relação entre lexemas (as pala ras tais como estão no
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relação entre lexemas (as pala ras tais como estão no
SEMÂNTICA AULA 03: SEMÂNTICA LÉXICA TÓPICO 03: HIPONÍMIA E HIPERONÍMIA A relação entre lexemas (as palavras tais como estão no dicionário) também pode ocorrer em termos de inclusão. Exemplo: dizemos que flor é um termo geral, que abrange outros, mais específicos, como tulipa e violeta. Ao termo geral, chamamos hiperônimo ou superordenado e aos específicos chamamos de hipônimos. Hiperônimo e hipônimo são, contudo, termos relativos. Tomando, por exemplo, o eixo semântico da cor verificamos que este superordena, vermelho e verde. Vermelho, por seu turno, é hiperônimo de escarlate. Palmer (s.d., p. 91) adverte para o fato de o mesmo termo aparecer em vários pontos da hierarquia, o que só é possível se o termo for polissêmico. Exemplificamos com o lexema animal, que pode ser usado (1) em contraste com vegetal, incluindo ao mesmo tempo aves, peixes, insectos e também mamíferos, (2) no sentido de “mamífero”, em contraste com aves, peixes e insectos, incluindo seres humanos e bichos, (3) no sentido de “bicho”, em contraste com seres humanos. Isto pode ser ilustrado da seguinte maneira: A ilustração ao lado dada por Palmer apresenta em bloco os significados dicionariais de animal, todos superpostos, para aclarar os conceitos de hiperonímia e hiponímia. Todavia, num dado discurso, apenas um dos significados pode aflorar. REFLEXÃO É temerário apresentar uma ilustração como esta acima sem considerar, além dos significados, os registros de ocorrência. Baleia, por exemplo, pode ser hipônimo de animal tanto na linguagem científica, quanto na linguagem corrente, como pode ser hipônimo de peixe, mas só na linguagem corrente. Na linguagem científica, é mamífero. Não podemos, portanto, fazer um diagrama como o exposto acima. Diga-se o mesmo do lexema sal que, na Química, é hiperônimo de cloreto de sódio, sulfato de sódio, fosfato de potássio (os lexemas designadores de sais são sufixalmente marcados por –ato, -eto, -ito). Na linguagem usual, porém, sal só se refere ao cloreto de sódio. A hiponímia, por seu turno, implica uma relação lógica de consequência. Dizer isto é um gato pressupõe isto é um felino. A frase que contém o hipônimo pressupõe a que contém o hiperônimo. O termo hiperonímico pode pressupor o hiponímico se o hiperônimo for entendido como referente a todos os membros de uma classe. Dizer todos os felinos são bonitos implica dizer todos os gatos são bonitos. Fonte [1] Um ponto que merece destaque é o fato de que o conhecimento das relações de inclusão é importante como recurso para se estabelecer coesão no discurso, a exemplo destas frases extraídas de Koch (1989, p. 46): (01) Vimos o carro do ministro aproximar-se. Alguns minutos depois, o veículo estacionava diante do Palácio do Governo. (02) O professor mandou os alunos desenharem quadrados, retângulos e trapézios. Os quadriláteros encontravam-se empilhados uns sobre os outros na mesa dianteira da sala... Fávero (1991, p. 24) mostra que tanto se pode dar a direção hiperônimo/ hipônimo, como a direção hipônimo/ hiperônimo: (01) Gosto muito de doces. Cocada, então, adoro. (02) Os corvos ficaram à espreita. As aves aguardavam o momento de se lançarem sobre os animais mortos. A direção hiperônimo/ hipônimo não nos parece muito usual. No exemplo, o que a justifica é a ilustração. Fávero (1991, p. 24) tende a ver como mais “normal” a direção hipônimo/ hiperônimo. EXEMPLO Exemplo, a substituição de moto por veículo é mais justificável que a de veículo por moto. No primeiro caso, “há uma relação de inclusão, e o segundo componente tem uma extensão maior”. No segundo caso, a extensão maior está no primeiro componente, o que dificulta a substituição, a não ser em casos excepcionais como a exemplificação. Em suma, as relações de hiperonímia/hiponímia podem ser vistas sob o ângulo linguístico ou situacional. A título de ilustração, observe o seguinte slogan publicitário: DESAFIO Você é capaz de perceber as implicações discursivas decorrentes da relação de inclusão no exemplo acima? REFERÊNCIAS FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 1991. ILARI, R. &GERALDI, J.W. Semântica. São Paulo: Ática, 1990. KOCH, I.G.V. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1989. PALMER, F. R. Semântica. Lisboa: Edições 70, (s.d.). FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.imotion.com.br/imagens/data/media/82/9891gato.jpg Responsável: Prof.º Ricardo Leite Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
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