2 - Unifeb

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CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Ciência e Cultura
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Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE BARRETOS
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
CIÊNCIA E CULTURA
Revista Científica Multidisciplinar do
Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos
Endereço:
POSGRAD - Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos
Av. Prof. Roberto Frade Monte, 389 – Aeroporto
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Publicação Semestral / Semi-annual publication
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Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
CIÊNCIA E CULTURA
CENTRO UNIVERSITÁRIO
DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE BARRETOS
Reitoria
Reitor: Prof. Dr. Álvaro Fernandez Gomes
Pró-Reitor de Graduação: Profa. Dra. Luiza Maria Pierini Machado
Pró-Reitor de Pós-Graduação: Prof. Dr. Romildo Martins Sampaio
Superintendente de Administração e Finanças: Manoel Nunes Filho
Conselho Diretor
Luiz Carlos Diniz Buch - Presidente
Rogério Ferreira da Silva - Vice Presidente
Orlando de Paula Filho - Tesoureiro
Paulo Roberto Teixeira Júnior- Secretário
Ezisto Hélio Fernandes Césari - Conselheiro
Ronaldo Fenelon Santos Filho - Conselheiro
Augusto César Arcuri Antoniazzi - Suplente
Roberto Arutim - Suplente
Ciência e Cultura
Editor:
Editores Adjuntos:
Prof. Dr. Romildo Martins Sampaio (UNIFEB)
Prof. Dr. João Antonio Galbiatti (Unesp/Jaboticabal)
Prof. Dr. Raphael Carlos Comelli Lia (Unesp/Araraquara e UNIFEB)
Profª. Dra. Regina Helena Porto Francisco (USP/São Carlos)
Prof. Dr. Victor Haber Perez (UENF/RJ)
Prof. Dr. Sebastião Hetem (Unesp/Araçatuba e UNIFEB)
Comissão Editorial
Adriana Galvão Moura Abílio (Direito – FEB)
Benedicto Egbert Correa de Toledo (Odontologia – UNESP/Araraquara)
Agnaldo Arroio (Ensino de Química – Educação – USP/São Carlos)
Camila Ferreira de Avila (UNIFEB)
Alberto Cargnelutti Filho (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Caren Elisabeth Studer (UNIFEB)
Alex Tadeu Martins (Odontologia-UNIFEB)
Carlos Eduardo Angeli Furlani (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Alexandre Bryan Heinemann (CIRAD – França)
Carlos José dos Santos Pellegrino (Odontologia – FEB)
Alfredo Argus (Serviço Social – FEB)
Carlos Reisser Junior (Agrometeorologia – EMBRAPA/Clima Temperado)
Álvaro Fernandes Gomes (Física – FEB)
Carlos Teixeira Puccini (Engenharia Civil – FEB)
Ana Carolina Garcia Canoas (UNIFEB)
Celso Eduardo Sakakura (Odontologia-UNIFEB)
Ana Maria de Souza (Farmácia – USP/Ribeirão Preto)
Cesar Augusto Moreira Amendola (UNIFEB)
Ana Emília F. Fontes (Odontologia-Unifeb)
Ciro Sérgio Abe (Administração – FEB)
André Cordeiro Leal (Direito - PUC MG e Milton Campos/MG)
Claudia Regina Bonini Domingos (Biologia – UNESP/São José do Rio Preto)
André Del Negri (Direito – UNIUBE)
Cláudio Roberto Pacheco (Engenharia Elétrica - FEB)
Andréia Raquel Simoni (UNIFEB)
Clovis Sansigolo (INPE)
Ângelo Rubens Migliore Júnior (Engenharia Civil – FEB)
Cristina Cunha Carvalho Terrone (Química – FEB)
Antonio Aparecido Pupim Ferreira (Química - Unesp/Araraquara)
Daniela Jorge de Moura (Engenharia Agrícola – UNICAMP)
Antonio Baldo Geraldo Martins (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Daniela Russo Leite (UNIFEB)
Antonio Carlos Delaiba (Engenharia Elétrica – UFU)
Danilo Cesar Checchio Grotta (UNIFEB)
Antonio Carlos Pizzolitto (Farmácia – UNESP/Araraquara)
Danísio Prado Munari (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Antonio de Paulo Peruzzi (UNIFEB)
David Chacon Álvares (Eng. Alimentos – Univ. Est. Paraná/Guarapuava)
Arlindo José de Souza Júnior (Educação Matemática – UFU)
David Luciano Rosalen (Engenharia Civil - FEB)
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Deise Maria Fontana Capalbo (Meio Ambiente - EMBRAPA/Jaguariúna)
Jean Carlo Alanis (Engenharia de Alimentos – FEB)
Deise Pazeto Falcão (Farmácia - UNESP/Araraquara)
Jeosadaque José de Sene (Química – FEB)
Delly Oliveira Filho (Engenharia Agrícola – Universidade Federal de Viçosa)
João Antonio Galbiatti (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Deny Munari Trevisani (Odontologia – FEB)
João Domingos Biagi (Engenharia Agrícola – UNICAMP)
Diana Maria Serafim (UNIFEB)
João Marino Júnior (Administração – FEB)
Dietrich Schiel (Ensino de Física – USP/São Carlos)
Jorge Aberto Vieira Costa (Eng. de Alimentos – Univ. Fed. do Rio Grande/RS)
Dílson Gabriel dos Santos (Administração – FEA/USP)
José Carlos Barbosa (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Dirceu da Silva (Educação – UNICAMP)
José Eduardo Cora (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Durval Dourado Neto (Ciências Agrárias - USP)
José Luiz Guimarães (Educação – UNESP/Assis)
Édson Alves Campos (Odontologia – FEB)
José Marques Júnior (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Eduardo Katchburian (Medicina – UNIFESP)
José Tadeu Jorge (Engenharia Agrícola – UNICAMP)
Eduardo Teixeira da Silva (Eng. Agrícola – Universidade Federal do Paraná)
José Walter Canoas (Serviço Social – UNESP/Franca)
Élcio Marcantônio Júnior (Odontologia – UNESP/Araraquara)
Juliana Rico Pires
Eleny Balducci Roslindo (Odontologia – UNESP/Araraquara)
Juliemy Aparecida de Camargo Scuoteguazza (Odontologia – FEB)
Elisabete Frollini (Química – USP/São Carlos)
Júlio César dos Santos (Engenharia Química – FAENQUIL/Lorena)
Elisabeth Pimentel Rosseti (Odontologia – FEB)
Jurnadyr Carneiro Nobre de Lacerda Neto (UNIFEB)
Elizangela Partata Zenza (UNIFEB)
Karina Silva Moreira Macari (Odontologia – FEB)
Emanuel Carlos Rodrigues (UNIFEB)
Késia Oliveira da Silva (Engenharia Agrícola – ESALQ/USP)
Fernanda Scarmato de Rosa (Farmácia – FEB)
Khosrow Ghavami (Engenharia Civil – PUC/RJ)
Fábio Luiz F. Scannavino (Odontologia - UNIFEB)
Kil Jin Park (Engenharia Agrícola – UNICAMP)
Fernando Horta Tavres (Direito – PUC/MG)
Kleiber David Rodrigues (Engenharia Elétrica – UFU)
Fernando Salimon Ribeiro (UNIFEB)
Lindamar Maria de Souza (Farmácia – FEB)
Flávio Dutra de Rezende (Zootecnia - APTA/AM – Secret. Agricultura de SP)
Lisete Diniz Ribas Casagrande (Educação – FEB/UNAERP)
Francisco José Vela (Engenharia Civil – FEB)
Letícia Helena Theodoro
Geraldo Nunes Correa (Sistema de Informação – FEB)
Lizeti Toledo de Oliveira Ramalho (Odontologia – UNESP/Araraquara)
Gláucia Heloisa Malzone Bastos de Aquino (UNIFEB)
Lorival Larini (Farmácia – FEB)
Gustavo Rezende Siqueira (Zootecnia - APTA/AM – Secret. Agricultura de SP)
Lucas de Souza Lehfeld (UNIFEB)
Helcio Zanetti Bocato (UNIFEB)
Lúcia Helena Sipaúba Tavaraes (Engenharia Agrícola – UNESP/Jaboticabal)
Heizir Ferreira de Castro (Engenharia Química – FAENQUIL/Lorena)
Luciana Rezende Alves de Oliveira (UNIFEB)
Helio Grassi Filho (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Luiz Alves Rodrigues (UNIFEB)
Hélio Massaiochi Tanimoto (Odontologia – FEB)
Luiz Carlos Pardini (Odontologia – USP/Ribeirão Preto)
Hérida Regina Nunes Salgado (Farmácia – UNESP/Araraquara)
Luiz Fernando Rimoli (UNIFEB)
Hidetake Imasato (Química – USP/São Carlos)
Luiz Macelaro Sampaio (Odontologia – FEB)
Holmer Savastano Júnior (Eng. Civil/Agrícola – FZEA/USP Pirassununga)
Luiz Manoel Gomes Junior (Direito – UNAERP)
Hugo Barbosa Suffredini (Química – UNIJUÍ)
Luiz Paulo Geraldo (Física – FEB)
Humberto Tonhati (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Luiz Rodrigues Wambier (Direito - UNAERP)
Ignácio Maria dal Fabro (Engenharia Agrícola – UNICAMP)
Luiz Rogério Dinelli (Química – FEB)
Irenilza de Alencar Naas (Engenharia Agrícola – UNICAMP)
Luiza Maria Pierini Machado (Engenharia de Alimentos – FEB)
Isabel Cristina Moraes Freitas (Engenharia de Alimentos – FEB)
Manoel de Jesus Simões (Medicina – UNIFESP)
Jackson Rodrigues de Souza (Química – Universidade Federal do Ceará)
Manoel Victor Franco Lemos (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Jairo Osvaldo Cazetta (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Marcelo Borges Mansur (Engenharia Química – Univ. Federal de Minas Gerais)
Janice Rodrigues Perussi (Química – USP/São Carlos)
Marcelo Henkemeier (Engenharia de Alimentos - Univ. de Passo Fundo)
Jaqueline Aparecida Bória Fernandes (UNIFEB)
Marcelo Henrique de Faria (Zootecnia - APTA/AM – Secret. Agricultura de SP)
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Márcia Justino Rossini Mutton (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Ranulfo Monte Alegre (Engenharia de Alimentos – UNICAMP)
Márcia Luzia Rizzatto (Engenharia de Alimentos – FEB)
Raphael Carlos Comeli Lia (Odontologia – FEB)
Marcia Maisa de Freitas Afonso (UNIFEB)
Regina Célia de Matos Pires (Recursos Hídrico – IAC/Campinas)
Marco Aurélio Neves da Silva (Zootecnia – ESALQ/USP- Piracicaba)
Regina Helena Porto Francisco (Química – FEB)
Marcos Eduardo de Mattos (Administração – FEB)
Regina Kitagawa (Engenharia de Alimentos – ITAL)
Maria Auxiliadora Brigliador Conti (Química – FEB)
Reginaldo da Silva (Direito – FEB)
Maria Cristina Thomaz (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Reginele Steluti (UNIFEB)
Maria José de Almeida (Educação – UNICAMP)
Renata Camacho Miziara (Odontologia – FEB)
Maria José Soares Mendes Giannini (Farmácia – UNESP/Araraquara)
Renato de Mello Prado (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Maria Teresa do Prado Gambardella (Química – USP/São Carlos)
Renato Moreira Ângelo (Física – Univ. Federal do Paraná)
Maria Tereza Ribeiro Silva Diamantino (Engenharia de Alimentos – FEB)
Ricardo Dias Signoretti (Eng. Agronômica - APTA/AM – Secret.Agricultura- SP)
Marília Oetterer (Agroindústria – ESALQ/USP – Piracicaba)
Rinaldo César de Paula (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Marilú Pereira Serafim Parsekian (Engenharia Civil – FEB)
Rober Tufi Hetem (Medicina – UNICAMP)
Mário José Filho (Serviço Social – UNESP/Franca)
Roberta Toledo Campos (Direito – UNIUBE)
Mário Rolim (Engenharia Agrícola – Univ. Federal Rural de Pernambuco)
Roberto Braga (Planejamento Urbano – UNESP/Rio Claro)
Marlei Aparecida Seccani Galassi (Odontologia – FEB)
Roberto Holland (Odontologia – UNESP/Araçatuba)
Marta Regina Farinelli (UNIFEB)
Romildo Martins Sampaio (Engenharia de Alimentos – FEB)
Mauro dal Secco de Oliveira (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Rosemiro Pereira Leal (Direito – UFMG e PUC/MG)
Miguel Carlos Madeira (Odontologia – UNESP/Araçatuba)
Rouverson Pererira da Silva (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Miriam Eiko Katuki Tanimoto (Odontologia – FEB)
Salete Linhares Queiroz (Química – USP/São Carlos)
Neyton Fantoni Junior (Direito – FEB)
Sally Cristina Moutinho Monteiro (Farmácia – FEB)
Nilza Maria Martinelli (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Sebastião Hetem (Odontologia – FEB)
Norberto Luiz Amsei Júnior (UNIFEB)
Sérgio de Freitas (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Odair A. Fernandes (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Sérgio Henrique Tiveron Juliano (Direito – UNIUBE)
Odila Florêncio (Química – UFSCAR)
Shirley Aparecida Garcia Berbari (Engenharia de Alimentos – ITAL)
Orlando Fatibello Filho (Química – UFSCAR)
Silvano Bianco (Agronomia – UNESP/Jaboticabal)
Oselys Rodrigues Justo (Engenharia de Química - FEQ/UNICAMP)
Simone Barone Salgado Marques (UNIFEB)
Osvaldo Eduardo Aielo (Física – FEB)
Sissi Kawai Marcos (Engenharia de Alimentos – FEB)
Patrícia Amoroso (Odontologia – FEB)
Sônia Maria Alves Jorge (Química – UNESP/Botucatu)
Patrícia Helena Rodrigues de Souza (Odontologia – FEB)
Sonia Regina Meira (Educação - FAEX)
Patrícia Maria Nassar (Química – FEB)
Sylvio Luís Honório (Engenharia Agrícola – UNICAMP)
Paula Homem de Mello (Química – USP/São Carlos)
Telmo Antonio Dinelli Estevinho (Sociologia/Ciência Política – UFMT)
Paulo César Hardoim (Engenharia Agrícola – Univ. Federal de Lavras)
Tetuo Okamoto (Odontologia – UNESP/Araçatuba)
Paulo Estevão Cruvinel (Embrapa – São Carlos)
Ueide Fernando Fontana (Odontologia – FEB)
Paulo Sérgio Cerri (Odontologia – UNESP/Araraquara)
Valdir Gouveia Garcia (UNESP-Araçatuba)
Pedro Leite de Santana (Engenharia Química – Univ. Federal de Sergipe)
Victor Haber Perez (UENF/RJ)
Pedro Paulo Scandiazzo (Educação Matemática – UNESP/S. J. do Rio Preto)
Walter Antonio de Almeida (Odontologia – FEB)
Rael Vidal (Biologia – FEB)
Zaiden Geraige Neto (UNIFEB)
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v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
Editorial
Alcançar a 5ª edição em dois anos de existência, mantendo a periodicidade,
a diversidade dos assuntos tratados nos artigos publicados e o critério na seleção
dos mesmos, é para nós do Ciência e Cultura, motivo de muita satisfação. Mais
que isso, significa manter os propósitos e ideais quando da criação da mesma:
ser um meio para divulgação científica de trabalhos oriundos do Centro
Universitário da FEB e de outras instituições do Brasil e do exterior. Assim, é
com muita satisfação que apresentamos esse número com trabalhos oriundos
das ciências agrárias, das ciências exatas e da terra e da educação e saúde.
Esperamos poder continuar recebendo a expressiva quantidade de
contribuições científicas, que nos permitirá crescer e melhorar ainda mais a
qualidade desse veículo de divulgação científica.
Por último, renovamos os agradecimentos a todos que contribuíram
acreditando nesse projeto, em especial ao Professor Dr. Sebastião Hetem,
brilhante pesquisador e educador, um dos criadores da Ciência e Cultura e seu
primeiro editor-chefe, que por vários anos se dedicou ao Centro Universitário
da FEB, especialmente ao Curso de Odontologia e ao Centro de PósGraduação – CPG, e a quem merecidamente dedicamos esta edição.
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SUMÁRIO
Artigos Científicos
Original Articles
Determinação do teor de urânio em amostras de sedimentos do ribeirão pitangueiras
Uranium content determination in sediment samples from the pitangueiras creek
José Mário SEGALA JÚNIOR, Ione Makiko YAMAZAKI, Luiz Paulo GERALDO
......................................................................................................................................................................................................11
Um estudo estatístico da associação de sete anomalias dentais em uma população brasileira
A statistical study of the association of seven dental anomalies in the brazilian population.
Renata Camacho MIZIARA; Celso Teixeira MENDES JUNIOR; Claudia Emília Vieira WIEZEL; Aguinaldo Luiz
SIMÕES; Juliemy Aparecida de Camargo SCUOTEGUAZZA
...............................................................................................................................................................................................19
Estudo cinético da substituição do ligante cloro do complexo trans-diclorobis(etilenodiamina)
cobalto (III) pelo aminoácido alanina
A kinetic study on substitution of chloro ligand from trans-dichlorobis(ethylenediamine) cobalt (III) complex
by alanina aminoacid
Luís Rogério DINELLI, Thais Milena de Souza BEZERRA e Jeosadaque José de SENE
...............................................................................................................................................................................................29
Crescimento e nutrição mineral de fedegoso
Growth and mineral nutrition of java-bean
Silvano BIANCO; Robinson Antonio PITELLI; Leonardo Bianco de CARVALHO
.......................................................................................................................................................................................35
Avaliação da infiltração marginal de um cimento à base de polímero de mamona em retroobturações. Estudo piloto de eficácia in vitro
Marginal leakage evaluation of a castor bean polymer cement used in retrofilling. A pilot study of in vitro
eficac
Devanir de Araújo CERVI, Liliane Hitomi SUNTO, Carlos Alberto MOSQUINI, Elizangela Partata ZUZA
.......................................................................................................................................................................................43
Melhoria da Educação Pública: Ensino de Ciências em Barretos, SP
Improvement of the public education: the science teaching in Barretos, SP
Cristina Cunha Carvalho TERRONI, Lindamar Maria de SOUZA, Norberto Luis AMSEI Júnior, Regina Helena
Porto FRANCISCO, Rosângela de Carvalho GOULART, Sally Cristina Moutinho MONTEIRO
.......................................................................................................................................................................................51
Hepatite C: Inimigo silencioso
Hepatitis C: Silent enemy
Cátia REZENDE, Roberto Carlos Grassi MALTA, Fernanda Lima CUSTÓDIO, David José FERREIRA
.......................................................................................................................................................................................57
Reparação de lesão periapical por meio da utilização do agregado de trióxido mineral. Relato
de caso.
Repairing of periapical lesion through the use of mineral trioxide aggregate. Case Report.
Fabiano de Sant’Ana dos SANTOS, José Umberto BAMPA, Gabriella Taveira Batista BAMPA, Rogério
Ferreira da SILVA, Alexandre Miranda PEREIRA, Fábio Luiz SCANNAVINO, Alex TADEU MARTINS.
.......................................................................................................................................................................................71
Alternativa de tratamento para fratura corono-radicular com envolvimento pulpar. Relato
de caso.
Alternative of treatment for crown-root fracture with pulp involvement. Case report.
Walter Antonio de ALMEIDA, Angelo POLISELI NETO, José Umberto BAMPA, Maria José Pereira de
ALMEIDA, Fabiano de Sant’Ana dos SANTOS.
.......................................................................................................................................................................................77
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v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Determinação do teor de urânio em amostras de
sedimentos do ribeirão pitangueiras
Uranium content determination in sediment samples from the
pitangueiras creek
José Mário SEGALA JÚNIOR1, Ione Makiko YAMAZAKI2, Luiz Paulo GERALDO1*
José Mário Segala Júnior1, Ione Makiko Yamazaki2, Luiz Paulo Geraldo1*
1
Fundação Educacional de Barretos Av. Prof. Roberto Frade Mote, 389 – 14783-226 Barretos (SP)
2
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN-CNEN/SP C.P. 11049 Pinheiros, 05422-970 São Paulo (SP)
RESUMO
Neste trabalho determinou-se o teor de urânio
pelos fragmentos de fissão. Em seguida os traços de fissão
em amostras de sedimentos do ribeirão pitangueiras. A
técnica empregada foi a do registro de traços de fissão
revelados foram contados em um sistema constituído por
um microscópio óptico comum e câmara de vídeo. O
em um plástico policarbonato denominado
PCLIGHT(Durolon). As amostras de sedimentos foram
irradiadas na forma de depósitos sobre o detector
plástico (dry method), em um fluxo de nêutrons térmicos
produzido no reator nuclear IEA-R1 (3,5MW).
valor médio obtido para o teor de urânio nas amostras
de sedimentos do ribeirão pitangueiras foi de (6,07 ±
0,69) ppm. Este resultado é superior a 3 vezes a média
Juntamente com as amostras de sedimentos foi irradiada
uma amostra padrão contendo uma quantidade
conhecida de urânio. Após as irradiações, os filmes
mundial para solos e, portanto, evidencia a ocorrência
de um acúmulo de urânio na área estudada,
provavelmente, em virtude de processos geoquímicos
e/ou do uso indiscriminados de fertilizantes fosfatados
na agricultura da região.
plásticos passaram por um processo de revelação
química, para ampliação dos traços ou furos produzidos
Palavras-Chave: urânio, fissão nuclear, detectores de
traços nucleares, sedimentos.
ABSTRACT
In this work the uranium content in sediment samples
from the pitangueiras creek has been determined. The
employed technique was the fission track registration in
a policarbonate plastic named PCLIGHT (Durolon). The
sediment samples were irradiated in the form of deposits
on the plastic detector(dry method) in a thermal neutron
flux produced by the IEA-R1(3.5 MW) nuclear reactor.
Together with the sediment samples it was irradiated an
uranium standard having a known uranium content. After
the irradiations, the plastic films were chemical etched in
order to increase the tracks or holes produced by the
fission fragments. The etched fission tracks were counted
with a system consisting of an optical microscope and a
video camara. The mean value obtained for the uranium
content in sediment samples from the pitangueiras creek
was (6.07 ± 0.69) ppm. This result is 3 times above the
world mean value for soils and thus, it points out for an
uranium cumulation occurrence in the studied area,
probably, due to geochemical processes and/or the large
scale application of phosphate fertilizers in agricultural
soils of the region.
Keywords: uranium, nuclear fission, nuclear track
detectors, sediments.
Ciência e Cultura
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Determinação do teor de urânio em amostras de
sedimentos do ribeirão pitangueiras
INTRODUÇÃO
TICELLI et al.
de traços de fissão em um plástico policarbonato
comercialmente conhecido como PCLIGHT.
O urânio, um dos metais mais pesados encontrado
na natureza e em praticamente todos os locais, é nocivo
não só por seu efeito químico tóxico como também o
radio-tóxico. Está presente nos meios aquáticos e em
MATERIAL E MÉTODOS
outros compartimentos ambientais em decorrência de
processos geoquímicos e de atividades antrópicas, dentre
No período de estiagem, entre 10 e 15 de maio
de 2007, foram feitas as coletas das amostras de
as quais, destacam-se os resíduos de mineração, queima
sedimentos ao longo do ribeirão pitangueiras, em locais
de carvão, lixiviação de depósitos naturais e o uso de
fertilizantes a base de fosfato na agricultura. Desta forma,
relativamente próximos ao ponto de captação de água
para o abastecimento da população do município de
pode estar presente em quantidades apreciáveis nos
solos, plantas, animais, e através da cadeia alimentar, ir
Barretos. As amostras, com massas em torno de 1,0
Kg, foram coletadas superficialmente (entre 0 e 10 cm)
se bioacumulando nos diferentes níveis tróficos até
utilizando uma colher de aço inox, dentro de uma região
chegar ao consumo humano.
Nos últimos anos a prática da monocultura tem
em torno de 3,2 Km a montante do local de captação
das águas. As amostras foram armazenadas em frascos
levado ao empobrecimento do solo, resultando em maior
acidez da terra e na falta de nutrientes. A acidez
normalmente pode ser corrigida com a aplicação de
calcário e a deficiência de nutrientes exige o uso de
fertilizantes que por vezes são empregados de maneira
plásticos previamente lavados com uma solução de
HNO3 (2%) para eliminar possíveis contaminações e
levadas ao laboratório para serem processadas
Os locais de amostragem foram escolhidos da
indiscriminada. A preocupação existe porque
normalmente os fertilizantes são confeccionados a base
de fosfatos e no processo de sua extração das rochas
tipicamente agrícola, sendo a atividade atual
predominante o plantio de cana-de-açúcar. Os pontos
3 e 4 são locais dentro dos limites urbanos da cidade de
Barretos e o ponto 5, o local onde é feita a captação de
água para o abastecimento de cerca de 85% da
fosfáticas o urânio aparece como um sub-produto. Desta
forma, o teor de urânio presente em fertilizantes pode
atingir níveis relativamente elevados (até centenas de
ppm) (YAMAZAKI e GERALDO, 2003), tornandose uma fonte importante de contaminação ambiental .
O uso destes fertilizantes na agricultura pode
estar causando um aumento na concentração de urânio
nos solos da região do município de Barretos, inclusive
no ribeirão pitangueiras que percorre áreas de intensa
atividade agrícola. Preocupa também o fato de que as
águas deste córrego são captadas para o abastecimento
da população da cidade de Barretos, tratando-se,
portanto, de um problema de saúde pública.
O objetivo principal deste projeto foi investigar o
teor de urânio em amostras de sedimentos do ribeirão
pitangueiras, na região do município de Barretos, em
áreas próximas a captação de água para o abastecimento,
para avaliar o nível de contaminação existente e os riscos
à saúde da população. A técnica utilizada foi a do registro
12
Ciência e Cultura
seguinte forma: os pontos 1 e 2 estão em uma área
população da cidade. Na figura 1 é exibido um recorte
da carta topográfica do município de Barretos divulgada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE)
(IBGE, 2007) onde podem ser identificados os pontos
de amostragens..
O método utilizado neste trabalho para a
determinação do teor de urânio em sedimentos é aquele
conhecido como método a seco (dry method). Este
método permite determinar concentrações de urânio na
região de ppb (10-6 gU/l) de uma maneira simples,
relativamente rápida e à um baixo custo desde que haja
um reator nuclear disponível para as irradiações. Em
resumo, as amostras de sedimentos coletadas
superficialmente nos pontos de amostragem ao longo do
ribeirão pitangueiras passaram, inicialmente, por um
processo de secagem à temperatura ambiente. Cada
amostra foi dividida em 4 partes e de cada uma destas
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v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Figura 1: Recorte da carta topográfica do município de Barretos SP realçando o ribeirão pitangueiras.
partes, foi retirada uma pequena porção, em torno de
20 g. As porções foram misturadas e o conjunto passou
por um novo processo de secagem em estufa por 24 h à
uma temperatura em torno de 100 oC. Em seguida foi
feita uma moagem manual utilizando gral e pistilo, passouse o pó obtido, primeiro por uma peneira com malha de
0,5 mm e depois por uma outra com malha de 74 µm.
De acordo com a literatura, além de ser mais fácil a
digestão ácida de pós extremamente finos, os metais
estão preferencialmente alojados em grãos com
dimensões inferiores a 63 µm (RIOEUMONT et al.,
2005). O processo de triagem em peneiras com malhas
de 74 µm permitiu a passagem de todos os grãos de
sedimentos menores que esta dimensão.
De cada uma das amostras de sedimentos com
grãos menores que 74 µm, foi retirada uma fração, com
massa aproximada de 40 mg, para a confecção da
amostra final na forma de solução. Estas frações
passaram então por um processo de digestão acida a
quente (em torno de 100 oC) em água régia (3 HCl : 1
HNO3) com o intuito de dissociar os metais de seus
compostos químicos e produzir uma solução homogênea.
Cada amostra foi digerida em 10 ml de água régia em
bequers de 50 ml tapados com vidro de relógios,
utilizando uma chapa térmica convencional. A digestão
foi feita durante um período de tempo em torno de 40
minutos, ou até que o ácido fosse evaporado totalmente.
O processo foi repetido três vezes e no final utilizou-se
uma solução de HNO3 (2%) para a diluição do resíduo
em um balão volumétrico até completar o volume de 25
ml. Para todas as 5 amostras foram obtidas soluções
contendo aproximadamente 40 mg de material em 25
ml de HNO3(2%) . As amostras não passaram por
nenhum tipo de filtragem após a digestão ácida de forma
a garantir que, partículas ou grãos eventualmente não
dissolvidos, ficassem em suspensão na solução final e
não fossem perdidos no processo de filtração. Isto é
importante para o método, pois, se alguma quantidade
de urânio contido no sedimento não for adequadamente
dissolvido, produzira durante a irradiação com nêutrons
aglomerados localizados de traços de fissão no detector
plástico. Entretanto, estes traços podem ainda ser
contabilizados durante a contagem visual.
Após o tratamento químico, alíquotas das soluções
das amostras e padrão de urânio foram depositadas
sobre os detectores com a utilização de micropipetas
automáticas. Sobre cada detector (área em torno de 1
cm2) depositou-se 10 ìl da solução amostra e sobre
esta gota foi adicionado 5 ìl do detergente Cyastat que
atua como um neutralizador eletrostático e possibilita a
obtenção de um depósito mais homogêneo (YAMAZAKI
e GERALDO, 2003). A secagem das gotas foi realizada
Ciência e Cultura
13
Determinação do teor de urânio em amostras de
sedimentos do ribeirão pitangueiras
TICELLI et al.
com o auxílio de uma lâmpada incandescente (150W),
estanqueidade da soldagem foi verificada por imersão
por um período de tempo em torno de 40 minutos.
Foram preparados 5 depósitos para cada amostra
do frasco em um recipiente contendo glicerina à
e 10 depósitos para a solução padrão com concentração
de urânio em torno de 10-5 g U/l, de forma a se obter no
posição Eira 24b, em um local onde o fluxo de nêutrons
térmicos é da ordem de 1,2x1013 n/cm2.s.
final 7 conjuntos de 5 filmes. Cada conjunto foi
cuidadosamente embrulhado em papel alumínio e em
A irradiação no reator nuclear produz danos na
cadeia carbônica dos filmes plásticos devido à interação
seguida todos foram inseridos em um frasco de alumínio
com nêutrons rápidos e radiação gama (YAMAZAKI e
(22 mm de diâmetro e 70 mm de altura) usualmente
empregado para irradiações com nêutrons do reator
GERALDO, 2003; ARAÚJO et al., 1998). Estes danos
fazem com que a velocidade de ataque químico seja mais
nuclear de pesquisa IEA-R1 (3,5MW) do IPENCNEN/SP. Na montagem dos conjuntos de filmes dentro
rápida e desta forma, tempos de revelação menores são
necessários para produzirem o mesmo aumento dos
do frasco colocou-se um dos conjuntos referente ao
traços nucleares que aqueles obtidos sem danos por
padrão de urânio na parte superior e o outro na parte
inferior, de forma a permitir um melhor monitoramento
irradiação. O melhor tempo obtido para a revelação
química dos filmes irradiados no reator nuclear foi de 55
do fluxo médio de nêutrons durante a irradiação das
amostras. Antes de ser irradiado, o frasco de alumínio,
minutos.
Na figura 2 pode ser visto o esquema do núcleo
contendo os depósitos das amostras e padrão de urânio,
foi selado por meio da soldagem de uma tampa. A
do reator IEA-R1 e a localização da posição utilizada
para a irradiação das amostras com nêutrons térmicos.
temperatura de 250 oC. Os filmes foram irradiados na
Figura 2: Esquema do núcleo do reator nuclear IEA-R1 e posição de irradiação das amostras de sedimentos.
Durante a irradiação, ocorrerá predominantemente
a reação de fissão no isótopo de 235U (0,72%) e cada
um destes eventos, é registrado no filme plástico por
meio de um traço (ou furo) produzido pelo fragmento
14
Ciência e Cultura
de fissão. O outro fragmento de fissão é emitido em
direção oposta e, portanto, não incide sobre o filme
plástico. A densidade de traços T (traços/cm2) registrada
no detector está diretamente relacionada com a
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
concentração C (g/cm3) de urânio na amostra. Desta
forma, irradiando-se simultaneamente com a amostra em
estudo depósitos de uma solução padrão tendo uma
concentração em urânio conhecida (Cp), pode-se
determinar a concentração em urânio (Cx) da amostra
por meio da seguinte relação:
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos para as densidades de
traços média nos filmes detectores plásticos são
apresentados na tabela 1. Na tabela 2, estão listados os
valores dos teores de urânio obtidos para as amostras
de sedimentos estudadas neste trabalho. Os erros totais
Cx = Cp (Tx/Tp)
onde,
apresentados correspondem ao desvio padrão da média
da densidade de traços e foram calculados utilizado o
Tx e Tp são as densidades de traços obtidos nos
detectores plásticos, para as amostras de sedimentos e
solução padrão de urânio, respectivamente.
O teor de urânio em ppm na amostra de sedimento
-6
é determinada por meio da relação [Cx/Ca}x10 onde
Ca é a concentração total da amostra preparada na forma
de solução.
programa de computador Microsoft Excel®. Como
pode ser observado na tabela 2, dentro das incertezas
experimentais, os valores obtidos são praticamente iguais
para todas as amostras de sedimentos, indicando que
no trecho do ribeirão pitangueiras estudado neste
trabalho, não houve uma variação espacial significativa
do teor de urânio nos sedimentos analisados.
Tabela 1: Valores médios das densidades de traços obtidas nos filmes detectores para as amostras
de sedimentos e padrão de urânio.
Tabela 2: Resultados obtidos para os teores de urânio nos sedimentos do Ribeirão Pitangueiras.
Na tabela 3, o valor médio do teor de urânio nos
sedimentos do ribeirão pitangueiras é comparado com
resultados divulgados na literatura para amostras de
sedimentos e solos coletadas em locais com diferentes
níveis de poluição ambiental.
O Canal de Bega é atualmente um dos mais
poluídos da Sérvia e de acordo com os resultados obtidos
por Bikit et al. (2005) os sedimentos deste canal podem
também ser considerados como contaminados por urânio
quando comparado com os valores encontrados para o
Rio Danúbio (3,4 ppm) e a média mundial em solos.
Em análises de sedimentos de açudes de
reciclagem para duas instalações de mineração de
estanho na Malásia (BAHARI et al., 2007), foram
encontrados valores relativamente altos de urânio
(maiores que 6 ppm) e de acordo com os autores, estes
açudes representam um potencial risco radiológico
ambiental.
Analisando solos de áreas com níveis altos de
radiação natural na Malásia, Ramli et al. (2005)
Ciência e Cultura
15
Determinação do teor de urânio em amostras de
sedimentos do ribeirão pitangueiras
TICELLI et al.
encontraram teores de urânio acima de 4,9 ppm
carvão o urânio é um subproduto importante.
indicando também uma correlação positiva entre a
presença de urânio e a radioatividade anômala nestas
O valor médio obtido neste trabalho para os teores
de urânio nos sedimentos do ribeirão pitangueiras é
áreas. Em solos próximos de usinas termoelétricas a
compatível com os níveis encontrados em solos e
carvão Singh et al. (1998) verificaram, como era de se
esperar, que os teores de urânio eram relativamente altos
sedimentos caracterizados como contaminados em
diversos locais de estudo e maior que 3 vezes a média
(até 9,2 ppm) e diminuíam a medida que as distâncias
de amostragem ficavam mais afastavam da fonte
mundial para solos (UNSCEAR, 1988) evidenciando,
portanto, um acúmulo significativo de urânio neste
poluidora. Sabe-se que no processo da queima do
compartimento ambiental.
Tabela 3: Comparação do valor médio do teor de urânio obtido em sedimentos do Ribeirão Pitangueiras
com resultados divulgados na literatura para amostras similares.
CONCLUSÃO
Neste trabalho, foram realizadas medidas do
conteúdo de urânio em amostras de sedimentos do
ribeirão pitangueiras, utilizando a técnica do registro de
traços de fissão em um plástico policarbonato
comercialmente conhecido como PCLIGHT.
Os resultados obtidos são praticamente iguais,
16
Ciência e Cultura
dentro das incertezas experimentais, para todos os pontos
de amostragem, mostrando que não há uma variação
espacial significativa para o teor de urânio nos sedimentos
da área estudada. O valor médio determinado é superior
a 3 vezes a média mundial para solos divulgada pela
UNSCEAR (UNSCEAR, 1988) e em geral, da mesma
ordem de grandeza dos valores encontrados em solos e
sedimentos com níveis altos de poluição ou radioatividade
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
natural. Desta forma, os resultados deste trabalho indicam
que há uma contaminação por urânio apreciável no
ribeirão pitangueiras e isto pode estar ocorrendo por
processos geoquímicos e/ou uso indiscriminado de
fertilizantes a base de fosfato na agricultura da região.
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Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Um estudo estatístico da associação de sete anomalias
dentais em uma população brasileira
A statistical study of the association of seven dental anomalies in the brazilian
population.
Renata Camacho MIZIARA1; Celso Teixeira MENDES JUNIOR2; Claudia Emília Vieira WIEZEL3; Aguinaldo Luiz SIMÕES4;
Juliemy Aparecida de Camargo SCUOTEGUAZZA5
1
Profa do Curso de Odontologia e Farmácia-Bioquímica do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos. Rua: 30, 785.
CEP 14780-120. Barretos-SP. Fone: (17) 33228465
2
Biólogo, doutor e aluno de Pós-doutoramento do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. Av.
Bandeirantes, 3900. CEP: 14040-900. Ribeirão Preto-SP. Fone: (16) 36023050
3
Bióloga, doutora e especialista do laboratório de Genética-bioquímica do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto-USP. Av. Bandeirantes, 3900. CEP: 14040-900. Ribeirão Preto-SP. Fone: (16) 36023050
4
Profo Associado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. Av. Bandeirantes, 3900. CEP: 14040-900. Ribeirão Preto-SP.
Fone: (16) 36023050
5
Profa do Curso de Odontologia do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos. Av. Professor Frade Monte, 389. CEP
14873-226. Barretos-SP. Fone: (17) 33216411
RESUMO
O propósito deste estudo foi revelar padrões de
associações entre sete tipos de anomalias dentais
(agenesia dos segundos pré-molares, tamanho reduzido
do incisivo lateral superior, infraoclusão do primeiro
molar inferior, hipoplasia do esmalte, erupção ectópica
dos primeiros molares, dentes supra numerários e
erupção ectópica dos caninos superiores) em uma
amostra populacional ortodonticamente não tratada de
7 a 14 anos de idade. Um total de 172 pacientes foram
atendidos na Clínica Infantil do Centro Universitário da
Fundação Educacional de Barretos passando pelo exame
clínico. Deste total onze pacientes foram selecionados
de acordo com uma anomalia dental primariamente
diagnosticada e submetidos à Radiografia Panorâmica.
Associação significativa (p< 0,05) foi encontrada entre
6 pares de anomalias (agenesia dos segundos prémolares x erupção ectópica dos primeiros pré-molares;
agenesia dos segundos pré-molares x infraoclusão do
primeiro molar inferior; agenesia dos segundos prémolares x tamanho reduzido do incisivo lateral superior;
dentes supra numerários x tamanho reduzido do incisivo
lateral superior; erupção ectópica dos primeiros prémolares x hipoplasia do esmalte; infraoclusão do primeiro
molar inferior x tamanho reduzido do incisivo lateral
superior), sugerindo uma origem genética comum destas
condições. Apenas em um caso em que houve
compartilhamento de anomalias pelos pacientes (aplasia
do segundo pré-molar x hipoplasia do esmalte) a
associação não foi significativa. A existência de uma
anomalia é clinicamente relevante para um diagnóstico
precoce de uma possível associação, sendo que uma
anomalia pode indicar um aumento do risco de outras.
Palavras-Chave: anomalias dentais; etiologia genética;
população brasileira
ABSTRACT
The objective of this study was to show the
association patterns among seven types of dental
anomalies (second pre-molar agenesis, upper side
incisive reduced in size, lower first molar infra-ochlesis,
enamel hypoplasia, first molar ectopic eruption, supra
numerous teeth and upper canine ectopic eruption) in a
population sample without dental treatment ranging in age
from 7 to 14. A total of 172 patients were attended and
underwent the clinical examination at the Clínica Infantil
do Centro Universitário Fundação Educacional de
Barretos. Eleven patients from this total were selected
according to a first dental anomaly diagnosis and
submitted to panoramic radiography. A significant
association (p<0.05) was detected among six pairs of
anomalies (second pre-molar agenesis x first pre-molar
ectopic eruption; second pre-molar agenesis x lower first
molar infra-ochlesis; second pre-molar agenesis x upper
side incisive reduced in size; supra numerous teeth x
reduced size upper side incisive; first pre-molar ectopic
eruption x enamel hypoplasia; lower first molar infraochlesis x upper side incisive reduced in size) suggesting
a common genetic origin for these conditions. The
association was not significant in only one case where
there was anomaly sharing by the patients. The existence
of an anomaly is clinically relevant for early diagnosis of
a possible association and an anomaly can indicate an
increased risk of other anomalies.
Key Words: dental anomalies; genetics etiology;
brazilian population
Ciência e Cultura
19
Um estudo estatístico da associação de sete anomalias
dentais em uma população brasileira
INTRODUÇÃO
MIZIARA et al.
superior do dente foi considerado.
Existem mais de 500 anomalias causadas por
O espectro de uma possível associação entre
anomalias dentárias foi relatado por Hoffmeister entre
fatores genéticos simples e talvez número equivalente de
1975 e 1985. As seguintes manifestações foram
outras, originadas por causas multifatoriais ou aberrações
cromossômicas, em que ocorrem alterações orofaciais.
encontradas em três gerações consecutivas em uma
família: perdas múltiplas dos dentes, agenesia do incisivo
Através das informações genéticas é possível calcular a
freqüência de portadores assintomáticos de anomalias
lateral superior, erupção ectópica do primeiro molar
permanente maxilar e deslocamento intraósseo dos
hereditárias que afetam os dentes, o que é muitas
caninos superiores. (HOFFMEISTER, 1975;
vezes indispensável para fornecer aconselhamentos
sobre probabilidade de prole afetada
HOFFMEISTER, 1977; HOFFMEISTER, 1985).
De acordo com Eidelman et al. (1973), Graber
(SALZANO,1982).
Os dentes pela facilidade de seu exame constituem
(1978) e Pilo et al. (1987), a prevalência de agenesia
dentária na população em geral varia entre 1,6 e 10%
ótimo material para a pesquisa de fatores hereditários
não havendo diferença estatisticamente significante entre
do homem. Sua conservação por prolongados períodos
de tempo, por outro lado, fornece a possibilidade de
os sexos masculino e feminino. Entretanto, Bergstrom
(1977), em um estudo com crianças suecas, descreveu
relacionar a variabilidade atual com a existente em épocas
pré-históricas, o que é muito importante para estudos
evolucionários. Já o estudo populacional trata dos
problemas relacionados com a distribuição dos genes e
genótipos nas populações. Preocupa-se, portanto, com
uma maior predileção da condição para o sexo feminino
da ordem de 3:2. Brook (1984) observou uma
prevalência de agenesia dentária de 4,4%, sendo 5,7%
e 3,1% para os sexos feminino e masculino
respectivamente, diferença esta estatisticamente
a natureza e origem das diferenças genéticas, sua
manutenção ou processo de eliminação, bem como com
o cálculo de suas freqüências relativas. Através de suas
significante para uma amostra de 120 crianças inglesas.
Em crianças brasileiras, a mesma predileção pelo sexo
feminino foi observada por Glavam & Silva (1995) e
informações genéticas é possível calcular a freqüência
de portadores assintomáticos de doenças hereditárias
que afetam os dentes, o que é muitas vezes indispensável
para fornecer aconselhamento sobre probabilidade de
prole afetada (SALZANO, 1982)
Garn et al. (1963) concluíram que “pequena
atenção foi dada a possibilidade de que o polimorfismo
no número de dentes em humanos não é um fenômeno
isolado mas sim leva a uma fundamental correlação com
o tamanho, desenvolvimento, e calcificação da dentição
como um todo”. Uma significante correlação entre
variações de padrões de molares permanentes
mandibulares e aplasia destes dentes foi encontrada a
poucos anos atrás. A ausência do terceiro molar foi
descrita como um polimorfismo dental comum em
humanos. Contribuições definitiva (BAUM et al., 1971;
BROOK, 1984; GARN, 1970) confirmaram a direta
significância entre aplasia e tamanho dos dentes,
especialmente quando o diâmetro médio-distal da parte
Meira (2002).
No Brasil, a prevalência de agenesia dentária varia
de 1,1% a 14,2% (PATRÍCIO et al., 1979; ROCHA et
al., 1983). Glavam & Silva (1995), em um levantamento
sobre a ocorrência de hipodontia em crianças de 3 a 12
anos de idade, examinaram 1625 prontuários
odontológicos e relataram uma prevalência de 3,12%.
Watanabe et al. (1997), em um estudo, utilizando
radiografias panorâmicas de 5353 pacientes,
encontraram uma prevalência de 1,57%. Antoniazzi et
al. (1999), utilizando o mesmo método de diagnóstico
encontraram uma prevalência de 1,75%.
Quanto ao grupo étnico, Muller et al. (1970)
verificaram um número maior de casos de agenesia
dentária entre asiáticos, especialmente nos japoneses,
seguidos por caucasianos e afros-descendentes. Freitas
et al. (1991), em um levantamento da condição em 357
crianças nipo-brasileiras, relataram uma prevalência de
16,16%.
20
Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Excluindo os terceiros molares, os dentes mais
Baccetti (2000), ao avaliar a presença de anomalias
comumente ausentes são os incisivos laterais superiores
e os segundos pré-molares (BACCETTI, 1998b).
associadas à falha de erupção de molares permanentes,
não observou associação desta condição com agenesia
Baseado nos resultados obtidos por Eidelman et al.
de pré-molares ou microdontia de incisivos laterais.
(1973), a prevalência de ausência dos incisivos laterais
superiores é de 2,1% e de segundos pré-molares é de
Brook (1984), ao examinar parentes de primeiro
grau (pais e irmãos) com agenesia dentária, observou
1,8%, sem diferença significante entre os sexos. Os
segundos pré-molares foram os dentes mais comumente
que 33,8% também apresentavam alguma forma de
agenesia dentária. Chosack et al. (1975), observaram
ausentes no estudo de Meira (2002), seguidos dos
que 9,4% dos pais com hipodontia também
incisivos laterais superiores.
O grupo de dentes mais freqüentemente ausente
apresentavam a condição, sendo que em 11,8% dos
casos foi observada hipodontia do mesmo elemento
também sofre variação em relação ao grupo étnico,
sendo os incisivos inferiores os elementos mais
dentário. A ocorrência de agenesia dentária é mais
freqüente entre familiares do que na população em geral,
comumente ausentes em asiáticos enquanto em
caracterizando uma hereditariedade da condição
caucasianos a hipodontia mais freqüente é a de segundos
pré-molares e incisivos laterais superiores (ZHU et al.,
(KOTSOMITIS & FREER, 1997). No estudo de Meira
(2002), 38% dos casos apresentavam história positiva
1996).
Pacientes que exibem agenesia dentária também
apresentam um aumento na prevalência de outras
anomalias de desenvolvimento como hipoplasia de
esmalte e falha na erupção dentária (AHMAD et al.,
de agenesia dentária na família.
Ranta (1986) revisou a literatura referente às
anomalias dentárias presentes em crianças com fissuras
de lábio e palato e, segundo o autor, o incisivo lateral
superior na área de fissura é o elemento dentário mais
1998), alterações de forma e tamanho de incisivos laterais
superiores (conóides), impacção de caninos, giroversões
de pré-molares e encurtamento anormal das raízes
susceptível a injúrias nas dentições decídua e permanente,
aumentando a prevalência de agenesia com a gravidade
da fissura.
(BACCETTI, 1998a; PIRINEN et al., 2001).
Pacientes com ausência de incisivos laterais
superiores freqüentemente apresentam alterações de
forma e tamanho do incisivo lateral oposto e erupção
ectópica do canino adjacente (PECK et al., 1996a;
BACCETTI, 1998a). Peck et al. (1996b) observaram
que indivíduos com transposição de canino e primeiro
pré-molar superiores, apresentam um risco treze vezes
maior de ocorrência de agenesia de incisivos laterais na
maxila, sugerindo a hipótese de que essa condição é
geneticamente regulada por um sítio específico anteroposterior. Kotsomitis & Freer (1997) descreveram uma
correlação entre molares decíduos em infraoclusão e
agenesia do sucessor permanente. Baccetti (1998b),
verificou uma associação significativa entre giroversão
de prémolares e agenesia de incisivos laterais superiores
e também observou presença de associação entre
giroversão de incisivos laterais superiores e agenesia do
dente homólogo no hemiarco oposto. Entretanto,
A prevalência de infra-oclusal de molares decíduos
foi analisada em estudo que envolveu rediografias
panorâmicas de 700 pacientes de 6 a 12 anos atendidos
em consultórios de ortodontistas e odontopediatras da
cidade de Salvador. A anomalia foi relacionada com o
sexo, faixa etária, arcada, lado, grau de severidade de
dente mais afetado. Os resultados revelaram que a
prevalência de infra-oclusal foi de 5,71 %. A faixa etária
mais afetada foi de 8 e 9 anos (7,86%) seguida da faixa
de 6 a 7 anos (6,42%). Ambos os sexos foram envolvidos
iqualmente pela condiçäo, assim como os lados. A arcada
inferior apresentou maior ocorrência (88,89%) e o
envolvimento único foi mais comum (70%) do que o
múltiplo. O dente mais afetado pela infra-oclusäo foi o
primeiro molar decíduo inferior (56,95%), seguido do
segundo molar decíduo inferior (31,95%). O grau de
infra-oclusäo mais frequente foi o leve (63,89%). A
ausência do sucessor permanente ocorreu em apenas
0,14% da amostra (LAMBERTI, 2000).
Ciência e Cultura
21
Um estudo estatístico da associação de sete anomalias
dentais em uma população brasileira
MIZIARA et al.
A hipoplasia de esmalte pode ser conseqüência
Os dentes supranumerários são mais freqüentes
de eventos sistêmicos, traumáticos, ambientais ou
genéticos que ocorrem durante o desenvolvimento dos
na dentição permanente, com predominância na maxila
em relação à mandíbula, numa proporção de 10:1
dentes, interferindo na formação normal da matriz do
(REGEZI; SCIUBBA, 1991). Sua prevalência gira em
esmalte, causando defeitos e irregularidades na sua
superfície. Podem se apresentar como manchas
torno de 1%, sendo o sexo masculino mais acometido
numa proporção de 2:1. Importante salientar que 90 a
esbranquiçadas, irregulares, rugosas, ou ainda, sulcos e
ranhuras, bem como outras alterações na estrutura do
98% dos casos ocorrem na maxila e, dessa porcentagem,
90% são encontrados na pré-maxila (TORRES e
esmalte (SHAFER et al., 1987). Clinicamente, a
FERNANDES, 1996).
hipoplasia de esmalte manifesta-se com falta total ou
parcial da superfície de esmalte, apresentando uma
A ocorrência desses elementos supranumerários
pode ocasionar uma variedade de complicações, como,
estética insatisfatória, dentes sensíveis, má-oclusão, bem
como predisposição à cárie dental (SEOW, 1991).
por exemplo, apinhamento dental, impactação de dentes
permanentes, erupção retardada e/ou ectópica, rotação
Segundo Oliveira e Rosenblatt (2002) a ocorrência de
dentária, formação de diastemas, desenvolvimento de
defeitos de esmalte na dentição decídua é comum e o
odontopediatra tem grande responsabilidade na sua
lesões císticas, reabsorção de dentes adjacentes, dentre
outras. Sendo assim, o diagnóstico precoce e um
detecção e acompanhamento, já que as alterações que
ocorrem na sua estrutura podem acarretar o
aparecimento de cárie precoce na infância.
Ranalli et al. (1986) compararam a prevalência
de erupção ectópica em 118 crianças, com média de
tratamento apropriado são fundamentais para prevenir
as alterações causadas pelos supranumerários
(CÂNCIO et al., 2004; COUTO FILHO et al., 2002)
O objetivo da presente investigação é verificar
evidências que provem a existência de associação
idade de 9,3 anos, portadoras de fissuras de lábio e
palato. Após análise radiográfica, 236 dentes mostravam
erupção ectópica, sendo que 49 eram primeiro molar
significante entre sete diferentes tipos de anomalias:
agenesia dos segundos pré-molares, tamanho pequeno
do incisivo lateral superior, infraoclusão do primeiro
superior permanente, e destes, 38 haviam irrompido
espontaneamente. Os autores concluíram que a erupção
ectópica do primeiro molar superior permanente incide
mais freqüentemente em portadores de fissuras
labiopalatinas do que em indivíduos não fissurados, e
que grande número de molares com erupção ectópica,
entram em posição normal espontaneamente.
O aumento do número de dentes representa a
hiperdontia, sendo esses elementos denominados
supranumerários (BERTOLLO et al., 2000). Quanto à
etiologia de tais dentes, ainda não há um consenso
definido, existindo várias teorias, como a proliferação
continuada da lâmina dentária permanente ou decídua,
que forma um terceiro germe dentário (teoria da
dicotomia); regressões a padrões da dentição do homem
primitivo (tendência atávica); correlações a distúrbios do
desenvolvimento (Síndrome de Gardner, disostose
cleidocraniana e fissuras lábiopalatinas) e hereditariedade
(TOMMASI, 1989).
molar inferior, hipoplasia do esmalte, erupção ectópica
dos primeiros molares, dentes supra numerários, erupção
ectópica dos caninos superiores, em uma amostra da
população brasileira ortodonticamente não tratada,
composta por indivíduos de 7 a 14 anos de idade. As
sete anomalias foram selecionadas para o estudo com
base na freqüência em que foram evidenciadas no exame
clínico na Clínica Infantil da UNIFEB e também baseado
no trabalho de Baccetti (1998a) que realizou um estudo
para procurar padrões de associações entre as mesmas
anomalias dentais encontrando associação recíproca (p<
0,005) entre cinco das anomalias (agenesia dos segundos
pré-molares, tamanho pequeno do incisivo lateral
superior, infraoclusão do primeiro molar inferior,
hipoplasia do esmalte e erupção ectópica dos caninos
superiores), sugerindo uma origem genética comum
destas condições.
Uma vez identificada uma das anomalias pelo
exame clínico, pode-se então diagnosticar as outras, se
22
Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
existissem, precocemente trazendo ao paciente um
dentais. A hipoplasia do esmalte foi determinada
tratamento de maior eficiência gerando beneficio ao
mesmo.
principalmente por exame clínico e confirmada com
radiografia se necessário.
MATERIAL E MÉTODOS
5) Erupção ectópica dos primeiros molares ocorre
quando ele é inicialmente bloqueado pela erupção do
A amostra foi obtida de um total de 172 pacientes
dente adjacente avaliados clinicamente e radigraficamente.
de 7 a 14 anos de idade que foram atendidos
consecutivamente de abril a dezembro de 2002 na
Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia da
6) Dentes supranumerários foram diagnosticados
por material radiográfico.
Fundação Educacional de Barretos. O critério utilizado
para inclusão dos pacientes foi obtido através do exame
7) Erupção ectópica dos caninos superiores foram
clínico com a detecção de pelo menos uma das anomalias
diagnosticados baseando-se na posição palatal
estudadas.
Critério diagnóstico das anomalias:
intraossea dos caninos superiores permanentes,
unilateralmente ou bilateralmente, avaliados em raios X
1) A agenesia dentária consiste em uma alteração
de número bastante significativa, uma vez que representa
um importante fator etiológico da maloclusão. Agenesia
do segundo pré-molar foi diagnosticada usando raios X
panorâmicos.
panorâmicos e periapical radiografias.
2) O tamanho pequeno do incisivo lateral superior,
definido como uma severa redução de parte do incisivo
lateral, em alguns casos associada com um certo
decréscimo no diâmetro do cervix para a extremidade
do incisivo lateral canóide foi diagnosticado através do
exame clínico.
3) Infraoclusão do primeiro molar inferior se refere
ao primeiro molar inferior se refere ao primeiro molar
que não consegue manter sua posição relativa ao dente
adjacente na arcada dentária e gradualmente perde
contato com o dente oposto adotando uma posição
inferior em relação ao plano oclusal. Esta infraoclusão
foi diagnosticada quando a distância entre o dente afetado
e o plano oclusal for maior que 1mm através do exame
clínico.
4) A hipoplasia do esmalte foi diagnosticada
quando houve apenas um dente permanente afetado ou
uma quebra na continuidade ou perda da superfície do
esmalte que não foi relacionado com trauma ou cáries
Material radiográfico foi obtido de onze pacientes
que apresentaram uma das anomalias primariamente
diagnosticada. Já haviam sido excluídos seis indivíduos
desta amostra; com mal formação craniofacial (1), palato
e/ou lábio fendidos (2), seqüelas de acidentes traumáticos
nos dentes (1) e múltiplas e/ou avançadas cáries (2).
Outros dez indivíduos foram excluídos devido a; registros
incompletos ou inadequados (5), diversidade étnica
(apenas os indivíduos de cor branca foram incluídos no
estudo) (4) e correlação familiar (gêmeos ou irmão foram
excluídos do estudo) (1).
A freqüência de cada das sete anomalias estudadas
foi estimada a partir da amostra de 172 indivíduos
submetidos à análise. Para verificar se a ocorrência de
uma determinada anomalia é independente da ocorrência
de outra, ou se existe associação entre elas, na amostra
foi aplicado o teste exato de Fisher, indicado
principalmente para situações em que o total esperado
em pelo menos uma das categorias é inferior a 5. Para
isto, foram construídas tabelas de contingência 2x2,
relacionando a presença ou a ausência da anomalia ‘A’
com a presença ou ausência da anomalia ‘B’, fixandose sempre o total geral em 172.
Os aspectos étnicos referentes à experimentação
com seres humanos foram aprovados junto ao Comitê
Ciência e Cultura
23
Um estudo estatístico da associação de sete anomalias
dentais em uma população brasileira
MIZIARA et al.
de Ética em Pesquisa da Fundação Educacional de
onze indivíduos (6,4%) apresentou pelo menos uma das
Barretos (protocolo nº02/2001).
anomalias pesquisadas. Destes, apenas três (27,3%)
apresentaram simultaneamente duas ou mais das
anomalias. A anomalia mais freqüente foi a hipoplasia do
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A freqüência de ocorrência de cada uma das sete
anomalias pode ser observada na tabela 1. Um total de
esmalte, sendo encontrada em 3,5% dos indivíduos. A
menos freqüente foi o deslocamento palatino do canino
maxilar, que não foi sequer observada.
Tabela 1: Freqüência da ocorrência de sete anomalias dentais em 172 indivíduos analisados.
de tais anomalias, dificultando a comparação com outras
populações. Dentre estes a freqüência de dentes supra
famíliaExistem
analisando
trêstrabalhos
gerações,
várias
poucos
queapresentaram
relatam a freqüência
anomalias associadas com infraoclusão do primeiro
numerários foi a mais explorada.
Um estudo onde se analisou uma população dos
Estados Unidos composta por 1.100 pacientes sete
destes apresentaram dentes supra numerários com uma
freqüência de 0,64% (RUBENSTEIN, 1991). Um
trabalho onde se analisou 2.264 crianças negras
americanas a taxa de dentes supra numerários foi 1,49%
(BRUCE, 1994), bem superior à freqüência encontrada
em uma população nigeriana (0,098%) composta por
13 pacientes (UMWENI, 2002).
A freqüência de dentes supra numerária
encontrada em nosso trabalho (2,3%) foi superior as
relatadas na literatura o que torna a população brasileira
diferenciada das demais e, portanto outros estudos são
necessários para refinar tais comparações.
Um único trabalho que analisou uma segunda
anomalia (tamanho reduzido do incisivo lateral maxilar)
em uma população nigeriana apresentou freqüência de
29,4% (UMWENI, 1997) bem superior à encontrada
em nosso estudo (1,2%).
Oitenta indivíduos de um estudo realizado em uma
molar. Mais recentemente, taurodontismo do primeiro
molar inferior foi encontrado em 34,8% dos pacientes
com perda congênita de dentes, e infraoclusão do
24
Ciência e Cultura
primeiro molar foi encontrado em 65,7% nas mesmas
amostras (LAI, 1989 e SEOW, 1989). A associação
entre quatro anomalias (erupção ectópica dos primeiros
molares, infraoclusão do primeiro molar inferior, erupção
ectópica do canino superior e agenesia pré-molar) foi
investigada por Bjerklin et al. em 1992. Os achados
indicaram a presença de uma associação recíproca
significante entre agenesia dos pré-molares e infraoclusão
do primeiro molar inferior, associação essa também
confirmada por um estudo subseqüente usando uma
grande amostra (BACCETTI, 1995). Erupção ectópica
dos caninos superiores aumentou significativamente
quando quaisquer uma das outras três condições acima
citadas foram encontradas, enquanto erupção ectópica
do primeiro molar inferior aumentou a prevalência de
infraoclusão do primeiro molar. Estes resultados foram
interpretados para sustentar a hipótese de uma comum,
presumidamente hereditária, etiologia para o estudo de
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
distúrbio dentário e é sabido que cada distúrbio tem
erupção ectópica dos caninos superiores). Associação
penetrância incompleta.
Finalmente, uma alta prevalência de anomalias
recíproca (p< 0,005) foi encontrada entre cinco das
anomalias (agenesia dos segundos pré-molares, tamanho
dentais associadas (76,02%) foi calculada a partir de
pequeno do incisivo lateral superior, infraoclusão do
uma amostra de 169 síndromes herdadas com distúrbios
dentários, sugerindo fortemente a possibilidade de uma
primeiro molar inferior, hipoplasia do esmalte e erupção
ectópica dos caninos superiores), sugerindo uma origem
correlação genética entre o número, tamanho, forma e
características estruturais dos dentes (BACCETTI,
genética comum destas condições.
(Baccetti, 1998b) estudou o padrão de
1993). Evidências concretas sugerem que genes
associação entre cinco tipos de anomalias dentais
desempenham uma função preponderante na etiologia
de anomalias dentais. Algum tipo de interrelação
(agenesia dos segundos pré-molares, tamanho pequeno
do incisivo lateral superior, infraoclusão do primeiro
geneticamente controlada pode existir para algumas
destas anomalias evidenciadas pela suas freqüências de
molar inferior, erupção ectópica dos primeiros molares,
erupção ectópica dos caninos superiores). Associação
associação. Também tem sido especulado que um
recíproca significante (p<0,008) foi encontrada entre
“defeito genético comum” pode levar a diferentes
manifestações fenotípicas, incluindo perda, malformação,
quatro tipos de anomalias dentais (agenesia dos segundos
pré-molares, tamanho pequeno do incisivo lateral
erupção ectópica e mau posicionamento dos dentes.
Sendo assim, anomalias dentais, podem ser causadas
por um distúrbio herdado no desenvolvimento da
estrutura dos dentes.
Sabendo que estas anomalias dentais podem ser
superior, infraoclusão do primeiro molar superior,
erupção ectópica dos caninos superiores). Erupção
ectópica do primeiro molar parece ser uma entidade
patológica separada com respeito a todas as outras
anomalias dentais examinadas (BACCETTI, 1998b).
herdadas, uma história familiar e um diagnóstico clínico
precoce ou detecção radiográfica pode alertar pais e
clínicos para a alta probabilidade de detecção de outras
As probabilidades de independência entre as
anomalias estudadas neste trabalho, obtidas pelo teste
exato de Fisher, estão apresentadas na Tabela 2.
no mesmo indivíduo e anomalias similares em outros
membros da família (KOTSOMITIS, 1997). Em 1998
Baccetti (BACCETTI, 1998a) realizou um estudo para
procurar padrões de associações entre sete tipos de
anomalias dentais (agenesia dos segundos pré-molares,
tamanho pequeno do incisivo lateral superior, infraoclusão
do primeiro molar inferior, hipoplasia do esmalte, erupção
ectópica dos primeiros molares, dentes supra numerários,
Assumindo-se um nível de significância de 5% (a = 0,05),
pode-se observar que existe associação significativa
entre 6 pares de anomalias. Apenas em um caso que
houve compartilhamento de anomalias pelos pacientes
(aplasia do segundo pré-molar e hipoplasia do esmalte)
não houve probabilidade de associação significativa entre
as anomalias (Tabela 2).
Tabela 2. Probabilidade de associação entre os pares de anomalias analisadas, obtidas
por teste exato de Fisher. Os valores significativos estão destacados em negrito
a-Agenesia dos segundos pré-molares; b-Dentes supra numerários; c-Erupção ectópica dos
caninos superiores; d-Erupção ectópica dos primeiros molares ; e-Infraoclusão do primeiro molar
CONCLUSÃO
inferior; f-Hipoplasia do esmalte; g- Tamanho reduzido
do incisivo lateral superior
Ciência e Cultura
25
Um estudo estatístico da associação de sete anomalias
dentais em uma população brasileira
O presente trabalho permite concluir com base
nos resultados que padrões de associações entre os sete
tipos de anomalias dentais analisadas (agenesia dos
segundos pré-molares, tamanho reduzido do incisivo
lateral superior, infraoclusão do primeiro molar inferior,
hipoplasia do esmalte, erupção ectópica dos primeiros
molares, dentes supra numerários e erupção ectópica
dos caninos superiores) apresentaram associação
significativa (p< 0,05) entre 6 pares de anomalias
(agenesia dos segundos pré-molares x erupção ectópica
dos primeiros pré-molares; agenesia dos segundos prémolares x infraoclusão do primeiro molar inferior;
agenesia dos segundos pré-molares x tamanho reduzido
do incisivo lateral superior; dentes supra numerários x
tamanho reduzido do incisivo lateral superior; erupção
ectópica dos primeiros pré-molares x hipoplasia do
esmalte; infraoclusão do primeiro molar inferior x tamanho
reduzido do incisivo lateral superior) e que a existência
de uma delas é clinicamente relevante para um
diagnóstico precoce de uma possível associação, sendo
que uma anomalia pode indicar um aumento do risco de
outras. Estes resultados representam um forte indício de
que as anomalias estudadas estão relacionadas, embora
uma amostra mais ampla ainda seja necessária para
obtenção de conclusões mais robustas sobre o padrão
de associação de tais anomalias na população brasileira.
AGRADECIMENTOS
Nós agradecemos aos pacientes e seus familiares
pela cooperação e ao Centro Universitário da Fundação
Educacional de Barretos pelo apoio financeiro.
MIZIARA et al.
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SP. ROBRAC, Goiânia, v.6, p.32-35, mar.1997.
ZHU, J.F.; ARCUSHAMER, M.; KING, D.L.;
HENRY, R.J. Supernumerary and congenitally absent
teeth: a literature review. J Clin Pediatr Dent,
Birmingham, v.20, p.87-95,1996.
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Estudo cinético da substituição do ligante cloro do
complexo trans-diclorobis(etilenodiamina) cobalto (III)
pelo aminoácido alanina
A kinetic study on substitution of chloro ligand from trans dichlorobis(ethylenediamine) cobalt (III) complex by alanina
aminoacid
Luís Rogério DINELLI, Thais Milena de Souza BEZERRA e Jeosadaque José de Sene
Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos - FEB - Av. Prof. Roberto Frade Monte, 389 CEP 14784-220, Barretos – SP
[email protected]
RESUMO
Foi realizado estudo cinético da reação entre trans[CoCl2(en)2]Cl e o aminoácido alanina, nas temperaturas
de 25, 35, 45, 55, 65 e 75°C, para determinação das
constantes de velocidade e energia de ativação, sendo
Ea = 66,6 KJ.mol-1 para a reação de substituição do
trans-[CoCl2(en)2] utilizando alanina como ligante.
Palavras-chave: Estudo cinético, constante de
velocidade, energia de ativação.
ABSTRACT
A kinetic study on substitution of chloro ligand from
trans-dichlorobis(ethylenediamine)cobalt (III) complex
by alanina aminoacid was carried out as different
temperatures. This reaction follows rate constants
determined at 25, 35, 45, 55, 65 and 75°C. The
activation energy is 66.6 kJ.mol-1.
Keywords: kinetic study, rate constants, activation
energy.
Ciência e Cultura
29
Estudo cinético da substituição do ligante cloro do complexo transdiclorobis(etilenodiamina) cobalto (III) pelo aminoácido alanina
DINELLI et al.
INTRODUÇÃO
significativos são observados onde, em uma escala
Os aminoácidos são moléculas constituintes das
proteínas e coordenam-se facilmente aos metais através
caracterizada como <10 pouca atividade, >10 atividade
moderada e >16 atividade significativa. O
[Zn(L5)2(H2O)2] apresenta uma atividade de 25 para
dos seus grupos funcionais amino e carboxila. Os
complexos formados por metais e aminoácidos são
Escherichia coli quando o controle indica 30, e o
[Zn(L3)2(H2O)2] apresenta uma atividade de 24 para
potencialmente importantes para os sistemas biológicos.
Os complexos de cobre (II) e zinco (II) que contém
Salmonella typhi quando o controle indica 27.
Complexos de cobalto apresentam uma elevada atividade
aminoácidos são importantes para o transporte de íons
antifúngica segundo a mesma escala. O complexo
[Co(L2)(H2O)4]Cl indica atividade de 17 para Cândida
metálicos no sangue. Complexos ternários de cobre (II)
como [Cu(his)(thr)] são preferencialmente formados no
sangue humano, e em sua maioria são complexos de
cobre (II) e histidina contendo asparagina, glutamina ou
treonina. Inúmeros outros exemplos de importância
biologia da interação entre metais e aminoácidos podem
ser citados, como a propriedade da histidina de
coordenar-se fortemente aos metais e ser utilizada para
tratamento do distúrbio genético de transporte de cobre
no sangue, e as interações envolvendo as cadeias laterais
dos aminoácidos na presença de íons metálicos que são
responsáveis pela recognição biológica molecular,
reatividade das enzimas e estabilidade das estruturas
protéicas(YAMAUCHI et al., 2002).
A forte interação entre os grupos thiol do
aminoácido cisteína e o mercúrio é um motivo de sua
alta toxicidade ao sistema fisiológico. A formação de
complexos do tipo [Hg(Cys)n] onde n é igual a 1, 2, 3
ou 4 é determinada pela concentração de cisteína. A
distância de ligação entre Hg-S nos complexos
[Hg(Cys) 2]-2 e [Hg(Cys) 3] -4 é de 2.35Å e 2.44Å
respectivamente. Complexos do tipo [Hg(Cys)n]
formados são sugeridos como agentes desintoxicantes
em caso de intoxicação por mercúrio (JALILEHVAND
et al., 2006).
Muitos complexos formados por metais de
transição e aminoácidos ou peptídeos têm comprovada
ação anticancerígena, antibacteriana, entre outras.
Complexos do tipo [M(L)(H2O)4]Cl e [M(L)2(H2O)2]
foram estudados por Chohan et al. (2006), onde M =
Zn, Cu, Ni e Co e L = acetilacetona substituída com um
dos aminoácidos: glicina, fenilalanina, alanina, valina ou
histidina, apresentaram geometria octaédrica e
propriedades bactericida e fungicida. Resultados
30
Ciência e Cultura
albicans, Aspergilius flavus, Microsporun canis e
Fusariun solani e o complexo [Co(L4)(H2O)4]Cl
apresentou atividade de 20 para Cândida albicans,
Aspergilius flavus, Microsporun canis, Fusariun
solani e Cândida Glaberata (CHOHAN et al., 2006).
Reações de substituição no complexo trans[CoCl2(en)2]Cl foram estudadas, no qual a constante de
velocidade e a energia de ativação para a reação de
aquação do trans-[CoCl2(en)2]Cl foram determinadas
através do estudo cinético da reação. Como a reação
obedece ao mecanismo SN1, a velocidade da reação
depende da concentração inicial do complexo
[CoCl2(en)2]+. Logo, a velocidade da reação pôde ser
determinada como a derivada da variação da
concentração do [CoCl2(en)2]+ em um momento t. A
constante da velocidade da reação foi determinada
através de um gráfico de ln[At-A”]/[A0-A”], onde At é
a absorbância do [CoCl2(en)2]+ no tempo t, A0 é a
absorbância do [CoCl2(en)2]+ quando t=0 e A” é a
absorbância depois da reação ter se completado. A partir
do coeficiente angular da reta no gráfico de lnk/(T-1/K-1)
foi determinado o valor de Ea (MOURA et al., 2006).
Este trabalho tem como objetivo o estudo cinético
da reação de substituição entre trans-[CoCl2(en)2]Cl e
o aminoácido alanina para determinação das constantes
de velocidades e energia de ativação da reação.
MATERIAL E MÉTODOS
A cinética da reação foi realizada nas temperaturas
de 25, 35, 45, 55, 65, e 75ºC onde o complexo trans[CoCl2(en)2]Cl e a alanina foram dissolvidos em água,
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
sendo que a proporção trans-[CoCl2(en)2]Cl/alanina foi
analisadas. Em relação às velocidades de reação pode-
de 1:2, respectivamente. A solução foi mantida à
temperatura de estudo por um banho termostatizado
se observar que a primeira etapa da reação ocorre mais
rapidamente seguida de uma etapa mais lenta, como
Fanem 120/3, e a cada intervalo de tempo a solução foi
mostra os gráficos(At-A”)/(A0-A”) versus tempo para
analisada em um espectrofotômetro Hach DR/400U para
o acompanhamento cinético da reação de substituição.
todas as temperaturas apresentados na Figura 1.
As constantes de velocidade foram determinadas
através de um gráfico de ln(AtA”)/(A0-A”) versus o
RESULTADOS E DISCUSSÃO
tempo. Os valores de k foram obtidos a partir do
coeficiente angular das retas da figura 2, e são dispostos
na tabela 1.
O estudo cinético da reação de substituição no
trans-[CoCl2(en)2]Cl foi realizado utilizando como ligante
o aminoácido alanina, a temperatura de 25, 35, 45, 55,
65, e 75Cº. O acompanhamento cinético da reação foi
realizado pela diminuição da absorção em 605nm do
complexo de partida.
Uma curva de (At-A”)/(A0-A”) onde At é a
absorbância no tempo t, A” é a absorbância depois da
reação ter se completado e A0 é a absorbância inicial,
versus tempo é mostrada na figura 1 para as temperaturas
Segundo estudos de Moura et al., (2006) a
constante de velocidade para a reação de substituição
de um átomo de cloro no complexo trans-[CoCl2(en)2]+
por uma molécula de água a 25ºC é de 1,44x10-3 s-1. O
valor para a mesma reação utilizando o aminoácido
alanina como ligante é de 7,73 x10-3 s-1. Pode-se atribuir
a diferença de valores observada, em parte ao
impedimento estérico que se mostra maior para a alanina,
com a presença de grupos volumosos como metila e
amino, que dificultam sua aproximação do sítio do metal.
Tabela 1: Valores de constante de velocidade para reação de
substituição do trans-diclorobis(etilienodiamina)cobalto(III) utilizando
o aminoácido alanina nas diversas temperaturas de estudo.
Ciência e Cultura
31
Estudo cinético da substituição do ligante cloro do complexo transdiclorobis(etilenodiamina) cobalto (III) pelo aminoácido alanina
DINELLI et al.
FIGURA 1: Cinética da reação de substituição no trans-diclorobis(etilenodiamina)cobalto(III) em meio
aquoso utilizando o aminoácido alanina como ligante, acompanhada pela diminuição da absorbância em
605nm em diversas temperaturas: 25Cº(a); 35Cº(b); 45Cº(c); 55Cº(d); 65Cº(e) e 75Cº(f).
32
Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
A partir de um gráfico de ln k versus 1/T a energia de
ativação para a reação foi determinada, pelo coeficiente
angular da reta da figura 3 , sendo Ea=66,6 kJ.mol-1.
Uma relação entre o constante de velocidade e
a energia de ativação pode ser feita. Quanto maior a
energia de ativação, Ea, maior será a variação da
constante de velocidade com a temperatura. Reações
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
que apresentam energia de ativação ao redor de 10 kJ.
mol-1 tem velocidades que crescem muito pouco com a
temperatura e, consequentemente, as constantes de
velocidade apresentam menor variação com o aumento
da temperatura. Para a reação em estudo pode-se
observar um variação considerável da constante de
velocidade, que esta de acordo com a energia de ativação
encontrado.
Figura 2: Linearização de cinética para a reação de
substituição no trans-diclorobis(etilenodiamina)
cobalto(III) em meio aquoso utilizando o aminoácido
alanina como ligante, acompanhada pela diminuição
da absorbância em 605nm em diversas
temperaturas:25Cº(a);35Cº(b); 45Cº(c); 55Cº(d);
65Cº(e) e 75Cº(f).
Figura 3: Gráfico da equação de Arrhenius para a
reação de substituição do trans-diclorobis
(etilenodiamina) cobalto (III) utilizando alanina como
ligante.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A cinética da reação de substituição no trans[CoCl2(en)2]Cl utilizando o ligante alanina foi estudada
em seis diferentes temperaturas apresentando valores de
constante de velocidade de 7,73 x10-3 s-1 a 25ºC e
343,13 x10-3 s-1 a 75ºC. Esta variação da constante de
velocidade com a temperatura pode ser relacionada com
a energia de ativação da reação, pois reações que
apresentam valores maiores de energia de ativação têm
velocidades que crescem com o aumento da temperatura.
Para a reação de substituição do trans-[CoCl2(en)2]Cl
a Ea apresentou valor de 66,6 kJ.mol-1.
CHOHAN, Z. H.; ARIF, M.; AKHATAR, A.
M.; SUPURAN, C. T.; Metal-Based Antibacterial and
Antifungal Agents: Syntheses, Characterization, and in
vitro Biological Evaluation of Co(II), Cu(II), Ni(II), and
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Ciência e Cultura
33
Estudo cinético da substituição do ligante cloro do complexo transdiclorobis(etilenodiamina) cobalto (III) pelo aminoácido alanina
MASSABNI, A. C.; CORBI, P. P.;
MELNIKOVB, P.; ZACHARIASC, M. A.;
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DINELLI et al.
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2002.
34
Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Crescimento e nutrição mineral de fedegoso
Growth and mineral nutrition of java-bean
Silvano BIANCO; Robinson Antonio PITELLI; Leonardo Bianco de CARVALHO
Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP – Câmpus de Jaboticabal.
[email protected].
RESUMO
Senna obtusifolia, popularmente conhecida por
fedegoso, é uma das plantas daninhas mais freqüentes
nos solos cultivados das regiões Centro e Sul do país,
infestando todas as culturas, entretanto é particularmente
mais importante em lavouras anuais de soja e milho. Com
o objetivo de estudar a produção de massa seca,
distribuição e acúmulo de macronutrientes em plantas
de fedegoso, foi conduzido o presente trabalho em
condições de casa-de-vegetação. As plantas foram
cultivadas em vasos preenchidos com areia de rio lavada
e peneirada, irrigadas diariamente com solução nutritiva
completa de Hoagland & Arnon a 50% da concentração
original. A primeira avaliação foi realizada aos 21 dias
após a emergência (DAE) e, as seguintes, em intervalos
de 14 dias. Foi determinada a biomassa seca das
diferentes partes da planta e os teores de
macronutrientes. Os resultados indicaram que a planta
apresentou crescimento durante toda a fase
experimental. O maior acúmulo ocorreu em 147 DAE,
quando a planta acumulou 87,16 gramas de biomassa
seca. Em 161 DAE, cerca de 13,03% da biomassa seca
estava alocada nas raízes, 39,30% nos caules, 29,87
nas folhas e 17,80% na parte reprodutiva. Em 77 DAE
(período de maior competição das plantas daninhas com
a maioria das culturas anuais), uma planta de fedegoso
acumula 15,47 gramas de biomassa seca, 434,50 mg
de N, 33,97 mg de P, 422,61 mg de K, 392,87 mg de
Ca, 67,04 mg de Mg e 45,95 mg de S.
Palavras chaves: macronutrientes, planta daninha,
Senna obtusifolia.
ABSTRACT
Senna obtusifolia, commonly known as java-bean, is
one of the most frequency weeds in agricultural soils of
the Central and South regions of Brazil. This species infest
all crops however it is more important in annual crops as
soybean and maize. This research aimed to study the
biomass production and the macronutrients distribution
and accumulation for java-bean plants grown under
greenhouse conditions. The plants grew in pots filled with
river sand. The pots were daily irrigated with 50% original
concentration of Hoagland & Arnon complete nutrient
solution. The first evaluation was done 21 days after
seedling emergence (DAE) and the following evaluations
were done every 14 days intervals. The evaluations based
on the determination of dry biomass accumulation and
macronutrient content in the different plant tissues. The
results indicated that the plant grew during the whole
experimental time. The maximum dry biomass
accumulation occurred at 147 DAE, when java-bean
plants accumulated 87.16 grams. At 161 DAE, about
13.03% of the dry biomass was allocated by roots,
39.30% by stems, 29.87% by leaves, and 17.80% by
reproductive parts. At 77 DAE (period with the strongest
competition between weeds and annual crops), one javabean plant presented a dry biomass accumulation of
15.47 grams, together with 434.50 mg of N, 33.97 mg
of P, 422.61 mg of K, 392.87 mg of Ca, 67.04 mg of
Mg and 45.95 mg of S.
Keywords: macronutrients, Senna obtusifolia, weed.
Ciência e Cultura
35
Crescimento e nutrição mineral de fedgoso
INTRODUÇÃO
BIANCO et al.
L., Erasmo et al. (2000) com S. obtusifolia, Souza Filho
Senna obtusifolia (L.) Irwin & Barneby,
et al. (2000) com Urena lobata L., Gravena et al. (2002)
com Hyptis suaveolens (L.) Poit., Brighenti et al. (2003)
popularmente conhecida como fedegoso, é uma planta
com Cardiospermum halicacabum L., Pedrinho Júnior
daninha muito freqüente tanto em solos de cultivo
intensivo bem como pastagens, pomares e terrenos
et al. (2004) com soja e Richardia brasiliensis Gomes,
Carvalho et al. (2007) com milho e Brachiaria
baldios de todo o território brasileiro. A espécie é uma
importante infestante de lavouras de soja, uma vez que é
plantaginea (Link) Hitchc., entre outros.
Nesta linha de pesquisa, o presente trabalho foi
dificilmente controlada por meio de herbicidas, por ser
conduzido com o objetivo de estudar a produção de
uma espécie daninha de “folha larga”, assim como a
cultura. Geralmente formam densas infestações. A planta
biomassa seca, distribuição e acúmulo de
macronutrientes por plantas de S. obtusifolia, cultivadas
é considerada tóxica ao gado (LORENZI, 2000). Esta
espécie tem uma ampla dispersão nas regiões tropicais
em condições padronizadas de nutrição mineral.
e subtropicais no mundo. Provavelmente é nativa do
Continente Americano, onde tem ampla distribuição,
inclusive no Brasil onde é amplamente disseminada e,
MATERIAL E MÉTODOS
atualmente, sua presença é mais intensa na região CentroOeste. Pode ser considerada uma planta ruderal e
cosmopolita; tem ciclo de planta anual ou perene com
ciclo estival; floresce de setembro a dezembro e frutifica
até março, propagando-se por sementes (KISSMANN
O experimento foi instalado e conduzido em
condições de casa-de-vegetação, pertencente ao
Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária, da
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP
– Câmpus de Jaboticabal, SP, no período de outubro
& GROTH, 1999).
Dentro dos fatores que influenciam o processo
de colonização e estabelecimento das plantas daninhas
de 1992 a abril de 1993, utilizando vasos plásticos com
capacidade para sete litros, tendo como substrato para
crescimento, areia de rio lavada e peneirada.
em determinados ambientes, as características do solo
desempenham um papel predominante. Os fatores
edáficos, associados às características ecofisiológicas
próprias de determinados grupos de plantas, que lhe
asseguram a sobrevivência em locais específicos, são
bases para a sua classificação como espécie ruderal.
Estas se caracterizam pela sobrevivência em locais
freqüentemente perturbados, com elevadas taxas de
crescimento, grande esforço reprodutivo e elevada
capacidade de exploração de nutrientes do solo
(GRIME, 1979). Para tanto, o conhecimento de aspectos
da biologia das plantas daninhas é fundamental,
destacando-se os padrões de crescimento, as exigências
nutricionais e as respostas às alterações do ambiente,
entre outras (BIANCO, 2003).
Os trabalhos publicados sobre requerimentos
nutricionais de plantas daninhas são poucos, destacandose os de Pavani (1992) com Cenchrus echinatus L.,
Rodrigues et al. (1995) com Commelina benghalensis
A semeadura foi realizada em meados de outubro
de 1992, com 50 sementes por vaso. Quando as mudas
atingiram o estádio de dois pares de folhas verdadeiras
totalmente expandidas, foi efetuado o desbaste,
deixando quatro plantas por vaso. Os vasos foram
irrigados diariamente com solução nutritiva completa de
Hoagland & Arnon (1950). Nos primeiros 21 dias após
a emergência (DAE), foi utilizada uma solução nutritiva
a 25% da concentração original e, depois, 50% até o
final da fase experimental. O delineamento estatístico foi
em blocos inteiramente casualizados, com onze
tratamentos, correspondendo aos períodos de avaliação
(21, 35, 49, 63, 77, 91, 105, 119, 133, 147 e 161 DAE),
e quatro repetições.
A cada 14 DAE, com exceção da primeira
avaliação que ocorreu aos 21 DAE, as plantas de quatro
repetições (quatro vasos) foram coletadas, lavadas e
separadas em raízes, caules, folhas e partes reprodutivas,
que foram colocadas para secar em estufa de renovação
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Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
forçada de ar a 70 oC por 96 horas, quando foi
comportamental de cada espécie em relação à massa
determinada a biomassa seca das diferentes partes das
plantas. Após a moagem do material vegetal, foram
seca e ao nutriente estudado, com o auxílio do “software”
determinados os teores de macronutrientes.
O nitrogênio total (Ntotal) e o fósforo (P) foram
2004). Para a escolha da equação de regressão foram
considerados a lógica do fenômeno biológico do
crescimento e o valor do coeficiente de determinação.
determinados pelos métodos semi micro kjedahl e
colorimétrico do ácido fosfovanadato-molibdico,
STATISTICA 6.0 (STATSOFT SOUTH AMERICA,
Os pontos de inflexão e de máximo da curva foram
respectivamente, conforme descrito por (SARRUGE &
determinados pelas derivadas, primeira e segunda da
HAAG, 1974). Para a extração do potássio (K), do
cálcio (Ca) e do magnésio (Mg) foi utilizado o método
equação ajustada aos dados obtidos, utilizando o
“software” MAPLE V (CHART et al., 1991).
descrito por Jorgensen (1977), por meio de
espectrofotometria de absorção atômica. O enxofre (S)
foi determinado pelo método turbidimétrico, descrito por
Vitti (1989).
Os dados de acúmulos de nutrientes para cada
RESULTADOS E DISCUSSÃO
uma das partes da planta foram determinados
multiplicando-se o teor do nutriente pela massa seca
Na Figura 1 estão apresentadas às curvas
relativas às variações do acúmulo de massa seca nas
diferentes partes das plantas de S. obtusifolia, ao longo
correspondente. O acúmulo total foi obtido por meio da
somatória dos acúmulos das diferentes partes da planta,
enquanto que o teor total da planta foi obtido pela relação
entre o acúmulo total da planta e a massa seca total
do seu ciclo de desenvolvimento. O acúmulo de massa
seca nas diferentes partes da planta foi crescente até
147 DAE. Uma planta de fedegoso acumulou 79,53 g
correspondente.
Para cálculo do acúmulo total teórico dos
de massa seca, 161 DAE, enquanto que o acúmulo de
massa seca pelas folhas foi de 23,76 g planta-1. O
macronutrientes, utilizou-se a integral sob a equação
exponencial ajustada, Y = exp (a + bx + cx2), sendo Y=
fedegoso iniciou seu florescimento no período de 49 a
acúmulo do nutriente e x = dias após a emergência,
ajustando-se curvas de crescimento em função dos dias
do ciclo de vida da planta, refletindo um esboço
63 DAE, apresentando acúmulo de massa seca
crescente até o final da fase experimental, quando
acumulou 14,16 g.
Figura 1. Acúmulo de massa seca nas diferentes partes da planta de Senna obtusifolia, ao longo do seu ciclo de
desenvolvimento.
Ciência e Cultura
37
Crescimento e nutrição mineral de fedgoso
BIANCO et al.
Na Figura 2 são apresentados os resultados da
sistema radicular, visando melhor fixação da planta no
distribuição percentual da massa seca acumulada nas
diferentes partes da planta, ao longo do ciclo de
substrato, aumentando assim o contato dos nutrientes
por interceptação radicular, levando a um rápido acúmulo
desenvolvimento, do fedegoso, onde é possível observar
dos mesmos pelas raízes.
um incremento inicial na alocação de biomassa seca no
É importante destacar que as folhas, principal
Figura 2. Distribuição percentual da biomassa seca nas diferentes partes da planta de Senna
obtusifolia, ao longo do seu ciclo de desenvolvimento.
órgão na produção de fotossintatos, diminuíram sua obtusifolia, Desmodium tortuosum (Jacq.) DC. e
participação já a partir de 49 DAE, intensificando está Solanum americanum Mill., CARVALHO et al (2007)
diminuição a partir do início do florescimento do com B. plantaginea.
fedegoso. Comportamentos semelhantes com espécies
O nitrogênio e o cálcio foram os nutrientes
daninhas foram relatados por Rodrigues (1992) em C.
banghalensis, Pavani (1992) em C. echinatus, Pedrinho
Júnior (2003) em R. brasiliensis, H. suaveolens e
Alternathera tenella Colla, Bianco (2003) em
Euphorbia heterophylla L., Sida rhombifolia L., S.
extraídos em maiores quantidades pelas plantas (Tabela
1), seguidos pelo potássio, magnésio, enxofre e fósforo.
Durante todo o ciclo de desenvolvimento das plantas,
as concentrações dos nutrientes estudados oscilaram,
entre os períodos amostrados.
Tabela 1. Concentração de macronutrientes ao longo do ciclo de desenvolvimento na massa seca
de Senna obtusifolia.
DAE - Dias após a emergência.
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Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
As curvas ajustadas de acúmulos totais dos
teórico ocorreu ao redor de 141 DAE e foi da ordem
macronutrientes, ao longo do ciclo de desenvolvimento
da planta (Figura 3), evidenciam que o acúmulo total
de 2.373,58 mg planta-1; para o fósforo, o acúmulo
dos macronutrientes estudados foi crescente até 147
DAE.
Este acúmulo foi lento até 63 DAE. Após este
período, o acúmulo dos macronutrientes foi crescente e
rápido, até 147 DAE, quando começa a diminuir até o
máximo teórico ocorreu ao redor de 152 DAE (211,42
mg planta-1); para o potássio, o acúmulo máximo teórico
ocorreu ao redor de 141 DAE (1.651,23 mg planta-1);
para o cálcio, o acúmulo máximo teórico ocorreu ao
redor de 153 DAE (1.990,23 mg planta-1); para o
final da fase experimental. Após o cálculo do acúmulo
magnésio, o acúmulo máximo teórico ocorreu ao redor
de 140 DAE (419,62 mg planta-1) e para o enxofre, o
máximo teórico para cada macronutrientes estudado
constata-se que para o nitrogênio, o acúmulo máximo
acúmulo máximo teórico ocorreu ao redor de 136 DAE
(312,97 mg planta-1).
Figura 3. Variação no acúmulo total de nitrogênio (A), fósforo (B), potássio (C), cálcio (D), magnésio (E) e do
enxofre (F) ao longo do ciclo de desenvolvimento de Senna obtusifolia.
Ciência e Cultura
39
Crescimento e nutrição mineral de fedgoso
BIANCO et al.
Ao comparar os resultados obtidos neste trabalho com
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
aqueles envolvendo outras espécies plantas daninhas
folhas largas já estudadas, até o ponto de acúmulo
BIANCO, S. Estudo comparativo do acúmulo de massa
máximo teórico considerado para cada macronutriente,
seca e de macronutrientes por plantas de soja cv. BR-
pode-se constatar que S. obtusifolia apresentou
acúmulo máximo teórico para todos os nutrientes
16 e cinco espécies daninhas. 2003. 95f. Tese (Livre
Docência) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade
acumulados menor que os observados para D.
tortuosum e S. americanum (BIANCO, 2003) e,
de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, 2003.
maiores que os observados para S. rhombifolia, E.
BRIGHENTI, A.M.; VOLL, E.; GAZZIERO, D.L.P.
heterophylla (BIANCO, 2003), H. suaveolens, A.
tenella (PEDRINHO JÚNIOR, 2003) e R. brasiliensis
Biologia e manejo do Cardiospermum halicacabum.
Planta Daninha, v.21, n.2, p.229-237, 2003.
(PEDRINHO JÚNIOR et al., 2004). Assim, podemos
dizer que S. obtusifolia é uma planta daninha menos
CARVALHO, L.B., BIANCO, S., PITELLI, R.A.;
exigente em termos nutricionais que o pega-pega e a
BIANCO, M.S. Estudo comparativo do acúmulo de
maria-pretinha, no entanto, é mais exigente que e a
guanxuma, amendoim-bravo, cheirosa e apaga-fogo.
massa seca e macronutrientes por plantas de milho var.
BR-106 e Brachiaria plantaginea. Planta Daninha,
Analisando as diferentes partes da planta de
fedegoso, para o nitrogênio, cálcio e enxofre, a ordem
nos teores médios obedeceu a seguinte seqüência
decrescente folhas, parte reprodutiva, raízes e caules;
para o fósforo a seqüência foi parte reprodutiva, folhas,
v.25, n.2, p.293-301, 2007.
raízes e caules; para o potássio a seqüência foi raiz igual
à parte reprodutiva, caules e folhas, enquanto que para
o magnésio a seqüência foi raiz, folha e parte reprodutiva.
Verlag, 1991. 411p.
Em 77 DAE (período de maior competição das plantas
daninhas com a maioria das culturas anuais), uma planta
de fedegoso acumulou 15,47 gramas de biomassa seca;
434,47 mg de N; 33,97 mg de P; 422,61 mg
de K; 392,87 mg de Ca; 67,04 mg de Mg e 45,95 mg
de S.
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Planta Daninha, v.20, n.2, p.189-196, 2002.
CONCLUSÃO
As plantas de fedegoso podem competir
intensamente com as culturas agrícolas, haja vista que a
espécie apresentou acúmulo crescente de biomassa até
147 DAE, constituindo todo o ciclo agrícola da maioria
das culturas anuais. Além disso, com o intenso acúmulo
de biomassa e macronutrientes após 91 DAE, as plantas
de fedegoso podem interferir fortemente na
produtividade e na qualidade final do produto colhido.
40
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Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Avaliação da infiltração marginal de um cimento à base
de polímero de mamona em retro-obturações. Estudo
piloto de eficácia in vitro
Marginal leakage evaluation of a castor bean polymer cement used
in retrofilling. A pilot study of in vitro eficacy
Devanir de Araújo Cervi**, Liliane Hitomi Sunto*, Carlos Alberto Mosquini*, Elizangela Partata
Zuza***
*Cirurgiões-Dentistas.
**Professor da Disciplina de Endodontia do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos.
***Professora do Curso de Pós-Graduação em Periodontia do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos
Autor responsável: Devanir de Araujo Cervi. Av. Prof. Roberto Frade Monte, 389 – Jardim Aeroporto, 14.783-226 – Barretos SP.
Fone: (17) 3321-6411 – e-mail: [email protected]
RESUMO
Os cimentos retro-obturadores utilizados em
endodontia não apresentam todas as propriedades
biológicas desejáveis, dessa forma, estudos têm sido
realizados no intuito de buscar novos materiais que
apresentem características ideais. O objetivo deste
estudo piloto foi avaliar a infiltração marginal de um
cimento à base de polímero de mamona em retroobturações endodônticas. Neste estudo utilizaram-se 15
caninos que foram inicialmente instrumentados e
obturados, sendo em seguida, realizados retro-preparos
com auxílio do ultra-som. Os preparos foram retroobturados inserindo-se um cimento à base de polímero
de mamona (Biosteo®), sendo as amostras imersas em
uma solução de azul de metileno a 2 % à vácuo, lavadas
e cortadas. As mensurações das infiltrações foram
realizadas com lupa esteroscópica. Os graus de infiltração
variaram de 0 a 4 e foi apresentado em porcentagens.
Na maioria dos casos, o Biosteo® (cimento à base de
polímero de mamona) mostrou bom selamento marginal
(0 e 1), totalizando 70,7% dos casos. Dentro dos limites
deste estudo piloto, foi possível concluir que o cimento
à base de polímero de mamona mostrou resultados
satisfatórios in vitro, com baixo grau de infiltração marginal
na maioria dos dentes estudados.
Palavra chave: Endodontia, Polímero de
mamona, Infiltração marginal.
ABSTRACT
The endodontics retrofillling cements do not
present all the biological properties, thus, studies have
been performed to find other materials with ideals
characteristics. The aim of this pilot study was to
accomplish a marginal leakage pilot study to test a castor
bean polymer cement used in endodontic retrofilling.
Fifteen canines were initially instrumented and filled; then,
retro-preparations were performed with the use of an
ultrasonic appliance. Preparations were retrofilled
inserting castor bean polymer cement (Bioosteo®) and
the samples were afterwards immersed into 2%
methylene blue solution in vacuum, rinsed and sectioned.
Leakages measurements were performed with a
stereoscopic magnifying glass. The scores of leakage
varied from 0 to 4 and it was given in percentages. In
most of the cases, Biosteo® (castor bean polymer
cement) enabled a clinical acceptable marginal seal (levels
0 and 1), totaling 70.7% of the cases. Within the limits of
this pilot study, it was possible to conclude that the castor
bean polymer cement showed satisfactory results in
vitro, with low degree of marginal leakage in the most of
the teeth studied.
Keywords: Endodontics, Oil polyurethane,
Marginal leakage.
Ciência e Cultura
43
Avaliação da infiltração marginal de um cimento à base de polímero de
mamona em retro-obturações. Estudo piloto de eficácia in vitro
INTRODUÇÃO
CERVI et al.
(CARVALHO et al, 1997). De acordo com PASCON
et al. (2000), a resina poliuretana de mamona mostrou
Os cimentos retro-obturadores de canais
qualidades biológicas de um material com grandes
radiculares encontrados no mercado não apresentam
possibilidades de ser utilizado como cimento obturador
propriedades ideais, tais como selamento marginal e ação
de canais radiculares. Diante de tais considerações, o
bactericida. Outro fator importante a ser considerado é
objetivo deste estudo piloto foi avaliar a infiltração
a capacidade de reabsorção quando extravasado na
marginal de um cimento à base de polímero de mamona
região apical, além da indução de depósitos mineralizados
utilizado para retro-obturações endodônticas.
no periápice.
Muitos materiais foram pesquisados como material
obturador de canais radiculares, dentre eles pode-se citar
o óxido de zinco e eugenol (TANOMARU et al, 2004),
MATERIAL E MÉTODOS
o óxido de zinco puro (GARCIA, 2003), ionômero de
vidro (PIRES & BUSATO, 2000; DALÇÓQUIO et al
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética
2001), cianocrilato (ENNES & MARQUES, 2000;
em Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Fundação
DALÇÓQUIO et al, 2001), super EBA (YAMASHITA
Educacional de Barretos (processo no 041/2006). Foram
et al, 1999; GOMES et al, 2001), MTA (SILVA et al,
selecionados 15 dentes humanos caninos (superiores e/
1996; BUSATO et al, 1999, SILVA NETO et al, 2005),
ou inferiores), unirradiculares, retirados do banco de
resina epóxica (PASCON et al, 2000; PAVAN et al,
dentes da Faculdade de Odontologia de Barretos, os
2001) e mais recentemente o polímero de mamona
quais foram radiografados para verificação de variações
(COSTA et al, 1997, FUENTEFRIA et al, 1998;
anatômicas. Em seguida, as amostras foram limpas,
YUNES, 1999; CAVALIERI, 2000; PASCON et al,
hidratadas e desinfectadas por 4 dias em solução de
2001; BONINI et al, 2002; PAVAN, 2003; TAGLIANI,
hipoclorito de sódio à 1%.
2004 e MORAES, 2005). Os diversos materiais
Realizou-se a abertura coronária dos dentes de
utilizados para retro-obturações apresentam bons
acordo com a técnica preconizada pela Disciplina de
resultados clínicos com regressão das lesões periapicais,
Endodontia da Faculdade de Odontologia de Barretos,
entretanto, não apresentam todas as propriedades ideais
sendo o preparo biomecânico realizado pela técnica
desejáveis. Dessa forma, novas pesquisas têm sido
Escalonada com emprego de brocas especiais e
realizadas com o propósito de melhorar a resposta
intercaladas com irrigação de hipoclorito de sódio à 1%
biológica ao tratamento retro-obturador.
(seringa de 3ml). Após o término da instrumentação, os
O polímero de mamona tem se mostrado
canais radiculares foram secos com pontas de papel
biocompatível, bactericida, germicida, praticamente
absorventes e obturados com cimento obturador Endofil
atóxico (GUTIERREZ, 2006), além de promover ósseo-
(Maillefer Industria e Comércio Ltda, Petrópolis, RJ,
indução e bom selamento marginal (devido à expansão
Brasil), pela técnica termoplastificada de McSpadden,
quando de sua manipulação) (LEONEL et al., 2003).
sendo as aberturas coronárias seladas com cimento
Este material foi inicialmente empregado na medicina nos
restaurador à base de Óxido de Zinco e Eugenol (IRM).
casos de ortopedia e cirurgias plásticas e pesquisas
Os dentes foram conservados em temperatura ambiente
recentes têm sido desenvolvidas no âmbito
por 4 horas para que houvesse total presa do cimento
Odontológico, a fim de verificar seu desempenho clínico
obturador e restaurador.
44
Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Figura 1 – Apresentação comercial do Biosteo
Após esse período, realizou-se a apicectomia ao nível
de 3 mm aquém do ápice radicular com auxílio de uma
broca carbide (nº 701), tronco cônica em baixa rotação,
perpendicularmente ao longo eixo do dente. As retrocavidades foram preparadas com 3mm de profundidade
utilizando-se uma ponta ultra-sônica (nº S 12/90ºD),
montada num aparelho Ultra Sônico (Multi - Sonic (Satelec
System, Gnatus, Ribeirão Preto, SP, Brasil).
Com exceção do preparo retrógrado, em todas as
amostras foram aplicadas 2 camadas de cola epóxica
Araldite 10 minutos (Brascola, São Bernardo do Campo,
SP, Brasil), e duas camadas de esmalte para unha de
secagem rápida. Após este tempo, os preparos retrógrados
foram obturados com Biósteo. (Figura 1).
Após a presa do material imergiu-se as amostras em
uma câmara para vácuo com solução de azul de metileno
a 2 % tamponada, com 60 mmHg de pressão, por 10
minutos e mantidas por 24 horas em imersão. Após este
tempo, as amostras foram lavadas em água corrente por
1 hora para a retirada do excesso de corante. Foram
removidas as impermeabilizações com lâmina de bisturi
nº 15 e fixaram-se as amostras com godiva de baixa fusão
em suportes de madeira, onde foram cortadas
longitudinalmente com um disco de aço sob irrigação.
Para verificação do grau de infiltração marginal do
corante considerou-se os seguintes escores:
Grau 0: Ausência de infiltração;
Grau 1: Infiltração até o limite de 3mm da retroobturação;
Grau 2: Infiltração de 4 a 6mm além do limite da retroobturação;
Grau 3: Infiltração de 7 a 10mm além do limite da
retro-obturação;
Grau 4: Infiltração > 10mm além do limite da retroobturação.
Os espécimes foram observados com lupa
esteroscópica por cinco avaliadores, os quais realizavam
as medidas dos graus infiltrativos com auxílio de uma régua
milimetrada. Todos os examinadores foram instruídos
quanto à forma correta de se executar as mensurações,
sendo que cada um verificou as respectivas medidas em
duas ocasiões distintas para adequada calibração. (figura 2)
Figura 2 – Diferentes graus de infiltração marginal na região apical.
Ciência e Cultura
45
A reprodutibilidade intra-examinador foi verificada
excelente com correlação intra-classe variando de 0.8 a
pelo método de correlação intra-classe para dados
paramétricos e a concordância inter-examinadores foi
0.9, o que equivale dizer que houve concordância em
80 a 90% das avaliações. A comparação entre as médias
analisada pelo teste ANOVA (um critério) para
obtidas por cada avaliador não mostrou diferença
comparação entre as médias obtidas por cada
examinador nos diferentes dentes mensurados. Para a
estatisticamente significante (p=0.92), havendo
concordância entre os mesmos.
aplicação dos testes estatísticos utilizou-se o programa
BioEstat 4.0.
A média dos escores de infiltração observada por
cada examinador pode ser observada na tabela 1. Na
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A reprodutibilidade intra-examinador mostrou-se
tabela 2 verificam-se os escores de infiltração, o número
de observações e as porcentagens obtidas. O gráfico 1
mostra o histograma de freqüência dos escores de acordo
com as médias verificadas na tabela 1.
Tabela 1 – Média das mensurações (em milímetros) realizadas em cada dente do estudo.
46
Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
O tratamento endodôntico tem o propósito de
Esta particularidade físico-química é um dos principais
impedir que microrganismos e/ou endotoxinas atinjam
os tecidos apicais, promovendo desinfecção do sistema
fatores para um bom selamento hermético nas cavidades
preparadas para retro-obturações, prevenindo contra a
de canais radiculares. No entanto, em alguns casos em
penetração de fluídos e bactérias que infiltrem em lacunas
que não houve o desaparecimento da lesão periapical
após o período de proservação, a cirurgia
deixadas pela contração do material (SILVA NETO et
al, 2005); Para avaliação dos graus de infiltrações nas
paraendodôntica com obturação retrógrada está bem
indicada (YUNES, 1999).
retro-obturações com polímero de mamona, optou-se
pela utilização do corante azul de metileno por este
O Biosteo® é uma poliuretana desenvolvida a
apresentar baixo peso molecular e grande poder de
partir do óleo de mamona para ser utilizado em cirurgias
ortopédicas para reconstituição e preenchimento de
penetração nos espaços vazios (OPPENHEIMER et al.,
1979). Utilizou-se a concentração de 2% por ser melhor
espaços ósseos e na confecção de endopróteses
(CARVALHO et al., 1997). Ele apresenta boa
observada que concentrações inferiores, além de ser de
fácil obtenção e apresentar manchas definidas que
biocompatibilidade, capacidade de ósseo-indução e
facilitam a leitura dos resultados (DIEP et al., 1982).
expansividade quando da sua polimerização, tendo
grande possibilidade de ser utilizado como cimento
Os nossos resultados deste estudo piloto
mostraram resultados satisfatórios, com 25.3% das
obturador (MORAES, 2005; PASCON et al, 2001).
O estudo deste material para obturação retrógrada de
canais radiculares deveu-se ao fato de haver expansão
após o tempo de presa (de acordo com o fabricante).
amostras apresentando grau 0 de infiltração. Apesar de
haver infiltração em graus variáveis (de 1 a 4), totalizando
74.7% dos dentes, 45.4% apresentaram apenas grau 1,
não ocorrendo infiltração além da obturação (Tabela 2).
Tabela 2 – Escores de infiltração, número de observações e porcentagens obtidas
Gráfico 1 – Histograma de freqüência dos escores de infiltração de acordo com as médias obtidas.
Ciência e Cultura
47
Avaliação da infiltração marginal de um cimento à base de polímero de
mamona em retro-obturações. Estudo piloto de eficácia in vitro
O polímero de mamona apresentou bom
desempenho na maioria dos dentes (Grau 0= 25.3%;
Grau 1: 45.4%), totalizando 70.7% dos casos com
pouca ou nenhuma infiltração marginal. Este fato confirma
a boa capacidade seladora do material utilizado nesta
pesquisa. Graus reduzidos de infiltração também foram
observados nos estudos de Yunes (1999), Pavan et al.
(2001), Pavan et al. (2003) e Leonardo (2005).
Há escassez de estudos na literatura que
descrevam o comportamento de retro-obturações com
materiais à base de polímero de mamona, por isso não
encontrou-se estudos que contradizem o bom selamento
apical obtido em nossa pesquisa. Este material tem se
CERVI et al.
dentário, JBC J. Bras. Clin. Odontol. Integr;3(18):3234, 1999.
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óssea entre os implantes de polímero de mamona, resina
acrílica termicamente ativada e cimento ósseo, em tíbia
de coelhos. São José dos Campos, UNESP,
Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Odontologia
mostrado eficiente como material selador, entretanto,
de São José dos Campos da Universidade do Estado
de São Paulo, p. 108, 2000.
outros estudos com amostras maiores e com
padronização adequada ainda são necessários. Outro
COSTA, C. A. S. de; MARCANTONIO, R. A.
C.; HEBLING, J.; TEIXEIRA, H. M.; KURAMAE, M.
aspecto importante é a realização de estudos
prospectivos longitudinais “in vivo” para se atestar sua
real aplicabilidade clínica.
Biocompatibilidade do polímero de poliuretana vegetal
derivada do óleo de mamona em estudo comparativo
com cimento de óxido de zinco e eugenol: avaliação
histopatológica de implantes subcutâneos de ratos,
Odonto 2000;1(1):44-8, jan.-jun. 1997.
DALÇÓQUIO, C.; SHOENAU, F.; LUCENA,
CONCLUSÕES
1. Apesar dos graus de infiltração (de 1 a 4)
totalizarem 74.7% dos dentes, a maior porcentagem
(45.4%) concentrou-se no grau 1, que se estendeu
apenas até o limite do material obturador;
2. Na maioria dos casos o polímero de mamona
foi capaz de promover um selamento marginal aceitável
clinicamente (grau 0 e 1), totalizando 70.7% dos casos.
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alcalina: um biomaterial com potencial para substituir
importância da porosidade interna do polímero de
mamona durante a neoformação óssea. Estudo em ratos.
tecido ósseo, Anais da Faculdade de Odontologia
de Ribeirão Preto da USP Ribeirão Preto, n. 9, out-
Ciência Odontológica Brasileira, 6(3): 19-25, jul-set,
2003.
MORAES, I. G. de. Odisséia em busca de um
cimento para obturação de canais radiculares, Bauru;
s.n; 138 p, 2005.
dez, 2004.
TANOMARU FILHO, M.; SILVA, R. S. F. da;
Tanomaru, J. M. G.; LEONARDO, M. R.; SILVA, L.
A. B. Avaliação do selamento apical de obturação de
canais radiculares com diferentes cimentos endodonticos,
OPPENHEIMER, S.; ROSENBERG, P.A.Effect
of temperature change on the sealing properties of Cavit
and Cavit-G. Oral Surg Oral Med Oral Pathol, 48(3):
JBE, J. Bras. Endodontia; 5(17): 146-149, abr-jun,
2004.
YAMASHITA, J. C.; TANOMARU FILHO, M.;
250-253, 1979.
PASCON, E. A. Biocompatibilidade de materiais
endodônticos. Resposta do tecido subcutâneo de cobaias
à resina poliuretana derivada do óleo de mamona - Parte
2, Rev. ABO Nac; 8(5):283-295, out.-nov. 2000.
PAVAN, N. N. O; GONÇALVES, E. A. L;
PAVAN, A. J., MORAES, I. G. Análise digital da
infiltração marginal realizada em obturações retrógradas,
Universidade Estadual de Maringá (UEM), FOB – USP,
http://www.sbpqo.org.br/resumos/2001_a.html
PAVAN, N. N. O.; MORAES, I.;
CATANZARO-GUIMARÃES, S. A. Análise de
infiltração marginal de quatro cimentos retroobturadores,
Rev. Odonto Ciênc;18(41):248-252, jul.-set. 2003.
PIRES, M. S. M. BUSATO, A. L. S. Selamento
marginal de Três tipos de Ionômero de Vidro
polimerizável, RGO, 48 (1), jan-fev-mar, p. 19-24,
2000.
DUARTE, M. A. H.; KUGA, M. C.; FRAGA, S. de C.
Cimento endodôntico AH PLUS« como material
retrobturador: avaliação da capacidade de selamento
apical, in vitro - relato de caso clínico, JBC J. Bras. Clin.
Odontol. Integr; 3(18):70-73, 1999.
YUNES, J. R. M. Avaliação “In Vitro” da
infiltração marginal em retrobturações utilizando diferentes
materiais obturadores, Dissertação (Mestrado) Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto,
Universidade do Estado de São Paulo, Ribeirão Preto,
São Paulo, p. 133, 1999.
Ciência e Cultura
49
Avaliação da infiltração marginal de um cimento à base de polímero de
mamona em retro-obturações. Estudo piloto de eficácia in vitro
50
Ciência e Cultura
CERVI et al.
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Melhoria da Educação Pública: Ensino de Ciências em
Barretos, SP
Improvement of the public education: the science teaching in
Barretos, SP
Cristina Cunha Carvalho TERRONI, Lindamar Maria de SOUZA, Norberto Luis AMSEI Júnior, Regina Helena Porto
FRANCISCO, Rosângela de Carvalho GOULART, Sally Cristina Moutinho MONTEIRO
Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos,
Av. Professor Roberto Frade Monte, 389, Aeroporto, 14783-226, Barretos, SP
[email protected]
RESUMO
Com o objetivo de melhorar a capacitação dos
professores e assim interferir positivamente no processo
de ensino-aprendizagem de Ciências no município, 56
professores do ensino infantil e fundamental da rede
municipal de ensino de Barretos, SP participaram do
curso “Aprimoramento do Ensino de Ciências”, de 180
horas, no qual foram abordados os temas da área das
Ciências tanto do ponto de vista de conteúdo como
também de como ensinar este conteúdo, com forte
ênfase nas atividades experimentais. As monografias
apresentadas ao final demonstraram o impacto que a
atividade teve na atuação dos professores.
Palavras-chaves: ensino de Ciências, educação
básica, ensino fundamental.
ABSTRACT
With the objective to improve the teacher’s
efficiency and consequently to improve the Science
teaching and learning process of the county children, 56
teachers from Barretos, SP, public elementary school
have participate of the 180 hours course “Improvement
of Science Teaching”, whose content were the themes
from Science discipline and also how to teach these
themes. The monographs presented at the end revealed
the impact of this activity in the routine of the teachers.
Keywords: Science teaching, basic education,
elementary school.Introdução: o ensino de Ciências
Ciência e Cultura
51
Melhoria da Educação Pública: Ensino de Ciências em Barretos, SP
TERRONI et al.
É voz corrente em todo o país que o sistema
da comunidade e de seus interesses, peculiaridades e
brasileiro de educação formal não está sendo capaz de
formar jovens em quantidade e com a qualidade
expectativas.
Os vários documentos que analisam a questão
necessária para o desenvolvimento do país. Os
do processo educacional formal no país, assim como a
resultados das avaliações nacionais e internacionais
comprovam isto (SARESP, Saeb, PISA).
própria Lei de Diretrizes e Bases, enfatizam a
necessidade do respeito às características de cada
As direções de desenvolvimento que o Brasil,
juntamente com os países mais desenvolvidos, estão
comunidade. Outro ponto recorrente é o distanciamento
entre as comunidades de Ensino Superior e do Ensino
adotando impõem novas necessidades educacionais para
Fundamental e Médio (Crosby, 1997). Muitos enfatizam
nossas crianças, adolescentes e jovens.
Para serem cidadãos atuantes e conscientes
particularmente a pouca participação dos professores
do Ensino Fundamental e Médio na tomada de decisões
diante de tantas solicitações novas, é preciso que tenham
uma boa base de conhecimento científico, mesmo que a
acerca de medidas que deverão, ao final, serem adotadas
e implementadas por eles (Cunha & Krasilchick; Ricci,
área de futura atuação profissional não esteja diretamente
1999).
ligada às Ciências da Natureza.
Também a indústria nacional está demandando
mão de obra mais qualificada, com formação, no mínimo,
correspondente ao Ensino Médio.
Está cada vez mais evidente para os cidadãos e
particularmente para as autoridades, que é urgente e
necessária uma intervenção no Ensino Fundamental e
SISTEMA PÚBLICO DE
ENSINO EM BARRETOS, SP
Médio para aumentar a eficiência na formação dos jovens
brasileiros.
Desde a década de 1960 foram feitas várias
responsabilidade da Prefeitura Municipal.
Não fugindo à regra geral, o desempenho dos
alunos nas avaliações estaduais não atendeu às
reformas em sucessivas tentativas de transformar o Ensino
de Ciências (Krasilchic, 2000). Mais recentemente
destacam-se as atuações dos Centros de Ciências e das
Universidades (Hamburger; Schiel) e os incentivos
gerados por programas ligados a instituições nacionais
como o Premem (Projeto de Melhoria do Ensino de
Ciências e Matemática), o SPEC (Subprograma de
Educação para a Ciência), o pró-Ciências vinculado à
Capes, além dos programas de educação científica e
ambiental do CNPq. Também são importantes os
programas da FAPESP, de âmbito estadual, como o de
Políticas Públicas o de Melhoria do Ensino Público.
Muitos outros estudos independentes também são feitos
freqüentemente (Nardi, 2002 e 2003).
Dado o tamanho e a alta complexidade da
sociedade brasileira, dificilmente a solução virá apenas
através de medidas de caráter nacional, tomadas pelas
autoridades centrais. Essas medidas podem indicar os
rumos, mas a intervenção efetiva requer o conhecimento
expectativas e várias medidas foram tomadas pelas
autoridades locais. Uma destas medidas foi investir na
formação dos seus professores. Para isto foram
contratados vários cursos de 180 horas cada um, em
diversas áreas e com número total de vagas suficiente
para atender a todos os professores.
Um desses cursos foi “Aprimoramento no Ensino
de Ciências” realizado pelo Centro Universitário da
Fundação Educacional de Barretos.
Segundo os “Parâmetros Curriculares Nacionais”,
PCN, publicados pelo Governo Federal em 1997, o
ensino das Ciências Naturais no ciclo I da escola
fundamental deve ser organizado e implementado de
modo a proporcionar aos alunos o ganho das seguintes
competências:
a) observar, registrar e comunicar semelhanças e
diferenças entre diversos ambientes;
b) estabelecer relações entre características e
comportamentos dos seres vivos e as condições
52
Ciência e Cultura
Na cidade de Barretos, SP, o Ensino Infantil e o
Fundamental estão quase que totalmente sob a
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
ambientais; c) observar e identificar características do
que foi apresentada na forma de seminário nas duas
corpo humano;
d) reconhecer processos e etapas de
últimas semanas de aula.
O conteúdo do curso foi o seguinte:
transformação de materiais em objetos;
e) realizar experimentos simples;
f) utilizar características e propriedades de
materiais, objetos, seres vivos para elaborar
classificações;
g) formular perguntas e suposições;
Módulo I: Meio ambiente: ar, água e terra.
Módulo II: Os seres vivos.
Módulo III: O corpo humano.
Módulo IV: Tópicos especiais no ensino de
Ciências.
Módulo V: Elaboração e apresentação de
h) organizar e registrar informações;
i) valorizar atitudes e comportamentos favoráveis
trabalhos científicos.
Observe-se que os três primeiros módulos
à saúde, em relação à alimentação e à higiene pessoal,
desenvolvendo a responsabilidade no cuidado com o
cobrem todo o conteúdo de Ciências do Ensino
Fundamental. O quarto módulo foi dedicado a temas
próprio corpo e com o espaço que habita.
modernos e de grande interesse atualmente como:
No Ensino Fundamental o objetivo principal das
Ciências deve ser também viabilizar a compreensão do
“Impacto do Desenvolvimento Científico na
Humanidade”; “Sistema Solar e Fusos Horários”,
papel da tecnologia na atualidade e possibilitar que os
cidadãos sejam capazes de tomar decisões que afetam
suas vidas, munidos de razões bem fundamentadas. O
professor deve formar cidadãos críticos e conscientes,
capazes de exercer opções autônomas, sem
“Átomos e Moléculas”; “Substâncias Químicas
importantes na nossa vida”; “DNA, RNA e Genoma”;
“Soros e Vacinas”.
As aulas combinaram metodologias e recursos
diversificados como: aulas expositivas; discussão de
simplesmente subordinarem-se às regras de mercado e
consumo ou dos meios de comunicação (Bosetti, 1995;
Carvalho & Gil-Perez, 1995, Delizoicov & Angotti,
textos; exibição de filmes didáticos e de divulgação
científica. Foram incluídas muitas atividades práticas, em
laboratório e também em campo aberto, como coleta
2001). Piaget afirmou que o desenvolvimento do
conhecimento ocorre através do envolvimento ativo da
criança com objetos e fenômenos (Piaget, 1970). Isto é
viabilizado através da experimentação, conduzida pelo
professor, mas vivenciada pelo aluno.
Além disso, é preciso colaborar de modo efetivo
para a formação de recursos humanos qualificados para
se engajarem no sistema produtivo nacional.
de folhas (parte de aula prática de Botânica) no Campus
do Centro Universitário da Fundação Educacional de
Barretos - UNIFEB, sempre priorizando atividades que
pudessem ser utilizadas posteriormente, em sala de aula
do Ensino Fundamental. As abordagens priorizaram
explorar a aprendizagem significativa (Moreira, M. A.,
Masini, 1982; Johnstone, 1997).
Ao final de cada módulo houve uma avaliação
que consistiu em exposição de uma aula de Ciências, de
cerca de 15 minutos, para a classe, mas como se fosse
uma aula para as crianças. As aulas foram filmadas e em
seguida a classe assistiu ao filme. Este recurso é bastante
poderoso por promover a auto-crítica. Observe-se que
a filmagem foi feita às claras e a aula de avaliação foi
ministrada para toda a classe. Muitos participantes, ao
se verem nos filmes, fizeram comentários do tipo: numa
mais farei isto ou aquilo! A maioria deles considerou a
filmagem muito proveitosa por viabilizar a autocrítica.
Em uma das classes, as filmagens foram suspensas, pois
“APRIMORAMENTO NO
ENSINO DE CIÊNCIAS”
O curso foi estruturado em cinco módulos de 36
horas cada um, sendo quatro deles presenciais, com aulas
teóricas e práticas. O quinto módulo foi parcialmente
não presencial e este tempo foi dedicado à elaboração
de um trabalho de conclusão de curso, feito em grupos
pequenos e que constou da redação de uma monografia
Ciência e Cultura
53
Melhoria da Educação Pública: Ensino de Ciências em Barretos, SP
uma pessoa considerou-as uma agressão pessoal.
TERRONI et al.
FINAL
A elaboração e execução de um projeto como
trabalho de conclusão de curso, envolvendo
Os autores agradecem ao prof. Adonai César
preferencialmente o relato crítico de atividades práticas,
Mendonça, supervisor geral da formação continuada da
realizadas com as crianças, visou despertar o prazer pela
pesquisa, incentivar atividades de leitura, crítica, redação
Secretaria Municipal de Educação de Barretos, SP, que
propôs a realização deste curso..
de textos e principalmente proporcionar a percepção
de que os assuntos relacionados com a disciplina Ciências
podem ser explicados e ensinados de maneira clara para
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
as crianças, desde que os professores também tenham
uma compreensão adequada dos temas, que, aliás, não
BOSETTI, L.; “School choice: public education
precisam ser compreendidos em profundidade, como é
esperado dos especialistas, mas de modo compatível
at a crossroad”; American Journal of Education, 2005,
111, 435-442.
com os requisitos do Ensino Fundamental.
CARVALHO, A. M. P.; Gil-Perez, D.;
RESULTADOS
“Formação de Professores de Ciências”, Editora Cortez,
1995, São Paulo.
O curso foi realizado durante o ano letivo de
2007, no Centro Universitário da Fundação Educacional
de Barretos. Ofereceu 120 vagas distribuídas em 4
turmas, sendo uma delas às terças e quartas feiras, de
CROSBY, G. A.; “The Necessary Role of
Scientists in the Education of Elementary Teachers”;
Journal of Chemical Education, 1997, 74, 271-272.
CUNHA, A. M. de O. & Krasilchic, M.; “A
formação continuada de professores de Ciências:
18:00h a 21:00 horas e três aos sábados, das 8:00h às
14:00 horas.
Logo na primeira semana houve cerca de 50%
percepções a partir de uma experiência”; disponível em
www.educacaoonline.pro.br/a-formcao-continuada.ap
DELIZOICOV, D.; Angotti, J. A.; “Metodologia
de desistências. Entretanto, os demais permaneceram e
realizaram todo o curso. 56 professores concluíram o
curso com sucesso. As desistências foram causadas
principalmente por dificuldades em cumprir a carga
horária presencial e discordância com o modo de
avaliação.
Os trabalhos apresentados ao final do curso foram
bastante diversificados e estão descritos no Quadro 1.
Todos eles demonstraram o empenho dos alunos em
utilizar em suas próprias salas de aulas recursos didáticos
e de conteúdo apresentados e discutidos durante o curso.
Assim, na sua maioria foram relatos de projetos
associados à área das Ciências, elaborados na escola e
executados juntamente com alunos Alguns destes
trabalhos despertaram maior atenção e relatos mais
detalhados dos mesmos encontram-se disponível na
Revista Eletrônica de Ciências do CDCC/USP em http:/
/www.cdcc.sc.usp.br.
do Ensino de Ciências”, Editora Cortez, 2001, São
Paulo.
HAMBURGER, E.; Estação Ciência, USP, São
Paulo; http://www.estaçãociencia.usp.br
54
Ciência e Cultura
JOHNSTONE, A. H.; “Chemistry Teaching –
Science or Alchemy?”; Journal of Chemical Education;
1997, 74, 262-268.
KRASILCHIC, M.; “Reformas e Realidade, o
caso do ensino das ciências”, São Paulo em Perspectiva,
2000, 14, (1), 85-93.
MOREIRA, M. A., Masini, E. F. S.;
“Aprendizagem Significativa, a teoria de David Ausubel”,
Editora Moraes Ltda., 1982, São Paulo.
NARDI, R.; “Educação em Ciências: da pesquisa
à prática docente”, Editora Escrituras, 2003, São Paulo.
NARDI, R.; “Questões atuais no Ensino de
Ciências”, Editora Escrituras, 2002, São Paulo.
PCN, Parâmetros curriculares nacionais: Ciências
Naturais, Ministério da Educação e do Desporto;
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Secretaria do Ensino Fundamental, Governo Federal,
de uma das autoras.
Brasília, 1997.
PIAGET, J.; “The Science of Education and the
5. A influência das drogas nos adolescentes na
idade escolar
Psychology of the Child”, Editora Grossman, 1970, Nova
Relato das principais características e efeitos
sobre organismo humano de drogas lícitas (tabaco e
Yorque.
PISA, Programa Internacional para Avaliação de
álcool) e ilícitas (maconha, cocaína, crack, solventes e
Alunos, http://www.inep.gov.br/download/internacional/
pisa/aplicacao_pisa2006.pdf
LSD), e destaque ao PROERD (Programa Educacional
de Resistência às Drogas e à Violência) executado pela
RICCI, R.; “O perfil do educador para o século
Polícia Militar no Estado de São Paulo e considerado
altamente eficaz na cidade.
XXI: de boi de coice a boi de cambão”; Educação e
Sociedade, 1999, (66), 143-178.
6. Água: origem, uso, poluição e preservação
SAEB, Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica, http://www.inep.gov.br/basica/saeb/
Apresentação das propriedades físicoquímicas da água, ciclo hidrológico, recursos hídricos
default.asp.
naturais, principais causas de poluição e maquetes de
estações de tratamento de água e de esgoto de centros
SARESP, Sistema de Avaliação de Rendimento
Escolar do Estado de São Paulo, disponível em http://
urbano.
QUADRO 1. RELAÇÃO DOS
7. Alimentação e Saúde
Apresentação das características da boa
alimentação e os principais distúrbios alimentares.
8. Aquecimento Global
Relato das conseqüências do aumento de
TRABALHOS FINAIS APRESENTADOS.
temperatura na atmosfera e demonstração prática do
1. A cana de açúcar
A cultura da cana de açúcar no Estado de São
Paulo e o impacto da implantação de uma usina em
Colômbia, SP, uma pequena cidade da região.
2.A coleta seletiva na Educação Infantil
Discussão acerca das características do lixo e da
importância do “reduza, reuse, recicle”. Relato de oficina
de reuso, na qual crianças de 3 a 5 anos construíram
vários brinquedos com material descartado.
3. A Importância do Laboratório de Ciências no
Projeto de Período Integral.
Relato de atividades feitas no período
complementar na E. M. Dorotóvio do Nascimento Filho
e detalhamento das atividades que estão sendo feitas no
Laboratório de Ciências.
4. A influência da música no cérebro humano
Relato do modo como a atividade musical é
percebida simultaneamente por várias regiões do
cérebro. Relato do uso da música na educação infantil e
apresentação de grupo instrumental composto por cerca
de 20 crianças e adolescentes, que atuam sob regência
aumento do nível do mar com maquete, utilizada em aula
para crianças de 4 anos.
9. Aquecimento global: como o Brasil será afetado
Apresentação dos problemas relacionados com
o aquecimento global e os possíveis impactos sobre o
Brasil.
10. Dengue
Apresentação das características da dengue e a
necessidade de prevenção. Relato de atividade educativa
de combate á dengue feita com crianças da E. M.
Marlene Carboni Pereira.
11. Doenças relacionadas com a queimada da
cana de açúcar
Foram descritas as principais características das
doenças das vias respiratórias associadas à poluição do
ar cuja causa mais importante na região, é a queimada
dos canaviais.
12. Ensino de Ciências na Educação Infantil: o
reino vegetal
Discussão do uso de cultivo de algumas plantas
(feijões) no ensino de Botânica para crianças abaixo de
saresp.edunet.sp.gov.br
SCHIEL, D.; Centro de Divulgação Científica e
Cultural, USP, São Carlos; http://www.cdcc.sc.usp.br.
Ciência e Cultura
55
Melhoria da Educação Pública: Ensino de Ciências em Barretos, SP
TERRONI et al.
6 anos, incluindo relato documentado de atividade
início da sua utilização. Na visita feita agora, o mesmo
realizada com uma criança de 5 anos.
13. Ensino de Ciências na Educação Infantil:
aterro está quase completamente cheio. A comparação
das fotos das duas épocas impressionou o grupo e levou-
trabalhando os conceitos de compostagem e
os a decidir trabalhar firmemente na redução, reutilização
vermicompostagem
Relato de atividade realizada com classe de
e reciclagem do lixo. Implantaram então um programa
de coleta seletiva do lixo na CEMEIF Maria Fernandes
educação infantil e documentada com várias fotografias.
As crianças prepararam o composto e o
Rodrigues.
17. Órgãos dos Sentidos
vermicompostosto e utilizaram o material na formação
Apresentação de explicações sobre os órgãos
de uma pequena horta na escola. Além de aprenderem
sobre os processos de compostagem,
dos sentidos, incluindo a atual discussão acerca da
inclusão do equilíbrio como mais um sentido. Relato de
vermicompostagem e manutenção de hortas, as crianças
também foram estimuladas a adquirirem hábitos
atividade “Sala dos Sentidos” realizada em feira de
Ciências da E. M. Prof. Dorothóvio do Nascimento Filho,
alimentares adequados.
com imenso sucesso. As crianças entravam com olhos
14. Hábitos de Higiene Bucal
Discussão da importância e dos cuidados
vendados em sala, cuja entrada estava fechada por
cortina, e durante um percurso era estimulada a identificar
necessários para a saúde bucal das crianças e relato de
projeto de saúde bucal realizado em escola maternal com
crianças de 1 a 6 anos. Uma ortodontista que atua em
Unidade Básica de Saúde vizinha à escola orientou as
atividades e cuidou das crianças que apresentaram
vários objetos, odores e sabores. Uma “Sala dos
Sentidos” foi preparada e utilizada pelos presentes por
ocasião da apresentação da monografia.
18. Por dentro do corpo humano
Como explicar o corpo humano e seus principais
problemas nos dentes.
15. Implantação de horta na escola como
estratégia interdisciplinar
sistemas para crianças utilizando um esqueleto, um
modelo de cabeça e tronco com os órgãos internos e
alguns experimentos simples.
Relato de atividade realizada com alunos das salas
de recreação (3 a 4 anos), série inicial (5 anos) e primeiro
ano (6 anos). As crianças formaram uma horta com várias
hortaliças como alface e cenoura. Elas participaram
ativamente de todo o processo, conforme documentação
apresentada (fotografias), inclusive da colheita e higiene
para uso na alimentação. Além de aprender sobre o
cultivo das plantas, aprenderam sobre vegetais e foram
instadas a melhorarem seus hábitos alimentares.
16. O impacto ambiental do lixo
Relato das características de um aterro
sanitário urbano, exemplificado com o existente na
cidade de Barretos. O grupo sofreu grande impacto pois,
três anos atrás, um dos participantes visitou o aterro
sanitário do município e viu uma enorme vala ainda no
19. Professor desestimulando o hábito da chupeta
Apresentação dos principais problemas
decorrentes do uso da chupeta, incluindo entrevistas feitas
com: cirurgião-dentista; psicólogo e fonoaudiólogo.
Relato de projeto feito em CEMEIF com crianças de 3
e 4 anos.
20. Reciclagem: uma alternativa inteligente
Apresentação das questões ligadas ao lixo urbano
e ao meio ambiente e relato de oficina de reuso na qual
crianças de 4 e 5 anos usaram material descartado para
fazer diversos brinquedos.
21. Sistema Respiratório na Educação Infantil
Discussão sobre como ensinar o assunto para
crianças e apresentação de alguns experimentos utilizados
em aula.
56
Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Hepatite C: Inimigo silencioso
Hepatitis C: Silent enemy
Cátia Rezende1, Roberto Carlos Grassi Malta2, Fernanda Lima Custódio1, David José Ferreira1
1. Curso de Biomedicina do Centro Universitário de Votuporanga.
2. Curso de Farmácia-Bioquímica do Centro Universitário de Votuporanga
E-mail do autor responsável: [email protected]
Endereço para correspondência: Rua Pernambuco, 4196 – Centro – Votuporanga SP, CEP: 15500-006.
RESUMO
A Hepatite C é uma doença infecciosa ocasionada pelo
vírus da hepatite C (HCV), considerada endêmica em
várias regiões do mundo e um problema de saúde pública
mundial. O presente artigo apresenta informações
concernentes ao agente viral, tais como: estrutura e
composição genética, mutação genética, genótipos, ciclo
replicativo nos hepatócitos, patogenicidade,
sintomatologia e cronicidade, progressão da doença e
correlação com genótipos, transmissão e fatores de risco,
co-infecção HIV/HCV e epidemiologia.
Palavras-chaves: Hepatite C. HCV. Saúde Pública.
Epidemia
ABSTRACT
Hepatitis C is an infeccious disease caused by the virus
of the C hepatitis (HCV), considered endemic in some
regions of the world and a problem of world-wide public
health. The present article presents information related
to the viral agent, such as: structure and genetic
composition, genetic mutation, genotypes, replicative
cycle in the hepatocyties, pathogenicity, sintomatology
and cronicity, disease progression and correlation with
genotypes, transmission and factors of risk, co-infection
HIV/HCV, diagnosis, epidemiology and treatment.
Word-keys: C Hepatitis C. HCV. Public Health.
Epidemic.
Ciência e Cultura
57
Descobrimento do vírus e mutação gênica
características biológicas peculiares que o diferenciam
A hepatite C é uma doença infecciosa,
dos outros agentes virais hepatotrópicos (HOUGHTON
et al., 1991).
ocasionada pelo vírus da hepatite C (HCV), sendo
O HCV, por ser um vírus de RNA, apresenta
considerada um dos maiores problemas de saúde pública
no mundo devido à alta morbidade e mortalidade (DA
uma alta taxa de mutação espontânea, resultando em
seqüências de nucleotídeos de alta heterogeneidade
SILVA; ROSSETTI, 2001).
No início da década de 70, foi possível o
(ROBERTSON et al., 1998). A característica mais
marcante do HCV está relacionada com sua habilidade
diagnóstico das hepatites A e B, tornando-se evidente
em persistir no hospedeiro. Dados recentes indicam que
que existiam hepatites pós-transfusionais, que não
podiam ser associadas a esses vírus, chamando-se de
cerca de 10% das pessoas infectadas são curadas na
fase aguda e 90% não eliminam o vírus antes de seis
hepatites não A-não B, NANB (SANTOS, 2002).
Estas, em geral, evoluíam em mais de 50% dos casos
meses, desenvolvendo hepatite crônica com viremia
persistente (DI BISCEGLIE; BACON, 1999). Essa
para formas crônicas sem que pudessem estabelecer o(s)
persistência viral parece ser resultado da capacidade do
agente(s) etiológico(s) envolvido(s) (AVILA;
FERREIRA, 2001). Durante várias décadas, esta
HCV mutar rapidamente, dando origem a variantes
relacionadas, porém imunologicamente distintas.
questão foi uma constante interrogação aos
pesquisadores e estudiosos da história natural das
hepatites pós-transfusionais NANB (FONSECA, 1999).
O vírus da hepatite C só foi realmente identificado em
1989, quando Choo e colaboradores (1989) isolaram
Qualquer uma destas variantes pode tornar-se uma cepa
dominante e coexistir (ALTER, 1995). A alta viabilidade
do HCV é decorrente destas mutações que ocorrem
em seu genoma, quando a enzima RNA polimerase,
durante a biossíntese viral, promove erros na etapa de
um clone de cDNA do sangue de um paciente com
hepatite NANB. Esta descoberta levou rapidamente a
triagem rotineira dos doadores de sangue através de um
replicação do vírus (AVILA; FERREIRA, 2001).
Estudos filogenéticos, realizados a partir do
sequenciamento de todo o genoma do HCV, ou das
ensaio para anticorpos, até mesmo antes do isolamento
completo do vírus (WILVER, 1999; STITES et al.,
2004).
A análise das moléculas de cDNA revelou que
este consiste numa fita de RNA, com aproximadamente
9.500 nucleotídeos, contendo uma única seqüência aberta
de leitura (ORF), codificando assim, uma poliproteína
com cerca de 3.000 aminoácidos. Estruturalmente,
apresenta moléculas de proteína C, formando o
nucleocapsídeo à extremidade aminoterminal. Cobrindo
o nucleocapsídeo, encontra-se o envelope de
composição lipoglicoprotéica, constituído por dois tipos
de glicoproteínas, denominadas E1 e E2. Já, as proteínas
não estruturais são as p7, NS2, NS3, NS4a, NS4b,
NS5a, NS5b, representando a extremidade
carboxiterminal do genoma, onde cada uma possui
características e funções particulares durante a biossíntese
viral (SANTOS, 2002). Tal agente foi denominado de
“vírus da hepatite C” (HCV), apresentando
regiões do envelope (E1) e das não-estruturais (NS4 ou
5b) de diversas cepas, permitiram a comparação entre
as mesmas, indicando a presença de diferentes variantes.
Estes dados levaram a classificação do HCV em 6 tipos
ou genótipos e aproximadamente 100 subtipos,
designados com os números de 1 a 6 e com as letras
minúsculas do alfabeto (a-f), respectivamente. Diversos
grupos de pesquisa propuseram diferentes classificações
para os genótipos do HCV. Porém, uma uniformização
da nomenclatura desses genótipos foi proposta e aceita
pela comunidade científica internacional, sugerida por
Simmonds et al. (1993), onde os 6 genótipos foram
subtipados como 1a/1b/1c, 2a/2b/2c, 3a/3b/3c, 4a, 5a,
6a (ROBERTSON et al., 1998; NGUYEN; KEEFFE,
2005).
Existem, subclasses descobertas (7 a 11), até
hoje, onde pesquisadores propuseram que estes, devem
ser considerados variantes do grupo 6 e classificados
num único genótipo, tipo 6 (TOKITA, 1994; MELLOR
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v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
et al., 1995; SIMMONDS et al., 1996; DE
não foram respondidas. Pensa-se que, a heterogeneidade
LAMBALLERIE et al., 1997;). Os tipos 7, 8 e 9 foram
relatados no Sudeste Asiático, segundo Mizokami e
genética do HCV possa esclarecer algumas das
diferenças no resultado e na resposta da doença e no
colaboradores (1996).
tratamento. Sabe-se que o genótipo 1 representa a classe
Os subtipos 1a e 1b parecem ter originado
aproximadamente há 100 anos, visto que os tipos 4 e 6
mais agressiva do HCV, e que é menos provável a
possibilidade de responder ao tratamento do que o
parecem ser muito mais antigos, 350 e 700 anos,
respectivamente. As taxas de crescimentos dos subtipos
genótipo 2 ou 3 (ZEIN, 2000).
1a e 1b são consideravelmente maiores do que aquelas
dos tipos 4 e 6, fornecendo a confirmação de uma
propagação recente e rápida dos genótipos 1a e 1b, em
Ciclo replicativo no hepatócito
contraste com o longo período de infecção dos genótipos
4 e 6, que é endêmico e localizado (PYBUS et al., 2001).
O período de incubação do HCV varia de 5 a
O papel dos genótipos do HCV na progressão
10 semanas, embora tenha sido observado períodos mais
da doença é uma das áreas mais controversas. Análises
retrospectivas de pacientes com infecção crônica por
curtos (2 semanas) e mais prolongados (4 meses)
(PYBUS et al., 2001).
HCV, cujo momento da aquisição do vírus foi sabido,
demonstraram que os tempos médios da exposição até
o diagnóstico de hepatite crônica, cirrose e carcinoma
hepatocelular eram 11, 18, 23 e 29 anos,
respectivamente. As complicações severas, tais como
A infecção de células distantes do sítio de
inoculação depende de receptores específicos ou de
enzimas tecidos-específicas que influem no chamado
tropismo tecidual dos vírus. O vírus penetra na célula
por endocitose, o ácido nucléico é liberado, entra em
cirrose e o carcinoma hepatocelular podem ocorrer sobre
um curto período de tempo em alguns, visto que em
outros, apesar de um período longo de infecção, não
replicação e passa a comandar os principais mecanismos
de síntese da célula. Ocorre a síntese da fita negativa do
RNA viral, com posterior síntese da nova fita positiva
houve relato de complicação. Conseqüentemente, é
provável que os fatores de virulência, incluindo o genótipo
infectante do HCV, associado com outros co-fatores
como álcool, duração da infecção e carga viral,
contribuem com estas variações na história natural entre
pacientes infectados (BELD et al., 1998).
A identificação dos diferentes genótipos do HCV
é importante para estudar a diversidade genética e
epidemiológica da infecção, evolução da doença,
compreender sua estrutura genética, as implicações no
diagnóstico sorológico e molecular, além de outras
investigações que permitem correlacionar estes genótipos
à resposta terapêutica e formas de transmissão (AVILA;
FERREIRA, 2001).
A caracterização destes grupos genéticos
facilitará e contribuirá com o desenvolvimento de uma
vacina contra a infecção pelo HCV. Embora diversos
estudos avaliassem especificamente o papel de cada
genótipo e sua utilidade clínica, muitas perguntas, ainda
para que a replicação tenha continuidade. A tradução
do genoma viral ocorre dentro dos ribossomos e as
proteínas são processadas no retículo endoplasmático;
a montagem do vírus se faz no citoplasma, onde seu ácido
nucléico é envolto pelas proteínas do core e reunido às
proteínas do envoltório; estão formados os vírions. Sua
saída pode ocorrer após a morte da célula ou por
exocitose. A disseminação do vírus se faz por via
sanguínea, sendo liberados livres na circulação, onde são
envoltos por um complexo lipoprotéico. Causam uma
infecção persistente, com síntese contínua e eliminação
de vírus, produzindo a chamada infecção lenta ou
arrastada, com lesões celulares cumulativas que demoram
a ter expressão clínica (BRASILEIRO FILHO, 2006).
A maioria dos pacientes continua a produzir
quantidades significativas de vírus por um longo período.
Este estado de portador segue uma infecção
assintomática resultando numa doença crônica
(LEVINSON; JAWETZ, 2005).
Ciência e Cultura
59
Patogenicidade
e favorecendo a citotoxicidade mediada por células
A infecção crônica pelo HCV, além de evoluir
dependentes de anticorpos. Nesta ativação de linfócitos
são produzidas citocinas de supressão da replicação viral
lentamente, em anos ou décadas, costuma apresentar
onde promovem a migração de outras células para o
um amplo aspecto clínico, desde formas assintomáticas
com enzimas hepáticas normais até a hepatite crônica
fígado, como as células NK (linfócitos natural killer) e
outras inespecíficas do sistema imune, que destroem as
intensamente ativa, cirrose e hepatocarcinoma. Nos
últimos anos, diferentes pesquisas têm evidenciado que
células infectadas podendo reduzir ou anular a expressão
de MHC I (LEVINSON; JAWETZ, 2005).
as lesões hepáticas se relacionam aos mecanismos
Linfócitos T CD4+ ajudam a promover a
imunomediados. A qualidade da resposta imunológica
célula-mediada parece ser crucial para a eliminação ou
maturação do linfócito T CD8+, desse modo, as células
infectadas são alvos obrigatórios destas células, que
persistência do HCV. Os linfócitos T CD4+ apresentam
padrões de respostas distintas: Th1 e Th2; com secreção
reconhecem epítopos via MHC I, e destroem-nas por
indução de apoptose. Somente a replicação viral pode
de interleucina 2 e interferon g, estimulando a resposta
ocasionar diretamente danos ao hepatócito e induzir a
anti-viral do hospedeiro e producção de interleucinas 4
e 10, que estimulam a formação de anticorpos e inibem
esteatose. O vírus interage igual, direta ou indiretamente
com o sistema linfóide, causando desordem
a resposta Th1, respectivamente. O desequilíbrio entre
as respostas Th1 e Th2 seria responsável tanto pela
incapacidade de eliminação do HCV como pela maior
ou menor gravidade da lesão hepática (MISSALE et
al., 1996).
linfoproliferativa incluindo crioglobulinemia e
autoimunidade. Por todo este conjunto, a célula pode
ser lesada e morta mesmo que o vírus não tenha efeito
citopático. A destruição da célula infectada é
indispensável para a erradicação da infecção, já que os
O HCV infecta os hepatócitos, e não existindo
evidências de indução do efeito citopático nestas células,
a destruição dos mesmos ocorre devido ao ataque das
anticorpos só podem neutralizar os vírus ou opsonizálos, se os encontrarem livres na circulação, o que
acontece somente quando a célula infectada é destruída
células T citotóxicas que reconhecem os antígenos virais
na superfície destas células. Portanto, os vírus produzem
lesões por mecanismos indiretos (imunitários). Os
antígenos virais são expressos na membrana plasmática
da célula hospedeira; já, que são sintetizados pela mesma
via de síntese dos componentes das membranas celulares.
Em geral, a infecção é seguida da produção de
interferons, que favorecem a expressão de MHC de
classe I na célula infectada, aumentando a quantidade
de antígeno viral associado a essas moléculas na
membrana celular. Os linfócitos Th1, estimulados pelos
antígenos virais, liberam fatores citotóxicos ou
estimuladores de macrófagos, que, uma vez ativados,
também liberam fatores citotóxicos que destroem a
células infectadas. Linfócitos T CD4+ (Th1), também,
ativam os linfócitos B a produzirem anticorpos específicos
que não desempenham sua função natural nos vírus que
ainda estão dentro dos hepatócitos, lisando a célula
parasitada, através da ativação do sistema complemento
(BRASILEIRO FILHO, 2006).
A grande importância da hepatite C não se limita
ao enorme número de pessoas infectadas, estende-se
também às complicações de formas agudas a crônicas;
estas envolvem doença hepática severa, em 20% dos
indivíduos infectados, incluindo cirrose, falência hepática,
e carcinoma hepatocelular (KIYOSAWA et al., 1990;
TONG et al., 1995; MIZOKAMI et al., 1996;
HNATYESZYN, 2005; MONDRAGON-SANCHEZ
et al., 2005; THOMSON; FINCH, 2005).
Clinicamente, a infecção aguda por HCV é
amena, onde febre, anorexia, náuseas, vômitos e icterícia,
sintomas mais comuns. Urina escura, fezes claras e níveis
elevados de transaminases também são indicativos. A
maioria das infecções são assintomáticas sendo
detectadas somente pela presença de anticorpos
(BRASILEIRO FILHO, 2006). A incidência de cirrose
hepática e de carcinoma hepatocelular é muito elevada
depois de uma década, ou mais, de infecção crônica
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v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
pelo HCV. A infecção também está associada às doenças
O uso de drogas injetáveis é o principal modo
extra-hepáticas (distúrbio linfoproliferativo auto-imune
dos rins e outros sítios), sendo a crioglobulina mista, uma
de transmissão da Hepatite C atualmente, por meio de
seringas compartilhadas ou equipamentos contaminados,
das mais notáveis. Algumas evidências demonstram que
utilizados no preparo da mesma. Dados apresentados
o HCV pode se replicar nos linfócitos do sangue
periférico, contribuindo para a doença (SCHAECHTER,
em diversos estudos têm demonstrado que a maioria das
infecções pelo HCV é devido ao uso de drogas injetáveis
2002).
(GISH et al., 2005; MONTELLA et al., 2005;
SULKOWSKI; THOMAS, 2005; WASLEY; ALTER,
A habilidade de evoluir para doença crônica,
associada aos danos severos ao fígado, é a característica
2000).
mais impressionante do HCV. A cura espontânea, que
segue a infecção aguda em uma proporção muito
Estudos comprovam que a taxa de infecção pelo
HCV, em jovens usuários de drogas, é quatro vezes maior
pequena de pacientes, foi o foco de intensas
investigações, sendo proposta que diferenças na
do que a infecção pelo HIV e após cinco anos de uso,
até 90% dos usuários podem se ter infectado. A
imunidade celular ou humoral em resposta a infecção é
transmissão através da inalação de cocaína também pode
o ponto principal (MISSALE et al., 1996). Amoroso e
colaboradores (1998) investigaram especificamente o
ocorrer, por ulceração da mucosa nasal e
compartilhamento de equipamento contaminado utilizado
papel dos genótipos do HCV na persistência da infecção.
A taxa de evolução à cronicidade depois da exposição
aguda era 92% nos pacientes expostos à infecção pelo
genótipo 1b, comparada com 33% a 50% em pacientes
expostos a outros genótipos. Diversas pesquisas
para inalação da mesma (PELLICANO et al., 2004; IV
SEFARM, 2006).
Até 1991, a transfusão sanguínea foi a principal
fonte de contaminação da hepatite C, quando, em 1992,
a pesquisa de anticorpos reativos passou a fazer parte
relacionaram o genótipo 1b com a progressão da doença,
e associação a uma doença do fígado mais severa e com
curso mais agressivo, sendo mais prevalente entre
da rotina da vigilância do sangue. Desde então, as
transfusões e transplantes são vias raras, mas não
exclusas, de transmissão, porém a alta taxa de
pacientes com cirrose e transplantados hepáticos
(NOUSBAUM et al., 1995; ZEIN et al., 1995; LAU et
al., 1996; SIMMONDS et al., 1996; ZEIN et al., 1996;
BENVEGNU et al., 1997; BRECHOT, 1997;
NAOUMOV et al., 1997; PELLICANO et al., 2004).
cronicidade, aliada com o longo período entre a infecção
e a exteriorização de sintomatologia, sugestiva desse
contato prévio a hepatite C, faz com que muitos
indivíduos contaminados por essa via, há mais de uma
década, ainda permaneçam como fonte de contaminação
dos seus contatos. O risco de transmissão através de
transfusão sanguínea é de aproximadamente 1 para cada
100.000 unidades transfundidas (IV SEFARM, 2006).
Estudo realizado por Paltanin e Reiche (2002)
determinou a soroprevalência do anticorpo anti-HCV
em doadores de sangue e correlacionaram os resultados
obtidos nos testes sorológicos de triagem com os testes
confirmatórios (RIBA). Algumas amostras na triagem,
dadas como negativas, foram positivas pelo teste
confirmatório, sugerindo que a transfusão sanguínea ainda
é um meio de transmissão.
Lima e Magalhães (1991) estudando a
soroprevalência de anti-HCV em doadores de sangue e
a associação com vários fatores de risco, mostraram que
Transmissão e fatores de risco
A infecção pelo HCV tem uma distribuição
universal e a sua alta taxa de prevalência está diretamente
relacionada com os chamados fatores de riscos. Os
indivíduos considerados de risco são aqueles que
receberam transfusões de sangue e/ou hemoderivados
antes de 1992, usuários de drogas endovenosas, pessoas
com tatuagens e/ou “piercings”, alcoólatras, portadores
de HIV, transplantados, hemodialisados, hemofílicos,
presidiários, múltiplos parceiros sexuais e profissionais
da área da saúde (CDC, 2002; STITES et al., 2004).
Ciência e Cultura
61
a faixa etária que apresentou maior prevalência foi a de
hemodiálise foram registradas taxas de prevalência de
30 a 39 anos. Em outro estudo desenvolvido por PatinoSarcineli e colaboradores (1991), em doadores de sangue
10% entre os pacientes, chegando a 60% em alguns
serviços. Os pacientes com lúpus eritematoso sistêmico
voluntários no Brasil, observou que a soro positividade
(LES) apresentam fatores de risco para a aquisição de
estava fortemente associada ao sexo masculino, à etnia
não-branca e idades mais avançadas, o que
hepatite C, como hospitalizações e hemotransfusões, e
superioridade estatisticamente significativa na freqüência
provavelmente reflete um longo tempo de exposição à
infecção, e baixas condições sócio-econômicas.
de anti-HCV (COSTA et al., 2002). Preparações
comerciais de imunoglobulinas são geralmente seguras,
Estudos demonstram que 75% dos pacientes
mas muitos casos de transmissão de HCV foram
infectados pelo HCV apresentaram como principal fonte
de infecção a via parenteral, seja de forma direta ou
verificados. Esta é a única doença infecciosa transmitida
até hoje por preparações de imunoglobulinas. O maior
indireta. A transmissão via direta estaria provavelmente
localizada no ambiente familiar, tendo como principais
surto ocorreu em 1994, nos Estados Unidos
(LEVINSON; JAWETZ, 2005). O risco por outros
fatores: à exposição e transmissão por lesões cutâneas e
fluídos, não está quantificado, mas é aparentemente baixo
de mucosa; já, a via indireta estaria relacionada com o
contato íntimo prolongado ou através de contaminação
(IV SEFARM, 2006).
A co-infecção do vírus da hepatite C (HCV) e o
instrumental e utensílios contaminados com sangue
infectado, tais como: serviços de manicura e pedicura
(CONRY-CANTILENA et al., 1996). Embora o HCV
seja transmitido pelo contato direto, percutâneo ou
através de sangue contaminado, um percentual
vírus da imunodeficiência humana (HIV) é cada vez mais
frequente, estimando uma prevalência de 7 a 98% que
afeta o curso clínico da hepatite C crônica (WHO, 1997).
Mohsen e colaboradores (2001), em estudo
epidemiológico, também encontraram uma maior
significativo de casos de infecção, esporádica e adquirida
na comunidade não está associado a qualquer risco
conhecido, não estabelecendo ao certo o modo de
freqüência da infecção de HCV, entre indivíduos HIV
positivos, particularmente em usuários de drogas.
Vogler e colaboradores (2004), após análise de
transmissão (STITES et al., 2004). Desta maneira, a
melhor compreensão das rotas de transmissão é essencial
para combater a propagação da doença (MEMON;
MEMON, 2002).
O risco de transmissão sexual é baixo, podendo
ocorrer, embora menos freqüente que a hepatite B e
ineficiente para a disseminação do vírus (IV SEFARM,
2006). Segundo Ohto e colaboradores (1994), a
transmissão vertical (materno-fetal) ocorreria em apenas
5,65% dos casos e estaria relacionada com os altos
títulos do HCV circulante materno (1.000.000 de
genoma/mL de soro).
Nos estabelecimentos de saúde, a transmissão é
possível se não houver um controle de infecção hospitalar
eficaz. Trabalhadores de saúde e outros como bombeiros
e agentes carcerários estão mais sujeitos à infecção.
Segundo estudos realizados, a média de soro-conversão
após um acidente percutâneo de fonte HCV positiva,
foi de 1,8% (0,3% para HIV). Nos centros de
alguns fatores de risco associado com infecção pelo
HCV, mostraram que o uso de drogas endovenosas e a
prática homo-bissexual foram os fatores de riscos mais
freqüente entre os pacientes co-infectados pelo vírus HIV
e HCV, 68,3% e 78%, respectivamente. Diversos
estudos demonstram que o HIV acelera o dano hepático
ocasionado pelo HCV (POYNARD et al., 1997). Da
mesma maneira, a terapia antirretroviral, que melhorou
a expectativa de vida dos pacientes HIV e estendeu a
sobrevivência dos mesmos, permitiu o desenvolvimento
da cirrose pelo HCV; associada com a toxicidade do
fígado, contribuindo com danos e um resultado
desfavorável da doença (SORIANO et al., 1999).
Pesquisas comprovaram que os genótipos 3a e
1a estão relacionados com a transmissão por uso de
drogas endovenosas e o genótipo 1b, está em maior
freqüência, em pacientes que adquiriram HCV por
transfusão sanguínea (KUO et al., 1989). Em contraste,
o tipo 4 e 6, são transmitidos frequentemente em regiões
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menos desenvolvidas, por uma variedade de vias de
2,89%, novos dados registraram uma prevalência média
transmissão (PYBUS et al., 2001). Uma análise da
soroprevalência dos genótipos do HCV em co-
de aproximadamente 1,7% de anti-HCV em bancos de
sangue. Porém existem regiões no país, como Acre, onde
infectados (HIV), nas cidades de Salvador-Bahia,
a prevalência chega a 10% dos doadores de sangue
demonstrou que 70% eram dos genótipos 1 contra 30%
dos genótipos 2 e 3 (SILVA et al., 2000).
(PATINO-SARCINELI et al., 1991).
Fonseca (1999) estudando a soro positividade
para o anti-HCV em populações de risco nas regiões
do Estado do Paraná, demonstrou taxas de 0,66% em
Epidemiologia
Curitiba, 0,57% em Campo Mourão, 0,52% em
Estima-se que existam no mundo de 200 a 500
Francisco Beltrão, 0,54% em Apucarana, 0,47% em
Guarapuava e 0,45% em Cascavél. Dados recentes
milhões de pessoas infectadas com o vírus HCV, grande
parte destas assintomáticas e sem conhecimento do
sobre a infecção pelo HCV na região Norte do Paraná
são escassos. Dados do Ministério da Saúde indicam
estado de portador do HCV (WHO, 1999;
soroprevalência de 0,9%, superior à encontrada na região
BARTENSCHLAGER; LOHMANNM, 2000; ST
JOHN; SANDT, 2005).
Sudoeste (0,66%) e Nordeste (0,65%).
Não se conhece com precisão a prevalência do
Pesquisas estimam que 2,5% a 4,9% da
população brasileira estão infectadas pelo HCV (WHO,
2000), destes, 70%-85% desenvolvem uma infecção
crônica, comumente assintomática (THOMSON,
FINCH, 2005), o que significa 3,9 a 7,6 milhões de
HCV no nosso país, há relatos em diversas áreas
sugerindo uma média de 1 a 2% da população em geral
(ALVARIZ, 2004). Estudos brasileiros demonstraram
que a distribuição dos genótipos do HCV foi
estatisticamente diferente entre as regiões do Brasil. O
pessoas com risco de desenvolver cirrose ou
hepatocarcinoma (FONSECA, 1999).
A hepatite C é freqüentemente diagnosticada em
genótipo 1 foi o mais freqüente em todas as regiões,
entretanto o genótipo 2 foi mais prevalente na região
Centro-Oeste. A freqüência do genótipo 3 foi alta na
estágio clínico avançado ou quando os portadores
assintomáticos se candidatam à doação de sangue
(LAUER, WALKER, 2001). Muitos estudos
epidemiológicos em países desenvolvidos registram
prevalência de anti-HCV variando de 0,5% a 1,4%, o
que não reflete a prevalência na população em geral,
uma vez que doadores de sangue são pertencentes a um
grupo seleto de indivíduos que são avaliados clinicamente
e triados para fatores de risco associados às várias
doenças infecciosas (PATINO-SARCINELI et al.,
1991).
A infecção do vírus da hepatite C (HCV)
alcançou proporções epidêmicas, mais de um milhão de
novos casos da infecção são relatados anualmente,
acredita-se ser mais prevalente do que a infecção pelo
vírus da hepatite B (HBV) (COOREMAN et al., 1996;
ALTER et al., 1999). Estudos investigaram a prevalência
de anticorpos anti-HCV em doadores de sangue
voluntários no Rio de Janeiro e obtiveram uma taxa de
região Sul. Os genótipos 4 e 5 foram raramente isolados
e todos os casos encontrados foram na região Sudeste.
Este padrão de distribuição foi semelhante ao encontrado
na Europa, onde os genótipos 1 e 3, mais prevalentes,
tiveram comportamento epidemiológico típico de cepas
virais que expandiram espontaneamente nos últimos anos,
através das transfusões sanguíneas (PYBUS et al., 2001;
CAMPIOTTO et al., 2005).
Pybus et al. (2001) encontraram diferenças
significantes no comportamento epidêmico dos genótipos
do HCV. Os genótipos 1 e 3 expandiram rapidamente
antes da adoção de testes na doação de sangue, enquanto
as infecções pelos genótipos 4 e 6 obedeceram um
padrão de doenças adquiridas na comunidade por várias
vias sociais e domésticas (DI BISCEGLIE; BACON,
1999).
Os subtipos 1a e 1b do HCV são os genótipos
mais comuns nos Estados Unidos (ZEIN et al., 1996;
AMOROSO et al., 1998). Estes subtipos também são
Ciência e Cultura
63
predominantes na Europa (DUSHEIKO et al., 1994;
do HCV. Primeiro, existem no mínimo seis genótipos
MCOMISH et al, 1994; OKAMOTO et al., 1996).
No Japão, o subtipo 1b é responsável por até 73% dos
diferentes desse vírus, e cada um com numerosos
subtipos. Em segundo, durante a replicação do HCV, as
casos de infecção por HCV (TAKAHASHI et al.,
regiões hipervariáveis dentro de genes sofrem mutações
1993). É sugerido que o carcinoma hepatocelular ocorre
com maior freqüência ou emerge mais cedo entre os
constantemente. Essas propriedades permitem que esses
vírus escapem da eliminação mediada pelo sistema imune.
pacientes japoneses HCV infectados (TAKAHASHI et
al., 1993), do que entre portadores de HCV nos países
Aliada a isto, está o fato de que os pacientes que parecem
ter eliminado uma infecção aguda por HCV não
ocidentais (DUSHEIKO et al., 1994; DI
apresentam proteção imune contra infecções futuras. O
BISCEGLIE;BACON, 1999); já que dados confirmam
que o genótipo 1b do HCV é ainda mais comum no
HCV continuará a ser uma ameaça importante para a
saúde mundial nas décadas futuras (LAI ME et al., 1994;
Japão do que na Europa ou nos Estados Unidos (ZEIN
et al., 1996). Os subtipos 2a e 2b do HCV são
SCHAECHTER, 2002).
relativamente comuns na América do Norte, na Europa,
e no Japão, o subtipo 2c é encontrado geralmente no
norte da Itália. O genótipo 3a do HCV é particularmente
Tratamento
prevalente em usuários de drogas endovenosas na
Europa e nos Estados Unidos (PAWLOTSKY, 1999).
O genótipo 4 do HCV é prevalente no norte da África e
no Oriente Médio (ABDULKARIM et al., 1998) e os
genótipos 5 e 6 parecem ser confinados na África do
Existem três classes de interferons (INFs) alfa/
beta/gama, imunológica, estrutural e antigenicamente
diferentes entre si. O alfa é produzido por monócitos e
células B frente às infecções virais e estímulos antigênicos.
O beta é produzido por fibroblastos e é semelhante ao
Sul e em Hong Kong, respectivamente (SIMMONDS
et al., 1993). Os genótipos 7, 8 e 9 do HCV foram
identificados somente em pacientes Vietnamitas e os
anterior, formando o tipo 1. O gama tem estrutura e loco
genético diferente dos dois anteriores e se constitui no
tipo 2, formado pelas células T e NK (Natural killer),
genótipos 10 e 11 foram identificados em pacientes da
Indonésia (TOKITA et al., 1994).
Embora os genótipos 1, 2, e 3 do HCV pareçam
ter uma distribuição mundial, sua prevalência relativa varia
de uma área geográfica para outra (AIZAKI ET AL.,
1996), enquanto o genótipo 4 é prevalente no norte da
África, e os genótipos 5 e 6 na África do Sul e Ásia,
respectivamente (SIMMONDS et al., 1994; TOKITA
et al., 1994; BUKH et al., 1995; MELLOR et al. 1995;
ZEIN, 2000; VOGLER et al., 2004; CANTALOUBE
et al., 2005; ZARIFE et al., 2006). De acordo Stransky
e Kyncl (2005), a epidemiologia das infecções pelo HCV
tem mudado. Devido ao aumento do número de usuários
de drogas injetáveis infectados (de 35% para 60%) e
do número de infecções transmitidas pelo contato sexual
(de 7% para 20%).
Atualmente, não existe uma vacina disponível que
impeça a infecção pelo HCV. O desenvolvimento da
vacina foi dificultado por pelo menos duas propriedades
sendo seu efeito mais imunomodulador do que anti-viral
(PETER, 1989). Os INFs pertencem à superfamília das
citocinas e modulam a atividade de vários componentes
do sistema imune, aumentando a habilidade dos
organismos na luta contra as infecções bacterianas,
parasitárias e virais. Constituem-se, portanto, em famílias
de proteínas responsáveis por efeitos antivirais,
antiproliferativos e imunomoduladores por excelência.
Sem nenhuma dúvida, eles são as primeiras linhas de
defesa contra essas infecções mesmo antes de uma
completa mobilização do sistema imune reativo (PETER,
1989).
Até meados da década de 90, a única medicação
disponível para o tratamento da hepatite crônica C era o
interferon-á. Contudo, após 48 semanas de tratamento,
a resposta virológica, ou seja, a negativação do RNA
do HCV era observada em apenas 5% a 20% dos
pacientes. Esse insucesso, apesar das diversas dosagens,
preparações e esquemas terapêuticos utilizando
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monoterapia com interferon, estimulou a realização de
o interferon peguilado ou peginterferon. A peguilação
estudos com terapia combinada, sendo a mais avaliada
a associação de interferon-á com ribavirina, um análogo
consiste em unir uma molécula de polietilenoglicol à
molécula de interferon, tornando-se maior e mais
nucleosídio sintético (TINE et al., 1991; LIN et al., 1995;
dificilmente metabolizado; dessa forma suas dosagens
POYNARD et al., 1995; POYNARD et al., 1996;
CARITHER; EMERSON, 1997; HOOFNAGLE; DI
sanguíneas permaneceriam elevadas por um maior tempo.
A atividade biológica do interferon peguilado permanece
BISCEGLIE, 1997).
Estudos comparando os resultados da
qualitativamente inalterada, porém mais fraca do que a
do interferon livre, e sua administração, que ao invés de
terapêutica com o uso isolado de interferon-á ou
ser três vezes por semana, passa a ser semanal
associado à ribavirina em pacientes com hepatite C
crônica, demonstraram que a taxa de resposta virológica
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
Uma vacina que consiste em proteínas
sustentada (persistência da negativação do RNA por 24
semanas após o término do tratamento) foi
recombinantes, E1 e E2 do HCV (genótipo 1a), foi
testada em chimpanzés. Sete chimpanzés foram
significativamente maior nos pacientes que usaram a
infectados com HCV (1a), após a vacina, cinco foram
combinação (POYNARD et al., 1997;
MCHUTCHISON et al., 2001). Por tais razões, foi
protegidos contra uma re-infecção do mesmo genótipo.
Produzir estas proteínas derivadas da região hipervariável
recomendado que portadores de hepatite C crônica ?com
alterações persistentes das aminotransferases, sem
terapia prévia ou contra-indicações, deveriam ser
tratados com a combinação interferon-á e ribavirina
(EASL, 1999; MCHUTCHISON et al., 2001).
do genoma do HCV, que possam fornecer bases
protetoras no sistema imune é o principal desafio para o
desenvolvimento de uma vacina amplamente eficaz para
a prevenção do HCV (CHOO et al., 1994).
Sem dúvida, o objetivo final é uma vacina
Vários estudos determinaram que alguns fatores
estão relacionados a melhor resposta ao tratamento com
interferon-á e ribavirina, tais como, sexo feminino, idade
universal eficaz, impedindo novos casos, especialmente
em países subdesenvolvidos, onde a infecção pelo HCV
tem maior prevalência e o tratamento é financeiramente
inferior a 40 anos, fibrose leve ou ausência de fibrose,
genótipos 2 ou 3 e carga viral menor que 3,5 milhões de
cópias/mL (ACRAS et al., 2004).
Mesmo após a combinação dos fármacos, ainda
permaneceram vários desafios clínicos, como por
exemplo: a avaliação correta do grau e do estágio
evolutivo da doença frente ao tratamento instituído e à
completa eliminação do agente viral da circulação e do
tecido hepático; aumentar os índices de resposta
sustentada; diminuir os efeitos colaterais dos tratamentos
usuais; diminuir a probabilidade de recaída (volta do RNA
do HCV até 6 meses após a interrupção do tratamento,
nos pacientes não reativos) e de custos financeiro. No
entanto, sabe-se que estas recaídas podem ocorrer até
doze meses depois, em cerca de 20% dos pacientes
(KORETZ, 2000).
Uma nova fórmula de interferon foi desenvolvida,
fora do alcance para o governo e para a maioria dos
pacientes. De fato o desenvolvimento de tal vacina é
dificultado, principalmente, pela grande heterogeneidade
do genoma do HCV (CHOO et al., 1989).
Portanto, pode-se concluir que a Hepatite C é
um importante problema de saúde pública mundial. Têmse visto poucas ações pelos órgãos de saúde brasileiros,
na tentativa de informar a população sobre riscos de
transmissão. Sendo assim, dados estatísticos brasileiros
podem estar subestimados, pois muitos não devem ter
consciência do estado portador que se encontram. Isto
ocorre, pois esta doença é crônica e pode não apresentar
sintomas, tornado-se um inimigo silencioso. Isto gera um
problema maior, pois dados indicam que quanto maior
o tempo de infecção sem tratamento, maior a
probabilidade de desenvolvimento de seqüelas
irreversíveis: cirrose e em maior grau hepatocarcinoma.
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CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Reparação de lesão periapical por meio da utilização do
agregado de trióxido mineral. Relato de caso.
Repairing of periapical lesion through the use of mineral trioxide
aggregate. Case Report.
Fabiano de Sant’Ana dos Santos1, José Umberto Bampa2, Gabriella Taveira Batista Bampa3, Rogério Ferreira da
Silva4, Alexandre Miranda Pereira5, Fábio Luiz Scannavino6, Alex Tadeu Martins6.
1- Cirurgião-Dentista. Endodontista pelo Centro de Pós-Graduação do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos.
Av. 27 n°. 931, Centro, CEP: 14.780-340 - Barretos-SP
Fones: 17 8132-6963; 17 3323-2023
e-mail: [email protected]
2- Cirurgião-Dentista. Professor do Curso de Graduação e Especialização de Endodontia do Centro de Pós-Graduação do Centro
Universitário da Fundação Educacional de Barretos.
3- Graduanda do Curso de Odontologia do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos.
4- Cirurgião-Dentista. Vice-presidente do Conselho Diretor do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos.
5- Cirurgião-Dentista. Professor de Ortodontia do Colégio e Escola Técnica do Centro Universitário da Fundação Educacional de
Barretos.
6- Cirurgião-Dentista. Professor do Curso de Odontologia do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi relatar um caso clínico de
reparação de lesão periapical do dente 12, proveniente
de um tratamento endodôntico sem sucesso e com
instrumento fraturado (fragmento metálico). Sacou-se a
coroa e o pino com auxílio de ultra-som, para se realizar
o retratamento endodôntico. Durante o retratamento
endodôntico o fragmento metálico foi levado além ápice,
permanecendo inerte neste local. O agregado de trióxido
mineral foi extravasado para o interior da lesão com o
objetivo de reparar a lesão e estabilizar o fragmento
metálico, tais resultados podem ser visualizados nas
imagens radiográficas e nos exames clínicos de 38 meses
de acompanhamento.
Palavras-chave: Endodontia/complicações, material
restaurador do canal radicular.
ABSTRACT
The reason of this work was to tell a clinical case of
repairing of lesion apical of the tooth 12, originating from
a unsuccessful treatment endodontics and with fractured
instrument (metal fragment). It was taken out the crown
and the pin with ultrasound aid, to accomplish the
retreatment. During the endodontics retreatment the
metallic fragment was taken apical beyond, staying inert
in this place. The mineral trioxide aggregate was
extravasated inside of the lesion with the aim to repair
the lesion and stabilization of the metal fragment, this
results it can be verified in the clinics and radiologycs
exams for 38 months of follow-up.
Keywords: Endodontics /complications, Root canal
filling materials.
Ciência e Cultura
71
INTRODUÇÃO
consiste na desinfecção da área lesada e na manutenção
deste estado de desinfecção por meio da obturação
O mineral de trióxido agregado (MTA) foi
a
desenvolvido por Torabinejad et al. (1995 ), o qual é
professor e pesquisador da Universidade de Loma Linda,
Califórnia – E.U.A. Este material apresenta-se como um
pó cinza ou branco de fácil manipulação e é composto
de óxidos minerais e íons, tais como cálcio e fosfato, os
quais também são componentes dos tecidos dentais,
motivo este que confere biocompatibilidade ao material
(TORABINEJAD et al., 1995a). O MTA é um indutor
de osteoblastos e estimula a produção de citoquina,
oferece um substrato biologicamente ativo para células
do osso, estimula produção de interleucina e a resposta
inflamatória é tênue (KOH et al., 1997; KOH et al.,
1998; MITCHELL et al., 1999; SAIDON et al., 2003).
Ultimamente, o MTA tem sido utilizado com um
material para indução da apicificação em dentes com
rizogênese incompleta, capeamento pulpar direto,
selamento de comunicações periodontais (perfurações),
material de retrobturações, tampão cervical em
clareamentos internos, material restaurador temporário,
obturação de sistema canais, confecção de plugue apical
e extravasado além ápice (GIULIANI et al., 2002; RUIZ
et al., 2003).
O MTA apresenta propriedades antimicrobianas,
principalmente sobre as bactérias anaeróbias facultativas
encontradas nos processos infecciosos apicais
(TORABINEJAD et al. 1995 b).
O tratamento das complicações endodônticas
hermética do sistema de canais. Com relação ao uso do
MTA em tratamentos complicados, os trabalhos
sugeriram que o estabelecimento do sucesso está
relacionado com três fatores: biocompatibilidade,
vedamento e desinfecção. Com essa preocupação,
pareceu-nos interessante eleger o referido material para
ser utilizado neste caso clínico.
Foi propósito do presente trabalho apresentar
um caso clínico onde se utilizou o MTA com a finalidade
de obturar o canal radicular e com isto conseguir o reparo
de uma lesão periapical de provável origem bacteriana e
sepultar um instrumento fraturado que foi levado além
ápice durante a tentativa de sua remoção.
RELATO DE CASO CLÍNICO
Paciente do gênero feminino, 45 anos, diabética,
hipertensa, obesidade mórbida, foi encaminhada para
atendimento de urgência, pois estava com dor intensa.
Durante exame físico notou-se tumefação e rubor na
região de asa de nariz direito; no exame clínico observouse que o dente 12 estava com mobilidade leve,
apresentava coroa total e um retentor intra-radicular. Por
meio do exame radiográfico de diagnóstico, constatouse que o dente foi tratado endodonticamente com
obturação radicular incompleta e uma imagem sugestiva
de lima tipo Kerr® fraturada no terço apical (Figura 1).
Figura 1. Radiografia de diagnóstico
72
Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
Inicialmente, realizou-se a remoção da coroa
®
utilizando um saca prótese automático Anthogyr e, em
seguida, o pino foi desgastado com o intuito de expor a
linha de cimentação que se encontrava entre ele e o
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
parecer médico com relação ao seu estado geral de saúde
para que o tratamento odontológico pudesse ser
instituído.
O parecer médico além de confirmar as
remanescente radicular, na porção mais cervical, com
uma broca esférica ½. Um Tips® de ultra-som apropriado
informações obtidas durante a anamnese, informou que
para essa finalidade (Remo N) foi aplicado sobre todas
as faces do núcleo promovendo uma microfragmentação
compensação dos quadros glicêmico e cardiovascular.
Foi ainda sugerido que as consultas fossem breves e se
do cimento, possibilitando desta forma, a remoção do
possível, evitados os procedimentos cirúrgicos.
Após o esclarecimento quanto ao prognóstico
pino sem fratura radicular.
Foi realizado o isolamento absoluto do
a paciente encontrava-se em tratamento médico para
reservado do dente 12 e o consentimento do paciente,
remanescente radicular observando os princípios de
biossegurança e, em seguida, irrigou-se a área com
planejou-se a retirada do instrumento fraturado (corpo
estranho) via canal e o retratamento endodôntico.
hipoclorito de sódio a 1%. Com o contra-ângulo e uma
broca de Largo número 2 removeu-se a obturação do 1/
Decorridas 96 horas da urgência, a paciente
apresentou alívio da dor. Foi realizado isolamento
médio da raiz e todo resíduo da antiga cimentação,
irrigou cuidadosamente o canal radicular, aspirou-se e
foi colocado uma bolinha de algodão umidecida em
absoluto do dente 12, remoção do curativo de demora,
irrigação com hipoclorito de sódio a 1% e aspiração do
excesso, com o canal inundado de solução irrigadora,
tricresol formalina (removido o excesso numa gaze
esterilizada) e fechamento da câmara pulpar com IRM®.
Devido à história médica da paciente, foi solicitado
utilizando uma lima 25 tipo K com 16 mm de
comprimento conseguiu-se ultrapassar o instrumento
fraturado (Figura 2).
3
Figura 2. Imagem sugere lima tipo K
ultrapassando o fragmento metálico
Ultrapassando o instrumento fraturado, foi
realizada a neutralização do conteúdo séptico/tóxico do
canal radicular em todo o comprimento do dente.
Estabeleceu-se o comprimento de trabalho igual a 14,5
mm, iniciou-se o preparo biomecânico do canal radicular
e entre as limas 35 e 40, o fragmento metálico que se
encontrava no canal radicular foi levado além ápice e se
alojou no interior da lesão, frustrando assim, a tentativa
de removê-lo. Foi realizado o curativo de demora com
a pasta Calen®, cimentação provisória com IRM® e
agendamento do paciente para 15 dias.
Ciência e Cultura
73
O paciente retornou sem sintomatologia, realizouse o isolamento absoluto, remoção de curativo de
demora, irrigação com hipoclorito de sódio a 1% e
®
aspiração do excesso, a partir da lima 40 tipo K com
comprimento de trabalho determinado, instrumentou-se
até a lima 60 tipo K®. Realizou-se exaustivamente a
irrigação e aspiração do canal radicular, procedeu-se à
secagem utilizando pontas de papel absorvente
esterilizadas. Preparou-se uma porção de MTA
(Angelus) com a finalidade de levá-lo além ápice,
utilizando para isto, um lentulo (Maillefer) acionado por
contra-ângulo, e posteriormente, pontas de papel
absorventes esterilizadas.
Com o canal radicular seco, selecionou-se o cone
de guta-percha número 60 e preparou uma porção de
cimento Sealapex® para obturação do canal radicular
principal, e finalmente, cimentação provisória com IRM®
(Figura 3).
Figura 3. Imagem sugere fragmento metálico
inerte e o MTA envolta do terço apical
A paciente retornou após dez dias para a confecção oito meses de acompanhamento do caso não foi relatado
de um núcleo metálico fundido e uma coroa de resina qualquer anormalidade ou sintoma pela paciente.
provisória, que foi devidamente confeccionada e com a Clinicamente, a área encontra-se com aspecto sugestivo
oclusão ajustada. O retorno foi marcado para cada 3
meses durante o período de um ano, para que se
confeccionasse uma coroa de porcelana. Após trinta e
de normalidade, a imagem radiográfica sugere que a
lesão encontra-se em franco processo de reparação e o
fragmento metálico está inerte (Figura 4).
Figura 4. Após 38 meses de acompanhamento o fragmento metálico
está inerte e a lesão sugere estar em processo de reparação.
74
Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
É importante ressaltar que o paciente está em
acompanhamento e a alta está prevista para quando
houver formação total de lâmina dura visível
radiograficamente.
DISCUSSÃO
Atualmente, o agregado de trióxido mineral (MTA)
é um dos materiais mais pesquisados em Odontologia e
têm demonstrado resultados notáveis; a maior parte das
publicações ainda é baseada em estudos in vitro e em
animais, entretanto na literatura já se encontram casos
clínicos com resultados promissores e com períodos de
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
presentes nas crateras do cemento periapical. As
radiografias de acompanhamento do caso sugerem que
a lesão encontra-se em reparação com formação de
lâmina dura e o fragmento metálico encontra-se inerte.
Os dados dos exames clínicos periódicos são animadores
uma vez que a paciente não relatou sintomatologia à
palpação e percussão da região do dente 12 durante o
período de 38 meses de acompanhamento.
É importante ressaltar que o resultado promissor
deste caso clínico está diretamente relacionado com a
manutenção da cadeia asséptica durante os
procedimentos e da manipulação correta do material,
que requer habilidade e conhecimento de suas
propriedades físico-química.
acompanhamento superiores a 4 anos. Estes fatos são
de grande importância visto que a Odontologia moderna
é uma ciência também baseada em evidências (MAIN
et al., 2004). Frente ao exposto, a utilização deste
material para o presente caso clínico, sugeriu ser a melhor
alternativa, uma vez que uma das contra-indicações das
cirurgias parendodônticas são o diabetes não
CONCLUSÃO
compensado e a hipertensão (LEAL et al., 2005).
O MTA têm sido proposto como uma alternativa
para o selamento do sistema de canais radiculares e na
radiográficas sugerem que a lesão encontra-se em
processo de reparação e o fragmento metálico está inerte,
sendo assim, a utilização deste material torna este
reparação de lesões apicais por parte dos clínicos devido
a biocompatibilidade, a capacidade seladora, a
alcalinidade, a regeneração do cemento e a formação
de tecido ósseo, sendo este último observada em tempos
que variam de 3 a 8 meses (HOLLAND et a.l, 2001;
MAIN et al., 2004; BUENO et al., 2007), enquanto
que este período poderia atingir até 21 meses se a técnica
clássica de reparação de lesões periapicais com o
CaOH2- fosse a utilizada (METZGER et al, 2001). Como
procedimento operatório mais previsível, em especial
para casos complexos, onde existe lesão crônica e as
condições de saúde do paciente apresenta limitações,
como o relatado neste trabalho. A alta do paciente está
prevista somente quando houver formação completa da
lâmina dura periapical visível radiograficamente.
este material pode ser utilizado além ápice, optou se por
sua extrusão na expectativa de conter a progressão da
lesão crônica existente.
De acordo com Torabinejad et al. (1995a, 1995b),
o efeito antibacteriano do MTA é alcançado graças ao
seu pH alcalino que é em torno de 10 logo após a sua
espatulação e maior que 12 decorridos 3 horas, desta
forma, espera-se que o contato deste material com a
lesão e o fragmento metálico contaminado permita uma
reação de neutralização e inativação dos microrganismos
As figuras sugerem que o MTA quando
extravasado para o ápice alcança as crateras provocadas
pelas bactérias presentes neste 1/3 radicular. As imagens
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CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
Alternativa de tratamento para fratura corono-radicular
com envolvimento pulpar. Relato de caso.
Alternative of treatment for crown-root fracture with pulp
involvement. Case report.
Walter Antonio de ALMEIDA1, Angelo POLISELI NETO1, José Umberto BAMPA1, Maria José Pereira de
ALMEIDA1, Fabiano de Sant’Ana dos SANTOS1.
1. Professores do Curso de Odontologia do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos-SP.
Fabiano de Sant’Ana dos Santos
Av. 27 n. 931, Barretos-SP, CEP: 14780-340, e-mail: [email protected] ; celular 17 8132-6963.
RESUMO
O objetivo deste trabalho, é apresentar por meio de um
relato clínico, uma alternativa para o tratamento de um
dente que sofreu uma fratura corono-radicular com
para tração, retratamento do canal radicular com dique
envolvimento pulpar. As etapas deste caso clínico
consistiram dos seguintes procedimentos: cirurgia
periodontal, tratamento endodôntico provisório com
isolamento relativo, tracionamento ortodôntico utilizandose de um pino provisório de aço inoxidável e elástico
priorizando os requisitos fisiológicos da oclusão e
estéticos. Proservação de 2 anos.
de borracha e reconstituição protética do dente 13. Os
autores demonstraram a importância interdisciplinar,
Palavras-chave: Trauma dental, extrusão ortodôntica,
endodontia, periodontia, estética dental.
ABSTRACT
The aim of this work is to present a clinical report through
an alternative for the treatment of a tooth that suffered a
crown-root fracture with pulp involvement. The stages
of this clinical case consisted of the following procedures:
periodontal surgery, endodontics temporary treatment
with relative isolation, orthodontic traction being used of
a temporary pin of stainless steel and elastic for traction,
endodontics retreatment with rubber dam and prosthetic
rebuilding of the tooth 13. The authors demonstrated the
interdisciplinary importance prioritizing the physiologic
requirements of the occlusion and esthetics. Report of 2
years of follow-up.
Keywords: Tooth fracture, orthotondic extrusion,
endodontics, periodontics, esthetics dental.
Ciência e Cultura
77
Alternativa de tratamento para fratura corono-radicular com envolvimento
pulpar. Relato de caso.
INTRODUÇÃO
A fratura radicular geralmente ocorre como
ALMEIDA et al.
principalmente, devido às forças aplicadas para mover
os dentes não serem igualmente distribuídas ao longo do
ligamento periodontal, provocando reabsorção radicular
resultante de um impacto, que acomete estruturas como:
(RUELLAS, BOLOGNESE, 2000).
o esmalte, a dentina e cemento com ou sem envolvimento
pulpar. O dente que sofre injúria traumática com
É consagrada por diversos autores a importância
de se realizar um tratamento endodôntico com isolamento
envolvimento infra-ósseo constitui um problema de difícil
ou impossível solução, deixando o cirurgião-dentista com
absoluto, principalmente em dentes que se apresentam
com exposição pulpar, pois a contaminação nestes casos
dúvidas em relação ao seu prognóstico, por apresentar
só ocorre superficialmente, nunca no seu âmago
um grau de complexidade de tratamento, sendo
imprescindível um envolvimento interdisciplinar
(LEONARDO, 2005).
O objetivo desse artigo é apresentar, por meio de
(ANDREASEN, ANDREASEN, 1991; ALMEIDA et
al., 2001; SANTOS et al., 2003).
um caso clínico, uma alternativa de tratamento
restaurador de um dente que sofreu uma fratura corono-
Almeida et al. (2001) descreveram tracionamento
radicular com envolvimento pulpar.
ortodôntico como sendo um procedimento que promove
um movimento dentário no sentido vertical, cujos
RELATO DO CASO CLÍNICO
sinônimos são tracionamento dentário, erupção forçada,
extrusão forçada, extrusão controlada.
O tracionamento radicular pode ocorrer por um
movimento induzido ou natural, na mesma direção do
movimento de erupção dentária, havendo um
Paciente do gênero feminino, 35 anos, procurou
o consultório e relatou que perderia o dente 13, por ter
sido diagnosticado uma fratura e a solução, seria a
colocação de um implante dental. Questionava outro tipo
alongamento das fibras periodontais com depósito de
osso nas zonas da crista alveolar. É considerado um
procedimento que permite a recuperação dos casos de
de tratamento que não envolvesse a exodontia da raiz
do dente. Durante a anamnese disse ter sofrido um
atropelamento, a mais ou menos 15 anos atrás e que
fraturas radiculares horizontais e oblíquas (CIRRUFO
et al., 2001).
A maioria dos movimentos dentários ortodônticos
envolve algum grau de dano tecidual que varia,
havia fraturado quase todos os ossos do seu lado direito.
No exame clínico, observou-se a presença de resina
acrílica envolvendo um amarrilho de fio de aço entre as
faces dos elementos 12, 13 e 14 (Figura 1).
Figura 1. Imagem ilustra uma contenção rígida realizada com resina acrílica e amarrilho
de fio de aço entre as faces dos elementos 12, 13 e 14.
78
Ciência e Cultura
CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
No exame radiográfico, foi observado uma linha
elásticos de látex, e confecção de um provisório, para
oblíqua indicando uma fratura envolvendo terço cervical
da raiz do dente 13 e o fragmento encontrava-se
posteriormente realizar o retratamento endodôntico e a
confecção da prótese definitiva.
distalizado. O dente respondia ao teste de vitalidade
Depois de realizada a cirurgia com retalho e
pulpar com frio e calor. Realizaram-se dois planos de
tratamento, sendo: a) cirurgia periodontal a retalho,
exposição da fratura, verificou-se que esta havia ocorrido
há vários anos, pois existia a reabsorção da parte
remoção da porção coronária fraturada, tratamento
endodôntico e colagem dos fragmentos; b) exposição
coronária do dente e o remanescente radicular estava
obliterado por uma calcificação biológica, e que havia
do fragmento por meio de cirurgia periodontal,
uma consolidação da fratura pela deposição de tecido
tratamento endodôntico provisório, cimentação de um
pino e tracionamento radicular com a utilização de
ósseo, que foi deslocado na confecção do amarrilho com
o fio de aço (Figura 2).
Figura 2. Imagem radiográfica apresenta uma fratura corono-radicular
do dente 13 e uma contenção rígida envolvendo os dentes 12, 13 e 14.
Após a remoção da porção coronária, o
tratamento endodôntico foi realizado, provisoriamente
com isolamento relativo, em seguida, foi confeccionado
e cimentado um pino provisório em aço inoxidável com
a finalidade de promover o tracionamento radicular, por
meio de um elástico de látex de 1/8" pesado, que foi
conectado no pino e na barra ortodôntica, que estava
fixada com resina fotopolimerizável na face palatina dos
dentes 12 e 14 (Figuras 3 e 4). Optou-se pelo
tracionamento radicular para resgatar as condições
periodontais, endodônticas e protéticas, para satisfazer
os requisitos fisiológicos da oclusão e a estética. O
elástico foi trocado diariamente pelo período de 5
semanas, visando minimizar a dissipação da força
ortodôntica, de 20 e 30 gramas. O tecido gengival foi
reposicionado, suturado e protegido por cimento
cirúrgico, após 7 dias foi removido a sutura. Durante
essa fase, foi programado uma faceta provisória com o
próprio fragmento coronário e fixado nos dentes 12 e
14 com resina fotopolimerizável.
Decorrido o período de 5 semanas, foi
observado a extrusão radicular de 3 mm, confirmado
Ciência e Cultura
79
Alternativa de tratamento para fratura corono-radicular com envolvimento
pulpar. Relato de caso.
ALMEIDA et al.
Figura 4. Barra de fio ortodôntico fixado por palatina
com elástico para tração.
Figura 3. Imagem ilustra o pino provisório
em aço inoxidável utilizado para realizar a
tração da raiz do dente 13.
por uma sonda milimetrada. Foi realizado o retratamento
endodôntico com isolamento absoluto, com a finalidade
definir o preparo biomecânico do canal radicular de
forma compatível a receber o pino intracanal,
de neutralizar a ação bacteriana e uma possível
contaminação no decorrer do tratamento, e também para
responsável pela sustentação da coroa de cerâmica
(Figura 5).
Figura 5. Após a extrusão e contenção do remanescente radicular, o
retratamento endodôntico com isolamento absoluto.
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CIÊNCIA E CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário da FEB
Decorridos 2 anos, foi observado a boa
condição endodôntica, periodontal, remodelação
v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
radicular apical, estética favorável e satisfação da
paciente (Figuras 6 e 7).
Figura 7. Imagem ilustra a estética do dente 13 após
dois anos de proservação.
Figura 6. Proservação radiográfica de dois anos.
DISCUSSÃO
endócrino, nos mensageiros intracelulares e citocinas
locais, que contribuem para as mudanças ósseas
Almeida et al. (2001) indicaram a extrusão para
localização de margens em estrutura dental sadia,
manutenção do espaço biológico facilita a perfeita
moldagem do preparo e o restabelecimento da estética.
No presente relato, a extrusão de 3 mm foi suficiente
para resgatar o espaço biológico e exposição da
estrutura dental sadia, que permitiu a realização do
retratamento endodôntico com isolamento absoluto, a
confecção da moldagem e do preparo para reabilitação
estética.
Cirrufo et al. (2001) demonstraram que por meio
de uma força ortodôntica de 20 a 30 gramas, mantida
pelo controle diário de uso de elástico 1/8" pesado,
durante 4 semanas obtiveram uma extrusão de 3 mm.
No presente caso clínico , foi confirmado os mesmos
resultados encontrados pelos autores acima
referenciados.
Quando a raiz é deslocada, uma seqüência de
reações ocorre no sistema nervoso, imunológico,
adaptativas. A absorção radicular constitui um efeito
colateral do movimento dentário ortodôntico, podendo
ocorrer em maior ou menor grau, dependendo da
associação com outros fatores agravantes. É
praticamente impossível prever com segurança o grau
de reabsorção radicular durante o tratamento
ortodôntico, devendo o paciente ter consciência de tais
riscos (RUELLAS e BOLOGNESE, 2000). O dente
13 sofreu reabsorção radicular no terço apical, conforme
demonstraram as radiografias de proservação, porém
foi possível notar que há estabilidade, já que no período
de 2 anos a área radiolúcida não sofreu variação
significativa.
Valdrigui et al., 1998 relataram que dentes
tratados endodonticamente são passíveis de
movimentação ortodôntica tanto quanto os dentes vitais,
desde que o canal radicular esteja adequadamente
obturado. É indicada atenção especial para os casos
associados a trauma, ou seja, injúria prévia ao ligamento
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Alternativa de tratamento para fratura corono-radicular com envolvimento
pulpar. Relato de caso.
ALMEIDA et al.
periodontal. No presente caso clínico o dente 13 foi
2. ANDREASEN, J. O., ANDREASEN, F. M.
tratado endodonticamente, extruído por movimentação
ortodôntica e retratado sobre isolamento absoluto,
Traumatismo dentário: soluções clínicas. Tradução de
Frieda Werebe. São Paulo: Panamericana, 1991.
respeitando os limites biológicos, técnicos e científicos.
3. CIRRUFO, P. A. D. R. et al. Extrusão
ortodôntica, uma solução na clínica odontológica – relato
de caso clínico. J Bras Ortodon Ortop Facial, ano 6, n.
CONCLUSÃO
31, p. 52-55, jan./fev. 2001.
4. LEONARDO, M.R. Endodontia: Tratamento
·O sucesso clínico foi obtido utilizando-se dos
de canais radiculares – princípios técnicos e biológicos.
conhecimentos interdisciplinares.
·Trata-se de uma alternativa de tratamento viável
São Paulo: Artes Médicas; 2005.
5. SANTOS, F. S.; Bampa, J.U.; BATISTA-
e pode ser realizado por um clínico geral.
BAMPA, A.T.T. Colagem autógena mediata na solução
de fratura radicular de incisivo central superior. Rev
Assoc Paul Cir Dent, v. 57, n. 3, p. 195-197, mai./jun.
Referências bibliográficas
2003.
6. VALDRIGUI et al. Reabsorção radicular
1. ALMEIDA, M. H. et al. Tração ortodôntica
com finalidade protética. J Bras Ortodon Ortop Facial,
v. 6, n. 34, p. 277-284, jul./ago. 2001.
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externa de dentes tratados endodonticamente frente à
movimentação ortodôntica. J Bras Ortodon Ortop
Facial, ano 3, n. 17, p. 51-55, set./out. 1998.
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v. 3, nº 2, Novembro/2008 - ISSN 1980 - 0029
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