da Revista - Itesp - Governo do Estado de São Paulo
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Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo “José Gomes da Silva” Ano IV - No 12 - Mai/Jun 2003 A árdua conquista de um direito Quilombolas finalmente conseguem se aposentar, mas muitos pedidos são negados Proseando D. Tomás Balduíno aponta a salvação do Fome Zero Opinião Pesquisa e compromisso social na Embrapa Destaque Sai primeira agroindústria beneficiada por nova lei COMEÇO DE CONVERSA ÍNDICE EDITORIAL Contrapartida ausente recente onda de formação de acampamentos, sobretudo no Pontal do Paranapanema, ocorre justamente quando o Governo do Estado busca mais e melhores mecanismos para resolver a questão fundiária, com ênfase no Oeste paulista. Como registra esta edição da revista Fatos da Terra, a Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania e a Fundação Instituto de Terras (Itesp) estão procurando diversos setores da sociedade para ampliar o diálogo em busca de rapidez na solução da situação dominial das terras do Pontal do Paranapanema. A prioridade na distribuição de ações reivindicatórias e discriminatórias foi solicitada ao Tribunal de Justiça (TJ) do Estado, que prontamente atendeu o pedido. Antes dessa medida, tais ações aguardavam anos até serem distribuídas. É um grande passo para acelerar a tramitação desses processos, que podem gerar grande quantidade de terra para implementação de assentamentos, com destaque, mais uma vez, para o Oeste do Estado. Mas as novidades não param por aí: a produção de um Anteprojeto de Lei para regularização de posse em terras devolutas de até 500 hectares no Pontal do Paranapanema é uma das medidas que mais claramente mostram a vontade do Governo do Estado de promover a paz no campo paulista. A ida do Secretário Alexandre de Moraes a Presidente Prudente para discutir e ouvir sugestões sobre o Anteprojeto foi emblemática para mostrar que queremos o diálogo, a parceria, o consenso. Se os movimentos sociais não reconhecem essas ações e preferem a velha política do recrutamento de famílias para os barracos de lona, não é por falta de empenho do Governo do Estado. Tal atitude dos movimentos indica apenas que não há, por parte deles, uma contrapartida à altura de nossas ações. A Editorial .......................... 2 Proseando ...................... 3 Regional.......................... 5 Cultura ............................ 9 Reportagem de Capa .. 10 Nacional ........................ 12 Política .......................... 13 Ciência e Tecnologia ... 14 Opinião .......................... 15 Curtas ............................ 16 Agenda .......................... 18 Destaque ...................... 19 Fale conosco Tire suas dúvidas, envie comentários, críticas e sugestões para: Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo "José Gomes da Silva" (Itesp) Av. Brigadeiro Luís Antônio, 554 Bela Vista CEP 01318-000 São Paulo - Brasil Fone/Fax: (11) 3293-3300 E-mail: [email protected] Ouvidoria Fone: (11) 3293-3300 R. 1518 e-mail: atendimentoaocidadao@ institutodeterras.sp.gov.br Jonas Villas Bôas Diretor-executivo do Itesp Visite nossa página e leia, diariamente, as principais notícias sobre a questão agrária: www.institutodeterras.sp.gov.br Itesp - Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo "José Gomes da Silva" Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania Fatos da Terra é a revista da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo "José Gomes da Silva" (Itesp), vinculada à Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania. Jornalista Responsável: Helton Lucinda Ribeiro - Mtb 27.002 - Colaboração: Murilo H. de Abreu, Thaís Orlandine e Manoel Martins dos Santos - Revisão: Antonio Carlos Romualdo Filho Diagramação e Editoração Eletrônica: Renato Oliveira da Silva - Foto Capa: Dodora Teixeira - Contracapa: Felipe Ferraz Villas Bôas Av. Brigadeiro Luís Antônio, 554 - 7º andar - Bela Vista - CEP 01.318 000 - São Paulo - SP Telefone: (11) 3293-3300 R. 1705 E-mail: [email protected] Visite nossa página: www.institutodeterras.sp.gov.br Tiragem: 3.000 exemplares - Impressão: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo É permitida a reprodução dos textos, desde que citada a fonte. PROSEANDO Fotos: Marina Moreira/ CPT "A reforma agrária é a salvação do Fome Zero" D om Tomás Balduíno foi o nome escolhido por famílias sem-terra para batizar o acampamento que montaram no ano passado em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Esse é um dos sinais mais sinceros de reconhecimento por alguém que dedicou sua vida aos excluídos e, em especial, à reforma agrária. Nascido em Posse, Goiás, no dia 31 de dezembro de 1922, Dom Tomás foi personagem fundamental no processo de criação, em 1975, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em 1999, assumiu a presidência da entidade, função que ocupa até hoje. Dom Tomás estudou Filosofia no seminário dos Dominicanos, em São Paulo. Cursou ainda Teologia e fez mestrado, na mesma área, em Saint Maximin, na França. Em 1965, ele terminou pós-graduação em Antropologia e Lingüística, na Universidade de Brasília. Na entrevista que concedeu à Fatos da Terra, Dom Tomás comenta sobre o papel da Comissão Pastoral da Terra na conjuntura política atual. Que aspecto o sr. apontaria como prioridade máxima na questão agrária no Brasil? Nós acolhemos as propostas do presidente Lula de incentivar os assentamentos, recuperando os que estão em má situação, e de incentivar a agricultura familiar, na linha de uma reforma agrícola que conecte os assentamentos ao programa Fome Zero. A salvação do Fome Zero seria a inclusão dos assentamentos como fornecedores de alimento para o programa, o que geraria emprego e produção, que seria valorizada com o pagamento, pelo governo, de preços condignos. O Fome Zero vai ficar no plano do assistencialismo se não prever a introdução dessas famílias no sistema produtivo, o que pode ser proporcionado pela reforma agrária, que tem potencial para gerar milhões de empregos. A recuperação da infra-estrutura viária, sanitária, escolar e de bancos de sementes para os assentamentos, por exemplo, interessa muito à CPT. Mas só a reforma agrícola é insuficiente. São 4 milhões e meio de famílias precisando de terra no país. É imprescindível uma reforma agrária - e, no início do ano se falava num Segundo Plano de Reforma Agrária - que mexa no latifúndio e não só em terras griladas ou nas que os proprietários querem vender. Está faltando um debate mais profundo so- F A T O S D A T E R R A 12 bre esse assunto, um Plano de Reforma Agrária que contemple as terras improdutivas. A CPT tem se empenhado na defesa da emenda constitucional que limita o tamanho da propriedade de terra. O senhor acredita na aprovação dessa emenda no atual governo? Acho que esse projeto é muito bem aceito pela sociedade e tem chances de passar pelo Congresso, tendo em vista que essa é uma medida que segue a linha do artigo 186 da Constituição, de cumprimento da função social da terra. A meu ver - e também esse é um parecer do Fórum Nacional pela Reforma Agrária -, essa emenda não vai na linha do confisco, o que seria um impasse para sua aprovação. Na situação atual, o confisco não é o caminho. Dá margem a muitos recursos em processos judiciais. O sr. acha que o governo deve modificar a Medida Provisória que proíbe por dois anos as vistorias em áreas ocupadas pelos sem-terra? Sim. Esse é o ponto-de-vista da CPT e do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo. Essa Medida Provisória é incongruente e iníqua. É anti-histórica. Porque a ocupação de terras sempre foi um fenômeno his3 PROSEANDO tórico cujos protagonistas são os camponeses e negros, desde a primeira vez que fecharam a terra a eles, que não podiam comprá-la. Os relatórios de violência no campo que o governo divulgou nos últimos anos sempre tiveram números de mortos menores que aqueles divulgados pela CPT. Há alguma diferença de metodologias de pesquisa? É uma questão política. O número de conflitos, quando sobe, depõe contra a autoridade. O critério do governo era baseado em informações da polícia, que fecha os olhos quando o crime é feito por grandes e apressa as investigações quando a denúncia é contra os sem-terra. A mídia tem afirmado que a presença de pessoas ligadas à CPT e ao MST no Incra caracterizam a parcialidade do governo em relação aos movimentos sociais. Qual a sua opinião sobre isso? É uma parcialidade boa, pois é a de um pessoal ligado ao avanço da política de reforma agrária, um pessoal que se posiciona ao lado de quem precisa da terra. É um fato que, em vez de ser criticado, deveria ser elogiado. Mau seria entregar o Incra aos latifundiários. Mas preciso ob- “Só a reforma agrícola é insuficiente” 4 servar que a CPT apóia a precaução, para que entidades de luta pela reforma agrária não se tornem governo, o que as faria perder força e energia. Para dar certo, toda mudança precisa ser vigiada por entidades ativas e autônomas. Esse tipo de trabalho que a Igreja Católica faz no país, por meio da CPT, tem ocorrido em outros países? Tem. Comunidades eclesiais equatorianas e venezuelanas têm procurado fazer contato. Às vezes representantes dessas comunidades vêm ao Brasil, outras vezes sou eu quem vou a esses países. Não é uma atuação forte, mas existe. Gostaria de aproveitar essa entrevista para falar sobre o problema da água, que, como o da terra, é um problema que existe em todo o país e é urgente. A água foi privatizada, como a terra. É urgente a recuperação e o cuidado com nossos mananciais. Os movimentos de atingidos por barragens - em São Paulo os quilombolas enfrentam esse problema - precisam de apoio. O MAB [Movimento dos Atingidos por Barragens] é esquecido, é odiado pelas empresas. A CPT vem trabalhando também com essa questão e, por isso, aos poucos vem sendo chamada de Comissão Pastoral da Terra e das Águas. “Mau seria entregar o Incra aos latifundiários” ITESP REGIONAL Itesp entrega mais títulos no Vale do Ribeira garantia de ter a terra em seu nome foi estendida, no dia 15 de maio, a mais 146 famílias do Vale do Ribeira. A Fundação Instituto de Terras entregou 54 títulos estaduais e 6 permissões de uso a moradores do município de Pariquera-Açu e outros 86 títulos rurais municipais a famílias de Eldorado, em um total de 1.090 hectares regularizados. "Já posso dormir tranqüilo. Agora tenho autonomia e vou trabalhar despreocupado", disse o produtor José Carlos Fernandes, 62 anos, do bairro Alto, em Pariquera-Açu. Segundo ele, a tranquilidade gerada pelo recebimento do título influencia até no aumento da produtividade do lote, pois o agricultor se sente estimulado a trabalhar. "Esse é um reconhecimento, pelo Governo do Estado, da garra dessas famílias que tanto se esforçam para produzir", disse o Secretário Adjunto da Justiça e da Defesa da Cidadania, José Jesus Cazetta Júnior. A Regularização acelerada O diretor-executivo do Itesp, Jonas Villas Bôas, lembrou às famílias que a regularização fundiária no Vale do Ribeira também vai ser acelerada pelo atendimento, pelo Tribunal de Justiça, da solicitação da Secretaria da Justiça e da Defesa Murilo Hildebrand da Cidadania de prioridade na distribuição de ações discriminatórias e reivindicatórias (veja detalhes na pág. 13). Essas cerimônias deram continuidade à entrega de títulos realizada no dia 28 de março em Registro pelo Governador Geraldo Alckmin, durante o Fórum São Paulo: Governo Presente. (mais inforNa entrega em Eldorado, a paisamações na pág. 6). gem foi um show à parte Município de menor IDH quer regularização ntre maio e junho, cinco prefeituras assinaram ou estavam concluindo acordos com o Itesp para a reaE lização de trabalhos de regularização fundiária nos mu- nicípios. Entre eles estava o de Itapirapuã Paulista, no Sudoeste do Estado. Itapirapuã apresenta o mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os municípios paulistas. A informação faz parte do Novo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Fundação João Pinheiro e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. A regularização fundiária estimula o progresso econômico municipal. Tendo informações mais completas sobre a malha fundiária e com documentos oficiais de comprovação da propriedade das áreas, empresas e moradores têm mais garantias para poder investir. Em junho, estava sendo finalizado o protocolo de intenções entre o Itesp e Itapirapuã. Outros municípios Igualmente localizado no Sudoeste do Estado, o município de Campina do Monte Alegre também contará F A T O S D A T E R R A 12 com a parceria do Itesp. O prefeito Carlos Eduardo Vieira Ribeiro disse que a regularização fundiária de aproximadamente 2.500 imóveis urbanos é uma meta antiga da administração municipal. De acordo com o prefeito, o trabalho a ser feito pelo Itesp também deverá fornecer informações para a reconstituição das origens históricas de Campina de Monte Alegre, antigo local de parada de tropeiros gaúchos. Os municípios de Araçariguama, no Sudoeste, Paraibuna e Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, também assinaram protocolos de intenções com o Itesp. Em Paraibuna está prevista a regularização fundiária de três bairros do município. Em 2002, o Itesp já havia realizado entrega de 100 títulos para outros bairros locais. Em Pindamonhangaba, a previsão é realizar trabalho de aplicação de 60 mil Boletins de Informação Cadastral (BICs) no município. Os BICs são elaborados para atender a duas finalidades: permitir a análise de requisitos legais pertinentes à regularização fundiária e atender aos interesses específicos da Prefeitura Municipal como, em geral, a implantação ou atualização de um adequado sistema tributário. 5 REGIONAL Itesp no Fórum São Paulo: Governo Presente Fundação Instituto de Terras vem apresentando seus trabalhos no Fórum São Paulo: Governo Presente, uma iniciativa do Governo do Estado para a discussão das prioridades de cada região. Com a participação do Itesp no evento, a população paulista tem a oportunidade de conferir as ações do governo no desenvolvimento de assentamentos rurais, comunidades remanescentes de quilombos, pequenos posseiros e na regularização fundiária. A primeira região a ser sede do governo por um dia, com a presença do governador Geraldo Alckmin, todo o seu secretariado e membros do Executivo foi a de Presidente Prudente. O Itesp apresentou seus trabalhos no desenvolvimento dos 92 assentamentos do Pontal do Paranapanema e 5.016 famílias assentadas. No dia 14 de março, foi a vez de São José dos Campos receber o Fórum São Paulo. O Itesp apresentou seus trabalhos nos assentamentos Santa Rita, em São José dos Campos, e Conquista, em Tremembé, além dos trabalhos de reconhecimento e desenvolvimento das comunidades quilombolas de Caçandoca e Camburi, em Ubatuba. Outro trabalho importante realizado pelo Itesp na região é a regularização fundiária, por meio de convênio com os municípios. Além disso, a fundação tem trabalhado firmemente na defesa dos interesses do Estado nas ações de desapropriação indireta referentes a áreas do Parque Estadual da Serra do Mar. Esse trabalho, realizado em conjunto com a Procuradoria Geral do Estado (PGE), poupou aos cofres públicos um gasto de mais de R$ 3 bilhões em precatórios ambientais (veja revista Fatos da Terra número 10). A Vale do Ribeira Em Registro, município do Vale do Ribeira, o Fórum São Paulo foi realizado no dia 28 de março. O governador Geraldo Alckmin destacou os trabalhos de regularização fundiária realizados pelo Itesp na região, que já resultaram na entrega de quase 8 mil títulos de domínio Diretor-executivo do Itesp e Secretário da Justiça ouvem assentados 6 Fotos: Murilo Hildebrand Violeiros de assentamento tocam para o governador em Araçatuba entre 1995 e 2002. “O Itesp está pisando no acelerador”, comentou Alckmin. Durante o evento, foram assinados convênios para novos trabalhos de regularização fundiária em vários municípios, que devem beneficiar mais de 8 mil famílias. A população do Vale do Ribeira também pôde conhecer melhor o trabalho desenvolvido junto às 15 comunidades quilombolas da região atendidas pelo Itesp. Ao todo, são 660 famílias beneficiadas por projetos de desenvolvimento sustentável. Araçatuba Em Araçatuba, o Fórum São Paulo chegou no dia 25 de abril. Com escritórios em Andradina e Promissão, o Itesp atende a 16 assentamentos na região, totalizando 1.660 famílias em vários municípios. Várias experiências bem-sucedidas atestam o potencial dos assentamentos da região e o acerto das políticas implementados pelo governo do Estado. Entre elas, têm se destacado as agroindústrias de doces Camponesa, em Birigüi, e Bemacla, em Promissão. Gerenciadas por mulheres assentadas, ambas ganharam prêmios em 2002 em reconhecimento pelo trabalho (veja revista Fatos da Terra número 10). A Fundação Instituto de Terras também esteve presente no Fórum São Paulo em Bauru, realizado no dia 23 de maio, e em Ribeirão Preto, no dia 6 de junho, apresentando trabalhos no atendimento a assentamentos dessas regiões. ITESP REGIONAL Ex-posseiros começam a ser capacitados Fundação Instituto de Terras lançou em maio uma série de cursos de capacitação voltados a comunidades de ex-posseiros, pequenos produtores rurais cujas terras foram regularizadas pelo próprio Itesp. A experiência inédita ocorre no bairro de Momuna, em Iguape, no Vale do Ribeira. Entre os cursos oferecidos, estão os de piscicultura, sistemas agroflorestais, tratamento de madeira e licenciamento ambiental. O objetivo é estimular a comunidade a criar mecanismos de geração de renda e de diversificação da produção de autoconsumo. Os cursos foram escolhidos conjuntamente com os produtores. Depois de consultar as associações de moradores do bairro, os técnicos do Itesp identificaram vários grupos de agricultores com necessidades semelhantes e, a partir daí, definiram as áreas prioritárias para capacitação. Paralelamente aos cursos, que ocorrerão durante o ano todo simultaneamente para os vários grupos de produtores, o Itesp promove palestras com representantes de entidades que A Reunião de apresentação do projeto F A T O S D A T E R R A 12 atuam em áreas de interesse da co- tar uma horta comunitária para os munidade, como as ligadas à agricul- agregados que não têm terra, de atura, eletrificação rural, saúde, crédi- cordo com presidente da associação to, educação, comunicação e fiscali- de moradores, Elísio Antônio de Olização ambiental. veira. "A realização Para o vicedesses cursos e presidente da aspalestras visa a sociação dos proatender a dedutores rurais da mandas que nocomunidade do tamos durante o Pinheirinho, aintrabalho de orda é cedo para ganização sociavaliar o trabaal", explica o lho do Itesp "mas técnico em dealguns resultados Escola (ao fundo) e campo: reativados já estão surgindo". senvolvimento agrário do Itesp "Antes a gente só Milton Wolf. Desde junho de 2002, fazia reivindicações à prefeitura. O o Itesp vem realizando reuniões com trabalho do Itesp nos mostrou que os produtores para estimular a cria- existem outros canais de atendimenção de cooperativas e associações. to", disse. A promoção do associativismo tem incentivado os moradores a trabalhaEscola reaberta O trabalho de organização social rem em mutirões, como os que são feitos para consertos de estradas e propiciou a criação da associação plantio de roças. dos agricultores de Cavalcanti, uma das três comunidades do Momuna atendidas pelo Itesp. Inaugurada em Quilombolas participam fevereiro, a associação já conseguiu a Produtores rurais de comunidades reabertura de remanescentes de quilombos do Vale Fotos: Murilo Hildebrand uma escola de do Ribeira, que são atendidas pelo ensino fundaItesp há mais tempo, estão sendo conmental fechada vidados pela fundação para compartihá 12 anos e a lhar com os ex-posseiros a experiência recuperação do que adquiriram, principalmente na campo de futeárea de organização social. bol comunitáAlém disso, o Itesp convida reprerio, informa o sentantes quilombolas a participarem presidente da das atividades promovidas para exassociação, Éposseiros, e vice-versa, potencialimerson Cavalzando os investimentos feitos em cacanti. da atividade e estimulando a troca Na comunide experiências. dade de CapuaAs três comunidades hoje atendiva do Momuna, das somam 250 famílias. Em breve, o os produtores Itesp vai passar a promover cursos de associados precapacitação na Vila do Momuna, que tendem implan- possui outras cem famílias. 7 REGIONAL Financiamento da cana-de-açúcar é liberado rodutores rurais assentados de Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, dirigentes do Banco do Brasil e diretores da destilaria Alcídia, também de Teodoro, assinaram, em maio, durante a Agrishow, em Ribeirão Preto, contratos de financiamento para o plantio de cana-de-açúcar em até 5,5 hectares de lotes de assentamento. Serão financiados R$ 2 milhões para 140 produtores, com 4 anos de prazo de pagamento e dois de carência, com juros de 4% ao ano. A destilaria vai garantir a compra da produção e dará apoio técnico aos assentados. "Existem mais de mil projetos parecidos no país, mas esse tem um significado especial porque procura trazer os produtores assentados para o mercado", disse Ricardo Conceição, vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil. Para os produtores rurais, é mais uma oportunidade de geração de renda. "O atravessador não quer pagar Assentados na Agrishow nada por outros produtos que compramos. Pelo menos nesse caso do plantio de cana a indústria está vizinha ao assentamento e a negociação é direta", explica o produtor Sebastião Alves Cordeiro, 63 anos, do assentamento Alcídia da Gata, o primeiro assentado a assinar o contrato. Segundo o produtor Dar- Fotos: Murilo Hildebrand P Sebastião Cordeiro (ao centro, de camisa branca) e dirigentes do Banco do Brasil ci Miguel Martins, 41 anos, do assentamento Santa Zélia, os agricultores vinham lutando pelo financiamento há três anos. "A portaria 075/02 do Itesp foi um grande avanço que nos ajudou a chegar nesse tipo de acordo", disse o diretor da destilaria Alcídia Lamartine Navarro Neto. A portaria 075/02 regulamenta o plantio de culturas agroindustriais nos assentamentos estaduais. Navarro Neto espera que, em 2004, outros 250 produtores façam o mesmo tipo de acordo com a destilaria, totalizando 2 mil hectares de plantio de cana. Na Agrishow, o diretor adjunto de Políticas de Desenvolvimento do Itesp, Afonso Curitiba Amaral, discutiu detalhes dos contratos com o gerente de mercado da superintendência estadual do Banco do Brasil, Paulo Roberto Lopes Ricci. Além de produtores rurais dos assentamentos Santa Zélia e Alcídia da Gata, compareceram à assinatura dos contratos produtores do assentamento Santa Terezinha da Alcídia. Produtores processam derivados de leite s cursos de capacitação promovidos pelo Itesp no Pontal do Paranapanema têm beneficiado centenas de produtores rurais assentados, levando mais qualidade e agregando valor à produção dos assentamentos. O Curso de Processamento de Derivados do Leite é um bom exemplo desse trabalho: no período de março a maio deste ano mais de 60 assentados participaram do curso, buscando formas de melhor aproveitamento do leite e de enriquecer a alimentação. Durante o curso, os assentados recebem orientações O 8 sobre a importância do leite na alimentação, fatores que influenciam a qualidade, cuidados no processamento artesanal de alguns derivados do leite, pasteurização do leite e higiene do produto. Nos treinamentos, os participantes também produzem artesanalmente queijos, iogurtes e doces. Desde março, assentamentos dos municípios de Rancharia, Martinópolis, Teodoro Sampaio, Euclides da Cunha, Marabá Paulista e Mirante do Paranapanema já receberam o curso, que tem duração de 20 horas. ITESP CULTURA Para soletrar a liberdade Fotos: Dodora Teixeira “Tem que estar fora de moda criança fora da escola pois há tempo não vigora o direito de aprender. Criança e adolescente numa educação decente pra um novo jeito de ser”. oi entoando a canção Pra Soletrar a Liberdade, de Zé Pinto, que alunos da Escola Municipal Prof. Hermínio Pagôtto, do assentamento Bela Vista do Chibarro, abriram o I Seminário Estadual por uma Educação no Campo, em Araraquara, no dia 17 de maio. Promovido pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e secretarias de educação dos municípios de Araraquara, Bebedouro e Piracicaba, o evento dá prosseguimento a um debate iniciado em 1998, com a I Conferência Nacional por uma Educação Básica no Campo, em Brasília. De lá pra cá, a discussão evoluiu e o que está em pauta não é mais a educação básica apenas, mas um projeto pedagógico que envolva os ensinos básico, fundamental e médio. Cerca de 300 pessoas de todo o Estado participaram dos dois dias de atividades em Araraquara, trocando experiências e discutindo políticas públicas para a construção de um modelo de educação adequado à realidade da população rural. Em São Paulo, não poderia haver lugar melhor para sediar o seminário do que a escola do assentamento Bela Vista do Chibarro. Sua proposta, influenciada pela filosofia do educador Paulo Freire, é considerada modelo de educação no campo. “Nosso dia-a-dia começa com muita alegria. Temos momento de oração, de música, a gente celebra a vida, celebra os aniversariantes. Depois os educadores conduzem os educandos, e os educandos conduzem os educadores, até os espaços educativos, onde, de uma maneira muito rica, são desenvolvidas as aulas”, explica a diretora Adriana Maria Caravieri. Essa proposta começou a ser discutida em 2000, Oficina realizada com apoio do Itesp com reuniões en- F F A T O S D A T E R R A 12 Seminário Estadual em Araraquara discutiu os princípios para a educação no campo tre a comunidade assentada e técnicos do Itesp. Em 2002, a escola foi municipalizada e passou a receber atenção especial da prefeitura. O atendimento, antes restrito ao ensino básico, foi ampliado até a última série do ensino fundamental. Graças ao Orçamento Participativo, vigente no município, a comunidade direcionou investimentos para a construção de novas salas, cozinha experimental, biblioteca, sala de informática e quadra de esportes. Teoria e prática Em parceria com o Itesp, estão sendo realizadas oficinas com os alunos, em que o conhecimento adquirido em sala de aula é relacionado à atividade cotidiana do assentamento. Semanalmente, os alunos vão a campo, onde técnicos do Itesp ensinam na prática noções de horticultura, jardinagem, criação de pequenos animais, preservação ambiental e outras atividades. “O que as crianças aprendem na aula de matemática nós aplicamos no cálculo de área para o plantio”, exemplifica o técnico de desenvolvimento agrário do Itesp Roberto Carlos Parizatti. “O professor acompanha as atividades e faz a relação com o que foi visto em sala de aula”, completa Antônio Carmo Maruccio, analista de desenvolvimento agrário. Para resumir em poucas linhas o que é o projeto Escola no Campo, só mesmo recorrendo mais uma vez à canção de Zé Pinto: “Alternativa pra acabar com a exclusão o Movimento vem mostrar para a Nação desafiando dentro dos assentamentos Reforma Agrária também na educação.” 9 CAPA Direito arduamente conquistado Quilombolas do Vale do Ribeira finalmente conseguem se aposentar, mas muitos pedidos ainda são negados O remanescentes de quilombos tiveram a decepção de ver seus pedidos negados. Dona Petronilha Dias, 65 anos, por exemplo, vem tentando se aposentar desde 1993. “Há cinco anos, eu ainFo to s :D od or a ira do não só a aposentadoria, como dona Sebastiana da Silva, 64 anos, da comunidade de Ivaporunduva, mas também o auxílio-maternidade, como é o caso de Maria Regina Tomé e Terezinha de Moraes, da comunidade de Sapatu. Outra beneficiada foi Floriza Nolasco de França, da comunidade São Pedro, que está recebendo pensão por morte. Apesar da boa notícia que significaram esses primeiros benefícios concedidos, o resultado ainda é incipiente se considerado o universo total de pessoas que precisam da aposentadoria nos quilombos do Estado de São Paulo. e ix Te direito à aposentadoria foi finalmente conquistado por trabalhadores rurais quilombolas do Vale do Ribeira, após não só anos e anos de trabalho árduo na roça, mas também muita luta contra a burocracia. Nos meses de janeiro e abril, cerca de 170 quilombolas foram atendidos pela unidade móvel da Previdência, o PrevMóvel, e 18 já estão recebendo a aposentadoria. Até então, os remanescentes de quilombos não conseguiam se aposentar devido à dificuldade de comprovar sua condição de produtores rurais. Graças a contatos feitos pelo Itesp com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), um documento emitido pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais está sendo aceito como comprovante. Dos quilombolas que já receberam o benefício, cinco são da comunidade Sapatu, seis de Ivaporunduva, seis de Nhunguara e um de Galvão, todas no município de Eldorado. As mulheres têm consegui- Sem descanço Bertolino Silveira, 66 anos, acorda com o dia ainda escuro Seu Bertolino é atendido na para trabalhar na sua pequena unidade móvel da Previdência roça. É dela, e do artesanato que produz, que seu Bertolino retira o seu sustento. Nem sem- da era mais forte, dava conta do trabapre, entretanto, a colheita é lho. Agora está mais difícil”, explica. Em fevereiro, no dia em que Pegarantida. Às vezes, o tratronilha foi atendida pela equipe do balho árduo é levado pePrevMóvel no município de Jacupilas águas do rio Ribeira ranga, seu filho, Aurico Dias, 40 anos, de Iguape, em alguma tinha certeza que a mãe finalmente de suas não raras enseria beneficiada: “Esse foi um direichentes. to que nós conquistamos com a ajuPor isso, seu Bertolida do Itesp”, explicou. no contava com a aposentadoria para ter um pouco mais de tranqüi- Entrevista lidade. Mas ele não teve Mas, pelo visto, a luta ainda não a mesma sorte que Gaspar acabou. As dificuldades têm sido veFurquin, 66 anos, um dos rificadas principalmente no momenquilombolas que já estão re- to da entrevista com os funcionários cebendo o benefício. do INSS, necessária, juntamente com Dona Petronilha vem tentando Assim como seu Bertolino, váo atestado do Sindicato dos Trabase aposentar desde 1993 rios outros trabalhadores rurais lhadores Rurais, para comprovar o 10 ITESP trabalho no campo. das comunidades é Segundo Lourdes Azedo, analista grande. Segundo de desenvolvimento agrário do Itesp, Pedro André os funcionários do INSS falam em sa- de Souza, cas, por exemplo, para quantificar a presidente produção, enquanto os quilombolas do Sindiusam outro tipo de medida. cato dos No caso das mulheres, quem con- T r a b a trola a produção, geralmente, são os lhadores maridos. Por conta disso, elas tiveram R u r a i s dificuldades em responder a questões de Eldoque tinham por finalidade averiguar rado, inúse de fato trabalham na roça. meros certi“É impressionante que pessoas de ficados têm 65, 71 anos tiveram suas aposentado- sido emitidos parias negadas, sendo pessoas que cres- ra os quilombolas, ceram e nasceram na comunidade e e alguns estão até Atendimento aos quilombolas em Jacupiranga batalharam para permanecer na ter- se filiando ao sinra. Você imagina o que é ter 60 anos dicato. “Nós já num trabalho duro como é o do qui- havíamos tentado assegurar os direi- se mobilizando para reivindicar prolombo, local afastado de tudo, sem tos dos remanescentes de quilom- vidências junto ao Ministério da assistência médica, fazendo roças em bos, mas sempre esbarramos na bu- Previdência Social. Esta, portanto, é mais uma etapa na história de locais distantes no sertão”, comenta rocracia”, conta. Lourdes. As comunidades do Vale do Ri- quem vem passando de geração para geração o legado da luta Até mesmo entrar com recurso jun- beira também por seus direitos. to ao INSS tem sido complicado. Al- e s t ã o gumas pessoas teriam que percorrer distâncias superiores a 100 quilômetros, pegando dois ônibus, para chegar à agência mais próxima da Previdência, no município de Registro. No final de abril, o Itesp fez uma solicitação à Previdência para Os produtores assentados também conquistaram um avanço significativo no que que um funcionário da diz respeito à questão previdenciária. A Previdência Social está aceitando documento agência de Registro emitido pelo Itesp para comprovação do trabalho rural de agregados dos lotes de assentamento. atenda à população Com isso, uma antiga reivindicação das comunidades assentadas é finalmente atendida, quilombola em Eljá que, assim como os quilombolas, os agregados também não tinham como comprovar o dorado. Para Lourtrabalho no campo. des Azedo, uma De acordo com parecer da Previdência de fevereiro deste ano, o atestado ou certidão emialternativa seria o tidos pelo Itesp após vistoria prévia são suficientes para comprovar o exercício de atividade INSS enviar ao Varural de todos os membros do grupo familiar que trabalhem ou morem com o titular do lote. le do Ribeira um Isso inclui filhos casados, genros e noras, sogros, tios, sobrinhos, primos e netos. funcionário com Outro avanço, portanto, é a extensão do benefício não só ao núcleo familiar, constitupoder de decisão para ído por pais e filhos, mas a todo o grupo familiar. Carlos Alberto Claro Pereira, analista solucionar o problema de desenvolvimento agrário do Itesp, explica que a predominância da agricultura dos quilombolas. familiar nos assentamentos pressupõe a integração da família no trabalho do lote, o que justifica a medida. Espera-se, agora, que seja facilitado o acesso dos assentados aos benefícios da Previdência. Mobilização Enquanto isso, o atendiOs trabalhadores rurais são considerados segurados especiais mento aos quilombolas deve sob regime de economia familiar. A contribuição para a continuar nas próximas idas do Previdência se dá por meio da comercialização dos PrevMóvel à região. A expectativa seus produtos, num percentual de 2,3%. Documento emitido pelo Itesp comprova trabalho de agregados dos assentamentos F A T O S D A T E R R A 12 11 NACIONAL Governo estuda medidas para agilizar regularização das terras quilombolas ransferir a competência de titulação das terras quilombolas da Fundação Cultural Palmares para o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) é uma das medidas que estão sendo estudadas pelo Governo Federal para agilizar o processo de regularização das terras ocupadas por remanescentes de quilombos no país. No dia 22 de abril, uma reunião realizada na sede do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) buscou definir as ações e competências de cada órgão para a implementação do Programa Brasil Sem Racismo. Participaram do encontro o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, a ministra da Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva, a secretária especial para Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, e representantes do Ministério da Cultura e do Incra. O programa tem como principal desafio assegurar o título da terra às comunidades urbanas e rurais de remanescentes de quilombos. Também são objetivos do Governo Federal implantar políticas e ações de desenvolvimento dessas comunidades, bem como a criação de linhas de crédito com financiamentos específicos para geração de renda e sustentabilidade. T Políticas direcionadas A idéia, segundo declarou Matilde Ribeiro, é criar políticas direcionadas para as comunidades quilombolas, a exemplo do que ocorre com os povos indígenas. A ministra defende que é preciso identificar as ações que estão em curso e a responsabilidade de cada organismo do poder público federal para o fortalecimento de programas e projetos voltados às reais necessidades das comunidades remanescen- 12 tes de quilombos. Outros órgãos tam- Já foram reconhecidas 14 comunidabém serão integrados ao programa des, a maioria delas na região do VaBrasil Sem Racismo, como os Minis- le do Ribeira. Dessas comunidades, térios da Educação, da Saúde e do três já foram tituladas pelo Governo Trabalho. do Estado por ocuparem exclusivaPara a Secretaria Especial de Polí- mente terras devolutas, ou seja, terticas de Promoção da Igualdade Ra- ras públicas estaduais. cial, um passo importante a ser dado “A maior parte do território a ser é um levantamento para saber o nú- titulado daqui pra frente depende de mero exato de comunidades. Um es- uma solução por parte do Governo tudo feito pelo goverDodora Teixeira no anterior apontava duas mil, enquanto o Movimento Nacional de Remanescentes de Quilombos afirma que são quatro mil comunidades espalhadas pelo País, sendo a concentração maiComunidade de Pilões, titulada pelo Governo do Estado de or nas regiSão Paulo ões Norte e Nordeste. O direito dos quilombolas à posse Federal, por se tratar de terra partida terra por eles ocupada foi garanti- cular”, explica Carlos Henrique Godo pela Constituição Federal, no arti- mes, Assistente Especial para Quigo 68 do Ato das Disposições Consti- lombos e outras Comunidades Tratucionais Transitórias. Para que seja dicionais do Itesp. feita a titulação das terras, é necessáSegundo ele, existe uma experirio o reconhecimento da comunida- ência de título emitido pela Fundade como remanescente de quilombo, ção Cultural Palmares em São Paulo, por meio de relatório técnico-cientí- cujo registro em cartório, no entanfico de cunho antropológico. to, não se efetivou. Isso demonstra que as medidas em estudo pelo Governo Federal são essenciais para a Em São Paulo No Estado de São Paulo, o traba- titulação também das comunidades lho de reconhecimento é feito pela paulistas. (Com informações da Agência Fundação Instituto de Terras (Itesp). Brasil) ITESP POLÍTICA Secretário discute regularização no Pontal O Secretário da Justiça e da De- cerca de 90% das terras do Pontal têm das propriedades que podem ser befesa da Cidadania, Alexandre até 500 hectares. Somadas, tais ter- neficiadas pela Lei, segundo o diretor-executivo da instituição, Jonas de Moraes, promoveu várias ras englobam 10% da área total da reuniões no dia 10 de junho, em Pre- região. “A regularização dessas áreas, Villas Bôas. Com isso, está descartada a possibilidade de desmemsidente Prudente, para diFotos: Murilo Hildebrand bramento de uma mesma vulgar e ouvir sugestões a propriedade em áreas merespeito do Anteprojeto de nores para conseguir o beLei que dispõe sobre a regunefício. larização de posse em terras As entidades que particidevolutas de até 500 hectaparam das reuniões aprovares localizadas no Pontal do ram a iniciativa do GoverParanapanema. no do Estado de discutir a Participaram dos enconproposta abertamente e se tros sindicatos e proprietácomprometeram a encamirios rurais, movimentos sonhar sugestões sobre o anciais, organizações não-goteprojeto ainda em junho. vernamentais, a União dos Sobre investimentos em asMunicípios do Pontal do sentamentos, tema levantaParanapanema e a Ordem A partir do alto à esquerda, no sentido horário: Secredo por prefeitos, o Secretádos Advogados do Brasil. rio anunciou que pretende, O objetivo das reuniões tário fala com movimentos sociais, proprietários runo segundo semestre deste foi apresentar a idéia inicial rais, imprensa e prefeitos: intenso diálogo do Governo do Estado de São Paulo impróprias para tornarem-se assenta- ano, reunir, no Pontal, representane possibilitar a discussão sobre a pro- mentos, é uma forma de arrecadar re- tes das Secretarias de Estado envolposta a ser encaminhada à Assem- cursos e investir parte disso na Refor- vidas na questão de infra-estrutura dos assentamentos e seus reflexos no bléia Legislativa. ma Agrária”, afirmou o Secretário. Segundo o Secretário da Justiça, O Itesp já tem um mapeamento Município, para discutir o assunto. Judiciário prioriza ações de reforma agrária pedido da Secretaria da Justiça e Sérgio Augusto Nigro Conceição. de 6,9 mil hectares. Para serem distribuídos, os recurda Defesa da Cidadania, o TribuA prioridade dada a recursos em A nal de Justiça e o 1º Tribunal de Al- sos em ações discriminatórias e reivin- ações discriminatórias e reivindica- çada Civil darão prioridade à distribuição de recursos em ações discriminatórias e reivindicatórias. Isso significa que essas ações, propostas para a arrecadação de terras para a reforma agrária e para regularização fundiária, chegarão às mãos dos desembargadores e juízes de maneira imediata, para julgamento. A medida, anunciada no dia 5 de maio, possibilitará o julgamento, até o final do ano, de ações que englobam a maior parte das áreas sob ações discriminatórias no Pontal do Paranapanema, de acordo com o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador F A T O S D A T E R R A 12 dicatórias demoravam de dois a dois anos e meio, de acordo com o Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Alexandre de Moraes. "Essa é uma maneira de atingir a meta do governador Geraldo Alckmin, que é a de resolver os problemas fundiários no Pontal do Paranapanema até o final do ano", disse. Os 11 recursos em ações discriminatórias que em maio estavam no Tribunal de Justiça compreendiam uma área de 113,9 mil hectares. Em ações reivindicatórias, tramitavam em maio pelo Tribunal de Justiça seis recursos, totalizando uma área tórias é extremamente importante, "principalmente tendo-se em vista o interesse público", enfatizou o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Sérgio Augusto Nigro Conceição. "Essa é uma medida que vai garantir paz com justiça social no campo", declarou o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. "Fico entusiasmado com o Governo de São Paulo, por meio do Secretário Alexandre de Moraes, por essa medida, que é uma referência positiva para Tribunais de Justiça de outros Estados", disse o Ministro. 13 CIÊNCIA E TECNOLOGIA Assentamento integra “Município Saudável” que é preciso para que um município possa ser te por resgatar a história do assentamento. “Além da poconsiderado saudável? Bons hospitais? Postos de pulação, os próprios assentados passaram a conhecer essaúde? Saneamento básico? Mais do que isso. É sa história desde o começo e a contribuição do assentao que mostra o projeto Municípios Saudáveis, promovimento para o município.” do pelo Cepedoc (Centro de Estudos, Pesquisa e Docu“Nós apresentamos a história do assentamento para a mentação em Cidades e Municípios Saudáveis) da Facul- população desde os primeiros acampamentos”, explica dade de Saúde Pública da USP em cinco municípios do Silvani Gomes, moradora do assentamento e agente do Estado, entre os quais Motuca, na região de Araraquara, PSF (Programa de Saúde da Família). “Hoje, o assentacom a participação dos produtores rurais dos assentamento está mais próximo de ser considerado saudável: mentos Monte Alegre 1, 2, 4 e 5. ninguém passa fome, todos têm casa, temos posto de saúO objetivo do projeto é tornar claras as responsabili- de e todas as crianças freqüentam a escola.” dades de cada esfera da adSegundo Ana Caricari, Dodora Teixeira ministração pública e da os assentados, por já terem sociedade civil e promover participado de uma luta peo empoderamento da pola conquista da terra, têm pulação, ou seja, fazer com se revelado mais organizaque ela própria seja capaz dos. “Eles vão às reuniões de buscar soluções para a de qualquer jeito, chova ou melhoria de suas condifaça sol”, comenta. ções de vida. Inicialmente, uma comisNo caso de Motuca, sesão formada por represengundo a coordenadoratantes da sociedade e do executiva do projeto, Ana poder público discutiu as Caricari, houve a necessinecessidades do município dade de se trabalhar o próe as possíveis soluções, elenprio conceito de municícando uma série de idéias. pio. “Para a maioria da poNa fase atual, está sendo pulação, Motuca era apeaprofundada a discussão em nas a área urbana”, explitorno de cada idéia levanSilvani acredita que o assentamento está mais próximo ca. Em uma das etapas do tada pela comissão. de ser considerado saudável projeto, que consiste em O objetivo final é definir montar mapas temáticos, os participantes começaram a uma idéia prioritária, elaborar e implementar um projeto. perceber as relações existentes entre a área urbana e o Caberá à própria população buscar os financiamentos assentamento. que se fizerem necessários. Para Maria Helena Dantas Martins, analista de desenOs demais municípios beneficiados pelo projeto são volvimento agrário do Itesp, o projeto tem sido importan- Bertioga, Lins, Ribeira e Itaoca. O Em Ribeira e Itaoca, população quer regularização fundiária m Ribeira e Itaoca, municípios da região Sudoeste do Estado que também participam do projeto Municípios E Saudáveis, uma das demandas levantadas pelos morado- res foi por regularização fundiária. No dia 26 de abril, foi realizado seminário em Ribeira, envolvendo a população e instituições que atuam na região, entre elas a Fundação Instituto de Terras (Itesp). O analista de desenvolvimento fundiário Francisco de Sales Vieira de Carvalho representou o Itesp no encontro, apresentando o trabalho de regularização fundiária e 14 respondendo a perguntas dos participantes. Sales ressaltou que a indefinição dominial inibe investimentos no município. Por outro lado, de posse do título de propriedade, é possível obter financiamentos utilizando a residência como garantia. Moradores das duas cidades apresentaram, durante o evento, os biomapas dos municípios. Elaborados na fase inicial do projeto, os biomapas são mapas em que a própria população indica os problemas, necessidades e a infra-estrutura das localidades onde vivem. ITESP OPINIÃO A pesquisa e o compromisso social agricultores familiares. Eles serão os os 30 anos de existência, a- levante foi o avanço na área da bioexperimentadores nos casos que houtingimos a plena maturidade, tecnologia. Atualmente, são dezenas ver necessidade de nova geração de com a consolidação de uma de laboratórios especializados em tecnologia, principalmente nos sistecultura de tecidos, biologia molecuinstituição desenhada para acordar o mas agroecológicos, onde iremos aBrasil, demonstrando que o potencial lar, modificação de plantas, clonatuar mais. Esse traprodutivo agrícola nacional é viável. gem animal, genôbalho tem que ser mica e bioinformáNas últimas três décadas, o país feito na base, de tica que geram coconsolidou-se como um dos mais imA Embrapa deste maneira organizada. portantes produtores mundiais de so- nhecimentos esmilênio deverá ser Temos que contratégicos para toja, milho, leite, carne, laranja, aves, tribuir para o desuínos, entre vários outros produtos. dos os recantos do uma empresa senvolvimento de Destaca-se também a grande econo- país. comunidades ruTemos ainda mia de fertilizantes nitrogenados recidadã, com rais que precisam sultante da utilização de bactérias fi- um grande camicontrole social de tecnologia de xadoras de nitrogênio em toda a área nho a percorrer. produção agropeTorna-se, hoje, plantada com soja no país. cuária e de agreImportantes também foram as cen- evidente que um tenas de cultivares e híbridos de mi- esforço adicional deve ser incluído gação de valor aos seus produtos, de conhecimentos técnicos, de conseràs nossas atividades: colaborar com lho, feijão phaseolus e vigna, algodão, mandioca, tomate, cenoura, ma- a inserção duradoura no processo de vação dos recursos naturais, enfim, de pesquisas que atendam os seus ançã, pêssego, trigo, arroz, frutas tropi- desenvolvimento socioeconômico seios e que garantam a sua sustentados agricultores de base familiar, incais, entre outros, disponibilizadas bilidade. aos agricultores de todo o Brasil. As- dígenas e das milhares de famílias Finalmente, precisamos construir assentadas da reforsim como foram arranjos institucionais que resolvam ma agrária. fundamentais o aTemos que De que forma fa- questões de infra-estrutura, crédito, vanço da genética capacitação profissional, gestão, enremos isso? A prie as boas práticas contribuir para o tre outros, para que os resultados gemeira é disponibilide manejo do solo zar ao máximo todas rados e transferidos pela Embrapa e das pragas, da desenvolvimento essas tecnologias que produzam os efeitos desejados. mecanização, da de comunidades A Embrapa deste milênio deverá estão prontas e não irrigação, do arser uma empresa cidadã, com controestão sendo utilizamazenamento e que precisam de le social, e voltada para atender os das, e que podem do transporte. ser absorvidas pron- mais diversos grupos de agricultores Sobre o meio tecnologia que compõem o nosso meio rural. tamente pelo sisteambiente, exemma de produção de plos como o manejo sustentável florestal, para a Re- natureza familiar. Nesse processo, Clayton Campanhola é diretor pregião Norte, o manejo da caatinga, pa- faremos algumas ações agressivas cosidente da Embrapa (Empresa Brara a Região Nordeste, a recuperação meçando pela região do semi-árido, sileira de Pesquisa Agropecuária) identificada como extremamente cade pastagens degradadas e o Projeto rente, não só em termos de produSilvânia, nos Cerrados e outras áreção agropecuária como em termos as, e o Zoneamento Agrícola em regiões e estados da federação são mar- sociais. Os artigos publicados nesta seção são de resA segunda etapa é adotarmos um cos significativos. ponsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista. Neste período, outro aspecto re- novo método de trabalho com os A F A T O S D A T E R R A 12 15 CURTAS Itesp e Aehda entregam certificados de curso de produção orgânica Fundação Instituto de Terras e a Aehda (Associa- dos certificados, seu presidente, Fernando Fernandes ção de Educação do Homem de Amanhã de Ara- Álvares Leite, destacou que as duas instituições, Itesp e ras) entregaram, em maio, certificados de conclu- Aehda, têm objetivos comuns, ao promoverem a educasão do primeiro módulo do curso de Produção Orgânica ção para a cidadania e a conscientização ambiental. oferecido a jovens assentados de Araras. Segundo Afonso Curitiba Amaral, diretor-adjunto de Dividido em quatro móduPolíticas de Desenvolvimento Dodora Teixeira los, o curso está sendo viabilido Itesp, a agricultura orgânica zado pela parceria entre as é um importante nicho de merduas instituições. O primeiro cado, contribuindo para gerar módulo, iniciado em dezembro renda consolidando e fixando de 2002, foi dedicado ao maos produtores rurais no assentanejo da água e do solo. O mómento. Daí a importância do dulo 2 é voltado à informática curso oferecido em Araras. aplicada à agricultura. Os dois Comentando sobre a releúltimos módulos oferecerão vância de projetos voltados paaos 16 alunos do curso conhera a juventude, o diretor-adcimentos sobre administração junto de Formação, Pesquisa e gerenciamento da produção e Promoção Institucional do Convênio foi assinado em dezembro de 2002 e certificação orgânica. Itesp, José Augusto de CarvaA Aehda é uma instituição filantrópica que tem por lho Mello, esclareceu que os jovens são uma importante objetivo contribuir para a ascensão social de jovens ca- ligação entre a comunidade assentada e a população rentes por meio da educação, cultura, lazer, esporte e urbana. “São os jovens os responsáveis pelo constante flucapacitação para o trabalho. Na solenidade de entrega xo de informação nos assentamentos”, completou. A Parceria oferece capacitação a produtores de leite O Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e a prefeitura de Euclides da Cunha estabeleceram uma parceria para oferecer cursos de capacitação a produtores de leite dos assentamentos do município. A iniciativa resultou de reuniões com a Fundação Instituto de Terras (Itesp) e os assentados. Serão beneficiados 30 produtores com palestras e reuniões técnicas sobre o processo de produção e a melhoria da qualidade. Haverá também troca de experiências entre produtores da região, assentados ou não. Os assentados foram selecionados pelo Itesp de acordo com o engajamento na atividade e a inciativa para aprimorar a pecuária leiteira. A Unesp apresentou propostas de atividades coordenadas por professores da universidade. Já foram realizados vários cursos em abril, sempre com especialistas em cada tema ligado à produção de leite. O ciclo de capacitação termina em outubro. Brinquedoteca é instalada em escola de assentamento Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “João Carreira”, que atende crianças e jovens do assentamento Primavera, em Andradina, região noroeste do Estado, recebeu uma brinquedoteca no início de abril. A entrega dos 700 brinquedos, que ficarão na escola, aconteceu graças a uma parceria entre o Itesp e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), in- A 16 forma o coordenador da Regional Noroeste do Itesp, Marco Pilla. Os brinquedos foram doados pelo Incra depois que o Itesp fez a solicitação. Também houve a entrega, no mesmo dia, de material escolar e de um videocassete para a escola. “É uma parceria que pode abrir novas portas para outros trabalhos em conjunto entre o Incra e o Itesp”, explica Pilla. ITESP CURTAS Quilombos têm representante no Conselho da Condição Feminina onia Mara de Souza Pereira tomou posse como representante das comunidades quilombolas no Conselho Estadual da Condição Feminina no dia 7 de março. Sonia é moradora da comunidade de Sapatu, em Eldorado. Estiveram presentes na solenidade de posse 22 mulheres quilombolas, moradoras das comunidades de André Lopes, São Pedro, Nhunguara, Pedro Cubas, Mandira e Morro Seco, todas no Vale do Ribeira. As novas conselheiras foram empossadas no cargo pelo governador Geraldo Alckmin. O Conselho da Condição Feminina é composto por 32 conselheiras, sendo 21 representantes da sociedade civil, 10 vinculadas a secretarias de Estado e uma representante do Fundo Social de Solidariedade do Estado (Fussesp). O objetivo do conselho é garantir a defesa dos direitos da mulher e sua integração à sociedade. Antes do evento, as mulheres quilombolas passaram pela sede do Itesp, onde foram recebidas pelo diretor-executivo, Jonas Villas Bôas, e pelo coordenador da Regional Sul do Itesp, José Renato Lisboa. O Itesp atende, atualmente, 630 famílias quilombolas, S Dodora Teixeira Sonia, na comunidade de Sapatu; no destaque, mulheres quilombolas com o governador implementando projetos de desenvolvimento socioeconômico, além de realizar trabalhos de reconhecimento e titulação das comunidades. Itesp dá continuidade ao projeto Tempo de Aprender om a oficina Gênero e Auto-Estima, realizada no município de Euclides da Cunha, região do Pontal do Paranapanema, nos dias 25 e 26 de março, a Fundação Instituto de Terras (Itesp) deu início ao segundo ano do projeto “Tempo de Aprender”. Parte do Programa de Formação Cidadã do Itesp, o projeto tem o objetivo de capacitar o público assentado para a conquista da autonomia. Em 2002, foram beneficiadas diretamente mais de 120 assentadas, e indireta- C mente, mais de 550, em 61 assentamentos do Pontal do Paranapanema. Enfocando desde a comunicação, planejamento participativo, gênero e auto-estima até a formação de associações populares, o projeto é pensado de acordo com a realidade de cada comunidade. A idéia é que o aprendizado se desenvolva também na prática, quando os participantes começam a atuar como agentes multiplicadores nos assentamentos. Assentados ganham caixa postal comunitária no Pontal s produtores rurais do assentamento Ribeirão Bonito, em Teodoro Sampaio, já têm endereço para receber suas cartas: Bairro Ribeirão Bonito, CEP 19280-000, caixa postal com o número de cada família assentada. Cedida gratuitamente pelos Correios, a instalação da caixa postal foi viabilizada pela Câmara Municipal de Teodoro Sampaio, atendendo a uma reivindicação da O F A T O S D A T E R R A 12 própria comunidade. Antes, os moradores do assentamento eram obrigados a ir até a cidade para buscar sua correspondência.O serviço, inaugurado em fevereiro, funciona em uma das escolas do assentamento. “Agora podemos nos comunicar melhor, sem tanto sacríficio”, comemorou o jovem assentado Zelmarcos Lima da Silva, de 17 anos. 17 AGENDA 5 a 8 de junho 26 a 28 de junho Fepagri em Araraquara Feira da Pequena Agroindústria em Serra Negra A Fundação Instituto de Terras estará presente na Fepagri (Feira do Pequeno e Médio Produtor Rural), em Araraquara, com estande institucional. O objetivo da Fepagri é levar aos pequenos e médios produtores rurais as novidades do mercado, garantindo oportunidades rentáveis para o setor do agronegócio. O estande do Itesp oferecerá folhetos e publicações sobre o trabalho da instituição. Outro destaque será a exposição de produtos dos assentamentos da região, com o objetivo de criar novas oportunidades de inserção dos produtores assentados no mercado. A exposição fotográfica Cultivando Sonhos também estará presente. Mais uma vez, o Itesp levará a produção dos assentamentos e comunidades quilombolas do Estado de São Paulo à Feira da Pequena Agroindústria em Serra Negra, que chega à sua terceira edição. O evento é promovido pela CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) e tem o objetivo de difundir informações, produtos, serviços e tecnologia para as agroindústrias de pequeno porte. Em 2002, a feira contou com mais de 4 mil visitantes de todas as regiões do Estado. Foram 56 caravanas de produtores rurais, além de grupos de outros Estados, como Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul e Pará. No estande do Itesp, foram expos- Dodora Teixeira/Arquivo Itesp Estande do Itesp na feira do ano passado tos mais de 80 produtos dos assentamentos de São Paulo. Alguns deles foram oferecidos aos visitantes para degustação. 4 a 30 de agosto Exposição Cultivando Sonhos chega à Unesp de Bauru em agosto Após passar por Presidente Prudente, Piracicaba e Araraquara, a exposição Cultivando Sonhos chega à Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Bauru, onde permanecerá de 4 a 30 de agosto. Em setembro, será a vez da Unicamp receber a mostra, que reúne 48 flagrantes da lida diária no campo, atividades artesanais, festas e manifestações culturais das comunidades atendidas pelo Itesp. Inaugurada em abril de 2002, a exposição já esteve em espaços como a Estação Sé do Metrô, Arquivo do Estado, Conjunto Nacional e Biblioteca Mário de Andrade, além das cidades de Registro, Andradina e Tremembé. ACONTECEU 16 de abril 28 de abril a 3 de maio Encontro de jovens em Teodoro Sampaio Agrishow 2003 Jovens do assentamento Santa Zélia e Ribeirão Bonito, em Teodoro Sampaio, promoveram, com apoio do Itesp e da prefeitura, o encontro “Jornada da Cidadania”. O objetivo foi buscar novas alternativas de lazer e informação para os jovens assentados da região. Na programação, apresentações de música e teatro, além de palestras sobre educação ambiental, direitos da criança e do adolescente, drogas e outros temas. 18 A alimentação e limpeza ficaram a cargo das mães dos jovens, que se organizaram em comissões. Durante os dois dias de atividades, os participantes trocaram experiências, adquiriram conhecimentos e fizeram novas amizades. “Estamos aprendendo a nos organizar. Queremos que as pessoas nos ouçam e vamos conseguir isso. Ninguém consegue nada sozinho”, explica Elias Guedes Antunes, 17 anos, do assentamento Santa Zélia. Considerada termômetro do agronegócio brasileiro e uma das três maiores feiras agrícolas do mundo, foi realizada em Ribeirão Preto, de 28 de abril a 3 de maio, a Agrishow Feira Internacional de Tecnologia Agrícola. Durante o evento, foi assinado convênio entre o Banco do Brasil e os produtores rurais de assentamentos do município de Teodoro Sampaio, para financiamento do plantio de cana-de-açúcar (leia mais na página 8). ITESP DESTAQUE Sai primeira agroindústria pela nova lei provada em novembro, a nova lei feita com o a- legislação era muito complicado. Eu mandava os papéis para São Paulo, mas voltava tudo de novo, sempre faltava poio do Itesp que reduz encargos e burocracia algum documento”, conta o produtor. para a implementação de agroindústria já tem Vital ficou sabendo das noseu primeiro beneficiado entre Murilo Hildebrand vas regras no Seminário Regioos produtores assentados do Esnal de Estímulo à Agroindústado: é Antônio Luiz Evangelista tria, realizado em fevereiro, em Vital, que produz farinha de Andradina, Noroeste do Estamandioca no assentamento Esdo. O evento foi promovido pemeralda, em Pereira Barreto, no la Cooperativa Central de ReNoroeste paulista. forma Agrária (CCA) e apoiaEm maio, Vital conseguiu a do pela Fundação Instituto de documentação necessária para Terras. legalizar sua fábrica, a “Farinhas “Depois que mandei os docuVital”. Com a mudança na legismentos, em 15 dias estava tudo lação fiscal, o pequeno produtor pronto”, disse. A tonelada e que agrega valor à produção de orimeia de farinha produzida mengem animal e vegetal não precisa salmente por Vital já está até constituir empresa para ganhando cara nova: ele mescomercializar seus produtos, basmo confeccionou uma logomartando que emita uma nota fis- Vital: legalização em 15 dias ca “Depois da nova lei, não precal de produtor rural. Desde o início de 2002 que Vital vinha tentando lega- cisa nada melhor para dar oportunidade a quem quer lizar sua agroindústria, sem sucesso. “Até a mudança na agregar valor à produção”. A Estufas geram lucro recorde para assentados A produção de entressafra do tomate no assentamento Reunidas, em Promissão, Noroeste do Estado, foi vendida este ano por um preço histórico: o triplo do valor normal obtido na época da safra. O sucesso é resultado da adoção, pelos produtores assentados, do plantio em estufas. Por possibilitar maior controle da temperatura, evitar danos causados pelas chuvas e facilitar a irrigação e o manejo das culturas, as estufas permitem o plantio fora de época. Em Murilo Hildebrand meses de entressafra, os produtos são valorizados devido ao aumento da procura pelos consumidores. No caso do tomate, cujo preço no inverno é de aproximadamente R$ 15 a caixa de 20 kg, a Estufa da família de Benê: trabaprodução extra oblho para todos F A T O S D A T E R R A 12 tida nas estufas do assentamento durante o verão foi vendida a R$ 60 a caixa, informa o analista de desenvolvimento agrário Edson Luiz Pereira, do Itesp. O tomate e o pepino são as culturas predominantes nas cerca de cem estufas do Reunidas, modo de produção lançado há oito anos pelos produtores Adelino Ritter e José Martins, o Benê. Atualmente, cada um desses dois pioneiros tem três estufas. Benê passou a responsabilidade pela produção de duas estufas para seus dois filhos, para incentivá-los a ficar no assentamento. A família têm cafezal plantado com a renda gerada pelas estufas, que também possibilitou a reforma da casa, construção de outra para familiares e de um depósito. Para a produtora Marinez Rosa Ritter, a manutenção do sucesso das estufas depende da resolução de problemas como o acúmulo de adubo no solo e o combate de pragas que se propagam em clima quente. O Itesp está promovendo dias de campo no assentamento para atender a essas demandas e vem estimulando os assentados a diversificarem a produção. 19
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