Revista HUGV 2009 - Hospital Universitário Getúlio Vargas
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Revista HUGV 2009 - Hospital Universitário Getúlio Vargas
revistahugv Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas The Journal of Getulio Vargas University Hospital v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS Rua Apurinã nº 04 – Praça 14 de Janeiro, Cep: 69020-170 Manaus - AM Fones: (092) 3621-6582/6519 E-mail: [email protected] FUNDADORES Ricardo Torres Santana Jorge Alberto Mendonça LISTA DO CONSELHO EDITORIAL DA REVISTA HUGV EDITOR-CHEFE Fernando Luiz Westphal Maria Augusta Bessa Rebelo Rosane Dias da Rosa Kathya Augusta Thomé Lopes Maria Lizete Guimarães Dabela LISTA DO CONSELHO CONSULTIVO DA REVISTA HUGV Aluísio Miranda Leão Àngela Delfina B. Garrido Antonio Carlos Duarte Cardoso Célia Regina Simoneti Barbalho Cláudio Chaves Clemencio Cezar Campos Cortez Dagmar Keisslich David Lopes Neto Domingos Sávio Nunes de Lima Edson de Oliveira Andrade Edson Sarkis Gonçalves Ermerson Silva Eucides Batista da Silva Eurico Manoel Azevedo Cristina da Melo Rocha Fernando César Façanha Fonseca Fernando Luiz Westphal Gerson Suguyama Nakajima Ione Rodrigues Brum Ivan da Costa Tramujás Jacob Cohen João Bosco L. Botelho José Correa Lima Netto Julio Mario de Melo e Lima Kathya Augusta Thomé de Souza Lourivaldo Rodrigues de Souza Luís Carlos de Lima Luiz Carlos de Lima Ferreira Luiz Fernando Passos Maria Augusta Bessa Rebelo Maria do Socorro L. Cardoso Maria Fulgência Costa L. Bandeira Maria Lizete Guimarães Dabela Mariano Brasil Terrazas Neila Falcone Bonfim Nelson Abrahim Fraiji Nikeila Chacon de O. Conde Osvaldo Antônio Palhares Ricardo Torres Santana Rosana Cristina Pereira Parente Rosane Dias da Rosa Rubem Alves da Silva Júnior Wilson Bulbol Zânia Regina Ferreira Pereira revistahugv Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas The Journal of Getulio Vargas University Hospital v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS Copyright© 2009 Universidade Federal do Amazonas/HUGV REITORA DA UFAM Dra. Márcia Perales Mendes Silva DIRETOR DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS Dr. Lourivaldo Rodrigues de Souza PRODUÇÃO GRÁFICA-EDITORIAL Wagner Alencar ORGANIZAÇÃO Thaís Borges Viana DIRETORA DA EDUA Dra. Iraildes Caldas Torres DIRETORA DA REVISTA Profª Dayse Enne Botelho REVISÃO (LÍNGUA PORTUGUESA) Sergio Luiz Pereira CAPA Serviço de Ergodesign TIRAGEM 300 EXEMPLARES FICHA CATALOGRÁFICA Ycaro Verçosa dos Santos – CRB-11 287 R454 Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Revista do Hospital Getúlio Vargas. V. 8, n. 1-2 (2009) / Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2009. 178 p. Semestral Título da revista em português inglês ISSN – 1677-9169 1. Medicina-Periódico I. Hospital Universitário Getúlio Vargas II. Universidade Federal do Amazonas. CDU 61(051) Sumário Editorial 09 Prof. Dr. Lourivaldo Rodrigues de Souza – Diretor do HUGV Artigos Originais 1. Ocorrência de complicações respiratórias no pós-operatório de cirurgias abdominais 11 2. Detecção de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e obesidade em pessoas da 3ª idade de um município do alto Solimões 20 3. Empiema pleural no adulto e adolescente: Prevalência, tratamento e evolução no período de janeiro 1995 a janeiro de 2005. 30 4. Correção da deformidade de parede torácica anterior pela técnica de Nuss – A experiência inicial em Manaus 40 Artigo de Revisão 5. Indicações atuais da cirurgia poupadora de néfrons nos tumores renais. Um artigo de revisão. 47 Relato de Caso 6. Abordagem cirúrgica extra-oral no tratamento de rânula mergulhante - relato de caso 55 7. Comprometimento da coluna cervical na artrite reumatóide grave: melhora com tratamento clínico 62 8. Neoplasia de células germinativas em crianças: relato de caso e revisão de literatura 72 9. Ingestão inadvertida de chumbo em animal caçado como causa de apendicite aguda 79 10. Adenoma de vesícula biliar: relato de caso 83 11. Tamponamento cardíaco traumático tardio: relato de caso 87 12. Síndrome do Lobo médio: relato de caso 94 Anais da V Jornada de Saúde da Amazônia Ocidental 101 Contents Editorial 09 Prof. Dr. Lourivaldo Rodrigues de Souza – Diretor do HUGV Original Articles 1. Occurrence of respiratory complications in the postoperative period of abdominal surgeries 11 2. Systemic hypertension, diabetes mellitus and obesity in participants of third age’s group in a city of the high Solimões river 20 3. Pleural Empyema in the adult and adolescent: Prevalence, treatment and evolution in the period of January 1995 the January of 2005 30 4. Anterior chest wall deformity correction by Nuss technic – Initial experience of Manaus 40 Article Review 5. Current indications of nephron-sparing surgery in renal tumors. A review article. 47 Case Report 6. Surgical management extra-oral in treatment of plunging ranula – case report 55 7. Impairment of the cervical spine in severe rheumatoid arthritis: clinical treatment with improvement of symptoms 62 8. Germ cell neoplasia in children: case report and literature review 72 9. Inadvertent consumption of leads in animal hunted as causes of sharp appendicitis 79 10. Gallblader adenoma: case report 83 11. Late traumatic cardiac tamponade: case report 87 12. Middle lobe syndrome: case report 94 Annals 101 Editorial O convite para prefaciar esta revista levou-me a experimentar dois sentimentos agradáveis. De um lado, reconhecendo que o processo de escrever significa algo mais do que a simples ação de registrar fatos e experiências vivenciadas, manifesto alegria sincera pela contribuição destes jovens autores à produção, à sistematização e à socialização de mais conhecimentos na área da Saúde. Por outro lado, ciente de que a responsabilidade de prefaciar uma revista constitui uma honra conferida pelo editor para opinar sobre esta obra, não poderia deixar de expressar também o orgulho que sinto ao ter acompanhado, há quase dez anos, o seu nascimento e, nos últimos anos, o desenvolvimento profissional destes talentosos investigadores que publicam suas experiências científicas. Manter a qualidade do conteúdo da revista do HUGV é sem dúvida uma característica peculiar do seu editor. Portanto, as qualidades requeridas para o trabalho científico, como, por exemplo, rigor, seriedade, lógica do pensamento, busca da prova, etc., indispensáveis ao pesquisador, são aqui observadas. Cada artigo tem sempre, de forma implícita ou explícita, as marcas do caráter de quem o escreve. O ato de escrever um artigo é, além de tudo, uma iniciativa para despertar o interesse pela pesquisa e a paciência na busca da verdade. Os autores a fazem de forma bastante determinada e também corajosa, ao articularem os conhecimentos básicos de estatística para ler e interpretar evidências do cotidiano profissional. Esta revista constitui uma obra indispensável à formação inicial e continuada daqueles que interagem com o Hospital Universitário Getúlio Vargas, não tão somente no campo da medicina, mas nas demais áreas da saúde, para que as pessoas possam aprender a investigar por meio da prática de pesquisa, enfrentando problemas difíceis e aprendendo com os erros, porque ninguém está isento de cometer erros. Há, ao longo da revista, uma ambição de conhecimento e demonstração clara de que os autores são participantes efetivos do campo que estudam. Evidentemente, há um longo caminho a trilhar, onde muitos superaram o desafio inicial e apresentam suas contribuições na tentativa de reduzir a demanda reprimida de obras desta natureza. Gostaria de ressaltar o empenho que o editor está fazendo ao longo desses anos para manter o padrão da revista. Como membro do Conselho Editorial e como diretor do HUGV, sinto-me honrado ao poder descrever esses sentimentos a respeito da qualidade da revista, dos seus autores e do seu editor. Por fim, devo enfatizar que nossa memória ficará nos registros oficiais que um dia decidimos fazer, pois as palavras voam e o que escrevemos ficará para as futuras gerações. Lourivaldo Rodrigues de Souza 9 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Edson de O. Andrade, Elaine Cristina M. Fonseca, Ângela Maria M. Silva, Fábio A. Bindá, Diego Carvalho, Cristiane de Brito Vieira OCORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS ABDOMINAIS* OCCURRENCE OF RESPIRATORY COMPLICATIONS IN THE POSTOPERATIVE PERIOD OF ABDOMINAL SURGERIES Edson de Oliveira Andrade,* Elaine Cristina Marinho da Fonseca,** Ângela Maria Melo da Silva,*** Fábio Arruda Bindá,** Diego Carvalho,****Cristiane de Brito Vieira**** RESUMO As complicações pulmonares no pós-operatório (CPP) devem ser consideradas como uma segunda doença, que ocorrem até trinta dias após o procedimento, ou a exacerbação de uma mesma doença preexistente em decorrência da cirurgia. A incidência de CPP está relacionada ao tipo de cirurgia, à alteração da mecânica respiratória do diafragma e padrão respiratório apical e superficial, à custa de um volume respiratório baixo. As cirurgias de tórax e abdome superior foram as grandes responsáveis pelas complicações pulmonares. As principais CPPs encontradas são atelectasia, infecção traqueobrônquica, pneumonia, insuficiência respiratória aguda, ventilação mecânica e/ou intubação orotraqueal prolongadas, e broncoespasmo. OBJETIVO: verificar a incidência e tipos de complicações pulmonares em pacientes no pós-operatório de laparotomias eletivas na Fundação Hospital Adriano Jorge. MÉTODOS: Trata-se de um estudo de coorte, prospectivo, que investigou 54 pacientes submetidos a cirurgias abdominais, nos quais se investigou fatores de risco relacionados aos pacientes, ao ato anestésico-cirúrgico, bem como a função pulmonar pré e pós-operatória. Os pacientes foram classificados pela escala de Torrington-Henderson. RESULTADOS: Todos os pacientes foram classificados como baixo risco pela escala de Torrington e Henderson. Foi verificada a ocorrência de um caso CPP (atelectasia sintomática), de diminuição do VEF1 *Professor-adjunto da Universidade Federal do Amazonas e ex-professor de Clínica Médica da UEA; TECMSBCM e TEPT-SBPT **Médica (o) bolsista de iniciação científica da Fapeam ***Médica residente de Anestesiologista do Hospital Universitário Getúlio Vargas – Ufam ****Acadêmicos de Medicina – UEA 11 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 OCORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS ABDOMINAIS e da VEF6 no pós-operatório quando comparado com as medidas no pré-operatório, sendo essas diminuições mais intensas nas cirurgias supraumbilicais. CONCLUSÃO: Foi observada uma baixa incidência de CPP em nosso estudo, que provavelmente está relacionada ao baixo risco apresentado na escala de Torrington-Henderson pela população estudada. Palavras-chave: Complicações, Pós-Operatório, Pulmonares, Espirometria. ABSTRACT Pulmonary complications in the postoperative period (CPP) should be considered as a second disease, which occur up to thirty days after the procedure, or the exacerbation of a preexisting disease that due to surgery. The incidence of CPP is related to the type of surgery, the change of respiratory mechanics and diaphragm breathing pattern and apical surface, the cost of a low volume breathing. The surgery of the chest and upper abdomen were the major responsible for pulmonary complications. The main CPP are found atelectasis, tracheobronchial infection, pneumonia, respiratory failure, mechanical ventilation and / or prolonged tracheal intubation and bronchospasm. OBJECTIVE: To determine the incidence and types of pulmonary complications in patients in the postoperative period of elective laparotomies in Hospital Adriano Jorge Foundation. METHODS: This was a cohort study, prospective, who investigated 54 patients undergoing abdominal surgery, which investigated risk factors related to patients, the anesthesia, surgical and pulmonary function pre-and postoperative. Patients were classified by the scale of TorringtonHenderson. RESULTS: All patients were classified as low risk by the scale of Torrington and Henderson. It was verified the occurrence of an event PPCs (atelectasis symptomatic), the decrease in FEV1 and VEF6 in postoperative compared with preoperative measures, these being more severe decreases in the supra-umbilical surgery. CONCLUSION: There was a low incidence of CPP in our study, which is probably related to low risk presented in the scale of the Torrington-Henderson population. Keywords: Complications, Postoperative, Pulmonary, Spirometry. 12 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Edson de O. Andrade, Elaine Cristina M. Fonseca, Ângela Maria M. Silva, Fábio A. Bindá, Diego Carvalho, Cristiane de Brito Vieira INTRODUÇÃO no pós-operatório de cirurgia abdominal alta ocorrem alterações da mecânica O conceito pulmonares diverge no muito de pós-operatório na respiratória, do padrão respiratório, das complicações literatura; trocas gasosas e dos mecanismos de defesa (CPP) pulmonar, propiciando o aparecimento de contudo, CPP.4 Acredita-se que a incidência dessas deve-se considerar que as complicações complicações possa estar associada à pós-operatórias são uma segunda doença, presença de fatores de risco como obesidade, inesperada, que ocorre até trinta dias após fumo, doença pulmonar obstrutiva crônica, o procedimento cirúrgico, ou a exacerbação etilismo, doença cardíaca, idade avançada, de uma mesma doença preexistente em caquexia, baixo status clínico, tempo de decorrência da cirurgia. Assim, as verdadeiras cirurgia, complicações constituem-se em uma doença capacidade de permanência no pós-operatório.1; 2 de CPP empregada, anestésico, intubação, tempo de intubação, paciente e prolonga, principalmente, o tempo incidência cirúrgica valores espirométricos anormais, escolha do inesperada que traz repercussão clínica para o A técnica tempo de diminuída ao internação exercício e pré-operatório está prolongado. Em suma, a ocorrência da CPP relacionada ao tipo de cirurgia, à alteração está associada à existência de fatores de da mecânica respiratória do diafragma e do risco padrão respiratório, à custa de um volume e pós-operatórios. Um estudo recente respiratório baixo, bem como a outros atribuiu a ocorrência da CPP à combinação fatores que contribuem para a atelectasia de três fatores: quantidade e tipo de (redução da capacidade residual funcional contaminação do sítio cirúrgico, técnicas (CRF), perda do surfactante pulmonar ou cirúrgicas e anestésicas empregadas, e obstrução). Qualquer tipo de cirurgia pode resistência individual do paciente para evoluir com tais complicações; contudo, as o cirurgias de tórax e do abdome superior são pulmonares.2 3 as grandes responsáveis pelas complicações pré-operatórios, desenvolvimento trans-operatórios de complicações As principais CPPs encontradas no pulmonares, estimando-se que há uma pós-operatório são atelectasia, infecção redução de 50 a 60% da capacidade vital traqueobrônquica, pneumonia, insuficiência e de 30% da CRF, causadas por disfunção respiratória aguda, ventilação mecânica e/ do diafragma, dor pós-operatória e colapso ou intubação orotraqueal prolongadas, e alveolar nessas cirurgias.2 Sabe-se que broncoespasmo. 13 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 OCORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS ABDOMINAIS Uma vez que as CPPs em cirurgias para realização de cirurgia abdominal de abdome superior são causas importantes eletiva. A coleta de dados foi realizada do é entre janeiro e julho de 2008. Os fatores necessário determinar a incidência dessas de risco referentes aos pacientes estudados complicações respiratórias em nosso meio, foram: idade, obesidade (IMC superior a fim de que se possam realizar medidas a 30), desnutrição; tabagismo; etilismo; visando à redução tanto da frequência quanto doenças de sua intensidade, assim determinando atuais; cardiopatias e dados espirométricos decréscimo da morbimortalidade no pós- prévios. Os fatores de risco associados aos operatório e no ônus do tratamento e, procedimentos estudados foram: a anestesia principalmente, (tipo, intercorrências), tempo de cirurgia aumento de morbimortalidade, proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente. pulmonares preexistentes e e intercorrências no ato operatório. Os pacientes candidatos à laparotomia eletiva foram submetidos à avaliação clínica pré- METODOLOGIA operatória e pós-operatória, consistindo de história clínica, exame físico, radiografia de Tratou-se de um estudo de coorte tórax, espirometria e avaliação pela escala prospectivo que investigou as CPPs ocorridas de Torrington e Henderson. no pós-operatório de cirurgias abdominais. Esta pesquisa foi desenvolvida na Fundação A mensuração da função pulmonar Hospital Adriano Jorge, na cidade de foi realizada por meio da espirometria, Manaus, sendo aprovado pelo Comitê de utilizando o aparelho portátil (Koko Peak Ensino e Pesquisa ( CAAE-0010.0.252.133- Pro6 – Ferraris), que analisa o volume 05). A inclusão dos pacientes foi realizada expiratório no 1.º segundo (VEF1), o mediante prévia anuência do termo de volume expiratório no 6.º segundo (VEF6) consentimento informado e esclarecido. dos pacientes nos períodos pré e pósoperatório (24h de PO após as herniorrafias Não houve conflito de interesse e 48h de PO nas demais cirurgias), sendo durante toda a fase de desenvolvimento do que cada paciente executou pelo menos projeto de pesquisa. Foram de ambos os três manobras aceitáveis, sem uso de avaliados sexos, 54 pacientes sem alterações broncodilatador, cujo melhor resultado foi utilizado para efeito deste estudo. neuromusculares e ortopédicas conhecidas, Após o procedimento cirúrgico, o com idade entre 18 a 80 anos, internados 14 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Edson de O. Andrade, Elaine Cristina M. Fonseca, Ângela Maria M. Silva, Fábio A. Bindá, Diego Carvalho, Cristiane de Brito Vieira paciente foi acompanhado diariamente apresentavam fatores de risco. desde o pós-operatório imediato até a alta Dos pacientes que apresentavam ou ocorrência de óbito hospitalar. doença pulmonar prévia, 11% relataram asma, Para efeito deste estudo, foram 7% pneumonia e 2% outras pneumopatias consideradas complicações pulmonares pós- prévias, todos assintomáticos. operatórias: pneumonia; traqueobronquite, Ascirurgiasrealizadasforamigualmente broncoespasmo, atelectasias pulmonares divididas em cirurgias no abdome superior e o com sintomas respiratórios; insuficiência respiratória aguda com no abdome inferior. O tempo cirúrgico médio alteração foi de 94,62 minutos (DP±4,3). gasométrica e a intubação orotraqueal Dos prolongada (> 48 h no PO). 34% Os dados coletados foram analisados (18) procedimentos foram realizados, colecistectomias convencionais, 28% (15) herniorrafias, 9% pelo programa SPSS 13.0, sendo os dados (5) colecistectomias videolaparoscópicas, quantitativos submetidos ao teste T de 7% (4) prostatectomias transvesicais e 22% Student e os qualitativos pela estatística (12) outras, totalizando 54 cirurgias. exata de Fisher. O alfa adotado foi de 5%, Quanto ao tipo de anestesia utilizado, com um intervalo de confiança de 95%. 50% foram de raquianestesia, 41% anestesia geral e 9% anestesia peridural. O agente RESULTADOS anestésico mais utilizado bupivacaina 0,5% (61%). Também foram utilizados o isoflurano Foram avaliados 54 pacientes de (30%) e o sevoflurano (9%). ambos os sexos, sendo 32 (59%) do sexo O tempo de internação hospitalar variou feminino e 22 (41%) masculino, com a idade entre 2 e 8 dias com média de 3 dias e DP± 1,37. variando entre 18 a 79 anos, com média de O risco de complicações quantificado 47 anos; IMC médio de 25, 47 (DP±). pela escala de Torrington e Henderson5 Dos fatores de risco apresentados classificou os 54 pacientes como de baixo pelo paciente, constatou-se que o etilismo risco. Dos pacientes pesquisados, apenas 1 foi a principal variável encontrada (37,03%), seguida de doença pulmonar (2%) evoluiu com complicações pulmonares, (20%), sendo a atelectasia sintomática única doença cardíaca (14,81%) e tabagismo afecção pulmonar registrada. (12,96)%. Perto de 14% dos pacientes não As Tabelas 1 e 2 referem-se às 15 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 OCORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS ABDOMINAIS diferenças entre os valores espirométricos Local de incisão N.º Média (L) Desvio Supraumbilical 27 0,86 0,65 Infraumbilical 27 0,46 0,36 pré e pós-operatórios no VEF1 e VEF6 respectivamente, observando-se, no geral, VEF6 diminuição no pós-operatório. N.º Média (L) Desvio padrão VEF1 Pré-op. 2,12 2,12 0,64 VEF1 Pós-op. 1,44 1,44 0,56 Tabela 4 – Comparação da diferença pré e pósoperatória do VEF6 em relação ao local da incisão. p<0, 001 DISCUSSÃO Tabela 1 – Diferenças entre os valores espirométricos pré e pós-operatórios do VEF1 p<0,001 A idade média dos pacientes estudados foi de 47 anos, sendo que a N.º Média (L) Desvio padrão complicação pulmonar registrada ocorreu VEF6 Pré-op. 54 2,17 0,68 em um paciente com 31 anos de idade, o VEF6 Pós-op. 54 1,50 0,60 que difere dos resultados da literatura, que relatam a ocorrência de CPPs em indivíduos Tabela 2 – Diferenças entre os valores espirométricos pré e pós-operatório do VEF6 p<0,001 mais idosos, geralmente acima dos 50 anos.6; 7 O tempo médio de cirurgia foi de As Tabela 3 e 4 mostram que o 94,6 min., estando abaixo do tempo (>210 local da incisão cirúrgica é determinante min.) mais relacionado ao desenvolvimento na diminuição dos valores do VEF1 e VEF. de As cirurgias supraumbilicais proporcionam complicações Onze dos 54 pacientes tinham e VEF6 medidos no pós-operatório. história VEF1 pós- operatórias. uma maior diminuição nos valores do VEF1 Média (L) pulmonares no Desvio de entanto, pneumopatia não foi prévia relacionada que, ao Local de incisão N.º Supraumbilical 27 0,76 0,54 porque a maioria de tais doenças ocorreu Infraumbilical 27 0,45 0,32 durante a infância, ou quando se tratou aparecimento de CPP, muito provavelmente de asma, apresentava-se há mais de um Tabela 3 – Comparação da diferença pré e pósoperatória do VEF1 em relação ao local da incisão. p<0,05 ano sem exacerbação. Dos 54 pacientes, sete referiram tabagismo sem, contudo, 16 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Edson de O. Andrade, Elaine Cristina M. Fonseca, Ângela Maria M. Silva, Fábio A. Bindá, Diego Carvalho, Cristiane de Brito Vieira apresentarem CPPs. Esse comportamento interferência na dinâmica respiratória, logo difere do encontrado na literatura, onde não desenvolveriam CPPs.2 os pacientes com pneumopatias prévias O tempo de internação médio foi de apresentam mais complicações (36%) que três dias, sendo que as cirurgias de abdome os não pneumopatas (6%).1 Ainda que em inferior tiveram um tempo médio menor nosso estudo o tabagismo não tenha sido de internação (dois dias). O maior tempo associado às CPPs, deve-se salientar que de internação foi de oito dias e deveu-se à existe uma associação importante entre o complicação não pulmonar – infecção no sítio tabagismo e as complicações respiratórias operatório – de cirurgia abdominal alta. pós-operatórias. Alguns autores acreditam A escala de Torrington e Henderson que essa relação seja indireta, uma vez que os sintomas respiratórios são três a quatro mostra-se vezes maiores nos fumantes que nos não operatória da ocorrência de CPP. Nessa fumantes. Assim, a abstinência do cigarro no classificação os pacientes são separados em período pré-operatório, principalmente por três grupos: baixo, moderado e alto risco. mais de oito semanas, reduz a frequência Sendo que a probabilidade de ocorrência de e a intensidade dos sintomas e leva a uma CPP nesses grupos é da ordem de 6,1%, 23, menor incidência de CPP.6 3%, 35%, respectivamente.5 Neste estudo, A técnica cirúrgica confiável na previsão pré- todos os pacientes foram classificados como empregada baixo risco. guarda associação com a ocorrência de CPPs. A anestesia geral é a que proporciona Foi realizado o mesmo número de maior número de complicações. A única cirurgias no abdome superior e inferior. CPP observada nesta pesquisa ocorreu em Quando se compara a perda de função paciente submetido à anestesia geral. A pulmonar no pós-operatório entre os dois relação entre anestesia geral e CPP deve- locais de cirurgia, nota-se que há uma maior se intubação orotraqueal, ao relaxamento perda da função pulmonar (VEF1; VEF6 e muscular e depressão do sistema nervoso VEF1/VEF6) nas cirurgias do abdome superior, central, que diminui o reflexo da tosse como também é relatado na literatura. Esse bem como predispõe a broncoaspiração e fato é considerado como predisponente para a utilização de ventilação mecânica. Os o aparecimento de CPPS. pacientes anestesiados pelos bloqueios Neste estudo, a mensuração da regionais não sofrem influência desses função pulmonar foi realizada por meio da fatores, e, a priori, portanto, não sofrem espirometria simplificada, isto é, utilizando 17 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 OCORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS ABDOMINAIS as medidas do VEF1, do VEF6 e da VEF1/ se a ocorrência de apenas um caso (2%) de VEF6, as quais têm forte correlação com CPP, sendo uma atelectasia sintomática, os dados da espirometria convencional, ou a única complicação encontrada. Esse seja, o VEF1, a capacidade vital forçada paciente apresentava uma incisão cirúrgica (CVF) e a VEF1/CVF8-11 para determinação supraumbilical, uso de anestesia geral, de alterações na função pulmonar. tempo cirúrgico de 200 min. sem, entretanto, apresentar história de etilismo, tabagismo Foi observada diminuição nas três ou pneumopatia prévia. medidas estudadas, quando comparamos os valores obtidos durante o pré- REFERÊNCIAS operatório e pós-operatório, ocorrendo uma diminuição média de 49,05% e 31,29% do VEF1, respectivamente, para as 1.Pereira ED, Farensin SM, Fernandes AL. Morbidade cirurgias de abdome superior e inferior. A respiratória nos pacientes com e sem síndrome diminuição do VEF6 foi em média de 52,19% pulmonar obstrutiva submetidos à cirurgia abdominal e 33,27%, nas incisões supraumbilicais alta. Rev Assoc Med Bras 2000 Jan;46(1):15-22. e infraumbilicais, respectivamente. 2.Thomson GC, Jóia Neto L, Cardoso JR. Complicações Revisando-se a literatura, constatou-se que Respiratórias no Pós-operatório de Cirurgias Eletivas alguns procedimentos cirúrgicos interferem e de Urgência e Emergência em um Hospital na mecânica respiratória com tendência ao Universitário. J Bras Pneumol 2005;31(1):41-7. desenvolvimento de alterações pulmonares 3.Rossi L, M.S.F. Papel da Fisioterapia Intensiva nas restritivas (diminuição do VEF6 e na CVF). complicações pulmonares em pacientes submetidos Essas alterações atingem seu pico máximo à cirurgia abdominal. Disponível em: http://www. no primeiro dia de pós-operatório, momento sobrati.com.br/trabalho25.htm. 2008. Acesso em: em que o sistema respiratório se torna mais 12-8-2008. vulnerável a complicações pulmonares pós- 4. Paisani DM, Chiavegato LD, Farensi SM. Volumes, operatórias, ocorrendo, especialmente, em capacidades cirurgias em abdome superior por conta da respiratória no pós-operatório de gastroplastia. J disfunção diafragmática, desencadeada pelo Bras Pneumol 2005;31(2):125-32. estímulo cirúrgico, bem como a duração pulmonares e força muscular 5.Faresin SM, de Barros JA, Beppu OS, Peres CA, Atallah do ato anestésico e o tamanho da incisão AN. Aplicabilidade da escala de Torrington e Henderson. cirúrgica. Rev Assoc Med Bras 2000 Apr;46(2):159-65. 12 Por fim, neste estudo, encontrou- 6. Barreto Neto J. Avaliação prospectiva do risco cardiopulmonar em cirurgia abdominal alta eletiva 18 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Edson de O. Andrade, Elaine Cristina M. Fonseca, Ângela Maria M. Silva, Fábio A. Bindá, Diego Carvalho, Cristiane de Brito Vieira (Tese). Universidade Federal de São Paulo; 2000. Cirurgiões 2007;(34):326-30. 7. Oliveira PG, Vianna AL, Silva SP, Rodrigues FRA, Martins RLM. Influência do tabagismo, obesidade, AGRADECIMENTOS idade e gênero na função pulmonar de pacientes submetidos à colecistectomia videolaparoscópica. Revista do Colégio Brasileiro de À Cirurgiões Fundação Hospital Adriano 2000;27:19-22. Jorge, que nos autorizou a realização 8.Lundgren FL, Cabral MM, Climaco DC, de Macedo deste trabalho em suas dependências; à LG, Coelho MA, Dias AL. Determinação da eficiência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do VEF6 como substituto para a CVF na triagem do Amazonas – Fapeam, pelo financiamento diagnóstica da doença pulmonar obstrutiva crônica da pesquisa, bem como a todos aqueles que, através da comparação entre as relações VEF1/CVF direta e indiretamente, contribuíram para e VEF1/VEF6. J Bras Pneumol 2007 Apr;33(2):14851. o êxito desta pesquisa e, principalmente, 9. Vandevoorde J, Verbanck S, Schuermans D, aos pacientes, sem a colaboração dos quais Kartounian J, Vincken W. FEV1/FEV6 and FEV6 as an seria impossível a conclusão do estudo. alternative for FEV1/FVC and FVC in the spirometric Projeto detection of airway obstruction and restriction. de pesquisa financiado pela Fundação da Amparo à Pesquisa do Estado Chest 2005 May;127(5):1560-4. do Amazonas – Fapeam. 10. Vandevoorde J, Swanney M. Is forced expiratory Instituição volume in six seconds a valid alternative to forced de origem do trabalho: Universidade do Estado do Amazonas. vital capacity? Eur Respir J 2006 Dec;28(6):1288-9. 11. Hankinson JL, Crapo RO, Jensen RL. Spirometric Endereço do autor principal: Rua Paraíba, reference values for the 6-s FVC maneuver. Chest Conj. Abílio Nery, quadra H, casa 2 – 2003 Nov;124(5):1805-11. Adrianópolis, Manaus-AM 12. Ramos GC, Pereira E. Avaliação da função Fone: (92) 3642-3864 pulmonar após colecistectomias laparoscópicas E-mail: [email protected] e convencionais. Revista do Colégio Brasileiro de 19 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Pietro P. Alves, Cristiano C. Cândido da Silva, Fernando R. Máximo, Heliana N. F. Leite, Sérgio Victor Gomes Wanderley, Ricardo César Simões Chaves HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E OBESIDADE EM PARTICIPANTES DO GRUPO DA TERCEIRA IDADE EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES SYSTEMIC HYPERTENSION, DIABETES MELLITUS AND OBESITY IN PARTICIPANTS OF THIRD AGE’S GROUP IN A CITY OF THE HIGH SOLIMÕES RIVER Pietro Pinheiro Alves,* Cristiano Castanheiras Cândido da Silva,** Fernando Rodrigues Máximo,*** Heliana Nunes Feijó Leite,**** Sérgio Victor Gomes Wanderley,***** Ricardo César Simões Chaves****** Resumo A Hipertensão Arterial Sistêmica, o Diabetes Mellitus e a Obesidade são condições patológicas importantes nas populações mais idosas e são determinantes de doenças cardiovasculares, importantes causas de mortalidade no mundo. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a ocorrência dessas afecções em participantes do grupo da terceira idade de Benjamin Constant – AM. Durante o mês de janeiro de 2003 foi realizada a coleta de dados a partir de uma campanha de detecção precoce fomentada pela Secretaria Municipal de Saúde, onde a equipe responsável pela coleta realizou atividades de: (a) aferição de Pressão Arterial; (b) solicitação de exame de Glicemia em jejum; (c) cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) para identificação e classificação de eventuais obesos; (d) preenchimento do formulário de entrevista com os dados pessoais, antecedentes, hábitos de vida e os valores aferidos; (e) orientação aos idosos quanto aos seus hábitos de vida, fatores de risco, educação em saúde e esclarecimento de dúvidas a respeito das doenças crônico-degenerativas. Neste estudo observacional descritivo, dentre os 130 indivíduos do grupo, 106 foram analisados quanto à prevalência de HAS e obesidade, mas *Ex-residente de Clínica Médica do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Especialista em Clínica Médica. Autor principal do estudo **Pediatra do Hospital Santa Júlia. Autor ***Cirurgião Geral da Fundação Hospitalar do Acre. Autor ****Preceptora do Internato Rural. Colaboradora *****Acadêmico de Medicina 10.º período – Universidade Federal do Amazonas. Autor ******Cardiologista e plantonista da Clínica Médica – HUGV. Revisor 20 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E OBESIDADE EM PARTICIPANTES DO GRUPO DA TERCEIRA IDADE EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES apenas 85 realizaram a dosagem de glicemia de jejum. RESULTADOS: Foram detectados 42 pessoas com HAS (39,62%), 8 com DM2 (9,41%) e 21 obesos (19,81%). O tabagismo foi um fator de risco importante encontrado em quase metade dos entrevistados. O grupo da terceira idade de Benjamin Constant possui fatores de risco acima da média nacional para doenças cardiovasculares. Há a necessidade de um acompanhamento médico e nutricional adequados, além de programas educacionais a fim de informar às pessoas sobre hábitos e comportamentos de risco, promovendo a saúde. PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão Arterial Sistêmica; Diabetes Mellitus; Obesidade; Idosos. ABSTRACT Systemic hypertension, Diabetes Mellitus and obesity are relevant pathological conditions in older population and determinants of cardiovascular diseases, major causes of mortality in the world. This study aimed to evaluate the occurrence of these disorders in participants of third age’s group of Benjamin Constant-AM. On January 2003, data were collected from the 3rd age group during a campaign for early detection, fomented by the health´s department of the city, in which the responsible team did the following activities: (a) blood pressure measurement (BP), (b) fasting plasma glucose measurement; (c) Body Mass Index calculation (BMI) for identification and classification of eventual obese; (d) filling in the interview´s form with personal data, past medical history, living habits and values of BP, BMI and fasting plasma glucose (e) Orientation for the elderly about their living habits, risk factors, health education and answering doubts related to the chronic degenerative diseases. In this descriptive observational study, among 130 individuals of the group, 106 were analyzed in relation to the prevalence of hypertension and obesity, but only 85 measured fasting plasma glucose. RESULTS: 42 people were detected with systemic hypertension (39.62%), 8 with DM2 (9.41%) and 21 obese (19.81%). Smoking was an important risk factor found in almost half of those interviewed; The group of seniors from Benjamin Constant presents risk factors above the national average for cardiovascular disease. Therefore, there is a need for medical care and adequate nutrition, besides educational programs in order to inform people about risk factors, promoting health. KEYWORDS: Systemic Hypertension; Diabetes Mellitus; Obesity; Elderly. 21 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Pietro P. Alves, Cristiano C. Cândido da Silva, Fernando R. Máximo, Heliana N. F. Leite, Sérgio Victor Gomes Wanderley, Ricardo César Simões Chaves INTRODUÇÃO hipertrigliceridemia, baixos níveis de HDL, hipofibrinólise, microalbuminúria e uma predominância de LDL de baixa densidade A Hipertensão Arterial Sistêmica e obesidade central.6 (HAS), a Obesidade e a Diabete (DM) são condições importantes A hipertensão arterial também está nas populações mais idosas, pois estão implicada na gênese da diabete, assim implicadas doenças como fatores genéticos, história familiar e principais dislipidemias, dentre outros. Modificações causas de morte no mundo. A incidência no estilo de vida são importantes no de Hipertensão Arterial atinge cerca de tratamento e na prevenção primária desses 10% dos indivíduos até 30 anos de idade, agravos e estão indicadas, inclusive, nos aumentando para 30% aos 60 anos, o que idosos. Aliado a isto, há a oportunidade de comprova a prevalência aumentada na detecção precoce por meio de exames de população mais idosa.1, 2, 3, 4 É válido lembrar rastreio simples e de baixo custo, como que o Diabetes Mellitus também assume a realização da glicemia de jejum (DM2), importância epidemiológica significativa, cálculo do Índice de massa corpórea haja vista que se prevê para 2025 cerca (Obesidade) e aferições da pressão arterial de 300 milhões de diabéticos no mundo. (HAS), possibilitando, então, a realização Tanto a obesidade quanto a hipertensão de investigação com grupos comunitários e a diabete possuem uma relação íntima bem definidos, como o proposto para entre si, atuando como comorbidades este trabalho. Não se pode, contudo, importantes umas das outras. A obesidade, negligenciar a importância de se identificar por exemplo, está diretamente implicada todas as comorbidades e fatores de risco na gênese do Diabetes Mellitus tipo 2 como na população escolhida, tais como o principal fator extrínseco (ambiental) pelo tabagismo, que depois da idade avançada fato de aumentar a resistência periférica é o principal fator de risco para doença à insulina, podendo ser responsável por 20 arterial a 30% dos casos de hipertensão arterial e, positiva, dieta inadequada e sedentarismo, também, como componente da conhecida principalmente, para que, pela educação em síndrome síndrome, saúde, se proponha uma maior possibilidade que não se limita à elevação das cifras de se controlar doenças que, de forma tensionais arteriais, compreende ainda silenciosa e crônica, são responsáveis por intolerância à glicose e hiperinsulinemia, um grande número de vítimas em todo o na cardiovasculares, patológicas gênese atuais metabólica.5 das e Tal 22 coronariana, revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 história familiar HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E OBESIDADE EM PARTICIPANTES DO GRUPO DA TERCEIRA IDADE EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES mundo.6 Como, no Brasil, faltam estudos 106 cidadãos remanescentes preencheram representativos de todo o país, torna-se os critérios de inclusão do formulário necessário avaliar um número variado de de entrevista: duas aferições de PA em comunidades brasileiras a fim de se traçar ocasiões distintas e cálculo do IMC a perfis regionais. partir das medidas da massa corpórea e Benjamin Constant, altura; contudo, apenas 85 desses foram município submetidos ao exame de Glicemia de jejum do interior do Estado do Amazonas, foi em dois momentos distintos para rastreio escolhido e, por exames simples aplicados do Diabetes Mellitus. ao único grupo da terceira idade lá existente, serve de mais um novo parâmetro Osencarregadosdecoletaremosdados para o estudo de prevalência das doenças foram pesquisadores, então acadêmicos do crônico-degenerativas no Estado e no país. internato (6.º ano) da Faculdade de Medicina Por meio de um delineamento descritivo da Universidade Federal do Amazonas, que e intervencionista, estavam em internato rural obrigatório na identificação cidade de Benjamin Constant-AM, tendo fomentada como orientadora direta uma enfermeira com observacional, numa campanha precoce pela não daquelas Secretaria de doenças Municipal de Saúde, especialização em Saúde da Família e sob a objetivamos traçar o perfil epidemiológico, supervisão de uma preceptora do internato no tocante à hipertensão arterial, diabete rural. Este estudo foi aprovado pelo Comitê e obesidade, relacionando aos fatores de de Ética do Hospital Universitário Getúlio risco identificáveis na população estudada. Vargas. MATERIAIS E MÉTODOS Material Amostra O material utilizado constituiuse de: 1 – Instrumentos diagnósticos: Benjamin Constant possui uma Esfigmomanômetro (Tensiômetro com população de 24.729 habitantes sendo 130 Manômetro Aneroide novo e calibrado) pessoas cadastradas no grupo da Terceira e Estetoscópio Littman Classic II, a fim Idade, 24 participantes tiveram de ser de realizar a medida pressórica em duas excluídos da pesquisa por não estarem ocasiões diferentes; 2 – Balança com presentes no dia da coleta de dados.7 Os régua métrica para aferição de altura e 23 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Pietro P. Alves, Cristiano C. Cândido da Silva, Fernando R. Máximo, Heliana N. F. Leite, Sérgio Victor Gomes Wanderley, Ricardo César Simões Chaves calculadora científica para a efetuação do No dia 4/1/2003 tiveram início às atividades cálculo de IMC – Índice de Massa Corporal; de aferição de Pressão Arterial (PA) segundo 3 – Kits In Vitro-Human® para detecção da as normas preconizadas pelo Ministério da Glicemia de jejum com o Espectrofotômetro Saúde para a identificação de prováveis CELM E-250 no laboratório da UMBC; 4 – hipertensos, confirmados mais tarde, e Formulários para cadastros e avaliação dos em outra ocasião com uma nova aferição hábitos e fatores de risco da população pressórica. As pessoas foram avaliadas analisada. pelo método auscultatório e encontravamse sentadas, em repouso por, pelo menos, duas horas, com o braço despido de roupas Procedimentos e levemente fletido, antebraço apoiado, deixando o cotovelo ao nível do coração No período de 4/1 a 1.º/2/2003, e a palma da mão voltada para cima.1 durante os sábados em período vespertino Por motivos técnicos, não foi possível (13 às 18h), foram realizadas visitas ao reclassificar a diabetes pela utilização das centro de reuniões do grupo da terceira diretrizes atuais sendo realizada segundo idade, onde pessoas, idosas em sua grande Atualização Terapêutica – 2005. O diagnóstico maioria, praticavam atividades laborativas para a hipertensão foi baseado no consenso de lazer, cultura e saúde, como iniciativa da Secretaria Municipal do utilizado durante a época da pesquisa, o III Bem-Estar Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial Social em parceria com a Secretaria de Sistêmica 1998, e a obesidade segundo Saúde de Benjamin Constant-AM. Para uma Consenso de Síndrome Metabólica – 2005. avaliação cuidadosa e bem direcionada dos Foram realizados os cadastros dos pacientes integrantes daquele grupo, e subsequente e estes repassados para as autoridades diagnóstico de saúde, foi necessária revisão bibliográfica doenças pertinente às crônico-degenerativas locais de saúde e organizadores do grupo principais da terceira idade, para o seguimento mais incluindo adequado e continuidade do trabalho com Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes outras equipes de internos. Ainda, procedeu- Mellitus tipo II e Obesidade. Anterior à se com a orientação dos idosos quanto aos realização dos trabalhos, foram adquiridos seus hábitos de vida, atividades de risco, os materiais e disponibilizada a cooperação educação em saúde e esclarecimento de do Laboratório Central da Unidade Mista de dúvidas a respeito das doenças crônico- Benjamin Constant (Lacen – UMBC) para a degenerativas, realização de exames de Glicemia de jejum. 24 principalmente revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 para HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E OBESIDADE EM PARTICIPANTES DO GRUPO DA TERCEIRA IDADE EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES aqueles em que fora evidenciada alguma Em relação ao tabagismo, 32,07% alteração segundo os métodos diagnósticos das pessoas que contribuíram para a empregados. pesquisa fumavam, 37,73% já haviam Finalizando o trabalho, procedeu-se com a análise dos dados. fumado e apenas 30,18% nunca fumaram. Outro RESULTADOS fator reconhecidamente implicado na gênese da HAS e da obesidade é a falta de atividades físicas regulares. Do Da amostra inicial, 130 pessoas do grupo total, 34,9% dos entrevistados se declararam da terceira idade foram entrevistadas, mas sedentários. apenas 106 destes puderam ser avaliados. Dentre as pessoas entrevistadas, TOTAL = 130 aproximadamente 17,92%, não tinham DESISTENTES = 24 nenhuma preocupação com a sua dieta, N = 106 alimentando-se de comida rica em sal, frituras e carboidratos. A idade foi distribuída em 2 faixas etárias, 27 pessoas (25,48%) tinham menos de De 85 pacientes para os quais foi 60 anos de idade e 79 (74,52%) mais de 60 anos, solicitada Glicemia de jejum, 88,23%, representando 5,67% dos idosos do município.7 obtiveram resultado dentro dos padrões da Sendo 74,52% mulheres e 25,47% homens. normalidade, 9,41% o resultado confirmou Os resultados do IMC do grupo DM e 2,35% se mostraram numa faixa na estudado foram: baixo peso (13,2%), peso qual a glicemia está alterada, mas ainda normal (37,73%), acima do peso (29,24%), não é considerada como suficiente para se obesidade Grau I (18,86%), obesidade Grau considerar DM (Quadro 2). II (0,94%). Aproximadamente metade dos avaliados estava acima do peso (Quadro 1). SITUAÇÃO TOTAL Baixo Peso 14 (13,2 %) Peso Normal 40 (37,73 %) Acima do Peso 31 (29,24 %) Obesidade Grau I 20 (18,86 %) Obesidade Grau II 1 (0,94 %) Total Glicemia de Jejum Normal (<110) 75 (88,23 %) Alterada (110-126) 2 (2,35 %) Diabetes (>126) 8 (9,41 %) Total 85 (100 %) Quadro 2 Fonte: Detecção de Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes e Obesidade em grupo de idosos de Benjamin Constant – AM (jan., 2003). Quadro 1 Fonte: Detecção de Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes e Obesidade em grupo de idosos de Benjamin Constant – AM (jan., 2003). 25 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Pietro P. Alves, Cristiano C. Cândido da Silva, Fernando R. Máximo, Heliana N. F. Leite, Sérgio Victor Gomes Wanderley, Ricardo César Simões Chaves Quando avaliados os níveis doenças cardiovasculares.6, 8, 9 tensionais, de acordo com o III Consenso Neste trabalho, 49% dos entrevistados Brasileiro de Hipertensão Arterial, teve-se tinham sobrepeso e 19,8% eram obesos, o seguinte resultado: ambos os valores acima da média nacional. Pressão normal 49,05%, normal Tal resultado nos faz questionar o grau de limítrofe 9,66%, hipertensão leve 4,71%, comprometimento dos participantes com as hipertensão moderada 4,71%, hipertensão atividades para saúde ou o tipo de orientação grave 9,66% e hipertensão sistólica isolada que foi dada, pois o grupo estudado é 18,6%. considerado privilegiado, já que possui um programa voltado para o entretenimento e orientações para a saúde. Pressão Arterial Total Normal 52 (49,05 %) Normal Limítrofe 12 (9,66 %) que uma dieta que inclui alta densidade Hipertensão Leve 5 (4,71%) de micronutrientes e fibra, quantidades Hipertensão Moderada 5 (4,71 %) moderadas de gordura insaturada e um Hipertensão Grave 12 (9,66%) baixo conteúdo de gordura trans, gordura Hipertensão Sistólica Isolada 20 (18,6 %) saturada, açucares e amido está associado Estudos observacionais indicam com uma redução em 30% ou mais em riscos Quadro 3 Fonte: Detecção de Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes e Obesidade em grupo de idosos de Benjamin Constant – AM (jan., 2003). para doenças cardiovasculares.10 Quando os participantes do grupo da terceira idade foram questionados sobre a alimentação e a atividade física, 17,92% tinham dieta DISCUSSÃO inadequada. Número talvez subestimado, já que as perguntas foram feitas diretamente Calcula-se que 8% da população para os participantes sem a confirmação brasileira seja obesa e 32% esteja acima por parte dos familiares. do peso (IMC >25). Estudos demonstram No que o risco de intolerância à glicose e grupo avaliado, 34,9% Diabetes Mellitus tipo 2 está relacionado declararam-se sedentários. Sabe-se que a ao maior índice de massa corpórea e que prática de exercícios físicos está relacionada a obesidade, mesmo se única como fator a vários fatores benéficos. Dentre eles de risco, está associada a um alto grau de há melhora do controle glicêmico, da sensibilidade à insulina e há evidências de 26 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E OBESIDADE EM PARTICIPANTES DO GRUPO DA TERCEIRA IDADE EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES que o Diabetes Mellitus tipo 2 pode ser morte cardiovasculares.18, prevenido em grupos de alto risco para a os fumantes de longa data há evidências doença.11 Reduz o estresse, a ansiedade e de que programas agressivos de controle a depressão.12 Quando associada à dieta, ao tabagismo se associam à diminuição de acelera a perda de peso e a perda de tecido mortes cardiovasculares em curto prazo.20 adiposo.13 Existe ainda a possibilidade de Devendo a cessação do tabagismo sempre que o exercício regular previna ou atrase ser incentivada em qualquer idade. o declínio cognitivo no idoso e diminua a vezes mais chance de desenvolver eventos O tabagismo acelera as doenças reduz cardiovasculares quando comparado com suprimento indivíduos não diabéticos.6 Dos participantes, de oxigênio do miocárdio, causa efeitos 2,35% tiveram Glicemia de jejum alterada e deletérios na pressão sanguínea, no tônus 9,41% receberam o diagnóstico de Diabetes simpático e aumenta o risco de doenças Mellitus tipo 2. Por situações técnicas e cardiovasculares que em Benjamin Constant financeiras, não foi possível continuar a representaram 21,95% das causas de morte investigação diagnóstica dos pacientes de no ano de 2003.6, glicemia alterada. 7 o Mesmo para Pacientes com diabetes têm 2 a 8 incidência de hipertensão.14, 15 aterotrombóticas, 19 Afeta diretamente o pulmão causando várias doenças, entre as Estima-se quais a doença pulmonar obstrutiva crônica brasileiros e o câncer de pulmão sendo as principais avaliadas (47,16%) apresentou de ser a principal e mais comum causa de acidente vascular cerebral.22 Quando avaliados os níveis tensionais, que é uma questão de grande relevância, de acordo com o III Consenso Brasileiro já que a cessação do tabagismo constitui prevenção primária e e Essa tabagismo, a dislipidemia e diabetes.21 Além 32,07% ainda continuavam fumando. O fundamental hipertensão.1 idosos prematura, sendo mais comum que o tabagismo como fator de risco e, do total, medida dos fator de risco para doença cardiovascular 16, 17 Neste trabalho, quase metade das pessoas tenham 65% condição é quantitativamente o principal e ainda aumenta o risco de desenvolver Diabetes Mellitus tipo 2. que prioritária na secundária da de Hipertensão Arterial, 37,68% foram diagnosticados como hipertensos, dentre estes 37,03% eram portadores de Hipertensão aterosclerose e o fumo é o único fator Sistólica Isolada. Essa é o tipo de hipertensão de risco totalmente evitável de doença e predominante na população idosa e recomenda27 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Pietro P. Alves, Cristiano C. Cândido da Silva, Fernando R. Máximo, Heliana N. F. Leite, Sérgio Victor Gomes Wanderley, Ricardo César Simões Chaves se que o seu controle seja o principal alvo no idade, além das peculiaridades do hábito tratamento dessa faixa etária. de vida do amazonense. Adquirindo-se cada vez mais conhecimento para prover a Não foi possível estudar outros fatores melhor assistência possível à população do de risco para doenças cardiovasculares, Amazonas. como história familiar, perfil lipídico e uricemia por motivos técnicos e financeiros. REFERÊNCIAS Nem todos os integrantes da pesquisa tinham mais de 60 anos, impossibilitando o 1. III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial. estudo de um grupo homogêneo de idosos. Rev Bras Clin Terap 1998; 24:231-72. Este trabalho não pôde confrontar os dados 2. Controle da hipertensão arterial, 1. ed. Rio de obtidos com os de outros estudos da mesma Janeiro-RJ: Ministério da Saúde, 1993. população, pela inexistência deles. 3. Rouquayrol, Zélia M. Epidemiologia & Saúde. 5. ed. Rio de Janeiro: Medsi; 1999. 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Datasus, Informações de Saúde [On-line] 2003 [acesso em 16 dez 2008]; Disponível em: URL:http:// piloto, população tabnet.datasus.gov.br do 8. Sposito, CA et al. IV Diretriz Brasileira sobre interior do Estado do Amazonas, pobre Dislipidemias em estudos dessa natureza. Sendo assim, Departamento e Prevenção da de Aterosclerose Aterosclerose. da Sociedade mais trabalhos necessitam ser realizados Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol 2007; na região amazônica, a fim de se obter 88(S1): 2-18. dados específicos sobre a população de 9. Helmrich, SP, Ragland, DR, Leung, RW, et al. idosos e dos fatores de risco da terceira Physical activity and reduced occurrence of non- 28 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E OBESIDADE EM PARTICIPANTES DO GRUPO DA TERCEIRA IDADE EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES insulin-dependent diabetes mellitus. 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Viegas CAA, Araújo AJ, Menezes AMB, Dórea AJP, • Impossibilidade de avaliar outras comorbidades cardiovasculares como história familiar, perfil lipídico, uricemia. Torres BS. Diretrizes para cessação do tabagismo. J Bras Pneumol 2004;30(Supl2):S1-S76. 20. Unger T, Parati G.Acute stress and long-lasting blood 29 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Luiz Carlos de Lima, Higino Felipe Figueiredo, Fernando Luiz Westphal, José Correa Lima Netto, Isy Lima Peixoto EMPIEMA PLEURAL NO ADULTO E ADOLESCENTE: PREVALÊNCIA, TRATAMENTO E EVOLUÇÃO NO PERÍODO DE JANEIRO 1995 A JANEIRO DE 2005 PLEURAL EMPYEMA IN THE ADULT AND ADOLESCENT: PREVALENCE, TREATMENT AND EVOLUTION IN THE PERIOD OF JANUARY 1995 THE JANUARY OF 2005 Luiz Carlos de Lima;* Higino Felipe Figueiredo**,Fernando Luiz Westphal***, José Correa Lima Netto****, Isy Lima Peixoto***** RESUMO O empiema é uma infecção piogênica ou supurativa do espaço pleural. Hipócrates a reconheceu em 500 a.C. como uma doença grave, cuja drenagem era o único tratamento adequado. E, apesar do uso disseminado de antibióticos, o empiema continua a ser causa de grande morbidade em pacientes com pneumonia. Portanto, seu reconhecimento precoce deve ser enfatizado para uma menor morbi-mortalidade. Visando definir o perfil epidemiológico dos pacientes com empiema pleural na cidade de Manaus, realizou-se uma análise retrospectiva observacional dos pacientes maiores de 12 anos internados no Hospital Universitário Getúlio Vargas e Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto no período de janeiro de 1995 a janeiro de 2005. Então, utilizou-se uma amostra de 109 pacientes contidos no setor de arquivo médico e estatística (Same) dos hospitais, sendo estabelecidas possíveis associações do empiema pleural com as variáveis mais significativas contidas nos prontuários, tais como: idade, sexo, causas, exames complementares, patologias associadas, tratamentos empregados, complicações e a mortalidade. O software utilizado na análise foi o programa Epi-Info 3.3 for Windows desenvolvido e distribuído pelo CDC (www.cdc.org/epiinfo) e o nível de significância utilizado nos testes foi de 5%. Observouse significância estatística na associação do empiema pleural com o sexo masculino na faixa etária de adulto jovem e a principal causa que foi secundário a trauma torácico Orientador e pesquisador doutor / chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). ** Médico residente do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). *** Professor doutor / cirurgião torácico do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). **** Cirurgião torácico do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). ***** Acadêmica de Medicina da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). * 30 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 EMPIEMA PLEURAL NO ADULTO E ADOLESCENTE: PREVALÊNCIA, TRATAMENTO E EVOLUÇÃO NO PERÍODO DE JANEIRO 1995 A JANEIRO DE 2005 penetrante. Isto demonstra a crescente violência na sociedade e suas conseqüências, gerando custos para o sistema de saúde e seqüelas muitas vezes irreversíveis para os indivíduos acometidos, sendo em sua maior parte adultos jovens e do sexo masculino. A principal complicação diagnosticada foi encarceramento pulmonar e do total de pacientes com empiema pleural apenas quatro evoluíram para óbito. Palavras chave: Empiema Pleural, Trauma Torácico, Derrame Pleural. ABSTRACT Empyema is a piogenic or supurativa infection of the pleural space. It recognized it to Hippocrates in 500 AC as a serious illness, whose draining was the only adequate treatment. Thus, although the spread antibiotic use, empyema continues to be cause of great disease in patients with pneumonia. Therefore, its precocious recognition must be emphasized for a lesser morbidity and mortality. Aiming at to define the profile epidemiologist of the patients with empyema pleural in the city of Manaus, an analysis was become fullfilled retrospect of the patients biggest of 12 years interned in the University Hospital Getúlio Vargas and Hospital Ready Assistance 28 of August in the period of January of 1995 the January of 2005. Then, a sample of 109 patients contained in the SAME of the hospitals was used, being established possible associations of empyema pleural with the contained variable most significant in handbooks, such as: complementary age, sex, causes, examinations, used pathologies associates, treatments, complications and mortality. The software used in the analysis was the program Epi-Info 3,3 will be Windows developed and distributed for the CDC (www.cdc.org/epiinfo) and the level of significance used in the tests was of 5%. Statistics significance was observed in association of empyema pleural with the masculine sex in the age band of adult young e the main cause that was the wound for secondary thoracic trauma. This demonstrates to the increasing violence in the society and its consequences, generating costs for the health system and sequels many irreversible times for the displayed individuals, being in its bigger young part adult e of the masculine sex. The main diagnoses complication was pulmonary imprisonment and of the pleural total of patients with empyema only four they had evolved for death. Key-words: Empyema Pleural, Thoracic Trauma, Pleural Effusion. 31 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Luiz Carlos de Lima, Higino Felipe Figueiredo, Fernando Luiz Westphal, José Correa Lima Netto, Isy Lima Peixoto INTRODUÇÃO para prolongar o tempo de internação. Nesse introduziu a pleurais. Derrames importância as principalmente, pelo emprego de drogas toracocentese, antimicrobianas que vêm servindo de base pouco havia mudado na abordagem das infecções ganha terapêuticas coadjuvantes, representadas, Até meados do século 19, quando Trousseau sentido, para debates quanto às vantagens de sua pleurais administração.4 ocorrem freqüentemente em pacientes com pneumonia comunitária e nosocomial, não O estudo teve como objetivo realizar necessitando de abordagem diagnóstica ou uma análise epidemiológica do empiema terapêutica específica na maioria dos casos. pleural em pacientes adultos atendidos no Dos derrames parapneumônicos, apenas Hospital Geral e Pronto-Socorro na cidade 5 a 10% tornam-se complicados, podendo de Manaus. evoluir para uma coleção purulenta intrapleural.1,2 MÉTODOS O quadro clínico é variável, ora representado por sinais e sintomas mais Trata-se de um estudo retrospectivo agudos ora com pouca repercussão e observacional, realizado por meio da análise achados não específicos. Os sintomas de prontuários de pacientes maiores de 12 mais tosse anos com o diagnóstico de empiema pleural produtiva, dor torácica, perda de peso internados no Hospital Universitário Getúlio e mais Vargas (HUGV) e Hospital e Pronto-Socorro comumente envolvidos são Staphylococcus 28 de Agosto no período de janeiro de 1995 aureus, a janeiro de 2005, no município de Manaus, freqüentes dispnéia. Os são febre, microorganismos Staphylococcus epidermidis, anaeróbios, enterobactérias, Pseudomonas sp., Streptococcus e pneumoniae Estado do Amazonas. e A amostra utilizada foi obtida frequentemente múltiplos agentes estão com base em 109 prontuários, retidos presentes.3 As no setor de arquivo médico e estatística complicações de natureza (Same) dos hospitais, cujos pacientes infecciosas continuam como a maior causa tinham o diagnóstico de empiema pleural de morbidade e mortalidade tardias, as e foram acompanhados nessas instituições quais dependem diretamente da gravidade no referente período. Os dados foram da lesão e contribuem significativamente apresentados por tabelas de frequências, 32 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 EMPIEMA PLEURAL NO ADULTO E ADOLESCENTE: PREVALÊNCIA, TRATAMENTO E EVOLUÇÃO NO PERÍODO DE JANEIRO 1995 A JANEIRO DE 2005 onde se calculou as frequências absolutas simples e relativas para os Variáveis (n = 109) dados n % Sexo qualitativos; e médias, mediana e desvio- Masculino 98 89,9 padrão (DP) para os dados quantitativos. Feminino 11 10,1 Na análise de associação, utilizou o teste Idade (anos) do qui-quadrado de Pearson, quando não 12 ---| 21 33 30,3 satisfeitas às condições para aplicação do 21 ---| 40 47 43,1 teste de Pearson, utilizou-se a correção de 40 ---| 65 25 22,9 3,7 Mediana 4 32,8 ± 15,4 30,0 Intervalo 13 - 78 >65 Yates. Na comparação das médias de idade Média ± DP foi utilizado o teste T de Student, quando os dados encontravam-se normalmente distribuídos ou o teste de Mann-Whitney, Tempo de Internação (dias) quando não satisfeita a hipótese de Média ± DP normalidade. O software utilizado na análise Mediana 14,8 ± 10,6 12,0 foi o programa Epi-Info 3.3 for Windows Intervalo 2 – 54 desenvolvido e distribuído pelo CDC (www. Procedência cdc.org/epiinfo) e o nível de significância Manaus 85 78,0 utilizado nos testes foi de 5%. Interior do Estado 23 21,1 1 0,9 Outros Estados Este estudo foi aprovado pelo Comitê Tabela 1. Distribuição segundo sexo, idade, tempo de internação e procedência dos pacientes com empiema pleural no período de 1995-2005. de Ética em Pesquisa da Fundação Hospital Adriano Jorge em setembro de 2006. Conforme Gráfico 1, pode-se observar RESULTADOS que a principal causa de empiema pleural, após a análise de 97 prontuários, foi o trauma torácico A partir da análise dos prontuários com lesão penetrante por arma branca em 42 contidos no Hospital Universitário Getúlio (43,3%) do total de casos, seguida de pneumonia, Vargas e Hospital e Pronto-Socorro 28 de com 24 (24,7%) casos, e trauma torácico com lesão Agosto, gerou-se um total de 109 prontuários penetrante por arma de fogo em 7 (7,2%) casos do analisados. Os dados epidemiológicos, o total. Os sintomas mais apresentados, registrados tempo de internação e a procedência dos em 81 prontuários dos analisados, foram: dor pacientes estão discriminados na Tabela 1. torácica (82,7%), febre (77,8%), dispneia (51,9%), tosse (39,5%) e outros sintomas (18,5%). 33 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Luiz Carlos de Lima, Higino Felipe Figueiredo, Fernando Luiz Westphal, José Correa Lima Netto, Isy Lima Peixoto 50,0% 43,3% 40,0% 30,0% 24,7% 20,0% 13,4% 7,2% 10,0% 0,0% Ferimento por arma branca Pneumonia 6,2% 5,2% Ferimento por Tuberculose arma de fogo Abscesso hepático Outros Gráfico 1. Distribuição segundo causas de empiema pleural atendidos no HUGV e Pronto-Socorro 28 de Agosto do Município de Manaus – AM, no período de 1995-2005. Quanto à evolução clínica, 30 (27,5%) evoluíram com complicações, 79 (72,5%) do total de pacientes não as quais estão contidas na Tabela 2. evoluíram com complicações, enquanto Tipos de complicações (n = 30) n % Encarceramento pulmonar 8 26,7 Empiema septado 5 16,7 Fístula 5 16,7 Atelectasia 4 13,3 Coleções císticas 2 6,7 Outros 9 30,0 Tabela 2. Distribuição segundo os tipos de complicações dos pacientes com empiema pleural no período de 1995-2005. O tratamento clínico mais empregado demonstrados no Gráfico 2 e a fase do foi a antibioticoterapia com cefalotina, com empiema pleural no Gráfico 3. 27 (28,4%) do total de casos. Os tratamentos cirúrgicos que foram empregados estão 34 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 EMPIEMA PLEURAL NO ADULTO E ADOLESCENTE: PREVALÊNCIA, TRATAMENTO E EVOLUÇÃO NO PERÍODO DE JANEIRO 1995 A JANEIRO DE 2005 47,6% Drenagem fechada de tórax 28,6% Toracocentese 22,9% Pleurotomia aberta Drenagem aberta de tórax Decorticação 0,0% 21,0% 3,8% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% Gráfico 2. Distribuição segundo tipo de tratamento cirúrgico empregado nos pacientes com empiema pleural no período de 1995-2005. Gráfico 3. Distribuição das fases do empiema pleural nos pacientes com empiema pleural no período de 1995-2005. Conforme demonstrado na Tabela 3, observou-se significância branca e sexo masculino (p < 0,005), não estatística apresentando a mesma associação quando na associação da idade com empiema comparado com sexo feminino. secundário a trauma com lesão por arma 35 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Luiz Carlos de Lima, Higino Felipe Figueiredo, Fernando Luiz Westphal, José Correa Lima Netto, Isy Lima Peixoto Ferimento por arma branca Sexo Sim p-valor Não Média DP Mediana Média Masculino 26,1 8,8 23,0 Feminino 23,0 0,0 23,0 DP Mediana 40,4 18,2 38,0 0,0002 28,9 10,4 29,5 0,6961 Tabela 3 - Distribuição segundo ferimento por arma branca em relação ao sexo e média de idade dos pacientes com empiema pleural no período de 1995-2005. Teste de Mann-Whitney p-valor em negrito itálico indica diferença estatisticamente significante ao nível de 5%. DISCUSSÃO no estudo realizado por Fontelles e Mantovani,10 que observou maior incidência No prevalência estudo do observou-se sexo masculino dessa complicação em homens (93,3% dos maior casos), com uma média de idade de 26,8±8,9 entre anos, variando de 13 a 53 anos, e quanto os pacientes internados com empiema à frequência dos tipos de trauma, verificou pleural, cuja principal causa foi secundária que 92,8% apresentaram lesão penetrante. a trauma torácico. As principais causas de A contaminação pode ocorrer não só pelo empiema pleural descritas na literatura próprio mecanismo do trauma, mas também são: condição pós-pneumonia (comunitária pela não observância dos princípios técnicos, ou hospitalar), pós-operatório, iatrogenia, quando da inserção do dreno.10 empiema secundário a trauma torácico, e obstrução brônquica por conta da neoplasia O quadro clínico de empiema pleural central ou por corpo estranho.6, 7, 9 Observa- é variável, podendo apresentar sinais e se então que, diferindo da literatura atual, sintomas mais agudos ou mesmo ter pouca o trauma torácico foi a principal causa repercussão e achados inespecíficos. Os entre os indivíduos deste estudo, esse fato sintomas mais frequentes, de acordo com talvez deva-se ao registro deficiente nos a literatura, são febre, tosse produtiva, prontuários. dor torácica, perda de peso e dispneia,1114 Quando se avalia, no entanto, compatíveis com os encontrados nessa casuística: dor torácica seguida de febre, o empiema pleural secundário a trauma dispneia, tosse e outros sintomas. torácico, os dados obtidos são compatíveis com a literatura atual, conforme observado A 36 evolução revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 fisiopatológica do EMPIEMA PLEURAL NO ADULTO E ADOLESCENTE: PREVALÊNCIA, TRATAMENTO E EVOLUÇÃO NO PERÍODO DE JANEIRO 1995 A JANEIRO DE 2005 empiema pleural apresenta três estágios: traumáticos, alguns estudos demonstraram fase exsudativa, caracterizada pelo líquido redução da evolução para empiema com pleural fino, com baixo conteúdo celular o uso de antibiótico a partir da drenagem e expansibilidade pulmonar preservada; fechada de tórax, porém sem significância fase fibrinopurulenta, com acúmulo de pus, estatística.10, 15 celularidade aumentada (grande número de A toracocentese é a forma menos polimorfonucleares neutrófilos), presença invasiva de tratamento. Embora alguns de fibrina e tendência à formação de estudos indiquem sucesso em 25 a 94% loculações com expansão pulmonar limitada; dos casos no tratamento do empiema, a e fase de organização, representada por tendência é seguir a recomendação de se líquido espesso, com importante deposição considerar a toracocentese somente nos de fibrina ou tecido fibrinoso levando a encarceramento pulmonar.2, 3 pacientes com derrames menores que a Conforme metade do hemitórax, com Gram e cultura descrito na seção dos resultados, 30 (27,5%) negativos e pH > 7,2. A drenagem pleural pacientes evoluíram com complicações: encarceramento pulmonar, empiema septado, atelectasia, coleções fístula, deve ser, portanto, o tratamento de escolha para os casos volumosos (maiores que a metade do hemitórax) ou que se apresentem císticas e outras. O com Gram ou cultura positivos ou pH < 7,2, tratamento do empiema e no empiema franco. O empiema pode pleural abrange o suporte respiratório e evoluir com a formação de loculações que hemodinâmico, associados à introdução dificultam a penetração de antibióticos no de O líquido e a adequada expansão pulmonar. tratamento clínico mais empregado foi Para a lise das loculações, podem ser antibioticoterapia utilizados antibioticoterapia adequada. com cefalotina com os trombolíticos. Tanto a 27 (28,4%) do total de casos, seguido do estreptoquinase como a uroquinase ou o esquema metronidazol, fator ativador de plasminogênio podem em 10 (10,5%) dos pacientes. Em casos auxiliar na dissolução da malha de fibrina. de empiema secundário à pneumonia, O efeito dos trombolíticos na literatura é os controverso.6 A pleuroscopia é considerada ceftriaxona antibióticos e escolhidos devem ser associados a um agente para anaeróbios, uma cefalosporina de 3.ª geração associado ao loculados metronidazol ou uma quinolona respiratória com óbvias vantagens de menor custo e associada ao metronidazol.6 Em casos pós- menor agressão quando comparada com a 37 alternativa se eficaz indicada revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 nos processos precocemente, Luiz Carlos de Lima, Higino Felipe Figueiredo, Fernando Luiz Westphal, José Correa Lima Netto, Isy Lima Peixoto decorticação pulmonar. Estudos indicam que tórax com um total de 50 (47,6%), 30 (28,6%) a videotoracoscopia higiênica no empiema dos pacientes realizaram toracocentese, 24 foi mais eficaz, com hospitalização mais (22,9%) realizaram pleurotomia aberta, 22 curta e menor custo, quando comparada (21%) realizaram drenagem aberta de tórax à drenagem com uso de fibrinolítico.8 A e 4 (3,8%) necessitaram de decorticação decorticação por toracotomia aberta está pulmonar. indicada no empiema com inadequada expansão pulmonar, em especial nos casos CONCLUSÃO de fístula persistente do parênquima ou quando há coleções encistadas residuais pós-tratamento com fibrinolíticos Em conclusão, a partir da análise ou dos 109 casos de empiema pleural, notamos pleuroscopia. A antibioticoterapia adequada precoce associada a métodos a maior prevalência da enfermidade no sexo menos masculino, na faixa etária de adulto jovem agressivos, tem diminuído a frequência da entre 21 e 40 anos, sendo a principal causa utilização da decorticação. A drenagem trauma torácico penetrante. Isto demonstra aberta, sem selo d’água, está indicada a crescente violência na sociedade e suas nos casos de pacientes muito debilitados consequências, gerando custos para o e com empiemas crônicos (sem resolução sistema de saúde e sequelas muitas vezes após 30 dias de tratamento) que não irreversíveis para os indivíduos acometidos. suportam procedimentos mais agressivos.6 A principal complicação diagnosticada foi O tratamento cirúrgico do empiema pleural encarceramento pulmonar e do total de deve ser orientado de acordo com a fase pacientes com empiema pleural apenas anatomopatológica da doença, para se optar quatro evoluíram para óbito. pelo melhor momento de intervenção e o tipo de proposição cirúrgica adotada. Utilizando REFERÊNCIAS a classificação anatomopatológica como uma maneira de racionalizar as condutas, indica-se na fase aguda toracocentese ou 1. Salluh JIF. Abordagem diagnóstica do empiema drenagem fechada sob selo d’água. Os pleural – a utilização racional de antigos e novos empiemas métodos. Disponível em: <http://www.medstudents. pleurais crônicos requerem toracotomia para decorticação cirúrgica.5 com.br>. Acesso em nov. 2005. 2. Light RW. Parapneumonic Effusions and Empyema. O tratamento cirúrgico mais utilizado Proc Am Thorac Soc. 2006; 3:75-80. nessa casuística foi a drenagem fechada de 38 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 EMPIEMA PLEURAL NO ADULTO E ADOLESCENTE: PREVALÊNCIA, TRATAMENTO E EVOLUÇÃO NO PERÍODO DE JANEIRO 1995 A JANEIRO DE 2005 3. Duailibe LP, Donatti MI, Muller PT and DobashiPN. 9. Metersky ML. Is the lateral decubitus radiograph Toracocentese esvaziadora com irrigação e uso necessary for the management of a parapneumonic de antimicrobiano intrapleural no tratamento do pleural effusion? Chest. 2003;124(3):1129-32. empiema. J. bras. pneumol. 2004, vol. 30, n. 3, pp. 10. Fontelles MJ, Mantovani M. Incidência de 215-222. ISSN 1806-3713. empiema pleural no trauma isolado do tórax com 4. Fontelles MJ, Mantovani M. Trauma torácico: e sem uso da antibioticoterapia. Rev Col Bras Cir. importância da antibioticoterapia sobre o tempo de 2001;28(3): 198-202. internação. Acta Cir Bras. 2001; 16(3):133-138. 11. Cham CW, Haq SM, Rahamim J. Empyema 5. Cirino LMI, Francisco Neto MJ, Tolosa EMC. thoracis: a problem with late referral? Thorax. Classificação ultrassonográfica do derrame pleural 1993;48:925-7. e do empiema parapneumônico. Radiol Bras. 2002; 12. Mangete EDO, Kombo BB, Legg-Jack TE. Thoracic 35(2):81-83. empyema: a study of 56 patients. Arch Dis Child. 6. Marchi E; Lundgren F; Mussi R. Derrame pleural 1993;69:587-8. parapneumônico e empiema. J. bras. pneumol., São 13. Ferguson AD, Prescott RJ, Selkon JB, Watson D, Paulo, 2006. Swinburn CR. The clinical course and management 7. Chapman SJ, Davies RJ. Recent advances in of thoracic empyema. Q J Med. 1996;89:285-9. parapneumonic effusion and empyema. 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Fernando Luiz Westphal*,José Ribas Milanez de Campos**, Luiz Carlos de Lima***, José Correa Lima Netto****, George A. M. Lins de Albuquerque*****, Ingrid Loureiro de Queiroz Lima******, Priscilla Rodrigues Cerqueira******* RESUMO Introdução: O pectus excavatum é a deformidade da parede anterior do tórax mais comum, com uma prevalência em Manaus de 1,95%, observada entre escolares de 11 a 14 anos. A correção da deformidade pode ser realizada cirurgicamente e a técnica de Ravich é a mais utilizada, porém apresenta resultados satisfatórios quanto a correção do Pectus, entretanto necessita de uma grande cicatriz cirúrgica e a ressecção de múltiplas cartilagens costoesternais levando a um pior resultado estético. Em 1997 Donald Nuss propôs uma técnica minimamente invasiva, com resultado estético melhor que as técnicas anteriores. Método: Avaliação retrospectiva dos casos de correção do Pextus Excavatum pela Técnica de Nuss realizados no Hospital Beneficente Português de Manaus. Resultados: Seis pacientes com pectus excavatum foram operados, a idade média foi de 15,3 anos e cinco pacientes eram do sexo masculino. Quatro pacientes apresentaram um resultado estético ótimo, um paciente um bom resultado e um paciente a barra foi removida devido ao deslocamento da barra de Nuss. As complicações observadas foram o deslocamento da placa em um paciente e a infecção da ferida operatória em outro. Conclusão: A técnica minimamente invasiva para correção do Pectus Excavatum apresentou um número maior de complicações que as técnicas tradicionais, porém é menos agressiva e apresenta um resultado estético excelente, principalmente em adolescentes que tem uma maior complacência da caixa torácica. PALAVRAS-CHAVE: Pectus Excavatum, Deformidade na Parede Torácica, Técnica de Nuss technic. * Doutor em Cirurgia Torácica, professor da Universidade Federal e do Estado do Amazonas; **Professsor Livre Docente FM - USP; ***Doutor em Medicina, chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas, Universidade Federal do Amazonas; ****Especialista em Cirurgia Torácica, médico assistencial do serviço de Cirurgia Torácica da Universidade Federal do Amazonas; *****Médico residente de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas; ******Acadêmica de Medicina da Universidade Federal do Amazonas; *******Acadêmica de Medicina da Universidade do Estado do Amazonas. 40 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 CORREÇÃO DA DEFORMIDADE DE PAREDE TORÁCICA ANTERIOR PELA TÉCNICA DE NUSS – A EXPERIÊNCIA INICIAL EM MANAUS ABSTRACT Introduction: Pectus excavatum is the most common deformity of the anterior chest wall, with a prevalence in Manaus by 1.95%, observed among schoolchildren aged 11 to 14 years. The correction of the deformity may be done surgically and Ravich technique is frequently used, and it shows satisfactory results regarding the correction of Pectus, however need a large scar and surgical resection of multiple cartilages of the costoesternals leading to a worse cosmetic result. In 1997 Donald Nuss proposed a minimally invasive approach, with cosmetic result better than previous techniques. Method: Retrospective chart review of cases of correction of the Pectus Excavatum using Nuss technique performed in Portuguese Beneficent Hospital of Manaus. Results: Six patients with pectus excavatum were operated, the average age was 15.3 years and five patients were male. Four patients had an excellent cosmetic result, one patient a good result and one patient the bar was removed due to the displacement of the Nuss bar. Complications included the displacement of the plate in one patient and wound infection in another one. Conclusion: The minimally invasive technique for correction of pectus excavatum had more complications than traditional techniques, however, is less aggressive and has an excellent cosmetic result, especially in adolescents who have a greater thoracic cage tolerance and flexibility. Key-words: Pectus excavatum; Chest wall deformity; Nuss technic INTRODUÇÃO as técnicas convencionais disponíveis para o tratamento cirúrgico do PE. Embora os Dentre as deformidades da parede resultados fossem geralmente satisfatórios, torácica anterior, o Pectus excavatum (PE), a também chamado de “tórax em funil”, é a da parede torácica pela ressecção das costelas e extensa deformidade mais comum, representando cicatriz cirúrgica são fatores negativos perto de 85% dos casos. Na cidade de 1 dessas técnicas. Em 1997, uma técnica Manaus, foi constatada uma prevalência de 1,95% entre escolares de 11 a 14 anos. instabilidade minimamente invasiva para o tratamento 2 de PE foi introduzida por Donald Nuss, o um procedimento que remodela a parede procedimento de rotação do esterno são torácica empregando uma barra de metal A técnica de Ravitch e 41 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Fernando Luiz Westphal, José Ribas Milanez de Campos, Luiz Carlos de Lima, José Correa Lima Netto, George A. M. Lins de Albuquerque, Ingrid Loureiro de Queiroz Lima, Priscilla Rodrigues Cerqueira retroesternal sem ressecção das costelas.3 O subsequente curva de aprendizado da nova técnica.7 desenvolvimento O objetivo deste trabalho é relatar do reparo minimamente invasivo do Pectus a experiência inicial com a técnica de Nuss ajudou a evitar: 1) uma incisão anterior na correção do Pectus excavatum no Serviço na parede torácica; 2) a necessidade de de Cirurgia Torácica do Hospital Beneficente ressecar cartilagens costais, ou 3) realizar Português de Manaus. uma esternotomia. A técnica de Nuss também está associada a um menor tempo MÉTODO de cirurgia com perdas sanguíneas mínimas e retorno rápido às atividades quotidianas. Estudo retrospectivo dos casos de PE, Resulta também em força, expansibilidade, submetidos à correção cirúrgica pela técnica flexibilidade e elasticidade normais a longo de Nuss, no Hospital Beneficente Português prazo da parede torácica quando comparado de Manaus, no período de fevereiro de 2008 à técnica tradicional aberta.4 a junho de 2009. Os dados foram coletados O procedimento ganhou grande dos prontuários dos pacientes e os itens aceitação para a correção de PE em pesquisados foram: dados antropométricos, pacientes pré-púberes e adolescentes, sintomas, tipo do Pectus, tempo operatório, cujo tórax é complacente e ainda possui utilização de reposição sanguínea, tempo capacidade de hospitalização, complicações e resultado de remodelamento pelo crescimento. Seu uso em adultos, cujo estético. tórax é menos complacente, permanece A técnica de Nuss consiste na incerto.5 introdução de uma barra metálica, introduzida Desde sua introdução, experiências em posição restroesternal (Figura 1), por com a técnica e resultados foram descritos meio da videotoracoscopia para visualizar a por diversos centros. Uma das complicações passagem dela entre o pericárdio e a tábua mais comuns envolve o deslocamento da posterior do esterno. Essa barra tem a placa resultando em recorrências, a qual extensão compatível com o tórax do paciente, foi relatada em 9,2% dos pacientes.6 mas deve transpassar ambos os hemitoraces Comparando-se a técnica de Ravitch e ser firmemente fixada à parede costal por com a de Nuss, a segunda apresentou um intermédio de estabilizadores e pontos junto percentual maior de complicações quando aos arcos costais. A permanência da placa comparado à primeira, provavelmente pela deve ser por um período mínimo de 3 anos, 42 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 CORREÇÃO DA DEFORMIDADE DE PAREDE TORÁCICA ANTERIOR PELA TÉCNICA DE NUSS – A EXPERIÊNCIA INICIAL EM MANAUS visto que sua retirada precoce é associada à intervenção cirúrgica em um deles. Três recidiva do PE. pacientes não apresentaram complicações pós-operatórias e um ainda cursou com infecção da ferida operatória, recebendo RESULTADOS cuidados locais e antibioticoterapia com evolução favorável (Tabela I). Um A média de idade dos pacientes foi (16,6%) paciente necessitou transfusão de 15,33 anos, sendo 5 (83,3%) pacientes sanguínea no pós-operatório. A média do do sexo masculino. tempo operatório foi de 2h e 35 minutos, A principal queixa clínica dos observando-se uma redução desse tempo pacientes atendidos foi relacionada ao nos últimos casos. aspecto estético do Pectus, com apenas Em sua totalidade, os pacientes dois dos seis pacientes queixando-se de evoluíram satisfatoriamente, recebendo dispneia. Observou-se, ainda, que dois alta hospitalar em bom estado geral e com dos seis pacientes evoluíram no pós- bom aspecto da parede torácica. O tempo operatório com deslocamento da placa de médio de internação foi de 8 dias. Nuss, necessitando a posteriori de nova n Sexo Id Sintoma Principal Tipo do Pectus Complicações Pós-Oper. Resultado Estético 1 Masc 16 Estética Simétrico Discreto Deslocamento da Placa de Nuss Bom 2 Masc 16 Estética Assimétrico Moderado Não houve Ótimo 3 Masc 14 Estética Assimétrico Moderado Não houve Ótimo 4 Masc 15 Dispnéia aos grandes esforços Simétrico Discreto Não houve Ótimo 5 Fem 15 Estética Simétrico Acentuado Deslocamento da Placa de Nuss Insatisfatório 6 Masc 16 Dispnéia aos médios esforços Assimétrico Discreto Infecção de Ferida Operatória Ótimo Tabela 1 – Dados epidemiológicos, sintomas, tipo de Pectus, complicações e resultado estético dos pacientes submetidos à correção pela técnica de Nuss. 43 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Fernando Luiz Westphal, José Ribas Milanez de Campos, Luiz Carlos de Lima, José Correa Lima Netto, George A. M. Lins de Albuquerque, Ingrid Loureiro de Queiroz Lima, Priscilla Rodrigues Cerqueira DISCUSSÃO pacientes em questão. O procedimento de Nuss é indicado primariamente por estética nos pacientes pediátricos acometidos por A cirurgia torácica avança cada PE, mas em determinados casos no qual o vez mais para técnicas minimamente defeito é muito pronunciado, ocorre uma invasivas, seguindo uma tendência mundial melhora do funcionamento do sistema observada em todas as especialidades. A cardiorrespiratório.8 técnica de Nuss para a correção de PE é outro avanço observado na especialidade, As vantagens desse procedimento visto que, por meio de pequenas incisões incluem o menor tempo de internação laterais, consegue-se introduzir uma placa hospitalar e cirurgia minimamente invasiva em posição retroesternal. que permite o crescimento do esqueleto, ao A média de idade dos pacientes contrário realizadas nesta série de casos foi de 15,3 anos, das osteocondrectomias anteriormente. Entretanto, além do custo da toracoscopia, da barra de um pouco maior do que a descrita na Nuss e dos equipamentos especializados, a literatura.1 Quanto à razão sexo masculino/ técnica não é isenta de complicações.8, 9 feminino, esta foi de 5:1, corroborando com a literatura disponível, na qual o sexo Dentre as complicações apresentadas masculino é mais prevalente.7 pelos pacientes do estudo, observamos dois casos de deslocamento da placa de Nuss, no A idade ideal para a indicação da qual houve necessidade de reintervenção cirurgia para a correção do PE ainda é muito em um caso e em outro caso de infecção debatida na literatura em geral. Prefere-se observou-se infecção do sítio cirúrgico. normalmente, e de acordo com a técnica inicialmente descrita, a abordagem em Deslocamento da placa é a crianças de 3 a 6 anos para maximizar a complicação mais frequente descrita na expansibilidade da caixa torácica e respostas literatura, variando de 3 a 33% dos casos. à adolescentes Geralmente ocorre nas primeiras semanas também foram tratados com essa cirurgia após a implantação.9 A recomendação do uso e apresentaram bons resultados, embora de estabilizadores laterais não provou ser tenham sempre efetiva. O procedimento promove cirurgia. a Entretanto, expansibilidade da parede torácica diminuída.3 maior fixação, entretanto não previne sua rotação e também está associada à dissecção Dentre as queixas principais, a mais extensa e processo inflamatório mais estética prevaleceu, englobando 66,7% dos 44 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 CORREÇÃO DA DEFORMIDADE DE PAREDE TORÁCICA ANTERIOR PELA TÉCNICA DE NUSS – A EXPERIÊNCIA INICIAL EM MANAUS intenso nos limites da placa.10 resultado estético. A técnica de Nuss utilizada para correção de PE se mostra Alguns autores descreveram sua eficiente, principalmente quando utilizada experiência com a utilização de fios de em adolescentes, e que apesar de ser aço fixando a barra ao arco costal em uma técnica recente, ainda em curva ambas as extremidades, o que, segundo de aprendizado na maioria dos serviços, descrição dos autores, pareceu prevenir apresenta-se como uma alternativa com a rotação da barra nos casos estudados. resultados promissores. Essa técnica é recomendada para pacientes com menos de dez anos de idade, nos REFERÊNCIAS quais o uso de fixadores laterais pode ser evitado.6 Entretanto, a correção do PE em adolescentes com deformidade acentuada 1. Williams AM, Crabbe DC. Pectus Deformities deve ser realizada com duas barras para of the Anterior Chest Wall. Paediatr Respir Rev. evitar 2003;4(3):237-42. deslocamentos e ainda obter melhor resultado estético. Nos casos em 2. Westphal FL, Lima LC, Lima Netto JC, Chaves que se utiliza apenas uma barra, o uso de AR, Santos Júnior, VL, Ferreira, BLC. Prevalência de estabilizadores laterais deve ser obrigatório pectus carinatum e pectus excavatum em escolares de Manaus. Jor Bras Pneumol. 2009, 35:221-226. para prevenir a rotação. Outras complicações 3. Park HJ, Lee SY, Lee CS, Youn W, Lee KL. The também Nuss Procedure for Pectus Excavatum: Evolution of foram descritas em quase todas as séries Techniques and Early Results on 322 Patients. Ann de casos utilizando essa técnica, como Thorac Surg. 2004; 77:289-95. infecção da placa, com reversão pelo uso de 4. Engum S, Rescoria F, West K, Rouse T, Grosfeld antibioticoterapia sem indicação de retirar a J. Is the Grass Greener? Early Results of the Nuss barra de ferro; redução dos movimentos da Procedure. J Pediatr Surg 2000; 35:246-251. parede torácica resultando em atelectasia e 5. Coln D, Gunning T, Ramsay M, Swygert T, Vera R. complicações mais graves, porém incomuns, Early Experience with the Nuss Minimally Invasive como a lesão cardíaca e hepática.9 Em conclusão: atualmente Correction of Pectus Excavatum in Adults. World J Surg 2002; 26:1217-1221. as 6. Uemura S, Nakagawa Y, Yoshida A, Choda Y. técnicas minimamente invasivas utilizadas Experience in 100 cases with the Nuss Procedure em cirurgia de tórax ganham grande Using a Technique for Stabilization of the Pectus Bar. destaque, principalmente pela diminuição Pediatr Surg Int 2003; 19:186-189. do tempo de internação e excelente 7. Protopapas A, Athanasiou T. Peri-operative Data 45 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Fernando Luiz Westphal, José Ribas Milanez de Campos, Luiz Carlos de Lima, José Correa Lima Netto, George A. M. Lins de Albuquerque, Ingrid Loureiro de Queiroz Lima, Priscilla Rodrigues Cerqueira Endereço para correspondência: on the Nuss Procedure in Children with Pectus Excavatum: Independent Survey of the First 20 years’ Fernando Luiz Westphal data. Journal of Cardiothoracic Surgery 2008; 3:80. 8. Castellani C, Schalamon J, Saxena A, Hoellwarth Avenida Grande Otelo, 100 – Residencial Jardim M. Early Complications of the Nuss Procedure for Itália, Ed. Turin, apto. 401, Parque Dez. Pectus Excavatum: a Prospective Study. Pediatr Surg CEP: 69055-021 Int 2008; 24:659-666. Manaus – AM, Brasil. 9. Dzielicki J, Korlacki W, Janicka I, Dzielika E. Difficulties and Limitations in Minimally Invasive Tel.: 55 92 3234-6334 Repair of Pectus Excavatum – 6 years Experience with Nuss Technique. European Journal of CardioThoracic Surgery 2006; 30:801-804. Figura 1 – Raio X de tórax demonstrando o posicionamento adequado da placa com a retificação adequada dela. 46 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 André Luiz Campos Mancini, Jonas Rodrigues de Menezes Filho, Giuseppe Figliuolo, Cristiano Silveira Paiva INDICAÇÕES ATUAIS DA CIRURGIA POUPADORA DE NÉFRONS NOS TUMORES RENAIS. UM ARTIGO DE REVISÃO CURRENT INDICATIONS OF NEPHRON-SPARING SURGERY IN RENAL TUMORS. A REVIEW ARTICLE André Luiz Campos Mancini*, Jonas Rodrigues de Menezes Filho*, Giuseppe Figliuolo**, Cristiano Silveira Paiva** Resumo Atualmente, com a popularização dos exames de imagem, houve um aumento expressivo do diagnóstico de tumores renais assintomáticos e de pequeno tamanho, os incidentalomas. Com a evolução das técnicas cirúrgicas e melhor entendimento da fisiologia renal, os tratamentos oncológicos puderam ser feitos com a preservação do órgão, em detrimento da cirurgia radical, com extirpação de todo o rim, evitando assim nos pacientes com importante déficit na função renal ou possuidores de rim único a evolução para doença renal crônica e início de terapias de substituição renal. O acompanhamento desses pacientes demonstrou ainda que as complicações operatórias, a recorrência local e a sobrevida são iguais aos da nefrectomia radical. Palavras-chave: Rim, nefrectomia poupadora de néfrons, nefrectomia parcial, tumor renal, carcinoma de células renais. Abstract: Currently with the popularization of image examinations, there was a significant increase of asymptomatic renal tumours diagnosis and small size, the incidentalomas. With the evolution of surgical techniques and better understanding of renal physiology, the cancer treatments could be made with the preservation of the organ, rather than radical surgery, with removal of the entire kidney, avoiding in patients with important deficit in renal function or single kidney owners for chronic renal disease development and early renal replacement therapy. The monitoring of these patients also demonstrated that postoperative complications, local recurrence and survival are equal to those of radical nephrectomy. Key-words: Kidney, nephron sparing surgery, partial nephrectomy, renal tumor, renal carcinoma cell. * Residentes de Urologia do HUGV **Professor da Disciplina de Urologia da Universidade Estadual do Amazonas ***Doutor em urologia pela Escola Paulista de Medicina – EPM/Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP 47 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 INDICAÇÕES ATUAIS DA CIRURGIA POUPADORA DE NÉFRONS NOS TUMORES RENAIS. UM ARTIGO DE REVISÃO INTRODUÇÃO para tratamento de um CCR, foi descrita pela primeira vez por Czerny, em 1887, mas pelas dificuldades técnicas da época, O carcinoma de células renais (CCR) não obtiveram resultados satisfatórios. representa 3% de todos os cânceres, com Vermoteen, em 1950, desenvolveu as mortalidade maior que 40%. Nos EUA, 57.760 técnicas modernas para a realização da novos casos são esperados no ano de 2009, NSS, mas não conseguiu obter as mesmas com uma estimativa de 12.980 mortes.1 A taxas de sobrevida que a NR, caindo em predominância é maior no sexo masculino desuso novamente. (3:2), e é mais comum na população da 6.ª e 7.ª décadas da vida. São mais comuns Atualmente, com o avanço dos nos pacientes da raça negra em 10 a 20%. A exames de imagem, das técnicas de maioria dos casos é esporádica, tendo como prevenção de dano renal e escolha adequada causa familiar somente 4% dos casos. dos pacientes, a NSS tornou-se procedimento seguro com baixas morbidade e taxa de O diagnóstico e tratamento dos recorrência local e alta satisfação dos CCR aumentaram de modo significativo nos últimos 15 anos pela pacientes, com custo semelhante à NR.3 detecção precoce de massas renais assintomáticas (incidentalomas), pela popularização dos exames de imagem abdominais como ultrassom (US), a tomografia (TC) (Figura 1) e a ressonância magnética (RM), suplantando assim a tríade clássica de dor lombar, hematúria e massa palpável, correspondendo aos casos mais avançados. A nefrectomia radical (NR) foi o Figura 1 – Tumor renal direito exofítico de 4 cm. primeiro tratamento preconizado para os pacientes portadores de CCR, com a retirada INDICAÇÕES ATUAIS DA NSS de todo o rim, de sua gordura perirrenal e a fáscia de Gerota, assim como a glândula suprarrenal ipsilateral.2 A nefrectomia Indica-se a NSS quando a preservação poupadora de néfrons (Nephron Sparing de tecido renal não comprometer os Surgery – NSS) ou nefrectomia parcial (NP), princípios oncológicos e objetivando a 48 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 André Luiz Campos Mancini, Jonas Rodrigues de Menezes Filho, Giuseppe Figliuolo, Cristiano Silveira Paiva manutenção da função renal do paciente. pequenos e simples (<4 cm e classificação Divide-se em três categorias: absolutas, T1aN0M0) relativas e eletivas (Quadro 1). Indicações curativa que a NR. Tumores maiores (>4 controversas são referentes aos tumores cm), ou múltiplos, não são bons candidatos, com estágio clínico T2, localização central, devendo ser submetidos à NR.4 multifocais e tumor não-familiar. Na possuem a suspeita mesma de eficácia linfonodos Um importante fator na decisão comprometidos, deve-se fazer a biópsia pela nefrectomia parcial é o tamanho do destes antes de iniciar a ressecção tumoral.2 tumor. Estudos demonstram que tumores Indicações para NSS Condição associada Absoluta Risco de o paciente tornar-se anéfrico e diálise iminente. Rim único, rim contralateral hipoplásico, tumor bilateral, Doença de Von Hippel-Lindau Relativa Tumor unilateral com doença renal benigna contralateral ou doença sistêmica. Litíase, pielonefrite crônica, refluxo vésicoureteral, estenose artéria renal; HAS, diabetes. Eletiva Tumor unilateral com rim contralateral normal. Não há patologias que prejudiquem a função renal no momento. Quadro 1 – Indicações para Nefrectomia Parcial. PAPEL DA BIÓPSIA RENAL NA NSS contraindicada em coagulopatias ou quando há dificuldade em acessar o rim.5 Indica-se a biópsia renal quando A biópsia torna-se um procedimento se necessita de um diagnóstico da massa importante encontrada pelos exames de imagem (TC, idosos, com comorbidades e apresentam RM) que não demonstram tumor renal incidentalomas (<4 cm), pois esses tumores com certeza. Algumas patologias podem podem apresentar grau nuclear baixo e a ter tratamento clínico, como nos casos progressão da doença não é usual se estiver de linfoma, metástases de outros sítios, limitado ao rim, com uma sobrevida aos angiomiolipomas, oncocitomas e processos cinco anos entre 82 a 95%.6 nos casos infecciosos. Também é importante nos pacientes que apresentam contraindicação relativa à cirurgia de NSS. A biópsia é 49 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 de pacientes INDICAÇÕES ATUAIS DA CIRURGIA POUPADORA DE NÉFRONS NOS TUMORES RENAIS. UM ARTIGO DE REVISÃO CUIDADOS PRÉ-OPERATÓRIOS NA a 11.ª e a 12.ª costela (Figura 2A), dissecção NSS cuidadosa do rim preservando a gordura perirrenal adjacente ao tumor (Figura 2B), exposição do hilo renal com isolamento da A avaliação pré-operatória deve ser artéria e veia renais para controle vascular completa, com anamnese e exame físico (isquemia), visando reduzir o sangramento completos, avaliação laboratorial completa durante a NP (Figura 2C). (hemograma, testes de coagulabilidade, eletrólitos, função renal, urina tipo I, albumina sérica), radiografia de tórax, podendo ainda em determinados casos TC Abdome, TC Tórax e cintilografia óssea para avaliação de possível doença metastática.2, 4 A avaliação da função renal deve ser realizada de forma sistemática, e não quantificar somente pela dosagem da creatinina sérica, mas também pela taxa de filtração glomerular (GFR), pois é mais fidedigna e pode predizer no pós-operatório Figura 2A – Posição cirúrgica, Figura 2B – Rim dissecado. Figura 2C – Tumor exofítico. Figura 2D – Resfriamento com gelo. a necessidade de diálise renal. A diminuição da função renal está relacionada com o tempo de isquemia de ressecção tumoral, a 2. Medidas de proteção da função idade do paciente e rim único.7, 8 renal DETALHES TÉCNICOS NA NSS Importantes medidas devem ser tomadas para minimizar a perda de função 1. Vias de acesso renal decorrente do tempo de isquemia pelo clampeamento temporário do hilo Aimportância do seguimento metódico renal. O primeiro passo é a manutenção do cirurgião aos detalhes técnicos elevou esta de hidratação vigorosa no intra e pós- cirurgia à mesma eficácia da NR. 2 operatório com pressão sistólica acima de O acesso preferencialmente é feito 120 mmHg, melhorando assim a perfusão por lombotomia, extraperitonealmente entre renal. O segundo passo é a administração 50 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 André Luiz Campos Mancini, Jonas Rodrigues de Menezes Filho, Giuseppe Figliuolo, Cristiano Silveira Paiva intravenosa de manitol (12,5 g) 5 a 10 furosemida deve ser feita após a liberação minutos antes do clampeamento, pois essa do clampeamento vascular renal, para medida visa diminuir o edema intracelular. promover melhor reperfusão, diminuindo o O terceiro passo é o resfriamento do efeito do estresse oxidativo e estimular a rim com gelo picado (Figura 2D) após o diurese. clampeamento, por um período médio de 10 minutos, atingindo uma temperatura 3. Nefrectomia parcial entre 15 a 20°C, diminuindo assim o gasto Preparado energético das células renais corticais.7 mais realização NSS, da importante pois diminui órgão, procede- se a realização de enucleação do tumor A isquemia renal é o procedimento intraoperatório o (Figura 3A), nefrectomia polar (superior na ou inferior) ou a retirada em cunha nos o casos de tumores da região medial. Detalhe sangramento e facilita a visualização das importante da ressecção tumoral é de não estruturas anatômicas. violar a pseudocápsula, mantendo uma O clampeamento pode ser apenas margem de segurança.9 da artéria renal ou da artéria e veia Hemostasia do leito renal é de conjuntamente, e não se recomenda a sua fundamental utilização de forma intermitente no hilo importância, evitando os riscos de sangramento pós-operatório e renal, como nas cirurgias hepáticas. Quando de reoperação (Figura 3B). A realização de não se utiliza o resfriamento renal com biópsias do leito de ressecção pode ser feita gelo na nefrectomia parcial, o tempo de para confirmação de margens cirúrgicas livres enucleação tumoral é chamado de tempo de de neoplasia, mas os estudos demonstram isquemia quente e não deve ultrapassar 30 que para tumores menores de 4 cm basta minutos, sob o risco de deterioração renal uma mínima margem de segurança de 0,2 irreversível. A utilização do gelo (isquemia cm, não comprometendo os resultados fria) é benéfica, pois permite proteção oncológicos e promovendo tempo livre renal por período isquêmico médio de até de doença e sobrevida câncer específica 60 minutos, devendo ser utilizada nos casos semelhante à nefrectomia radical.10, 11, 12 onde há a possibilidade de tempo operatório Realizada a enucleação tumoral, alargado ou nos pacientes com risco de inicia-se a sutura do sistema coletor com progressão para doença renal crônica.8 fio absorvível, e a rafia do parênquima Nova administração de manitol e renal com interposição de tecido para 51 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 INDICAÇÕES ATUAIS DA CIRURGIA POUPADORA DE NÉFRONS NOS TUMORES RENAIS. UM ARTIGO DE REVISÃO a sustentação da sutura, como gordura As complicações pós-operatórias perirrenal (Figura 3C), fáscia de Gerota não decaíram com os avanços da técnica ou esponja de gelatina. Alguns autores cirúrgica, dos cuidados perioperatórios e a recomendam complementar experiência da equipe cirúrgica. Destaca-se com selantes à base de fibrina (solução de a fístula urinária (1,4 – 17,4%), insuficiência fibrinogênio humano em alta concentração renal aguda (0,7 – 7,3%), hemorragia pós- associado operatória (2,4%) e infecção (0,6 – 6,0%). A à hemostasia trombina e um agente antifibrinolítico),13 sendo aplicada sobre taxa de reoperação é baixa (0 – 3,1%). a superfície do parênquima renal, com A taxa de sobrevida câncer específica excelentes resultados em NSS convencional é similar à nefrectomia radical (88 – 97,5%), e laparoscópica, sem reintervenções por para estudos com tempo médio de follow- hemorragia ou fístula urinária.14 up de 3 a 6 anos, assim como a taxa de recorrência local (0 – 7,3%).2 Os NSS pacientes necessitam de submetidos à acompanhamento ambulatorial com avaliação laboratorial da função renal, função hepática, cálcio sérico e fosfatase alcalina, radiografia de tórax, US abdominal e TC de Abdome a cada 3 meses durante o primeiro ano; a cada 6 meses no 2.º e 3.º anos e anualmente após o 4.º ano.2, 9 Nos casos de recorrência tumoral, pode-se realizar nova NSS ou NR, dependendo Figura 3A – Enucleação tumoral. Figura 3B – Retirada do tumor. Figura 3C – Rafia do rim. Figura 3D Tumor renal. do estadiamento oncológico ou da condição do rim. 5. 4. Seguimento dos pacientes por NSS Comparação entre NSS convencional x laparoscópica No pós-operatório, indica-se Com hidratação vigorosa ao paciente, com o estabelecimento das bases da NSS, introduziu-se a abordagem intuito de evitar a necrose tubular aguda e laparoscópica (LNSS) com a finalidade assim manutenção da função renal. 52 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 André Luiz Campos Mancini, Jonas Rodrigues de Menezes Filho, Giuseppe Figliuolo, Cristiano Silveira Paiva de associar suas vantagens como menor como tempo de sobrevida e tempo livre morbidade, menores tempo de hospitalização de doença, semelhantes à NR, tido como e de convalescência à técnica original.15 procedimento padrão-ouro no tratamento Os trabalhos dos tumores renais. A NSS evita, portanto, subsequentes que pacientes com déficit parcial na compararam os resultados da NSS e da LNSS, função renal evoluam para a insuficiência em relação aos resultados oncológicos e renal crônica, se submetidos à NR. A LNSS complicações operatórias. Um dos também demonstrou ser eficaz nos tumores trabalhos localizados e menores de 4 cm, mas ainda 200 concentrada a centros de excelência em cirurgias (100 NSS e 100 LNSS), e a laparoscopia, sendo uma alternativa viável cirurgia laparoscópica estava associada a NSS. comparativos, primeiros relacionaram com uma maior taxa de complicações intraoperatórias (5% vs 0, p<0.03) e um REFERÊNCIAS aumento da taxa de complicações renais e urológicas (11% vs 2%, p<0,01). Dentre essas 1. Jemal A, Siegel R, Ward E, Hao Y, Xu J, Thun MJ. complicações são relatadas as hemorragias Cancer statistics. CA Cancer J Clin. 2009; 59(4):225-49. intra e pós-operatórias, fístulas urinárias e 2. Novick AC, Derweesh I. Open partial nephrectomy hematúria.16 for renal tumours: current status. BJU Int. 2005; 95:35-40. Com o avanço da tecnologia e o aumento da curva de aprendizagem, os 3. Uzzo RG, Novick AC. Nephron sparing surgery for grandes centros de laparoscopia urológica, renal tumors: Indications, techniques and outcomes. com seleção criteriosa de pacientes (estádio J Urol. 2001; 166: 6-18. T1a), obtêm resultados semelhantes à NSS.15 4. Heldwein FL, McCullough TC, Souto CA, Galiano M, Barret E. Localized renal cell carcinoma management: An update. Int Braz J Urol. 2008;34(6):676-89. CONCLUSÃO 5. Krebs RK, Paiva C, Khalil, W, Andreoni C, Ortiz V. Tumor renal menor de 4 cm. Há lugar para biópsia Os permitem renais atuais o exames diagnóstico assintomáticos e de imagem por agulha? Sinopse Urol. 2007;2:47-49. de tumores 6. Dall’oglio MF, Srougi M, Gonçalves PD, Leite em estádio KM, Hering F. Morphologic features of incidentally identified renal tumors. Int Braz J Urol. 2002; inicial. A NSS demonstrou ser eficaz, 28:102-108. com resultados oncológicos expressivos 7. Yossepowitch O, Eggener SE, Serio A, Huang WC, 53 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 INDICAÇÕES ATUAIS DA CIRURGIA POUPADORA DE NÉFRONS NOS TUMORES RENAIS. UM ARTIGO DE REVISÃO Snyder ME, Vickers AJ, Russo P. Temporary renal 12. Li QL, Guan HW, Wang FP, Jiang T, Wu HC, Song isquemia during nephron sparing surgery is associated XS. Significance of margin in nephron sparing surgery with short-term but not log-term impairment in renal for renal cell carcinoma of 4 cm or less. Chin Med J function. J Urol. 2006 Oct;176(4 Pt 1):1339-43; (Engl). 2008;121(17):1662-5. 8. Simmons MN, Schreiber MJ, Gill IS. Surgical 13.Evans LA, Morey AF. Current applications of fibrin renal ischemia: A contemporary overview. J. Urol. sealant in urologic surgery. Int Braz J Urol., v. 32, p. 2008;180:19-30. 131-141, 2006. 9.Pertia A, Managadze L. Long-term results of simple 14. Shekarriz B, Stoller ML. The use of fibrin sealant enucleation for the treatment of small renall cell in urology. J Urol. 2002;167:1218-1225. carcinoma. Int Braz J Urol. 2006; 32:640-647. 15. Permpongkosol S, Bagga HS, Romero FR, Sroka 10.Sutherland SE, Resnick MI, Maclennan GT, M, Jarrett TW, Kavoussi LR. Laparoscopic versus Goldman HB. Does the size of the surgical margin open partial nephrectomy for the treatment of in partial nephrectomy for renal cell câncer really pathological T1 N0 M0 renal cell carcinoma: a 5-year matter? J Urol. 2002;167:61-64. survival rate. J Urol. 2006;176(5):1984-8. 11.Li QL, Guan HW, Song XS, Wu HC. Long term 16. Gill IS, Matin SF, Desai MM, Kaouk JH, Steinberg outcomes of mini-margin nephron sparing surgery A, Mascha E, Thornton J, Sherief MH, Strzempkowski for renal cell carcinoma. Disponível em: < http:// B, Novick AC. Comparative analysis of laparoscopic www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18683767>. Acesso versus open partial nephrectomy for renal tumors in em: 05 agosto 2009. 200 cases. J Urol. 2003;170(1):64-8. 54 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Jefferson do Rêgo Corrêa, Giorge Pessoa de Jesus ABORDAGEM CIRÚRGICA EXTRAORAL NO TRATAMENTO DE RÂNULA MERGULHANTE – RELATO DE CASO SURGICAL MANAGEMENT EXTRAORAL IN TREATMENT OF PLUNGING RANULA – REPORT CASE Jefferson do Rêgo Corrêa,* Giorge Pessoa de Jesus** RESUMO O fenômeno de extravasamento de muco, que pode estar associado a anomalias congênitas, traumas e doenças da glândula sublingual, é conhecido como rânula. Uma variante clínica incomum, a rânula mergulhante, ocorre quando o extravasamento de mucina consegue dissecar e romper barreiras atingindo espaços mais profundos, ocasionando na maioria das vezes uma tumefação no pescoço. O presente trabalho relata uma paciente diagnosticada com a lesão após ter sofrido trauma na região de assoalho bucal e submetida a tratamento cirúrgico com a remoção extraoral da glândula envolvida. Palavras-chave: Rânula Mergulhante; Glândula Sublingual; Acesso Extraoral. ABSTRACT The phenomenon of mucus leaking that can be associated to congenital anomalies, trauma and illnesses of sublingual gland, is known as Ranula. An uncommon clinical variant, the plunging ranula, occurs when the leak of mucin breaches barriers and reaches deeper spaces, causing most of times a neck swelling. The present study reports a patient who has got this injury after traumatizing the mouth floor area, and was submitted to a surgical treatment with extraoral removal of the affected gland. Keywords: Plunging ranula; Sublingual gland; Extraoral approach. *Acadêmico finalista da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Amazonas – Ufam. ** Professor titular da disciplina de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Amazonas – Ufam. E-mail: [email protected] Endereço: Av. Tókio, quadra 20, n.º 2 – Conj. Campos Elíseos, bairro: Planalto – CEP: 69045-200. Manaus – AM, fone: (92) 3238-8421, CEL: (92) 9625-6202 55 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 ABORDAGEM CIRÚRGICA EXTRAORAL NO TRATAMENTO DE RÂNULA MERGULHANTE – RELATO DE CASO INTRODUÇÃO permite uma boa avaliação da extensão da lesão.6, 10, 11 Existem inúmeras abordagens para o tratamento da rânula mergulhante, Rânula, nome derivado do latim sendo as cirúrgicas com a drenagem da rana, que significa rã, foi dado por conta da lesão e ressecção da glândula sublingual as lesão lembrar o aspecto translúcido do baixo- mais eficazes.5, 7, 8, 10, 12, 13, 14, 15 ventre de uma rã, e é um termo utilizado para os fenômenos de extravasamento de Este trabalho tem por objetivo mucina que ocorrem no assoalho bucal.1, 2, 3 descrever o relato de caso de uma Têm sido descritas associadas com anomalias paciente portadora de rânula mergulhante congênitas, traumas, doenças da glândula diagnosticada no Serviço de Cirurgia e sublingual relatam, Traumatologia Bucomaxilofacial – CTBMF ainda, que essa lesão pode surgir em da Faculdade de Odontologia – FAO da consequência de cirurgias para a colocação Universidade Federal do Amazonas – Ufam de implantes dentais.3, 4, 5, 6 Uma variante e tratado no Hospital Universitário Getúlio clínica incomum, a rânula mergulhante, Vargas (HUGV). ocorre mucina e alguns quando o consegue autores extravasamento dissecar e de romper RELATO DE CASO barreiras como o músculo miloioide e atinge espaços mais profundos, como os A paciente do gênero feminino, espaços submandibulares e parafaringeanos feoderma, 27 anos de idade, do interior inferiores, ocasionando na maioria das vezes uma tumefação do pescoço.3, 7, 8 do Estado do Amazonas – Brasil, procurou O o ambulatório do Serviço de CTBMF da diagnóstico está diretamente relacionado FAO/Ufam, queixando-se de um “aumento com a história do desenvolvimento da lesão, de volume” no lado esquerdo do pescoço que pode ter aparecido após um trauma (Figura 1). Na anamnese foi constatado na região de assoalho bucal envolvendo a que, após injúria por uma “espinha de glândula sublingual ou por obstrução de seu peixe” no assoalho bucal, iniciou-se o ducto, ocasionando em um extravasamento do conteúdo salivar.6, 9, 10 desenvolvimento de uma vesícula que Junto com a regrediu espontaneamente. Após alguns história clínica, exames complementares meses, a paciente observou um aumento de imagem, como a ressonância magnética de volume na região submandibular do (RM), garantem um maior estreitamento lado esquerdo, que evoluiu causando uma das possibilidades diagnósticas, e ainda 56 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Jefferson do Rêgo Corrêa, Giorge Pessoa de Jesus assimetria facial. Ao exame físico não foi um dreno e em seguida buscou-se uma constatado nenhum envolvimento intraoral, sutura por planos (Figura 6) o qual foi verificando-se apenas o abaulamento na removido no segundo dia pós-operatório região anteriormente mencionada. Com depois da confirmação de não haver base na história da doença e no exame mais conteúdo salivar que pudesse ser clínico, onde foi realizada punção aspirativa removido por sucção. A peça foi enviada positiva mucoso, para o Serviço de Patologia da Ufam, e foi levantou-se a hipótese diagnóstica de submetida a exame histopatológico que rânula mergulhante (Figura 2). Para auxiliar revelou tecido de glândula salivar maior no diagnóstico foi solicitado o exame de com ductos rompidos e extravasamento de ressonância magnética que revelou uma muco para o tecido conjuntivo, bem como lesão multilocular estendendo-se do espaço infiltrado inflamatório crônico inespecífico, sublingual até o parafaringeano inferior característico de rânula. A paciente evoluiu esquerdo, envolvendo estruturas anatômicas de forma satisfatória não apresentando nobres como nervos e vasos sanguíneos sinais de infecção ou quadros de xerostomia. calibrosos (Figura 3). O tratamento proposto Portanto, não havendo comprometimento pela equipe cirúrgica foi a drenagem da lesão significativo da lubrificação bucal pela associada à exérese da glândula envolvida. exérese Por não haver tumefação intraoral e por encontra-se com dois anos de proservação promover melhor campo operatório, optou- sem sinais de recidiva (Figura 7). obtendo-se conteúdo das glândulas. Atualmente se por fazer uma incisão submandibular (Hisdon) possibilitando uma melhor DISCUSSÃO visualização das estruturas anatômicas que estavam intimamente envolvidas pela Por cápsula cística (Figura 4). Foi realizada submandibular submandibular pela cápsula da rânula, número e parafaringeanos, o diagnóstico de rânula / rânula mergulhante fato este que levou os cirurgiões a optar é pela remoção tanto da glândula sublingual submandibular, grande de assoalho bucal, espaço sublingual, também, o envolvimento da glândula da do de doenças relacionadas com a região dissecção por planos quando se observou, quanto conta geralmente determinado por uma combinação da história, achados clínicos e eliminando estudos de imagens.6, 7 A rânula mergulhante qualquer possibilidade de recidiva (Figura pode se apresentar como um aumento de 5). Após exérese das glândulas foi adaptado volume da área submandibular com ou sem 57 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 ABORDAGEM CIRÚRGICA EXTRAORAL NO TRATAMENTO DE RÂNULA MERGULHANTE – RELATO DE CASO o envolvimento intraoral.12, 16 Exames a tomografia de Dentre os tratamentos existentes, imagens, computadorizada a excisão da rânula associada à remoção como e da glândula sublingual tem sido o de a primeira escolha por muitos autores. Em ressonância magnética, têm ajudado com dados estatísticos é o que apresenta baixo grande eficácia no diagnóstico dessa lesão, ou nenhum índice de recidiva da lesão. pois mostram um sinal patognomônico Pelo fato, porém, de ser uma abordagem conhecido como “cauda”, que é uma bem invasiva, é necessária uma grande evidenciação do percurso realizado pelo experiência por parte do cirurgião e de sua fluido salivar quando da sua disseminação equipe.10, 17, 18 para os espaços fasciais mais profundos do pescoço.1, 4, 9 Por causa da rânula mergulhante ser uma variante incomum da rânula confinada Pela ressonância magnética tem-se, ao assoalho bucal, seu tratamento é ainda, uma maior precisão na localização de basicamente estruturas anatômicas nobres, como nervos mesmo. Com exceção de alguns casos em que sua drenagem e e vasos, que precisam ser preservadas excisão são feitas por uma abordagem durante o ato cirúrgico para a remoção da glândula salivar. o submandibular, geralmente quando essa 4, 11 lesão não mostra um crescimento em O diagnóstico da lesão do caso assoalho bucal.10 relatado em nosso serviço foi feito com base Em busca de um tratamento eficaz, nas evidências descritas no meio científico, que apresentasse a menor possibilidade de ou seja, por meio da correlação entre a recidiva, juntamente com a característica história da doença, os achados clínicos e os clínica de não envolvimento intraoral da achados da ressonância magnética. lesão, foi decidido por se utilizar a técnica Há diversas formas de abordagem no de excisão da rânula associada à remoção tratamento de rânula/rânula mergulhante, da glândula sublingual e submandibular via como lesão, transcervical, tratamento que se mostrou marsupialização com ou sem cauterização da bastante satisfatório, sem complicações no parede da lesão, crioterapia, tapizamento trans nem no pós-operatório tardio. excisão completa da com gaze, excisão a laser, escleroterapia, e Histologicamente todas as lesões até mesmo injeção intralesão de material de rânula são similares, apresentando de moldagem e utilização de hidrossecção um como auxiliar na dissecção.5, 7, 8, 10, 12, 13, 14, 15 58 espaço cístico revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 central contendo Jefferson do Rêgo Corrêa, Giorge Pessoa de Jesus extravasamento de mucina para os tecidos F, Kiris M. Pediatric intraoral ranulas: An analysis of circunjacentes, nine cases. Tohoku J. exp. Med; 2005; 205; 151-55. região vascularizada e presença de infiltrado inflamatório.1, 13, 18 Essas foram 6. Loney jr WW, Termini S, Sisto J. Plunging ranula formation as a complication of dental implant características surgery: a case report. J oral maxillofac surg; 2006; histopatológicas presentes na lâmina do 64; 1204-8. fragmento cirúrgico retirado da paciente e 7. Coit WE, Harnsberger HR, Osborn AG, Smoker enviado ao laboratório de Anatomopatologia WRK, Stevens MH, Lufkin RB. Ranulas and their da Universidade Federal do Amazonas, mimics: CT evaluation. J radio; 1987; 163; 211-16. e que confirmou o diagnóstico de rânula 8 – Rho MH, Kim DH, Kwon JS, Lee SW, Sung YS, Song mergulhante. YK et al. Ok-432 sclerotherapy of plunging ranula in 21 patients: It can be a substitute for surgery. AJRN É necessário que o profissional faça o correto am J Neuroradiol; 2006; 27; 1090-95. diagnóstico da lesão, associando sempre os 9. Charnoff SK, Carter BL. Plunging ranula: CT achados clínicos com a história da doença, diagnosis. J radio; 1986; 158; 467-8. para a escolha do melhor tratamento e 10. Zhao YF, Jia Y, Chen XM, Zhang WF. eliminar as possibilidades de recidiva. Clinical review of 580 ranulas. Oral surg Oral med Oral patho J; 2004; 98; 281-87. REFERÊNCIAS 11. Pozza DH, Soares LP, Oliveira MG. Exames complementares por imagens no diagnóstico e 1. Anastassov GE, Haiavy J, Solodnik P, Lee H, planejamento cirúrgico de patologias em glândulas Lumerman salivares. Rev bras pato oral; 2005; 4(3); 28-31. H.Submandibular gland mucocele: Diagnosis and management. Oral surg Oral med Oral 12. Schow SR. A comparison of three methods used patho J; 2000; 89(2); 159-63. for treating ranula. J oral maxillofac surg; 1995; 53; 2. 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Figura 4 – Incisão submandibular (Hisdon) para Figura à4lesão. – Incisão acesso ok submandibular (Hisdon) para acesso à lesão. ok 60 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Jefferson do Rêgo Corrêa, Giorge Pessoa de Jesus Figura 5.a – Evidenciação do envolvimento da glândula sublingual pela cápsula da lesão. Figura 5.b – Exérese das glândulas envolvidas pela lesão. Figura 5.c – Glândulas sublingual e submandibular Figura 6 – Tubo dreno suturado no local das Figura 6 – removidas. Tubo dreno suturado no local das glândulas glândulas removidas. Figura 6 – Pós-operatório de 2 anos. 61 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Aryádine Allinne Machado de Miranda, Elisângela Canterle Sedlacek, Simora Souza de Moraes, Sandra Lúcia Euzébio Ribeiro COMPROMETIMENTO DA COLUNA CERVICAL NA ARTRITE REUMATOIDE GRAVE: MELHORA COM TRATAMENTO CLÍNICO IMPAIRMENT OF THE CERVICAL SPINE IN SEVERE RHEUMATOID ARTHRITIS: TREATMENT WITH CLINICAL IMPROVEMENT Aryádine Allinne Machado de Miranda,* Elisângela Canterle Sedlacek,** Simora Souza de Moraes,** Sandra Lúcia Euzébio Ribeiro*** Resumo A artrite reumatoide (AR), doença inflamatória multissistêmica, pode acometer a coluna cervical em vários estágios de sua evolução, principalmente a junção crânio vertebral. A subluxação atlanto-axial (SAA) é o acometimento mais frequente, e apresenta complicações como compressão neurológica e morte súbita. Pode ser assintomática, sendo necessários exames de imagem, principalmente nos pacientes com dor e alteração no exame físico da coluna cervical. A radiografia simples sugere o diagnóstico de SAA; a Tomografia Computadorizada (TC) avalia fraturas vertebrais, erosões ósseas e articulações interapofisárias; e a Ressonância Magnética (RM) é o exame que avalia a sinovite. Geralmente o diagnóstico é realizado em estágios avançados da doença; além disso, os procedimentos cirúrgicos não apresentam bons resultados, o que aumenta a morbimortalidade nesses casos. Descreve-se o caso clínico de um paciente do sexo masculino com AR grave e demora no diagnóstico, que apresentou complicações neurológicas por conta da SAA, com melhora após tratamento com drogas antirreumáticas modificadoras da doença (DMARD). Palavras-chave: Artrite reumatóide; Coluna cervical, Subluxação atlanto-axial. Abstract The rheumatoid arthritis (AR), multiple system inflammatory illness, can affect the cervical column in some periods of its evolution, mainly the vertebral skull junction. The atlantoaxial subluxations (AAS) is the most frequent manifestation and with bigger risk of complications, for example, neurological compression and sudden death. It can be symptomless, many times it is necessary many examinations of images of patients with pain in the cervical column. The simple x-ray suggests the AAS diagnosis; the computerized tomography evaluates vertebral breakings, bones erosions and interapophysary joints; 62 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 COMPROMETIMENTO DA COLUNA CERVICAL NA ARTRITE REUMATOIDE GRAVE: MELHORA COM TRATAMENTO CLÍNICO and Magnetic Resonance is the examination which evaluates the synovial membrane inflammation. Generally, the diagnosis is carried through in advanced periods of the illness, moreover, the surgical procedures does not present good results, which increases the mortality in these cases. We describe clinical case of a man with RA and neurological compression caused by AAS, showed improvement after treatment with disease-modifying antirheumatic drugs (DMARD). Keywords : Rheumatoid arthritis; Cervical column, Atlantoaxial subluxation. Introdução e o processo odontoide maior que 3 mm, conhecido como subluxação atlanto-axial (SAA), e quando essa distância for igual A artrite reumatoide (AR) é uma ou superior a 9 mm há elevado risco de doença autoimune multissistêmica de caráter compressão neurológica.3, inflamatório, de etiologia desconhecida, caracterizada por instabilidade comprometimento do 4, 5, 15 segmento Ocorre vertebral, alterando as suas funções relacionadas ao das articulações periféricas. O dano à suporte do peso, movimentos e proteção cartilagem e erosões ósseas, com as de estruturas nervosas no interior do canal mudanças subsequentes na integridade vertebral.2, 3, 6 articular determinadas pela inflamação, são características da doença. Afeta três Objetivo deste relato é descrever o vezes mais mulheres do que homem e com caso de um paciente com diagnóstico tardio maior incidência entre 35-65 anos.1, 2 A AR e complicações graves de AR como SAA, compromete a coluna cervical em 60-80% apresentando outros sinais e sintomas de dos casos,1 sendo a região mais acometida gravidade da doença, que obteve melhora do o após terapêutica com drogas antirreumáticas Na articulação modificadoras da doença (DMARD), redução esqueleto axial, seguimento C1-C2.3, atlanto-axial, o principalmente 4, 14, 15 processo inflamatório da sinovite de coluna cervical, não sendo na membrana sinovial e nos ligamentos promove enfraquecimento e necessário procedimento cirúrgico. frouxidão no ligamento transverso, ocasionando um aumento entre o arco anterior do atlas 63 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Aryádine Allinne Machado de Miranda, Elisângela Canterle Sedlacek, Simora Souza de Moraes, Sandra Lúcia Euzébio Ribeiro Relato de Caso consulta com reumatologista, diagnosticado AR Paciente masculino, 70 de anti-inflamatórios American pequenas articulações das mãos, rigidez matinal maior uma hora e nódulos em joelhos e tornozelos, obtendo melhora de do clínicos (artrite simétrica e cumulativa Em 2001 iniciou artrite simétrica cumulativa uso critérios College of Rheumatology (ACR), 1987:(1) anos, diabético desde 2005 em uso glibenclamida. com segundo reumatoides), radiológicos (diminuição do não espaço articular do carpo, cistos ósseos hormonais (Aines). Em março de 2006, subcondrais, erosões ósseas) e sorológico evoluiu com poliartrite em interfalangeanas (Fator Reumatoide título 1:32). Iniciado proximais (IFPs) e metacarpofalangeanas tratamento com metotrexate (MTX) 15 mg/ (MCFs), punhos, cotovelos, acompanhado semana, difosfato de cloroquina 150 mg/ de rigidez matinal com duração de três dia, prednisona 20 mg/dia e ácido fólico 5 horas, exacerbação da artrite em joelhos mg/semana. e nódulos de consistência fibroelástica em face extensora dos cotovelos e anterior da Internado em fevereiro de 2007 por tíbia esquerda (E). Maio de 2006 apresentou exacerbação do quadro álgico na coluna piora do quadro articular com dor na cervical e irradiação para MMSS. Relatava região cervical de forte intensidade com também tosse seca, associada à dispneia irradiação para membros superiores (MMSS), progressiva aos esforços. Ao exame físico, parestesia e diminuição da força muscular apresentava-se em regular estado geral, em membros inferiores (MMII). Procurou dispnéico, afebril; aparelho cardiovascular vários serviços de urgência/neurocirurgia e prescrito Aines e solicitados exames, entre respiratório eles RM de coluna cervical evidenciando velcro em 2/3 inferiores bilateral; pele tecido com intensidade de sinal de partes com nódulos de consistência fibroelástica, moles, compatível com pannus, envolvendo móveis, indolores, cerca de 2 cm de diâmetro a transição craniocervical, determinando em superfície extensora dos cotovelos, face erosão e destruição de C1 e do processo anterior da tíbia esquerda; osteoarticular odontoide de C2. Indicado cirurgia, porém com desvio ulnar dos dedos, dedo em não realizada por recusa do paciente. martelo 2.º e 4.º quirodáctilos (QRD) (à E), abdome sem alterações; estertores aparelho crepitantes em atrofia de interósseos (Figura 1), sinovite Novembro de 2006: com progressão em punhos com incapacidade para flexão do déficit neurológico, sem deambular, em e extensão, instabilidade e crepitação em 64 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 COMPROMETIMENTO DA COLUNA CERVICAL NA ARTRITE REUMATOIDE GRAVE: MELHORA COM TRATAMENTO CLÍNICO DISCUSSÃO joelhos, limitação acentuada da flexão e extensão do pescoço com perda da lordose fisiológica; neurológico força muscular grau Nos pacientes portadores de AR 4/5 em MMSS e 3/5 em MMII. Realizado RX os elementos estabilizadores da coluna de tórax mostrando infiltrado intersticial cervical, como articulações, ligamentos e difuso, com área de maior confluência na tecidos ósseos, podem ser afetados pelo base direita, obliterando seio costo-frênico tecido sinovial patológico levando a SAA.4, 11, (Figura 3), TC de tórax evidenciando 14, 15 fibrose pulmonar bilateral (Figura 4); RM pacientes com evidência mínima de doença, de coluna cervical sinais de instabilidade 1 em 15 pacientes com doença clínica e 1 cervical, com subluxação anterior de C1- em cada 5 pacientes hospitalizados por AR. C2, ântero-listese de C3 sobre C4 e de C4 A insuficiência do ligamento transverso, sobre C5; erosão e destruição do Atlas e causada pela inflamação, variando desde do processo odontoide do Axis; redução atrofia até completa destruição pelo tecido na amplitude do canal vertebral cervical, de granulação reumatoide, é responsável tecido com intensidade de sinal de partes pela subluxação.7 moles compatível com pannus, envolvendo a transição O serviço craniocervical (Figura Essa patologia ocorre em 1 em cada 30 Fatores 5). relacionados à própria indicou evolução da AR podem condicionar um procedimento cirúrgico para estabilização maior risco de acometimento da doença na de coluna cervical, por conta do risco coluna cervical, tais como o uso prolongado aumentado de compressão do canal medular de e de estruturas vasculares, além de morte FR, súbita, porém houve recusa do paciente, acometimento de nervos cervicais, presença utilizando somente colar cervical. de nódulos reumatoides e longo tempo de de neurocirurgia corticosteroides, destruição articular evolução da doença.2, Em maio de 2007 apresentava altos 8 títulos de periférica, Desses fatores o tempo prolongado de doença é o que mais redução do quadro álgico, parestesia e da contribui para o aumento da incidência sinovite da coluna cervical, visualizado de SAA.15 No caso clínico descreve-se na RM (Figura 6). Mantendo-se estável um paciente portador de AR com graves clinicamente nas reavaliações ambulatoriais, deformidades de articulações, nódulos a última em maio/2009. reumatoides, acometimento pulmonar, sintomas neurológicos, condições estas 65 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Aryádine Allinne Machado de Miranda, Elisângela Canterle Sedlacek, Simora Souza de Moraes, Sandra Lúcia Euzébio Ribeiro predisponentes de SAA. ser, porém, assintomática durante grande parte da sua evolução ou provocar sintomas A SAA pode ser classificada em vagos.2, anterior, vertical, lateral e posterior. de Anterior representa 46% dos casos, ocorre e o ligamento intensidade A cefaleia suboccipital variável pode estar relacionada com SAA vertical. Os sintomas infiltração do pannus entre o processo odontoide 10, 11, 12 neurológicos (parestesia, paresia, hiper- transverso, reflexia, clonus e espasticidade) podem ser ocasionando separação maior de 2,5 cm causados por compressão das estruturas entre o arco anterior do atlas e o processo nervosas contidas no canal vertebral, seja odontoide do áxis. Vertical corresponde a pelo pannus, elementos ósseos ou por 5-22% dos casos, o colapso ósseo e articular insuficiência do sistema vertebrobasilar entre o osso occipital, atlas e áxis resultam (síncope, de erosões e desabamento das articulações incontinência esfincteriana, nistagmo, disfagia).5, 9 No exame físico pode- sinoviais existentes entre os ossos na se suspeitar de SAA quando há diminuição junção craniocervical, levando a migração da lordose occiptocervical, resistência à do dente do áxis verticalmente além da movimentação cervical passiva ou protrusão linha de McGregor (une a margem posterior anterior do arco anterior do atlas na parede do palato duro ao ponto mais caudal do posterior da faringe.4 osso occipital). Lateral representa 10-20% dos casos, ocorre comprometimento das Os estudos clínicos e radiográficos articulações interfacetárias deslocando as da coluna cervical massas laterais do atlas mais que 2 mm em importância, por conta da proporção de relação ao áxis. Posterior representa 6% dos pacientes portadores de AR que apresentam casos, existe anteriorização do processo alterações odontoide sobre o arco anterior do atlas especialmente naqueles com maior risco geralmente causado por erosões.3, 4 para SAA.3, 6, 10, 12, 14 O diagnóstico por imagem na junção são de grande craniovertebral, pode ser realizado por meio da Rx perfil A dor na região posterior do com o pescoço em flexão revelando mais pescoço é a manifestação mais precoce que 3 mm de separação entre o processo e comum, seguida de rigidez e limitação odontoide e o arco anterior do atlas. A TC é dos movimentos de flexão, extensão e útil para demonstrar compressão do cordão rotação, sendo que o conjunto occipito- espinhal por perda do espaço subaracnoide atlanto-axial é responsável por metade da posterior em pacientes com subluxação de realização desses movimentos.9 A SAA pode C1 e C2.4, 10 A RM tem papel significativo na 66 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 COMPROMETIMENTO DA COLUNA CERVICAL NA ARTRITE REUMATOIDE GRAVE: MELHORA COM TRATAMENTO CLÍNICO avaliação da coluna cervical e da transição cervical craniocervical, permitindo realizar corte descompressão sagitais, tornando-se o melhor método para deixando a indicação cirúrgica apenas para avaliar a relação entre o dente do áxis e a os casos que apresentam deteriorização medula cervical.6, 7 neurológica associada à dor intratável. acompanhados isquêmicos transitórios, diminuição do convulsão, hemiplegia, nistagmo, dor não acompanhadas ou não de corticoides, pode controlada pelo tratamento clínico e, nesses impedir ou retardar o desenvolvimento de casos, o tratamento cirúrgico apresenta distúrbios na articulação atlanto-axial.16 alta morbidade.3, 4, 7, 10, 14 Ince et al utilizaram MTX em pacientes portadores de ARJ que apresentavam articulação neurais, controle esfincteriano, disfagia, vertigem, a combinação terapêutica dessas drogas, na elementos e mudança no nível de consciência, ataque durante cinco anos; nesse trabalho concluíram que alterações de espinhal que demandam intervenção cirúrgica são: distúrbios da coluna cervical tratados com foram alinhamento Os sintomas de compressão neurológica Pacientes comAR, que apresentavam DMARD, para Nesse relato enfatizamos a temporo- importância do estudo coluna cervical mandibular, a terapêutica foi eficaz em em pacientes portadores de AR. SAA deve minimizar a destruição da articulação.13 sempre ser lembrada em pacientes com sinais e sintomas neurológicos, como no No relato de um caso, a criança caso apresentado, principalmente associado portadora de Artrite Idiopática Juvenil AR grave. Investigação ativa, diagnóstico (AIJ), com SAA, respondeu ao tratamento precoce e o início de tratamento com com MTX e repouso com tração da coluna DMARD são fundamentais para o controle cervical, promovendo controle da doença da atividade da doença, prevenção de e prevenção de sequelas neurológicas.5 incapacidade funcional e lesão articular Outro caso relatado de SAA em paciente irreversível. portador de AIJ utilizou corticoide e antiTNF (Infliximab), após nove infusões REFERÊNCIAS de Infliximab houve normalização dos marcadores de atividade inflamatória e da articulação atlanto-axial.9 Alguns autores 1 – Bértolo MB, Brenol CV, Schainberg CG, et al. recomendam Atualização do Consenso Brasileiro no Diagnóstico o e Tratamento da Artrite Reumatoide. Rev Bras tratamento conservador com tracionamento Reumatol. 2002; 47(3):151-159. 67 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Aryádine Allinne Machado de Miranda, Elisângela Canterle Sedlacek, Simora Souza de Moraes, Sandra Lúcia Euzébio Ribeiro 2 – Beaulieu LL, Vial SS, et al. Artritis Reumatoídea the radiographic results in patients with atlanto- en Columna Cervical Algoritmos de Tratamiento. axial subluxation due to rheumatoid arthritis. Eur Coluna/Columna. 2005; 4(1):42-49. Spine J. 2008;17(6):826-30. 3 – Heyde CE, Weber U, Kayser R. Instability of the 12 – Hartlev LB, Gudmundsdottir G, et al. Rheumathoid upper cervical spine due to rheumatism. Orthopade. arthritis with atlanto-axial subluxation. Pre-and 2006; 35(3):270-87. postoperative symptoms, radiological findings and operative complications. Ugeskr Laeger. 2008; 4 – Furtado RNV, Ciconelli RM, Vilela SA, Fernandes 18;170(8):647-50. ARC. Comprometimento da coluna cervical nas artropatias inflamatórias. Rev Bras Reumatol. 1999; 13 – Ince DO, Ince A, Moore TL. Effect of 39(5):291-298. methotrexate on the temporomandibular joint and facial morphology in juvenile rheumatoid arthritis 5 – Resende C, Canhão H, et al. Subluxação atloido- patients. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2000; odontoide numa criança com artrite idiopática 118(1):75-83. juvenil oligoarticular. Acta Reum Port. 2003; 28:99105. 14 – Ronkainen A, Niskanen M, et al. Cervical spine surgery in patients with rheumatoid arthristis: 6 – Souza CP, Defino HLA. Estudo radiográfico das longterm alterações da coluna cervical na Artrite Reumatoide mortality and Acta Ortop Bras. 2005; 13(1):38-41. J 15 – Neva MH, Häkkinen A, et al. High prevalence of asymptomatic cervical spine subluxation in patients 7 – Nucci CG, Caiero MT, Lasmar RCP, et al. Estudo with rheumatoid arthritis waiting for orthopaedic radiográfico da coluna cervical em crianças com surgery. 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Relationship between the morphology of the atlanto-occipital joint and 68 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 COMPROMETIMENTO DA COLUNA CERVICAL NA ARTRITE REUMATOIDE GRAVE: MELHORA COM TRATAMENTO CLÍNICO Figura 1 – Desvio ulnar dos dedos, dedos em martelo 2.º e 4.º quirodáctilos (QRD) (à E), atrofia de interósseos, sinovite em punho. Nódulo reumatoide em cotovelo. Figura 2 – Rx de mãos: redução da densidade óssea, diminuição do espaço articular de interfalangeanas, com subluxação de falanges mediais e distais; cistos ósseos subcondrais e erosões ósseas. Anquilose dos ossos dos punhos. 69 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Aryádine Allinne Machado de Miranda, Elisângela Canterle Sedlacek, Simora Souza de Moraes, Sandra Lúcia Euzébio Ribeiro Figura 3 – Rx de Tórax: infiltrado intersticial difuso, com área de maior confluência na base direita, obliterando seio costo-frênico. Figura 4 – TC de Tórax: espessamento dos septos inter e intralobulares com estrias densas associadas na periferia de ambos os pulmões, distorcendo a sua arquitetura normal; espessamento pleural bilateral. 70 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 COMPROMETIMENTO DA COLUNA CERVICAL NA ARTRITE REUMATOIDE GRAVE: MELHORA COM TRATAMENTO CLÍNICO Figura 6 – RM de coluna cervical (póstratamento com DMARD): fusão dos corpos vertebrais de C5-C6 e parcial posterior de C6-C7, retrolistese do bloco de C5-C6, discoartrose de C3-C4, C4-C5, redução da amplitude do canal vertebral. Melhora da sinovite. Figura 5 – RM de coluna cervical: sinais de instabilidade cervical, com subluxação anterior de C1-C2, ânterolistese de C3 sobre C4 e de C4 sobre C5; erosão e destruição do atlas e do processo odontoide do Axis; redução na amplitude do canal vertebral cervical, tecido com intensidade de sinal de partes moles, compatível com pannus, envolvendo a transição craniocervical. Universidade Federal do Amazonas – Ufam Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV Correspondência: Aryádine Allinne Machado de Miranda. Rua 32, quadra 42, número 21 – Conjunto Jardim Versalles. CEP 69044-210 – Manaus/AM, fone: (092) 3238-6918. E-mail: [email protected] 71 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Jonas Rodrigues de Menezes Filho, Victor Alfonso Vasquez, André Mancini, Cristiano Paiva, Flávio Antunes, Edson Sarkis NEOPLASIA DE CÉLULAS GERMINATIVAS EM CRIANÇAS: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA GERM CELL TUMORS IN CHILDREN: CASE REPORT AND LITERATURE REVIEW Jonas Rodrigues de Menezes Filho,* Victor Alfonso Vasquez,* André Mancini,* Cristiano Paiva,** Flávio Antunes,*** Edson Sarkis**** RESUMO Os tumores testiculares são raros entre crianças e adolescentes representam apenas 1% de todos os tumores pediátricos sólidos, sendo os de células germinativas os mais comuns. Na infância há maior incidência de tumores não-seminomatosos, sendo os tumores do seio endodérmico os mais freqüentes. O tratamento padrão para o câncer testicular é a orquiectomia radical. Relatamos um caso de tumor do seio endodérmico em criança. Palavras-chave: Câncer de testículo, crianças, não-seminoma ABSTRACT Testicular tumors are rare among children and adolescents account for only 1% of all pediatric solid tumors, and the germ cells tumors are the most common. In childhood there is a higher incidence of malignant non-seminomas, and the yolk sac tumors are the most frequent. The standard treatment for testicular cancer is radical orchiectomy. We report a case of yolk sac tumor in children and its follow-up. Keywords: Testicular cancer, children, non-seminoma * Residentes de Urologia do HUGV ** Doutor em urologia pela Escola Paulista de Medicina – EPM/Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP ***Urologista do HUGV **** Professor Titular de Urologia da Universidade Federal do amazonas 72 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 NEOPLASIA DE CÉLULAS GERMINATIVAS EM CRIANÇAS: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA INTRODUÇÃO 1), foi acompanhado por médicos da sua cidade quando foi enviado a um serviço ambulatorial da cidade de Manaus com De acordo com a literatura, tumores diagnóstico de hidrocele. Já em nosso testiculares são raros com a incidência de serviço, 0,5 a 2/100.000 crianças e adolescentes¹. os tumores de heterogêneo com pequenas áreas anecoicas células de permeio, bem delimitadas, medindo 5,0 x germinativas são aneuploides, nos casos pediátricos são usualmente 3,3 x 4,4 cm, sugerindo processo expansivo. diploides, Alfa-fetoproteína 994 ng/ml e DHL 546 especialmente os teratomas. Todavia, os U/L. Radiografia de tórax sem alterações tumores do seio endodérmico (Yolk sac e TC de abdome total não identificou tumors) podem ser aneuploides.³ Aproximadamente, 60% linfonodomegalias retroperitoneais. dos Realizado tumores testiculares em adultos contêm esquerda histologia mista, enquanto a maioria dos representam uma 3) com sem alta radical nenhuma hospitalar no primeiro dia de pós-operatório. O laudo único tipo histológico.4 As lesões benignas crianças orquiectomia (Figura complicação tumores testiculares prepuberais possui um nas ultrassonografia volume do testículo esquerdo, difusamente sólidos são de origem testicular.² Enquanto adultos realizado (USG) da bolsa escrotal com aumento de Apenas 1% de todos os tumores pediátricos em foi histopatológico demonstrou ser um tumor maior de células germinativas, tipo Tumor de porcentagem de casos do que nos adultos, Seio Endodérmico (“Yolk Sac Tumor”), onde as lesões malignas prevalecem. Um comprometendo o epidídimo, atingindo estudo multicêntrico recente demonstrou focalmente a albugínea sem ultrapassá- que 74% dos tumores primários de testículos la, presença de invasão vascular, margens na fase prepuberal eram benignos.5 cirúrgicas livres de comprometimento neoplásico, classificado como pT2, pNx, RELATO DE CASO pMx. No trigésimo dia de pós-operatório os exames de controle revelaram a alfa- Paciente masculino com dois fetoproteína 9ng/ml, Beta hCG 0,5 ng/ml anos e cinco meses, natural e procedente e DHL 536 U/L. Encontra-se em evolução de Boa Vista do Ramos-AM apresentou satisfatória. aumento do volume testicular esquerdo com início do quadro há dois anos (Figura 73 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Jonas Rodrigues de Menezes Filho, Victor Alfonso Vasquez, André Mancini, Cristiano Paiva, Flávio Antunes, Edson Sarkis DISCUSSÃO Poucos apresentaram campos avanços da oncologia terapêuticos tão significativos quanto o dos tumores germinativos do testículo. Tais resultados foram obtidos graças a vários fatores, entre os quais se destacam a identificação Figura 1: Massa testicular esquerda dos marcadores séricos (alfa-fetoproteína e beta-hCG), tomografia ultrassonografia computadorizada (USG), (TC) e ressonância magnética (RNM) que permitiram estabelecer o diagnóstico e melhorar a acurácia do estadiamento tumoral, além do advento de agentes quimioterápicos efetivos, destacando-se a cisplatina.6 A combinação dos métodos terapêuticos – cirurgia, radioterapia e Figura 2: USG de testículo esquerdo com aumento de volume, difusamente heterogêneo com pequenas áreas anecóicas de permeio. quimioterapia – permitiu que a sobrevida média (cinco anos) dos portadores desses tumores, que era de aproximadamente 40 a 50% na década de 1950, passasse a 85 a 95% nos dias atuais.6 Embora a causa de câncer testicular seja desconhecida, tanto fatores congênitos como adquiridos foram associados ao desenvolvimento tumoral. A associação mais forte tem sido com o testículo criptorquídico. Aproximadamente 7-10% dos tumores testiculares formam-se em Figura 3: Orquiectomia radical controle dos vasos espermáticos. demonstrando pacientes com história de criptorquidismo; seminoma é a forma mais comum de 74 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 NEOPLASIA DE CÉLULAS GERMINATIVAS EM CRIANÇAS: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA tumor nesses pacientes. Contudo, 5 a idade média de apresentação para tumores 10% dos tumores testiculares ocorrem do seio endodérmico e teratomas é de 16 no testículo contralateral, sem história e 13 meses, respectivamente, baseado em de dados dos tumores prepuberais11. criptorquidismo. O posicionamento do testículo criptórquico no escroto não Quase altera o potencial maligno do testículo não 90% dos pacientes pediátricos se apresentam com massa descíduo; entretanto, esse procedimento testicular indolor¹². Um recente estudo facilita de fato o exame e a detecção do confirmou que massa testicular indolor foi tumor7. o sintoma mais comum seguido por trauma/ Outros fatores de risco importantes contusão e hidrocele/hérnia (85, 8 e 6%, são: o traumatismo e a atrofia testicular, a respectivamente).¹³ Ao exame a massa disgenesia gonodal, os estados intersexuais, tende a ser firme. O exame físico deve ser o o uso materno de estrogênios durante suficiente para excluir outras patologias que o período gestacional, os traumatismos compreendem o diagnóstico diferencial, e o histórico familiar. A relação entre tais como torção testicular, hidrocele, microlitíase testicular e o desenvolvimento epididimites, hérnia inguinal e orquite. A tumoral é controversa6. hidrocele está presente entre 15 a 20% dos pacientes com tumores testiculares.9 Uma revisão de dados de trinta anos em um hospital na Turquia revelou A ultrassonografia com duplex e que tumores do seio endodérmico (Yolk Sac doppler colorido (USG) pode ajudar a distinguir Tumors) são os mais comuns entre tumores massas intratesticulares de extratesticulares testiculares prepuberais8. e outras patologias escrotais dos tumores testiculares. A sensibilidade da USG para Teratomas e Yolk Sac Tumors são detecção de tumores testiculares aproxima- os mais comuns em crianças prepúberes. se de 100% 14. Após a puberdade, o mais comum é o carcinoma embrionário. O tamanho do Os marcadores tumorais podem tumor não é indicativo de benignidade ou ajudar a identificar diferentes tipos malignidade, no entanto tumores malignos histológicos antes da cirurgia e podem são frequentemente grandes10. ser usados para detectar recorrência ou persistência tumoral após orquiectomia A idade da apresentação é de radical. dois anos, mas 60% das lesões podem se É essencial a medida da alfafetoproteína (AFP) como parte inicial apresentar antes dessa idade9. De fato, a 75 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Jonas Rodrigues de Menezes Filho, Victor Alfonso Vasquez, André Mancini, Cristiano Paiva, Flávio Antunes, Edson Sarkis de qualquer investigação para neoplasia retroperitoneal ≤ 2cm e aumento dos testicular em que se nota aumento em 90% marcadores tumorais; estádio III como dos tumores do seio endodérmico e em linfonodomegalia retroperitoneal ≥ 2cm; recém-natos pelo menos nos seis primeiros estádio IV como metástases à distância, meses de vida. A vida média da AFP é de incluindo fígado17. cinco dias. Níveis que não diminuem após Tumores cinco dias sugerem persistência ou doença do seio endodérmico são raros em adultos e muito comuns em metastática.15 Os tumores produtores de crianças sendo responsáveis por mais de β-hCG não fazem parte dessa faixa etária e 70% dos tumores de células germinativas usualmente não são produzidos por tumores nesta faixa etária. Microscopicamente o testiculares na infância.16 encontro dos corpos de Schiller-Duval é O ponto crucial da exploração de patognomônico desta doença. O manejo um possível tumor testicular é a abordagem destes tumores é mais agressivo nos inguinal com clampeamento da vasculatura adultos e mais conservador nas crianças do cordão espermático e retirada do testículo. por alguns motivos como: 1) Nas crianças Se a possibilidade de câncer não puder ser 85% estão no estádio I; 2) Geralmente de excluída pelo exame do testículo, justifica- uma única linhagem nas crianças; 3) AFP se a orquiectomia radical. Deve-se evitar a está aumentada em mais de 90% dos casos, prática de abordagens escrotais e biópsias que torna o seguimento pós-orquiectomia testiculares abertas. A terapia adjuvante mais fácil; 4) Nos adultos a disseminação depende das características histológicas do é linfática, ao contrário das crianças tumor, além do seu estadio clínico7. que 4 a 6% dos casos. Portanto, a rotina de tumor limitado ao testículo, completamente linfadenectomia retroperitoneal (RPLND) ressecado, sem evidência de doença fora dos não é tão difundida, pois a disseminação testículos e normalização de marcadores é hematogênica e as complicações deste tumorais; estádio II como tumor removido procedimento são maiores nas crianças, de tais como obstrução vesical, infecção de tumor extra testicular, tumoração residual microscopicamente, hematogênica. para retroperitôneo presentes em apenas Pediátrica que define estádio I como um evidência é torno de 20% comparadas as metástases baseado segundo o Grupo de Oncologia com disseminação As metástases nos pulmões ocorrem em O estadiamento dos tumores é trans-escrotalmente a sítio cirúrgico, ascite quilosa e disfunção linfonodomegalia ejaculatória. No entanto, a RPLDN está 76 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 NEOPLASIA DE CÉLULAS GERMINATIVAS EM CRIANÇAS: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA REFERÊNCIAS limitada às crianças com linfadenopatia retroperitoneal persistente ou aumento dos marcadores tumorais após orquiectomia ou quimioterapia. 1. Kay R. Prepubertal Testicular Tumor Registry. J. 15 Urol. 1993; 150: 671-4. O estadiamento é feito por meio 2. Skoog SJ. Benign and malignant pediatric scrotal de radiografia de tórax, TC de abdome masses. Pediatric Clin North Am. 1997; 44: 1229-50. e pelve e exame histopatológico da 3. Reuter VE. Origins and molecular biology of peça cirúrgica (orquiectomia, que é o testicular germ cell tumors. Mod Pathol. 2005; 18: tratamento padrão para estes tumores). Se S51. os achados histopatológicos e de imagem 4. Mostofi FK and Price EB. Tumors of the male confirmarem estádio I o paciente pode ser genital system. In: Atlas of Tumor Pathology, 2nd seguido em observação sem necessidade Series. Washington, D.C.: Armed Forces Institute of de quimioterapia adjuvante. Deve ser Pathology, fasc. 8, 1973. solicitado AFP mensalmente por dois anos, 5. Ritchey ML and Shamberger RC. Pediatric urologic radiografia de tórax a cada 2 meses por dois oncology, testicular tumors. In: Kavoussi LR, Novick anos e TC a cada 3 meses por um ano e AC, Partin AW, Peters CA, editors. Campbell-Walsh semestralmente no segundo ano. Após os Urology 9th Edition. Philadelphia, USA. Saunders dois anos de observação sem recorrência Elsevier; 2007. p. 3900-5. pode ser estendido para cada 6 meses ou 6. Pompeo ACL, Wroclawski ML, Pompeo ASFL. anualmente pelo baixo risco de recidiva. Tumores Germinativos do Testículo. In: Netto Jr NR, O risco de recidiva é de aproximadamente editor. Urologia Prática 5ª Edição. São Paulo, Brasil. 20% e é identificada pelo aumento sérico de Editora Rocca. 2007; 27; p. 298-309. AFP ou evidência de doença nos exames de 7. Presti Jr JC. Tumores Genitais. In: Tanagho EA, imagem. Quase todas as recorrências podem McAninch JW, editors. Urologia Geral de Smith, 16ª ser resgatadas através de quimioterapia. O Edição. Barueri, SP, Brasil. Manole, 2007. p. 429- estádio II ou doença metastática deve ser 439. tratado com quimioterapia. A sobrevida 8. Ciftci AO, Bingol-Kologlu M, Senocak ME, Tanyel para todos os estadios da doença aproxima- FC, Buyukpamukcu M, Buyukpamukcu, N. Testicular se dos 100% . 15 tumors in children. J Pediatr Surg. 2001; 36: 1796. 9. Kramer SA and Kelalis PP. Testicular tumors in children. Principles and Management of Testicular Cancer. Edited by N. Javadpour. New York: Thieme, 1986. 77 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Jonas Rodrigues de Menezes Filho, Victor Alfonso Vasquez, André Mancini, Cristiano Paiva, Flávio Antunes, Edson Sarkis 10. 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Figueiredo,* Márcio Neves Stefani* RESUMO A presença de corpos estranhos (CE) no trato digestório representa uma incidência mesmo que subestimada de cerca de 1 para 1.000 a 1.500 laparotomias exploradoras, ocorre principalmente em crianças, idosos e pacientes psiquiátricos por conta da ingesta ou introdução via anal de CE. As apresentações clínicas vão desde quadros assintomáticos com eliminação espontânea até casos de abdômen agudo cirúrgico por peritonites, como consequência de perfurações, obstruções do trato digestório. Relataremos um caso de apendicite aguda supurada em morador de zona rural por ingesta inadvertida de CE de chumbo em carne de animal caçado, onde evoluiu com impactação no apêndice cecal com perfuração e instalação de um quadro de abdômen agudo por apendicite aguda supurada, necessitando de tratamento cirúrgico. Concluímos então que é de suma importância o questionamento de possível ingesta inadvertida de CE, assim como os hábitos alimentares de pacientes com abdômen agudo, principalmente crianças, idosos e paciente psiquiátricos, como possível causa de apendicite aguda, assim como acompanhar e investigar casos de CE no trato digestório e prevenir suas possíveis complicações, como perfurações, fístulas, obstruções, ou até a sua eliminação seja espontânea ou terapêutica. ABSTRACT The presence of foreign bodies (CE) in I try digestive represents an incidence even though underestimated of around 1 for 1000 to 1500 laparotomias explorers, occurs mainly in infants, elderly and psychiatric patients due to the ingest or introduction saw anal of CE. *Residentes de Cirurgia Geral do HUGV **Preceptor doPRM em Cirurgia Geral do HUGV ***Chefe da Divisão de Cirurgia Geral do HUGV 79 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 INGESTÃO INADVERTIDA DE CHUMBO EM ANIMAL CAÇADO COMO CAUSA DE APENDICITE AGUDA The clinical presentations go since charts asymptomatic with spontaneous elimination to cases of surgical sharp abdomen by peritonitis, as consequence of drillings, obstructions of him I try digestive. We will relate a case of sharp appendicitis festered in inhabitant of rural zone by ingest inadvertent of CE of leads in meat of animal hunted, where evolved with impactação in the appendix cecal with drilling and installation of a chart of sharp abdomen by sharp appendicitis festered, needing surgical handling. We conclude then that is of sum importance the questioning of possible ingest inadvertent of CE, as well as the habits you will feed of patients with sharp abdomen, mainly infants, elderly and psychiatric, as possible patient causes of sharp appendicitis, as well as accompany and investigate cases of CE in I try digestive and prevent your possible complications, like drillings, fistulas, obstructions, or up to your elimination be spontaneous or therapeutic. INTRODUÇÃO O objetivo deste artigo é relatar um caso de impactação de CE em Apêndice Cecal, chumbo de espingarda, como causa de Os corpos estranhos (CE) intra- Pelviperitonite abdominais ou no trato digestório, são por Apendicite Aguda Supurada, demonstrando uma causa não oriundos geralmente de ingesta inadvertida rara de apendicite. via oral ou introdução via anal de objetos.1 Clinicamente, a grande maioria pode ser eliminada espontaneamente ou RELATO DO CASO serem causas de obstruções, perfurações e até mesmo fístulas intestinais.2 O diagnóstico Paciente do sexo masculino, 49 anos, natural e nem sempre é fácil, necessitando de procedente de Autazes interior do Amazonas, exames complementares imagens, o paciente refere que constantemente se como radiografias Tomografias alimenta de carne de caça, iniciou quadro como de clínico de dor abdominal difusa com posterior endoscopias e colonoscopias, sendo estes localização em fossa ilíaca direita (FID), dois últimos tanto diagnósticos quanto associado terapêuticos, por vezes o diagnóstico é adinamia, constipação intestinal evoluindo há dado apenas com Laparotomia Exploradora. quatro dias. Deu entrada no pronto-socorro Computadorizadas, e assim de 80 à febre, revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 náuseas, hiporexia, Thiago Patta, Ricardo Estevam, Rubem A. Júnior George A. Lins, Higino F. Figueiredo, Márcio Neves Stefani (PS) em regular estado geral, hipocorado Definido então quadro de abdômen leve, desidratado moderado, taquipneico, agudo inflamatório por possível Apendicite acianótico, Aguda Supurada. anictérico e sem edemas. Ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações. O Abdômen: Distendido, tenso, sem cicatrizes ou paciente Laparotomia abaulamentos, com dor à palpação profunda e superficial, mais eminente em FID e hipogástrio, com sinais de irritação peritoneal e Blumberg submetido Exploradora infraumbilical, onde intraoperatório foi: purulenta presente. Solicitado hemograma e radiografia foi por o à mediana achado Pelviperitonite apendicite aguda supurada, e identificação de corpo de abdômen, que evidenciaram Leucocitose estranho com desvio à esquerda, e na radiografia em loja apendicular compatível com chumbo de espingarda, corpo estranho com densidade de metal em que topografia de Apêndice Cecal, além de sinais provavelmente inadvertidamente sugestivos de apendicite como: borramento da pelo foi ingerido paciente ao comer a carne da caça (Figura 2). sombra do Músculo Psoas, escoliose antálgica e alça sentinela (Figura 1). Figura 2 – Chumbo encontrado no intraoperatório. Procedido então a apendicectomia e limpeza exaustiva da cavidade abdominal com soro fisiológico a 9% e drenagem da cavidade com dreno de Penrose número 4. O paciente foi encaminhado à enfermaria no pós-operatório imediato onde evolui Figura 1 – Imagem sugestiva de chumbo metálico na radiografia simples de abdômen. satisfatoriamente, recebendo alta no 8.º dia pós-operatório. 81 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 INGESTÃO INADVERTIDA DE CHUMBO EM ANIMAL CAÇADO COMO CAUSA DE APENDICITE AGUDA DISCUSSÃO um paciente de 55 anos. Concluímos então que a presença de CE no trato digestório Os CEs no trato pode evoluir distintamente, desde um digestório quadro continuam sendo bastante incidente na de eliminação espontânea e assintomático, até mesmo um quadro de população, representando uma incidência abdômen agudo cirúrgico por apendicite e de 1 para 1.000 a 1.500 laparotomias, mas peritonite purulenta, sendo extremamente estima-se que sua incidência seja maior e importante acompanhar e investigar casos não muito relatada até mesmo por questões de CE no trato digestório para prevenir legais.3 Os pacientes mais suscetíveis são suas complicações como em casos de crianças, idosos e pacientes psiquiátricos. abdômen agudo por apendicite questionar Charles e cols4 relataram o caso de ingesta a possibilidade de CE no trato digestório. de um clip metálico como causa de apendicite em criança de três anos. Como REFERÊNCIAS se pode observar, apendicite aguda pode ser também uma complicação de ingesta inadvertida de corpo estranho, sendo de 1. Cavichiniqn S, Soares GP. Corpo estranho no apêndice. Rev Brás Colo-Proct. 1996;16(2):74–76. relevante importância conhecer os hábitos Carvalho JB; Vinhaes JC. Corpo estranho retido na cavidade abdominal durante onze anos. Rev Col Bras Cir. 2004; 31(1):68-70. alimentares de pacientes com abdômen agudo, como, por exemplo: hábitos de comer carne de caça, pescados e distúrbios 2. Charles W. Hartin Jr, Stanley T. Lau, Michael G. Caty. Metallic foreign body in the appendix of 3-year-old boy. J Ped Surg. 2008;43: 2106-2108. psiquiátricos com ingesta de alimentos inapropriados. Rubem et al5 relataram o 3. Sukhotnik B. Klin, and L, Siplovich, A fula, Israel. Foreign-Body Appendicitis, J Ped Surg. 1995; 30(10):1515-1516. caso de apendicite aguda por impactação de CE, anzol de pesca, em apêndice cecal 4. Silva Junior RA, Brandão HM, Paiva TS, Flores JFA, Camelo D.Corpo estranho como causa de apendicite. Rev Hosp Univers Get Vargas, 2003;2(1):95-98 após ingesta de pescado por ribeirinho.5 Foi relatado também um caso de apendicite crônica por ingesta inadvertida de CE, 5. Lopes RI, Sant’anna AC, Dias AR, Lopes RN, Barbosa Filho CM. Abscesso perineal por ingestão acidental de palito de dente. Rev bras coloproct, 2006;26(2):193-196. haste de rebite, por paciente psiquiátrico.1 Lopes et al6 relataram um caso de abscesso perineal por ingesta de palito de dente em 82 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Rubem Alves da Silva Júnior, George Augusto Monteiro Lins de Albuquerque, Thiago Patta, Higino Felipe Figueiredo, Elysson Abinader, Carlos Alberto Morais Menezes Júnior ADENOMA DE VESÍCULA BILIAR: RELATO DE CASO GALLBLADER ADENOMA: A CASE REPORT Rubem Alves da Silva Júnior,* George Augusto Monteiro Lins de Albuquerque,** Thiago Patta,** Higino Felipe Figueiredo,** Elysson Abinader,** Carlos Alberto Morais Menezes Júnior*** RESUMO Lesões polipoides de vesícula biliar afetam aproximadamente 5% da população adulta. Apesar de a grande maioria das lesões ser benigna, a transformação maligna é sempre uma preocupação. A maioria dos pólipos é detectada durante ultrassonografia abdominal. Adenomas são lesões epiteliais benignas com elevado potencial de malignidade que podem ocorrer ao longo de todo o trato gastrintestinal. Relatamos um caso de paciente investigada por sintomas gastrintestinais inespecíficos com diagnóstico de colelitíase havia dois anos. Ultrassonografia revelou imagens sugestivas de cálculo biliar e outra imagem hiperecoica, polipoide e séssil. Colecistectomia aberta foi realizada e constatou-se presença da lesão cujo laudo histológico confirma tratar-se de adenoma. Palavras-chave: Pólipo, Adenoma, Vesícula Biliar, Colecistectomia. ABSTRACT Polypoid lesions of the gallblader affect approximately 5% of the adult population. Although the majority of gallbladder polyps are benign, malignant transformation is a concern. Most polyps are detected during abdominal ultrasonography. Villous adenomas are benign epithelial lesions with malignant potential that can occur in any part of the gastrointestinal tract. We present a case of a pacient who was investigated for nonspecific gastrointestinal complaints with a concurrent diagnosis of cholelithiasis for two years. Ultrasonography diagnosed images suggestive of gallstones and a hyperechoic and sessile polyp. An open cholecystectomy was performed and revelead an adenoma. Key words: Polyps, Adenoma, Gallbladder, Cholecystectomy. * Chefe da Cirurgia do Aparelho Digestório. Coordenador da Preceptória de Residência Médica da Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas **Residentes em Cirurgia Geral da Universidade Federal do Amazonas – Ufam *** Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas – Ufam 83 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 ADENOMA DE VESÍCULA BILIAR: RELATO DE CASO INTRODUÇÃO RELATO DE CASO Lesões polipoides da vesícula biliar Paciente do sexo feminino, 36 anos, correspondem a qualquer lesão elevada encaminhada com diagnóstico de litíase da superfície mucosa da parede do órgão, biliar; apresentando quadro de epigastralgia as quais são usualmente não-neoplásicas acompanhada de náuseas e vômitos com uma (>95%). A maioria dessas lesões polipoides de frequência em um ano de dois episódios. vesícula biliar é encontrada incidentalmente Em sua história familiar, observa-se caso de em 3-7% das colecistectomias.1, 3 colelitíase em parente de primeiro grau. Ao exame físico: dor à palpação profunda em Christensen and Ishak estabeleceram hipocôndrio direito, sem demais alterações. a classificação para os tumores benignos A ultrassonografia de abdome superior de vesícula biliar: tumores epiteliais ou revelou pequenas imagens hiperecogênicas adenoma (tubular, papilar ou tipos mistos), tumores mesenquimais leiomioma, lipoma) e em vesícula biliar, móveis à mudança de (hemangioma, decúbito e produzindo sombra acústica pseudotumores posterior; e outra imagem hiperecogênica (pólipos de colesterol, pólipos inflamatórios, de contornos irregulares, aderida à parede adenomioma e hiperplasia adenomatosa).2 posterior da vesícula medindo 3,1 cm x Com o uso da ultrassonografia na prática clínica moderna, cada vez mais 2,3 cm em seu maior diâmetro. A paciente as foi submetida à colecistectomia, sendo lesões polipoides de vesícula biliar são solicitada a avaliação histopatológica da detectadas.3 peça cirúrgica. A paciente evoluiu sem Relatamos o caso de uma paciente intercorrências, recebendo alta no terceiro investigada por sintomas não-específicos dia pós-operatório. A análise histopatológica do trato gastrintestinal havia dois anos. Na confirmou o diagnóstico de colecistite ultrassonografia de abdome total observou- crônica e adenoma de vesícula biliar. se imagens sugestivas de litíase biliar e outra imagem hiperecoica, polipoide e DISCUSSÃO séssil, cujo diagnóstico histopatológico foi adenoma de vesícula biliar. É difícil predizer a importância ou o significado dos pólipos de vesícula biliar no pré-operatório, outrora sendo a maioria 84 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Rubem Alves da Silva Júnior, George Augusto Monteiro Lins de Albuquerque, Thiago Patta, Higino Felipe Figueiredo, Elysson Abinader, Carlos Alberto Morais Menezes Júnior de linhagem benigna; a possibilidade de ele diâmetro e em pacientes que apresentam ser um carcinoma não pode ser descartada. fatores que aumentam o risco de malignidade Apesar de ser uma doença relativamente (idade superior a 50 anos e coexistência de rara, o carcinoma de vesícula biliar ainda cálculos biliares). Todos os outros pacientes compreende 3% de todas as doenças devem ser acompanhados periodicamente malignas gastrointestinais.4 com exames ultrassonográficos seriados a cada três a seis meses.6 Os sintomas de pólipos de vesícula biliar não são específicos, sendo a maioria No caso relatado, a colecistectomia sugestivos de colelitíase.4 Sintomas como dor foi o procedimento indicado, em em quadrante superior direito, dispepsia, concordância com a literatura, já que ela náuseas e vômitos foram relatados. A preenchia os critérios para tratamento proporção de pacientes sintomáticos é de 78 cirúrgico. A colecistectomia também tem a 93%. A proporção de pacientes portadores demonstrado melhora da sintomatologia de cálculo de vesícula biliar e pólipos é de apresentada pela paciente.3 Quanto à forma 27 a 66%, sugerindo que a sintomatologia de tratamento cirúrgico, técnica aberta ou não pode ser atribuída exclusivamente à videolaparoscópica, a última é considerada presença dos cálculos.3, 5 o padrão áureo no tratamento de colelitíase, entretanto sua eficácia no tratamento Os fatores de riscos identificados de lesões polipoides é questionável: pela para malignidade dos pólipos de vesícula possibilidade de aumentar o número de biliar são o tamanho do pólipo superior a 10 sítios de metástases e associar-se a pior mm, idade do paciente superior a 50 anos, prognóstico em carcinomas de vesícula biliar pólipos solitários, presença de cálculos e não suspeitados.3, pacientes sintomáticos.3, 5, 6 6 Sendo este o motivo pelo qual a técnica aberta foi realizada em Em contraste com os pólipos de nossa paciente. cólon, a inspeção pré-operatória direta da Os adenomas vilosos são lesões mucosa da vesícula biliar e biópsia não é epiteliais benignas que podem ocorrer em viável, obrigando os médicos a adotar sua qualquer local do trato gastrointestinal. Esses conduta baseada em informações obtidas a tumores são frequentemente encontrados partir de exames de imagem.1 em reto e cólon, menos frequentes em O tratamento cirúrgico está indicado intestino delgado, e raramente encontrados em todos os pacientes sintomáticos, em na árvore biliar.7 portadores de lesões maiores que 10 mm de 85 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 ADENOMA DE VESÍCULA BILIAR: RELATO DE CASO Adenomas do trato biliar são atualmente em bom estado. incomuns. A grande maioria dos adenomas de vesícula biliar tem estrutura tubular, enquanto adenomas extremamente tubulovilosos REFERÊNCIAS são raros. A incidência de 1. Dutta U, Poornachandra PKS. Gallblader polyps: adenomas puramente vilosos de vesícula é de apenas 0,08% em séries de autópsias. How to pick up the sinister ones. J Gastroenetrol 8 Hepatol. 2009; 24:219-222. 2. Csendes A, Burgos AM, Csendes P, Smok G, Rojas J. Em estudo realizado por Terzi Late Follow-up of polypoid lesions of the gallblader e colaboradores, uma revisão de cem smaller than 10 mm. Ann Surg. 2001; 234(5):657- casos de pólipos de vesícula biliar, os 660. adenomas foram relatados como lesões 3. Lee KF, Wong J, Man Li JC. San Lai, P.B. Polypoid predominantemente solitárias ou associadas lesions of the gallbladder. Am J Surg. 2004; 188:186- à colelitíase. O potencial pré-maligno dos 190. adenomas e a evolução deles à carcinoma 4. Terzi C, Sökmen S, Seçkin S, Albayrak L, Ugurlu são inquestionáveis, estando assim indicada M. Polypoid lesions of the gallbladder: Report a remoção cirúrgica de todos os adenomas of 100 cases with special reference to operative encontrados.2, 4 indications. Surgery 2000, 127:622-7. 5. Boulton RA, Adams DH. Gallblader polyps: when Pólipos de vesícula biliar permanecem como to wait and when to act. Lancet 1997; 349:817. grande preocupação tanto para médicos 6. Myers MP, Shaffer EA, Beck PL. Gallblader polyps: como para pacientes. Apesar de a maioria das Epidemiology, natural history and management. Can lesões polipoides ser benigna, é necessário J Gastronenterol 2002; 16 (3): 187-194. avaliação cuidadosa e acompanhamento 7. Chae BW, Chung JP, Park YN, Yoon DS, Yu JS, Lee adequado observando-se os critérios para SJ, et al. Vilous adenoma of the bile ducts: a case indicação cirúrgica. No presente caso, a lesão report and a review of the reported cases in Korea. polipoide era um adenoma, e por conta do Yonsei Med J 1999; 40: 84-89. grande potencial de malignidade associado 8. Kimura W, Muto T, Esaki Y. Incidence and aos adenomas, o tratamento instituído foi pathogenesis of villous tumors of the gallblader, and a colecistectomia. A paciente se encontra their relation to cancer. J. Gastroenterol 1994, 29: 61-65. 86 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Fernando Luiz Westphal, Luís Carlos de Lima, José Corrêa Lima Netto, Márcia dos Santos da Silva, Alessandra Bastos Alves TAMPONAMENTO CARDÍACO TRAUMÁTICO TARDIO LATE TRAUMATIC CARDIAC TAMPONADE: CASE REPORT Fernando Luiz Westphal,*Luís Carlos de Lima,**José Corrêa Lima Netto, ***Márcia dos Santos da Silva,****Alessandra Bastos Alves,**** RESUMO A maioria dos pacientes vítimas de lesão cardíaca penetrante morre antes de receber o suporte avançado de vida. Dentre os que chegam ao hospital, uma pequena parte pode se apresentar hemodinamicamente estável e sem sinais clínicos sugestivos de lesão cardíaca. Neste trabalho, relatamos um caso de lesão cardíaca penetrante por arma branca em que a paciente foi admitida sem sinais de instabilidade hemodinâmica e, após 48h, evoluiu com piora significativa do quadro clínico e sinais de tamponamento cardíaco. Foi submetida à janela pericárdica subxifoidea para drenagem pericárdica, com evolução satisfatória. O tamponamento cardíaco tardio é uma entidade rara, que ocorre por sangramento tardio ou pelo desenvolvimento de pericardite constritiva com derrame tardio. A abordagem cirúrgica precoce de ferimentos penetrantes localizados na área de Ziedler poderia evitar complicações tardias como a que foi relatada. Assim, a janela pericárdica subxifoidea é um método fácil e seguro para exploração de pacientes estáveis com possível lesão cardíaca, pois permite a visualização direta do pericárdio e a possibilidade de ampliação da incisão para toracotomia. PALAVRAS-CHAVE: Tamponamento cardíaco, ferimento penetrante, traumatismos torácicos. ABSTRACT The most of victims of penetrating cardiac injury dies before receiving advanced life support. Among those who arrive the hospital, a small part can present hemodynamically stable and without clinical signs suggestive of cardiac injury. In this paper, we report a case of a penetrating cardiac stab wounds in which the patient was admitted with no signs * Professor-adjunto e coordenador da disciplina de Cirurgia Torácica da Universidade Federal do Amazonas ** Chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas *** Médico assistente do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas ****Acadêmicas do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas 87 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 TAMPONAMENTO CARDÍACO TRAUMÁTICO TARDIO of hemodynamic instability and after 48 hours developed a significant clinical worsening and signs of cardiac tamponade. She was submitted to subxiphoid pericardial window for pericardial drainage with satisfactory evolution. Traumatic late cardiac tamponade is a rare condition that occurs due to delayed bleeding or to development of constrictive pericarditis with delayed effusion. Early surgical approach to penetrating injuries located in the Ziedler area could be prevent late complications such as that reported. Thus, subxiphoid pericardial window is an easy and secure method for exploration of stable patients with possible cardiac injury because it allows direct visualization of the pericardium and the possibility of extending the incision to thoracotomy. KEYWORDS: Cardiac tamponade, penetrating wound, thoracic injuries. INTRODUÇÃO diagnóstica de ferimentos cardíacos e a janela pericárdica é considerada uma das melhores opções, pois permite a visualização O traumatismo torácico é uma direta do pericárdio e, quando necessário, importante causa de mortalidade por trauma, especialmente em a incisão pode ser convertida rapidamente adultos em uma toracotomia.5, 6 jovens, vítimas de violência urbana.1 No Brasil, perto de 65% dos óbitos por causas O objetivo deste trabalho é relatar externas ocorrem em pacientes com lesão um caso de lesão cardíaca associada a torácica penetrante e, dentre estes, 22,9% tamponamento cardíaco tardio tratado com apresentam lesão cardíaca associada.2 drenagem pericárdica por meio de janela A maioria dos pacientes pericárdica subxifoidea. com traumatismo cardíaco penetrante morre RELATO DO CASO antes de receber o suporte avançado de vida1, 3 e dentre os pacientes que são admitidos no serviço de pronto atendimento, cerca Paciente do sexo feminino, 24 anos, de 20% não apresentam sinais ou sintomas vítima de múltiplos ferimentos por arma sugestivos de lesão cardíaca.4 branca, recebeu primeiro atendimento em A abordagem cirúrgica de urgência Urucará, interior do Amazonas, onde foram é o método mais seguro para confirmação realizados limpeza e rafia das lesões. Após 88 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Fernando Luiz Westphal, Luís Carlos de Lima, José Corrêa Lima Netto, Márcia dos Santos da Silva, Alessandra Bastos Alves DISCUSSÃO 48h, evoluiu com dispneia, dor torácica e confusão mental, sendo transferida para Manaus. Deu entrada no Hospital e Pronto- O Socorro 28 de Agosto, hipocorada (+++/+4), dispneica, com murmúrio associado vesicular grande ao número traumatismo de óbitos cardíaco perfurante está relacionado aos ferimentos diminuído em bases. FC 110 bpm, FR 30 mrm causados por arma de fogo, pois estes e PA de 90/60 mmHg. Foram observadas causam grandes lacerações nas câmaras múltiplas lesões suturadas distribuídas em cardíacas e abertura do saco pericárdico face, membros superiores e tórax, sendo que evoluem com hemotórax maciço e três em região subaxilar esquerda e duas choque hemorrágico, geralmente com em precórdio. O hemograma realizado morte no local do acidente. De forma no momento da admissão demonstrou oposta, as lesões causadas por arma branca uma anemia com hematócrito 17,7% e possuem um melhor prognóstico, com hemoglobina de 5,98 g/dl. pouca perda sanguínea e a possibilidade Foram transfundidas três bolsas de tamponamento cardíaco, condição que de concentrado de hemácias e realizada atua como protetor da lesão cardíaca, drenagem fechada de hemitórax esquerdo sob pois evita o extravasamento de sangue e o selo d’água. Após 3h, a paciente permaneceu choque hemorrágico.5, 7, 8 com dispneia e dor torácica, e evoluiu com A lesão cardíaca é suspeitada a enfisema subcutâneo em tórax, turgência partir da história do trauma e localização jugular (Figuras 1A e 1B) e atrito pericárdico. das lesões. A apresentação clínica do O ultrassom rápido de tórax (Fast) evidenciou paciente é de fundamental importância a presença de líquido em pericárdio. Foi para a decisão quanto à exploração indicada a cirurgia de emergência e realizada cirúrgica ou apenas observação. Hipotensão a janela pericárdica, com incisão mediana arterial severa, aumento da pressão venosa subxifoidea (Figura 2) e aspiração de 200 ml central e abafamento das bulhas cardíacas de secreção serossanguinolenta, tipo água são fortes indícios de lesão cardíaca de carne, que confirmou o diagnóstico de penetrante A tríade de Beck, característica hemopericárdio. Foi colocado dreno de tórax do tamponamento cardíaco, está presente número 22 e realizada drenagem fechada do em apenas uma minoria dos pacientes. Em pericárdio sob selo d’água. A paciente evoluiu alguns casos, o diagnóstico nem sempre sem complicações e recebeu alta hospitalar é evidente, pois o paciente pode se após dez dias. 89 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 TAMPONAMENTO CARDÍACO TRAUMÁTICO TARDIO apresentar hemodinamicamente estável, cardíaco. Isso ocorre por conta de um sem indícios clínicos de lesão cardíaca.9, 10 sangramento cardíaco tardio com pericárdio Ferimentos localizados na área de Ziedler já cicatrizado após uma lesão aguda ou devem sempre ser investigados, pois a pelo desenvolvimento de pericardite com projeção do coração e dos grandes vasos derrame tardio.11, nessa região aumenta o risco de lesão paciente não apresentava sinais sugestivos cardíaca e sangramento.11 de lesão cardíaca e tamponamento cardíaco As duas apresentação principais das formas lesões tratada de forma conservadora. Somente cardíacas após 48 horas houve piora significativa do quadro clínico com rebaixamento do nível rápida evolução para o choque hemorrágico de consciência, dispneia e dor torácica. e o tamponamento cardíaco. Os ferimentos Após transferência para uma unidade de por arma de fogo se associam a grandes nas câmaras cardíacas No caso relatado, a durante sua primeira admissão, sendo de penetrantes são a hemorragia profusa com lacerações 12 referência em urgência e emergência, a e paciente apresentou nova piora clínica em tecidos adjacentes, causando hemorragia 3h de evolução, dessa vez com turgência constante que não pode ser contida jugular e atrito pericárdico, sendo levantada pelo saco pericárdico aberto. De forma a hipótese de tamponamento cardíaco oposta, os ferimentos por arma branca tardio. se comportam como feridas cirúrgicas, permitindo a aposição dos tecidos lesados Diante da suspeita de derrame e dos tecidos mediastinais adjacentes, com pericárdico traumático, o ecocardiograma rápido fechamento do orifício e pouca perda transesofágico é considerado o método sanguínea para a cavidade torácica e meio de escolha para a investigação inicial do externo.2, Nos pacientes com ferimento paciente, pois se trata de um método não por arma branca, o tamponamento cardíaco invasivo, rápido e de fácil aplicabilidade. exerce efeito protetor, pois evita a perda de O diagnóstico é feito pela visualização sangue e reduz a chance de hipovolemia.5 de uma região anecoica entre o coração 4 e o pericárdio, com possível restrição Em um pequeno número de casos, diastólica. o paciente pode se apresentar estável no sinais de ecocardiograma exame pode ser realizado com o mesmo de lesão cardíaca e, após horas ou dias, com o transesofágico não estiver disponível, o momento da admissão, sem evidências evoluir Quando aparelho de ultrassom utilizado para o tamponamento exame de abdômen em vítimas de trauma 90 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Fernando Luiz Westphal, Luís Carlos de Lima, José Corrêa Lima Netto, Márcia dos Santos da Silva, Alessandra Bastos Alves (Fast). Em mãos experientes, esse método profundo, o método de escolha para pode apresentar acurácia de 90% para a o diagnóstico de ferimento cardíaco é presença de líquido no pericárdio.10, 13 No a janela pericárdica subxifoidea. Essa caso apresentado, não havia equipamento técnica possui como principais vantagens para ecocardiograma a sua fácil execução e rápida identificação transesofágico nem cardiologista disponível da presença ou não de lesão cardíaca com na unidade de emergência para a qual a alta sensibilidade e especificidade, além paciente foi transferida. O equipamento de mínima morbidade. A exposição obtida ultrassonográfico disponível era o Fast, por esse método permite a exploração do que confirmou a presença de líquido no pericárdio para detecção de sangramento ou pericárdio. O quadro clínico e a evidência coágulos. Se a lesão for confirmada, a incisão ultrassonográfica de derrame pericárdico pode ser facilmente ampliada para uma foram fatores indicativos para a abordagem toracotomia mediana ou lateral.6, 11 Outra cirúrgica da paciente. vantagem da janela pericárdica subxifoidea a realização Pacientes do com é a realização de pericardiocentese para tamponamento descompressão cardíaca nos casos em cardíaco agudo ou sinais de choque sem que houver tamponamento cardíaco.15 No resposta à infusão de cristaloides devem presente relato, a escolha pela realização ser submetidos ao procedimento cirúrgico da janela pericárdica foi feita a partir da imediatamente. A escolha da técnica história de tamponamento cardíaco tardio depende da preferência e experiência de sem sinais de choque profundo. Durante cada cirurgião. Enquanto alguns centros o procedimento, não foram observadas adotam a toracotomia esquerda como lesões cardíacas, pois ela já deveria estar procedimento inicial nos casos de lesão cicatrizada, nem sinais de sangramento cardíaca penetrante, com a possibilidade de ativo, sendo realizada apenas a drenagem ampliação da incisão por meio do mediastino pericárdica. nos casos em que houver lesão cardíaca à direita,10 outros preferem a esternotomia mediana, reservando a Diante do exposto, observamos toracotomia a necessidade da exploração sistemática esquerda para as lesões posteriores.14 dos pacientes com suspeita de lesão cardíaca. Apesar de a abordagem cirúrgica Em pacientes hemodinamicamente estáveis ou tamponamento com sinais cardíaco clínicos sem precoce de estar indicada apenas em pacientes hemodinamicamente instáveis, choque a possibilidade de lesão cardíaca deve ser 91 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 TAMPONAMENTO CARDÍACO TRAUMÁTICO TARDIO suspeitada mesmo em pacientes estáveis, of 66 cases. Journal of Islamic Academy of Sciences. pois a detecção precoce do hemopericárdio 1990; 3(1): 62-5. evita complicações tardias, tal como foi 5. Arreola-Risa C, Rhee P, Boyle EM, Maier RV, observado neste trabalho. Jurkovich GG, Foy HM. Factors influencing outcome in stab wounds of the heart. Am J Surg. 1995; 169(5): 553-6. REFERÊNCIAS 6. Burack JH, Kandil E, Sawas A, O’Neill PA, Sclafani JAS, Lowery RC et al. Triage and Outcome of Patients 1. Rodrigues AJ, Furlanetti LL, Faidiga GB, Scarpelini with Mediastinal Penetrating Trauma. 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CEP: 69020-170 E-mail: [email protected] 93 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Fernando Luiz Westphal, Luís Carlos de Lima, José Corrêa Lima Netto, Márcia dos Santos da Silva, Caio Ferreira Soares, Danielle Cristine Westphal SÍNDROME DO LOBO MÉDIO: RELATO DE CASO Middle lobe syndrome: case report Fernando Luiz Westphal,* Luís Carlos de Lima,**José Corrêa Lima Netto,*** Márcia dos Santos da Silva,****Caio Ferreira Soares,*****Danielle Cristine Westphal**** RESUMO A Síndrome do Lobo Médio é caracterizada por colapsos recorrentes do lobo médio do pulmão direito que levam à atelectasia crônica e predisposição a infecções de vias aéreas inferiores. Neste trabalho, apresentamos um caso de Síndrome do Lobo Médio, no qual o paciente possuía um histórico clínico de pneumonias de repetição e exames de imagem que evidenciaram a presença de atelectasias e bronquiectasias no lobo médio pulmonar. Durante a broncoscopia foi observada a compressão extrínseca do brônquio por lifonodomegalias. Diante da confirmação diagnóstica, optou-se por realizar a lobectomia. Apesar do tratamento da Síndrome do Lobo Médio em crianças ser preferencialmente conservador, casos como o que foi relatado, em que há presença de atelectasias, bronquiectasias, infecções recorrentes ou obstrução brônquica, é necessária a adoção de condutas mais agressivas, com ressecção cirúrgica da região acometida, a fim de evitar disseminação da infecção para outras áreas do pulmão. DESCRITORES: Atelectasia pulmonar, bronquiectasia, pneumonia. ABSTRACT The Middle Lobe Syndrome is characterized by recurrent collapse of the middle lobe of the right lung leading to atelectasis and predisposition to chronic infections of the lower airways. We present a case of Middle Lobe Syndrome, in which the patient had a clinical history of recurrent pneumonia and imaging studies demonstrating the presence of atelectasis and bronchiectasis in the middle lobe lung. During bronchoscopy was observed extrinsic *Professor-adjunto e coordenador da disciplina de Cirurgia Torácica da Universidade Federal do Amazonas. **Chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas. ***Médico assistente do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Getúlio Vargas. ****Acadêmicas do Curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas. *****Acadêmico do Curso de Medicina da Universidade do Estado do Amazonas. 94 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 SÍNDROME DO LOBO MÉDIO: RELATO DE CASO compression of the bronchus by lymphonodomegaliy. Given the diagnostic confirmation, it was decided to perform lobectomy. Despite treatment of Middle Lobe Syndrome in children preferably be conservative, cases such as that reported, in which there is presence of atelectasis, bronchiectasis, recurrent infections or bronchial obstruction, it is necessary to adopt more aggressive behavior, with surgical resection of the region affected, in order to avoid dissemination of infection to another parts of lung. KEYDOWRDS: Pulmonary Atelectasis, bronchiectasis, pneumonia. INTRODUÇÃO RELATO DO CASO A Síndrome do Lobo Médio (SLM) D.G.S., dez anos e oito meses, caracteriza-se por colapsos recorrentes do foi encaminhado ao Serviço de Cirurgia lobo médio, levando a um quadro clínico Torácica do Hospital Sociedade Beneficente que envolve bronquiectasias, pneumonias Portuguesa por de repetição e atelectasias desse lobo recorrentes de pulmonar.1 desde o primeiro mês de vida. Ao exame Em pacientes pediátricos, apresentar vias aéreas infecções inferiores físico, apresentou como única alteração os a presença de roncos em terços médio e sintomas têm início principalmente ao inferior do hemitórax direito. Os exames redor dos três anos de idade e comumente complementares apresentaram os seguintes está associado à asma.2 O sintoma mais resultados: frequente é a tosse persistente, que pode estar associada à hemoptise, dor torácica, a) Radiografia de tórax: sinais de dispneia e febre.3 atelectasia em terço médio do pulmão direito (Figuras 1A e B); O objetivo deste trabalho é descrever um caso de Síndrome do Lobo Médio em b) Tomografia computadorizada de um paciente pediátrico que apresentava tórax: presença de broncogramas aéreos infecções pulmonares recorrentes, além de envolvendo lobo médio, principalmente em realizar uma revisão da literatura. segmento medial, com redução volumétrica dele (Figura 2); 95 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Fernando Luiz Westphal, Luís Carlos de Lima, José Corrêa Lima Netto, Márcia dos Santos da Silva, Caio Ferreira Soares, Danielle Cristine Westphal c) Broncoscopia: compressão extrínseca presença de gânglios linfáticos ao redor do lobo médio por provável aumento desse ramo brônquico também contribui linfonodal. para a fisiopatogenia da síndrome, pois, O paciente foi submetido na vigência de processos infecciosos, os à gânglios podem aumentar de tamanho e toracotomia lateral direita, com acesso à comprimir o brônquio, aumentando ainda cavidade torácica pelo 5.º espaço intercostal mais o acúmulo de secreções. Episódios direito. Foram observados atelectasia e repetidos de inflamação induzem a fibrose hepatização do segmento medial do lobo e o estreitamento do brônquio, fator médio pulmonar. O tratamento instituído determinante para completar o ciclo vicioso foi a ressecção do lobo médio (Figura 3). de infecção e inflamação que determinam O paciente evoluiu sem complicações a formação de atelectasia e bronquiectasia recebendo alta hospitalar no 5.º dia de pós- crônicas, com colapso total ou parcial do operatório. lobo médio.4 As causas da SLM se dividem em DISCUSSÃO obstrutivas e não-obstrutivas. As principais causas A SLM, entidade clínica e radiológica, comprimento de pneumonia e sintomas respiratórios compressão brônquico, secundárias a aspiração de corpo estranho, edema de crônicos ou recorrentes, podendo ser apenas mucosas ou presença de tumores. Já as causas um achado radiológico com antecedentes não-obstrutivas envolvem basicamente os clínicos pouco expressivos1. distúrbios de ventilação colateral e processos A fisiopatogenia da SLM envolve anatômicos. a anormalidades no diâmetro, estrutura ou lobo médio do pulmão direito com episódios fatores são extrínseca por linfonodos ou tumores e é caracterizada por atelectasia crônica do principalmente obstrutivas inflamatórios primários.5, 6 O A síndrome ocorre em indivíduos de ramo brônquico que se dirige ao lobo médio qualquer idade; no entanto, o diagnóstico forma um ângulo agudo com o brônquio em pacientes pediátricos tende a ser mais fonte que o origina e geralmente é menos difícil por causa da apresentação clínica calibroso e mais longo que os demais. inespecífica.3, 7 A maioria dos casos de SLM Esses três fatores contribuem para a em crianças ocorre de forma secundária retenção crônica de secreções brônquicas à asma e o paciente pode se recuperar e episódios recorrentes de infecção. A 96 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 SÍNDROME DO LOBO MÉDIO: RELATO DE CASO espontaneamente. No entanto, a resolução que houver atelectasia crônica ou recorrente, dos é evidências de bronquiectasia ou obstrução acompanhada de reexpansão do parênquima brônquica, o tratamento preconizado é a pulmonar atelectasiado e esse acaba não ressecção precoce do lobo médio a fim de evitar sendo prontamente identificado.2, o envolvimento dos outros lobos pulmonares.8, sintomas agudos nem sempre 8 Neste trabalho, o paciente não tinha história de 10 asma e apresentava como único dado clínico brônquica foi fator determinante para a relevante o histórico de pneumonias de abordagem cirúrgica do paciente. repetição, associado ao achado radiológico Neste trabalho, a presença de obstrução Em de colapso do lobo médio pulmonar. conclusão, ressaltamos a importância do diagnóstico precoce da A presença de atelectasia do lobo SLM em pacientes pediátricos. Apesar de médio na radiografia de tórax em crianças a apresentação clínica ser inespecífica, a com sintomas respiratórios recorrentes realização de uma simples radiografia de é suficiente para a suspeita diagnóstica tórax em crianças com sintomas respiratórios de SLM. A tomografia computadorizada recorrentes e inespecíficos é suficiente para de tórax também auxilia no diagnóstico, guiar o diagnóstico de SLM, antes que o pois, além de evidenciar atelectasias e processo evolua para complicações crônicas bronquiectasias no lobo médio, identifica que necessitem de um tratamento cirúrgico possíveis mais amplo que a lobectomia média. obstruções e estreitamentos brônquicos. Quando a SLM for de origem obstrutiva, a broncoscopia é suficiente para confirmar o diagnóstico. 3, 9 REFERÊNCIAS No caso relatado, a atelectasia do lobo médio foi 1. Barreto SM, Palombini DV, Tovar RB. observada tanto na radiografia de tórax Considerações sobre a síndrome do lobo médio. quanto na tomografia computadorizada AMRIGS. 1982; 26(3): 196-201. e o diagnóstico foi confirmado após a 2. Springer C, Avital A, Noviski N, Maayan C, visualização da obstrução brônquica por Ariel I, Mogel P et al. Role of infection in the middle meio da broncoscopia. lobe syndrome in asthma. Arch Dis Child. 1992; 67(5): 592-4. O tratamento da SLM em pacientes 3. Boloorsaz MR, Khalilzadeh S, Khodayari pediátricos é preferencialmente conservador AA, Farhoodfar N, Mir S, Sadeghi M. Middle Lobe por intermédio de antibioticoterapia, drenagem Syndrome in Children. Tanaffos. 2009; 8(1): 50-5. postural e broncodilatadores.3, 7 Nos casos em 4. Albo RJ, Grimes OF. The Middle Lobe 97 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Fernando Luiz Westphal, Luís Carlos de Lima, José Corrêa Lima Netto, Márcia dos Santos da Silva, Caio Ferreira Soares, Danielle Cristine Westphal Syndrome: A Clinical Study. Dis Chest. 1966; 50(5): 8. De Boeck K, Willems T, Van Gysel D, Corbeel 509-18. L, Eeckels R. Outcome after right middle lobe syndrome. Chest. 1995; 108(1): 150-2. 5. Wagner RB, Johnston MR. Middle lobe syndrome. Ann Thor Surg. 1983; 35(6): 679-86. 9. Priftis KN, Mermiri D, Papadopoulou A, Anthracopoulos MB, Vaos G, Nicolaidou P. The role 6. Culiner MM. The right middle lobe syndrome: of timely intervention in middle lobe syndrome in A non-obstructive complex. Dis Chest. 1966; 50(1): children. Chest. 2005; 128(4): 2504-10. 57-66. 10. Ayed AK. Resection of the right middle 7. Livingston GL, Holinger LD, Luck SR. Right lobe and lingula in children for middle lobe/lingula middle lobe syndrome in children. Int J Pediatr syndrome. Chest. 2004; 125(1): 38-42. Otorhinolaryngol. 1987; 13(1): 11–23. FIGURAS Figura 1 – Radiografia de tórax nas incidências PA (A) e perfil (B) mostrando atelectasia do terço médio do pulmão direito. 98 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 SÍNDROME DO LOBO MÉDIO: RELATO DE CASO Figura 2 – Tomografia computadorizada de tórax mostrando bronquiectasias e redução volumétrica do lobo médio. Figura 3: Lobo médio com sinais de hepatização consequente ao processo inflamatório crônico. Instituição em que o trabalho foi realizado: Universidade Federal do Amazonas – Departamento de Clínica Cirúrgica. Endereço para correspondência: Fernando Luiz Westphal – Hospital Universitário Getúlio Vargas, Coordenação de Ensino e Pesquisa. Av. Aripuanã, 4 – Praça 14 de Janeiro, Manaus – AM, Brasil. CEP: 69020-170 E-mail: [email protected] 99 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 ANAIS JORNADA Palestra de Abertura da V Jornada de Saúde da Amazônia Ocidental TRABALHO EM EQUIPE: UM DESAFIO POSSÍVEL Prof. Dr. Edson de Oliveira Andrade Caros amigos O professor Fernando Westphal pediu-me, em uma grande deferência, que falasse na abertura deste evento, sobre a importância do trabalho em conjunto. De início, esta incumbência, para quem não acredita em trabalho efetivo senão aquele realizado coletivamente, pareceu ser extremamente fácil. Ledo engano! Ao tentar colocar as ideias em ordem a fim de fazer desta conversa entre amigos e companheiros algo útil e agradável, as dificuldades de explicar e defender o óbvio começaram aparecer de forma muito intensa. Como então resolver tal problema? Como arrumar uma saída de forma a atender o solicitado pelo Fernando? Confesso que ao procurar uma saída tudo pareceu muito difícil. E por que estava assim? Logo percebi que o problema do encaminhamento desta tarefa estava na metodologia por mim escolhida para resolvê-lo: a individualidade. Tudo tinha de ser resolvido por mim. Era Eu e só Eu a buscar a solução para o sucesso desejado para a palestra. Esqueci nas minhas preocupações do próprio tema da palestra: O trabalho coletivo. Uma palestra, como todas as atividades humanas, depende de múltiplos fatores, sejam eles conjunturais, estruturais, mas principalmente humanos. O primeiro destes fatores, o conjuntural, tem a ver porque estamos aqui. O que nos 103 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 mobilizou a vir para cá? Conhecimento, curiosidade, sentimento de obrigação ou mesmo falta do que fazer? Cada um de nós sabe o que nos trouxe até aqui, nesta noite de muito calor. Para este evento, talvez não seja importante sabermos o motivo da mobilização de cada um. Mas quando se trata do ambiente de trabalho, saber o que motiva o colega ao lado é uma questão capital. Mas vamos parar um pouco e pensarmos juntos. Esta reunião não é uma extensão do nosso local de trabalho? Então pergunto: por que o Fernando Westphal está aqui? Ou o professor Duarte? Ou mais importante ainda, por que aquele colega tão querido e competente NÃO está aqui? Como podemos entender o macro da nossa conjuntura quando desconhecemos o micro, ou seja, ou que nos move individualmente? Quando estamos a fim de uma pessoa queremos saber tudo a seu respeito. O que ela gosta. O que lhe agrada. Tudo para satisfazê-la. Enfim, para conquistá-la. Agora raciocinem comigo, e vejam se não estou correto. Muitas vezes iremos conviver menos com esta pessoa que com nossos companheiros de trabalho. Vejam no meu caso. Eu aguento o Bulbol há 36 anos; o Duarte há 38 anos e o Eucides há 44 anos. Bem como nem todos têm a graça de ter a mesma namorada, sempre a conquistar, como eu e o Duarte, vemos logo a importância que um colega de trabalho tem em nossas vidas. Em qualquer campo da atividade humana, as coisas só dão certo se houver interesse. E nenhum interesse é tão importante quanto o interpessoal. Se eu gosto de ti, eu cuido de ti! Vamos agora fazer uma brincadeira. Escrevam no papel que receberam, sem que ninguém veja, o nome de um colega de trabalho com que vocês se preocupam. Dobrem e entreguem aos nossos monitores. O segundo passo para o sucesso desta palestra é a estrutura de que dispomos para o evento (APAGAR AS LUZES E DESLIGAR O MICROFONE). 104 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Vejam só. Vocês estão aí e eu continuo aqui, mas a nossa conversa ficou prejudicada. Com resolver este impasse? Penso que existem dois caminhos: um correto e outro o brasileiro. O correto chama-se planejamento. O brasileiro chama-se jeitinho e é mais ou menos assim: Ei! Seu Almir. Vê se tem um fusível emprestado e faz uma gambiarra para luz voltar. Pronto, às vezes dá certo, mas na maioria das vezes, não. Com planejamento a regra é dar certo. Agora podem ligar as luzes. Vocês viram que em todas as oportunidades aqui apresentadas, apesar de falarmos em estruturas, sempre nos referimos às pessoas. Isto ocorre porque as estruturas são reflexos das ações das pessoas; e num sistema de vasos comunicantes, como no qual vivemos, as pessoas são reflexos das estruturas. Agora eu pergunto: Quantas vezes vocês já pararam para planejar o seu trabalho? Vamos agora para a segunda tarefa da noite. Escrevam na folha de papel restante um aspecto da estrutura do HUGV que vocês gostaria de ver melhorar para que vocês possam se sentir mais feliz em seu trabalho. Não deixe ninguém olhar o que você escreveu. Isto é uma tarefa solitária. Este é o SEU desejo. Entreguem aos monitores. Por fim, vamos falar de nós, as pessoas. Vamos falar do nosso papel nesta palestra. Como vocês já perceberam, uma palestra não existe sem pessoas. Não existe sem um palestrante – uma pessoa –; nem sem plateia – também pessoas –. Conjunturas e estruturas são importantes, mas o que dá consistência às coisas são as pessoas. Conjuntura e estrutura são as formas; as pessoas são as substâncias. Se eu e vocês não estivéssemos aqui, ainda que o evento estivesse programado e o local à disposição, não teríamos a palestra, pois faltaria a substância. Mas é preciso que haja uma interação profunda e intensa entre as pessoas, a conjuntura e a estrutura, para que o sucesso da palestra seja alcançado. Como disse o filósofo espanhol Ortega y Gasset; “Eu sou eu e as minhas circunstâncias. Se não as salvo, não me salvo”. 105 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Isto parece que funciona bem quando se trata de uma palestra, mas em um hospital, como se dá? Eu respondo sem um tiquinho de dúvida: da mesma forma. Um hospital é conjuntura; é estrutura é gente. Mas para ter sucesso, seja na palestra, seja no hospital, falta um ponto crucial que omiti até agora: OBJETIVO. Sem objetivo somos que nem cachorro correndo atrás de uma roda de carro, que quando o carro para não sabe o que fazer. O meu objetivo é conquistá-los para a ideia de que o trabalho conjunto é o único eficaz para se alcançar os nossos objetivos e que os nossos objetivos precisam ser construídos coletivamente para que todos se sintam partícipes e construtores de seus destinos. Para encerrar, vou projetar três breves filmes que têm muito a ver com esta nossa conversa. Vejamos. Formigas: http://www.youtube.com/watch?v=OxI_IGS9xtQ Gansos: http://www.youtube.com/watch?v=lEplEOyGVbw Basquete: http://www.youtube.com/watch?v=mG3o1vG_dEc Estes três filmes possuem uma característica comum: o trabalho em equipe. As pequenas formigas trabalhando juntas são capazes de transportar uma barata com um peso muitas vezes superior aos seus. Já os gansos voam por longas distâncias alternando posições e distribuindo entre os membros do grupo os esforços da jornada. Mas eles apenas seguem os seus instintos e nada mais. Já o terceiro filme, além do trabalho em conjunto, agrega o processo criativo planejado, transfigurado em beleza sublime. Os sons obtidos não sons comuns. Eles nascem não de um impulso mecânico e automático. Eles são a expressão do sentimento, da sensibilidade, da interação, do enlevo e até mesmo do trabalho conjunto. Isto é uma das coisas que nos diferencia dos outros animais. O nosso trabalho, quando 106 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 planejado (sonhado), quando realizado em conjunto com outras pessoas (compartilhado), tem a capacidade de ser transformador e transcendental (tocar a alma da pessoa). A música é o exemplo perfeito desse fato. Numa orquestra, nenhum instrumento é capaz de, isoladamente, executar uma sinfonia em sua totalidade, mas juntos tornam uma 9.ª, de Beethoven, ou o Poema Sinfônico “Floresta Amazônica”, de Villas-Lobo, algo maravilhoso. Meus amigos, outro engenho humano que só funciona bem com um trabalho conjunto e harmônico é a assistência à saúde. Por isso, faço um convite para que venhamos juntos executar diariamente, para o bem dos nossos pacientes e de nós mesmos, a música que trazemos em nossos corações. Antes de sairmos, apenas duas coisinhas a mais. Em primeiro lugar, vamos entregar ao professor Lourivaldo, diretor do HUGV, as nossas contribuições para a melhoria do nosso hospital. Lembre-se, meu caro Lourivaldo, de que elas foram escritas com o melhor dos nossos corações. E, por último, mas ainda assim não de menor importância, peço que cada um de nós retire no saco um pedaço de papel onde escrevemos o nome de uma pessoa que consideramos importante em nosso trabalho e afazeres; e quando estivermos no merecido coffee break busquemos encontrá-la para que ela saiba que uma pessoa nesta sala a considera muito especial. Obrigado 107 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 RESUMO - CATEGORIA ORAL 1. RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ATIVIDADES REALIZADAS NA ONG ANJOS DA ENFERMAGEM E NO PROJETO O BRINCAR NO HOSPITAL ESTEVES,1 Arinete Véras Fontes, MOTTA,1Gisele Aparecida Emílio de Araújo, SOARES,2 Anne Caroline Sampaio, ROCHA,2 Deise Auxiliadora de Freitas, BARBOSA,2 Jacqueline Paula Silva, BINDÁ,2 Josias Mota, DIAS,2 Raissa Simões INTRODUÇÃO: Desenvolver atividades recreativas com as crianças em ambiente hospitalar é, hoje, considerada uma atividade indispensável ao atendimento à saúde, reconhecida pela Lei Federal n.º 11.104/05, onde determina que todos os hospitais pediátricos devam possuir, em suas instalações, um espaço para a criança doente e hospitalizada brincar. Diante dessa possibilidade de favorecer atividades recreativas às crianças acometidas por algum tipo de câncer, hospitalizadas na Fundação Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (FHemoam), a ONG Anjos da Enfermagem e o projeto O Brincar no Hospital podem realizar atividades lúdicas com as crianças, procurando por meio da brincadeira minimizar o estresse ocasionado pela doença, seu tratamento e da longa hospitalização à qual a criança com câncer é submetida. OBJETIVO: Realização de atividades de brincadeiras na ONG Anjos da Enfermagem e no projeto O Brincar no Hospital com crianças acometidas por algum tipo de câncer e doenças no sangue, incentivando o riso da criança doente. METODOLOGIA: Tratase de um estudo descritivo exploratório de um relato da experiência vivenciada pelos alunos do curso de graduação de enfermagem da Universidade Federal do Amazonas pelo brincar com crianças com câncer em ambiente intra‐hospitalar, tendo como participantes todas as crianças hospitalizadas na FHemoam no período de atividade do projeto, aproximadamente Enf.ª docente da Universidade Federal do Amazonas. Discente da Universidade Federal do Amazonas. Contatos: [email protected], [email protected], [email protected] 1 2 109 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 48 crianças. Foi feito uma avaliação por meio dos relatos das mães e/ou acompanhantes legais das crianças ali hospitalizadas e também das próprias crianças, os quais registraram de forma escrita de próprio punho os seus relatos. RESULTADOS: Mostram que estes projetos, por meio da brincadeira, auxiliam a criança a enfrentar de forma mais segura seus medos e ansiedade nesse ambiente que se apresenta de forma ambígua para elas, como um ambiente que cuida e cura, mas também que agride por serem necessários a realização de procedimentos invasivos e tratamentos agressivos. CONCLUSÃO: Diante disso, evidencia-se que o brinquedo auxilia a criança a enfrentar o desconhecido durante sua permanência no hospital, minimizando o estresse ocasionado pela doença e hospitalização por meio da brincadeira. 2. ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA NA PORFIRIA INTERMITENTE AGUDA RAMALHO,1 Anilda Nogueira, PALHARES,2 Flávia Ferreira M, ALBUQUERQUE,2 Maria Déborah, FREITAS,3 Caio Guimarães de, SUSUKI,3 Ingrid de Fátima Aquino. INTRODUÇÃO: A Porfiria Intermitente Aguda (PIA) é um distúrbio hereditário raro de origem hepática, causada por deficiência enzimática. Geralmente se manifesta após a puberdade e o sintoma mais comum é a dor abdominal intensa em 80% dos casos e, em situações extremas, paralisia respiratória e morte. O tratamento da PIA é interdisciplinar, necessitando de atendimento médico, fisioterapêutico, nutricional, psicológico, entre outros. OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é demonstrar que a atuação da fisioterapia na PIA ajuda a prevenir os efeitos deletérios da hipoatividade no leito, evitando complicações respiratórias e auxiliando no bem-estar do paciente. MÉTODOS: Este relatado de caso é de uma senhora de 48 anos, admitida no Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV com histórico de epigastralgia, mioartralgia, febre, infecção do trato urinário, hipertensão arterial sistêmica, neuropatia periférica e fraqueza muscular progressiva, episódio de perda da consciência e histórico social Fisioterapeuta do Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV/Ufam e da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas. 2 Fisioterapeuta do Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV/Ufam. 3 Estagiários do Serviço de Fisioterapia e acadêmicos de Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas, Campus Manaus – Ufam. 1 110 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 de etilismo. Foram realizadas condutas fisioterapêuticas respiratórias e motoras de manhã e à tarde, totalizando aproximadamente 500 atendimentos. RESULTADOS: Os resultados obtidos com a assistência fisioterapêutica foram o aumento da força muscular e da endurance da musculatura respiratória, os quais contribuíram no desmame da prótese ventilatória e no restabelecimento do padrão respiratório, além da preservação da biomecânica articular, ganho de força muscular de proximal para distal, melhora do equilíbrio e do controle de tronco, permitindo a paciente ficar na postura de sedestação, sem apoio e na ortostática com o uso de auxiliares de locomoção bilateral. Quanto à independência funcional para as atividades de vida diária e profissional, ainda estavam parciais no momento da alta, por conta da limitação dos movimentos finos das mãos e da deambulação. CONCLUSÃO: Conclui-se que a assistência fisioterapêutica foi fundamental para a recuperação e o melhor prognóstico funcional, percebendo a contribuição no tratamento ambulatorial, nos casos residuais de distúrbio neuro‐cinético‐funcional. Verifica-se, também, a necessidade de mais estudos sobre as condutas fisioterapêuticas na PIA, contribuindo para a saúde baseada em evidências. PALAVRAS‐CHAVE: Porfiria Intermitente Aguda – PIA, Fisioterapia em Hematologia. Agradecimentos: à equipe do Serviço de Fisioterapia, do CTI, CEP e direção do HUGV/Ufam 3. ESTUDO ANATÔMICO DA ORELHA HUMANA POR DESCALCIFICAÇÃO DO OSSO TEMPORAL CARLOS,1 Denny da Silva, DANILOW,2 Juliana Leal, BARCELAR,2 Bruno Rainer, BARCELLOS,3 José Fernando Marques, CARNEIRO,3 Ana Basílio, FURTADO,3 Silvânia Conceição INTRODUÇÃO: O osso temporal, por sua complexidade anatômica, é de difícil compreensão em face do grande número de estruturas e funções agrupadas nesse espaço ósseo. Compreender sua anatomia é extremamente importante para entendimento de fenômenos patológicos, bem como Acadêmico do Curso de Medicina (Ufam); presidente da Liga Universitária de Diabetes e Obesidade (LUDO/ HUGV) e integrante do Projeto Teleclin (sessões para o internato). 2 Acadêmico do Curso de Medicina (Ufam). 3 Professor do Departamento de Morfologia – ICB Correspondências: Universidade Federal do Amazonas – Ufam, Departamento de Morfologia, Instituto de Ciências Biológicas, Campus Universitário, avenida Rodrigo Otávio Jordão Ramos, 3.000, Coroado, CEP: 69077-040, Manaus, AM, Brasil. [email protected] 1 111 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 para a realização de cirurgias otológicas e neurológicas. OBJETIVO: Realizar o estudo topográfico da orelha média e interna após descalcificação por acidificação do osso temporal. MÉTODOS: Foram dissecados seis ossos temporais de três cadáveres adultos, do sexo masculino, e fixados em formol a 10% do Laboratório de Anatomia da Universidade Federal do Amazonas. Os seis ossos temporais, sem lesão macroscópica, foram imersos em solução de ácido nítrico a 15% por dois dias. Posteriormente, foram feitas secções transversais e longitudinais completas e incompletas com lâminas de micrótomo tendo como referência o meatus acusticus interno até a orelha externa. Utilizou-se uma lâmina de bisturi para escavar a orelha média e interna e uma lupa para melhor visualização das estruturas. RESULTADOS: Por meio de uma “janela” aberta na escama do osso temporal direito e com a retirada da eminentia arcuata, foi possível identificar cochlea, canalis semicircularis e outras estruturas relevantes ao estudo proposto: cellulae mastoideae, nervus facialis, corpus incudis, capuz mallei e a articulatio incudomallearis. CONCLUSÃO: Esta técnica de descalcificação por acidificação proporcionou expor uma melhor topografia da orelha humana, particularmente de estruturas nobres da orelha média e interna, além de continuar sendo um método bastante eficiente, podendo ele apresentar baixo custo, sendo de fácil execução e acesso aos acadêmicos e profissionais da área da saúde, tornando-se clara a identificação das estruturas internas do osso temporal, normalmente estudadas pelos atlas de Anatomia Humana. PALAVRAS-CHAVE: Dissecação; Cadáver; Anatomia Humana. 4. POLÍTICA DE SAÚDE E A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO BÁSICA PARA OS DEMAIS NÍVEIS DE SAÚDE: UM ESTUDO COM OS IDOSOS USUÁRIOS DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE E CAIMIS DE MANAUS SASSAKI,1 Yoshiko, MAIA,2 Danielle Bezerra, PONCE DE LEÃO,3 Alice Alves Menezes, MELO,3 Nathalie Santana de INTRODUÇÃO: A maior expectativa de vida já experimentada pela população brasileira vem Prof. Dr. Ufam, Manaus‐AM. 2 Acadêmica de Serviço Social, Ufam, Manaus‐AM. Contato: daniellebmaia@uol. com.br, [email protected], [email protected], [email protected] 1 112 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 desafiando setores públicos e privados, e afetando todas as esferas da vida em sociedade. No que tange à política de saúde, a base dos serviços está na atenção primária desenvolvida nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), onde 85% dos agravos de saúde poderiam ser resolvidos nesse nível (BRASIL/MS, 2006). Suas ações objetivam a identificação de fatores de risco, a promoção da saúde, ações de prevenção e tratamentos simples de doenças, configurando-se como porta de entrada do sistema. OBJETIVO: Desse modo, objetivamos analisar a condição de saúde e os serviços de assistência à saúde disponibilizados nas UBSs e Caimis (Centro de Atenção Integral à Melhor Idade), de Manaus, visando à compreensão do bom funcionamento do sistema. Foram selecionadas cinco UBSs de cada zona (Leste e Sul) e três Caimis existentes, e aplicados formulários semiestruturados a cento cinquenta idosos. RESULTADOS: As análises sobre as políticas de saúde revelam os reflexos da influência neoliberal, contrário aos investimentos nas políticas sociais. Por conseguinte, os níveis de eficiência e a qualidade dos serviços prestados em saúde podem não alcançar os índices esperados. A municipalização de saúde ocorrida na atenção básica em 2003 na cidade de Manaus, de fato, ainda é precária e parcial. Pois, demagogicamente, o Governo do Estado mantém os Centros de Atenção Integral à Melhor Idade – Caimis concorrendo paralelamente com as UBSs e Saúde da Família do Município, realizando os mesmos serviços. A pesquisa apontou que os idosos, usuários das UBSs, procuram majoritariamente os serviços clínicos por meio de consultas, encaminhamentos e remédios, centralizando a figura do médico e do enfermeiro, haja vista que os serviços oferecidos nas UBSs restringem-se a esses atendimentos rotineiros, não existindo um trabalho em educação em saúde nas esferas de promoção e prevenção, como prescreve a Política de Atenção Básica. Nos Caimis, a maioria dos idosos procura as atividades que oferecem a ampliação de seu círculo social, ocupando a mente ociosa. Essa capacidade de interagir socialmente é fundamental para o idoso, a fim de que ele possa conquistar e manter as redes de apoio social e garantir maior qualidade de vida. Verificou-se nas dez Unidades Básicas de Saúde selecionadas e nos três Caimis que cerca de 60% dos idosos entrevistados manifestam Hipertensão, 21% são portadores de Diabetes, 29% têm Reumatismo, 12% Colesterol e 24% apresentam outras doenças. Nos Caimis, embora não seja instituído o Programa de Hiperdia como nas UBSs, a rotina de atendimento ao hipertenso e diabético é similar, com um diferencial de oferecer serviços de atividade física, médicos especializados nas principais doenças que afetam os idosos, bem como apoio psicológico e social. CONCLUSÃO: O estudo revelou que a atenção básica de saúde se configura fundamental para o tratamento e manutenção da saúde do estrato populacional que mais demanda serviços de saúde: os idosos. Apontando que quanto maior 113 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 for o investimento em ações preventivas e promoção em saúde, menores serão os gastos nos demais níveis do sistema. PALAVRAS-CHAVE: Política de Saúde, Atenção Básica, Envelhecimento. 5. PREVALÊNCIA DAS INTERNAÇÕES POR PNEUMONIAS EM MANAUS CARVALHO,1 Maria Auxiliadora Neves de, CARVALHO,2 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo, FONSECA,2 Igor Gióia, CARDOSO,2 Marcelo Viana Carlos INTRODUÇÃO: A pneumonia é a complicação mais temida das Infecções Respiratórias Agudas (IRAs), as quais constituem a principal causa de hospitalizações e consultas médicas em crianças de 0 a 18 anos, tanto nos países ricos quanto nas regiões em desenvolvimento, sendo mais prevalentes em áreas urbanas. Em Manaus, a prevalência de IRAs é de 53,9% em menores de 5 anos (SEMSA, 1996). A magnitude da pneumonia é corroborada por diversos fatores, como nível socioeconômico, vulnerabilidade da faixa etária, desnutrição, aleitamento materno, baixo peso ao nascer, aglomerações e condições climáticas, como poluição e períodos de chuva. OBJETIVO: O estudo tem como objetivo avaliar a prevalência das internações por Pneumonias em crianças na cidade de Manaus. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo transversal de caráter retrospectivo que visa mensurar a prevalência das internações por Pneumonias na cidade de Manaus. Foram analisadas internações de crianças de 0 a 18 anos no Hospital Infantil Dr. Fajardo (referência clínica e cirúrgica em pediatria em Manaus), no período de outubro de 2003 a outubro de 2008. Foram analisados 15.352 pacientes. Os dados coletados foram organizados e subdivididos em internações por pneumonias e outras internações para então serem analisados. RESULTADOS: O total de internações por pneumonias foi de 4.725 pacientes em cinco anos, a média mensal de internações foi de 252 crianças e destas 77 internações foram por pneumonia. Observou- Professora da disciplina de Pediatria, professora orientadora da Residência de Pediatria e Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas, mestra em Patologias Tropical – Ufam – Manaus-AM. 2 Estudante do 4.º ano de Medicina – Ufam – Manaus-AM. Contato: e-mail: [email protected] 1 114 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 se uma prevalência de 30,75% de crianças internadas com pneumonia. A maior prevalência foi observada nos meses de outubro de 2004, abril dos anos de 2005, 2006, 2007 e maio de 2008. DISCUSSÃO: A prevalência de internações por PNM observada no Hospital Infantil Dr. Fajardo mostrou-se superior a outros trabalhos que também analisaram a prevalência das internações por pneumonia no Brasil e restante do mundo. De acordo com o Serviço de Vigilância Epidemiológica da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), no Brasil somente 2,5% das internações pelo SUS em 2002 foram por Pneumonia. Outro estudo realizado no Rio de Janeiro as internações de crianças de 6 a 14 anos por problemas respiratórios representaram 11,6%, sendo 6,3% por pneumonias. Também foram observados estudos que compartilham uma semelhança entre a prevalência encontrada. Um estudo realizado no Rio Grande do Sul mostrou que as pneumonias são responsáveis por até 29,8% das internações pelo SUS e 19% das internações gerais. Quando isoladas, as internações pediátricas por doenças respiratórias satisfazem 51,6% das internações pelo SUS (GODOY, 2001). Acredita-se que as maiores prevalências nos meses de abril e maio são pelo clima de Manaus, que nessa época é marcado por muitas chuvas, embora não se possa afirmar, pois não há evidências confiáveis para a comparação. CONCLUSÃO: A prevalência das internações por pneumonia na cidade de Manaus mostrou-se superior à literatura mundial, quando se comparou com os dados da Funasa. Não se atribuiu uma causa para tal diferença, sendo necessários mais estudos epidemiológicos para uma possível explicação. PALAVRAS-CHAVE: Prevalência, Hospitalização, Pneumonia. Professora da disciplina de Pediatria e professora orientadora da Residência de Pediatria e Cirurgia Geral, mestrando em Patologia Tropical – Ufam – Manaus-AM. 2 Estudante do 4.º ano de Medicina – Ufam – ManausAM. Contato: e-mail: [email protected] 1 115 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 6. CISTOS BRONCOGÊNICOS – IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL CARVALHO,1 Maria Auxiliadora Neves de, CARVALHO,2 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo, WESTPHAL,2 Danielle Cristine INTRODUÇÃO: Os cistos broncogênicos são originários de um defeito na embriogênese da árvore brônquica primitiva durante a terceira semana de gestação e representam entre 6 e 15% das massas mediastinais. Quanto à localização, são divididos em cinco grupos: paratraqueal, carinal, hilar, paraesofagiano e miscelânea, sendo a localização paratraqueal a mais frequente. Caso ocorram precocemente, essas malformações tendem a localizarse no mediastino e, quando mais tardiamente, localizam-se no parênquima pulmonar. OBJETIVO: Descrever a importância do diagnóstico diferencial de cistos broncogênicos com abscessos pulmonares assim como com pneumatocelese e a importância de se fazer diagnóstico e tratamento precoce para se evitar pneumonias de repetição e óbitos por sepse. SÉRIE DE CASOS: PSL, 1 mês de vida, nascido de parto cesariano, segundo gemelar, evoluiu logo após o nascimento com taquipneia. O RX de tórax evidenciou imagem de hipertransparência arredonda e com nível líquido em lobo inferior direto, a tomografia de tórax evidenciou uma lesão cística de conteúdo aerado e líquido, sugestiva de cisto broncogênico, essa lesão envolvia todo o lobo inferior desviando e comprimindo o lobo médio e superior do pulmão direito, assim como o mediastino e o pulmão contralateral. O paciente foi submetido à toracotomia com lobectomia de lobo inferior direito, evoluindo com melhora da dispneia e da expansibilidade direita e esquerda. O laudo histopatológico revelou tratar-se de um cisto broncogênico. MSL, 9 anos de idade, sexo masculino, natural de Tefé, possuía história de episódios pneumônicos, com um, quatro e oito anos de idade, respectivamente. Foi submetido à pleurostomia com drenagem fechada no segundo episódio pneumônico com a suspeita de abscesso pulmonar. O RX de tórax do paciente mostrava uma imagem arredondada volumosa de conteúdo líquido localizada em lobo inferior de pulmão direito que comprimia os lobos pulmonares adjacentes. A tomografia de tórax evidenciou a presença de lesão cística aerada em lobo inferior de pulmão direto sugestiva de cisto broncogênico, o menor foi submetido à toracotomia com lobectomia inferior direita e 116 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 o exame histopatológico mostrou tratar-se de um cisto broncogênico, evoluiu bem no pós-operatório com re-expanção pulmonar bilateral. DISCUSSÃO: Os cistos broncogênicos mediastinais representam a malformação mais comum como causa de massa mediastinal, acometem com mais frequência o lobo inferior do pulmão direito. Geralmente são assintomáticos, constituindo achado radiológico acidental, porém podem apresentar dor torácica, tosse, dispneia, febre, hemoptise e disfagia por conta da compressão, infecção ou irritação de estruturas adjacentes. Uma vez diagnosticados, está indicada a ressecção cirúrgica na presença ou ausência de sintomas, pela alta incidência de complicações. A importância do diagnóstico diferencial com abscesso ou pneumatolceles se faz necessário, pois o tratamento é diferente entre essas patologias. A abordagem cirúrgica preconizada na literatura médica envolve a ressecção completa do cisto ou lobectomia por toracotomia ou por videotoracoscopia. CONCLUSÃO: Lesões císticas aeradas pulmonares não traduzem somente empiemas, abscessos pulmonares ou pneumatoceles, mas podem tratar-se de cistos broncogênicos, que exigem tratamento cirúrgico por meio de toracotomias ou toracoscopias e a pleurostomia com drenagem fechada não resolve, podendo até retardar ou piorar o tratamento dessas patologias. PALAVRAS-CHAVE: Cisto Broncogênico/Diagnóstico, Cisto Broncogênico/Cirurgia, Pulmão. 7. TERATOMA CERVICAL GIGANTE – UMA EMERGÊNCIA NEONATAL/ IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL CARVALHO,1 Maria Auxiliadora Neves de, CARVALHO,2 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo, WESTPHAL,2 Danielle Cristine INTRODUÇÃO: Os teratomas correspondem a tumores derivados das células germinativas contendo os três folhetos: ectoderma, endoderma e mesoderma. Apenas 181 casos de teratoma cervical foram descritos na literatura até o ano de 2002. Os de localização cervical compreendem 3 a 5% dos teratomas e apresentam uma incidência de 1: 20.000 a 40.000 nascidos vivos. Não há relação com idade, sexo ou raça. O comprometimento das vias aéreas 117 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 é a complicação mais importante (obstrução) pelo tumor cervical. O polidrâmnio sugere a ocorrência de obstrução traqueo‐esofágica, pois o tumor pode dificultar a deglutição do feto. Os teratomas cervicais são tumores geralmente volumosos, variando de 5 a 12 cm nos seus maiores diâmetros, podendo causar hipoplasia mandibular. Seu diagnóstico diferencial deve ser realizado com outras massas cervicais, como o higroma cístico, o bócio fetal e o linfangioma. OBJETIVO: Enfatizar a importância do diagnóstico pré-natal dessas tumorações para que medidas sejam tomadas por ocasião do nascimento para salvaguardar a vida desses RN e revisão da literatura sobre o tema. SÉRIE DE CASOS: JBN e MAS, ambos recém‐nascidos do sexo masculino, diagnosticados intraútero como portadores de tumoração cervical a esclarecer, nascidos de parto cesariano com 38 e 39 semanas de gravidez, respectivamente, apresentaram imediatamente, após o parto, síndrome do desconforto respiratório progressivo provocada pela volumosa tumoração cervical que comprimia e desviava a traqueia dificultando a respiração. Ambos foram intubados e receberam assistência ventilatória mecânica nas primeiras horas de vida tendo sido submetidos à ressecção da tumoração cervical no 7.º e 10.º dias de vida, respectivamente, tendo evolução satisfatória com recuperação da respiração normal, fonação e mobilização cervical. O diagnóstico histopatológico de ambos os casos detectou que se tratava de teratoma cervical maduro, tendo sido ambos submetidos à quimioterapia no pós-operatório, ambos encontram-se assintomáticos após 2 e 3 anos, respectivamente, do término do tratamento cirúrgico e quimioterápico. DISCUSSÃO: Os teratomas são os tumores mais comuns na primeira e segunda infâncias e localizam-se, preferencialmente, nas gônadas, raramente apresentando-se em outros locais. Apesar de serem neoplasias benignas em sua maioria, quando não tratadas evoluem para óbito em até 80% dos casos. O diagnóstico pré-natal é de fundamental importância no preparo da equipe para procedimentos de emergência, já na sala de parto. A obstrução de vias aéreas impõe, muitas vezes, intubação ou intervenção imediata pela traqueostomia. A ultrassonografia tem sido utilizada desde 1977 no diagnóstico dos teratomas cérvico-faciais, tendo como vantagens facilidade de acesso, confiabilidade e capacidade de detectar outras malformações fetais associadas. A imagem da ultrassonografia revela uma massa sólidocística localizada em região cervical do feto. O tratamento por meio de ressecção cirúrgica precoce de todo o tumor constitui-se na abordagem mais adequada dessa patologia, pois a degeneração maligna ocorre em até 90% dos casos não tratados até a adolescência ou vida adulta, e a excisão cirúrgica geralmente é curativa. CONCLUSÃO: Apesar da raridade dos teratomas cérvico-faciais (3%), o diagnóstico pré-natal é de fundamental importância para 118 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 o estabelecimento precoce de terapêutica cirúrgica com melhoria do prognóstico. PALAVRAS-CHAVE: Teratoma, Cérvico-Facial, Obstrução das Vias Respiratórias. 8. A INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM PACIENTES PORTADORES DE LESÃO MEDULAR ANDRADE,1 Andréa Costa de, MATSDORFF,2 Karen Dalila Karl, FRANCO,2 Kelly Silva, MACÊDO,1 Maria Geórgia Duarte de INTRODUÇÃO: A lesão medular pode implicar em perda de movimentos voluntários e sensibilidade dos membros superiores e/ou inferiores, e em alterações no funcionamento do sistema urinário, intestinal, respiratório, circulatório, sexual e reprodutivo. Nesse contexto, diversos outros fatores (social, emocional, familiar, profissional) são afetados comprometendo a saúde psicológica do paciente. Assim, a intervenção da clínica psicológica é elemento complementar e integrador no processo de reabilitação do lesado medular. OBJETIVOS: Auxiliar o paciente na identificação e compreensão de suas reações emocionais diante da hospitalização e das limitações ocasionadas pela lesão medular, e de demais fatores implicados no processo de tratamento, contribuindo para seu progresso na reabilitação. MÉTODOS: A intervenção psicológica a tais pacientes ocorre em dois momentos dentro do HUGV: o primeiro na Clínica de Neurologia, pelo Paps (Programa de Atenção ao Paciente Sequelado) em ocasião da hospitalização, e o segundo no Ambulatório Araújo Lima, como parte do Programa de Atividades Motoras Para Deficientes – Proamde, voltado para o indivíduo deficiente não hospitalizado. Tanto em nível de internação hospitalar quanto na pós-internação, os atendimentos são realizados individualmente, porém trabalhando-se em equipe interdisciplinar junto a nutricionistas, educadores físicos, pedagogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, enfermeiros e terapeuta ocupacional. Utilizam-se as abordagens Psicanalítica e Cognitivo-Comportamental, como estratégias terapêuticas de intervenção clínica. Além do acompanhamento dado ao paciente lesado Psicólogas Estagiárias de Psicologia Clínica Contato:[email protected]; [email protected], [email protected] 1 2 119 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 medular, também é feito aos acompanhantes. RESULTADOS: Observa-se que no período de internação, os aspectos psicológicos mais prementes nesses pacientes são: angústia, ansiedade, humor deprimido, irritabilidade, medo de invalidez, e geralmente estão relacionados ao distanciamento de suas atividades sociais, profissionais e da família. Além disso, a difícil adaptação à rotina hospitalar (realização de exames, espera pela cirurgia, intervenção de muitos profissionais, não aceitação da dieta oferecida) e outros fatores como os efeitos secundários dos medicamentos e o total ou parcial desconhecimento do diagnóstico, prognóstico e do tratamento clínico podem acometer o paciente lesado medular de algum sofrimento psíquico. No caso dos pacientes não hospitalizados atendidos pelo Proamde, nota-se que as vivências psicológicas estão mais associadas à diminuição das funcionalidades fisiológicas e motoras, à perda da autonomia e consequente dependência dos familiares para realização de tarefas cotidianas, afastamento das atividades sociais/ profissionais, e rompimento ou limitações na vida sentimental/sexual. CONCLUSÃO: A partir da compreensão dos diversos fatores desencadeadores dos aspectos psicológicos vivenciados pelo indivíduo deficiente motor, é possível planejar e organizar um trabalho de intervenção interdisciplinar focado nas necessidades específicas de cada pessoa. Este trabalho envolve a escuta e orientações psicoeducativas aos familiares cuidadores do deficiente para melhor compreensão da dinâmica pessoal de enfrentamento à dificuldade física, e execução de atividades planejadas, contribuindo para o progresso no processo de reabilitação. REFERÊNCIAS RIBEIRO, Andréia Carolina L. Reações emocionais frente à lesão medular e algumas implicações no processo de reabilitação. In: Romano, Bellkiss Wilma (Org.). A Prática da Psicologia nos Hospitais. São Paulo: Pioneira, 1994. ROMANO, Bellkiss W. Princípios Para a Prática da Psicologia Clínica nos Hospitais. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. SIMONETTI, Alfredo. Manual de Psicologia Hospitalar: o mapa da doença. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. 120 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 9. RELATO DE CASO: SARCOMA DE KAPOSI EM TRANSPLANTADO RENAL EM USO DEFK-506 MATOS. J. C,1 ARAÚJO, R. I., AZEVEDO. J. A. INTRODUÇÃO: O aumento da incidência de certas neoplasias é uma das maiores complicações da terapia imunossupressora introduzida depois do transplante renal. Dentre estas, o sarcoma de Kaposi apresenta incidência de 5,6% em recipientes de órgão transplantado. O SK é neoplasia multicêntrica cutânea e extracutânea primeiramente descrita por Moritz Kaposi em 1872. Existem quatro subtipos de sarcoma de Kaposi descritos na literatura, sendo o terceiro subtipo relacionado à instituição de imunossupressão iatrogênica, principalmente em transplantados. A administração de novos imunossupressores, entre eles o FK‐506, está relacionada com diversos efeitos colaterais. Entre os efeitos colaterais de maior incidência em transplantados recebendo terapia imunossupressores encontram‐se as verrugas virais e os carcinomas cutâneos, como o carcinoma epidermoide e o carcinoma basocelular. OBJETIVO: Relatar o caso de transplantado renal evoluindo com SK sete meses após o transplante renal. MÉTODOS: RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, de 24 anos, pardo, submetido a transplante renal doador vivo em 29 de agosto de 2007 por conta de insuficiência renal crônica de causa indeterminada. Sete meses após o transplante, iniciou quadro de ascite volumosa com necessidade de paracenteses de repetição, astenia, inapetência e surgimento de linfonodomegalias inguinais disseminadas. A terapia imunossupressora estava sendo realizada com FK‐506 (10 mg/dia), MMF (1,5 g/dia) e prednisona (7,5 mg/dia). Ao exame, apresentava ascite volumosa e linfonodomegalias inguinais disseminadas, não dolorosa. A biópsia de ambas as lesões confirmou o diagnóstico de sarcoma de Kaposi (SK). Paciente foi encaminhado ao serviço de oncologia (Fcecon) sendo decidido pela suspensão dos imunossupressores. Atualmente, o paciente encontra se em remissão da doença e programa dialítico três vezes por semana em clínica de hemodiálise. RESULTADOS: Remissão do SK após suspensão da terapia imunossupressora e início quimioterapia. CONCLUSÃO: Na medida em que se verifica o elevado número de transplantes que vêm sendo realizados e com o uso de novos agentes imunossupressores, entre eles o FK-506, é provável que nos próximos anos venha a ocorrer elevação na frequência de SK em pacientes transplantados. 1 E-mail: [email protected] 121 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 10. IMUNO-HISTOQUÍMICA DO PÂNCREAS E EXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS DA VIA DE SINALIZAÇÃO DA INSULINA NO MÚSCULO E FÍGADO DE RATOS DIABÉTICOS TRATADOS COM O EXTRATO DA VATAIREA MACROCARPA BAVILONI, P. D, SANTOS, M. P., AIKO, G. M, SOUSA JR, P. T., COLODEL, E. M., KAWASHITA, N. H. Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Departamento de Química, UFMT, Cuiabá/MT INTRODUÇÃO: Muitas espécies de plantas são conhecidas na medicina popular por suas propriedades hipoglicemiantes. A Vatairea macrocarpa é uma espécie do cerrado brasileiro, popularmente conhecida como amargoso, maleiteira e angelim-do-cerrado, cuja preparação na forma de chá é utilizada pela população no tratamento do diabetes. Estudos iniciais em nosso laboratório constataram atividade antidiabética do extrato etanólico da V. macrocarpa na dose de 500 mg/kg (Journal of Ethnopharmacology, vol. 115:515–519), quando administrado subcronicamente. OBJETIVO: O presente trabalho teve como objetivo investigar o efeito do extrato em nível pancreático e sobre a expressão proteica do IR, IRS1 e AKT, que fazem parte da via de sinalização da insulina. METODOLOGIA: Ratos Wistar machos, diabéticos (estreptozotocina 42 mg/kg, iv), com peso aproximado de 200 g, foram tratados com extrato bruto etanólico da V. macrocarpa na dose de 500 mg/kg ( DT500) ou veículo (DC). Após 21 dias de tratamento, os animais foram eutanasiados e retirados o fígado e músculo para determinação do conteúdo de IR, IRS1 e AKT (Western‐blot) nesses tecidos e o pâncreas para avaliar o conteúdo de insulina (Elisa). A dosagem de proteínas foi realizada pelo método de Lowry. Secções do pâncreas foram imunocoradas para insulina, utilizando a técnica de imunoperoxidase. Os dados são apresentados como média ± erro padrão, a intensidade das bandas foi determinada por meio de leitura das autorradiografias reveladas por densiometria ótica, sendo considerada diferença estatística p < 0,05 (T‐Student). RESULTADO E CONCLUSÃO: O tratamento não alterou a expressão de IR e AKT no fígado e músculo. Houve um aumento na expressão proteica (µg/µL) de IRS1 somente no fígado dos animais DT500, quando comparado ao grupo DC (DC=80,9 ± 4,5 e DT500 = 97,4 ± 3,8). O conteúdo de insulina pancreática (µg/pâncreas) não diferiu entre os grupos avaliados (DC-21° dia = 0,67 ± 0,02 e DT500 ‐21°dia = 0,58 122 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 ± 0,13). Corroborando esses achados, não foram observadas alterações significativas na imuno-histoquímica do pâncreas dos animais DT500. Esses achados sugerem uma possível melhora na ação periférica da insulina, o que pode contribuir para o efeito antidiabético do extrato. PALAVRAS-CHAVE: Diabetes, Insulina, Vatairea macrocarpa. 11. SORO PREVALÊNCIA DO HTLVI-II EM PACIENTES HIV POSITIVOS ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DOAMAZONAS – FMT-AM LINS,1 Ruth Milagros Vasquez Delgado, SILVA,2 Sabrina Silva da, BACELAR,3 Bruno Rainer Borges; SARDINHA,1 José Felipe Jardim; SOUZA,1 Luciana Orêncio de; CÂMARA,1 Julita do Nascimento; LUCENA,4 Noaldo de Oliveira INTRODUÇÃO: O HTLV‐I (Vírus Linfotrópico de Células T Humanas tipo I) foi o primeiro retrovírus humano descrito apresentando tropismo por linfócitos T CD4+ e CD8+. Inicialmente foi associado com a Leucemia de Células T do Adulto e posteriormente foi associado a doenças neurológicas, como a Paraparesia Espática Tropical e Mielopatia. O HTLV‐II apresenta diferenças antigênicas em relação ao HTLV‐I e encontra‐se em raros casos neurológicos. Existem quatro subtipos moleculares do HTLV‐II (IIa, IIb, IIc e IId). No Brasil, doadores de sangue, populações indígenas, usuários de drogas injetáveis e gestantes constituem as principais fontes de informações sobre esse vírus. O país possui ainda o maior número absoluto de indivíduos soropositivos para HTLV‐I, sendo Bahia, Pernambuco e Pará os Estados com maior prevalência. O HTLV‐I/II e HIV apresentam características biológicas distintas, embora compartilhem os mesmos aspectos epidemiológicos, por isso é comum a detecção de dois ou mais desses vírus infectando o mesmo hospedeiro. O HTLV caracteriza‐se pela alta taxa de replicação ativa e apresenta significativa atividade Farmacêutico-bioquímico da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas – FMTAM. 2 Acadêmica do curso de Farmácia-Bioquímica da Universidade Paulista (Unip). 3 Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). 4 Médico da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas – FMTAM Contato: e‐mail: [email protected] 1 123 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 citopática, reduzindo as populações de células CD4+. O HIV apresenta baixa taxa de replicação, com multiplicação predominante clonal, apresentando estímulo à proliferação linfocitária, ocorrendo o desenvolvimento de doença clínica em uma minoria de indivíduos infectados. Uma possível coinfecção desses vírus ocasiona mudanças significativas no padrão da evolução clínica e laboratorial dessas infecções, dificultando a interpretação do quadro apresentado pelo indivíduo. OBJETIVOS: Estimar a soroprevalência da infecção pelo HTLV-I/II, em pacientes HIV positivos atendidos na FMT‐AM. METODOLOGIA: O projeto realizou o estudo da soroprevalência do vírus HTLV‐I/II, em amostras de sangue total de pacientes HIV positivos, atendidos na FMT‐AM com idade maior ou igual a 18 anos. Pretendia-se uma amostra de 200 voluntários em um período de dez meses. O diagnóstico sorológico foi realizado por meio do Elisa. Os soros que apresentavam reatividade inicial no teste de Elisa foram testados pelo método complementar Western Blot. As amostras de soros que apresentavam reação positiva ou indeterminada no método Western Blot foram submetidas a PCR. RESULTADOS: Foram analisados 200 soros de pacientes HIV positivos atendidos na FMT-AM. Desse total, 121 (60,5%) do sexo masculino e 79 (39,5%) do sexo feminino, apresentando idade que variaram de 18 a 62 anos. Na análise de HTLV-I/II, cento e noventa e oito (99%) amostras sorológicas apresentaram a não reatividade e dois (1%) apresentaram a reatividade para o teste. Todas as 200 amostras foram testadas pela técnica de Elisa. CONCLUSÃO: A soroprevalência do HTLV-I/II em pacientes HIV positivos, no total de 200 amostras sorológicas que foram submetidas e analisadas mediante a técnicas laboratoriais, apresentou 1% (2/200) de positividade para o teste. O presente estudo fornece evidências de coinfecção de HTLV-I/II e HIV, podendo ocasionar mudanças clínicas e laboratoriais, dificultando a interpretação do quadro. A distribuição do vírus presentes em áreas urbanas propicia uma situação única na busca de respostas para patogenicidade do vírus e possíveis associações etiológicas, em coinfecção ou não. 124 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 12. PREVALÊNCIA DE FATORES DE RISCOS CARDIOVASCULARES EM PACIENTES CARDIOPATAS DO INSTITUTO DO CORAÇÃO NO AMAZONAS ALMEIDA,1 Rosemary Alves de, ELAMIDE,1 Bruno Corrêa, PEDROSA,1 Christine Rondon, SILVA,1 Ana Carolina Santos, MAIA,1 Tiago Azevedo, TERRAZAS,2 Mariano Brasil INTRODUÇÃO: No Brasil, em 2008, as doenças cardiovasculares (DCVs) foram responsáveis por mais de 30% dos óbitos. Considerando a doença estabelecida, a permanência de exposição a seus fatores de risco, que em sua grande maioria são fatores modificáveis, está associada à maior número de hospitalizações e a um pior prognóstico. OBJETIVO: Conhecer a prevalência de fatores de riscos associados às DCVs em pacientes cardiopatas diagnosticados há pelo menos um ano. MÉTODOS: Foi realizado um estudo de coorte transversal em um centro de referência no tratamento de DCVs considerando a demanda espontânea do serviço. Participaram do estudo um total de 110 indivíduos, a participação no estudo se deu mediante a leitura do TCLE e consequente aceitação dos procedimentos a serem realizados. Foi aplicado questionário padronizado e realizada a mensuração do Índice de Massa Corpórea (IMC) e da circunferência abdominal (CA), de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Associação Brasileira de Hipertensão, 2006. RESULTADOS: Dos 110 indivíduos que comporam a amostra, 45,5% eram do sexo feminino e 54,5% do sexo masculino. Quanto aos hábitos considerados de risco: 65,5% afirmaram ser sedentários, 42,7% consideram-se estressados, 35,5% afirmaram ser tabagistas e 26,4% relataram consumir álcool periodicamente. Quanto ao IMC, 41,8% apresentavam-se dentro dos índices de normalidade; 23,6% foram classificados apresentando sobrepeso; 25,5%, obesidade grau I e 9,1% obesidade grau II; neste estudo não foram encontrados pacientes portadores de obesidade grau III. A média da circunferência abdominal constou de 88,9 cm no sexo feminino e 104,9 cm no sexo masculino. Quanto à co-morbidades associadas: 41,8% dos pacientes eram hipertensos, 12,7% diabéticos e 36,4% apresentavam alterações nos lípides sanguíneos. CONCLUSÕES: Os resultados deste estudo demonstraram que os fatores de Alunos da Graduação do Curso de Medicina da Ufam. 2 Professor titular do Departamento de Clínica Cirúrgica da Ufam 1 125 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 risco associados às DCVs apresentam prevalência significativa em indivíduos cardiopatas diagnosticados. Assim, os dados apresentados assumem caráter de alerta, pois mudanças no estilo de vida destes são fundamentais para um melhor prognóstico. 13. EFEITO HIPOGLICEMIANTE DO EXTRATO BRUTO ALCOÓLICO DAS FOLHAS DA DAVILLA ELLIPTICA ST. HILL SANTOS, M. P, BAVILONI, P. D, AIKO, G. M, BAVIERA, A. M, KAWASHITA. N. H. Instituto de Ciências Exatas e da Terra – Departamento de Química, UFMT‐MT INTRODUÇÃO: A Davilla elliptica é uma planta do cerrado conhecida como lixeirinha, cipócaboclo e pau-de-bugre; utilizada popularmente no tratamento da hemorroida, diarreia e ferimentos. Estudos relatam a presença de substâncias antioxidantes em sua composição e a contribuição de substâncias com essa propriedade na melhoria do diabetes. Pesquisas mostram a relação benéfica de substâncias antioxidantes com o diabetes. A constatação da presença de substâncias antioxidantes na D. elliptica (Phytochem Anal. 19 (1):17‐24, 2008) motivou a investigação dos efeitos antidiabéticos do extrato dessa planta, que, no entanto, não foram confirmados em experimentos subcrônicos. OBJETIVOS: Complementando estes estudos anteriores, foi nosso objetivo avaliar uma possível atividade hipoglicemiante aguda do extrato que pudesse contribuir no controle do diabetes. METODOLOGIA: Ratos Wistar machos (±200 g), diabéticos (estreptozotocina 42 mg/kg) e não diabéticos, foram tratados (v.o) com extrato bruto alcoólico (70%) das folhas da D. ellipitica nas doses de 250 e 500 mg/kg (DT250, DT500, NT250 e NT500) ou veículo (DC e NC). O efeito hipoglicemiante foi investigado no teste de tolerância a glicose (TTG) e sobre a glicemia de jejum e pósprandial, determinada no tempo 0, e em intervalos de 30 até completar 240 minutos. No TTGO, os animais receberam glicose (25 g/kg) pós-jejum de 15h. Foi determinada a glicemia antes (t=0) e após (15, 30, 45, 60, 75 e 90 min) a administração da glicose ou glicose+extrato. A determinação da glicose plasmática foi realizada utilizando o kit Labtest e os resultados expressos como média da área sob a curva ± EPM. Estatística- 126 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Anova uma via (p< 0,05). RESULTADO/CONCLUSÃO: Apesar de uma pequena redução da glicemia pós-prandial aos 60 minutos no grupo DT500 em relação à DC, nenhuma das doses do extrato apresentou efeito sobre as glicemias de jejum e pós-prandial quando avaliado pela área sob a curva. No grupo DT500, o extrato impediu a elevação da glicemia dos animais ao nível dos DC no período de 15-30 min. atingindo o pico de glicemia 30 minutos após os animais DC. A área sob a curva da glicemia dos animais diabéticos (DC= 29338 ±2883; DT250=30594±3692; DT500=28234±2753) e não diabéticos (NC=14878±335; NT250=14407±728; NT500=13616±618 mg/dL.240 min) não foi alterada pelo tratamento. A administração do extrato na dose de 500 mg/kg causou uma menor elevação da glicemia nos primeiros 15‐30 minutos no TTGO, que sugere retardo na absorção intestinal da glicose, o que pode contribuir para o controle da glicemia pós-prandial. 14. MEDENSINA E CTA, UMA GRANDE MEDIDA NO COMBATE CONTRA AS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS NA POPULAÇÃO DA CAPITAL DO ESTADO DO AMAZONAS BINDÁ, A.G.L;1 ROGRIGUES, A.B.O;1 LIMA, A. A. de;1 CARDOSO, M.V.C;1 OLIVEIRA, G.F;1 NOGUEIRA, R.W;1 SILVA, M.A.F1 INTRODUÇÃO: Apesar do grande número de atividades tanto informativas quanto educacionais no controle das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) existentes na capital do Estado do Amazonas, sabe-se que, segundo a literatura, ainda é grande o número de pacientes acometidos por essas doenças em todo o Estado. É nesse contexto que o projeto MedEnsina e o programa CTA, vinculado ao Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), uniram forças para mais uma grande causa: levar informação, fazer triagem e tratamento do pacientes portadores de DSTs. OBJETIVO: Combater a proliferação de doenças sexualmente transmissíveis no sangue por meio de atividades educativas e coletas de sangue nos serviços públicos de saúde existentes na capital do Estado do Amazonas. 127 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 METODOLOGIA: Semanalmente, acadêmicos dos cursos de psicologia, serviço social e medicina se dividem, respectivamente, na segunda, quarta e sexta-feiras, para palestrarem sobre as DSTs e suas formas de prevenção. A palestra é realizada na sala de marcação de exame do HUGV. A rotina dos integrantes do projeto consiste na convocação e explicação aos pacientes sobre o projeto e a importância da pesquisa de DSTs. Vale ressaltar que são convocados principalmente os acompanhantes de pacientes internados no HUGV. Após isso, é realizada a palestra sobre as DSTs e as principais formas de prevenção. Para finalizar, é feito a triagem, para a avaliação dos fatores de risco, e o encaminhamento dos pacientes ao laboratório do HUGV para a coleta do sangue. Após vinte dias, é marcado o retorno dos pacientes para a entrega de resultados. Quando existe positividade para alguma das DSTs pesquisadas, sejam elas hepatite B, hepatite C, sífilis ou HIV, o paciente é encaminhado para acompanhamento e tratamento dessa(s) DST(s). Eventualmente, os membros do projeto se organizam para levar a atividade para determinados eventos ou outros serviços públicos de saúde. Além disso, são distribuídos cartazer e folderes pela cidade com informações sobre as DSTs e as principais formas de prevenção, além da divulgação do programa CTA com o objetivo de esclarecer a população sobre as DSTs e atrair um maior número de expectadores para realização dos exames no HUGV. RESULTADO: Entre os anos de 2006 a 2008, o total de pessoas que realizaram as coletas foi de 3.200; 2006 (1.479), 2007 (535), 2008 (1.186); desse total, 2% (38) apresentam positividade para HIV. Com dados de 2007 e 2008, os paciente com hepatite B correspondem a 0,81% (14); hepatite C, 0,93% (16) e sífilis 0,05% (1). CONCLUSÃO: Com base nos dados obtidos, percebe-se que, apesar de todos os esforços, somente a minoria da população, isto é, poucas são as pessoas que procuram o serviço público de saúde para fazerem o diagnóstico, o tratamento e controle dessas doenças. Dessa forma, acabam não se prevenindo, se infectando e disseminando essas doenças na população. Além disso, o diagnóstico acaba sendo feito nas fases tardias e, assim, as DSTs continuam sendo um grande problema na saúde pública. Acadêmicos do Curso de Medicina, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas. Contato: [email protected], [email protected], gabizinha_oliveira@hotmail. com, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] 1 128 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 15. CARACTERIZAÇÃO DAS INTOXICAÇÕES EM IDOSOS NOTIFICADAS PELO CENTRO DE INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS DO AMAZONAS SILVA,1 M.A.F.; BINDÁ,1 A.G.L.; ABREU,1 R.L.C.; RIBEIRO,1 T.A.; GALVÃO,2 T.F INTRODUÇÃO: O Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas (CIT/AM) é um serviço do Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas, que presta informações toxicológicas gratuitamente via telefone, a qualquer pessoa em período integral. O CIT/AM faz parte da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica e possui equipe treinada em prestar informações e orientações sobre prevenção, diagnóstico, tratamento e prognóstico de intoxicações. Também realiza atividades na área de educação sobre toxicologia de substâncias químicas e biológicas e seus riscos à saúde. OBJETIVOS: Caracterizar quantitativa e qualitativamente os casos de envenenamento em idosos atendidos pelo CIT/AM entre os anos de 2003 e 2007. MÉTODOS: Foram incluídas no estudo todas as notificações de intoxicações em indivíduos com idade≥ 65 anos, obtidas da base de dados do CIT/AM. Os casos de envenenamento foram analisados segundo as variáveis: período do dia de ocorrência; solicitante; circunstância; número de agentes; tipo de agente; evolução e avaliação. Foi realizado crosstabulation para se fazer a correlação entre local de ocorrência dos envenenamentos e local de solicitação de ajuda. RESULTADOS: No período de 2003 a 2007, houve 32 casos de envenenamento, com média de idade dos idosos envolvidos de 73,5 anos. A maioria das chamadas ocorreu pela manhã (37,5%) sendo um parente o solicitante em 50% delas. Em 34% dos casos, o acidente foi individual. Com relação à circunstância, 71,8% do total dos envenenamentos foi não-intencional. Esteve envolvido mais frequentemente um agente tóxico (84,3%) e foram os medicamentos (33,3%) os principais responsáveis. A maioria dos envenenamentos foi classificada como leve (56,6%) evoluindo com cura total em 78,1% das vezes. CONCLUSÃO: O padrão de intoxicação nessa faixa etária tende a ser de acidentes individuais envolvendo medicamentos e com resolução favorável. Esse tipo de estudo é importante para que possamos aperfeiçoar as estratégias de prevenção, redução e tratamento das intoxicações em idosos. Acadêmico de Medicina da Ufam, Manaus-AM. [email protected] 1 2 Farmacêutica, Ufam, Manaus-AM. 129 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 2 Farmacêutica, 16. ESTUDO EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DO ÓLEO-RESINA DE COPAÍBA E DO TALCO (SILICATO DE MAGNÉSIO HIDRATADO) NA PLEURA E PARÊNQUIMA PULMONAR DE RATOS REICHL,1 Alfredo Coimbra; WESTPHAL,2 Fernando Luiz; LIMA,1 Luiz Carlos; SOUZA,3 Risonilce; LIMA NETTO,4 José Correa; ROMERO,1 Tatiana Cortez; BRASIL,1 Saulo Couto INTRODUÇÃO: A introdução de um agente químico no espaço pleural, a fim de induzir um processo inflamatório, denominado pleurodese, tem o objetivo de conduzir à formação de colágeno e a fusão das pleuras visceral e parietal. Esse procedimento beneficia pacientes que desenvolvem pneumotórax recorrente e derrame pleural. A Amazônia é a maior reserva de produtos naturais do planeta e óleo de copaíba tem na população local um amplo emprego para os mais diversos fins. A escassez de estudos atualizados sobre os efeitos medicinais das plantas amazônicas e a necessidade de um agente indutor de pleurodese eficaz e com poucos efeitos colaterais tornou essencial a realização deste trabalho científico. OBJETIVO: Identificar as alterações macroscópicas desencadeadas na pleura e parênquima pulmonar, após a injeção de óleo-resina de copaíba e talco no espaço pleural de ratos. MÉTODO: Foram utilizados 72 ratos da raça Rattus novergicus var. wistar da mesma linhagem, machos, adultos, com peso médio de 191,6 g, randomizados em três grupos: copaíba, talco e simulação. As substâncias foram injetadas no espaço pleural direito dos animais, os quais foram mortos em 24h, 48h, 72h e 504h para análise macroscópica da pleura visceral e pulmão direito. RESULTADOS: Os animais tratados com copaíba apresentaram média de reação inflamatória de grau 1,4±0,27 no grupo de 24h; 2,66±0,68 no grupo de 48h; 3,5±0,42 no grupo de 72h e 3,66±0,28 no grupo de 504h. Aqueles que receberam o talco apresentaram grau 1±0,44 no grupo de 24h; 0,66±0,26 no grupo de 48h; 1,16±0,20 no grupo de 72h e 1,83±0,49 no grupo de 504h. Durante a realização do experimento, cinco animais morreram, todos tratados com copaíba e pertencentes ao tempo de 504h. No período compreendido entre a cirurgia e o sacrifício, 51,4% dos animais apresentaram perda ponderal, principalmente aqueles tratados pelo fitoterápico. Não houve relação significativa entre a perda ponderal e o óbito dos roedores. CONCLUSÃO: Constatou-se uma maior mortalidade no grupo tratado com óleoresina de copaíba, que se mostrou muito irritante para a pleura e parênquima pulmonar de ratos e o talco, levemente irritante. Novos estudos devem ser realizados a fim de aprimorar o uso do fitoterápico como agente esclerosante. PALAVRAS‐CHAVE: Plantas medicinais; Fitoterapia; Pulmão; Pleura. Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Amazonas/Ufam. 2 Médico cirurgião com especialização 4 e doutorado na área de Cirurgia Torácica. E-mail: [email protected] 3 Biotécnica do Inpa. Médico cirurgião com especialização na área de Cirurgia Torácica. 1 130 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 RESUMO - CATEGORIA POSTER 1. PERFIL DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS E HÁBITOS DE VIDA DE HIPERTENSOS EM ÁREA URBANA DE MANAUS MENDES,1 Cirlane, FERREIRA,2 Júnia Raquel Dutra, VASCONCELLOS,2 Marne; MATHIAS,2 Jéssica; LIZARDO,2 Lucília; GOMES,2 Juliane, COSTA,2 Ísis; TAVARES,2 Chanderlei; SIMPSON,2 Daniel; FARIAS,2 Lorena; NOGUEIRA,2 Jéssica; OLIVEIRA,2 Mônica INTRODUÇÃO: A tendência ao uso dos medicamentos aumenta desde a quarta década de vida por conta da prevalência de doenças crônico-degenerativas. Os idosos constituem o grupo etário mais medicalizado na sociedade. Dentre as doenças crônico-degenerativas, a hipertensão arterial é a mais comum em todo o mundo, responsável por altos índices de morbimortalidade, sobretudo entre os idosos, com uma dificuldade frequente: a falta de adesão ao tratamento. OBJETIVOS: Avaliar o perfil de utilização de medicamentos e hábitos de vida de hipertensos em área urbana de Manaus. MÉTODOS: Foi realizado um estudo descritivo com abordagem quantitativa. Realizou-se visitas a 275 casas dos moradores do bairro de Aparecida, cidade de Manaus. Para a coleta dos dados, aplicou-se um questionário com as seguintes características: gênero, idade, uso de medicamentos com e sem prescrição médica, presença de hipertensão, hábitos de vida e utilização de plantas medicinais. Inicialmente, foram explicados os objetivos e a importância da pesquisa, procurando estabelecer um ambiente de relacionamento agradável e, após as entrevistas, foram entregues informativos sobre o uso racional de medicamentos e hipertensão, além de orientações para melhorias na terapia e controle das doenças. RESULTADOS: A população participante foi composta por 275 moradores, na faixa etária entre 18 a 89 anos. Dentre os entrevistados, 76,71% eram do sexo feminino. Dos idosos, 67,12% eram portadores de hipertensão arterial, dado superior ao observado para a população idosa 1 2 Discente do Curso de Ciências Farmacêuticas da Ufam. Manaus, AM. [email protected]. Professora do Curso de Ciências Farmacêuticas da Ufam. Manaus, AM. [email protected] 131 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 brasileira num estudo domiciliar, cujo resultado foi de 43,9%. As mulheres apresentaram maior frequência de hipertensão arterial que os homens, assim como verificado em outros estudos. Entre os hipertensos, 58,90% revelaram ter patologia associada à hipertensão, principalmente doenças cardiovasculares, diabetes, insuficiência renal e osteoporose. No grupo de hipertensos, verificou-se que 38,35% relataram consumir exclusivamente medicamentos prescritos. Contudo, 43,83% fazem consumo de medicamentos prescritos e não prescritos simultaneamente, que representa um índice expressivo de automedicação e consequente uso não racional de medicamentos, com riscos à saúde, com aumento da probabilidade de ocorrência de reações adversas e interações medicamentosas. Quanto aos hábitos de vida desses hipertensos, observou-se que 8,2% são fumantes, 9,5% fazem uso de bebida alcoólica casualmente, 64,38% não praticam nenhum tipo de atividade física e 60,27% hipertensos relataram fazer consumo de plantas medicinais. Tal prática, barata e difundida, é encarada como uma opção na busca de soluções terapêuticas. CONCLUSÃO Evidenciou-se um índice de automedicação expressivo nos indivíduos hipertensos associado ao consumo simultâneo de medicamentos prescritos, o que representa riscos à saúde. A prática da assistência farmacêutica pode auxiliar na orientação quanto à patologia e tratamento dos pacientes hipertensos, contribuindo para uma melhor qualidade de vida. 2. ESTUDO RETROSPECTIVO DE NEOPLASIAS DE FOSSA POSTERIOR TRATADOS CIRURGICAMENTE NO HUGV, MANAUS-AM, 2003-2009 MATOS,2 Cleomir Silva, RAID,2 Denis Esteves, REIS,2 Franklin, BRITO,2 Arcelino, GRANGEIRO,2 Cecília Rondon Pedrosa, COLLADO,2 Rusdany Fuentes INTRODUÇÃO: A fossa posterior corresponde ao compartimento encefálico localizado abaixo da tenda cerebelar, no qual se encontram os nervos cranianos, o tronco cerebral, cerebelo e o sistema vascular vertebrobasilar. Os tumores dessa localização representam 60% de todas as neoplasias do sistema nervoso central, apresentando sinais e sintomas compatíveis com a síndrome de hipertensão intracraniana, síndrome cerebelar e/ou decorrentes do Neurologia e Neurocirurgia; chefe do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV. 2 Residente do Serviço de Neurocirurgia do HUGV. [email protected] 1 132 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 acometimento direto do tronco encefálico. O diagnóstico é realizado por meio de exames de imagem – TC e RNM de crânio, sendo a cintilografia e a espectroscopia de fundamental importância no diagnóstico diferencial da patopatia em questão com processos inflamatórioinfecciosos. O tratamento clínico resume-se a corticoterapia, enquanto o tratamento neurocirúrgico visa à ressecção total da massa tumoral e correção da hidrocefalia. Nas últimas décadas houve importante avanço no tratamento neurocirúrgico do TFP (tumor de fossa posterior), a partir do uso do potencial evocado, do laser e assim como do microscópio cirúrgico; no entanto, ainda há muito a ser feito em prol da terapêutica desses tumores, os quais representam desafios pela alta incidência, morbidade e mortalidade. Pelo presente estudo será possível um melhor conhecimento sobre a incidência e prevalência desses tumores no Serviço de Neurocirurgia do Hospital Universitário Getúlio Vargas, em Manaus. OBJETIVO: Demonstrar os tipos histológicos mais frequentes de tumor de fossa posterior nos pacientes tratados cirurgicamente no Serviço de Neurocirurgia do HUGV, evidenciando, dessa forma, a distribuição desses tumores no Estado do Amazonas, assim como sua relação com sexo e idade. METODOLOGIA: Realizou-se um estudo retrospectivo, avaliando-se o resultado do exame histopatológico dos pacientes diagnosticados e tratados no Serviço de Neurocirurgia do HUGV em Manaus-AM num período compreendido entre janeiro de 2003 e julho de 2009, cujo diagnóstico foi de tumor de fossa posterior. Obedecemos como critério de inclusão os pacientes com tumor de fossa posterior, os quais foram submetidos à exérese da lesão, com resultado de histopatológico. RESULTADOS: Os tipos histológicos encontrados após ressecção cirúrgica no Serviço de Neurocirurgia do HUGV, em ordem decrescente, foram: Astrocitoma (28,2%), Schwanoma (25,64%), meduloblastoma (23,0%), Hemangioblastoma (10,2%), Meningioma (5,1%), papiloma de plexo coroide (2,56%), Cisto Epidermoide (2,56%) e tumor descrito apenas como anaplásico (2,56%). Verificou-se ainda uma maior frequência da neoplasia estudada no sexo masculino, representando 74,35% dos casos. CONCLUSÃO: Verificou-se que em nosso Serviço de Neurocirurgia o tipo histológico de TFP mais frequente foi o astrocitoma, sendo encontrado na literatura como o segundo em prevalência. Em seguida, encontramos o Schwanoma, e o meduloblastoma. A cirurgia é a principal forma de tratamento para a maioria dos TFPs. Por meio da craniectomia suboccipital com ressecção da lesão. A grande maioria atualmente é passível de remoção cirúrgica, principalmente pelo advento do Cavitron,® laser e potencial evocado sem o risco de lesão de estruturas vitais. 133 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 3. A PERCEPÇÃO DOS ATORES SOCIAIS ENVOLVIDOS NO ATENDIMENTO DO AMBULATÓRIO ARAÚJO LIMA EM 2009 FERNANDEZ,3 Cristiane Bonfim, TUPINAMBÁ,2 Guaracema Siqueira, RODRIGUES,3 Valéria Soares INTRODUÇÃO: O objetivo deste trabalho é conhecer a percepção dos atores sociais envolvidos no atendimento do HUGV considerando as limitações e conquistas em relação ao uso dos serviços de saúde pública em Manaus. Partindo do pressuposto do que está assegurado na Constituição de 1988 e na Lei Orgânica de Saúde, que assegurou a saúde como um direito de todos e dever do Estado (LOS; Lei n.º 8.080/09 e Lei n.º 8.142/90). Para tanto, toma-se como lócus de pesquisa o Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e seu setor de referência no nível de atendimento secundário e terciário: o Ambulatório Araújo Lima. Procura-se abordar a política de atendimento oferecido pela Instituição e seu vínculo com o Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, definiram-se como objetivos específicos: caracterizar a política de atendimento do Ambulatório Araújo Lima, identificar a percepção da Equipe Técnica e dos usuários do serviço e investigar o modo de implementação dessa política de atendimento. OBJETIVOS: Caracterizar a política de atendimento do Ambulatório Araújo Lima (AAL), identificar a percepção da equipe técnica e usuários acerca dos serviços oferecidos e investigar de que forma essa política de atendimento está sendo implementada. MÉTODOS: Num primeiro momento, foi realizada uma pesquisa de campo exploratória, entretanto caracterizou-se, ao final, como uma pesquisa qualitativa, uma vez que investigou e interpretou fenômenos, atribuindo-lhes significados. Quanto aos meios de investigação, realizou-se uma revisão bibliográfica para construção do referencial teórico, consideraram-se ainda a legislação do SUS, a Constituição Federal e documentos internos do HUGV, como o Plano de Trabalho do Serviço Social (2009) e Regimento Interno do HUGV (1995). Em relação aos sujeitos da pesquisa, o universo pesquisado foi de 12 servidores, sendo 6 de nível médio e 6 de nível superior. Da parte dos usuários, foram entrevistados 4 inseridos nos programas do Ambulatório e 9 usuários não partícipes dos programas. RESULTADOS: De acordo com Orientadora. Universidade Federal do Amazonas – Ufam. Assistente social. 3 Graduanda de Serviço Social. 1 2 134 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 o Serviço de Atendimento Médico Estatístico (Same), de janeiro a junho de 2009 foram realizados 57.107 atendimentos, destes 43.809 correspondem a consultas (76,71%). Desse total, 6.229 (14,22%) foram atendidos pelo Serviço Social. A especialidade que ofereceu o maior número de atendimentos foi a Ortopedia, que somou 5.153 (11,76%). Quando questionados sobre os motivos que levaram esses usuários a procurar o AAL, 42,86% citaram a falta de acesso aos serviços de saúde na rede pública de Manaus. A descontinuidade do tratamento foi referida por 35,71% dos usuários e a não resolutividade dos casos resultou em 21,43% afirmativas. A equipe técnica destacou em primeiro lugar o número de vagas insuficientes, 50%, e em seguida o espaço físico com 33,3% e, por fim, a organização interna do serviço com 8,33%. CONCLUSÕES: Com ressalvas, o Atendimento do AAL foi considerado bom pela maioria dos entrevistados. O número de vagas é insuficiente, mas é necessário reconhecer a sua especificidade como hospital-escola. A maioria dos usuários desconhece essa característica da Instituição ou não sabem diferenciá-la dos outros serviços públicos de saúde oferecidos na cidade de Manaus. É evidente a sobrecarga desse Atendimento, consequência direta da falta de acesso dos usuários aos demais serviços da rede pública que não dispõe de vagas suficientes para as especialidades oferecidas pelo HUGV/AAL, gerando assim uma grande demanda reprimida. Tanto a equipe técnica quanto os usuários veem a necessidade de expansão do espaço físico como solução para o segundo maior problema enfrentado pela instituição pesquisada. Foram sugeridas melhorias para a rede pública de saúde, assim como para a organização interna do serviço. Para o AAL, sugeriram a realização de cursos de capacitação profissional para os servidores e um fluxograma de atendimento conhecido pelos usuários e equipe técnica. 135 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 4. PERFIL DO CONSUMO DE ANTIMICROBIANOS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS – HUGV PEREIRA,4 V. N.,1 SANTOS, V. A.,2 COSTA, L. M.,2 SILVA SOBRINHO,1 A. GRIMM,2 D. S., MENDONÇA JÚNIOR,2 F. G INTRODUÇÃO: O uso racional de antimicrobianos é uma ação primordial da Farmácia Hospitalar e da Assistência Farmacêutica. Sendo assim, a análise do perfil de antimicrobianos é importante para fornecer indicadores para a análise da comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) e consequentemente promover o uso racional e reduzir custos hospitalares. A Farmácia Hospitalar é o setor que está envolvido nas etapas de seleção até a distribuição dessas drogas. O uso irracional de antimicrobianos é relatado em várias partes do mundo, sendo um problema bastante atual. A utilização correta dos antimicrobianos é essencial à racionalização do seu emprego para uma melhor terapêutica aos pacientes. No HUGV há uma CCIH atuante, multidisciplinar e um Serviço de Farmácia que contribui para o bom desempenho das ações do controle das infecções; porém, por ser um hospital-escola, periodicamente há novos prescritores e observou-se a necessidade da avaliação do perfil do consumo de antimicrobianos nessa Instituição. OBJETIVOS: Analisar o perfil de antimicrobianos prescritos em todas as clínicas (clínica médica, cirúrgica, nefrologia, ortopedia, neurologia e unidade de terapia intensiva) do HUGV e avaliar se há um uso racional nessa Instituição, contribuindo, também, para o controle de infecção hospitalar. MÉTODOS: Realizou-se um estudo retrospectivo observacional das fichas de antimicrobianos oriundas de todas as clínicas do HUGV no período compreendido de junho a outubro de 2008. A coleta de dados foi realizada verificando os seguintes parâmetros: fichas completas, incompletas, sexo, local da infecção, classes dos agentes antimicrobianos e clínicas. As informações coletadas foram analisadas por meio de cálculos de média, proporções, porcentagens e plotagem de gráficos no software Excel® 2007. RESULTADOS: Foram analisadas 2.905 fichas de antibiótico oriundas de todas as clínicas, sendo: 49% clínica cirúrgica, 18% ortopedia, 10% clínica médica, 8% nefrologia, 8% neurologia e 7% Farmacêuticos. Alunos de Farmácia- estagiários do HUGV. e-mail: [email protected] e [email protected] 4 2 136 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 unidade de terapia intensiva. A maioria das fichas analisadas encontrava-se devidamente preenchidas (84%) e nas incompletas (16%) não constavam dados como sexo; número do leito e localização da infecção. Observou-se certa equivalência na quantidade de internos do sexo feminino (48%) e masculino (50%), sendo 2% sem sexo discriminado. Quanto à localização das infecções, as de maior prevalência foram: broncopulmonar (8%) e infecção do trato urinário (8%), seguidas da gastrointestinal (5%); osteoarticular (2%); peritonial (2%); sepse (2%); cutâneo cirúrgica (1,5%); cutâneo não cirúrgica (1,5%); sistema nervoso central (1%); outros (13%). Porém, a profilaxia cirúrgica (56%) teve prevalência sobre as demais localizações. A classe dos agentes antibacterianos mais prescritos foram as cefalosporinas de 1.ª geração (64%), seguida das fluorquinolonas (7%), cefalosporinas de 3.ª geração (6%), glicopeptídeos (3,5%), aminoglicosídeos (2%), carbapenêmicos (2%), penicilinas (2%), cefalosporina de 4.ª geração (2%), sulfonamidas (1,5%), antifúngicos (1%) e outros (5%). CONCLUSÃO: A análise dos dados demonstrou que o HUGV possui maior consumo de antimicrobianos de primeira escolha, cefalosporinas de 1.ª geração, por ter, em grande parte, pacientes cirúrgicos. Concluímos, também, que há um baixo consumo de antimicrobianos de reserva, mesmo sendo um hospital de média e alta complexidade, demonstrando o resultado do comprometimento da Farmácia Hospitalar juntamente com a CCIH em promover uma terapêutica antimicrobiana segura e racional. 137 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 5. ESTUDO DO PERFIL FARMACOTERAPÊUTICO DOS ANTIMICROBIANOS DE UM HOSPITAL INFANTIL DA CIDADE DE MANAUS PEREIRA5, V. N, SANTOS,2 V. A., COSTA,2 L. M., SILVA SOBRINHO,1 A., GRIMM,2 D. S., MENDONÇA JÚNIOR,2 F. G INTRODUÇÃO: O uso racional de medicamentos é a principal diretriz de um programa de assistência farmacêutica e também contribui para o controle das infecções hospitalares. Medidas de prevenção e controle de infecção hospitalar, e a utilização racional de medicamentos otimizam o equilíbrio entre efetividade, segurança e custo da assistência hospitalar. O controle de antimicrobianos é uma ação primordial da Farmácia Hospitalar. Sendo assim, a análise do perfil de antimicrobianos é importante para fornecer indicadores para a análise da comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) e consequentemente promover o uso racional dessa classe terapêutica. OBJETIVO: Analisar o perfil de antimicrobianos prescritos em todas as clínicas (pediatrias, isolamento, alto risco, UTI e clínica cirúrgica) do Hospital Infantil Dr. Fajardo e avaliar se há um uso racional nessa instituição, contribuindo, também, para o controle de infecção hospitalar e evitar a resistência microbiana. MÉTODO: Realizou-se um estudo retrospectivo observacional das fichas de antibióticos: completas, incompletas, sexo, idade, origem da infecção, local da infecção, classes dos agentes antimicrobianos e clínicas. As informações coletadas foram analisadas por meio de cálculos de média, proporções, porcentagens e plotagem de gráficos no software Excel® 2007. RESULTADOS: Foram analisadas 995 fichas de antibióticos dos quais obtivemos 59% da fichas completas e 41% incompletas (idade 14%, local da infecção 2% e origem da infecção 25%). Quanto ao sexo, tivemos 39% feminino, 55% masculino e 6% não informado. Quanto à origem da infecção, obtivemos 9% hospitalar, 63% comunitária e 18% não informado. As faixas etárias correspondem de 0 a 6 meses 19%, 7 m a 1 ano 19%, 1 a 2 anos 25%, 3-4anos 8%, 5-6 anos 3%, 7-8anos 2%, 9-10 anos 4% e acima de 11anos 5%, não informados 15%. Os grupos terapêuticos prescritos foram: 47% penicilinas, 14% cefalosporinas de terceira geração, 9% cefalosporinas de primeira geração, Farmacêuticos. Alunos de Farmácia- estagiários do HUGV. e-mail: [email protected] e [email protected] 5 2 138 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 7% aminoglicosídeos, 6% macrolídeos, 6% glicopeptídeos, outros 11%. As localizações das infecções são: broncopulmonar 65%, gastrointestinal 9%, cutânea não cirúrgica 7%, cutânea cirúrgica 6%, sepse 5% e outros 8%. CONCLUSÃO: A análise dos dados demonstrou que o hospital possui maior consumo de antimicrobianos de primeira escolha – penicilinas, por ter, em grande parte, pacientes com broncopulmonares, porém poderia haver mais reserva quanto ao uso de cefalosporinas de terceira geração. Concluímos, também, que há um baixo consumo de antimicrobianos de reserva, mesmo sendo um hospital de média complexidade, demonstrando o resultado do comprometimento da Farmácia Hospitalar em promover uma terapêutica antimicrobiana segura e racional. 6. ESTUDO DOS MEDICAMENTOS ADMINISTRADOS VIA SONDA ENTERAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM GRANDE HOSPITAL E PRONTO-SOCORRO DA CIDADE DE MANAUS PEREIRA,6 V. N., SANTOS,2 V. A., COSTA,2 L. M., SILVA SOBRINHO,1 A., GRIMM,2 D. S., MENDONÇA JÚNIOR,2 F. G INTRODUÇÃO: O objetivo do uso de sistemas de administração de substâncias dotadas de atividade terapêutica é promover a sua liberação em quantidade adequada no organismo para conseguir rapidamente efeito terapêutico e que permaneçam durante o tempo desejado. Para que isso ocorra em pacientes com cateter na via oral, deve-se levar em conta a correta utilização da sonda enteral ou nasogástrica e verificar como os medicamentos são manipulados e administrados, pois a seleção adequada da forma farmacêutica a ser administrada pelo cateter enteral é essencial para evitar inativação do fármaco e/ ou alteração da biodisponibilidade. OBJETIVO: Avaliar a frequência dos medicamentos prescritos por sonda e suas formas farmacêuticas, e determinar grupos de medicamentos mais prescritos na UTI do HPS João Lúcio no período de março a maio de 2009. MÉTODO: Farmacêuticos. Alunos de Farmácia- estagiários do HUGV. e-mail: [email protected] e [email protected] 6 2 139 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Estudo retrospectivo e observacional da farmacoterapia aplicada a pacientes internados na UTI, por meio das prescrições oriundas do Serviço de Farmácia dos pacientes internados nesse período. RESULTADOS: Foram analisadas 1.086 prescrições médicas, com um total de 13.834 medicamentos prescritos, média de 13 medicamentos/prescrição, dos quais 8% são por via sonda enteral. Dentre as formas farmacêuticas, foram prescritos 89% de comprimidos, 7% formas líquidas, 3% drágeas e 1% cápsulas. Os grupos terapêuticos mais prescritos foram: anti-hipertensivos 25%, anticonvulsivantes, 22%, anticonvulsivante, antiplaquetário7%, gastroprotetores 5%, antidepressivos 5%, diuréticos 4%, antilipêmicos 4% e outros 28%. Os dados obtidos mostram que muitos desses fármacos poderiam ser substituídos por suas formas farmacêuticas injetáveis ou líquidas para evitar manipulação de formas orais sólidas. CONCLUSÃO: Percebemos que ainda não se contempla uma efetiva atenção farmacêutica no controle da terapêutica dos pacientes; porém, havendo uma maior interação entre a Clínica e o Serviço de Farmácia, conseguiremos melhorar os procedimentos envolvidos na manipulação e administração dos medicamentos por sonda e, assim, buscar alternativas para redução de contaminação e interação de medicamentos prescritos e promover o uso racional de medicamentos. 140 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 7. A QUESTÃO INDÍGENA E A INTERNAÇÃO HOSPITALAR NA FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE EM MANAUS-AM NO BIÊNIO 2007/2008: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL DO SERVIÇO SOCIAL COSTA,7 Roberta Justina da, PALHETA,2 Rosiane Pinheiro, SANTOS,3 Sandra Alice Ayres dos, ALMEIDA,3 Diana da Silva INTRODUÇÃO: No Brasil, a política de saúde indígena é um desafio para os profissionais da área que devem estar adequando suas ações e serviços à diversidade sociocultural dos povos indígenas, de modo que facilitem o acesso aos serviços de saúde no plano linguístico, geográfico e social. O Texto Constitucional de 1988 e a Lei n.º 8.080/90 enfocam o respeito às dimensões políticas, sociais e culturais ligadas à produção da saúde e da doença da população brasileira. O presente estudo caracteriza-se como um trabalho de iniciação científica desenvolvido na Fundação Hospital Adriano Jorge – FHAJ. OBJETIVO: Analisar a atenção hospitalar aos pacientes indígenas atendidos nessa fundação no período de 2007 e 2008. METODOLOGIA: Os procedimentos para a coleta de dados destacam-se: a pesquisa documental nas fichas sociais arquivados no setor do Serviço Social da fundação; a pesquisa de campo envolveu visitas institucionais à Fundação Nacional de Saúde – Funasa, Casa de Saúde do Índio – Casai e Secretaria Municipal de Saúde, buscando informações sobre o atendimento prestado por essas instituições às populações indígenas. Para a análise e interpretação dos dados o uso de tabelas, mapas e a análise de conteúdo. RESULTADOS: Os resultados apontaram para uma realidade plural do ponto de vista cultural e étnico. Nos documentos havia ausência de informações singulares, mas que de extrema relevância para o atendimento aos usuários indígenas. Apesar de um número pequeno de casos encontrados (32), entre os anos de 2007 e 2008, o impacto nas ações de saúde é considerável, haja vista a diversidade de etnias e modos de vida, cultura e origem de cada paciente identificado. Identificado de oito etnias diferentes, correspondendo à etnia Tikuna 15,62% dos casos entre os anos de 2007 e 2008, seguido dos Mura 12,5%. A maioria absoluta dos pacientes Assistente social da Fundação Hospital Adriano Jorge e professora da Faculdade Salesiana Dom Bosco, Manaus/AM. 2 Assistente social da Fundação Hospital Adriano Jorge, Manaus/AM. 3 Aluna da Faculdade Salesiana Dom Bosco, Manaus/AM. Contato: [email protected] 7 141 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 indígenas, porém, não teve a etnia identificada perfazendo o total de 53,1%, mais da metade, o que é bastante significativo, evidenciando a necessidade de um olhar mais atento aos indígenas que passam pela Instituição. Os dados da pesquisa revelam que uma recorrência de 34,38% dos casos atendidos são oriundos de São Gabriel da Cachoeira-AM, vivendo em áreas longínquas por conta da grande extensão territorial e as formas de acesso aos municípios que compõem a região, onde o transporte se faz por via fluvial, cujo tempo de deslocamento dificulta ainda mais a viabilização do tratamento necessário que, na maioria das vezes, é de urgência e emergência. CONCLUSÃO: É necessário que os profissionais de saúde estejam adequando suas práticas à realidade complexa dos povos indígenas para que seja garantido o direito à saúde. A diversidade cultural existente no Estado do Amazonas nos coloca um desafio: o de estar atento para essa realidade e saber intervir de forma adequada às suas diferenças e às suas especificidades. PALAVRAS-CHAVE: Saúde, Etnicidade, Hospitalização. 8. ANÁLISE DA ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA BÁSICA NO ESTADO DO AMAZONAS MOURA, Ana Célia da Silva, SÁ, Ricardo C. de Azevedo e INTRODUÇÃO: Um dos principais objetivos da Gestão da Assistência Farmacêutica Básica, cuja implementação necessita de pessoal qualificado e estrutura adequada, é a melhoria do acesso e o uso racional do medicamento em uma população. OBJETIVOS: Analisar a organização e a estruturação da Assistência Farmacêutica Básica no Estado do Amazonas pelo seu ciclo. METODOLOGIA: Foram analisados 87,1% (n=54) dos municípios do Estado do Amazonas, por meio de questionário semiestruturado, adaptado de pesquisa telefônica realizada pelo Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, versando sobre a organização, estruturação e operacionalização do Ciclo da Assistência Farmacêutica, no período de março a dezembro de 2007. Os resultados obtidos foram organizados e apresentados por meio de estatística descritiva. RESULTADOS: Aproximadamente 61,2% do total dos municípios analisados possuem um responsável pela Assistência Farmacêutica. 142 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Desse percentual, 85% são farmacêuticos. Apenas em 63% (n=52) a AF é contemplada no Plano Municipal de Saúde. Observou-se uma fragmentação das etapas do Ciclo da Assistência Farmacêutica, que compromete o desempenho do processo. Não existe Comissão de Farmácia e Terapêutica nos municípios. No item seleção de medicamentos, apenas 57% (n=47) dos municípios utilizam, como critério, o perfil epidemiológico e no item programação, somente 44% (n=43) utilizam esse método. A forma de aquisição de medicamentos mais utilizada (50%) é a compra direta (n=54). Apenas 43,4% (n=54) consideram boas as condições de armazenamento e somente 25,5% (n=47) possuem controle de estoque informatizado. Em todos os municípios ocorre dispensação e em 72% (n=54) somente mediante receituário. Do universo analisado, 13% afirmam não fazer nenhum tipo de orientação que promova o uso racional de medicamentos no ato da dispensação. Entretanto, nos municípios que o fazem, as orientações quanto à dosagem e período do tratamento foram prioritárias (78 e 74%, respectivamente), seguidas das orientações da melhor forma de como guardar os medicamentos (52%) e das ações educativas de uso racional de medicamentos em geral (37%). Entre os principais obstáculos para a organização da Assistência Farmacêutica nos municípios do Estado do Amazonas citados, observa-se a predominância da reclamação referente à insuficiência de recursos financeiros e/ou humanos (63%). DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: Esse primeiro diagnóstico aponta para a necessidade de investimentos na estrutura física, bem como em recursos humanos, materiais e gerenciais, visando contemplar os municípios do Estado do Amazonas de uma Assistência Farmacêutica integral, capaz de promover o acesso e o uso racional de medicamentos. As estatísticas deste trabalho constituem-se em um marco para a gestão das Secretarias de Saúde, uma vez que os resultados apresentados poderão proporcionar importantes subsídios para o fortalecimento da gestão municipal da Assistência Farmacêutica no Estado do Amazonas. 143 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 9. SAÚDE E SERVIÇO SOCIAL: UMA ABORDAGEM DA AÇÃO PROFISSIONAL NO PROGRAMA DE SAÚDE DO LESIONADO MEDULAR NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS – HUGV EM MANAUS LIMA1, Priscila Fernandes Farias Campos, VALLINA,8 Kátia de Araújo Lima INTRODUÇÃO: O Serviço Social é uma profissão que tem como fundamento a defesa dos direitos humanos, ampliação e consolidação da cidadania e garantia do acesso aos bens e serviços, pautando-se no Projeto de Formação Profissional, Lei n.º 8.662, de 7 de junho de 1993 – de Regulamentação da Profissão, além do Código de Ética. A transgressão dos direitos e o não exercício da cidadania, em consequência da falta de acesso aos bens e serviços, caracterizam-se como questões que devem sofrer a ação do assistente social, um dos profissionais capacitados a trabalhar tais situações, expressões da questão social. Um dos maiores desafios da área consiste em identificar as demandas emergentes em seu cotidiano, desvelar a realidade e construir propostas criativas para sua intervenção, visando contribuir para a efetivação de direitos e o exercício pleno da cidadania de seus usuários. No que tange ao Serviço Social na área da saúde, percebe-se a necessidade do trabalho do assistente social como um dos agentes defensores das diretrizes do projeto do Sistema Único de Saúde, que concebe a saúde como direito de todos e dever do Estado, partindo dos princípios da universalidade, da equidade e da integralidade. OBJETIVOS: Refletir a Política de Saúde neste artigo é fundamental, para que se entenda a prática do assistente social em programas como o Programa de Atividades Motoras para Deficiente – Proamde, buscando a promoção da saúde dos lesionados medulares para além do âmbito do HUGV junto às redes de apoio social. MÉTODOS: Em termos metodológicos, foram realizadas análises documentais de cada candidato ao programa, com visitas domiciliares aos selecionados. Priorizamos a pesquisa qualitativa, acrescida da observação participante, com base no projeto de atuação do Serviço Social no programa supracitado, bem como realizações de entrevistas por meio de questionários com questões abertas e fechadas 8 Professora da Ufam/ Manaus-AM. Mestre formada pela UFRJ. 144 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 visando às perspectivas dos seis participantes, para que pudéssemos levantar propostas que aprimorassem as atividades. RESULTADOS: Após a investigação realizada, verificou-se que a ação do assistente social, em parceria com a equipe multidisciplinar do Proamde, possui êxitos no que se refere à melhoria na qualidade de vida do lesionado medular, bem como a sua família pelas ações socioeducativas. CONCLUSÃO: Apesar de ser um programa que visa à reabilitação motora das pessoas com sequelas de lesão medular, abre ele um espaço de atuação psicossocial e pedagógica por meio de um atendimento multidisciplinar. Dentro desse contexto, o assistente social exerce um papel de extrema importância com ações articuladas aos três eixos da Seguridade Social (saúde, previdência e assistência social). Articulações estas que, junto a redes de apoio social, buscam proporcionar uma melhor qualidade de vida e autonomia aos sujeitos. O que, na concepção deles, tem servido para a efetivação dos direitos que antes desconheciam. PALAVRAS-CHAVE: Saúde, Prática Profissional do Serviço Social, Lesionado Medular. 10. GRUPO DE APOIO A FAMILIARES – GAF ANDRADE,9 Andréa Costa de Andrade, COSTA,1 Maria Clevanilce Rodrigues da, FRANCO,10 Kelly Silva, LIMA, Perla Alves Martins, MACEDO,1 Maria Geórgia Duarte de, MATSDORFF,2 Karen Dalila Karl INTRODUÇÃO: A pessoa que se submete a um atendimento hospitalar leva não só seu corpo para ser tratado, mas vai por inteiro e, por extensão, atinge sua família, que participa de seu adoecer, suas internações e seu restabelecimento. Por todos esses aspectos, os grupos terapêuticos com os familiares são muito ricos, uma vez que neles podem dividir seu sofrimento e se ajudarem mutuamente, pois no período da doença os familiares desempenham papel importantíssimo, e suas reações muito contribuem para a própria reação do paciente no seu processo de cura. Assim, o Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV, em Manaus, instituiu programas que visam beneficiar essa população, como o Grupo de Acolhimento a Familiares – GAF, que funciona desde janeiro de 2008. OBJETIVO GERAL: Proporcionar um momento de reflexão, para que os acompanhantes dos pacientes 9 Psicóloga do HUGV/Ufam. Acadêmica de Psicologia (Fapsi-Ufam) e estagiária (HUGV). 10 145 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 internados possam falar sobre a situação que estão vivenciando e receber informações da equipe de saúde sobre o funcionamento e a dinâmica hospitalar. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Escutar as necessidades, história de vida, condições emocionais e sociais, trabalhando as potencialidades dos familiares que acompanham os pacientes hospitalizados; enfatizar as vantagens proporcionadas pelas atividades executadas em grupo, sobretudo quanto às instruções da dinâmica hospitalar e socialização; proporcionar apoio psicossocial aos familiares. MÉTODOS: Realização de reuniões quinzenais, onde há orientação sobre o funcionamento, dinâmica e regras do HUGV. Após isso, é proporcionado um espaço para os familiares externalizarem o momento vivenciado e, consequentemente, ajudar-se mutuamente. O setor de Psicologia coordena o Grupo Operativo, utilizando técnica terapêutico-metodológica qualitativa por meio da abordagem fenomenológicotransdisciplinar. O trabalho desenvolvido no grupo foca a construção de conhecimento do acompanhante pelas informações e vivências compartilhadas. As temáticas são preestabelecidas relacionando-as à saúde, à hospitalização e à participação do acompanhante. Dentre os recursos didáticos, incluem-se dinâmicas, textos e músicas reflexivos, folders explicativos e apresentação de slides. RESULTADOS: Após 42 encontros quinzenais, observou-se a importância do acompanhante no processo de cura e recuperação do paciente, pois pelas escutas realizadas em grupo puderam falar das suas necessidades e condições emocionais compartilhando a experiência vivenciada. Nota-se que trabalhando as emoções dos acompanhantes proporcionamos uma melhor compreensão da situação e dos cuidados dispensados ao doente, possibilitando a aprendizagem de novos métodos de adaptação e, consequentemente, reduzindo o grau de ansiedade destes. CONCLUSÃO: Portanto, aos acompanhantes é esclarecido que, durante a hospitalização de um paciente, ele é essencial nesse processo, visto que sua atuação ocorre em conjunto com o corpo clínico. Um aspecto que propicia a troca de experiências no grupo é que cada participante, ao se apresentar, também fala sobre a história clínica do paciente. As práticas educativas suscitam questões profundas e essenciais – vida, morte, sofrimento, tristeza, perda. Por meio da situação grupoterápica, o GAF amplia a visão da equipe de saúde, que passa a perceber a relação médico-paciente-acompanhante de forma multifocal, privilegiando o trabalho humanizado e transdisciplinar. 146 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 REFERÊNCIAS GONÇALVES, Ana Maria, PERPÉTUO, Susan Chio de. Dinâmica de Grupos na Formação de Lideranças. Artigo publicado na edição 309, agosto de 2000. Belo Horizonte: Editora DPeA. ALAMY, Susana. Ensaios de Psicologia Hospitalar. Minas Gerais: Copyright, 2003. BAPTISTA, Makilim Nunes. Psicologia Hospitalar: teoria, aplicações e casos clínicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. BLEGER, José. Temas de Psicologia: Entrevista e Grupos. São Paulo: Martins Fontes, 1993. CAMPOS, Terezinha Calil Padis. Psicologia Hospitalar: A atuação do psicólogo em hospitais. São Paulo: EPU, 2006. ROMANO, Bellkiss W. E a família vem ao hospital. In: Princípios para a Prática da Psicologia Clínica em Hospitais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. 11. FAMÍLIAS E SUAS DEMANDAS POR POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BAIRRO COMPLEXO ANTÔNIO ALEIXO DA ZONA LESTE DE MANAUS ABECASSIS,11 Bianca Ladislau, SASSAKI,12 Yoshiko INTRODUÇÃO: A família é considerada pela sociedade a mais importante instituição, firmando entre si uma rede de solidariedade fortalecida por laços de consanguinidade ou não. Carvalho (1993) esclarece que a proteção e a promoção das famílias foram perdidas no tempo, e que pessoas portadoras de deficiência e com problemas crônicos de saúde ficam sem receber dos poderes públicos a devida atenção. Essa responsabilidade que a família assume sem o apoio do poder público a sobrecarrega. OBJETIVO: ObjetivouMestranda no Programa de Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia – Ufam. E-mail: [email protected] 12 Professor, doutor, docente do Curso de Serviço Social da Ufam. E-mail: [email protected]. 11 147 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 se analisar e refletir as relações familiares e intergeracionais em suas demandas por serviços de saúde e o grau de sua resolutividade no bairro Complexo Antônio Aleixo de Manaus. METODOLOGIA: Aplicou-se formulários semiabertos às 30 famílias e entrevista semiestruturada a profissional de saúde de uma unidade básica de saúde do bairro sobre a demanda da população pelos serviços de saúde. O bairro foi escolhido porque possui um diferencial em relação aos outros, por abrigar somente pessoas doentes de hanseníase, em sua criação, e após desativação em 1979, o lócus deixa de ser hospital Colônia Antônio Aleixo e se transforma em bairro, em que antigos moradores passam a conviver com a população em geral. RESULTADO: Apontam que das 30 famílias selecionadas, 67% são do sexo feminino e 33% do masculino, sendo 50% pertencentes na faixa etária de 60 a 90 anos, portanto idosos que demandam mais serviços de saúde. No que se refere às formas de configuração dessas famílias, identificou-se que 40% são monoparentais, 23% intergeracionais, 20% casal e a minoria 17% são nucleares. Na contemporaneidade as duas primeiras têm maior relevância, por isso foram destacadas para análise. Nas famílias monoparentais, constituídas por um dos progenitores (pai ou mãe), o relacionamento com os filhos fica fragilizado, pois não garantem o sustento da casa e nem dão assistência integral aos doentes, recorrendo ao apoio dos parentes e vizinhos. Já nas famílias intergeracionais, constituída por três gerações, os idosos estão cuidando em sua maioria de outros idosos, além de se responsabilizar pelo sustento dos netos, com o pouco do provento que recebem de aposentadorias, pensões e/ou benefícios de assistência social, demandando por cuidados de saúde e proteção do Estado, pois alguns estão retornando ao trabalho informal para ajudar nas despesas da família, por conta da situação de vulnerabilidade social em que se encontram. CONCLUSÃO: Constatou-se sobre a demanda por saúde no bairro, nas famílias monoparentais, nem sempre têm com quem contar para levar os filhos/netos ao médico. Já nas famílias intergeracionais, os idosos doentes contam com seus parceiros também idosos, em que um doente cuida de outro doente na própria casa, e quando estes não podem contar com seus companheiros, são os netos, mesmo crianças que os acompanham até o médico, os filhos não assumem essas responsabilidades. PALAVRAS-CHAVE: Política de Saúde, Atenção Básica, Envelhecimento. 148 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 12. CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS POR MULHERES GRÁVIDAS USUÁRIAS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) DE MANAUS. PREVALÊNCIA / COMO PREVENIR CARVALHO,13 Maria Auxiliadora Neves de, TOMAZ,14 Geísa Cruz e Silva, MERCHAK JÚNIOR,2 Paulo Sérgio Lopes, MARTINS,2 Michelle Soares, CARVALHO,2 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo INTRODUÇÃO: O álcool tem sido consumido por homens e mulheres de forma indiscriminada ao longo dos tempos, porém atualmente as mulheres aumentaram esse consumo talvez por conta da maior independência financeira e intelectual. É pouco o conhecimento em Manaus quanto à prevalência desse hábito, principalmente durante a gravidez, condição na qual são comprometidas tanto a mãe quanto o filho. A condição mais temida é a síndrome alcoólica fetal, que se acompanha de malformações congênitas, retardo no desenvolvimento psicomotor e outras alterações, além de levar também ao baixo QI, irritabilidade e hiperatividade. OBJETIVOS: Apontar a prevalência do consumo de bebida alcoólica pelas grávidas atendidas no Sistema Único de Saúde da cidade de Manaus-AM é o objetivo principal do trabalho. Há também os objetivos secundários a serem alcançados, tais como verificar a principal faixa etária consumidora de bebida alcoólica entre as grávidas, identificar o nível socioeconômico dessas gestantes por meio da escolaridade e renda familiar, além de mensurar o grau de conhecimento delas a respeito dos efeitos maléficos do álcool. MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo do tipo transversal realizado em mulheres grávidas e puérperas, usuárias do Sistema Único de Saúde da cidade de Manaus-AM, atendidas em três maternidades da rede estadual e municipal. RESULTADOS: Do total de 471 grávidas entrevistadas, encontrou-se o número de 154 (32,7%) mulheres que faziam consumo regular de álcool, dentre elas 66 (42,9%) usaram bebida alcoólica durante a gravidez, esse índice foi maior entre as mulheres mais jovens, 33 (50%) na faixa dos 13 aos 23 anos. Quanto à renda familiar, 29 (44%) recebiam apenas um salário mínimo, e a respeito da escolaridade, mais da metade, 34 (51,5%) gestantes Professora da Disciplina de Pediatria e professora orientadora da Residência de Pediatria e Cirurgia Geral, mestre em Patologia Tropical – Ufam – Manaus-AM. 14 Acadêmicos de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Manaus-AM. E-mail: [email protected] 13 149 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 não possuíam o ensino fundamental completo, o que mostra o baixo nível educacional dessas mulheres. Quanto ao conhecimento dos efeitos teratogênicos do álcool, apenas 112 (23,8%) haviam sido orientadas por um profissional de saúde, o restante se dividia entre as que nunca tinham ouvido falar e as que souberam pela imprensa ou conhecidos. CONCLUSÃO: O nível de consumo de bebida alcoólica entre grávidas em Manaus é alto, isto se deve provavelmente à falta de conhecimento sobre os efeitos maléficos no feto, uma vez que somente 23,8% receberam aconselhamento médico sobre o risco existente nesse comportamento. Diante do que foi observado nos resultados, pode-se concluir como grupo de risco: as mulheres com baixo nível socioeconômico, na faixa dos 13 aos 23 anos e que não tinham um conhecimento prévio sobre os efeitos teratogênicos do álcool. Em vista desses dados, é urgente e necessário que se realize um programa de prevenção e ensinamentos quanto ao consumo de álcool na gravidez. PALAVRAS-CHAVE: Gravidez Abdominal, Etanol, Prevalência. 13. CARACTERES EPIDEMIOLÓGICOS DE NEONATOS COM GASTROESQUISE NO ESTADO DO AMAZONAS E A CONDUTA TERAPÊUTICA EMPREGADA CARVALHO,15 Maria Auxiliadora Neves de, CARVALHO,16 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo, ARAÚJO,17 Katiúscia Karla Lêdo INTRODUÇÃO: Gastroesquise é uma malformação congênita caracterizada por um defeito na parede abdominal anterior por conta de um fechamento incompleto dela por volta da 6.ª semana de gestação, que permite a extrusão das vísceras abdominais para a cavidade amniótica. OBJETIVO: O objetivo deste trabalho foi conhecer o perfil epidemiológico dos recém-nascidos acometidos por gastroesquise no Estado do Amazonas e relacionar a Professora da Disciplina de Pediatria, professora orientadora da Residência de Pediatria e Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas, mestre em Patologias Tropical – Ufam – Manaus-AM, e-mail: [email protected] 16 Estudante do 4.º ano de Medicina – Ufam – Manaus-AM. 17 Estudante do 5.º ano de Medicina – UEA – Manaus-AM. 15 150 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 incidência de gastroesquise com o perfil materno dos neonatos e com as características da gravidez para tentarmos encontrar os fatores de risco para o desenvolvimento dessa doença. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo retrospectivo, observacional do tipo coorte que avaliou 139 casos de gastroesquise submetidos à correção cirúrgica no Instituto da Criança do Amazonas (Icam), no período de 1998 a 2008. Tendo como base um formulário para coleta dos dados, se identificou a incidência dos casos de gastroesquise anualmente, o perfil epidemiológico dos neonatos, fatores maternos, familiares, obstétricos e perinatais associados, outras malformações congênitas associadas, fatores pré-operatórios, evolução pós-operatória e sobrevida relacionada aos fatores prognósticos relacionados. RESULTADOS: Foram analisados 139 recém-nascidos portadores de gastroesquise, os quais foram internados para a realização de tratamento cirúrgico, destes, 137 (98,6%) são oriundos do Amazonas e 2 (1,4%) de outros Estados. A média da idade em horas de vida foi de 19,8 (± 20,2), da idade gestacional em semanas foi de 37 semanas (± 1,98), o peso ao nascer em quilogramas foi de 2,372 Kg (± 0,38), a estatura em centímetros foi de 44,7 (±2,76) e a idade da mãe em anos foi de 19,2 (± 4,7). Em relação ao tempo de internação médio em horas foi de 19,8 (± 20,2), enquanto o tempo médio entre o parto e a intervenção cirúrgica foi de 13,2 horas (± 14,77). Verificou-se uma prevalência de 16,02 por 100.000 nascidos vivos. Houve maior prevalência no sexo masculino (56%) contra apenas 44% do sexo feminino. Em 29 recém-nascidos (34%) foi realizada correção cirúrgica em tempo único (fechamento primário) e em 57 (66%) se fez correção em estágios com silos. Quanto à evolução, 58% dos pacientes evoluíram para óbito e 42% tiveram alta hospitalar em boas condições clínicas. DISCUSSÃO: Grande parte dos resultados aqui apresentados se diferencia da frequência descrita na literatura internacional, uma vez que quase todas as casuísticas estudadas referem-se a países desenvolvidos nos quais existem ótimas condições sociais e de saúde pública, assim como diagnóstico pré-natal e protocolos de atendimento a esses RNs. CONCLUSÃO: É importante a elaboração de programas de saúde pública com protocolos específicos de atendimento que visem à identificação no pré-natal dessas crianças, assim como a identificação e a instituição terapêutica precoce, o que com certeza iria contribuir muito para a melhoria dos índices de sobrevida desses RNs. PALAVRAS-CHAVE: Gastroesquise; Anomalias Congênitas; Amazonas; Epidemiologia. 151 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 14. PERFIL ANTROPOMÉTRICO DOS ESTUDANTES DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM CARVALHO,18 Maria Auxiliadora Neves de, CARVALHO,19 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo, ARAÚJO,20 Katiúscia Karla Lêdo, TOMAZ,2 Geísa Cruz e Silva, Diego da Costa MATOS2 INTRODUÇÃO: O rastreamento de excesso de peso em jovens tem sido amplamente recomendado, uma vez que nas últimas décadas tem sido observado um aumento considerável nesses valores, fato que é preocupante, visto que o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para várias doenças endócrinas e cardiovasculares. Em 1995 a OMS propôs o Índice de Massa Corporal (IMC) para definir diferentes graus de excesso de peso e obesidade. Entre os fatores relacionados ao aumento do IMC podem-se citar estresse, dieta inadequada e predisposição genética. OBJETIVO: O presente estudo tem por objetivo avaliar o perfil antropométrico dos estudantes de medicina da Ufam. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo transversal descritivo e de caráter prospectivo que visa à avaliação do perfil antropométrico dos alunos de Medicina. A coleta de dados foi realizada entre janeiro e abril de 2009, por uma equipe de 3 pesquisadores previamente treinados. As medidas de peso e estatura foram efetuadas sempre pelo mesmo pesquisador, o peso foi aferido com a utilização de uma balança eletrônica e a altura por uma fita métrica nãoelástica fixada à parede. Foram analisados um total de 293 alunos cursando 8 períodos diferentes. RESULTADOS: A amostra foi composta por 43,3% (127) indivíduos do sexo masculino e 56,7% (166) do sexo feminino, sendo 45 do primeiro período, 43 do segundo período, 43 do terceiro período, 41 do quarto período, 40 do quinto período, 39 do sexto período, 42 dos alunos do sétimo período. A faixa etária entre os alunos variou de 16 a 46 anos, com uma média de 21,3 anos. O peso variou de 41 a 110 kg com uma média de 63,4 kg e a estatura variou de 1,50 a 1,95 m com uma média de 1,70 m. A média do IMC foi igual a 22,7, sendo 21,48 para o sexo feminino e 24,20 para o masculino. De acordo com a classificação proposta pela OMS, as prevalências de baixo peso, peso normal, sobrepeso e Professora da Disciplina de Pediatria, professora orientadora da Residência de Pediatria e Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas, mestre em Patologias Tropical – Ufam – Manaus-AM. 19 Estudante do 4.º ano de Medicina – Ufam – Manaus-AM. 20 Estudante do 5.º ano de Medicina – UEA – Manaus-AM. 18 152 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 obesidade foram respectivamente, 21,5%, 59,0%, 14,3% e 5%. CONCLUSÃO: Os resultados encontrados no nosso estudo indicam uma prevalência de obesidade e sobrepeso inferior à encontrada na literatura (Gigante DP et al, 2007), no entanto encontrou-se sobrepeso maior em homens, todos nós sabemos os riscos que acompanham as pessoas com sobrepeso. É importante que comecemos a pensar na elaboração de um programa de esclarecimento, consciência e profilaxia de sobrepeso entre os alunos do curso de Medicina da Ufam. PALAVRAS-CHAVE: Obesidade, Índice de Massa Corporal, Prevalência, Estudantes. 15. HIPERIDROSE X ESTRESSE ENTRE OS ESTUDANTES DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – ANÁLISE DE 293 CASOS CARVALHO,21 Maria Auxiliadora Neves de, WESTPHAL,22 Fernando Luiz, CARVALHO,23 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,3 Rodrigo, ARAÚJO,24 Katiúscia Karla Lêdo, TOMAZ,3 Geísa Cruz e Silva, Diego da Costa MATOS3 INTRODUÇÃO: A hiperidrose primária é uma doença benigna com prevalência de 1% no mundo ocidental, caracterizada pela excessiva produção de suor em uma ou mais regiões anatômicas do organismo como palmar, plantar, axilar ou facial; com uma incidência hereditária em 13 a 57% dos casos tanto quanto como uma reação às alterações climáticas. Apesar de muitas pesquisas, na Região Norte do Brasil não existe nenhum trabalho sobre a prevalência dessa doença. OBJETIVOS: Identificar a prevalência de hiperidrose em estudantes de Medicina, avaliar a hereditariedade da hiperidrose e o perfil antropométrico dos acometidos, analisar os fatores desencadeantes e a qualidade de vida da população em estudo, assim proporcionar conhecimento estatístico desse distúrbio e oportunizar diagnóstico precoce, minimizando as repercussões psicossociais a ele atreladas. MÉTODOS: Trata-se de um estudo prospectivo observacional do tipo coorte que Professora da Disciplina de Pediatria, professora orientadora da Residência de Pediatria e Cirurgia Geral do Hospital Universitário Getúlio Vargas, mestrado em Patologia Tropical – Ufam – Manaus-AM, e-mail: [email protected] 22 Doutor em Cirurgia Torácica; coordenador de Ensino e Pesquisa do Hospital Universitário Getúlio Vargas – Ufam – Manaus-AM. 23 Estudante do 4.º ano de Medicina – Ufam – Manaus-AM. 24 Estudante do 5.º ano de Medicina – UEA – Manaus-AM. 21 153 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 analisou a incidência de hiperidrose entre os alunos de Medicina da Universidade Federal do Amazonas, visto que essa patologia está relacionada com o estresse. Para isso, foram utilizados questionários, com perguntas relacionadas à hiperidrose, preconizadas pela International Hyperhidrosis Society, que visam relacionar a hiperidrose com as atividades diárias de cada pessoa. Os alunos responderam a um questionário objetivo, capaz de identificar a presença dessa alteração contendo perguntas relacionadas à presença ou não de hiperidrose. Esse questionário foi avaliado pelos pesquisadores, que identificaram os indivíduos com hiperidrose, também foram colhidas medidas do peso e de altura para se calcular o Índice de Massa Corporal (IMC). Os alunos, que, de acordo com o primeiro questionário, foram diagnosticados portadores de hiperidrose, passaram por uma entrevista com pesquisadores devidamente treinados, que fizeram a diferenciação entre hiperidrose primária e secundária. Nessa entrevista foi utilizado outro questionário-padrão, sendo realizado, também, um exame físico completo. Os exames físicos foram realizados por estudantes devidamente treinados, sob a supervisão de um coordenador, e os dados foram analisados para se verificar se existia alguma relação entre a doença e as características dos pacientes acometidos. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 293 estudantes, os quais foram submetidos ao questionário sobre a presença ou não de hiperidrose e à medição de peso e altura. Ao se avaliar a prevalência de hiperidrose, verificou-se um total de 16 estudantes (5,5%) que se considerou ter sudorese excessiva dificilmente tolerável ou intolerável, interferindo assim na suas atividades diárias. Destes, 16 (100%) não apresentaram causas conhecidas de hiperidrose, oito (50%) tinham história familiar e oito (50%) também apresentavam hiperidrose noturna. Em 100% o acometimento foi bilateral, sendo os locais mais afetados: mãos (35,7%), pés (21,4%), axila (17,9), rosto (10,7%), costas (7,1%), tórax (3,6%) e barriga (3,6%). Pelo questionário sobre qualidade de vida, observamos que os estudantes afetados pela hiperidrose têm sua vida afetada em todos os aspectos, tais como relacionamentos pessoais, interpessoais e profissionais. CONCLUSÃO: No estudo proposto, foi verificada uma incidência de hiperidrose em estudantes superior à incidência relatada na população geral (0,6 a 1%). Apesar de não se tratar de uma doença grave, a hiperidrose afeta negativamente a vida rotineira dos indivíduos. PALAVRAS-CHAVE: Hiperidrose; Prevalência; Estudantes; Amazonas. 154 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 16. ESTUDO EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DO ÓLEO DE RESINA DE COPAÍBA E DO NITRATO DE PRATA NA PLEURA E PARÊNQUIMA PULMONAR DE RATOS REICHL,25 Alfredo Coimbra, WESTPHAL,26 Fernando Luiz, ROMERO,27 Tatiana Cortez, GALATI,3 Danilo, CARVALHO,3 Carmen Oliveira, CANZIAM,28 Mauro, PÊGO-FERNANDES,29 Paulo INTRODUÇÃO: Apesar de escassos, estudos anteriores com o óleo de copaíba demonstraram que ele possui a propriedade de iniciar extenso processo inflamatório em mesotélios. Aliando-se a isso se encontra a necessidade atual em encontrar uma substância que possua maior eficácia e menos efeitos colaterais à realização de pleurodese. Ao realizar a fusão das pleuras parietal e visceral por meio da pleurodese, é possível evitar recidivas de uma efusão gasosa ou derrame pleural, procedimento este que pode beneficiar pacientes com pneumotórax recorrente e derrame pleural crônico. OBJETIVOS: Análise experimental comparativa do óleo-resina de copaíba da espécie Copaifera multijuga e o nitrato de prata a 0,5% para a indução de pleurodese em ratos. MÉTODO: O estudo experimental, prospectivo e randomizado foi realizado com a instilação de óleo de resina de copaíba na cavidade pleural de ratos da raça Rattus norvegicus var. wistar, machos, adultos, com peso médio de 200 g. As reações pleurais macro e microscópicas provocadas pelo óleo de resina de copaíba foram comparadas com as reações provocadas pelo nitrato de prata – substância de uso difundido atualmente na realização de pleurodese, com consequentes alterações macro e microscópicas bem conhecidas – e com o grupo controle, que em cuja cavidade pleural foi instalada soro fisiológico a 0,9%. Foram utilizados 96 ratos divididos em três grupos, cada grupo corresponderia uma substância a ser instilada: óleo de copaíba, nitrato de prata ou soro fisiológico. Cada grupo foi então subdividido em outros 4 grupos, que corresponderam à análise macroscópica que ocorreu após o sacrifício em 24, 48, 72 ou 504 horas (21 dias) à instilação do agente esclerosante. RESULTADOS: A média do grau das alterações macroscópicas foi maior (p=0,015) no grupo Copaíba 24h (2,50 ± 0,53) em Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Medicina. Prof. Dr. médico cirurgião torácico. 27 Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Medicina. 28 Professor de Patologia do Incor. 29 Professor associado da FMUSP. 25 26 155 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 relação ao Nitrato de Prata (1,88 ± 0,35). A média dos graus da reação inflamatória aguda da pleura parietal foi maior (p=0,01) no grupo Copaíba 24h (1,63 ± 1,06) em relação ao grupo Nitrato de Prata (0,38 ± 0,52), o mesmo ocorrendo no grupo 72h (1,38 ± 0,92 e 0,25 ± 0,46; p=0,008). A média do grau fibrose na pleura visceral foi maior (p=0,017) no grupo Copaíba no tempo 504h (1,38 ± 0,74) em relação ao grupo Nitrato (0,50 ± 0,54). A média do grau de neovascularização da pleura visceral foi maior (p=0,018) no grupo Copaíba 504h (1,50 ± 1,07) em relação ao grupo Nitrato (0,34 ± 0,52). A média do grau do edema alveolar foi maior (p=0.003) no grupo Nitrato (1,50 ± 1,20) em relação ao grupo Copaíba, no qual não foi observada essa alteração. A presença de broncopneumonia foi maior (p=0,038) no grupo Nitrato 24h (n=4) em relação ao grupo Copaíba (n=0). CONCLUSÕES: Os animais do grupo Copaíba demonstraram maior reação pleural macroscópica e maior inflamação aguda na pleura parietal. A fibrose e a neovascularização da pleura visceral foram mais evidentes no grupo Copaíba, porém foram observados edema alveolar e broncopneumonia no grupo Nitrato. Os dois grupos promovem a pleurodese, sendo que o grupo Nitrato demonstrou uma maior agressão ao parênquima pulmonar. 17. HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA E INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA ARAÚJO, IR; AGUIAR, JA; MATOS, JC INTRODUÇÃO: A Hemoglobinúria Paroxística Noturna (HPN) é uma doença caracterizada por um defeito na fixação de GPI (Glicosilfosfatidilinositol) por conta de anormalidades no gene do PIG-A. Isto leva à ausência completa ou parcial de proteínas ligadas ao GPI, particularmente CD-59 e CD-55. As manifestações clínicas relacionadas à HPN são relacionadas à função hematopoiética, incluindo anemia hemolítica, estado de hipercoagulação, e diminuição da hematopoiese. O diagnóstico pode ser confirmado pelo teste de Ham. OBJETIVO: Relatar um caso de paciente de 30 anos com diagnóstico de Hemoglobinúria Paroxística. METODOLOGIA: Relato de caso. RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 30 anos, pardo, natural e procedente de São Sebastião do Uatumã-AM. 156 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Paciente refere que desde 2006 apresentava episódios de dispneia aos esforços, mialgia em membros inferiores e dorso, astenia intensa; tendo procurado atendimento médico sem diagnóstico. Em março de 2008 evolui com tosse produtiva com expectoração amarelada, dor torácica ventilatório-dependente evoluindo com vômitos, diarreia pastosa sem muco ou sangue, cólicas abdominais. Procurou facultativo sendo internado para exames, tendo evoluído com disúria, dor em baixo-ventre, oligúria e urina escurecida. Após dois dias, inicia quadro de edema de membros inferiores. Evidenciado aumento de escórias e encaminhado para o Centro Integrado de Nefrologia – HUGV para investigação. Paciente relatou quadro de anemia sem causa conhecida desde 2005, tendo recebido transfusão de concentrado de hemácias em duas ocasiões. A história familiar não apresentava fatos dignos de nota. Ao exame físico, apresentava-se hipocorado, desidratado, com edema de membros inferiores e sem outras alterações. Os exames hematológicos demonstravam anemia normocítica e hipocrômica; com níveis de ferro normais; desidrogenase lática, bilirrubina indireta e contagem de reticulócitos normais. A bioquímica demonstrou aumento de escórias nitrogenadas, evoluindo o paciente com necessidade dialítica. A sedimentoscopia urinária demonstrou 25 leucócitos/campo, 15 hemácias/campo, cilindros granulosos e hialinos; proteinúria de 24h: 212 mg. Urinocultura negativa. Sorologias virais e FAN (Fator antinuclear) negativos. Realizado biópsia renal que demonstrou maciça deposição de pigmento hemossiderótico em células tubulares, discreto grau de edema e fibrose intersticial e alterações degenerativas tubulares. Paciente evolui com recuperação da função renal, permanecendo em uso de prednisona, ácido fólico, sulfato ferroso e acompanhamento com a Nefrologia e Hematologia. CONCLUSÃO: A Hemoglobinúria Paroxística Noturna é uma doença crônica com alta morbidade e mortalidade. Progressão para anemia aplásica, mielodisplasia e leucemia aguda também podem ocorrer. A HPN pode levar a duas formas de disfunção renal. Primeiro, uma forma aguda, espontânea ou precipitada por transfusão sanguínea, com hemoglobinúria maciça causando insuficiência renal aguda. Segundo, uma forma crônica, onde a hemólise crônica leva a um depósito de ferro nos túbulos renais. O excesso de ferro pode ser visualizado por imagens na ressonância e, em alguns casos, por detectores de metal em aeroportos. O depósito de ferro pode levar à disfunção do túbulo proximal e a hemossiderose pode levar à insuficiência renal crônica. 157 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 18. GRAU DE IMPORTÂNCIA DA APARÊNCIA PESSOAL E ATITUDE DOS MÉDICOS NO ATENDIMENTO HOSPITALAR E AMBULATORIAL PELOS PACIENTES MONTEIRO,30 Bianca Macedo, BARBOSA,31 Adriana Cristina Soares, MEDEIROS,2 Leonardo Junio da Silva, LIMA,2 Thaiza Maria Oliveira da Câmara, CUNHA,2 Keite Ivi Moura da, AMARAL,2 Aline Oliveira do INTRODUÇÃO: A relação médico-paciente é estabelecida no primeiro atendimento e, muitas vezes, pode sofrer interferências por conta da aparência e atitude do médico diante do paciente. Como parte da sociedade, nossos costumes culturais são manifestados no cotidiano interferindo nessa relação de forma suficiente ou não satisfatória. OBJETIVOS: Conhecer a opinião dos pacientes sobre a aparência e atitude médicas caracterizadoras das interferências desfavoráveis na relação médico-paciente. Além disso, permitir aos discentes futuramente, como médicos, melhor conduzir o atendimento, estabelecendo adequada relação médico-paciente. MÉTODOS: Aplicou-se um questionário a cem pacientes do Hospital Universitário Getúlio Vargas e do Ambulatório Araújo Lima, de ambos sexos e com idade de 15 a 72 anos. Constavam no questionário questões diversas sobre formas de aparência e atitudes do médico: profissionais com ou sem jaleco, com jaleco sujo ou amassado, uso de gravata, maquiagem, decote, saia, cabelo solto ou preso, compridos ou mal cortados, piercing e tatuagens, utilização de palavrões, uso de eletrônicos durante o atendimento, mal-humorados e que não sorriem. Foi atribuído a cada item três opções: indiferente, aceitável e inaceitável. RESULTADOS: As características que mais interferem negativamente foram: médicos sem jaleco 60%, com jaleco sujo ou amassado 87%, com decote ou saia 59%, barba por fazer 52%, com piercing 61%, cabelos compridos ou mal cortados 62%, faz piadinhas 55%, fala palavrões 96%, sisudo 71%, autoritário 70%, que usa notebook durante a consulta 66%, que fala ao telefone durante o atendimento 83% e malhumorado 93%. As condutas mais aceitas foram: cabelos presos 78%, com maquiagem 71% e sem gravata 64%. CONCLUSÃO: Condutas como o uso de jaleco limpo e cabelos presos demonstraram ser desejáveis e atitudes como falar palavrões ou falar ao telefone durante 30 31 Autora. Coautora. 158 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 o atendimento e estar com mau humor inaceitáveis. O estabelecimento da confiança na relação médico-paciente é imprescindível para o atendimento restabelecer o paciente, devendo o aluno ter desde já conduta apropriada para a profissão médica. 19. ANÁLISE DO CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DE MEDICINA ACERCA DO DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA ALMEIDA,32 Rosemary Alves de, ELAMIDE,1 Bruno Corrêa, TUPINAMBÁ,1 Luís Felipe, OLIVEIRA,1 Michele Cristina Lima de, PRIANTE,1 Felipe Carvalho, PEREIRA,1 Renata Escher INTRODUÇÃO: O conceito de morte encefálica (ME) parece estar bem estabelecido na maior parte dos países do mundo. Estudos indicam maior correlação positiva quanto à doação de órgãos entre populações devidamente esclarecidas quanto a conceitos diagnósticos de cessação da vida. Desse modo, estudantes de Medicina apresentam papel de destaque nesse contexto, considerando-os como futuros profissionais da saúde. OBJETIVO: Avaliar o conhecimento de estudantes de Medicina acerca do protocolo diagnóstico de ME (Resolução n.º 1.480/97, do CFM). MÉTODOS: Foi realizado um estudo de coorte transversal na Universidade Federal do Amazonas, com o intuito de avaliar o conhecimento dos estudantes de Medicina acerca do protocolo de ME. Os indivíduos participantes da pesquisa foram randomizados a partir do número de acadêmicos matriculados do sexto ao décimo segundo períodos do referido curso no semestre 2009-1, sendo um total de 120 indivíduos préselecionados. A participação no estudo se deu por meio de preenchimento de questionário fechado padronizado e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os resultados foram analisados por meio do software Epi-info e expressos em porcentagem. RESULTADOS: Participaram da pesquisa 112 alunos, sendo 58% do sexo feminino e 42% do sexo masculino. Quando questionados quanto à realização dos testes propedêuticos a serem realizados para confirmação do diagnóstico de ME, 68,7% consideram pupilas arreativas, 78,5% coma aperceptivo, 62,5% reflexo córneo-palpebral, 77,6% reflexo óculo32 Alunos da Graduação em Medicina da Ufam. 159 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 cefálico, 53,5% reflexo da tosse e 89,2% apneia. Quanto aos exames diagnósticos a serem realizados para confirmação de ME, 57,1% correlacionaram positivamente à realização de arteriografia, 82,1% eletroencefalograma e 43,5% Doppler trasncraniano. Foi questionada, ainda, a segurança com a qual o indivíduo realizaria o diagnóstico de ME: 32,1% relataram não apresentar segurança e 23,2% pouca segurança. CONCLUSÕES: O atual conhecimento dos estudantes de Medicina relacionado a conceitos diagnósticos de ME é limitado, necessitando, assim, de maior abordagem teórico-prática relacionada ao tema. 20. ESTUDO DO PERFIL SOCIOECONÔMICO E ASPECTOS DO PRÉ-NATAL DE PACIENTES ATENDIDAS EM MATERNIDADE DE REFERÊNCIA DE MANAUS, AMAZONAS, BRASIL BACELAR33, Bruno Rainer Borges, SALES,1 Drielle Nogueira, COSTA,1 Elmo Pontes da, MENEZES JÚNIOR,1 Carlos Alberto Morais, CARVALHO,1 Otávio Augusto Oliveira de, OLIVEIRA,1 Luana Araújo de, DIAS,1 Nayara de Alencar, CRUZ,1 Clarissa Santana, CARMINÉ,1 Tainan Monteconrado INTRODUÇÃO: A Ana Braga é a maior maternidade pública do Amazonas realizando 800 partos/mês sendo referência em Manaus para atendimento de gravidez de alto risco. A maternidade registra a maior demanda da capital sendo os serviços de partos, tratamentos clínicos e procedimentos como curetagem os mais solicitados. O reconhecimento do perfil socioeconômico aliado a aspectos do pré-natal da população atendida permite por meio da detecção de focos prioritários a formulação de ações que condicionem melhoria da qualidade dos serviços prestados pela maternidade. OBJETIVOS: Traçar o perfil socioeconômico e avaliar aspectos do pré-natal de mulheres atendidas na Maternidade Ana Braga. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal com aplicação de questionário contendo 35 perguntas. A amostra conta com 307 mulheres grávidas ou puérperas atendidas na maternidade, seja para consulta médica, recebimentos de exames de rotina ou trabalho de parto. Foram excluídas do estudo pacientes que não poderiam responder às perguntas, Autor, acadêmico do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas, Manaus-AM. Contato: e-mail: [email protected] 33 160 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 uma vez que não tinham vivenciado o acontecimento da indagação. Utilizou-se o método de tabulação de banco de dados, cálculo de frequências e construção de gráficos e tabelas para análise dos dados. RESULTADOS: A maior faixa etária encontrada foi entre 20 a 29 anos (56%), seguida de 13 a 19 anos (27%), 16% com idade entre 30 e 39 anos e 1% entre 40 e 49 anos. Das 307 pacientes, 260 (84,7%) eram do Amazonas, 9,7% do Pará, 2% do Maranhão, 1,3% do Ceará e 1% de Roraima. Cerca de 40% das mulheres são donas de casa, 26% são estudantes, 15% autônomas, 10% desempregadas. Quanto à escolaridade, a grande maioria era com nível médio completo 106 (34%), 104 (34%) com fundamental incompleto, 94 (31%) com fundamental completo. Apenas 1% tinha o nível superior completo. Perto de 65% afirmaram residir em outro bairro que não o São José I. A quantidade de pacientes provenientes de outros municípios do Amazonas foi de 13,5%. Das atendidas, 21% residem no mesmo bairro da maternidade. Setenta e três por cento procuraram o serviço por decisão própria, 26% chegaram à maternidade por meio de encaminhamento médico e 1% foi encaminhado por algum outro motivo. Oitenta por cento pretendiam a realização de atendimento de urgência/emergência, principalmente relacionado ao trabalho de parto. O segundo serviço mais procurado é o de consultas médicas especializadas (8%). Setenta e seis por cento tinham intenção em continuar o acompanhamento da sua condição de saúde. Das entrevistadas, 49,5% realizaram pré-natal de forma insuficiente. Quanto ao início da realização do pré-natal, 51,5% iniciaram no primeiro trimestre de gravidez, 35,5% no segundo semestre e 8% não realizaram pré-natal. O local de escolha para a realização do pré-natal foram as Unidades Básicas de Saúde, seguido de hospitais secundários (9%) e rede privada com (7%). CONCLUSÃO: A maternidade é uma instituição que atende grande demanda dos partos da cidade, atendendo inclusive a de municípios do Amazonas e de outros Estados. A grande maioria dos que chegam à maternidade visa o atendimento de urgência/emergência. Muitas pacientes não realizam pré-natal, o que pode despertar campanhas que visem à conscientização sobre o tema. 161 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 21. ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE EM ACADÊMICOS DE MEDICINA: UMA REALIDADE NA UFAM? MEDEIROS,34 Leonarto Junio da Silva, OLIVEIRA,1 Seiarameri Lana Viola, PEREIRA,1 Vinicius Leon, MARON,1 Suzi Marla Carvalho, AMARAL,1 Aline Oliveira do, OLIVEIRA,1 Talita Souza de INTRODUÇÃO: A especialização precoce é uma opção por uma especialidade durante ou mesmo antes da graduação, que restringe a formação holística do médico. As diretrizes curriculares estabelecidas pelo Ministério da Educação e Cultura preveem que o médico deve ter uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva na graduação. A especialização precoce prejudica tal formação médica e verifica-se que esse processo tem se disseminado entre os alunos de Medicina. OBJETIVOS: Analisar e discutir a presença da especialização precoce entre os acadêmicos de Medicina da Universidade Federal do Amazonas e o seu impacto na formação médica. MÉTODOS: Foi aplicado questionário semiestruturado em 137 acadêmicos de Medicina do primeiro ao terceiro anos, contendo 11 questões que abrangiam aspectos quanto à escolha da residência, influência familiar e participação em ligas acadêmicas. Os dados foram avaliados no programa Microsoft® Excel por meio de análise cruzada das informações obtidas. RESULTADOS: A pesquisa evidenciou que 98% dos acadêmicos pretendem cursar residência médica e que já na primeira metade do curso 38% escolheram uma especialidade ou estão em dúvida entre duas ou três especialidades. Daqueles que já optaram por uma especialidade (18% do total): 59% o fizeram antes mesmo de ingressar na Universidade, 21% sofreram algum tipo de influência familiar, 33% já deixaram de participar de alguns eventos científicos (congressos, workshops, cursos) porque não eram da área médica visada, 42% dos acadêmicos do 3.º ano não se dedicaram a nenhuma matéria ou módulo por pensar não ser importante na área que pretende seguir. Quanto às ligas acadêmicas, a maioria (86%) as considera ser uma forma de incentivo à especialização precoce, sendo que 26% dos acadêmicos questionados são ligantes. Entre aqueles que não escolheram uma especialidade, a metade (51%) não pretende escolhê-la ao término do curso quando se espera que possuirá conhecimento prático de todas as áreas. Acadêmicos de Medicina da Universidade Federal do Amazonas e integrantes do Programa de Educação Tutorial. Contato: e-mail: [email protected] 34 162 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 O próprio meio científico desvaloriza o médico generalista e também no meio educacional médico, professores inadvertidamente estimulam a escolha precoce. O treinamento dos graduandos não deve ocorrer apenas em hospitais universitários de alta complexidade, comprometendo assim a formação médica generalista ideal. Esta se concretizaria expandindo a atuação prática para postos de saúde e comunidades. Além disso, hospitais como o Hospital Universitário Getúlio Vargas, que deveriam ser voltados à graduação com procedimentos gerais, precisam realizar procedimentos de alta complexidade para se manter e assim também dão sua contribuição para esse direcionamento precoce dos acadêmicos. CONCLUSÃO: A ocorrência da especialização precoce na primeira metade do curso de Medicina da Ufam é frequente e pode prejudicar a formação médica generalista. Logo, medidas educacionais devem ser implementadas para reverter essa situação e é necessária a inserção dos acadêmicos em ambientes e situações compatíveis com uma formação conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. 22. CLASSIFICAÇÃO DA CLIENTELA INTERNADA NA UNIDADE CLÍNICA MÉDICA: PRIMEIRO PASSO PARA O DIMENSIONAMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM BENEVIDES,35 Zeivânia Amud, BECKER,36 Sandra Greice, PENHA,37 Anderson da Paz INTRODUÇÃO: Dimensionar adequadamente a equipe de Enfermagem se torna imprescindível para evitar problemas ocupacionais (estresse psíquico, físico e iatrogenias), além de contemplar às exigências do cuidado de Enfermagem, partindo da visão do respeito ao próximo, valorizando um cuidado humanizado e digno aos nossos clientes. OBJETIVO: Professora assistente da Universidade Federal do Amazonas. orientadora de Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. Líder do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Enfermagem e Saúde – Nipes/ EEM/Ufam/CNPq. Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. 36 Enfermeira. Ex-bolsista de Iniciação Científica Pibic/Ufam/Fapeam, membro do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Enfermagem e Saúde – Nipes/EEM/Ufam. 37 Colaborador. Acadêmico de Medicina da Ufam. Membro discente do Nipes/EEM/Ufam. Contato: e-mail: [email protected] 35 163 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva, empregando os recursos técnicos de abordagem quantitativa. Realizada no Hospital Universitário Getúlio Vargas, em ManausAM, teve como objetivo classificar pacientes internados no Serviço de Clínica Médica, de acordo com o seu grau de dependência dos cuidados de enfermagem, a partir da Escala de Perroca, o qual apresenta 13 indicadores críticos relacionados às necessidades individualizadas de assistência ao paciente, classificando o cuidado de enfermagem em 5 categorias: mínimos, intermediários, semi-intensivos, intensivos ou total. RESULTADOS: No período de 22/12/2005 a 26/3/2006, foram realizadas 984 avaliações, numa unidade de 40 leitos. Por meio do software Epi-info, obteve-se como resultado: 63% dos pacientes classificados como necessitando de cuidados mínimos, 36% cuidados intermediários e 1% cuidados semi-intensivos. CONCLUSÃO: A Escala de Perroca é um instrumento de classificação de pacientes que apresenta confiabilidade para ser utilizado na prática gerencial do enfermeiro como instrumento diagnóstico de categoria de cuidado a que o paciente pertence, bem como da carga de trabalho da equipe de enfermagem. PALAVRAS-CHAVE: Classificação; Dimensionamento; Cuidado de Enfermagem. 23. DETECÇÃO DE REAÇÃO ADVERSA À CEFALOTINA POR MEIO DA FARMACOVIGILÂNCIA: RELATO DE CASO ARAÚJO,38 Maria Elizete, BEZERRA,39 Nádia Maria S., BORGES,40 Kelly Patrícia, COSTA,2 Herbert Theury Souza da; CRUZ,2 Ana Patrícia Inácio da; MAGALHÃES,41 Mary Joyce T. L, PENHA,42 Anderson da Paz INTRODUÇÃO: A cefalotina é uma cefalosporina de primeira geração amplamente utilizada em âmbito hospitalar, tanto para tratamento clínico quanto para profilaxia cirúrgica, que age de forma a inibir a síntese da membrana celular de bactérias Gram positivas. Farmacêutica. Gerente de Risco Sanitário Hospitalar do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). Avenida Apurinã, 4 – Praça 14 de Janeiro – CEP: 69020-170 – Manaus/AM. 39 Acadêmico de Farmácia da Ufam. Bolsista da GRSH/HUGV. 40 Acadêmico de Enfermagem da Ufam. Bolsista da GRSH/HUGV. 41 Acadêmica de Farmácia e Bioquímica da Ufam. 42 Acadêmico de Medicina da Ufam. Contato: (92) 3305-4741/ [email protected] 38 164 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 Dentre as principais reações adversas já relatadas desse agente antimicrobiano, estão as reações de hipersensibilidade, incluindo rash cutâneo, tromboflebite, eosinofilia, febre, anafilaxia, náuseas, disfunção renal e a ocorrência de sangramento por hipotrombinemia. O serviço de farmacovigilância auxilia na prevenção e detecção dessas reações. OBJETIVO: Relatar a ocorrência de um caso de reação adversa pelo uso de cefalotina no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) demonstrando a importância da farmacovigilância na identificação desta. MÉTODOS: Acompanhamento do Serviço de Farmacovigilância por busca ativa realizada pela Gerência de Risco Sanitário Hospitalar do HUGV. Foi utilizado formulário semiestruturado preconizado pela Anvisa para investigação e notificação da suspeita de Reações Adversas a Medicamentos, bem como o Algoritmo de Naranjo para sua classificação. RESULTADOS: Acompanhamento da paciente A.P.C.G., sexo feminino, 19 anos, vítima de acidente automobilístico, encaminhada do Pronto-Socorro 28 de Agosto para o HUGV em 31/8/2008, com diagnóstico principal de múltiplas fraturas em membros inferiores. No primeiro dia da internação foi iniciada antibioticoterapia com cefalotina 2 g IV de 6/6h e no oitavo dia de tratamento a paciente relatou mal-estar geral, náuseas e um episódio emético. No nono dia, a paciente realizou cirurgia para reparo das fraturas. No dia 25/9/2008, após 21 dias de uso de cefalotina sódica (2 g, EV, 6/6 horas), apresentou hipersensibilidade, febre, prurido e sangramento gengival. A reação adversa foi evidenciada pela equipe médica, que suspendeu a cefalotina. A Gerência de Riscos Sanitários Hospitalar do HUGV confirmou a reação e classificou-a como grave por meio da busca ativa com coleta de dados no prontuário médico e entrevista com a paciente. Essa intervenção contribuiu no procedimento das terapêuticas posteriores resultando na melhora do quadro clínico da paciente e alta hospitalar, sem queixas, no dia 8/11/2008. CONCLUSÕES: Com a realização da busca ativa no prontuário e entrevista com a paciente, foi possível identificar maiores parâmetros referentes a suspeita da reação. Assim, a par das informações necessárias, pôde-se estabelecer a correlação do aparecimento de complicações e reações adversas com o uso do medicamento, resultando em um acompanhamento mais atencioso da terapia medicamentosa e auxiliando na troca ou suspensão de medicamentos potencialmente prejudiciais. PALAVRAS-CHAVE: Farmacovigilância; Cefalotina; Reação Adversa a Medicamento. 165 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 REFERÊNCIAS WALTER, T., Manual de Antibióticos e Quimioterápicos Anti-infecciosos. 3. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2001. KATZUNG, B. G. Farmacologia Básica & Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2009. p. 663-7. SEWEETMAN, S. C. Martindale. Guia Completa de Consulta Farmacoterapêutica. 1. edição. Barcelona: PharmaEditores, 2003. 24. RE-SIMPATECTOMIA PARA TRATAMENTO DE RECIDIVA DE HIPERIDROSE – RELATO DE TRÊS CASOS WESTPHAL,43 Fernando, LIMA,1 Luís Carlos, LIMA NETTO,1 José Corrêa, SILVA,1 Iuri Costa, VALÉRIO,1 Adriana, ANDRADE,44 Thiago, BACELAR,2 Bruno Rainer Borges, WESTPHAL,2 Danielle Cristine INTRODUÇÃO: A Simpatectomia videotoracoscópica constitui hoje no tratamento cirúrgico para a hiperidrose facial, palmar e axilar, com um alto grau de satisfação pós-operatório. Apesar de ser amplamente utilizada para esse fim em vários serviços de cirurgia torácica, é passível de complicações pós-operatórias que incluem a sudorese compensatória, pneumotórax residual, hemotórax, dor e recidiva dos sintomas. A recidiva da sudorese é uma complicação mais rara, com relatos de acometer até 6% dos pacientes submetidos à cirurgia. OBJETIVO: Relatar três casos de pacientes submetidos à re-simpatectomia por conta da recidiva da hiperidrose após tratamento cirúrgico. MÉTODOS: Estudo retrospectivo de 204 pacientes submetidos à simpatectomia bilateral por videotoracoscopia e três casos de re-simpatectomia. RESULTADOS: Foram analisados 204 pacientes, com média de idade de 26 anos, e 78% do sexo feminino. Em 3 casos após a recidiva da hiperidrose, os pacientes foram submetidos à re-simpatectomia, em todos os casos após a primeira cirurgia houve 43 44 Hospital Universitário Getúlio Vargas. Universidade Federal do Amazonas. 166 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 melhora da hiperidrose. Apresentaram recidiva dos sintomas em média após 3,6 meses. Todos tiveram a recidiva da hiperidrose na axila, sendo que um caso esta foi bilateral. Um paciente foi submetido à re-simpatectomia bilateral e dois à unilateral, nos 3 casos os pacientes apresentavam aderências pleurais, em dois casos a cadeia simpática se apresentava ressecada parcialmente em nível de T3, sendo realizado a clipagem desse cadeia; em um caso não se verificou a causa da recidiva sendo realizada então a simpaticotomia por ablação em nível de T2 e T5. CONCLUSÃO: A recidiva da hiperidrose se apresenta geralmente de 3 a 6 meses após a primeira cirurgia e na maioria dos casos se deve a uma cadeia simpática parcialmente íntegra. A re-simpatectomia deve ser indicada nesses casos sendo que esta apresenta um maior número de complicações, por causa das aderências pleuropulmonares e em nossos casos uma sudorese compensatória mais intensa. PALAVRAS-CHAVE: Hiperidrose, Tratamento Cirúrgico, Simpatectomia. 25. QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES NO PÓS-OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO POR INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO, QUE REALIZARAM PRÉOPERATÓRIO E QUE NÃO REALIZARAM PRÉOPERATÓRIO DE FISIOTERAPIA MALEZAN,45 William Rafael, BAHIA,46 Bárbara Lira, MENDONÇA,2 Débora, BARBOSA,2 Helena Nogueira, LOPES,2 Kamilly Eduarda Frazão, ROCHA,2 Patrícia Maria do Nascimento INTRODUÇÃO: A qualidade de vida na expectativa de manter a longevidade torna-se cada vez mais almejada por aqueles que irão se submeter à cirurgia de revascularização do miocárdio, Tendo em vista que o infarto agudo do miocárdio vem acompanhado de alto índice de morbidade e mortalidade, sendo considerada a principal causa de morte nos países industrializados, pois geralmente acomete o indivíduo em sua fase de vida mais produtiva, podendo levar a grandes comprometimentos psicossociais e econômicos. Sendo Professor do Centro Universitário do Norte – Uninorte, Manaus, AM – [email protected] Acadêmica do Uninorte – [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]. 45 46 167 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 assim, a fisioterapia aplicada no pré-operatório de cirurgia proporciona a esses pacientes uma recuperação significativa, propiciado uma melhor qualidade de vida e a manutenção das suas atividades de vida diária. OBJETIVOS: Demonstrar que, com a realização do pré-operatório de fisioterapia, o paciente terá melhor qualidade de vida. Ressaltar a necessidade da aplicabilidade da fisioterapia no pré-operatório da revascularização do miocárdio. MÉTODOS: Neste trabalho, foi realizada a revisão bibliográfica da qualidade de vida em pacientes que realizaram e os que não realizaram o pré-operatório em fisioterapia em cirurgia de revascularização do miocárdio em portais de busca como Scielo e PubMed, com termos descritores de qualidade de vida. Revascularização do miocárdio e fisioterapia. RESULTADOS: Observou-se em 18 (dezoito) referências que o pré-operatório de fisioterapia em pacientes que realizaram a cirurgia de revascularização do miocárdio foi bastante satisfatório na melhora da qualidade de vida. CONCLUSÃO: Dessa forma, sendo o infarto agudo do miocárdio um dos grandes indicadores de sofrimento na população, a intervenção fisioterapêutica no pré-operatório é de inevitável importância, pois com ela iremos proporcionar uma melhora na qualidade de vida do paciente demonstrando assim a fundamental importância de um tratamento específico, analisando, por fim, um resultado comparativo com o paciente que não teve acesso à fisioterapia pré-operatória. PALAVRAS – CHAVE: Qualidade de Vida, Fisioterapia, Revascularização do Miocárdio. 26. AMILOIDOSE SISTÊMICA PRIMÁRIA: RELATO DE CASO E CONSIDERAÇÕES PETRUCCELLI,47 Karla, WESTPHAL,48 Danielle Cristine, SILVA,2 Ana Carolina Santos INTRODUÇÃO: Amiloidose constitui um grupo heterogêneo de doenças resultantes de uma sequência de alterações no desdobramento de proteínas, que induz o depósito de fibrilas amiloides insolúveis, principalmente nos espaços extracelulares de órgãos e tecidos, como coração, fígado e rins. Na amiloidose primária, os locais típicos de acúmulo de amiloide são o coração, a pele, a língua, a tireoide, os intestinos, o fígado, os rins e os 47 48 Autor, nefrologista. Acadêmica de Medicina da Universidade Federal do Amazonas. 168 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 vasos sanguíneos. Esse acúmulo pode acarretar insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas, dificuldade respiratória, espessamento da língua, hipoatividade da tireoide, má absorção dos alimentos, ocasionando inclusive diarreia crônica, insuficiência hepática, insuficiência renal e equimoses faciais ou outros sangramentos anormais decorrentes do efeito do amiloide sobre a coagulação sanguínea. OBJETIVO: Relatar um caso de amiloidose sistêmica primária baseado em evidência científica. RELATO DE CASO: J.T.D., 65 anos, sexo masculino, hiperuricêmico há aproximadamente quinze anos, em uso de beta-bloqueador desde os vinte e cinco anos de idade, procurou o Serviço de Nefrologia apresentando na ocasião ureia e creatinina discretamente elevadas, albuminúria e eletroforese normal. Passados dois anos, paciente retornou ao serviço apresentando alterações na ureia, creatinina e proteinúria, e relatando quadro diarreico crônico sem causa conhecida. À ultrassonografia foi constatada redução da espessura cortical renal e observou-se no ecocardiograma hipertrofia ventricular esquerda moderada (292 g). Foi iniciada pesquisa etiológica da insuficiência renal crônica e após dois meses ocorreu agudização do quadro geral, manifesto por hipotensão severa e importante edema de membros superiores e inferiores, optando-se pela internação na unidade de medicina intensiva que teve duração final de dez dias. O ecocardiograma realizado nessa ocasião apontou discreto derrame pericárdico. A evolução do paciente foi favorável e este obteve alta após dez dias. A eletroforese de proteínas demonstrou altas dosagens de alfa 1 globulina e alfa 2 globulina e, predominantemente, beta 2-microglobulina, confirmando o diagnóstico de amiloidose primária sistêmica. Realizou-se biópsia de medula óssea com laudo de hipoplasia leve de medula e atrofia serosa gordurosa também compatível com amiloidose sistêmica. Durante sessão de hemodiálise, o paciente apresentou hipotensão severa não responsiva à reposição volêmica em decorrência de choque cardiogênico. Na ecocardiografia observouse hipertrofia ventricular esquerda importante (345 g) e disfunção diastólica de VE associado a discreto derrame pericárdico e pleural. Não houve resposta à terapêutica adotada culminando em óbito após vinte e um dias de internação. CONCLUSÃO: Amiloidose sistêmica é muitas vezes uma doença inevitavelmente progressiva e incurável, sendo a maioria das mortes relacionadas a complicações cardíacas e renais. O tratamento dos pacientes com amiloidose sistêmica é insatisfatório e o prognóstico reservado, apresentando sobrevida média de 20 meses. Terapias mais eficazes são necessárias para o manejo dessa doença. PALAVRAS-CHAVE: Amiloidose, Depósito, Proteína Amiloide. 169 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 27. CORREÇÃO DE LESÃO TRAUMÁTICA AGUDA DA AORTA TORÁCICA POR STENT: RELATO DE CASO LIMA,49 Luiz Carlos de, AVELAR,50 Silas Fernandes, WESTPHAL,1 Fernando Luiz, SANTOS,2 Fausto Vieira dos, SOEIRO,2 Álvaro Bernardo, PERDOMO,2 Javier Cruz; LIMA,1 Ingrid Loureiro de Queiroz; WESTPHAL,1 Danielle Cristina, MELO,1 Naira, CARVALHO,1 Bruna Cecília, PADILLA,1 Rodrigo INTRODUÇÃO: Lesão da aorta torácica por trauma contuso constitui verdadeiro desafio para cirurgiões, visto a dificuldade de diagnóstico por conta da ausência de exames complementares adequados em muitos Serviços de Emergência. Outro importante aspecto é o fato de que lesões podem ocorrer até trinta dias após o trauma, sendo necessário, portanto, alto grau de suspeição para seu correto diagnóstico, além de que, frequentemente, não há sinais ou sintomas característicos em paciente com trauma fechado do tórax que indiquem a presença de rotura da aorta torácica. Lesões traumáticas na aorta torácica, ainda que com tratamento adequado, possuem alta morbidade e uma mortalidade de 15 a 28%. O tratamento endovascular por meio do uso de stents é uma técnica relativamente nova, que tem demonstrado grande vantagem sobre as demais, além de segura e com bons resultados quando bem indicada. OBJETIVO: Relatar um caso do uso de stent para tratamento de lesão traumática aguda da aorta torácica. METODOLOGIA: Relato de caso. RELATO DE CASO: Paciente J.P.C., 55 anos, sexo feminino, sofreu traumatismo de tórax e evoluiu com dor no tórax e no abdome superior acompanhado de dispneia. O estudo radiológico do tórax mostrou áreas de hipotransparência em lobo superior esquerdo com discreto alargamento mediastinal. Foi realizada ultrassonografia abdominal a qual mostrou áreas de hematoma hepático. A angiotomografia do tórax revelou área de hematoma periaórtico logo abaixo da artéria subclávia esquerda. Havia também sinais de lesão da íntima. A paciente foi submetida a implante de stent em aorta descendente. A tomografia de controle antes da alta hospitalar mostrou resultado satisfatório, com cobertura total da lesão e sem sinais de vazamento. CONCLUSÃO: O tratamento endovascular de lesões traumáticas arteriais tem se desenvolvido com novos tipos de endoprótese autoexpansível 49 50 Ufam. Hospital Português Beneficente de Manaus. 170 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 (stents) que permitem a sua colocação por técnicas minimamente invasivas diminuindo substancialmente a resposta inflamatória ao trauma, além de permitir um menor tempo de internação ao paciente. PALAVRAS-CHAVE: Aorta Lesões, Aorta Cirurgia, Trauma. 28. COMPLICAÇÕES TORÁCICAS DE SONDA DE DOBB-HOFF. RELATO DE CINCO CASOS WESTPHAL,51 Fernando Luiz, LIMA,52 Luiz Carlos de, NETTO,1 José Corrêa Lima, WESTPHAL,1 Danielle, LIMA,1 Ingrid, CARVALHO,2 Bruna Cecília Neves de, PADILLA,2 Rodrigo INTRODUÇÃO: Um grande problema de pacientes crônicos em terapia intensiva é o suporte nutricional enteral por meio de sondagem, pois consiste em procedimento que na maioria das vezes é eficiente, porém sendo possível ocorrerem complicações que vão desde pequenas lacerações esofágicas, sangramentos, até perfurações. OBJETIVO: Relato de cinco casos de complicações torácicas por sonda de nutrição enteral. METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, realizado no período de 1997 a 2008, em pacientes com complicações torácicas decorrentes da introdução de sonda para alimentação enteral. RESULTADOS: A idade média dos pacientes foi de 74 anos, sendo dois do sexo feminino e três do sexo masculino. Dois pacientes encontravam-se em prótese respiratória e sedados, um estava no isolamento da UTI e dois estavam em unidade intermediária submetidos à sondagem para a alimentação enteral para melhora do aporte calórico desses pacientes. Em todos os pacientes houve dificuldade na sondagem, sendo essa manobra tentada por mais de uma pessoa em mais de uma ocasião. O diagnóstico da lesão foi em média 24 horas após a introdução da sonda. No tratamento desses pacientes houve cinco tipos de abordagens e foram levados em consideração nessa abordagem o tipo de complicação e as condições clínicas deles: pleuroscopia com desbridamento da cavidade e drenagem torácica, exclusão esofágica e abdominal com drenagem de tórax, exclusão esofágica cervical e abdominal com toracotomia com desbridamento pleural, somente drenagem pleural e broncospia 51 52 Hospital Universitário Getúlio Vargas Ufam. 171 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 com lavado. Os pacientes com lesão pleural ou esofágica evoluíram para o óbito em 48 horas quando não foram submetidos à toracotomia com desbridamento e o paciente que apresentou pneumonia aspirativa por conta da introdução de alimentação enteral no pulmão evoluiu com sepse grave. CONCLUSÃO: Os pacientes em prótese respiratória, sedados ou com comprometimento do sensório são mais passíveis de apresentarem complicações, visto a dificuldade e a ausência de reflexo ou dor durante a sondagem. PALAVRAS-CHAVE: Esôfago/Lesões; Ferimentos e Lesões; Perfuração Esofágica. 29. DESPIGMENTAÇÃO DA PELE – UMA NOVA COMPLICAÇÃO DA SIMPATECTOMIA? WESTPHAL,53 Fernando Luiz; FERREIRA,54 Luiz Carlos de Lima; LIMA NETTO,2 José Correa, SILVA,55 Márcia dos Santos da, BALLUT,56 Priscila Cavalcanti, WESTPHAL,3 Danielle Cristine, LIMA,3 Ingrid Loureiro, CARVALHO,57 Diogo Monteiro de, CARVALHO,3 Bruna Cecília Neves de INTRODUÇÃO: A hiperidrose primária é um distúrbio idiopático, caracterizado pela sudorese excessiva e incontrolável em determinadas regiões do corpo. Sua incidência varia de 0,3 a 4,5%. O manejo clínico é difícil e nem sempre eficaz. O tratamento definitivo é obtido cirurgicamente por meio da simpatectomia torácica por videotoracoscopia. Apesar da grande eficácia e baixa morbidade, a técnica não está isenta de complicações e a sudorese compensatória é o principal inconveniente descrito. OBJETIVO: Descrever dois casos de discromia localizada em região superior do tórax em pacientes submetidos à simpatectomia torácica por videotoracoscopia para tratamento de hiperidrose. RELATO DO CASO: Os pacientes, ambos do sexo masculino, com idade média de 29,5 anos, foram submetidos à simpatectomia torácica, o primeiro por clipagem em T3 e T4 para tratamento de hiperidrose palmar e axilar, e o segundo por ablação de T2, T3 e T4 para tratamento de hiperidrose craniofacial, axilar e palmar. A evolução pós-operatória foi excelente com regressão dos sintomas de hiperidrose. Entretanto, após cerca de 8 53 54 55 56 57 UEA/Ufam/Nilton Lins. UEA/Nilton Lins. Ufam. Nilton Lins. UEA. 172 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 meses os pacientes perceberam uma despigmentação da região correspondente à área de anidrose, seguindo a linha do dermátomo correspondente ao bloqueio do estímulo simpático, em toda circunferência do terço superior do tronco. A região adjacente com inervação simpática preservada não apresentou nenhuma alteração de cor. Atualmente a discromia encontra-se bem evidente, com piora após exposição solar. Relatam que essa alteração determina um novo constrangimento, pois evitam ficar expostos sem roupa na presença de outras pessoas. CONCLUSÃO: Essa alteração foi detectada em dois pacientes de cor parda. Esse fato poderia ser explicado por duas hipóteses: a origem embrionária em comum do melanócito e do sistema nervoso, pois ambos se originam de células da crista neural, ou pela possível presença de contato direto entre terminações nervosas cutâneas e melanócitos epidérmicos, por um mecanismo semelhante à sinapse nervosa. Ambas as situações tornam possível que o estímulo à produção da melanina seja influenciada pela interrupção do estímulo nervoso. Assim, o bloqueio na transmissão do estímulo nervoso simpático poderia alterar a produção local de melanina. PALAVRAS-CHAVE: Hiperidrose; Simpatectomia; Discromia. 30. UTILIZAÇÃO DO TUBO DE MONTGOMERY PARA TRATAMENTO DE DEISCÊNCIA DE ANASTOMOSE ESOFAGOGÁSTRICA CERVICAL WESTPHAL,1 F. L.; LIMA,58 L. C.; NETTO,1 J. C.; ABINADER,2 E.; VASQUES,3 V. C. INTRODUÇÃO: A correção das fístulas consequentes a anastomoses esofagogástricas cervicais é um desafio para o cirurgião, visto que o enxerto pode ser inutilizado no caso de uma estenose após a deiscência da sutura. Várias técnicas têm sido descritas para minimizar esse problema, entre elas a sutura da anastomose em dois planos, a utilização de sutura mecânica, porém ainda se mantém um nível elevado de fístulas no pós-operatório. Em fístulas de alto débito a utilização do tubo de Montgomery é Cirurgião torácico do HUGV. Residente de Cirurgia Geral do HUGV. 3 Acadêmico de Medicina da Ufam. 58 2 173 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 uma opção para o seu manejo para evitar esse desfecho. OBJETIVO: Relatar um caso de deiscência de anastomose esofagogástrica para reconstrução do trânsito intestinal. RELATO DO CASO: Paciente masculino, portador de fenda palatina, ingeriu durante refeição um pedaço de osso de galhinha que perfurou o esôfago torácico e induziu a um quadro de mediastinite. O tratamento instituído foi toracotomia com desbridamento da cavidade pleural e descompressão do mediastino e pericárdio que apresentava secreção purulenta. Associado àquela foi submetido à esofagostomia cervical com cerclagem do esôfago superior e abdominal, além da gastrostomia para alimentação. Após perto de 11 meses, foi submetido à reconstrução do trânsito alimentar por meio da técnica de Graviliu retrógrado, realizado por meio de tubo confeccionado pela grande curvatura do estômago, mantendo a vascularização pela artéria gastroepiploica direita. A transposição do enxerto foi realizada pela região retroesternal e a sutura realizada manualmente em dois planos com fio absorvível. No pós-operatório apresentou deiscência total da parede anterior da anastomose esofagogástrica com uma fístula de alto débito que foi tratada com a colocação do tubo de Montgomery. Após 12 meses o tubo foi retirado e a esofagoscopia revelou bom trânsito alimentar pelo local da anastomose. CONCLUSÃO: Um dos grandes problemas encontrados na cirurgia de reconstrução do trânsito esofágico é a deiscência da anastomose, que pode determinar a perda permanente do enxerto. Nesse caso, o tubo de Montgomery permitiu a conexão entre as duas extremidades – estômago e esôfago – sem o desenvolvimento de estenose. 174 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 31. O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM FRATURAS ATENDIDOS NO PRONTO-SOCORRO 28 DE AGOSTO, MANAUS-AM ROSA,59 Gilmar Garcias, SOUSA,1 José Viana de, DOURADO,1 Roberto Campos, BENTES,1 Adria Simone Ferreira INTRODUÇÃO: O trauma é um grave problema de saúde pública e as lesões do sistema músculo-esquelético contribuem com 85% dos casos. No Brasil, em 2001, 120.819 mortes estavam diretamente relacionadas ao trauma, sendo 80% desses pacientes foram atendidos em hospital de emergência. Morrem 11/100.000 pessoas após lesões provocadas por queda e o prognóstico desses pacientes está diretamente relacionado à qualidade da assistência médica prestada, Na fase de envelhecimento, quedas são frequentes, influenciadas por fatores biológicos, doenças e causas externas. OBJETIVOS: Estudar as características e fatores ligados a gênese de fraturas em pacientes atendidos na emergência, correlacionar características das vítimas com a etiologia das fraturas, apontar os principais mecanismos responsáveis pela gênese das fraturas, avaliar a relação entre o tempo decorrido até o recebimento dos primeiros atendimentos hospitalares e evolução clínica dos pacientes, listar as complicações inerentes ao trauma. METODOLOGIA: No período de agosto de 2006 a junho de 2007, foram analisados prospectivamente pacientes com fratura única ou polifraturado no Hospital e Pronto-Socorro Municipal 28 de Agosto, em Manaus-AM. RESULTADOS: Avaliados 129 pacientes, entre 13 a 82 anos (média de 47,5 anos), 80 (62%) eram masculinos. Quarenta e nove (39,98%) tiveram como fator etiológico queda da própria altura, 23 (17,82%) acidentes com motocicletas, 19 (14,72%) em prática de esporte e 15 (11,62%) em trauma direto sem queda. O diagnóstico foi clínico e radiológico, e o tratamento foi conservador em 80 (62,01%) e cirúrgico em 17 (13,17%). O membro superior foi mais acometido e o rádio o mais fraturado (28,68%). A faixa etária predominante de pacientes fraturados foi entre 21 a 30 anos (22,48%), dor esta presente em 100%, limitação dos movimentos (86,82%), edema (69,76%) e deformidade (60,46%). CONCLUSÕES: Existe grande relação entre a etiologia da fratura e a idade dos pacientes. Nos pacientes mais 59 HUGV. 175 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 velhos a principal causa de fratura é queda da própria altura, nos mais jovens o trauma esportivo. A maioria apresentava boa condição hemodinâmica. O tratamento incruento com gesso prevalece ao cirúrgico. PALAVRAS-CHAVE: Fraturas, Etiologia, Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto. 32. ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE FRATURAS DA EXTREMIDADE DE RÁDIO DISTAL, MANAUS-AM ROSA,60 Gilmar Garcias, SOUSA,1 José Viana de, DOURADO,1 Roberto Campos, MAGALHÃES,1 Telmo Moreira, SOUZA,61 José Raposo da Câmara Viana de INTRODUÇÃO: As fraturas da extremidade distal do rádio são consideradas as mais frequentes do membro superior, representam 1/6 das fraturas tratadas na emergência, são reconhecidas como lesões complexas de prognóstico variável que depende do grau de comprometimento e do tipo de tratamento instituído. No Estado do Amazonas é notória, para os que convivem no dia a dia dos prontos-socorros da capital do Estado, a grande incidência de casos de fraturas, entretanto não há estudos estatísticos sobre essa patologia, sua avaliação, manejo e conduta, esta última muitas vezes limitada pela disponibilidade escassa de material de síntese presente nos prontos-socorros de Manaus. OBJETIVOS GERAIS: Avaliação epidemiológica dos pacientes atendidos na emergência com fratura da extremidade distal do rádio estudando as características e fatores ligados à sua gênese, correlacionar esse tipo de fratura com o sexo e idade dos pacientes, avaliar as condições clínicas no momento de admissão no pronto-socorro, demonstrar o tratamento inicial estabelecido. METODOLOGIA: No período de agosto de 2006 a junho de 2007, foram estudados prospectivamente esses pacientes que foram atendidos na emergência do Hospital e Pronto-Socorro Municipal 28 de Agosto, em Manaus-AM. RESULTADOS: Vinte e oito pacientes, 14 (50%) masculino, sete (25%) menores de 18 anos, 18 (64,28%) entre 18 e 60 anos, 5 (17,85%) com mais de 60 anos. Todos apresentavam dor, 24 (85,71%) 60 61 HUGV. UNL. 176 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 limitação de movimento, 22 (78,57%) edema, 20 (71,42%) apresentava deformidade, e seis (21,42%) crepitações. 19 (67,85%) pacientes tiveram fraturas no lado esquerdo, a queda da própria altura foi responsável por 25 (89,28%) fraturas, oito (28,57%) eram estudantes. Todos tiveram diagnóstico confirmado por radiografia, 23 (82,14%) receberam tratamento definitivo com aparelho gessado, três (10,71%) receberam tratamento provisório com calha gessa enquanto aguardava cirurgia eletiva, e dois (7,14%) foram encaminhados para o centro cirúrgico do hospital em caráter de emergência. CONCLUSÕES: As fraturas da extremidade distal do rádio têm como principal etiologia queda da própria altura, acomete principalmente população economicamente ativa, pelo Sistema Único de Saúde a maioria dos pacientes recebe tratamento inicial conservador. PALAVRAS-CHAVE: Fraturas de Extremidade Distal do Rádio, Emergência, Manaus. 33. AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA DOS PACIENTES COM FRATURA PROXIMAL DO FÊMUR SUBMETIDOS OU NÃO À TRAÇÃO TRANSESQUELÉTICA OLIVEIRA,62 Medre Henrique Araújo de, ROSA,2 Gilmar Garcias, LIMA,2 Júlio Mário de Melo e; BENTES,2 Adria Simone Ferreira, MARTINS,2 Marcos Gassen INTRODUÇÃO: As fraturas de fêmur proximal estão entre as mais frequentemente encontradas pelo cirurgião ortopédico, onde são mais frequentes nas mulheres com uma média de idade de 77 anos. O uso de tração prévia ao tratamento cirúrgico envolve hospitalização prolongada, acarreta custos e desgaste para o paciente. Mais recentemente, Rosen et al mostraram que essa tração não trazia benefícios para o paciente e recomendam colocar apenas um travesseiro sob a coxa fraturada. OBJETIVOS GERAIS: Avaliar o custobenefício referente utilização de tração transesquelética em pacientes com fratura de fêmur proximal. METODOLOGIA: Trabalho prospectivo, visando pacientes internados com fraturas de fêmur proximal, serão analisadas as radiografias dos respectivos UNL. HUGV. 62 2 177 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009 pacientes investigados com o intuito de confirmar e classificar as fraturas. As fraturas transtrocanteriana serão classificadas pela classificação de Tronzo, utilizaremos, ainda, a classificação de Garden para classificação das fraturas de colo femoral. Em seguida, responderam questionário individual, o qual continha a escala de dor de EVA. A dor foi graduada em: leve, moderada e intensa. Pacientes divididos em três grupos: Grupo I, paciente sem tração. Grupo II, em uso de tração. Grupo III, tração retirada no hospital onde seriam operados. Os resultados foram comparados entre os grupos. RESULTADOS: Estudados 43 pacientes, média de idade 74,6 anos, no grupo I tivemos 16 pacientes, destes, 10 (62,5%) referindo dor de intensidade moderada, nesse grupo, 11 (68,75%) pacientes não apresentavam nenhum coxim alinhando ou membro fraturado. No grupo II, constituído por 12 pacientes, seis (50%) referiram dor intensa, oito (66,6%) mencionaram uma piora na mobilidade no leito. No grupo III, formado por 15 pacientes, seis (40%) referiram dor moderada. Nesse último grupo, nove (60%) relataram diminuição da dor após a retirada da tração. Nesse grupo, 14 (93,3%) relataram maior praticidade no momento da higiene pessoal depois de ter retirado a tração, e oito (53,3%) informaram melhores condições no momento da elevação do dorso para as refeições e 11 (73,33) relataram uma melhora na mobilidade no leito. CONCLUSÃO: A não utilização da tração transesquelética traz maior conforto no pré-operatório para o paciente com fratura de fêmur proximal. PALAVRAS-CHAVE: Fraturas do Quadril, Pré-Operatório, Tração Transesquelética. 178 revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v.8. n. 1-2 jan./dez. – 2009