Abril - Junho

Transcrição

Abril - Junho
INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA DE MOÇAMBIQUE
Ministério da Agricultura
Edição Trimestral
Nota de abertura
Estimado leitor do Boletim do IIAM,
Abril - Junho de 2010
Nampula Acolhe
Mandioca
Nº 15
Reunião
Nacional
da
Apresentamos a nossa 15ª edição
trimestral.
Abrimos com a informação de que a
cultura de mandioca foi pano de fundo
na Reunião Nacional deste tubérculo
em Nampula.
Ainda, o IIAM capacitou veterinários
e técnicos de laboratório oriundos de
Angola, respondendo a um pedido
deste país irmão considerando que a
nossa instituição detém experiência
incomensurável neste sector.
Os campos de ensaios em regime
confinado para culturas geneticamente
modificadas
foi
pretexto
para
especialistas na área de biosegurança se
reunirem num seminário no IIAM.
O facto de existir um elevado potencial
na produção pecuária e não estar a
ser devidamente explorado preocupa
especialistas em produção animal que
se reuniram para discutir prováveis
soluções.
Na
investigação
oferecemos-lhe
informação sobre o papel da ciência no
processo de desenvolvimento.
Em reportagens: equipa do plano
estratégico isolou - se em Namaacha
para finalisar a análise dos ambientes
internos e externos e, Zâmbia partilha
sua experiência em agricultura de
conservação numa palestra.
Em divulgação: o PIAIT faz um resumo
das suas actividades no decurso do
presente trimestre.
A fechar, a notícia de que Quelimane
acolhe debate sobre problematica do
coqueiro.
Agradecemos a atenção dispensada.
Até a próxima!
O Editor:
Feliciano Mazuze / DFDTT
Participantes do encontro pousando para a posteridade.
Teve lugar a Reunião Nacional
da Mandioca, entre os dias 25 a 26
de Maio do corrente ano, na cidade
de Nampula, numa iniciativa do
Programa Nacional de Raízes e
Tubérculos (PNRT) do Instituto de
Investigação Agrária de Moçambique
(IIAM).
Tendo sido um acontecimento
bastante concorrido, a reunião contou
com a participação de vários parceiros
que compõem a cadeia de valores
da mandioca, nomeadamente, a
investigação, Direcção Provincial da
Agricultura, Direcção Provincial do
Comércio, CEPAGRI, universidades,
sector
privado,
extensionistas,
associações de produtores, ONG’s e
outros.
A Reunião Nacional da Mandioca
pretendia: (i) apresentar trabalhos
e resultados da cadeia de valores da
mandioca principalmente na zona
norte do pais; (ii) transmitir um
informe sobre a estratégia da produção
da mandioca, oportunidades para a
cultura e seus benefícios;
(iii) planificar actividades com
parceiros, actuais necessidades de
semente, áreas de multiplicação das
variedades de mandioca recentemente
libertadas; e (iv) planificar actividades
de investigação entre IIAM e
Universidades.
O evento foi caracterizado por
apresentações
das
experiências
vividas pelos diferentes intervenientes
no cultivo deste tubérculo, seguidas
de debates intensos na Sala de
Conferências Copacabana, um dia
de campo no Posto Agronómico de
Nampula e, finalmente, o fecho oficial
do encontro seguido do lançamento
da marca WISSA da empreendedora
Judite Macuácua.
A Reunião Nacional da Mandioca
foi oficialmente aberta pelo Director
do Centro Zonal Nordeste, Eng.
Fernando Mureva Chitio, que deixou
algumas considerações sobre o evento,
a destacar a sua vontade em tirar – se
o maior proveito possível do encontro
de forma a orientar os próximos
passos, uma vez que, a mandioca é
Boletim do IIAM
DESTAQUES
um produto com uma procura muito
grande, sobretudo, ao nível do norte
do país.
Na sequência, a Doutora Anabela
Zacarias, coordenadora do PNRT e
investigadora do IIAM, procedeu
a apresentação dos progressos na
investigação da mandioca, ilustrando,
deste feita, a evolução do processo de
pesquisa na cultura da mandioca e, os
resultados obtidos.
O Eng. Constantino Cuambe,
especialista da mandioca no Centro
Zonal Nordeste, trouxe a plenária
o processo de multiplicação e
disseminação de variedades de
mandioca, com especial destaque
para as cinco novas variedades,
nomeadamente: Nziva, Okhumelela,
Calicanana, Orera e Eyope, que na
verdade são produto da investigação
conduzida pelo PNRT do IIAM.
O projecto UpoCA (UNLEASHING
THE POWER OF CASSAVA IN
RESPONSE TO THE FOOD
PRICE CRISIS IN MOZAMBIQUE)
do Instituto Internacional para a
Agricultura Tropical (IITA) também
teve espaço, apresentado pela Engᵃ.
Tiana Campos. Este projecto, tem
como único fundamento a libertação
do potencial da mandioca em reesposta
à crise de preços de alimentos em
Moçambique.
negócios, seguido do representante
do Ministério de Indústria e Comércio
que veio apresentar a estratégia de
produção da mandioca e o seu plano
de implementação.
O Doutor Américo Uaciquete,
coordenador do STABEX, apresentou
o micro – zoneamento da mandioca
e três relatórios com detalhes
consideráveis sobre esta cultura e
não só. A Direcção Provincial da
Agricultura, Serviços Provinciais de
Extensão Rural e Agricultura (SPER e
SPA) de Nampula, apresentou o plano
de produção e distribuição de material
vegetativo ao nível dos distritos.
A reunião da mandioca contou com
uma presença muito forte do sector
privado, a destacar a Cervejas de
Moçambique (CDM) que veio com
o intuito de realizar uma prospecção
das potencialidades de produção e/ou
aquisição mais flexível da mandioca,
na medida em que, pretende lançar no
país uma cerveja de mandioca. Refira
– se que a mandioca vai substituir o
malte que se afigura como a principal
matéria prima no processo de produção
da cerveja e, actualmente é importado
do mercado estrangeiro. Deste modo,
a adopção da mandioca vai reduzir
significativamente os gastos causados
por este importante ingrediente.
As primeiras horas do dia 27
de Maio do corrente ano, foram
dedicadas a um rico dia de campo
no Posto Agronómico de Nampula,
organizado pelo Programa Nacional
de Raízes e Tubérculos (PNRT).
Num
claro
apoio
ao
empreendedorismo, o CZ Nordeste,
apadrinhou o lançamento da
marca WISSA da senhora Judite
Macuácuá, empresa local que dedica
–se à produção de subprodutos da
mandioca, tal é o caso do rale, lifete,
matapa e seus derivados e outros.
O contributo do IIAM nesta
empresa
foi
basicamente
o
acompanhamento técnico prestado
à senhora Judite e, a concessão a
título de empréstimo, de algum
equipamento pertinente para o
desempenho em pleno de parte das
actividades por si propostas, como
por exemplo a raspadeira que serve
para raspar a mandioca em pequenos
pedaços de modo a facilitar a sua
confecção em “Xiguinha” e outros
pratos, tipicamente moçambicanos.
Os órgãos de comunicação social
locais e os que têm representação
em Nampula afluiram em massa à
reunião nacional da mandioca, a
destacar: a Televisão de Moçambique
(TVM), a Rádio Moçambique
(RM), a Soico Televisão (STV),
o Jornal “O País”, o Jornal Diário
de Moçambique, etc. (Sostino
Mocumbe/DDIC/DFDTT/IIAM).
A experiência da provincia de
Nampula na cadeia produtiva de
mandioca foi apresentada pela
WISSA. Na sequência, a OLIMA,
partilhou sua experiência na produção
e processamento da mandioca. A
ACIANA, partilhou a sua experiência
na promoção dos subprodutos da
mandioca. A AFRICARE, AENA e
KENMARE, também apresentaram
os seus contributos na área da
mandioca.
Na ausência do representante do
Centro de Estudos Sócio – Económicos
do IIAM, o Eng. Constantino Cuambe
apresentou a cadeia de valores
da mandioca e oportunidades de
2
Participantes visitando os campos de mandioca no Posto Agronómico de Nampula.
DESTAQUES
Boletim do IIAM
IIAM Forma Médicos Veterinários e Técnicos Médios Angolanos em
Diagnóstico de Laboratório e de Campo
práticas de campo em duas regiões
geograficamente distintas (Estação
Zootécnica de Chobela e de
Mazimuchopes - Distrito de Magude,
província de Maputo, e criadores do
Sector familiar no distritos de Chokwé
e Xai-Xai, Província de Gaza).
No que tange às sessões de
enquadramento teórico – prático, os
angolanos foram confrontados com
uma série de matérias destacando –
se: a importância do laboratório no
diagnóstico de doenças, a bioseguraça
laboratorial, o fluxograma de amostras,
a parasitologia, as técnicas de
necrópsia, a Serologia, a Bacterologia,
a Virulogia, o controlo de qualidade
de alimentos e a epidemiologia.
Vista parcial da sala onde decorreu o encerramento do curso.
A Direcção de Ciências Animais
(DCA) do Instituto de Investigação
Agrária de Moçambique (IIAM)
capacitou em matéria de diagnóstico
de laboratório e de campo, 11 técnicos
Angolanos dentre os quais 5 Médicos
Veterinários e 6 técnicos médios, de
05 de Abril a 12 de Maio de 2010, nas
suas instalações em Maputo.
A DCA é uma direcção técnica do
IIAM, que tem por missão realizar
investigação em ciências animais em
coordenação com as unidades locais
do IIAM (centros zonais - estações
zootécnicas e laboratórios regionais
de veterinária).
Sul, por solicitação do Instituto dos
Serviços de Veterinária de Angola
(ISVA).
Em 6 semanas, a formação abrangeu
estudos de casos clínicos, colheitas de
amostras e, diagnóstico de parasitas
gastrointestinais e hemoparasitas.
O curso foi realizado em duas fases.
A primeira ao nível do Laboratorio
Central sediada na cidade de Maputo,
os cursantes tiveram sessões de
enquadramento teórico - prático para
a actualização sobre as normas de
biosegurança laboratorial e técnicas
de diagnóstico.
Angola seleccionou Moçambique,
ciente das vantagens comparativas
do nosso país em relação aos outros,
considerando: o clima, a infraestrutura
e um sistema veterinário próximo da
realidade a que Angola almeja.
A seleccção da DCA do IIAM
para realizar a referida capacitação
aos técnicos Angolanos, surge na
sequência de um concurso que
envolveu países como Portugal,
Zimbabwe, Tanzânia e África do
Nas sessões práticas, encetadas
nas estações zootécnicas e junto
dos criadores do sector familiar, os
cursantes tiveram a oportunidade de
proceder a colheita e processamento
de amostras e, uma posterior
confirmação dos resultados de
campo que antecedeu a discussão dos
mesmos em plenária, uma actividade
que propiciou a elaboração do
relatório que se propunha a espelhar o
contributo técnico do exercício.
O encerramento do curso mereceu a presença
da imprensa.
Os cursantes foram unânimes em afirmar que
foram satisfeitas as expectativas.
Na segunda fase, os cursantes
foram submetidos a sessões de
O encerramento do curso foi
conduzido pela Directora Técnica
da DCA, a Doutora Ana Paula
Travassos Dias, numa cerimónia
em que os cursantes receberam os
seus certificados de participação,
no anfiteatro desta componente de
investigação do IIAM, em Maputo.
(Sostino Mocumbe/DDIC/DFDTT/
IIAM).
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Boletim do IIAM
DESTAQUES
IIAM Acolhe o Seminário sobre Bio-Segurança
organismo da Nova Parceria para o
Desenvolvimento em África (NEPAD) - União Africana (UA), constituiu uma oportunidade excelente
para se criar uma nova dinâmica
no GIIBS e, mecanismos adequados do processo para o estabelicimento de ensaios de campo em
regime confinado para culturas geneticamente modificadas.
Participantes ao seminário pousando para a posteridade ao lado de S. Excia, o Ministro da Ciência
e Tecnologia, Prof. Dr. Engº. Venância Massingue.
O Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) acolheu recentemente, o Seminário
sobre Bio-Segurança com o tema
Condução de Ensaio de Campo em
Regime Confinado (EsCC) para
culturas Geneticamente Modificadas, em Maputo, numa iniciativa
do Grupo Inter-Institucional de
Bio-Segurança (GIIBS), um organismo presidido pelo Ministro de
Ciência e Tecnologia.
A cerimónia de abertura foi proferida por Sua Excia o Ministro da
Ciência e Tecnologia (CT), Prof.
Doutor Engº Venâncio Massingue
e, contou com a presença de especialistas sobre a matéria e outros
convidados.
O GIIBS é coordenado pela Doutora Anabela Zacarias, investigadora do IIAM, órgão do Ministério
da Agricultura (MINAG).
A criação do Grupo Inter-Instituicional de Bio-Seguranaca (GIIBS)
visa coordenar e promover debates
e discussões sobre culturas e Organismos Geneticamente Modificados (GMO).
A tarefa do GIIBS é coordenar
o processo de estabelecimento
dum Quadro legal Nacional sobre
a Biosegurança, incluindo o desenvolvimento de políticas/legislação, regulamentos e condutas
institucionais afins, de acordo com
o Protocolo de Cartagena sobre a
biosegurança que lida com movimentos transfronteiriços de GMO.
Entre outros, o protocolo estabelece um mecanismo que garante
que os países assinantes do mesmo, tenham informação necessária
e adequada para a tomada de decisão na adesão de importação de
GMO’s.
Titular da pasta da CT precedendo a abertura
oficial do seminário.
4
O GIIBS é um órgão técnico –
científco multi – sectorial de análise e aconselhamento em matéria
de biosegurança no país, no qual
estão representadas instituições
académicas, de investigação e públicas de relevância neste assunto.
O Seminário que foi financiado
pela Rede de Peritos sobre Biosegurança em África (ABNE), um
Da esquerda para a direita, DG do IIAM,
ministro da CT e Coordenadora do GIIPS.
Sendo o GIIBS um órgão essencialmente regulador, o Seminário
foi uma oportunidade ímpar para
troca de experiências com outros
países africanos que já estabeleceram ensaios em regime confinado e estão a iniciar o processo de
comercialização de culturas geneticamente modificadas.
Deste modo, os membros do GIIBS sairam com um conhecimento
profundo sobre os mecanismos reguladores de condução de ensaios
de campo em regime confinado e,
estabeleceram um plano de acção
que contempla actividades a serem desenvolvidas pelo grupo em
Moçambique. (Sostino Mocumbe/
DDIC/DFDTT/IIAM).
DESTAQUES
Boletim do IIAM
Seminário para Melhoramento da Produção Animal Reúne Especialistas
na Metéria
Especialistas em Produção Animal
encontraram – se num seminário
para discutir mecanismos para a
conservação e melhoramento dos
recursos genéticos animais em
Moçambique, no dia 07 de Maio
de 2010, um evento organizado
pela Direcção de Ciências Animais
(DCA) do Instituto de Investigação
Agrária de Moçambique (IIAM), na
capital do país, em Maputo.
Moçambique possui um elevado
potencial para a produção pecuária,
contudo, esta posição não está sendo
devidamente explorada. Assim
sendo, a produtividade nacional
não satisfaz as necessidades dos
consumidores quer quantitativa quer
qualitativamente.
As contribuições dos participantes em plenária
foram incorporados num plano de trabalho
conjunto para o sector.
Como consequência, actualmente,
maior parte dos produtos de origem
animal consumidos no país são
importados, facto que representa
grande dispêndio de divisas com
as despesas relacionadas com as
importações, para além de a médio
ou longo prazo, poder tirar mercado
aos produtores.
De acordo com Gloria Taela,
veterinária
especializada
em
melhoramento genético animal,
pretende –se criar condições para
que os animais, como bovinos,
aves, caprinos e suinos produzam
dentro dos patamares desejados
pelos criadores, comerciantes e
consumidores.
Tal será feito através do cruzamento
Parte dos participantes numa sessão no seminário.
de raças de algumas das espécies
actualmente existentes, selecção de
melhores pastos, cuidados sanitários,
entre outros aspectos.
No gado bovino, por exemplo,
há raças que não são viáveis numa
determinada região mas que são
noutras. Deste modo, urge que se
analise, ao pormenor, onde e como
se pode aumentar os efectivos.
“Primeiro, pensamos que é preciso
aumentar a quantidade de carne,
do leite e dos ovos uma vez que
há défice no país. Dependemos das
importações enquanto há condições
para evitar isso”, disse Glória Taela.
A situação mais dramática é notória
no leite, pois 99 porcento deste
produto vem do estrangeiro.
Dr. Pedro Tomo, do INGC, a par dos outros
participantes, mostraram – se bastante
preocupados com estágio actual do sector.
Por outro lado, é preciso que haja
produtos de elevada qualidade. “Não
basta a quantidade, os consumidores
devem ter a possibilidade de escolher
a melhor carne para o seu consumo”,
sublinhou.
Para que tal aconteça é preciso que
haja um crescimento adequado dos
animais, resistência à doenças e boa
reprodução animal. É aqui onde os
veterinários acreditam que podem
dar algum contributo.
Porém, observou que é preciso que
o governo apoie este sector abrindo
linhas de investimento para os
veterinários. “Há necessidade de se
potenciar cada vez mais esta área”,
destacou.
Em Moçambique a produção
pecuária ocupa um lugar de relevo,
na medida em que, está a contribuir
bastante para a sobrevivência e
segurança alimentar de cerca de 80
porcento da população rural.
No campo, por exemplo, todas as
famílias possuem alguma criação
para o consumo e outras necessidades
como cerimónias tradicionais e
casamentos. (Sostino Mocumbe/
DDIC/DFDTT/IIAM).
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Boletim do IIAM
INVESTIGAÇÃO
O PAPEL DA CIÊNCIA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO1
Jone Januário Mirasse2
1
Este artigo faz parte de um trabalho apresentado num congresso sobre Estudos Rurais, em POA-Brasil, que discutia os mecanismos de
produção do conhecimento para o desenvolvimento local e global.
2
Pesquisador do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), na área de Transferência de Tecnologias.
(1961) não vislumbrava separação
em diferentes campos de conhecimento científico, já não se pode dizer
o mesmo nos nossos dias. Ela se abre
e se desdobra em função da demanda
contemporânea do mundo actual. Se
no passado era o generalismo do pensamento científico, hoje a especialização tomou conta do pensamento e
pesquisa científica.
Figura 1: A partilha do saber académico e experiências desempenha um papel fundamental no
processo de desenvolvimento.
Introdução
O conceito de ciência pode ser encontrado em diversas obras sendo definido de várias formas. Mas segundo
Lakatos e Marconi (1982), a ciência
pode ser definida como um conjunto
de conhecimentos racionais, certos ou
prováveis, obtidos metodicamente,
sistematizados e verificáveis, que
fazem referência a objectos de uma
mesma natureza. Nesta ordem de pensamento facilmente podemos deparar
com a ciência em tudo o que é natural
e inanimado, portanto na ciência não
existe limites do saber ou do conhecimento empírico.
Mesmo no passado, os humanos recorreram a ela para obter conhecimentos
que alguns deles são úteis até para
orientação nos tempos actuais mesmo
que esteja globalizado, aliás, a ciência antes da globalização do sistema
mundial ela já surgiu globalizada.
Desenvolvimento conceptual
Kourganoff (1961) afirmou que a
6
ciência arruma, classifica, metodiza,
simplifica tudo excepto a si própria.
Esta afirmação mostra claramente o
quanto a ciência é autónoma nos caminhos a trilhar na busca de descobertas, interpretações e até condução do
pensamento humano. Isto é o que se
passa mesmo até hoje em dia, enquanto o mundo vai abandonando o que
considera ultrapassado e até esquece
ou apaga as práticas consideradas
inúteis na sua memória histórica, a
ciência trata de conservar tudo aquilo
segundo a qual foi motivo ou objecto
de estudo, portanto nunca queima os
arquivos. É com esta motivação que o
Kourganoff (1961) observou que em
muitos campos, a pesquisa científica
conserva um carácter artesanal, que
dificulta uma divisão mais desenvolvida do trabalho.
Apesar de a ciência ser conservacionista, ela é bastante flexível no
desdobramento em mecanismos que a
torna mais confortável, por isso ela é
metódica. Com a sua metodologia, faz
com que os trilhos seguidos sejam racionais. Se até na época de Kouganoff
A valorização do conhecimento técnico-científico faz com que as respostas
dos cientistas a essas demandas sejam
diversificadas no seu meio académico
actual. No passado o cientista do século XIX era em geral um professor que
dedicava à pesquisa os confortáveis
lazeres que lhe deixava o pequeno
número de estudantes e a lentidão
geral do ritmo da vida, “descobertas”
era pago em princípio, tão somente
pelo ensino que ministrava (KOURGANOFF, 1961).
Figura 2: Exercício no processo de partilha do
saber académico e experiências dos diferentes
actores sociais num congresso.
A maximização do capital que
caracteriza os nossos tempos, fez
com que ao mesmo tempo que
se avance na especialização, se
busque afirmação económica competitiva entre as diferentes áreas
do conhecimento. A globalização
actual consiste em mundialização
de todos aspectos socioeconómicos
dos povos mundiais, isto significa
eliminação de fronteiras nacionais
INVESTIGAÇÃO
e promover a homogeneização e
uniformização global. Por isso que
Santos (2002) afirma que o processo
de globalização mostra que estamos
perante um fenómeno multifacetado
com dimensões económicas, sociais,
políticas, culturais, religiosas e jurídicas interligadas de modo complexo.
A produção do conhecimento desde
nunca observou limites de pensamento, todos grandes pesquisadores
ou cientistas desde épocas primitivas produziram conhecimento,
interpretaram fenómenos naturais e
inanimados, conduziram o mundo
com os seus princípios. Independentemente do local onde o conhecimento
foi produzido, sempre foi usado além
fronteiras locais, nacionais, regionais
e universais, fazendo com que a absorção e o linguajar científico fosse
o mesmo. Dando como exemplos em
áreas como Agricultura e Biologia, a
categorização dos seus elementos de
estudo em família e até em espécie
levou a universalização das linguagens técnicas, que apesar de poder ter
nomes locais possui um nome universal de conhecimento de todos.
Embora no mundo actual o localismo
vai sempre cedendo lugar ao global ou
mundialismo e o individualismo ao
colectivo através de eficiente troca de
informação, é neste processo de troca
de informação que constitui a ciência
e o progresso da pesquisa cientifica.
Num período de era de informação em
que o mundo está inserido, o localismo
e o individualismo embora não menos
importante, remete aos seus “fanáticos” ao isolamento e consequentemente ao esquecimento dos próprios
pesquisadores e os seus trabalhos,
contrariando os objectivos da ciência.
[...] toda e qualquer sociedade faz uso
do universo material a sua volta para
se reproduzir física e socialmente.
Os mesmos objetos, bens e serviços
que matam a nossa fome, nos
abrigam do tempo, saciam nossa
sede, entre outras “necessidades”
físicas e biológicas, são consumidos no sentido de “esgotamento”,
e utilizados também para mediar
nossas relações, nos conferir status,
construir identidades e estabelecer
fronteiras entre grupos e pessoas.
Para além desses aspectos, esses
mesmos bens e serviços que utilizamos para nos reproduzir física e socialmente auxiliam - nos na “descoberta” ou na “constituição” da nossa
subjetividade e identidade.
Mediante a oportunidade que nos
oferecem de expressarmos os nossos desejos e experimentarmos as
suas mais diversas materialidades,
nossas reacções a elas são organizadas, classificadas e memorizadas
e nosso autoconhecimento é ampliada. (BARBOSA e CAMPBELL,
2007, p. 22). Os autores evidenciam
a importância do ser como indivíduo e como grupo em função do
ponto socio económico, cultural e
geográfico em que esse indivíduo ou
grupo se encontra inserido. A figura
abaixo, mostra um campo resultante
do processo de partilha de conhecimento atraves de abordagens participativas no processo de transferência
de tecnologias ao produtor.
Boletim do IIAM
produção do saber cientifico. E porque
o desenvolvimento é um processo,
possui muitos intervenientes que precisarão de bases anteriores para continuar firmando.
Considerações
O individuo, o colectivo, o local e o
mundo sempre foram “feitos” e interpretados pela ciência desde o principio dos
tempos mundanos, e os que fizeram partilharam informação para que as pesquisas não mais começassem do nada, mas
sim usando como suporte algo antes
existente, que o individuo/grupo num
determinado local fosse do conhecimento mundial com reconhecimento
merecido dos seus fazedores. Hoje
em dia se fala de “redes” de conhecimento, para que o tempo não mais
constitua limitante intransponível para
o desenvolvimento.
Apesar de que afirmo que a ciência é
a essência da nossa existência, naturalmente não significa que é o princípio e
o fim de tudo, há aspectos limitativos a
observar como os levantados por Flick
(2004) de que a ciência não mais produz
“verdades” absolutas, capazes de serem
adoptadas indiscriminadamente.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Lívia; CAMPBELL, Collin. O estudo do consumo nas ciências
sociais contemporâneas. Cultura, Consumo e Identidades, Rio de Janeiro:
FGV, p.21-44, 2007.
Figura 3: Campo resultante do processo de
transferencia de tecnologias priorizando
abordagens participativas.
Embora seja necessário o devido
reconhecimento dos que fazem a ciência, é recebendo e transmitindo que se
evolui técnica e profissionalmente. Por
isso que a universalização não é só um
processo linear, mas sim também um
processo consensual (SANTOS, 2002).
Por isso a partilha de informação não
é de certo ponto coerciva, ao mesmo
tempo que se mostra tecnicamente
e profissionalmente imperativa para
que o pesquisador e a instituição em
que representa/trabalha saia do anonimato e entra no mundo competitivo na
FIICK, U. Uma introdução a pesquisa
qualitativa. 2 ed. São Paulo: Bookman, 2004, 312p.
KOURGANOFF, V. A Pesquisa Cientifica. São Paulo: Difusão Européia do
Livro, 1961, 135p.
LAKATOs, E.M. e
MARCONI,
M.A. Metodologia Científica. São
Paulo:Atlas, 1982, 231p.
SANTOS, B. S. Os processos da globalização. In: SANTOS, B.S. (Org.). A
Globalização e as Ciências Sociais. São
Paulo: Cortez, 2002, p.25-102.
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Boletim do IIAM
REPORTAGEM
Retiro de finalização das análises dos ambientes externos e
interno do IIAM
equipamento para os
programas
de pesquisa e de divulgação dos
resultados constatou-se que havia
uma razoável distribuição nas zonas
agroecologica do país.
Contudo, os laboratórios de
referência estão concentrados na
capital do país e nota-se também um
envelhecimento das infra-estruturas e
de equipamentos da instituição devido
à fraca manutenção e reposição. Foram
igualmente analisadas as alianças
estratégicas do IIAM.
qualificações dos recursos humanos;
as infra-estruturas e equipamentos
existentes e o sistema de gestão e
comunicação praticado na instituição.
No ambiente externo deu-se
a continuidade do exercício de
formulação dos cenários alternativos
para a produção e produtividade
agrária de Moçambique iniciado em
Fevereiro e facilitado pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA).
Desta análise chegou-se a conclusão
de que a capacidade em termos
de recursos humanos qualificados
(Mestrados e Doutorados com
experiência nas várias áreas de
pesquisa) era por um lado limitada e
a maioria concentrada nas Direcções
Técnicas em detrimento dos Centros
Zonais.
Durante o retiro foi possível concluir
a construção de estados futuros de
incertezas críticas das cadeias e feita
a agregação dos estados futuros em
três temas que constituirão os três
cenários. Falta apenas o trabalho de
finalização dos cenários que consiste
na análise da consistência do texto de
cada tema e fazer a redação final.
Participantes pousando para a posteridade
No âmbito do processo de formulação
do plano estratégico do Instituto de
Investigação Agrária de Moçambique
(IIAM), foi organizado um retiro, no
período de 17 a 20 de Maio de 2010,
nos Pequenos Libombos, Distrito de
Namaacha, para os membros de Grupo
de Gestão Estratégica da instituição
finalizarem os exercícios de análise
dos ambientes interno e externo do
IIAM.
Fundamentalmente,
o
retiro
pretendia que os envolvidos no
exercício, terminassem os exercícios
de análise das Forças, Oportunidades,
Fraquezas e Ameaças (FOFA) e de
formulação dos cenários alternativos
para a produção e produtividade
agrária de Moçambique.
Participaram no retiro: Sara Achá,
Manuel Amane, Esperança Chamba,
Edgar Cumaio, Carvalho Ecole,
Alcino Fabião, Olga Fafetine, Carlos
Filimone, Clementina Machungo,
Feliciano Mazuze, Roseiro Moreira,
Antonieta Nhamusso e Rafael
Uaiene.
Para o ambiente interno fez-se a
análise da capacidade do IIAM para
cumprir com a sua missão tendo
sido analisada a quantidade e as
8
Por outro lado, grande parte dos
investigadores séniores está a caminho
da reforma, isto é, com idades acima
dos 45 anos. Ademais, não há um
programa
de
desenvolvimento,
enquadramento,
manutenção
e
motivação dos recursos humanos do
IIAM.
Os técnicos de nível médio agropecuário que eventualmente poderiam
substituir os investigadores a caminho
da reforma têm estado a ingressar em
cursos de licenciaturas em áreas fora
da agricultura tais como gestão e
psicologia.
No tocante às
infra-estruturas e
Parte da equipa do plano estratégico.
Com base na análise das variáveis
críticas dos stakeholders revisitada,
bem como das diferentes cadeias
nomedamente as cadeias produtivas
básica; as cadeias de rendimento e
dos sistemas naturais identificaramse os inpulsores que se traduzem
REPORTAGEM
em principais oportunidades para
o desenvolvimento dos programas
de investigação e disseminação dos
resultados.
No
evento,
foram
também
identificadas as limitantes que
Boletim do IIAM
permitiram fazer o prognóstico das
ameaças no ambiente externo. (Rafael
Uaiene/COMPETE/IIAM).
No IIAM
Experiências na Zâmbia com a Agricultura de Conservação foram
Partilhadas em Palestra
Os ganhos agronómicos da AC
zambiana no que se refere a retenção
de resíduos de cultura, Dr. Haggblade
avançou que aumenta matéria
orgânica, melhora a estrutura de solo,
melhora a retenção da água e modera a
temperatura do solo.
Para finalizar sua apresentação
no concernente aos ganhos da AC
zambiana, o investigador referenciou
a rotação de culturas leguminosas e
a aplicação reduzida mas precisa de
fertilizantes sendo que, se tratam de
actividades que melhoram a fertilidade
dos solos.
A inclusão dos parceiros no processo de selecção das variedades garante uma escolha consensual
antes da libertação.
Foi realizada uma palestra com o
propósito de partilhar a experiência
da Zâmbia em matéria de agricultura
de conservação, recentemente, na
sala Save da sede do Instituto de
Investigação Agrária de Moçambique
(IIAM) em Maputo, proferida pelo Dr.
Steven Haggblade do Michigan State
University.
O evento contou com a participação
de investigadores, agentes de extensão
agrária e outros interessados no
desenvolvimento do sector agrário.
O investigador apresentou os
resultados de vários anos de estudo
com Agricultura de Conservação
(AC) na Zâmbia. A pesquisa foi
implementada com os agricultores de
pequena e média escala que praticam
AC através de sistemas manuais
e de sistemas baseados na tracção
animal. Ele deu particular enfoque
aos aspectos mais relevantes destas
tecnologias comparativamente às
tecnologias tradicionais, incluindo
as lições da Zâmbia concernentes
aos constrangimentos bem como
os factores impulsionadores para a
adopção das tecnologias relativas a AC
por parte dos produtores.
Ao abordar os pacotes de agricultura
de AC, o investigador referenciou a
lavoura mínima, preparação da terra
na estação seca, retenção de resíduos
de cultura, rotação de culturas com
leguminosas e aplicação de fertilizantes
reduzida mas precisa.
Considerando os aspectos referentes
aos pacotes de AC zambiana, Dr. Steven
Haggblade destacou como ganhos
agronómicos deste tipo de agricultura,
que lavoura mínima poupa energia
(combustíveis), quebra a camada dura,
reduz a compactação do solo e garante
a conservação da água.
Ainda apresentando os ganhos
agronómicos dos pacotes de AC
zambiana, o investigador trouxe a
plenária que a preparação da terra na
época seca evita períodos de pico de
procura de mão-de-obra e que o plantio
cedo concede entre 1 a 2% de ganho de
rendimento por dia.
A AC na Zâmbia foi motivada pelo
declínio acentuado da fertilidade de
solos destacando-se a acidez, a erosão
e a camada dura nos solos; falta de
humidade devido a seca; aumento de
preços de fertilizantes e; aumento de
preços de combustíveis.
De referir que, Dr. Haggblade
é Professor de Desenvolvimento
Internacional, no Departamento de
Economia da Agricultura, de Sistemas
Alimentares, e de Recursos Naturais da
Universidade Estadual de Michigan.
Actualmente, ele tem desenvolvido
pesquisa sobre Agricultura de
Conservação em parceria com o
Conservation Farming Unit, o Golden
Valley Agricultural Research Trust
(GART) e o Food Security Research
Project.
Este seminário representou uma
colaboração entre o Centro de
Estudos Socio-Económicos (CESE),
Direcção de Agronomia e Recursos
Naturais (DARN) ambos do IIAM, e
a Universidade Estadual de Michigan
que contam com o financiamento da
USAID. (Sostino Mocumbe/IIAM/
DFDTT/DDIC).
9
Boletim do IIAM
DIVULGAÇÃO
INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A PLATAFORMA DE INVESTIGAÇÃO
AGRARIA E INOVAÇÃO TECNOLOGICA EM MOÇAMBIQUE (PIAIT)
OBJECTIVO GERAL:
Fortalecer o Sistema Nacional de
Investigação e Inovação Agrária e
Transferência de Tecnologias através
do esforço conjunto entre instituições
que tem um interesse comum na
investigação e inovação agrária bem
como, na transferência de resultados
apropriados e rentáveis.
MISSÃO:
FAZER
COM
QUE
AS
TECNOLOGIAS, AS PRÁTICAS
DE MANEIO E A INFORMAÇÃO
SEJAM ÚTEIS E ACESSÌVEIS
AOS
AGRICULTORES
MOÇAMBICANOS.
A prioridade é apoiar a investigação
agrária para colaborar com o governo
e as organizações interessadas na
luta contra a fome e a pobreza,
através da entrega de resultados de
pesquisa aplicáveis para a solução
de problemas específicos do sector
agrário de Moçambique
PARCEIROS PRINCIPAIS
Instituto de Investigação Agrária
de Moçambique (IIAM): Parceiro
fundador e beneficiário principal,
através do reforço do sistema nacional
de pesquisa.
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária
(EMBRAPA):
o
crescimento do Brasil nos últimos
anos é baseado em grande medida
pela contribuição dos resultados
da pesquisa realizada pelo sistema
EMBRAPA o que abala positivamente
a sua participação como parceiro
principal desta plataforma.
Centros
Internacionais
de
Investigação Agrária: Dos quinze
centros que fazem parte do Grupo
Consultivo para Investigação Agrária
Internacional (CGIAR), oito tem
representação com sedes estabelecidas
ou projectos em Moçambique. Este
10
consórcio é uma novidade que
obedece à necessidade de actuar de
forma articulada e organizada com as
organizações nacionais de pesquisa.
Esses centros são os seguintes:
• Instituto Internacional de Ciências
Animais (ILRI) – QUÉNIA; Instituto
Internacional de Agricultura Tropical
(IITA) - NIGERIA; Instituto
Internacional de Investigação do
Arroz (IRRI) - FILIPINAS; Centro
Internacional da Batata (CIP) PERU; Instituto Internacional de
Investigação das culturas das Zonas
Semi-áridas Tropicais (ICRISAT)INDIA; Centro Internacional de
Melhoramento de Milho e Trigo
(CIMMYT) - MEXICO; Instituto
Internacional de Investigação de
Politicas de Alimentos (IFPRI) - USA;
Instituto Internacional de Gestão da
Água ( IWMI) – Sri Lanka.
Outras organizações de carácter
internacional presentes e que
fazem parte do consorcio são: a
Universidade Estadual de Michigan
(MSU) e o Centro Internacional de
Desenvolvimento dos Fertilizantes
(IFDC);
UNIDADE DE GESTÃO
A Plataforma de Investigação
Agrária e Inovação Tecnológica
será coordenada por uma unidade de
Gestão formada por um representante
do Instituto de Investigações
Agrárias de Moçambique; por um
representante da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária e por
um representante do consórcio dos
Centros Internacionais de Investigação
que recebem fundos da USAID para
realizar suas actividades.
RESPONSABILIDADES
UGP:
• Facilitar a criação da PIAIT; apoiar
a administração dos programas e
projectos no âmbito da investigação
agrária em Moçambique; optimizar
recursos e materiais em conformidade
com o plano estratégico do IIAM;
mobilizar
recursos
financeiros
adicionais para a Investigação agrária;
definir e coordenar a implementação
dos assuntos transversais.; apoiar a
disseminação dos resultados obtidos
pelo sistema de investigação de
Moçambique.
Estas organizações internacionais
contemplam na sua missão O
COMBATE A FOME, A AJUDA AOS
MAIS POBRES E A PROTECÇÃO
AMBIENTAL, aspectos que também
são obrigatórios na pesquisa ao nível
nacional.
ASSUNTOS TRANVERSAIS:
Os principais beneficiários dos
resultados desta plataforma serão em
geral os agricultores moçambicanos.
Para eles é direccionado o esforço da
investigação, inovação agrária e da
transferência de tecnologias.
1. Lançamento da plataforma:
Por último, mas a um nível muito
similar, o aumento substancial
da produção acompanhado de
uma melhoria na qualidade dos
produtos resultará em agricultores,
consumidores e comerciantes mais
satisfeitos.
DA
• Fertilidade do Solo;
• Mudanças Climáticas ;
• Sistemas de Sementes;
• Género;
• Nutrição.
O Lançamento da Plataforma para
Investigação Agrária e Inovação
Tecnológica em Moçambique teve
lugar no recinto do IIAM no dia 1904-2010 e foi presidida pelo Vice
Ministro da Agricultura António
Limbau; No dia seguinte, teve lugar
outro interessante encontro com os
parceiros da Plataforma A avaliação
deste “primeiro acto público” por parte
dos membros da UGP na companhia
do Director Geral do IIAM, mostrou
DIVULGAÇÃO
que há um caminho promissor para a
pesquisa, inovação e transferência de
tecnologia no futuro próximo.
A equipa da UGP formada pelos
representantes da EMBRAPA, os
Centros Internacionais de Investigação
Agrária e do IIAM estão cientes que a
plataforma não está ainda construída,
mas estão satisfeitos com resultados
iniciais e pelo apoio demonstrado nos
contactos já feitos. Há consciência
que a plataforma será construída com
a contribuição de todos os membros,
parceiros interessados e pesquisadores
de dentro e fora de Moçambique.
Este apoio deve apresentar-se em
forma de novas ideias, projectos
e recomendações aplicáveis para
melhorar a pesquisa e a transferência
de tecnologia em Moçambique.
2. Encontro com o grupo dos
Assuntos Transversais (CCI) do
IIAM:
Sob a Direcção de Formação,
Documentação e Transferência de
Tecnologia (DFDTT), o IIAM tem
um grupo para estudar e propôr
mecanismos para incorporar os
“assuntos transversais” no protocolo
de pesquisa. Os assuntos prioritários
definidos pelo grupo são: género;
HIV-SIDA; meio ambiente/mudanças
climáticas; direitos humanos - com
ênfase no trabalho.
Sendo alguns destes assuntos
transversais (CCI) os mesmos
definidos pelo PIAIT (género e
mudanças climáticas), os membros
da UGP consideram relevante
esta relação e por isso, participam
regularmente nas reuniões do grupo
dos CCIs. O objectivo principal do
grupo formado por cientistas do IIAM
de ambos os sexos ao nível de Maputo,
é criar consciência e chamar a atenção
para os investigadores do IIAM
sobre a importância destes assuntos
e procurar encontrar mecanismos
para incorporá-los nos protocolos de
pesquisa e resultados. No início, o
género será o assunto principal.
Está em definição a possibilidade
de colaboração da Plataforma com
o grupo do CCI; o grupo vai a
reproduzir um mecanismo de cientistas
interessados nestes assuntos ao nível
de centros zonais e a Plataforma
está disposta a colaborar com esta
acção. Seminários neste nível terão
o seu início brevemente e o PIAIT
contribuirá para a sua realização.
3. Visita dos representantes do
JICA e JIRCAS:
O Sr. Osamu Ito, Director de
produção de colheita e ambiente no
JIRCAS (Centro Internacional de
Pesquisa de Ciências Agrárias) e o Sr.
Hongo Yutaka, Conselheiro Sénior
do JICA (Agência Internacional de
Cooperação do Japão) visitaram o
nosso escritório no IIAM. O encontro
deu-nos a oportunidade única de
oferecer informação básica sobre
os objectivos, metas e actividades
da PIAIT. Também foi uma ocasião
para troca de ideias sobre o potencial
e futuro do sector agrário no
desenvolvimento do país.
Presentemente, a JICA financia
o “Projecto PROSAVANA”. Este
projecto será implementado no
norte do País e o objectivo é o
desenvolvimento das áreas fronteiriças
do Corredor de Nacala incluindo as
províncias de Nampula, Zambézia e
Niassa. A reabilitação e construção
da linha férrea, estradas, educação
e saúde, agricultura em grande
escala e para pequenos agricultores,
comercialização e processamento de
alimentos entre outros são as áreas
incluídas no Projecto PROSAVANA.
A EMBRAPA apoiada pela ABC
(Agência Brasileira de Cooperação
Internacional) é parceira da JICA e
dividirá com o IIAM a responsabilidade
de investigação agrária do projecto. O
mapeamento dos solos e o potencial
dos recursos naturais são os pontos de
entrada para a investigação agrária do
projecto.
4. Assinado o acordo sobre
o Projecto de Apoio Técnico à
Plataforma de Inovação Agrária
em Moçambique.
Boletim do IIAM
O Vice-Ministro da Agricultura
de Moçambique assinou a 12 de
Maio passado em Brasília o acordo
que operacionaliza o Projecto de
Suporte Técnico à Plataforma de
Investigação e Inovação Agrária
em Moçambique. O projecto que é
financiado pela USAID e a Agência
Brasileira de Cooperação (ABC),
envolverá a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)
que tem já um representante
permanente em Moçambique e
visa: fortalecimento institucional do
IIAM; estabelecimento de sistema
de sementes; estabelecimento de
gestão territorial; estabelecimento de
sistemas de comunicação informação
para a transferência de tecnologias e;
desenvolvimento e implementação do
modelo de gestão, acompanhamento,
monitoria e avaliação da investigação
agrária.
Estes são os pilares da cooperação de
EMBRAPA em Moçambique durante
os próximos anos.
5. Projecto SIMLESA
Foi lançado recentemente em
Chimoio o projecto de intensificação
sustentável dos sistemas de cultivo
de milho e leguminosas para a região
austral e oriental da África (SIMLESA)
coordenado
regionalmente
pelo
CIMMYT.
O
IIAM-SIMLESA como é
conhecido o projecto em Moçambique,
será implementado nos distritos de
Manica e Sussundenga (Manica);
Gorongosa (Sofala); Angónia (Tete)
e Gurué, Alto Molócue (Zambézia) e
terá acções na área sócio-económica;
na identificação de variedades
adaptadas e multiplicação de sementes
de milho e leguminosas; na agricultura
de conservação e uma área transversal
de formação.
Desejamos desde já êxitos e bons
resultados para os implementadores
do projecto SIMLESA.
Por: Carlos Dominguez/
Coordenador do PIAIT
11
Boletim do IIAM
ÚLTIMAS
Seminário Discute Problemática do Coqueiro e Avança Propostas de
Estratégias para o Controlo de suas Doenças
Dados dos relatórios do FISP chama atenção do facto da Orytes levar
algum tempo para matar as plantas
velhas, entretanto, nas plantas novas, ela facilmente vai ao meristema
e interrompe o ciclo vegetativo da
mesma (portanto, mata a planta com
facilidade).
Orytes é uma das pragas que atormenta o coqueiro.
Realizou-se o seminário sobre a problemática do coqueiro, sob o lema
“Rumo à estratégia e plano de acção
para o maneio e controlo do amarelecimento letal (CLYD) e escaravelho rinoceronte (Oryctes sp.)”, entre
os dias 12 e 13 de Maio de 2010,
em Quelimane, numa iniciativa do
projecto Farmer Income Support
Project/Projecto de Apoio à Renda
Familiar (FISP), financiado pela
Millennium Challenge AccountMoçambique (MCA-Moçambique).
Importa referir que o projecto FISP
decorre sob os auspícius do Programa Nacional do Coqueiro do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM, coordenado pelo
Doutor Marcos Freire, investigador
desta instituição de pesquisa.
O seminário contou com a presença
de mais de 30 participantes, desde
especialistas da cultura do coqueiro, até especialistas em economia,
negócios, extensão, e prevenção de
calamidades entre outros.
Até aos últimos 3 ou 4 anos atrás, a
ideia prevalescente tomava o ama-
relecimento letal como o problema
do coqueiro em Moçambique, adicionando – se o facto de o palmar
ser velho e ter sido maltratado durante a guerra, na medida em que,
foi abandonado e condenado a muito tempo sem renovação, afirmou
Doutor Marcos Freire.
Ainda segundo o nosso interlocutor,
no centro e norte a renovação dos coqueiros não está a ser feita, enquanto
que na província de Inhambane, esta
tem sido contínua.
O amarelecimento letal acelerou a
morte dos coqueiros e, a Orytes, que é
uma praga oportunista coloca os ovos
em troncos mortos, multiplica – se, as
larvas crescem e alimentam – se dos
mesmos (troncos).
“Com o actual cenário de coqueiros
adultos mortos, resultante do aparente mau maneio, a Orytes encontrou
um campo certo de multiplicação,
de tal maneira que se tornou numa
praga. Assim sendo, até plantas não
atacadas pelo amarelicimento letal,
são atacadas pela Orytes”, enfatizou
Marcos Freire.
Doutor Marcos Freire informou que,
estudos efectuados a mais de 10
anos, ainda mencionavam a existência de 10 milhões de coqueiros na
Zambézia e sul de Nampula, e, em
finais de 2008, com fundo do Millenium Challenge Account (MCA),
foi feito um leventamento, por uma
empresa de Geographic Information
System (GIS) francesa denominada
TTI, e foi identificado apenas 5 milhões de coqueiros.
“Se nada é feito, urgentemente, daqui a 2 a 5 anos, talvez tenhamos 3
milhões, obedecendo a tendência
decrescente da existência do coqueiro no território”, afirmou o especialista.
O coqueiro é fundamental por ser
uma fonte de receitas, de alimentos
e concorre para a segurança alimentar. Numa escala de 10 coqueiros
por família, considerando que, são
2 milhões e meio de coqueiros que
pertencem ao sector familiar, acabam sendo 250 mil coqueiros de famílias que pelo menos parte de seu
rendimento, em 8 distritos, Zambézia e sul de Nampula.
O passo seguinte ao seminário, reside na compilação final das matrizes
e na elaboração da versão preliminar
do documento de estratégia e plano
de acção para o maneio e controlo
CLYD) e Oryctes sp. (Sostino Mocumbe/DDIC/DFDTT/IIAM).
Director: Doutor Calisto Bias. Editor: Feliciano Mazuze (DFDTT). Coordenação de Produção: Américo Humulane. Revisão: Roseiro M. Moreira.
Redacção: Sostino Mocumbe, Carlos Dominguez, Rafael Uaiene e Jone Mirasse. Colaboração nesta Edição: Feliciano Mazuze, Américo Humulane, Marta
Celeste, Roseiro Moreira, Rafael Uaiene e Marcos Freire.
Maquetização: Alberto Zandamela. Fotografia: Jonas Malapende, Marcos Freire e Arquivo do DDIC. Impressão: Reprografia do IIAM.
Tiragem: 500 exemplares.
Sede: Av. das FPLM, 2698.
Internet: http//www.iiam.gov.mz. Email: [email protected]. Telefone: 21 460219. Fax: 21 460220.
Propriedade: Instituto de Investigação Agrária de Moçambique. Distribuição Gratuíta: DISP.REG/GABINFO-DEC/2006.
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