneira: executamos as perguntas quem soubesse a resposta ou ao menos tinha noção do que se falava levantava a mão significando o “sim” e quem “n~o sabia” deixava a m~o perante a carteira, foram contabilizados o número de “sim“ e os “n~o”. Após a primeira roda de conversa, passara um vídeo introdutório intitulado “a digest~o começa na boca” que abordava o processo da digest~o internamente, o vídeo era bem simples e de fácil entendimento e durava pouco tempo, para a criança entender como funciona as etapas da digestão por dentro do corpo. Na sequencia iniciamos a explanação do assunto com o recurso didático escolhido que foi um painel, onde utilizamos materiais acessíveis e de baixo custo financeiro, montamos um corpo onde estava exposto o sistema digestório e os órgãos que os compõe (Imagem 1), entretanto, colamos com velcro os órgãos e de acordo com a exposição dialogada íamos fixando os órgãos e explicando suas funções, a importância, e o caminho que o alimento percorrera durante o processo de digestão. Promovendo também o dialogo sobre a importância de haver uma alimentação saudável para o bem estar do corpo. 419 Imagem 1: Painel Sistema digestório Esta forma de exposição dialogada com uso de recurso fora pertinente para a fixação de termos biológicos do sistema digestório, a localização e função dos órgãos. Deixamos as crianças manusearem os órgãos, trouxemos a imagem de frutas e de acordo com a explanação íamos percorrendo o alimento como se ele tivesse executando a digestão. Em seguida, trouxemos curiosidades sobre o tamanho dos órgãos, como exemplo o intestino delgado onde representamos o tamanho dele com uma fita métrica e explicamos como eles estão dispostos no corpo. Posteriormente, para auxiliar na fixação do conteúdo ministrado e como apoio aos demais recursos utilizados, propomos uma atividade para os alunos, dividindo a turma em 3 grupos, onde distribuímos papeis 40kg, pincel atômico e imagens recortadas dos órgãos que compõe o sistema digestório, e deixamos os alunos livres para contornarem o corpo do colega. Ao final da atividade proposta fizemos uma revisão para melhor fixação do conteúdo, onde nós indagamos a turma de como ocorre o processo da digestão. E por fim, realizamos as mesmas perguntas da roda de conversa inicial, para compararmos a evolução do aprendizado da turma. Resultados A despeito da atividade proposta para produção do sistema digestório (Imagem 2 e 2.1), a turma se mostrou bastante participativa e receptiva. O curioso foi que nem 420 pedimos para as crianças colocarem os nomes identificando cada órgão e quando percebemos os próprios alunos identificaram colocando os nomes e puxando uma seta para reconhecer cada órgão do sistema. Neste sentido AZEVEDO (2010, p.3) nos assegura que: “Isso tudo, as tornam sujeitos da aprendizagem, as oportunizam a compreensão através de sua atuação, sem empobrecimento do conteúdo científico, e sem serem meros expectadores.” Imagem 2: Alunos realizando a atividade Quando os alunos manipularam o painel e suas peças e observaram suas produções, principalmente a região do abdômen (barriga) efetuaram algumas indagações como: “como o bebê cabe ai com todos esses órg~os?”. É pertinente destacar a relação que os alunos fizeram com outros conteúdos, outros acontecimentos do corpo humano. Numa an|lise geral dos dados obtidos a partir das respostas da “roda de conversa”, observamos o progresso dos alunos antes e depois da explanaç~o do assunto utilizando o recurso didático, vídeo introdutório e a atividade. Tabela 1: 1º roda de conversa (antes da exposição dialogada com recursos) PERGUNTAS SIM NÃO O que é o sistema digestório? 5 18 Pra que serve o sistema digestório? 1 22 Quais são os órgãos do sistema digestório? 6 17 Onde começa a digestão? 15 8 421 Qual a importância da digestão para o nosso corpo? 5 18 Após análise das respostas iniciais antes da aplicação das metodologias observou-se um resultado pouco satisfatório, alguns alunos não sabiam a importância do sistema digestório para nosso corpo e/ou como se dara o processo de digestão, mesmo outrora a temática já tenha sida abordada em sala de aula. Os alunos estavam bastante tímidos e nervosos. então somente um aluno se manifestou durante o processo de realização das perguntas. O aluno X respondeu na primeira roda de conversa a seguinte pergunta: Para que serve o sistema digestório? “É respons|vel pela digest~o dos alimentos.” Todavia, a aluna X foi à única que se manifestou perante a turma acerca da realização das perguntas, os demais alunos só responderam sim ou não. Observou-se assim, que os alunos apresentavam muitas dúvidas a respeito do funcionamento do sistema digestório. Com relação ao vídeo introdutório, observamos que os alunos ficaram chocados, a maioria das crianças sentiu repulsa ao se deparar com o processo interno da digestão, outras riram e fizeram brincadeiras como disse o aluno Y “Nem vou mais almoçar hoje, perdi a fome.”. Ao compararmos as respostas dadas inicialmente conforme tabela abaixo, verificamos mudanças positivas nas respostas além de mais segurança por parte dos alunos. Tabela 2: 2º roda de conversa (depois da exposição dialogada com recursos) PERGUNTAS SIM NÃO O que é o sistema digestório? 16 7 Pra que serve o sistema digestório? 17 6 Quais são os órgãos do sistema digestório? 14 9 Onde começa a digestão? 18 5 Qual a importância da digestão para o nosso corpo? 16 7 Podemos observar na primeira pergunta “Pra que serve o sistema digestório?” a diferença do antes e do depois, na primeira roda de conversa somente 5 alunos tinham 422 noção da importância da digestão para o nosso corpo e na segunda roda de conversa mais da metade da turma tinha compreensão, 17 alunos souberam responder, e apenas 6 não souberam. Na sequência, o que chamou bastante atenção foi à quantidade de alunos na segunda roda de conversa que souberam identificar os órgãos que compõe o sistema digestório, comparado com a primeira roda de conversa, além de comprovar o bom desempenho perante a turma, a satisfação e a recompensa são muito válidos. Verifica-se, portanto, como a roda de conversa realizada forma descontraída, respeitando os saberes expressos pelos alunos foi fundamental para os alunos serem motivados a aprender e participar. As mudanças nas respostas dos alunos, expressas em números na tabela demostram que houve avanços significativos na aprendizagem, demonstrando assim, que a ludicidade, desperta o interesse do educando, mesmo porque, ao aluno do ensino fundamental, ainda lhe é bastante peculiar à brincadeira e a imaginação. Considerações Finais A escola deve se dar conta que é através do lúdico e da criatividade do educador, pode-se obter bons resultados no processo de ensino-aprendizagem do aluno, enfatizando a importância da relação dos assuntos com o cotidiano da criança, não é só porque a escola não tem subsídios para uma melhor aula que devemos nos conformar, mas sim abraçar e ter compromisso com a educação, buscando sempre aprender mais e aprender com os alunos, como afirma FREIRE (1996, p.21): “Como professor critico, sou um “aventureiro” respons|vel, predisposto a mudança, a aceitaç~o do diferente.”. O projeto desenvolvido nos proporcionou a possibilidade de experiências educacionais que vão além do ensino tradicional, uma vez que considerou relevante a opinião o desenvolvimento do sujeito, levando em consideração suas particularidades e saberes. As metodologias aplicadas beneficiando da ludicidade conferem uma nova perspectiva acerca do ensino, validadas pelos resultados positivos. Neste sentido, instigando a produção de outros recursos didático-pedagógicos que possam auxiliar e alavancar a aprendizagem dos alunos. 423 Referências ALVES FILHO, José de Pinho; PINHEIRO, Terezinha de Fátima; PIETROCOLA, Maurício. Prática interdisciplinar na formação disciplinar de professores de ciências. Disponível em:<http://www.if.ufrgs.br/ienci/artigos/Artigo_ID101/v8_n2_a2003.pdf>. Acesso em: 04 de novembro de 2015. AZEVEDO, Roneide Damiat. Estratégias lúdicas no ensino do sistema digestório: células parietais. In: O professor pde e os desafios da escola pública paranaense. Paraná. [s.n], 2010. v.1. 2010. Disponível em: < http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde /2010/2010_unioeste_cien_artigo_roneide_damiati_azevedo.pdf >. Acesso em 02 de novembro de 2015. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: ciências naturais. 3. ed. Brasília, 2001. STEFANI, Adria; CARVALHO, Clarice Prade. Biologia do homem. Porto Alegre: Sagra, 1987. 424 OS 3 R’s E COLETA SELETIVA: CONSCIENTIZAR PARA PRESERVAR AMANDA PERES RIBEIRO UEPA [email protected] VIVIANE DE NAZARÉ COELHO LÚCIO UEPA [email protected] CÁSSIA REGINA ROSA VENÂNCIO UEPA [email protected] JOÃO PAULO PASSOS UEPA [email protected] TÂNIA ROBERTA COSTA DE OLIVEIRA UEPA Resumo: Atualmente é possível encontrar uma grande quantidade de lixo, principalmente nos centros urbanos, devido ao consumismo desenfreado da população, e isso reflete em consequências extremamente prejudiciais para o meio ambiente. O presente trabalho, através do Projeto Reciclarte, teve por finalidade abordar a questão dos resíduos sólidos com os alunos do 3º ano do primeiro ciclo do Ensino Fundamental, visando a adoç~o da Política dos 3 R’s e da Coleta Seletiva por eles. O objetivo principal foi despertar a consciência dos mesmos sobre a importância de diminuir a produção do lixo bem como sobre a destinação final correta. O desenvolvimento do trabalho se deu, especialmente, através da produção de papel reciclado e oficina de reutilização, onde se buscou de forma lúdica, favorecer a aprendizagem dos alunos sobre a importância de preservar o meio ambiente. Observou-se que apesar dos alunos terem noção sobre os malefícios do descarte incorreto do lixo, não apresentam atitudes coerentes no seu dia-a-dia. Palavras-chave: resíduos sólidos, coleta seletiva, reciclagem. Introdução Atualmente os resíduos sólidos comumente chamados de lixo, são um dos maiores causadores da poluição ambiental. No passado, a maior parte do lixo produzido era constituída de produtos orgânicos e hoje, devido ao desenvolvimento industrial, ao crescimento populacional e o consequente consumo excessivo de produtos descartáveis, a produção de lixo aumentou consideravelmente. Porém, muitos municípios brasileiros não apresentam infraestrutura necessária para processar esses resíduos, sendo levados 425 para os depósitos a céu aberto (“lixões”) que n~o tem nenhuma preparaç~o anterior do solo, o que ocasiona a penetração do chorume (líquido preto que escorre do lixo) na terra, contaminando o solo e os lençóis freáticos. Além disso, muitas pessoas descartam o lixo de maneira inadequada, jogando-o nas ruas, atraindo insetos, ratos e urubus, o que provoca inúmeras doenças; e com as chuvas, esse lixo é levado para os bueiros causando o entupimento e, consequentemente, o alagamento das cidades. Diante desses fatores, o Projeto Reciclarte teve a finalidade de promover a conscientização de crianças no ambiente escolar através dos conceitos de Políticas dos 3 R’s e Coleta Seletiva. Referencial Teórico O lixo Atualmente por ser considerado uma das maiores causas da poluição ambiental, o lixo passou a ser uma questão de interesse global. Chamamos de “lixo” a uma grande diversidade de resíduos sólidos de diferentes procedências, dentre eles o resíduo sólido urbano gerado em nossas residências. A taxa de geração de resíduos sólidos urbanos está relacionada aos hábitos de consumo de cada cultura, onde se nota uma correlação estreita entre a produção de lixo e o poder econômico de uma dada população. (FADINI; BARBOSA, 2001, p. 9). Com o desenvolvimento industrial, o sistema capitalista passou a ser uma das características das sociedades modernas, onde o poder econômico gera hábitos de consumo exagerado, consequentemente aumentando a produção de lixo. Os resíduos sólidos domésticos, comerciais, industriais e das operações agrícolas apresentam cada vez mais papéis, plásticos, vidros, entre outros. Todo este material cria crescentes problemas de coleta, despejo e tratamento. Seus depósitos inadequados constituem-se muitas vezes em foco de crescimento de mosquitos e roedores. Todo esse material contribui enormemente para a deterioração do ambiente humano (Tommasi, 1976, p.153). Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2014, foram geradas mais de 215 mil toneladas/dia de lixo urbano neste ano, sendo destinado a aterros sanitários em 2.236 municípios, devido a lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, que instituiu que os resíduos sólidos sejam destinados aos aterros para evitar danos a saúde e problemas 426 ambientais. Porém, muitos municípios brasileiros não apresentam infraestrutura necessária para processar esses resíduos, sendo levados para os depósitos a céu aberto (“lixões”) que n~o tem nenhuma preparaç~o anterior do solo, o que ocasiona a penetração do chorume (líquido preto que escorre do lixo) na terra, contaminando o solo e os lençóis freáticos. Além disso, muitas pessoas descartam o lixo de maneira inadequada, jogando-o nas ruas e com as chuvas, esse lixo é levado para os bueiros causando o entupimento e consequentemente o alagamento das cidades. Procura-se desenvolver atitudes e ações de conservação e preservação do ambiente natural, na comunidade, demonstrando que a utilização de práticas de proteção ao meio ambiente resulta no proveito próprio e comunitário, ajudando a desenvolver uma postura social e política preocupada e comprometida com a questão da vida na Terra. Assim, fica mais fácil reconhecer os prejuízos e benefícios que causa o lixo acumulado na saúde pública e a importância da redução, da reutilização e da reciclagem do lixo para a natureza (CORREA, 2001, p. 54). O lixo é uma preocupação para as mais diversas áreas de pesquisa. Na área da biologia, os lixões a céu aberto preocupam, visto que são toneladas e toneladas de lixo sem uma destinação adequada, que atraem ratos, baratas, urubus; trazendo doenças para a população, principalmente às pessoas que moram nas proximidades destes lixões. Como exemplo de doenças está a dengue, devido ao acúmulo de água parada; a leptospirose, onde o transmissor é o rato e as doenças respiratórias. Na química, a preocupação com os lixões está diretamente ligada à poluição do solo e lençol freático pela penetração do chorume e a emissão de gases que provocam a poluição do ar. Ou seja, a implantação dos aterros sanitários nos municípios é importantíssima e a área da física está ligada aos aterros propondo uma solução, que é a conversão dos gases liberados pelo lixo (especialmente o metano) em energia elétrica e combustível. Possíveis soluções Além da destinação final adequada do lixo, outras formas de minimizar os danos causados s~o: a adoç~o da Política dos 3 R’s e da Coleta Seletiva. A política dos 3 R’s é um conjunto de ações que tem como finalidade diminuir a produção de lixo. O nome 3 R's faz alusão às ações de Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Reduzir é considerado a ação de maior importância, a redução pode ser obtida, por 427 exemplo, através da aquisição de produtos mais resistentes (apresentem maior durabilidade), evitando ao máximo os produtos descartáveis. Reutilizar consiste no reaproveitamento de algo que iria para o lixo, como exemplo, uma garrafa que pode ser reutilizada como um vaso. A reciclagem é transformar em algo novo aquilo que não pode ser reduzido nem reutilizado, por exemplo, a reciclagem do papel. A Coleta Seletiva é um processo que está intimamente ligado à reciclagem, porque é através da separação do lixo que são obtidos os materiais recicláveis. A Coleta Seletiva serve para organizar, de forma diferenciada, os resíduos sólidos que podem ser reciclados, estes são separados em plástico, papel, vidro e metais. Em alguns locais podemos encontrar lixeiras para recolher esses objetos recicláveis, que são separadas por cores para a melhor identificação do lixo, sendo as amarelas usadas para se jogar metal; as azuis, papel; as verdes, vidro; e as lixeiras vermelhas, plástico. Tendo em vista todas essas propostas de melhorias da destinação do lixo a escola é um ótimo lugar para estimular os alunos a se tornarem cidadãos conscientes sobre a problemática ambiental. Segundo a lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, artigo 2º, “A educaç~o ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal” (BRASIL, 1999). Metodologia O Projeto Reciclarte foi aplicado no dia 19 de novembro de 2015 e teve como público alvo os alunos do 3º ano do primeiro ciclo do Ensino Fundamental da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Jarbas Passarinho, localizada no município de Belém. Dos 24 alunos da turma, apenas 17 estavam presentes. Foram utilizados materiais como: cartilhas, lixeiras de coleta seletiva, papel reciclado e garrafa PET. Inicialmente foram distribuídas cartilhas para os alunos e para a professora com esclarecimentos sobre o assunto a ser abordado. Posteriormente, foram realizadas as seguintes perguntas: “Você sabe quais as consequências do descarte incorreto do lixo?”, “O que você entende por política dos 3 428 R’s?” e “Você faz a separaç~o do lixo em sua casa?”, para verificar o conhecimento prévio dos alunos acerca do tema e concomitantemente, foram expostos assuntos como o lixo, Política dos 3 R’s e Coleta Seletiva, onde foram apresentadas as lixeiras para que os alunos adquirissem o hábito de separar diariamente o lixo na escola. Logo após, foi exposta a produção de papel reciclado. Em seguida, foi realizada uma oficina para que os alunos produzissem um cofre com garrafa PET, ou seja, aplicassem o princípio da reutilização. Por fim, foi solicitado aos alunos que escrevessem o que compreenderam após a aplicação do projeto. Produção do material Cartilhas: foram desenvolvidas através de editor de texto e impressas em papel reciclado. Lixeiras de coleta seletiva: para a confecção das lixeiras foram utilizados baldes de tinta, aplicando-se o princípio da reutilização. Sendo cada um deles pintado de acordo com as cores da coleta seletiva (amarelo: metal; azul: papel; verde: vidro; vermelho, plástico.). Papel reciclado: para a produção do papel foram utilizados materiais como: liquidificador, balde, bacia grande, água, tela (silkscreen) e folhas de papel reciclável. Seguindo os seguintes passos: 1º passo: rasgar o papel em pedaços pequenos e colocar num balde com água. Deixar descansar por 3 dias para que as fibras se soltem; 2º passo: bater a mistura no liquidificador para formar uma pasta. Em seguida, colocar numa bacia e cobrir com água até atingir aproximadamente 10 cm de profundidade; 3º passo: mergulhar a tela na bacia e mexer para espalhar a mistura, subir a tela que ficará com a mistura na parte de cima. Deixar a tela descansar com o material por 1 dia. Depois é só ter cuidado para retirar o papel. Levando-se em consideração o longo processo de produção, as etapas de “descanso” foram feitas previamente. 429 Utilização do Recurso Cartilhas: foram utilizadas para informação e orientação dos alunos sobre a import}ncia da coleta seletiva de lixo, a política dos 3 R’s e a produç~o de papel reciclado. Além de uma cartilha direcionada à professora para orientála a dar continuidade na conscientização dos alunos no ambiente escolar. Lixeiras de coleta seletiva: foram deixadas na escola para que os alunos colocassem em prática o que foi aprendido e foram orientados a destinar esse lixo às cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Garrafas PET: foram utilizadas durante a oficina para que os alunos produzissem cofres. Apresentação e Discussão dos Dados Em nosso projeto, questionamos os alunos acerca da problemática do lixo e ao indagarmos sobre as consequências do descarte incorreto do lixo, obtivemos as seguintes respostas: “Causa muita sujeira”. Aluno 1. “Alaga as ruas”. Aluno 2. “Suja as praias”. Aluno 3. Em relaç~o { concepç~o dos alunos sobre a Política dos 3 R’s, nenhum deles apresentou uma resposta e quando o questionamento foi a realização da separação do lixo no ambiente domiciliar, todos responderam negativamente. Objetivando a adoção da coleta seletiva no ambiente escolar, apresentamos lixeiras que ficaram dispostas em frente à sala de aula, com exceção da lixeira de papel, que permaneceu em sala, devido ao descarte em maior quantidade pelos alunos. 430 Figura 1. Lixeiras dispostas em frente à sala de aula. Autora: Viviane Lúcio. Num segundo momento, mostramos aos alunos o passo-a-passo da reciclagem do papel que é o principal material descartado por eles na escola. A reciclagem do papel é de extrema importância para o meio ambiente, pois o papel é produzido através da celulose de determinados tipos de árvores. Quando reciclamos o papel ou compramos papel reciclado estamos contribuindo com o meio ambiente, pois árvores deixaram de ser desmatadas. Em seguida, os alunos realizaram uma oficina para produzir cofres de garrafa PET, com o intuito de compreenderem melhor o princípio da reutilização. Figura 2. Alunos confeccionando cofres. Autora: Amanda Peres. 431 Para finalizar, solicitamos aos alunos que escrevessem o que compreenderam após a aplicação do projeto, porém apenas seis se dispuseram a responder, devido o horário ser destinado à aula de Educação Física, o que ocasionou uma agitação entre os alunos. Apesar da quantidade ínfima de respostas, pudemos observar que os alunos absorveram o que foi proposto em relaç~o { Política dos 3 R’s e Coleta Seletiva. Figura 3. Respostas dos alunos. Considerações Finais Como os resíduos sólidos são um dos maiores problemas ambientais enfrentados atualmente, é necessário que estes tenham uma destinação final adequada e que a população tenha consciência do seu papel diante desta situação. Para isso, a Educação Ambiental é uma ferramenta fundamental para formar cidadãos conscientes, a partir da incorporaç~o da Política dos 3 R’s e da Coleta Seletiva no seu dia-a-dia. Com isso, a contribuição do Projeto Reciclarte foi mostrar que ações como essas são de fundamental importância, necessárias e úteis; mostrando também que essas ações não são soluções e sim alternativas para reduzir os impactos causados pelo consumismo que tem crescido de maneira desenfreada atualmente. Devido ao grande interesse e participação das crianças durante a oficina, ficou evidente a importância de 432 se promover atividades lúdicas para que estes compreendam de forma dinâmica a importância da preservação do meio ambiente. Referências ABRALPE. Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2014. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2014.pdf> Acesso em: 30 de outubro de 2015. BRASIL. Lei nº 9.795, de 27.04.99. Dispõe sobre a Educação Ambiental, Institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em: 28 de outubro de 2015. BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 30 de outubro de 2015. CORREA, Saionara Escobar de Oliveira. O conhecimento da problemática ambiental do lixo na visão dos alunos de 5a a 8a séries em escolas municipais de Itaqui- RS. Uruguaiana, PUCRS- Campus II, 2001. Monografia de pós-graduação. Educação. FADINI, Pedro Sérgio; BARBOSA, Almerinda Antônia Fadini. Lixo: desafios e compromissos. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola. São Paulo: Edição especial, Maio 2001. LOUREDO, Paula. Coleta Seletiva de Lixo. Disponível em: < http://escolakids.uol.com.br/coleta-seletiva-de-lixo.htm> Acesso em: 28 de outubro de 2015. PENA. Rodolfo Alves. A política dos 3Rs. Escola Kids. Disponível em: <http://www.escolakids.com/a-politica-dos-3rs.htm>. Acesso em: 28 de outubro de 2015. TOMMASI, L.R. A degradação do meio ambiente. São Paulo: Nobel. 1976. 433 OVO NO NINHO, OVO NO PRATO: UM AGENTE REPRODUTOR DE VIDA E ALIMENTO PARA VÁRIAS ESPÉCIES ANIMAIS Aída da Cruz Cordeiro UEPA [email protected] Maria Conceição Rodrigues de Oliveira UEPA [email protected] Resumo: Este artigo consiste em um estudo sobre o ensino de Ciências nas séries iniciais, que foi apresentado por meio do projeto “Ovo no ninho, ovo no prato: um agente reprodutor de vida e alimento para v|rias espécies animais”. Com essa tem|tica foram desenvolvidas atividades que exploraram o ovo como uma célula reprodutora de vidas e o ovo como alimento, destacando as suas propriedades vitamínicas, a melhor forma de consumo e a possibilidade do ovo conter a bactéria salmonela. Com o desenvolvimento deste projeto buscou-se o letramento científico por meio da interdisciplinaridade entre a Biologia, a Física e a Química no campo da Ciência, ajustando-se ao processo de alfabetização vivenciada pelos alunos do 1º ano/9 da Escola Municipal “Nestor Nonato de Lima” localizada na capital paraense. A participação destes alunos deu-se por meio de desenhos, discussões nas aulas expositivas com auxílio de slides, experiências com material concreto, jogos educativos que foram reelaborados para atender a sequência de assuntos explorados durantes o período de aplicação do projeto. Os dados coletados com a pesquisa passaram por uma an|lise qualitativa que partiu da seguinte premissa: “o que conheciam” antes do projeto, “o que passaram a conhecer” depois do projeto. Palavras-chave: Ovo, Ciência, Alfabetização. Introdução No Ensino Fundamental menor, no processo de ensino-aprendizagem, a grande expectativa recai sobre as disciplinas Português e Matemática, porém, não podemos esquecer que o ensino de Ciências é de suma importância neste momento para o aluno, pois, a alfabetização científica pode proporcionar a eles a construção de benefícios práticos para o ser humano, a sociedade e o meio ambiente. A Ciência sempre busca resposta para as coisas existentes no universo e, neste sentido, “observamos o mundo para ver o que existe e descobrir como as coisas funcionam” (TREFIL; HAZEN, p. 1, 2006). 434 Diante do propósito de buscar conhecimentos científicos e aplicá-los em turmas do 1º ano/9, lançamos a tem|tica “Ovo no ninho, ovo no prato: um agente reprodutor de vida e alimento para várias espécies animais. Neste sentido, surgiu a intenção de explorarmos este assunto com crianças no contexto escolar a fim de investigar o quanto de conhecimento estes alunos tinham sobre o ovo. Sendo assim, buscamos formatar os ideais da pesquisa partindo das seguintes questões norteadoras: a) Que tipo de conhecimento os alunos do 1ºano/9 têm sobre a célula ovo?; b) Quais as informações/conhecimentos sobre o consumo do ovo de galinha como alimento? O interesse em saber o grau de conhecimento que o aluno tem sobre o ovo vem do fato de que esse alimento ou esta célula está presente na vida cotidiana das pessoas e, de forma pouco percebida ou até mesmo despercebida, este elemento é responsável pela geração de vida animal racional e irracional. Justificativa No Ensino Fundamental menor. No processo de ensino-aprendizagem, a grande expectativa recai sobre as disciplinas Português e matemática, porém, não podemos esquecer que o ensino de Ciências é de suma importância neste momento para o aluno, pois, a alfabetização científica pode proporcionara estes a construção de benefícios práticos para o ser humano, a sociedade e o meio ambiente. A ciência sempre busca resposta para as coisas existentes no universo e, neste sentido, “observamos o mundo para ver o que existe e descobrir como as coisas funcionam” (TREFIL; HAZERN, p. 1, 2006). Diante do propósito de buscar conhecimentos científicos e aplicá-lo em turmas do 1º ano/9, lançamos a tem|tica “Ovo no ninho, ovo no prato: um agente reprodutor de vida e alimento para várias espécies animais. O ovo como elemento central da pesquisa, foi selecionado a partir da visão de que este faz parte vida do homem tanto como alimento quanto uma célula reprodutora das espécies animais que garantem o ciclo de vidas no nosso Planeta. 435 Neste sentido, pretendemos apresentar aos alunos o ovo na condição de alimento, mostrando os benefícios e malefícios do mesmo em processo de manipulação até chegar ao consumo final, e ainda demonstrá-lo como uma célula capaz de gerar vida. Este projeto torna-se relevante a partir da compreensão do resultado da pesquisa, que vai introduzir ou aprofundar os conhecimentos prévios que os alunos têm sobre este elemento – ovo – que está presente constantemente em todas as camadas de nossa sociedade, em qualquer lugar do planeta terra. Objetivos Oportunizar situações de aprendizagem que agucem a curiosidade dos estudantes no sentido de conhecer o ovo em diferentes contextos a fim de despertar nos alunos do Ensino Fundamental menor o interesse pela pesquisa e apreensão de conhecimentos científicos. Referencial Teórico Assumimos a teoria de Almeida (2015) como referencial teórico sobre o ovo, objeto da pesquisa, para discutir a relação entre as Ciências Biológicas, Físicas e Químicas associadas ao processo de alfabetização vivenciado por alunos do Ensino Fundamental I. Esta teoria vai dialogar com outras a fim de agregar conceitos e definições que funcionem como argumentos para se compreender o ensino de Ciências nas séries iniciais na educação formal. Segundo Almeida (p. 1, 2015) “biologicamente falando, o ovo é o óvulo de alguns animais, especialmente aves ou répteis, que pode ser fecundado ou não. Seu objetivo primordial é o de acomodar o embrião, fornecendo alimento e água para seu desenvolvimento.” Neste sentido, vimos que para gerar vida, este ovo tem que está fecundado e passar por um processo de maturação que ocorre de acordo com a especificidade do animal. No caso da galinha, a nova vida, o pintinho, nasce após 21 dias de forma natural quando a galinha choca o ovo (senta no ovo para aquecê-lo). Mas, a ciência descobriu 436 outras formas de garantir a reprodução de ovíparos sem necessariamente ter a presença direta do animal. São as reproduções feitas em laboratórios. Estudos sobre o ovo mostram que essa pequena célula traz na sua composição elementos que, associados a outros, multiplicam as possibilidades de ingestão do mesmo pelo ser humano. A descoberta do ovo como alimento foi um grande passo do homem na gastronomia, pois “o ovo pode ser uma ótima fonte de alimento, j| que contém grandes propriedades de proteínas, vitaminas e gorduras necess|rias ao corpo humano” (ALMEIDA, p. 1, 2015). Esse ovo utilizado como alimento pela espécie humana, geralmente, vem da galinha. Porém, no reino animal, vários bichos botam ovos e a reprodução de algumas espécies animais ocorre por meio da fecundação do mesmo. Para os nossos estudos e experiências será importante conhecermos as espécies animais que botam ovos, considerando a classificação em mamíferos, aves, peixes, répteis, insetos e anfíbios (batráquios), destacando e/ou descartando aquela espécie que n~o tem nenhuma representaç~o entre os animais ovíparos, ou seja, os “animais cuja forma de reprodução inclui o depósito de ovos no meio externo”. Entretanto, destacaremos, também, as propriedades do ovo de galinha, cujos componentes químicos apresentam características benéficas ao homem e curiosidades nas suas composições. Neste sentido, pesquisas mostram que A casca do ovo é feita de cálcio, formando uma carapaça dura e porosa. Graças a essa porosidade, o ar entra e sai do ovo, mas o líquido não. Por isso, deixar um ovo perto de alguma coisa de cheiro forte pode ser fatal: o cheiro penetra na casca e impregna o conteúdo. O mesmo acontece em relação à cor, se o ovo for colocado em soluções com pigmentos. Cozido junto com uma cenoura ou uma beterraba, ele vai ficar amarelo ou rosa, como os famosos ovos coloridos de botequins. A clara fornece a água de que o embrião necessita enquanto se desenvolve e também serve para amortecer os impactos e proteger a gema. (ALMEIDA, p. 1, 2015) Além das composições químicas e dos benefícios do ovo, a pesquisa pretende estender-se ao consumo seguro deste alimento, com ênfase aos efeitos causados durante 437 o preparo e consumo do ovo cozido, frito e cru, destacando o seu aspecto físico e as doenças que este alimento pode causar quando ingerido pelo homem. No que se refere a doenças, segundo Barancelli; Martin; Porto (p.1, 2015) a salmonela é “um dos principais patógenos envolvidos em casos de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs)” (...) E “o ovo e alimentos { base de ovos crus ou mal cozidos s~o veículos transmissores” da salmonela. O campo da Ciência é infinito e vasto. Tudo que existe no universo constitui-se em objeto de estudo daqueles que buscam respostas a respeito das coisas do mundo material e, neste projeto, elegemos o ovo. Metodologia O estudo foi realizado em quatro aulas, de duas horas cada, na Escola Municipal “Nestor Nonato de Lima” localizada em Belém/PA, com a turma do 1ºano/9 do Ensino Fundamental I, cuja faixa etária dos alunos é de 6 a 8 anos. Inicialmente, os alunos receberam uma folha de papel A-4 para desenharem e/ou escreverem o que sabiam sobre o ovo. De posse desse material de sondagem, foram ministradas aulas expositivas com o auxílio de slides com informações a cerca do ciclo de vida, espécies de animais ovíparos, composição do ovo de galinha, modos de consumo deste alimento. A cada aula expositiva, foram realizadas experiências com material concreto: melhor estado de consumo do ovo, farinha de cálcio feito da casca do ovo e coloração do ovo cozido. A leitura e escrita e a matemática estiveram presentes na construção do glossário, onde os alunos falavam as palavras de acordo com a letra inicial das mesmas. Posteriormente, as palavras do glossário foram utilizadas para o bingo de palavras, em que os docentes recebiam meia falha de papel A-4 e dividiam-na em quatro partes iguais (retângulos) e em cada parte selecionava e escrevia uma palavra do glossário. Quanto aos jogos educativos como: trilha, jogo da memória e figurinhas, estes foram confeccionados pelas pesquisadoras e explorados pelos alunos sempre divididos em pequenos grupos. 438 Com estes jogos, os alunos exercitaram os conhecimentos científicos, lingüísticos e matemáticos, entre outros, pois, cada um continha uma especificidade que desenvolviam saberes compatíveis com a faixa etária e o processo de alfabetização escolar. Por fim, houve a reaplicação do instrumento de sondagem, que consistiu em uma folha de papel A-4 para os alunos registraram por meio de desenho e/ou escrita o que apreenderam sobre o ovo. Resultados O resultado do trabalho científico envolvendo a interdisciplinaridade entre a Biologia, a Física e a Química está presente nas expressões dos alunos. Mas, de acordo com Viecheneski; Carletto (p. 4, 2015) “o trabalho com as Ciências, articulado ao processo de aquisição da língua materna, pode contribuir para que as atividades de leitura e escrita sejam contextualizadas e repletas de significados para os alunos.” Sendo assim, observou-se que concomitante a alfabetização científica, esteve a aquisição da língua materna, por meio de atividades de leitura e escrita contidas na construção do glossário, nos jogos educativos, entre outros formas contextualizadas e com significados que podem ser comprovados, por exemplo, na análise de dados como os desenhos e as escritas dos educandos. Considerações Finais O desenvolvimento do projeto “Ovo no ninho, ovo no prato: um agente reprodutor de vida e alimento para v|rias espécies animais” ocorreu de forma a contemplar os objetivos traçados, uma vez que os alunos já tinham conhecimentos prévios desta célula. Com as aulas, os alunos puderam ampliar o seu vocabulário científico, fazer relações de vivências cotidianas alimentares com as explicações e experiências realizadas com o ovo, tiveram conhecimentos das vitaminas presentes neste alimento e também informações que o levasse a refletir sobre a melhor forma de consumir o ovo, 439 com um alerta para o consumo do ovo cru ou mal cozido, que pode trazer a bactéria salmonela na sua composição. Este projeto foi aplicado em uma turma de 1º ano/9, em que os alunos estão em processo de alfabetização. Neste contexto, percebeu-se que a utilização dos recursos pedagógicos lúdicos, como desenhos e jogos, contribuíram, significativamente, para a observação do quanto eles apreenderam sobre o assunto trabalhado, relacionando a leitura de mundo com a ciência, a leitura e escrita dos códigos linguísticos, a matemática, entre outras áreas de conhecimentos. Todavia, ressaltamos que o tempo de exploração para este projeto vai além de quatro aulas, uma vez que durante a explanação da temática, surgiram vários questionamentos que conduziriam a uma ramificação dos conteúdos trabalhados. Por exemplo: quando se falou da salmonela, sentiu-se a necessidade de falar sobre o sistema digestivo, e assim por diante. Referências ALMEIDA, Lizandra Magon de. Do que é feito um ovo? Disponível em: <http://super.abril.com.br/ciencia/do-que-e-feito-um-ovo>.Acesso em: 03/11/2015. Animais ovíparos. Disponível em: <http://www.todabiologia.com/zoologia/animais_oviparos.htm>. Acesso em: 03 nov de 2015. BARANCELLI, Giovana Verginia; MARTIN, José Guilherme Prado; PORTO, Ernani. Samonella em ovos: relação entre produção e consumo seguro. Disponível em: <http://periodicos.bc.unicamp.br/ojs/index.php/san/article/view/8634612/2533> . Acesso em: 3 nov de 2015. MOREIRA, Marco Antônio. Organizadores prévios e aprendizagem significativa.Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/~moreira/ORGANIZADORESport.pdf>. Acesso em: 9 nov 2015. TREFIL, James; HAZEN, Robert M. Ciência: uma forma de conhecimento. In.: _____. Física viva. Vol. 1 – Uma introdução à física conceitual. Rio de Janeiro: LTC, 2006. 440 VIECHENESKI, Juliana Pinto; CARLETTO, Marcia Regina. Ensino de Ciências e Alfabetização Científica nos anos iniciais do Ensino Fundamental: um olhar sobre as escolas públicas de Carambeí. Disponível em: < http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/viiienpec/resumos/R0741-1.pdf>. Acesso em: 13 set 2015. 441 POSTURA CORPORAL: A IMPORTÂNCIA DO ENSINO E DA PRATICA NAS SERIES INICIAIS ANDREZA MARIA BELÉM DE SOUZA UEPA [email protected] MARCELA CHAVES PESSOA UEPA Prof.ª Dra. Cassia Regina Rosa Venâncio UEPA [email protected] Prof. Me. João Paulo Passos UEPA [email protected] Prof.ª Me. Tânia Roberta Costa de Oliveira UEPA [email protected]. Resumo: O presente projeto é justificado pela necessidade de orientação dos estudantes no que se referem aos vícios posturais presentes na realidade do âmbito escolar, onde a partir de observações, rodas de diálogos e atividades lúdicas, visamos proporcionar uma reflexão sobre a importância de uma postura correta, esclarecendo as consequências de um hábito inadequado e assim pensarmos em uma possível intervenção na realidade da escola. Para tanto fizemos uso dos conhecimentos biológicos para trabalharmos a coluna vertebral, dos de Química para esclarecer a importância do elemento Cálcio para o crescimento dos ossos e dos de Física para alertar sobre os prejuízos causados pelo excesso de peso levado nas mochilas. Palavras-chaves: vícios posturais, âmbito escolar, postura correta. 442 Introdução Saber distinguir uma postura correta de uma incorreta pode fazer toda diferença na saúde. O presente artigo apresenta resultados de estudos feitos pela necessidade de orientação dos estudantes no que se referem aos vícios posturais presentes na realidade do âmbito escolar. Manter posturas inadequadas por um tempo prolongado pode acarretar desvios posturais e deformações na coluna vertebral que irão ocasionar dores no pescoço e nas costas. Por conseguinte, de modo técnico, nos apoiando em Kendall et al (1995), podemos afirmar que “A adoç~o de uma postura inadequada ocasionar| desequilíbrios em músculos e articulações, podendo ainda desencadear processos de compensação, lesões, deformidades, dor e diversos distúrbios viscerais, nervosos, musculares, articulares, ósseos e circulatórios.”(p.76) Devemos levar em consideração que as crianças passam grande parte de seu dia, no âmbito escolar. E assim as instituições devem assumir sua responsabilidade diante este problema de saúde publica. Como afirma Falsarella et al. (2008, p.76) ao dizer que: A instituição escolar é considerada o ambiente essencial do desenvolvimento humano, onde o educando recebe orientação e formação e permanece durante um longo período de sua vida. A vida escolar tem início aos seis anos de idade e perdura ao longo de doze anos, período esse definido, em nosso país, como de Ensino Fundamental e Ensino Médio. Referencial teórico No enquadramento epidemiológico no Brasil, constata-se que cada vez mais cedo nossos jovens sofrem com alterações na postura corporal, além de prejudicar diretamente na qualidade de vida, transformando-se em um problema de saúde pública, pois o índice de problemas crônicos, como a corcunda e a escoliose aumentam a cada ano. Devemos avaliar que nossas crianças passam grande parte de sua infância no âmbito escolar, tornando esta uma fase essencial para o desenvolvimento musculoesquelético, e pela sua não adaptação é considerada prenunciadora de incontáveis problemas crônicos. De acordo com César (2004, p.259) A postura é a posição do corpo com suas diversas articulações no espaço. Entende-se por postura correta, a posição na qual mínimo estresse é aplicado 443 em cada articulação, evitando uma fadiga desnecessária. Deve-se ressaltar que postura não é uma situação estática, e sim dinâmica. As partes do corpo se adaptam constantemente aos mais variados estímulos recebidos, refletindo as experiências momentâneas. Apesar de, existir no Brasil as normas NBR-14006 e 14007, que regularizam a construção e dimensões dos mobiliários escolares de acordo com características antropométricas, as leis não são cumpridas e assim os alunos continuam sendo expostos a um local inadequado para o processo de ensino aprendizagem. Segundo Braccialli (1997, p.90) Para, se tentar minimizar a alta incidência de afecções posturais no adulto, se faça necessário um trabalho de base abrangente, atuando, principalmente, a nível preventivo e educacional, possibilitando, consequentemente, a mudança de hábitos inadequados. Outro fator que prejudica muito a saúde de nossas crianças é o peso que carregam ao transportar seus materiais escolares, independente de estar sendo carregadas em uma mochila, bolsas ou em pastas. É necessária uma parceria entre os pais e a coordenação escolar, para que fiquem atentos ao transporte de peso excessivo nas mochilas, devendo esta não ultrapassar 10% do peso da criança. De acordo com Braccialli (1997) “Especificaram que, entre 8-9 anos, deveriam 88 transportar no máximo 0,929 Kg em mochilas com fixação dorsal, e 1,151 Kg em mochilas com fixação escapular”. Atualmente h| diversos estudiosos que buscam dimensionar os danos que causam a ação de conduzir um peso acima do recomendado. Como mostra a pesquisa realizada por Rego e Scartoni (2007) em estudo com estudantes da 5ª e 6ª série na cidade do Rio de Janeiro, onde se constatou que o transporte de mochila com excesso de peso gera dor constante na coluna. As instituições devem se preocupar em adaptar seus móbeis para melhor conforto de seus alunos, evitando deste modo uma futura lesão para aquele individuo. Outro fator que é essencial ser trabalhado é a falta de atividade física regular, que associada à má postura corporal tanto estática como dinâmica, acaba por gerar situações que podem desencadear o aparecimento de inúmeras alterações na coluna vertebral, comprometendo as condições de saúde das crianças e dos adolescentes na fase escolar. 444 Desta forma, verificamos a importância de ser trabalhado esse tema com as crianças nas series iniciais, para que possa ser feita uma intervenção através da parceria realizada com os integrantes da escola e os pais dos alunos, e assim conseguirmos uma melhor qualidade de vida. Procedimentos Metodológicos Na atividade de acolhida, após a apresentação da turma e breve conversa sobre o que já sabiam sobre o assunto, foi projetado um vídeo denominado de Postura Legal, que abordava o tema de forma bem lúdica, que reteve muito a atenção dos alunos, iniciamos com uma dinâmica de Verdade ou Mito, onde foram divididos em 2 grupos, e foram feitas 10 afirmações, onde eles tinham que dizer se aquela afirmação era verdadeira ou não. Em cada grupo havia 11 alunos, e cada um tinha a responsabilidade de indicar um de seus integrantes para ir responder a pergunta. Após escolherem iam para frente e era sorteada as afirmações, no total foram sorteadas 5 afirmações para cada equipe. Se o aluno acertasse ganhava 1 ponto, se errasse o ponto ia para a equipe adversária. E desta forma, ocorreu a primeira dinâmica. As afirmações sobre coluna vertebral, relacionadas na dinâmica foram: (1) Dormir de barriga para baixo faz mal à coluna; (2) Ficar muito tempo na frente do computador faz mal às costas; (3) Salto alto é prejudicial à coluna; (4) Dor na coluna é consequência da fase de crescimento; (5) Bolsa muito pesada faz mal à coluna; (6) O peso das mochilas não deve ultrapassar o limite de 10% do peso da criança; (7) Dormir em colchão duro faz bem à coluna; (8) Dor nas costas é sinônimo de velhice; (9) Devemos sempre sentar com a coluna ereta; (10) Exercício faz mal para a dor nas costas. O grupo 1 teve melhor desempenho, acertando 6 afirmações. O objetivo da atividade foi mostrar os cuidados que devemos ter com a postura de forma dinâmica e divertida. Posteriormente, realizamos uma atividade de conhecimento específico, com auxilio de slides e de uma exposição dialogada com os mesmos, em seguida propomos a produção de cartazes, para isso a turma foi dividida em quatro grupos, cada grupo ficou 445 com um subtema: G1- Postura correta e incorreta; G2- Cuidados com a coluna “mochila”; G3-Desvios posturais; G4- Postura correta melhora a qualidade de vida. Na atividade de despedida foi entregue aos alunos um jogo, que consistia em uma trilha. Este não pôde ser explorado, pois o tempo não permitiu, porém retornamos à escola para entregar para a turma as instruções de como deveria ser jogado. Os alunos ficaram entusiasmados, e no mesmo momento foram executá-lo. RESULTADOS No inicio das atividades, os alunos demonstraram grande interesse sobre a temática e responderam a todos os questionamentos feitos como: vocês sabem o que é coluna vertebral? Vocês sabem para que ela serve? Vocês sabem quantos ossos nós temos? Vocês sabem que alimentos contem o cálcio? Como resposta aos questionamentos 100% dos alunos sabiam o que era coluna vertebral e para que ela servia. Na pergunta referente aos ossos, 100% dos alunos chutaram os valores. Sobre os alimentos, os alunos sabiam reconhecer a importância do cálcio e o leite foi o alimento mais citados pelos alunos. Quando foi pedido que mostrassem onde se localizava a coluna, prontamente todos os alunos levantaram, viraram e apontaram para as costas, demonstrando, assim, que tinham certo conhecimento referente à temática. Na explicação acerca dos desvios posturais, todos estavam concentrados, alguns pediam a palavra para relatar a presença de casos de desvios na família como o relatado pela aluna (A1): “a minha irmã de tanto ela ficar torta, ela não conseguia ficar com a postura correta, então ela foi ao médico, e colocaram uns pinos de ferro dentro da costa dela”. Conforme a explicação ocorria, os alunos procuravam corrigir suas posturas. Desde nossa chegada, nas conversas, e nas oficinas, os alunos foram muitos receptivos e participativos. Na dinâmica de verdade ou mito, todos os alunos, nos seus respectivos grupos, como anteriormente citado, participaram de forma ativa, respeitando a regra de que somente responderia a pergunta o aluno que estivesse sido escolhido. 446 Com relação à confecção dos cartazes foram divididos em quatro grupos, cada um com seus respectivos temas. Após a conclusão dos cartazes, estes foram colocados em um lugar visível a toda turma. O primeiro grupo apresentou em seu cartaz figuras sobre posturas corretas e incorretas em ações cotidianas como dormir, sentar, levantar peso, entre outros. Foto 1 O segundo grupo expôs sobre os cuidados com a coluna dando ênfase as mochilas, mostrando qual a forma correta de carregar a mochila, lembrando-se da importância de se transportar apenas o peso permitido, que é 10% de seu peso. Foto 2 O terceiro grupo destacou os desvios posturais, mostrando figuras onde comparavam uma coluna normal com uma coluna que apresentava desvio, ressaltando a importância de se manter uma boa postura. 447 Foto 3 O quarto e ultimo grupo apresentou o tema Postura correta: melhora a qualidade de vida, mostrando exercícios para melhorar a postura e a qualidade de vida. Foto 4 Na atividade final foi entregue um jogo em forma de trilha, pinos e dados para que os alunos fixassem o tema apresentado. Entretanto, por conta do horário, não tivemos a oportunidade de acompanhar os alunos durante o jogo. 448 Considerações Finais É essencial ressaltar a importância da discussão deste tema nas escolas, buscando orientar seus estudantes de que suas ações hoje podem acarretar problemas sérios em sua saúde futuramente. Segundo Braccialli (1997), a alta incidência desses distúrbios é decorrente da manutenção de posturas inadequadas no espaço escolar e ainda, o principal fator etiológico de processos dolorosos e restritivos quanto à capacidade funcional do educando. O ensino de posturas corretas aos alunos foi de grande importância para a construção de cidadãos conscientes, buscando diminuir as alterações posturais em crianças. A escola e todos aqueles que o formam tem o grande papel de informar e construir esses saberes, tornando assim as crianças capazes de mediar esses conhecimentos. Referências BENIS, Gabriel; CAMPOS, Cristielly; FERREIRA. Susana; CHIAPETA, Andrês. Desvio postural em escolares. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd158/desviopostural-em-escolares.htm>. Acesso em: 29 de out. 2015. BRACCIALI, L. M. P. Postura corporal: orientação para educadores. 1997. 125 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997. CESAR, A. M. A influência da postura anteriorizada da cabeça no padrão mastigatório. Ver. CEFAC, São Paulo, v.6, n.3, julse, 2004. DUARTE, Valdir; FEIJÓ, Marcia; DALPIAZ, Giseli; DUARTE; Marcelo. A importância do ensino e prática da postura correta nas séries iniciais. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd175/ensino-e-pratica-da-postura-correta.htm>. Acesso em: 28 de out. 2015 MAMIRAUA. Materiais Didáticos. Disponível em:<http://www.mamiraua.org.br/cms/content/public/documents/fdc20401-78cf4232-864d-73586ab79463_trilha-ecologica.pdf>. Acesso em: 21 de out. 2015. RAFAEL LIMA. Postura Legal. Disponível <https://www.youtube.com/watch?v=X3KHeQEPVCQ>. Acesso em: 2 nov. 2015 em: 449 REGO, Adriana Ribeiro de Oliveira Napoleão; SCARTONI, Fabiana Rodrigues. Alterações posturais de alunos de 5ª e 6ª série do Ensino Fundamental, 2007. Fitness PerformanceJournal, 2008. SOUSA, Carla; SILVA, Karla; CHIAPETA, Andrês. O uso de mochilas e os possíveis casos de dor em estudantes de uma escola do município de Cataguases, MG. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd169/o-uso-de-mochilas-e-dor-em-estudantes.htm>. Acesso em: 4 de nov. 2015. 450 PRODUÇÃO, CONSUMO E ECONOMIA DE ENERGIA ELÉTRICA: UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO COM ALUNOS DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL JOANA NAIARA DAS C. NASCIMENTO UEPA [email protected] LAYLA KELLY DE OLIVEIRA ROCHA UEPA [email protected] Profª. Dra. CÁSSIA REGINA VENÂNCIO UEPA [email protected] Profº. Me. JOÃO PAULO PASSOS UEPA [email protected] Profª. Me. TÂNIA ROBERTA DE OLIVEIRA UEPA [email protected] Resumo: Este trabalho foi desenvolvido com o foco no conhecimento por parte dos alunos do processo que a Energia Elétrica desempenha, explorando desde a sua definição, produção, seu uso no cotidiano, os materiais indispensáveis em sua distribuição e consumo e a importância de sua economia. Foi sucedido com o total apoio e auxilio de recursos didáticos, como vídeos, cartaz, labirinto elétrico e slide, pois estes, além de proporcionarem uma aprendizagem significativa, contribuem no desempenho da interação social entre os alunos e nós professores. Os resultados obtidos mostraram-se de forma positiva, onde os educandos participaram e interessaram-se de forma ativa no desenvolvimento das atividades. Dessa forma, conseguimos perceber a aprendizagem significativa acontecendo, pois seus conhecimentos e ideias perante a temática evoluíram expressivamente após a mediação dos conteúdos proporcionados a eles. Portanto, compreendemos que é de suma importância o professor tomar conhecimento do caminho cognitivo em que o aluno se encontra, para, assim, aplicar novos conhecimentos e alcançar os objetivos desejados. Palavras-chave: Energia Elétrica; Aprendizagem Significativa; Recursos Didáticos. 451 Objetivo Conhecer o processo que a energia elétrica desempenha, por meio de recursos didáticos, proporcionando, assim, a aprendizagem significativa, tendo visto, que o identificar de cada processo é fundamental para que o aluno possa compreender a presença das Ciências Naturais em seu cotidiano Introdução O presente estudo consiste na apresentação da temática Energia Elétrica, esta abordada de modo interdisciplinar, envolvendo os conhecimentos específicos das disciplinas Física, Química e Biologia, tendo em vista a importância dessas disciplinas para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem dos conhecimentos das Ciências Naturais no ensino fundamental. Sabe-se que os conteúdos envolvendo a temática Energia pouco são explorados no ensino fundamental, algo que é refletido nas atitudes que fazem parte do cotidiano, como o mau uso da energia elétrica e a falta de conscientização perante a importância e necessidade de sua economia. Desse modo, utilizando-nos de recursos didáticos como aporte pedagógico, abordamos os assuntos de forma dinâmica, fazendo com que haja uma maior motivação por parte dos alunos no envolvimento e interesse aos temas propostos. Referencial Teórico Assumimos a Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) de David Ausubel como aporte teórico para o desenvolvimento de nosso trabalho com alunos do 5º ano do Ensino Fundamental. Baseamo-nos na TAS, pois esta admite que aprender significativamente é ampliar e reconfigurar ideias e conhecimentos já existentes na composição intelectual do indivíduo/educando, o que Ausubel chama de subsunçor, e através disso relacionar e conhecer novos conteúdos. Além, de valorizar a criação de situações e meios para que a 452 aprendizagem seja favorecida e ocorra efetivamente. Desse modo, pontua PELIZZARI (2001 - 2002): A aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio. Ao contrário, ela se torna mecânica ou repetitiva, uma vez que se produziu menos essa incorporação e atribuição de significado, e o novo conteúdo passa a ser armazenado isoladamente ou por meio de associações arbitrárias na estrutura cognitiva (PELIZZARI, 2001 - 2002). Portanto, nossa proposta está voltada para esta questão, proporcionar ao aluno o aprendizado da temática Energia Elétrica de forma atraente e significativa. O Que é Energia? (...) a definição Física de energia é apenas uma das muitas outras que os dicionários trazem, ou que estão presentes em determinada cultura. Além, é claro, da infinidade de definições associadas às adjetivações relativas ao termo: “Energia atômica, Energia nuclear, Energia térmica, Energia cinética, Energia de ativação, Energia de ligação, Energia de repouso, Energia interna, Energia livre, Energia magnética, Energia nuclear, Energia potencial, Energia radiante, Energia térmica, Energia vital, Energia eólica, etc (BUCUSSI, 2006). Energia é uma das descobertas do homem mais indispensáveis à população, pois contribuiu para a melhoria de vida, além de ser uma importante ferramenta para outras explorações e descobertas que levam a evolução da sociedade de modo técnico. Porém, pode-se ainda perceber que há certa dependência do homem para com a energia. Exemplos como instrumentos musicais, eletrodomésticos, objetos à pilha ou à bateria, não cumprem suas funções sem uso de energia. Contudo, o que é este estranho momento ou “coisa” chamada energia? Ao falar de energia deve-se ter muita atenção. Não existe uma definição genérica e concisa sobre energia e sim que ela é fator condicionante para a existência da matéria, ou seja, a presença da matéria depende diretamente dela. A palavra energia deriva do grego “Enérgia” que significa “força em aç~o”. Se esta força está em ação, está realizando um movimento ou um deslocamento, e esta se resume em realização de trabalho. Pode-se dizer que energia avalia a capacidade de um 453 sistema em realizar trabalho e esta, que é presente no universo, é constante, não se cria ou perde, mas se transfere ou transforma. Em determinados momentos podemos sentir a presença da energia: o calor na queima de uma fogueira, a luz emitida pela vela, uma onda quando estamos dentro do mar, são exemplos que temos da energia em movimento. Estes exemplos são conceitos intuitivos no qual a energia manifesta-se de várias formas, relacionando movimento ou posição. A partir destes exemplos, pode-se relacionar energia quanto aos seus tipos. A energia pode manifestar-se de várias formas, e através disso podemos separálas em vários tipos. É importante salientar os diferentes tipos de energia que existem e que nesses conceitos exercemos influência de modo cultural, porém, aqui neste momento o olhar é mais físico e simples. Os tipos de energia que são mais estudamos no ensino escolar e é de importância para este projeto são a energia cinética e a energia potencial. A energia cinética está relacionada ao movimento de um corpo ou objeto, e a energia potencial é àquela armazenada dentro do corpo ou objeto que foi submetido a algumas condições como gravidade, elasticidade, eletricidade ou magnetismo. A soma das duas energias, cinética e potencial, é chamada de energia mecânica. O total de energia que existe antes da transformação é igual ao seu total depois, fazendo valer o que já foi dito anteriormente, não se destroi e não se cria, a energia se transfere ou transforma-se. O estudo dos tipos de energia é o que nos leva até o assunto central deste projeto: a energia elétrica. Sabemos que as principais fontes de energia em uso atualmente: movimento das águas e do ar, o calor produzido por reações químicas ou nucleares e a luz solar são todas conversíveis por meio de dispositivos adequados em energia elétrica. Esta por sua vez, depois de servir como “intermedi|ria” até os locais de consumo é convertida em outras “formas” desejadas (BUCUSSI, 2006). De todas as formas que existem, a energia elétrica que usamos aqui no Brasil provém das usinas hidrelétricas. No uso destas usinas, podemos citar que há a presença da energia mecânica devido a alguns dispositivos necessários para a transformação da 454 mesma. O que é importante entender neste momento é a presença dos tipos de energia em nosso cotidiano, porém transformada e/ou transferida para outra forma. . Onde e como é gerada a energia elétrica A descoberta da eletricidade se deu primeiramente com Benjamim Franklin, no séc. XVIII, quando o físico e americano observou os céus em noites de tempestades e percebeu que os raios eram descargas elétricas que vinham dos raios. No século XIX o americano Thomas Edison inventou a lâmpada. Então, a eletricidade veio sendo descoberta e aprimorada para nosso próprio benefício, o que não é diferente das usinas hidrelétricas. Hidro vem da palavra água e elétrica de eletricidade. É hoje em dia a principal fonte geradora de energia do Brasil onde a água é a principal matéria utilizada. Como as águas devem ser em uma boa quantidade para a geração de energia para a população, a construção dessas usinas leva um grande espaço e longo tempo. No Brasil, a maior parte da energia elétrica produzida, seja para consumo interno, seja para exportação, advém da força da água. As turbinas em movimento conectam-se a um gerador, que transforma energia mecânica em energia elétrica (...). Para gerar energia elétrica, é necessário que as usinas hidrelétricas sejam construídas em rios que possuam elevado volume de água e apresentem desníveis em seu curso (...) (ANGELIM, 2014). Para a geração de energia, há um processo: as águas das chuvas vão enchendo uma enorme barragem de concreto e adiante, a água corre para a usina por tubos enormes e consequentemente passa por turbinas. O movimento dessas águas nas pás das turbinas aciona o dínamo que é uma máquina grande de giros fortes, transformando a energia mecânica em energia elétrica. O dínamo, responsável pela transformação, depende de uma grande quantidade de água para dar conta da grande demanda de energia e, por este motivo, quando as barragens estão secas é importante a economia de energia, devido as poucas chuvas. 455 Como a energia elétrica chega à nossas casas Antes de a energia elétrica chegar às nossas tomadas percorre um longo caminho até chegar em nossas casas, isso ocorre porque as usinas hidrelétricas fornecedoras de nossa eletricidade são construídas muito distantes dos locais de consumo. Dessa forma, a eletricidade gerada tem de viajar por longas distâncias, através de um complexo sistema de transmissão, até chegar ao seu destino final. Ao sair das usinas a eletricidade produzida começa a ser transportada através das linhas e torres de transmissão, onde no início do percurso, transformadores elevam a tensão, ou seja, a eletricidade torna-se mais alta, evitando a perda excessiva de energia. Essa elevação ocorre nas subestações de transmissão. A condução da eletricidade gerada é desempenhada através de fios bem grossos chamados cabos de alta tensão. O movimento das partículas elétricas dentro dos fios é chamado de corrente elétrica. Essa corrente passa por transformações para facilitar sua movimentação e tornar mais segura sua utilização. Isto é, quando a eletricidade chega às cidades passa pelos transformadores de tensão, e essa mudança de tensão ocorre nas subestações presentes nas cidades. A partir daí a energia elétrica segue pela rede de distribuição, onde os fios instalados nos postes levam a energia às casas. Assim, a energia elétrica desempenha o dado caminho de distribuição: Figura 1: Fases de distribuição (fonte: pensareco.blogspot.com.br) 456 Materiais condutores e isolantes de energia elétrica Os condutores de eletricidade são meios materiais que permitem facilmente a passagem de cargas elétricas (MUNDO EDUCAÇÃO, 2015). Os fios que transportam energia elétrica, ou seja, aqueles empregados na distribuição e na utilização da eletricidade são feitos de metais em seu interior. Os metais são conhecidos como bons condutores de energia, por isso a sua larga utilização no dia-a-dia, na fiação elétrica, com a utilização do cobre como o seu principal material condutor, e na indústria de eletroeletrônicos, entre tantas outras utilizações. Os materiais isolantes, também conhecidos como dielétricos, fazem o papel contrário dos condutores, eles são materiais nos quais não há facilidade de movimentação de cargas elétricas. São exemplos de materiais isolantes: isopor, borracha, vidro, plástico, madeira. Assim como os condutores possuem sua função na fiação elétrica, os materiais isolantes, que estão no exterior dos fios, também apresentam importantes funções, como evitar choques elétricos e curtos circuitos, atribuindo segurança a sua utilização. A eletricidade é responsável por uma revolução no cotidiano de toda a humanidade, mas muitos dos avanços e facilidades trazidos pela energia elétrica só foram conquistados graças à invenção dos fios e cabos. Os primeiros cabos isolados de que se tem notícia datam de 1795, utilizados em uma linha telegráfica na Espanha e eram isolados em papel. Seguiram-se os condutores cobertos por guta percha (uma planta nativa da Índia), os cabos em papel impregnado em óleo, os cabos em borracha natural (início do século XX), em borracha sintética (EPR) e PVC (ambos logo após a Segunda Guerra Mundial) (MORENO, 2010). O Cloreto de Polivinila (PVC) e a Borracha Etileno-Propileno (EPR), borracha sintética, são os materiais mais utilizados atualmente na isolação da fiação elétrica, são eles que encontramos nos fios de alta tensão que fazem parte de nossas cidades e, também, nos fios elétricos de nossa residência e eletrodomésticos. São os isolantes mais indicados para a segurança elétrica, pois possuem boa resistência à água e fogo em casos de acidentes. 457 Vamos economizar Questões ambientais estão diretamente ligadas à economia de energia, pois o grande aumento no consumo de energia elétrica gera a necessidade de construir novas usinas hidrelétricas, isso significa a manifestação de grandes impactos. Os impactos se dão em virtude de a construção de usinas hidrelétricas necessitarem da apropriação de grandes áreas florestais. Novas barragens trazem custos não só ambientais, mas também sociais elevadíssimos, como a inundação de amplas áreas e a destruição do hábitat de animais, plantas e de comunidades inteiras que muitas vezes não recebem compensação. Ou seja, para que possamos usufruir do potencial energético desenvolvido pelas hidrelétricas há vastas alterações no ecossistema acontecendo. (...) existem problemas com mudanças na composição e propriedades químicas da água, mudanças na temperatura, concentração de sedimentos, e outras modificações que ocasionam problemas para a manutenção de ecossistemas à jusante dos reservatórios. Esses empreendimentos, mesmo bem controlados, têm tido impactos na manutenção da diversidade de espécies (fauna e flora) e afetado a densidade de populações de peixes, mudando ciclos de reprodução (JANNUZZI, 2001). Desse modo, a economia de energia e seu uso consciente são muito importantes e necessários para que consigamos usufruir ainda por bastante tempo desse bem tão indispensável. Por isso, mudanças de atitudes e hábitos dentro de nossas próprias casas fazem total diferença, conserva-se o meio ambiente e a fatura de energia no fim do mês, com certeza, ficará bem mais acessível. Segundo o Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica (PROCEL) o desperdício chega a 40%, desta porcentagem, mais da metade concentra-se no desperdício residencial. Dessa forma, vejamos algumas formas do que fazer para que a energia elétrica seja poupada: Nos horários de pico, entre 18h e 21h, ou seja, o horário de maior consumo de energia, evite usar aparelhos elétricos e ligar várias lâmpadas ao mesmo tempo. 458 Substitua lâmpadas incandescentes por fluorescentes, pois estas são mais econômicas e possuem vida útil muito maior. Desligue luzes e aparelhos quando não estiverem sendo utilizados. Durante o dia aproveite a luz do sol, evitando acender lâmpadas desnecessariamente. Evite deixar aparelhos em stand by (ligados na tomada), pois mesmo assim estarão consumindo energia. Estas são algumas maneiras que fazem total diferença impedindo o desperdício de energia. Ao usar a energia elétrica de maneira correta, ajudamos a preservar as reservas ecológicas e, consequentemente, a vida do Planeta. Metodologia O estudo foi realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Joaquim Silva, Instituição de Rede Pública em Santa Izabel do Pará. Desenvolvemos o projeto em uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental para 22 alunos presentes. Utilizamos recursos e métodos que pudessem gerar a interação entre os alunos e nós professores. Em um primeiro momento distribuímos aos alunos folders explicativos como meio de acompanhamento do desenvolvimento do projeto. Posteriormente, indagamos aos alunos o que sabiam sobre Energia, pois, dessa forma, conseguiríamos verificar o conhecimento prévio que possuíam sobre a temática. No segundo momento introduzimos a temática abordando sobre: o que é energia; os tipos de energia; como e onde nossa energia é gerada; como chega à nossas casas; materiais condutores e isolantes e a importância de economizar energia elétrica. Os conteúdos foram explanados com o auxílio de recursos didáticos, são eles: labirinto elétrico; vídeos e slide. No terceiro momento realizamos as atividades. Na primeira atividade colamos na parede um cartaz com dois compartimentos, um para materiais condutores e outro para materiais isolantes, distribuímos entre os alunos imagens de variados tipos de 459 materiais e objetos, onde teriam que colá-las em seus respectivos compartimentos. Na segunda atividade iniciamos uma brincadeira com o Labirinto Elétrico, o objetivo da brincadeira era quem conseguia chegar ao fim do percurso do labirinto sem encostar a argola no cobre, pois ao encostar o labirinto acusa o erro, acendendo lâmpadas e tocando uma sirene. Isso ocorre porque o labirinto é ligado a uma tomada, fazendo com que a eletricidade se distribua por todo o cobre. Os alunos tiveram cada um duas chances para terminar o percurso. No quarto e último momento concluímos a aula com uma roda de conversa, onde os alunos apresentaram oralmente o que conseguiram aprender sobre a temática. Apresentação e discussão dos dados Com base em resultados, podemos afirmar que estes se apresentaram de forma totalmente positiva, pois os educandos participaram e interessaram-se ativamente ao que foi proposto, isto é, nas atividades sugeridas e no desenvolvimento do projeto. O nível de compreensão da temática Energia Elétrica pelos educandos do 5º ano revelouse muito bom, pois desempenhando uma relação entre suas respostas do início ao fim da aula, analisamos que o aprendizado evoluiu significativamente. Notamos que os alunos obtinham conhecimentos prévios sobre o assunto, principalmente, incorporados a questões do cotidiano, pois ao serem indagados sobre o que sabiam sobre Energia, logo, aliavam somente a energia elétrica, sucedida, essencialmente, de aparelhos eletrodomésticos, como: geladeira, computador, televisão, vídeo game, entre outros. Cem por cento de suas respostas giravam em torno do uso da eletricidade em suas casas, assim, observamos que os alunos desconheciam os variados tipos de energia presentes em nosso dia-a-dia. Ao utilizarmos de recursos audiovisuais, como o vídeo dos desenhos animados relacionados ao tema, para o auxilio e reforço ao assunto, observamos o quanto os alunos sentiram-se interessados em conhecer a temática e conseguiram compreender com mais facilidade o que foi ministrado a eles. Pois, como afirmam Arroio e Giordan (2006), pelo fato de não ser considerado um método convencional de ensino, o 460 audiovisual altera a rotina da aula, permitindo diversificar as atividades a serem realizadas, sendo utilizado como motivador da aprendizagem. Propusemos uma atividade com cartaz como meio para verificarmos se as crianças tinham apreendido sobre o assunto: Materiais Condutores e Isolantes de Eletricidade, como resultado obteve-se uma porcentagem de 98% de bom desempenho, pois somente dois alunos apresentaram alguma dificuldade na execução da tarefa de identificar nas imagens distribuídas o que era condutor e o que era isolante, no entanto, esta dificuldade não mostrou-se como erro, pois ao final conseguiram executar corretamente a atividade. Figura 3: Porcentagem com o desempenho na atividade do cartaz Bom desempenho 2% Dif iculdade 98% Ao mediarmos o jogo com o recurso didático Labirinto Elétrico os alunos sentiram-se totalmente motivados a participarem, ficaram alvoroçados, onde todos queriam ser os primeiros a começar a brincadeira e manipular o recurso. O objeto despertou curiosidade, gerando questionamentos e apontamentos vindos dos educandos, como: “Quem construiu esse jogo”? “Esse fio onde passa a eletricidade, dá choque”? “Porque não dá choque se o fio não está encapado”? “Achei muito criativo esse jogo” Através de seus questionamentos, percebe-se a aprendizagem acontecendo de maneira significativa através dos recursos didáticos, ferramenta de tamanha importância na mediação de conhecimentos aos educandos. Utilizar-se de recursos didáticos é importante não somente para proporcionar a aprendizagem, mas, também, 461 para desenvolver a interação entre os alunos e, ainda, entre os alunos e nós professores. OLIVEIRA e TRIVELATO (2006) destaca a valorização do contato do aluno com o material didático para gerar interesse, participação, aprendizagem e maior integração entre os alunos, pois assim, podem discutir suas ideias e expô-las ao grupo, proporcionando a interação social. Por fim, na execução da roda de conversa deixamos livre para que os alunos se expressassem, a partir de suas respostas e comentários notamos que os educandos conseguiram apreender os conhecimentos propostos e construir novos aprendizados, principalmente, a respeito da questão da conscientização perante o uso da energia elétrica. Entre seus comentários destacamos alguns: “Agora eu sei por que é importante que a gente economize energia, agora toda vez que eu sair do meu quarto vou apagar a luz e vou tirar o meu celular do carregador quando já tiver carregado” “Eu aprendi que tem condutores e isolantes”. “Eu vou desligar tudo quando acabar com o computador, a televisão e o vídeo game”. “Eu só vou ligar uma coisa de cada vez, por que as vezes ligo o computador e a televisão ao mesmo tempo”. “Eu aprendi que devemos valorizar a energia, por que ontem a gente teve uma conversa lá em casa e a mamãe falou que eu sou cruel”. Dessa forma, ficamos satisfeitas e felizes com os resultados adquiridos e ao percebermos que os nossos objetivos foram alcançados. Considerações Finais Baseando-nos na Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel para o desenvolvimento deste trabalho, compreendemos que é de suma importância o professor tomar conhecimento do caminho cognitivo em que o aluno se encontra e assim aplicar novos conhecimentos para obter o objetivo desejado. Sabemos que os conteúdos aplicados devem estar relacionados ao seu cotidiano, para que assim possam refletir sobre o mesmo. Sendo assim, os conteúdos 462 envolvendo Energia, mas especificamente, Energia Elétrica, são possíveis de serem trabalhados de maneira que os alunos possam compreender de forma satisfatória, o que antes pensávamos ser complexo ou impraticável. Referências ARROIO, Agnaldo; GIORDAN, Marcelo. O vídeo educativo: aspectos da organização do ensino. Química Nova na Escola. nº 24, nov 2006. A GERADORA. Como a energia elétrica chega até sua casa, jul. 2015. Disponível em: <http://www.ageradora.com.br/como-a-energia-eletrica-chega-ate-sua-casa/> ANGELIM, Juliana. As relações entre água e a energia elétrica, mar.2014. Disponível em: < http://www.portal.ufpa.br/imprensa/noticia.php?cod=8862> BUCUSSI, Alessandro A. Introdução ao conceito de energia. Porto Alegre: UFRGS, 2006. JANNUZZI, Gilberto de M. Energia e meio ambiente, jul. 2001. Disponível em: <http://www.comciencia.br/reportagens/energiaeletrica/energia12.htm> MORENO, Hilton. A importância da isolação nos condutores elétricos, set. 2010. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABLLkAK/importancia-sobreisolacao-condutores> OLIVEIRA, O. B. de; TRIVELATO, S. L. F. Prática docente: o que pensam os professores de ciências biológicas em formação?. In: XIII ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO. Rio de Janeiro, Rj, 2006. PELIZZARI, Adriana. et al. Teoria da Aprendizagem Significativa Segundo Ausubel. Rev. PEC, Curitiba, v. 2, n. 1, jul. 2001 - jul. 2002 463 UM ESTUDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE CIÊNCIAS NATURAIS, SALVATERRA, MARAJÓ, PARÁ Iliane Sena Salgado UEPA [email protected] José Diogo Evangelista Reis UEPA [email protected] Wellington Mendes Serra UEPA [email protected] Resumo: As licenciaturas no Brasil foram criadas nos anos 30, principalmente como consequência da preocupação com a regulamentação do preparo de docentes para a escola secundária. Assim, o exercício do estágio desponta como uma estratégia de aprendizado que leva o profissional da educação a exercer funções referentes à futura trajetória docente, acrescentando novas experiências práticas ao saber científico absorvido durante a formação acadêmica. A relevância do trabalho está em buscar compreender de que forma o Estágio Supervisionado influencia na vida acadêmica dos graduandos de Ciências Naturais com Habilitação em Biologia do Campus de Salvaterra, visando relacionar suas contribuições para a qualidade na formação profissional desses estudantes enquanto futuros educadores. Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo sobre a importância do Estágio Supervisionado na qualidade da formação docente, com ênfase no professor de Ciências, de acordo com experiências adquiridas pelos graduandos do 6º semestre de Ciências Naturais com Habilitação em Biologia – Uepa Campus de Salvaterra/PA. Este estudo é resultado de experiências na disciplina Estágio Supervisionado II – Vivências no Ensino Fundamental, do curso de Licenciatura em Ciências Naturais com Habilitação em Biologia da Universidade do Estado do Pará, Campus de Salvaterra. A disciplina Estágio Supervisionado II ocorreu no período de 23 de setembro a 30 de outubro de 2015 em escolas dos municípios de Soure e Salvaterra, somando uma carga horária de 120 horas. De acordo com os resultados obtidos com a aplicação de questionário pode-se considerar que a maioria dos entrevistados veem o Estágio Supervisionado como um processo de suma importância de vivências. Mediante as vivências nas disciplinas de Estágio Supervisionado, pode-se considerá-lo como um processo de fomentação de aprendizado na formação do professor de Ciências Naturais. É no Estágio que o licenciando adquire uma gama de conhecimentos teóricos e práticos, que lhe darão suporte para o bom exercício da profissão. Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Formação docente. Ensino de Ciências Naturais. INTRODUÇÃO As licenciaturas no Brasil foram criadas nos anos 30, principalmente como consequência da preocupação com a regulamentação do preparo de docentes para a escola secundária (ULIANA, 2009). Entretanto, por serem aplicadas, em sua grande maioria, de forma tecnicista e sem levar em conta conhecimentos pedagógicos, 464 produziram um modelo de ensino-aprendizagem baseado, essencialmente, em motivações capitalistas (VIECHENESKI, 2009). Segundo Uliana (2009), tal modelo refletiu nos dias atuais de ensino, principalmente, nos cursos de formação de professores de Ciências Naturais. Uma vez que, profissionais desta respectiva área de atuação educacional eram fomentados, basicamente, a conhecimentos científicos de determinada ciência (Biologia, Física e Química), deixando “de lado” fundamentos pedagógicos, que certamente iriam fornecer subsídios de grande valia na preparação profissional de cada professor. Outro fator, que colocava em questão a problemática da má formação de professores, seria decorrente da insuficiente interação entre a prática educacional e os conhecimentos teóricos adquiridos durante a vida acadêmica. Levando em conta o alto grau de importância das vivências no ambiente escolar, contribuindo segundo Santos (2005), “com o fazer profissional do futuro professor”. De acordo com F|vero (1992), “não é só frequentando um curso de graduação que um indivíduo se torna profissional. É, sobretudo, comprometendo-se profundamente como construtor de uma pr|xis que o profissional se forma.” Baseado nessas informações, o exercício do estágio desponta como uma estratégia de aprendizado que leva o profissional da educação a exercer funções referentes à futura trajetória docente, acrescentando novas experiências práticas ao saber científico absorvido durante a formação acadêmica (SCALABRIN; MOLINARI, 2013). Além disso, quando o estágio é supervisionado, faz com que erros existentes possam ser diagnosticados e posteriormente eliminados, tornando a atividade significativa. Por isso, o Estágio Supervisionado vem sendo frequentemente colocado em pauta nas discussões que almejam promover modificações expressivas sobre os cursos de formação inicial de professores de Ciências Naturais (FERNANDEZ; SILVEIRA, 2009). Portanto, o Estágio Supervisionado se tornou, nos dias atuais, um instrumento diferenciado para aqueles que irão adentrar no mercado de trabalho e promover mudanças significativas na lamentável realidade educacional brasileira. 465 Justificativa O Estágio Supervisionado é o primeiro contato que o aluno-professor tem com seu futuro campo de trabalho. Por meio da observação, participação e da regência, o licenciado poderá refletir sobre e pensar futuras ações pedagógicas (JANUARIO, 2008, p.1). Sabe-se que é no decorrer do estágio supervisionado que o licenciando adquire os conhecimentos e experiências que lhes serão essenciais na sua formação docente, haja vista que o estágio proporciona o contato direto do aluno-estagiário com seu futuro campo de atuação, onde será possível a construção de saberes docentes, à medida que é feita a associação dos conhecimentos teóricos, encurtando a distância entre teoria e prática. Nesse sentido a relevância do trabalho está em buscar compreender de que forma o Estágio Supervisionado influencia na vida acadêmica dos graduandos de Ciências Naturais com Habilitação em Biologia do Campus de Salvaterra, visando relacionar suas contribuições para a qualidade na formação profissional desses estudantes enquanto futuros educadores. Objetivo Geral: Realizar um estudo sobre a importância do Estágio Supervisionado na qualidade da formação docente, com ênfase no professor de Ciências, de acordo com experiências adquiridas pelos graduandos do 6º semestre de Ciências Naturais com Habilitação em Biologia – Uepa Campus de Salvaterra/PA. Objetivos específicos: Aplicar questionário aos discentes do 6º Semestre do Curso de Ciências Naturais com Habilitação em Biologia do Campus de Salvaterra. Sondar os licenciandos a respeito de suas vivências no Estágio Supervisionado. Analisar os dados obtidos a partir dos questionários levando em consideração os relatos dos entrevistados. Referencial Teórico 466 Segundo o Manual de Estágio da Uepa para os Cursos de Licenciatura Ciências Naturais (2008): O Estágio Supervisionado é uma atividade curricular obrigatória integrante do Projeto Pedagógico do Curso e é realizado em conformidade com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n.º 9.394/96) que estabelece a regulamentação para o estágio Supervisionado. A proposta de Estágio desta Licenciatura pauta-se nas exigências legais pela Resolução n.º 01/2002 – CNE, de 18/02/2002 que “institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de Professores de Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduaç~o plena”; e pela Resoluç~o n.º 02/2002 - CNE, de 19/02/2002, que “institui a duraç~o e a carga hor|ria dos cursos de licenciatura plena de formação de professores da Educação Básica em nível superior”. A história da formação inicial de professores no Brasil, foi permeada pela presença do estágio curricular. Este muito aceito por sua importância ao contribuir de maneira significativa para a qualidade da formação docente, uma vez que caracteriza-se como sendo uma oportunidade que o aluno-estagiário tem para inserir-se de forma mais acentuada ao meio educacional (FERNANDES; DIAS; MORAES, 2009). O Estágio Supervisionado constitui-se em um importantíssimo aliado da qualidade dos cursos de formação de professores, haja vista que propicia maior interatividade do aluno-estagiário com o cotidiano da docência, adquirindo competências e habilidades necessárias à sua prática futura. De acordo com os estudos de Fagundes e Paz (2012), a pretensão do estágio supervisionado é formar profissionais críticos e que sejam capazes de incorporar as vivências e os conhecimentos com a realidade da escola, buscando melhorias dentro do sistema educacional muitas vezes defasado e que foge de seu real compromisso. Dessa forma, o estudante de licenciatura pode já durante sua formação, se deparar com a realidade da sala de aula, tendo noção de que muitos desafios terá pela frente, uma vez que o próprio estágio supervisionado caracteriza-se como um grande desafio, pois é nesse momento que o licenciando aprenderá a lidar com seus receios frente à classe de alunos e logo vai se habituando e adquirindo experiências que lhe acompanharão por toda a vida acadêmica e profissional (JANUARIO, 2008, p. 1). 467 No contexto educacional brasileiro as vivências do Estágio Supervisionado podem ser compreendidas como um momento de reflexão a respeito de caminhos que precisam ser trilhados por aqueles que aspiram à docência, caminhos esses que nos levam à construção de uma identidade própria no que tange ao ser professor, sabendo que a educação deve ser entendida como agente transformador e motivador na sociedade (ULIANA, 2009, p. 4153). Nesse sentido, o Estágio Supervisionado garante ao estagiário aprendizado a respeito de como lidar com os diversos desafios inerentes ao campo de sua prática futura, tendo assim, a oportunidade de refletir a respeito do querer ser professor. É durante o Estágio Supervisionado que o licenciando faz a associação da teoria com a prática e nesse momento deve-se considerar a realidade da escola e principalmente dos alunos tendo em vista que estes são essenciais na formação do professor (MAFUANI, 2011 apud MOITINHO; CARMO; SANTOS, 2014). Dessa forma, vale destacar também o papel da Universidade em formar profissionais sérios e comprometidos com o seu trabalho. Em se tratando do professor, este enquanto agente mediador do conhecimento precisa de uma formação de qualidade e aí entra o papel do Estágio Supervisionado que proporciona ao licenciando o suporte necessário ao seu bom desempenho profissional. Metodologia Este estudo é resultado de experiências na disciplina Estágio Supervisionado II – Vivências no Ensino Fundamental, do curso de Licenciatura em Ciências Naturais com Habilitação em Biologia da Universidade do Estado do Pará, Campus de Salvaterra. A disciplina Estágio Supervisionado II ocorreu no período de 23 de setembro a 30 de outubro de 2015 em escolas dos municípios de Soure e Salvaterra, somando uma carga horária de 120 horas. No decorrer desse período muitas experiências puderam ser adquiridas no que concerne à docência, experiências estas que vêm contribuindo no processo de formação dos licenciandos. Foi aplicado um questionário com perguntas abertas e fechadas aos 468 graduandos do curso acima citado, com o intuito de inquirir a respeito da importância do Estágio Supervisionado na formação profissional de cada um. Resultados De acordo com o questionário aplicado obtiveram-se os seguintes resultados: Na primeira pergunta onde foi questionado a respeito do grau de importância do Estágio Supervisionado na formação inicial de professores, de um total de 26 entrevistados 65,38% disseram que acham muito importante “porque é com ele que o discente é posto na condição de professor, vivenciando a realidade e os desafios da profissão” (relato do entrevistado A) e 34,61% acham que é importante “porque através dele pode-se colocar em prática a teoria adquirida durante o curso e trocar experiências com os docentes em exercício e os demais membros da comunidade acadêmica” (relato do entrevistado B), (gráfico 1). Gráfico 2: Grau de importância do Estágio Supervisionado Fonte: SERRA, 2015. Quanto ao ser professor, 42,3% disseram que pretendem exercer a docência, 50% afirmaram que talvez exerçam e 7,7% não pretendem ir para a sala de aula (gráfico 2). Gráfico 2: Quanto ao querer ser professor 469 Fonte: SERRA, 2015. 50% dos entrevistados disseram que mesmo sem o Estágio Supervisionado talvez seja possível exercer a docência de forma eficiente, já que ao longo da graduação há disciplinas de caráter pedagógico nas quais os graduandos têm algum contato com a sala de aula. Porém, 42,3% disseram que não há a possibilidade disso acontecer, uma vez que é no Estágio Supervisionado que o licenciando adquire experiências na prática. Apenas 7,7% afirmaram que mesmo sem o Estágio Supervisionado é possível ser um bom professor (gráfico 3). Gráfico 3: A respeito de exercer a docência sem o Estágio Supervisionado Fonte: SERRA, 2015. Quando questionados a respeito de experiências marcantes durante o Estágio Supervisionado, obtive-se relatos como os citados a seguir: 470 “No dia da aula quando o aluno agradeceu por ter dado atenção, o gesto de carinho.” (Entrevistado C). “Dar aula para uma aluna autista.” (Entrevistado D). “Ao me deparar com uma aluna deficiente visual que tinha muita vontade de aprender braile no entanto não tinha suporte para isso.” (Entrevistado E). Outra pergunta feita aos graduandos foi a seguinte: de que forma o Estágio Supervisionado proporciona ao graduando colocar em prática a teoria adquirida no decorrer de sua vida acadêmica? Eis alguns relatos: “Através das regências, atividades e acompanhamento de uma turma, pois sabe-se que o ambiente acadêmico da instituição de ensino superior é totalmente diferente de uma escola.” (Entrevistado F). “A cada aula temos que elaborar metodologias que possibilitem a interação e participação mais ativa por parte e quando isso proporciona um maior aprendizado deste.” (Entrevistado G). Considerações Finais Diante de todas as vivências durante as disciplinas de Estágio Supervisionado, pode-se considerá-lo como um processo de fomentação de aprendizado na formação do professor de ciências naturais. É no Estágio que o licenciando adquire uma gama de conhecimentos teóricos e práticos, que lhe servirão de suporte para o bom exercício da profissão docente. Dessa forma, entende-se a importância do Estágio Supervisionado nos Cursos de Licenciatura, o que n~o significa porém, que o fato do discente “passar pelo est|gio” ser| o suficiente para ser significativo. É necessário, portanto, que o Estágio Supervisonado seja realmente vivenciado. Referências FAGUNDES, L. S.; PAZ, D. M. T. A importância do estágio supervisionado em ciências e biologia para complementar a formação do licenciado. In: SEMINÁRIO INTERINSTITUCIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, 17., 2012, Cruz Alta. 471 Anais... Cruz Alta: UNICRUZ, 2012. Disponível em: http://www.unicruz.edu.br/seminario/downloads/anais/ccs/a%20importancia%20do%20est agio%20supervisionado%20em%20ciencias%20e%20biologia%20para%20.pdf>. Acesso em: 18 nov.2015. FÁVERO, M. L. A. Universidade e estágio curricular: subsídios para discussão. In: ALVES, Nilda (org.) Formação de professores: pensar e fazer. São Paulo: Cortez, 1992. p.53-71. FERNANDES, C. T.; DIAS, L. P.; MORAES, K. C. M. Formação de professores e o estágio supervisionado: um problema real nas escolas de ensino básico de São José dos Campos, SP. 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Disponível em: http://gorila.furb.br/ojs/index.php/atosdepesquisa/article/download/3470/2182.. Acesso em: 02 dez. 2015. 473 A FABULA NA VISÃO DE LEV VIGOTSKY Elzimar Rodrigues Pantoja UEPA Resumo: O trabalho como literatura infantil na escola leva em conta os diferentes tipos de texto como a fabula que transmite valores morais através de animais, visionado no contexto de Lev Vigotsky que nos mostra através da interação e uso e a funcionalidade de linguagem o discurso e as condições de produções. Que unindo com a fábula esse contexto do filosofo possibilitará o desenvolvimento das funções psicológicas a serem trabalhos nas instituições o ano letivo todo com diversos trabalhos produzidos pelos próprios alunos onde serão prestigiados pelos seus responsáveis e toda comunidade escolar, realizando a cada final de mês uma culminância unindo escola e comunidade. Palavras-chave: interdisciplinaridade. Educação. Interação. Introdução O trabalho com a literatura infantil na escola deve levar em conta, os diferentes gêneros de texto escritos para criança, porque o modo como se configuram requer um trabalho diferenciado. Essas narrativas apresentam uma variedade de tipos cuja construção específica necessita ser do conhecimento de todos os que fazem parte do saber, seja ele formal (realizado na escola) ou informal (realizado fora do espaço escolar). Com isso a fábula é um gênero textual que faz parte da literatura infantil, e apresenta em sua extensão um texto curto, cujos os personagens na maioria são representados por animais falantes que dialogam ao longo do texto, permitindo pontos de vistas diferentes. A fábula incita uma moral explícita e às vezes, implícita no início ou no final da narrativa, que evita contradições, facilita e condiciona a compreensão do que foi lido. A importância do uso desse gênero como recurso didático no processo educacional requer principalmente conhecê-los e utilizá-los de maneira eficaz e eficiente, haja vista despertar o imaginário e o gosto pela leitura em anos iniciais de estudo representados na educação infantil. 474 Nesse contexto é de suma importância a atuação do professor, pois ele contribuirá para o êxito dessa prática fazendo a teia de encontro dos conhecimentos, logo para VIGOTSKY, (p. 229) “conhecer é um ato social e n~o uma aç~o inferior do indivíduo isolado. A criança primeiro se apropria da linguagem como uma ação social e depois a internaliza para, a partir de uma atividade intrapessoal, fazer um uso interpessoal”. Contudo, é o professor que proporcionar| o verdadeiro ensinamento que as fábulas repassam, praticando assim com os alunos a saberem lidar com as emoções colocadas para fora de acordo com a curiosidade da criança frisada nesse projeto. Com esses prognósticos esse projeto que tem como tema “A f|bula na vis~o sociointeracionista de LEV VIGOTSKY”, tem como objetivo proposto utilizar a f|bula no espaço escolar, com o propósito de despertar nos alunos o gosto pela leitura, com isso valorizar o seu próprio vocabulário para chamar atenção da comunidade do entorno da instituição escolar, bem como fazer parte deste processo construindo assim a ponte entre o professor, aluno, escola e pais onde todas as partes oferecerão ferramentas para a concretização e massificação da aprendizagem no que se refere à leitura. Após esse pensamento, numa caminhada fundamentalista do sociointeracionismo, elaboramos um quadro teórico e prático sobre a escola como uma construção coletiva e permanente através da interdisciplinaridade focalizada nas disciplinas (português, história, educação artística, educação física, inglês, libras e religião), que se torna um momento contínuo de integração e articulação, fazendo a elaboração e combinação de sua síntese ao objeto comum, que de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), 9394/96, mostra a necessidade de saber conhecer, fazer, viver e ser, se tornam mais indispensáveis para a vida, para o trabalho, para a sociedade, assim vem se buscando a qualidade do ensino sinalizando uma base curricular comum, esse processo está sendo orientado pelos documentos do Plano Curricular Nacional (Pcn’s) que trouxeram novas perspectivas ao ensino escolar em toda as |reas que reorganizam o processo ensino- aprendizagem do trabalho continuado de cooperação. Portanto, este projeto organizou-se de forma interacional, possibilitando trabalhar com um gênero literário como as fábulas num novo contexto enriquecido pela 475 proposta que a educação brasileira refere-se hoje a interdisciplinaridade que constitui, de fato, uma aspiração generalizada em nível social do estudo. Apresentação do Tema O presente projeto de fábulas faz parte do gênero literário que envolve todo um contexto de práticas de leituras, tendo como finalidade a entrada no mundo imaginário da criança através da leitura, iniciada na infância. E a partir dela trazer e usar o conhecimento de seus pais aguçando assim a inteligência de todos os envolvidos, trabalhando principalmente a interdisciplinaridade (português, matemática, inglês, história e geografia, libras, educação artística, religião e educação física) e a transversalidade (os valores morais e éticos) dos significados que cada fábula nos deixa através do desenvolvimento social e interativo, de forma diferenciada e criativa. Tema: “A f|bula na vis~o sociointeracionista de Lev Vigotsky”. Justificativa. De acordo com o pressuposto que a leitura é algo imprescindível para todos.“Ler é outro modo de ouvir”. (Marcos Bagno). Com essa afirmação do autor, a leitura é uma atividade completa nos deixa claro que através dela que os educandos buscarão várias possibilidades de conhecerem o mundo em sua volta. Diante disso este projeto “A f|bula na vis~o sociointeracionistade Lev Vigotsky”. Oportuniza a intenç~o de ultrapassar os muros da escola proporcionada pela interação de todos em um só plano, visto que ao utilizar as fábulas é de fundamental importância que a instituição escolar seja responsável em questionar os valores, analisar as mensagens trazendo para as vidas diárias das crianças e de seus responsáveis, havendo portanto uma parceria dos integrantes deste projeto para que se torne algo prazeroso e envolvente desenvolvendo principalmente o exercício da cidadania a parti da conscientização e da proliferação de seus conceitos caracterizados sobretudo pelas relações interdisciplinares dos conteúdos representados no Plano Curricular Nacional (Pcn`s), que se tornaram elemento catalizador das ações na busca da melhoria da educação brasileira norteados nas fábulas. Objetivo Geral 476 Estimular os alunos a valorizar a leitura ampliando o seu vocabulário, sistematizado na interdisciplinaridade. Objetivo Específico Atribuir sentido a um texto, expandindo o uso da linguagem. Desenvolver valores morais e éticos. Desenvolver a habilidade de interpretação e compreensão de textos na interdisciplinaridade. Garantir sempre que possível um trabalho em conjunto com a comunidade. Identificação: A FÁBULA Delmitação do Tema: EDUCAÇAO INFANTIL, 1º ANO, 2º ANO. Público Alvo Alunos de 3 a 7 anos. Funcionários da escola. Pais. Carga Horária Anual. Conteúdos Prováveis Específico: Trabalhar com a coordenação motora (fina e grossa). Atenção na escuta da leitura. Oralidade. Interdisciplinares PORTUGUÊS: ortografia, coordenação, tipos de letras, substantivos. MATEMÁTICA: noção de lateralidade, espaço, números, quantidade, adição, subtração. CIÊNCIAS: tipos de tempo, animais e frutas. HISTÓRIA E GEOGRAFIA: estações do ano, moradia. 477 EDUCAÇÃO FÍSICA: movimento. EDUCAÇÃO ARTISTICA: musicalidade, dramatização, cores. INGLÊS: cores, nomes de animais, frutas, números. LIBRAS: letras, cores, números, animais, frutas. Transversais Socialização de valores morais e éticos. Fundamentação Teórica O sociointeracionismo é a aplicação pedagógica dos estudos de Lev Vigotsky (1896-1934) filósofo, médico, historiador e magistrado pensador bielo-russo que teve uma produção intelectual intensa, seus estudos sobre a aquisição de linguagem como fator histórico e social que enfatizam a importância da interação e da informação linguística para a construção de conhecimento. O foco do trabalho passa a ser o uso e a funcionalidade da linguagem, o discurso e as condições de produções. O papel do professor é de mediador, facilitador, que interage com os alunos através da linguagem num processo dialógico e interdisciplinar fazendo o encontro das disciplinas na teia das interdisciplinaridades assim representada: 478 Teia Da Interdisciplinaridade: O Encontro “O indivíduo n~o nasce pronto nem é cópia do ambiente externo, em evolução intelectual há uma interação constante e intelectual entre processos internos e influências no mundo social”. (Vigotsky, p. 25). Com base nos estudos do sociointeracionismo desenvolvido por Vigotsky, possibilitou-nos uma grande contribuição para implantar em seu contexto A FÁBULA que é uma literatura infantil protagonizada por animais irracionais que preservando suas características deixa transparecer uma alusão que desperta, aguça e estimula a curiosidade das crianças. A partir daí dos discursos das leituras e releituras os alunos poderão conciliar os valores morais e éticos adquiridos nos saberes repassados em cada fábula apresentada, assim a linguagem oral internaliza e exterioriza a própria interação das crianças com a escola e os pais. Nesse momento são consideradas as características sociais e culturais dos processos existentes, que de acordo com a Lei n° 9394/96, consolida e amplia o dever do poder público para com a educação básica, da qual o ensino fundamental é parte 479 integrante, deve assegurar a todos “a formaç~o comum indispens|vel para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho, e em estudos posteriores”, no que se refere a língua inglesa tornou-se obrigatória a partir da 5° série, porém observamos que alguns lugares se trabalha essa disciplina desde as séries iniciais. É válido ressaltar que o ensino da Libras oficializou-se em 2002 e em 2010 foi regulamentada como profissão de tradutor\interprete de línguas de sinais. Portanto o presente projeto possibilitará o desenvolvimento das funções psicológicas correlacionadas com a interação, apropriando o real papel do conhecimento, concretizadas nas experiências sociais e reflexivas do contexto escolar conjuntamente com a comunidade. Metodologia Este projeto baseia-se na construção de estratégias em busca de uma visão para ser desenvolvida na escola abrindo as portas para o livre acesso da comunidade em seu espaço, através da concretização desse instrumento poderão conhecer e analisar que as fábulas nos ensinam os valores de maneira fácil e sem complicações. As propostas metodológicas do projeto serão desenvolvidas durante o ano letivo todo envolvendo as seguintes etapas. Procedimentos Metodológicos 1º ETAPA Reunião com professores e pedagogos. Planejamento das ações (dinâmicas na escola). Coletar as fábulas. 2º ETAPA Executar o projeto em sala com os alunos. Construir recursos referentes a cada fábula. Criar um kit das fábulas com todos os recursos confeccionados. 480 Realizar oficinas para trabalhar com as fábulas de forma diferenciada. 3º ETAPA Exposição oral, escrita, musical e dramatização das fábulas lidas e ouvidas, articuladas à vivência diária. O dia da fábula na escola (pais, alunos, professores, coordenadores e outros) através de uma culminância aberta à visitação que abrangerá todos os setores. 4º ETAPA Entrega dos materiais produzidos pelos alunos para seus responsáveis prestigiarem. Auto-avaliação. Práticas Pedagógicas Produzir textos respeitando a individualidade de cada aluno de acordo com a interação. Dramatizar as fábulas através da língua de sinais. Intercalar as fábulas com a música. Resultados Esperados Espera-se que através do projeto pais e alunos participem continuamente do cotidiano escolar desenvolvendo o seu processo cognitivo. Com a criança estimulada a partir da visão sociointeracionista ela alcançará um ótimo nível de sociabilidade, aprendendo a se comunicar e passar a ter mais ética quanto ao respeito e aos valores morais mostrados em cada fábula, cada aluno transforma-se em um indivíduo e em uma pessoa mais respeitosa. Recursos Didáticos: 481 Livros de fábulas. DVD. Sons. Caneta. Papel (vários tipos). Cola. Tesoura. TNT. Fita durex. Alunos. Professores. Coordenadores. Funcionários da escola. Pais. Avaliação A avaliação estará presente em todas as etapas do projeto, pois os alunos avaliam a si próprios e aos colegas através de conversas informativas, quando acontecerá a socialização do trabalho bem como relato de experiências. No intuito de garantir um bom acompanhamento no processo ensinoaprendizagem, haverá observações dos alunos sob vários aspectos: temperamentos, expectativas, experiências de vida, identificando suas próprias necessidades e habilidades. É válido ressaltar que além de despertar o prazer de ler em crianças com fábulas, sensibilizar os pais em se fazerem presentes nos momentos de vida escolar dos alunos. 482 Referências MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção Textual; análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. COSTA, Marta Morais da. Metodologia do Ensino da Literatura Infantil. Curitiba: IBPEX, 2007. NOVA ESCOLA: O que eles ainda tem a nos ensinar. São Paulo: Editora Abril, Janeiro e Fevereiro, 2001. STOLTZ, Tânia. As perspectivas construtivista e histórico-cultural na educação: IBPEX. 2º. Ed. 2008. VASCONCELOS, Adson; BELEZA, Fernanda; VILLAÇA, Regina. Oficina de Literatura. São Paulo: RIDEEL, vol. 2, 2009. 483 EDUCAR PARA PREVENIR: CONHECENDO OS SEMÁFOROS Edilene Vieira Leão UEPA [email protected] Lucas Rodrigues Teixeira UEPA lucas [email protected] Maria Katiane Dias Felix UEPA [email protected] Resumo: Este artigo discorre sobre a pedagogia em ambientes não escolares, especialmente no Departamento de Trânsito do Estado do Pará (DETRAN-PA),mostrar a função do pedagogo nessa área, assim como, relatar as experiências de uma pesquisa ação, na qual foi aplicado um projeto para alunos do segundo ano do ensino fundamental abordando a temática dos semáforos. Serviram de base para esta pesquisa, teóricos como Libâneo (2001) e Biavati (2007). Conclui-se que a Educação para o Trânsito é um tema de grande relevância a ser trabalhado em sala de aula, pois investir na educação, desde a base com as crianças tende a formar cidadãos conscientes, sabendo comportar-se de forma adequada no trânsito, evitando assim o aumento das estatísticas de acidentes. Palavras-chave: Ambiente não escolar. Educação para o Trânsito. Prevenção Introdução Este trabalho foi elaborado a partir da experiência do estágio supervisionado no Departamento de Trânsito do Estado Pará para a disciplina Estágio Supervisionado em Instituições não escolares e Ambientes Populares que faz parte da matriz curricular do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade do Estado do Pará sob a orientação da professora Drª. Diana Lemes Ferreira. Essa experiência de estágio nos levou a perceber a grande necessidade de se trabalhar com mais continuidade o tema “tr}nsito” em sala de aula, e o quanto se faz necessário a sensibilização e conscientização a cerca desse tema. Uma vez que em nosso país o trânsito vitima muitas pessoas, uma das formas de se combater essa grande mazela é por meio da educação, sensibilizando e conscientizando 484 as pessoas das consequências de não obedecermos as leis e códigos de trânsito. A partir dessa vivência, nos tornamos pessoas mais sensíveis em relação à educação para o trânsito e isso nos tornará profissionais mais qualificados e aptos a instruir e transmitir aos nossos futuros educandos o que tivemos a oportunidade de conhecer. Com isso, elaboramos um projeto que foi aplicando com crianças de segundo ano/9 na EMEIF Alfredo Chaves no bairro de Icoaraci no qual abordamos a importância de se conhecer os semáforos e como se comportar diante deles no trânsito da nossa cidade, considerando que cada pessoa individualmente pode dar sua contribuição para que a mudança ocorra de fato. Dessa forma mostramos as crianças que elas também podem contribuir e ser a mudança no trânsito. Justificativa Segundo o art. 76 do Código de Trânsito Brasileiro, a educação para o trânsito deverá ser promovida na pré-escola e nas escolas de primeiro, segundo e terceiro graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do sistema Nacional de trânsito e de Educação. Segundo o art. 76 do Código de Trânsito Brasileiro, a educação para o trânsito deverá ser promovida na pré-escola e nas escolas de primeiro, segundo e terceiro graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do sistema Nacional de Trânsito e de Educação. (BRASIL, 2008) Assim, é necessário sensibilizar, e a educação para o trânsito pode ser o meio mais viável e eficaz para se ter um trânsito de qualidade, seguro e livre de acidentes e grandes tragédias como a muito presenciamos no nosso país. Embora tenhamos leis e códigos que regulamentem o tráfego em nossas vias, muitos ainda agem com imprudência e, até mesmo com violência. Um pedestre ou um ciclista que não tiveram acesso ao código e as leis de trânsito ou que não conhecem as sinalizações verticais e horizontais podem correr risco ao trafegar em vias de grande circulação. Os dados estatísticos mostram índices preocupantes que precisam ser mudados. Segundo a seguradora DPVAT as indenizações pagas por acidentes que levaram a óbito supera os 50.000 casos no ano de 2014 (POR VIAS SEGURAS, 2015). Pois, ao dirigir ou 485 andar nas ruas, as pessoas agem de modo egoísta, não se dando conta das pessoas ao seu redor, ignorando outros e se sentindo atrapalhados por elas. As regras e a sinalização de trânsito, que tem a função de ordenar, são constantemente desrespeitadas. O acidente de trânsito é uma ocorrência que afeta diretamente o cidadão, porquanto a esse são impingidos aspectos relacionados com a morte, com a incapacitação física, perdas materiais, podendo provocar sérios comprometimentos de cunho psicológico, muitas vezes de difícil superação. ( DNIT, 2015) Sabemos que existem vias que não possuem semáforos, por esse motivo, trabalhamos também com as crianças o “sinal da vida” que é representado pelo gesto com o braço estendido para solicitar a parada dos veículos e permitir ao pedestre atravessar a rua na faixa sinalizada. Nas palavras de Libâneo (2001, p.113) “a escola é lugar de aprender conhecimentos, desenvolver capacidades intelectuais, sociais, afetivas, éticas, e também é lugar de formação de competências para a participação na vida social, econômica e cultural”. Na perspectiva de que cada um pode ser a mudança no trânsito, o projeto teve o objetivo de sensibilizar as crianças de forma que elas possam contribuir para a mudança no trânsito por conhecer os diferentes tipos de semáforos, visto que, cada um de nós pode fazer algo para essa mudança e as crianças devem aprender desde cedo que também têm um papel fundamental. Tendo conhecimento e consciência, as crianças podem contribuir com um trânsito melhor, bem como, exercer sua cidadania e desfrutar de seus direitos e cumprir seus deveres, isso supõe se responsabilizar pelo coletivo. Objetivo Geral: Sensibilizar crianças para que cada uma possa exercer sua cidadania e contribuir para um trânsito melhor por obedecer as sinalizações do semáforo. Objetivos Específicos: Aprender sobre os diferentes tipos de semáforos; Entender como se comportar diante dos semáforos no trânsito; Atribuir significado as cores dos semáforos e conhecer o sinal da vida. 486 Referencial Teórico Pedagogia em ambientes não escolares Historicamente o pedagogo foi associado exclusivamente à escola, porém essa realidade vem mudando e o pedagogo vem ganhando espaço nos mais diversos setores da sociedade. Este artigo vem discutir a função do pedagogo para além dos muros escolares, uma vez que a educação está presente em quase todos os lugares, dessa forma, o pedagogo não pode se restringir apenas ao ambiente escolar. Como bem descreve Libâneo (2001, p. 11): O pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista, objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica. O estágio supervisionado no Departamento de Trânsito do Estado do Pará nos mostrou uma das facetas da atuação do pedagogo em ambiente não escolar, mostrando que a pedagogia pode estar em muitos ambientes e o novo perfil do pedagogo para além dos muros da escola. Assim, vemos que a aprendizagem não ocorre somente no ambiente escolar, mas em todos os espaços sociais. Com isso, não é adequado restringir o campo de atuação desse profissional. O pedagogo a partir de sua formação acadêmica tem condições de cooperar em novos espaços, procurando desenvolver a qualidade social e humana do público que atende, seja no âmbito escolar, empresarial, social, dentre outros. O pedagogo no Detran-PA tem a função de desenvolver atividades de elaboração, avaliação, adequação, supervisionamento, acompanhamento e emissão de parecer conclusivo em assuntos didáticos e pedagógicos e atua com a temática Educação para o trânsito, promovendo palestras nas escolas, com o objetivo de levar conhecimentos sobre o trânsito para os alunos e assim sensibilizá-los a respeitar as regras de trânsito para a preservação da vida. 487 A Educação para o Trânsito Nossa vida em sociedade depende do trânsito, pois todos temos necessidades de ir e vir, seja a pé, de ônibus, moto, carro próprio, trem, bicicleta, etc. Biavati (2007) defini o trânsito como sendo o movimento e a circulação de pessoas em busca da satisfação de alguma necessidade, de sobrevivência, do lazer. Diariamente precisamos usufruir do mesmo espaço com diferentes pessoas e de variadas maneiras, para isso há a necessidade de regulamentação. O Código de Trânsito Brasileiro foi criado exatamente para regulamentar o comportamento de pedestres e condutores de veículos nas mais variadas situações. Segundo Biavati (2007, p. 31): A sinalização de trânsito é a forma pela qual se controla a circulação de veículos e pedestres nas vias, às vezes proibindo ou permitindo uma ação, outras vezes alertando ou orientando o condutor do veículo e o pedestre sobre uma situação que exige atenção e cuidado, ou apenas fornecendo informações gerais. Ao nos questionarmos a respeito dos inúmeros acidentes de trânsito que ocorrem diariamente em nosso país, ainda com as leis e regras específicas para o trânsito, percebermos que as principais causas dessa violência no trânsito é uma constante e provêm principalmente do comportamento e imprudência dos usuários, que vão desde o condutor que avança com seu veículo no sinal vermelho até o pedestre que não atravessa na faixa ou passarela se arriscando em meio a via, muitas das vezes transportando crianças que se tornam vítimas também. Portanto a educação para o trânsito torna-se imprescindível e deve ser contínua, começando desde o ensino infantil, perpassando pelo ensino fundamental e médio até o superior. O semáforo (em algumas regiões do país é chamado de sinaleiro ou de farol). De acordo com Klug (2010, p. 293) “Sem|foro é um poste de sinalizaç~o com faróis coloridos, nas estradas de ferro, rodovias e ruas.” Geralmente este tipo de equipamento é utilizado nas áreas onde o movimento no trânsito é maior. O semáforo também pode ter um formato especial (com figuras humanas), para a organização do movimento das pessoas que circulam a pé. Ele orienta a travessia dos pedestres em cruzamentos de trânsito. Geralmente este tipo de equipamento é utilizado acompanhado do semáforo para veículos, eles são programados para que os carros parem e os pedestres sigam. 488 Sendo o semáforo um importante instrumento de sinalização e uma das primeiras sinalizações de trânsito que a criança tem contato, sua divulgação para o uso correto é de extrema importância, pois pode evitar acidentes. Metodologia Levando em consideração os aspectos teóricos e a orientação que tivemos no período de estágio no DETRAN-PA elaboramos o projeto “Educar para prevenir: Conhecendo os semáforos”, sua aplicação aconteceu na EMEIF Alfredo Chaves, localizada no Bairro de Icoaraci Belém-PA para alunos do 2º Ano/9 do Ensino Fundamental. A metodologia utilizada foi a pesquisa- ação. Pesquisa ação é uma forma de investigação baseada em uma autorreflexão coletiva empreendida pelos participantes de um grupo social de maneira a melhorar a racionalidade e a justiça de suas próprias práticas sociais e educacionais, como também o seu entendimento dessas práticas e de situações onde essas práticas acontecem. A abordagem é de uma pesquisa ação apenas quando ela é colaborativa...” (KEMMIS e MC TAGGART,1988, apud Elia e Sampaio, 2001, p.248). Assim, a pesquisa ação beneficia seus participantes por meio de processos de autoconhecimento e quando enfatiza a educação, informa e ajuda nas transformações. Quanto à abordagem pedagógica optamos por utilizar a linha construtivista, por esta oportunizar uma maior participação ativa do educando no processo da obtenção do conhecimento. De acordo com Piaget (1978) a principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Mas sim, formar homens que sejam criadores, inventores, descobridores. Desta forma, os alunos podem construir conceitos novos e relacioná-los com conceitos já construídos, aplicando-os a novas situações. Resultados Em linhas gerais, iniciamos o projeto socializando com os alunos o conceito de trânsito, e o que o compõe (pedestre, animais, bicicleta, moto, carro, ônibus, caminhão etc...). Em seguida, foi apresentado no Datashow, um vídeo animado, retratando e indicando como se utiliza os semáforos de pedestres, de veículos, e a faixa de pedestre. Em seguida, em uma roda de conversa, fizemos algumas considerações sobre os sinais, a 489 faixa de segurança, e o uso dos mesmos. Logo após, apresentamos outro vídeo animado, que retratava algumas situações de travessia nas ruas. Realizamos também dinâmicas em sala de aula, retratando as situações presenciadas pelos alunos. Posteriormente, foram apresentadas aos alunos imagens corretas e erradas, sobre a travessia no trânsito. Com uma plaquinha, a turma analisava e indicava com as cores verdes ou vermelhas se as situações estavam certas ou erradas. Todos os alunos participaram ativamente das atividades desenvolvidas, e puderam tirar um grande proveito do projeto apresentado. Figura 1: Foto das crianças interagindo na aplicação do projeto Fonte: Autores Figura 2: Foto ao final da aplicação do projeto Fonte: Autores 490 Considerações Finais Consideramos essa experiência de estágio como sendo de grande importância para a prática pedagógica, pois o trabalho de sensibilização de que o espaço das vias públicas deve ser utilizado com respeito mútuo e de que as normas devem ser seguidas é um aprendizado que a criança vai usar no seu dia a dia, fazendo a sua parte para a construção de um trânsito melhor. Conhecemos a realidade dos alunos da periferia da região metropolitana de Belém. Muitos, até com idade inferior a 12 anos, se deslocam sozinhos para as escolas no qual estudam, tendo que atravessar ruas, avenidas, com ou sem sinalização adequada, infelizmente representando para este estudante uma situação de perigo constante. Com a aplicação do projeto que teve por temática os semáforos e objetivou a sensibilização dos alunos por entenderem no sentido pleno o que é o trânsito, aprender e aplicar modos corretos de locomoção em uma via pública seja como pedestre, ciclista ou quando estiverem dentro de um automóvel, sempre respeitando as sinalizações, a fim de evitarem acidentes de trânsito, tornando-se cidadãos mais conscientes e responsáveis. Concluímos que a disciplina Estágio Supervisionado em Instituições não escolares e Ambientes Populares que se deu em parte na Universidade do Estado do Pará e no Departamento de Trânsito do Pará nos propiciou um novo olhar referente a atuação do pedagogo. Com isso percebemos que a trabalho desse profissional não se restringe, apenas, ao ambiente da sala de aula. Nesse estágio foi possível trabalhar mais intensamente alguns aspectos da legislação para o trânsito e outros textos dentro desse tema. A partir disso elaboramos um projeto que foi de suma importância para nossas ações, como futuros educadores e como condutores e pedestres no trânsito, tornando-nos mais sensíveis e conscientes por nos motivar a abordar essa temática e dar o exemplo aos pequenos tanto em sala de aula como em nosso cotidiano. Com o objetivo de sensibilizar as crianças de que também tem sua parte para que a mudança ocorra, elaboramos o projeto citado para que de maneira lúdica e dinâmica onde os alunos pudessem ser agentes participes na construção desse conhecimento, no qual sua realidade foi um fator considerável para a elaboração do 491 trabalho para que assim pudéssemos alcançar tal objetivo. A aplicação do projeto nos deixou maravilhados, pois percebemos, de imediato, um retorno que superou todas as expectativas. O envolvimento, participação e atenção que as crianças nos deram foram determinantes e motivadoras. Referências BRASIL, Código Brasileiro de Trânsito. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm acessado em 04 dez de 2015. BIAVATI, E.; MARTINS, H.; Rota de colisão: a cidade, o trânsito e você. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007. DNIT, estatísticas de acidentes. Disponível em http://www.dnit.gov.br/rodovias/operacoesrodoviarias/estatisticas-de-acidentes. acessado em: 09 dez de 2015. KEMMIS e MC TAGGART,1988, apud Elia e Sampaio, 2001, p.248 KLUG, Melânia B.; Língua Portuguesa: Minidicionário escolar. Blumenal: Vale das Letras,2010. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática. Goiânia: Editora Alternativa, 2001. PIAGET, Jean. A Formação do Símbolo na Criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. POR VIAS SEGURAS, Disponível em: http://www.viasseguras.com/os_acidentes/estatisticas/estatisticas_nacionais/estatisticas_do_ministerio_ da_saude. acessado em: 09 dez de 2015.