baixar programa - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Transcrição

baixar programa - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
FORTISSIMO Nº 10 — 2015
DEZEMBRO
Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais
apresentam
SUMÁRIO
p. 8
ALLEGRO
V I VA C E
Quinta
Sexta
03/12
04/12
Fabio Mechetti, regente
Fabio Martino, piano
GUARNIERI
BARTÓK
KHATCHATURIAN
PROKOFIEV
Abertura festiva
Concerto para piano nº 3
Spartacus: Suíte nº 2
Alá e Lolli: Suíte Cita, op. 20
p. 24
PRESTO
VELOCE
Quinta
Sexta
10/12
11/12
Fabio Mechetti, regente
Antonio Meneses, violoncelo
MEHMARI
SHOSTAKOVICH
Divertimento
Concerto para violoncelo nº 1 em
Mi bemol maior, op. 107
MAHLER
Sinfonia nº 1 em Ré maior, “Titã”
3
CAROS AMIGOS E AMIGAS,
É incrível estarmos chegando ao
final da nossa primeira temporada
na Sala Minas Gerais. Concertos
grandiosos e solistas renomados
celebram este grande momento.
FOTO: RAFAEL MOTTA
Do jovem Fabio Martino, que volta
a se apresentar conosco depois de
enorme sucesso, ao consumado
violoncelista Antonio Meneses,
amigo inseparável de nossa
Orquestra, encerramos o ano de
forma arrebatadora. Da festividade de
uma abertura sinfônica de Camargo
Guarnieri ao som avassalador da
Suíte Cita de Prokofiev. Da novidade
presente em mais uma encomenda da
Filarmônica a um dos compositores
mais ecléticos do Brasil, André
Mehmari, à manifestação triunfal
de mais uma sinfonia de Mahler a
revelar a competência e pujança de
nossa Orquestra. É com a música de
qualidade e sua eterna presença no
coração das pessoas que devolvemos
a todos os que nos prestigiam, e
confirmam nossa relevância, a nossa
gratidão e apreço, reconhecendo a
crescente responsabilidade que temos
em mostrar o que há de melhor para
aqueles que do melhor procuram.
Será com a sublime música de
Beethoven e com sua mensagem
humanista de harmonia e
fraternidade que concluiremos
a Temporada 2015.
Uma temporada inesquecível:
o nascimento de uma nova Sala,
a descoberta de um novo som,
encontros com velhos e novos amigos,
a consolidação de nossa Orquestra em
sua nova casa, o entusiástico aplauso
de nosso público, a presença cada
vez mais marcante da Filarmônica
na vida das pessoas e da cidade. Esses
são alguns dos motivos que me levam
a agradecer profundamente àqueles
que tornaram este sonho realidade.
Aos idealizadores e facilitadores,
aos patrocinadores e trabalhadores,
aos que viveram intensamente cada
momento desta desafiadora trajetória,
que hoje revela, com resultados
palpáveis e positivos, tudo o que é
possível, quando o ideal se sobrepõe
ao conforto da realidade assumida.
Em nome de todos os músicos da
Orquestra Filarmônica de Minas
Gerais e dos funcionários do
Instituto Cultural Filarmônica,
agradeço pelo carinho e apoio que
todos vocês demonstraram ao longo
deste novo capítulo de nossa história.
Tenham todos boas férias e
esperamos contar com a presença
de vocês para vivenciar mais uma
aventura musical em 2016.
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular
FOTO: ALEXANDRE REZEN DE
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regente brasileiro a ser titular de uma
orquestra asiática. Depois de quatorze
anos à frente da Orquestra Sinfônica
de Jacksonville, Estados Unidos,
atualmente é seu Regente Titular
Emérito. Foi também Regente
Titular da Sinfônica de Syracuse
e da Sinfônica de Spokane. Desta
última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav
Rostropovich na Orquestra Sinfônica
Nacional de Washington e com ela
dirigiu concertos no Kennedy Center
e no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego,
foi Regente Residente.
Desde 2008, Fabio Mechetti é
Diretor Artístico e Regente Titular
da Orquestra Filarmônica de Minas
Gerais, sendo responsável pela
implementação de um dos projetos
mais bem-sucedidos no cenário
musical brasileiro. Com seu trabalho,
Mechetti posicionou a orquestra
mineira nos cenários nacional e
internacional e conquistou vários
prêmios. Com ela, realizou turnês
pelo Uruguai e Argentina e realizou
FOTO: RAFAEL MOTTA
gravações para o selo Naxos.
FABIO
MECHETTI
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti
serviu recentemente como Regente
Principal da Orquestra Filarmônica
da Malásia, tornando-se o primeiro
Fez sua estreia no Carnegie Hall de
Nova York conduzindo a Orquestra
Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido
inúmeras orquestras norte-americanas,
como as de Seattle, Buffalo, Utah,
Rochester, Phoenix, Columbus, entre
outras. É convidado frequente dos
festivais de verão nos Estados Unidos,
entre eles os de Grant Park em Chicago
e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México,
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
em Madrid, a Filarmônica de Auckland,
Nova Zelândia, e a Orquestra
Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de
Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,
Mechetti dirige regularmente na
Escandinávia, particularmente a
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a
de Helsingborg, Suécia. Recentemente
fez sua estreia na Finlândia dirigindo
a Filarmônica de Tampere e na Itália,
dirigindo a Orquestra Sinfônica de
Roma. Em 2016 fará sua estreia com a
Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
São Paulo, as orquestras de Porto
Alegre e Brasília e as municipais
de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Igualmente aclamado como
regente de ópera, estreou nos
Estados Unidos dirigindo a Ópera
de Washington. No seu repertório
destacam-se produções de Tosca,
Turandot, Carmen, Don Giovanni,
Così fan tutte, La Bohème, Madame
Butterfly, O Barbeiro de Sevilha,
La Traviata e Otello.
Fabio Mechetti recebeu títulos
de mestrado em Regência e em
Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
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FABIO MECHETTI, regente
FABIO MARTINO, piano
PROGRAMA
Camargo GUARNIERI
Abertura festiva
ALLEGRO
Quinta
03/12
Béla BARTÓK
Concerto para piano nº 3
V I VA C E
Sexta
04/12
• Allegretto
FABIO MARTINO
piano
• Adagio religioso
• Allegro vivace
– I N T E RVA L O –
Aram KHATCHATURIAN
Spartacus: Suíte nº 2
• Adagio de Spartacus e Frígia
• Entrada dos mercadores – Dança da cortesã romana –
Dança geral
• Entrada de Spartacus – A desavença – Traição
de Harmodius
• Dança dos piratas
Sergei PROKOFIEV
Alá e Lolli: Suíte Cita, op. 20
PATROCÍNIO
• A Adoração de Veles e Alá
• O Deus Inimigo e a Dança dos Espíritos das Trevas
• A Noite
• A Gloriosa Partida de Lolli e o Cortejo do Sol
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ALLEGRO E VIVACE
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F OTO: FRIEDRU N REIN HOLD
lugar com um prêmio de dez mil
euros no concurso internacional de
piano Ton und Erklärung (som e
palavra), promovido pelo Círculo
Cultural da Economia Alemã.
Martino é considerado ousado e ao
mesmo tempo aberto a desafios no
cenário pianístico internacional.
Como uma marca registrada,
apresenta-se sempre com uma gravata
borboleta de laço feito a mão.
FABIO
MARTINO
Já aos cinco anos de idade Fabio
Martino começou a tocar piano:
no instrumento de sua avó, uma
professora em São Paulo. Dezessete
anos mais tarde – após uma rigorosa
formação nas principais universidades
do Brasil e Alemanha –, Martino
compra seu primeiro instrumento
Steinway. O dinheiro para tal veio do
primeiro lugar no maior concurso
internacional de piano da América
Latina, o BNDES, com quantia
equivalente a 48 mil dólares. Na final,
seus concorrentes eram um japonês
e um russo com respectivos 28 e 29
anos de idade. Um ano mais tarde,
2011, Martino conquista o primeiro
Como próximo importante marco
em sua carreira está o lançamento
do seu primeiro CD solo com obras
de Brahms, Schumann e as primeiras
audições mundiais da 3ª Sonata
para piano de York Höller e dos três
estudos intervalares de Edino Krieger.
O compositor Höller elogia “a sua
expressividade, o seu poder, a sua
sensibilidade, sem deixar de mencionar
a sua perfeita técnica ao piano...”.
Como solista, Fabio Martino
interpreta internacionalmente
concertos para piano e orquestra de
Prokofiev, Rachmaninoff, Beethoven,
Schumann, Medtner, Mozart,
entre outros, acompanhado por
importantes orquestras nacionais
e internacionais como Osesp, OSB,
Filarmônica de Minas Gerais,
Orquestra Sinfônica da Rádio da
Baviera, Orquestra Filarmônica de
Duisburg, entre tantas outras.
Seus concertos e recitais no Seoul
Arts Center, Coreia do Sul, no
Festival Internacional de Piano
de Miami ou no Gilmore
Festival, nos Estados Unidos,
no Heidelberger Frühling, na
Rádio NDR em Hannover ou no
Gasteig em Munique, Alemanha,
na Sala Cecília Meireles ou na
Sala São Paulo, Brasil, deixaram
o público e a crítica especializada
extremamente impressionados.
Em agosto de 2015, Martino solou
com a BBC Ulster Orchestra o
Concerto nº 5 de Villa-Lobos com
gravação ao vivo para a Rádio BBC.
Em janeiro de 2016 interpretará
o Concerto nº 1 de Rachmaninoff
com a Badische Staatskapelle
Karlsruhe, na Alemanha, sob
regência de Asher Fisch.
Após ouvi-lo, o crítico e
compositor Ronaldo Miranda
disse que “a Fantasia, op. 17 de
Schumann interpretada por
Fabio Martino ficará na minha
memória musical: algo de que
não nos esquecemos. E nessas
memórias pianísticas estão
também a interpretação da
Fantasia, op. 17 de Schumann com
Nelson Freire, as Variações Sérias
de Mendelssohn com Alicia de
Larocha, a Partita em dó menor
de Bach com Martha Argerich e
a Sonata, op. 2, nº 3 de Beethoven
com Vladimir Ashkenazy.” Para
o Hannover Allgemeine Zeitung,
Martino é “mágico ao piano”.
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ALLEGRO E VIVACE
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Camargo Guarnieri |
Brasil, 1907 – 1993
ABERTURA FESTIVA (1971)
6 min
Nascido em Tietê, no interior
paulista, Mozart Camargo
Guarnieri transferiu‑se com a
família para a capital em 1923 a fim
de estudar música. Em São Paulo
foi principalmente orientado por
Lamberto Baldi e, posteriormente,
por Mário de Andrade, que se tornou
o mentor intelectual do jovem
compositor. Camargo Guarnieri (que
abandonara seu primeiro nome), como
consequência de prêmio recebido
em 1938, segue para a França, onde
estuda com Nadia Boulanger, Charles
Koechlin e François Ruhlmann.
Na década de 1930, Camargo
Guarnieri, em suas composições
camerísticas mais recentes,
sistematiza o uso de instrumentos
típicos brasileiros e evita empregar
nas partituras as usuais expressões
italianas, indicando em vernáculo:
com alegria, bem dengoso, requebrando,
tristemente... Em 1938, vencedor
do Prêmio de Aperfeiçoamento
Artístico, realiza estudos musicais na
França, notadamente com Charles
Koechlin (contraponto, composição e
instrumentação), François Ruhlmann
(regência) e Nadia Boulanger,
mestra centralizadora do
movimento musical neoclássico,
que lhe transmitiu a sabedoria e a
eficiência das formas tradicionais.
A partir de prêmio recebido na
Filadéfia, em 1942, o compositor
visitou os Estados Unidos em diversas
oportunidades. Tornou-se amigo de
Aaron Copland (também ex-aluno de
Nadia Boulanger) e Leonard Bernstein,
aos quais dedicou, respectivamente, a
Abertura concertante e a Sinfonia nº 4.
Participou de concursos e encontros
internacionais de compositores,
apresentando suas obras à frente
de importantes orquestras, entre
elas a Sinfônica de Boston, a
convite de Sergei Koussevitzky.
Em São Paulo, Guarnieri dirigiu o
Coral Paulistano (criado por Mário
de Andrade) e regeu a orquestra do
Departamento de Cultura de
São Paulo. Em 1976, fundou a
Orquestra de Cordas da USP
(Universidade de São Paulo), que
dirigiu até 1992. Foi durantes longos
anos professor de Composição. Entre
seus alunos, citam-se Oswaldo Lacerda,
Sérgio Vasconcelos Corrêa, Almeida
Prado, Marlos Nobre, Aylton Escobar.
A Abertura festiva foi escrita em
vinte dias, em janeiro de 1971,
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes,
contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão,
harpa, cordas.
para abrir a temporada anual da
Orquestra Filarmônica de São
Paulo. Neoclassicismo e elementos
rítmicos nacionalistas aliam-se nesta
obra pequena e rica em percussão.
Camargo Guarnieri emprega três
temas principais: o tema A que
aparece na flauta, antecedido por
breve introdução orquestral. O tema
B é confiado ao clarinete, após um
momento de repouso estabelecido pelas
trompas. Esses dois primeiros temas
são bastante rítmicos e contrastam
com a longa linha melódica do tema
C, apresentado pelos trompetes e
violinos. Elementos dos três temas são
trabalhados, com destaque para um
pequeno cânone dos sopros sobre os
violoncelos. Na reapresentação dos dois
primeiros temas, o B (agora no oboé)
antecede o A (no clarinete e, depois,
nos violinos), dando à arquitetura
uma forma espelhada AB-C-BA.
A Coda é construída em crescendo
gradativo até o clímax conclusivo.
Guarnieri deixou um catálogo com
mais de setecentos títulos, que o
coloca entre os mais prolíficos e
significativos compositores brasileiros.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD Camargo Guarnieri – Sinfonia nº 1;
Abertura Festiva; Sinfonia nº 4, “Brasília”
– Orquestra Sinfônica do Estado de
São Paulo – John Neschling, regente
– Biscoito Fino – CD 1 – 2007
PARA LER
Flávio Silva (org.) – O tempo e a música –
Funarte – 2001
PARA ASSISTIR
DVD Notas soltas sobre um homem
só – Carlos de Moura Ribeiro
Mendes, diretor – Berço Esplêndido,
produtora – 2010 (Documentário)
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ALLEGRO E VIVACE
Béla Bartók |
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Hungria, atual Romênia, 1881 – Estados Unidos, 1945
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes,
CONCERTO PARA PIANO Nº 3 (1945)
4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
23 min
Grande pianista, Béla Bartók atuou
sob a direção de célebres regentes,
convidado por famosas orquestras
europeias e americanas. Fez seu
primeiro recital aos dez anos,
quando ainda estudava com sua mãe.
Dentre outros mestres,
aperfeiçoou‑se com Istvan Thoman,
aluno de Liszt. Durante três
décadas, Bartók lecionou piano
no Conservatório de Budapeste,
consolidando a fama de excelente
pedagogo. Dedicou a seu instrumento
predileto obras didáticas de inegável
valor artístico e um repertório
fundamental para a música moderna.
Dos três concertos que escreveu
para piano, Bartók estreou os dois
primeiros. O êxito do Segundo
Concerto, no início de 1933,
marcou a última apresentação
pública do compositor na
Alemanha. O Concerto nº 3,
escrito no exílio americano,
simultaneamente ao Concerto para
viola, foi sua obra derradeira – os
quatorze compassos finais foram
orquestrados por Tibor Serly, seu
discípulo, seguindo instruções
do próprio compositor. A estreia
(póstuma) ocorreu em 1946,
com o pianista György Sandor
e o maestro Eugene Ormandy.
Dedicado à esposa de Bartók, Ditta
Pásztory, o Concerto nº 3 mantém um
clima basicamente cantabile, notável
pela flexibilidade e transparência
melódica. A orquestração é fluida,
leve. A linguagem emotiva e
misteriosa tem algo de mágico, quase
místico. O piano não é tratado de
maneira percussiva, como na técnica
predominantemente contrapontística
do Primeiro Concerto; nem com
a verve rítmica do Segundo.
cordas. Estas iniciam a introdução
– motivo pentatônico, tratado
polifonicamente. O Coral (parte A),
de grande simplicidade e serenidade
atemporal, é enunciado pelo piano.
O episódio central (parte B)
mantém o clima reflexivo, apesar
do virtuosismo dos arabescos
pianísticos. O colorido orquestral
se enriquece pelos trinados nas
cordas e pelas breves interferências
dos metais. O retorno do Coral
(parte A) faz-se apenas nas
madeiras, em torno das quais o
piano tece delicadas figurações.
No Allegretto inicial, em forma
sonata, os violinos e as violas
preparam a entrada do piano, que
expõe o cantante primeiro tema,
acentuadamente magiar. O segundo
tema, com caráter scherzando, liga-se
ao precedente por uma passagem das
madeiras. O curto desenvolvimento
utiliza, sobretudo, elementos do
primeiro tema. O refinamento
extraordinário da partitura culmina
Na transição para o Allegro vivace
final, após introdução de caráter
húngaro, os tímpanos preparam a
entrada de um fugato iniciado pelo
piano. O movimento tem forma de
rondó, com os trechos melódicos
alternando-se com danças de
ritmos sincopados. Esses elementos
constituintes apresentam‑se
entrecortados de fugati. No final, o
tema do rondó aparece nos violinos
na sutileza dos compassos finais,
destinados à flauta e ao piano.
e uma figuração virtuosística
do piano colore a conclusão.
O Adagio religioso central tem
forma ternária (A-B-A), com os
diferentes períodos ligados pelas
Além da obra pianística, a produção
de Béla Bartók – incontestavelmente
um dos compositores mais originais,
inovadores e influentes do
século XX – abrange variados
gêneros, incluindo obras orquestrais,
música para teatro (ópera, balé e
pantomima), música vocal, coral e
para combinações de câmara. Sua arte
atingiu um ponto culminante nos
seis quartetos de cordas, associados
em linha direta aos quartetos da
última fase de Beethoven e que fazem
de Bartók o expoente moderno
dessa modalidade camerística.
Aos dezoito anos, Bartók começou
a pesquisar metodicamente as
manifestações musicais populares de
seu país. Até o começo do século XX,
a música húngara confundia‑se
com a música dos ciganos daquela
região, como nos exemplos célebres
das Rapsódias de Liszt e nas
Danças húngaras de Brahms. A
redescoberta do folclore magiar foi
obra de Bartók e de seu amigo, o
compositor Zoltán Kodály. Bartók
estendeu suas pesquisas por países
como Eslováquia, Romênia, Arábia,
Sérvia, Croácia, Anatólia e Bulgária,
chegando ao norte da África e à
Turquia. Seu método implicava uma
ética – o respeito absoluto pelas
diferentes etnias e a superioridade
do humanismo sobre o nacionalismo.
ALLEGRO E VIVACE
Guiado por um espírito científico,
o compositor recolheu, classificou
e analisou milhares de canções,
em busca de procedimentos
musicais comuns a diversas
culturas camponesas. Assimilou a
surpreendente riqueza rítmica do
folclore e libertou-se da hegemonia
do sistema tonal (pelo uso sistemático
de modos e escalas seculares).
Renunciando aos efeitos fáceis de
exotismo superficial, Béla Bartók se
serviu do folclore não apenas num
sentido ornamental. Paralelamente
às pesquisas de etnomusicologia,
ele elaborou uma síntese original de
certos aspectos do cânone musical
ocidental. Reconhecia-se tributário
17
do pianismo de Liszt e, sobretudo (como
declarou, em entrevista ao maestro
Serge Moreux), da influência de
três grandes compositores: Debussy,
Beethoven e Bach. Ao recuperar e
incorporar elementos primitivistas
à melhor tradição erudita ocidental,
Bartók contribuiu decisivamente
para a renovação da linguagem
musical contemporânea.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD Bartók – Piano Concertos – Berlin Radio
Symphony Orchestra – Ferenc Fricsay, regente –
Géza Anda, piano – Deutsche Grammophon,
Alemanha – 1995
PARA ASSISTIR
Orquestra Toho Gakuen – Yuri Bashmet,
regente – Martha Argerich, piano
Acesse: fil.mg/bpiano3
PARA LER
Pierre Citron – Bartók – Éditions
du Seuil – Solfèges – 1963
François-René Tranchefort – Guia da Música
Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
FOTO: RAFAEL MOTTA
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ALLEGRO E VIVACE
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Aram Khatchaturian | Império Russo, atual Geórgia, 1903 – Rússia, 1978
SPARTACUS: SUÍTE Nº 2 (1955)
20 min
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, clarone,
2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa,
piano, cordas.
Ícone da escola soviética de
composição, com Prokofiev e
Shostakovich, Khatchaturian é o mais
importante compositor armênio –
embora tenha nascido em Tbilisi,
capital da Geórgia. Responsável
pela internacionalização da música
de seu país, seu estilo articula a
tradição dramática romântica e
os elementos do chamado novo
folclorismo. Khatchaturian
mudou‑se para Moscou para estudar
biologia em 1922. Seus estudos de
composição seguiram paralelamente.
Ingressou no Conservatório de
Moscou em 1929 e associou-se ao
sindicato dos compositores em
1932. Durante a Segunda Guerra
Mundial, tornou-se um dos mais
influentes compositores soviéticos,
tanto pelo caráter de sua produção,
que se adequava perfeitamente aos
preceitos do regime, quanto por sua
rede de contatos, que se estendia
para além das fronteiras da URSS.
Khatchaturian era próximo de
Rostropovich, Rubinstein, Stravinsky,
com Zhdanov (o comissário
cultural do regime) e, em 1948, foi
afastado do sindicato, para o qual
retornaria como secretário em 1957.
A ideia para a peça veio do crítico
e libretista Nikolai Volkov e
foi recebida com ceticismo por
CD Khachaturian – Spartacus, Ballet Suites
Nádia Boulanger, Messiaen, Sibelius,
Hemingway, Chaplin, Karajan, entre
outros. Nesse período foi premiado
pelo Estado por sua Segunda Sinfonia
e pelo balé Gayane. Após a guerra,
Khatchaturian caiu em desgraça
Khatchaturian, embora este já
considerasse a possibilidade de
compor algo inspirado no lendário
escravo romano. Para a redação de
seu argumento, Volkov apropria-se
livremente de referências clássicas.
PARA ASSISTIR
Em 22 de fevereiro de 1954, após
três anos e meio de trabalho,
Khatchaturian assina a última página
do manuscrito de seu balé Spartacus.
Em 1955, rearranja o balé em quatro
suítes. Além das suítes, o material
musical de Spartacus foi retrabalhado
em três rapsódias concertantes e
sete marchas para banda sinfônica.
Na montagem de Leonid Jakobson,
a obra é estreada em 1956, em
Leningrado. Igor Moiseev coreografa
o balé para o Teatro Bolshoi em 1958,
mas é apenas a versão revista de 1968,
na montagem de Yury Grigorovich
para a mesma companhia, que
consagraria Spartacus como um
dos carros-chefes do balé russo.
No balé, o rei trácio Spartacus e sua
esposa são feitos prisioneiros pelo
cônsul romano Crasso. Spartacus é
vendido como gladiador, e Frígia,
sua esposa, mandada para o harém
de Crasso. Spartacus rebela-se
após ter sido obrigado a matar
um de seus amigos e lidera a mais
famosa revolta de escravos da Roma
Antiga. Com sua armada de quase
quarenta mil rebeldes, resgata sua
esposa e foge. Conflitos internos, no
entanto, enfraquecem sua armada
e, assim, Spartacus é descoberto
por Crasso. Morto, seu corpo é
encontrado por aliados que o levam
para Frígia. O balé termina num
desesperado lamento de luto.
A segunda suíte divide-se em
quatro seções: o famoso adágio de
Spartacus e Frígia; a entrada dos
mercadores, seguida da dança de
uma cortesã romana e de uma dança
coletiva; a entrada de Spartacus,
seguida de uma briga e da traição de
Harmodius; e a dança dos piratas.
IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela
UFMG, doutorando de Francês no King’s College
London e colaborador do ARIAS/Sorbonne
Nouvelle Paris 3.
PARA OUVIR
1-3 – Scottish National Orchestra – Neemi Jarvi,
regente – Chandos B000000AM8 – 1999
Filarmônica de Berlim – Ion Marin, regente
Acesse: fil.mg/kspartacus2
PARA LER
Donald Jay Grout e Claude Palisca – História
da Música Ocidental – Gradiva – 2011
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ALLEGRO E VIVACE
Sergei Prokofiev |
21
Império Russo, atual Ucrânia, 1891 – Rússia, 1953
ALÁ E LOLLI: SUÍTE CITA, OP. 20 (1914/1915)
20 min
Sergei Prokofiev nasceu numa
abastada família de agricultores no
interior da atual Ucrânia. O contato
com línguas estrangeiras e artes
e as constantes visitas à Ópera de
Moscou revelaram ainda muito cedo
o talento daquele que se tornaria uma
das principais referências musicais
na Rússia pós-revolução. Aos onze
anos, Prokofiev já trabalhava na
composição de sua segunda ópera,
da qual apenas algumas páginas são
conhecidas. Iniciou seus estudos
formais de composição com
Reinhold Glière em 1902 e, no
ano seguinte, foi apresentado a
Glazunov, que convenceu seus pais
a mandá-lo para o Conservatório
de São Petersburgo. Entre os anos
de 1904 e 1914, Prokofiev estudou
composição, piano e regência
nessa instituição. Ao final, como
presente de formatura, ganhou de
sua mãe uma viagem para Londres.
Na Inglaterra, Prokofiev descobriu
Daphnis et Chloé de Maurice
Ravel e teve a oportunidade de
assistir aos balés O Pássaro de
Fogo, Petrushka e A Sagração da
Primavera, de Igor Stravinsky. Foi
apresentado a Sergei Diaghilev
por um amigo e pôde mostrar-lhe
seu Segundo Concerto para Piano,
op. 16. Acreditando ter conhecido
o novo Stravinsky, Diaghilev
encomendou‑lhe a composição de um
balé e sugeriu‑lhe que procurasse o
poeta simbolista Sergei Gorodetsky
para que este lhe providenciasse
um libreto. Gorodestsky era, à
época, o principal promotor do
retorno ao paganismo russo entre
os compositores de vanguarda. Seu
livro de poemas Yar, publicado em
1906, servira de inspiração tanto
para a ópera A Donzela da Neve, de
Rimsky‑Korsakov, quanto para o
balé A Sagração da Primavera. Entre
1914 e 1915, Prokofiev e Gorodetsky
trabalharam na história de Ala e
Lolli. Trata-se de uma história do
antigo povo cita, popularmente
associado, na Rússia da época,
à selvageria e à violência. É essa
associação que Prokofiev explora
musicalmente em seu balé através
da acumulação de dissonâncias,
do uso insistente de ostinato e do
recurso a longas passagens em
fortíssimo, intensificadas pela
grandiosidade da orquestração.
Antes mesmo do término da
composição, Diaghilev abandonou
o projeto, e o descontente Prokofiev
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 3 oboés, corne inglês, requinta, 3 clarinetes, clarone,
3 fagotes, contrafagote, 8 trompas, 5 trompetes, 4 trombones, tuba, tímpanos,
percussão, 2 harpas, celesta, piano, cordas.
decidiu transformar o material em
uma suíte de quatro movimentos
formalmente convencionais.
O primeiro movimento – A Adoração
de Veles e Ala – é um allegro com
dois temas que, através da exploração
de frenéticos ostinati, sugere o ritual
cita de invocação do deus Veles, o
deus Sol. Na forma de um scherzo e
trio, o movimento O Deus Inimigo
e a Dança dos Espíritos das Trevas
retrata o momento em que os citas,
realizando seus sacrifícios para Ala,
filha de Veles, são cercados pelo Deus
Inimigo acompanhado de seus sete
espíritos da noite. O movimento
lento A Noite evoca os infortúnios
de Ala que, cativa do Deus Inimigo,
é ajudada e consolada pelas filhas
da lua. O rondó final – A Gloriosa
Partida de Lolli e o Cortejo do
Sol – apresenta o herói cita Lolli.
Apaixonado por Ala, Lolli enfrenta o
Deus Inimigo numa batalha desigual,
mas, ajudado pelo Deus Sol, derrota
seu oponente ao nascer do dia.
IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela
UFMG, doutorando de Francês no King’s College
London e colaborador do ARIAS/Sorbonne
Nouvelle Paris 3.
PARA OUVIR
CD Prokofiev – Alexander Nevsky; Scythian Suite;
Lieutenant Kijé – London Symphony Orchestra;
Chicago Symphony Orchestra – Claudio Abbado,
regente – Decca (UMO) B001N241C2 – 1995
PARA ASSISTIR
Orquestra Filarmônica de Roterdã –
Valery Gergiev, regente
Acesse: fil.mg/ palaelollicita
PARA LER
Richard Taruskin – On Russian Music –
University of California Press – 2008
23
A vocês, nosso
MUITO OBRIGADO.
Na página da história musical de 2015,
ano de abertura da Sala Minas Gerais,
certamente há um espaço especial
dedicado ao nosso público, patrocinadores,
divulgadores, apoiadores e governos.
Todos comprometidos com a vivência da
arte numa ação conjunta de pessoas
que vivem e fazem a história.
FOTO: AL E X ANDR E R E ZE NDE
22
24
25
FABIO MECHETTI, regente
ANTONIO MENESES, violoncelo
PROGRAMA
ESTREIA MUNDIAL
PRESTO
Quinta
Obra encomendada
pela Filarmônica
10/12
Divertimento
Dmitri SHOSTAKOVICH
Concerto para violoncelo nº 1 em Mi bemol
maior, op. 107
VELOCE
Sexta
11/12
André MEHMARI
• Allegretto
ANTONIO
MENESES
violoncelo
• Moderato
• Cadenza
• Allegro con moto
– I N T E RVA L O –
Gustav MAHLER
Sinfonia nº 1 em Ré maior, “Titã”
• Lagsam, schleppend (Lentamente, arrastando-se)
• Kräftig bewegt, doch nicht zu schnell
(Possante, agitado)
• Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen
(Solene e compassado, sem se arrastar)
• Stürmisch bewegt (Tempestuoso, comovido)
PRESTO E VELOCE
27
FOTO: STUDIO FOTOG R AFIC O G IE L L E
26
Antonio Meneses nasceu em 1957
em Recife, no seio de uma família
de músicos – seu pai era Primeira
Trompa da Ópera do Rio de Janeiro.
Começou a estudar violoncelo aos
dez anos. Aos dezesseis conheceu o
famoso violoncelista italiano Antonio
Janigro, que o convidou a frequentar
suas aulas em Düsseldorf e, mais
tarde, em Stuttgart. Em 1977, ganhou
o 1º Prêmio no ARD Concurso
ANTONIO
MENESES
Internacional de Munique e, em 1982,
o 1º Prêmio e Medalha de Ouro no
Concurso Tchaikovsky, em Moscou.
Apresenta-se regularmente com
as mais importantes orquestras
do mundo, como a Filarmônica
de Berlim, Sinfônica de Londres,
Sinfônica da BBC, a Orquestra do
Concertgebouw de Amesterdã,
Sinfônica de Viena, a Filarmônica
tcheca, a Filarmônica de Moscou,
Filarmônica de São Petersburgo,
Filarmônica de Israel, a Orchestre
de la Suisse Romande, a Orquestra
da Rádio da Baviera, Filarmônica
de Nova York, National Symphony
Orchestra e a Sinfônica NHK de
Tóquio. Com a Filarmônica de
Minas Gerais, Antonio Meneses
apresentou‑se em quatro temporadas.
O artista colaborou com os maestros
Herbert von Karajan, Riccardo Muti,
Mariss Jansons, Claudio Abbado,
André Previn, Andrew Davis,
Semion Bychkov, Herbert Blomstedt,
Gerd Albrecht, Yuri Temirkanov,
Kurt Sanderling, Neeme Järvi,
Mstislav Rostropovich, Vladimir
Spivakov e Riccardo Chailly.
Antonio Meneses é convidado
frequente do Festival Pablo
Casals, Porto Rico; dos festivais
de Salzburgo, Lucerna, Viena,
Berlim; Festival de Primavera,
Praga; Mostly Mozart, Nova York;
festivais La Grange de Meslay
e Colmar, França. Apresenta‑se
regularmente em recitais de música
de câmara e colaborou com os
quartetos Emerson, Vermeer, Amati
e Carmina. Desde outubro de 1998
é membro do Beaux-Arts Trio.
Realizou duas gravações para a
Deutsche Grammophon com
Herbert von Karajan e a Orquestra
Filarmônica de Berlim – Don Quixote
de Richard Strauss e o Concerto Duplo
para Violino e Violoncelo de Brahms,
com a violinista Anne‑Sophie Mutter.
Gravou também obras de Eugene
D’Albert e David Popper com a
Orquestra Sinfónica de Basileia; os
três concertos para violoncelo de
Carl Philip Emanuel Bach, com a
Orquestra de Câmara de Munique
(Pan Classics); as seis suítes para
violoncelo solo de J. S. Bach (Nippon
Phonogram e AVIE); o Trio com
Piano de Tchaikovsky (EMI-Angel).
De Villa-Lobos gravou os Concertos
e a Fantasia para Violoncelo e
Orquestra (Auvidis), além da obra
completa para violoncelo e piano,
com Cristina Ortiz (Pan Classics).
Sua mais recente gravação contém
obras de Schumann e Schubert com
Gérard Wyss ao piano (AVIE).
Antonio Meneses orienta cursos
de aperfeiçoamento na Europa,
nas Américas e no Japão e é
professor no Conservatório
de Berna, Suíça. O artista toca
um violoncelo de Alessandro
Gagliano feito em Nápoles, 1730.
28
PRESTO E VELOCE
André Mehmari |
29
Brasil, 1977
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, 4 trompas,
2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
DIVERTIMENTO (2015)
17 min
A versatilidade musical e amplitude
estética de André Mehmari são
atestadas por sua diversificada
produção. Atuou junto aos grupos
Orquestra Jazz Sinfônica do Estado
de São Paulo, Big Band do Festival de
Campos do Jordão e Banda Sinfônica
do Estado de São Paulo. Com Célio
Barros e Sérgio Reze, lançou um
trabalho baseado em improvisação
total e com Ná Ozetti, Hamilton
de Holanda e Gabriele Mirabassi
desenvolveu projetos premiados.
Prolífico, sua discografia conta com
mais de uma dezena de álbuns e
entre suas premiações estão o Prêmio
Nascente (USP/Editora Abril), o
prêmio do Concurso Nacional de
Composição Camargo Guarnieri e
o Prêmio Carlos Gomes. Pianista e
multi-instrumentista, compositor
e arranjador, Mehmari combina
as qualidades de uma educação
formal – é Bacharel em Piano
pela Universidade de São Paulo
(USP) sob orientação de Amílcar
Zani – e informal – é arranjador
encomendadas pelas maiores
orquestras brasileiras, como momentos
de um único projeto. Sua obra foge
às classificações convencionais, pois
aproxima jazz, improvisação e música
popular brasileira da música de
concerto de tradição europeia. Assim,
define-se simplesmente como “um
criador brasileiro contemporâneo”
que busca responder às “inquietudes
de seu tempo e do seu lugar”.
Seu ouvido musical fora despertado
em casa, onde, durante toda a
infância, pôde ouvir o mais variado
repertório musical executado pela
mãe ao piano da sala. E, embora
incontáveis influências musicais
sejam percebidas em seu trabalho,
tem em Igor Stravinsky uma de
suas mais completas referências
composicionais. Admira no
compositor russo a capacidade de
transformação ao longo da carreira
e o trânsito destemido por entre
diferentes “territórios estéticos”, sem
prejuízo de sua “essência musical”.
e Contraponto, Ponte e Ponteio,
escrita para a Orquestra Petrobrás
Sinfônica em 2010. O título da
obra sugere tanto a graça e leveza
de uma escrita que brinca com
métricas irregulares e assimetrias
harmônicas e melódicas, quanto
a diversidade do discurso musical
de Mehmari, caracteristicamente
poliestilístico. Trata-se de uma
obra episódica, na qual seções se
sucedem por transformação. Embora
apresente uma forma fluida e livre,
a obra é pontuada por um tema
excentricamente cerimonioso, algo
entre dança e marcha. Passagens
jocosas e divertidas se intercalam
conduzindo a uma seção central
mais lírica. Desta, segue-se uma
longa sequência de episódios que
elaboram e reelaboram os variados
temas da obra, culminando em
um final festivo. Divertimento é a
celebração de uma música que, apesar
de compromissos técnicos, não se
dobra às regras e, por isso, ela mesma
se diverte; é o prazer da música.
IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela
UFMG, doutorando de Francês no King’s College
London e colaborador do ARIAS/Sorbonne
Nouvelle Paris 3.
PARA OUVIR
CD Lachrimae – CAVI Records – 2003
CD Piano e Voz – André Mehmari &
Ná Ozetti – MCD – 2005
e compositor autodidata.
Mehmari entende toda sua produção,
das participações em bandas de
baile no interior de São Paulo, ainda
quando criança, às composições
Divertimento integra-se livremente
ao conjunto de suas outras obras
para grande orquestra: Suíte
de Danças Reais e Imaginárias,
encomendada pela Osesp em 2005,
CD ... De Árvores e Valsas – Tratore –
B001GM5XM6 – 2008
PARA VISITAR
andremehmari.com.br
30
PRESTO E VELOCE
31
Dmitri Shostakovich |
Rússia, 1906 – 1975
CONCERTO PARA VIOLONCELO Nº 1 EM MI BEMOL MAIOR, OP. 107 (1959)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote,
trompa, tímpanos, celesta, cordas.
28 min
Shostakovich dedicou os dois
concertos que escreveu para
violoncelo ao seu ex-aluno do
Conservatório de Moscou, o
promissor Mstislav Rostropovich.
Aos dezoito anos, Rostropovich
havia chamado atenção do público
soviético ao ganhar a medalha de
ouro no primeiro concurso da
União Soviética para jovens músicos.
Sergei Prokofiev dedicara-lhe duas
obras: a Sonata para Violoncelo (op. 119),
em 1949, quando o violoncelista tinha
apenas vinte e dois anos de idade;
e a Sinfonia‑Concerto (op. 125), em
1951. Quando Shostakovich compôs
seu Concerto para violoncelo nº 1,
Rostropovich estava com trinta e dois
anos de idade e pronto para iniciar
uma brilhante carreira internacional.
A composição teve início em junho
de 1959, e em 20 de julho a partitura
completa já estava pronta. A redução
para piano e violoncelo se fez em
uma semana e, na noite de 2 de
agosto, Rostropovich recebeu em
casa a sua cópia. Em quatro dias
(São Petersburgo), com Rostropovich
ao violoncelo e a Orquestra
Filarmônica de Leningrado, sob a
direção de Yevgeny Mravinsky.
O sucesso estrondoso fez com que a
obra tivesse sua estreia em Moscou
apenas cinco dias depois, com a
Orquestra Filarmônica de Moscou e
Rostropovich ao violoncelo, regência
de Aleksandr Gauk. Já em menos
de um mês Rostropovich dava a
primeira apresentação internacional
do Concerto para violoncelo nº 1, na
Filadélfia, com a Orquestra Sinfônica
da Filadélfia, sob a regência de
Eugene Ormandy. O que poucos
sabem é que Shostakovich esteve
presente a esse concerto. Entre 22 de
outubro e 21 de novembro de 1959,
Shostakovich foi um dos membros
da delegação soviética que viajou
aos Estados Unidos como parte de
um intercâmbio cultural promovido
pelo governo norte‑americano. Lá ele
não apenas assistiu a apresentações
de suas obras como firmou as
bases para a primeira gravação do
aprendeu toda a obra de cor e correu,
acompanhado do pianista Alexander
Dedyukhin, para a casa de campo de
Shostakovich, a fim de tocar-lhe a
música. O Concerto foi estreado em
4 de outubro de 1959, em Leningrado
seu Concerto para violoncelo nº 1
com o mesmo time de intérpretes,
lançada no ano seguinte.
O Concerto tem uma estrutura
incomum. Seus quatro movimentos
são organizados em duas partes.
A primeira parte contém o
primeiro movimento e, a segunda,
os movimentos restantes, que são
executados sem intervalo. O primeiro
movimento (Allegretto) é vigoroso
e o mais dramático dos quatro.
O segundo (Moderato), doce e calmo,
possui, em seus últimos minutos,
um diálogo de rara beleza entre
a celesta e o violoncelo tocando
harmônicos. O terceiro movimento
(Cadenza) é a cadência do solista,
que faz uma bela ponte entre a leveza
do segundo movimento e a agitação
do último. O quarto movimento
(Allegro con moto) é o mais brilhante
de todos e, como habitualmente na
música russa, desde Tchaikovsky,
busca sintetizar o material musical
dos movimentos anteriores.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
Música pela Unicamp, professor na Escola de
Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
floridos não voam e Música menor.
PARA OUVIR
CD Shostakovich – Concerto for Cello in
E flat (primeira gravação mundial, 1960);
Symphony no. 1 in F major – The Philadelphia
Orchestra – Eugene Ormandy, regente – Mstislav
Rostropovich, violoncelo – Sony Classical
B000G7PNL8 – Great Performances – 2006
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica de Londres – Sir Charles
Groves, regente – Mstislav Rostropovich,
violoncelo | Acesse: fil.mg/svioloncelo1
PARA LER
Pauline Fairclough e David Fanning (eds.) –
The Cambridge companion to Shostakovich
– Cambridge University Press – 2008
32
PRESTO E VELOCE
33
Gustav Mahler | Boêmia, atual República Tcheca, 1860 – Áustria, 1911
SINFONIA Nº 1 EM RÉ MAIOR, “TITÔ (1885/1888)
53 min
Mário Quintana, em trecho citado
na orelha da terceira edição de sua
Nova Antologia Poética (Ed. Globo,
1985), refere-se a si e à sua poesia,
com a lucidez que lhe é habitual,
nos seguintes termos: “na música
de Mahler, como na minha poesia,
há uma inquietação terrível, aqueles
motivos que nunca chegam... Que
nunca chegam a uma solução... Mas
pelo menos acho que expressamos
nossa angústia... Ele na sua música,
eu na minha poesia”. É raro ver
tamanha agudeza de percepção:
de fato, embora toda grande
generalização seja sempre um risco,
pode-se dizer que tudo em Mahler é
polvilhado, em maior ou menor grau,
de uma angústia insolúvel: mesmo
em suas citações de temas folclóricos,
não raro festivos, depreende-se
essa sensação de inquietude a que
se refere Quintana – certo grau de
absurdo (no sentido poético do termo)
que gera dilaceramentos melódicos.
de variação, Mahler faz renovar a
melodia sem que ela perca de todo
sua identidade. Em seus processos
de desenvolvimento melódico,
por sua vez, há uma frequente
desconstrução e dissolução da
melodia, em lugar de sua ampliação
ou reelaboração, procedimento
que já faz antever aquilo que
seria levado a graus exponenciais
pela Segunda Escola de Viena.
Quintana, sem saber, toca num
Isso possa talvez explicar um pouco
da sensação de falta de lugar que
acomete o ouvinte, para citar apenas
um exemplo, diante do terceiro
movimento da Sinfonia nº 1: a
sucessão de fragmentos de temas
tradicionais judaicos elabora uma
espécie de mosaico temático, pleno
de contrastes, que posiciona o
ouvinte numa espécie de atitude
de assombro, ante uma aparente
incompletude que parece nunca
se solucionar. Além disso, essas
evocações de temas festivos são
colocadas, nesta obra, na sequência
dos aspectos mais autênticos da
linguagem mahleriana: em seu
tratamento temático, Mahler evita
quase totalmente a repetição ou
reexposição literal. Assim, fazendo
uso de processos muito refinados
do trabalho inusitado com outro
tema folclórico da tradição
ocidental (a que os franceses
intitulam Frère Jacques): esse tema
é transformado em uma marcha
fúnebre e exposto pelos timbres
INSTRUMENTAÇÃO 3 piccolos, 4 flautas, 4 oboés, corne inglês, requinta, 4 clarinetes,
clarone, 3 fagotes, contrafagote, 7 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, tuba,
2 tímpanos, percussão, harpa, cordas.
mais graves da orquestra, a começar
por um solo de contrabaixo.
Percebe-se, com isso, certo trabalho
irônico que, por sua própria
natureza traduz, ele mesmo, aquela
angústia a que se referia Quintana.
Se esse aspecto de sua linguagem
pode ter sido determinado por sua
biografia ou por sua personalidade,
são especulações de outra ordem.
No entanto, são raros os casos
em que, na história da música
ocidental, observa-se tamanha
aderência entre uma e outra.
A Sinfonia nº 1 em Ré maior foi
concluída em 1888, tendo sido
estreada em Praga, no ano seguinte,
como um poema sinfônico. Em 1893,
o compositor a rebatizou “Titã,
um Poema Sinfônico em Forma de
Sinfonia”. O título se deve a uma
personagem romântica do poeta
Jean-Paul Richter. O herói de Richter,
diferentemente de seus homônimos
clássicos, ocupa-se, no poema, de
diálogos com a natureza e com suas
aventuras não realizadas. Reelaborada
e revista diversas vezes, essa obra
só em 1906 tomou sua forma
definitiva, na qual Mahler suprimiu
um movimento inteiro. Seguindo
a tradição do poema sinfônico,
Mahler estabelece um roteiro
literário que, embora possa ter sido
determinante para a elaboração
da obra, não é fundamental para a
sua compreensão, no contexto da
linguagem mahleriana. Não deixa
de ser interessante, porém, conhecer
as referências literárias que o
compositor atribuiu originalmente
aos seus movimentos: os dois
movimentos iniciais corresponderiam
simbolicamente a “dias da juventude
– flores, frutos e espinhos”, o
primeiro deles tendo sido batizado
de “Primavera sem Fim”. Aos dois
movimentos seguintes, Mahler
denominou “Comédia Humana”,
o primeiro deles intitulado
“Uma marcha fúnebre à maneira de
Callot” (gravurista do século XVIII)
e o último, simbolizando a
trajetória do herói de Richter, que
vai “do Inferno ao Paraíso”. Essas
referências literárias, porém, foram
suprimidas na versão final, de 1906.
No conjunto das sinfonias de Mahler,
distinguem-se tradicionalmente
dois grupos: o das quatro primeiras
e o das sinfonias restantes. Àquele,
costuma-se também denominar
“Sinfonias Wunderhorn”, por
fazerem direta ou indiretamente
34
PRESTO E VELOCE
35
N E S T E N ATA L , P R O P O R C I O N E M A I S D E U M A
NOITE FELIZ.
referência a Des Knaben Wunderhorn,
compilação de poemas e canções
populares alemães feita por Achim
Von Arnim e Clemens Brentano.
De fato, Theodor Adorno chamou a
atenção para a “dimensão novelesca”
dessas sinfonias. Ademais, na
primeira delas, Mahler faz citações
completas ou fragmentárias de outra
obra sua, composta entre 1883 e
1885: Lieder eines fahrenden Gesellen
(Canções de um Andarilho). Das
quatro canções que compõem esse
ciclo, a segunda oferece o tema
principal do primeiro movimento
da Sinfonia, além de outras citações
esparsas no todo da obra.
Mahler construiu sua linguagem
dividido entre o século XIX e
o século XX. Daí, talvez, outro
elemento que explique a sensação
de angústia gerada por sua música,
em que, nas palavras do musicólogo
Roland de Candé, “as fanfarras
e as marchas evocam a morte; as
valsas e os ländler, a loucura”.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Mahler – The complete Symphonies –
New York Philharmonic Orchestra – Leonard
Bernstein, regente – Sony Classical – 2012
PARA ASSISTIR
Orquestra do Festival de Lucerna – Claudio
Abbado, regente | Acesse: fil.mg/mtita
PARA LER
Michael Kennedy – Mahler – Zahar Editor – 1988
Dê de presente a temporada completa da
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
36
37
ACOMPANHE A FILARMÔNICA
EM OUTRAS SÉRIES DE CONCERTO
PRÓXIMOS
CONCERTOS
Aqui estão todas as apresentações da Filarmônica no mês corrente, a partir
do segundo concerto das séries de quinta e sexta, depois que o Fortissimo
começa a circular. Havendo espaço, divulgaremos também os concertos do
mês seguinte. Para programação completa, visite www.filarmonica.art.br.
Dezembro
CONCERTOS PARA A JUVENTUDE
LABORATÓRIO DE REGÊNCIA
Realizados em manhãs de domingo,
Atividade pioneira no Brasil, este
são concertos dedicados aos jovens
laboratório é uma oportunidade
DIAS 10 E 11, PRESTO 12, VELOCE 12
e às famílias, buscando ampliar
para que jovens regentes brasileiros
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais
e formar público para a música
possam praticar com uma orquestra
Fabio Mechetti, regente
clássica. As apresentações têm
profissional. A cada ano, quinze
Antonio Meneses, violoncelo
ingressos a preços populares.
maestros, quatro efetivos e onze
MEHMARI / SHOSTAKOVICH / MAHLER
ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e
CLÁSSICOS NA PRAÇA
ensaios com o regente Fabio Mechetti.
DIA 14, CONCERTO DE CÂMARA
Realizados em praças da Região
O concerto final é aberto ao público.
QUINTETO DE METAIS
segunda, 17h, Aeroporto de Confins
Metropolitana de Belo Horizonte, os
concertos proporcionam momentos
TURNÊS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
MICHEL / GABRIELI / RIMSKY-KORSAKOV /
de descontração e entretenimento,
Com essas turnês, a Orquestra
DEBUSSY / DVORÁK / KREISLER / BERNSTEIN
buscando democratizar o acesso da
Filarmônica de Minas Gerais
população em geral à música clássica.
busca colocar o estado de Minas
DIA 19, FORA DE SÉRIE 9
dentro do circuito nacional e
sábado, 18h, Sala Minas Gerais
internacional da música clássica.
Fabio Mechetti, regente
CONCERTOS DIDÁTICOS
Concertos destinados a grupos de
PREPARE-SE PARA A
TEMPORADA 2016
Fevereiro
Pablo Rossi, piano
crianças e jovens da rede escolar
TURNÊS ESTADUAIS
Mariana Ortiz, soprano
DIAS 18 E 19, ALLEGRO 1, VIVACE 1
e a instituições sociais, mediante
As turnês estaduais levam a música de
Melina Peixoto, soprano
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais
inscrição prévia. Seu formato busca
concerto a diferentes cidades e regiões de
Denise de Freitas, mezzo-soprano
Fabio Mechetti, regente
apoiar o público em seus primeiros
Minas Gerais, possibilitando que o público
Fernando Portari, tenor
Celina Szrvinsk, piano
passos na música clássica.
do interior do Estado tenha contato direto
Márcio Bocca, tenor
Miguel Rosselini, piano
com música sinfônica de excelência.
Stephen Bronk, baixo barítono
VILLA-LOBOS / RACHMANINOFF
FESTIVAL TINTA FRESCA
Coral Lírico de Minas Gerais
Com o objetivo de fomentar a criação
CONCERTOS DE CÂMARA
musical entre compositores brasileiros e
Realizados para estimular músicos
gerar oportunidade para que suas obras
e público na apreciação da música
DIA 20, FORA DE SÉRIE
Marcos Arakaki, regente
sejam apresentadas em concerto, este
erudita para pequenos grupos. A
APRESENTAÇÃO EXTRA
Luíz Filíp, violino
Festival é sempre uma aventura musical
Filarmônica conta com grupos de
domingo, 17h, Sala Minas Gerais
HINDEMITH / BARTÓK / WEBER / SHOSTAKOVICH
inédita. Como prêmio, o vencedor recebe
Metais, Cordas, Sopros e Percussão.
a encomenda de outra obra sinfônica
a ser estreada pela Filarmônica no
ano seguinte, realimentando o ciclo da
produção musical nos dias de hoje.
BEETHOVEN
DIAS 25 E 26, PRESTO 1, VELOCE 1
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais
38
Orquestra
Filarmônica de
Minas Gerais
39
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Fernando Damata Pimentel
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE
MINAS GERAIS
MINAS GERAIS
Antônio Andrade
Bernardo Mata Machado
Instituto Cultural Filarmônica
Marcos Arakaki
(OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
PRIMEIROS VIOLINOS
VIOLONCELOS
TROMPAS
GERENTE
Anthony Flint – Spalla
Rommel Fernandes –
Spalla Associado
Ara Harutyunyan – Spalla
Assistente
Ana Zivkovic
Arthur Vieira Terto
Bojana Pantovic
Dante Bertolino
Hyu-Kyung Jung
Joanna Bello
Marcio Cecconello
Roberta Arruda
Rodrigo Bustamante
Rodrigo Monteiro
Rodrigo de Oliveira
Philip Hansen *
Robson Fonseca ****
Camila Pacífico
Camilla Ribeiro
Eduardo Swerts
Emilia Neves
Eneko Aizpurua Pablo
Lina Radovanovic
Francisca Garcia *****
Alma Maria Liebrecht *
Evgueni Gerassimov ***
Gustavo Garcia Trindade
José Francisco dos Santos
Lucas Filho
Fabio Ogata
André Gonçalves *****
Priscila Viana *****
Jussan Fernandes
TROMPETES
ARQUIVISTA
Marlon Humphreys *
Érico Fonseca **
Daniel Leal ***
Tássio Furtado
Sergio Almeida
SEGUNDOS VIOLINOS
Frank Haemmer *
Leonidas Cáceres ***
Gideôni Loamir
Jovana Trifunovic
Luka Milanovic
Martha de Moura Pacífico
Mateus Freire
Radmila Bocev
Rodolfo Toffolo
Tiago Ellwanger
Valentina Gostilovitch
Camilo Simões *****
CONTRABAIXOS
Colin Chatfield *
Nilson Bellotto ***
Brian Fountain
Marcelo Cunha
Marcos Lemes
Pablo Guiñez
Wallace Mariano
FLAUTAS
Cássia Lima *
Renata Xavier ***
Alexandre Braga
Elena Suchkova
TROMBONES
Mark John Mulley *
Diego Ribeiro **
Wagner Mayer ***
Renato Lisboa
Alexandre Barros *
Ravi Shankar ***
Israel Muniz
Moisés Pena
VIOLAS
CLARINETES
João Carlos Ferreira *
Roberto Papi ***
Flávia Motta
Gerry Varona
Gilberto Paganini
Juan Díaz
Katarzyna Druzd
Luciano Gatelli
Marcelo Nébias
Nathan Medina
Marcus Julius Lander *
Jonatas Bueno ***
Ney Franco
Alexandre Silva
FAGOTES
Catherine Carignan *
Victor Morais ***
Andrew Huntriss
Francisco Silva
Karolina Lima
ASSISTENTE
ADMINISTRATIVA
Débora Vieira
ASSISTENTES
Ana Lúcia Kobayashi
Claudio Starlino
Jônatas Reis
SUPERVISOR DE
MONTAGEM
Rodrigo Castro
TUBA
MONTADORES
Eleilton Cruz *
André Barbosa
Hélio Sardinha
Jeferson Silva
Klênio Carvalho
Risbleiz Aguiar
TÍMPANOS
OBOÉS
INSPETORA
Patricio Hernández
Pradenas *
PERCUSSÃO
Rafael Alberto *
Daniel Lemos ***
Sérgio Aluotto
Werner Silveira
John Boudler *****
HARPAS
Giselle Boeters *
Marcelo Penido *****
TECLADOS
Ayumi Shigeta *
Conselho
Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO
Jacques Schwartzman
PRESIDENTE
Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS
Angela Gutierrez
Berenice Menegale
Bruno Volpini
Celina Szrvinsk
Fernando de Almeida
Ítalo Gaetani
Marco Antônio Pepino
Marcus Vinícius Salum
Mauricio Freire
Mauro Borges
Octávio Elísio
Paulo Brant
Sérgio Pena
Diretoria
Executiva
DIRETOR PRESIDENTE
Diomar Silveira
DIRETOR
ADMINISTRATIVOFINANCEIRO
Estêvão Fiuza
DIRETORA DE
COMUNICAÇÃO
Jacqueline Guimarães
Ferreira
DIRETORA DE
MARKETING E
PROJETOS
Zilka Caribé
DIRETOR DE OPERAÇÕES
DIRETOR DE
ASSISTENTE DE
AUXILIARES DE
PRODUÇÃO MUSICAL
MARKETING DE
SERVIÇOS GERAIS
Kiko Ferreira
RELACIONAMENTO
Eularino Pereira
Ailda Conceição
Márcia Barbosa
Equipe Técnica
ASSISTENTE DE
MENSAGEIRO
GERENTE DE
PRODUÇÃO
Serlon Souza
COMUNICAÇÃO
Rildo Lopez
Merrina Godinho Delgado
GERENTE DE
PRODUÇÃO MUSICAL
Claudia da Silva
Guimarães
Sala Minas
Gerais
GERENTE DE
GERENTE
INFRAESTRUTURA
ADMINISTRATIVO-
Renato Bretas
FINANCEIRA
ASSESSORA DE
Ana Lúcia Carvalho
Carolina Debrot
GERENTE DE OPERAÇÕES
Jorge Correia
PROGRAMAÇÃO MUSICAL
GERENTE DE
RECURSOS HUMANOS
TÉCNICO DE ÁUDIO E
PRODUTORES
Quézia Macedo Silva
ILUMINAÇÃO
Geisa Andrade
Luis Otávio Rezende
Narren Felipe
ANALISTAS
Mauro Rodrigues
ADMINISTRATIVOS
TÉCNICO DE
João Paulo de Oliveira
Paulo Baraldi
ILUMINAÇÃO E ÁUDIO
Andréa Mendes
(Imprensa)
Marciana Toledo
(Publicidade)
Mariana Garcia
(Multimídia)
Renata Gibson
Renata Romeiro
(Design gráfico)
ANALISTA CONTÁBIL
ASSISTENTE
Graziela Coelho
OPERACIONAL
ANALISTA DE
ASSISTENTE DE
MARKETING DE
RECURSOS HUMANOS
RELACIONAMENTO
Vivian Figueiredo
ANALISTAS DE
Rafael Franca
COMUNICAÇÃO
Rodrigo Brandão
SECRETÁRIA EXECUTIVA
Flaviana Mendes
ASSISTENTE
ADMINISTRATIVA
Cristiane Reis
Mônica Moreira
RECEPCIONISTA
ANALISTAS DE
MARKETING E
Lizonete Prates
Siqueira
PROJETOS
Itamara Kelly
Mariana Theodorica
Ivar Siewers
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** músico convidado
Equipe
Administrativa
FOTO DA CAPA: ANDRÉ FOSSATI
FORTISSIMO
dezembro
nº 10 / 2015
ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina
Godinho Delgado
AUXILIAR
ADMINISTRATIVO
EDIÇÃO DE TEXTO
Pedro Almeida
Berenice Menegale
ILUSTRAÇÕES: MARIANA SIMÕES
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PARA APRECIAR
UM CONCERTO
PONTUALIDADE
Uma vez iniciado um concerto, qualquer
movimentação perturba a execução
da obra. Seja pontual e respeite o
fechamento das portas após o terceiro
sinal. Se tiver que trocar de lugar ou
sair antes do final da apresentação,
aguarde o término de uma peça.
41
CUIDE DO SEU
PROGRAMA DE
CONCERTOS
Fortissimo, além de seu programa mensal
de concertos, é uma publicação indexada
aos sistemas nacionais e internacionais de
catalogação. Elaborado com a participação
de especialistas, ele oferece uma oportunidade
a mais para se conhecer música. Desfrute
da leitura e estudo. Para evitar o desperdício,
pegue apenas um exemplar ao mês.
Caso não precise dele após o concerto,
devolva-o nas caixas receptoras.
OLÁ, ASSINANTE
O programa se encontra também
disponível em nosso site, na agenda
de concertos. www.filarmonica.art.br
TOSSE
Perturba a concentração dos músicos
e da plateia. Tente controlá-la com
a ajuda de um lenço ou pastilha.
CONVERSA
A experiência do concerto inclui o encontro
com outras pessoas. Aproveite essa troca
antes da apresentação e no seu intervalo,
mas nunca converse ou faça comentários
durante a execução das obras. Lembre-se
de que o silêncio é o espaço da música.
CHEGAMOS AO FIM DO
PRIMEIRO ANO NA SALA MINAS GERAIS.
Sem dúvida, um ano cheio de novidades e constantes adaptações
na estrutura e no funcionamento do novo espaço. Desde o primeiro
dia, você foi o nosso grande parceiro com seu apoio, paciência e
orientações na tarefa de ocupar esta que hoje é considerada uma
das melhores salas de concertos do Brasil.
APARELHOS CELULARES
Confira e não se esqueça, por
favor, de desligar o seu celular ou
qualquer outro aparelho sonoro.
CRIANÇAS
Caso esteja acompanhado por criança,
escolha assentos próximos aos corredores.
Assim, você consegue sair rapidamente
se ela se sentir desconfortável.
ESTA CONQUISTA É NOSSA!
Muito obrigado, boas festas
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO
Não são permitidas na sala de concertos.
COMIDAS E BEBIDAS
Seu consumo não é permitido no
interior da sala de concertos.
CUMPRIMENTOS
Após a apresentação, caso queira
cumprimentar os músicos e convidados,
dirija-se à Sala de Recepções, à
esquerda do foyer principal.
ESTACIONAMENTO
Para seu conforto e segurança, a Sala
Minas Gerais possui estacionamento, e
seu ingresso dá direito ao preço especial
de R$ 15 para o período do concerto.
e até nosso reencontro em 2016.
ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO
[email protected]
3219-9009 (segunda a sexta, 9h a 18h)
www.filarmonica.art.br
FOTO: A LEXANDRE REZENDE
APLAUSOS
Aplauda apenas no final das obras.
Veja no programa o número de
movimentos de cada uma e fique de
olho na atitude e gestos do regente.
FOTO : ANDRÉ F OSSATI
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44
SALA MINAS GERAIS
Um instrumento
Ao longo de 2015, apresentamos
elementos foram construídos sob
de parte dos bastidores, com suas
aqui alguns dos elementos que
os mais rigorosos critérios acústicos
três salas de naipes para ensaio e
trabalham conjuntamente para que
e de ambiência, transformando a
aquecimento dos músicos.
a Sala Minas Gerais seja um espaço
Sala Minas Gerais em um instrumento
sonoro mais reverberante, mais vivo,
ímpar na audição de uma orquestra.
F OTOS: ANDRÉ FOSSATI
envolvente e capaz de amplificar
Esperamos, no próximo ano, promover
uma série de visitas guiadas para que
naturalmente a orquestra. Mobiliário
Você já conhece, também, o espaço
você possa conhecer, pessoalmente,
de plateia e palco, difusor de teto
de acolhimento do público, com seus
cada um dos espaços de sua casa,
e ajuste acústico do palco, velas e
três foyers, dotados de diferentes
onde a construção de sons de sua
bandeiras, entre outros, todos os
ambientes de estar e cafés, além
orquestra não para nunca.
Feliz 2016, com a Filarmônica. Nossa!
MANTENEDORA
CA: 0266/001/2014
APOIO INSTITUCIONAL
DIVULGAÇÃO
REALIZAÇÃO
SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
WWW.FILARMONICA.ART.BR
/filarmonicamg
/filarmonicamg
@filarmonicamg
/filarmonicamg

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