landajob

Transcrição

landajob
N º. 2 0
SAÚDE
Base Holding reforça
presença no Norte
AGROALIMENTAR
Multiwines chega à China
S. Sebastião no mercado
Nova estufa para framboesas,
amoras e mirtilos
AUDIOVISUAL
SP Televisão com novo
equipamento de pós-produção
.
M A I
.
2 0 1 5
ÍNDICE
Tema de capa
BASE HOLDING
REFORÇA PRESENÇA
4
Audiovisual
INVESTIMENTO
NA PÓS-PRODUÇÃO
|
25
Entrevista
JOÃO VIEIRA
8
Audiovisual
CHEGARAM AO FIM
AS GRAVAÇÕES DE
OS NOSSOS DIAS
|
34
Entrevista
FILIPA GARCIA
16
|
Agroalimentar
NOVOS SABORES
NA ‘CESTA’ DA AGRIVABE
|
Turismo
ABERTURA
DA TEMPORADA
SUPERA EXPECTATIVAS
|
Audiovisual
PROTOCOLO
SP TELEVISÃO
E GLOBOMEDIA
40
22
|
Audiovisual
EXOTISMO
NO ARRANQUE
DE PODEROSAS
38
19
|
|
Vinhos
LANÇAMENTO
DO S. SEBASTIÃO
40
|
|
FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE : Madre, SGPS SEDE : Av. da Liberdade, 144-156, 6º Dtº, 1250-146 Lisboa, Tel: 213 243 220, Fax: 213 243 239 [email protected]
www.madre.com.pt FOTOGRAFIAS : Arquivo Madre e stock.xchng. PAGINAÇÃO E ARTE FINAL: Inês Mateus IMPRESSÃO E ACABAMENTO : Europress Indústria Gráfica PERIODICIDADE : Semestral TIRAGEM : 800 exemplares DEPÓSITO LEGAL N.º 272037/08
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MARTA CAVACO
Num ano de consolidação de resultados, a Agrivabe,
empresa em Tavira que produz pequenos frutos
vermelhos para exportação, prepara-se para diversificar
a produção com duas novas espécies, amora e mirtilo
JOSÉ PINTO RIBEIEIRO
EDITORIAL
E
m mais um número da Notícias Madre continuamos como habitualmente a dar conheci-
mento dos acontecimentos mais representativos da nossa actividade. Apesar das notícias
otimistas que vão sendo canalizadas em que aparentemente tudo está bem e caminha-
mos em marcha acelerada para retomar a prosperidade, a verdade é que na economia real,
aquela que está mais próxima das empresas e das famílias, isso não se sente e é pouco mais
do que uma ilusão. Todavia, não adianta lamentar a realidade, há fundamentalmente que
reagir e contornar os obstáculos que se vão deparando utilizando a nossa experiência, criatividade e capacidade empreendedora para garantir ao mercado níveis de eficiência que nos
tornem competitivos. Esta perspetiva é transversal a todas as atividades do nosso grupo de
empresas, independentemente do setor de atividade em que atuam.
Na presente edição, começamos por dar especial destaque às mais recentes aquisições da
Base Holding, que desde o início do ano conta no seu portefólio de unidades com a Esfera
Saúde e a Campos Costa, constituindo-se hoje como a principal referência privada na área
dos Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, aumentando a sua dimensão,
medida pelo volume de negócios, em mais 50%.
O desafio que se coloca à equipa de gestão, superiormente dirigida pelo Dr. António Aguiar
Moreira, é imenso, pois integrar unidades de dimensão significativa e com culturas empresariais distintas melhorando a eficácia de atuação não é tarefa fácil. Porém, os níveis de confiança
na equipa são elevados uma vez que têm, desde o início do projeto, vindo a desenvolver um
trabalho a todos os títulos notável e merecedor dos maiores encómios. A MADRE, que está
neste projeto através da sua participada G-IMMO, reconhece esse esforço e felicita toda a
equipa pelo trabalho até agora desenvolvido.
Outro acontecimento que é importante evidenciar pelo seu potencial de criação de valor foi
a assinatura do memorando de entendimento entre a SP Televisão e a empresa espanhola
Globomedia, o qual poderá dar a ambas as empresas maior capacidade de produção e exportação de formatos de ficção e entretenimento para novas geografias. A concretização desta
parceria poderá garantir à produtora portuguesa outra perspetiva e uma nova dimensão de
mercado.
Ainda no que se refere à SP Televisão é de assinalar a estreia da telenovela Poderosas, nova
produção para o horário nobre da SIC e para a qual se espera idêntico sucesso ao que tem
conseguido Mar Salgado, líder incontestada do principal horário da televisão portuguesa.
Para terminar, resta um apontamento sobre o projeto do novo polo de produção da SP Televisão
que vai ser construído nos terrenos adjacentes às atuais instalações. Trata-se de um trabalho
de grande envergadura e complexidade, pois pretende-se uma integração adequada com o
espaço que já existe, bem como criar áreas de manobra eficientes no que respeita à produção
televisiva. É mais um investimento que alarga os horizontes de mercado da SP Televisão, dirigido para a integral satisfação da procura dos principais canais televisivos. Toda a equipa está
entusiasmada com este novo projeto, que é mais uma prova de que o trabalho desenvolvido
está a dar frutos. É sempre gratificante verificar-se que o esforço de todos é aplicado de forma
visível no engrandecimento da empresa e na consolidação do seu futuro.
Boa leitura!
António Parente
3
TEMA DE CAPA SAÚDE
Base Holding reforça presença
no Diagnóstico
Depois de em
novembro de 2014
ter adquirido o Grupo
Esfera Saúde, a Base
Holding formalizou
a 6 de janeiro de 2015
a aquisição
da Dr. Campos Costa,
reforçando a presença
no Norte do País
O
Grupo Base Holding é hoje o
maior operador privado na área dos
Meios Complementares de Diagnóstico
e Terapêutica (MCDT) em Portugal,
graças a um extenso conjunto de
unidades de Imagiologia, Cardiologia
e Análises Clínicas, as suas áreas de
suporte, e a uma cobertura expressiva
do território, sobretudo no Norte do
País, mas igualmente na região de
Lisboa e no Algarve. Para esta expressão no mercado contribuiu a aquisição
recente da Esfera Saúde, no final de
novembro de 2014, e do consultório
Dr. Campos Costa, já a 6 de janeiro
deste ano. O início de 2015 foi igualmente marcado na Base Holding pela
operação de aumento de capital de
5 ME, reservada e integralmente subscrita pelos atuais acionistas.
As duas novas aquisições, com claro
destaque para a Dr. Campos Costa, líder
de mercado, que celebrou recentemente 70 anos de atividade, são conhecidas
por serem referências nacionais na
Imagiologia. Até à aquisição pela Base
Holding, este consultório fazia parte do
universo empresarial do Grupo Mello
Saúde. Historicamente ligado à família
Campos Costa, desenvolveu-se a par
do crescimento da Radiologia enquanto
meio auxiliar de diagnóstico. Liderou
também a inovação neste setor, de que
é exemplo a criação de uma rede privada de telerradiologia digital (MedWeb)
e está representada com 13 unidades
Clínica do Grupo
Esfera Saúde
4
N º 20 . maio
Instalações e equipamento
do grupo Dr. Campos Costa
em Matosinhos
no Norte do País, de Aveiro a Braga.
Igualmente uma referência, desta vez
no âmbito da Cardiologia e Imagiologia, a Esfera Saúde, fundada em 2008,
é conhecida nomeadamente graças a
uma das suas unidades mais prestigiadas, designada pelo nome do Prof.
Ovídeo Costa, e presta serviços num
vasto leque de especialidades. Além das
referidas também nas análises clínicas
e na Medicina Nuclear, com um total de
11 unidades.
Estas duas aquisições representam uma
nova etapa em relações já existentes
com a Base Holding. No caso da Esfera
Saúde, desde 2011 que o Grupo Base
Holding geria a atividade de análises
clínicas nas unidades daquela entidade.
Confirmando o interesse na empresa,
posicionou-se para a aquisição, que
acabou por se dar. O Grupo concretizou por outro lado a ambição antiga
de juntar o SMIC, estrutura de Imagiologia sediada no Porto, ao consultório
Dr. Campos Costa, que também opera
neste setor, concretizando uma aproxi-
2 0 1 5
mação que se iniciou em 2009, pouco
após a aquisição do SMIC.
A aquisição da Dr. Campos Costa resultou de um processo de venda aberto
e competitivo, organizado por um
intermediário financeiro para o efeito
contratado pela José de Mello Saúde.
Tratou-se de um processo demorado
e complexo, movimentando grande
número de interessados estratégicos
e privados, tanto nacionais como internacionais, que passou pela escolha
de uma short list de cinco interessados,
posteriormente reduzida a dois. A aquisição pela Base Holding acabou por
se concretizar a 6 de janeiro de 2015,
cumprindo-se assim uma ambição antiga deste Grupo.
A nova configuração da Base Holding
confirma a vertente estratégica de consolidação por aquisição de unidades,
definida desde a sua origem. No futuro,
será realizado um trabalho de identificação de oportunidades na região de
Lisboa, esperando o Grupo vir a ter
nesta cidade uma presença de maior
relevância. Se, na Cardiologia, a Base
Holding dispõe de duas unidades na
capital (a Cardioteste, no Areeiro e na
Av. da Liberdade), sendo até agora esta
representação mais significativa do que
a do Norte, com a aquisição da Prof.
Ovídeo Costa (do Grupo Esfera Saúde)
a expressão ficou mais equilibrada nas
duas regiões. Igualmente em Lisboa
surgirá ainda no primeiro semestre de
2015 um novo laboratório central de
Patologia Clínica, num espaço amplo
em Entrecampos que vai acolher os dois
laboratórios de que o Grupo dispunha
até ao momento em locais distintos.
A nova dimensão e a expressão do
corpo clínico a atuar sob a égide do
Grupo proporcionou a realização de
um Conselho Científico que decorreu
a 13 de março, em Lisboa. Neste evento
foram apresentadas comunicações e
debatidos temas em que as questões
clínicas andaram a par da gestão de
uma estrutura com a dimensão atual da
Base Holding, ao agregar um universo
B
de cerca de 50 empresas.
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TEMA DE CAPA SAÚDE
7 PERGUNTAS A…António Aguiar Moreira
CEO da Base Holding,
António Aguiar Moreira
expõe os motivos
FERNANDO BORGES
Estamos a trabalhar para um maior nível
de especialização clínica
que levaram à aquisição
das duas novas
estruturas e
os argumentos que
o Grupo ganha com
o atual perfil,
como o nível de
especialização clínica
que apenas
uma estrutura
pode proporcionar
2011 e assumem particular relevância
desde essa data na vertente das
análises clínicas, pelo que não nos era
indiferente o destino da empresa.
NM − O que ditou as aquisições das
estruturas Dr. Campos Costa e
Esfera Saúde?
AAM − As primeiras conversas que
tivemos com o Dr. Ricardo Campos
Costa foram logo em 2009, pouco
tempo depois de adquirir o SMIC. Por
isso, é um namoro antigo. Quanto à
Esfera Saúde, as relações comerciais
entre as duas empresas remontam a
− Qual a quota de mercado conseguida com estas aquisições?
− Do lado da oferta, dos prestadores de
cuidados, o mercado continua muito
atomizado e competitivo. Há alguns
operadores de maior dimensão, como
a Base, mas também muitos operadores de média e pequena dimensão,
num total de centenas. Depois ainda
temos os grupos hospitalares privados
e do setor social, e as unidades operadas pelo Serviço Nacional de Saúde
(SNS). É uma realidade extensa e com-
com grande dimensão
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plexa e, não havendo informação que
permita uma resposta precisa a essa
pergunta, no todo nacional a quota de
mercado da Base Holding nos MCDT é
reduzida.
− Que implicações tem a nova
dimensão para o Grupo?
− Em termos de gestão e do processo
que temos pela frente constitui sem
dúvida um enorme e entusiasmante
desafio. Relativamente ao impacto no
Balanço, tem sido opção da empresa e
dos acionistas desde o início manter um
Balanço sólido e um nível de endividamento confortável. Atendendo a que
estes dois projetos implicaram um
esforço de investimento muito signifi-
N º 20 . maio
cativo, apesar de termos condições para
o financiar exclusivamente com dívida,
como isso ia alterar substancialmente
o nosso grau de alavancagem, optou-se por fazer no início deste ano um
aumento de capital subscrito integralmente pelos atuais acionistas, no valor
de 5 ME.
− Que vantagens imediatas pode
trazer este salto de dimensão?
− As sinergias entre estas empresas são
muito expressivas e evidentes. Destacaria claramente no entanto dois aspetos
fundamentais, a otimização da gestão
das unidades e dos equipamentos,
sobretudo dos mais pesados, e uma
organização especializada do corpo
clínico que nos permitirá disponibilizar
um serviço médico de qualidade, altamente diferenciado e especializado,
que beneficiará muito os doentes e será
por isso certamente valorizado pelos
nossos utentes e parceiros.
das equipas, etc., bem como um conjunto de outros projetos ambiciosos
que temos em curso como é o caso da
Cardiologia de Intervenção. No entanto,
continuaremos atentos a oportunidades que possam surgir noutros mercados, até porque temos um Laboratório
e uma pequena unidade de Cardiologia
em Luanda, que acreditamos podem
ser o embrião de uma presença bem
mais relevante naquele mercado.
− O que falta ao Grupo?
− Há muito por fazer. Temos que ter a
consciência de que estamos num setor
muito sensível, com um elevado nível
de exigência, e que passa por uma
permanente evolução tecnológica e
científica. Mais do que definir o que
nos falta, temos que nos concentrar na
boa execução do que precisamos fazer
a seguir.
B
Base Holding
− Em termos de faturação prevista,
quer mencionar valores?
− A projeção para 2015 aponta para
um aumento de cerca de 50% na faturação, e ligeiramente mais no número
de atos médicos.
– A internacionalização está neste
momento fora do horizonte da Base
Holding?
− A prioridade ao longo de 2015 será
necessariamente a integração e a concretização das sinergias previstas para
as empresas recentemente adquiridas,
a eficiência de processos, o benchmarking interno, a gestão integrada
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Vila Real
Bragança
1 Unidade
1 Unidade
2 Unidades
1 Unidade
Braga
2 Unidades
3 Unidades
Porto
3 Unidades
4 Unidades
1 Unidade
Aveiro
1 Unidade
1 Unidade
Viseu
Lisboa
1 Unidade
2 Unidades
1 Unidade
2 Unidades
ANÁLISES CLÍNICAS
IMAGIOLOGIA
CARDIOLOGIA
Faro
2 Unidades
FActos e números
A Base Holding foi fundada em 2009 por um grupo de investidores de perfil
financeiro e estratégico com uma visão comum de longo prazo para os MCDT.
O Grupo procura responder aos desafios e às oportunidades que se apresentam
ao setor, através de uma estratégia de crescimento baseada em aquisições e no
desenvolvimento orgânico das suas unidades, promovendo o aproveitamento de
sinergias e o crescimento sustentado. Dos principais indicadores operacionais,
pode referir-se um aumento de 67% do número de atos médicos, de 2010 a
2014 e, no que respeita a faturação, no mesmo período, um aumento de 23%.
Eis alguns valores que permitem traçar o posicionamento do Grupo no ano
passado, assim como fazer uma projeção para o ano em curso:
Número de atos
RH
Vol. de Negócios
2014
2015 (projeção)
1580 000
2 480 000
1000
1500 profissionais (incl. médicos e técnicos)
44, 4 ME
66, 6 ME
(Fonte: Base Holding 2014)
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VINHOS ENTREVISTA
João Vieira
O novo Diretor
Comercial
MARTA CAVACO
A Multiwines tem tudo o que é preciso
para fazer a diferença
da Multiwines, empresa
em Arruda dos Vinhos
que comercializa
vinhos da Região
de Lisboa, quer pôr
a empresa a vender mais
e aumentar a
notoriedade das marcas.
João Vieira sublinha
as vantagens
competitivas
da empresa para se
afirmar perante
a concorrência
NM − Qual o âmbito das suas atribuições, procurando saber o que lhe
é pedido? Já conhecia a empresa?
JV – Passa por definir o route-to-market.
A função primária é de Diretor Comercial com o pelouro do mercado
nacional, mas na Multiwines prevalece
o espírito de equipa.
− Espírito de equipa, sem uma
delimitação clara de atribuições?
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− Exatamente e, apesar de a minha
responsabilidade ser o mercado nacional, estou empenhadíssimo em tudo o
que é necessário fazer para a internacionalização das nossas marcas, o que
me leva a trabalhar com os mercados
de exportação já abertos e a abrir novos.
− Assumiu funções no princípio de
2015, também um momento crucial,
nas vésperas do lançamento do
novo rótulo, S. Sebastião, em maio.
O corrente ano vai ser auspicioso
para a Multiwines?
− Estamos a trabalhar para isso. O meu
propósito é que este ano consigamos
não só atingir os objetivos globais
de volume de vendas como duplicar a
faturação. E o meu objetivo pessoal é ir
acima disso: ambiciono 1 ME de faturação este ano, pela primeira vez na empresa. É um trabalho que vem de trás,
do Pedro Dias, anterior Diretor Comercial e de quem o antecedeu. Estou
a agarrar todas as oportunidades e
parcerias já estabelecidas e a abrir
o leque, criando novas parcerias, quer
no mercado nacional, quer no internacional. Na área comercial, desenvolvi
uma estratégia que apresentei à Administração, nomeadamente ao seu presidente, Sr. António Parente, que foi aprovada, na sequência do que iniciámos o
processo para uma organização ainda
mais profissionalizada.
− Veio encontrar elementos que já
estavam na Multiwines e outros
novos. Como é que se deu o entrosamento entre todos? Já se conheciam?
− Os novo elementos, não! A propriedade (Quinta de São Sebastião) e a empresa (Multiwines) funcionaram como
ponto de encontro. Nenhuma das novas
pessoas que estão agora aqui a trabalhar tinha relacionamento anterior, quer
profissional, quer pessoal. A equipa é
praticamente nova.
− Parte de ideias muito concretas,
consignadas nesse documento. Este
com certeza inclui um compromisso?
N º 20 . maio
MARTA CAVACO
Um conjunto de sete painéis
da autoria de António Bustorff
ilustram as paredes da adega
da Multiwines
− Trata-se de estabelecer a forma como
queremos chegar até ao consumidor,
essencialmente no mercado nacional,
para o qual esse documento foi criado.
Além de Lisboa, temos o Algarve, que
funciona em Portugal como uma
montra para turistas nacionais e estrangeiros. Estamos a apostar muito no
turismo interno, porque estando bem
no Algarve conseguimos comunicar
com as nossas marcas com potenciais
pontos de venda, ou clientes e consumidores do País todo, em todos os
canais de distribuição, que ali afluem
durante o Verão. É muito importante
por trazerem gratas recordações às
pessoas, que estão de férias, descontraídas e, ao terem o privilégio do
contacto com as nossas marcas nesse
ambiente, cria-se uma memória positiva,
que se liga à marca de forma duradoura. Depois existe o mercado internacional, para o qual a estratégia também
está bem definida.
− Como é que se deu a transmissão
da pasta pelo seu homólogo e antecessor, Pedro Dias, numa empresa
com alguma complexidade?
− A pergunta é importante e aproveito
para enaltecer o profissionalismo de
Pedro Dias, em funções que são as mesmas que estou a desempenhar. Prova
clara desse profissionalismo é que ele
mantém uma ligação à Multiwines, o
que nos permite garantir a continuidade
do trabalho em equipa. Ficou de nos
2 0 1 5
apoiar nos mercados das Américas, o
que já está a acontecer. É uma pessoa
extraordinária, que fez um excelente
trabalho, também por ter passado a
informação sobre todos os assuntos
num período de tempo muito curto,
facto que, dada a minha experiência,
não constituiu problema.
− Falou em experiência, significa
que já vem do meio. Gostaria que
falasse um pouco sobre isso.
− Venho da Pernod Ricard, multinacional de bebidas espirituosas e vinhos, na
qual trabalhei durante seis anos no
mercado nacional. Portanto, já conhecia
grande parte dos hoje nossos clientes,
distribuidores e parceiros, o que facilita
a integração.
− Que projetos tem para a Multiwines e como pensa executá-los?
− O nosso plano de marketing assenta
em dois grandes objetivos: por um lado,
garantir um crescimento significativo
das distribuições numérica e ponderada
e, por outro, um significativo aumento
da notoriedade das marcas. Não podemos deixar de ter em consideração que,
sendo a Multiwines uma empresa do
Grupo Madre, tem de ser ambiciosa,
do ponto de vista de crescimento, em
quotas de mercado e de resultados.
A empresa tem de se tornar autossuficiente e reforçar essa vertente financeira, pois a rentabilidade é uma preocupação em qualquer negócio e aqui
não é diferente. O posicionamento
das nossas marcas também está a ser
redefinido, através do plano de marketing que estamos a concluir, o que
nos vai permitir atingir os objetivos que
propomos.
− Isso prende-se com o mediatismo
que quer imprimir ao lançamento
do novo rótulo, S. Sebastião…
Não o preocupa a necessidade de
as marcas atingirem notoriedade
num universo povoado de grande
número de concorrentes?
− Passa pelo mediatismo, mas não
apenas. Quanto à sua questão, não me
preocupa no sentido negativo. Estou
muito confiante de que o trabalho que
estamos a desenvolver vai ajudar-nos
na diferenciação da concorrência, uma
das questões-chave. Num oceano de
marcas, fazer a diferença é fundamental. E como fazê-lo? Desde logo,
pelo facto de pertencermos a um grupo
fortíssimo, muito bem estruturado e
gerido, o Grupo Madre. Temos vantagens competitivas que a grande maioria
das marcas nossas concorrentes diretas
e indiretas não tem.
− Refere-se a…?
− Começa pela qualidade inquestionável dos produtos, e que já estão
bem reconhecidos, quer nacional, quer
internacionalmente. Recordo que o
Quinta de S. Sebastião Reserva 2009 foi
9
R
VINHOS ENTREVISTA
avaliado por Robert Parker, sumidade
mundial na avaliação de vinhos com 90
pontos numa escala de 100, uma das
provas dessa qualidade. E ainda recentemente foi atribuída uma medalha de
ouro ao Mil Caminhos Tinto 2013 no
China Wine & Spirits Awards 2015.
Porém, a qualidade dos produtos per si
não é suficiente, porque isso quase
todos os concorrentes também apresentam. A diferenciação passa pelo
facto de grande parte das marcas não
terem sequer uma “parede” para
mostrar! Nós temos uma Quinta com
passado, que corporiza toda a história
dos vinhos, não só da nossa casa, mas
acima de tudo da região, mais-valia que
qualquer concorrente nosso gostaria de
ter. Além disso, pertencemos ao universo empresarial do Grupo Madre, que
nos abre outras vantagens competitivas, como a ligação a uma produtora
audiovisual, a SP Televisão, em telenovelas ou outros programas.
− Está a pensar em product
placement?
− Já o fizemos com o Quinta de
S. Sebastião e Mina Velha e continuaremos a trabalhar cada vez melhor
nesse âmbito, no futuro, nomeadamente com o S. Sebastião. Temos também a grande vantagem de o universo
do Grupo Madre integrar a editora
Guerra & Paz e outras duas empresas
que nos fortalecem, em termos competitivos: o Grupo Impresa, no âmbito
do qual temos abertura total para
trabalhar em parcerias e patrocínios
com alguns projetos seus, dando assim
destaque às nossas marcas; e o Adriana
Beach Club Hotel Resort, que através
10
de promocionais cruzados nos tem
ajudado a promover as marcas junto de
equipas de distribuidores e de pontos
de venda, muito valorizado por estes
agentes económicos. Dispomos de tudo
o que é preciso para fazermos a diferença neste oceano de marcas. Já nos
diferenciamos e queremos potenciar
ainda mais estas vantagens competitivas, o que está incluído no nosso
plano estratégico de marketing.
− A aposta no Enoturismo é para
continuar?
Perfil Conhecer
a fundo
o mercado
João Vieira, que assumiu funções
no início do ano na Multiwines,
alicerçou a sua experiência profissional no negócio das bebidas
refrigerantes, água e alcoólicas
em empresas regionais, nacionais
e multinacionais. Desempenhou
funções de Gestão Comercial e
de Marketing, bem como criador,
formador e gestor de equipas de
vendas em processos de restruturação ou redesenho do route
to market, o que lhe conferiu
um profundo conhecimento do
mercado nacional, incluindo as
Regiões Autónomas da Madeira
e dos Açores.
Chegou à Multiwines vindo da
Pernod Ricard, multinacional que
atua nos segmentos premium e
super premium, onde foi on trade
manager.
− É para desenvolver, não no sentido de
tornar a Quinta num hotel, mas no âmbito mais gastronómico e com visitas,
formação e provas vínicas. A exemplo
disso, tivemos a visita em março da
equipa da distribuidora Garcias, uma
das maiores do País. Adoraram conhecer a Quinta e saíram entusiasmadíssimos, pelo que acreditamos que este
tipo de ações contribui para reforçar a
nossa presença nos portfólios dos
nossos distribuidores; tivemos também
recentemente a visita da Just Drinks,
distribuidora do Algarve. Portanto, no
âmbito do Enoturismo, vamos desenvolver na propriedade grande número
de ações, mais uma vez em cooperação
com a SP Televisão e com o Grupo
Impresa, algumas das quais mais mediáticas, nomeadamente na altura das
vindimas, e um workshop sobre vinhos.
Em suma, traremos aqui muitos convidados e caras conhecidas do jet set
português e não só.
− Quais as suas expectativas para as
funções que está a desempenhar?
− Não entro em nenhum projeto em
que não acredite, pelo que estou aqui
de corpo e alma. Estou convicto no seu
valor e acima de tudo no potencial de
crescimento. Proponho-me ser mais um
valor acrescentado para o Grupo e para
a empresa Multiwines em particular.
Estou certo de que vamos conseguir
ultrapassar os objetivos que nos foram
propostos, com trabalho e a sabedoria
da equipa. Nada é fácil, mas diria que o
futuro é risonho, pela absoluta confiança que tenho no projeto, nas pessoas,
nas marcas, no Grupo, sem problema
em dizê-lo com toda a convicção.
B
N º 20 . maio
VINHOS
Da Europa ao Extremo Oriente
O
país onde as marcas da Multiwines já estão a dar que falar. A
s mercados internacionais representam uma importante
exemplo disso, o Quinta de S. Sebastião Reserva 2011 e Mina
vertente da afirmação da Multiwines. Começando pela Europa,
Velha Selection foram classificados com 97 pontos e 96 pontos
há que referir a presença sólida, mas ainda em crescimento, na
numa escala de 100, respetivamente, em provas cegas numa
Suíça, através da Arbalete, «com as vendas a evoluírem de
iniciativa promovida pela Global Editora e pela Associação de
forma bastante satisfatória» − como refere João Vieira, assisSommeliers da Colômbia. Tais resultados levam João Vieira a
tindo-se à crescente conquista de notoriedade pelas marcas,
mostrar a convicção de que «estamos no bom caminho».
não só junto da comunidade portuguesa, como dos suíços.
Mercados longínquos como a China começaram mais recenEm África, a empresa está igualmente representada, em
temente a ser equacionados, após a presença da Multiwines
Moçambique, pela Auxene, que tem registado grande crescino SISAB, uma das mais importantes feiras de exportação, que
mento de vendas, não apenas com produtos da Multiwines,
decorreu em Lisboa em março. Os contactos com a Ásia, porém,
mas também outros, exclusivamente de origem portuguesa.
não se esgotam aí, pelo que Singapura é um mercado a pondeEm Angola, através da Teixeira Duarte Distribuição, desde janeirar,
o mesmo acontecendo com a Austrália.
ro que as marcas da Multiwines começaram a ser colocadas no
Nesse mesmo certame acima referido, foram estabelecidos
mercado. «Ainda não temos dados concretos para poder avacontactos com os EUA e com o Canadá, neste caso para o
liar o alcance desta investida – precisa João Vieira – mas acrediOntário. Os vinhos da Multiwines já estão a ser comercializados
tamos que aquela distribuidora consiste num parceiro impornaquele país através do importador e distribuidor de vinhos
tante, assim como a Atlanfina, outra distribuidora relevante com
Abílio Nunes, que opera no Quebec.
a qual trabalhamos naquele país».
No que se refere à exportação, João Vieira salienta a criação
Na América do Sul e a começar pelo Brasil, a Natalgest, empresa
de uma parceria que integra a Wine Ventures (antiga Quinta da
sedeada na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, afirma-se
Romeira), a Quinta das Cottas,
com nova força no mercado,
no Douro e a Casa Santa Vitóconquistando clientes imporO apelo do mercado GOURMET
ria, no Alentejo. Esta ação contantes. É exemplo disso o
junta tem por objetivo comum
Sheraton de Natal e o Grupo
A China é a mais recente novidade no mapa das expora circunstância de os seus intePestana, o que faz o Diretor
tações da Multiwines, com a empresa a concretizar o
gran
tes não trabalharem isolaComercial da empresa portuprimeiro negócio para a região de Fujian, através de um
dos nos mercados internaguesa sublinhar a sua confiança
importador na Holanda que está a iniciar-se no mercacionais, mas em equipa e em
na equipa que opera todos os
do chinês. Trata-se de um destino que interessa particucomplementaridade, até pelo
dias no terreno e com a qual
larmente à empresa, segundo João Vieira, «não só pela
facto de exportarem produtos
mantém contacto permanente.
sua dimensão, mas acima de tudo pela oportunidade
distintos entre si. É neste âmbiJá no Rio de Janeiro, a presença
de entrar no mercado gourmet com as nossas marcas».
to
que estão a ser abordados o
da empresa está em vias de ser
Assim, os primeiros vinhos a serem exportados para
Reino Unido, Irlanda, França,
reforçada através da Ollin.
aquele país são o Quinta de S. Sebastião e o Minha
Alemanha, Luxemburgo e BélgiA Colômbia, com o contributo
Velha, uma vez que marcar presença naquele segmento
ca, por dois elementos, António
da Vinal, é outro caso a gerar
de mercado, exigente e conhecedor, é um dos princiLopes Vieira para o mercado
expectativa, uma vez que a dispais objetivos do posicionamento da Quinta de São
britânico e, desde abril, um
tribuidora começa a apresentar
Sebastião, quer no mercado nacional, quer no internanovo elemento, dedicado aos
resultados, conquistando pontos
cional, como revela o Diretor Comercial da empresa.
restantes mercados.
B
de venda, e por se tratar de um
2 0 1 5
11
VINHOS
A
lém do novo Diretor Comercial,
João Vieira, a atual equipa da Multiwines
integra o enólogo Filipe Sevinate Pinto,
e o responsável da adega, Sérgio Lopes,
e a sua assistente, Luísa Ferreira. E Florbela Menezes, carinhosamente designada pelos restantes elementos como
«o nosso anjo da guarda», pela importância do papel que desempenha e
o conhecimento que tem, particularmente do funcionamento da empresa
e do historial das marcas. De novo chegaram a marketing manager, Joana
Brízida, a responsável pelas compras,
Elsa Baptista, e Mário Conde, Sales
Representative para a Grande Lisboa,
uma das áreas foco, e que dará apoio
ao Algarve, onde se encontra também
Suzette Vasconcelos, que integra a
equipa a partir do Adriana Beach Club
Hotel Resort. Mais diretamente em
contacto com a vinha estão o viticultor
responsável, António Cláudio, e Francisco Paiol, um dos mais antigos empregados da Quinta de São Sebastião.
E toda esta equipa beneficia ainda
do excelente e inexcedível apoio da
holding, nomeadamente de Victoria
Pires, Patrícia Matos, Lídia David e
Ricardo Nogueira.
Está garantida a multidisciplinaridade,
correspondente às diversas áreas a
abordar e exigida pelas características
do negócio, num ambiente em que prevalece o espírito de equipa, nas palavras
de João Vieira representado na expressão ‘um por todos e todos por um’. B
12
MARTA CAVACO
Equipa baseada na entreajuda
Da esquerda para a direita: João Vieira, Mário Conde e Sérgio Lopes, Elsa Baptista, Suzette
Vasconcelos, Florbela Menezes e Joana Brízida
Ex-Diretor Comercial mantém
colaboração
Pedro Dias deixou as funções, cargo em que foi substituído por João Vieira. O
anterior Diretor Comercial da Multiwines mantém a sua ligação à empresa,
prestando colaboração para a internacionalização na América do Norte e América
do Sul.
Enquanto em funções, aquele executivo desenvolveu, na liderança de uma equipa
multidisciplinar, a feição comercial da Multiwines, nomeadamente no mercado
nacional, assim como a internacionalização das diferentes marcas de vinhos
produzidas pela empresa. Por outro lado, sob a sua égide, os contactos com o
Turismo de Lisboa deram frutos, impulsionando a inclusão da Quinta de São
Sebastião, em Arruda dos Vinhos, nas rotas do Enoturismo da região, trazendo
visitantes institucionais e particulares, assim como turistas de diversas origens
à propriedade e assim promovendo as marcas de vinhos desta chancela, de
características muito próprias.
A Pedro Dias, aqui deixamos um agradecimento pela sua dedicação à empresa
e pela iniciativa desenvolvida no desempenho das suas funções, além de votos
de sucesso no futuro profissional.
N º 20 . maio
VINHOS
Na 'montra' do SISAB
A
Multiwines fez-se representar com
os seus produtos no stand da Comissão
Vinícola da Região de Lisboa (CVR) com
a presença de João Vieira e Joana
Brízida, respetivamente Diretor Comercial e Diretora de Marketing da empresa, na 20ª edição do Salão Internacional do Sector Alimentar e Bebidas
(SISAB). A iniciativa decorreu de 2 a 4
de março no Meo Arena, no Parque das
Nações, em Lisboa. O SISAB Portugal
consiste na maior convenção anual
de empresas e empresários líderes na
exportação, cobrindo um vasto leque
de setores de atividade, do peixe à
pecuária, passando pela doçaria, vinho
e azeite, até aos transportes e logística,
entre muitos outros. Por isso mesmo, a
iniciativa é considerada a maior ‘montra’
de produtos portugueses, cujo lema
consiste em facilitar a exportação de
produtos portugueses. Iniciativa oficial
do Governo de Portugal, conta com
o alto patrocínio do Presidente da
República, Cavaco Silva.
A organização do evento destaca a
importante economia de recursos que
a iniciativa representa, ao permitir não
apenas fechar negócios como, graças
ao facto de estarem ali representados
setores complementares de grande
importância, aceder ao créditos nos
serviços financeiros presentes e ainda
contratar transportes e seguros.
O facto de reunir um total de 110 países e falantes de 20 línguas faz ainda
desta iniciativa uma oportunidade de
estabelecer contactos internacionais,
uma vez que acorreram ao local 1600
compradores de grande número de paí-
ses. Estas condições fizeram com que
tenham estado representadas na mais
recente edição meio milhar de empresas nacionais de 28 setores, exibindo
seis mil marcas e produtos. Já o número
de rótulos e embalagens patentes
durante a feira ascendeu a 16 mil.
O programa incluiu a oportunidade
de realizar provas e degustações, ao
mesmo tempo que a gastronomia portuguesa esteve em grande destaque,
particularmente as iguarias gourmet,
pela mão de chefs de renome e com
base em produtos portugueses.
De 15-17 de março, a Multiwines esteve representada na Prowein, em
Düsseldorf, na Alemanha, por António
Lopes Vieira, comercial para a parceria
de marcas portuguesas entretanto
formada e que inclui esta empresa,
juntamente com a Wine Ventures
(antiga Quinta da Romeira), a Quinta
das Cottas, no Douro e a Casa Santa
Vitória, no Alentejo.
B
Reconhecimento na China e em França
A marca de vinho Mil Caminhos 2013,
produzida pela Multiwines, foi galardoada com uma medalha de ouro no China
Wine & Spirits Awards Best Value 2015.
O CWSA é o maior e mais prestigiado
certame para marcas de vinho e de bebidas espirituosas em Hong Kong e na
China.
O júri desta competição é integrado por
elementos criteriosamente selecionados
pela organização da iniciativa num total
de uma centena de entidades, entre importadores, distribuidores e retalhistas,
todos eles operando naquela região
do mundo. Segundo a organização, os
galardões atribuídos no âmbito desta
2 0 1 5
iniciativa são o maior averbamento de
qualidade e adequação ao mercado
chinês.
Esta entidade é presidida por Kelly
England, cuja família atua no negócio
dos vinhos há 155 anos. A competição é
organizada há 15 anos na China, funcionando como elo de ligação entre o
Oriente e o Ocidente, o que leva a responsável a sublinhar a importância da
iniciativa, ao permitir «que os melhores
vinhos sejam provados pelas pessoas
certas, e recebam o reconhecimento que
merecem».
Os referidos galardões são de tal forma
levados a sério que a publicação Dinheiro
Vivo (do Diário de Notícias) as apelidou
de Oscares do Vinho.
Coincidindo com esta distinção, a empresa expediu o seu primeiro contentor
para a China em março passado.
Mas não é tudo: os vinhos Quinta de
S. Sebastião Grande Escolha Touriga
Nacional 2012 e Quinta de S. Sebastião
Branco 2014 acabam de ser premiados
respetivamente com uma Medalha de
Ouro e uma Medalha de Prata no
Challenge International du Vin France
2015 em abril. Esta competição internacional realiza-se desde 1976 em Bourg,
perto de Bordeaux, e tem por lema:
Discovering New Talents.
13
VINHOS
Garcias e Just Drinks visitaram
Quinta de São Sebastião
Entre os visitantes que
acorrem regularmente
à Quinta de São
Sebastião, destacaram-se,
em março passado,
os participantes em dois
eventos que trouxeram
a Direção e equipa
comercial
da distribuidora Garcias,
assim como
a equipa comercial
da distribuidora
Just Drinks
S
e uma prova vínica se rodeia de todo
um ritual, o facto de se realizar num
ambiente de paisagem privilegiada,
caracterizada não só pelo colorido da
sua encosta de vinha, como pela arquitetura tradicional portuguesa do final
do século XVIII, com apontamentos de
modernidade, o acontecimento pode
transformar-se numa nova experiência.
É a oportunidade de dar a conhecer a
propriedade, as suas vertentes arquitetónica e agrícola, que proporcionam ao
visitante o enquadramento histórico da
14
N º 20 . maio
produção vínica das marcas dali saídas
para todo o território nacional e também para os mercados internacionais.
Foi o que aconteceu com as recentes
visitas à Quinta de São Sebastião, em
Arruda dos Vinhos, onde são produzidas as marcas comercializadas pela
Multiwines. No decorrer do primeiro
daqueles encontros, a 6 de março, a
Direção da distribuidora Garcias e a respetiva equipa comercial visitaram a propriedade, a seguir ao que assistiram a
uma prova de dressage no picadeiro e
a uma prova dos vinhos Mil Caminhos.
Já a 13 do mesmo mês foi a vez de a
equipa comercial da distribuidora Just
Drinks ser recebida pelos anfitriões da
propriedade, com uma visita à Quinta,
prova de dressage e apresentação e
prova dos vinhos Mina Velha e Quinta
de S. Sebastião.
No dia seguinte, 14 de fevereiro, Dia
dos Namorados, os vinhos da marca
brilharam num jantar promovido no
Hotel Salgados Palace, da cadeia Nau,
em Albufeira, com a participação de
Bárbara Norton de Matos, Luís Norton
de Matos e Luís Barros, e Suzette
2 0 1 5
tada por Mário Conde. No dia seguinte,
uma iniciativa semelhante promovida
pela mesma distribuidora decorreu na
Quinta da Boavista Golf, em Lagos,
no qual a Multiwines esteve representada igualmente por aquele elemento,
Sales Representative da empresa.
B
Reconhecimento
no Algarve
A
Vasconcelos, da Multiwines, momento
registado pelo programa Fama Show
da SIC.
Provas em Lisboa
e no Algarve
Entretanto, decorreu a 16 Março a 1ª
Prova de Vinhos Just Drinks, n’O Convento, Restaurante & Wine Bar no
Convento das Bernardas, em Tavira. A
iniciativa contou com a presença de
todos os clientes da distribuidora, evento no qual a Multiwines foi represen-
s marcas de vinhos produzidas
na Quinta de São Sebastião marcam
presença num grande número de
estabelecimentos hoteleiros no Algarve, onde conquistaram lugar nas
respetivas cartas de vinhos, beneficiando de crescente reconhecimento. Entre estes hotéis contam-se
o Vila Joya e o Evaristo, na Galé, e as
seis unidades da cadeia NAU Hotels
and Resorts nos Salgados, na mesma
localidade, o Castro Marim Golfe e a
Quinta do Lago, entre outros.
15
VINHOS ENTREVISTA
Filipa Garcia
MARTA CAVACO
As novas gerações estão abertas
a experimentar
NM – Como surgiu a parceria com a
Multiwines?
FG – Surgiu em março de 2014, após
uma proposta para comercializarmos
o Mil Caminhos em exclusividade. O
portfólio da Garcias tem atualmente 7
mil referências de vinhos e espirituosos,
e algo residual de parte alimentar,
sobretudo enlatados de complemento
à restauração e à hotelaria.
Na gestão de um negócio de família,
exigem-se conhecimento do setor e ideias claras.
Diretora de Marketing, Comunicação e Novos
Negócios da Garcias, distribuidora de vinhos
e bebidas espirituosas, Filipa Garcia revisita
a história familiar e explica como pode
impor-se a marca Mil Caminhos, da Multiwines:
as novas gerações querem construir
as suas próprias referências
– Todas em exclusivo, ou não?
– Não. Trabalhamos muito com as multinacionais Bacardi Martini, Diageo e
Pernod Ricard, entre outras e para o
canal HORECA, e com várias empresas
de vinho. Além disso, temos exclusivos,
que decorrem de associações com os
produtores, marcas que só a Garcias
trabalha no mercado. As vantagens
são o controlo absoluto da marca, sem
concorrência de preços.
– E qual o espetro do território que
a vossa distribuição abrange?
– Atuamos com uma equipa de 50
comerciais que abrange de Trás-os-Montes a Vila Real de Santo António e
Ilhas. Na Madeira já temos uma delegação com quatro vendedores e, nos
Açores, um vendedor que faz uma rota
por todas as ilhas.
– Como encara a Multiwines e o Mil
Caminhos em particular?
– Temos pelo menos uma, duas marcas
em cada região vinícola. Na Região de
16
N º 20 . maio
MARTA CAVACO
Lisboa não tínhamos nenhuma, pelo
que este projeto nos pareceu interessante, ao preencher um vazio. Também
gostámos do vinho… Achámos que o
projeto tinha vários fatores-chave: bom
preço, o produto era bom, e vinha de
alguém com capacidade de investimento no seu produto – o que é muito
importante – como também meios de
divulgação. Nesse âmbito, tem de
existir sempre uma parceria entre o
produtor e o distribuidor.
– A visibilidade do produto fica
principalmente com o produtor?
– Um distribuidor tem várias marcas, e
o produtor só puxa pela dele, portanto
têm de fazer o caminho juntos. A entrada de João Vieira (Diretor Comercial
da Multiwines), tem sido uma grande
mais-valia, porque além da experiência
no mundo das bebidas e de conhecer
os players no mercado, tem conseguido
contratar sales representatives, elementos que fazem acompanhamento
à equipa de vendas, o que é fundamental. Quando esse acompanhamento não existe, principalmente numa
empresa com o número de referências
como a nossa, a sua acaba por cair no
esquecimento.
– Que canais de distribuição existem para o Mil Caminhos?
– A Garcias trabalha o Mil Caminhos
no canal HORECA. Representamos o
produto nos principais hotéis, restau-
2 0 1 5
rantes, garrafeiras e
espaços de prestígio
dentro do setor de
consumo de vinho. O
único que é difícil é a distribuição moderna, as grandes cadeias, que negoceiam diretamente com os produtores,
sem recurso a intermediários.
– Qual está a ser a repercussão?
– A Região de Lisboa é muito difícil, por
ter sido considerada de vinhos baratos.
É preciso um trabalho de anos para que
isso deixe de se verificar, esforço que
está a ser feito, e há várias marcas na
região que estão a sobressair…
– Estão a posicionar-se, têm sido
trabalhadas por enólogos de renome, e têm sido premiados.
– … só que isso exige um esforço de
anos, e iniciativa da CVR, para levar
as marcas às feiras internacionais, o que
se repercute na restauração. Infelizmente vai-se a qualquer restaurante
da Região de Lisboa e não se vêem
vinhos da região. Se havia região onde
tinha de haver vinhos de Lisboa era
em Lisboa! É complicado partir desta
base, quando nem na região os ope-
Negócio familiar construído a pulso
Filipa Garcia integra a terceira geração no negócio familiar, com assento na
Administração da empresa (presidida pelo pai, Arnaldo Garcia), e como Diretora de Marketing, Comunicação e Novos Negócios. Formou-se em Gestão e
Administração de Empresas na Universidade Católica Portuguesa e posteriormente adquiriu o grau de Mestre em Estratégia e Empreendedorismo na
mesma universidade. Numa estrutura familiar, explica, «temos de ser polivalentes, pelo que faço um pouco de tudo». Cabem-lhe o acompanhamento
à equipa de vendas, pois «na rua é que se sente o pulso às dificuldades», e as
visitas às feiras internacionais, o que lhe permite avaliar o potencial dos produtos. Além disso, encarrega-se do marketing e comunicação, e da distribuição
moderna. «É óbvio que não consigo fazer isto tudo sozinha!», esclarece, pelo
que, para uma gestão acompanhada diariamente e bem feita se fez rodear de
uma equipa de profissionais.
A Garcias foi fundada em 1981 por João Garcia e pelos filhos Arnaldo e Fátima
Garcia. Começou pela distribuição de produtos alimentares, nomeadamente
da Beira Baixa, de onde o ramo paterno da família é oriundo, e, nos anos 90,
com o boom das multinacionais de bebidas, passou a fazer da distribuição de
vinhos e bebidas espirituosas a sua atividade central. Ao longo dos últimos 34
anos, foi conquistando as rotas do País, expandindo a sua atuação a todo o
território nacional. Hoje está instalada em Alcochete, onde se encontram
armazém, escritórios e o entreposto fiscal, entre outros espaços, dispõe de
uma frota de uma centena de viaturas e emprega 220 pessoas.
17
R
MARTA CAVACO
VINHOS ENTREVISTA
radores têm a mente aberta para isso.
– Tem havido resistência à implantação deste vinho?
– Há resistência da restauração, por ser
de Lisboa e por se tratar de uma marca
que ainda não é conhecida. Estamos no
ano zero, sem histórico, em que as
equipas ainda não têm memória vínica
suficiente para poderem falar sobre ela.
– Fizeram uma visita recente à
Quinta de São Sebastião...
– A equipa esteve toda lá. E foi muito
bom, já notámos repercussão nas vendas! No 1.º trimestre fizemos mais
vendas do que em todo o ano passado,
pelo que estamos com um índice de
crescimento bastante positivo. E isto
tendo em conta que o primeiro trimestre é o pior a nível de vendas, está toda
a gente ainda cheia de stocks de Natal.
É quando ninguém vai jantar fora nem
consome, ainda todos com dificuldades
da quadra que passou. Com a chegada
do Verão é que as pessoas vão começar
a sair.
– Referiu-se a 7 mil marcas. Como é
que os comerciais fazem a gestão
de tantas designações, sem ter preferência pelas marcas A ou B?
18
– Temos preferência pelos nossos exclusivos. Quando nos pedem sugestões
para a carta de vinhos num restaurante,
são os nossos exclusivos que indicamos.
Naturalmente, não precisamos de
mencionar marcas com histórico no
mercado.
– As novidades são apreciadas?
– Exatamente! Pedem-nos sugestões,
e sugerimos a marca x de Lisboa, y do
Douro e do Algarve a z, por serem criadas por enólogos conceituados, ou
salientando as características de determinada quinta, ou ainda porque os
vinhos são comerciais. Imagine que
estamos no Algarve, onde o turista tem
muita apetência para vinhos fáceis. Os
argumentos dependem muito da região
do País de que estamos a falar.
– Que desafios enfrenta a distribuição num meio muito disputado por
empresas congéneres e inúmeras
marcas?
– Um deles é a concorrência de preços.
Todos os dias a nossa Direção Comercial recebe telefonemas de vendedores,
dizendo que um concorrente baixou
5 cêntimos, se podemos acompanhar
ou não, para não perder determinado
negócio. Se pretendemos manter a
faturação frequentemente temos de
ceder, redundando em margem que
se perde. Portanto, temos de ir sabendo
fazer outros negócios que compensem
essas perdas, rodeando-nos de exclusivos que nos permitem alcançar uma
rentabilidade maior. Esse equilíbrio consegue-se com um portfólio de exclusivos, com marcas coerentes e que nos
sejam solicitadas, conhecidas a nível
internacional.
– A possibilidade de se posicionar
nas redes sociais facilita o seu
trabalho?
– Facilitou bastante o budget dos
marketeers. Fizemos uma aposta no último ano no Facebook, em detrimento
de anúncios em revistas do meio. As
redes sociais tiveram um impacto brutal
na gestão de como se vê o público e
na rapidez do feedback.
– O público sabe escolher e consumir as marcas que tem ao seu dispor e mostra-se aberto a sugestões?
– As novas gerações estão muito mais
abertas, interessadas em conhecer o que
consomem, não só nas bebidas, mas
em tudo e a experimentar coisas novas,
preferindo-as às marcas consagradas, para terem um elemento diferenciador. B
N º 20 . maio
AGROALIMENTAR
Novos sabores na ‘cesta’ da Agrivabe
No novo bloco de estufas
que está a ser construído
na Quinta do Mirante,
além da framboesa,
tradicional desde
a fundação da empresa,
a Agrivabe
vai introduzir
duas novas espécies
a título experimental
num pequeno setor:
stá a surgir um novo bloco de estufas
com 2.4 hectares na Quinta do Mirante,
propriedade no concelho de Tavira onde
a Agrivabe produz pequenos frutos vermelhos em hidroponia para exportação.
Enquanto nos restantes quatro blocos
se produz exclusivamente framboesa,
neste novo conjunto de estufas vão
surgir, além deste fruto, duas novas
espécies num pequeno espaço a título
de experiência: amora e mirtilo. Este
bloco começará a dar frutos em 2016
e vem juntar-se aos restantes, com 10.9
hectares, passando a empresa a dispor
de um total de 13.3 hectares de estufas.
A diversificação das culturas vai ao
encontro da estratégia da Driscoll’s,
parceira da empresa, aguardando-se
a recetividade dos mercados internacionais a estas espécies. Quanto aos
motivos da escolha, no caso do mirtilo
e apesar de não existir um histórico da
cultura deste fruto em Portugal, as
características do fruto permitem-lhe
manter as qualidades mesmo após uma
viagem longa. Por outro lado, é de destacar que, atualmente, as técnicas de
produção mais avançadas de mirtilo se
encontram em Portugal e na Califórnia,
fator salientado em entrevista recente
pelo Diretor de Operações da referida
distribuidora, Nuno Simões.
A construção do bloco 5 é da responsabilidade de uma empresa especializada neste tipo de estruturas, a Marques
Caeiro, Lda, e inclui 16 capelas. Na fase
da construção em que se encontra, é
possível ver a estrutura do edifício em
alumínio e até os cabos que sustentarão o ecrã térmico, dispositivo com que
MARTA CAVACO
amora e mirtilo
E
O 'pico' da campanha
de framboesa
foi atingido em abril.
A Agrivabe espera alcançar
um volume de produção
de 10 toneladas diárias
2 0 1 5
19
R
MARTA CAVACO
AGROALIMENTAR
o bloco será apetrechado, à semelhança dos restantes. A construção estará
terminada no final de junho.
No início da segunda semana de abril,
em pleno ‘pico’ da primeira campanha
de framboesa, nas semanas 15 e 16
deste ano (podendo ainda prolongar-se
até à 18), a Agrivabe regista intenso
movimento, seja no interior dos blocos,
com a apanha dos frutos, seja no exterior com a circulação dos transportes
destes para o armazém onde se procede à pesagem, embalagem e etiquetagem, antes da expedição para o exterior.
O volume, naquela data, situava-se
entre as 6 e as 6,5 toneladas diárias, e
a expectativa da Diretora Técnica e Operacional da empresa é de que se chegasse às 10 toneladas. A azáfama é tal
que Paula Pedro não esconde o entusiasmo, garantindo: «Temos fruta!». É
um facto que o ciclo de produção exige
uma cuidadosa preparação ao longo do
ano, mas os resultados são visíveis apenas num período muito breve, como
salienta Carla Martins, Diretora Geral e
Gerente da Agrivabe, resumindo-se a
nove, dez semanas, em três ou quatro
das quais se concentra o maior volume
e são decisivas.
Para este movimento na Quinta do
Mirante contribuem os trabalhadores
20
MARTA CAVACO
Estufa da Agrivabe na Quinta do Mirante, em Tavira, onde a empresa está a erguer o Bloco 5
contratados para a colheita, que no
referido período ascenderam a 300.
Sendo a mão-de-obra um dos fatores
críticos para o funcionamento da empresa, é fundamental que não faltem
recursos quando são necessários, dada
a existência de grande número de empresas congéneres na região. A contratação destes ativos efetua-se em
três vertentes: recurso a empresas de
trabalho temporário, contratações diretas e oferta internacional de emprego.
Deste último procedimento chegaram
à Quinta do Mirante este ano trabalhadores pela primeira vez de origem
búlgara, alguns deles com experiência
anterior na Agricultura e em Portugal.
A estada na região para a campanha
dá-se por cerca de dois meses.
A necessidade de controlo da produção
levou à criação de uma parceira com
a Hubel Verde, do Grupo Hubel, no
qual se insere a maior empresa da
organização de produtores Madrefruta
(Hubel Agrícola), que presta assessoria
técnica à Agrivabe na condução da
cultura e em estreito contacto com a
Diretora Técnica, parceria que tem funcionado bem, «numa boa sintonia com
a Agrivabe» − salienta Carla Martins.
Esta assessoria permite dispor de valores precisos da produção diária, e à
organização de produtores planear o
respetivo escoamento.
Consolidação
de resultados
O ano de 2015 é de consolidação de
resultados para a Agrivabe, em que
a empresa vai tentar um resultado
económico positivo. A Direção Geral
espera ver a consagração dos esforços
feitos até agora, no termo de um período de dois, três anos em que se verificaram diversas mudanças em cargos de
chefia e alterações na estrutura societária, enquanto a experiência adquirida
N º 20 . maio
MARTA CAVACO
ao longo desse tempo permitiu afinar
procedimentos dos quais espera agora
ver os resultados.
Além do volume de produção que se
espera alcançar (24 a 25 toneladas por
hectare no decorrer da primeira e principal campanha do ano), a qualidade da
produção é um desígnio fundamental,
uma vez que o objetivo é a exportação
para os exigentes mercados do Norte
da Europa, indicador que também dita
o preço a que a fruta será remunerada.
Como refere ainda a Diretora Geral e
Gerente da empresa, o mercado nacional não é prioridade para a Agrivabe,
pelo que são distribuídos no mercado
português apenas os frutos que não
são escoados para o exterior.
Empenhada na gestão sustentável,
surgiram soluções de aproveitamento
de excedentes de frutos que não têm
condições para exportação, pelo que a
empresa está a participar, juntamente
com os parceiros da Madrefruta, na
conceção de um projeto de transformação em sumos, polpa e compotas.
Neste estudo prévio, foi envolvida a
Universidade do Algarve, com a qual foi
celebrado um protocolo para o desenvolvimento daqueles novos produtos.
A organização de produtores está nesta
fase a estudar a forma de levar o pro-
jeto à prática, com o contributo de
todos os parceiros, dada a necessidade
de alimentar um fluxo de produção,
e a equacionar nesta fase o investimento necessário para concretizar esta
operação.
B
Liderança no feminino
Os principais cargos de gestão da Agrivabe são atualmente ocupados
por três elementos femininos, Carla Martins, Diretora Geral e Gerente e que
desempenhou inicialmente funções como Diretora Financeira quando
chegou à empresa em 2012, Paula Pedro, Diretora Técnica e Operacional e
Ana Sofia Fernandes, Chefe de Quinta. Na cúpula da empresa, só a Direção
de Recursos Humanos é exercida por um elemento masculino, Luciano
Figueiredo. A circunstância é digna de nota por ser relativamente invulgar,
num País em que há ainda muito a fazer até se alcançar a igualdade de
género em cargos de chefia no meio empresarial e na política.
A situação não melhora no contexto europeu, de acordo com os resultados
de um inquérito da Comissão Europeia de 12 de março de 2015, onde se conclui
que, nas principais empresas, apenas 1 em cada 7 membros do conselho de
administração é uma mulher.
Estes dados confirmam a informação contida noutro relatório mais antigo,
de 2013, intitulado Report on women and men in leadership positions and
gender equality strategy mid-term
review, da mesma instituição, de
acordo com o qual as mulheres
em cargos de chefia são apenas
16.6% (1 em 6), nas empresas da
Europa a 27. Os países em que se
registam os níveis mais elevados
de representação feminina em
cargos de chefia no espaço europeu são a Finlândia (29.1%), a
Letónia (29%), seguidos de perto
pela França (26.8%), e pela Suécia
(26.5%). Portugal figura no penúltimo lugar da lista, com a percenDa esquerda para a direita: Ana Sofia Fernandes, Carla Martins
tagem de 7.1%.
e Paula Pedro no decorrer de uma reunião de trabalho
2 0 1 5
21
TURISMO
MARTA CAVACO
Adriana Beach Club
Hotel Resort
Abertura da
temporada
supera
expectativas
O resort algarvio abriu
ao público a 27 de março
passado, com uma
afluência que superou
as previsões,
maioritariamente
de turistas portugueses
e espanhóis, que ali
acorreram atraídos
pelas condições
de acolhimento e pelo
bom tempo.
As expectativas são
de ocupação plena
na época alta
22
J
á é possível fazer um balanço da
abertura da atual temporada no Adriana
Beach Club Hotel Resort, de acordo com
dados divulgados pela unidade hoteleira em Albufeira no Algarve, assim como
avançar uma previsão para o decorrer
da época alta. O resort abriu as portas
ao público a 27 de março passado, registando um afluência maioritariamente
de turistas portugueses e espanhóis (ver
gráfico), encorajados pelo bom tempo
que se fez sentir nos dias que antecederam a Páscoa e durante o fim de
semana da quadra. Os clientes britânicos também privilegiaram a unidade
hoteleira, enquanto os escandinavos
estiveram representados pelos grupos
de Desportos. Já a ausência de turistas
oriundos de França, Bélgica e Holanda
se deve, segundo a Direção do resort,
ao início tardio de voos dos operadores
internacionais.
A abertura superou as expectativas, com
o número de quartos ocupados superior
em 52% à previsão para aquelas datas,
assim como a taxa de ocupação, também superior em 52% em relação às
expectativas. Quanto ao número de
clientes, aumentou 73%, e o pax médio
por alojamento registou um aumento
de 14%, enquanto o preço médio por
quarto registou um aumento de 14%.
De acordo com dados relativos a 2014,
registou-se o aumento de 4% da venda
antecipada, o que permitiu o incremento das vendas. Verificou-se também o
incremento da ponderação das vendas
nos canais Grupos (3%) e Diretos (6%)
através da redução da ponderação das
vendas no canal Operadores (11%),
destacando-se também a entrada de
novos Operadores de Grupos. Por outro
lado, a faturação da Internet representa
16% das vendas, valor superior em 2%
em relação ao ano anterior (destaque
para a Booking, Hotels4U, Expedia e
Logitravel), redundando numa menor
dependência dos grandes operadores,
o que permite diversificar a venda por
outros operadores e aumentar os preços.
Por último, a unidade hoteleira prevê
N º 20 . maio
MARTA CAVACO
igualmente reabilitadas. Esforçando-se
por proporcionar um bom ambiente de
trabalho, a Direção sublinha que a postura profissional não impede que exista
um ambiente familiar, como salientou
Mar Bayo, nesta unidade há cinco anos.
Antecipando a temporada
balnear
ocupação plena durante a época alta
de 2015, a testemunhar – embora os
sinais sejam ainda ténues – alguma
recuperação da Economia e do poder
de compra das famílias portuguesas.
Completa a remodelação
dos quartos
Com o resort encerrado entre 31 de
outubro e a semana que antecede
da Páscoa (feriado móvel), dada a sazonalidade que caracteriza a atividade
hoteleira no Algarve, decorreram nesse
período obras de manutenção dos edifícios, equipamentos e espaços exteriores. No Inverno passado procedeu-se à
3.ª e última fase de remodelação dos
quartos, abrangendo as 116 divisões
standard, em prol do conforto dos hóspedes que ali acorrem. Foram também
remodeladas a envolvente do Restaurante Grill e a esplanada do Restaurante
português, junto a uma das piscinas.
Atendendo ao primado da sustentabilidade e à preocupação em reciclar, reutilizar e reconverter, «a fórmula dos três
‘r’ », como salienta Mar Bayo, Diretora
Geral da unidade hoteleira, optou-se
por manter o mobiliário de origem, conferindo um toque de modernidade na
decoração, do leque de tons utilizados
na pintura do mobiliário e das paredes
aos têxteis e adereços.
2 0 1 5
Ainda enquadrada nessa postura, pautada pela atitude responsável que se
estende «do comer bem ao respeito
pelo Ambiente», passando pelo apoio
às empresas locais e à cultura da região,
o resort mantem uma pequena horta
com produtos hortícolas e ervas aromáticas, onde crianças e adultos podem
entreter-se numa atividade a que porventura nas grandes cidades não têm
acesso. Afinal, trata-se do reconhecimento de que atitudes como estas,
partindo de indivíduos ou de pequenos
grupos e empresas, se forem generalizadas, podem fazer a diferença no
Ambiente e redundar na cidadania
responsável.
A generalidade das instalações do
resort, quartos incluídos, passou a estar
equipada com splinters, que substituíram os anteriores equipamentos de
ar condicionado centralizado, solução
que permite regular a temperatura dos
quartos ao critério dos ocupantes. Televisores LCD foram também instalados
nos quartos.
Não foram apenas os espaços públicos
e os quartos a beneficiarem de remodelação. Mantendo uma equipa estável nas
posições-chave, trabalham durante a
temporada no resort alguns elementos
de fora da região, pelo que dispõem de
alojamento nas instalações, que foram
O resort abriu o acesso à praia, com
espreguiçadeiras e chapéus de sol,
antecipando a abertura oficial da época
balnear, que ocorre na região no início
do mês de maio, graças a uma autorização da Delegação Marítima de Albufeira, serviço gratuito que proporciona
aos hóspedes do hotel.
A unidade hoteleira onde vigora o sistema Tudo Incluído, que privilegia a
relação personalizada com os clientes,
apostando na respetiva fidelização, tem
recebido reconhecimento generalizado.
A satisfação pode ser testemunhada
pela distinção atribuída pelo site Trip
Advisor, plataforma online que regista
comentários de turistas após terem
passado por destinos de férias em todo
o mundo, procurada pela informação
independente a que o leitor acede em
busca de comentários, avaliações e
críticas publicados por quem visitou os
locais para onde se propõe viajar.
Num contexto mais vasto, estes resultados enquadram-se com o Turismo
designado setor estratégico para a
Economia em Portugal, pelo contributo
relevante em termos do PIB (cerca de
10%), um dos setores que mais contribui para as exportações (cerca de
14%) e o maior exportador de serviços
(cerca de 46% de exportações de serviços), de acordo com dados da PwC
B
Portugal de 2014.
23
AUDIOVISUAL
MAR SALGADO devolveu
a autoestima a Setúbal
O
JOSÉ PINTO RIBEIRO
último dia de gravações de Mar
Salgado decorreu em Setúbal, a 13 de
maio, numa reconstituição do círio
fluvial das Festas de Nossa Senhora
do Rosário de Troia, operação coordenada pela SP Televisão. Durante a
cerimónia, na qual esteve presente
Maria das Dores Meira, as embarcações
engalanadas atravessaram a baía,
na que é uma das
principais festas
dos pescadores da
cidade.
A Presidente da
Câmara Municipal
de Setúbal salientou o impacto da
novela da SIC (líder
no horário nobre,
com mais de milhão e meio de es-
pectadores diários e 32% de share
diário médio) para a cidade, não apenas
no Turismo, como para a população, a
quem devolveu a autoestima.
Mar Salgado incluiu exteriores gravados
ao longo de mais de cem dias em Setúbal, e a produtora contou com o
apoio da autarquia, que disponibilizou
espaços públicos e edifícios municipais
para as gravações, assim como na isenção de taxas municipais. Espectadora
regular da novela – sempre que a agenda lho permite – Maria das Dores Meira
mostrou-se muito feliz com os resultados desta parceria com a produtora,
e salientou os laços que se forjaram
entre a população de Setúbal e o elenco
da novela..
B
Os sonhos de Rita
em livro
A
Guerra & Paz Editores vai publicar
este mês um livro de Rita Redshoes,
com o título Sonhos de Uma Rapariga
Quase Normal, em que revela uma
faceta até agora desconhecida, de
autora literária e ilustradora.
Rita lembra-se em pormenor de todos
os relatos e, neste livro, conta 40 desses
sonhos, que acompanha com outras
tantas ilustrações a cores. Os sonhos de
Rita tanto envolvem familiares e pessoas
24
comuns, como figuras públicas como
Obama, Maria Callas, Passos Coelho,
António Costa ou Pinto da Costa.
O resultado é um gift-book a quatro
cores, «um pequeno luxo», como a
editora o designa.
Rita Redshoes é principalmente conhecida pela sua carreira na música e pelo
êxito Hold Still, depois de ter sido vocalista dos Atomic Bees e teclista de David
Fonseca. E 2008 lançou o primeiro ál-
bum a solo com o nome atual, Golden
Era. É também porta-voz da Associação
Fonográfica Portuguesa no combate à
pirataria na Internet.
B
N º 20 . maio
AUDIOVISUAL
A SP Televisão investiu
num novo sistema de
pós-produção da norte-
JOSÉ PINTO RIBEIRO
Investimento em novos equipamentos
de pós-produção
-americana Avid.
Substituindo
os equipamentos
que funcionaram desde
a fundação da empresa
em 2007, a nova
instalação coloca
a produtora portuguesa
na primeira linha nesta
área, em Portugal
e fora do País,
proporcionando-lhe
ao mesmo tempo
um backup e arquivo
com acessibilidade
e segurança
2 0 1 5
A
s atividades de bastidores da produção televisiva são raramente citadas.
Mais facilmente a SP Televisão dá a
conhecer os seus títulos e a vertente
dos desempenhos e da criação de
conteúdos, assim como dos resultados
obtidos no que respeita a audiências. A
circunstância de ter realizado um investimento a rondar os 500 mil euros em
novos equipamentos de pós-produção
centrou as atenções na correção de cor,
na edição de vídeo e na sonoplastia e
na respetiva importância no resultado
final das produções.
Os novos equipamentos, que incluem
as mais modernas soluções de hardware
(Isis, da Avid Tecnhology) e software na
pós-produção vídeo e áudio, Media
Composer e Pro Tools no áudio, ambos
também da Avid Tecnhology (ver texto
nas páginas 29, 30 e 31), vêm substituir
os que estiveram a funcionar durante
sete anos, desde a fundação da empresa até agora e que ainda vão estar em
uso durante grande parte do corrente
ano. Serão estreados nas novas produções a iniciar-se em 2015, a exemplo
da novela Poderosas, cujas gravações
começaram em março passado. No que
respeita a Mar Salgado, que começou
a ser transmitida em setembro de 2014,
manter-se-á a ser editado no sistema
antigo, designado Final Cut 07, até ao
final, o que significa que, na fase de
transição, estarão em funcionamento
os dois softwares de edição.
O investimento decorre de uma decisão
estratégica enquadrada no crescimento
25
R
AUDIOVISUAL
da produtora, consistente desde a fundação, assim como a sua atualização
tecnológica. João Pedro Lopes, CEO da
SP Televisão, explica a aquisição dos
novos equipamentos por ser evidente
que o anterior estava já subdimensionado para as atuais exigências de
funcionamento da produtora. Para se
perceber melhor esta afirmação, basta
lembrar que a empresa iniciou a atividade com uma produção apenas e
atualmente mantém três a gravar em
simultâneo. Além disso, recorde-se que,
ao adotar a gravação em Alta Definição
(vulgarmente conhecida por HD, sigla
de High Definition), desde o início da
atividade, as necessidades de ocupação
de espaço em disco são desde então
muito superiores às requeridas pelo
sistema anterior àquele, SD (Standard
Definition). Por outro lado, o prolongamento da vida dos equipamentos
iniciais estava a implicar algum risco
para a empresa, com a utilização de
soluções de recurso, dada a quantidade
de dados com que a pós-produção
atualmente trabalha. Ainda assim, por
decisão da empresa, o sistema antigo
manter-se-á nas instalações, sendo utilizado noutros projetos menos exigentes,
ou dando apoio numa fase inicial a
novos projetos.
Segundo Miguel Oliveira, além de chefe
de edição de Mar Salgado, coordenador da pós-produção vídeo da SP
Televisão, a gestão do novo sistema
lança um desafio interessante aos
envolvidos pela articulação da estrutura
com o software, acrescendo a formação, sabendo-se que a oportunidade
de pôr «as mãos na massa» só ocorreu
26
no final do primeiro trimestre deste
ano. Para os outros dois responsáveis
pelas referidas áreas da pós-produção,
respetivamente Luís Marques da Silva
(correção de cor) e José Cardoso (sonoplastia), a melhoria de procedimentos
e de resultados é evidente, pelo que
acreditam que tanto os operadores
naqueles três setores como a empresa
ganharão muito com a implementação
do novo sistema. Neste núcleo, Luís
Marques da Silva, na SP Televisão desde
a fundação, é responsável pela correção
de cor (color grading) de novelas e séries
televisivas, assim como pela conceção
e execução das infraestruturas técnicas
nas áreas de estúdios e pós-produção
O investimento decorre
de uma decisão estratégica
enquadrada no crescimento
da produtora
da SP Televisão. Miguel Oliveira, igualmente fundador da produtora, editou
séries e novelas, de Vila Faia a Perfeito
Coração, Liberdade 21, Laços de Sangue, Cidade Despida e Sol de Inverno,
entre outras. Por seu turno, José Cardoso é, desde início de 2005, responsável
e coordenador dos departamentos de
pós-produção áudio nos locais de trabalho, nomeadamente na SP Televisão,
em produções como Liberdade 21,
Laços de Sangue e Mar Salgado, entre
muitas outras.
A substituição do equipamento original
decorreu após se ponderar maduramente sobre a questão. Para isso, os
três profissionais puseram-se em campo
para procurar as soluções existentes no
mercado que melhor correspondessem
às suas necessidades. Sublinham a liberdade com que atuaram na pesquisa e
na escolha do sistema a adquirir, que a
Administração pretendia se adequasse
às respetivas necessidades, o que se
traduziu «numa enorme responsabilidade», ao serem incumbidos «do aconselhamento sobre a aquisição a fazer».
Tecnologicamente atualizada, a empresa, que trilha o caminho da internacionalização, ficará a par dos procedimentos em uso a nível internacional,
melhorando a qualidade do produto
final. Recorde-se ainda que esta atualização surge após a aquisição das
instalações contíguas ao estúdio, em
S. Marcos, onde na sequência da reabilitação do edifício ali existente surgirá
nomeadamente um espaço concebido
de raiz com características específicas
para alojar salas de pós-produção, além
de novos estúdios.
O processo de escolha decorreu durante
mais de um ano e incluiu a visita a uma
das duas maiores feiras de equipamentos do setor, a IBC 2013, em Amsterdão, onde a indústria dá a conhecer
a cada ano as novidades ao mercado.
Com uma lista inicial de sete fornecedores e as respetivas propostas, e após
cuidadosa análise, muita discussão e
reflexão, chegou-se a duas opções –
uma solução ‘chave-na-mão’ (em que
um único fornecedor apresenta um
sistema integrado e testado) e outra,
composta por soluções provindas de
várias origens – das quais viria a ser
escolhida a primeira, fornecida pela
Avid, cuja proposta se mostrava mais
interessante para a SP Televisão. Não
N º 20 . maio
JOSÉ PINTO RIBEIRO
existindo o sistema perfeito, a opção
recaiu sobre a que foi considerada
melhor proposta existente no mercado
e que inspira maior confiança, nomeadamente pela rapidez de execução dos
procedimentos que proporciona – libertando as equipas para a criatividade –
e pela capacidade de armazenamento
de dados, com segurança e rapidez de
acesso, o que cria um quadro novo para
a atuação da pós-produção na empresa.
Atualização tecnológica
A adequação dos procedimentos da
empresa à evolução da tecnologia é um
fator sempre em cima da mesa, como
sublinha Luís Marques da Silva: «Temos
de nos preparar para os próximos 3 a 5
anos, num quadro em que as exigências técnicas são cada vez maiores,
proporcionadas pelo desenvolvimento
da ciência e tecnologia, pelo que não
podemos ficar para trás».
A atualização tecnológica das empresas
que atuam nesta área torna-se assim
um imperativo, apesar de se saber que
os equipamentos e o software acaba-
2 0 1 5
rão por ficar desatualizados em algum
momento após o seu lançamento.
Ainda assim, como sublinha aquele
elemento, os lançamentos de novos
equipamentos e programas surgem no
mercado aproximadamente no final de
cada ciclo de três anos, o que permite
a quem está atento ao aparecimento
das novidades adquiri-las na altura do
seu aparecimento, assegurando-lhes
assim alguma longevidade. Foi exatamente isso que aconteceu com a aquisição em apreço pela SP Televisão, em
pleno processo de escolha. Alertados
para o facto de estar iminente o aparecimento de novidades no mercado,
aguardou-se o momento certo. A espera permitiu à pós-produção ter acesso,
por exemplo, a soluções de armazenamento com o dobro da capacidade da
existente inicialmente, pelo valor inicial.
Numa fase de transição e ainda a funcionar no edifício-sede da SP Televisão,
a pós-produção conta atualmente com
18 salas, pelas quais se distribuem os
cerca de 30 elementos que operam nas
três áreas que a integram. Trabalho de
bastidores, praticamente invisível, ou
«de fim de linha», como o classifica
José Cardoso, a pós-produção, nas suas
três vertentes, consiste também de tarefas solitárias, já que os seus elementos
trabalham sozinhos nas suas estações.
O processo começou pela implementação do novo sistema, passando-se
depois à instalação, o que exigiu uma
reorganização dos espaços alocados a
esta área. Uma operação delicada e
pensada ao pormenor, destacam os
três elementos, em todas as vertentes
da execução, até no momento escolhido para ser realizada, de forma a
permitir que as rotinas deste setor não
fossem interrompidas. O objetivo era
ter o novo sistema a operar em pleno
no final de março ou abril. Durante a
fase de transição, procedeu-se à cópia
de dados de um servidor para outro –
uma operação que demorou dezenas
de horas – sem que a atividade diária
da pós-produção tenha alguma vez
sido interrompida.
É preciso saber que, além da melhoria
dos procedimentos anteriormente em
27
R
AUDIOVISUAL
uso, o novo sistema vai trazer novas
valências que os três consideram uma
aquisição importante e que vai fazer a
diferença. Referem-se por exemplo à
capacidade de realizar backups dos
conteúdos que chegam resultantes da
produção diária. A possibilidade de ter
um sistema de replicação de ficheiros
seguro e acessível é um dos adquiridos
atuais, e uma exigência das produtoras,
visto que o vulgar suporte magnético
para gravação, as chamadas cassetes,
tendem a acabar e tudo o que vai
circular dos estúdios para as salas de
pós-produção resume-se a ficheiros de
vídeo (data). Neste ambiente inteiramente digital, o risco de se perderem
ficheiros é real, uma vez que a possibilidade de avaria dos equipamentos
nunca está inteiramente arredada e tem
de ser prevenida. Por outro lado, a SP
Televisão passa também a dispor de um
arquivo onde são guardados e catalogados os produtos finais.
Para se ter uma ideia das necessidades
de espaço atuais da produtora, o dia-a-dia está contabilizado em mais de 200
terabytes. Parte deste volume será
apagado ao fim de algum tempo, após
o termo da transmissão da produção a
que estão relacionados, ficando apenas
guardado o produto final. Já o número
que contabiliza a produção total da
produtora desde o início até hoje não
foi ainda achado e está sempre a
crescer, como é de imaginar. O armazenamento destes ficheiros digitais,
explica Luís Marques da Silva, não se
processa apenas em discos rígidos, mas
igualmente em fita magnética, como as
antigas cassetes, o sistema de arquivo
28
em fita linear designado LTO (Linear
Tape Open) e que na sua conceção não
dependem de circuitos eletrónicos, proporcionando uma dupla segurança aos
responsáveis por este setor da empresa,
na área de arquivo de dados.
Da estação
de pós-produção
a casa do espectador
Ao espectador, em casa, não será indiferente o salto tecnológico que se está
a operar na SP Televisão, nos produtos
que lhe chegam pelos canais clientes da
empresa. Porém, há que ter em conta
que os procedimentos na produtora
são mais avançados dos que os adotados pelas estações emissoras, salienta
Luís Marques da Silva. No que respeita
à correção de cor, explica que a
possibilidade de trabalhar ficheiros com
mais informação, apesar de não chegarem a casa do espectador de forma
semelhante, devido aos constrangimentos já referidos, vai tornar-se ainda
assim percetível por quem assiste aos
programas, sublinhando-se igualmente
os melhoramentos do ponto de vista de
criatividade.
José Cardoso considera, por seu turno,
que a versatilidade permitida pelo novo
sistema vai certamente ter repercussão
no resultado final, algo que não escapará ao público, mais pela vertente
humana do que pela técnica: «O nosso
trabalho enquanto técnicos e criativos
vai melhorar, porque vamos ter uma
capacidade de resposta diferente da
atual». Aquele elemento refere-se à
rapidez de procedimentos, permitindo
«abrilhantar o trabalho», graças a essa
aquisição. Dando um exemplo desta
nuance, José Cardoso refere: «Em casa
o espectador não tem noção se as
musicas têm qualidade em mp3 ou
wav. Percebe, contudo, se a música
ilustra determinada cena de forma a
proporcionar-lhe mais dinâmica e fazê-la ‘crescer’», sublinhando assim que,
graças a processos mais rápidos, se
liberta a capacidade criativa.
Envolvidos e extremamente empenhados nas respetivas tarefas, que desempenham com gosto, Luís Marques da
Silva fala pelos três ao salientar as
potencialidades que o novo sistema
proporciona a este setor criativo, permitindo-lhe fazer a diferença em relação
às empresas congéneres. Por isso, os
três líderes de uma equipa mais vasta
não escondem o entusiasmo que o
processo está a gerar, mais uma etapa
do envolvimento que os liga à atividade
profissional, que lhes exige um misto de
valências, do domínio técnico à criatividade, passando pelo à-vontade com a
informática. Logo, a expectativa quanto
ao pleno funcionamento do novo
sistema é enorme.
Miguel Oliveira acredita que o processo
de implementação do novo sistema
poderá tornar-se um case study para
a Amperel, empresa que representa
os equipamentos em Portugal e para
a Avid. «Após nós o termos feito,
alguém vai querer fazer semelhante».
Não surpreende, pois, dada a envergadura e a complexidade desta instalação
e do perfil da SP Televisão, a maior
produtora independente em Portugal,
que esta seja uma operação inédita
no País.
B
N º 20 . maio
AUDIOVISUAL
projeto à medida
O equipamento
e software agora
adquiridos pela SP
Televisão são
maioritariamente
originários da Avid,
empresa
norte-americana
representada em
Portugal pela Amperel.
No seu conjunto,
o projeto
foi concebido à medida
das necessidades
da produtora
portuguesa
2 0 1 5
A
Avid tornou-se uma referência de
inovação no mercado da produção de
Cinema e Televisão desde que surgiu
em 1993, e marcou a transição da edição tradicional para a digital, consagrada por diversos prémios. Um deles foi o
Oscar atribuído a Walter Murch pela
edição de O Paciente Inglês (1996),
realizada com ferramenta Avid, e que
marcou a história do Cinema pelo facto
de ter sido o primeiro daqueles galardões atribuído a um filme editado
digitalmente.
Sediada em Burlington, Massachussetts,
nos Estados Unidos, a empresa tem
centros de assemblagem na Irlanda
e escritórios centrais na Europa em
Pinewood, no Reino Unido, localidade
conhecida por ali se encontraram os
estúdios de cinema com o mesmo
nome, e também delegações em vários
outros países europeus. Emprega atualmente mais de 2700 pessoas. Curiosamente, a Avid conta entre os seus
parceiros tecnológicos com a MOG,
uma empresa portuguesa sediada na
Maia que desenvolve ferramentas MXF
e soluções de ingest centralizado.
O facto de trabalhar desde o início da
década de 1990 para os grandes estúdios em Hollywood levou a que tenha
estendido a sua influência a todo o
mundo. Esta capacidade de implantação trouxe-a até Portugal, onde é
representada pela Amperel, Electrónica
Industrial, SA, fundada em 1976. Trata-se de uma das empresas mais antigas
em Portugal nas áreas da Televisão,
vídeo e áudio, e distinguiu-se graças ao
leque de marcas e fabricantes estrangeiros que representa, entre as quais a
Avid, desde 1991. Segundo Orlando
Serrenho, Diretor-Geral da Amperel, a
empresa construiu a sua reputação
também por proporcionar um conjunto
de serviços indispensáveis aos seus clientes, algo que, «dadas as atuais condições do mercado, poucos se aventuram
a fazer». Atua num nicho, disponibilizando equipas da técnica à de projeto,
além da vertente comercial, e propõe a
chamada solução ‘chave-na-mão’.
Os contactos entre a Amperel e os
atuais responsáveis da SP Televisão
remontam ao passado, quando estes e
equipas técnicas e artísticas estavam
ligadas à NBP e à SP Filmes, pelo que as
conversações que rodearam o projeto
em apreço decorreram em clima de
conhecimento mútuo.
As soluções da Avid são há muito adotadas no País pelas estações televisivas,
produtoras e pós-produtoras, e ainda
nas universidades. A que vai equipar a
SP Televisão foi desenhada à medida,
correspondendo a um minucioso caderno de encargos e inclui grandes pilares,
da conceção do projeto, fornecimento
do sistema e instalação do equipamento à formação e apoio, numa altura
em que o mercado da Televisão –
sublinha Orlando Serrenho – está a
voltar a animar-se com o aparecimento
de novos programas.
29
R
JOSÉ PINTO RIBEIRO
AUDIOVISUAL
JOSÉ PINTO RIBEIRO
A conceção do projeto envolveu elementos das três empresas, SP Televisão,
Amperel e Avid, cujos representantes se
deslocaram a Portugal e que conjuntamente se empenharam em encontrar
a solução técnica que melhor se
adaptava ao modelo de funcionamento
da produtora. «O desenvolvimento do
projeto decorre de necessidades que
provinham da experiência do sistema
anterior, das respetivas limitações e
também das vantagens, condições que
a SP Televisão pretendia manter e
Miguel Oliveira (na foto de cima),
Luís Marques da Silva (à direita)
e José Cardoso (em baixo),
lideram a equipa de pós-produção
da SP Televisão e puseram
a funcionar o novo sistema
JOSÉ PINTO RIBEIRO
outras obviamente melhorar» − recorda
Orlando Serrenho.
Segundo este responsável, as soluções
desenvolvidas pela Avid são flexíveis e
compatíveis entre si. Habitualmente
designadas ‘sistema colaborativo’, são
um dos argumentos a favor do
hardware e software que desenvolve
(que, no caso da SP Televisão, correrá
em computadores Mac por decisão da
empresa), redundando numa rentabilização dos meios e melhoria dos processos das empresas que as adquirem. Em
30
N º 20 . maio
complemento, os contratos de manutenção permitem à representante desta
marca norte-americana acorrer quando
solicitada a problemas que eventualmente surjam e resolvê-los em tempo
útil, sem que a atividade da empresa
cliente seja interrompida.
Gonçalo Fernandes, engenheiro e responsável da Amperel pelo projeto, por
seu turno, sublinha, entre este leque de
soluções, a capacidade atual de armazenamento de dados, que tem vindo a
aumentar quase exponencialmente. A
possibilidade de se construir um servidor com maior número de unidades
de armazenamento é outra evolução
recente, assim como a capacidade de
agregar um maior número de utilizadores do que até há pouco tempo,
assim como estações de edição. Segundo este elemento e dada a experiência
das equipas da SP Televisão, a preocupação da Amperel centrou-se em
dar formação no âmbito da gestão
do sistema, conhecida pela facilitação
e rapidez de processos.
A Avid assenta a sua comunicação
numa mensagem de eficiência, poder
de execução, redundando na geração
de lucros graças a propostas «capazes
de enfrentar as soluções de emissão
hoje e no futuro», como pode ler-se na
página oficial da empresa, num ambiente altamente competitivo e no qual
opera grande número de empresas
congéneres, empenhadas em sobressair
no mercado.
Recorrentemente premiada ao longo
do seu percurso, de um total de dois
Oscares, um Grammy e 14 Emmys,
destaca-se o Emmy técnico atribuído à
2 0 1 5
De O PACIENTE INGLÊS
a JOGOS DA FOME
A maior parte do software criado pela Avid a ser usado na SP Televisão é
sobejamente conhecido pelos profissionais do setor, ao mesmo tempo que
são autênticas bandeiras da empresa norte-americana. E ainda pelos
estudantes, quer nas universidades, quer nos politécnicos onde os cursos
cujos curricula integram a pós-produção são ministrados. Eis o elenco de
alguns destes programas:
Media Composer – Depois de ter inovado a edição em Cinema e também
na Televisão, testemunhada pelo Oscar atribuído à edição de O Paciente
Inglês, o Media Composer da Avid é uma referência da empresa e
porventura a sua aplicação mais conhecida. Este programa foi o utilizado
pelos editores do filme The Hunger Games – Catching Fire, da série Jogos
da Fome, o que é usado como cartão-de-visita da Avid para divulgação desta
ferramenta de edição. O Media Composer é considerado o software de
edição não linear de vídeo, para Cinema, Televisão e notícias mais confiável
do mercado.
Pro Tools – As soluções de áudio da Avid são reconhecidas mundialmente
como a plataforma de referência de tratamento de áudio e música do
mercado, permitindo maximizar a capacidade criativa da produção. Um dos
mais recentes e revolucionários produtos Avid na área do áudio é a
superfície de controlo S6, modular e adaptável a música e pós-produção.
Avid Interplay – Sistema de gestão de media em ambiente colaborativo
integrando produção, edição e pós-produção, automatizando e
optimizando os fluxos de trabalho.
Avid Isis – Sistema de armazenamento partilhado (server), integrando a
capacidade de armazenamento com acesso online simultâneo ao conteúdo
armazenado pelas estações de edição de vídeo, áudio e gráficos.
empresa e aos fundadores na categoria
Outstanding Engineering Development,
em 1993, pela aplicação de edição
de vídeo Media Composer. Em 1999,
a Avid recebeu um Oscar para a apli-
cação do programa Film Composer.
A empresa norte-americana prepara-se para divulgar esta operação na SP
Televisão, pela importância de que se
reveste num país europeu.
B
31
AUDIOVISUAL
INVESTIMENTO
O projeto
de Arquitetura do novo
polo de produção
RODRIGO DE SOUZA
Aqui vai surgir um novo polo
de produção
da SP Televisão está
a ser amadurecido,
correspondendo a um
caderno de encargos
de grande complexidade
definido pela produtora.
Pretende-se um todo
integrado que inclua
o edifício já existente
e em que a
funcionalidade é apenas
uma das vertentes
A
s exigências técnicas e artísticas
fazem dos estúdios de Televisão e Cinema da atualidade edifícios de características muito próprias e com especificidades sem paralelo no âmbito da Arquitetura industrial. Por isso, o projeto do
novo polo de produção da SP Televisão
em S. Marcos − considerado um grande
desafio empresarial − está a ser amadu-
32
recido, correspondendo a um caderno
de encargos de grande complexidade
definido pela produtora. Para a exposição de tais requisitos contribuiu a longa
experiência dos profissionais de empresa, em diversos níveis de responsabilidade, incluindo realizadores, técnicos
e diretores de estúdios, conhecimento
que está a ser transmitido aos arquitetos que executarão a incumbência,
atendendo às vertentes artística e
económica.
A ideia escolhida tem origem num dos
três gabinetes de Arquitetura inicialmente convidados para conceber uma
proposta para a criação do novo polo e
que está a trabalhar a partir de um conceito definido. Pretende-se a total integração entre os dois edifícios, antigo e
novo, na funcionalidade, harmonia, em
termos ambientais e urbanísticos.
A autarquia vê com bons olhos o surgimento deste novo polo na sua circunscrição, destinado a uma indústria não
poluente e de uma empresa relevante
para o concelho de Sintra, como investidora e empregadora.
O complexo final – que não ficará
pronto antes de um ano e meio, assim
se prevê − fará das instalações da SP
Televisão uma referência ao nível das
produtoras independentes na Europa,
como sublinha Jorge Marecos, Administrador da SP Televisão.
Não existindo no País especialização em
edifícios semelhantes e embora a construção em causa se enquadre na Arquitetura industrial, a especificidade da
produção televisiva nos estúdios que ali
vão surgir faz deste projeto um caso
complexo, ponderado ao mais ínfimo
pormenor.
N º 20 . maio
O primeiro condicionamento passa pela
necessidade de insonorização do edifício, já que as instalações se encontram
nas imediações da Linha de Sintra e de
uma autoestrada muito movimentada,
o IC 19. Não são estas duas fontes de
ruído, porém, as únicas a ter em conta.
A existência de estúdios de ficção, onde
as gravações exigem absoluto silêncio e
de um estúdio de entretenimento, com
público a assistir e ele mesmo emissor
de ruído, coloca um desafio técnico
acrescido a esta construção. Além disso,
as características destes estúdios são
distintas entre si, nomeadamente no
que se refere ao pé direito das salas, de
6 a 7 m para os de ficção, e 12 m para
os de entretenimento.
A desejada funcionalidade do futuro
polo de produção será tanto mais
conseguida quanto forem tidas em
conta questões como a necessidade de
circulação de pessoas antes e no termo
das gravações, ou durante os intervalos,
por exemplo entre os estúdios e o restaurante que funciona na empresa e as
salas de apoio aos estúdios. Questões
que se colocam à rotina de uma produtora mas difíceis de resolver com
eficácia, num espaço onde se cruza
grande número de artistas, técnicos
e figurantes, além dos funcionários
permanentes da produtora, havendo
que prever que parte dessa circulação
se faça a céu aberto e nem sempre em
condições atmosféricas amenas.
Com o alargamento do espaço atual, a
SP Televisão passará a dispor de um total
de 3,5 hectares, onde ficarão concentradas todas as atividades da empresa, algumas das quais atualmente dispersas por
vários edifícios, nas imediações da sede
ou em locais mais distantes. No mesmo
perímetro ficarão instalados os atuais
três polos de produção, estúdios e serviços, como a Direção de Conteúdos, o
Armazém de Adereços, a Continuidade
e o Departamento Gráfico. A empresa
passará a dispor de mais espaço para
estacionamento, triplicando a capacidade atual. Nos planos próximos da produtora está a instalação de quatro novos
estúdios, três destinados à produção de
ficção e um para entretenimento.
B
Da indústria produtiva à criativa
Por todo o mundo, os estúdios têm
requisitos semelhantes: precisam de
espaço e de boas acessibilidades, pelo
que os locais eleitos para serem instalados são geralmente afastados dos
grandes centros urbanos, onde possa
chegar rapidamente quem lá exerce a
sua atividade. E se, no exterior, pode
descrever-se os estúdios de Cinema e
de Televisão como quase sempre integrados por grandes naves industriais
junto das quais se instalam os serviços
de apoio, dos restaurantes aos armazéns, guarda-roupa, etc., o seu interior
desmente qualquer semelhança com
demais indústrias.
Não se registando em Portugal produção industrial que tenha justificado a
criação de know how na edificação de
estúdios, existem modelos internacio-
2 0 1 5
nais, como os Pinewood Studios, na
localidade do mesmo nome no Reino
Unido, exemplo conhecido de estrutura que, além de produtora, é prestadora de serviços nas atividades de
Televisão e Cinema. E é igualmente
consultora na construção de estruturas
para o mesmo fim. Ou a Cinecittà, em
Roma, que chega a acolher visitas de
interessados, investigadores e mesmo
turistas, tal o interesse que as instalações suscitam, por se tratar de um
ícone do cinema do século XX. A ponto
de nas imediações ter sido inaugurado
em julho de 2014 o Cinecittà World,
parque de diversões temático.
No país vizinho, a Globomedia, produtora audiovisual líder no país e com
destaque na Europa, cujos estúdios
entre Fuencarral e Alcobendas, em
Madrid podem ser visitados, é conhecido pelo seu sistema misto (produção
própria e aluguer de estúdios a outros
produtores).
No espaço onde vai surgir o novo polo
de produção da SP Televisão, contíguo
ao da sede, existiu até agora uma nave
central coberta, espaços de armazenamento e amplas áreas a céu aberto,
mas a nova edificação vai certamente
transfigurar o local, uma vez que o uso
a que se destina é totalmente distinto
do inicial. Onde até há pouco tempo
existiu uma fábrica de sinalética, atividade produtiva comum no último
quartel do século XX, vai surgir um
polo audiovisual, a atestar do impulso
às indústrias criativas que caracterizam
a viragem do século e consistem numa
das tendências do século XXI.
33
AUDIOVISUAL
OS NOSSOS DIAS
Chegaram ao fim as gravações
da novela mais longa
A segunda temporada
de Os Nossos Dias
começou a ir para o ar
a 6 de abril na RTP1
e a transmissão vai
prolongar-se até
ao final de 2016.
O último dia em estúdio,
a 4 de março passado,
foi de emoções intensas.
Terminaram
as gravações
da novela mais longa
da Televisão
portuguesa,
com 600 episódios
A
inda pouco de sabe do argumento
da segunda temporada de Os Nossos
Dias, a novela mais longa da Televisão
portuguesa, que já estreou e vai estar
no ar até ao final de 2016, à hora do
almoço (14.15) na RTP1, pois os interve-
34
nientes souberam guardar os chamados
spoilers desta produção. As gravações
terminaram a 4 de março, com o elenco
e equipa técnica de emoções à flor da
pele, satisfeitos com o trabalho desenvolvido e simultaneamente tristes por se
tratar do desfecho de uma experiência
gratificante. A estreia ocorreu 6 de abril
na RTP1 e a transmissão vai prolongar-se até ao final de 2016.
O tradicional jantar de confraternização
do termo das gravações reuniu todos os
envolvidos, num adeus que, na opinião
de Joaquim Nicolau, bem podia ser um
«até já!». Ator do núcleo dos taxistas
desta novela, o único núcleo que transi-
tou da primeira para a segunda temporada, faz um balanço muito positivo
desta participação e veria com bons
olhos o reaparecimento da Imperial
Táxis no centro de uma sitcom.
O facto de se tratar de uma produção
low cost, motivado pelo período de crise
que levou à contenção nos orçamentos,
não significa, para Joaquim Nicolau, um
produto menos digno, ou um resultado
menos apelativo para o público espectador. «Sem grandes exteriores, nem
paisagens de tirar o fôlego», a novela
assentou no texto e no trabalho dos
atores, com o que «conseguimos que
as pessoas aderissem, dando um con-
N º 20 . maio
tributo honesto, numa produção que
deu trabalho a muitos profissionais» –
sublinha. «Não é bife do lombo, mas
é de alcatra» − explica, comparando o
produto televisivo a uma refeição num
restaurante. E prossegue no mesmo
registo, referindo que, para tomar uma
boa refeição, não tem de ser necessariamente num restaurante caro: «Existem boas casas, de bom gosto, onde se
tomar uma refeição de qualidade, um
bom bacalhau cozido, um bom bife, e
sair-se satisfeito».
Este raciocínio para afirmar que a
participação em Os Nossos Dias deixou
elenco e equipa técnica satisfeitos com
o contributo geral – e o ator e produtor
teatral sublinha que fala pelos outros
integrantes da equipa, com a autoridade conferida dado o contacto havido
desde o início da produção – e com a
noção de que se apresentou «um produto digno». Convicto de que a novela
não apenas cumpriu mas superou os
objetivos (as audiências naquele horário
aumentaram quase para o dobro com
a transmissão da primeira temporada,
lembra, o que faz desta produção uma
«aposta ganha»), Joaquim Nicolau
chama a atenção a quem de direito
para o óbvio, o facto de se ter aberto
uma janela de oportunidade para produtos com características semelhantes:
«Existe um público com apetência para
este produto e outros semelhantes»,
pelo que é de ter isso em conta, «procurar esses espectadores e ir ao encontro deles, com novas criações».
O período durante o qual decorreu esta
produção foi extremamente exigente
para o ator. Gravou nos estúdios da SP
Televisão no Quintanilho. No papel do
taxista Valdemar Damásio da Imperial,
empresa de táxis de aluguer, percorreu
o País em digressão com o espetáculo
Táxis d’Os Nossos Dias, produção teatral da responsabilidade de Alexandre
Hachmeister da comédia criada a partir
daquele núcleo da novela, dado o seu
sucesso na trama. Além disso, o ator
manteve em cena a peça O Dote,
comédia estreada em Santarém e, por
incrível que pareça, integrou o elenco
de outro espetáculo, A Loucura dos 50,
em que foi pontualmente substituído
por João Maria Pinto, quando a representação foi impossível de conciliar com
as gravações.
Ao Diretor de Projeto da segunda temporada desta novela, Adriano Luz, que
se estreou nestas funções em Os Nossos
Dias, o estatuto low cost não resultou
num condicionamento para esta produção. A experiência acumulada como
ator, encenador, realizador de Televisão
e de Cinema, diretor artístico de uma
produtora televisiva e dramaturgo, à
qual foi buscar referência para o desem-
penho destas funções – e nas quais se
incluem as decisões sobre em que gastar o dinheiro disponível – conferem-lhe
autoridade sobre a questão. E leva-o a
concluir que, por vezes, «se fazem gastos em grandes acontecimentos, que se
esgotam num episódio». Ou seja, sem
retorno equivalente numa produção.
Na novela em apreço, Adriano Luz
lembra que as limitações de orçamento
levaram a contenção de gastos, nomeadamente nos exteriores. Ainda assim,
o público poderá valorizar o facto de,
sendo o argumento centrado na cidade
de Lisboa durante a primeira temporada, foi decidido, em conjunto pela RTP
e pela produtora, alargar um pouco o
leque de imagens exibidas à Área Metropolitana de Lisboa, o que permitiu incluir
imagens da capital vista da Margem Sul
e das praias da Linha, nomeadamente,
o que valorizou a produção.
A extensão da novela com os seus 600
episódios iria contra a preferência do
Diretor de Projeto da segunda temporada de Os Nossos Dias, se não fosse
o facto de esta temporada ser completamente diferente
da primeira, o que
a torna praticamente uma novela
nova, com novos
plots narrativos e
um elenco quase
inteiramente renovado. Conhecida a
sua posição a favor
de séries mais
curtas, Adriano Luz
reconhece que esta
é uma produção
Laurent Filipe e Adriano Luz
2 0 1 5
35
R
AUDIOVISUAL
feita em condições ditadas pela atual
situação do País.
De um elenco extenso, para Luís
Lourenço, que faz par romântico com
Sara Barradas, a prestação em Os
Nossos Dias coincidiu com a passagem
de uma década de carreira (estreou-se
em Morangos Com Açúcar) e que
assinalou o seu regresso à Televisão.
Tivera a última participação na novela
Deixa que te leve (TVI, 2009), e considera este regresso um agradável presente. Um dos protagonistas da novela,
Luís Lourenço está convicto de que o
refrescar do argumento na segunda
temporada permite que não se sinta o
arrastamento da narrativa que por
vezes se verifica nas ficções muito longas, mostrando-se feliz com o resultado
final da temporada que acabou de
gravar. Ator, cenógrafo e autor, concilia
a Televisão com o Teatro, e é Diretor
Artístico e encenador no Teatro Gil
Vicente, em Cascais.
Quanto ao argumento, na segunda
temporada, assiste-se a uma luta constante pela verdade e pela justiça, um
jogo no qual a confiança mútua desapareceu, um universo povoado por
pessoas comuns, em que o registo
dramático convive com o cómico. No
desenrolar de uma história marcada
pela realidade portuguesa contemporânea, cruzam-se os núcleos da
pensão, das famílias Castilho, Ribeiro,
Rodrigues e Almeida e da empresa
Imperial Táxis, do café e da agência de
publicidade. Em destaque, o percurso
de Alice (Sara Barradas), que se aproxima de Guilherme (Luís Lourenço),
filho da vilã da história, Emília Castilho,
(Luísa Cruz) com o objetivo da vingança, desígnio que o inesperado acaba
por subverter.
Os Nossos Dias é transmitida, além da
RTP1, igualmente na RTPi, RTP África,
RTPi América e RTPi Ásia.
B
As novas caras
Luís Lourenço
Sara Barradas
Maria João Luís
Cláudia Cadima
Carlos Cunha
Fernando Ferrão
Daniel Martinho
Sabri Lucas
Maria D’Aires
Márcia Breia
Pedro Giestas
Laurent Filipe
Patrícia Candoso
Os ‘repetentes’
Joaquim Nicolau
Anabela Pires
Sandra Faleiro
Sofia Arruda
Rui Melo
Miguel Costa
Filipa Gordo
Tantos dias
d’OS NOSSOS DIAS
A
o princípio parecia um desafio quase impossível ou, pelo menos, de elevado grau de dificuldade. Nunca se tinha
feito nada assim: mais de quinhentos
episódios a gravar em menos de ano e
meio. Mas o desafio cumpriu-se graças
ao empenhamento de um vasta equipa:
actores, realizadores, técnicos, guionistas e membros da produção.
36
Trezentos episódios já foram emitidos e
mais trezentos aguardam pela exibição.
Os que já foram exibidos têm obtido
resultados de audiência extremamente
positivos. E pelo meio ainda houve
tempo de escrever, ensaiar e difundir
em vários teatros do País e também na
RTP uma comédia musical saída d’Os
Nossos Dias. Foi, por isso, para mim,
um grande prazer ter participado neste
desafio que parecia impossível.
José Martins
(Diretor de Atores da novela e encenador da
peça Táxis d’Os Nossos Dias)
N º 20 . maio
AUDIOVISUAL
De L. A. a Lisboa a ensinar guionismo
Como achar temas
originais para interessar
o público? Este foi
um dos conteúdos
do workshop
de guionismo
promovido
pela SP Televisão
A
SP Televisão promoveu um novo
workshop de Guionismo, com a designação genérica Estimular o Espírito
Criativo, para os autores da empresa,
a 1 e 2 de maio passado no Hotel Inspira Santa Marta, dirigido por Carole
Kirschner e Kathie Fong Yoneda.
2 0 1 5
Do primeiro dia do alinhamento deste
seminário fez parte a exposição do
modelo das estações televisivas norte-americanas, e de alguns temas de interesse para quem escreve argumentos,
como a criação de ideias novas para
séries e episódios, a revisitação e o
recurso a temas universais e míticos, a
interação entre personagens, e o papel
do conflito interior e exterior na criação
de personagens originais. Houve também oportunidade para exercícios e
debate sobre os temas apresentados.
No segundo dia, falou-se de diálogo e
subtexto, novas formas de estruturar
cenas e diálogos, técnicas para gerar
ideias originais, e ainda formas de
captar o interesse das audiências.
As duas formadoras são reconhecidas
pelo seu trabalho nas grandes produtoras americanas. Carole Kirshner trabalhou como executiva sénior de Televisão
durante 16 anos na CBS e como vice-presidente da Amblin Entertainment,
produtora de Steven Spielberg, trabalhando com autores. Atualmente dirige
os programas de formação Writers Guild
of America’s Showrunner Training Program, CBS Diversity Writers Mentoring
Program, e Humanitas New Voices
Program. Durante o seu percurso como
executiva, Carole ouviu cerca de 3.300
pitches, adquiriu centenas de guiões e
esteve envolvida em dezenas de séries.
É autora do livro Hollywood Game Plan:
How to Land a Job in Film, TV or Digital
Entertainment (Michael Wiese Productions, 2012). Formadora internacional,
Carole leciona workshops orientados
para o desenvolvimento de novas séries
de televisão e entendimento do modelo
de televisão americano.
Kathie Fong Yoneda, por seu turno, é
consultora de entretenimento, tendo-se especializado no desenvolvimento
e comercialização de filmes de ação e
animação, Televisão, literatura e projetos web. Ex-executiva da Disney,
Touchstone, Island Pictures e Disney TV
Animation, leciona workshops em todo
o mundo, procurados nomeadamente
por escritores premiados internacionalmente. É coautora, com Pamela Wallace,
de The Script-Selling Game (Michael
Wiese Productions, 2002). Integra ainda os quadros da produtora francesa
Imago e da The LAWEBFEST, o maior
festival de séries online. Foi coprodutora
executiva da série Beyond the Break, e
leciona o curso Pitch & Presentation na
Screenwriters University.
B
37
AUDIOVISUAL
Exotismo de Kuala Lumpur
no arranque de PODEROSAS
Uma equipa técnica e artística gravou em Kuala
Lumpur e no arquipélago de Langkawi,
na Malásia, as imagens do arranque da nova
novela portuguesa da SIC, Poderosas.
Entre eles, Margarida Marinho e Rogério Samora,
um dos pares protagonistas. Com esta produção,
a SP Televisão marca presença num novo horário
naquela estação, o das 22.30
O
exotismo das paisagens de Kuala
Lumpur, capital da Malásia e de
Langkawi marcam os primeiros episódios da nova novela da SIC, Poderosas,
destinada à segunda faixa do horário
38
nobre, a seguir à transmissão de Mar
Salgado, que estreou a 18 de maio.
Para João Pedro Lopes, CEO da SP Televisão, a presença neste horário representa uma aposta da estação na ficção
nacional e também uma nova responsabilidade para a produtora, uma vez
que substituiu Império, um título da
Globo, no mesmo horário. Com esta
produção, a empresa é mais uma vez
posta à prova perante o seu mais direto
‘juiz’: o público. A pouco tempo da
estreia, aquele responsável mostrava-se
contido nas suas afirmações, declarando que os objetivos são os de sempre:
«Fazer um bom produto».
Recorde-se que a SIC detém a liderança
de forma consistente no horário nobre,
com as novelas da SP Televisão, desde
a transmissão de Dancin’ Days, em
2012, título com o qual disputou a liderança no mesmo horário à TVI.
Para a captação das imagens do arranque da novela, uma equipa técnica e
artística viajou para a Malásia em fevereiro passado, onde permaneceu duas
semanas. Os atores gravaram durante
uma semana, contando-se entre eles
alguns dos protagonistas, Margarida
Marinho e Rogério Samora, que desempenham os papéis de um casal que fica
noivo naquelas exóticas paragens. No
argumento da novela, a revelação do
noivado de Marina e José Maria encontra oposição da parte da filha desta,
empresária de sucesso e viúva há dois
anos.
Ao contrário, o pai e o irmão de José
Maria, empresário de Desporto, exultam
com a notícia do novo enlace.
Além dos dois consagrados atores,
gravaram também na Malásia Joana
Ribeiro, Tomás Alves e Lia Carvalho.
Uma vasta equipa técnica incluiu o
Diretor de Produção, Nuno Marvão,
o realizador Hugo Xavier, o Diretor
de Fotografia António Inácio, entre
N º 20 . maio
outros, num total de catorze elementos.
Para a autoria, a produtora voltou a
convidar Patrícia Müller, que escreveu
anteriormente Rosa Fogo, igualmente
produzida pela SP Televisão para a SIC
e que foi transmitida em 2011-2012.
A novela foi nomeada para o Emmy
Internacional na sua categoria naquele
ano. A equipa desta autora integra
os guionistas Catarina Dias, Catarina
Peixoto, Elisabete Moreira, Patrícia
Castanheira, Sara Sampaio Simões
e Vítor Elias. A Direção de Produção é
de Bruno Oliveira.
De acordo com a sinopse do argumento, a novela centra-se num caso de
vingança de três mulheres, que se unem
contra um homem por motivos distintos. O argumento desenvolve-se em
torno de vários núcleos ligados entre si
por laços de diferentes índoles, com a
Família Nogueira, o núcleo designado
d’Os Três Malandros (José Maria, o pai
e o irmão deste), o núcleo do Palacete,
o do sapateiro e o do salão de bilhar.
O elenco, além dos já referidos, inclui
Ana Nave, Andreia Dinis, Ângelo Rodrigues, Dânia Neto, Jorge Corrula, Julie
Sergeant, Rui Mendes, Joaquim Nicolau,
Maria João Luís, Manuel Cavaco, Miguel
Borralho, Pedro Sousa, Rita Loureiro,
Rui Melo, Sara Leitão, Soraia Chaves,
Tiago Aldeia, João Jesus, Mafalda Tavares e Adriano Luz.
B
Soraia Chaves, Maria João Luís e Joana Ribeiro na apresentação de Poderosas, a 11 de maio,
em Lisboa
2 0 1 5
Apresentação
debaixo
de chuva
A
s expectativas quanto à transmissão da nova novela são elevadas, a
julgar pelas declarações de Luís
Marques durante a apresentação à
Comunicação Social do elenco da
novela, ao fim da tarde de 8 de abril.
O evento decorreu na Galeria Raul
Solnado da Casa do Artista, em
Lisboa, e reuniu o elenco em peso,
jornalistas, a equipa de realização e
representantes da SIC e da SP Televisão. O Administrador Editorial do
Grupo Impresa salientou os bons
resultados obtidos pela ficção portuguesa na estação e revelou que a
apresentação de uma segunda novela no horário da noite é um objetivo
de longa data da sua equipa e seu.
Jorge Marecos, Administrador da SP
Televisão, por seu turno, revelou as
expectativas da produtora quanto
à exibição de Poderosas, ao afirmar
que pretende conquistar aquele
horário com este novo produto. Esta
presença no horário nobre da SIC
vem ao encontro de um desejo antigo da produtora, de ter duas produções no ar, o que designou como ter
alcançado ‘a terra prometida’.
Levantando um pouco o véu sobre o
conteúdo da novela, Patrícia Muller
confirmou que se trata de uma
história de poder, sublinhando as
vertentes da ternura, do amor e da
solidariedade.
39
AUDIOVISUAL
José Pinto Ribeiro
SP Televisão e Globomedia
com projetos para o futuro
A
SP Televisão e a Globomedia celebraram um protocolo que consagra
uma parceria de colaboração, destinada
à produção de programas baseados em
formatos de ficção e entretenimento
de ambas as empresas, em Espanha,
Portugal e o resto do mundo. Nas palavras de Piet Hein Bakker, Diretor da SP
S. Sebastião
Um vinho para o dia-a-dia
A
Multiwines acaba de lançar uma
nova gama completa de vinhos (tinto,
branco e rosé, leque ao qual será mais
tarde acrescentado o tinto Reserva) no
seu portfólio de marcas, para o posicionamento Super Premium. O S. Sebastião surge da necessidade de colmatar
a elevada procura para os vinhos da
Quinta de São Sebastião, cuja produção
está limitada à vinha da propriedade,
em Arruda dos Vinhos, que começa a
não ser suficiente para satisfazer a pro-
40
cura pelos clientes da empresa. A nova
marca decorre também da oportunidade inerente ao relacionamento que
a Multiwines tem vindo a desenvolver
com alguns viticultores da região, junto
dos quais seleciona as melhores uvas.
A marca S. Sebastião consiste no culminar do desenvolvimento da Multiwines
a nível produtivo e comercial e o objetivo é torná-la uma marca central no crescimento da empresa. A nova gama de
vinhos foi desenvolvida a pensar tanto no
Entertainment, trata-se de «uma iniciativa ibérica, para ‘conquistar’ o mundo». Juntando forças, as duas empresas
têm como objetivo criar versões locais
de novelas como Sol de Inverno ou
Perfeito Coração, em países como a
Bélgica, a Alemanha, o Brasil e no Médio Oriente. A cerimónia decorreu na
Quinta de São Sebastião, a 30 de abril
passado, perante representantes institucionais das duas empresas. O documento foi assinado por António Parente,
presidente da produtora portuguesa e
por Daniel Écija, congénere da empresa
espanhola, após o que salientaram o
empenho mútuo nos projetos futuros
das duas empresas, que geram grandes
expectativas. O evento serviu de pretexto para uma prova de vinhos da propriedade e uma exibição de equitação
à portuguesa. A noite encerrou com
fados.
B
mercado nacional como internacional,
aos quais chegará através dos canais de
que a empresa dispõe atualmente para
os outros vinhos que produz, assim como outros canais em desenvolvimento.
O novo vinho surgirá em garrafas de
formato semelhante ao Mina Velha,
outro vinho da empresa, e ostenta um
rótulo com a imagem em relevo do
edifício-matriz da propriedade. O target
são as classes A e B, a faixa etária entre
os 30-35 anos e destina-se a ser consumido no dia-a-dia.
O lançamento ocorreu em dois momentos: um destinado à imprensa especializada e críticos do setor, e outro
para um círculo de amigos de António
Parente.
B
N º 20 . maio

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