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8º Colóquio Internacional do Lepsi
3º Congresso da Ruepsy
o declínio dos saberes e o
mercado do gozo:
a psicanálise na educação
2010
novembro
11 > 13
Faculdade de Educação
Instituto de Psicologia
Universidade de São Paulo
2010
Caro(a) colega,
Seja bem-vindo(a)!
O LEPSI honra-se que tenha respondido a esta oitava convocação. Muitos dos presentes já participaram em oportunidades anteriores. Outros se aproximam pela primeira
vez. Tanto uns quanto outros renovam a esperança e a implicação no trabalho e na
reflexão compartilhada em torno das temáticas que tangem à infância. Mais uma vez,
responderam a esta convocatória: psicanalistas, psicólogos, médicos, educadores, lingüistas, fonaudiólogos, filósofos e historiadores da educação.
O diálogo é interdisciplinar e, portanto, aberto à fertilidade do mal-entendido sobre a
infância. Mas para não cairmos no ecletismo – uma espécie de monólogo – o diálogo/
colóquio tem um eixo, qual seja a psicanálise. Ou, talvez, caiba dizer que esse eixo é o
reconhecimento de nossa implicação na vida junto a esses seres pequenos que chamamos crianças. Isso precisamente nos faz “coloquiar”. Por sinal, eis aí uma outra razão.
Esse reconhecimento faz diferença com aqueles outros saberes que viram acadêmicos
e pretensamente científicos, à medida que se apresentam como uma fala sobre a educação e sobre a clínica.
Este 8º colóquio reitera a organização dos anteriores: Mesas de Debate e Sessões de
Comunicações Livres. Cada participante tem até 20 minutos para desenvolver o tema
da mesa ou da sessão. O tempo restante é para coloquiarmos... Lembramos que a montagem das mesas visa à desdobrar o debate e, portanto, mesmo que as perguntas da
sala possam ter sido caudada por uma fala em particular, todos os membros da mesa
podem se quiserem discorrer também sobre a questão levantada. Para que tudo isso
funcione é necessária a observância dos horários.
Ah! Como se fosse pouco, temos também três línguas presentes no evento: português,
francês e espanhol. E também os diferentes sotaques...
Bom colóquio para todos nós!!!!!!!!!!
LEPSI IP/FE – USP
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
3
Índice
Apresentação
07
Comissão Organizadora / Comissão Científica
09
Cronograma Geral do Colóquio
10
Seminários Pré-Colóquio
11
Resumo das Mesas de Debate e Reflexões
12
Programa das Sessões de Comunicações Livres
18
Resumos das Comunicações Livres
23
Mapas de Localização
77
Informações do Campus
80
Revista Estilos da Clínica
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
5
Apresentação
O declínio dos saberes e o mercado do gozo: a psicanálise na educação
Adão e Eva seriam hoje figuras altamente improváveis! Quem trocaria, nos dias atuais, o paraíso pela fruição do conhecimento? O império adâmico, caracterizado pelo
conhecimento como possibilidade de emancipação, consolidou-se ao longo de séculos
até que o advento do iluminismo deixou sua marca colocando o predomínio da ciência
sobre a religião, da luz sobre a escuridão. Logo mais, o marxismo deu ao conhecimento
o papel decisivo na gestão da história da emancipação do homem. Assim, conhecer não
precisava de justificativas extras: tinha valor de uso.
No entanto, hoje em dia, o conhecimento parecer ter apenas valor de troca, seja porque
preferimos o paraíso do diplomas ao estudo, ao conhecimento, via direta ao bom salário
que dará acesso aos objetos de gozo, seja porque preferimos o paraíso medicamentoso
ao indeterminado caminho do saber proposto pelo dispositivo analítico.
A mudança da impossível proporção do sujeito com o objeto, escrita por Lacan no discurso do capitalista, permite pensar, dentre outras coisas, que saber e conhecimento
mudam de posição na mesma proporção em que o objeto é coisificado, esvaziado de
seu fundo de ausência. Assim, se o objeto perde a sua leveza de ausência, ele cessa de
causar qualquer interrogação. Feito mercadoria só resta, então, tentar consumi-lo sob
o império do valor de troca.
LEPSI IP/FE - USP
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
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Comissão Organizadora
Leandro de Lajonquière – Professor Titular FE (Coordenador)
Márcia Regina Fogaça – Doutoranda FE
Ricardo Dias Sacco – Mestre FE
Douglas Emiliano Batista – Doutorando FE
Beethoven Hortencio R. da Costa – Doutorando IP
Fernanda Lara – Graduanda FE
Andréia Tenório dos Santos – Graduanda FFLCH
Julia Maria Borges Anacleto – Mestranda FE
Aline Gasparini Montanheiro - Graduanda FE
Comissão Científica
Prof. Titular Leandro de Lajonquière - FEUSP (Coordenador)
Prof. Titular Maria Cristina Machado Kupfer – IPUSP
Profa. Titular Anna Carolina Lo Bianco – UFRJ
Profa. Associada Nina Virginia Leite - UNICAMP
Profa. Dra. Sandra Francesca Conte de Almeida – UCB
Profa. Dr. Rinaldo Voltolini – FEUSP
Comitê de Convocação RUEPSY
Laboratório de Estudos e Pesquisas Psicanalíticas e Educacionais sobre a Infância –
LEPSI IP/FE – USP – Brasil.
Red Interuniversitária de Estudos Interdisciplinarios en Infancia e Instituciones –
INFEIES – Argentina.
Apoio
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
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Cronograma
11/11/2010 – quinta feira
Seminários Temáticos Pré-colóquio
Auditório da FEUSP
9h30 – recepção e controle das inscrições
16h30 – 19h Mesa 3 O que (não) sabe um analista?
Rinaldo Voltolini (coord.)
Marie Claude Fourment-Aptekman
Nina Virginia Leite
Daniel Kuperman
10h30 – 12h Figuras do Infantil. A psicanálise na vida coti13/11/2010 – Sábado
diana com as crianças
Leandro de Lajonquière (USP),
8h30 – 10h Sessões de Comunicações
debatedor: Marcelo Ricardo Pereira (UFMG)
10h30 – 12h Sessões de Comunicações
14h30 – 16h O Declínio do Império (psico)Pedagógico (em
12h - 13h Lunch de Confraternização
espanhol)
Mercedes Minnicelli (UNMP) e
13h30 – 16h Mesa 4 Saber e conhecimento na formação de
Perla Zelmanovich (FLACSO),
debatedor: Luis E. Behares (Universidad de La República) professores.
Maria Cristina Kupfer (coord.)
16h30 – 18h A indiferenciação inicial mãe-bebê em questão Perla Zelmanovich
Sandra Francesca Conte de Almeida
(tradução simultânea do francês)
Marie Claude Fourment-Aptekman (Université Paris Nord), Cláudia Riolfi
debatedor: Maria Cristina Kupfer (USP)
16h30 – 19h Mesa 5 Ingenuidade infantil: as crianças
de hoje são mais sabidas?
12/11/2010 – sexta-feira
8º Colóquio Internacional do LEPSI “O declínio dos saberes
e o mercado do gozo: a psicanálise na educação”
Auditório da Escola de Aplicação
8h Recepção e controle das inscrições
9h Boas vindas: Leandro de Lajonquière
9h10 Palavras de abertura: Maria Cristina Kupfer e Mercedes Minnicelli
9h30 - 12h Mesa 1 Psicanálise e Educação no Brasil
Maria de Loures Soares Ornellas (coord.)
Maria Cristina Kupfer
Rinaldo Voltolini
Leandro de Lajonquière
13h30 – 16h Mesa 2 O que a psicanálise tem a ver com A
Universidade?
Sandra Francesca Conte de Almeida (coord.)
Anna Carolina Lo Bianco
Mercedes Minnicelli
Luis Behares
10
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Rinaldo Voltolini (coord.)
Miriam Debieux Rosa
Daniel Revah
Marcelo Ricardo Pereira
Resumos Seminários Pré-Colóquio
Seminário 1 - Figuras do Infantil
Leandro de Lajonquière
Universidade de São Paulo
Debatedor: Marcelo R. Pereira
UFMG
São numerosas as teses sobre a origem e os fatores responsáveis tanto
pelo surgimento, quanto pelo desaparecimento do sentimento de infância ou diretamente da infância, ora qualificada de moderna, ora tida
como simples infância.
No entanto, se volto a lembrar nesta oportunidade esse debate histórico
e sociológico é pelo fato de apontar para a falta de co-naturalidade entre
o que se entende por infância – seja o que ela for – e, por outro lado, as
crianças, uma vez que ele lembra a historicidade das formas subjetivas.
Mais ainda, faço-o em virtude de considerar que, entretanto, ele mascara o fato que criança alguma possui uma infância. Pois, paradoxalmente,
só um adulto pode “ter” uma infância enquanto perdida. A infância não é um mal necessário, nem condição próxima ao animal,
nem simples pecado, menos ainda fonte de erros – como sustenta a
tradição inaugurada por Platão, recuperada por Santo Agostinho, remoçada por René Descartes. Tampouco é um precipitado de sinceridades
ou de bondades naturais. Justamente, não se trata de invertermos, mais
uma vez, o platonismo na trilha já aberta por Jean-Jacques Rousseau.
Trata-se, sim, de pensar a infância além do registro habitual de idade
natural da vida ou de humanidade pré-formada, passível de padecer
representações sociais diversas, segundo a época e a geografia, ora a ser
preservada, ora ultrapassada.
No entanto, a psicanálise subverte o paradigma inerente às clássicas
psicologias do desenvolvimento que reduzem o devir infantil ao progresso mais ou menos inelutável de um saber natural.
Seminário 2 - O saber como império, seus Será analisado o estatuto do saber na época atual, seus limites,
limites e reinvenções entre psicanálise e assim como interpelações no campo das práticas que dizem respeito à
psicanálise e a educação. Abordar-se-á a partir de duas perspectivas,
educação (em espanhol)
que integram o projeto de pesquisa “Figuras y procesos de segregación
en instituciones del campo jurídico-social, de salud, y educación. Su
Mercedes Minnicelli
Universidad Nacional de Mar del Plata (Ar- correlato en el malestar de los profesionales”, desenvolvido em conjunto
pelos Programas Psicoanálisis y Prácticas Socio-educativas de FLACSOgentina)
Argentina e Infancia e Instituciones da Universidad Nacional de Mar del
Perla Zelmanovich
FLACSO (Argentina)
Plata.
Debatedor: Luiz Behares
Por um lado, Perla Zelmanovich abordará as operações que estão na
Universidad de La República (Uruguai)
base da produção de figuras que precipitam processos de segregação
nas instituições. Essas figuras são consideradas construções de mitos ou ficções socializadas a partir das quais seria possível indagar os
processos pelos quais os mesmo viram crônicos, convertendo-se em saberes que dão lugar a estigmas e outras estratégias segregacionistas.
Considerando que as mesmas incidem na falta de implicação dos
profissionais nas suas funciones específicas, Mercedes Minnicelli trabalhará a partir da idéia de cerimônias mínimas, uma invenção na qual
a psicanálise e a educação (assim como outras práticas) se reinventam
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
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e se ligam a saberes a serem questionados, interrogados. Para tanto,
recorrer-se-á em quanto metáfora ao conto “A vestimenta do novo imperador” de Hans C. Andersen.
Seminário 3 - A indiferenciação inicial mãe- A indiferenciação inicial do bebê nos primeiros meses de vida está ligabebê em questão (tradução do francês)
da à emergência da representação.
Marie Claude Fourment-Aptekman
No seminário serão examinadas as teorias clássicas, tanto em psicanáUniversité Paris Nord (França)
lise de crianças quanto na psicologia do desenvolvimento assinalam a
Debatedor: Maria Cristina Kupfer
indiferenciação inicial. Apresentaremos as pesquisa atuais nesses dois
Universidade de São Paulo
domínios, questionando essa não-indiferenciação, nos apoiando em pesquisas recentes sobre recém-nascidos, bem como sobre as reflexões de
teóricos sobre a emergência da representação : Bower, Baillargeon e
outros no campo do desenvolvimento cognitivo do bebê : D. Stern e F.
Tustin. Analisaremos o desenvolvimento das hipóteses sobre a emergência precoce de diversas formas de representação : « pictogrammas » de
Piera Aulagnier, « significantes de demarcação » para Rosolato, « significantes enigmáticos » de Laplanche etc.
Resumos das Mesas de Debate
Mesa 1 - Psicanálise e Educação no Brasil
Coordenação: Maria de Lourdes Soares Ornelas | Universidade do Estado da Bahia
Maria Cristina Machado Kupfer
Universidade de São Paulo
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
A partir de pesquisa realizada sobre “O campo das articulações entre
psicanálise e educação no Brasil: estado da arte” levantei dados que demonstram uma expansão significativa desse campo, sobretudo nos últimos 20 anos. Proponho analisar e debater esses estudos, em cotejamento com a tradição de investigação e de estudos desenvolvidos pelo
LEPSI nesse mesmo período. Serão analisadas as teses produzidas, bem
como os artigos em revistas científicas e a produção bibliográfica, que
somam pelo menos 350 trabalhos. Para a revisão crítica dos trabalhos
brasileiros, foram adotados os seguintes eixos temáticos: 1. Transferência no campo educativo; 2. Formação de professores; 3. Psicanálise,
discurso pedagógico e educação na contemporaneidade; 4. Relação
com o saber: a posição do aluno e do professor em relação ao saber; 5.
Tratar e educar. Na literatura levantada, foram ainda destacadas três
maneiras de encarar a articulação da psicanálise com a educação. Há os
trabalham que não fazem senão uma justaposição entre os dois campos.
Colocam-nos de forma paralela, e fazem considerações em torno de noções dos dois campos, sem extrair conseqüências ou fazer cruzamentos
conceituais. Há em seguida os que realizam uma leitura marcada por
um viés ideológico: a psicanálise comparece, nessa leitura, como diretriz
normativa sobre aquilo que deve ou não dever ser realizado no campo da
educação. A psicanálise sobrevoa e interpreta o educativo, em uma relação de tipo total que tudo sabe: uma relação de mestria. São relações de
exterioridade de um campo em relação ao outro. E há um terceiro tipo
de trabalhos nos quais, a psicanálise não está colocada em posição de
leitora que ilumina, fala ou pensa sobre a educação. Os trabalhos incluídos nessa abordagem entendem que a conexão é fruto da colocação do
psicanalítico no âmago do educativo, em seu nó, em seu caroço.
Rinaldo Voltolini
Universidade de São Paulo
As considerações de Freud sobre a educação atraíram desde o início
um vívido interesse pela questão desta intersecção. Inicialmente alguns
colegas mais próximos, tais como Pfister, ou mesmo sua própria filha
Ana impulsionaram, ainda dentro de um diálogo direto com o fundador
da psicanálise, um campo de pesquisa que iria se consolidar institucionalmente através da criação de uma publicação periódica que reunia
artigos de vários psicanalistas interessados no tema. Não demoraria em
que este campo encontrasse adesões mais amplas em todo o mundo,
bem além do círculo europeu onde ele se originou. O Brasil foi um destes países que engrossou as fileiras dos pesquisadores do campo. Um
exame das pesquisas realizadas no Brasil demonstra certas linhas de força, vetores privilegiados de pesquisa. Seria possível reconhecer nestes
vetores um paradigma? É possível traçar as condições de legitimidade e
de possibilidade da pesquisa psicanalítica no campo da educação? Ou
poderíamos aceitar sem temor certa elasticidade nas interrogações, fruto
da consideração da regra clínica de que a cada novo caso deve se reinventar a psicanálise? Pretendo tratar essas perguntas. Tal interrogação
se justifica primeiramente por uma razão pragmática: a diversidade de
recortes, usos da teoria psicanalítica, diferenças de abordagem teórica, que aparecem no exame deste campo de pesquisa, parecem indicar
certa dispersão. Dispersão esta que poderia representar uma ausência
de paradigma. Justifica-se também porque a partir da psicanálise não
estamos jamais autorizados a fazer a apologia da premissa do “quanto
mais saber melhor”, tipicamente característica do campo da ciência.
Não interessa à organização deste campo, caso ele queira manter-se em
correspondência com a ética psicanalítica, um “acúmulo” de conhecimentos, mas antes, a condução de uma interrogação.
Leandro de Lajonquière
Universidade de São Paulo
Será discutida a idéia clássica da “aplicação” da psicanálise à educação
supostamente abandonada nos estudos empreendidos recentemente em
psicanálise e educação. Assinalarei, entretanto, a sua insistência e reclamarei a legitimidade de falarmos em psicanálise na educação.
Mesa 2 - O que a psicanálise tem a ver com A Universidade?
Coordenação: Sandra Francesca Conte de Almeida | Universidade Católica de Brasília
Anna Carolina Lo Bianco
Universidade Federal do Rio de Janeiro
O saber que predomina até então na universidade é posto em funcionamento por um progresso inexorável em direção à completude e à realização da promessa de tudo situar sob a sua égide. Trata-se de um saber
hegemônico pelo menos para a parte culta das sociedades, mas não apenas para ela. Qualquer operação produzida por este saber, em qualquer
esfera do cotidiano é de imediato justificada, credenciada e legitimada.
É o saber que veicula os achados científicos que informam as práticas
cotidianas. Surge quase como um truísmo a afirmação de que o saber
analítico, ao contrário, um saber do inconsciente que justamente não
se sabe, vai na contramão desse que domina o laço social. O encontro
desses dois saberes na universidade - lugar em que o saber universitário reina inconteste - nos impõe a tarefa de examinar o que se faz na
universidade quando nela se faz psicanálise. No entanto, aos desafios
colocados por este encontro acrescenta-se ainda um outro: o progresso
do saber universitário calcado que é no discurso da ciência progride
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
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em direção ao encontro de um Outro que não traz em si a dimensão do
enigma. Trata-se agora de um Outro que responde a qualquer pergunta.
Enfraquece-se assim o lugar daquele a quem se supõe um saber e que
nos coloca na busca e no desejo de saber. Vemos aí renovada a questão:
que lugar para a psicanálise na universidade?
Mercedes Minnicelli
A questão convocante da mesa localiza o analista e seu “saber” com
Universidad Nacional de Mar del Plata (Ar- ralação à Universidade - significante da sede do saber acadêmico-cientígentina)
fico. Há algum tempo, Carlos Ruiz introduziu uma pergunta que subverte
a posição da crítica epistemológica positivista quando enuncia “não se
trata de saber se a psicanálise é ou não ciência, mas o que seria da ciência positiva sem a psicanálise?”. Esta pergunta pode ser tratada a partir
de diversos ângulos de análise: a) o aporte da psicanálise desde Freud ao
debate científico; b) a contribuição do analista à sustentação do discurso
Universitário; c) seu reverso, ou seja, se analistas podem contribuir à
ruptura de certas tendências que pretendem conquistar a hegemonia
Acadêmica (mais propensas hoje em dia à promoção de humanos-objeto-de-mercado que à sustentação de sujeitos no laço social) dando lugar
à palavra, habilitando desde sua posição, a circulação discursiva. Se há
um princípio que a clínica permite-nos constatar, é que o saber do qual
se trata, é um saber não-sabido – o saber inconsciente. ¿É possível dar
lugar a esse outro saber na Universidade? Não! No entanto, a posição
no discurso desde o qual um analista fala, se assim pode, partindo da
impossibilidade, localizar o saber na falta, apelando à incansável tarefa
de fazer do dito, outros dizeres. Posição incômoda que interroga, que
implica num operar e um “brincar”” no e com o discurso da burocracia,
profanando de maneira incansável, o caráter sacro pretendido pela Academia, por cerimônias mínimas.
Luis Behares
Universidad de La República (Uruguai)
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Almeja-se apresentar e discutir as relações que Lacan estabelece ao
longo do Seminário entre o que ele coloca como desejo do analista e o
que introduz como desejo do ensinante. Essa relação exprime um apelo
à questão do saber e também à questão da verdade, que permeiam todas
as considerações que de ela decorrem. A virada desde o “saber pulsional” freudiano para o desejo e o suposto saber permitem, desde nosso
ponto de vista, aprimorar a consideração das afetações teóricas possíveis
entre a teoria psicanalítica e a teoria do ensino. A discussão será colocada nos termos do “ensino universitário”, na sua particularidade discursiva, ou seja, as atribuições de saber e verdade para a ciência, o campo
das tecnologias e os “outros” objetos próprios desse tipo de ensino.
Mesa 3 – O que (não) sabe um analista?
Coordenação: Rinaldo Voltolini | Universidade de São Paulo
Marie-Claude Fourment-Aptkeman
Université Paris Nord (França)
A primeira coisa que deve saber o psicanalista, é que ele tem muito a
apreender do analisante. Desse ponto de vista, ele está em posição de
ignorância, sem pressupostos, sem hipóteses. Para guiar-se, deve saber
que aquilo que diz o analisante, no inicio da cura, não é mais do que
uma das múltiplas versões da realidade psíquica e, portanto, que aos
poucos será construída a demanda genuína de análise, pois leva tempo
para precipitar. A esse respeito, a questão do tempo psíquico, constituída de abanicos, mas também de numerosos retrocessos, fazendo
aparecer o passado como um vivido presente é fundamental. A questão
do tempo psíquico, ligada à sexualidade infantil e à questão do infantil
que emerge numerosas vezes de maneira supressiva adquirindo um tono
dramático ligado a eventos a priori menores. E nesses momentos que o
analista deve poder escutar e se deixar surpreender por aqui que o analisante diz. Na ocasião apresentarei a título de ilustração relatos clínicos
Nina Virgiana de Araújo Leite
Universidade Estadual de Campinas
Partindo da afirmação de que o saber inconsciente não sabe de si e da
estrutura do discurso do analista agenciada pelo objeto, visa-se desdobrar uma reflexão sobre o que o analista é instado a saber para sustentar
uma direção de cura. Se admitimos com Lacan que a essência da teoria
analítica é um discurso sem palavras, que conseqüências resultam para
se pensar o estatuto de um saber que não se sabe? A incidência do não
saber é diferente na clínica e na teoria?
Daniel Kupermann
Universidade de São Paulo
Quais os impasses encontrados na transmissão do saber que tem lugar
na formação dos analistas? A conferência buscará problematizar essa
questão, por meio de uma leitura crítica do percurso histórico de institucionalização da psicanálise. Tradicionalmente, a formação psicanalítica é concebida como sendo tripartite: ela é o resultado, em termos
de aquisição do que já foi considerado “um saber que não se sabe”,
do estudo teórico, da análise pessoal a qual o futuro psicanalista se
submete, e da supervisão dos casos que trata por um psicanalista mais
experiente. Entretanto, algumas dificuldades se impõem nesse processo.
Se a transmissão da teoria obedece a regras universais, a análise pessoal
dificilmente pode ser gerida por instituições formadoras, sendo o que
há de mais irredutivelmente singular na formação de um psicanalista.
Discutiremos os efeitos anti-didáticos produzidos pelas tentativas de se
regulamentar as análises dos analistas, em função da interferência de
fatores externos ao manejo da transferência - a via de acesso ao inconsciente. Além disso, procuraremos refletir acerca das possibilidades de
produção de saber promovida pelo dispositivo da supervisão clínica, que
ocupa uma tópica intermediária entre o universal do conceito e o singular da experiência do inconsciente.
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
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Mesa 4 – Saber e Conhecimento na formação de professores
Coordenação: Maria Cristina Kupfer | Universidade de São Paulo
Um conjunto de variáveis contribui à produção da posição subjetiva dos
Perla Zelmanovich
Facultad Lationamericana de Ciencias So- professores, que não se confunde com o papel ou hierarquia institucional. A posição envolve fatores conscientes e inconscientes, cuja consiciales – FLACSO (Argentina)
deração define abordagens orientadas à responsabilização ou implicação dos professores, tanto nas práticas de formação, em dispositivos de
sustentação da função - como no dispositivo de suporte técnico - e na
formulação de políticas para o sector educativo. Considerar a presencia
eficaz embora silenciosa de um “saber não sabido”, supõe atender a
causas não evidentes, mas operantes nos obstáculos que se apresentam
no exercício da função e que costumam dar lugar às práticas segregacionistas; eis ai a relevância política de seu tratamento. Distinguimos
ao menos três variáveis: o lugar no discurso - levando em conta a teoria
dos quatro discursos desenvolvida por Lacan; as idéias e conceitos nos
quais se sustentam as ações; o tipo de leitura crítica ou a-crítica que
se realiza das ficções socializadas que nomeiam os sujeitos a partir de
um traço que os distingue da norma, construídas graças a significantes circulantes transformados em figuras cristalizadas que conduzem
à segregação. Especificar os fatores que compõem cada uma das três
variáveis e os modos como se enodam entre si, contribui com o trabalho
sobre a posição subjetiva dos candidatos a professores, bem como destes no exercício profissional que no se reduz à transmissão instrumental
de conhecimentos.
Sandra Francesca Conte de Almeida
Universidade Católica de Brasília
A formação de professores, atravessada pela psicanálise, comporta dispositivos clínicos de escuta e de fala que interrogam o sujeito em relação ao seu desejo no campo das práticas profissionais. Na direção da
análise das práticas docentes, de orientação psicanalítica, a implicação
subjetiva e profissional do professor, no exercício de seu ofício, demanda a necessária articulação entre conhecimento e saber, isto é, entre o
conhecimento possível e contingencial, produzido pela ciência, e o (des)
conhecimento do enigma que anima o sujeito, entretanto um saber nãosabido, portador de verdade. No campo do ensino e das aprendizagens,
para que o conhecimento não se reduza à dimensão de objeto de troca
e de gozo do Outro, pode-se propor que sua transmissão, operada por
meio da relação transferencial professor-aluno e marcada pelo estilo singular do professor, dê testemunho do saber que o habita e o interroga,
enquanto produção de enigma sobre o desejo, cuja verdade, (des)conhecida, torna-se o único caminho possível a guiá-lo na aventura de educar
entre Cilas e Caribde. Tal é o desafio posto à formação de professores
que, neste Colóquio, se pretende discutir.
Cláudia Riolfi
Universidade de São Paulo
Poder declarar-se feliz por estar vivo, sendo professor, não é para qualquer um. Mesmo entre aqueles que escolheram o magistério por vocação, são poucos os que pensam ter feito uma boa escolha. Confrontados
com os baixos salários, com a má vontade dos colegas, com o descaso
das famílias e com a apatia desinteressada dos alunos, os professores não sabem mais o que fazer. Poderiam buscar outros rumos para
sua vida, mas não o fazem. Descrentes, preferem trilhar por caminhos
prontos, muito semelhantes àqueles trilhados pelas histéricas do tempo
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
de Freud. Ou adotam, digamos, uma política de macho, da revolta e
da combatividade, ou, permitamo-nos dizer, bancam a mulher traída e
resignada, que sofre amargamente. Em outras palavras, para eles resta
ou a belicosidade ou a depressão. Em um ou no outro caso, os alunos
não contam ou, o que é pior, são considerados como estorvos. Tratamse de uma escolha auto-centrada, cuja conseqüência mais nefasta para
quem a faz parece ser uma vida estéril de sensações prazerosas e pobre
em conseqüências edificantes. Não concordamos com o fato de que,
em tempos de tão grande liberdade, as pessoas ainda precisem viver
sua sexualidade na forma de sintomas. Por este motivo, interrogamos:
como formar professores que, abdicando da posição histérica, possam
adotar uma posição feminina, singular? Tomando como chave de leitura
de dados coletados no âmbito de cursos de licenciatura a teoria do discurso como laço social de Jacques Lacan, pretendemos mostrar por que,
para nós, os cursos de formação de professores deveriam se pautar em
uma dupla vertente: levar o futuro professor a: 1) se organizar segundo
a lógica do discurso universitário a ponto de conseguir se apropriar dos
conhecimentos socialmente validados; e 2) saber-fazer, isto é, à utilização de um saber prático que, se fundando no saber inconsciente, muito
se assemelha ao discurso da histérica. Sem medo de ser feliz!
Mesa 5 – Ingenuidade infantil: as crianças de hoje são mais
sabidas?
Coordenação: Rinaldo Voltolini | Universidade de São Paulo
Miriam Debieux Rosa
Universidade de São Paulo
A psicanálise contribuiu para que as crianças não fossem tomadas como
ingênuas e docilmente amestráveis quando lhes atribui um saber, especialmente teorias sexuais, ou seja, possibilidades de formular os modos
como se procedem as relações afetivas, sexuais e de poder entre as pessoas das quais a criança depende. Na atualidade, a suposição de saber
às crianças toma outras conotações quanto ao lugar político-libidinal
reservado às crianças, que acompanha os passos da bio-política e abre
a dimensão do gozo sem limites no trato com a criança nas dimensões
de abusos e explorações. Neste trabalho vamos debater sobre a preocupação que já aparecia em Lacan (1967) com “a questão de saber se,
em virtude da ignorância em que é mantido este corpo, chegaremos a
ter o direito de desmembrá-lo para a troca”. Na época, ele se perguntava se a conseqüência seria uma criança generalizada em um mundo, onde não existisse gente grande ou certas antimemórias - ambas as
indicações apontando para assinalar “a entrada em um mundo inteiro
no caminho da segregação”. Tomaremos também Agamben (2004) no
questionamento da substituição da experiência pelo conhecimento na
contemporaneidade. Ao propor uma articulação da infância com a distância necessária para a experiência e o registro da história, deixa claro
que as questões desse debate transcendem o campo ideológico e dizem
respeito ao campo da ética e da política.
Daniel Revah
O senso comum hoje é de que as crianças são mais espertas, mais deUniversidade Federal de São Paulo (cam- senvolvidas, mais informadas. Há um plus infantil, um valor agregado às
pus Guarulhos)
nossas crianças que é celebrado cotidianamente, em especial nos setores sociais em que a condição infantil é objeto de cuidados especiais.
A contra-face desse valor agregado, do “mais” que aí se acrescenta,
são os restos invisíveis, mas palpáveis, de uma outra infância, que se
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
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desdobra em várias figuras: da infância-excluída à infância-mercadoria,
do adulto-criança à criança-adulto. A produção histórica dessas figuras
concerne a tempos, discursos e setores sociais diversos, a aspectos peculiares à sociedade brasileira mas também a traços que extrapolam as
fronteiras nacionais. Essa produção, com os dispositivos que a definem
e sustentam, é indissociável deste ideal moderno: a infância feliz – um
ideal com o qual se articula o paradoxo que a nutre. Sob o império desse
ideal, determinadas diferenças dissolvem-se e os tempos se encurtam,
o amanhã realiza-se hoje e a infância feliz torna-se a nossa moeda de
troca, embalada midiaticamente todos os dias. Na exposição, alguns
elementos relativos a esse processo serão objeto de análise.
Marcelo Ricardo Pereira
Universidade Federal de Minas Gerais
Sim e não. Sim, porque as crianças “adulteceram-se”. Não, porque elas
resistem. Ou seja, sim, porque o adulto toma a infância como período
que contém a chave explicativa para o que ele é, e faz de tudo para que
os infantis deixem de sê-lo; não, porque algo da criança não cessa de
não se escrever. A psicanálise, a partir dos Três Ensaios..., talvez seja um
dos poucos campos do conhecimento, senão o mais expressivo, capaz de
admitir o caráter irredutível da criança: seu ponto real. Se ela é falada
ao nível significante e fantasiada ao nível imaginário, não há dúvida que
sua alteridade é irrompida ao nível real. Mas nossa civilização moderna
insiste em recalcá-la. A infância que os adultos concebem e inculcam
nos pequenos pode mesmo estar longe de si, de seu desejo, de sua alteridade. Até quando acreditaremos na ilusão de que a educação dos pais,
a escolar e os modos de brincadeiras prescritas e formatadas deverão
funcionar como antídoto à caixa de vigilância e punição dos adultos? Até
quando a miniaturização das ações dos mais velhos será o espectro que
faz os pequenos hesitarem em tornar-se grandes?
Programa das Sessões de Comunicações Livres
Sábado 13/11/2010 | Faculdade de Educação | Bloco B (primeiro andar)
PRIMEIRO HORÁRIO das 8h30. às 10h.
Sessão 1 - Escrita, clínica e a educação
Sala: 101
Coordenação: Renata Petri
As narrativas infantis e a aquisição da escrita
Julia Maria Borges Anacleto
O manejo do professor orientador e a escrita acadêmica
Lisiane Fachinetto
Grupo da escrita na educação terapêutica: um dispositivo
clínico
Marise Bartolozzi Bastos
Rosana Márcia Aguiar; Sandra Francesca Conte de Almeida
Violência escolar como manifestação do fracasso escolar
na contemporaneidade
Renata Nunes Vasconcelos; Ana Lydia Santiago
Sessão 3 - A educação, o adolescente e as escolas
Sala: 103
Coordenação: Lílian Cristine Robeiro Nascimento
Adolescência e educação: uma proposta de intervenção
na escola
Luciana Gageiro Coutinho
Sessão 2 - Violência e laço social
Inibição, sintoma e ato: sobre os destinos do saber na
Sala: 102
adolescência
Coordenação: Márcia Fogaça
Maria Celina Peixoto Lima; Karla Patrícia H. Martins
O incesto como violência sexual contra criança
Exclusão às avessas: ‘Tiro notas baixas na escola porque
Larissa Jandira de Ramos e Paula
Violência na escola: o gozo na modernidade e seus efeitos não quero ser o nerd da sala’
Francisca Paula Toledo Monteiro; Lilian Cristine Ribeiro
no cotidiano escolar
18
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Sessão 4 - Inclusão e laço social I
Sala: 104
Coordenação: Gisela Waj Skop
Doença crônica e dificuldades escolares: é possível estabelecer uma relação?
Anne Midori A. de Lima; Sueli Pinto Minatti
Como formar bons professores nos dias de hoje? Refletindo sobre os efeitos do mercado de saber sobre a educação
Elizabeth dos Reis Sanada; Gisela Wajskop
A escola inclusiva como uma utopia do século XXI
Ana Beatriz Coutinho Lerner
Quando o declínio do saber é necessário
Odana Palhares
Gozo em saber que....
Thais Helena Barros
A construção de um espaço para a metáfora na escola
básica versus o mercado de gozo
Andreza Roberta Rocha
Sessão 9 - A psicanálise e os fundamentos da educação V
Sala: 109
Coordenação: Beethoven H. R. da Costa
(Sub)versão: o pai cai e o mestre goza
Maria de Lourdes Ornellas
Sessão 5 - A psicanálise e os fundamentos da educação I
O declínio dos saberes e o mercado do gozo: a psicanálise
Sala: 105
na educação
Coordenação: Fernanda Nunes de Lara
A psicologização da psicanálise na educação: um estudo Leny Magalhães Merch e outros
Vicissitudes da educação no contemporâneo
de sua origem em São Paulo
Flavia Maria de Vasconcellos
Flavia Ranoya Lins
Só nos resta a pedagogia do amor? Uma possível desconsSessão 10 - Clínica e Tratamento I
trução psicanalítica
Sala: 110
Camila Pereira de Freitas
El rechazo del lazo social: una lógica de la intervención Coordenação: Fernanda de Souza e Castro
en el campo de la infancia. Reflexiones sobre la experiên- Quando o diagnóstico não é suficiente qual o tratamento
cia en un Centro de Protección de los Derechos del Niño possível? Considerações sobre o uso e as adaptações da
AP3 em crianças diagnosticadas com Transtornos Globais
Veronica Rachid
do Desenvolvimento
Sessão 6 - A psicanálise e os fundamentos da educação II Angela Flexa de Paolo; Carolina Valério Barros
O tratamento em grupo e a constituição da imagem corSala: 106
poral
Coordenação: Rita Maria Manso de Barros
Carolina C. Tiussi; Fernanda de Sousa e Castro
Saber e gozo: a aposta do desejo na escola
O lugar da psicanálise na pesquisa IRDI
Rodrigo Figueiredo Nocchi; Rita Maria Manso de Barros
O mal-estar do professor em face da criança considerada Maria Eugenia Pesaro; Maria Cristina Machado Kupfer
problema: um estudo de psicanálise aplicada à educação
Sessão 11 - Clínica e Tratamento II
Margarete Parreira Miranda; Ana Lydia Santiago
Sala: 111
La era de la apatia: formas del malestar en la escuela
Coordenação: Maria de Lourdes Soares Ornellas
Yesica Molina; Ana Gracia Toscano
Inibição na escrita num adolescente e sua transferência
Sessão 7 - A psicanálise e os fundamentos da educação III com o Outro
Isael de Jesus Sena; Maria de Lourdes Soares Ornellas
Sala: 107
As contribuições de Freud para o debate sobre educação
Coordenação: Thiana Rocha Costa
A interface da contradição da herança e do desejo no fra- e inibição intelectual
Maira Sampaio Lima; Maria Celina Peixoto Lima
casso escolar
Daniela Chaves Bittencourt; Thiana Rocha Costa
Período de latência e tempo para compreender nas aprenPsicanálise e educação: quando o desejo se inscreve na dizagens
leitura e na escritura do sujeito
Crístia Rosineiri Ei Lopes Correa; Glaucia da Silva Pinheiro
Eliana de Jesus Menezes
Entre a letra e o nome: impasses do aluno em seu proces- Sessão 12 - Clínica e Família
Sala: 112
so de alfabetização
Coordenação: Douglas E. Batista
Marlene Maria da Silva; Ana Lydia Santiago
E quando a própria criança pede atendimento aos pais?
Sessão 8 - A psicanálise e os fundamentos da educação IV Sueli Pinto Minatti
Consumo de conhecimento e inapetência de saber: efeiSala: 108
tos de um discurso contemporâneo sobre a educação das
Coordenação: Aline Gasparini Montanheiro
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
19
famílias
Cristina Keiko de Merletti
Cuando el saber sobre la família interviene
Ivana Velizan
Coordenação: Bárbara Oliveira Paulino
Enseñanza de la Historia y el lugar del futuro
Sonia Bazan
Contribuições da psicanálise: um estudo sobre a condição
docente e o medo na sala de aula
Maria Ligia Pompeu; Ana Archangelo
A sociedade da vergonha e a (des)construção da subjetividade docente
Raquel Braga Franco; Bárbara Oliveira Paulino; Marcelo
Ricardo Pereira
Sessão 13 - A infância, as crianças e os adultos I
Sala: 113
Coordenação: Viviana Velasco Martinez
Pais, escola, especialistas: quem sabe sobre a criança?
Tania Maria A. C. Rezende
A clínica psicanalítica com crianças e a educação
Julia Carolina Bosqui; Viviana Velasco Martinez
A sexualidade infantil e o desejo de saber: a origem da SEGUNDO HORÁRIO das 10h30 às 12h.
atividade intelectual nas crianças
Andréia Tenório dos Santos
Sessão 18 - Entre o tratar e o educar
Sessão 14 - A infância, as crianças e os adultos II
Sala: 101
Sala: 115
Coordenação: Carolina Tiussi
Coordenação: Andréia Aparecida de Souza
Psicanálise e educação: quando as fronteiras se esvaem
El niño y el Otro
Tiago de Moraes de Lima; Carolina Tiussi; Luiz Moreno;
Ana Carolina Ferreyra
Paula Moreau
A função do educador em Casa-lar: reflexões acerca de Um sujeito marcado pela expectativa da deficiência inteuma prática
lectual: aprendizagens possibilitadas pela escuta e pelo
Gabriel Bartolomeu
conhecimento da própria história
Mãe social: profissão de agenciamento de discurso?
Carina Streda
Paula Moreau B. de Oliveira
A produção de conhecimento em um caso de psicose
Izabel Ramos de Abreu
Sessão 15 - A psicanálise e a função docente I
Sala: 137
Sessão 19 - Transmissão e autoridade
Coordenação: Márcia Barra Milhomens
Sala: 102
Enodam-se os nós: o real, o simbólico e o imaginário no Coordenação: Julia Maria Borges Anacleto
fazer do Coordenação pedagógico
Uma vida iluminada: uma breve discussão sobre a experiPoliana Marina de Santana
ência e as formas de narrativas de si no laço social atual
Memória educativa e formação docente: o lugar ou não- Roselene Gurski; Marcelo Andrade Pereira
lugar dos saberes nas investigações orientadas pela psi- Sobre declínios: uma aproximação entre Hannah Arendt e
canálise
a psicanálise via noção de autoridade
Adriana Pereira Bomfim; Márcia Barra Milhomens
Márcia Regina Fogaça
Das memórias educativas: a emergência da história sin- Declínio da autoridade docente: impasses na suposição
gular do professor e sua relação com o saber
de saber?
Inês Maria M. Z. P. de Almeida
Gilmar Moura da Silva
Sessão 16- A psicanálise e a função docente II
Sala: 139
Coordenação: Ricardo Dias Sacco
A aplicação da psicanálise à educação pensada a partir
da proximidade entre tratar e educar – um retorno a Freud
Camille Apolinário Gavioli
Psicanálise e educação e a formação do pedagogo
André Julio Costa; Maria Veranilda Mota
O efeito-professor e sua transmissibilidade
Raquel Antunes Scartezini
Sessão 17 - A psicanálise e a função docente III
Sala: 141
20
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Sessão 20 - Clínica e Psicanálise
Sala: 103
Coordenação: Paula Freire Mendonça
Sobre a falta no analista
Helena Julio Rizzi
A especificidade do saber na operação analítica
Jamile Mascarenhas Lima
Psicanálise: o saber na berlinda
Alessandra Tavares Silva
Sessão 21 - Clínica e tratamento III
Sala: 104
Coordenação: Charles Elias Lang
A ética da psicanálise como um saber sobre a falta: reflexões acerca de uma experiência em saúde mental do
infans
Carolina Andrade de Santana Lima, João Luiz Leitao Paravidini; Christiano Mendes de Lima
Um acompanhamento terapêutico na escola, seus alcances e possíveis entraves
Ana Lícia de Camargo Pegorelli
Experiências com acompanhamento terapêutico em Maceió: reflexões a partir da política da inclusão do campo
de saber e do campo do gozo
Rosanny Moura Cavalcante; Charles Elias Lang
Considerações psicanalíticas acerca da separação criança
e família no início da vida escolar
Andréia Aparecida O. de Souza
Infancia y educación: una experiencia de ludotecas en el
ámbito público
Mariana Scrinzi; Débora Morlachetti
O lugar da criança no discurso social contemporâneo: algumas conseqüências para a educação
Renata Petri
Sessão 26 - A psicanálise e os fundamentos da educação VI
Sala: 110
Coordenação: Camille Apolinário Gavioli
Sessão 22 - Clínica e tratamento IV
Transferência e aprendizagem de língua estrangeira
Sala: 105
Gisele Fernandes Domith
Coordenação: Andréia Tenório dos Santos
A transferência no processo pedagógico
O declínio dos saberes e o gozo da técnica: a psicanálise Jácia Maria S. dos Santos; Ana Lydia Santiago
na formação de pediatras
Fragmentos de estudo de casos
Ana Silvia de Morais; Edna Márcia Koizume e outros
Maria Cecília Costa Oliveira
O sintoma e seus desdobramentos na criança e na estrutura familiar
Sessão 27 - A psicanálise e os fundamentos da educação
Vanessa Keiko Rossaka
VII
Atenção, sintoma! Sentidos e significações atribuídos ao Sala: 111
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Coordenação: Aline Gasparini Montanheiro
Marianna Gama
A juventude em busca de uma nova rogativa?
Marcio Boaventura Junior; Marcelo Ricardo Pereira
Sessão 23 - Inclusão e laço social II
A recusa em Freud e o mal-estar na educação
Sala: 107
Gustavo Alexandre Martins
Coordenação: Ana Beatriz Coutinho Lerner
Y...esto? Para qué me sirve?
Inclusão: uma maneira especializada de compreender o Maria Teresita Pullol
outro
Kelly Cristina Brandão da Silva
Sessão 28 - A psicanálise e os fundamentos da educação
Alunos com dificuldade de aprendizagem são ‘alunos de VIII
inclusão’?
Sala: 112
Simone Kubric
Coordenação: Lisiane Fachinetto
Tornar-se sujeito: indeterminismo e determinação
Possibilidades para a relação mestre e discípulo
Cristiana Carneiro
Vanice dos Santos; Lisiane Fachinetto
Professores, alunos e seus (des)encontros
Sessão 24 - A infância, as crianças e os adultos III
Fernanda Nunes de Lara
Sala: 108
O fracasso escolar existe, mas eu não acredito
Maria Eugênia Capraro
Coordenação: Beethoven H. R. da Costa
El cuento de Pinocho: La conformación de la ética en la
infancia através de la utilización del lenguaje pragmático Sessão 29 - Educação e ato analítico
Liliana Naveira; Susana La Rocca; Alicia Cambiasso
Sala: 113
A relação da criança com o saber: uma abordagem a partir Coordenação: Raquel Antunes Scartezini
da vigência das teorias sexuais infantis
O discurso pedagógico no contexto contemporâneo: notas
Mariana Inês Garbarino
sobre a Proposta curricular do estado de São Paulo
Proliferação de objetos e empuxo ao gozo: impactos do Flavia Zanni Siqueira
discurso capitalista na educação
O vetor da teoria na clínica psicanalítica
Monica Maria Farid Rahme; Leny Magalhães Mrech
Antonio Cesar Frasseto
O ensino enquanto ato: notas de psicanálise e educação
Sessão 25 - A infância, as crianças e os adultos IV
Douglas Emiliano Batista
Sala: 109
Coordenação: Débora Morlachetti
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
21
Sessão 30 - A psicanálise e os fundamentos da educação IX
Sala: 115
Coordenação: Greice Contini Carvalho
Dos efeitos do mal-estar contemporâneo na educação das
crianças
Tácito Carderelli da Silveira
Da escola para a clínica? Análise de encaminhamentos
escolares para tratamento psicológico no Laboratório Psicológico Carolina Martuscelli do CPAR/MS
Daniela Bridon S. Brandão; Greice Contini Carvalho; Juliana F. de Barros, Luisa do Nascimento Queiroz
Es posible enseñar?
Maria Cecília Aiello
Sessão 31 - A psicanálise e a função docente IV
Sala: 137
Coordenação: Marco Antonio Torres
A conversação e a intervenção sobre o mal-estar docente
e o abuso sexual infantil
Margareth Diniz; Marco Antonio Torres; Cláudia Itaboray,
Thiago Machado
Uma leitura psicanalítica da demanda de modelos ideais
na formação de professores
Delia Maria C. de Césaris; Odana Palhares
A inversão da demanda. ‘Para que serve a psicanálise à
educação?
Monica Fujimura Leite, Cleide Vitor Mussini Batista
Sessão 32 - A psicanálise e a função docente V
Sala: 139
Coordenação: Margarete Parreira Miranda
A escuta analítica de professoras e a posição subjetiva: a
experiência do Grupo Ponte em operacionalização na rede
municipal de ensino em Santo Angelo/RS
Marcele Teixeira Homrich
O declínio dos saberes e os métodos de ensino: alguns
apontamentos sobre as conexões entre Educação e Psicanálise
Rogério Rodrigues
Reciclagem do saber para não ser consumido: os serviços
gerais no particular de uma escola
Maria Raquel Botrel Lima; Margarete Parreira Miranda
Sessão 33 - A psicanálise e a função docente VI
Sala: 141
Coordenação: Inês Maria M. Z. P. de Almeida
Kheíron – da relação do professor com o não saber
Karen Geisel Domingues; Inês Maria M. Z. P. de Almeida
De homo sapiens à homo zappiens: sofrimento psíquico
dos professores diante das tecnologias digitais
Maria de Fátima Reszka; Paulo Gaspar Graziola Junior
Formar professores a distância – uma outra escuta sobre
essa ousadia
Ricardo Dias Sacco
22
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Resumo das Comunicações Livres
Sessão 1 - Escrita, clínica e a educação
As narrativas infantis e a aquisição da es- O presente trabalho pretende apresentar os resultados parciais de nossa
crita
pesquisa de mestrado.
Julia Maria Borges Anacleto
Trata-se de um projeto de pesquisa voltado para o tema das narrativas
Faculdade de Educação / USP
infantis, em sua articulação com o processo de aquisição da linguagem
[email protected]
escrita. A abordagem do tema em questão tem se dado dentro da perspectiva dos estudos na conexão entre psicanálise e educação. Com isso,
nossa investigação se propõe a lançar certa luz a uma interpretação possível das narrativas infantis que privilegie as vozes do sujeito do desejo.
Podemos encontrar uma vasta bibliografia acerca de estudos recentes
sobre a narrativa infantil como um tipo de fenômeno que antecederia o
processo de aquisição da linguagem escrita. Tratar-se-ia de uma forma
de narrativa oral própria a um período da vida das crianças – especialmente a partir dos quatro anos de idade, mais ou menos – e que pareceria marcar um momento que antecede a entrada no processo formal
de alfabetização.
Nossa investigação tem como objetivo empreender um estudo teórico sobre as interpretações possíveis para as narrativas infantis tendo em foco
a teoria psicanalítica da constituição do sujeito, procurando articular o
fenômeno em questão dentro do processo de aquisição da linguagem e,
especialmente, como fenômeno que antecede a aquisição propriamente
dita da linguagem escrita.
Como resultado parcial de nossa pesquisa, apresentamos no presente
trabalho inicialmente uma contextualização da pesquisa no campo da
teoria da constituição do sujeito. Em seguida, procuramos apresentar
revisão bibliográfica sobre estudos acerca de aquisição da linguagem
que privilegiam o campo interpretativo ancorado na teoria psicanalítica
da constituição do sujeito.
O manejo do professor/orientador e a escrita
acadêmica
Lisiane Fachinetto
Faculdade de Educação / USP
[email protected]
A atividade docente ligada ao processo de orientação de trabalhos de
conclusão de curso na universidade é um desafio. Diferentemente do ensino da sala de aula, no qual o professor se dirige ao grupo de alunos, na
orientação há necessidade de uma estratégia particularizada. Entendemos que a referida estratégia precisa considerar o laço que se estabelece
entre o orientador e orientando, pois partimos do pressuposto que esta
relação tem efeitos na produção do texto acadêmico. O objeto de análise
da pesquisa são as várias versões do texto da monografia de uma aluna
de pós-graduação da área da educação. As versões são tratadas como
manuscritos escolares, termo proposto por Calil (2008) para denominar
os escritos produzidos a partir de uma demanda escolar. Este trabalho
tem como objetivo refletir a respeito dos efeitos dos manejos realizados
por um professor orientador no sentido de promover a escrita de seu aluno. Nossa hipótese é a de que a intervenção/manejo do professor/orientador, a partir da transferência (Lacan, 1960-61/1992), pode provocar
uma mudança de posição do aluno frente à escrita, de modo que ele
possa ressignificá-la. Ou seja, um deslocamento do aluno em relação ao
seu escrito a partir da intervenção do outro, possibilitando um processo
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
23
de reescrita. Consideramos que o manejo do orientador possibilita que o
aluno ingresse num processo de reescrita que o faz rever a sua posição
frente à sua própria escrita. Esta pesquisa faz parte do projeto coletivo
Movimentos do escrito (do Grupo de Estudos e Pesquisa Produção Escrita e Psicanálise – GEPPEP) desenvolvido na Universidade de Educação
de São Paulo (USP).
Grupo da Escrita na Educação Terapêutica: Na psicose infantil ocorre, em estrutura, o mesmo que em relação à psium dispositivo clínico
cose no adulto, com a diferença fundamental de que, com a eclosão da
Marise Bartolozzi Bastos
crise, cessa o desenvolvimento da criança.
Instituto de Psicologia / USP
Assim, se alguns psicóticos adultos tiveram a chance de produzir [email protected]
mas suplências de laço que lhes permitiram estudar e aprender uma
profissão, muitas crianças não têm a mesma sorte.
Tratar é, portanto, permitir que a estruturação seja retomada.
Se entendermos que a constituição subjetiva é efeito da educação, um
trabalho clínico com crianças psicóticas e autistas não poderá deixar de
lado a dimensão educativa.
Partiremos da experiência de trabalho da Associação Lugar de Vida –
Centro de Educação Terapêutica, instituição que oferece atendimento
terapêutico e educacional integrados para crianças autistas, psicóticas
e neuróticas graves.
Um dos principais problemas no tratamento das crianças psicóticas e
autistas é que elas estão estruturalmente impossibilitadas de constituir
laço social.
O laço social se estabelece a partir do discurso e é aquilo que permite
ao sujeito fazer um vínculo com a cultura, uma aliança com o universo
simbólico que rege as relações humanas.
O tratamento da psicose infantil precisa ter como norte o estabelecimento do laço social. Sabemos que esse resgate é impossível em sua
plenitude, mas encontramos formas de fazer face ou mesmo de contornar essa impossibilidade. Se não há laço, pode haver enlace, entendido
justamente como uma forma de circulação social possível (Albe & Magarián, 1991).
Para uma criança, nada melhor do que outra criança. É assim que Volnovich (1993), em seu livro A psicose na criança, justifica a importância
de colocarmos crianças em grupos.
O presente trabalho abordará o Grupo da Escrita enquanto um dispositivo clínico que oferece às crianças atividades de leitura e escrita que
possam colocar em marcha a operação significante que ao mesmo tempo
constrói uma escrita e as constrói, nesse jogo de reorganização do campo simbólico.
Sessão 2 - Violência e laço social
Incesto como violência sexual contra crianças
Larissa Jandyra de Ramos e Paula
Pref. de Poços de Caldas-Centro de Referência Especializada de Assistência Social
(CREAS)
[email protected]
24
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
O presente trabalho pretende explorar o tema do incesto no contexo da
violência sexual de crianças a partir das concepções da antropologia
cultural, da reflexão juridica brasileira e da psicanálise. Fez-se um levantamento bibliográfico de autores que tratam do tema dentro das areas a
serem discutidas com textos mais significativos. E a partir disso,foram
levatados os pontos de contato e as críticas, determinando algumas conclusões. Tais conclusões se apoiam na tentativa de estabelecer quais
contribuições a relação entre essas áreas trazem acerca do estudo e das
possíveis intervenções a respeito do incesto no contexto da violência
sexual envolvendo crianças.
Violência na escola: o gozo na modernidade
e seus efeitos no cotidiano escolar.
Rosana Márcia Rolando Aguiar
Universidade Católica de Brasília
[email protected]
Sandra Francesca Conte de Almeida
Universidade Católica de Brasília
[email protected]
O trabalho pretende discutir e analisar a violência no cotidiano escolar e
seus efeitos na vida do professor e dos estudantes, principais atores do
processo educativo e pedagógico. O referencial teórico adotado é o da
psicanálise, em sua interface com a educação. Os atos de violência que
acontecem na escola são entendidos como possíveis desdobramentos do
processo pubertário e de adolescência, da crise na educação familiar,
responsável pelo desenvolvimento psíquico de crianças e adolescentes,
e do declínio da função paterna, associados aos modos de gozar na
sociedade moderna. Discute-se o lugar da autoridade e da lei representados pelo professor, na escola, e a importância da função paterna no
sistema educacional e social e seus efeitos no processo de escolarização
de crianças e jovens adolescentes. Serão apontadas algumas iniciativas
e estratégias de combate ao fenômeno da violência escolar, no âmbito
mundial, e as possíveis articulações de seus dispositivos e resultados
com a realidade brasileira. Na conclusão, serão apresentadas algumas
sugestões e possibilidades de ações pedagógicas voltadas para o enfrentamento da violência, na escola, visando ao resgate de dispositivos
educacionais ancorados na tradição e na transmissão cultural de valores
morais e éticos e no reconhecimento de crianças e adolescentes, como
sujeitos da educação. Finalmente, aposta-se na palavra como dispositivo
de “cura” e instrumento capaz de barrar o gozo, associado à violência
narcísica e à destrutividade mortífera, abrindo perspectivas de acesso ao
desejo e à reconstrução dos laços sociais.
A violência escolar como manifestação do A violência escolar é um fenômeno que tem se apresentado à sociedade
contemporânea. Uma sociedade em que o Outro se configura sob outras
fracasso escolar na comtemporaneidade
formas, num lugar pluralizado em relação ao sujeito. Não estamos num
Renata Nunes Vasconcelos
tempo de inexistência do Outro, mas da existência de um outro Outro.
Fae / UFMG e Fae / UEMG
Essa bússula orienta o sujeito no tempo que Lacan (1962-1963) [email protected]
mou de zênite do objeto a: aquele que fica além do princípio do prazer,
Ana Lydia Santiago
que resta da operação regulação do gozo. Na regulação pulsional sempre
Fae / UFMG
sobra algo, esse algo é o objeto a que convida o sujeito a ultrapassar a
[email protected]
inibições.
Desde os anos cinqüenta nossa sociedade vem sendo bombardeada
por inúmeros movimentos na ordem do social que produziram deslocamentos importantes; o feminismo, a luta pelos direitos humanos, pela
igualdade racial, outra organização familiar, a própria psicanálise que
contribui com a dissolução da moral sexual dos tempos de Freud. Somos
regidos por outra cultura. A educação se desvalorizou? Qual o efeito sobre ela nesse tempo do sujeito atado ao gozo sem limites?
A educação para a psicanálise é responsável pela regulação da pulsão de
morte com oferta de objetos de saber para contornar o intratável dessa
pulsão dirigindo-a, como aposta, para a vida. Vivemos, no entanto, a
desinibição, a exploração do privado, o excesso de exposição do particular. Vivemos a obrigatoriedade de gozar, efeito de um capitalismo que
fabricou um Outro gerador de consumo. Nessas situações a violência
surge como um recurso do sujeito. Com o impulso ao gozar a regulação
pulsional é de outra ordem e a violência pode advir. A educação não funciona mais como regulação pulsional para esse sujeito contemporâneo?
Este trabalho propõe apresentar resultados de pesquisa sobre a violência
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
25
escolar a partir da psicanálise apostando na contribuição do campo para
enigmas que a educação vem enfrentando na contemporaneidade. A
violência escolar é assumida como um novo sintoma do fracasso escolar
sob o qual a psicanálise tem contribuição a dar.
Sessão 3 - A educação, os adolescentes e a escola
Adolescência e educação: uma proposta de Este artigo origina-se de uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de
intervenção na escola
Educação da Universidade Federal Fluminense, cujo objetivo é pensar
Luciana Gageiro Coutinho
os grupos de reflexão como uma forma de intervenção clínica, pautada
UFF
por pressupostos da psicanálise, junto aos adolescentes. Propomos que
[email protected]
os grupos de reflexão ampliam as possibilidades da escuta psicanalítica
dirigida aos adolescentes, que pode se fazer presente de maneira mais
direta no contexto institucional ou social no qual se inserem (escolas,
instituições de acolhimento, projetos sociais, etc). Para isso, destacamos alguns conceitos e premissas da psicanálise, que nos servem de
referências para fundamentar nosso trabalho clínico e teórico nesses
grupos, tais como: a transferência, o Outro, o laço social adolescência.
Em seguida, apresentamos uma experiência desenvolvida com um grupo
de adolescentes durante o primeiro semestre de 2010 numa escola
pública do Estado do Rio de Janeiro, localizada no município de Niterói.
Inibição, sintoma e ato: sobre os destinos do
saber na adolescência
Maria Celina Peixoto Lima
Universidade de Fortaleza
[email protected]
Karla Patricia Holanda Martins
Universidade de Fortaleza
[email protected]
26
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
A clínica da adolescência costuma ser apontada como paradigmática
daquilo que vem sendo chamado de novas patologias, a saber, as toxicomanias, os estados-limite, os transtornos alimentares. Além dessas
formações sintomáticas, nos últimos tempos, uma outra configuração
clínica vem se apresentando como argumento da queixa veiculada pelos pais. Trata-se de uma certa morosidade subjetiva, acompanhada, na
maioria das vezes, de dificuldades escolares, que nos parece testemunhar quadros de inibição mais ou menos severos. Relacionada por Freud
à diminuição das funções do eu e situada por Lacan em uma espécie
de marco zero quanto à dimensão do movimento, a inibição aparece no
texto psicanalítico como uma defesa contra a emergência da angústia,
portanto, a serviço do ocultamento do desejo. Ora, a dimensão da ignorância, relacionada à falta estrutural no saber, salienta o fato de sermos
animados pelo que não sabemos, e impele à necessidade de encontrar
rapidamente um sentido àquilo que se apresenta como um enigma. No
entanto, o drama dos adolescentes não decorre da ignorância, mas do
saber em demasia. Sabem sobre a vacuidade do lugar do Outro, sobre
a sua estrutura de ficção. Assim, o sujeito adolescente encontra-se na
urgência da invenção de novos suportes ao Nome-do-Pai, ou mesmo de
novos nomes do pai, já que o modelo infantil, aquele sustentado pela
crença no poder soberano do pai, desmorona ao se confrontar com a falácia da promessa edipiana. Se o sintoma se constitui como suplemento
à função paterna, o gozo que lhe é próprio é um gozo sem saber, efeito
do recalque que, apesar de apaziguar a angústia, parasita o sujeito levando a esse estado de morosidade. Trata-se aqui de examinar um outro
destino pulsional, a sublimação, como saída para a crise adolescente;
em outras palavras, pensar o ato criativo como um operador fundamental
no seu trabalho de deslocamento de uma via impedida pela inibição.
Exclusão às avessas: “Tiro notas baixas na
escola porque não quero ser o nerd da sala.”
Francisca Paula Toledo Monteiro
Universidade Estadual de Campinas /
UNICAMP
[email protected]
Lilian Cristine Ribeiro
[email protected]
O presente trabalho discorre sobre a posição subjetiva de um adolescente que, ao se sentir excluído de seu grupo por tirar sempre notas
máximas nas atividades e avaliações escolares , deixa de apresentar as
lições e trabalhos exigidos pelos professores. Ao ser cobrado por sua
mãe, relata que assim o faz por ser classificado como “nerd”. Diante de
tal questão, passamos a refletir como o discurso da sociedade capitalista
e normativa exerce influência e exclui, não só os sujeitos que não conseguem obter sucesso na escola, mas também, aqueles que se destacam
por obtê-lo. Assim, com base no discurso da psicanálise, discorremos
sobre a ética, no sentido lacaniano de que não há um bem a ser atingido
e a (im)possibilidade da Educação, já que o sujeito se dá em ato. O que
isso pode nos apontar em direção à exclusão subjetiva de um sujeito
em relação ao seu desejo de pertença a um grupo, em contrapartida às
normas e regras da sociedade que nos remetem a um a priori do que ser
deve ser e fazer um bom estudante? A questão posta pelo adolescente
nos aponta possibilidades de rompimento com a lógica normativa e a
negação da mesma como posição subjetiva.
Sessão 4 - Inclusão e laço social I
Doença crônica e dificuldades escolares: é
possível estabelecer um relação?
Anne Midori Abe de Lima
Epesmel - Escola Profissional e Social do
Menor de Londrina / CRAS (Centro de Referência de Assistência Social)
[email protected]
Sueli Pinto Minatti
Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
(ICr - HCFMUSP)
[email protected]
A partir do atendimento psicanalítico num hospital pediátrico, ao longo
dos últimos anos, foi possível observar uma grande proporção de crianças atendidas que apresentam dificuldades escolares importantes. Nesta instituição, a demanda de encaminhamento para a equipe do Serviço
de Psicologia se refere a questões pertinentes ao tratamento por vezes
prolongado da doença crônica. Essas duas situações intrincadas, a saber, doença crônica e problemas escolares graves, têm suscitado diversos questionamentos quanto à possível relação existente entre ambos.
Por meio de recortes clínicos dentre cerca de 300 casos atendidos no
decorrer destes anos, objetivou-se localizar algumas variáveis encontradas na clínica, buscando entrelaçar a resposta do sujeito às situações
emergidas no âmbito das instituições: hospital, escola e família. Pela
formulação desta problemática, e apoiados na teoria psicanalítica, em
Freud e Lacan, puderam-se estabelecer algumas relações entre doença
orgânica e dificuldades de aprendizagem, através da resposta do sujeito
e seus efeitos, afastando-se, pelas evidências clínicas, de concepções
casuais ou fortuitas. Para interlocução sobre tais considerações parte-se
da concepção psicanalítica como o campo estabelecido pela singularidade, e os campos da Medicina e da Educação como o de discursos
totalizantes, podendo incidir na exclusão do próprio sujeito.
Como formar bons professores nos dias de
hoje? Refletindo sobre os efeitos do mercado
de saber sobre a educação
Elizabeth dos Reis Sanada
ISESP - Singularidades
[email protected]
Gisela Wajskop
ISESP - Singularidades
[email protected]
O objetivo deste trabalho é refletir sobre os efeitos do mercado de saber na prática docente cotidiana e apontar para a possibilidade de um
trabalho que se coloque na contramão de um processo de massificação,
favorecendo que professores e alunos possam se revezar na posição de
sujeitos, no processo de ensino e aprendizagem.
LIPOVETSKY (1989, p. 230), ao discutir a comunicação de massa, afirma que “o objetivo maior é “agarrar” o público mais numeroso pela tecnologia do ritmo rápido, da sequência flash, da simplicidade: nenhuma
necessidade de memória, de referências, de continuidade, tudo deve
ser imediatamente compreendido, tudo deve mudar muito depressa. A
ordem da animação e da sedução é prioritária”.
Esta afirmação nos coloca diante de uma importante reflexão no campo
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
27
pedagógico, no qual este modelo vem se reproduzindo, sobretudo no
ensino superior.
Alguns trabalhos têm discutido os efeitos da contemporaneidade, do
mercado de saber e do discurso do capitalista na constituição social e
familiar, estendendo-se para o espaço educacional. No entanto, o foco
na educação ainda se restringe às séries iniciais de escolarização, alcançando, no máximo, os alunos adolescentes. Muito pouco tem se apresentado no âmbito do ensino superior, sobretudo quando se trata de cursos
de formação de professores.
Nosso objetivo é apresentar um trabalho que vem se desenvolvendo, ao
longo de dez anos, numa instituição de ensino superior de pedagogia –
Instituto Singularidades – como uma possibilidade de desenvolver um
ensino de qualidade, que seja capaz de formar profissionais aptos a
enfrentar e a atender as demandas do mercado de trabalho, sem abrir
mão do ato educativo em nome da sedução, responsabilizando-se por
sua prática e concebendo seus alunos como sujeitos.
Para ilustrar nossa trajetória, apresentaremos o Programa de Inclusão
que é desenvolvido com os alunos do curso de pedagogia que apresentem necessidades educacionais especiais, seja por deficiências no
processo de escolarização, ou mesmo, físicas, sensoriais ou intelectuais.
Além de um currículo que tem como base a articulação da Psicanálise
à Educação.
Trata-se de um projeto que acredita que “a experiência do aluno, especialmente num curso de formação, é constitutiva do papel que exercerá
futuramente como docente”, e que possibilita a convivência com as diferenças e com um saber não-todo.
A escola inclusiva como uma utopia do sé- A educação na contemporaneidade é marcada por um discurso que dá
culo XXI
ênfase à igualdade de direitos e à inclusão de crianças diferentes nas esAna Beatriz Coutinho Lerner
colas, como uma forma de promover a educação para todos. Trata-se, de
Faculdade de Educação / USP
fato, da proposição de um modelo de escola a construir de acordo com
[email protected]
a Declaração de Salamanca de 1994, mas cujos contornos situam-se no
domínio do utópico, ou seja, de um desejável imaginariamente possível.
Na literatura pedagógica, a efetivação da escola inclusiva, em suas mais
diversas definições, parece depender de um conjunto de prescrições e
de medidas administrativas a serem colocados em prática, sem que se
leve em conta o que subjaz a uma posição subjetiva inclusiva e o que
impede intimamente, inconscientemente, que os educadores alcancem
essa tão almejada mudança de posição.
Em nome da sustentação de uma posição política, muitas vezes beligerante, o que vemos são crianças negligenciadas, educadores culpabilizados e em busca de culpados pelo fracasso de um ideal: o da inclusão.
O presente trabalho, fruto das primeiras considerações no percurso do
meu doutorado, pretende abordar o movimento da educação inclusiva
em termos discursivos, isto é, utilizando o referencial teórico da psicanálise, em especial as formulações lacanianas sobre os quatro discursos
(Seminário 17: O avesso da Psicanálise). Para isso, tomaremos em análise, o discurso veiculado pelo Fórum Permanente de Educação Inclusiva,
um grupo cem cerca de mil associados, criado para debater e defender a
inclusão total e incondicional de todas as pessoas em todos os contextos
sociais, em especial o educativo.
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Sessão 5 - A psicanálise e os fundamentos da educação I
A psicologização da psicanálise na educação: um estudo de sua origem em São Paulo
Flávia Ranoya Seixas Lins
Creche / Pré Escola Central da USP
[email protected]
A partir da constatação da forte incidência da psicologização da educação em uma rede municipal de ensino, buscamos compreender como a
psicanálise participava desse processo. Partimos da observação de que,
uma vez apropriada pela educação, a psicanálise tornava-se um conhecimento psicológico com finalidades adaptativas e normativas e, portanto, mais uma teoria a serviço da psicologização da educação. Nesse
contexto, procuramos identificar os caminhos e motivações pelos quais
se operou – no Brasil e especificamente em São Paulo – essa psicologização, bem como os mecanismos de perpetuação desse processo na
atualidade. A discussão da psicologização da psicanálise na educação
torna-se, assim, o objetivo deste estudo.
Iniciamos nossa investigação com um levantamento bibliográfico que
nos permitiu estabelecer um panorama histórico das relações entre psicanálise e educação no Brasil. Destaca-se, nesse percurso, que a psicanálise esteve atrelada à educação desde o início de sua difusão, sendo
incorporada ao discurso médico higienista da época, tornando-se um dos
principais fundamentos teóricos do movimento escolanovista brasileiro
e solidificando-se como prática voltada ao campo educacional com a
implantação das Clínicas de Higiene Mental Escolar em São Paulo. Esse
panorama permite concluir que a psicanálise serviu aos pressupostos da
terapêutica médica preventivista e sofreu as influências das correntes
psicológicas emergentes (as teorias do comportamento e as psicometrias). A partir da década de 80, constituiu-se em São Paulo um campo
de pesquisa em Psicanálise e Educação, que deu lugar a reflexões sobre
a aplicação da psicanálise na educação, bem como a críticas ao discurso
pedagógico moderno, que possibilitaram o avanço das discussões nesse
campo, mas não impediram a continuidade desse processo.
Só nos resta a pedagogia do amor? Uma possível desconstrução psicanalítica
Camila Pereira de Freitas
Faculdade de Educação / USP
[email protected]
O mercado dos discursos pedagógicos contemporâneos têm comportado
inúmeras tentativas de se explicar a crise que, todos parecem concordar,
assola a escola brasileira. Ao longo dos últimos anos temos assistido a
grandes sucessos de venda editorial constituídos por manuais de pedagogia, em que se intenta discorrer reflexivamente sobre todos os campos
da escola, indo da crítica usual e corriqueira aos métodos e aprendizagens, à tentativas de análise da relação professor-aluno. Na esteira
desses diagnósticos, pululam lições de boa moral e mesmo incursões
despudoradas ao universo dos valores e dos maniqueísmos das condutas. Seria um primo pobre dos discursos “psi”, tão conhecidos nossos?
Questionar a pertinência e a legitimidade desse discurso, atingir as raízes teóricas nas quais se fundamenta, e compreender seus mecanismos
de escamoteamento das reais mazelas educacionais, como a fragilizada
formação docente atual,constituem os objetivos deste trabalho. Para tal,
intenta-se visitar a teoria psicanalítica, mormente os escritos freudianos
em que se anuncia a descoberta do inconsciente, os mecanismos das
pulsões e a preponderância do sexual sobre a constituição dos sujeitos
e a condição humana, para traçar uma linha argumentativa mais condizente com a formação das personalidades e o raio de alcance do mundo
externo sobre essa mesma personalidade. Intentamos desconstruir, à luz
de alguns elementos da Psicanálise, um estudo acerca da transferência,
seus limites e possibilidades na sala de aula, para além da sobrecarga
nos ombros e na consciência docentes, de um pesar injustificável pela
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3º Congresso do Ruepsy
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não-salvação da alma de seus alunos, responsabilizados que são, segundo algumas linhas pedagógicas, não só pelos fracassos cognitivos,
como outrora o foram muitas vezes, mas também, agora, pelos fracassos
pessoais e descaminhos.
Culpar a escola pelo caos social, mote que estampa muitos subtítulos
de obras ditas para professores, na contemporaneidade, além de representar grande engodo, ainda se nos parece atávico e moralizante como
a velha questão do conflito de gerações. Paralelamente ao estudo da
transferência, propomos uma discussão acerca do conceito de amor, em
Psicanálise, e sua distância estrutural e epistêmica do amor romântico e
açucarado de certos discursos.
El rechazo del lazo social: Una lógica de la
intervención en el campo de la infancia. Reflexiones sobre la experiencia en un Centro
de Protección de los Derechos del Niño.
Verónica Rachid
Centro de Protección de Derechos del
Niño. Dirección de Niñez y juventud. Municipalidad de General Pueyrredón. Universidad Nacional de Mar Del Plata. Facultad de Psicología.
[email protected]
Los Centros de Protección de Derechos Municipales en Provincia de
Buenos Aires, particularmente en Mar del Plata, reciben una continua
solicitud de intervención de las instituciones educativas. La causa mas
frecuente por la que recurren a realizar dicho pedido es deserción escolar y ausentismo crónico. Paradójicamente la política educativa actual se
propone una inclusión sin fallas; permanentemente se renuevan y se reeditan espacios y dispositivos para la inclusión de lo que cae del sistema.
Esta presentación intenta dar cuenta de lo que llamamos una implosión
escolar, puesto que la destrucción del lazo social propio de la trasmisión
se produce hacia “adentro”.
En el intento de incluir “todo” se constituye una exclusión adentro, figura paradojal, que abre el juego a una serie “infinita” de rechazos,
puesto que los CPDeN también denegarán el pedido de intervención de
los equipos escolares.
Remitiéndonos a los tres imposibles Freudianos, revisaremos lo distintivo respecto de los términos deseo y transferencia. Mientras que analizar
implica la abstinencia del lado del analista, ¿la condición de posibilidad
del gobernar y del educar implicaría su reverso , obligaría a la puesta
en juego del deseo del maestro, y/o del gobernante? A primera vista
diríamos que si el analista puede operar en abstinencia al modo que lo
hace en la neurosis es porque el sujeto fue “debidamente parasitado por
el Otro”. Y esa parasitación es obra de la crianza, obra de la inmersión
del sujeto en el lenguaje, obra de lo que resta de la educación. Por ese
camino intentaremos entender lo que es rechazado.
Sessão 6 - A psicanálise e os fundamentos da educação II
Saber e gozo: a aposta do desejo na escola
Rodrigo Figueiredo Nocchi
Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro - UNIRIO e Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio
[email protected]
Rita Maria Manso de Barros
Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro - UNIRIO e Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
[email protected]
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Desde o advento da psicanálise e das contribuições de Freud ao pensamento sobre o mal-estar na cultura, a cena do mundo tem sofrido
muitas transformações. Talvez, o que em nossos campos de atuação,
a psicanálise e a educação, seja mais marcante é o que se constitui
como a construção de novas subjetividades e de novos sintomas. Nesses
tempos de declínio da função paterna e do imperativo superegóico que
convoca a todo tempo o gozo, a relação ensino-aprendizagem e o cotidiano escolar não escapam a essa lógica. O saber, nesse contexto, é visto
como mais um componente da vasta série de objetos efêmeros de nossa
cultura. Adquire status de mercadoria supostamente vendida pela escola
e consumida pelos estudantes, servindo como objeto de fetiche para os
pais e para a sociedade. Num grau inédito, amplamente disponível e
com acesso facilitado, o saber também se caracteriza como descartável
e facilmente modificável. Tanto o google como a wikipedia nos dão um
bom testemunho da volatilidade da informação e do conhecimento que
se confundem com o saber, singular, na contemporaneidade. Nesse sentido, a clínica psicanalítica de Freud, tal como é lida por Lacan, pode
nos oferecer uma alternativa possível para que a educação pense esse
impasse pós-moderno: a aposta na singularização, no inconsciente como
saber e no amor de transferência com vista a encaminhar o sujeito para
a dialética do desejo, inscrevendo-o na dimensão da falta, angustiante,
que possibilita a criação, não sem o outro, e o compromisso com sua
verdade singular. Isso não significa que o percurso clínico que se espera
de uma psicanálise deva ser aplicado na escola. Trata-se, porém, de
uma ética que pode também se constituir como estratégia diante do fracasso escolar, que toma, em nosso contexto, proporções de devastação.
A partir desse lugar de singularização e de desejo pode-se resignificar
o cotidiano escolar e produzir, na escola, efeitos de formação e não de
acumulação ou simples troca de objetos como mercadoria.
O mal-estar do professor em face da criança
considerada problema: um estudo de psicanálise aplicada à educação
Margarete Parreira Miranda
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Ana Lydia B. Santiago
Universidade Federal de Minas Gerais
analydia.bhe([email protected]
O trabalho que apresentaremos refere-se à pesquisa de doutorado da
Faculdade de Educação, da Universidade Federal de Minas Gerais. Ao
elegermos como objeto de estudo o mal-estar do professor em face da
criança considerada problema, objetivamos extrair desse contexto conhecimentos que ampliassem o entendimento sobre o tema e interferir
no que fracassa na relação professor-aluno-aprendizagem. Formulamos a
hipótese de que a criança é considerada problema no momento em que
o professor se vê destituído de sua função de ensinar. Os professores
de crianças de sete a onze anos, de três escolas públicas municipais
da cidade de Belo Horizonte, foram escolhidos como sujeitos de nossa
pesquisa. Em nossos estudos teóricos, constatamos que as investigações sobre o mal-estar dos professores se avolumaram nos últimos vinte
anos, em vários países do mundo ocidental. Averiguamos também que
a criança é considerada problema desde a primeira metade do século
XX até os nossos dias, alterando-se apenas a roupagem do sintoma. Ao
adotarmos como metodologia de campo as Conversações, dispositivo da
psicanálise aplicada à educação, apostamos nos efeitos de uma pesquisa-intervenção que tem como princípio promover deslocamentos nos
discursos cristalizados, transformando o dizer e o fazer dos professores
em direção ao inédito. Foi possível identificar, em nossas investigações,
o circuito da posição docente que reforça o fracasso, assim como o outro
viés, o da transmissão possível. Inserir o significante considerada entre
os dois termos criança e problema produziu um afrouxamento discursivo
à nomeação “criança-problema”, que há vários anos segrega crianças do
processo educativo. Na contramão do discurso da ciência que segrega a
subjetividade, promovendo o declínio dos saberes e o mercado do gozo,
demonstramos que a psicanálise aplicada à educação pode contribuir
para que o sujeito não se aliene das propostas civilizatórias e possa encontrar na escola um lugar de enlaçamento social.
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La era de la apatia: formas del malestar en
la escuela
Yesica Molina
FLACSO Programa de Psicoanálisis y Prácticas Socioeducativas
[email protected]
Ana Gracia Toscano
FLACSO Programa de Psicoanálisis y Prácticas Socioeducativas
[email protected]
Desde el 2008, el Programa de Psicoanálisis y Prácticas Socioeducativas, dirigido por Perla Zelmanovich en el Área de Educación de FLACSO, ha venido desarrollando una línea de investigación acerca de las
“Figuras y formaciones del malestar en la cultura educativa actual.” La
inquietud que orientó esta investigación giró en torno a la posibilidad
de pensar, desde una mirada amplia, el malestar que se presenta hoy
en los contextos educativos. La tarea fue posible a través del análisis de
los trabajos presentados por los cursantes convocados a escribir sobre el
malestar en sus contextos educativos. Consideramos que los enunciados
presentados nombran este malestar y atendemos en ellos el rasgo de
una época, la marca del desasosiego o la incertidumbre que convoca la
tarea de educar.
El trabajo que se presenta recupera el análisis de una muestra de 48
trabajos producidos por agentes educativos. Se parte de las conceptualizaciones que Tizio realiza desde el psicoanálisis. Para la autora “la
posición no es ajena a la interpretación que el agente hace de la situación en la que interviene y en la actitud que adopta a la hora de operar
en la realidad” (Tizio, 2005). De la misma manera, advierte que existen
definiciones dominantes aplicadas por los agentes que trabajan en la
gestión de los síntomas sociales, entendiendo por tales “resultado de
las intervenciones, del funcionamiento y de los modos de operar de los
dispositivos de gestión” (Renouard; 1990).
Nuestra mirada se centrará en aquella enunciación frecuente de los
agentes que se nombra con el significante “apatía” o “desinterés”. Nos
interesa analizar la posición enunciativa que delimita no sólo el modo
de ver la escena educativa sino también el modo de actuar en ella. Observaremos que los nombres del malestar agrupados bajo el enunciado
“estos chicos son apáticos” o “estos chicos no se interesan por nada”
responden más a la gestión de síntomas sociales, indicadores de malestar pertenecientes a un discurso dominante, que a verdaderos síntomas
subjetivos. Nos preguntaremos ¿qué tipo de saber se pone en juego en la
construcción de los síntomas sociales?, ¿qué figuras de segregación socializadas son creadas a partir de este saber? Por último, propondremos
la noción de síntoma y de no-saber (Bataille, 2001) para el abordaje de
los llamados (alumnos y docentes) “apáticos”.
Sessão 7 - A psicanálise e os fundamentos da educação III
A interface da contradição da herança e do A tendência contemporânea é considerar o caráter multideterminado do
desejo no fracasso escolar
fracasso escolar, apontando que a compreensão deste fenômeno exige
uma análise de vários fatores. As diferentes áreas do saber (Sociologia
Daniela Chaves Radel Bittencourt
da educação, Psicologia da educação, Psicanálise, Psicopedagogia etc.)
Universidade do Estado da Bahia
debruçam-se sobre este fenômeno na tentativa de explicá-lo e superá[email protected]
lo. Não obstante, a despeito dos esforços empreendidos, mantêm-se os
Thiana Rocha Costa
altos índices de crianças e adolescentes que não logram êxito no seu
Universidade do Estado da Bahia
[email protected]
processo de educação formal. Acena-se, assim, para a necessidade de
empreender estudos imbricando diferentes teorias na tentativa de aprofundar a discussão considerando a complexidade do fenômeno. Neste
estudo, optamos pelo diálogo entre as vertentes sociológica e psicanalítica no intuito de responder a questão: em que medida a interface
das contradições da herança e do desejo interferem no fracasso escolar
da criança? O desejo, numa perspectiva psicanalítica denuncia a falta,
constitutiva do sujeito. Na arquitetura do seu próprio desejo, a criança
32
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
apropria-se, inconscientemente, do desejo dos pais, ou seja, seu desejo
é sempre desejo do desejo do Outro. Entretanto, a consumação deste
desejo, no que pese a sua dimensão subjetiva, está intricada, também,
com as condições sócio-histórico-culturais. É justamente neste ponto
que trazemos as ideias de Bourdieu (1993) acerca da “ordem das sucessões” por considerarmos de significativa importância na evidenciação da
dimensão complexa e paradoxal da sucessão dos modos de vida e suas
implicações na subjetividade e identidade das crianças e adolescentes.
Para tanto, a pesquisa delinea-se do tipo estudo de caso (abordagem
qualitativa) e utiliza como instrumento de coleta de dados a escuta clínica e o desenho.
Psicanálise e Educação: quando o desejo se
inscreve na leitura e na escritura do sujeito.
Eliana de Jesus Menezes
Universidade Estadual da Bahia
[email protected]
O presente artigo é fruto de um estudo teórico acerca de uma indagação
que norteia nossa prática educativa ao longo dos anos. Ele traz a questão da falta de interesse da criança em relação ao saber contemplado na
leitura e na escrita. De início é abordada a importância do ato de ler e
escrever na história do sujeito. Partindo dessa abordagem, são elencadas
as concepções de desejo na Filosofia e na Psicanálise para dizer que
esse constructo evanescente é da ordem do real, é inconsciente, traduzido como falta, carência, particular de cada um de nós, e que nas teias
do saber pode se inscrever e fazer um par que se enlaça na educação.
Porém, quando não há uma inscrição do e pelo desejo, a criança pode
não querer saber para se constituir sujeito desse desejo, não atendendo
as exigências do Outro representado pela cultura e pelo simbólico.
Entre a letra e o nome: impasses do aluno em
seu processo de alfabetização
Marlene Maria Machado da Silva
Secretaria Municipal de Educação de Belo
Horizonte
[email protected]
Ana Lydia Santiago
Faculdade de Educação de Minas Gerais
- UFMG
[email protected]
Esta pesquisa teve por objetivo localizar a origem dos impasses de alunos com defasagem entre idade e nível de aprendizagem, no processo de
alfabetização, a partir do que estes têm a dizer sobre suas dificuldades.
Pretendeu-se investigar a relação existente entre tal processo, iniciado
com a escrita do nome próprio, e a subjetividade do aluno. A escolha do
nome próprio foi por este ser na Educação, referência para as atividades
do processo de alfabetização, e, na Psicanálise, presentificação da nomeação que constitui o sujeito no campo do Outro.
O público alvo de nossa pesquisa foram 8 alunos entre 8 e 11 anos que,
ainda não estavam alfabetizados, de uma escola da rede municipal de
ensino de Belo Horizonte. Utilizando-se o diagnóstico clínico-pedagógico, de inspiração psicanalítica, para ao resgatar a trajetória intelectual
dos alunos, poder identificar se seus impasses na aprendizagem seriam
de ordem conceitual-pedagógica ou subjetiva.
A hipótese construída como suporte para as investigações foi que o
processo de aquisição da base alfabética, por meio do reconhecimento
do próprio nome, pode repercutir na subjetividade de alguns alunos,
impedindo-os de utilizar as letras de seu nome, como puro significante,
no domínio da língua escrita. Nossa aposta foi que os dizeres dos alunos, durante o diagnóstico clínico-pedagógico, poderiam indicar quais
intervenções pedagógicas, podem auxiliá-los na articulação da dupla
função de significação e objetal do nome próprio, proporcionando-lhes,
inclusive, uma outra via de simbolização, para possíveis manifestações
sintomáticas que se apresentam como fracasso escolar. Neste processo,
foi possível registrar as saídas construídas pelos alunos para superação
de algumas dificuldades. Seus dizeres indicaram a necessidade de conhecermos a dimensão subjetiva que o nome próprio tem para eles, a fim
de que consigam utilizar as letras de seu nome como puro significante
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
33
(Lacan, 1962) ou simplesmente como letras que são (Ferreiro, 1982).
Sessão 8 - A psicanálise e os fundamentos da educação IV
Quando o declínio do saber é necessário
Odana Palhares
Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu
[email protected]
Na clinica do aprender utilizamos o conceito de mestre não-todo para
pensarmos a posição do especialista que recebe a criança com problemas de aprendizagem. Para que o sujeito possa se haver com seu desejo, o declínio do saber daquele que o acolhe com suas vicissitudes na
aprendizagem, é necessário.
O outro tomado como objeto – objeto a – é a posição em que se encontra
o aluno quando é “lido” a partir dos seus problemas de aprendizagem
e rotulado com a nosografia à disposição dos especialistas. Nessa perspectiva, busca-se um saber no qual os problemas possam ser incluídos
num conhecimento sistematizado, racional e “dessubjetivado”. Conhecimento sistematizado a partir do saber do profissional universitário, ou
seja, de um Outro que não leva em conta os saberes daquele sujeito que
sofre e é reduzido, aqui, a puro objeto “a”, um dejeto. Dessa forma, os
problemas de aprendizagem recebem um tratamento burocrático, e o
sujeito não é implicado no seu processo de “cura”.
O conceito de mestre não-todo supõe um giro na posição discursiva daquele que detém o saber sobre o sujeito para o lugar do não-saber. Dessa
forma, levando em conta o sujeito do inconsciente, tempera seu gozo e
pode operar uma transformação subjetiva naquele que padece as vicissitudes na aprendizagem.
“Gozo em saber que...”
Thais Helena Barros
Escola de Comunicações e Artes / USP
[email protected]
É inquietante e provocador observar que em uma época em que se busca incessantemente a felicidade - a fórmula do gozo permanente - o
saber seja colocado como principal “ativo”, como aquilo que o sujeito
tem como contribuição e constituição do seu estar no mundo. É pelo
que sabe, pelo que pode (supostamente) dar conta, que o sujeito é valorizado. A falsa idéia de completude, ainda que apenas no registro do
imaginário: “Eu sei, eu entendi!”
Se na era industrial contabilizava-se a mercadoria, o incremento da revolução tecnológica das últimas décadas criou novos paradigmas nos
quais o sujeito é ele próprio mercadoria a partir do que sabe. O valor
vem do interesse que algo (ideia, imagem, marca) gera nas pessoas, da
demanda que provoca, do desejo que suscita. Tudo muito volátil; por
vezes, conhecimento se confundindo com enxurrada de informações –
quantidade, variedade, visibilidade, impacto, espetacularização – sem
necessariamente consistência, substância. Outras formas de trabalhar,
de aprender, de produzir, de participar do contexto social. Possibilidade
de uma sociedade em rede, do conhecimento e, simultaneamente, do
consumo. Desafio de fazer desta busca pelo saber um movimento emancipatório, ouvindo as demandas do ser desejante e considerando limites
não como barreiras, mas condição para abrir mão de prazeres fugazes,
através de um gozo criativo.
Ao se transpor essa re-configuração dos laços sociais para a relação
professor-aluno vê-se que ambos passam a ocupar outras posições. Procuraremos neste artigo discutir o desafio que se impõe ao professor neste momento de aumento da inserção das TICs no projeto pedagógico
das escolas. Delineia-se uma possível ameaça de perder seu lugar, mas
também, a possibilidade de valorização deste profissional como mentor
frente aos incontáveis apelos que se abrem às crianças e jovens. Opor-
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
tunidade de reflexão, troca, construção conjuntas. Assim, que saberes
estão em declínio e como as posições podem ser redimensionadas?
A Construção de um espaço para a metáfora
na escola básica versus o mercado de gozo
Andreza Roberta Rocha
EMEF Prof. Alípio Corrêa Neto
[email protected]
O presente trabalho é um estudo de caso realizado a partir de uma experiência de ensino-aprendizagem de língua materna realizada em uma
escola da rede municipal de ensino de São Paulo com alunos em fase
de aquisição da língua escrita. O objetivo do trabalho é apresentar uma
reflexão a respeito do modo como as concepções de um professor com
relação ao papel que ocupa na transmissão de saberes ligados à cultura
pode influenciar nos aspectos técnicos do processo de alfabetização,
como por exemplo, nas sequências didáticas empregadas. Para tal fim,
foram analisados os registros realizados pela professora a partir das produções de três alunos durante o desenvolvimento da referida experiência, que se iniciou em fevereiro de 2010. A seguinte pergunta norteou
a pesquisa: numa atualidade marcada por imperativos de gozo imediato e sem restrições, quais elementos permitem e /ou colaboram para
que uma criança se engaje nas tentativas voltadas a promoção de sua
entrada no mundo da escrita, acrescentando ao processo de alfabetização elementos provenientes de sua singularidade? Para respondê-la,
tomaram-se como referências o conceito de dessimbolização (DUFOUR,
2005), as contribuições desenvolvidas por Magalhães (2007) a respeito
da construção da metáfora em alunos da escola básica e de Riolfi et alli
(2008) no que se refere ao ensino de língua portuguesa no século XXI,
aparato teórico que permitiu à presente investigação verificar a criação
de um ambiente no qual a criança seja convocada a ocupar um papel de
produtora de conhecimento como elemento crucial no avanço da aquisição da escrita.
Sessão 9 - A psicanálise e os fundamentos da educação V
(Sub)versão: o pai cai, o mestre goza
Maria de Lourdes Soares Ornellas
Universidade do Estado da Bahia
[email protected]
O titulo dessa comunicação “(Sub)versão O pai cai, o mestre goza” traz
a questão fundamental da Psicanálise “O que é um Pai?”Apresenta um
fragmento de caso clínico e aborda o referencial teórico a partir da teoria
psicanalítica: o Mito Simbólico do Pai da Horda Primitiva, inaugurado
por Freud, na sua célebre obra Totem e Tabu, de 1912-13. A questão da
triangulação edipiana mãe-criança-falo expressa em que medida o Pai
Simbólico, estruturalmente implicado no complexo de Édipo, se insere
na díade mãe- filho, promovendo a constituição da criança enquanto
sujeito. Nessas circunstâncias, ver-se-á como o Pai adquire, enquanto
Pai Simbólico, a função de metáfora, implicando a substituição de um
significante por outro significante, A partir deste referencial, Lacan irá
identificar a posição do Pai da Horda, Primeva, ao conceito de Pai Real,
no sentido de que, para este Pai, não havia interdição, a lei é a lei do seu
desejo, tal Pai se via imerso num gozo indefinido, sem, portanto, estar
submetido à castração, pois nada a ele faltava. A passagem de Pai Real a
Pai Simbólico se dá quando este Pai é morto, e, no seu lugar, instaura-se
a lei do incesto. O gozo do mestre, nesse estudo, é colocar o Pai na posição de escravo, mas de um escravo que tem um saber prático do qual
o mestre depende. O mestre é, nesse sentido, o capitão que naufraga
com sua embarcação, pois se identifica com a lei que ele mesmo pensa
que representa. Observa-se nesse mestre um gozo esperado, aguardado,
prenhe de angústia, posto que está fora desse pai originário, mas, em
ultima instância, encarna, um mestre da falta.
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
35
O declínio dos saberes e o mercado do gozo:
a psicanálise na educação
Leny Magalhães Mrech
Faculdade de Educação / USP
[email protected]
Vanessa Cardoso Cezario, Michele Ueno,
Laurette Boulos, Alice Izique Bastos, Henrique Iafelice, Thais de Barros, Neide Espiridião e Elisabete Cardieri
Faculdade de Educação / USP
[email protected]
A primeira questão que se coloca em relação ao título diz respeito à
quais seriam os saberes que estão em declínio nos dias atuais. Para os
participantes do NUPPE a resposta mais imediata é que são aqueles
que foram historicamente estabelecidos pela longa tradição cultural: os
chamados saberes humanistas.
Trata-se de um encaminhamento que revela que o próprio direcionamento da cultura que vem tomando novas formas. No Seminário XVI – De
um Outro a outro – Lacan revela que os efeitos do discurso capitalista
tem-se tornado cada vez mais agudos. Estamos frente ao mercado de saber. A cultura tornou-se mais um produto de mercado(Mrech,2001). Os
saberes aparecem como mais um produto da cultura, que se confundem
com a informação e o mero conhecimento.
Zygmunt Bauman destaca que vivemos na modernidade líquida. Essa
faz contraponto à modernidade sólida de séculos passados. Nessa última vigorava o saber convencional, o saber das humanidades, o saber
universal. Na modernidade líquida, vive-se a era do saber líquido, do saber que sempre se transmuta, do saber que se modifica para se adaptar
ao que é esperado no aqui e agora.
Do livro a biblioteca digital. Da música em disco para o CD e os MP5.
Dos filmes aos arquivos digitais. Vive-se, de um lado, os tempos das
mídias eletrônicas, podendo-se acessar praticamente a tudo. De outro,
os produtos culturais adquirem um novo status através de novas formas
de fruição.
São mudanças que também alteram a maneira dos professores atuarem,
levando-os a buscar novas práticas. A escola também tem sido afetada
pelo mercado de gozo. Espera-se que elas sejam sempre alegres e que
os alunos tenham o máximo de prazer em estudar.
O que está por trás é a implantação da cultura da fruição, do mercado do
gozo. Que todos sejam preparados para usufruir os produtos que estão à
venda. A criação de uma cultura de consumo. Nela, os saberes sólidos
são liquefeitos pelas práticas, transmutando-os em meras informações e
conhecimentos, facilmente esquecidos. O que é sólido, como diz Marx,
se desmancha no ar.
A psicanálise na educação tem muito a contribuir neste momento. Ela
nos alerta a respeito da importância da ética na tentativa de resgate dos
sujeitos da educação, para que eles possam ir além dos saberes da fruição e do consumo. Na busca da criação de novas posições como agente
criadores da cultura e da educação, em vez de simples consumidores
da cultura e da educação mercadológicas da sociedade contemporânea.
Redatora : Leny Magalhães Mrech – Coordenadora do Grupo
Este trabalho tem sido desenvolvido no NUPPE ( Núcleo de Pesquisa
em Psicanálise e Educação ) da Faculdade de Educação da USP e do
Instituto da Psicanálise Lacaniana. Ele é coordenado pela professora
Leny Magalhães Mrech e abarca também os seguintes participantes:
Elisabete Cardieri, Laurette Boulos, Janete Moura, Michele Ueno, Thais
de Barros, Alice Izique Bastos, Neide Esperidião, Henrique Iafelice e
Vanessa Cardoso Cezario.
Vicissitudes da educação no contemporâneo
Flavia Maria de Vasconcellos
Faculdade de Educação / USP
[email protected]
O que pauta, hoje, a busca de sentido da vida é a certeza veiculada
pelo discurso da ciência, que pretende encontrar respostas para tudo,
exaustivamente, não deixando nenhum espaço para a reinvenção do homem. Aquilo, que, do sintoma (não aprender, por exemplo), poderíamos ler como demanda de reconhecimento do Outro, fica reduzido ao
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
resíduo que deve ser eliminado. A educação atual está edificada sobre
uma promessa de um gozo sem desejo, promessa de uma vida melhor,
de um emprego, que seriam possibilidades de realização num tempo
virtual, que acabam não se cumprindo. Isso porque essa vetorização
que se faz em direção ao futuro, não estando balizada pelo desejo, mas
sim por uma exigência social de enquadramento, não consegue focar
um ponto de chegada. O que se produz é uma errância. Além disso,
no discurso pedagógico atualizam-se os anseios deste corpo social que
tende a transformar toda falta em falha, ao perseguir um “ideal de educação”, que pretende ter respostas para tudo, não deixando brechas
para o imprevisto e, como conseqüência, para o desejo. A pedagogia
contemporânea comparece identificada à função aplicativa da ciência,
na qual há um saber sem sujeito, que coloca o outro no lugar de objeto
e se rende ao equívoco de acreditar que seja possível equipar os homens
para os imprevistos da vida. Apesar do conhecimento ser sempre caracterizado por uma ambição de completude, o que a psicanálise nos revela
é justamente que o conhecimento é sempre parcial e tendente ao malentendido. Há um limite à formalização. Por isso, por mais esforço feito
na direção de equipar devidamente uma criança para o mundo, sempre
este intento se verá fracassado. Neste ensaio, pretendemos discutir, a
partir do embricamento entre os três impossíveis propostos por Freud,
a política, a educação e a psicanálise, algumas dessas questões que
afetam a educação na contemporaneidade.
Sessão 10 - Clínica e Tratamento I
Quando o diagnóstico não é suficiente, qual
o tratamento possível? Considerações sobre
o uso e as adaptações da AP3 em crianças
diagnosticadas com Transtornos Globais do
Desenvolvimento
Angela Flexa Di Paolo
Universidade de São Paulo
[email protected]
Carolina Valério Barros
Universidade de São Paulo
[email protected]
TGD, TDAH, autismo, psicose... São inúmeros os diagnósticos presentes nos mais recentes estudos sobre as psicopatologias que ocorrem na
infância. Uma vez que o diagnóstico esteja estabelecido, como direcionar tratamentos possíveis? Parte-se de uma questão que interroga sobre
como a Avaliação Psicanalítica aos 3 anos (AP3), instrumento elaborado
para validar os Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento
Infantil (IRDI’s), pode ser útil à educação terapêutica – uma proposta
de trabalho interdisciplinar que busca aproximar a psicanálise da educação na medida em que propicia ao mesmo tempo a escolarização da
criança e sua constituição subjetiva, sua possibilidade de se inscrever
na linguagem e de resgatar o laço social ainda não estabelecido ou estabelecido fragilmente. A fim de apresentar a AP3 como um instrumento
cuja finalidade não é a de simplesmente apresentar um diagnóstico, mas
uma avaliação aproximativa da posição subjetiva da criança, analisase neste trabalho duas entrevistas, uma com a finalidade de discutir
o uso da AP3 em uma criança considerada saudável do ponto de vista
psicanalítico, que foi participante da Pesquisa Multicêntrica de Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil, e outra com a
finalidade de discutir o uso deste instrumento em uma criança que já
apresenta hipótese diagnóstica de Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), pertencente à Pré-Escola Terapêutica Lugar de Vida, onde está
em tratamento há 7 anos. Pretende-se, assim, apontar considerações
úteis à efetividade do instrumento e possíveis adaptações para o uso em
instituições que se voltam para o tratamento de crianças diagnosticadas
com TGD’s. Considerações estas que, espera-se, estejam mais voltadas
para a estrutura de cada sujeito e sua singular maneira de significá-la do
que para um diagnóstico que enclausure a criança não permitindo-lhe
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
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vias de subjetivação.
O tratamento em grupo e a constituição da
imagem corporal
Carolina Cardoso Tiussi
Instituto de Psicologia / USP (mestranda)
e Associação Lugar de Vida
[email protected]
Fernanda de Sousa e Castro Noya Pinto
Instituto de Psicologia / USP (doutoranda)
e Associação Lugar de Vida
[email protected]
O presente trabalho é parte de uma pesquisa realizada na Associação
Lugar de Vida sobre os possíveis efeitos de um dispositivo de tratamento
em grupo. O grupo pesquisado é formado por crianças de diferentes
idades, em diferentes posições subjetivas (neuróticas, psicóticas e autistas) e que estão colocadas em diferentes posições no discurso social
(crianças que não aprendem, crianças abandonadas e carentes, crianças
que não brincam, etc.). É coordenado por psicanalistas que propoem
atividades como jogos, música, escrita, encenações, rodas de conversa,
entre outras, formando assim um campo de linguagem que permite a
circulação da diversidade. Em nossa pesquisa, pretendemos investigar a
constituição da imagem corporal em crianças com graves questões psíquicas (autismo e psicose infantil) e os efeitos que o trabalho em grupo,
tal c omo proposto nessa instituição, produziu. Parte-se da hipótese de
que uma criança que apresentou certa interrupção na constituição da
imagem corporal no início da vida, como as crianças autistas, pode retomar seu desenvolvimento, a partir da transferência estabelecida com os
adultos psicanalistas e com as outras crianças do grupo.
Seria esta retomada facilitada em um campo de linguagem que possibilite e invista em mudanças na relação com o saber, um saber que
não tira do objeto seu fundo de ausência? Ao propormos acompanhar os
movimentos das crianças em um dispositivo de trabalho que oferece um
campo de linguagem heterogêneo, construído sob transferência, temos
como objetivo permitir que as crianças vivenciem, mesmo que temporariamente, incursões por lugares discursivos inéditos para elas. Teriam
tais vivências força e potência para propiciar a retomada da construção
da imagem corporal? De acordo com Charlot (2000), a relação com o
saber é sempre uma relação social, que envolve os diversos discursos
que permeiam o sujeito.
O lugar da psicanálise na pesquisa iRDI
Maria Eugênia Pesaro
Maria Cristina Machado Kupfer
Instituto de Psicologia / USP
[email protected]
Dentro da temática do Colóquio do Lepsi “o declínio dos saberes e o
mercado do gozo” cabe bem discorrer sobre uma pergunta que permeou a Pesquisa Multicêntrica de Indicadores Clínicos de Risco para
o Desenvolvimento Infantil (Pesquisa IRDI): Ao propor a validação de
indicadores por meio de uma pesquisa quantitativa, o Grupo Nacional
de Pesquisa (GNP), constituído por psicanalistas, acabou por ceder ao
discurso científico hegemônico promovendo o que se pode chamar de
uma experimentação da psicanálise?
A resposta a essa pergunta é negativa. Apesar da Pesquisa IRDI propor a
articulação de dois métodos distintos e antagônicos, o experimental e o
clínico, já que o método experimental não permite o estudo da singularidade do sujeito e da sobredeterminação dos fenômenos psíquicos, alguns princípios caros à psicanálise foram mantidos, dentre eles, a noção
de sujeito do inconsciente e a irredutibilidade do discurso psicanalítico
ao discurso científico.
Considera-se que na Pesquisa IRDI o método clínico foi utilizado para
a construção dos indicadores, para sua transmissão aos pediatras e nas
avaliações psicanalíticas realizadas nas crianças aos três anos para o
estabelecimento do desfecho clínico. Em contraposição, o delineamento
do estudo e a validação dos indicadores seguiram a metodologia experimental. Após o entrelaçamento entre esses dois métodos, a pesquisa
IRDI manteve-se orientada pelos princípios da psicanálise, entendida
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
como uma ciência construída no campo das ciências da linguagem,
Propõe-se, portanto, considerar que a utilização de diferentes métodos
não se contrapõe à semiologia psicanalítica, considerada como semiologia da linguagem. A psicanálise não é uma só modalidade de investigação e sua referência metodológica não é única. Essa diversidade e
heterogeneidade constitutiva colocam a psicanálise em posição de interagir com as demais disciplinas e progredir por meio dessa diversidade e
heterogeneidade de fontes,.
Pode-se dizer que metodologia de uso dos indicadores na Pesquisa IRDI
fez uma mediação entre o método clínico e o experimental sem descaracterizar a psicanálise. Considera-se, portanto, que essa Pesquisa tem
o mérito de conseguir uma tradução do fazer psicanalítico sem se curvar
à linguagem médica e a sua epistemologia.
Aponta-se o esforço da pesquisa IRDI para manter um lugar para o sujeito infantil na modernidade, para defender uma forma de cuidar do
sofrimento psíquico dos bebês e como uma tentativa de estabelecer e
demonstrar tendências de alguns fenômenos psíquicos para que eles
pudessem ser inseridos numa prática diversa da psicanalítica.
Sessão 11 - Clínica e Tratamento II
Inibição na escrita num adolescente e sua
transferência com o Outro
Isael de Jesus Sena
Universidade Federal da Bahia
[email protected]
Maria de Lourdes Soares Ornellas Farias
Universidade do Estado da Bahia
[email protected]
A pesquisa teórica-clínica do Curso de Especialização em Teoria da
Clínica Psicanalítica pela Universidade Federal da Bahia visa analisar
a inibição na escrita num caso clínico de um adolescente e o modo
como este estabelecia a sua transferência com o Outro. Para tanto foi
necessário identificar a inibição, observar a transferência e analisar as
contribuições da psicanálise. O problema dessa pesquisa consiste em
interrogar qual lugar e posição a inibição na escrita num adolescente e
sua transferência com o Outro poderia avançar o seu processo de ensino
e aprendizagem? O estudo permitiu desvelar que o desejo de saber no
adolescente fica inibido quando existe alguma demanda que exige que
o mesmo deve aprender, por isso a inibição se apresenta como uma defesa. Por outro lado revelou também que a letra representa o recalcado
da infância. Quando a criança apresenta alguma inibição na escrita isso
demonstra também algum impasse entre a representação figurativa e o
valor psíquico. A metodologia da pesquisa baseou-se nos instrumentos
da observação e a entrevista de um caso clínico de um adolescente
de 11 (onze) anos encaminhando por uma escola pública localizada
no litoral norte da Bahia. Optou-se por um caso por considerar que a
profundidade e a problematização das questões suscitadas possibilitam
um “mergulho” na teoria articulando-a com a clínica, uma vez em que
esta parte do um na tentativa de aceder ao múltiplo. A reflexão está
baseada em Freud e Lacan e outros autores que derivam dessa vertente
psicanalítica.
As contribuições de Freud para o debate so- Freud apresentou diferentes concepções sobre a educação, por vezes,
criticando-a como desencadeadora da neurose, ou aproximando-a da
bre educação e inibição intelectual
psicanálise enquanto profissão impossível. No texto sobre os Três EnMaira Sampaio Alencar Lima
Universidade de Fortaleza
saios sobre a teoria da Sexualidade, Freud lançou os alicerces de temá[email protected]
ticas importantes como a sublimação, o desejo de saber e a sexualidade
Maria Celina Peixoto Lima
infantil. Nesta obra, ele relaciona as pesquisas infantis à curiosidade
Universidade de Fortaleza
sexual entrelaçando desejo de saber e sexualidade. A educação passa
[email protected]
a ser citada em diversos textos, ora enquanto prática pedagógica, ora
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
39
estando relacionada ao campo clínico. Tal aproximação com a clínica
destaca a repressão da curiosidade sexual infantil, feita pela educação,
como força motriz para a inibição do pensamento. Este trabalho visa:
Apresentar o pensamento freudiano sobre a inibição intelectual e destacar a relação freudiana entre inibição, educação e sexualidade. Diante
desta contextualização é possível concluir que as saídas apontadas para
a curiosidade sexual, quais sejam: a inibição neurótica, as pesquisas
como uma atividade sexual e a sublimação da libido associada a pulsão
de saber, ocorrem de acordo com os desdobramentos do Complexo de
Édipo. Tais saídas demonstram uma aproximação entre sexualidade e o
desenvolvimento intelectual. Em 1908, Freud afirma que a educação
tem um papel fundamental na inibição do pensamento, pois a repressão
da sexualidade traz como resultado a debilidade do pensamento. Posteriormente, ele fundamenta tal assertiva ao explanar que a debilidade
tem o intuito de causar uma autopunição, evitando o conflito entre o ego
e o superego. Assim, observa-se que uma das contribuições da psicanálise para o campo educacional é um novo olhar sobre o problema da
debilidade do pensamento, e a relação desta com o desenvolvimento da
criança e a sexualidade, o que tira a problemática do campo orgânico e
a lança no plano do psiquismo.
Período de Latência e Tempo para Compreender nas Aprendizagens
Crístia Rosineiri Gonçalves Lopes Correa
Universidade Federal de Juiz de Fora
[email protected]
Glaúcia da Silva Pinheiro
Universidade Federal de Juiz de Fora
[email protected]
40
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Se Lacan(1959)assinala que trata-se em Hamlet, de uma paralisação
dele diante do seu ato, poderíamos pensar a inibição neurótica como
uma paralisação no tempo para compreender.Pois o tempo para compreender é uma das etapas lógicas de todo processo de assimilação
humana.Uma etapa lógica que antecede e apóia a urgência do momento
de concluir que arranca o sujeito da inibição para que ele possa seguir
adiante e fazer ato na vida.Consequentemente, importa-nos aqui extrair
a seguinte questão:se de um lado, é possível pensar a inibição intelectual como uma paralisação no tempo para compreender, de outro é possível concluir que a inibição enquanto um dado de estrutura diz de uma
vivência do tempo para compreender nas aprendizagens?É possível concluir por uma estrutural vivência da inibição própria do tempo para compreender antecedendo e apoiando o ato conclusivo do aprender?Torna-se
fundamental perguntarmos, à luz da segunda tópica, pela latência que
Freud nos “Três ensaios” reivindicou estar ligada à inibição.Ora, se por
um lado não encontramos em “Inibição, Sintoma e Angústia” menção
explícita a essa noção cara nos “Três ensaios”, por outro encontramos
em “Moisés e o monoteísmo”uma abordagem da latência da qual podemos extrair consequências.Freud avança nessa questão, ao abordar as
dúvidas, a hesitação e a resistência como próprias do período de latência
que passa a não mais ficar circunscrito entre o quinto ano de vida e a
puberdade.Chama-nos atenção mesmos significantes usados por Freud
para falar da latência nesse texto e por Lacan no seu escrito sobre o
tempo lógico.Pensamos então que a latência a partir das consequências
extraídas desse texto aproxima-se do tempo para compreender do qual
nos fala Lacan.Portanto, pensamos que é possível concluir pelo lugar
estrutural da vivência da inibição própria do tempo para compreender
nas aprendizagens.Vivência que antecede e apóia o conclusivo ato de
aprender e o usufruto dessa aprendizagem.
Sessão 12 - Clínica e Família
E quando a própria criança pede atendimento
aos pais?
Sueli Pinto Minatti
Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP
[email protected]
Na história do manejo clínico no tratamento psicanalítico com crianças,
o atendimento em instituição em que os pais estavam ausentes permitiu
estabelecer um marco no que diz respeito à consideração da criança,
para além das figuras dos pais, o que permitiu desdobramentos para
pensar e rever os aportes sobre a criança enquanto sujeito. No entanto,
quando os pais estão presentes, que eles a levem para os atendimentos,
tem sido considerada uma especificidade intrínseca ao tratamento com
criança. Trataremos de um caso clínico, em atendimento em instituição
que atende a família por tempo muitas vezes longo, em que a criança
traz a mãe para atendimento. Por meio do relato e análise deste caso clínico pretendemos evidenciar, formas de mobilidade dentro da estrutura
familiar, diante de situações emergenciais, pelas respostas do sujeito
e seus efeitos, dentre os lugares ocupados por cada um dos seus elementos. A análise do caso pela dialética teórico-clínica junta-se à movimentação de pensamentos sobre a localização da criança como sujeito,
acompanhando pelas formas de suas demandas, a função do desejo e a
limitação do gozo. O resultado primeiro, neste caso, foi a aproximação
da mãe ao tratamento do filho, e aos cuidados necessários a ambos diante de situação de terminalidade deste.
Consumo de conhecimento e inapetência de
saber: efeitos de um discurso contemporâneo sobre a educação nas famílias.
Cristina Keiko Inafuku de Merletti
Lugar de Vida - Centro de Educação Terapêutica
[email protected]
O trabalho de Ariès resgata historicamente as mudanças de ideários sociais sobre a criança, a família e a educação. Na Idade Média a criança
vivia e aprendia em meio aos adultos. No final do séc. XVII ela passará a
assumir lugar potencial de ascendência econômica da família, recebendo sua atenção e cuidados. A escola surge como instituição poderosa,
encarregada de transmitir e preservar nas crianças uma moral, associando-se à família, encarregada de preservar sua saúde e disciplina. Família
e Escola compactuam com os objetivos do poder do Estado caminhando
na direção da educação moderna.
A sociedade passa a se preocupar com o “sucesso” de seu sistema educacional, visando um bom “desenvolvimento” de seus indivíduos. Surgem as novas ciências que se ocuparão da criança, pequeno indivíduo,
que deverá desenvolver todas as suas potencialidades e competências.
Com o surgimento da Pediatria, da Pedagogia e da Psicologia, consagraram-se também os problemas, as “incompetências” e os fracassos na
infância. Os saberes destas disciplinas serão transmitidos aos pais por
meio de uma vasta literatura disseminada no discurso científico contemporâneo. Conhecimentos com valor de uso prático e de aplicabilidade
imediata, desejados e comprados pelos pais em prol de um sucesso e da
felicidade de suas crianças e de si mesmos.
Assim como as crianças e o conceito de infância e educação têm sofrido
efeitos dos discursos ao longo da história, os pais têm também sofrido os efeitos de um discurso contemporâneo sobre suas funções, suas
responsabilidades e suas obrigações nos cuidados com seus filhos. São
destituídos e ao mesmo tempo delegam seu saber sobre a criança que
trouxeram ao mundo. O saber parental, construído e transmitido a partir
dos laços familiares singulares a uma origem e tradição cultural, fica
perdido. As famílias passam a “consumir” conhecimentos para ensinar
seus filhos, sofrendo a inapetência de saber sobre eles e aprender com
eles.
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
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Cuando el saber sobre la familia interviene
Ivana Velizan
Flacso
[email protected]
¿De qué hablamos cuando hablamos de familia? Podemos tomar a la
familia como un particular modo de establecer lazo, que hoy aparece
bajo un nuevo estatuto, ya que asistimos cada día más, a nuevas formas
de configuraciones familiares.
Para tomar algún analizador, vayamos a las escuelas u otras instituciones educativas en las que trabajamos, y aquellos dichos y decires que
escuchamos sobre las familias: “Ese chico es violento… y con ese padre
que tiene no se puede esperar otra cosa”, “esa chica está dispersa, y…
los padres se están separando”, “A tal alumno no le interesa nada… nos
enteramos de que el padre es borracho”
¿Qué nos dicen estos enunciados? Diremos que poco en relación con ese
chico o ese alumno. Son enunciados que no dicen nada del sujeto en
cuestión. ¿Sabemos sobre lo que le sucede al alumno/a? ¿Qué situación
generó en ese chico dicha agresión? ¿En qué momento esa chica se dispersa? ¿En qué materia ese adolescente se muestra desinteresado? No
tenemos los enunciados para escuchar lo que ese sujeto dice que le sucede. Nada sabemos acerca de lo particular que le concierne. Tenemos
los dichos de aquellos que hablan de él.
¿Será cuestión de desfamiliarizar a esos alumnos, para recuperar algo
del sujeto que se esconde tras esos enunciados? Muchas veces esas
identificaciones fortalecen al sujeto en esa posición en la que lo encontramos, sin permitirle algún movimiento para su vida. Quizá se tratará
de debilitar el saber sobre lo familiar, para que ese conglomerado que
pareciera decirlo todo pueda abrir líneas de abordajes.
El sujeto se pregunta por su deseo más allá de los significantes que
le vienen del Otro. Lacan en su Seminario XI vuelve a considerar en
su enseñanza las relaciones del sujeto con el Otro, y es a través de los
conceptos de “alienación” y “separación” e introduciendo la cuestión
del objeto a.
Ilustramos el concepto de alienación y separación con el juego de repetición del Fort-Da, ya que nos parece que puede ampliar sobre aquellas
apariencias respecto de algunos saberes sobre las familias de los alumnos.
Sessão 13 - A infância, as crianças e os adultos I
Pais, escola, especialistas: quem sabe sobre
a criança?
Tania Maria Asturiano de Campos Rezende
Jacarandá Berçário e Educação Infantil
[email protected]
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Na relação entre profissionais da escola e da clínica, junto com os pais
de uma criança com problemas, confluem diferentes saberes, de modo
ora convergente, ora conflitante. Afinal, quem é que conhece de verdade
a criança? O que se pode saber de uma criança?
Essas são algumas das questões que permeiam o trabalho dos profissionais da infância e que serão levantadas sob a perspectiva escolar,
supondo que seja possível conciliar esses diferentes saberes para compor um quadro ou uma cena. Tanto a família quanto a escola costumam
paralisar diante dos impasses que se enfrentam diariamente quando a
criança apresenta algum distúrbio de constituição subjetiva ou física. A
criança ocupa diferentes posições e muitas vezes acaba por “desaparecer” em meio aos discursos familiares, institucionais e dos especialistas.
Para que se possa retomar o movimento e garantir espaço para o surgimento da criança-sujeito, é fundamental superar a rivalidade entre os
envolvidos e potencializar a confluência de saberes, sem que se anulem
e tampouco que pretendam ser complementares.
Cada um tem uma visão diferente e é muito comum que cada qual re-
sista a aceitar um outro ponto de vista, criando um verdadeiro jogo de
“passar a bola adiante”, no qual a criança termina por ficar abandonada
e aprisionada entre rótulos. Os encontros, reuniões e entrevistas entre
orientadora da escola e pais e orientadora e clínicos podem virar armadilhas para encontrar um culpado, mas também podem ser oportunidades de se ampliar os horizontes. Quando os saberes se encontram, não
se complementam ou se encaixam como peças de quebra-cabeça, mas
como cacos de um mosaico em construção, com os quais também se formam figuras e belas paisagens, mas não de um modo pré-determinado
e sempre com brechas.
A clínica psicanalítica com crianças e a educação
Júlia Carolina Bosqui
Universidade Estadual de Maringá
[email protected]
Viviana Velasco Martinez
Universidade Estadual de Maringá
Este trabalho tem como objetivo discutir as relações entra a clínica
psicanalítica com crianças e a educação. Sabe-se que são muitos os
encaminhamentos de crianças oriundas da escola para os consultórios
psicanalíticos atualmente. Também nota-se um grande aumento da medicalização e a proliferação de diagnósticos para aquelas que apresentam
condutas consideradas inadequadas no âmbito escolar. O encontro entre
a clínica psicanalítica de crianças e a educação, longe de se apresentar
como uma polêmica atual, é uma temática que atravessa diversos pontos
da teoria psicanalítica: surge na discussão freudiana sobre a criança,
no debate entre Melanie Klein e Anna Freud, e nas demandas clínicas
atuais. Parece, portanto, um ponto que todo analista de crianças deve
considerar, dada a concepção cultural de criança a ser educada, na qual
o profissional também está inserido, e principalmente, na relação entre
educação e recalque, o “furor pedagógico” que nos leva ao conceito de
infantil. O que a educação atual parece trazer de novo aos analistas é a
prevalência de diagnósticos neurológicos e a crescente medicalização da
infância. Estaria essa tendência situada junto com o também crescente
aumento do uso de antidepressivos e ansiolíticos, por parte dos adultos,
como formas de silenciar a angústia e o sintoma? O debate que a psicanálise lacaniana propõe a respeito do sintoma na criança e da criança
como sintoma poderia trazer outra saída para essas questões, que não
fossem o silenciamento da criança. Mas como o psicanalista poderia se
posicionar diante dessas demandas oriundas da escola? Veremos como
a relação do psicanalista com a educação depende do entendimento de
uma posição peculiar da psicanálise sobre a criança, não apenas como
objeto, mas sim como uma criança sujeito.
A sexualidade infantil e o desejo de saber: a
origem da atividade intelectual nas crianças
Andréia Tenório dos Santos
Universidade de São Paulo
[email protected] / andreiaterra@usp.
br
Com freqüência, seja no ambiente escolar ou familiar, é possível deparar-se com crianças desejosas de saber e, por conseguinte, com seus
infindáveis “porquês”. De acordo com Sigmund Freud, qualquer que
seja a pergunta que uma criança faça, ela será sempre a das origens!
“De onde vêm os bebês?” é para Freud a grande pergunta, pois é a que
põe em marcha o pensamento infantil. Para ele, a chegada de um novo
bebê na família produz uma grande angústia numa criança a ponto de
impulsioná-la a pensar. É destas postulações freudianas que parte esta
pesquisa. Ela se insere na interface Psicanálise e Educação e busca
realizar um estudo sobre o movimento de uma criança rumo ao conhecimento. Trata-se de uma investigação de natureza conceitual e reflexiva,
realizada a partir da leitura de textos de Sigmund Freud, de comentadores e re-leitores de sua obra, e de produções acadêmicas (artigos científicos, dissertações e teses) que colaboram na compreensão das condições
de possibilidade da curiosidade infantil. Este trabalho investiga como
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
43
se configuram os processos de pensamento, estabelecendo para isso
uma articulação entre sexualidade, desejo e conhecimento. Esta articulação vai ao encontro da tradição psicanalítica que pensa o fenômeno da
curiosidade infantil e da busca de conhecimento como algo não-natural,
como algo que não é inato, mas que se constitui no confronto do sujeito
com sua sexualidade e seu desejo. O que só é possível graças à interveniência dos mais velhos (os adultos) sobre os mais novos (as crianças),
ou seja, de uma necessária relação do sujeito infantil com os outros, no
cerne da qual ele se confrontará com a sexualidade e o desejo.
Sessão 14 - A infância, as crianças e os adultos II
El niño y el Otro
Ana Carolina Ferreyra
FLACSO
[email protected]
“ De repente se acordó de cuando Tolia había cumplido tres años; por la
tarde, bebiendo té y comiendo pastel, le había preguntado:
-Mamá, ¿por qué está oscuro si hoy es mi cumpleaños?”
Vasili Grossman: “Vida y destino”
El psicoanálisis nos enseña que el niño nace, pero al sujeto hay que
producirlo, y el sujeto se produce en relación a un Otro.
Sabemos que el 80% de la población mundial vive en estado de pobreza
y que los datos sobre la infancia actual son:
Número de niños y niñas en el mundo: 2.200 millones.
Número de niños y niñas en los países en desarrollo: 1.900 millones
Número de niños y niñas que viven en la pobreza: 1.000 millones - uno
de cada dos niños(Consultado en :http://www.unicef.org/voy/spanish/explore/sowc/explore_1653.html (agosto/2010)
La Convención de las Naciones Unidas sobre los Derechos dela infancia
fue aprobada en 1989, pero a los niños, ni seles permite ejercer activamente algunos de sus derechos ni pueden reclamar su cumplimiento.
Siempre dependen de un adulto que se disponga a reclamar y ejercer
por ellos /as.
Se añora la escuela de la modernidad dado que era el Estado-Nación
como metainstitución quien otorgaba el sentido de la misma. Hoy el
Estado se muestra ineficaz para instituir dispositivos estructurantes de
una subjetividad genérica, lo que hace pensar en el cuestionamiento del
carácter universal de la humanidad (Corea, C.; 2008)
Vivimos en una civilización del consumo y del descarte en la que todo
saber aprendido viene con fecha de vencimiento (Vasen; 2008 )
En el presente trabajo intentaremos bordear la caída del saber y su cambio de estatuto en la relación del sujeto al Otro, a partir del análisis de
algunas viñetas de la práctica “socio-educativa”.
A função do educador em uma Casa-lar: reflexões acerca de uma prática
Gabriel Bartolomeu
Programa de Acolhimento Institucional Modalidade Casa Lar - “Casa da Alegria”
[email protected]
A Casa-lar é uma modalidade de acolhimento institucional para crianças
e adolescentes afastados do convívio familiar. Neste trabalho, apresento
uma reflexão acerca de minhas atividades como educador neste contexto
de atendimento: promoção de experiências culturais e sociais que tornem possível o processo de subjetivação. Assim, o educador caracterizase como aquele que deve militar pela inserção social dos sujeitos, sendo
suas intervenções de caráter educativo. Ele fala e responde de um lugar: daquele que pretende oferecer aos educandos a possibilidade de se
constituírem enquanto sujeitos responsáveis socialmente. Ele exerce sua
função com os educandos na cotidianidade: na hora de acordar, do café,
de escovar os dentes, de tomar banho, de ir à escola, do educando sair
de casa com os amigos ou namorado (a). Para tanto, seu posicionamento
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
e intervenções devem sempre referir-se à Lei, sendo entendidos como
possibilitadores de organização dos discursos e produção cultural, aliado a significantes que remetam à necessidade de suportar o mal-estar
inerente a todas as relações objetais – ponto nodal no suporte à falta e
movimento desejante. O educador produz falas que apontam para uma
maneira positiva de lidar com a falta, apontando para futuras ou outras
gratificações, quando possível. E, também, tal profissional – e toda a
equipe – precisa atentar para o risco de se colocar como um Outro absoluto, esquivando-se de tomar os adolescentes como puro objeto de gozo:
dorme a hora que eu quero, come o que eu quero, faz o quê e quando
eu quero. Já que é de suma importância que a Casa-lar – mesmo frente
aos limites inerentes a este tipo de instituição – seja um espaço para o
exercício do desejo, do querer enquanto produtor de subjetividade.
Mãe Social: profissão de agenciamento de Pretende-se por meio da teoria da psicanálise pensar o cuidar, educar e
discurso?
a função materna na profissão de Mãe Social. Para isso serão utilizados
Paula Moreau Barbosa de Oliveira
textos sobre educação em relação ao ensinar do professor ao aluno, sobre
USP
o cuidar na creche com os bebês bem como sobre os quatros discursos
[email protected]
de Lacan para, após, fazer uma ponte possibilitando refletir sobre essa
profissão de Mãe Social. Nas duas situações acima, tanto de professor
como o cuidador da creche, supõe que as crianças e os bebês, com os
quais trabalham, têm pais, os quais ocupam suas funções, ficando encarregado aos profissionais exercerem seu ofício. Objetivamente haveria
uma separação quanto à descrição de papéis, auxiliando e lembrando
muitos desses profissionais quanto a seu lugar. Mas, como a Mãe Social,
em sua profissão, faria essa separação sendo que, muitas vezes, cuida
de crianças sem pais instituídos? Isso leva a questão central desse trabalho: como conciliar função de educador e cuidador, dimensão social,
com a de mãe, âmbito privado, na profissão da Mãe Social?
Sessão 15 - A psicanálise e a função docente I
Enodam-se os nós: o real, o simbólico e o
imaginário no fazer do coordenador pedagógico
Poliana Marina Mascarenhas de Santana
Universidade Estadual de Feira de Santana
[email protected]
“Enodam-se os nós: o real, o simbólico e o imaginário no fazer do coordenador pedagógico” é um estudo que pretende escutar sobre as demandas do coordenador pedagógico na contemporaneidade, analisando
como este profissional percebe esse fazer, seus furos, faltas e afetos com
relação a si mesmo e ao outro, na tentativa de enredar o nó borromeano
para expressar na sua práxis de que jeito o real, o simbólico e imaginário estruturam o sujeito ensinante e aprendente. O marco teórico desse
estudo funda-se em alguns pressupostos da teoria psicanalítica e em
autores que discutem sobre o coordenador pedagógico. A metodologia
aplicada é a abordagem qualitativa, e os instrumentos utilizados para a
coleta de dados foram a observação, entrevista e o desenho. Os sujeitos
foram oito coordenadores do ensino fundamental, de ambos os sexos,
com idade entre 28 e 47 anos, da rede pública dos municípios de Salvador, Feira de Santana e Riachão do Jacuípe. Após a leitura do material
de coleta algumas categorias de análise foram levantadas, o que contribuiu para aprofundar as análises. As possíveis conclusões demonstram
o desejo do coordenador em (re)construir cotidianamente a sua forma
de ver seu fazer, na busca de enodar os nós do cotidiano educativo e
trabalhar o real, Simbólico e Imaginário com os professores, com vistas
a reconhecer à impossibilidade, nomear, especular seu ato mesmo que
esteja na ordem do gozo. Dessa forma, é preciso constituir o fazer do co8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
45
ordenador pedagógico de maneira que na sua práxis tenha possibilidade
de escutar o professor na sua castração e criação.
Memória Educativa e Formação Docente - o
lugar ou (não) lugar dos saberes nas investigações orientadas pela psicanálise.
Adriana Pereira Bomfim
Faculdade de Tecnologia e Ciências - FTC
EAD - BA
[email protected]
Márcia Barra Milhomens Chauvet
Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal - SEEDF.
[email protected]
Este trabalho é resultante de duas pesquisas de mestrado, já concluídas,
que investigaram os possíveis efeitos que a leitura psicanalítica pode
trazer à formação de professores, em especial aqueles que trabalham
com crianças e adolescentes fora do suposto padrão de normalidade –
com algum tipo de deficiência e em situação de risco social. Neste sentido, discutiu-se, a partir dos relatos escritos dos docentes como a presença do saber inconsciente pode influenciar e interferir no saber-fazer
pedagógico, bem como nos saberes instituídos, fruto de uma formação
cartesiana e tecnicista, que despreza a dimensão subjetiva, inerente ao
ato educativo. Nas investigações, a Memória Educativa foi o principal
dispositivo de pesquisa, onde elementos subjetivos emergem, revelando
os lugares e (não) lugares ocupados pelo saber, sobretudo o inconsciente, nas trajetórias de vida e formação profissional dos educadores. Por
conseguinte, foi possível perceber, a partir dos escritos docentes, o que
conduziu a escolha pelo trabalho com estes alunos, em especial, o que
os mantém neste lugar repleto de saberes desconhecidos, que os incomoda, cotidianamente, mas que também os instiga ao convívio diário
com saberes, ora desconhecidos, ora familiares, na tentativa de tamponar uma falta que não cessa de se inscrever. A leitura psicanalítica, que
orientou as pesquisas, (re)vela os prazeres e desprazeres que mantém
estes educadores em contato permanente com saberes incontroláveis e
desconhecidos, divergentes das concepções que sustentam sua formação profissional, impregnada de certezas e saberes absolutos, distantes
da realidade presente em suas salas de aula.
Das memórias educativas: a emergência da
história singular do professor e sua relação
com o saber
Inês Maria Marques Zanforlin Pires de Almeida
Universidade de Brasília
[email protected]
...foi então que passei a buscar naqueles professores sem vida, sem
graça, o que deles eu poderia absorver para essa escolha – busquei
a identificação. Mas era sempre tudo muito confuso..Meus professores
eram “conhecimentos” ambulantes e sem humanidade, por isto minhas
lembranças sejam tão associadas às disciplinas. Quando o professor se
mostrava humano e sensível desenvolvia empatia por ele e, pelo menos
por algum momento, conseguia entender o que ela estava falando” (
mestranda/FE/2010)
Há mais de 10 anos, estudos e pesquisas já realizadas e/ou em andamento, utilizando a elaboração da memória educativa como dispositivo
de enunciação mínima dos sujeitos professores em formação inicial ou
continuada, permitem-nos pensar o quanto na história singular do sujeito possa ocorrer também a emergência de sua relação com o saber.
Neste sentido, o texto ora proposto para além de reconhecer a importância e validade da narrativa sobre seu percurso de formação escolar,
busca a leitura (des)velada de sua relação com o saber reconhecendo-a
como possibilidade de compreensão acerca do valor atribuído ao conhecimento: de uso e/ou de troca?
A evolução do conceito de memória ocorre de maneira correlata à evolução da psicanálise. A noção de memória para Freud está presente em
seus trabalhos desde 1891, mostrando como ela age na base da causalidade psíquica, como produz e organiza o presente e a sua dependência
ao aspecto pulsional envolvido, ou seja, é atributo essencial do aparato
anímico. No Projeto para uma Psicologia Científica ( 1895) apresenta-a
como o poder que uma vivência possui de continuar produzindo efeito.
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Não é estática, é diferencial, pois os traços, de tempos em tempos,
submetem-se a reordenamentos e retransmissões. Enfim, o inconsciente
“lateja” constante e ativamente na psique humana.
Assim, compreendemos que nas trilhas das memórias educativas talvez
possamos encontrar marcas que evidenciem afinal sob que império os
educadores estão se constituindo no processo de sua formação: dos saberes e/ou do mercado do gozo?
Sessão 16 - A psicanálise e a função docente II
A aplicação da psicanálise à educação pensada a partir da proximidade entre tratar e
educar – um retorno a Freud
Camille Apolinario Gavioli
[email protected]
Tomar o viés genealógico para fazer um percurso que aborde as relações
entre tratar e educar em Freud parece ser uma via interessante para discutir a maneira como a questão da aplicação da psicanálise é entendida
hoje. Neste caminho, a questão da proximidade entre tratar e educar
fica evidente. Contudo, frequentemente, ela acaba rechaçada enquanto
característica que marca esta relação, e o que se constata são leituras
que sublinham a diferença entre os campos. Quais as conseqüências
disso para a questão da aplicação?
Psicanálise e educação e a formação do pedagogo
André Júlio Costa
Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
Maria Veranilda Soares Mota
Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
O objetivo do presente trabalho é analisar a importância da Psicanálise
para a formação docente nos cursos de Pedagogia. Partimos do pressuposto, que o pedagogo é o profissional responsável pela educação de
crianças e que, esse poderia fazer uso das teorias psicanalíticas para
uma reflexão da sua prática. No entanto, identificamos, a partir de uma
análise dos cursos de Pedagogia, das principais universidades brasileiras, que a Psicanálise é, na maioria das instituições pesquisadas, trabalhada somente como um tópico dentro da disciplina Psicologia da
Educação. Para entendermos melhor como acontece o estudo dessa temática, buscamos, por meio de entrevistas com professores do curso
de Pedagogia, responsável pela disciplina em referência, confrontar os
estudos que apontam a Psicanálise como elemento necessário para a
prática pedagógica e a dinâmica do ensino desta na Pedagogia. Concluímos que o tempo dedicado aos estudos das idéias psicanalíticas
é consideravelmente curto, não sendo possível desenvolver o conteúdo
previsto; que a psicanálise ajuda na escuta do professor ao que o aluno
traz, evitando julgamento moral; que a visão psicanalítica pode mostrar
ao professor que não é somente ele o responsável pela detenção do conhecimento; que os estudos de Freud atraem o interesse dos estudantes
de Pedagogia, apesar de não objetivar a utilização da Psicanálise para
a prática docente, e sim para compreensão da vida pessoal; que os alunos da pedagogia não percebem como as idéias psicanalíticas podem
possibilitar uma reflexão da sua prática, no processo de interação com o
aluno, com a família, aluno- aluno, além de ajudar na compreensão da
sexualidade e problemas de aprendizagem. Esta pesquisa mostra que
a Psicanálise pode contribuir com a formação do pedagogo e, principalmente, no desenvolvimento da ética desse dentro da sua docência.
Sendo assim, ao refletir o curso de formação de pedagogos é importante
considerar questões apontadas nesse trabalho.
O efeito-professor e sua transmissibilidade
Raquel Antunes Scartezini
Universidade de Brasília
[email protected]
O debate sobre a qualidade da educação tem se estendido em nível
mundial e determina a posição das nações no mercado internacional.
Este processo pode ser conferido através do PISA, avaliações internacionais que diagnostica o nível de desenvolvimento em educação de
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
47
cada país. Paralelo ao movimento das avaliações internacionais, os países, preocupados em monitorar seus resultados, passaram a avaliar a
si mesmos. Estes sistemas de avaliação têm em comum a metodologia
utilizada (Teoria de Resposta ao Item), o que permite que os seus resultados possam ser comparados entre si e entre diferentes edições. Paralelamente à avaliação das habilidades requeridas em cada segmento,
também são aplicados questionários aos alunos, professores e diretores
com o objetivo de identificar fatores associados aos resultados dos alunos que possam indicar onde os sistemas de ensino, escolas e professores estão errando, bem como, indicar fatores que promovem um melhor
desempenho dos estudantes. É neste contexto que vem sendo indicado
nos relatórios de fatores associados destas avaliações que há algo que
ocorre na sala de aula que é capaz de promover resultados superiores de
aprendizagem. Na literatura de avaliação educacional tem sido frequentes os debates acerca do efeito-escola e efeito-professor. Tem sido discutido por pesquisadores da área de educação (economistas, psicólogos,
sociólogos e pedagogos) que o comportamento do professor em sala de
aula é determinante nos resultados de suas turmas. Faz parte do debate
a constatação de que os programas de formação continuada de professores não tem atingido os resultados esperados. Conjectura-se que o efeito-professor pode ser a grande descoberta a ser aplicada nos programas
de formação de professores. Debate-se que há que se descobrir o que se
passa em sala de aula, para então, retransmitir este conhecimento para
os futuros e atuais professores e, dessa forma, elevar o nível de aprendizagem dos alunos. Inquietos com tais constatações e discussões, investigamos o referido efeito-professor. Nosso objetivo é tentar esclarecer
algumas questões: O que é o efeito-professor? É possível identificá-lo,
isolá-lo e transmiti-lo para que outros professores possam apreendê-lo e
reproduzi-lo? Em outros termos: O efeito-professor pode ser transmitido
nos cursos de formação de professores?
Sessão 17 - A psicanálise e a função docente III
Enseñanza de la Historia y el lugar del futuro
Sonia Bazán
Universidad Nacional de Mar del Plata- Argentina
[email protected]
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Enseñar Historia Contemporánea y más específicamente, Historia Reciente sitúa a los docentes ante la posibilidad de usar múltiples fuentes
e información. Junto a la cantidad de recursos podría evaluarse positivamente, no puede dejar de considerarse la inclusión de una custodia
pedagógica por parte del docente. Es el educador quien diseñará y preanunciará los caminos a recorrer con los adolescentes, quien presentará
situaciones movilizadoras y en las que se pondrá en juego la perspectiva
de una enseñanza que involucre valores ajustadamente asociados a los
contenidos a aprender. En esa selección y ante el desafío de generar
una enseñanza no depositaria y que involucre a los estudiantes desde
un rol participativo e incluso emocional, somos las profesoras y profesores quienes diseñaremos la propuesta y elegiremos la estrategia de
enseñanza.
Ante el objetivo de lograr aceptación y de involucrar a los/as estudiantes
se han propiciado a veces ejercicios de empatía. Este recurso es altamente discutible y proponemos en esta ponencia algunos ejemplos de
aplicaciones erróneas de ejercicios empáticos así como opciones, que
sin pretender ser definitivas, nos permitirán discutir procedimientos que
promuevan una enseñanza que sea respetuosa de la Historia, del derecho de conocer la verdad y promotora de una formación en valores que
prioricen la determinación y autonomía de la condición humana.
La enseñanza de la Historia contemporánea y más aún de la historia
reciente, desafía a los docentes a promover una enseñanza que abra
posibilidades de futuro y no que las obture ante los mensajes de destrucción y fracasos continuos de los que está plagado el relato histórico
y asimismo el relato de los libros de texto. La cuestión es considerar
que esos y esas estudiantes necesitan percibir atisbos de esperanza,
de impulsos de vida y no de permanente destrucción ante los temas a
indagar. ¿Qué promovemos al proponer los temas de estudio? ¿La opción de la destrucción y el enrostramiento del fracaso del proyecto de la
modernidad y la decepción de la civilización promovida por el positivismo? O mostramos cuán equivocada puede estar la humanidad y las
opciones que se presentaron y que no se eligieron. El futuro no puede
ser obturado a los jóvenes como tampoco puede negarse el nivel de responsabilidad a desarrollar ni el peligro ante una educación superficial y
desprovista de la ideología que apueste por la vida y el desarrollo pleno
de los seres humanos.
Contribuições da Psicanálise: um estudo sobre a condição docente e o medo na sala de
aula
Maria Lígia Pompeu
Faculdade de Educação / Unicamp
[email protected]
Ana Archangelo
Faculdade de Educação / Unicamp
[email protected]
O professor brasileiro, especialmente o que atua no ensino público, está
cada vez mais sozinho, exercendo sua profissão em um cenário inseguro e, na maioria das vezes, violento. Levando em consideração este
cenário, esta pesquisa, realizada em uma escola pública no interior do
Estado de São Paulo, teve como objetivo compreender a presença da
emoção medo no interior da escola, utilizando para isso, os referenciais
da psicanálise kleiniana. Um dos aspectos centrais encontrados nessa
pesquisa foi o medo que os professores sentem de perder o controle em
sala de aula, revivendo em fantasia, mecanismos e ansiedades arcaicas,
de natureza paranóide. Tais ansiedades, levam o professor a sentir um
medo persecutório muito intenso e seu ego em pedaços, correspondendo
à ideia de desintegração. Além disso notou-se que os professores não
encontram mais uma rede simbólica de sustentação para cumprir o seu
papel social, bem como encontram na própria instituição escolar, poucas
formas de acolhimentos de suas emoções. A pesquisa procurou mostrar
a necessidade desse cuidado emocional, bem como a compreensão de
um inconsciente que é ativo e presente na vida de todos os professores.
A sociedade da vergonha e a (des) construção da subjetividade docente
Raquel Braga Franco
Universidade Federal de Minas Gerais
[email protected]
Bárbara Oliveira Paulino
Universidade Federal de Minas Gerais
[email protected]
Marcelo Ricardo Pereira
Universidade Federal de Minas Gerais
[email protected]
Como os professores constroem suas subjetividades em um mundo que
desautoriza sua função? Vivemos mesmo um declínio de uma sociedade
baseada na culpa em detrimento de uma baseada na vergonha? Para
responder, partimos de pressupostos teóricos da Psicanálise, de Freud,
da Psicossociologia, de Enriquez, e da Sociologia, de Sennett, que nos
ajudam a pensar, entre outras coisas, a sociedade personalizada pelo
domínio do mundo privado. Chama a atenção o fato de os alunos de hoje
demandarem constantemente a necessidade de trazerem para a sala de
aula suas questões pessoais, e de docentes fazerem uso de táticas muito
peculiares de ensino, visando restituir a si algum modo de gozo de poder
sobre seus alunos. Abordamos questões correlatas como a identificação
de professores aos adolescentes e a problemática da maternagem e do
feminino em relação à profissão, que igualmente dizem da subjetividade
docente.
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
49
SEGUNDO HORARIO (10h30 as 14h)
Sessão 18 - Entre o tratar e o educar
Psicanálise e Educação: quando as frontei- O presente trabalho pretende examinar algumas articulações possíveis
ras se esvaem
entre o educar e o tratar no que dizem respeito à constituição subjetiva
Tiago de Moraes Tavares de Lima
– tal como compreendida pela psicanálise. Como veremos, se tomarmos
Instituto de Psicologia / USP
o termo educação de forma ampla, isto é, para além do contexto escolar,
[email protected]
as fronteiras entre a educação e a clínica nem sempre são tão definidas.
Carolina Cardoso Tiussi
Primeiramente, discorreremos sobre as relações entre o ato de educar
Instituto de Psicologia / USP
e a constituição do sujeito. Em seguida, ilustraremos essas relações a
[email protected]
partir do trabalho realizado pelas Mães Sociais com crianças abrigadas.
Luiz Moreno
Apresentaremos, então, duas categorias de sofrimento, “sofrer por um
Instituto de Psicologia / USP
sintoma” e “sofrer pelo distanciamento do tipo psicológico ideal”, para
[email protected]
indicarmos que enquanto a primeira se distancia do campo da educação,
Paula Moreau
a segunda seria fruto da reprodução dos padrões psicológicos, realizada
Instituto de Psicologia / USP
pela educação. Por fim, apresentaremos a Educação Terapêutica, uma
[email protected]
proposta de trabalho que pretende intervir na interface entre psicanálise
e educação, tratando os sintomas através de práticas culturais e atos
que poderíamos denominar educativos.
Um sujeito marcado pela expectativa da deficiência intelectual: aprendizagens possibilitadas pela escuta e pelo conhecimento da
própria história.
Carina Streda
Universidade de Passo Fundo
[email protected]
50
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
A presente comunicação é resultado do trabalho de conclusão da especialização da autora em Psicopedagogia, pela UPF. O sujeito de pesquisa, pessoa com síndrome de Down, 22 anos, mostrou o desejo de
escrever um livro contando suas experiências de vida na família, na sociedade, na escola especial e regular. Tendo nascido com uma síndrome
marcada pela expectativa da não aprendizagem, encontrou dificuldades
em sua escolarização, apesar das reivindicações por seus direitos e inserção social. O aprendizado de leitura e escrita, construído na rede
regular de ensino, apresentava algumas peculiaridades como a inexistência de sinais de pontuação e acentuação, a não compreensão do texto
como um todo a ser construído, apresentando ideias desorganizadas, o
que dificultava a compreensão da mensagem. O processo de elaboração
de seu relato teve duas etapas básicas: a busca, por parte do sujeito,
por conhecer sua história, coletando relatos e ouvindo as narrativas da
família; e a escrita, para a qual necessitou a mediação, fundamentada
na escuta, da autora. Para escrever o sujeito necessitou falar sobre sua
história e seus sentimentos, primeiramente. Fazendo referência ao lugar
do analista enquanto aquele que tem a função de pontuar o discurso
do paciente, esse processo resultou em aprendizado, principalmente,
do uso dos signos de pontuação e acentuação e organização das ideias.
Além disso, ao fim do processo o sujeito se mostrou apropriado de seu
lugar de sujeito, resultado do conhecimento de sua história. Um projeto
de inclusão realizado em Santo Ângelo viabilizou a publicação do livro,
que apresenta o relato de vida do sujeito e uma reflexão da autora, em
linguagem acessível a toda a comunidade, discutindo algumas falas trazidas por ele e sustentando a ideia da deficiência intelectual enquanto
uma construção social.
A produção de conhecimento em um caso de
psicose
Izabel Ramos de Abreu
Faculdade de Educação / USP
[email protected]
O objetivo deste trabalho é discutir a relação que um psicótico estabelece com o conhecimento. Sabemos que um dos impasses da inclusão
escolar de psicóticos é a dificuldade destes alunos se interessarem pelo
conteúdo acadêmico oferecido pela escola e aprenderem o que é ensinado. No entanto, alguns destes mesmos alunos psicóticos elegem objetos
de interesse, a partir dos quais desenvolvem uma “pesquisa” particular.
Abordaremos tal questão a partir do caso de um garoto psicótico que
se dedica ao trabalho de observação e sistematização das variações de
temperatura na cidade de São Paulo. Entendemos que ao criar tal sistema ele produz conhecimento. Frente a isso, discutir o ensino dessas
crianças implica em considerar esse trabalho singular de produção de
conhecimento ao qual muitos psicóticos se dedicam. O conhecimento
produzido por psicóticos, diferente dos conhecimentos que constam nos
currículos escolares, não faz laço social, isto é, não atende à necessidade de um grupo, nem corresponde ao conhecimento estabelecido socialmente. Por isso, comumente suas falas e questões sobre temperaturas
causam estranhamento, sem que se possa reconhecê-las como uma produção de conhecimento, nem pensar em sua função para este sujeito.
Entendemos que na psicose a forclusão do significante Nome-do-pai faz
com que o saber que ordena o psiquismo não possa ser suposto e deve,
portanto, ser produzido. O sistema de controle de temperaturas de Gabriel, por exemplo, é uma construção imaginária que serve unicamente
para que ele possa se situar frente ao Outro absoluto. Se na neurose
o conhecimento está articulado à castração, a demanda e o desejo do
Outro estão implicados no próprio desejo do sujeito de aprender. Na
psicose o conhecimento serve como defesa frente ao Outro. Portanto, é
preciso refletir sobre as particularidades desta produção de conhecimento e do ensino destes alunos e sobre a função dessa produção como uma
tentativa de organização psíquica na psicose.
Sessão 19 - Transmissão e autoridade
Uma vida iluminada: uma breve discussão
sobre a experiência e as formas de narrativas de si no laço social atual
Roselene Gurski
Instituto de Psicologia / UFRGS
[email protected]
Marcelo Andrade Pereira
Universidade Federal de Santa Maria
[email protected]
Este artigo consiste numa série de interrogações – de cunho filosófico e
psicanalítico – acerca do sentido da experiência e das novas formas de
narrativas de si no laço social contemporâneo. Tais interrogações referem-se à discussão do padecimento do sujeito contemporâneo em face
do desmanche dos principais pilares de confiança ontológica pré-modernos: a família, a religião e a tradição – responsáveis, em seu tempo,
por organizar as ações e experiências do sujeito. Com efeito, o mundo
da tradição e dos rituais, impregnado de sentido e significação, ao assegurar a continuidade entre passado, presente e futuro parecia produzir
boas doses de conforto existencial. Assim, sem fazer apologia do mundo
da tradição, nos perguntamos sobre os efeitos destas mudanças para a
subjetivação das crianças e jovens da atualidade, que, como sabemos,
é hoje permeada pelas novas tecnologias. A rigor, pode-se dizer que as
novas tecnologias trazem em suas configurações um novo formato de
narração de si e de intercâmbio com o outro. Questão essa que nos leva
a interrogar quais seriam as formas de enunciação possíveis na atualidade, assim como pensar se nesses novos formatos reside espelhado
o achatamento da experiência e, por conseguinte, da subjetividade. A
essas indagações somam-se outras: de que modo sustentar uma posição
de sujeito num mundo que prescinde de história e esvazia a experiência?
De que forma o resgate da história, por exemplo, pode configurar-se em
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
51
uma ferramenta de sustentação da subjetividade? Em vista da problemática da experiência e das formas de narração de si na atualidade, tal
investigação encontra eco no pensamento de Walter Benjamin, Hannah
Arendt e Maria Rita Kehl. A fim de tornar toda essa discussão mais tangível, desdobraremos a tensão conceitual proposta à luz da análise do
filme Uma vida iluminada, de Liev Schreiber, que segundo nos parece,
condensa de maneira muito precisa as problematizações aqui apresentadas.
Sobre declínios: uma aproximação entre
Hannah Arendt e a psicanálise via noção de
autoridade
Marcia Regina Fogaça
Faculdade de Educaçao / USP
[email protected]
Arendt afirma no Epílogo de seu livro “A promessa da política” que ”O
moderno crescimento da ausência-de-mundo, a destruição de tudo que
há entre nós, pode ser também descrito como a expansão do deserto” .
Sendo o mundo o artifício humano que “separa a existência humana de
todo ambiente meramente animal” e “cuja potencial imortalidade está
sempre sujeita à mortalidade daqueles que o constroem e à natalidade
daqueles que vêm viver nele”, a ausência-de-mundo é a ausência do
que há/havia/houve /deveria haver entre os seres humanos – que caracteriza o deserto.Em outro texto, “ A crise na Educação”, a autora afirma
que o contemporâneo estado de coisas na educação em crise nada tem
a ver, estritamente, com a educação, mas sim com as concepções de
vida privada e mundo público que passaram a existir a partir da sociedade moderna – que se conduziram em direção à indiferenciação entre
ambas – e que foram tomadas pelos educadores, numa modernização
tardia, sem crítica e sem reflexão sobre as consequências que daí poderiam advir para a vida das crianças.Este trabalho pretende discutir tais
afirmações arendtianas – tendo como eixo a noção de autoridade – a
partir de conceitos psicanalíticos, por ver uma estreita relação entre
estas e o que a psicanálise aponta como o mal-estar do sujeito moderno
de não poder corresponder às exigências dos ideais simbólicos de sua
época e de sua fuga contemporânea para o bem-estar associado a todo
tipo de consumo tamponador da falta. Em termos arendtianos, tal fuga
corresponderia à “derrota do Homo Faber” que consiste na redução dos
objetos criados pelo homem para seu uso (contando com a durabilidade do objeto, sua permanência no mundo para além da vida biológica
do artífice, a relação entre meios e fins, etc.) à categoria de objetos de
consumo que remete à natureza cíclica e, portanto, repetitiva das necessidades vitais do Animal Laborans. Poderíamos dizer, freudianamente,
que se trata de uma vitória da pulsão de morte, no que está vinculada à
repetição, e de uma vitória do gozo, lacanianamente falando.
Declínio da Autoridade Docente: impasses na
suposição de saber?
Gilmar Moura da Silva
Universidade Federal de Minas Gerais
[email protected]
Denúncias sobre a falência das instituições sociais, o aumento das situações de conflito que emergem no cotidiano escolar, manifestas na
forma do desrespeito e da indisciplina exacerbada dos alunos, a perplexidade de projetos educacionais ante a diversidade cultural, entre tantos
problemas contemporâneos, em regra, veem associados a uma crise de
autoridade, consequência de um declínio dos saberes, não só aqueles
da tradição e da religião, como também dos saberes filosóficos e científicos na atualidade.
Para a psicanálise, a suposição de saber implica a princípio uma crença
no Outro, crença de que ao me endereçar a esse Outro um saber não sabido possa se produzir. Haveria na contemporaneidade impasses nesse
campo da suposição de saber? A derrisão do saber e o desregramento do
gozo seriam efeitos da suplantação dos ideais éticos, sócio-culturais e
52
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
políticos de uma sociedade que preconiza a precariedade e efemeridade
de tais ideais, em prol da eficácia técnica e do culto do excesso hedonista, manifestos nos novos estilos de vida modernos?
Tais questões ganham bastante centralidade em nossos tempos. No
campo da educação, aparecem expressas nas formas da desautorização
docente e fragilidades do vínculo educativo. Vínculo educativo, aqui entendido como a relação do sujeito com a civilização, que envolve sempre
um agente, o sujeito e o saber. O saber em jogo define o vínculo. Quando
se esmaga a dimensão do saber, o vínculo educativo se reduz a uma suposta relação eu-tu, excessivamente imaginária, e geradora de tensões.
A depreciação do saber na esfera educativa parece indicar que, hoje, a
aprendizagem se realizaria sem o mestre. Ele talvez tenha se tornado um
mero e geral conhecedor das coisas, pouco destro e muito superficial em
lidar com o conhecimento e com a experiência. O discurso pedagógico
e sua institucionalização contribuíram fortemente para isso. Trata-se de
um discurso de inspiração moderna de abafar as diferenças em prol de
um mundo de iguais. A dimensão do particular e do desejo fica desse
modo desconsiderada.
A erosão do saber abrem as comportas do gozo. O descrédito na função
da palavra, função essencial à constituição do sujeito suposto saber,
inviabiliza um saber fazer com o gozo. Denuncia-se assim, todos os semblantes que sustentam a relação com o Outro, inclusive os de autoridade. Surge no lugar, práticas de ruptura e de impostura, que só faz repetir
o gozo. Forma-se uma espécie de comunidade do gozo que os separa do
mundo do Outro.
Diante desses impasses na suposição de saber do mundo contemporâneo, que saber a psicanálise pode ofertar no mercado do gozo? Seria o
de possibilitar ao sujeito formular ou encontrar um nome para dizer do
gozo de seu ser? É o que necessitamos saber...
(Resumo elaborado a partir da pesquisa de mestrado em curso: “Autoridade Docente e Vínculo Educativo Contemporâneo”, pela Faculdade de
Educação da UFMG, na linha Psicologia, Psicanálise e Educação )
Sessão 20 - Clínica e Psicanálise
Sobre a falta no analista
Helena Julio Rizzi
Instituto da Criança - HCFMUSP
[email protected]
Seja quando está com o médico, seja quando está com o analista, o
paciente traz seu sintoma e procura respostas: quer saber o que há,
por que e o que fazer. O médico oferece-lhe informações, sugestões ou
medicamentos. O analista, no entanto, não atende a essa demanda por
respostas; se atendesse, ele assumiria o lugar daquele que sabe e pode
oferecer este saber, enquanto o analisando ficaria como aquele que não
sabe e precisa receber. Este trabalho propõe-se a realizar uma discussão
clínico-teórica acerca da posição do analista diante deste pedido feito
por pacientes atendidos no Instituto da Criança, HC-FMUSP. A experiência na instituição médica mostra que, enquanto o discurso médico
se atém àquilo que sabe, mensura, observa e examina, ou seja, àquilo
que conhece ou pode classificar dentro do espectro por ele conhecido,
o analista desconhece e, por desconhecer, não responde às perguntas:
as faz. O paciente depara-se, então, com a falta no analista, pois ele
não tem todas as respostas, não sabe de todas as coisas. Deste modo,
há a abertura para a assunção de que aquilo que se tem nada mais é
do que a própria falta do sujeito, independente de analista ou não: esta
é a falta que o discurso médico tenta escamotear. O analista propõe-se
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3º Congresso do Ruepsy
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a escutar o paciente, considerando que este sabe algo sem saber: o saber inconsciente. Será apresentado um caso clínico, em que a falta no
analista possibilitou, durante os atendimentos, o trabalho com a falta
no paciente.
A especificidade do saber na operação analítica
Jamille Mascarenhas Lima
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ)
[email protected]
Através das relações entre saber, psicanálise e universidade pretendemos investigar o estatuto do saber na operação analítica e sua vinculação com o gozo. Ao pontuar que o saber em jogo na análise diz respeito a
um trabalho de articulação significante produzido por um sujeito, Lacan
diferencia saber e conhecimento. A partir dessa distinção, nos indica
que a psicanálise obedece a leis próprias que não podem ser traduzidas ao discurso universitário. A relação entre a psicanálise e o saber é
investigada no seminário “De um Outro ao outro” onde Lacan parte da
análise do conceito de mais-valia em Marx e cunha a expressão mais-degozar para dar conta da relação entre o saber e o gozo. Ao problematizar
a emergência do saber no campo da mercadoria e as conseqüências
oriundas da transformação do saber em um produto − embasado
em uma unidade de valor e ofertado no “mercado dos saberes” −
Lacan nos indica que o saber nesse contexto deixa de ter relação com o
trabalho e passa a se articular ao preço. A partir dessa referência, analisa a relação entre saber e trabalho. Um dos caminhos dessa investigação
tem como eixo a articulação do saber no campo universitário. Segundo
Lacan, o aparecimento de uma noção como unidade de valor é o signo
daquilo que o saber vai se tornar cada vez mais nesse campo, nesse mercado, que se chama universidade. Dessa maneira, o presente trabalho
se propõe a evidenciar a distinção entre a produção do saber no campo
universitário e na operação analítica.
Psicanálise: o saber na berlinda
Alessandra Tavares Silva
Universidade Federal Fluminense
[email protected]
Saber e psicanálise estabelecem uma relação que, de saída, favorece
muitos questionamentos. Comumente, sobre esta relação, as posições
se alternam entre dois extremos, quais sejam, ou de fazer um par homogêneo entre os dois, onde se poderia dizer sobre o saber da psicanálise,
tomando, assim, a psicanálise como um saber positivo. Ou, a outra posição, a de afirmar a excentricidade radical entre um e outro, que termina
por defender a ideia de que a psicanálise não tem nenhuma relação
com o saber, declarando tratar-se de um “não-saber”. Neste trabalho,
procuraremos tomar o cuidado de não sermos levados por nenhuma das
duas referidas posições. Nosso objetivo é discutir os desdobramentos
que uma análise provoca na relação do sujeito com o saber, ao enfatizála como uma operação que se dá não desprezando o saber, mas, passando por ele. Como veremos, ao colocar o saber na berlinda, a psicanálise
cria as condições para que, partindo da intenção de adquirir um saber
positivo sobre o seu padecimento, eventualmente, o sujeito se choque
com a produção de um saber que decorre da pura articulação significante. E, como tal, impossível de ser totalizado por algum enunciado, mas,
que aponta para a perda inerente ao trabalho de se deixar representar, e
apenas representar, por um significante para outro significante.
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Sessão 21 - Clínica e tratamento III
A Ética da Psicanálise como um saber sobre
a falta: reflexões acerca de uma experiência
em Saúde Mental do infans
Carolina Andrade de Santana Lima
Prefeitura Municipal de Uberlândia
[email protected]
João Luíz Leitão Paravidini
Universidade Federal de Uberlândia
[email protected]
Christiano Mendes de Lima
Prefeitura Municipal de Uberlândia
[email protected]
O principal objetivo deste trabalho é evidenciar, à luz de uma experiência de intervenção no campo da Saúde Pública, em especial no Programa de Saúde da Família, a possibilidade da construção de práticas que
priorizem a promoção da Saúde Mental do infans, atravessadas pela Ética da Psicanálise. Embasados pela teoria psicanalítica, questionamos a
viabilidade da transmissão dessa ética a práticas que se situam fora dos
moldes da clínica tradicional. Vimos que isso se torna possível, desde
que sustentemos, como de agentes de cuidado, a ideia de que transmitir
essa ética significa atuar a partir da condição de sujeitos castrados, isto
é, criar condições para que a transmissão da Lei – que interdita a tomada do infans e de sua família como objeto de um saber suposto todo – se
mantenha operante. Nesse sentido, a teoria lacaniana sobre a função do
mais um foi importante para pensarmos na montagem de um dispositivo que funcione como regulador da ética das intervenções, na medida
em que, ele pode operar, como o que atualiza a castração do Outro
interventor, descompletando o saber médico-psicológico (universitário).
Trata-se do relato de uma experiência de atendimento de uma criança
de três anos a qual nomeamos Pedro, e de sua família. As intervenções
ocorreram na forma de visitas domiciliares semanais, nas quais, além
da criança, contávamos com a presença de familiares, principalmente
da mãe. A partir das reflexões que emergiram nesse contexto, pensamos
sobre a importância de que as práticas de cuidado, em especial às que
se direcionam ao bebê e sua família, sejam pensadas a partir de uma
ética do desejo, ou seja, aquela que coloca o sujeito diante da própria
falta, e, consequentemente, do conflito que o constitui na condição de
castrados, tornando-o assim, agente do seu próprio desejo.
Um acompanhamento terapêutico na escola,
seus alcances e possíveis entraves.
Ana Lícia de Camargo Barros Pegorelli
Grupo de apoio à escolarização Trapézio
[email protected]
O objetivo deste estudo é discutir e problematizar qual a função de um
trabalho de acompanhamento terapêutico em uma escola. Pensar quais
os alcances e limites deste trabalho e avaliar de que maneira a presença de um acompanhante terapêutico pode contribuir para o processo
de inclusão de crianças com comprometimentos psíquicos graves. Além
disso, pretende-se colocar em questão os efeitos que tal presença pode
acarretar para a equipe que trabalha com a criança na escola e a família.
Para isso apresentaremos algumas intervenções realizadas em uma experiência de acompanhamento terapêutico (A.T.) em uma escola, na
educação infantil. Este trabalho foi realizado com uma criança cuja característica mais marcante era uma evitação maciça do contato com o
outro, e conseqüentemente uma dificuldade muito grande em permanecer na sala de aula.
Neste caso, a presença da A.T. suscitou questões como: o acompanhamento tem função para quem, para a criança ou para a escola? Quais
as implicações de um trabalho clínico que acontece dentro da escola?
Como pensar uma intervenção atravessada pela psicanálise diante deste
contexto?
O acompanhamento terapêutico trouxe mais flexibilidade à demanda
que a escola dirigia a este aluno, o que possibilitou algum reposicionamento do lado da criança. Este trabalho também evidenciou que seus
efeitos terapêuticos estavam relacionados à possibilidade de alternância
entre presença – ausência da A.T. junto à criança. Porém os efeitos desta
alternância para a escola e a família, quando o que estava em jogo era
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3º Congresso do Ruepsy
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a ausência da A.T., relacionaram-se com algum sinal de angústia para
ambas as partes. A partir disso, justifica-se a problematização acerca
dos possíveis entraves que envolvem a presença de um A.T. na escola.
Experiências com Acompanhamento Terapêutico em Maceió: reflexões a partir da política da Inclusão, do campo do saber e do
campo do gozo.
Rosanny Moura Cavalcante
Universidade Federal de Alagoas
[email protected]
Charles Elias Lang
Universidade Federal de Alagoas
[email protected]
Este trabalho articula a experiência de Acompanhamento Terapêutico
(AT) em uma escola de educação infantil na cidade de Maceió (Al) e a
discussão teórica sobre o tema do AT com crianças, orientada e supervisionada pela Psicanálise. A prática do AT propõe o acompanhamento de crianças com algum tipo de comprometimento orgânico, como a
Síndrome de Down, ou traços psicóticos e autísticos. No caso tomamos
como núcleo do trabalho o AT de uma criança com 5 anos, portadora da
síndrome de Down. O AT iniciou-se a partir de uma demanda dos pais,
que por sua vez receberam tal demanda da Escola. A partir disto pensamos as relações entre esta demanda, a política da Inclusão, o campo
do saber e o campo do gozo. Por um lado a escola precisa, para existir
e manter-se no Simbólico, cumprir uma legislação, incluir. De outro,
ela tem que dar conta tanto das demandas dos pais de crianças `especiais` quanto dos pais das demais. Pais que, de acordo com a lógica do
mercado, são consumidores e usuários de um serviço: a Escola. Dentro
dessa mesma lógica, o AT não deixa de ser a prestação de um serviço.
Se a Escola não tem uma mercadoria ou um serviço, então ela indica
um `parceiro` ou `fornecedor`. Mas o que acontece quando a lógica do
mercado e da mercadoria se sobrepõe e atravessa o saber e a lógica das
gerações, quando ela se sobrepõe ao que os pais devem ensinar transmitir para os seus filhos? Não se pode perder de vista ou deixar de encarar
a dimensão de um gozo prometido e de outro subtraído. Quando os pais
se desincumbem de algo e delegam este algo para a escola, há aí um
gozo. Quando a escola se exime de algo e delega isto para o AT, há outro
gozo. Isto é o que vai compondo um mercado de gozos. Gozos que são
agenciados pelos psicólogos, pelo reforço escolar, pela psicopedagogia
clínica e etc. Dessa forma, articulamos nossa experiência de trabalho
e supervisão em AT com as demandas e as implicações do trabalho na
Escola e sua relação com o mercado do gozo e a lógica da mercadoria.
Sessão 22 - Clínica e tratamento IV
O declínio dos saberes e o gozo da técnica: a
psicanálise na formação de pediatras.
Ana Silvia de Morais
Instituto de Psicologia / USP
[email protected]
Edna Márcia Koizume Bronzatto
Instituto de Psicologia / USP
[email protected]
Rogério Lerner
Instituto de Psicologia / USP
[email protected]
Maria Cristina Machado Kupfer
Instituto de Psicologia / USP
[email protected]
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
De 2004 e 2008, a Pesquisa Multicêntrica de Indicadores Clínicos de
Risco para o Desenvolvimento Infantil (IRDI) criou e validou 31 indicadores observáveis nos primeiros 18 meses de vida, com significativa
capacidade de predição de problemas de desenvolvimento e, para indicadores isolados ou em grupos fatoriais, predição de risco psíquico.
O estudo formou pediatras para uso do IRDI e coleta de dados. Como
desdobramento, a pesquisa Detecção precoce de riscos para transtornos
do espectro de autismo com Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil e intervenção precoce: capacitação de enfermeiros,
objetiva sistematizar uma formação para o uso dos IRDI e sensibilização
para a constituição psíquica.
O presente trabalho discute a transmissão do saber implicado nos indicadores por meio da análise discursiva de entrevista realizada com um
pediatra que participou da formação IRDI. Os resultados apontam que
a formação prévia do profissional, técnica e especializada, influenciou
na sua apropriação. O laço com os pacientes, centrado em patologias,
imprime o viés de que os IRDIs são propícios ao ambiente de ambulató-
rio. O discurso revela a dualidade objetivo/subjetivo e a cisão entre seu
conhecimento prévio e o adquirido na formação. Os indicadores são tidos como uma ferramenta a mais, reveladora de doenças do hábito. Por
outro lado, indicadores ligados à função paterna tiveram maior impacto,
devido à vivência pessoal do entrevistado. É possível afirmar que os
indicadores comparecem em sua prática, evidenciando efeitos da formação, embora a ressignificação do conhecimento prévio seja limitada.
Para futuras pesquisas, justifica-se um planejamento que se atenha à
extensão dos efeitos da formação na prática do profissional, bem como
ao desafio de um enlaçamento com seu conhecimento técnico prévio e
à produção de um saber singular a partir do encontro com a Psicanálise.
O sintoma e seus desdobramentos na criança
e na estrutura familiar
Vanessa Keiko Rossaka
Instituto da Criança - Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina / USP
[email protected]
Lacan, em seu texto “Nota sobre a criança” (1969), aponta que o sintoma da criança está em condição de responder ao que há de sintomático
na estrutura familiar. É com o surgimento de um sintoma que lhes faça
questão, e supondo um saber sobre este, que os pais trazem a criança
ao hospital, tanto para atendimento médico quanto psicanalítico, buscando possíveis tratamentos e cura. No entanto, a medicina e a psicanálise distinguem-se naquilo que propõe à família diante dessa demanda
inicial. Se por um lado, a medicina se propõe a apresentar um saber
exterior aos pais e à criança e oferecer acesso a um paraíso medicamentoso, exercendo assim uma função silenciadora que sutura o sintoma
enquanto manifestação própria e inconsciente, por outro, a psicanálise
deixa em suspenso esse sintoma, a fim de conhecer o sintoma próprio da
criança, que poderá surgir como construção de um saber próprio através
do dispositivo analítico.
A partir dos atendimentos a crianças num contexto hospitalar (Instituto
da Criança do HC–FMUSP), emergiram questionamentos sobre o sintoma na clínica psicanalítica, principalmente relacionados ao que esse
sintoma pode responder.
Diante de tais questionamentos, esse trabalho almeja investigar os desdobramentos dos sintomas, no decorrer do tratamento analítico, tanto na
criança quanto na estrutura familiar.
Assim, pretende-se realizar uma articulação teórico-clínica, através da
apresentação de fragmentos de um caso, destacando as relações entre
os sintomas de Paula e a estrutura e dinâmica de sua família.
Pode-se considerar que a partir de intervenções psicanalíticas é possível
que se desenlace o sintoma de cada sujeito dentro da estrutura familiar,
possibilitando o surgimento de sintomas próprios.
Atenção, sintoma! Sentidos e significações
atribuídos ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Marianna Gama
Trapézio
[email protected]
Atualmente, crianças com problemas de atenção e condutas hiperativas
são facilmente identificadas sob o diagnóstico de Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade, mais conhecido pela sigla TDAH. Tratase do transtorno infantil mais freqüente e difundido atualmente, tendo
recebido nos últimos anos uma enorme quantidade de investigações médicas a respeito de sua causa, diagnóstico e tratamento. Entretanto não
são muitos os trabalhos de psicanalistas que o tomaram como objeto de
investigação buscando identificar os sentidos e significações que estão
por detrás deste rótulo imperante em nossa época.
Cada época busca seus recursos para dar conta do mal estar que a caracteriza e de afrontar o impossível e imprevisível do ato educativo. A
medicação é hoje o recurso que a ciência e a técnica produziram e com
o qual a prática médica tenta responder aos sintomas escolares das
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3º Congresso do Ruepsy
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crianças contemporâneas, enquadrando-os sob um mesmo transtorno e
tamponando o questionamento sobre a angústia que acomete o sujeito.
Neste contexto, é dever ético da psicanálise, que existe graças ao sintoma, apontar a resistência implícita no discurso da ciência, cujo imperativo de gozo imediato e sem limites desresponsabiliza o sujeito, tomado
como objeto. A Psicanálise denuncia a insensatez desta lógica estruturalmente impossível de ser satisfeita e levanta questionamentos que
devem ser incorporados a prática cotidiana.
Procuraremos neste trabalho investigar o TDAH a partir de três perspectivas: a) o espaço epistêmico que o constituiu como transtorno e
sua hipótese etiológica, b) a consideração do referido fenômeno como
resposta ao mal estar contemporâneo e c) o contraponto entre a compreensão médica científica de transtorno e o entendimento da psicanálise
de sintoma como a melhor resposta do sujeito para tratar sua angústia.
Sessão 23 - Inclusão e laço social II
Inclusão: uma maneira especializada de A Associação dos Amigos do Autista (AMA) veicula através de seu site
compreender o outro
seis filmes e um gibi em que aparece um novo personagem da Turma
Kelly Cristina Brandão da Silva
da Mônica, o André, um autista. É possível assistir a esses filmes nos
Faculdade de Educação / USP
comerciais de alguns canais da NET – TV por assinatura. A análise [email protected]
se material divulgado pela mídia e dirigido a um público leigo tem por
objetivo discutir as armadilhas da compreensão do outro, a partir do
excesso de sentidos que lhe atribuímos. Esse “excesso” parece buscar
a anulação de qualquer enigma que se interponha entre mim e o outro. Enigma esse que, de forma projetiva, tentamos apagar em relação
a nós mesmos. Cabe aqui ressaltar o termo necessidade, tão presente
no discurso oficial da educação inclusiva. Os alunos a serem incluídos
no sistema regular de ensino são nomeados pela LDBN de educandos
com necessidades educativas especiais. Ao naturalizar a experiência humana, transformando desejo (fruto da subjetividade) em necessidade
natural, obturamos a ambivalência afetiva que caracteriza o humano. A
tão proclamada necessidade dos incluídos seria uma tentativa de apagamento do desejo? Esse reducionismo – de desejo à necessidade – pode
ser articulado ao conceito lacaniano “discurso do capitalista” (LACAN,
1972/1978). No discurso do capitalista o desejo é rebaixado à categoria
de necessidade fazendo-nos crer que, como se trata de necessidade,
há sempre um objeto que lhe corresponde. Diante disso, o saber se
reduziria a um valor de mercado – mercadoria – e a produção constante
e frenética de “objetos” passaria a ser almejada por todos. A educação
inclusiva não está imune aos efeitos desse discurso. A Declaração de
Salamanca (1994), referendada pela Declaração dos Direitos Humanos
(1948), marca um posicionamento crítico diante do sistema escolar excludente, porém – paradoxalmente – a inclusão tem exacerbado o poder
do especialista e privilegiado a eficácia, a funcionalidade e o excesso (de
informações, de técnicas e de saberes).
Alunos com dificuldades de aprendizagem
são “alunos de inclusão”?
Simone Kubric
Grupo de Apoio à Escolarização Trapézio
[email protected]
58
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
As teses que interpretam e justificam os motivos pelos quais um aluno
enfrenta dificuldades para aprender na escola variam conforme a época
e o respectivo contexto sócio-político. Houve um momento, por exemplo,
em que a desnutrição era considerada a grande responsável pela “epidemia” de fracasso nas escolas públicas brasileiras. Hoje, a dislexia, o
TDAH e outros distúrbios supostamente neurológicos e hereditários têm
ocupado um lugar de enorme destaque entre as causas identificadas
para explicar porque tantos alunos – do sistema público e do particular
– não aprendem. Sem desconsiderar que quadros orgânicos podem ter
efeitos no desempenho escolar de uma criança, é preciso colocar em
questão todo e qualquer discurso hegemônico. Isso porque a forma de
entender as pretensas causas das dificuldades reflete-se no tipo de intervenção pedagógica que cada equipe escolar adota para tentar resolver o
problema. Apelar para a bandeira da inclusão tem sido prática recorrente nos casos em que crianças sem nenhuma deficiência diagnosticável
passam a ser consideradas portadoras de distúrbios porque, de forma
enigmática, custam a aprender a ler, a escrever e a calcular. Paradoxalmente, no cotidiano de muitas instituições, apesar de “incluídos”, tais
alunos não fazem efetivamente parte do jogo escolar, já que são dispensados de realizar as mesmas tarefas e avaliações que os demais – sendo
alijados, portanto, da possibilidade de vir a aprender como os outros. O
presente trabalho tem como objetivo discutir o caráter condescendente
de práticas inclusivas como estas, bem como refletir sobre possíveis medidas de apoio à escolarização para alunos que vivenciam angustiantes
impasses por não poder aprender.
Tornar-se sujeito: indeterminismo e determinação
Cristiana Carneiro
Universidade Federal do Rio de Janeiro
[email protected]
O presente trabalho discute a concepção de destino em Freud relacionando-a com a questão da liberdade. Tal iniciativa visa enriquecer o debate quanto ao lugar do outro na ação inclusiva. As concepções de destino interrogam a determinação do humano e comportam significações
para a “natureza humana” que influenciam a prática. É nesta direção
que a psicanálise nos indica um caminho: o conhecimento da verdade
e do desejo do próprio sujeito. Neste caso a diferença engendrada pelos
processos inclusivos não diria respeito apenas ao outro, mas se refere ao
próprio desconhecimento que cada um tem de si mesmo. Destacamos,
desta forma, a riqueza da coexistência de indeterminismo e determinismo como dois aspectos centrais do pensamento de Freud em relação
ao sujeito (Herzog, 2000, p. 79). Por um lado, ele realmente põe em
xeque a liberdade humana ao postular a determinação inconsciente e o
rochedo da castração (Freud, 1937/1980). Contudo, da mesma forma
mantém um crédito na liberdade do sujeito a partir do momento em que
postula o acesso à verdade, a partir de um conhecimento novo. Se é a
partir do desconhecimento que haverá a interrogação de si, então, temos
uma chave para pensar que esse não saber, causa de mal-estar muitas
vezes, é também o que movimenta o sujeito, porque é só a partir dele
que um questionamento se tornará necessário. Neste sentido, a psicanálise no seu entrecruzamento com a aceitação das diferenças adverte
que só poderemos aceitar no outro, aquilo que estendemos também a
nós mesmos. Conhecer o outro numa dimensão de aceitação de sua alteridade só é possível se também tivermos essa própria experiência em
relação a nós. Toda situação de exclusão se situa de alguma forma na
tentativa desesperada de garantir que o outro não esteja em mim. Por
fim, questionamos algumas situações do contemporâneo que poderiam
estar desfavorecendo esta produção de conhecimento que aponta para a
liberdade, onde o não saber deixa de ser mola propulsora e passa a ser
inimigo a combater.
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
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Sessão 24 - A infância, a criança e os adultos III
El cuento de Pinocho: la conformación de la
ética en la infancia a través de la utilización
del lenguaje pragmático
Liliana Naveira
Universidad Nacional de Mar del Plata /
Argentina
[email protected]
Susana La Rocca
Universidad Nacional de Mar del Plata, Argentina
[email protected]
Alicia Cambiasso
Universidad Nacional de Mar del Plata, Argentina
[email protected]
El pensamiento filosófico y la modalidad narrativa configuran tradiciones
de pensamiento, que al transmitir los presupuestos ontológicos, epistemológicos y axiológicos de la época conforman redes teóricas y simbólicas desde donde es posible tener un saber sobre la infancia. En ciertas
corrientes mecanicistas los cuerpos pueden ser explicados en términos
de materia en movimiento, mientras que la mente, en tanto res cogitans
a la que se accede por intuición, no sólo escapa a la explicación mecanicista sino que la posibilita. Mientras los cuerpos son pura extensión
bajo el imperio de las leyes mecanicistas, las mentes son pensamiento
consciente, libre e intencional. En este sentido, el cuento de Pinocho
conjuga algunos aspectos de esta tradición mecanicista pero anuncia
también el giro lingüístico-pragmático que se genera posteriormente.
En el libro original, la frase del comienzo: “C`era una volta un pezzo di
legno” convierte a la res extensa de la madera en Pinocho, un muñeco
sin vida, en un niño, gracias al lenguaje. Y desde ese uso del lenguaje
que comienza mostrando un primer proceso a través de la narración,
vemos desplegarse no sólo los usos primarios de la comunicación, desde
los aspectos morfológico-sintácticos y semánticos, sino toda una escala
ponderada de cuestiones éticas insertas en la dimensión pragmática.
Carlo Collodi piensa en toscano el nombre de su personaje Pinocchio
que quiere decir piñón, es decir una “cosa de nada.” (Balastro 2000)
y esa expresión destina una noción de infancia no sólo depreciada sino
también escindida, en una tradición que en su intento de explicar racionalmente el mundo, deja afuera parte de ese mundo. Entendido de este
modo, el proceso narrativo pasa de lo cuasimágico a cubrir primero el
manejo de la atención conjunta (Bruner 1997) que demanda de lo dialógico y luego trasciende la esfera valorativa y las cuestiones éticas de la
infancia, gracias a la interacción lúdica del cuento maravilloso infantil.
A relação da criança com o saber: uma abordagem a partir da vigência das teorias sexuais infantis
Mariana Inés Garbarino
Instituto de Psicologia / USP
[email protected]
O objetivo deste trabalho é fazer uma reflexão teórica acerca da relação
da criança com o saber sobre as diferenças sexuais e a própria origem a
partir da vigência da proposta freudiana sobre a construção das teorias
sexuais infantis. A origem dos bebês é segundo Freud, ‘ a interrogação
mais antiga e ardente da Humanidade ’. As teorias sexuais infantis permitem-nos refletir sobre os limites e alcances da intervenção educativa
e a singular leitura da psicanálise em relação ao desejo de saber. Neste
estudo, será ressaltada a abordagem epistemológica e não somente ética
ou ideológica permitida pela psicanálise no âmbito da educação. Ademais, levaremos em consideração o ensino de Lacan sobre a diferença
entre saber e conhecimento, e sobre o semidizer como marca da divisão
entre saber e verdade, evocado nas figuras de mito e enigma.
O educador, desejando que a criança aprenda e se posicionando no discurso de mestre, enfrenta-se ao surgimento do Sujeito na fratura do
discurso. A singularidade da relação de cada criança com o saber sobre a
sexualidade e a origem, e as características do desenvolvimento psicosexual postulado por Freud, remete-nos a uma concepção de criança que,
longe de ser uma tábula rasa, organiza o mundo a partir de pulsões e
conflitos psíquicos. A pulsão sexual impele a criança a ações e fantasias
inconscientes na construção de teorias sexuais que a ‘ urgência da vida
’ lhe impõe. A hipótese deste trabalho é de que a abordagem freudiana
apresenta uma dialética da constituição psíquica do sujeito na sua rela-
60
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
ção com a significação do mundo e de si mesmo. O estatuto estrutural
das teorias sexuais infantis abre caminho para refletir sobre os limites
do fator social e a vigência de um modo de relação com o saber que persiste nas crianças apesar da influência dos discursos dos adultos e das
características da sociedade contemporânea que a distanciam daquela
em que Freud escreveu.
Proliferação de objetos e empuxo ao gozo:
impactos do discurso capitalista na educação
Mônica Maria Farid Rahme
Centro Universitário UNA
[email protected]
Leny Magalhães Mrech
Faculdade de Educação / USP
[email protected]
O avanço exacerbado do capitalismo e de todo o imperativo por ele imposto sob a forma do “consuma!” e do “goze!” conduzem a um constante empuxo ao gozo, produzindo sujeitos eminentemente insaciáveis.
Diante de produtos que se tornam rapidamente obsoletos, os sujeitos
não alcançam a medida do que lhes é ofertado pela sociedade de consumo, ocasionando o desregramento desse gozo e fazendo com que, na
civilização contemporânea, o objeto a seja elevado ao máximo do maisde-gozar. No matema do discurso do capitalista, Lacan (1972) preserva
o lado direito do algoritmo, mantendo-o tal qual no discurso do mestre,
e inverte o lado esquerdo, considerado o lado do sujeito. A seta que sai
diretamente do objeto a em direção ao sujeito barrado na posição de
agente indica que o objeto-mercadoria é o que causa o desejo do sujeito,
fazendo com que o sujeito funcione como um semblante de amo. Nesse
cenário, verificamos que o conhecimento circula como mercadoria e que
o campo educacional parece ser tomado por uma maior valorização da
vertente técnica em detrimento de intervenções mais inventivas, processo que traz, certamente, implicações para sua dimensão ética (Voltolini,
2009). Tendo como referência esses apontamentos, propomos dialogar
neste trabalho com as seguintes perguntas: Em que medida o discurso
em torno de uma escola mais aberta às diferenças, mais igualitária no
que diz respeito ao acesso, menos rígida no aspecto disciplinar e mais
flexível do ponto de vista do currículo encontraria espaço em um contexto no qual o controle das práticas profissionais se faz por meio de avaliações, cada vez mais verticais e bem articuladas, primando, sobretudo,
pela idéia de uma eficiência técnica? Seria possível pensar na escola
contemporânea a partir de uma ótica que não se alinhe ao apagamento
do sujeito frente à proliferação dos objetos? Como articular, enfim, uma
educação escolar que considere as exceções sem se sustentar, para tanto, em vias normatizatórias?
Sessão 25 - A infância, a criança e os adultos IV
Considerações psicanalíticas acerca da separação criança e família no início da vida
escolar
Andréia Aparecida Oliveira de Souza
Colégio Visconde de Porto Seguro
[email protected]
Neste texto pretende-se interrogar, tendo como base teórica as reflexões
de Françoise Dolto, a respeito da significação do início da vida escolar
para a criança e a família. Considerando a dimensão afetiva desse momento, enfocaremos a oficialização da separação mãe-criança e o estabelecimento do vínculo afetivo com o educador.
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3º Congresso do Ruepsy
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Infancia y Educación. Una experiencia de ludetecas en al ámbito público
Mariana Scrinzi
Universidad Autónoma de Entre Ríos - Red
INFEIES
[email protected]
Debra Morlachetti
Municipalidad de Rosario
[email protected]
El Proyecto Ludotecas depende de las Dirección General de Infancias y
Familias de la Municipalidad de Rosario, provincia de Santa Fe, Argentina.
Se origina en el año 2006 a partir del pedido de los ciudadanos de contar con un lugar para niños/as entre 6 y 12 años, a contra turno de la
escuela. Están emplazadas en las zonas más vulnerables de la ciudad.
La Municipalidad de Rosario cuenta con el recurso del “Presupuesto
Participativo”, que es el medio por el cual llega la demanda de los ciudadanos, divididos por distritos, y a partir de la cual se dispone presupuesto municipal, luego de la votación de cada sector de la comunidad
para la realización de las propuestas del año siguiente.
Dicha demanda generó la propuesta de no ofrecer solamente un lugar de
paso para los niños/as sino, un lugar que aloje, donde el eje esté puesto
en el jugar de los niños y niñas, una institución educativa donde se los
invite a transitar un espacio y un tiempo lúdico.
El Derecho a Jugar muchas veces no es priorizado por el mundo adulto,
y queda relegado, desterrando la vital importancia que el jugar tiene en
la historia de un niño.
Cabe destacar que el jugar en la infancia es inherente a la salud psíquica del niño/a, y puede darse espontáneamente en cualquier lugar, desde
esta perspectiva ¿por qué, para qué y desde qué perspectiva teórica
sostener una ludoteca como política pública municipal?
No todos los niños/as pueden jugar, muchas veces la intervención es”
abrirles la puerta para ir a jugar”, es donar un tiempo y un espacio –en
el ámbito público- para que tenga lugar una experiencia cultural.
O lugar da criança no discurso social contemporâneo: algumas consequências para a
educação
Renata Petri
Unifesp / Pedagogia - campus Guarulhos
[email protected]
Este trabalho pretende discutir o lugar reservado à criança no discurso
social contemporâneo e como isso se articula ao malestar em nossa atualidade; mais especificamente, como os educadores, enquanto adultos
detentores de um suposto saber, vem contribuindo para a construção de
um tal lugar e que consequências isso pode trazer à subjetivação de nossas crianças, enquanto novos seres falantes em busca de seus lugares
nesse mundo apalavrado.
Espera-se assim contribuir em alguma medida para a necessidade de
uma ampla e profunda reflexão do compromisso ético de cada adulto
com relação ao seu posicionamento ante uma criança em um determinado contexto, sobretudo quando se trata de um educador no âmbito de
seu ofício.
Sessão 26 - A psicanálise e os fundamentos da educação VI
Transferência e aprendizagem de língua es- Nesta comunicação apresento a perspectiva teórica da pesquisa de doutrangeira
torado que inicio e que tem como foco a aprendizagem de uma língua
Gisele Fernandes Loures Domith
estrangeira (LE), inglês, pelas vias da transferência (BREUER; FREUD,
Poslin/UFMG
[1893-95] 1998; LACAN, 1992). Esta pesquisa será realizada no [email protected]
po da Linguística Aplicada em uma interface entre Análise do Discurso
Pêcheuxtiana e a Psicanálise. A partir desse referencial, professor e aluno são vistos como sujeitos descentrados, efeito de sentidos da história,
da ideologia e do inconsciente que orientam sua relação com os outros
(AUTHIER, 2001). A proposta é trabalhar a aprendizagem por essa perspectiva subjetiva, a partir da qual esse aprender é um deslocamento de
discursividades que levam o sujeito de um arranjo subjetivo, o da língua
materna, para outro, o da LE (REVUZ, 2002; SERRANI, 1997, 2002), o
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que o permite falar, escrever, comunicar-se com outros, isto é, nomear/
simbolizar as coisas do mundo (LACAN, [1964] 2008) em ambas as línguas para nele agir. Neste contexto, pretendo investigar a transferência
como mecanismo psíquico, discursivo e linguístico cujo acontecimento
provoca mobilizações inconscientes e suas consequências, atualizações
simbólicas e imaginárias que incidem na subjetividade, provocam tais
arranjos necessários para a aprendizagem de uma LE. Realizarei, ainda,
uma investigação dos elementos que impedem/interrompem os processos transferenciais na aprendizagem de uma língua estrangeira e colocam o sujeito no gozo do não aprender.
A transferência no processo pedagógico
Jácia Maria Soares dos Santos
Universidade Federal de Minas Gerais
[email protected]
Ana Lydia B. Santiago
Universidade Federal de Minas Gerais
[email protected]
Este trabalho refere-se à pesquisa de mestrado, defendida na Faculdade
de Educaçao da UFMG, em agosto de 2009, a qual teve como tema a
transferência no campo da educação. Com esse trabalho foi possível
investigar a interferência desse fenômeno descrito no campo da psicanálise, mas que se manifesta também nas relações pedagógicas, podendo
gerar dificuldades ou facilitar o processo de ensino-aprendizagem. Tratase de um aspecto importante a ser debatido no campo da educação
de crianças, na sociedade contemporânea, em que prevalece o declínio
dos saberes e o mercado do gozo. Interroga-se até que ponto o vínculo
professor-aluno-saber interfere na aprendizagem escolar das crianças.
Na relação professor-aluno, tal como na análise, a transferência reedita
os impulsos e fantasias impressas nos primeiros anos de vida, a partir das relações parentais e fraternais que foram determinantes para o
sujeito na sua constituição. É o estabelecimento da transferência, nessa relação, que torna possível a aprendizagem. Nesse trabalho, porém,
interessa-nos destacar, a partir do relato de alunos, os casos em que
a transferência não se estabelece devido à interferência de dois fenômenos antagônicos: o amor demasiado e a recusa. Para isso, adotamos
como metodologia a Conversação, proposta pelo psicanalista JacquesAlain Miller, a qual se revelou um método para a aplicação da psicanálise aos sintomas da modernidade, entre os quais se podem localizar
os sintomas escolares. Com as conversações foi possível confirmar que,
na transferência escolar, há um engano sobre a pessoa: o professor é
tomado pelo aluno como um substituto de alguma figura do seu passado
infantil. Além disso, demonstramos que a aprendizagem das crianças é
facilitada quando a criança se desloca da polarização amor em demasia
ou recusa, e, não se deixando tomar pelo excesso de gozo, reendereça
seus investimentos para as pesquisas em direção ao saber.
Fragmentos de estudo de casos
No universo escolar, educar é transmitir conhecimentos acumulados por
Maria Cecilia Costa Oliveira
uma sociedade e responsabilizar-se também pela formação de pessoas.
Escola da Ilha-Florescer/Escola Lacaniana Nesse universo, um mundo de experiências e sentimentos está presente
de Psicanálise de Vitória-ES
a cada dia, em cada sala de aula, pois alunos e educadores carregam
[email protected]
consigo alegrias, frustrações, desejos, esperanças, crenças e outros.
Cabe ao professor e aos educadores em geral responsabilizar-se diretamente pela formação dos alunos e pela condução do trabalho.
A transmissão de conhecimentos, própria do campo educacional escolar, passa por uma dinâmica que está para além do “eu ensino e você
aprende”. Há, necessariamente, uma relação que se estabelece entre
professor e aluno que poderá viabilizar a aprendizagem do aluno, contribuir com ela ou prejudicá-la.
Na atualidade acompanhamos diversos conflitos no interior do espaço
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escolar , muitos deles , acreditamos poderiam ser evitados ou minimizados se os educadores pudessem considerar a hipótese do inconsciente
e a existência da transferência especialmente na relação entre professor
e aluno.
Pretendemos apresentar os resultados de um estudo de caso com objetivo exploratório que teve como objetivo investigar as concepções do
professor a respeito da transferência na relação professor-aluno e como
tais concepções são por eles construídas.
Constatou-se, entre outros aspectos, a presença de elementos significativos da história do professor determinando a transferência com seus
alunos e que espaços não instituídos de trocas com colegas de trabalho
têm contribuído para uma construção de saber a respeito de aspectos
subjetivos que se fazem presentes nessa relação. Foi também possível
reconhecer, como algumas identificações imaginárias dos professores
podem vigorar como emperramentos, seja na aprendizagem, seja nas relações com seus alunos e que saber lidar com crianças especiais requer
necessariamente que se tenha um bom saber a respeito de aspectos
subjetivos presentes na relação professor-aluno.
Sessão 27 - A psicanálise e os fundamentos da educação VII
A juventude em busca de uma nova rogativa?
Márcio Boaventura Júnior
UFMG
[email protected]
Marcelo Ricardo Pereira
UFMG
[email protected]
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Analisamos diversos filmes que retratam a juventude contemporânea.
Neles foi possível perceber o desenrolar de uma linha similar de comportamento nos jovens: o excesso. Não apenas o excesso característico da
forma de viver desta idade, mas um certo anseio que os uni na falta de
limites. Como se eles não estivessem buscando apenas excitação, mas
algo que parece estar sendo apenas o excesso capaz de lhes conceder
nos dias atuais: alguma interdição.
Numa sociedade dominada pelo terror da violência crescente, do consumo desmedido, do gozo acima de tudo, poderia o pai social estar se
reconfigurando e encontrando seu canal de manifestação no excesso?
Nos filmes, os pais biológicos são retratados como caricaturas modernas
de pais que aparecem no enredo apenas no imaginário dos jovens, ou
em segundo plano como figuras embaçadas, tão importantes ao cenário
quanto o abajur na mesinha de canto. E, se dão o ar da graça, só o fazem
para revelar os detalhes que condenam sua distância ao ideal paterno.
Se o jovem moderno percebe-se este sujeito despido de recursos diante
do outro, não seria sua sujeição ao excesso uma rogativa para que alguém intervenha, para que a função paterna se manifeste? Talvez ele
busque em seu comportamento nada mais que a possibilidade de uma
outra referência.
Se o simbólico social se mostra insuficiente, ou no mínimo raquítico,
diante da juventude, podemos então pensar que o real que emerge em
algumas situações de excesso possa estar servindo aos jovens como uma
possibilidade de clínica de suplência que, distante da decifração do sintoma inconsciente, consegue produzir uma certa dissolução do mesmo,
limitando um pouco a errância pelo laço ofertado, ou pelo seu deslumbre, na insurreição do real. Uma operação que possibilita um giro capaz
de instituir algo da ordem do inconsciente.
A recusa em freud e o mal-estar na educação
Gustavo Alexandre Martins
Faculdade de Educação / UFMG
[email protected]
A proposta parte da construção de uma pesquisa de mestrado que visa
interrogar o posicionamento do sujeito de desejo na educação, especialmente aquele em que se pode localizar a recusa como significativo mecanismo de defesa na contemporaneidade. Pretende-se investigar profundamente a evolução do conceito de recusa (Verleugnung) em Freud e
outras leituras sobre o termo. Em seguida, aproxima-se do tema central
da pesquisa esboçando implicações deste mecanismo no mal-estar na
educação.
A recusa é definida primeiramente como a ação de não aceitar a visão da
diferença entre os sexos, ou seja, recusa-se a castração; ao lado do recalque, impõe-se como mecanismo fundamental na divisão do eu. Assim, o
eu se defende das ameaças externas – castração simbólica ou algo que
remete a ela – por meio de mecanismos antagônicos. No recalque, as representações são forçadas para o inconsciente e os afetos ligados a elas
retornam de maneira cifrada. Na recusa, a defesa incide sobre a própria
representação esvaziando o sujeito da possibilidade de se inscrever em
uma cadeia de significações. Este tipo de defesa implica para o sujeito
uma carência simbólica que dificulta o encadeamento de laços sociais.
Desta maneira, entende-se que a recusa conduz o sujeito a um peculiar
modo de gozo. No lugar da palavra, o sem sentido. Em vez do sintoma a
ressignificar, o objeto imaginário e ‘fetichizado’. A repetitiva e, portanto,
mortífera, pulsão desorganizada, governa para além da possibilidade de
representação, o mal-estar.
Questiona-se o que há de função da escola que reedita a recusa no sujeito, principalmente o aluno adolescente, a quem é dirigida a maioria das
queixas escolares. Por outro lado, o que aparece como recusa do aluno
e que toca no professor ao ponto de acentuar também neste o mal-estar.
Disto, vislumbra-se a abertura do espaço para interrogar e, por ventura,
intervir na possível inscrição do desejo onde até então a recusa prevalece
e desautoriza o saber do outro e o saber inconsciente.
A menudo, esta frase es escuchada en las clases de adolescentes a los
Y esto... ¿para qué ME sirve?
que parecería que el uso/servicio/utilidad de determinadas conceptualiMaría Teresita Pullol
Facultad de Psicología / Univ.Nac. de Mar zaciones sería la motivación para que puedan “aprender”.
La ética del utilitarismo es lo imperante en esta época capitalista: el
del Plata. Argentina. Red INFEIES.
éxito se basa en el rendimiento y en la eficacia. La preponderancia de
[email protected]
los sujetos está dada por el tener y no por el ser.
El discurso capitalista se cuela en el aula, queriendo imponer segregación en lugar de lazo social, borramiento de singularidades donde deberían instalarse diferencias.
Las posibilidades de educación en esta línea se tornan dificultosas: se
responde a la inmediatez de la demanda, en lugar de la creación de algo
nuevo y singular; se da lugar a una repetición que se contrapone a la
circulación de otros significantes.
¿Qué lectura podemos dar desde el psicoanálisis a este intento de borramiento de diferencias, a este pretendido rótulo de gadget que pareciera
tener el conocimiento como medio para la adquisición de objetos de
goce? Son las reflexiones que intentaré esbozar en el presente trabajo.
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Sessão 28 - A psicanálise e os fundamentos da educação VIII
Possibilidades para a relação mestre e discípulo
Vanice dos Santos
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
[email protected]
Lisiane Fachinetto
Faculdade de Educação / USP
[email protected]
Estamos numa época em que a pressa, o instantâneo, o imediato, as
exigências do mercado de trabalho clamam a atenção do sujeito. A pausa para observar e ponderar sobre o que se deseja, e aqui incluindo
a educação formal são, muitas vezes, soterradas pelas exigências do
cotidiano.
Pensando a questão da educação formal como uma das maneiras nas
quais o sujeito se faz e se compreende dentro de uma tradição, observamos, através da experiência docente que alguns buscam ingressar nalgum curso no afã de galgar melhores posições (seja status profissional,
mudança de nível na carreira, dentre outros) sem que haja necessariamente a pré-ocupação com as aprendizagens que podem advir nessa
imersão.
Assim, nossa pesquisa sobre a relação mestre e discípulo parte da origem do pensamento Ocidental, na tentativa de recuperar esse acontecer.
Encontramos que os sofistas foram os primeiros a se autodenominarem mestres e, fazendo uma comparação com os mestres/professores na
contemporaneidade, encontramos em comum, prontamente, a remuneração. O amor ao saber vinculado ao amor à remuneração causou estranheza a Sócrates e a Aristóteles, por exemplo.
Encontramos em Sócrates (470/469 – 399 aC.), sobretudo no diálogo
platônico Alcibíades I, um sujeito que intervêm na vida de outro (Sócrates interpela Alcibíades), propondo questões e este, aceitando a interferência. Temos aqui várias questões: o momento da vida de Alcibíades
no qual Sócrates decide interpelá-lo; a relação de ambos, sobretudo a
demanda de amor e como Sócrates a encaminha.
Quanto à primeira questão temos a consideração de um sujeito (Sócrates – que quer compreender e contribuir para a vida na polis) para
com os desejos de outro (Alcibíades - que quer governar) e, unindo ao
segundo problema, temos Sócrates que identifica as falhas pedagógicas,
escolar e amorosa, que Alcibíades tivera ao longo de sua vida, fazendo este reconhecer sua trajetória. Mas Sócrates não responde do lugar
que Alcibíades o coloca, a saber, de um lugar totalizante. Instauradas
as condições para o diálogo: um que se dirige ao outro (e vice-versa),
estabelecem a relação mestre e discípulo. Se Alcibíades tivesse sido
interpelado por outro que não Sócrates, talvez tivesse estabelecido a
relação com o professor.
O fracasso escolar existe, mas eu não acre- A distinção entre o saber e o conhecimento convoca os educadores a
buscar um novo conceito para a dialética ensinar-aprender.
dito nele
A perspectiva da (psico)pedagogia hegemônica põe em jogo o fracasso
Maria Eugênia Capraro de Toledo
[email protected]
escolar como discurso recorrente na atualidade fomentando um desinvestimento no sujeito “aprendente”.
Este texto procura apresentar uma leitura de contextos escolares atravessados por diferentes possibilidades diante do (des)encontro entre o
saber e o conhecimento.
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Sessão 29 - Educação e ato analítico
Com esse trabalho, propomos um exame dos textos de apresentação e
de princípios gerais da Proposta Curricular da Secretaria da Educação
O discurso pedagógico no contexto contem- de São Paulo à luz da teoria do discurso lacaniana. Para tanto, partireporâneo: notas sobre a Proposta Curricular mos de um elemento recorrente nesse material: a convicção de que a
do Estado de São Paulo
melhoria da educação está estritamente ligada à melhoria dos processos
Flávia Zanni Siqueira
de gestão escolar, considerando que a concepção de Projeto Pedagógico
Faculdade de Educação / USP
ocupa um lugar estratégico nessa formulação. A supressão da [email protected]
cação “político” nessa expressão, aponta para a primazia da técnica
no discurso pedagógico, que faz passar por homogêneo aquilo que é
hegemônico. A emergência da técnica caracteriza-se pela padronização,
mensuração e eficácia dos processos, sendo observada no campo pedagógico na ascendência do interesse estritamente metodológico. Tais
características indicam a imbricação entre ciência – em sua dimensão
técnica – e capitalismo: a padronização da técnica vai ao encontro da
redução da singularidade exigida pelo estabelecimento do público-alvo,
de maneira que o Discurso do Capitalista, como postulado por Lacan,
trata da fusão entre os interesses do capital e o cientificismo, sendo uma
tendência do discurso pedagógico organizar-se nessa lógica. Tal inversão, que faz a dimensão ética da educação ficar em segundo plano em
comparação à sua dimensão técnica, leva a posições equivocadas, uma
vez que o gesto educativo é da ordem da praxis e não do experimento
e, por essa razão, sua essência foge ao controle e à planificação. Entretanto, ao se sustentar no Discurso do Capitalista, o discurso pedagógico
escapa à sua especificidade, fazendo deslocar a condição política da atividade educativa para uma lógica operativa, marcada pela necessidade
de gestão. A foraclusão do sujeito pode ser observada na Proposta Curricular especialmente na concepção de projeto (não político) pedagógico.
Através dela, são aproximados termos antagônicos, “gestão” e “projeto
pedagógico”, destituindo o propósito político do último.
O vetor da teoria na clínica psicanalítica
Antônio César Frasseto
UNESP / Campus de São José do Rio Preto
[email protected]
O conceito de Recuo da teoria na pesquisa educacional e na formação
de professores resulta do laço social fundado pelo discurso do capitalista que transforma o sujeito e o conhecimento em mercadoria e desfaz
os referenciais que legitimavam as ações educacionais na vigência do
conhecimento como trabalho, quando se podia confrontar o domínio.
Hoje, sem teoria, a pesquisa em educação se converte numa prática
imediata e voluntarista, limitada a descrição das percepções cotidianas.
A escola sem teoria valoriza a regulação gerencial e o ensino de competências operacionais. Para aprofundar uma noção de ciência que possa
incluir a psicanálise Lacan recorre à epistemologia de Koyré e confronta
o realismo positivista que concebe o conhecimento como procedimento
de formalização e quantificação, como correspondência entre um conhecimento transcendente e final e uma realidade pré-existente. Assim
desconsideram o essencial da revolução iluminista que definiu a ciência
como a escrita do real através da linguagem matemática - complexo de
símbolos sem atributos próprios que elimina as qualidades sensíveis do
real. Início de um conhecimento fundado no cálculo sobre a natureza,
com poder de escandir e tangenciar o real. O gesto de transformar o
real em uma fórmula mínima submete o empírico imediato ao cálculo e
à experimentação, alcançando a literalidade em leis que conferem coerência e gera efeitos no real. Quando lido através da epistemologia de
Koyré, tanto o conhecimento realista da metafísica da presença quanto
as metateorias universalistas entram em crise. Na direção da clínica
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
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psicanalítica este debate está presente sob a forma de uma escuta que
funciona como se o analista não estivesse presente, em que o sujeito é
observado, descrito e apresentado através de recortes discursivos que
funcionam como ilustrações e por si só não garantem uma intervenção
a partir de um conceito abstrato, como se o analista não estivesse ali.
O conhecimento científico não é reflexão sobre o real, mas sim inflexão,
ciência não é transcrição do real, a transcrição é que é real. Conhecer
não é descobrir, mas atribuir sentido. Numa ciência em que a psicanálise possa se incluir as palavras inscritas pelo sujeito e descritas pelo
analista já são parte da própria conceituação, no enunciado do sujeito
está a causa do conceito.
O ensino enquanto ato: notas de psicanálise É possível operar com a noção de ato para refletir sobre questões pere educação
tinentes ao contexto do ensino e também da educação? Em primeiro
Douglas Emiliano Batista
lugar, precisamos nos descolar da especificidade daquilo que só aconteFecap
ceria no setting analítico, para que a homologia dos termos não suscite
[email protected]
uma equivocada e simplista transposição de idéias de uma práxis para
outra. Tendo isso em mente, talvez se possa continuar, ainda se inspirando pela psicanálise, a usar o termo ato para se referir a um tipo de
acontecimento singular cujo efeito é causar uma mudança de posição
subjetiva, mas não necessariamente uma destituição subjetiva (tal como
se espera da análise). Nesta perspectiva, entenderíamos o ato de ensino
como aquele que pode levar a uma transformação subjetivante, ou seja,
ao engendramento de uma singular subjetividade desejante, ou, ao deslocamento de um sujeito de uma posição discursiva para outra, a partir
da transmissão inconsciente de marcas significantes veiculadas entre
o dito e o não-dito de um discente para um docente. Nesta medida, o
ato do ensino, assim como o ato analítico, seria também insondável, e,
por isso, não passível de ser planejado didaticamente e não verificável
a partir de avaliações pedagógicas. Em outros termos, o ato de ensino é
o que ensejaria ao outro e no outro um novo início no que diz respeito
à aquisição de conhecimentos e à consolidação do interesse geral pelo
mundo (encetando, dessa forma, um “trabalho de cultura”, no dizer de
Freud). Posto isso, cabe então a pergunta: é possível que o ato de ensina
faça efeitos em tempos de declínio dos saberes e de mercado do gozo?
Sessão 30 - A psicanálise e os fundamentos da educação IX
Dos efeitos do mal-estar contemporâneo na Nosso principal objetivo, nesta comunicação, será abordar determinados problemas e dificuldades que são sistemática e persistentemente
educação das crianças.
apresentados pelas crianças, tanto no espaço familiar quanto escolar, e
Tácito Carderelli da Silveira
FAAT Faculdades - Atibaia/SP
avaliar se e até que ponto esses problemas têm alguma relação com a
[email protected]
maneira como estamos educando as crianças hoje. Para tanto, partiremos da hipótese de que, ao denegar o mal-estar que o constitui, o sujeito
é muitas vezes levado a desimplicar-se da responsabilidade inerente à
educação das crianças e, dessa forma, além de criar as condições necessárias ao surgimento dos sintomas na infância, pode acabar lançando
mão de expedientes nada educativos como, por exemplo, a medicalização dos sintomas na infância.
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Da escola para a clínica? Análise de encaminhamentos escolares para tratamento psicológico no Laboratório de Psicologia Carolina
Martuscelli do CPAR/MS.
Daniela Bridon dos Santos Reis Brandão
Univers. Federal do Mato Grosso do Sul
[email protected]
Greice Cristina Contini Carvalho
Univers. Federal do Mato Grosso do Sul
[email protected]
Juliana Fernanda de Barros
Univers. Federal do Mato Grosso do Sul
[email protected]
Luisa do Nascimento Ortega Queiroz
Univers. Federal do Mato Grosso do Sul
[email protected]
O projeto de pesquisa intitulado “Da escola para a clínica? Análise de
encaminhamentos escolares para tratamento psicológico no Laboratório
de Psicologia Carolina Martuscelli Bori do CPAR/UFMS” coloca como
objetivo principal investigar, através do método psicanalítico, as demandas de pais e educadores para atendimento psicológico clínico de crianças de 06 a 12 anos, consequência de encaminhamentos produzidos
pelas escolas do município de Paranaíba/MS. Ainda que a criança já
tenha sido percebida de variadas maneiras ao longo do tempo, ocupando
diferentes lugares sociais de acordo com diferentes épocas históricas, é
sempre o gesto adulto que, endereçado a ela, se implica na produção de
uma infância. Estando a realidade psíquica recortada pelo significante,
a noção de criança é produzida simbolicamente pelo adulto, sendo a
partir desta produção que ambos – adulto e criança – se relacionam.
Frente ao fenômeno da medicalização da infância, consequência, muitas vezes, do diagnóstico de TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção
com Hiperatividade – produzido nos atendimentos de crianças por serviços de saúde mental, este projeto busca elucidar as motivações que
direcionam tanto os encaminhamentos feitos pela escola quanto as solicitações de atendimento psicológico clínico produzidas pelas famílias. O
que se levanta como hipótese é que tanto os encaminhamentos quanto
as solicitações de atendimento estão menos relacionados a transtornos
individuais das crianças – ao contrário da justificativa esboçada – e mais
relacionados ao lugar simbólico da infância na atualidade, consequência
dos desdobramentos culturais que transformaram os lugares simbólicos
do adulto – nas funções de pai, mãe e educador – e, conseqüentemente,
as instituições nas quais se enlaçam. Os resultados parciais apontam
para um generalizado e indiscriminado direcionamento de crianças a
serviços clínicos de saúde mental.
¿Es posible enseñar?
Maria Cecilia Aiello
I.S.F.D. Nº 84 . (Mar del Plata)
[email protected]
Presentaremos un relato de una experiencia de exploración-investigación
realizada con alumnos de institutos de formación docente, como modo
de transmisión y producción de conocimiento. La indagación sobre la temática de videojuegos es una vía para pensar conceptualizaciones sobre
la adolescencia, juego y cultura. Los jóvenes de nuestros profesorados se
apropian de un discurso adulto y sobretodo normalizador acerca de que
es lo correcto o lo incorrecto en este mundo reflejando en esos juicios el
efecto de la fuerza del discurso pedagógico. Este discurso es el que tiene
como fin el jugar para: aprender, para socializarse, para desarrollarse,
etc. Este trabajo intenta mostrar como los alumnos se fueron posicionando respecto a la propuesta, aunque es difícil modificar la impronta
que tienen esta actividad en el marco curricular. La transmisión de la
psicología en las carreras de profesorado ciertas veces está atravesada
por formas más o menos directas de repetición de teorías y discursos.
Desde la evaluación del impacto que tiene este tipo de enseñanza se
considera que tiene poca capacidad de transformación en los quehaceres profesionales de nuestros egresados. ¿Cómo hacer para que además de transmitir los conocimientos del campo psi, podamos transmitir
también las formas de producir el conocimiento en nuestras disciplina?
De este modo la idea de hacer participar a los alumnos de un profesorado en esta experiencia es la de hacerlos reconocer los alcances de
estos discursos y poder tomar hacia ellos una distancia crítica y reflexiva
intentando develar los complejos procesos que sostiene la producción
de subjetividad. El propósito de la primer parte del trabajo ha sido la
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
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de favorecer el cuestionamiento de de discursos sociales y educativos
enraizados en las concepciones de nuestros alumnos y determinantes a
la hora la configuración definitiva de los profesores como pedagogos y
trabajadores de la cultura.
Sessão 31 - A psicanálise e a função docente IV
A conversação e a intervenção sobre o malestar docente e o abuso sexual infantil
Margareth Diniz
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Marco Antonio Torres
Universidade Federal de Ouro Preto
Claudia Itaboray
Secretaria Municpal de Educação de Ouro
Preto
Thiago Machado
Universidade Federal de Ouro Preto
O grupo interdisciplinar da Universidade Federal de Ouro Preto que desenvolve o Programa nomeado como Caleidoscópio de pesquisa/extensão, se situa na proposição de um regime multidisciplinar de saberespráticas buscando escutar por um lado o mal-estar docente e por outro
os sintomas sociais manifestos nos discursos de crianças e adolescentes
que vivem situações de violação de seus direitos, especialmente situações de abuso sexual. O presente trabalho decorre de uma ação orientada pela prática da conversação com professoras que visa interrogar e
deslocar os conhecimentos pulverizados que circundam tanto as práticas
docentes quanto os aparatos sociais de proteção e atendimento às crianças e adolescentes na cidade de Ouro Preto/MG que se vêm impotentes
diante de tais acontecimentos fazendo circular um discurso congruente
com a naturalização do abuso sexual. O que se pretende com este trabalho realizado por muitos é interrogar essa naturalização discursiva que
vê a criança como objeto de gozo do adulto inaugurando um campo ético
que possa fazer deslocar os saberes-prática até então produzidos.
Uma leitura psicanalítica da demanda de modelos ideais na formação de professores
Delia María Carmen De Césaris
USP / Doutoranda
[email protected]
Odana Palhares
Cursos de Pós Graduação Latu Senso
[email protected]
A questão que se coloca é a insistência dos professores na busca por
um modelo ideal de educação, negando a impossibilidade no interior
da mesma. Nessa procura supomos a busca de receitas satisfatórias,
próprias da ideologia do capitalismo, as quais, de alguma maneira, entrariam em concordância (ou encontram ressonância) com a questão da
medicalização, e o consequente apagamento subjetivo. O medicamento
responderia à fantasia de que existiria um objeto que se corresponde
proporcionalmente ao sofrimento do sujeito, apagando-o, imagem negadora da falta de proporção entre ambos e da incompletude própria do
ser humano. Assim o medicamento é mais uma mercadoria a consumir
para acalmar as perguntas e questões que o sintoma suscita. Da mesma
maneira existe a demanda imaginária de “uma” receita que daria fim às
mazelas da educação, negando sua incompletude.
A impossibilidade da educação se pauta na existência do inconsciente
e na impossibilidade mesma de controle sobre o ato educativo, bem
como na falta do objeto de satisfação que se ajuste a esse ideal. Este
trabalho propõe analisar a problemática da formação de professores, na
produção acadêmica dos últimos vinte anos, no âmbito da psicanálise e
da educação, tendo em conta quatro vertentes: a) a leitura psicanalítica
do processo de formação do professor; b) a formação em psicanálise de
profissionais da área de educação; c) a leitura psicanalítica da formação
de formadores e d) espaços de escuta psicanalítica de professores em
serviço.
As profundas transformações do mundo atual e as expectativas de formação das novas gerações precisam de sujeitos autônomos, participativos, em consonância com a diversidade cultural e os direitos individuais,
por tanto, a elaboração teórico-conceitual no campo da formação de
professores e educadores sociais, demanda da dimensão subjetiva como
condição si ne qua non na consecução de qualquer projeto educacional.
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8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Para tal fim, a psicanálise se constitui no suporte teórico que permite
o resgate da subjetividade nos contextos sócio educativos, levando em
consideração a complexidade do sujeito-professor e do sujeito-educador
social.
A inversão da demanda: “para que serve a Parte-se da clínica psicanalítica com crianças com transtornos globais
psicanálise à educação?”
do desenvolvimento. Ao ouvir as angústias dos professores delas, acrediMônica Fujimura Leite
tava-se ser possível oferecer-lhes um saber para diminuir-lhes a angúsUniversidade Estadual de Londrina
tia. Na pesquisa no mestrado em educação, a partir da pergunta acerca
Espaço Escuta
de que serviria este saber à educação, percebeu-se que saberes não lhes
[email protected]
faltavam, e que os da psicanálise podem atrapalhar e descaracterizar a
Cleide Vitor Mustini Batista
função do professor. Escutou-se a questão trazida pelos pesquisadores
Universidade Estadual de Londrina
da Educação e inverteu-se a demanda, tornando-a uma questão ética,
de estar advertido de que ouve-se a partir da própria subjetividade, e de
questionar-se acerca de uma posição de todo saber. Parte-se então da
pergunta: de que serve a transmissão da psicanálise àquele que não se
propõe a ser psicanalista (especificamente aos profissionais da educação)? Foi realizado um levantamento bibliográfico de pesquisas anteriores; seguido de um retorno à Freud, Lacan e pesquisadores da educação
e da psicanálise nos conceitos de ensino, transmissão, transferência,
estilo, psicanálise em intenção e extensão e a constiuição do sujeito,
focando na importância do Outro na construção da subjetividade, do desejo e da aprendizagem. Como resultados verificou-se que a psicanálise
pode contribuir com a educação na consideração da subjetividade na
relação entre os sujeitos e com os objetos de conhecimento, do desejo
na aprendizagem, de que ensina-se por dívida, aprende-se por amor e da
transferência. A transmissão é possível a partir de um posicionamento
ético do psicanalista de não assumir o lugar no qual é colocado, de saber, mas mantendo o semblante, de suposto. Os dispositivos utilizados
seriam a fala e escrita dos professores, possibilitando a construção de
cada sujeito, a partir da prática deles, sendo que o ensino de conceitos
da psicanálise seria um meio para isso. Concluindo, a transmissão da
psicanálise para a educação é possível se possibilitar aos professores
passar da queixa à implicação, responsabilizando-se pelo que sofrem,
produzindo um saber, diminuindo a demanda de uma solução vinda de
fora.
Sessão 32 - A psicanálise e a função docente V
A escuta analítica de professoras e a posição
subjetiva: a experiência do Grupo Ponte em
operacionalização na rede municipal de ensino em Santo Ângelo/RS.
Marcele Teixeira Homrich
IESA/UFRGS
[email protected]
A presente comunicação é fruto do processo de elaboração do projeto
de doutoramento da autora no PPG Educação da UFRGS, onde, tomando como base o trabalho desenvolvido pelo Grupo Ponte, pretende-se
estruturar uma forma de proporcionar um espaço de escuta analítica
as professoras que se deparam com a tarefa de educar crianças com
necessidades especiais e crianças com distúrbios Globais do desenvolvimento. O projeto está sendo desenvolvido na cidade de Santo Ângelo, na
Secretaria de Educação, especificamente do setor de inclusão. Tomarse-á como base a experiência do Grupo Ponte, mais especificamente a
pesquisa de Bastos (2003). Estão sendo realizados encontros semanais
com um pequeno grupo de professoras que recebem alunos incluídos na
escola regular. No que refere-se à escuta, em princípio, toma-se como
base a fala das professoras como material de análise para analisar no
decorrer da pesquisa o modo pela qual a escuta analítica pode operar
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
71
mudanças discursivas. Será operacionalizado o que Lacan (1958) denomina de confrontação, ou seja, uma formulação possível de levar o
sujeito a se haver com seus ditos, buscando abrir espaço para novas
perguntas e novos significados. O projeto fundamenta-se em uma leitura
psicanalítica da escuta de professoras, sendo que os objetivos em longo
prazo podem ser definidos nos seguintes: análise da posição subjetiva
das professoras, descrever como a escuta analítica pode operar mudanças discursivas articulando com a clínica ampliada, tomando como base
a experiência do Grupo Ponte. Ao fim, possibilitando articular sintomas
contemporâneos que adentram as instituições escolares que estariam
vinculados com a posição subjetiva. O referencial teórico está sendo
pensado a partir da posição subjetiva como reatualização do Complexo
de Édipo e, consequentemente, a possibilidade de transmissão da castração.
O declínio dos saberes e os métodos de ensino: alguns apontamentos sobre as conexões
entre Educação e Psicanálise.
Rogério Rodrigues
Universidade Federal de Itajubá - Unifei
[email protected]
72
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
Esta pesquisa resulta da escuta de alguns educadores que trabalham
no campo escolar em duas unidades públicas de ensino distintas que
segundo a avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(IDBE) foram selecionadas como a unidade escolar com a maior e com
a menor nota. O objetivo da investigação foi apreender o discurso do
educador em relação ao sucesso ou fracasso da sua prática educativa.
Nesse conjunto de entrevistas com os educadores foi possível constatar
que em ambas as unidades de ensino cada um deles se apresentava
como detentor de algum “método de ensino” realizado no processo de
educativo com os seus alunos. De modo geral, o que importa destacar é
que na oposição entre o sucesso e o fracasso escolar tem-se presente insistentemente que somente na utilização correta do “método educativo”
é que se pode representar como educador. Essa ampliação do uso dos
“métodos de ensino” está diretamente relacionada com os “declínios de
saberes” do educador, ou seja, quanto mais técnica se torna a relação
educativa, paradoxalmente, menor a condição do educador se apresentar no conjunto do saber, pois ele fica subordinado à “metodologia de
ensino”. O paradigma do método torna-se fundamental para o educador
se realizar como aquele que melhor consegue aplicar a referida “técnica
educativa”. Tem-se desta forma uma situação paradoxal, ou seja, uma
ampliação do saber técnico e científico em oposição ao declínio do saber do sujeito/educador que se encontra presente na relação educativa.
Considerou-se que os pontos de conexões entre a Educação e Psicanálise podem colaborar para reverter essa situação do educador de coisificar
a relação educativa e compreendê-la como uma situação da experiência
humana em que o sucesso ou fracasso apenas se apresentam como contingências da própria realidade e, portanto, perceber na radicalidade
o impossível na educação como esperança de algo que se realize nas
próprias contingências do real.
Reciclagem do saber para não ser consumido: os serviços gerais no particular de uma
escola
Maria Rachel Botrel Lima
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Margarete Parreira Miranda
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
O presente trabalho está vinculado ao Grupo de Pesquisa Caleidoscópio
do Projeto de Extensão da Universidade Federal de Ouro Preto, que focaliza os estudos do mal-estar docente e os problemas da criança e do adolescente. A entrada da psicanálise em cada escola produz algo da ética
do particular, considerando-se que o sintoma da instituição é localizado
e tratado no detalhe de cada escola. Como psicanalistas concernidos
pelos problemas que o declínio do saber e o mercado do gozo trazem
para os enlaçamentos do sujeito na contemporaneidade, apresentaremos
o recorte de uma pesquisa-intervenção que trabalha o particular de duas
escolas de Belo Horizonte. Nestas escolas, uma pública e outra particular, ressaltamos a partição dos funcionários dos serviços gerais nas Conversações, metodologia da psicanálise aplicada à educação e escolhida
como estratégia para a condução desse trabalho.
É possível constatar nessa pesquisa ainda em andamento, que o posicionamento das escolas, ao incluírem os funcionários dos serviços gerais
numa proposta de intervenção, abriu a possibilidade para a construção
de algo novo. Se num primeiro tempo das Conversações, os profissionais
dos serviços gerais se mantinham fixados como aqueles que podiam ser
usados e descartados pelos alunos, pelos pais e pela própria instituição
escolar, num segundo tempo das Conversações, em que as identificações foram sendo desconstruídas, esses profissionais flexibilizaram suas
posições. Assim, num terceiro momento, da identificação ao “lixo” e
ao “resto”, passaram para a posição de educadores dos serviços gerais, recolocando-se como detentores de um saber. Concluíram que os
“desperdícios de atos e palavras” poderiam ser transformados em atos
educativos. No espaço fora da sala de aula se posicionam, então, como
aqueles que recolhem segredos e intimidades e também os desafios das
crianças e dos adolescentes, dando a eles outros destinos. Transformar
o que “não servia pra nada” em respostas inéditas.
Sessão 33 - A psicanálise e a função docente VI
Kheíron - da relação do professor com o não
saber
Karen Geisel Domingues
Universidade de Brasília
[email protected]
Inês Maria Marques Zanforlin Pires de Almeida
Universidade de Brasília
[email protected]
Dos estudos e reflexões advindos da pesquisa de doutorado em andamento, ao articularmos psicanálise e educação, propomos-nos pensar a
relação professor com o não-saber na pós-modernidade e seu impacto
sobre as relações em sala de aula - um dos espaços de negação da falta
ou vazios no trabalho do sujeito-professor. Será possível trabalhar o nãosaber como fonte de formação e informação em uma sociedade configurada pelo gozo do uso do conhecimento?
Trazemos o mito de Kheíron, centauro considerado primeiro professor na
mitologia grega, um ser representado metade humano metade cavalo,
mestre e médico de vários heróis mitológicos. Profundamente ferido por
uma flecha envenenada em uma das patas, apesar de não conseguir
curar-se, dedicava-se à cura dos homens em suas dores e ignorância.
Quanto mais sofria por seu ferimento, mais empenhava-se em cuidar e
orientar o ser humano.
O mitologema inspira a metáfora do que podemos dizer do professorcentauro. Por um lado a evitação do vivenciar o vazio do não-saber na
busca incessante da completude pelo conhecimento: demanda crescente
por cursos de formação, consumo de novas metodologias ou busca frenética por títulos e certificados como garantias à priori do reconhecimento
de autoridade plena e ascensão profissional. Por outro, a necessidade
deste docente em compreender e ter consciência de furos em seu saber,
8º Congresso do LEPSI
3º Congresso do Ruepsy
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lugares de não-saber que precisa aprender a conviver, incorporar como
experiência do real, refletir e tirar partido em sua atuação como mestre.
Na sociedade atual, a ignorância e os males humanos parecem estar
associados ao não-saber. A impotência frente a onipotência desejada e
nunca alcançada traz a necessidade de percebermos nossa constituição
a partir da consciência e vivência de nossos limites humanos. Em verdade, propomos abrir espaço à ferida do centauro. Reverso da experiênciaferida de Narciso na atualidade pós-moderna, provocadora de ilimitadas
fantasias de conquista e consumo, o mito de Kheíron vem colocar em
cheque a função comercial, utilitária e institucional do ensino e da formação do educador em seu valor maior: a constituição do sujeito, lembrando Nietzsche “humano, demasiadamente humano”.
De homo sapiens à homo zappiens: sofrimento psíquico dos professores diante das tecnologias digitais
Maria de Fátima Reszka
UNISINOS/ULBRA Gravataí/FACCAT
[email protected]
Paulo Gaspar Graziola Junior
UNISINOS
[email protected]
Este artigo busca refletir sobre a transição do homo sapiens, o homem
em busca do conhecimento, do saber, ao homo zappiens, cidadão virtual, que sabe zapear, utilizar várias tecnologias digitais ao mesmo tempo
(VEEN E VRAKKING, 2009). A pesquisa, que faz parte do Grupo de Pesquisa em Educação Digital UNISINOS/CNPq (GPEdu), tem como objetivo analisar as mudanças ocorridas no contexto da educação, diante do
uso das Tecnologias Digitais (TDs) e o sofrimento psíquico advindo desse
processo, para (re)pensarmos a formação docente. Como percurso metodológico, estamos fazendo um levantamento bibliográfico dos últimos
20 anos em relação ao uso das tecnologias na escola. Para isso, procurase articular a Teoria da Metáfora da Hospitalidade buscando luz junto à
Psicanálise, para entender através da escuta o sofrimento psíquico dos
professores e o momento que esses estão vivendo. A Hospitalidade (CIBORRA, 2002) é então o comportamento que revela o esforço humano
para lidar com a incerteza que está sempre envolvida ao hospedarmos
uma nova tecnologia: pode-se descobrir a nova tecnologia como um hóspede muito agradável, ou ela pode, ao contrário, se revelar um inimigo,
roubando o território do hospedeiro e fazendo dele um refém. Podendo,
dessa forma, desencadear angústias, gerando sofrimentos. O sofrimento é um entrelaçamento entre as condições subjetivas e as condições
objetivas histórico-culturais (AGUIAR & ALMEIDA, 2008). As mesmas
autoras apontam para um mal-estar docente como um sintoma psíquico,
que nasce do enodamento do corpo com o discurso social e a fantasia
do sujeito. Esteve (1999) descreve a expressão mal-estar docente para
entendermos os efeitos permanentes, de caráter negativo, que afetam a
personalidade do educador como resultado das condições psicológicas e
sociais em que exerce a docência, devido à mudança social acelerada.
Como a pesquisa encontra-se em andamento, procura-se por meio deste
artigo, provocar uma discussão maior sobre esses aspectos e possíveis
sintomas que desse advém.
Formar professores a distância – uma outra O ensino a distância se traduz no cenário brasileiro principalmente como
escuta sobre essa ousadia
uma promessa de atendimento à “demanda” por formação de professoRicardo Dias Sacco
res. Da observação das características históricas e políticas deste fenômeno contemporâneo se desdobra o questionamento sobre prescindir da
Faculdade de Educação / USP
presença física do sujeito e, de carona, daquilo que a ausência de seu
[email protected]
corpo denuncia sobre sua sujeição. A psicanálise contribui para aprofundamento dessa questão ao localizar a discussão sob a chave do (sujeito
do) desejo, sob aquilo que o discurso atual do ensino tenta varrer para
baixo do tapete da distância. O presente trabalho orienta-se por tentar
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justapôr o discurso do EaD à dinâmica do desejo para sugerir que formar
professores a distância seja “uma tarefa de difícil acontecimento”.
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Mapas de Localização
cidade universitária
P2
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G
C
1
D
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P1
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P1
M
Portão 1 - Acesso Principal
1
Marginal Pinheiros / Vital Brasil / Eusébio Matoso / Vl. Madalena
P2
Portão 2
Marginal Pinheiros / Av. Escola Politecnica / Jaguaré
P3
Portão 3
Av. Corifeu de A. Marques / Rio Pequeno / Osasco
Faculdade de Educação
Lanchonete / Restaurante
A
Escola de Educação Física e Esportes | EEFE
Lanchonete / Restaurante
B
CEPEUSP
Centro de Práticas Esportivas da USP
C
Reitoria
D
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
| FFLCH
E
Praça do Relógio
F
Praça dos Bancos
G
Instituto de Geologia
H
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo | FAU
I
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade | FEA
Lanchonete / Restaurante
J
Escola Politécnica | EP
K
Coordenadoria do Campus
L
Hospital Universitário
M
Faculdade de Veterinária e Zootecnia | FMVZ
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Faculdade de Educação
2
3
D
1
C
A
B
Faculdade de Educação
1
Bloco B | FEUSP
Salas de Aulas e Auditório da
FEUSP
2
Escola de Aplicação
Auditório da Escola de Aplicação
3
Lanchonete da Educação (térreo)
Lanchonete / Restaurante
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A
Ponto de ônibus Educação
B
Bolsão de estacionamento | CEPEUSP
C
Bloco A | FEUSP
D
Biblioteca da FEUSP
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Lorena Hotel Flat
clínicas
hosp. 9 de julho
lorena hotel flat
Av. Rebouças, 955
hosp. das clínicas
consolação
hosp.sírio libanês
trianon-masp
lorena flat hotel
av. rebouças, 955
av. rebouças
ponto de ônibus
oscar freire
sentido bairro
r. dr. melo alves
al. lorena
ponto de ônibus
oscar freire
sentido centro
r. oscar freire
Hospedagem (sugestão)
Lorena Hotel Flat
Av. Rebouças 955
05401-100
Jardins
São Paulo | SP
Brasil
+55 (11) 3069-0000
[email protected]
Ônibus Urbano
702U Term Pq. Dom Pedro II (sentido centro)
702U Butantã USP (sentido bairro)
7411 Praça da Sé (sentido centro)
7411 Cidade Universitária (sentido bairro)
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Informações do Campus
Museus
Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) | Av. Professor Almeida Prado, 1466
Horário de Funcionamento: terça a sexta, das 10h às 12h e das 13h30 às 17h, sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h
Museu de Arte Contemporânea (MAC) | Rua da Reitoria, 160
Horário de Funcionamento: 3ª a 6ª, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das
10h às 16h
Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) | Av. Prof. Melo Moraes, travessa 8 nº 140
Cafés, lanchonetes e restau- Faculdade de Educação - Av. da Universidade, 308
rantes
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) - Avenida Prof. Luciano
Gualberto, 908
Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) - Avenida Professor Mello Moraes, 65
Pontos de taxi
Praça da Reitoria – (11) 3091-3556; na Praça das Agências Bancárias – (11) 30914488; em frente ao Hospital Universitário – (11) 3091-3536.
Bancos
Banco do Brasil, Banco Real, Banco Santander Banespa, Banco Bradesco, Banco Itaú
| Av. Prof. Luciano Gualberto, 600
Hospital / emergência
Hospital Universitário - Av. Prof. Lineu Prestes, 2565
Ônibus urbanos
107T Metrô Tucuruvi - Cid. Universitária
Santana - Metrô Tietê - Metrô Tiradentes - República - Augusta - Metrô Consolação Cid. Jardim - P1 - Av. da Universidade - Praça dos Bancos
177H Metrô Santana - Butantã-USP
Casa Verde - Barra Funda - Metrô Marechal Deodoro - Av. Angélica - Metrô Clinicas Cardeal Arcoverde - Lgo. Batata - P1 - Av. da Universidade - Praça dos Bancos
177P Metrô Santana - Butantã-USP
Casa Verde - Barra Funda - Perdizes/PUC - Metrô Clinicas - Cardeal Arcoverde - Lgo.
Batata - P1 - Av. da Universidade - Praça dos Bancos
701U Jaçanã - Butantã-USP
Tucuruvi - Santana - Metrô Tietê - Metrô Tiradentes - República - Consolação - Metrô
Clínicas - Cardeal Arcoverde - Lgo. Batata - P1 - Av. da Universidade - Hosp. Universitario - IMEUSP - Av. Prof. Luciano Gualberto - ECAUSP
702U Term. Pq. Dom Pedro II - Butantã-USP (Lorena Hotel Flat)
Pça. Sé/ Pateo do Colegio - Pça Ramos - República - Consolação - Rebouças - P1 - Av.
da Universidade - Hosp. Universitario - IMEUSP - Av. Prof. Luciano Gualberto - ECAUSP
724A Aclimação - Cid. Universitária
Pq. Aclimação - Paulista - Metrô Clínicas - Cardeal Arcoverde - Lgo. Batata - P1 - Av.
da Universidade - Praça dos Bancos
7181 Term. Princ. Isabel - Cid. Universitária
República - Augusta - Metrô Consolação - Cid. Jardim - P1 - Av. da Universidade - Praça
dos Bancos
7411 Pça. da Sé - Cid. Universitária (Lorena Hotel Flat)
Pça Ramos - República - Consolação - Rebouças - P1 - Av. da Universidade - Praça dos
Bancos
7702 Term. Lapa - USP
Pio XI - Cerro Corá - São Gualtier - Pça. Panamericana - Pte. Cidade Universitária - P1
- Av. da Universidade - Hosp. Universitario - IMEUSP - Av. Prof. Luciano Gualberto ECAUSP
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7725 Metrô V. Madalena - Rio Pequeno
Elisa de Moraes Mendes - Pça. Panamericana - Pte. Cidade Universitária - P1 - Hosp. Universitario - IMEUSP - Av. Prof. Luciano Gualberto
- ECAUSP - Av. Prof. Melo Moraes - P2 - Av. Escola Politécnica - Av. Rio
Pequeno.
Ônibus circular
Linha 1: P3 - ponto inicial, Acesso de Pedestres Vila Indiana, Biociências,
Filosofia, FAU, IAG, Clube dos Funcionários, Civil, Metalurgia, Mecânica, Praça do Relógio, CRUSP, Acesso de Pedestres CPTM, Educação
Física, Educação, Reitoria, Biblioteca Brasiliana, Bancos, FEA, Biênio,
Prefeitura, MAE, HU, Biomédicas III, Odontologia, P3 - ponto final
Linha 2: P3 - ponto inicial, Biomédicas IV, IPEN, COPESP, Acesso Pedestres Rio Pequeno, Prefeitura, Física, Oceanográfico, Biociências,
CEPAM, Butantã, Casa da Cultura Japonesa, Paço das Artes, Portaria
1, Acesso de Pedestres CPTM, Raia Olímpica, Psicologia, Portaria 2,
Terminal de Ônibus Urbanos, IPT, Eletrotécnica, FAU, Geociências, Letras, História e Geografia, Farmácia e Química, Biblioteca e Farmácia e
Química, Rua do Lago, Biomédicas e P3 - ponto final
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Revista Estilos da Clínica
Estilos da Clínica
Revista sobre a Infância com Problemas
Estilos da Clinica é uma publicação do IPUSP, sendo editada pelo LEPSI
IP/FE - USP, em colaboraçao com a Associação Lugar de Vida
Qualis B1 em Educação (2009)
Qualis B2 em Psicologia (2009)
Avaliação A pelo CAPES/ANPEPP (período de 2005 a 2007)
É contemplada pelo Programa de Apoio às Publicações Científicas Periódicas da USP.
Assinaturas para os exemplares 2010
Na pagina do LEPSI
www.lepsi.fe.usp.br
[email protected]
responsável: Marcia Regina Fogaça
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Produção, Diagramação e
Montagem
Comunicação e Mídia
Lilian Curiel Passeri
Maria Clara Bueno
Renato Tassinari
Tânia de Lajonquière
Wesley Soares
Projeto Gráfico | Diagramação
Wesley Soares
Gráfica
Anderson Ferreira de Farias
Roberto de Moraes Carloto
Tiragem
200 exemplares
Tipologia
Trade Gothic LT Std
Univers LT Std
Akzidenz Grotesk BQ
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