Dissertacao Carla Maria Erre Araujo - SIGAA

Transcrição

Dissertacao Carla Maria Erre Araujo - SIGAA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA – DEOLI
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS
CARLA MARIA ERRE ARAÚJO
FAUNA ACOMPANHANTE DO SISTEMA DE PRODUÇÃO PESQUEIRA PESCADA
AMARELA (CYNOSCION ACOUPA – PISCES: SCIANIDAE, LACEPÉDE 1802)
DESEMBARCADA NA PRAIA DO ARAÇAGY ÁREA DO LITORAL DA ILHA DO
MARANHÃO, BRASIL: subsídios para sua conservação
São Luís
2008
CARLA MARIA ERRE ARAÚJO
FAUNA ACOMPANHANTE DO SISTEMA DE PRODUÇÃO PESQUEIRA PESCADA
AMARELA (CYNOSCION ACOUPA – PISCES: SCIANIDAE, LACEPÉDE 1802)
DESEMBARCADA NA PRAIA DO ARAÇAGY, ÁREA DO LITORAL DA ILHA DO
MARANHÃO, BRASIL: subsídios para sua conservação
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Sustentabilidade de
Ecossistemas – PPGSE da Universidade Federal do
Maranhão – UFMA, para obtenção do título de
Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas.
Orientador: Prof. Dr. Walter Luis Muedas Yauri
Co-Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Leal de
Castro
São Luís
2008
Araújo, Carla Maria Erre
Fauna acompanhante do Sistema de Produção Pesqueira Pescada
Amarela (Cynoscion acoupa, PISCES: SCIANIDAE, LACEPÉDE
1802) desembarcada na praia do Araçagy, área do litoral da Ilha do
Maranhão, Brasil: subsídios para sua conservação/Carla Maria Erre
Araújo. – São Luís, 2008.
85f. : il.
Dissertação (Mestrado em Sustentabilidade de Ecossistemas) Universidade Federal do Maranhão, 2008.
1 – Cynoscion acoupa (Pescada amarela). 2 – Fauna acompanhante. 3
– Dasyatis guttata (Raia bicuda). Título.
CDU: 597.56
CDU...
CARLA MARIA ERRE ARAÚJO
FAUNA ACOMPANHANTE DO SISTEMA DE PRODUÇÃO PESQUEIRA PESCADA
AMARELA (CYNOSCION ACOUPA – PISCES: SCIANIDAE, LACEPÉDE 1802)
DESEMBARCADA NA PRAIA DO ARAÇAGY, ÁREA DO LITORAL DA ILHA DO
MARANHÃO, BRASIL: subsídios para sua conservação
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Sustentabilidade de
Ecossistemas – PPGSE da Universidade Federal do
Maranhão – UFMA, para obtenção do título de
Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas.
Aprovada em
/
/
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Prof. Dr. Walter Luis Muedas Yauri (Orientador)
___________________________________________________
Prof. Dr. Claudio Urbano Bittencourt Pinheiro
___________________________________________________
Prof. Dr. Haroldo Gomes Barroso
___________________________________________________
Prof.ª Ph.D. Larissa Nascimento Barreto
Aos
pescadores
da
praia
do
Araçagy/Mangue Seco, que encantaram
o trabalho de campo!
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas da
Universidade Federal do Maranhão por viabilizar a realização da pesquisa.
Ao Prof. Dr. Walter Muedas pela orientação, direcionamentos e sua alegre
disposição que sanaram muitas angústias ao longo do trabalho.
Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Leal de Castro pela co-orientação e colaboração que
aprimorou muito este trabalho.
Ao prof. Dr. Claudio Urbano Bittencourt Pinheiro pelas contribuições e
especialmente pela atuação como coordenador do Mestrado.
Aos meus pais, Ribamar Araújo e Aparecida Erre, que sempre me apoiam e
acreditam no meu sucesso. Amo vocês!
A Rôney, Eneida, Virgínia e Ribamar Segundo, pelo simples e maravilhoso fato
de serem meus irmãos.
Aos meus sobrinhos Ana Beatriz, Luís Filipe e Alícia que suavizam minha
caminhada por serem fonte de extremo carinho.
À Zafira Almeida Querida, pelo apoio de sempre.
Aos amigos Ângela Medeiros, Karla Bittencourt e Roberto Ramos pelas trocas e
companhias inestimáveis. Obrigada principalmente pelos bons momentos de estudo e
aprendizado para prova do Mestrado, por tudo que aprendi com vocês, pelo carinho e atenção
constantes. Minha eterna gratidão!
A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de
Ecossistemas.
Aos pescadores da praia do Araçagy/Mangue Seco, pela contribuição no registro
de desembarques e principalmente por acreditarem na pesquisa, cito especialmente Miguel,
Zé Ribeiro, Natal e Chico Borrozão.
Primitivos Modernos!
As pessoas costumam dizer que são abertas, intensas!
Que enfrentam os desafios sem medo, seguem em frente, sempre!
Alimentam dores do passado,
Deixam as pessoas do presente de lado!
Viajam no ‘túnel do tempo’, procurando uma razão para sua existência.
Atravessam crises, superam os momentos de dificuldades.
Será mesmo?
Na correria diária tentam sufocar suas ‘paixões’.
Mergulham de cabeça em busca da ‘caça’, seu sustento...
Entregam-se nas mãos do trabalho, e acusam este de ser o vilão de suas
vidas.
Pois consome o tempo, a energia, a vitalidade,
Alegando que este impede seus corações, por novas decisões.
Observe:
Primitivos Modernos!
Assim como no passado, a busca incessante pela sobrevivência,
A dificuldade de expressar o que sente,
Uma mente poluída por dúvidas, medos,
Alguns...
Voltam o tempo,
E se tornam primatas de si mesmos!
Cada dia uma nova descoberta?
Não!
Cada dia uma nova fuga!
Cada dia uma ilusão,
A ilusão de fechar o próprio coração.
Somos o que pensamos!
‘Restos’ do passado,
Que juntam ‘uma figura’ no presente,
Que constrói o futuro.
Que o ‘primitivo’ de atitudes covardes e fugas insanas de si mesmo,
Permaneçam no passado!
Que o ‘moderno’ dos atos de coragem e o amor por sim mesmo,
Estejam no presente!
Para que o ‘equilíbrio’ e o bom senso pela própria vida,
Possam ser a base do futuro!
Gênice Suavi
RESUMO
O Sistema de Produção Pesqueira Pescada Amarela possui grande representatividade no
Estado do Maranhão, é composto por embarcações de madeira com motor de até 18HP. O
petrecho de pesca utilizado para as capturas, rede de emalhar malhadeira (malhão ou
pescadeira), é confeccionado com fio de seda nº 33, 36 e 46 (sedão) ou grilon nº 100 (nylon).
É uma pesca realizada em todo o litoral, tem como recurso alvo a Cynoscion acoupa (pescada
amarela), mas nesta pescaria há ocorrência de outras espécies acessórias denominadas fauna
acompanhante. A necessidade de estudo da fauna acompanhante da “pescada amarela” surgiu
da preocupação da intensa exploração que sofre a pescada. As capturas acontecem durante
todo o ano, e as várias espécies que compõe a pescaria, de forma não-intencional, nem sempre
atingem comercialização. Nesta pesquisa, representaram 30,61% das capturas. Este trabalho
foi desenvolvido na localidade de Mangue Seco, praia do Araçagy, Ilha do Maranhão (MABrasil), onde a modalidade de pesca predominante é da “pescada amarela”. Foram registrados
desembarques efetuados ao longo do período de janeiro a setembro de 2008 a fim de se
verificar a participação, comercialização e produção das diferentes espécies na pescaria. O
teste para analisar a ocorrência das espécies da fauna acompanhante com o recurso alvo nas
capturas foi o Qui-quadrado. As espécies de maior participação nos desembarques e, portanto
consideradas como potenciais componentes da fauna acompanhante neste trabalho foram:
Dasyastis guttata (arraia bicuda); Caranx latus (xaréu); Cynoscion microlepidotus (corvina
uçu);
Aetobatus
narinari
(arraia
pintada);
Hexanematichthys
parkerii
(gurijuba);
Hexanematichthys proops (uritinga) e Centropumus undecimalis (camurim preto). Foi
observado que a principal espécie acompanhante da pescada é a “arraia bicuda” (Dasyatis
guttata) e esta espécie sofre uma alteração em sua abundância nas pescarias de acordo com a
estação seca ou chuvosa. Não é um recurso apreciado no comércio, tendo mais um valor
social perante a comunidade local. Outros dados da pesquisa analisados foram: pesca, nº de
indivíduos capturados, composição e biodiversidade da fauna acompanhante, categoria
bioecológica das espécies, freqüência de ocorrência das espécies nas capturas, índices
biométricos e estratégias de ciclo de vida de algumas espécies, esforço de pesca e cadeia de
comercialização de espécies envolvidas nesta pescaria.
Palavras-chave: Cynoscion acoupa (pescada amarela). Fauna acompanhante. Dasyatis gutatta
(arraia bicuda). Conservação.
ABSTRACT
The handmade fishing of the Cynoscion acoupa it is a practice accomplished in the whole
coast of the State of Maranhão. The need of study of the “by catch” of the "fished" it appeared
of the concern of the intense exploration of the "fished" and of the several species that make
the composition of that fishing as “by catch”. The work was developed at the beach of
Araçagi, Island of Maranhão (MA-Brazil) with the purpose of obtaining knowledge on the
fauna accompanying of this resource so explored. They were registered and analyzed the
production data along the period of January to September of 2008, effort of fishing and
different species that were part of the composition of the Fish Production System, this system
is compounded of wooden boats with until 18Hp motors, its fishing method is the standard
gill netting and its target species is the Acoupa weakfish (Cynoscion acoupa). The
disembarkations were registered made along the period in order to verify the participation,
commercialization and production of the different species in the fishery. The methodological
procedures to evaluate the interdependence, in the occurrence factor in the fishery, of the
accompanying species with the white resource were the Qui-square. The species of larger
participation in the disembarkations and, therefore considered as potentials components of the
accompanying fauna in this work they were: Dasyastis guttata (it stripes beaked); Caranx latus
(xaréu); Cynoscion microlepidotus (corvina uçu); Aetobatus narinari (painted ray);
Hexanematichthys parkerii (gurijuba); Hexanematichthys proops (uritinga) and Centropumus
undecimalis (black camurim). it was observed that to main species accompanying of the
fished it is the " beaked " line (Dasyatis guttata) and this species suffers an alteration in your
abundance in the fisheries in agreement with the station it evaporates or rainy. It is not a
resource appreciated in the trade, tends one more social value before the local community.
Keywords: Cynoscion acoupa. By catch. Dasyatis gutatta.Conservation.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 –
Classificação das espécies capturadas na pescaria da Cynoscion acoupa
(pescada amarela) na praia do Araçagy/Mangue Seco, Ilha do Maranhão,
durante o período de janeiro a setembro de 2008 .................... 36
Tabela 2 –
Frequência de ocorrência absoluta dos desembarques para cada espécie
nos diferentes meses de pesquisa ............................................................
Tabela 3 –
38
Representação de categorias bioecológicas das espécies do Sistema de
Produção Pesqueira Pescada Amarela desembarcadas na praia do
Araçagy/Mangue seco, Ilha do Maranhão-Brasil ....................................
Tabela 4 –
41
Valores do grau de associação (probabilidade p) entre a espécie alvo e a
Cynoscion acoupa e as espécies que compuseram sua fauna
acompanhante, em termos de composição de pescaria no Sistema
durante o período de janeiro a setembro de 2008 ....................................
Tabela 5 –
43
Espécies que apresentaram as maiores frequências de ocorrência na
pescaria do SPPPA na praia do Araçagy/Mangue Seco, Ilha do
Maranhão, Brasil, no período de janeiro a setembro de 2008 .................
Tabela 6 –
46
Dados de produção, números de desembarques, dias de pesca por mês, e
captura por desembarques do recurso e das espécies mais representativas
da fauna acompanhante, na praia do Araçagy/Mangue Seco, Ilha do
Maranhão, durante o período de janeiro a setembro de 2008 .................... 48
Tabela 7 –
Índices biométricos das espécies de peixes estuarinos do Sistema de
Produção
Pesqueira
“pescada
amarela”
(Cynoscion
acoupa)
desembarcados na praia do Araçagy/Mangue Seco, Ilha do MaranhãoBrasil no período de janeiro a setembro de 2008 .....................................
Tabela 8 –
Características distintas quanto às táticas que compõem o ciclo de vida
das espécies r e K ....................................................................................
Tabela 9 –
50
59
Preço médio de primeira comercialização das espécies do Sistema de
Produção Pesqueira Pescada Amarela capturadas na praia do
Araçagy/Mangue Seco ............................................................................
64
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa da localização geográfica da praia do Araçagy/Mangue Seco, Ilha
do Maranhão, Brasil ..............................................................
25
Figura 2 – Alguns pontos da área de pesca, onde ocorre captura da Cynoscion
acoupa (pescada amarela) e da fauna acompanhante do Sistema de
Produção Pesqueira Pescada Amarela no litoral maranhense ......................
27
Figura 3 – A Arte de pesca, malhadeira, utilizada pelos pescadores da praia do
Araçagy/Mangue Seco .................................................................................
32
Figura 4 – Malhadeira, com destaque para a abertura de malha, tamanho nó a nó .......
33
Figura 5 – Modelo da rede de emalhar “malhadeira”, disposição da rede no ambiente
de pesca, é utilizada por pescadores da praia do Araçagy/Mangue Seco do
Sistema de Produção Pesqueira Pescada Amarela .......................................
33
Figura 6 – Pescada-amarela – Cynoscion ocoupa .........................................................
35
Figura 7 – Arraia bicuda – Dasyatis guttata................................................................... 44
Figura 8 – Xaréu – Caranx latus....................................................................................
44
Figura 9 – Gurijuba – Hexanematichthys parkerii ........................................................
45
Figura 10 – Uritinga – Hexanematichthys proops ...........................................................
45
Figura 11 – Camurim preto – Centropomus undecimalis ................................................ 45
Figura 12 – Arraia pintada ............................................................................................
56
Figura 13 – Venda direta de peixes ao consumidor (comercialização da “pescada”) .....
61
Figura 14 – Esquema ilustrativo da cadeia de comercialização da pescada amarela na
praia do Araçagy/Mangue Seco, São Luís MA ............................................ 62
Figura 15 – Esquema ilustrativo dos rendimentos econômicos da “pescada amarela”
(Cynoscion acoupa) ...................................................................................... 63
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Produção do malhão no Estado, Cedral e Raposa ...................................... 34
Gráfico 2 – Cenário da quantidade de peixes capturados e “proporção” visual das
capturas entre o recurso alvo da pescaria, a espécie mais abundante da
fauna acompanhante (arraia bicuda) e as outras espécies envolvidas na
pescaria no período de janeiro a setembro de 2008 ................................... 40
Gráfico 3 – Ocorrência das espécies envolvidas na pescaria da pescada amarela no
período de janeiro a setembro de 2008. A altura das colunas é
proporcional ao número de participação das espécies por mês nos
desembarques ............................................................................................. 41
Gráfico 4 – Captura por unidade de esforço de pesca (CPUE), da “pescada amarela”,
da “bicuda” e “outros peixes” da fauna acompanhante do sistema
“pescada amarela” (Cynoscion acoupa), durante o período janeiro a
setembro de 2008, no pesqueiro de “mangue seco” na praia do Araçagy,
Ilha de São Luís-MA .............................................................................
Gráfico 5 – Correlação do esforço de pesca da Cynoscion acoupa e Dasyatis guttata
49
49
Gráfico 6 – Comparação da ocorrência de Dasyatis guttata e outras espécies da
fauna acompanhante com o índice pluviométrico do período de janeiro a
setembro de 2008........................................................................................ 53
Gráfico 7 – Correlação da Cynoscion acoupa “pescada amarela” e Dasyatis gutatta
“bicuda” capturadas com “malhadeira” na praia do Araçagy/Mangue
Seco, Ilha do Maranhão-Brasil no período de janeiro a setembro de 2008 54
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13
2
OBJETIVOS ....................................................................................................... 17
2.1
Geral .................................................................................................................... 17
2.2
Específicos ........................................................................................................... 17
3
REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 18
3.1
Os cenários da pesca e sua evolução ................................................................. 18
3.2
Atividade pesqueira e a fauna acompanhante ................................................. 19
3.3
Os recursos que compõem uma pescaria: ocorrência, categorias
bioecológicas e estratégias reprodutivas ........................................................... 21
3.4
A conservação dos recursos naturais ................................................................ 24
4
METODOLOGIA ............................................................................................... 25
4.1
Área de estudo ..................................................................................................... 25
4.2
Coleta e análise dos dados .................................................................................. 27
4.2.1
Caracterização da pesca do sistema de produção pesqueiro Pescada Amarela .... 27
4.2.2
Composição da pesca do SPPPA e sua biodiversidade ........................................ 28
4.2.2.1 Análises estatísticas para aferir a fauna acompanhante da Cynoscion acoupa
(pescada amarela) na praia do Araçagy/Mangue Seco - grau de dependência e
associação de ocorrência nas pescarias do SPPPA ............................................... 28
4.2.4
Frequência de ocorrência das espécies no ambiente ............................................. 30
4.2.5
CPUE (Captura por Unidade de Esforço), maturidade sexual e características
das espécies que demonstraram maior grau de associação com o recurso alvo
do SPPPA ............................................................................................................. 30
4.2.6
Estratégias reprodutivas das espécies envolvidas no SPPPA ............................... 31
4.2.7
Cadeia de comercialização do SPPPA ................................................................. 31
5
RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 32
5.1
Caracterização da pesca .................................................................................... 32
5.2
O recurso alvo (Cynoscion acoupa – pescada amarela) .................................. 34
5.3
Composição e biodiversidade de espécies na fauna acompanhante do
Sistema Pesqueiro Pescada Amarela ................................................................ 37
5.4
Análises estatísticas - Fauna acompanhante da Cynoscion acoupa (pescada
amarela) - espécies da fauna acompanhante da pescada amarela e grau de
dependência e associação de ocorrência nas pescarias do SPPPA ................. 42
5.5
Frequência de ocorrências das espécies no ambiente ...................................... 47
5.6
CPUE (Captura por Unidade de Esforço), maturidades sexual e
características e particularidades observadas com as espécies que
demonstraram maior relação de dependência e associação de ocorrência
com o recurso alvo (Cynoscion acoupa, “pescada”) do Sistema ..................... 47
5.7
Cadeia de comercialização ................................................................................. 60
6
CONCLUSÃO ..................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 67
APÊNDICES ..................................................................................................... 71
13
1 INTRODUÇÃO
A pesca desde os primórdios da civilização vem atuando como elemento
fundamental para a humanidade. É uma das atividades de maior fonte de proteína e
subsistência humana gerando estreita relação e constante interdependência.
A Revolução Industrial, porém, provocou grandes mudanças nesta relação, e
originou várias modificações tecnológicas na exploração dos recursos, acarretando grande
impacto nos processos produtivos. A ampliação do mercado consumidor influenciou o
desenvolvimento do comércio e passou a determinar o ritmo de produção. Este progresso
econômico-tecnológico e social na pesca constituiu um importante marco. As formas rústicas
de extração pesqueira onde os seres humanos retiravam da natureza pequenas quantidades,
sem gerar grandes danos ambientais foram substituídas por grandes transformações
tecnológicas, rápida construção de navios e portos pesqueiros com grande infraestrutura de
processamento. O conhecimento tradicional e o extrativismo de subsistência foram sendo
aprimorados para atingir grande produção. O nível de avanço tecnológico e as exigências do
crescimento demográfico mudaram então por completo esta relação do homem com a
natureza.
Em prol de uma demanda que crescia constantemente foram surgindo evoluções
cada vez mais importantes que influenciaram mais ainda no contexto da pesca: implantação
da máquina a carvão e diesel nas embarcações pesqueiras, utilização de redes de arrasto,
portos como centro de distribuição do pescado, facilidade de produzir gelo, capacitando assim
o armazenamento dos estoques e estimulando a ida do barco para mais longe da costa. O
volume das produções aumentava sempre mais para atender esta demanda.
O saber-fazer, baseado no conhecimento tradicional sobre a dinâmica dos oceanos e
no ciclo de vida dos recursos pesqueiros, suficiente para produzir uma quantidade de
pescado necessária à subsistência das comunidades produtoras e até mesmo sua
inserção nos mercados locais, vem sendo substituído pelo saber-usar instrumentos
tecnológicos, pelo saber-ler gráficos, pelo saber interpretar informações, saberes
requeridos pela necessidade de produção em larga escala. Explicitava-se, assim, a
completa separação entre os seres humanos e os recursos pesqueiros (natureza) que,
há muito, marcava outros setores da vida humana. A natureza de provedora de
subsistência passa a ser "produtora" de bens de consumo de origem marinha
(MARRUL FILHO, 2001, p.8).
Este processo, iniciado com a Revolução Industrial, suscitou condições para o
desenvolvimento do modo de produção capitalista na atividade pesqueira. O homem
desenvolveu uma racionalidade cartesiana e capitalista em relação aos recursos pesqueiros.
14
Atualmente o sonho de todo pescador artesanal é ter um motor para aumentar cada vez mais o
seu poder de pesca, mesmo percebendo a crise em que se encontram os recursos, pois a
diminuição no estoque dos recursos pesqueiros e no tamanho dos indivíduos capturados são
fatos ressaltados pelos pescadores como comprovantes desta crise.
O excesso de capacidade de pesca, além de ser a face mais visível da crise, é a mais
ameaçadora da viabilidade da explotação dos recursos pesqueiros. Atualmente, o
setor pesqueiro industrial-capitalista não conta com nenhum instrumento especial
para financiamento de seu desenvolvimento, tendo de buscar em suas próprias
estruturas - no todo inalteradas - o capital necessário à sua reprodução, com o
agravante de estarem a maioria dos estoques sobreexplotados (MARRUL FILHO,
2001, p.26).
Para Dias Neto (2002, p.7):
No Brasil esta situação confirma-se pelo nível de sobrepesca em que se encontra a
grande maioria dos recursos pesqueiros. Estudos afirmam que na crise da pesca
mundial, cerca de 75% dos principais recursos encontram-se plenamente explotados
ou sob excesso de explotação, ou até esgotados, ou se recuperando de tal nível de
utilização. No caso da pesca brasileira, os principais recursos nessas condições
ficam acima de 80% (DIAS NETO, 2002, p.7).
No Maranhão, a pesca é caracterizada como artesanal e tem finalidade comercial.
Esta pesca artesanal utiliza embarcações de pequeno e médio porte, com propulsão
motorizada ou não; também não existe nenhuma sofisticação nos petrechos e insumos
utilizados, tudo adquirido em comércio local. É uma das atividades econômicas mais
importantes para o sustento das comunidades litorâneas. O esforço de pesca concentra-se em
estuários, baías e em águas costeiras pouco profundas. A pescaria industrial acontece, mas em
menor escala.
A publicação intitulada “A pesca marinha e estuarina do Brasil no início do século
XXI: recursos, tecnologias, aspectos socioeconômicos e institucionais”, reúne artigos
produzidos por mais de 50 pesquisadores sobre a pesca no Brasil, dentre estes, Almeida et al.
(2006), que com o objetivo de entender e gerar informações sobre a pesca realizada no litoral
maranhense, e fazer o levantamento do estado das artes de pesca desenvolveram o trabalho
Diagnóstico da Pesca Artesanal no Litoral do Estado do Maranhão.
A partir dos conhecimentos obtidos, as modalidades de pesca observadas no
litoral maranhense foram classificadas considerando as características tecnológicas de cada
modalidade, os aspectos sociais, econômicos e ambientais. Através de um processo de
subdivisão sucessiva do conjunto de características diagnosticas da pesca – frota, prática ou
arte de pesca, recurso vivo explorado, ambiente alvo da exploração, residência do pescador,
relação de trabalho do pescador, renda média do pescador e grau de isolamento da
comunidade ou localidade – e dentro de cinco dimensões – ecológica, econômica, social,
15
tecnológica e de manejo – foram definidos os Sistemas Pesqueiros do Estado. Nesse cenário,
aborda-se aqui o Sistema de Produção Pesqueira Embarcações de Médio Porte Malhão –
combinação complexa e coerente de dinâmicas sociais, econômicas, tecnológicas e ambientais
com vistas ao extrativismo pesqueiro no Maranhão.
Os Sistemas de Produção Pesqueira devem apresentar dimensão tal que medidas
de gestão possam ser neles aplicadas e são unidades homogêneas, no que diz respeito a
características do meio aquático, relações de trabalho, organização social, comercialização,
produção e qualidade de vida. A diferenciação em um dos critérios é suficiente para a
distinção de um sistema.
O Sistema de Produção Pesqueira Embarcação de Médio Porte Malhão possui
grande representatividade no Estado do Maranhão, devido ao grande número de pescadores
que utilizam o malhão como petrecho. A espécie alvo do Sistema é a “pescada amarela”
(Cynoscion acoupa; Lacépède, 1801), muito embora nesta pescaria há ocorrência de outras
espécies caracterizadas como fauna acompanhante.
Por mais que o esforço pesqueiro seja dirigido a uma espécie-alvo (ou grupo de
espécies), sempre haverá a captura de outras espécies (SLAVIN, 1983). A essas espécies
acessórias, Alverson et al. (1994) denominam “by-catch” (fauna acompanhante). Quando
parte desse by-catch é devolvido ao mar, por falta de interesse econômico e/ou tecnológico
(SAILA, 1983; ALVERSON et al., 1994; CLUCAS, 1998), denomina-se de rejeição ou
descarte.
A pesca da “pescada-amarela” (Cynoscion acoupa) tem grande importância
econômica no litoral maranhense. Centenas de barcos trabalham continuamente na costa,
sendo também responsáveis pela captura não-intencional de algumas espécies nem sempre
sem valor comercial (fauna acompanhante) e que podem atuar como recurso alvo em outras
pescarias. Para conhecer a composição e a quantidade das capturas, além da sustentabilidade
da exploração desses estoques atingidos na pesca, faz-se necessário uma investigação.
A captura de fauna acompanhante pode afetar a estrutura e função de sistemas
marinhos ao nível de populações, comunidades e ecossistemas, podendo ser considerada
ameaça ambiental. Pois é fato que, há na natureza um equilíbrio dinâmico entre os organismos
vivos e o ambiente em que vivem, compartimentos estes que, formam o ecossistema, com
suas trocas e influências entre organismos e entre eles e o meio.
Neste âmbito de incerteza é importante que esta pescaria se desenvolva de forma
sustentável, mas o gerenciamento desta sustentabilidade nem sempre é tarefa fácil, pois a
reposição dos estoques pesqueiros está sujeita a muitos fatores, não só a ações extrativistas,
16
mas há centenas de variáveis de origem biológica e natural, nem sempre previsíveis ou
possíveis de serem controladas pelo homem sugerindo assim algumas hipóteses: 1) espécies
capturadas como fauna acompanhante da pescada-amarela estariam sendo impedidas de
realizar o seu recrutamento, o que poderia comprometer a renovação dos estoques pesqueiros
futuros; 2) espécies integrantes da fauna acompanhante da pescada amarela representam uma
quantidade de biomassa que ultrapassa o volume de captura da espécie alvo; 3) a considerável
importância da fauna acompanhante para a dinâmica econômica da pescaria da pescada
amarela tende a dificultar a busca por soluções que visem evitar sua captura, considerada um
problema à preservação do equilíbrio ambiental e à estabilidade dos estoques sob explotação.
Considerando todo o exposto, este trabalho pretende gerar subsídios – sob o ponto
de vista ecológico e socioeconômico – para a conservação das espécies da fauna
acompanhante, bem como para a própria pescaria no Sistema de Produção Pesqueiro Pescada
Amarela.
17
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Investigar a fauna acompanhante do Sistema de Produção Pesqueiro Pescada
Amarela desembarcada na praia do Araçagy/Mangue Seco para ampliar
conhecimentos sobre sua composição e gerar informações sobre sua
sustentabilidade, bem como propor subsídios para sua conservação.
2.2 Específicos
Estimar índices de abundância/espécie/captura da fauna acompanhante e do
recurso alvo (pescada amarela);
Determinar a frequência de ocorrência dos indivíduos por espécie;
Caracterizar o uso da fauna acompanhante como recurso;
Analisar a captura do recurso alvo sobre a fauna acompanhante (comparar os
índices de captura);
Realizar levantamento contemplando os aspectos comerciais da fauna
acompanhante e sua participação como fonte de renda na realidade do
pescador.
18
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Os cenários da pesca e sua evolução
As sociedades humanas primitivas obtinham seus alimentos diretamente da
natureza e a pesca sempre fez parte da atividade do homem desde os primórdios da
civilização. Até hoje, boa parte da população de peixes existentes nos mares suprem as
necessidades protéicas dos seres vivos que dependem desse recurso para sua dieta alimentar.
Os oceanos sempre constituíram uma propriedade de uso comum, aberta a todos,
seja para subsistência ou comercialização, entretanto há décadas a pesca está sofrendo a
necessidade de gerenciamento, pois a grande maioria das atividades pesqueiras encontra-se
em estado estacionário com os recursos escassos. A eficiência da exploração juntamente com
a capacidade dos recursos em resistir à exploração decaíram drasticamente.
Sempre que uma população natural é explorada, existe um risco de sobreexploração: os indivíduos são removidos em demasia e a população é levada ao
perigo biológico ou insignificância econômica – talvez mesmo à extinção. As
capturas globais de peixes marinhos cresceram cinco vezes entre 1950 e 1989. No
entanto, muitos dos estoques de peixes do mundo estão hoje no ponto de sobreexploração ou próximo dele. Os exploradores, por outro lado, querem evitar a
subexploração: se menos indivíduos são removidos do que a população pode
comportar, a produção colhida é menor do que o necessário, potenciais
consumidores são privados e aqueles que exercem a exploração ficam
subempregados. Não é fácil percorrer o estreito caminho entre sub e sobreexploração. Espera-se de uma política de governo que combine o bem-estar da
espécie explorada, o lucro da empresa exploradora e a continuidade de emprego para
a força de trabalho, bem como os estilos de vida tradicionais, os costumes sociais e a
biodiversidade natural (TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2006, p.452).
Os peixes são parte integrante do conceito de alimentação saudável em todas as
partes do mundo e servem também como fonte de renda e geração de empregos. A produção
desempenha papel muito importante na socieconomia brasileira.
Dias Neto e Dornelles (1996 apud DIAS NETO, 2002, p.6) evidenciaram que:
a pesca nacional está colocada entre as quatro maiores fontes de fornecimento de
proteína animal para o consumo humano. A produção oriunda do mar contribuiu, no
período de 1975 a 1994, com um mínimo de 67,7% e um máximo de 85,2% da
produção total de pescado do Brasil. Por sua vez, as últimas estimativas apontam
que o setor contribui para a geração de 800 mil empregos diretos e é composto por
um parque industrial que integra mais de 300 empresas. Esses dois indicadores
associados à infra-estrutura de apoio à pequena produção, à comercialização e à
distribuição do pescado formam um conjunto de indicadores socioeconômicos da
pesca marítima nacional que não é tão expressivo quando comparado com o mesmo
conjunto de indicadores da economia nacional no seu todo.
19
Quanto à crítica situação dos estoques, estudos afirmam que se na crise da pesca
mundial cerca de 75% dos principais recursos encontram-se plenamente explotados
ou sob excesso de explotação ou até esgotados ou se recuperando de tal nível de
utilização, no caso da pesca brasileira os principais recursos nessas condições ficam
acima dos 80%.
Apesar de fornecer todo esse suporte, o não gerenciamento da pesca reflete
negativamente na vida dos pescadores e não forma bons indicadores socioeconômicos. Essa
atividade como geradora de emprego, renda e alimentos não melhora as condições de
brasileiros que vivem no litoral e áreas ribeirinhas. Muitos têm uma vida sofrida e não
conseguem estudar, além de estarem sujeitos às condições e particularidades da pescaria, sem
dia ou hora para prática do trabalho.
A pesca fornece o alimento, atua como única fonte de renda e oportunidade nas
comunidades litorâneas, não exige mão de obra qualificada, conta somente com o
conhecimento empírico dos pescadores que abraçam talvez a única oportunidade de obter
renda e sustento de suas famílias.
Em meio às contradições que a evolução da pesca gerou muitos pesquisadores
buscam estudar e entender as conseqüências das diferentes estratégias de exploração, sabendo
que não é possível a preservação integral devido às dinâmicas da vida econômica e do
desenvolvimento, porém chegar a resultados que propiciem um equilíbrio nestas dimensões.
3.2 Atividade pesqueira e a fauna acompanhante
As intensas pescarias desenvolvidas nos vários litorais do mundo constituem
hoje fator de ameaça também a diferentes populações de peixes que compõem espécies
acessórias nas pescarias. O problema da conservação se concentra em diversos tipos de
pescarias, pois embora se organizem tecnicamente de forma a capturar determinado recurso,
sempre atingem as outras espécies que residem no meio, e a fauna acompanhante representa
estas espécies capturadas de forma não intencional em uma pescaria.
As artes de pesca são ajustadas ao tamanho corporal e ao comportamento de
determinadas espécies-alvo nas pescarias e também ao tipo de hábitat onde essas espécies
vivem, porém perdem seu caráter seletivo no momento em que as artes varrem os ambientes e
capturam indiscriminadamente.
Nos ecossistemas marinhos habitam seres e organismos de natureza muito
20
diversificada, as espécies interagem de modo complexo como parte de comunidades naturais,
com funções ecológicas fundamentais e às vezes únicas que este processo de captura ignora.
Como conseqüência, tanto o ambiente como os seres que dele fazem parte sofrem, a perda de
uma espécie pode ter conseqüências de longo alcance para outras espécies nas comunidades.
Dependendo da função que a espécie desempenhe no ambiente o que acontecer com uma
espécie pode desestabilizar outras comunidades.
As pescarias buscam atingir determinadas espécies através do conhecimento,
distribuição espacial-temporal e também comportamento de migrações sazonais destas
espécies, mas quando operadas no ambiente incidem sobre “tudo” que lá existe, capturando
indivíduos que não se enquadram nas categorias que constituem os alvos das pescarias.
As capturas de albatrozes, de tartarugas marinhas e de tubarões na pescaria oceânica
de atuns e espardartes com o espinhel pelágico são exemplos bem conhecidos da
captura incidental. A captura incidental pode ser descartada no mar ou aproveitada,
dependendo do valor econômico dessa captura em relação com a disponibilidade de
espaço de armazenamento a bordo do barco de pesca. No caso de uma espécie
comum e vulnerável à arte de pesca utilizada, a captura incidental da espécie pode
ser um fenômeno habitual na pescaria em questão. No sul do Brasil, exemplos de
pescarias com a captura incidental e habitual de elasmobrânquios são a captura de
cações-anjo na pescaria do peixe-sapo Lophius gastrophysis com redes de emalhe na
plataforma externa, e a captura de neonatos do tubarão-martelo-entalhado Sphyrba
lewini na pescaria da corvina Micropogonias furnieri com redes de emalhe de fundo
nas águas litorâneas (HAZIN; HAZIN, 2001 apud VOOREN; KLIPPEL, 2005
p.217).
Estas pescarias direcionadas podem ter, e a maioria tem, um caráter misto e
oportunista, em relação a outras espécies do ambiente, e isto significa lucro para o pescador,
mas também gera grandes prejuízos ecológicos para os diversos indivíduos que habitam o
ecossistema.
Na gestão pesqueira para a conservação de elasmobrânquios, a pescaria mista e a
pescaria com captura incidental constituem em conjunto o problema único das
pescarias que capturam elasmobrânquios junto com outros peixes que são o alvo
principal da pescaria. Porém, esses dois tipos de pescaria diferem com relação às
ações necessárias para a conservação da biodiversidade. O impacto das pescarias
direcionadas a certas espécies de peixes ou invertebrados e que capturam
elasmobrânquios incidentalmente, permanece restrito a uma certa parcela da fauna
regional, enquanto o impacto das pescarias mistas incide sobre a fauna regional de
peixes como um todo. Este impacto das pescarias mistas de se deve ao uso do
arrasto de fundo nessas pescarias (VOOREN; KLIPPEL, 2005 p.218).
A captura de fauna acompanhante é sensivelmente observada nos vários tipos de
pescarias e todas ressaltam os prejuízos que estas espécies acessórias sofrem. Em qualquer
processo o desequilíbrio que leva à falta ou excesso de um componente do ecossistema
normalmente desestabiliza as possibilidades desse ecossistema se restaurar ou se auto manter,
pois os processos biológicos responsáveis por sua produtividade são afetados.
21
A frota camaroeira do Estado de São Paulo atua sobre áreas de elevada diversidade
faunística, atingindo os estratos juvenil e adulto de peixes, crustáceos e moluscos, o
que exige que tal atividade seja, no mínimo, alvo de atenção redobrada quanto à sua
capacidade de desestabilizar os ecossistemas das áreas de pesca, submetidos
permanentemente a uma pressão de captura (LOPES et al., 2002, p.137).
Para Hall (1999, p.47):
Uma das preocupações da FAO, atestada no seu Código de conduta para a Pesca
Responsável (FAO, 1994), prende-se ao enorme desperdício de proteína constituinte
da fauna acompanhante rejeitada. As estimativas mundiais indicam que a rejeição de
fauna acompanhante é, no mínimo, cerca de cinco vezes a produção de camarão
(CLUCAS, 1998), sendo, na atualidade, um dos maiores problemas no uso de
recursos do mar.
3.3 Os recursos que compõem uma pescaria: ocorrência, categorias bioecológicas e
estratégias reprodutivas
Os indivíduos desenvolvem varias estratégias de adaptação para sua sobrevivência
ao meio. Utilizam os ambientes de diferentes formas para reprodução, alimentação,
crescimento, e em diferentes fases da vida.
Buscando representar particularidades inerentes a algumas espécies da pescada
amarela e à forma como vivem e exploram o ambiente marinho e suas circunstâncias
destacam-se aqui categorias bioecológicas e estratégias reprodutivas utilizadas por algumas
espécies marinhas, contemplando ainda espécies participantes da fauna acompanhante da
pescada amarela.
Com base no comportamento das espécies relacionado ao padrão de distribuição
espacial, ciclo reprodutivo e migração, são sugeridos para os peixes estuarinos da Ilha do
Maranhão (Brasil) quatro categorias bioecológicas, seguindo uma classificação semelhante
adotada por Potter et al. (1997) para peixes estuarinos.
1) Espécies migrantes-marinhas – são as espécies que ocorrem ocasionalmente na
região estuarina, apresentando baixa regularidade ao longo do ano e pouca
abundância.
São constituídas pelas seguintes espécies: Tallassophyrne nattereri (niquim),
Ogcocephalus vespertilio (bacacuá), Scomberomorus regalis (serra), Alutera
monoceros (cangulo), Chilomycterus antillarum (baiacu de espinho), Rhinoptera
bonasus (arraia jaborana), Aspredinichthys tibicen (viola), Aspredo aspredo (viola),
Hexanematichthys proops (uritinga), Arius quadriscutis (cangatã), Chloroscombrus
chrysurus (favinha), Arius couma (bagre catinga), Notarius grandicassis (cambéu),
Trinectes aff pauslistanus (solha verdadeira), Dasyatis guttata (arraia bicuda),
Dasyatis geijskesi (arraia morcego), Guavina guavina (muré), Opisthonema oglinum
(sardinha peu), Cetengraulis edentulus (sardinha verdadeira), Lycengraulis
grossidens (sardinha manjuba), Synodus foetens (jacaré), Symphurus plagusia
(linguado), Strongylura marina (peixe agulha), Strongylura timucu (peixe agulha),
22
Diplectrum radiale (papa terra), Sphoeroides greeleyi (baiacu areia), Rypticus
randalli (peixe sabão), Hemicaranx amblyrhynchus (xixarro), Trachinotus falcatus
(pampo), Lobotes surinamensis (croaçu), Eucinostomus melanopterus (escrivão),
Eugerres brasilianus (carapitanga), Orthopristis ruber (cororoca), Polydactilus
oligodon (barbudo), Polydactilus virginicus (barbudo), Peprilus paru (canguro),
Paralichthys sp (linguado), Trichiurus lepturus (guaravira), Etropus crossotus
(solha), Lagocephalus laevigatus (baiacu guará), Pomadasys corvinaeformis (jiquiri
branco), Archosargus probatocephalus (sargo).
2) Espécies estuarino oportunistas – são aquelas espécies tipicamente marinhas
que entram nos estuários onde completam apenas uma etapa do ciclo de vida,
utilizando este como área de alimentação ou de reprodução.
São representadas pelas seguintes espécies: Genyatremus luteus (peixe pedra),
Macrodon ancylodon (corvina gó), Mugil curema (tainha sajuba), Mugil incilis
(tainha urixoca), Achirus achirus (solha verdadeira), Elops saurus (urubarana),
Tarpon atlanticus (perapema), Centropomus parallelus (camurim branco),
Centropomus undecimalis (camurim preto), Epinephelus itajara (mero), Caranx
hippos (xaréu), Caranx latus (xareu), Caranx sp, Oligoplites palometa (tibiro
amarelo), Oligoplites saurus (tibiro branco), Selene vomer (peixe galo), Lutjanus
jocu (carapitanga), Diapterus olisthostomus (peixe prata), Diapterus rhombeus
(peixe prata), Diapterus sp (peixe prata), Eucinostomus argenteus (escrivão),
Eucinostomus gula (escrivão), Eucinostomus sp (escrivão), Cynoscion acoupa
(pescada amarela), Micropogonias furnieri (cururuca), Chaetodipterus faber
(paru), Citharichthys spilopteus (solha urumaçara), Cynoscion leiarchus
(curvitinga), Cynoscion microlepidotus (corvina uçu), Cynoscion steindachneri
(jurapara), Isopisthus parvipinnis (curvitinga), Menticirrhus americanus (boca de
rato), Stellifer brasiliensis (cabeçudo), Stellifer rastrifer (cabeçudo vermelho),
Stellifer naso (cabeçudo preto), Stellifer stellifer (cabeçudo vermelho), Mugil
trichodon (tricodon), Bagre bagre (bandeirado), Anchoa spinifer (sardinha
vermelha), Anchovia clupeoides (sardinha guelelê), Pterengraulis atherinoides
(sardinha de gato).
3) Estuarino-residentes – são as espécies que efetuam todo o ciclo de vida nos
estuários utilizando a região estuarina como área de alimentação, reprodução e
crescimento.
São representadas pelas seguintes espécies: Cathorops spixii (bagrinho), Cathorops
sp (uriacica), Anableps anableps (tralhoto), Bairdiella ronchus (cororoca), Mugil
gaimardianus (tainha pitiu), Arius herzbergii (bagre guribu), Arius rugispinnis
(jurupiranga), Pseudauchenipterus nodosus (papista), Batrachoides surinamensis
(pacamao), Colomesus psittacus (baiacu açu) e Sphoeroides testudineus (baiacu
pininga).
4) Espécies de água doce – são aquelas que se mantém na maior parte do ano
próximas às desembocaduras dos rios, mas que ocasionalmente são capturadas em
locais com alta salinidade.
São representadas pelas seguintes espécies: Pellona flavipinnis (sardinha dourada),
rhinosardinia amazonica (sardinha de serra), Serrasalmus nattereri (piranha caju),
Agneiosus sp (mandubé), Hypostomus aff verres (acari bodó), Callichthys
callichthys (cascudo) (MARTINS-JURAS, 1989, p.22).
Com relação à reprodução, os organismos desenvolvem estratégias de vida, e o
conhecimento dessas estratégias é muito importante para entender como as perturbações do
meio podem interferir no equilíbrio da população. De acordo com a estratégia do organismo, k
ou r, ele apresentará características que o torna mais vulnerável à pesca, como: crescimento
lento, maturidade sexual tardia, tempo de vida e gestacional longo, baixa fecundidade. Tais
características podem implicar na extinção, pois nascem poucos filhotes por gestação e com
um amadurecimento lento podem ser capturados antes de terem deixado descendentes.
23
Assim, tais estratégias demonstram que os organismos respondem de forma
bastante diferenciadas às pressões de explotação.
Segundo a teoria da dinâmica populacional como fator de seleção natural dos
animais, existem dois tipos de estratégia de vida: a estratégia-r e a estratégia-K.
A estratégia-r é aquela das espécies com a capacidade de rápido crescimento
populacional. Quando um fator ambiental reduz a abundância da população de uma espécie restrategista, a população mobiliza imediatamente sua elevada capacidade de crescimento e
com isto, repõe rapidamente a perda populacional que ocorreu. Correlatos típicos da
estratégia-r são: pequeno tamanho corporal, alta taxa de mortalidade natural e, portanto curta
duração de vida, maturidade sexual cedo na vida, e alta fecundidade da fêmea reprodutora.
A estratégia-K é aquela das espécies cuja taxa de crescimento populacional é
baixa em qualquer nível da abundância da população, sem a capacidade de uma forte e rápida
resposta a variações da abundância da população. Quando um fator ambiental reduz a
abundância da população de uma espécie K-estrategista, a população precisa de um longo
tempo para voltar a sua abundância anterior, porque ela não possui a capacidade para repor
rapidamente a perda populacional que ocorreu. Se aquele fator continuar atuando, a população
continua declinando até a extinção. Correlatos típicos da estratégia-K são: grande tamanho
corporal, baixa taxa de mortalidade natural e, portanto elevada longevidade, maturidade
sexual tarde na vida, e baixa fecundidade da fêmea reprodutora.
Na evolução das espécies, a seleção natural favorece uma ou outra dessas duas
estratégias de vida, dependendo das características gerais do ambiente e das relações
ecológicas dentro do ecossistema (MURRAY, 1979 apud VOOREN; KIPPEL, 2005).
À luz da teoria dessas duas estratégias de vida, constata-se que os
elasmobrânquios em geral são K-estrategistas (HOENING; GRUBER, 1990). Fica assim
explicado porque na intensiva pesca mista, peixes elasmobrânquios tendem a declinar até a
extinção enquanto certas espécies de peixes ósseos permanecem abundantes e sustentam a
pescaria (CAMHI et al., 1998; MUSICK et al., 2000). Porém, entre os peixes ósseos existem
também espécies que respondem à pesca intensiva da mesma maneira como o fazem os
elasmobrânquios.
Nos mares da Europa, a pesca foi o fator causal da extinção de três espécies de
esturjão do gênero Acipenser e da garoupa Epinephelus marginatus. No Brasil o cherne
Polyprion americanus se tornou escasso após 10 anos de pesca intensiva. Pelo seu grande
tamanho corporal e pelas características da sua dinâmica populacional, essas espécies são Kestrategistas (PERES; KLIPPEL, 2003).
24
3.4 A conservação dos recursos naturais
Vários registros sobre a pesca informam que muitos estoques pesqueiros vêm
sofrendo uma diminuição em suas populações, sendo considerados vulneráveis. Relatos de
pescadores em diversos tipos de pescarias apontam para este decréscimo e ressaltam também
as muitas modificações que já sofreram os ambientes devido às extensas e variadas
modalidades de pescaria. As atividades humanas causam extinção em proporções que
excedem a taxa natural de reposição dos cardumes caracterizando a pesca como uma atividade
insustentável de onde somente há extração e nada se repõe.
Um objetivo básico da conservação é evitar que as espécies sejam extintas, regional
ou globalmente e estabelece critérios para medir quando uma espécie apresenta
probabilidades de extinção como segue:
Vulnerável: se existe uma probabilidade de 10% de que ela será extinta nos
próximos cem anos,
Em perigo: se a probabilidade é de 20% nos próximos 20 anos ou em dez gerações,
considerando-se a de maior duração, e
Criticamente em perigo: se o risco de extinção for igual ou superior a 50% nos
próximos 5 anos ou nas duas próximas gerações (TOWNSEND; BEGON;
HARPER, 2006, p.518).
A exploração dos recursos naturais é necessária e é exigência de uma população
que cresce a cada dia, é através disso que se gera desenvolvimento, mas se não houver um
adequado gerenciamento aos recursos as gerações futuras terão que pagar o preço em termos
de um padrão inferior de qualidade de vida, como já acontece em muitos setores pesqueiros
de nosso país. Os recursos devem ser utilizados de maneira sustentável para que não
danifiquem as espécies e comunidades, pois as conseqüências atingem todos que do Planeta
fazem parte. Isto pode ser possível somente colocando o sustento de nossa população em
equilíbrio com a conservação das outras espécies e dos processos ecológicos que nutrem a
todos.
25
4 METODOLOGIA
4.1 Área de estudo
A costa maranhense apresenta uma vasta extensão de aproximadamente 640 km,
que se divide em duas zonas com características fisiográficas distintas: uma parte Leste, a
zona dos Lençóis, que é caracteristicamente mais árida com grandes extensões de dunas; e
uma porção Oeste denominada Zona de Reentrâncias, caracterizada por uma série de baías,
com uma grande quantidade de rios e de manguezais. Entre estas duas áreas encontra-se uma
terceira, o Golfão Maranhense, separado em duas grandes baías (São Marcos e São José) pela
Ilha de São Luís. Os contrastes entre as duas porções do litoral maranhense seriam atribuídos
aos contrastes nas condições climáticas de drenagem e circulação oceânica (PALMA, 1979).
A área de realização do presente trabalho é a localidade da praia do
Araçagy/Mangue Seco, Baía de São Marcos, situada entre a Latitude -2.452780° e Longitude44.159322° (Figura 1).
Fonte: Adaptado do Google Earth.
Figura 1 – Mapa da localização geográfica da praia do Araçagy/Mangue Seco, Ilha do
Maranhão, Brasil
26
A área de abrangência da pesca amostrada compreendeu a região da baía de São
Marcos até o município da Raposa, com desembarque na praia do Araçagy no munícípio da
Raposa, incluíndo a baía de São Marcos, da desembocadura a drenagem do sistema
Mearim/Pindaré/Grajaú, um estuário ativo, com um canal central bem desenvolvido e
dominado por correntes de vazante, onde se sucedem bancos arenosos, desde a boca da baía
até dezenas de quilômetros para o interior.
Essa região é caracterizada como de alta energia dominada por processos físicos
diários e permanentes, de intensidade moderada a alta (PALMA, 1979). O clima é tropical,
com temperatura e umidade altas. Com exceção do índice pluviométrico, as variações
sazonais são pequenas. A média da temperatura máxima é de 31ºC, ocorrendo nos meses de
estiagem, de agosto a dezembro, enquanto a média da temperatura mínima é de 29ºC,
ocorrendo durante os meses mais chuvosos, março a maio. A estação chuvosa é bem definida,
observando-se períodos de maior precipitação pluviométrica entre março e maio.
A grande oscilação das marés com de cerca de 8 metros, associada à fraca
declividade dos rios, favorece a penetração do corpo de águas até dezenas de quilômetros nos
vales dos rios. A ação das marés se faz sentir também na diminuição da velocidade da
corrente fluvial que, perdendo a capacidade de transporte, deposita uma parte de sua carga
sólida, formando bancos de sedimentos, planícies aluviais e ilhas de pequena altitude, como a
Ilha dos Caranguejos, esboçando-se na formação de deltas internos (IBGE, 1984).
Pode ser dividido em duas porções cujas características físicas são bem distintas:
zona das reentrâncias parte a Oeste da Baía de Tubarão, e Lençóis Maranhenses, parte a leste.
O litoral apresenta feição mais homogênea, caracterizado por dunas de areia brancas, praias
largas e pouco inclinadas, sendo o relevo influenciado por processos eólicos e por correntes
litorâneas (ISAAC, 2006).
No centro da costa encontra-se o Golfo do Maranhão, no qual a Ilha está situada,
separando-o em duas grandes baías. A Oeste da Ilha, a baía de São Marcos é um estuário
ativo, onde os rios Mearim e Pindaré escoam. As marés mais fortes da costa são encontradas
na boca desta baía. A baía de São José, à Leste da Ilha, é uma região de pouca profundidade,
com características típicas de um estuário, recebendo a contribuição fluvial dos rios Itapecuru
e Munim (STRIDE, 1992).
Quanto à salinidade mostra uma variação significativa. No mar varia de 36,8 UPS
(Unidade padrão de salinidade) em águas oceânicas e 33,8 UPS em águas costeiras. No
período de chuvas, tende a ser mais alta na preamar e diminui na baixamar.
Durante a pesquisa foi possível registrar alguns pontos da área de pesca,
27
compreende uma parte no Golfão maranhense estando situada entre a latitude de
2°27’09.60”S e longitude 44° 09’38.54”O (Figura 2).
Fonte: Google Earth (2008).
Figura 2 – Alguns pontos da área de pesca, onde ocorre captura da Cynoscion acoupa (pescada
amarela) e da fauna acompanhante do Sistema de Produção Pesqueira Pescada Amarela no litoral
maranhense
As coordenadas registradas dos pontos da área de pesca são:
Ponto A – 2° 22’ 01” 90° latitude Sul; 44° 08’ 42” 26° longitude Oeste;
Ponto B – 2° 25’ 00” 52° latitude Sul; 44° 07’ 75” 66° longitude Oeste;
Ponto C – 2° 26’ 48” 11° latitude Sul; 44° 12’ 39” 15° longitude Oeste;
Ponto D – 2° 23’ 21” 48° latitude Sul; 44° 13’ 21” 36° longitude Oeste;
4.2 Coleta e análise dos dados
4.2.1 Caracterização da pesca do sistema de produção pesqueira Pescada Amarela
Para o levantamento e caracterização da pesca da fauna acompanhante do Sistema
28
de Produção Pesqueiro Pescada Amarela foi realizado acompanhamento de desembarques
diários da pescaria, na localidade da praia do Araçagy/Mangue Seco, no período de janeiro a
setembro de 2008.
As espécies foram registradas uma a uma em ficha estatística com seus
respectivos pesos e comprimentos totais (APÊNDICE A).
Os pescadores e mestres de pescaria responderam a um questionário que constava
questionamentos sobre: a pesca em geral, arte de pesca, locas de captura, dias de mar, numero
e duração de lances ao mar, comprimento de panos e redes, espécie-alvo, composição de
pesca, etc. (APÊNDICE B).
4.2.2 Composição da pesca do SPPPA e sua biodiversidade
A composição da pesca, recurso alvo e sua fauna acompanhante, foi descrita e sua
classificação taxonômica foi baseada em Figueiredo e Menezes (1977, 1978 e 1980).
No apêndice B foi realizada a descrição das espécies que compõem a pescaria da
pescada amarela e algumas características que possibilitam conhecer mais aspectos da
ecologia e biologia dos indivíduos pesquisados, com seus respectivos nomes científicos.
4.2.2.1 Análises estatísticas para aferir a fauna acompanhante da Cynoscion acoupa (pescada
amarela) na praia do Araçagy/Mangue Seco - grau de dependência e associação de
ocorrência nas pescarias do SPPPA
a) Correlação
A correlação analisa uma coleção de dados amostrais emparelhados (às vezes,
chamados dados bivariados) e determina se há relação entre as duas variáveis. Considera-se
apenas relações lineares, o que significa que, quando colocadas em gráficos, os pontos se
aproximam do padrão de uma reta. Também consideram-se apenas dados quantitativos. A
correlação faz inferência baseada em dados que aparecem aos pares.
No
presente
trabalho
a
correlação
foi
utilizada
no
par:
(Pescada
29
amarela/Cynoscion acoupa; Arraia bicuda/Dasyatis guttata) a fim de comparar a distribuição
e ocorrência destas duas espécies na pescaria.
Em estatística, existe uma correlação entre duas variáveis quando uma delas está
relacionada com a outra de alguma maneira (TRIOLA, 2005). Para estudar a correlação usa-se
um diagrama de dispersão (um gráfico) e o coeficiente de correlação linear (uma medida da
direção e intensidade da associação linear entre duas variáveis).
Um diagrama de dispersão é um gráfico no qual os dados amostrais emparelhados
são plotados com um eixo horizontal x e um eixo vertical y. Cada par individual (x, y) é
plotado como um único ponto. Como o exame visual de diagramas de dispersão é altamente
subjetivo, necessitamos de medidas mais precisas e objetivas. Usamos o coeficiente de
correlação linear r, que é útil para detectar padrões lineares. O coeficiente de correlação linear
r mede a intensidade da relação linear entre os valores quantitativos emparelhados x e y em
uma amostra. O valor de r deve estar sempre entre -1 e +1. Se r estiver muito próximo de 0,
concluímos que não há correlação linear significante entre x e y, mas se r estiver próximo de 1 ou de +1 concluímos que há uma relação linear significante entre x e y.
Se concluímos que há uma correlação linear significativa entre x e y, podemos
encontrar uma equação linear que expresse y em termos de x, e essa equação pode ser usada
para predizer valores de y para valores dados de x.
b) Teste do Qui-Quadrado
Para este trabalho a hipótese principal é a de que as espécies que atuam como
fauna acompanhante da Cynoscion acoupa (pescada amarela), em termos de composição de
pesca, está sofrendo impacto em seus estoques por meio das capturas na mesma proporção da
“pescada amarela” através de uma relação de ocorrência na pescaria. A prova do QuiQuadrado decidiu se os dados observados ajustam-se bem a tal expectativa.
Foi utilizado o Teste de Independência, que serve para ajudar a decidir se duas
variáveis estão ou não “amarradas” uma à outra por uma relação de dependência. Neste
trabalho a variável principal de comparação é a Cynoscion acoupa (pescada amarela), com ela
foram relacionadas todas as outras espécies que ocorreram na pescaria durante o período de
janeiro a setembro de 2008.
c) Para estimar os índices de abundância, participação por desembarque, e a
frequência de ocorrência dos indivíduos por espécie foi registrado - a cada desembarque -
30
os indivíduos e a quantidade destes, capturados por espécie.
Os dados foram trabalhados em Excel 2007.
4.2.4 Frequência de ocorrência das espécies no ambiente
O estudo da frequência de ocorrência das espécies no ambiente baseou-se na
proporção entre o numero de coletas contendo uma dada espécie e o numero total de coletas
efetuadas, obedecendo a nomenclatura empregada por Batista e Rego (1996), com a seguinte
classificação:
Altamente constantes – espécies presentes entre 70 e 100% das amostras
Constantes – 50 e 75%
Moderadas –30 e 45%
Pouco constantes – 10 e 29%
Raras – em menos de 10%
4.2.5 CPUE (Captura por Unidade de Esforço), maturidade sexual e características das
espécies que demonstraram maior grau de associação com o recurso alvo do SPPPA
Para análise de CPUE foi utilizado como unidade de esforço registros dos
números de desembarques, dias de pesca e capturas por desembarque do recurso alvo e das
espécies mais representativas da fauna acompanhante.
Para estimar maturidade sexual, durante os desembarques, foi avaliado peso e os
exemplares foram medidos do focinho até o final da nadadeira caudal (comprimento total –
CT) com um ictiômetro para comparar com dados de maturidade da literatura cientifica e de
outros trabalhos realizados, das espécies em questão, e verificar a época de desenvolvimento
em que estão sendo capturados. Para a amostra foi considerado o registro dos comprimentos e
pesos de 10 exemplares do recurso alvo e de algumas espécies da fauna acompanhante:
(Cynoscion acoupa – pescada amarela; Dasyatis guttata – arraia bicuda; Hexanematichthys
parkerii – gurijuba; Hexanematichthys proops – uritinga; Notarius grandicassis – cambéu;
31
Cynoscion microlepidotus – corvina uçu; Caranx latus – xaréu; Centropumus undecimalis –
camurim preto; Aetobatus narinari – arraia pintada; Rhinoptera bonasus – arraia jaborana).
Generalidades sobre índices de maturidade sexual encontradas sobre as espécies
do SPPPA foram descritas a fim de corroborar com informações existentes, bem como gerar
conhecimento e dados comparativos para esta pesquisa.
4.2.6 Estratégias reprodutivas das espécies envolvidas no SPPPA
Os aspectos reprodutivos das espécies do sistema foram expostos a fim de se
observar características das populações das espécies (expectativa de vida) e presumir quais
estão mais expostas às pressões de pesca. As características distintas quanto às táticas que
compõem o ciclo de vida das espécies r e K foi baseada em Vazzoler (1996).
4.2.7 Cadeia de comercialização do SPPPA
Para caracterizar o uso da fauna acompanhante como recurso comercial e participante
na renda do pescador, comercialização e aspectos da pescaria, a principal técnica de coleta de
dados utilizada foi entrevista com perguntas abertas, junto aos pescadores e comerciantes do
pescado (Apêndice C). Neste levantamento utilizou-se o método de amostragem não
probabilística denominado cadeia de informantes (chain of informers), também conhecido
como a técnica da bola de neve (snowball sampling), segundo a qual alguns informantes são
previamente identificados e, estes após serem entrevistados são solicitados a indicar novos
possíveis informantes para a pesquisa (BERNARD, 1995). O número de informantes que
formaram a bola de neve, entre pescadores e mestres de pescaria, foi de quarenta e dois.
32
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização da pesca
A pescaria da “pescada amarela” (Cynoscion acoupa) é realizada em todo o litoral
maranhense. No Mangue Seco é a modalidade predominante. Foram registrados 885
desembarques, no período de janeiro a setembro de 2008. Na rotina dos desembarques, os
pescadores dão prioridade ao recurso alvo do Sistema que possui maior valor econômico
nessa pescaria.
As embarcações utilizadas abrangem uma frota de 16 barcos, onde apenas 12,5%
são embarcações motorizadas de 11/13HP e 87,5% são embarcações a vela (bianas) de até
7,5m de comprimento. Estas embarcações têm autonomia de até três dias no mar e suportam
uma tripulação com 2 ou 3 pescadores. A estrutura é de madeira e capacidade de carga é em
média de 500 kg.
A arte de pesca utilizada nas capturas é a rede de emalhar (pescadeira),
confeccionada com fio de seda nº 33, 36 e 46 (sedão) ou grilon nº100 (nylon). O tamanho de
abertura das malhas varia de 12 a 20cm, entre os nós opostos e de 500 a 800 braças (750 a
1.200 m) de comprimento e 3 a 3,5 braças (4,5 a 5,25 m) de altura (fig. 3 e 4).
Figura 3 – A Arte de pesca, malhadeira, utilizada pelos pescadores da
praia do Araçagy/ Mangue Seco
33
Figura 4 – Malhadeira, com destaque para a abertura de malha,
tamanho nó a nó
A rede no mar opera à deriva capturando em meia água e fundo, ficando suspensa
a uma profundidade de 10 braças (15-20 m) por meio de bóias quadradas chamadas de
“filames”. Pesos de chumbo são dispostos na parte inferior para manter a rede no sentido
vertical (Figura 5).
Figura 5 – Modelo da rede de emalhar “malhadeira”, disposição da rede no
ambiente de pesca, é utilizada por pescadores da praia do Araçagy/Mangue Seco
do Sistema de Produção Pesqueira Pescada Amarela
São efetuados até três lances com uma duração de 6 horas para cada lance, esta
rede deriva livremente à mercê das correntes, sempre no fundo e em conjunto com a
embarcação a que se encontra amarrada através de um cabo de nylon no entalhe superior da
rede. São armadas de maneira que se mantenham na água, formando uma barreira
perpendicular ao sentido de deslocamento dos cardumes. É presa em uma das extremidades
por um cabo e fixada ao barco. O recolhimento da rede é feito manualmente por dois ou três
pescadores, cada um em uma extremidade da rede; um dos pescadores fica responsável pela
34
retirada dos peixes que ficam entre as malhas. O peixe é retirado da malha e acondicionado
em caixa de isopor com gelo. Se ao primeiro lance vem pescada os pescadores já retornam
para casa. Caso não haja captura eles permanecem em busca de outras tentativas.
Esta arte de pesca é responsável por 20% da produção total do Estado do
Maranhão, tendo como principais municípios produtores Cedral e Raposa, que representam
respectivamente cerca de 10% e 5% da produção maranhense de pescado (ALMEIDA, 2009)
(Gráfico 1).
Fonte: Boletim Estatístico da Pesca Marítima e Estuarina do Nordeste do Brasil (2007)
Gráfico 1 – Produção do malhão no Estado, Cedral e Raposa
5.2 O recurso alvo (Cynoscion acoupa – pescada amarela)
A pescada amarela ocorre em todo litoral do Brasil; comum em águas salobras
dos estuários (SZPILMAN, 2000). É um peixe demersal e pelágico, forma cardumes nos
poços e regiões profundas e se alimenta preferencialmente de crustáceos, como camarões, e
de pequenos peixes. Costuma entrar nos manguezais a procura de alimentos, é também muito
apreciada como alimento, sendo importante na pesca comercial, sendo capturada em todo
litoral maranhense (Figura 6).
35
Figura 6 – Pescada-amarela – Cynoscion ocoupa
Tem um grande valor comercial não somente porque sua carne é considerada
excelente, mas também porque fornece um produto conhecido como “grude” (bexiga
natatória), usado para se obter uma gelatina utilizada na indústria de bebidas como
emulsificante e clarificante, na indústria vinícola (CHAO, 1978; FIGUEIREDO; MENEZES,
1980; CERVIGÓN et al., 1992; CERVIGÓN, 1993; CARVALHO FILHO, 1999;
BARLETTA et al., 1998; CAMARGO-ZORRO, 1999; TORRES, 1999; WOLF et al., 2000
apud MATOS; LUCENA, 2006).
Este valor agregado, é importante ressaltar, atua como complemento de renda e
não impera sobre o comércio da carne da pescada. Os produtos (carne e grude) são
36
independentes e a comercialização da carne é bastante importante.
A espécie pertence a Ordem: Perciformes; Família: Scianidae; Classe:
Actinopterygii (peixes com raios nas barbatanas); Tamanho máximo: 110cm; Peso máx.
publicado: 17kg; Ambiente: demersal; Estuarina; Marinhas; intervalo de profundidade ? – 50
m; Resiliência: médio, tempo mínimo de duplicação da população 1,4 - 4,4 anos (K=0.27).
Distribuição: ocorre em águas tropicais e subtropicais da costa atlântica da América do sul.
No Brasil, ocorre em todo o litoral. Esta espécie é nectônica, demersal e costeira de águas
rasas; comum nas águas salobras dos estuários, lagoas estuarinas, desembocaduras dos rios e
podem penetrar na água doce.
Os espécimes juvenis são restritos às águas salobras e doces, e encontrados em
pequenos e grandes cardumes nadando próximo ao fundo. Alimenta-se principalmente de
peixes e crustáceos (SPILMAN, 2000). A pescada amarela (Cynoscion acoupa) habita áreas
de lodo, areia ou cascalho, entre 1 a 35 metros. Penetra rios de água doce e é a maior espécie
do gênero no Brasil. Ela se aproxima de águas mais rasas à noite para se alimentar de peixes e
crustáceos, e durante o dia é pouco ativa. Reproduz-se na primavera e verão e as larvas se
desenvolvem em águas rasas e de baixa salinidade (CARVALHO FILHO, 1999). O
comprimento médio é correlacionado com a profundidade: maiores indivíduos são
encontrados mais afastados da costa. Esta espécie se alimenta principalmente de peixes e
ocasionalmente de crustáceos, independente da estação do ano (SANYO TECHNO MARINE,
1998).
5.3 Composição e biodiversidade de espécies na fauna acompanhante do Sistema
Pesqueiro Pescada Amarela
A composição da fauna acompanhante do Sistema de Produção Pesqueira Pescada
Amarela desembarcada na praia do Araçagy/Mangue Seco consistiu de 24 espécies
distribuídas em nove ordens, 21 gêneros e 17 famílias.
No apêndice C, podem-se conferir alguns aspectos destas espécies como
classificação e distribuição. A Tabela 1 contém a classificação até o nível taxonômico
possível e os respectivos nomes vulgares dos peixes desembarcados e que fazem parte da
composição desta pesca. Os nomes das ordens e família estão sequenciados em ordem
alfabética.
37
Tabela 1 – Classificação das espécies capturadas na pescaria da Cynoscion
acoupa (pescada amarela) na praia do Araçagy/Mangue Seco, Ilha
do Maranhão, durante o período de janeiro a setembro de 2008
AUTOR
NOME COMUM REGIONAL
Bloch e Schneider (1801)
Pacamão
Ranzani (1839)
Cação
Valenciennes (1847)
Camurupim
Bonnaterre (1988)
Tubarao urumaru/lixa
Agassiz (1831)
Xaréu
Block (1792)
Camurim preto
Broussonet (1782)
Paru
Cuvier (1830)
Carapitanga
Bloch (1790)
Croaçu
Cuvier (1830)
Jordan (1888)
Desmarest (1823)
Corvina uçu
Jurapara
Cururuca
Lichtenstein (1822)
Mero
ORDEM PLEURONECTIFORMES
Família Paralichthyidae
Etropus crossotus
Jordan e Gilbert (1882)
Solha
ORDEM PRISTIFORMES
Família pristidae
Pristis perotteti
Müller e Henle (1841)
Espadarte
Bloch e Schneider (1801)
Arraia bicuda
Mitchill (1815)
Arraia jaborana
Bloch e Schneider (1801)
Arraia baté
TAXONOMIA
ORDEM BATRACHOIDIDAE
Família Batrachoididae
Batrachoides surinamensis
ORDEM CARCHARHINIFORMES
Família Carcharhinidae
Carcharhinus porosus
ORDEM ELOPIFORMES
Família Megalopidae
Megalopus atlanticus
ORDEM ORESCTOLOBIFORMES
Familia Ginglymostomatidae
Ginglymostona Cirratum
ORDEM PERCIFORMES
Familia Carangidae
Caranx latus
Família Centropomidae
Centropumus undecimalis
Família Ephippidae
Chaetodipterus faber
Família Gerreidae
Eugerres brasilianus
Família Lobotidae
Lobotes surinamensis
Família Scianidae
Cynoscion microlepidotus
Cynoscion steindachneri
Micropogonias furnieri
Família Serranidae
Epineçhelus itajara
ORDEM RAJIFORME
Família Dasyatidae
Dasyatis guttata
Rhinoptera bonasus
Família Gymnuridae
Gymnura micrura
Família Myliobatidae
38
Aetobatus narinari
Euphrasen (1790)
Arraia pintada
Família Ariidae
Bagre bagre
Hexanematichthys parkerii
Linnaeus (1766)
Traill (1832)
Bandeirado
Gurijuba
Hexanematichthys proops
Notarius grandicassis
Linnaeus (1766)
Valenciennes (1840)
Uritinga
Cambéu
ORDEM SILURIFORMES
Fonte: Organização de dados de taxonomia em tabela do programa Word 2003
Durante os vários desembarques acompanhados, registrou-se um total de 3.263
indivíduos, no período de janeiro a setembro de 2008. O recurso alvo do Sistema – Cynoscion
acoupa (pescada amarela) – foi a espécie mais abundante nas capturas, compreendendo
69,39% das capturas. No entanto, com respeito à fauna acompanhante a espécie mais
abundante foi a Dasyatis guttata (arraia bicuda) contemplando 17,50% das capturas. As
outras espécies envolvidas na pescaria compreenderam 13,12% das capturas.
Nesta pescaria direcionada a pescada amarela pôde-se observar que as várias
espécies de peixes estão vulneráveis à arte de pesca utilizada, seja por padrões morfológicos
ou por coincidência de nicho, hábitos, hábitat, variação nas condições ambientais presentes
nos estuários.
A frequência de ocorrência absoluta nos desembarques mensais para cada espécie
durante o período estudado é apresentada na Tabela 2.
Tabela 2 – Frequência de ocorrência absoluta dos desembarques para cada espécie
nos diferentes meses de pesquisa
ESPÉCIE
Cynoscion acoupa_pescada
amarela
Bagre bagre_bandeirado
Dasyatis guttata_bicuda
Notarius
grandicassis_cambeu
Centropomus
undecimalis_camurim preto
Eugerres
brasilianus_carapitanga
Cynoscion
microlepidotus_corvina uçu
Lobotes
surinamensis_croaçu
Micropogonias
furnieri_cururuca
Hexanematichthys
parkeri_gurijuba
Etropus crossotus_solha
Jan
F ev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ag o
Set
Total
18
53
79
52
76
69
68
47
44
506
2
12
16
24
14
12
6
16
4
1
5
3
109
1
3
1
1
1
1
8
2
3
2
4
2
1
25
7
4
1
1
2
4
4
2
5
6
10
1
4
2
5
2
2
3
1
1
5
20
1
2
1
2
39
1
3
1
9
7
9
7
5
3
47
2
39
Ginglymostoma
cirratum_tubarao urumaru
Hexanematichthys
proops_uritinga
Caranx latus_xareu
arraia lixão?
Carcharhinus
porosus_cação
Rhinoptera bonasus_arraia
jaborana
Aetobatus narinari_arraia
pintada
Cynoscion
steindachneri_jurapara
Megalops
atlanticus_camurupim
Pristis perotteti_espardarte
Chaetodipterus faber_paru
Gymnura micrura_arraia
bate
Epinephelus itajara_mero
Batrachoides
surinamensis_pacamão
Total de desembarques ao
mês
1
2
1
4
2
3
4
9
1
10
4
3
5
42
3
1
1
1
2
8
3
1
1
3
3
3
5
3
3
4
4
2
2
1
10
1
1
1
2
1
17
1
1
1
1
16
2
15
1
5
3
6
1
1
1
2
2
2
1
49
89
135
103
128
1
4
121
1
120
67
1
1
73
885
Neste universo, a ocorrência das espécies nos desembarques revelou a dominância
de “pescada amarela” (Cynoscion acoupa) nas capturas, participando em 57,17% dos
desembarques, sugerindo que esta modalidade de pesca, na praia do Araçagy, poderia ser de
caráter altamente seletivo no que tange a seu objetivo de captura. Entretanto, é importante
observar que as correlações de captura permanecem muito parecidas entre as espécies como
um todo, sugerindo um comportamento de pesca muito parecido sobre as espécies mais
ocorrentes dentre as “acompanhantes” da “pescada amarela”. As perturbações ou impactos
que vierem atingir o recurso alvo poderão, de forma acidental (não intencional), propagar-se
sobre muitas espécies da fauna acompanhante (Gráfico 2).
40
700
Quantidade de Peixes
600
500
400
300
200
Outras espécies
Dasyatis Guttata
Cynocion acoupa
100
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Fonte: Programa STATISTIC
Gráfico 2 – Cenário da quantidade de peixes capturados e “proporção” visual
das capturas entre o recurso alvo da pescaria, a espécie mais abundante da
fauna acompanhante (arraia bicuda) e as outras espécies envolvidas na
pescaria no período de janeiro a setembro de 2008
A captura incidental de espécies que não são alvo da pescaria é cada vez mais
objeto de preocupação por parte de ambientalistas e pesquisadores devido às diversas
interações que existem no ambiente. Conforme ressaltou Primack e Rodrigues (2001) as
espécies são interdependentes e interagem de modo complexo como parte de comunidades
naturais. A perda de uma espécie pode ter conseqüências de longo alcance para outros
membros da comunidade.
Do ponto de vista ecológico, a captura de fauna acompanhante pode representar
um risco potencial ao equilíbrio ambiental (LOPES et al., 2002).
A participação mensal das diferentes espécies na pescaria segue um padrão muito
particular. Apesar da riqueza e biodiversidade das espécies envolvidas na composição desta
pesca, ao longo dos meses de pesquisa, a participação de cada uma revela que algumas
espécies são de ocorrência constante enquanto outras acontecem ocasionalmente; esta
sazonalidade pode ser visualizada no Gráfico 3.
41
1000
100
10
Set
Ago
Jul
Jun
Mai
Abr
Mar
Fev
Jan
Cynoscion acoupa
Dasyatis guttata
Hexanematichthys parkeri
Hexanematichthys proops
Cynoscion microlepidotus
Caranx latus
Rhinoptera bonasus_raia
Lobotes surinamensis
Centropomus undecimalis
Notarius grandicassis
Carcharhinus porosus
Aetobatus narinari
Chaetodipterus faber
raia lixao
Cynoscion steindachneri
Megalops atlanticus
Micropogonias furnieri
Bagre bagre
Etropus crossotus
Gymnura micrura
Ginglymostoma cirratum
Pristis perotteti
Eugerres brasilianus
Epinephelus itajara
Batrachoides surinamensis
1
Gráfico 3 – Ocorrência das espécies envolvidas na pescaria da pescada amarela no período de janeiro
a setembro de 2008. A altura das colunas é proporcional ao número de participação das espécies por
mês nos desembarques
A fauna ictiológica é composta por uma grande quantidade de espécies, o que
torna o ecossistema marinho rico em diversidade. Essa riqueza, segundo Day Jr. et al. (1989)
se deve à dinâmica entre as populações que fazem parte do estuário ou que utilizam o
ambiente em algum estágio do seu ciclo de vida. As estratégias do ciclo de vida e a grande
variação das condições ambientais presentes nos estuários, faz com que a ictiofauna presente
nestes ambientes apresente grande flutuação, maiores do que as encontradas em ambientes
mais estáveis como a das regiões litorâneas ou recifes de coral (LOWE-MCCONNELL,
1999).
Na Tabela 3 pode-se observar a classificação ecológica das espécies envolvidas na
pescaria da C. acoupa.
Tabela 3 – Representação de categorias bioecológicas das espécies do Sistema
de Produção Pesqueira Pescada Amarela desembarcadas na praia do
Araçagy/Mangue Seco, Ilha do Maranhão-Brasil
Categoria bioecológica
Migrantes-marinhas
Espécies
Dasyatis guttata (arraia bicuda),
Hexanematichthys proops (uritinga),
Rhinoptera bonasus (arraia jaborana),
42
Estuarino-oportunistas
Estuarino-residente
Lobotes surinamensis (croaçu), Etropus
crossotus (solha), Notarius grandicassis
(cambéu), Eugerres brasilianus
(carapitanga).
Cynoscion acoupa (pescada amarela),
Cynoscion microlepidotus (corvina uçu),
Caranx latus (xareu), Centropomus
undecimalis (camurim preto), Chaetodipterus
faber (paru), Cynoscion steindachneri
(jurapara), Micropogonias furnieri
(cururuca), Epinephelus itajara (mero),
Bagre bagre (bandeirado)
Batrachoides surinamensis (pacamão)
Dentre o grupo capturado pôde-se observar que algumas espécies, como: Dasyatis
guttata, Caranx latus, Cynoscion microlepidopus, Hexanematichthys proops, Chaetodipterus
faber, dominantes na pescaria juntamente com o recurso alvo (Cynoscion acoupa), possuem
estratégias de utilização do estuário diferentes.
As espécies estuarino-oportunistas apareceram com mais frequência nos
desembarques, foi o caso do recurso alvo. Demonstraram participação contínua nos
desembarques como fauna acompanhante e foram, as mais encontradas na pescaria, em
termos de diversidade de espécies.
Foi encontrada somente uma espécie estuarino-residente.
De acordo com Vazzoler (1996) durante o ciclo de vida de um teleósteo – que se
estende desde o momento da fecundação, com o desenvolvimento do embrião dentro da
membrana do ovo, ate a senilidade, fase em que a função sexual é decrescente e o crescimento
do indivíduo quase nulo, culminando com a sua morte, paralelamente a outros – ocorrem três
eventos básicos: a alimentação, o crescimento e a reprodução, que estão intimamente ligados
entre si e relacionados às condições ambientais.
As espécies estão no estuário em busca de recursos e condições para realização de
funções vitais de suas existências, a grande variedade de estratégias e táticas de ciclo de vida
possibilitam tal adaptação. Diante das condições bióticas e abióticas em busca de garantir sua
perpetuação estão sujeitas ainda, indiscriminadamente, às pressões das pescarias sejam como
espécies alvo ou espécies acompanhantes na composição das pescarias.
5.4 Análises estatísticas - Fauna acompanhante da Cynoscion acoupa (pescada amarela) espécies da fauna acompanhante da pescada amarela e grau de dependência e associação
43
de ocorrência nas pescarias do SPPPA
A análise de composição da pesca revelou a existência de 7 espécies da fauna
acompanhante na pescaria da pescada amarela cujas relações de dependência de ocorrência
com o recurso alvo nos desembarques foram confirmadas com mais de 95% da probabilidade
(Tabela 4).
Tabela 4 – Valores do grau de associação (probabilidade p) entre a espécie alvo e
a Cynoscion acoupa e as espécies que compuseram sua fauna
acompanhante, em termos de composição de pescaria no Sistema
durante o período de janeiro a setembro de 2008
Espécies
Cynoscion acoupa (pescada amarela) x Dasyastis guttata
(arraia bicuda)
Cynoscion acoupa x Caranx latus (xaréu)
Cynoscion acoupa x Cynoscion microlepidotus (corvina uçu)
Cynoscion acoupa x Aetobatus narinari (arraia pintada)
Cynoscion acoupa x Hexanematichthys parkerii (gurijuba)
Cynoscion acoupa x Hexanematichthys proops (uritinga)
Cynoscion acoupa x Centropumus undecimalis (camurim preto)
Cynoscion acoupa x Rhinoptera bonasus (arraia jaborana)
Cynoscion acoupa x Chaetodipterus faber (paru)
Cynoscion acoupa x Notarius grandicassis (cambéu)
Cynoscion acoupa x Lobotes surinamensis (Croaçu)
Cynoscion acoupa x Bagre bagre (bandeirado)
Cynoscion acoupa x Etropus crossotus (solha)
Cynoscion acoupa x Micropogonias furnieri (cururuca)
Cynoscion acoupa x Gymnura micrura (arraia baté)
Cynoscion acoupa x Carcharhinus porosus (cação)
Cynoscion acoupa x Cynoscion steindachneri (jurapara)
Cynoscion acoupa x Batrachoides surinamensis (pacamão)
Cynoscion acoupa x (arraia lixão)
Cynoscion acoupa x Pristis perotteti (espadarte)
Cynoscion acoupa x Epineçhelus itajara (mero)
Cynoscion acoupa x Eugerres brasilianus (carapitanga)
Cynoscion acoupa x Megalopus atlanticus (camurupim)
Cynoscion acoupa x Ginglymostona Cirratum (tubarão
urumaru)
(p)
Qu i
quadrado
< 0,0001
0,0038
0,0072
0,0126
0,0215
0,0412
0,0461
0,1229
0,3253
0,4938
0,6401
0,6986
0,8099
0,8146
0,8542
0,9179
0,9226
0,9237
0,9309
0,9399
0,9460
0,9493
0,9627
184.237
22.648
20.979
19.464
17.965
16.086
15.751
12.692
9.205
7.404
6.064
5.540
4.495
4.449
4.032
3.247
3.179
3.163
3.055
2.910
2.806
2.746
2.480
0,9712
2.281
44
Estas sete espécies mostraram um forte grau de associação e dependência, em
termos de ocorrência nos desembarques, com o recurso alvo do Sistema. Existe assim uma
probabilidade de 95% que leva a atribuir às espécies a categoria de fauna acompanhante
potencial da Cynoscion acoupa (pescada amarela) nesta pescaria (Figuras 7, 8, 9 10 e 11).
Figura 7 – Dasyatis guttata (arraia bicuda)
Figura 8 - Xaréu – Caranx latus
45
Figura 9 - Gurijuba – Hexanematichthys parkerii
Figura 10 - Uritinga – Hexanematichthys proops
Figura 11 - Camurim preto – Centropomus undecimalis
46
Quando uma espécie é considerada acompanhante de um recurso alvo em uma
pescaria supõe-se que a cada desembarque obtenha-se não somente a espécie que atue como
recurso alvo, mas também as demais espécies que compõem a pescaria como fauna
acompanhante. Ao longo dos desembarques neste trabalho foi observado que, o que levou a
determinar a fauna acompanhante da Cynoscion acoupa (pescada amarela) não foi a
frequência de ocorrência absoluta das espécies nas pescarias (número de indivíduos das
espécies) a cada desembarque registrado, mas sim se a distribuição desta freqüência de
ocorrência dos indivíduos da fauna acompanhante esteve diretamente associada a do recurso
alvo.
Para efeito de comparações pode-se observar a freqüência de ocorrência absoluta
das espécies nas pescarias ao longo do período de estudo (Tabela 5).
Tabela 5 – Espécies que apresentaram as maiores frequências de ocorrência na
pescaria do SPPPA na praia do Araçagy/Mangue Seco, Ilha do
Maranhão, Brasil, no período de janeiro a setembro de 2008
C. acoupa
D. guttata
H. parkerii
Pescada
Bicuda
Gurijuba
Ordem
Perciformes
Raji-forme
Jan
172
Fev
Nome
C. micro-
H.
R.
lepidotus
proops
bonasus
Corvina
Uritinga Jaborana
C. latus
Xareu
Siluri-
Perci-
Siluri-
Raji-
Perci-
forme
formes
forme
forme
formes
97
5
3
5
0
269
123
2
4
4
Mar
408
155
6
5
Abr
248
78
12
Mai
216
34
Jun
261
Jul
C.
undecimalis
Camurim
A. narinari
Pintada
Perciformes
Rajiforme
0
9
0
0
13
2
0
3
10
0
3
1
2
8
10
0
0
12
8
6
13
9
0
2
2
11
11
6
10
9
11
4
0
294
44
20
12
4
4
11
4
0
Ago
175
15
9
1
3
0
1
2
1
Set
221
14
4
17
6
1
2
1
2
Total
2264
571
77
56
56
43
38
27
18
%
71.87%
18.13%
2.44%
1.78%
1.78%
1.37%
1.21%
0.86%
0.57%
As outras espécies envolvidas nesta pescaria representaram juntas 3,46% de
freqüência relativa e 113 de freqüência absoluta, são elas: Lobotes surinamensis - Croaçú;
Carcharhinus porosus - Cação: Notarius grandicassis - Cambéu; Chaetodipterus faber Paru; Arraia lixão; Cynoscion steindachneri - Jurapara; Megalops atlanticus - Camurupim;
Micropogonias furnieri - Cururuca; Bagre bagre - Bandeirado; Etropus crossotus - Solha;
Ginglymostoma cirratum - Urumaru; Gymnura micrura - Baté; Eugerres brasilianus -
47
Carapitanga; Pristis perotteti - Espardarte; Epinephelus itajara - Mero; Batrachoides
surinamensis - Pacamão.
5.5 Frequência de ocorrências das espécies no ambiente
No total dos desembarques a espécie alvo esteve presente em 57,18% que
segundo a metodologia de Batista e Rego (1996) corresponde a uma espécie de ocorrência
constante no ambiente, sendo esta espécie alvo das capturas.
Em segundo lugar com 12,32% encontrou-se a principal espécie da fauna
acompanhante conforme os valores de constância a arraia bicuda (D. guttata), por esta
proporção encontrada e também segundo a metodologia foi classificada como sendo pouco
constante no ambiente.
Todas as outras espécies registradas nos desembarques apresentaram frequência
de ocorrência menor que 10% o que a metodologia categoriza como espécies de ocorrência
rara.
Esta classificação não está direcionada ao poder de pesca do petrecho, o caráter de
ocorrência que diz se são constante, pouco constante e raras esta relacionado à presença das
espécies no ecossistema. Este resultado, porém, não conflitou com os resultados do teste de
associação ou das pescarias que trazem como maiores participantes nos desembarques a
pescada amarela (C. acoupa) e a arraia bicuda (D. guttata), ou seja, as espécies mais presentes
no ambiente foram as mais capturadas.
5.6 CPUE (Captura por Unidade de Esforço), maturidades sexual e características e
particularidades observadas com as espécies que demonstraram maior relação de
dependência e associação de ocorrência com o recurso alvo (Cynoscion acoupa,
“pescada”) do Sistema
a) CPUE (Captura por unidade de esforço)
O esforço de pesca é uma unidade de medida que traduz a capacidade de pesca
48
(numero de barcos, pescadores, anzóis, metros de rede, etc.) por unidade de tempo
(normalmente anual) (DIAS NETO, 2002).
Para este trabalho foi escolhido para a unidade de esforço “número de
desembarques” (Tabela 6).
Tabela 6 – Dados de produção, números de desembarques, dias de pesca por mês,
e captura por desembarques do recurso e das espécies mais
representativas da fauna acompanhante, na praia do Araçagy/Mangue
Seco, Ilha do Maranhão, durante o período de janeiro a setembro de
2008
Mês Desemb.
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
22
54
81
58
82
75
74
49
46
Média
N. Dias
Pesca
9
17
23
16
20
19
19
17
19
159
CPUE
CPUE
C.
D. guttata
acoupa
Bicuda
Pescada
Kg/
Kg/
Desemb
Desemb
56.92
33.29
36.27
17.20
36.67
14.45
31.13
10.15
19.18
3.13
25.44
1.11
28.92
4.49
26.00
2.31
34.98
2.30
32.83
9.82
CPUE
C. latus
Xaréu
Kg/
Desemb
0.00
0.67
0.00
0.00
0.00
0.41
0.41
0.06
0.12
0.19
CPUE
CPUE
CPUE
CPUE
C.
H. parkerii H. proops C. undecimalis
microlepidotus
Gurijuba Uritinga
Camurim
Corvina
Kg/
Kg/
Kg/Desemb
Kg/Desemb
Desemb
Desemb
0.40
1.43
0.65
2.86
0.22
0.23
0.21
0.26
0.18
0.47
0.11
0.26
0.10
1.31
0.40
0.00
0.22
0.62
0.46
0.17
0.24
0.93
0.38
0.37
0.48
1.71
0.16
0.38
0.06
1.16
0.18
0.29
1.09
0.55
0.37
0.15
0.33
0.93
0.32
0.53
É possível verificar a grande amplitude de variação da CPUEs mensais das
espécies, o que demonstra pouca uniformidade de captura entre os dias de pesca e também um
padrão inespecífico de coincidência na relação de ocorrência das espécies com o recurso alvo
nos desembarques. Este fato chama atenção e pode estar relacionado à grande mobilidade das
espécies no ambiente (Gráfico 4).
49
Pescada
Bicuda
Outros
100
90
CPUE (kg/Desembarque)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Meses
Jun
Jul
Ago
Set
Gráfico 4 – Captura por unidade de esforço de pesca (CPUE), da “pescada amarela”, da
“bicuda” e “outros peixes” da fauna acompanhante do sistema “pescada amarela”
(Cynoscion acoupa), durante o período janeiro a setembro de 2008, no pesqueiro de
“mangue seco” na praia de Araçagy, Ilha de São Luís-MA
A predominância do recurso alvo do Sistema prevalece na mensuração do esforço
de pesca; é a espécie que contribui com maior biomassa. Como recurso alvo do sistema mais
uma vez confirma a seletividade do petrecho.
Comparando as CPUEs do recurso alvo (Cynoscion acoupa) com a Dasyatis
guttata (arraia bicuda), que é a espécie da fauna acompanhante mais abundante nos
desembarques, verifica-se, porém uma forte correlação (Gráfico 5).
Correlação do Esforço de Pesca - Cynoscion acoupa ; Dasyatis guttata
35.00
y = 0.8936x - 19.513
R2 = 0.8239
30.00
D. guttata
25.00
20.00
15.00
10.00
5.00
0.00
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
C. acoupa
Gráfico 5 – Correlação do esforço de pesca da C. acoupa e D. guttata
O esforço pesqueiro demonstra a forte correlação, em termos de ocorrência nas
50
capturas, que há entre o recurso alvo do Sistema e a espécie principal da fauna acompanhante
na pescaria.
b) Maturidade sexual e características gerais do recurso alvo e de espécies da
fauna acompanhante do SPPPA
Através do acompanhamento dos 885 desembarques foi possível mensurar o peso
e comprimento total de exemplares da espécie alvo e da fauna acompanhante (n=10), ao longo
do período de janeiro a setembro de 2008. Os dados foram agrupados e analisados no
programa Microsoft Excel 97.
Tabela 7 – Índices biométricos das espécies de peixes estuarinos do Sistema de
Produção Pesqueira “pescada amarela” (Cynoscion acoupa)
desembarcados na praia do Araçagy/Mangue Seco, Ilha do
Maranhão-Brasil no período de janeiro a setembro de 2008
Num
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Média
DP
Num
1
2
3
4
5
6
C. acoupa
D. guttata
H. parkerii
Pescada
Bicuda
Gurijuba
Peso
Comp Peso Comp Peso Comp
(kg)
(cm) (kg) (cm) (kg)
(cm)
4.00
69.00 0.73 70.00 6.50 90.00
10.00 106.00 1.93 90.25 7.00 90.00
8.50
92.00 4.17 108.25 4.00 50.00
7.00
86.00 5.76 163.60 8.00 96.00
12.00 113.00 3.98 128.75 6.00 89.00
9.00
100.00 7.97 155.40 5.00 57.00
4.00
80.00 0.73 70.00 6.40 73.00
9.00
100.00 1.93 90.25 7.50 91.00
4.30
81.00 4.17 108.25 5.70 86.00
5.00
88.00 5.76 163.60 7.00 90.00
7.28
91.50 3.71 114.84 6.31 81.20
2.84
13.37 2.38 36.38 1.19 15.84
H. proops
N. grandicassis
Uritinga
Cambeu
Peso
Comp Peso Comp
(kg)
(cm)
(kg) (cm)
3.00
70.00 5.00 39.00
3.00
71.00 6.00 43.00
2.80
66.00 4.00 37.00
2.50
67.00 5.00 40.00
3.00
69.00 5.00 41.00
3.00
70.00 3.00 33.00
3.20
70.00 6.00 45.00
2.50
60.00 6.00 44.00
3.00
70.00 3.50 42.00
2.70
64.00 4.00 42.00
2.87
67.70 4.75 40.60
0.24
3.50
1.09
3.57
C. microlepidotus
Corvina Uçú
Peso
Comp
(kg)
(cm)
3.00
74.00
3.00
75.00
2.80
73.00
3.20
75.00
3.00
75.00
2.50
69.00
A. narinari
Arraia pintada
Peso Comp
(kg)
(cm)
2.00 101.04
2.50 109.69
12.00 170.54
13.00 173.64
6.00 143.65
7.00 149.63
C. latus
C. undecimalis
Xaréu
Camurim
Peso Comp Peso Comp
(kg) (cm) (kg)
(cm)
3.00 70.00 8.00
70.00
2.70 68.00 7.00
61.25
3.00 71.00 10.00 87.50
2.50 63.00 2.50
21.87
3.00 71.00 8.00
67.90
2.80 67.00 7.00
60.30
R. bonasus
Jaborana
Peso Comp
(kg) (cm)
20.00 124.09
25.00 130.79
30.00 136.27
3.00 67.10
7.00 92.55
8.00 96.56
51
7
8
9
10
Média
DP
2.80
3.20
3.00
3.00
2.95
0.21
70.00
76.00
74.00
77.00
73.80
2.53
3.00
2.70
2.50
2.70
2.79
0.20
70.00
39.00
64.00
66.00
64.90
9.53
10.00
2.50
8.00
7.00
7.00
2.61
86.90
21.30
69.00
61.25
60.73
22.79
8.00
6.00
4.50
3.00
6.40
3.77
154.81
143.65
132.49
116.76
139.59
24.57
12.00
4.00
3.50
8.80
12.13
9.58
108.74
75.74
71.73
99.43
100.30
24.62
c) Cynoscion acoupa (“pescada-amarela”)
Segundo Espinosa (1972), o tamanho de primeira maturidade da pescada-amarela
é de 53,0cm (CT).
Na praia de Araçagy/Mangue Seco foram capturados exemplares de maior
comprimento, envolvendo indivíduos das classes de 76 - 84 cm a 108 cm CT, todos
indivíduos adultos, maior freqüência de indivíduos maduros entre machos e fêmeas.
Durante os desembarques neste trabalho o maior exemplar foi uma pescadaamarela fêmea, mediu 113 cm de comprimento total e pesou 12kg.
Segundo estudo de Matos (2003) realizado com registros do banco de dados do
Programa REVIZEE – SCORE/NO da Cynoscion acoupa, no Maranhão, no período de 1997
a 2000 uma maior proporção de indivíduos menores foram capturados nos anos de 1999 e
2000 enquanto que, um maior número de indivíduos de grande porte foi capturado no ano de
1997. A média de comprimento diminuiu de 90cm no ano de 1997 para 73,6cm CT no ano de
2000 (p < 0,05). O percentual da captura dos indivíduos maduros decresceu ao longo dos
anos.
Para os estudos de comprimento, o trabalho de Almeida (2004) realizado com
espécies capturadas em Cedral-MA, Raposa e Estiva, a distribuição de frequência de classes
de comprimento mostra que os comprimentos dos 243 exemplares variaram entre 20 e 107 cm
de comprimento total, com valores mais freqüentes na classe de 28 a 36 cm, e o menor
número de indivíduos na classe 100 e 108 cm. Quando da analise de distribuição de
freqüência por sexo, constata-se maior frequência de machos na classe de comprimento 20 28 cm e de fêmeas na classe 28 - 36 cm CT. Menor número de exemplares machos e fêmeas
foram registrados na classe 68 - 76 cm CT. Por outro lado, na comunidade da Raposa as
pescadas desembarcadas apresentaram comprimentos maiores envolvendo exemplares com
tamanho a partir de 68 cm até 100 cm CT, em estágio de desenvolvimento
predominantemente maduro em 100% das fêmeas e 68% dos machos.
52
d) Dasyatis guttata (arraia bicuda)
A espécie Dasyatis guttata (arraia bicuda) tem um formato achatado e largo, o que
possibilita sua captura pelo petrecho. É um elasmobrânquio com nadadeiras peitorais
expandidas e unidas ao corpo. Os olhos localizam-se no dorso, sem pálpebras e unidos ao
espiráculo. Sua locomoção é feita por meio de ondulações das nadadeiras peitorais alargadas.
Esta espécie não atinge comercialização; os indivíduos capturados são doados para a
comunidade na praia ou dividida entre os próprios pescadores.
Esta espécie foi objeto de estudo de Araújo e Almeida (2001). Foram estudados
104 exemplares, sendo 53 machos e 51 fêmeas; o comprimento total variou de 7,6 cm a
221,20 cm. O peso total variou de 0,063kg e 14,44kg. O tamanho da largura do disco variou
entre 16,7 a 80 cm. É considerada de médio porte, com maior número de exemplares na classe
de comprimento entre 100 a 150 cm. O dimorfismo sexual mais proeminente na espécie
ocorre através de variações na distância do focinho à boca, largura da boca e largura do disco.
Deve atingir grande tamanho; um macho de 40 cm de largura ainda é imaturo. O
menor exemplar examinado tem 19 cm de largura (FIGUEIREDO; MENEZES, 1977).
A análise da dieta de Dasyatis guttata foi realizada por Carvalho Neta e Almeida
(2002) com uma amostra de 70 juvenis e 34 adultos, que alimentaram-se de um total de 186
organismos entre braquiúros (Callinectes sp.), poliquetas, peixes teleósteos, larvas de
decápodos e priapulidas. Embora o número de juvenis tenha sido consideravelmente maior
que o de adultos, os mesmos itens alimentares foram encontrados em ambos os estágios de
desenvolvimento, ocorrendo diferenças representativas apenas para o item priapulida,
encontrado somente em indivíduos adultos.
Através dos índices de precipitação pluviométrica ao longo do período foi
possível realizar uma análise sazonal para demonstrar a variação na ocorrência da espécie
mais capturada com a variação dos índices pluviométricos. No gráfico pode-se constatar que
existe uma variação na composição da fauna acompanhante de acordo com a mudança nos
índices de precipitação no período de janeiro a setembro de 1998, e é mais evidente para a
espécie Dasyatis guttata, “arraia bicuda” (Gráfico 6).
53
Fonte: Dados do Laboratório de Meteorologia da Universidade Estadual do Maranhão
Gráfico 6 – Comparação da ocorrência de D. guttata e outras espécies da fauna acompanhante com o
índice pluviométrico do período de janeiro a setembro de 2008
Analisando as mudanças na ocorrência da Dasyatis guttata (arraia bicuda) ao
longo dos meses nas capturas, levando em consideração também sua categoria bioecológica
(migrante-marinha), podemos sugerir que sua frequência nas capturas pode estar relacionada à
variação da salinidade da água do mar.
Na distribuição dos meses a espécie mostrou maior participação no período
chuvoso, quando a salinidade no estuário é menor devido aos elevados índices
pluviométricos. Com a redução dos índices pluviométricos, a partir do mês de maio, percebese uma diminuição na ocorrência da espécie nas capturas, é quando começa sobressair a
ocorrência de outras espécies da fauna acompanhante.
Esta alteração no ambiente reflete na participação da espécie nas pescarias, à
medida que ela percebe mudança na ambiente ela se desloca, este comportamento influenciou
então na participação da espécie ao longo da pescaria, mas não foi determinante para diminuir
sua participação nas capturas.
Os fortes gradientes de salinidade, no espaço e no tempo, são refletidos em uma
fauna estuarina especializada; alguns animais os enfrentam utilizando mecanismos
fisiológicos particulares, enquanto muitos evitam as concentrações salinas variáveis
se entocando, utilizando conchas protetoras ou se deslocando para longe
(TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2006, p.175).
54
Análise de correlação temporal entre a Cynoscion acoupa (“pescada) e
Dasyatis guttata (bicuda)
Uma análise de correlação entre o recurso alvo do sistema e a espécie dominante
na fauna acompanhante sugere que não há coincidência temporal entre a espécie alvo e a D.
guttata. Através do gráfico de dispersão podemos constatar que não há uma relação de
dependência na ocorrência (R2 = 0,0018) (Gráfico 7).
Dasyatis gutatta (Qtde/Desembarque)
35
30
R2 = 0.0018
25
20
15
10
5
0
0
5
10
15
20
25
30
35
Cynoscion acoupa (Qtde/Desembarque)
Gráfico 7 – Correlação da Cynoscion acoupa “pescada amarela” e Dasyates gutatta “bicuda”
capturadas com “malhadeira” na praia do Araçagy /Mangue Seco Ilha do Maranhão-Brasil no
período de janeiro a setembro de 2008
As espécies não ocorrem de forma simultânea no ambiente, pode-se observar que
em muitos desembarques ocorreram “pescada” para nenhum registro de “bicuda”, e o mesmo
ocorreu em desembarques onde só ocorreu “bicuda” e nenhuma pescada. As espécies ocupam
o mesmo hábitat, mas em tempos diferentes, a coincidência nas capturas é mais característico
do poder de pesca do petrecho que varre o ambiente oceânico. Há variação espacial e esta
parece estar relacionada com a sazonalidade já que a espécie D. guttata apresenta mudanças
em resposta à sazonalidade.
Apresentam-se aqui informações científicas referentes às características, hábitos,
distribuição geográfica da espécie retirada das obras de CARVALHO-FILHO (1999) e do site
www.fishbase.org. que irão complementar o estudo. A espécie pertence a ordem: Rajiformes
(Arraias); Família: Dasyatidae; Classe: Elasmobranchii (tubarões e arraias); Tamanho
máximo: 200 cm, largura do disco, 110cm comprimento total; Ambiente: demersal; Marinhas;
55
intervalo de profundidade ? – 36 m; Resiliência: Baixo, tempo mínimo de duplicação da
população 4,5 - 14 anos; Distribuição: águas costeiras desde o Golfo do México até o litoral
do estado de São Paulo; Biologia: Habita águas rasas. Ovovivípara. Pelo menos entre 1995 e
2000, foram comercializados 5 espécimes como peixe de aquário no Ceará, Brasil.
e) Caranx latus (AGASSIZ, 1831) – xareu
Esta espécie cresce até cerca de 80cm de comprimento e forma pequenos
cardumes. Os jovens são comuns em águas de baixa salinidade. Alimenta-se de peixes e, em
menor proporção de camarões e outros invertebrados (FIGUEIREDO; MENEZES, 1980).
A média do comprimento da espécie nos desembarques foi de 64.90 cm e o peso
de 2.79kg.
A espécie pertence a ordem: Perciformes (Percas); Família: Carangidae; Classe:
Actinopterygii (peixes com raios nas barbatanas); Tamanho máximo: 101 cm; Peso máx.
publicado: 13,4 kg; Ambiente: espécies associadas a recifes, oceano-estuarina, água doce;
estuarina; marinhas, intervalo de profundidade 0 – 140 m; Resiliência: Baixo, tempo mínimo
de duplicação da população 4,5 - 14 anos; Distribuição: Atlântico ocidental: Nova Jersey
(EUA), Ilhas Bermudas, e Golfo do norte do México até São Paulo, Brasil. Atlântico Oriental:
St. as Pedras de Paul (Ref. 13121), Ilha de Ascensão, e dois registros confirmados do Golfo
de Guiné; Biologia: pelágica, normalmente espécies achadas em recifes perto da praia. São
encontrados Jovens ao longo de costas de praias arenosas, também em cima de fundos
barrentos. Penetra em água salgada e ascende rios. Alimenta-se de peixes, camarões, e outros
invertebrados. Ovos são pelágicos (www.fishbase.org).
f) Cynoscion microlepidotus (CUVIER, 1830) – corvina uçu
Entre as espécies que possuem escamas ctenóides é a única que possui mais de 20
rastros (21 a 26) no primeiro arco branquial. Encontrada mais comumente em fundos de areia
e lama. De porte médio, os maiores exemplares alcançando pouco mais de 50 cm. O maior da
coleção mede 46,5cm (FIGUEIREDO; MENEZES, 1980).
A média de comprimento da espécie nos desembarques foi de 73.80cm e peso de
2.95kg.
A espécie pertence a ordem: Perciformes (Percas); Família: Sciaenidae; Classe:
Actinopterygii (peixes com raios nas barbatanas); Tamanho máximo: 92cm; Peso máx.
56
publicado: 3,000g; Ambiente: demersal; Estuarina; Marinhas; intervalo de profundidade ? –
30 m; Resiliência: Médio, tempo mínimo de duplicação da população 1,4 - 4,4 anos;
Distribuição: Atlântico ocidental: Venezuela até Santos, Brasil; Biologia: Normalmente
encontrada em áreas de lama e fundos arenosos, em estuários de rio e em áreas marinhas do
litoral, aproximadamente 30m de profundidade. Comercializado principalmente fresco.
g) Aetobatus narinari (EUPHRASEN, 1790) – arraia pintada
Facilmente reconhecida entre as outras espécies da família pelo corpo escuro com
grandes manchas brancas arredondadas. Quatro embriões são produzidos de cada vez,
nascendo com tamanho muito variável, de 17 a 36 cm de largura. Atinge 2mde largura e 200
kg. Alimenta-se de moluscos bivalvados, triturados nas fortes placas dentárias; somente a
parte mole é ingerida. A carne é considerada de baixa qualidade (FIGUEIREDO; MENEZES,
1977).
A média de comprimento da espécie nos desembarques foi de 139.59 cm e peso
de 6.40 kg (fig. 12).
Figura 12 – Arraia pintada
A espécie pertence a ordem: Rajiformes; Família: Myliobatidae; Classe:
Elasmobranchii; Tamanho máximo: 330 cm; Peso máx. publicado: 230.0 kg; Ambiente:
recifes, estuarina, marinhas, intervalo de profundidade 1 – 80 m; Resiliência: muito baixo,
tempo mínimo de duplicação da população maior que 14 anos; Distribuição: Atlântico
ocidental: Carolina do Norte (verão) e a Flórida, EUA e Ilhas Bermudas, Brasil. Ao longo de
Golfo de México e Caribe, inclusive Antilhas. O Atlântico Oriental: Mauritânia para Angola.
57
Indo-oeste, Pacífico: Mar vermelho e África do Sul para o Havaí, norte do Japão, sul à
Austrália. O Pacífico Oriental: Golfo de Califórnia para Puerto Pizarro, Peru e as Ilhas de
Galápagos; Biologia: comumente encontrada em águas rasas como baías e recifes de coral,
mas pode cruzar bacias oceânicas. Bentopelágica, 1-60m. Às vezes entra em estuários. Nada
perto da superfície, saltando ocasionalmente fora da água, ou perto do fundo. Frequentemente
formando escolas grandes durante a estação de não-procriação. Alimenta-se principalmente de
bivalves, mas também come camarões, caranguejos, polvo e lombrigas, búzios, e pequenos
peixes. Ovovivípara. Carne comestível. Mais de 3 m disco largura e até 880 cm comprimento
total, se o rabo longo é não estiver danificado. Captura comum por rede de arrasto de fundo
(www.fishbase.org).
h) Hexanematichthys parkeri (TRAILL, 1832) – gurijuba
A partir de maio, quando as demais espécies componentes da fauna começam a
sobressair-se em detrimento da D. guttata devido às condições ambientais impostas na
pescaria, a espécie Hexanematichthys parkerii (gurijuba) dentre as outras espécies ocorrentes
alcança um índice de participação mais representativo dentro da composição da fauna
acompanhante.
Pertencentes à família Ariidae, bagres, ocorrem na zona litorânea, em água pouco
profunda, em fundo lodoso ou arenoso e em geral procuram a desembocadura dos rios e
regiões lagunares na época da desova. Realizada a desova, os machos, e mais raramente as
fêmeas, incubam os ovos na cavidade bucal até o que se complete todo o desenvolvimento. O
gênero Hexanematichthys apresenta placas de dentes palatinos reduzidas, sem uma expansão
posterior (FIGUEIREDO; MENEZES, 1978).
Para a espécie Hexanematichthys parkerii (gurijuba) a média de comprimento foi
81,20 cm e 6,31 kg de peso. O desvio padrão para o comprimento foi de 21,19 e 1,70 para o
peso.
A análise da dieta de Hexanematichthys parkerii realizada por Almeida e Santos
(2006) capturados pela pesca artesanal da Raposa com uma amostra de 28 exemplares, onde
17 continham alimento e 11 estavam sem alimento demonstrou que a espécie apresentou uma
pequena variação no seu hábito alimentar com a presença principal de teleósteos (22), seguido
de moluscos (nove), crustáceos (quatro), observando ainda matéria orgânica não identificada.
No referido trabalho a variação do comprimento total da espécie foi de 0,38 – 0,48 m.
A espécie pertence a ordem: Siluriformes (Peixes-gato); Família: Ariidae;
58
Classe: Actinopterygii (peixes com raios nas barbatanas); Tamanho máximo: 150 cm SL;
Peso
ax. publicado: 50.0kg; Idade máxima registrada: 4 anos; Ambiente: demersal;
Estuarina; Marinhas; Resiliência: Elevada, tempo mínimo de duplicação da população menor
que 15 meses; Distribuição: Atlântico ocidental: Rios litorais da Guiana até o norte do Brasil;
Biologia: encontrada principalmente em águas turvas, sobre fundos barrentos em áreas
litorais, estuários e partes mais baixas de rios. Sexualmente maduro depois dos dois anos de
idade. Ao chocar, os alevinos são relativamente grandes, aproximadamente 6.0-6.5 cm.
Comercializado fresco e salgado (www.fishbase.org).
r) Hexanematichthys proops (VALENCIENNES, 1840) – uritinga
Registros sobre estas espécies relatam que são pertencentes à família Ariidae.
Bagres, ocorrem na zona litorânea, em água pouco profunda, em fundo lodoso ou arenoso e
em geral procuram a desembocadura dos rios e regiões lagunares na época da desova.
Realizada a desova, os machos, e mais raramente as fêmeas, incubam os ovos na cavidade
bucal até o que se complete todo o desenvolvimento. O gênero Hexanematichthys apresenta
placas de dentes palatinos reduzidas, sem uma expansão posterior (FIGUEIREDO;
MENEZES, 1978).
A média de comprimento da espécie nos desembarques foi de 67.70 cm e peso de
2.87kg.
A espécie pertence a Ordem: Siluriformes (Peixes-gato); Família: Ariidae;
Classe: Actinopterygii (peixes com raios nas barbatanas); Tamanho máximo: 100.0cm TL;
Peso máximo publicado: 9,000g; Idade máxima registrada: 4 anos; Ambiente: demersal;
Água doce; Estuarina; Marinhas; Resiliência: Elevada, tempo mínimo de duplicação da
população menor que 15 meses; Distribuição: Atlântico ocidental: Caribe e rios de drenagem
Atlânticos e estuários da Colômbia até o Brasil; Biologia: habita estuários principalmente
salgados e lagunas. Também acontece em água doce. Encontrada em fundos barrentos rasos.
Alimenta-se de peixes e camarões. Dois ciclos anuais de crescimento mais lento acontecem
durante as estações secas (março e agosto a novembro). Longevidade de três a quatro anos.
Sexualmente madura entre 1.5 a 2 anos de idade. Reprodução acontece de novembro a abril.
Comercializado fresco.
j) Estratégias reprodutivas das espécies do Sistema de Produção Pesqueira
Pescada Amarela (SPPPA)
59
Um dos problemas que os organismos vivos tiveram que resolver ao longo do
processo evolutivo para tentarem “perpetuar” a espécie foi a sobrevivência de um número
suficiente de descendentes. As formas como os organismos resolveram esses problemas
chamam-se estratégias reprodutivas. Através da reprodução as espécies produzem novos
indivíduos e a variabilidade das táticas que modelam a estratégia adotada pelas diferentes
espécies é essencial para o sucesso da suas proles.
A estratégia k é característica de prole pequena, mas o cuidado dispensado a esta é
extremamente elevado. Já na estratégia r, o número de filhotes é alto, mas não há cuidado
parental. Deste modo, a taxa de sobrevivência é pequena.
Os teleósteos, como grupo, alcançaram sucesso em ambientes distintos por
apresentarem varias estratégias reprodutivas que englobam táticas extremas. Ocorrem
espécies que apresentam desenvolvimento indireto, com larval, e metamorfose total, e outras
que têm desenvolvimento direto, sem a fase larval. Do mesmo modo, ocorrem casos em que
machos e fêmeas são indistinguíveis externamente, não exibindo comportamento de
acasalamento, até outros em que indivíduos dos dois sexos desempenham papéis distintos, em
comportamentos sexuais elaborados, como corte e acasalamento. Sua fecundidade apresenta
uma amplitude de variação enorme (VAZZOLER, 1996).
A alocação de maior quantidade de energia para a produção reprodutiva é
característica das espécies r-estrategistas, enquanto para o investimento somático Kestrategistas. De acordo com a estratégia adotada pela espécie pode-se analisar pelo menos o
grau de vulnerabilidade a que estão submetidas, pois irão responder de forma muito diferentes
às pressões de explotação, estando mais suscetíveis ao declínio as estrategistas k, um
organismo r-estrategista pode reproduzir-se rapidamente quando as pressões seletivas tornamse limitantes para a sua sobrevivência.
De acordo com Vazzoler (1996) apresentam-se aqui as características distintas
quanto às táticas que compõem o ciclo de vida das espécies r e K.
Tabela 8 – Características distintas quanto às táticas que compõem o ciclo de
vida das espécies r e K
CARACTERÍSTICA
Comprimento máximo
Período de vida
Taxa de crescimento
Primeira maturação
K-ESTRATEGISTAS
Grande
Longo
Baixa
Tardia
r-ESTRATEGISTAS
Pequeno
Curto
Elevada
Precoce
60
Mortalidade natural
Fecundidade
Baixa
Baixa
Cuidado parental bem
desenvolvido; período
reprodutivo prolongado:
Atributos (teleósteos de desovas repetidas; classes de
água doce das várzeas
tamanhos uniformemente
venezuelanas)
distribuídas ao longo do ano;
(WINEMILLER, 1989
longo período de procriação;
apud VAZZOLER,
ovócitos grandes; tamanho do
1996)
corpo grande; pequenas
flutuações populacionais ao
longo do ano (“bagres
siluriformes”)
Elevada
Elevada
Pequeno ou nenhum cuidado
parental; período de desova
prolongado; repetidos surtos
reprodutivos; distribuição de
tamanhos uniforme durante a
estação chuvosa (para algumas
espécies também durante a
seca); curtos tempos de
procriação; lotes relativamente
pequenos; ovócitos pequenos;
tamanho do corpo pequeno;
flutuações populacionais
intermediárias (caraciformes)
Fonte: Vazzoler (1996)
Na fauna acompanhante da pescada amarela foi possível encontrar muitas
espécies K-estrategistas. Na ordem dos Siluriformes a fauna apresenta os seguintes
componentes:
Bagre
bagre
(bandeirado),
Hexanematichthys
parkeri
(gurijuba),
Hexanematichthys proops (uritinga) e Notarius grandicassis (cambéu). A Dasyatis guttata
(bicuda), elasmobrânquio, também é uma espécie K-estrategista.
A pescaria direcionada a Cynoscion acoupa (pescada amarela) acontece quase que
diariamente, em curtos intervalos de tempo, interrompida apenas em dias de muita ventania
(mais característico no mês de setembro) ou dias de muito mau tempo. Dessa forma, as
capturas contemplam indiscriminadamente indivíduos que exibem baixa taxa de reprodução,
comprometendo assim o equilíbrio dessas populações.
5.7 Cadeia de comercialização
A pesca é uma importante atividade econômica e social no Estado do Maranhão.
A C. acoupa é um recurso muito importante para o estado do Maranhão, é de grande
aceitação por parte dos consumidores e possui a maior participação nos desembarques
registrados no Estado.
A forma de comercialização do pescado na praia do Araçagy/ Mangue Seco é a
venda direta ao consumidor, muitas vezes comerciantes de feiras ou donos de restaurantes em
São Luís. Não há, pois, uma estimativa mensal ou anual de produção entre os pescadores. Os
61
peixes envolvidos nesta pescaria têm seu destino para comerciantes ou pessoas que vão ao
local para realizar a compra (Figura 13).
Figura 13 – Venda direta de peixes ao consumidor (comercialização da
“pescada”)
A carne da pescada-amarela (C. acoupa) é a mais comercializada. É muito
apreciada, considerada nobre, alcançando valores de R$ 8,50 a 10,00 o quilo, sobrepõe o
comércio da grude-bexiga natatória.
Geralmente, a grude é vendida fresca, pelos próprios donos de embarcações, o
quilo custa em média R$ 60,00 (geralmente fresca) a 90,00 (seca), atinge valores maiores
quando vendida seca. O produto é encaminhado para outros comerciantes na Raposa (MA)
que os destina às cidades do nordeste do Brasil, de onde é exportado para o Japão, China e
outros países asiáticos (Figura 14).
62
Origem
pescado
Mangue Seco
São Luís
Produto Comercializado
Carne:
R$ 8,50 a 10,00
Grude:
R$ 60,00 a 90,00
Atravessador
Grude
Carne
São Luís
Local
Ceará;
Pernambuco
Nacional
Internacional
São Luís, Raposa
Natal
Japão; China
Figura 14 – Esquema ilustrativo da cadeia de comercialização da pescada amarela na praia do
Araçagy/Mangue Seco, São Luís MA
De acordo com os pescadores: “a pescada fêmea é maior, pesa mais, devido à
grude, quando o peixe vem pequeno é preferível nem tirar para não cair o preço” (Miguel,
pescador).
Os custos advindos da pescaria da pescada-amarela (C. acoupa) estão
relacionados com os custos dos barcos, redes, utensílios, depreciação, e outros.
Com relação ao rendimento, cerca de 1.832 kg de pescada-amarela e
proximadamente 21,57 kg de grude, em média (mensal) são obtidos em viagens que podem
durar até 3 dias. Deste montante, cerca de R$ 15.573,00 são rendimentos advindos da carne e
R$ 1. 294,00 do grude. Os volumes de captura também variam de acordo com a época do ano.
As pescarias mais rentáveis acontecem no período chuvoso. Os pescadores designados à
captura do recurso são geralmente escolhidos pelo dono “patrão” ou o mestre da embarcação.
A divisão dos lucros é através do sistema de partilha onde a metade do lucro fica com o dono
da embarcação e a outra metade é dividida em partes.
Durante o período do presente estudo no Araçagy, o SPPPA, malhão apresentou
1.832kg desembarcada ao mês, gerando um lucro bruto de R$ 7.786,00 para essa comunidade.
63
Cynoscion acoupa representou 69,31% das capturas (Figura 15).
Frota de Mangue Seco
RENDIMENTOS
Produção
1.832 kg/pescada/mês
Grude 21,57 kg/mês
Rendimento
Pescada - R$ 15.573,00
Grude - R$ 1.294,00
Total - R$ 16.867,00
50%
Dono do barco
ou “patrão”
50%
Tripulantes
2 – mestre;
1 - pescador
Lucro bruto
R$ 7.786,50
Figura 15 – Esquema ilustrativo dos rendimentos econômicos da “pescada amarela” (Cynoscion acoupa)
A Fauna acompanhante é mais preferida, para compra, pela comunidade devido o
valor inferior à pescada. A grude da fauna acompanhante segue o mesmo destino da grude da
pescada. O grude de outras espécies como a corvina (C. microlepidotus), gurijuba (H.
parkerii) e uritinga (Arius proops) também são comercializadas, mas em escala bem inferior.
64
Os pescadores não souberam informar sobre a utilidade das grudes.
As espécies da fauna acompanhante do Sistema, considerada menos atraentes, em
detrimento do recurso alvo do Sistema, têm sua comercialização na própria localidade e
abrangem baixa representatividade. No quadro abaixo pode ser observado o valor de primeira
comercialização para as espécies do Sistema na praia do Araçagy/Mangue Seco (Tabela 9).
Tabela 9 – Preço médio de primeira comercialização das espécies do
Sistema de Produção Pesqueira Pescada Amarela capturadas
na praia do Araçagy/Mangue Seco
Nome científico
Cynoscion acoupa_pescada amarela
Dasyastis guttata_arraia bicuda
Caranx latus_xaréu
Cynoscion microlepidotus_corvina uçu
Aetobatus narinari_arraia pintada
Hexanematichthys parkerii_gurijuba
Hexanematichthys proops_uritinga
Centropumus undecimalis_camurim preto
Rhinoptera bonasus_arraia jaborana
Preço local por
kg/2008
Pele
R$ 8,50
Escama
R$ 0,0
Cartilaginoso
R$ 2,50 – 3,0
Escama
R$ 6,0 – 7,0
Escama
R$ 0,060
Cartilaginoso
R$ 6,0 – 7,0
Couro
R$ 5,0
Escama
R$ 10,0 – 14,0
R$ 0,060
Escama
Cartilaginoso
R$ 0,0 – 2,0
Couro
Notarius grandicassis (cambéu)
R$ 2,50
Couro
Lobotes surinamensis (Croaçu)
R$ 3,50
Escama
Bagre bagre (bandeirado)
R$ 6,0
Couro
Etropus crossotus (solha)
R$ 0,0
Escama
R$ 2,50
Escama
Gymnura micrura (arraia baté)
R$ 0,0
Cartilaginoso
Carcharhinus porosus (cação)
R$ 4,0
Cartilaginoso
Chaetodipterus faber (paru)
Micropogonias furnieri (cururuca)
R$ 8,0 – 9,0
Escama
Batrachoides surinamensis (pacamão)
R$ 0,0
Couro
arraia lixão?
R$ 0,0
Cartilaginoso
Cynoscion steindachneri (jurapara)
65
6 CONCLUSÃO
Dentre os aspectos comuns na pescaria da Cynoscion acoupa (“pescada”) na praia
do Araçagy/Mangue Seco, Ilha do Maranhão destaca-se a importância de se observar que a
frota incide sobre diferentes espécies ao acaso no ambiente, mas o petrecho é altamente
seletivo no que diz respeito ao recurso alvo.
A ocorrência das espécies nas pescarias além de estar relacionada ao poder de
pesca do petrecho no ambiente está relacionada também a fatores que envolvem a morfologia
do recurso alvo e coincidências de categorias ecológicas, ou seja, a ocupação diferenciada do
ambiente de pesca pelas espécies vulneráveis ao petrecho. Mas, a fauna acompanhante do
SPPPA não ultrapassa o volume do recurso alvo (Cynoscion acoupa) nas capturas.
A espécie considerada potencialmente como fauna acompanhante da pescada é a
arraia bicuda (Dasyatis guttata), pois participou em maior número de desembarques como
também em freqüência de ocorrência. Dessa forma, parte da fauna acompanhante do SSPPA
está sendo impedida de realizar o recrutamento, (Dasyatis guttata) e o formato do corpo deste
animal favorece a captura pelo malhão.
Em termos de abundância relativa nas pescarias a espécie alvo apresentou maior
índice. As espécies mais representativas como fauna acompanhante no SPPPA depois da
arraia bicuda foram: Caranx latus (xareu); Cynoscion microlepidotus (corvina uçu);
Aetobatus
narinari
(arraia
pintada);
Hexanematichthys
parkerii
(gurijuba);
Hexanematichthys proops (uritinga) e Centropumus undecimalis (camurim preto).
O consumo principal dos pescadores no SSPPA é a fauna acompanhante. Sua
considerável importância econômica para a comunidade tende a dificultar a busca por
soluções que visem evitar sua captura.
Na pesquisa realizada na praia do Araçagy/Mangue Seco observa-se a produção
do recurso alvo durante todo o ano, e aumenta na estação chuvosa, entre os meses de
novembro a fevereiro. Durante as estações ocorre uma mudança na composição da fauna
acompanhante, na estação chuvosa o recurso da fauna acompanhante mais capturado passa da
Dasyatis guttata para o Hexanematichthys parkerii (gurijuba).
A frequência de ocorrência absoluta da Cynoscion acoupa foi superior aos outros
indivíduos da pescaria. A principal espécie da fauna acompanhante, em ocorrência absoluta,
Dasyatis guttata, tem um valor social perante a comunidade, são doadas pelos pescadores, já
que não atingem comercialização. As outras espécies têm mais um papel nutricional que
66
comercial na vida dos pescadores.
O lucro gerado nas capturas da pescada amarela não se reflete na condição
financeira dos pescadores, que possuem baixas rendas e contínua dependência dos
atravessadores, com permanência dos créditos indiretos e conseqüente compromisso de venda
do pescado com os donos de embarcações. Os pescadores não conseguem acumular recursos
ao longo do tempo para adquirirem seus próprios instrumentos de trabalho e assim,
supostamente, aumentarem sua condição de renda.
67
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71
APÊNDICES
APÊNDICE A – Estatística pesqueira
ESPÉCIE
PESO (Kg)
COMPRIMENTO (cm)
PREÇO (R$)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
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COLETOR: ___________________________________ DATA_____/______/_____
APÊNDICE B – Entrevista
1.
Como acontecem as pescarias da pescada amarela ()?
2.
Que tipo de rede pega a pescada amarela, qual o tamanho?
3.
Na pescaria, quais as outras espécies de peixes que acompanham a pescada amarela?
4.
As espécies de peixes que vêm com a pescada atingem comercialização, dentre elas qual
a mais apreciada para o consumo?
5.
Estas espécies acompanhantes da pescada funcionam como recurso alvo em outras
pescarias?
6.
Quais os produtos que comercializa (carne/grude) origem do produto?
7.
Quais as formas de comercialização?
8.
Existe algum controle de quanto movimenta (kg)?
9.
Para onde direciona a produção?
10. Sempre vende para os mesmos compradores? Por quê?
11. Como negocia a pescada (a compra do produto)?
12. A quantidade de grude e de carne da pescada amarela comercializada está diminuindo?
A que atribui a mudança? Tem muita gente comercializando esse produto? O que acha
dessa situação?
13. O tamanho médio da pescada comercializada está diminuindo? A que atribui a
mudança?
14. Escolaridade? (tentar justificar por que “parou” em determinado nível). Número de
filhos? São estudantes? Trabalham? Com o que?
15. O que acha do valor pago em reais para o pescador? Acha justo (compensa pela
quantidade de trabalho?).
16. Como você avalia as medidas de manejo (tamanho mínimo, captura de fêmeas na época
da reprodução)? Ou ausência delas?
17. Qual a renda média movimentada, semana, mês?
APÊNDICE C - Descrição das demais espécies que compõem a pescaria da pescada amarela e
características da ecologia e biologia dos indivíduos pesquisados com os
nomes científicos.
Batrachoides surinamensis (BLOCH; SCHNEIDER, 1801) – pacamão
Ordem: Batrachoidiformes (Charrocos); Família: Batrachoididae; Classe: Actinopterygii
(peixes com raios nas barbatanas); Tamanho máximo: 57.0 cm TL (macho/indeterminado)
Peso máx. publicado: 2,300g; Ambiente: demersal; Marinhas; intervalo de profundidade? –
36 m; Resiliência: Baixo, tempo mínimo de duplicação da população 4,5 - 14 anos;
Distribuição: Atlântico Central Ocidental: Honduras a Salvador (Bahia) no Brasil. Norte e
Nordeste do Brasil; Biologia: Principalmente de água salgada. Encontrado em fundos
arenoso-barrentos em água morna rasa. Não tão ativo, demora em cima do substrato
disfarçado. Alimenta-se de moluscos, de gastrópode pequenos, crustáceos como caranguejos
(Calappidae, Portunidae, Xanthidae, etc.), camarões (Penaeidae, Palaemonidae, Alphaeidae,
etc.) e peixes. As fêmeas estão maduras ao redor de 20 cm comprimento, machos 25 cm. Gera
400 a 500 ovos, com um tamanho de 4 a 5 mm. Comercializado fresco.
Carcharhinus porosus (RANZANI, 1839) – cação
Ordem: Carcharhiniformes (Tubarões); Família: Carcharhinidae; Classe: Elasmobranchii
(tubarões e arraias); Tamanho máximo: 150cm; Ambiente: demersal, estuarina, marinhas,
intervalo de profundidade ? – 36 m Resiliência: muito baixa, tempo mínimo de duplicação da
população maior que 14 anos; Distribuição: Atlântico Ocidental: Golfo do México ao sul do
Brasil (excluindo as ilhas caribenhas) e Uruguai. Pacífico Oriental: Golfo de Califórnia até
Peru; Biologia: encontrada em cima de fundos barrentos, especialmente em estuários.
Alimenta-se principalmente de pequenos peixes, tubarões e camarões. Vivíparo, é a menor
espécie do gênero que ocorre no Brasil, atingindo no máximo 1,30m de comprimento. Tornase madura com 80cm. Fêmeas grávidas são encontradas praticamente durante todo o ano.
Estas produzem de 2 a 7 embriões que nascem com um tamanho ao redor de até 40cm de
comprimento.
Megalops atlanticus (VALENCIENNES, 1847) – camurupim
Ordem: Elopiformes (Tarpões); Família: Megalopidae; Classe: Actinopterygii (peixes com
raios nas barbatanas); Tamanho máximo: 250cm; Peso máx. publicado: 161.0kg;
Ambiente: associadas (os) a recifes; anfídromos; Água doce; Estuarina; Marinhas; intervalo
de profundidade 0 – 30 m.; Resiliência: Baixo, tempo mínimo de duplicação da população
4,5 - 14 anos; Distribuição: Atlântico oriental: Senegal até Angola, com ocorrências
excepcionais em Portugal, Azores e costa Atlântica do Sul da França. Atlântico ocidental:
Carolina do Norte, E.U.A. até a Bahia, Brasil, com ocorrências ocasionais fora da costa
americana em direção ao norte até Nova Escócia, Canadá e o sul para Cananéia, Brasil e
Argentina. Ao longo de Golfo de México e Caribe. Pacífico Central Oriental: Ilha de Cobia no
Panamá pelo Canal de Panamá; Biologia: habita águas litorais, baías, estuários, lagunas
mangues e rios. Freqüentemente encontrada em bocas de rio e baías, entrando em água fresca.
Escolas Grandes podem freqüentar manchas particulares durante anos. Alimenta-se de peixes
como sardinhas, anchovas, Mugilidae, Centropomus, Cichlidae (principalmente) e
caranguejos. A bexiga natatória, fixa ao esôfago, pode ser enchido diretamente de ar e habilita
o peixe para viver em águas oxigênio-pobres. Tem fecundidade alta, uns 203 cm fêmea é
calculada para produzir mais de 12 milhões de ovos. Gere em águas que podem ser isoladas
temporariamente do mar aberto. Famoso para seus pulos espetaculares quando curvo.
Comercializado fresco ou salgado. Altamente apreciada por pescadores desportivos. A carne
também é apreciada, apesar de ser ósseo.
Ginglymostoma cirratum (BONNATERRE, 1788) – tubarão uru maru
Ordem: Orectolobiformes (Tubarões-zebra); Família: Ginglymostomatidae ; Classe:
Elasmobranchii (tubarões e arraias); Tamanho máximo: 430 cm TL; Peso máximo:
109,6kg; Idade máxima registrada: 25 anos; Ambiente: demersal; oceanódromos;
Estuarina; Marinhas; intervalo de profundidade 0 – 65 m; Resiliência: Baixo, tempo mínimo
de duplicação da população 4,5 - 14 anos; Distribuição: Atlântico ocidental: Rhode Island,
E.U.A. até Brasil Sul, inclusive o Golfo de México e Caribe, Antilhas. Atlântico oriental:
Cabo Verde até o Gabão; Ocidental à França. Pacífico oriental: Golfo de Califórnia e a Baja
Califórnia sulista, México até o Peru. Já foram encontradas espécies próximo ao Oceano
Índico; Biologia: encontrada em estantes continentais e insulares. Peixe solitário e lento,
freqüentemente encontrado enterrado no fundo. Noturno, alimenta-se de invertebrados de
fundo como lagostas espinhosas, camarões, caranguejos, moleques de mar, lulas, polvos,
caracóis e bivalve, e peixes como peixe-gatos, mullets, puffers e arraias. Ovovivíparo.
Sobrevive em cativeiro para pesquisas. Pode atacar os humanos se eles são molestados ou
pisarem-no acidentalmente. Comestível, mas principalmente avaliado por sua pele que
fornece couro extremamente duro e durável. Comum em cima de areia rasa achata, em canais,
e ao redor de recifes de coral; jovem pode ser achado entre raízes de suporte de mangue
vermelho.
Centropomus undecimalis (BLOCH, 1792) – camurim preto
Ordem: Perciformes (Percas); Família: Centropomidae; Classe: Actinopterygii (peixes com
raios nas barbatanas); Tamanho máximo: 140 cm; Peso máx. publicado: 24,3 kg;
Ambiente: associadas(os) a recifes; anfídromos; Água doce; Estuarina; Marinhas; intervalo
de profundidade ? – 22 m; Resiliência: Médio, tempo mínimo de duplicação da população 1,4
- 4,4 anos; Distribuição: Atlântico ocidental: Flórida sulista (EUA), costa do sudeste do
Golfo de México, Antilhas, costa do Caribe, América Central e América do Sul que estende
para o sul do Rio de Janeiro, Brasil, também Carolina do Norte e Texas, EUA.
Chaetodipterus faber (BROUSSONET, 1782) – paru
Ordem: Perciformes (Percas); Família: Ephippidae; Classe: Actinopterygii (peixes com
raios nas barbatanas); Tamanho máximo: 91.0 cm; Peso máx. publicado: 9,000 g;
Ambiente: associadas (os) a recifes; oceanódromos; Estuarina; Marinhas; intervalo de
profundidade 3 – 35 m; Resiliência: Médio, tempo mínimo de duplicação da população 1,4 4,4 anos; Distribuição: Atlântico ocidental: Massachusetts, EUA e Golfo do norte do México
até o Rio Grande do Sul, Brasil; Biologia: Abundante em águas litorais rasas, de mangues e
praias arenosas para destruições e portos. Jovens são comuns em estuários e freqüentemente
encontrados em águas muito rasas. Adultos acontecem freqüentemente em cardumes muito
grandes de até 500 indivíduos. Alimentam-se de invertebrados bentônicos como crustáceos,
moluscos, anelídeos, cnidários como também de plâncton. Peixe de carne boa, comercializado
fresco. No sudeste do Brasil são encontrados entre 23 e 45m. Criado em cativeiro.
Eugerres brasilianus (CUVIER, 1830) – carapitanga
Ordem: Perciformes (Percas); Família: Gerreidae; Classe: Actinopterygii (peixes com raios
nas barbatanas); Tamanho máximo: 50.0 cm; Ambiente: demersal; Marinhas; Resiliência:
Médio, tempo mínimo de duplicação da população 1,4 - 4,4 anos; Distribuição: Atlântico
Central ocidental: Carolina do Sul, E.U.A. até Santa Catarina, Brasil. Provavelmente ocorre
em Trinidad e Tobago e outras ilhas dos Antilhas; Biologia: ocorre em água rasas, sobre
fundos macios.
Lobotes surinamensis (BLOCH, 1790) – croaçu
Ordem: Perciformes (Percas); Família: Lobotidae; Classe: Actinopterygii (peixes com raios
nas barbatanas); Tamanho máximo: 110cm; Peso máx. publicado: 19,2kg; Ambiente:
bentopelágico; oceanódromos; Estuarina; Marinhas; Resiliência: Elevada, tempo mínimo de
duplicação da população menor que 15 meses; Distribuição: águas tropicais e subtropicais de
todos os oceanos. Atlântico ocidental: Canadá até Massachusetts, EUA e Ilhas Bermudas até
Argentina. Atlântico Oriental: Mar mediterrâneo; Madeira para o Golfo de Guiné; África do
Sul. Pacífico ocidental: Japão, Fiji e Tuvalu; Biologia: adulto habita baías, estuários barrentos
e mais baixos alcances de rios grandes. Bentopelágico. Vive perto da praia, lento,
freqüentemente flutua perto da superfície na companhia de objetos flutuantes. Ocasionalmente
ventos em cima de recifes. Jovem pode acontecer em Sargassum flutuante e pode imitar uma
folha flutuante (Ref. 37816). Alimenta-se de crustáceos, de bénton e peixes pequenos.
Comercializado fresco, congelado, ou salgado.
Cynoscion steindachneri (JORDAN, 1889) – jurapara
Ordem: Perciformes (Percas); Família: Sciaenidae; Classe: Actinopterygii (peixes com raios
nas barbatanas); Tamanho máximo: 110cm; Ambiente: demersal; Água doce; Estuarina;
Marinha; intervalo de profundidade 10 –? m; Resiliência: Baixo, tempo mínimo de
duplicação da população 4,5 - 14 anos; Distribuição: Atlântico ocidental: Guiana até Belém,
Brasil; Biologia: principalmente em pântanos de água salgada ao longo das costas. Alimentase de peixes, camarões e às vezes plantas. Peixe de valor comestível importante.
Micropogonias furnieri (DESMAREST, 1823) – cururuca
Ordem: Perciformes (Percas); Família: Sciaenidae; Classe: Actinopterygii (peixes com raios
nas barbatanas); Tamanho máximo: 60.0 cm; Idade máxima registrada: 7 anos;
Ambiente: demersal; oceanódromos; Estuarina; Marinhas; intervalo de profundidade ? – 60
m; Resiliência: Médio, tempo mínimo de duplicação da população 1,4 - 4,4 anos;
Distribuição: Atlântico ocidental: e da Costa Rica até a Argentina. Também registrada na
Nicarágua; Biologia: encontrada sobre fundos barrentos e arenosos em águas litorais e em
estuários que servem como berçário e locais de alimento. Hábitos alimentares variam com
desenvolvimento ontogenético e estação; jovens alimentam-se de crustáceos bentônicos e
migratórios e moluscos sésseis. Sofre migração sazonal. Um peixe de valor nutricional
importante que normalmente é comercializado fresco e salgado.
Epinephelus itajara (LICHTENSTEIN, 1822) – mero
Ordem: Perciformes (Percas); Família: Serranidae; Classe: Actinopterygii (peixes com raios
nas barbatanas); Tamanho máximo: 250 cm; Peso máximo publicado: 455.0 kg; Idade
máxima registrada: 37 anos; Ambiente: associadas (os) a recifes; Estuarina; Marinhas;
intervalo de profundidade? – 100 m; Resiliência: Baixo, tempo mínimo de duplicação da
população 4,5 - 14 anos; Distribuição: Atlântico ocidental: Flórida, EUA até o sul do Brasil,
inclusive o Golfo de México e o Caribe. Atlântico oriental: Senegal até o Congo; raro nas
Ilhas Canário. Pacífico Oriental: Golfo de Califórnia até o Peru; Biologia: espécies solitárias,
encontradas no raso. Encontradas em pedra, coral, ou lama. Jovens são encontradas em áreas
de mangue e estuários salgados. Quando adultos podem ser encontrados em estuários. Os
Adultos parecem ocupar gamas de casa limitadas com pequeno movimento de enterrar-recife.
Alimentam-se principalmente de crustáceos, lagostas particularmente espinhosas como
também tartarugas e peixes, inclusive arraias. Territorial próximo é caverna de refúgio ou
destruição onde pode mostrar para uma exibição de ameaça com boca aberta e corpo
tremendo. Comercializado fresco e salgado. A Carne é de excelente qualidade. Alcança pesos
de mais de 315 kg.
Etropus crossotus (JORDAN; GILBERT, 1882) – solha
Ordem: Pleuronectiformes (Peixes-chatos); Família: Paralichthyidae (Paralictiídeos.
Alabotes-de-dentes-grandes); Classe: Actinopterygii (peixes com raios nas barbatanas);
Tamanho máximo: 20.0 cm TL; Idade máxima registrada: 1 ano; Ambiente: demersal;
oceanódromos; Estuarina; Marinhas; intervalo de profundidade 0 – 65 m; Resiliência:
Elevada, tempo mínimo de duplicação da população menor que 15 meses; Distribuição:
Atlântico ocidental: Canadá até Baía de Chesapeake, EUA. Até as Antilhas e o Sul do Brasil.
Pacífico oriental: Baixa Califórnia para o Peru; Biologia: habita fundos arenosos e barrentos.
Comum em estuários. Alimenta-se em grande parte de invertebrados bentônicos e pequenos
peixes.
Pristis perotteti (MÜLLER; HENLE, 1841) – Espadarte
Ordem: Pristiformes (Peixes-serra); Família: Pristidae; Classe: Elasmobranchii (tubarões e
arraias); Tamanho máximo: 650cm (macho/indeterminado); Peso máximo publicado: 591.0
kg; Ambiente: bentopelágico; anfídromos; Água doce; Estuarina; Marinhas; intervalo de
profundidade ? – 122 m; Resiliência: Baixo, tempo mínimo de duplicação da população 4,5 14 anos; Distribuição: Atlântico noroeste: Texas, Flórida. Atlântico nordeste: África
ocidental. Pacífico Central oriental e Ocidental: fora a Austrália do norte. Indo-China: Indies
oriental. América do Sul: Amazona perto de Santárem, Brasil. Biologia: habita águas rasas da
costa estuarina, particularmente lagunas. Geralmente pensamento para raramente descer
debaixo de 10m mas foi achado às 122m em Lago a Nicarágua. Tende a correr mais longe rio
acima em rios grandes. Encontrada em temperaturas mais altas que 20-30°C. Ovovivípara.
Rhinoptera bonasus (MITCHILL, 1815) – arraia jaborana
Ordem: Rajiformes; Família: Myliobatidae; Classe: Elasmobranchii (tubarões e arraias);
Tamanho máximo: 213cm largura do disco; Ambiente: bentopelágico; oceanódromos;
Estuarina; Marinhas; intervalo de profundidade 0 – 22 m; Resiliência: Baixo, tempo mínimo
de duplicação da população 4,5 - 14 anos; Distribuição: Atlântico Oriental: A Mauritânia,
Senegal e Guiné. Atlântico ocidental: New England sulista até a Flórida do norte (EUA) e ao
longo do Golfo de México, migrando para Trinidad, Venezuela, Brasil e Uruguai. Biologia:
espécies oceânicas às vezes são encontradas perto da costa. Salta ocasionalmente,
provavelmente como uma exibição territorial. Migra para o sul em escolas grandes que
desaparecem fora a Flórida do norte, EUA. População no Golfo de México migra à direita;
escolas de até 10,000 raios deixam costa ocidental de Flórida para Yucatan, México pelo
outono. Ovovivíparo.
Gymnura micrura (BLOCH; SCHNEIDER, 1801) – arraia bate
Ordem: Rajiformes (Arraias); Família: Gymnuridae; Classe: Elasmobranchii (tubarões e
arraias); Tamanho máximo: 137 cm, largura do disco; Ambiente: demersal; Estuarina;
Marinhas; intervalo de profundidade ? – 40 m. Resiliência: Muito baixo, tempo mínimo de
duplicação da população maior que 14 anos; Distribuição: Atlântico ocidental: Maryland,
EUA até o Brasil. Também Golfo do México e a América do Sul, ao norte, até o Brasil.
Atlântico Oriental: Senegal, Gâmbia, Sierra Leone, Camarões e República Democrática do
Congo (até a boca de Rio de Congo). Mauritânia. Registros nominais de fora o Sri Lanka,
Índia, Malásia, Cingapura, Vietnã, Borneo e Sumatra na Indonésia, e Filipinas, precisa ser
verificado se realmente são as mesmas espécies que acontecem no Atlântico. Biologia:
Prefere águas da plataforma continental nerítica e normalmente encontradas em fundos
macios. Podem entrar em estuários salgados ou lagunas muito salinas. Alimenta-se de peixes
e camarões. Ovovivíparo. Geralmente comercializada salgado.
Notarius grandicassis (VALENCIENNES, 1840) – cambéu
Ordem: Siluriformes (Peixes-gato); Família: Ariidae; Classe: Actinopterygii (peixes com
raios nas barbatanas); Tamanho máximo: 63.0 cm TL; Ambiente: demersal; Estuarina;
Marinhas; intervalo de profundidade ? – 20m. Resiliência: Baixo, tempo mínimo de
duplicação da população 4,5 - 14 anos; Distribuição: América do Sul: Rios e estuários de
Golfo de Venezuela até rio Amazonas; Biologia: encontrada em fundos barrentos de águas
salgadas rasas; também em águas marinhas. Reprodução parece acontecer entre maio e junho.
As posições femininas abaixo 20-30 ovos que têm um diâmetro de 10-12 mm, aglutinado em
muco. O macho vigia os ovos durante 10-12 dias até chocar. Comercializado fresco.
Bagre bagre (LINNAEUS, 1766) – Bandeirado
Ordem: Siluriformes; Família: Ariidae; Classe: Actinopterygii (peixes com raios nas
barbatanas); Tamanho máximo: 55.0 cm; Peso máx. publicado: ? kg; Ambiente: demersal;
Estuarina; Marinhas; intervalo de profundidade ? – 50 m; Resiliência: Médio, tempo mínimo
de duplicação da população 1,4 – 4,4 anos; Distribuição: América Central e América do Sul:
Colômbia. Rio Amazonas. Atlântico; Biologia: espécie principalmente marinha, comum em
rio, também entra em estuários de rio. Alimenta-se de pequenos peixes e invertebrados, como
crustáceos. Comercializado fresco.

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