a ilustração literária do eros aristofânico no banquete de platão
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a ilustração literária do eros aristofânico no banquete de platão
Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( A ILUSTRAÇÃO LITERÁRIA DO EROS ARISTOFÂNICO NO BANQUETE DE PLATÃO: A ETERNA BUSCA PELA CARA METADE. Marina Trigo Matos Graduanda em Filosofia pela UNIRIO Resumo Trato neste artigo do diálogo Banquete de Platão, mais especificamente do discurso de Aristófanes. Por ser uma visão idealizada do amor, afinal, o ser amado é capaz de cumprir todas as nossas carências, algum desavisado poderia pensar que a posição defendida por Aristófanes seria a mesma defendida por Platão. Penso que esse discurso está longe da visão platônica de amor. Neste trabalho trato (1) da relação entre o mito apresentado no discurso aristofânico, no qual há a apresentação da natureza do amor, sendo esse reconhecido como um sentimento de carência na qual os amantes sempre estão buscando sua “cara metade”, e a idealização do amor como busca pela “cara metade” tão presente na literatura; (2) dos pontos em comum entre o discurso de Aristófanes e Sócrates/Diotima, que me parecem nesse caso expressar a opinião de Platão; e (3) das divergências entre o discurso de Aristófanes e Sócrates/Diotima. Pretendi mostrar com isso como esse discurso já era criticado pelo próprio Platão. Palavras-chave Aristófanes. Banquete. Platão Abstract In this article, I address Plato's dialogue Symposium, more specifically Aristophanes' speech. Although often considered the platonic expression of love, because of its ideal flair, this discourse seems to me to be far from it. In this work I deal with (1) the relationship between the myth presented in Aristophanes' speech in which there is the presentation of the nature of love, this being recognized as a feeling of seek in which the lovers are always looking for their "soul mate" and these expressionin the literature. (2) The similarities between Aristophanes' speech and Socrates' / Diotima's, which appear to me in this case to express Plato's opinions. (3) The differences between the Aristophanes' speech and Socrates' / Diotima's. I intended to show how Plato himself already criticized this discourse. Keywords Aristophanes. Symposium. Plato Quando se pensa em Platão, observa-se um maior conhecimento de certa obra em detrimento das demais, isso não somente no ramo da filosofia, mas também na cultura acadêmica e popular. O diálogo no qual pretendo me deter neste artigo, o Banquete, é não só um dos diálogos mais conhecidos de Platão, talvez por se tratar de 68( http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( uma série de discursos sobre a natureza e as qualidades do amor, como também um dos que mais alimenta as controvérsias sobre a compreensão platônica do amor. O diálogo se passa na casa de Agatão, e todos que nela se encontram como convidados, Fedro, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes e Sócrates, além do próprio Agatão, são impelidos a apresentar um elogio a eros (176a). Fedro (178a-180b) identifica eros como propiciador de virtude; Pausânias (180c-185c) atribui a eros o caráter de conhecimento; Erixímaco (186a-188c) especifica esse conhecimento como um conhecimento técnico. Quando chega a vez do comediante Aristófanes (189c-193d) elogiar eros, esse coloca o problema sob uma nova perspectiva. Pretendo neste artigo tratar especificamente do discurso de Aristófanes, (1) mostrando seus reflexos no nosso modo de pensar o amor, (2) apresentando os pontos comuns entre o discurso de Sócrates/Diotima e o discurso de Aristófanes e (3) indicando porque, na minha opinião, o amor tal como descrito por Aristófanes não pode espelhar a concepção platônica. Segundo Aristófanes, antes de se elogiar o amor e mostrar suas qualidades, deve haver um reconhecimento da natureza humana e de suas necessidades, a fim de perceber se o amor é capaz de suprir essas necessidades (189c-189d). Ou seja, só podemos falar das qualidades do amor para o homem se conhecemos a natureza do amor. A pergunta pela natureza de algo (τί ἔστι;) vem antes da questão pelas qualidades desse mesmo algo (ποῖον τί;): só se conhecemos a natureza do amor podemos dizer se este é capaz de suprir as necessidades dos homens42. Para responder a essa questão, eminentemente platônica, Aristófanes propõe um mito que explicaria a natureza humana e, a partir dessa, a natureza do amor e o papel de eros na vida do homem (189d-193b). Segundo esse mito, a raça humana possuía não dois, mas três sexos (189e190b): masculino (que era originário do sol), feminino (originário da terra) e uma mistura física dos dois, chamado andrógeno (originário da lua, que compartilhava a natureza de ambos, sol e terra). Eles possuíam grande força e vigor, além de enorme ambição. Por conta dessa ambição eles se voltaram contra os deuses. Zeus e os outros deuses decidiram puni-los por sua arrogância, mas ao invés de matá-los, resolveram enfraquecê-los, dividindo-os em duas metades. Assim surgiu a raça humana tal como a conhecemos (190b-191a). Aristófanes argumenta que, por ser fruto dessa cisão, o ((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( 42 É claro que isso implica também, em última instância, um reconhecimento da natureza do homem, pois só saberemos se algo é bom para o homem, se sabemos antes o que é o homem, ou seja, qual a sua natureza. http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( 69( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( humano anseia por natureza pela sua metade perdida, buscando-a em outros seres humanos (191a-191c). O amor seria no ser humano a expressão do desejo de restaurar a sua antiga natureza (191d). Ainda segundo o mito contado por Aristófanes, sempre que encontram sua metade, as partes sentem tanta afeição, intimidade e amor, que se recusam a se afastar um do outro e passam toda sua vida juntos, apesar de não saberem o que querem um do outro. Essa união não seria uma união meramente sexual, mas sim uma união de almas, que não sabem dizer o que querem, mas querem intensamente (192b-193e). Percebo uma relação entre o mito contado por Aristófanes e a compreensão do amor como o encontro de duas metades presente em diversas sociedades ocidentais até os dias atuais. Chamo esse tipo de visão idealizada do amor, de “amor romântico” e entendo por isso simplesmente essa ideia de que o amante se completa no amado. Confluente ao cotidiano, a literatura, ao tratar da dimensão amorosa, o faz de forma incrivelmente próxima a essa compreensão vulgar do amor, a despeito de sua possível complexidade. De acordo com essa ideia de amor romântico, os humanos precisariam encontrar sua metade para se sentir completos e felizes, para voltarem a ser um. Embora não possa nesse breve artigo fazer um estudo das possíveis influências do mito aristofânico nessa visão idealizada do amor na literatura, me parece clara a semelhança entre essas duas visões. Só para dar um exemplo conhecido por todos, quem nunca ouviu a máxima do amor romântico, descrita por Tom Jobim em Wave, “é impossível ser feliz sozinho”? O mito de Aristófanes me parece ter uma força tão grande, que as ideias presentes nele podem ser vistas refletidas em vários momentos da literatura ocidental. Não estou dizendo com isso que a literatura fez um uso consciente do mito, como já disse, faltam-me elementos para fundamentar tal afirmação. Ainda assim não posso deixar de ver paralelos entre o mito apresentado no banquete por Aristófanes e a perpetuação desta visão do amor como uma complementação, uma fusão, de dois seres que formam uma unidade, na literatura. Muitas vezes entendida, equivocadamente, a meu ver, como expressão do amor platônico, simplesmente por se encontrar no diálogo de Platão43, essa visão do ((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( 43 Tendo a concordar com Shieffield (2006) que vê os discursos apresentados no Banquete como uma preparação para o discurso de Diotima, que ao mesmo tempo que traz elementos para esse discurso, são refutados por ele. Todavia, reconheço que outros estudiosos analisam os discursos separadamente e neles encontram por si só elementos platônicos. Sendo assim, nada impede que alguém entenda o discurso aristofânico como expressão de uma faceta do pensamento platônico. http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( 70( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( amor presente no discurso de Aristófanes contribui com toda uma tradição de compreensão do amor como uma necessidade e carência de outro indivíduo para a realização plena da felicidade. Esse tipo de compreensão do amor tem influência sobre a mente e as ações das pessoas até os dias de hoje: algumas passam a vida toda infelizes buscando a felicidade somente em outro indivíduo. Defendo neste trabalho que a teoria platônica, representada no Banquete pelos discursos de Sócrates e Diotima, vai se contrapor justamente a essa compreensão, ou seja, a essa relação feita pelo mito entre felicidade, realização da natureza humana, e encontro da “cara metade”. Uma vez que me impressiona a força desse mito no nosso imaginário literário, pretendo aqui, antes de passar para a análise do discurso platônico, explorar um pouco alguns exemplos da literatura dessa compreensão da natureza humana como permeada pela solidão e infelicidade na ausência da “cara metade”. Penso que é relevante estudar como essa tradição de solidão e infelicidade reflete no nosso imaginário literário para poder desconstruí-la gradativamente, visto que muitas vezes ela é maléfica, pois retira a autonomia dos sujeitos. Principalmente em um mundo como o atual, que é infestado de rapidez, instabilidade, fragilidade e liquidez nos sentimentos e relações, penso que a visão romântica do amor contribui para a infelicidade das pessoas. Em uma breve passagem pela literatura é possível perceber a influência da visão aristofânica na compreensão do amor. No período medieval, principalmente nos atuais territórios de Portugal e Espanha, havia a representação das relações feudais nas cantigas de amor, a partir da descrição de um estado emocional de constante sofrimento do eu-lírico, visto que este não pode consumar seu sentimento pelo distanciamento do bem amado, seja por razões sociais (cada um sendo pertencente a uma classe) ou por relações geográficas (o cavaleiro está nas guerras enquanto a donzela o espera), sendo esta uma característica do chamado “amor cortês”. Essa relação de sofrimento por estar afastado do bem amado é característica desse tipo de compreensão do amor, visto que somente quando unidos os parceiros se sentem bem, prejudicando assim a criação de uma concepção de liberdade e individualidade. Tristão e Isolda representa bem esse período, visto que seria uma interpretação de uma lenda celta do período medieval. Tristão, um jovem cavaleiro, é ferido em uma série de batalhas e curado pela princesa Isolda. Ao longo da história, eles se apaixonam, mas não podem consumar este 71( http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( sentimento devido ao fato de Isolda ser prometida ao seu senhor, que também era tio de Tristão. De certa forma, eles se tornam amantes, mas o infeliz desfecho os separa com a morte. Esse tipo de amor, no qual o casal prefere morrer ao invés de viver separado, demonstra a presença do mito da “cara-metade”, visto que os amantes acreditam que só há uma possibilidade de ser feliz: ao lado de sua cara metade. Essa relação de completude na presença do bem amado, essa impossibilidade de se conceber separado de seu amor, também é descrita por Aristófanes no Banquete (192b-192c): Quando então se encontra com aquele mesmo que é a sua própria metade, tanto o amante do jovem como qualquer outro, então, extraordinárias são as emoções que sentem, de amizade, intimidade e amor, a ponto de não quererem, por assim dizer, separar-se um do outro nem por um pequeno momento. Nos séculos do Humanismo e início do Iluminismo, isto é, entre os séculos XIV e XVI, a compreensão vulgar do amor cede lugar à ideia de amor platônico defendida pelo neoplatonismo, na qual o verdadeiro amor é um sentimento purificador de contemplação. Essa ideia neoplatônica, se afasta, a meu ver, do verdadeiro sentido platônico de amor, sendo uma mistura desse mito aristofânico com a compreensão platônica: por um lado enfatiza o papel da contemplação do ideal, por outro lado coloca o ideal no outro, sendo a realização amorosa ainda algo dependente do encontro com a “cara metade”.Grandes representantes dessa geração são Luis Vaz de Camões com seus sonetos perfeitos e sua visão sobre o amor, além da grande obra Romeu e Julieta (1597) de Shakespeare. Nessa obra, mundialmente conhecida principalmente pelo seu final, encontramos também o sentimento de impossibilidade de viver sem o bem amado, a “cara metade”, assim como ocorre na lenda de Tristão e Isolda. Com o avanço da inicial ideologia burguesa, no século XIX , há a idealização não somente do modo de vida simplório em locais afastados de grandes centros urbanos e de produção, bem como da pessoa amada, como lugar de realização do indivíduo. Tomás Antônio Gonzaga com Marília de Dirceu é um grande exemplo desse tipo de ideologia, visto que nesta obra Gonzaga julga o amor como a principal das riquezas, aproximando sua descrição do papel do amor na realização da natureza humanaao discurso sobre o amor de Aristófanes (189c-189d). http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( 72( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( Nem mesmo durante os períodos revolucionários do início do século XIX, há uma mudança real na visão do amor. Embora a literatura dessa época possa ser caracterizada como uma crítica à aristocracia e uma busca pela afirmação do homem em si, as obras mais conhecidas dessa época não deixam de ser uma expressão do que chamo aqui de amor romântico. Se observamos, por exemplo, os romances das irmãs Brontë ou de Jane Austen, a crítica social caminha lado a lado com uma idealização do amor. É uma mistura de independência, pois as personagens são fortes e proativas, e dependência, pois a felicidade está na realização do amor romântico. Clássicos literários como O morro dos ventos uivantes (1847) de Emily Brontë, e Orgulho e Preconceito (1813) de Jane Austen são ao mesmo tempo expressões (1) da crítica aos empecilhos sociais na unificação dos amantes e (2) do desejo pelo amor romântico, pela completude na “cara metade”. Apesar dos pesares e diferenças sociais e ideológicas entre as personagens Lizzie e Mr. Darcy em Orgulho e Preconceito de Jane Austen, a força do encontro de sua metade é maior do que todos os obstáculos. Somente mais tarde, um grupo de escritores, como por exemplo Eça de Queiroz em suas Conferências do Cassino (1871), passa a considerar os problemas sociais do período mais relevantes do que os dramas sentimentais e individualistas descritos anteriormente. A necessidade de compreender o caráter e toda a construção psicológica do ser humano instaurou a adoção de práticas que levassem ao entendimento dos comportamentos sociais. O amor do realismo, utilizando as palavras de Eça de Queirós, faz o primeiro distanciamento forte dessa concepção vulgar do amor, pois ele é aquele que cresce na personagem durante a narrativa, não é algo imediato, logo após encontrar sua “cara metade”. O ciúme de Bentinho, no romance Dom Casmurro (1899) de Machado de Assis, não resulta simplesmente do encontro com a “cara metade”, Capitu, mas é algo que vai crescendo no interior do personagem, de certo modo de forma independente dos ditos e feitos de sua “cara metade”. O amor é resultado do humano nele mesmo e não a realização no outro. Em outra obra do autor, Memórias Póstumas de Brás Cubas (1880), também é possível perceber que a narrativa não se constrói voltada para a busca pela http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( 73( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( “cara metade”.44 Podemos dizer assim que há nessas obras uma tentativa de se libertar da visão romântica e idealizada do amor. Uma outra desvinculação dessa visão do amor como busca pela cara metade é encontrada no período modernista, nele é possível ver uma crítica ao “e foram felizes para sempre” das histórias infantis. Há a lealdade ao amante quanto aos sentimentos, bem como a vivência da sensação, mas não há a construção da “cara metade” permitindo o encontro de diversos amores durante uma só vida, desconstruindo assim a concepção que acredita na busca pela “cara metade”. Quando Vinícius de Moraes no Soneto da Fidelidade (1960) aceita o fim do amor em algum momento da vida, “que seja infinito enquanto dure”45há a total desconstrução desse amor vulgar. O mesmo ocorre quando Carlos Drummond de Andrade modifica a visão da solidão e da ausência no seu poema Ausência (1984): Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim. ((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( 44Em outras obras do autor é possível ainda perceber uma tradição ou um sonho de encontrar a “cara metade”, como no caso de Helena (1876) ou A mão e a luva (1874) do mesmo Machado de Assis. 45O eu lírico inicia o soneto afirmando que permanecerá atento ao seu amor em todos os sentidos, e por todo o tempo. No terceiro e no quarto versos, ele confessa que mesmo quando estiver frente a outro encanto (outro indivíduo, provavelmente), irá encantar-se ainda mais com o seu pensamento (o seu amor original). Na segunda estrofe, afirma que deseja viver este amor em todos os momentos, mesmo que esses sejam comuns, singelos ou vãos. Em seguida, o eu lírico apresenta que acompanhará seu amor em todos os seus estados, ou no louvor, ou no pesar, ou no contentamento. Na terceira estrofe, ele ressalta que quando ou a morte - fim da vida - ou a solidão - fim do amante - o procurarem, ele finalmente poderá expor seu amor. Sendo que não foi eterno, pois o amor é apenas a chama de uma vela, mas foi infinito enquanto durou, pois brilhou maravilhosamente enquanto existiu. E esse é o significado de fidelidade, a seu ver, obviamente. http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( 74( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( O eu-lírico, ao admitir que a ausência não é a falta de sua metade, afirma que não há mais a procura pela “cara metade” para alcançar a plenitude, ou seja, a felicidade. Drummond, assim como outros autores da época, rompe com a compreensão tradicional do amor como supressão da carência e da solidão na presença do outro. A ideia de alma gêmea, que sustenta o amor como o centro da felicidade humana, torna-se incompatível com outros valores e características da vida contemporânea. A contemporaneidade admite o culto ao prazer, ao sexo, ao amor carnal, ao efêmero e superficial, e reforça, assim, a crítica do chamado realismo e principalmente do modernismo ao amor romântico. Cacaso , representante da Poesia Marginal (CEREJA; MAGALHÃES, 2005, p. 547-549) nos anos de ditadura militar, parece ironizar o mito de Aristófanes em seu poema Happy end (2000): “O meu amor e eu nascemos um para o outro agora só falta quem nos apresente”. Roberto Freire, médico e psiquiatra brasileiro, que por alguns anos escreveu livros baseados na teoria anarquista, também faz uma descrição sobre o que seria o amor contemporâneo em seu livro Ame e dê vexame (1990, p. 157):“Declaração do amante anarquista: Porque te amo, tu não precisas de mim. Porque tu me amas, eu não preciso de ti. No amor, jamais nos deixamos de completar. Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários.”. É possível observar nesse fragmento o completo rompimento com a ideia vulgar de amor romântico, visto que no amor anarquista não há a necessidade do outro, ou seja, da “cara metade”. A partir desse breve apanhado literário, espero ter deixado clara a presença do mito de Aristófanes nas representações do amor na literatura. Dada tanto a fácil identificação desse mito na obra platônica quanto do seu reflexo na literatura, fica fácil de entender porque esse mito parece para muita gente como a expressão clássica do amor desde Platão. Todavia, como pretendo demonstrar a partir daqui, essa visão é rechaçada por Platão, dentro do próprio Banquete. Há uma tendência de se entender os discursos sobre o amor no Banquete como complementares (SHIEFFIELD, 2006, p. 27): o discurso de Agatão complementa http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( 75( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( o de Aristófanes, que complementa o de Erixímaco, que por sua vez complementa o de Pausânias que, por fim, complementa o de Fedro. Quando chega a vez de Sócrates, esse também parece retirar um pouco de cada um dos discursos (SHIEFFIELD, 2006, p. 29). Sendo assim, há elementos da fala de Aristófanes que parecem ser caros a Platão e não podemos dizer que Sócrates se opõe completamente a Aristófanes.46 Todo o discurso de Sócrates no Banquete retoma temas propostos pelos discursos anteriores, ao mesmo tempo que demonstra que algo em cada discurso está errado. No caso do discurso de Aristófanes, Sócrates parece concordar (1) com a necessidade de tratar da coisa (τί ἔστι;) antes das suas características (ποῖον τί;), assim como (2) com a ideia de eros relacionado à carência. O primeiro ponto é introduzido por Aristófanes logo ao iniciar seu discurso (189c-189e). Aristófanes começa seu elogio de eros por um lado não explorado até então: à natureza de eros. Somente reconhecendo a natureza de eros podemos ver sua relação com a natureza humana e suas necessidades. Não se pode falar sobre o amor, sobre sua importância e seus efeitos benéficos, sem conhecer sua natureza. Esse ponto é fundamental para Platão, que insiste nos diálogos iniciais, que não se pode falar das qualidades de algo sem saber o que algo é. Já o segundo ponto, o estado de carência do homem, é introduzido por Aristófanes quando ele faz uma descrição dessa natureza: no mito de Aristófanes há a caracterização dos seres humanos como criaturas carentes que sempre estão em busca do que lhes falta para, assim, alcançar a felicidade. Platão também parece concordar com isso. Os homens estão sempre buscando o que consideram ser o bem (Men. 77b-c). A dissensão central entre Sócrates/Diotima 47 e Aristófanes nesse ponto é que Aristófanes afirma que essa carência da natureza humana se completa no outro e que é no encontro com a “cara metade” que os indivíduos realizam a eudaimonia (193d), enquanto Sócrates/Diotima parecem ver a questão de uma outra maneira (200a-212d). Sócrates inicia seu discurso reafirmando o estado de carência de eros (200a201d) e observando a natureza do amor (201d-204c), que ele caracteriza como um ((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( 46 Quando disse que a visão de Aristófanes é rechaçada por Platão, não quis dizer com isso que não há elementos da fala de Aristófanes que são aproveitados por Platão. Mesmo assim, a visão do amor apontada por Aristófanes, como mostrarei a seguir, não condiz com a posição de Platão. 47 Tomo o discurso de Sócrates e Diotima nesse trecho do Banquete (200a-212d) como expressão da posição platônica. http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( 76( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( estado psicológico intermediário. Porém, Sócrates argumenta que o homem tomado por eros não pode estar em um estado permanente de carência, como proposto por Aristófanes, porque um total estado de falta não levaria à produção de efeitos positivos. Se eros é um estado benéfico, logo, deve produzir também. Sendo assim, Sócrates argumenta que eros é um estado intermediário e dinâmico entre a carência e a produção (SHIEFFIELD, 2006, p. 40-41). No discurso socrático, o estado intermediário de flutuação entre esses dois opostos é exposto a partir do mito sobre o nascimento do amor (203b-204c). Segundo esse mito, a mãe de eros, Penia/Pobreza, representa a falta, enquanto seu pai Poros/Recurso, representa a abundância. Shieffield (2006, p. 42-3) argumenta que, sendo fruto da relação entre a falta e a abundância, eros tem o desejo pelo que não tem (advindo de Penia) e a coragem produtiva (advinda de Poros). Dessa maneira, a natureza do amor o obriga a perseguir o bom e o belo que reconhece estar em falta. Sua natureza explicaria o seu ser intermediário: é um estado deficiente, porém produtivo (SHIEFFIELD 2006, p. 46). A característica produtiva e criativa do eros não está na falta, mas sim em seu desejo pelo que não tem. Se eros fosse simplesmente um reconhecimento da falta, sem contudo ser uma força produtiva, ou seja, se esse fosse meramente passivo, não haveriam coisas boas provindas desse. Seu parentesco dual justifica suas características intermediárias entre o divino e o mortal. Também a partir desse mito, Sócrates explica que eros não seria um Deus, pois enquanto eros se encontra em estado de necessidade e desejo, os Deuses sempre estão em estado de abundância (202c-203a). Se não há necessidade, não há desejo; a falta ou necessidade é a origem do desejo e o desejo a origem do conhecimento. Se eros fosse um Deus, eles seria pleno em si mesmo e não poderia ser uma força impulsionadora, como quiseram fazer crer não só Sócrates/Diotima, mas também os discursos anteriores. É importante ressaltar que para a filosofia platônica, o problema não está inserido no desejo, mas sim no desejo pelas coisas erradas. Como é dito no Menon (77bc), as pessoas sempre desejam o bem, mas nem sempre sabem o que é o bem. Desta maneira, deve haver uma educação do desejo para que esse deseje coisas de fato boas. É nessa educação do desejo que se desenvolve a relação de eros com a filosofia (SHIEFFIELD, 2006, p. 52-53). A prática filosófica irá direcionar e informar como http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( 77( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( desejar certos objetos ao invés de outros, como encontrar o bem e o belo verdadeiros. Sendo assim, o eros filosófico pode ser verdadeiramente produtivo.48 Dessa maneira, há uma relação entre o filósofo que deseja a sabedoria e o eros que deseja o belo. A primeira característica semelhante entre os dois, para a qual Shieffeld (2006, p. 56) chama a atenção, é a flutuação entre os opostos (falta/posse, mortal/divino, ignorância/sabedoria): tanto o filósofo quanto o eros se encontram num estado intermediário. Em segundo lugar admite-se na fala de Diotima, que a sabedoria é uma das coisas mais belas, e uma vez que eros busca o belo, logo uma das coisas que eros deve buscar é a sabedoria (204b): “Com efeito, uma das coisas mais belas é a sabedoria, e o Amor é o amor pelo belo, de modo que é forçoso o Amor ser filósofo e, sendo filósofo, estar entre o sábio e o ignorante”. O amor é interessado no belo: quanto mais belo mais o amor deseja; a sabedoria é uma das coisas mais belas, logo o amor é um amante da sabedoria (204b). Como aponta Shieffield (2006, p. 55), uma vez reconhecida essa busca, a filosofia se torna uma atividade importante para o amor, a atividade em que ele melhor se expressa (210e-211d). É importante notar que a filosofia tem que ser um estado intermediário para ser amor à sabedoria: ela não pode ser a posse da sabedoria, porque quem possui a sabedoria não a deseja, visto que não se deseja o que se tem; da mesma forma, ela não pode ser ignorância, pois os ignorantes não desejam a sabedoria, porque não sabem que não a possuem, não percebendo assim a falta da mesma. Sendo assim, ao contrário do ignorante que não reconhece sua ignorância, logo não procura o que lhe falta, o filósofo que é possuidor do eros, sabe que o que lhe falta é a sabedoria, e a persegue como uma das coisas mais belas, possuindo sempre motivação para continuar a persegui-la (SHIEFFIELD, 2006, p. 57-8). Shieffield propõe em relação a esse passo uma espécie de brincadeira com as palavras, que me parece interessante mencionar (2006, p. 58-66). Levando em conta o estado de aporia resultante da prática socrática, o nome do pai de eros, Póros, e a carência da mãe de eros, Pênia, ela sugere que o diálogo caminha assim para o estado de flutuação entre euporia e aporia proposto pela filosofia platônica: enquanto a euporia seria um estado no qual se há uma noção de progresso, um sentimento de conhecimento, ((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( 48 direcionado. Esse eros filosófico retoma a ideia de Pausânias de que há um bom eros e um eros mau- http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( 78( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( a aporia seria um reconhecimento de não estar na posse desse saber, representada pela famosa frase socrática “só sei que nada sei”. A partir da aporia (reconhecimento da ignorância) chegaríamos à euporia (que ao mesmo tempo que é um conhecimento é um desejo pelo conhecimento que ainda não se tem), sendo esse ciclo característico da prática filosófica. Sendo assim, o filósofo não é um conhecedor e sim aquele que busca o conhecimento. O filósofo é aquele que possui a falta, reconhece essa falta, tem um desejo consciente de superação dessa falta. Haveria assim uma ligação entre os termos usados para descrever o estado entre ignorância e sabedoria e os termos usados para descrever o estado intermediário de eros. Voltando para o texto do Banquete,ao observar as características da natureza do amor apresentadas no discurso de Sócrates podemos perceber algumas diferenças entre esse e o discurso de Aristófanes. Uma delas é a descrição do estado de carência: enquanto Aristófanes caracteriza o estado de carência como uma carência pelo outro, Sócrates afirma essa carência como algo interno. Ou seja, para Platão o homem é um ser carente, mas não porque já teve sua metade, mas porque reconhece sua mortalidade. Logo não há uma carência completa e sim uma carência produtiva, pois ao perceber essa carência, o homem se volta para a busca do que lhe falta, diferentemente do que é apresentado por Aristófanes, que só considera o homem perfeitamente produtivo quando está inteiro, ou seja, após o encontro com sua “cara-metade”. Só depois que uma definição viável sobre a natureza de eros é alcançada, Sócrates prossegue a discussão tratando dos objetivos e atividades de eros que beneficiariam o homem (204c). Ou seja, uma vez exposto que eros é um estado intermediário, sendo caracterizado pela flutuação entre posse e falta e não sendo, portanto, um estado de carência permanente, eros tem de ser um produtor de coisas boas, logo, um estado produtivo. Se em um primeiro momento, o discurso socrático se voltou para o que seria essa falta, determinando o que o eros busca e porque ele busca isso, agora é necessário fazer uma exposição dos benefícios adquiridos pela presença do eros, bem como a forma que esses são adquiridos (204c-207a), ou seja, o que seria especificamente essa produção e como ela traz efeitos positivos. Há a especificação de três objetivos do amor: o belo (204d), o bom (204e) e a imortalidade (207a), porém há um objetivo unificado, sendo esse a eudaimonia (SHIEFFIELD, 2006, p. 75). http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( 79( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( Assim há uma suposição de que o objetivo máximo de todos os desejos, buscas e ações racionais é a felicidade (205d). A felicidade buscada é uma plenitude de se sentir realizado enquanto ser humano, não sendo algo efêmero. Essa seria uma das razões para afirmação platônica de que a vida contemplativa é a mais valiosa (211d), pois essa seria a forma mortal na qual há a maior aproximação do imortal, visto que para ter uma vida contemplativa o ser humano necessita já haver produzido. Descoberto assim o que seria a falta, ainda precisa-se saber como essa busca pelas coisas belas, boas e imortais pode ser útil aos homens.49 O discurso socrático permanece semelhante ao aristofânico no que se refere à importância atribuída à busca pela felicidade, ou seja, Sócrates acredita que a importância de eros está na sua contribuição para a felicidade, para a boa realização do ser humano (204e). Todavia, enquanto o discurso socrático liga a felicidade ao bem, o discurso aristofânico liga a felicidade ao semelhante. Para Sócrates ao desejar e buscar coisas boas há o encaminhamento para a felicidade, sendo assim, os homens buscam coisas boas. Já Aristófanes argumenta que os homens buscam aquilo que lhes é semelhante para assim voltar a ser uno, devendo buscar sua metade perdida para encontrar a felicidade (193c). Segundo Schieffield (2006, p. 78), parece que para Sócrates, Aristófanes estava correto ao afirmar que eros persegue aquilo que lhe falta, mas enganado ao dizer qual seria o objeto de busca dessa carência, ou seja, a metade semelhante. Como dito anteriormente, o discurso de Sócrates complementa os anteriores. Seu discurso me parece apontar que seus interlocutores possuíam diferentes concepções sobre o que seria a felicidade e/ou a sabedoria. O erro assinalado pelo discurso socrático seria como os demais entendem o que é virtude e conhecimento.Há nos discursos anteriores, me parece, a falta de uma perspectiva filosófica. A retomada dos discursos anteriores por Sócrates mostra, a meu ver, não só a importância desses para o desenvolvimento da compreensão filosófica proposta pelo último discurso, mas tambéma importância da prática da educação filosófica, a discussão dialética, para assim haver, posteriormente, o alcance da vida contemplativa. ((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( 49 Essa parte do discurso de Sócrates/Diotima, embora fundamental para entender o papel de eros na filosofia platônica, foge ao escopo desse trabalho, que pretende apenas mostrar (1) como a visão aristofânica parece ter sido reproduzida no nosso imaginário literário e (2) como Platão se opõe a descrição da natureza de eros proposta por Aristófanes. Sendo assim, me absterei de tratar dessa parte do discurso de Sócrates/Diotima. http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( 80( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( Culturalmente parecemos ter construído o pensamento que, de alguma forma, os amantes irão desempenhar um papel fundamental na realização da felicidade. Sócrates parece argumentar que a união com outro indivíduo não pode por si só levar à completude do desejo de felicidade. Porém, obviamente, isso não é um discurso contra os amantes. É claro que os amantes também devem ser vistos como partes de uma vida feliz. No discurso socrático, os amantes que Aristófanes considera como sendo fruto da felicidade são na verdade guias e musas que auxiliam na busca do verdadeiro, não sendo o encontro por si só realizador da felicidade. O amante conduz o amado à felicidade, que, ainda que motivada por esse encontro, depende do desejo do amado pelo conhecimento verdadeiro. Dessa forma, os amantes são favoráveis no momento em que despertam o potencial produtivo do eros em seus amados (SHIEFFIELD, 2006, p. 226), como quando o jovem Sócrates é guiado por Diotima, afirmando que precisava de um mestre (207c). Penso que o uso da figura de um Sócrates jovem pode apontar para o fato de que somente após esse encontro com Diotima Sócrates pode também guiar, ou seja, Diotima desperta o potencial produtivo de Sócrates. Como exposto, a concepção de amor platônico foi e é até hoje ligada ao discurso de Aristófanes no Banquete, havendo em alguns momentos da literatura a tentativa de desconstrução dessa visão. O Modernismo, bem como a Contemporaneidade conseguem, de certa forma, realizar esse afastamento ao falar de sentimentos e realidades mais próximas dos indivíduos de suas épocas, poetizando e concretizando a liquidez, rapidez, instabilidade e fragilidade presente nas relações. Estas características dificultam a perpetuação da concepção de que haverá em algum momento o encontro com a “cara metade”. Já o discurso de Sócrates ataca essa visão por outra frente. Sócrates se volta para o desejo pela sabedoria, o amor pela filosofia, que seria a principal forma de adquirir a felicidade, mostrando que o ser humano não é somente uma criatura carente, que se completa no outro, mas sim alguém que possui um estado de falta produtiva, que leva à produção, ao pensamento. É claro que ambos tentam desconstruir a visão aristofânica, porém, a meu ver, as correntes literárias atuais expressam melhor o espírito de nossa época. Isso porque Sócrates apresenta uma ascensão na qual primeiramente há a descoberta dos desejos vulgares e sexuais, posteriormente a educação filosófica, na qual a tarefa é garantir que haja julgamentos corretos sobre os tipos de bem que são adequados, e finalmente a vida 81( http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( Revista(Aproximação(—(Segundo(semestre(de(2014(—(Nº(8( ( contemplativa. Enquanto Platão parece ver o eros sexual como um estágio anterior à descoberta das coisas boas necessárias para o alcance da felicidade, sendo, portanto, incapaz de satisfazer o desejo pela eudaimonia, o amor contemporâneo parece se distanciar do ideal de eudaimonia platônica. Referências: PLATÃO. O Banquete. Rio de Janeiro: Difel, 2010. SHEFFIELD, Frisbee. Plato's Symposium – The Ethics of Desire. New York: Oxford University Press, 2006. JOBIM, Tom. Wave. New York: A&M Records, 1967. MORAES, Vinícius de. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960. ANDRADE, Carlos Drummond de. O Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984. AUSTEN, Jane. Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice) Edição Bilíngue. São Paulo: Landmark, 2008. QUEIRÓS, Eça de. “A literatura nova” ou “O Realismo como nova expressão de arte”. CONFERÊNCIAS DO CASINO, 1871, Lisboa. CACASO. Beijo na boca. Rio de Janeiro: Viveiros de Castro Editora 7 letras, 2000. FREIRE, Roberto. Ame e dê vexame. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990. http://ifcs.ufrj.br/~aproximacao ( 82(
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