Grifes investem em ligas de metal e em lapidações exclusivas para
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Grifes investem em ligas de metal e em lapidações exclusivas para
joias Marca registrada Grifes investem em ligas de metal e em lapidações exclusivas para hipnotizar a clientela e garantir lugar privilegiado nas caixas de joias silvana holzmeister fernanda tricoli Bracelete da linha 1837, que comemora os 175 anos da Tiffany & Co: liga de ouro amarelo, cobre e prata batizada de Rubedo e quatro assinaturas na borda, inclusive a manuscrita do fundador, Charles Tiffany (R$ 26 000,00) LUXO | MES 2012 153 154 LUXO | MES 2012 Broche Cocinelle, da nova coleção de peças únicas Palais de la Chance: asas de rubis com incrustração Mystery Setting, técnica desenvolvida pela Van Cleef & Arpels nos anos 30 diz Luciano Rodembusch, vice-presidente da marca para a América Latina. Na loja do shopping Iguatemi, em São Paulo, assim como na da Quinta Avenida, as consumidoras se guiaram pelo quase irresistível apelo de metal único, empregado numa coleção de vinte itens de edição limitada, com preços variando entre 850 reais e 35 000 reais. O senso de exclusividade é reforçado pela gravação em baixo relevo de uma sequência de palavras mágicas: “NY”, “T&Co”, “1837” e, por fim, manuscrita, “Tiffany”, um decalque da assinatura do fundador Charles Lewis Tiffany. Há um século, a joalheria já havia experimentado uma estratégia semelhante com o Tiffany Setting, no qual o brilhante é incrustado nas garras de platina de forma que pareça estar num pedestal. Deu tão certo que dita até hoje a cara do anel de noivado. Em 1999, foi a vez de patentear o Lucida, o diamante quadrado. “A marca registrada de uma joalheria pesa cada vez mais na decisão de divulgação E m março, a Tiffany & Co. anunciou uma estratégia inédita para celebrar seus 175 anos de existência. No lugar de peças assinadas por um designer — a história é traçada por nomes como Jean Schlumberger, Elsa Peretti, Paloma Picasso e pelo arquiteto Frank Gehry —, levou às vitrines a coleção “1837”, ano de abertura da primeira loja, em Nova York. Braceletes, colares, brincos e pingentes são, por assim dizer, anônimos. Não ostentam nenhum diamante amarelo, a gema que deu fama a essa marca norte-americana, esmeralda, espinélio ou qualquer outra pedra preciosa. Não há sequer sinal do selo k de quilates, a medida do peso de uma pedra ou da pureza do ouro (24k é o ouro puro; 18k leva 75% do metal na composição com cobre e prata). Seu apelo é de outro gênero. Ele vem de uma liga de metal alardeada como inédita, com cor de ouro rosa, batizada (e patenteada) de Rubedo, latim para “vermelho”. Foram dois anos de laboratório de química e metalurgia para chegar à mistura ideal. O jornal The New York Times divulgou o resultado de um raio X fluorescente do Rubedo, conduzido pela Empiregoldbuyers.com, refinaria de Manhattan: 31% de ouro, quase 55% de cobre, um tanto de prata e um tantinho de zinco (ou ouro 7,5k). “Combinamos o brilho da prata ao calor do ouro”, divulgação Brincos Louis Vuitton: destaque para os diamantes Star Cut, a estrela pontiaguda do monograma das bolsas da marca francesa compra”, afirma Maria Regina Machado Soares, autora do livro A Joia do Rio. É um jeito de ter algo único sem depender, por exemplo, que a natureza produza o tal diamante amarelo de 128,54 k que celebrizou a joalheria norte-americana. Na H. Stern, o chamado “ouro nobre” — liga com tom entre o ouro amarelo e o branco conquistada depois de 180 combinações — responde por 30% das peças em produção. A joalheria brasileira também tem uma lapidação própria: Stern Star, diamante cujo corte em forma de estrela consumiu três anos de pesquisa. A primeira leva tinha 35 peças, vendidas em 48 horas, nas lojas de São Paulo e Rio de Janeiro. Grifar uma peça não é só um jeito de dar status extra a ela, mas implica também em encontrar uma técnica própria de tirar o melhor da pedra. Ao fazer as flores do monograma das bolsas Louis Vuitton reluzirem na forma dos diamantes flower LUXO | MES 2012 157 Anel de “ouro nobre”, iolita e diamantes da H.Stern (R$ 12 200,00): tom entre o ouro amarelo e o branco. Abaixo, bracelete com quartzo fumê Clos d’H, lapidação da Hermès fotos divulgação cut, de pétalas arredondadas, e star cut, pontiagudas, Lorenz Bäumer criou um corte mais brilhante, literalmente. Têm 65 e 77 facetas, respectivamente (o brilhante tem 56), lapidadas por quinze artesãos de Tel Aviv. É a mesma inteligência aplicada no Clou d’H, técnica da Hermès que renova a clássica cabochon, criando nuances no que é arredondado, como se fosse um casco de tartaruga. O formato realça o brilho profundo da pedra. Criar uma marca registrada pode dar tão certo a ponto de, enfim, virar uma espécie de monograma da joalheria. Em 1933, a Van Cleef & Arpels lançou o Mystery Setting, um jeito de incrustrar as pedras sem que a estrutura de metal fique visível — as emendas simplesmente desaparecem —, dando a ilusão de que elas flutuam. Um broche pode levar até 300 horas de trabalho de um único artesão e por isso a empresa francesa reserva a técnica para as coleções de peças únicas. Em busca de melhorar o que já é reconhecido (e copiado) à distância, a Van Cleef agora usa pedras no formato marquesa para unificar a superfície e deixá-la ainda mais reluzente. Diz a lenda que a lapidação, conhecida como navete, reproduz o formato do sorriso da Madame de Pompadour — uma encomenda do Rei Luís XV para que a marca registrada de sua amante reluzisse sempre no seu dedo. n 158 LUXO | MES 2012