O ano da produção

Transcrição

O ano da produção
ISSN 2178-5781
Ano XIII | 210 | Dezembro 2012
O ano da produção
Com safra recorde, produtores fecham
2012 com as contas no azul. Expectativa
para 2013 também são positivas.
PALAVRA DO PRESIDENTE
CAMPO
A revista Campo é uma publicação da Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela
Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG/SENAR,
com distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos
assinados são de responsabilidade de seus autores.
Conselho editorial
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Eurípedes Bassamurfo da Costa; Marcelo Martins
Editores: Francila Calica (01996/GO) e
Rhudy Crysthian (02080/GO)
Reportagem: Rhudy Crysthian (02080/GO) e
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Fotografia: Jana Tomazelli Techio,
Gutiérisson Azidon
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Filho. Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Edmar
Duarte Vilela, Sandra Pereira Faria do Carmo. Suplentes:
Fim do ano com chave de ouro
I
nvestimentos em tecnologia, clima favorável, aumento da produtividade e, novamente, uma safra recorde, fizeram de 2012
um ano bastante positivo para o setor agrícola goiano. O aumento do consumo em países da Ásia, por exemplo, a melhoria
da renda e o aquecimento do consumo interno tem contribuído
para os produtores manterem as contas no azul. Mas, nem tudo
foram flores para o setor, ainda enfrentamos problemas antigos
de infraestrutura que travam o desenvolvimento do setor. Estradas sucateadas, portos congestionados, falta de armazéns para
secagem e estocagem de grãos e energia elétrica inconstante são
apontados como os principais gargalos.
Fora os problemas estruturais, alguns segmentos como o de
gado de corte não têm muito o que comemorar esse ano. Mas,
mesmo assim, a expectativa para o próximo ano é uma ligeira
redução no custo de produção. O otimismo também se estende
para a produção de leite, isso com base no aumento do consumo
de produtos derivados do leite e perspectiva de elevação do preço do litro do produto. Mas é necessário mais investimento em
acompanhamento técnico.
Na esfera política também podemos destacar algumas conquistas importantes para o setor neste ano. Depois de uma longa
batalha, a aprovação do novo Código Florestal, mostra a força
que o segmento agropecuário tem hoje. O engajamento e a mobilização realizada em 123 municípios goianos com os debates
do projeto “O que esperamos do próximo prefeito” marcou na
história política do Estado um novo estilo de realizar campanha
eleitoral para prefeito.
Para 2013 as expectativas são positivas também, tanto para
setores que fecharam 2012 no azul quanto para outros nem tão
satisfeitos, mas vale destacar que tudo isso depende muito do
comportamento do mercado já nos primeiros meses do ano. Isso
porque o mercado irá dar o norte do setor e desencadear maiores
investimentos em tecnologia por parte da produção.
Henrique Marques de Almeida, Wanessa Parreira Carvalho
Serafim, Antônio Borges Moreira. Conselho Consultivo:
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Alcântara, José Manoel Caixeta Haun, Sônia Maria Domingos
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Jana Tomazelli
Jana Tomazelli
PAINEL CENTRAL
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Debandada para o Norte
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Prosa Rural
O presidente da Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB),
Márcio Lopes, acumula 18 anos
de experiência no setor. Em
entrevista exclusiva à Revista
Campo ele aponta quais são
os maiores desafios do setor
e o novo perfil de um líder
cooperativista.
Gutiérisson Azidon
Produtores goianos das regiões Sul e Sudeste como,
Moacir José, protagonizam uma mudança no mapa de
investimentos em terra no Estado.
Agenda Rural
06
Fique Sabendo
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Delícias do Campo
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Campo Aberto
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Treinamentos e
cursos do Senar
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Desafio para a
produção de leite
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11° Congresso Internacional do Leite, realizado em uma
parceria do Sistema Faeg/Senar e Embrapa Gado de Leite,
debate cooperativismo, desenvolvimento do setor e
produção com sustentabilidade.
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Produtores fecham ano
com saldo positivo
20
Agrinho premia
professores e alunos
Jana Tomazelli
Rowan
Safra recorde,
investimentos em
tecnologia, clima favorável
e outros fatores colocaram
2012 como um dos
melhores anos para a
produção agrícola goiana.
Expectativas para 2013
são ainda melhores.
14
90 dos municípios goianos se envolveram
no Programa este ano. Premiação acontece
em dezembro.
Uma retrospectiva
destaca os
principais fatos
para o setor
agrícola em 2012.
Arte produzida
pela Rowan MKT.
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Jornalistas premiados
16
4° Prêmio de Jornalismo do Sistema Faeg/Senar distribui R$
44 mil para os melhores trabalhos na área de comunicação
que divulgaram o setor durante o ano. Saiba qual o tema
para o próximo ano.
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AGENDA RURAL
DEZEMBRO
13 de Dezembro
Congresso Goiano de Municípios
Palestra sobre “Agricultura Familiar nos Municípios”
Local: Centro de Convenções - Goiânia
Hora: 9h30
Informações: (62) 3096-2200
12/12
13/12
Reunião Ordinária do Conselho Estadual do Trabalho do
Estado de Goiás
Hora: A partir das 8h
Local: Secretaria de Estado de Cidadania e Trabalho
Informações: (62) 3201-8683
Entrega do Troféu “O Anhanguera”
Local: Auditório da CDL, Goiânia
Hora: 20h
Informações: (62) 3096-2200
14/12
20/12
Entrega do Troféu Mérito Participativo
Local: Sesc Faiçalville, Goiânia
Hora: 20h
Informações: (62) 3522-6300
Coletiva – Balanço Anual da Faeg
Local: Sede da Faeg, Goiânia
Hora: 14h30
Informações: (62) 3096-2115
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FIQUE SABENDO
REGISTRO
Faeg prestigia posse do novo
secretário da Semarh
Gutiérisso Azidon
Divulgação
Armazém
Pequenas Construções
Rurais
Paiol, galinheiro, chiqueiro, gaiolas para coelhos, apiários, piscina,
casa de caseiro e outras construções podem ser feitas com poucas
ferramentas pelo próprio proprietário de uma chácara ou de um sítio,
mesmo que nunca tenha exercido
esse ofício. Para isso, basta ter boa
vontade e habilidade manual. O autor desta obra já é bastante conhecido na área de literatura agropecuária e fornece, agora, um guia prático
ensinando como melhor planejar a
construção de telhados, banheiros,
fossa, ou preparar o terreno, buscar
água potável e até mesmo instalar
eletricidade, indicando o material a
ser utilizado. Executar estas tarefas,
além de ser uma maneira de economizar é, também, um passatempo
agradável e uma higiene mental. O
livro pode ser encontrado nas melhores livrarias on line. O valor não
foi divulgado pela editora.
O presidente do Sistema Faeg/
Senar, José Mário Schreiner, esteve
presente na solenidade de posse do
novo secretário estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Leonardo Vilela, no dia 30 de
setembro. Vilela retorna à Semarh
depois de se licenciar, na intenção de
ser candidato à prefeitura de Goiânia.
Durante a solenidade, realizada no
Palácio Pedro Ludovico Teixeira, Leonardo Vilela, explicou que pretende
dar apoio irrestrito às demandas das
entidades do Fórum empresarial, do
qual a Faeg é membro.
O assessor técnico da Faeg para
área de meio ambiente, Marcelo Lessa, assumiu no mês de novembro a Superintendência de Gestão e Proteção
Ambiental da Semarh. Entre os novos
desafios de Lessa, está a criação do
Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Para o presidente da Faeg, José Mário
Schreiner, a ida de Marcelo Lessa para
a Semarh é motivo de comemoração
para a classe produtora. “A Federação
se sente honrada em poder ceder um
profissional tão capacitado para o governo de Goiás.” José Mário acrescenta que Lessa vai realizar um excelente
trabalho à frente da Superintendência
de Gestão e Proteção Ambiental.
pesquisa
O híbrido de maracujazeiro azedo
BRS Rubi do Cerrado foi lançado no mês
de outubro, no Parque de Eventos de
Bento Gonçalves (RS), durante o XXII
Congresso Brasileiro de Fruticultura.
A nova cultivar foi obtida por meio de
melhoramento genético. Produz aproximadamente 50% de frutos de casca
vermelha ou arroxeada com peso de 120
a 300 gramas (média de 170g) e rendimento de suco em torno de 35%.De
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Fábio Faleiro/Embrapa
Embrapa lança nova variedade de maracujá
acordo com o pesquisador da Embrapa
Cerrados, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
Fábio Faleiro, dependendo da forma de
manejo da cultura, essa variedade pode
atingir produtividades superiores a 50
ton/ha no primeiro ano de produção.
A maior resistência ao transporte, coloração de polpa amarelo forte, de bom
rendimento e maior tempo de prateleira
também merecem destaque.
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PROSA RURAL
Márcio Lopes
de Freitas
OCB
Presidente da OCB
Cooperativismo
em alta
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para a Revista Campo
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N
atural de Patrocínio Paulista (SP), o presidente da Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, herdou a paixão
pela agricultura e pelo cooperativismo no berço da família. Graduado
em administração pela Universidade de Brasília (UNB), Márcio acumula 18 anos
de experiência direta com o cooperativismo. Em entrevista exclusiva à Revista
Campo, o presidente da OCB elogia o profissionalismo e tecnificação dos
produtores goianos. Márcio aponta ainda quais são os maiores desafios do setor e
o novo perfil de um líder cooperativista.
Revista Campo: Quais os passos ini-
fundamentos que são importantes
através do processo de cooperativa. É
ciais para fundar uma cooperativa?
para nascer uma cooperativa. A
fazer com que um produtor de poucos
Márcio Lopes: Uma cooperativa é
primeira coisa é ela ter seus obje-
litros de leite, um exemplo claro aí de
acima de tudo uma empresa, só que
tivos muito bem definidos porque
Goiás, você dá a ele uma escala de
tem uma forma societária diferen-
eles serão comuns. É diferente de
um grande produtor. Ele terá acesso
te que é a forma cooperativa de se
uma empresa mercantil, que se
aos mesmos meios e recursos que um
organizar. Mas é uma empresa como
baseia no capital financeiro, aonde
grande produtor de leite. Além da es-
outra qualquer e precisa ter todos os
o objetivo é remunerar o capital. Na
cala de compra, ele tem a vantagem de
fundamentos normais, burocráticos,
cooperativa o objetivo é melhorar
estar no coletivo. Ele tem a capacidade
de quando você vai abrir uma empre-
a renda e a qualidade de vida dos
de impacto de influência política. Ele
sa. Então você precisa de todas as cer-
sócios-cooperados. Todos precisam
tem todo um conjunto de ganhos no
tidões e documentos. Você tem que
ter esses fundamentos muito claros,
coletivo. Esse é o grande benefício e o
se registrar na junta comercial e, antes
esses conceitos que chamamos de
objetivo da cooperativa que não pode
de tudo, procurar a organização das
valores e princípios do cooperativis-
perder nunca é de que ela foi criada
cooperativas do Estado. Lá, você já
mo. Segundo, a cooperativa tem de
para dar resultados ao cooperado. A
vai ter toda a orientação técnica para
ter projeto de viabilidade econômica.
criatura é a cooperativa, o criador é
cuidar dessa burocracia de formação e
Cooperativa é um negócio e tem de
o cooperado. A criatura não pode ser
também vai ter os dados que nós con-
ter sustentabilidade econômica. Se
nunca mais importante que o criador.
sideramos fundamentais para iniciar
o negócio é ruim, se não dá certo,
E se isso escorregar, cria distorções e
uma cooperativa que é dar todo o em-
não tem jeito. E terceiro, tem de ter
a cooperativa vira corporativa. Ela não
basamento conceitual para as pessoas
liderança capaz de manter esse equi-
pode viver para sustentar a si e esque-
entenderem realmente o que é uma
líbrio econômico e social.
cer que o grande beneficiário foi quem
criou a cooperativa.
sociedade cooperativa e para que as
pessoas que estão viabilizando a nova
Revista Campo: Quais são os
cooperativa possam nascer a coope-
maiores benefícios de um pequeno
Revista Campo: Como essas coo-
rativa dentro de um ambiente correto,
produtor rural ao fazer parte de
perativas se sustentam?
de valores e princípios corretos, não
uma cooperativa?
Márcio Lopes: Ela tem de se susten-
só a parte burocrática, técnica.
Márcio Lopes: O produtor que se
tar no seu próprio negócio. O negócio
agrega a uma cooperativa é para ele
tem de gerar resultados suficientes
Revista Campo: Essa é a parte
ganhar no conjunto o que para ele é
para melhorar a qualidade de vida
mais difícil?
difícil conquistar no individual. É es-
e cumprir os objetivos perante seus
Márcio Lopes: Acho que essa é a
cala na produção, é escala na compra
sócios. Ela precisa ter uma margem
parte inicial, que é fundamental para
de insumos, na aquisição das matérias-
suficiente que garanta um progresso
que as pessoas se baseiem em três
-primas. É tornar o pequeno, grande
de seus cooperados e que tenha uma
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taxa administrativa que sustente a
ela precisa garantir espaço nas políticas
a mudança de comportamento das
estrutura da cooperativa. Tem de
públicas. Por isso, a gente sempre con-
pessoas. A cooperativa tem de ser cui-
ter um delta em que a cooperativa
sidera que a cooperativa não pode estar
dadosa quanto a isso. Tem de se dedi-
se sustente no seu próprio negócio.
alheia do ponto de vista de processo
car a educação, informação. Trabalhar
Não dá para ficar esperando ajuda
de participação política. Isso é funda-
realmente a cabeça das pessoas, com
externa para sustentar o negócio.
mental como pano de fundo. Mas não
isso vai mudando o comportamento
Isso do ponto de vista econômico.
pode deixar que a política tenha geren-
e, eu acredito, que a mudança de
Já do ponto de vista de valores, tem
ciamento das atividades da coopera-
comportamento leva a um longo pra-
de ser cultivado permanentemente a
tiva. A política tem de ser uma ferra-
zo, uma mudança cultural de base. As
questão da educação cooperativista.
menta a ser utilizada pela cooperativa.
pessoas vão se tornar mais coopera-
As pessoas têm de estar convictas
Por isso, apoiamos que as cooperativas
tivas. Tanto é que é mais fácil traba-
de que participam de uma socieda-
apoiem, busquem compromisso de
lharmos cooperativismo na região
de diferente. Você tem de garantir a
pessoas, homens ou mulheres, que
Sul do Brasil, que tem uma imigração
sustentabilidade econômica e garantir
tenham compromissos com a ideia da
saxônica mais ampla ou trabalhar na
a sustentabilidade social, trabalhando
cooperativa, sem ter nenhum vínculo
região de São Paulo e Mato Grosso do
os valores da cooperativa.
político-partidário. A cooperativa não
Sul que tem uma influência mais asiá-
pode adotar o partido A ou partido B,
tica, japonesa que também tem mais
Revista Campo: Perfil de um líder
a cooperativa tem de buscar pessoas,
cultural o lado da cooperação. Onde
em uma cooperativa?
candidatos que reflitam as mesmas
prevalece a identidade ibérica, temos
Márcio Lopes: O líder tem de ser
ideias que a cooperativa . E com isso
mais dificuldade. O maior desafio é a
legítimo. O líder moderno tem de nas-
ela (a cooperativa), tem um espaço na
cultura da cooperação.
cer do bojo social da cooperativa. Tem
democracia de fazer chegar a voz dos
de ser um sujeito que tem a ver com o
cooperados através dos políticos –
Revista Campo: Como fazer para
processo da base, que tenha identi-
parlamentos, assembleias legislativas
seguir um momento ou tendência do
dade e reflita realmente as ideias das
e no congresso nacional. A política é
mercado em uma cooperativa. Como
pessoas que compõem a cooperati-
uma ferramenta para a cooperativa se
ela deve se adaptar ao mercado?
va. O líder hoje não é exigido dele
utilizar dela e não ser utilizada por ela.
Márcio Lopes: Temos que trazer um
que tenha expertise administrativa e
Isso é muito sutil, mas faz uma diferen-
cenário para dar um novo modelo de
gerencial porque isso você vai buscar
ça tremenda.
desenvolvimento global. Para mim
no mercado, você vai contratar o
Goiás é uma referência nisso. Vocês
executivo que irá fazer isso. Isso não é
Revista Campo: Quais os maiores
tem uma agricultura de nova geração
fundamental, já foi no passado, onde
desafios do movimento cooperati-
e no Brasil está surgindo uma agricul-
o líder também era o gestor.
vista no País?
tura de nova geração. Primeiro que é
Márcio Lopes: Os grandes desafios
uma agricultura formada por agricul-
Revista Campo: Como superar
do cooperativismo brasileiro é romper
tores de renovação muito grande. A
os desafios para não haver vínculo
uma cultura centenária que nós temos
idade média do agricultor brasileiro é
político-partidário na cooperativa?
que é o individualismo. Nós temos
muito abaixo da do resto do mundo.
Márcio Lopes: Quem atua em ativida-
uma colonização ibérica, principal-
No Brasil é de 46 a 48 anos, enquan-
des econômica e social como é a coo-
mente portuguesa, que passou 500
to que nos Estados Unidos está acima
perativa, ela precisa ter representação
anos nos cultivando para sermos
dos 68 anos. Essa nova geração de
política. Ela precisa manifestar seus
individualista. Os portugueses têm
agricultores, que está fazendo dife-
posicionamentos para ter representação
qualidades extraordinárias, mas não é
rença com uma agricultura moderna,
política. Ela lida com muita gente, lida
uma característica ibérica o processo
tecnificada, profissional, menos
com setor econômico normalmente
de premiar o coletivo. Isso é cultural.
dependente de subsídios de políticas
importante, de impacto em municípios,
Então, para trabalhar o cooperativis-
públicas é mais atuante do ponto de
Estados ou até de um País e para isso
mo neste ambiente, tem de trabalhar
vista tecnológico.
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Dezembro / 2012
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MERCADO E PRODUTO
Financiamentos para
a safra 2012/13
O
Ministério da Agricultura divulgou o
volume das contratações do crédito. As contratações somaram R$
26,5 bilhões nos meses de julho a setembro
deste ano. Esses números mostram que os
financiamentos do Plano Agrícola e Pecuário
2012/2013 superaram em 14,7% o volume contratado no mesmo período no ano passado.
As contratações no âmbito do Programa
ABC, que estimulam boas práticas agrícolas,
foram destaque no período, com a liberação
de R$ 600,6 milhões. O montante representa 17,7% dos R$ 3,4 bilhões autorizados ao
programa para 2012/13.
Outros destaques entre os financiamentos de investimento foram as contratações
registradas através do Moderagro (R$ 111
milhões) e do Moderinfra (R$ 58,8 milhões), ambos com juro de 5,5% ao ano. As
medidas aprovadas pelo Governo Federal,
sobretudo a ampliação de recursos e a
redução dos juros das linhas de crédito disponíveis para financiar a agricultura, além
das melhorias nas condições de financiamento ao médio produtor rural, são determinantes para a ampliação da demanda por
crédito rural.
O maior problema é a burocracia. Por ser
destinado à área rural, os financiamentos
são considerados um crédito preferencial,
mas como eles possuem origem estatal, os
trâmites burocráticos são inúmeros, como
por exemplo a necessidade de se comprovar
renda e regularidade fiscal, que acabam
dificultando a liberação efetiva de recursos
aos produtores. O financiamento tem chegado aos produtores, mas não da maneira que
necessitam.
A morosidade do processo como um todo
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prejudica os produtores. O sistema financeiro
nacional provavelmente não vai conseguir
aplicar todo o recurso anunciado pelo Plano
Safra 2012, em função da falta de garantia,
uma vez que muitos produtores da nossa
região precisaram solicitar o refinanciamento
da safra passada e estão fora do sistema.
Essa dificuldade tanto pode vir a prejudicar o aumento produtivo do agronegócio
brasileiro, como pode encarecer em muito
os custos das lavouras no País. Quando o
produtor não consegue utilizar o recurso
controlado pelo governo, busca formas privadas. E esses contratos têm um custo operacional extremamente alto, de no mínimo
12%, até no máximo 45% ou 48% ao ano.
Ou seja, uma variabilidade muito grande.
Isso encarece o produto final, dificulta a
produção e onera o produtor rural. Mesmo
assim, aquele produtor que está em condição de pleitear o financiamento, deve fazer o
seu cadastro e aplicar na produção.
Acredito que entre 70% a 80% dos pequenos, médios e grandes produtores já financiaram esta safra e estão pleiteando o financiamento para a safrinha. Para a próxima
safra, o principal foco é dar fim à burocracia
e o primeiro passo será pedir mais agilidade
aos agentes financeiros quanto à análise e
aos critérios de liberação de crédito. No que
se refere ao Programa ABC, que incentiva
processos tecnológicos que neutralizam ou
minimizam os efeitos dos gases de efeito
estufa no campo, posso dizer que é um
programa bom, mas que também sofre com
a falta de agilidade. O recurso existe, mas a
análise dos itens financiados é muito lenta
já que está centralizada em Brasília, onde os
pedidos de todo o Brasil são estudados.
Carlos Costa
Alexandre Câmara | [email protected]
Alexandre Câmara
é presidente da
Comissão de Crédito
Rural da Faeg.
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AÇÃO SINDICAL
Fabiana Sommer
Alterações do código
florestal
O Sindicato Rural de Rio Verde realizou, no dia 8
de novembro, palestra técnica sobre as alterações
do Novo Código Florestal. De acordo com Marcelo
Lessa, assessor técnico de Meio Ambiente da Faeg,
o assunto é amplo e está trazendo novas orientações
e procedimentos com relação ao cumprimento da
Legislação Ambiental Brasileira. “Os produtores,
a partir de agora, devem ficar atentos à nova
regulamentação, para que consigam se adequar no que
for necessário o mais rápido possível”, afirma Lessa.
(Colaborou: Fabiana Sommer Fontana)
MINEIROS
Nova diretoria
A diretoria eleita do Sindicato Rural de Mineiros
tomou posse no último dia 1° de dezembro, em
solenidade realizada no tatersal de elite do parque
agropecuário do município. Fernando Mendonça
tomou posso como novo presidente eleito para
o triênio 2012/2015. Também estarão à frente
da entidade o vice-presidente, Antônio Paulo
Carvalho; o tesoureiro, Ionaldo Moraes Vilela
e o secretário, Milton Luiz Souza. O presidente
do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner é
suplente da nova diretoria da entidade.
LIDERANÇA
Programa do
Empreendedor Sindical
Gisele Resende
RIO VERDE
CARTÃO
Gutiérisson Azidon
Lançamento do CNACard
Com o objetivo de dinamizar a divulgação do
CNACard a Faeg fez o lançamento do documento nos
principais municípios que emitem Guias de Trânsito
Animal (GTA), seu principal serviço inicial. Foram
os seguintes: Quirinópolis, Rio Verde, Cachoeira
Alta, Caçu, Mineiros, Jataí, Caiapônia, Bom Jardim,
Piranhas, Iporá, Porangatu, São Miguel do Araguaia,
Nova Crixás, Palmeiras de Goiás, Paraúna, Montes
Claros de Goiás, Britânia, Jussara, Itapirapuã,
Goiás, Bela Vista de Goiás, Orizona, Ipameri,
Catalão, Itumbiara, Goiatuba, Morrinhos, Pontalina,
Piracanjuba e Formosa.
12 | CAMPO
Dezembro / 2012
Vinte dirigentes sindicais dos Sindicatos Rurais dos
municípios de Mozarlândia, Arenópolis, Araguapaz,
Jaraguá, Inaciolândia, Ipameri, São Miguel do
Araguaia, Quirinópolis, São Domingos, São João da
Paraúna e Sanclerlândia, participantes do Programa
do Empreendedor Sindical, participaram do Curso
de Excelência em Liderança. O evento foi realizado
no Hotel Papillon, em Goiânia, nos dias 29 e 30 de
novembro e faz parte da 3ª Etapa do Programa. O
Projeto faz parte das ferramentas disponibilizadas
pelo Sistema Faeg/Senar e parceria com o Sebrae
para o fortalecimento da entidade sindical. Tem
também o objetivo de dinamizar a gestão e criar
alternativas para sustentação financeira.
www.sistemafaeg.com.br
Crédito Rural BRB
O jeito mais rápido
de destacar o seu
investimento.
O BRB acredita nas atividades rurais e sempre
busca novas formas de incentivo. Agora, o crédito
ficou ainda mais rápido e sem burocracia. Encontre
o financiamento que você precisa e tenha mais
agilidade para que o seu negócio cresça.
WWW.BRB.COM.BR
Gutiérisson Azidon
CÓDIGO FLORESTAL
Nesse ano
os autores
dos melhores
projetos das oito
macrorregiões do
Estado receberão
prêmios
Leydiane Alves
[email protected]
Agrinho na
reta final
A
A coordenadora do Programa Agrinho,
Maria Luiza, comenta os últimos
preparativos antes da grande premiação
14 | CAMPO
Dezembro / 2012
pós o ano todo de capacitação
de professores multiplicadores
e novatos, o Programa Agrinho
parte, agora, para a sua terceira e última fase, que consiste na premiação dos
trabalhos desenvolvidos nas escolas,
por alunos e comunidade. Segundo a
coordenadora do Programa, Maria Luiza Bretas, foram avaliados quase dois
mil trabalhos das oito regionais do Estado de Goiás. “Tivemos uma grande
participação da sociedade. Praticamente, 90% dos municípios goianos se envolveram no Programa.”
www.sistemafaeg.com.br
Com o tema “Empreendedorismo e
Meio Ambiente”, Maria Luiza explica
que foram avaliadas cinco categorias.
“Tivemos a categoria desenho para
a educação especial, desenho para
a educação infantil, redação, escola
Agrinho e experiência pedagógica”,
resume. Os vencedores serão conhecidos no dia 6 de dezembro desse ano.
Para avaliar e classificar os trabalhos foi formada uma comissão composta de representantes das áreas técnica e pedagógica. Maria Luiza explica
que a banca avaliadora foi escolhida de
acordo com a especialidade de cada
professor. “Por exemplo, para a área
de desenhos escolhemos professores
de artes. Para a avaliação das redações
foram escolhidos professores das redes
estadual e municipal, e professores da
Universidade Federal de Goiás (UFG) de
língua portuguesa e que são habituados
a trabalhar com redações”, destaca.
A professora, Glaucia Santos do
Carmo, foi a responsável pela a avaliação da categoria desenho infantil para
educação especial e infantil. Ela conta
que a qualidade dos trabalhos foi observada por região. “Em alguns locais
percebe-se uma maior compreensão
do tema.” Mas Glaucia acrescenta que,
de forma geral, todos os trabalhos foram muito bem elaborados.
Glaucia explica que os critérios utilizados para a avaliação foi de fundamental importância. “Nós usamos os critérios
de vivacidade, originalidade, impacto visual e apresentação como todo.”
Na área da educação há 40 anos,
Neuracy Pereira Borges, avaliou os trabalhos de redação. Especialista em língua portuguesa, ela conta que o nível
dos trabalhos está bem equilibrado. A
maior dificuldade dos estudantes foi a
abordagem do tema e a questão gramatical.” Ela salienta que houve ainda
redações excelentes. “Alguns alunos
escreveram poemas, outros contos,
textos com grande qualidade.”
De acordo com a especialista, foram usados quatro critérios básicos
para a avaliação das redações. “Nós
observamos a pertinência ao tema, originalidade, estrutura do texto e apresentação do texto.”
Já a professora, Márcia Aparecida
Vieira, especialista em história, avaliou
os trabalhos da Escola Agrinho. “Vieram trabalhos ótimos, que se percebe
o bom desempenho dos alunos e tivemos também trabalhos considerados
médios.” Ela ressalta que, das oitos
regiões do Estado, todas tiveram trabalhos inscritos.
A professora fala ainda que considera o Programa Agrinho de extrema importância para o bom desenvolvimento dos alunos e professores.
“Acredito que esse é um projeto inovador que leva os participantes a pensar
a educação ambiental e empreendedora dentro do seu espaço”, diz.
Maria Luiza Bretas, conta que, este
ano, o Concurso apresentará algumas
mudanças na premiação. Em vez de
premiados os cinco primeiros colocados de cada categoria, receberão prêmios os autores dos melhores projetos
das oito macrorregiões do Estado.
Os oito vencedores nas categorias Escola Agrinho e Experiência
Pedagógica ainda concorrem entre
si na disputa dos grandes prêmios
finais: um kit multimídia completo
para a escola e um carro zero km
para o professor autor da melhor experiência pedagógica. “Essa regionalização da premiação possibilitará
um envolvimento ainda maior dos
professores, o que pode estimular
a produção de projetos e trabalhos
por parte dos alunos também”, espera a coordenadora do Programa.
De acordo com ela, a satisfação
quanto aos resultados do Agrinho
contribuíram para o sucesso do Programa desde sua implantação. “A
www.senargo.org.br
Gutiérisson Azidon
Mudanças na premiação
As professoras Gláucia, Neuracy e Márcia avaliam os
últimos trabalhos concorrentes do Programa Agrinho
divulgação ‘boca-a-boca’ do Programa por parte dos professores
contribui de forma significativa para
alcançarmos resultados satisfatórios”, garante.
Para Maria Luiza o grande prêmio é a participação da sociedade
no Programa. “O premio maior que
o Sistema Faeg/Senar ganha é a mudança desses alunos. Sem dúvidas
essa é a questão principal.” Segun-
do Maria Luiza, o Agrinho é um
modificador de comportamentos e
de atitudes que ultrapassa os muros
da escola e envolve toda a comunidade. “Os temas do Agrinho encorajam os participantes a mudarem o
comportamento e atuarem com mais
responsabilidade socioambiental”.
(leia a cobertura da premiação do
Agrinho 2012 na próxima edição da
Revista Campo.)
Dezembro / 2012 CAMPO
| 15
Jana Tomazelli
COMUNICAÇÃO
O presidente do Sistema Faeg/Senar, José
Mário, cercado pelos vencedores do 4° Prêmio
Faeg/Senar de Jornalismo
Sistema Faeg/Senar
premia jornalistas
R$ 44 mil foram distribuídos para jornalistas
que produziram as melhores matérias
relacionadas ao agronegócio neste ano.
Rhudy Crysthian | [email protected]
O
Sistema Faeg/Senar premiou,
no último dia 30 de novembro,
os vencedores do 4º Prêmio
Faeg/Senar de Jornalismo (veja lista
abaixo). Foram distribuídos R$ 44 mil
em premiações nas categorias Impresso, Telejornalismo, Fotojornalismo e
Radiojornalismo. Concorreram, nesta
edição, 50 trabalhos de profissionais
de imprensa da capital e interior – matérias e fotos publicadas em veículos
de comunicação do estado no período
de 21 de outubro de 2011 a 26 de outubro de 2012. Os trabalhos foram sobre
o tema: “Informação e Capacitação
Desenvolvendo o Campo”.
O presidente do Sistema Faeg/Senar,
José Mário Schreiner, aproveitou para
anunciar o tema do próximo ano. “Do
campo para a cidade: o desenvolvimento que caminha junto”. No próximo
prêmio serão distribuídos R$ 54 mil.
“Uma novidade é que iremos premiar
também a categoria Webjornalismo”,
disse o presidente bastante entusiasmado com o tema novo. “Será a oportunidade de explorarmos as riquezas
que o campo proporciona à cidade”.
Ainda de acordo com o presidente,
os critérios de avaliação dos jurados
são estritamente técnicos onde apuraram os melhores trabalhos para reconhecer o valor de cada um dos profissionais vencedores. “Reconhecemos o
trabalho que a imprensa faz e estimulamos esses profissionais a conhece-
rem ainda mais nosso setor”, disse.
Campeões
Para o vencedor em primeiro lugar
na categoria Radiojornalismo da Rádio
Brasil Central, Gil Bonfim, a premiação foi um reconhecimento para o trabalho da imprensa e um estímulo para
a produção de material voltado para
o setor agropecuário. “A Faeg esta
de parabéns premiando os melhores
trabalhos na área da comunicação”,
resumiu.
Segundo o jornalista Fernando
Dantas, repórter do jornal Canal Bioenergia, vencedor em primeiro lugar
na categoria impresso, a premiação
serviu para reconhecer o trabalho dos
Jana Tomazelli
bom participar desse premio. A gente
acaba adquirindo mais experiência e
sabedoria. Ano que vem tem mais”,
comemorou.
O fotojornalista Ricardo Rafael, do
Jornal O Popular, foi o vencedor da
categoria. “Fiquei muito feliz por vencer no primeiro lugar. Ano que vem
participarei novamente como todos os
anos venho participando”, destacou.
O corpo de júri de cada categoria
foi formado por três profissionais –
um membro da academia, um técnico
do Sistema Faeg/Senar e um profissional que está no mercado em veículos
de comunicação que não estão concorrendo ao prêmio e que são de outros
estados. A cerimônia de premiação foi
conduzida pela jornalista da Globo
News, Cristiana Lobo.
Jana Tomazelli
Victos Hugo e sua equipe
da Serra Dourada
levaram o primeiro
lugar em Telejornalismo
A produtora
Bruna Mastreli,
representou
o vencedor
Gil Bonfim
na categoria
Radiojornalismo
Os vencedores
Jana Tomazelli
FOTOJORNALISMO
Ricardo Rafael – O Popular
Jota Eurípedes - O Hoje
Wildes Barbosa - O Popular
JORNALISMO IMPRESSO
Fernando Dantas – Canal Bioenergia
Lídia Borges - O Popular
Pablo Hernandes - O Popular
Fernando Dantas
do Canal Bioenergia
faturou o primeiro
lugar em Jornalismo
Impresso
Jana Tomazelli
RADIOJORNALISMO
Gil Bonfim - RBC
Yara Galvão - RBC
Mariane Ribeiro – Rádio CBN
TELEJORNALISMO
Repórter - Produtor – Cinegrafista
Victor Hugo de Araujo, Yndaiá
Gomes Pereira, José Carlos Pires
TV Serra Dourada
Ricardo Rafael de O
Popular ganhou com
a fotografia mais bem
votada na categoria
profissionais que desenvolveram pautas sobre o tema. “Esse prêmio nos estimula a continuar contando as histórias de personagens que desenvolvem
o campo”.
Quem levou o primeiro lugar na
categoria Telejornalismo foi o repórwww.senargo.org.br
ter da TV Serra Dourada, Victor Hugo
de Araújo. Ele e sua equipe fizeram
uma reportagem sobre um grupo de
mulheres de Bela Vista, interior goiano, que se juntaram para realizar um
sonho, o de se tornarem empresárias
do ramo de artesanato. “Foi muito
Victor Hugo Andrade Garcia, Rafael
L. de Freitas, Roberval Marinho C.
Júnior
TV Anhanguera
Giovana Dourado, Rimenes Prado,
Marcos dos Reis
TV Anhanguera
Dezembro / 2012 CAMPO
| 17
Gutiérisson Azidon
TAXAÇÃO
Parlamentares acompanham o anúncio da
retirada do item G do projeto de Lei 188 que
aumenta e cria novas taxas da Agrodefesa
Governo cede à
pressão de produtores
Setor se une para barrar aumento e criação de novas taxas
sanitárias da Agrodefesa. Medida elevaria as cobranças
atuais em mais de 200%
Rhudy Crysthian | [email protected]
O
governo do Estado retirou da
pauta de votação deste ano,
da Assembleia Legislativa de
Goiás, o item G do projeto de Lei 188
que previa o aumento das taxas sanitárias dos serviços prestados pela Agrodefesa. O anúncio foi feito no dia 11
de dezembro, na própria Assembleia,
poucos dias antes de encerrar o ano
legislativo da Casa. A retirada do item
18 | CAMPO
Dezembro / 2012
da pauta de votação veio após forte
manifestação do setor agrícola goiano que se mobilizou contra o aumento
das taxas que chegariam, em alguns
itens, a mais de 200%. A decisão do
governo foi anunciada após reunião
entre o governador, a Faeg e entidades
envolvidas na discussão.
Segundo o presidente da Faeg, José
Mário Schreiner - quem encabeçou as
discussões em torno do tema -, os produtores reconhecem a importância dos
serviços prestados pela Agrodefesa,
mas não concordam com o aumento ou
a criação de novas taxas, especialmente em áreas onde não há projeto estrutural de defesa agropecuária e desenvolvimento do setor. “Oitenta mil
produtores goianos vivem com renda
negativa e dependem do Estado. Prewww.sistemafaeg.com.br
cisamos permitir que esses produtores
consigam alcançar uma renda melhor
e não taxá-los com novos encargos”,
argumentou.
De acordo com o líder da bancada
governista na Assembleia, o deputado estadual Hélio de Sousa (DEM), o
item G do projeto poderá voltar a ser
discutido em fevereiro, quando a Casa
retorna do recesso parlamentar de início de ano. “O governo entendeu que
é preciso discutir melhor o tema e resolvemos suprimir este item da matéria. Se houver um entendimento entre
os agentes envolvidos retomaremos as
discussões logo no início próximo ano
legislativo”, argumentou.
A propositura já havia entrado na
pauta da Assembleia no final do ano
passado e retirado de pauta a pedido
da Faeg. A discussão retornou à Casa
em novembro deste ano. Desde então,
os produtores dos diversos setores
têm se reunido para discutir os aumentos e chegar a algum consenso sobre
a elevação das taxas. Os produtores
já conseguiram adiar a votação por
duas vezes este ano. Esta é a terceira
negociação. “Precisamos chegar a um
acordo onde a maioria dos produtores
não se sinta penalizada com essas cobranças”, afirmou o representante do
setor, José Mário.
Ele reforçou que o setor ainda sofre com problemas estruturais sérios
nas áreas de infraestrutura, logística e
meio ambiente – estradas em más condições, fragilidades no fornecimento
de energia ao campo, burocracia e lentidão na emissão de outorgas e licenças ambientais.
O presidente da Frente Parlamentar
do Agronegócio na Assembleia, o deputado estadual Valcenor Braz (PTB),
destacou o compromisso e a união
entre os parlamentares que compõem
a Frente na defesa dos interesses do
setor agropecuário. Segundo ele, discutir novas taxas sem a criação de um
projeto de desenvolvimento para o setor é improdutivo para o crescimento
econômico do Estado.
Produtores rurais de Goiás se
mobilizam para barrar aumento
O presidente da Faeg,
José Mário, durante
pronunciamento aos
produtores
Cerca de 300 produtores rurais de
mais de 60 municípios goianos, mobilizados pela Faeg, se reuniram no
último dia 11 na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, para acompanhar o anúncio do deputado estadual, líder da bancada do governo,
Hélio de Sousa (DEM), sobre a retirada do item G, do projeto de Lei 188,
que prevê o aumento das taxas de
serviços prestados pela Agrodefesa.
Segundo o produtor rural de Rio
Verde, Sadi Secco, a mobilização da
classe foi muito importante. “Queremos mostrar que não adianta aumentar as taxas. O governo de Goiás
precisa melhorar o serviço que tem
prestado com o dinheiro que ele já
arrecada dos impostos que pagamos.” Ele acrescentou que, antes de
o governo aumentar qualquer taxa,
deve discutir com o setor que está
onerado em relação à carga tributária. “O governo não tem a necessidade de cobrar esse aumento para o
setor rural. Já está em dívida com os
produtores em termos de prestação
de serviços, como as estradas, energia elétrica e agilidade em processos
ambientais”, disse.
O presidente do Sindicato Rural de Jataí, Ricardo Perez, também
concorda que o aumento das taxas
é incoerente. “É injusto mais custo
para o produtor, somos nós que pagamos as despesas do Estado, por
meio dos impostos.” Ele salienta
que é preciso trabalhar em prol de
melhores serviços prestados à classe. Perez destaca que a classe produtora se considera vitoriosa com
a decisão do governador, Marconi
Perillo. “Saímos felizes, porque a
união dos produtores foi o grande
diferencial para que fosse retirado
esse item.”
Rogério de Oliveira, presidente
do Sindicato Rural de Itumbiara, defende que a conquista da retirada do
item G do projeto 188 é motivo de
alegria para a classe. “Os produtores devem se inteirar do assunto e
saber o que tange todas as regulamentações que estão no projeto.”
Safra recorde e bons
preços marcaram o ano
Produtores se despedem do ano embalados pelos bons
preços e investimentos na compra de maquinários. Falhas
na infraestrutura permanecem
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para Revista Campo
F
oi um ano sem precedentes.
Produtores rurais goianos investiram em tecnologia imprimindo maior produtividade no campo e foram ainda beneficiados com os
efeitos climáticos que favoreceram as
lavouras de milho e soja – principais
pilares do agronegócio do Estado.
A safra recorde, 18,6 milhões de
toneladas de grãos, 2,5 milhões a
mais que a anterior, contou com a
inesperada seca nas regiões produtoras norte-americana e argentina. O
20 | CAMPO
Dezembro / 2012
resultado foi a elevação do preço das
commodities. Mas o setor também
sofreu agruras. Profissionais reclamam de problemas infraestruturais
como estradas más conservadas e falta de investimentos na distribuição de
energia elétrica, além da ausência de
políticas públicas eficientes voltadas
para o setor do agronegócio.
O milho talvez tenha sido a grande
surpresa desta safra. Desacreditado
no início do ano - a expectativa de
uma super safrinha achatou os preços
da saca que rondou a casa dos R$ 15
– muitos produtores chegaram a imaginar a probabilidade de intervenção
do governo federal com o intuito de
garantir o preço mínimo. “Chegamos
muito próximo a isso em maio”, lembra o analista de mercado da Faeg,
Pedro Arantes.
Mas no apagar das luzes, a seca
nos Estados Unidos rompeu com o
cenário nacional que vinha sendo
construído. A perspectiva da quebra
de safra do maior produtor e consuwww.sistemafaeg.com.br
midor mundial de milho refletiu rapidamente em liquidez dos estoques e
aumento do valor da saca.
As mesmas intempéries climáticas
também beneficiaram a soja, que já
vinha de um baixo estoque e alcançou preços acima de R$ 70, embora
poucos produtores tivessem o produto para vender. Prova disso é que os
estoques nacionais do grão chegaram
a um limite mínimo, mas o mercado
não chegou a ficar desabastecido.
O vice-presidente institucional da
Faeg, Bartolomeu Braz, lembra que o
produtor deve Se ater ao crescimento
do consumo asiático e ao aumento da
renda da população interna, fatores
sustentáveis para o fortalecimento do
agronegócio. “A forte seca que ocorreu nos Estados Unidos é um fator natural, que pode ocorrer em qualquer
época”, ressalta.
Infraestrutura
Problemas infraestruturais
an-
tigos emperram o desenvolvimento
do setor do agronegócio e tiram a
competitividade no campo. Estradas
e portos congestionados, falta de armazéns para secagem e estocagem de
grãos são apontados como os principais gargalos.
Em nota, a Agência Goiana de
Transportes e Obras Públicas (Agetop)
apresentou projeto Rodovida Construção, Rodovida Reconstrução –grupo II
e Rodovida Conservação . Nele aponta
investimentos na reconstrução de 5.430
quilômetros de estradas em diferentes
regiões do Estado. Muitos trechos com
prazo de execução até 2014.
Celg
A bronca é direcionada também
para o setor de energia elétrica. Regiões como Montividiu, um dos celeiros
do sudoeste goiano, sofre com a carência de energia elétrica para manutenção de armazéns.
Em nota, a companhia estima que
serão investidos, em 2013, desembolsos superiores a R$ 60 milhões com
limpezas de faixas, podas e melhorias de rede, que devem ajudar a minimizar interrupções do fornecimento causadas de decorrentes descargas
atmosféricas até interferências de vegetação. Este ano foram investidos,
conforme nota, R$ 200 milhões nas
manutenções de redes urbanas e rurais. Para 2013, a Celg prevê a captação da mesma quantia em toda a área
de concessão.
Segundo Pedro Arantes, a ausência de políticas públicas eficazes para
o setor gera intranquilidade ao produtor rural. Ele acredita que o seguro agrícola nacional deveria seguir os
moldes das regras vigentes nos Estados Unidos. Lá, conta, o seguro cobre
80% da receita esperada. “O produtor
não consegue bancar sozinho. O seguro não tem de cobrir só as perdas
físicas. A política de preço mínimo é
muito pontual”, critica.
Mesmo com o clima um pouco
incerto se comparado ao do ano passado, em função da incidência do fenômeno El Niño – cujas principais características são atrasar as chuvas no
início do plantio e interrompê-las um
pouco mais cedo - profissionais ligados ao setor de grãos estão otimistas
quanto ao desempenho das lavouras
em 2013. Além disso, estimativas
apontam que 65% da safra de soja já
tenham sido comercializadas em função dos bons preços praticados pelo
mercado este ano.
Inicialmente, segundo Pedro
Arantes, a perspectiva era de que a
safra de grãos batesse novo recorde,
rondando 20 milhões de toneladas.
O atraso das chuvas no início do
período de plantio e a possibilidade
de diminuição da área destinada ao
milho safrinha podem comprometer
esta meta. Outro ponto é que, em algumas regiões do Estado, a estiagem
www.senargo.org.br
Marcus Vinicius
Grãos – instabilidade climática
Produtores de grãos estão otimistas quanto
a próxima safra
acometida após o plantio resultou na
necessidade de replantio de sementes – atrasando ainda mais o ciclo.
“Por isso, acredito que a safra de
2013 deva ser próxima a deste ano”,
explica.
Neste caso, o vice-presidente institucional da Faeg, Bartolomeu Braz,
explica que alguns deixarão de plantar e outros apostarão no sorgo, considerada uma cultura mais rústica.
Ele lembra que a agricultura de precisão é uma estratégia para o produtor tentar reduzir essas perdas. “Ele
ganha em produtividade e diminui os
custos”, aconselha.
Dezembro / 2012 CAMPO
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2012 foi considerado um ano ruim
para a bovinocultura de corte
Os mesmos fatores que beneficiaram os produtores de grãos criaram
um descompasso para produtores de
gado de leite e corte, suínos e aves. A
elevação do preço do milho e da soja,
principais componentes da ração animal, onerou o custo de produção gerando prejuízos para muitos produtores. A expectativa é que o mercado se
adeque e a balança fique equilibrada
para a continuidade salutar das atividades.
“Foi um ano muito ruim”, desabafa o presidente da Comissão de gado
de corte da Faeg, José Manoel Caixeta. Ele explica que o setor amargou prejuízos em função do aumenJana Tomazelli
Gado de leite
preço pode
melhorar
Jana Tomazelli
Fernando Leite
Gado de Corte – ano fraco
to do custo de produção e redução
do preço da arroba do boi. O custo
de produção, calcula, atingiu R$ 85,
enquanto o preço caiu consideravelmente. José Manoel conta que boa
parcela de culpa desse desempenho
ruim também pode ser ligado à retração dos consumos mundial e interno.
Prova disso, diz, é que o ano deve findar com uma redução no número de
cabeça de gado abatidos.
Ele acredita que irá ocorrer uma
redução no custo de produção, em
função de uma ligeira queda dos preços das commodities. “Alguns especialistas estão prevendo isso. O que
nos acalma um pouco mais”, ressalta.
Algodão – diminuição de área
O tom foi de cautela. Embora
permaneça como o terceiro Estado
produtor da Federação, Goiás diminuiu a área de plantio – caiu de 108,3
mil hectares, em 2011, para 89 mil
hectares em 2012.
O preço ficou abaixo do esperado
pelos produtores de algodão em função dos altos estoques mundiais. “Os
Goiás diminuiu a área plantada
de algodão este ano
22 | CAMPO
Dezembro / 2012
preços internacionais estavam baixos
por causa da regularização dos estoques”, afirma Bartolomeu Braz. Além
disso, dados da Conab apontam desaceleração no consumo do produto.
“Hoje o algodão compete com os
sintéticos”, lembra Bartolomeu. Para
2013, Pedro Arantes acredita que o
preço do algodão deva reagir.
O presidente da Comissão
de gado de leite, Antônio
da Silva, acredita que 2013
baterá as expectativas
Produtores de gado leiteiro começaram este ano com a expectativa na elevação do preço do litro do leite, o que não ocorreu de
forma significativa. A frustração,
sentimento que costuma emperrar
investimentos em muitos setores,
não refletiu em desânimo. A estabilização dos preços, situação rara
para a atividade, proporcionou
possibilidade de planejamento para
o produtor”. Foi um ano muito melhor que 2011 e acreditamos que
2013 será ainda mais vantajoso”,
afirma o presidente da comissão de
gado de leite da Faeg, Antônio da
Silva Pinto.
O otimismo está baseado no
aumento do consumo de produtos
derivados do leite (queijo, iogurte)
e perspectiva de elevação do preço
do litro do leite. “Mas o produtor
tem de fazer investimentos de forma programada e com acompanhamento técnico”, alerta.
www.sistemafaeg.com.br
Mesmo tendo sofrido impacto
menor que produtores da região Sul
do País, os suinocultores goianos
talvez sejam os produtores que mais
tenham sofrido na cadeia do agronegócio este ano. Com preços de venda
baixo e alto custo de produção, suinocultores trabalharam no vermelho
praticamente até setembro.
Muitos saíram da atividade ou diminuíram o plantel. Para se ter ideia,
o custo de produção atingiu R$ 2,80
por quilo do animal, após o aumento
dos preços do milho e soja, principais
componentes da ração, enquanto o
produtor de suínos vendia a R$ 2,30.
O presidente da comissão de sui-
nocultura da Faeg, Iuri Pinheiro, lembra que em momentos de crise, os
produtores goianos ainda competem
com a carne oriunda do Mato Grosso,
cujo custo de produção é mais barata.
“Sempre que ocorre esse tipo de crise
eles entram com os animais aqui. Agora que o preço está melhor, eles buscam o mercado de São Paulo”, afirma.
Há dois meses, o setor vive uma melhora no preço de venda. Atualmente,
diz, os produtores estão comercializando em torno de R$ 3,45 o quilo. A
perspectiva para 2013, diz, é de que os
preços continuem estáveis. “Mas acreditamos também que o custo de produção devem continuar alto”, explica.
Jana Tomazelli
Suínos - preços baixos e autos custos
Setor de suinocultura foi um dos
mais afetados durante o ano
Cana-de-açúcar - atraso na colheita
da foi menor. “Quando as máquinas
entraram e viram que a produção era
maior, elas demoraram mais para tirar a cana”, explica o presidente da
comissão de cana-de-açúcar da Faeg,
Ênio Fernandes. Neste caso, a capitalização do produtor foi com um pouco mais de lentidão.
Ênio lembra que algumas áreas
podem ficar ainda sem colher, embora muitas indústrias estão prevendo
colheita até o fim do ano. “A entressafra será mais curta e os estoques
estão altos”, diz. A soma desses dois
Aves - instabilidade do preço da ração
“A possibilidade de faltar farelo
de soja causou intranquilidade no
setor”, lembra o presidente da comissão de avicultura da Faeg, Uacir
Bernardes. Essa foi a maior preocupação em um ano marcado pelo
aumento do custo de produção. Esse
incremento afetou diretamente o
preço do frango.
Uacir explica; a ração representa 70% do valor do custo de produção das aves. Ele conta que os
avicultores conseguiram recuperar
um pouco o preço, mas o que salvou foi o mercado interno. Embora
o País seja o maior exportador de
aves mundial, com a consolidação
da crise europeia, houve retração
nas vendas para outros países, mas
o mercado interno surpreendeu ao
absorver este volume.
Ele acredita que, apesar dos preços das commodities não retraírem
muito em 2013, o produtor de aves
terá um cenário mais claro. “Teremos
valores mais constantes e acredito
que não seremos pegos de surpresa”, afirma. O mercado interno, diz,
deve continuar forte. Já com o mercado externo, Uacir é mais modesto.
Segundo seus cálculos, as exportações devem aumentar até 2%.
aspectos deve corroborar para que a
margem de lucro do produto continue baixa. “Como o governo subsidia
o petróleo e não dá sinais positivos
para o setor sucroenergético, as margens ficam negativas”, diz.
Nem o açúcar, considerado a válvula de escape do setor, escapou
de um 2012 tumultuado. Houve boa
produtividade nos países produtores.
“Além disso, a Rússia, maior comprador do açúcar brasileiro, está caminhando a passos largos para a independência” diz Ênio.
Marcus Vinicius
Um erro de cálculo no planejamento da colheita da cana-de-açúcar
diminuiu a capacidade de colheita
do setor. A previsão de colher propositalmente com 15 dias de atraso
tinha o intuito de elevar o Açúcar
Total Recuperável (ATR). Entretanto,
quando as máquinas entraram na lavoura a chuva incidiu de forma inesperada.
Outra surpresa foi constatada na
região Sudoeste do Estado – a produtividade estava mais alta que o
previsto. Sendo assim, a área colhi-
Preço da ração para aves
preocupou setor durante o ano
Gutiérisson Azidon
CADEIA LEITEIRA
Presidente do Sistema Faeg/
Senar, José Mário, faz a
abertura oficial do evento
Futuro da produção
de leite em debate
Congresso Internacional do Leite discute alternativas
para crescimento sustentável do setor
Rhudy Crysthian | [email protected]
24 | CAMPO
Dezembro / 2012
www.sistemafaeg.com.br
C
ooperativismo, desenvolvimento do setor, desafios da cadeia
láctea e produção com sustentabilidade deram o Norte dos debates
durante o 11° Congresso Internacional
do Leite, realizado por uma parceria do
Sistema Faeg/Senar e Embrapa Gado de
Leite, em Goiânia, nos dias 21 a 23 de
novembro. No evento, produtores rurais, estudantes e pesquisadores se reuniram para discutir e atualizar questões
relacionadas com a sustentabilidade e
competitividade da pecuária leiteira no
Brasil, e, também elaborar uma agenda
de políticas públicas para o fortalecimento do negócio do leite no país.
“Em Goiás 65 mil propriedades
produzem leite diariamente. São 246
municípios, que geram 220 mil empregos. Essa é a cadeia mais produtiva do
Estado”, destacou o presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner
durante a abertura do evento. O presidente lembrou que em 2009, foi feito pelo Sistema Faeg/Senar um diagnóstico da cadeia leiteira. Nos dados
colhidos ficou provado que 82% dos
produtores de Goiás não tinham assistência técnica na produção. “Observamos ainda que 56% dessas pessoas
obtinham informações por meio de vizinhos e 46% dos filhos de produtores não tinham interesse na sucessão
familiar”, lembra.
Ele acrescenta que a partir dessas informações o Sistema passou
a trabalhar mais intensamente para
levar conhecimento e assistência a
todos os produtores. “Temos no Senar Goiás mais de 1,5 mil cursos de
capacitação voltadas para o leite.”
José Mário acrescenta que ainda assim não é o suficiente para atingir os
60 mil produtores goianos. “Isso nos
estimula a trabalhar ainda mais por
essa classe.” José Mário aproveitou o
evento e anunciou que será criado no
município de Bela Vista o 1º Centro
de Excelência em Produção de Leite.
“Esse é um projeto da CNA e o Senar
Central. Nossa meta é formar alunos
e capacitar técnicos de todo o Brasil.”
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Dezembro / 2012 CAMPO
| 25
Duarte Vilela, chefe geral da Embrapa Gado de Leite, destacou que
Goiás é o quarto maior produtor de
leite no país e o Brasil ocupa a sexta colocação no ranking mundial. “O
Estado tem muito que ensinar para os
demais Estados brasileiros.” Ele acrescentou ainda que na década de 1990 o
Brasil produzia 22 bilhões de litros de
leite. Em 2011 esse número subiu para
32 bilhões. “Nossa expectativa é que
esse ano alcancemos a marca de 33,2
bilhões de litros produzidos.”
De acordo com o secretário de
Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Irrigação de Goiás (Seagro), Antônio Flávio Camilo, o Brasil é um
ponto de equilíbrio, onde o país tem
condições de alimentar o mundo. O
secretário disse também que os goianos têm sorte de ter entidades como
a Faeg e o Governo Estadual. “Juntos
eles trabalham para apoiar e melhorar o setor agropecuário.”
Essa é a terceira vez que o Congresso é realizado na capital de Goiás, que
sediou a primeira edição, em 2001. Os
participantes do 11º Congresso Internacional do Leite contaram ainda com
a apresentação de 134 pôsteres científicos compostos por temas ligados
a atualidade do leite. Os trabalhos
eram de professores, pesquisadores,
extensionistas e estudantes da área de
ciência agrária voltada para a cadeia
leiteira de todo o Brasil.
O presidente da Organização das
Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas, foi moderador
de um painel sobre o assunto. Segundo ele é preciso pensar a cadeia
leiteira de maneira mais estratégica.
“Temos que ter visão clara de onde
o setor lácteo vai estar daqui a 20
anos”, disse. O Ex-ministro da Agricultura e Coordenador do Centro de
Estudos do Agronegócio na Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, falou do Cooperativismo no
Mundo. Ele destacou o estudo de
uma importante entidade americana que cuida da economia alimentar, onde foi constatado que a oferta mundial de alimentos vai crescer
20% em dez anos. “O Brasil vai ter
que crescer 40%. Enquanto o mundo
cresce 20%, o nosso país vai ter que
aumentar o dobro da sua produtividade alimentar. Isso significa que
existe uma demanda sobre nós. É o
mundo dizendo que é necessário que
o Brasil cresça mais do que o restante”, explicou.
Os participantes do Congresso
acompanharam também a experiência de sucesso da Cooperativa Fonterra, apresentada pela professora
Associada de Gestão do Agronegócio
e Co-diretora do Programa de Agricommerce da Massey University, Nicola Shadbit, da Nova Zelândia. Com
tradução simultânea, ela iniciou falando que se for olhar para o modelo
26 | CAMPO
Dezembro / 2012
Gutiérisson Azidon
Cooperativismo em destaque
Duarte Vilela, chefe geral
da Embrapa Gado de Leite,
destacou as potencialidades de
Goiás para a produção de leite
de cooperativismo, percebe-se que é
uma construção social. “Os membros
são valorizados.” Nicola explicou que
existe diferença entre o cooperativismo e as empresas. “Nas cooperativas
é olhado no final do dia uma mutualidade, onde existe a coesão social e
o balanço de interesses.” Ela salienta
que cooperativas, como a Fonterra,
tem como seu principal ativo os membros que a compõem. “Os funcionários da Fonterra são apaixonados pelo
o que fazem. E isso permite gerenciar
a cooperativa de um modo melhor.”
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Sucesso
Bernardo Macaya, presidente da
Fepale, vice-presidente e diretor do
Conselho Administrativo da Cooperativa Dos Pinos, da Costa Rica, relatou o sucesso da entidade. Criada
em 1947, a cooperativa é considerada uma das mais conceituadas do
país. “Ela começou pequena e, hoje,
é composta por sócios que buscam
vender seu leite e receber o valor
necessário.” Segundo Macaya, a
Dos Pinos tem todo um processo de
produção. “Essa cadeia vai da produção de alimentos concentrados,
da equipe para o sistema de ordenha, além dos centros de distribuição até os nossos produtos que são
colocados nos pontos de vendas.”
Desenvolvimento do setor
Melhorar o sistema de produção, investimentos em capacitação
profissional, e planejamento setorial de longo prazo são alguns dos
ingredientes que formam a receita
para melhorar o desenvolvimento
do setor produtivo do leite no Brasil.
A grade de indicações é do diretor
executivo da consultoria Agripoit e
coordenador do portal Milkpoint,
Marcelo Pereira de Carvalho. Marcelo fez parte do painel Desafios para
a Cadeia Produtiva do Leite Nacional – na visão do setor produtivo.
De acordo com o consultor, o aumento do consumo de produtos lácteos no Brasil, que dobrou nos últi-
mos dez anos, foi ocasionado graças
à elevação da renda e do poder de
compra do consumidor brasileiro.
O diretor do Departamento de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Argileu Martins da
Silva, tratou sobre o tema, mas em
um viés da assistência técnica. Segundo ele, a produção agrícola atual, seja ela familiar ou empresarial,
deve ser embasada não só em altos
índices de produtividade, mas também na sustentabilidade, tanto da
atividade quanto calcada nas questões ambientais e sociais nas quais o
setor produtivo está inserido.
Cadeia internacional
Entidades de pesquisas para o setor lácteo de diversas Nações se reuniram durante o Congresso para debater e comparar as características de
produção de cada país e as ferramentas disponíveis de pesquisa para o
setor. Durante o painel Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na Pecuária
Leiteira, o coordenador do Núcleo de
Gestão do Agronegócio da Fundação
Dom Cabral, Alberto Duque Portugal, fez a introdução de alguns países, principais produtores de leite da
União Europeia, como a França.
O delegado internacional do Departamento de Fisiologia Animal e
Sistemas de produção Animal do
INRA, um instituto de pesquisa e
desenvolvimento agropecuário semelhante a Embrapa no Brasil, Jonathan
Levin, detalhou as especificidades da
produção de leite naquele país e comentou o trabalho do setor em desenvolver ferramentas de pesquisa para
melhorar a rentabilidade da atividade.
Segundo ele, o setor de pesquisa
agropecuária francês utiliza um montante de aproximadamente ¤$ 730
milhões de euros destinados em três
macro vertentes de pesquisa: alimen-
tos e segurança alimentar, agricultura e meio ambiente. Ele comentou
que a França produz 24 bilhões de litros de leite por ano, atrás apenas da
Alemanha. Apenas 30% do rebanho
leiteiro é criado em sistema intensivo,
o restante em pastagem.
Em 2011/2012, as entregas de leite
em França superaram os 24 bilhões de
litros, o que supõe um aumento de 4%
em relação ao período. Este valor é o
mais alto alcançado desde 1998. “Estamos trabalhando agora para tentar aumentar os preços do leite e a qualidade
do produto”, ressaltou o pesquisador
francês. A grande questão é como os
franceses pretendem melhorar a produção na mesma proporção que devem
elevar a qualidade do produto para
atingir preços mais vantajosos.
Outros países
Para o pesquisador da Nova Zelândia, Kevin Macdonald, a resposta
para a equação produtividade-custo-lucro está na genética. Ele explica
que 73% do rebanho neozelandês é
de vacas inseminadas artificialmente.
“A produção de leite no país é bastante desenvolvida, girando em torno
de 16 bilhões de litros ao ano, o que
corresponde a 3% da produção mundial”. Nos últimos cinco anos as exportações neozelandesas cresceram
40%, enquanto a produção aumentou
30%. Isso mostra a grande vocação
exportadora do país. 30% da riqueza
da Nova Zelândia vem do leite.
Graham Plastow, CEO da Livestock Gentec Ctr, University of Alberta,
um importante instituto de pesquisa
em genética animal no Canadá, tratou
do tema, mas algumas características
importantes diferenciam as práticas
do Brasil e do Canadá em relação à
produção de leite ou dos demais produtos do setor agropecuário. O clima
de lá é uma dessas características:
durante alguns meses, as temperaturas em algumas regiões oscilam
entre 30ºC e -30ºC, que inviabiliza o
uso constante de pastagens e a criação extensiva. O sistema utilizado é o
de confinamento, com raras exceções
em que as vacas são levadas às pastagens, durante o período de verão.
Como o inverno é muito rigoroso e
a neve cobre totalmente os campos
canadenses, o rebanho permanece
confinado em grandes estábulos.
OCUPAÇÃO
O novo El Dourado
goiano
Em busca de terras mais baratas produtores migram
para o Norte do Estado
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para Revista Campo
28 | CAMPO
Dezembro / 2012
www.sistemafaeg.com.br
Jana Tomazelli
P
rodutores da região Sudoeste de
Goiás e de outros Estados são os
principais responsáveis pela mudança ocorrida, aos poucos, das paisagens
de municípios localizados na região Norte.
As pastagens, anteriormente tomadas por
cabeças de gado, agora cada vez mais dividem espaço com lavouras de grãos.
Sufocados pelas baixas perspectivas de crescimento em outras regiões
e elevação do preço do arrendamento
de terra, principalmente em função
da expansão das lavouras de cana-de-açúcar no Sul e Sudoeste do Estado,
produtores de grãos estão em busca
de terras abertas, mais baratas e com
possibilidade de crescimento.
Segundo o produtor, Moacir José
Rodrigues Júnior, a pressão do crescimento de lavouras de cana-de-açúcar,
na região de Santa Helena de Goiás,
Sudoeste do Estado, resultou em um
encarecimento sem precedentes do
arrendamento da terra. Em um curto
espaço de tempo, diz, o valor de arrendamento, dependendo da localização,
saltou de 10 sacas por hectare para até
15 sacas por hectare, um incremento
de 50%. “Eu pagava 12 sacas por hectare. Esse preço estava tornando a atividade insustentável”, afirma.
De olho em uma mudança de perspectiva, Moacir conta que começou a
visitar municípios localizados em regiões mais ao Norte. Viajou para a Bahia
(BA), Mato Grosso (MT), Tocantins
(TO) e Maranhão (MA), mas decidiu
estabelecer-se em Porangatu Norte
goiano ao estudar o clima e acompanhar os resultados de produtores.
Ele diz que se surpreendeu com a
quantidade de terras degradadas pela
pecuária em até 30 anos de atividades,
O produtor Moacir José foi empurrado para
o Norte do Estado devido ao crescimento da
cana na região de Santa Helena
com a oferta de terras e com sistema
pluviométrico e regime de chuvas similares aos de Santa Helena de Goiás.
Desde abril, o engenheiro agrônomo realiza visitas quinzenais à região
constatando resultados de lavouras
em fase finais. Em junho passou a
investir em área para plantar. Ele arrendou 1,5 mil hectares de terra. “Sai
de uma realidade de 12 sacas por hectare e fui para uma de uma ou duas
sacas por hectare”, calcula. Este ano,
em função da análise de crédito e por
questões ambientais, vai plantar em
apenas 600 hectares.
Lavoura-pecuária
A ideia do produtor é adotar regime de integração lavoura-pecuária.
“Com isso, temos melhor produtividade de grãos e otimizamos a área
para a pecuária” , calcula. Moacir deve
investir em gramíneas mais exigentes,
que resultam em melhor rentabilidade
de produção animal. “Tiro a soja e entro com a gramínea”, explica
Terras mais baratas
A assessora técnica da Faeg para a
área de pecuária de corte, Christiane
de Paula Rossi, diz que esse movimento de integração é lento, contínuo, porém, crescente. Com áreas abertas e
degradadas pela pecuária, municípios
de Niquelândia, Mutunópolis, Poranwww.senargo.org.br
gatu, Novo Planalto, São Miguel do
Araguaia e Uruaçu, possuem características semelhantes e que despertam
atenção de produtores com sede de
crescimento.
A região concentra gado de cria,
bezerros, mas também confinamento.
Com a descoberta, aos poucos, das
vantagens da pecuária sustentável,
diversificando opção de investimento
de capital, muitos estão recuperando
a área com adubação. “A soja fixa nitrogênio, tem a palhada. É interessante a integração de pecuária e lavoura
Dezembro / 2012 CAMPO
| 29
Jana Tomazelli
na região” diz.
Para tanto, o produtor rural e engenheiro agrônomo, Renato Marques
Azevedo calcula que terá o custo de
produção mais elevado, pelo menos,
nas primeiras três safras para o preparo do solo com adubação, gesso e
calcário. “Além do óleo diesel que
está muito caro”, afirma. Renato diz
que, recentemente, estão ocorrendo
mudanças significativas na forma de
adubar e por isso, não há como mensurar a porcentagem de aumento de
custo de produção se comparado a
uma área onde a agricultura já está
consolidada.
Renato também é um desses produtores em busca de expansão de
terras. Estabelecido em Rio Verde,
Sudoeste do Estado, este ano, resolveu buscar novos horizontes. “A região está praticamente limitada para
procura de áreas maiores e o arrendamento está muito alto”, diz.
Renato vendeu 125 hectares em
Rio Verde. Com o dinheiro adquiriu
411 hectares em Novo Planalto. Desta área, 300 hectares serão plantados soja. Em boa parte do restante,
Renato idealiza a entrada de cabeças de gado.
Entretanto, arrendou mais outros
500 hectares para plantar soja. Ele
conta que nesta área já havia sido implementado lavoura e, por isso, está
pagando três sacas por hectare, preço ligeiramente superior ao cobrado
na região.
Em áreas bem trabalhadas, o produtor e engenheiro agrônomo admi-
Fugindo dos valores altos de
arrendamento, o produtor Renato
Marques migrou para o Norte goiano
te que a produtividade é igual a do
Sudoeste do Estado. A deficiência
está na incapacidade de produzir
safrinha. Apesar da quantidade pluviométrica ser semelhante a algumas
regiões do Sudoeste do Estado, elas
começam um pouco mais tarde.
Para se ter ideia, Renato planeja iniciar o plantio no dia 10 de novembro.
Segundo sua previsão, tempo necessário para que a quantidade de chuva
cumpra a missão de germinar a semente.
O engenheiro é otimista. Ele
acredita que, em breve, a região tem
potencial para produzir safrinha.
Para tanto, são realizadas pesquisas
de variedades de ciclos mais curtos
e adaptadas à região. “Com o ciclo
mais curto, será possível entrarmos
com milho ou soja”, conta.
Perspectivas
“Precisamos estreitar as relações
entre os produtores de grãos e os
pecuaristas. A oportunidade é ímpar”, diz o engenheiro agrônomo,
Maurício Velloso. Há 28 anos morando em Porangatu, Maurício explica que está trabalhando há muitos
anos com a política de integração
lavoura-pecuária.
Ele afirma que a região não perde
para nenhuma outra em produtividade, desde que seja aplicado manejos
criteriosos. Ele conta que o primeiro
ano de uma lavoura pode render entre 45 e 53 sacas por hectare. No primeiro ano, em função da aplicação
de insumos e regularização do solo,
os gastos equivalem aos lucros. “É
um zero a zero com louvor”, diz.
“Além disso, aqui temos uma
logística mais simples. Os insumos
chegam e saem mais facilmente”, diz,
lembrando da Belém-Brasília e relatando as boas condições de outras
estradas da região. Milho, milheto,
sorgo e girassol já são culturas comumente plantadas na safrinha.
Região ainda é carente de infraestrutura
O produtor rural e vice-presidente
Institucional da Faeg, Bartolomeu
Braz, compartilha da opinião de outros produtores rurais. Conforme ele,
toda a infraestrutura adequada para
a produção de grãos instalada nas
Regiões Sul e Sudoeste do Estado,
como assistência técnica especializada, presença de empresas de maqui30 | CAMPO
Dezembro / 2012
nários, armazéns, entre outros atrativos, estão encarecendo as terras nas
proximidades, dificultando a expansão da atividade. A competitividade
com o algodão, feijão e cana-de-açúcar também são considerados fatores
fundamentais para essa ascensão de
valores de mercado. “O custo benefício para algumas culturas tornou
difícil a competição com culturas de
maior valor agregado”, diz.
Impulsionado pelo aumento da demanda, especialmente asiática, e boas
perspectivas de mercado, o produtor
foi em busca de novos áreas. A Região
Norte de Goiás, embora reconhecidamente cravada em uma localização de
solos considerados menos férteis, foi o
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www.senargo.org.br
em cartório que comprove sua legalidade, impedindo a negociação.
Em relação à infraestrutura,
Bartolomeu vivenciou a falta de
armazéns necessários para estocar
grãos na última safra. Ele conta que
rodou 270 quilômetros para encontrar uma estrutura adequada para
fazer secagem e pré-limpeza dos
grãos. “Se tiver com alta umidade e
demorar a secar pode apodrecer os
grãos”, diz.
Uma alternativa encontrada por
produtores foi estocar os grãos em
silobags – uma forma de colher o
produto seco com condições para
armazenamento de até oito meses.
Mas o mesmo sistema não se mostra eficiente em ambientes de alta
umidade. Outra constatação é a falta de balanças para pesagem. Com
o intuito de minimizar essas agruras, pequenos grupos de produtores estão se organizando, aplicando
recursos e imprimindo velocidade
na readequação da estrutura local.
Jana Tomazelli
ponto escolhido pelo produtor para
plantar, até o fim de novembro, 3
mil hectares de soja. “Como é uma
região de clima mais quente, com
altitude e latitude mais baixa, o produtor vem pela coragem e espírito de
empreendedorismo”, ressalta.
A perspectiva é de que sejam
colhidos 42 sacas por hectare. O
número é reduzido em função de
ser a primeira safra. Em outros 500
hectares onde o produtor já está
trabalhando pela segunda vez o
solo, o número já surpreende. São
esperadas 55 sacas por hectare.
“Você vai domesticando a terra”,
explica.
Embora as terras sejam mais baratas há dificultardes intrínsecas à
região. A lentidão de órgãos reguladores para licenciar terras, travados pela burocracia principalmente
da legislação ambiental, a falta de
infraestrutura e logísticas adequadas. Bartolomeu conta que muitas
terras não há documento registrado
Bartolomeu reclama da
falta de infraestrutura na
região Norte
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Andréia Peixoto
DELÍCIAS DO CAMPO
Bolo Rei Brasileiro
Ingredientes:
03 ovos inteiros
1 ½ xícara de chá de açúcar
100 gramas de margarina
250 mls de leite
2 ½ xícara de chá de farinha de trigo
01 xícara de chá de uva passas
01 xícara de chá de frutas cristalizadas
Raspas de laranja a gosto
01 colher de pó royal
Rende apro
ximadam
8 porçõeente
s
Receita elaborada pelo técnico em Cozinha
Rural do Senar Goiás, Ângelo Armando.
Envie sua sugestão de receita para
[email protected] ou
ligue (62) 3096-2200.
Modo de preparo:
Passe as uvas e as frutas cristalizadas na farinha de trigo e reserve. Em seguida, bata
todos os outros ingredientes e coloque as uvas e as frutas cristalizadas com o pó
royal. Unte um tabuleiro redondo enfarinhado. Despeje a massa na forma e leve para
assar ate dourar.
DICA: Decore com frutas cristalizadas ao redor com açúcar refinado por cima. Serve
para festas natalinas e ate mesmo para aniversários ou no dia a dia.
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CAMPO RESPONDE
Estou com dificuldades para limpar uma espécie de
samambaia que cobre a água de alguns açudes em
minha propriedade. O que pode ser feito?
Edilson Rodrigues Marques
Esse tipo de vegetação é muito trabalhoso de controlar. O que acontece é que o pessoal faz os açudes
em área com muita matéria orgânica (área de APP),
e essa M.O serve de nutrientes para estes vegetais.
Pode ser utilizado Carpa Capim para reduzir uma
pouco da vegetação. Outra maneira é remover mecanicamente mesmo.
CONSULTOR: FABRÍCIO ROMÃO GALDINO, técnico da Aquatropic
Nunca vi raio cair em mangueiras. Gostaria de saber se isso é verdade ou crendice?
José Viana Guimarães
De Ipameri
O raio cai em qualquer árvore, nenhuma estar imune.
Existem três tipos de influência quando se relaciona
à queda de raio em árvores:
1- A influência da altitude;
2- Da quantidade de seiva ou líquido existente nela;
3- E a profundidade das raízes.
CONSULTORA: ROSIDALVA LOPES, superintendente de
Políticas e Programas de Pesquisas e Desenvolvimento da
Shutter
Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia de Goiás.
Envie sua pergunta para [email protected] ou ligue (62) 3096-2200.
www.senargo.org.br
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Jana Tomazelli
CASO DE SUCESSO
Mulheres se unem para se
tornarem empreendedoras
Empreendedorismo
para elas
D
Grupo de 12 mulheres se
une e, juntas, dão início ao
próprio negócio
Leydiane Alves | [email protected]
34 | CAMPO
Dezembro / 2012
oze mulheres reunidas e o
sonho em comum: abrir o
próprio negócio. Foi com esse
pensamento que Leide Aparecida de
Souza Moraes e mais 11 mulheres do
Assentamento Jenipabu, no município de Acreúna, decidiram participar
do curso de panificação rural, oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás). “Os homens do assentamento trabalhavam
com o leite e as mulheres queriam
ajudar seus companheiros, mas não
sabiam como. Foi aí que nasceu a
ideia de abrir uma panificadora onde
todas podiam cooperar e lucrar com
a iniciativa.”
O ramo escolhido por elas foi influência de outro assentamento. Leide conta que, ela e as companheiras
visitaram um assentamento onde
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as mulheres produziam alimentos
que eram repassados às instituições.
“Achamos inovadora a iniciativa delas e imaginamos que seria interessante fazer o mesmo trabalho no nosso local de moradia”, lembra Leide.
E a inspiração obtida do assentamento visitado foi tão grande que até
o local de revenda dos alimentos elas
decidiram que seria parecido. “Essas
mulheres repassavam os alimentos,
produzidos na panificadora para as
escolas estaduais e municipais da
região.” Leide conta que a intenção
delas era, assim como as assentadas
modelos, entregar as quitandas nas
escolas de Acreúna. “Essa era a nossa
meta, desde que iniciamos o treinamento.”
O empenho e a força de vontade
foram fundamentais para que as muwww.senargo.org.br
panificadora e nos doou um veículo
que é usado para a distribuição dos
alimentos”, lembra.
Com os objetivos traçados e parte deles realizados, Leide Aparecida,
conta que ela e as outras assentadas
só têm motivos para comemorar.
“Com os contratos nós já conseguimos quitar praticamente todas as
dívidas obtidas com a criação da panificadora.” E ela destaca que o que
entrar de verba, a partir de agora, será
usado para melhorar as instalações
da panificadora. “Nossa intenção é
deixar a panificadora cada vez melhor e espaçosa”, conta.
Em meio a tantas realizações, Leide, ressalta que o trabalho oferecido
pelo Senar Goiás foi fundamental para
dar andamento ao projeto. “Sem dúvidas, o treinamento foi de suma importância para chegarmos nesse nível.
E nossa intenção e nós aperfeiçoar
ainda mais, para melhorar a qualidade dos nossos produtos.” As mulheres do acentamento Jenipabu também
participam dos programas Com Licença Vou à Luta e o programa Gestão da
Produção Artesanal (Proarte).
Jana Tomazelli
lheres do Jenipabu conseguissem a
meta. “Procuramos um profissional
da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Rio Verde, que
nos deu as instruções de como produzir o projeto.” Leide lembra que
depois do documento montado, elas
foram até às escolas e conseguiram
fechar parcerias voltadas para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
O contrato foi fechado no início
de 2011. Os alimentos são distribuídos periodicamente às escolas de
rede estadual, municipal e um abrigo. E o contrato com as escolas foi
muito rentável às assentadas. “Nós
conseguimos firmar uma parceria de
R$ 80 mil com as instituições. Dessa
maneira pudemos dar início ao nosso
sonho.” E elas já conseguiram fechar
outro contrato, nesse ano de 2012, de
quase R$ 70 mil.
Outro fator fundamental para o
bom andamento do negócio, segundo Leide, foi a ajuda do prefeito de
Acreúna, Vander Carlos de Souza.
“Ele nos ajudou com a reforma da
Leide Aparecida
buscou no Senar Goiás
capacitação para
abrir empresa
Dezembro / 2012 CAMPO
| 35
Shutter
CURSOS E TREINAMENTOS
Qualificação com Arte
Andréia Peixoto
Consultora do Proarte | [email protected]
EM NOVEMBRO, O SENAR PROMOVEU
271 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL
23
94
12
4
4
82
52
Na área de
agricultura
Em atividade
de apoio
agrossilvipastoril
Na área de
silvicultura
Na área de
agroindústria
Na área de
aquicultura
Na área de
pecuária
Em
atividades
relativas à
prestação de
serviços
36 | CAMPO
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www.sistemafaeg.com.br
O
Senar Goiás, por meio do Programa de Gestão da Produção
Artesanal (Proarte), qualificou
mais de 200 artesões em 15 municípios Goianos neste ano. Inicialmente,
os artesãos participaram de uma entrevista onde conhecemos a realidade e o
perfil de cada um, compreendemos o
processo comercial dos produtos, além
de identificar a tipologia predominante em cada município, bem como as
principais dificuldades.
O Proarte proporcionou aos artesãos a oportunidade de participar de
vários treinamentos, tais como empreendedorismo, onde identificaram
e reforçaram as características empreendedoras; como calcular o preço das
peças, considerando todos os elementos necessários para realizar o cálculo,
além de técnicas de vendas e acesso
ao mercado.
Durante as viagens percebemos
que o artesanato nos municípios contemplados é um campo vasto a ser
explorado, a produção artesanal ainda
é tímida, a comercialização caminha a
passos lentos, mas essa situação pode
estar vinculada às grandes dificuldades enfrentadas tais como: indisponibilidade de recursos para adquirir a
matéria-prima, distância do mercado
consumidor, falta de qualificação e
desmotivação.
Esse cenário será modificado, pois
os artesãos ao participarem dos treinamentos oferecidos pelo Senar, Goiás,
desenvolveram as habilidades necessárias para a mudança, pois aperfeiçoaram as técnicas artesanais, com isso
foi provocada uma reflexão crítica do
processo artesanal, onde o artesão se
identifica como profissional a ser reconhecido. Além disso, percebemos que
existe uma preocupação em desenvolver um acabamento perfeito, um designer diferenciado, pois são conscientes de que o mercado é exigente.
Outro fator que nos faz otimistas
é a existência da diversidade de tipologias de artesanato nos municípios
verificados, bem como a existência
do mercado consumidor. Que muitas vezes é explorado por artesãos de
outros Estados, isso acontece com
frequência em algumas cidades turísticas, como é o caso de Pirenópolis.
Deparamos com produtos artesanais
importados de Minas Gerais e outros
Estados.
A atividade artesanal não está
vinculada simplesmente ao aspecto
socioeconômico está intrinsecamente
vinculada à qualidade de vida, pois representa muito mais que um complemento de renda familiar, para vários
artesãos é um refúgio de uma realidade sufocante.
Para mais informações sobre os treinamentos e cursos oferecidos
pelo Senar, em Goiás, o contato é pelo telefone: (62) 3545-2600 ou pelo
site: www.senargo.org.br
90 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL
38
Alimentação
e nutrição
www.senargo.org.br
7
Organização
Comunitária
9
Saúde e
Alimentação
11
Prevenção
de acidentes
5
Educação
para
consumo
21
Artesanato
3.592
PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
Dezembro / 2012 CAMPO
| 37
CAMPO ABERTO
Sucessão nas
propriedades rurais
Jana Tomazelli
O
Marcelo Martins é
Superintendente do
Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural
(Senar Goiás) e membro
da Câmara Setorial do
Leite do Ministério da
Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA).
38 | CAMPO
Sistema Faeg/Senar realizou,
em 2009, o diagnóstico da
cadeia produtiva do leite.
Dentre as constatações, identificou-se
que 58% dos filhos dos produtores
não pretendiam, naquele momento,
continuar na atividade. Esta realidade
é extremamente preocupante à medida
que a saída dos jovens para as cidades
pode gerar descontinuidade na produção de leite, com reflexos negativos na
renda e na oferta de leite no Estado de
Goiás. Segundo o estudo, a idade média dos produtores de leite é superior
a 50 anos.
Em Goiás, a atividade leiteira tem
um importante papel econômico e
social. São mais de 60 mil produtores
que empregam cerca de 220 mil pessoas. O Valor Bruto da Produção (VBP) é
de R$ 2,7 bilhões ano, sendo o quarto
maior do agronegócio no Estado, e
os 3,4 bilhões de litros produzidos,
anualmente, são suficientes para suprir
a demanda interna e gerar excedentes
exportáveis (80% do leite é comercializado para outras Unidades da Federação).
Diante deste cenário, por que os
jovens querem sair da atividade? O
problema é informação e conhecimento
capaz de gerar melhoria de renda. O
estudo apontou alguns entraves que
ratificam esta conclusão. Dos produtores entrevistados apenas 18% são
assistidos regularmente por técnicos e
53% afirmaram que a principal fonte
de informação é a televisão e o vizinho.
Esta constatação tem gerado baixos
índices zootécnicos (alto capital imobilizado em terra, baixo percentual de
vacas em lactação e baixa produtividade da área e da mão de obra) e econômicos (receita insuficiente para cobrir
Dezembro / 2012
os custos totais).
Com base neste diagnóstico, o
Sistema Faeg/Senar vem atuando em
várias frentes para reverter esta realidade. Não obstante o zelo nas questões políticas e institucionais, como a
vigilância em relação às importações e
o acompanhamento de preços recebidos pelos produtores, há um trabalho
focado na qualificação da mão de obra,
por meio das ações de Formação Profissional Rural, na capacitação técnica
e gerencial realizadas nos programas
especiais como Gestão da Pecuária
Leiteira, Mercado Leite e Empreendedor
Rural e, na assistência técnica utilizando a metodologia do programa Balde
Cheio.
Mais recentemente iniciou-se um
trabalho inovador, que acreditamos ser
o divisor de águas para permanência
de filhos de produtores no campo. Por
meio do Programa Nacional de Acesso
ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec)
o Senar Goiás qualificará mais de 5.200
jovens no ano de 2012. Este quantitativo corresponde a cerca de 20% do total
de jovens, entre 16 e 19 anos, oriundos
do meio rural cursando o ensino médio.
A proposta é resgatar nesses jovens
os valores do meio rural, disponibilizando conhecimento suficiente
para auxiliar no processo de tomada
de decisão nas propriedades em que
vivem, além de gerar oportunidade
de emprego em decorrência do conhecimento adquirido. Desta forma,
os alunos matriculados no programa,
além do conhecimento proveniente das
disciplinas regulares, serão qualificados para atuar de forma profissional
no campo, diminuindo assim o êxodo
rural e proporcionando uma verdadeira
revolução na produção leiteira.
www.sistemafaeg.com.br

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