Boletim - Castro Verde

Transcrição

Boletim - Castro Verde
OCampaniço
Nº 80
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
Boletim Informativo da Câmara Municipal de Castro Verde
Distribuição gratuita
Abril
anos
35
Poder Local Democrático
Trilhamos os caminhos que Abril abriu
acção social
entrevista
pATRIMÓNIO
comemorações
Mais apoio social
Cortiça e design
Fonte dos Milagres
Em tempo de crise a autarquia alargou
o universo de candidatos ao cartão
social. Outras medidas foram tomadas
para apoiar as pequenas empresas
locais.
“Não existe criação sem identidade”.
Quem o afirma é Ana Mestre, designer
e investigadora em torno da cortiça.
Castrense de 2ª geração, esta é para si
uma região de grande inspiração.
Desde o século XVIII que é conhecida actividade à volta da Fonte dos
Milagres. Facto que motivou, recentemente, o surgimento de uma nova
Associação que se ocupa do estudo
geológico e da bio-energia que lhe
está associada.
“As Camponesas”
25 anos
p4
p8 e 9
p 10 e 11
XIX Quinzena Cultural
17 de Abril a 3 de Maio2009
programa em www.cm-castroverde.pt
Elas simbolizam regresso das mulheres ao cante. 25 anos depois, o
grupo continua a ser um espaço de
convívio e afirmação cultural.
p7
Dulce Pontes
24 Abril . 21h30
Praça da República
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
EDITORIAL
O
caminho da Democracia trouxe-nos até aqui, 35
anos depois do 25 de Abril de 1974. E sem que
tenhamos atingido alguns dos mais elementares
objectivos que a Revolução dos Cravos nos ofereceu,
atingimos um grau de maturidade e de consciência cívica que nos faz acreditar num futuro mais justo e mais
equitativo.
A crise que atravessa os principais pilares da nossa
sociedade é, sem sombra de dúvida, um sinal de que há
uma alteração profunda na ordem institucional e que se
repercute nos sectores mais desfavorecidos da nossa
população. No entanto, é possível alterar esta realidade.
E a resposta está nas nossas mãos.
Defendendo a causa pública; na intransigência no
combate pelos mais elementares direitos dos cidadãos;
no direito a apontar o dedo a todos aqueles que põem
em causa o futuro da nossa terra. E, nesta perspectiva,
os diversos momentos eleitorais que terão lugar este
ano, são o momento para intervirmos na escolha de
caminhos mais justos.
A nível local, perante a generalização das dificuldades
financeiras e económicas que se instalaram de uma
forma global, este Executivo tem procurado criar alguns
mecanismos de defesa das nossas populações e dos
nossos munícipes de forma a tornar menos dura a vida
dos mais necessitados e a estabilizar o nosso tecido
económico.
Nesta perspectiva, aumentámos o universo dos beneficiários do cartão social. O pagamento das bolsas de
estudo é mensal e efectuado antecipadamente; os pagamentos aos fornecedores locais passaram a fazer-se
a trinta dias; desenvolvemos alguns projectos de forma
a permitir que as empresas locais minimizem o impacto
da diminuição da actividade.
Não fomos mais longe porque não podemos, em
particular para não colocar em causa a sustentabilidade
e o futuro do nosso Município. Mas, se na discussão e
na análise das dificuldades que assolam este concelho
for necessário intervir, mesmo ultrapassando algumas
competências que são exclusivamente da responsabilidade dos Governos nacionais, podem os nossos munícipes ter a certeza que o faremos.
Assim como o estamos a fazer no apoio e na concretização de projectos tão importantes ao nível do apoio à
3ª Idade. Estamos a promover a construção do Lar de
Idosos e Centro de Dia de Sta. Bárbara de Padrões, cuja
gestão será protocolada com uma IPSS do concelho;
apoiamos incondicionalmente o lançamento do Lar da
3ª Idade e Unidade de Cuidados Continuados da Fundação Joaquim António Franco e seus Pais, em Casével,
bem como as iniciativas similares do Lar Jacinto Faleiro
e do Lar Frei Manoel das Entradas. Criando condições
para que os nossos idosos tenham uma vida mais digna
e, ao mesmo tempo, criando emprego para as novas
gerações.
Estamos aqui e saberemos responder pelo nosso concelho, na criação de uma terra onde apetece viver. Os
caminhos da Democracia abertos pelo 25 de Abril são os
trilhos do nosso projecto.
Francisco Duarte
Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde
educação w Uma Ponte chamada Língua Portuguesa
Aprendizagens
em torno da lusofonia
Durante o ano lectivo 2008/2009 “Uma ponte chamada Língua
Portuguesa” está a dinamizar diferentes actividades em torno da
lusofonia, proporcionando aos alunos um maior contacto com o
património histórico e cultural dos países de expressão portuguesa.
O Departamento Curricular do 1º
Ciclo do Agrupamento de Escolas de
Castro Verde tem vindo a dinamizar,
ao longo do presente ano lectivo,
o projecto “Uma ponte chamada
Língua Portuguesa” que envolve,
pela primeira vez, todas as escolas
do 1º ciclo do concelho.
Tendo como temática central o
estudo da língua portuguesa e dos
países lusófonos, o projecto visa
promover o acto e a acção educativa
suportando-se num conjunto de
estratégias pedagógicas, curriculares
e culturais, capazes de fomentar
o reconhecimento do património
histórico e cultural dos respectivos
países.
Neste contexto, valorizam-se saberes específicos na área da Língua
portuguesa que, posteriormente,
servirão de fio condutor à abordagem de outras áreas curriculares,
nomeadamente Estudo do Meio,
Área de Projecto, Expressão Plástica,
Musical, Dramática, Físico-Motora
e Formação Cívica.
Com o objectivo de facilitar a
aprendizagem da Língua, o projecto
aposta em abordagens curriculares inovadoras que integram uma
componente lúdica e promovem,
em paralelo, o espírito colectivo de
Oficina de dança
trabalho. Durante o mês de Fevereiro decorreram algumas actividades
desenvolvidas no âmbito do projecto, com destaque para o Dia de
Moçambique, que contou com uma
sessão de contos tradicionais pelo
Grupo “Salto no Escuro”. Em Março,
Santa Bárbara de Padrões foi o local
escolhido para um serão cultural que
contou com a participação especial
do Clube de Música da EB2,3 de
Castro Verde, do Grupo Coral “Os
Cardadores” e ainda das “Atabuas”
de S. Marcos da Atabueira.
“Uma ponte chamada Língua
Portuguesa” surge na sequência do
projecto “Portugal, o nosso país”
e vai desenvolver um conjunto de
actividades diversas, com destaque para a hora do conto, serões
na escola, encontros com escritores,
palestras, exposições, visitas de estudo, workshops de dança, ateliês
de canto, intercâmbios com turmas
de crianças moçambicanas e um
espectáculo final cujo nome remete
para o título do projecto, que será
apresentado no próximo mês de
Junho. w
Conselhos Gerais
das Escolas
A atribuição de novas competências aos Municípios na área
da educação não tem parado de
crescer, especialmente, no que
respeita ao ensino básico. Novas
atribuições implicam necessariamente responsabilidades acrescidas no acompanhamento da vida
escolar das crianças e jovens do
nosso concelho.
O novo modelo de administração
e gestão escolar reforça a participação das famílias e das comunidades na direcção estratégica dos
estabelecimentos de ensino, a qual
se articula, ainda, com o município
através do Conselho Municipal de
Educação. No âmbito deste novo
modelo, é criado o Conselho Geral,
o órgão responsável pelas linhas
orientadoras da actividade das
escolas, no qual o Município se
deve fazer representar através de
três elementos.
No caso concreto do Município
de Castro Verde, encontram-se
constituídos dois Conselhos Gerais
Transitórios, o do Agrupamento de
Escolas do Ensino Básico e Jardinsde-infância e o da Escola Secundária
com 3º ciclo, cujas presidentes são,
respectivamente, as docentes Fáti-
ma Palma e Manuela Florêncio. Os
representantes indicados pelo Município são a vereadora Fátima Silva
e a técnica superior Celina Nobre, a
qual faz também parte da comissão
permanente dos dois órgãos referidos. O terceiro representante é um
elemento da Junta de Freguesia de
Castro Verde. No momento actual
essas duas estruturas estão a tratar
do procedimento concursal para
a eleição do Director, ao mesmo
tempo que ultimam os Regulamentos Internos das Escolas, processos
que deverão ficar concluídos até ao
final do mês de Maio. w
O Campaniço
PUBLICAÇÃO: Propriedade da Câmara Municipal de Castro Verde DIRECTOR: Francisco Duarte COORDENAÇÃO: Paulo Nascimento REDACÇÃO: Carlos Júlio, Sandra Policarpo, Miguel Rego, Alexandra Contreiras
GRAFISMO: Pedro Pinheiro APOIO FOTOGRÁFICO: Serviços Sócio-Culturais REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: Câmara Municipal de Castro Verde - Praça do Município, 7780 Castro Verde. Tel. 286 320700 depósito
legal 287879109 tiragem: 4200 exemplares IMPRESSÃO: Gráfica Comercial Loulé E. Mail: [email protected] / [email protected] Página Web: www.cm-castroverde.pt
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
acção social PETI: pela inclusão Social de Jovens em risco
Contribuir para a criação das condições facilitadoras da integração social de jovens, através da promoção e protecção
dos seus direitos é o objectivo do protocolo recentemente estabelecido entre o Município e o PETI - Programa para a
Erradicação do Trabalho Infantil.
No passado dia 9 de Março a turma PIEF de Castro Verde (Programa
Integrado de Educação e Formação),
composta por um conjunto de jovens
residente na ART – Associação de
Recuperação de Toxicodependentes, visitou as instalações do Município e assistiu à antestreia do filme
promocional de Castro Verde. Nesse
mesmo dia foi assinado, de forma
simbólica, o Protocolo de Cooperação
Institucional entre o Programa para
a Erradicação do Trabalho Infantil
(PETI) e o Município.
O documento sistematiza a participação da Câmara num projecto
que permite, aos 12 jovens que o
integram, uma via alternativa para
a aquisição de experiências lectivas
e de desenvolvimento vocacional
que lhes facultará, no futuro, uma
integração social plena, onde o exercício da cidadania seja mais do que
um conceito de retórica. De referir
que o Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF) contempla
duas vertentes decisivas no futuro
destes jovens: a vertente educativa
e formativa, centrada no reingresso
escolar e na definição de percursos
alternativos de educação e formação, visando a escolaridade ou a
dupla certificação profissional; e a
vertente de integração, orientada
para a despistagem de situações e
para a inserção em actividades de
formação não escolar.
Esta parceria visa assim uma
Turma PIEF
acção multidisciplinar junto das
crianças e dos jovens em perigo,
através da construção de soluções
educativas, formativas, culturais e
de lazer, ajustando-as a cada caso
em concreto, contribuindo para a
auto-regulação dos comportamentos
e criação de referências positivas,
potenciando consequentemente a
sua integração social.
Prevenir a exploração do trabalho
infantil e da delinquência e criminalidade juvenis, estabelecendo, em
paralelo, uma política integrada de
infância e juventude que se traduza
na promoção e protecção dos direitos
de todos os menores, é o objectivo
maior do protocolo recentemente
formalizado. w
“Não” à Discriminação Racial
No Dia Mundial contra a Discriminação Racial, João Pedro Barão, mediador sociocultural da comunidade cigana no Centro
Hospitalar de Beja, esteve à conversa com os alunos da EB1 de Castro Verde.
No dia 21 de Março assinalou-se
o Dia Mundial contra a Discriminação Racial, instituído pela ONU, na
sequência dos confrontos ocorridos
em Sharpeville, na África do Sul, a
21 de Março de 1960.
Castro Verde associou-se a esta
causa e promoveu uma conversa que
contou com a presença de João Pedro Barão, mediador sociocultural
da comunidade cigana, do Centro
Hospitalar de Beja.
A iniciativa teve lugar no Fórum
Municipal de Castro Verde e centrou-se nas suas funções enquanto
mediador sociocultural, na cultura
e tradições da etnia cigana, e foi o
ponto de partida para o desenro-
João Pedro Barão e alunos da EB1 de Castro Verde
Camas Sociais e
Posto Médico
montante equivalente a duas Remunerações Mínimas Mensais (RMM)
por cada cama criada, a pagar durante
10 anos, sendo o valor de cada anuidade correspondente ao oficialmente
fixado para a RMM do ano anterior
ao que respeita. Prevista está também
a atribuição anual de um subsídio ao
seu funcionamento, correspondente
ao resultado do produto da RMM
pelo nº de camas sociais criadas no
quadro do respectivo acordo. A sua
celebração prevê assim a melhoria
da qualidade vida dos mais pobres
e debilitados, contribuindo consequentemente para a sua dignificação
criminação, estabelecer o equilíbrio
nem sempre é uma tarefa fácil. “Já
estive em situações em que os próprios ciganos se revoltaram contra
mim. Isto acontece em momentos
de grande tensão, em que não é fácil
explicar às pessoas o que se está a
passar ou como se devem comportar
nessas circunstâncias”.
Apesar de se sentir completamente
inserido na sociedade, facto para o
qual muito contribuiu esta oportunidade de emprego, reconhece
que os ciganos são das etnias mais
discriminadas e que é preciso mudar
mentalidades, dar uma oportunidade e acreditar nas capacidades
das pessoas. w
Mobilidade para todos
w Unidade Cuidados Continuados de Casével
Na sequência de aprovação do
Modelo de Intervenção para a comparticipação de novos equipamentos
para o internamento de idosos no
concelho, a Câmara Municipal de
Castro Verde celebrou um acordo de
colaboração com a Fundação Joaquim
António Franco e seus Pais, para a
criação de 10 camas de internamento social para idosos naturais e/ou
residentes no concelho há mais de
três anos. Neste contexto, a autarquia
compromete-se a comparticipar os
investimentos da Fundação Joaquim
António Franco e seus Pais para a
criação de dez camas sociais, num
lar de uma conversa informal entre
alunos do 1º ciclo do Ensino Básico
de Castro Verde.
Na perspectiva de João Pedro Barão, esta foi “uma oportunidade de
mostrar e explicar às crianças não
ciganas, a necessidade de respeitar
os colegas de etnia cigana, os seus
usos e costumes, eliminando possíveis preconceitos, estabelecendo
a amizade e a integração de todos,
no contexto da escola.”
A exercer funções de mediador
desde 2007, João Pedro promove, no
seu dia-a-dia, o entendimento entre
a comunidade cigana e o Hospital de
Beja. Para o mediador, que também
já sentiu na pele os efeitos da dis-
enquanto cidadãos.
Recentemente a Fundação celebrou
novo protocolo com o Município,
onde a autarquia se compromete a
apoiar a criação de um Posto Médico
no edifício da Unidade de Cuidados
Continuados, devidamente equipado
e ajustado às novas exigências e que
servirá toda a população da freguesia de Casével, numa perspectiva de
Extensão de Saúde. O projecto para
a criação da UCC e Lar de Idosos,
em Casével enquadra-se no PDS
concelhio, e está devidamente
inscrito no Plano de Acção para o
ano de 2009. w
Na sequência da formalização da
adesão, a 9 de Junho de 2006, do
Município de Castro Verde à Rede
Nacional de Cidades e Vilas com
Mobilidade para Todos, através da
assinatura do Contrato-Programa
com a APPLA (Ass. Portuguesa
dos Planeadores do Território),
responsabilizaram-se as partes
contratualizantes por contribuir
para a eliminação das barreiras
urbanísticas na área de intervenção delineada.
Agora, passados quase 3 anos após
a referida assinatura, recepcionou-se
o Relatório de Avaliação, elaborado
pela APPLA, dando conta do cumprimento parcial, por parte do Município
das obrigações entretanto assumidas,
a que correspondeu a atribuição da
Bandeira de Prata. Consciente da
importância da democratização
do acesso de todos ao espaço, e do
longo caminho a percorrer para a sua
materialização, reitera-se a persistência do contributo municipal para
um desiderato comum: aumentar
a mobilidade para todos.
O Projecto da Rede Nacional de
Cidades e Vilas com Mobilidade para
Todos foi lançado pela Associação
Portuguesa de Planeadores, em 2003,
no âmbito do Ano Europeu das Pessoas com Deficiência. O projecto,
que conta já com a adesão de 74
municípios portugueses, tem por
ambição uma intervenção programada que deverá envolver os
diversos actores da comunidade na
transformação das cidades/ vilas: a
Câmara Municipal, através do seu
executivo e dos seus técnicos, as
associações locais e os próprios
cidadãos. w
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
autarquia Mais apoio social em tempo
de crise
No sentido de minimizar os efeitos da crise a nível local, a Câmara Municipal de Castro Verde está a desenvolver um
conjunto de medidas que procura estabelecer o bem-estar social, favorecendo os mais necessitados. Deste conjunto de
medidas destaca-se o alargamento do universo de candidatos aos benefícios do Cartão Social.
Atenta à actual conjuntura de
crise que o mundo, em geral, e o
país, em particular, tem vindo a
sofrer, a Câmara Municipal de Castro Verde programou, para o ano
de 2009, um conjunto de medidas
de âmbito municipal, que reforça
o apoio social e auxilia pequenas
empresas locais.
No âmbito das suas atribuições e
competências, e das suas disponibilidades financeiras, a autarquia
tem promovido várias acções no
sentido de minimizar localmente os
efeitos da crise promovendo, desde
há muito, uma intervenção multifacetada, ao nível da promoção das
condições de bem-estar dos seus
munícipes, particularmente os mais
carenciados, enquanto concelho
promotor da qualidade de vida da
generalidade dos cidadãos.
A autarquia propõe assim o alargamento do universo de candidatos
aos benefícios do cartão social (ver
caixa) apoiando, deste modo, um
maior leque de famílias desfavorecidas no concelho. Desde 2004
que a autarquia tem ao dispor dos
munícipes esta medida de apoio
social com vantagens ao nível
das melhorias habitacionais e da
comparticipação nas despesas
de saúde (vacinação, aquisição
de medicamentos, intervenções
médico-cirúrgicas oculares, etc).
Durante este ano propõe-se que o
valor de referência para a fixação
do Escalão A passe a ser o Indexante dos Apoios Sociais (IAS),
ou seja, 419,22 a. Esta proposta
proporcionará a uma nova faixa da
população, mais desfavorecida, o
acesso à titularidade do Cartão Social, permitindo-lhe assim usufruir
dos seus inúmeros benefícios.
Entre as restantes acções que
visam fazer face à crise, destaque
também para a criação, nos Serviços
Técnicos Municipais, de uma equipa
multifuncional capaz de efectuar
pequenas intervenções/reparações
nas habitações dos beneficiários
do Cartão Social, mas também a
dinamização e o apoio ao funcionamento do Núcleo de Voluntariado
do Concelho de Castro Verde promovendo uma maior intervenção
da população na dinamização de
iniciativas de carácter social.
Neste contexto, foram ainda
aprovadas medidas no sentido de
apoiar o tecido empresarial local,
nomeadamente através da entrega
às empresas de construção civil
do concelho de um conjunto de
obras e intervenções necessárias,
além de antecipar o pagamento a
fornecedores para um prazo máximo de 30 dias.
Quanto ao apoio aos estudantes
e respectivos subsídios, estabeleceu-se que o seu pagamento passe
a ser mensal e não trimestral como
era habitual. Esta regularidade no
pagamento permitirá às famílias
ter a garantia da comparticipação
atempada nas despesas escolares
com os filhos.
Durante os próximos meses está
também programado um conjunto
de intervenções com vista à manutenção e higienização dos espaços
públicos, limpeza e reparação de
coberturas, bem como pinturas e
caiações de edifícios públicos, e
ainda a limpeza de bermas e valetas
das vias municipais, entre outras,
recorrendo para isso a mão-de-obra
disponível e inscrita no Centro de
Emprego, particularmente a feminina, que constitui a essência
da população desempregada no
concelho.
De referir ainda que o Município
de Castro Verde manifesta a sua
disponibilidade para a colaboração
efectiva com os diferentes organismos, nomeadamente o IEFP
para a implementação de um conjunto de medidas de combate ao
desemprego, (estágios, instalação
de um GIP e recepção de candidatos desempregados no âmbito dos
Contratos de Inserção/Emprego
e Inserção/Emprego+). Refira-se
aqui a total abertura para enquadramento profissional de público com deficiência (formação em
contexto real de trabalho ou outra
qualquer modalidade de inserção
prevista pelo IEFP). w
O que é o Cartão Social e
que benefícios confere?
O cartão social é um serviço de
apoio que confere aos respectivos
titulares, o direito a:
Isenção parcial de tarifas ou taxas
devidas na aquisição de bens e
serviços fornecidos pela Câmara
(ex: fornecimento de água);
Apoio e melhorias habitacionais.
Pequenas intervenções/reparações nas habitações;
Comparticipação na vacinação
recomendada pela autoridade de
saúde (ex: vacinação de meningite
e gripe);
Comparticipação nas despesas
de aquisição de medicamentos,
considerados pelo médico competente como indispensáveis e
sujeitos ao escalão 5% de IVA;
Comparticipação nas intervenções médico-cirúrgicas oculares.
Quem pode e como pode aceder
ao Cartão Social?
Têm direito ao Cartão Social os
agregados familiares cujo rendimento anual “per capita” não ultrapasse o valor do Indexante dos
Apoios Sociais (em 2009 - 419,22
s) e que residam no concelho há,
pelo menos, um ano.
Como obter o cartão social?
Apresentar requerimento dirigido
ao Presidente da Câmara Municipal, cujo modelo é facultado gran
n
n
n
n
n
n
n
n
tuitamente no Gabinete de Acção
Social e nas Juntas de Freguesia,
acompanhado dos seguintes
documentos:
Fotocópia do Bilhete de Identidade e do Cartão de Contribuinte
Fiscal;
Fotocópia da declaração anual
do Rendimento para liquidação
do IRS, de todos os membros
do agregado familiar, ou na sua
ausência, documentação comprovativa dos rendimentos mensais
brutos, de todos os elementos do
agregado familiar;
Declaração da Junta de Freguesia, a atestar a residência e a
composição do agregado familiar.
Para mais informações dirija-se
ao Gabinete de Educação e Acção
Social da Câmara Municipal de
Castro Verde.
w FAME
Incentivos financeiros
Perante o cenário de crise que
afecta o país e, de modo, a suprimir
os seus efeitos a nível local, promovendo, em paralelo, o desenvolvimento económico do concelho, a
Câmara Municipal relembra que
continua em vigor o FAME - Fundo de Apoio às Micro e pequenas
empresas.
O FAME resulta de um protocolo financeiro estabelecido entre a
ADRAL – Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo, as Câmaras
Municipais, o Banco Espírito Santo,
uma Sociedade de Garantia Mútua
e o IAPMEI – Instituto de Apoio às
Pequenas e Médias Empresas e à
Inovação.
Trata-se de um financiamento
que pretende estimular a inovação
e orientar investimentos a realizar
por Micro e Pequenas Empresas para
a melhoria dos produtos/serviços
prestados, com vista à modernização das empresas e a adaptações
empresariais decorrentes de imposições legais. É, simultaneamente
um produto financeiro inovador
e atractivo comparativamente
aos produtos da mesma natureza disponibilizados no mercado.
Podem ser financiados pequenos
projectos de investimento, de uma
foram exclusiva ou complementar
aos capitais próprios ou a capitais
provenientes de outros mecanismos
de apoio.
No Baixo Alentejo, o FAME encontra-se em funcionamento nos
municípios de Aljustrel, Almodôvar,
Alvito, Beja, Castro Verde, Ferreira
do Alentejo, Mértola, Moura, Serpa
e Vidigueira. O acesso ao Programa
por parte de beneficiários processa-se através da execução de uma
candidatura, em formulário próprio, que poderá ser entregue em
qualquer um dos parceiros FAME,
sendo posteriormente aprovada por
unanimidade em comissão de gestão.
Os formulários de candidatura e as
informações necessárias podem ser
obtidas no Gabinete de Educação e
Apoio Social da Câmara Municipal
de Castro Verde. w
Principais Características
- Possui uma área de intervenção municipal;
- Destina-se a projectos de investimentos nos sectores da Indústria,
Comércio, Turismo, Construção e Serviços;
- Visa promover a inovação nas micro e pequenas empresas;
Principais Vantagens
- Prazo de reembolso alargado (até 6 anos incluindo 1 ano de carência);
- Isenção de comissão de análise junto do Banco Espírito Santo;
- Taxa de juro bonificada;
- Prazo de decisão rápido (30 dias);
- Não existe penalização por reembolso antecipado;
- Apoio até 100% do investimento;
- Atribuição do financiamento pela totalidade com base em orçamentos e/ou facturas pró-forma;
- Apoio técnico gratuito na elaboração das candidaturas;
- Acompanhamento pós-investimento.
Montante apoiável pelo FAME:
Castro Verde
Montante Total do Fundo por Concelho – 500.000,00 f
Montante Máximo de Financiamento – 45.000,00 f
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
autarquia w Exploração Suinícola da Herdade da Serrana
Autarquia volta a alertar
entidades para problemas graves
Apesar do parecer negativo da autarquia e das preocupações manifestadas durante o inquérito público do Estudo de
Impacte Ambiental foi emitida Declaração de Impacte Ambiental Favorável Condicionada. A verdade é que os problemas
continuam.
Na edição de Setembro/Outubro 2008 de “O Campaniço” noticiámos, no âmbito do Processo de
Consulta Pública da Avaliação de
Impacte Ambiental, a emissão de
parecer negativo da Câmara Municipal de Castro Verde referente
ao licenciamento da Exploração
Suinícola da Herdade da Serrana,
a que se juntou também o parecer
negativo da Junta de Freguesia de
Castro Verde e a posição pública de
forças políticas e cidadãos locais,
cujos documentos emitidos constituíram um dossier e que foi enviado
às entidades competentes.
O parecer desfavorável assumido
pela autarquia, no que respeita à
continuidade do funcionamento da
exploração, alertava para o facto de
o Estudo de Impacto Ambiental não
ser conclusivo no que diz respeito
aos efeitos negativos provocados ao
nível piezométrico das captações de
água, nem a valores significativos da
presença de gases que provocam
mau cheiro, pelo que a avaliação
apresentada não é garantia da resolução destes problemas.
No dia 17 de Dezembro 2008, a
autarquia tomou conhecimento do
Parecer Final da Comissão de Avaliação
Ambiental, remetido pela Agência
Portuguesa do Ambiente, no qual é
emitida uma declaração de impacte
ambiental condicionada, com validade
Herdade da Serrana
até Outubro 2010, pelo que impõe
uma série de condicionantes ao nível do tratamento de efluentes, bem
como noutras áreas, como é o caso
dos odores, apontando medidas para
que os mesmos não constituam factor
de incomodidade para as populações
presentes na envolvente. O relatório
aponta ainda medidas de minimização
e de compensação, a desenvolver em
diferentes fases, e um programa de
monitorização, com o objectivo de
controlar questões como os recursos
hídricos subterrâneos, a qualidade de
efluentes da ETAR, odores libertados
ou comportamento dos solos.
A verdade é que nos últimos tempos o mau cheiro voltou a sentir-se
na vila de Castro Verde, revelando
que os problemas continuam. No
início do mês de Fevereiro, os serviços da autarquia, alertados por um
munícipe vizinho da exploração,
deslocaram-se às imediações da
suinicultura e constataram fortes
focos de poluição provocados pelo
bombeamento e pela escorrência
de águas poluídas para os terrenos
circundantes, contaminando os
cursos de água das imediações. A
autarquia colocou a SEPNA da GNR
ao corrente da situação que, numa
deslocação ao local pôde constatar o
que se estava a passar. Na sequência
destes acontecimentos foi elaborado
um relatório, alertando para a gravi-
dade da situação, que foi enviado à
Agência Portuguesa do Ambiente, à
CCDR Alentejo, à Administração da
Região Hidrográfica, aos Serviços do
Ministério da Agricultura e à Autoridade Distrital de Saúde.
No dia 1 de Abril, o Serviço de Ambiente da Câmara Municipal de Castro
Verde e a Técnica de Saúde Ambiental
do Centro de Saúde de Castro Verde
deslocaram-se novamente ao local,
onde puderam confirmar a continuação das situações anómalas
contrariando todas as indicações
do Parecer Final da Comissão de
Avaliação Ambiental, reforçando
as preocupações manifestadas pela
autarquia, e outras entidades locais,
no parecer negativo ao licenciamento
da exploração.
Recorde-se que este processo tem
por base um pedido de alteração ao
alvará por parte do proprietário, com
a finalidade de legalizar o aumento de
efectivos permitido pelo licenciamento
anterior, o que obrigou no âmbito do
Decreto – Regulamentar nº 38 /90 de
27 de Novembro à realização de um
estudo de impacto ambiental.
Mesmo perante as condicionantes
da Declaração de Impacte Ambiental
Favorável Condicionada, e numa fase
em que deveriam estar a ser tomadas
medidas de minimização, os problemas continuam a revelar-se muito
graves, pelo que a autarquia irá continuar a denunciar esta situação junto
das entidades competentes. w
w José da Luz, presidente da associação de agricultores
“A crise já é uma velha nossa conhecida”
O Parques Multiusos é “uma estrutura que nos fazia falta há já muito
tempo”, disse ao “O Campaniço” José
da Luz, presidente da Associação
de Agricultores do Campo Branco,
para quem o facto da obra ter sido
“totalmente custeada” com verbas
próprias da Associação, é motivo de
“grande contentamento”. O Parque
Multiusos, inaugurado durante as
comemorações do 20º aniversário
da AACB, no início deste ano, é “um
desdobramento das instalações antigas, que já estavam saturadas”, e
“uma estrutura complementar da
Associação” refere José da Luz. As
novas instalações possuem diversas
valências, entre as quais, salas de
arquivo e de reunião, uma báscula
de grandes dimensões para pesados
com grande tonelagem, um centro de
desinfecção de viaturas de transporte
de animais e um pavilhão multiusos
Jantar comemorativo
Para assinalar as duas décadas de vida, a Associação de Agricultores
do Campo Branco ofereceu aos sócios e colaboradores, um jantar-convívo, no dia 29 de Janeiro. O novo Parque de Serviços Multiusos foi o
local escolhido para o certame, onde agricultores, produtores de gado,
amigos e sócios tiveram a oportunidade de confraternizar e brindar aos
vinte anos de existência da Associação. O jantar contou ainda com a
participação do grupo “Os Ganhões” de Castro Verde, que abrilhantou
a festa com algumas das suas modas.
Cerimónia de inauguração do Parque Multiusos
que serve, quer para a recolha da lã,
aquando da altura da campanha,
quer para a recolha de diversos equipamentos. No momento em que a
Associação comemora os 20 anos,
com mais de 900 associados, José
da Luz considera que, ao nível de
projectos mais imediatos, “estamos
muito virados para a protecção sanitária dos pequenos ruminantes”
e é para aí “que vão todos os nossos
esforços neste momento”. Sobre a
crise financeira e económica, José
da Luz diz que “os agricultores já
estão a sentir os efeitos da crise, mas
para nós a crise já é uma velha nossa
conhecida, agravada com a situação
internacional, que faz com que os
preços dos produtos agrícolas estejam muito baixos. Às vezes têm uma
ligeira subida, mas caem logo depois
por aí abaixo”. Para o presidente da
Associação de Agricultores do Campo
Branco, a situação agrava-se ainda
mais neste momento, sobretudo,
depois “da falta de água durante o
mês de Março, em que quase não
choveu”. w
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
ÉDITOS EDITAL
junta de freguesia DE CASTRO VERDE
MARIA MANUELA REVÉS FLORÊNCIO, Presidente da Junta de Freguesia de Castro Verde, FAZ SABER QUE, durante o Ano de 2008, a
Junta de Freguesia de Castro Verde concedeu os seguintes benefícios:
CLASSIFICAÇÃO
BENEFICIÁRIO
01/04.07.01
Futebol Clube Castrense
01/04.07.01
Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º. Janeiro
01/04.07.01 Cortiçol
01/04.07.01 Escola EB 2,3 Dr. António Francisco Colaço
01/04.07.01 Associação Moradores do Bairro dos Bombeiros
01/04.07.01 Grupo Recreativo Desportivo e Cultural de Almeirim
01/04.07.01 Centro Comunitário dos Namorados
01/04.07.01 Associação 25 de Abril
01/04.07.01 Ass. Hum. Bombeiros Voluntários de Castro Verde
01/04.07.01 Associação de Caçadores das Sesmarias
01/04.07.01 Associação de Moradores da Cerca dos Pinheiros
01/04.07.01 Associação de Estudantes da Escola Secundária
01/04.07.01 EB1/Jardim de Infância de Santa Bárbara de Padrões
01/04.07.01 APADIJ
01/04.07.01
Associação para o Emprego de Deficientes do Alentejo
01/04.07.01
Sociedade Columbófila “Asas Verdes”
01/04.07.01
Associação de Cante Alentejano “Os Ganhões”
01/04.07.01
Sociedade Recreativa dos Geraldos
01/04.07.01
Associação Canil e Gatil “Os Rafeiritos do Alentejo”
01/04.07.01
Federação dos Bombeiros do Distrito de Beja
01/04.07.01
Fábrica da Igreja Paroquial
01/04.07.01
Associação para o Emprego de Deficientes do Alentejo
01/04.07.01
Farpibe/Murpi
01/04.07.01
Associação de Atletismo de Beja
01/04.07.01
Casa do Alentejo no Algarve
TOTAL:
VALOR TOTAL
10.656,00 I
5.337,68 I
3.073,68 I
1.280,00 I
710,16 I
650,00 I
650,00 I
600,00 I
500,00 I
400,00 I
400,00 I
300,00 I
300;00 I
250,00 I
50,00 I
150,00 I
250,00 I
250,00 I
200,00 I
100,00 I
100,00 I
50,00 I
50,00 I
30,00 I
29,92 I
26.317,44 I
Para constar se publica este e outros de igual teor, os quais vão ser afixados nos lugares públicos do costume.
Castro Verde, 5 de Janeiro de 2009
A Presidente da Junta
Manuela Florêncio
EDITAL Nº.7/09
CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO VERDE
ALTERAÇÃO AO REGULAMENTO MUNICIPAL DE ATRIBUIÇÃO DO CARTÃO SOCIAL DO UTENTE
Francisco José Caldeira Duarte, Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, torna público que, em reunião desta Autarquia, realizada
no dia 18 de Fevereiro findo, e sancionado pela Assembleia Municipal, em sessão realizada no dia 27 do mesmo mês, foram introduzidas as
seguintes alterações ao Regulamento Municipal de Atribuição do Cartão Social do Utente:
“Durante o ano de 2009, é alargado o âmbito do Cartão Social de Utente dos serviços municipais passando o valor de referência para a
fixação do Escalão A a ser o Indexante dos Apoios Sociais (IAS), e passando a redacção do número 2 do artigo 4º e a alínea c) do nº.1 do
artigo 7º. do respectivo Regulamento a ser a seguinte:
Artigo 4º.
Das Isenções
1....
2. A isenção parcial referida no número anterior, será de 50% para o Escalão A ou de 30% para o Escalão B, de acordo com os critérios a
seguir indicados:
a) É de 50% para os agregados familiares cujo rendimento per capita não ultrapasse o valor, durante o ano em curso, do Indexante dos Apoios
Sociais1, fixada por Portaria governamental – Escalão A;
b) É de 30% para agregados familiares cujo rendimento per capita não ultrapasse o valor, durante o ano em curso, de 1.2 x Indexante dos
Apoios Sociais - Escalão B.
Para 2009, a Portaria nº 151/2008, de 24 de Dezembro fixou o valor do IAS em 419,22g.
Artigo 7º.
(Candidatura)
1.....
c) Tendo em atenção que em situação de crise os rendimentos das famílias são mais aleatórios
o apuramento dos rendimentos ilíquidos passa a reportar-se apenas aos três últimos meses que antecedem o pedido.”
Para constar se lavrou o presente edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos do costume.
Paços do Município de Castro Verde, 2 de Marco de 2009.
O Presidente da Câmara,
Francisco Duarte
Assembleia Municipal de Castro Verde
NÃO À EXPLORAÇÃO DO IP2
MOÇÃO
Quando no inicio de 2008 foi realizado um inquérito no IP2, com a colaboração da Brigada de Trânsito, vários automobilistas foram questionados
sobre a origem e destino, a frequência de utilização desta estrada, e na eventualidade de a mesma vir a ter portagens, se optavam pelo
pagamento com Multibanco ou Via Verde.
Nessa ocasião, a empresa Estradas de Portugal, em resposta à Câmara Municipal de Castro Verde, afirmava:
1) Que desconhecia a existência de tal inquérito;
2) Que, se tivesse tido conhecimento do mesmo, nunca o teria autorizado;
3) Que esta empresa nunca planeou nem planeia introduzir portagens no IP2.
Recentemente surgiu um folheto desdobrável das Estradas de Portugal que vem contrariar a versão então apresentada. Com o titulo “Estradas
da Planície - IP2, Concessão Baixo Alentejo”, é apresentado um mapa das estradas em construção e exploração, com o traçado do IP2 entre
Castro Verde e Évora.
Se dúvidas houvessem sobre a verdadeira intenção das Estradas de Portugal, este mapa vem dar razão às preocupações manifestadas nesta
Assembleia Municipal e perante várias entidades, em Fevereiro de 2008.
Assim, a Assembleia Municipal de Castro Verde, reunida em 27 de Fevereiro de 2009, deliberou o seguinte:
• Manifestar a sua preocupação e rejeita qualquer propósito das Estradas de Portugal ou do Governo sobre a exploração comercial desta
via tão importante para a região.
• Dar conhecimento e alertar todos os Municípios e Juntas de Freguesia servidos por esta estrada sobre a forte possibilidade de a mesma
vir a ser explorada comercialmente, penalizando desta forma uma região do país que já vive com grandes dificuldades, constituindo este
mais um motivo para o seu empobrecimento.
• Enviar esta moção aos grupos parlamentares com assento na Assembleia da República, às Assembleias Municipais do Distrito de Beja,
aos Governos Civis de Beja e Évora, à CCDR, do Alentejo, bem como aos meios de comunicação social.
A presente moção, apresentada como proposta pelo Vogal Adelino Coelho, do Bloco de Esquerda, foi aprovada, por maioria, com um voto
contra e quatro abstenções.
Castro Verde, 3 de Março de 2009.
A Presidente da Assembleia Municipal,
Dr.ª. Maria Fernanda Coelho do Espírito Santo
EDITAL
CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO VERDE
FRANCISCO JOSÉ CALDEIRA DUARTE, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL
DE CASTRO VERDE, FAZ SABER, que no ano de 2008, a Câmara Municipal
de Castro Verde concedeu os seguintes benefícios a Instituições sem fins
lucrativos
Entidade
TRANSFERÊNCIAS CORRENTES
Academia de Taekwondo de Castro Verde
ACGRA-Associação Canil e Gatil “Os rafeiritos do Alentejo”
Agrupamento de Escolas de E.B. e J.I. do Concelho de Castro Verde
AMALGA - Assoc. Municípios Alentejo de Gestão Ambiente
AMBAAL - Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral
APADIJ-Ass. Acomp. Desenvol. Inf. Juvenil
APAV - Associação Portuguesa de Apoio á Vitima
APDA-Associação Port. de Distribuição e Drenagem de Águas
ARECBA - Agência Regional de Energia do Centro e Baixo Alentejo
As Atabuas - Grupo Coral Feminino
Assembleia Distrital de Beja
Associação Cante Alentejano “Os Ganhões “
Associação Comercial do Distrito de Beja
Associação de Atletismo de Beja
Associação de Cante Alentejano “ Os Cardadores”
Associação de Cante Alentejano-Vozes das Terras Brancas
Associação de Estudantes da Escola Secundária de Castro Verde
Associação de Moradores da Cerca dos Pinheiros
Associação de Moradores do Bairro dos Bombeiros
Associação Hum. Bombeiros Voluntários de Castro Verde
Associação Hum. de Dadores de Sangue de Castro Verde
Associação Nacional de Municipios Portugueses
Casa do Alentejo - Algarve
Casa do Alentejo - Community Centre
Casa do Alentejo - Lisboa
CEBAL - Centro Biotec. Agrícola e Agro-Alimentar do Baixo Alentejo e
Litoral
Clube Português de Automóveis Antigos
Cofre Social e Cultural dos Trabalhadores do Município
Comissão Fabriqueira da Igreja Matriz de Castro Verde
Conservatório Regional do Baixo Alentejo
Cortiçol - Coop. Informação e Cultura, CRL
Cruz Vermelha Portuguesa - Núcleo de Castro Verde
Escola E.B. 2,3 Dr. António Francisco Colaço
FARPIBE- Fed.das Assoc. de Reformados, Pension.e Idosos do Dist. de
Beja
Freguesia de Casével
Freguesia de Castro Verde
Freguesia de Entradas
Freguesia de São Marcos da Ataboeira
Freguesia de Stª Bárbara de Padrões
Futebol Clube Castrense
Futebol Clube de S. Marcos da Atabueira
Grupo Desportivo e Cultural da Sete
Insituto de História Contemporânea - F.C.S.H.
Lar Frei Manuel das Entradas
LPN - Liga para a Protecção da Natureza
Movimento Democrático das Mulheres
Região de Turismo Planície Dourada
RURALENTEJO - Conselho para o Desenvolvimento Rural do Alentejo
Sociedade Recreativa e Desportiva Entradense
Sociedade Recreativa e Filarmónica 1 de Janeiro
Tesouro da Basílica Real de Castro Verde
Apoios de Saúde
Subsidios de Alojamento e Bolsas de Estudo
TRANSFERÊNCIAS CAPITAL
Agrupamento de Escolas de E.B. e J.I. do Concelho de Castro Verde
AMALGA - Assoc. Municípios Alentejo de Gestão Ambiente
AMBAAL - Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral
ART-Associação para Reabilitação de Toxicodependentes
Freguesia de Casével
Freguesia de Castro Verde
Freguesia de Entradas
Freguesia de São Marcos da Ataboeira
Freguesia de Stª Bárbara de Padrões
Fundação Joaquim António Franco e seus Pais
Futebol Clube Castrense
Lar Jacinto Faleiro
Sociedade Colúmbofila Asas Verdes
Sociedade Recreativa e Filarmónica 1 de Janeiro
Tesouro da Basílica Real de Castro Verde
Apoios habitacionais
TOTAL DAS TRANSFERÊNCIAS (CORRENTES +CAPITAL)
Valor (Euros)
901 025,56
4 620,00
4 000,00
100,00
10 338,81
35 195,20
27 000,00
89,78
450,00
750,00
800,00
7 988,00
500,00
11 844,80
1 050,00
13 400,00
800,00
500,00
1 000,00
1 000,00
49 400,00
4 400,00
5 113,00
59,85
1 100,00
260,00
21 000,00
700,00
12 000,00
100,00
66 363,57
42 400,00
7 592,00
1 500,00
400,00
36 100,00
84 000,00
40 800,00
44 400,00
95 500,00
85 120,00
47 396,06
2 500,00
3 000,00
1 000,00
8 400,00
100,00
5 581,73
250,00
42 960,00
18 000,00
11 600,00
334,45
40 168,31
418 840,71
2 057,45
8 312,31
10 415,98
1 440,00
3 119,85
96 111,97
69 450,89
29 505,54
119 595,88
30 386,99
6 500,00
11 284,00
3 000,00
16 400,00
3 000,00
8 259,85
1 319 866,27
A presente informação destina-se a dar cumprimento ao disposto na Lei
nº. 26/94, de 18 de Agosto, e para que conste, se publica este e outros de
igual teor, os quais vão ser afixados nos lugares públicos do costume, e eu,
José de Brito Silva Martins, Coordenador Técnico da Secção Financeira,
o subscrevo.
Castro Verde, 15 de Janeiro de 2009
O Presidente
Francisco José Caldeira Duarte, Arqtº.
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
comemorações “As Camponesas” de Castro Verde
25 anos a cantar as raízes
“As Camponesas” de Castro Verde celebraram 25 anos de existência. Uma referência obrigatória do cante alentejano no
feminino. A data foi assinalada com cante e festa. A autarquia associou-se à iniciativa e prestou uma homenagem simbólica
ao grupo.
Foto Estúdio 2000 - Castro Verde
w Carlos júlio
Quarta-feira, dia 19 de Março,
pouco passava das nove da noite e,
na sala polivalente do Mercado Municipal, já se juntava cerca de uma
vintena de mulheres. Sentadas à
volta de Paulo Madureira, o actual
ensaiador, ouviam-no atentamente
sobre o espectáculo que, no sábado
a seguir, dia 21, iria juntar na Escola
Secundária de CastroVerde meia dúzia
de grupos corais femininos numa
festa comemorativa dos 25 anos de
“As Camponesas”.
Do outro lado da sala, três homens
sentados ouviam, também, em silêncio
o que por ali se dizia. Mais tarde vim a
saber que, pelo menos um era marido
de uma das cantadeiras (“Gosto de
as ouvir cantar, moro do outro lado
da Vila, com pouca iluminação e,
por isso, acompanho-a a todos os
ensaios”) e outro trazia consigo uma
harmónica para animar “depois do
ensaio e quando calha”.
“As Camponesas” de Castro Verde
foram o primeiro grupo coral feminino, com alguma estabilidade, a ser
formado no Alentejo, mas houve que
vencer muitas resistências, sobretudo
ao princípio.
José Francisco Colaço Guerreiro, que
esteve na origem do grupo quando
animava a Associação Cultural“Castra
Castrorum”, recorda agora, 25 anos
passados, como tudo aconteceu. “A
constituição das camponesas foi como
que uma afirmação da necessidade
que sentimos das mulheres também
terem um papel activo em termos
sociais. Já tinham passado 10 anos
sobre o 25 de Abril e não entendíamos
muito bem porque é que, apesar de
toda a abertura que Abril trouxe em
termos económicos, sociais e culturais,
o cante continuasse a ser um espaço
interdito às mulheres, elas que anteriormente, quando havia trabalho no
campo, executavam as suas tarefas
ao som do cancioneiro”.
Diziam que o cante
era dos homens
Para constituir o grupo era preciso
juntar quem soubesse cantar. Gente
que soubesse cantar havia, o mais
difícil vinha depois. “Quando estávamos a organizar aqui o enterro do
Entrudo de 1984 apercebi-me que ao
meu lado ia um conjunto de mulheres a cantar lindamente, umas vozes
lindíssimas, e pensei que dariam um
bom grupo coral. Nós já tínhamos a
experiência de trabalhar com o grupo
coral masculino, “Os Ganhões”, mas
quando levantámos a possibilidade
de criar um grupo feminino muitos
homens não aceitaram bem e quase
que me encostavam à parede dizendo:
sentimo-nos embaixadoras de Castro
Verde e do Alentejo, principalmente
quando vamos a sítios mais longe,
como a Braga ou ao Porto. Temos essa
ideia de que somos as embaixadoras da
nossa terra porque às vezes encontrávamos pessoas que nem sabiam onde
era Castro Verde. Agora, também por
causa do cante, já vão conhecendo”.
Elvira Gonçalves está nos grupo há
cerca de 15 anos. Diz que não é “ponto
nem alto. Canto no coro, mas gosto
muito de cantar, sempre gostei de
cantar. Gosto também do convívio
e aqui há muito convívio, embora, às
vezes, seja complicado juntar tudo
– os ensaios, a casa, a família – mas
lá se faz um jeito, porque quem tem
amor à camisola é assim. Às vezes,
estar aqui obriga a muitos sacrifícios,
sobretudo, quando há saídas para
muito longe”.
Desfile das Camponesas na Festa de Aniversário
ou uma coisa ou outra. Diziam que o
cante era dos homens, houve mesmo
uma certa ciumeira e, alguns, não
entendiam que as mulheres pudessem
cantar ao lado deles. Era naturalmente um erro de visão porque quanto
mais forte estiver o movimento do
cante alentejano, mais força tem
cada um dos grupos” refere Colaço
Guerreiro.
Recordando o que foram os primeiros ensaios, Colaço Guerreiro, diz
que “apesar de já terem passado 10
anos sobre o 25 de Abril elas vinham
para aquele primeiro dia de ensaios
com uns laivos de clandestinidade.
Consegui juntar cinco mulheres nesse dia. Entretanto, falei com um dos
homens que cantava no grupo coral
masculino que assumiu o papel de
ensaiador das mulheres. Isto no dia
11 de Março de 1984.”
E, passado pouco mais de um mês,
tiveram a primeira saída. “Não sei se
nas comemorações do 25 de Abril, se
do 1º de Maio, fomos cantar a Mértola. Colocou-se então o problema
do nome e foi aí que surgiram “As
Camponesas”. Depois do primeiro
ensaio, em pouco tempo, conseguimos um grupo de 20 mulheres. Elas
entusiasmaram-se muito. As saídas,
nesses primeiros tempos, ainda eram
muito mais complicadas do que os
ensaios. Havia mulheres que iam aos
ensaios, só pelo gosto do cante. Nós
ensaiávamos na minha garagem, à
porta fechada, enquanto elas não tiveram coragem de encarar a luz do dia,
digamos assim. Algumas até diziam
– eu venho sem o meu marido saber e
não quero que ele saiba. Mas mesmo
assim muitas mulheres que cantavam
muito bem e que tinham um grande
gosto pelo cante foram impedidas de
participar pelas circunstâncias e pela
mentalidade então vigente, em que
quase tinham que fazer uma opção.
E a opção naturalmente que pendeu
para o lado da opção conjugal”, afirma
Colaço Guerreiro.
Alguns homens
proibiram as
mulheres de cantar
Muitas das mulheres não gostam
de falar deste tempo e das interdições
familiares, até porque do primeiro
grupo “apenas uma ainda faz parte
das Camponesas, e que por acaso até
está doente e de luto, que é a Idalina. Foi uma das cinco primeiras. Há
outro elemento que é a Arlete, mas
que também por razões de saúde
não está a cantar”, precisa Colaço
Guerreiro.
No entanto, Maria Alexandrina, 69
anos, boleira, quando a entrevisto e
já de gravador desligado, confirma
que muitos maridos se opuseram,
na altura, à ida das mulheres para o
grupo. “Eu não tapo o meu marido
como muitas fazem. Ele não gostava muito que eu viesse aos ensaios.
Mas que remédio. Eu queria vir e vim.
Os maridos de outras que aí estão
era o mesmo e houve algumas que
não vinham porque os maridos não
deixavam”.
Maria Alexandrina diz que se sente
bem no grupo. É o convívio e o cante
que a motivam. “O que me traz aqui
todas as semanas é o querer esquecer
um bocadinho a lida do dia-a-dia.
Este é um compromisso grande, e
eu, faltando a um ensaio parece que
falto a uma coisa de muita responsabilidade. Isto tem que se gostar. A
gente tem que ser responsável e se
formos responsáveis conseguimos.
O mais difícil num grupo destes é
as saídas. Na minha vida deixo a
porta fechada. Os bolos lá dentro,
os fregueses à porta. Às vezes é difícil
conciliar a vida do grupo com a vida
de casa. Mas, por enquanto, ainda
vou conseguindo”
Ao lado está Ana Custódio. Tem
71 anos e está nas “As Camponesas”
há 24 anos, quase desde a fundação.
“Entrei quando o grupo fez um ano.
Estou aqui porque gosto muito de
cantar, gosto muito do convívio, das
pessoas. Ficar em casa não dá nada.
Mas o mais importante é o gostar
de cantar.
Pergunto-lhe o que é mais difícil
num grupo coral alentejano. Será arranjar uma harmonia entre vozes tão
diferentes? “Talvez seja. Mas também
é muito difícil arranjar um alto em
condições e há muitos grupos que
não conseguem ter um alto. Eu sou
um dos altos de “As Camponesas”,
apesar de também fazer muitas vezes
o ponto.
Embaixadoras do
Alentejo
A média de idades do grupo é muito
elevada. Ultrapassa os 65 anos e Ana
Custódio diz que o que gostava mesmo “era de ver aparecer mais gente
nova. Nós já temos esta idade. Daqui
a alguns anos deixamos de poder vir,
mas gostava de ver aparecer gente
mais nova para isto continuar. Por
agora, o grupo está bom. Quando
estamos 18 já é bom, seis em cada
fila. Agora somos mais de 20”.
Quando há saídas estas mulheres
transformam-se em verdadeiras
embaixadoras da cultura e do cante
alentejano. Uma ideia reforçada por
Ana Custódio. “Sempre que saímos
Grupos femininos
são mais estáveis
Maria da Fé tem 50 anos, há 24 que
está em “As Camponesas” e há 20 que
ensaia “Os Carapinhas” – um grupo
infantil, que reúne crianças dos 3 aos
12 anos. É uma mulher do cante. “O
que junta as pessoas é o cantar e o
convívio. A seguir ao ensaio, a gente
diverte-se: cantamos, dançamos e
é um bom convívio. Por outro lado,
quando saímos e vamos para fora é
importante a divulgação da nossa
cultura. Mas, às vezes, as saídas são
difíceis e é difícil conciliar tudo isto.
Às vezes vêm mulheres para aqui que
nunca cantaram, mas aprendem e
integram-se bem. Claro que há quem
cante melhor e quem cante mais mal,
mas todas cantam bem dentro do
grupo”.
Colaço Guerreiro realça ainda o
facto dos grupos femininos serem mais
duradouros e mais estáveis do que
os grupos masculinos. “É mais fácil
trabalhar com os grupos corais femininos. As mulheres quando querem,
querem mesmo. Raramente faltam
aos ensaios e têm outra vantagem,
que é a de não beberem. Entre os homens há o hábito do copito, seja antes,
depois ou durante o jantar. Muitas
vezes, quando os homens vão para
os ensaios vão pouco predispostos a
ouvir determinado tipo de recomendações, estão mais desassossegados
e não acatam tão bem as directivas
do mestre”.
São quase 10 e meia da noite. O
ensaio está no fim. Para trás ecoam
ainda os sons fortes das modas que“As
Camponesas” vão cantar no sábado...
Ceifeira e Trigueira de Raça… numa
harmonia de vozes, mas mais ainda,
de saberes. Saberes que há 25 anos são
a imagem de marca destas mulheres.
Parabéns, Camponesas! w
O Campaniço
Fevereiro/março 2009
entrevista Cortiça, Design e Ciência
Aos 29 anos, Ana Mestre tem sonhos para o futuro. Filha de castrenses, são frequentes as suas visitas
à terra. Mais do que as boas recordações com que aqui se cruza, esta é para si uma região de grande
inspiração. “O Alentejo não é uma questão objectiva (…) é uma questão intrínseca.”
Designer, investigadora e docente na Delft University of Technology da Holanda, Ana Mestre abraçou
um projecto inovador que alia design e sustentabilidade, a partir da cortiça como matéria-prima.
w sandra policarpo
O uso da cortiça associado
ao design é uma intervenção
recente. Acha que o design
encontrou um novo contexto de
oportunidade, da mesma forma
que novos caminhos de inovação
se abriram para o sector da
cortiça?
Design, cortiça, futuro e
sustentabilidade. O que a
motivou a enveredar por esta
área de investigação?
A Sustentabilidade e o Design
são a grande motivação da minha
investigação. O rápido processo de
degradação, a que as sociedades
modernas submeteram o planeta
– quer ambientalmente, quer socialmente, é a grande força motriz da
ideia de “Sustentabilidade”. O Design
tem nas últimas décadas contribuído para essa degradação, através
dos seus processos industriais de
seriação que utilizam abundantes
recursos materiais e energéticos.
No entanto, o Design, tornou-se
actualmente numa oportunidade,
pois pode integrar estratégias que
contrariam os efeitos negativos da
industrialização associada aos produtos de consumo, nomeadamente
através da selecção de materiais de
baixo impacte ambiental, através
de soluções energéticas mais eficientes ou através de estratégias que
considerem todo o ciclo de vida do
produto desde a selecção de materiais à reciclagem ou deposição
final dos produtos. Neste sentido, o
meu trabalho de investigação mais
recente centra-se na problemática
dos materiais mais “eco-eficientes”
no âmbito do Design para a Sustentabilidade.
A Cortiça surge numa sequência lógica, pelas características
ambientais do material – natural,
renovável, de grande disponibilidade local, mas também pelo seu
potencial tecnológico e de inovação
e pelo seu grande legado cultural,
que o torna possivelmente no mais
importante material Português.
O projecto “Significados da
Matéria no Design – Alentejo”
explora a questão da identidade
associada ao Design e,
paralelamente, à Inovação e
Sustentabilidade. Pode o design
apoiar-se na tradição, nos seus
conceitos e saberes, e criar a
partir daí novas soluções e novos
objectos?
Um dos maiores lapsos da sociedade moderna é o frequente
esquecimento do conhecimento “tradicional” com origem nas
“culturas e povos tradicionais”. A
ideia de conhecimento científico
domina a sociedade contemporânea,
fazendo-nos muitas vezes esquecer
Ana Mestre
soluções tradicionais que já resolveram eficazmente as necessidades
do Homem e que continuam a ser
boas soluções.
O que se passa, é que a necessidade
de “desenvolvimento” e de “inovar”
também é central e determinante
para a sociedade. É muitas vezes,
por isso, que se voltam costas às
soluções tradicionais, porque já
não trazem novidade.
O Design é central, no que respeita
à questão da inovação, porque tem
capacidade de se “metamorfosear” em novas formas e conceitos.
Muitas vezes o que está na origem
das novas soluções, não difere de
soluções já existentes, mas o Design
traz novas abordagens, linguagens
e significados. O Projecto “Significados da Matéria no Design” centrou-se exactamente nesta questão
- através da redescoberta, estudo e
reconhecimento de soluções tradicionais, nomeadamente com origem no artesanato e na utilização
de materiais locais oriundos da
região do Alentejo, reinventámos
formas e conceitos. Resultaram novos objectos com sabor a “design”,
mas que integram todo um saber
tradicional da região do Alentejo,
das suas técnicas artesanais e tradições relativas ao desenvolvimento
de artefactos tradicionais.
Por outro lado, este projecto, foi
também uma experiencia humana riquíssima, já que cruzou várias
gerações e culturas “urbana” e “rural”, nomeadamente “designers” e
“artesãos” com visões do mundo
totalmente diferentes, mas que dialogaram durante todo o projecto,
num processo de aprendizagem
continua e de grande abertura e
generosidade. O Conhecimento e
a inovação também derivam destas experiências, que não são pura
“Ciência”.
lho, resulta de uma síntese destas
duas componentes da identidade
– colectiva e individual.
A identidade é um factor
determinante naquilo que
produz?
A que nível pode o design intervir
de modo a dar o seu contributo
nos processos artesanais de
produção?
É fundamental. Não existe criação
sem identidade. Todos temos uma
identidade colectiva e individual.
A colectiva relaciona-se com os
signos e símbolos do Pais ou Região e valores de um determinado
círculo social, a que pertencemos,
a Individual é aquela que criamos
ao longo do nosso percurso de vida,
que incluí naturalmente todas as
restantes influências de lugares e
pessoas e dos nossos próprios valores e sensibilidade. O Design pode
ganhar muito com a identidade,
porque gera valor acrescentado e
diferenciação num contexto global
de cada vez maior uniformização.
O que tento fazer, no meu traba-
Não existe
criação sem
identidade
Pode actualizar os processos
tradicionais. Fazendo com que
estes se aproximem mais de um
mundo global e sejam apreciados
e entendidos por mais pessoas. A
grande questão que se coloca é se
nesta mutação para a globalização, não se perde o tradicional e
a identidade. Eu acredito que não,
porque ao permitirmos a mudança,
mantemos vivo e contribuímos para
a sua perpetuação. Não o fazer é
condenar, deixar morrer e arriscar a
que as futuras gerações não tenham
acesso aos processos tradicionais,
porque entretanto deixaram por
completo de existir.
O Design encontrou um novo
contexto de oportunidade e falo
- há sempre, porque é o seu papel
e a sua razão de ser. Penso, que o
grande ganhador neste processo
é o Sector da Cortiça, se o souber
aproveitar devidamente.
Como sabemos trata-se de um
sector, que sobrevive há muito tempo de um único produto que é a
rolha. Sendo os restantes negócios
da cortiça minoritários face ao dos
vedantes. Trata-se de um sector tradicional, com resistência à mudança,
mas que vive num tempo de crise,
que terá rapidamente de inverter.
Sendo, ou não o Design uma solução
para o problema da cortiça, não
deveria ser algo a desaproveitar pelo
sector. O Design pode criar oportunidades, não apenas uma, mas
variadíssimas. Sendo bem gerido e
bem aproveitado, pode conduzir à
inovação, descobrindo novas aplicações, encontrando novas respostas
a necessidades, potencializando novos desenvolvimentos tecnológicos,
através de um desenvolvimento
metodológico e sistemático.
Não é um mal para todos os problemas, mas é necessariamente uma
oportunidade a não perder.
A rolha é o produto por
excelência da indústria corticeira.
Ao assumir-se como um ícone do
design desafia a criação de novas
aplicações e a matéria-prima
sai valorizada. Poderá esta ser a
forma mais evidente de relançar
o sector corticeiro?
A ideia de Rolha como “Ícone do
Design” é uma ideia interessante
e verdadeira, pois a rolha de cortiça é, desde a sua origem, o melhor
vedante para garrafas alguma vez
desenvolvido. Quantos objectos no
mundo poderão verdadeiramente
se intitular de “Ícone de Design” e
atravessar séculos sendo a melhor
solução para uma determinada necessidade? Não penso que esta seja,
no entanto, a forma mais evidente
de relançar o sector, já que para o
fazer o sector terá de ter uma abordagem mais profunda e estruturante.
Acredito que o Futuro do sector não
O Campaniço
Fevereiro/março 2009
entrevista ... nesta mutação para a globalização, não se perde o tradicional
e a identidade. Ao permitirmos a mudança, mantemos vivo e
contribuímos para a sua perpetuação.
está no seu passado e naquela que
tem sido o seu grande Ícone, mas
sim nas novas aplicações e soluções que surgirão de um processo
de inovação que as empresas do
sector terão de mergulhar.
ou uma substância aglutinante.
Pode-se ainda considerar compósitos de materiais de cortiça em
“sandwich” com outros materiais,
aumentado e adicionando assim
outras propriedades à cortiça, como
p.e. sandwich de cortiça com Fibra
Qual a sua ligação a Castro
Verde?
A minha relação com Castro Verde,
em particular, relaciona-se com os
meus Avós maternos, mas com o
Alentejo, com toda a minha família
Do silêncio, intercalado com o som
da Sirene, das galinhas da minha Avó
Luísa, da balança da loja do meu Avô,
com que brincava. Da mercearia do
cimo da Rua dos meus avós, onde
comprava rebuçados a 50 centavos
(meio escudo). Do Natal. Do meu
Acha que o design pode valorizarse se associado à componente
industrial?
Acredito que o design é um motor
de inovação e é necessário para a
sociedade. Mas acredito nisto com
o pressuposto de que para além da
sua dimensão económica - associada à componente industrial – o
Design tem simultaneamente uma
dimensão ambiental e social. Em
Portugal, no entanto, todo o trabalho desenvolvido tem sido muito
trabalhoso. Ainda, não se acredita
assim tanto nas oportunidades do
Design e nas soluções para a Sustentabilidade.
Qual a resposta do mercado a
este tipo de produtos/objectos?
Muito favorável. Efectuamos uma
exposição em Lisboa, em Maio de
2008 no Museu Fundação Berardo
no Centro Cultural de Belém, que
contou com 13000 visitantes.
Superou as expectativas e tivemos
reacções muito positivas.
Actualmente encontramo-nos a
preparar a Marca CORQUE Design,
que comercializará uma selecção
das peças que estiveram presentes
na Exposição.
O objectivo é sobretudo internacionalizar.
E qual a resposta do próprio
sector às novas áreas de
inovação?
Tem sido gradual. Algumas
empresas do sector vão apostar
na continuação da iniciativa que
iniciámos conjuntamente em
2006, denominada “Design Cork
for Future, Innovation and Sustainability”. O processo tem sido
lento, mas acredito, que o Sector
está agora mais aberto do que no
passado. Resta agora investir, arriscar e acreditar.
Quais os processos de
transformação e modelação do
material em bruto?
Existem vários processos e várias
tecnologias associadas à Cortiça,
para além da cortiça natural, que é
retirada directamente do Sobreiro,
existem ainda os aglomerados de
cortiça simples e compostos, como
por exemplo, o rubber-cork, ou mais
recentemente os CPC, compósitos
de polímeros com cortiça. Os aglomerados de cortiça são obtidos a
partir de granulados aos quais de
adicionam um outro composto e/
Puf Fup. Pufe em esferas de aglomerado de cortiça
de Coco, MDF, Cimento, etc.
Paralelamente à exposição
realizada no âmbito deste
projecto, foi realizado um
seminário sob o mote «Design
Cork meets Science and
Industry». Mais do que encontrar
novos destinatários para a
cortiça, este foi um desafio à
comunidade científica?
O Seminário “Design Cork meets
Science and Industry” foi um desafio
simultâneo à comunidade cientifica
e à industria da cortiça nacional.
O objectivo foi chamar a atenção
destes dois universos para apostarem
em novos desenvolvimentos na área
da cortiça, quer de cariz científico,
quer de cariz industrial. Para promover a inovação no sector é importante,
que os dois trabalhem em conjunto
e que cresçam em paralelo.
Outro objectivo, foi também apresentar o Design como ferramenta de
Inovação através de casos de sucesso
empresariais e com oradores que
vieram de algumas das melhores
Universidades Mundiais na área
do Design e Engenharia, nomeadamente da Universidade de Delft
na Holanda e do MIT nos Estados
Unidos. Este Seminário foi co-promovido pela SUSDESIGN e APCOR
- Associação Portuguesa de Cortiça
e teve o Alto Apoio do Ministério da
Ciência e Tecnologia e da Embaixada do Reino dos Países Baixos em
Lisboa, revelando a importância
estratégica do mesmo.
materna e paterna. Eu sou, portanto,
uma descendente de Alentejanos, o
que para mim é uma grande honra,
porque sempre entendi o Alentejo
como uma região de excelência e
de grande inspiração, sobretudo na
Natureza e Paisagem, na Arquitectura e na Cultura Local. O Alentejo é também o meu Pai e a minha
Mãe, que embora tenham ido para
Lisboa muito jovens, sempre mantiveram uma estreita ligação com
esta Terra.
Este contacto, desde sempre,
com o Alentejo influenciou-a de
alguma forma nas opções que
tomou profissionalmente?
Sinceramente, esta questão da influência do Alentejo no meu trabalho,
nunca foi uma questão consciente ou
que propositadamente procurasse.
No entanto, penso que em tudo é
observável essa influência, quer seja
pelos materiais que selecciono, como
a Cortiça, quer seja na linguagem
minimalista e purista que sempre
apreciei e que mantenho nos projectos de Design. Por outro lado, o
Alentejo tem sido um tema central
nos trabalhos mais importantes
que realizei e promovi e que aqui
já falámos. O Alentejo, não é uma
questão objectiva, na qual possa ou
não tomar opções, é uma questão
intrínseca, que irá permanecer e
influenciar sempre.
Que memórias tem de Castro
Verde?
Tio Jacinto, que estava sempre cá
para nos receber.
Ana Mestre é licenciada em
Design Industrial (IADE – Instituto de Artes Visuais, Design e
Marketing) em 2000. Obteve uma
Pós-graduação em Bio energia na
Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade Nova de Lisboa,
em 2002. Desde 2001 que integra a
equipa de Investigação do CENDES
(Centro para o Desenvolvimento
Empresarial Sustentável) do INETI
(Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação), em
Lisboa, onde está envolvida em
vários projectos de Investigação
e Desenvolvimento na área do
Ecodesign e Design para a sustentabilidade. Exemplo disso é
o desenvolvimento do primeiro
projecto integral de Ecodesign
do frigorífico “Shakti” na Whirlpool Índia, no contexto do IEEP
– Indian Europeabn Ecodeseign
Programme em 2001. Em 2004 dá
inicio à SUSDESIGN – Associação
para a Disseminação da Cultura
do Projecto e do Design para a
Sustentabilidade. Em 2005 conclui
a sua tese de mestrado em Energias Renováveis e Design para a
Sustentabilidade na Universidade
Nova de Lisboa. Actualmente é
docente na Delft University of
Technology, na Holanda, onde
prepara doutoramento.
O que mais aprecia quando cá
vem?
Gosto da escala confortável da
Vila, pode-se ir a pé a todo o lado
e tudo é perto: o cinema, a livraria,
o restaurante, a tabacaria, o café.
Quando aqui estou é costume ir à
livraria procurar livros locais e à
junta de freguesia à Internet. Gosto
da Vila de Entradas, pela sua beleza e por ser a casa da minha Avó
Virgínia e dos meus Tios. Gosto do
Monte da Asseiceira, o legado do
meu Avó António Sebastião que
infelizmente não conheci. Gosto
de me lembrar da forma como o
meu Pai me ensinava a apreender
o significado das coisas simples e
bonitas desta Terra.
Que “sonhos”/ projectos tem
para o futuro?
Os meus “sonhos” são realmente
projectos... continuar a desenvolver
projectos, que tenham por base o
Design e o seu cruzamento com a
Sustentabilidade, a Identidade e a
Cultura Portuguesa. Das Regiões de
Portugal ou das Regiões que Portugal
marcou. Continuar a estudar e a
viajar. Continuar a ensinar. Continuar a trabalhar com pessoas que
inspiram, motivam e revelam a sua
generosidade e simultaneamente
a sua grandiosidade no trabalho
que desenvolvem. w
Gosto de
me lembrar
da forma
como o
meu Pai me
ensinava a
apreender o
significado
das coisas
simples
e bonitas
desta Terra.
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
património 10
Fonte dos Milagres
Por todo o mundo são conhecidos locais onde a tradição refere terem ocorrido curas e “milagres”, ao longo dos séculos.
Recentemente, os investigadores têm estudado esses sítios e encontrado anomalias geológicas que lhes conferem
características especiais, ao nível da bio-energia.
w Carlos júlio
A zona entre a Ermida de São Miguel e a “Fonte dos Milagres”, na
Herdade do Mourão, em Castro
Verde é um desses locais. Através
de referências históricas (ver caixa)
sabe-se que este sítio foi muito procurado como local de tratamento e de
cura, onde terão tido lugar diversos
“milagres”. De posse destes dados
e intrigado pelo elaborado edifício
que integra a fonte, o engenheiro
Manuel Palma, proprietário dos terrenos, procurou ajuda para perceber
melhor este local tão importante
para a saúde das populações.
Manuel Palma contactou, com
esse fim, o norte-americano Paul
Rudé, especialista em medicinas
complementares com base na bioenergia e, há dois anos, que estão a
ser feitas análises e estudos geológicos em toda aquela zona. Com o
fim de coordenar e impulsionar estes
estudos foi constítuida a Associação
de S. Miguel para a Medicina BioEnergética. As conclusões, para já,
são surpreendentes. Diz Paul Rudé,
presidente da Associação: “este é o
local de tratamento e de cura mais
importante em termos geológicos
conhecido até hoje”.
A ideia, segundo Manuel Palma,
agora é procurar parceiros que queiram ali constituir um verdadeiro
“Parque de Saúde”, até porque “no
nosso país temos tendência a desprezar as coisas boas que temos, ao
contrário dos outros que apostam
na valorização do que têm. No caso
concreto, sempre achei estranha
a existência do monumento que
está por cima da fonte e tentei saber
do local está inserida num quadrado
com cerca de 250 metros de lado.
As anomalias geológicas naquele
local são bastantes, incluindo uma
série de falhas paralelas curtas e
atravessadas por duas perpendiculares, que funcionam como uma
espécie de bateria. Temos também
a água daquela zona, que devido
aos minerais que dissolve, tem uma
elevadissima condutividade”, acrescenta Manuel Palma.
Parque de Saúde
Herdade do Mourão
um pouco da sua história. E então
deparei-me com uma realidade
extremamente interessante: este
tinha sido um local de saúde, onde
muitas pessoas se vinham tratar e
esteve na origem duma confraria
atípica, que era a confraria de São
Miguel. No fundo a confraria era
uma instituição bancária, como a
entendemos hoje em dia e chegou a
ser inclusivamente um dos suportes
financeiros da monarquia absolutista. Os rendimentos da confraria
vinham dos donativos das pessoas
que cá vinham para se curarem e
que quando se curavam faziam
avultadas ofertas ao Arcanjo São
Miguel, a quem atribuíam o milagre
da cura”, refere.
Manuel Palma diz que, neste
momento, ainda é uma incógnita
como é que, antigamente, as pessoas usavam aquele local. Mas de
uma coisa parece estar certo. “Os
doentes não usavam este local
como se usam habitualmente as
termas. Podiam usar e beber a água,
mas a cura e os tratamentos não
provinham dela, mas sim de toda
a envolvente geológica. A conclusão
a que chegámos é que a eficácia nos
tratamentos se devia não à água,
mas sim à baixa radiação deste local e à bio-energia e que estamos a
investigar neste momento. Este é
um local que continua activo. Por
exemplo, as medidas relativas à
radiação de urânio são extremamente baixas no local, ao nível
das que se encontram apenas em
terrenos calcários e em São Miguel
estamos num zona ácida. É uma
situação atípica e fora do normal. Os
exames geológicos que se fizeram,
utilizando aparelhos de última geração, revelaram que a zona nobre
esmolas e os primeiros a recusarlhe tal pretensão.
A que se devia, então, o acréscimo
das esmolas e, por conseguinte, o
aumento dos rendimentos?
Num livro de contas, manuscrito,
que começou a ser escriturado no ano
de 1677, encontrei o seguinte auto,
com um traço de cima a baixo como
que a querer inutilizá-lo:
«Aos vinte e dois dias do mês de
Julho de mil setecentos e catorze anos,
nesta vila de Castro Verde, nas casas
da Câmara dela, estando juntos os
oficiais da Câmara em presença do
Ouvidor desta Comarca, porquanto, ora
de presente, se havia divulgado que
junto à igreja do Senhor São Miguel se
houve aberto e descoberto uma fonte
de milagre que Deus Nosso Senhor
por intercessão do Santo a essa fonte
concorre muita gente com algumas
doenças e achaques e se divulga serem sãos por virtude da água da dita
fonte com que se lavam e se tinha
experimentado virtudes nelas e para
que se houvesse cobrar as esmolas
que os romeiros e devotos quisessem
dar ao dito Santo para as obras que
se querem fazer na dita Ermida e ser
necessário haver pessoa fiel e de boa
consciência que as cobrasse e desse
de tudo contas, elegeram para ter este
cuidado a António Martins da ‘Lagoa
dos Sarilhos‘, por ser homem de bom
zelo ao qual mandaram chamar e,
sendo presente, lhe encarregaram,
debaixo do juramento dos Santos Evangelhos, que ele fizesse todo o cuidado
em procurar arrecadar tudo o que se
desse de esmola para as obras do
dito Santo e delas dar conta.
E ele recebeu o dito juramento e
se comprometeu a fazer com todo
o zelo e verdade como também lhe
encarregaram cobrasse todos os anos
os quatro alqueires de trigo de foro
que lhe paga a este Santo Manuel
Mestre, como herdeiro de José Pires,
foreiro das terras do dito Santo e que
cobrasse os ditos quatro alqueires de
trigo deste ano de setecentos e catorze
que é o primeiro ano depois da carga
da conta atrás de que tudo mandaram
fazer este termo que assinaram com
o dito António Martins».
A referência, neste documento, ao
aparecimento da «Fonte dos Milagres»
junto da Ermida de S. Miguel e por
ali acorrer «muita gente com algu-
Não era da água
que vinha a cura
O proprietário do terreno considera que todo este potencial energético
deve ser aproveitado no sentido da
saúde e refere casos de cura surpreendentes que conhece. Sobre as
possibilidades de aproveitamento
do local, Manuel Palma recorda que
“havia ali casas junto à Ermida de
São Miguel, onde os peregrinos se
hospedavam e pernoitavam quando
ali se iam tratar. Hoje em dia pretendemos criar as condições para
um aproveitamento total daquelas
potencialidades. Evidentemente que
não estamos a falar de hospitais,
de SPAs, de unidades hoteleiras,
estamos a falar de um autêntico
Parque de Saúde”
Segundo Manuel Palma, já surgiram alguns parceiros internacionais
com interesse neste projecto, “só
que se retraíram devido à crise internacional que estamos a viver. Esse
retraimento foi-me confirmado, mas
foi-me também dito que isso não
implicava o terem fechado a porta
ou que significava menos interesse
no projecto. Significava apenas que
neste momento não tinham capa-
A Fonte dos Milagres
Abílio Pereira de Carvalho
“(…), No ano de 1714, a Confraria
de S. Miguel veria subir os seus rendimentos de forma inesperada. As
esmolas ofertadas ao Santo, sempre
em crescendo, não tardaram a ser
convertidas em bens e haveres. A
Confraria tornou-se proprietária de
terras, vinhas e casas, bem como administradora de capitais emprestados
a juros, sob hipoteca e, qual Banco
Rural, chamando a si, por insolvência,
as fazendas dos devedores.
E foi, também, nesse ano de 1714
que o Rei D. João V, através dos tribunais da Mesa da Consciência e
Ordens e do Desembargo do Paço,
foi chamado a dirimir a querela travada entre os «oficiais da Câmara» e
o Prior de Castro Verde. Este último
a querer parte do rendimento das
mas doenças e achaques»divulgando
posteriormente que estavam sãs e
curadas «por virtude da água da dita
fonte com que se lavam e se tinha
experimentado virtudes nelas» justifica, assim, o aumento das esmolas, a
subida dos rendimentos da Confraria,
a nomeação de um zelador de «boa
consciência», para dar conta das esmolas, a questão levantada entre os
oficiais da Câmara e o Prior de Castro Verde, bem como a intervenção
do Rei através dos tribunais acima
referidos”.
Abílio Pereira de Carvalho - ‘História de Uma
Confraria- 1677-1855 - edição da Câmara
Municipal de Castro Verde (1989),
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
cidade financeira nem crédito para
avançarem com o projecto”.
Dado que se trata de um sítio único, qualquer equipamento que se
queira fazer terá de ser realizado
naquele espaço “já que as condições terapêuticas do lugar são as
determinantes neste projecto. Ou
ele é implantado naquele lugar ou
não tem razão de ser. Um campo de
golfe pode ser feito aqui ou ali. Um
complexo desta natureza só pode
ser feito onde existem as condições
bio-energéticas necessárias, como
é o caso deste lugar. Ou é ali ou não
é”, realça Manuel Palma.
Um local importante
em termos
terapêuticos
Com um intenso curriculum no
campo das medicinas complementares – “não gosto do termo medicinas alternativas”, diz – Paul Rudé
destaca as especificidades terapêuticas do lugar.”O que ali interessa
é o conjunto. O desafio que a Associação tem é o de compreender
e recuperar o modo de utilização
que antigamente se fazia daquele
espaço. Pelo que já conseguimos
saber, através das investigações que
fizemos nos últimos dois anos, é
que aquele lugar é muito importante para o relaxamento muscular.
Nota-se naquele espaço uma eleva-
da concentração de minerais que
provoca uma dilatação dos vasos
sanguíneos que vão para o cérebro e para os diversos músculos do
corpo, e que pode ser usada para o
tratamento de doenças da coluna,
como a espandilose”.
Para Paul Rudé “existem outros
sítios de cura de base geológica, na
Áustria ou nos Estados Unidos ( em
Montana), e que são utilizados para
os tratamentos em doenças como
a artrite ou em outros problemas
crónicos. Nesse dois locais é preciso que as pessoas estejam durante
cerca de 30 horas dentro das grutas
usadas para a terapia. Aqui, através
de investigações que fiz nos últimos
dois anos em pessoas e em animais,
património 11
concluí que o mesmo tipo de efeito
acontece em poucas horas e basta
apenas estar exposto no espaço junto
à fonte. O efeito aqui, em São Miguel,
é quase imediato depois de 4 a 8 horas
– depende do metabolismo de cada
pessoa – de estarmos no local. Não
é preciso beber água nem nada. É
apenas a bio-energia do sítio que
provoca essas melhorias”.
O especialista em bio-energia, esclarece também que ainda existem
muitas incógnitas, mas também algumas certezas. “Por vezes falamos em
radiação, mas não sabemos. Até pode
ser uma espécie de rede electro-magnética. Ao certo ainda não sabemos
o que provoca aquela bio-energia.
Temos feito estudos e pesquisas com
o equipamento mais moderno, mas
ainda não se chegou a conclusões
definitivas. O que sabemos é que é
um local único no mundo, porque
mesmo em outros sítios importantes
do ponto de vista geológico, não há
curas deste tipo, nem tão rápidas. Os
tratamentos efectuados nesses locais
são muito prolongados, enquanto
que aqui não”.
Os estudos, por isso, vão continuar
por muito mais tempo. Já durante o
mês de Maio, vai ter lugar em Castro
Verde, um seminário sobre as propriedades únicas de São Miguel, com
vários oradores, promovido pela Associação que mantém também uma
página na internet e que pode ser
consultada em http://fontesanta.
wordpress.com. w
Colóquio Fórum Municipal de castro verde
Sáb. 9 Maio 2009
Associação de S. Miguel para a Medicina Bio-Energética
S. Miguel - História, Realidade, Bio-Energia
09:00 Recepção
10:00 Abertura
Sr. Governador Civil de Beja
Sr. Presidente da Câmara de Castro Verde
Sr. Presidente da Associação
Moderador: Manuel Colaço Palma
10:15 Filme ‘Fonte de Milagres’ – dia 29.11.06 10:40 Intervalo - Café
11:00 História local Prof. Abílio Pereira de Carvalho
11:20 História regional Prof. Alves Costa
11:40 Património local Dr. José Francisco Colaço Guerreiro
12:10 As ‘Fontes Santas’ de Castro Verde Dr. Miguel Rego
12:30 Debate
13:00 –14:30 Almoço
15:00 Geologia Local Dr. Miguel Ramalho
15:20 Testemunho Srª. D. Dulce Maria Ramos
15:40 Intervalo
16:00 ‘Bio-Energia’ Dr. Paul Norton Rudé
(Drª C. Issel/Drª P. Lewis / Prof. Dr. J. Schwarzmeier)
17:00 Debate
18:00 Cocktail
w Altar da capela de Nossa Senhora da Esperança
Obras de recuperação já estão em curso
Durante os próximos dois meses, o altar de talha dourada da Capela de Nossa Senhora da Esperança, em Entradas será alvo
de trabalhos de recuperação, que visam a conservação do património religioso do templo.
Tendo em conta o avançado
estado de degradação em que se
encontrava o altar de talha dourada e o arco triunfal da Capela
de Nossa Senhora da Esperança,
em Entradas, a Fábrica da Igreja
Paroquial de Entradas, em parceria
com a Câmara Municipal de Castro Verde e a Junta de Freguesia de
Entradas, decidiram levar a cabo
um trabalho de recuperação das
áreas mais afectadas.
A constante exposição a humidades, calor e infiltrações de água
têm provocado a fragilidade das
estruturas, e são as principais
razões que motivaram a urgente
intervenção, orçada em cerca de
15.000 euros (+ IVA).
A Capela encontra-se classificada
como Imóvel de Interesse público,
e dadas as dificuldades financeiras
da Fábrica da Igreja e a ausência
de apoios financeiros por parte do
Poder Central, a Autarquia decidiu
assumir algumas das despesas dos
trabalhos de restauração do imóvel,
tendo atribuído um apoio financeiro
na ordem dos 10.000 euros.
A Junta de Freguesia de Entradas disponibilizou-se também
para colaborar nos trabalhos de
recuperação, nomeadamente no
que respeita a obras, limpeza do
telhado, etc.
Paralelamente, a Fábrica da Igreja Paroquial de Entradas lançou
uma campanha de angariação de
fundos. Numa carta dirigida a todos os entradenses, a instituição
apelou à boa vontade e colaboração de todos, de forma a obter
o restante financiamento para a
intervenção.
As obras de restauro iniciaramse no dia 9 de Março e têm como
objectivos principais a valorização
do património da comunidade, e
abrir um caminho para dotar a vila
de Entradas com um pólo de atracção turística, a que brevemente se
juntará o Museu da Ruralidade, e
de dignificação da malha urbana
onde a Igreja se integra.
Mandada construir em 1575,
por D. Bartolomeu Leitão, natural de Entradas e Bispo de Cabo
Verde, a Capela de Nossa Senhora
da Esperança ocupa um lugar de
grande destaque na ampla avenida,
e representa um marco importante
do património arquitectónico do
concelho. Lugar de culto e peregrinação, este templo religioso reveste-
Capela de Nossa Sra. da Esperança, em Entradas
se ainda de extrema importância
para a população entradense.
O edifício ostenta na sua estrutura
um altar de talha dourada, colunas
salomónicas, figuras de pelicanos,
e por cima do retábulo, o Mistério
da Santíssima Trindade.
A sua nave é coberta por uma
abóbada de berço redondo sobre
cornija. Nas suas paredes possui,
ainda, frescos representativos de
Santo Amaro, São Lourenço, Santa
Luzia, São Sebastião e São Brás.
Foi classificada como Imóvel de
Interesse Público em 1993. w
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
cultura 12
Castro Verde ‘brincou’ ao Entrudo
Entrudanças, Peddy Paper dos Entrouxos e Carnaval das Escolas. Em Castro Verde, Entrudo é sinónimo de dança, festa, cor e
animação. Para o ano há mais!
X Peddy Paper dos
Entrouxos
Na noite de 23 de Fevereiro, a
frente do Cine-Teatro Municipal
transformou-se num amplo estúdio televisivo onde, em directo, se
anunciou a abertura do P’Xasha
Club. Um espaço fino, elegante,
e com muito bom gosto, onde só
teve entrada o famoso Jet da Sete.
Os convidados, esses, chegavam
minuto a minuto, com pompa e
circunstância, e em transportes, no
mínimo, originais. Começava assim
uma das provas mais aguardadas em
época de brincar o Entrudo, quer
pelos participantes, quer pelo próprio público que assistiu de perto
a toda a peripécia inicial do Peddy
Paper dos Entrouxos.
Dos donos do bar, Evaristo e Belga,
à Família Real do Principado dos
Aivados, passando por José do Monte Branco e sua Fetty, à já famosa
Bia Baião, e ao empresário Johnny
Heads, muitos foram os personagens que, ao longo de meia hora,
foram desfilando pela passadeira
vermelha. A encenação terminou
com a actuação dos Galeguinha Boys
que interpretaram “Reflexo”, o seu
single de lançamento, levando as
fãs à histeria total.
Dava-se então início à prova, para
uma vez mais testar a audácia dos
corajosos participantes nas várias
prestações impostas ao longo do
percurso. Na Praça da República,
dois divertidos insufláveis fizeram
as delícias dos participantes e, não
só! As crianças presentes juntaram-s
à festa já animada pelo baile levado
a cabo pelo “Duo Luis Gonçalves e
Fil Costa”, prolongando a animação
foi um dos palcos de convívio do
Entrudanças. Artesanato e gastronomia local de mãos dadas com
instrumentos de tradição, criaram
neste espaço um ambiente de encontro e convívio. O recém formado
Grupo Coral Feminino “As Ceifeiras”
de Entradas dinamizaram uma taberna repleta de petiscos e modas
alentejanas.
Organizado pela Associação Pédexumbo, em parceria com a Câmara
Municipal de Castro Verde, Junta
de Freguesia de Entradas e com a
colaboração de várias entidades
concelhias, o Entrudanças promoveu, ao longo de três dias, um
programa alternativo, como uma
aposta num Carnaval diferente, dinamizador da comunidade e das
tradições locais.
Actividades de Carnaval
até às tantas. Uma vez mais os entrouxos voltaram a colorir as ruas
de Castro Verde na véspera de Carnaval, e mostraram o seu espírito
aventureiro em mais de duas horas
de prova.
Entrudanças 2009
Celebrar o Carnaval,
dançando
Durante três dias a animação
percorreu a vila de Entradas e, ao
ritmo dos sons do mundo, conduziu
bailadores de vários pontos do país
pelas danças de tradição. Na oitava
edição do Entrudanças, a dança e
a cultura alentejana foram o fio
condutor e o êxito vivido em anos
anteriores repetiu-se e espalhou a
folia e a boa disposição pelas ruas
da vila.
Num ambiente modelado pelo
convívio e camaradagem, cantou-se
alentejano, trabalhou-se a lã e construíram-se máscaras de Carnaval.
O envolvimento da comunidade
em projectos que exploraram a
componente local foi outro dos
pontos altos do programa deste
ano. Destaque para o projecto “A
Escola leva o Entrudanças à Rua”
- coordenado por Diana Regal e
Bruno Cintra, desenvolvido em
colaboração com as escolas de
Entradas, Casével e São Marcos da
Atabueira. Cerca de 80 crianças do
1º ciclo trabalharam o ciclo da lã e,
com recurso à técnica de feltragem,
construíram máscaras que foram,
posteriormente, apresentadas no
desfile de abertura do Festival, onde
actuou também uma orquestra de
objectos sonoros formada pelas próprias crianças. “MME – Memórias
do Entrudo em Entradas”, uma peça
de teatro comunitária, foi outro dos
projectos apresentados durante o
Festival. Concebido por Marta Guerreiro, Mário Sérgio, José Oliveira e
Bruno Cintra, esta performance foi
o materializar de uma pesquisa dos
costumes carnavalescos e da vida
quotidiana dos tempos em que havia
camponesas e lavadeiras na vila.
Para além dos muitos visitantes que
são já presença assídua no Festival,
também as gentes da terra se deixaram envolver pela programação
deste ano, marcando presença nas
diversas actividades.
Paralelamente à diversificada oferta de oficinas, o Festival foi ainda
animado pelos bailes de danças de
tradição e pela actuação da Banda
da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro se fez ouvir no
primeiro dia do Entrudanças.
Este ano, a Praça Zeca Afonso
Carnaval das Escolas
No último dia de aulas, o desfile/
concurso de Carnaval saiu à rua
espalhando a folia característica
desta época. Vestidos a rigor e sobre
diferentes temáticas bem divertidas,
crianças e jovens desfilaram pelas
principais ruas da vila. A iniciativa
foi organizada pela Junta de Freguesia de Castro Verde e envolveu
as crianças que frequentam o 1º
Ciclo do Ensino Básico e o Ensino
Pré-Primário de Castro Verde, estendendo-se também ao Jardim de
Infância do Lar Jacinto Faleiro. A
Escola Secundária também marcou
presença no desfile. Mais uma vez o
trabalho realizado nas salas de aula
revelou-se muito criativo e original,
colorindo a tarde com a alegria da
comunidade escolar. w
Dário Mira, o jovem “cantor de sonhos”
Dono de uma voz encantadora, Dário Mira é, actualmente, um dos cantores mais promissores da região. Apesar da sua
ainda curta carreira, o jovem tem sido requisitado para vários espectáculos, onde tem apresentado o álbum “Tributo a…
Tony Carreira”, lançado o ano passado. Em conversa com o “Campaniço”, o cantor de S. Marcos da Atabueira falou da sua
carreira e dos projectos para o futuro.
Desde pequeno que sonhava
pisar os palcos e cativar públicos,
mas só desde há alguns anos é que
Dário Mira conseguiu realizar o seu
sonho. O jovem cantor, natural de
São Marcos da Atabueira, iniciouse na música aos dezasseis anos. A
paixão por este mundo, essa surgiu desde a tenra idade, quando ao
completar seis anos lhe ofereceram
o primeiro órgão. O bichinho despertou em si, começou a aprender
a tocar o instrumento, e o sonho
falou mais alto.
Actualmente, Dário é requisitado
para espectáculos um pouco por
todo o país. Quando pisa o palco,
os nervos atrapalham sempre um
pouco, mas confessa que se sente feliz por fazer aquilo que mais
gosta: “Cantar é o que o que mais
gosto de fazer, e quando fazemos
aquilo que gostamos sentimo-nos
realizados.”
Em 2008, Dário lançou um álbum
intitulado “Tributo a…Tony Carreira”, onde, ao longo de 12 faixas,
presta uma homenagem ao “cantor
de sonhos”, ao interpretar temas do
aclamado artista. Fã assumido de
Tony, por quem nutre uma grande
admiração, é nele que vê um grande exemplo, pois como revelou ao
Campaniço “ele começou do zero
e foi crescendo na música, até ser
o que é hoje”.
Apesar do público ainda não
conhecer as suas músicas, na verdade, Dário Mira começa já a dar
os primeiros passos na composição de temas da sua autoria, com
o auxílio do produtor musical Paquito, tendo previsto para breve, o
lançamento do seu primeiro álbum
de originais.
O jovem cantor disse ainda ao
Campaniço que o momento mais
marcante da sua carreira artística,
foi, sem dúvida, o espectáculo que
deu em Toronto, no Canadá, pois
como o próprio referiu “fui conhecer
coisas novas, o espectáculo correu
muito bem, e as pessoas gostaram
muito”.
Com uma carreira bastante promissora no mundo do espectáculo,
Dário Mira revelou ainda ter alguns
projectos em vista, e que, no futuro,
espera ter sempre lugar nos palcos
do mundo. w
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
cultura 13
w XIX QUINZENA CULTURAL PRIMAVERA NO CAMPO BRANCO
Abril em festa
Programa disponível na Agenda Cultural
“Especial Quinzena” e em www.cmcastroverde.pt.Todas as informações,
vendas de bilhetes e inscrições (para as
iniciativas que o necessitam) no Posto de
Informação da Quinzena Cultural.
Praça da República. Tel. 286 328 148
De 17 de Abril a 3 de Maio, Castro Verde volta a protagonizar a cultura e a liberdade em mais uma Primavera no Campo
Branco. Espectáculos. Desporto e tradição. Iniciativas pensadas para diferentes públicos, onde o diálogo e a pluralidade se
assumem como elementos-chave de uma programação rica em contributos.
Foto Estúdio 2000 - Castro Verde
Abril é sinónimo de “Primavera no
Campo Branco”. De cultura, enquanto
espaço de formação e de partilha.
De convívio e de liberdade. Ao longo dos anos que a tornaram naquilo
que hoje é, uma iniciativa enraizada
e consolidada na comunidade, tem
apostado no diálogo enquanto fio
condutor de uma programação participada, onde os diferentes agentes
culturais se afirmam como indispensáveis à sua dinamização. Mais do
que promover a festa, este é também
um espaço de aprendizagem onde
importa assegurar, a cada indivíduo,
os instrumentos necessários para que
se possa expandir culturalmente.
Com um programa diversificado e
descentralizante, que abrange áreas
tão diversas como a música, a dança,
o teatro, a literatura e o desporto, a
Quinzena Cultural convida à cultura e à animação, num cenário que
evoca datas importantes como as
Comemorações do XIV Aniversário
da Biblioteca Municipal Manuel da
Fonseca e a Revolução de Abril, marcos
desta iniciativa desde o seu início.
A primeira realça a importância do
trabalho desenvolvido em prol da
promoção da leitura e do acesso à
informação e ao lazer. A segunda comemora os 35 anos da Revolução,
pilar histórico da democratização
cultural,protagonizada por um Poder
Local Democrático que entendeu
como urgente o acesso à cultura e à
educação. Nesta edição, a Banda da
Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º
de Janeiro faz as honras de abertura.
Um concerto dirigido pela batuta do
maestro Ricardo Carvalho, que con-
tará com a presença da soprano Ana
Ester e do tenor Carlos Guilherme. Os
Ganhões são convidados de Dulce
Pontes no espectáculo evocativo da
Revolução. Maria João, Maria Viana e
Maria Anadon sobem ao palco para
um concerto marcado pelos ritmos
do jazz – Vozes 3 - um projecto único
e pioneiro, que promete uma verdadeira celebração do Jazz, num período
de ouro e maturidade deste género
musical. Camané apresenta-se nesta
Quinzena munido de novas melodias,
fruto do seu mais recente trabalho
“Sempre de Mim”, para um concerto
fluído em maturidade, expressão e
sentimento. Hell’s Kitchen e Olive
Tree Dance são outros dos nomes
que integram o programa desta
iniciativa. A Biblioteca Municipal
Manuel da Fonseca organiza mais
uma Feira do Livro e um forte conjunto de iniciativas em torno da sua
actividade, realçando a importância
do trabalho desenvolvido em prol
da promoção da leitura e do acesso
à informação e ao lazer.
Uma variedade de propostas que
pretende dar continuidade à pluralidade cultural que, desde o início,
caracteriza a Quinzena Cultural
e cuja dinâmica se quer cada vez
mais abrangente, respeitando os
diferentes públicos e as diferentes
sensibilidades. O público infantil
acaba por ser alvo de uma atenção
especial, voltando a privilegiar a interacção com as escolas. No que respeita
ao público jovem, importa referir o
papel desempenhado pelos estabelecimentos de ensino. O Festival 100
Cenas, uma proposta organizada pela
Escola Secundária de Castro Verde,
revela-se como um estímulo criativo que importa continuar a apoiar.
Mas há outras iniciativas que vão ao
encontro de conteúdos curriculares,
e que foram sugeridas pelas próprias
escolas, como por exemplo a performance “Camões é um Poeta Rap”,
ou as inúmeras actividades à volta
da promoção da leitura, praticando os princípios do Programa Ler +.
Nesta edição da Quinzena continua-
se também a construir essa grande
casa que é a nossa memória colectiva.
Aqui destaca-se a apresentação de
um conjunto de diferentes materiais
resultantes de uma filosofia editorial
que, a par da recuperação de imagens
do passado recente, privilegia a criação de novos canais de divulgação
de um Castro Verde plural, de janela
aberta para a planície, mas também
para o futuro.
Na XIX Quinzena Cultural “Primavera no Campo Branco” volta-se a
protagonizar um Abril em festa, celebrando a vida no Campo Branco,
tendo como certo que a cultura é
uma componente indispensável à
LIBERDADE dos cidadãos. w
w Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca
14 anos ao serviço da cultura
Numa altura em que está prestes a
comemorar o 14º ano de existência,
a Biblioteca Municipal Manuel da
Fonseca traça um balanço bastante
positivo do ano 2008.
A missão de ser um dos principais
veículos de promoção e fomentação
de leitura, entretenimento e informação tem sido sempre a grande
prioridade ao longo da sua existência,
e para tal, tem colocado ao dispor
dos utilizadores, um leque muito
vasto de recursos para consulta, como
monografias, publicações periódicas,
registos áudio, registos audiovisuais,
DVD’s, e ainda um número alargado
de documentos electrónicos.
No ano que passou, a Biblioteca
conseguiu cativar novos utilizadores,
tendo recebido 235 novas inscrições,
contabilizando um total de 4365 uti-
lizadores inscritos. No que refere aos
movimentos efectuados em 2008
(empréstimo domiciliário, leitura
presencial, devoluções, reservas e
quiosque de leitura), o total contabilizado foi de 24984 movimentos.
As iniciativas lúdicas e as actividades pedagógicas foram também uma
constante ao longo de 2008. Destacaram-se, por exemplo, a Feira do
Livro, que contou com um rol muito
vasto de iniciativas, o Aniversário
da Biblioteca, o Arraial Literário, as
comemorações do Dia do Livro e a
participação nos ATL´s de Verão.
O ano de 2008 ficou ainda marcado pela abertura do Pólo de Entradas, uma velha aspiração que
veio complementar o serviço que
a Biblioteca Itinerante tem feito ao
longo de vários anos. Juntas, estas
promovem a descentralização e a
divulgação da cultura, um pouco
por todo o concelho.
É de salientar ainda a colaboração da Biblioteca Municipal com as
Bibliotecas Escolares do concelho a
nível de animação e promoção do
livro, através de leituras em sala de
aula, hora do conto e outras actividades, proporcionando a toda
comunidade escolar, um acesso
melhorado e com mais qualidade,
à cultura e à informação.
Durante os dias da Quinzena vale
a pena ficar atento às iniciativas que
vão assinalar o 14º aniversário deste
importante equipamento cultural, inserido na rede de Leitura Pública. w
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
comunidade 14
Vernier – Castro Verde em Bicicleta
Três amigos. Uma causa justa. 2 180 kms em bicicleta, de Genéve a Castro Verde. Jacinto Marçalo, Nuno Fatana e
José Andrade partem no dia 27 de Junho com um objectivo muito claro: ajudar crianças com perturbações ao nível do
desenvolvimento. Neste percurso que terminará a 11 de Julho, a motivação e a força de vontade serão suas companheiras
de viagem.
Jacinto Marçalo, Nuno Fatana e
José Andrade são emigrantes há mais
de 23 anos, na Suíça. Aqui vivem e
trabalham, sempre com o seu país
no coração. No dia 27 de Junho partem de Genéve, em bicicleta, por
uma causa justa e solidária: ajudar
crianças com perturbações ao nível
do desenvolvimento.
Criado há apenas um ano, o projecto “Vernier – Castro Verde em Bicicleta” teve inicialmente como objectivo
pisar solo português em bicicleta.
Porém, este grupo de amigos sentiu
que faltava algo a este projecto. Era
preciso um estímulo, um incentivo
José Andrade, Nuno Fatana e Jacinto Marçalo
que os motivasse a atingir a meta
final. Decidiram então que os apoios
obtidos na prova deveriam reverter
a favor da APADIJ – Associação para
Acompanhamento e Desenvolvimento Infantil e Juvenil de Castro
Verde. O primeiro contacto com a
Associação aconteceu há seis meses
atrás. “Foi aí que tudo fez sentido”
diz Jacinto Marçalo. “O estímulo
que precisávamos encontramolo nas crianças desta Associação,
e é por elas que vamos percorrer
estes kms.”
Jacinto Marçalo e Nuno Fatana
são naturais do concelho, mais
concretamente do Monte da Sete, e
José Andrade, de Moura. Em Vernier
criaram o Clube de Ciclistas Alentejanos, que lhes dá a preparação
física de que necessitam. Porém, os
treinos têm sido diários, tudo em
prol do bom desempenho da prova.
Ao todo serão 15 dias em viagem,
de Vernier a Castro Verde, num total
de 2180 kms. A acompanhá-los virá
uma auto-caravana, onde passarão
as noites, e que lhes dará todo o
apoio necessário à concretização
do percurso.
A chegada a Castro Verde está
prevista para dia 11 de Julho. w
w Almoço convívio
Um convite aos aivadenses
Os dias 8 e 9 de Agosto vão trazer
bastante animação à aldeia de Aivados. A comunidade irá receber,
durante estes dois dias, muitos dos
filhos da terra e seus descendentes,
que se vão reunir no 5º Reencontro
de Aivadenses.
A iniciativa partiu de um grupo
de pessoas, naturais da localidade,
que residem na Baixa da Banheira,
e que têm, já desde há alguns anos,
organizado estes encontros.
O objectivo é possibilitar o reencontro entre os aivadenses que partiram e
a comunidade local, e dar a conhecer
às gerações mais jovens, a terra que
deixaram para trás há muitos anos e
as suas tradições.
A primeira vez que estes encontros
tiveram lugar foi em 1991, na Baixa da
Banheira, onde cerca de 300 pessoas
se juntaram para conviver e relembrar
a terra que os viu nascer. Mas tendo
em conta que o motivo que os levou
a juntar-se foi o facto de terem em
comum a terra natal, a organização
decidiu, então, começar a reunir-se
em Aivados.
O Centro de Convívio é o local escolhido para acolher esta iniciativa,
que há já cerca de sete anos que não
se realiza.
Da programação fazem parte um
baile com o acordeonista Francisco
Cabrita, no dia 8, pelas 21h30, e no dia
9, o almoço-convívio, a decorrer pelas
13h00, que será animado pelo Grupo
“Vozes da Planície” da Sociedade RCU
Alentejana da Baixa da Banheira, e pelas
“Camponesas de Castro Verde”.
A iniciativa conta ainda com o apoio
da Associação da Comissão de Aivados
e da Câmara Municipal e Junta de
Freguesia de Castro Verde. w
Para mais informações e inscrições
contacte: Maria Antónia Mestre–
963884445, Joaquim Belchior–91408 88
36 ou Joaquim Nobre–939552350.
FotoDestaque
É grande a tradição dos grupos corais em Castro
Verde. Desde pelo menos os anos quarenta, do século
passado, que são conhecidos, com carácter formal
e organizado, grupos corais no nosso concelho. E
se a cultura nacionalista do Estado Novo obrigava
a que fossem os homens os actores exclusivos dos
grupos corais alentejanos, em Castro Verde, ainda
antes da Revolução dos Cravos, as mulheres da
nossa terra quebraram essas regras. Criando um
grupo que podemos afirmar, foi a semente para o
aparecimento, mais de uma dezena de anos depois, d’
As Camponesas. O foto-destaque deste Campaniço,
cedida pela senhora Maria Vitória Nobre, traz um
testemunho de uma visita dos grupos corais, o
feminino e o masculino de Castro Verde, à Casa do
Alentejo, em Lisboa. Estávamos a 4 de Fevereiro de
1973. Eram então ensaiados pelo professor Sampaio.
Importa salientar que a cerca de dezena e meia de
mulheres do grupo coral feminino, na sua quase
totalidade participavam ainda no Coro da Igreja e
no Grupo de Teatro da Casa do Povo. Ficam aqui os
nomes de alguns dos intervenientes e de alguns
amigos e familiares que se juntaram então à festa.
1 n/ident. 2 António Ferraz. 3 Francisco Escorrega. 4 Antero Medeiro. 5 António Alfredo. 6 Joaquim Baião. 7 António Matos. 8 Avelino Contente. 9 António Eduardo Revez. 10 Raul
Joaquim dos Anjos. 11 Arlindo Rosa. 12 António Costa. 13 Francisco Revez Mestre. 14 Sílvio Sousa. 15 Vítor Paquete. 16 João Batista. 17 Jacinto Constantino Cunha. 18 Custódio
Mestre. 19 Manuel Paulo. 20 n/ident. 21 Amália Constantino. 22 Maria Antónia Urbano. 23 Maria José Nobre. 24 Maria Joaquina Urbano. 25 Evangelista Raposo. 26 Professor
Sampaio. 27 Álvaro Romano Colaço. 28 Fernando Nunes Ribeiro. 29 Luís José Alves. 30 n/ident. 31 n/ident. 32 n/ident. 33 n/ident. 34 Jacinto Fragoso. 35 José Ferraz. 36 Manuel
Arsénio. 37 José Luís Lourenço. 38 Alberto Batista. 39 Amélia Mira. 40 Antónia Constantino. 41 Isabel Nobre. 42 Rosa Constantino. 43 Angelina Coelho. 44 Evangelina Palma
Mestre. 45 Maria Nobre. 46 Evangelina Torres. 47 Maria Bárbara Urbano. 48 Maria Amália Estaço. 49 Maria Vitória Nobre. 50 Maria José Baião. 51 Manuel José Lourenço
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
ambiente 15
Recolha de resíduos aumentou em 2008
O concelho de Castro Verde voltou a apresentar um aumento na quantidade de resíduos reciclados e uma diminuição no
depósito de resíduos em aterro. Dados que revelam uma população mais sensibilizada para as causas ambientais.
A gestão dos resíduos é uma
questão substancial no domínio
ambiental que passa pelo controlo
e monitorização das operações de
recolha, triagem, armazenamento
e valorização. A Resialentejo – Tratamento e Valorização de Resíduos
opera neste campo, sendo responsável pela gestão dos resíduos na área
da AMALGA (Associação de Municípios Alentejanos para a Gestão do
Ambiente).
Agora que foi apresentado o seu
relatório referente aos quantitativos de resíduos produzidos no ano
de2008, pode concluir-se que este foi
um ano bastante favorável no que
Reciclagem do vidro
respeita à reciclagem no concelho
de Castro Verde. Após a análise dos
quantitativos de resíduos relativos
ao ano passado, é possível verificar
uma diminuição de 5,7% dos resíduos indiferenciados depositados
em aterro, em relação a 2007, facto
este que contribui bastante para o
aumento de vida útil dos aterros.
Consequentemente, notou-se
também um aumento de 20,3% de
resíduos de papel e cartão depositados nos ecopontos, um aumento de 58% de plástico / metal e um
decréscimo de vidro de 9,3%, em
relação ao ano de 2007.
A análise revela ainda que a população do concelho está mais
sensibilizada para as questões da
reciclagem, dado que o município
castrense, no ano de 2008, dos mu-
nicípios que integram a Resialentejo,
foi o que apresentou a segunda maior
capitação em termos de reciclagem,
com um valor de cerca de 36,4 Kg/
hab. Ano.
Uma das razões para este fenómeno é, sem dúvida, o facto de a
Câmara Municipal de Castro Verde,
no início de 2008 ter aumentado
significativamente o número de
ecopontos do concelho. Durante
o mês de Abril será distribuído, com
o recibo da àgua, um panfleto de
sensibilização contendo todas as
informações para que possa dar
melhor destino aos resíduos produzidos em sua casa. w
w Compostagem
veterinária
Um projecto a
Esterilização dos cães de raças ganhar forma
potencialmente perigosas
Nuno Rosa
Veterinário Municipal
Em 2003 e 2004 foi publicada legislação específica devido à proliferação de
cães de raças potencialmente perigosas.
A proliferação deste tipo de cães é considerada um grave problema de Segurança
e Saúde Pública uma vez que as suas
agressões trazem consequências físicas e
emocionais graves para as suas vítimas,
além de terem importantes custos para
a comunidade como seguros, tratamentos hospitalares e absentismo. Nesta
legislação foram definidas como raças
de cães potencialmente perigosos os Pit
Bull Terrier, Stafforshire Terrier Americano, Stafforshire Bull Terrier, Rottweiller,
Cão de Fila Brasileiro, Dogue Argentino
e Tosa Inu, ou os seus cruzamentos. É
ainda classificado como animal perigoso
qualquer cão que mordeu ou atacou
pessoas, feriu gravemente ou matou
outro animal fora da sua propriedade,
foi declarado pelo detentor à Junta de
Freguesia com carácter agressivo ou
considerado por autoridade competente
como risco para segurança de pessoas
ou outros animais devido ao seu comportamento agressivo ou especificidade
fisiológica.
A circulação destes animais na via
pública só pode ser feita por maiores de
16 anos (o detentor do animal tem que
ter mais de 18 anos), com uma trela até 1
metro açaimo, licença e registo na junta
de freguesia (implica a vacinação antirábica do animal, identificação electrónica
do mesmo, seguro de responsabilidade
civil, termo de responsabilidade e registo
criminal).
No entanto, a falta de sentido de responsabilidade de alguns proprietários
no que respeita ao dever de vigilância
destes animais, a sua utilização para fins
ilícitos, bem como o grande aumento
do número de animais destas raças por
uma questão de “moda”, mostrou que
esta legislação é insuficiente no controlo
deste problema.
Associado a isto tem sido verificada
a proliferação de locais de criação e
venda de animais de companhia, com
a reprodução indiscriminada de cães,
sem um plano de controlo ou política
de esterilização, tendo como resultado o
aumento da população canina, aumento do abandono de cães, aumento do
número e gravidade das agressões (a
pessoas, outros cães e animais de outras
espécies), aumento da população de
cães assilvestrados, canis sobrelotados,
elevado número de cães eutanasiados
por falta de adoptantes, acidentes de
trânsito, etc..
Deste modo e para garantir a saúde
e a segurança das populações de um
problema que teima em aumentar, Di-
recção Geral de Veterinária, emitiu em
Abril de 2008 o Despacho 10819 que
regula o “Controlo da Reprodução e
Entrada no Território Nacional de Cães
Potencialmente Perigosos”.
Este despacho proíbe a publicidade à
comercialização de animais perigosos ou
potencialmente perigosos, proíbe também a entrada no território nacional, por
compra, cedência ou troca directa, de cães
destas raças ou provenientes dos seus
cruzamentos (com excepção dos animais
inscritos em Livro de Origens), proíbe
ainda a reprodução ou criação de cães de
raças potencialmente perigosas e seus
cruzamentos (com excepção dos animais
inscritos em Livro de Origens).
Além disto e a partir 15 de Agosto
de 2008, é obrigatória a castração ou
esterilização dos cães destas raças, se
não inscritos no Livro de Origens, ou
dos provenientes de cruzamentos entre
si ou com outras raças. O método de
esterilização a aplicar é a castração nos
machos e a ovariectomia ou a ovariohisterectomia nas fêmeas, devendo os
médicos veterinários que realizarem a
esterilização emitir uma declaração desse
facto, e que acompanha sempre o animal. Quando controlados na via pública
por qualquer entidade competente, se o
detentor do animal não apresentar esta
declaração de esterilização incorre numa
coima mínima de 500 euros.
Esta legislação faz ainda a criminalização da participação em lutas de cães, do
incitamento à agressão e das ofensas à
integridade física por falta de vigilância
do detentor do animal.
O projecto Orgânica Verde que
decorre de uma parceria entre a
Câmara Municipal de CastroVerde e
a Liga para a Protecção da Natureza
pretende incentivar a população
de Castro Verde a compostar.
A compostagem é um processo
biológico em que os microrganismos transformam a matéria orgânica, como folhas, relva, papel e
restos da preparação de comida,
num material semelhante ao solo,
a que se chama composto, e que
pode ser utilizado como adubo.
Geralmente conhecida pelo
nome de estrumeiras (ou esterqueiras), a compostagem consiste
no aproveitamento dos restos dos
jardins e restos vegetais produzidos
na cozinha podendo ser realizada
num pequeno espaço no quintal.
Em breve chegará junto dos municípes toda a informação sobre
como participar neste projecto e
contribuir para um melhor ambiente. No entanto, aqui ficam,
desde já, algumas informações
úteis sobre a importância deste
processo:
Quais as vantagens da Compostagem? Material Rico em nutrientes, a
compostagem fornece um material
rico em nutrientes que melhora o
desenvolvimento de plantas, jardins
e relvados; Retém a humidade e
os Nutrientes; O composto actua
no solo como uma esponja, ajudando o solo a reter a humidade
e os nutrientes; Melhora a estrutura do solo; O composto ajuda
a melhorar as características de
solos, quer sejam solos argilosos
ou arenosos, concedendo-lhes
outra estrutura.
Evita a Erosão. Os solos ricos
em composto são menos afectados pela erosão; Evita uso de
fertilizantes químicos; O uso de
composto aumenta os nutrientes
desse solo, reduzindo o recurso
ao uso de fertilizantes químicos;
Reduz quantidade de Resíduos no
Aterro; A compostagem dos resíduos reduz significativamente a
quantidade de resíduos a depositar
em aterro.
Fácil. Não requer conhecimentos
técnicos ou equipamentos. w
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
LAZER&UTILIDADES 16
Agricultura, jardinagem e animais ABRIL
Fases da Lua
Em Abril mondar e sachar os campos semeados no mês anterior; rega matutina. Plantar
espargos e morangueiros. Semear milho e plantar batata nas terras mais secas e, no final do
mês, nas terras mais fundas. Na Horta semear, no Crescente, em local definitivo, abóboras,
batata, beterraba, brócolos, cenoura, couves, fava, feijão, melão, melancia, nabo, pimento,
rabanete, salsa, etc. Em viveiro, semear cebola, pepino e tomate. Nos últimos dias do mês,
semear feijão temporão. Limpar os rebentos (ladrões) nos enxertos efectuados nas árvores
de fruta. Na vinha, fazer os tratamentos contra o míldio, oídio e outros; adubar as castas mais
envelhecidas. No jardim semear estrelas do Egipto, girassóis e malmequeres; colher as flores
dos lilases, margaridas, etc. Plantar begónias, dálias, gladíolos e jarros. Animais: higiene das
vacas leiteiras e separar os vitelos das mães. Tosquia das ovelhas no minguante.
Quarto Crescente > 2 Abril
Lua Cheia > 9 Abril
Quarto Minguante > 17 Abril
Lua Nova > 25 Abril
Quarto Crescente > 1 Maio
Lua Cheia > 9 Maio
Quarto Minguante > 17 Maio
Lua Nova > 24 Maio
saúde
Marta Correia Simões
Dietista
Os números são claros e preocupantes: de acordo com os
resultados do 4º Inquérito Nacional de Saúde da responsabilidade do Instituto Nacional
de Saúde Dr. Ricardo Jorge e
Instituto Nacional de Estatística,
6,5% dos portugueses adultos
residentes no Continente sofre
de diabetes.
A diabetes é uma doença causada pela
falta, absoluta ou relativa, de insulina no
organismo. A insulina é uma hormona
que é produzida no pâncreas e lançada
no sangue, tendo um efeito sobre o metabolismo do açúcar (glicose). A falta da
insulina impede a glicose de entrar nas
células, o que tem por efeito elevar seu
nível no sangue (hiperglicemia).
Na diabetes mellitus tipo I, a produção de insulina é rara ou nula. Apesar
de se tratar de uma doença com uma
alta prevalência, só cerca de 10 % de
todos os diabéticos tem a doença tipo
I. A maior parte dos doentes que sofre
de diabetes tipo I desenvolve a doença
antes dos 30 anos. Não há produção de
insulina e a pessoa é insulinodependente, ou seja, necessita receber insulina
injectável diariamente. Na diabetes
mellitus tipo II, o pâncreas continua a
produzir insulina, contudo, a quantidade
produzida não é suficiente ou a insulina
não é eficaz. A diabetes tipo II pode
aparecer nas crianças e nos adolescentes
(que actualmente e devido à obesidade
infantil, já se tornou mais comum) mas
em geral ocorre em adultos, após os 40
anos de idade e é mais frequente a partir
desta idade. Os sintomas mais usuais
da diabetes são a sede excessiva e boca
seca, necessidade frequente de urinar,
fome excessiva, cansaço, perda rápida
de peso, dificuldade na cicatrização,
perda progressiva de visão e infecções
frequentes. No entanto, muitas pessoas
têm diabetes e não sabem porque não
apresentam sinais nem sintomas. Isto
é bastante frequente na diabetes tipo
II. Outras complicações da diabetes
são a hipoglicémia e a hiperglicemia.
A hipoglicémia é o nível muito baixo
de açúcar no sangue, como “reacção à
insulina”. Esta condição pode ser causada por insulina demais, alimentação de
menos ou atrasada, exercícios, álcool ou
alguma combinação destes factores. A
hiperglicemia é o oposto da hipoglicé-
Informações Borda-d’água
Diabetes Mellitus
mia. Ocorre quando o corpo tem açúcar
demais no sangue. Esta condição pode
ser causada por insulina insuficiente,
excesso de alimentação, inactividade,
doença ou uma combinação de vários
destes factores. A diabetes é uma doença complexa que pode trazer várias
complicações a longo prazo. A doença
cardíaca, os problemas circulatórios, a
doença renal, a retinopatia diabética que
pode levar à cegueira, e a diminuição da
sensibilidade, principalmente nos pés,
estão entre as principais consequências da doença. O “pé diabético” é um
problema grave, no qual, devido à falta
de sensibilidade e dificuldade na cicatrização, podem desenvolver-se feridas
nos pés. Normalmente, o indivíduo só
se apercebe da lesão quando esta se
encontra em estado avançado, o que
torna o tratamento extremamente difícil,
devido à insuficiência circulatória, e pode
levar à amputação do membro. Assim,
os diabéticos devem examinar os pés
com frequência, pois podem ter a sensibilidade diminuída e sofrer ferimentos
sem que sejam percebidos.
A pessoa diabética do tipo II pode
ser controlada, através de uma alimentação correcta e adaptada e exercício
controlado, e às vezes, necessita de
medicação oral (antidiabéticos orais),
mas não descarta a possibilidade de uso
ocasional de insulina injetável.
Os principais factores de risco para
desenvolver diabetes, principalmente
o tipo II são: ter 40 anos ou mais, ter
familiares diabéticos, ter excesso de peso/
obesidade, ter uma vida sedentária e ter
hipertensão/colesterol elevado. Também
incorrem neste risco as mulheres que
tiveram diabetes durante a gravidez ou
filhos com mais de 4 kg à nascença.
A diabetes gestacional é outro tipo
de diabetes, que é reconhecida ou diagnosticada pela primeira vez durante a
gravidez. Deve-se ao facto, de as hormonas produzidas pela placenta fazerem
aumentar os níveis de açúcar no sangue,
e consequentemente, torna-se necessária
mais insulina para reduzi-los. A diabetes
gestacional normalmente desaparece,
com o nascimento do bebé. No entanto,
é fundamental que as grávidas diabéticas tomem medidas de precaução para
evitar que venham a sofrer mais tarde de
diabetes do tipo II. Depois de detectada, a diabetes gestacional requer muita
atenção, sendo fundamental que seja
corrigida com a adopção de um plano
alimentar apropriado. Quando este não
é suficiente, há que recorrer, à ajuda
médica, com o uso da insulina, para
que a gravidez decorra sem problemas
para tanto para a mãe como para o
bebé. As consequências deste distúrbio
para a grávida podem ser hipertensão,
pré-eclâmpsia, maior probabilidade de
cesariana e maior probabilidade de desenvolver futuramente diabetes tipo II. O
bebé também pode ser afectado, sendo
as consequências a macrossomia fetal
(bebés excessivamente grandes), o parto
prematuro, a hipoglicémia e maior probabilidade de desenvolver obesidade e
diabetes tipo II no futuro.
A alimentação tem um papel fundamental nesta doença. O plano alimentar
do diabético deve ser adequado à idade,
actividade física, doenças, hábitos sociais
e culturais, situação económica e disponibilidade dos alimentos. Seguidamente,
ficam algumas recomendações: fraccione
as refeições, com o objectivo de comer
poucas quantidades várias vezes ao dia,
ou seja, 6 a 7 refeições por dia: pequeno-almoço, meio da manhã, almoço, 1
ou 2 lanches se jantar tarde, jantar e
ceia. Esta distribuição equilibrada das
refeições permite não concentrar grandes
quantidades de hidratos de carbono às
refeições, reduzindo, assim, o risco de
hipo e hiperglicemia. As principais fontes
de hidratos de carbono são os cereais e
derivados (batata, arroz, massas, pão,
bolachas, flocos de cereais, farinhas),
as leguminosas (feijão, grão, ervilhas,
favas, lentilhas e soja), as frutas, o leite
e seus derivados, os alimentos com adição de açúcar (bolos, doces, bolachas,
chocolates, bebidas açucaradas, etc.).
Os hidratos de carbono são divididos em
duas categorias: complexos e simples.
Os complexos são alimentos ricos em
amido e fibra, como os cereais integrais
e seus derivados e as leguminosas, e têm
uma absorção mais lenta, pois durante
a digestão, para que o amido entre na
corrente sanguínea e seja utilizado como
energia, tem que ser desdobrado em
moléculas mais simples (glicose/açúcar).
Como levam mais tempo a ser absorvidos,
permitem manter os níveis de açúcar no
sangue mais estáveis. As leguminosas
são consideradas componentes benéficos
na dieta do diabético pois são ricas em
fibras e hidratos de carbono complexos, e apresentam níveis de gordura e
sódio baixos. Os hidratos de carbono
simples como o açúcar e doces, mas
também os açúcares naturais, da fruta
(frutose) e leite (lactose), são formados
por moléculas mais simples, sendo a
sua digestão e absorção mais rápida,
provocando elevações rápidas dos níveis
de glicémia. Tenha em conta que não
se deve ingerir um hidrato de carbono
simples isoladamente, como o leite ou
iogurte e a fruta. Estes alimentos devem
ser ingeridos juntamente com hidratos
de carbono complexos, como um pouco
de pão ou uma bolacha. Uma dieta rica
em fibras ajuda a controlar a diabetes e
a manter níveis saudáveis de glicose no
sangue. Prefira os hidratos de carbono
complexos e deixe os simples para os
dias de festa; não faça jejuns prolongados ao longo do dia (por mais de 3
horas) e não ultrapasse as 8 horas de
jejum nocturno; aumente o consumo de
vegetais, principalmente de folha verde;
evite alimentos ricos em gordura saturada e colesterol (gorduras de origem
animal, gema de ovo, carnes vermelhas,
linguiça e outros enchidos, enlatados em
geral, frutos do mar e marisco, miúdos,
vísceras, pele de frango, leite e iogurtes
gordos e manteiga); evite os fritos em
geral; existem alimentos específicos para
diabéticos, no entanto, é muito importante
ler atentamente os rótulos, pois estes
produtos podem não conter açúcar mas
substitutos deste, como por exemplo a
frutose (açúcar natural da fruta) que se
consumidos em excesso podem elevar os
níveis de glicose; Substitua o açúcar por
adoçantes artificiais como a sacarina ou
o aspartame; Evite a ingestão de álcool,
refrigerantes e sumos açucarados e beba
pelo menos 1,5L de água por dia.
A diabetes é uma doença crónica,
mas se for controlada, permite ter uma
vida activa, saudável e autónoma. Faça
uma alimentação saudável e adequada,
pratique actividade física (caminhando
pelo menos 30 minutos por dia), vigie
regularmente o peso, glicemia, pressão
arterial, colesterol e triglicéridos e não
fume.Ao seguir estas recomendações está
a fazer uma prevenção das complicações
que a doença pode trazer. No caso das
pessoas que tomam medicação, devem
cumprir sempre as recomendações do
seu médico.
As recomendações para as mudanças
de hábitos de vida dos diabéticos são
tão saudáveis que mesmo as pessoas
que não sofrem de diabetes deveriam
segui-las. Aprenda a comer e tenha uma
vida sã.
Receitas
Tosquiados
Para 12 bolinhos
250g de açúcar
250g de amêndoa pesada com
a pele
1dl de água
Leva-se o açúcar ao lume com a
água até fazer ponto de cabelo.
Juntam-se as amêndoas e deixase peladas e fatiadas e continuase a mexer até secar. Unta-se
a pedra mármore da bancada
da cozinha muito ligeiramente,
com manteiga. Deita-se a massa
sobre a pedra, uma colherada,
um bolinho, até esgotar. Quando
secam descola-se com uma
espátula e põem-se num prato
de serviço.
Costeletas de borrego panadas
Para 6 pessoas
1,5kg de costeletas de
borreguinho
6 dentes de alho
2 colheres de banha
2 colheres de azeite
1 limão
2 colheres de farinha
2 ovos
Pão ralado
Sal e pimenta
Óleo para fritar
Arranjam-se as costeletas e
esborracham-se com uma faca
de modo a ficarem fininhas.
Temperam-se com sal e
pimenta, rodelinhas de alho
e sumo de limão. Fritam-se
nas gorduras e escorrem-se.
Passam-se por farinha, ovo
batido e pão ralado e fritam-se
em abundante óleo bem quente.
Bacalhau com poejos
Para 6 pessoas
6 postas de bacalhau
6 batatas grandes
1dl de azeite
3 cebolas
3 dentes de alho
1 molho de poejos
2 colheres de água
Sal
Põe-se tudo em cru no tacho
que possa ir à mesa – azeite,
alho, rodelas de cebola,
intercaladas com rodelas de
batatas, as postas de bacalhau
(bem demolhado), e as folhas de
poejo.
Volta-se a regar com azeite e
um fiozinho de água. Põe-se o
tacho em lume brando, tapado,
durante cerca de meia hora.
Serve-se imediatamente.
Receitas retiradas do livro
“Cozinha Tradicional do Alentejo”
de Maria Antónia Goes
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
desporto 17
w Jogos Concelhios 2009
Festa do Desporto já começou
Centenas de pessoas estiveram presentes na Festa de Abertura dos Jogos Concelhios 2009. Sob o lema “Actividade
Com’Vida”, a iniciativa promete meter o concelho a mexer. Este ano, a “Otis”, mascote oficial, inspirou-se nos jogos de rua,
promovendo o convívio e a sociabilização.
Um dia de sol, animação e muita
actividade desportiva. Assim foi o
dia 7 de Março, em Castro Verde, dia
em que decorreu a Festa de Abertura dos Jogos Concelhios 2009,
inseridos no programa Actividade
Com’Vida, da Câmara Municipal
de Castro Verde.
A Praça da República foi o local
escolhido para a abertura desta
edição, que revelou uma adesão
bastante positiva por parte da
população e que contou com um
conjunto diverso de actividades,
como por exemplo, insufláveis,
que fizeram as delícias dos mais
pequenos, e duas demonstrações:
uma de Hip-Hop, por parte de um
grupo dos alunos da Escola EB 2, 3
Dr. António Francisco Colaço, de
Castro Verde, e outra, de saltos em
caminhada, no âmbito das comemorações do Dia Internacional da
Mulher, que reuniu pessoas de todo
o concelho, e de diferentes faixas
etárias.
Em 2009, a Otis, mascote oficial
dos Jogos Concelhios, inspirou-se
nos jogos de rua, como o pião e
o berlinde, apelando ao convívio,
solidariedade e espírito de equipa.
De Março a Junho, os desportistas
do concelho podem contar com cerca de 40 modalidades - Paintball,
Taekwondo, Xadrez, Patinagem,
entre muitas outras - estimulando
a população para os benefícios de
Festa de abertura dos Jogos Concelhios
uma vida activa. Pelo oitavo ano
consecutivo o objectivo continua
mini-trampolim, pela LagoTramp, a ser o mesmo: envolver os muníoriunda de Lagoa. A Festa de Aber- cipes, abrangendo as várias infratura ficou ainda marcada por uma estruturas recreativas e desportivas
Modalidades
Badminton, Basquetebol, 3x3, Berlinde, Bilhar, Mini-Andebol, Aikido,
Corridas de Carrinhos de Rolamentos, BTT, Caminhadas, Cavalhadas,
Cicloturismo, Columbofilia, Damas, Dardos, Dominó, Futebol de 7, FuteboL de 5, Futebol Humano, Jangro, Malha, Matraquilhos, Paintball,
Pião, Snooker, Sueca, Taekwondo, Ténis de Campo Ténis-de-Mesa, Tiro
aos Pratos, Natação, Hóquei, Patins, Patinagem, Três Sets, Gira-Vólei,
Yoga, Xadrez, Vale Tudo, Tarde sobre Rodas, etc.
Regulamento
Escolas, Associações e Juntas de Freguesia do Concelho.
Inscrições e informações
Fórum Municipal. Telefone: 286 320 040
do concelho, contribuindo de igual
modo para o bem-estar e progresso
humano, para a melhoria da saúde
e da sociabilidade.
Para quem estiver interessado
em participar, o único requisito
exigido é ser residente no concelho,
preencher a ficha de inscrição, ter
espírito de equipa, fairplay e boa
disposição. Os Jogos Concelhios
2009 vão prolongar-se até ao mês
de Junho e, à semelhança de anos
anteriores, prometem manter viva
a “festa” do desporto. w
w S.R.D. Entradense
Atletas destacaram-se em provas distritais
Com mais uma época de Inverno a chegar ao fim, muitas foram
as competições em que a equipa
de atletismo da Sociedade Recreativa e Desportiva Entradense se
destacou.
No passado dia 1 de Fevereiro a
equipa marcou presença no Campeonato Distrital de Estrada, que
decorreu em Castro Verde, onde o
atleta Fábio Fernandes subiu ao pódio
para receber a medalha do 1º lugar,
no Escalão de Juniores Masculinos,
consagrando-se, assim, campeão
distrital. A S.R.D.E conseguiu ainda vencer o 1º lugar no ranking das
equipas, no mesmo Escalão.
A 15 de Fevereiro, decorreu em Beja
o Campeonato Distrital de Lançamentos de Inverno, onde estiveram
Campeonato Distrital de Estrada (Castro Verde)
em destaque as atletas Patrícia Vaz e
Teresa Mestre, que alcançaram o título
de Campeãs Distritais da modalidade,
nos respectivos Escalões.
Já no Campeonato de Clubes e
Individuais de Inverno, que se realizou em Beja no dia 22 do mesmo
mês, foi Jorge Madeira que esteve
em evidência. O atleta venceu a
prova, no Escalão de Iniciados,
tornando-se, assim, à semelhança de outros colegas de equipa,
Campeão Distrital.
Entradas foi também palco de
uma festa do atletismo. No dia 28
de Fevereiro, a vila recebeu o 7º
Grande Prémio de Aniversário da
S.R.D. Entradense, onde marcaram
presença sete equipas do distrito,
num total de oitenta e quatro atletas
participantes de Benjamins a Veteranos. Na classificação final por
equipas, a S.R.D.E. qualificou-se
em 2º lugar.
A equipa de Entradas participou
ainda no Campeonato Distrital de
Corta Mato, em Ferreira do Alentejo
que se realizou a 7 de Março. Fábio
Fernandes trouxe para casa, mais
uma vez o primeiro lugar, tendo
ainda a equipa conseguido classificar-se em 1º lugar no Escalão
de Juvenis Femininas.
No que respeita a competições
nacionais, a S.R.D. Entradense participou no Campeonato Nacional
de Corta Mato de Juvenis Juniores
e Absoluto Longo que se realizou
no dia 15 de Março, na cidade de
Castelo Branco. O atleta Fábio Fernandes acabou por terminar a prova
de 8000 metros em 30´50, tendo
ocupado a 43ª posição na tabela
final classificativa. w
w Hóquei em Patins
w Grupo Desportivo da Sete
Castrense classificou-se
em 6º lugar
Época positiva
A equipa sénior de Hóquei em
Patins do F. C. Castrense classificouse no sexto lugar do Campeonato
Nacional da 3ª divisão. Luís Cavaco,
treinador da equipa sénior de hóquei do F. C. Castrense, revelou-se
satisfeito com a prestação dos seus
jogadores e admite que o sexto lugar
obtido pela equipa é “uma posição
aceitável”, manifestando-se optimista face ao futuro. Contudo, afirmou
ainda que para chegar mais longe
“é preciso melhorar as condições
de trabalho” pois, na sua opinião,
o hóquei em patins “tem futuro”
no seio do F. C. Castrense.
Durante os meses de Abril e Maio,
a equipa sénior vai disputar a Taça
A.P. Alentejo, promovida pela Associação de Patinagem do Alentejo,
onde vai tentar defender o título
obtido no ano passado.
Depois de vários anos ausente
dos pelados, o Grupo Desportivo
e Cultural da Sete regressou às lides do futebol para disputar, nesta
época 2008 / 2009, o Campeonato
de Futebol de Onze do Distrito
de Beja, da Fundação Inatel.
Com um desempenho excepcional
durante a 1ª volta do Campeonato,
onde ocupou sempre a primeira
posição da classificativa, a equipa
do técnico Lancinha acabou por
terminar o Campeonato no 5º lugar da tabela, não conseguindo,
desta forma, o apuramento para a
segunda fase do Campeonato.
Para o ano, a direcção promete que a equipa vai voltar a vestir
a camisola, para disputar mais
um Campeonato de Futebol de
Onze.
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
leitores 18
NECROLOGIA
Histórias Pitorescas da Feira de Castro
Ana Virgínia Pereira . 81 anos. Lombador
António Albino Salvador. 81 anos. Entradas
António Francisco Inácio. 75 anos. Casével
António Guerreiro M. Palma. 65 anos. S. M. da Atabueira
António Maria Coelho. 93 anos. Castro Verde
António Mira Carneirinho. 89 anos. Castro Verde
António Jacinto Costa. 82 anos. Sete
Bárbara Rita P. F. P. Figueira. 96 anos. Castro Verde
Celeste Maria Costa. 84 anos. Casével
Eduardo Damas Faustino. 74 anos. Sete
Domingos Rodrigues Fortes. 80 anos. Entradas
Felícia Maria Neves. 89 anos. Castro Verde
Fernando das Dores Baião. 93 anos. Castro Verde
Georgina Colaço Ramires. 66 anos. Castro Verde
Isabel Maria Costa. 89 anos. Casével
Joana Marques Paulino. 85 anos. Sete
João Augusto de Almeida Botelho. 78 anos. Castro Verde
Manuel Dionísio Lourenço. 78 anos. Castro Verde
Maria Antónia. 71 anos. Sete
Maria da Conceição Severino. 93 anos. Seixal
Maria Francisca Felisberto. 71 anos. Neves da Graça
Maria Francisco Nobre Jorge. 83 anos. S. João da Madeira
Maria Luísa de Brito. 96 anos. Neves da Graça
Maria Paulino Romano. 89 anos. Castro Verde
Miraldina Graça Varela. 70 anos. Sta. Bárbara de Padrões
Silvino Pedro da Silva. 79 anos. Castro Verde
Virgínia Figueira Revés. 89 anos. Castro Verde
“Há muito, muito tempo, era eu uma criança”, tal como diz a canção, ocorreram na Feira de Castro situações pitorescas
que a seguir descrevo. Umas contadas pelo meu pai. Outras contadas pelo meu irmão mais velho e ainda, outras,
observadas pelo autor desta pequena crónica que certamente as gerações do meu tempo se recordarão e, naturalmente,
as gerações mais novas apreciarão como era a Feira de Castro desses tempos idos.
Historiando numa visão geral do que foi a Feira, do grande significado da sua história de cerca de 400 anos, do fervor
de um povo que a ela acorria e que era o grande evento de todos os anos.
Hoje, que a Feira se modificou com o evoluir da sociedade, é justo salientar a acção de duas pessoas que à Feira deram
grande prestígio e significado. Refiro-me, em primeiro lugar, ao grande poeta popular António Aleixo que, ao longo
de vários anos, esteve na feira a trabalhar, vendendo cautelas de lotaria e gravatas. Nesta frequência, pelas décadas
de 30 e 40 do século passado e depois de um insucesso emigratório em França, António Aleixo circulava na feira com o
seu negócio, onde era muito conhecido, sobretudo porque fazia quadras poéticas num repente, que deixava as pessoas
admiradas e a magicar no conteúdo da sua poesia.
Será conveniente relatar que o poeta, durante a feira, ficava em casa dos meus pais, porque era amigo do meu pai
já do tempo em que ambos trabalhavam em Faro (Aleixo como polícia e meu pai como guarda-fios dos correios). Esta
amizade percorreu a vida de ambos até à morte (o poeta morreu em 1949 e o meu pai em 1991).
Aleixo deixou a polícia incompatibilizado com o serviço e meu pai foi transferido para Castro Verde em 1931, onde
os dois se encontravam de ano a ano, na Feira.
Durante a Feira, António Aleixo ia pelas ruas da vila e pelas ruas da Feira onde era muito conhecido por ser um poeta
que fazia quadras “enquanto o diabo esfrega um olho”. Com uma facilidade que é apanágio dos grandes poetas,
tal como Baudelaire (poeta francês). Quando lhe perguntavam se era “difícil fazer poesia”, respondia: “ou é muito
fácil, ou é impossível”. Com frequência, das barracas da Feira lhe pediam: “faça aqui uma quadra para que as pessoas
acreditem que o senhor faz versos bonitos em poucos minutos”. Em troca, o proprietário da barraca punha no balcão
uma caneca de vinho e um pão com linguiça, o que contrariava o poeta porque não queria que a poesia fosse tratada
assim. Perderam-se milhares de quadras de grande riqueza poética, porque ninguém registava nada. Que lapidação
levou a nossa cultura! Como ficou mais pobre a poesia nacional!
Aquilo que foi possível reunir de trabalhos do poeta pelo professor Magalhães, a ensinar em Faro, é certamente uma
pequena parcela da imensa construção poética de António Aleixo. Da sua poesia na Feira de Castro apenas uma quadra
ficou, transcrita a seguir. António Aleixo ia pelas ruas da vila, durante os dias da feira, vender cautelas. Transportava
um chapéu-de-chuva preto, aberto, e nas extremidades deste punha as cautelas presas por alfinetes. E no meio do
chapéu-de-chuva havia um papel onde escreveu em letras garrafais esta quadra:
Alfredo Fragoso Lodovina
Faleceu a 23/01/2009
Sua esposa, filhas, netos e bisnetos, comunicam o
falecimento do seu ente querido
Georgina Colaço Ramires
Faleceu a 01/01/2009 – Castro Verde
A família participa o falecimento da sua ente querida,
agradecendo a todos os que o acompanharam até à
sua última morada ou que, de qualquer outro modo,
lhe manifestaram o seu pesar.
João Augusto de Almeida Borralho
Faleceu a 05/03/2009 – Castro Verde
A família participa o falecimento do seu ente querido,
agradecendo a todos os que o acompanharam até à
sua última morada ou que, de qualquer outro modo,
lhe manifestaram o seu pesar.
josé carlos parreira da silva
Faleceu a 15/03/2009 – Castro Verde
A família participa o falecimento do seu ente querido,
agradecendo a todos os que o acompanharam até à
sua última morada ou que, de qualquer outro modo,
lhe manifestaram o seu pesar.
Luís Martins Veríssimo
Faleceu a 19/01/2009 - Entradas / Barreiro
“Sua esposa, filhos e restante família agradecem a
todas as pessoas de suas relações e amizade que
manifestaram o seu pesar nesta hora difícil.”
Oh meninas desta rua
Venham todas à janela
Venham ver o cauteleiro
E comprar uma cautela
Era assim que o poeta, durante alguns anos, governou a vida e angariou meios para sustentar a família. Mal, já se
vê, como mal vivi a generalidade da população castrense.
Outra figura carismática da Feira de Castro, também muito dada à poesia popular, foi a Zéfinha. Era invisual. Tinha
uma bonita voz, de onde projectava as quadras que construía. Não com a limpidez e textura harmoniosa de António
Aleixo (que neste aspecto se pode considerar um génio da espontaneidade), mas com a força que emana dos poetas
populares que são, no fundo, a expressão sentimental de um povo.
E a Zéfinha todos os anos estava na Feira de Castro. Vinha dos arredores de Beja, onde vivia. Postava-se junto ao
cine Sarmento, na rua principal da Feira, sentada num banco e a dedilhar uma vara, a imitar uma viola. Passava assim
os dias na Feira. Todos os feirantes a conheciam e quase todos contribuíam com os tostões possíveis. O cine Sarmento
era um barracão feito de folhas de ferro zincado com tecto de lona, e o único que existia na vila, naqueles três dias de
feira. Fora da feira não havia cinema.
A Zéfinha cantava quase todo o dia as quadras feitas por si em tom melodramático dedilhando ao mesmo tempo uma
vara a fazer de conta que era um instrumento musical. Quem passava por ela, deixava às vezes cair umas moedas no
chapéu de palha, que punha junto aos pés.
Este dom da Zéfinha – saber fazer quadras e ter uma voz de soprano, um tanto esganiçada – era o seu único meio de
governar a vida e não estender a mão à caridade. A vida, naquelas décadas de 30 e 40, era duríssima, pelo que havia
muitas pessoas que todos os anos aguardavam a Feira para angariarem meios de subsistência.
Vista à distância, enquadrada com os cartazes dos filmes de cowboys – o Buck Jones, o Tomix e o seu cavalo Raio
que dominavam todos os índios que lhes apareciam pela frente e que faziam as delícias da criançada e dos adultos - a
Zéfinha era uma figura da Feira, como eram o Aleixo, os ciganos, a música estridente que vinha das barracas, ou o
ar feliz e alegre das pessoas que percorriam as ruas da feira à procura de novidades. A feira é um mundo à parte sem
paralelo em qualquer lugar do sul do País. É a expressão máxima da vida do povo de Castro Verde, o tradicionalista
e os outros. Todos ficam agarrados ao sortilégio da feira. E quando esta acaba entra a saudade em cada um de nós,
já esperando que chegue Outubro do ano seguinte para gozarmos outra vez a feira, onde vão aparecer novamente a
Zéfinha, o António Aleixo, os ciganos, o circo, o cinema, e “o poço da morte”. A feira de Castro é uma magia que fica
em cada um que a conhece, porque mais não podem esquecer tão felizes dias. É um mundo que vem da Idade Média,
do longínquo ano de 1621.
Os costumes pouco evoluíram, se comparados com a época relatada. Felizmente que ficou a Feira para a felicidade
do povo de hoje. Salva-se desta evolução lenta, o que aconteceu depois do 25 de Abril, incluindo o grande progresso
da vila, a vida menos difícil, as perspectivas das pessoas a outra realidade económica.
Vicente Quintinha Guerreiro –Almada
MAriana Guerreiro Pombeiro
Faleceu a 13-03-2009 – Castro Verde
A família participa o falecimento da sua ente querida,
agradecendo a todos os que o acompanharam até à
sua última morada ou que, de qualquer outro modo,
lhe manifestaram o seu pesar.
Miraldina Graça Varela
Faleceu a 26/02/2009 – Santa Bárbara de Padrões
Marido, filhos e restantes familiares participam o
falecimento da sua ente querida, agradecendo a todos
os que a acompanharam à sua última morada.
Caro Vicente,
Obrigado pela sua crónica onde relata a presença de duas importantes personagens da nossa Feira: o poeta António
Aleixo e Zéfinha. O tempo mudou a Feira, mas a Feira de Castro é sempre a Feira de Castro. Obrigado pelo seu contributo
para a memória colectiva.
Jacinto Goínhas, mais conhecido por “Ti Goínhas”, faleceu no passado dia
28 de Março, aos 104 anos. Em 2005, por ocasião do seu 100º aniversário, o
Campaniço fez a reportagem. Nasceu em 1905, foi cauteleiro de profissão e à
data do seu falecimento era o homem mais velho do concelho.
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
leitores 19
Aprender a gostar, e sabemos porquê…
É urgente aprender a gostar, e sabemos porquê, tanto a nível familiar, como a nível pessoal, também a nível de camaradagem. Começa na escola, mais
tarde na secundária, ou no colégio, onde nos matriculavam por não haver outra maneira de continuar os estudos. Nessa camaradagem nascia uma amizade
que ficava para o resto da vida inteira, como ficou para mim a saudade das colegas de escola, do colégio, e, mais tarde, as colegas do curso que tirei em
Lisboa. Nunca mais as vi. Muitas vezes penso nelas. Ficaram as lembranças e as saudades da infância e da juventude…! A educação que os nossos pais
nos davam desde muito crianças, era no sentido de sabermos que tínhamos que amar e respeitar os nossos pais, porque nos deram a vida, nos amaram
sempre com muito carinho, cuidaram de nós nas nossas doenças e sempre que necessitávamos de ajuda. Também nos aconselhavam a gostar e respeitar
os nossos professores, porque nos transmitiam os conhecimentos necessários para nos tornarmos homens e mulheres dignos e responsáveis na nossa
vida futura. Nós tínhamos o dever de os respeitar, e além deste dever, ficava sempre o sentimento de gratidão e amizade por tudo o que nos ensinavam
como professores.
Ninguém pensava em ser mal-educado, nem em ofendê-los, nem agredi-los fisicamente, como hoje fazem, tanto os alunos, como os pais, que chegam
a ir às escolas agredi-los verbalmente ou até mesmo fisicamente, a ponto de os professores terem que receber tratamento hospitalar.
Isto até nos entristece e envergonha como seres humanos… Sabia-se o motivo porque se tinha que gostar e respeitar os pais, a família, os professores,
os nossos superiores e todas as pessoas sem distinção de classes. Não se abandonava ninguém, porque toda a gente é pessoa. Os jovens preocupavam-se
com os mais velhos e doentes. Era costume ir visitá-los e ajudá-los sempre que necessitavam de um braço amigo.
Hoje há uma grande indiferença. As pessoas são muito individualistas, e não ligam importância aos mais velhos e em relação à educação, esta deixa
muito a desejar. Passa-se à frente ou ignora-se sem a menor consideração para com os mais idosos.
Eu já tenho dito algumas vezes, quando observo esses procedimentos: Ora quem não tem, o que há-de dar? Isto é bastante para compreenderem, se
forem capazes disso, que estão a proceder mal e de futuro serem melhor educados…
Rita Martins Isidro
Encontro este ‘’não sei quê’’ de
cheiro a mar; este alguém de sabor
a noite
Estes olhos com quem partilho o que
vejo, o que sinto, o que sou e tenho.
E tenho agora este texto para ti: As
palavras que trocamos todos os dias.
As vogais e consoantes que se ligam.
Há este ‘’nós’’ construído entre ‘’não
sei quês’’ de prazer.
Sou este brilho na água. A tua brasa.
O teu doce.
És a gaivota que me sobrevoa.
Encontro este ‘’não sei quê’’ da cor
do sol;
as tuas sílabas no meu cabelo
- fotografias que dizem em silêncio
o que somos e temos.
E temos agora este olhar.
E somos:
‘’não sei quê’’
Carla Veríssimo
Cara Rita,
Aqui fica mais um olhar sobre a importância da amizade tantas vezes semeada nas relações escolares. O tempo mudou e a palavra solidariedade, para
algumas pessoas, também. Vamos acreditar que o amanhã vai ser melhor. Mande Sempre!
Aqui publicamos alguns versos do sr. Luís Veríssimo,
nosso colaborador de sempre, que faleceu no passado
mês de Janeiro. O Campaniço presta-lhe uma sentida
homenagem pelo contributo a este espaço ao longo
dos últimos anos.
Uns Versos Dedicados aos Campos do Alentejo
I
Eu vivi no Alentejo
Os seus campos semeados
Se há terras por semear
Não somos nós os culpados.
VI
Ter a água reservada
Se é preciso regar
Ter os calombros gigantes
Prás vargens não encharcar.
II
Eu gosto de ver no campo
Searas a verdejar
Árvores carregadas de frutos
Os rebanhos a pastar.
VII
Pra evitar os incêndios
Com preauções de valor
Nas searas os incêndios
Se apagam com tractor.
III
Queixam-se agora pessoas
De haver poucos cereais
Digo com menos trabalho
Poderiam haver mais.
VIII
O tractor com grande arrasto
De lado a rastejar
Com andamento o tractor
Pode incêndios apagar.
IV
IX
Existem hoje os tractores
Cada uma freguesia
Máquinas pra semear
Um mínimo pra semear
Com as máquinas as colheitas Quantidade suficiente
Se podem arrecadar.
Prá freguesia sustentar.
V
O clima é problema
Mas havendo a precaução
Livram-nos de enxurradas
E de secas como o Verão.
X
Para as grandes cidades
Alqueva vai produzir
Pode haver mais cereais
No futuro que há-de vir.
Dia da Mãe
Ideias de Castro
Naquele monte distante,
Numa modesta cozinha,
Viveu pensando em seus filhos
Minha mãe triste velhinha.
Cá nasci, vivi e brinquei
Há coisas que não havia
Tive de procurar nova vida
Para esquecer o que sentia
Morreu, já ma levou.
Ó pensamento constante,
Sem ela nada eu sou,
Naquele monte distante.
Hoje vejo com alegria
O grande desenvolvimento
Dos homens que cá ficaram
Que fizeram com talento
Eu sonhando, ainda a vejo,
Logo pela manhãzinha,
Sentadinha à sua porta,
Nessa modesta cozinha.
Castro é vila, parece cidade
Que não te posso esquecer
Das searas e das herdades
Com teu sol para aquecer
Chorando vou em silêncio,
Seu rosto amigo beijando
Esse amor que era tão doce
Viveu sempre em nós pensando.
Tens monumentos
Tens modas e arraias
Do S. Pedro das Cabeças
Das cantigas aos trigais
Ajoelhada pedia,
Mesmo na sua cozinha,
Por tantas a quem muito queria
Minha mãe triste velhinha.
Terra antiga e escaldante
Dum horizonte sem igual
És uma jóia importante
No Alentejo sem igual
Lá no céu pede por mim
Bem vê a minha amargura
Seus concelhos sempre foram
Cheios de amor e ternura.
Já tens lindas rotundas
Com casas a branquear
Do desporto à cultura
Que souberam conquistar
Júlia Jesus Rodrigues–Alte
Digo sem ironia
Tudo o que Castro nos oferece
Desde a Gastronomia
E a Feira que nunca esquece
Cara Júlia,
Diz o poeta que as mães são as mais altas
coisas que os filhos criam. Aqui fica a sua
homenagem! Mande sempre...
Luís M. Veríssimo–Barreiro
Tem o sossego da Planície
Dentro de um quadro escaldante
No teu azul do céu
Se vê a matriz empolgante
Nota da Redacção
Estas páginas são dedicadas a todos os leitores do boletim “O Campaniço”. Dê o seu contributo e
ajude-nos a enriquecer ainda mais estas páginas. Envie-nos as suas poesias, crónicas e outros textos
fruto da sua criatividade. Por vezes, o número de correspondência recebida por parte dos nossos leitores
não nos permite publicar todos os textos, pelo que é feita uma selecção do conjunto que nos chega
às mãos. Na próxima edição continuaremos a sua publicação. Os trabalhos podem ser enviados por
correio ou por email: Campaniço. Câmara Municipal de Castro Verde. Praça do Município, 7780-217
Castro Verde. [email protected].
Estes versos quis escrever
Que são escritos com amor
Aos castrenses quis oferecer
E p’ra terra que tem valor
Cara Carla,
Este “encontro” inspira-se numa
verdade e num sentimento que é seu.
Que a paixão seja sempre motivo para
mais um texto. Mande sempre!
Mudam os tempos, alteram-se
as situações. Estamos perante
um período de grande agitação,
uma grande maioria das famílias
vive em permanente conflito, uns
por questões económicas, outros
porque sofrem do sindroma da
ganância, e quanto mais têm, mais
querem.
A harmonia familiar entrou em
decadência. Recorre-se a calmantes
para suportar o stress, quanto
mais queremos chegar à perfeição,
mais nos vamos tornando animais
irracionais que nos conduzem às
guerras das armas e aos confrontos
das palavras onde ninguém se
entende. Daí quem mais sofre
são as crianças, as crianças que
não têm ambiente com suporte
de boa educação e amor familiar
dificilmente irão ser adultos
preparados para enfrentar as
dificuldades que se adivinham.
Chove, chove sem parar
Ficam as terras molhadas
Quantas crianças a chorar
Por serem tão mal tratadas
São as crianças da rua
É como lhe chama o povo
Triste sorte foi a sua
Precisam de um mundo novo
Um mundo que faça delas
Tudo aquilo que merecem
São crianças muito belas
São marginais quando crescem
Já não sei por onde ando
Já não sei onde vou
Tudo me vai magoando
Já nem sei onde estou
Mariana Palma–Barreiro
Francisco Revés
Caro Francisco,
É notória a sua paixão por esta terra que
também é sua. Nela se inspirou para
estes belos versos. Mande sempre!
Cara Mariana,
A velocidade a que os dias correm
vitimiza os mais fracos, entre os
quais, as crianças. Aqui fica a sua
reflexão. Bem haja!
O Campaniço
FEVEREIRO/MARÇO/abril 2009
breves
AACB tem
programa na Rádio
Castrense
notícias 20
w Assembleia Municipal
Aprovou voto de louvor
a Fernando Caeiros
A Associação de Agricultores
do Campo Branco reeditou,
em colaboração com a Rádio
Castrense, o programa “Campo
Branco”. O programa vai para o
ar todas as quartas-feiras, entre
as 12h05 e as 12h30. Trata-se de
um programa de informação e
opinião centrado nas questões
agrícolas, pecuárias e do mundo
rural do Campo Branco.
Para ouvir, sintonize a Rádio
Castrense em 93 FM.
AMBB tem
secção de pesca
desportiva
Foi em 2008 que a Associação de Moradores do Bairro
dos Bombeiros criou a secção
de pesca desportiva. Desde então
a Associação tem revelado uma
dinâmica favorável na prática
da modalidade, participando
pelo segundo ano consecutivo
no Campeonato Nacional de
Pesca ao Achigã. A Associação é
também associada da Federação
Portuguesa de Pesca Desportiva,
dando efectivamente o seu contributo ao nível da pluralidade
desportiva do concelho.
Confraria dos
Cavaleiros de
S. Pedro
Castro Verde tem mais uma
Associação.
Foi recentemente criada em
Castro Verde, a Confraria dos
Cavaleiros de S. Pedro. Com sede
na Rua Fialho de Almeida e sob
o lema, “Nada deixes pela metade. Cavaleiro por inteiro”, esta
Associação, sem fins lucrativos,
visa desenvolver actividades recreativas e culturais e apoiar e
participar em actividades equestres, entre outras.
“Seara de Abril”
elegeu novos
Corpos Gerentes
A “Seara de Abril”, associação de solidariedade social e
apoio à 3ª idade, com sede em
Sta. Bárbara de Padrões, elegeu,
em Assembleia Geral, os novos
Corpos Gerentes para o triénio
2009-2011. A Associação foi
fundada a 2 de Agosto de 2002
e tem, actualmente, cerca de
440 sócios.
A
Assembleia
Municipal
de Castro Verde, reunida
em sessão ordinária, no
dia 27 de Fevereiro, aprovou por
unanimidade um voto de louvor a
Fernando Caeiros, ex-presidente
da Câmara Municipal de Castro
Verde, como forma de reconhecer
o seu mérito e dedicação prestados
ao concelho.
Fernando Caeiros apresentou a suspensão do seu mandato autárquico,
enquanto Presidente da autarquia,
em Julho de 2008, na sequência da sua
nomeação para vogal Executivo da
Comissão Directiva/Autoridade de
Gestão do programa Operacional do
Alentejo, acabando por comunicar
em Janeiro do corrente ano, a sua
renúncia ao cargo.
A proposta de voto de louvor
aprovada foi apresentada pela
CDU, que sublinhou os 32 anos
consecutivos em que Fernando
Caeiros liderou a Câmara Municipal
“com sentido de responsabilidade,
isenção, rigor, profissionalismo e
disponibilidade”, colocando “alto
os interesses do concelho” e “contribuindo para o seu desenvolvimento sustentado e para a sua
afirmação em termos regionais”.
Neste voto de louvor salientou-se
ainda o actual cargo desempenhado por Fernando Caeiros onde
“prossegue a missão de serviço
público em prol da Região e do
Municipalismo”.
Foi deliberado prestar uma homenagem ao ex-presidente durante
os festejos do Feriado Municipal, a
29 de Junho, realçando deste modo
o importante papel que desempenhou na comunidade, enquanto
figura cimeira do Poder Local Democrático. w
w Descida do Guadiana 2009
Escola Naval visitou
Castro Verde
No passado mês de Fevereiro,
Castro Verde recebeu a visita do
grupo de cadetes da Escola Naval
que, no âmbito do seu Plano Anual
de Actividades Escolares, e inserido
nas actividades de aplicação militar-naval, realizou a descida do rio
Guadiana, num percurso fluvial com
cerca de 21 km, definido entre as
localidades de Mértola e Pomarão. A
Câmara Municipal de Castro Verde
associou-se às actividades da Escola
Naval disponibilizando o Parque
de Campismo como base de apoio
logístico e, na véspera do exercício,
promoveu uma recepção a toda a
comitiva, no Cine-teatro Municipal,
e uma visita cultural pelos marcos
históricos da região, onde se destaca a visita ao local da batalha de
Ourique - S. Pedro das Cabeças, e
à Basílica Real onde foi celebrada
uma missa pelo Capelão da Escola
Naval (1TEN CAP Rui Valério) an-
tigo pároco de Castro Verde. Após
a celebração da missa foi servido
um jantar no parque de campismo,
oferecido pelo Comandante da Escola Naval ao Presidente da Câmara
Municipal e outras entidades locais,
bem como aos restantes apoiantes
do evento. Este exercício de descida
do rio Guadiana envolveu cerca de
143 alunos da Escola Naval, entre
cadetes do 2º, 3º e 4º anos e alunos
do Ensino Superior Politécnico, e
teve como objectivo desenvolver
a prática dos conhecimentos adquiridos durante as instruções de
formação marinheira, de comportamento organizacional, organização
e instrução militar, mas também
o apurar das capacidades de liderança, sentido de camaradagem,
espírito de corpo e coragem física
e moral, em prol de um objectivo
comum. w
Semana
Gastronómica do
Borrego
De 6 a 12 de Abril Castro Verde
recebe a Semana Gastronómica do Borrego, uma iniciativa
promovida pelo Turismo do
Alentejo, ERT, que conta com
a participação de cerca de 40
municípios.
Durante sete dias, os restaurantes aderentes do concelho
têm à disposição diferentes iguarias confeccionadas à base de
carne de borrego.
Recenseamento
Eleitoral
Está a decorrer, desde o dia 1
de Abril, o processo de recenseamento eleitoral para cidadãos
com idade superior a 17 anos,
nas Juntas de Freguesia.
Paralelamente, também os restantes cidadãos devem verificar
se se encontram correctamente
inscritos nos cadernos eleitorais na área da sua freguesia de
residência.
A DGAI – Administração Eleitoral disponibiliza todas as informações que necessita para
este procedimento através do
endereço www.recenseamento.
mai.gov.pt ou enviando um SMS
para o número 3838, com o texto
RE nº do Bilhete de Identidade ou
do Cartão do Cidadão e data de
nascimento (AAAAMMDD).
Para mais informações dirijase à sua Junta de Freguesia.
Construção de
16 fogos para
habitações sociais
A Assembleia Municipal de
Castro Verde, reunida em sessão
ordinária, no passado dia 27 de
Fevereiro de 2009, autorizou a
Câmara Municipal de Castro
Verde a contrair um empréstimo bancário junto da Caixa de
Crédito Agrícola Mútuo, até um
valor de 1.500.000 S. O montante destina-se à construção
de 16 novas habitações sociais
em Castro Verde.
Dia Mundial da
Árvore
No 21 de Março comemorouse o Dia Mundial da Árvore e
como forma de assinalar a data,
a Câmara Municipal de Castro
Verde ofereceu aos habitantes do
concelho três espécies vegetais
à escolha - figueira, oliveira ou
loureiro - com o objectivo de
contribuir para a promoção de
um desenvolvimento cada vez
mais sustentável.

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