EXAMES RADIOGRÁFICOS EXTRABUCAIS E INTRABUCAIS

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EXAMES RADIOGRÁFICOS EXTRABUCAIS E INTRABUCAIS
EXAMES RADIOGRÁFICOS EXTRABUCAIS E INTRABUCAIS
Marinei do Rocio Pacheco dos Santos1
1 Considerações Iniciais
Os exames radiográficos realizados em odontologia são divididos em exames extrabucais
e intrabucais. Esses exames podem ser realizados por dentistas ou por profissionais
técnicos em radiologia em serviços de documentação odontológica e clínicas radiológicas
especializadas, que possuam os equipamentos necessários para execução deles.
Para um correto posicionamento o profissional técnico em radiologia deve centralizar e
alinhar o usuário conforme a recomendação fornecida em cada uma das incidências e
posicionar o centro geométrico do feixe colimado (ou ponto central) coincidindo com o
centro do receptor de imagens (RI)
2 Abordagem ao Usuário
Após receber a requisição do exame, o técnico em radiologia deverá organizar a sala e
todos os objetos que serão utilizados para execução do referido exame. Em seguida ele
deverá chamar o usuário, pelo nome completo e certificar-se de que ele é realmente a
pessoa que irá sofrer tal procedimento, pois, ainda é relativamente comum, situações de
homônimos e trocas de exames.
Todos os usuários devem ser tratados de forma cordial e serem informados sobre os
procedimentos que serão realizados. A anamnese faz parte do processo inicial. Ela
consiste em um conjunto de perguntas predefinidas que permitirão ao técnico saber o
motivo do exame, se o paciente já sofreu alguma cirurgia na região de interesse, se teve
alguma queda recente ou algum trauma, entre outras questões relevantes para o exame
que irão gerar informações importantes para os profissionais envolvidos na execução do
exame e laudo do mesmo.
A próxima etapa é orientar o usuário a retirar quaisquer objetos radiopacos que possam
formar artefatos na imagem, como por exemplo, correntes, piercings e brincos e remover
aparelhos e próteses moveis do interior da boca.
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Tecnóloga em Radiologia e Mestre em Engenharia Biomédica, ambos pela Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. Professora e Coordenadora do Curso Técnico em Radiologia do Instituto Federal do Paraná.
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Em seguida, é obrigação do profissional técnico em radiologia, oferecer ao usuário e
acompanhantes todos os equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários, que
não interfiram na formação da imagem.
3 Exames Radiográficos em Odontologia
As radiografias apresentam informações de objetos tridimensionais em um plano
bidimensional, Para formar imagens de qualidade é fundamental que o técnico em
radiologia instrua corretamente o usuário sobre a sua movimentação durante a exposição
aos Raios X.
Cada posicionamento/incidência a seguir descreve o método correto de posicionamento a
ser usado para a formação da imagem odontológica.
Exames Radiográficos Odontológicos
Os exames radiográficos mais realizados em um serviço de radiologia odontológica estão
divididos em exames extrabucais e intabucais:
Radiografias extrabucais:
-
Radiografia panorâmica;
-
Radiografia das ATMs.
-
Telerradiografia em lateral e frontal;
Radiografias intrabucais:
-
Radiografia interproximal;
-
Radiografia oclusal;
-
. Radiografia periapical.
Exames radiográficos extrabucais
Os exames radiográficos extrabucais usam filmes da radiologia convencional para sua
execução. Caracterizam-se por serem posicionados no equipamento de Raios X, fora da
boca do usuário.
Radiografia panorâmica
A radiografia panorâmica é realizada em um equipamento chamado ortopantomógrafo e é
um dos exames mais realizados em radiologia odontológica. Ela oferece uma visão geral
de todos os dentes e das regiões anatômicas de maxilas, mandíbula e ATMs.
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Condução do exame:
O usuário deve permanecer em posição ortostática, pés paralelos aos ombros, a uma
distância correta do apoio bucal. As mãos devem ficam no apoio destinado a elas para
garantir conforto e um correto posicionamento. O usuário irá cerrar os dentes no apoio de
oclusão para que a mordida seja de topo entre as arcadas dentais superior e inferior.
Apoiar mento e testa do usuário nos locais destinados para essa finalidade.
O equipamento conta com posicionador luminoso e espelho de posicionamento para que
a linha médio sagital permaneça centralizada com o equipamento e o posicionamento da
cabeça do usuário é auxiliado por um posicionador temporal que é utilizada para firmar a
cabeça na região dos ossos temporais. O plano de Frankfurt (LIOM) deve estar
corretamente marcado com o posicionador luminoso e localizado horizontalmente,
paralelo ao chão. Para auxiliar a marcação deste ponto, o plano oclusal que deve estar
levemente ascendente (Figura 1).
Instruir o usuário a:
- posicionar a toda a extensão da língua em contato com o palato duro, para que ela
apareça o mínimo possível na imagem;
- Interromper a respiração durante a exposição aos Raios X.
Figura 1 – Posicionamento para radiografia panorâmica
Radiografia das ATMs
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Os posicionamentos para realização das radiografias de ATMs estão descritos na parte
de crânio e face que compõe essa obra.
Telerradiografias
São exames radiográficos de crânio e face executadas no ortopantomógrafo. Podem ser
obtidas imagens em lateral e em AP. São bastante utilizadas para elaboração de traçados
cefalométricos.
Telerradiografia frontal
É um exame de ossos da face em AP. Usa posicionadores nos MAEs e no osso frontal
para garantir o correto posicionamento.
Condução do exame:
O usuário deve permanecer em posição ortostática com os pés paralelos aos ombros, em
AP em relação ao receptor de imagem. As mãos devem ficar ao lado do corpo. Posicionar
as olivas nos meatos acústicos externos do usuário, centralizá-lo em relação à linha
médio sagital e posicionar a LIOM paralela ao chão. Ajustar o posicionador no osso frontal
e certificar-se de que o posicionamento está correto (Figura 2).
Instruir o usuário a interromper a respiração durante a exposição aos Raios X.
Figura 2 – Posicionamento para telerradiografia frontal
Telerradiografia lateral
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Um correto posicionamento para a telerradiografia lateral é conseguido quando há a
superposição dos ângulos da mandíbula.
Condução do exame:
O usuário deve permanecer em posição ortostática com os pés paralelos aos ombros e
em lateral em relação ao receptor de imagem. As mãos devem ficar ao lado do corpo.
Posicionar as olivas nos meatos acústicos externos do usuário, centralizá-lo em relação à
linha médio sagital e posicionar a LIOM paralela ao chão. Ajustar o posicionado no osso
frontal e certificar-se de que o posicionamento está correto (Figura 3).
Instruir o usuário a interromper a respiração durante a exposição aos Raios X.
Figura 3 – Posicionamento para telerradiografia lateral.
Exames radiográficos intrabucais
Os exames radiográficos intrabucais usam receptor de imagem da radiologia odontológica
específicos para essa finalidade. Eles possuem como principais características serem de
tamanho reduzido para poderem ser acondicionados dentro da boca do usuário e também
por serem sensíveis aos Raios X, isto é, sem a necessidade de telas intensificadora
(ècran) por isso são denominados de “no screen”. Diferentes dos RI extrabucais que são
sensíveis à luz visível e por isso necessitam de tela intensificadora (chamados de screen).
Radiografias Interproximais (bitewing)
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As radiografias interproximais são geralmente solicitadas para o estudo de cáries entre os
dentes. São realizados para dentes pré-molares e molares. É possível observar nesse
exame as coroas dos dentes e as regiões proximais de dentes molares e pré-molares.
O exame completo é composto por quatro radiografias do tamanho das periapicais ou
apenas duas radiografias quando utilizados RI mais alongados, especiais para esta
técnica.
Condução do exame:
A correta condução desse exame é feita utilizando um posicionador de receptor de
imagem para radiografias interproximais, não sendo necessário nenhum posicionamento
especifico do usuário, mas somente posicionar o receptor de imagem na região de
interesse e ajustar o distanciador do equipamento de Raios X perpendicularmente e a 1
cm de distância da pele do usuário, centralizado em relação ao receptor de imagem.
Estes posicionadores são compostos por um bloco de mordida, uma haste e um anel, de
forma que, o primeiro deve ser inserido na boca do paciente e o anel acoplado ao
aparelho de Raios X de tubo longo. O uso correto destes posicionadores faz com que o
dente fique praticamente paralelo ao receptor de imagem e aos feixes de Raios X
O receptor de imagem deve ser inserido ao posicionador e colocado ao lado dos dentes
do usuário, por dentro da arcada dentária. Os feixes de Raios X devem incidir paralelo
aos dentes.
São comumente executadas duas radiografias de cada lado, uma dos dentes pré-molares
e outra dos molares.
Os feixes de Raios X devem incidir perpendiculares ao receptor de imagem e o
distanciador deve ser posicionado centralizado em relação ao receptor de imagem a 1 cm
de distância da pele do usuário (Figura 4).
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Figura 4 – Posicionamento para radiografia intrabucal de molares.
Radiografias oclusais
A radiografia oclusal tem como finalidade à localização de dentes supranumerários e
inclusos, avaliação de lesões nas maxilas ou mandíbula, utilização para cálculos de
implante, entre outros. Pode ser tomada de forma total ou parcial, na segunda só expondo
a região de interesse.
Condução do exame:
O usuário deve estar sentado confortavelmente em uma cadeira. O receptor de imagem
deve ser posicionado transversalmente na boca do usuário tendo a região mais rugosa da
embalagem voltada para a região a ser radiografada. Posicionar a saliência arredondada
para o lado de fora da boca do paciente.
Os feixes de Raios X devem incidir perpendiculares ao receptor de imagem e o
distanciador deve ser posicionado centralizado em relação ao receptor de imagem a 1 cm
de distância da pele do usuário (Figura 5).
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Figura 5 – Posicionamento para radiografia oclusal
Radiografias periapicais
São radiografias intrabucais de regiões específicas da arcada dentária. Podem ser
pedidas individualmente, como complementação de outros exames, ou em um conjunto
de 14 exames, abrangendo assim todos os dentes, chamado de levantamento periapiacal.
Essas radiografias têm uma vantagem, pois, o RI é posicionado muito próximo ao dente
tornando seu tamanho quase real, diferenciando-se assim da panorâmica que não
apresenta o tamanho real da estrutura.
Sua finalidade é geralmente para tratamentos periodontais como tratamentos pré e póscirúrgicos, acompanhamento de dentes inclusos, extrações dentárias, verificação de
cistos, visibilização de dentes supranumerários e análise de patologias em geral.
Essa técnica permite a visibilização de toda a estrutura dentária e suas adjacências.
A radiografia periapical abrange duas técnicas diferentes, a técnica da bissetriz, mais
utilizada
em
consultórios
odontologicos
e
a
técnica
do
paralelismo
utilizada
freqüentemente em clínicas de radiologia odontológica por sua praticidade.
Condução do exame:
O usuário deve sentar em uma cadeira de dentista para a execução do exame e sua
cabeça deve estar na posição apropriada para o tipo de incidência a ser feita. A
radiografia de dentes da região da maxila deve levar em consideração o plano acântiomeatal, que deve estar paralela ao solo. Já radiografias da região da mandíbula levam
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como base à linha lábio-meatal que deve estar paralela ao solo. Essas angulações
realizadas com a cabeça facilitam na hora da realização das duas técnicas
Técnica da bissetriz
A técnica da bissetriz tem como base à lei isométrica de Cieszinski: “A imagem projetada
tem o mesmo comprimento e as mesmas proporções do objeto, desde que o ponto central
seja perpendicular à bissetriz do ângulo formado entre o RI e objeto.”
Para obter uma radiografia dentária correta deve-se conhecer e obedecer algumas linhas
básicas formadas por esta regra: o plano médio do dente, a linha do filme e a bissetriz
formada entre eles.
Técnica do paralelismo
A correta condução desse exame é feita utilizando um posicionador de receptor de
imagem para radiografias periapicais, não sendo necessário nenhum posicionamento
especifico do usuário, mas somente posicionar o receptor de imagem na região de
interesse e ajustar o distanciador do equipamento de Raios X perpendicularmente e a 1
cm de distância da pele do usuário, centralizado em relação ao receptor de imagem.
O receptor de imagem deve ser inserido ao posicionador e colocado atrás dos dentes do
usuário, por dentro da arcada dentária, com o auxilio do bloco de mordida do
posicionador. Os feixes de Raios X devem incidir paralelo aos dentes (Figura 6).
Figura 6 – Posicionamento para radiografia periapical – paralelismo
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REFERÊNCIAS
ALVARES, L.C. & TAVANO O. Curso de Radiologia em Odontologia. São Paulo, Editora
Santos, 1999.
FREITAS, A. - Radiologia Odontológica, São Paulo, Artes Médicas, 1998.
WHAITES, E.- Princípios de Radiologia Odontológica-3a. ed, Artmed-2003.
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