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N º. 2 0 SAÚDE Base Holding reforça presença no Norte AGROALIMENTAR Multiwines chega à China S. Sebastião no mercado Nova estufa para framboesas, amoras e mirtilos AUDIOVISUAL SP Televisão com novo equipamento de pós-produção . M A I . 2 0 1 5 ÍNDICE Tema de capa BASE HOLDING REFORÇA PRESENÇA 4 Audiovisual INVESTIMENTO NA PÓS-PRODUÇÃO | 25 Entrevista JOÃO VIEIRA 8 Audiovisual CHEGARAM AO FIM AS GRAVAÇÕES DE OS NOSSOS DIAS | 34 Entrevista FILIPA GARCIA 16 | Agroalimentar NOVOS SABORES NA ‘CESTA’ DA AGRIVABE | Turismo ABERTURA DA TEMPORADA SUPERA EXPECTATIVAS | Audiovisual PROTOCOLO SP TELEVISÃO E GLOBOMEDIA 40 22 | Audiovisual EXOTISMO NO ARRANQUE DE PODEROSAS 38 19 | | Vinhos LANÇAMENTO DO S. SEBASTIÃO 40 | | FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE : Madre, SGPS SEDE : Av. da Liberdade, 144-156, 6º Dtº, 1250-146 Lisboa, Tel: 213 243 220, Fax: 213 243 239 [email protected] www.madre.com.pt FOTOGRAFIAS : Arquivo Madre e stock.xchng. PAGINAÇÃO E ARTE FINAL: Inês Mateus IMPRESSÃO E ACABAMENTO : Europress Indústria Gráfica PERIODICIDADE : Semestral TIRAGEM : 800 exemplares DEPÓSITO LEGAL N.º 272037/08 1 MARTA CAVACO Num ano de consolidação de resultados, a Agrivabe, empresa em Tavira que produz pequenos frutos vermelhos para exportação, prepara-se para diversificar a produção com duas novas espécies, amora e mirtilo JOSÉ PINTO RIBEIEIRO EDITORIAL E m mais um número da Notícias Madre continuamos como habitualmente a dar conheci- mento dos acontecimentos mais representativos da nossa actividade. Apesar das notícias otimistas que vão sendo canalizadas em que aparentemente tudo está bem e caminha- mos em marcha acelerada para retomar a prosperidade, a verdade é que na economia real, aquela que está mais próxima das empresas e das famílias, isso não se sente e é pouco mais do que uma ilusão. Todavia, não adianta lamentar a realidade, há fundamentalmente que reagir e contornar os obstáculos que se vão deparando utilizando a nossa experiência, criatividade e capacidade empreendedora para garantir ao mercado níveis de eficiência que nos tornem competitivos. Esta perspetiva é transversal a todas as atividades do nosso grupo de empresas, independentemente do setor de atividade em que atuam. Na presente edição, começamos por dar especial destaque às mais recentes aquisições da Base Holding, que desde o início do ano conta no seu portefólio de unidades com a Esfera Saúde e a Campos Costa, constituindo-se hoje como a principal referência privada na área dos Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, aumentando a sua dimensão, medida pelo volume de negócios, em mais 50%. O desafio que se coloca à equipa de gestão, superiormente dirigida pelo Dr. António Aguiar Moreira, é imenso, pois integrar unidades de dimensão significativa e com culturas empresariais distintas melhorando a eficácia de atuação não é tarefa fácil. Porém, os níveis de confiança na equipa são elevados uma vez que têm, desde o início do projeto, vindo a desenvolver um trabalho a todos os títulos notável e merecedor dos maiores encómios. A MADRE, que está neste projeto através da sua participada G-IMMO, reconhece esse esforço e felicita toda a equipa pelo trabalho até agora desenvolvido. Outro acontecimento que é importante evidenciar pelo seu potencial de criação de valor foi a assinatura do memorando de entendimento entre a SP Televisão e a empresa espanhola Globomedia, o qual poderá dar a ambas as empresas maior capacidade de produção e exportação de formatos de ficção e entretenimento para novas geografias. A concretização desta parceria poderá garantir à produtora portuguesa outra perspetiva e uma nova dimensão de mercado. Ainda no que se refere à SP Televisão é de assinalar a estreia da telenovela Poderosas, nova produção para o horário nobre da SIC e para a qual se espera idêntico sucesso ao que tem conseguido Mar Salgado, líder incontestada do principal horário da televisão portuguesa. Para terminar, resta um apontamento sobre o projeto do novo polo de produção da SP Televisão que vai ser construído nos terrenos adjacentes às atuais instalações. Trata-se de um trabalho de grande envergadura e complexidade, pois pretende-se uma integração adequada com o espaço que já existe, bem como criar áreas de manobra eficientes no que respeita à produção televisiva. É mais um investimento que alarga os horizontes de mercado da SP Televisão, dirigido para a integral satisfação da procura dos principais canais televisivos. Toda a equipa está entusiasmada com este novo projeto, que é mais uma prova de que o trabalho desenvolvido está a dar frutos. É sempre gratificante verificar-se que o esforço de todos é aplicado de forma visível no engrandecimento da empresa e na consolidação do seu futuro. Boa leitura! António Parente 3 TEMA DE CAPA SAÚDE Base Holding reforça presença no Diagnóstico Depois de em novembro de 2014 ter adquirido o Grupo Esfera Saúde, a Base Holding formalizou a 6 de janeiro de 2015 a aquisição da Dr. Campos Costa, reforçando a presença no Norte do País O Grupo Base Holding é hoje o maior operador privado na área dos Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT) em Portugal, graças a um extenso conjunto de unidades de Imagiologia, Cardiologia e Análises Clínicas, as suas áreas de suporte, e a uma cobertura expressiva do território, sobretudo no Norte do País, mas igualmente na região de Lisboa e no Algarve. Para esta expressão no mercado contribuiu a aquisição recente da Esfera Saúde, no final de novembro de 2014, e do consultório Dr. Campos Costa, já a 6 de janeiro deste ano. O início de 2015 foi igualmente marcado na Base Holding pela operação de aumento de capital de 5 ME, reservada e integralmente subscrita pelos atuais acionistas. As duas novas aquisições, com claro destaque para a Dr. Campos Costa, líder de mercado, que celebrou recentemente 70 anos de atividade, são conhecidas por serem referências nacionais na Imagiologia. Até à aquisição pela Base Holding, este consultório fazia parte do universo empresarial do Grupo Mello Saúde. Historicamente ligado à família Campos Costa, desenvolveu-se a par do crescimento da Radiologia enquanto meio auxiliar de diagnóstico. Liderou também a inovação neste setor, de que é exemplo a criação de uma rede privada de telerradiologia digital (MedWeb) e está representada com 13 unidades Clínica do Grupo Esfera Saúde 4 N º 20 . maio Instalações e equipamento do grupo Dr. Campos Costa em Matosinhos no Norte do País, de Aveiro a Braga. Igualmente uma referência, desta vez no âmbito da Cardiologia e Imagiologia, a Esfera Saúde, fundada em 2008, é conhecida nomeadamente graças a uma das suas unidades mais prestigiadas, designada pelo nome do Prof. Ovídeo Costa, e presta serviços num vasto leque de especialidades. Além das referidas também nas análises clínicas e na Medicina Nuclear, com um total de 11 unidades. Estas duas aquisições representam uma nova etapa em relações já existentes com a Base Holding. No caso da Esfera Saúde, desde 2011 que o Grupo Base Holding geria a atividade de análises clínicas nas unidades daquela entidade. Confirmando o interesse na empresa, posicionou-se para a aquisição, que acabou por se dar. O Grupo concretizou por outro lado a ambição antiga de juntar o SMIC, estrutura de Imagiologia sediada no Porto, ao consultório Dr. Campos Costa, que também opera neste setor, concretizando uma aproxi- 2 0 1 5 mação que se iniciou em 2009, pouco após a aquisição do SMIC. A aquisição da Dr. Campos Costa resultou de um processo de venda aberto e competitivo, organizado por um intermediário financeiro para o efeito contratado pela José de Mello Saúde. Tratou-se de um processo demorado e complexo, movimentando grande número de interessados estratégicos e privados, tanto nacionais como internacionais, que passou pela escolha de uma short list de cinco interessados, posteriormente reduzida a dois. A aquisição pela Base Holding acabou por se concretizar a 6 de janeiro de 2015, cumprindo-se assim uma ambição antiga deste Grupo. A nova configuração da Base Holding confirma a vertente estratégica de consolidação por aquisição de unidades, definida desde a sua origem. No futuro, será realizado um trabalho de identificação de oportunidades na região de Lisboa, esperando o Grupo vir a ter nesta cidade uma presença de maior relevância. Se, na Cardiologia, a Base Holding dispõe de duas unidades na capital (a Cardioteste, no Areeiro e na Av. da Liberdade), sendo até agora esta representação mais significativa do que a do Norte, com a aquisição da Prof. Ovídeo Costa (do Grupo Esfera Saúde) a expressão ficou mais equilibrada nas duas regiões. Igualmente em Lisboa surgirá ainda no primeiro semestre de 2015 um novo laboratório central de Patologia Clínica, num espaço amplo em Entrecampos que vai acolher os dois laboratórios de que o Grupo dispunha até ao momento em locais distintos. A nova dimensão e a expressão do corpo clínico a atuar sob a égide do Grupo proporcionou a realização de um Conselho Científico que decorreu a 13 de março, em Lisboa. Neste evento foram apresentadas comunicações e debatidos temas em que as questões clínicas andaram a par da gestão de uma estrutura com a dimensão atual da Base Holding, ao agregar um universo B de cerca de 50 empresas. 5 TEMA DE CAPA SAÚDE 7 PERGUNTAS A…António Aguiar Moreira CEO da Base Holding, António Aguiar Moreira expõe os motivos FERNANDO BORGES Estamos a trabalhar para um maior nível de especialização clínica que levaram à aquisição das duas novas estruturas e os argumentos que o Grupo ganha com o atual perfil, como o nível de especialização clínica que apenas uma estrutura pode proporcionar 2011 e assumem particular relevância desde essa data na vertente das análises clínicas, pelo que não nos era indiferente o destino da empresa. NM − O que ditou as aquisições das estruturas Dr. Campos Costa e Esfera Saúde? AAM − As primeiras conversas que tivemos com o Dr. Ricardo Campos Costa foram logo em 2009, pouco tempo depois de adquirir o SMIC. Por isso, é um namoro antigo. Quanto à Esfera Saúde, as relações comerciais entre as duas empresas remontam a − Qual a quota de mercado conseguida com estas aquisições? − Do lado da oferta, dos prestadores de cuidados, o mercado continua muito atomizado e competitivo. Há alguns operadores de maior dimensão, como a Base, mas também muitos operadores de média e pequena dimensão, num total de centenas. Depois ainda temos os grupos hospitalares privados e do setor social, e as unidades operadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). É uma realidade extensa e com- com grande dimensão 6 plexa e, não havendo informação que permita uma resposta precisa a essa pergunta, no todo nacional a quota de mercado da Base Holding nos MCDT é reduzida. − Que implicações tem a nova dimensão para o Grupo? − Em termos de gestão e do processo que temos pela frente constitui sem dúvida um enorme e entusiasmante desafio. Relativamente ao impacto no Balanço, tem sido opção da empresa e dos acionistas desde o início manter um Balanço sólido e um nível de endividamento confortável. Atendendo a que estes dois projetos implicaram um esforço de investimento muito signifi- N º 20 . maio cativo, apesar de termos condições para o financiar exclusivamente com dívida, como isso ia alterar substancialmente o nosso grau de alavancagem, optou-se por fazer no início deste ano um aumento de capital subscrito integralmente pelos atuais acionistas, no valor de 5 ME. − Que vantagens imediatas pode trazer este salto de dimensão? − As sinergias entre estas empresas são muito expressivas e evidentes. Destacaria claramente no entanto dois aspetos fundamentais, a otimização da gestão das unidades e dos equipamentos, sobretudo dos mais pesados, e uma organização especializada do corpo clínico que nos permitirá disponibilizar um serviço médico de qualidade, altamente diferenciado e especializado, que beneficiará muito os doentes e será por isso certamente valorizado pelos nossos utentes e parceiros. das equipas, etc., bem como um conjunto de outros projetos ambiciosos que temos em curso como é o caso da Cardiologia de Intervenção. No entanto, continuaremos atentos a oportunidades que possam surgir noutros mercados, até porque temos um Laboratório e uma pequena unidade de Cardiologia em Luanda, que acreditamos podem ser o embrião de uma presença bem mais relevante naquele mercado. − O que falta ao Grupo? − Há muito por fazer. Temos que ter a consciência de que estamos num setor muito sensível, com um elevado nível de exigência, e que passa por uma permanente evolução tecnológica e científica. Mais do que definir o que nos falta, temos que nos concentrar na boa execução do que precisamos fazer a seguir. B Base Holding − Em termos de faturação prevista, quer mencionar valores? − A projeção para 2015 aponta para um aumento de cerca de 50% na faturação, e ligeiramente mais no número de atos médicos. – A internacionalização está neste momento fora do horizonte da Base Holding? − A prioridade ao longo de 2015 será necessariamente a integração e a concretização das sinergias previstas para as empresas recentemente adquiridas, a eficiência de processos, o benchmarking interno, a gestão integrada 2 0 1 5 Vila Real Bragança 1 Unidade 1 Unidade 2 Unidades 1 Unidade Braga 2 Unidades 3 Unidades Porto 3 Unidades 4 Unidades 1 Unidade Aveiro 1 Unidade 1 Unidade Viseu Lisboa 1 Unidade 2 Unidades 1 Unidade 2 Unidades ANÁLISES CLÍNICAS IMAGIOLOGIA CARDIOLOGIA Faro 2 Unidades FActos e números A Base Holding foi fundada em 2009 por um grupo de investidores de perfil financeiro e estratégico com uma visão comum de longo prazo para os MCDT. O Grupo procura responder aos desafios e às oportunidades que se apresentam ao setor, através de uma estratégia de crescimento baseada em aquisições e no desenvolvimento orgânico das suas unidades, promovendo o aproveitamento de sinergias e o crescimento sustentado. Dos principais indicadores operacionais, pode referir-se um aumento de 67% do número de atos médicos, de 2010 a 2014 e, no que respeita a faturação, no mesmo período, um aumento de 23%. Eis alguns valores que permitem traçar o posicionamento do Grupo no ano passado, assim como fazer uma projeção para o ano em curso: Número de atos RH Vol. de Negócios 2014 2015 (projeção) 1580 000 2 480 000 1000 1500 profissionais (incl. médicos e técnicos) 44, 4 ME 66, 6 ME (Fonte: Base Holding 2014) 7 VINHOS ENTREVISTA João Vieira O novo Diretor Comercial MARTA CAVACO A Multiwines tem tudo o que é preciso para fazer a diferença da Multiwines, empresa em Arruda dos Vinhos que comercializa vinhos da Região de Lisboa, quer pôr a empresa a vender mais e aumentar a notoriedade das marcas. João Vieira sublinha as vantagens competitivas da empresa para se afirmar perante a concorrência NM − Qual o âmbito das suas atribuições, procurando saber o que lhe é pedido? Já conhecia a empresa? JV – Passa por definir o route-to-market. A função primária é de Diretor Comercial com o pelouro do mercado nacional, mas na Multiwines prevalece o espírito de equipa. − Espírito de equipa, sem uma delimitação clara de atribuições? 8 − Exatamente e, apesar de a minha responsabilidade ser o mercado nacional, estou empenhadíssimo em tudo o que é necessário fazer para a internacionalização das nossas marcas, o que me leva a trabalhar com os mercados de exportação já abertos e a abrir novos. − Assumiu funções no princípio de 2015, também um momento crucial, nas vésperas do lançamento do novo rótulo, S. Sebastião, em maio. O corrente ano vai ser auspicioso para a Multiwines? − Estamos a trabalhar para isso. O meu propósito é que este ano consigamos não só atingir os objetivos globais de volume de vendas como duplicar a faturação. E o meu objetivo pessoal é ir acima disso: ambiciono 1 ME de faturação este ano, pela primeira vez na empresa. É um trabalho que vem de trás, do Pedro Dias, anterior Diretor Comercial e de quem o antecedeu. Estou a agarrar todas as oportunidades e parcerias já estabelecidas e a abrir o leque, criando novas parcerias, quer no mercado nacional, quer no internacional. Na área comercial, desenvolvi uma estratégia que apresentei à Administração, nomeadamente ao seu presidente, Sr. António Parente, que foi aprovada, na sequência do que iniciámos o processo para uma organização ainda mais profissionalizada. − Veio encontrar elementos que já estavam na Multiwines e outros novos. Como é que se deu o entrosamento entre todos? Já se conheciam? − Os novo elementos, não! A propriedade (Quinta de São Sebastião) e a empresa (Multiwines) funcionaram como ponto de encontro. Nenhuma das novas pessoas que estão agora aqui a trabalhar tinha relacionamento anterior, quer profissional, quer pessoal. A equipa é praticamente nova. − Parte de ideias muito concretas, consignadas nesse documento. Este com certeza inclui um compromisso? N º 20 . maio MARTA CAVACO Um conjunto de sete painéis da autoria de António Bustorff ilustram as paredes da adega da Multiwines − Trata-se de estabelecer a forma como queremos chegar até ao consumidor, essencialmente no mercado nacional, para o qual esse documento foi criado. Além de Lisboa, temos o Algarve, que funciona em Portugal como uma montra para turistas nacionais e estrangeiros. Estamos a apostar muito no turismo interno, porque estando bem no Algarve conseguimos comunicar com as nossas marcas com potenciais pontos de venda, ou clientes e consumidores do País todo, em todos os canais de distribuição, que ali afluem durante o Verão. É muito importante por trazerem gratas recordações às pessoas, que estão de férias, descontraídas e, ao terem o privilégio do contacto com as nossas marcas nesse ambiente, cria-se uma memória positiva, que se liga à marca de forma duradoura. Depois existe o mercado internacional, para o qual a estratégia também está bem definida. − Como é que se deu a transmissão da pasta pelo seu homólogo e antecessor, Pedro Dias, numa empresa com alguma complexidade? − A pergunta é importante e aproveito para enaltecer o profissionalismo de Pedro Dias, em funções que são as mesmas que estou a desempenhar. Prova clara desse profissionalismo é que ele mantém uma ligação à Multiwines, o que nos permite garantir a continuidade do trabalho em equipa. Ficou de nos 2 0 1 5 apoiar nos mercados das Américas, o que já está a acontecer. É uma pessoa extraordinária, que fez um excelente trabalho, também por ter passado a informação sobre todos os assuntos num período de tempo muito curto, facto que, dada a minha experiência, não constituiu problema. − Falou em experiência, significa que já vem do meio. Gostaria que falasse um pouco sobre isso. − Venho da Pernod Ricard, multinacional de bebidas espirituosas e vinhos, na qual trabalhei durante seis anos no mercado nacional. Portanto, já conhecia grande parte dos hoje nossos clientes, distribuidores e parceiros, o que facilita a integração. − Que projetos tem para a Multiwines e como pensa executá-los? − O nosso plano de marketing assenta em dois grandes objetivos: por um lado, garantir um crescimento significativo das distribuições numérica e ponderada e, por outro, um significativo aumento da notoriedade das marcas. Não podemos deixar de ter em consideração que, sendo a Multiwines uma empresa do Grupo Madre, tem de ser ambiciosa, do ponto de vista de crescimento, em quotas de mercado e de resultados. A empresa tem de se tornar autossuficiente e reforçar essa vertente financeira, pois a rentabilidade é uma preocupação em qualquer negócio e aqui não é diferente. O posicionamento das nossas marcas também está a ser redefinido, através do plano de marketing que estamos a concluir, o que nos vai permitir atingir os objetivos que propomos. − Isso prende-se com o mediatismo que quer imprimir ao lançamento do novo rótulo, S. Sebastião… Não o preocupa a necessidade de as marcas atingirem notoriedade num universo povoado de grande número de concorrentes? − Passa pelo mediatismo, mas não apenas. Quanto à sua questão, não me preocupa no sentido negativo. Estou muito confiante de que o trabalho que estamos a desenvolver vai ajudar-nos na diferenciação da concorrência, uma das questões-chave. Num oceano de marcas, fazer a diferença é fundamental. E como fazê-lo? Desde logo, pelo facto de pertencermos a um grupo fortíssimo, muito bem estruturado e gerido, o Grupo Madre. Temos vantagens competitivas que a grande maioria das marcas nossas concorrentes diretas e indiretas não tem. − Refere-se a…? − Começa pela qualidade inquestionável dos produtos, e que já estão bem reconhecidos, quer nacional, quer internacionalmente. Recordo que o Quinta de S. Sebastião Reserva 2009 foi 9 R VINHOS ENTREVISTA avaliado por Robert Parker, sumidade mundial na avaliação de vinhos com 90 pontos numa escala de 100, uma das provas dessa qualidade. E ainda recentemente foi atribuída uma medalha de ouro ao Mil Caminhos Tinto 2013 no China Wine & Spirits Awards 2015. Porém, a qualidade dos produtos per si não é suficiente, porque isso quase todos os concorrentes também apresentam. A diferenciação passa pelo facto de grande parte das marcas não terem sequer uma “parede” para mostrar! Nós temos uma Quinta com passado, que corporiza toda a história dos vinhos, não só da nossa casa, mas acima de tudo da região, mais-valia que qualquer concorrente nosso gostaria de ter. Além disso, pertencemos ao universo empresarial do Grupo Madre, que nos abre outras vantagens competitivas, como a ligação a uma produtora audiovisual, a SP Televisão, em telenovelas ou outros programas. − Está a pensar em product placement? − Já o fizemos com o Quinta de S. Sebastião e Mina Velha e continuaremos a trabalhar cada vez melhor nesse âmbito, no futuro, nomeadamente com o S. Sebastião. Temos também a grande vantagem de o universo do Grupo Madre integrar a editora Guerra & Paz e outras duas empresas que nos fortalecem, em termos competitivos: o Grupo Impresa, no âmbito do qual temos abertura total para trabalhar em parcerias e patrocínios com alguns projetos seus, dando assim destaque às nossas marcas; e o Adriana Beach Club Hotel Resort, que através 10 de promocionais cruzados nos tem ajudado a promover as marcas junto de equipas de distribuidores e de pontos de venda, muito valorizado por estes agentes económicos. Dispomos de tudo o que é preciso para fazermos a diferença neste oceano de marcas. Já nos diferenciamos e queremos potenciar ainda mais estas vantagens competitivas, o que está incluído no nosso plano estratégico de marketing. − A aposta no Enoturismo é para continuar? Perfil Conhecer a fundo o mercado João Vieira, que assumiu funções no início do ano na Multiwines, alicerçou a sua experiência profissional no negócio das bebidas refrigerantes, água e alcoólicas em empresas regionais, nacionais e multinacionais. Desempenhou funções de Gestão Comercial e de Marketing, bem como criador, formador e gestor de equipas de vendas em processos de restruturação ou redesenho do route to market, o que lhe conferiu um profundo conhecimento do mercado nacional, incluindo as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. Chegou à Multiwines vindo da Pernod Ricard, multinacional que atua nos segmentos premium e super premium, onde foi on trade manager. − É para desenvolver, não no sentido de tornar a Quinta num hotel, mas no âmbito mais gastronómico e com visitas, formação e provas vínicas. A exemplo disso, tivemos a visita em março da equipa da distribuidora Garcias, uma das maiores do País. Adoraram conhecer a Quinta e saíram entusiasmadíssimos, pelo que acreditamos que este tipo de ações contribui para reforçar a nossa presença nos portfólios dos nossos distribuidores; tivemos também recentemente a visita da Just Drinks, distribuidora do Algarve. Portanto, no âmbito do Enoturismo, vamos desenvolver na propriedade grande número de ações, mais uma vez em cooperação com a SP Televisão e com o Grupo Impresa, algumas das quais mais mediáticas, nomeadamente na altura das vindimas, e um workshop sobre vinhos. Em suma, traremos aqui muitos convidados e caras conhecidas do jet set português e não só. − Quais as suas expectativas para as funções que está a desempenhar? − Não entro em nenhum projeto em que não acredite, pelo que estou aqui de corpo e alma. Estou convicto no seu valor e acima de tudo no potencial de crescimento. Proponho-me ser mais um valor acrescentado para o Grupo e para a empresa Multiwines em particular. Estou certo de que vamos conseguir ultrapassar os objetivos que nos foram propostos, com trabalho e a sabedoria da equipa. Nada é fácil, mas diria que o futuro é risonho, pela absoluta confiança que tenho no projeto, nas pessoas, nas marcas, no Grupo, sem problema em dizê-lo com toda a convicção. B N º 20 . maio VINHOS Da Europa ao Extremo Oriente O país onde as marcas da Multiwines já estão a dar que falar. A s mercados internacionais representam uma importante exemplo disso, o Quinta de S. Sebastião Reserva 2011 e Mina vertente da afirmação da Multiwines. Começando pela Europa, Velha Selection foram classificados com 97 pontos e 96 pontos há que referir a presença sólida, mas ainda em crescimento, na numa escala de 100, respetivamente, em provas cegas numa Suíça, através da Arbalete, «com as vendas a evoluírem de iniciativa promovida pela Global Editora e pela Associação de forma bastante satisfatória» − como refere João Vieira, assisSommeliers da Colômbia. Tais resultados levam João Vieira a tindo-se à crescente conquista de notoriedade pelas marcas, mostrar a convicção de que «estamos no bom caminho». não só junto da comunidade portuguesa, como dos suíços. Mercados longínquos como a China começaram mais recenEm África, a empresa está igualmente representada, em temente a ser equacionados, após a presença da Multiwines Moçambique, pela Auxene, que tem registado grande crescino SISAB, uma das mais importantes feiras de exportação, que mento de vendas, não apenas com produtos da Multiwines, decorreu em Lisboa em março. Os contactos com a Ásia, porém, mas também outros, exclusivamente de origem portuguesa. não se esgotam aí, pelo que Singapura é um mercado a pondeEm Angola, através da Teixeira Duarte Distribuição, desde janeirar, o mesmo acontecendo com a Austrália. ro que as marcas da Multiwines começaram a ser colocadas no Nesse mesmo certame acima referido, foram estabelecidos mercado. «Ainda não temos dados concretos para poder avacontactos com os EUA e com o Canadá, neste caso para o liar o alcance desta investida – precisa João Vieira – mas acrediOntário. Os vinhos da Multiwines já estão a ser comercializados tamos que aquela distribuidora consiste num parceiro impornaquele país através do importador e distribuidor de vinhos tante, assim como a Atlanfina, outra distribuidora relevante com Abílio Nunes, que opera no Quebec. a qual trabalhamos naquele país». No que se refere à exportação, João Vieira salienta a criação Na América do Sul e a começar pelo Brasil, a Natalgest, empresa de uma parceria que integra a Wine Ventures (antiga Quinta da sedeada na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, afirma-se Romeira), a Quinta das Cottas, com nova força no mercado, no Douro e a Casa Santa Vitóconquistando clientes imporO apelo do mercado GOURMET ria, no Alentejo. Esta ação contantes. É exemplo disso o junta tem por objetivo comum Sheraton de Natal e o Grupo A China é a mais recente novidade no mapa das expora circunstância de os seus intePestana, o que faz o Diretor tações da Multiwines, com a empresa a concretizar o gran tes não trabalharem isolaComercial da empresa portuprimeiro negócio para a região de Fujian, através de um dos nos mercados internaguesa sublinhar a sua confiança importador na Holanda que está a iniciar-se no mercacionais, mas em equipa e em na equipa que opera todos os do chinês. Trata-se de um destino que interessa particucomplementaridade, até pelo dias no terreno e com a qual larmente à empresa, segundo João Vieira, «não só pela facto de exportarem produtos mantém contacto permanente. sua dimensão, mas acima de tudo pela oportunidade distintos entre si. É neste âmbiJá no Rio de Janeiro, a presença de entrar no mercado gourmet com as nossas marcas». to que estão a ser abordados o da empresa está em vias de ser Assim, os primeiros vinhos a serem exportados para Reino Unido, Irlanda, França, reforçada através da Ollin. aquele país são o Quinta de S. Sebastião e o Minha Alemanha, Luxemburgo e BélgiA Colômbia, com o contributo Velha, uma vez que marcar presença naquele segmento ca, por dois elementos, António da Vinal, é outro caso a gerar de mercado, exigente e conhecedor, é um dos princiLopes Vieira para o mercado expectativa, uma vez que a dispais objetivos do posicionamento da Quinta de São britânico e, desde abril, um tribuidora começa a apresentar Sebastião, quer no mercado nacional, quer no internanovo elemento, dedicado aos resultados, conquistando pontos cional, como revela o Diretor Comercial da empresa. restantes mercados. B de venda, e por se tratar de um 2 0 1 5 11 VINHOS A lém do novo Diretor Comercial, João Vieira, a atual equipa da Multiwines integra o enólogo Filipe Sevinate Pinto, e o responsável da adega, Sérgio Lopes, e a sua assistente, Luísa Ferreira. E Florbela Menezes, carinhosamente designada pelos restantes elementos como «o nosso anjo da guarda», pela importância do papel que desempenha e o conhecimento que tem, particularmente do funcionamento da empresa e do historial das marcas. De novo chegaram a marketing manager, Joana Brízida, a responsável pelas compras, Elsa Baptista, e Mário Conde, Sales Representative para a Grande Lisboa, uma das áreas foco, e que dará apoio ao Algarve, onde se encontra também Suzette Vasconcelos, que integra a equipa a partir do Adriana Beach Club Hotel Resort. Mais diretamente em contacto com a vinha estão o viticultor responsável, António Cláudio, e Francisco Paiol, um dos mais antigos empregados da Quinta de São Sebastião. E toda esta equipa beneficia ainda do excelente e inexcedível apoio da holding, nomeadamente de Victoria Pires, Patrícia Matos, Lídia David e Ricardo Nogueira. Está garantida a multidisciplinaridade, correspondente às diversas áreas a abordar e exigida pelas características do negócio, num ambiente em que prevalece o espírito de equipa, nas palavras de João Vieira representado na expressão ‘um por todos e todos por um’. B 12 MARTA CAVACO Equipa baseada na entreajuda Da esquerda para a direita: João Vieira, Mário Conde e Sérgio Lopes, Elsa Baptista, Suzette Vasconcelos, Florbela Menezes e Joana Brízida Ex-Diretor Comercial mantém colaboração Pedro Dias deixou as funções, cargo em que foi substituído por João Vieira. O anterior Diretor Comercial da Multiwines mantém a sua ligação à empresa, prestando colaboração para a internacionalização na América do Norte e América do Sul. Enquanto em funções, aquele executivo desenvolveu, na liderança de uma equipa multidisciplinar, a feição comercial da Multiwines, nomeadamente no mercado nacional, assim como a internacionalização das diferentes marcas de vinhos produzidas pela empresa. Por outro lado, sob a sua égide, os contactos com o Turismo de Lisboa deram frutos, impulsionando a inclusão da Quinta de São Sebastião, em Arruda dos Vinhos, nas rotas do Enoturismo da região, trazendo visitantes institucionais e particulares, assim como turistas de diversas origens à propriedade e assim promovendo as marcas de vinhos desta chancela, de características muito próprias. A Pedro Dias, aqui deixamos um agradecimento pela sua dedicação à empresa e pela iniciativa desenvolvida no desempenho das suas funções, além de votos de sucesso no futuro profissional. N º 20 . maio VINHOS Na 'montra' do SISAB A Multiwines fez-se representar com os seus produtos no stand da Comissão Vinícola da Região de Lisboa (CVR) com a presença de João Vieira e Joana Brízida, respetivamente Diretor Comercial e Diretora de Marketing da empresa, na 20ª edição do Salão Internacional do Sector Alimentar e Bebidas (SISAB). A iniciativa decorreu de 2 a 4 de março no Meo Arena, no Parque das Nações, em Lisboa. O SISAB Portugal consiste na maior convenção anual de empresas e empresários líderes na exportação, cobrindo um vasto leque de setores de atividade, do peixe à pecuária, passando pela doçaria, vinho e azeite, até aos transportes e logística, entre muitos outros. Por isso mesmo, a iniciativa é considerada a maior ‘montra’ de produtos portugueses, cujo lema consiste em facilitar a exportação de produtos portugueses. Iniciativa oficial do Governo de Portugal, conta com o alto patrocínio do Presidente da República, Cavaco Silva. A organização do evento destaca a importante economia de recursos que a iniciativa representa, ao permitir não apenas fechar negócios como, graças ao facto de estarem ali representados setores complementares de grande importância, aceder ao créditos nos serviços financeiros presentes e ainda contratar transportes e seguros. O facto de reunir um total de 110 países e falantes de 20 línguas faz ainda desta iniciativa uma oportunidade de estabelecer contactos internacionais, uma vez que acorreram ao local 1600 compradores de grande número de paí- ses. Estas condições fizeram com que tenham estado representadas na mais recente edição meio milhar de empresas nacionais de 28 setores, exibindo seis mil marcas e produtos. Já o número de rótulos e embalagens patentes durante a feira ascendeu a 16 mil. O programa incluiu a oportunidade de realizar provas e degustações, ao mesmo tempo que a gastronomia portuguesa esteve em grande destaque, particularmente as iguarias gourmet, pela mão de chefs de renome e com base em produtos portugueses. De 15-17 de março, a Multiwines esteve representada na Prowein, em Düsseldorf, na Alemanha, por António Lopes Vieira, comercial para a parceria de marcas portuguesas entretanto formada e que inclui esta empresa, juntamente com a Wine Ventures (antiga Quinta da Romeira), a Quinta das Cottas, no Douro e a Casa Santa Vitória, no Alentejo. B Reconhecimento na China e em França A marca de vinho Mil Caminhos 2013, produzida pela Multiwines, foi galardoada com uma medalha de ouro no China Wine & Spirits Awards Best Value 2015. O CWSA é o maior e mais prestigiado certame para marcas de vinho e de bebidas espirituosas em Hong Kong e na China. O júri desta competição é integrado por elementos criteriosamente selecionados pela organização da iniciativa num total de uma centena de entidades, entre importadores, distribuidores e retalhistas, todos eles operando naquela região do mundo. Segundo a organização, os galardões atribuídos no âmbito desta 2 0 1 5 iniciativa são o maior averbamento de qualidade e adequação ao mercado chinês. Esta entidade é presidida por Kelly England, cuja família atua no negócio dos vinhos há 155 anos. A competição é organizada há 15 anos na China, funcionando como elo de ligação entre o Oriente e o Ocidente, o que leva a responsável a sublinhar a importância da iniciativa, ao permitir «que os melhores vinhos sejam provados pelas pessoas certas, e recebam o reconhecimento que merecem». Os referidos galardões são de tal forma levados a sério que a publicação Dinheiro Vivo (do Diário de Notícias) as apelidou de Oscares do Vinho. Coincidindo com esta distinção, a empresa expediu o seu primeiro contentor para a China em março passado. Mas não é tudo: os vinhos Quinta de S. Sebastião Grande Escolha Touriga Nacional 2012 e Quinta de S. Sebastião Branco 2014 acabam de ser premiados respetivamente com uma Medalha de Ouro e uma Medalha de Prata no Challenge International du Vin France 2015 em abril. Esta competição internacional realiza-se desde 1976 em Bourg, perto de Bordeaux, e tem por lema: Discovering New Talents. 13 VINHOS Garcias e Just Drinks visitaram Quinta de São Sebastião Entre os visitantes que acorrem regularmente à Quinta de São Sebastião, destacaram-se, em março passado, os participantes em dois eventos que trouxeram a Direção e equipa comercial da distribuidora Garcias, assim como a equipa comercial da distribuidora Just Drinks S e uma prova vínica se rodeia de todo um ritual, o facto de se realizar num ambiente de paisagem privilegiada, caracterizada não só pelo colorido da sua encosta de vinha, como pela arquitetura tradicional portuguesa do final do século XVIII, com apontamentos de modernidade, o acontecimento pode transformar-se numa nova experiência. É a oportunidade de dar a conhecer a propriedade, as suas vertentes arquitetónica e agrícola, que proporcionam ao visitante o enquadramento histórico da 14 N º 20 . maio produção vínica das marcas dali saídas para todo o território nacional e também para os mercados internacionais. Foi o que aconteceu com as recentes visitas à Quinta de São Sebastião, em Arruda dos Vinhos, onde são produzidas as marcas comercializadas pela Multiwines. No decorrer do primeiro daqueles encontros, a 6 de março, a Direção da distribuidora Garcias e a respetiva equipa comercial visitaram a propriedade, a seguir ao que assistiram a uma prova de dressage no picadeiro e a uma prova dos vinhos Mil Caminhos. Já a 13 do mesmo mês foi a vez de a equipa comercial da distribuidora Just Drinks ser recebida pelos anfitriões da propriedade, com uma visita à Quinta, prova de dressage e apresentação e prova dos vinhos Mina Velha e Quinta de S. Sebastião. No dia seguinte, 14 de fevereiro, Dia dos Namorados, os vinhos da marca brilharam num jantar promovido no Hotel Salgados Palace, da cadeia Nau, em Albufeira, com a participação de Bárbara Norton de Matos, Luís Norton de Matos e Luís Barros, e Suzette 2 0 1 5 tada por Mário Conde. No dia seguinte, uma iniciativa semelhante promovida pela mesma distribuidora decorreu na Quinta da Boavista Golf, em Lagos, no qual a Multiwines esteve representada igualmente por aquele elemento, Sales Representative da empresa. B Reconhecimento no Algarve A Vasconcelos, da Multiwines, momento registado pelo programa Fama Show da SIC. Provas em Lisboa e no Algarve Entretanto, decorreu a 16 Março a 1ª Prova de Vinhos Just Drinks, n’O Convento, Restaurante & Wine Bar no Convento das Bernardas, em Tavira. A iniciativa contou com a presença de todos os clientes da distribuidora, evento no qual a Multiwines foi represen- s marcas de vinhos produzidas na Quinta de São Sebastião marcam presença num grande número de estabelecimentos hoteleiros no Algarve, onde conquistaram lugar nas respetivas cartas de vinhos, beneficiando de crescente reconhecimento. Entre estes hotéis contam-se o Vila Joya e o Evaristo, na Galé, e as seis unidades da cadeia NAU Hotels and Resorts nos Salgados, na mesma localidade, o Castro Marim Golfe e a Quinta do Lago, entre outros. 15 VINHOS ENTREVISTA Filipa Garcia MARTA CAVACO As novas gerações estão abertas a experimentar NM – Como surgiu a parceria com a Multiwines? FG – Surgiu em março de 2014, após uma proposta para comercializarmos o Mil Caminhos em exclusividade. O portfólio da Garcias tem atualmente 7 mil referências de vinhos e espirituosos, e algo residual de parte alimentar, sobretudo enlatados de complemento à restauração e à hotelaria. Na gestão de um negócio de família, exigem-se conhecimento do setor e ideias claras. Diretora de Marketing, Comunicação e Novos Negócios da Garcias, distribuidora de vinhos e bebidas espirituosas, Filipa Garcia revisita a história familiar e explica como pode impor-se a marca Mil Caminhos, da Multiwines: as novas gerações querem construir as suas próprias referências – Todas em exclusivo, ou não? – Não. Trabalhamos muito com as multinacionais Bacardi Martini, Diageo e Pernod Ricard, entre outras e para o canal HORECA, e com várias empresas de vinho. Além disso, temos exclusivos, que decorrem de associações com os produtores, marcas que só a Garcias trabalha no mercado. As vantagens são o controlo absoluto da marca, sem concorrência de preços. – E qual o espetro do território que a vossa distribuição abrange? – Atuamos com uma equipa de 50 comerciais que abrange de Trás-os-Montes a Vila Real de Santo António e Ilhas. Na Madeira já temos uma delegação com quatro vendedores e, nos Açores, um vendedor que faz uma rota por todas as ilhas. – Como encara a Multiwines e o Mil Caminhos em particular? – Temos pelo menos uma, duas marcas em cada região vinícola. Na Região de 16 N º 20 . maio MARTA CAVACO Lisboa não tínhamos nenhuma, pelo que este projeto nos pareceu interessante, ao preencher um vazio. Também gostámos do vinho… Achámos que o projeto tinha vários fatores-chave: bom preço, o produto era bom, e vinha de alguém com capacidade de investimento no seu produto – o que é muito importante – como também meios de divulgação. Nesse âmbito, tem de existir sempre uma parceria entre o produtor e o distribuidor. – A visibilidade do produto fica principalmente com o produtor? – Um distribuidor tem várias marcas, e o produtor só puxa pela dele, portanto têm de fazer o caminho juntos. A entrada de João Vieira (Diretor Comercial da Multiwines), tem sido uma grande mais-valia, porque além da experiência no mundo das bebidas e de conhecer os players no mercado, tem conseguido contratar sales representatives, elementos que fazem acompanhamento à equipa de vendas, o que é fundamental. Quando esse acompanhamento não existe, principalmente numa empresa com o número de referências como a nossa, a sua acaba por cair no esquecimento. – Que canais de distribuição existem para o Mil Caminhos? – A Garcias trabalha o Mil Caminhos no canal HORECA. Representamos o produto nos principais hotéis, restau- 2 0 1 5 rantes, garrafeiras e espaços de prestígio dentro do setor de consumo de vinho. O único que é difícil é a distribuição moderna, as grandes cadeias, que negoceiam diretamente com os produtores, sem recurso a intermediários. – Qual está a ser a repercussão? – A Região de Lisboa é muito difícil, por ter sido considerada de vinhos baratos. É preciso um trabalho de anos para que isso deixe de se verificar, esforço que está a ser feito, e há várias marcas na região que estão a sobressair… – Estão a posicionar-se, têm sido trabalhadas por enólogos de renome, e têm sido premiados. – … só que isso exige um esforço de anos, e iniciativa da CVR, para levar as marcas às feiras internacionais, o que se repercute na restauração. Infelizmente vai-se a qualquer restaurante da Região de Lisboa e não se vêem vinhos da região. Se havia região onde tinha de haver vinhos de Lisboa era em Lisboa! É complicado partir desta base, quando nem na região os ope- Negócio familiar construído a pulso Filipa Garcia integra a terceira geração no negócio familiar, com assento na Administração da empresa (presidida pelo pai, Arnaldo Garcia), e como Diretora de Marketing, Comunicação e Novos Negócios. Formou-se em Gestão e Administração de Empresas na Universidade Católica Portuguesa e posteriormente adquiriu o grau de Mestre em Estratégia e Empreendedorismo na mesma universidade. Numa estrutura familiar, explica, «temos de ser polivalentes, pelo que faço um pouco de tudo». Cabem-lhe o acompanhamento à equipa de vendas, pois «na rua é que se sente o pulso às dificuldades», e as visitas às feiras internacionais, o que lhe permite avaliar o potencial dos produtos. Além disso, encarrega-se do marketing e comunicação, e da distribuição moderna. «É óbvio que não consigo fazer isto tudo sozinha!», esclarece, pelo que, para uma gestão acompanhada diariamente e bem feita se fez rodear de uma equipa de profissionais. A Garcias foi fundada em 1981 por João Garcia e pelos filhos Arnaldo e Fátima Garcia. Começou pela distribuição de produtos alimentares, nomeadamente da Beira Baixa, de onde o ramo paterno da família é oriundo, e, nos anos 90, com o boom das multinacionais de bebidas, passou a fazer da distribuição de vinhos e bebidas espirituosas a sua atividade central. Ao longo dos últimos 34 anos, foi conquistando as rotas do País, expandindo a sua atuação a todo o território nacional. Hoje está instalada em Alcochete, onde se encontram armazém, escritórios e o entreposto fiscal, entre outros espaços, dispõe de uma frota de uma centena de viaturas e emprega 220 pessoas. 17 R MARTA CAVACO VINHOS ENTREVISTA radores têm a mente aberta para isso. – Tem havido resistência à implantação deste vinho? – Há resistência da restauração, por ser de Lisboa e por se tratar de uma marca que ainda não é conhecida. Estamos no ano zero, sem histórico, em que as equipas ainda não têm memória vínica suficiente para poderem falar sobre ela. – Fizeram uma visita recente à Quinta de São Sebastião... – A equipa esteve toda lá. E foi muito bom, já notámos repercussão nas vendas! No 1.º trimestre fizemos mais vendas do que em todo o ano passado, pelo que estamos com um índice de crescimento bastante positivo. E isto tendo em conta que o primeiro trimestre é o pior a nível de vendas, está toda a gente ainda cheia de stocks de Natal. É quando ninguém vai jantar fora nem consome, ainda todos com dificuldades da quadra que passou. Com a chegada do Verão é que as pessoas vão começar a sair. – Referiu-se a 7 mil marcas. Como é que os comerciais fazem a gestão de tantas designações, sem ter preferência pelas marcas A ou B? 18 – Temos preferência pelos nossos exclusivos. Quando nos pedem sugestões para a carta de vinhos num restaurante, são os nossos exclusivos que indicamos. Naturalmente, não precisamos de mencionar marcas com histórico no mercado. – As novidades são apreciadas? – Exatamente! Pedem-nos sugestões, e sugerimos a marca x de Lisboa, y do Douro e do Algarve a z, por serem criadas por enólogos conceituados, ou salientando as características de determinada quinta, ou ainda porque os vinhos são comerciais. Imagine que estamos no Algarve, onde o turista tem muita apetência para vinhos fáceis. Os argumentos dependem muito da região do País de que estamos a falar. – Que desafios enfrenta a distribuição num meio muito disputado por empresas congéneres e inúmeras marcas? – Um deles é a concorrência de preços. Todos os dias a nossa Direção Comercial recebe telefonemas de vendedores, dizendo que um concorrente baixou 5 cêntimos, se podemos acompanhar ou não, para não perder determinado negócio. Se pretendemos manter a faturação frequentemente temos de ceder, redundando em margem que se perde. Portanto, temos de ir sabendo fazer outros negócios que compensem essas perdas, rodeando-nos de exclusivos que nos permitem alcançar uma rentabilidade maior. Esse equilíbrio consegue-se com um portfólio de exclusivos, com marcas coerentes e que nos sejam solicitadas, conhecidas a nível internacional. – A possibilidade de se posicionar nas redes sociais facilita o seu trabalho? – Facilitou bastante o budget dos marketeers. Fizemos uma aposta no último ano no Facebook, em detrimento de anúncios em revistas do meio. As redes sociais tiveram um impacto brutal na gestão de como se vê o público e na rapidez do feedback. – O público sabe escolher e consumir as marcas que tem ao seu dispor e mostra-se aberto a sugestões? – As novas gerações estão muito mais abertas, interessadas em conhecer o que consomem, não só nas bebidas, mas em tudo e a experimentar coisas novas, preferindo-as às marcas consagradas, para terem um elemento diferenciador. B N º 20 . maio AGROALIMENTAR Novos sabores na ‘cesta’ da Agrivabe No novo bloco de estufas que está a ser construído na Quinta do Mirante, além da framboesa, tradicional desde a fundação da empresa, a Agrivabe vai introduzir duas novas espécies a título experimental num pequeno setor: stá a surgir um novo bloco de estufas com 2.4 hectares na Quinta do Mirante, propriedade no concelho de Tavira onde a Agrivabe produz pequenos frutos vermelhos em hidroponia para exportação. Enquanto nos restantes quatro blocos se produz exclusivamente framboesa, neste novo conjunto de estufas vão surgir, além deste fruto, duas novas espécies num pequeno espaço a título de experiência: amora e mirtilo. Este bloco começará a dar frutos em 2016 e vem juntar-se aos restantes, com 10.9 hectares, passando a empresa a dispor de um total de 13.3 hectares de estufas. A diversificação das culturas vai ao encontro da estratégia da Driscoll’s, parceira da empresa, aguardando-se a recetividade dos mercados internacionais a estas espécies. Quanto aos motivos da escolha, no caso do mirtilo e apesar de não existir um histórico da cultura deste fruto em Portugal, as características do fruto permitem-lhe manter as qualidades mesmo após uma viagem longa. Por outro lado, é de destacar que, atualmente, as técnicas de produção mais avançadas de mirtilo se encontram em Portugal e na Califórnia, fator salientado em entrevista recente pelo Diretor de Operações da referida distribuidora, Nuno Simões. A construção do bloco 5 é da responsabilidade de uma empresa especializada neste tipo de estruturas, a Marques Caeiro, Lda, e inclui 16 capelas. Na fase da construção em que se encontra, é possível ver a estrutura do edifício em alumínio e até os cabos que sustentarão o ecrã térmico, dispositivo com que MARTA CAVACO amora e mirtilo E O 'pico' da campanha de framboesa foi atingido em abril. A Agrivabe espera alcançar um volume de produção de 10 toneladas diárias 2 0 1 5 19 R MARTA CAVACO AGROALIMENTAR o bloco será apetrechado, à semelhança dos restantes. A construção estará terminada no final de junho. No início da segunda semana de abril, em pleno ‘pico’ da primeira campanha de framboesa, nas semanas 15 e 16 deste ano (podendo ainda prolongar-se até à 18), a Agrivabe regista intenso movimento, seja no interior dos blocos, com a apanha dos frutos, seja no exterior com a circulação dos transportes destes para o armazém onde se procede à pesagem, embalagem e etiquetagem, antes da expedição para o exterior. O volume, naquela data, situava-se entre as 6 e as 6,5 toneladas diárias, e a expectativa da Diretora Técnica e Operacional da empresa é de que se chegasse às 10 toneladas. A azáfama é tal que Paula Pedro não esconde o entusiasmo, garantindo: «Temos fruta!». É um facto que o ciclo de produção exige uma cuidadosa preparação ao longo do ano, mas os resultados são visíveis apenas num período muito breve, como salienta Carla Martins, Diretora Geral e Gerente da Agrivabe, resumindo-se a nove, dez semanas, em três ou quatro das quais se concentra o maior volume e são decisivas. Para este movimento na Quinta do Mirante contribuem os trabalhadores 20 MARTA CAVACO Estufa da Agrivabe na Quinta do Mirante, em Tavira, onde a empresa está a erguer o Bloco 5 contratados para a colheita, que no referido período ascenderam a 300. Sendo a mão-de-obra um dos fatores críticos para o funcionamento da empresa, é fundamental que não faltem recursos quando são necessários, dada a existência de grande número de empresas congéneres na região. A contratação destes ativos efetua-se em três vertentes: recurso a empresas de trabalho temporário, contratações diretas e oferta internacional de emprego. Deste último procedimento chegaram à Quinta do Mirante este ano trabalhadores pela primeira vez de origem búlgara, alguns deles com experiência anterior na Agricultura e em Portugal. A estada na região para a campanha dá-se por cerca de dois meses. A necessidade de controlo da produção levou à criação de uma parceira com a Hubel Verde, do Grupo Hubel, no qual se insere a maior empresa da organização de produtores Madrefruta (Hubel Agrícola), que presta assessoria técnica à Agrivabe na condução da cultura e em estreito contacto com a Diretora Técnica, parceria que tem funcionado bem, «numa boa sintonia com a Agrivabe» − salienta Carla Martins. Esta assessoria permite dispor de valores precisos da produção diária, e à organização de produtores planear o respetivo escoamento. Consolidação de resultados O ano de 2015 é de consolidação de resultados para a Agrivabe, em que a empresa vai tentar um resultado económico positivo. A Direção Geral espera ver a consagração dos esforços feitos até agora, no termo de um período de dois, três anos em que se verificaram diversas mudanças em cargos de chefia e alterações na estrutura societária, enquanto a experiência adquirida N º 20 . maio MARTA CAVACO ao longo desse tempo permitiu afinar procedimentos dos quais espera agora ver os resultados. Além do volume de produção que se espera alcançar (24 a 25 toneladas por hectare no decorrer da primeira e principal campanha do ano), a qualidade da produção é um desígnio fundamental, uma vez que o objetivo é a exportação para os exigentes mercados do Norte da Europa, indicador que também dita o preço a que a fruta será remunerada. Como refere ainda a Diretora Geral e Gerente da empresa, o mercado nacional não é prioridade para a Agrivabe, pelo que são distribuídos no mercado português apenas os frutos que não são escoados para o exterior. Empenhada na gestão sustentável, surgiram soluções de aproveitamento de excedentes de frutos que não têm condições para exportação, pelo que a empresa está a participar, juntamente com os parceiros da Madrefruta, na conceção de um projeto de transformação em sumos, polpa e compotas. Neste estudo prévio, foi envolvida a Universidade do Algarve, com a qual foi celebrado um protocolo para o desenvolvimento daqueles novos produtos. A organização de produtores está nesta fase a estudar a forma de levar o pro- jeto à prática, com o contributo de todos os parceiros, dada a necessidade de alimentar um fluxo de produção, e a equacionar nesta fase o investimento necessário para concretizar esta operação. B Liderança no feminino Os principais cargos de gestão da Agrivabe são atualmente ocupados por três elementos femininos, Carla Martins, Diretora Geral e Gerente e que desempenhou inicialmente funções como Diretora Financeira quando chegou à empresa em 2012, Paula Pedro, Diretora Técnica e Operacional e Ana Sofia Fernandes, Chefe de Quinta. Na cúpula da empresa, só a Direção de Recursos Humanos é exercida por um elemento masculino, Luciano Figueiredo. A circunstância é digna de nota por ser relativamente invulgar, num País em que há ainda muito a fazer até se alcançar a igualdade de género em cargos de chefia no meio empresarial e na política. A situação não melhora no contexto europeu, de acordo com os resultados de um inquérito da Comissão Europeia de 12 de março de 2015, onde se conclui que, nas principais empresas, apenas 1 em cada 7 membros do conselho de administração é uma mulher. Estes dados confirmam a informação contida noutro relatório mais antigo, de 2013, intitulado Report on women and men in leadership positions and gender equality strategy mid-term review, da mesma instituição, de acordo com o qual as mulheres em cargos de chefia são apenas 16.6% (1 em 6), nas empresas da Europa a 27. Os países em que se registam os níveis mais elevados de representação feminina em cargos de chefia no espaço europeu são a Finlândia (29.1%), a Letónia (29%), seguidos de perto pela França (26.8%), e pela Suécia (26.5%). Portugal figura no penúltimo lugar da lista, com a percenDa esquerda para a direita: Ana Sofia Fernandes, Carla Martins tagem de 7.1%. e Paula Pedro no decorrer de uma reunião de trabalho 2 0 1 5 21 TURISMO MARTA CAVACO Adriana Beach Club Hotel Resort Abertura da temporada supera expectativas O resort algarvio abriu ao público a 27 de março passado, com uma afluência que superou as previsões, maioritariamente de turistas portugueses e espanhóis, que ali acorreram atraídos pelas condições de acolhimento e pelo bom tempo. As expectativas são de ocupação plena na época alta 22 J á é possível fazer um balanço da abertura da atual temporada no Adriana Beach Club Hotel Resort, de acordo com dados divulgados pela unidade hoteleira em Albufeira no Algarve, assim como avançar uma previsão para o decorrer da época alta. O resort abriu as portas ao público a 27 de março passado, registando um afluência maioritariamente de turistas portugueses e espanhóis (ver gráfico), encorajados pelo bom tempo que se fez sentir nos dias que antecederam a Páscoa e durante o fim de semana da quadra. Os clientes britânicos também privilegiaram a unidade hoteleira, enquanto os escandinavos estiveram representados pelos grupos de Desportos. Já a ausência de turistas oriundos de França, Bélgica e Holanda se deve, segundo a Direção do resort, ao início tardio de voos dos operadores internacionais. A abertura superou as expectativas, com o número de quartos ocupados superior em 52% à previsão para aquelas datas, assim como a taxa de ocupação, também superior em 52% em relação às expectativas. Quanto ao número de clientes, aumentou 73%, e o pax médio por alojamento registou um aumento de 14%, enquanto o preço médio por quarto registou um aumento de 14%. De acordo com dados relativos a 2014, registou-se o aumento de 4% da venda antecipada, o que permitiu o incremento das vendas. Verificou-se também o incremento da ponderação das vendas nos canais Grupos (3%) e Diretos (6%) através da redução da ponderação das vendas no canal Operadores (11%), destacando-se também a entrada de novos Operadores de Grupos. Por outro lado, a faturação da Internet representa 16% das vendas, valor superior em 2% em relação ao ano anterior (destaque para a Booking, Hotels4U, Expedia e Logitravel), redundando numa menor dependência dos grandes operadores, o que permite diversificar a venda por outros operadores e aumentar os preços. Por último, a unidade hoteleira prevê N º 20 . maio MARTA CAVACO igualmente reabilitadas. Esforçando-se por proporcionar um bom ambiente de trabalho, a Direção sublinha que a postura profissional não impede que exista um ambiente familiar, como salientou Mar Bayo, nesta unidade há cinco anos. Antecipando a temporada balnear ocupação plena durante a época alta de 2015, a testemunhar – embora os sinais sejam ainda ténues – alguma recuperação da Economia e do poder de compra das famílias portuguesas. Completa a remodelação dos quartos Com o resort encerrado entre 31 de outubro e a semana que antecede da Páscoa (feriado móvel), dada a sazonalidade que caracteriza a atividade hoteleira no Algarve, decorreram nesse período obras de manutenção dos edifícios, equipamentos e espaços exteriores. No Inverno passado procedeu-se à 3.ª e última fase de remodelação dos quartos, abrangendo as 116 divisões standard, em prol do conforto dos hóspedes que ali acorrem. Foram também remodeladas a envolvente do Restaurante Grill e a esplanada do Restaurante português, junto a uma das piscinas. Atendendo ao primado da sustentabilidade e à preocupação em reciclar, reutilizar e reconverter, «a fórmula dos três ‘r’ », como salienta Mar Bayo, Diretora Geral da unidade hoteleira, optou-se por manter o mobiliário de origem, conferindo um toque de modernidade na decoração, do leque de tons utilizados na pintura do mobiliário e das paredes aos têxteis e adereços. 2 0 1 5 Ainda enquadrada nessa postura, pautada pela atitude responsável que se estende «do comer bem ao respeito pelo Ambiente», passando pelo apoio às empresas locais e à cultura da região, o resort mantem uma pequena horta com produtos hortícolas e ervas aromáticas, onde crianças e adultos podem entreter-se numa atividade a que porventura nas grandes cidades não têm acesso. Afinal, trata-se do reconhecimento de que atitudes como estas, partindo de indivíduos ou de pequenos grupos e empresas, se forem generalizadas, podem fazer a diferença no Ambiente e redundar na cidadania responsável. A generalidade das instalações do resort, quartos incluídos, passou a estar equipada com splinters, que substituíram os anteriores equipamentos de ar condicionado centralizado, solução que permite regular a temperatura dos quartos ao critério dos ocupantes. Televisores LCD foram também instalados nos quartos. Não foram apenas os espaços públicos e os quartos a beneficiarem de remodelação. Mantendo uma equipa estável nas posições-chave, trabalham durante a temporada no resort alguns elementos de fora da região, pelo que dispõem de alojamento nas instalações, que foram O resort abriu o acesso à praia, com espreguiçadeiras e chapéus de sol, antecipando a abertura oficial da época balnear, que ocorre na região no início do mês de maio, graças a uma autorização da Delegação Marítima de Albufeira, serviço gratuito que proporciona aos hóspedes do hotel. A unidade hoteleira onde vigora o sistema Tudo Incluído, que privilegia a relação personalizada com os clientes, apostando na respetiva fidelização, tem recebido reconhecimento generalizado. A satisfação pode ser testemunhada pela distinção atribuída pelo site Trip Advisor, plataforma online que regista comentários de turistas após terem passado por destinos de férias em todo o mundo, procurada pela informação independente a que o leitor acede em busca de comentários, avaliações e críticas publicados por quem visitou os locais para onde se propõe viajar. Num contexto mais vasto, estes resultados enquadram-se com o Turismo designado setor estratégico para a Economia em Portugal, pelo contributo relevante em termos do PIB (cerca de 10%), um dos setores que mais contribui para as exportações (cerca de 14%) e o maior exportador de serviços (cerca de 46% de exportações de serviços), de acordo com dados da PwC B Portugal de 2014. 23 AUDIOVISUAL MAR SALGADO devolveu a autoestima a Setúbal O JOSÉ PINTO RIBEIRO último dia de gravações de Mar Salgado decorreu em Setúbal, a 13 de maio, numa reconstituição do círio fluvial das Festas de Nossa Senhora do Rosário de Troia, operação coordenada pela SP Televisão. Durante a cerimónia, na qual esteve presente Maria das Dores Meira, as embarcações engalanadas atravessaram a baía, na que é uma das principais festas dos pescadores da cidade. A Presidente da Câmara Municipal de Setúbal salientou o impacto da novela da SIC (líder no horário nobre, com mais de milhão e meio de es- pectadores diários e 32% de share diário médio) para a cidade, não apenas no Turismo, como para a população, a quem devolveu a autoestima. Mar Salgado incluiu exteriores gravados ao longo de mais de cem dias em Setúbal, e a produtora contou com o apoio da autarquia, que disponibilizou espaços públicos e edifícios municipais para as gravações, assim como na isenção de taxas municipais. Espectadora regular da novela – sempre que a agenda lho permite – Maria das Dores Meira mostrou-se muito feliz com os resultados desta parceria com a produtora, e salientou os laços que se forjaram entre a população de Setúbal e o elenco da novela.. B Os sonhos de Rita em livro A Guerra & Paz Editores vai publicar este mês um livro de Rita Redshoes, com o título Sonhos de Uma Rapariga Quase Normal, em que revela uma faceta até agora desconhecida, de autora literária e ilustradora. Rita lembra-se em pormenor de todos os relatos e, neste livro, conta 40 desses sonhos, que acompanha com outras tantas ilustrações a cores. Os sonhos de Rita tanto envolvem familiares e pessoas 24 comuns, como figuras públicas como Obama, Maria Callas, Passos Coelho, António Costa ou Pinto da Costa. O resultado é um gift-book a quatro cores, «um pequeno luxo», como a editora o designa. Rita Redshoes é principalmente conhecida pela sua carreira na música e pelo êxito Hold Still, depois de ter sido vocalista dos Atomic Bees e teclista de David Fonseca. E 2008 lançou o primeiro ál- bum a solo com o nome atual, Golden Era. É também porta-voz da Associação Fonográfica Portuguesa no combate à pirataria na Internet. B N º 20 . maio AUDIOVISUAL A SP Televisão investiu num novo sistema de pós-produção da norte- JOSÉ PINTO RIBEIRO Investimento em novos equipamentos de pós-produção -americana Avid. Substituindo os equipamentos que funcionaram desde a fundação da empresa em 2007, a nova instalação coloca a produtora portuguesa na primeira linha nesta área, em Portugal e fora do País, proporcionando-lhe ao mesmo tempo um backup e arquivo com acessibilidade e segurança 2 0 1 5 A s atividades de bastidores da produção televisiva são raramente citadas. Mais facilmente a SP Televisão dá a conhecer os seus títulos e a vertente dos desempenhos e da criação de conteúdos, assim como dos resultados obtidos no que respeita a audiências. A circunstância de ter realizado um investimento a rondar os 500 mil euros em novos equipamentos de pós-produção centrou as atenções na correção de cor, na edição de vídeo e na sonoplastia e na respetiva importância no resultado final das produções. Os novos equipamentos, que incluem as mais modernas soluções de hardware (Isis, da Avid Tecnhology) e software na pós-produção vídeo e áudio, Media Composer e Pro Tools no áudio, ambos também da Avid Tecnhology (ver texto nas páginas 29, 30 e 31), vêm substituir os que estiveram a funcionar durante sete anos, desde a fundação da empresa até agora e que ainda vão estar em uso durante grande parte do corrente ano. Serão estreados nas novas produções a iniciar-se em 2015, a exemplo da novela Poderosas, cujas gravações começaram em março passado. No que respeita a Mar Salgado, que começou a ser transmitida em setembro de 2014, manter-se-á a ser editado no sistema antigo, designado Final Cut 07, até ao final, o que significa que, na fase de transição, estarão em funcionamento os dois softwares de edição. O investimento decorre de uma decisão estratégica enquadrada no crescimento 25 R AUDIOVISUAL da produtora, consistente desde a fundação, assim como a sua atualização tecnológica. João Pedro Lopes, CEO da SP Televisão, explica a aquisição dos novos equipamentos por ser evidente que o anterior estava já subdimensionado para as atuais exigências de funcionamento da produtora. Para se perceber melhor esta afirmação, basta lembrar que a empresa iniciou a atividade com uma produção apenas e atualmente mantém três a gravar em simultâneo. Além disso, recorde-se que, ao adotar a gravação em Alta Definição (vulgarmente conhecida por HD, sigla de High Definition), desde o início da atividade, as necessidades de ocupação de espaço em disco são desde então muito superiores às requeridas pelo sistema anterior àquele, SD (Standard Definition). Por outro lado, o prolongamento da vida dos equipamentos iniciais estava a implicar algum risco para a empresa, com a utilização de soluções de recurso, dada a quantidade de dados com que a pós-produção atualmente trabalha. Ainda assim, por decisão da empresa, o sistema antigo manter-se-á nas instalações, sendo utilizado noutros projetos menos exigentes, ou dando apoio numa fase inicial a novos projetos. Segundo Miguel Oliveira, além de chefe de edição de Mar Salgado, coordenador da pós-produção vídeo da SP Televisão, a gestão do novo sistema lança um desafio interessante aos envolvidos pela articulação da estrutura com o software, acrescendo a formação, sabendo-se que a oportunidade de pôr «as mãos na massa» só ocorreu 26 no final do primeiro trimestre deste ano. Para os outros dois responsáveis pelas referidas áreas da pós-produção, respetivamente Luís Marques da Silva (correção de cor) e José Cardoso (sonoplastia), a melhoria de procedimentos e de resultados é evidente, pelo que acreditam que tanto os operadores naqueles três setores como a empresa ganharão muito com a implementação do novo sistema. Neste núcleo, Luís Marques da Silva, na SP Televisão desde a fundação, é responsável pela correção de cor (color grading) de novelas e séries televisivas, assim como pela conceção e execução das infraestruturas técnicas nas áreas de estúdios e pós-produção O investimento decorre de uma decisão estratégica enquadrada no crescimento da produtora da SP Televisão. Miguel Oliveira, igualmente fundador da produtora, editou séries e novelas, de Vila Faia a Perfeito Coração, Liberdade 21, Laços de Sangue, Cidade Despida e Sol de Inverno, entre outras. Por seu turno, José Cardoso é, desde início de 2005, responsável e coordenador dos departamentos de pós-produção áudio nos locais de trabalho, nomeadamente na SP Televisão, em produções como Liberdade 21, Laços de Sangue e Mar Salgado, entre muitas outras. A substituição do equipamento original decorreu após se ponderar maduramente sobre a questão. Para isso, os três profissionais puseram-se em campo para procurar as soluções existentes no mercado que melhor correspondessem às suas necessidades. Sublinham a liberdade com que atuaram na pesquisa e na escolha do sistema a adquirir, que a Administração pretendia se adequasse às respetivas necessidades, o que se traduziu «numa enorme responsabilidade», ao serem incumbidos «do aconselhamento sobre a aquisição a fazer». Tecnologicamente atualizada, a empresa, que trilha o caminho da internacionalização, ficará a par dos procedimentos em uso a nível internacional, melhorando a qualidade do produto final. Recorde-se ainda que esta atualização surge após a aquisição das instalações contíguas ao estúdio, em S. Marcos, onde na sequência da reabilitação do edifício ali existente surgirá nomeadamente um espaço concebido de raiz com características específicas para alojar salas de pós-produção, além de novos estúdios. O processo de escolha decorreu durante mais de um ano e incluiu a visita a uma das duas maiores feiras de equipamentos do setor, a IBC 2013, em Amsterdão, onde a indústria dá a conhecer a cada ano as novidades ao mercado. Com uma lista inicial de sete fornecedores e as respetivas propostas, e após cuidadosa análise, muita discussão e reflexão, chegou-se a duas opções – uma solução ‘chave-na-mão’ (em que um único fornecedor apresenta um sistema integrado e testado) e outra, composta por soluções provindas de várias origens – das quais viria a ser escolhida a primeira, fornecida pela Avid, cuja proposta se mostrava mais interessante para a SP Televisão. Não N º 20 . maio JOSÉ PINTO RIBEIRO existindo o sistema perfeito, a opção recaiu sobre a que foi considerada melhor proposta existente no mercado e que inspira maior confiança, nomeadamente pela rapidez de execução dos procedimentos que proporciona – libertando as equipas para a criatividade – e pela capacidade de armazenamento de dados, com segurança e rapidez de acesso, o que cria um quadro novo para a atuação da pós-produção na empresa. Atualização tecnológica A adequação dos procedimentos da empresa à evolução da tecnologia é um fator sempre em cima da mesa, como sublinha Luís Marques da Silva: «Temos de nos preparar para os próximos 3 a 5 anos, num quadro em que as exigências técnicas são cada vez maiores, proporcionadas pelo desenvolvimento da ciência e tecnologia, pelo que não podemos ficar para trás». A atualização tecnológica das empresas que atuam nesta área torna-se assim um imperativo, apesar de se saber que os equipamentos e o software acaba- 2 0 1 5 rão por ficar desatualizados em algum momento após o seu lançamento. Ainda assim, como sublinha aquele elemento, os lançamentos de novos equipamentos e programas surgem no mercado aproximadamente no final de cada ciclo de três anos, o que permite a quem está atento ao aparecimento das novidades adquiri-las na altura do seu aparecimento, assegurando-lhes assim alguma longevidade. Foi exatamente isso que aconteceu com a aquisição em apreço pela SP Televisão, em pleno processo de escolha. Alertados para o facto de estar iminente o aparecimento de novidades no mercado, aguardou-se o momento certo. A espera permitiu à pós-produção ter acesso, por exemplo, a soluções de armazenamento com o dobro da capacidade da existente inicialmente, pelo valor inicial. Numa fase de transição e ainda a funcionar no edifício-sede da SP Televisão, a pós-produção conta atualmente com 18 salas, pelas quais se distribuem os cerca de 30 elementos que operam nas três áreas que a integram. Trabalho de bastidores, praticamente invisível, ou «de fim de linha», como o classifica José Cardoso, a pós-produção, nas suas três vertentes, consiste também de tarefas solitárias, já que os seus elementos trabalham sozinhos nas suas estações. O processo começou pela implementação do novo sistema, passando-se depois à instalação, o que exigiu uma reorganização dos espaços alocados a esta área. Uma operação delicada e pensada ao pormenor, destacam os três elementos, em todas as vertentes da execução, até no momento escolhido para ser realizada, de forma a permitir que as rotinas deste setor não fossem interrompidas. O objetivo era ter o novo sistema a operar em pleno no final de março ou abril. Durante a fase de transição, procedeu-se à cópia de dados de um servidor para outro – uma operação que demorou dezenas de horas – sem que a atividade diária da pós-produção tenha alguma vez sido interrompida. É preciso saber que, além da melhoria dos procedimentos anteriormente em 27 R AUDIOVISUAL uso, o novo sistema vai trazer novas valências que os três consideram uma aquisição importante e que vai fazer a diferença. Referem-se por exemplo à capacidade de realizar backups dos conteúdos que chegam resultantes da produção diária. A possibilidade de ter um sistema de replicação de ficheiros seguro e acessível é um dos adquiridos atuais, e uma exigência das produtoras, visto que o vulgar suporte magnético para gravação, as chamadas cassetes, tendem a acabar e tudo o que vai circular dos estúdios para as salas de pós-produção resume-se a ficheiros de vídeo (data). Neste ambiente inteiramente digital, o risco de se perderem ficheiros é real, uma vez que a possibilidade de avaria dos equipamentos nunca está inteiramente arredada e tem de ser prevenida. Por outro lado, a SP Televisão passa também a dispor de um arquivo onde são guardados e catalogados os produtos finais. Para se ter uma ideia das necessidades de espaço atuais da produtora, o dia-a-dia está contabilizado em mais de 200 terabytes. Parte deste volume será apagado ao fim de algum tempo, após o termo da transmissão da produção a que estão relacionados, ficando apenas guardado o produto final. Já o número que contabiliza a produção total da produtora desde o início até hoje não foi ainda achado e está sempre a crescer, como é de imaginar. O armazenamento destes ficheiros digitais, explica Luís Marques da Silva, não se processa apenas em discos rígidos, mas igualmente em fita magnética, como as antigas cassetes, o sistema de arquivo 28 em fita linear designado LTO (Linear Tape Open) e que na sua conceção não dependem de circuitos eletrónicos, proporcionando uma dupla segurança aos responsáveis por este setor da empresa, na área de arquivo de dados. Da estação de pós-produção a casa do espectador Ao espectador, em casa, não será indiferente o salto tecnológico que se está a operar na SP Televisão, nos produtos que lhe chegam pelos canais clientes da empresa. Porém, há que ter em conta que os procedimentos na produtora são mais avançados dos que os adotados pelas estações emissoras, salienta Luís Marques da Silva. No que respeita à correção de cor, explica que a possibilidade de trabalhar ficheiros com mais informação, apesar de não chegarem a casa do espectador de forma semelhante, devido aos constrangimentos já referidos, vai tornar-se ainda assim percetível por quem assiste aos programas, sublinhando-se igualmente os melhoramentos do ponto de vista de criatividade. José Cardoso considera, por seu turno, que a versatilidade permitida pelo novo sistema vai certamente ter repercussão no resultado final, algo que não escapará ao público, mais pela vertente humana do que pela técnica: «O nosso trabalho enquanto técnicos e criativos vai melhorar, porque vamos ter uma capacidade de resposta diferente da atual». Aquele elemento refere-se à rapidez de procedimentos, permitindo «abrilhantar o trabalho», graças a essa aquisição. Dando um exemplo desta nuance, José Cardoso refere: «Em casa o espectador não tem noção se as musicas têm qualidade em mp3 ou wav. Percebe, contudo, se a música ilustra determinada cena de forma a proporcionar-lhe mais dinâmica e fazê-la ‘crescer’», sublinhando assim que, graças a processos mais rápidos, se liberta a capacidade criativa. Envolvidos e extremamente empenhados nas respetivas tarefas, que desempenham com gosto, Luís Marques da Silva fala pelos três ao salientar as potencialidades que o novo sistema proporciona a este setor criativo, permitindo-lhe fazer a diferença em relação às empresas congéneres. Por isso, os três líderes de uma equipa mais vasta não escondem o entusiasmo que o processo está a gerar, mais uma etapa do envolvimento que os liga à atividade profissional, que lhes exige um misto de valências, do domínio técnico à criatividade, passando pelo à-vontade com a informática. Logo, a expectativa quanto ao pleno funcionamento do novo sistema é enorme. Miguel Oliveira acredita que o processo de implementação do novo sistema poderá tornar-se um case study para a Amperel, empresa que representa os equipamentos em Portugal e para a Avid. «Após nós o termos feito, alguém vai querer fazer semelhante». Não surpreende, pois, dada a envergadura e a complexidade desta instalação e do perfil da SP Televisão, a maior produtora independente em Portugal, que esta seja uma operação inédita no País. B N º 20 . maio AUDIOVISUAL projeto à medida O equipamento e software agora adquiridos pela SP Televisão são maioritariamente originários da Avid, empresa norte-americana representada em Portugal pela Amperel. No seu conjunto, o projeto foi concebido à medida das necessidades da produtora portuguesa 2 0 1 5 A Avid tornou-se uma referência de inovação no mercado da produção de Cinema e Televisão desde que surgiu em 1993, e marcou a transição da edição tradicional para a digital, consagrada por diversos prémios. Um deles foi o Oscar atribuído a Walter Murch pela edição de O Paciente Inglês (1996), realizada com ferramenta Avid, e que marcou a história do Cinema pelo facto de ter sido o primeiro daqueles galardões atribuído a um filme editado digitalmente. Sediada em Burlington, Massachussetts, nos Estados Unidos, a empresa tem centros de assemblagem na Irlanda e escritórios centrais na Europa em Pinewood, no Reino Unido, localidade conhecida por ali se encontraram os estúdios de cinema com o mesmo nome, e também delegações em vários outros países europeus. Emprega atualmente mais de 2700 pessoas. Curiosamente, a Avid conta entre os seus parceiros tecnológicos com a MOG, uma empresa portuguesa sediada na Maia que desenvolve ferramentas MXF e soluções de ingest centralizado. O facto de trabalhar desde o início da década de 1990 para os grandes estúdios em Hollywood levou a que tenha estendido a sua influência a todo o mundo. Esta capacidade de implantação trouxe-a até Portugal, onde é representada pela Amperel, Electrónica Industrial, SA, fundada em 1976. Trata-se de uma das empresas mais antigas em Portugal nas áreas da Televisão, vídeo e áudio, e distinguiu-se graças ao leque de marcas e fabricantes estrangeiros que representa, entre as quais a Avid, desde 1991. Segundo Orlando Serrenho, Diretor-Geral da Amperel, a empresa construiu a sua reputação também por proporcionar um conjunto de serviços indispensáveis aos seus clientes, algo que, «dadas as atuais condições do mercado, poucos se aventuram a fazer». Atua num nicho, disponibilizando equipas da técnica à de projeto, além da vertente comercial, e propõe a chamada solução ‘chave-na-mão’. Os contactos entre a Amperel e os atuais responsáveis da SP Televisão remontam ao passado, quando estes e equipas técnicas e artísticas estavam ligadas à NBP e à SP Filmes, pelo que as conversações que rodearam o projeto em apreço decorreram em clima de conhecimento mútuo. As soluções da Avid são há muito adotadas no País pelas estações televisivas, produtoras e pós-produtoras, e ainda nas universidades. A que vai equipar a SP Televisão foi desenhada à medida, correspondendo a um minucioso caderno de encargos e inclui grandes pilares, da conceção do projeto, fornecimento do sistema e instalação do equipamento à formação e apoio, numa altura em que o mercado da Televisão – sublinha Orlando Serrenho – está a voltar a animar-se com o aparecimento de novos programas. 29 R JOSÉ PINTO RIBEIRO AUDIOVISUAL JOSÉ PINTO RIBEIRO A conceção do projeto envolveu elementos das três empresas, SP Televisão, Amperel e Avid, cujos representantes se deslocaram a Portugal e que conjuntamente se empenharam em encontrar a solução técnica que melhor se adaptava ao modelo de funcionamento da produtora. «O desenvolvimento do projeto decorre de necessidades que provinham da experiência do sistema anterior, das respetivas limitações e também das vantagens, condições que a SP Televisão pretendia manter e Miguel Oliveira (na foto de cima), Luís Marques da Silva (à direita) e José Cardoso (em baixo), lideram a equipa de pós-produção da SP Televisão e puseram a funcionar o novo sistema JOSÉ PINTO RIBEIRO outras obviamente melhorar» − recorda Orlando Serrenho. Segundo este responsável, as soluções desenvolvidas pela Avid são flexíveis e compatíveis entre si. Habitualmente designadas ‘sistema colaborativo’, são um dos argumentos a favor do hardware e software que desenvolve (que, no caso da SP Televisão, correrá em computadores Mac por decisão da empresa), redundando numa rentabilização dos meios e melhoria dos processos das empresas que as adquirem. Em 30 N º 20 . maio complemento, os contratos de manutenção permitem à representante desta marca norte-americana acorrer quando solicitada a problemas que eventualmente surjam e resolvê-los em tempo útil, sem que a atividade da empresa cliente seja interrompida. Gonçalo Fernandes, engenheiro e responsável da Amperel pelo projeto, por seu turno, sublinha, entre este leque de soluções, a capacidade atual de armazenamento de dados, que tem vindo a aumentar quase exponencialmente. A possibilidade de se construir um servidor com maior número de unidades de armazenamento é outra evolução recente, assim como a capacidade de agregar um maior número de utilizadores do que até há pouco tempo, assim como estações de edição. Segundo este elemento e dada a experiência das equipas da SP Televisão, a preocupação da Amperel centrou-se em dar formação no âmbito da gestão do sistema, conhecida pela facilitação e rapidez de processos. A Avid assenta a sua comunicação numa mensagem de eficiência, poder de execução, redundando na geração de lucros graças a propostas «capazes de enfrentar as soluções de emissão hoje e no futuro», como pode ler-se na página oficial da empresa, num ambiente altamente competitivo e no qual opera grande número de empresas congéneres, empenhadas em sobressair no mercado. Recorrentemente premiada ao longo do seu percurso, de um total de dois Oscares, um Grammy e 14 Emmys, destaca-se o Emmy técnico atribuído à 2 0 1 5 De O PACIENTE INGLÊS a JOGOS DA FOME A maior parte do software criado pela Avid a ser usado na SP Televisão é sobejamente conhecido pelos profissionais do setor, ao mesmo tempo que são autênticas bandeiras da empresa norte-americana. E ainda pelos estudantes, quer nas universidades, quer nos politécnicos onde os cursos cujos curricula integram a pós-produção são ministrados. Eis o elenco de alguns destes programas: Media Composer – Depois de ter inovado a edição em Cinema e também na Televisão, testemunhada pelo Oscar atribuído à edição de O Paciente Inglês, o Media Composer da Avid é uma referência da empresa e porventura a sua aplicação mais conhecida. Este programa foi o utilizado pelos editores do filme The Hunger Games – Catching Fire, da série Jogos da Fome, o que é usado como cartão-de-visita da Avid para divulgação desta ferramenta de edição. O Media Composer é considerado o software de edição não linear de vídeo, para Cinema, Televisão e notícias mais confiável do mercado. Pro Tools – As soluções de áudio da Avid são reconhecidas mundialmente como a plataforma de referência de tratamento de áudio e música do mercado, permitindo maximizar a capacidade criativa da produção. Um dos mais recentes e revolucionários produtos Avid na área do áudio é a superfície de controlo S6, modular e adaptável a música e pós-produção. Avid Interplay – Sistema de gestão de media em ambiente colaborativo integrando produção, edição e pós-produção, automatizando e optimizando os fluxos de trabalho. Avid Isis – Sistema de armazenamento partilhado (server), integrando a capacidade de armazenamento com acesso online simultâneo ao conteúdo armazenado pelas estações de edição de vídeo, áudio e gráficos. empresa e aos fundadores na categoria Outstanding Engineering Development, em 1993, pela aplicação de edição de vídeo Media Composer. Em 1999, a Avid recebeu um Oscar para a apli- cação do programa Film Composer. A empresa norte-americana prepara-se para divulgar esta operação na SP Televisão, pela importância de que se reveste num país europeu. B 31 AUDIOVISUAL INVESTIMENTO O projeto de Arquitetura do novo polo de produção RODRIGO DE SOUZA Aqui vai surgir um novo polo de produção da SP Televisão está a ser amadurecido, correspondendo a um caderno de encargos de grande complexidade definido pela produtora. Pretende-se um todo integrado que inclua o edifício já existente e em que a funcionalidade é apenas uma das vertentes A s exigências técnicas e artísticas fazem dos estúdios de Televisão e Cinema da atualidade edifícios de características muito próprias e com especificidades sem paralelo no âmbito da Arquitetura industrial. Por isso, o projeto do novo polo de produção da SP Televisão em S. Marcos − considerado um grande desafio empresarial − está a ser amadu- 32 recido, correspondendo a um caderno de encargos de grande complexidade definido pela produtora. Para a exposição de tais requisitos contribuiu a longa experiência dos profissionais de empresa, em diversos níveis de responsabilidade, incluindo realizadores, técnicos e diretores de estúdios, conhecimento que está a ser transmitido aos arquitetos que executarão a incumbência, atendendo às vertentes artística e económica. A ideia escolhida tem origem num dos três gabinetes de Arquitetura inicialmente convidados para conceber uma proposta para a criação do novo polo e que está a trabalhar a partir de um conceito definido. Pretende-se a total integração entre os dois edifícios, antigo e novo, na funcionalidade, harmonia, em termos ambientais e urbanísticos. A autarquia vê com bons olhos o surgimento deste novo polo na sua circunscrição, destinado a uma indústria não poluente e de uma empresa relevante para o concelho de Sintra, como investidora e empregadora. O complexo final – que não ficará pronto antes de um ano e meio, assim se prevê − fará das instalações da SP Televisão uma referência ao nível das produtoras independentes na Europa, como sublinha Jorge Marecos, Administrador da SP Televisão. Não existindo no País especialização em edifícios semelhantes e embora a construção em causa se enquadre na Arquitetura industrial, a especificidade da produção televisiva nos estúdios que ali vão surgir faz deste projeto um caso complexo, ponderado ao mais ínfimo pormenor. N º 20 . maio O primeiro condicionamento passa pela necessidade de insonorização do edifício, já que as instalações se encontram nas imediações da Linha de Sintra e de uma autoestrada muito movimentada, o IC 19. Não são estas duas fontes de ruído, porém, as únicas a ter em conta. A existência de estúdios de ficção, onde as gravações exigem absoluto silêncio e de um estúdio de entretenimento, com público a assistir e ele mesmo emissor de ruído, coloca um desafio técnico acrescido a esta construção. Além disso, as características destes estúdios são distintas entre si, nomeadamente no que se refere ao pé direito das salas, de 6 a 7 m para os de ficção, e 12 m para os de entretenimento. A desejada funcionalidade do futuro polo de produção será tanto mais conseguida quanto forem tidas em conta questões como a necessidade de circulação de pessoas antes e no termo das gravações, ou durante os intervalos, por exemplo entre os estúdios e o restaurante que funciona na empresa e as salas de apoio aos estúdios. Questões que se colocam à rotina de uma produtora mas difíceis de resolver com eficácia, num espaço onde se cruza grande número de artistas, técnicos e figurantes, além dos funcionários permanentes da produtora, havendo que prever que parte dessa circulação se faça a céu aberto e nem sempre em condições atmosféricas amenas. Com o alargamento do espaço atual, a SP Televisão passará a dispor de um total de 3,5 hectares, onde ficarão concentradas todas as atividades da empresa, algumas das quais atualmente dispersas por vários edifícios, nas imediações da sede ou em locais mais distantes. No mesmo perímetro ficarão instalados os atuais três polos de produção, estúdios e serviços, como a Direção de Conteúdos, o Armazém de Adereços, a Continuidade e o Departamento Gráfico. A empresa passará a dispor de mais espaço para estacionamento, triplicando a capacidade atual. Nos planos próximos da produtora está a instalação de quatro novos estúdios, três destinados à produção de ficção e um para entretenimento. B Da indústria produtiva à criativa Por todo o mundo, os estúdios têm requisitos semelhantes: precisam de espaço e de boas acessibilidades, pelo que os locais eleitos para serem instalados são geralmente afastados dos grandes centros urbanos, onde possa chegar rapidamente quem lá exerce a sua atividade. E se, no exterior, pode descrever-se os estúdios de Cinema e de Televisão como quase sempre integrados por grandes naves industriais junto das quais se instalam os serviços de apoio, dos restaurantes aos armazéns, guarda-roupa, etc., o seu interior desmente qualquer semelhança com demais indústrias. Não se registando em Portugal produção industrial que tenha justificado a criação de know how na edificação de estúdios, existem modelos internacio- 2 0 1 5 nais, como os Pinewood Studios, na localidade do mesmo nome no Reino Unido, exemplo conhecido de estrutura que, além de produtora, é prestadora de serviços nas atividades de Televisão e Cinema. E é igualmente consultora na construção de estruturas para o mesmo fim. Ou a Cinecittà, em Roma, que chega a acolher visitas de interessados, investigadores e mesmo turistas, tal o interesse que as instalações suscitam, por se tratar de um ícone do cinema do século XX. A ponto de nas imediações ter sido inaugurado em julho de 2014 o Cinecittà World, parque de diversões temático. No país vizinho, a Globomedia, produtora audiovisual líder no país e com destaque na Europa, cujos estúdios entre Fuencarral e Alcobendas, em Madrid podem ser visitados, é conhecido pelo seu sistema misto (produção própria e aluguer de estúdios a outros produtores). No espaço onde vai surgir o novo polo de produção da SP Televisão, contíguo ao da sede, existiu até agora uma nave central coberta, espaços de armazenamento e amplas áreas a céu aberto, mas a nova edificação vai certamente transfigurar o local, uma vez que o uso a que se destina é totalmente distinto do inicial. Onde até há pouco tempo existiu uma fábrica de sinalética, atividade produtiva comum no último quartel do século XX, vai surgir um polo audiovisual, a atestar do impulso às indústrias criativas que caracterizam a viragem do século e consistem numa das tendências do século XXI. 33 AUDIOVISUAL OS NOSSOS DIAS Chegaram ao fim as gravações da novela mais longa A segunda temporada de Os Nossos Dias começou a ir para o ar a 6 de abril na RTP1 e a transmissão vai prolongar-se até ao final de 2016. O último dia em estúdio, a 4 de março passado, foi de emoções intensas. Terminaram as gravações da novela mais longa da Televisão portuguesa, com 600 episódios A inda pouco de sabe do argumento da segunda temporada de Os Nossos Dias, a novela mais longa da Televisão portuguesa, que já estreou e vai estar no ar até ao final de 2016, à hora do almoço (14.15) na RTP1, pois os interve- 34 nientes souberam guardar os chamados spoilers desta produção. As gravações terminaram a 4 de março, com o elenco e equipa técnica de emoções à flor da pele, satisfeitos com o trabalho desenvolvido e simultaneamente tristes por se tratar do desfecho de uma experiência gratificante. A estreia ocorreu 6 de abril na RTP1 e a transmissão vai prolongar-se até ao final de 2016. O tradicional jantar de confraternização do termo das gravações reuniu todos os envolvidos, num adeus que, na opinião de Joaquim Nicolau, bem podia ser um «até já!». Ator do núcleo dos taxistas desta novela, o único núcleo que transi- tou da primeira para a segunda temporada, faz um balanço muito positivo desta participação e veria com bons olhos o reaparecimento da Imperial Táxis no centro de uma sitcom. O facto de se tratar de uma produção low cost, motivado pelo período de crise que levou à contenção nos orçamentos, não significa, para Joaquim Nicolau, um produto menos digno, ou um resultado menos apelativo para o público espectador. «Sem grandes exteriores, nem paisagens de tirar o fôlego», a novela assentou no texto e no trabalho dos atores, com o que «conseguimos que as pessoas aderissem, dando um con- N º 20 . maio tributo honesto, numa produção que deu trabalho a muitos profissionais» – sublinha. «Não é bife do lombo, mas é de alcatra» − explica, comparando o produto televisivo a uma refeição num restaurante. E prossegue no mesmo registo, referindo que, para tomar uma boa refeição, não tem de ser necessariamente num restaurante caro: «Existem boas casas, de bom gosto, onde se tomar uma refeição de qualidade, um bom bacalhau cozido, um bom bife, e sair-se satisfeito». Este raciocínio para afirmar que a participação em Os Nossos Dias deixou elenco e equipa técnica satisfeitos com o contributo geral – e o ator e produtor teatral sublinha que fala pelos outros integrantes da equipa, com a autoridade conferida dado o contacto havido desde o início da produção – e com a noção de que se apresentou «um produto digno». Convicto de que a novela não apenas cumpriu mas superou os objetivos (as audiências naquele horário aumentaram quase para o dobro com a transmissão da primeira temporada, lembra, o que faz desta produção uma «aposta ganha»), Joaquim Nicolau chama a atenção a quem de direito para o óbvio, o facto de se ter aberto uma janela de oportunidade para produtos com características semelhantes: «Existe um público com apetência para este produto e outros semelhantes», pelo que é de ter isso em conta, «procurar esses espectadores e ir ao encontro deles, com novas criações». O período durante o qual decorreu esta produção foi extremamente exigente para o ator. Gravou nos estúdios da SP Televisão no Quintanilho. No papel do taxista Valdemar Damásio da Imperial, empresa de táxis de aluguer, percorreu o País em digressão com o espetáculo Táxis d’Os Nossos Dias, produção teatral da responsabilidade de Alexandre Hachmeister da comédia criada a partir daquele núcleo da novela, dado o seu sucesso na trama. Além disso, o ator manteve em cena a peça O Dote, comédia estreada em Santarém e, por incrível que pareça, integrou o elenco de outro espetáculo, A Loucura dos 50, em que foi pontualmente substituído por João Maria Pinto, quando a representação foi impossível de conciliar com as gravações. Ao Diretor de Projeto da segunda temporada desta novela, Adriano Luz, que se estreou nestas funções em Os Nossos Dias, o estatuto low cost não resultou num condicionamento para esta produção. A experiência acumulada como ator, encenador, realizador de Televisão e de Cinema, diretor artístico de uma produtora televisiva e dramaturgo, à qual foi buscar referência para o desem- penho destas funções – e nas quais se incluem as decisões sobre em que gastar o dinheiro disponível – conferem-lhe autoridade sobre a questão. E leva-o a concluir que, por vezes, «se fazem gastos em grandes acontecimentos, que se esgotam num episódio». Ou seja, sem retorno equivalente numa produção. Na novela em apreço, Adriano Luz lembra que as limitações de orçamento levaram a contenção de gastos, nomeadamente nos exteriores. Ainda assim, o público poderá valorizar o facto de, sendo o argumento centrado na cidade de Lisboa durante a primeira temporada, foi decidido, em conjunto pela RTP e pela produtora, alargar um pouco o leque de imagens exibidas à Área Metropolitana de Lisboa, o que permitiu incluir imagens da capital vista da Margem Sul e das praias da Linha, nomeadamente, o que valorizou a produção. A extensão da novela com os seus 600 episódios iria contra a preferência do Diretor de Projeto da segunda temporada de Os Nossos Dias, se não fosse o facto de esta temporada ser completamente diferente da primeira, o que a torna praticamente uma novela nova, com novos plots narrativos e um elenco quase inteiramente renovado. Conhecida a sua posição a favor de séries mais curtas, Adriano Luz reconhece que esta é uma produção Laurent Filipe e Adriano Luz 2 0 1 5 35 R AUDIOVISUAL feita em condições ditadas pela atual situação do País. De um elenco extenso, para Luís Lourenço, que faz par romântico com Sara Barradas, a prestação em Os Nossos Dias coincidiu com a passagem de uma década de carreira (estreou-se em Morangos Com Açúcar) e que assinalou o seu regresso à Televisão. Tivera a última participação na novela Deixa que te leve (TVI, 2009), e considera este regresso um agradável presente. Um dos protagonistas da novela, Luís Lourenço está convicto de que o refrescar do argumento na segunda temporada permite que não se sinta o arrastamento da narrativa que por vezes se verifica nas ficções muito longas, mostrando-se feliz com o resultado final da temporada que acabou de gravar. Ator, cenógrafo e autor, concilia a Televisão com o Teatro, e é Diretor Artístico e encenador no Teatro Gil Vicente, em Cascais. Quanto ao argumento, na segunda temporada, assiste-se a uma luta constante pela verdade e pela justiça, um jogo no qual a confiança mútua desapareceu, um universo povoado por pessoas comuns, em que o registo dramático convive com o cómico. No desenrolar de uma história marcada pela realidade portuguesa contemporânea, cruzam-se os núcleos da pensão, das famílias Castilho, Ribeiro, Rodrigues e Almeida e da empresa Imperial Táxis, do café e da agência de publicidade. Em destaque, o percurso de Alice (Sara Barradas), que se aproxima de Guilherme (Luís Lourenço), filho da vilã da história, Emília Castilho, (Luísa Cruz) com o objetivo da vingança, desígnio que o inesperado acaba por subverter. Os Nossos Dias é transmitida, além da RTP1, igualmente na RTPi, RTP África, RTPi América e RTPi Ásia. B As novas caras Luís Lourenço Sara Barradas Maria João Luís Cláudia Cadima Carlos Cunha Fernando Ferrão Daniel Martinho Sabri Lucas Maria D’Aires Márcia Breia Pedro Giestas Laurent Filipe Patrícia Candoso Os ‘repetentes’ Joaquim Nicolau Anabela Pires Sandra Faleiro Sofia Arruda Rui Melo Miguel Costa Filipa Gordo Tantos dias d’OS NOSSOS DIAS A o princípio parecia um desafio quase impossível ou, pelo menos, de elevado grau de dificuldade. Nunca se tinha feito nada assim: mais de quinhentos episódios a gravar em menos de ano e meio. Mas o desafio cumpriu-se graças ao empenhamento de um vasta equipa: actores, realizadores, técnicos, guionistas e membros da produção. 36 Trezentos episódios já foram emitidos e mais trezentos aguardam pela exibição. Os que já foram exibidos têm obtido resultados de audiência extremamente positivos. E pelo meio ainda houve tempo de escrever, ensaiar e difundir em vários teatros do País e também na RTP uma comédia musical saída d’Os Nossos Dias. Foi, por isso, para mim, um grande prazer ter participado neste desafio que parecia impossível. José Martins (Diretor de Atores da novela e encenador da peça Táxis d’Os Nossos Dias) N º 20 . maio AUDIOVISUAL De L. A. a Lisboa a ensinar guionismo Como achar temas originais para interessar o público? Este foi um dos conteúdos do workshop de guionismo promovido pela SP Televisão A SP Televisão promoveu um novo workshop de Guionismo, com a designação genérica Estimular o Espírito Criativo, para os autores da empresa, a 1 e 2 de maio passado no Hotel Inspira Santa Marta, dirigido por Carole Kirschner e Kathie Fong Yoneda. 2 0 1 5 Do primeiro dia do alinhamento deste seminário fez parte a exposição do modelo das estações televisivas norte-americanas, e de alguns temas de interesse para quem escreve argumentos, como a criação de ideias novas para séries e episódios, a revisitação e o recurso a temas universais e míticos, a interação entre personagens, e o papel do conflito interior e exterior na criação de personagens originais. Houve também oportunidade para exercícios e debate sobre os temas apresentados. No segundo dia, falou-se de diálogo e subtexto, novas formas de estruturar cenas e diálogos, técnicas para gerar ideias originais, e ainda formas de captar o interesse das audiências. As duas formadoras são reconhecidas pelo seu trabalho nas grandes produtoras americanas. Carole Kirshner trabalhou como executiva sénior de Televisão durante 16 anos na CBS e como vice-presidente da Amblin Entertainment, produtora de Steven Spielberg, trabalhando com autores. Atualmente dirige os programas de formação Writers Guild of America’s Showrunner Training Program, CBS Diversity Writers Mentoring Program, e Humanitas New Voices Program. Durante o seu percurso como executiva, Carole ouviu cerca de 3.300 pitches, adquiriu centenas de guiões e esteve envolvida em dezenas de séries. É autora do livro Hollywood Game Plan: How to Land a Job in Film, TV or Digital Entertainment (Michael Wiese Productions, 2012). Formadora internacional, Carole leciona workshops orientados para o desenvolvimento de novas séries de televisão e entendimento do modelo de televisão americano. Kathie Fong Yoneda, por seu turno, é consultora de entretenimento, tendo-se especializado no desenvolvimento e comercialização de filmes de ação e animação, Televisão, literatura e projetos web. Ex-executiva da Disney, Touchstone, Island Pictures e Disney TV Animation, leciona workshops em todo o mundo, procurados nomeadamente por escritores premiados internacionalmente. É coautora, com Pamela Wallace, de The Script-Selling Game (Michael Wiese Productions, 2002). Integra ainda os quadros da produtora francesa Imago e da The LAWEBFEST, o maior festival de séries online. Foi coprodutora executiva da série Beyond the Break, e leciona o curso Pitch & Presentation na Screenwriters University. B 37 AUDIOVISUAL Exotismo de Kuala Lumpur no arranque de PODEROSAS Uma equipa técnica e artística gravou em Kuala Lumpur e no arquipélago de Langkawi, na Malásia, as imagens do arranque da nova novela portuguesa da SIC, Poderosas. Entre eles, Margarida Marinho e Rogério Samora, um dos pares protagonistas. Com esta produção, a SP Televisão marca presença num novo horário naquela estação, o das 22.30 O exotismo das paisagens de Kuala Lumpur, capital da Malásia e de Langkawi marcam os primeiros episódios da nova novela da SIC, Poderosas, destinada à segunda faixa do horário 38 nobre, a seguir à transmissão de Mar Salgado, que estreou a 18 de maio. Para João Pedro Lopes, CEO da SP Televisão, a presença neste horário representa uma aposta da estação na ficção nacional e também uma nova responsabilidade para a produtora, uma vez que substituiu Império, um título da Globo, no mesmo horário. Com esta produção, a empresa é mais uma vez posta à prova perante o seu mais direto ‘juiz’: o público. A pouco tempo da estreia, aquele responsável mostrava-se contido nas suas afirmações, declarando que os objetivos são os de sempre: «Fazer um bom produto». Recorde-se que a SIC detém a liderança de forma consistente no horário nobre, com as novelas da SP Televisão, desde a transmissão de Dancin’ Days, em 2012, título com o qual disputou a liderança no mesmo horário à TVI. Para a captação das imagens do arranque da novela, uma equipa técnica e artística viajou para a Malásia em fevereiro passado, onde permaneceu duas semanas. Os atores gravaram durante uma semana, contando-se entre eles alguns dos protagonistas, Margarida Marinho e Rogério Samora, que desempenham os papéis de um casal que fica noivo naquelas exóticas paragens. No argumento da novela, a revelação do noivado de Marina e José Maria encontra oposição da parte da filha desta, empresária de sucesso e viúva há dois anos. Ao contrário, o pai e o irmão de José Maria, empresário de Desporto, exultam com a notícia do novo enlace. Além dos dois consagrados atores, gravaram também na Malásia Joana Ribeiro, Tomás Alves e Lia Carvalho. Uma vasta equipa técnica incluiu o Diretor de Produção, Nuno Marvão, o realizador Hugo Xavier, o Diretor de Fotografia António Inácio, entre N º 20 . maio outros, num total de catorze elementos. Para a autoria, a produtora voltou a convidar Patrícia Müller, que escreveu anteriormente Rosa Fogo, igualmente produzida pela SP Televisão para a SIC e que foi transmitida em 2011-2012. A novela foi nomeada para o Emmy Internacional na sua categoria naquele ano. A equipa desta autora integra os guionistas Catarina Dias, Catarina Peixoto, Elisabete Moreira, Patrícia Castanheira, Sara Sampaio Simões e Vítor Elias. A Direção de Produção é de Bruno Oliveira. De acordo com a sinopse do argumento, a novela centra-se num caso de vingança de três mulheres, que se unem contra um homem por motivos distintos. O argumento desenvolve-se em torno de vários núcleos ligados entre si por laços de diferentes índoles, com a Família Nogueira, o núcleo designado d’Os Três Malandros (José Maria, o pai e o irmão deste), o núcleo do Palacete, o do sapateiro e o do salão de bilhar. O elenco, além dos já referidos, inclui Ana Nave, Andreia Dinis, Ângelo Rodrigues, Dânia Neto, Jorge Corrula, Julie Sergeant, Rui Mendes, Joaquim Nicolau, Maria João Luís, Manuel Cavaco, Miguel Borralho, Pedro Sousa, Rita Loureiro, Rui Melo, Sara Leitão, Soraia Chaves, Tiago Aldeia, João Jesus, Mafalda Tavares e Adriano Luz. B Soraia Chaves, Maria João Luís e Joana Ribeiro na apresentação de Poderosas, a 11 de maio, em Lisboa 2 0 1 5 Apresentação debaixo de chuva A s expectativas quanto à transmissão da nova novela são elevadas, a julgar pelas declarações de Luís Marques durante a apresentação à Comunicação Social do elenco da novela, ao fim da tarde de 8 de abril. O evento decorreu na Galeria Raul Solnado da Casa do Artista, em Lisboa, e reuniu o elenco em peso, jornalistas, a equipa de realização e representantes da SIC e da SP Televisão. O Administrador Editorial do Grupo Impresa salientou os bons resultados obtidos pela ficção portuguesa na estação e revelou que a apresentação de uma segunda novela no horário da noite é um objetivo de longa data da sua equipa e seu. Jorge Marecos, Administrador da SP Televisão, por seu turno, revelou as expectativas da produtora quanto à exibição de Poderosas, ao afirmar que pretende conquistar aquele horário com este novo produto. Esta presença no horário nobre da SIC vem ao encontro de um desejo antigo da produtora, de ter duas produções no ar, o que designou como ter alcançado ‘a terra prometida’. Levantando um pouco o véu sobre o conteúdo da novela, Patrícia Muller confirmou que se trata de uma história de poder, sublinhando as vertentes da ternura, do amor e da solidariedade. 39 AUDIOVISUAL José Pinto Ribeiro SP Televisão e Globomedia com projetos para o futuro A SP Televisão e a Globomedia celebraram um protocolo que consagra uma parceria de colaboração, destinada à produção de programas baseados em formatos de ficção e entretenimento de ambas as empresas, em Espanha, Portugal e o resto do mundo. Nas palavras de Piet Hein Bakker, Diretor da SP S. Sebastião Um vinho para o dia-a-dia A Multiwines acaba de lançar uma nova gama completa de vinhos (tinto, branco e rosé, leque ao qual será mais tarde acrescentado o tinto Reserva) no seu portfólio de marcas, para o posicionamento Super Premium. O S. Sebastião surge da necessidade de colmatar a elevada procura para os vinhos da Quinta de São Sebastião, cuja produção está limitada à vinha da propriedade, em Arruda dos Vinhos, que começa a não ser suficiente para satisfazer a pro- 40 cura pelos clientes da empresa. A nova marca decorre também da oportunidade inerente ao relacionamento que a Multiwines tem vindo a desenvolver com alguns viticultores da região, junto dos quais seleciona as melhores uvas. A marca S. Sebastião consiste no culminar do desenvolvimento da Multiwines a nível produtivo e comercial e o objetivo é torná-la uma marca central no crescimento da empresa. A nova gama de vinhos foi desenvolvida a pensar tanto no Entertainment, trata-se de «uma iniciativa ibérica, para ‘conquistar’ o mundo». Juntando forças, as duas empresas têm como objetivo criar versões locais de novelas como Sol de Inverno ou Perfeito Coração, em países como a Bélgica, a Alemanha, o Brasil e no Médio Oriente. A cerimónia decorreu na Quinta de São Sebastião, a 30 de abril passado, perante representantes institucionais das duas empresas. O documento foi assinado por António Parente, presidente da produtora portuguesa e por Daniel Écija, congénere da empresa espanhola, após o que salientaram o empenho mútuo nos projetos futuros das duas empresas, que geram grandes expectativas. O evento serviu de pretexto para uma prova de vinhos da propriedade e uma exibição de equitação à portuguesa. A noite encerrou com fados. B mercado nacional como internacional, aos quais chegará através dos canais de que a empresa dispõe atualmente para os outros vinhos que produz, assim como outros canais em desenvolvimento. O novo vinho surgirá em garrafas de formato semelhante ao Mina Velha, outro vinho da empresa, e ostenta um rótulo com a imagem em relevo do edifício-matriz da propriedade. O target são as classes A e B, a faixa etária entre os 30-35 anos e destina-se a ser consumido no dia-a-dia. O lançamento ocorreu em dois momentos: um destinado à imprensa especializada e críticos do setor, e outro para um círculo de amigos de António Parente. B N º 20 . maio