Janeiro - Março

Transcrição

Janeiro - Março
INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA DE MOÇAMBIQUE
Ministério da Agricultura
Edição Janeiro - Abril de 2012 Nº 21
Nota de abertura
IIAM tem novo Director Geral
Caros leitores do Boletim do IIAM,
Este é o nosso encontro número 21!
Nesta edição, tal como nas precedentes,
procuramos mapear as actividades
desta instituição de pesquisa que mais
se notaram no trimestre em referência.
Pelo que, destacamos que já temos novo
Director Geral. Que, num esforço de
atingir mais pessoas, criamos uma
conta facebook. Importa referir que,
investigadores do IIAM estiveram na
Conferência Mundial de Leguminosas
de Grão. Igualmente, foi realizado um
seminário que discutiu o futuro da
Agricultura de Conservação no nosso
país.
Sendo o IIAM uma instituição de
pesquisa, partilhamos para a
investigação o artigo “Efeito de
Consociação de Algodão “Gosssypium
sp” com Faixas de Culturas na
Densidades de Pragas e de Inimigos
Naturais e na Produção no Distrito de
Meconta”.
Na reportagem, no âmbito da AWARD,
investigadoras do IIAM partilharam a
sua experiência com alunos da Noroeste
I como forma de inspira – los para o
futuro. Alguns profissionais do IIAM
participaram no treinamento de
produção de video. Os videos animados
têm se apresentado como um eficiente
instrumento de transferência de
tecnologias agrárias.
Em divulgação, despedimo – nos de
duas grandes figuras que muito deram
ao IIAM e ao desenvolvimento do
sector agrário em Moçambique,
falamos dos Doutores Calisto Bias e
Cynthia Danovan que terminam suas
missões de DG do IIAM e de
Representante do MSU em
Moçambique, respectivamente.
Por último, apresentamos um assunto
que exige consideração no processo de
gestação de tecnologias agrárias: as
mudanças climáticas no nosso
contexto.
Esperançosos de que terão uma optima
leitura, dizemos,
Da esquerda a direita Calisto Bias ex-DG do IIAM, José Pacheco Ministro da
Agricultura e o Actual DG do IIAM Inácio Calvino Maposse
Inácio Calvino Maposse, foi
apresentado como novo Director Geral
(DG) do Instituto de Investigação
Agrária de Moçambique (IIAM), no
dia 27 de Fevereiro de 2011, aos
funcionários desta instituição de
pesquisa.
A cerimónia dirigida por S. Excia o
Ministro da Agricultura, José Pacheco,
foi o culminar dum processo de
selecção que levou pouco mais de 3
meses tendo o novo DG do IIAM
ombreado com mais candidatos de
prestígio e qualidade técnico
profissional reconhecida no campo da
pesquisa e liderança, nomeadamente
os Doutores Manuel Amane e Carvalho
Ecole.
Até breve.
Feliciano Mazuze /DFDTT
O Doutor Inácio Maposse, sucede ao,
Doutor Calisto Bias que dirigiu os
destinos do IIAM desde a sua
nomeação em Aabril de 2005.
De recordar que, à luz do seu Plano
Estratégico 2011-2015, o IIAM tem a
missão de “gerar conhecimento e
soluções tecnológicas para o
desenvolvimento sustentável do
agronegócio e a segurança alimentar e
nutricional”.
Desta feita, o Doutor Maposse tem a
nobre tarefa de, para além de continuar
no trilho do que seu antecessor, com
audácia e perspicácia executou,
imprimir uma dinâmica que se traduza
em resultados conducentes ao alcance
dos objectivos estratégicos da
instituição.
Quem é Inácio Calvino Maposse?
Nasceu a 11 de Agosto de 1964, em
Chibuto, Província de Gaza, filho de
Calvino Maposse e de Helena
Boletim do IIAM
DESTAQUES
Mucaxua. Entre 1971 e 1976,
frequentou as escolas primárias Santo
Agostino de Gomba e Oficial de
Mahombe.
O novo DG do IIAM, concluiu a
licenciatura em Agronomia pela
Universidade Eduardo Mondlane
(UEM) em 1988 onde veio a trabalhar.
Completou com sucesso o seu nível
secundário em 1981, passando pela
Escola Secundária de Chibuto, Escola
Industrial 7 de Setembro de Xai – Xai
e, Escola Secundária de Chókwè.
De 1988 a 1991, para além de trabalhar
para a UEM, prestou serviços na área
de forragem, no então Instituto de
Produção Animal (IPA) uma das
instituições que hoje constitui o IIAM.
Terminou o nível médio em 1983 na
Escola Secundária Francisco
Manyanga, em Maputo.
Adquiriu o grau de Mestre em 1993
pela Universidade de Nebraska na área
de pastos e forragens
Em 1997 completou o doutoramento
em Auburn, Alabama.
No seu percurso académico e
profissioal, o Dr. Maposse ocupou
vários cargos a destacar o de Director
da Faculdade de Agronomia e
Engenharia Florestal (FAEF) e, o de
Presidente do Conselho Científico
Temático de Agricultura.
(Sostino Mocumbi/DFDTT/DIC)
IIAM Tem uma Conta Facebook
utentes, sobretudo o Facebook, o IIAM
aderiu a este instrumento de
comunicação como mais uma janela
que vai reportar os assuntos relativos a
geração e transferência de tecnologias
agrárias no nosso país .
De referir que, Facebook é um site e
serviço de rede social que foi lançado
em 4 de Fevereiro de 2004. Em
Fevereiro de 2012, o Facebook tinha
mais de 845 milhões de usuários
activos.
Ambiente da rede do facebook aderida pelo IIAM
O Instituto de Investigação Agrária de
Moçambique (IIAM) já aderiu à rede
social Facebook, desde o início deste
ano, como forma de assegurar um
maior e melhor fluxo de informação
entre a instituição e seus públicos
interno e externo.
identificação, avaliação e transferência
contínua e sustentável de tecnologias
agrárias, aliadas à capacitação e
formação dos quadros e produtores do
sector agrário e a um eficiente sistema
de coordenação, comunicação e
informação.
O IIAM, para além de gerar
tecnologias agrárias ajustadas à
realidade dos produtores
moçambicanos, tem de garantir a
divulgação dos seus resultados de
pesquisa, contribuindo para o
desenvolvimento do País através da
Para a prossecução desse desafio tem
contado com os relatórios técnicos,
palestras, seminários, website, folheto,
brochuras, manuais, boletim do IIAM,
videoimagem e outros instrumentos de
comunicação. Pelo facto das redes
socias conquistarem cada vez mais
2
Para aderir é simples. Os usuários
devem efectuar o registo antes de
utilizar o site. Em seguida, podem criar
um perfil pessoal, adicionar outros
usuários como amigos e trocar
mensagens, incluindo notificações
automáticas quando atualizarem o seu
perfil.
Moçambique situa-se no 124º lugar, de
uma lista de 213 países, com 200.220
usuários da mais popular rede social, o
Facebook, de acordo com estatísticas
divulgadas pelo site Socialbakers..
Ao nível do continente africano,
Moçambique ocupa o 21º lugar numa
lista de 49 países, com o Egipto, África
do Sul e Marrocos a ocuparem as
DESTAQUES
posições cimeiras e São Tomé e
Príncipe na cauda com 5.400 usuários.
Quanto ao ranking dos países
africanos de expressão Portuguesa,
Angola é líder com 385.360 usuários
do Facebook (16° lugar em África),
seguido de Moçambique (21° lugar)
com 200.220 usuários, Cabo Verde
(31° lugar) com 87.260 usuários,
Guiné Bissau (40° lugar) com 41.100
usuários e, em último lugar, São Tomé
e Príncipe (49° lugar) com 5.400
usuários..
O Facebook foi fundado por Mark
Zuckerberg e por seus colegas de
quarto da faculdade Eduardo Saverin,
Dustin Moskovitz e Chris Hughes.
Boletim do IIAM
O Facebook do IIAM conta neste
momento com 365 amigos dentre
funcionários da instituição, de
instituições parceiras, estudantes e
publico em geral. De referir que, esta
cifra apresenta fortes tendências a
subir dada a quantidade diária de
pedidos de amizade.
(Sostino Mocumbi/DFDTT/DIC)
Investigadores do IIAM Participam na Conferência Mundial sobre
Leguminosas de Grão
Trata – se de Celestina Joshua, Soares
Xerinda e Isabel Cachomba que
representando o Instituto de
Investigação Agrária de Moçambique
(IIAM), juntaram-se a cerca de 90
cientistas de leguminosas de grãos do
mundo em Kigali, Ruanda, de 13 a 17
de Fevereiro de 2012.
A ideia central do encontro era de
debater como os avanços da pesquisa
podem transformar de forma
sustentável as culturas com base em
sistemas de cultivo, aumentar a
produtividade e melhorar o acesso aos
alimentos nutritivos para uma melhor
nutrição, particularmente para
mulheres e crianças.
De referir que, o evento, organizado
pela Pulse CRSP (Collaborative
Research Support Programmes),
programa da Universidade de
Michigan, teve a honra de ser
oficialmente aberto por S. Excia o
Ministro da Agricultura e Recursos
Animais ruandês, Dr. Agnes Kalibata.
Projectos de pesquisa colaborativa
entre os Estados Unidos de América
(EUA) e os cientistas dos países
beneficiários, concebidos e
administrados pela Dry Grain legumes
a partir do Gabinete de Gestão CRSP
na Michigan State University, têm
vivido um impacto significativo nos
meios de subsistência, nutrição e
segurança alimentar na África
Subsaariana, América Latina, e
Estados Unidos.
A Doutora Celestina Joshua liderou o
debate em torno do poster por ela
apresentado com o tema “DIVERSITY
OF ROOT PHENES OF COMMON
BEAN (PHASEOLUS VULGARIS
L.) FROM ANDEAN AND
MESOAMERICAN GENE POOLS”.
Por sua vez, o Doutor Soares Xerinda,
esteve a frente do debate que foi sendo
construído ao apresentar o poster
i n t i t u l a d o “ I M PA C T S O F P EFFICIENT BEAN LINES ON
A G R O E C O S Y S T E M
PRODUCTIVITY AND
SUSTAINABILITY”.
Por fim, em representação do
Engenheiro Magalhães Miguel, o
Doutor Xerinda trouxe o debate em
torno do tema “PHENE SYNERGISM
BETWEEN ROOT HAIRS AND
BASAL ROOT GROWTH ANGLE
FOR PHOSPHORUS ACQUISITION
IN COMMON BEAN”.
Houve um quarto debate no qual
estavam em volta dois pesquisadores
da Colombia, EUA e do IIAM,
Celestina Joshua e Magalhães Miguel.
O programa Dry Grain Pulse CRSP
concentra-se em melhorar a
produtividade e o valor de
leguminosas comestíveis, produzidas
por pequenos agricultores com poucos
recursos para atender a esses
objectivos. As leguminosas de grãos,
que podem ser cultivadas numa ampla
gama de ambientes, são culturas de
rendimento importantes, alimentos
ricos em nutrientes para as zonas rurais
e urbanas pobres, especialmente para
mulheres e crianças. Além disso,
feijão-manteiga e feijão-nhemba são
frequentemente cultivados pelas
mulheres em muitos países,
diminuindo o hiato económico de
gênero difundido.
Pragas e doenças dos solos;
degradados e de baixa fertilidade, falta
de acesso a insumos, incluindo
sementes de variedades melhoradas, e
estresses abióticos acentuados pelas
mudanças climáticas, são factores
limitantes ao rendimento comum.
Amitigação desses factores constitui
um grande desafio para pequenos
produtores, nos países em
desenvolvimento.
Nos últimos cinco anos, pesquisadores
de universidades americanas têm
trabalhado em colaboração com
3
Boletim do IIAM
DESTAQUES
cientistas de instituições de pesquisa
para melhorar a alimentação, nutrição
e segurança econômica através de 14
projetos de pesquisa colaborativa que
se concentram em 19 países da África
Ocidental, África Oriental e Austral e
da América Central .
Entre as muitas histórias de sucesso
destacadas na conferência de 2012:
Em Ruanda, onde a terra agrícola é
limitada, a introdução de variedades
de feijão aumentou o rendimento das
culturas em 20 por cento em 2010. Na
Nicarágua, Honduras e Guatemala, a
introdução de variedades de sementes
melhoradas e da criação de mais de
200 bancos comunitários de sementes
têm garantido o acesso a sementes de
feijão de qualidade para dezenas de
milhares de agricultores.
Na África Ocidental, os estudos
genômicos permitiram o
desenvolvimento de estratégias de
gestão integrada de pragas que utilizam
agentes de controle biológico de pragas
para melhorar o rendimento do feijão
nhemba.
Tanto para feijão manteiga como para
nhemba, as características de
tolerância à seca, incluindo traços de
raiz melhoradas morfológicas, estão
sendo criadas em linhagens superiores
para melhorar a adaptação às
condições de seca terminais.
Os cientistas da Pulse CRSP também
realizaram estudos em feijão comum e
feijão-nhemba com especial enfoque
na nutrição.
N a Ta n z â n i a , u m e s t u d o d e
alimentação, envolvendo crianças
Seropositivas foram administradas
alimentos à base de feijão-nhemba
visando demonstrar o potencial de
reabilitação nutricional e reforço do
sistema imunológico no crescimento
desta população em risco.
A CRSPs apoia, a longo prazo,
pesquisas colaborativas que levam ao
desenvolvimento de produtos
tangíveis (tecnologias, práticas de
gestão, conhecimento) que contribuem
para a redução da pobreza, segurança
alimentar, melhoria da subsistência
das mulheres, alinhados aos objetivos
relacionados a estratégia alimentar da
USAID em países como Moçambique.
A CRSPs trabalha directamente com as
instituições do país anfitrião (para o
caso de Moçambique, o IIAM) para
alcançar estes objectivos através
dageração de tecnologias e
conhecimentos e o desenvolvimento
de capacidades dos recursos humanos
nas ciências agrícolas para apoiar de
forma sustentável as cadeias de valor.
(Sostino Mocumbe /DFDTT / DDIC
/IIAM)
Semináro Sobre O Futuro da Agricultura de Conservação em
Moçambique”
O Instituto de Investigação Agrária de
Moçambique (IIAM) através da
Plataforma para Investigação Agrária
e I n o v a ç ã o Te c n o l ó g i c a e m
Moçambique (PIAIT) com o suporte
da USAID, organizou no dia 28 de
Fevereiro de 2012, na sala Zambeze
do IIAM, em Maputo um Seminário
sobre “ O Futuro da Agricultura de
Conservação em Moçambique”, com
o objectivo de partilhar as
experiências e informações existentes
sobre as actividades de Agricultura de
Conservação (AC) em Moçambique e
na região. O encontro focalizou ainda
os desafios e casos de sucesso para
definir o caminho a seguir de modo
que se tenha a AC como uma
oportunidade para melhorar a
4
Agricultura Familiar no país. O evento
contou com cerca de 70 participantes,
provenientes do IIAM Sede, seus
Centros Zonais, Centros Internacionais
de Investigação (CIAT, CYMMIT,
ICRISAT, IITA e o ILRI), Instituições
de ensino superior e de investigação
(UEM, MSU e Universidade de
Tennesee dos Estados Unidos da
América), Instituições públicas
(DNSA, DNEA, INGC),
Representantes de Agricultores
(UNAC, UCAM), Empresas privadas
(TECNOSERV, TLC Moçambique,
ASV), ONG´s (Clean Star
Mozambique, Abiodes, Save the
Children, Clusa, CARE, ADRA,
AGRIFUTURO, PROSAVANA e
AGA KHAN FOUNDATION), e
parceiros de Cooperação (AGRA,
USAID, FAO, NORAD, Cooperação
Italiana, Embaixada da Suécia, União
Europeia, Embaixada da Irlanda,
IFAD, USDA).
O evento foi formalmente aberto pelo
Exmo Senhor Secretário Permanente
(SP) do Ministério da Agricultura
(MINAG) Daniel Clemente Ângelo.
Na sua intervenção, o Secretário
Permanente focalizou os objectivos
gerais do seminário tendo sublinhado a
importância da Agricultura de
Conservação para o aumento da
produtividade agrária no país, numa
altura em que se fala de mudanças
climáticas, acompanhadas pela
DESTAQUES
ocorrência de secas cíclicas,
pluviosidade errática e progressivo
declínio da fertilidade dos solos. Após
a abertura, seguiu-se a intervenção do
Director Geral (DG) do IIAM
contextualizando o seminário no
âmbito dos princípios e objectivos da
PIAIT. Este, enalteceu mais uma vez o
papel da Plataforma, na busca de
formas para garantir que as soluções
tecnológicas agrárias sejam o
resultado de um esforço conjugado de
existência de vários intervenientes na
promoção de tecnologias da
Agricultura de Conservação, o nível de
adopção destas é ainda muito baixo.
Foi possível identificar e mapear as
zonas agro-ecológicas com mais
actividades da Agricultura de
Conservação. Igualmente foram
identificados os aspectos comuns e
transversais no âmbito da promoção da
Agricultura de Conservação.
DISCUSSÃO E
RECOMENDAÇÕES SOBRE AS
APRESENTAÇÕES
todos interessados na agenda de
Investigação.
O seminário compreendeu sessões de
apresentação em plenária sobre os
diversos trabalhos em curso em
Moçambique e na região, e de
discussão em grupo sobre as lacunas
na área da Agricultura de
Conservação entre outros pontos com
objectivo de dinamizar a pesquisa e
divulgação deste sistema no país.
EXPERIÊNCIAS DE
AGRICULTURA DE
CONSERVAÇÃO EM
MOÇAMBIQUE E NA REGIÃO
Esta sessão contou com sete (7)
apresentações sobre várias
experiências em Agricultura de
Conservação no país e uma
apresentação a representar a região
com o tema “Desempenho da
Agricultura de Conservação entre os
Pequenos Agricultores: Evidência a
Partir de Algodão na Zâmbia”.
Das apresentações foi possível
constatar que, não obstante haver
várias organizações de diversos
sectores de acção a trabalharem na
promoção da Agricultura de
Conservação no país, existe ainda um
grande vazio no que diz respeito à
investigação. Não obstante a
Durante a sessão de discussões houve
intervenções de vários participantes as
quais destacavam a necessidade dos
projectos de promoção da Agricultura
de Conservação serem de média e
longa duração uma vez que os seus
resultados não podem ser alcançados a
curto prazo. Destacou-se ainda, a
necessidade de mudar as estratégias de
abordagem alargando o leque das
tecnologias em Agricultura de
Conservação ao invés de limitadas
opções que até agora são oferecidas aos
produtores. Ficou claro que a
investigação deve empenhar-se na
avaliação destas tecnologias de forma a
adequá-las às condições específicas de
cada região agro-ecológica, bem como
avaliar os seus benefícios ambientais e
sócio-económicos. Da discussão foi
possível perceber a vontade de alguns
representantes de diversas
organizações em intensificar a sua
acção e incentivar a colaboração entre
os diferentes intervenientes no país.
Dai a necessidade de criação de um
Task Force que tivesse objectivos e
planos de acção, bem definidos para
que a Agricultura de Conservação seja
uma alternativa de solução visando a
minimização da crónica insegurança
alimentar que assola o país.
Boletim do IIAM
CONSIDERAÇÕES
RECOMENDAÇÕES FINAIS
E
Durante a segunda sessão foram
constituídos três (3) grupos de trabalho
que se debruçaram sobre alguns
assuntos fulcrais da Agricultura de
Conservação durante cerca de uma (1)
hora.
As apresentações dos grupos foram
precedidas pela discussão a volta dos
“Passos Seguintes para os próximos 5
anos”. Durante essa discussão houve
várias ideias que culminaram com a
formação de um “Grupo de Trabalho
para Investigação e Promoção em
Agricultura de Conservação em
Moçambique” para se debruçar melhor
sobre a matéria tomando como base as
constatações e recomendações chave
avançadas nas apresentações e grupos
de trabalho.
· O Director Geral do IIAM encerrou o
encontro enaltecendo a iniciativa dos
organizadores e demonstrando total
entusiasmo pelo grande interesse dos
participantes do seminário e pelo tema.
Usou a oportunidade para realçar mais
uma vez o papel da plataforma para o
cumprimento da missão do IIAM e
apelou para que a recente “miniplataforma” formada neste encontro
possa trazer grandes resultados com
vista ao crescimento da Agricultura
Moçambicana e especificamente da
Agricultura de Conservação. Apelou a
todos os envolvidos para trabalhem em
comunhão de modo a conseguirem pôr
em prática uma boa parte das
recomendações deixadas pelos grupos
de trabalho.
(Antonieta Nhamusso & Bordalo
Mouzinho)
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Boletim do IIAM
INVESTIGAÇÃO
Efeito de Consociação de Algodão Gosssypium sp com Faixas de Culturas
na Densidades de Pragas e de Inimigos Naturais e na Produção no
Distrito de Meconta
Raimundo, A1 e Chamuene, A1 e Rego2, J.M.
1IIAM-CZNd-Centro de Investigação e Multiplicação de Sementes de Algodão de Namialo
2UCM-Faculdade de Agricultura de Cuamba, Departamento de Ciências de Solo
Introdução
A Consociação de culturas em faixas
(Strip intercropping) é o cultivo de
duas ou mais culturas crescendo
simultaneamente em diferentes faixas,
suficientemente largas para permitir
operações culturais independentes,
mas suficientemente apertadas para
deixar que as culturas interajam
agronómicamente. Neste sistema de
cultivo a diversidade biológica
aumenta em áreas agrícolas, o que
pode manter as populaçãoes de
insectos em equilíbrio e facilitar a
acção de controlo natural. Deste modo
foi avaliado o efeito das culturas em
faixas (algodão com mapira, feijãonhemba, milho, soja, mucuna-preta e
algodão puro), no maneio de pragas
lagarta americana (Helicovepa
armigera), lagarta vermelha
(Diparopsis castanea), jassideos
(Empoasca facialis), afideos (Aphis
gossipy) e inimigos naturais sendo
joaninha (Hippodamia convergens) e
aranha, estabelecendo-se um ensaio
com delineamento experimental de
blocos completos casualizados
(DBCC) com 3 repetições e 6
tratamentos.
Resultados e Discussão
Em função da semana
As densidades das pragas e dos
inimigos naturais apresentam
diferenças significativas (p<0,05) em
todas as semanas, excepto ovo da
lagarta vermelha (p>0,05) em todos os
tratamentos. No caso das faixas, as
diferenças significativas (p<0,05)
foram observadas nas densidades
populacionais da lagarta vermelha e da
aranha. Nos restantes insectos não
houve efeito significativo (p>0,05)
das faixas sobre as densidades
populacionais. A interacção entre
semana e faixa não teve efeito
significativo (p>0,05) nas densidades
tanto de pragas como de inimigos
naturais.
6
Maiores densidades de afideos foram
observadas nas semanas, 7, 8 e 11 com
médias 3,20, 2,80 e 2,79
respectivamente; as semanas 4, 9 e 12
foram as que menores densidades de
afideos apresentaram com 0,96, 1,07 e
1,41 respectivamente. No caso de
Jassideos, maiores médias das
densidades populacionais foram
registadas nas semanas 12 e 11 com
1,43 e 1,15 respectivamente; as
menores densidades desta praga foram
observadas nas semanas 5-9, com uma
média de 0,81 insectos.
Em relação à lagarta vermelha, a média
de ovos foi constante em todas as
semanas com 0,71 unidades; porém a
média da densidade populacional das
lagartas foi maior na semana 10 com
0,78 e menor densidade nas semanas 4
e 5 ambas com média 0,71. A densidade
populacional da lagarta americana foi
maior nas semanas 6 e 9 (ovos) e
semana 6 (lagartas), respectivamente
0,77 e 1,01 em média; menor densidade
desta praga observou-se nas semanas 4,
5, 7, 8 e 12 ambas com uma média de
0,71.
Os inimigos naturais tiveram maiores
densidades populacionais nas semanas
6, 7 e 9 com média de 86,7 de joaninha;
a menor densidade deste insecto
observou-se nas semanas 4 e 12 com
uma média de 0,72. Para a aranha
maiores densidades foram registadas
nas semanas 6 e 12 ambas com 0,86 e
menores densidades nas semanas 5, 8,
9 e 10 com uma média de 0,76.
Em função das faixas
A média das densidades populacionais
dos afideos foi de 2,08 em todos os
sistemas de cultivo de algodão (cultivo
puro e em faixa). No caso de jassídeos,
menores densidades populacionais
foram observadas em todos os sistemas
de cultivos em faixas em relação ao
cultivo puro, onde as densidades foram
relativamente maiores. Para ovos da
lagarta vermelha registaram-se
menores densidades em todos os
sistemas de cultivo em faixas
comparativamente com o cultivo puro
do qual foram relativamente maiores.
As densidades da lagarta vermelha
foram maiores no sistema de cultivo
em faixa (algodão e milho) e o cultivo
puro, e as menores densidades
populacionais foram observadas nos
restantes sistemas de cultivo. A lagarta
americana também apresenta médias
de ovos superiores no cultivo puro
comparado com o em faixas. Porém,
suas médias referentes às lagartas
apresentam uma média de 0,78 para
todos os sistemas de cultivos. Para
inimigos naturais, a joaninha registou
uma média de 0,80 em todos
tratamentos, enquanto que a aranha a
maior densidade foi no sistema de
cultivo de algodão com faixa de soja
em relação aos restantes tratamentos.
Segundo Tahvanainen & Root (1972),
afirmam que, as razões para que alguns
insectos-pragas apresentem menores
densidades populacionais em cultivos
consociados incluem a maior
diversidade destes agroecossistemas,
mudanças no microclima da cultura e o
incremento das populações de
inimigos naturais.
Estes factores podem justificar a
menor ocorrência de algumas pragas
do algodoeiro cultivado em sistema
consociado.
Ver i f i c o u - s e m a i o r d e n s i d a d e
populacional de pragas no sistema de
cultivo puro em relação aos sistemas
de cultivo em faixas. Estes resultados
estão de acordo com o Vandermeer
(1989), segundo o qual as maiores
densidades populacionais de pragas
foram observadas em sistema de
cultivo puro do que em consociação.
Observou-se também, menor
densidade populacional de pragas no
INVESTIGAÇÃO
sistema consociado (algodão x feijão),
não discordando portanto com os
resultados verificados por Armstrong
& Mckinlay (1997) e Booij et al.
(1997) ao cultivarem trevo consociado
com repolho, que mostraram uma
redução da população de pragas
devido ao aumento de inimigos
naturais. Existem evidências de que
estes inimigos naturais afectam a
dinâmica populacional das pragas das
culturas consociadas (Best & Beegle,
1977).
Maior densidade populacional de
inimigos naturais registou-se no
sistema de cultivo em faixa do algodão
consociado com soja
comparativamente com os restantes
sistemas de cultivo incluindo a
testemunha (algodão puro). Este
resultado é similar aos estudos feitos
por (Hsin et al., 1979; Bechinsk &
Pedigo, 1981) que mostraram a grande
abundância de insectos predadores nas
culturas de soja consociada com
milho. Porém, observou-se menor
densidade de inimigos naturais no
cultivo puro. O sistema de cultivo puro
faz com que as plantas fiquem mais
visíveis para os herbívoros (Altieri,
1993).
I n d i c a d o re s d e P ro d u ç ã o e
Rendimento do Algodão-Caroço
cultivo puro e os sistemas consociados
algodão+mucuna-preta e
algodão+mapira. No caso da produção
por parcela o sistema de cultivo não
afectou em todos os tratamentos
tendendo como média de 8,604kg. A
mesma situação voltou a observar-se
no rendimento em que não sofreu
efeitos do sistema de cultivo em todos
os tratamentos com uma média geral de
860,4 kg/há.
As correlações de Pearson entre
indicadores de produção e rendimento
por hectare são positivas (r>0) e
significativas (p <0,05) com a
excepção da densidade de plantas
(p>0,05). Contudo, a produção por
planta teve maior contribuição no
rendimento por hectare (r = 0,75).
Os inimigos naturais também têm uma
relação positiva (r> 0) embora não seja
significativa. Isto significa que a
contribuição destes organismos não
influenciou bastante no rendimento de
campo, devido provavelmente ao
efeito de insecticidas químicos
aplicados. No caso de pragas, porém,
verificou-se uma correlação negativa (r
<0) e não significativa (p> 0,05).
Significa que o rendimento baixa com
o aumento das pragas, apesar dessa
redução não ser significativa devido a
estes insectos.
Conclusões
A média da densidade de plantas teve
diferenças significativas (p<0,05)
entre todos os sistemas de cultivo.
Porém, a altura das plantas não sofreu
efeito do sistema do cultivo (p>0,05).
No caso da produção por planta,
produção da área útil e rendimento por
hectare as suas médias sofreram
efeitos significativos (p<0,05) em
todos os sistemas de cultivo.
Maiores densidades populacionais de
afideos foram observadas nas semanas
7, 8 e 11. No caso dos jassideos maiores
médias das densidades populacionais
foram registadas nas semanas 11 e 12.
Em relação a lagarta americana, a
maior densidade populacional foi
observada nas semanas 6 e 9 (ovos) e
semana 6 (larvas).
A densidade de plantas foi maior no
cultivo puro em relação aos restantes
sistemas de cultivo em faixa; enquanto
a altura das plantas não sofreu efeitos
do sistema de cultivo em todos os
tratamentos tendo como média geral
de 1,09 m. No concernente a produção
por planta observou-se que os
sistemas de cultivo em faixa (5, 3 e 2)
tiveram maior produção em
comparação com os sistemas de
No que diz respeito aos inimigos
naturais, tiveram maiores densidades
populacionais nas semanas 6, 7 e 9 de
joaninhas, enquanto que a aranha
maiores densidades foram observadas
nas semanas 6 e 12. O sistema de
cultivo de algodão consociado com
faixas de soja teve maiores densidades
populacionais de inimigo natural
(aranha) em relação aos restantes
tratamentos, enquanto que no sistema
Boletim do IIAM
de consociação de algodão com feijãonhemba observou-se menor densidade
populacional de pragas em relação aos
restantes sistemas.
Maiores densidades populacionais de
pragas foram observadas no sistema de
cultivo puro, como consequência de
baixa densidade populacional de
inimigos naturais comparando com os
restantes sistemas de cultivos.
Contudo, o sistema que apresentou
maiores densidades populacionais de
inimigos naturais foi a consocição de
algodão com faixas de soja.
Não se registaram diferenças de
rendimentos entre sistemas de cultivo
de algodão (consociado e puro),
embora haja diferenças na produção
por planta.
Tanto na produção do algodão por
parcela como rendimento do algodão
por hectare não sofreram efeitos do
sistema do cultivo em todos os
tratamentos, tendo como médias gerais
de 8,604 kg/parcela e 860,4kg/ha
respectivamente.
No caso de pragas, porém, verificou-se
uma correlação negativa (r <0) e não
significativa (p> 0,05). Significa que
os rendimentos baixam com o aumento
das pragas. Entretanto, os inimigos
naturais têm uma correlação positiva
(r> 0) embora não significativa.
Portanto, significa que a contribuição
desses organismos não influenciou
bastante no rendimento,
provavelmente devido o efeito de
insecticidas aplicados que também
controlavam os inimigos naturais
provocando uma redução na sua
densidade populacional.
As faixas das culturas, reduziram 20%
da área total do algodão. Contudo,
pode ser compensada pelo o
incremento da produtividade devido
ao efeito das faixas e pelas vantagens
de melhoramento do solo para o caso
das faixas de leguminosas (feijãonhemba, soja e mucuna-preta), melhor
utilização de recursos ambientais,
estabilidade da produção das culturas e
da manutenção da biodiversidade.
7
Boletim do IIAM
REPORTAGEM
Investigadoras do IIAM Falam da sua Experiência na Noroeste “I”
Rafael Uaiene.
Stella Nhanala, também investigadora
no IIAM, é Engenheira Agrónoma
licenciada em 2009 pela Universidade
de Algerve em Portugal, trabalha no
Laboratório de Biotecnologia com
enfoque para a cultura de tecidos
vegetais, preocupada com a segurança
alimentar no sector familiar e, tem
como mentora a Dra. Anabela
Manhiça.
Mentoras e Discipulas no role modeling na Noroeste “I”
No âmbito do Programa AWARD
(African Women in Agricultural
Research and Development),
investigadoras do Instituto de
Investigação Agrária de Moçambique
(IIAM), realizaram o “Role
Modelling: Inspirando e incentivando
a rapariga a contribuir para o
desenvolvimento económico do país”,
no dia 23 de Março de 2012, na Escola
Secundária Noroeste 1.
O evento que contou com a
colaboração do Centro Internacional
da Batata-Moçambique (CIP), tinha
como principal pressuposto a partilha
de experiências profissionais e
oportunidades do programa AWARD,
às alunas, professores e comunidade
circunvizinha na Escola Secundária
Noroeste I, com o objectivo de as
incentivar a seguir a área de ciências
agrárias.
Trata – se da Drª. Anabela Manhiça e
da Engª. Alda Tomo que se fizeram ao
evento acompanhadas das suas
discípulas, as Engenheiras
Agrónomas Stella Nhanala e Márcia
Maposse, respectivamente.
Anabela Manhiça, investigadora no
IIAM, é Médica Veterinária, Mestrada
em Saúde Animal pela Universidade de
Pretória em 2008, trabalha na área de
Transferência de Tecnologias, com
uma sensibilidade para a produção
agropecuária e segurança alimentar, e
tem como mentora, a Doutora Maria
Isabel Andrade.
O AWARD tem como objectivo, criar
oportunidades de desenvolvimento
profissional para as mulheres
africanas que trabalham em prol do
desenvolvimento agrário, através de
treinamentos, desenvolvimento de
habilidades de liderança, troca de
experiências e debates sobre o papel
da investigação agrária e das cientistas
no desenvolvimento económico do
país.
8
Alda Tomo, igualmente investigadora
no IIAM, é Engenheira Agrónoma,
Mestrada em Economia Agrária pela
Universidade do Estadual de
Michigan, em 2009, ocupa o seu dia
trabalhando na área de sócio –
economia agraria, tem um interesse
especial em fazer avaliações sócio –
económicas de impacto de tecnologias
agrárias e, tem como mentor o Doutor
Por fim, mas não menos importante,
Márcia Maposse, Sócia – Gerente da
Bindzu Agro Business & Consultoria,
Lda., licenciada em Agronomia pela
Universidade Eduardo Mondlane em
2006, trabalha em desenvolvimento
rural e produção agrícola, com forte
interesse para desenvolvimento rural e,
tem como mentora a Enga. Alda Tomo.
Foi um evento concorrido tendo
reunido estudantes (maioritariamente
do sexo feminino), professores e
representantes da Direcção da Escola
Secundária Noroeste I.
No final do evento, os estudantes
deixaram ficar a sua impressão no que
tange à iniciativa:
1. Agnel Massunda, 12ª Classe, 19
anos:
“Eu achava que agronomia é só ir a
machamba! Eu sempre quis fazer
agronomia, uma vez que meu pai faz
agricultura! Gosto de cuidar das
plantas! Em casa faço enxertia,
produzindo limoeiros, laranjeiras,
pinheiros e orquídias! A visita das
investigadoras do IIAM veio reforçar a
minha vontade de ser agrónomo!
Portanto, estou feliz com a iniciativa”.
2. José Manuel João Manhique, 12ª
Classe, 17 anos:
“Acho que a iniciativa é boa!
Iniciativas desse género deviam
acontecer sempre porque ajudam os
alunos a decidirem o que querem ser
no futuro! Antes da iniciativa pensei
REPORTAGEM
em ser um eng. civil! Com a palestra
estou a pensar em ser eng. Agrónomo!
3. Arminda Vicente Macuácua, 11ª
Classe, 16 anos:
“A iniciativa foi boa porque nem
sequer sabia que existia batata doce de
polpa alaranjada e nunca tive uma
oportunidade de plantar uma batata,
como se prepara a terra, qual é a
melhor terra para o plantio, como fazer
a selecção e preparação da terra! A
inicativa devia abranger mais pessoas
porque é muito interessante! Eu quero
ser advogada. A palestra me deu força
de perseguir o meu sonho e nunca
desistir”.
4. Físhua José Dango, 12ª Classe, 18
anos
“Achei a iniciativa muito boa,
construtiva e de um futuro melhor! A
palestra me inspirou muito porque me
fez ver que a agricultura não é só ir a
machamba cultivar. Esta iniciativa me
mostrou outros lados da agricultura
como o laboratório, por exemplo!
Percebi que temos que agarrar as
oportunidades! Estudar! E nunca
desistir dos nossos sonhos! Eu sempre
quis ser economista, mas agora, tal
como a eng Alda Tomo sei que é
possível juntar a economia e
agronomia! A minha paixão sempre
foi economia, mas, com uma queda
por agronomia! Estudar, estudar,
estudar”
5. Celina Gabriel Hobjane, 11ª
Classe, 17 anos:
“Uma iniciativa muito boa! Sempre
gostei de agricultura porque eu ia a
machamba com minha mãe! Com a
palestra aprendi a plantar batata
seguindo regras agronómicas! A
palestra me motivou a não desistir dos
meus sonhos! Meu sonho é ser
advogada! Agora sei que nunca devo
desistir de fazer o que eu quero! Tenho
que seguir em frente sempre! Penso
que a iniciativa devia abrangir mais
escolas secundárias e até primárias!”.
(Sostino Mocumbe/DFDTT/DDIC)
Boletim do IIAM
Videos Animados: Um Novo Conceito na
Transferência de Tecnologias Agrárias
Foi lançado nos últimos dois anos o
Programa Scientific Animations
Without Borders (SAWBO), pela
Universidade de Illinois, nos Estados
Unidos da América (EUA) com o
propósito de apoiar as pessoas a
acederem a conhecimento crítico
capaz de impulsionar suas vidas
através de videos animados.
EUA, da Argentina, do Uruguai, do
Brasil, do Haiti, da India, da Etiópia,
do Niger, da Nigéria, do Borquina
Faso, do Madagascar, do Malawi, da
África do Sul e, de Moçambique,
sendo que para o nosso país,
representa-o o Instituto de
Investigação Agrária de Moçambique
(IIAM).
Para o caso da agricultura, esta
iniciativa figura como uma janela
ímpar que vai disponibilizar
tecnologias num formato simples e
animado por forma a propiciar maior
percepção no que se pretende
transmitir.
A SAWBO, criou uma série de
animações a que se pode sobrepôr voz
numa diversidade de línguas de todo o
mundo e implantados localmente em
telefones celulares, bem como outros
dispositivos electrónicos com
capacidade de visualizar vídeos.
Diversos documentos, trabalhos e
teses citam problemas e dificuldades
no processo de transferência
tecnológica, principalmente no
processo de validação das tecnologias
junto aos agricultores e que boa parte
das tecnologias desenvolvidas
permanecem nas instituições de
pesquisa.
O conceito de usar animação é único e
é culturalmente neutro, e, portanto,
tem um apelo universal além de ser
divulgado dentro de período mais curto
de tempo possível. Os agricultores
serão capazes de armazenar os vídeos
nos seus celulares e mostrá-los a outros
agricultores.
Propostas para aprimorar o processo de
transferência de tecnologia já existem
e, na sua maioria, citam a necessidade
de considerar também a realidade
regional/local com envolvimento de
sectores públicos e privados que, de
forma integrada com os agricultores,
desenvolvem todas as etapas do
processo de transferência tecnológica.
Até hoje já foram produzidos pela
SAWBO videos referentes ao
tratamento solar do feijão nhemba,
administração do insecticida
produzido pela semente de neem
(azadirachta indica), prevenção contra
a cólera e outros.
Ta m b é m é f u n d a m e n t a l o
envolvimento das instituições de
pesquisa e desenvolvimento na
interação com técnicos e produtores,
possibilitando o fluxo da informação
nos dois sentidos.
Com esses vídeos é possível incorporar
“voice-overs” em línguas locais e
poderão ser divulgados através de
celulares e outros meios de
comunicação como parte do processo
de tranferência de tecnologia em prol
do aoumento da produtividade agrária.
A SAWBO firmou parcerias com cerca
de 20 instituições representantes dos
(Sostino Mocumbe /DFDTT / DDIC
/IIAM)
9
Boletim do IIAM
DIVULGAÇÃO
Saudação em momento de transição e sucessão no IIAM
Caros quadros e parceiros do IIAM
Minhas Senhoras,
Meus Senhores,
Durante anos, temos estado juntos na edificação de uma instituição de
investigação agrária moderna, que possa efectivamente dar respostas
satisfatórias às demandas que se nos impõem dos nossos consumidores. “Pedra
a pedra (...) uma só força”, como recitando o nosso Hino Nacional, temos vindo
a dar corpo aos objectivos de investigação, materializando-os em realizações
palpáveis do nosso Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) na
Dr. Calisto Bias no acto de sua despedida da
Direcção geral do IIAM
sua amplitude nacional e também abraçando as avenidas da cooperação regional
e internacional. Estas acções têm sido concretizadas graças ao empenho e à
entrega incondicional de todos os quadros do IIAM, quer nas suas Direcções Técnicas sediadas em Maputo, quer nos seus
Centros Zonais com sedes em Chókwè, Sussundenga, Nampula e Lichinga, abrangendo todo o país, por zonas agroecológicas diferenciadas.
Hoje, no momento de transição que inclui uma sucessão de titulares no cargo de Director Geral do IIAM, tenho a honra de
reconhecer-vos a todos os feitos alcançados, desde a criação da nossa casa de investigação agrária. Cada um de nós lembrarse-á de como iniciamos a marcha, com as distintas instituições que cessaram a sua existência dando lugar ao nascimento do
IIAM. Cessaram a sua existência mas trouxeram, cada uma, a sua experiência, o seu conhecimento acumulado e os seus
preciosos recursos humanos, materiais e patrimoniais para fortalecer a nova instituição criada. Dessa forma, terão facilitado
parte do trabalho de todos nós no IIAM, porquanto para a frente foi sempre onde pretendemos levar a investigação agrária.
E, por terem, todos e cada um de vós, ajudado nesta construção até onde nos foi possível conseguir êxitos, permitam-me
enaltecer-vos neste momento de transição e sucessão no IIAM. O vosso apoio foi e continuará a ser de muita valia para o
progresso do IIAM.
Nessa perspectiva, acreditamos que o novo Director Geral do IIAM, o Dr. Inácio Maposse, tem em todos os quadros e
parceiros do IIAM o apoio necessário para os novos impulsos que contando com a sua larga experiência irá dinamizar.
Fazemos esta afirmação como resultado de toda a confiança que se foi construindo e melhorando entre a Direcção do IIAM a
todos os níveis e os seus quadros e parceiros ao longo dos anos em que estivemos em frente da gestão do IIAM.
Em palavras comuns, permitam-me reiterar o Meu MUITO OBRIGADO pela inteira colaboração que de diversas formas e
fontes recebi. Igualmente em palavras comuns, permitam-me solicitar mais uma vez que continuem a dar o vosso máximo
apoio à Direcção do IIAM, e particularmente ao novo Director Geral o Dr. Inácio Maposse, que dentro de dias será
empossado e me sucederá no cargo que convosco exerci e levo na memória como uma das mais encorajadoras experiências
da minha vida profissional.
JUNTOS E SEMPRE JUNTOS NO DESENVOLVIMENTO DO IIAM E DA INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA EM
MOÇAMBIQUE!
Dr. Calisto Bias
Maputo, 27 de Fevereiro de 2012
10
DIVULGAÇÃO
Boletim do IIAM
Despedida da Cynthia Donovan do MSU em Moçambique e Angola
Caros Amigos e colegas,
Depois de mais de dois anos vivendo
aqui em Maputo, primeiro como
pesquisadora e depois como a
coordenadora provisória do Projecto da
Universidade do Estado do Michigan
(MSU) em Moçambique, eu estarei
retornando a minha terra, East Lansing,
Michigan, para assumir novas
responsabilidades de Directora Adjunta
do Programa de Apoio a Pesquisa de
Leguminosas (conhecida como Pulse
CRSP).
Foi um prazer viver e trabalhar em Cynthia Donovan no centro entre o antecessor e o Director Geral
Moçambique, com colegas e amigos
excelentes, e estou grata por esta oportunidade de compartilhar em Moçambique. Do lado tanto pessoal como profissional,
foi um tempo muito produtivo e espero continuar a trabalhar nas actividades da MSU em Moçambique.
Para a liderança do programa de MSU Moçambique, os investigadores Rui Benfica e David Tschirley estarão na frente com
responsabilidades principais para o projecto MSU. São suportados por nossa equipa muito capaz no país, incluindo Ellen
Payongayong e Benedito Cunguara no lado da pesquisa. A MSU está actualmente no processo de recrutamento local e
internacional de um coordenador do projecto MSU no país e nós mantê-lo-emos actualizado em todo processo. Entretanto,
favor contactar o Dr. Tschirley ([email protected]) ou o Dr. Benfica ([email protected]) a respeito do trabalho de
MSU em Moçambique para qualquer informação.
Meu novo trabalho na Pulse CRSP inclui oportunidades de trabalhar com investigadores de muitas disciplinas no
desenvolvimento das tecnologias e dos conhecimentos que possam contribuir à segurança alimentar e da nutrição através
das cadeias de valores de leguminosas (por exemplo, feijão vulgar, feijão nhemba, e feijão boer). O refortalecimento da
capacidade humana é um componente chave do trabalho. Dado que a pesquisa e a formação da Pulse CRSP são
focalizadosna América Latina e África, incluindo Moçambique, eu continuarei a trabalhar com colegas moçambicanos,
assim como colegas do CGIAR. Meu endereço electrónico permanecerá o mesmo. iportunamente enviarei outros contactos.
Eu estarei partindo de Moçambique para EUA com muita tristeza em deixar amigos e colegas, na esperança de voltar a vêlos porque o trabalho me trará de volta a Moçambique.
Até a próxima,
Cynthia Donovan
11
Boletim do IIAM
ÚLTIMAS
Mudanças Climáticas em Solos dos Antiplanaltos dos Andes Debatidas
em Palestra
Solos Tropicais. Produziu várias
publicações ligadas ao meio ambiente e
mudanças climáticas.
Doutor Motovalli escala o nosso país
num contexto em que as regiões sul e
parte centro são as mais afectadas pela
seca. As mudaças climáticas em curso
poderão aumentar a frequência e
intensidade dos eventos de seca em
Moçambique.
Projecção da fusão glaciar da Chacaltaya
O Instituto de Investigação Agrária de
Moçambique (IIAM) acolheu no dia 30
de Março de 2012, na sua sede em
Maputo, uma palestra subordinada ao
tema “Efeitos de Mudanças Climáticas
em Solos dos Antiplanaltos dos Andes,
tendo aglutinado investigadores e
demais interessados na matéria.
Foi um momento sem paralelo de
aprendizagem com um especialista de
primeira linha no assunto. Trata – se do
Doutor Peter P. Motavalli, professor em
gestão de nutrientes no solo, trabalha em
gestão de nutrientes no Departamento de
Ciências Atmosféricas, Meio Ambiente
e Solos na Universidade de Missouri –
Columbia, nos Estados Unidos da
América (EUA).
Motovalli tem larga experiência em
gestão de projectos de meio ambiente e
mudanças climáticas. Conduziu o seu
trabalho de investigação para o
Doutoramento no Brasil Empraba
Cerrados, em Brasília no Programa de
Normalmente, as mudanças climáticas
são produzidas em diferentes escalas de
tempo em um ou vários factores
meteorológicos como, por exemplo:
temperaturas máximas e mínimas,
indices pluviométricos (chuvas),
temperaturas dos oceanos,
nebulosidades, humidade relativa do ar,
etc.
O estudo de Motovalli foi focalizado na
região planaltica da Ilha Andean
(Antiplano) que é uma das zonas mais
pobres do mundo com alto nível de
vulnerabilidade a eventos de mudanças
climáticas com impacto directo e
negativo na produção agrária.
Protótipo das consequencias das mudanças
climaticas
precipitação baixa e irregular, e alto risco
de seca na época de plantio.
Actualmente as mudanças climáticas
têm sido alvo de diversas discussões e
pesquisas científicas. Os climatologistas
verificaram que, nas últimas décadas,
ocorreu um significativo aumento da
As mudanças climáticas são provocadas
por fenómenos naturais ou acções dos
seres humanos. Neste último caso, as
mudanças climáticas têm sido
provocadas a partir da Revolução
Industrial (século XVIII), momento em
que aumento significativamente a
poluição do ar.
temperatura mundial, fenómeno
conhecido como aquecimento global.
Este fenómeno, gerado pelo aumento da
poluição do ar, tem provocado o
derretimento de gelo das calotas polares
e o aumento no nível de água dos
oceanos. O processo de desertificação
também tem aumentado nas últimas
décadas em função das mudanças
O clima da região analisada por
Motovalli, segundo este especialista, é
caracaterizado por altas variações de
temperature diurna, riscos de geada,
climáticas.
(Sostino Mocumbe/DFDTT/ DDIC).
Director: Inácio Maposse. Editor: Feliciano Mazuze (DFDTT). Coordenação de Produção: Américo Humulane. Revisão: Roseiro M. Moreira.
Redacção: Sostino Mocumbe, Antonieta Nhamusso, Bordalo Mouzinho e Raimundo et al. Colaboração nesta Edição: Feliciano Mazuze, Américo Humulane,
Marta Francisco, Roseiro Moreira.
Maquetização e Arte Final: Alberto Zandamela e Marcos Vieira Niuaia. Fotografia: Jonas Malapende, Arquivo do DDIC. Impressão: Gráfica Rápida/Reprografia
do IIAM.Tiragem: 500 exemplares.
Endereços: Sede do IIAM, Av. das FPLM, 2698. Internet: http//www.iiam.gov.mz. Email: [email protected]. Telefone: 21 460219. Fax: 21 460220.
Propriedade: Instituto de Investigação Agrária de Moçambique. Distribuição Gratuíta: DISP.REG/GABINFO-DEC/2006
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