revista revista

Transcrição

revista revista
peti
revista
N Ú M E R O 1 • A N O V • j ane i ro / 2 0 0 8
nesta edição
Brasileiro
é o novo
presidente
eleito da IPA
A criança com
problemas na
evacuação
das fezes
Lucas Lima
e
Dr. Mário Santoro Junior
Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (gestão 1994-1996)
Titular da Academia Brasileira de Pediatria (cadeira 28)
Presidente da Unimed Paulistana (gestão 2007-2011)
Para saudar o ano novo (e como passou rápido 2007!), Petit preparou um número repleto de assuntos palpitantes para o pediatra. Recentemente, os pediatras tomaram conhecimento de que um brasileiro assumiu a vice-presidência da Associação Internacional de
Pediatria (International Pediatric Association [IPA]) e, pelos estatutos dessa entidade, será
o próximo presidente! Neste número de Petit, Dr. Sergio Augusto Cabral será o entrevistado,
já como vice-presidente dessa associação. Teremos, assim, a oportunidade de conhecer um
pouco mais de nosso movimento associativo internacional.
Como estamos no verão, nada mais lógico do que discutirmos temas relacionados às afecções que freqüentemente incidem nessa época do ano. Pensando nisso, pedimos para Dra.
Alessandra de Chiara Macarenco abordar as dermatoses de verão. Em virtude da extensão
do tema, o artigo será apresentado em duas edições de Petit. Ainda falando de verão, a nutricionista Sheila Miitelstaedt Pasquarelli fez uma revisão da literatura sobre os cuidados que
devemos ter com a alimentação das crianças nessa época do ano. Com algumas medidas
preventivas, aliás, bastante simples, podemos evitar grandes problemas de saúde. Prof. Jayme Murahovschi, neste número de Petit, normatiza os diferentes tipos de distúrbios evacuatórios e o faz a partir das evidências científicas mais recentes. Seguindo a roteirização apresentada, fica fácil abordar um assunto altamente complexo. Pensando nos nossos pediatras
e nos relacionamentos com seus clientes, o consultor Ari Lima discorre sobre Marketing de
Relacionamento, tema extremamente atual num mercado cada vez mais competitivo. Sei que
poderá soar mal falarmos em mercado tratando-se de saúde. No entanto, temos que olhar
para nossa clientela como um mercado, sim, e aplicar eticamente as regras de marketing
para o nosso sucesso e o de nossa profissão. Nada haverá de errado se nossas ações forem
sempre embasadas em compromissos éticos! E é isso que Ari nos ensina a fazer.
Lógico que teremos muito mais em Petit: o Conta-gotas, a indicação do site e tudo o mais.
Agora é com você, prezado leitor: vá para um lugar confortável e desfrute Petit. Como
disse Mahatma Gandhi, “a força não vem da capacidade física, e sim de uma vontade indomável”. Esta é que temos que ter para aprender. Só com conhecimentos seremos fortes.
Ou, como dizem os especialistas em gestão: o capital intelectual é um ativo muito valioso.
Vamos incrementá-lo sempre! E após desfrutar Petit, não se esqueça de nos encaminhar
suas críticas e sugestões. Tenha certeza de que serão muito bem-vindas.
“A força não provém da capacidade física, e sim de uma vontade indomável.”
M a h a t m a G a n dh i
editorial
s
sumário
expediente
peti
revista
5
Entrevista
Dr. Sergio Augusto Cabral
Editora responsável:
Daniela Barros (MTB 39311)
[email protected]
Editora de arte: Renata Variso
Revisão: Mônica Di Giacomo e Patrizia Zagni
Fotos: Jupiter Images
7
Comentário
Crianças e dermatoses
de verão – Parte 1
Diretor geral: Idelcio D. Patrício Diretor executivo:
Jorge Rangel Controller: Antonio Carlos Alves Dias
Editor de arte: Maurício Domingues Gerente de
negócios: Eli Proença Assistente comercial: Karina
Cardoso Coordenador geral: Alexandre Costa
Produção gráfica: Fabio Rangel e Izabela Teodoro
Cód. da publicação: 6039.01.08
Conselho editorial da Petit
Editor-científico:
Dr. Mário Santoro Junior
9
Revisão da Literatura
Cuidados na alimentação
infantil durante o verão
11
Roteiro diagnóstico
19
Gestão em saúde
21
Conta-gotas
22
A criança com problemas na
evacuação das fezes
A importância do
relacionamento com clientes
para o sucesso profissional
Sites/Agenda
Comitê editorial:
Dr. Cláudio Leone
Dra. Cléa R. Leone
Dra. Conceição Aparecida M. Ségre
Dr. Luc Louis Maurice Weckx
Dra. Lúcia Ferro Bricks
Dr. Mário Henrique Aguiar
Dr. Paulo Aligieri
Av. Vereador José Diniz, 3.300, 15o andar
Campo Belo – São Paulo, SP
04604-006 – Tel.: (11) 3093-3300
www.segmentofarma.com.br
[email protected]
patrocínio
O Conselho Editorial de Petit não se responsabiliza pelos
conceitos, opiniões ou sugestões nem por condutas diagnósticas e/ou terapêuticas emitidas em artigos assinados
nesta revista, bem como sugere que, ao decidir por uma
conduta diagnóstica ou terapêutica, o médico busque
outras evidências científicas antes de instituí-la.
entrevista
Dr. Sergio Augusto Cabral
entrevista
Pediatra brasileiro é o novo
presidente eleito da IPA
Multifacetado e polivalente talvez sejam adjetivos ainda não suficientes para classificar Dr.
Sergio Augusto Cabral. Diretor do Curso de Medicina da Universidade Estácio de Sá (RJ) e chefe de
Clínica do Serviço de Neonatologia do Hospital dos Servidores do Estado (RJ), foi eleito, em agosto
de 2007 presidente da Associação Internacional de Pediatria, Internacional Pediatric Association
[IPA], cargo que assumirá em 2010.
Em meio a tantas atividades, o médico ainda encontra tempo para clinicar e elaborar projetos que beneficiam e estimulam o desenvolvimento da saúde infantil no Brasil. Confira a entrevista que ele concedeu à Revista Petit, em que conta detalhes sobre essa conquista que também
destaca o Brasil entre as Sociedades Médicas Internacionais.
PETIT – Qual a duração da sua gestão na vice-presidência da Associação Internacional de Pediatria (IPA)? Como funciona essa gestão? O senhor será o próximo presidente?
Dr. Sergio Augusto Cabral – Fui eleito vice-presidente da IPA durante o Congresso Mundial de Pediatria, que ocorreu em Atenas, em agosto de 2007. Isso significa que atuarei nesse
cargo na gestão do presidente, Prof. Chok-wan Chan (de Hong Kong), nos próximos três anos,
quando, então, assumirei a presidência por mais três anos, a partir do Congresso Mundial de
2010, em Johannesburgo (África do Sul).
PETIT – Sendo o senhor brasileiro, como é desenvolvido o seu trabalho na IPA? Há uma sede
física em algum país ou depende da nacionalidade do presidente?
Dr. Sergio Augusto Cabral – A sede administrativa da IPA localiza-se em Genebra (Suíça).
Temos ainda um escritório de Direção Executiva em Vancouver (Canadá). O presidente atua com uma
estrutura local pequena, comunicando-se permanentemente com os dois escritórios. Há necessidade, evidentemente, de viagens para a representação da IPA em diversos fóruns, mas grande parte do
trabalho pode ser desenvolvida a distância, via e-mail ou Voip.
“A principal
tarefa da IPA
é ser a voz dos
pediatras e
das crianças
do mundo
no cenário
internacional.
Isso implica o
desenvolvimento
de programas e
parcerias com
os principais
organismos
formuladores
de políticas de
saúde no mundo,
em especial a
Organização
Mundial da
Saúde”
PETIT – Quais são as principais atribuições da IPA?
Dr. Sergio Augusto Cabral – A principal tarefa da IPA é ser a voz dos pediatras e das
crianças do mundo no cenário internacional. Isso implica o desenvolvimento de programas e
parcerias com os principais organismos formuladores de políticas de saúde no mundo, em especial a Organização Mundial da Saúde (OMS). É também função da IPA coordenar ações por meio
de suas 166 sociedades afiliadas, visando ao benefício de todas as crianças.
petit
2008 • ANO V • NÚMERO 1
entrevista
PETIT – Quantas sociedades são afiliadas à IPA (entre as internacionais e regionais, ou como seria feita essa divisão)?
• Capacitação em educação ambiental e
preservação do meio ambiente;
Dr. Sergio Augusto Cabral – Temos 166 afiliadas.
Destas, 148 são sociedades nacionais, 7 regionais e 11 são
sociedades internacionais de especialidades pediátricas.
• Treinamento de pediatras para atuação
em grandes desastres naturais;
PETIT – É possível mensurar o número de membros (pediatras) dentre todas as sociedades afiliadas?
• Redução e extinção da tuberculose;
Dr. Sergio Augusto Cabral – Estimamos em 500
mil pediatras o total de membros representados pela IPA
por meio de suas afiliadas.
• Suporte aos objetivos de
desenvolvimento para o milênio.
PETIT – E qual é a representação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) na IPA, assim como das Sociedades
Pediátricas de outros países?
Dr. Sergio Augusto Cabral – A SBP será representada por mim nestes próximos seis anos. Fui presidente da SBP
e tenho todo o interesse de que minha presença na IPA reflita
um posicionamento coletivo da Pediatria brasileira. A participação das afiliadas hoje se dá em dois níveis. O primeiro
é o Conselho de Delegados, que se reúne a cada três anos,
durante o Congresso Mundial, e que é a instância máxima
decisória na Associação. No período entre os congressos, a
representação é feita por meio de um Comitê Permanente
(Standing Committee), cujos membros incluem os presidentes de todas as sociedades regionais (América Latina, Europa, África, Ásia, Liga Árabe, América do Norte, Canadá e
Oriente Médio), além de sete representantes das sociedades
nacionais, eleitos pelas afiliadas a cada Congresso.
PETIT – Quais são as principais atividades delegadas
ao senhor?
Dr. Sergio Augusto Cabral – Nestes próximos
três anos terei como principal incumbência reformular
a Constituição da IPA e implementar um sistema de comunicação mais eficiente entre a IPA e suas afiliadas.
Como membro do Comitê Executivo, participarei de todas as decisões nos demais programas.
PETIT – Quais são/foram os projetos propostos em sua
gestão?
Dr. Sergio Augusto Cabral – Temos diversos projetos já em andamento que continuarão nos próximos
três anos. Citarei apenas os principais:
petit
NÚMERO 1 • ANO V • 2008
• Lista obrigatória de melhores
medicamentos para as crianças;
•Vacinação para todas as crianças;
PETIT – Como tais projetos beneficiam a pediatria no
Brasil, direta ou indiretamente?
Dr. Sergio Augusto Cabral – Todos os programas
dirigidos diretamente ou com a participação da IPA visam
ao bem-estar das crianças de forma bastante ampla. A
SBP tem sido uma das sociedades mais presentes, entre as afiliadas à IPA, e participa ativamente de nossos
programas. Uma sociedade bem estruturada em um país
relativamente bem desenvolvido como o nosso precisa
pouco do apoio da IPA para a implementação local de
programas nacionais e internacionais. Ela pode, entretanto, ajudar muito na difusão regional dos programas
em países mais carentes de nossa região.
PETIT – Quais são seus projetos para 2008 em relação à IPA?
Dr. Sergio Augusto Cabral – Pretendo inicialmente
atender às minhas obrigações com as atividades da atual
gestão. Pretendo, também, que as nossas propostas sejam
objeto de discussões com a direção da SBP e de outras lideranças regionais para que toda a América Latina se sinta
atendida e representada em minha gestão.
PETIT – O senhor desenvolve outras atividades paralelamente à IPA? Se sim, quais?
Dr. Sergio Augusto Cabral – Trabalhei muito tempo na área de Terapia Intensiva Pediátrica. Creio que posso me considerar um dos fundadores dessa especialidade
no País e tenho muito orgulho disso. Atualmente trabalho
mais no ensino médico, dirigindo o Curso de Medicina da
Universidade Estácio de Sá. Minhas atividades clínicas
são desenvolvidas no Serviço de Neonatologia do Hospital dos Servidores e em minha clínica.
comentário
Dra. Alessandra de Chiara Macarenco
comentário
Crianças e dermatoses
de verão – Parte 1
A chegada do verão e a iminência das férias escolares marcam o início de um período de brincadeiras e diversão muito esperado pela população infantil. Andar de bicicleta, subir em árvores,
brincar no jardim, nadar em piscina e ir à praia são atividades comuns que implicam o aumento de
algumas doenças de pele.
Entre as dermatoses que afetam as crianças no verão, algumas são desencadeadas pelo suor
excessivo, como as dermatomicoses, a miliária e até a piora de alguns casos de eczema atópico.
Outras surgem pela hiperexposição a agentes do meio ambiente, tais como: queimadura solar, fitofotodermatoses, dermatites de contato e picadas de insetos. E, em razão de uma combinação
de fatores, também cresce o número de infecções e infestações cutâneas no período de veraneio,
incluindo o impetigo, o herpes labial e a larva migrans.
As micoses de pele são muito comuns no período de calor. A pitiríase versicolor é uma infecção discreta da pele causada por leveduras do gênero Malassezia. Embora afete mais adolescentes nas áreas
seborréicas, pode acometer crianças e não poupar lactentes, e nesses dois últimos grupos, afeta principalmente a face e o pescoço. Caracteriza-se por máculas ovais, múltiplas e descamativas, clinicamente
mais diagnosticadas nos meses de verão, pois a exposição solar leva a uma discrepância maior entre a
pigmentação das áreas afetadas e não afetadas. Como é uma doença crônica, além do tratamento tópico
com antifúngicos, é necessário esclarecer que, às vezes, a discromia leva até um ano para desaparecer,
sendo recomendável o uso de xampus com antifúngicos, uma a duas vezes por semana, para prevenir recorrência. Dentre o grupo das tinhas, a Tinea cruris é uma infecção fúngica superficial freqüente na região
inguinal e coxa superior de adolescentes do sexo masculino, principalmente nos que são obesos e/ou
praticam atividade física vigorosa e com atrito (luta). Por sua vez, a Tinea pedis, antes considerada rara
em crianças pré-puberes, mostra maior incidência no verão em crianças cuja história familiar é positiva
para “pé-de-atleta”. Ainda citamos o intertrigo, uma candidose encontrada em condições úmidas e quentes que favorecem o crescimento de leveduras do gênero Candida, levando a uma condição de eritema
intenso nas dobras de pele, incluindo axilas, pescoço e região inguinal. Particularmente quando há sobre-
Entre as
dermatoses
que afetam
as crianças
no verão,
algumas são
desencadeadas
pelo suor
excessivo,
como as
dermatomicoses,
a miliária e até a
piora de alguns
casos de eczema
atópico
Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Membro da American Academy of Dermatology (AAD).
Membro da Society for Pediatric Dermatology (SPD).
Especialização em Dermatologia na Mayo Clinic – Rochester, MN – EUA.
Especialização em Dermatologia Pediátrica na UCSF – San Francisco, CA – EUA.
petit
2008 • ANO V • NÚMERO 1
comentário
peso, outras dobras podem ser acometidas. O uso de agentes
antifúngicos tópicos, duas a três vezes ao dia, geralmente é
suficiente para o tratamento. O mais importante é evitar períodos prolongados com roupas úmidas, fazer higiene adequada
e constante das dobras do corpo, enxugar os espaços entre
os dedos do pé, não compartilhar roupas nem toalhas, evitar
contato íntimo com animais domésticos (para evitar tinha corporal) e permitir a “respiração” dos pés em calçado fechado.
A dermatite atópica ou “eczema” é um problema comum
em lactentes e crianças, tem seu início entre 2 e 6 meses de
idade, com pele seca e sensível que pode, então, eczematizar
e tornar-se extremamente pruriginosa. A face e o couro cabeludo são acometidos inicialmente com disseminação para o
tronco e superfícies flexoras. Durante o verão, por causa da
sudorese excessiva, uso de repelentes e protetores, picadas
de insetos e, às vezes, infecções secundárias bacterianas, o
eczema atópico pode se agravar. Por isso, é necessário orientar
os pais para manter a criança em ambiente arejado ou com arcondicionado, evitando muito suor. Outra dica é diminuir as atividades físicas ao ar livre durante o período em que o sol está
no pico, entre 10 horas da manhã e 16 horas da tarde; lavar o
corpo e retirar todo o cloro ou suor da pele com sabonete suave e, em seguida, aplicar hidratante; controlar o prurido logo no
começo com anti-histamínicos pode bloquear uma crise; buscar repelentes e protetores solares que não irritem a pele da
criança, evitando os do tipo gel e também o seu uso excessivo;
utilizar roupas protetoras e escolher protetores solares para
peles sensíveis ou à base de dióxido de titânio somente.
Reações aos raios solares têm aumentado incrivelmente
nos últimos anos, em virtude da expansão do número de fotossensibilizantes no meio ambiente, mas principalmente por
uma obsessão pública de bronzeamento solar e por desconhecimento. Dos raios emitidos pelo sol, os ultravioleta (UV) dos
tipos A e B são os que causam mais reações (290 a 400 nm),
sendo o UVA absorvido profundamente na derme e o UVB,
na epiderme, causando dano celular e lesões visíveis e não
visíveis. A queimadura solar é uma lesão visível que aparece algumas horas depois do sol, sendo o UVB o seu maior
responsável, com pico de indução entre 6 e 24 horas após a
exposição. Então, o eritema gradualmente diminui nos 3 a 5
dias seguintes, quando começa a descamação. A reatividade
ao UVB pode variar, de um leve eritema assintomático a uma
reação mais intensa com vermelhidão acompanhada por dor,
edema e às vezes com formação de vesículas e até bolhas.
Se for extensa, haverá sintomas constitucionais como náusea, mal-estar, febre, dor de cabeça, calafrios e até delírio. A
queimadura solar na infância se correlaciona com o aumento
petit
NÚMERO 1 • ANO V • 2008
do risco de desenvolvimento de nevos melanocíticos, como
também câncer de pele induzido por UV, lesão não visível até
por 20 a 30 anos ou mais. Quando o vermelho já está estabelecido, o tratamento tem eficácia limitada, pois o dano já ocorreu e a cascata inflamatória, desencadeada. Indica-se o uso
de antiinflamatórios não esteroidais orais e corticóides tópicos de baixa e média potências. Compressas de água morna,
emolientes e analgésicos podem aliviar o desconforto. Em
casos graves, recomenda-se ciclo curto de corticoterapia oral.
O tratamento da queimadura solar depende primariamente da
utilização de medidas que reduzam a exposição excessiva à luz
do sol. Isso é especialmente importante para crianças de pele
e olhos claros, com efélides (sardas) e que queimam facilmente a pele. Estima-se que 80% do sol que tomamos durante a
vida seja nos primeiros 18 anos de vida. Portanto, a fotoproteção na infância é fundamental para prevenir o câncer de pele.
O “ABC” da proteção solar se resume em: A = AFASTAR-se do
sol entre 10 horas da manhã e 4 horas da tarde e ficar na sombra (100% de sombra somente onde não se enxerga o céu);
B = BLOQUEAR o sol que com o uso de protetores solares
que contenham FPS maior que ou igual a 20 e proteção contra
UVA também; aplicar 30 minutos antes da exposição, uniformemente, sem economia, não esquecendo orelhas, pescoço
nem lábios; reaplicar após 3 horas ou antes, se molhar a pele
ou suar excessivamente; C = COBRIR-SE com roupas coloridas
ou opacas, já que roupas finas e claras, quando molhadas,
não oferecem proteção alguma; usar chapéu e óculos escuro.
Crianças com menos de 6 meses de idade não devem usar
protetor solar, mas devem ser mantidas longe do sol direto e
cobertas por roupas protetoras. No Brasil, já estão disponíveis
várias roupas cujas fibras bloqueiam a radiação solar.
Referências
Dermatologia. São Paulo: Artes Médicas, 2007.
Eczema in the summer. Keepkidshealthy. 14 Oct. 2007 <www.keepkidshealthy.com>.
Hurwitz Clinical Pediatric Dermatology. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2006.
James and Berger. Andrews diseases of the skin - Clinical dermatology. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2006.
Koh J K. Tinea pedis in korean children. Int Journal Dermatology 39
(2000): 25-27.
Kraft J M. Factors associated with sunburn in white children aged 6
months to 11 years. Am J Prev Med 68 (2001): 9-14.
Meadows M. FDA Consumers Magazine. FDA. Primer on Summer Safety. May-June 2004.
Proteção Têxtil. Sun Cover. 15 Oct. 2007 <www.suncover.com.br>.
Ram M K. Pityriasis versicolor in the pediatric age group. Indian J
Dermatol Venereol Leprol 71 (2005): 259-261.
Sun protection for children. Schaumburg: American Academy of Dermatology, 2000.
Tecnologia. UV Line. 15 Oct. 2007 <www.uvline.com.br>.
revisão da
literatura
Sheila Miitelstaedt Pasquarelli – CRN 9196
revisão da literatura
Cuidados na alimentação
infantil durante o verão
Durante o verão, as crianças perdem elevada quantidade de líquidos e minerais
devido ao aumento da temperatura corporal e à transpiração excessiva, ocorrendo
uma conseqüente diminuição do metabolismo basal.1-3
A freqüência de doenças veiculadas por alimentos (DVAs) é elevada nessa época do ano, pois em locais de férias, tais como praia, campo e clubes, os alimentos
encontram-se expostos e, geralmente, em temperaturas inadequadas de conservação, permitindo a proliferação bacteriana (principalmente de Salmonella sp. e Escherichia coli), ocasionando quadros de diarréia, náuseas e vômitos, que poderão
comprometer gravemente a saúde das crianças.1,4
Além disso, ingestão de alimentos com altos teores lipídicos, carboidratos simples e condimentos contribui para um desequilíbrio nutricional.5
É recomendável, nessa época do ano, o consumo de preparações com baixos teores
calórico, lipídico e sódico, priorizando a ingestão abundante de líquidos para prevenção
da desidratação.1-3
Comentários
Hidratação e alimentação regrada e segura do ponto de vista microbiológico e
fotoproteção são essenciais para um verão tranqüilo. A água deverá ser oferecida em pequenos volumes, fresca, várias vezes ao dia, mesmo que a criança não
solicite, baseando-se sempre na regra de Holliday. É importante certificar-se da
qualidade do saneamento básico do local escolhido para as férias e, se necessário,
utilizar água mineral. Não devemos esquecer-nos de estimular o consumo de sucos
naturais, água de coco e chás no lugar de refrigerantes, visto que a oferta hidroeletrolítica é mais adequada à ocasião. Os sorvetes ou picolés à base de água e polpa
de frutas também são excelentes opções.
Serviço de Nutrição e Dietética do Hospital Santa Helena da Unimed Paulistana.
petit
2008 • ANO V • NÚMERO 1
revisão da literatura
Sabe-se que quando a criança manifesta sede, o seu
estado de desidratação já está estabelecido. Não espere a sede chegar para estimular a oferta hídrica.
As carnes magras são as mais indicadas para essa
época, por serem de fácil digestão e mais saudáveis.
Opte pelas carnes brancas de aves e peixes e cortes de
carne vermelha magros.
Quanto à forma de preparação, varie entre cozidos,
grelhados e assados, deixando de lado as frituras que
não combinam com o clima quente do verão, além de
serem calóricas.
Highlights
• Durante o verão, as crianças perdem
elevada quantidade de líquidos e ocorre uma
conseqüente diminuição do metabolismo basal.1-3
• É recomendável, nesta época do ano, o
consumo de preparações com baixos teores
calórico, lipídico e sódico, priorizando
a ingestão abundante de líquidos para
prevenção da desidratação.1-3
• A água deverá ser oferecida em pequenos
volumes, fresca, várias vezes ao dia, mesmo
que a criança não solicite, baseando-se
sempre na regra de Holliday.
• Não devemos esquecer-nos de estimular
o consumo de sucos naturais, água de
coco e chás no lugar de refrigerantes.
• Opte pelas carnes brancas de aves e peixes
e cortes de carne vermelha magros.
• Inclua saladas coloridas na dieta infantil, optando
por frutas e legumes ricos em carotenóides, que
estimulam a síntese de melanina, aumentando
a resistência da pele aos raios solares. Evite
oferecer frutos do mar para crianças menores
de 2 anos, em razão do risco de intoxicação.
10
petit
NÚMERO 1 • ANO V • 2008
Cuidado com os alimentos à base de leite, gordura e
ovos, pois necessitam de refrigeração adequada, sendo
os principais responsáveis pelas intoxicações alimentares. Inclua saladas coloridas na dieta infantil, optando por
frutas e legumes ricos em carotenóides, que estimulam a
síntese de melanina, aumentando a resistência da pele
aos raios solares. Evite oferecer frutos do mar para crianças menores de 2 anos, em razão do risco de intoxicação.
Referências
1. 2. 3. 4. 5. United States Department of Agriculture – <www.fsis.usda.gov>.
Health Canada – <www.hc-sc.gc.ca>.
U.S. Food and Drug Administration – <www.cfsan.fda.gov>.
University of Minnesota – <www.healthtalk.umn.edu>.
WHO. Global strategy for infant and young child feeding.
roteiro
diagnóstico
Dr. Jayme Murahovschi
roteiro diagnóstico
A criança com
problemas na
evacuação
das fezes
A constipação é uma das afecções
intestinais mais freqüentes da infância,
sendo comuns as consultas médicas por
esse problema em ambulatórios de Pediatria
Geral e de Gastroenterologia Pediátrica
Problema 1: insuficiência evacuatória
Características da constipação. Observar:
• características das fezes;
• freqüências das evacuações;
• desconforto na evacuação;
• sangue vivo nas fezes ou no papel higiênico;
• se a criança “dança” para evacuar (faz movimentos estranhos);
• roupa de baixo suja de fezes.
Evacuação retal insuficiente
Significa incapacidade de esvaziar totalmente o cólon inferior durante o ato evacuatório,
acarretando retenção fecal = CONSTIPAÇÃO.
Livre-docente em Pediatria Clínica
Especialista em Gastroenterologia Pediátrica
Titular da Academia Brasileira de Pediatria (ABP)
Autor de Pediatria: Diagnóstico + Tratamento; Pediatria: urgências + emergências e Pediatra In
Contato: [email protected]
petit
2008 • ANO V • NÚMERO 1
11
do o trat
am
can
ifi
Sim
pl
to
en
pr
de
int
os
1ano
Annita®
ot
m
oz
oários e hel
Annita® tem amplo espectro de ação.7,8
3,4,5,6
P
R
O
T
O
Z
O
Á
R
I
O
S
H
E
L
M
I
N
T
O
S
metronidazol* albendazol* mebendazol* secnidazol*
Entamoeba histolytica
SIM
SIM
Balantidium coli
SIM
SIM
84%
SIM
Giardia lamblia
Isospora belli
SIM
SIM
SIM
Cryptosporidium parvum
SIM
SIM
SIM
SIM
Blastocystis hominis
SIM
SIM
SIM
SIM
Enterobius vermicularis
SIM
SIM
Ascaris lumbricoides
SIM
SIM
Ancylostoma duodenale
SIM
SIM
Trichuris trichiura
SIM
Strongyloides stercoralis
SIM
SIM
SIM
Taenia saginata
SIM
SIM
SIM
Taenia solium
SIM
SIM
SIM
Hymenolepis nana
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
Ativo
de eficácia sobre
protozoários 7,8
95%
de eficácia
sobre helmintos 7,8
Inativo
* Ver bula dos produtos mencionados.
Referências Bibliográficas: 1. Santos, C. S et al. Inquérito parasitológico pelo exame de fezes em crianças pertencentes a creches no Rio de Janeiro. J. Pediatr;56(3):97-100, 1984. 2. Diaz E, Mondragón J, Ramirez E, Bernal R M. Epidemiology and controlof intestinal parasites with Nitazoxanide in children in Mexico.
American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. 2003; 68(4):384-38. 3. Gilles HM, Hoffman PS. Treatment of intestinal parasitic infections: a review of nitazoxanide. TRENDS in Parasitology. 2002. 18(3): 95-97. 4. Bula do produto. 5. Rossignol JF et al. Treatment of diarrhea caused by Giardia intestinalis and
Entamoeba hystolitica or E. dispar: a randomized, double-blind, placebo-controlled study of nitazoxanide. The Journal of infectious diseases. 2001; 184:381-384. 6. Fox LM, Saravolatz LD. 7. Raether W, Hanel H. Nitroheterocyclic drugs with broad spectrum activity. Parasitol Res (2003) 90:SW19-S39. 8. Abaza H,
El-Zayadi A, Kabil S M, Rizk H. Nitazoxanide in the treatment of patients with intestinal protozoan and helminthic infections: a report on 546 patients in Egypt.
A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.
56% das parasitoses são causadas
por dois ou mais agentes.1
Para acabar com essa festa,
Monoterapia
para o tratamento
de protozoários
e helmintos.2,3
Contra as parasitoses intestinais, Annita® 1, 2, 3!
1 dose, 2 vezes ao dia, por 3 dias.
0,375 ml/kg
4
COM SERINGA QUE
PERMITE A DOSAGEM
CONFORME O PESO
DO PACIENTE.
or
Moran
100ml
Para crianças até 44 kg.
Sab
Sab
go
Para crianças maiores de 12 anos e adultos.
Ingerir com alimentos
para melhor absorção.3
ml
10
3,75
12
4,5
14
5,75
16
6,0
18
6,75
20
7,5
22
8,25
24
9,0
26
9,75
go
Comprimidos
kg
or
Moran
45ml
Para crianças até 20 kg.
Annita® pode ser administrado
para crianças a partir de 1 ano.3
Annita® nitazoxanida. USO ADULTO E PEDIÁTRICO. Formas farmacêuticas e apresentações: pó para suspensão oral frascos com 45 ml e 100 ml, contendo 20 mg de nitazoxanida/ml; comprimido revestido embalagem com 6 comprimidos, contendo 500 mg de nitazoxanida/comprimido. Indicações: ANNITA® está indicado
no tratamento da diarréia causada pelo complexo Entamoeba histolytica/dispar, no tratamento da diarréia causada por Giardia lamblia ou Giardia intestinalis, nas helmintíases por nematódeos, cestódeos e trematódeos, Enterobius vermiculares, Ascaris lumbricoides, Strongyloides stercolaris, Trichuris trichiura, Taenia sp,
Hymenolepis nana e na Ancilostomíase. Também está indicado no tratamento do Blastocistis hominis, Balantidium coli, Isospora belli e no tratamento da diarréia causada por Crysptosporidium parvum (e todas as espécies de Cryptosporidium de acometimento em humanos). Contra-indicações: ANNITA® está contra-indicado
em pacientes com história de hipersensibilidade aos componentes da fórmula. Precauções e advertências: deve-se ter cautela ao administrar ANNITA® a pacientes com doença biliar e hepática, doença renal e doenças renal e hepática associadas. Pacientes diabéticos devem ser advertidos de que ANNITA® possui açúcar.
Durante o uso de Annita os fluidos fisiológicos (Ex: urina, esperma) podem apresentar alteração da cor (amarelo esverdeado). Gravidez e a lactação: o emprego deste medicamento no período de gravidez e lactação será avaliado pelo médico, que deve considerar o risco x benefício. Reações adversas: as reações adversas
mais comumente relatadas (em cerca de 8% dos pacientes) ocorrem no trato gastrintestinal. Náuseas, algumas vezes acompanhadas de cefaléia, anorexia, ocasionalmente vômitos, mal estar abdominal inespecífico e dor abdominal tipo cólica. Modo de usar - prepare a suspensão imediatamente antes de ingerí-la pela
primeira vez, adicionando 36 ml de água para a apresentação de 45 ml e 80 ml para a apresentação de 100 ml. Agite o frasco até que todo o pó se desprenda do fundo. Adicione água até a marcação do frasco e agite vigorosamente para misturar o pó. A suspensão pode ser guardada por 7 dias após seu preparo. Posologia:
administrar com alimentos. Suspensão oral - Crianças a partir de 12 meses: helmintíases, amebíase, giardíase, isosporíase, balantidíase, blastocistose e criptosporidíase em pacientes sem imunodepressão: – 7,5 mg por kg a cada 12 horas, por 3 dias. Comprimidos revestidos - Adultos e crianças acima de 12 anos de idade:
helmintíases, amebíase, giardíase, isosporíase, balantidíase, blastocistose e criptosporidíase em pacientes sem imunodepressão - 1 comprimido (500 mg) 2 vezes por dia, por 3 dias consecutivos. Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Reg M.S: 1.0390.
0173. Farm. resp.: Dra. Marcia Weiss I. Campos CRF-RJ: 4499. Fabricado por: Farmoquímica S/A - Rua Viúva Cláudio, 300 - Rio de Janeiro – RJ. CNPJ: 33.349.473/0003-10. INDÚSTRIA BRASILEIRA. Número do lote, data de fabricação e prazo de validade: vide cartucho. Para ver o texto da bula na íntegra, acesse
www.fqm.com.br. SAC Serviço de Atendimento ao Cliente 0800-250110
roteiro diagnóstico
A importância da anamnese
O que perguntar?
• Casos de constipação na família?
• Em relação às fezes: bolinhas duras, cilindros grossos
• Evacuação: menos de 3 vezes por semana
• Dor ou dificuldade
Fatores psicossociais
• Temperamento
• Déficit mental
• Comportamento esquisito/maneirismos
• Estrutura familiar
• Relacionamento
• Hiperatividade
• Fezes duras ou diarréia
• Postura retentiva para não-eliminação das fezes
• 2o a 3o ano: soiling
• Hipotireoidismo
• Distúrbios psíquicos
• Família disfuncional/anti-social
• Mais de 4 anos: encoprese
Doença orgânica
Antecedentes
• 1a evacuação do recém-nascido
mais de 48 horas sugerem megacólon
• Febres freqüentes
• Treinamento da toalete coercitivo? Ansiedade?
• Vômitos
• Anorexia
• Diarréia com sangue
• Início do problema
• Barriga distendida
• Usa toalete na escola?
• Apresenta infecções urinárias? Enurese?
• Ganho de peso insuficiente
Investigação adicional
Toque retal
Considera-se necessário pelo menos um toque retal.
Esse procedimento deve ser “negociado” com a criança
e a família e deixado para ocasião oportuna. Na sua impossibilidade, solicitar RX simples e de abdome.
Durante o exame, considerar:
No exame físico
• Emagrecimento
• Distensão abdominal
• Fezes moles em volta do ânus
• Ânus anteriorizado
• Massa fecal dura: sugere constipação disfuncional
• Fissuras/escaras perianais
• Reto vazio: sugere encoprese
• Reto vazio e após retirada do dedo, jorro explosivo de
fezes malcheirosas e ar: sugere megacólon congênito
Investigar
• Megacólon congênito
• Doença celíaca
Exame neurológico
• Soiling
• Objetivo: pesquisar déficit neurológico periférico
• Causa anatômica
• Verificar anormalidades do sacro, fraqueza das
pernas e reflexo anormal dos tendões
• Abuso sexual
Atenção
Alimentação – cardápio
• Excesso de leite/lácteos
• Insuficiência de fibras
• Averiguar tratamentos prévios:
Mudanças dietéticas
Medicamentos
14
petit
NÚMERO 1 • ANO V • 2008
Execução na prática
Resultados
1.A constipação disfuncional e o escape fecal são
freqüentemente acompanhados de infecções urinárias atribuídas à compressão da bexiga.
2.A encoprese (insuficiência fecal não retentiva) é
acompanhada, com certa freqüência, de enurese diurna e/ou noturna.
Dr. Jayme Murahovschi
Neste caso, a questão
diagnóstica básica é:
3. Se não for orgânica, é dita (DIS)FUNCIONAL
se respeita os Critérios do Consenso de Roma III (2006)
1.Esta criança tem constipação?
Em lactente, pré-escolar com menos de 4 anos
Resposta positiva se:
Fezes duras
•Em bolinhas
duras (cocô de
cabrito) = cíbalos
•Em cilindros
grossos,
ressecados,
rachados
Evacuação
difícil
Eliminação com
dificuldade
•Grande esforço
•Desconforto
•Sofrimento
•Dor
•Volumosas
(ou entopem o
vaso sanitário)
Duração: pelo menos 1 mês,
incluindo pelo menos dois destes itens:
Número
reduzido
• duas ou menos evacuações/semana;
• retenção fecal excessiva;
• evacuações dolorosas/desconforto;
•Intervalos
aumentados
•Freqüência
diminuída
•Menos de três
evacuações/
semana com
desconforto
• presença de massa fecal no reto;
• fezes grossas que podem obstruir o vaso sanitário;
• pode haver episódios de incontinência*.
* Fezes semilíquidas ou duras, depois de já ter adquirido
controle das evacuações.
Pode haver irritabilidade e redução do apetite, que
melhoram após evacuação de fezes volumosas.
Em lactente/adolescentes com mais de 4 anos
2. Informação: apenas 5% têm causa orgânica
Sinais de alerta
• Febres freqüentes
• Anorexia
•Vômitos
• Diarréia com sangue
• Barriga distendida
•Ganho ponderal insuficiente (emagrecimento)
investigar
Megacólon congênito
Doença celíaca
Hipotireoidismo
Doença inflamatória intestinal
Fezes duras e volumosas
• Duas ou menos evacuações/semana
• Postura retentiva ou retenção excessiva voluntária
• Evacuações dolorosas/desconforto
• Massa fecal grande no reto
• Fezes grossas que podem obstruir o vaso sanitário
Problema 2:
Incontinência fecal
Sim, se evacua sem sentir ou sem controle.
1. A causa é orgânica ou não-orgânica?
Com sinais de alerta e
• distúrbios neurológicos
periféricos
• anormalidade do esfíncter
Incontinência
fecal
Sem sinais de alerta e
• sem distúrbios neurológicos
periféricos
• sem anormalidade do esfíncter
Incontinência
fecal
(orgânica)
(dis)funcional –
95% dos casos
2. Se não existe causa orgânica, faça a distinção entre
as duas apresentações a seguir:
petit
2008 • ANO V • NÚMERO 1
15
roteiro diagnóstico
Queixa 1: Fezes líquidas mancham
continuamente a roupa de baixo
Dados de anamnese:
A criança é constipada: evacuações duras,
eliminadas com desconforto e postura retentiva
Toque retal: fezes duras
Queixa 2: Evacuações normais em
consistência e intervalos, mas local
e hora socialmente impróprios
para menino de 4 a 7 anos
Dados de anamnese:
Distúrbios de comportamento/psíquicos, família
disfuncional, não tem constipação nem postura retentiva
Toque retal: ampola vazia
SOILING = escape fecal =
Incontinência fecal funcional
RETENTIVA
ENCOPRESE
Incontinência fecal funcional
POSTURA RETENTIVA
Criança firma-se nos dedos do pé, segura
na parede/móveis, pernas ficam estiradas/
rígidas esconde-se num canto
Pediatra: tratamento da constipação e
encaminhamento para apoio psicológico
Orientação pediátrica
Distúrbios comportamentais: psicólogo
Distúrbios de personalidade: psiquiatra infantil
Incontinência fecal
SOILING
Retentiva
ENCOPRESE
Não retentiva
Consistência das fezes*
Volume das fezes
Intervalo entre evacuações
Evacuações voluntárias
Postura retentiva
Problemas psíquicos
Faixa de idade
Semilíquida
Só mancha a roupa
Contínuo
Duras
Sim
Não (ou secundários)
Pré-escolar
Normal
Normal
Normal
Normais
Não
Sim
Escolar
Enurese é um
distúrbio do
controle de
esvaziamento da
bexiga, enquanto
encoprese
associa-se
a problemas
psíquicos
16
NÃO RETENTIVA
petit
NÚMERO 1 • ANO V • 2008
Dr. Jayme Murahovschi
CONSTIPAÇÃO CRÔNICA
Insuficiência evacuatória
= evacuação retal insuficiente
Conceito
Incapacidade de esvaziar
completamente o cólon inferior
durante o ato evacuatório,
acarretando retenção fecal
tipos de fezes duras
Dificuldade na evacuação:
• fezes duras
• com grande esforço
• com desconforto/dor
Crônica: duração superior
a 2 semanas
Cíbalos – bolinhas do “tipo cabrito”;
constipação espástica dos cólons
Cilindros grossos ressecados
com rachaduras; dificuldade
de expulsão das fezes
Volumosas
“entopem vaso sanitário”
DISTÚRBIO DO ESVAZIAMENTO RETAL
1) Com sinais de alerta:
• distúrbios neurológicos
• anormalidade de esfíncter
Doença orgânica
INCONTINÊNCIA FECAL
2) Sem sinais de alerta:
• sem doença neurológica
• sem anormalidade do esfíncter
Distúrbio (dis)funcional
(95% dos casos)
PERDA INVOLUNTÁRIA DE FEZES
Incontinência fecal funcional
Fezes semilíqüidas sujam
a roupa de baixo
Ato evacuatório completo
em sua seqüência fisiológica
extemporâneo
Sem causa orgânica
Local/momento impróprio
Sem causa orgânica
SOILING
= ESCAPE FECAL
= Incontinência fecal
Funcional retentiva
Associado à constipação
ENCOPRESE
= Incontinência fecal
Funcional não retentiva
Associada a problemas
psíquicos
ENCOPRESE
Incontinência fecal funcional
sem constipação (sem retenção)
Ato completo da defecação em
sua seqüência fisiológica, porém
em local/momento inapropriado,
geralmente na roupa de baixo.
Observação: o termo encoprese foi
adotado em analogia com enurese,
que também é a eliminação
completa, mas inapropriada.
No entanto, enurese é um distúrbio
do controle de esvaziamento da
bexiga, enquanto encoprese
associa-se a problemas psíquicos.
Não é rara a associação
entre ambas.
Predomina no sexo masculino,
em idade escolar.
Geralmente a criança não
sente o odor fétido.
Parece haver uma predisposição
constitucional sobre a qual
atuam problemas psíquicos.
petit
2008 • ANO V • NÚMERO 1
17
18
petit
NÚMERO 1 • ANO V • 2008
gestão
em saúde
Ari Lima
gestão em saúde
A importância do
relacionamento com clientes
para o sucesso profissional
Desenvolver uma relação de confiança e credibilidade com o cliente-paciente deveria ser um dos
principais objetivos do profissional da área de Saúde. Uma interação pessoal e profissional adequada não só ajudará a atender às necessidades dos clientes, mas também será fator decisivo para o
sucesso do profissional. Para o pediatra, saber lidar com essa questão é ainda mais importante, pois
além de conquistar o próprio paciente, que são crianças, também é necessário desenvolver um ótimo
entendimento com os pais e responsáveis.
Existem duas condições básicas para que o pediatra e também os profissionais da Saúde em geral
possam desenvolver sua capacidade de se relacionar adequadamente com os clientes. São elas: o
conhecimento das necessidades de seus pacientes e o desenvolvimento de competências pessoais
necessárias ao relacionamento interpessoal.
Conhecer as necessidades de
seus clientes-pacientes
Uma das ferramentas que possibilitam conhecer melhor as necessidades e expectativas dos
clientes-pacientes é a teoria de Maslow.
Abraham Maslow (1908 -1970) foi um psicólogo americano, conhecido pela teoria da “hierarquia
das necessidades de Maslow”. Ele explica o comportamento de um indivíduo em termos da satisfação dessas necessidades. Com isso é possível perceber a força do estímulo de um cliente, com base
no nível de satisfação que já foi atendida, e orientar o relacionamento sempre no sentido de atingir
as necessidades ainda não satisfeitas desse indivíduo.
Além da teoria de Maslow, é preciso considerar também a abordagem que Sigmund Freud (18561939) e seu seguidor Jacques Lacan (1901-1980) apresentaram sobre o assunto. Eles mostraram em
seus ensaios que, além da satisfação das necessidades, existe a demanda interior, que antes de tudo
é a expressão do desejo.
Existem duas
condições
básicas para
que o pediatra
e também os
profissionais
da Saúde em
geral possam
desenvolver sua
capacidade de
se relacionar
adequadamente
com os clientes.
São elas: o
conhecimento
das necessidades
de seus
pacientes e o
desenvolvimento
de competências
pessoais
necessárias ao
relacionamento
interpessoal.
Consultor e especialista em marketing e vendas.
E-mail: [email protected] – Site: www.arilima.com
petit
2008 • ANO V • NÚMERO 1
19
gestão em saúde
Realização pessoal
Estima
Amor/relacionamento
Segurança
Fisiologia
Com relação à comunicação interpessoal, um estudo
publicado no respeitado Journal of Counselling Psychology,
de 1967, nos Estados Unidos, por Mehrabian e Ferris, intitulado “Inference of attitudes from nonverbal communication
in two channels”, concluiu que as palavras respondem
Auto-estima, confiança, conquista,
apenas por 7% do impacto causado na comunicação,
respeito dos outros, respeito aos outros
55% pela linguagem corporal – posturas, gestos e
contato visual – e 38% pelo tom de voz. Ou seja,
Amizade, família, intimidade sexual
os profissionais precisam saber comunicar-se
Segurança do corpo, do emprego, de recursos, da
também de modo não-verbal com seus pamoralidade, da família, da saúde, da propriedade
cientes, pois suas atitudes e tom de voz
Respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase, excreção
exercem impactos significativos na forma
como conquistam as pessoas.
Moralidade,
criatividade,
espontaneidade,
solução de problemas,
ausência de preconceito,
aceitação dos fatos
Um pediatra que orienta o relacionamento com seus pacientes, utilizando esses conceitos, perceberá que existem
aspectos subjetivos que podem facilitar o seu trabalho. É
preciso entender o contexto social e familiar em que vive a
criança, o relacionamento particular dessa família, sua condição social, emocional e financeira, para poder desenvolver
um bom atendimento.
Desenvolvimento de
competências para o
relacionamento interpessoal
Além da habilidade técnica, o profissional precisa desenvolver um conjunto de competências pessoais que facilitarão o
relacionamento com os clientes-pacientes, e, em conseqüência, o resultado do atendimento. Capacidade de comunicação e
empatia, habilidade de persuasão e algumas regras básicas de
relações humanas serão fatores essenciais para construir uma
forte relação de confiança e credibilidade com os clientes.
A primeira grande barreira a superar em um processo
de comunicação é ter, desde o início, empatia com a pessoa
com quem estamos interagindo. Essa sintonia ou rapport
(palavra de origem francesa que significa concordância, afinidade, analogia) se consegue ao assumirmos uma postura
ou comportamento semelhante ao da pessoa com quem nos
relacionamos, seja nos expressando na mesma linguagem
utilizada por ela, seja falando no mesmo tom e ritmo de voz,
ou assumindo uma postura semelhante.
Essa postura pode ser utilizada com sucesso por um
pediatra ao lidar com crianças. É possível introduzir nas
comunicações verbal e não-verbal elementos do mundo
infantil que, de certa forma, irão criar um vínculo entre a
criança e o profissional.
20
petit
NÚMERO 1 • ANO V • 2008
A capacidade de persuadir, fundamental no relacionamento interpessoal, está intimamente relacionada à utilização de regras de relações humanas. É preciso saber sensibilizar as pessoas buscando atingir o seu lado emocional
mais do que sua inteligência racional.
Dale Carnegie, escritor americano, em seu famoso livro
Como fazer amigos e influenciar pessoas, nos ensina algumas regras por meio de citações. Ele insiste na importância de
sorrir, quando temos de conquistar a boa vontade de alguém,
bem como ser necessário tratar todos pelo nome.
Regras como essas são simples e fáceis de aplicar, não
só na vida social, mas também no relacionamento com
clientes e pacientes.
Mudança de atitude
Acreditamos que o marketing pessoal e a promoção de
uma carreira exigem mudança de atitude. Em primeiro lugar
é preciso utilizar as competências comportamentais, de comunicação e relacionamento interpessoal, que facilitem a
interação com os clientes-pacientes, buscando desenvolver
em si mesmo e em seus colaboradores tais habilidades.
Além disso, o médico pediatra precisa conhecer o perfil
social e psicológico, bem como o contexto familiar de seus
pacientes, para usar de maneira útil essas informações
conforme a “hierarquia das necessidades” e as expectativas de seus clientes.
Dessa forma, ao construir uma rede de clientes satisfeitos, que certamente terão prazer em repercutir o bom
atendimento com as pessoas do seu ciclo de amizades, o
profissional estará utilizando uma das mais importantes
ferramentas de marketing para o seu negócio, que é o relacionamento com seus clientes.
conta-gotas
conta-gotas
Fonte: Agência de Comunicação da FCMSCSP
Primeiro levantamento nacional vai
verificar a vacinação infantil no País
O Ministério da Saúde escolheu o Centro de Estudos Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão (CEALAG),
da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), para coordenar um estudo inédito no Brasil. Trata-se do “Inquérito de Cobertura Vacinal”, que pretende constatar se a aplicação de vacinas, em crianças nascidas de 2005 até o primeiro semestre de 2007, tem sido eficiente.
O professor de
A FCMSCSP foi selecionada para tal tarefa pela capacidade e tradição de já ter executado pelo
menos outros 90 estudos semelhantes, ao longo dos 25 anos de existência do Centro de Estudos.
do estudo,
O estudo será realizado nas capitais dos 26 Estados e no Distrito Federal, e os pesquisadores vão
abordar 0,5% das 3,5 milhões de crianças entre 18 e 30 meses de idade. Para realizar esse trabalho, a
FCMSCSP contará com o apoio de pesquisadores locais, que serão cedidos por universidade federais,
ou técnicos das Secretarias de Saúde. O professor de Medicina Social da FCMSCSP e coordenador
do estudo, José Cássio de Moraes, prevê que a cobertura vacinal não seja homogênea em todo o
Brasil, por isso a importância do Inquérito para que o Ministério da Saúde estabeleça uma estratégia
de ação diferenciada em cada região. “Na cidade de São Paulo, por exemplo, constatamos que as
crianças de classe social ‘A’ eram menos vacinadas que as de classe social ‘E’”, revela Moraes, que
coordenou duas pesquisas semelhantes na capital paulista em 1998 e 2002.
Moraes, prevê
Medicina Social
da FCMSCSP
e coordenador
José Cássio de
que a cobertura
vacinal não seja
homogênea em
todo o Brasil
O Programa Nacional de Imunização do Brasil contempla as seguintes vacinas: BCG (tuberculose),
Tetravalente (difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus
influenzae tipo B), Hepatite B, Pólio (paralisia infantil), Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola),
Rotavírus e Febre Amarela, para as Regiões Norte e Centro-Oeste.
Crianças também precisam comer gordura
Em um estudo publicado na revista científica Nutrition Journal, cientistas americanos da Pennsylvania State University afirmam que, apesar da preocupação crescente com a obesidade infantil, pais
precisam garantir que seus filhos comam gordura suficiente. Devido ao medo de as crianças se tornarem obesas, alguns pais estão adotando dietas de baixo índice de gordura, mas, de acordo com os
pesquisadores, eles estão cometendo um grave erro.
Especialistas recomendam que as crianças consumam gordura, pois precisam dela para crescer
e se desenvolver. Mais de um terço da dieta diária da criança deve ser constituído desse componente. A recomendação de nutricionistas, contudo, é que a gordura deve ser proveniente de fontes
“saudáveis”, como, por exemplo, peixes ricos em óleo. Batatinha ou outras guloseimas, favoritas no
cardápio infantil, devem ser fritas em azeite de oliva ou óleo de semente de girassol.
petit
2008 • ANO V • NÚMERO 1
21
sites
sites agenda
www.aeped.es
Associação Espanhola de Pediatria
A Associação Espanhola de Pediatria (AEP) existe desde
1949 e atualmente conta com nove mil pediatras e cirurgiões
pediátricos. Tem subdivisões por áreas de atuação dos médicos, tais como Atenção Primária, Cardiologia, Neonatologia,
Oncologia, Psiquiatria e Psicologia, entre outras.
O site da AEP tem um conteúdo amplo e de fácil navegação. Apesar de se tratarem de recomendações mais específicas
para a Espanha, os especialistas brasileiros podem desfrutar
também alguns itens, como o manual de vacinas pediátricas.
O download, que é gratuito e pode ser feito na íntegra, traz capítulos que abordam a evolução das vacinas ao longo das décadas, os procedimentos gerais da administração das vacinais,
quais devem ser usadas habitualmente e aquelas que precisam
ser aplicadas em situações emergenciais, controvérsias acerca
das vacinações, bioterrorismo e vacinas etc.
Outro material muito interessante, também disponível para acesso na íntegra, são os Protocolos
da AEP em Dermatologia Pediátrica, que abordam desde acne até infecções cutâneas bacterianas,
lesões cutâneas comuns em recém-nascidos, manifestações cutâneas e enfermidades digestivas,
entre muitos outros assuntos.
agenda
MARÇO
JUNHO
29 a 31
18 a 21
8º CONGRESSO INTERNACIONAL DE
PULMONOLOGIA PEDIÁTRICA (CIIP VIII)
Iii congresso brasileiro de
nutrição e câncer e ganepão 2008
LOCAL: Nice – França
Informações: www.cipp-meeting.com
Local: São Paulo – SP
Informações: www.ganep.com.br/ganepao
MAIO
22
petit
NÚMERO 1 • ANO V • 2008
22 a 24
12 a 14
VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE
ORTOPEDIA PEDIÁTRICA
X Congresso Nacional de Pediatria –
Região Nordeste
Local: Gramado – RS
Informações: www.vjs.com.br
Local: Salvador – BA
Informações: www.nacionalpediatria2008.com.br
502431

Documentos relacionados